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Hospital-Escola Importância e influência na formação profissional Faculdades de Medicina Algumas experiências de qualidade e de sucesso A batalha para realizar um sonho Do vestibular ao exercício da profissão REVISTA UMA PUBLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ Futuro_Medico_total.indd 1 9/21/12 5:28 PM

Futuro Médico

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Uma revista da Univás

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Hospital-Escola

Importância e influência

na formação profissional

Faculdades

de Medicina

Algumas experiências

de qualidade e de sucesso

A batalha para

realizar um sonho

Do vestibular

ao exercício da profissão

REVISTA

Uma pUblicação da Universidade do vale do sapUcaí

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Esta revista aborda questões relativas ao

universo daqueles que se preparam para

mudanças profundas em suas vidas.

De uma forma geral, o estudante é al-

guém que, embora tenha os pés no

chão e manifeste consciência de suas

responsabilidades – programação de

estudos, provas a realizar, tarefas a exe-

cutar, exercícios, fórmulas etc. –, man-

tém o olhar fixo no amanhã, destino de

seus sonhos e projetos. Isso é particu-

larmente verdadeiro para aqueles que

se preparam para se submeter a provas

e testes concorridos.

Os candidatos à carreira da Medicina

sabem muito bem disso ...

Se você é um deles, responda: já parou

para pensar por que é que dá tanto tra-

balho entrar em um bom curso de Me-

dicina? A resposta é simples: porque se

trata de um curso concorrido, no qual o

número de candidatos supera o de va-

gas disponíveis. Mas a questão é mais

ampla: por que o número de candidatos

cresce cada vez mais? Por que existem

cada vez mais pretendentes a essa car-

reira tão sacrificada?

Uma das razões, sem dúvida, diz respei-

to à qualificação crescente de cursos de

Medicina – pelo menos daqueles que

merecem essa denominação. As boas

faculdades sabem que preparam pro-

fissionais para lidar com vidas humanas,

razão pela qual buscam estar sempre

na frente, incrementando formas de

ensino e de aprendizado. Instituições

assim elaboram cursos cada vez me-

lhores, sendo, por isso, cada vez mais

procuradas. E quanto maior a procura ...

Mas há ainda outro motivo que explica

a dificuldade enfrentada por candida-

tos a médicos: trata-se de uma carreira

promissora e interessante. Ela exige co-

nhecimento tecnológico cada vez mais

apurado, para que o profissional esteja

familiarizado com novos instrumentos

de análise e verificação de resultados e

com procedimentos de cura de última

geração. Por outro lado, não é possível

esquecer-se de que há muito de profun-

damente humano no ramo da Medicina.

Essa é a grande batalha do médico atu-

al: modernizar-se sem perder a ligação

com o paciente. Trata-se de um desafio

diário. E é exatamente o esforço para

vencê-lo que atrai tanta gente para a

área médica.

A Medicina é uma carreira difícil e pra-

zerosa: o médico enfrenta dificuldades

cotidianas no exercício de sua profissão,

mas experimenta momentos de grande

prazer, quando consegue salvar uma

vida. Vida de estudante não é muito di-

ferente disso: enfrenta-se muita dificul-

dade para aprender, mas vive-se todos

os dias o prazer de novas descobertas.

Por isso, talvez se possa dizer que todo

estudante tem alguma coisa de médico.

Nossa Revista fala com ambos, estu-

dantes e médicos. Não por acaso a pa-

lavra futuro está no título. Falamos com

estudantes de hoje pensando nos médi-

cos de amanhã.

Presidente:

Sinval Caputo

Vice-Presidente:

Benedito Afonso Pinto Junho

Conselheira:

Isabel Cristina Pereira do Amaral

Conselheiros:

Dirceu Xavier da Costa

José de Oliveira Caproni

Rosa Maria do Nascimento

Universidade do Vale do Sapucaí

Reitor:

Prof. Dr. Félix Carlos Ocáriz Bazzano

Diretores Acadêmicos:

Prof. Dr. Benedito Afonso Pinto Junho

Profa. Dra. Jussara Vono Toniolo

Coordenador do Curso de Medicina:

Prof. Dr. Antonio Carlos Aguiar Brandão

Hospital das Clínicas Samuel Libânio

Diretor Técnico: Dr. Flávio Galvão Lima

Editor-chefe: Fernando Marcílio Lopes Couto. Reportagens: Izabella Campos

Ocáriz (Mtb 15.875), Leidiana Palma (Mtb 54.207), Juliana Miranda (Mtb 34.354),

Lucas da Silveira (Mtb 09196). Fotos: Equipe de reportagem/ASCOM/FUVS.

Diagramação: Ricardo Bordoni. Criação e coordenação:

Revista Futuro Médico

APRESENTAÇÃO

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Page 4: Futuro Médico

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Page 5: Futuro Médico

3. Em busca da boa formação

Iniciativas que precisam ser conhecidas

4. Uma experiência bem sucedida

Medicina Pouso Alegre

5. Vivências inesquecíveis

A vida de acadêmico

6. Enfim, o futuro

Os desafios da profissão

2. O começo do caminho

Medicina: a concorrência a ser enfrentada

1. A batalha pelo futuro

A luta para chegar ao curso superior

SUMáRIO

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Page 6: Futuro Médico

Dr. José Dolci, um dos pioneiros em cirurgia plástica facial na área de otorrinolaringologia no Brasil

José Eduardo Dolci se encaixa na história de dezenas de estudantes que saem de suas cidades para fazer Medicina em outra região. De Taquaritinga, Interior de São Paulo, mudou-se para a Capital Paulista, após passar na Faculdade Santa Casa.Escolheu Medicina ao ver a capacidade que os médicos da sua cidade tinham para tratar pessoas, em uma época em que não havia tecnologia para ajudar nos diagnósticos. “Ficava fascinado”.Com 34 anos de profissão, foi um dos pioneiros em cirurgia plástica facial na área de otorrinolaringologia no Brasil. Já foi presidente da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e, hoje, atua em seu próprio consultório e é diretor do curso de Medicina da faculdade na qual se formou, onde também já foi professor.A trajetória profissional foi trilhada com determinação e amor, e o resultado da paixão que tem pela carreira é ter dois filhos médicos, atuando na mesma área. “Se tive influência na escolha deles foi dando bom exemplo e mostrando como sou feliz no que faço”, conta.O médico vê prós e contras na opção dos filhos pela Medicina. “É tudo mais fácil, pois ajuda a abrir portas. Sou reconhecido e isso acaba contando para eles. Por outro lado, a responsabilidade é maior. Fui professor deles, então, não pode haver erros. ‘São filhos do chefe’”, diz.O doutor Dolci não esconde a satisfação de, hoje, atuar junto com os filhos e ver que, embora tenha tido participação no início, estão construindo suas próprias carreiras e se tornando médicos excelentes. “Tem paciente meu que diz que só vai se tratar com meu filho a partir de agora. Dá muito orgulho”.Gostar do que faz e trabalhar em família, para ele, não tem preço. “Família é tudo. Ali, encontramos a acolhida em momentos ruins e a partilha de momentos bons. Amo a Medicina, mas entre ela e meus filhos e minha esposa, fico com eles”. Ele ressalta que é fundamental conciliar vida pessoal e profissional. “Assim, é possível ser bem-sucedido” – essa é a dica que dá para quem deseja seguir carreira. “E não desistir nunca. Obstáculos surgem, mas é possível vencê-los e ser feliz”, finaliza.

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Page 7: Futuro Médico

A batalha pelo futuro

VESTIBULAR

A luta para chegarao curso superior

A estrada da formação educacional é longa e

repleta de obstáculos. Para estudantes que se

preparam para enfrentar desafios ainda maiores,

há muito com o que se preocupar. Veja alguns

exemplos:

• Vestibular, o primeiro passo

• Enem/Sisu

• ProUni: instrumento de democratização

• Estudo e saúde: um casamento bem-sucedido

• Planejamento de estudos: um passo de cada vez

• A importância da redação

• As leituras obrigatórias para os vestibulares

• A escolha da profissão

• Como escolher a universidade certa

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Page 8: Futuro Médico

Estudantes, de uma forma geral, odeiam o vestibular. Mais dia, menos dia, acabam por questionar as razões da existência desse exame de seleção. Mesmo que se submetam às suas re-gras e se conformem com a necessida-de de realizá-lo, a verdade é que aca-bam por reagir às dificuldades naturais da empreitada com certo grau de re-volta contra a prova.Explicar o vestibular não é muito com-plicado. Quando chegam na idade de decidir seu próprio destino, os estudan-tes começam a avaliar as alternativas que têm à sua frente. O primeiro passo para qualquer carreira bem-sucedida, seja em que área for, passa – eles logo descobrem – pela formação adequada. Em seguida, percebem – com um certo horror e surpresa – que muitos pensam a mesma coisa e fazem escolhas muito parecidas ... As melhores universidades brasileiras não oferecem vagas para to-dos os que desejam ingressar ali. Logo, aqueles que pleiteiam uma vaga devem se submeter a um exame de seleção

que, em princípio, escolherá os que a instituição de ensino julga mais capa-zes para desenvolver os estudos no lu-gar. Trata-se de uma simples operação matemática: muitos querem, mas as va-gas são poucas.Mas se o vestibular é realmente sim-ples de entender, por que ele perturba tanto os estudantes que se preparam para enfrentá-lo? Quais as razões das tensões e das dores de cabeça ininter-ruptas que esse período acarreta para a vida e a saúde de cada um?Ocorre que o vestibular parece total-mente deslocado da vida do aluno. A impressão que os estudos deixam na mente e no espírito é a de que nada do que se estuda ali é necessário para a vida profissional – que é, afinal, o ponto de chegada, a inspiração, o motivo para se passar por tamanho sofrimento. Mui-tas das contas, das fórmulas, dos con-ceitos aprendidos durante a prepara-ção para os exames vestibulares jamais serão usados! Essa constatação pode ser, de fato, desesperadora.

Mas a verdade é que o vestibular não está assim tão distante da própria vida do estudante.Para entender isso, comecemos por perguntar: quem entra nas melhores universidades? Quem consegue atingir as metas que estabelece? A resposta parece muito simples: os mais estudio-sos. Não necessariamente ... Claro que, em princípio, os mais habilitados serão vitoriosos nos exames. Mas é preciso levar em conta, por exemplo, as con-dições psicológicas desses mais habili-tados, durante a realização das provas. Não é um detalhe, como se sabe; essa circunstância pode mudar muita coisa.O fato é que as vagas das universida-des mais concorridas são daqueles que conseguem superar os próprios limites. Não que se coloque o estudo em se-gundo plano – muito pelo contrário. A capacidade de diminuir certas deficiên-cias nesta ou naquela área do conheci-mento, o que só se consegue com mui-ta leitura e reflexão – isto é, estudo – é parte dessa superação. Simplesmente

Vestibular, o primeiro passoEmbora seja parte do processo educacional, os exames vestibulares ainda trazem muita dor de cabeça aos estudantes que passam por ele.

A batalha pelo futuro

VESTIBULAR

a luta para chegar ao curso superior

por Fernando marcílio

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não gostar de estudar determinado as-sunto é um limite. Quem superá-lo, sai na frente. Há ainda os limites do cansaço. Muitos se rendem a ele, não conseguem resis-tir ao sono, uma visita incômoda que aparece nas horas menos convenientes. Quem souber dosar o ritmo, para inter-calar horas de estudo com momentos de descanso, segue o caminho correto. Existem muitos outros limites, inumerá-veis. Os limites da capacidade de orga-nização; os limites de conseguir deixar de lado a balada por um tempo; limites físicos, psicológicos, intelectuais etc. Os que conseguem vencê-los são os mais sérios candidatos às vagas mais concorridas. Por mais dolorida que seja essa verdade, ela é o que é: uma ver-dade.É bom repetir: o papel do estudo nesse processo todo é essencial. É a dedica-ção a tarefas e exercícios que dá con-fiança e determinação ao candidato. Cada passo difícil que é finalmente exe-cutado é uma lição importante: apren-de-se que é possível aprender ... A fór-mula para chegar a isso, como tantas outras, precisa ser deduzida da expe-riência: concentração, foco, atenção. O estudo é o grande aliado do candidato: ele mostra que é possível superar limi-tes antigos, arraigados, enraizados.

Talvez essa seja a melhor maneira de fazer um estudante entender o exame vestibular. O sucesso nas provas vem depois da superação desses limites. Muitas vezes, esta é a primeira vitória de uma vida. Por isso, serve de apren-dizado. A preparação, como o próprio exame, é parte desse aprendizado. Não se fixa apenas o conteúdo, mas as for-mas de absorvê-lo e organizá-lo men-talmente. Essa é a lição mais poderosa do vestibular, porque ficará (e servirá) para sempre.

É só reparar: quem passa por um pe-ríodo de preparação para provas con-corridas não esquece nunca mais. Não apenas das salas, dos professores, das aulas dinâmicas; não apenas dos cole-gas, com quem se aprende a repartir derrotas e vitórias cotidianas; acima de tudo, a lição de superação não é esque-cida.Vestibular é teste de paciência, tam-bém. Cada conquista, cada questão

certa deve ser construída com calma, gradativamente. Quem quer chegar muito depressa ao conhecimento de alguma coisa, logo desiste, porque per-cebe que não se chega a esse ponto sem esforço e muito, muito trabalho. Por isso, o ano de um vestibulando é (e deve ser, tem que ser) lento. Encará--lo como um desafio é muito produtivo. Se possível, sem o nervosismo da com-petição, da concorrência. Trata-se de um desafio pessoal: estender aos pou-cos as próprias fronteiras, alargando devagar o campo de conhecimento e abrindo cada vez mais amplamente os leques do futuro.Futuro, sim. Porque, afinal de contas, um exame vestibular é apenas o primei-ro de uma série infindável de provas a que todos se submetem, ao longo da vida. São questões que exigem respos-tas nem sempre escritas, ou que apre-sentam alternativas para escolhas, mas situações em que se é colocado à pro-va, ocasiões em que se precisa mostrar conhecimento, saber, domínio, contro-le, capacidade de reagir a estímulos, de responder a circunstâncias imediatas – e são precisamente essas as metas de um exame vestibular.Portanto: preparar-se para o vestibular nada mais é do que preparar-se para o futuro.

As vagas das universidades mais concorridas são daqueles que conseguem superar os próprios limites.

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda recebe críticas, sobretu-do por problemas em sua logística. No entanto, é inquestionável que os estu-dantes devam não só se dispor a fazer a prova, como se preparar para obter um bom desempenho.Desde 2009, o Enem seleciona candi-datos para universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unifica-da (Sisu). Algumas instituições usam o exame como sua primeira fase ou como forma de somar pontos na nota final. Tem sido critério, ainda, para pro-gramas de bolsas de estudos no Brasil (Prouni), graduação e pós-graduação no Exterior (Ciências sem Fronteiras) e para obtenção de financiamento estu-dantil (Fies).Dados do Instituto Nacional de Estu-dos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que mais de 15% dos candi-datos entraram em universidades por meio do Enem, em 2010. Nas federais, 31% dos aprovados utilizaram as notas do exame. “É possível afirmar que nin-guém mais pode deixar de fazer a pro-va”, diz Adilson Garcia, diretor do Colé-gio Vértice, que obteve o primeiro lugar em São Paulo e o terceiro no ranking geral do Enem, em 2010.Existe a expectativa de que o acesso à universidade seja democratizado e que mais jovens tenham acesso ao ensino superior. Para Garcia, embora esse as-pecto seja positivo, o Enem ainda não é o formato ideal para substituir os grandes vestibulares. “Consideramos

uma prova interessante e incentivamos a participação, mas não tem o nível de complexidade dos processos mais con-corridos, como Fuvest”, diz. Por outro lado, Adilson Garcia afirma que o Enem tem algo em comum com os grandes vestibulares: não exige “de-corebas”. “Pede raciocínio lógico, ca-pacidade de análise e compreensão de textos, leitura de gráficos e infográficos,

habilidade para relacionar temas, e co-nhecimento de atualidades”, explica. No Colégio Vértice, são aplicados 25 simulados durante o ano, que ajudam o aluno a se acostumar com proces-sos que avaliam as disciplinas do en-sino médio e as competências defini-das pelo Enem. “Eles também podem treinar o condicionamento físico, para aguentar o tempo exaustivo de prova, e o emocional, para lidar com o ambiente e sua própria ansiedade”, acrescenta.Quanto mais cedo o estudante desen-volver essas habilidades, melhor se sai-rá no Enem e no vestibular. “Durante toda a educação básica, o aluno deve

ser incentivado a pensar, pois isso será cobrado no processo de seleção, na própria faculdade e também no mer-cado de trabalho”. Para Garcia, aplicar uma prova para cerca de 6 milhões de pessoas – a expectativa deste ano - não é uma tarefa simples; por isso, acredita que haverá progresso na logística nas próximas edições. “Quanto ao conteú-do, seria significativo ter dois modelos de prova: um que vise a universidade e outro, o ensino médico”, opina.O Enem será realizado nos dias 3 e 4 de novembro. São quatro provas objetivas, cada uma com 45 questões de múltipla escolha e uma redação (veja ao lado).

Milhares de estudantes são motivados a fazer a prova, tendo em vista o ingresso em universidades

públicas e para conseguir bolsas de estudo.

“O Enem pede raciocínio lógico, capacidade de análise e compreensão de textos, leitura de gráficos e infográficos, habilidade para relacionar temas e conhecimentos de atualidades.”[Adilson Garcia]

A batalha pelo futuro

VESTIBULAR

a luta para chegar ao curso superior

História, Geografia, Filosofia e Sociologia

Química, Física e Biologia

Matemática

Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação

áreas de conhecimento do EnemCiências humanas e suas tecnologias:

Ciências da natureza e suas tecnologias:

Matemática e suas tecnologias:

Linguagens, códigos e suas tecnologias e redação

Enem/SisuAdilson Garcia, diretor do Colégio Vértice, considerado o melhor de São Paulo e o terceiro melhor do País no Enem 2010

por Juliana miranda

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Terminar o Ensino Médio e se inscre-ver em um curso superior é algo muito mais viável hoje do que há sete anos. Uma mudança significativa deu mais acesso à faculdade para um número maior de estudantes, principalmente aos egressos do ensino público. O Pro-grama Universidade para Todos (ProU-ni) foi criado pela Lei nº 11.096/2005, com a finalidade de conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudan-tes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições de ensino que aderem ao programa recebem isenção de tribu-tos, razão pela qual grande parte delas participa, de norte a sul do País. Trata--se de uma via de mão dupla: essas ins-tituições são beneficiadas e, em con-trapartida, abrem espaço para receber alunos que têm os estudos custeados por uma bolsa parcial ou total.Os cursos de Medicina não ficam de

fora. No primeiro semestre de 2012, 86 instituições de ensino inscritas oferece-ram 758 vagas para a carreira. “O ProU-ni, sem dúvida, é um programa que atende alunos com capacidade, pouca renda, mas grande disposição para os estudos. É algo que ampliou o acesso ao ensino superior e mudou a realidade brasileira. As vagas variam a cada se-mestre, mas os cursos mais procurados hoje pelos jovens, entre eles Medicina, sempre são contemplados”, explica Al-berto Francisco do Nascimento, coor-denador do vestibular do Sistema An-glo de Ensino na cidade de São Paulo.Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve ter renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar deve ser de até três sa-lários mínimos por pessoa. O ProUni já ofereceu mais de um milhão de bolsas de estudos em cursos de graduação e sequenciais de formação específica. Ao inscrever-se, o estudante pode fazer

até duas opções de curso e de institui-ção.Para se cadastrar no ProUni é preciso ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter obtido no mínimo 400 pontos na média das cinco notas (Ciências da natureza e suas tec-nologias; Ciências humanas e suas tec-nologias; Linguagens, códigos e suas tecnologias; Matemática e suas tecno-logias e Redação). É preciso, ainda, ter obtido nota superior a zero na redação. O candidato deve ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou, em caso de tê-lo feito em escola particular, na condição de bolsista integral.

Para mais estudantes terem acesso ao programa, o Ministério da Educação (MEC) está planejando algumas mu-danças: elevar o critério de renda do Prouni para incluir mais estudantes no ensino superior, criar mecanismos para aumentar a oferta de bolsas em cursos estratégicos para o desenvolvimento econômico do País e diminuir a con-centração em programas da área de Humanidades, que responde por 65% das bolsas fornecidas. Os cursos de Exatas e Tecnologia, como Engenharia e Ciências da computação, somam somente 18%, e os da área da Saúde (Medicina e Enfermagem) têm 17% das bolsas. “Com certeza, com mais acesso e informação de que é possível, por exemplo, cursar Medicina com o ProUni, a procura por essas vagas vai subir e, assim, teremos mais alunos inscritos e aproveitando essa oportuni-

dade”, diz Jorge Messias, secretário de regulação do ensino superior do MEC. A previsão é de que essas novas regras entrem em vigor já no próximo ano. “A mudança não significa flexibilização do Prouni, mas uma necessidade de ajus-

te. O programa tem uma legislação de 2005, que refletiu a realidade socioeco-nômica da época; em sete anos, muita coisa mudou e a renda da família bra-sileira, com a flexibilização econômica, também aumentou”, conclui Messias.

O programa permite o acesso ao ensino superior sem custo, estendendo uma formação qualificada a todos os que buscam por ela.

O plano é flexibilizar ainda mais as regras do ProUni, para favorecer o ingresso de um número maior de postulantes ao ensino superior

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ProUni: instrumento de democratização

Previsão de mudança

Estudantes encaram o Prouni com o nervosismo dos grandes vestibulares.jpg

por Juliana miranda

Foto: Divulgação

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Page 12: Futuro Médico

Estudo e saúde: um casamento bem-sucedidoA preocupação com os estudos, a obsessão pelos vestibulares, pode levar a um perigoso descuido com a saúde.

A batalha pelo futuro

VESTIBULAR

a luta para chegar ao curso superior

O sedentarismo toma conta da vida de muitos no período de preparação para exames muito concorridos – e isso é um erro. A atividade física regular é um po-tente aliado no combate à ansiedade. Existem fatores psicológicos (aumento da autoestima, contato com outras pes-soas etc.) e fisiológicos (estímulos neu-rotransmissores) que auxiliam na mode-ração da ansiedade.É importante separar atividade física de esporte. Esporte é competição e bus-ca por resultado, vencendo o melhor. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a atividade física como qualquer

movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que se utiliza de energia. Isto inclui o “esportear”, o exer-citar e outras atividades motoras, como brincar, caminhar, fazer tarefas domés-ticas, jardinagem, dança etc. Utilizar o termo esporte pode levar muita gente a pensar que praticar uma atividade física significa praticar uma modalidade espor-tiva competitiva.Separar um tempo para mexer o corpo é fundamental. Porém, o exercício possui certas características que devem ser ri-gorosamente seguidas para que o aluno não se sinta “culpado” por fazer uma ati-vidade física ao invés de estudar. O seu tempo deve ser organizado para que in-clua o exercício na grade de horários, res-peitando as características de cada um. Por exemplo, a atividade física aumenta

a temperatura corporal, o que desperta a pessoa. Não é recomendável, portan-to, realizar muito próximo do horário de dormir, sob o risco de ter uma noite mal dormida com consequente sonolência no dia seguinte. Por outro lado, após o almoço (desde que se faça uma refeição leve) é ideal, período em que muitos sen-tem sono e não conseguem se concen-trar direito nos estudos.

O gasto energético de uma pessoa en-quanto estuda é estimado em torno de 120-150 kcal/hora. Este cálculo pode variar, dependendo do peso e da idade do indivíduo. É equivalente a 10 minu-tos de corrida ou 20 minutos de bicicle-ta, ou ainda 30 minutos de caminhada lenta. Para repor energia, a orientação é se alimentar adequadamente, através

de uma dieta balanceada. Como o gas-to energético é baixo, não há necessi-dades calóricas específicas. O ideal é que não se ultrapasse de 3 horas sem comer nada, para evitar déficit de aten-ção decorrente da fome.Costumo dizer que o resultado de seu sucesso é a somatória do que anterior-mente foi pensado e planejado. Des-sa forma, da mesma maneira que um estudante tem de passar horas a fio estudando para obter algum resulta-do expressivo, a nossa saúde só será

garantida se praticarmos atividades físicas regulares e seguirmos uma die-ta balanceada ao longo do tempo. Ou seja, é preciso realizar exercícios de forma coordenada e planejada antes do corpo “pedir” para isso. A chave é a prevenção.É importante buscar a ingestão mínima de 2 litros de água por dia e evitar a be-bida e as baladas nas noites anteriores às provas, pois o álcool inibe o SNC e prejudica a concentração, a memória e o raciocínio. Procurar dormir bem para

1 - Característica da atividade física: aeróbia (caminhada, corrida, bicicleta, natação, aulas de ginástica, como jumping, aeróbica, circuito, entre outros)2 - Duração da atividade: 30 minutos 3 - Frequência: 3 vezes por semana

Exercícios físicos

Luis Henrique Vasquinho, autor de Educação Física do Sistema Anglo de Ensino e professor do Anglo Vestibulares

A Revista da Medicina colheu os depoimentos de três profissionais que trabalham com a relação entre estudo e trabalho:o professor de Educação Física Luis Henrique Vasquinho, o nutricionista Ricardo Zanuto e o médico psiquiatra Celso Lopes de Souza. Eles estão acostumados a lidar com o estresse que acompanha a fase de preparação para os vestibulares. Por isso, têm muito a dizer. Preste atenção e anote os recados!

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2 Ricardo Zanuto, nutricionista, mestre e doutor em fisiologia humana

por Juliana miranda

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os níveis de cortisol (hormônio do es-tresse) não se elevarem demais pela manhã. Exercícios físicos são sempre bem-vindos, especialmente exercícios aeróbios, como uma caminhada ou cor-rida em ritmo moderado, por aumenta-rem os níveis de endorfina e serotonina, diminuindo os níveis de ansiedade (30 a 60 minutos diários são muito eficien-tes). É importante também praticar atividade física nessa fase, pois, como se passa muito tempo sentado, o gasto energético pode reduzir muito, promo-vendo um indesejável ganho de peso.Uma dieta balanceada pode suprir to-talmente a necessidade diária de fito-

químicos e nutracêuticos que podem auxiliar na concentração. Porém, quan-do a dieta não é capaz de suprir estas necessidades, existe no mercado uma série de suplementos que podem auxi-

liar na reposição destas perdas pontu-ais. Entre os principais suplementos, os multivitamínicos, cápsulas de ômega 3 e óleo de linhaça são os mais significa-tivos.

PEIXES: boas fontes de zinco e selênio, que são antioxidantes e estimulantes da atividade neural, minimizando o cansaço ao final do dia.OVOS: boa fonte de colina, essencial para a produção de um neurotransmissor chamado acetilcolina, fundamental para o aprendizado e memória.FRUTAS: principalmente as ricas em

vitamina C (laranja, limão, maracujá), pois contribuem para o combate aos radicais livres e ao cansaço e aumentam as defesas do organismo; maçã, pois possui um composto chamado fisetina que auxilia no amadurecimento das células nervosas e estimula o SNC; por fim, as frutas vermelhas, pelo alto teor de flavonóides capazes de reverter déficits de memória.

Alimentação

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Equilíbrio emocional é o estado psí-quico que permite a preservação das capacidades pessoais, independente-mente da situação a que o indivíduo é exposto. Por isso, ele é um dos se-gredos do sucesso no vestibular. Para identificar se o estado emocional está abalado, alunos e familiares devem ficar atentos a alguns sintomas: insônia ou sonolência excessiva, irritabilidade per-sistente, alteração de peso para mais ou para menos, dificuldade de manter a concentração, obsessão com os estu-

dos com nítido comprometimento da vida social e tristeza persistente. A simples percepção de que “há algo er-rado” é o primeiro passo para o acerto da trajetória. A atividade física também é uma excelente aliada do equilíbrio emo-cional. Mas como cada caso é um caso, se os sintomas persistirem, um profissio-nal deve ser consultado.A dica é: “não exija a perfeição de si mes-mo”. Ela é inatingível. Não tenha medo de ficar ansioso na prova, pois se o que gera a ansiedade é o medo, ter medo de ficar ansioso só aumentará a ansieda-de. Se isso acontecer, essa emoção, que é necessária e tem tudo para ajudar na hora da prova, pode ter o efeito contrário

e derrubar o candidato. É decisivo saber a matéria e ter con-fiança no conhecimento adquirido ao longo do tempo de estudo. É neces-sário encarar a prova como uma fase a ser superada; ter entusiasmo, viver o momento, pensar que pode superar esse desafio sem se preocupar com as cobranças e entender que fez o máxi-mo que podia. Se não for aprovado, o candidato deve continuar estudando até o próximo processo seletivo.Importante lembrar que o aluno deve entender a matéria e não decorá-la. A memorização dos conteúdos – além de desnecessária para os bons vestibula-res – é inexequível e gera frustração.

Celso Lopes de Souza, médico psiquiatra especialista em transtornos de ansiedade e professor de Química do Anglo Vestibulares

Foto: Sistema Anglo de Ensino

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A preparação para vestibulares envolve um volume extraordinário de conheci-mento. A quantidade de coisas a estu-dar, a ver e rever, a examinar e compre-ender, refletir, refutar, aceitar ... parece algo infinito. Colocar diante de si os ca-dernos e as apostilas, os livros, os ma-teriais de estudo – desanima qualquer um. Como lidar com esse universo de tarefas?

OrganizaçãoA palavra-chave, nesse caso, é organi-zação. O volume de matéria, que real-mente chega a assustar no início, acaba deixando de ser um problema, porque o aprendizado será feito gradativamen-te. A melhor estratégia é ficar focado em um dia de cada vez. Todos os dias, o aluno deve dizer para si mesmo: não vou deixar a peteca cair ... Estabelecer tarefas e metas diárias de estudo e bus-car cumpri-las. Se perceber que está so-brecarregando demais o próprio tempo, é melhor diminuir o ritmo. Se perceber que está sobrando tempo, dá até para

apertar um pouco mais. Mas, cuidado! Adiantar os estudos não pode ser algo que se faça em excesso. Isso porque o tempo livre também deve ser aprovei-tado para descansar e esfriar a cabeça.

Local de estudoO local que o estudante reserva para o seu estudo é algo muito importan-te em toda a sua estratégia de prepa-ração. Afinal, trata-se de um ambiente que será frequentado diariamente. Não pode ser algo improvisado. Deve ser um espaço arejado, ventilado, iluminado. Alguma bagunça na mesa de trabalho é até compreensível, porque cada um consegue entender a sua (aparente) de-sorganização. Mas é preciso que o alu-no se encontre no meio dessa bagunça. Quer dizer: muita bagunça é inaceitável, porque reflete desorganização ou, ain-da, uma vontade de fazer muitas coi-sas ao mesmo tempo, o que pode ser prejudicial. Quase sempre, esse tipo de comportamento tem como consequên-cia não conseguir fazer nada direito ... O

importante é que, nessa relativa bagun-ça, o material de estudo esteja sempre ao alcance das mãos. Levantar a todo momento para apanhar um dicionário, por exemplo, não é muito produtivo. Se a necessidade de consulta àquele mate-rial ocorre sempre, é um sinal de que ele precisa estar próximo do estudante, es-trategicamente colocado em sua mesa de trabalho.

Mente sã, corpo sãoA postura do estudante na cadeira e diante da mesa é algo fundamental! For-çar os ombros, manter o corpo arcado por muito tempo, prejudica não apenas o próprio corpo, mas o aprendizado. O estudante fica cansado mais rapida-mente, o que faz com que seu rendi-mento caia, seja porque acaba estudan-do menos, seja porque não consegue compreender direito o que está sendo estudado. Então: postura ereta, mesa na altura certa, braços estendidos sobre a mesa.

Planejamento de estudos: um passo de cada vez

Quando se tem muita coisa para fazer, fica difícil saber por onde começar. E até como continuar.

A batalha pelo futuro

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a luta para chegar ao curso superior

por Fernando marcílio

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DescansoAs paradas durante os períodos de es-tudo são essenciais. Sentir-se um fera porque consegue estudar horas e ho-ras sem parar é mentir para si mesmo. Ninguém consegue manter o grau de concentração necessário para os estu-dos durante um tempo prolongado. É preciso parar de vez em quando, dar uma volta pela casa. Ou mesmo sair um pouco, tomar um ar, levar o cachorro para passear, jogar um pouco de vídeo--game com o irmão caçula – essas coi-sas. Também é bastante aconselhável que nessas paradas o aluno coma algu-ma coisa – uma fruta, uma barra de ce-real. Dá para aliviar a cabeça de diversas formas, e cada um escolhe a sua. O im-portante é ter em mente que se trata de uma parada rápida, um pit-stop. Isto é: a parada não pode substituir o estudo, e este acabar se tornando uma atividade ligeira no intervalo entre duas grandes paradinhas ...

Muita coisa para estudarQuanto ao volume de estudo em si, como encarar? É o seguinte: tem muita coisa para ler? Leia bem devagar. É isso mesmo! Você não só não vai estar perdendo tempo, como, ao contrário, vai estar ganhando. Porque lendo devagar, de forma atenta, o rendimento é muito maior, a compre-ensão fica mais facilitada. Resultado: você perderá um tempo menor para apreender os conceitos estudados a res-

peito daquele ponto da matéria, e poderá seguir adiante com tranquilidade.Uma parte importante dos estudos é constituída pelos exercícios. Mas, cui-dado! Eles devem ser feitos comedida-mente. Isso quer dizer o seguinte: é fácil se deixar levar por aquilo que já se sabe, que já se assimilou. O difícil é insistir em aprender o que parece mais difícil. E é claro que isso muda de pessoa para pes-soa. Portanto, não adianta nada entrar em uma competição com o seu colega de estudo, para ver quem resolve mais rapidamente esta ou aquela questão. Os exercícios devem ser feitos de forma equilibrada, um pouco por dia. Fazer uma enorme quantidade em um dia e não estudar coisa nenhuma no outro é perder o ritmo e, pior, é andar para trás.

É preciso manter uma regularidade. Diante de dificuldades (que certamente surgirão), nada de desânimo. O caminho é: voltar para a teoria e tentar saber o que não foi ainda assimilado. Estudar é

isso: os exercícios devem ser tão cons-tantes quanto os retornos à teoria, para fixar o que foi aprendido e perceber o que falta aprender.

TempoO tempo de estudo é sempre uma ques-tão complicada. O que é muito tempo? Quando o candidato pode dizer que está estudando pouco? A definição do período de estudo depende de um conjunto de fatores, em que entra, por exemplo, a disponibilidade de cada um. O importante é que, no tempo que te-nha para estudar, isso deve ser feito com dedicação, com intensidade, com entre-ga mesmo, de corpo e alma. Quer dizer: o estudante deve estar interessado, en-volvido, concentrado todo o tempo de seu estudo. Claro que aqueles que tra-balham têm menos tempo para se de-dicar ao estudo. Como compensar isso? Com muita atenção nas aulas e, possi-velmente, com alguns cancelamentos de baladas nos finais de semana. Afinal de contas, os exames não fazem distin-ção nenhuma entre quem trabalha para viver e quem vive para estudar ...Mais uma vez, o essencial é a regulari-dade. Encontrar o período ideal de estu-do para você. Isto é: uma otimização do tempo disponível para estudo. Encon-trado esse tempo, mantê-lo ao longo dos meses.

Parece tudo muito fácil. Mas não é. E quem disse que seria?

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Colocar diante de si os cadernos e as apostilas, os livros, os materiais de estudo – desanima qualquer um. Como lidar com esse universo de tarefas?

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Será possível determinar uma hierarquia de assuntos, dos menos importantes aos mais fundamentais? Provavelmente, não. Estabelecer essa hierarquia seria reunir em uma mesma escola coisas de naturezas di-ferentes. Chegamos, então, à conclusão de que tudo no mundo é diversidade e dife-rença. Bem, também não é assim ...Existe algo comum à percepção humana do mundo, em qualquer campo de ação e de atividade: ela se dá por intermédio da linguagem. Para quem se prepara para qualquer tipo de exame, de prova,

de concurso – qualquer instrumento que coloque em questão seu conhecimento – é fundamental ter exata percepção des-se aspecto. Não basta ter o conhecimen-to – é preciso saber o que fazer com ele. Na vida também é assim: o conhecimen-to adquirido e assimilado deve encontrar meios de ser exposto. Por isso tudo, a redação é algo tão im-portante em exames de qualquer tipo. Pense bem. Quando o estudante enfren-ta questões dissertativas, cujas respos-tas precisam ser planejadas e expostas

de forma organizada – não faz mais do que elaborar uma pequena redação. E essas questões não se restringem, como se sabe, às disciplinas ligadas à área de Humanidades, mas estendem-se para a Biologia, a Química, a Física, a Matemáti-ca – por que não? Em conclusão: podemos continuar a relativizar qualquer hierarquia dos ins-trumentos de saber; mas começamos a perceber que uma das formas de exposi-ção desse saber passa pela competência da redação.

A importância da redaçãoSeja qual for o tipo de prova – concursos, vestibulares, Enem – não tem jeito: a redação tem um peso significativo.

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O candidato deve identificar a proposta de redação e se preparar para argumentar em favor de um determinado ponto de vista.

O professor Francisco Platão Savioli, supervisor de Português do Sistema Anglo de Ensino, tem larga experiência na tarefa de explicar aos estudantes os mecanismos que podem conduzir à composição de uma boa redação. Suas considerações a esse respeito estão espalhadas por inúmeras publicações, que continuam a influenciar gerações de alunos e de professores.Platão, como é conhecido o professor, define alguns passos para a realização de uma boa redação.

Toda prova de redação começa por uma prova de leitura. Ela pode trazer apenas um título, um tema, um assunto a ser abordado; ou apresentar uma se-leção de textos a partir da qual o can-didato deverá desenvolver sua redação. Em qualquer dos casos, é preciso com-preender adequadamente o que está sendo sugerido.

Uma leitura equivocada dos textos re-sulta em erros fatais. O candidato pode, por exemplo, fugir da proposta e seguir um caminho completamente diferente do que é permitido pelos textos forne-cidos; ou, ainda que compreenda a pro-posta, pode vir a executá-la de maneira inconsistente. As propostas de redação sempre colo-

cam em questão temas polêmicos, isto é, aqueles sobre os quais não existe convergência de opiniões. Se a prova oferecer mais de um texto para análise, o candidato deve lê-los nessa perspec-tiva: perceber os argumentos em jogo e verificar os textos que se enquadram em cada um deles.

Compreendida a questão que está sen-do proposta como base para a redação, o candidato deve assumir uma posição diante dela.Geralmente, isso implica assumir um

dos pontos de vista que estão em de-bate. A escolha de um deles deve ser feita de maneira explícita. Eventual-mente, manter-se equidistante das vi-sões apresentadas pode ser possível,

desde que o candidato consiga expli-citar as razões que justifiquem sua con-cordância e sua discordância em rela-ção a cada uma delas.

Primeiro passoCompreender os textos a que o estudante é exposto

Segundo passoAssumir uma posição própria diante da questão levantada

Para fazer uma boa redação

por Fernando marcílio

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Ao expor seu ponto de vista, o aluno deve fazê-lo de forma adequada. Isso pressupõe um domínio do código lin-guístico determinado pela proposta de redação. Se for sugerido ao candidato que escreva uma carta a um amigo, seu

texto poderá assumir uma dimensão mais informal. No entanto, no geral, as redações de exames e concursos exigem a utiliza-ção da norma padrão. O professor Pla-tão avisa que isso deve ser feito sem

exagero, sem rebuscamento excessivo. A tentativa de demonstrar erudição pode fazer o candidato se perder. A saída é usar a própria linguagem com capricho.

Para a eficiência de todo esse processo, o professor dá um conselho a mais: não se faz uma boa redação sem aumen-tar a própria bagagem de informação. Isso significa dedicar-se à leitura de jor-nais e revistas e ao acompanhamento de tudo o que ocorre à sua volta. Não se trata de uma postura passiva – ler apenas para “saber o que está rolando”. Trata-se de ler o mundo, para assumir

uma visão crítica diante dele. Como última sugestão, Platão indica um exercício a todos aqueles que se preparam para exames vestibulares, para o Enem e outras provas. Escolha um artigo de jornal ou de revista; reco-nheça a questão levantada pelo texto; identifique a posição assumida pelo autor do texto diante dessa questão; preste atenção nos argumentos utiliza-

dos por ele para defender sua posição; e, por fim, atente para as estratégias exploradas pelo autor para refutar ar-gumentos contrários aos que apresen-ta.Trata-se de um exercício de grande al-cance, porque ensina a ler adequada-mente, a se preparar para assumir uma posição diante do que é lido e a redigir um texto compatível com essa posição.

Ao assumir um determinado ponto de vista, o autor da redação deverá estar preparado para defendê-lo. Seus ar-gumentos devem ser apresentados de forma clara, que identifiquem, logo em uma primeira leitura, a posição tomada. Para tomar um parâmetro, o professor Platão aconselha que o aluno imagi-ne as possibilidades de argumentação contrária, isto é, o grau de refutação que seu argumento pode enfrentar.

Quanto menor esse grau, mais forte será seu argumento. Mas o professor acrescenta que o candidato não deve procurar “O” argumento, aquele que re-presente um posicionamento irrefutá-vel. Na verdade, a argumentação deve funcionar como uma negociação, e não como uma tentativa de alcançar uma verdade irrefutável.Muitos alunos imaginam que devem escrever em suas redações aquilo que

se espera deles, e não necessariamen-te suas opiniões, que podem não ser aceitas pelos corretores. Ao contrário, o candidato deve emitir seus pontos de vista, desde que ele consiga defendê--los. Seria aceitável, por exemplo, a de-fesa de afirmações preconceituosas, como acabar com a pobreza esterili-zando as mulheres pobres? Trata-se de um ponto de vista difícil de ser defen-dido ...

Quarto passoEscrever de acordo com o gênero

Leituras e exercícios

Terceiro passoArgumentar

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Os deveres de estudantes que se pre-param para se submeter a exames ves-tibulares muito concorridos são tantos, que parecem intermináveis. Existem as tarefas diárias, como exercícios, teorias, fórmulas, cálculos – muita coisa para se fazer em pouco, muito pouco tempo. Mas, além de tudo isso, muitas institui-ções de ensino superior divulgam listas de livros de leitura obrigatória. Obras literárias em torno das quais girarão algumas das questões do vestibular. A ideia é ótima: assim, de certa forma, o candidato fica sabendo de antemão o que vai cair na sua prova ... No entan-to, esse aspecto positivo tem seu lado perverso: para muitos estudantes, a lis-ta de livros é razão para novas dores de cabeça, algo para se fazer além dos estudos regulares. Como se não bas-tassem os exercícios, as teorias, as fór-mulas, os cálculos ...As listas de livros para leitura obriga-tória partem de um pressuposto: elas não exigem nada que não faça parte do currículo escolar do Ensino Médio. Isto é: em princípio, são obras que o aluno já deveria conhecer. Em princípio ...Seja como for, por que tantos vestibu-lares fazem essa exigência? Ocorre que

na constituição de um indivíduo critico e socialmente atuante – modelo de ci-dadão e estudante que as universida-des buscam incluir em seus quadros – a leitura exerce um papel fundamental. A leitura de jornais e revistas é importan-

te para o acompanhamento das trans-formações do mundo ao nosso redor. Não é difícil convencer um estudante de que essa leitura é necessária.A grande pergunta que os candidatos fazem é: para que ler romances, con-tos, novelas, poemas? Jornais e revistas – pensam eles – podem nos mostrar a realidade, mas não esse tipo de leitura! Trata-se de um engano. A literatura não é, como muita gente (ainda) pensa,

uma forma de escapar da realidade. Se existiu algum dia, essa concepção mor-reu no século XIX. E mais: a experiên-cia da leitura literária não serve apenas para entrar em contato com universos e vidas diferentes. Na verdade, a lite-ratura é um mergulho no ser humano. Isto é: não se trata apenas de conhecer o outro, mas a si próprio. Os grandes temas literários – angústia, medo, co-ragem, ousadia, dúvidas, tensões, ter-rores, amores – não podem ser vistos como vivências particulares, restritas a personagens e poetas. São experiên-cias constitutivas do ser humano. Por isso, pensar sobre elas e entendê-las faz parte da formação de cada um.Para os futuros médicos, a leitura literá-ria é um caso à parte. A profissão que escolheram debruça-se justamente so-bre o ser humano. Portanto, tudo o que revela o ser humano deve suscitar seu interesse. Nessa revelação é que a lite-ratura se inclui.Portanto, é preciso deixar uma coisa bem clara: a leitura é parte da forma-ção do indivíduo e de seu processo de autoconhecimento. Estão justificadas todas as listas ...

Listas de livros exigidas por instituições de ensino fazem parte da preparação

A profissão escolhida por estudantes de Medicina se interessa, acima de tudo, pelo ser humano. A literatura também.

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As leituras obrigatórias para os vestibulares

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Isso posto, a questão é: como ler esses livros? O que se deve procurar neles? O que os vestibulares exigem a partir des-sas leituras? Em primeiro lugar, é preci-so saber que o nível de exigência dos exames é compatível com o do Ensino Médio. Não se exige nenhum conhe-cimento crítico apurado por parte do aluno, nenhum contato estreito com a bibliografia especializada em determi-nado autor ou em uma obra em parti-cular. Exige-se leitura e reflexão sobre o que foi lido, apenas. Apenas – mas não é pouco. Vejamos alguns pontos impor-tantes da atividade da leitura literária.

Dicionário.Qualquer pessoa que se dedique à lei-tura para valer, precisa de um bom di-cionário ao seu lado. Consultá-lo a todo momento é tão cansativo quanto des-necessário. Em muitos casos, é possível saber o sentido de uma palavra des-conhecida a partir de dedução, isto é, observando-se o contexto em que ela está inserida.

Locais de leitura.É possível ler em ônibus, em viagens, com música de fundo, com gente con-versando ... desde que se consiga, acima de todas essas interferências, manter a atenção concentrada na leitura. O nível de concentração varia, bem como a re-sistência maior ou menor a estímulos

externos. Existem pessoas, por exemplo, que não resistem a uma olhadinha na te-levisão. Para elas, ler diante do aparelho não é um bom negócio. É preciso saber reconhecer as condições mínimas de lei-tura – e procurar um espaço em que elas possam ser satisfeitas.

Ritmo.A quantidade de páginas diárias de lei-tura também é bastante variável. Depen-de, por exemplo, da extensão da lista de livros que o candidato se propõe a ler. E ainda de seu histórico pessoal. Isto é: quem está acostumado a ler desde a infância, provavelmente vai encarar a ta-refa com mais facilidade. Seja qual for o caso, é interessante encontrar um ritmo regular de leitura. Ao invés de se debru-çar para valer em um livro no final de se-mana e não encostar mais nele o resto da semana seguinte, é mais interessante torná-lo companheiro de todos os dias. Essa regularidade torna a leitura menos cansativa para quem não tem o hábito da leitura – e mais prazerosa e sedutora para quem é um devorador de livros des-de sempre. Lendo aos poucos, devagar, permanece o gosto de querer continuar – e é esse gosto que transforma a obri-gação em prazer. No geral, é possível ler pelo menos um livro por mês, descon-tando mesmo os domingos – que devem ser encarados como dias de descanso total, de mente e de corpo.

Compreensão do que é lido.Aspectos essenciais para uma leitura eficiente: é preciso compreender o que é dito. Tudo bem, parece uma afirma-ção tola. Mas acontece que o que é dito é constituído por um certo modo de dizer. Portanto: compreender como aquilo é dito é parte fundamental da leitura. Por isso, simples resumos de obras não apenas não ajudam, como atrapalham bastante. Materiais analíti-cos podem auxiliar na compreensão de alguns pontos mais obscuros para o es-tudante, mas jamais substituir a leitura efetiva das obras, o contato íntimo com a linguagem do escritor.

Aspectos técnicos.Alguns aspectos técnicos devem ser percebidos. Na leitura de poemas: as imagens, o vocabulário, a temática, o tratamento do tema etc. Na leitura de obras de ficção: o ponto de vista de quem narra e sua participação no en-redo; a atuação das personagens; o tempo e o espaço, tanto da produção do texto, quanto da ação do enredo; a linguagem e o estilo do autor.

Porém, simplesmente deixar-se levar pela leitura, deixando de lado aspectos técnicos, pode ser bastante prazeroso. A análise bem-sucedida vem desse pra-zer – e não o contrário.

Viagens na minha terra – Almeida GarrettTil – José de AlencarMemórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de AlmeidaMemórias póstumas de Brás Cubas – Machado de AssisO cortiço – Aluísio AzevedoA cidade e as serras – Eça de QueirósVidas secas – Graciliano RamosCapitães da areia – Jorge AmadoSentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade

Incidente em Antares – Érico VeríssimoLiteratura de dois gumes (ensaio) – Antônio CândidoO conto da Ilha Desconhecida – José SaramagoMorte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto

Recordações do Escrivão Isaías Caminha – Lima BarretoEu – Augusto dos AnjosFormas do Nada – Paulo Henrique BrittoVermelho amargo – Bartolomeu Campos de Queirós

Cândido ou O Otimismo – VoltaireCarta de Pero Vaz de Caminha – Pero Vaz de CaminhaO fio das missangas – Mia CoutoPoemas – Gregório de Matos (org. Letícia Mallard)Sonetos – CamõesAntologia Poética – Olavo BilacO Bom Crioulo – Adolfo Caminha

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Fuvest / Unicamp 2013

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFU - Universidade Federal de Uberlândia

Como ler?

Feliz Ano Novo – Rubem Fonseca (contos selecionados: “Corações Solitários”; “Abril, no Rio, em 1970”; “Botando pra quebrar”; “Passeio Noturno (partes I e II)”)Navio negreiro e outros poemas – Castro AlvesQuincas Borba – Machado de AssisO demônio familiar – José de AlencarAnjo Negro – Nelson RodriguesA morte de Ivan Ilitch – Leon TolstoiMenino do Mato – Manoel de BarrosMemórias Sentimentais de João Miramar – Oswald de AndradeMenina a Caminho – Raduan NassarO Abraço – Lygia BojungaHídrias – Dora Ferreira da SilvaSagarana – Guimarães Rosa (contos selecionados: “São Marcos” e “A volta do Marido Pródigo”)

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Só em falar sobre o curso de Medicina, o coração de Juliana Romano bate mais forte. Com apenas 16 anos, no terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, já decidiu que essa é a carreira que deseja seguir.A dúvida estava entre biomedicina, far-mácia e Medicina. A estudante passou a buscar informações. Conheceu universi-dades, falou com profissionais da área e participou da jornada de profissões do colégio. Foi quando chegou em casa e comunicou aos pais: “Decidi, é Medici-na”, conta. “Fiquei até emocionada”.Segundo a coordenadora de orientação educacional do Colégio Dante, Silvana Leporace, esse é o caminho para esco-lher a profissão. “É fundamental pesqui-sar e conversar com a família. São alu-nos muito novos e enfrentar sozinhos o

processo de escolha pode gerar angús-tia”, diz. Outro ponto essencial é ter autoconhe-cimento. Ela explica que o vestibulando deve avaliar os prós e os contras da pro-fissão, principalmente se a decisão cau-sar impacto em sua vida social. “É en-tender o que a carreira vai exigir. Se não gosta de trabalhar aos finais de semana ou 12 horas por dia, por exemplo, deve buscar um curso que proporcione uma vida mais tranquila para não se frustrar”.A aluna Juliana conta que isso entrou na sua avaliação. “Sei que talvez tenha de trabalhar em algumas madrugadas e isso não é a coisa mais empolgante do mundo. Mas concordo com um amigo que diz que Medicina não é profissão, e sim um estilo de vida. Estou pronta para aderir a esse novo estilo”.

Para estudantes mais inseguros, Silvana sugere esperar pelo menos seis meses após a conclusão do Ensino Médio e fazer um intercâmbio fora do País, in-vestir no aprendizado de algum idioma. “Essa é uma experiência valiosa que tem amadurecido a ideia de muitos. O que não significa deixar de lado o vestibular. Sempre com foco no principal: retomar e entrar na faculdade”, salienta.De acordo com a coordenadora, toda escolha gera perdas e ganhos. “Talvez os pais tenham decidido tudo por eles até hoje, mas agora é a hora de eles co-locarem todos os aspectos na balança. A situação gera medo, mas tranquilizo meus alunos, mostrando que as esco-lhas não precisam ser tão rígidas. Com uma boa faculdade, é possível migrar no mercado de trabalho para outras áreas e descobrir outros caminhos”.Ela acredita, ainda, que nunca é tarde para começar outro curso. “Lembrando que o primeiro ano na faculdade é um período de adaptação e que vale per-severar. Nada é fácil, por isso é sempre bom avaliar até que ponto a escolha foi errada ou só é necessário mais um tem-po para pegar o ritmo”, finaliza.A palavra arrependimento não passa pela cabeça de Juliana. Vai dar o má-ximo de si para passar no vestibular e para se adaptar à nova realidade. “Estou muito ansiosa; afinal, quando você tem um sonho e está lutando por ele, não vê a hora de poder realizá-lo”, finaliza.

A escolha da profissãoBuscar informações e falar com profissionais é o

caminho para a escolha da carreira.

A batalha pelo futuro

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Com apenas 16 anos, aluna do Colégio Dante Alighieri, Juliana Romano, optou por Medicina.

Silvana Leporace, coordenadora de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri.

por Juliana miranda

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A escolha da profissão e a da Univer-sidade onde se quer estudar são as decisões mais importantes na vida do estudante. Vários fatores devem ser levados em consideração quando o jovem se inscreve em um vestibular. E eles devem ser levados em conta muito antes do ingresso na faculdade. A ajuda de um profissional auxilia na es-colha do curso universitário, por meio de testes vocacionais, mas não ajuda o aluno a escolher a instituição ideal para obter a formação desejada. Além de debater questões práticas, como preço e localização, o estudante e sua família devem analisar a infraestrutura que as universidades oferecem e a classifica-ção dos cursos no ranking do Ministério

da Educação (MEC). Todos esses deta-lhes contribuem para a escolha de um ensino de qualidade.Os estudantes podem se basear no Sistema Nacional de Avaliação da Edu-cação Superior (Sinaes), programa do MEC que analisa as instituições, os cur-sos e o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva em conside-ração setores como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, ges-tão da Instituição e corpo docente. Por meio de informações do Exame na-cional de Desempenho de Estudantes (Enade), o Sinaes avalia as instituições e os cursos. Os dados obtidos são uti-lizados para orientação institucional de estabelecimentos de ensino supe-

rior e para embasar políticas públicas, bem como orientar a sociedade, espe-cialmente os estudantes, funcionando como referência de julgamento das condições das instituições e dos cursos oferecidos.É importante ficar atento, já que o número de estudantes nas faculdades tem aumentado a cada ano no Brasil, devido à grande quantidade de pessoas que buscam um futuro melhor, além da facilidade nas formas de pagamento das mensalidades. Com isso, novas universidades e cursos são abertos para atender à demanda. Tal situação corre o risco de banalizar o ensino, tornando a escolha por uma boa universidade ainda mais complexa.

Ex- alunos da Univás contam o que levaram em consideração na hora da escolha do curso e da universidade.

Como escolher a universidade certa

A batalha pelo futuro

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Além de escolher uma universidade que atenda às necessidades do estu-dante, outro fator que deve ser levado em consideração são as profissões que estão em alta no mercado brasileiro. Cada região do País tem carências por profissionais de algumas áreas. Quem não tem receio de mudanças terá uma vantagem na busca por um emprego.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, por exemplo, é grande a ca-rência por médicos nas regiões Norte e Nordeste, principalmente por pedia-tras. Mesmo com salários atrativos, es-sas vagas ainda não são preenchidas. Engenheiros, tecnólogos, professores, enfermeiros, hoteleiros e profissionais de tecnologia da informação também

têm vagas garantidas País afora. A Copa do Mundo e as Olímpiadas irão demandar mão de obra especializa-da. Além disso, as novas fases do Pro-grama de Aceleração do Crescimento (PAC) e a ampliação do Programa de Saúde da Família, ambos do Governo Federal, irão precisar desses e de ou-tros trabalhadores graduados.

Profissões em alta

por leidiana palma

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Nossa equipe conversou com cinco profissionais, de áreas distintas, for-mados pela Universidade do Vale do Sapucaí, que estão bem colocados no mercado de trabalho ou se aprimoran-do por meio de cursos. Eles relatam os critérios levados em consideração na hora da escolha da universidade.A tradição muitas vezes é um fator pre-dominante na hora da decisão. Alguns pais querem que os filhos estudem nas mesmas instituições onde eles próprios se formaram. Outros pedem que os fi-lhos deem continuidade aos negócios da família. Este foi o caso de Luciana Tosta de Paula, administradora de em-presas.A grade curricular, o corpo docente, a localização e a indicação de ex-alunos foram os fatores que levaram Luciana a escolher a Univás. Porém, a decisão sobre qual graduação cursar teve um peso familiar. Embora, atualmente, es-teja trabalhando na área de Gestão Em-presarial e de Pessoas, ela conta que escolheu administração para cuidar dos negócios da família. “Minha família sempre me incentivou a fazer adminis-tração, pois eles possuem comércio na cidade e eu sempre gostei de ajudá-los nos negócios. Adquiri sólidas experi-ências no gerenciamento de empresas

nacionais e multinacionais nesta cidade [Pouso Alegre] e região. A Univás me deu suporte para galgar a minha traje-tória”.

Já a professora Ana Rosa Oliveira Reis conta que não teve influência familiar na escolha do curso de História, mas revela que a Universidade foi consenso de todos, já que os pais queriam que ela estudasse perto de sua residência, em Cachoeira de Minas, cidade do sul de Minas Gerais. “Escolhi por indicação de uma amiga, que já estava no primei-ro ano de História na Univás e me falou dos professores, das aulas, das pesqui-sas desenvolvidas ali, o que me chamou muito a atenção. Outro motivo da es-colha foi por ser uma das poucas facul-dades da região que possui o curso de Licenciatura Plena em História.”Ana Rosa lembra da época em que cursava a faculdade, o quanto se de-

dicou à pesquisa, conseguindo com isso uma bolsa de iniciação cientifica. Ela fala ainda dos recursos oferecidos pela Univás, enquanto era universitária. “A faculdade atendeu minhas expecta-tivas durante o curso, com ótimos pro-fessores, incentivo à pesquisa e com uma biblioteca que atendia quase que totalmente nossas necessidades”, diz.A hoje jornalista Cindy Gomes disse que nunca pensou em cursar a faculda-de de jornalismo; porém, quando termi-nou o ensino médio, foi eliminando as possibilidades e o jornalismo se tornou uma alternativa atraente. A Univás foi a opção certa, devido à proximidade com a cidade em que morava quando decidiu se tornar universitária, Poço Fundo, também no sul de Minas. Ela conta que aprendeu muito nos quatro anos em que cursou a graduação e que a escolha tanto pelo curso quanto pela instituição não teve influência familiar. “Pelo contrário”, afirma a jornalista. “Meus pais nunca opinaram na escolha da profissão e nem da faculdade.”

Testemunhos

A profissão escolhida por estudantes de Medicina se interessa, acima de tudo, pelo ser humano. A literatura também.

A jornalista Cindy durante expediente na agência de comunicação.

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Quando a escolha inicial não atinge as expectativas esperadas, nem tudo está perdido. O estudante, na maioria das vezes, termina o curso de graduação ainda muito jovem, o que permite que ele possa mudar de profissão. A segun-da graduação também ajuda aqueles que querem aprimorar seus conheci-mentos em áreas correlatas.Lucas Jupiaçara Guimarães se formou em dois cursos pela Universidade do Vale do Sapucaí. Após concluir o curso de Educação Física, ele resolveu ingressar em Fisioterapia para adquirir

ainda mais conhecimentos na área da saúde. Guimarães lista os motivos que o fizeram escolher a Univás. “A escolha foi feita a partir do melhor custo/benefício e, principalmente, pelos professores e plano de ensino. A Univás tem tudo isso em alto nível e ainda possui o Hospital das Clínicas Samuel Libânio, onde os estágios são realizados, completando ainda mais o curso”.Guimarães comenta que ainda não está atuando como fisioterapeuta, mas que continua se aprimorando na área. Para ele, a grande dificuldade em ter uma

boa colocação no mercado de traba-lho se deve à falta de reconhecimento da profissão. “No começo não é fácil, como na maioria das profissões. Mas há uma dificuldade a mais, porque in-felizmente ainda existem pessoas que acham que a Fisioterapia é só massa-gem, ignorando que seu objetivo é pre-servar, manter, desenvolver ou restau-rar (pela reabilitação) a integridade de órgãos, sistemas ou funções”, explica o fisioterapeuta e educador físico.

A procura por um curso de graduação não está restrita apenas a estudantes que acabaram de terminar o ensino médio. Muitas vezes, trabalhadores que já estão inseridos no mercado buscam o diploma para alçar novas colocações na empresa em que atuam. Desde mui-to jovem, o administrador de empresas Alexsandro Joanis Kitsidis trabalhou em comércio. Porém, ao perceber a defici-ência na área administrativa, resolveu iniciar o curso para adquirir conheci-mentos e superar as dificuldades nesse setor. Alexsandro começou a graduação na cidade de Santa Rita do Sapucaí (Mi-

nas Gerais). Após ser aprovado para o segundo ano do curso, resolveu tran-ferir-se para a Univás, em virtude da comodidade, infraestrutura e corpo docente encontrado ali. Ele conta que, com a conclusão do curso, conseguiu uma oportunidade em um empresa de grande porte e seus conhecimentos na área de indústria e comérico só aumen-taram. Sobre as instalações, ele lembra que a Univás se preocupa com a estrutura oferecida aos alunos e a cada ano busca melhorar suas dependências. “Observei ao longo do curso que a Universidade não parava de investir nas instalações

para melhor comodidade dos alunos”, afirma o administrador de empresas.Não existe uma regra para escolher a institução em que se vai passar os qua-tro, cinco ou seis anos que se seguem à decisão de optar por este ou por aque-le curso. O importante é escolher uma instituição de ensino que atenda às ne-cessidades de cada um. O ideal é que o estudante sempre associe essa escolha a fatores como qualificação profissional dos professores, localização da institui-ção, infraestrutura, satisfação pessoal, possibilidades familiares e, principal-mente, vocação.

Duas graduações

Continuar a formação

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Aleksandro no setor de produção da empresa Klimaquip, que atua

no segmento de refrigeração.

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Page 24: Futuro Médico

Médico GeriatraThiago Monaco acredita que é possível conciliar Medicina com vida pessoal.

Quando Thiago Monaco optou pela Medicina, no segundo ano do Ensino Médio, passou a viver uma rotina intensa de estudos. O alvo era a Universidade de São Paulo – USP. Entrou na Pinheiros, em 1995, o período que ele descreve como o mais importante e maravilhoso, mas também o mais difícil.

O curso integral é exaustivo e os estágios hospitalares supervisionados também. Alguns chegam a exigir trabalhos de 80 horas semanais. “Se na fase pré-vestibular precisamos de um sonho para nos mover, é durante a faculdade que esse sonho vai se construindo, mas acrescido do prazer de cursar disciplinas na área escolhida e de estagiar no ambiente em que se quer exercer a profissão. A faculdade é pesada, mas a Medicina traz uma paixão que contagia. Foi uma delícia fazer USP”, relata.A expectativa era ser cirurgião. Chegou a participar de um grupo de transplante cardíaco no Instituto do Coração (InCor). Tudo o conduzia à cardiologia. Até que participou de um curso sobre geriatria. “O que eu buscava estava ali. Ao término do curso, entusiasmado, prestei a prova para acompanhar a Liga de Geriatria e passei. Desde então, nunca mais pensei em fazer outra coisa”, conta. Da cirurgia, passou à área clínica. “É como ser o próprio Sherlock Holmes tentando caminhar entre os intrincados e difíceis diagnósticos”, brinca. Especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, atualmente tem seu próprio consultório, é professor dessa disciplina na Faculdade de Medicina de Santo Amaro (Unisa), e mantém o site www.envelhecerbem.com, no qual disponibiliza uma série de orientações para a saúde do idoso.A área requer um determinado perfil de médico, cujos principais requisitos são: gostar de pessoas, ter prazer em investigar (pois idosos costumam apresentar mais de uma queixa) e interesse em conhecer farmacologia (já que, com o envelhecimento, as alterações no organismo merecem muita atenção antes de se receitar qualquer remédio). “Gosto de tudo isso”.Com a vida profissional estabelecida, afirma que existem várias formas de se sentir bem-sucedido. “O lado financeiro não pode ser esquecido; por outro lado, é gratificante ser indicado por um paciente, ouvir um sincero ‘muito obrigado’ e perceber que fez diferença, ou que, mesmo quando não conseguiu a cura, foi compreendido pela família – são situações que o dinheiro não paga”, diz.Embora a vida seja agitada, zelar pela própria família também é uma prioridade. Casado há seis anos, aguarda ansiosamente o primeiro filho e faz questão de contar que tem um cachorro vira-lata. Confessa que dedica a isso menos tempo do que gostaria, mas procura tornar cada momento especial.“Acredito que ainda é possível, sim, ser médico e ser feliz, porque por mais que eu ame a Medicina, amo a minha família e prezo minha vida e saúde. Assim, me considero feliz e busco ativamente manter essa felicidade”, finaliza.

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O começo do caminho

VESTIBULAR DE Medicina

Pronto, você optou por Medicina! Todos os

problemas estão resolvidos? Não ... Ainda é

preciso enfrentar um vestibular muito concorrido ...

Conheça esses obstáculos e reflita a respeito.

• Veteranos: é preciso ter (ainda mais) garra

• Organize seu cronograma

• A disputa pelas vagas mais concorridas

• Como escolher um bom curso de Medicina

• Estudantes de Medicina falam da rotina de estudos

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Recentemente, durante uma entrevis-ta para a televisão, um jovem tenista brasileiro foi chamado de veterano. A reportagem tentava ressaltar o fato de ele já ter participado de competições internacionais. O esportista reagiu com bom humor, mas ressaltou que preferia o tratamento de jovem experiente. Cer-tamente, para ele, a expressão veterano traz consigo um certo tom pejorativo, as-sociado à velhice, ou algo assim. E não é só para ele.Está no dicionário (Houaiss): veterano é aquele “que exerceu durante muito tem-po uma atividade, ofício ou profissão”. Como se vê, se o exercício da atividade demanda muito tempo, aponta para a possibilidade de se associar o veterano a alguém de certa idade. É verdade que o mesmo dicionário traz ainda outro sen-tido para a palavra, que poderia repre-sentar uma justificativa para a repórter que entrevistou o tenista: “indivíduo ta-rimbado ou experiente em algum ramo de atividade”. Se ela pretendeu ressaltar a vivência do jogador, acertou no uso

da expressão, e ele não teve razão para preferir outro tratamento. No entanto, mesmo nessa acepção o uso da palavra tarimbado pode provocar algum incô-modo e sugerir alguém mais, digamos, rodado ...O Houaiss ainda contempla uma defini-ção de veterano que se relaciona dire-tamente ao universo escolar: “estudante cursando os últimos anos de seu curso”. Se existe aí a ideia do tempo – os últimos anos de um curso supõe uma vivência anterior –, ela vem acompanhada de um movimento natural, já que cursar esses anos é uma decorrência do processo de estudo. Contudo, a prática acadêmica deu outro sentido ao termo. Entre estudantes de cursos superiores, o aluno é considerado veterano não apenas nos seus últimos anos, mas bem antes: desde o seu se-gundo ano. Trata-se de um instrumento de diferenciação em relação ao recém- chegado do primeiro ano, o calouro. No meio universitário, ninguém agiria como o jovem tenista experiente, pois não é

incômodo algum ser considerado vete-rano.

Veteranos de cursinhoPara os acadêmicos, estar no segun-do ano significa apenas a continuidade dos estudos. Porém, entre estudantes de cursos preparatórios para os vesti-bulares, os cursinhos, o termo veterano, embora designe igualmente alguém que não está em seu primeiro ano ali, tem um sentido um pouco diferente. Porque não é visto como uma continuidade, na qual um novo aprendizado será desenvolvido, mas sim como uma retomada, em que o que já foi visto antes será visto mais uma vez.O aluno de cursinho que é chamado de veterano pode até se comportar com dignidade e levar numa boa. Mas a ver-dade é que deve passar pela cabeça dele algo parecido com o que ocorreu ao jo-vem tenista citado anteriormente.Quando o estudante em questão é candi-dato a uma vaga em cursos de Medicina, a situação é ainda mais séria. Isso porque

Veteranos: é preciso ter (ainda mais) garra

Se já é difícil encontrar forças para se dedicar aos estudos exigidos pelos vestibulares, imagine fazer tudo mais de uma vez?...

O começo do caminho

VESTIBULAR DE Medicina

por Fernando marcílio

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esses cursos estão entre os mais concor-ridos das instituições que os oferecem, o que torna as seleções particularmente minuciosas. Cada mínima diferença entre notas pode definir a condição do aluno no ano seguinte: um calouro (da faculda-de) ou veterano (do cursinho).Muitas vezes, não há vagas para todos os que estão bem preparados. Isso sig-nifica que muitos candidatos estudiosos, dedicados, esforçados e capazes são simplesmente deixados de fora. Não por falta de preparo, mas por algum erro mí-nimo, talvez insignificante – mas que ga-nha significado em um contexto em que a concorrência é pesada. Uma distração, um erro de cálculo – basta isso para que o candidato perca a chance de entrar na universidade pretendida.Diante dessa situação, a alternativa é en-carar novamente a sala de aula de cursi-nho, agora na condição de veterano. Pa-rece um quadro trágico? Bem, ele pode ser ainda pior. Acontece que o veterano de cursinho não precisa estar necessaria-mente em seu segundo ano. Não são in-comuns casos de alunos que fazem dois ou três anos desses cursos preparatórios – principalmente entre os que desejam as vagas mais concorridas, aquelas que permitem a entrada nas instituições de ensino mais conceituadas.

Repetentes e veteranosAgora que já passamos pela face mais dramática do quadro, vamos a algumas considerações importantes.

Na verdade, a condição de veterano não é desonrosa para ninguém, em nenhuma situação. Ela é, sim, sinônimo de experiência. Mas, nos estudos, essa condição representa acúmulo de saber, de conhecimento adquirido. Nada que permita pensar em tempo perdido, em horas de dedicação jogadas no lixo.Há alguns anos atrás, o aluno que fre-quentava as aulas de Física do curso An-glo Vestibulares de São Paulo poderia ter a sorte de encontrar pela frente o pro-fessor José Roberto Castilho Piqueira, o “Sorocaba”, hoje trabalhando na Escola Politécnica da USP, na mesma cidade. Ele

fazia uma interessante distinção entre o aluno veterano e o repetente.Aluno veterano é aquele que reconhe-ce os erros cometidos e aprende com eles, utilizando-se desse aprendizado para corrigir rumos, alterar metas e acer-tar o caminho que o conduzirá ao lugar desejado. Já o aluno repetente é aquele que, reconhecendo ou não seus próprios enganos, não trabalha no sentido de corrigi-los, correndo o grande risco de cometê-los novamente, mesmo sabendo

de antemão qual será o resultado.O aluno repetente costuma enganar-se a si mesmo, como a todos aqueles que confiam e acreditam nele. Seu compor-tamento pode ser revelador de imaturi-dade – o que se constitui em um sério problema, quando o que está em ques-tão é justamente a possibilidade de cres-cer, de mudar de vida, de batalhar pelos sonhos. Esse aluno tem um trabalho an-terior a ser feito: convencer-se do que realmente deseja e de quanto está dis-posto a sacrificar de seu tempo para al-cançar suas metas. Dado esse passo, ele poderá, aí sim – e só aí – considerar-se um aluno veterano.

Problemas a maisO veterano enfrenta as dificuldades co-tidianas de todo estudante: necessidade de concentração, distribuição adequada de tempo de estudo, expectativa em torno dele etc. etc. etc. Mas a essas difi-culdades comuns, ele acrescenta outras (como se precisasse delas!), oriundas de sua condição de veterano.Por exemplo: o cansaço. Não apenas aquela sensação decorrente do tempo dedicado aos estudos, às tarefas, aos exercícios, às aulas, mas, principalmen-te, o sentimento decorrente do fato de se ver diante de situações já enfrentadas anteriormente, rever assuntos já esgota-dos, assistir às mesmas brincadeiras – e, o pior de tudo, saber o quanto ainda falta para o final ...

Cada mínima diferença entre notas pode definir a condição do aluno no ano seguinte: um calouro (da faculdade) ou veterano (do cursinho).

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Essa sensação conduz a outro inimigo do veterano: o tédio, isto é, a impressão de que tudo aquilo já foi visto, aquele caminho já foi trilhado, aquela paisa-gem é conhecida. Repetir por mais um ano inteiro as mesmas horas de estudo, as mesmas tentativas de resolução de exercícios (por vezes os mesmos ...) é um obstáculo considerável ao esforço despendido.Mas o pior talvez seja a pressão psico-lógica. Pode advir a sensação de que os assuntos que estão sendo revistos agora já foram aprendidos e devida-mente assimilados antes. Se existe essa impressão, uma pergunta se impõe, de forma irresistível: se já aprendi tudo, por que não entrei na faculdade? É uma questão recorrente e compreensível. O problema é que ela pode gerar um grau de autocrítica prejudicial, um sentimen-to de incapacidade que acaba por se arraigar no candidato, que se convence de que seus limites são intransponíveis.Isso tudo sem falar nas brincadeiras dos colegas ...

O que fazer?É possível ao veterano reverter a situa-ção a seu favor, ponto a ponto.Para ele, é mais fácil combater o can-saço, já que sua experiência ensina a dosar os estudos. Ele, mais que alunos que estão em seu primeiro ano de cur-

sinho, possui uma capacidade maior de seleção de assuntos realmente impor-tantes. O tédio pode ser evitado com uma es-tratégia muito simples: deixar de lado o que já está devidamente compreendi-do e consolidado. A tentação de rever o que já se sabe é grande, porque trans-mite conforto. O desafio é descobrir os erros e trabalhar sobre eles. Afinal, o que não foi aprendido representa sem-pre um caminho novo.Para combater a pressão psicológica, o remédio não é abandonar a postura au-tocrítica, que pode ser salutar, mas sim fazer dela um estímulo para crescer, para seguir adiante, para ultrapassar uma imagem construída a respeito de si mesmo. O sentimento de incapacida-de diminui, quando se compreende que é possível superar os próprios limites.Por fim, quanto às brincadeiras ... bem, é só levar numa boa, entrar no jogo sem encanar muito com a situação. E brin-car junto, porque o riso alivia a tensão.

BatalhadorO veterano precisa entender sua condi-ção especial. Levar um tombo e levantar não é para qualquer um. Dispor-se a re-fazer caminhos conhecidos exige muita força de vontade. Identificar lugares já vistos e desenvolver interesse por eles é um trabalho psicológico considerável.

Acima de tudo, trata-se de um percurso doloroso de autoconhecimento. O vete-rano tem que se dispor a reconhecer os próprios erros. Isso significa dizer para si mesmo, em cada ponto do caminho que ele refaz: aqui eu errei, este é um dos meus pontos fracos. Esse é o primeiro passo para batalhar até conseguir tornar aquele um ponto forte.Dos sentidos da palavra veterano forne-cidos pelo dicionário, existe ainda este: aquele “que serviu muitos anos como militar”. Essa acepção é interessante para o veterano, porque é isso o que ele é: um guerreiro. Acostumado a assimilar golpes, preparado para confrontos difí-ceis e buscando a glória de vencer, não inimigos concretos, mas os seus limites. Transcorrida a jornada e vencida a guer-ra, o veterano sabe, melhor que ninguém, que outras guerras estarão por vir. Mas ele estará acostumado com elas. E senti-rá orgulho de ser veterano.

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Além de todos os gastos com inscrições e matrículas, os vestibulandos devem estar atentos para os custos paralelos dos exames vestibulares: hospedagem, transporte e alimentação. Esses gastos devem ser computados e pensados na hora de planejar a própria agenda. Para quem escolheu uma universidade longe do local de sua residência, o ideal é or-ganizar um cronograma com as datas

das provas e os valores a serem gastos no período de realização das provas.O primeiro passo é decidir quanto po-derá gastar com o deslocamento e em seguida pesquisar as formas de trans-porte e os hotéis que cabem dentro do seu orçamento. Vestibulandos de loca-lidades mais distantes de seus locais de provas e que precisam viajar de avião, podem economizar fazendo a reser-

va com até 60 dias, já que passagens compradas com antecedência podem custar metade do preço.É muito importante que o estudante or-ganize um calendário individual com as datas dos exames das instituições es-colhidas. Além disso, ficar de olho nos prazos é fundamental para não perder as inscrições.

As inscrições para o vestibular da Uni-versidade Federal de Minas Gerais po-derão ser feitas de 13 de agosto a 10 de setembro de 2012, pela internet. Quem fez a prova do Exame Nacional do En-sino Médio (ENEM) está dispensado da primeira etapa. A segunda etapa do Vestibular será realizada de 13 a 20 de janeiro de 2013.Já a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) realiza dois processos seletivos anuais, sempre no primeiro e no segundo semestre de cada ano. Este último ciclo de atividades é chamado Vestibular de Inverno e compreende as provas de avaliação para ingresso no

segundo semestre do ano letivo. Neste ano, as inscrições estão encerradas. O edital do vestibular UFTM 2013 deve ser lançando no início do próximo ano, no site da Universidade.Três universidades públicas do Estado de São Paulo vão realizar o processo seletivo para o curso de Medicina, no final do ano de 2012. As inscrições para quem deseja ingressar na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) vão de 17 de setembro a 11 de outubro. As provas da primeira fase serão aplicadas no dia 18 de novembro. Diferentemen-te das outras universidades, a segunda fase da Unesp será realizada ainda nes-

te ano, nos dias 16 e 17 de dezembro. Também em novembro, a Universidade de São Paulo (USP) aplicará o seu exa-me, no dia 25. Já a segunda fase será realizada nos dias 6, 7 e 8 de janeiro de 2013. As inscrições podem ser feitas no site da Universidade entre os dias 24 de outubro e 10 de novembro.O último processo seletivo, entre as universidades públicas do Estado, será realizado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no dia 11 de dezembro, e a segunda fase será reali-zada no próximo ano, nos dias 13, 14 e 15 de janeiro.

O estudante deve preparar um calendário individual com as datas dos exames vestibulares e os gastos nesse período

Organize o seu cronograma

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O começo do caminho

VESTIBULAR DE Medicina

Processos seletivos

por leidiana palma

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Page 30: Futuro Médico

O Processo Seletivo para o curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) será realizado no dia 21 de outubro nas cidades de Pouso Alegre (MG), Campinas (SP) e nas ca-pitais: Belo Horizonte e São Paulo. As inscrições estarão abertas no período de 13 de agosto a 08 de outubro e se-rão feitas exclusivamente pelo site da Instituição:www.univas.edu.br/processoseletivo.A taxa será cobrada de acordo com o período da inscrição. De 13 de agosto a 17 de setembro, o valor da inscrição será de R$ 150, 00. Após essa data (de 18 de setembro a 8 de outubro de 2012) será cobrado o valor de R$200,00.

Hospedagem em Pouso AlegreO vestibular está chegando e você não mora na cidade onde será realizada a prova? Fique tranquilo, nós iremos ajudar você a encontrar uma acomodação con-fortável que o auxilie no descanso neces-

sário para a realização da prova. Em 2011, o vestibular de Medicina de Pouso Alegre teve 2.308 inscritos, nú-mero suficiente para movimentar a rede hoteleira do Município. Portanto, o ideal é reservar o hotel com até 60 dias de antecedência para não ter surpresas às vésperas do vestibular. A reserva de hos-pedagem garante uma prova mais tran-quila e você não corre o risco de pagar um preço muito alto. Localização, conforto, privacidade e va-lores são requisitos importantes para uma boa escolha. Se a sua preparação inclui ficar sozinho concentrado para a prova, a cidade disponibiliza hotéis com diárias que vão de R$ 55 a R$ 173.No Centro de Pouso Alegre, próximo à Faculdade de Medicina (Unidade Cen-tral), existem vários hotéis com preços acessíveis que oferecem estacionamen-to, recepção 24 horas e café da manhã. Uma boa alimentação também é funda-mental para encarar a prova.

Para quem vem de ônibus, o Central Par-que Hotel fica em frente ao Terminal Ro-doviário. Quem preferir se hospedar nos hotéis Pousada Maracanã e Fernandão vai precisar de carro para chegar ao local da prova. Já o Hotel Marques Plaza fica em frente à Unidade Fátima da Univás, um dos locais de prova na cidade.

Univás

HOTÉIS TELEFONEDIÁRIA 1 PESSOA

JB PALACE HOTEL (35) 3423-7870R$ 95,00

HOTEL FERNANDÃO (35) 3449.2010R$ 84,00

HOTEL DIAS (35) 3449-3939R$ 66,00

HOTEL CIDADE (35) 3422-2200R$ 85,00

MARQUES PLAZA HOTEL (35) 3422-2020R$ 173,00

HOTEL FERRAZ (35) 3449-2045R$ 124,00

HOTEL COMETA (35) 3423-5333R$ 55,00

FÊNIX HOTEL (35) 3423-6000R$ 110,00

CENTRAL PARQUE HOTEL (35) 3449-2009R$ 88,00

Quem se prepara durante todo um ano, e muitas vezes ainda mais do que isso, para o vestibular de Medicina, precisa de um lugar aconchegante para se acomodar antes da prova. Pensando nisso, selecionamos alguns hotéis de Pouso Alegre, juntamente com as tarifas e telefone, para que você possa se hospedar com tranquilidade.

Central Parque HotelR. Prof. Jorge Beltrão, 193 35 3449-2009

Fênix HotelRua Bernardino de Campos, 14335 3423-6000

Hotel CidadeRua Prof. Vicente Paiva Martins, 33, Centro35 3422-2200

Hotel CometaRua Bom Jesus, 373, Centro 35 3423-533

Hotel DiasRua Adolfo Olinto, 184 35 3449-3939

Hotel FerrazPraça Doutor Garcia Coutinho, 1435 3449-2045

Hotel FernandãoRodovia Fernão Dias, km 850,235 3449-2010

JB Palace HotelAvenida Doutor João Beraldo, 460, Centro 35 3423-7870

Marques Plaza HotelAv. Prefeito Tuany Toledo, 801 Bairro Fátima 2, 35 3422-2020

Pouso Alegre - onde ficar

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Page 31: Futuro Médico

O curso de Medicina é o mais concorrido da maioria dos vestibulares brasileiros, e levar em consideração o número de candidatos por vaga pode ser um fator importante para avaliar a qualidade da instituição escolhida. “A procura pode ser um radar positivo para o estudante, mas o mais importante é avaliar também ou-tros quesitos, como instalações e espe-cialização dos professores”, diz Alberto Francisco do Nascimento, coordenador de vestibular do Anglo.Outra estratégia para fazer a escolha certa consiste na consulta a universitá-rios ou recém-formados da faculdade escolhida, para saber como foi a inserção no mercado de trabalho. É o que reco-menda Laércio da Costa Carrer, coorde-nador do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio São Luís. “As impressões são valiosas para a escolha”.

A grade curricular também deve ser leva-da em conta. Em geral, ela está disponível no site do curso e mostra a distribuição das disciplinas (teóricas e práticas, além do percentual de optativas). “Também é fundamental conhecer o perfil do curso, que varia de uma instituição para outra”, observa Laércio. Para ele, o importante não é apenas passar no vestibular, mas avaliar bem a escolha da instituição, por-que o tempo de dedicação a ela será, no mínimo, de seis anos. “Por isso, observar as qualidades e avaliar os pontos negati-vos do curso é fundamental”, completa.Os números dos vestibulares da Fuvest são representativos. Em 2011, mais de 13,5 mil estudantes se inscreveram para tentar entrar no curso de Medicina, resultando em uma relação de 49,2 estudantes dis-putando uma vaga na Universidade de São Paulo (USP). Parece – e é – muita coi-

sa, mas em 2012 esse número foi ainda maior: foram 51,18 candidatos por vaga.Outro exemplo é a Universidade Federal do Acre (Ufac), onde a procura pelo cur-so de Medicina registrou 183,27 candidatos por vaga. Ao todo, foram recebidas 7.331 inscrições para um total de 40 vagas. Nos vestibulares de meio de ano, Medici-na também é uma graduação procurada. No processo seletivo de inverno de 2011 da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a procura pelo curso bateu recor-de. A relação foi de 154,9 candidatos por vaga – foram mais de 6,1 mil inscritos.“Isso mostra que as públicas de todos os cantos do Brasil são almejadas. Os es-tudantes saem da região Sul e Sudeste, dirigindo-se ao Nordeste para estudar Me-dicina. E muitos acabam por fazer carreira por lá”, completa Alberto do Nascimento.

A concorrência pelas vagas de Medicina é um termômetro importante no momento de medir o nervosismo provocado pelos vestibulares

A disputa pelas vagas mais concorridas

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A localização do curso deve ser pensa-da não só pela distância e o pelo tempo gasto, mas levando-se em conta o cus-to de transporte. Alberto explica que vários vestibulares públicos acontecem muito próximos uns dos outros e, por isso, escolher as instituições mais pró-

ximas de casa acaba sendo um critério também de escolha. “Se a universida-de é publica, conceituada e próxima de outra com as mesmas características, o estudante acaba optando pela mais próxima, ao invés de alguma outra fora do seu estado”, afirma.

No caso das faculdades públicas de Medicina no Estado de São Paulo, como USP, Unifesp, Unesp e Unicamp, em que o nível do ensino de qualidade é até semelhante, esse pode ser mais um critério de escolha.

Distância

O começo do caminho

VESTIBULAR DE Medicina

por Juliana miranda

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Page 32: Futuro Médico

Como escolher um bom curso de MedicinaConfira algumas dicas e sugestões para começar a faculdade com o pé direito.

A batalha pelo futuro

VESTIBULAR

a luta para chegar ao curso superior

O estudante que pretende fazer o cur-so de Medicina precisa escolher muito bem a faculdade que irá prestar. Afi-nal, serão seis anos de muito esforço e dedicação. A primeira coisa a fazer é pesquisar a instituição na qual deseja estudar. Hoje, no Brasil, existem dois métodos de ensino em Medicina: o tradicional e o Problem-Based Learning (PBL) – na tradução para o português, Apren-dizagem Baseada em Problemas. No método tradicional, o aluno tem aulas teóricas, em sala de aula, divididas em disciplinas específicas e aplica o co-nhecimento passado pelo professor no contato com o paciente. Na PBL, o aprendizado ocorre a partir de um con-texto clínico dado pelo tutor, que o alu-no deve resolver a partir de sua própria pesquisa; depois, suas conclusões são

discutidas com um grupo de colegas e com o próprio tutor, para que o resulta-do possa ser aplicado ao paciente.

Escolhido o método de aprendizagem de preferência do estudante, é neces-sário verificar a grade curricular do curso e a distribuição das disciplinas ao longo dos anos, para não haver surpresas. Também é fundamental veri-

ficar a ligação da universidade com um hospital-escola, essencial às atividades do aprendiz de Medicina. O aluno deve, ainda, se for de seu interesse, conferir o oferecimento de atividades extra-classe, como jornais, ligas, atléticas e diretórios acadêmicos.Lígia de Fátima Nóbrega Reato, coor-denadora da Faculdade de Medicina do ABC, dá alguns conselhos: “Ao escolher uma faculdade de Medicina, o estudan-te precisa analisar alguns fatores, não apenas se ela é pública ou privada. Pri-meiramente, é importante conferir se a faculdade de Medicina é reconhecida e aprovada pelo MEC e pelo Conselho Regional de Medicina. Além disso, é importante checar as notas da univer-sidade no último Enade e, assim, avaliar se os alunos estão sendo bem prepa-rados”.

Fernanda Aguiar Nunes, aluna do 4º ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), revela que sempre quis fazer Medicina e não teve dúvidas na hora de escolher a profissão. Ela não se focou em apenas uma instituição de en-sino. O objetivo inicial era prestar apenas federais, mas reavaliou a decisão no pri-meiro ano de cursinho: “Meu pai sempre me falou muito bem da faculdade daqui. A fama da Univás chegou até Belo Hori-zonte; tinha gente de lá querendo cursar aqui. Segundo me disseram, na própria

apostila que utilizavam lá, apareciam questões do vestibular daqui. Para quem queria uma particular, Pouso Alegre sem-pre era uma opção. A impressão que eu tive foi ótima: adorei desde o primeiro momento e até hoje gosto muito”.Quando Fernanda passou no curso de Medicina da Univás foi um alívio, pois não precisaria sair de casa, já que seus pais haviam mudado para a cidade alguns anos antes: “Pra mim foi bem puxado, eu não tinha nem ideia de como funcio-nava, porque na minha família não tem

nenhum médico. Sendo assim, eu não conhecia o processo, mas sabia que era um curso difícil. Ter ficado em casa me deixou mais tranquila. Não foi planejado, mas deu certo”, revela. “Eu tenho uma irmã mais nova que faz Medicina em ou-tra cidade e eu vejo a dificuldade dela. Ainda bem que eu não tive que passar por isso. Acho que é bom, ela amadure-ce, mas ter que se virar sozinho sem ter contato com uma pessoa de confiança pode ser muito complicado”.

A opção de ficar em casa

Roberto Nasser, coordenador de História, Filosofia e de Orientação Profissional do Colégio Bandei.

“Meu pai sempre me falou muito bem da faculdade daqui. A fama da Univás chegou até Belo Horizonte; tinha gente de lá querendo cursar aqui.” [Fernanda Aguiar Nunes, acadêmica de Medicina.]

porJuliana miranda e

izabella campos ocáriz

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Anelysa Macedo de Almeida, também acadêmica do 4º ano de Medicina da Univás, assim como a colega de classe, sempre quis ser médica. Para ela, o pro-cesso de ir para uma universidade fora de casa soou muito complicado desde o começo. A Univás sempre foi sua pri-meira opção, porque é uma excelente instituição: “A faculdade tem nome, e minha vontade sempre foi passar aqui. Eu me preparei para isso e, quando passei, foi a melhor coisa que me acon-teceu”, diz Anelysa. E ela acrescenta: “A Univás é destaque em relação às outras faculdades regionais: ela oferece o co-nhecimento dos professores, a video-teca, o Diretório Acadêmico, o Hospital

Escola, as Ligas Acadêmicas”. Na opinião de Renne Henriques Dall’ Orto Muniz, representante de sala do quinto ano do curso de Medicina da Univás, a faculdade depende muito mais do aluno do que do professor. Para ele, “se o estudante não quiser aprender, não adianta ele entrar na melhor universidade que ele não vai aprender. A disposição do aluno em aprender tem de ser maior do que a força de vontade do professor em ensi-nar. O professor tem de orientar, mas o estudo é com você”. O curso de Medicina exige uma postu-ra mais centrada dos alunos, que, afi-nal, estão se preparando para lidar com

vidas humanas. Renne lembra das pa-lavras do pai, quando ele decidiu pres-tar Medicina: “Só passa no vestibular de Medicina se você se sentir maduro para aquele curso”. Renne acabou não passando no vestibular da Univás, mas entrou em outra faculdade e se trans-feriu. “Eu optei por fazer Medicina aqui. Amo essa faculdade, nasci e cresci aqui dentro, quero ser professor aqui, futuramente. Maturidade, é isso, não tem segredo, é saber ter opinião pró-pria. Saber ouvir, criticar, conciliar e ir tocando a faculdade, sabendo, acima de tudo, que é uma coisa muito séria”, afirma ele.

Medicina é a carreira que exige o maior número de anos de estudo, dedicação integral, atualização constante e muitas noites em claro. Mesmo assim, a profis-são é uma das mais almejadas por jo-vens em época de vestibular. Segundo a Fundação Universitária para o Vesti-bular (Fuvest), há pelo menos 10 anos, Medicina é o curso com maior número de inscritos. Na Universidade Estadual de Campi-nas (UNICAMP), a carreira foi a mais procurada no vestibular 2012. Na da universidade Federal do Ceará (UFC) também está entre as mais disputadas, segundo dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Edu-cação (MEC). “Sem dúvida, as universi-

dades públicas são as mais procuradas, não só por serem gratuitas, mas pelo reconhecimento dos cursos, a maioria dos quais possui nível internacional, e ainda porque estão preparadas para oferecer ao aluno especializações e práticas coerentes com a necessidade da profissão”, diz Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do vestibular do Anglo.Para ele, toda faculdade de Medicina deveria ter um hospital escola. “É uma profissão que exige prática, acima de tudo. Por isso, as públicas saem na frente, porque todas têm essa opção ou convênio com hospitais”.O País conta hoje com 185 cursos de Medicina que formam, por ano, aproxi-

madamente 16 mil médicos. O objetivo de uma faculdade é fornecer aos alunos uma sólida formação geral, contando com uma excelente base, treinamento nos três níveis de atenção à saúde (pri-mário, secundário e terciário), elevada formação ética e humanista e capacita-ção para exercer sua profissão.Dados do Conselho Federal de Medi-cina informam que o Brasil tem cerca de 300 mil médicos. O número mostra que o País tem, em média, um médico para cada 633 habitantes. Apesar de o número parecer insuficiente, o pro-blema nem sempre é a quantidade de profissionais, mas, sim, a qualidade dos atendimentos.

Qualidade do curso é fundamental

Exigências da carreira

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O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) pu-blicou uma cartilha para ajudar os es-tudantes na escolha do curso de Me-dicina. O objetivo é apresentar alguns pré-requisitos que devem ser levados em conta na hora de escolher a esco-la de Medicina onde se prestará vesti-bular. A cartilha traz contribuições de diretores de faculdades de Medicina de São Paulo, profissionais da área e re-presentantes de entidades médicas. Dá dicas sobre como avaliar a infraestrutu-ra, o corpo docente, a grade curricular e outros pontos que são fundamentais

para que uma faculdade ofereça um curso de qualidade.A cartilha online Escolha Bem seu Cur-so de Medicina faz parte de uma am-pla campanha que o Cremesp lançou no início de maio com o objetivo de alertar a população, além de sensibi-lizar as autoridades responsáveis, so-bre os potenciais riscos representados pela criação de escolas de Medicina sem condições necessárias de oferecer ao futuro médico uma formação con-sistente e adequada. Acesse o mate-rial no link http://www.proteja-se.org.br/?siteAcao=CartilhaCorpo&id=2

É fundamental o aluno conhecer o que a faculdade e o mercado de trabalho vão oferecer, buscando todas as infor-mações disponíveis para entrar seguro e confiante na universidade.A imaturidade para a escolha da carrei-ra e da faculdade não está na idade do aluno, mas sim no processo. Quem nun-ca se interessou pelo assunto está mais imaturo do que quem tem pesquisado há algum tempo, meditado no assunto, conversado com a família e com pro-fissionais da área. A escolha, principal-mente da carreira, traz consequências, razão pela qual deve ser pensada. Al-guns pais também enxergam o merca-do de trabalho como no tempo deles e querem interferir na escolha dos filhos. O mundo mudou. Hoje existem ótimas universidades públicas e privadas.Antigamente, no século XlX, a expec-

tativa de vida era de 40, 45 anos. Tinha que se fazer tudo com pressa, tudo ti-nha que se encaixar. Hoje, o aluno en-trar na faculdade com 17, 18 ou 19 anos não vai fazer tanta diferença. Para um curso de Medicina, é possível pensar bem e se preparar para o vestibular e para o que a carreira exigirá.A universidade tem a ver conosco: nos-sa visão de mundo, o que pensamos, o que almejamos, situações a que es-tamos acostumados, entre outros as-pectos. Assim, na escolha da universi-dade, o aluno deve levar em conta se ela preenche anseios pessoais, se tem a ver com seu perfil. Por exemplo: se está acostumado com ótima infraestru-tura, ele terá dificuldade de se adaptar a uma universidade que não invista nis-so. Tem aluno que gosta de participar de debates, discussões políticas. É im-

portante, mesmo em um curso de Me-dicina, analisar se a instituição que ele escolheu oferece esse espaço. Outro ponto fundamental é verificar se a uni-versidade tem hospital escola. Se não tiver, será complicado. Ele terá de fazer a residência em outro local, sem seus professores, sem acompanhamento de quem ele conhece.Também oriento no sentido de ob-servar os laboratórios (quantos são e quanto tempo poderá usá-los), o nú-mero de professores doutores, profes-sores em período integral, gabaritados a ajudar o aluno, entre outros aspectos. Tudo isso ajuda na formação, que é o mais importante de tudo: o candidato ao curso de Medicina tem de ter a cla-ra noção de que vai precisar se dedicar muito e para o resto da vida.

Cartilha

Orientação de quem está acostumado a tratar do assunto, Roberto Nasser [coordenador de História, Filosofia e orientação profissional do Colégio Bandeirantes, São Paulo]

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Depois do vestibular, os estudantes que conseguiram a vaga ficam aliviados com a nova conquista. No entanto, a marato-na de estudos não acaba: é necessário se preparar para uma nova fase de aprendi-zado. Anelysa Macedo de Almeida e Fer-nanda Aguiar Nunes já sentiram o peso

da pesquisa médica logo no primeiro ano de faculdade. Alunas do quarto ano da Universidade do Vale do Sapucaí (Uni-vás), elas optaram por fazer Iniciação Científica assim que entraram na facul-dade. Aqui, elas contam como o proces-so exige disciplina.

A atividade de pesquisa é um processo fundamental não apenas para a vida estudantil, mas também para a vida profissional.

Estudantes de Medicina falam da rotina de estudos

O começo do caminho

VESTIBULAR DE Medicina

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“O pesquisador faz a pesquisa por ele, para satisfazer uma curiosidade pessoal, mas ela é dirigida à sociedade” [Fernanda Aguiar Nunes]

por izabella campos ocáriz

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Anelysa decidiu debruçar-se em projetos desde as primeiras aulas na faculdade, porque acredita que a Iniciação Científica tem o objetivo de trazer conhecimento. Esse contato maior com a ciência vem com o projeto, que dirige o estudante para novas experiências e para uma re-lação diferenciada com o objeto de pes-quisa. “Eu acho que cada trabalho traz novos conhecimentos, novas experiên-cias. Então, isso vai ser importante não só para o estudante como para o profis-sional. Além disso, acredito que sempre haverá conhecimento a ser adquirido, ex-periência a ser feita, porque tudo isso sig-nifica lidar com outro ser humano, o que é muito complicado”, ressalta Anelysa.Para uma boa Iniciação Científica o pro-fessor orientador é peça-chave. Ele vai conduzir o aluno para realizar um bom trabalho, procurar respostas da maneira correta e ensinar a lidar com o paciente. Anelysa conta como sempre teve todo suporte de seu orientador, professor Taylor Brandão, que se interessou em ajudar, mesmo nos momentos de difi-culdade. Ela adverte que nem sempre dá tudo certo e é importante ter o apoio.Uma das pesquisas de Anelysa trata da “Qualidade de vida, depressão e espiritua-lidade em pais cuidadores de crianças diabéticas”. Ela lembra que no início foi muito difícil lidar com os pais das crian-ças, porque ela ainda não estava prepa-rada. Foi essa uma das funções funda-mentais do projeto de pesquisa, que a conduziu para uma relação calma e hu-

manizada: “Só de ouvir, às vezes você já está ajudando bastante o paciente. O pa-ciente que está chorando, ou então que está totalmente depressivo, antes me as-sustava. Com o projeto não, ele te ajuda, porque você tem que ter esse movimen-to para desenvolver, você tem de passar por várias etapas e ter um contato muito grande com o paciente”. Ela conta o caso de um paciente que não foi à consulta porque a mãe estava com depressão. No lugar dela, trouxe a avó da criança para desabafar. A acadêmica explica que, ge-ralmente, os pais se culpam pela doença da criança, que sofre por não entender o motivo de não poder comer certos ali-mentos.Anelysa está na sua quarta pesquisa de Iniciação Científica, duas delas já publi-cadas, e não pretende parar até o fim da faculdade. A primeira demorou um ano para ficar pronta, e os trâmites para a publicação demoraram ainda mais. O trabalho foi aprovado para publicação neste ano, o que ela considera um passo importante: “a publicação é o troféu, por-que você passa o ano inteiro trabalhando, você aplica mais de cem questionários, e a publicação significa que o pessoal de fora leu e aprovou. Então, quer dizer que o trabalho foi bom, que deu resultado, que trouxe conhecimento não só para mim, mas para outras pessoas que utili-zaram o artigo. Eu acho que isso é essen-cial, porque é através de pesquisa que a gente desenvolve a Medicina”.Toda a rotina do estudante é bem aper-

tada. Anelysa explica que, com o passar dos anos, fica cada vez mais complicado conseguir tempo, porque o hospital vai exigindo cada vez mais do estudante. Ela criou uma tática para não perder o foco: reserva um dia na semana para trabalhar somente com o projeto; quando precisa de mais dedicação, ela usa o período de férias e consegue conciliar com tranquili-dade. Com a rotina de estudo, a acadêmi-ca acredita ter ficado mais responsável e disciplinada, porque é necessário levar as matérias da faculdade e a pesquisa jun-tas, com a mesma dedicação. Para ela, o mais importante foi o grande contato que teve com pacientes. Segundo a es-tudante, a maior parte deles é receptiva e gosta de ajudar, porque entende que a pesquisa é feita em benefício da so-ciedade. Um diálogo com os pacientes, que explique os motivos da pesquisa, é um passo essencial para conseguir sua participação.Para os futuros estudantes de Medicina que desejam tentar uma Iniciação Cien-tífica, Anelysa recomenda que comecem no primeiro ano de faculdade: “Vai ser muito importante, vai levar para a vida toda essa experiência, porque a base de tudo vai ser a relação médico/paciente e a iniciação é um atalho para você apren-der a lidar com cada pessoa. Isso me aju-dou bastante. Leva tempo: eu comecei meu primeiro projeto no primeiro ano e está sendo publicado só agora, no quar-to ano. Dá trabalho, mas vale a pena”, conclui.

Anelysa Macedo de Almeida

Anelysa Macedo de Almeida, estudante de Medicina da Univás.

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A acadêmica Fernanda começou a Ini-ciação Científica depois de se interes-sar pela disciplina de Metodologia, ain-da no primeiro ano. Ela foi convidada, justamente por Anelysa, sua colega de classe, para participar de uma pesquisa aplicando questionários em pacientes: “Foi aí que eu me interessei. Quando surgiu uma oportunidade, isso fez com que eu me envolvesse cada vez mais”.Em áreas como pediatria, mastologia, infertilidade e ginecologia, Fernanda realizou praticamente uma pesquisa por ano. “Foram surgindo oportunida-des e eu fui ganhando mais experiência e mais tranquilidade na hora de fazer”, explica. Ela ainda ressalta que é essen-cial confiar e gostar do orientador para ele passar confiança ao aluno: “Para mim, o orientador é fundamental, é a peça chave na pesquisa, não tem jeito. Se você não tem um orientador que te incentiva, que te dê apoio, você perde a motivação”. A acadêmica conta ain-da que nunca fez pesquisa experimen-tal, como teste de medicamento, por exemplo, porque se interessa mais pelo contato com o paciente. Ela aconse-lha os pesquisadores iniciantes a lerem muito, tudo o que puderem. Sugere ainda que realizem pesquisas que pos-sam se desenvolver com aplicação de questionário, procedimento mais tran-quilo e mais adaptável aos horários das aulas. Conforme os anos do curso pas-sam, esses horários ficam mais difíceis de administrar, e a aluno recorda que

um dos requisitos para conseguir uma bolsa de Iniciação Científica é ter boas notas na faculdade. Até o fim do ano, dois artigos de Fer-nanda serão publicados. Para ela, é um processo natural, e a maior expectati-va é chegar ao resultado. Em uma de suas pesquisas, que avalia a depressão em mulheres inférteis, esperava-se, no início, que mulheres inférteis fossem mais propensas à depressão; no entan-to, com o fim da pesquisa, chegou-se à conclusão de que não havia essa re-lação.Toda pesquisa publicada é um dife-rencial no currículo do profissional e influencia positivamente sua carreira, o que para a acadêmica é fundamental e ajuda a definir as áreas de maior inte-resse do estudante. “Todo médico tem que ser curioso, um pouquinho pesqui-sador. Ele pesquisa um diagnóstico, ele pesquisa qual a melhor conduta, qual o melhor exame, qual o melhor tratamen-to. Então, a Iniciação Científica fornece as bases para você começar a trabalhar isso na sua carreira”.Além de instigar o estudante a se atu-alizar sempre, a Iniciação Científica pode ser uma facilitadora do aprendi-zado. “Você pesquisa, você lê, você se atualiza em um determinado assunto e, no final, acaba adquirindo um conheci-mento que você não esperava”, afirma Fernanda. Na opinião dela, o diferencial de um médico é a atualização dentro de sua área de estudo, uma consequência

da pesquisa. Ela lembra que nenhuma pesquisa impõe verdades; elas são ape-nas sugestivas, apontam caminhos. Por isso, existem pesquisas que se opõem a outras. Para interpretar os resultados, o bom senso e a reciclagem são mui-to importantes: “Eu acho fundamental, pesquisa é atualização”.Para Fernanda, o mais importante na Iniciação Científica é o contato com o paciente, porque o aluno passa muito tempo em sala de aula aprendendo sobre o funcionamento do corpo hu-mano: “Você começa a perceber que a Medicina é uma ciência muito teórica, ela precisa de muito estudo, e às ve-zes você acaba separando a Medicina do ser humano. Então, o contato com o paciente é fundamental, porque você precisa ter uma abordagem natural, tranquila, aprender a ser receptivo, para saber como você vai conversar com o paciente. Ser médico não é só fazer diagnóstico. Você precisa saber cuidar de gente, que é o mais importante”, re-força. Fernanda ainda explica como as pes-quisas científicas refletem na socieda-de: “Mais do que para o pesquisador, ela é benéfica para a sociedade. Isso porque o pesquisador faz a pesquisa por ele, para satisfazer uma curiosidade pessoal, mas ela é dirigida à sociedade. Ele nunca vai querer estudar uma coisa que vai ser útil apenas para ele.”

Fernanda Aguiar Nunes

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Fernanda Aguiar Nunes, acadêmica de Medicina da Univás.

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Dr. Osmar Monte, endocrinologista e vice-diretor da Faculdade Santa Casa de São Paulo

Até chegar a vice-diretor da Faculdade Santa Casa de São Paulo, o médico endocrinologista Osmar Monte percorreu uma longa jornada. Gostar de cuidar das pessoas o motivou a prestar Medicina na mesma instituição em que trabalha hoje. São quase 40 anos de formação.Para cursar a universidade que sonhava, teve de trabalhar. Como o curso exigia período integral, ministrava aulas de biologia em uma escola particular à noite e colocava a matéria em dia nos finais de semana. “Não tinha muito tempo para o lazer. Levava meus livros para todos os lugares, inclusive para a casa da namorada”, lembra.Foram anos em que acordava às 5h da manhã e dormia à meia-noite. Poucas horas de sono e muito esforço. “Fui o primeiro a ter curso universitário da minha família e o primeiro médico. Batalhei muito para conquistar meu espaço, mas cheguei onde sonhava”.Viu na endocrinologia uma área ampla e com muitas oportunidades. Segundo ele, 10% da população têm diabetes, muitas pessoas apresentam disfunções na tireóide, além da questão da obesidade, entre outras situações. “É um campo interessante para atuar e contribuir”, acrescenta.A docência também ganhou espaço na vida dele. Começou a ministrar aulas nessa área até chegar à administração da universidade. “O foco naquilo que eu queria foi maior do que qualquer dificuldade. Hoje, tenho satisfação em formar novos profissionais e passar não só conhecimento técnico, mas valores essenciais, como o cuidado humanizado com o paciente”, afirma.

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Em busca da boa formação

VESTIBULAR DE Medicina

Existem muitos cursos de Medicina no Brasil. Mas

quem deseja adquirir uma boa formação, deve

se espelhar nos melhores exemplos. Aprenda a

conhecê-los e saiba como segui-los.

• Medicina USP

• Conheça algumas das Universidades Federais

de Minas Gerais

• Unicamp: universidade de excelência

• Entrei na faculdade e me arrependi. Como fazer?

• Univás está credenciada no programa FIES

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Em 2012, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) completa 100 anos. O cen-tenário, comemorado em 19 de dezem-bro, será marcado por um ano de home-nagens à primeira faculdade de Medicina do Estado de São Paulo, criada através de um acordo entre o Governo do Esta-do e a Fundação Rockfeller, em 1912.Objeto do desejo de candidatos de todo o País, e tendo Medicina como a carreira mais concorrida, a FMUSP possui 368 docentes responsáveis por lecionar aos 1.405 estudantes de graduação, distribuídos pelos cursos de Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, e aos 1.430 alunos na pós-graduação estrito senso (Mestrado e Doutorado). A Faculdade também dispõe do maior programa de residência médica de todo o País, hoje com 1.196 residentes. Mantém, ainda, cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão.

A Instituição introduziu no Brasil o mo-delo de ensino baseado na existência de hospitais universitários, vinculados às es-colas médicas e onde são realizadas as aulas práticas, associadas a atividades de pesquisa e assistência.

A Faculdade coordena um complexo hospitalar onde atuam 18 mil funcioná-rios e que realiza, anualmente, 1,5 milhões de atendimentos ambulatoriais, 250 mil atendimentos de emergência, 40 mil cirurgias, 8,6 milhões de exames labo-ratoriais, 1,6 milhões de procedimentos

de diagnóstico por imagem e 600 trans-plantes. Os pacientes atendidos vêm de todo o País e, em muitos casos, de outros países da América do Sul.Apesar de ser apenas uma das 40 uni-dades de ensino da Universidade de São Paulo, é responsável por cerca de 14% da produção nacional das pesquisas na área médica, 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas (Humanida-des, Biológicas e Exatas) e 2,2% de toda a produção da América Latina (também de todas as áreas). As pesquisas são de-senvolvidas em seus 62 Laboratórios de Investigação Médica. Desde sua inauguração, na década de 50, já foi reconhecida como padrão “A”, conferido pela Associação Médica Ame-ricana, o que significava que os médicos formados na USP teriam o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo.

Universidade de São PauloFaculdade de Medicina da USP completa 100 anos, reconhecida por excelência científica e acadêmica.

Em busca da boa formação

FACULDADEDE Medicina

“Com o centenário, muitas reformas serão implantadas: ampliações físicas e evolução no curso propriamente dito.” [Gustavo Bezerra, aluno USP]

por Juliana miranda

Foto: USP Imagens

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A sede atual, inaugurada em 1931, é um prédio tombado, que passou por uma restauração nos últimos anos, visan-do a modernizar suas instalações sem perder as características originais. Em 1934, passou a integrar a Universidade de São Paulo e sediou a primeira reu-nião do Conselho Universitário da en-tão nova Universidade. Ao longo de sua história, a FMUSP foi pioneira na implantação de novas téc-nicas. Entre elas, destacam-se: o pri-meiro transplante de rim da América Latina (1965); o nascimento do primei-ro bebê de proveta em hospital público do Brasil (1991); e a realização de um transplante cardíaco no mais jovem paciente do País, um bebê de 20 dias (1995).Contratado como professor-doutor em 1988, Wilson Jacob Filho, titular da área de Geriatria da Faculdade, se recorda de sua chegada ao corpo do-cente: “Quando aqui entrei, conheci um

universo de grande intimidade entre os seus componentes. Professores, alu-nos e funcionários se conheciam pelos nomes e hábitos, vivendo em contato constante em cada um dos espaços aqui existentes”, conta. Com mais de quarenta anos de convivência com os inúmeros departamentos da FMUSP,

Jacob Filho pôde acompanhar as transformações da Instituição em um ambiente “cada vez melhor preparado para o seu destino de liderança cientí-fica”, declara.Desde que entrou na faculdade, em

2010, Gustavo Bezerra, aluno e presi-dente da Associação Atlética Oswaldo Cruz, testemunhou algumas mudanças, entre as quais destaca: “O curso de Me-dicina e o modo como a Instituição tem evoluído, levando cada vez mais em conta a humanização de suas relações e um tratamento mais pessoal, além de um aumento da responsabilidade social e da conscientização de todos da facul-dade”.Nomes ilustres fizeram parte de seu quadro docente. Entre eles, Jose Aris-todemo Pinotti, Angelita Habr-Gama, Silvano Raia e Carlos da Silva Lacaz. Entre os diversos alunos (graduação, residência e pós) que se destacaram em outras instituições estão Miguel Nicolelis (cientista de renome interna-cional), Paulo Vanzolini (compositor), Drauzio Varela (professor, médico e di-vulgador científico), Jairo Bouer (médi-co educador) e Alexandre Padilha (mi-nistro da Saúde).

Novos projetos, como o Centro de En-sino e Simulação e o processo de inter-nacionalização da FMUSP, prometem ser pontos importantes no futuro da

Instituição. “Acredito que, com o cen-tenário da faculdade, muitas reformas serão implantadas, não só no sentido de ampliações físicas e estruturais, mas

também em evoluções no curso pro-priamente dito”, complementa o aluno Gustavo Bezerra.

Um pouco do passado

Um pouco do futuro

A posiçõa de ponta ocupada pela USP no panorama universitário brasileiro se deve em grande parte à valorização da pesquisa científica

Foto: USP Imagens

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Universidades mineirasUniversidades de Belo Horizonte e Uberaba também oferecem curso de Medicina de qualidade.

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Durante os 57 anos de existência, a Uni-versidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) conquistou o reconhecimento nacional e internacional nas atividades de pós-graduação, pesquisa e extensão que desenvolve.

Residência médicaA Universidade oferece projetos de pesquisa e extensão e pós-graduação, no curso de residência médica. Como uma especialidade, a residência da Uni-versidade Federal do Triângulo Mineiro conta com a orientação de profissio-nais médicos de qualificação ética e profissional. O Programa de Residência Médica confere ao médico residente o título de especialista.

Hospital de Clínicas da UFTMInaugurado em agosto de 1982, o Hospi-tal de Clínicas da Universidade, com mo-dernas e amplas instalações, foi idealiza-do pela então Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Com a transformação da faculdade em Universidade, o reno-mado Hospital foi ampliado, para melhor atender à população. A localização permite que o Hospital atenda aos 27 municípios que com-põem a macroregião do Triângulo Sul, como único hospital público que ofere-ce atendimentos terceirizados de alta complexidade. Atualmente, compor-ta 290 leitos, alguns reservados para setores especiais: 20 para UTI Infantil, 10 para UTI Adulto e 10 para UTI Coro-

nariano. Certificado como Hospital de Ensino, disponibiliza campo de estágio para os cursos técnicos e de gradua-ção, além de atender às demandas de formação profissional da especializa-ção de residência médica e pós-gradu-ação. O Hospital também está de por-tas abertas para a pesquisa científica, devido aos casos complexos e a infra-estrutura que possui. O corpo clínico é composto por 448 médicos com dife-rentes especializações que atuam tam-bém na área acadêmica.Para mais informações sobre a Univer-sidade Federal do Triângulo Mineiro, acesse www.uftm.edu.br.

A Universidade Federal de Belo Hori-zonte foi a primeira Instituição de en-sino superior de Minas Gerais. Fundada em 1830, na Cidade de Ouro Preto, anti-ga capital do Estado, a Instituição ficou conhecida com o nome de Escola de Farmácia e, a partir de 1892, como Es-cola de Minas. Com a transferência da capital para Belo Horizonte, a Institui-ção recebeu outros cursos, entre eles o curso de Medicina (em 05 de março de 1911). Só em 1949 foi federalizada e em 1965 passou a se chamar Universidade Federal de Minas Gerais.O curso de Medicina da UFMG forma cerca de 320 médicos por ano. São pro-fissionais capazes de atuar na promo-ção da saúde, prevenção das doenças, reabilitação e assistência aos doentes. O ensino está profundamente ligado às atividades de pesquisa e extensão da Universidade, das quais os alunos parti-cipam nas disciplinas dos cursos e nos

mais variados projetos. Orientados por professores, os alunos da UFMG podem se envolver em ligas acadêmicas, na realização de jornadas e de outros eventos nas diferentes áreas do conhecimento ligadas à Saúde. Os estudantes da Medicina também têm a tradição em outras atividades, tanto políticas como culturais e esportivas.

Mestrado e DoutoradoPara quem deseja estudar doenças tropicais, a UFMG oferece o curso de Medicina Tropical, nos níveis de Mestra-do e Doutorado. Por meio do curso, é possível desenvolver a pesquisa, aper-feiçoar e aprofundar os conhecimen-tos adquiridos durante a graduação. A universidade ainda oferece outros dez cursos que podem ser conferidos pelo site www.ufmg.br/cursos.De acordo com as Normas Gerais de Pós-Graduação da UFMG, os Progra-

mas de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina exigem a comprovação de proficiência em língua estrangeira como requisito para ingresso no curso de pós-graduação.

Biblioteca VirtualO site do Curso de Medicina da Uni-versidade Federal de Minas Gerais dis-ponibiliza aos alunos dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão o acesso ao catálogo online que permi-te a consulta ao acervo do Sistema de Bibliotecas da UFMG, o empréstimo, a renovação e a reserva.O Sistema de Bibliotecas da UFMG é formado por 26 unidades e seu acervo conta com cerca de 800 mil itens entre livros, monografias, dissertações, parti-turas, CDs, DVDs, fitas, VHS, mapas e slides.

Universidade Federal do Triangulo Mineiro

Universidade Federal de Minas Gerais

Em busca da boa formação

FACULDADEDE Medicina

por leidiana palma

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Localizada em uma próspera região do interior de São Paulo, a Unicamp tem qualidade reconhecida internacionalmente.

Unicamp: universidade de excelência

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Fernando Costa, reitor da Unicamp.

Há 40 anos, o médico Antonio Capone Neto fez a pontuação necessária para entrar no curso de Medicina em todas as universidades públicas do Estado de São Paulo, mas escolheu a Universidade Esta-dual de Campinas (UNICAMP). “Embora fosse nova naquela época, já desponta-va como uma excelente universidade”, afirma ele, que atualmente coordena o Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein.A escolha foi acertada. A Unicamp se tornou referência e está hoje entre as principais do País. Segundo a Instituição, responde por 15% da pesquisa acadêmi-

ca no Brasil e mantém a liderança entre as universidades brasileiras no que diz respeito a patentes e ao número de ar-tigos per capita publicados anualmente em revistas indexadas na base de dados ISI/WoS.De acordo com o Coordenador do cur-so de Medicina da Unicamp, professor Wilson Nadruz Junior, a Instituição aten-de todas as necessidades da formação médica. “Desenvolve competências para as habilidades pertinentes à prática pro-fissional e também capacita o estudante a ter princípios éticos e responsabilidade social”, diz.

A infraestrutura envolve salas de aula equipadas com recursos tecnológicos, diversos laboratórios, núcleos e cen-tros de estudos e pesquisas, prédios de habilidades compostos por salas para simulação de procedimentos médicos e Unidades Básicas de Saúde. Além de tudo isso, há o complexo hospitalar, que engloba o Hospital de Clínicas, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, o Centro de Hematologia e Hemoterapia, o Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo e o Hospital Estadual de Sumaré.

por Juliana miranda

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O curso, de seis anos, é integral. Desde o primeiro ano, o estudante participa de atividade de campo. “Logo no início, ele passa a ter uma visão da profissão e começa a reconhecer os valores e princípios que norteiam a relação mé-dico-paciente”, diz o professor Wilson Nadruz.

Os conteúdos básicos necessários são ministrados nos três primeiros anos. Os últimos destinam-se às disciplinas que compõem o internato médico, onde prevalece o desenvolvimento das atividades práticas intensivas de aten-dimento a pacientes. A participação efetiva do aluno se dá nas áreas ambu-latoriais, enfermarias, centros cirúrgi-cos e prontos-socorros.Foi nesse espaço que o doutor Capone teve ainda mais certeza que escolheu a profissão certa. “Cursar Medicina é en-volvente. Logo me vi estudando várias disciplinas puramente médicas. Tive ótimos professores, acima de tudo mo-

tivadores. Senti-me progressivamente mais preparado para seguir a carreira”, conta.O médico fez residência em Cirurgia Geral, mas sempre se interessou em tratar os doentes mais graves, o que o levou para a área de Medicina Intensiva (UTI). Nos primeiros 15 anos de carrei-ra, trabalhou nas áreas de Cirurgia Ge-ral Trauma e de Medicina Intensiva. Em 1996, passou a se dedicar somente à Medicina Intensiva, até chegar ao cargo em que está no Albert Einstein.“A Unicamp me ofereceu uma base sólida para minha carreira de médico. Foi onde me graduei e fiz residência médica. Também foi lá que fiz pós-gra-duação. Sempre houve na universidade um espírito inovador, preocupação com as políticas de saúde, profissionais que eram apaixonados pelo que faziam. Isso foi importante para minha trajetó-ria”, acrescenta.Com 57 anos, casado e com quatro fi-lhos, lembra que a formatura e o tér-mino da residência marcaram a vida dele. A rotina mudou e a liberdade que adquiriu, de acordo com ele, foi muito boa, mas a responsabilidade aumentou de forma significativa. “Quem passa a avaliar você são seus pacientes, seus pares, o mercado de trabalho e não mais os professores e as provas. Há ne-cessidade de planos de longo prazo, de muitas escolhas, pelas quais você será o único responsável”, ressalta.

Ele acredita que estudar em uma boa universidade sempre pode ajudar a abrir portas no mercado de trabalho. “Basta aproveitar o que ela pode ofe-recer, como boa formação profissional, desenvolvimento de uma postura éti-ca, amizades e bons contatos”, relata. “Guardo a lembrança de uma grande escola, com professores excelentes e ótimos amigos”, finaliza.

Dr. Antônio Capone Neto, ex-aluno da Unicamp e atual

coordenador do Centro de Terapia Intensiva.

É a 3ª melhor da América Latina

Segundo ranking divulgado em junho de 2012 pela QS (Quacquarelli Symonds), grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo, a Top Universities, a Unicamp é a 3ª melhor universidade da América Latina.Esse é o terceiro ranking elaborado no mesmo período por grupos internacionais. Nos dois levantamentos anteriores, anunciados pela própria QS e pelo Times Higher Education (THE) sobre as melhores universidades do mundo com menos de 50 anos, a Unicamp aparece, respectivamente, em 22º e em 44º lugar.“A boa colocação da Unicamp reflete a densidade de seus programas de pesquisa e a qualidade do ensino de graduação”, diz o reitor Fernando Costa. “Essa relação histórica entre ensino e pesquisa, que desde o início caracterizou a Universidade, certamente pesou nos resultados do levantamento”, completa.

O curso

“A Unicamp desenvolve competência para as habilidades pertinentes à prática profissional e capacita o estudante a ter princípios éticos e responsabilidade social.” [Wilson Nadruz Junior, coordenador do curso de Medicina da Unicamp]

Foto: Divulgação

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Dr. Virgínio Cândido Tosta de Souza, mé-dico proctologista, é um ícone na história da Faculdade de Ciências da Saúde Dr. José Antônio Garcia Coutinho e tam-bém da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). Ele acompanhou o nascimento e crescimento dessas Instituições, tendo sido diretor da primeira por três vezes e reitor da segunda. Com toda a experiência dentro da Univás, ele fala um pouco do surgimento do cur-so de Medicina, o primeiro da Instituição, lembrando que existem razões sociológi-cas para as coisas acontecerem. “Quem não interpreta a história, é vítima de seu destino. Em uma entrevista recente, per-guntaram ao William Bonner qual é a grande característica de um apresenta-dor, repórter e jornalista; ele respondeu que é ‘dominar o jornal e conhecer a história’. Nós temos que ter um conheci-mento da história para entender porque as coisas acontecem”, acredita Dr. Virgí-nio.Para explicar como se deram as razões sociológicas para a concepção da facul-dade de Medicina em Pouso Alegre, Dr. Virgínio lembra que, até 1950, o Brasil era eminentemente agrícola, com a maioria de sua população vivendo no meio rural, principalmente nas plantações de café. Em 1956, Juscelino Kubistchek assumiu a Presidência da República, depois de ser

governador de Minas Gerais. Nessa fase, começou a industrialização do País. “Para você ter uma ideia, nessa época nós tí-nhamos 50 milhões de habitantes e havia 44 faculdades de Medicina, a maioria lo-calizada no eixo Rio – São Paulo, já que poucos médicos iam para o interior”. Com o desenvolvimento industrial, co-meçou a haver migração do campo para a cidade, na busca de emprego, melhores condições de vida, seguro social, educa-ção para os filhos. O país foi se urbani-zando, mas a maioria dos médicos per-manecia nos grandes centros. Nos anos 1960, aqueles que não atingiam a nota mínima no vestibular das universi-dades eram considerados excedentes. As pessoas que haviam migrado na década de 1950 para os centros urbanos e que já estavam terminando o segundo grau pre-cisavam escolher um curso superior, mas o número de escolas não era suficiente para atender essa demanda. Houve, en-tão, uma crise educacional: as faculdades, quase todas públicas, não absorviam os estudantes. Assim, surgiu a ideia de interiorizar o en-sino. Era também uma forma de colocar o médico no Interior e tirá-lo dos gran-des centros, aproveitando a massa de estudantes sem demanda. Foi quando o governo permitiu a criação de esco-las particulares. O governador de Minas

Gerais, Magalhães Pinto, criou diversas fundações, com a finalidade de facilitar a abertura de escolas, formando micror-regiões de desenvolvimento. Entre essas Fundações, estavam as de Pouso Alegre, Alfenas, Governador Valadares, Barbace-na, São João Del Rei e outras. De acordo com Dr. Virgínio, Magalhães Pinto criou a Fundação do Vale da Sapu-caí para abranger a região sul-mineira. A cidade de Pouso Alegre teria a faculdade de Medicina, Ouro Fino teria a de Filoso-fia e a de Enfermagem ficaria em Estiva. A escolha de Pouso Alegre para sediar o curso de Medicina se deveu ao fato de a cidade ter, à época, um médico que, além de ter um filho deputado e ligações pes-soais com o político Tancredo Neves, era um cirurgião bastante reconhecido, o Dr. Alcides Mosconi. Ele criou um centro mé-dico de referência na região, mantendo uma boa clientela de cirurgia. A presença do Dr. Mosconi na cidade ajudou a promover a Faculdade de Me-dicina, que contou ainda com a ajuda de um idealista, o Dr. Jésus Ribeiro Pires, que hoje dá nome ao Centro Acadêmico da atual Faculdade de Ciências da Saúde. Dr. Jésus foi em busca de autorização para a instalação da Faculdade de Medicina, finalmente obtida em 21/11/1968, e tendo o Dr. Virgínio como vice-diretor.

Conheça as dificuldades para a instalação de um curso de Medicina fora dos grandes centros.

História e conhecimento nas palavras do Dr. Virgínio

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Em busca da boa

formação

FACULDADEDE Medicina

Dr. Virgínio Tosta.

por izabella campos ocáriz

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“Na época, a cidade de Itajubá também pleiteava a abertura de um curso de Medicina, tendo conseguido a autori-zação um ano antes da nossa. Depois desse fato, o governo passou a opor resistência à instalação de outra facul-dade de Medicina, tão próxima daquela que já estava aberta. Nós tivemos que usar de toda a influência política que estava ao nosso alcance. E dessa forma nasceu a Faculdade de Medicina”.Dr. Virgínio relata ainda os obstáculos enfrentados em função do fato de os

profissionais que trabalhavam na ci-dade, embora fossem bastante capa-citados em sua área, não tevessem os requisitos acadêmicos necessários para atuar como professores. Assim, o go-verno exigiu que a Universidade Fede-ral de Minas Gerais (UFMG) ficasse res-ponsável pelo curso de Pouso Alegre durante cinco anos. Não foi fácil conseguir esse apoio da UFMG, porque um homem influente na política mineira, o Dr. João Rocha, era contrário à interiorização da Medicina

– posição da qual posteriormente ele se penitenciou. Mesmo com esse peso contrário, a Congregação da UFMG aceitou o encargo e alguns professores da Federal passaram a ministrar aulas também em Pouso Alegre, preenchen-do as cadeiras básicas necessárias. Com o tempo, ocorreu naturalmente a formação de médicos residentes, que, aos poucos, substituíram os mestres da Federal, o que permitiu que a Faculda-de local tivesse maior autonomia.

O conhecimento científico e tecno-lógico da sociedade contemporânea impõe que o tratamento de saúde adequado tenha caráter multidisci-plinar. É preciso ir além da dimensão estatística das ciências exatas e en-volver o ser humano de forma ampla, incluindo valores que não podem ser medidos. Essa constatação conduz ao reconhecimento da importância dos estudos bioéticos. “Os comitês de bioética são formados por filósofos, teólogos, psicólogos,

médicos, juristas; quer dizer, eles são multidisciplinares. Daí vem a beleza da universidade, que retira os estudan-tes do isolamento de suas faculdades, colocando-os em contato com outras ciências e ampliando seu universo”.A bioética nasceu por volta de 1970, com os trabalhos desenvolvidos por um oncologista norte-americano cha-mado Potter, que constatou que o de-senvolvimento científico e tecnológico corria o risco de se distanciar da pes-soa humana, da vida, das condições de

saúde. Hoje, a bioética é voltada, em sua quase totalidade, para os parâme-tros éticos da área de saúde, discutindo problemas como a poluição, segurança, questões psicológicas, meio ambiente etc. Quais são as condições necessárias para a formação de um bom médico? Quando essa pergunta é feita ao Dr. Virgínio, ele reafirma a importância da bioética: “Ética são os valores que nós desenvolvemos; bios quer dizer vida. Então, bioética é a ética voltada para a vida”.

Dr. Virgínio é um defensor dos sonha-dores. Para ele, só realiza grandes coi-sas quem acredita na utopia. Se não fosse ela, as pessoas não caminhariam.

Na área médica, isso significa desenvol-ver uma cultura de respeito à vida, com valores, com princípios.Ele revela que muitos lhe perguntam se

é um homem realizado. E dá sua res-posta: “Em parte, sim. Porque não me deixei levar por vaidades, pela busca do status e de poder”.

A Faculdade de Ciências Médicas teve um impacto social muito grande para a cidade. Sobre esse aspecto, afirma o Dr. Virgínio: “Para a cidade de Pouso Alegre, ela representou a semente de um projeto maior, que é a universida-de. Naquela época, ter uma Faculdade de Medicina representava status para qualquer cidade, além de possibilitar o desenvolvimento de um centro de refe-rência de saúde de alta complexidade. Nós estamos chegando nesse ponto, porque foi em função da Faculdade de Medicina que nós construímos o Hospi-tal Samuel Libânio”. Na época do pedido de autorização da Faculdade de Medicina, o Hospital já pertencia à Fundação, mas estava em condições muito precárias, necessitan-do de grandes empréstimos para ser

reformado. “Com a ajuda de algumas pessoas influentes, conseguimos trazer grandes verbas para a escola. Reforma-mos o Hospital, que hoje presta assis-tência de alta complexidade ao muni-cípio, como cirurgias cardíacas. Além disso, como todos sabem, há o setor de oncologia. Tudo isso voltado principal-mente para o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que é público. Essa era e continua sendo uma meta da Faculdade, até do ponto de vista ético, uma vez que os outros hospitais da re-gião são particulares, não prestando o tipo de serviço a que nos dispomos”.Para o Dr. Virgínio, um dos principais be-nefícios trazidos especificamente pela Faculdade de Medicina da Univás foi o atendimento à população por meio do programa de Medicina da família, por

intermédio do qual se faz atendimento domiciliar ou em posto periférico. Isso permite realizar um trabalho de ava-liação e definição da epidemiologia de cada local, bem como a determinação de doenças prevalentes. Desenvolve-se ainda um trabalho de conscientização da população carente, a respeito da necessidade de ações preventivas, pa-ralelo ao estabelecimento de diagnós-ticos de Medicina sanitária. O Hospital fornece toda a cobertura necessária em casos de alta e média complexidade. Assim, o Hospital estende sua área de atuação para além de Pouso Alegre, atingindo cerca de 53 cidades, em um total de 1,5 milhão de habitantes. Dr. Virgínio recorda que um amigo de Ala-goas afirmou: “Se esse Hospital parar, essa região para”.

Muitas dificuldades

Valores éticos

Acreditar nos sonhos

A Faculdade de Ciências Médicas e a relação com Pouso Alegre

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Para Diego de Freitas Monteiro Urbano, foi uma decisão difícil a ser tomada. Ele sempre quis fazer engenharia e entrou para uma universidade federal. Contu-do, descobriu que não era o que que-ria. Tomou coragem e decidiu desistir do curso e tentar Medicina: “Foi difícil, porque era uma faculdade pública, com renome, eu já tinha proposta de empre-go. Como disse minha mãe, foi difícil largar o osso, porque você está com

ele na mão. Eu já estava encaminhado, mas como eu não estava feliz, pensei: em vou tentar outra coisa. Descartei o campo das ciências exatas; então, fui para a área da saúde”. Diego acredi-ta ter tomado a decisão certa, já que hoje está realizado cursando Medicina na Univás. Ele ressalta: “É uma faculda-de muito boa, muito bem estruturada, ótimos professores, tenho muitos ami-gos entre os colegas, que são nota dez.

Tudo muito tranquilo. O pessoal que trabalha na secretaria, o pessoal da ex-tensão, são pessoas dedicadas. Isso é importante, porque tenho amigos em outras faculdades que se sentem aban-donados; dizem que cada um tem que se virar. Quando eu estava na enge-nharia, eu via que era cada um por si. Aqui, eles ajudam, apoiam, incentivam. Muitas faculdades não têm esse tipo de coisa”.

Desistir de uma faculdade ou trocar de universidade é uma decisão difícil. O es-tudante precisa avaliar muito bem seus objetivos e a compatibilidade deles com a instituição a que está vinculado e àque-la a que deseja vincular-se. Em todo o mundo, a taxa de evasão do Ensino Su-perior no primeiro ano é de duas a três vezes maior que nos anos subsequentes. Em 2010, 6.379.299 estudantes se matri-cularam na graduação no Brasil, sendo 4.736.001 no ensino privado. No mesmo ano formaram-se apenas 973.839 alunos de graduação, de acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Ins-tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).A desistência de um curso traz consequências não só para a sociedade,

que investiu naquele aluno, mas principalmente para o estudante, que precisa lidar com algumas adversidades. Ao escolher uma faculdade para sua

formação o aluno investe tempo e esforço intelectual; ao perceber que o curso não era o idealizado, há um

momento de frustração e dúvida, que deve ser analisado com calma, para a escolha do melhor caminho a seguir.O estudante pode tentar transferência de faculdade, caso o curso lhe agrade, mas não a Instituição. Se o caso for de não gostar do curso e querer uma área parecida na mesma universidade, ele também pode tentar a transferência in-terna, aproveitando algumas matérias. Mas se não se encaixar em nenhuma das situações, o jeito é começar tudo outra vez. O risco de não se contentar com a nova instituição existe; no entanto, é im-portante pesar qual situação incomoda-ria mais: conviver com um aprendizado que não supre as aspirações pessoais, ou com a dúvida a respeito do que aconte-ceria se tivesse tentado mudar.

Pense na situação: você se esforça para entrar na faculdade que deseja. E, lá dentro, descobre que não é o que pensava ...

Quero trocar de universidade. Como fazer?

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Testemunhos

Desistir de um curso superior pode geral dúvida e frustração. Tudo deve ser analisado com calma, para escolher o melhor caminho.

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formação

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Diego de Freitas Monteiro Urbano.

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Univás está credenciada no programa FIESA procura pelo FIES, criado com o objetivo de financiar a graduação de estudantes, atesta o sucesso da iniciativa.

a luta para chegar ao curso superior

Os estudantes que ingressarem na vida acadêmica e escolherem a Universida-de do Vale do Sapucaí (Univás) pode-rão participar do Fundo de Financia-mento Estudantil (FIES). O FIES é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação de estudantes que não têm condições de arcar com os custos de sua formação e estejam matriculados em instituições não gratuitas. Criado em 1999 para substituir o Pro-grama de Crédito Educativo, o FIES já beneficiou aproximadamente 600 mil estudantes, com uma aplicação de re-cursos da ordem de R$ 5 bilhões. O programa contempla estudantes que tenham obtido avaliação positiva no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e é oferecido pelas instituições de ensino superior partici-

pantes do Programa.O FIES é uma iniciativa importante para a democratização do acesso à educa-

ção de qualidade e proporciona ao maior número possível de estudantes a permanência e a conclusão do ensino superior. Os estudantes, que desejam solicitar o FIES, devem realizar o Exa-me Nacional de Ensino Médio (Enem).

A taxa de juros do Fies é de 3, 4% ao ano, para todos os cursos. O financia-mento pode ser solicitado em qualquer época do ano e as inscrições são fei-tas pelo Sistema Informatizado do Fies (SisFIES), disponível no site sisfiespor-tal.mec.gov.br.Alunos bolsistas parciais do Prouni, ou aqueles que estejam matriculados em cursos de licenciatura, ou ainda os que têm renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, podem op-tar pelo Fundo de Garantia de Opera-ções de Crédito Educativo (FGEDUC), no momento da sua inscrição. Desta forma, os alunos ficam dispensados da exigência do fiador, indispensável nos demais casos.

De acordo com a gerente financeira da Fundação do Vale do Sapucaí, Maria Elai-ne Rodrigues, o programa já contemplou 1.610 estudantes em Pouso Alegre. A Ins-tituição está inscrita há mais de dez anos

em um dos maiores programas de bolsas do Brasil.A Univás disponibiliza um setor para orientar os seus alunos sobre eventuais dúvidas que possam surgir em relação

ao programa. Basta procurar a Gerência Financeira, situada na Av. Coronel Alfre-do Custódio de Paula, 240, no Centro de Pouso Alegre, ou pelo telefone (35) 3449-2326.

A participação da Univás

A Univás está inscrita há mais de dez anos em um dos maiores programas de bolsas do Brasil.

Em busca da boa formação

FACULDADEDE Medicina

por leidiana palma

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O médico Hematologista José Bonamigo acredita que lidar com as aflições de cada paciente é o grande desafio da profissão.

José Bonamigo escolheu Medicina pelo desafio intelectual e pela afinidade com as aulas de Química e Biologia. Outro fator preponderante foi a vontade de alcançar o sonho do tio biólogo, que não teve condições financeiras para se sustentar durante os anos de faculdade. Entrou em Medicina na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em 1995, com a expectativa simples de absorver o máximo de informações para, então, pensar no futuro.Passou a entender melhor a Medicina no terceiro ano, quando a prática da profissão ficou mais evidente. Interessou-se por Neurologia e Hematologia. Na dúvida, quando se formou, atuou um tempo na área clínica, ao mesmo tempo em que buscava informações sobre o mercado de trabalho e as realidades de cada especialidade.“A Medicina é muito ampla, não só pelas especialidades, como pela natureza – trabalho com paciente, sem paciente, no laboratório e com pesquisa. Quanto antes o futuro médico conhecer a realidade, melhor será. É necessário aproveitar os estágios, internatos e conversar com os especialistas das diferentes áreas”, explica. O maior impacto, segundo ele, foi lidar com a questão humana. “Existem várias formas de se abordar um paciente; ele pode não aceitar o tratamento mesmo sendo preciso, e é preciso saber como conduzir esse processo. São situações muito variadas e desafiadoras, como a miséria, a loucura, a fragilidade e a morte”, conta.Aprendeu a conviver com isso em diversas situações, desde o hospital em Porto Alegre onde começou a carreira. Especializou-se em hematologia, ganhou experiência. Atualmente, atua em hospital e é o segundo tesoureiro da Associação Médica Brasileira, organização que defende boas condições de trabalho e negocia reajustes com planos de saúde, entre outras ações. “O papel de médicos jovens é muito relevante para o debate de políticas de saúde, por isso me envolvi”, coloca.Estudar, para ele, nunca foi um problema. Por isso, ressalta a importância da atualização constante e de ter conhecimento em Inglês. “Essa é a língua mais importante para a Medicina. Tudo o que é publicado de novidade, é lançado primeiro em inglês. Para praticar Medicina de ponta, tem que dominar”, orienta.

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Uma experiência bem-sucedida

UNIVáS

A Medicina Pouso Alegre encara cotidianamente o

desafio de manter uma universidade de qualidade

fora dos grandes centros. A posição estratégica

da cidade favorece o sucesso da Instituição. Mas o

papel decisivo cabe à dedicação dos profissionais

envolvidos na vida acadêmica. Conheça melhor

essa experiência.

• Hospital das Clínicas Samuel Libânio

faz história com sua qualidade

• Pouso Alegre: uma cidade em desenvolvimento

• [Grade curricular]

• Alunos de Medicina da Univás declaram

sua visão da faculdade

• Medicina Pouso Alegre nos Jogos Olímpicos

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O Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL) foi fundado pelo Dr. Custódio Ri-beiro de Miranda e começou a ser cons-truído em janeiro de 1920 com recursos da Fundação Rockfeller. Batizado de Hospital Regional “Samuel Libânio”, foi inaugurado em 21 de maio de 1921, con-tando com a presença de autoridades como o então Senador Eduardo Amaral.O nome do Hospital homenageia o Di-retor de Higiene do Estado de Minas Gerais à época. Nascido na cidade de Pouso Alegre em 29 de agosto de 1881,

Samuel Libânio era médico, graduado na Faculdade de Medicina do Rio de Ja-neiro, em 1905. Quando do lançamento da pedra fundamental do Hospital, o Dr. Libânio estava presente, junto ao repre-sentante federal, Belizário Pena, médico sanitarista eleito vereador na cidade de Juiz de Fora e Ministro da Educação e Saúde por curto período, durante o go-verno Getúlio Vargas.As Irmãs da Providência administraram o HCSL de 1921 a 1975. Nesse período, destacou-se o trabalho desenvolvido

pela Irmã Maria Otávia. Os ocupantes da direção do Hospital foram:

Hospital das Clínicas Samuel Libânio faz história com sua qualidadeHospital, referência na região, funciona ainda como centro de aprendizado, por sua relação com a Faculdade de Medicina da Univás.

Uma experiência bem-sucedida

UNIVáS

Dr. Custódio Ribeiro de Miranda - 1921/1955 – 1955/1966Dr. Omar Barbosa Lima - 1966/1970Dr. Gabriel Meirelles de Miranda – 1970/1974Dr. Virgínio Cândido Tosta de Souza - 1974/1975Dr. Carlos de Barros Laraia - 1975/1979Dr. Luiz Carlos de Meneses - 1979/1981Dr. Antonio Carlos de Souza - 1981/1983 – 1995/2001

No ano de 1968, a Fundação do Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS) criou o curso de Medicina na cidade de Pouso Alegre. No ano seguinte, o Hospi-tal Regional Samuel Libânio foi doado à Fuvs, para se tornar local de atividades docentes e assistenciais e para servir de espaço de ensino e pesquisa acadêmi-cos. Como a situação das instalações do

Hospital era precária, foi realizada uma reforma, que resultou na construção de um pavilhão de cinco andares, inau-gurado em 1979, com a visita do então presidente da República João Batista de Figueiredo.Atualmente, o HCSL é um hospita-esco-la, privado, filantrópico, sem fins lucrati-vos. Os cargos diretivos são ocupados pelos seguintes profissionais:

Diretor clínico: Breno César Diniz PontesDiretor técnico: Flávio Galvão LimaDiretor de enfermagem: José de Oliveira CaproniDiretora administrativa: Maria Donizete D. Costa Ribeiro

O Hospital é mantido pela Fuvs, tam-bém mantenedora da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), à qual o HCSL é vinculado desde a criação da Facul-dade de Ciências Médicas Doutor José Antônio Garcia Coutinho, hoje Unidade Central da Univás.O HCSL presta serviço a 53 municípios da região sul mineira, contribuindo para a condição de cidade polo da micror-região, assumida por Pouso Alegre. O Samuel Libânio é, hoje, referência no campo da saúde, pelo alto grau de reso-lutividade em procedimentos de média e alta complexidade, principalmente no que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na região, é o único a pos-

suir um pronto-socorro geral da região integrante do Sistema de Referência aos Atendimentos de Urgência e Emergên-cia e atendimentos eletivos.Classificado como Hospital Geral de Ensino, certificado pelos Ministérios da Educação e da Saúde, conforme por-taria interministerial nº. 450, de 23 de março de 2005, possui 264 leitos de internação, dos quais 231 leitos são des-tinados ao SUS, o que corresponde a 87,5%. É especializado nas áreas de Clínica Mé-dica, Cirurgia Geral, Cardiologia, Endo-crinologia, Gastroenterologia, Gineco-logia, Obstetrícia, Nefrologia, Urologia, Neurologia, Neurocirurgia, Oftalmolo-

gia, Ortopedia/Traumatologia, Otorrino-laringologia, Plástica, Toráxica, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Adulto.O HCSL é um centro de excelência res-paldado pelo corpo clínico capacitado, pela utilização de modernos equipa-mentos e pela qualidade da formação profissional, que oferece estágios e pro-gramas de residência médica creden-ciados. As melhorias vêm aumentando com obras e aquisição de novos equipa-mentos desde 2003, ano de sua inser-ção no Programa de Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais do SUS/MG (Pro-Hosp), ligado à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. Em junho de 2012, o HCSL firmou con-

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vênio com o Governo do Estado para a oferta de tratamento oncológico por meio do SUS. Além dos serviços já ci-tados anteriormente, conta ainda com o centro de hemodiálise, convênio com a MG Transplantes e atua no programa de Vigilância Epidemiológica Sentinela da Influenza no Brasil. Semanalmente, o HCSL atende uma média de 1.711 pacientes no Pronto-Socorro do SUS, 1.695 pacientes no Pronto-Socorro particular e realiza 500 sessões de hemodiálise. Somente de janeiro a junho de 2012, foram realizados 28 transplantes.Na opinião de Ana Luiza Bueno Gar-cia, acadêmica do quinto ano de Me-dicina da Univás, “o hospital-escola é a chave de uma faculdade de Medicina. Livros são muito importantes, mas é bem diferente ler sobre um assunto e vê-lo realmente acontecer”. Ana Luiza acrescenta: “Se o acadêmico tem um professor que mostra na prática o que é cada coisa, e ainda um hospital escola de referência, como o de Pouso Alegre, onde ele pode acompanhar casos iné-ditos, isso é muito bom”.Diego Urbano, cursando o segundo ano na mesma Universidade, diz que

sempre que tem um tempo vai ao hos-pital, principalmente pela facilidade de o hospital estar no mesmo quarteirão da Faculdade: “O hospital-escola é fei-to para aplicar na prática aquilo que se aprende na sala de aula. Ali, o aluno tem a oportunidade de aprender a lidar com os pacientes, a atendê-los. Quan-do tenho um intervalo entre as aulas, eu posso ir até lá e acompanhar colegas e professores”.Para Fernanda Aguiar Nunes, do quarto ano de Medicina da Univás, a fama do hospital também se deve ao seu poten-cial de ensino: “Os alunos de Medicina não encontram obstáculos para fre-quentar o hospital. É fundamental dar essa liberdade ao estudante”.Renne Henriques Dall’ Orto Muniz, aca-dêmico do quinto ano, explica que o atendimento ao público é feito sob a orientação de profissionais, e a maioria dos pacientes entende a importância dos procedimentos educativos.Sua colega Anelysa Macedo de Al-meida afirma que o hospital-escola é essencial: “Se você vai passar sua vida ligada a um hospital, o lugar tem que ter estrutura, tem que ter professores bons, tem que ter equipamentos, tudo

à sua disposição, para que você possa aprender com qualidade. O Hospital da Faculdade já era um bom hospital e agora está crescendo ainda mais, com reformas e com a abertura do setor de oncologia. Estou muito satisfeita”. Ela lembra o primeiro impacto das aulas no hospital: “No início você fica meio tími-da, porque não sabe como lidar com o paciente. Mas o primeiro contato é mui-to marcante”.

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A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) se divide em duas unidades: a Unidade Central, onde funcionam os cursos da área da saúde, e a Unidade Fátima, que abriga os cursos das de-mais áreas, além de toda a estrutura de lazer proporcionada pela Instituição a seus alunos e colaboradores.

Unidade CentralPara o desenvolvimento da vida acadê-mica, a Unidade Central possui 14 salas de aula, com capacidade para receber cerca de 1.160 alunos. Além disso, há 17 laboratórios específicos, como os de Bases Técnicas Cirúrgicas e de Farma-cologia e Fisiologia. Os alunos contam com Biblioteca, salas de estudos (indi-viduais e em grupo) e computadores com acesso à internet. E mais: cantina, central de cópias, diretório acadêmico, anfiteatro, recursos audiovisuais etc. Para auxiliar na barra pesada dos estu-dos, a Unidade oferece apoio psicoló-gico e uma área verde de 311 m2 para relaxar ...

Os alunos da área da saúde atuam em estágios, extensões e aulas no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), que tem mais de 17mil m2 de área cons-truída, toda em funcionamento. Há ain-da muito trabalho nos três postos de saúde no bairro São João e na Casa da Juventude, centro de apoio a menores infratores, mantido pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (Fuvs).

Unidade FátimaA Unidade Fátima é ainda maior, com suas 60 salas de aula com capacidade para receber cerca de 4.440 alunos. Assim como na Unidade Central, são 17 laboratórios, como o de Zoologia e de Fotos Digitais, além de um estúdio de TV. Para pesquisas e estudos, há uma biblioteca e espaços individuais e em grupo, além de computadores com acesso à internet. E os mesmos servi-ços já vistos na Unidade Central: can-tina, central de cópias, diretório aca-dêmico, auditório, apoio psicológico e

recursos audiovisuais. A Unidade conta com um ginásio, duas quadras polies-portivas, dois campos de futebol, uma pista de atletismo e quase 14 mil m2 de área verde e estacionamento.Os alunos da Univás podem contar, igualmente, com o apoio e conteúdo cultural da Rádio Univás FM, uma rádio educativa pertencente à Fuvs e volta-da principalmente à divulgação dos di-versos assuntos culturais e educativos relativos à vida universitária. A propos-ta desse canal de comunicação com a população de Pouso Alegre e região é promover a conscientização em torno da importância da cidadania e do co-nhecimento.Com profissionais de alto padrão e sempre dispostos a contribuir para a melhoria do aprendizado de seus alu-nos, a Fuvs é a segunda maior empre-gadora da cidade de Pouso Alegre, ficando atrás apenas da Prefeitura Mu-nicipal. Dessa forma, a Instituição as-segura um melhor atendimento a seus alunos e à comunidade.

Em suas duas Unidades, a Univás apresenta um modelo de vida acadêmica voltado ao ensino e à pesquisa.

Infraestrutura da Univás mostra potencial da Instituição

Uma experiência bem sucedida

UNIVáS

Unidade Fátima: 60 salas de aula e 17 laboratórios.

Unidade Central: 14 salas de aula e 17 laboratórios.

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Terminar o Ensino Médio e se inscre-ver em um curso superior é algo muito mais viável hoje do que há sete anos. Uma mudança significativa deu mais acesso à faculdade para um número maior de estudantes, principalmente aos egressos do ensino público. O Pro-grama Universidade para Todos (ProU-ni) foi criado pela Lei nº 11.096/2005, com a finalidade de conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudan-tes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições de ensino que aderem ao programa recebem isenção de tribu-tos, razão pela qual grande parte delas participa, de norte a sul do País. Trata-se de uma via de mão dupla: essas institui-ções são beneficiadas e, em contrapar-tida, abrem espaço para receber alunos que têm os estudos custeados por uma bolsa parcial ou total.Os cursos de Medicina não ficam de

fora. No primeiro semestre de 2012, 86 instituições de ensino inscritas oferece-ram 758 vagas para a carreira. “O ProU-ni, sem dúvida, é um programa que atende alunos com capacidade, pouca renda, mas grande disposição para os estudos. É algo que ampliou o acesso ao ensino superior e mudou a realidade brasileira. As vagas variam a cada se-mestre, mas os cursos mais procurados hoje pelos jovens, entre eles Medicina, sempre são contemplados”, explica Al-berto Francisco do Nascimento, coor-

denador do vestibular do Sistema An-glo de Ensino na cidade de São Paulo.Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve ter renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e

meio. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar deve ser de até três sa-lários mínimos por pessoa. O ProUni já ofereceu mais de um milhão de bolsas de estudos em cursos de graduação e sequenciais de formação específica. Ao inscrever-se, o estudante pode fazer até duas opções de curso e de institui-ção.Para se cadastrar no ProUni é preciso ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter obtido no mínimo 400 pontos na média das cinco notas (Ciências da natureza e suas tec-nologias; Ciências humanas e suas tec-nologias; Linguagens, códigos e suas tecnologias; Matemática e suas tecno-logias e Redação). É preciso, ainda, ter obtido nota superior a zero na redação. O candidato deve ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou, em caso de tê-lo feito em escola particular, na condição de bolsista integral.

Pouso Alegre é hoje a segunda maior cidade do sul de Minas, com uma po-pulação estimada em aproximadamen-te 140 mil habitantes. É um dos municí-

pios que mais crescem em população no Estado de Minas Gerais e no Brasil, com uma média anual de 2,6%. Na últi-ma estimativa populacional de julho do

ano passado, mais uma vez o município ficou em primeiro lugar em crescimen-to populacional na região, registrando um aumento de 1,40%.

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Crescimento recorde

Pouso Alegre: Uma Cidade em desenvolvimentoOs números, assim como as impressões de quem vive ou passa pela cidade, não mentem: Pouso Alegre está a todo vapor.

Pouso Alegre encarou a organização de uma Universidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio.

Economia regionalPouso Alegre possui um clima tropical de altitude (830 metros acima do nível do mar), onde as chuvas de verão são

muito mais abundantes do que as de inverno, e no inverno as frentes frias, vindas do polo sul, podem provocar o

fenômeno das geadas. A temperatura média anual no município é de 17,8ºC.

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A cidade possui, no total, 15 agências bancárias, número que chegará a 17 até o fim de 2012 e um posto avançado do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Forte nos serviços e na indústria, Pouso Alegre é um polo regional no extremo sul de Minas, composto por mais de 40 municípios, com destaque para Ex-trema (com empresas como Panasonic, Bauducco e Kopenhagen), Itajubá (Helibrás, Mahle e Imbel), Santa Rita do Sapucaí (indústrias eletrônicas) e Ouro Fino (indústrias de cosméticos).Pouso Alegre conta com indústrias de diversos setores, como alimentícios, plásticos, borrachas, autopeças e au-tomotivas, químicas e farmacêuticas (ramo com maior número de indús-trias no município), refratários, dentre outras. A cidade se destaca como o maior ganho anual no setor industrial da região e um dos maiores de Minas Gerais.Grandes grupos industriais estão pre-sentes em Pouso Alegre: Unilever Bestfoods do Brasil; Cimed; Rexam; Johnson’s Control’s; J. Macedo; XCMG (maior investimento chinês da América Latina); União Química; Usiminas Au-tomotiva; Tigre; General Mills (Yoki); a italiana Screen Service; Isofilme; Prática Fornos; Klimaquip Resfriadores e Ul-tracongeladores; sede da Sumidenso Brasil e Sobral Invicta Refratários.

Comércio agitadoPouso Alegre é destaque no comércio para os municípios vizinhos, contando com um centro comercial vertical, o Galleria P.A. Shopping. Há também um hipermercado, número que deve aumentar, com a construção de dois outros estabelecimentos do mesmo tipo, além de distribuidoras e empresas

prestadoras de serviços. Atualmente, o comércio do município é um dos maiores de Minas Gerais e o se-gundo do sul de Minas, atrás apenas de Poços de Caldas. De acordo com a Asso-ciação do Comércio e Indústria de Pouso Alegre (Acipa), a cidade conta com mais de 4.500 estabelecimentos comerciais, sendo o 10º lugar no ranking das mel-hores cidades médias em comércio do Brasil (Revista Veja, 1 de setembro de 2010). Será inaugurado em novembro de 2012 o maior shopping do Sul de Mi-nas, que está entre os cinco maiores do Estado, o Serra Sul Shopping.Para Maria Tereza Rosa Souza, mora-dora da cidade, “Pouso Alegre está se abrindo muito para serviços e empre-gos. No terreno da educação, temos muitas opções, o que não era comum. A saúde também está muito boa. Mas nós somos muito pobres de lazer aqui em Pouso Alegre: não temos muito o que fazer; nesse sentido, a cidade deixa a desejar, embora tenha potencial para se desenvolver”.

Referência na saúdeReferência também em saúde, Pouso Alegre possui inúmeras clínicas de saúde, Centro de Medicina Nuclear e três hospitais. O maior deles, o Hospi-tal das Clíncias Samuel Libânio (HCSL), mantido pela Fuvs, atende, em sua maioria, pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS), servindo ainda de hospital-escola para os acadêmicos de Medicina da Univás.Com uma infraestrutura dos grandes centros, porém com custo de vida do interior, qualidade e tranquilidade, Pouso Alegre possui todos os atribu-tos para receber anualmente centenas de novos acadêmicos. Cada um deles busca no curso de Medicina da Univás

a realização de um sonho: transformar-se em profissional da saúde por inter-médio de um ensino de qualidade e excelência, promovido por uma das melhores escolas de Medicina do País, com tradição de mais de quatro déca-das.O curso de Medicina da Univás pro-move ações que possibilitam a for-mação de um profissional capaz, com habilidades, conhecimentos e atitudes

que permitam o desempenho adequa-do de suas atividades, bem como a ca-pacitação para a autoaprendizagem. Proporciona também conhecimentos suficientes de metodologia científica e pensamento crítico. Formar profis-sionais que tenham conhecimento da organização do sistema de saúde vi-gente no País, aptos a reconhecer as características do mercado de trabalho e preparados para trabalhar em equipe são outros dos tantos objetivos do cur-so de Medicina da Univás.Com os olhos no futuro e com a certeza de ser uma opção viável, Pouso Alegre encarou a organização de uma univer-sidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio que vem sen-do enfrentado pela Faculdade de Me-dicina de Pouso Alegre com eficiência, tanto na relação que estabelece com a comunidade, quanto na articulação en-tre seus diversos setores.

Pouso Alegre encarou a organização de uma universidade de excelência fora dos grandes centros como um desafio.

Localização privilegiadaSituada às margens da BR-381 (Rodo-via Fernão Dias), Pouso Alegre está estrategicamente localizada. Distante cerca de 180 quilômetros de São Pau-lo (SP), 373 quilômetros de Belo Ho-rizonte (MG), 391 quilômetros do Rio de Janeiro (RJ) e 190 quilômetros de

Campinas (SP). A cidade ainda possui o principal entrocamento rodoviário da região, cortado por cinco rodovias, sendo três estaduais e duas federais, que constituem ligações diretas com grandes centros consumidores do País como: Campinas (SP), Ribeirão Preto

(SP), São José dos Campos (SP), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Uberlândia (MG), razão pela qual existem mais de 60 empresas de logística instaladas no município.

Clima ameno

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Ligas Acadêmicas reforçam o estudo e a preparação para a vida profissional e oferecem serviços à comunidade.

A Liga Acadêmica na visão de um estudante

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Os estudantes de Medicina estão fa-miliarizados com o conceito de Ligas Acadêmicas. Trata-se de uma atividade extracurricular que envolve um grupo de alunos, encabeçado por um orienta-dor, voltado para o estudo de uma área ou de um assunto específico, o que abarca aulas e atividades com a co-munidade. A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), por exemplo, conta com 38 Ligas ativas, demonstrando o seu potencial para a pesquisa e o grau de envolvimento com a sociedade.Diego de Freitas Monteiro Urbano, acadêmico do segundo ano do curso de Medicina, é presidente da Liga de Neurologia e Neurocirurgia da Univás. Ele entrou para a Liga logo no primeiro ano de graduação. O processo seletivo ocorre a cada semestre, e consiste em uma série de aulas que são ministradas aos alunos e encerradas com uma pro-va; os que conseguem as pontuações mais altas entram para a Liga. Embora não exista um limite para o número de integrantes de cada Liga, há quem prefira turmas reduzidas. É o caso de Diego, que acredita que, dessa forma,

as oportunidades de estágio posterior são maiores.Para ele, a participação ativa em Ligas Acadêmicas é uma forma de fortificar o aprendizado, principalmente pela fa-

cilidade de comunicação que se esta-belece entre os participantes: “É uma linguagem mais acessível, porque é aluno passando ,para aluno. Além de ter que estudar para poder falar do as-

sunto, o acadêmico pode transmiti-lo de um jeito mais simples. A dúvida de quem expõe é a de quem assiste à aula, o que facilita e reforça o aprendizado”.O estudante aponta ainda outra van-tagem na participação em Ligas Acadêmicas: é uma maneira de fazer novos contatos e amizades, conhecer professores e criar vínculos com todas as áreas da faculdade. Mas ele avisa que o processo todo é bastante tra-balhoso: “Nos períodos de prova, por exemplo, o interessado tem que se des-dobrar, porque as reuniões das Ligas ocorrem, às vezes, toda semana. A pre-sença nessas reuniões é fundamental, e as ausências são punidas: três faltas seguidas levam ao desligamento do integrante, o que também ocorre se, ao final do ano, ele atingir um nível de presença inferior a 75%”. Diego acrescenta que é preciso ter essa disciplina, porque tem muita gente interessada em participar: em 2012, o processo seletivo da Liga de Neurologia e Neurocirurgia contou com 88 inscritos, para apenas nove vagas. Quem entra, precisa se comprometer de verdade.

Na opinião de Diego, as Ligas têm um bom relacionamento com a Universi-dade, principalmente por conta dos eventos acadêmicos. Um dos projetos da Liga de Neurologia da Univás é pro-mover eventos na praça central da ci-dade de Pouso Alegre, tendo em vista informar a população sobre diversas doenças e fatores de risco para a saúde. O projeto conta ainda com o apoio do curso de Enfermagem da Univás e busca estendê-lo a outras áreas.

Diego ressalta que atividades como as das Ligas Acadêmicas antecipam o contato do aluno com a rotina hospita-lar. Assim, ele adquire experiência, che-gando ao mercado de trabalho mais preparado. Isso sem contar as vanta-gens universitárias propriamente ditas, já que as Ligas entram para o currículo e contam pontos para a residência. Ele ressalta: “Para a Faculdade isso é bom, porque fortalece o vínculo do aluno com a Instituição”.

“As Ligas são ótimas para a Faculdade, porque permitem o fortalecimento do vínculo do aluno com a Instituição.” [Diego de Freitas Monteiro Urbano, presidente da Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia da Univás]

Relação com a Universidade

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Dois alunos relatam as experiências de ter escolhido a Univás para obter a formação que utilizarão para toda a vida.

Alunos de Medicinada Univás declaram sua visão da faculdade

Hoje, Ana Luiza Bueno Garcia é aluna do quinto ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). Mas revela que a decisão de fazer o curso não foi simples: ela é natural de Pouso Alegre e tinha certo preconceito com a instituição localizada em sua própria cidade. Sua visão mudou durante o curso preparatório para vestibulares que fez na cidade de Campinas (SP). Ali, os professores a aconselharam a fazer a Univás: “Eles me indicaram Pouso Alegre com muita firmeza, fazendo elogios à Faculdade e dizendo que eu não tinha por que me separar da cidade e dos meus pais. A partir disso, comecei a pesquisar mais sobre a Medicina Univás, para saber a posição que ela ocupa no cenário brasileiro, quem são os médicos que se formaram aqui, como é o hospital, e outras referências. Apesar de ser de Pouso Alegre, eu, assim como outras pessoas da cidade, não tinha essa visão”.A preocupação de Ana Luiza era com a estrutura da Faculdade, e ela foi se in-

formar sobre a Univás. Para ela, além da teoria, o aluno precisa ter um estágio consistente, trabalhando diretamente com pacientes, o que exige um bom hospital. “Quando eu fui atrás e desco-bri que tinha tudo aqui na Univás, tomei a decisão de voltar e permanecer em Pouso Alegre”, diz a aluna.

Mudança de vidaAna Luiza esclarece que toda facul-dade tem seus problemas, mas res-salva que a Univás é mais do que ela esperava. Não imaginava, por exemplo, a dimensão da Universidade e nem o ponto que pode atingir estando dentro da Instituição: “Quando você diz para as pessoas que faz Medicina em Pouso Alegre, a resposta é sempre positiva, muitos conhecem a cidade e gostam daqui. Esse retorno reafirma a opção de quem resolve ficar. Porque o lugar vira a sua casa, já que Medicina é um curso que exige que o estudante pra-ticamente more na faculdade; ele fica o dia inteiro lá dentro, vive para isso. Eu

deixei de ser a menina que fazia cur-sinho, para ser a estudante de Medicina que está dentro do hospital. Quer dizer: a vida muda totalmente”.Em geral, ser acadêmico é muito bom. Segundo Ana Luiza, a faculdade proporciona tudo o que o estudante precisa, desde que ele saiba procurar: “Se você tiver interesse, consegue ir muito além do que a faculdade ofe-rece. Para mim, aquela afirmação que diz que quem faz a faculdade é o alu-no é muito verdadeira aqui na Univás, porque os professores gostam muito de quem está querendo aprender. Aqui, você pode ser o que você quiser ser”. Um fato que chama a atenção de Ana Luiza é que os alunos de Medicina acabam ficando um pouco isolados dentro da universidade, por ser um cur-so em tempo integral. Isso acaba fazen-do com que os colegas se transformem em uma grande família, principalmente aqueles do mesmo grupo de estágio e internato, tornando a convivência uma experiência muito boa.

Uma experiência bem-sucedida

UNIVáS por izabella campos ocáriz

Ana Luiza Bueno Garcia, acadêmica de Medicina Univás.

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Agora, Ana Luiza espera passar em um bom Programa de Residência Mé-dica. Para ela, o frio na barriga aparece quando ela se pergunta se sabe tudo o que precisa saber: “Eu realmente es-pero aprender tudo o que for possível, tudo o que eu puder absorver da fa-culdade, tudo o que eu conseguir tirar de bom, de importante para a minha vida. Porque sei que quando sair daqui, vou enfrentar outra dificuldade séria: é complicado sair de uma faculdade e já ter que entrar no mercado de trabalho”.Aos vestibulandos, ela alerta: “Não existe faculdade ideal. Você tem que entrar em uma faculdade e fazer com que ela vire a sua casa, a sua vida. E deve tentar aprender tudo que ela tem a transmitir. O candidato deve procurar uma faculdade que consiga atendê-lo em todos os aspectos que considera importantes”.

A escolha certaDiego de Freitas Monteiro Urbano ain-da está no segundo ano de Medicina da Univás, mas já é presidente da Liga de Neurologia e Neurocirurgia e faz parte da Liga de Cirurgia Pediátrica. Ele pas-sou por outro curso antes de optar pela Medicina e agora aposta todas as suas fichas na nova profissão que escolheu.Ele cursava uma universidade públi-ca, mas ao decidir mudar o rumo da própria vida, escolheu a Medicina Uni-vás porque conhecia a qualidade e a tradição da Instituição e também por

ser uma opção mais próxima da cidade onde vive sua família. O acadêmico en-trou no curso sem criar muitas expec-tativas e hoje afirma que fez uma boa escolha: “É uma faculdade muito boa, muito bem estruturada, com ótimos professores e alunos que são nota dez. As pessoas que trabalham aqui são muito dedicadas, desde a secretaria, até o serviço de extensão”.

Diego acredita que a Univás dá todo o respaldo necessário para ele se tornar um bom profissional e fala de suas ex-pectativas com relação ao futuro: “Eu espero que a Univás me dê a melhor formação que eu possa conseguir aqui no nosso País. Assim, estarei garantin-do oportunidades, abrindo portas do mercado de trabalho, para poder fazer residência em um local de tradição. A faculdade tem muito a contribuir para o aluno: ótimo ensino, estrutura exemplar e potencial para formar bons médicos”.Em qualquer ambiente de estudo ou de trabalho, uma boa convivência é um dado fundamental. Diego acredita

que “é importante você ter bom rela-cionamento com os professores, com os alunos e com todos os funcionários da faculdade. Os alunos são seus com-panheiros de trabalho; os professores são os que transmitem conhecimento e buscam encaminhar seu desenvolvi-mento da melhor maneira possível; e, por fim, os funcionários fazem a facul-dade funcionar. Quem está aqui dentro deve procurar ter o melhor relaciona-mento com todos, em todas as áreas”.Para o estudante, também é funda-mental que o aluno se familiarize com o hospital antes de chegar ao quinto e sexto ano, para que não haja nenhum choque. Daí a importância de um bom hospital-escola. Nele, é possível que se passe pela vivência profissional de ma-neira gradual: “Desde o começo, o alu-no vai até o hospital, nem que seja ape-nas por pouco tempo; aos poucos, ele vai se tornando sua segunda casa. Se isso for feito devagar, paulatinamente, o estudante vai ficando mais à vontade para exercer suas atividades”. O acadêmico ainda faz uma última recomendação aos que pretendem cur-sar Medicina: sugere que eles estudem e se esforcem bastante, e que desen-volvam desde logo interesse em ativi-dades extracurriculares, porque cada vez mais o mercado de trabalho quer o aluno global, que tente aprender um pouco de cada coisa. Na opinião dele, a atividade extracurricular “é a ponte en-tre a faculdade e a sociedade”.

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“Quando eu fui atrás e descobri que tinha tudo aqui na Univás, tomei a decisão de voltar e permanecer em Pouso Alegre.” [Ana Luiza Bueno Garcia, acadêmica de Medicina da Univás]

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Médico nefrologistaOscar Pavão, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O doutor Oscar Pavão, do Hospital Albert Einstein, é um entusiasta da Medicina. Fala com empolgação da carreira, iniciada há 29 anos, como se tivesse ingressado hoje na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os estudos sempre nortearam a vida dele. Levou a sério o ensino básico, com olhos no futuro: a tão sonhada faculdade de Medicina. Viu em casa a paixão do irmão pela profissão e acabou se deslumbrando por ela também. “Fui influenciado positivamente por ele, mas não tive nenhuma vantagem nisso. Segui meu caminho sozinho, fazendo as minhas escolhas e buscando o meu espaço”, conta.Envolvido na área de pesquisa desde os 5 anos, continua até hoje. Especializou-se em Nefrologia e, atualmente, além de médico de um dos melhores hospitais do País, também é pesquisador e docente da Unifesp. “Minha expectativa era ser um médico reconhecido, produzir material científico e trabalhar em um hospital fantástico. Vivo tudo o que sonhei quando entrei na faculdade e me sinto completo”, acrescenta.A Medicina sempre exigiu muito. Sabe com precisão quantos plantões já fez na vida: “exatamente mil plantões, sendo três anos passando a noite fora de casa e dormindo no horário inverso”, diz. Ele confessa que era cansativo, e enfrentou momentos difíceis longe da família, mas sempre encarou com determinação essas situações, mantendo o foco nos pontos positivos. “A profissão nos traz muitas oportunidades boas e nos envolve de uma forma especial”.E foi a paixão que o fez ultrapassar muitos obstáculos. Se passar no vestibular é difícil, a concorrência para iniciar a prática da profissão em hospital é ainda mais complicada. “O funil é grande. Todos os alunos estão bem preparados e motivados, mas consegui. A Medicina enriquece demais e vale a pena todo esforço”, diz. Guarda com carinho ótimas lembranças da universidade. Do casamento com uma bióloga aos amigos que permaneceram. “A Medicina une os alunos como em nenhum outro curso. São muitos anos e horas juntos e a convivência é muito intensa, forte e importante”, conta.“Encontrei um ambiente maravilhoso na universidade. Guardamos tudo o que vivemos. Os reencontros entre amigos são sempre emocionantes e muito alegres. É ótimo recordar e ver o sucesso profissional de todos nós”, finaliza.

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Vivências inesquecíveis

ESTUDANTE DE Medicina

Quando chega ao curso superior, o estudante pode

até imaginar que o pior já passou. Mas ele logo

aprende que isso é apenas uma impressão. Leia

nas próximas páginas o quanto a vida acadêmica

pode ser fascinante ... e complicada ...

• Diretórios acadêmicos incentivam participação

ativa de estudantes

• O estágio na visão de um aluno de Medicina

• Residência médica do HCSL é parte do

processo seletivo unificado

• Ensino e pesquisa: duas faces da mesma moeda

• Univás incentiva alunos e professores a pesquisar

• Medicina ganha aliados na busca por melhorias na saúde

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Os diretórios acadêmicos (DAs) são en-tidades que representam os interesses dos alunos de todos os cursos de uma instituição de ensino. A partir do relacio-namento direto e frequente com os es-tudantes, um DA deve lutar por melho-rias nas condições de ensino, pesquisa e infraestrutura, além de manter contato próximo dos alunos com os represen-tantes da instituição de ensino, como coordenadores, diretores e reitores. Para tanto, é necessário haver debates, dis-cussões, palestra e reuniões periódicas, sempre primando pela democracia e incentivando a participação e engaja-mento de um número cada vez maior de pessoas. São funções do DA: discutir soluções para problemas nos cursos e levar as sugestões para os órgãos competentes; garantir a representação dos estudantes no colegiado e departamentos; recep-cionar os calouros; organizar eventos acadêmicos e confraternizações; solicitar auxílio para participação em congressos; solucionar dúvidas sobre a rotina dos cursos, entre outras tarefas.Os DAs estudantis ganharam destaque logo após o golpe militar de março de 1964. Essa atuação durou até a decreta-

ção do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, que previa a proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política. Em decorrência disso, a maioria dos diretó-rios acadêmicos foi fechada ou passou a atuar clandestinamente, voltando a se organizar apenas em 1979.

EngajamentoFoi motivado por toda a história de lu-tas dos estudantes que Lucas de Olivei-ra Pinto Bertholdi, aluno do terceiro ano do curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), decidiu se engajar politicamente na faculdade. Hoje, ele é o presidente do Diretório Acadêmi-co Doutor Jésus Ribeiro Pires (DA-JEP), fundado pelos estudantes de Medici-na de Pouso Alegre, no ano de 1969. O

nome foi escolhido como forma de ho-menagear um dos fundadores da Facul-dade de Ciências Médicas, Doutor José Antônio Garcia Coutinho, atual Unidade Central da Univás. Lucas assumiu a presidência em 2012, depois de atuar como primeiro secretá-rio no ano anterior. A partir do segundo semestre do primeiro ano de faculdade, em 2010, entrou para as atividades do DA. Durante o período escolar sempre esteve atento às ações das organizações estudantis nas aulas de História. Segun-do Lucas, as pessoas tendem a esquecer dos acontecimentos, mas isso não acon-teceu com ele: “Eu conheci o pessoal da gestão no primeiro ano. Não se discutia muito questões relativas à universidade; os debates giravam em torno da saúde, do SUS, da fila de espera, da política pú-blica de saúde no Brasil. Isso tudo era de-batido, às vezes em barzinho mesmo, e a partir daí surgiu o convite para participar do DA. Então, foi um processo natural”, conta Lucas.

Estratégias de envolvimentoUma Universidade sem DA está menos sujeita a mudanças positivas, porque sem a participação dos estudantes no

Diretórios Acadêmicos incentivam participação ativa de estudantes As organizações estudantis procuram mostrar aos estudantes que a atividade médica vai muito além das salas de aula

O começo do caminho

“Por trás da atividade médica, há um hospital, a relação com os professores, uma política administrativa, um estatuto.” [Lucas Bertholdi, presidente do DA-JEP]

ESTUDANTE DE Medicina

por izabella campos ocáriz

Lucas Bertholdi, presidente do DA-JEP.

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FOTO

colegiado é muito difícil saber das difi-culdades enfrentadas pelos alunos. Na Univás, a relação com os dirigentes e os professores é muito boa, o que ajuda o DA-JEP a progredir como órgão repre-sentativo. Lucas conta que em outras universidades esse contato é muito con-turbado, dificultando a ação dos DAs. Na Univás, quando há discordância de posi-ções, a decisão definitiva é tomada pelo Conselho Universitário (Consuni). Mesmo que o resultado final não seja o esperado pelo DA-JEP, o diálogo continua aberto. Um dos deveres do DA é lutar pelos di-reitos dos estudantes. Assim, explica Lu-cas, “uma universidade sem DA é uma universidade feita de alunos calados, que só aceitam, que não respondem”. Para ele, “o diretório acadêmico representa a voz dos estudantes”.Estimular a participação dos alunos no DA-JEP é um grande desafio enfrentado pela entidade. Na opinião de Lucas, isso era mais fácil de conseguir no passado, porque havia crise política e opressão. “Hoje, muitos estudantes pensam que não precisam lutar por nada. O DA-JEP quer mostrar que não é assim. Tem políticas públicas de saúde nas quais a gente tem que interferir”, afirma. Nesse sentido, um dos esforços do DA é explicar os motivos que têm levado às greves que ocorrem em outras universidades.Paralelamente a isso, novas estratégias de aproximação e envolvimento dos estu-dantes têm sido desenvolvidas. Uma de-las consiste na produção do Cine Debate: a cada semestre, pelo menos dois filmes

com temas polêmicos são exibidos no an-fiteatro da Universidade e alguns debate-dores são convidados para conduzir uma discussão em torno do assunto. As assembleias gerais, feitas a cada tri-mestre para levantar as causas mais ur-gentes a serem resolvidas, constituem outra forma de levar os estudantes a um contato mais próximo com o DA. Uma ferramenta igualmente importante para a integração é o jornal interno cha-mado O Embrião, reativado em 2011, de-pois de quinze anos parado. A primeira edição foi relançada e circulou junto com uma nova edição. O jornal tem periodici-dade trimestral. Por fim, as festas promovidas pelo DA--JEP são muito populares. Lucas explica que elas são importantes para angariar fundos, utilizados para fechar convênios e patrocinar o transporte de alunos a congressos de interesse da comunidade acadêmica.

A importância da participaçãoA participação em diretórios acadêmicos não só contribui para a formação política e social do estudante, como reflete em seu futuro profissional. Na área médica, por exemplo, alguns estágios de residên-cia acrescentam nota extra a líderes estu-dantis. Lucas acrescenta que já está um passo à frente, porque aprendeu muito sobre leis e estatutos, além de entender o funcionamento da Fundação de Ensi-no Superior do Vale do Sapucaí (FUVS) e do Hospital das Clínicas Samuel Libâ-nio (HCSL). Com esses conhecimentos,

pode atuar de forma mais precisa e di-nâmica em conselhos técnicos da área médica, como hospitais e convênios.A carga horária da Medicina é bastante puxada e, portanto, o aluno precisa se organizar para conciliar os estudos com as atividades do diretório acadêmico. Lu-cas diz que o primeiro ano é o momento ideal para se dedicar ao DA, embora alu-nos de todos os anos participem. Quanto mais gente melhor, para que as funções sejam bem divididas e as ações possam ser concretizadas. Lucas lembra que o universitário vai aprendendo a estudar melhor e a otimizar o seu tempo: “Fun-ciona assim, o que você tiver contribuin-do para o DA vai ser de bom tamanho. Ninguém vai ser exigido mais do que pode fazer. O estudante faz o que puder. Todo mundo sabe que é preciso estudar, desenvolver outras atividades, além de manter uma vida pessoal. Mesmo assim, dá para dividir bem o tempo”.Todos os anos, ocorre uma eleição para eleger a nova gestão do DA. No início do ano, há a recepção aos calouros, in-cluindo a apresentação do DA-JEP, para esclarecer a respeito de sua importân-cia e das atividades desenvolvidas. Às segundas-feiras, ocorre uma reunião do DA-JEP para discutir problemas da Uni-versidade e as próximas ações a serem executadas. Qualquer aluno da área da saúde da Univás pode participar dessa reunião, opinando e votando nas deci-sões. Para participar como um integrante oficial do DA, é necessário se engajar nas atividades e frequentar as reuniões.

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isita Ministro da Saúde Alexandre Padilha.

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Para se utilizar dos benefícios oferecidos pelo DA, é necessário que o aluno seja um associado. O espaço do diretório acadêmico é público: professores, fun-cionários e alunos podem entrar na can-tina, usar a central de cópias. Mas o uso dos computadores, do tênis de mesa, do videogame, do pebolim é restrito àque-les que têm ficha na associação. A mes-ma coisa vale para quem quer pagar me-nos nas festas – os associados têm um desconto considerável. Além disso, o DA mantém vários convênios: com um clube de campo da cidade, com restaurantes, com médicos, com dentistas e com mui-tas lojas. Com a carteirinha do DA, o alu-no adquire o direito de usufruir de todos esses benefícios.

ConquistasO diretório acadêmico da Univás tem alcançado algumas metas. Desde o ano 2010, o DA-JEP conseguiu modernizar suas instalações, adquirir novos com-putadores, ventiladores, mobílias e tele-visão para uso dos associados, além de trocar o convênio da central de cópias da Instituição. Em relação à participação ativa, conse-guiu ocupar todos os cargos colegiados que estavam vagos, o que permitiu dar voz aos estudantes nas decisões toma-das em relação, por exemplo, à mudança de disciplinas, diminuição ou aumento do número de provas. Outra vitória foi conseguir cadastrar a Univás na International Federation of

Medical Students’ Associations (IFMSA), uma associação internacional dos estu-dantes de Medicina que realiza intercâm-bios entre as faculdades. Em 2011, o DA--JEP incluiu Pouso Alegre na relatoria do Congresso Brasileiro de Estudantes de Medicina (COBREM), o maior congresso estudantil de Medicina, e ainda foi eleito gestor dos estudantes de Medicina de Minas Gerais na Direção Executiva Na-cional dos Estudantes de Medicina (DE-NEM), por intermédio da qual podem ser estabelecidos convênios entre as facul-dades. O convênio ocorre da seguinte forma: são disponibilizadas vagas no estágio de cirurgia geral (Pouso Alegre, por exem-plo, oferece cinco delas). O DENEM pu-blica o edital e qualquer estudante do Brasil pode se cadastrar. Se tiver mais concorrentes do que vagas disponíveis, acontece uma pré-seleção. Depois de selecionado, o estudante faz o estágio e retorna à sua faculdade, como se o ti-vesse feito lá. Trata-se de um intercâmbio permitido por lei. Para os intercâmbios internacionais, o aluno se cadastra na Coordenação Local de Estágios e Residências (CLERE) e, a partir do perfil do estudante, inclusive em relação a línguas, ele faz estágio em outro país, durante as férias escolares. Os estágios em outras faculdades têm de ser concomitantes com o estágio na sua própria faculdade e o estudante pode es-colher apenas um estágio para fazer fora. No ano de 2012, por exemplo, a Univás re-

ceberá dois intercambistas e enviará outros dois para estágio no Exterior.Lucas Bertholdi afirma: “Quando fica evidente que o DA está ativo, atrás de melhorias para os alunos, isso abre por-tas, como aconteceu, por exemplo, por ocasião da vinda do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para fechar convênio de oncologia com o HCSL. Recebemos convites para o coquetel e pudemos ter contato direto com o ministro. Vejo isso como um reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo DA. Além disso, fo-mos procurados por alguns jornais para entrevistas. Assim, acho que o trabalho desenvolvido aqui mostra para quem está de fora que nosso diretório e os estudantes de Pouso Alegre estão bem unidos, estão bem fortes”.Quando perguntado sobre o conselho que daria aos futuros estudantes de Me-dicina, Lucas ressalta: “Eu aconselharia a não esquecer as aulas de História. É hábi-to de muita gente chegar à universidade e se dedicar exclusivamente à Medicina. Essa dedicação é importante, mas não se pode esquecer que por trás da ativi-dade médica há um hospital, a relação com os professores, uma política admi-nistrativa, um estatuto. O estudante tem que estar sempre em movimento. E não só o estudante. A função da sociedade é reivindicar e lutar por melhorias. Assim, o primeiro conselho que dou é: chegue na universidade, procure o Diretório Aca-dêmico, tente ajudar; seu apoio vai trazer benefícios para todos os alunos”.

Integrantes do Diretório Acadêmico.

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•Diretor Científico•Diretor de Comunicação•Diretor de Representação Discente

•Diretor de Relações Externas•4 Diretores de Eventos•3 Diretores d´O Embrião•Diretor Social

Composição do DA-JEP

•Presidente•Vice- Presidente: •1º Secretário e 2º Secretário•1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro

Cantina DA-JEP.

Alunos participam do II Cine Debate.

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O começo do caminho

Os cursos de Medicina brasileiros se ca-racterizam pelo regime de internato, que se inicia no quinto ano da faculdade e se estende até o fim do curso. Nessa fase, o estudante passa mais tempo dentro do hospital do que em sala de aula e precisa se organizar para não deixar o estudo de lado.Renne Henriques Dall’Orto Muniz, aluno do quinto ano de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), explica que desde o segundo ano do curso o aluno já tem contato rápido com pacientes; no terceiro e quarto anos, há o estudo das do-enças; e, finalmente, a partir do quinto ano aplica-se o conhecimento dessas doenças nos pacientes. Nesse momento é que se dá o contato com o ser humano. O aluno passa a conhecer o paciente não pela doença que ele tem, mas por quem ele é.Nos anos de internato, a rotina de provas muda, o número de avaliações diminui. Contudo, Renne ressalta que, na verdade, os verdadeiros testes de conhecimento acontecem a todo momento, no trabalho hospitalar: “A gente está na frente do pa-ciente para estudar, aprender, conversar com ele. Tudo isso também é um tipo de prova. Quem escolhe fazer isso, vai fazer isso para o resto da vida, vai enfrentar pro-vas a toda hora, será avaliado cem por cen-to do tempo, desde a maneira de se vestir até a forma de conversar e tratar o pacien-te. Então, tudo isso está sendo observado.No quinto e sexto ano a gente é julgado o tempo inteiro”.Pode ser mais difícil conquistar a confian-ça de um paciente como estudante, mas

a educação e a presteza sempre são bons aliados. Cumprimentos como “bom dia”, “vamos conversar” e “com licença”, abrem caminho para uma conversa que muitas vezes corre o risco de ser pesada. Para Renne, até a troca de olhares é importante: “É um ser humano pedindo ajuda; então, se você quer ajudá-lo, você tem que se propor a isso, mostrar que está disposto a fazê-lo”. Eventualmente, acontece de um pacien-

te não querer ser atendido pelos alunos. Nesses casos, é necessário orientar o paciente a respeito do funcionamen-to de um hospital-escola, esclarecendo que o atendimento é feito sempre com o acompanhamento dos preceptores.Renne acha que o quinto ano é um mo-mento decisivo: “pela postura que você tem que tomar diante de professores e de pacientes. É um pouco assustador. No primeiro plantão você pensa: vai chegar um acidentado de moto, desacordado, e aí? O estudante tem que estar preparado, tem que ter feito cursos de suporte à vida. Claro que sempre haverá um médico jun-to, mas os procedimentos serão feitos por você. Ou, pelo menos, você estará ao lado,

aprendendo”.A maior parte do tempo, o interno de Me-dicina passa dentro do hospital. Não é fá-cil conciliar o estágio com estudos e vida pessoal. Mas é a melhor forma de estudo, porque o conhecimento está vindo de um profissional especializado na área. Segun-do Renne, para reforçar o conhecimento o acadêmico deve dispor de pelo menos uma hora diária para estudo em casa. Para conseguir isso é preciso saber administrar o tempo. A disciplina com os estudos pre-cisa começar a ser trabalhada já no primei-ro ano, para que no período de estudos para residência, e ainda durante toda a fa-culdade, a falta de organização não se tor-ne um obstáculo. O acadêmico acrescenta que o estágio é uma das melhores manei-ras de se fixar o aprendizado, mas alerta que é necessário estudar desde o primeiro ano do curso: “Quando você está fazendo faculdade, você tem que ajudar alguém de alguma forma. Você tem que saber aquilo bem, para ajudar direito. Por isso, é preciso ter uma boa base”, diz. Um bom exemplo disso é o tratamento de doenças raras, com as quais nem sempre o estudante tem oportunidade de ter conta-to durante a faculdade. Se aparecer algum paciente com alguma doença desse tipo, o estudante ou o médico recém-formado deve saber diagnosticar. Para Renne, o estágio é o primeiro passo para adquirir a confiança necessária para fazer o diagnós-tico de um paciente. E acrescenta: “A cons-ciência de ser médico é feita na faculdade, mas o amadurecimento é desenvolvido fora, na atuação profissional”.

O estágio na visão de um aluno de MedicinaNa área médica, o estágio é fundamental para a formação profissional, pelo contato direto que permite com pacientes.

“O estudante tem que estar preparado para o atendimento. Claro que sempre haverá um médico junto, mas os procedimentos serão feitos por você.” [Renne Muniz]

ESTUDANTE DE Medicina

por izabella campos

ocáriz

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Residência médica do HCSL é parte de processo seletivo unificadoO período de residência médica é considerado uma etapa fundamental na formação do futuro profissional.

Depois de seis anos de faculdade, os formandos do curso de Medicina ainda precisam se preocupar com a residên-cia médica, considerada pelo MEC uma modalidade de pós-graduação que per-mite ao profissional exercer determinada especialidade. São consideradas resi-dências médicas apenas os programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).No Sul de Minas Gerais, três hospitais- escola oferecem residências médicas: o Hospital Universitário Alzira Vela-no (HUAV), da cidade de Alfenas; o hospital-escola, da cidade de Itajubá; e o hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), da cidade de Pouso Alegre.O HUAV recebe residentes nas áreas de Anestesiologia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Medicina de Família, Nefrologia, Neurocirurgia, Obstetrícia, Ginecologia, Pediatria, Radiologia e Diagnóstico por Imagem. O hospital-escola de Itajubá possui resi-dência médica nas áreas de Anestesiolo-gia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Gas-troenterologia, Obstetrícia, Ginecologia, Otorrinolaringologia, Patologia, Pedia-tria, Radiologia, Diagnóstico por Imagem

e R3 Opcional de Cirurgia Videolaparos-cópica.O HCSL, hospital-escola da Universida-de do Vale do Sapucaí (Univás), oferece residência médica com duração de dois anos em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria, Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Com duração de três anos, há Anestesiologia, Obstetrícia, Ginecologia, Ortopedia e Traumatologia. A Neuroci-rurgia tem a duração de cinco anos. As especialidades de Cardiologia, Colo-proctologia, Cirurgia Plástica, Medicina Intensiva e Nefrologia exigem residência anterior nas áreas de Clínica Médica, Ci-rurgia Geral ou Anestesiologia (no caso da Medicina Intensiva).Diferentemente dos outros hospitais ci-tados, o HCSL faz parte do Processo Seletivo Unificado de Residência Médica em Minas Gerais. A seleção é organizada pela Associação de Apoio à Residência Médica de Minas Gerais (AREMG) e reú-ne grande parte dos programas de Resi-dência Médica do estado. Cada candidato se inscreve para os pro-gramas de interesse, independentemen-te da quantidade, e paga uma inscrição para cada instituição. Ele realiza uma

única prova e concorre a todos os pro-gramas em que se inscreveu, enviando apenas um currículo. O processo seletivo ocorre em duas etapas, a primeira das quais em Belo Horizonte. Os classifica-dos passam por análise curricular padro-nizada e a soma dos pontos determina a classificação.É muito importante que o médico se pre-pare durante a faculdade para prestar a residência. Leandro Cotrim, ex-aluno da Univás e residente do segundo ano de anestesiologia do HCSL, diz que “para ingressar na residência do HCSL, o can-didato deve ter muito estudo e dedica-ção na profissão. É preciso aprimorar os estudos, levá-los com muita seriedade, profissionalismo e, principalmente, amar aquilo que faz”. A escolha da residência deve ser fei-ta com cautela, porque a qualidade do programa e a especialidade definirão os próximos passos da carreira. Leandro escolheu a residência no HCSL porque já conhecia o alto nível de seus profissio-nais. Para ele, “o diferencial da residência do HCSL é o grande número de cirurgias aqui realizadas, algumas de alta comple-xidade”.

“O residente deve ter muita dedicação aos estudos, seriedade, profissionalismo e, principalmente, amar aquilo que faz.” [Leandro Cotrim, residente do segundo ano de anestesiologia do HCSL]por izabella campos ocáriz

Residentes de Cirurgia HCSL 2012.

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1. Acupuntura2. Alergia e Imunologia3. Anestesiologia4. Angiologia5. Cancerologia6. Cardiologia7. Cirurgia Cardiovascular8. Cirurgia da Mão9. Cirurgia de Cabeça e Pescoço10. Cirurgia do Aparelho Digestivo11. Cirurgia Geral12. Cirurgia Pediátrica13. Cirurgia Plástica14. Cirurgia Torácica15. Cirurgia Vascular16. Clínica Médica17. Coloproctologia18. Dermatologia19. Endocrinologia e

Metabologia20. Endoscopia21. Gastroenterologia22. Genética Médica23. Geriatria24. Ginecologia e Obstetrícia25. Hematologia e Hemoterapia26. Homeopatia27. Infectologia28. Mastologia29. Medicina de Família e Comunidade30. Medicina do Trabalho31. Medicina de Tráfego32. Medicina Esportiva33. Medicina Física e Reabilitação34. Medicina Intensiva35. Medicina Legal e Perícia Médica36. Medicina Nuclear

37. Medicina Preventiva e Social38. Nefrologia39. Neurocirurgia40. Neurologia41. Nutrologia42. Oftalmologia43. Ortopedia e Traumatologia44. Otorrinolaringologia45. Patologia46. Patologia Clínica/Medicina Laboratorial47. Pediatria48. Pneumologia49. Psiquiatria50. Radiologia e Diagnóstico por Imagem51. Radioterapia52. Reumatologia53. Urologia

• FHEMIG(BeloHorizonte-MG)

• FundaçãoOuroBranco(OuroBranco-MG)

• HospitalBeloHorizonte(BeloHorizonte-MG)

• HospitaldasClínicasdaUniversidadeFederaldeMinasGerais(BeloHorizonte-MG)

• HospitaldasClínicasSamuelLibânio(PousoAlegre-MG)

• HospitaleMaternidadeSantaRita(Contagem-MG)

• HospitalEvangélicodeBeloHorizonte(BeloHorizonte-MG)

• HospitalGovernadorIsraelPinheiro–IPSEMG(BeloHorizonte-MG)

• HospitalLuxemburgo–MarioPenna(BeloHorizonte-MG)

• HospitalMarcioCunha(Ipatinga-MG)

• HospitalMaterDei(BeloHorizonte-MG)

• HospitalMunicipaldeGovernadorValadares(GovernadorValadares-MG)

• HospitalMunicipalJoséLucasFilho(Contagem-MG)

• HospitalMunicipalOdilonBehrens(Belohorizonte-MG)

• HospitalNossaSenhoraAuxiliadora/FundaçãoEducacionaldeCaratinga(Caratinga-MG)

• HospitalSantaCasadeMisericórdiadeJuizdeFora(JuizdeFora-MG)

• HospitalSãoFrancisco(BeloHorizonte-MG)

• HospitalSemper(BeloHorizonte-MG)

• HospitalSocor(BeloHorizonte-MG)

• HospitalUniversitáriodaUniversidadedeUberaba–UNIUBE(Uberaba-MG)

• HospitalUniversitáriodaUniversidadeFederaldeJuizdeFora(JuizdeFora-MG)

• InstitutoOncológico(Cataguases-MG)

• IrmandadeNossaSenhoradasMercês–SantaCasadeMontesClaros(MontesClaros-MG)

• UniversidadeEstadualdeMontesClaros–Unimontes–HospitalUniversitárioClementede

Faria(MontesClaros-MG)

• UniversidadeFederaldeViçosa(Viçosa-MG)

• UniversidadeFederaldoTriânguloMineiro(Uberaba-MG)

Especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina

Instituições que participamdo Processo Seletivo Unificado de Residência Médica emMinas Gerais

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A Iniciação Científica é uma importan-te iniciativa para colocar estudantes em contato direto com a pesquisa. Na Medi-cina, essa dinâmica é ainda mais funda-mental, visto que o avanço de estudos na área da saúde é crescente. Dados do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) apontam que em 2010 foram gastos R$ 60.899,5 milhões em Ciência e Tecnologia no Brasil, o que corresponde a 1,62% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. No mesmo ano o investimen-

to com Pesquisa e Desenvolvimento em saúde correspondeu a R$ 1.277,2 milhões ou 5,54% do total, de acordo com o Sis-tema Integrado de administração Finan-ceira do Governo Federal (Siafi). A espe-rança é que esses números continuem a crescer.O Governo Federal e os governos es-taduais brasileiros oferecem bolsas de incentivo à pesquisa, entre as quais po-demos citar as do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-

co (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Pensando na ampliação do desenvol-vimento intelectual de seus alunos, a Universidade do Vale do Sapucaí (Uni-vás) conta com quatro modalidades de Iniciação Científica: 1) Bic Júnior/ Fape-mig, voltada para alunos do Ensino Mé-dio com 15 bolsas anuais; 2) Programa de Bolsas Institucional (PROBIC/ Fapemig), que oferece 35 bolsas anuais e é volta-da para alunos da graduação; 3) Progra-

Ensino e pesquisa: Duas faces da mesma moedaIniciação Científica da Univás incentiva acadêmicos de Medicina a buscar novos conhecimentos

O começo do caminho

ESTUDANTE DE Medicinapor izabella campos ocáriz

Publico presentaao IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.

Abertura do IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.

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A contribuição do Brasil no cenário mundial das pesquisas em nanotecnologia é de 1,9%, dado considerado significativo.

ma Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/ Univás) também para graduandos, com disponibilidade de 16 bolsas anuais; 4) Programa Institucional Voluntário de Iniciação Cientifica (PIVIC/ Univás) que agrega alunos dispostos ao desenvolvimento voluntário de projetos.

IX Congresso de Iniciação CientíficaNo mês de maio de 2012, a Univás pro-moveu o seu IX Congresso de Iniciação Científica, com vistas a difundir as pesqui-sas de seus alunos e professores. A Coor-denadora de Pesquisa da Unidade Central da Univás, Prof. Dra. Ana Beatriz Alkimin Teixeira Loyola, diz que o desafio é melho-rar a qualidade das pesquisas. Tendo em vista essa necessidade, foram ministradas dez Oficinas de Pesquisa, que ofereceram informações para qualificar e intensificar a atividade científica dentro da Univás e na região. Os temas abordados foram: a ela-boração do artigo científico nas Ciências Humanas e da Saúde; como elaborar um projeto de pesquisa nas Ciências Humanas e da Saúde; Ética em pesquisa – princípios e funcionamento; o Sistema de curriculum Lattes do Cnpq (preenchimento); Os Pro-gramas de Pesquisa PROBIC, PIBIC, PIVIC e BIC-JR na Univás e Qualidade em pes-quisa: o sistema Qualis/CAPES e qualida-de e metodologia da pesquisa científica.Segundo a professora Ana Beatriz, a Uni-

vás acredita que a melhoria na base traz resultados positivos para a pesquisa. A meta é a de publicar os trabalhos, para fazer com que a pesquisa desenvolvida

chegue a ser utilizada pela população e atraia empresas interessadas nos resul-tados do desenvolvimento realizado na Instituição.O acadêmico do quarto ano de Medicina da Univás Samuel de Oliveira Andrade, fez sua Iniciação Científica pelo progra-ma PIVIC da Univás. O trabalho desen-volvido foi “O transplante de córnea em um Hospital Universitário”, que chegou a ser apresentado no IX Congresso de Ini-ciação Científica da Univás. Sob a orien-tação dos profissionais Rogério Men-des Grande, Carlos Henrique de Toledo Magalhães, Fabrício Reis da Silva e Ana Beatriz Alkmim Teixeira Loyola, Samuel pesquisou as causas de transplante de córnea no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL). Durante a pesquisa, ele identificou as principais causas de trans-

plante dos pacientes do HCSL e verificou o acometimento de fungos nas córneas afetadas. O estudo foi feito a partir dos botões de córnea que foram mandados para o laboratório de anatomia patológi-ca do HCSL.A pesquisa concluiu que as principais causas de transplante de córnea aqui no sul de Minas são muito parecidas com as causas de transplante no Estado do Rio Grande do Sul e na cidade de Sorocaba, com leves desvios. Estruturas fúngicas não foram encontradas, o que mostra um descompasso entre a principal causa de risco para a infecção fúngica na cór-nea, que é o trauma ocular, e a inexistên-cia de estruturas fúngicas nos materiais analisados. Para o acadêmico, fazer Iniciação Cientí-fica dentro do ambiente universitário “é uma oportunidade muito legal, principal-mente porque você é forçado a estudar para fazer o trabalho, aprende a forma-tar e realizar um trabalho científico e, principalmente, acho que o mais legal é você correr atrás de um assunto de que gosta e, por fim, analisar os resultados que você mesmo colheu, o que traz uma grande satisfação pessoal”.Samuel lembra ainda que a pesquisa científica traz benefícios para a socie-dade, pois gera a produção de conheci-mento. Na opinião dele, todo mundo está

O Reitor da Univas Felix Carlos Ocáriz participa IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.

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cansado de ver no professor apenas um reprodutor de conhecimento e a pesqui-sa científica vem não só melhorar a ati-vidade de licenciatura, como contribuir para a Faculdade, para Minas e para o Brasil. Ele ressalta que apresentar a Ini-ciação Científica num congresso “é uma vitória, porque a gente rala muito, passa a noite fazendo trabalho, seja formatan-do o artigo, seja procurando fontes no-vas, correndo atrás de dados clínicos, de prontuários, e ver tudo isso reconhecido é uma coisa muito gratificante”.O tema geral do IX Congresso de Inicia-ção Científica da Univás foi Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico no Brasil. Para tratar do assunto, a abertura do evento, realizada na Unidade Central da Univás, contou com algumas autorida-des da região e o Coordenador Geral de Micro e Nanotecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia Brasileiro, o pesqui-sador da área de química Dr. Alfredo de Souza Mendes.Em sua palestra, Mendes explicou que a nanociência é o estudo e uso da matéria à escala de 10-9 (dez elevado a menos nove) e que a pesquisa na área depende da microscopia, além de ser de ordem trans e interdisciplinar. Ele comentou o estágio em que está o desenvolvimento nanotecnológico do Brasil em relação a outros países: “temos um contingente

de pesquisadores superior a dois mil e quinhentos profissionais, temos mais de três mil alunos envolvidos com mestrado e doutorado e se nós compararmos os recursos investidos em relação aos paí-ses mais desenvolvidos, realmente nós

estamos duas dimensões abaixo; mas o pouco que se investiu tem resultado em muita coisa. Hoje, nós temos mais de 130 empresas desenvolvendo pesquisas no país e já temos diversos produtos sendo ofertados. Sendo uma área estratégica, o governo não vai deixá-la de lado; ao con-trário, toda a inovação passa pela nano-tecnologia”.Segundo Alfredo Mendes, se os investi-mentos fossem maiores, talvez estivés-semos um pouco melhor em termos de pesquisa e desenvolvimento. Mesmo as-sim, temos uma boa posição no cenário mundial, já que nossa contribuição na área de nanotecnologia chega a 1,9%. Ele

diz também que o pesquisador brasileiro é muito procurado por sua criatividade, gerada justamente pela falta de recursos na área.Continuando as atividades da noite, o Secretário Municipal de Ciência e Tecno-logia da cidade de Santa Rita do Sapu-caí, Prof. Pedro Sérgio Monti, ressaltou a importância de se formar a cadeia do empreendedorismo e sua ligação com a pesquisa. O Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia, Indústria e Co-mércio da cidade de Itajubá, engenheiro Francisco Pereira Braga, destacou que o sucesso acontece não para aqueles que vão atrás de problemas, mas sim para os que perseguem soluções.Outro convidado da noite foi o engenhei-ro Renato Aparecido Torres, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômi-co da cidade de Pouso Alegre. Para ele, o pesquisador é uma pessoa mais preocu-pada com a comunidade do que consigo próprio. Assim, ele reitera a importância do 9º Congresso de Iniciação Científica da Univás e comenta: “Tenho certeza de que eventos como esse da Univás vêm fortificar o desejo dos nossos estudantes de se aprimorar cada vez mais, de fazer suas pesquisas e conseguir a publicação dos resultados”.

“O mais legal é correr atrás de um assunto e analisar os resultados que você mesmo colheu, o que trás uma grande satisfação pessoal.” [Samuel de Oliveira Andrade, acadêmico de Medicina da Univás]

Palestrante do IX Congresso de Iniciação Cientifica da Univás.

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Uma das bases de uma universidade de excelência é a pesquisa. Essa atividade se traduz em avanços sociais e tecno-lógicos, sendo, portanto, essencial, não apenas para a comunidade acadêmica, mas para a coletividade. A Universidade do Vale do Sapucaí (Univás) vem se em-penhando cada vez mais em aumentar a quantidade e a qualidade da pesquisa de seus alunos e professores, com vistas a contribuir cada vez mais com a socie-dade.A pró-reitora de pós-graduação e pes-quisa da Univás, Daniela Francescato Veiga, explica que a pesquisa na Univer-sidade faz parte de um tripé, que reúne ainda ensino e extensão. Assim, trata-se de um compromisso secular da Universi-dade e é importantíssimo que seja inicia-da na graduação. Daniela conta que existe uma tendência de valorização cada vez maior da Ini-ciação Científi ca. Na área médica, essa corrente é comprovada proposta de franquear o acesso direto ao doutorado daqueles estudantes que se dedicarem a uma Iniciação Científi ca sólida durante a graduação, liberando-os da passagem pelo mestrado. “A universidade é uma incubadora de conhecimento, que deve ser transferido depois para a sociedade. Por isso, a pesquisa é um dos funda-mentos da universidade. A Instituição tem esse compromisso de geração de conhecimento, porque assim ela conse-gue exercer o papel transformador que ela deve ter no meio em que se insere”, diz Daniela.É muito difícil fazer pesquisa sem o en-volvimento dos alunos de graduação, co-menta a pró-reitora. Os líderes das linhas

de pesquisa não conseguem fazer tudo sozinhos; por isso, precisam de alunos para algumas etapas do processo. Só as-sim um líder consegue demonstrar todo o seu potencial como pesquisador. Para os alunos, essa participação é fundamen-tal. A Iniciação Científi ca é um processo extremamente tutorial: o estudante con-vive com o pesquisador, comportando--se realmente como aprendiz. Observa procedimentos, absorve ensinamentos adquiridos no dia a dia, participando da pesquisa na prática e se preparando para ser ele próprio um pesquisador no futuro.

Importância socialA pesquisa na área médica é especial-mente importante pelo impacto social. É nas universidades e nos grandes insti-tutos que o conhecimento vai sendo ge-rado e, consequentemente, vai trazendo avanços a serem aplicados em prol de pacientes. Daniela Veiga ressalta que a pesquisa clínica é o tipo mais executa-do na Univás, por conta da qualidade do hospital-escola, que funciona como um grande laboratório.

Daniela ressalta que “os alunos têm a oportunidade de conviver com os pa-cientes junto com seus orientadores. No desenrolar da pesquisa, eles aproveitam para desenvolver o contato médico-pa-ciente, aprendem a lidar com o sujeito da pesquisa. Isso ajuda muito na relação que o aluno vai ter depois, como profi s-sional, com seus próprios pacientes. Ten-do contato com o método científi co, ele aprende a analisar de forma mais crítica o que lê, a selecionar o que aprende. O aluno ganha muito em fazer iniciação cientifi ca”.Na Univás, o incentivo à pesquisa não é voltado apenas aos alunos, mas também, na mesma proporção, aos professores. Eles podem, inclusive, receber até quin-ze horas semanais a título de incentivo à pesquisa, nos casos de orientação de Iniciação Científi ca ou de pós-graduação strictu sensu. Quando o professor adere a esse progra-ma, ele assume o compromisso de publi-car os trabalhos desenvolvidos. Daniela explica como funciona a parceria de pes-quisadores professores e pesquisadores alunos: “Na pesquisa, os professores vão trabalhar junto com os alunos, visando geração de conhecimentos que são no-vos para eles mesmos. Os professores precisam dominar o método científi co e utilizar-se dele para produzir um novo saber. Esse domínio é obtido por inter-médio dos títulos de strictu sensu, par-ticularmente do doutorado. O mestrado é voltado à formação de professores; o doutorado, à de pesquisadores”.Para que uma pesquisa realmente con-tribua para o avanço do conhecimento, é fundamental que ela seja publicada,

O começo do caminho Univás incentiva alunos e

professores a pesquisarPró-reitora de pós-graduação e pesquisa esclarece os caminhos da pesquisa na Universidade.

“A universidade é uma incubadora de conhecimento, que deve ser transferido depois para a sociedade.” [Daniela Veiga, Pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Univás.]

ESTUDANTE DE Medicina

por izabella campos ocáriz

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para que um número maior de pessoas possa ter acesso a ela. Daniela esclarece que isso deve ser feito mesmo quando as conclusões não são as esperadas: “Se os

resultados são negativos, o pesquisador deve publicar seu trabalho, para que ou-tros evitem seguir os mesmos caminhos; se isso não for feito, o conhecimento não

avança”. Portanto: trabalho não publicado é tra-balho desperdiçado.

Laboratório de Bioquimica do Inatel.

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A Medicina não para de progredir. Com isso, surgem novas tecnologias em áreas distantes, que acabam por desempenhar um trabalho paralelo à área médica. Cur-sos criados recentemente ajudam no de-senvolvimento e progresso tecnológico em busca de inovação e melhorias para a saúde. Destacam-se a Biomedicina e a Engenharia Biomédica.

BiomedicinaOs primeiros cursos de Biomedicina foram regulamentados em 1979. A Bio-medicina é responsável pelo estudo das doenças humanas. Está voltada para pesquisa, coleta de dados e aumento da qualidade de vida da população, por meio de formas eficientes de prevenção e exames clínicos mais eficazes. São diversas as áreas de especialização. Os biomédicos especialistas em Biofísica, Imaginologia ou Radiologia trabalham em clínicas, hospitais ou centros de diag-nóstico por imagem, tendo a função de preparar o paciente, elaborar o plano de irradiação, gerenciar bancos de imagens, programar e operar equipamentos de res-sonância magnética, tomografia computa-dorizada, Medicina nuclear e radioterapia.

Para quem se interessa pela Biomedicina, a Universidade de São Paulo (USP) ofe-rece o curso na cidade de Ribeirão Preto e a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), na cidade de Botucatu.

Engenharia BiomédicaOutra área que auxilia no desenvolvi-mento tecnológico em prol da saúde é o curso de Engenharia Biomédica do Instituto Nacional de Telecomunica-ções (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí, no Estado de Minas Gerais. Fundado em 1965, o Inatel é um centro de excelência em ensino e pesquisa na área de Enge-nharia. É uma Instituição de ensino priva-da, de caráter beneficente, mantida pela Fundação Instituto Nacional de Teleco-municações.O Inatel oferece o curso de graduação

em Engenharia Biomédica, que possi-bilita o desenvolvimento de vários tipos de equipamento, desde os mais simples como o eletrocardiógrafo, até aqueles que apresentam alto grau de complexi-dade, como o que realiza a ressonância magnética. De um total de sete institui-ções de ensino, o Inatel é o único a ofe-recer o curso de Engenharia Biomédica na região.De acordo com o coordenador da pós-graduação em Engenharia Biomé-dica e Clínica do Inatel, professor Marco Túlio Perlato, o mercado de engenha-ria biomédica está em expansão e com grandes oportunidades de trabalho, tendo em vista a constante necessidade de inovação e gerenciamento da tecno-logia na área médica. “O Brasil possui atualmente cerca de 6.800 hospitais e somente 400 destes estabelecimentos possuem um responsável pelo gerencia-mento da tecnologia médica. Em face desta necessidade e da vocação tecno-lógica do Inatel, o curso de Engenharia Biomédica desenvolveu-se de forma na-tural para suprir a demanda de merca-do”, afirma o professor Perlato.Com duração de cinco anos, o curso tem

Medicina ganha aliados nabusca por melhorias na saúdeCursos com conhecimentos paralelos à área médica auxiliam no progresso tecnológico em prol da saúde.

O começo do caminho

Cursos criados recentemente ajudam no desenvolvimento e progresso tecnológico em busca de inovação e melhorias para a saúde.

ESTUDANTE DE Medicina

por leidiana palma

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como objetivo formar engenheiro bio-médico com competências e habilidades para analisar, projetar e operar sistemas de diagnóstico e de suporte à vida, in-cluindo hardware e software. O profes-sor Perlato lembra que o Inatel oferece o curso de Engenharia Biomédica em duas modalidades: graduação (cinco anos) e pós-graduação (dois anos). “Os alunos interessados neste curso normalmente possuem uma vocação multidisciplinar nas áreas das ciências exatas e biológi-cas”, diz.O engenheiro biomédico pode trabalhar

em hospitais e clínicas, ou ainda atuar como professor na área de Engenharia Biomédica e engenharias em geral. A pesquisa é outro campo que pode ser explorado por esse profissional, buscan-do novos conceitos, novas técnicas e novos materiais aplicáveis para área da saúde.

DiferençasO professor Perlato indica algumas dife-renças entre os dois cursos. Enquanto no curso de Engenharia Biomédica o aluno aplica o conhecimento de diversas áreas

com o intuito de solucionar problemas, tais como o desenvolvimento de novos equipamentos médicos, no curso de Biomedicina os alunos trabalham direta-mente com Análises Clínicas (realização de exames laboratoriais), além de desen-volver pesquisas sobre doenças huma-nas, com o intuito de encontrar causa, prevenção, diagnóstico e tratamento.

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O médico ortopedistaOsmar Camargo se orgulha em fazer parte de uma família de médicos apaixonados.

A família de Osmar Camargo é privilegiada por ter um grande número de médicos. Ele foi beneficiado por essa realidade ainda na infância. Ao nascer prematuro, contou com a ajuda da tia pediatra, que possibilitou um desenvolvimento sadio, em uma época (há 70 anos) em que a taxa de mortalidade infantil era alta.Foi o amor e o entusiasmo que seus familiares tinham pela Medicina que o impulsionaram a ingressar no curso na Santa Casa de São Paulo, há quase 50 anos. “Minha tia era tão apaixonada pela profissão, que tinha vergonha de cobrar consulta. Atendia muitos pacientes de graça e cuidou de mim com muita dedicação. Sempre vi a felicidade dela e de outros parentes e, com certeza, fui influenciado por eles”, conta.Camargo até pensou em pediatria e chegou a se envolver na área, mas no último ano de faculdade percebeu que seu perfil mais dinâmico e esportista pendia para a ortopedia. Foi onde seguiu carreira. Atualmente, além de atuar em seu próprio consultório, é coordenador dos cursos de graduação da Santa Casa, onde também já foi diretor do curso de Medicina e professor. “Ver meus alunos tendo sucesso na área que escolheram me traz uma satisfação enorme”, diz.Outra alegria é acompanhar o crescimento profissional da família. Hoje, já são 20 médicos, entre os quais estão a esposa pediatra, o filho anestesista e a nora dermatologista. “Se formos para além das paredes da minha casa, temos na família quase todas as especialidades da Medicina”, acrescenta.Ele acredita que todas as gerações têm sido influenciadas pelos casos de sucesso. “Ninguém foi forçado a seguir a carreira. Os jovens viram em nós o prazer que temos no que fazemos e descobriram ter vocação”.Segundo ele, esse convívio pode facilitar o início da carreira, mas não é o suficiente. “Ter médico na família não vai significar muito se a pessoa não se esforçar, buscar capacitação constante e conquistar seu próprio espaço”, ressalta.O doutor afirma que é valioso dar bom exemplo. “Médico dedicado é exemplo para a sociedade. Isso é fundamental; é o que vi em casa, é o que sempre busquei na minha carreira e é o conselho que dou para quem deseja ingressar”, finaliza.

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Enfim,o futuro

A PROFISSÃO MÉDICA

Quando chega ao curso superior, o estudante pode

até imaginar que o pior já passou. Mas ele logo

aprende que isso é apenas uma impressão. Leia

nas próximas páginas o quanto a vida acadêmica

pode ser fascinante ... e complicada ...

• Diretórios acadêmicos incentivam participação

ativa de estudantes

• O estágio na visão de um aluno de Medicina

• Residência médica do HCSL é parte do

processo seletivo unificado

• Ensino e pesquisa: duas faces da mesma moeda

• Univás incentiva alunos e professores a pesquisar

• Medicina ganha aliados na busca por melhorias na saúde

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Para um médico recém-formado, gostar de determinada área é de suma impor-tância no momento de decidir o caminho a seguir dali para a frente. Outra questão que não pode ser esquecida é a verifica-ção das tendências do mercado de tra-balho. Mas uma coisa é certa: a escolha da especialidade ganha força na residên-cia médica.A residência é uma espécie de pós-gra-duação que o aluno de Medicina deve co-meçar assim que terminar a faculdade. O objetivo é chegar ao título de especialis-ta. Por isso, as aulas são muito mais práti-cas do que teóricas. Nelas, os residentes treinam e aprendem no contato direto com os pacientes dentro do hospital. Da faculdade de Medicina, o acadêmico sai médico generalista; depois de longos seis anos de curso, a residência conduz à especialização – período que deve ser levado em conta pelo universitário.Para ingressar na residência médica, é necessário estudar todos os dias. A prova é dividida em diversas áreas de conhecimento, incluindo Saúde Coletiva e Cirurgia, que são requisitos básicos e compõem a nota final. Portanto, é reco-mendável que, no ano do concurso para residência médica, o universitário preste atenção nas datas e horários das provas, assim como inscrições e outras particu-

laridades, para garantir sua entrada. Ge-ralmente, as universidades públicas e os hospitais públicos formam especialistas e ainda oferecem uma bolsa no valor mé-dio de R$ 2.000,00.O Dr. Paulo Salin Vasconcelos, médico ortopedista gestor do Serviço de Orto-pedia e Traumatologia do Hospital Santa Cruz de São Paulo e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Pé, conta: “Escolhi a ortopedia porque consi-go propiciar uma mobilidade muito pre-coce em meus pacientes que sofreram fraturas múltiplas ou doenças degenera-tivas. É uma especialidade muito abran-gente e dinâmica, na qual nos depara-mos com novas técnicas de tratamento e tecnologias de materiais com maior durabilidade e melhor performance bio-mecânica”.

Para Flavio Henrique de Rezende Costa, mestre em neurologia pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mer-cado de Medicina está muito aquecido e existe demanda para todas as áreas. “Há uma estimativa de que, no Brasil, existam cerca de 350 mil médicos, sendo que de-veriam existir, no mínimo, 500 mil”, afir-ma. O déficit pode ser verificado princi-palmente na área de assistência básica, como nas unidades básicas de saúde e nos programas de saúde da família, em cidades do interior e nas periferias das metrópoles. Médicos especializados em emergência, terapia intensiva e especia-lidades cirúrgicas de alta complexidade também estão em falta no mercado, segundo Costa. Deve-se levar em conta ainda que o grande empregador é o se-tor público. Para seguir carreira, no entanto, é neces-sário ter paciência, entre outras virtudes. “A graduação sozinha não é suficiente. É um projeto de longo prazo, de nove a onze anos, para se tornar um médico especialista”, afirma o Dr. Flavio Costa. O neurologista lembra também que a pro-fissão exige uma grande capacidade de lidar com pressão: “Tem de ter vocação, porque é uma carreira desgastante”. Para ele, o estudante também tem de desen-volver os aspectos humanistas, como so-lidariedade e vontade de ajudar.

Como escolher a especialização certaDepois de longos anos de curso, ainda falta ao médico recém-formado o caminho da especialização.

Enfim,o futuro

A PROFISSÃO MÉDICA

“Apenas a graduação não é suficiente. Tornar-se um médico especialista é um projeto de longo prazo.” [Dr. Flavio Henrique de Rezende Costa, mestre de neurologia pela UFRJ.]

por Juliana miranda

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O estudo e a reflexão sobre a ética estão inseridas no currículo de Medicina por meio da disciplina Bioética. Ministrada na maioria dos cursos de graduação, poucas áreas de conhecimento humano necessi-tam tanto dessa prática, como a Medicina. A Bioética surgiu em 1971, com a publi-cação de uma obra do médico oncolo-gista Van Rensselaer Potter, que serve de referência histórica sobre o assunto. Nos últimos anos, tem recebido maior impor-tância devido aos novos desafios que os profissionais da área médica enfrentam todos os dias. Atualmente, a Bioética tem sido evidenciada como a ciência que compreende a realidade e antecipa as novas questões na saúde. As universidades têm a preocupação de formar cidadãos que, além do conheci-mento específico, possam saber se rela-cionar, respeitar a sociedade e conhecer seus direitos e deveres. Não poderia ser diferente com a Universidade do Vale do Sapucaí (Univás). A Instituição conta com dois professores de Bioética, Carlos de Barros Laraia e Antônio Homero Ro-cha de Toledo.

Uma questão de responsabilidadeAntes mesmo de ser obrigatória a in-clusão da disciplina na grade curricular, a Univás se adiantou, tornando-se a se-gunda universidade do Estado a imple-mentá-la, ficando atrás apenas da Uni-versidade de Montes Claros. O professor Carlos Laraia acredita que a disciplina deveria ser integrada no decorrer dos seis anos de curso, em função de sua im-portância para a formação profissional.

As preocupações com a ética médica existem há mais de dois mil anos, mas continuam bastante atuais. Para o pro-fessor Laraia, não se pode fazer Medicina sem preceitos éticos, que formam a base da relação médica com os pacientes. “A Bioética é pluralista, é multi e transdis-ciplinar, admite soluções diferentes e o respeito às opiniões contrárias. Diferente do Código de Ética da Medicina, que é impositivo e normativo, a Bioética é mais reflexiva, ensinando a apreciar e respeitar diferentes pontos de vista, mesmo que dis-cordantes”.

Ligada à filosofia, a Bioética leva em con-ta a responsabilidade moral dos cien-tistas em suas pesquisas e práticas. Ela estuda as ciências da vida e da saúde e visa administrar os conflitos e controvér-sias morais gerados pelos avanços e pela aplicação da Medicina e da biologia. O tema é tão complexo e importante, que o Conselho Federal de Medicina criou a Revista Bioética, com o objetivo de fo-mentar a discussão de temas da bioética e da ética médica.Diferente da Ética teórica, a Bioética se preocupa com a forma dos conceitos e dos argumentos éticos, buscando resolver

conflitos concretos. Por meio do conheci-mento biológico e dos valores humanos, a Bioética é responsável por debates polê-micos, nos quais não existe consenso mo-ral, como a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgênicos e as pesquisas com células-tronco.

Ética para profissionais e estudantesImportante para a conduta e o compor-tamento do profissional perante a so-ciedade, o Código de Ética da Medicina contém normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da função ou car-go que ocupem. Produzido durante a 1ª Conferência Nacional de Ética Médica em 1987, o código fez parte do processo de redemocratização que transformou as relações sociais brasileiras no fim da década de 1980.Mas as normas éticas não são válidas apenas para os graduados. Existe tam-bém o Código de Ética do Estudante de Medicina. São normas adaptadas do Código de Ética Médica que indicam aos acadêmicos o caminho a ser seguido para obter a realização pessoal, o suces-so profissional e o apreço da sociedade. Por meio do Código do Estudante, são definidos os direitos, os deveres e as re-gras de relacionamento com o paciente, a profissão, os professores, os orientado-res e os colegas. Os Códigos de Ética podem ser pesqui-sados no site do Conselho Federal de Medicina, no portal cfm.org.br.

Medicina e ética andam juntas na orientação profisisonalA Medicina é uma área que necessita de vasta reflexão em torno da ética por lidar diretamente com a sociedade.

“A Bioética é pluralista, é multi e transdisciplinar, admite soluções diferentes e o respeito às opiniões contrárias.” [Dr. Carlos Laraia, professor de Bioética da Univás]

Professor Carlos de Barros Laraia ministra a disciplina de Bioética há

mais de 18 anos na Univás

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Por meio dos órgãos representativos, os profissionais de Medicina ficam bem am-parados quando se trata de seus deveres e direitos. Os Conselhos, Cooperativas e Associações auxiliam na prática da ativi-dade. Com o avanço tecnológico e várias mudanças na categoria médica, nos últi-mos anos, as atribuições e as ações des-ses órgãos se ampliaram, indo além da aplicação do Código de Ética Médica e da normatização da prática profissional.Em Minas Gerais, são várias as entidades ligadas à classe médica: Associação Mé-dica de Minas Gerais (AMMG), Conselho Regional de Medicina-MG (CRM-MG), Cooperativa de Cultura e Editora Médi-ca (COOPMED), Federação Nacional das Cooperativas Médicas (FENCOM), Sindi-cato dos Médicos de MG (SINMED-MG), entre outras.

Conselho Federal de MedicinaCriado em 1951, o Conselho Federal de Medicina (CFM) possui atribuições cons-titucionais de fiscalização e normatiza-ção da prática médica. Sua competência inicial reduzia-se ao registro profissional do médico e à aplicação de sanções do

Código de Ética Médica. Atualmente, o Conselho Federal de Medicina exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde da população e dos interesses da classe médica.

O CFM se esforça em defender os inte-resses corporativos dos médicos, a boa prática médica, o exercício profissio-nal ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da Medicina consiste na garantia de serviços médicos de qualidade para a população.Além de zelar pelo desempenho ético da Medicina e pelo bom conceito da profis-são, o CFM organiza uma série de ativi-dades e presta alguns serviços aos médi-cos e à sociedade brasileira.

Conselho Regional de MedicinaAssim como o CFM, O Conselho Re-gional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) também se preocupa com a boa prática médica e atua em be-nefício da sociedade, na supervisão da ética profissional, por meio de ações re-gulamentadoras, educacionais, fiscaliza-doras e políticas.Para descentralizar os serviços prestados pela CRM-MG, foram criadas Delegacias Regionais, que aproximam o médico mi-neiro de suas atividades administrativas, de fiscalização e de promoção ética. Em Pouso Alegre, a Delegacia Regional fica situada na Avenida Alberto de Barros Cobra, 550, Bairro Nova Pouso Alegre, sob a coordenação do Delegado Efetivo, Cons. Mário Benedito Costa Magalhães, e do Delegado Adjunto, Dr. Artur Nasci-mento Silva Neto.Para ter mais informações sobre esses órgãos e outras entidades ligadas à área médica, consulte a Revista Médica de Mi-nas Gerais, um veículo oficial de difusão de informação científica em ciências da saúde dos órgãos de classe, escolas e cooperati-vas médicas de Minas Gerais.

Conheça os órgãos representativos da classe médicaO órgãos de representatividade zelam pelo desempenho ético da Medicina e pelos serviços médicos de qualidade prestados à população.

Nos últimos anos, as atribuições e as ações desses órgãos se ampliaram, indo além da aplicação do Código de Ética Médica e da normatização da prática profissional.

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Apontado como uma das grandes maze-las sociais do País, o sistema público de saúde é alvo de muitas críticas. Segun-do especialistas, falta criar uma cultura de ações preventivas para desafogar unidades de atendimento emergencial, como acontece com o Pronto Socorro do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), em Pouso Alegre, que atende a uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas da região sul-mineira.Curiosamente, os usuários do sistema costumam emitir opiniões favoráveis. A edição de 2011 do Sistema de Indicado-res de Percepção Social (SIPS), publica-do pelo Instituto de Pesquis as Econômi-cas Aplicadas (IPEA), revela que, entre aqueles que tiveram alguma experiência com os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) nos doze meses anteriores à publicação, a proporção de opiniões favoráveis (bom ou muito bom) foi de 30,4%. Entre aqueles que não são usuá-rios do sistema, apenas 19,2% teve o mes-mo julgamento. Além disso, a proporção de opiniões de que os serviços presta-dos pelo SUS são ruins ou muito ruins foi maior entre os entrevistados que não tiveram experiência com nenhum desses serviços (34,3%), em comparação com aqueles que tiveram (27,6%).

Situação na regiãoEm Pouso Alegre, vigora uma percepção semelhante do SUS. Quanto mais próxi-mos do atendimento público, melhor a avaliação dos moradores acerca do ser-viço. Alguns especialistas apontam para a ne-cessidade de que os usuários do Sistema tenham uma gama maior de informação a respeito de seus serviços. No entanto, Maria Augusta Assirati, do Departamen-to de Ouvidoria Geral do SUS, ressalta:

“Muitas vezes, impossibilidade de fruição do serviço ocorre por falta de informa-ção sobre a forma adequada de acesso. Por isso, estruturas mediadoras de con-flitos ou de acesso a serviços alcançam resultados muito positivos, com base em ações que orientem os cidadãos sobre as formas adequadas de atenção à saú-de. Nessa perspectiva, são fundamentais também as ações de comunicação, edu-cação e informação”.

Para a Secretária de Saúde de Pouso Alegre, professora Rosa Maria do Nas-cimento, que também é vice-diretora da Unidade Central da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), quanto mais os mo-radores se conscientizarem de seus di-reitos, mais acesso terão aos serviços e mais contribuirão para sua melhoria. “O Sistema Único de Saúde foi criado para universalizar o acesso à saúde, mas tam-bém prevê a participação da comunida-de, o que ocorre, por exemplo, através das Conferências de Saúde. Mas o que se percebe é que a participação ainda é pequena e o interesse das pessoas só é maior quando a doença bate à porta”, avalia a professora.

Importância do atendimento primárioEnfermeira especialista em Saúde Públi-

ca, Rosa Maria assumiu a Secretaria de Saúde em janeiro deste ano. Está deci-dida a concentrar seus esforços em três pontos que considera cruciais no atendi-mento aos usuários do sistema de saú-de municipal: as consultas médicas, o encaminhamento para exames e a libe-ração de medicamentos. Com essa estra-tégia, ela tenta reduzir a pressão sobre os pronto-atendimentos do Hospital das Clínicas Samuel Libânio e do bairro São João. “A grande questão é fortalecer a atenção primária, isto é, reduzir o núme-ro de pessoas que adoecem pela demora em conseguir tratamento”, explica.Um dos caminhos sugeridos pela secre-tária é aumentar o número de equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Outras duas equipes se somarão às 21 hoje existentes. Com elas, será possível levar tratamento preventivo e acompa-nhamento constante a mais 8 mil resi-dências na cidade. A diretora da Secre-taria Municipal de Saúde, Inês Ribeiro, conta que esse atendimento primário prestado pelas equipes de ESF acaba desafogando as unidades de saúde vol-tadas para o atendimento de emergência e ajuda a prevenir doenças mais graves. “O atendimento primário é a arma mais eficaz na prevenção de doenças diver-sas; as equipes do ESF cumprem bem esse papel”, avalia.A aposta parece ser boa. De acordo com o estudo do SIPS, o atendimento pela Equipe de Saúde da Família (80,7% das respostas) ao lado da distribuição gra-tuita de medicamentos (69,6%) são os serviços mais bem avaliados. O principal ponto positivo do SUS, de acordo com a percepção dos entrevistados, é o acesso gratuito aos serviços de saúde prestados pelo sistema (52,7%), seguido, nesta or-dem, pelo atendimento universal (48,0%)

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A situação da saúde pública em Pouso AlegrePolíticas públicas de saúde representam pontos de preocupação para administradores e para os que precisam se utilizar dos sistemas.

“A grande questão é fortalecer a atenção primária, isto é, reduzir o número de pessoas que adoecem pela demora em conseguir tratamento.” [Rosa Maria do Nascimento, especialista em saúde pública]

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e pela distribuição gratuita de medica-mentos (32,8%). A Atenção Primária à Saúde (APS) em Pouso Alegre está na linha de frente das ações de prevenção e cuidado com a saúde das famílias. Estimulado por inves-timentos e pela organização pragmática da Secretária de Saúde, o sistema con-ta com 21 equipes da Estratégia Saúde da Família, sendo 3 rurais e 18 urbanas; 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS), divididas em rurais e urbanas, sendo a maioria mista, isto é, atendendo no mes-mo local da ESF; e 28 consultórios odon-tológicos, divididos também em rurais e urbanos (esses não fazem parte da ESF e localizam-se, em sua maioria, nas UBS).A frente de atendimento primário conta

ainda com as farmácias comunitárias, implantadas para descentralizar a distri-buição de medicamentos. Quatro unida-des foram implantadas nos bairros São João, Faisqueira, São Geraldo e Centro. Um Centro de Abastecimento Farma-cêutico também foi criado para acon-dicionar o estoque de medicamentos e racionalizar sua distribuição.Para o ex-presidente do Conselho Nacio-nal de Saúde, Francisco Batista Júnior, é preciso criar uma cultura de cuidados preventivos. “Quando o SUS foi criado, e eu participei desse debate, ficou claro que, para o Sistema ter êxito, era fun-damental que tivesse uma gestão pro-fissional e que seguisse um modelo de atenção à saúde e não um voltado para

tratar a doença. Nós temos um sistema de vacinação que é exemplo para todo o mundo, é verdade, mas ainda sofremos muito com a falta de prevenção”. De acordo com o conselheiro, a popula-ção brasileira, de maneira geral, continua achando que saúde é ser atendido num pronto-atendimento por um médico quando houver uma doença. O pouco destaque ocupado pela Medicina pre-ventiva gera um quadro em que o aten-dimento médico só ocorre em último caso. A inversão afeta o paciente, pro-fissionais da saúde e todo o sistema. “As pessoas só sabem que estão com essas doenças quando tem uma crise grave. Então, esse não é o modelo que o SUS preconiza”, considera.

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Houve um tempo em que as famílias tra-dicionais e numerosas tinham um mé-dico conhecido, responsável por cuidar da saúde de todos os seus integrantes. O médico visitava os pacientes em casa, ouvia suas queixas, medicava e fazia as recomendações necessárias. Ele sabia de todos os problemas de saúde de cada um. Era mais que um médico, era um amigo, alguém próximo que conhecia a rotina e o contexto em que estava inse-rido o grupo de familiares. Vale ressaltar que ter um médico de família era privilé-gio de poucos.Essa tradição foi se perdendo ao longo das décadas, bem como as cidades pa-catas, pano de fundo dessa prática, fo-ram deixando de ser tranquilas. Naquele tempo o honorário recebido por um mé-dico era suficiente para ter uma vida con-fortável, sem precisar de três ou quatro empregos. Com o crescimento populacional, práti-cas como as visitas domésticas, o conhe-cimento profundo dos casos e amizade entre médicos e pacientes se tornaram escassos. O profissional passou a atender um grande número de pacientes em seu próprio consultório. O médico passou a se preocupar em atender com eficiência a comunidade, buscando cada vez mais conhecimento e melhor infraestrutura. Outros fatores que influenciaram no de-saparecimento desse costume foram os

avanços tecnológicos e as regulamen-tações profissionais, que modificaram o exercício da atividade médica. A neces-sidade de um espaço para alojar todos os equipamentos tecnológicos em bus-ca de diagnósticos e tratamentos cada vez mais eficazes tornou a relação ainda mais distante.

Resquícios Hoje, o que se tem de mais próximo des-te cenário é o Programa Saúde da Família (PSF), criado pelo Governo Federal em 1999 para incrementar a atenção básica às famílias. Esse atendimento é consti-tuído de um conjunto de ações que visa à proteção e manutenção da saúde, à prevenção de agravos, ao diagnóstico, ao tratamento e a reabilitação. Diferen-temente do modelo assistencial vigente, em que predomina o atendimento emer-gencial, para o PSF a família passa a ser o objeto de atenção no ambiente em que vive, permitindo uma compreensão am-pla da situação.

Embora a saúde pública precise de me-lhoras, pode-se dizer que hoje a assistên-cia médica é mais democrática. Desde que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi implantado, em 1988, houve uma me-lhora significativa na prevenção e trata-mento de doenças. Hoje, quase 100% das crianças são vacinadas e a mortalidade causada por males como o de Chagas, esquistossomose, diarreia infantil e có-lera, por exemplo, reduziu significativa-mente.Mesmo com o desaparecimento do médico da família, e a mudança no re-lacionamento entre o profissional e o paciente, a atenção e os cuidados com essas pessoas são fatores em evidência na Medicina. No Brasil, existe a especialização em Medicina da Família, que forma profis-sionais capacitados a cuidar da saúde da população com base na análise física, psicológica e do contexto social em que está inserido o paciente, podendo, a par-tir daí, não só diagnosticar e tratar, mas também prevenir doenças.Como se sabe, muito há a fazer na área da saúde. É grande a nostalgia em lem-brar o médico de família e o tratamento mais individualizado e humanizado que se prestava. Mas não se pode negar que a Medicina e o conhecimento sobre a saúde têm avançado, melhorando a qua-lidade de vida dos brasileiros.

Médico da família: ontem e hojeA instituição do médico da família já foi uma tradição, mas foi aos poucos perdendo força.

No Brasil, existe a especialização em Medicina da Família, que forma profissionais capacitados a cuidar da saúde da população.

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Métodos tradicionais nem sempre resol-vem. Há correntes dentro da Medicina que, embora sejam consideradas práticas mé-dicas, são pouco difundidas pela própria classe, havendo mesmo quem não as con-sidere algo efetivo ou necessário.A homeopatia e a acupuntura são duas correntes médicas que provocam opi-niões divergentes.

AcupunturaA acupuntura é uma Medicina oriental milenar. Portanto, a própria história des-creve seus méritos. Como atividade mé-dica, foi aceita e reconhecida pelo Con-selho Federal de Medicina e hoje existem centros formadores de residentes nesta especialidade. A Organização Mundial da Saúde (OMC) catalogou mais de cem doenças em que a acupuntura tem uma resposta direta, chegando, em alguns casos, a funcionar como tratamento principal. Em disfun-ções musculares e esqueléticas, a acu-puntura atua de maneira a evitar trata-mentos mais drásticos, com medicações fortes e até cirurgias.

Médico de renome em São Paulo, Ale-xandre Feldman associa a prática da acupuntura com medicação e boa ali-mentação para curar a enxaqueca. Os re-latos de resultados positivos são muitos – e os questionamentos médicos sobre o assunto também.

A empregada doméstica Tatiana Alves, de 32 anos, dá seu testemunho: “Já ouvi muitas vezes que a enxaqueca não tem cura. Mas eu sarei com esse tratamento. Tinha dores diárias, de precisar me tran-car em um quarto escuro. Cheguei a ter crises de vômitos, de tanta enxaqueca. Mudei a alimentação, fiz uma série de dez sessões de acupuntura e associei um remédio para as crises do inicio do trata-mento. Em 45 dias não precisei mais do remédio e faz dez anos que não tenho crises de enxaqueca”.

HomeopatiaQuando o assunto é homeopatia, as opiniões também divergem. Há médi-cos que se formam nessa especialidade, mas muitos profissionais não relutam em aceitá-la.Quem testou garante que dá certo. “Seja para tratamento de coluna ou alergias, tive um grande sucesso ao associar os remédios homeopáticos no meu dia a dia. Por isso recomendo”, diz a professo-ra Zezinha Nunes.A polêmica é tanta que a homeopatia chegou ao Brasil em 1840 e apenas em 1980 é que o Conselho Federal de Me-dicina reconheceu-a como especialidade médica. O médico homeopata e pediatra Yechiel Moises Chencinski acredita que é preciso tratar o indivíduo como um todo, e não apenas a doença de forma isolada: “Por isso, toda primeira consulta aborda uma série de sintomas e perguntas mais abrangentes do que a consulta de um médico comum, como, por exemplo, so-bre a alimentação do paciente e a prática de atividade física. Porque dessa forma é mais fácil direcionar o tratamento que combina sintomas físicos e afetivos”.O Dr. Yechiel complementa: “Não gosto de pensar na homeopatia como terapia alternativa. Esse conceito transmite a ideia de que você procurou tratamento em outras práticas e depois que nada deu certo restou uma opção alternativa, que é a homeopatia. Por isso, costumo dizer que a homeopatia é uma alternati-va terapêutica. O paciente pode escolher a sua forma de tratamento em igualdade de condições, seja um homeopata, um alopata ou um acupunturista. Todos com suas abrangências e limitações”.Ele acredita que a Medicina de que pre-cisamos trabalharia apenas com a pro-moção da saúde, com a prevenção e não com a busca de remédios para curar. E acrescenta: “Eu gosto da filosofia da ho-meopatia, da busca pelo equilíbrio do ser humano. A Medicina faz parte desse pacote e oferece essas diversas opções”.

Novas correntes da Medicina mostram resultados positivosA acupuntura e a homeopatia não representam nenhuma novidade. Mas ainda enfrentam muita resistência entre os profissionais da área médica.

Os relatos de resultados positivos são muitos – e os questionamentos médicos sobre o assunto também.

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Muitas pesquisas de ponta estão sendo desenvolvidas hoje em dia no campo da Medicina. “As pesquisas envolvendo tec-nologias moleculares, e suas diferentes vertentes, a biotecnologia, o desenvolvi-mento de pesquisas em imagem, a robó-tica e a tecnologia de informação tem re-volucionado a Medicina”, diz a pró-reitora de Pesquisa da Unesp, Maria José Soares Mendes Giannini. Campos de pesquisa intensa compreen-dem a farmacogenômica, os tratamentos individualizados, a terapia celular, o uso da nanotecnologia em vários campos, aplica-ção da bioinformática e, como resultado desses avanços, a Medicina personaliza-da. “As pesquisas também têm avançado em relação a cirurgias com invasão míni-ma, com sistemas de navegação inovado-res, imagens moleculares, próteses inteli-gentes, vasos cardíacos artificiais e até o desenvolvimento de camas inteligentes”, completa a pró-reitora.Os resultados significativos no campo da genômica, por exemplo, e, mais recente-mente, do microbioma, conduzem a im-portantes mudanças em diferentes áreas. “Os conhecimentos dos perfis genéticos, incluindo sequências do genoma e os en-tendimentos de modificações epigené-ticas, além do conhecimento de expres-são de pequenos RNAs e modificações químicas de proteínas, têm contribuído com aspectos importantes para o maior conhecimento de diferentes patologias”, explica a professora Maria José.

Novidades na genéticaAvanços importantes ocorreram também em outros segmentos da genética: a cito-genética, a genética bioquímica e a gené-tica molecular. Os novos conhecimentos criam perspectivas de tratamento para al-gumas doenças envolvendo informações hereditárias. Diagnósticos mais precisos, com biomar-cadores relevantes, devem ser usados em vários campos, como os das doenças crônicas e infecciosas. A pró-reitora es-clarece: “São empregados equipamentos

de diagnóstico de última geração, como a ressonância magnética funcional, a tomo-grafia computadorizada de multidetecto-res, o ecocardiograma tridimensional (3D) e o PET SCAN, que possibilitam o diag-nóstico de várias doenças, principalmente na oncologia”.Também a nanotecnologia tem ajudado em terapias com medicamentos nanoestrutu-rados e na miniaturização de determinados componentes, como marca-passos, pele humana artificial, vasos sanguíneos artifi-ciais e válvulas cardíacas renováveis.

As nanopartículas possibilitam novos registros de imagens moleculares para diagnósticos individuais. Os tratamentos contra câncer com nanopartículas mos-tram êxitos em estudos clínicos, bem como produtos como cateteres se tor-nam mais higiênicos com o revestimento de nanopartículas. Nanomateriais também auxiliam na pro-teção contra plágios, evitando a falsifica-ção de medicamentos com sistemas de marcação baseados em nanomateriais ou em materiais nanobiotecnológicos.Outra grande revolução diz respeito ao uso da tecnologia de informação não apenas empregada nas clínicas, mas tam-bém na assistência aos pacientes. Proce-dimentos menos invasivos, diagnósticos mais precisos e medicamentos modernos devem garantir uma melhor resposta ao tratamento.

Pesquisadores brasileirosMaria José afirma que as universidades brasileiras têm contribuído em vários ra-mos da Medicina. “Hoje competimos em

pé de igualdade com os países desen-volvidos; mas ainda temos muito a avan-çar, principalmente na pesquisa básica. À medida que as pesquisas avançam, os resultados ainda precisam ser validados por estudos clínicos mais duradouros e profundos, como no caso das terapias ce-lulares em várias áreas”. No ensino, o recente desenvolvimento da telemedicina, que acrescenta imagens à comunicação da voz e da escrita, permite a discussão de casos clínicos por telecon-ferências interativas, telediagnóstico por imagem e mesmo assistência médica in-tegral à distância. A experiência com o in-tercâmbio entre equipes mais experientes e outras em formação mostra que o em-prego rotineiro dessa prática despertará o interesse de jovens para, progressivamen-te, desenvolver centros autóctones. A Medicina de ponta deve incluir atividades integradas de ensino, assistência e pesqui-sa. A sistemática proposta poderia modifi-car essa tríade clássica para outra, incluindo ensino, assistência e desenvolvimento. “Assim, com a integração dos vários cam-pos, médicos tornam-se executivos, físi-cos trabalham em hospitais e engenheiros se envolvem nos estudos de Medicina”, conclui a pró-reitora da Unesp.

Renovação em áreas tradicionaisMesmo uma área tradicional, como a ge-riatria, tem crescido a passos largos, di-retamente proporcionais ao aumento da expectativa de vida. Outra área onde a Medicina tem atuado cada vez mais sis-tematicamente é a que focaliza a saúde do trabalhador, sempre visando ao bem estar físico pleno aliado a um aumento da produtividade. O médico Paulino Salin Vasconcelos, ortopedista gestor do Servi-ço de Ortopedia e Traumatologia do Hos-pital Santa Cruz de São Paulo, afirma: “A Medicina ocupacional vem desenvolven-do e aprimorando normas internacionais de melhorias na ergonomia do trabalho, ajudando na construção de leis e normas que possibilitam aliar saúde e atividade laboral”.

áreas de pesquisa médica cada dia mais em altaO desenvolvimento tecnológico cria novas áreas de atuação, recria algumas tradicionais e faz surgir um novo vocabulário médico.

O recente desenvolvimento da teleMedicina, que acrescenta imagens à comunicação da voz e da escrita, permite assistência médica integral à distância.

por Juliana miranda

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Apostar em uma carreira humanitária faz parte da escolha de alguns forman-dos em Medicina. O cardiologista infan-til Sérgio Cabral, de 44 anos, mestre em psicopedagogia, formado em 1994 pelo Instituto Superior de Ciências Médicas de Camagüey, em Cuba, escolheu esse caminho. Ele conta que sempre quis fazer um trabalho humanitário. Demorou para tomar coragem, mas, finalmente, um dia, aconteceu. “Após passar seis anos longe de minha família, estudando em Cuba, decidi voltar para o Brasil, em Bom Despacho, interior de Minas Ge-rais, e passar um tempo próximo de meus pais. Neste ínterim, fiz pediatria e cardiologia infantil e comecei a traba-lhar. Posteriormente, concluí o mestra-do em psicopedagogia porque estava lecionando numa universidade e queria me qualificar como professor. Eu ficava esperando o momento certo para fa-zer um trabalho humanitário. Em 2006, percebi que não havia o que esperar, porque as necessidades humanitárias estão em toda parte do mundo e o tem-po todo. Como sempre fui um defensor do serviço público de saúde, achei que fechar meu consultório particular e me

dedicar apenas à saúde pública fosse mais coerente de minha parte”.Sérgio Cabral pesquisou bastante so-bre ONGs médicas e, após fazer con-tato com várias delas, entrou para a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Fui recrutado em 2007 e, desde então,

trabalho exclusivamente para a ONG. Eu já fiz diversos tipos de atividades, trabalhei bastante em emergências, em projetos de longo prazo, em um escri-tório em Bruxelas e fiz coordenação, mas gosto muito de estar no campo, na ponta, junto ao paciente”.

Hoje, Sérgio atua visitando projetos que atendem crianças, pelo MSF. “Aju-do no diagnóstico do desenvolvimento desses projetos, para encontrar pontos que precisem ser melhorados, traçar novas estratégias e propostas, definir formas de implementação, estabelecer protocolos, dar treinamentos e escre-ver rotinas médicas”, explica.Ele garante que os ganhos são muitos. “Recebo amor, ganho um sorriso franco de uma mãe, compartilho a inocência de uma criança que me abraça no meio de uma catástrofe, ganho um obrigado sincero, olhares alegres e tristes que me falam milhões de coisas em meio ao si-lêncio da dor”.E ele conclui: “O trabalho humanitário é um trabalho árduo, de dedicação, de sofrimento, de conflitos internos, mas, ao mesmo tempo, gratificante, prazero-so e apaixonante. É a oportunidade de praticar o que acredito, de contribuir, de dar e receber algo da humanidade. É a oportunidade de continuar apaixona-do pela Medicina, de ver meu trabalho e o ser humano de um modo devotado. É aprender o verdadeiro valor de um sorriso num final de um dia de dores”, relata.

Médicos apostam no social e seguem carreira humanitáriaO interesse por problemas humanos pode levar médicos apaixonados pela profissão a lugares bem distantes do conforto de suas casas.

Enfim,o futuro

A PROFISSÃO MÉDICA

“O trabalho humanitário é um trabalho árduo, de dedicação, de sofrimento, de conflitos internos, mas, ao mesmo tempo, gratificante, prazeroso e apaixonante.” [Sérgio Cabral, participante da ONG Médicos Sem Fronteiras.]

por Juliana mirandaSérgio Cabral, participante da ONG Médicos Sem Fronteiras.

Foto: MSF

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Programas sociais como o MSF exi-gem, em média, dois anos de experiên-cia. “Tem uma frase que li em um livro, quando ainda era estudante de Medi-cina: ‘Nada assusta mais a um médico jovem que o desconhecimento’. Estar numa missão, falando uma língua es-trangeira, longe da família e dos ami-gos, trabalhando com limitações de vários recursos, com carga de trabalho grande, muitas vezes no limite profis-sional e emocional – tudo isso exige um mínimo de experiência, senão pode ser muito complicado”, adverte. Mesmo assim, Sérgio indicaria o tra-

balho humanitário para um recém-for-mado. “Acho que não existe profissão nem momento para ser humanitário. Todo mundo pode ser e em qualquer momento, mas que seja um trabalho adequado para cada pessoa, segundo sua experiência profissional e sua capa-cidade psicológica”.Vanessa Cardoso, psicóloga, de 38 anos, já participou de projetos de MSF na Palestina, no Sudão do Sul e na Lí-bia, e agora é responsável pelo recru-tamento de MSF-Brasil. Ela conta que a ONG, criada em 1971 por médicos e jornalistas, leva ajuda médica de emer-

gência a vítimas de conflitos armados, epidemias, desastres naturais e ex-clusão do acesso à saúde. O MSF tem também o compromisso de denunciar o sofrimento das pessoas atendidas e os obstáculos encontrados na tentativa de oferecer ajuda. Hoje, o MSF possui escritórios em 22 países, inclusive no Brasil, e projetos de ajuda médica em mais de 65 países. “Para realizar esse trabalho, temos mais de 30 mil profissionais de todo o mun-do que atuam nas áreas médica, logís-tica, administrativa, de finanças, de co-municação, entre outras. Nossas ações

Como funciona o MSF

Vanessa Cardoso, Psicóloga.

Agente médico de MSF realiza consulta numa

mulher sudanesa e seu filho em Ajakwac, na região de

Abyei, no Sudão.

Foto: Kate Geraghty

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O médico Guillaume Mazambi examina um paciente em uma ala pediátrica improvisada no hospital de Am Timan.

Foto: Yasmin Rabiyan/MSF

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são sempre regidas pela ética médica e pelos princípios de independência, neutralidade e imparcialidade”, conta Vanessa Cardoso.No momento, o MSF não tem proje-to no Brasil. “Mas estamos atentos às emergências e agimos sempre que avaliamos ser necessário. Nosso último projeto no Brasil ocorreu em Tabatinga (MA), onde durante três meses traba-

lhamos com haitianos que chegaram ao País pela fronteira com o Peru, para inseri-los no sistema de saúde brasilei-ro. Em 2011, oferecemos treinamento para os psicólogos que iriam trabalhar com as vítimas dos impactos causados pelos deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro. No ano anterior, fize-mos trabalho semelhante na ocasião da enchente de Alagoas”.

Os interessados em trabalhar no MSF devem entrar no site da organização, conhecer o processo seletivo, os perfis recrutados e responder às perguntas do Quiz para uma autoavaliação. O pro-cesso de recrutamento e seleção acon-tece ao longo do ano inteiro.

Mais informações pelo sitewww.msf.org.br

O agente médico Michael Kipsang segura Deng Ngor, de um ano e meio de idade, que foi diagnosticado com desnutrição severa aguda e graves complicações durante uma distribuição de alimentos. MSF internou o menino no centro de nutrição terapêutica de Agok.

Foto: Avril Benoit/MSF

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