23 de junho de 2014 I poca I 85
o Brasil ainda no ganhou aCopa.Mas tudo bem, esse nun-ca foi o
real objetivo da disputa.O importante no campeonato desco-brir
novas culturas e experincias. Pelomenos o que pensam as crianas
querepresentaram o Brasil na Copa CruyffCourt, um mundial para
jovens comat 13 anos, vindos da periferia de seispases, entre eles
Dinamarca, Espanhae Malsia. Depois de verses nacionaise at
continentais, pela primeira vez acompetio envolveu vrios pases
domundo, em Amsterd, na Holanda.
Jogar longe de casa timo para ospequenos atletas. Renan Messias
tem12 anos, vive na periferia de So Pauloe um dos 15 jovens que
representaramo Brasil. Apesar de morar h menos de20 quilmetros do
aeroportointernacional de Guarulhos,nunca andara de avio. Ahistria
mudou no ltimodia 5 de junho, quando pas-sou direto para a rea de
em-barque internacional. Foi aprimeira vez que entrei noaeroporto,
diz Renan. NaHolanda, alm de participardo torneio, Renan visitou
ofamoso centro de cinciasde Amsterd, o Nemo, e foia uma partida de
futebol.Uma das coisas mais legaisfoi o museu. Tinha
vriosbrinquedos, um deles davachoque quando mais de umapessoa
colocava a mo. Foi muito di-vertido. Participar do projeto no
selimita ao futebol em si. Renan apren-deu a se expressar um pouco
mais emseu dia a dia. Antes era muito difcil,ele no falava com
ningum. Para fa-zer trabalho na escola, era complicado,porque
tmido. Hoje, ele mais solto,mais interessado, afirma Adriana
Fer-reira, me de Renan.
O projeto Cruyff Court umainiciativa internacional que
constricampos de futebol society para me-lhorar a situao social em
reas es-palhadas pelo mundo. Atualmente h185 campinhos em 17 pases.
A aofaz parte da Cruyff Foundation, or-ganizada pelo ex-jogador
holandsJohan Cruyff, para ajudar jovens a ter
um melhor estado emocional, fsico eintelectual por meio do
esporte.
Em 2010, o projeto chegou ao Brasile se fixou na periferia
paulistana dobairro ErmelinoMatarazzo. O respon-svel pela vinda do
programa foi o Ins-tituto Plataforma Brasil. Atualmente,300 crianas
brasileiras so atendidaspelo projeto, sem contar a populaolocal,
que pode usar a quadra von-tade. Os alunos recebem uniformese
alimentao, mas para isso devemseguir algumas regras, como
respeitaros professores e colegas, alm de teruma presena assdua.
Por mais sim-ples que parea, a ao tem resultados.Conseguimos ver
uma mudana nocomportamento, afirma a holandesaJoelke Offringa,
presidente do Pla-
taforma Brasil. O desafio dar uma aula de futebolcom noes de
cidadania,diz Renato dos Santos, coor-denador do projeto.
A verso brasileira se des-taca por ser a nica do mun-do com uma
programaoeducacional para os jovens,com aulas que vo de
segun-da-feira a sexta-feira, das 8da manh s 5 da tarde. Agente faz
isso no Brasil por-que acha que no faz sentidoter s o futebol.
preciso terum programa educativo jun-to, afirma Joelke.
A viagem para a Holandarepresenta o primeiro passo da expan-so
da Cruyff Court no Brasil. Maisum grupo de jovens participantes
doprojeto ir para a Holanda em outu-bro. Fazendo parte de outro
projeto,o Cruyff Comunity Group, 15 jovenspassaro dez dias na
Holanda, a fimde finalizar o ciclo iniciado em abril,quando
holandeses ficaram na comu-nidade de Ermelino, em So Paulo.
Umsegundo gramado est em construono Brasil, em Salvador, com
previsode entrega ainda neste ano. O sucessodo projeto se deve a
usar repetidamen-te a mesma arma: uma bola. No temcoisa mais
popular que o futebol. Sevoc usa isso para o bem, para mudara vida
dos jovens, voc tem algo muitopoderoso, diz Joelke. u
Felipe Germano
auladebolao garoto renan
Messias na quadrade ermelino
Matarazzo, emsoPaulo. o futebol olevou Holanda
Foto: Rogrio Cassimiro/POCA
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