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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS GABRIELA TORTORELLI A utilização de progesterona injetável, pós inseminação artificial em tempo fixo, em vacas de leite de alta produção como estratégia para melhoria da eficiência reprodutiva em propriedade leiteira Pirassununga 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

GABRIELA TORTORELLI

A utilização de progesterona injetável, pós inseminação artificial em tempo

fixo, em vacas de leite de alta produção como estratégia para melhoria da

eficiência reprodutiva em propriedade leiteira

Pirassununga

2018

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GABRIELA TORTORELLI

A utilização de progesterona injetável, pós inseminação artificial em tempo

fixo, em vacas de leite de alta produção como estratégia para melhoria da

eficiência reprodutiva em propriedade leiteira

(VERSÃO CORRIGIDA)

Dissertação apresentada à Faculdade de

Zootecnia e Engenharia de Alimentos da

Universidade de São Paulo, como parte

dos requisitos para obtenção do Título de

Mestre em Ciências no Programa de Pós-

Graduação em Gestão e Inovação na

Indústria Animal.

Área de Concentração: Gestão e Inovação

na Indústria Animal.

Orientador: Prof. Dr. Celso da Costa Carrer

Pirassununga

2018

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GABRIELA TORTORELLI

A utilização de progesterona injetável, pós inseminação artificial em tempo

fixo, em vacas de leite de alta produção como estratégia para melhoria da

eficiência reprodutiva em propriedade leiteira

Dissertação apresentada à Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ciências no Programa de Pós-Graduação em Gestão e Inovação na Indústria Animal.

Data de aprovação: 14/12/2018

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Celso da Costa Carrer – Presidente da Banca Examinadora

FZEA/USP – Orientador

Prof. Dr. Guilherme Pugliesi

Prof. FMVZ/USP

Prof. Dr. Francisco Palma Rennó

Prof. Titular FMVZ/USP

Profa. Dra Sheila Merlo Garcia Firetti

Profª Titular UNOESTE

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DEDICATÓRIA

À meus pais,

que tanto me estimulam a evoluir todos os dias...

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AGRADECIMENTOS

À Deus, o qual nos dá a vida, saúde e inteligência para chegar até aqui e ir além...

À Espiritualidade de Luz e aos meus Guias, pela proteção e ensinamentos constantes em

prol de nossa evolução...

Aos meus pais, Júnior e Silvana, que pelo amor e respeito, me criaram, educaram e me

deram toda a base para chegar até aqui como pessoa e profissional...

Ao meu irmão, Neto, que sempre foi meu parceiro desde as lutinhas de espada na infância,

nossas viagens e nossas atuais boas conversas...

Aos meus avós e padrinhos, Aldo e Antonieta, que sempre fizeram de tudo pela união da

família e me criaram, com muitas guloseimas e ensinamentos...

À Universidade de São Paulo, por poder desfrutar por duas vezes de seus programas de

ensino de maior qualidade da América Latina...

Ao meu orientador, Prof. Dr. Celso da Costa Carrer, por sempre me ajudar a ver os desafios

pelo lado positivo, fazendo tudo dar certo no momento necessário...

Ao parceiro Médico Veterinário Alexandre José Azrak, pelo apoio no projeto, desde o início e

pela autorização de coleta de dados...

Ao Prof. Dr. César Gonçalves de Lima e à Profª Giovana Fumes Ghantous pela colaboração

e ensinamentos estatísticos...

E por último, mas não menos importante...Aos animais, que, oferecem suas vidas a nós,

seres humanos...

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“Ad Astra Per Aspera”.

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RESUMO

TORTORELLI, G. A utilização de progesterona injetável, pós inseminação

artificial em tempo fixo, em vacas de leite de alta produção como estratégia para

melhoria da eficiência reprodutiva em propriedade leiteira. 2018. 69f. Dissertação

de Mestrado – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de

São Paulo, Pirassununga, 2018.

Com o intuito de contribuir para a melhoria da eficiência na reprodução de vacas

leiteiras de alta produção, objetivou-se no presente trabalho avaliar a taxa de

concepção (TC) e a perda gestacional precoce (PGP) em vacas da raça Holandesa

suplementadas com 900 mg de progesterona injetável de longa ação, quatro dias após

Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em relação ao grupo controle. A pesquisa

foi desenvolvida em rebanho leiteiro comercial na cidade de Descalvado-SP, durante

o período de janeiro de 2016 até janeiro de 2017, resultando em um total de 1.414

protocolos de IATF, sendo 708 do grupo experimental com progesterona (G1) e 706

do grupo controle (G2). Não houve diferença na TC aos 30 (p=0,276) e aos 60 dias

(p=0,215) de G1 em relação a G2. Houve diferença significativa PGP (p=0,007), em

que foi possível aferir que vacas tratadas com progesterona pós-IATF tiveram 2,1

vezes mais chance de perderem a gestação em relação àquelas do grupo controle.

Foi realizado teste de regressão logística para os subgrupos que foram ao final

significativos para efeito de progesterona: Vacas (G1) com 1-4 inseminações,

primíparas, no inverno obtiveram 63% menos chance de se tornarem prenhes aos 30

dias. Vacas com mais de 4 inseminações no verão obtiveram 2,5 vezes mais chance

de se tornarem prenhes aos 30 dias e 2,6 vezes mais chance de se tornarem prenhes

aos 60 dias. Conclui-se que a utilização indiscriminada de progesterona injetável pós-

IATF neste estudo não trouxe melhoria em TC30 e TC60 e houve aumento de PGP.

No entanto, pode-se afirmar que a suplementação de progesterona influencia

positivamente as TC30 e TC60 para a classe de vacas com mais de 4 inseminações

no período do verão.

Palavras-chave: gado leiteiro; inseminação artificial em tempo fixo; progesterona;

reprodução.

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ABSTRACT

TORTORELLI, G. The use of injetable progesterone after time fixed artificial

insemination in high producing dairy cows as a strategy to improve the

reproductive eficience in dairy farm. 2018. 69f. Master’s Dissertation – Faculdade

de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga,

2018.

To improve the reproductive efficiency of high production dairy cows, the aim of the

present study was to evaluate the conception rate of Holstein cows of high production

supplemented with 900 mg of long acting injectable progesterone, four days after FTAI

and Early Pregnancy Loss (EPL) comparing it to the control group. The project is a

result of information collected from a commercial dairy herd from Descalvado-SP,

during January 2016 until January 2017, totalizing 1414 FTAI protocols, 708 within the

experimental group with progesterone supplementation (G1) and 706 within the control

group (G2). There was no statistical difference in conception rate at 30 days (CR30)

(p = 0.276) and conception rate at 60 days (CR60) (p = 0.215) between G1 and G2.

There was a significant difference in the EPL (p = 0.007), which was possible to

ascertain that cows treated with progesterone after FTAI were 2.1 times more likely to

lose pregnancy than those in the control group. A logistic regression test was

performed to evaluate the interaction of classes and those relations to progesterone,

within the values of p <0.1 considered for group subdivisions. Among the subgroups

that were significant for progesterone effect: Cows that received 1 to 4 inseminations

primiparous in the winter, for CR30 (p = 0.009); Cows with 5 or more inseminations in

the summer for CR30 (p = 0.004) and CR60 (p = 0.008). Cows with 1-4 inseminations,

primiparous, in the winter were 63% less likely to become pregnant at 30 days. Cows

with more than 4 inseminations in the summer were 2.5 times more likely to become

pregnant at 30 days and 2.6 times more likely to become pregnant at 60 days. It was

concluded that the indiscriminate use of injectable progesterone after FTAI in this study

did not bring improvement in CR30 neither CR60 and the reproductive efficiency was

decreased, with increase of EPL. It is possible to hold true that that progesterone

supplementation at 4th day after FTAI positively influences the CR30 and CR60 among

the cows within the class with more than 4 inseminations in the summer.

Keywords: dairy cattle; fixed-time artificial insemination; progesterone; reproduction.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Perfil plasmático de vacas holandesas suplementadas com progesterona

de longa ação intramuscular em diferentes doses ............................. 32

Figura 2. Esquema cronológico de protocolo de inseminação artificial em tempo fixo.36

Figura 3. Experimento prático ................................................................................... 39

Figura 4. Fluxograma de análise de dados por interações de subgrupos amostrais. 52

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Temperatura e Umidade Relativa do Ar Médias no ano de 2016 em

Descalvado-SP. ................................................................................. 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Índice de Temperatura e Umidade médio mensal de 2016 ...................... 42

Tabela 2 -Análise de variância de número de lactações, inseminações e dias em

lactação para o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2

(controle) para vacas Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação,

em rebanho localizado em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7

........................................................................................................... 47

Tabela 3 - Taxa de Concepção e Perda Gestacional Precoce Geral para o Grupo 1

(tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para vacas

Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho localizado

em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7. ................................... 47

Tabela 4 - Distribuição amostral das classes de inseminação, lactação e época para

o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para vacas

Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho localizado

em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7....................................47

Tabela 5 - Distribuição amostral das classes de inseminação, lactação e época para

o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para vacas

Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho localizado

em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7......................................49

Tabela 6 - Taxa de Concepção aos 30 e 60 dias em Vacas Classe IA1 no Verão para

o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para vacas

Holandesas Preto e Branco, em lactação, em rebanho localizado em

Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7...........................................51

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

bTP-1 “Bovine Trophoblastic Protein 1”

CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

CR30 “Conception Rate at 30 days”

CR60 “Conception Rate at 60 days”

E2 Estradiol

eCG Gonadotrofina Coriônica Equina

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPL “Early Pregnancy Loss”

ESALQ Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

FIV Fecundação in vitro

FTAI “Fixed-Time Artificial Insemination”

FZEA Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

FZEA Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

g Grama

G1 Grupo 1

G2 Grupo 2

H1 Hipótese 1

H2 Hipótese 2

IA Inseminação Artificial

IATF Inseminação Artificial em Tempo Fixo

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IBGE Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatísticas

IFN-Ʈ Interferon Ʈ

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IPCA Índice de Preços ao Consumidor

ITU Índice de Temperatura e Umidade

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

mg Miligrama

mL Mililitro

mm Milímetro

ng Nanograma

ºC Graus Celsius

P4 Progesterona

PGF2α Prostaglandina F2 alfa

PGP Perda Gestacional Precoce

SP São Paulo

TC30 Taxa de Concepção aos 30 dias

TC60 Taxa de Concepção aos 60 dias

TE Transferência de Embriões

US Ultrassonografia

USP Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

2. JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E HIPÓTESE ..................................................... 19

3. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 21

3.1 A concepção e o desenvolvimento embrionário em fêmeas bovinas .............. 21

3.2. Desafios na performance reprodutiva em vacas de leite de alta produção..... 23

3.3. Inseminação artificial em tempo fixo em bovinos de leite ............................. 26

3.4 Suplementação de progesterona pós inseminação ......................................... 28

4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 34

4.1. Características da propriedade e do manejo. ................................................. 34

4.2 Aplicação de progesterona pós inseminação artificial em tempo fixo .............. 37

4.3 Diagnóstico de gestação e taxa de concepção ................................................ 37

4.3.1 Taxa de concepção aos 30 dias ................................................................ 38

4.3.2 Taxa de concepção aos 60 dias ................................................................ 38

4.3.3 Delineamento experimental ....................................................................... 38

4.4 Perda gestacional precoce .............................................................................. 39

4.5 Período de análise dos dados técnicos ........................................................... 40

4.6 Análise estatística dos dados .......................................................................... 43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 44

5.1 Resultados gerais ............................................................................................ 44

5.2 Resultados por subgrupos amostrais .............................................................. 47

5.3 Fluxograma de Resultados por subgrupos ...................................................... 51

7. CONCLUSÃO. ....................................................................................................... 54

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 56

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1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura é uma das principais atividades do agronegócio brasileiro, com

o segundo lugar em tamanho de rebanho no mundo com 214.899.796 cabeças

(IBGE,2017). Composto majoritariamente por gado zebuíno de corte, o rebanho

brasileiro possui muito potencial para crescimento da produtividade, principalmente

quando se analisa a situação atual dos índices produtivos da bovinocultura leiteira.

Atualmente, o setor de produção leiteira é composto de 17,9 milhões de vacas

produtivas (USDA,2018) produzindo 35,2 bilhões de litros de leite anualmente, o que

coloca o país em 5º lugar no ranking mundial de produção leiteira (FAO,2018). Apesar

de uma boa colocação no âmbito global, a média de produção de 6,55 Litros/vaca/dia

é ainda muito aquém do potencial de um rebanho leiteiro.

Como qualquer atividade do agronegócio brasileiro, ainda é possível um

processo de profissionalização gradativo e crescente, com consequente aumento da

produtividade, mesmo enfrentando, historicamente, condições pouco estáveis de

mercado e de ambiente negocial no país.

Existe, atualmente, forte movimento gerado pelos atores dominantes deste

sistema agroalimentar, que pressiona os produtores no sentido de buscarem se

especializar, às expensas de não sobreviverem no ramo devido a vários fatores, os

quais pode-se citar dois importantes.

De um lado, o primeiro se embasa na maior exigência dos laticínios em adquirir

matéria prima de qualidade, forçando o produtor a se adequar às exigências ou

retirando-o da rota de coleta de leite.

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Por outro lado, mas não menos importante que o primeiro, é necessário que os

produtores aumentem sua escala de modo a manterem-se competitivos, reduzir

custos de transporte para a indústria e para melhorar os resultados da gestão de

produção.

O conhecimento sobre os indicadores internos da fazenda técnicos e financeiros

são de extrema importância na priorização de investimentos. Com os números em

mãos, o estabelecimento de metas e o planejamento para alcançá-las se torna

possível. Os produtores que trabalham constantemente com o intuito de obter

indicadores, como taxa de mortalidade pré-desmama abaixo de 3%, intervalo entre

partos de 12 a 14 meses e 80% de vacas do rebanho em lactação, são mais eficientes

em relação à média nacional. Certamente, eles vão obter resultados financeiros

melhores e estão menos propensos a abandonar a atividade leiteira (CEPEA, 2018).

Por sua vez, definir as tecnologias e os métodos de produção mais viáveis é

condição básica para uma produção de leite com qualidade dentro deste sistema

produtivo que vem sofrendo mudanças importantes ao longo das últimas duas

décadas.

No gerenciamento operacional, o controle zootécnico do rebanho tem

fundamental importância. Para se definir como produzir e introduzir tecnologias mais

adequadas a cada sistema produtivo, deve-se fazer levantamentos estratégicos,

reorganizando e melhorando o processo produtivo continuadamente. Para o

gerenciamento técnico utilizam-se indicadores de desempenho, que mostram a

realidade em índices, com a capacidade de identificar os pontos críticos da produção,

a fim de influenciar o desempenho das unidades produtoras de leite.

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No âmbito técnico da gestão, alguns indicadores que devem ser utilizados são:

produção diária de litros de leite; relação de vacas em lactação pelo número total de

vacas; produção por vaca em lactação; produtividade da mão de obra permanente

(litros/força de trabalho); quantidade de concentrado ofertada por litro de leite

produzido; índice de fertilidade; índice de natalidade; taxa de mortalidade; índice de

descarte e taxa de crescimento do rebanho, para citar alguns deles. Cabe aos

gestores o desafio de ajustar seu sistema de produção à condição tecnológica mais

viável e condicionada às exigências crescentes de mercado.

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2. JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E HIPÓTESE

A área de conhecimento especializada em reprodução da bovinocultura leiteira

tem sido alvo de muitos estudos, pois tem fundamental importância na eficiência de

todo o sistema da fazenda produtora de leite. A boa nutrição, as condições de saúde

dos animais e a gestão ambiental, são fatores indispensáveis e que refletem

diretamente no desempenho reprodutivo e, consequentemente, nos resultados de

viabilidade do negócio (RENNÓ et al., 2008; NETO; BITTAR, 2018). Sendo assim,

todas as variáveis que envolvem o resultado técnico finalístico na criação animal,

acabam afetando diretamente a reprodução, uma vez que essa se apresenta como o

gargalo mais delicado do processo produtivo (OJEDAS-ROJAS, 2015).

Com o intuito de melhorar a gestão reprodutiva e, consequentemente, aumentar

os resultados econômicos na produção leiteira, utiliza-se, com crescente nível de

complexidade, as biotecnologias reprodutivas. As biotecnologias reprodutivas mais

comumente utilizadas, atualmente, são: a Inseminação Artificial (IA), a Inseminação

Artificial em Tempo Fixo (IATF), a Transferência de Embriões (TE) e a Fecundação in

vitro (FIV). Cada uma destas técnicas deve ser utilizada de acordo com a necessidade

de cada propriedade leiteira e com a disponibilidade de investimentos e domínio da

técnica pela equipe envolvida.

Aliada às biotecnologias reprodutivas, a suplementação de progesterona pós

IATF surgiu como inovação no sentido de suprimir uma lacuna do ciclo estral bovino

que influencia na perda precoce de embriões (MANN et al., 2001; O’HARA, 2014;

GARCIA-ISPIERTO; LOPES-GATIUS, 2017). Devido a sua ação na preparação do

ambiente uterino para desenvolvimento embrionário, a progesterona em baixos níveis

plasmáticos não possibilita a manutenção da gestação.

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Por sua vez, as vacas leiteiras de alta produção apresentam baixos níveis de

progesterona circulante no sangue devido ao alto metabolismo hepático, o que incorre

na maior perda gestacional precoce. Por isso, há interesse em consolidar os estudos

sobre o real impacto da progesterona exógena de longa ação como uma estratégia

de inovação na propriedade leiteira, que possibilite a melhoria dos índices

reprodutivos.

O objetivo do presente trabalho foi verificar o efeito da aplicação intramuscular

de 900 mg de progesterona pós IATF em vacas da raça holandesa de alta produção,

por meio da avaliação da taxa de concepção aos 30 e 60 dias pós inseminação e da

perda gestacional entre os mesmos períodos.

O rebanho experimental foi separado, aleatoriamente, de modo a comparar o

resultado desses índices entre o grupo tratado com progesterona, vis-a-vis um grupo

controle. Diversas variáveis, tais como época do ano, número de inseminações

realizadas e número de gestações anteriores foram controladas de forma a se isolar,

efetivamente, o efeito da aplicação de progesterona no desempenho reprodutivo do

rebanho experimental.

As hipóteses elaboradas consistem em afirmar que a aplicação de progesterona,

pós IATF, na dose escolhida e no protocolo adotado para vacas da raça holandesa de

alta produção, decorrem:

H0: “O tratamento de 900mg de progesterona injetável não influencia na taxa de

concepção aos 30 e 60 dias e na redução da Perda Gestacional Precoce do rebanho

de vacas leiteiras” e;

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H1: “O tratamento de 900mg de progesterona injetável influencia na taxa de

concepção aos 30 e 60 dias e na redução da Perda Gestacional Precoce do rebanho

de vacas leiteiras””.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A concepção e o desenvolvimento embrionário em fêmeas bovinas

A fêmea bovina, ao chegar à puberdade, sofre mudanças morfológicas,

endócrinas e secretórias nos ovários e no útero, iniciando sua aptidão para gestar um

novo concepto. Os folículos, que estão presentes nos ovários desde o nascimento da

novilha, se tornam susceptíveis às ações hormonais parenterais e então começam as

ondas foliculares do ciclo estral até a ovulação. O desenvolvimento folicular passa por

fases, desde os folículos primordiais, até ser estimulado à ovulação e consequente

luteinização (SENGER, 2012).

Os folículos ovulatórios tem importante papel no sucesso da concepção

(OLIVEIRA et al., 2016) e sua qualidade influencia na fertilidade de vacas,

principalmente aquelas repetidoras de cio e em estresse térmico (FERREIRA et al.,

2016). O folículo ovulatório possui camadas as quais são constituídas de oócito,

células da granulosa, membrana basal, células da teca interna e células da teca

externa (MILVAE, 2000).

Após a ovulação do folículo, ocorre maturação oocitaria à concepção. Então, o

embrião formado irá se desenvolver em blastômeros, mórula e blastocisto até eclodir

no útero por volta do 9º - 11º dia pós concepção (SENGER, 2012).

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Após a eclosão do blastocisto, o embrião irá se elongar por todo o útero,

aumentando em mais de 8 vezes seu tamanho em 4 dias. Ao 18º dia, o blastocisto

elongado ocupa já os 2 cornos uterinos com seus anexos fetais (BINELLI et al., 2001).

O processo de reconhecimento materno da gestação é realizado pelo concepto

que sinaliza sua presença à unidade materna, que o mantém gestando (DESTRO et

al., 2014). Para reconhecimento da gestação, o trofoblasto do blastocisto produz o

sinalizador “bovine thophoblastic protein 1” (bTP-1), mais conhecido como Interferon

Ʈ (IFN- Ʈ) entre os dia 13 a 21, o qual adere ao endométrio e inibe a síntese dos

receptores de ocitocina, diminui a níveis basais a produção de PGF2α e estimula a

produção de proteínas responsáveis pela sobrevivência do embrião pré-implantação.

O período mais crítico para sobrevivência do embrião se dá até os dias 15 a 16 pós

ovulação, o qual pode não ter capacidade suficiente de sinalizar ao útero sua presença

resultando em consequente perda embrionária precoce (SENGER, 2012).

Os níveis de progesterona são mantidos tanto pela atuação direta do interferon-

Ʈ no corpo lúteo quanto pela sua atuação na estrutura do endométrio, inibindo a

ocitocina e prostaglandina do endométrio (ANTONIAZZI et al., 2013; BOTT et al.,

2010; OLIVEIRA et al., 2008).

Na luteinização, processo de formação do corpo lúteo, as células da teca e da

granulosa do folículo ovulatório passam a produzir progesterona (P4) em substituição

ao estradiol (E2), pela inversão das enzimas que transformam colesterol em P4 ou E2

(SOUZA, 2015). Então, forma-se o corpo lúteo, que possui dois tipos celulares

esteroidogênicos: células luteínicas pequenas, que secretam pouca progesterona

(P4) e; células grandes, que secretam progesterona espontaneamente em alta

proporção. Também é, minoritariamente, constituído de células endoteliais,

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fibroblastos e leucócitos, que se misturam às pequenas e grandes células luteais

(FIELDS; FIELDS,1996). As grandes células são formadas a partir de células da

granulosa luteinizadas e são estimuladas por Hormônio Luteinizante (LH) para a

produção de P4, enquanto as pequenas células são formadas a partir de células da

teca (O’SHEA; RODGERS; DOCCHIO,1989).

Quando o corpo lúteo está formado, a pulsatilidade baixa do Hormônio

Luteinizante (LH), proveniente da hipófise, entra em contato com as células luteínicas

e estimula a produção de progesterona, que é carreada através do sangue aos tecidos

endometriais, propiciando a manutenção da gestação a termo (SENGER, 2012).

Outros mediadores uterinos, com destaque para o IGF-1 são também estudados

atualmente para verificar seu papel na manutenção da gestação (SPONCHIADO et

al, 2017).

3.2. Desafios no desempenho reprodutivo em vacas de leite de alta

produção

Em bovinos de leite, o crescente aumento em produtividade vem atrelado ao

aumento no consumo de matéria seca e uma concomitante diminuição na fertilidade

das vacas (CUTULLIC et al., 2012; KAWASHIMA et al., 2012). Rabiee; Lean;

Stevenson (2005) observaram que o elevado consumo de matéria seca por vacas de

alta produção tinha relação negativa com a concentração de progesterona plasmática.

Esse fato se deve ao aumento no metabolismo hepático quando ocorre alta produção

de leite (WILTBANK et al., 2011). Nesta situação, há reflexo no atraso da atividade

ovariana pós-parto, maior falha na detecção de cio e diminuição da taxa de concepção

(BUTLER, 2008).

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Conforme descrito por Wiltbank et al. (2016), existem 3 principais períodos de

perda gestacional em vacas de leite pós ovulação: o primeiro é do dia 0 ao dia 7; o

segundo é do dia 8 ao dia 27 e; o terceiro é do dia 28 ao dia 60. Segundo os mesmos

autores, as maiores perdas ocorrem no primeiro período, tanto causadas por

problemas na concepção quanto por perdas precoces embrionárias.

Os fatores principais que influenciam na baixa fertilidade em vacas de leite de

alta produção são o número de inseminações (FERREIRA et al., 2016), estação do

ano, relacionado a estresse térmico (FERREIRA et al., 2016), alterações metabólicas

(SHEHAB-EL-DEEN et al., 2010), níveis produtivos (GALLO; GRACIOSA; MATARIM,

2016) e qualidade do folículo ovulatório (VERAS et al., 2018).

Em estudo feito por Ferreira et al. (2016) verificou-se que a infertilidade em vacas

leiteiras relacionada a baixa qualidade do oócito é devida a menor quantidade de DNA

mitocondrial do folículo ovulatório. Com isso, há um subdesenvolvimento no

elongamento embrionário e baixa sinalização de gestação, resultando em perda

embrionária, corroborando com os resultados de estudo de Correa (2015).

Villadiego et al. (2016) estudaram o efeito das desordens puerperais sobre a

performance reprodutiva subsequente. Sugeriram que é necessário um bom

acompanhamento pós-parto imediato, para que o diagnóstico dessas desordens

possa ser realizado o mais rápido possível, a fim de não aumentar o período de serviço

e, consequentemente, comprometer os índices reprodutivos e produtivos desses

animais.

Gabor et al. (2016) também descreveram alterações na perda gestacional

relacionada ao período de diagnóstico realizado, sendo maior a perda gestacional

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precoce em diagnósticos por ultrassom realizados entre os dias 29-35 pós

inseminação do que diagnósticos realizados entre os dias 36-42 pós inseminação.

Um fator importante em todo o ciclo produtivo de bovinos de leite, influenciando

desde o crescimento da bezerra até a reprodução e produção da fêmea adulta, é o

estresse térmico (WILTBANK et al., 2016). Este é definido por aumento na relação de

calor produzido versus calor dissipado e em geral é causado por elevadas

temperaturas ambientais, as quais influenciam nos processos metabólicos da vaca,

aumentando a secreção de glicocorticoides e catecolaminas. Com isso, há inibição da

secreção de hormônios reprodutivos e redução na sensibilidade das gônadas a esses

hormônios. Konyves et al. (2017) descrevem que, em condições desconfortáveis, o

metabolismo dos bovinos é alterado e há diminuição de ingestão de matéria seca e

queda na produção de leite. Há diminuição do desenvolvimento folicular e ovulação

de oócitos subférteis, prejudicando tanto a formação do embrião como também o

desenvolvimento do corpo lúteo, com consequente diminuição na taxa de concepção

(FERRO et al., 2010) e aumento das perdas embrionárias até 60 dias pós concepção

(AYRES, 2012).

Torres-Júnior et al. (2008) compararam vacas em estresse térmico com vacas

em termo-neutralidade. As vacas com estresse térmico apresentaram maior

codominância folicular, menor nível de progesterona circulante e menor

desenvolvimento de blastocistos. Schuller, Burfeind e Heawieser (2014) verificaram

queda na taxa de concepção em 19 pontos percentuais em vacas que sofriam de

estresse térmico. De Rensis et al. (2015) também observaram efeitos de estresse

térmico no aumento da perda gestacional em vacas de leite e, por fim, afirmaram que

a suplementação de P4 pós IATF no final da fase embrionária e/ou no início do período

fetal poderia ser útil para diminuir as perdas gestacionais.

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3.3. Inseminação artificial em tempo fixo em bovinos de leite

Crowe; Williams (2012) demonstraram diminuição da expressão de estro em

fêmeas bovinas de alta produção leiteira, o que torna a detecção de estro um dos

fatores mais limitantes de alcançar eficiência reprodutiva dentro da propriedade leiteira

(VILLADIEGO et al., 2016).

A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é um avanço necessário para que

se aumente as chances de sucesso de concepção, garantindo a boa ciclicidade da

fêmea bovina (ANDRADE, 2017). Thatcher et al. (1989) fizeram as primeiras

demonstrações do Programa de IATF, controlando o corpo lúteo e a dinâmica folicular

ovariana, com isso possibilitando inseminação programada e o trabalho com grupos

de animais ao mesmo tempo. Pursley et al. (1995) criaram o protoclo Ovsynch, o qual

difundiu os programas de IATF, melhorando também a taxa de serviço1. Dessa forma,

os programas de IATF começaram a ser mais difundidos e houve melhoria tanto em

taxa de concepção2, como na diminuição do intervalo parto-concepção em fêmeas

bovinas (TEIXEIRA, 2010).

Outros pesquisadores (WILTBANK; PURSLEY, 2014; RUDOLPH et al., 2011;

WILTBANK et al., 2011; MCART et al., 2010; RABIEE; LEAN; STEVENSON, 2005;

MOREIRA et al., 2001; PURSLEY et al., 1997) ainda salientaram a importância da

seleção sobre o protocolo a ser utilizado. Um contínuo estudo sobre os melhores

métodos de manipulação do ciclo estral em vacas leiteiras é importante para aumentar

1 Taxa de serviço é definida como A taxa de serviço é obtida através da divisão do número de inseminações pelo número de vacas aptas a cada intervalo de 21 dias. É um indicador extremamente dinâmico, uma vez que o universo de vacas aptas muda diariamente, o que dificulta a obtenção do mesmo. Para cálculo da taxa de serviço é interessante se trabalhar com um software de gerenciamento de rebanho. Visualizado em “https://rehagro.com.br/blog/indicadores-zootecnicos/” em 12/11/2018. 2 A taxa de concepção é o resultado da divisão entre o número de vacas prenhes pelo número de inseminações feitas em determinado período. Idem ao anterior.

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os resultados técnicos na reprodução destes animais. (AZEVEDO; CANADA;

SIMÕES, 2014).

Em estudo feito por Souza et al. (2008), foi demonstrado que o protocolo Double-

Ovsynch, que consistia em aumentar os níveis plasmáticos de progesterona antes da

inseminação, resultou em melhores resultados na taxa de concepção.

Outros pesquisadores sugeriram que vacas de leite em anestro poderiam ter

melhores taxas de concepção se recebessem gonadotrofina coriônica equina (eCG)

suplementar no protocolo de IATF (BRYAN et al., 2010). Garcia-Ispierto et al. (2012)

encontraram benefício na aplicação de eCG junto a protocolos com base em

progesterona em IATF. Enquanto que Ferreira et al. (2013) e Pulley et al. (2013), não

verificaram diferença significativa em taxa de concepção, tamanho de folículo e

tamanho de corpo lúteo com a suplementação de eCG.

Tem-se estudado que protocolos a base de progesterona resultam em aumento

na taxa de concepção em vacas quando comparado a grupos sem utilização da P4

(COLAZO et al., 2013; EL-ZARKOUNY et al., 2004). Albuquerque (2015) verificou

que quanto maior a concentração de P4 plasmática durante o desenvolvimento do

folículo dominante, maior a fertilidade das vacas. Véras (2018) e Mokhtari et al. (2016)

também obtiveram significante aumento na taxa de concepção de vacas em que os

folículos ovulatórios tinha maior diâmetro. Em estudo feito comparando tamanho de

folículo, em folículos ovulatórios com mais de 11 milímetros (mm), as taxas de

concepção eram melhores em comparação com vacas com folículos menores

(OLIVEIRA et al., 2016).

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Pereira et al. (2014) constataram que pequena diferença de protocolos de IATF

com o aumento do tempo de P4 no protocolo pode melhorar as taxas de sincronização

e também diminuir as perdas gestacionais.

Um contínuo estudo sobre os melhores métodos de manipulação do ciclo estral

em vacas leiteiras, são importantes para aumentar os resultados técnicos na

reprodução destes animais. O desafio dos futuros estudos é reparar o declínio da

fertilidade em vacas de leite de alta produção, relacionadas a alto consumo de matéria

seca e estresse térmico (AZEVEDO; CANADA; SIMÕES, 2014).

3.4 Suplementação de progesterona pós inseminação

O processo hormonal inicial da gestação é crucial para sua manutenção

(DISKIN; PARR; MORRIS, 2012). Antes da funcionalidade completa do corpo lúteo, a

placenta desempenha o papel de produzir a progesterona necessária à manutenção

da gestação (FORDE et al., 2011). Supõe-se que parte dos efeitos da progesterona

seja estimular o endométrio a expressar padrão de secreção de proteínas necessárias

à formação do fluído luminal uterino (FORDE et al., 2014; MESQUITA et al., 2014),

também diminuindo a motilidade uterina e viabilizando a adesão e implantação do

embrião (SENGER, 2012). Martins et al. (2018) verificaram que o fluido uterino tem

significante aumento de concentração proteica nos primeiros 4 dias pós ovulação. O

mesmo autor também relatou que se houver instabilidade em composição do fluido

uterino, principalmente entre os dias 4 e 7 pós inseminação, há diminuição

considerável na taxa de prenhez.

De acordo com Senger (2012), há potencial importância no metabolismo de

progesterona em vacas leiteiras. O rápido metabolismo de progesterona em vacas de

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leite de alta produção pode causar sub-fertilidade temporária pela incapacidade de

prover um ambiente uterino propício a sobrevivência do embrião (DEMETRIO et al.,

2007).

De acordo com Souza et al. (2008), as classes de valores plasmáticos de

progesterona são divididas em: <1ng/mL como baixa; 1-3ng/mL como média e;

>3ng/mL como alta. Forde et al. (2011) demonstraram que a progesterona abaixo dos

níveis ideais também prejudica o elongamento do embrião, tornando-o menos capaz

de sinalizar sua presença no reconhecimento materno-fetal.

Desde a década de 70, tem se associado o baixo nível de P4 com a infertilidade

transitória em vacas de leite, causando, consequentemente, maior período de serviço

e repetição de cio (BULMAN; LAMMING, 1978). Como uma alternativa que pudesse

trazer melhorias nas taxas de concepção de vacas, vários estudos recentes se

propuseram a tentar suplementar esses animais com progesterona de diversas

formas, doses e tempos.

Mann et al. (2001) estudaram suplementar as vacas por meio de implantes

intravaginais contendo 0,95 gramas (g) de progesterona no dia 10 pós inseminação e

remoção do mesmo no dia 17. Denotaram significante aumento de progesterona

sanguínea, porém não obtiveram diferença na taxa de concepção das vacas.

Demonstraram, com isso, que a suplementação na 2ª metade da fase luteal não trouxe

melhoria na mortalidade embrionária precoce. Vários outros autores (SOUZA et al.,

2013; MONTEIRO Jr et al., 2014; PUGLIESI et al., 2014; O´HARA et al., 2013)

observaram efeito negativo da suplementação exógena de progesterona em

diferentes situações, tanto com uso de dispositivos quanto com uso de formas

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injetáveis. Parr et al. (2014) observaram diminuição de 12 pontos percentuais na

relação de prenhez por inseminação, quando foram utilizados um dispositivo de

liberação lenta de progesterona, entre os dias 4 e 9 pós inseminação, em vacas de

leite, com um lote tratado em comparação com o grupo controle. Também não foi

encontrada diferença na taxa de prenhez dos estudos de Monteiro Jr et al. (2015), em

que suplementaram vacas com dispositivo intravaginal de progesterona do dia 3 ao

dia 20 pós IATF.

De acordo com Whitter et al. (2013), a diferença da resposta ao tratamento com

progesterona de longa ação pode se dar de acordo ao status reprodutivo do rebanho.

Friedman et al. (2012) verificaram melhoria na taxa de concepção em vacas com baixo

escore de condição corporal e problemas reprodutivos quando suplementadas com

progesterona através de dispositivo intravaginal entre os dias 5 e 13 pós IATF.

Estudou-se também, a possibilidade de recuperar embriões pequenos,

utilizando-se da suplementação de progesterona com dispositivo intravaginal

(O’HARA et al., 2014). Vacas que tinham pequenos blastocistos foram suplementadas

entre os dias 3 e 5 pós IATF e obtiveram aumento na extensão do blastocisto 5 vezes

maior em relação ao grupo controle. O grupo de estudos demonstrou que, com a

suplementação de progesterona foi possível resgatar o blastocisto de má qualidade,

onde a progesterona seria capaz de melhorar as secreções do fluido do lúmen uterino.

O’Hara et al. (2014) também frisaram que a suplementação é interessante

quando aplicada na dose e no momento certo após a inseminação. Se for aplicado

fora do protocolo correto, pode-se resultar em prejuízo a vida útil do corpo lúteo,

levando-se a ciclos curtos e diminuição da vida do concepto.

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Pugliesi et al. (2014) estudaram as concentrações plasmáticas de progesterona

em diferentes doses suplementares e tempos de aplicação em vacas de corte

zebuínas. A progesterona se mostrou dose-dependente em avaliação do perfil

plasmático sequenciado. Ao comparar doses de 150 mg e 300 mg ao 2º e 3º dia pós

ovulação, denotou-se que a melhor estratégia de suplementação, para vacas de corte,

se deu ao 3º dia na dose de 150 mg em aplicação única intramuscular, de forma a

evitar luteólise precoce que doses maiores poderiam provocar.

Souza (2015) fez a avaliação das concentrações plasmáticas seriadas em

vacas de leite de alta produção após a aplicação de P4, em que comparou as doses

de 300 mg, 600 mg e 900 mg aplicadas ao 3º dia pós IA. Denotou que o melhor perfil

plasmático se deu na aplicação de 900mg de progesterona longa ação por via

intramuscular, cuja dose foi capaz de manter os níveis elevados de progesterona

plasmática acima de 1ng/mL por mais de 9 dias. Houve maior concentração

plasmática entre os dias 5 e 9 pós IATF.

O mesmo autor, em estudo complementar, avaliou que houve aumento da taxa

de concepção aos 30 dias em vacas de alta produção tratadas com 900 mg de

progesterona de longa ação injetável. Não encontrou diferença na taxa de concepção

aos 60 dias nem na taxa de perda gestacional. Na época quente do ano, do mesmo

estudo (SOUZA, 2015), houve significante aumento de taxa de concepção tanto aos

30 dias como aos 60 dias (Figura 1).

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Figura 1. Perfil plasmático de vacas holandesas suplementadas com progesterona

de longa ação intramuscular em diferentes doses.

Fonte: Souza, 2015

Já Garcia-Ispierto et al. (2016) denotaram significante aumento na taxa de

concepção de vacas suplementadas com dispositivo intravaginal de progesterona

entre os dias 15 e 17 pós IATF e sugeriram, no mesmo trabalho, que a suplementação

pode ser mais significativa em vacas com função luteal diminuida.

No ano seguinte, o mesmo grupo de pesquisadores (GARCIA-ISPIERTO;

LOPES-GATIUS, 2017) comparou a suplementação de progesterona em dois

momentos pós IATF: D3-5 e; D15-17. Os dois tratamentos foram significantes em

relação ao grupo controle. Vacas suplementadas no protocolo D3-5 foram 1,71 vezes

mais propícias a concepção aos 30 dias e; vacas suplementadas com progesterona

no D15-17 foram 1,4 vezes mais propícias a se tornarem prenhes em relação ao grupo

controle. A comparação dos dois protocolos entre si não resultou em significância

estatística. Já Senthilkumar et al. (2017) avaliaram vacas repetidoras de cio tratadas

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com progesterona no 4º dia pós IATF e não obtiveram diferença significante em

relação ao grupo controle.

Entretando, em estudo prévio, Martins et al. (2017) verificaram que a

suplementação de progesterona poderia aumentar a luteólise precoce em vacas de

corte. No mesmo estudo, quando separaram as vacas em duas classes, por tamanho

de folículo, denotaram significante aumento na taxa de prenhez em vacas tratadas

com progesterona que apresentavam folículos menor de 12,35 mm. Em vacas com

folículos maiores de 12,35 mm, a taxa de prenhez foi melhorada somente quando

associou-se suplementação de progesterona com aplicação de cipionato de estradiol.

Os mesmos autores verificaram que a suplementação de progesterona pós IATF, sem

considerar o tamanho do folículo, pode causar, em geral, a luteólise precoce,

corroborando com estudo feito por Mokhtari et al. (2016).

Nishimura et al. (2018) estudaram a suplementação de progesterona em vacas

com diferentes escores de condição corporal e diferentes atividades ovarianas em

vacas de corte e, diferentemente dos autores que estudaram essas classes de

animais anteriormente, não obtiveram resultados significativos na taxa de concepção,

nem interação da suplementação de progesterona com as diferentes classes de vacas

do estudo.

Resumindo-se a questão, após muitos trabalhos, ainda não se tem uma

conclusão final sobre os efeitos da suplementação de progesterona pós IATF na taxa

de concepção e na manutenção gestacional de fêmeas bovinas leiteiras de alta

produção, justificando-se a importância de novos trabalhos e novos métodos de

avaliação.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido para atender uma proposta de avaliação de

ação de um produto comercial, composto de progesterona (150 mg/mL), na

concepção de vacas Holandesas em uma propriedade leiteira na qual a pesquisadora

era consultora técnica no período da coleta dos dados.

Dessa forma, buscou-se avaliar, por demanda do veterinário responsável, o

efeito reprodutivo do tratamento realizado sob condições de manejo de rotina no

rebanho total junto a propriedade em questão.

Os dados foram coletados na propriedade, a cada semana, pessoalmente pelo

encarregado do manejo reprodutivo e planilhados através do software de gestão da

fazenda. Ato contínuo, os dados foram encaminhados a pesquisadora que ficou

responsável pelas análises técnicas e estatísticas que foram realizadas no âmbito de

seu treinamento junto ao Programa de Mestrado em Gestão e Inovação na Indústria

Animal (FZEA/USP).

Dessa forma, não foi possível encaminhar o pedido de cadastro da pesquisa na

Plataforma Brasil com antecedência, pois os dados já tinham sido coletados quando

chegaram às mãos da pesquisadora responsável.

4.1. Características da propriedade e do manejo.

A propriedade experimental localizava-se na cidade de Descalvado, no estado

de São Paulo, Brasil, nas seguintes coordenadas: -22,0247730; -47,6969810. O nome

da propriedade será omitido por questões éticas, a pedido de seus responsáveis.

A produção leiteira da propriedade contava com um rebanho de 450 vacas

leiteiras da raça Holandesa Preta e Branca, com média de produção de 30 litros por

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vaca por dia e média total de produção de 12 mil litros por dia de leite. Durante o

período experimental, foram realizadas 3 ordenhas diárias em todas as vacas em

lactação do rebanho.

As vacas em lactação eram alojadas em galpões “free-stall”3, divididas em lotes

por período reprodutivo, formando grupos de produção de até 60 vacas/grupo. O

número de baias das instalações excedia 10% do total de animais no lote e as mesmas

eram cobertas por cama feita de raspas de pneu. Havia ventilação e nebulização

controladas por sensores termossensíveis, em que, a partir de 19ºC de temperatura

ambiente, os ventiladores e nebulizadores eram acionados automaticamente.

Como alimento, era fornecida ração balanceada, formulada por veterinário

nutricionista, composta por volumoso e concentrado pré misturados por vagão

forrageiro e fornecida 3 vezes ao dia.

O manejo reprodutivo do rebanho de leite era realizado por meio de

acompanhamento do Médico Veterinário responsável, semanalmente, com inspeção

de vacas selecionadas por meio de software de controle reprodutivo.

As vacas receberam protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)

quando em estado reprodutivo saudável e quando não apresentavam prenhez

confirmada aos 30 dias pós inseminação.

O protocolo de IATF (Figura 2) foi manipulado na seguinte escala:

a) Dia 0 (D0): 0,1 miligrama (mg) de gonadorelina; 2 mg de benzoato de

estradiol e dispositivo intravaginal de 1,9 gramas (g) progesterona;

3 Free stall é um sistema de criação composto por baias individuais, nas quais os animais entram e saem espontaneamente para repousarem sobre um piso coberto por cama. Há acesso livre à água fresca e cocho de alimentação.

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b) Dia 7 (D7): 25 mg de dinoprost tromethamina;

c) Dia 8 (D8): 25 mg de dinoprost tromethamina; 1 mg de cipionato de estradiol

e retirada de implante intravaginal;

d) Dia 10 (D10): realização da inseminação artificial.

Figura 2. Esquema cronológico de protocolo de inseminação

artificial em tempo fixo.

Fonte: Própria autoria.

Todos as informações reprodutivas eram anotadas em caderno pessoal do

responsável e passadas ao software de controle de rebanho. As inseminações

artificiais tiveram listagem em caderno próprio, que incluía: data de inseminação; ID

animal; nome do touro utilizado e nome do inseminador. O caderno e o sistema de

software foi disponibilizado livremente para esse experimento, com autorização do

proprietário da fazenda e do Médico Veterinário responsável.

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4.2 Aplicação de progesterona pós inseminação artificial em tempo fixo

As vacas em lactação, submetidas a IATF, foram alternadamente selecionadas

(cerca de 50%) de acordo com a sequência de anotação no caderno de inseminações

a receberem 900 mg de progesterona de longa ação em uma única aplicação

parenteral intramuscular (6 mililitros de Sincrogest® Injetável, Ourofino Agronegócio

S.A.), formando o grupo tratado com P4 (G1). Paralelamente, a outra metade de vacas

foi selecionada para não receber nenhuma intervenção após a inseminação, sendo

avaliadas, neste trabalho, como grupo controle (G2).

Foram realizados 1.450 protocolos de IATF, sendo 725 que receberam P4 (G1)

e 725 do grupo controle (G2). Dentre esses, foram retirados do estudo 36 protocolos

devido a inconsistência de dados no momento da coleta, resultando um número

amostral total final de 1.414 protocolos de IATF, sendo 708 do grupo com P4 (G1) e

706 do grupo controle (G2).

4.3 Diagnóstico de gestação e taxa de concepção

As taxas de concepção, tanto do grupo tratado com progesterona quanto do

grupo controle, foram avaliadas aos 30 e 60 dias, pós inseminação artificial, através

de ultrassonografia uterina transretal realizada pelo Médico Veterinário responsável

da propriedade, de forma que ele não tivesse conhecimento a qual grupo experimental

a vaca em avaliação fazia parte. Os dados do diagnóstico foram anotados em ficha

específica reprodutiva e repassados ao software de controle reprodutivo para posterior

coleta de dados para esse estudo.

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4.3.1 Taxa de concepção aos 30 dias

Aos 30 ± 3 dias após inseminação, de ambos os grupos (G1 e G2), foi realizada

ultrassonografia transrectal pelo médico veterinário responsável e foi chamada de

Taxa de Concepção aos 30 dias (TC30) a percentagem de vacas gestantes em

relação ao total de vacas inseminadas do grupo analisado. As vacas consideradas

não-gestantes no dia do diagnóstico de ultrassom foram submetidas a novo protocolo

de IATF e entraram novamente em experimento de forma aleatória.

4.3.2 Taxa de concepção aos 60 dias

Aos 60 ± 3 dias após inseminação ou 30 ± 3 dias após o primeiro diagnóstico de

gestação positivo, foi realizada uma nova ultrassonografia transretal e então deu-se o

nome de Taxa de Concepção aos 60 dias (TC60) à percentagem de vacas gestantes

em relação ao total de vacas inseminadas do grupo analisado. As vacas consideradas

não-gestantes no dia do diagnóstico de ultrassom foram submetidas a novo protocolo

de IATF e entraram novamente em experimento de forma aleatória.

4.3.3 Delineamento experimental

As vacas na propriedade eram analisadas por exame ultrassonográfico transretal

(US) e, estando saudáveis e não gestantes, eram submetidas ao protocolo de IATF.

Após 4 dias de ocorrida a inseminação artificial (IA), as vacas eram divididas em 2

grupos: G1, com aplicação de progesterona e; G2, sem nenhum tratamento. Após 30

dias da IA, para ambos os grupos, era feito novo US. As vacas gestantes

permaneciam no grupo alocado até o próximo US aos 60 dias pós IATF. As vacas não

gestantes aos 30 e 60 dias retornavam a IATF (Figura 3).

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Figura 3. Delineamento experimental.

Fonte: Própria autoria.

4.4 Perda gestacional precoce

A Perda Gestacional Precoce (PGP), entre 30 e 60 dias, foi caracterizada pela

equação 1 com a subtração do número de vacas prenhes aos 60 dias pós IATF, do

número de vacas prenhes aos 30 dias pós IATF, dividido pelo número de vacas

prenhes aos 30 dias pós IATF. Seu resultado é dado em decimal, convertendo-se a

porcentagem (%) quando multiplicado por 100.

𝑃𝐺𝑃 (%) =𝐺30(𝑛)−𝐺60(𝑛)

𝐺30∗ 100 (1)

Onde:

PGP – Perda Gestacional Precoce

G30 (n) – número de vacas gestantes aos 30 dias

G60 (n) – número de vacas gestantes aos 60 dias

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4.5 Período de análise dos dados técnicos

Os dados de TC30, TC60 E PGP foram coletados para os grupos G1 e G2 no

período de 23 de janeiro de 2016 a 31 de janeiro de 2017, perfazendo um ano de

informações no ciclo reprodutivo do rebanho da propriedade.

Foram confrontados os números de lactações, de inseminações e dias em

lactação de cada vaca no dia de cada protocolo de IATF entre os dois grupos (G1 e

G2) para verificar a média, desvio padrão e variância das categorias analisadas.

As vacas foram classificadas quanto ao recebimento de tratamento de

progesterona, número de inseminações, número de lactações e período do ano no

momento da inseminação.

Os grupos G1 e G2 permaneceram como descritos na metodologia inicial de

separação das vacas. O número de inseminações foi subdividido em duas classes

distintas, sendo, Classe NIA0 das vacas com 1 a 4 inseminações e; Classe NIA1 das

vacas com 5 ou mais inseminações. Essa classificação se mostra importante devido

a interação do número de inseminações sobre a taxa de concepção (FERREIRA et

al., 2016).

O número de lactações foi subdividido em duas classes distintas, sendo,

Primíparas, ou seja, que estavam sendo inseminadas após primeiro parto e;

Pluríparas, ou seja, que tinham 2 ou mais partos. De acordo com Garcia-Ispierto et al.

(2016), há diferença quanto a capacidade de concepção e manutenção da gestação

em vacas primíparas e multíparas de alta produção.

O período do ano pode influenciar a taxa de concepção e a perda gestacional

precoce em vacas leiteiras, sendo mais prejudicial o Verão, em que as a vacas sofrem

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de estresse térmico (AYRES, 2012). Por isso, optou-se em subdividir os períodos

amostrais em duas classes, denominadas VERÃO e INVERNO.

As classes foram formadas de acordo com o Índice de Temperatura e Umidade

(equação 2) proposto por Thom (1959), a partir dos dados de temperatura e umidade

mensais providos pela estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET) mais próxima da propriedade em estudo, de código 83726 à longitude -47.9;

latitude -22 e; altitude 856m (Gráfico 1 e Tabela 1).

𝐼𝑇𝑈 = 0,8 ∗ 𝑇𝐴 + [(𝑈𝑅𝐴(%)

100) ∗ (𝑇𝐴 − 14,4)] + 46,4 (2)

Onde:

ITU – Índice de Temperatura e Umidade média do mês

TA – Temperatura do ar média do mês

URA – Umidade relativa do ar média do mês

Rosenberg et al. (1983) classificaram os Índices de Temperatura e Umidade

(ITU) para o estresse térmico em vacas de leite, em que de 79 a 83 já se considera

como nível crítico e; acima de 84 como nível de emergência.

Optou-se por selecionar os meses dentro da classe VERÃO aqueles em que o

ITU era acima de 79. Os meses com ITU abaixo de 79 eram considerados INVERNO,

para classificação deste estudo.

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Tabela 1. Índice de Temperatura e Umidade médio mensal de 2016 da região de

Descalvado-SP.

MÊS Classe de Época Índice de Temperatura e Umidade

JANEIRO VERÃO 79.96

FEVEREIRO VERÃO 82.56

MARÇO VERÃO 82.8

ABRIL VERÃO 79.48

MAIO INVERNO 73.17

JUNHO INVERNO 71.27

JULHO INVERNO 70.3

AGOSTO INVERNO 75.48

SETEMBRO INVERNO 76.69

OUTUBRO VERÃO 79.55

NOVEMBRO VERÃO 79.33

DEZEMBRO VERÃO 81.62

Fonte: Própria autoria.

Gráfico 1. Temperatura e Umidade Relativa do Ar Médias no ano de 2016 em

Descalvado – SP.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INMET.

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4.6 Análise estatística dos dados

As informações compiladas foram categorizadas em classes em relação a

recebimento ou não de progesterona; número de inseminações recebidas; número de

gestações e período do ano.

Inicialmente foi feita Análise de Variância , utilizando o software Minitab, versão

18, para Windows (Minitab® v.18,State College, Pensivânia, EUA), para verificar se

havia significância na distribuição dos animais por subgrupo de classificação.

A análise de dados foi feita de acordo com Hosmer Jr.; Lemeshow; Sturdivant

(2013), utilizando a técnica de Regressão Logística com o Programa estatístico

Minitab, versão 18, para Windows (Minitab® v.18,State College, Pensivânia, EUA).

Esse método consiste em escaneamento por associação de unidades variáveis e suas

interações.

Inicialmente foi feito com o método STEPWISE, que seleciona as variáveis

significantes e suas interações que podem entrar no modelo.

O segundo passo foi a construção dos modelos completos, utilizando as

variáveis significantes do primeiro modelo e removendo as variáveis não significativas,

subdividindo os grupos significantes.

A partir do primeiro resultado, feito por STEPWISE, consideraram-se as variáveis

de p valor <0,10 para a separação dos subgrupos amostrais por interação de variáveis

com progesterona. As avaliações finais que caracterizaram os efeitos da progesterona

foram aceitas com p valor <0,05.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Resultados gerais

Conforme descrito anteriormente, foram submetidos ao experimento prático,

1.450 protocolos de IATF nas vacas em lactação na propriedade, sendo 750 no grupo

com aplicação de progesterona (G1) e 750 no grupo controle (G2). Dos 1.450

protocolos, foram utilizados para análise de resultados 1.414 devido a 36 obterem

inconsistência de dados colhidos. Então, as 1.414 IATF em análise ficaram divididas

em 708 no grupo tratado (G1) e 706 no grupo controle (G2).

Inicialmente, é necessário apontar que não houve significância estatística

(p>0,05) no teste de variância ANOVA entre os grupos amostrais considerando

número de lactações, número de inseminações e dias em lactação (Tabela 2).

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Tabela 2. Análise de variância de número de lactações, inseminações e dias em

lactação para o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2

(controle) para vacas Holandesas Preto e Branco, em lactação, em

rebanho localizado em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7.

Número de Lactações

Progesterona (G1) Controle (G2) p-valor

Mínimo 1 1

0.65

Máximo 6 6

Amplitude 5 5

Média 2 2

Desvio Padrão 1.00 1.05

Número de Inseminações

Progesterona (G1) Controle (G2) p-valor

Mínimo 1 1

0.99

Máximo 24 23

Amplitude 23 22

Média 3 3

Desvio Padrão 3.85 3.76

Dias em Lactação

Progesterona (G1) Controle (G2) p-valor

Mínimo 22 23

0.74

Máximo 818 924

Amplitude 796 901

Média 132 134.5

Desvio Padrão 139.73 138.85

Fonte: Dados da pesquisa.

Ainda, é preciso reforçar que não houve significância de efeito de progesterona

entre os grupos G1 e G2 para a Taxa de Concepção aos 30 dias (TC30) (p=0,276)

nem para Taxa de Concepção aos 60 dias (TC60) (p=0,215). O resultado para TC30

não corrobora com Tortorelli et al. (2017) e Souza (2015), pois nos estudos citados,

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os autores encontraram melhoria na taxa de concepção aos 30 dias em vacas

suplementadas com progesterona no 4º dia pós IATF, por aplicação única

intramuscular na dose de 900 mg.

O resultado para TC60 corrobora com o estudo de Souza (2015), que não obteve

diferença na taxa de concepção aos 60 dias. Os resultados de não significância em

relação a taxa de concepção tanto aos 30 dias como aos 60 dias também corroboram

com outros trabalhos que utilizaram a suplementação de progesterona por implantes

intravaginais em diferentes períodos pós IATF (MANN et al., 2001; O´HARA et al.,

2013; SOUZA et al., 2013; MONTEIRO Jr et al., 2014; PUGLIESI et al., 2014; PARR

et al., 2014; MONTEIRO-JR et al., 2015; NISHIMURA et al., 2018). Outros autores,

porém, obtiveram resultados significativos com a suplementação por implantes

intravaginais (GARCIA-ISPIERTO et al., 2016; GARCIA-ISPIERTO; LOPES GATIUS,

2017).

Entretanto, é possível observar na Tabela 3, que houve diferença (p=0,007) para

Perda Gestacional Precoce (PGP), evidenciando um resultado de 2,1 vezes mais

chance de ocorrer PGP em vacas que receberam suplementação de progesterona

(G1) quando comparadas com vacas do grupo controle (G2).

Nenhum dos trabalhos revisados nesta dissertação mostrou os cálculos de

chance para perda gestacional em vacas de leite e, em sua maioria, não denotaram

significante perda gestacional em vacas suplementadas com progesterona pós IATF

(SOUZA et al., 2015). Entretanto, Mokhtari et al. (2016) e Martins et al. (2017)

sugeriram que a suplementação de progesterona, sem considerar o tamanho do

folículo ovulatório previamente à sua aplicação, pode aumentar a luteólise precoce em

vacas, consequentemente aumentando as perdas gestacionais.

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Tabela 3. Taxa de Concepção e Perda Gestacional Precoce Geral para o Grupo

1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para vacas

Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho localizado

em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7.

GRUPO n PRENHES

30D

TC30

(%)

PRENHES

60D

TC60

(%)

PGP

30-60 (n)

PGP 30-60

(%)

G1 708 183a 25,85 144 20,34 39 21,31

G2 706 160a 22,66 141 19,97 19 11,88

TOTAL 1414 343 24,26 285 20,16 58 16,91

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2 Resultados por subgrupos amostrais

Os grupos amostrais foram distribuídos de acordo com as variáveis que se

observam na Tabela 4. Não foi observado resultado estatístico (p>0,05) na distribuição

amostral entre G1 e G2 para Classes de Número de Inseminações, Classes de

Número de Lactações e Classe de Época do Ano.

Tabela 4. Distribuição amostral das classes de inseminação, lactação e época

para o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para

vacas Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho

localizado em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7.

.

Número de

Inseminações Número de Lactações Época do Ano

GRUPO N

TOTAL 1-4 IA 5≤ IA PRIMÍPARAS PLURÍPARAS VERÃO INVERNO

G1 708 466 242 242 466 389 319

G2 706 463 243 237 469 386 320

Fonte: Dados da pesquisa.

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No teste de Regressão Logística com STEPWISE, entre as variáveis abordadas

e suas interações até a segunda ordem, encontrou-se interação significante (p<0,10)

entre Classe NIA versus Tratamento de Progesterona (TP4) para TC30 (p=0,057) e

para TC60 (p=0,009). Dessa forma, os grupos amostrais foram subdivididos de acordo

com as classes de número de inseminações.

5.2.1. Classe NIA0

O subgrupo amostral de Classe NIA0 apresentou interação de tratamento

progesterona versus Número de lactações para TC30 (p=0,072). Então, dividiu-se o

grupo amostral por Classe de Número de Lactação.

5.2.1.1. Classe NIA0 - Primíparas

No subgrupo amostral Classe IA0 Primíparas houve interação significante em

Época versus Progesterona (p=0,019). Então optou-se por analisar os dados por

época do ano.

5.2.1.1.1. Classe NIA0 – Primíparas – Verão

Não houve efeito significativo de tratamento de progesterona em TC30 (p>0,05)

em vacas que receberam entre 1 e 4 inseminações, primíparas, durante o verão.

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5.2.1.1.2. NIA0 – Primíparas – Inverno

Na Tabela 5, observa-se que houve efeito significativo de tratamento de

progesterona (p=0,009). Então verificou-se, por Odds Ratio 4, que as vacas tratadas

com progesterona apresentaram 63% menos chance de se tornarem prenhes aos 30

dias pós IATF. Esse resultado corrobora com os achados por Parr et al.(2014) e

O’Hara et al. (2014), nos quais ressaltam que a suplementação de progesterona pode

piorar as taxas de concepção, aumentando a luteólise precoce e diminuindo a vida do

concepto, ou seja, pode, além de não melhorar, ainda piorar a eficiência reprodutiva

de certos animais ao receberam suplementação de progesterona pós IATF.

Tabela 5. Taxa de Concepção aos 30 dias em Vacas Classe NIA0 Primíparas no

Inverno para o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2

(controle) para vacas Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação,

em rebanho localizado em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7.

.

GRUPO n PRENHES 30D (n) TC30 (%)

P4 (G1) 66 15a 22,73a

CONTROLE (G2)

63 28b 44,44b

TOTAL 129 43 33,33

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.1.2. Classe NIA0 - Pluríparas

O subgrupo amostral Classe IA0 Pluríparas não apresentou significância no

tratamento de progesterona para TC30 (p>0,05).

4 A razão de chances ou razão de possibilidades (em inglês: odds ratio; abreviatura O.R.) é representada pela chance de um evento ocorrer dado a uma exposição em particular, comparado ao evento ocorrer sem a exposição. Finalmente, uma razão de chances menor do que 1 indica que a

probabilidade de o evento ocorrer é menor com exposição do que sem exposição (SZUMILAS, 2010).

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5.2.2. Classe NIA1

O subgrupo amostral de Classe NIA1 apresentou significância na interação de

tratamento de progesterona versus época, tanto para TC30 (p=0,099) como para

TC60 (p=0,074). Portanto, nova subdivisão amostral foi feita por época do ano.

5.2.2.1. Classe NIA1 - Verão

Para o subgrupo Classe NIA1 Verão, houve diferença de tratamento de

progesterona em TC30 (p=0,004) e TC60 (p=0,008), conforme se observa na Tabela

6. No cálculo feito por Odds Ratio, obteve-se a razão de 2,5 vezes e 2,6 vezes mais

chances de as vacas tratadas com progesterona se tornarem prenhes aos 30 e 60

dias, respectivamente.

Rodrigues et al. (2007) afirmaram que vacas repetidoras de cio apresentam

menores taxas de concepção no período quente do ano. Estudo posterior, em que

foram comparadas vacas em estresse térmico e em termo neutralidade, houve maior

codominância folicular, menor nível de progesterona circulante e menor

desenvolvimento de blastocistos (TORRES-JÚNIOR et al., 2008). Ferreira et al. (2011)

também avaliaram a qualidade de oócitos em vacas de leite repetidoras de cio e

evidenciaram a sensitividade ao estresse térmico, comprometendo a capacidade de

implantação e desenvolvimento embrionário na fase de blastocisto (FERREIRA et al.,

2011). Com os estudos citados, pode-se inferir que as vacas repetidoras de cio no

período mais quente do ano (VERÃO – ITU>79) do presente estudo apresentaram

melhoria na taxa de concepção aos 30 e aos 60 dias, corroborando com os achados

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de Souza (2015), possivelmente pelo maior suporte ao desenvolvimento de blastocisto

quando do aumento da progesterona plasmática circulante no diestro inicial.

Tabela 6. Taxa de Concepção aos 30 e 60 dias em Vacas Classe IA1 no Verão

para o Grupo 1 (tratado com progesterona) e Grupo 2 (controle) para

vacas Holandesas Preto e Branco (PB), em lactação, em rebanho

localizado em Descalvado/SP, entre os anos de 2016/7.

GRUPO n PRENHES

30D (n)

TC30

(%)

PRENHES

60D (n)

TC60

(%)

G1 131 35a 26,72a 28c 21,37c

G2 131 16b 12,21b 12d 9,16d

TOTAL 262 51 19,47 40 15,27

Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.2.2. Classe NIA1 - Inverno

Para o subgrupo Classe NIA1 Inverno, não houve significância (p>0,05) no

tratamento com progesterona para TC30 nem para TC60.

5.3 Fluxograma de Resultados por subgrupos

Em suma, os subgrupos amostrais apresentaram sequência de testes e

resultados conforme fluxograma da Figura 4.

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Figura 4. Fluxograma de análise de dados por interações dos subgrupos

amostrais.

Fonte: Elaborado com dados da pesquisa.

O fluxograma apresentado demonstra que, primeiramente, foi feito o teste de

Regressão Logística com STEPWISE para selecionar fatores que pudesse interagir

com o efeito da aplicação de progesterona. Encontrou-se significância de interação

(p<0,10) entre Classe de Número de Inseminações Artificiais (NIA) para TC30

(p=0,057) e TC60 (p=0,009). Dessa forma, subdividiu-se o grupo amostral geral em

classes distintas quanto a Classe NIA.

A Classe NIA0, representada por vacas que receberam de 1 a 4 IA, apresentou

significância para interação entre Nº de Lactação e P4 apenas para TC30 (p=0,072).

Subdividiu-se então esse grupo em Pluríparas e Primíparas. Apenas o subgrupo

Classe NIA0 Primíparas obteve significância com interação de Época e P4 para TC30

(p=0,019).

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Subdividiu-se este grupo então em época do ano. Houve significância no efeito

de P4 apenas para Classe NIA0 Primíparas no Inverno para TC30 (p=0,009). O

cálculo de Odds Ratio feito para este subgrupo, apresentou 63% menos chance de

prenhez quando comparado ao grupo controle.

Em outra raiz de análise, começando com avaliação estatística da Classe NIA1,

dos animais que receberam 5≤ inseminações, obteve-se significância na interação

entre Época e P4 para TC30 (p=0,099) e para TC60 (p=0,074). Nova subdivisão foi

feita, separando Inverno e Verão conforme metodologia previamente explícita. Houve

significância de efeito de P4 apenas para a época Verão, tanto para TC30 (p=0,004),

quanto para TC60 (p=0,008). Em cálculo de Odds Ratio, obteve-se a razão de

chances 2,5 vezes maior para TC30 e 2,6 vezes maior para TC60 de prenhez em

grupo tratado com P4, em relação ao grupo controle.

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7. CONCLUSÃO.

O presente trabalho, por se tratar de único rebanho comercial com lote de vacas

em lactação expressivo, sem prévia escolha de grupos amostrais, apresentou

homogeneidade de formação entre os grupos com e sem tratamento de progesterona,

quando consideradas as variáveis de número de lactações, número de inseminações

e dias em lactação. A não diferença estatística para essas características, a priori,

possibilitou que os grupos originais pudessem ser avaliados em subgrupos. Por sua

vez, essa estratégia permitiu avaliar com maior acurácia dos efeitos do tratamento de

progesterona e suas interações em diferentes classes de vacas.

Quando analisadas as classes de vacas e os períodos de aplicação, a utilização

dessa inovação reprodutiva se mostrou ambígua em seus resultados. Neste sentido,

a concepção em vacas de primeiro parto, no inverno e que receberam de 1 a 4

inseminações, se apresentou prejudicada e com 63% menos chance de se tornarem

prenhes aos 30 dias com a suplementação de progesterona pós-IATF.

Enquanto que, nas vacas consideradas repetidoras de cio, no verão, a

suplementação de progesterona beneficiou tanto a taxa de concepção aos 30 dias

como aos 60 dias. Obteve-se o resultado de que uma vaca que recebeu progesterona

4 dias após a IATF, já tendo mais de 4 inseminações, no período de verão, apresenta

2,5 vezes mais chance de se tornar prenhe aos 30 e aos 60 dias. Consequentemente,

pode-se concluir por um efeito benéfico na eficiência reprodutiva dessa classe de

animais dentro de um rebanho leiteiro, tornando positiva a hipótese 1 deste trabalho

(H1) para esta classe de rebanho, que preconizava uma “Influência positiva para as

taxas de concepção aos 30 e 60 dias”.

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Os resultados demonstraram que houve maior perda gestacional em vacas

tratadas com progesterona pós-IATF, considerado o rebanho em geral, sem distinção

de classe de lactação, número de inseminações e época do ano. Destarte, nega-se a

hipótese 2 neste trabalho (H2), que preconizava “uma redução da perda gestacional

no rebanho” para animais tratados com progesterona.

Indica-se difundir os estudos dos efeitos da suplementação de progesterona pós

IATF em outras propriedades, para que, com outras condições ambientais e de

manejo, seja possível verificar seu real impacto reprodutivo em âmbito global. Mais

estudos também devem ser feitos de forma a avaliarem os parâmetros ovarianos e

uterinos previamente a seleção de animais nos grupos amostrais e os parâmetros

plasmáticos de progesterona pré e pós aplicação de progesterona exógena no âmbito

de trazer mais informações sobre os efeitos endócrinos dessa suplementação em

diferentes categorias animais e diferentes épocas do ano.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, J.P. Estratégias para aumento da concentração de

progesterona durante o desenvolvimento do folículo ovulatório em vacas

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