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Terça-feira, 18 de fevereiro de 2014 Gazeta do Povo Artigo / A quem interessa ser contra a Funeas? Paulo Rossi Tenho recebido diversas manifestações de entidades sindicais da área da saúde contrárias à criação da Fundação Estatal da Saúde (Funeas). Interessante é que em nenhum momento os argumentos dessas entidades são a favor da população paranaense, em especial daqueles que mais necessitam do acesso à saúde pública. Não é isso que nós, trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada ou pública, queremos. O que nós queremos é que toda a população paranaense, em especial os mais carentes, possam ter direito à saúde e a melhores condições de vida. Os argumentos de que isso é uma privatização dos serviços de saúde são um discurso sem sentido, pois está bem claro no seu estatuto que a Fundação Estatal (ou seja, não é privada) faz parte da estrutura da administração pública. Aliás, quem entende bem, mas muito bem de privatização é o atual governo federal, que privatizou aeroportos, rodovias e a exploração dos nossos campos de petróleo. Se não bastasse tudo isso, agora querem editar uma medida provisória permitindo contratos temporários sem registro em carteira de trabalho, roubando os direitos dos trabalhadores. E por que alguns sindicalistas são contrários à Funeas? Simples: a contratação não será pelo regime estatutário ao qual estão acostumados, mas pela CLT, mediante a admissão por concurso público. Isso demonstra que não teremos mais o famoso “QI” (Quem Indica). Esses mesmos dirigentes sindicais contrários à contratação na forma da CLT poderão dizer “Fulano foi mandado embora porque o chefe não gostava dele”. No entanto, está explícito no projeto de lei da Funeas, em seu art. 13, § 2.º, que para qualquer demissão é necessário que seja aberto um processo administrativo para avaliar se há justa causa ou não. Há de se louvar essa iniciativa que vem ao encontro da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da demissão sem justa causa e cuja aplicação no Brasil está suspensa desde 1997. Também é claro, no projeto de lei, que os funcionários estatutários do estado em nenhum momento perderão seus direitos, e que a sociedade organizada participará das decisões da Fundação Estatal por meio do Conselho Curador. O que nos entristece é que esses mesmos dirigentes contrários à Funeas em nenhum momento se manifestaram contra o programa Mais Médicos, instituído pelo governo do PT e que não respeita nem sequer minimamente a legislação trabalhista de nosso país, pois o governo paga cerca de R$ 10 mil a uma organização que repassa somente R$ 1 mil para os médicos cubanos atuarem no Brasil. Isso é uma vergonha! Por fim, vale lembrar que a Fundação Estatal da Saúde não é uma novidade. Ela já existe em outros estados, principalmente os governados pelo PT e seus aliados; esses mesmos dirigentes ligados a esses partidos nem sequer se manifestaram. Na Bahia, cujo governador é o petista Jaques Wagner, o grupo de trabalho que elaborou a

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Terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Gazeta do Povo Artigo / A quem interessa ser contra a Funeas? Paulo Rossi

Tenho recebido diversas manifestações de entidades sindicais da área da saúde contrárias à criação da Fundação Estatal da Saúde (Funeas). Interessante é que em nenhum momento os argumentos dessas entidades são a favor da população paranaense, em especial daqueles que mais necessitam do acesso à saúde pública. Não é isso que nós, trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada ou pública, queremos. O que nós queremos é que toda a população paranaense, em especial os mais carentes, possam ter direito à saúde e a melhores condições de vida.

Os argumentos de que isso é uma privatização dos serviços de saúde são um discurso sem sentido, pois está bem claro no seu estatuto que a Fundação Estatal (ou seja, não é privada) faz parte da estrutura da administração pública. Aliás, quem entende bem, mas muito bem de privatização é o atual governo federal, que privatizou aeroportos, rodovias e a exploração dos nossos campos de petróleo. Se não bastasse tudo isso, agora querem editar uma medida provisória permitindo contratos temporários sem registro em carteira de trabalho, roubando os direitos dos trabalhadores.

E por que alguns sindicalistas são contrários à Funeas? Simples: a contratação não será pelo regime estatutário ao qual estão acostumados, mas pela CLT, mediante a admissão por concurso público. Isso demonstra que não teremos mais o famoso “QI” (Quem Indica). Esses mesmos dirigentes sindicais contrários à contratação na forma da CLT poderão dizer “Fulano foi mandado embora porque o chefe não gostava dele”. No entanto, está explícito no projeto de lei da Funeas, em seu art. 13, § 2.º, que para qualquer demissão é necessário que seja aberto um processo administrativo para avaliar se há justa causa ou não. Há de se louvar essa iniciativa que vem ao encontro da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que trata da demissão sem justa causa e cuja aplicação no Brasil está suspensa desde 1997. Também é claro, no projeto de lei, que os funcionários estatutários do estado em nenhum momento perderão seus direitos, e que a sociedade organizada participará das decisões da Fundação Estatal por meio do Conselho Curador.

O que nos entristece é que esses mesmos dirigentes contrários à Funeas em nenhum momento se manifestaram contra o programa Mais Médicos, instituído pelo governo do PT e que não respeita nem sequer minimamente a legislação trabalhista de nosso país, pois o governo paga cerca de R$ 10 mil a uma organização que repassa somente R$ 1 mil para os médicos cubanos atuarem no Brasil. Isso é uma vergonha!

Por fim, vale lembrar que a Fundação Estatal da Saúde não é uma novidade. Ela já existe em outros estados, principalmente os governados pelo PT e seus aliados; esses mesmos dirigentes ligados a esses partidos nem sequer se manifestaram. Na Bahia, cujo governador é o petista Jaques Wagner, o grupo de trabalho que elaborou a

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proposta da Fundação Estatal da Saúde teve como membro ninguém mais, ninguém menos que Ademar Chioro, atual ministro da Saúde.

Chega de demagogia! A população paranaense (e, em especial, a classe trabalhadora) não pode ser refém de disputas políticas. Por isso, é de extrema importância a criação da Fundação Estatal da Saúde do Paraná, melhorando a qualidade de vida de milhões de paranaenses.

Paulo Rossi é presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)no estado do Paraná. Artigo / A busca da solução mágica Elaine Rodella

Quando um cidadão comum foge de sua responsabilidade, há um aparato institucional organizado para fazer com que ele cumpra com seu dever. O sistema fiscal é um exemplo. O Conselho Tutelar, outro. Mas, quando administradores públicos não cumprem com seu dever, o que acontece? Em poucos casos, existe a cobrança; raramente há penalização concreta. Para nós, substituir o Estado na elaboração e execução de políticas públicas é algo similar ao cidadão que não cumpre o seu dever. Deveria haver penalidades para as autoridades que se eximem de cumprir seu rol de atribuições legais e compromissos assumidos publicamente.

É estarrecedor que o governador defenda a dissolução da Secretaria de Estado da Saúde. Esse mandato esteve por 37 meses à frente do órgão e só no fim da gestão, depois de tanta propaganda e tantas festas de lançamento de programas, metas e indicadores alcançados, quer entregar o jogo a uma nova estrutura, a Funeas.

O secretário da Saúde, Michele Caputo, fez muito estardalhaço ao lançar o HospSUS, vendendo a qualificação da assistência hospitalar; o ComSUS, prometendo o aumento da oferta de serviço na média complexidade; o VigiaSUS, criando a ideia do fortalecimento das ações de vigilância e promoção à saúde; e tantos outros programas. O que não contam é que a fundação que querem lançar não passa do EntregaSUS. A Funeas representa mais um lance de risco do que a certeza de um futuro melhor para a sociedade que tem direito ao SUS e para quem nele trabalha. A medida esconde o principal objetivo: o de cortar mais gastos na saúde, por meio do enxugamento das ações e dos salários dos futuros trabalhadores da fundação.

Beto Richa diz que, com a Fundação, o estado fica mais forte no controle das ações. Será que os cargos de confiança do governador omitem os sérios problemas de cumprimento estabelecidos como metas nos convênios hoje existentes? Um caso dos mais emblemáticos é o do Centro Hospitalar de Reabilitação, em Curitiba, um hospital com marcante ociosidade, com alas inteiras que nunca foram abertas à população.

Essa proposta nada mais é do que entregar a saúde pública para as mãos de um terceiro, que passará a executar as ações em saúde como está posto no artigo 2 do Projeto de Lei 726 – artigo esse que, pela amplitude do que poderá ser assumido pela Funeas, vem sendo questionado por muitos especialistas em Direito Administrativo. Há também questionamentos jurídicos sobre o teor do projeto que vão servir de base para ações na Justiça. Os artigos 3 e 27 são exemplos de itens facilmente contestáveis.

E a saúde, como vai? Muito doente. A causa da doença não reside exclusivamente nessa questão. A doença é profunda e tem múltiplos fatores que não foram enfrentados pelo governo. Em três anos, o Executivo não aplicou os recursos previstos na Constituição. Falta um plano de carreira específico para os trabalhadores do setor e sobram chefias indicadas pelo método mais cruel, antigo e antiprofissional.

Esses fatores não serão extintos à medida que a Funeas venha a funcionar. Essa nova morfologia já tem se mostrado ineficiente, local de desvio de finalidade e de recursos públicos. Existe um fetiche, largamente difundido pelos governos, segundo o

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qual o que é gerenciado com a lógica privada adquire qualidade, como num passe de mágica. Ora, exemplos de que essa ideia mágica não corresponde à realidade estão expostos na mídia. Toda e qualquer forma de livrar o Estado da execução direta das políticas sociais constitui-se no enfraquecimento da Constituição Federal e um ataque aos direitos da classe trabalhadora.

Elaine Rodella, psicóloga, é dirigente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores em Serviços Públicos do Saúde Pública e Previdência do Estado do Paraná (SindSaúde).

Coluna do leitor / Radicalismo 1

Observando a forma de atuação dos perpetradores do bárbaro atentado contra o cinegrafista Santiago Andrade, e dos demais marginais que têm se infiltrado nas manifestações de rua, na maioria das vezes pacíficas e legítimas, se vê que não se trata de acirramento de ânimos. Na verdade, tais elementos nem sequer fazem parte dos movimentos reivindicatórios; ao contrário, buscam desvirtuá-los, ao tentar fazer com que a opinião pública os associe aos injustificáveis atos de violência que praticam. É urgente que as autoridades controlem tal situação, identificando os mentores e financiadores dos ataques. Julio Zugman

Radicalismo 2 A política, ou melhor, os políticos são os responsáveis pela radicalização do país, assim como os pais são responsáveis pelas atitudes na educação dos filhos. Se os pais gritam, os filhos gritam também; se os dirigentes são intolerantes e usam de vulgaridade para tratar das coisas políticas, a população se acha no direito de perder o respeito pelo outro. Intolerância gera intolerância. Cassia Noronha

Radicalismo 3 A conduta oportunista e o cinismo dos atuais políticos não conseguem enganar mais a população que vê o sonho da democracia escorrendo pelos ralos da corrupção e trapaças sem fim. Essa situação acaba por transformar-se em terreno fértil para o radicalismo. A história tem demonstrado que esse fato se repete de tempos em tempos. Antonio Carlos Corrêa Küster Filho

Energia Segundo o ministro Edison Lobão, o consumidor terá de pagar por um sistema elétrico mais seguro (Gazeta, 15/2). Mas, para administrar os índices de inflação na tentativa de reduzir o impacto político-eleitoreiro, o governo resolveu reduzir as tarifas de energia elétrica no ano passado, obviamente reduzindo a receita que poderia auxiliar nos investimentos na área. Mais uma prova do quanto este governo está desorientado, tomando decisões com foco exclusivamente nas próximas eleições. João L. Barbosa, Pinhais – PR

Acesso a informações A respeito do editorial “Bloqueio à informação” (Gazeta, 15/2), há de se entender que, independentemente do plenário, cada parlamentar tem o direito e até mesmo o dever de, fundamentadamente, amparado no seu poder fiscalizatório, oficiar e solicitar explicações e esclarecimentos ao Poder Executivo. É também para isso que ele possui uma estrutura de gabinete, não? Márcio Berclaz

Eutanásia Não acredito que uma criança, teoricamente imatura ainda, possa saber o que é melhor para si – no caso, de ter voto quase de minerva sobre sua eutanásia (Gazeta, 14/2) ser ou não autorizada. Evidentemente que já definem o tipo de dor que sentem, mas poder autorizar a própria morte ultrapassa a normalidade. Eduardo Rodrigues

Jockey Club Como antigo admirador das corridas de cavalo, não fiquei surpreso com a nova denúncia envolvendo o Jockey Club (Gazeta, 16/2), e que poderá culminar com o encerramento das atividades do hipódromo, por determinação do Ministério da Agricultura. Da forma como as coisas estão sendo conduzidas, resta aguardar pela quase inevitável punição. Momento triste para os apaixonados pelo turfe e seus humildes profissionais. Maurício Simões, designer gráfico

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Copa do Mundo 1 Desculpe, meu amigo Mario Celso (Gazeta, 16/2), mas Curitiba está longe de ser um dos melhores destinos turísticos do país; prova disso é a crescente violência em nossa cidade, com ruas e calçadas esburacadas e bairros totalmente esquecidos. Quanto ao custo da obra, o que importa é que já custou quase três vezes mais que o orçamento inicial. E, quanto às obras de infraestrutura, nosso aeroporto está um “nojo” e não se vê obra acabada de mobilidade urbana. Cláudio Slaviero, empresário

Copa do Mundo 2 Chega de gastos com uma obra como a Arena da Baixada! Já gastaram demais e a conta vai ficar para o contribuinte. Enquanto isso, os postos de saúde estão sem remédio e não há previsão de quando a situação vai se normalizar. Os turistas vêm a Curitiba para conhecer nossos parques e não para ver jogos de futebol. Ernani Brusch Serviço público / Falta de estrutura desafia Defensoria Trabalho pelo interior do estado teve início com sedes indefinidas e servidores ainda aguardando nomeação Antoniele Luciano e Yuri Al’Hanati

A falta de servidores, sedes, equipamentos e materiais vem marcando o início do trabalho da Defensoria Pública do Paraná pelo interior do estado. Menos da metade das comarcas que receberam defensores após a nomeação dos aprovados em concurso têm espaços para atender a comunidade. São apenas dez unidades, de um total de 21 defensorias, com áreas definidas ou, ao menos, provisórias para as atividades. O restante ainda reveza atendimento entre fóruns e carceragens locais, segundo dados do órgão estadual.

Em São José dos Pinhais, os três defensores enviados para o município dividem uma sala de 13 metros quadrados, cedida pelo Fórum. A limitação de espaço levou a unidade a restringir o atendimento para apenas demandas criminais, relata o defensor Dezidério Machado Lima. A situação, acredita, deve melhorar quando o grupo for alocado para um novo prédio e contar com apoio de servidores, como técnicos e assessores jurídicos. A mudança deve ocorrer até o fim do mês.

No município de Castro, o funcionamento da Defensoria Pública precisou contar com a ajuda de custo dos próprios defensores. Eles compraram uma impressora para começar a trabalhar. “Dado a falta de orçamento inicial, tivemos que arcar com alguma coisa, mas logo suprimos nosso problema material”, comenta o defensor Erick Ferreira. A Defensoria de Castro deve contar nos próximos dias com quatro estagiários cedidos pela prefeitura. Foi o município quem também cedeu espaço para as atividades. Por enquanto, todo o trabalho – jurídico e administrativo –, vem sendo feito pelos dois defensores lotados.

Em Londrina, Norte do estado, também houve dificuldades financeiras no início das atividades. Os quatro defensores enviados para a cidade já arcaram com material administrativo e a limpeza do escritório. O espaço é amplo, mas ainda não conta com equipamentos de informática e rede elétrica adequada. O prédio todo também só possui um ventilador.

Na unidade, são aguardados 52 servidores aprovados em concurso, entre assessores jurídicos, técnicos, psicólogos e assistentes sociais.

Reforço Mesmo já tendo solicitado formalmente ao governo do Estado a nomeação de servidores, a Defensoria Pública do Paraná diz ainda não ter previsão de quando o quadro funcional estará completo. “A partir do momento em que as nomeações ocorrerem, o trabalho da Defensoria se tornará mais ágil e o número de pessoas atendidas indubitavelmente será ainda maior”, afirma o coordenador de Planejamento do órgão no estado, Saulo Henrique Alessio Cesa.

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Segundo Cesa, as tratativas entre a Defensoria e prefeituras dos municípios onde o órgão está se instalando demonstraram variação de receptividade. Embora em alguns locais a Defensoria já esteja com a sede estruturada, em outros ainda se está caminhando para oferecer condições ideais de trabalho. “Evidentemente a estruturação das sedes é um trabalho que enfrenta procedimentos burocráticos”, assinala. Procura / Curitibanos enfrentam fila para ter acesso à Defensoria

“Disseram pra eu chegar aqui às 8 horas. Quando eu vi essa fila, quase desanimei e fui embora”, queixa-se a auxiliar de processos Juliana Oliveira de Lima, moradora da CIC e uma das últimas na extensa fila formada do lado de fora da Defensoria Pública do Paraná na última sexta-feira de janeiro. O dia de acompanhamento processual é dos mais concorridos no órgão. Cerca de 300 pessoas ocupavam uma linha que seguia por dois quarteirões: da porta do prédio novo, na esquina da Cruz Machado com a Alameda Dr. Muricy, até a esquina da Alameda com a Augusto Stellfeld.

Na outra ponta da fila, estava a vendedora Sandra Salete Peres, também para acompanhar um processo de divórcio e pensão alimentícia de anos. Ela entrou com o processo na Rua da Cidadania do Sítio Cercado, que o encaminhou para a Defensoria. Sandra foi uma das poucas atendidas no dia, já que o órgão distribuiu apenas 40 senhas para manhã e recomeçou a distribuir senhas para a tarde a partir das 11h30. Houve queixas de várias pessoas que perderam o dia de trabalho para fazer o acompanhamento processual.

Além dos casos de divórcio e pensão, a Defensoria também atende muitos casos de guarda, execução penal e agressão, além de casos relacionados a Infância e Juventude. “Só na área da Família temos 15 mil processos. Se todos os 15 mil vierem aqui acompanhar, não vamos ter como atender a todos”, explica a defensora Natalia Marcondes.

Ela explica que, com o novo sistema da Defensoria, não é mais preciso comparecer ao órgão para acompanhar o processo. “As pessoas vêm aqui porque elas estão acostumadas com essa cultura, mas agora elas só precisam atualizar o telefone e endereço no cartório da Defensoria e nós ligamos a cada novidade no processo”.

Como funciona A Defensoria Pública do Estado é um serviço gratuito para atender a demandas jurídicas de pessoas que não podem pagar por assistência advocatícia. Em Curitiba, a Defensoria atende apenas em algumas áreas. Saiba quais são:

• Família • Pensão • Divórcio • Pedido de guarda • Cível • Interdição • Reintegração de posse • Despejo • Pedido de medicamento gratuito • Criminal (réu preso e não julgado) • Pedido de liberdade provisória • Habeas corpus • Execução Penal (réu preso e julgado) • Revisão de pena • Infância e Adolescência • Defesa de menor infrator

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Encaminhamento Os defensores públicos podem pedir documentos, como holerite e carteira de trabalho, para comprovar informações. Para ser atendido, não é preciso encaminhamento anterior de outros órgãos. Agressão / Ladrão é amarrado em poste e espancado no Mato Grosso do Sul

Depois de tentar roubar uma casa no centro do município de Sidrolândia (MS), a 60 km de Campo Grande (MS), um homem de 38 anos foi amarrado em um poste e agredido pelo dono do imóvel e por vizinhos. Antônio Mendes Sá, que já tem passagem por furto em veículo, havia pegado objetos da casa da vítima e foi visto ao tentar sair do local, por volta das 4 horas de domingo. Imobilizado com a ajuda de vizinhos, ele foi agredido, teve as mãos e os pés amarrados, e vários ferimentos pelo corpo. Outros casos semelhantes de “justiça com as próprias mãos” ocorreram no dia 31 de janeiro, quando um adolescente de 15 anos foi amarrado nu a um poste no Rio de Janeiro, e na última quinta-feira, quando outro assaltante foi preso a um poste e agredido por várias pessoas em Itajaí (SC). Transporte coletivo / Empresas de ônibus entram na Justiça contra a queda da tarifa Raphael Marchiori

O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) ingressou ontem com um mandado de segurança na Justiça contra a determinação do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) para que a tarifa técnica do transporte coletivo caia R$ 0,43. O relator do caso é o desembargador Marcos Cury.

Antes do mandado de segurança, o Setransp já havia ingressado com um recurso de agravo no próprio Tribunal de Contas. Segundo o TCE-PR, esse instrumento deve ser começar a ser analisado na quinta-feira. A Urbs, outra parte interessada no assunto, também já havia entrado com um recurso administrativo no tribunal.

A decisão de entrar na Justiça contra a determinação do TCE-PR é mais um passo das empresas de ônibus para tentar derrubar a medida antes do reajuste tarifário. Além da queda dos R$ 0,43, o tribunal também determinou que nenhum novo item poderá ser incluído da composição tarifária quando da reformulação da planilha de custos que compõe a tarifa. A medida do tribunal vale a partir do próximo reajuste tarifário, previsto para ocorrer no dia 26 de fevereiro.

O prefeito de Curitiba Gustavo Fruet (PDT) cobrou ontem agilidade do TCE-PR no julgamento do relatório de auditoria do transporte coletivo. “É fundamental que a decisão do tribunal seja conhecida o mais breve possível. Hoje, temos um contrato em vigor, que é resultado da licitação realizada em 2009. Apesar de termos que cumpri-lo, não se deve temer a rigorosa apuração da legalidade do certame”, disse Fruet em nota publicada no site da prefeitura.

Na nota, a prefeitura cita ter encaminhado ontem ao TCE-PR uma manifestação sobre a decisão que determinou a redução da tarifa, mas não entra em detalhes sobre o conteúdo dessa manifestação.

Repasse A tarifa técnica é aquela que é repassada às empresas. Hoje, ela está em R$ 2,9353 – mas o cálculo do tribunal de contas foi realizado sobre R$ 2,9994. Se a redução de R$ 0,43 for aplicada sobre a tarifa técnica atual e a determinação do TCE-PR não for derrubada na Justiça ou revista pelo próprio tribunal, o preço cobrado aos usuários poderá cair. Isso ocorreria no caso do reajuste de 26 de fevereiro ser inferior a R$ 0,1947. Protesto violento / MP-RJ denuncia suspeitos por morte de cinegrafista Da Redação

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A promotora Vera Regina de Almeida, da 8.ª Promotoria de Investigação Penal

do Ministério Público estadual, denunciou na tarde de ontem Caio Silva de Souza e Fábio Raposo por homicídio doloso. A dupla é acusada de acender e lançar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, no último dia 6 de fevereiro, durante uma manifestação no Centro do Rio. A dupla vai responder por homicídio qualificado (motivo torpe) e crime autônomo de explosão. Se condenados, podem receber pena de até 30 anos de prisão cada um.

A promotora concordou com o delegado Maurício Luciano de Almeida, responsável pelas investigações, e requereu à Justiça a conversão da prisão de Raposo e Souza de temporária para preventiva. Os dois estão presos temporariamente no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio.

O procedimento foi encaminhado à 3.ª Vara Criminal do Rio. Caso o juiz Murilo Kieling aceite a denúncia do MP, será aberta ação penal. Com isso, Raposo e Souza passarão da condição de acusados a réus.

Se o magistrado decretar a prisão preventiva dos dois, eles permanecerão atrás das grades até o julgamento, a não ser que obtenham habeas corpus em instâncias superiores. Se ao final da instrução do processo o juiz decidir pronunciá-los, eles serão julgados por um júri popular.

Na sexta-feira, o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende os acusados, disse que iria pedir a anulação do inquérito, alegando que a polícia coagiu Caio, ao colher o depoimento dele, na madrugada do dia 13, na Casa de Custódia José Frederico Marques, no Complexo de Gericinó, onde está preso. Segundo Jonas Tadeu, Caio contou que policiais o acordaram para prestar depoimento, alegando que Fábio, por já contar com o benefício da delação premiada, o estava acusando de ter praticado o crime sozinho.

O advogado disse ainda que, após a decisão do MP, entrará com pedido de habeas corpus, no qual vai requisitar a anulação do inquérito. Abastecimento / Rodízio é suspenso em 5 cidades Arapongas segue com racionamento. Temperaturas amenas dos últimos dias no estado ajudaram a reduzir a demanda dos reservatórios Bruna Komarchesqui

Depois das chuvas que ajudaram a baixar as temperaturas e, por consequência, o consumo de água no estado, a Sanepar suspendeu o rodízio de abastecimento em cinco das seis cidades que tinham adotado a medida emergencial. Apenas Arapongas, na região Norte, segue com o rodízio por tempo indeterminado. No Sudoeste, a suspensão definitiva do sistema de racionamento em Toledo, Assis Chateaubriand e Francisco Beltrão será avaliada hoje. Os três municípios estão com abastecimento normal desde sábado.

Apesar da situação estar mais tranquila, os reservatórios de algumas localidades continuam abaixo do normal – em Curitiba e região, o nível médio das quatro barragens caiu de 85% para 82% no início desta semana. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), apenas Colombo sofre com problemas localizados, segundo a Sanepar. Com as chuvas, a água do poço que abastece parte da cidade tem a turbidez alterada, o que diminui a produção em 15%. A expectativa da companhia é que a situação se normalize ainda nesta semana.

Torneiras secas Os problemas na cidade, no entanto, começaram antes mesmo das chuvas, segundo moradores do bairro São Marcos, que chegaram a suportar quatro dias sem abastecimento. Na casa do administrador de empresas Adriano Antunes, 30 anos, a solução encontrada para garantir a alimentação e o banho da família de quatro pessoas – que inclui uma senhora de 90 anos – foi comprar dois

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galões de água mineral por dia. “Em situações de desligamento programado de um dia e meio, ainda dava para contornar enchendo baldes e a caixa d’água. Mas quatro dias seguidos ninguém suporta”, reclama.

Com abastecimento normal desde sábado, Antunes conta que cada morador da rua tem uns cinco protocolos de atendimento na Sanepar. “Eles prometiam solucionar num horário e não resolviam.”

O gerente-geral da Sanepar de Curitiba, região metropolitana e litoral, Celso Thomaz, explica que o problema de Colombo foi gerado por quedas de energia e remanejamento de água entre os sistemas, situação que não deve se repetir. De acordo com Thomaz, embora o nível das barragens tenha caído, a RMC teve uma melhora no abastecimento nos últimos dias. “Essa chuva de garoa, temporal, não resolve para elevar os reservatórios a um patamar normal. Ainda assim, está tudo bem abastecido. Mas, se aquele calor voltar, a situação anterior volta. Por isso, o uso racional continua válido”, explica.

Situação de barragens no Sudeste melhora

Após um final de semana de chuvas no Sudeste e no Sul do Brasil, o nível dos reservatórios nessas regiões teve leve melhora. No Sudeste, de sexta até domingo, a quantidade de água armazenada nas reservas caíram apenas 0,1 ponto percentual, de 35,6% para 35,5%. De 11 a 13 de fevereiro, a queda havia sido de 0,8 pontos percentuais.

Já no Sul, a quantidade de água armazenada voltou a subir depois de quatro semanas de queda: de 42,8% sábado, foi para 43% no domingo.

Apesar dos resultados, as chuvas registradas na região do sistema Cantareira, em São Paulo, não têm sido suficientes para reabastecer as represas da região, as mais importantes no abastecimento da capital paulista.

Segundo a Sabesp, o nível do sistema continua bem baixo, em 18,5%, mas apresenta uma redução mais lenta. Estiagem / Cidades do Sudoeste ainda estão em alerta

No Sudoeste do Paraná, embora o abastecimento esteja normal desde o fim de semana, o clima ainda é de alerta nas cidades de Toledo, Assis Chateaubriand e Francisco Beltrão. Segundo a Sanepar, os reservatórios estavam com um nível bom ontem, após as chuvas e a colaboração da população no uso racional da água. Uma nova avaliação, marcada para hoje, pode determinar a suspensão definitiva do rodízio nos três municípios. Na região, apenas Santa Tereza do Oeste segue recebendo complemento diário de caminhões-pipa. A solução para a redução da vazão de poços – sem ligação com a estiagem – vem sendo adotada desde novembro.

Depois de uma semana de rodízio, Guarapuava, na região central do Paraná, teve o abastecimento normalizado na quarta-feira. De acordo com a Sanepar, além do bom volume de chuvas do fim de semana, a conscientização da população foi fundamental para resolver o problema. Nos Campos Gerais, Ponta Grossa também alcançou o equilíbrio dos reservatórios, depois de 10 dias de rodízio. A suspensão da medida emergencial ocorreu no sábado.

Contramão Na contramão de outras cidades, Arapongas ainda sofre com o racionamento de água. Desde domingo, a cidade foi dividida em três setores com 10 mil ligações cada. A partir das 9 horas, todos os dias, cada um deles passa 24 horas sem água. A medida foi necessária para resolver a defasagem de 30% na produção. Enquanto o município produz, diariamente, 21 milhões de litros, o pico de consumo chega a 30 milhões de litros em dias mais quentes. Domicílios sem caixa d’água podem ficar desabastecidos nos dias de rodízio. “A Sanepar está interligando um poço particular, que não estava em uso, para tentar amenizar o problema na região”, explica Celso Thomaz, da Sanepar.

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Instável O tempo segue instável, com temperaturas mais baixas e chuviscos, na região de Curitiba e Litoral, segundo o Instituto Tecnológico Simepar. Tempo estável só mesmo a partir de quinta-feira. As mínimas ficam na casa dos 16ºC na capital; já as máximas, chegam aos 25ºC na quarta. No Noroeste, há maior presença de umidade, o que proporciona a possibilidade de chuvas à tarde. Já no Oeste e Sudoeste, a ausência de nuvens deixa o tempo bastante seco, e nos próximos dias não há previsão de chuva. Judiciário / 230 dos 500 cartórios de concurso são alvo de contestação judicial Quase metade das serventias do Paraná que serão ocupadas após processo seletivo do TJ tem questionamentos na Justiça sobre a titularidade Amanda Audi

Quase metade dos 500 cartórios extrajudiciais do Paraná que serão preenchidos por concurso público neste ano têm pendências no Judiciário. De acordo com listagem do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), a ocupação de 230 serventias é alvo de questionamentos judiciais que podem complicar a entrada de novos titulares aprovados no concurso – cujas inscrições se encerram hoje. O próprio TJ admite a possibilidade de que a vacância de alguns cartórios possa ser revertida, apesar de considerar o quadro “improvável”. Mas pelo menos dois titulares de cartórios, que haviam sido afastados da serventia por não ter feito concurso, conseguiram liminares para permanecer no cargo. Outras seis serventias declaradas vagas estão em situação muito semelhante a essas duas.

A maioria das ações é movida por cartorários que deveriam ser removidos para a entrada dos concursados. A tendência do Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido a de negar os recursos, referendando o posicionamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de que os cartórios extrajudiciais devem ser preenchidos por concurso público. Só no ano passado teriam sido indeferidos mais de 100 recursos deste tipo envolvendo serventias paranaenses, segundo o TJ.

“A pessoa que passar no concurso e escolher o cartório com pendência tem que saber que a situação não está definida e que vai depender da Justiça”, afirma Ângelo Volpi Neto, vice-presidente da Associação dos Notários e Registradores do Paraná (Anoreg-PR) e presidente do Colégio Notarial do Paraná (CNB-PR) – entidades que representam os cartórios. Ele comenta que “ninguém quer largar” cartórios com lucratividade alta.

Algumas das serventias com pendências judiciais estão entre os que mais faturam. O 2.º Serviço de Registro de Imóveis de Curitiba, por exemplo, cuja titular conseguiu liminar para permanecer no cargo, está em 5.º lugar no ranking dos cartórios que mais faturam no Paraná, com R$ 2,6 milhões por semestre.

Imbróglio Os dois titulares não concursados que conseguiram, por meio de liminar, permanecer nos cartórios que ocupavam têm histórico semelhante ao de titulares de pelo menos outras seis serventias, segundo apurou a Gazeta do Povo. Todos esses titulares tinham a titularidade legal de outros cartórios. Mas foram removidos para outras serventias, geralmente maiores ou mais lucrativas, sem passar por concurso – o que é considerado irregular.

Por determinação de 2010 do CNJ, eles deveriam retornar às serventias originais. Mas essas serventias acabaram sendo ocupadas por outros titulares que passaram por concurso – o que gerou a situação de um cartório ter dois titulares concursados. O número de casos assim pode ser maior do que os oito apurados pela reportagem porque não há balanço oficial do TJ ou da Anoreg.

Para acabar com esse tipo de impasse, o CNJ determinou que os primeiros titulares deveriam ficar na serventia onde estavam até que o cartório original ficasse

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vago – isto é, quando o atual ocupante se aposentasse ou desistisse do cartório. Mas no ano passado o CNJ contrariou o próprio entendimento e incluiu as serventias na lista de cartórios que deveriam ser preenchidos por concurso – o que provocou uma nova guerra judicial. A nova interpretação do CNJ é de que eles foram removidos de maneira irregular e por isso devem arcar com o ônus.

Segundo o TJ, o titular que não tem cartório para onde voltar pode ficar na serventia atual até que não haja mais possibilidade de recurso judicial. Se perder na Justiça, fica sem cartório até vagar a serventia original.

Caso de Cascavel O 1.º Registro de Imóveis de Cascavel, que está no edital do concurso, é um desses casos. A atual titular, Mara Salete Wypych, conseguiu liminar para continuar no cargo enquanto a serventia original não fosse desocupada. Ela foi concursada para uma serventia em Capitão Leônidas Marques, cidade com pouco mais de 16 mil habitantes na região de Cascavel. Mas o Ofício de Capitão Leônidas Marques já foi ocupado outra titular concursada.

O processo de Mara está no STF e ainda não houve decisão definitiva. Com isso, ainda vale a liminar que a permite permanecer no cargo em Cascavel. Entrevista / Houve impugnação do edital do concurso?

Várias pessoas impugnaram [questionaram] o edital. Mas só aqueles que foram removidos [sem concurso] e estão no cargo [declarado vago]. Eles querem continuar onde estão e pediram que se conste no edital que aquela serventia que ocupam está [oficialmente] vaga, mas que só poderá ser ocupada depois que eles puderem retornar à sua serventia de origem [para a qual foram concursados]. Mas essas matérias não são da comissão do concurso. Elas pertencem ao Conselho Nacional de Justiça.

Mas as serventias estão vagas ou não? As serventias estão vagas. Mas o que ocorreu é que o titular está nela e tinha

que voltar para a de origem. Mas a serventia de origem está ocupada [por um concursado] e ele não tem como voltar. Isso faz parte da Resolução nº 80 do CNJ, que anulou todas as remoções. Suponha que você tenha um cartório em Fazenda Rio Grande e que abriu vaga em um de Curitiba. Você concorre à remoção. E aí você ganha a remoção. Só que naquela época, não havia legislação federal sobre as remoções [a Lei dos Cartórios começou a viger em 1994]. Então o CNJ anulou todas as remoções desse período e a sua vinda para Curitiba foi anulada. Você vai ter que voltar pra Fazenda Rio Grande. Só que quando você saiu de lá, a serventia foi preenchida por concurso. Não tem como você voltar.

Algum pedido veio para o Tribunal de Justiça? Quem está decidindo essa matéria hoje é o presidente do tribunal. Nós tivemos

um mandado de segurança para que fizesse constar no edital que a pessoa continuaria no cargo. O relator do caso deu liminar para que ela pudesse continuar.

Então em vez de 500 cartórios no concurso agora são 499? Na verdade, o fato de conseguir liminar não impede o concurso. Quando a

pessoa aprovada for escolher aquela serventia, vai ver que tem alguém ocupando e deve escolher outra. Quem passar em primeiro lugar evidentemente não vai escolher aquela serventia.

E se a pessoa passar em último lugar no concurso? Tem de pegar aquela serventia como última opção?

Aí é uma opção dele. Pode passar no concurso e não assumir também. Mário Helton Jorge, desembargador e presidente da comissão de concurso do

TJ-PR. Vacâncias / Novo processo seletivo deve ser lançado neste ano, diz desembargador

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O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) prevê que os concursos para cartórios extrajudiciais se tornem mais frequentes. As serventias que entraram no atual processo seletivo são as que foram declaradas vagas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) até 30 de junho do ano passado. Depois disso, pelo menos outros 20 cartórios já teriam entrado para a lista de vacância, segundo o desembargador Mário Helton Jorge, presidente da comissão de concurso do TJ. Segundo ele, novas listas com cartórios vagos devem ser publicadas a cada seis meses, o que abriria possibilidade para novos processos seletivos. “A expectativa é que na metade deste ano já se faça novo concurso, com vagas para remoção e promoção – com 5% de reserva para portadores de necessidades especiais”, afirma. Volta ao TC / Julgamento de recurso de Fabio Camargo é adiado de novo Katna Baran e Angieli Maros

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) interrompeu ontem o julgamento do recurso do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Paraná (TC) Fabio Camargo para voltar ao cargo. É a segunda vez em duas semanas que o agravo regimental de Camargo entra na pauta de julgamentos do TJ, mas a apreciação do recurso é suspensa por um pedido de vista. Desta vez, o pedido – que serve para examinar melhor os argumentos da ação – foi do desembargador Luís Carlos Xavier. O caso deve voltar à pauta do Órgão Especial nas próximas semanas.

No recurso, Camargo pede para retornar ao cargo no TC até que os desembargadores julguem o mérito de outro caso – um mandado de segurança que o tirou do TC em novembro do ano passado. No dia 3 de fevereiro, houve um pedido de vista do caso formulado pelo desembargador José Augusto Gomes Aniceto. Ontem, Aniceto foi o único a votar no julgamento. Decidiu a favor de Camargo. Com esse voto, o placar está 7 a 2 contra a volta do conselheiro afastado ao TC. O Órgão Especial tem 25 desembargadores.

Eleito O ex-deputado estadual Fabio Camargo foi eleito para o TC em votação na Assembleia Legislativa em julho de 2013. A escolha dele, porém, foi contestada na Justiça pelo empresário Max Schrappe, um dos concorrentes à cadeira do Tribunal de Contas. Em 27 de novembro, o Tribunal de Justiça do Paraná, em caráter liminar, acatou o mandado de segurança do empresário e afastou Camargo do cargo por entender que a eleição dele não havia obedecido a todos os trâmites legais. Celso Nascimento / Confusão à vista no ônibus

Como se previa, a confusão está armada: o Setransp, o sindicato das empresas do transporte coletivo que prestam serviços em Curitiba e 13 municípios metropolitanos, entrou mesmo no Tribunal de Justiça com mandado de segurança contra a decisão do Tribunal de Contas que determinou a redução de 43 centavos na tarifa técnica. O desembargador Marques Cury, sorteado relator, pode tomar uma decisão a qualquer momento – de preferência antes do próximo dia 26, data-base para o reajuste tarifário anual.

O mais provável é que o Tribunal de Justiça dê ganho de causa às empresas – ou seja, a tarifa vai subir e não baixar. O Setransp argumenta que o TC está legalmente impedido de fazer controle prévio – isto é, não pode decidir sobre algo que ainda não aconteceu, no caso a fixação da nova tarifa, que só será definida entre a prefeitura e as empresas no dia 26. Argumenta também que o Tribunal de Contas não deu oportunidade para a defesa antes de determinar a redução, em detrimento do equilíbrio financeiro das empresas.

A prefeitura também mostra alguma insatisfação em relação ao Tribunal de Contas. Ontem, o prefeito Gustavo Fruet mandou ofício ao TC para que este se pronuncie urgentemente sobre a legalidade da licitação que, em 2010, escolheu os

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consórcios que operam a Rede Integrada de Transporte (RIT). Uma auditoria feita pela Urbs no ano passado apontou supostas irregularidades. O relatório foi encaminhado ao TC, que até ontem, porém, não se pronunciou sobre ele.

Moral da história: antes de falar em redução de tarifa, o TC teria de julgar a legalidade dos contratos. Se não o fez até agora, a prefeitura, em tese, estaria obrigada a cumprir seus termos e promover o reajuste. Assim como, em tese, se o TJ nada decidir antes do dia 26, a prefeitura terá de cumprir a redução decretada pelo TC. Em último caso, sem saber exatamente como proceder, pode também congelar a tarifa do usuário nos atuais R$ 2,70 até que se resolva definitivamente o imbróglio jurídico.

E aí entra um novo complicador: motoristas e cobradores aceitarão ficar sem aumento salarial? Ou farão greve?

Placar ruim Ficou para daqui duas semanas nova sessão de julgamento do Órgão Especial do Tribunal de Justiça sobre a liminar que afastou o ex-deputado Fabio Camargo da cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas. Ontem, o desembargador Augusto Aniceto – que na sessão anterior pedira vista do processo – votou a favor de Camargo. A desembargadora Regina Portes, autora da liminar, rebateu os argumentos de Aniceto, mas novo pedido de vista interrompeu outra vez o julgamento.

O placar da votação até agora não favorece Camargo. A ampla maioria segue o voto da relatora e é possível que – se não houver nova paralisação – já na próxima sessão seu destino esteja selado. E, então, a Assembleia poderá iniciar os procedimentos para eleger um novo conselheiro.

Olho vivo / Suplício 1 Gleisi Hoffmann, em quem se colocava a culpa por todas as desgraças, deixou a Casa Civil já faz três semanas. E o STF, numa liminar do ministro Marco Aurélio, mandou a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) liberar os R$ 817 milhões do Proinveste para o estado. Essas duas notícias, consideradas ótimas pelo governador Beto Richa, não foram, no entanto, suficientes para amolecer o coração dos técnicos da STN.

Suplício 2 Conforme lamento levado ao ar ontem pela rádio CBN, o governador informou que “a STN exige agora mais alguns documentos”. E repetiu a reclamação: “Não podemos aceitar esse tipo de discriminação com o nosso estado, que tanto contribui com a economia do Brasil”.

Novo candidato 1 O presidente nacional do PDT, ex-ministro Carlos Lupi, reúne a tropa hoje em Foz do Iguaçu para debater a participação da legenda nas eleições majoritárias no Paraná. Por que logo em Foz do Iguaçu? A explicação é simples: desde março do ano passado, o PDT se fixou na tese de candidatura própria e definiu o nome do ex-prefeito de Foz, Paulo MacDonald, como candidato ideal. Na época, a única condicionante seria a eventual decisão de Osmar Dias de sair para o Senado na chapa da petista Gleisi Hoffmann.

Novo candidato 2 A condição já está praticamente descartada: Osmar prefere permanecer como vice-presidente do Banco do Brasil e não disputar cargo algum. Com isso, o plano B ganhou força e é possível que MacDonald seja ungido hoje como oponente de Beto e Gleisi na sucessão estadual. O ex-prefeito – que na sua gestão conseguiu colocar três escolas de Foz na lista das dez melhores do país – há um ano antecipara à coluna a intenção de concorrer ao governo. Campo Mourão / MP cobra explicações sobre licitações da prefeitura Gesli Franco, da sucursal

Seis empresas que participaram de pregões da prefeitura de Campo Mourão, na região Centro-Oeste do estado, durante a gestão do ex-prefeito Nelson Tureck (PMDB), terão de prestar à Justiça. O pregoeiro responsável pelo procedimento à época, Moisés Cláudio Nascimento, também terá de prestar esclarecimentos. O Ministério Público do Paraná (MP) ajuizou ação civil pública por suspeita de improbidade administrativa.

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Segundo o MP, em 2010 a 3.ª Promotoria de Justiça da comarca apurou irregularidades em pelo menos 20 licitações sob responsabilidade da prefeitura. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 60 mil. O levantamento foi feito pelo Observatório Social do município.

Em dois dos pregões foi feita a aquisição de equipamentos de processamento de dados, materiais de expediente, mobiliários, aparelhos e utensílios domésticos e equipamentos de áudio visual para a Secretaria da Mulher.

Nas duas licitações, o Observatório Social encontrou irregularidades como insuficiência na descrição e especificação dos itens que constavam do edital e imprecisão que facilitaria a aquisição de materiais de baixa qualidade com o preço de produtos de qualidade superior. A equipe constatou ainda que itens previstos no edital foram orçados com preços muito superiores aos de mercado.

Moisés Cláudio Nascimento é assessor na atual gestão da prefeita Regina Dubay (PR). “Não tinha acesso direto e nem poder para opinar em orçamento, homologação. Estou tranquilo, assim como os empresários”, afirmou. A assessoria da prefeitura disse que não vai se pronunciar, já que se trata de investigação de um ato da gestão passada. Projeto / Governo quer criar fundação de saúde antes de debater com conselho Conselho Estadual de Saúde ainda não emitiu posição sobre a Funeas, mas deputados governistas já cogitam aprovar o projeto antes disso Chico Marés

O líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB), cogita colocar projeto que cria a Fundação Estatal de Saúde (Funeas) em votação antes mesmo da discussão final do projeto no Conselho Estadual de Saúde, órgão consultivo formado por integrantes do governo e da sociedade civil. De acordo com o deputado, a expectativa é que o projeto seja votado ainda neste mês. A reunião do conselho está marcada para o próximo dia 28, último dia do mês. O deputado voltou a dizer ainda que o projeto pode ser votado em comissão geral, caso essa seja a vontade dos deputados da base aliada.

A Funeas seria criada para contratar serviços de especialidades e urgência médica – áreas do atendimento que hoje, segundo o governo, não se conseguem contratar profissionais por meio de concurso porque os salários que podem ser ofertados pelo poder públicos são baixos para os padrões de mercado.

“Nós vamos votar, sim, espero que até o final deste mês”, disse o deputado, que afirmou também que a base aliada já está convencida e que considera o assunto um “ponto pacífico” na Assembleia. Lembrado da reunião do conselho, ele disse que os votos já são conhecidos, já que o assunto foi discutido na última semana. “Se for necessário votar antes do dia 28, nós faremos a votação, sem nenhum problema. Claro, se esta for a vontade dos deputados”, disse.

O deputado voltou a dizer que cogita votar o projeto em comissão geral, o que tornaria o processo mais rápido – uma vez que dispensaria a tramitação nas comissões permanentes da Assembleia. Ele disse, entretanto, que isso também depende da vontade da base aliada. Traiano negou, ainda, que não estaria revelando a data da votação por temer manifestações. “Nós não temos medo de manifestantes. Se tem uma coisa que eu adoro é encontrar manifestantes, é uma marca minha”, afirmou.

Pressa A proposta, de autoria do governo do estado, foi discutida no Conselho de Saúde na última quinta-feira. Entretanto, uma das conselheiras ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública (SindSaúde), que se opõe à fundação, usou a prerrogativa de pedir vistas ao projeto, o que forçou o adiamento da votação para o próximo dia 28.

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O governo admite ter pressa em ver o projeto aprovado. A previsão é que, aprovado o projeto, sejam necessários 120 dias para tirar a fundação do papel. Em entrevista à Gazeta do Povo na quinta-feira, o secretário da Saúde Michele Caputo Neto afirmou que, consideradas as restrições previstas por causa do período eleitoral, o início do funcionamento da Funeas pode ter de ser prorrogado para depois do pleito caso o projeto seja não seja aprovado rapidamente. Dora Kramer / Noite dos mascarados

Vamos ver se ficou entendido: o governo federal propõe a proibição do anonimato nas manifestações de rua, exige que os cidadãos se identifiquem à autoridade policial, mas não vê empecilho no uso de máscaras e pinturas para quem desejar assim, de maneira anônima, participar dos protestos. A justificativa é a de que cada um é livre para se expressar como bem entender e que seria — na expressão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo — “complicado” a polícia intervir para enquadrar “quatro ou cinco mascarados”.

Pessoas que sem a menor complicação já estão avisando, como fizeram na edição de domingo do jornal O Estado de S. Paulo, que durante a Copa do Mundo estão dispostas a “tacar molotov” para “dar susto em gringo”. A intenção não é machucar, dizem, mas se for preciso, se ninguém os “ouvir”, não haverá outro jeito a não ser abrir fogo.

E como o farão? Mascarados, claro. Para dificultar a identificação. Na ideia do ministro da Justiça isso se resolve com a polícia pedindo aos rapazes e moças a carteira de identidade ali no meio da confusão. Documentos estes que serão prontamente apresentados pelos jovens que estão ali com a intenção de colaborar, pois não?

Parece brincadeira. Trata-se de um raciocínio que, no limite, reserva a um delinquente com um morteiro, uma pedra, um rojão ou um coquetel molotov nas mãos e na cabeça a ideia da destruição o mesmo tratamento dado ao folião fantasiado num bloco de carnaval.

Ambos portam alegorias, têm o mesmo direito de se manifestar livremente nas ruas e, em princípio, não podem ser acusados de sair de casa para fazer o mal. É o que parece pensar o governo federal.

Essa é uma teoria tola tão distante da crueza da realidade que deve estar mal explicada. Falta alguma coisa, não deve ser exatamente esse o pensamento do governo. Aguardemos, logo possivelmente haverá uma correção.

Essas ações violentas já produziram muitos feridos, causaram uma morte e causarão outras. Está escrito. O uso da máscara protege o potencial criminoso e é sobre isso que fala o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, quando propõe a proibição inexplicavelmente rechaçada pelo governo federal.

O ministro da Justiça defende o aumento das penas dos crimes cometidos nas manifestações, mas assume uma posição que dificulta a prevenção à ocorrência dos delitos. É contra a exigência de aviso prévio dos atos de protesto por temer a restrição a manifestações espontâneas tais como, exemplifica, “uma ação em defesa de algum professor por parte de alunos de uma escola”.

Comparação tão descabida que em breve certamente será corrigida. Queira o bom senso, antes da próxima vítima fatal.

De titã O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, poderia até ter vontade de se candidatar a presidente nesta eleição.

Mas não dará o gosto ao PT de acusá-lo de uso eleitoral do julgamento do processo do mensalão. Na nota que o ministro divulgou sobre o assunto, deixou aberta a possibilidade de entrar na disputa eleitoral no futuro.

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Interpretou-se que em 2018. Eleição em que o ex-presidente Lula também admite concorrer.

Volta do cipó Nessa toada de deserções e contestações às regras trabalhistas, área sensível ao partido do governo brasileiro, o programa Mais Médicos corre o risco de se transformar em fator de menos votos para Alexandre Padilha, o ministro da Saúde executor do projeto e candidato do PT ao governo de São Paulo.

A avaliação não é da oposição que, atarantada com o sucesso inicial, deu apoio e ainda não sabe como alterar a rota sem cair em contradição. Ditadura militar / MPF ofertará delação premiada para quem der informações sobre atentado do Riocentro

Depois de denunciarem à Justiça seis envolvidos na explosão da bomba do Riocentro, em 1981, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro disseram ontem que as investigações continuam e que eles poderão oferecer o benefício da delação premiada para pessoas que ofereçam novas informações sobre o caso. O MPF está em busca da identidade de três militares: dois deles tinham planos de continuar a praticar atentados semelhantes ao do Riocentro, com o objetivo de deter processo de abertura política, e o terceiro, conhecido como

Dr. Luiz, teria ameaçado a família do sargento Guilherme do Rosário, que carregava a bomba e que morreu no atentado. Os procuradores sustentam que não houve prescrição dos crimes, por se tratarem de “ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático” e que outros crimes, como fraude processual e favorecimento pessoal, também são imprescritíveis. Ocupação / Espaço concorrido Frequentadores do Teatro da Caixa, em Curitiba, reclamam da dificuldade para conseguir ingressos para shows na casa de 120 lugares Isadora Rupp

A reclamação é antiga: seja frequentador assíduo ou não, quem procura por ingressos para shows e espetáculos realizados na Caixa Cultural, em Curitiba, precisa sempre se apressar para conseguir um dos cerca de 120 bilhetes disponíveis por apresentação. A queixa voltou à boca dos curitibanos com o show Raul de Souza Convida Ron Carter, realizado no último fim de semana. Mesmo com a limitação de dois bilhetes por pessoa, muita gente que encarou a fila acabou ficando de fora da apresentação.

O gerente de projeto Manoel Eduardo Araújo, habitué do espaço, foi um dos frustrados por não conseguir ver o baixista Ron Carter. “Como a bilheteria abre sempre ao meio-dia, cheguei uns 15 minutos antes, mas a fila já dobrava a esquina. Uma meia hora depois, veio um boato de que só havia ingresso para quem tinha recebido a senha, que não chegou até mim. Saiu todo mundo bastante chateado”, conta.

Segundo a gerente da Caixa Cultural Curitiba, Isabel Cristina Nascimento, em shows em que se formam grandes filas, haverá sempre distribuição de senha 30 minutos antes da abertura da bilheteria, baseada no cálculo dos lugares e nos dias de apresentação. Justamente para evitar que as pessoas esperem à toa. “É algo que vamos adotar pela demanda. Se tiver fila, mas não for muito grande, não há sentido”, diz a gerente.

Entretanto, isso não impede que as pessoas cheguem antes para garantir seus lugares – em alguns eventos, filas no entorno do teatro se formam já por volta das sete horas da manhã. Parte das senhas também é distribuída para idosos, mas não há uma cota obrigatória, de acordo com Isabel. A distribuição é feita levando em consideração a demanda do dia para atendimento especial.

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Outra medida adotada pela Caixa é limitar os ingressos a dois por pessoa quando o show é mais concorrido. Entre os lugares disponíveis no teatro, a cota de ingressos destinada para a imprensa, relacionamento com o cliente e para a produtora do show, é, somada, de 10% dos lugares.

Medida Na tentativa de minimizar as reclamações e permitir que um número maior de interessados consiga, pelo menos, disputar um ingresso, a Caixa Cultural começará as vendas depois do feriado de carnaval (no dia 8 de março) sempre no sábado anterior à apresentação. A antecipação é válida para todos os projetos, inclusive os realizados no dia de semana. “Isso vai permitir que pessoas que não conseguem vir comprar ingresso por causa do trabalho, por exemplo, possam se programar”, crê Isabel.

Outra mudança é tentar ampliar o número de apresentações em uma semana, realizando shows também na quinta-feira, ou com mais de um horário no sábado ou no domingo. No caso da apresentação de Souza e Carter, a Caixa tentou negociar uma sessão extra, mas não houve acordo com a produção. Também não há possibilidade de locar um teatro maior para determinados shows, já que eles são realizados por meio de edital da Caixa Cultural, que prevê a ocupação do espaço próprio.

Para quem espera uma ampliação do teatro em curto prazo, as notícias não são animadoras. Não há, por enquanto, planos para aumentar o espaço. De acordo com Isabel, a prioridade do banco é instalar teatros em outras cidades que ainda não o possuem, como São Paulo e Salvador, além de inaugurar uma sede em Porto Alegre. “Por mais que tenhamos um teatro pequeno, estamos bem no cenário”, acredita.

Serviço / Caixa Cultural Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Centro, (41) 2118-5111. Logo depois do carnaval, as vendas terão início no sábado anterior a cada espetáculo, ao meio-dia. No dia 8 de março, começa a venda de ingressos para a peça A Arte da Comédia. A bilheteria funciona de terça-feira a sábado, do meio-dia às 20 horas, e aos domingos das 10h às 16 horas. Copa 2014 / Fifa decide hoje se Curitiba fica ou não na Copa Menos de um mês após o ultimato, entidade avaliará a Arena para definir a continuidade ou a exclusão como sede do Mundial Leonardo Mendes Júnior, enviado especial Colaborou: André Gonçalves, correspondente em Brasília

Curitiba terá 90 minutos para provar à Fifa que o estádio mais pronto quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo, em 2007, tem condições de ser o último entregue para o Mundial de 2014. No tempo de um jogo de futebol, o consultor de estádios da entidade, Charles Botta, terá uma reunião para saber se há dinheiro para concluir a obra até a segunda quinzena de abril. Depois, circulará pelo canteiro para verificar se as recomendações feitas nas visitas anteriores foram atendidas. Com base no que o suíço vir e ouvir, o secretário-geral Jérôme Valcke dirá, às 15 horas, em Florianópolis, se a Arena da Baixada segue entre os 12 estádios do torneio.

Botta virá a Curitiba acompanhado do consultor de estádios do Comitê Organizador Local (COL), Carlos de la Corte, e do gerente-geral de estádios da Copa de 2014, Roberto Siviero. Seu primeiro compromisso será uma reunião, às 10h30, com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, e, possivelmente, o governador Beto Richa – o tucano está em viagem, mas tenta ajustar a agenda; senão, mandará representante. A pergunta será simples: há dinheiro para terminar a obra?

A resposta será o pedido de financiamento protocolado semana passada, pela Fomento Paraná, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Um crédito em análise de R$ 250 milhões, dos quais R$ 65 milhões para a conclusão

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do estádio. Os responsáveis pela Copa em Curitiba acreditam que essa solução será suficiente.

A segunda parte da visita será entre 11 horas e meio-dia, pelo canteiro de obras da Arena. Botta verá gramado aplicado, 15 mil assentos e cobertura de policarbonato colocados, vestiários prontos, acessos das delegações desobstruídos, lajes das arquibancadas assentadas e sistemas de som e iluminação em instalação. “Agora está com cara de estádio”, disse, na sexta-feira, o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro.

Botta também encontrará um canteiro povoado. Ontem, eram 1.300 operários trabalhando, contra pouco mais de 900 da visita de janeiro, que desembocou no ultimato dado pela Fifa. A atenção especial do grupo era com limpeza da área e remoção de entulhos, duas queixas do consultor. O serviço avançou noite adentro nos últimos dias.

“Estamos conscientes de que cumprimos mais do que pediram. Em 15 dias, o estádio avançou dois meses, mas a decisão depende da ótica da Fifa”, afirmou o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha.

Depois da visita técnica, Botta, De la Corte e Siviero deixam Curitiba e informam a Valcke o seu parecer. O que o consultor da Fifa falar, será seguido pelo secretário-geral. A decisão será anunciada em entrevista coletiva no Costão do Santinho, em Florianópolis, onde começa hoje o Seminário de Equipes.

Ontem, em Brasília, o dirigente foi seco ao ser questionado sobre Curitiba. “Neste momento, a Fifa não diz que qualquer um dos 12 estádios está fora da Copa do Mundo. Nós temos uma equipe técnica que vai para lá amanhã [hoje] e é por isso que a resposta será dada amanhã [hoje], não é apenas pelo prazer de manter a espera”, afirmou.

Plano B Se Curitiba for excluída, a Copa-2014 terá 11 sedes. Há 15 dias a Fifa trabalha com um plano B, já definido e pronto para ser anunciado se a resposta de hoje for negativa. A grande dificuldade foi ajustar a questão logística. Fifa e COL consideram muito difícil realizar dois jogos em dias consecutivos na mesma cidade, o que restringe as opções. Assim, Irã x Nigéria (16/6) ficaria entre São Paulo, Manaus ou Recife. Para Honduras x Equador (20/6), haveria Porto Alegre, Rio ou Manaus. Austrália x Espanha (23/6), Salvador. Rússia x Argélia (26/6), BH, Cuiabá, Fortaleza ou Natal. São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte se colocaram à disposição. Copa 2014 / Fifa discute impasse em Porto Alegre Agência Estado

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, disse ontem que a prefeitura poderá arcar com parte dos custos para as estruturas temporárias necessárias para que o Beira-Rio receba a Copa do Mundo. O assunto preocupa os gaúchos desde que, na semana passada, o presidente do Internacional, Giovani Luigi, avisou que não vai pagar a conta, de cerca de R$ 30 milhões.

Segundo ele, a prefeitura poderá adquirir equipamentos que poderão ser reutilizados após o torneio. O investimento é necessário para as áreas de mídia, de recepção dos torcedores, de voluntários e espaços comerciais no entorno do estádio, que pertence ao Colorado.

Ontem, prefeitura, governo do estado e Internacional se reuniram em Porto Alegre e garantiram estar compromissados em encontrar uma solução para a questão até a próxima quinta-feira, dia em que a presidente Dilma Rousseff fará a inauguração oficial do estádio.

O encontro teve a participação do secretário executivo do ministério do Esporte, Luis Fernandes, do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, do CEO do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Trade, do vice-governador do Rio Grande do Sul,

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Beto Grill, do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, e do presidente do Internacional, Giovani Luigi.

“Fifa e COL gostariam de reiterar que não está em discussão se Porto Alegre será ou não sede da Copa do Mundo. O Beira-Rio está pronto para receber partidas de futebol. A questão é a transformação do estádio para receber jogos da Copa do Mundo. Todas as partes estão compromissadas e trabalhando com empenho para encontrar uma solução para a questão das estruturas complementares”, diz nota emitida pela Fifa, negando as ameaças feitas por Luigi na quinta. Organização / Curitiba prevê gasto de R$ 40 milhões com estrutura temporária Agência RBS

Em Curitiba se calcula um gasto de R$ 40 milhões com as estruturas

temporárias, valor que será financiado pela prefeitura, por meio de concorrência pública em pregões específicos. Os primeiros editais, como a contratação de cabos para transmissão de tevê, foram publicados há algumas semanas. Cerca de R$ 35 milhões são destinados às estruturas do entorno da Arena. Nos arredores do estádio também será construído o TV Compound, com a estrutura para transmissão dos jogos pela televisão, que custará R$ 6 milhões em desapropriação e R$ 2,2 milhões para a montagem. Este valor está sendo dividido igualmente entre prefeitura, governo e clube. Leonardo Mendes Jr. / O tilintar das moedas

Florianópolis é a única capital do Sul sem jogos da Copa do Mundo de 2014 e exatamente por isso ganhou como prêmio de consolação o Seminário de Equipes e a reunião executiva do Comitê Organizador Local, entre hoje e sexta-feira. Não deixa de ser irônico que na escala do Mundial na capital catarinense só se fale das duas outras capitais da região: Porto Alegre e Curitiba.

Porto Alegre em menor escala, por causa do alerta de Giovanni Luigi sobre as estruturas temporárias. Há um consenso de que a gritaria do presidente do Internacional é apenas uma versão padrão Fifa da marchinha “me dá um dinheiro aí”. É possível que Valcke dê um puxão de orelha na gauchada hoje de manhã, após visitar o Beira-Rio e churrasquear com o vice-governador Beto Grill (piada pronta) e os governos do Rio Grande do Sul arranquem os dobrões necessários da bombacha.

A grande questão é Curitiba, então vamos ao que nos interessa. Perdi a conta de quantas vezes respondi, ontem, à pergunta: Curitiba continua na Copa? Pelo que tenho acompanhado, acredito que sim. Se fosse para excluir a cidade, a Fifa já o teria feito lá atrás, na visita de Valcke do dia 21 de janeiro. Ou mesmo na Costa do Sauípe, quando não foi mais possível esconder debaixo do tapete o caldo de incompetência que fez o estádio mais pronto se tornar o mais atrasado.

A resposta definitiva mesmo será dada hoje, e não me refiro ao tour que Charles Botta comandará pelo estádio. A resposta técnica sobre a Arena da Baixada ele já tem. São dois engenheiros do COL direto na obra, mais o gerente da sede. A inspeção é só para comprovar com os próprios olhos aquilo que os relatórios indicam.

O grande momento será a reunião de meia hora antes, com Fruet, Petraglia e, possivelmente, Richa. Ali Botta vai querer saber se há dinheiro garantido para proporcionar o que a engenharia já indica ser possível. É o padrão de operação da Fifa. A entidade não movimenta bilhões de dólares à toa. É, muito, porque dá cada passo com uma planilha de custos debaixo do braço.

É o tilintar das moedas que guiará a decisão de hoje. A Fifa não quer dar o “siga em frente” para Curitiba e depois ouvir que faltou dinheiro ou que a liberação de recursos irá atrasar. Se houver dúvida, Curitiba está fora. A cidade só seguirá na Copa

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se der à Fifa a certeza de que haverá dinheiro para concluir a obra. Algo que, em tese, existe, com a entrega do pedido de empréstimo no BNDES, semana passada. Um empréstimo articulado politicamente, que interessa ao governo federal ser concedido. Intervalo / Possível exclusão de Curitiba deixaria cidade com enorme lista de credores Término antecipado de acordo com a Fifa pela Copa desencadearia prejuízos à administração pública Leonardo Mendes Júnior

Se for excluída da Copa, Curitiba ganhará uma lista de credores. O contrato de sede aponta a cidade como única responsável por indenizar Fifa, COL e seus parceiros pelo não cumprimento do pactuado – no caso, não entregar o estádio. O contrato é textual ao dizer que “tais perdas ou danos estão dentro da classificação de risco por tipo de seguro de propriedade que a cidade-sede deverá manter nos termos deste acordo”. Danos futuros e cobrir os custos da transferência de jogos entram na conta.

Nenhum direito O mesmo acordo veta qualquer corrida da cidade à Justiça contra os organizadores da Copa: “No caso de término antecipado deste acordo, a cidade-sede não deverá ter reivindicações ou direitos de lesar a Fifa ou o COL, e a cidade-sede desistirá expressamente de tais direitos”.

Problema potencial Embora duvide da exclusão de Curitiba, o vereador Pedro Paulo (PT) já avisou: se não tiver Copa, entrará com um pedido na Câmara para que o gasto com potencial construtivo e desapropriações para a obra da Arena seja devolvido aos cofres públicos. Pedro Paulo foi um dos combatentes do uso do crédito virtual na obra. Bem Paraná Política em debate / Pedágio I Josiane Ritz e Ivan Santos

A CPI do Pedágio marcou para hoje o depoimento do ex-secretário de Estado dos Transportes, Heinz Georg Herwig. Ele era secretário no período em que o pedágio foi implantado no Paraná. Heinz deverá esclarecer as dúvidas dos deputados sobre o processo de privatização das rodovias que fazem parte do Anel de Integração, possibilidade de sobrepreço aventada por estudos apresentados durante os trabalhos da comissão, motivos que levaram o governo do Estado a estabelecer os aditivos contratuais que teriam prejudicado o consumidor, com a nomenclatura de reequilíbrio econômico. “Queremos tirar as dúvidas que ainda ficaram nos parlamentares sobre o processo de modelação do pedágio no Paraná”, avisou o deputado estadual Nelson Luersen, presidente da CPI. Também será ouvido o economista Raul Velloso, autor de vários estudos sobre Infraestrutura.

Pedágio II O deputado estadual Tercilio Turini protocolou ontem na CPI do Pedágio da Assembleia Legislativa, ofício solicitando que o senador Roberto Requião seja convidado para comparecer à comissão e contribuir com informações e dados de seu período de governo. A expectativa é que os deputados membros da CPI analisem a proposta na reunião de hoje. Turini entende que o ex-governador pode colaborar com detalhes sobre os contratos de concessão, ações judiciais, definição das tarifas e execução de obras e serviços nas rodovias pedagiadas. “Requião governou o Paraná por oito anos, obviamente tem muito a informar sobre o tema”, diz o deputado, acrescentando que já estiveram na CPI o governador que criou o pedágio e assinou o

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contrato com as concessionárias, Jaime Lerner, e o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, representando o atual governo. Câmara Federal / Deputado propõe CPI do “black bloc”

O líder do Solidariedade, deputado federal Fernando Francischini (PR) começa a coletar, amanhã, assinaturas para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que visa investigar as denúncias de aliciamento e financiamento de jovens para que participem de manifestações violentas, o chamado Black Bloc.

O requerimento chega quando uma tragédia, ocorrida por causa de uma manifestação, provoca a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, que foi atingido na cabeça por um artefato explosivo. O parlamentar acredita que medidas urgentes devem ser tomadas a fim de evitar atos de violência que possam resultar em uma tragédia como essa.

A CPI deve investigar a fundo quem são e quem financia os jovens que andam com máscaras durante as manifestações. Segundo tem noticiado a imprensa, o Black Bloc foi financiado por instituições públicas e/ou políticos. “É preciso saber quem são os políticos e partidos que estão financiando este movimento Black Bloc. A atuação deste movimento, muitas vezes violento, como vimos no caso da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, esta afastando a população de bem das manifestações de rua. O black bloc esta atuando a mando de quem? Quem esta financiando este movimento? E com que interesse? São algumas das respostas que a CPI vai buscar”, enfatiza Francischini.

Aprovada a criação, a CPI será composta de composta por 23 membros com igual número de suplentes.

Transporte Público / Fruet pede agilidade na análise de auditoria Ivan Santos

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, pediu nesta segunda-feira (17) agilidade

ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) no julgamento do relatório da auditoria do transporte, principalmente no que se refere às possíveis irregularidades da licitação de 2009/2010.

Até o momento, apenas a liminar do relator do processo de auditoria, conselheiro Nestor Baptista, foi apreciada pela Corte do Tribunal. “É fundamental que a decisão final do Tribunal de Contas seja conhecida o mais breve possível. Hoje temos um contrato em vigor, que é resultado da licitação realizada em 2009. Apesar de termos que cumpri-lo, não se deve temer a rigorosa apuração da legalidade do certame. O importante é termos segurança jurídica”, destacou o prefeito, que encaminhou nesta segunda-feira ao TCE manifestação sobre a decisão liminar que determinou a redução na tarifa técnica do transporte.

Em paralelo, a administração municipal mantém o diálogo com o governo do estado para que este assuma o subsídio relativo aos 13 municípios metropolitanos que compõem a Rede Integrada de Transportes (RIT). Hoje, a tarifa técnica e a tarifa do usuário estão equilibradas em Curitiba. Ou seja, a capital paranaense não precisa de subsídio. Apesar disso, atualmente Curitiba arca com cerca de R$ 2 milhões mensais e o Estado com R$ 5 milhões mensais para manter a RIT.

Legalmente, o transporte metropolitano é de responsabilidade do governo do estado. A definição do subsídio é fundamental para renovação do convênio através do qual o Estado delega à URBS o gerenciamento da RIT.

A definição em torno da licitação é necessária,, diz a prefeitura, já que foi ela que deu origem ao atual contrato assinado entre Prefeitura e empresas em 2010 que prevê o reajuste da tarifa técnica (valor recebido pelas empresas) todo dia 26 de fevereiro.

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Empresas de ônibus entram com ação contra liminar do TCE Tribunal de Contas determinou redução de R$ 0,43 na tarifa técnica, além de exclusão de itens da planilha de custos Ana Ehlert

O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros

de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) protocolou, nesta segunda-feira (17), um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ). No processo, o sindicato contesta a liminar do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), que determinou a redução de R$ 0,43 da tarifa técnica do transporte coletivo de Curitiba. O relator do caso é o desembargador Marcos Cury.

O Setransp também ingressou com um recurso de agravo no próprio TCE-PR. Segundo o Tribunal, essa contestação deve começar a ser analisada na próxima quinta-feira. A Urbs, outra parte interessada no assunto, também já havia entrado com um recurso administrativo no tribunal.

A tarifa técnica é o valor pago por passageiro transportado às empresas pelo município. O valor de R$ 0,43 representa uma redução de 14,46% na tarifa técnica de R$ 2,99. Como o barateamento da tarifa deverá ser aplicado quando houver o reajuste de 2014, se o patamar definido for de R$ 0,43, a tarifa não será alterada. Caso a correção definida, por exemplo, seja de R$ 0,53, o aumento da tarifa técnica será de R$ 0,10.

Além da redução da tarifa, a liminar determina a exclusão de quatro itens da planilha e a readequação de outros dois. A decisão determina a Prefeitura de Curitiba e a Urbs a retirada da taxa de gerenciamento, no valor de 4% e retirar a taxa de custo e da taxa de risco do Hibribus.

As empresas deverão retirar da planilha a cobrança dos impostos exclusivos (Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica e Contribuição sobre o Lucro Líquido) e o custo da depreciação de investimentos em edificações e amortização dos terrenos. De acordo como relatório, vários endereços fornecidos como sede das garagens das empresas Segundo o relator, como as empresas compram o produto em grandes quantidades, conseguindo maior margem de negociação, não há sentido em manter na planilha o valor do custo médio.

As empresas deverão ainda reduzir o porcentual de consumo de diesel para cada um dos lotes licitados. O custo deverá ser de acordo com os porcentuais reais apresentados pelas empresas e não pelo parâmetro superior ao praticado pelo edital de licitação.são ocupados por outros estabelecimentos comerciais, como agências bancárias e concessionárias de carros.

Entre os itens que devem ser readequados são referentes ao combustível. As empresas devem substituir o preço médio, fixado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), pelo preço mínimo. Geral / Presos deixam 12º Distrito

Desde a última sexta-feira, os detentos que estavam na carceragem do 12º Distrito Policial de Santa Felicidade foram removidos do local. Ao todo, 23 presos foram transferidos para o sistema penitenciário, segundo as informações da assessoria da Polícia Civil. A retirada dos presos da Delegacia foi determinada por uma decisão judicial. De agora em diante, os detentos poderão ficar na carceragem da delegacia no máximo por três dias. Proteção Portuária / PM lança operação no Porto de Paranaguá

Com o objetivo principal de coibir o transporte clandestino de cargas irregulares, a Polícia Militar do Paraná, em parceria com outros órgãos, iniciou nesta

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segunda-feira (17) a megaoperação "Proteção Portuária" nas imediações do Porto de Paranaguá. A atividade, que nesta primeira fase segue até o Carnaval, busca também estabelecer condições de execução de ações desencadeadas devido à operação "Safra 2014" no município de Paranaguá, litoral paranaense. Em média, 8 mil caminhões circulam nas imediações do Porto de Paranaguá diariamente e tem uma população vulnerável que tira renda da carga excedente, das sobras. Esportes / Fifa decide hoje se Curitiba será mantida na Copa do Mundo de 2014 Arena da Baixada passará por vistoria antes da definição. Na imprensa, alguns excluem a cidade e outros apostam na permanência Silvio Rauth Filho

A Fifa decidirá hoje se Curitiba continuará como uma das 12 sedes da Copa do

Mundo de 2014. Uma equipe de técnicos fará uma vitória hoje na Arena da Baixada e, com base nessa avaliação, a entidade definirá se a cidade será excluída do programa.

Na imprensa, há quem afirme que Curitiba está garantida, como o jornalista Napoleão Almeida, do portal Terra. “Se eu tivesse R$ 1.000 para apostar, com tudo que ouvi hoje, mesmo à distância, diria: Curitiba segue na Copa. Será a notícia das 12 horas amanhã”, declarou.

Já o jornalista Mauro Cezar Pereira, da ESPN, segue caminho contrário. “Os homens da Fifa perderam a paciência e devem anunciar amanhã a retirada de Curitiba da Copa do Mundo 2014. A possibilidade de a capital paranaense seguir como uma das 12 sedes do Mundial passa por conversas, articulações e, principalmente, pelas garantias a serem apresentadas à entidade. Algo que depende dos políticos do Paraná. O blog apurou que, na véspera do anúncio, a possibilidade de a Arena da Baixada ser retirada do Mundial é maior do que a da permanência do estádio da capital paranaense como sede. Hoje, Curitiba estaria fora”, escreveu, no blog dele.

No domingo, jornalistas de diversos países fizeram suas apostas. Muitos afirmaram que a Arena da Baixada já estava fora da Copa. Logo em seguida, no domingo, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, veio a público, usando seu Twitter, para responder esses comentários. “Conforme anunciado várias vezes, a decisão sobre Curitiba ocorrerá só dia 18. O resto é pura especulação por pessoas que querem criar boatos”, escreveu ele.

Ontem, em Brasília, Valcke explicou por que a decisão será anunciada hoje. “Nós temos uma equipe técnica que vai para lá amanhã e é por isso que a resposta será dada amanhã. Não é apenas pelo prazer de manter a espera”, disse. Manifestação / Protesto contra Copa em Curitiba tem 1000 confirmações e ameaças

A página no Facebook que chama para um protesto amanhã contra a Copa em Curitiba, às 18h30, na Boca Maldita, já tem quase 1000 participantes confirmados e muito bate-boca entre os manifestantes e atleticanos.

Na página do evento do Facebook, chamado de Segundo ato contra a Copa do Mundo em Curitiba, pessoas que usam camisa do clube no perfil postaram mensagens ameaçando os manifestantes. Eles escrevem que se o protesto, que vai acontecer na Boca Maldita, for para o lado da Arena da Baixada, eles vão apanhar. "To torcendo pra vcs chegarem perto do estádio.. vão ter que voltar o trajeto inteiro correndo.. manifestante nenhum vai chegar perto do nosso estádio!", diz um deles.

O organizador do evento, que não se identifica, diz que um dos motivos do protesto é o uso de recursos públicos em um estádio privado. A manifestação está marcada para as 18h30.

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Folha de São Paulo Editorial / Vícios parlamentares

Em prática recorrente e inaceitável, legisladores gastam recursos públicos de forma abusiva sem que descalabro seja investigado Parece distante o dia em que os parlamentares brasileiros usarão de forma adequada, sem desperdício de dinheiro público, as verbas a eles disponibilizadas para gastos relativos ao exercício do mandato.

No início do mês, esta Folha revelou que, em 2013, o Senado destinou R$ 23 milhões para ressarcir legisladores de despesas em tese ligadas à atividade parlamentar, mas na prática justificadas por notas fiscais no mínimo suspeitas e não raro com valores muito superiores aos de mercado.

Agora, novas reportagens mostram que o padrão se replica na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Apesar da transparência recentemente tornada obrigatória na prestação de contas, o descalabro e a impunidade persistem.

No âmbito federal, a Câmara despendeu R$ 160 milhões no ano passado com o reembolso de faturas dos 513 deputados. Cada legislador tem direito a uma cota para arcar com gastos relativos a passagens aéreas, aluguel de escritório, alimentação, combustível e produção de material para divulgação do mandato. O montante varia de R$ 21 mil a R$ 44 mil, a depender do Estado de origem do congressista.

Em São Paulo, R$ 20,4 milhões fluíram para o ressarcimento de 94 deputados. Pelas regras estaduais, cada um deles tem direito a até R$ 25.175 mensais para esse fim.

Sendo tantas as benesses ao alcance dos legisladores, já seria o caso de questionar a existência desse tipo de fundo. A situação tona-se ainda mais grave após simples exame dessas despesas.

O deputado federal Chico das Verduras (PRP-RR), por exemplo, embora tenha à disposição os assessores da Câmara, gastou R$ 325 mil com consultoria legislativa externa cifra injustificável, sobretudo para quem, como ele, apresentou apenas dois projetos de lei.

Jair Bolsonaro (PP-RJ), por sua vez, em plena era da comunicação gratuita e instantânea pela internet, captou R$ 149 mil para serviços postais relativos ao envio de "três ou quatro" boletins informativos para sua base de eleitores.

Na Assembleia Legislativa paulista, Enio Tatto (PT) considerou oportuno aplicar R$ 144 mil para quitar serviços de gráficas e papelarias, incluindo cartões de fim de ano em dez modelos diferentes.

É de perguntar o que falta para que as respectivas corregedorias, assim como o Ministério Público, apurem com rigor, punindo quando cabível, os possíveis abusos.

Talvez a resposta esteja no "vício insanável da amizade" confessado, em 2009, por Edmar Moreira, então deputado federal pelo DEM-MG, corregedor da Casa e celebrizado pelo castelo que construiu. Para ele, era impossível inquirir e punir colegas corruptos.

Será lamentável se os atuais responsáveis pelas investigações decidirem se espelhar nesse padrão. OAB limita entrevistas de advogados em PE Segundo presidente da seccional, resolução que institui cota máxima de declarações à imprensa visa evitar superexposição Estado é o primeiro a adotar restrição; para o Sindicato dos Jornalistas, nova regra é 'absurda' Daniel Carvalho, do Recife

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Os advogados de Pernambuco têm a partir de agora uma cota máxima de entrevistas que poderão conceder à imprensa a cada mês, segundo nova regra da seção estadual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Quem ultrapassar esse limite cometerá uma infração e estará sujeito a penalidades que variam da advertência à exclusão da Ordem.

Pernambuco é o primeiro Estado a adotar a restrição. Segundo o presidente local da Ordem, Pedro Henrique Alves, o objetivo é promover um "rodízio" de advogados na mídia e evitar "as relações menos sadias do advogado com entrevistas".

Alves afirma que as regras foram criadas com base na interpretação de casos concretos em que profissionais foram advertidos por "exagerar em entrevistas".

"Nós não podemos regulamentar a atuação do jornalista, mas podemos, sim, regulamentar a atuação do advogado para que ele evite a contumácia, a superexposição."

Segundo a resolução 08/2013, que entrou em vigor neste mês, o advogado não poderá conceder mais de uma entrevista por mês a jornais, revistas especializadas e programas de rádio e TV.

Para sites e revistas eletrônicas, porém, os profissionais podem conceder uma entrevista por semana.

Advogados que representem a Ordem ou forem indicados por ela para entrevista não estão sujeitos à restrição.

De acordo com Alves, os critérios para a indicação dos advogados levam em conta o currículo de cada um, mas ele admite que são subjetivos.

Aqueles que estiverem à frente de casos de repercussão também poderão dar mais entrevistas, desde que não faça autopromoção.

Aos profissionais também é vedada a análise de casos concretos nos quais não estejam envolvidos.

Esta nova regra, por exemplo, impediria emissoras de televisão de levarem aos seus estúdios diariamente o mesmo advogado para comentar julgamentos longos, como aconteceu durante o processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal).

Propaganda Além de restrições a entrevistas, a resolução limita as possibilidades de propaganda. Advogados não podem, por exemplo, distribuir brindes como canetas, agendas e calendários com a marca de seus escritórios.

A fiscalização do cumprimento das regras fica a cargo de uma comissão de cinco representantes escolhidos pela diretoria da Ordem. Procurada, a OAB nacional informou não poder se pronunciar sobre a resolução pernambucana, pois o tema será debatido em março, em meio às discussões sobre o Código de Ética da Ordem.

Para o Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, a regra é "absurda". "A resolução vai na contramão da liberdade de informação. A gente faz um apelo para que a Ordem reveja esse posicionamento", afirma a presidente da entidade, Cláudia Eloi. Procuradoria acusa 6 agentes da ditadura por atentado no Riocentro Generais Nilton Cerqueira e Newton Cruz estão entre os denunciados pela explosão Generais Newton Cruz, Nilton Cerqueira e Edson de Sá Rocha estão entre os denunciados pelos procuradores Bernardo Mello Franco

Do Rio - O Ministério Público Federal denunciou seis agentes da ditadura militar por suspeita de participação no atentado do Riocentro, em 1981. Esta é a terceira investigação do caso. Em 33 anos, ninguém foi preso ou condenado.

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Os procuradores dizem ter localizado novas provas que justificariam a abertura de uma ação penal. Eles sustentam que os crimes não devem ser considerados prescritos porque ocorreram num contexto de lesa-humanidade.

O atentado foi tramado pela linha-dura para causar pânico em um show que reuniu cerca de 20 mil pessoas no Rio. O plano deu errado, e uma bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que morreu no local.

A intenção era culpar grupos de esquerda pelo tumulto e pressionar o regime a abortar a abertura política.

Os generais reformados Nilton Cerqueira e Newton Cruz, o coronel reformado Wilson Machado e o ex-delegado Cláudio Guerra foram denunciados por suspeita de tentativa de homicídio, associação criminosa armada e transporte de explosivo.

O Ministério Público pede que eles sejam condenados a penas de ao menos 36 anos de prisão. Segundo os procuradores, Newton Cruz admitiu em depoimento que soube previamente do atentado: "Ele tinha o dever de intervir, mas não fez nada", disse o procurador Antonio Cabral.

Além dos quatro, foram denunciados ainda o general reformado Edson de Sá Rocha e o major reformado Divany Carvalho Barros. Os seis acusados não foram localizados ontem. Políticos ficarão de fora da 1ª denúncia contra máfia do ISS Promotor pedirá inicialmente condenação de 6 fiscais, contra os quais avalia haver provas robustas Penas podem alcançar 26 anos; indícios contra ex-secretários e vereadores vão para Procuradoria Artur Rodrigues, de São Paulo

Os políticos e responsáveis pelas construtoras ficarão de fora da primeira

denúncia criminal contra a máfia do ISS. O Ministério Público Estadual decidiu adotar a estratégia de tentar condenar,

primeiro, seis fiscais suspeitos pelo esquema e contra os quais considera já haver provas mais robustas.

O inquérito sobre a máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços), que levou servidores à prisão em outubro de 2013, investiga um prejuízo de até R$ 500 milhões ao município.

Na denúncia que será apresentada nos próximos meses, os fiscais devem responder por formação de quadrilha/organização criminosa, concussão (receber vantagem indevida utilizando-se do cargo público)/corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a até 26 anos de reclusão.

Pelo menos nove pessoas com ligações políticas foram citadas por testemunhas por algum tipo de envolvimento com fiscais da quadrilha acusada de cobrar propina em troca da redução de ISS.

Entre elas estão, além do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), vereadores e ex-secretários das gestões Kassab, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). O promotor Roberto Bodini, porém, disse que os indícios contra elas não se equiparam aos que existem contra os fiscais.

Por isso, segundo Bodini, os casos serão encaminhados à Procuradoria Geral do Estado, que decidirá as providências para cada um deles.

Na primeira denúncia a ser feita pela Promotoria, além de confissões de parte dos fiscais e relatos de testemunhas, serão usadas provas como uma lista de empreendimentos suspeitos de pagamento de propina e gravações.

Os denunciados criminalmente serão os fiscais Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos, Luís Alexandre de Magalhães, Carlos Di Lallo Leite do Amaral, Fábio Camargo Remesso e Amílcar Cançado Lemos.

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A Promotoria ainda pretende ouvir Mauro Ricardo (ex-secretário de Finanças de Kassab e Serra) e Antonio Donato (ex-secretário de Governo de Haddad), porém na condição de testemunhas.

"O Mauro Ricardo será ouvido porque era superior imediato do Ronilson Bezerra Rodrigues [suspeito de ser chefe do esquema]. O Donato, em relação ao relato de que ele recebia dinheiro dos fiscais [quando era vereador, conforme algumas gravações e depoimentos]", disse Bodini.

O petista já é investigado em inquérito civil pela Promotoria do Patrimônio Público, por suspeita de enriquecimento ilícito. Ele nega.

Dois dos fiscais que estão no centro das acusações --Magalhães e Barcellos-- aceitaram a delação premiada, para colaborar em troca de eventuais penas reduzidas.

Os promotores ainda avaliam a situação do empresário Marco Aurélio Garcia, que emprestou o escritório onde os fiscais se encontravam e fez negócios com Ronilson. Ele é irmão de Rodrigo Garcia, ex-secretário de Kassab e atual secretário de Desenvolvimento de Geraldo Alckmin (PSDB). Empresas serão investigadas em 180 inquéritos De São Paulo

O Ministério Público vai abrir aproximadamente 180 inquéritos civis para apurar a responsabilidade das construtoras no esquema de fraude do ISS de obras.

O promotor César Dario Mariano da Silva, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, afirma que já foram instauradas cerca de 30 investigações.

O objetivo é descobrir se as empresas foram vítimas ou se levaram vantagem com o esquema. Algumas já assumiram ter pago propina. A Brookfield, por exemplo, assumiu à Promotoria ter pago R$ 4,1 milhões aos suspeitos.

As empresas que assumem ter feito os pagamentos alegam que foram extorquidas pelos fiscais.

A matéria-prima da investigação é uma lista de 410 empreendimentos suspeitos de pagar propina aos fiscais. O documento foi achado no HD do fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães.

Pelo banco de dados feito pelo servidor, a quadrilha teria arrecadado R$ 29 milhões em propina entre junho de 2010 e outubro de 2011.

"No caso de condenação, há penas de multas altíssimas e proibição de contratação pelo serviço público", diz o promotor Mariano.

Na área administrativa, o assunto também está sendo investigado. Até o momento, a Prefeitura de São Paulo concluiu que 23 empreendimentos tiveram recolhimento do ISS menor do que era devido.

Os autos de infração às construtoras responsáveis pelas obras irregulares somam R$ 7,4 milhões.

A Secretaria de Finanças notificou 372 empreendimentos a apresentar notas fiscais dos tributos, para comprovar que não houve fraude.

A CGM (Controladoria Geral do Município) pretende comunicar autoridades dos Estados Unidos sobre empresas que praticaram fraude no ISS e não colaborarem.

A lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior prevê multas milionárias a empresas com ações negociadas na Bolsa americana.

Folha de Londrina Opinião do Leitor / Sujismundópolis

No período natalino li cartas de diversos leitores reclamando sobre a sujeira na Praça Tomi Nakagawa. Não é apenas essa praça que tem sujeira, toda a cidade está

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suja. O centro, os bairros e a periferia - sem exceção - estão sujos. Encontrei papéis, copos descartáveis, bitucas de cigarro e sacolas plásticas por todos os lados, além dos "galinheiros" – onde as pombas passam a noite na região central. Em muitas ruas ainda vejo o mato crescendo nas calçadas, sem contar o lixo, animais mortos e restos de construção jogados em terrenos baldios. Muitos reclamam do poder público (prefeitura) por não manter a cidade limpa. QUem suja a cidade? São os londrinenses nativos ou adotivos (sujismundos) que, além de não ter senso de urbanidade, não gostam de ver Londrina limpa e bonita. Uma solução prática seria contratar 500 mil garis, o que é impossível. A sugestão é uma campanha diuturna de conscientização sobre cidadania (como não sujar a cidade), envolvendo poder público (Executivo, Legislativo e Judiciário), clubes de serviço (rotarys e lions), as igrejas e toda a rede de ensino, do fundamental ao superior, com o apoio incondicional de toda a mídia. Não deve ser uma campanha pontual, mas uma "lavagem cerebral", alguma coisa como "propaganda de cerveja", de cinco em cinco minutos, 365 dias do ano. James Bussmann (aposentado) – Londrina Política / Prefeito de Uraí renuncia e evita cassação por CP Luís Fernando Wiltemburg

Almir Fernandes de Oliveira (PPS) renunciou ao cargo de prefeito de Uraí

(Região Metropolitana de Londrina) na noite de anteontem, véspera da sessão extraordinária da Câmara de Vereadores que poderia cassar seu mandato. Ele já estava afastado desde o dia 22 de janeiro, por decisão do Legislativo, ao aceitar dois pedidos de Comissão Processante (CP). O vice Sérgio Pitão (PSC), que assumiu no dia seguinte provisoriamente, foi empossado na noite de ontem em definitivo.

A Câmara votaria ontem o relatório da CP que apurou as responsabilidades do ex-prefeito em relação aos vencimentos da ex-secretária de Educação Rosana Rodrigues da Silva Reghin. Ela recebeu, por cerca de um ano, os subsídios relativos ao cargo comissionado e os salários de professora da rede municipal.

Com a decisão, todas as CPs perdem seu objetivo (cassação ou não do prefeito) e foram encerradas.

Na carta de renúncia, Oliveira diz que encontrou na prefeitura uma estrutura que não conseguia responder à altura as demandas sociais, sendo "obrigado a ousar" para assegurar atendimento às pessoas mais carentes. "Infelizmente, muitos não souberam ou não quiseram compreender tais atos", escreveu.

Oliveira disse que decidiu renunciar porque não pretendia "governar a qualquer preço" e que quem mais perde com a situação política da cidade é a própria população. Ele, entretanto, negou que a renúncia signifique que ele assuma responsabilidade pelas infrações de que é acusado.

O advogado do ex-prefeito, Rogério Calazans, disse que a decisão foi tomada após o prefeito receber telefonema de um vereador de sua base relatando que, diante da pressão que vinha sofrendo, seria obrigado a votar pela cassação.

A CP cujo relatório seria votado ontem foi criada em 13 de novembro, junto com outra que investiga desvio de função no convênio entre a prefeitura e a Associação de Proteção à Maternidade e Infância (APMI), no valor de R$ 700 mil. Na época da aprovação, o contrato com a entidade já havia sido suspenso por determinação judicial.

No último dia 22, a Câmara voltou a aprovar mais duas CPs, para investigar denúncias de desrespeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) por gastos com folha de pagamento acima do permitido e que o prefeito teria depositado dinheiro público na conta bancária de um ex-funcionário comissionado para ser sacado no dia seguinte. As duas representações pediam o afastamento do prefeito, o que foi acatado.

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Política / MP aciona seis empresas por fraude em licitação Luís Fernando Wiltemburg

O promotor do Patrimônio Público de Campo Mourão (Centro-Oeste) Marcos José Porto Soares denunciou um suposto conluio entre seis empresas do município e o ex-pregoeiro da prefeitura Moisés Cláudio Nascimento para fraudar licitações para aquisição de materiais de escritório e suprimentos de informática. A ação civil pública por improbidade administrativa pede a devolução de mais de R$ 61,7 mil.

A investigação do Ministério Público (MP) teve início com denúncias do Observatório Social de Campo Mourão e focou em cerca de 20 certames realizados em 2010.

A investigação focou nas empresas I-Silva – Equipamentos para Escritórios e S. do Lago Equipamentos para Escritório, ambas do mesmo proprietário; Informaq; Papiros Papelaria; Printcolor; e Ex@byte. Em 16 licitações das quais participaram, os preços foram mantidos sempre próximos aos dos valores iniciados pelo certame.

Além disso, de acordo com a representação, os preços dos editais eram cotados acima do praticado no mercado. Em licitações de materiais de expediente, por exemplo, o promotor identificou preços a maior de 21,38% até 1.275%. Em outro caso, para equipamentos de informática, o valor a mais chegava a 307%.

Além das mesmas empresas participarem sempre das mesmas licitações, o promotor afirma que, em provas testemunhais, os representantes assediavam outros comerciantes para que desistissem da competição.

Ex-representante das empresas I. Silva e S. do Lago, Cezar Diniz de Freitas admite conhecer os representantes das outras empresas citadas no processo, mas nega que houvesse combinação prévia de preços ou assédio perante quem era de fora. O proprietário das empresas, Ivo da Silva, disse desconhecer a ação do MP. "Nós dávamos autorização para ele (Diniz) e ele nos representava."

Flávio Gomes Garaluz, proprietário da Papiros Papelaria, também diz conhecer os outros envolvidos e nega conluio. "Eu quase nem vendia, porque quem ganhava era sempre as lojas maiores. Só quando eu precisava desovar estoque conseguia fazer um preço mais baixo que os deles", diz.

A FOLHA tentou falar com Moisés Nascimento, mas ele já havia terminado o expediente. A assessoria de imprensa da prefeitura não se manifestou porque o caso é anterior à atual administração. A reportagem não conseguiu contato com representantes das outras empresas.

No início do mês, a Prefeitura de Campo Mourão já havia sido envolvida em escândalo. Uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelou um esquema em que comissionados do alto escalão pagavam parte dos salários a uma quadrilha para não perderem os cargos. O caso ainda está sendo investigado. Política / Luiz Geraldo Mazza

Curitiba escapa Se as comissões da Fifa agissem com o rigor que a Secretaria do Tesouro Nacional (tanto que voltou a exigir documentos) aplica ao Paraná, a Copa do Mundo estaria descartada. Ocorre que ainda há espaço, apesar das demoras nem sempre sustentáveis, para conversação e até, por motivações políticas, para aceitar maquiagens como andamento efetivo da obra que está custando os olhos da cara, apesar da prensa do Tribunal de Contas.

É tida como certa alguma condescendência diante das expectativas geradas que vão de retornos efabulísticos não apenas para o Atlético, que ganha na moleza um estádio moderno, mas em retornos para a cidade calculados em vários bilhões, seja na resposta turística e comercial e nas obras de mobilidade.

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Caso houvesse a frustração teríamos perdas de todos os lados, dada a abrangência do vexame com efeitos compensados no plano eleitoral: todos se sairiam mal.

Nepotismo Enquanto o CNJ reafirma que nomear parentes é nepotismo, a nossa prática é a de políticos habilitarem filhos, sobrinhos, genros e netos às eleições, prova da nossa imaturidade e vinculação extrema à oligarquia. Alguma vez fomos diversos das clãs nordestinas? Há quem, no entanto, tente distanciamento.

Na rua Segundo relato de terapeuta que faz assistência social junto ao Ministério Público haveria juízes, médicos, advogados e engenheiros entre moradores de rua em Curitiba. A opção por essa forma de viver é respeitada por educadores que atuam no espaço e uma das regras é ocultar-lhes a identidade. Superlotado, CIT não tem água nem luz Espaço destinado a abrigar detidos por poucas horas é usado para manter presos desde sexta-feira Paulo Monteiro

Londrina - Treze presos passaram o final de semana e permaneciam até o início da noite de ontem no Centro de Triagem da Polícia Militar (CIT), ao lado da 10ª Subdivisão Policial, na área central de Londrina. O problema é que o espaço tem capacidade para nove pessoas. A superlotação causou muitos protestos por parte dos detidos, que chegaram a impedir que outros fossem encaminhados às três celas existentes.

O grupo não foi para o 4º e 5º distritos policiais porque as carceragens foram interditadas e estão impedidas de receberem presos desde o dia 14, após determinação do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Katsujo Nakadomari.

Os presos reclamavam que desde sexta não tinham ido ao banheiro. "Aqui não tem água, não tem energia. Estamos dormindo sentados. Não há espaço", denunciou Dejailton Alves, de 37 anos, preso por suspeita de tráfico de drogas. "Não tem higiene. O calor é muito forte", disparou João Júlio Argentine, de 35, recapturado após fugir da Colônia Penal Agrícola de Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), onde cumpria pena por receptação.

O sargento Roberto Vaz, que trabalha no CIT há 13 anos, admitiu que a situação nunca foi tão grave. "Nunca vi isso. A realidade é caótica e desumana", comentou ele, que de tempo em tempo levava garrafas com água para dar aos presos durante a tarde. Familiares dos detidos foram várias vezes ao local para levar alimentos e produtos de higiene pessoal.

O vice-coordenador da Comissão dos Estabelecimentos Prisionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mauro Martins, esteve no CIT. "O preso só deve ser mantido aqui até ser finalizado seu auto de prisão em flagrante e na sequência ser encaminhado ao distrito", explicou Martins, adiantando que foi confirmada para amanhã uma reunião para discutir a situação carcerária da região. A reunião terá a participação do juiz Nakadomari e promotores da VEP, representantes da Pastoral Carcerária, OAB e Comissão de Justiça Pública.

O delegado chefe da 10ª Subdivisão Policial, Márcio Amaro, disse que não pode fazer nada para acabar com a superlotação do CIT. "Estamos de mão atadas. Não posso encaminhá-los aos distritos pois a ordem judicial não deixa. A gente compreende a atitude do Poder Judiciário, que é de diminuir a superlotação e as condições precárias das carceragens, evitando assim problemas como fugas e arrebatamentos de presos, porém não basta interditar as cadeias e não nos dar uma solução", disse.

A reportagem tentou contato com Nakadomari, mas foi informada pela assessoria que o juiz não poderia conceder entrevista.

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A assessoria da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) ressaltou que o juiz da VEP determinou em despacho que os presos devem ser encaminhados a cadeias públicas da comarca ou outros estabelecimentos indicados pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

Segundo a Seju, até o final de semana a Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) 2, que tem capacidade para 1.108, abrigava 1.104 presos. Já a PEL 1, que tem capacidade para 518, estava com 548 detentos. Na Casa de Custódia de Londrina (CCL), cuja capacidade é para 288 presos, havia 374. A assessoria da Sesp não atendeu aos telefonemas da reportagem. Prefeitura obtém liminar para retomar área invadida Diego Prazeres

Londrina – A Prefeitura de Londrina está autorizada judicialmente a retomar a área ocupada há mais de 40 dias por cerca de 130 famílias no fundo de vale do Córrego Sem Dúvida, que se estende pelos conjuntos Maria Cecília, Aquiles Stenghel e Jardim Primavera, na zona norte. No final da semana passada, o juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública, Emil Tomás Gonçalves, concedeu liminar favorável à ação de reintegração de posse movida pela Procuradoria Geral do Município. Os moradores terão 15 dias para cumprir a decisão a partir do momento em que forem notificados.

A Procuradoria-Geral do Município já sabe que o processo de desocupação não será tão simples. Primeiro, porque as famílias já adiantaram que irão resistir ao despejo (veja box). E depois, há minúcias referentes à própria logística da operação que o procurador-geral do Município, Paulo César Gonçalves Valle, pretendia acertar ainda ontem para que os dois oficiais de Justiça designados pelo juiz iniciem o cumprimento do mandado ainda hoje. "Precisamos notificar todas as famílias. Trata-se de uma invasão numerosa, não é um processo tão simples", declarou Valle.

Ele adiantou que caso as famílias não cumpram a determinação judicial no prazo de 15 dias a partir da notificação, o juiz já autorizou a intervenção policial.

A invasão do fundo de vale do Córrego Sem Dúvida é uma da série de ocupações registradas em Londrina do ano passado para cá. Também na zona norte, há barracos montados em uma área entre os conjuntos Semíramis e João Paz, de propriedade da Companhia de Habitação de Londrina (Cohab-Ld), e num terreno particular ao lado do Jardim São Jorge. Outra ocupação irregular se concentra no Jardim Marieta (zona norte), onde os moradores voltaram a montar barracos após a invasão ser desfeita. A Procuradoria-Geral do Município informou que na semana passada a prefeitura também cumpriu mandado de reintegração de posse de uma área invadida há quase cinco anos por seis famílias no Jardim Nova Olinda (zona norte). Ministério Público A promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin, retornou das férias semana passada disposta a conter as invasões nas áreas ambientalmente protegidas, como é o caso do fundo de vale na zona norte. "Não foi pedida intervenção do Ministério Público nesse processo porque a Procuradoria oficialmente já tomou a dianteira de fazer a defesa com relação não apenas à questão da propriedade pública, mas também à questão ambiental, pois eles têm legitimidade", afirmou. "O fato é que não se pode permitir a invasão em área ambientalmente protegida porque é crime ambiental com pena prevista de um a três anos. E quem facilitar ou não coibir essa prática também responde penalmente por isso", salientou a promotora. ‘Nós não vamos sair’

Londrina - A reportagem da FOLHA esteve na ocupação do fundo de vale onde passa o Córrego Sem Dúvida, entre os Conjuntos Maria Cecília, Aquiles Stenghel e Jardim Primavera, na semana passada. A maioria dos barracos estava vazia. Mas entre os moradores que se faziam presentes, havia uma certeza: a disposição em resistir a

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qualquer ação na tentativa de tirá-los de lá. "Nós não vamos sair. Se vierem com máquinas, vamos pular na frente", prometeu o pedreiro Adilson Freitas, de 41 anos. Ele montou o barraco de lona para fugir do aluguel no Jardim Catuaí, na zona norte, onde a esposa e os dois filhos continuam morando. "Nós pagamos aluguel, mas não temos onde morar. A renda é pouca", prosseguiu.

Seu vizinho de barraco, Ademir Conrado da Silva, de 30, divide o cômodo com a esposa e uma filha. Ele disse que o programa Minha Casa, Minha Vida não o contempla. "Eles dão prioridade para quem tem renda, filhos. Tem muita gente na espera, somos sempre os últimos da fila", criticou.

A Cohab-Ld divulgou ontem o resultado do levantamento sobre o perfil dos ocupantes do fundo de vale. São 132 famílias, das quais 78 possuíam cadastro na Companhia antes da ocupação do terreno, e o registro das demais 54 ocorreu durante a pesquisa. Segundo a Cohab, 47% dos grupos familiares são inquilinos e 6%, proprietários de imóvel que esperam ter preferência futura nos processos seletivos do Programa Minha Casa, Minha Vida. A Companhia informou que "os invasores não terão quaisquer prioridades nas futuras avaliações de cadastro para empreendimentos de habitações e que seguirá impreterivelmente os critérios previstos em lei".(D.P.) Justiça finaliza processos contra Colli Veredictos devem sair em março; ex-assessor mantém-se calado nas audiências Lucio Flávio Cruz

Londrina – A Justiça encerrou ontem dois dos quatros processos movidos contra

o ex-assessor da Câmara Municipal de Londrina, Marcos Colli. Os vereditos devem ser divulgadas até o mês de março. Nos dois depoimentos, Colli se reservou ao direito de permanecer calado, assim como havia acontecido durante os interrogatórios dos inquéritos policiais. O ex-presidente do Partido Verde (PV) é acusado de estupro de vulnerável e fotografar e filmar crianças e adolescentes em poses sexuais e pornográficas.

As audiências de ontem se prolongaram por toda a tarde na 6ª Vara Criminal de Londrina em virtude do advogado de defesa, Mateus Vergara, ter comunicado a juíza Zilda Romero que estava em viagem e chegaria atrasado. Após aguardar mais de duas horas e sem a presença do defensor, a magistrada convocou dois advogados dativos para acompanharem as audiências. A defesa já havia utilizado esta estratégia em outras audiências do processo.

"Durante todo o processo não havia interesse da defesa na conclusão. Sempre procurou evitar que o processo andasse e a cautela da juíza foi sempre se cercar para que não houvesse nenhum espaço para nulidade", apontou a promotora Susana Lacerda.

A promotora ressaltou que já esperava a atitude do réu de se manter calado em "virtude das provas existentes nos autos". Para o advogado Pedro João Martins, que foi convocado pela juíza, a decisão do acusado em permanecer calado atende um dispositivo constitucional. "Temos que colaborar com o andamento processual. Se estamos inseridos no contexto onde se busca a justiça, uma vez que há algo a ser feito e depende de um advogado, nada mais justo do que se colocar à disposição da própria Justiça para que pudesse ocorrer a audiência", frisou Martins.

Em cada processo são três vítimas menores de 14 anos. Em uma das audiências de ontem foi ouvida uma das vítimas, que não havia comparecido no interrogatório da semana passada. Segundo o Ministério Público (MP), a adolescente revelou que ficou com medo de acontecer algo a ela e a família, em virtude do réu ser uma pessoa conhecida. Neste caso, de acordo com a denúncia, Colli teria utilizado uma arma de fogo para intimidar e ameaçar as vítimas.

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Após as audiências de ontem, a defesa tem 24 horas para manifestar se vai requerer mais alguma diligência. O MP já se manifestou satisfeitos com todos os depoimentos. Em seguida, o processo vai ser encaminhado para as partes para as últimas alegações e na sequência serão proferidas as sentenças.

"Diante das provas e da robustez de tudo que nós temos, a acusação tem certeza da condenação do réu", apontou a promotora. Se for condenado, Marcos Colli pode pegar de oito a 15 anos de prisão pelos estupros e de quatro a oito anos de reclusão pelas fotografias.