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Galáxias peculiares e formação de galáxias
Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira
IAG/USP
AGA 210 – 1° semestre/2016
www.astro.iag.usp.br/~aga210/
Galáxias peculiares Quasares Radiogaláxias Colisões de galáxias Colisão da Via Láctea com M31 Formação de galáxias
Galáxias normais e peculiares
• Peculiaridade do ponto de vista espectroscópico. – linhas de emissão
largas e intensas.
peculiares
normais
Aparência normal, espectro peculiar
• Mesmo com espectro peculiar, a galáxia pode apresentar uma morfologia normal.
– apenas o núcleo é mais brilhante que o normal.
NGC 7742
M106
espectro
(mas a aparência também pode ser peculiar)
linhas de emissão largas e intensas
Descoberta dos núcleos ativos de galáxias
• No início do Séc. XX, E.A. Fath e E.P. Hubble notam que algumas “nebulosas” têm linhas de emissão mais largas e intensas.
• Em 1943, C.K. Seyfert nota que as espirais de núcleo mais brilhantes têm linhas de emissão largas: – hoje chamamos estas galáxias de “Seyferts”.
• Em 1954 Baade & Minkowiski identificam a primeira radiogaláxia, Cygnus A. – a emissão rádio é associada à atividade do núcleo da galáxia.
• Em 1962, é identificado o primeiro Quasar, (Quasi-Stellar Radio source). – no óptico parece uma estrela, descoberto como fonte rádio.
Quasar ou QSO • Aparência estelar. Também
chamamos QSO (Quasi-Stellar Object).
• Foram inicialmente descobertos
pela emissão em ondas de rádio.
• Hoje sabemos que a maioria (90%) é “rádio-silencioso”.
• Também são fontes luminosas no infravermelho, ultravioleta e raios-X.
• Linhas de emissão largas e intensas, contínuo aumenta para o ultravioleta.
• Distante, portanto muito energético.
fonte puntiforme rádio: inicialmente chamada de “rádio estrelas”
10-16
10-15
800 1000 3000 5000 7000
f � [
erg
s–1 c
m–2
Å–1
]
�repouso [Å]2000 9000
Ly�
NV
Ly�
Ly�
Ly�
O IVO I
Si IVO IV]
C IV
C III]
C II]
[Ne IV]
Mg II[Ne V] H�
C IV
[O III]
H�
H�[O III]
H�[Si II]
[O II]
[Ne III]
QSO espectro mediano SDSS
1500
ultravioleta visível
Quasar ou QSO
• Imagens do telescópio espacial Hubble depois de 1994.
• Apenas com ótima qualidade podemos distinguir a galáxia que hospeda o núcleo ativo (isto é, um Quasar).
• A luminosidade do núcleo é maior ou igual que todo o resto da galáxia.
galáxia hospedeira
outra galáxia
galáxia colidindo
cauda de gás e poeira
Espectro eletromagnético
• Comparação entre a distribuição de energia em função do comprimento de onda ou frequência de um Quasar e da Via Láctea.
• Não é apenas na luz visível que os Quasares são brilhantes, eles brilham mais no Infravermelho, Ultravioleta e Raios-gama.
Radiogaláxias • Estão geralmente associadas às galáxias elípticas gigantes. • A emissão rádio apresenta diversas morfologias.
• Fonte de energia está no núcleo.
• Emissão por mecanismo Síncrotron.
Direção daradiação
Direção docampo elétrico
Elétron
Campomagnético
Radiogaláxias • Exemplo: Centauro A, galáxia elíptica a 4 Mpc.
• No visível, parece uma elíptica com uma peculiaridade: muita poeira.
• Em rádio e raios-X há um jato que vem do núcleo. • Estes jatos observados em rádio e raios-X indicam processos muito
energéticos.
NASA/ESO/MPIfR/CfA
O motor dos núcleos ativos • Núcleos ativos apresentam variabilidade na luminosidade.
– período da variação � dimensão da fonte.
���������
���������
����
�� ��
�
�
Portanto: tamanho ≈ velocidade X período de variação
O motor dos núcleos ativos • Núcleos ativos apresentam variabilidade na luminosidade.
– período da variação � dimensão da fonte.
• Variação de horas corresponde a uma fonte do tamanho do sistema solar!
tamanho ≈ veloc. da luz X período de variação Variação em poucas horas: ==> tamanho ~ horas-luz = unidades astronômicas
O motor dos núcleos ativos • Luminosidade de Quasares está entre 1010 a 1013
luminosidades solares. • Esta energia é produzida em um volume menor do que o
sistema solar.
• Queda de matéria em um buraco negro supermassivo.
• O acréscimo de 1 massa solar/ano gera 1039 Watts (~1012 luminosidades solares). – A luminosidade total da Galáxia é ~3,5×1010L�.
A fonte é a energia potencial gravitacional da matéria que cai no buraco negro.
Muito mais eficiente que reações nucleares.
Teoria unificada de núcleos ativos • As galáxias de núcleos ativos aparecem de modos diferentes para
nós, observadores: – Quasares, QSOs, radio-galáxias, Seyferts, LINERs, BL Lac, Blazares, etc. – Seyferts são quasares de baixa luminosidade; – Blazares são QSOs que apresentam grande variabilidade do contínuo. – LINERs (Low Ionization Nuclear Emission-line Region) são núcleos ativos
de baixa energia. – BL Lac, inicialmente classificada como uma estrela peculiar, é um QSO
com emissão contínua muito forte.
• Toda esta fauna corresponde à manifestação do mesmo fenômeno.
• O chamado Modelo Unificado de núcleos ativos de galáxias foi proposto na década de 1980.
• No coração desse modelo está o motor que produz a energia observada dos núcleos ativos.
Fauna de galáxias ativas
• Classificação pela aparência do espectro visível. W. Keel comprimento de onda [Å]
Teoria unificada de núcleos ativos • Duas
propriedades: – luminosidade
intrínseca – ângulo de
observação
• Dependência da posição relativa do objeto em relação ao observador.
• Dependência da taxa de queda de matéria no buraco negro supermassivo central.
Teoria unificada de núcleos ativos • Com o tempo, esgota-se o combustível do núcleo ativo.
– A galáxia deixa de ter um Quasar no núcleo.
• Na Via Láctea há um buraco negro supermassivo no centro. – possivelmente já passou por uma fase de núcleo ativo.
• Uma galáxia pode voltar a ter um núcleo ativo quando “canibaliza” uma outra rica em gás.
bilhões de anos no passado
dens
idad
e de
Qua
sare
s
Galáxias não são “universos-ilhas”
• ~60% das galáxias se encontram em algum tipo de associação: pares, grupos, aglomerados.
• Anos 1970: Galáxias irregulares (peculiares) são resultado de interações gravitacionais.
Toomre & Toomre 1972�
• Simulação da passagem de uma galáxia anã esférica próxima de um disco (galáxia espiral).
Dificuldades observacionais
• Observa-se um “instantâneo” das interações;
• Observa-se apenas uma projeção;
• Qualidade da observação: (resolução, sensibilidade).
Sexteto de Seyfert (HCG79)
esta galáxia está distante, atrás do grupo
Dificuldades teóricas • Sistema gravitacional de muitos corpos.
• Tratamento do movimento do gás (hidrodinâmica).
• Formação estelar, explosões de Supernovas e núcleos ativos.
Sexteto de Seyfert (HCG79) Super computador para cálculo numérico no IAG: Alphacrucis
Simulações numéricas
• Fazemos um modelo com N-corpos (pontos).
• Cada “ponto” tem massa, posição e velocidade conhecida.
• A posição e a velocidade são avançadas passo a passo por um programa de computador.
• Usamos as leis da física.
Galáxia “Roda de carruagem”
Qual destas galáxias anãs é a “culpada”?
imagem do telescópio espacial Hubble
Colisão de galáxias de mesma massa
• Colisão de duas galáxias espirais de massas aproximadamente iguais.
"Camundongos" NGC 4676
J. Barnes
Via Láctea e M31: uma colisão no futuro?
• A colisão quase frontal deve ocorrer em cerca de 3,8 bilhões de anos. • O resultado, em cerca de 7 bilhões de anos, será a fusão e a formação de uma galáxia elíptica gigante.
J.Dubinski 2000
M31 tem uma velocidade radial de 120 km/s na direção da Via Láctea, mas não conhecemos com precião a velocidade transversal de M31.
Via Láctea e M31: uma colisão no
futuro? • Como a colisão entre a
Via Láctea e M31 poderia ser vista da Terra.
• Estas imagens são extremamente especulativas, provavelmente a Terra não vai mais existir nas etapas finais da fusão entre estas 2 galáxias.
• Além disto, a trajetória do Sol é imprevisível em um intervalo de tempo tão grande.
3,75 bilhões de anos
7 bilhões de anos
hoje
www.nasa.gov/mission_pages/hubble/ science/milky-way-collide.html
(ESA; Z. Levay, R. van der Marel, STScI; T. Hallas, A. Mellinger)
4 bilhões de anos
2 bilhões de anos
3,85 bilhões de anos
3,9 bilhões de anos
5,1 bilhões de anos
Consequência das colisões • Transformação morfológica:
– Espiral + Espiral ou Elíptica => Elíptica gigante – Espiral + anã => Espiral ou Lenticular? – Elíptica + anã => Espiral?
• Aumento da taxa de formação estelar: – galáxias mais
brilhantes e azuis.
• Aumento da atividade nuclear: – quasares e
radiogaláxias.
Consequência das colisões • Colisões lentas (vorbital < vinterna)
– Fusão das galáxias
• Colisões rápidas (vorbital > vinterna) – Massas comparáveis:
• Grande perturbação da morfologia
– Massas muito diferentes (anã + galáxia gigante) • Pequena ou nenhuma transformação morfológica; a menor é canibalizada.
Sol
Anã de Sagitário
Colisões de galáxias (HST). Observamos fusões de galáxias
em vários estágios. Fenômeno comum no Universo.
Formação de estruturas em grande escala
Simulação numérica mostrando a expansão do universo seguido pelo colapso de uma estrutura comparável a um aglomerado de galáxias. Aqui só é simulada a matéria escura (que é a componente de maior massa). A formação de objetos no Universo, de estrelas a super-aglomerados de galáxias, decorre da instabilidade gravitacional. Regiões com massa acima de um valor crítico colapsam.
(z é como um “relógio”; z = 0 é hoje)
Illustris Simulation (www.illustris-project.org/media/). Springel +2014: rodando em 8192 cores durante 14 semanas
evolução da distribuição de matéria � formação da “teia cósmica” � formação de galáxias em halos de matéria escura
evolução da temperatura do gás � aquecimento do gás em aglomerados de galáxias � aquecimento por “feed-back” de núcleos ativos e supernovas. Simulação em uma “caixa” que expande junto com o Universo.
(10 Mpc de lado)
Formação de galáxias
• 120 milhões de anos • 490 milhões de anos • 1,2 bilhões de anos
• 2,2 bilhões de anos • 6 bilhões de anos • 13,7 bilhões de anos
z =27,4 z =9,8 z =5,0
z =3,0 z =1,0 z =0,0
Formação de estruturas em grande escala: “teia cósmica”
• 490 milhões de anos • 1,2 bilhões de anos
• 13,7 bilhões de anos
z =9,8 z =5,0
z =1,0 z =0,0
Formação de galáxias
Resultados de simulações numéricas
• Vermelho estrelas velhas; azul estrelas jovens. • Galáxias mais vermelhas estão nas regiões mais densas do Universo (aglomerados). • As galáxias mais azuis, com formação estelar contínua (como a Via Láctea) estão em
nos filamentos e nos grupos.
2,2 bilhões de anos 3,3 bilhões de anos
6 bilhões de anos 13,7 bilhões de anos
Cenário colapso monolítico • Cenário proposto para formação da Via Láctea em 1962 por Ollin
Eggen, Donald Lynden-Bell e Allan Sandage. As galáxias se formariam a partir do colapso de uma grande massa de gás.
Nuvem de hidrogênio e hélio primordial, com um pouco de rotação, começa a colapsar devido à gravitação
Algumas estrelas se formam
Algumas estrelas se formam no halo. O gás se acumula em um disco em rotação rápida: lá, estrelas se formam.
Supernovas enriquecem o meio com metais.
Não há mais formação de estrelas no halo. O gás permite a formação de estrelas até hoje no disco.
• Previsões: – Estrelas do disco têm movimento circular e se formam gradualmente; – Estrelas do halo e aglomerados globulares têm movimento radial e se formam
rapidamente.
100 kpc 30 kpc
• Problemas do cenário monolítico: – Existem aglomerados relativamente ricos em metais; – Muitas estrelas do halo giram no sentido inverso do disco.
108 anos 1010 anos
Cenário hierárquico: “bottom–up scenario”
• Modelo proposto em 1978 por Leonard Searle e Robert J. Zinn.
• Pequenas galáxias (massa < 107 M�) se formam por colapso.
• Fusão de pequenas galáxias, gradualmente até formação de galáxias gigantes.
“árvore de fusões”
13,7 bilhões de anos
5,7 bilhões de anos
3,2 bilhões de anos
Cenário Monolítico × Hierárquico • Colapso monolítico: formação do bojo e galáxias anãs;
• Acréscimo hierárquico: formação do disco de espirais pelo canibalismo de galáxias anãs ricas em gás. Formação de elípticas por grandes fusões de galáxias.
• Para entendermos as propriedades das galáxias, incluindo a Via Láctea, além do mecanismo de formação é preciso levar em conta a evolução desses objetos.
• � Evolução secular. – Crescimento do bojo (pseudo-bojo);
– Formação e destruição de barras em galáxias espirais;
– Transformação de espirais em lenticulares.
• � Dependência com o meio ambiente – Em aglomerados e grupos, observamos principalmente Elípticas e
Lenticulares
– No campo, observamos principalmente Espirais.