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REAÇÕES AO GIRO LINGUÍSTICO: o resgate da ontologia ou do real, independente da consciência e da linguagem. Silvio Sánchez Gamboa (Unicamp) Resumo: Esta comunicação explicita uma compreensão sobre os giros epistemológicos e localiza dentre eles o resgate da ontologia realista como um movimento que reage ao giro linguístico. De acordo com este movimento, a existência de realidades, objetos ou referentes empíricos, independentes da consciência e da linguagem é a condição necessária para a produção do conhecimento e para sua manifestação na forma de discurso. Três movimentos se destacam no quadro da reação da ontologia realista: a) a Escola de Luckács; b) Escola de Prigogine e c) Escola de Maturana. O debate sobre os giros epistemológicos é necessário para esclarecer o confronto entre as atuais correntes da pesquisa educacional, algumas delas fundamentadas no relativismo, no pragmatismo e nos jogos da linguagem, alicerçados nos pressupostos do giro linguístico. Palavras-chave: Tendências epistemológicas; ontologia realista; pesquisa educacional. Reactions to the linguistic turn: the rescue of the ontology or of the reality, independent of the conscience and of the language Abstract: The paper explicit an understanding on the epistemological turns and it locates among them rescues, the realistic ontology as a movement that resists the linguistic turn. In agreement with this movement, the existence of realities, objects or referring empiric, independent of the conscience and of the language it is the necessary condition for the production of the knowledge and for his manifestation in the speech form. Three movements stand out in the picture of the reaction of the realistic ontology: a) the School of Luckács; b) School of Prigogine and c) School of Maturana. The debate on the epistemological turns is necessary to explain the confrontation among the currents of the education research, some of them based in the relativism, in the pragmatism and in the games of the language, found in the presuppositions of the linguistic turn. Key words: Epistemological tendencies; realistic ontology; educational research. Introdução O objetivo da minha participação no debate sobre os giros epistemológicos é apresentar uma das reações à denominada “virada linguística” ou “giro linguístico”. Situo essas reações no campo da gnosiologia ou das teorias do conhecimento 1 . A mesma virada linguística se originou na crítica a teoria clássica do conhecimento conhecida como, “mentalismo” que afirmava que a representação dos objetos ou das coisas está na mente do 1 A teoria do conhecimento segundo Abbaggnano (2007: 215) como “toda e qualquer forma de reflexão filosófico sobre o conhecimento, como quer que seja entendida ou praticada”. Interroga sobre os problemas relativos às formas do conhecer.

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  • REAES AO GIRO LINGUSTICO: o resgate da ontologia ou do real, independente da conscincia e da linguagem.

    Silvio Snchez Gamboa (Unicamp)

    Resumo: Esta comunicao explicita uma compreenso sobre os giros epistemolgicos e localiza dentre eles o resgate da ontologia realista como um movimento que reage ao giro lingustico. De acordo com este movimento, a existncia de realidades, objetos ou referentes empricos, independentes da conscincia e da linguagem a condio necessria para a produo do conhecimento e para sua manifestao na forma de discurso. Trs movimentos se destacam no quadro da reao da ontologia realista: a) a Escola de Luckcs; b) Escola de Prigogine e c) Escola de Maturana. O debate sobre os giros epistemolgicos necessrio para esclarecer o confronto entre as atuais correntes da pesquisa educacional, algumas delas fundamentadas no relativismo, no pragmatismo e nos jogos da linguagem, alicerados nos pressupostos do giro lingustico.

    Palavras-chave: Tendncias epistemolgicas; ontologia realista; pesquisa educacional.

    Reactions to the linguistic turn: the rescue of the ontology or of the reality, independent of the conscience and of the language

    Abstract: The paper explicit an understanding on the epistemological turns and it locates among them rescues, the realistic ontology as a movement that resists the linguistic turn. In agreement with this movement, the existence of realities, objects or referring empiric, independent of the conscience and of the language it is the necessary condition for the production of the knowledge and for his manifestation in the speech form. Three movements stand out in the picture of the reaction of the realistic ontology: a) the School of Luckcs; b) School of Prigogine and c) School of Maturana. The debate on the epistemological turns is necessary to explain the confrontation among the currents of the education research, some of them based in the relativism, in the pragmatism and in the games of the language, found in the presuppositions of the linguistic turn.

    Key words: Epistemological tendencies; realistic ontology; educational research.

    Introduo O objetivo da minha participao no debate sobre os giros epistemolgicos

    apresentar uma das reaes denominada virada lingustica ou giro lingustico. Situo essas reaes no campo da gnosiologia ou das teorias do conhecimento1. A mesma virada lingustica se originou na crtica a teoria clssica do conhecimento conhecida como, mentalismo que afirmava que a representao dos objetos ou das coisas est na mente do

    1 A teoria do conhecimento segundo Abbaggnano (2007: 215) como toda e qualquer forma de

    reflexo filosfico sobre o conhecimento, como quer que seja entendida ou praticada. Interroga sobre os problemas relativos s formas do conhecer.

  • sujeito e na crtica lgica formal que como instrumento da razo regula as relaes entre pensamento e linguagem com base no princpio de que o discurso e a linguagem devero se referir a alguma realidade (objeto) ou referente emprico, seja se apresentando imediatamente ou sujeito (empirismo) ou construdo social e historicamente, independente do sujeito, da sua percepo, da conscincia e das palavras utilizadas para se referir a ele (marxismo).

    Nesta comunicao explicito, em primeiro lugar minha compreenso sobre os giros epistemolgicos e posteriormente aponto as contribuies da retomada da ontologia, no quadro das diversas reaes ao giro lingustico que deu origem essa histrica e atual polmica. Indico trs formas da reao da ontologia realista que vm se destacando no contexto do atual debate. Essas formas se vinculam a alguns autores que, dada sua importncia, vem influenciando o pensamento contemporneo: a) o filsofo Georg Luckcs; b) o Prmio Nobel em Qumica Ilya Prigogine e c) e o bilogo Humberto Maturana. Os trs autores, embora de origens disciplinares e tericas diferentes, tm em comum a formao de movimentos ou escolas filosfico-cientficas em defesa da ontologia realista.

    Entendo que, considerando a complexidade da temtica sobre os giros epistemolgicos e seus desdobramentos no debate sobre os ps-modernismos esta comunicao expressa apenas uma tentativa de mapeamento da localizao nesse quadro complexo das tendncias, as correntes que tem como base, a defesa da ontologia realista. Justifica-se esse mapeamento das reaes ao giro lingustico na necessidade do aprofundamento das controvrsias que recentemente se expandem no campo da pesquisa em educao. Espero que estes apontamentos contribuam na tentativa de um maior esclarecimentos sobre as tendncias epistemolgicas contemporneas que influenciam a produo do conhecimento nessa rea.

    1. Os giros epistemolgicos A problemtica das viradas epistemolgicas como melhor se conhece na lngua

    portuguesa se originou nas reaes ao cientificismo ou ao discurso cientfico moderno, que se fundamentam na filosofia analtica e que, aplicada ao campo das cincias sociais e educao, se conhece como positivismo2. Segundo a filosofia analtica o conhecimento de

    2 Nesse sentido, o positivismo uma aplicao dos princpios e metodologias da concepo analtica

    de cincia desenvolvidas nas cincias naturais, particularmente na fsica e na matemtica, s cincias

  • origem emprico consiste na representao do real (objeto) na mente do sujeito (mentalismo). A expresso verbal dessa representao de forma rigorosa se faz atravs do discurso objetivo que dever tambm representar as operaes mentais. A filosofia da linguagem, cuidar do rigor e da adequao entre a palavra e o pensamento (representao), considerando a tese semantica , segundo a qual os significados so entes mentais (Cf. ABBAGNANO, 2007: 762).

    A filosofia analtica se fundamenta no racionalismo e no empirismo modernos (Descartes, Kant, Bacon e Hume) que, que por sua vez, tem como base histrica a lgica formal de Aristteles. De acordo com essa lgica, a palavra ou o discurso para serem verdadeiros devem expressar fielmente ideias ou imagens que esto no intelecto ou mente (mentalismo). Entretanto, essas ideias para serem verdadeiras precisam representar claramente o real captado atravs da experincia emprica ou das percepes sensveis. A palavra (logos) para ser verdadeira deve-se adequar ideia que est no intelecto e expressar objetivamente o que nele est representado. E, de igual forma, a representao mental deve estar adequada aos objetos (as coisas). Adequatio intellectus res a expresso latina que sintetiza esse entendimento3.

    A reao contra essa lgica formal denominada de mentalista predominante na filosofia da linguagem analtica (Carnap e Quine) conhecida como virada ou giro lingustico. Esse giro lingustico se caracteriza por reagir filosofia mentalista e contra

    a pretendida unidade ou correspondncia entre a palavra e a coisa a qual se refere. Essa unidade, de acordo com essa filosofia analtica, garantida pela representao intelectual (na mente) que se situa entre as coisas (res) e as palavras (logos).

    O giro lingustico - linguistic turn (Saussure, Barthes, Derrid, Deleuze, White e Foucault) apresenta uma longa tradio e diversas interpretaes, entretanto fundada numa mesma matriz: a reao filosofia analtica, lgica formal, ao mentalismo e ao primado das coisas sobre as palavras. O giro linguistico desloca a centralidade do objeto ou das coisas representadas na mente (ponto de partida da lgica formal) para a linguagem e as palavras. Nesse caso, as palavras (a linguagem e o discurso) tornam-se a referncia (o

    humanas e sociais na tentativa de oferecer condies de maior rigor cientfico: Tratar os fenmenos sociais como se fossem coisas 3 Associa-se ao mentalismo, valores, concepes filosfico-cientficas de homem e sociedade, de

    cultura, de progresso que ganham um novo patamar com o projeto racionalista iluminista, que segundo Hosbawm (2001) se afirmou na dupla revoluo industrial e burguesa no sculo XVIII e que consolidou a passagem da forma de organizao social que prevaleceu no perodo medieval para uma outra forma de organizao moderna que se instaurou com o primado da razo, em contraposio a qualquer tipo de mistificao.

  • centro ou ponto de partida) das coisas. Foucault sintetiza essa virada com a expresso As palavras e as coisas4. Note-se bem, primeiro as palavrase em segundo lugar, as coisas. A centralidade do conhecimento no est nas coisas, mas, no discurso que elaboramos sobre essas coisas.

    O giro lingustico (linguistic turn) se fundamenta em Wittgenstein que no seu Tractatus que marca essa virada quando escreve que a gramtica da linguagem a essncia do mundo. Somente com esse passo se obriga aos pensamentos a sarem da mente. Nesse caso, se os significados no so nada que estejam na mente s fica a linguagem como meio intersubjetivo para sua encarnao.

    Outros autores como Saussure, Barthes, Derrid, Deleuze e Foucault, vem contribuindo para a ampliao das compreenses dessa crtica ao mentalismo e destacando a prioridade que as palavras, a linguagem e o discurso ganham no campo das filosofias da linguagem.

    O giro lingustico tem destaque no apenas como uma nova filosofia da linguagem, mas como metodologia e como abordagem epistemolgica. A virada lingustica fundamenta grande parte das tendncias denominadas de ps-modernas ou ps-estruturalistas que inclui correntes, bastante expressivas no mdio educacional como as teorias ps-crticas e o neo-pragmticas e, no campo da Educao Fsica, tais como o ps-humanismo ciberntico, a antropologia do ciborgue e o universo ps-orgnico5. Sobre o surgimento da giro lingustico e a sua relao com o ps-modernismo vrios autores tecem suas hipteses. Wood e Eagleton participantes da coletnea Em defesa da histria: marxismo e ps-modernismo (1999) situam a agenda ps-moderna no contexto das muitas mortes da modernidade, na negao da histria e no recuo das teorias, do socialismo e do marxismo6. Wood situa o movimento intelectual dos ps-modernistas como resultado da conscincia formada na chamada idade de ouro do capitalismo (1947 e 1973), segundo a tipificao de Hosbawm, 1995). Esse movimento, embora reconhea as

    4 Ver as teses defendidas por Foucault, particularmente na introduo.

    5 A relao entre o giro linguistico e o pensamento ps-moderno encontra-se na primazia dada a linguagem, e ao discurso como sada para a crise da racionalidade moderna fundada no mentalismo. Do pensamento ps-moderno de Lyotard (1986), quatro caractersticas merecem ser discutidas: incredulidade nas denominadas metanarrativas, crise da razo, jogos de linguagem para explicar as relaes sociais, alm de uma anlise anti-histrica das contradies da modernidade. Particularmente, pela primazia dos jogos de linguagem, o pensamento ps-moderno apresenta a ideia de que todos os discursos so absolutamente vlidos para explicarem a realidade, independentemente do critrio da verdade. Assim como as narrativas cientficas, quaisquer outros relatos particulares tornam-se explicaes vlidas porque se constituem em lances apostados pelos seus jogadores.

    6 Publicao organizada por Wood, E. M. e Foster, J. B, publicada em lingua inglesa em 1997 e traduzida para o portugus em 1999.

  • contribuies de filsofos do final sculo XIX como Nietzsche, so os pensadores mais recentes como Lacan, Lyotard, Foucault e Derrida que mais o influenciam, especificamente na centralidade da linguagem como modeladora das relaes sociais.

    Os ps-modernistas interessam-se por linguagem, cultura e discurso. Para alguns, isso parece significar, de forma bem literal, que os seres humanos e suas relaes sociais so constitudos de linguagem e nada mais, ou, no mnimo, que a linguagem tudo o que podemos conhecer do mundo e no temos acesso a qualquer outra realidade. Em sua verso desconstrucionista extrema, o ps-modernismo fez mais que adotar as formas da teoria lingustica, segundo as quais nossos padres de pensamento so limitados e modelados pela estrutura subjacente da lngua que falamos. ... A sociedade no simplesmente semelhante lngua. Ela lngua; e, uma vez que todos ns somos dela cativos, nenhum padro externo de verdade, nenhum referente externo para o conhecimento existe para ns, fora dos discursos especficos em que vivemos. (WOOD, 1999: 11).

    Desdobra-se da uma perspectiva epistemolgica relativista, segundo a qual, ...o conhecimento humano limitado por lnguas, culturas e interesses particulares e que a cincia no deve, nem pode apreender ou aproximar-se de alguma realidade externa comum. Se o padro da verdade reside no no mundo natural em si, mas nas normas particulares de comunidades especficas, ento as leis da natureza talvez nada mais sejam que aquilo que uma dada comunidade diz que elas so em um determinado momento (WOOD, 1999: 12).

    Os ps-modernistas rejeitam o conhecimento totalizante, os valores universalistas, as histrias grandiosas, as filosofias essencialistas, os determinismos econmicos e materiais, os processos histricos, e com isso rejeitam tambm a ideia de escrever a histria e a possibilidade do conhecimento humano ter acesso aos processos e conexes estruturais e s anlises causais. Estruturas e causas foram substitudas por fragmentos e contingncias. No h um sistema social (como por exemplo, o sistema capitalista), com unidade sistmica e leis dinmicas prprias, h apenas muitos e diferentes tipos de poder, opresso, identidade e discurso (WOOD, 1999: p. 14). A nfase na natureza fragmentada do mundo e no relativismo do conhecimento humano traz tambm desdobramentos polticos. Segundo a mesma autora:

    As implicaes polticas de tudo isso so bem claras: o self humano to fludo e fragmentado (o sujeito descentrado) e nossas identidades, to variveis, incertas e frgeis que no pode haver base para a solidariedade e ao coletiva fundamentadas em uma identidade social comum (uma classe), em uma experincia comum, em interesses comuns (Idem, p. 13).

    Em resumo, os princpios mais fundamentais dos ps-modernismos caracteriza-se por um ceticismo epistemolgico e um derrotismo poltico profundos. Segundo Eagleton o ps-modernismo foi gerado por uma repulsa poltica: a reao conformista e consoladora ao sucesso universal do capitalismo.

    O ps-modernismo conta com vrias fontes o modernismo propriamente dito, o chamado ps-industrialismo; a emergncia de novas e vitais foras polticas, o recrudescimento da vanguarda cultural, a penetrao da vida cultural pelo formato

  • mercadoria; a diminuio de um espao autnomo para a arte;o esgotamento de certas ideologias burguesa clssicas; e assim por diante. Mas independente de o que mais possa ser, o ps-modernismo foi gerado por uma repulsa poltica (EAGLETON, 1999: 29).

    O impacto do sucesso do capitalismo gerou o consolo das limitaes polticas de vencer a estrutura imutvel do todo poderoso poder do capital. medida que as corporaes transnacionais se estendiam de um estremo a outro da terra, os intelectuais ps-modernistas sonoramente insistiam em que a universalidade era uma iluso (EAGLETON, 2005: 80). Pensadores culturais como Barthes, Lacan, Foucault e Derrid desistiam das utopias polticas dos anos 60 e do seu impulso transformador que,

    Estava fatalmente comprometido pela ausncia de desejo, pela impossibilidade da verdade, a fragilidade do sujeito, a mentira do progresso, o poder que em tudo se infiltrava (...) Aps a dbcle do final dos anos 60 a nica poltica possvel parecia ser uma resistncia apenas pontual, no varejo, a um sistema que havia chegado para ficar. Ele poderia ser perturbado, mas no desmontado (Idem, p. 81).

    Pensamento consolador, expandido e justificado na dcada dos anos 80, que segundo Eagleton (1999) expressavam as esperanas polticas se desfaziam.

    Sonhos de ambiciosa mudana social eram denunciados como grandes narrativas ilcitas, mais inclinadas a levar ao totalitarismo do que a liberdade. (...) A micro-poltica eclodiu numa escala mundial ... De um estremo a outro do planeta doente havia chamados para abandonar o pensamento planetrio. Qualquer coisa que nos unisse- o que quer que fosse o mesmo seria danosa. Diferena era a nova palavra de ordem, num mundo crescente submetido s mesmas indignidades de morte por fome e doena, cidades clonadas, armas mortais e a rede de televiso CNN (p. 2005: 74)7

    O poderoso sistema opressivo invencvel, entretanto, podemos procurar enclaves em essa totalidade tais como a etnicidade, o sexo, gnero, o desejo, o discurso, o corpo, o inconsciente, e liberar o poder do local, do vernacular, do regional, formas de poder facilmente debatidas. O ps-modernismo, desdenhou do poder do sujeito coletivo, insistiu no perigo da totalidade e denunciou a revoluo como uma metafsica e um macro-relato expressando um ceticismo politicamente paralisante. J Amadeo (2006) localiza a origem do movimento ps-modernista no contexto do pensamento francs e no quadro da evoluo do marxismo no final do sculo XX. Amadeo aponta como referncia o debate de Sartre contra a ontologia acentuada no sujeito de Husserl e Heidegger e na sua tentativa de recolocar as relaes entre sujeito e estrutura

    7 O autor que aponta as ironias do ps-modernismo (1999: 75) explicita ainda a ironia em torno do

    novo fetiche da diferena quando o mesmo pensamento ps-moderno quer apagar as distines entre imagem e realidade, verdade e fico, histria e fbula, tica e esttica, cultura e economia, arte culta e arte popular, esquerda e direita poltica

  • (Crtica da Razo Dialtica), numa totalizao diacrnica. Entretanto, no desenrolar do debate, a resposta de Levi-Strauss no Pensamento Salvagem foi mais contundente quando anuncia que o fim das cincias humanas no construir o homem, e sim dissolv-lo. A rplica marxista dada por Althusser no foi um repdio e sim uma confirmao da proposta estruturalista. Althusser nas obras, Ler O capital (1967) e Pour Marx (1985) incorpora ao marxismo a crtica histria e ao humanismo proposta por Levy-Strauss e nessa

    perspectiva, a complexa relao entre sujeito e estrutura, este ficou reduzido a um mero efeito das estruturas ideolgicas. Sartre tentou reagir com um segundo volume da Crtica da razo dialtica, mas abandonou o projeto. Essa desistncia e o silncio posterior decidiu o destino da esquerda francesa e do marxismo. Na sequncia dos conflitos do Maio Francs (1968) vem a calmaria e o esfriamento do marxismo combativo. Foi ento que as vozes de Lyortard, Derrida, Foucault, Baudrillard, Deleuze e Gatarri passaram a dominar a vida intelectual francesa e decretaram a `morte do sujeito` e o `fim do social (p. 61)8. As reaes ao ps-modernismo e a volta do marxismo no pensamento francs acontece durante a dcada de noventa comeando pelos colquios organizados por Jacques Bidet e Jacques Texier9. No mesmo estudo Amadeo tambm aponta uma das mais importantes reaes a essa tendncias conhecidas como ps-modernas a Escola de Budapeste que apresentaremos no prximo item sobre a retomada da ontologia realista.

    Habermas em publicao recente, A tica de discusso da verdade e a questo da verdade (2004) que comenta seu livro Verdade e Justificao dedicado ao realismo aps a virada da pragmtica lingustica (2002) e questionado sobre as reaes ao giro lingustico e sobre seu pragmatismo responde que entende dois significados para o giro lingustico: a) como uma inovao metodolgica (Rorty); e, b) como uma alternativa ao paradigma mentalista neste caso envolvendo problemas epistemolgicos e ontolgicos (significado assumido pelo prprio Habermas, 2006: 65). Na perspectiva dessa segunda alternativa, a mudana do paradigma mentalista para a filosofia lingustica h tomado dois caminhos distintos que focalizam a linguagem desde perspectivas opostas10. Tais caminhos se identificam com os giro lingustico (Frede, Wittgenstein) como o giro hermenutico (Heidegger e Gadamer):

    8 No mesmo estudo Amadeo (2006) tambm aponta uma da mais importantes reaes a essas tendncias conhecidas como ps-modernas, a Escola de Budapeste que apresentaremos posteriormente.

    9 O autor registra que o primeiro colquio foi organizado em 1990 na Sorbone sob o ttulo: Fim do

    comunismo? Atualidade do marxismo? 10

    Para o paradigma mentalista o significado est na mente, j para a alternativa oferecida pela filosofia lingustica, o significado est na linguagem.

  • por um lado, os instrumentos da anlise lgica (semntica formal) e por outro da semntica orientada ao contedo (holstica)... mas, ignoram os aspectos pragmticos do dilogo... lcus da racionalidade comunicativa (...) e tais enfoques esto compromissados, de um modo ou outro com a prioridade da semntica sobre a pragmtica (HABERMAS, 2006, p. 70).

    Habermas e Apel propem o giro pragmtico buscando recuperar os aspectos ignorados tanto pelo giro hermenutico de Gadamer (1998) como pelo neo-pragmatismo de Rorty (2000)11. Esse novo giro defende uma pragmtica do significado ou pragmtica transcendental ou formal com base na tradio, entretanto, assumem como desafio, a questo da defesa do realismo (giro ontolgico) depois do giro pragmtico. O pragmatismo formal no deve levar negao da verdade e da objetividade. Enquanto lidamos com problemas dos quais no podemos escapar, temos que supor, no s na fala como tambm na ao, um mundo objetivo que no foi construdo por ns e que em grande parte o mesmo para todos ns (2004: 57).

    Dessa forma os autores que defendem o giro pragmtico sinalizam a necessidade de ultrapass-lo j que ele no nos permite duvidar da existncia de um mundo percebido independentemente de nossas descries e visto como o mesmo para todos ns (p. 55). Podemos ter diversos pontos de vista, descries diferentes, e diversas linguagens para nos referimos a uma mesma realidade.

    E, dependendo das linguagens tericas que escolhamos, pode haver descries diferentes capazes de se referir, porm, s mesmas coisas. Assim, o mundo no deve se concebido como a totalidade dos fatos dependentes da linguagem, mas, como a totalidade dos objetos. A este conceito semntico de mundo como um sistema de referncias possveis corresponde o conceito epistemolgico de mundo como a totalidade dos constrangimentos que se impem implicitamente sobre as diversas maneiras pelas quais podemos vir a saber o que est acontecendo no prprio mundo ( p. 58 ).

    Em sntese podemos enunciar com Habermas pelo menos trs novos giros que se desdobram das reaes ao giro lingustico: o giro hermenutico (Gadamer) e o giro pragmtico (Habermas), e o giro da ontologia realista12.

    11 As propostas do giro hermenutico e o debate entre Habermas e Rorty so apresentados em outros artigos deste mesmo Dossi sobre os giros epistemolgicos e a ps-modernidade, sob o ttulos de giro hermenutico e A virada pragmtica e a educao: implicaes do debate entre Richard Rorty e Jrgen Habermas.

    12 Grner (2006) fala de outros giros: Os mltiplos giros (lingustico, semitico, hermenutico, esttico-cultural) produzidos ao longo do sculo XX, mas progressivamente protagonistas na teoria a partir dos anos sessenta e setenta, sem nenhuma dvida projetaram frente da cena uma srie de questes (a linguagem, a subjetividade, os `imaginrios`, a textualidade, os limites do logocentismo, as novas formas de identidades tnica e sexual, mas tarde o culturalismo, a ps-colonialidade, e assim seguindo) ...que so problemticas emergidas e visualizadas a partir daquelas transformaes relativamente muito

  • 2. A retomada da ontologia realista No quadro das diversas reaes ao giro lingustico, alm do desafio assumido por Habermas e Apel em defesa do realismo epistemolgico, a concepo de verdade e a inevitvel interpenetrao da linguagem e a realidade, outras vozes se levantam em defesa da ontologia realista, tais como pensadores vinculados Luckcs e a Escola de Budapeste, ao bilogo chileno Humberto Maturana e ao premio nobel qumica (1977) Ilya Prigogine. Vozes que sucintamente apresentaremos a seguir.

    Lukcs na sua obra sobre a Ontologia do ser social retoma os fundamentos de Marx para uma compreenso do mundo diferente tanto da ontologia especulativa, como a neopositivista. O ser social constitui um nvel de objetividade. O fato essencial desse ser social o trabalho, que supe e fixa outros nveis de objetividade.

    Segundo Lukcs, no h como discutir a ontologia do ser social sem compreender a ontologia geral, pois todo ser tem seu fundamento no ser inorgnico, haja vista que a partir deste e, com a sua manuteno, objetivando-se mudanas qualitativas, que se desenvolveram o ser orgnico e o ser social. Mas, esse aspecto ainda no foi compreendido corretamente. At hoje no tivemos uma histria da ontologia (LUKCS,1976, p. 7) e essa carncia no fortuita, est diretamente ligada confuso e falta de clareza da prpria ontologia pr-marxiana.

    Lukcs preocupa-se com a noo de conhecimento da sociedade contempornea e em que ontologias elas se sustentam. Qualquer enunciado est pautado em uma noo de como o mundo . Embora, a atualidade, seja marcada por uma supresso nominal da ontologia. Nesse sentido, procuramos caracteriz-lo como uma atividade do ser humano, uma ao realizada no mbito do ser social, o qual encontra seu fundamento na efetividade em si do objeto congnoscvel a ontologia. A ontologia do ser social se fundamenta na prxis essencial do trabalho, paradigma para a compreenso da relao da teoria e da prtica noutros nveis como do conhecimento e da esttica. Na introduo da esttica marxista (1978), por exemplo, prioriza o entender o mundo a explic-lo ou compreend-lo. Segundo Luckcs defensor da teoria do reflexo, o reflexo, cientfico, esttico ou literrio, reflete a mesma realidade objetiva (ontolgica), independente da conscincia, situada na base de toda obra (literria, cientfica, filosfica

    recentes na economia, na poltica, na sociedade e na cultura mundiais (p. 138).

  • ou esttica) acentuando a unidade de identidade e a diversidade nas categorias tanto cientfica, filosficas e estticas13.

    Dos discpulos de Luckcs destacam-se Mszros (1993) (Filosofia, ideologia e cincia social, So Paulo: Ensaio, 1993), reafirma o mtodo dialtico que considera a existncia de uma realidade (ontolgica) passvel de ser conhecida atravs de diversas mediaes determinadas pelo desenvolvimento das foras produtivas e as condies materiais histricas que os sujeitos sociais se apropriam para conhecer essa realidade.

    Luckcs e seus seguidores se apoiam na teoria do conhecimento marxista. Os trechos a seguir explicitam a prioridade das condies reais do homem concreto sobre as representaes, a linguagem e a interpretao.

    So os homens que produzem as suas representaes, suas ideias, etc., mas, os homens reais atuantes, tais como so condicionados por um determinado desenvolvimento de suas foras produtivas e das relaes que a elas correspondem; (...) A conscincia nunca pode ser mais que o ser consciente; e o ser dos homens o seu processo de vida real... No a conscincia que determina a vida, mas sim a vida que determina a conscincia. (...) No partimos do que os homens dizem, imaginam ou representam, tampouco no do que eles so nas palavras, no pensamento, na imaginao e na representao dos outros, para depois se chegar aos homens de carne e osso; mas, partimos dos homens em sua atividade real, a partir de seu processo de vida real que representamos tambm o desenvolvimento dos reflexos e das repercusses ideolgicas desse processo real. (Marx & Engels. Ideologia Alem, Lisboa: Avante, 1981, p. 19).

    Com base nessa teoria do conhecimento, penso que seria mais apropriado denominar esse giro ontolgico de re-virada, inflexo ou reao ontolgica, uma vez que se pretende, segundo o prprio Marx, se referindo filosofia idealista de Hegel, de colocar o homem com os ps na terra e a cabea sobre um corpo fincado na realidade. Ou, de defender a tese de que os homens pensam como vivem e no o contrrio, os homens vivem, segundo seus pensamentos ou representaes (tese idealista). Isto , os homens vivem, tm experincias concretas e a partir dessas condies concreta, eles criam seu imaginrio.

    Como se sabe, a preocupao com a ontologia parte constitutiva da tradio filosfica ocidental. A indagao pelo ser. Questo que acompanha a filosofia desde o seu surgimento na Grcia. Ao longo do tempo, no entanto, foi perdendo a centralidade. Na

    13 A escola de Budapeste, denominada assim se referindo aos alunos, discpulos e colegas de Luckcs

    na Hungria, dentre os quais se destacam Agnes Heller, Ferenc Fehr, Gyorgy Mrhus e Istvn Mszros, no abordou diretamente a problemtica dos giros. Apenas Mrkus em Language and production retoma o giro lingustico na filosofia j problematizado por Habermas e por Gadamer. Mrkus mostra sua incontestvel pertinncia a partir da idealizao das virtudes da discusso e do consenso e no fato da linguagem ser pouco considerada no paradigma da produo proposto por Marx. Outros autores do segundo perodo da Escola de Budapeste, tais como Bhaskar, discute diretamente as reaes ao giro lingustico, com base na retomada da ontologia (1997) como podemos ver adiante.

  • Idade Mdia, foi suplantada pela ontologia teolgica, no Renascimento, com o avano das descobertas cientficas, e a instaurao de uma nova ordem social a questo do conhecimento ganha fora. A ontologia subjugada pela questo gnosiolgica, principalmente com Descartes e Kant. Este, talvez o mais influente filsofo desse perodo, afirmava que s o fenmeno pode ser conhecido, pode ser objeto da cincia. O existente alm do fenmeno, o noumeno, pode apenas ser pensado.

    Acenaremos a seguir, de forma sucinta, para alguns aspectos do predomnio da gnosiologia a partir da modernidade, sob o enfoque da crtica lukacsiana. Com o enfraquecimento da metafsica grega, a concepo teolgica da ontologia passa a ter predomnio sobre as vises de mundo. A ontologia religiosa, dominada pelo cristianismo, refuta toda viso de mundo baseada sobre o plano cientfico e afirma como nica realidade a objetivao da aliana religiosa, negando o sentido terreno da vida. Porm, a estrutura bi-mundana presente na perspectiva grega mantida.

    A expresso dupla verdade s mais tarde passa a designar o ponto de vista que contrape a verdade da razo verdade da f. Essas concepes so contrrias a posio compartilhada tanto por Lukcs como por Bhaskar de que as coisas so independente do conhecimento que possumos delas. Mesmo que se negue, sempre partimos de uma imagem do que o mundo . Isso exige o discernimento entre ontologia e epistemologia, implica a distino entre os objetos reais do conhecimento cientfico, intransitivos geralmente independentes do conhecimento a dimenso intransitiva [DI], e os processos de produo do conhecimento de tais objetos, transitivo, scio-histrico a dimenso transitiva [DT] na filosofia da cincia. Ou seja, a imagem do mundo transitiva, j o mundo intransitivo e portanto, nossos objetos do conhecimento tambm o so. O que, irrevogavelmente, conduz a uma distino entre os objetos reais (relativamente) imutveis que existem fora e continuam existindo independentemente do processo cientfico os objetos intransitivos e os objetos cognitivos mutveis (e teoricamente impregnados) que so produzidos na cincia como uma funo e um resultado de sua prtica os objetos transitivos resultando no reconhecimento das dimenses intransitivas e transitivas na filosofia da cincia. Se os objetos (intransitivos) do conhecimento cientfico existem e agem independentemente do conhecimento do qual so os objetos, ento tal conhecimento que ns efetivamente possumos no pode ser idntico, equivalente ou redutvel a esses objetos, ou a qualquer funo deles. Ao contrrio, tal conhecimento tem de consistir de um elemento materialmente irredutvel a esses objetos vale dizer, de formas

  • inerradicavelmente sociais, prxis dependentes, simbolicamente mediadas e expressas, mais ou menos historicamente especficas. Em consequncia, sem uma DT ou sociologia

    filosfica para complementar a DI ou ontologia legitimada, qualquer tentativa para sustentar a irredutibilidade do ser cognoscvel o nico tipo de ser que concerne a cincia ao pensamento e, portanto, a discursividade (e, com isso, a racionalidade) da cincia, no fim tem de fracassar. Porque as coisas, sem uma DI, tornam-se simples manifestao, expresso, externalidade ou encarnao do pensamento, privadas de condies extra discursivas e de controles empricos; e, sem uma DT, o pensamento torna-se uma simples impresso, emanao, internalizao ou Doppelgnger [ssia] das coisas, privado de condies intra discursivas e controles racionais. (BHASKAR, 1986, p. 51-52) (Cf. avila, Hortigara , 2007 p 5).

    2.2. Outra linha do giro ontolgico atribuda escola de Prigogine que busca superar os relativismos fundados na concepo subjetiva de tempo como durao (matemtica quntica de Borh) ou de tempo sem direo (Eistein). A incluso do tempo como realidade cosmolgica (ontolgica), alm das nossas medidas (subjetivas), e a integrao do devir (tempo irreversvel) ao ser caracteriza uma nova perspectiva da cincia contempornea e recoloca a ontologia como base da epistemologia (Prigogine e Stengers, Entre el tiempo y la eternidad. Buenos Aires: Alianza, 1998). Tambm, Stengers, integrante da escola de Prigogine debate na Inveno das cincias modernas (A Inveno das cincias modernas. So Paulo: Ed 34, 2002) a tenso entre duas abordagens das cincias, a da objetividade cientfica das cincias exatas e das crenas cientficas dos estudos culturais (ps-estrutralismo). A superao dessa tenso se d atravs da ontologia. A identidade da cincia est em discutir o qu a realidade, o qu o mundo (ser ontolgico). A base da cincia est no conhecimento dos fenmenos, como eles so, se apresentam e se revelam e no nas formas como o homem representa ou atua sobre o mundo. O conhecimento dos fenmenos (cincia) antecede a sua interveno sobre eles (tcnica).

    2.3. Uma terceira linha do giro ontolgico e atribuda a Maturana (Ontologia da realidade, Belo Horizonte: Ed UFMG, 1999) quando pretende provar atravs da neurobiologia os problemas da percepo e se depara com uma objetividade-entre-parnteses e com a necessidade de discutir: a ontologia da explicao como condio para

  • a constituio da observao, a ontologia da realidade, a ontologia da cognio e a ontologia do social e da tica.

    Como podemos perceber nessas trs linhas de pensamento, O giro lingustico vem gerando amplas e profundas reaes, no apenas no mbito das filosofias da linguagem (hermenutica de Gadamer e Pragmatismo dialgico de Habermas), mas, tambm no mbito das teorias do conhecimento fundadas no realismo (ontologia), dentre elas, as apontadas nesta comunicao.

    Concluses O debate epistemolgico contemporneo pode ser organizado com base nos

    giros. Tal perspectiva permite centralizar a controvrsia sobre as formas do conhecimento e do discurso cientfico-filosfico, reconhecendo a importncia das chamadas abordagens ps-modernas e as respostas que essas perspectivas vem gerando em outras abordagens mais tradicionais como a hermenutica, a pragmtica e a dialtica.

    Como essa controvrsia vem se apresentando na pesquisa em Educao com os desafios das teorias ps-estruturalistas, ps-criticas e neo-pragmatistas, pertinente aprofundar nessas polmicas que ajudam a revelar os limites e as implicaes das diferentes perspectivas epistemolgicas. Esperamos que este mapeamento contribua nos esclarecimentos necessrios quando est em jogo a qualidade da pesquisa em Educao e a compreenso de sues pressupostos e desdobramentos ideolgicos e polticos.

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