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Gatos e vida selvagem

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"Gatos e vida selvagem" põe a claro o que várias pesquisas em vários países ao longo das últimas décadas demonstram sobre o impacto destes animais domésticos sobre a biodiversidade.

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Introdução

Os Gatos domésticos chegaram pela primeira vez aocontinente Norte- americano levados por colonos europeus,há várias centenas de anos.

Desde então, multiplicaram-se e prosperaram como gatosdomésticos, gatos vadios e como predadores semi-selvagens.

Embora frequentemente não seja considerado um problema,o facto é que os gatos que se “auto-sustentam”, ou seja,que vivem livremente, podem afectar outros animais,geralmente longe das casas e quintas que compartilhamcom as pessoas.

Porque o gato doméstico chegou a todos os continentes,temos uma responsabilidade, quer para com os gatos, querpara com os animais selvagens que por eles são afectados.

Como foram domesticados gatos?

Os Gatos domésticos são originários de uma espécieselvagem ancestral, Felis silvestris, o Gato Selvagem Africanoe Europeu. O gato doméstico é hoje considerado umaespécie separada, o Felis catus.

Em aparência, os gatos domésticos são semelhantes aosparentes selvagens e muitos dos seus comportamentos,tais como caçar e outros padrões de comportamento,permanecem essencialmente idênticos à forma ancestral.

Os Gatos foram primeiramente domesticados no Egipto,3 Gatos e vida selvagem

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2000 a. C., onde eram adorados como deuses. Depoisespalharam-se lentamente por outras partes do Globo.

Porém, por volta de 500 a. C. os gregos já tinham adoptadoos gatos como animais domésticos e espalharam-nos portoda a sua esfera de influência.

Os romanos introduziram o gato doméstico na Inglaterraantes do ano 300 da nossa era. Agora os gatos domésticosestão em todo o planeta, graças principalmente aos colonoseuropeus.

Quantos gatos existem nos Estados Unidos?

O número calculado de gatos domésticos em regiões urbanase rurais dos Estados Unidos cresceu de 30 milhões em 1970para 60 milhões em 1990.

Estas estimativas baseiam-se em dados dos censos norte-americanos e incluem só aqueles gatos que as pessoasdizem possuir como domésticos, e não os gatos que sãosemi-selvagens ou livres.

A nível nacional, aproximadamente 30% de casas têm gatos;em áreas rurais essa percentagem sobe para 60%. Só noestado de Wisconsin, com aproximadamente 550 mil casasrurais, o número de gatos livres, rurais (não domésticos)pode chegar aos 2 milhões.

O total de gatos domésticos e gatos livres no Estados Unidosé provavelmente superior a 100 milhões. Devido à sua

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associação íntima com os humanos, a maioria destes gatosestá concentrada em áreas onde as pessoas vivem e nãoem áreas pouco desenvolvidas e remotas.

O estatuto legal dos gatos domésticos

As leis referentes aos gatos domésticos variam com osgovernos locais. Na maioria das áreas, a pessoa que cuidade um gato é legalmente responsável pelo seu bem-estare controlo.

Tal como com outros animais domésticos, se a propriedadepuder ser estabelecida recorrendo a coleiras ou outros meiosde identificação, um gato é considerado propriedade pessoal.

É, geralmente, da responsabilidade do dono controlar osmovimentos do gato. Na maioria dos locais, se os gatosvadiarem pelas propriedades de outras pessoas podem serapanhados vivos e entregues ao dono ou às autoridades.Muitos municípios obrigam a que todos os gatos tenhamcoleira e andem com trela; além disso, requerem vacinaçãoe castração dos gatos domésticos.

Que efeitos têm os gatos domésticosna vida selvagem?

Embora os gatos que vagueiam livremente nas áreas ruraispossuam um maior acesso a animais selvagens, e5 Gatos e vida selvagem

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indubitavelmente exercem maior predação, também os gatosurbanos apanham presas vivas, quando lhes é permitidosair fora de casa.

Estudos extensos dos hábitos de alimentação destes gatos,feitos durante mais de 50 anos em quatro continentes,indicam que os mamíferos pequenos compõemaproximadamente 70% das suas presas, enquanto que asaves aproximadamente 20%.

Os restantes 10% são constituídos por uma variedade deoutros animais. As dietas dos gatos livres reflectem contudoo alimento localmente disponível.

A observação da vivência dos gatos livres mostra que algunsindivíduos podem matar mais de mil animais selvagens porano, embora sejam mais vulgares valores inferiores.

Alguns dos dados sugerem que os gatos vadios, que vivemem cidades pequenas, matem uma média de 14 animaisselvagens cada, por ano.

Os gatos rurais matam muitos mais animais selvagens queos gatos urbanos ou suburbanos. Vários estudos revelaramque até 90% da dieta dos gatos rurais que vagueiam livresé constituída por animais selvagens, e que só menos de10% destes gatos não matou nenhum animal selvagem.

Pesquisas recentes sugerem que os gatos domésticos livresem áreas rurais do estado de Wisconsin podem estar amatar entre 8 e 217 milhões de pássaros cada ano.

As estimativas mais razoáveis indicam que são mortos 39milhões de aves no estado do Wisconsin em cada ano.

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A nível nacional, mais de um milhar de milhão de mamíferospequenos e centenas de milhões de aves são provavelmentemortos pelos gatos em cada ano.

Gatos urbanos e suburbanos aumentam estes valores.Algumas destas presas são ratos domésticos, ratazanas eoutras espécies consideradas pragas, mas muitos sãopequenos pássaros selvagens e mamíferos cujas populaçõesjá são ameaçadas por outros factores, como destruição doshabitats e poluição devida aos pesticidas.

Apesar das dificuldades em demostrar os efeitos que amaioria dos predadores têm nas suas presas, os gatos sãoconhecidos por terem impactos sérios em mamíferospequenos e pássaros.

Mundialmente, os gatos podem estar envolvidos na extinçãode mais espécies de pássaros que qualquer outra causa,exceptuando a destruição de habitat.

Os gatos estão a contribuir para colocar em perigo populaçõesde pássaros como Andorinhas-do-mar, Borrelhos, etc.

Na Flórida, os coelhos de Key West foram ameaçados pelapredação de gatos domésticos. Gatos introduzidos porpessoas que se mantêm nas ilhas de barreira da costa deFlórida predaram várias espécies únicas de ratos do mato,até próximo da extinção.

Os gatos não só atacam muitos mamíferos pequenos epássaros, como também podem, ao serem demasiados,competir com predadores naturais.

Os gatos domésticos comem muitas das mesmas presas

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que os predadores autóctones. Quando presentes emgrandes números, os gatos podem reduzir a disponibilidadede presas aos predadores selvagens, tais como falcões edoninhas.

Os gatos domésticos livres também podemtransmitir doenças novas a animais selvagens

Os gatos domésticos espalharam o vírus da leucemia felinaa Leões-da-montanha e podem ter infectado recentementea Pantera-da-Flórida com panleukopenia felina e uma doençade imuno-deficiência.

Estas doenças podem representar uma séria ameaça aestas espécies raras.

Alguns gatos domésticos vadios também são portadores dedoenças que são facilmente transmitidas a humanos, inclusiveraiva e toxoplasmose.

Gatos domésticos versus predadores autóctones

Embora os gatos sejam bons animais domésticos, muitosdeles caçam tão habilmente quanto os predadores selvagens.

Diferem, porém, dos predadores selvagens de três modosimportantes:

- primeiro, as pessoas protegem os gatos de doenças, dapredação e competição, factores que, naturalmente,

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controlam o número de predadores selvagens, tais comoLinces, as Raposas, ou os Coiotes.

- segundo, geralmente possuem uma provisão segura decomida suplementar dada pelos humanos e, por isso, nãosão influenciados pelas mudanças nas populações daspresas. Enquanto as populações de predadores autóctonesvão diminuindo quando as presas se tornam escassas, osgatos, que recebem suplementos de comida das pessoas,permanecem abundantes e continuam a caçar até mesmoespécies raras.

- terceiro, ao contrário de muitos predadores autóctones, asdensidades de gatos são muito pouco limitadas ou até nãosão limitadas territorialmente.

Estes três factores permitem que os gatos domésticosexistam em densidades muito mais altas do que ospredadores selvagens.

Em certas áreas rurais de Wisconsin, as densidades degatos livres alcançam 44 gatos por quilómetro quadrado.

Nestas áreas, os gatos são várias vezes mais abundantesdo que todos os predadores autóctones de tamanho médiojuntos.

Com comida abundante, as densidades podem alcançarmais de 18 por hectare, organizados em grandes colóniasde alimentação e reprodução (foram registados 81 gatosnuma colónia, e colónias de mais de 20 não são invulgares).

Ao contrário de certos predadores, o desejo de um gatopara caçar não é suprimido através de comida suplementar

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adequada. Mesmo que sejam alimentados com regularidadepor pessoas, a motivação de um gato para caçar permaneceforte, continuando a caçar.

Em resumo

• Os gatos que vagueiam livremente abundam e sãopredadores largamente difundidos.

• Existem frequentemente em densidades muito mais altasque os predadores autóctones.

• Alimentam-se de grandes quantidades de animais selvagensalguns dos quais raros ou em extinção.

• Competem com predadores autóctones, e são vector deuma série de doenças.

Ainda assim, os gatos domésticos são muito populares. Porforma a possuir e cuidar dos seus animais domésticos, econtinuar a proteger a nossa vida selvagem, temos de fazerum esforço por limitar, à nossa maneira, os efeitos adversosque os gatos vadios podem ter sobre essa mesma vidaselvagem.

O que pode fazer

Mantenha unicamente os gatos domésticos que seja capazefectivamente de alimentar e cuidar.Gatos e vida selvagem 10

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Ao controlar a reprodução e eliminar (eutanasiar) os gatosnão desejados evita que as populações de gatos cresçamacima dos va lores cons iderados adequados.

Nas quintas, mantenha apenas o número mínimo de gatosnecessários para controlar os roedores.

As fêmeas bem nutridas e castradas irão manter-se maispróximas das casas e matar presas apenas nos locais ondeo controlo de roedores é mais necessário.

Armadilhas e raticidas, bem como o armazenamento dealimentos e as construções à prova de roedores, normalmentecontribuem para um controlo mais efectivo do que o dosgatos.

Se possível, para bem do seu gato e da vida selvagem local,mantenha-o fechado. Assim eliminará a reprodução nãodesejada, a predação de animais selvagens, e a propagaçãode doenças.

Os sinos são ineficazes na prevenção dos ataques porque,mesmo se o sino tocar, já será muito tarde para a presapoder escapar.

Retirar as unhas aos gatos pode reduzir o sucesso de caça,mas muitos gatos continuam, mesmo assim, a ser predadoresefectivos.

Manter os seus gatos fechados ajuda a proteger a vidaselvagem em redor e impede que o seu gato apanhe doenças.

As duas causas mais comuns de morte nos gatos rurais sãoas doenças e o atropelamento por automóveis. Se permitiraos seus gatos saírem de casa, instale vedações ou muros

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no quintal.

Castre os seus gatos ou impeça-os de criar, e encorajeoutros a fazerem o mesmo.

Apoie ou faça esforços para requerer o licenciamento e acastração dos gatos domésticos.

Em áreas onde tais leis já existam, insista para que estassejam reforçadas.

Para informação sobre castração contacte o VeterinárioMunicipal local ou as associações de protecção dos animais.Localize os comedouros para aves selvagens em locais quenão permitam aos gatos prepararem emboscadas aospássaros. Os gatos são uma fonte significativa de mortalidadeentre os pássaros que visitam os comedouros.

Impeça que os gatos trepem aos ninhos dos pássaros,colocando protecções ao redor das árvores do seu jardimque possam abrigar ninhadas de pássaros.

Não tenha gatos indesejados nem os liberte nas áreas rurais.Esta prática aumenta fortemente as populações de gatosrurais e é um modo desumano de lidar com os gatos nãodesejados.

Os gatos, mesmo sendo bons predadores, sofrem muitoquando são mudados para locais desconhecidos. Contacteuma organização de bem-estar animal local para obter ajuda.

Elimine fontes de comida, como lixo ou pratos de comidacolocados ao ar livre pois estes atraem gatos perdidos.

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Não alimente gatos vadios

Alimentar gatos que vagueiam mantém densidades altas degatos que matam e competem com as populações de animaisselvagens. Desta forma formam-se colónias de gatos aoredor das fontes de comida que crescerão tendo como únicolimite a provisão de comida.

Estas colónias podem crescer até incluir dúzias de animais.A manutenção de colónias de gatos vadios através de comidasuplementar não traz benefícios para ninguém.

Os gatos sofrem por causa das doenças e danos físicos; avida selvagem sofre a sua predação e competição, e ascolónias de gatos podem ser uma fonte de doenças paraanimais e humanos.

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