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Revista Tratamento de Superfície – Julho/Agosto – nº 144 1 Tratamento de Efluentes: Fundamental nas empresas galvânicas No nosso setor, onde se manipula produtos químicos altamente poluentes, o tratamento de efluentes se torna crucial, tanto em termos de consciência ecológica quanto em respeito às leis ambientais. Tratamento de efluentes. Agora mais do que nunca, já que a preservação do meio ambiente se tornou assunto diário, este é tido como mais uma obrigatoriedade por parte das empresas. Principalmente as do setor de tratamento de superfície, que atuam com elementos altamente poluentes, como o cromo, por exemplo. OS PROBLEMAS E OS ACIDENTES Primeiro, vamos perguntar: quais os problemas e os acidentes mais comuns nessa área? E as soluções? Segundo Ibanês de Oliveira, químico industrial da Klintex Insumos Industriais, são os descartes de soluções concentradas com elementos poluentes – como soluções saturadas – e a mistura de efluentes de composições diferentes, causando dificuldades em atingir os parâmetros ambientais, muita geração de lama e alto consumo de produtos químicos. “Já os acidentes mais comuns são relacionados à intoxicação pela emanação de gases tóxicos, como o dióxido de enxofre e gases cianídricos, e pelo vazamento/transbordamento de tanques. A melhor maneira de evitá-los é através de treinamento dos operadores e a da manutenção preventiva nos equipamentos, conjugados com bons sistemas de exaustão e contenção de líquidos”, avalia Oliveira. Karina Piscitelli, assessora técnica da Klintex Química Industrial, já afirma que a maior dificuldade em precipitar metais existentes no efluente ocorre quando há a complexação dos mesmos por algum aditivo presente, muitas vezes em desengraxantes, o que impossibilita o enquadramento de metais, como, por

Galvanoplastia

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Decapagem e galvanoplastia

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  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 1

    Tratamento de Efluentes: Fundamental nas empresas galvnicas

    No nosso setor, onde se manipula produtos qumicos altamente poluentes, o

    tratamento de efluentes se torna crucial, tanto em termos de conscincia ecolgica

    quanto em respeito s leis ambientais.

    Tratamento de efluentes. Agora mais do que nunca, j que a preservao do meio

    ambiente se tornou assunto dirio, este tido como mais uma obrigatoriedade por

    parte das empresas. Principalmente as do setor de tratamento de superfcie, que

    atuam com elementos altamente poluentes, como o cromo, por exemplo.

    OS PROBLEMAS E OS ACIDENTES

    Primeiro, vamos perguntar: quais os problemas e os acidentes mais comuns

    nessa rea? E as solues?

    Segundo Ibans de Oliveira, qumico industrial da Klintex Insumos Industriais, so

    os descartes de solues concentradas com elementos poluentes como

    solues saturadas e a mistura de efluentes de composies diferentes,

    causando dificuldades em atingir os parmetros ambientais, muita gerao de

    lama e alto consumo de produtos qumicos.

    J os acidentes mais comuns so relacionados intoxicao pela emanao de

    gases txicos, como o dixido de enxofre e gases ciandricos, e pelo

    vazamento/transbordamento de tanques. A melhor maneira de evit-los atravs

    de treinamento dos operadores e a da manuteno preventiva nos equipamentos,

    conjugados com bons sistemas de exausto e conteno de lquidos, avalia

    Oliveira.

    Karina Piscitelli, assessora tcnica da Klintex Qumica Industrial, j afirma que a

    maior dificuldade em precipitar metais existentes no efluente ocorre quando h a

    complexao dos mesmos por algum aditivo presente, muitas vezes em

    desengraxantes, o que impossibilita o enquadramento de metais, como, por

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 2

    exemplo, o zinco, o nquel e o cromo. Para que no ocorra este tipo de problema,

    ela aconselha evitar a mistura de guas contendo metais e desengraxantes. A

    mistura de guas cidas de ativao ou decapagem com guas com cianeto pode

    acarretar acidentes graves portanto, separar estas duas linhas fundamental

    para a segurana do processo de tratamento de efluentes, diz a assessora

    tcnica.

    KlausAxthelm, chefe de vendas de resinas de troca inica da Lanxess Indstria de

    Produtos Qumicos e Plsticos, tambm ressalta que algumas vezes as empresas

    descartam os efluentes sem pr-tratamento Isto ocasiona poluio de rios/lagos

    e, em alguns casos, chega a atingir at o lenol fretico, adverte.

    Para o engenheiro Paulo Cezar Bolson, consultor tcnico da HBSR Monofrio, os

    problemas mais comuns esto relacionados ao grande nmero de produtos

    encaminhados para a ETE e variedade de suas concentraes, que determinam

    a necessidade de controle preciso das quantidades de reagentes para obteno

    de um bom resultado na descontaminao das guas. Desperdcios de banhos

    por arraste para as guas de lavagem em funo da operao, de geometria das

    peas, gancheiras, etc e seu posterior tratamento na ETE trazem aumentos

    considerveis nos custos do processo, principalmente quando falamos de banhos

    cuja formao tem custos elevados, como por exemplo, banho de nquel e outros

    de custos equivalentes ou maiores. No caso do cromo hexavalente decorativo,

    cuja maior parcela do consumo normalmente se d por arraste, e na deposio, o

    maior problema a quantidade de lodo gerado, alm da perda do produto em si.

    Os custos elevados dos tratamentos de efluentes aparecem em funo de

    disposio de lodo, mo-de-obra, custos dos reagentes, etc., avalia Bolson.

    Ainda segundo ele, a qualidade das guas devolvidas ao meio ambiente, que

    sabemos ser alvo de controle pelos rgos ambientais, um assunto de extrema

    importncia j que, se estiverem com contaminantes acima dos parmetros de

    emisso, podem levar interdio das operaes da empresa.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 3

    Outro problema a co-responsabilidade, por prazo indeterminado, pelos materiais

    depositados nos aterros sanitrios. As solues sempre passam pela avaliao

    do processo produtivo para buscar a eliminao dos descartes para a ETE ou,

    quando no for possvel, a reduo dos mesmos. Nos casos em que seja

    impossvel eliminar os descartes, deve-se trabalhar junto com os fornecedores de

    produtos para processo que conhecem a fundo as propriedades e componentes

    dos seus produtos -, de forma a definir qual o melhor tratamento aos efluentes

    gerados, diz o consultor tcnico da HBSR Monofrio.

    Ele alerta, ainda, que os acidentes mais comuns so os descartes no previstos,

    como mistura de vrios tipos de produtos nos pisos decorrentes de uma

    inadequada disposio de tanques, operao manual, limpeza do local e furos nos

    tanques ou na tubulao que segue para a ETE, gerando um efluente de difcil

    tratamento, muitas vezes necessitando de vrios ciclos de tratamento.

    Podemos tambm citar infiltraes no piso que levam poluentes ao solo e que em

    muitos casos so detectados somente depois de um longo tempo, quando os

    recursos e esforos para reparar os danos so extremamente grandes. Para evitar

    acidentes, deve-se fazer um bom projeto da(s) linha(s) de produo, integrado

    com os sistemas de tratamento, levando-se em conta todos os riscos possveis.

    Sistemas de captao com capacidade calculada para a pior contingncia nas

    linhas de produo devem ser construdos. Cada tipo de efluente deve seguir

    para a ETE em tubulao especfica e instalada de forma que possa ser

    periodicamente avaliada. Os produtos devem ser agrupados na ETE por tipo de

    tratamento a ser empregado. Tambm adequado aproveitar desnveis do terreno

    para que, alm da reduo do consumo de energia para bombeamento, se possa

    recolher os efluentes contaminados sem depender da energia eltrica, pois

    normalmente o que se desliga primeiro em caso de acidentes, impedindo o

    correto encaminhamento das guas, diz Bolson.

    Para Luis Carlos Rocha, diretor de negcios e qumico industrial da Scientech

    Ambiental, os problemas mais comuns enfrentados pelas empresas do setor so a

    falta de atualizao tecnolgica, falta de manuteno e conservao de

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    equipamentos e, em muitos casos, custos muito altos devido s solues caseiras

    ou realizadas por profissionais pouco capacitados. As solues ainda segundo

    Rocha se encontram em profissionalizar as aes envolvidas com os processos

    de tratamento de efluentes.

    J os acidentes mais comuns so inerentes manipulao de produtos qumicos.

    Deve-se utilizar os procedimentos de segurana peculiares a este tipo de

    manipulao. Existem acidentes que trazem riscos a sade ocupacional, mas

    sade financeira da empresa, e normalmente estes riscos esto relacionados com

    o baixo investimento em manuteno, o que expe os equipamentos a quebras e

    falhas imprevistas que podem levar, inclusive, ao pagamento de altas multas

    estabelecidas pelos rgos ambientais, se por eles detectados, avalia o diretor da

    Scientech.

    Parecer semelhante tem Heitor Tadeu Ribeiro, diretor tcnico industrial, e Luciano

    Figueiredo, diretor de projetos e equipamentos, ambos da F.R. Equipamentos

    Industriais.

    Eles apontam que os problemas mais comuns esto relacionados falta de

    investimentos em infra-estrutura para o tratamento de efluentes ou ao tratamento

    inadequado, no caso de algumas empresas. Estes fatores geram danos enormes

    aos recursos hdricos, pois causam grave contaminao, podendo acabar com

    ecossistemas aquticos e com vidas humanas. As solues esto num sistema

    de tratamento composto por tanques para recepo dos eflvios, tratando

    separadamente o cromo, fazendo-o passar por diversos processos de decantao,

    clarificao e filtragem, at que as guas atinjam os padres aceitveis.

    Ainda de acordo com os representantes da F.R., vazamentos em tanques de

    tratamento e o mau dimensionamento nos clculos para o tratamento do cromo

    so os acidentes mais comuns nas galvanoplastias. Existem, tambm, acidentes

    que ocorrem devido ao contato direto das pessoas com o cromo e por falta de

    uma fiscalizao eficaz do sistema, completa Figueiredo.

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    Mais dois engenheiros, Roberto Roberti Junior, gerente de projeto, e Julio

    Valenzuela, consultor de engenharia ambiental, ambos da Tecitec, fazem uma

    lista dos problemas mais comuns do setor de tratamento de superfcie:

    segregao qumica incorreta, misturada com outros efluentes, como cianeto,

    leos solveis e desengraxantes emulsificados; e o uso inadequado dos agentes

    qumicos e instrumentao, conforme o tipo de cromo existente, podendo ser

    hexavalente ou trivalente. No caso do cromo hexavalente deve ser adicionado o

    cido correto para abaixar o pH e proceder reduo com metabissulfito de sdio,

    procedendo-se com a adio de coagulantes, neutralizantes e floculantes, explica

    os engenheiros, destacando que, no caso do cromo trivalente deve-se adicionar

    simplesmente coagulante, neutralizante e floculante.

    Os representantes da Tecitec tambm afirmam que um problema comum a

    formao do on sulfato, pela reao de reduo entre o cromo hexavalente com

    metabissulfito de sdio. Portanto, conveniente a adio do cloreto de brio para

    insolubilizar o on com o sulfato de brio, em proporo estequipmtrica. Outro

    problema grave a gerao de gases de cido sulforoso, altamente txicos e

    irritantes, pela adio do metabissulfito quando o efluente com cromo hexavalente

    se encontra abaixo de pH 2. Portanto, para evitar a gerao gasosa, os

    engenheiros aconselham adicionar soda custica at atingir o pH 2, no confiar no

    mtodo de viragem de cor de ocre ao marrom para verde escuro e adicionar o

    metabissulfito sempre com ajuda de um medidor de redox, evitando que o valor

    abaixe alm de 300 mV (normalmente o cromo hexavalente se encontra acima de

    600 mV). Nunca adicionar soda custica quando existe sulfato como limitante,

    porque a soda solubiliza a sulfato como sulfato de sdio usar cal hidratada,

    avaliam os engenheiros da Tecitec.

    Ainda segundo Roberto Roberti e Valenzuela, um outro problema o tanque onde

    se realizar a reao: quando se trata de guas de lavagem pode ser utilizado

    tanque de polipropileno; no caso de tratar-se de guas com alta concentrao de

    cromo hexavalente, o tanque dever ser de PVC.

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    Roberti Junior e Valenzuela falam que os acidentes podem ser evitados realizando

    um trabalho responsvel e atuando com material humano consciente e bem

    preparado; melhoria de processos,tanto no uso dos agentes qumicos como

    capacitao dos operadores; e instalao de lavadores de gases.

    Ainda com relao a este assunto, Pedro de Arajo, consultor galvanotcnico da

    Efil Diviso Galvano, avisa que se o efluente galvnico for uma mistura de

    correntes de guas de processos no segregados, este pode conter cianetos,

    cromo, metais pesados e outros sais, o que torna difcil seu tratamento por

    mtodos fsico-qumicos.

    Os efluentes de processos que contm cianetos e cromo necessitam de

    segregao para que o tratamento fsico-qumico seja seguro. O simples fato de

    segregar as correntes de efluentes facilita o tratamento fsico-qumico e,

    dependendo do projeto, possibilita at recuperao de matria-prima, alm do

    atendimento da legislao federal (CONAMA 357, art. 34) e estadual, frisa ele.

    J com relao aos acidentes mais comuns, Jos Katz, diretor da Efil

    Equipamentos e Processos de Filtrao, avalia que ocorrem geralmente

    decorrentes de vrios fatores. Dentre as causas principais dos acidentes,

    destacamos o no cumprimento de normas tcnicas e da legislao vigente para

    armazenamento e manuseio de produtos qumicos. H pouco tempo ocorreu um

    acidente com vtimas fatais em uma pequena galvanoplastia de So Paulo,

    envolvendo o manuseio de cianetos e cromo. A forma de evitar acidentes com

    manuseio e armazenamento de produtos qumicos cumprir a legislao de

    segurana no trabalho, normas tcnicas e, fundamentalmente, que os operadores

    sejam capacitados e habilitados para o exerccio da funo.

    Stela M. Magnani Mattana, gerente de projetos e desenvolvimento da CGL

    Coventya Qumica, conclui este assunto dizendo que, em relao ao meio

    ambiente, os problemas mais comuns ocasionados pelo segmento de tratamento

    de superfcies so contaminaes de mananciais aqferos, de solo e

    contaminaes atmosfricas. As solues usuais so: impermeabilizao de pisos

    de fbrica, construo de bacias de conteno sob os tanques, adequado

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 7

    tratamento dos efluentes lquidos e instalao de exaustores com lavadores de

    gases.

    Na indstria galvnica, os acidentes mais comuns so vazamentos de banhos e

    matrias-primas que ocasionam contaminao de solo, sistema de tratamento de

    efluentes antigos e no adequados que provocam liberao ao meio ambiente de

    um efluente que pode impactar no corpo receptor e, ainda, contaminao do ar por

    emanao de gases. As formas de preveno destes acidentes so, basicamente,

    manuteno preventiva de equipamentos, treinamento e conscientizao do

    pessoal envolvido e, principalmente, investimentos por parte dos empresrios em

    busca de up-grade tecnolgico em relao s questes ambientais, completa

    Stela.

    NOVIDADES

    O que h de novo em termos de equipamentos, sistemas e servios na rea de

    tratamento de efluentes voltados para o setor de tratamento de superfcie de

    forma geral, e no limitado a cada empresa?

    Em termos de equipamentos novos, temos sistemas com troca inica,

    evaporadores, eletrodilise e osmose reversa, que ainda infelizmente tm um

    custo muito alto para a realidade das empresas brasileiras. Tambm tem surgido

    uma gama de produtos para tratamento de efluentes bastante eficientes na

    captura e precipitao de metais pesados, reduo de DQO, nitrognio e fsforo,

    com custos bastante aceitveis para as empresas, diz Oliveira, da Klintex.

    Stela, da CGL Coventya, tambm aponta quase os mesmos sistemas. Segundo

    ela, muitas tecnologias novas surgiram no mercado nos ltimos anos.

    Basicamente os desenvolvimentos esto direcionados a tecnologias que buscam o

    reaproveitamento de guas e de insumos com conseqente menor gerao de

    resduos. Estas tecnologias so baseadas na evaporao a vcuo (baixo custo

    energtico), troca inica, nanofiltrao, ultrafiltrao e osmose reversa, entre

    outras.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 8

    Estamos produzindo alguns blends de insumos para tratamento contendo

    coagulantes e alcalinizantes, entre outros, em um s produto, o que agiliza e

    facilita o tratamento, completa Karina, da Klintex.

    Muitas tecnologias tm sido desenvolvidas nesta rea, impulsionadas pela

    conscincia e necessidade de proteger o meio ambiente. Algumas j existem h

    dcadas, porm somente agora esto sendo aplicadas, em funo das redues

    de custos e aumento de escala, avalia Bolson, da HBSR Monofrio.

    Ele tambm cita os sistemas de troca inica, onde os grandes ganhos so a

    reduo drstica do consumo de gua industrial, melhoria nos sistemas de

    lavagem de peas e, tambm, a facilidade de executar os tratamentos das guas

    de regenerao das resinas em sistemas de batelada, garantindo maior segurana

    e qualidade do tratamento.

    O consultor tcnico ainda cita que os sistemas como microfiltrao e nanofiltrao

    aplicados a sistemas de pintura e banhos galvnicos permitem recuperao de

    produtos e processos. H equipamentos de separao para guas de lavagem

    (concentradores) onde os produtos ainda teis so devolvidos aos tanques de

    operao e a gua destilada separada por este processo devolvida aos tanques

    de lavagem. O concentrado devolvido aos tanques de processos ainda vai ser

    reaproveitado alm de no necessitar ser tratado na ETE. As guas recuperadas

    tambm representam uma grande economia. Este sistema opera em ciclo

    fechado, ou seja, sem descartes para o meio ambiente. Neste caso no h

    interao com rgos de controle ambiental, diz Bolson.

    Realmente, h uma srie de inovaes no segmento. Sistemas de reciclagem de

    gua, recuperao de metais, automao em nveis mais sofisticados por preos

    mais acessveis, diz Rocha, da Scientech.

    Osmar Ailton Alves da Cunha, gerente de desenvolvimento de novos negcios

    Resinas de Troca Inica, Amrica Latina, da Rohm & Haas Qumica, aponta que a

    novidade a utilizao da tecnologia Amberpack (da Hohm and Haas Co.) que

    possibilita a construo de equipamentos de troca inica de menor porte, mais

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 9

    econmicos. Tambm h uma tecnologia de distribuio do efluente pelo leito de

    resinas chamada Fractal que permite excelente distribuio e contato do meio

    fluido com as resinas, aumentando o rendimento da troca inica, diz.

    Arajo, da Efil Diviso Galvano, avalia que em relao ao projetos e

    equipamentos utilizados em tratamento de efluentes, o que est em oferta no

    mercado nacional, incluindo a troca inica, no novidade fora do Brasil. Em

    muitos pases as tecnologias de recuperao e reuso de guas e matrias-primas

    so velhas conhecidas e utilizadas, como resina inica seletivas, eletrodilise,

    eletrlise, eletrocoagulao/flotao, osmose reversa, nanofiltrao, evaporao a

    vcuo, destilao a vcuo, destilao, extrao por solvente, turbo secadores,

    flotao, ozonizao, reatores fsico-qumicos de xido-reduo para formao de

    precipitados de xidos, hidrxidos, carbonatos e sulfetos, uso de novos reagentes

    e combinao de tecnologias que so perfeitamente aplicveis a cada

    necessidade, diz ele.

    Katz, tambm da Efil, ressalta que o Brasil est comeando a utilizar, em seus

    processos de tratamento de efluentes galvnicos, tecnologias que j existem h

    dcadas, mas que em outros segmentos industriais j so utilizadas a mais tempo.

    Isso decorre da inexistncia de um programa de estruturao e fortalecimento do

    setor de galvanoplastia no Brasil, que seja efetivamente regido por uma legislao

    especfica, tal qual se observa em alguns outros segmentos industriais. O setor

    tratado como qualquer outro e sofre conseqncias todas as vezes que h alguma

    mudana na base de legislao geral, e isso ocorre com certa freqncia neste

    pas, diz o diretor da Efil.

    Ele tambm assinala que os equipamentos e insumos utilizados em processos de

    tratamento de efluentes, remediao de solos e mananciais, preveno e controle

    da poluio em geral, sade e segurana operacional e transporte de produtos

    qumicos, deveriam ter zero de impostos e programas de financiamento a longo

    prazo para que toda sas empresas pudessem ter acesso s tecnologias

    disponveis.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 10

    Axthelm, da Lanxess mais incisivo. Para ele, o que h de novo a conscincia

    de se efetuar descarte de resduos de uma forma correta, enquanto que os

    diretores da F.R. Equipamentos apontam o desenvolvimento de novos

    absorventes para o tratamento de efluentes e a fotocatlise associada ao

    processo de adsoro.

    FAZENDO A ESCOLHA

    Quando o assunto como escolher um sistema de tratamento de efluentes

    adequado, Oliveira, da Klintex, faz uma lista: quantificar e classificar todos os

    efluentes; executar testes de tratabilidade do efluente; projetar um sistema

    eficiente (custo x benefcio); visitar instalaes similares existentes no mercado;

    treinar operadores/ gerenciadores do sistema; utilizar produtos eficientes e

    adequados ao sistema. preciso estudar bem os efluentes gerados e em quais

    quantidades. Tambm vital procurar a qualidade dos equipamentos a serem

    adquiridos e se estes so ideais para o tipo de efluente. Tambm h de se

    considerar eficincia, durabilidade e qualidade dos equipamentos e profissionais

    envolvidos, completam os representantes da F.R. Equipamentos.

    Outros que fazem uma ampla listagem so os engenheiros Roberti Junior e

    Valenzuela, da Tecitec. De acordo com eles, um sistema de tratamento deve ser

    escolhido em funo das seguintes caractersticas: vazo, caractersticas fsico-

    qumicas e orgnicas dos efluentes; e estados dos efluentes (lquidos, gasosos ou

    pastosos). J sobre o que considerar, relacionam: custos para implantao; rea

    disponvel para instalao; legislao vigente; objetivos, alm de cumprir com a

    legislao, com o uso do efluente aps tratamento; escolha das empresas

    especializadas para elaborar oramento, projeto e implantao; e visitar as

    empresas escolhidas.

    importante levar em considerao o volume de efluente a ser tratado, tentar

    minimizar a carga que chegar estao, atravs de modificaes no processo, e

    segregar os efluentes de maneira mais adequada, visando a tratabilidade dos

    mesmos, completa Karina, da Klintex.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 11

    Axthelm, da Lanxess, lembra que, para se dimensionar uma unidade de

    tratamento de efluentes industriais do setor galvnico, imprescindvel saber de

    que forma (qualidade e quantidade) o efluente gerado. Em muitos casos

    sugere-se que os efluentes sejam tratados de forma segregada, o que possibilita,

    muitas vezes, a recuperao dos metais. Os equipamentos que vo conter as

    resinas so dimensionados adequando-se caractersticas do efluente, volume do

    efluente e outras condies de operao, diz o chefe de vendas.

    De fato, Stela, da CGL Coventya, destaca que cada galvnica possui

    caractersticas peculiares par projeto e instalao de um sistema para tratamento

    de efluentes lquidos, sendo importante para tal observar basicamente os

    seguintes pontos: tipos dos contaminantes, vazo dos efluentes a serem tratados,

    concentrao dos contaminantes, etc. importante frisar que antes da

    elaborao de qualquer projeto, seja para efluentes lquidos, slidos ou gasosos,

    necessrio que as empresas faam uma reavaliao do processo produtivo para a

    sua readequao, com o objetivo de minimizar seus resduos, avisa a gerente de

    projetos e desenvolvimento.

    Bolson, da HBSR Monofrio, pelo seu lado, informa que o sistema deve permitir o

    mximo de reaproveitamento das entradas (inputs) dos processos industriais,

    como gua e produtos qumicos.

    Segundo ele, existem alguns casos em que ainda no existem tecnologias para

    recuperao total, ou no se aplicam as opes citadas nestes casos adota-se o

    sistema convencional fsico-qumico.

    Para o consultor tcnico da HBSR Monofrio, o dimensionamento de uma

    estao de tratamento de efluentes normalmente proporcional ao nmero de

    diferentes produtos e a vazo dos efluentes. Deve-se considerar, tambm,

    descartes de banhos velhos, desengraxantes, ativaes, etc, que ocorrem

    periodicamente, para os quais, o mais adequado reduzir seu volume ao mximo

    com tcnicas de desidratao.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 12

    Na hora de escolher o sistema devemos considerar custos envolvidos no

    processo de tratamento dos efluentes versus investimentos em tecnologias

    modernas, que normalmente apresentam retorno financeiro, e, principalmente, nos

    custos ambientais decorrentes destas operaes, completa Bolson, com a

    anuncia de Rocha, da Scientech, para quem sempre preciso considerar

    projetos customizados. Hoje h um grande nmero de projetos padronizados,

    porm sem a verificao da necessidade real da empresa, cita.

    Arajo, da Efil Diviso Galvano, aponta que a escolha do sistema de tratamento

    adequado considera fatores como caracterizao das correntes de efluentes

    existentes na instalao galvnica e destinao de cada corrente para uma das

    tecnologias disponveis de tratamento do efluente. A busca de sistemas seguros,

    mais simples e descomplicados, deve pesar bastante na deciso de um projeto,

    visando resultados previamente estabelecidos, no s em termos de

    investimentos, mas, principalmente considerando benefcios ambientais, avisa.

    Ainda segundo ele, geralmente, h uma combinao de tecnologias, mas,

    inevitavelmente, a tradicional tecnologia de tratamento fsico-qumico do efluente

    sempre estar presente nas empresas, claro que em dimenses menores quando

    se utilizam, por exemplo, resinas de troca inica para recuperao e reuso de

    gua e matria-prima.

    MANUTENO

    Outro ponto importante no que se refere ao tratamento de efluentes a

    manuteno dos sistemas. Como ela se d? Quem est habilitado a faz-la?

    Oliveira, da Klintex, destaca que, na atualidade, as prprias empresas que

    adquirem os equipamentos fazem a manuteno, nem sempre a contendo. Seria

    interessante criar cursos sobre manuteno em ETEs, pois temos problemas de

    agressividade dos efluentes sobre os equipamentos, alerta.

    Karina, de Klintex Qumica Industrial, tambm destaca que os operadores

    envolvidos devem estar sempre atualizados e um profissional da rea qumica

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 13

    deve ser responsvel pelo controle e gerenciamento do sistema, visando sempre

    melhoria contnua dos resultados.

    A manuteno mecnica pode ser executada pelo prprio operador ou pelo

    fornecedor do equipamento. Quanto s resinas, estas podem ser adquiridas do

    fornecedor do equipamento ou do fabricante de resinas, diz, por sua vez,

    Axthelm, da Lanxess.

    Rocha, da Scientech, lembra que todas as empresas tm reduzido o quadro

    interno de mecnicos de manuteno. A Scientech mantm equipe para

    atendimento de ocorrncias relacionadas aos seus equipamentos, e est com um

    projeto de levar este servio a um nmero maior de clientes.

    Katz, da Efil, tambm destaca que a manuteno dos sistemas geralmente

    realizada pelo fornecedor e por pessoal qualificado pertencente ao quadro de

    funcionrios da empresa usuria. Dependendo do tipo de manuteno, eltrica-

    eletrnica, mecnica, civil, hidrulica ou de processo, ser realizada por pessoa

    que est habilitada a atuar na rea especfica da necessidade de manuteno,

    informa.

    Ribeiro e Figueiredo, da F.R. Equipamentos, apontam que a manuteno deve ser

    feita de forma preditiva, ou seja, diariamente utilizar um check-list de verificao

    dos equipamentos envolvidos e da gua aps tratamento.

    A manuteno deve ser feita, tambm, de forma preventiva, observando o perodo

    orientado pelo fabricante e sempre por empresas e pessoas capazes e com o

    conhecimento necessrio.

    Stela, da CGL Conventya, completa dizendo que atualmente as tecnologias

    propostas so de fcil controle de manuteno, podendo ser normalmente

    executados pelos operadores da linha mediante treinamento adequado e suporte

    dos fornecedores.

    Ainda segundo Nieto, para que o atendimento s legislaes citada necessrio

    que as empresas e os municpios implantem sistemas de tratamento de guas

    residurias devidamente projetados, construdos e adequadamente operados.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 14

    Digenes Del Bel, diretor-presidente da ABETRE Associao Brasileira de

    Empresas de Tratamento de Resduos, lembra que a regulamentao para o

    lanamento de efluentes existe h mais de 30 anos. A legislao no dispe

    exatamente sobre a obrigatoriedade dos sistemas, isto , sobre equipamentos e

    tecnologias, mas, sim, sobre os padres de qualidade que os efluentes devem

    atender, a fim de mitigar seus impactos sobre o meio ambiente. Avalia.

    E tambm destaca a resoluo CONAMA 357/2005 estabelece as condies e os

    padres de lanamento de efluentes, em funo de uma classificao dos corpos

    dgua receptores tambm definida nessa resoluo. Tal resoluo substitui a

    20/1986.

    O engenheiro Antonio Carlos Taranto, diretor tcnico comercial da Enasa

    Engenharia e Comrcio, lembra que a tratabilidade de efluentes, para descarte em

    manancial, deve ser obedecida a lei mais restritiva. Assim devemos analisar a

    CONAMA 357 em seus vrios artigos e, em consonncia, a finalidade de

    disposio ou utilizao do tratado. Desta forma teremos, por exemplo, empresas

    que devem atender normalizao CETESB em seu artigo 18 e, ao mesmo

    tempo, CONAMA no artigo 34. Para todo estado brasileiro temos leis especficas

    e, temos a federal que, juntas, em alguns casos fazem com que a tratabilidade dos

    efluentes atinja altos nveis de remoo orgnica e inorgnica, diz.

    CRESCIMENTO DO SETOR

    H uma tendncia de crescimento deste setor? Por que?

    Segundo Del Bel, da ABETRE, h realmente uma forte tendncia de crescimento

    do segmento de tratamento de efluentes industriais, assim como de todos os

    servios em geral.

    De acordo com ele, alm da fiscalizao pelos rgos ambientais, h um fator

    mais forte: a avaliao crtica dos aspectos ambientais est se tornando prtica

    comum nos negcios entre cliente e fornecedor. Qualidade ambiental como

    exigncia de mercado j no se restringe ao setor industrial, e hoje faz parte da

    agenda dos setores financeiros, segurador, imobilirio e outros. Alm disso, os

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 15

    padres de qualidade ambiental tendem a ser mais restritivos, avalia o diretor-

    presidente da ABETRE.

    Ainda de acordo com ele, o aprimoramento da gesto ambiental do setor produtivo

    vem impulsionando a demanda por servios ambientais especializados, e o setor

    tem crescimento acelerado, superior a 10% ao ano.

    De fato, a conscincia ambiental est mudando, est crescendo, e o maior

    exemplo disto o crescimento dos cursos ambientais, a importncia de um

    certificado (ISO14000, por exemplo), auditorias ambientais, etc. concorda

    Taranto, da Enasa.

    Paulo Csar Guimares Pereira, qumico, bilogo e especialista em Meio

    Ambiente, alm de diretor-presidente da Comcursam Comrcio e Assitncia em

    Meio Ambiente, outro que aponta o crescimento do setor. O setor de tratamento

    de efluente vem crescendo muito velozmente, no s pela ao dos rgos

    fiscalizadores, como tambm pela conscincia da indstria em preserv-lo.

    CONSCIENTIZAO

    Pelo exposto, h conscientizao, por parte das empresas do setor de tratamento

    de superfcie, sobre a necessidade de instalar sistemas de tratamento de

    efluentes?

    Del Bel, da ABETRE, considera que todas as indstrias tm cincia das

    exigncias, mas em todos os setores h tanto empresas com padro de

    excelncia em termos de conformidade legal e ambiental, como empresas que

    no cumprem minimamente as leis ambientais, trabalhistas, tributrias, etc. O que

    ocorre que, por vrias razes, no Brasil ainda h muito espao para a

    concorrncia desleal, onde a vantagem competitiva obtida pela sonegao de

    obrigaes, segundo ele.

    No meu entender, a conscientizao existe na maioria das empresas. Entretanto,

    o custo para implantao de sistemas de tratamento de efluentes ainda elevado

    e o governo no beneficia que protege o meio ambiente e simplesmente busca

    somente penalizar quem degrada, ao invs de orientar e garantir meios para que

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 16

    seja evitada a degradao. As linhas de crdito para proteo do meio ambiente

    ainda so trabalhosas e difceis para se obter. A conscientizao maior em

    grandes grupo ou empresas multinacional, onde a matriz exige a obedincia s

    leis ambientais e sempre buscando seu diferencial no mercado competidor,

    avalia, pelo seu lado, Taranto, da Enasa.

    J o presidente da Comcursam diz que cada vez mais percebemos que as

    empresas vm fazendo seu papel quanto preservao ambiental, procurando

    mudanas de processos e tecnologias que possibilitam at o reuso desse efluente,

    ao ponto de se almejar zero de lanamento.

    CONTRIBUIO

    Sobre a maior contribuio do tratamento de efluentes para o meio ambiente, o

    diretor-presidente da ABETRE aponta que a proteo de todas as formas de

    vida que depende direta ou indiretamente da qualidade das guas. Tal como no

    saneamento bsico, a deficincia ou falta de tratamento de efluentes um grave

    problema imediato para a sade pblica e meio ambiente, mas alm disso

    tambm um entrave do desenvolvimento sustentvel e competio do pas nos

    mercados internacionais, ressalta.

    O meio ambiente precisa de tratamento. Esta frase foi destaque em algumas

    revistas e ainda hoje faz efeito diz, por sua vez, Taranto, da Enasa. Para ele,

    devemos proteger nossos mananciais, florestas e tudo mais que diz respeito ao

    meio ambiente - afinal, somos um dos poucos pases do mundo que ainda pode

    fazer isto, completa.

    Para o engenheiro Niet, da CETESB, as contribuies resultantes de um

    tratamento adequado de efluentes lquidos fundamentalmente so melhoria e/ou

    manuteno da qualidade de guas dos corpos hdricos receptores com a

    conseqente minimizao de riscos sade pblica e a possibilidade de utilizao

    deste recurso hdrico para fins nobres, como abastecimento para consumo

    humano, aps o devido tratamento, proteo das comunidades aquticas,

    irrigao, recreao de contato primrio e secundrio, entre outros.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 17

    importante ressaltar que mesmo os efluentes lquidos industriais lanados em

    sistemas pblicos de esgotos necessitam de sistemas de pr-tratamento para que

    no causem problemas na rede coletora e no tratamento municipal, completa

    Nieto.

    VANTAGENS FINANCEIRAS

    Com relao s vantagens financeiras que uma empresa pode ter adquirido um

    sistema de tratamento de efluentes, o diretor-presidente da ABETRE diz que, em

    princpio, poderia se pensar que como se trata de cumprir exigncias legais, no

    haveria que se falar em vantagens financeiras, e que isso seria apenas mais um

    nus no negcio. Felizmente no assim.

    A Gesto Ambiental j se consagrou como um aspecto essencial da Governana

    Corporativa. Alm das razes de responsabilidade social e ambiental, tambm por

    uma simples viso estratgica de negcios: o mercado financeiro tem comprovado

    que as empresas que incorporam sua gesto as melhores prticas ambientais

    agregam valor e segurana a seus ativos e proporcionam maior retorno aos

    investidores, diz Del Bel.

    Em contraponto ainda segundo ele -, empresas que no tm uma proltica de

    Gesto Ambiental baseada em conformidade, qualidade e segurana,

    invariavelmente enfrentam desperdcio de materiais, gua e energia, passivos

    ambientais e limitaes ao crescimento dos negcios. A mdio e longo prazo, as

    oportunidades estratgicas se estreitam, o licenciamento das operaes se

    dificulta, os financiamentos encarecem, o patrimnio se desvaloriza e os

    investidores se afastam. Os riscos e os passivos ambientais podem at inviabilizar

    fuses e aquisies.

    A soluo para os efluentes industriais pode ser tanto a construo de estaes

    de tratamento prprias, a implantao de estaes dedicadas, mas construdas e

    operadas por terceiros, ou ainda o envio para tratamento externo, em empresas

    especializadas. So alternativas que podem ou no ser viabilizadas em funo do

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 18

    tipo de efluente, volume gerado e localizao da indstria, completo o diretor-

    presidente da ABETRE.

    Para o engenheiro qumico Helio T. Yamanaka, o EINP Setor de Tecnologias de

    Produo mais Limpa da Cetesb , h duas medidas de aplicao da Produo

    mais Limpa em galvanoplastia. Maximizar o uso dos banhos galvnicos o

    objetivo de grande parte das medidas de produo mais Limpa recomendadas em

    publicaes nacionais e internacionais. O controle adequado leva ao descarte

    prematuro dos banhos, o que implica em maior necessidade de reposio de

    materiais. Adicionalmente, o nmero de descartes aumenta, trazendo maior

    gerao de lodos e consumo de produtos qumicos para tratamento de efluentes.

    Outro ponto onde as perdas de materiais podem ser grandes o arraste ou drag-

    out ainda segundo Yamanaka. O arraste de lquidos de um banho para os

    seguintes ocasiona os mesmos problemas citados.

    Podemos enumerar vrias medidas que so adotadas pelas empresas para a

    reduo do drag-out. Dentre elas: o aumento no tempo de escorrimento das

    peas, o que no significa deixar que elas sequem, ateno ao desenho das

    peas para evitar o efeito concha, mudana na posio das peas nos dispositivos

    (gancheiras, jigs) para que o arraste de uma no pingue sobre a outra, e uso de

    enxges sobre os tanques, medida aplicvel em banhos que tm taxa de

    evaporao alta. Como benefcios, temos um maior tempo de vida no s para os

    banhos, mas tambm para os enxges, diminuio no volume de efluente tratado

    e na gerao de lodo subseqente, completa o engenheiro qumico do

    EINP/CETESB.

    Para Taranto, da Enasa, a principal vantagem o aumento do poder competitivo e

    a demonstrao de atendimento legislao brasileira no que diz respeito

    posio do meio ambiente. Assim, por exemplo, se uma indstria visa trabalhar

    com conglomerados de porte, como Petrobrs, CVRD, Alcoa, etc.,

    obrigatoriamente ter que investir em tratabilidade de efluentes e ar.

  • Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto n 144 19

    Outra vantagem a possibilidade do reuso. Temos clientes nos quais a

    amortizao do investimento na tratabilidade dos efluentes e esgotos, visando o

    reuso, ocorreu em menos de 12 meses, para um investimento de

    aproximadamente R$ 1 milho, somente considerando-se as taxas (R$/m3 de

    volume de efluente poluidor descartado) cobradas pela SABESP, diz o diretor

    tcnico comercial da Enasa.

    J para o diretor-presidente da Comcursam, as vantagens financeiras de uma

    empresa que pode ter adquirido um sistema de tratamento de efluentes so

    inmeras: facilidade na hora de exportar se produto, facilidades na hora de fechar

    negcios com seus clientes, se adequar s normas ISO14000, evitar ser autuado

    pelos rgos de fiscalizao ambiental e deixar de desrespeitar a Lei de crimes

    ambientais.

    Fonte: Revista Tratamento de Superfcie Julho/Agosto