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Gêneros jornalísticos

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Gneros jornalsticos

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ENTREVISTA

O escritor e desenhista Ziraldo fala sobre seu menino mais famoso, que vai completar 25 anos

O pai maluquinho

GABRIELA ROMEUENVIADA ESPECIAL AO RIO

Ele tem fogo no rabo, vento nos ps, macaquinhos no sto -e vai completar 25 anos. o Menino Maluquinho, personagem criado em 1980 pelo escritor Ziraldo, dono da teoria de que criana feliz s pode virar um adulto legal. Vrias geraes cresceram com as peripcias do Maluquinho, que j foi para o cinema, o teatro, a internet e a pera. O livro vendeu 2,5 milhes de exemplares.O pai do menino sempre entusiasmado com as aventuras do Maluquinho. " fantstico ler o Menino em catalo, quer ouvir?" E l vai o escritor ler a histria na lngua da Catalunha, regio da Espanha, onde conhecida como "Cap de Pardals".Para falar de um de seus filhos mais famosos, Ziraldo, 72, recebeu a Folhinha em seu estdio, no Rio de Janeiro, trs dias antes do Natal. De bermuda e camiseta, o mineiro pediu um "bocadinho" de tempo para mudar a roupa antes de fazer a foto. Voltou vestindo a camisa e o colete que so sua marca genuna.

Folhinha - Voc foi muito influenciado por sua me ao entrar no mundo das letras, no?Ziraldo -Minha me me ensinou as letras. Eu as conhecia como pessoas vivas, mame dizia que o "a" era um sujeito de perna aberta, o "b" era um barrigudinho, o "c" era um comilo, o "d" era um panudo, o "x" era um "h" de cinturinha apertada. Aprender a ler a maior aventura da criana.Folhinha - Voc era um menino de zero de comportamento como o Menino Maluquinho?Ziraldo -No, eu era muito agitado. Sempre fui um menino fazedor de coisas. O tempo que voc gasta sonhando o mesmo que gasta fazendo.

Folhinha - Voc usa sempre a palavra menino. At hoje, em Minas Gerais, criana chamada de menino, no?Ziraldo -Isso. Meu av tinha nove filhas e um filho. Ele dizia: "Os menino l de casa tudo mui, s tem um homem". E falava menino homem e menino mulher. Eu acho a palavra menino deslumbrante.Folhinha - E agora o Menino Maluquinho faz 25 anos...Ziraldo -, faz 25 anos em agosto. Esse livro me ocorreu quando fazia uma palestra para pais e mestres e falava de criar filhos. Eu tinha a tese de que filho no devia ser chateado, filho o rei da casa e tem que ser feliz, pois s um menino feliz pode virar um cara legal. A idia ficou na cabea e fiz "O Menino Maluquinho".Folhinha - Quando voc desenhou o Maluquinho pela primeira vez, ele j tinha aquela cara?Ziraldo -Sim. Eu s sei desenhar menino assim, com essa cara redonda. Queria um livro interativo, em que a criana pudesse brincar, completar o desenho, pintar. Tem uma coisa engraada, ele no tem panela na cabea dentro do livro. Ela surgiu na hora de desenhar a capa, pois maluco Napoleo, ento desenhei um Napoleozinho com a panela na cabea.

Folhinha - A criana dos anos 80 a mesma criana de hoje?Ziraldo -Claro que . A criana est mais presa, mas tem o mundo na mo. No tenho isso de "bom no meu tempo". Meus netos tm uma vida mais fantstica do que a que tive. O Vicente, meu neto, d notcia de todos os dinossauros. A Alice [outra neta" tem quase 200 livros de "Alice no Pas das Maravilhas", pois trago uma Alice sempre que viajo. Infncia boa a que se vive intensamente.Folhinha - Quais sero as comemoraes do Maluquinho?Ziraldo -A pera do Menino Maluquinho vai percorrer o Brasil neste ano. A TVE vai exibir uma srie do Menino Maluquinho. Vou fazer um livro com o Pedro Bandeira, outro com a Ruth Rocha e outro com a Ana Maria Machado. E tem os gibis.Folhinha - E seus prximos livros?Ziraldo -Tenho uns livros bolados. Tem "O ltimo Menino", que eu no quero publicar com esse ttulo, "O Menino das Cavernas" e "Os Meninos de Marte", que acho que o que eu vou fazer. Vou fazer uma turminha de nove meninos, o menino de Marte, o de Vnus, o de Mercrio...Folhinha - Os meninos o perseguem.Ziraldo -, meu tema menino.

CRNICAA crnica um gnero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos o deus grego do tempo), narra fatos histricos em ordem cronolgica, ou trata de temas da atualidade.

Publicada em jornal ou revista onde publicada, destina-se leitura diria ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos.A crnica se diferencia no jornal por no buscar exatido da informao. Diferente da notcia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crnica os analisa, d-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situao comum, vista por outro ngulo, singular.

O leitor pressuposto da crnica urbano e, em princpio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupao com esse leitor que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista d maior ateno aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Vizinho, (Rubem Braga)

Quem fala aqui o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua prpria visita pessoal devia ser meia-noite e a sua veemente reclamao verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razo. O regulamento do prdio explcito e, se no o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polcia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e impossvel repousar no 903 quando h vozes, passos e msicas no 1003. Ou melhor; impossvel ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como no sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois nmeros, dois nmeros empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlntico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 que o senhor. Todos esses nmeros so comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlntico fazemos algum rudo e funcionamos fora dos horrios civis; ns dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da mar, dos ventos e da lua.

Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier minha casa (perdo: ao meu nmero) ser convidado a se retirar s 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 s 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levar ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, est toda numerada: e reconheo que ela s pode ser tolervel quando um nmero no incomoda outro nmero, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peo-lhe desculpas e prometo silncio.[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse porta do outro e dissesse: Vizinho, so trs horas da manh e ouvi msica em tua casa. Aqui estou. E o outro respondesse: Entra vizinho e come do meu po e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida curta e a lua bela.E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canes para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmrio da brisa nas rvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.