12
"I ,, ) @ Omne tulit pnnctnm , qni miscuit ntile dnlci L cctorem delectando pariter (1 11c monendo. (l lor .) PU aLICA PEL A SOCIE DADE PRO PAG A DORA D'UTILIDADE E RECREIO. N.° 7. SEXTA FEIRA 10 DE A BHIL. 1840· AVISO. A Di recçam do J oven ypede a todos os seus a19igoantes que n11m tenham r ecebido a ten1po competente os seus jornul's de assim o fazerem cons- .tar no .Es criptorio da Redacçam Hua de S. Ber.to n.'' 1 O, ou pessoalmente, ou por carta francil, para se darem M prov idencias necessarias a fim de evitar hurua f: 1- ta , que a m esma Direcçam esre1 ·a lhe nam seja at- trlbuida e qu·e póde proceder da dest r ibu .- ç<im. Por eata occasiam, rogamos a to<los os Srs. Assi- g nantes das Províncias , ouj as ai.signaturas acab;im c om o numero 9, e que qtiizerem continuar, se si r vnm a tempo compe . tente 1enorn·las a lim de nam :.offrcrem d emora na sua entrega : devendo -o fazer d\l'ectamente ao Escriptorio da lleducçam, ou aos Srs., 110 Por to no Escriptorio da Seducçam do Athféta ltua de Santa Catbarina N. 2 1 l .- lJraga • em casa do nosso Correspondente . Joaquim Jor\ntuncs <la Silva Monteiro - -Ooimbra, loja de Li nos <le José - Monsão, Tbomnz Antonio fübeiro - Si· nes , José Maria RaJ>OSO - Castcllo·Dranco, Agos- tinho José Fer reira - Settibal, ho Celest ino Gomes , <}'Olivei ra - Sabtarcm, :F'ranci&eo Teles Sampaio '' l AOS SHS ASSIGN Al'i T ES. Hoje, que vamos no 1.0 1 v'' do Joven Natu- · ralista, e quando temos dado aos nossos assignantes tempo assaz para se . convencerem, de que, longe de faltarmos como tantos outros tem foito] ao, que prornettrmos em nosso prog ramma , antes o temos ampliado, como se da i·edaçam d'este n .• , vamos <lar conta dos ulteriores tentamento$ doi empresarios .do J. N. Quando ambicionámos para a sociedade o titulo de " Prepagndora de utilidade e r ecrei<>-,, demos a ver pela ampla ractidam do nosso programira, que o merecer ia, se accaso nam resultnsse d'ali algum " Monsparturiens ; po r em nam e1 ·a pelo compri mento de no;isas promessas, que n ós que ríam os que a sociedade mereces se tarn seductor ti t ulo, mas sim pelo programma, que vamos offerecer ao publico, e para o qual rogamos a ajuda de todos os amador es do lu:ninoso progr esso. PROGRAMMA. O Por tugal pi nturesco. e formulas de sua publici- J. Mappa geographico de catli1 província em par- ticular- sobre clima, proclucc;ões, titm- peraturas, dimensões grad11at:s , legoas , estradas .. ri os , ribeirol> e montanlrns. i. 1Jese11hos originaes. - <los krras mais notu. veis, 1 articularidad es , u,os, trnjos, e ecoo no- mias domt'sticas e rúraes : t11<lo circu1ustaHciada- llle11te e com desenhos dos in<lividuús , de todos s<>us monumentos dignos de prelo , de mon 1 a. nhas mais J>Íntu r escas e elern<las , rios os mais cau dol o::,os, e mattas celtbres 3. Depois de publicados os nuppas tipographi. cos na forma. àcima dieta , se pl'oce<lt'ta ao fol'mato do mnppa especial ou corographico·pohtico de toJo o rHno. 4: Exgotados os traba l hos no re ino, a opt rnr 110 ar chi pelago dos Ac,:ores, e <lepois uo ul tiamar. ORDEM DOS TRABALHOS 5. St'ram dous i11dh· i<l11os. practico-. noi; elemeutos geodesicos e astronomicos, indi1<pew sav<'Ü; á geog1aphia, para uma das pro\ ·íncias; comt>t:1riío os tn.:balhos os co11li11::. do r t>nW - 6. P11blicar·se-ha junto com o ultimo n. 0 de c ada mez do J. N. para os Srs. qne quiz1>r em subscrever, o desenho d\11na terra 011 cidade com os artigos cor· rcs pou<lentes em separado . A cstnm pa gnl\·nda em cobre por artista babil; e o nies1110 s<:1 a J>ª"ª os outros rrionumt>ntos. Em um <los primt>i ros numr os dt-sle jomal se ha<le puLlitar a copia lid d'hum dos si tios <le Lisboa, e por ella nossoi; lt-itores podt>- riío ;1j uizar da exactiduo do desen haJo r escolhido pela sociedade, pan, as ccmpeten tes copias. A impresa tem d<:'stinaJo proceder ao proposta por meio d'bome r s iutere:1s11do com dia , e p<•ra isso sam clesdt> ja com·idétdos ;111uellt>s Srs. que ql!i- zen ·m en trar com acções, ou <1ue 11uize n111 assigna-r para a publicidade dos trab11lhos,. t1ue se dignem fazer suas dechiraçôes 110 cscnptono da rt>d<•p•m deste Jornal na Hua de S. Bento 11.0 10 3. 0 andar, 011 nou por carta franca. Os Senh ores accioni stas i.edl'o {contemplados socios da t mpr esa na parte, que eiz r espi<ito ao presente progrnmm11 . As acções seram em valol' de <lo1e mil rs.; mas per mitte. se a qualquer a sua rnultipl icidade ou aco mmulaçam até ao n." que qui zer. Zelo , tr abal ho, e a maior , s it o o al \'O da empre::.a; ajuda e gratidam é o 1 que elfa espera dos seus compat riotas ; e Portugal se most rará qualquer ga binette.

fu~w tn~!Sro~nlt ~~il,&l - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/OJovemNaturalista/N07/N... · llle11te e com desenhos dos in

  • Upload
    haque

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

"I

,, )

@ ~©fu~w tn~!Sro~nlt ~~il,&l Omne tulit pnnctnm , qni miscuit ntile dnlci L cctorem delectando pariter (111c monendo.

( llor.)

PU aLICA DÓ PELA SOCIEDADE PROPAGADORA D'UTILIDADE E RECREIO.

N.° 7. SEXTA FEIRA 10 DE A BHIL. 1840·

AVISO.

A Direcçam do J oven ~atul'alísta ypede a todos os seus a19igoantes que n11m tenham recebido a ten1po competente os seus jornul's de assim o fazerem cons­.ta r no .Escriptorio da Redacçam Hua de S. Ber.to n.'' 1 O, ou pessoalmente, ou por car ta francil, para se darem M providencias necessarias a fim de evitar hurua f: 1-ta , que a mesma Direcçam esre1·a lhe nam seja at­trlbuida ~ e qu·e só póde proceder da má destr ibu.­ç<im.

Por eata occasiam, rogamos a to<los os Srs. Assi­g nantes das Províncias , ouj as ai.signaturas acab;im com o numero 9, e que qtiizerem continuar, se sirvnm a tempo compe.tente 1enorn·las a lim de nam :.offrcrem demora na sua entrega : devendo-o fazer d\l'ectamente ao Escriptorio da lleducçam, ou aos Srs., 110 Porto no Escriptorio da Seducçam do Athféta ltua de Santa Catbarina N. ~ 2 1 l .- lJraga • em casa do nosso Correspondente .Joaquim José r\ntuncs <la Silva Monteiro - -Ooimbra, loja de Li nos <le José ~Jesquita - Monsão, Tbomnz Antonio fübeiro - Si· nes , José Maria RaJ>OSO - Castcllo·Dranco, Agos­tinho José Ferreira - Settibal, ho Celestino Gomes

,<}'Oliveira - Sabtarcm, :F'ranci&eo Teles Sampaio

'' l

AOS SHS ASSIGN Al'i T ES. Hoje, que vamos já no 1.0 1v'' do Joven Natu­

·ralista, e quando temos dado aos nossos assignantes tempo assaz para se .convencerem, de que, longe de faltarmos como tantos outros tem foito] ao, que prornettrmos em nosso prog ramma , antes o temos ampliado, como se vê da i·edaçam d'este n .• , vamos <lar conta dos ulteriores tentamento$ doi empresarios .do J. N.

Quando ambicionámos para a sociedade o titulo de " Prepagndora de utilidade e recrei<>-,, demos a ver pela ampla ractidam do nosso programira, que ~'" o merecer ia, se accaso nam resultnsse d'al i algum " Monsparturiens ; porem nam e1·a só pelo compri mento de no;isas promessas, que nós queríamos que a sociedade merecesse tarn seductor ti tulo, mas sim pelo programma, que vamos offerecer ao publ ico, e para o qual rogamos a ajuda de todos os amadores do lu:ninoso progresso.

PROGRAMMA.

O Portugal pinturesco. e formulas de sua publici-

J. Mappa geographico de catli1 província em par­ticular- Discrip~am sobre clima, proclucc;ões, titm­peraturas, dimensões grad11at:s , legoas , estradas .. rios , ribeirol> e montanlrns.

i. 1Jese11hos originaes. - <los krras mais notu. veis, sua~ 1 articularidades , u,os, trnjos, e ecoono­mias domt'sticas e rúraes : t11<lo circu1ustaHciada­llle11te e com desenhos dos in<lividuús , de todos s<>us monumentos dignos de prelo , de oua~ mon1a. n has mais J>Ínturescas e elern<las , rios os mais cau dolo::,os, e mattas celtbres

3. Depois de publicados os nuppas tipographi. cos na forma. àcima dieta , se pl'oce<lt'ta ao fol'mato do mnppa especial ou corographico·pohtico de toJo o rHno. 4: Exgotados os trabalhos no reino, S(~ p<1s~ará a opt rnr 110 ar chi pelago dos Ac,:ores, e <lepois uo ul • tiamar.

ORDEM DOS TRABALHOS

5. St'ram de•tacado~ dous i11dh·i<l11os. practico-. noi; elemeutos geodesicos e astronomicos, indi1<pew sav<'Ü; á geog1aphia, para uma das pro\·íncias; t·

comt>t:1riío os tn.:balhos de~de os co11li11::. do r t>nW limitr~phe. -

6. P11blicar·se-ha junto com o ultimo n.0 de cada mez do J. N. para os Srs. qne quiz1>rem subscrever, o desenho d\11na terra 011 cidade com os artigos cor· rcspou<lentes em separado. A cstnm pa ~erá gnl\·nda em cobre por artista babil; e o nies1110 s<:1 a J>ª"ª os outros rrionumt>ntos. Em um <los primt>i ros nume · ros dt-sle jomal se ha<le puLlitar a copia lid d'hum dos si tios <le Lisboa, e por ella nossoi; lt-ito res podt>­riío ;1j uizar da exactiduo do desen haJor escolhido pela sociedade, pan, as ccmpetentes copias.

A impresa tem d<:'stinaJo proceder ao proposta por meio d'bomer s iutere:1s11do com dia , e p<•ra isso sam clesdt> ja com·idétdos ;111uellt>s Srs. que ql!i­zen·m entrar com acções, ou <1ue 11uizen111 assigna-r para a publicidade dos trab11lhos,. p11n~ t1ue se dignem fazer suas dechiraçôes 110 cscnptono da rt>d<•p•m deste Jornal na Hua de S. Bento 11.0 10 3.0 andar, 011 pes~oalasete nou por carta franca.

Os Senhores accionistas i.edl'o {contemplados socios da t mpresa na parte, que eiz respi<ito ao presente progrnmm11. As acções seram em valol' de <lo1e mil rs.; mas permitte.se a qualquer a sua rnultipl icidade ou acommulaçam até ao n." que quizer.

Zelo , t rabalho, e a maior correc~·ão , sito o al\'O da empre::.a; ajuda e gratidam é o 1 que elfa espera dos seus compatr iotas ; e Portugal se mostrará ~m qualquer gabinette.

óO o JO V.EN NA'fUUALlSTA.

_ .. ,.~~+-

1\I O DAS. Toilette• Diver sas.

Toilcllc. de bnilc. - T oucado de ' 'eluda, orna­do <le frnnj:t d•: ouro e de: p lumas brãn ­cas, \'1•sti<lo <lt> :.rtim branco, guarnecido <le rr:nda, t anto no espartilho , com0 na 1aia e m a ngas. Luvas brancas. Çapatos brancos.

Díla. -P1·11 tcado mifdtudo com hu m a grinal<la <le -rofas. V l{:itiJo de setim u:rnl claro, gu:.ir-

11c:ci<lo de renda branca , l.ior<lada de ou­ro, e trn foitadu de flore~, collocadas e m :t!gumn dist:m<·i:i hu ma~ das outras. Lu­vws b1:incas. Capal<•'- bram·o~ .

Dita. - T oun1<lo de vt·ludo nzulloio, ndor­nndo d ·: .i mores 1wrl1:ilos, e espigas d<' ourn. \' 1:,;tiJo U•{ iwtirn, branco, com saia cob1:rta de blond1~, orondn igualmeo· t1: J t: nm<m:; perfeitos<: e~ 1> ig:1s de ouro. Lu\ a• brancas. Çapalo~ l,rnncos.

Dila. -Touc;auo de cré;w; ~ 11urnecido <lc r1•nda Je ] nglnh:rrn V, ;1id11 dn selim côr <le ro;a. Lu ras hrnnr;t,. ~·apal os brancos.

D ila. - Toucado ({i TI1•-p.111hol 11) de veludo ro­:'\O·rci orn:1do d·· r•·1i.l11 Jc ~t:da preta. V cs-1 ido cfo renda d'l n~latnra, 1:nfcitn-iocom hum Jar~o folho <la m1·mia n·nda. l3;1jú (pr1/dol) d1: '1:l11J., nz u 1 claro, i: uarnt>l:Í­J o 1lí' armi nho <lo~ sall1i~c. Lu rns bran­ca". Çapatos Jc Sl'l im hr:tnco.

Dila . -Turbanl<~ d<~ r1•11Ja cl1: ouro ornado dt> flor1•s. V c'titlo d1: ~<'li m hrnnco bordado de ouro. Lu,·as br:\nl'as. l:a mo d e came­liu• cvr de í ()>:l chrnncas. ç i4patos de se­li m hranco.

Dil<1. - T nurnJo d1: \'1•liulo cnr1nizim, aJorna­nmJo dt' fr,10,ia Jc ouro e d e urna plurrw brnnc:u. V1•s1iclo <lc•c lim hrnnco. T11níca tlt: rn,;;a , c·n fo tnda J,~ fvfos <la mesma fa:wnJu, apartados hun., <los ou tro" com lraru:1·lim d1: ouro. Lu va5 brancas. Hamo cfo rosa~ 1J.: mu sgo, e <lo Japnm. Çapu­lo• de s 1 ~ 1im hranc:r).

Dita . - P1·11t.•aJo a1 ~'>rnado de plumni;; <{ folha~ cJ,. myrrhn. V1:~tiào Je crép1: cvr cfo ro•a. L u "ªs llrnncas. Çupa tos dt: ~et i m branco.

~\1. J.

1\1 o DA S DE II O lf E 1' s. F.' nrr1·s~nr io foliar em moda~ de homí'n~, P

1a1•,. modos não t:xi::tt'm ! - V t>mo~ sem ore a~ llW!'JTl:\S f·1lrN , o,; me; mm tcci\)qs, e os m

0

es mos foitim. J~ á "i~ta <listo que poJ1•m cspcrnr nl)>­sos L~itores q111· lh1~s di~:Hnos ~ (~uc a~ ~olasdas c·asni·as e d11s sohrvl'll~:was con tinuam a usarse c~treilas: que 05 boiões d<: cam isa s:fo cnda l'CZ mais pequenos, e q111: os de ou ro s;\o muis c~-1 imndvs , pda <lc lic~tlt :.: :i <lo traballl ') que apre-

sentam. Alé m dilllo nada muÍi podemOt di1er . V cremos se depois dos bailes, de que fizemos me nção cm o utro logar des ta folha, apparec~ ;,l ~uma novidade, que mereça a pt:na <le se re-ferir. "+tV .

R A T J <;E,

Em hu ma bclla manhã <la mimosa q uadrada prima\'era, quando ao aurco carro do brilhante Phrebo estava ordl'oa<lo pelo Altissimo o descre­rer hum circulo parallelo ao equador por huma. dcclinaç am septcntrional de grau;;, negocios ur­gen tes nos haviam chamado á capital. Zephy­ros fr escos e amenos, percorrendo nos espaços atmo•phcricvs coo tiguos á terrn, v inhnm bafejar a~ ruas da inclyta Lisboa , e a manhã pura e agrn­davcl annunciava hum d'aquellcs <lias, a q ue os francezes chamam em sua Iinp;oagcm ungrand

_jour; e com e ffeito para ul~uns o era. Tinha­moj j<Í in gred i<lo os limiLC5 do sitiochamadodas janellas \'e rdc•, ouvi1nrJs hu rn sunlo rumor ünitnu­te no, que fazem ouvir a; abelhas, quando sua innoccnt<: re pul>lica n'e:;sas e:>tnçõcs do à rdcnte cslio aJeja em torno ao cofre d e seu la!>orios<> thcsouro . O uvi<lamo3 por momentos a ca usa; ma~ pouco a pouco forno.; vendo nqui e acol(1. varios gruppo> d<~ mendi go•, entretidos sol>re conversas do jantar, que <:erlu excellcncia ba­ronila e l>enif1cente lhe> havia dar naqudle <l ia~ Parámos em frcnlc d'hum pal acio de provecta ca­tadur:i, e o primeiro o~jt>cto, que <livi-;amos, fo­ram algumas pret:rs e negritos po r rnrias jancl­las . . Mal csp<·ravamo~ nó•, que alguma nori<la­dc mais feriria 11o>so;; olho.;, quando repentiuamen,­te encaramos com huma c:dcbcrrima e escura pN­sonagcm, ta l, quàl vnmo,;<lcpintar . " Cara ne­gra e ad1utad a , nariz chato, beiço~ e côr d'al­:na::;rc, barba grisalha e e ncarapinhada, a:;sim• como o cabdlos, desmarcado chapeo cjr <le griz· lc ~ravava a cuheçn, huma ensaca comprida,. cttj(l pc llo cm ir lH) e m;1cio , qual a lan de­Kagado (j u l g:noo; que 1:ra c.)r dP. tijolo ; mas nam aff1rmâ.mos , q 11 e 1>or sct' .i•i depois de 9 ho­ras da manh:1n nam podémos hem<liviiar), cal-1.5arn da mc~ma c:1r, .i ul ganws, m eia azul e afiam-­hra<la , matl,;a<la pda sombra, que lhe sobre~;a­hia por alguns bor<latlo; e abertos, c;apatos par:.. do; cmachetatlos de enormes plumbeas· frvela;; , hum enorme e desmarcado bastnm de castam branco! .... tal era. o paramento da rcspeitavel pcrsonagrm, q uc ~obrn bipede Hscnto repousa­,·a . Tentou-no• sua mm prc~pcr.ti''ª' e, quanto >.Jde ser , fizemos por rcl<!-la na i<l1•ia, até que. podessemo3 coufm-la ao papel; de c uja honra julgamos digna a pcrStJnagem , que bem pó<le chamar-se hum /uun Ualam d' azri de nwsc(i ! Nam podt:mos coll t~! r seu nome e titulos , e por isso na m damos a no~;;o; l eitores; porque na m u•nmo:> fallar a trochc-inochc. Concebemos sv pela pmturu ser guarda-portam , rc.gulador da t!e~ carido;a naquelk dia de grnmle badagulho

j

.J.

IJ

O JOVEN NATURALISTA. ôl

mendico ; e como tractnmos hoje de modas, pa­ra que nosso artigo derrama.;se seu inleres"e por todas as classes, ahi damos aos guardas-portões esse typo de modas, ex tractado <l \,riginal in­dividuo, e por tallembrança cremos n6s, qu'on nous saura bon g,·é !

-~1.íillV..--·

TORRE DE BELEl\iI. Quasi que tem sido mnnia <lo tempo a pu­

blicidade da torre de ::l. V Í<;(>11le <lc 13elem. Chovem os desenhos d'clla por <JUa:>i to<lo,; os pcrio<licos de recreio ; port!m hc fcrça dizer , que a similhan50 entre c,;~a~ copias e o otigi-11al be igual a., exislenle entre hum requci· jum e h ltrn espeto! Acab,\mos de ver a, q 11e ultimamenle vom de ser publicada em hum jornal, que~e d iz publicado por humu sociedade propagador~• <lc conhecimcnt<>s ntd~; e, com quu.n· to cstivessemo:> convencido, de que tal nome lhP­nam pertence desde certa épocha ( ao nwno• pelv lado da rcdacçam do jornal ) , nam po­<lemos ver sem dôr, que o ~uthor <lo artigo '/'urre de Belem, arrnstudo (ao que parece ) pelo de.sejo protervo de vitup~rur tudo, quan· to for obra dos modernos, ali a;s::ica as mai5 virolentas injurias, e folia <le nús, como fal . lari::t hum he.;panho! cm 1.61!:). Sú copiando f1el­men te o seguin te íra:rmento do artigo se lhe poderá fazer a devi<la jus tiça. Eslc cdifi«;<J, rligno de ver-•e pela m·ehitectura, aelui-sc h1de

.bem cómo o convento s.:n vi~inhf) e Nmlempvra­nw, i;nfolha<IAJ com cas.1s e rcmcnrl-0s bem coi11-dos , que alleslam a venernçmn, qtte ainda en­tre nós oble:rn os monmncnlos " .8' o primeit·o e.ditat que e&tá wgo á entrada de Lisboa, pa-1·0 di7.er ao estrangeiro, que cla~1-ro = aqui nw-ram bc1rbaro,. = .......... _ . .b" JJ(W este mo-livo que preferimos a af(.lmpa, que ojJerec1:-·

"lnOs , na qual se ve iJ, torre, come> era antes .(/os ve1gonliosos emúlc'l.am1mtos e com mvdos , com qw~ está dcfrJrm<ula na <tppat·cncia.

He o mais qut~ .podia esperar-se d 'essa som· brn deChateaubriand; e ci<'- aqu i , porque nam podemos escapar ;Í. mania da moJn.

D izer, que aquc11n estampa hc da antiga torre <lc Betem, he a maior in juria, que se lhe póde .irroga:r ! Nenhuma vcr<l~:dc nos con­torno:>! ncnlrnma exacçam na di:.lribuiçam e collocaçarn dcndetalhc.; ! .. como pódc d'aqui rcsu 1 tara :similhança <lo todo! D cbal<.le se guer t::ipar as masellas do dcscuho, chamando-lhe o da antiga torre; por quanto a antiga torre ·era a, q ue 'he ltoje, e apenas al i ha a addic­çam d.,hum terraço , por baixo do q ttal se vc <}ttatro janelhs (na do cenlw das tres maio­re~ foi feito o nosso desenho, que demos no n .0 antecedente~, o qu::il, longcdc disformar o c<lificio , pelo contrario lhe augment;; a etc­gancia pela arte cvm que foi ::iddicd nado. Pií­ra convencer nosso le itorc3 da falta de Yerda­d c do desenho P.rcferido por, aquclle rcd actQr ,

lembrâmos-lhes, que a facr. dirr.ila da torre foi a ck:11!n/iadá, e na estampa occupa o lu­gar <la face esq uerda, sem que n 'dla se 'eja a porta da entrada, <) \lc por suu co1ulruC'çnc1 allcsta d'hum mo<lo nnm cqui1oco a sua coe­Yidu<le 1 om o resto <lo e<lit'1cio.

IIa nus ameias hu:;la g uarita, <jlle nunca houve 110 original, <! as mni:i guaritas mostra m na <l ita e;;t~rn~pa laYores m1)<lcrnos e rcgLtlure,;, que jiimais possuiram. Ei•-fl<]Ui , como se Jc;;­f1gura a verdade! e, como rn ~ lt!goas <l'e11-tranh:11ncnlo pela terra nam ba.ta.scm ~ <lo­mar a força .<lo Grande-Oceano , fizera m :-i-;

ondas elo rio tam cmpolla<ln;, «Omo !>t: fn~se em huma co.;la br~wa. Vamo . .; ngora a dizer a \ nnlndc a nosfüs lcilorc:;, pelo <jue pcrlrn­<'c á hi-1l1>ria; por quanto pt:l() Jn<lo <lo 1!Xal'­ç:101 no t!Poen ho nh i dei ta mos com a no.;sa c,;­t:irn pa a h1va, para quem a quizl'l' apanhar.

A. torre <~m questam fui ('01t-lr.1ida no tem­po <l'El-Rci J) . .M a11od d1·nlro <lo rio T C:jv do l n<lo du margem direita, inlcrn:itl,1 11ºdle 386 pas.;o;; naturaes <lcs<le a e~tra<la <lo Bom­,u,··;csso. O leito <lo rio :cnd() dc.th: ai i até a narra composto d'area ,olta, lelll <ll'~clc ;1qucl­lc tempo soffri<lo ~rande; n·rnhu·s1ic;; ; t~ , ag­glo1nc•r:rndo !!C a mea t!X 1wllida pda;; agoas , ho­,Í<' sn acha junto <la torre e r<'10 l a<lo da tcrrn formnrht a praia, dita <lo Bom ·sun:esso, g u<· demos cm no.so n.0 [>, e que cxislc na noss.1 cstarnpn em questam desde os dous homens pa­ra a <lircita ( 'Tja-se n. 0 b l 'raia do :Bom-:;ue­ccs,-;1) .. )

N"nhuma ínrqa juli::-.lmos n•)' c-apaz <l'ab:1for este cuilicio' <:uja:. par t:tlc3 te cm d<! l'~pc;;~ um 1 ~ pés. A varanda, chamada Jos haliitos, tem por entre as e,çora.s hurncos, <ll•stin:1Jo:. a lança r grnum.las; porém to<los os n:paros, que a torr~ conta cm si, sn tornariam fuu úslo;; aos seu~ <le­fonsor<'~ cm caso Jc comuattc. A bateria supe­rior se adrn guarnecida de 7 P<'<.;ll~ <lc calibre ,.L e 9: a iuferior esta d<::sguatn\•ciJa; ni'tn cm ca­so de fogo() fumo deixaria pc.>r muito lcmpo lra­ba lhur uli os artilheiros , \ torrn l\;rminn por hum tcrrcphmo, on<lc hC1jc <.>stá. hum tde~rnplio, como 1T1<.lslra a e;;tampa. üs homcn; <l'aquell,: tempo, dados só ao mage,;toso, embora lhe fal­tasse o cunhn da utilidade , a linhmn frito bem mesquinha cm commodi<ladcs iulnnas, co 11.>­tnndo apenas J 'hum casam, chamaJo i<1/a rcp.ia, hum arnwzem para a polrnra l' <lu·:s pri,;C\'S, contc:>ndo a bateria inferior li t·a~crnas e 4 mas­morras subLerrnneas, onde nem as :ir:inhas hoj·~ querem habitar (hum tal 1!dif1cio, Í<'ilo em hu m tempo harbnros , seria incom pleto, se: cm si nam contivesse os meios de massuc··ar a h11manida<le). .E~ta bateria inferior he a, que Ycroo~ nn estam­pa <'Om b canhoeiras, cuja fac<' está para o la­do dn Capital.

Os modernos, attentos sempre a tirnr parti­<lo de tam fnstuosos cdificios, minorárnm o ri­gor cfa barbaric, ab:mdonamlo essa'> m nsmorras, e rcsc.>rra ndo apenas prisões m cn()s hidiondas, e

O JOVEN NATURALISTA.

tf)rn.\rnm em 11itio dn recreio , o que entam es · 1 rugia com os grittos da humanidade oppressa ! H aria cntam necessidade decommodo para gen­te li\'rc, o dito tc rr:hso foi formado com babi­tag•ies por baixo, unicos remendos caiados, cÓmo l>t:m claramente moslra a estampa, e tu­do o mais hc a an Li~a torre. Se porém o author do ortigo queria <lar conselhos ao Governo, f j. ra melhor , que, em .1 ugar de Jcmbrar-~he odes­g uarnecer a torre, dissesse , que quas1 todas m. casas estam inhabitavei> por falta de reparos, t! porque l<Xla n agoa, que se nam exgottn do terrasso, se infiltra pelas fendas e vem inundar quasi todos o:> aposentos, e arruinar de d ia a dia as unica• com modiJaucs da torre.

A propriedade, de que :r,osa a sala regia <le lransmit tir as articulaçvcs mínimas da voz de hum a ngulo ao seu opposlo nam provem. como diz o a uthor do artii,:o, da i:ua forma ell iptica ; pois nesse caso as arliculaqõcs se rdlcctiriam no teclo nn passnp;em d'hum para o outro focco, <:: os focco:> da ellip~e nunca ex istiram no seu ar­(;o; porque logo que se deHe este caso a curva confunJin-sc com o eixo maior, e a dlipse deixa­va d'existir. He pois 11 causa, qtu~, sendo a nbobeda cm forma O\'al, as articu laçües proferidas em hum canto vam para o outro, encanadas por hum suk'O continuado na nbohc,'<.la d'angulo a an11:u­lo; e por i ~;;o me3mo ninguem , qu~ esteja fórn <la linha do enc.mamcnlo da voz, a poderá per­ceber.

Acabâmos pois este nrtgo, que lonp;o vae de mais dizendo, que tambem gostàmos cJ'ar;ti:;ui­dadcs , nada tanto nos apraz como o desenhar huma ruina, bum castellodcsmante lla<lo, hum p ardieiro, hum;' pont1! <lesabaua , pelo;; encan-1os do pintoresco e pelos rn>go> poelico;;, que aprcicnta ao curioso, em cada peàra 1 ~m cada fragmcn to, o ingentissimo poder de Saturno; por~m o, que nos nnm agradará. jámais, he 1•obrir nossn-; nHtSl~las com iujurias aos portugue­/.CJ mo<fornos e por t'On~eguinte á nnçam, c1ue d les formnm, se he certo, que o juiz'o do pro­grc~so <l.'huma uaçnm pende dos , que exestem

.no mom,~nto; e qunnto ao fanatismo d 'époehas, _<jue entre n:)s po~sa hll\'ér limitã.mo-nos a citar a seg uinle a~•l<lc•zn <l'hum sahio publicista mo-clcrno. - " J 'accor<le nisémcnt aux fanatiques de l'antiquité, que nous soyon~ d es naios, etje lnisse mêml· pas~cr pou r des ~ éan . tous le-s an­c icns, pournt qu 'on me con~<'sse, qt\ ' un nain '- OÍt Loujours plus nu lo in , <le des;usles épaule~, J.'un géanl, que l'C gcant- meme. -"

"r\. n. o ponto de \'i5tl\ <lo nos~o <lesenho ~e nchará 154 pa-;so· <listantes dn T orrt! e na linha i irada pda guarita, que está. por c ima da porta, e 03 <lous torrci><~s da quinta d e Mariaha . Lá . 1;~cnta<lo o obscn ·udor wbrc a mesma aréa dcs-1:ortinará por <'ntrc o~ l ados d"hum 11 ngulo de .JOº o e:;paço , qnc ~m rc~umo abrnngc a nossa estampa.

HISTORIA NATURAL.

Conclusam da anltceàtntG liçam.

Ellts vÜlJam com menos precauçam nos bos­ques, onde a lgumas veze;; se separam, e he en­tam, que os caçadores ousam aggredi-los ; o que seria impossi vel, quando ellcs scrncham em ma­nadas. O Elephante caminha direito ao offeu.­sor , e seu passo entam he b.1stan te lar~o para. poder alcançar o ho mem mais veloz. Elle o fe. re com suas defensa~, ou , nbraçando.o com a tromba, o attira ao ar, e <lepois o esmaga com os pés O Elephante hc herbívoro , e lhe sam aprasiveis as bordas dos rios, os vnlles, e o ter­renos humidos. Elle nam p6d'! abster-se d'agoa e a perturba antes de a beber: enche a tromhtl en tam, a conduz á boca , e muitas vezes se con­tenta com refrescar aquella e espalhar a agoa cm roda de si. O frio o me]esta cx lrcmamcnte, e sofre os mais vehementes calOres. Raiies d11 herv:is, folhas d 'urvorcs tenras , e alguns fru­ctos sam o seu mai!i appelcci<lo sust<mto; mas elle nam regeitn. a carne e o peixe. Qua ndo al­gum do rebanho ou manada acha algum pasto bom elle convida todo3 os outro>. C ento e cin­coenta libra• <l'herva he, quanto bum Elephan­te póde comumir por dia.

He enorme o estrago, que elles fazem com os pé3 nas plantações , d'ondP. expulsam ho­mens e galos domesticos para tornar-se senho­res das past:-:gens Quando as femeas entr'.lm em calor, a mul tidnm se !cpara cm casaes, e se embrenham nos mais occultos recintos <los bos­ques. A femea se conserva gravida por ~ annos, e s6 no 3.0 anno lhes renasce a estaçam <lo amor. Só produzem hum filho de cada prenhez, o qual ap~nns nascido, tem já o volu me d'hum java­li, e já. l\}m dentes; mas :is defensas ainda nam sam appartmle!'., e só aos G mezcs ellas t~·m ub gumas pollegadns , e n 'esta idade elle he mais. volumoso do que hum boi.

O Ekphante h~ af.saz domesticavel, elle H~ chega n inslru ir, e se- torna de grande utilidade. Este estado muda seus hnhitos e deteriora setl tempf~rnmento ' e jámuis produz. (~uando no estado dome!>tico o fogo do amor o aggrede, fu~ rioso por nam poder satisfar.er-sc no segredo, el­le se torna tcmive-1, e-demanda grnn.des ptecau­çvc..-s, ••

-~·~~ DESENHO.

LIC.Ut SEXTA. P riKcipios gcrcics para () cksmho d'imitaçóts­

á vida •

16. Principios bem e coordenado i; e desenvohido 'pre vinem irrcsoluçõc:0, e fazem , que os estudante:> arrostcm audnzcs contra ~s difftcul<ladcs.

17. Este desenbo ~ ~endo pcln maior parte ~

.l

1

l

1 1 1 l

i . l l . ! 1

i 1 1 1

l 1

1 • 1

1

'1

I

O JOVEN NA.l UIL.\LJSTA .

composto de curvas irregulares, e nam podendo, por conseq uencia ser secundado pelo emprego dos instrumentos e regras geometricas, tem de ser executado á simples vista. Está pois conhe­cida a b3se, sobre a qual nssenta hum tal de­senho, e tracta·sc agora de facilita r seu desen. volvimento, para que o principian te se nam ,·eja i odeciso ao encarar o imitando ( modelo) . Os principios, que ,,amos dar cabem aqui bem; por quanto o desenho , de que havemos tracta­do lie puramente d'imitaçam á vista; e lhes havemos chamado gcrnes ; porq ue , alem da fi­gura humana, elles se exlendcm a todos outros corpos. .

Primeiro principio. Çouvem, que o imitan­te (o que copia) e~tcüa a tal d istancia do obje­clo imitando, que d'hum golge d1~ Yisu, possa ve-lo todo. Na segunda parte d 'e~te tractndo de­monstraremos , que a distancia , que mais ..,on­vém, hc de 3 vcze3 a maior dimensam <lo imi­tando.

Seg·1mdo principio. Escolhido no plano da co­pia o eipac;o , em que se quer redusir o imitan­do, divida-se este e~paço por duas linhas hum a vulical outra horiwntal, que se cruzem no cen­tro <lo espnçl'). Estas linhas serviram para n 'el­las marcar os pontos rcpe~ tos (ou simplesmente repertos sam certos pontos, que se ima~inam na> partes mnis rcmarcaveis das superficies do3 objcctos, como salliencias , anj?ulos, extremos unicos &c &.e.} Se o modelo existe sobre o pa­pel, já. desenhado, ou cllc tem ou nam em roda huma ex trema; no ~.0 caso hc n1~cessa­rio lançar-lh ' a para servir de limite certo ao es­paço, occupn<lo pelo desenho. u

-:~!(@#-· GROMETlllA·

SEGUIDA D A ANTECEDEN T E U CAM. 37. Dividir huma recta cm. mediei e· extrema

1·asam· Consiste C3lC prol>l<~mma cm di vidir hu­ma recta cm parle tc11~s, que a menor esteja pa­ra a maior, com esta mesma e:.tá para a linha inteira. Seja AB, (lig. 33. n .0 ~.) urecta, que se quer di\'idir em media e extrema razam: em hum dos seus extremos, B, ~e levante, a pre­pendicular BC = á metade de AB ; do ponto B, como centro e com o rayo C B , se de5ere­rn o semicirculo D BE ; tire-se pelo cen tw e e pelo ponto A da recta AB huma recta, q ue ter­mine cm D. Do ponto A, como centro e com o rayolA B, se descreva o arco FhG ,lo pon to F di­' ·idirá. a recta A B da naneira pedida . sendo BI•' : F A : : F A : A B; ou AB: A F : : AF : 1•'13. ( ' il. n.0 1 3~ demon:;tr.)

-~~­PI N T URA. l.ICAM QUARTA.

V ermelho. l f> . O _yermclho e suas mesclas, que por<lu.

sem o 6crc riwro, o "ermt.lho ucuro, o ck P~­$ia , o cincibre , o ver~ll•ain , as lac<11, e o car-

mim , he humo. das cores mnia brilhAntes primi­tivas, e que pode variar-se até ao infmito com outras cores mais claras ou ma is escu ras. Na im­pressam s6 se usam nos qundros dos quar tos.

O s 6cres ~·m geral snm terras pesadas, que conteem malerias metnllicas; o fogo tem a pro­priedade d'augmcntnr n intensidade de sua côr natural. (~uasi todas as terras , que se emprega na pintura. d' impressam sam ócrcs.

O Ócre rubro, tem adquirido esta qualidade pelo alto gráu de calor, a que hn sido submet­tido; conrnm e$Colhe-lo frangh·el e sem mistu­tura de matcrias estranhas.

V crmelho de Prussia he hu ma substancia de cvr imitando o vermclham, que scn·c commumen­te nos pintores d'impressnm para metter t\ ver­m1•lho os quadro-1.

Cinllbre be huma rnateria mineral , dura, compacta, pesada , brilhan te, cristallina, mui­to vcrmdho e composta d'enxofre e mcrcurio, extremamente unidos e sublim:tdos pela acçam do fogo. Ha-o d istincto cm ditas sortes, nata­ral e <irlificiat. O I.0 ncha-se na~ minas de mer­curio, e o 2.0 s~ compõe, misturando mcrcurio com enxofre, e fazendo sublimar c~ ta mixtura, que se achu no alto <lo \'MO cm massa dura, cm longas agulhas, t irando hum pouco wbre· r :ixo escuro. H e neces~nrio escollwr c~tc ultimo cm bcllas pedras, mui pesa<l:.s , brilhante;;, como longas e bellils agulhei ai e<l'huma bclla cvr ru­bra. (~1•ando se o tem longo tempo moido, elle se reduz em pó fi no, e dá huma das muis bella.s córcs; alguns l1á, quc.cntam lhe r.hamam Yerme­lham. •*

~~ ifi<•:+l ~ COSMOGRAPHl A.

GEOORA rmA ASTRONO~llCO-:\IATH F.~IATIC,\ . SRGIJIOA DA L fCAJ\1 QU I NTA.

1.0 Prohlemas sohre ~ circumfcrcncin , d ia­mct ro~ supcrf1cie e sol idez dn 'ferra.

3 J. Acha• cm lcgoarn circumfcrmc:a <la. Ter­ra. Depois <l' haver-sn conhecido s<>r hum gní.u de !(fnnde circulo= l2{)1, facil h1! de \'Cr, (jllC,

sendo I.º=~õ', a circumfernncia ~crá igual a S?õ , X 3GOº = 90001•

Corrollario. He pois evidente, que fascndo a terra cm ~4h a n>lln sobre o seu t>Íxo, se divi­dirmos a €ireumforcncia pelo referido tempo

'~= ~õ}, hum lagar, situado sobre o equa-24

dor terrestre percorre cm huma hora 3751 e em

hum minuto 6 ! ' , que tanto re5ulta <lE' 375 = G01

6 1 ' ... . 2.0 Achar em legoar o ãwmcfro dtl terra.

Pois que ( • il. l ó8) o diamelro está para a sua circumferencia: 113:3õõ; faremo~ a seguinte analogia : huma circumf.:reucia q1.t:ilgner tsla para a cireumferencia da terr<&, como diametro d' aquel­la está para o dwmefro d' esta ; e d 'aqui vem a p roporçam; 36{):9000: : 113: x; 4.l'on<le resulta

..

O JOVEN NATUllALISTA.

x = 9ooo 3~ 113- ~864 ~, h e poh ( <lesprcsnndo

quebrados) o diamclro da terra igual.. . a .. ~86-f. l eguas.

Ú>rrolario. Porque o di:::metro da T erra hc i)?ual a ~864 t , o se u centro <lista <lo logar da obscrrnçam (da supcrlicic) legoas 143~; por que hum diametro h1:: igual a dous rnyos; e, senJo o diamctro da T erra= 2864', o rayo dc\'e ser

= !2864 -143~ ~ -

3 .O A char cm lcgoas a ~t,perficie q14.adrada da Tc»ra. Sup1Hmdo, como jíi dim~mos a Terra re­Jun<la, para achnr sua superf1cic quadrada só ba-.;ta ( Vil. ~86) multipl icar a drcumferencia t'lchada pelo seu diamctro, e assim sua aria 9000 x :286í, = ~b:77ti:000 1 •

4. 0 c ... rihcccr o vutmnc da 1'erra. Multiplique· se (\lil.317) a sua aria, j{i couhecida , pcla3.' parle do seu rayo; e as:iim o seu volume:::::. %:776:000 x 14.3-2 = H:ao ;1:7,14:000. Occupa

3 pois a 'i't~ rra no espaço do sys-tema planr.lario hum a porçam igual a doze mil Crezenlos e tn:z mithües , sultcccntos e quarenta e quatro mil h·goas cttbica~ .

31. O s cnlculos mo<lc rnos dam ' 'ulgarmente (e hum paaco vngnmente) 890fl' (de ~f> ao gr.) <le circumferencia ddmixo do meridiano de Pu­riz. M a is exactamc:ntc ~e vera (suppomlo ar.ha­tez, corno fica dito .) se vc na tabula seguinte dada por Vos~ien.

Lognre3 ~ ~Do Equudor.

~ ~ Do Púlo. ~ ~ t Idem (por -cousequcaci.a

l.0 f <lo chalt~z .) ~ v. A 4ó.O de lalit. N.

Mr tros. 6376851 6;3559-15

!'20908 .(i3GG-1.07

111110 ..4 : f l>c l:ttit. (a 1Jb .0) ._ (_Deu long. (a ,16.º) .788~8:.

~.º bupnrtidc <lo ~p hroide.~. 5098867 myr. quadr_

:Lº Volume itlem .... 1:08\!:();; . .J.:OOO ic.Lem <li. ~os cub.

VARIEDADES RECREA.T l VAS ..

Alcibiadea ou o Eu. Conto moral, lr<tdrtcrain livre &e D:Í«rmentti/,.

( Cootfonaçào.}

O s filosofos lc\la<lo:; <le -ciume nam podi.2.m per­doar a ~ocrat<>~ de ensinar -cm publico a v.:rda. <le e a. virtu<.lc: cada cJ.iu n•ceb~a o ~~ r.copago a~ quc1xns as mnis grnn:i; contra esse pP-rigoso . t1da<la111 . :::iocratcs unicumcnte occupa<lo em fn-. z~r bem, <leixava-osd ir.erdellc, q1.tauto malüna­g marnm; mas Alcibiac.lcs , che io de aff.eiçam 'para 8ocrntes, fazia frcnlc aos seus inimigo:;. A pn'sunla va-sc aos .M ngist rados ; arguia-os de dnrem ouvidos a esses iufomes, l' de poupnrcm

esses ralumniadorcs , e só fullava do seu M cstre com'> do mais .i usto e do mais sab io <los mortnes. O enthusiasmo dá eloquencia; nas conferencias que teve com hum dos membros do Areopago , a que se ac htwa presente a mulher do J uiz, fal­lou com tanta doçura, vehc:ncncia, sensibili­(fadc e razam; sua formo3Ura se animou de hum fogo tnm nobre , r, tnm tocante, que essa mu­lher virtuosa fi cou abuladn nté o fundo d'alma. A sua cmoçam l he parccco hum sentimento mais te rno. 8ocratcs: disse clla ao seu esposo, hc com effeito hum homem divino, su taes s:.lm os seus Jisci pulos. Estou cncon l:1üa tla efoquencia <lcstu mancebo ; nam he possivd OU \' i-lo sem aJquirix al)(uma virtude.

O M agistrndo, uem longe de suspeitar d<~ sua mulher, rcpclio a Aki biatlcs o elogio que ell;1 lhe déra , e este scn 1.i<lo se em extremo pcnho­nu.lo, pcdio ao marido que lhe permittistiC con­tinunr a grangcar o bom conc~ito <la sua <;spo ­sa. Eu até vo-lo peço, J hc rn,;pondeo o Juiz , minha Mulher he fi Losoh lambem, e estima­rei ' 'e-la argumentar com vosco. Ho<lope ( as"im se chamava. essa rt•,;pdtavd Scnltom), <•osl aYa com cífeito dri philosophia, e a de Socr~l cs na boca d' A kibia<le;, of.ferccin-lhe<:ada dia oovo3 en­cantos. E squcia-mc 1.lií~er que ellaestava o'huma ciúade cm que hum a ::)cnhora ~cm ser l>onit a a in­da he formosa, e poito CJ uc l<.t.I vez men<,s ama­\·cl !lma t<xla,·ia mllito mclh<Jr. Akiuin<lc.; foz . lhe obscquio, e di a nam <lcscoaf1011 nem dcllt::., nem de si mesm;.1. O c-tu<lo <la 3ubedoria era o a~.;umpto. <lc todas !ls suas conn•rsações. /\ s lt­çvcs de Sor:rnl<'5 pa~•avam ela alma Jc _.\ lcihia­dc> para a d<.: Rot.lopc , e U t:s 1 a p;h::mgem ('I [::;;

crea\'am novo~ cuca11l<.•~H es-n hum regato <l'agua pura que .COTrlll r><1C entre flore, , Ho<.lope lorna­va-•e cada dia mais ~ t!quio~n dessa) lições· d­ia lhe fa~ia üe frnir conf6rme os I~rincipio: de ::>ocrntes, :L slll.icclG1ia e a virtude, a J 1t s li~a e a v.crdü<le.

A mnisade t nmbem t:ev·e a su,a vez, .<lc­r.ois de ter cxaminncl.o à sua '(:'sseocia' e u que­na •hem ~a l)()r, dii;;sc HGdopc , <JHe <liffcrcnça c~t.:.tly0ce tiocrntes entre amor e amizade. ;t:*

·GUALTl!i:t\O ~ GRIFELDE. ,., Pois bem, <l ir.fa Gualtcro a seus principacs

,, vassallo•, que continuamente o ia. ta ram para ,, que ,;e ca~asoe,, cu ilCcedo a vosso;; <le::cjos, com ,, a coo<liçam porem de que nam m ermurci-s da minha e5CC'lha, e c·lles Q S!. im lho promctt.!ram .. ,, Gualtero era .Murqiuez .de Sal u~o , e senhor de mui tos castellos e 'assnlO$ cm Piamoute , d'1::x­celle-ntes <:os'tumes., mas apaixonado cm ex tre­mo pela eassn, C'-!>ln unica <JU:tliJadc extinguia ndlc lo~as as affciçõus no hyminoeo; porem era lhe inJtspensa ve l deixar SUl'(:csrorcs, ' ' isto q ue não gosnva o dom dn et~rn idade. Com effeitoo M arqur.: havia já feito a sun escolha , e posto

O JOVEN NATURALISTA.

que ella nam houYesse recabido e:!l penoa de mar algum descanço; e em seguid11 roga ao Ye­i1lustre nascimento, ella era illustre pelos dons lho J anicula, que esta.a á porta, hum canto da natureza e pela virtude, e esta qualiJade s6 do scll a lverg ue, em quanto se tema a lgu m re­suppria na sua escolhida a tudo, o que lhe a e- fresco. (l'ára a fortuna. J anicu la, 'felho lrnnrado , mas O velho, com o mais firme respeito, est:\. pohrissimo habitava hlllm pequeno alvergue, algo prompto a obcJ~c~r-lhe; chama Gua filhn , e lhe .<listante do palacio; e pode dizer-se com ,·1ml_a- orJe111t esteja prom \)ta para o $1~r v igo dos senho­<lt!, que u unica riq•.1eza <lo .J anicula era a vir- rei ho>p1~dcs. t ude de sua filha e hum pequeno rebanho ; que J {l se t inha pa•-sac.lo l guns momi>ntos, quando d lu pa~cía . Mais d'huma v1:z Uualtero <leser- Guallt! rO pergantou a Janiculu 11~ lhe he pcr:r.itti­tando á cometi va , que o segu ia na casm, s<: <lo faz~rh uma pc!rgunta a1uafilha em suapre;cn­havia diri.,ido áquelles carnp1>S para rever-se na ç n,, mil pergu ntas , 5cnhor, tornou o ,·dho.,, bellczada

0 paslorae admirar 1oua mo<l.eHia ! Hum ,, B ella joven (diz ellc para Gti fo lde) quist!r:i

dia, e lle pedira agoa á porla <lo al\'eq~ue, ove- ,, fazer-vos hu ma pc:rguolll; r 1!opon<lcrni~ a elln lho Janicula o maoJárn entrar , c a»trntar-se, ,, com ingenuidade? - ~ u oca a mentira man­~ clle , gosao~o da permis$am, havia rec~:bi<lo ,, chou meus l abios. - B~m ; por que cor:is lcs á <la ma m Ut! Gri folde (tal em o nome ua .1oven " ?OUCO' quando ffit! \listes? Senhor ' a rcspos­paçtoru) huma taça campestre t!m <pie elle hc- ,, ta he pouco ;:trata , e tahez pouca decororn; lic ra com a agua al iruma cousa mais , ,\1asquern ,, mns já VOi p romclli fo liar a verda<le. ui ria, que hum 9eol1or Ul:! tunto~ dominio:H! qu e ,, Eu vi al~umas vezes-hum hom em junte <l 'es­HO seu querer via m~Hc:r tantos auttomatos ele- ,, tcs sitio$ olharme com ullengüo; pe' a ultima ~1·ria paru companheira< <le se us praseres a itlha ~' vez lh 1 • dei de bt!ber;i:sle- homem, para mim J' hum pobre campoHeZ ! ,, desconhecido, <lisperl<H> ~!m meu ptito com

,, Prepa rc-•e, dizdlt!h umc.l ia,tuJo qunntohe ,, ~nu o lhar <le le-rnura hurnaserta. sim1xitiac ... , uso upprelilar-separnos ha nqucllt::s dos Grau-· ,, porem hoje ,. i e:--~ mPs1110 h >1ncm , t~ ao sa­

:, <it?s , t' amaohao m1! ~cguirds p:ua. accompa- ,, ber, que hc o ~,la rquez, m~u senhor ..... mi­'' n(\ardcs a este::,; paços a futura sculwra <lc! mcu5 ,, nha consc i,!nd a rc1>rd1c,nuc:o-mc , c t!O ver~<>­" <lomi nio>. Na<la 111ai:> fo i ncccssar io. <lizc::r-s1;, ,, nhei-me <le minha stulta vaiJa<lc•,, EHa rc>­quc: tudo undnsse em rno\'Ímcu L<-', ..: loJos corn ,, po•ta causo!1 allegria i;eral ; ma,; G unllero , n nlcg1 ia no ro•to ostcn la\'am o mais <loc<.1 rc- , , cujas vista.• hia.rn ai nua mai,; longe assim gmijo, que lhc:s in.u_n<.l av:; a wuo.; o coraça:n; p~· ,, continua E só por que 1~ss1~ homem 'hc hum vcm quem scr:í. a l'~colhiJa J.o- nusfü ~uno,, era ,, 1\larqucz incorrco dl c HCt':.17.0 no desfu vor d o tt pP.Fgun ta reciproca; mas quem pode riu rcs- ,, vo.;5•> coraga m ?- Narn -;c11h11l- ; pelo contra­pon<li:r-lhc,? .•.. ,, ri •> n affeiç;un torn.ts:'l:! cm amor; e a sl"mp-a-

Eis npparact~ n au rora <lo St!gu inlc Ji:i, tudo ,, t hia cm rc.;pdto - Bem; mas par.1 li~on-ge ­eslá prcpurado; G1ialtero moolla em hum carro, ,, ar-111n5 vo.;sa a ffoiçam, su pp'>nham'H, <;ue o tiraJo p •r quatro spum;.11t1!> EthointP.s, eile se- ,, 1\ I arq11ez sollicitou vos.;a ma m, o q ue Carieis? gue o caminho do alvcq~uc. Tu<lo 111! cxpecla- ,, ol>-.lccl:r-l he, e<> - amarids? l>c tode>o moeu co­~am por toda a. parle oom a n0\'a Jo c9nsor- ,, ragam. - E se- elle, atle<lcn<lo Jepois .l. <leú­c io <lo ~'\ibrquez, e Grifd<lt', fjUe por essa nova ,, g ual<la<lc.de cundicçain, vo-; rnpu<lia:>sc? -Te5i­}1a\•iu ve:;tiJo sua• vest1:1s doniinguuira", tarnbem ,, gnar-mc· l:ia :i força <Jo meu tl1!Slino. - E o nttrnpanJo ao teclo <la chvpana pa t l~rua, h a via ,, ab(m ·ecl:'rie is l:ntam -? Hllll.Cll .. - Ma~ cllc· era prof1!rido,, caza <se hoje o J\1 arqutiz, nosso se · ,, hum rnon-;lro .... - Emborn, nem por i ssode·i­uhvr,, quan<lo já,huma cr:usa n uvem <lc poeira ,, xnva üe >er meu e-;poso. - llc-m. (tti:t Gual­~e d1!varn até ás nlla5 1egiifos atmo.pher ic<ls. ,, t c ro, oHwmlo p.1r.ijanicub, que e,;tnva lm.­l'ouco a pouco se aprox imam essa nu,·em ; por ,, bando-se ao ou vir as repos ta• da fi.lha)' gooto t!n lrc dla se descortinam já a,; losi;:as c rin as ,, m uito <la c-fogancia d e \ossa filha . - H c huma t: alvas plumas <lo~ capacclle• mi l itares; o ri n- ,, mcrd senhor, que f aseis a hum pobre pai _ cha r <los corieis se ou da já, e já sv. ~enlia ,, -Ora dezt!java ver, se :H ' c ·tes da Co'te·as­a surda pcrcuçam de suas patad<ts. G if.elJc:: e,; - ,, seri.tam lwm á ro;.;a vellÜcl:!. - Ora 8c-nhor tava pe1su a<li<la de nunca ter \'isto o Ma rq_ucz, ,, (tlissc· o velho rin<lo) o us1> <..k~ ~ rmsos t.umen­sc u stmhor; a cometiva paru <l innle <lc suti po rta, ,, t<~s t ira iriam f~ clegnncia n tac> paramentos. e lla encara e reconhece vualtcm, o .<lesCo[)h.ec- iJo, " Emib.,ra sou t.><;.l:ravagan.tc ás VC7.'C~ : pcr<loue ' que houvera vi>lo algumas \'czes cm s-implcs · ,, se fo i to· ao rc~ptÚtoué'r idb«Í vc,;sn i ladc; e man traje <lc cassadol", e Lu<lo o sunguc <lo· pud04" lhe ,, Jan<lo 'ir o,; ornatos pa ra tiqu:ellc· fr m <l.e~ti­~ccord.~ á., faces ! •.. nun ca Venus foi tão bd ,, na<loj , os entregou .ao V e lho, qm~ os vesti tL la ao11 olhos de Jt:piter , no sahir da salsa !>pu- ,, ao qual Gualtt>ro disse-,, Bom ; muito bem ma, como neste momen to dia p:irc.!cco aos <le ,, v0:> ass1~tam; ,, e fasemlO' hum sig nal, duas Uualtero.,, Que l inda jovcn , diz a G ualte ro o ,, dama'> desceram <l'hum carro , e acompanha­" ~wu mais proximo \'ai ido! lu: bella, he da mi- " das u'huma c riada, que condusia hum trou­nh:i. eicolb a , repetle aquclle ;,, maç como pc- ,, xa, d ias se apossáram da filha <la 1 a nicula, nctraria este o sentido <le taes palaHas? Gual- ,, e Gual tcro cosmaissahirnm. Apenas seabrio tcro faz &ignal a c<>metivn }Hlrn apcm-se p to- ~' a porta Guallero diz ao Ycl ho. ,, Eu sei , q ue

O JOVEN NATURALISTA.

,, haveis sido hum homem \'Írtuoso e honrndo, ,, e dcs~jo snber se he do \'Osso gosto o havere­" is me por genro assim como me haveis tido ,, por ~t:nhor? Senhor (exclamou entam ove­" lho attonito) vos mandae:> em vossos vassal ­" los, e, st:ndo eu hum dos m ais fieis , como ,, ousaria conlravir vossos d t:scjos? **

~~~~

F .ABU LA.

A Caprichosa.

Certa moça, algum tanto caprichosa, Per tendia u m marido sem d efei to , H apnz , com boa facha prasenteiro , l •'ogoso e sem ciume (isto se note)­Rico ella o queria, e tamLem nobre , E com tino, e aHim obra completa. Mas q uem pódc abranger tam raros dotes ? Entre tanto o destino , cuitlndoso 5e mostro u em proYer a tanto empenho.

I mportantes par.tidos ~e apprescn tam_ .. M nnquejaudo d e hum lado a bclla os acha! " Quem cu ! P ois estes t.-astes ! Qul! delicio ! " l sto me offcr \am l ::iam mui lindas peças ! .. " Que figuram ! Dam riso .os tnes sujcilQ'3 ! - . " Qual , finura não tinha em sua mente .. . Qual, nariz de tal forma appresen tava .. . E qual este defeito, qual estr' ou tro, Pois a pár do e:: pricho o d1lsdem marcha . Cessan<lo os boas, os medios se of:fereceru J~ d'cstes igualmente a bel!a zomba! E dizia, exclamando . - (.~ue bondade -E' a minha em deixar,que em casa m~ entrem! - C uidam, <JUC o nam :casar me a flige e rnla ? - Poi:> cr.t, gra<;as ao Cé@, as noite:; passo - ( Bam guesó) sem pesar, q ue me atromcnlc..-D 'est'arle cLc~orrcndo se aqui.ela Eis c'o a idade dccahc ... Ad<~us amante~! :Hum annu, dm1s se passam com temorn-> .• . .Eis dcspoorta •O pesar ... V e, •Cada .<lia' Que huma gr.a<;a l he escapa hu rn :ds.tc 1l0a . • • F ende os ares A mor espa \'Orido, E ve depois a bella a face c-squiva Desviar , repelir-lhe os amadores. Eo tarr: para o car.mim a triste a ppclfa, Com drogas m il i:atenta renov:n-·$e ... Ao geral tlestructor, ao tempo, ce<lc ..• H um predio se repara, o rosto nunca. A caprichosa .entam muda dn phrasc. - Sem dcm<Dr~U'-le cnza - o espc lh0 grit.a , ]~ não sei que GlUtro mais dczcjo ardente, Que p6<le bem caber n as caprichosas . H uma escolha ,en tam fez custosn a crer-se ..• Pois feliz se julgou, oh duro fo<lo ! Achando um partasana es torpiaJo ! • .. ..

---

SONETO.

Hnm peito em fogo ardente incendiado. Qual j ámais cxislio, por ti se inflamma , Hum peito, que no mundo a ti s6 ama. Em ti deve encontrar benigno agrado.

Se contra mim se armar a verso fado, T entando nmortecer d'est' alma a chamma, D ebalde lida , que a paixam me clama Amar-te , ou vent~roso, ou desgraçado.

Tudo caduca: meu Amor nam passa •.• C1

0 sangue tanto affecto rubricára . . • A tal paiÃam propicia amor te faça.

Se n 'hum throno <la terra eu dominára, E ti\l.csses nascido em sorte escassa , O throno, por gozar-te , abahdonára.

..

Srepe sinistra cava dixit ( ab ilice) cornix ! Bem di!iia \ligilio, que ,há momentos, em qnc lá da carc0111.ula o. sinlltiira grasna a gourcira gralha ! ! Em hora asinga deo o J. N. no seu 5.° n.0 o art. P raia do bom .mccesso l O pobresinho do J o ver;i foz aii exc@ar pelos bicos de sua mal apa­rada penna paluv,ras sem mal nem fel; porem quir. 11.náo fodo , que lhe escapasse hu rn \'Occa­bu lo biscnm, suas ueUa,; ,e ama vci,; lei Loras, iu­terpreláram a innoceucia da lal pafa'\·rn amph i­bol0gica; e ei-l as qun;;i tQdas a.gasta<l:\s contra ellc ; formam -lhe corpo de delicto , e, sem ou­virem sua <leffesa' o uochmun profanador do sacluario <la <lecencia! .Forte desgraça hc a do J. N., •q,uc tam ioexperadnmeole incorreo no desagrado d'huma tam rl.:'speita"el parte <las mi­mosas u ,·es do paraiso l O J _ N. assaz a<lm ira ! respeita..! j)resa e vcaera. o bello sexo para espe­rar, que se lhe f1zes~e iajus liça tnm Jesapieda­da ; e , 1pant mostrar sua inn0cencia, par~\ q tit!

se conheça , que cllc aam merece por esta vez puxüe tf'orclha, vae explicar-se <l'huma forma satisfatoria , e <le;;de já coe ta c0m a excusa <lc suas pruden tes leitoras..

:N th ha,famos escrito hum artigo !;crio, e fisc­mo~ ri'clle huma pequer.a cligre!.;;mn, di l;cnclo en­tre ou t rns cousas ,, vendo .as 7lOSSOil béllas com. seu'6 carúes de n eve .... e is-aqui a pe<lrn do c:>candalo. Nossa• benevolas leitoras tomáram o sul:stanti­"º do plural carões no senti<A.o augmmtativo para.

, exprimir coras grandes c · enormcR; porem nós o ba viarn0s -escrito no sentido posili vo, simples in­n11cente, para s ignificar em portugucz cor do 1-os­to do france'l lfeint-caram etc.; e tiim certoca<la hunrn de nossM leitoras nos enviasse mil assigna 1 u ras, como e:tLamos fallando com o coraçam nas mãos ( com0 ·lá se diz) . A' vista pois <l ' esta ingt:n11a cxplicn<jam julga o J . N . , que se dei_ vanccernm tO<:ias as suspeitas meno~ favoravcis

LISBOA: NA TYP. J.ISDONN ENSE.