16
A região de turismo Porto e Norte de Portugal deverá registar 5 milhões de dormidas durante este ano, um acréscimo de cerca de meio milhão face a 2010. Os números demonstram um crescimento no sec- tor, que contraria a retracção geral da economia. O Gazeta XXI foi à Escola de Hotelaria e Turismo do Porto para tentar perceber quais são as armas da indústria da paz: o turismo. Deliquência juvenil nas Áreas Metropolitanas Pelo menos 50% dos jovens das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa já cometeram algum tipo de acto delinquente, no último ano. Estudo aponta ainda que a escola é o local onde os jovens são mais vezes vítimas de crimes. Entrevista a Helder Pacheco: “Somos um país que está sempre à espera de D. Sebastião” Desporto: Salgueiros celebra cem anos com vontade de renascer. Cultura: Porto recebe Festival Primavera Sound 0,85€ | nº 1 | Ano 1 | Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011 www.gazeta21.weebly.com

Gazeta XXI

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho académico para a disciplina de Atelier de Jornalismo-Imprensa, do CUrso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto

Citation preview

A região de turismo Porto e Norte de Portugal deverá registar 5 milhões de dormidas durante este ano, um acréscimo de cerca de meio milhão face a 2010. Os números demonstram um crescimento no sec-tor, que contraria a retracção geral da economia. O Gazeta XXI foi à Escola de Hotelaria e Turismo do Porto para tentar perceber quais são as armas da indústria da paz: o turismo.

Deliquência juvenil nas Áreas Metropolitanas Pelo menos 50% dos jovens das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa já cometeram algum tipo de acto delinquente, no último ano. Estudo aponta ainda que a escola é o local onde os jovens são mais vezes vítimas de crimes.

Entrevista a Helder Pacheco: “Somos um país que está sempre à espera de D. Sebastião”

Desporto:Salgueiros celebra cem anos com vontade de renascer.

Cultura: Porto recebe Festival Primavera Sound

0,85€ | nº 1 | Ano 1 | Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2011www.gazeta21.weebly.com

A INDÚSTRIA DA PAZ NA BATALHA CONTRA A CRISE

02 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 GRANDE REPORTAGEM

Num ano de crise instalada, em que os indicadores económicos para o ano que se avizinha são muito desanimadores, há uma indústria em pleno crescimen-to: o turismo. O sector mantém-se como a principal ac-tividade exportadora nacional e a região de Turismo do Porto e Norte de Portugal não é excepção. Este ano, prevê-se que o turismo nortenho atinja os cinco milhões de dormidas, um acréscimo de cerca de meio milhão face a 2010.

Cláudia Pereira

De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacion-al de Estatística (INE), no primeiro semestre deste ano o crescimento das dormidas no Porto e Norte foi de 6,4%, sendo acompanhado pelo crescimento dos rendimen-tos totais que foram de 6,5%.Não é pois de estranhar que na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, uma das Escolas da Rede de Escolas do Tu-rismo de Portugal, se respire confiança quanto à evolução do turismo na cidade. “Nós só temos coisas positivas!”, enaltece Miguel Pizarro, for-mador na área do Turismo há cerca de 20 anos. No em-blemático edifício, decorado com as telas que não deixam esquecer os anos em que ali residiu o ensino da Escola Artística de Soares dos Reis, o mestre dos novos técnicos de turismo não duvida do po-tencial da cidade e da região de Turismo do Norte. Os in-gredientes do sucesso são fáceis de nomear. “O Porto com a frente rio e frente mar”, Guimarães, que tal como a In-victa é uma cidade património mundial, o Minho, com o vinho verde e Braga”, não esquecendo “o potencial do Douro, os nossos monumen-tos e a nossa história”. A cere-ja no topo do bolo é mesmo a “a gastronomia e os vinhos”. “Juntando todos os ingredi-entes somos uma oferta muito interessante”, remata Miguel Pizarro. Melchior Moreira, Presidente da Região de Turis-mo do Norte, vai de encontro a esta opinião. No 1º Congres-so Internacional de Gastro-nomia e Vinhos do Porto e Norte de Portugal, a decorrer entre 24 e 26 de Novembro,

Melchior, explicita que a aposta do turismo a Norte são os produtos culinários e os néctares das singulares vinhas do Douro e Minho. Apesar de não ser ainda um “destino consolidado” como o Algarve, Lisboa, Madeira e Açores, o di-rigente do TPNP acredita que o Porto “tem o que é preciso” para estar a caminho do pódio.

O Porto como destino turistico

Se os argumentos naturais já cá estavam, a chegada do metro ao aeroporto e os voos das companhias low cost (Ryain Air e Easy Jet) são destacadas por Miguel Pizarro como o impulso que faltava para que os turistas começassem a encher a ci-dade. Os números do Aero-porto Francisco Sá Carnei-ro confirmam a tendência. Em Outubro, as chegadas ao Aeroporto aumentaram 9,4% e foram ultrapassados os 5 milhões de passageiros, marca que em 2010 só foi al-cançada a 15 de Dezembro. Com os voos low cost, a reali-dade do alojamento turístico mudou. Melchior Moreira destaca o turismo de estadias curtas (em média os turistas ficam cerca de duas noites na região de Turismo do Porto e Norte de Portugal) e os novos “hostels” que nasceram na cidade. Para outras bolsas, chegaram à cidade novos ti-pos de alojamento como o The Yetman e o Hotel Teatro. Com os bares, que na baixa da cidade duplicaram de 30 para 60 nos últimos 5 anos, e uma vida nocturna em ebu-lição, a lembrar as mais cos-mopolitas cidades europeias,

o Porto parece estar definiti-vamente na moda. O charmeda Invicta passou fronteiras e até as mais conceituadas pub-licações da especialidade se renderam à cidade. A revista de viagens Lonely Planet colo-cou o Porto no 4º lugar dos destinos favoritos para 2012. Mais recentemente foi o New York Times que se rendeu ao Porto. Relegando o vinho do Porto para segundo plano, o jornalista Seth Sherwood re-alça a vida nocturna da cidade, um “emergente centro de de-sign”, a Casa da Música e “os restaurantes ambiciosos” e até os hotéis vínicos temáti-cos. Alheia a isto não será a promoção feita pelas en-tidades responsáveis, diz Miguel Pizarro, “as feiras a que o Turismo de Portugal se desloca com frequência para promover as regiões e, por

exemplo, o site criado pela Câmara Municipal do Porto para promover a cidade.”Para reforçar a promoção e a qualidade na recepção turísti-ca, aguarda-se com expectati-va a abertura, em 2012, de 52 lojas interactivas no Porto e Norte de Portugal. A primeira será no aeroporto Francisco Sá Carneiro e terá informações turísticas e culturais sobre acontecimentos da região.

A crise como uma aliada

A crise parece portanto es-tar a tornar-se numa opor- tunidade para o turismo.Se este ano foram os proble-mas económicos e a “Prima-vera Árabe”, nomeadamente as convulsões no Egipto ena Tunísia, que fizeram com que Portugal fosse a escolhados turistas (nacionais e

estrangeiros), em 2012 seráo agudizar das dificuldades financeiras a convencer osturistas nacionais a pas-sar férias cá dentro. “A crise fez-se sentir e os destinos foram mais curtinhos e nesse contexto vendeu-se menos. Para o ano prevê-se que re-freiem os gastos nas férias, com os cortes do 13º mês e façam férias mais por cá.“ prenuncia Miguel Pizarro.Balanço feito, o formador acredita que “somos clara-mente um país de turismo” e que este é um sector “estratégi-co” para a retoma económica. “Temos os recursos, as pes-soas, as praias, o clima e a segurança” para mantermos ou melhorarmos os números “das chegadas internacionais, das receitas e do emprego”. No entanto, adverte que há opções que podem dificul-tar as perspectivas “Os 23% do IVA na restauração po-dem ser complicados porque o preço final vai aumentar.Os turistas são capazes de pen-sar se almoçam e jantam ou se só jantam.” Por isso, “o gover-no tem uma responsabilidade muito grande e deve ponderar bem”. De resto, e para que oturismo alavanque a retoma económica, “só temos que pegar nos pontos positivos

A ribeira continua a ser um dos cartazes turisitcos do PortoFoto: I

TURISMO A CRESCER

O Turismo nacional atravessa uma fase de grande fulgor como confirmam os dados do INE.Até Setembro registaram-se 32,6 milhões de dormi-das (mais 2,2 milhões do que no ano passado) e as receitas até Julho ascenderam aos 4,2 mil milhões de euros. Estes

números fizeram a Turismo de Portugal prever que até ao final do ano se ultrapasse os 8 mil milhões de euros em receitas. No ano passado, o turismo representou 14% das exportações de bens e serviços Os números divulgados até ao momento parecem indicar que o sector continuará a ser um balão de oxigénio numa economia em dificuldades.

UMA ESCOLA AMBIVALENTE

A Escola de Hotelaria e Turis-mo do Porto (EHTOP) insere-se na rede de Escolas do Turis-mo de Portugal, que procuram

formar técnicos qualificados para o trabalho nesta área. A funcionar desde 1969, a EHTP mudou-se no ano lectivo 2010/2011 para oemblemático edifício da Escola de Artes Decorati-vas Soares dos Reis e au-

mentou a oferta formativa.A par dos cursos-base, a Esco-la oferece formaçôes mais cur-tas como o Curso Pós-laboral de Cozinha ou de Pastelaria, workshops variados de mas-sas frescas, sopas e cremes, entre outros, e formações.

QUEM PROMOVE PORTUGAL AOS PORTUGUESES

O Turismo é o único sector da actividade em que a re-gionalização se concretizou. O Decreto-Lei nº 67/2008 veio tentar reestruturar uma regionalização turística frag-mentada (existiam 18 regiões de turismo, diversas juntas de turismo e ainda algumas ci-dades com vocação turística que não integravam nenhum organismo e faziam a pro-moção através dos seus pe-louros do turismo, como era o caso do Porto e Guimarães). A lei de 2008 cria, então, cin-co áreas regionais que reflect-em as áreas abrangidas pelas unidades territoriais utilizadas para fins estatísticos NUTS II: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

Paralelamente, foram criados os pólos de desenvolvimento turístico, integrados nas áreas regionais – Douro, Serra da Estrela, Leiria-Fátima, Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva. Este modelo de gestão pre-tende conferir às novas entidades regionais de tu-rismo uma capacidade de auto-financiamento e es-timular o envolvimento dos agentes privados, permitindo ainda o estabelecimento de parcerias com o Turismo de Portugal e criando oportuni-dades para o desempenho de actividades e projectos na es-fera da administração central.Desta organização, ficam de fora os territórios insu-lares, sendo a promoção efectuada pelos Governos Regionais da Madeira e dos Açores, através das Direcções Regionais de Turismo.

e atribuir uma chancela de qualidade a tudo o que faze-mos”. Até porque “a qualidadenão tem de ser necessariamente cara”, conclui o formador.

“O Turismo ainda é uma saída”

A qualidade do turismo do Porto e Norte não é só feita de património cultural e natural. Nas salas de aula da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, “apuram-se” os chefs, técnicos de turismo, restau-ração, pastelaria, alojamento e turismo que em poucos anos estarão a contribuir para a no-tabilidade do sector. De jaleca vestida e barrete na cabeça, os alunos de Restauração e Be-bidas já iniciaram mais uma aula. Os cursos (ver caixa) têm uma vertente prática muito forte, com estágios que fazem a ligação às empresas de restauração e turismo. Os estágios podem ser no “alo-jamento e na restauração, mas também em agências de viagens, empresas de ani-

mação turística, organização de eventos ou handling aero-portuário, dependendo do cur-so”, explica Miguel Pizarro. A meio de uma aula de avaliação e a ornamentar um prato, Mário Rocha partilha os seus desejos, quando termi-nar o curso. “Quero arranjar emprego na área de Restau-ração e Bebidas ou no com-plemento que pretendo fazer, de Gestão de Cozinhas”. Aos 31 anos, confessa que entrou para o curso “só por paixão” mas agora que cá está, era mesmo nesta área que queria trabalhar. Já Francisco Carval-ho, iniciou o curso de Gestão Hoteleira - Alojamento, com objectivos bem definidos. “Quero trabalhar num hotel”, afirma. Licenciado em Ciên-cias da Comunicação, chegou a trabalhar como assessor de imprensa mas “a crise” fez com que fosse despedido. Sabe que a área tem saídas profis-sionais porque os “amigos fiz-eram o mesmo curso e estão a trabalhar”.Por isso, aos 30 anos, decidiu mudar de vida.

E talvez nem tenha que arru-mar de vez com a licenciatu-ra. “Os hotéis são cada vez maiores e têm que ter alguém encarregado da comunicação. Se conseguir trabalhar na assessoria do hotel, mel-hor”. Foi também o desem-prego que fez com que a arquitecta Liliana Silva pro-curasse, aos 29 anos, a EHTP. Apaixonada pela cozinha, achou que era a altura certa para apostar numa nova área profissional. “Escolhi o curso de cozinha de 3 meses para perceber se devo manter o meu gosto pela cozinha como um hobby ou se devo apostar na profissionalização nesta área”. Se avançar para o curso profisional considera que esta formação a ajudará “a aproveitar melhor o curso”, pois avança “com bases que não teria se não tivesse passado por esta fase”, explica. “O Turismo ainda é uma saí-da”, constata Miguel Pizarro. “Com uma crise económica sem fim à vista, a restauração, o alojamento e os hotéis têm

prespectivas para o futuro e po isso tanta gente procura os nossos cursos. Temos assis-tido a gente já com cerca dos 30 anos, que já trabalhou em algumas áreas que não ofer-ecem perspectivas futuras e não hesitam em usar um ano e meio da vida deles para fazer um curso aqui”. No curso de Turismo que iniciou agora “temos gente jovem mas tam-bém gente com 20 e muitos anos, alguns com 30 anos. A explicação para a aposta é simples. “Sabem que a escola oferece uma boa formação e que são sectores que no po-dem ter um futuro risonho”. O formando Francisco Carvalho confirma a ideia “O curso é cotado, é reconhecido e vári-os hotéis preferem alunos da EHTP.” Mário reforça, “O curso é muito pratico e a esco-la é nova, com excelentes con-dições. Para além disso tem muito boa reputação, os for-madores são óptimos e depois conseguimos entrar no merca-do de trabalho, às vezes com mais preparação do que pes-soas que já lá estão a trabalhar.O ingrediente secreto para o curso manter a qualidade é mesmo a capacidade de mu-dar. “Nada é imutável, temos que fazer os reajustes e as alterações que são necessári as”, explica o formador. “Por exemplo, sempre tivemos

duas línguas, francês e inglês, mas agora com os espanhóis que cá vêm tivemos que colo-car o castelhano.” Se na área da hotelaria, estas alterações chegavam para manter a em-pregabilidade dos alunos, na área do turismo o curso teve mesmo que mudar o foco. “O curso (de Turismo) era funda-mentalmente virado para for-mar pessoas para trabalhar em agências de viagens e com-panhias aéreas (empresas de handling aeroportuária como a Portway ou a Groundforce). Agora a realidade mudou. As competências exigidas pelo mercado de trabalho são outras”, contextualiza o for-mador. “Tivemos que alterar os conteúdos curriculares para mudar as saídas profissionais do curso e agora estamos a formar pessoas para trabalhar também em eventos, em ani-mação turística ou nas empre-sas que navegam no Douro”. Assegurada a qualidade dos cursos e dos profissionais, o desejo de todos - formador e formandos - é que o Turismo seja mesmo a receita para a saída da crise financeira do País e do desemprego, para quem o vive. Voltando à cozinha, as refeições ainda não estão prontas, mas pelo olhar dos alunos já há pra-tos cheios…de esperança.

03 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 GRANDE REPORTAGEM

MINISTRO REJEITA INCONSTITUCIONALIDADE DA PROPOSTA DE LEI DA VIDEOVIGILÂNCIA

O Governo “não vai desistir” da proposta sobre a instalação de câmaras de videovigilância em espaços públicos, apesar de a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) a ter considerado inconstitucional. A garantia foi dada por Miguel Macedo, Ministro da Admin-istração Interna, em declarações à Lusa.

Margarida Almeida“Sem nenhum medo de quere-las políticas”, Miguel Macedo considera que a posição da Comissão Nacional de Pro-tecção de Dados ( CNPD) não é fundamentada, uma vez que este organismo, não sendo um tribunal, não tem competência para decidir se a proposta é ou não con-forme on texto constitucional.Recorde-se que proposta do Governo, sobre a utilização da videovigilância pelas forças de segurança, aprovada em Con-selho de Ministros e enviada para a Assembleia da Repúbli-ca, atribui ao ministro da Ad-

ministração Interna o poder absoluto de decidir sobre a instalação e adequação destes sistemas em espaços públi-cos, quando estiver em causa a prevenção da criminalidade.De acordo com a CNPD, a proposta do Governo vai per-

mitir uma redução das gar-antias que o texto da Consti-tuição prevê, relativamente ao direito fundamental da privacidade dos cidadãos, no que respeita ao tratamento dos seus dados pessoais.Assim, a comissão considera a propos-ta de lei inconstitucional. O Ministro da Administração Interna acusou o CNPD de emitir afirmações panfletárias sobre o assunto. Segundo Miguel Macedo, os critérios de segurança são aferidos pelas forças de segurança. “ É isso que nós clarificamos nesta lei, assumindo todas as

Macedo considera proposta da CNPD infundada.Foto: Jornal de Negócios

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS SEM PONTES

Luís Marques Guedes, Secre-tário de Estado da Presidên-cia do Conselho de Minis-tros, anunciou que o Governo não vai dar ponte aos fun-cionários públicos, no Natal e Ano Novo, como é tradição. Segundo o responsável governamental, a decisão foi tomada pelo facto dos feri-

ados calharem em domingos, sendo as vésperas, tanto no dia 24 como no dia 31, sába-dos, que “já são dias em que não há trabalho na Adminis-tração Pública, por princípio”, pelo que não faria sentido ha-ver uma extensão da paragem do funcionalismo público.

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO AINDA NÃO É CRIME

Foi adiada a reunião do grupo de trabalho para a discussão da criação do crime de enriqueci-mento ilícito, que estava mar-cada para o dia 7 de dezem-bro. Para já não foi agendada uma nova data, visto que a maioria PSD/CDS-PP não chegou a acordo sobre o texto final a apresentar na discussão na especialidade da nova lei. A proposta em discussão visa

a possibilidade do alargamen-to do crime de enriquecimento ilícito a todas as pessoas, situ-ação prevista no diploma do PCP, que os sociais-democra-tas também defendem mas que os centristas não aceitam por terem receio que o alargamet-no da lei seja inconstitucional. Recorde-se que este é o ter-ceiro adiamento da reunião.

TAXAS MODERADORAS: AUMENTO PODE DAR PREFERÊNCIA AOS PRIVADOS

O aumento das taxas moderadoras pode levar a uma transferência de doentes dos hospi-tais do Serviço Nacional de Saúde para os hospitais privados. Os novos preços aplicados são semelhantes aos custos do serviço privado.

José Pedro Ribeiro

Após a implementação das novas taxas modera-doras, ir a um hospital pri-vado pode ficar mais barato do que recorrer ao SNS.Uma ida às urgências vai custar 20 euros a partir de ja-neiro do próximo ano. O preço iguala o preço que a CUF Descobertas cobra por uma urgência a um beneficiário de um seguro de saúde. O preço das consultas num hospital central também vai aumentar. O custo da con-sulta chegará aos10 euros, en-quanto que se um beneficiário da ADSE opta por uma con-sulta num grande hospi-tal privado da capital (com acordo com o Estado) não pagará mais de 3,99 euros. Paulo Macedo, ministro da saúde, acredita que as taxas servem apenas para moderar os custos, e não são uma fonte de

rendimentos. “O objectivo das taxas é ajudar a pagar a dívida de três milhões de euros , que o SNS tem neste momento”.

Já António Serrano, coorde-nador do PS para a Saúde, acredita que o aumento “bru-tal” das taxas é uma forma “subliminar de estender a mão aos privados” e acusa o

Governo de estar a “desna-taro sector público [da Saúde] para beneficiar o privado”. Embora haja um aumento das

taxas moderadoras, o gov-erno vai alargar o número de isentos, que, já a partir do próximo ano, chegará aos cinco milhões de portugueses.

Serviço nacional de Saude pode perder utentesFoto: Reuters

REORGANIZAÇÃO CURRICULAR PODE IMPLICAR MENOS AULA

Com o objectivo de melhorar a qualidade do ensino público português, os alunos poderão vir a ter menos horas de au-las,. A proposta foi feita sem a colaboração dos sindicatos, como afirma Nuno Crato, ministro da Educação.

José Pedro Ribeiro

“Se for necessário reduzir o tempo [de aulas] e dar uma maior qualidade ao ensino, far-se-á isso”, declarou o ministro da Educação, Nuno Crato, em entrevista à SIC. O dirigente adianta ainda que “Não interessa o tempo que se passa na escola, mas o que se aprende na escola”. Por isso a supressão de parte das aulas, para que os alunos tenham mais tempo para dedi-car ao estudo e a inclusão de aulas de apoio no curriculo dos estudantes portugueses. Ainda assim, o ministro da Educação e do Ensino Supe-rior considera que a redução do número de aulas leccio-nadas no terceiro ciclo do ensino básico é “ligeira”.No 7º ano de escolaridade não há nenhuma alteração na glo-balidade do horário lectivo, mas os alunos do 8º já terão menos um bloco de 45 minu-tos. Os estudantes do 9º ano passarão a ter menos quatro

blocos de 45 minutos por se-mana, num tutal de três horas de aulas. No secundário, os alunos do 12º ano poderão ter menos de seis blocos de 45 minutos por semana, o que se taduz num alívio de menos quatro horas e meia na carga horária. Esta última alter-ação pode não entrar en vigo já no próximo ano lectivo.Para Nuno Crato, o impor-tante para a educação do país é que os alunos pensem. “Mas para pensarem, têm de ter o mínimo de conhecimento”, disse. “Como vão pensar na crise europeia, se não con-hecem os limites da Europa?”, exemplificou na entrevista dada ao canal de televisão. Embora a restruturação seja ditada pelo ministério, o di-rigente alega que não será to-mada nenhuma decisão sem ouvir “os que mais sabem do assunto, que são os directores de escola e os professores”.

04 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 POLITICA

NUMERO DE TURISTAS BRASILEIROS AUMENTA EM PORTUGAL

Apesar da crise financeira, o ramo hoteleiro não deixou de crescer nos primeiros dez me-ses de 2011. Em Outubro deste mesmo ano, os hotéis volta-ram a aumentar a sua receita, recebendo um total de 12,6 milhões de hóspedes, o que representa um crescimento de 5,3% face ao ano anterior.O Brasil foi o país que mais registrou crescimento de turistas em Portugal com 23,1%, seguido do Reino Unido e Holanda (13,7% e 6,5%, respectivamente). Já os turistas espanhóis sofreram uma dimunuição de 8,3%.Os estabelecimentos que mais se destacaram foram os de luxo, e a região que teve maior subida em termos de dormi-das foi Algarve, com 5,7%.

GOVERNO MANTEM 18 MESES DE SUBSIDIO DE DESEMPREGO PARA OS MAIS VELHOSA população mais velha que já tinha direito a 18 meses de subsídio de desemprego irá mantê-lo. Casais desemprega-dos e com filhos também serão beneficiados com um au-mento do subsídio.

Gabriela Reis

O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pe-dro Mota Soares, reuniu-se na terça-feira com três con-federações patronais, a CIP (Indústria), a CCP (Coméri-cio e Serviços) e a CAP (Ag-ricultura) – para discutir as novas medidas do subsídio de desemprego, que deverá entrar em vigor em 2012.Mota Soares disse que os trabalhadores mais velhos e com carreiras contributivas mais longas que já possuem o direito a subsídio de de-semprego de 18 meses vão continuar a tê-lo em 2012. Porém, afirmou que “as no-vas regras não se vão aplicar aos actuais desempregados e a um conjunto de pessoas

que hoje estão empregadas”. Ficou decido, também, que o valor máximo do subsídio de desemprego sofrerá uma di-minuição de quase 200 euros, passado de 1257,66 euros para 1048,05 euros. Além disso, o valor do subsídio que cada tra-balhador receberá sofrerá uma diminuição de 10% ao fim de seis meses de prestação.Além disso, o ministro res-saltou que, a partir de 2012, será necessário que os trabal-hadores tenham trabalhado no mínimo 1 ano, face aos 15 meses atuais. Outra medida será um aumento de 10% no subsídio para casais que este-jam simultaneamente desem-pregados e que tenham filhos.

Mota Soares garante que não vai mexer no subsidio de desemprego dos mais velhosFoto: Pedro Cunha

CRISE TAMBÉM PODE CHEGAR AOS PAÍSES BAIXOSDepois de Portugal, Grécia e Espanha, a Holanda anuncia que entrará em recessão. Para o próximo ano a economia ho-landesa deverá sofer uma quebra de 0,5% em relação a 2011.

Gabriela Reis

Ao que parece ninguém sai ileso da crise europeia. A Holanda, membro funda-dor da União Europeia, cuja economia é uma das mais livres do mundo e que pos-sui um PIB de cerca de 670 bilhões de dólares, anunci-ou que entrará em recessão.O serviço holandês que for-nece dados para elaboração do Orçamento pelo Governo afirmou, em comunicado, que a economia holandesa sofrerá uma recessão, deven-do contrair-se 0,5% em 2012, depois de um crescimento de 1,5% esperado para este ano. O comunicado refere também que as perspectivas para a economia em 2012 estão “de-pendentes da crise europeia” que, diz o instituto, exerce uma pressão que gera “uma grande incerteza sobre o rumo

da economia europeia”. Além disso, o instituto de análise económica e política explicou que tal recessão é consequên-cia do declínio do comércio global juntamente com a baixa confiança dos consumidores.O Gabinete Central do Plano (CPB) disse ao jornal francês Le Monde que “ao contrário do que aconteceu com a re-cessão de 2008/2009, a maior parte dos países da zona euro não podem dar-se ao luxo de criar uma política fiscal expan-sionista.” Desta vez, as medi-das de consolidação e aumen-to dos impostos deverão ter um impacto negativo no con-sumo da zona euro”, conclui.Apesar de ter anunciado que a Holanda vai entrar em re-cessão, o CPB estima que o Governo conseguirá reduzir o défice público em 2012, para 4,1% do PIB, face a 4,6% em 2011. Já este ano, o instituto afirma que o défice deverá ser superior a 3% do PIB. Segundo o Banco Central Holandês , o Produto Interno Bruto iria crescer 0,2% em 2012, ainda que a economia da região tenha apresentado uma ‘recessão técnica’ no segundo semestre de 2011.

TAXA DE DESEMPREGO SOBE EM PORTUGAL

Segundo a OCDE (Organi-zação para a Cooperação e De-senvolvimento Económico), a taxa de desemprego de Portu-gal cresceu 0,6 pontos percen-tuais em Outubro, chegando a 12,9% de desempregados no país. Esta foi a segunda maior subida dentro da Organização, que conta com 34 países de todo o mundo. A maior subida aconteceu na Espanha, com 2,3 pontos percentuais, o que fez com que o país atingisse 22,8% de taxa desemprego.

NOVA CIMEIRA EURO-PEIA DAQUI A MÊS E MEIO.

O Presidente do Conselho Europeu convocou uma nova cimeira para uma data entre “final de Janeiro e princípio de Fevereiro”. A cimeira, vai incluir o Reino Unido, apesar deste se ter excluído do pro-cesso de revisão institucional que se encetou no Conselho europeu. Os assuntos a dis-cutir na cimeira incluem a im-plementação das conclusões da cimeira, no que toca ao “pacto orçamental” e ao “acordo inter-governamental”.

05 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 ECONOMIA

METADE DOS JOVENS DAS ÁREAS METROPOLITANAS ADMITE JÁ TER COMETIDO ACTOS DELIQUENTES

Um estudo da Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universi-dade do Porto (FDUP) con-cluiu que 50% dos jovens já tiveram, pelo menos uma vez, um comportamento desviante e, por outro lado, 52,4% foram vítimas, no último ano, de al-gum tipo de acto delinquente. O tema foi abordado por Jo-sefina Castro, Carla Cardoso e Ernesto Fonseca, docentes/ investigadores da Escola de Criminologia da U.Porto, num estudo que envolveu cerca de 3.000 adolescentes, dos 12 aos 18 anos. Durante dois anos, os investigadores analisaram a incidência da delinquência juvenil e outros comportamentos desviantes entre jovens das zonas metro-politanas do Porto e Lisboa. O projecto indica que o tipo de delinquência mais assu-mida pelos jovens é a con-dução ilegal. Cerca de 21,2% dos adolescentes afirmam ter “alguma vez” conduzido sem carta, valor que na opinião de Josefina Castro se destaca “por ser superior aos obtidos em estudos semelhantes fei-tos noutros países europeus”. A seguir surgem “o furto em loja (18,6%), agressão sem arma (18,4%) e envolvimento em lutas de grupo (15,3%)”. Menos visível é o “dano”, que inclui o vandalismo e destruição do espaço público, e que não chega aos 14%. Mas se observarmos apenas os últimos doze meses, são os crimes contra a “integridade física frequente” que sobres-saem. Dos 35% de jovens que admitem ter praticado pelo menos um acto delinquente, 26,7% afirmam ter estado en-

volvidos em lutas de grupo ou agressão sem arma, seguindo-se o dano ou furto em loja, com 25,1%. Aqui, a con-dução ilegal surge em tercei-ro lugar com 21,2%. Crimes mais graves como roubos ou agressões com arma regis-tam valores mais baixos, que rondam os 10%. Por isso, Jo-sefina Castro considera que a maioria dos comportamen-tos delinquentes confessados pelos jovens “são a chamada pequena delinquência”, nor-malmente “associada à ado-lescência,” e que os números estão “dentro ou abaixo dos parâmetros médios encon-trados noutros países que usaram o mesmo inquérito”.Já quanto aos jovens que so-freram qualquer tipo de vi-olência no último ano, a in-vestigadora revela que foram sobretudo situações de “viti-mação psicológica”. Aproxi-madamente 30% dos jovens admitem ter sido vítimas de humilhações, boatos ou in-sultos. Seguem-se as ameaças de agressão, com 20,1% e o furto com 20%. Também do lado da vitimação, os actos delinquentes graves, como roubos e agressões, ficaram abaixo dos 10%.

Vitimação e delinquência de mãos dadas

Os rapazes continuam a ser mais vezes delinquentes do que as raparigas. Destes, quase 45% afirmam ter prati-cado pelo menos um acto de-linquente, face a 27,2% das raparigas”, refere a docente. No entanto, em alguns crimes, “como o furto em loja, não se verificam diferenças signifi-

cativas entre os géneros”. As conclusões sugerem que “viti-mação e delinquência são duas faces da mesma moeda”. Ou seja, “os jovens que afirmam ter cometido actos violen-tos registam duas vezes mais vitimação violenta do que os adolescentes que não relatam esse tipo de delinquência”, sublinha a investigadora.Os autores do projecto com-pararam os espaços onde os jovens se movem e consid-eraram “interessante” que a “vitimação na escola seja em geral mais elevada dentro do que fora da escola”. No último ano, 46% dos jovens foram vítimas de actos delinquentes na escola, contra 27% fora do estabelecimento de ensino. As excepções são o “roubo e agressão com arma, em que a prevalência é ligeira-mente maior fora da escola”. Relevante também é a relação entre o absentismo escolar e a delinquência. “Não quer dizer que uma cause a outra mas estão associadas”, ex-plica Josefina Castro. Isto é particularmente importante “porque nós temos uma forte taxa de abandono escolar e questionamo-nos sobre o que

faz um jovem quando não vai a escola”. Portanto, na análise realizada “a escola parece-nos central e até agora só fizemos uma análise muito global”.

Cannabis é a droga mais consumida

De modo geral, 50,5% dos jovens admitem ter ingerido bebidas alcoólicas fortes, sem que tenham sido encontradas diferenças quanto à prevalên-cia do consumo, entre rapazes e raparigas. Mesmo assim, aparentemente os rapazes “bebem com mais frequência e ficam mais vezes embriaga-dos”, assinala a investigadora. Os dados obtidos sobre o con-sumo de drogas deixaram Jo-sefina Castro “surpreendida”, pois “pensava que houvesse mais consumos”. A canna-bis lidera a lista de drogas utilizadas pelos jovens, com 11% dos adolescentes a as-sumirem terem consumido esta substância pelo menos uma vez no último ano. Já os consumos de cocaína, LSD e heroína são muito residuais. “Ao compararmos com outros países – Espanha, por exem-plo – os números são bastante

inferiores. E mesmo quando comparamos com o inqué-rito que foi feito em 1995, os resultados são muito semel-hantes”, destaca a docente.Os investigadores consideram o trabalho realizado “uma fotografia da realidade”, em que foram apurados mui-tos dados mas que agora é necessário aprofundar. “É como se tivéssemos uma sé-rie de peças à volta de um fenómeno e quiséssemos ver a importância que têm, como se vão agrupando”, reflecte Carla Cardoso. Por isso, está já prometida uma análise mais “fina dos dados para percebermos como se rela-cionam uns com os outros”. Deste modo, estão lançadas as bases para a implementação de programas de prevenção da delinquência “com objectivos específicos e avaliáveis, adap-tados aos contextos e aos des-tinatários ”. Ao contrário do que acontece com “a grande maioria das acções ditas de prevenção que, apesar do voluntarismo, não obedecem a nenhum destes parâmet-ros”, conclui Josefina Castro.

Pelo menos 50% dos jovens das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa já cometeram algum tipo de acto delinquente, no último ano. Estudo da FDUP aponta ainda que a escola é o local onde os jovens são mais vezes vítimas de crimes.

Cláudia Pereira

50 % dos jovens inquiridos já cometeu algum tipo de delitoFoto: The Guardian

PORTO COM MENOS DELQUÊNCIA

Os resultados encontrados dif-eriram de acordo com a região estudada. Os jovens do Porto relatam, no geral, níveis mais

baixos de delinquência juve-nil e de vitimação. Na Invicta, a prevalência da delinquência é de 44,6%, enquanto na área metropolitana de Lisboa os números atingem os 54,3%.

6 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 NACIONAL

VIDEOCLUBES EM VIAS DE EXTINÇÃO

BAIRRO ALTO TRANSFORMADO EM GALERIA DE ARTEEm comemoração dos 498 anos, o Bairro Alto de Lisboa receberá a exposição “Bairros como nós” de Pedro Costa e Ri-cardo Lopes. Exposição pretende mostrar pontos de ligação entre várias cidades do mundo.

Gabriela Reis

PILULAS ANTICONCEPCIONAIS CONTINUAM A SER COMPARTICIPADAS

Os anticoncepcionais que são adquiridos nas farmácias vão continuar a ser comparticipa-dos pelo Serviço Nacional de Saúde. Segundo a Agência Lusa apurou junto de diver-sas fontes ligadas ao sector, a decisão já está tomada e man-tém a comparticipação deste medicamento, que é também entregue gratuitamente nos serviços públicos de saúde. A possibilidade de alguns medicamentos, entre os quais as pílulas anticoncepcionais, serem descomparticipados foi avançada no seguimento de uma proposta neste sentido da autoridade que regula o sector (Infarmed). A decisão já foi to-mada e, segundo o secretário de Estado e Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, será anunciada brevemente. “Para breve vamos assumir qual é a nossa decisão final sobre a comparticipação dos anti-con-traceptivos orais”, disse, rema-tando: “É uma matéria sobre a qual em momento próp-rio faremos a divulgação.”

Os videoclubes são, cada vez mais, ser parte do passado. Segundo a Federação Portu-guesa de Editores de Videogra-mas, em 2010 apenas existiam 300 videoclubes em Portugal, menos 83% do que em 2005.Os poucos clubes que ain-da resistem, tiveram que se

adaptar. Na Sra. da Hora, em Matosinhos, o videoclube “Universo 2” é hoje uma pa-pelaria. Eduardo Matos, o proprietário, Começou com o negócio do aluguer de vídeo em 1987 e chegou a ter dois estabelecimentos. Mas devido às dificuldades económicas,

em 2009, viu-se obrigado a transformar o negócio em 2009. Na loja, restam apenas algumas estantes com DVD´s que ainda aluga para “meia dúzia de clientes ao fim-de-se-mana.” “Tivemos que colma-tar a situação com outro tipo de negócio”, confessa Eduardo que agora se dedica sobretudo à venda de jornais e revistas.Eduardo considera que o prin-cipal culpado é a pirataria. O facto de ser possível, em poucos minutos e de forma gratuita, tirar um filme inter-net, tornou impossível a so-brevivência deste negócio. A esse facto, aliam-se as op-eradoras de televisão por cabo que disponibilizam milhares de títulos que podem ser alu-gados no sofá, a um simples toque no comando, através do serviço de ”video on demand.”Eduardo culpa também as editoras e o ministério da

cultura português, que nada fizeram para combater a pi-rataria nem “pressionaram as operadoras para impedir o download ilegal como fiz-eram na França, na Suécia e noutros países da Europa”. Nesta situação, Eduardo ad-mite que quase já não com-pra novos filmes e não acred-ita numa solução para o este ramo. “Todos os meus cole-gas de negócio que conheço já fecharam as portas. Mais tarde ou mais cedo este negó-cio vai acabar”, desabafa.As hipóteses deste tipo de negócio resistir parecem ser poucas. No ano passado a Blockbuster, a maior ca-deia de aluguer de filmes do mundo, fechou as portas das 17 lojas que detinha em Por-tugal devido aos sucessivos decréscimos na facturação.

Os clubes de vídeo parecem estar cada vez mais perto do fim. Para os proprietários, a pirataria, as operadoras de televisão e a inacção do Governo são os principais culpados.

José Pedro Ribeiro

Blockbuster fechou as 17 lojas que detinha em Portugal.Foto: Diário Economico

A ideia é inovadora: expor 15 fotografias, cada qual ti-rada em bairros excêntricos de diversas partes do mundo, nas fachadas ao longo do Bairro Alto, em Lisboa. Os idealizadores, Pedo Costa e Ricardo Lopes viajaram para Barcelona, São Paulo, Paris, Londres, Berlim, Istambul, Florença, Seatlle, Copenhaga e São Francisco em busca de um mesmo objetivo: bairros dinâmicos, com diversidade de actividades e de pessoas.O projeto dos fotógrafos e investigadores do Centro de Estudos sobre a Mudança So-cio-económica e o Território (Dinâmica-CET), do ISCTE surgiu a partir de outro projeto de investigação, onde compa-raram os espaços de Lisboa, São Paulo e Barcelona., bus-cando as peculiaridades e se-melhanças entre os bairros.

Em declaraçôes ao jornal Pub-líco, Ricardo Lopes explicou que as fotografias expostas terão um objetivo provocador, pois “Vão estar coladas nas paredes, o que vai contra esta lógica da limpeza do bairro”. Lopes quer, ainda, que elas funcionem como um espelho do Bairro Alto. Como, por ex-

emplo, uma das fotos tirada em Londres onde lê-se num letreiro amarelo “Please, use toilets provided”, a ideia é colocarem-na numa das es-quinas que se tornam urinóis públicos na madrugada.Quando questionado sobre o porquê da escolha do Bairro Alto como local da exposição,

Ricardo responde que “ele (o Bairro Alto) é o denominador comum, o que faz a ligação en-tre todos. E dos problemas de cada um, da forma como vão sendo resolvidos, das políti-cas dos seus países e cidades e da história e evolução de cada um é possível tirar várias lições para o Bairro Alto”.As fotografias também serão expostas na Casa da Impresa e ficarão agrupadas por séries: cabeleireiros, graffiti, mane-quins em montras, ou cozin-heiros. As comemorações do 498º aniversário do Bairro Alto começaram na última terça-feira e durante toda a semana estão agendadas, ex-posições, conferências, en-contros, visitas guiadas pelo bairro, concertos e espec-táculos de dança e de teatro

Pedro Costa e Ricardo Lopes são os autores da exposição “Bairros como nós”.Foto: Miguel Manso

RELAÇÃO MANDA ANALISAR PRESCRIÇÃO NO CASO ISALTINO

A juíza que mandou prender o presidente da Câmara de Oei-ras, Isaltino Morais, vai ter de apreciar o requerimento apre-sentado pelo autarca em que este argumenta que alguns dos crimes a que foi condenado já prescreveram. A decisão é do Tribunal da Relação de Lis-boa que, por unanimidade, determinou que a magistrada Carla Cardador, do tribunal de Oeiras cumpra o solici-tado pela defesa de Isaltino: avaliar se os crimes de fraude fiscal cometidos em 2001 e 2002 já prescreveram ou não. Em 2009, Isaltino Morais foi condenado a sete anos de prisão e à perda de mandato autárquico por fraude fis-cal, abuso de poder, corrup-ção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.

7 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 NACIONAL

HELDER PACHECOO COLECCIONADOR DE SABERESHelder Pacheco nasceu no Porto, na antiga Rua do Correio, actual Conde de Vizela, na freguesia da Vitória. Com uma formação diversificada (licenciaturas em Belas Ar-tes, Ciências Pedagógicas e História, nas Universidades de Porto e Coimbra), fez ainda cursos e seminários de formação nas áreas da Educação e Património Cultural no es-trangeiro e um estágio no Museu de Vasterbotten, em Umea, como bolseiro do Instituto Sueco da Cultura. já foi professor, formador e funcionário do Ministério da Educação. Coordenou projectos de investigação e escreve sobre o Porto, com cerca de 40 títulos publicados e com uma paixão imensa. Uma vida de inflexões, como ele diz, de cruza-mento de saberes e de desafios ultrapassados. É o retrato de um portuense, republica-no com muita honra e sem papas na língua e, sim é verdade, com pronúncia do Norte.

Margarida Almeida

Nasceu no dia 31 de Janei-ro de 1937, o aniversário de uma data simbólica para o Porto. É uma pren-da para um republicano?

“É verdade, alguns amigos até brincam com isso. O chefe Hélio Loureiro, um grande amigo, manda-me sempre um bolo de aniversário, azul e branco, o que é claramente provocatório. É a bandeira monárquica a fazer a analo-gia ao azul e branco do FCP. Por acaso, ou não por acaso, sou republicano. O meu pai era também um honrado republicano, sempre foi. Ba-teu-se pela república no 3 de Fevereiro de 27 e há essa co-incidência de eu ter nascido no 31 de Janeiro. Eu nasci à tarde, em casa, e nesse dia houve uma manifestação. O meu avô, que era monárquico, foi preso nessa manifestação por engano, veja-se a ironia”.

Curioso, um pai republica-no e um avô monárquico!

“Exactamente, foi talvez por isso que eu aprendi a con-viver com o pluralismo. Mas essa situação acabou por ter um fim fu-nesto, porque as divergên-cias eram de tal ordem que o meu avô acabou por sair de casa. Os âni-mos entre republicanos e monárquicos ainda andavam muito exaltados. Na altura, para agravar tudo, o meu avô era salazarista e o meu pai

era da oposição. Portanto, a família acabou por se dividir. Para mim, contudo, foi uma aprendizagem interessante, porque o meu avô é a a figu-ra mais importante da minha infância e sendo monárquico e salazarista nunca procurou influenciar-me no que quer que fosse. Eu saía com o meu avô aos sába-dos e com o meu pai aos d o m i n g o s , mesmo de-pois de eles se terem afastado. Fiz uma aprendizagem da cidade com eles, que eram dois portuenses assumidos.”

As memórias de infânciaque transcreve no livro«O Porto no Tempo da Guerra», são muito senti-das, como surgem?

“As minhas memórias do tem-po da guerra são muito difu-sas. Eu nasci em 37, quando a guerra acabou tinha oito anos. O que me recordo, sobretudo, é das grandes dificuldades. O tempo da guerra foi uma

v e r d a d e i r a tragédia para muita gente do Porto. M o r r i a - s e , literalmente, de fome. Eu vivia na rua do Correio,

junto aos Clérigos, e uma vez vinha a descer a rua com a minha mãe, pela mão dela, e recordo-me de ver um homem deitado no chão, com gente à volta. A minha mãe foi ver

o que se passava e o homem tinha tido uma síncope provo-cada pela fome. Estava morto. E isto acontecia, morria-se na rua de fome. Em minha casa as coisas ainda se iam resolvendo. Eramos uma família de classe média, com

conhecimen-tos e íamos conseguindo alguns ali-mentos. Mes-mo assim, recordo-me que carne só c o m í a m o s uma vez por

semana. Os meus avós tinham origem duriense, como muita gente do Porto naquela altura e os familiares mandavam-nos alimentos, de barco ra-belo, quase todas as semanas. Designadamente uma coisa a que se chama “milhos”, os restos da moagem do milho, um subproduto constituído essencialmente pelas cascas do milho. Uma coisa hor-rorosa. Ainda hoje, quando penso nisso, me sinto agoni-ado. O que é certo, é que em casa se comia milho e farinha de pau, semanas seguidas.”

Lembranças marcantes…

“Quando a guerra acabou houve grandes manifestações na baixa, recordo-me per-feitamente de ir com o meu pai assistir a essas manifes-tações com bandeiras ameri-canas, bandeiras inglesas, muitas inglesas. O meu pai teve sempre uma bandeira in-glesa em casa, era anglófilo.Nessa grande multidão combandeiras britânicas e americanas apareceu uma bandeira

vermelha, o que era proibidís-simo, claro. Recordo-me, a seguir, das cargas de polícia. Estou a ver perfeitamente a cavalaria a entrar pelo café dentro, penso que do Guarany, porque as manifestações, que duraram dias, foram violenta-mente reprimidas logo depois.

Falando em memórias, somos um país de fraca memória?

“Nós somos um país com muita memória, mas desme-

moriados, não cultivamos a memória. Porque somosum país que está sempre à espera de D. Sebastião, o salvador. Até esperamos que D. Sebastião nos digacomo vamos sair da crise.E os salvadores não vão ser nem a senhora Merckel nem o Sarkozy. Fizemos a Revolução liberal, fizemos mudanças fantásticas e depois perdemo-las. Fizemos o 25 de Abril, mas os grandes ideais do 25 de Abril onde eles já estão! Portanto, qualquer dia temos que começar a pen-

sar em mudar outra vez.”

Fazer outra revolução?

“Só que agora as grandes revoluções já não são aos ti-ros, sobretudo na Europa.”

O seu percurso académico é um pouco heterogéneo, segue diversas áreas…

“É, é um pouco heterogéneo, porque eu estive constante-mente a mudar de agulha. Eu tive, em miúdo, uma doen-

ça muito grave. Que quase me estragava a infância. E que me obrigou a fazer radiações ultravioletas no Hospital do Camo durante anos seguidos. Era uma tuberculose óssea, com complicações motoras, uma doença que hoje se tra-taria em dois tempos, agravada por uma queda, que me provo-cou um problema num braço. Ia com a minha mãe, to-das as tardes, ao hospital do Carmo, que era o único que tinha essas radiações, e le-vava um livro para ocupar o tempo de espera. E tornei-

“Somos um paísque está sempre à espera

de D. Sebastião... Até esperamos que

D. Sebastião nos diga como vamos sair

da crise”

“O tempo da guerra foi uma verdadeira tragédia para muita

gente do Porto. Morria-se, literalmente,

de fome”

8 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 ENTREVISTA

me um leitor compulsivo.”

A base de tudo é o amor pelos livros, não é?

“Uma das coisas que os aldrabões andam para aí a vender é que nesta sociedade o sucesso é feito com as no-vas tecnologias e com a informática. Eu continuo a pensar que quem não ler não tem sucesso. Eu não es-tou a falar do tipo de suc-esso do Duarte Lima e outros, estou a falar do ver-

dadeiro sucesso, de talento. Todas as pessoas de talento que eu conheço, de verda-deira craveira intelectual, são grandes leitores. E um grande leitor tem a porta aberta para muita coisa.”

Daí a diversidade de inter-esses ao lon-go da vida?

“Sim, tor-n e i - m e um bom alunopara muitas coisas, design-adamente as artes plásticas, o

desenho, a escrita. Como pas-sava a vida a desenhar o meu pai entendeu que eu deveria ir para Belas Artes. Acabei a licenciatura e fiz a primei-ra inflexão na minha vida: em vez de seguir a carreira achei que gostava de ensinar. Fui a Coimbra fazer o Curso de Ciências Pedagógicas. Acontece que o bichinho da história, foi mais forte e eu fui fazer o curso de História. Ca-sei, entretanto, já tinha filhose estava a pensar, seriamente em fazer carreira académi-

ca. Convidaram-me, entre-tanto, para o Ministério do Veiga Simão, que foi um dos grandes ministérios da edu-cação que houve em Portu-gal. Comparado com ele, muitos da actualidade sãosubprodutos. Hoje incensa-se o Dr. José Hermano Sarai-

va, mas es-q u e c e m - s e que ele foi um dos piores ministros da

Educação que o país teve. E quando ele caiu só faltou abrir garrafas de champanhe.

Fui convidado para ficar li-gado à Formação de Profes-sores, na altura, dependente do Ministério e não das es-colas superiores de educação. Dá-se o 25 de Abril e mudo de vida outra vez. Peço a demis-são, porque entendia que tinha sido nomeado por um regime que tinha caí-do, logo, não poderia ficar com aquele cargo. Volto para a minha escola. Eu era professor efectivo da Escola Industrial de Aveiro, e um mês depois pedem-me para eu ir para o Ministério outra vez. Era ministro o Professor Magal-hães Godinho. Foi a minha quarta mudança de vida.Fui subindo por concur-so, quando estava prestesa atingir o topo da carreira, que era o de inspector coorde-nador, comecei a ver que os grandes ideais do 25 de Abril se estavam a esboroar. E que aquela instituição se estava a transformar num organismo burocrático, de controlo e não um organismo de culto e de inovação. Por isso saí. Fui, então, dar aulas para algumas instituições do ensino supe-rior. Mudei novamente, numa altura em já estava na vida de investigação e da escrita, que entra quase sem eu querer”.

Entra sem querer na investi-gação histórica e com o Por-to como protagonista.

“Como tinha uma formação prévia de Belas Artes e História era muito sensível às questões do património histórico. Então eu propus, quando estava no ministé-rio, que fosse incluído nos programas a ligação da es-cola ao património local. E isto foi feito, com o primeiro Governo Constitucional, en-tre 77 e 80. Começou-se a fazer então a pesquisa do património nessas localidades. Eu era o orientador respon-sável pela formação e tinha assistentes espalhados pelas diversas regiões. Em Viseu, a minha assistente, militante do PS que estava no Poder,

apaixonou-se tanto pelo pro-jecto de pesquisa das culturas locais que me propôs tentar ar-ranjar apoio para publicarmos os resultados. Ela, através da estrutura do partido, arranjou forma do Ministério da Comu-nicação Social patrocinar es-tas publicações. Saíram numa

colecção que se chamava « P o r t u g a l : a Escola e a Comuni-dade». Foram p u b l i c a d o s nove vol-

umes. Entretanto mudou o Governo e o seguinte não continuou a investir nisso. Era, no fundo, um retrato das tradições do país com le-vantamentos das escolas.”

Apresentou depois o trabal-ho num Seminário organiza-do pela Unesco, não é assim?

“Veja como a vida é feita! Em 80 é lançada uma grande cam-panha de defesa do património em Portugal, a maior jamais feita. Foi um investimento de muito dinheiro e surgiram muitas associações de defesa do património no país todo. O resultado foi que o país chegou a ter mais de 400 associações de defesa do património e neste momento não tem mais do que uma dúzia. Esse Semi-nário da Unesco, em Guima-rães, era orientado por dois suecos, Eu levei a experiên-cia das escolas preparatórias, com os livros e eles ficaram deslumbrados, porque nunca tinham visto aquilo em lado nenhum. Convidaram-me para eu ir à Suécia, com uma bolsa do Governo Sueco, para ir lá dizer como é que tínham-os organizado o trabalho. Nesse semi-nário estava o Rui Rasquil-ho, investigador na área da história e arqueologia, que foi convidado pelo governo para ser coordenador da campanha de defesa do património. O Rui Rasquilho diz-me que a Editorial Presença quer publi-car os novos guias de Portu-gal. Um remaque dos famosos

guias de Portugal das décadas de 20 e 30, do Raúl Proença. Convidou-me para fazer o guia do Porto, aplicando tudo o que tinha aplicado no trabal-ho referido. Recusei, na altura estava interessado em escrever sobre a ligação da escola à co-munidade. Mas, cada vez que ia a Lisboa o convite repete-se, até que me convenceram, apresentando-me um contrato e uma argumentação persua-siva. Comecei a trabalhar e re-solvi virar o Porto do avesso, começando pelas freguesias. Nunca ninguém tinha tra-balhado a cidade freguesia a freguesia. Na altura, tive um grande receio, porque aquilo era uma outra visão do Porto. O livro tem um sucesso es-trondoso, a crítica foi exce-lente. Um livro em Portugal vende pouco e aquele vendeu 30 mil exemplares. A par-tir deste momento eu tenho a porta aberta para escrev-er tudo aquilo que quiser.”

Depois desse seguiram-se outros.

«Já são mais de 40. Eu agora publico o que quero. Sou um reaccionário, escrevo a lápis. Tenho uma secretária que pro-cessa tudo informaticamente. Este livro que estou a preparar para editar no próximo ano, chama-se “Um certo Porto”. O meu grande objectivo agora é escrever um livro sobre o Car-naval no Porto. Tinha como projecto escrever o S. João no Porto, já fiz, o Natal no Porto também, falta o Carnaval no Porto, a Páscoa no Porto e as Festas no Porto. Se eu con-seguir fazer isto acho que a

minha vida já valeu a pena, porque são áreas que não estão es-tudadas. Fui c o n v i d a d o

para elaborar o livro sobre os 250 anos da Torre dos Clé-rigos, a celebrar em 2013.Se o primeiro livro sobre o Porto tivesse sido um in-sucesso, eu hoje era outra coisa. Foi esse livro que me lançou numa nova car-reira, numa nova vida.”

“Hoje incensa-se o Dr.José Hermano Saraiva,

mas esquecem-se que ele foi um dos piores

ministros da Educação que o país teve”

“Sou um reaccionário,escrevo a lápis.

Tenho uma secretária que processa tudo informaticamente”

“Um grande leitor tem a porta aberta para muita

coisa”

9 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 ENTREVISTA

CRÍTICA: A VOZ HUMANA, UM MONÓLOGO SIMPLES E ENCANTADOR

Gabriela Reis

O Porto vai receber no próximo ano o festival Opti-mus Primavera Sound (OPS), a edição portuense do Prima-vera Sound, que se realiza em Barcelona. Durante os dias 7 a 10 de Junho de 2012, vão passar pelo Parque da Cidade nomes como Bjork, Spiritual-ized, The XX e Yo La tegno.José Barreiro, director do OPS, não tem duvidas que a escolha do Porto para acol-her este festival foi a melhor opção “sobretudo agora que a cidade mostra uma capaci-dade de inovação e de cria-tividade que se adaptam muito bem a este conceito” e realça a importância que este evento pode trazer à Invicta. “A ci-dade não tem nenhum festi-val, nem de grande, nem de pequena dimensão, e o OPS vem responder a uma lacuna que o Porto apresentava.”Contudo, Barreiro admite que o “OPS” não vai ter a mesma dimensão do espanhol, que já movimenta 120 mil pes-soas por dia e com um cartaz com cerca de 200 bandas de todo o mundo. “Em Portugal, o número vai andar à volta de 70 a 80 bandas e teremos 4 palcos, o que para um país como Portugal continua a ser um grande festival” ex-plica Barreiro que acrescenta que o número diário de “fes-tivaleiros” irá ser de 20 a 25 mil pessoas. “Para uma primeira edição não vamos ter, nem queremos, um fes-tival tão grande, pois vamos testar como este vai evoluir nos próximos anos,” atenta.

Esperada grande adesão estrangeira

Mais de metade dos primei-ros 1000 bilhetes postos em circulação foram vendidos no estrangeiro, o que leva o dire-tor do festival a pensar numa “campanha mediática de nível internacional”, aproveitando o facto de o Porto ser um destino muito importante a nível de viagens “Low cost”. O facto de o festival atrair público além-fronteiras, pode, segundo Barroso, trazer mui-tas vantagens à cidade. “O festival vai ser essencialmente urbano e por isso não vai ha-ver campismo. Assim sendo, as pessoas vão se alojar em hotéis, comer nos restaurantes e visitar os museus da cidade”, refere Barreiro que acredita que o OPS pode servir de montra turística para a cidade. O Parque da Cidade foi o local escolhido para hospe-

dar o recinto. José Barreiro acredita que o local é o mais adequado para receber o evento: “O parque da Cidade foi, desde o inicio, o local ób-vio e lógico para fazer um fes-tival desta natureza”, afirma.Mas o OPS não se cinge ap-enas ao recinto. Por toda a ci-dade vão ser organizados con-certos em bares, na Casa da Musica e nas principais praças da cidade. Apesar de o projec-to anda estar em fase embri-onária, José Barreiro espera que para Fevereiro já esteja cri-ado o modelo daquilo que vai ser o “Primavera na cidade.”Os primeiros mil bilhetes para o OPS foram postos à venda logo após o anúncio do fes-tival a um preço especial de 65 euros e esgotaram em 48 horas, algo que deixou sur-preendido José Barreiro que considera o público português “um pouco conservador.” Até ao dia 31 de Dezembro os bil-hetes gerais custam 75 euros.

PORTO ACOLHE OPTIMUS PRIMAVERA SOUND

Desde 2001 que Barcelona é palco do Primavera Sound, um dos maiores festivais de músi-ca independente do mundo. No próximo ano, o festival estende-se ao Porto naquela que será a primeira edição do Optimus Primavera Sound.

José Pedro Ribeiro

XX são um dos nomes já confirmadosFoto: Myspace

A príncipio a escolha da peça teatral era outra: “Monstros de vidros”, de Ana Vitori-no e Carlos Costa. Porém, devido a certos imprevistos, “A Voz Humana” foi a as-sitida. Nota-se, portanto, que esta não foi escolhida, por isso, nada sabia sobre ela.E foi desse modo, sem qualquer expectativa, que o monólogo de Jean Cocteau me surpreendeu.Com uma belíssima inter-pretação de Emília Silvestre, a peça, que já havia sido in-terpretada no filme “A Lei do Desejo” de Pedro Almodóvar, arrancou lágrimas da plateia.Estreada em 1930, o monól-ogo apesar de ser simples, consegue fazer com que o espectador não tire os olhos do palco. Possui uma mistura de suspense com um grande drama: uma mulher que, en-louquecidamente, conversa com seu amante (invisível e inaudível) que a abandonou.Durante a peça, a ligação é várias vezes cortada e são nesses periodos que podemos notar realmente a personali-dade variante e, muitas vezes, suicida dessa mulher.Cocteau, contemporâneo das vertentes dadaísta e futurista, não por acaso faz o uso do

telefone na sua peça. O objetco é utilizado como intermediário na reprodução da realidade, algo que re-sulta muito bem, e que conta também com a no-tável prestação da actriz. A obra do francês foi levada ao cinema, para além do filme de Almodóvar. Roberto Rosellini também fez uso de parte da peça em seu filme “L’amore” de 1948 protagonizada por Anna Magnani. Dezoito anos depois, Rosselini faz uma versão para a televisão, dessa vez com a atriz Ingrid Berg-man, chamada “The Hu-man Voice”, ano de 1966.Traduzida por Alexandre Moreira da Silva e co-pro-duzida pelo Grupo Ensemble, a concepção e encenação da peça foram feitos por Carlos Pimenta, os figurinos produzi-dos por Bernardo Monteiro e a música original esteve a cargo do Duo Dead Combo. Mais de 80 anos depois da es-treia, o monólogo, com cerca de 1 hora e dez de duração, ainda continua sendo um sucesso, e, melhor ainda, permanece actual. A peça está em cartaz entre os dias 18 e 4 de Dezemvro, no Teatro Nacional São João. com sucesso de público,

“Com uma belíssima interpretação de Emília Silvestre, a peça, que já havia sido interpretada no filme “A Lei do De-sejo” de Pedro Almodóvar, arrancou lágrimas da plateia.”Foto: DR

10 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 CULTURA

OS NOVOS ROSTOS DA ARTE PORTUENSE

Entre noites em branco a ter-minar trabalhos, regadas por litros de café, amontoados de esquissos, óleos e pastéis, são muitos os jovens aspir-antes a artistas que continuam a crescer no palacete Braguinha. Domingos Lourei-ro foi um desses casos. Li-cenciado em Artes Plásticas / Pintura em 2001, não mais deixou os cavaletes da Facul-dade de Belas Artes da U. do Porto (FBAUP), onde é hoje professor de Pintura. “Con-tinuo a ser influenciado pela Escola e desde que dou cá aulas sinto que também faço parte deste historial que se foi construindo ao longo do tem-po”.Para Domingos Lourei-ro, a FBAUP “foi evoluindo numa ideia de inovação e de unidade com a cidade do Porto” que se reflecte no tra-balho dos estudantes. Ao seu lado, Sofia Torres, também docente de Pintura, destaca a “liberdade criativa” sentida ainda hoje por todos os que passam pela Escola. “Dadas as técnicas e uma base teórica nos primeiros anos, quando chegamos ao final do curso te-mos liberdade para criar o que quisermos”, explica a jovem artista, diplomada em 2008. Na mesma linha, Joana Rêgo,

pintora diplomada em 1995, associa a liberdade à partilha que se vivia na faculdade. “Sempre foi transmitida uma noção de liberdade, quer pelo ambiente que lá se vivia na partilha de informação, opinião e trabalho, quer pela liberdade de criação”. Com um currículo onde se contam mais de vinte exposições indi-viduais e um mestrado no San Francisco Art Institute, a artis-ta não esquece os anos passa-dos na FBAUP. “Foi na escola que despertei a minha curiosi-dade pelo mundo, por viajar, por conhecer o que se fazia lá fora, o que se via noutros museus, o que se lia em pub-licações estrangeiras, sempre para aprender mais e mais”.Joana Pimentel, contem-porânea de Joana Rêgo na FBAUP, “concorda que existe “uma cultura, gostos e hábitos comuns a quem pas-sou pela Escola”. A escultora e professora da Universidade Lusíada aponta “o desenho, a obstinação pelo rigor, o respeito pela prática oficinal, um certo horror ao artifício e a seriedade no trabalho” como traços de uma tradição transmitida aos jovens artis-tas e construída “à volta do universo de cada professor”.

Nomes como Dordio Gomes, Júlio Resende, Ângelo de Sousa, José Rodrigues ou Álvaro Lapa são ainda hoje referências no trabalho dos artistas formados na FBAUP. “Há sempre marcas que fi-cam de quem aprendeu com um Eduardo Batarda, um Pe-dro Rocha, uma Maria José Aguiar, um Álvaro Lapa ou um Francisco Laranjo. Ain-da agora, enquanto trabalho, lembro-me de comentários deles”, reforça Joana Rêgo. “Não é uma influência directa mas acaba por ser latente”, diz Sofia Torres. É para dar continuidade ao ciclo que os actuais professores da Escola tentam passar aos estudantes um legado de liberdade re-sponsável. “As únicas bases que tentamos incutir é que sejam rigorosos e autênticos. Não tentamos incutir-lhes ideias, orientações limitati-vas”, diz Domingos Loureiro.

Levar a Arte para fora da escola

Longe dos jardins da FBAUP, impulsionar a divulgação da arte desenvolvida na Escola é outro dos desafios abraça-dos pelas novas gerações das Belas Artes. Um esforço que se traduz na promoção regular de exposições que levam os trabalhos dos estudantes até espaços públicos, fora da fac-uldade. “Não só os alunos têm a possibilidade de mostrar os trabalhos como o público que normalmente não vai a mu-seus tem a oportunidade de estar em contacto com a arte que sai da faculdade”, conclui Sofia Torres. Mas para que o prestígio da FBAUP se con-solide, Joana Pimentel acon-selha a envolvência de todos os níveis de produção artística desde o “mercado galerísti-co, passando pela produção histórica até à crítica”. A Escola e os artistas há mui-tas gerações que já lá estão.

Durante mais de 6 décadas, o ensino de Belas Artes no Porto foi responsável pelo nas-cimento de nomes como Dordio Gomes, Júlio Resende ou Ângelo de Sousa. Conheça os novos rostos da arte portuense, que em discurso directo, desvendam os segredos da Facul-dade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Cláudia Pereira

CINEMA ESPANHOL EM DESTAQUE NO PORTONa semana passada, o Porto recebeu o IV Ciclo do Cinema Espanhol. O filme Yo Tambiém de Álvaro Pastor e Antonio Naharro, foi um dos mais aplaudidos.

Gabriela dos Reis

O IV Ciclo de Cinema Espan-hol, que acoteceu entre os dias 2 e 7 de novembro em Lisboa, chegou ao Porto na semana passada, mais especifica-mente na Biblioteca Almeida Garret e no Museu Serralves. Realizadores espanhóis como Mar Coll, Iciar Bollaín, Álva-ro Pastor e Antonio Naharro arrancaram risos e lágrimas da plateia, que era constituí-da, maioritariamente por por-tugueses, mas também por espanhóis que vieram pres-tigiar os filmes do seu país.Um dos filmes mais espera-dos era ‘Yo Tambiém’, dos realizadores Álvaro Pastor e Antonio Naharro. A pelicula relata a história de Daniel, o primeiro europeu com sín-drome de down a ter um di-ploma universitário. Ao longo da trama, Daniel, interpre-tado pelo ator Pablo Pineda, apaixona-se pela sua amiga, Laura, que não é portadora da doença e tudo vira uma co-média misturada com drama.Laura é interpretada por Lola Dueñas, actriz de renome que já participou em diversos film-es do diretor espanhol Pedro Almodóvar, como os sucessos

‘Hable com Ella’, ‘Volver’ e, o mais atual ‘Los Abrazos Ro-tos’. Lola Dueñas, assim como Pablo Pineda receberam, devido ao filme ‘Yo También’ o prémio Concha de Prata no Festival San Sebastián de 2009, para Melhor Ator e Mel-hor Atriz. No final da exibição do filme, Lola estava presente e deu muita atenção aos fãs.Outro filme que fez com que os espectadores não desgrudas-sem os olhos da tela foi ‘Tam-bién La Lluvia’, da realizadora Iciar Bollaín, que retrata a cri-ação de uma longa-metragem realizada na Bolívia, cujo as-sunto é a chegada de Colom-bo à América. No desenrolar da película vemos que existe uma grande semelhança entre os antigos colonizadores e os criadores do filme. ‘También La Lluvia’ conta com a actu-ação de Gael García Bernal, ator mexicano que já atuou em diversos filmes espanhóis.O Festival acontece desde 2008 em Lisboa e este ano estreou-se pela primeira vez no Porto. Mas devido à adesão por parte dos portuenses, o festival deverá voltar a marcar presença na cidade Invicta.

Palacete da FBAUP data do Século XIXFoto: Universidade do Porto

11 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 CULTURA

Ao abrirmos a porta da “Tim-tim por Timtim”, entramos num mundo de aventuras onde habitam todos os heróis da in-fância de Alberto Gonçalves. um ex-director financeiro, que decidiu abrir este espaço em 2003. Na livraria, podemos encontrar mais de 5 mil álbuns

de banda desenhada, brinque-dos, livros policiais e cader-netas de cromos. Segundo o proprietário os clientes vão desde os 7 aos 77 anos e todos se deslumbram com os balcões apinhados de livros, alguns cuidadosamente plastificados.Aqui é possivel encontrar to-

dos os álbuns das aventuras de Tintin. Mas para além da mais famosa personagem de Hergé, encontramos também outros heróis como Axtérix, Spirou, o Mosquito e muitos mais.Apesar dos tempos difíceis, Alberto diz que cientes não lhe faltam, e são de toda a parte do mundo. “Vendem-os para a Austrália, Canadá, Estados Unidos, Espanha, mas sobretudo para os país-es francófonos”, afirma.Com o filme “As aventuras de Tintin: o segredo do Li-corne ainda em exibição nas salas portuguesas, Alberto Gonçalves acredita que as aventuras do repórter belga podem chegar a um público mais jovem, mas para já ain-da é cedo para perceber qual vai ser o impacto do filme.

COLISEU COMEMORA 70 ANOS

O coliseu do Porto iniciou as comemorações do seu 70º aniversário. Apesar de a data ser celebrada no dia 19 de Dezembro, as comemorações

tiveram inicio no passado dia 26 de Novembro com uma reprodução do concerto que inaugurou a sala em 1941, que teve como solista, ao piano, Helena Sá e Costa.O espectáculo serviu para homenagear a pianista que esteve à frente do primeiro

concerto do Coliseu do Porto, falecida em Janeiro de 2006. A Associação Amigos do Col-iseu do Porto (AACP) vai ain-da destapar uma placa no átrio da sala de espectáculos. A ce-rimónia contou com a partici-pação da sua irmã, a violon-celista Madalena Sá e Costa.

A Cadeia e Tribunal da Relação situado no edifí-cio imponente na Cordoaria vive entre o passado, feito de memórias de crimes e casti-gos, e o presente constituído por imagens e memórias, or-ganizadas e disponibilizadas pelo Centro Português de Fotografia que ali se instala. Este edifício, concebido para a instalação do Tribunal e Cadeias da Relação, foi so-frendo ajustes, ao longo do tempo, quanto à ocupação e funcionalidade das diversas áreas. Mas se a história da casa tem mais de 200 anos. A instituição Tribunal/Cadeia já comemorou em 1992 os 400 anos de existência, com um percurso complicado, reflexo também dos turbu-lentos percursos da justiça. Em 7 de Janeiro de 1797, tinha lugar na Sala Nobre, com toda a pompa e circun-stância, a primeira Sessão do Tribunal após a sua insta-lação neste edifício, recém-constituído. Dava-se assim, aparentemente, por terminada uma longa saga que havia arrastado o Tribunal, des-de a sua criação, por uma multiplicidade de lugares. A construção desta casa ini-cia-se em 1765 tendo por base um projecto de Eugénio dos Santos (um dos arquitec-tos da Lisboa Pombalina) que morre em 1760 mas deixa a planta feita e entregue ao oficial de engenharia Fran-cisco Pinheiro da Cunha. Na fachada principal (para

a Rua de S. Bento da Vitória) está a porta prin-cipal e acesso ao Tribunal. A parte da cadeia é constituída, a partir do último andar, por 14 quartos individuais (quar-tos de Malta) que estavam, normalmente abertos e liga-dos por um corredor por onde os presos se passeavam. Eram, diziam, as celas para os maus filhos das boas famílias. No andar abaixo, várias celas, cm capacidades diferentes, onde ficavam presos de condição intermédia. No rés-do-chão, ou nos “quintos do Inferno” estão as enxovias, celas nuas, por cujas paredes graníticas escorre a humidade, com chão em granito e catres imundos. Aqui ficavam os mais mis-eráveis dos miseráveis, mui-tos dos quais morriam pelas condições de insalubridade. Na cadeia estiveram presos celebres: Camilo e Ana Plá-cido, os que se citam inevitav-elmente, mas também muitos e anónimos, protagonistas, tão ou mais trágicos do que o casal famoso de histórias de crime e castigo. Em 1828 por ali passaram mais de 1000 presos políticos, liberais ou suspeitos disso, na sequência da revolta contra D. Miguel. O republicano Felizardo Lima e outros republicanos, cabe-cilhas do movimento de 31 de Janeiro e alguns crimino-sos conhecidos, como Alves dos Reis, estiveram também nesta cadeia, que teria mui-tas histórias para contar dos seus mais de 200 anos de vida.

RUAS DO PORTO

A CORDOARIA CADEIA E TRIBUNAL DA RELAÇÃO

Margarida Almeida

A implosão da torre 5 do Bairro do Aleixo começa sexta-feira. Durante a operação, o trân-sito vai estar suprimido em várias artérias da cidade do Porto.

José Pedro Ribeiro

DEMOLIÇÃO DO BAIRRO DO ALEIXO TEM INÍCIO NA SEXTA

A demolição da Torre 5 do Bairro do Aleixo, marcada para sexta-feira, vai obrigar à evacuação de 509 moradores, para além da criação de um perímetro de segurança e de cortes de trânsito. Em confer-ência de imprensa, o coman-dante da Polícia Municipal do Porto, subintendente Leitão da Silva, o comandante do Batalhão Sapadores Bombei-ros do Porto, tenente-coro-nel Rebelo de Carvalho e o chefe da área operacional da PSP do Porto, intendente Pe-

dro Moura, explicaram que a implosão envolverá en-tre 250 a 300 operacionais. Entre as 8h30 e as 10h30, as equipas multissectoriais irão evacuar 509 moradores da Rua Mocidade da Arrábida e das torres 3 e 4, tendo as entidades estabelecido 2 pontos de recuo para dar apoio a estas pessoas.O trânsito estará cortado nos acessos ao perímetro de se-gurança estabelecido – uma área de cerca de 8 hectares – a norte entre a Rua Car-valho Barbosa e a Rua Ar-

naldo Leite, a Nascente na Rua da Mocidade da Arrábida e a Poente no cruzamento da Rua Carvalho Barbosa com a Rua do Aleixo. A Sul, na marginal, na Rua do Ouro, só se irá sentir uma interrup-ção do trânsito minutos antes da implosão. Pedro Moura alerta, porém, para o facto de o trânsito estar condicionado, pedindo às pessoas que “não circulem senão em caso de necessidade”. A linha ZL, da STCP, também será suprimida durante o período de alerta.

LOJA DO PORTO INSPIRADA NAS AVENTURAS DE TINTIN

No Porto, na Rua da Conceição, encontra-se a “Timtim por Tintim”, uma loja especiali-zada em banda desenhada francófona. O proprietário diz ter aberto este espaço devido à paixão que tem pela obra de Hergé, e por tudo que marcou a sua infância.

José Pedro Ribeiro

As aventuras de Tintin foram o mote para a criação desta livraria que se confunde com um museu.Foto:JPN

12 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 GRANDE PORTO

Estudo conclui que a cobertura mediática de competiçôes desportivas distingue-se por ser pouco objectiva. A investi-gação analisou a cobertura mediática do Mundial de 2010.

Cláudia PereiraHá na cobertura de eventos desportivos um “relaxamentodas exigências concernentes ao ideal da objectividade que usualmente preside à actividade jornalística em geral”, garante Rui Alex-andre Novais, coordenador do livro “A representação do Futebol na Imprensa.” O docente da Faculdade de Le-tras da U. Porto (FLUP) alerta para a existência de um “estra-bismo jornalístico” por parte da imprensa desportiva, que resulta num comportamento ambivalente determinado pe-

los resultados desportivos. O estudo analisa a cobertura mediática de duas fases do Mundial de 2010 na África do Sul (apuramento da se-lecção portuguesa e sorteio da fase final) e estabelece uma comparação com a imprensa espanhola e bra-sileira. O estudo conclui que o fenómeno de enviesa-mento cultural é transversal a todos os países e resulta, na óptica do coordenador do livro, da “necessidade de responder aos interesses das respectivas audiências”.

Em conferência de imprensarealizada na tarde de se-gunda-feira, o presidente do Boavista, Álvaro Braga Júnior, contestou que o Con-selho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tenha agido contra o Boavista “um ano e nove meses depois” dos in-cidentes registados no jogo com o Lousada, da II Divisão, “Parece que o CD quis limpar a casa antes do acto eleitoral”, comentou Braga Júnior, refer-indo-se às recentes eleições para os corpos sociais da Federação. Para o presidente dos axadrezados, “o CD não

cometeu nenhuma irregulari-dade, o problema está nos reg-ulamentos”, referindo que a nova equipa directiva da FPF deve-se corrigir o quanto antes, sobre pena da II Divisão ficar com “muito menos equipas”. O Boavista contesta, ainda, o castigo, alegando que o CD se baseou em “provas testemun-hais” e terá que ignorado “o DVD e as fotos” que o clube enviou à FPF, além das que-ixas que vários adeptos “ax-adrezados” apresentaram en-tão por terem sido agredidos.O castigo de quase 13.100 euros divide-se entre uma multa de 3.250, uma indem-

nização de 8.227 euros ao Lousada, “acrescida de 20 por cento” para a Federação, e ainda “dois jogos de inter-dição” do Estádio do Bessa.O incidente aconteceu a 14 de Março do ano passado. A informação oficial prestada pelas autoridades é que na se-quência dos confrontos resul-taram nove feridos (seis civis e três GNR), dois adeptos do Boavista detidos, mais um con-stituído arguido e uma viatura apreendida. Tudo aconteceu durante a segunda parte, quan-do o Boavista perdia por 2-0.

JORNAIS MENOS OBJECTIVOS NA COBERTU-RA DESPORTIVAO Boavista vai recorrer da sanção de cerca de 13.100 euros e de dois jogos de interdição do

estádio do Bessa aplicada pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Fute-bol. O castigo deve-se ao “comportamento violento” dos adeptos no final do jogo contra o Lousada, na época 2009/2010.

José Pedro Ribeiro

SALGUEIROS CELEBRA 100 ANOS COM VONTADE DE RENASCERO Salgueiros festejou um século de existência. Apesar de actualmente militar nas distritais, a “alma salgueirista” continua viva e o sonho de voltar aos campeonatos nacionais mantém-se.

José Pedro Ribeiro

O Sport Comércio e Salguei-ros festeja este ano 100 anos de existência. O cartaz das celebrações contou com uma missa comemorativa, a tradi-cional Volta a Paranhos em atletismo, um torneio de pólo aquático e com o jogo frente ao Vilarinho, a contar para a Divisão de Honra da Asso-ciação de Futebol do Porto. 4500 adeptos encheram o es-tádio do Padroense na pas-sada quinta feira , num amiente que fez lembrar os sau

dosos tempos do estádio Vidal Pinheiro. Como prenda de aniversário, o Salguei-ros ascendeu à liderança, derrotando o Vilarinho, por 1-0 (golo de Quim Ferraz). Contudo, muita coisa mudou na vida do clube de Para-nhos. A instituição perdeu o fulgor doutros tempos, onde já chegou a militar na 1ª di-visão portuguesa. No início deste século, depois de anos de má gestão, o Salgueiros acumulou uma dívida de

cerca de 15 milhões de eu-ros que tem como credores o fisco, a Segurança Social e vários ex-atletas. A crise fi-nanceira resultou, em 2004, na extinção da equipa sénior de futebol, que na altura se encontrava na Liga de honra.O clube voltou aos relvados na época 2007/2008. Com um novo nome, Salguei-ros 08, e um novo símbolo, a Fénix, que pretende ser a imagem de uma nova equipa, renascida das cinzas e pron-

ta a voltar aos grandes cam-pos onde já foi considerada uma das melhores equipas de futebol da Região Norte.Mas o caminho para fazer renascer o antigo Salgueiral ainda é longo. Actualmente o clube milita na 1ª Divisão de Honra distrital. As modali-dades funcionam sem casa própria. O histórico estádio Vidal Pinheiro já não existe e o clube vê-se obrigado a usar um sintético com poucas con-dições num terreno que pert-ence à Metro do Porto. Mas apesar de estar nos distritais, a equipa arrasta consigo uma grande massa de adeptos, que recuperaram a famosa “alma salgueirista.” Uma im-perecível claque que acom-panha a equipa para todo o lado. O apoio da massa asso-ciativa agrada aos jogadores e também às finanças do clube.

Ascensão e queda

Apesar de um século de ex-istência, só na década de 80 é que o clube se fixou no escalão principal do futebol português. Na época 1990/91 conseguiu

a sua melhor classificação de sempre no campeonato, o 5.º lugar, e ganhou o direito de participar, pela primeira e única vez, nas competições europeias. O Salgueiros ape-nas disputou uma eliminatória da Taça UEFA, perdendo nas grandes penalidades frente a um Cannes que incluía no seu plantel o francês Zidane, na altura com apenas 19 anos. Foi a época dourada do clube centenário que conta com 24 presenças no principal campe-onato de futebol português, ocupando o 13º lugar desse ranking. Durante a década de 90 actuaram pelo Salguei-ros nomes como Deco, Miki Fehér e Ricardo Sá Pinto.No virar do milénio, começam as más gestões do clube que levariam à queda da equipa principal. Mas o tempo fez com que se curassem as feri-das e o clube renasceu através de uma nova identidade: o Sal-gueiros 08. À 13ª jornada da Divisão de Honra da AF Porto, o Salgueiros ocupa o primeiro lugar. O regresso ansiado aos campeonatos nacionais parece estar num bom caminho.

BOAVISTA VAI RECORRER DE MULTA DA FPF

Apesar dos dissabores, a “Alma Salgueirista” nunca se apagouFoto: Público

13 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 DESPORTO

EDITORIAL: QUE TURISMO PARA O PORTO?

Margarida Almeida

Contra factos não há argu-mentos, o turismo anda em contraciclo com o resto da economia e está a crescer. Na Europa, em Portugal e no Porto. Os dados aí estão para o provar. A crise agrava-se todos os dias. O pânico, pro-vocado pela incerteza rela-tivamente ao futuro, alastra. Os cidadãos de uma Europa cada vez menos unida andam deprimidos. As convulsões so-ciais, mais ou menos pacíficas, são sinais preocupantes que evocam memórias dramáticas de um passado recente. E, con-tudo, viaja-se. Faz-se turismo.Eis o turismo a afirmar a sua vocação de indústria da paz, a criar laços e a construir pontes, e, já agora, a gerar riqueza. De acordo com dados divulgados pela OMT (Organ-ização Mundial do Turismo), o sector cresceu mais de 6 por cento no conjunto dos países europeus. Em França, que é só o principal destino turístico do mundo, a actividade repre-senta entre 6 e 7 por cento do PIB (Produto Interno Bruto), um valor igual ao produzido pela indústria automóvel. Em Portugal o turismo contribui com 11 por cento para o PIB e a tendência é para reforçar a sua importância. Nos primei-ros oito meses deste ano o número de turistas internac-ionais que visitaram Portugal cresceu 11,2 por cento, com-parando com igual período de 2010. Os europeus continuam a ser quem mais viaja e a in-dústria turística confirma o seu potencial em gerar empregos e funcionar como motor de outras actividades, pela trans-versalidade que a caracteriza. O Porto, como se pode ler

na grande reportagem desta edição, acompanha a tendên-cia e cresce. Mais, tem até grandes expectativas para o futuro. O presidente da en-tidade regional de turismo Porto e Norte, Melchior Moreira, afirmou, recente-mente, que o orçamento da região vai crescer 70 por cen-to no próximo ano, através de um aproveitamento máximo dos fundos comunitários dis-poníveis. Isto significa, po-tencialmente, mais promoção e mais turistas. Que passam, grande parte deles, pela ci-dade do Porto, a plataforma natural de distribuição dos visitantes pela zona norte, so-bretudo daqueles que chegam via aeroporto Sá Carneiro. A cidade vive, em termos turís-ticos, um tempo de tomar de-cisões estratégicas. Decisões que passam por questões como a reabilitação urbana, a deser-tificação da zona histórica, a animação turística (diurna e nocturna) e, sobretudo, por re-solver um problema crónico, que é comum a todo o país, a falta de sensibilidade turística de quem manda. Porque, não tenhamos dúvidas, é a atitude destes que vai condicionar a atitude do cidadão comum. Neste momento de crise pro-funda o Porto tem a oportuni-dade enorme de escolher o seu futuro, enquanto destino turís-tico. Ou não. Os agentes tu-rísticos no terreno estão a tra-balhar – e bem, como vemos pelos resultados – os decisores têm que fazer o que lhes com-pete, decidir. De preferência, sem esquecerem que uma ci-dade só é boa para os turistas se for boa para quem lá vive.

COMENTÁRIO: ESTUDANTES...MAS POUCO

Cláudia PereiraUm estudo recente sobre a integridade académica dos estudantes do ensino superior realizado por Aurora Teix-eira, docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) confirma as piores expectativas de todos os docentes: 70% dos alunos copiam nos exames e 50% plagiam nos trabalhos. Entre os comportamentos mais ad-mitidos na investigação que envolveu 5000 alunos das universidades públicas por-tuguesas, surge a cópia de respostas por um colega du-rante um exame (55,2% dos inquiridos) e a utilização de cábulas (46,2%). Quanto ao plágio a atitude mais admitida (46%) é a reciclagem de tra-balhos de uma disciplina para outra. Outros comportamen-tos como citações incorrec-tas, submissão de trabalhos sem referências bibliografias, ajudas de colegas em trabal-hos individuais e pedir a co-legas que assinem a folha de presenças, rondam os 40%.Se estes dados confirmam

uma tendência, curioso será notar que os mais “desones-tos” não são os que, à partida teriam mais dificuldade em cumprir as obrigações aca-démicas, ou seja, os trabal-hadores-estudantes. Em todos os parâmetros analisados no estudo são os que apresentam valores mais baixos, seguidos pelos estudantes sem qualquer estatuto especial. Destacam-se sim pela negativa, os dirigen-tes associativos que “batem” em muito os outros grupos. Dê-se por exemplo a cópia em exame que nestes ultrapassa os 77%, contra os 69% dos es-tudantes ordinários e os 65% dos trabalhadores estudantes.Será isto típico de uma cultura bem portuguesa do “desenrasca” e socialmente tolerado? Com certeza que sim, todos já teremos, pelo menos sorrido, com a história de alguém que passou a uma disciplina sem ter estudado uma única linha. No entanto, não é menos verdade que isto ajuda a explicar em boa parte, o estado calamitoso do País.

Pensemos então nos nossos líderes (políticos mas não só) que fazem carreira directiva desde as universidades. Se há os que foram alunos exem-plares, não serão menos os que, entre reuniões da asso-ciação de estudantes e do par-tido, vão aparecendo nos dias de exame e “se correr bem”, lá se faz mais uma cadeira. O problema disto nem se-ria nenhum se no final, estes (pouco) estudantes saíssem da universidade com um grau para o qual não têm as com-petências básicas. São estes que mais tarde serão os nos-sos economistas, gestores e políticos que conduzem em-presas à falência e, em último caso, o País à bancarrota. A culpa será deles? Talvez não, porque na realidade agem como crianças inocentes que não sabem o que fazem. Para que fossem responsáveis seria necessário que percebessem onde erraram mas isso não devia estar nas cábulas.

CRÓNICA: ESQUECIDOS DE NÓS

Margarida AlmeidaA Europa está a morrer? A ideia de Europa está a mor-rer? Existe ainda o europeu como representante de um conjunto de valores que, para o bem e para o mal, definiram a história da humanidade nos últimos séculos? Ninguém responde a estas questões. Pior, são poucos os que colo-cam estas questões, porque estamos todos demasiado preocupados com a crise, distraídos “com o desporto, pela vida das vedetas, pela tecnologia e pelos números”, como afirmou George Steiner, na obra “A ideia de Europa”. A identidade civilizacional da Europa anda, visivel-mente, perdida, enredada em discussões económicas, em estratégias financeiras e con-tabilísticas completamente despojadas dos valores que

fazem parte da pátria europeia, do nosso código genético. A crise é conjuntural mas a descrença num ideal de civi-lização não. Pelo contrário, é a grande doença estrutural da Europa que, num período de tempo assustadoramente curto, exportou a sua indús-tria para Oriente, potenciando o florescimento de socie-dades que têm na sua base a exploração vergonhosa de mão-de-obra, alimentado alegremente a euforia con-sumista à escala mundial. Vendeu-se e agora prostra-se, rendida às consequências.Mas, mais grave, a Europa de-sistiu de si própria, e a cultu-ra europeia está em agonia, porque se perdeu a eternidade. Desistiu da eternidade e adop-tou o progresso, o lucro, a ve-locidade, a bisbilhotice o gosto

pelo grosseiro e pelo dinheiro. Edith Piaff já não canta, nem Brell, nem os italianos, es-panhóis, húngaros ou russos. A Europa já não canta, nem faz poesia. Os nossos heróis são efémeros e terrivelmente estúpidos. A reflexão assusta as (alegres e democráticas) maiorias e, sem remorsos, aniquilamos a cultura, que é o mesmo que dizer que aniquilamos a verdade , o maior dos crimes, porque quando matamos a verdade privamos o indivíduo da sua dignidade.Esquecemo-nos de nós, da nossa história e iniciamos uma viagem na escuridão, desprovidos de memória. Esquecidos de nós, nós, os europeus, perdemos a esper-ança. Está na altura de a recu-perarmos.

14 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 OPINIÃO & EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

Redacção:Cláudia PereiraGabriela Zanardi ReisJosé Pedro RibeiroMargarida Almeida

VIAGENSGROVE: O PARAÍSO DO MARISCO

Margarida Almeida

Uma pequena península, ro-deada de água por todos os lados e ligada ao município de Sanxenxo pelo estreito istmo de O Bao, com uma superfície de apenas 21,22 km quadrados e integrando a Província de Pontevedra. Eis O Grove, um pedacinho de terra abençoado por Deus, em pleno coração das Rias Baixas Galegas, um local onde a natureza se apri-morou desenhando baías de águas transparentes, pintan-do-o com uma vegetação lux-uriante e oferecendo-lhe um enquadramento único, nas-cido do suave e apaixonante encontro entre a ria e o mar.Recortado na margem sul da Ria de Arousa e encostado à Ria de Pontevedra, O Grove é um enclave privilegiado onde convivem cerca de 12 mil habitantes, uma boa parte dos quais vive junto ao mar e se

une para reforçar a excelên-cia turística que a península já conquistou. Com uma ampla e diversificada oferta hoteleira (mais de 3000 camas), uma animação tipicamente galega, ligada à festa e à alegria de sabor popular, o Grove tem um dos seus pontos fortes nas águas minero-medicinais de A Toxa, onde o lazer e o bem-estar se cruzam para oferecer estadias perfeitas.Mas, o Grove é também e com toda a justiça a capital gas-tronómica da Galiza, um títu-lo mais do que honroso numa região onde comer bem é uma regra. O Paraíso do Marisco, diz a promoção e confirma a experiência já que por toda a Península se erguem restau-rantes e esplanadas onde o marisco é servido com a dose certa de tradição marinheira e de alta cozinha, proporcio-nando aos gastrónomos uma experiência inesquecível. A matéria-prima é dali mesmo, das férteis Rias Baixas. A festa, essa, vem mesmo do coração galego onde pul-sa uma alegria que, nesta terra, é tradição partilhar.

15 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 FAZER & LAZER

CONCERTOS E ESPETÁCULOS20 de Dezembro

Jorge Palma Porto – Hard Club

21 de Dezembro

B Fachada Lisboa – Centro Cultural de Belém

Shout! Cascais – Teatro Gil Vicente

Primitive Reason Lisboa – TMN ao Vivo

Norberto Lobo Porto – Passos Manuel

25 de Dezembro de 2011

Aurea Lisboa – Casino Lisboa

The Legendary Tigerman Lisboa – Zé dos Bois Holocausto Canibal + Web + Pitch Black Porto – Hard Club

26 de Dezembro

Big Lisboa – Hard Rock Cafe

27 de Dezembro

Djubana + O Incrível Homem BombaPorto – Hard Club

28 de Dezembro

Só Nós 3 Lisboa – Casino Lisboa Dawnrider Lisboa – Club Noir

Lindú Mona Lisboa – MusicBox Alabama Gospel Choir Porto – Coliseu

The Chargers Vila Real – Teatro

29 de Dezembro

Killimanjaro + Gesso Braga – Projéctil The Speeding Bullets + Cas-ket Kings Coimbra – States Club Tuna Eléctrica da Timpeira Lamego – Teatro Ribeiro Conceição Só Nós 3 Lisboa – Casino Lisboa

Alabama Gospel Choir Lisboa – Teatro Tivoli

Tanira Vila Real – Teatro

Deception Point + Dawnrider Viseu

30 de Dezembro

Pedro Abrunhosa Lamego – Teatro Ribeiro Conceição

Salto Lisboa – Estação de Metro da Baixa-Chiado

31 de Dezembro

Herman José Grândola – Casino de Tróia The Gift Lisboa – Casino Lisboa

1 de Janeiro

Alabama Gospel Choir Faro – Auditório Pedro Ruivo

5 de Janeiro

Yardangs + Drill Lisboa – MusicBox

Mandrax IconPorto – Breyner 85

Forever King of Pop Lisboa – Campo Pequeno

Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto Porto – Igreja de Cedofeita

A Book In The Shelf + Halo

OLHA QUEM FALA!

“Quando um governo fala em “agilizar” a actuação policial, os cidadãos têm razões para ficar inquietos. De facto, tal “agi-lização” traduz-se, por regra, na limitação drástica de direitos fundamentais e na atribuição de carta branca às polícias para todos os abusos.”Manuel António Pina

Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima de miste-riosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colo-nialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e baju-lador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. Miguel Esteves Cardoso

Ser liberal, que era em tempos de esquerda, é hoje de direita, ainda por cima uma direita ultraliberal, que é a quem devemos este lindo serviço. E quem se lixa é o mexilhão. No fundo, talvez a grande lição (anarquia à parte) venha dos belgas, que não têm Governo. António Tavares Teles

“É preciso pensar a economia como um lu-gar onde se constrói a vida em conjunto. Elena Lasidaprofessora na Universidade Católica de Paris

O grande problema que paira sobre o decisivo Conselho Europeu, não é a ausência de bondade das propostas do par dirigente. O problema é a sua total falta de inteligência.Nada de mais mortífero do que a mediocridade atrevida ao volante da política. Viriato Soromenho Marques

Diz-se que manter uma ditadura é mais difícil na era da In-ternet. Mas tudo tem o reverso da medalha. Se é verdade que a liberdade de expressão nunca teve tão poderoso in-strumento nas mãos, as tentações securitárias também não. Daniel Oliveira

16 | GAZETA XXI sexta-feira 16 | DEZEMBRO 2011 ÚLTIMA PÁGINA