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7/23/2019 Gentil Lopes - o Deus Quântico
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O DEUS QUANTICO
(um Deus pra homem nenhum botar defeito,
mesmo que esse homem seja um ateu)
Gentil, o iconoclasta
1a edicao
Boa Vista-RREdicao do autor
2014
7/23/2019 Gentil Lopes - o Deus Quântico
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Copyright c 2014 Gentil Lopes da Silva
Todos os direitos reservados ao autor
Para adquirir este livro impresso:
Site do autor → www.profgentil.com
email → [email protected]
Editoracao eletronica e Diagramacao:
Gentil Lopes da Silva
Capa: Gentil Lopes da Silva
Ficha Catalografica
S586d Silva, Gentil Lopes da
O Deus Quantico: um Deus pra homem nenhum botardefeito, mesmo que esse homem seja um ateu. /
Gentil Lopes da Silva.--
Manaus : Grafisa Grafica e Editora, 2014.
x, 235 p. il. 16x23 cm[Pseudonimo: Gentil, o iconoclasta.]
ISBN 978-85-99122-40-21. Literatura. 2. Cosmovis~ao de crencas.
3. Gentil, o iconoclasta.
I. Tıtulo.CDU:273
(Ficha catalografica elaborada por Bibliotecaria Zina Pinheiro CRB 11/611)
As duas pinturas nas extremidades do rodape da capa sao do artistaperuano Pablo Amaringo (1943-2009). Amaringo retrata em suas pinturas
as viagens cosmicas, os processos de cura, a fauna e flora amazonicas e ocotidiano dos rituais de consagracao da Ayahuasca. (p. 33)
Boa Vista-RR/27.08.2014
Boa Vista-RR/31.07.2015/Ebook
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Prefacio
A luz e o som nao existem por si mesmos, para existirem necessitam doolho e do ouvido humanos. O sol nao brilha, nao emite luz. Emite ondaseletromagneticas que ao interagirem com o olho humano produzem a luz.
Pergunto ao leitor: um torrao de acucar e doce “sem a minha presenca”?Esta e uma analogia pela qual afirmamos que Deus nao existe; assim
como a luz, Ele surge da interacao de “Algo” com a mente humana − este“Algo” e o que denominamos de Absoluto neste livro. Em resumo:
Ondas eletromagneticas + olho = Luz
Absoluto + mente humana = Deus
O olho produz a luz,a mente produz Deus.
Assim explicamos as centenas − possivelmente milhares − de Deusesentre os mais diversos povos do Planeta.
Sendo estes Deuses produtos do ego humano, eles passam a ter as “cores”(atributos) que o ego lhes conferem, de acordo com a cultura, necessidades easpiracoes de cada povo − a proposito, existe uma tribo africana cujo Deuse um crocodilo.
Com efeito, o homem necessita ser amado, entao Deus deve amar; ohomem necessita de protecao, entao Deus deve ser um socorro nas adver-sidades; o homem julga e condena seus inimigos, entao ele apela para a“justica divina”, etc. Existe uma experiencia na fısica na qual um prisma
ao receber a Luz branca a decompoe em um espectro de frequencias, “assete cores do arco-ıris ” , em nossa analogia (veja como surgem os Deuses):
S o
l
S o
l
(mente)(ego)
D e u s
Ala (Islamismo)Jave (Cristianismo)
Deus-Parens (Tenrikyo)
Tao (Taoismo)
Vishnu (vishnuismo)Shiva (shivaısmo)
Ahura Mazda (mazdeısmo)
“Luz Branca”
Absoluto + Homem = DeusNeste livro estamos propondo o Deus “antes do prisma”, isto e um Deus
antes de ser “contaminado” pelo ego humano − sem as cores que o egolhe confere. Este e o que denominamos de Deus quantico, “Um Deus prahomem nenhum botar defeito, mesmo que esse homem seja um ateu!”.
Gentil, o iconoclasta
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Os tres luminares a seguir ser~ao citados em nossa obra.
− Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 — 1900) foi um filologo e influentefilosofo alemao do seculo XIX.
Nasceu numa famılia luterana em 1844, filho de Karl Ludwig, seus doisavos eram pastores protestantes; o proprio Nietzsche pensou em seguir acarreira de pastor. Entretanto, Nietzsche rejeita a “fe” ainda durante suaadolescencia, e os seus estudos de filosofia contribuiram para que ele desis-tisse da carreira teologica.
Em Para alem do bem e do mal , de 1886, denuncia que “a crenca da ver-dade percorreu o mundo moderno, que se denomina senhor dessa verdade ”,nao haviam entendido que Deus e o diabo eram uma coisa so.
− Osho (1931 — 1990). Osho nasceu na India em 1931 com o nome de
Chandra Mohan Jain, mas na maioridade se chamou Acharya Rajneesh.Durante os anos 70 e 80 ele foi chamado de Bhagwan Shree Rajneesh e umano antes de morrer ele comecou a ser chamado de Osho.
Foi um mıstico e graduado em Filosofia na Universidade de Sagar.Na epoca de estudante foi campeao nacional de debates na India.Desde cedo foi um espırito rebelde e independente, desafiando os dogmas
religiosos, sociais e polıticos, e insistindo em buscar a verdade por si mesmo.Aos 21 anos de idade, no dia 21 de marco de 1953, Osho tornou-se ilu-
minado. Com sua iluminacao, ele disse que sua biografia externa terminara.Nessa oportunidade comentou: “Nao estou mais buscando, procurando por
alguma coisa. A existencia abriu todas as suas portas para mim”.Segundo Osho, todo o planeta (com raras excecoes) esta doente. Mas euma doenca autoimposta. Liberdade e o fundamento de um homem auto-realizado e digno.
Osho faleceu em 19 de janeiro de 1990. Algumas semanas antes dessadata, foi-lhe perguntado o que aconteceria com seu trabalho quando elepartisse. Ele disse: “Minha confianca na existencia e absoluta. Se houveralguma verdade naquilo que estou dizendo, isso ira sobreviver. . . As pessoasque permanecerem interessadas em meu trabalho irao simplesmente carregara tocha, mas sem impor nada a ninguem. . . ”
− Bertrand Arthur William Russell (1872 — 1970), nascido no Paıs de
Gales foi um dos mais proeminentes matematicos, filosofos e logicos queviveram no seculo XX.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanit´ arios e pela liberdade do pensamento”.
Russell estudou Filosofia na Universidade de Cambridge, tendo inicia-do os estudos em 1890. Tornou-se membro do Trinity College em 1908.Pacifista, recusou alistar-se durante a Primeira Guerra Mundial, perdeu acatedra do Trinity College e esteve preso durante seis meses. Nesse perıodo,escreveu sua magnıfica obra “Introduc˜ ao a Filosofia da Matem´ atica ”.
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Sumario
1 Porque as religioes tem o incrıvel poder de cegar as pessoas,
mesmo as mais cultas e inteligentes 71.1 Astucia e um dos atributos divinos? . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.1 Salvacao: a grande astucia pregada pelas religioes . . 13
1.1.2 Pecado: uma outra trampa pregada pelas religioes . . 16
1.1.3 A Bıblia e mais uma das teias engendradas pela religiao 17
1.1.4 Astutos ate a santidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.5 O feromonio mais potente: Jesus . . . . . . . . . . . . 22
1.2 Religiao e demonismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3 Nao e possıvel que isso aı seja Deus! . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.1 O Deus da Tenrikyo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4 Uma nova proposta para o que seja Deus . . . . . . . . . . . 301.4.1 A equacao divina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.5 Ateus × Iluminados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
1.6 Jesus e o teorema de Nagarjuna . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
• Apendice: Vazio & Absoluto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2 A REALIDADE E UMA TELA EM BRANCO 67
2.1 Deletando o ego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
2.1.1 Verdades nao triviais, e ate contraditorias . . . . . . . 80
2.1.2 Teologia quantica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
2.1.3 Paradoxos na Teologia Quantica . . . . . . . . . . . . 89
2.1.4 A questao classica: existe vida apos a morte? . . . . . 94
2.2 O Universo e essencialmente humano . . . . . . . . . . . . . . 102
3 DEUS E O DIABO SAO UM SO 117
3.1 Um desafio aos doutores teologos . . . . . . . . . . . . . . . . 118
3.2 Inspiracao/Mediunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.3 Eles estao no meio de nos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
3.4 Semideuses: criando universos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
3.5 Como se refugiar no Nada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
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4 Porque as religioes tem o incrıvel poder de cegar ate mesmo
os genios 1394.1 Leibniz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 404.2 Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1454.3 Santo Agostinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1514.4 Os coletores do Deus-Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160• Adendo: “. . . mesmo que esse homem seja um ateu.” . . . . . . . 162• Apendice: Dimensoes Escondidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5 VIDA APOS A MORTE 1755.1 A morte e mais uma criacao da mente humana . . . . . . . . 1765.2 Navegar e preciso, morrer nao e preciso . . . . . . . . . . . . 184
∗ ∗ ∗
No lugar da verdade ou da realidade, temos unicamente o limitado discurso humano, os sistemas de crenca e os atos de interpretac˜ ao que cada um de n´ os faz na pris˜ ao da linguagem ou da cultura. Desafiar essas pretensas “verdades”, desconstruir as suposic˜ oes nas quais elas se ap´ oiam, e a tarefa da nossa epoca.
(Danah Zohar, fısica e filosofa/[8], p. 172)
Desafiar essas pretensas “verdades”, desconstruir as suposicoesnas quais elas se apoiam, e a tarefa da nossa epoca.
“Costuma-se dizer que, quando alguem busca um tesouro que por qualquer motivo n˜ ao est´ a destinadoa ele, o ouro e as pedras preciosas se convertem diante de seus olhos em carv˜ ao e pedras vulgares.”
(Rene Guenon)
(O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos)
Nota: Este livro (“O Deus Quantico”) e um tesouro que, aos olhos demuitos, a miopia (ou o ego) convertera em carvao e pedra vulgar.
De inıcio esclareco ao leitor deste livro que nao sou ateu, ape-nas nao enxergo Deus com os mesmos olhos das religioes infantis.
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Capıtulo 1
Porque as religioes tem o
incrıvel poder de cegar aspessoas, mesmo as maiscultas e inteligentes
Introducao:
A motivacao (start) para eu redigir o presente capıtulo, e na sequencia
este livro, foi um programa de televisao que assisti de uma igreja evangelica(novotempo.com) que versava sobre as proezas realizadas por um simplesinseto como a aranha; como, por exemplo:
Os fios de proteına, que formam a teia
de aranha, sao cinco vezes mais fortes que
fios de aco do mesmo diametro. Eles podem
esticar ate quatro vezes o seu comprimento
sem se partir.
Apesar de ser invisıvel a olho nu, o fio
produzido pelas aranhas e tao forte que con-
segue parar um besouro voando em alta velocidade. De acordo com especialistas,se a teia tivesse a espessura de um lapis seria capaz de parar um Boeing 747 em
pleno voo, etc.
Nenhum engenheiro humano, nao obstante as tentativas, e capaz de rea-lizar os feitos de uma minuscula aranha, argumentam eles.
Claro, o objetivo de tais argumentos e provar que “Deus e o maximo”,e, num segundo momento, amealhar ovelhas para o redil.
Ao termino deste capıtulo teremos provado que as religi˜ oes tem o incrıvel poder de cegar as pessoas, mesmo as mais cultas e inteligentes , porque seutilizam de astucias e sofismas (embustes, engodos, trampas).
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Alguns comentarios
E de fato as igrejas atingem seus objetivos atraves destes artifıcios,vejamos alguns comentarios que encontrei na internet:
− Bom Dia
E muito interessante compreender um pouco sobre um aracnıdio pois,vemos quao grande e o nosso Deus e sua complexidade na criacao de umacriatura como esta. E o mais belo e saber que tudo que foi criado faz partede um todo e tudo o que foi criado possui uma funcao importante na cadeiaalimentar.
− Que incrıvel a perfeicao dessa arte de Deus. E nas pequenas criaturastambem que o nome de Deus e Glorificado. Amem!
− A natureza divina e tudo. Como nao glorificar o nome de Deus? Amem!
− Saber da perfeicao da natureza sempre me fascina, porque o Criador delae Perfeito e isso me ajuda a viver dependendo dEle. Muito obrigada pelanotıcia da teia de aranha. Se Deus fez algo, que para cada um de nos parecetao insignificante, com tantos niveis de detalhes e perfeicao imagine o queEle nao fara por cada um de nos que a Biblia menciona que somos a meninados seus olhos (Zacarias 2:8)
− Muito interessante.Vislumbrarmos o poder criador de nosso Deus reveladoatraves de um ser vivo tao pequeno como a aranha. Apesar de seu pequenotamanho ela e notada por causar uma grande intervencao no meio ambiente.
Imagina o que Deus quer para nossas vidas!Ate aqui tudo bem, todavia nao esqueca que um dos nossos objetivos
neste capıtulo e mostrar “Porque as religi˜ oes tem o incrıvel poder de cegar as pessoas, mesmo as mais cultas e inteligentes ”.
Imagine aquelas que nao se enquadram em nenhuma destas categorias.
Pois bem, o vıdeo (programa) ainda tenta mostrar o poder e inteligenciade Deus atraves do seguinte enredo:
Uma certa mariposa (borboleta) produz um
feromonio que e capaz de atrair um macho que se
encontre possivelmente a quilomentros de distancia
− para efeitos de acasalamento e reproducao.O mais incrıvel e que a aranha consegue simu-
lar (produzir) o mesmo feromonio da mariposa e
com isto atrai machos da especie que caem na ar-
madilha (teia) preparada pela aranha.
O vıdeo mostra a complexa formula quımica do feromonio e a dificul-dade que um cientista teria de reproduzı-lo em laboratorio. Segundo osidealizadores tudo isto prova que Deus existe ou que “Deus e o maximo”!
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1.1 Astucia e um dos atributos divinos?
Tudo bem, suponhamos, para efeitos de argumentacao, que Deus real-mente seja o maximo, como as igrejas afirmam. Faco-lhes duas perguntas:
1a ) Nao seria difıcil enumerarmos em nosso pequeno planeta Terra pelo aomenos uma centena de Deuses; apenas a tıtulo de exemplo, numa ligeirapesquisa me deparei com os seguintes:
Deus
Bahai
Hinduısmo
Gnosticismo
Jainismo
Confucionismo
Sufismo
Taoısmo
Xintoısmo
Tenrikyo
Judaısmo
Islamismo
Cristianismo
Zoroastrismo...
Os cristaos conseguiriam me provar que este Deus que se manifesta naNatureza corresponde exatamente ao Deus cristao e nao a um outro?
Ou ainda: seriam capazes de me provar que o Deus da Natureza coincide
com o Deus que foi construido (engendrado) em suas cabecinhas?Por oportuno, tenho visto alguns vıdeos na internet nos quais cientistas
teıstas arrolam uma serie de argumentos a favor da existencia de Deus;cientistas ateus arrolam tantos outros argumentos contra. Estes debatessempre sao, e serao, inconclusivos; alguns, nao raro, enfadonhos.
Gostaria apenas de deixar uma p ergunta a um destes cientistas teıstas,como, por exemplo, William Lane Craig : Vamos admitir, por um momento,que seus argumentos sao convincentes e que sao suficientes para provar queDeus existe. Muito bem, agora, conseguiria o senhor me provar que esteDeus criador do Universo coincide com o Deus que esta na sua cabeca?
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Assim como se programa um computador se programa um ser humano,
esta e, precisamente, a especialidade das religioes.Observa, se − quando eras crianca − instalaram no teu hardware (cerebro)
um “Software mulcumano” entao vais ver Deus conforme o Alcorao diz oque e Deus.
Se − quando eras crianca − instalaram no teu hardware (cerebro) um“Software hindu” entao vais ver Deus conforme os Vedas dizem o que eDeus.
...
Mulcumano: Deus ⇔ AlcoraoCristao: Deus ⇔ Bıblia
Hindu: Deus ⇔ Vedas
Tenrikyo: Deus ⇔ OfudessakiT.A.: Deus ⇔ Crocodilo
H. Krishna: Deus ⇔ Bhagavad GitaKardecismo: Deus ⇔ Obras Basicas
(Espiritismo)
Se − quando eras crianca − instalaram no teu hardware (cerebro) um“Software cristao” entao vais ver Deus conforme a Bıblia diz o que e Deus.Etc. Existe uma tribo africana cujo Deus e um crocodilo.
2a ) Se Deus inspirou uma pequena aranha a fabricar uma teia “ cinco vezes mais fortes que fios de aco do mesmo diˆ ametro” e, ademais, “se a teia tivesse a espessura de um l´ apis seria capaz de parar um Boeing 747 em pleno vˆ oo”; pergunto: foi este mesmo Deus que inspirou a pequena aranhaa ser trapaceira ao simular o feromonio da mariposa para capturar o machoda especie?
Ou sera que foi o demonio que inspirou a astucia entreos animais da Natureza? A proposito, nota-se que o embusteencontra-se disseminado por toda a Natureza nao apenas entreos animais (incluindo o homem) como ate mesmo no reinovegetal. Existe uma planta carnıvora que simula o odor de
carne putrefata para atrair moscas a uma armadilha.
Veja bem, por favor me entenda, nao estou discutindo a moralidade dasituacao, o que e certo ou errado, o vies aqui e outro. O que estou ressaltandoe isto: Se estes animais provam que o criador e inteligente, estesmesmos animais provam que o criador e o rei da astucia.
A bem da verdade devo confessar que vejo pelo ao menos uma identi-dade, um denominador comum, entre o Deus que se manifesta na Naturezae o Deus das religioes: a trapaca, a astucia, o engodo!
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Com efeito, se a astucia e uma das artes disseminadas na Natureza, de
minha parte concluo que e desta mesma arte que as religioes lancam maopara amealhar simplorias ovelhas.
Se “devemos glorificar todas as obras de Deus ”, nao esqueca que nestasestao incluidas as do genero presa-predador:
Segundo os religiosos Deus ensinou a astucia a cada um destes animaisa fim de fisgarem as respectivas presas.
Sabedoria e loucura s˜ ao qualidades baseadas em nosso julgamento. O mundo n˜ ao est´ a cheio de mil coisas que nos parecem loucas? As pessoas,em func˜ ao das quais adoramos pensar que o mundo tenha sido criado,n˜ ao s˜ ao freq¨ uentemente insensatas e irracionais? Os maravilhosos ani-mais, exaltados como obras de um Deus imut´ avel, n˜ ao se alteram con-tinuamente e n˜ ao terminam por destruir-se? (Paolo Rossi)
− Corpos mutilados e empilhados em terremoto no Haiti (12.01.2010)
O mundo, segundo nos dizem, foi criado por um Deus n˜ ao s´ o bom, comoonipotente. Antes de ele haver criado o mundo, previu toda dor e toda
miseria que o mesmo iria conter. ´ E ele, pois, respons´ avel por tudo isso.
´ E in´ util argumentar-se que o sofrimento, no mundo, e devido ao pecado.
Em primeiro lugar, isso n˜ ao e verdade: n˜ ao e o pecado que faz com que os rios transbordem ou que os vulc˜ oes entrem em erupc˜ ao. Mas, mesmoque fosse verdade, isso n˜ ao faria diferenca. Se eu fosse gerar uma crianca sabendo que essa crianca iria ser um homicida manıaco, eu seria respons´ avel pelos seus crimes. Se Deus sabia de antem˜ ao os pecados de que cada homem seria culpado, Ele foi claramente respons´ avel por todas as conseq¨ uencias de tais pecados, ao resolver criar o homem .
(Bertrand Russel/Porque Nao Sou Cristao)
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Ilusoes de otica/Ilusoes de cognicao
Nao estou aqui desconhecendo ou desmerecendo as incrıveis obras deengenharia que podemos encontrar na Natureza, apenas estou chamando aatencao para um outro vies; vejamos uma analogia para que eu me facamelhor entender, observe a seguinte ilusao de otica:
Na figura da esquerda se olharmos de uma certa perspectiva veremos umabela jovem e de uma outra perspectiva veremos uma velha bruxa.
Pois bem, esta especie de dualidade se estende a toda a Natureza, digo:“E a consciencia do observador que escolhe o que quer ver: se obelo ou o feio”.
Claro, poderia-se argumentar: o programa de televisao acima aludidoescolheu ver o belo, qual o problema?
Respondo: Focar somente naquilo que interessa para ampliar o redil eastucia para cooptar simplorias ovelhas.
As religioes sao especialistas em escamotear o que nao interessa aos seusfins − e ate a mentir se necessario.
Reitero: a Natureza nos mostra com sobejos exemplos que um animalou uma planta sao capazes de engendrar uma mentira para capturar suaspresas. A questao e: o leitor por acaso acha que estes artifıcios − com estesobjetivos − se restringem apenas ao mundo animal ou vegetal?
A minha tese e a de que se “Deus inspira” uma aranha ou uma plantacom este proposito nao ha razao para que ele nao inspire um padre ou umpastor com o mesmo proposito, ou seja, fisgar simplorias ovelhas.
Ampliando a questao, uma das leis da Natureza e o instinto de sobre-vivencia seja do indivıduo (ego) ou seja da instiuticao (igrejas, partidos,etc.), e para isto a Natureza “nao mede esforcos”, mesmo que para istotenha que mentir, usar de artifıcios; e por isto que, depois da polıtica, edentro das religioes que vamos encontrar uma maior quantidade de astutos,de velhacos. Refiro-me aos lıderes, as ovelhas coitadas, nao tem raciocıniosuficiente − e precisamente por isto que sao ovelhas.
Ou sao velhacos ou sao cegos − ilusoes cognitivas − por nao enxergaremque a “verdade” reduz-se a um mera questao de perspectiva.
“Ha − como diz Stirner − duas verdades: a minha e a tua, meu irmao.”
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1.1.1 Salvacao: a grande astucia pregada pelas religioes
Dentro do contexto em que estamos argumentando − “preservacao daespecie” (instituicao, grupo) − a salvacao e a maior das trampas de que seutilizam as religioes.
De uma vez por todas denuncio a estrategia das religioes: Elas primeirote adoecem para depois te venderem o remedio.
Pecado original, justica divina, inferno, ira divina, salvacao, temei aDeus, etc., estas sao algumas das doencas de origem religiosa. Mais uma vez:
ast´ ucias (trampas) objetivando a sobrevivencia tanto de padres e pastoresquanto da instituicao religiosa em si.
Apenas para situar o leitor, assisti pela televisao, num canal evangelico,as atividades dos crentes na Mongolia. A religiao predominante neste paısde cerca de 3 milhoes de habitantes e o budismo; agora veja voce: no bu-dismo nao existe o tal de “pecado orignal”, nao existem “pecadores”, naoexiste um Deus “justiceiro” a quem temer, nao existe salvacao, nao existe oinferno para queimar os “infieis”, etc. Ora, o que os cristaos terao que fazerpara conquista-los? Obviamente que primeiramente adoece-los para depoisvender o “remedio”: O sangue de Jesus !
Quem disse que apenas os vampiros sobrevivem do sangue alheio?.
Se um medico chega em uma cidade onde todos os seus habitantesestaos sadios, o medico ficara desempregado . . . a menos que primeiro adoecaas pessoas. Esta e a astucia das religioes.
Sugiro uma experiencia. Suponhamos que o leitor esteja sadio, tantofısica quanto espiritualmente. Pois bem, faca uma consulta com um macum-beiro. Ora, pelo fato de este ser o seu meio de sobrevivencia dificilmente oleitor ouvira: voce esta sadio, levante-se e va embora. Nao, o mais provavele que ele crie uma meia duzia de doencas para voce, desde mau olhado ateosso de galinha enterrado no teu quintal.
Com as religioes − padres e pastores − nao e muito diferente.O macumbeiro te receitara um “banho de ervas”, o padre e o pastor te
receitara “o sangue de Jesus”, em ambos os casos o objetivo e o mesmo:tomar teu dinheiro!
Claro, reconheco que nem todos os doentes se devem a manipulacoes
macabras por parte da igreja, refiro-me todavia, aos inumeros saos que aigreja tornou doentes; possivelmente o proprio leitor ha de se recordar dealgum caso, por exemplo o de alguem sao que se tornou um fanatico:
O cristianismo viciou ate mesmo a raz˜ ao das naturezas mais fortes noespırito, ensinando a classificar os valores mais elevados da intelectua-lidade como pecaminosos, como enganosos, como tentac˜ oes. O exemplomais lament´ avel: o corrompimento de Pascal, o qual acreditava na cor-rupc˜ ao de sua raz˜ ao pelo pecado original, quando na realidade n˜ ao estava corrompida sen˜ ao por seu cristianismo! (Nietzsche/O Anticristo)
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7/23/2019 Gentil Lopes - o Deus Quântico
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Reitero, caro leitor, se Deus e capaz de inspirar uma simples aranha para
capturar uma presa porque nao inspiraria um ser humano a aprisionar outro?
- Armadilha inspirada por Deus - Toda religiao e uma prisao
S a l v a c a o ? !
De todas as trampas (trapacas) diabolicamente arquitetadas pelas re-ligioes, esta − a necessidade da salvacao −, e a que mais tem aprisionadoseres humanos, mesmo os “mais cultos e inteligentes”, a exemplo de Pascal,citado anteriormente. Ora, se genios da estirpe de Pascal, Newton, Galileu,etc., cairam vıtimas de tao diabolica trampa, o que dizer de outros pobresmortais? Eu me pergunto estupefato!: como, homens reconhecidamentecultos e inteligentes, nao se deram conta − “pelas luzes da raz˜ ao” − de taosordida e irracional maquinacao?!
Caro leitor, reflita sobre a seguinte iluminada parabola Zen budista:
Discıpulo: Qual e o caminho para a libertac˜ ao?
Mestre: Quem est´ a te acorrentando?
Discıpulo: Ninguem est a me acorrentando.
Mestre: Ent˜ ao, por que queres ser libertado?
Adaptando essa iluminada parabola para o nosso contexto cristao, temos:
Discıpulo: Qual e o caminho para a salvac˜ ao?
Mestre: Quem te disse que est´ as condenado?
Discıpulo: Os padres, os pastores, as igrejas.
Mestre: Ent˜ ao, te livra dos padres dos pastores e das igrejas.
Em resumo: Todo ser humano precisa se salvar . . . dos padres, dos pas-tores, das religioes, e so isto!
No proximo capıtulo (p. 94) estaremos voltando ao tema da “salvacao”,conexo ao tema da vida ap´ os a morte .
Os crentes me dizem: tu tens que aceitar Jesus para ser salvo.
Respondo: salvo de que? quem me condenou? sob que pretexto?
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“Veja que a falacia (astucia, trampa) da salvacao se origina do en-
tendimento (interpretacao) que os cristaos tem do que seja Deus.”Eles dizem: Deus te deu o livre-arbıtrio, tu pecou e agora precisas ser
salvo!Respondo: Eu simplesmente fui arrastado para a existencia, nao fui
consultado quanto a isto . . . de que livre-arbıtrio estas falando?
Se Deus e onipotente e onisciente, “designer inteligente”, entao a respon-sabilidade de ter criado o mundo e Dele, como ele iria condenar sua propriaobra? ...nao entendo!?
´ E por falta de inteligencia
que escutamos os sacerdotes,que acreditamos em suas ficc˜ oes.
(Osho)
Um argumento que ja ouvi inclusive de certos autores − que tenta justi-ficar o sofrimento no mundo − e que Deus e amor, e por isto dotou o homemde livre-arbıtrio; Deus nao quis criar robos mais seres humanos livres.
A mim, tais argumentos nao convencem, me parecem sem sentido.Se assim e, entao nao considero isto como um ato de amor de Deus, mas
como, antes de tudo, uma mega irresponsabilidade de Deus.
Pelo ao menos assim seria considerado um homem que conferisse total“livre-arbıtrio” a seus filhos menor de idade − sem um nıvel apropriado deconsciencia.
Imagine um pai que deixa 10 filhos pequenos dentro de uma casa e diz-lhes: meus filhos vou me ausentar, deixo-lhes o livre-arbıtrio, o que significaque voces podem fazer o que bem entenderem. Ademais, vou preparar uminferno para aqueles de voces que nao procederem bem.
Hitler, utilizando do livre-arbıtrio que lhe foi dado por Deus, exterminouonze milhoes de seres humanos, inclusive criancas − queimadas vivas emcrematorios.
A “Igreja de Deus”, matou, torturou, queimou milhares de “bruxas”
nas fogueiras . . . tudo bem, estavam fazendo uso do livre-arbıtrio que Deuslhes deu.
Um estuprador e assassino pode − com a permissao de Deus − invadiruma casa estuprar e matar uma crianca, ao final ele tera que prestar contascom Deus . . . e a dor dos pais como fica?
No Brasil assaltantes atearam fogo em uma dentista, morreu queimada;atearam fogo em um onibus, uma crianca morreu e outras ficaram enfermas.
Reitero: No meu entendimento, um Deus que concedesse livre-arbıtrio aum doente mental perigoso − como o sao a maioria de lıderes polıticos e ban-didos − a mim nao estaria provando seu amor, mas sua irresponsabilidade.
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1.1.2 Pecado: uma outra trampa pregada pelas religioes
A classe sacerdotal foi inspirada a criar maisuma armadilha para aprisionar os coitados dosseres humanos ainda nao chegados a idade darazao: o pecado.
A falacia do pecado foi mais um dos embustesque a instituicao religiosa criou para sua propriasobrevivencia.
Por que afirmo isto? Veja, todo o conceito de pecado assenta-se na su-
posicao de que existe uma entidade superior − o que a religiao chama deDeus − julgando os atos humanos. Esta entidade superior que julga, que e“ justa” simplesmente nao existe, daı a falacia. Estaremos provando isto nocontexto da secao 2.1, capıtulo 2.
Todos os argumentos que apontam em sentido contrario tenha por certoque sao trampas criadas pelas religioes para sua propria sobrevivencia.
O que acontece e que o homem projeta seus proprios atributos naquiloque ele acredita que seja Deus. Quem julga e o homem, quem condena e ohomem; quem e justo, ou injusto, e o homem. Tudo isto, repito, cabe aohomem, nao a Deus − como estaremos mostrando oportunamente.
Convido o leitor a um momento de reflexao:
´ E preciso n˜ ao se deixar induzir em erro: “N˜ ao julgueis!”, dizem eles,mas mandam para o inferno tudo o que fica em seu caminho. Ao fazerem Deus julgar, julgam eles pr´ oprios; ao glorificarem a Deus, glorificam a si pr´ oprios. (Nietzsche)
E o homem que na sua ignorancia (cegueira), e em proveito proprio, fezde Deus uma mera projecao sua, de seus atributos − bons ou maus.
E a partir desta perspectiva que me declaro como nao tendo pecados,repito: se ha um ser humano sem pecados, este sou eu.
Certamente cometo erros, equıvocos, como qualquer outro ser humano,a diferenca e que nao permito que a igreja
− padres e pastores
− venha dar
uma interpretacao aos meu erros, dizer o que eles possam significar. Possointerpreta-los como oportunidades de crescimento, so isto!
Supondo, apenas por um momento, que o pecado exista − como apregoaa Igreja − sera que Deus iria cobrar os impostos referentes a esses pecados(dizimos) atraves de bandidos mentirosos, assassinos e torturadores? −reveja a historia pregressa da “Igreja de Deus”, observe os bandidos quemanipulam a Bıblia!
Enfatizo: se voce cai na armadilha (teia) estendida aos seus pes pelas re-ligioes e se considera um pecador, entao voce e um pecador . . . voce cometeuo pecado da burrice!
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1.1.3 A Bıblia e mais uma das teias engendradas pela religiao
Assim como Deus inspirou uma pequena aranha a ser astuciosa − fingirque e uma mariposa − da mesma forma pode ter inspirado alguns homensa terem manipulado a Bıblia em proveito proprio.
- Armadilha inspirada por Deus - Armadilha inspirada por Deus
E nisto que acredito. Que houve manipulacao na composicao da Bıblianao resta duvida, existe bastante material disponıvel a este respeito razaopor que nao vou perder tempo com isto, apenas deixo como sugestao umexcelente livro escrito por quem entende de Bıblia, veja referencia [1] no finaldeste livro.
Quando afirmo que a Bıblia e uma teia lancada aos pes dos incautosrefiro-me tambem as inumeras interpretacoes que a mesma comporta, umaverdadeira orgia de interpretacoes − basta sintonizarmos um canal em nossatelevisao para confirmar a veracidade de minhas palavras.
A proposito, deixa eu citar-lhes apenas um exemplo que comprova quedepois dos polıticos − ou antes deles, sei la!− os mais astuciosos, mentirosos,sao os religiosos. Existe um vıdeo na novotempo.com “na mira da verdade”(sao astuciosos ate na escolha dos tıtulos) que explica a “verdade” sobre oseguinte verso bıblico:
A salvac˜ ao s´ o pode ser conseguida por meio dele, Jesus, pois n˜ ao h´ a nomundo inteiro nenhum outro que Deus tenha dado aos seres humanos por meio do qual possamos ser salvos. (Atos 4:12)
Para mim este enunciado esta muito claro, nao se necessita fazer nen-huma exegese a seu respeito: A salvacao so pode dar-se por intermedio deJesus. Por sinal como ele mesmo afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade,
e a vida. Ninguem vem ao Pai, senao por mim”.Isto tem como consequencia, por exemplo, que criancas nascidas na
Africa, em condicoes sub-humanas e que nao tenham tido a oportunidadede aceitar Jesus, nao serao salvas.
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Veja o ridıculo da situacao (imbroglio): estas criancas nao pediram pra
nascer, nao foram consultadas a este respeito (onde fica o livre-arbıtrio?).Apos sofrerem mais do que muitos cachorros vira-lata quando morreremainda terao que continuar sofrendo no inferno?
Mas nao apenas elas, observe a figura da pagina 9, judeus, adeptos dafe Bahai, os hinduıstas, os budistas, os jainistas, os mulcumanos, os HareKrishna, etc., nenhum destes aceita Jesus como salvador, o que tem comoconsequencia − segundo o apostolo Paulo, Jesus e cristaos em geral − queesta multidao de povos nao sera salva, e como quem nao sera salvo ira parao inferno, este e o destino de todos eles.
Como fugir ao ridıculo desta situacao? (aberracao). Ora, se Deus foicapaz de ensinar astucia a um mero aracnıdeo com mais razao ainda sera
capaz de ensinar astucia a um pastor. O importante e “cair na rede”.Com efeito, o pastor manipula astutamente varias passagens bıblicas
para no final concluir que as criancas poderao ser salvas mesmo sem con-hecer Jesus. So nao sei quem mentiu: se o apostolo Paulo, se Jesus ou se oPastor.
A preguica e a covardia s˜ ao as causas pelas quais uma parte t˜ ao grande dos homens (. . .) compraz-se em permanecer por toda a sua vida menores; e e por isso que e t ao f´ acil a outros instituırem-se seus tutores.(Immanuel Kant)
Adendo: Vendo alguns canais − catolicos e evangelicos − tenho cons-tatado amiude como os religiosos sao “despreocupados” quanto a ser verdadeou nao o que dizem. Por exemplo, uma mentira que vem sendo repetida a20 seculos, e do conhecimento de todos, e a volta de Jesus. Eles dizem coma maior conviccao: Jesus esta chegando! Estamos no tempo do fim!
Quantas centenas, possivelmente milhares de crentes ao longo dos seculos ja nao assinalaram uma data para a volta de Jesus . . . e nada!
Inclusive uma religiao (Adventista) foi fundada na sequencia de umadestas mentiras. Eu defendo que todos tem o direito de cre em suas ficcoes,mas nao de vende-las como se verdade fossem.
De formas que quando vejo um padre ou pastor alardeando a volta imi-nente de Jesus, digo: eis aı, com altıssima probabilidade, um grandee descarado mentiroso!
Eles esquecem, porque sao despreocupadamente desonestos, languidos,que o proprio Jesus fracassou quanto ao prognostico de sua segunda volta.
Em verdade vos digo que al-
guns ha, dos que aqui estao, que
nao provarao a morte ate que ve-
jam vir o Filho do homem no seu
reino. (Mt 16 : 28)
O que um teologo conside-
ra verdadeiro nao pode nao ser
falso: nisso reside praticamente um
criterio de verdade. E seu pro-
fundo instinto de conservacao que
nao lhe permite honrar ou sequer
mencionar a verdade sob qualquer
ponto de vista. (Nietzsche)
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1.1.4 Astutos ate a santidade
Em um programa televisivo uma igreja evangelica ostentava seus tra-balhos assitenciais junto a comunidades carentes: Distribuicao de sopa aosnecessitados, tratamento dentario, afericao da pressao, etc.
No final vinha o convite para estudos bıblicos com vistas ao batismo. Eupercebi que e a mesma especie de assistencialismo promovido pelos polıticos;uns estao a caca de eleitores, de votos, e outros a caca de ovelhas.
Cada um dos servicos prestados eu via como um tentaculo para apri-sionar nas grades religiosas os desafortunados da vida − futuras ovelhas.
- Tentaculos - Simplorias ovelhas
Sopa
T. dentarioetc.
Observe que o objetivo nao e tanto “salvar almas para o reino eterno
de Jesus ”, mas sim “salvar para a nossa igreja, para a nossa doutrina ”;com efeito, uma vez que quase todo mundo ja e crente em Jesus, as igrejasdeveriam se abster de capturar ovelhas no redil umas das outras, mas n ao.Conheco uma pequena vila do interior do meu estado que conta com nadamais nada menos que oito igrejas cristas.
Fora da caridade nao ha salvacao: Ja que estamos falando deastucia ate a santidade, este e um slogan do Espiritismo (kardecista) queeles ostentam como a um colar. Vejo neste slogan uma grande contradicao.De fato, o Espiritismo nao cre, nao prega a salvacao, mas sim a evolucao.
O Espiritismo nao tem em Jesus um salvador, mas sim “o mais perfeitomodelo” a ser imitado. De fato, o Espiritismo nao e cristao
− posto que
nao aceita Jesus como salvador, enfatizo −; mas se finge, com o escopo deamealhar ovelhas na grande seara crista.
Sendo assim, o que esta acontecendo? O que acontece e que no fundono fundo, o referido slogan funciona como uma vitrine para o es-piritismo, quem em sa consciencia seria contra a caridade? Ninguem!
De formas que, digam o que disserem contra o espiritismo: “e uma re-ligiao que pratica a caridade!”. . . alguem aı e contra???
Caridade?. . . Salvacao? como assim? de que salvacao se esta falando?E a todo este contexto que denomino de astutos (trampeiros) ate a santidade .
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Interregno: “O sono dogmatico”
Chegou em minhas maos uma carta que me motivou a abrir este espaco(interregno), a deixar aqui um registro. Sou professor universitario, portantovivo em um ambiente universitario, por suposto.
Ha aproximadamente dois anos venho anunciando na universidade omeu livro “Exumac˜ ao e Julgamento de Deus ”. Parece mentira: nunca vendium unico exemplar! . . . Em um ambiente universitario, enfatizo.
Estive elucubrando sobre possıveis causas. A primeira que me ocor-reu e que a universidade (ufrr) divide-se majoritariamente entre catolicos eevangelicos. A segunda e que quando se esta a sonhar um belo sonho −“vida eterna junto com os anjos, arcanjos, serafins e paraısos” − ninguemquer ser acordado e ainda ter que pagar para isto? . . . E pedir demais!
Pois bem, minha filha me pediu, em certa ocasiao, para doar um exem-plar do livro a uma amiga sua, eu o fiz. Algum tempo depois minha filha metraz a notıcia de que sua amiga nao havia lido o livro, motivo: Estava com medo de perder sua fe , porquanto ela e sua famılia sao catolicas. Dias depoisrecebo uma carta desta sua amiga (que e universitaria), irei transcrever umtrecho da carta.
[. . .] Ganhei do senhor um livro intitulado Exumacao e julgamentode Deus cujo autor chama-se: Gentil, o iconoclasta (de sua autoria, por-tanto). N˜ ao o li − ainda − e explicarei o porque. Sou crist˜ a cat´ olica. N˜ ao e do meu interesse ir de encontro a minha fe, haja vista ser uma te´ ofila (amiga de Deus). O tıtulo e sinistro (risos). N˜ ao desprezo seu artigo, tampouco sou do ındex para censur´ a-lo e queim´ a-lo, isso e coisa medieval. Portanto, n˜ aopense que deixei de le-lo por indisposic˜ ao ou desprezo, simplesmente me privei de tal leitura para n˜ ao sentir d´ uvidas. Estou disposta a ler qualquer outra publicac˜ ao sua que n˜ ao trate de religi˜ ao.
Entao? . . . Tadinha, isto me causa do, ao constatar no que as religioestransformam nossos jovens, em verdadeiros fosseis vivos. Esta postura podesem duvidas ser representativa da maioria dos “universitarios”. Ela naodeu-se conta de que estar sim censurando meu livro e que, portanto, esta euma postura medieval − segundo suas proprias palavras.
Por falar em postura medieval, na epoca de Galileu “cientistas” recusaram-
se a observar a lua pela luneta − recem aperfeicoada por Galileu − para naoverem suas crencas desmoronarem . . . e o mesmo tipo de atitude, em plenoseculo XXI . . . pasmem!
Isto so vem a corroborar: Toda religiao e uma prisao!Tenho quatro filhos, nenhum deles foi batizado, nunca os levei a nen-
huma religiao, aı esta a razao. Nao os quero antolhados como cavalos.A preguica e a covardia s˜ ao as causas pelas quais uma parte t˜ ao
grande dos homens (. . .) compraz-se em permanecer por toda a sua vida menores; e e por isso que e t˜ ao f´ acil a outros instituırem-se seus tutores.
(Immanuel Kant)
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Nossa universitaria diz que e amiga de Deus; ora, mas ser amiga do Deuscristao e quase que uma estrategia. Com efeito, se ele tem as chaves do ceue do inferno; o ceu preparado desde toda a eternidade para seus amigos e oinferno para seus inimigos . . . venhamos e convenhamos . . .
Sındrome de Estocolmo
Ja conversei com algumas vıtimas de padres e pastores (literalmente fa-lando) e nao raras vezes observei que eles defendiam seus proprios algozes, oque naturalmente me deixava intrigado. Buscando uma explicacao para umtal comportamento anomalo encontrei uma que se encaixa perfeitamente:
Sındrome de Estocolmo: e o nome dado a um estado psicologico e pa-tologico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongadode intimidacao, passa a ter simpatia e ate mesmo sentimento de amor ou
amizade perante o seu algoz.Ora, desde que um cristao nasce ele comeca a ouvir: papai do ceu castiga,
quem nao for batizado nao sera salvo − ira passar a eternidade queimandono inferno, etc, etc. No final das contas ele s o tem duas opcoes: ou se torna“amigo” de Deus ou se torna inimigo de Deus, caso dos ateus.
Um passaro longamente confinado nao quer mais voar
Certa feita eu conversava com um tecnico doIbama, ele me dizia que de tempos em tempos
iam a floresta libertar os passaros apreendidosem cativeiros, o incrıvel − para mim pelo aomenos − e que muitos dos passaros se recusavama abandonar a gaiola. Alguns saiam saltitando,nao conseguiam mais voar, outros retornavam agaiola e ficavam esperando que a portinhola fossefechada!
Ora, filhos de cristaos ja nascem enclausura-dos na gaiola crista.
Voce pode ate entregar-lhes a chave da prisao, mas eles a jogam fora e
preferem a clausura. Por falar em estado doentio, existem aqueles presosque apos cumprirem quinze ou mais anos de prisao, quando libertos, pedempara continuar na prisao − nao saberiam mais viver fora de suas clausuras.
Algumas pessoas s˜ ao como mariposas. Querem se atirar ao fogo e morrer. Preferem ser ludibriadas e enganadas pelos charlat˜ aes do que usar a inteligencia que Deus lhes deu. Nenhuma palavra de advertencia e capaz de dissuadi-las. Espera-se das pessoas que buscam a verdade es-piritual um comportamento diferente, ou seja, que usem a raz˜ ao e sejam capazes de realizar bons julgamentos. (Swami Bhaskarananda)
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1.1.5 O feromonio mais potente: Jesus
Assim como Deus inspirou uma pequena aranha a ser astuciosa − imitarum feromonio − da mesma forma pode ter inspirado alguns homens a teremmanipulado a interpretacao do sacrifıcio de Jesus. O importante e “cair narede”.
- Armadilha inspirada por Deus - Armadilha inspirada por Deus
Veja bem, nao quero aqui negar a veracidade historica do sacrifıcio deJesus, de momento nao estou interessado nisto, o que eu questiono e que ele“tenha morrido para salvar a humanidade ”.
Que Jesus tenha morrido para pagar os pecados da humanidade a um
“Deus Justo” − alem do mais guerreiro e vingativo (como o Deus Jave) −,some-se todas as trampas observadas nos reinos animal e vegetal, esta, delonge, e a mais astuciosa.
Reitero: nao estou discordando de que Jesus realmente tenha sido sacri-ficado, vamos admitir que sim, so estou discordando da interpretacao dadapela Igreja; para mim esta interpretacao se constitui em mais uma redelancada no tempestuoso mar humano para fisgar peixes, digo, ovelhas des-prevenidas, quica descerebradas.
Neste momento devo informar ao leitor de que nao possuo nenhum tıtulode doutor em filosofia ou teologia, me considero apenas um ser humanotreinado um pouco na arte do raciocınio, so isto.
So um tolo deixaria de concluir que estas “faculdades de teologia” − asmesmas que formam os tais doutores (PhD) em teologia − nada mais fazemdo que vender “o proprio peixe”. Reproduzem robos em serie.
Fui evangelico (Adventista) dos meus 22 aos 26 anos porem cedo me deiconta de que se eu quisesse ser um investigador serio (nao astucioso) teriaque abandonar as fileiras religiosas, pela simples razao de que as religioes,sem excecao, cegam seus adeptos. Tive a oportunidade de constatar isto emvarios escritores cristaos, doutores em teologia e ate mesmo cientistas, daıo tıtulo do nosso capıtulo.
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- Toda religiao e uma prisao
O leitor fara bem em desconfiar; isto e,
ver com bastante reservas − ou ainda, pon-derar por diversos angulos − os argumentos de
todo escritor, conferencista, doutor em filosofia,
doutor em teologia, etc., se este estiver con-
finado em alguma gaiola religiosa, pois, obvi-
amente, seus “movimentos” estarao limitados
por alguma especie de teto.
Se voce tem alguma ideologia para se definir, voce n˜ ao e livre. Liberdade significa nenhuma definic˜ ao. (Osho)
- Uma bela prisao!?
Uma prisao, por mais bela, e sem-
pre uma prisao. Uma gaiola, mesmo
que suas hastes sejam de ouro, crave-
jadas com toda sorte de pedras preciosas,
e sempre uma gaiola. Este e um sımile
valido para todas as religioes institucionali-
zadas.
Ja ouvir ate falar de que existem psicologos crentes, isto e verdade?. . . como pode ser isto?
Esses caras vao curar quem? − se eles proprios sao doentes, necessitamde ajuda!
Ah! se eles tivessem psicologia o suficiente para compreender o filosofo:
Ninguem tem a livre-escolha de sefazer cristao; uma pessoa nao se converteao cristianismo, e necessario estar sufi-cientemente enfermo para isso.
(Nietzsche/O Anticristo)
Mesmo correndo o risco de tornar-me redundante acho de extrema im-
portancia reenfatizar o seguinte: perceba que a trapaca, o embuste, a men-tira, encontra-se pulverizada no reino animal (aranhas, felinos, etc.) e ateno vegetal; o importante a perceber e que esta pulverizacao respinga (ouseria um tsunami?) ate no animal autoproclamado como racional, da minhaparte cito a polıtica e a religiao como os expoentes na arte da astucia eembuste, alias como e facil constatar.
No caso particular da religiao crista a trapaca esteve presente nao ape-nas na composicao do “livro sagrado” como tambem, ate hoje, na sua in-terpretacao, nao raro distorcida a favor de uma classe dominante. Mas istoe chover no molhado.
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Pois bem, divergindo da interpretacao oficial da Igreja, o eminente psicolo-
go suıco Carl Gustav Jung no seu livro Resposta a J´ o (.pdf disponıvel nainternet) afirma que o Sacrifıcio de Jesus nao teve como finalidade quitar adıvida humana com um “Deus justiceiro”.
Diz ele:
Que Deus seria este que preferisse imolar o pr´ oprio Filho a perdoar com magnanimidade as suas criaturas, mal aconselhadas e desencamin-hadas por Satan´ as? Que pretenderia demonstrar com este sacrifıcio cruel e arcaico do Filho? Porventura seu amor? Ou o seu car´ ater implac´ avel?
(C.G. JUNG/Resposta a Jo, p. 60 )
Jung inverte a interpretacao oficial do sacrifıcio de Jesus ao afirmar “Jave deve tornar-se homem, porque fez injustica ao homem ”, ou seja, ele devesentir na pele o mal que permitiu que Satanas infligisse a Jo.
Se eu tivesse que optar por uma interpretacao, como costumo fazer usoda razao, optaria pela de Jung. (p. 214)
1.2 Religiao e demonismoExiste uma passagem bıblica que a mim suscitou alguns momentos de
reflexao, por julga-la uma chave importante para a compreensao da miseravelcondicao humana, ei-la:
Aconteceu ent˜ ao uma batalha no ceu: Miguel e seus Anjos guer-rearam contra o Drag˜ ao. O Drag˜ ao batalhou juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado, e no ceu n˜ ao houve mais lugar para eles. Esse grande Drag˜ ao e a antiga serpente, e o chamado Diabo ou Satan´ as. ´ E aquele que seduz todos os habitantes da terra. O Drag˜ ao foi expulso para a terra, e os Anjos do Drag˜ ao foram expulsos com ele. (Ap 12 : 7 − 9)
Coloco em destaque: E aquele que seduz todos os habitantes da terra.
E ainda: O Dragao foi expulso para a terra, e os Anjos doDragao foram expulsos com ele. Repito: para a terra.
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Publiquei um livro “Exumac˜ ao e Julgamento de Deus” ([6]) sob o pseudo-nimo de Gentil, o iconoclasta; no qual defendo a tese de que uma dasastucias dos demonios, ao aportarem no planeta Terra, foi justamente acriacao das religioes como forma de escravizar (robotizar) o homem.
Aqui, neste livro, conto com evidencias suficientes para fazer uma con- jectura um pouco mais ousada, audaz:
O proprio Deus cristao, Jave, e um de tais demonios fun-dadores de religiao.
E um dos tais que: seduz todos os habitantes da terra.
Vou arrolar alguns argumentos para fundamentar minha tese:
1o ) O Velho Testamento bıblico, se lido com olhos abertos, ja e mais doque suficiente para provar minha tese, nao irei aqui fazer uma lista de taispassagens, seria cansativo. Apenas registro que varias passagens atestamque Jave se deleitava nao apenas com sacrifıcios de animais como tambemcom sacrifıcios humanos − veja, por exemplo, Juızes cap. 11 no qual umavirgem e sacrificada a Jave.
Mas Jave, ao que parece, tem uma predilecao toda especial por virgens;com efeito, Moises, o “porta-voz” de Deus, em certa ocasiao ordena que semate − dentre os midianitas − todas as criancas e mulheres, exceto as vir-gens, que serao violadas por seus soldados. (Nm 31 : 17)
Considerar este um “livro sagrado”, somente a estupidez e cegueirahumanas o permitem. Desculpem, humanas nao, judaico-crista!
2o ) No livro citado anteriormente, do eminente C.G. Jung, lemos nas entre-linhas uma identidade (ou conluio) entre o Deus do Antigo Testamento e odemonio, vejamos algumas poucas passagens que apontam nesta direcao:
− Os discursos de Jave tem um objetivo nao-reflexo, embora transparente,qual seja o de exibir aos olhos do homem a prepotencia brutal do demiurgo:“E assim que eu sou o Criador de todas as for cas invencıveis e perfidas danatureza, que nao estao submetidas a nenhuma lei moral; eu mesmo sou umapotencia natural amoral, uma personalidade puramente fenomenal, incapazde ver as proprias costas.” ( p. 27)
E para que os “doutores exegetas de plantao”, usando de astucia, naodigam que o eminente psicologo “nao entendeu muito bem”, vejamos oproprio Jave se manifestando a este respeito:
Eu formo a luz e crio as trevas; eu faco a paz e crio omal; eu, o Senhor, faco todas estas coisas. (Is 45 : 7)
Tocar-se-´ a a buzina na cidade, e o povo n˜ ao estreme-cer´ a? Suceder´ a qualquer mal a cidade, e o Senhor n˜ ao ter´ a
feito? (Am 3 : 6)
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Jung continua:− De fato, Jave tudo pode e se permite, sem pestanejar um momento. Elee capaz de projetar, com impassibilidade ferrea, o seu proprio lado sombrioe permanecer inconsciente disto, a custa do ser humano. E capaz de apelarpara o seu poder supremo e promulgar leis que para ele significam menosdo que o ar. Os assassınios, os morticınios nao lhe causam preocupacao,e quando lhe da na veneta e capaz igualmente de, qual um senhor feudal,ressarcir generosamente os danos provocados pelas suas cacadas nos cam-pos de cereais dos servos: “Perdeste os teus filhos, as tuas filhas e os teusescravos? Nao ha de ser nada; eu te darei outros em troca, e melhores dosque os primeiros.” ( p. 27)
Nesta ultima afirmacao Jung refere-se ao fato de que Jave permite aSatanas assassinar os filhos e servos de Jo e, na maior cara de pau, prometedar-lhe outros. E obvio que Jave nao se importa com os sentimenos hu-manos.
Quanto a “leis que para ele significam menos do que o ar ”, o eminentepsicologo tem inteira razao. De fato, o mesmo Deus que ordenou “N˜ aomatar´ as”, tambem ordenou:
“Disse o Senhor a Moises: Toma todos os cabecas do povo e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirar´ a de Israel.”
(Nm 25:4)
Pois bem, a conclusao que eu tirei da leitura deste livro e que se Javenao e o proprio Demonio . . . nao sei mais o que significa Demonio.
No terceiro capıtulo estaremos ampliando de uma nova perspectiva estaquestao do Demonio.
Um segundo argumento
Pois bem, como se tudo isto nao bastasse para legitimar minha tese,encontrei ainda um segundo escritor que aponta na mesma dire cao.
Jan Val Ellam e autor dos livros: O Drama C´ osmico de Jave , O Drama Espiritual de Jave e O Drama Terreno de Jave .
Achei assaz surpreendente que na citacao a seguir Ellam tenha chegado amesma ousada conclusao que eu
− com respeito a Jave ter fundado religioes
com o objetivo de escravizar os incautos, veja:
− Finalmente, parece ter chegado ao fim, a sempre renovada determinacaoda parte do criador em dominar o genero humano por meio de religioes e depovos eleitos (arianos, judeus e arabes), aspectos que somente infernizarama nossa triste e penosa rota evolutiva. Basta de “terras prometidas”, de“religioes e de povos escolhidos”! (O Drama Terreno de Jave , p. 160)
Nota: Veja bem, estes argumentos so serao validos; i.e, concludentes,para aqueles crentes em cujos cerebros se possa contar pelo ao menos tresneuronios ativos.
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1.3 Nao e possıvel que isso aı seja Deus!
Se nos ‘demonstrassem’ esse Deus dos crist˜ aos, ainda acre-ditarıamos menos nele.
(Nietzsche)
Lida apropriadamente a Bıblia e a arma mais forte para o ateısmo, jamais concebida.
(Isaac Asimov)
O instinto que guia um matematico e a harmonia do “sistema” (teoria), oque pode ser traduzido como ausencia de contradicao. Na parte que me tocaesta harmonia e uma exigencia que levo para outros setores da existencia,como o da espiritualidade, por exemplo.
Pois bem, um sistema que minha sensibilidade me faz sentir como deextrema dissonancia (desarmonico) e este do Deus cristao, Jave. Nao epossıvel que isso aı seja Deus.
Guiado por uma necessidade de harmonia, nestes ultimos anos tenhorefletido e meditado bastante sobre a questao Deus, pois, atualmente, achoesta a questao mais relevante de todas para o homem hodierno. Enfatizo,nao consigo vislumbrar uma questao mais importante − seja na matematica,seja na filosofia, seja na fısica − que a questao do que venha a ser isto quechamamos Deus. A relevancia desta questao se da, dentre outros motivos,por dizer respeito a quase todos os seres humanos no planeta.
Gostaria de compartilhar com o leitor ate onde chegou minha com-
preensao atual desta questao. Pra comecar rejeito todas as concepcoes deum Deus pessoal, de um Deus que possua qualquer um dos atributos hu-manos, tais como: amor, inteligencia, bondade, misericordia, etc.
A razao desta rejeicao e que um Deus pessoal conduz a contradicoes, aquestao da harmonia do sistema.
No meu livro [6] evidencio algumas destas contradicoes, nao pretendoaqui me estender nesta direcao. Mas antes de exibir minha compreensaoatual de Deus vou me deter um pouco sobre o Deus cristao, Jave.
Tenho duas alternativas a considerar. Agora, neste momento, admitoque Jave de fato possa ser o Deus deste planeta Terra. E por que admitoesta possibilidade? porque, como ja afirmei, existe de fato um denominador
comum entre ambos: a doenca, a astucia, a trampa (trapaca). Se este eum planeta “astuto ate os ossos ” deve ser por que assim da-se com o seucriador, “Facamos o homem a nossa imagem e semelhanca ”. E uma questaogenetica, hereditaria.
Uma outra possibilidade e que Jave esteja apenas blefando quando sedeclara Deus dos terraqueos. Comecei a levar em conta esta alternativaa partir do momento em que − como fruto de minhas pesquisas, munidoapenas de reflexao e liberdade (isto e importante) − me deparei com umaoutra entidade, que tambem declara-se Deus dos terraqueos, e que fundouuma outra religiao.
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1.3.1 O Deus da Tenrikyo
Deus-Parens fundou em 26 de outubro de 1838 uma religi ao japonesa,monoteısta, por nome Tenrikyo.
Essa religiao hoje esta difundida por todo o Japao e por diversos outrospaıses, e possui um numero de seguidores estimado em 2 milhoes. No Brasiliniciou-se em 1929, a sede desta Igreja encontra-se na cidade de Bauru, nointerior de Sao Paulo.
Pois bem, Deus-Parens declara-se o unico Deus verdadeiro, criador dosceus e da Terra:
Eu sou o Deus original, o Deus verdadeiro [. . . ] Desta vez, revelei-me neste mundo para salvar a humanidade. (Doutrina de Tenrikyo, p. 3)
Deus-Parens faz questao de enfatizar que embora Ele seja o Deus ver-dadeiro, que criou o homem e o mundo e por quem todos sao vivificados,nao e nenhum dos deuses tradicionais das preces, exorcismos e evocacoes.
(Doutrina de Tenrikyo, p. 11)
Vamos lembrar que por outro lado Jave afirma: (Is 45:21)
“Porventura n˜ ao sou eu, o Senhor? E n˜ ao h´ a outro Deus sen˜ ao eu ”
Conclusao: Um dos dois esta mentindo, ou ambos. Ou entao, deveremosconcluir que podem existir tantos Deuses quantos forem os simplorios dis-postos a acreditar em suas promessas de bem-aventurancas e salvacao.
Observe que Deus-Parens toca exatamente no “ponto fraco” da hu-manidade: Salvacao!
Nao pense o caro leitor que a lista dos “candidatos a Deus unico e cria-dor ” esgota-se com estes dois. Ahura Mazda (do Zoroastrismo) seria umterceiro, Brahma do hinduısmo um quarto e ainda um quinto sera visto napagina seguinte, Ala. Nao seria difıcil encontrarmos outros na historia.
Ora, um matematico raciocina assim: se conseguimos exibir um exemplode um espırito embusteiro fazendo-se passar por Deus e fundador de umareligiao, pode muito bem ser que um segundo espırito embusteiro, tambemfazendo-se passar por Deus, tenha fundado uma segunda religiao; e assimsucessivamente.
Duas das atividades de um matematico no seu dia a dia e exibir con-tradic˜ oes e construir contraexemplos . Vejamos uma reveladora contradicao:A Bıblia afirma que Jesus era filho de Deus, que morreu na cruz e ressuscitouao terceiro dia − apenas lembrando o que todos sabemos.
O Alcorao mulcumano − inspirado por Deus atraves do Anjo Gabriel aMaome −, afirma que Jesus nao era filho de Deus (nao era divino) e quenao morreu na cruz. Aqui Deus se utilizou de uma trampa, substituiu Jesuspor um sosia e elevou o “verdadeiro” Jesus ate Ele. (Corao: 4 : 157, 158)
Ora, mas ambos os “livros sagrados” nao foram inspirados por Deus?
Conclusao: tem alguem querendo nos fazer de trouxas!
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Ala: um outro demonio fundador de religiao
Ainda vou me deter mais um pouco sobre este relevante tema. Ini-cialmente, nao desconheco que existem aqueles que defendem que o Deusmulcumano (Ala) seja o mesmo Deus bıblico (Jave).
Encontrei um texto∗ na internet que nega esta identidade. Cotejando osrespectivos “livros sagrados” chegamos a indubitavel conclusao que Jave eAla sao Deuses distintos − claro, nao podemos descartar a hipotese de queum mesmo demonio tenha se apresentado de duas formas distintas, trampa.
Baixei da internet uma copia (.pdf) do Alcorao, nao
precisei refletir sobre muitos versıculos de mais este “livro
sagrado” para concluir que Ala e mais um demonio fundador
de religiao. E deveras lamentavel ate que ponto as religioes
podem cegar um ser humano, mesmo sendo este “culto e in-
teligente ”.
A tıtulo de ilustracao vejamos apenas dois escandalosos versıculos:
− Intolerancia religiosa: Incitacao a “guerra santa ” contra os “infieis”:
´ O Profeta, combate os incredulos e os hip´ ocritas, e se implac´ avel para com eles! O inferno ser´ a sua morada. Que funesto destino! (9 : 73)
− O fogo do inferno nao se apaga, mas a pele se queima, qual a solucao?:
Quanto aqueles que negam os Nossos versıculos, introduzi-los-emos no fogo infernal. Cada vez que a sua pele se tiver queimado, troc´ a-la-emos por outra, para que experimentem mais e mais o suplıcio. Sabei que Deus e Poderoso, Prudentıssimo. (4 : 56)
Nao preciso ir mais longe. Este versıculo me chocou, pelo requinte de cru-eldade que ele exala do seu conteudo. Obvio que a luz do “livro sagrado” osmulcumanos fundamentalistas (terroristas) estao certıssimos, errados estaoos mulcumanos moderados − nao estao sendo fieis aos mandamentos de Ala.
Existem cegos, mesmo dentre os mais “cultos e inteligentes ”, que de-fendem que nao se pode fazer uma leitura literal ou fora do contexto decertas passagens dos livros sagrados. O que eu posso responder sobre isto?Que estes foram idiotizados e imbecilizados por suas crencas; com efeito,tais passagens sao muito claras, cristalinas, nao existe “contexto” que as
justifique.Observe caro leitor, ate que ponto uma religiao pode idiotizar um ser
humano! Mesmo sendo ele, a princıpio, culto e inteligente!
∗ALA E O DEUS DA BIBLIAhttp://www.palavraprudente.com.br/estudos/variosautores/micelanea/cap21.html
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1.4 Uma nova proposta para o que seja Deus
Vamos inicialmente colocar em destaque o seguinte criterio
N˜ ao vamos pois hesitar em considerar como erro - ou como inutili-dade espiritual, o que e mais ou menos a mesma coisa - toda verdade que n˜ ao faca parte de um sistema geral. (Gaston Bachelard)
Um criterio bastante razoavel para se aplicar a uma “candidata a ver-dade ”, criterio este corroborado pelo seguinte:
Os sonhos s˜ ao particulares, a verdade n˜ ao e particular. A verdade n˜ ao pode ser particular − ela n˜ ao pode ser minha ou sua, n˜ ao pode ser dos crist˜ aos ou dos hindus, nem dos indianos ou dos gregos. A
verdade n˜ ao pode ser particular. Os sonhos s˜ ao particulares. Tudo o que e particular, n˜ ao se esqueca, pertence necessariamente ao mundo dos sonhos. A verdade e um ceu aberto; e para todo o mundo, e uma s´ o.
(Osho/Consciencia)
Para facilitar a comunicacao reuniremos estes dois criterios em um so eo denominaremos criterio BO (Bachelard-Osho).
Observe que os Deuses construidos pelas religioes (p. 9) nao satisfazemao criterio BO, portanto podem ser considerados como sonhos, ou fantasias.
Aqui estaremos propondo um novo Deus que, como vamos provar, satis-faz ao criterio estabelecido; ademais, esta aberto a contestacoes, e uma pro-posta (bem fundamentada). Inicialmente partiremos da seguinte identidade:
Deus ≡ Origem de TudoOu seja chamaremos de Deus a origem de tudo no Universo. A notacao
utilizada tem como objetivo a que nao se confunda com o Deus das re-ligioes, ou com a concepcao de Deus adotada pelas religioes. A diferencafundamental, como veremos, e que Deus nao e pessoal, nao possui nenhumdos atributos humanos. A fısica quantica atribui a origem do Universo aovacuo quantico:
Metaforicamente, como eu sugeri, podemos pensar o v´ acuo como um vasto mar; e tudo quantoexiste − as estrelas, a Terra, as ´ arvores, n´ os e as partıculas de que somos feitos −, como ondas nesse mar. Os fısicos denominam tais “ondas” − n´ os e tudo quanto existe − “excitac˜ oes” ou “flutuac˜ oes” dov´ acuo. (Danah Zohar/[8], p. 284)
Veja o que e fısica quantica na pagina 115.Ainda a tıtulo de reforco, e informacao, destacamos:
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Tomemos ent˜ ao um espaco sem materia, “vazio”. A fısica quˆ antica
mostra que, mesmo neste caso, flutuac˜ oes de energia existem. O nada tem uma energia associada. Sendo assim, partıculas podem surgir dessas flu-tuac˜ oes, materia brotando do nada.
Em 1948, H. Casimir, um fısico holandes, propˆ os que as flutuac˜ oes dov´ acuo provocariam uma forca atrativa entre duas placas met´ alicas. O efeito
foi confirmado: por incrıvel que pareca, a energia do nada foi medida re-centemente no laborat´ orio. ´ E sempre bom lembrar que o vazio est´ a cheio de energia. (grifo nosso) (Marcelo Gleiser/Fısico)
Na Super Interessante de fevereiro de 2011 saiu uma reportagem comtıtulo: E possıvel criar materia a partir do nada. Cientistas descobrem como extrair partıculas do vazio
− sem depender de nenhuma materia-prima
da natureza.
Nada se cria, tudo se transforma. Essa lei da fısica pode estar sendoultrapassada por um grupo de pesquisadores da Universidade de Michi-gan, que diz ter descoberto um meio de gerar materia a partir do v´ acuo −popularmente conhecido como “nada”. Isso seria possıvel porque, na ver-dade, o que n´ os chamamos de nada n˜ ao e um vazio absoluto. Est´ a cheiode partıculas de materia e antimateria, que se anulam mutuamente. Anovidade e que os pesquisadores descobriram um jeito de separ a-las [. . .]
Ainda:
Se quisermos procurar “Deus” na fısica, o v´ acuo e o melhor lugar onde faze-lo. Enquanto estado b´ asico subjacente de tudo que existe, ov´ acuo tem todas as caracterısticas do Deus imanente ou da divindade de que falam os mısticos, o Deus interior, o Deus que cria e descobre a Si mesmo por meio da existencia em desdobramento de Sua criac˜ ao.
(Danah Zohar/[8], p. 286)
´ E importante assinalar que a noc˜ ao de que o Nada, ou o Vazio, e fonte de energia − e de energia inesgot´ avel − est´ a perfeitamente de acordo com o esquema b´ asico de pensamento inerente a mecˆ anica quˆ antica. A ideia de que h´ a infinitos estados de energia negativa e positiva, e sobretudo a especulac˜ ao de que um estado neutro de energia (o vazio), mediante uma
flutuac˜ ao quˆ antica decorrente da instabilidade do vazio, do princıpio de in-determinac˜ ao de Heisenberg, pode dar nascimento a uma grande onda de energia positiva e outra negativa (cuja soma seja zero), e uma cogitac˜ ao que hoje tem sido seriamente considerada pelos fısicos te´ oricos mais represen-tativos da atualidade (Stephen Hawking, Roger Penrouse, Alan Guth, Paul Davies, John Gribbin, Heinz Pagels e muitos outros). A hip´ otese de que oUniverso surgiu do Nada, a partir de uma simples oscilac˜ ao ou perturbac˜ aodo vazio, foi pela primeira vez sugerida pelo fısico americano Tryon em 1969.
([13], p. 164)
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Diante do exposto, reescrevemos nossa identidade inicial, assim:
Deus ≡ Origem de Tudo ≡ VazioEsta e a tese que proponho e para fundamenta-la partirei do seguinte
“ fluxograma de sustentac˜ ao ”:
Meditacao
Filosofia
Filosofia Budista Filosofia Taoısta
LogicaMatematica
FilosofiaMatematica
Fısica Quantica
Deus
≡ Vazio
Estes blocos, como o fluxograma sugere, dao sustentacao a tese de que
Deus pode ser identificado com o Vazio, iniciemos debaixo para cima:
MeditacaoPretendo me demorar um pouco neste bloco em razao de que estarei
pondo em destaque uma serie de informacoes, que julgo de alguma relevancia.
Pois bem, me dei conta de que no planeta existe uma “rede mundial de pesquisadores ” de assuntos relacionados ao tema da consciencia , estespesquisadores nao necessariamente tem consciencia da existencia uns dosoutros, digamos que e uma rede virtual. O resultado de suas pesquisasencontramos nos mais diferentes veıculos: livros, artigos, revistas, vıdeos.
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Estarei relatando aqui um pouco de minha experiencia neste contexto
porquanto creio que podera ser util para incrementar as informacoes narede, assim como as pesquisas de outros trouxeram contribuicoes as minhasproprias. No meu caso particular, desenvolvi uma tecnica de meditacao como auxılio da ayahuasca, para os que nao sabem do que se trata, um breveresumo.
Ayahuasca: O Yage ou Ayahuasca, e uma bebida sagrada (enteogeno)feita atraves do cozimento de um cipo (Banisteriopsis Caapi) e das folhasde um arbusto (Psicotria Viridis). A Ayahuasca, tambem conhecida comoo Vinho da Alma (Aya = Alma, Huasca = Vinho/Idioma Quechua − Peru eBolıvia), e utilizada de forma sacramental em diversos grupos religiosos como ob jetivo de se atingir um estado ampliado de consciencia.
O vocabulo “ente´ ogeno”, significa literalmente “manifestac˜ ao inte-rior do divino” que, ocasionalmente, e outra forma de nos referirmos aayahuasca.
− Colhendo as folhas.
M i l e n a
P s h m i r o v a
− Macerando o cipo.
A a r ~ a o
Y a s e n
B o s e v
− O vinho pronto paraconsumo/Ao fundo o cipo.
Por oportuno, na internet o leitor vai encontrar bastante informacao aeste respeito, algumas das quais desencontradas. E que cada um e levado afalar de sua propria experiencia, deve-se ter em conta que cada experienciae individual, unica. A minha e de jubilo, danca e aprendizado.
Faco uso deste enteogeno ha mais de 25 anos, minha primeira experienciadeu-se no ano de 1986.
Ha cerca de oito anos atras decidi utilizar a ayahuasca para meditar,talvez este enteogeno me ajudasse a compreender o que era esta tal demeditacao de que os mısticos tanto falam.
Cerca de um ou dois anos depois comecei a colher alguns resultados
mas sem poder avalia-los uma vez que nao possuia um ponto de referencia,nenhum mestre a me orientar. Meu trabalho era solitario.
Pois bem, sem saber o que fazer com minhas experiencias fui levadoa pesquisar paralelos em livros. Encontrei uma perfeita harmonia entreminhas experiencias e algumas das literaturas budistas, em particular comointerpretadas pelo mıstico Osho.
Dentre o espectro de minhas experiencias destacarei as relacionadas aovazio. Enfatizo: fui levado a focar no tema do vazio − a dar prioridade aovazio − nao a partir de leituras, de teorias, mas, ao contrario, a experienciado vazio e que me levou a literatura a respeito do tema.
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O vazio que decorre da meditacao, como entendo, significa “nao mente”,
isto e, ausencia de mente, ausencia de pensamentos, de sentimentos, julga-mentos, etc. Um estado de “pura consciencia meramente contemplativa”.
Quando n˜ ao h´ a ondulac˜ oes no lago da consciencia, a consciencia serve apenas como um espelho refletindo tudo isso − as estrelas, as ´ arvores, os pass´ aros, as pessoas, tudo isso −, simplesmente reflete isso,sem nenhuma distorc˜ ao, sem nenhuma interpretac˜ ao, sem carregar con-sigo seus preconceitos. (Osho/Zen/Cultrix)
De minhas experiencias com o auxılio da ayahuasca me dei conta de queexistem “intensidades de vazio”, uma analogia para que eu me faca melhorcompreender.
Uma lampada brilha com uma certa intensidade o sol brilha com intensidadebem maior. (“brilha”: abuso de linguagem)
De modo analogo existe um vazio − falo de sensacao − com a intensidadede uma lampada e existe um vazio com a “intensidade do sol”, potencia.
Um interregno: Por oportuno, ja me perguntaram se eu consigo atingiro vazio meditando sem a ayahuasca. Sim, com o “brilho de uma lampada”
e de forma intermitente contando-se o tempo de vazio em minutos; com aayahuasca este vazio me vem com “o brilho do sol” e com a duracao dealgumas horas.
Uma outra analogia, observe uma formiga vista a olho nu e vista aomicroscopio:
Minha meditacao com a ayahuasca “amplifica” o vazio − a exemplo deum microscopio.
Um mestre diz que aquele que falar de Deus atraves de qualquer semelhanca,
fala de modo simplorio Dele. Mas falar de Deus atraves do ‘Nada’; e falar
dele corretamente. Quando a alma unificada entra na total auto-abnegacao,
encontra Deus como um Nada. (Zen budismo)
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Ainda uma ultima analogia, observe a lua vista a olho nu e vista ao
telescopio:
Minha meditacao com a ayahuasca “amplifica” o vazio − a exemplo deum telescopio.
Se bem que na epoca de Galileu existiram “cientistas” que se recusarama ver a lua atraves da luneta recem aperfeicoada por Galileu.
A proposito, tenho visto alguns vıdeos na internet sobre o tema dameditacao nos quais os “instrutores” declaram que e impossıvel a com-pleta ausencia de pensamentos na mente. Isto nao e verdade, mesmo nameditacao sem a ayahuasca consigo esse estado, com a ayahuasca estendo −e amplifico
− este estado por horas.
Repito: ja tive a experiencia de duas ou tres horas sem um unico pensa-mento na mente, e nao apenas isto mas tambem um estado de vazio “limpo,estavel e amplificado”.
Tenho lido livros escritos por meditadores, inclusive budistas, que tem15, 20 anos de pratica em mosteiros e percebo que quando eles tratam dotema do vazio o fazem apenas de um ponto de vista teorico.
Agora o Zen entrou na moda em todo o mundo, h´ a muita coisa escrita sobre ele. Mas ninguem com quem cruzei ate agora. . . e eu tenho vistoquase tudo o que tem sido escrito sobre o Zen por pessoas que n˜ ao tem nenhuma iluminac˜ ao, mas que est˜ ao impressionadas pela beleza daqueles
que tem seguido o Zen. Elas pegaram coisas que n˜ ao tem sentido, s˜ aoquase absurdas, e n˜ ao tem a capacidade de dar a voce uma formac˜ ao.
(Osho/Zen/p. 111)
Um amigo meu me enviou o endereco eletronico de um mıstico que viviana India e que ele dizia ser iluminado. Acessei a pagina do mıstico, ouvialgumas palestras e li alguns artigos do mesmo.
Nao vi muita vantagem, retornei ao meu amigo perguntando-lhe quemhavia decidido que tal mıstico era iluminado, qual o criterio que foi utilizado.
Pelo ao menos um criterio creio que posso apresentar: um iluminado nao
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pode mais ver Deus como antes, nao pode mais falar de Deus com o mesmo
discurso das religioes, tais como: Deus e amor, bondade, paraıso, “somostodos iguais”, “so o amor constroi”, e pieguices do genero.
Se a concepcao de Deus de um “iluminado” for a de um Deus pessoal− a exemplo do Deus bıblico Jave; ou alcoranico, Ala −, creio que este“iluminado” nao chega a ser nem sequer um Desperto.
Para finalizar esclareco que conduzir ao estado de vazio nao e uma“propriedade intrınseca” da ayahuasca, milhares de pessoas usuarias doenteogeno, em contextos diversos, nao sao conduzidas a este estado. Eumesmo ja contava com mais de 15 anos de ingestao sem ter tido este tipo deexperiencia, isto deu-se apenas apos um treinamento com esta finalidade.
Pois bem, retomando, olhando por tempo suficiente para o sol o que
podera acontecer? Podemos perder a visao, ficar cegos.Analogamente, entrando num estado de vazio − “com a potencia do sol”
− o que certamente acontece?Voce simplesmente desaparece, deixa de existir . . . pasmem!!Como assim? Deixa eu explicar-lhes, novamente com o auxılio de uma
analogia − e so como podemos falar destas coisas. O que e o ego? o que eisto que chamamos de “eu”? Imagine uma tela em branco
( C o n s
c i ˆ e n c
i a )
Em nossa analogia esta tela em branco (Consciencia) somos nos quandonascemos. Ao longo do tempo vamos construindo um desenho nesta tela,que se da em funcao de nossas relacoes com a famılia, colegas de escola,sociedade em geral, etc.
Pois bem, este desenho somos nos, e o que denominamos de ego. Veja:
O homem e o artıfice doseu destino: tem que ar-
rostar o esforco de criar a simesmo. (Pietro Ubaldi)
O mundo de voces e um
mundo criado pelo ego; o
mundo de voces e um mundo
projetado. Voces estao usan-
do o mundo real como uma
tela e projetando nela as suas
proprias ideias. (Osho)
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Observe que o seu “desenho” de crianca nao existe mais, foi alterado
muitas vezes − supondo-se que voce nao seja um crente, claro. Estes poucomudam.
Olhando as fotos antigas,
tenho saudade de mim.
− Hoje, maduras espigas;
ontem, um fragil jardim.
(Clevane Pessoa)
A proposito, assisti uma entrevista com um crente (medico) ao qual foiperguntado: um medo? Ele respondeu: de mudar.
Pois bem, entao, quando eu atinjo um estado de vazio com a intensidadedo sol, o que acontece? Eu simplesmente desapareco, deixo de existir
(Gentil) (Estado de Vazio)
Meditacao
E como se tivessemos apagado o desenho com uma borracha. A ayahuascae a borracha que deleta o ego (identidade).
Podemos ver tudo isto de um modo “mais cientıfico”, por assim dizer.Com efeito, na edicao da Revista Veja de 4 de julho de 2012, o cientistaFrancis Crick − o mesmo que descobriu a forma de helice dupla da moleculada vida, o DNA − proferiu:
Voce, suas alegrias e tristezas, suas mem´ orias e ambic˜ oes, sua noc˜ aode identidade e seu livre-arbıtrio nada mais s˜ ao do que a interac˜ ao de um vasto conjunto de celulas nervosas . . .
Traduzindo, digamos que nossa identidade (ego) e como se fosse umarquivo codificado quimicamente. A ayahuasca, como a utilizo, e como umacido que apaga este arquivo.
Os meus dois livros citados nas referencias eu os escrevi a partir destasminhas experiencias de meditacao, no entanto, decidi relatar isto pela primei-ra vez aqui neste livro; como disse, meu objetivo principal e disponibilizarestas informacoes a outros pesquisadores, todavia, nao e meu objetivo suge-rir que qualquer um, digo sem um acompanhamento competente, realizeeste tipo de experiencia posto que “nem tudo sao flores”. Com efeito, algu-mas das primeiras destas experiencias (“deixar de existir”) foram bastantesofrıveis, pois quando eu retornava a mente, o que acontecia de forma inter-mitente, entao caia vıtima de sugestoes desta mesma mente, tais como: naovais mais retornar, vais enlouquecer, etc.
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Eu tinha que fazer um persistente esforco para poder retornar, procurava
lembrar de meus filhos, meu trabalho, etc.Certa feita a experiencia foi tao traumatica − tomei-a como a “noite
escura da alma” − que pensei em desistir da empreitada.Todo ser vivo possui o instinto de sobrevivencia, quer viver, daı o medo.No entanto, pesando os pros e os contras decidi por continuar. E e por
conta desta decisao que o leitor esta lendo este livro − “O Deus Quantico”.
A mente apenas faz voce relutar em ultrapassar as barreiras da mente,porque alem das barreiras da mente voce n˜ ao existe mais.
(Osho/Zen, p. 133)
Corolarios
Posso afirmar que minha “cosmologia”, minha visao de mundo −
emparticular do universo da espiritualidade − deu uma guinada como con-sequencia destas experiencias, o reflexo disto encontra-se nos meus dois livros
ja mencionados, e tambem no presente livro.
Hoje, posso entrar e sair com um relativo controle neste estado de “exis-tencia-nao existencia”, entrando e saindo da mente aprendi muito.
Fora da mente nao existe nada (em termos conceituais), nao existempensamentos, o que tem como consequencia que todas as interpretacoes(cognicoes) sao criacoes da mente humana, em particular tudo o que ensinamas religioes.
Em particular, os diversos Deuses − concepcoes divinas − ensinados eadorados pelas religioes, sao tudo construcoes da mente.
Dentro deste contexto, entendo p erfeitamente o que o mıstico quis dizerao proferir:
Mergulhe mais profundamente na sua consciencia e, quanto mais fundo voce for, mais seu eu comeca a se dissolver. Talvez seja por isso que nenhuma religi˜ ao exceto o Zen tentou a meditac˜ ao − porque a meditac˜ ao vai destruir Deus, vai destruir o ego, vai destruir o eu. Vai deix´ a-lo no nada absoluto. ´ E apenas a mente que faz voce ter medo donada. (Osho/Zen, p. 133)
Estas afirmacoes coincidem 100% como minhas experiencias.
Ademais, quanto ao universo espiritual podemos agrupar os seres hu-
manos nas seguintes classes: os indiferentes, os seguidores (como as ovelhasseguem a um pastor), os buscadores (que podem buscar por conta propria)e, por ultimo, aqueles que ja nao estao buscando pelo fato de terem encon-trado. Me incluo entre estes ultimos.
Quando Buda atingiu, alguem lhe perguntou: “O que voce atingiu?”Ele riu e disse: “N˜ ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve
comigo. Pelo contr´ ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensa-mentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa e a minha aquisic˜ ao.” (Buda/Osho)
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Esse estado de nao existencia:
(Gentil) (Nao-existencia)
Pura
ConscienciaMeditacao
alguns mısticos o identificam com a Realidade Ultima, o que eu estou de-nominando de Deus:
Sankara postulou que, n˜ ao obstante o fato de experienciarmos o uni-
verso fenomenal, a nossa consciencia e o nosso corpo, estes n˜ ao s˜ ao a verdadeira Realidade pois, embora existam, a Realidade ´ Ultima e Brah-man ∗, a essencia do Universo que se encontra para alem do tempo, doespaco, e de todas as causas. Quanto a experiencia desta derradeira Realidade, ela e sem forma, sem sentimentos, sem pensamentos, sem quaisquer atributos (nirguna). (Ref. [9])
Eu, particularmente, so considero como Deus (ou Deus) esta RealidadeUltima e como a experimento e “sem forma, sem sentimentos, sem pen-samentos, sem quaisquer atributos ”, e por isto que reiteradas vezes tenhoafirmado que o amor nao e um dos atributos de Deus. Este (Deus) nao julga.
O grande mıstico Kabir disse: “Olhe a ironia disso. Quando eu estou,Deus n˜ ao est´ a; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou. De qualquer modo, oencontro n˜ ao se deu.” Porque para um encontro, s˜ ao necess´ arias pelo aomenos duas pessoas. “Quando eu estava, Deus n˜ ao estava; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou.” (Osho/Zen, p. 104)
Para encerrar o presente contexto deixa eu relatar-lhes uma experienciaconduzida por mim. Existe uma miss Russia (2010) que acho muy linda:
I ri n a
A n t on enk o
∗Nao deve ser confundido com Brahma, o Criador, parte da Trimurti Hindu juntamentecom Shiva, o destruidor, e Vishnu, o preservador.
Aproveitando este contexto podemos concluir que se Jave for considerado como Criador,no contexto cristao, isto nao implica em que ele seja a Realidade Ultima, Brahman, Deus.
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Pois bem, quando entro neste estado de nao existencia (ausencia de ego)
e observo uma imagem da Irina a sensacao e a mesma de que se eu estivessecontemplando uma pedra, ou seja, nenhuma. Todavia, a medida que meuarquivo, digo meu “ego”, vai sendo reconstituıdo, “montado de volta” (istose da paulatinamente), e olho novamente a imagem fico inebriado com tantabeleza − uma especie de extase estetico. Observo que como tenho controletotal sobre a mente nao permito que a mesma resvale para a lascıvia − aıseria desejo, certos desejos aprisionam −, neste estado nao existem desejos,trata-se de um extase puramente estetico, entenda quem puder. Acontecealgo semelhante quando contemplo uma bela flor. (p. 59)
Agora deixe-me falar sobre esse paradoxo: Voce s´ o existe quando voce n˜ ao existe, porque voce s´ o existe quando o ego desapareceu e voce e Deus.Esse e o primeiro princıpio. (Osho/Zen, p. 107)
Conclusao: Se este estado e Deus, como afirmam os mısticos (e eu naotenho porque duvidar), a conclusao e que Deus nao tem sensacoes, nemdesejos, nem sentimentos . . . p. ex., ele aprecia a beleza por nosso intermedio.
Acredito mesmo que esta “simples” experiencia − “com a miss” − sefosse devidamente compreendida seria suficiente para libertar metade dahumanidade do jugo das religioes.
Deus, ao contrario do Deus construido pelas religioes − para tosquiarsimplorias ovelhas −, nao julga, portanto nao existem pecadores.
Hoje em dia, apos todos estes anos, meu cerebro ja esta programado pois
quando tomo a ayahuasca ele, sem me consultar e sem me pedir licenca, jaentra automaticamente no estado de Vazio; pelo contrario, desenvolvi algunsartifıcios − como por exemplo ficar conversando com alguem − para que oVazio nao seja por demais intenso, como a “p otencia do sol”.
Uma “sensacao de vazio” com a potencia de uma lampada nao e boa
porquanto a mente ainda se insinua com facilidade; uma “sensacao de vazio”com a potencia de uma lua cheia e um estado de nao existencia confortavel,pois, nao existindo mente, nao existem desejos (muitos desejos escravizam),nao existe medo, nao existe nenhum dos produtos da mente; uma “sensacaode vazio” com a potencia do sol e um estado de nao existencia desconfortavel,pois, embora nao exista mente, este vazio e como se tivesse a potencia deum buraco negro, um estado de nao existencia forte e desconfortavel − edifıcil de explicar.
A proposito, deixo como sugestao ao leitor os vıdeos “Deus, a n˜ aomente! ” e “El Vacio y la No Mente ”, veja referencias [17] e [18].
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Simplesmente proferir as palavras “o ac´ ucar e doce” n˜ ao produz a experiencia, mas se for degustado, descobre-se que o seu sabor e doce. Domesmo modo, simplesmente proferir a palavra “vacuidade” n˜ ao produz a experiencia, mas atraves da meditac˜ ao o seu sabor e experienciado.
(Maitreya)
Voltando ao nosso fluxograma (p. 32), temos
Filosofia Budista
Alem do que ja foi citado, relacionando budismo e Vazio, sugiro aoleitor consultar as referencias [9], [10] e [11].
Ele [Buda] chamou o supremo de nada, de vazio, suniata, zero. Ora,como o ego pode fazer do “zero” um objetivo? Deus pode ser transfor-mado num objetivo, mas n˜ ao o zero. Quem quer ser um zero? Pois e exatamente isso que tememos ser; todo mundo est a evitando todas as possibilidades de se tornar um zero, e Buda fez dele uma express˜ ao para o supremo! (Osho/Buda, p. 138/Cultrix)
Nota: Falo de “Filosofia Budista” para diferenciar de “Religiao Budista”,que consiste em crendices e praticas de rituais. Como disse, toda religiaoaprisiona. Chamo de crendices o que nao satisfaz ao criterio BO, p. 30.
O acaso pode fazer com que uma opini˜ ao seja verdadeira, mas
nem por isso ela deixa de ser uma opini˜ ao, isto e, uma crenca e n˜ ao um saber. (Simone Manon)
Filosofia Taoısta
No quadro a seguir vemos uma relacao entre o Vazio e a filosofia taoısta:
O Nada, berco de todos os possıveis (ver ainda [12])
Nas profundezas do Insond´ avel
Jaz o Ser.
Antes que ceu e terra existissem,J´ a era o Ser
Im´ ovel, sem forma,
O V´ acuo, o Nada, berco de todos os Possıveis.
Para alem de palavra e pensamento
Est´ a Tao, origem sem nome nem forma,
A Grandeza, a Fonte eternamente borbulhante,
O ciclo do Ser e do Existir. (Lao Tse/Tao Te Ching)
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Logica Matematica
Em um livro de logica matematica∗ o autor chama a atencao para oseguinte fato:
Curiosidade: A perfeicao do Conjunto Vazio
Sobre sua curiosa natureza, dizem que o conjunto vazio e a ´ unica coisa perfeita no universo.
E o autor prova sua assertiva, assim:
De fato, para ele deixar de ser perfeito, deveria conter alguma im-perfeic˜ ao, ou algo nele que fosse imperfeito, mas ele nada contem!
Como estamos identificando o Vazio com Deus segue-se que a perfeicaoe um atributo de Deus. Afirmamos anteriormente que Deus nao possuinenhum dos atributos humanos. De fato, ser perfeito nao e um atributohumano.
Veja, essa e uma conclusao (deducao) da logica-matematica. Entretanto,quando a fiz custei a acreditar que para Deus ser perfeito teria que seridentificado com o Vazio, isto e, sem atributos (nirguna).
Me questionei: E se Deus tivesse somente atributos positivos tais como:amor, misericordia, etc., haveria algum problema em Ele ser perfeito?
Apos refletir um pouco cheguei a conclusao que sim! De fato, aconteceque fora do Absoluto (Vazio) tudo e dual, digo, para que haja o “positivo”deve existir o “negativo”, tipo:
alto ↔ baixo
gordo ↔ magro
rico ↔ pobre
amor ↔ odio
Vejamos, por exemplo, como a misericordia em Deus seria um pecadocometido por Ele. Digo, vejamos como se caso Deus fosse misericordiosopor isso mesmo Ele deixaria de ser perfeito.
Primeiramente, lemos em um dicionario: Miseric´ ordia . Compaix˜ ao sus-citada pela miseria alheia .
Obviamente que Deus, em si mesmo, nao poderia ser misericordioso.Digo, para que Ele pudesse revelar-se como misericordioso antes teria quecriar um miseravel − que e precisamente o que as igrejas ensinam com adoutrina do pecado original.
Em procedendo assim, e facil ver que a misericodia Divina seria umpecado, digo, seria oriunda de um defeito de Deus (ter criado um miseravel),portanto Ele, ao se manifestar misericordioso, nao seria perfeito.
∗“Um Convite a Matematica” de Daniel Cordeiro de Morais Filho.
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E aqui que afirmo: “Um Deus, pra homem nenhum botar defeito”. Voce
conseguiria apontar algum defeito no Vazio? no Nada? . . . Qual?O texto de Sankara, a pagina 39, nos ajuda a compreender por que Deus
(a “Realidade Ultima”) e perfeito.
Filosofia
Em minha busca de harmonizar “meu sistema de mundo” deparei-mecom um excelente livro de filosofia:
“A Potencia do Nada (o vazio incondicionado e a infinitude do ser)”
do filosofo Marcelo Malheiros, veja [13].Este foi um livro que comprei apenas pelo tıtulo e nao me arrependir,
pelo contrario, exultei. Deste livro porei em destaque o seguinte:
Plotino e a teoria das processoes
Plotino, filosofo neoplatonico nascido em Alexandria, Egito, em 205 D.Ce falecido em 270, desenvolve nas Eneadas uma extraordinaria explicacaopara o surgimento do Universo fısico a partir da unidade absoluta (o Uno),que, em processoes (ou derivacoes) sucessivas, do mais elevado estado chegaate o nao-ser da materia.
De acordo com ele, o Uno, fonte de tudo, de todo o Ser, esta, todavia,para alem do Ser, que por “ser alguma coisa” e limitado. O uno consiste,
se assim podemos falar, num meta Ser (que esta acima de Deus), porquetranscende qualquer forma, limite ou determinacao proprias de todo ser, queesta no tempo e no espaco. Desse modo, ao passo que o ser e sempre algumacoisa, o Uno e infinita potencialidade daquilo que nao e nada, mas pode sertudo. [. . . ] Como diz Plotino, o Uno “e mais que ser, mais que essencia,mais que existencia, mais que Deus”. “E tal que nada pode predicar-sedele, nem o ser, nem a essencia, nem a vida, porque esta alem de todas essascoisas” (Eneadas, 8, 8). (pp. 55, 56)
Aditaremos uns poucos comentarios. Inicialmente observe de nossaidentidade na pagina 30 que o Uno de plotino corresponde a Deus, ou aRealidade Ultima de Sankara, p. 39.
“Deus e mais que Deus”, posto que, se Deus existe, a exemplo de Jave− por suposto − entao e limitado. Que Jave e muito limitado podemosdeduzir isto de varias fontes indepedentes (livros), por exemplo, da proriaBıblia (VT), “Resposta a J´ o ” e o “O Drama Terreno de Jave ” .
Mais a frente o autor acrescenta:
Na verdade, n˜ ao e que Deus tenha criado o mundo do Nada; aocontr´ ario, o Nada, engendra Deus (a consciencia original absoluta) e os possıveis por absoluta necessidade. (p. 163)
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Observe que o Nada, Deus, o Absoluto engendra Deus. E importante
observar que engendrar e diferente de criar. Criar exige “planejamento”,deliberacao, engendrar nao. Uma semente engendra uma arvore, nao a cria;uma mae engendra (gera) um filho, nao o cria.
Se Deus tivesse criado (planejado) Jave, por isto mesmo seria responsavelpor todos os seus crimes. Admitindo que o inteligente Deus Jave tenha cria-do este planeta − como afirmam os cristaos − entao ele torna-se culpado,como com razao argumenta Russel, p. 11.
Como trata-se de um ponto delicado, sutil, vejamos o que nos diz umaoutra fonte indepedente.
Na criac˜ ao emanatista plotiniana, que, por sua vez, teria sua ins-pirac˜ ao na ideia emanatista de criac˜ ao de Filon de Alexandria, “tudo
brota do Uno, n˜ ao por um processo deliberativo nem um ato de cons-ciencia. Brota em raz˜ ao de sua superabundˆ acia [...]. a criac˜ ao e, pois,conseq¨ uencia da suprema superabundˆ acia do Uno e de sua capacidade de engendrar. E isso se diferencia profundamente do Deus crist˜ ao. [. . . ] N˜ ao h´ a ato de amor na criac˜ ao plotiniana, “h´ a sim, um amor (erˆ os) doIntelecto e da Alma para com o Uno, mas n˜ ao no sentido inverso (comoocorre no cristianismo)”.
Plotino entende que o Uno n˜ ao pensa, nem o exterior, porque pen-sar e sempre pensar algo fora, e fora dele n˜ ao existe nada; nem mesmopode pensar a si mesmo, porque, se Ele pensasse a si mesmo, introduziria uma imagem de si em si. (Revista SymposiuM)
Nas minhas experiencias de meditacao, no estado de “nao-existencia”,percebo claramente que nao pode haver culpa no “meta Ser”, pois, em par-ticular, Ele nao pensa, nao possui este atributo. Na verdade “nao existecomo algo” (toda existencia implica limitacao). Como provamos anterior-mente, p. 42, so o Vazio e perfeito. E uma abstracao, como os n´ umeros .
∗ ∗ ∗A Consciencia cria a realidade
Ainda uma outra interpretacao propoe que o ato de observacao cria arealidade fısica. Em sua forma forte, essa interpretacao assevera que a cons-ciencia e o estado basico fundamental, mais primario que a materia ou ener-
gia. Essa posicao concede um papel especial a observacao, quando a trans-forma no agente ativo que provoca o colapso das possibilidades quanticas emrealidades. Muitos fısicos suspeitam dessa interpretacao porque ela lembraideias originarias das filosofias orientais e das propostas mısticas. Mas umnotavel subconjunto de fısicos proeminentes, incluindo os laureados Nobelem Fısica Eugene Wigner, Brian Josephson, John Wheeler e Jonh von Neu-mann, abracou conceitos que sao, pelo menos, um pouco simpaticos a esteponto de vista. O fısico Amit Goswami, da Universidade de Oregon, e umdos que o promovem com muito vigor.
(Mentes Interligadas, p.221/Dean Radin)
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1.4.1 A equacao divina
Com o fito de esclarecer a diferenca entre o Uno − que eu prefiro chama-lo de Absoluto − e Deus, antes darei uma definicao.
Definicao 1 (Absoluto). Absoluto e o conjunto de tudo quanto existe noUniverso, visıvel ou invisıvel.
Observe que enquanto se necessita provar a existencia de Deus − peloao menos foram dadas varias provas da existencia de Deus ao longo dahistoria −, a existencia do Absoluto nao necessita ser provada, Ele existepor definicao!
Para contribuir no entendimento desta afirmacao e que colocarei o texto
a seguir, retirado de um livro de filosofia.As definic˜ oes matem´ aticas parecem opor-se radicalmente as definic˜ oes
empıricas porque os seres matem´ aticos n˜ ao s˜ ao objetos que se descubram na natureza. As definic˜ oes empıricas, no fundo, s˜ ao simples descric˜ oes de coisas j´ a existentes . . . . O naturalista que define o p´ assaro, n˜ ao ocria: descobre-o. Contrariamente, o cırculo n˜ ao designa um objeto exis-tente, mas e a definicao do cırculo que o cria. Tambem poderıamos dizer que “se a definic˜ ao empırica n ao passa de uma c´ opia, a definic˜ aomatem´ atica e um modelo”. A definic˜ ao matem´ atica n˜ ao e descritiva e criadora. A relac˜ ao entre o matem´ atico e os seres matem´ aticos e a mesma existente entre um deus e suas criaturas. (Grifo nosso)
(Curso Moderno de Filosofia /Denis Huisman e Andre Vergez.)
Para estabelecer nossa equacao usaremos de uma analogia. Existe umaexperiencia na fısica na qual um prisma ao receber a Luz branca a decompoeem um espectro de frequencias, “as sete cores do arco-ıris ” , assim:
(Prisma)Luz Branca
VermelhoAlaranjado
Amarelo
Verde
AzulAnil
Violeta
Pois bem, em nossa analogia, a Luz Branca que incide no prisma e oAbsoluto, o prisma e o homem (mediun, profeta, etc.) e as cores sao osdiversos Deuses das religioes, veja:
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(homem)
D e u s
Ala (Islamismo)Jave (Cristianismo)
Deus-Parens(Tenrikyo)
Tao (Taoismo)
Vishnu (vishnuismo)Shiva (shivaısmo)
Ahura Mazda (mazdeısmo)
Luz Branca
Absoluto + Homem = Deus
Observe alguns casos especiais desta equacao:
Absoluto + Krishna = Vishnu
Absoluto + Zaratustra = Ahura MazdaAbsoluto + Gentil = Deus
Absoluto + Lao Tse = Tao
Absoluto + Moises = Jave
Absoluto + Maome = Ala
Absoluto + Jesus = O Pai
Absoluto + Miki Nak. = Deus-Parens
Absoluto + Homem = Deus
Todo o problema consiste em que os fanaticos de todas as religioes −“instruidos” por mestres nao menos cegos − anulam a “interface” homem,no que resulta em uma equacao adulterada, veja:
Absoluto + Homem = Deus0
⇒ Absoluto = Deus (falsa equacao)
Rezo a Deus que me livre de
Deus. (Mestre Eckhart)
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O psicologo suıco Carl Gustav Jung, a exemplo de Mestre Eckhart∗,
tambem faz uma distincao entre a Deidade e Deus − que e a manifestacaoda Deidade no mundo. (ver Osho p. 55)
Deus nunca e sen˜ ao, precisamente, a representac˜ ao que nossa alma faz do Desconhecido. Ele e uma ‘func˜ ao da alma’, e ‘a alma oexprime’ enquanto criatura.
(C.G. Jung/Os tipos psicologicos, 1921)
Adendo: De proposito me inclui na lista de “casos especiais da equacaodivina”, como um exemplo de como se cria um Deus a partir do Absoluto.
Maome, meditando e orando nos montes perto de Meca, trouxe (gestou)
o Deus Ala.Conta-se − na historia do zoroastrismo (e o mesmo mazdeısmo) − que
zoroastro (ou Zaratustra) retirou-se em contemplacao, meditacao e reflexao,e daı gestou o Deus Ahura Mazda.
De modo analogo, creio, apos alguns anos de meditacao, pesquisa e re-flexao − com o auxılio da ayahuasca − estou trazendo (gestando) um novoDeus; no caso Deus ≡ Vazio.
Toda experiencia e unica e individual − como ja dizia Heraclito, “Nin-guem entra em um mesmo rio uma segunda vez” −, assim e que considerominhas experiencias com o Vazio distintas das de Buda e Lao Tse, e das dequalquer outro mıstico; sinceramente creio que as minhas foram mais inten-
sas, porquanto utilizava de um instrumento, o “microscopio”, “telescopio”, ja referidos (p. 34), e neste sentido que falo de um novo Deus, isto e, de umanova experiencia, e nao apenas isto,
Do ponto de vista cognitivo, a evoluc˜ ao tambem avanca no chama-mento ou na criac˜ ao de “sentido”, de significac˜ ao, ou, em outras palavras, de novos conceitos e novas formas de inteligibilidade. Criar,portanto, n˜ ao e apenas produzir novas formas, mas sobretudo criar com-preens˜ ao e entendimento. Novas figuras mentais, conceituais; novas for-mas e maneiras de existir, de expressar-se, de perceber e perceber-se, de sentir e de sentir-se. (A Potencia do Nada, p. 178)
Claro, nao tenho a pretensao, e nem o interesse, de estar trazendo “umnovo Deus para a humanidade”, e muito menos criar uma religiao − todareligiao e uma prisao, repito − estou apenas compartilhando, a quem inte-ressar possa, um pouco de minha jornada espiritual , apenas isto!
E de mais a mais, nao esqueca que este ja e o terceiro livro que escrevona area da espiritualidade e que este e apenas o primeiro capıtulo, existemmais quatro pela frente. Eu, se quisesse, poderia compor uma “Bıblia”.
∗Grande mıstico e pregador dominicano, condenado em 27 de marco de 1329, pelo papaJoao XXII.
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E desta forma que nascem − sao gestados − os Deuses dos diversos povos
e religioes. A proposito, quem desejar ver “mais de perto” como nasce umDeus basta ler a historia do surgimento de Deus-Parens da Tenrikyo, fundadaem 26 de outubro de 1838. (p. 28)
Foi em minhas pesquisas que me deparei com o Deus-Parens da Tenrikyo.Os biologos, em pesquisas geneticas, se utilizam da mosca-das-frutas comomodelo, dentre outras razoes por seu reduzido numero de genes (15 mil).De modo analogo, achei Deus-Parens um excelente modelo para o estudo dofenomeno religioso, inclusive como contribuicao para a pesquisa do que sejaisto que todos chamam de Deus − por ser um Deus (fenomeno) relativamentenovo comparado a outros.
A religiao Tenrikyo revelou-se um excelente modelo para o estudo do
fenomeno religioso. E, como o cristianismo, uma religiao revelada. As-sim como Jesus recebeu o “Espırito de Deus-Pai ”, a senhora Miki Naka-iama recebeu o “Espırito de Deus-Parens”; assim como o cristianismo contacom uma Bıblia a Tenrikyo conta com uma Bıblia (Escritura) por nomeOfudessaki †, assim como Jesus realizou milagres a Sra Miki tambem:
[. . .] E comecou a aparecer nas vizinhancas, quem se aproximasse adorando-a como uma deusa viva. Ensinou-lhes, ent ao, que a origem das doencas est´ a no pr´ oprio espırito e realizou in´ umeras curas ex-traordin´ arias. Mesmo as doencas tidas como incur´ aveis n˜ ao eram diante dela. Os cegos adquiriram prontamente a vis˜ ao e os loucos, a clara lu-cidez. (Doutrina de Tenrikyo, p. 49)
De sorte que esta religiao me foi como um achado primoroso para oestudo do fenomeno religioso e para minha pesquisa sobre O QUE ´ E DEUS .
Segundo entendo, uma religiao pode ser fundada por um espırito malevolo,e o caso da Tenrikyo. Com efeito, O livro “Vida de Oyassama ”∗ relata comoa Sra Miki Nakaiama veio a tornar-se Sacrario (“hospedeira”, mediun ) deDeus-Parens; dadas as circunstancias da ocasiao, inclusive casa, marido efilhos pequenos para cuidar, a proposta de Deus-Parens foi inicialmente re-
jeitada por todos os familiares. Deus-Parens negou-se terminantemente aaceitar a recusa, tentou impor a sua vontade de diversos modos, inclu-sive adoecendo membros da famılia da Sra Miki e ameacando destruir a
residencia da famılia: (Vida de Oyassama, p. 6)
Deveis agir de acordo com a intenc˜ ao de Deus original. Aceitai oque Eu, Deus, vos digo. Se ouvirdes, Eu a farei salvar todos os povos domundo. Se recusardes, farei com que n˜ ao sobre nem o p´ o desta casa.
Diante de uma proposta tao “solıcita ” destas a famılia nao teve outraalternativa que nao render-se aos apelos de Deus-Parens. Mais uma religiao.
†Ponta do Pincel ou Escritura Divina.∗Que significa Nossa Mae. Oya e um prefixo que designa pai e mae, indistintamente;
Sama e um sufixo honorıfico.
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Filosofia da Matematica
Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 — Milford 19 de abril de 1914), foi um fil´ osofo, cientista e matem´ aticoamericano.
Filho do matem´ atico, fısico e astrˆ onomoBenjamin Peirce, Charles, sob influencia pa-terna, formou-se na Universidade de Harvard em fısica e matem´ atica, conquistando tambem o diploma de quımico na Lawrence Scientific School.
O livro “O Conceito de Continuidade em Charles S. Peirce∗” trata delogica e filosofia da matematica. Apresenta uma secao sobre cosmogonia que a mim surpreendeu pelo fato de um logico, filosofo e matematico purotambem colocar o Vazio (Nada) como fundamento do Universo. Destacareialguns pontos.
O Nada Inicial (p. 290)
Um dos objectivos das cosmologias e a origem do universo, a qual, noentanto, fica usualmente inexplicada. O princıpio de continuidade obriga air para alem dessa origem: obriga a compreender a passagem da nao exis-tencia a existencia. “Existencia” designa aqui o nosso universo actual e asreacoes materiais entre os objectos que o compoe. Deve-se ir para la dessaexistencia e conjecturar um processo evolutivo anterior a propria origem.Resulta daı que a cosmologia peirceana e tambem uma cosmologia do uni-verso anteriormente a sua existencia . [ . . . ]
Ha, pois, um processo evolutivo anterior a existencia. Globalmente,Peirce distingue nele dois momentos: um “nada caotico” e um nada aindamais primitivo que esse nada caotico. E nesse Nada primitivo que devemoscomecar por nos concentrar. O Nada primitivo e um estado em que “o uni-verso nao existia”, um “absoluto nada”. Contudo, esse Nada absoluto tem
propriedades notaveis na medida em que a totalidade do nosso universo ac-tual ja se encontra nele em germe; com efeito, ele representa a totalidade daspossibilidades. Antecipa-se pois que sera o contınuo que encontraremos noNada. Mais, vamos ver que ele e uma forma de unir logica e continuidade.
Pois bem, achei muita harmonia entre algumas destas afirmacoes comalgumas das conclusoes do autor de “A Potencia do Nada” ([13]).
∗Por Antonio Machado Rosa. Fundacao Calouste Gulbenkian (Fundacao para a Cienciae a Tecnologia)/Dezembro de 2003
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Somente o Absoluto e ´ unico. Desse Absoluto nada podemos dizer,
a n˜ ao ser que constitui a totalidade das possibilidades de existencia; um puro Nada e, por isso, fundamento de todo o Ser. [. . .] N˜ ao e uma pessoa,mas o pr´ oprio infinito [. . .] (Marcelo Malheiros/[13], p. 178)
Pesquisei na extensa bibliografia apresentada neste ultimo livro e naoexiste mencao do primeiro (Peirce), o que me leva a crer que s ao pesquisase conclusoes indepedentes.
No meu livro “O Tao” ([5]) faco uma construc˜ ao matem´ atica de Deus apartir do conjunto vazio.
Na leitura anterior uma passagem “enigmatica” e aquela que diz:
“Antecipa-se pois que ser´ a o contınuo que encontraremos no Nada.”
Encontrei em um outro livro uma citacao que traz alguma luz sobre aque contınuo Peirce se refere, ademais traz outras confirmacoes:
Idealismo: A consciencia e a realidade fundamental. Tudo s˜ ao ex-press˜ oes dela. Sendo viva, fluida e perpetuamente auto-renovadora, ela se expressa num continuum de nıveis ou camadas da mais “eterea” e abstrata,a consciencia pura, passando por todos os nıveis sutis e mais “substanciais”(func˜ oes de ondas quˆ anticas e partıculas, f´ otons, ´ atomos, moleculas, etc.)ate a materia mais s´ olida. Nesse continuum, tudo est´ a conectado e rela-cionado. ´ E tudo o mesmo material, manifestando-se em freq¨ uencias, nıveis vibrat´ orios e densidades diferentes. [. . .] E a consciencia bem poderia ser o “monismo neutro” do matem´ atico e fil´ osofo Bertrand Russel, segundo oqual uma mesma entidade subjacente d´ a origem tanto as qualidades fısicas quanto as mentais. ([14], p. 133)
A matematica origina-se do Vazio
Matem´ atica: Esta “ciencia vazia” que − espantosamente − se aplica a todas as contingencias fenomenol´ ogicas, apesar de ser um puro
formalismo reflexivo.
Na matematica podemos construir todos os conjuntos numericos a partirdo conjunto vazio,
∅ → N → Z → Q → R → C
como toda a matematica fundamenta-se nos numeros podemos dizer quetoda a matematica assenta-se no vazio. Em um livro de matematica∗, lemos:
∗Pena, Fernando; Miranda, Virgınia. Teoria dos Conjuntos . Colecao Ciencia e Tecnica-Lisboa: Instituto Piaget, 2006.
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Este potencial do conjunto vazio, a que Frege chamou o momento
imediato antes da criac˜ ao, e extraordin ario e remete-nos para concepc˜ oes pr´ oximas da cosmologia, da filosofia e da teologia. Leiamos as palavras seguintes e tentemos perscrutar nelas o sentido mais profundo da cons-truc˜ ao de um universo matem´ atico a partir do “nada”.
“Se o quadro geral de um universo em expansao e de um Big Bang es-tiver correcto, temos de enfrentar questoes ainda mais difıceis. Como eramas condicoes na altura do Big Bang? Que aconteceu antes disso? Existiriaum minusculo universo, despido de toda a materia, a qual, de subito, secriou a partir do nada? Como aconteceu isso? Em muitas culturas e habit-ual responder que Deus criou o universo do nada.” (Carl Sagan/Cosmos)
Adendo: Desejo compartilhar com o leitor, atraves de uma analogia, meuentendimento de afirmacoes “sutis e abstratas ” tais como: “existe em poten-cia ”, “estado de n˜ ao-existencia ”, etc., referentes ao Absoluto.
Perguntamos, a rigor podemos afirmar que existe musica ou imagemem um pen-drive ou onda eletromagnetica?
Obvio, em um pen-drive, ou onda eletromagnetica, nao existem musicasou imagens, mas tao somente musicas e imagens codificadas, em codigo.
No pen-drive, ou onda eletromagnetica, existem musicas e imagens “em potencia ”, “num estado de n˜ ao-existencia ”, para virem a existencia neces-sitam apenas de um hardware apropriado que as decodifiquem.
Deus, Uno, e este estado de “n˜ ao-existencia ” mas que contem Tudo (emcodigos) − O que significa que todas as possibilidades existem em potencia(codificadas) em Deus. Veja adendo (complemento) a pagina 60.
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O universo e um computador quantico
Do que o universo e feito? Materia? Materia escura? Energia? Vi-bracoes? De acordo com um fısico chamado Vlatko Vedral, nosso universoe feito de informacao.
Segundo o f ısico, se quebrarmos o universo em pedacos cada vez menoreso que sobraria no final sao bits.
Numa escala minuscula, o universo seria controlado pelas malucas leisda fısica quantica. (Fonte: New Scientist)
O filosofo Leibniz esta de acordo com o fısico, veja:
[. . .] Sim, de fato ele [Leibniz] percebeu no bit 0 e no bit 1 o poder combinat´ orio para criar o universo inteiro, que e exatamente o que acon-
tece nos modernos computadores digitais eletrˆ onicos e no restante de nossa tecnologia de informac˜ ao digital: CDS , DVDS , cˆ ameras digitais,PCS . . . Tudo isso e 0’s e 1’s, e esta e a nossa imagem do mundo! Voce combina apenas 0’s e 1’s e voce consegue tudo. [. . .]
A despeito da crıtica de Laplace, a vis˜ ao de Leibniz, pela qual omundo e criado a partir dos 0’s e 1’s, recusa-se a sair de cena. De fato,ela comecou a inspirar alguns fısicos contemporˆ aneos, que provavelmente nunca ouviram falar de Leibniz. (Gregory Chaitin/Metamat!/p.’s 99-101)
A relacao entre fısica quantica e Vazio ja foi assinalada na pagina 30,sendo assim encerramos a fundamentacao do nosso fluxograma.
Ora, o Vazio “nao contem nada”, o Absoluto contem tudo, como iden-
tificar estes dois conceitos − como mostrar que o Vazio e o Absoluto e oAbsoluto e o Vazio?
Num apendice (p. 61) estamos identificando o Vazio com o Absoluto eprovando a unicidade de ambos.
∗ ∗ ∗Ao longo da Hist´ oria, as religi˜ oes, todas elas, sem excec˜ ao, fizeram a
humanidade mais mal que bem. Todos o sabemos, mas n˜ ao extraımos daı a conclus˜ ao ´ obvia: acabar com elas. N˜ ao ser´ a possıvel, mas ao menos tentemo-lo. Pela an´ alise, pela crıtica implac´ avel. A liberdade do ser humano assim o exige. (Jose Saramago)
[. . .] De algo sempre haveremos de morrer, mas ja se perdeu a contados seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foramcapazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a quemais ofende a simples razao, e aquela que, desde o princıpio dos tempos edas civilizacoes, tem mandado matar em nome de Deus. Ja foi dito queas religioes, todas elas, sem excepcao, nunca serviram para aproximar econgracar os homens, que, pelo contrario, foram e continuam a ser causa desofrimentos inenarraveis, de morticınios, de monstruosas violencias fısicas eespirituais que constituem um dos mais tenebrosos capıtulos da miseravelhistoria humana.
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1.5 Ateus
× Iluminados
Nao deixa de ser curioso e surpreendente para nos ocidentais que pos-sam existir religioes sem um Deus. Com efeito, o budismo e o jainismo s aoduas religioes onde “n˜ ao se ouve falar em Deus ”.
Budismo e uma religi˜ ao n˜ ao-teısta de origem indiana. Fundada por Siddhartha Gau-tama, mais conhecido como Buda, que sig-nifica “O Iluminado”. Segundo a biografia tradicional, o pai de Buda foi o rei Sud-dhodana, lıder do cl˜ a Shakya. Gautama, e
tambem conhecido como Shakyamuni (“s´ abiodos Shakyas”).
Buda viveu e desenvolveu seus ensinamen-tos no nordeste do subcontinente indiano, entre os seculos VI e IV a.C.
Jainismo e uma religi˜ ao n˜ ao-teısta de origem indiana. Fundada, na sua forma a-tual, por Mahavira. Foi contemporˆ aneo doBuda, embora n˜ ao conste que os dois mestres se tenham alguma vez encontrado. Viveram numa epoca em que as pr´ aticas religiosas tradi-cionais comecavam a entrar em crise; em particular, o sacrifıcio de animais e o sis-tema de castas, rejeitados por Mahavira e Buda.
Siddhartha, um prıncipe, apos sacrificar uma vida palaciana de luxos eregalias opta por levar uma vida de asceta por longos anos, apos varios delesmeditando chega a conclusao de que Deus nao existe.
Analogamente, Mahavira num relato que se assemelha ao da vida doBuda, sacrificou uma vida confortavel para se entregar a praticas asceticas;dormiu em locais inospitos, praticou jejuns extremos, num perıodo total dedoze anos . . . tambem conclui que Deus nao existe.
Ora bolas! Entao, qual e a diferenca − se e que existe − entre estesgrandes “mestres iluminados” e um ateu?
Respondemos: a diferenca e que o ateu o e por uma especie de deficiencia ,enquanto Buda e Mahavira o sao por uma especie de excesso.
Excesso de “vibracoes” e deficiencia de “vibracoes”. Explico, ha quemdiga que tudo no Universo pode ser traduzido em vibra coes, veja:
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Toda a vida e uma vibrac˜ ao. O que voce chama de vida (que tambem
poderia chamar de Deus) e pura energia. Essa energia vibra constantemente.Move-se em ondas. As ondas vibram em velocidades diferentes, produzindograus diferentes de densidade ou luz. Por sua vez, isso produz o que voce chamaria de “efeitos” diferentes no mundo fısico − na verdade, objetos
fısicos diferentes. No entanto, embora os objetos sejam diferentes e distintos,a energia que os produz e a mesma. (C.C.D., vol. III, p. 108)
Nota: Compare com “Idealismo”, p. 50.
Desconfio muito que, se Einstein soubesse que a fısica quˆ antica nos permitiria redescobrir Deus, e que o Deus quˆ antico n˜ ao e bondoso, ele
ficaria muito contente. (Amit Goswami)
O leitor se imagine tentando descrever o sabor de uma fruta a quemnunca a experimentou, e impossıvel; uma estrategia e trabalhar por analo-gias. Estamos aqui tratando de temas “abstratos”, so posso falar por meiode analogias para me fazer compreender mais ou menos; pois bem, vamoslembrar o que e espectro eletromagnetico:
Luz visıvel
Espectro eletromagnetico:e o intervalo completo de todas aspossıveis frequencias da radiacaoeletromagnetica, que contem as on-
das de radio, as microondas, o in-fravermelho, os raios X, a radiacaogama, os raios ultra violeta e a luz visıvel ao olho humano. Diferem umadas outras quanto ao valor da frequencia de propagacao e quanto a formaque sao produzidas. As radiacoes luminosas ocupam uma pequena faixano espectro, sendo assim, os olhos humanos nao conseguem ver o restantedas radiacoes que compoe o espectro eletromagnetco.
Pois bem, admitindo a analogia de que “Deus e luz”, assim como aluz, Deus so comparece (“existe”) numa faixa do espectro de vibrac˜ oes da consciencia . Abaixo dessa faixa situam-se os ateus, na faixa situam-se oscrentes, acima da faixa situam-se os mestres iluminados, para os quais nao
existe Deus, como para os ateus, veja:
Existe Deus(crentes)
Luz
Nao Existe DeusNao Existe Deus
Ateus Buda, Mahavira, Osho, Nietzsche, . . .
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Podemos ver o diagrama anterior de uma outra perspectiva, assim:
Existe Deus(Programacao)
Nao Existe DeusNao Existe Deus
Criancas Desprogramacao
Para uma crianca, ao nascer, nao existe Deus; posteriormente ela e pro-
gramada para acreditar no Deus de alguma religi ao (ver fig. p. 10), oiluminado − pelo ao menos Desperto − e aquele que consegue se desprogra-mar e adquire um novo nıvel de consciencia, para o qual o Deus das religioesdeixa de existir.
Por que a desprogramacao se torna tao difıcil? por que nos dias de hojesao raros os despertos e mais ainda os iluminados? Respondemos: porqueisto implica em refazer − redesenhar − o proprio ego (ver fig. p. 36). Ecomo se voce tivesse que sair de uma dimensao (“seu proprio eu”) para, apartir de fora, atuar nela, modificar o proprio desenho (ego). Arrostar oesforco de criar a si mesmo. Aqui entra a meditacao como uma auxiliar.
Resumindo: ateus e mestres iluminados nao crem em Deus todavia
situam-se em lados opostos dos crentes. Ou ainda: situam-se em faixasde vibracoes distintas.
O homem Sidarta se tornou Gautama Buda. E nessa ilumina c˜ ao, de nirvana, ele n˜ ao encontrou nenhum Deus. Toda a existencia e divina, e n˜ ao existe um criador separado; toda a existencia est´ a repleta de luz e de consciencia, daı n ao haver nenhum Deus, mas h´ a divindade.
(Osho/Buda, p. 36)
Observe que os crentes confundem tudo, quem nao acredita no Deusdeles − em suas parcas concepcoes do divino − e logo taxado de ateu, aexemplo de Nietzsche.
De fato, nao considero que Nietzsche foi ateu, tao somente situava-se naoutra faixa do espectro de vibracao (nıvel de consciencia). Faco questao decitar duas passagens que corroboram minha assertiva, veja:
O que nos distingue, a n´ os, n˜ ao e o fato de n˜ ao encontrarmos ne-nhum Deus nem na hist´ oria, nem na natureza, nem alem da natureza − mas que consideremos tudo o que e venerado sob o nome de Deus,n˜ ao como “divino”, mas como lastim´ avel, como absurdo, como nocivo,n˜ ao somente como erro, mas como crime contra a vida. . . Negamos Deus como Deus. . . Se alguem nos provasse esse Deus dos crist˜ aos, ficarıamos ainda menos inclinados a crer nele. (Nietzsche/O Anticristo)
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No que diz respeito a mim, Gentil, “Nego a Deus como Deus. . . nao como
Deus”.O comentario a seguir sobre Nietzsche e nossa analise precedente sobre
Deus nos mostra que Nietzsche pode sim ser incluido entre os mestres ilu-minados , observe:
Por ora, tudo se passa como se Nietzsche recusasse apenas os atribu-tos que a chamada metafısica dogm´ atica confere a Deus, sem todavia negar-lhe a existencia. A leitura de mais alguns de seus escritos fortalece essa hip´ otese. “Afastemos a suprema bondade do conceito de Deus: ela e indigna de um Deus. Afastemos tambem a suprema sabedoria: foi a vaidade dos fil´ osofos que se tornou culpada dessa extravagˆ ancia de um
Deus monstro de sabedoria: ele deveria parecer-se com eles tanto quantopossıvel. N ao! Deus, a suprema pot^ encia − isso basta”.
(Nietzsche − Das forcas Cosmicas aos Valores Humanos/Scarlett Marton)
Observe que Nietzsche, tal como nos, afasta de Deus atributos taiscomo: amor, bondade, inteligencia, etc.
Nao! Deus, a suprema potencia − isso basta.Donde se deduz que o Deus de Nietzsche e o mesmo que o Uno de Plotino.
Adendo: Abri este espaco para fazer justica a ateus e agnosticos. Tenhovisto alguns vıdeos e lido alguns artigos de ateus e de minha parte con-sidero seus argumentos via de regra consistentes daı que os considero na“caminhada evolutiva ” bem a frente (superiores) aos crentes de qualquer
denominacao.Dentre ateus e agnosticos encontramos aqueles que podemos denominar
de “Despertos ”, significando que acordaram pelo sono imposto pelas re-ligioes (programacao). Ao contrario, dentre crentes nao podemos encontrardespertos, por definicao; digo, a prova de que ainda se encontram dormindoe o fato de ainda estarem la deixando-se tosquiar pelos lobos devoradores,alias como a proria Bıblia que eles utilizam adverte.
Entretanto, como entendo, assim como nao existem crentes despertos nao existem ateus iluminados , isto decorre quase que por definicao. A umiluminado se aplica o pensamento de Osho a p. 55, nao a um ateu.
Ora, sendo todo Deus uma construcao humana − digo, e resultado de um
amalgama que inclui o homem, conforme equacao divina, p. 46 − ninguemtem por obrigacao adotar o Deus de nenhuma religiao, esta e a postura doateu e e tambem a minha, neste ponto nos identificamos. Agora, alem deDeus existe a Divindade. Esta apenas pode ser experienciada, e uma questaode vibracao, de nıvel de conscienca. E esta experiencia que falta ao ateu.
Creio que nenhum autor − e aqui vai uma manifestacao egoica − trouxea Divindade (Deidade, p. 47) tao proxima ao intelecto quanto eu (aolongo de todo este livro). Mas daqui para o experienciar (p. 41), falta o“salto quantico”. Ao se fechar para Deus, o ateu fecha-se tambem para a
Divindade, nao entende que nao e a mesma coisa.
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1.6 Jesus e o teorema de Nagarjuna
Acredito que e possıvel se reconhecer um sabio iluminado por apenasum de seus pensamentos. O pensamento a seguir, de um monge indiano(sec. II-III) por nome Nagarjuna, me causou uma especie de fascınio tantoe que decidi conferir-lhe o status de um teorema matem´ atico∗, afirma ele:
Se eu tivesse qualquer posic˜ ao te´ orica, ent˜ ao eu teria problemas; mas j´ a que n˜ ao tenho qualquer posic˜ ao te´ orica, ent˜ ao n˜ ao tenho qualquer problema.
Creio que um pensamento com tal densidade so pode ser afirmado porquem algum dia ja experimentou o Vazio. Nagarjuna afirma que qualquer
teoria (ou posicao teorica) acarreta problemas, digo, e suscetıvel de dis-cussao; ou ainda, nao esta a salvo de crıticas. E isto se confirma, de sobejo,tanto na filosofia, quanto na fısica teorica, e ate na matematica (filosofia).
Por oportuno, a propria teoria da relatividade de Einstein tem proble-mas. E o que afirma o professor Andre Koch Torres Assis da Unicamp,que ja publicou alguns artigos e mais recentemente um livro contestando asideias do fısico alemao. (Teoria, p. 66)
O teorema de Nagarjuna afirma ainda, na sua segunda parte, que s o naoexiste problema aonde nao se tem qualquer posicao teorica.
Prova: Para a demonstracao do teorema de Nagarjuna utilizaremos a provafeita anteriormente sobre a perfeicao do conjunto vazio (p. 42).
Com efeito, se a unica coisa perfeita e o conjunto vazio segue-se que forado vazio ha imperfeicao, em particular, qualquer posicao teorica acarretaproblemas. c.q.d
O impacto que a afirmacao de Nagarjuna exerceu sobre mim se deve aque em meus estados de meditacao (vazio profundo) percebo claramente queao abandonar o vazio caimos na mente e esta, ao contrario da Consciencia,e um fenˆ omeno local ; digo, eu tenho minha mente (ego) e cada um tem asua. Para um melhor entendimento inverta a seta na fig. da p. 37.
A tıtulo de exemplo, gostaria de mostrar como se aplica o teorema deNagarjuna em um caso particular, em uma afirmacao de Jesus.
As ideias n~ao s~ao a verdade,
a verdade e algo que deve
ser testado diretamente
de momento a momento.
Disse ele: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguem vem ao Pai, sen˜ ao por mim ”.Aqui eu poderia apontar varios problemas com
esta “posicao teorica” de Jesus. Pra comecar naoexiste um unico caminho (ver p. 9), como tambemnao existe uma unica verdade − existem perspecti-vas. E isto o que a realidade escancara frente a meusolhos, e eu nao sou cego.
∗Em matematica, um teorema e uma afirmacao que pode ser provada como verdadeirae para isto podemos utilizar outros resultados previamente ja provados.
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Decidi explorar um pouquinho mais o teorema de Nagarjuna. Vejamos
mais alguns posicionamentos te´ oricos de Jesus; segundo Nagarjuna todoseles apresentam problemas, e so uma questao de encontrar a perspectivaapropriada, senao vejamos:
− “Ent˜ ao Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, ate quantas vezes pecar a meu irm˜ ao contra mim, e eu lhe perdoarei? Ate sete? ” (Mt 18:21-22)
Jesus lhe disse: N˜ ao te digo que ate sete, mas ate setenta vezes sete.
Como entendo esta e apenas uma frase de efeito proferida por Jesus.De fato, a experiencia demonstra que perdoar indefinidamente nao e acon-selhavel em muitas situacoes; primeiro que isto pode ser um incentivo a queo beneficiado continue cometendo seus erros; segundo, para merecer ser per-doado “setenta vezes sete ” como aconselha Jesus, este meu irmao estaria se
esforcando pelo ao menos o mınimo para nao continuar errando?
− “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe tambem a outra; e, ao que te hou-ver tirado a capa, nem a t´ unica recuses.” (Lc 6:29)
Esta e mais uma frase de efeito (para impressionar) de Jesus, que even-tualmente pode ser aplicada mas sempre com parcimonia. Com efeito, obser-vamos nos diversos quadrantes da Terra que ditadores e polıticos esbofeteama cara do povo por dez, quinze e vinte anos, por vezes quando morrem seusfilhos ocupam seus lugares e o jugo continua, ainda assim o povo deve “ofere-cer a outra face”?
Aconselhar entregar tambem a tunica aquele que rouba a capa, so nao
conhecendo os polıticos e pastores brasileiros. . . parece piada!Moral de rebanho. De outra feita Jesus sentenciou: (Mt 12:30)
− Quem n˜ ao e comigo, e contra mim; e quem comigo n˜ ao ajunta espalha.
Veja bem, em minhas sinceras buscas espirituais − via bastante leitura,reflexao, meditacao − me deparei com outras “cosmologias ” que a mimsatisfizeram mais que a de Jesus. Decidi nao juntar com ele, so nao entendopor que estou espalhando. Onde fica meu livre arbıtrio?
Isto nao parece arrogancia e intolerancia por parte de Jesus? Tudo istose explica tendo em conta que “o reino de Jesus n˜ ao e deste mundo”.
Finalmente, vejamos agora uma posic˜ ao te´ orica do Apostolo Paulo:
− Mas, ´ o homem, quem es tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dir´ a ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Ou n˜ ao tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? (Rm 9:20-21)
Este argumento vale para o Deus dele, Jave. Um oleiro de fato podefazer do mesmo barro um pinico para depositar merda e um vaso para colo-car flores, tudo bem. Agora, quando se trata de seres humanos − comconsciencia e sentimentos −, aı e diferente. Esta seria a mesma logica deum traficante de drogas que decidisse ter dois filhos: um para enviar a uni-versidade e outro para sucede-lo no trafico, ele teria este direito?
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Um convite a reflexao
− E entao, doutor, e grave?− Nao se preocupe! Ele nao representa nenhum perigo serio. Seu quadroesquizofrenico encontra-se dentro dos padroes considerados aceitaveis pelanossa sociedade. Aprenda que, quando uma loucura e praticada pela grandemaioria das pessoas, essa loucura passa a ser algo considerado normal, oumelhor, toleravel.
Ah! entendi, entao quer dizer que: “quando uma loucura e prati-cada pela grande maioria das pessoas, essa loucura passa a seralgo considerado normal”
H´ a no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstic˜ oes insen-
satas, e ninguem que estiver escravizado por eles poder´ a fazer progresso.Portanto, n˜ ao deves acolher um pensamento simplesmente porque muitas outras pessoas o acolhem, nem porque se tenha acreditado nele por seculos,nem porque esteja escrito em algum livro que os homens julguem ser sagrado;tu tens de pensar sobre a quest˜ ao por ti mesmo, e julgar por ti mesmo se ela e razo avel. Lembra-te que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se eles n˜ ao souberem nada sobre aquele assunto a sua opini˜ aon˜ ao tem valor. Aquele que quiser trilhar a Senda tem de aprender a pensar por si mesmo, porque a superstic˜ ao e um dos maiores males do mundo, um dos grilh˜ oes dos quais, por ti pr´ oprio, deves te libertar completamente.
(Krishnamurti)
Do ponto de vista cognitivo, a evoluc˜ ao tambem avanca no chama-mento ou na criac˜ ao de “sentido”, de significac˜ ao, ou, em outras palavras, de novos conceitos e novas formas de inteligibilidade. Criar,portanto, n˜ ao e apenas produzir novas formas, mas sobretudo criar com-preens˜ ao e entendimento. Novas figuras mentais, conceituais; novas for-mas e maneiras de existir, de expressar-se, de perceber e perceber-se, de sentir e de sentir-se. E como a evoluc˜ ao e um processo sem fim, di-versas conquistas ser˜ ao atingidas e novas e mais profundas intensidades ser˜ ao alcancadas. O prazer estetico, sensual, sexual, amoroso e cog-nitivo s˜ ao formas do prazer e das experiencias almejadas com a criac˜ ao.
Muitas outras configurac˜ oes que ainda n˜ ao conhecemos existem comopossibilidade ou atualidade em algum lugar ou tempo. Com a dinˆ amica do processo criativo, h´ a sempre um enriquecimento de significados, bem como novas formas de sentir, de agir e de ser. A explora c˜ ao e incomen-suravelmente aberta, em todas as esferas imagin´ aveis do sentir, do ser,do agir e do compreender. N˜ ao h´ a limites, ou melhor, o ´ unico limite e omedo, aquilo que denominamos de mal, porque vai contra, restringindo oimpulso infinito e natural da expans˜ ao da vida divina para dentro e para
fora de si mesma.
(A Potencia do Nada, p. 178), Grifo nosso
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Adendo (complemento), p. 51.
No contexto da pagina 51 observe que interessante: para que hajamusica e necessaria a “presenca de um observador ”, digo, e necessario quehaja um ouvido que transforme as “ondas sonoras” em musica. Similar-mente, o sol brilha somente na presenca de um observador; digo, a luz soexiste “porque nos existimos”. Ou ainda: e a presenca de um olho que tornao fenomeno luz possıvel.
E ainda mais: animais compartilhando um mesmo ambiente que o homemdecodificam (interpretam) este ambiente de modo distinto de nos humanos.
Papagaios Psico delicos: Temos tres receptores
de cor nos olhos (para verde, azul e vermelho). Entao essas
tres sao as nossas cores primarias − e a combinacao entre elas
cria as cores do nosso mundo. Os papagaios (e outras especies
de aves, peixes e repteis) tem quatro receptores: os nossos
mais um dedicado ao ultravioleta. A combinacao desses qua-
tro cria um mundo estupidamente mais colorido que o nosso
− um mundo tao difıcil de imaginar quanto uma realidade
com quatro dimensoes, em vez das tres que agente conhece.
(Super Interessante/out. 2012)
O mais importante e o leitor se da conta de que com Deus
− fenomeno
Deus − acontece algo analogo. Digo, assim como a presenca do homem tornaa luz possıvel de igual modo a presenca do homem torna Deus possıvel.Ou ainda: “Deus existe porque o homem existe ”, caso contrario ele naoexistiria − ha uma forma de percepcao que e propria do homem, e estaforma que nao existiria se o homem nao existisse. Outros seres no Universo− por suposto − teriam uma percepcao da “Realidade Ultima” distinta decomo nos percebemos, o que denominamos de Deus.
Assim como existe uma diferenca de percepcao∗ entre nos e os animaistambem existem percepcoes distintas entre homens e homens daı se explicaas centenas de Deuses possıveis na Terra, tal como ilustrado na pagina 9.
Na meditacao quando se atinge um estado de mente vazia
−“nao mente”
− todas estas formas de percepcoes desaparecem, daı vale repetir o que omıstico acentua com propriedade: (p. 38)
porque a meditac˜ ao vai destruir Deus, vai destruir o ego, vai destruir o eu. Vai deix´ a-lo no nada absoluto. (Osho/Zen, p. 133)
Se alguma verdade existe que n˜ ao guarde nenhuma relac˜ ao sensitiva ou racional com a inteligencia humana, ser´ a igual a zero, enquanto formos n´ os seres humanos. (Rabindranath Tagore)
∗Percepcao: interpretacao, decodificacao, cognicao.
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Apendice: Vazio & Absoluto
Que existe um unico Vazio e um unico Absoluto (ou Uno, segundo Plotino)− e como eles se identificam − e o que iremos provar agora. (p. 52)
Antes, lembramos ao leigo que um teorema matematico e uma propo-sicao da forma H ⇒ T , onde H e a hipotese e T e a tese do teorema.Usando a hipotese devemos demonstrar a tese. Na verdade um teoremapode ter mais que uma hipotese, como veremos a seguir.
O teorema que desejamos demonstrar e o seguinte:
Teorema 1 (Existe um unico Vazio). Existe um ´ unico Conjunto Vazio.
Prova: Vamos reformular o teorema para a seguinte forma equivalente:
H :
H 1
: V e Vazio
H 2
: V ′ e Vazio.⇒ T : V = V ′
A hipotese, H , se subdivide em duas sub-hipoteses. Traduzindo: esta-mos admitindo, como hipotese, que existem dois Vazios (V e V ′ ) e vamosprovar que eles sao iguais, portanto so existe um.
Existem varias tecnicas para se provar teoremas, a que nos vamos utilizarse resume em:
H 1 ∧ T ⇒ H
2
O que significa que juntando a hipotese H 1
a negacao da tese devemos
mostrar a negacao da hipotese H 2.Pois bem, suponhamos que V e Vazio e que V = V ′ (esta e a negacao
da tese). Entao existe algum elemento em V ′ que nao existe em V , porconseguinte V ′ nao e Vazio, o que contraria H
2.
Nota: Para melhor nos situar chamaremos de Absoluto o conjunto de tudoo que existe − o Conjunto Universo.
Teorema 2 (Existe um unico Absoluto). Existe um ´ unico Conjunto Abso-luto.
Prova: Vamos reformular o teorema para a seguinte forma equivalente:
H :
H 1
: U e Absoluto
H 2
: U ′ e Absoluto.⇒ T : U = U ′
A hipotese, H , se subdivide em duas sub-hipoteses. Traduzindo: es-tamos admitindo, como hipotese, que existem dois Absolutos (U e U ′ ) evamos provar que eles sao iguais, portanto so existe um.
Pois bem, suponhamos que U e Absoluto e que U = U ′. Entao existealgum elemento em U que nao existe em U ′, por conseguinte U ′ nao e Ab-soluto, o que contraria H
2.
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Identificando o Vazio com o Absoluto
O mundo e construido como
uma estrutura matematica, e nao
material. (Werner Heisenberg)
Como podemos identificar o Vazio com o Absoluto? E que, a bem daverdade, o Vazio e o Absoluto sao um pouco mais que meros conjuntos, saoestruturas. Uma estrutura matem´ atica e um conjunto munido de uma oumais operacoes.
Agora faremos a transic˜ ao do Absoluto para o Vazio, e reciprocamente.Inicialmente vamos apresentar ao leitor a “celula da dualidade”, veja:
0 1 Z = { 0, 1 } (yin-yang)
Desta celula derivamos, via produto cartesiano, o seguinte conjunto:
Z2 = { 00, 10, 01, 11 }
Vamos dispor os elementos desse conjunto em uma matriz (tabela) pararessaltarmos uma importante propriedade:
0 0
1 0
0 1
1 1
Observe que cada sequencia tem sua dual, assim:
0 0
1 00 1
1 1
Dada uma sequencia para obtermos a sua dual basta trocarmos 1 por 0e 0 por 1 (0 ↔ 1). A soma de cada sequencia com sua dual nos fornece:
1 0
0 1
+ : 1 1
0 0
1 1
+ : 1 1
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Somando os dois ultimos resultados, obtemos:
1 1
1 1
+ : 0 0
Uma explicacao se faz necessaria nesse momento, em nossa adicao temos
1 + 1 = 0
Nao, nao trata-se de um erro de digitacao caro leitor.De fato, nao estamos “inventando” nada, essa adicao − que evidente-
mente nao e a usual − e conhecida como “adic˜ ao m´ odulo 2”, a qual e muitocomum na matematica universitaria e, ademais, possui larga aplicacao nainformatica. Ela se da segundo a tabua a seguir
+ 0 1
0
1
0 1
1 0
⇒
0 + 0 = 0
0 + 1 = 1
1 + 0 = 1
1 + 1 = 0
Por sinal, o leitor ja praticou muito esse tipo de adicao, apenas que emum contexto ligeiramente diferente. Com efeito, quem ainda nao realizou −por exemplo − o seguinte tipo de operacao:
18 + 6 = 24 ⇒ 18 + 6 = 0 (adicao de horas)
quando trata-se de horas em um relogio?
A adicao (m´ odulo 2) obedece ao mesmo princıpio da adicao de horasem um relogio. Ela se da onde temos fenomenos cıclicos ou “recorrentes”.
Nota: Para que o leitor nao saia com uma ma impressao dos matematicos,lembro que na teoria da relatividade de Einstein tambem temos 1 + 1
= 2.
Veja, por exemplo, “A esdruxula adicao de Einstein”, na pagina 106.
Pois bem, a soma de todas as sequencias no produto
Z2 = { 00, 10, 01, 11 }
e a sequencia nula, ou ainda: a resultante da adic˜ ao e nula .
Da celula da dualidade vamos obter a terceira potencia de Z:
Z3 = { 000, 100, 010, 110, 001, 101, 011, 111 }
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Tabuas como as a seguir
0 0 0
1 0 0...
...
0 1 0
1 1 0
0 0 1
1 0 1
0 1 1
1 1 1
No Nada as possibilidades contra-
ditorias sao simultaneas, e por isso se
anulam reciprocamente. O Nada e, as-
sim, a totalidade simultanea das pos-
sibilidades contraditorias.
(Marcelo Malheiros/[13], p. 43)
Veja, ademais, pp. 31, 52.
sao conhecidas como Tabelas de Combinacoes (possibilidades ), ja que elasnos fornecem todas as combinacoes possıveis para os elementos de um dadoconjunto.
Por exemplo, seja o conjunto { , ∗, ⋆ } com tres elementos. Segundoa matematica existem 23 = 8 possibilidades de combinarmos seus elementos,como na matriz a seguir:
{,
∗, ⋆
}0 0 0
1 0 0
0 1 0
1 1 0
0 0 1
1 0 1
0 1 1
1 1 1
→ { }→ { }→ {∗}→ { , ∗ }→ { ⋆ }→ { , ⋆ }→ { ∗, ⋆ }→ { , ∗, ⋆ }
Onde convencionamos que quando ocorre 1 na sequencia o respectivoelemento (na coluna) participa da combinacao, onde ocorre 0 nao participa.
Pois bem, a exemplo da tabua para Z2, a soma (modulo 2) de todas ascombinacoes possıveis (possibilidades) desta tabela e nula.
As leis da natureza adquirem, ent˜ ao, um significado novo: n˜ ao tratam mais de certezas morais, mas sim de possibilidades.
(Ilya Prigogine/O fim das certezas, p. 159)
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Definir ou compreender o mundo como relac˜ ao e tambem
reconhecer-lhe uma grande plasticidade, ou seja, uma variabilidade que e func˜ ao de representac˜ oes elas mesmas variadas. O mundo n˜ ao e por-tanto esta realidade rıgida e v´ alida para todos que o vulgo cre, afirma Paul Foulquie. Ele varia com os indivıduos, com os povos e com as epocas [. . .]
Heidegger qualifica a riqueza de tal mundo pelo termo de mundoambiente: O ambiente no qual vivemos e realmente estruturado por n´ os,e n˜ ao depende sen˜ ao de n´ os. O mundo assume ent˜ ao o sentido de uma abertura t˜ ao impressionante quanto variada; pode revestir um n´ umeroinfinito de combinac˜ oes de que somos os ´ unicos senhores.
(Historia do Existencialismo, p.110/Denis Huisman)
Vamos assumir a hipotese do filosofo Leibniz (p. 52) de que “o bit 0 e o bit 1 tem o poder combinat´ orio para criar o universo inteiro”. A figura aseguir ilustra − para o caso da “dimensao” 3 −, como passar do Vazio parao Absoluto (todas as possibilidades), e reciprocamente.
(Universo)
0 0 0 = { }
1 0 00 1 0
1 1 0
0 0 1
1 0 1
0 1 11 1 1
+
Assim como um dia a explos˜ ao aconteceu e milh˜ oes de coisas nasce-ram a partir do nada, da mesma maneira, quando a implos˜ ao acontece,
formas e nomes desaparecem, e novamente o nada nasce daı. O cırculoest´ a completo. (Osho/Buda, p. 112)
O raciocınio anterior pode ser estendido a qualquer dimensao.
N˜ ao h´ a, porem, como discernir o que e real no universo sem uma teoria. Assumo por isso o ponto de vista, j´ a qualificado de simpl´ orioou ingenuo, de que uma teoria da fısica e nada mais nada menos que um modelo matem´ atico que usamos para expressar os resultados de ob-servac˜ oes. Uma teoria [verdade] e boa se for um modelo elegante, se descrever uma ampla classe de observac˜ oes, e se previr o resultado de novas observac˜ oes. N˜ ao faz sentido ir alem disso, perguntando se ela corresponde a realidade, porque, independentemente de uma teoria, n˜ aosabemos o que e realidade. (Stephen Hawking)
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O que e uma teoria?
“A ciencia n ao passa do bom senso exercitado e organizado”(Aldous Huxley)
A Academia Nacional de Ciencias dos EUA define uma teoria como sendo“uma explicacao plausıvel ou cientificamente aceitavel, bem fundamentada,que explica algum aspecto do mundo natural. Um sistema organizado deconhecimento aceito que se aplica a uma variedade de circunstancias paraexplicar um conjunto especıfico de fenomenos e predizer as caracterısticasde fenomenos ainda nao observados”.
O dicionario Michaelis On-line define teoria como sendo uma “hipotese ja posta a prova, no mundo real, confirmada e, assim, aceita por cientis-
tas orientados e experimentados no assunto; esta, porem, sempre sujeita amodificacao de acordo com novas descobertas”.
Uma teoria cientıfica representa o conhecimento cientıfico tido como maiscorreto, e se compoe de hipoteses testaveis, e hipoteses que foram testadas,alem de fatos que as evidenciam. As teorias nao sao transformadas nunca emleis ou verdades definitivas. Elas podem ser abandonadas ou aperfeicoadaspelas evidencias descobertas pela investigacao cientıfica. Alem disso, asteorias sao usadas para fazer previsoes que mais tarde sao testadas ou inves-tigadas em laboratorio ou na natureza, e que tambem servem para refutaras teorias ou aumentar a confianca que temos nelas.
As posicoes teoricas − as quais Nagarjuna se refere − sao produtos damente e como tal sao “evanescentes”, por assim dizer,
(Mente)
E como se a mente pintasse a “realidade” de uma determinada cor (teo-ria, explicacao). Teoria e uma percepcao particular, uma dada perspectiva,e, como tal, nao tem validade absoluta. Na figura da esquerda vemos a lua“como ela e” (se e que e), na figura da direita vemos que a lua e deformadapor uma “posicao teorica” que se origina na mente.
Veja, p. 110, como Einstein e um robo se “posicionam teoricamente”frente a uma mesma “realidade” (pernilongo).
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Capıtulo 2
A REALIDADE E UMA
TELA EM BRANCOO mundo de voces e um mundo criado pelo ego; o mundo de voces
e um mundo projetado. Voces est˜ ao usando o mundo real como uma tela e projetando nela as suas pr´ oprias ideias. (Osho)
Introducao:
Facamos a seguinte experiencia:
Reuna dez pessoas frente a uma mesmaobra de arte, peca a cada uma delas
que descreva como compreende (inter-
preta) o quadro a sua frente. Existe uma
grande chance de que tenhamos dez inter-
pretacoes distintas.
Claro, nao existe uma “interpretac˜ ao verdadeira ”, nem a do proprioautor da obra pode ser considerada a “interpretac˜ ao correta ”. Tal comoacontece com um sonho, nao existe uma interpretacao verdadeira de umsonho − nem mesmo a de quem sonhou.
Esta observacao simples, trivial, pode ser estendida a todo o “planetaTerra” e ate mesmo ao Universo inteiro. Digo, podemos ver nosso planetae ate o Universo inteiro como uma obra de arte; nesta perspectiva, para aTerra com todo o seu “cortejo” (ciencia, religioes, artes, etc.) nao existe umainterpretacao unica, verdadeira. Nao existe uma religiao verdadeira, bemcomo uma ciencia verdadeira, e nem mesmo uma matematica verdadeira.
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Vamos ainda insistir neste trivial porem decisivo ponto. Observe mais
o seguinte: mesmo as disciplinas indiscutivelmente cientıficas, a exemploda fısica, nao estao isentas de discussoes e crıticas. Os resultados da fısicaquantica estao aı a olhos vistos, palpaveis; todavia, quando se vai buscaruma interpretacao teorica − uma fundamentacao teorica − os fısicos se di-videm em escolas. Li em um livro∗ que “Existem dezenas de interpretac˜ oes diferentes da Teoria Quˆ antica ”.
Na matematica − tida como uma “ciencia exata” −, nao e diferente; amatematica nao esta imune a questionamentos. Com efeito, nos fundamen-tos da matematica os matematicos se alinham em tres escolas principais: O logicismo de Russel , o intuicionismo de Brouwer e o formalismo de Hilbert .
Nao conseguem chegar a um acordo. Existem muitos resultados da nossa
matematica ordinaria que nao sao aceitos pelos intuicionistas. Estes viram-se na necessidade de criar uma nova logica (intuicionista) para fundamentara matematica intuicionista. E o teorema de Nagarjuna em acao. (p. 57)
Aonde estou querendo chegar com tudo isto? Estou tentando demons-trar que “tudo passa pela mente humana ”, e, o mais importante: as religioesnao sao excecoes a esta regra. (p. 46)
A luz da ciencia do criti-
cismo textual, podemos ter grande
confianca de que a Bıblia que
possuımos e extraordinariamenteexata. (Pastor)
A inspiracao divina atinge to-
das as partes da Bıblia, sem eleicao
nem distincao alguma, e e im-
possıvel que o mınimo erro se tenhainsinuado no texto sagrado inspi-
rado.(Papa Bento XV)
(Encıclica Spiritus Paraclitus, 1920)
Como afirmei anteriormente, os (lıderes) religiosos sao os mentirosos maisdescarados do mundo, aı esta mais uma prova! (Releia Nietzsche, p. 18)
Na Fısica moderna, uma atitude muito diferente veio a tona. Os fısicos, hoje em dia, apercebem-se do fato de que todas as suas teorias dos fenˆ omenos naturais − inclusive as “leis” que descrevem − s˜ ao criac˜ oes
da mente humana; s˜ ao propriedades do nosso mapa conceitual da reali-dade, e n˜ ao propriedades da pr´ opria realidade. (Fritjof Capra)
Muitas coisas que considerava-
mos como leis naturais sao actual-
mente demonstradas como consti-
tuindo puras convencoes humanas.
(Bertrand Russell)
∗Conceitos de Fısica Qu antica /Osvaldo Pesso Junior. Ver [22].
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2.1 Deletando o ego
Ha dois dias atras (25.02.2014) fiz uma meditacao com a ayahuasca comvistas a iniciar a redacao deste capıtulo.
Entao, nesta experiencia, em dado momento consegui sacar o ego fora:
(Consciencia)
( G e nt i l )
ego
Deletando (ou apagando) o ego resta um estado de pura Consciencia meramente contemplativa :
(Consciencia)
Esta Consciencia e sem objeto, digo, na verdade “nao esta consciente denada”. E como um espelho que apenas registra o ambiente em volta sem,no entanto, ter consciencia de nada. (Osho, p. 34)
Ademais, esta Consciencia nao e limitada, nao esta circunscrita a nen-huma fronteira − como aparece na figura, para efeitos didaticos −, a sensacaoe de que ela e infinita, permea todo o Universo; nao e local, “nao e minha”,posto que aqui desapareceu o ego.
Num momento posterior da experiencia eu conseguia, a meu criterio,reassumir novamente o ego (via pensamentos):
(Consciencia) ( G e nt i l )
Tal como uma camisa que se poe ou tira-se, a criterio.
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Conclusao: A depender da perspectiva que nos situamos creio que
possamos extrair algumas conclusoes uteis desta experiencia. A perspectivade um psicologo pode ser uma, a de um psiquiatra outra e a de um estudiosoda consciencia uma terceira.
Como eu nao me enquadro em nenhuma destas categorias − me con-sidero apenas um autodidata, sem preparo academico − seguirei uma trilhapropria, guiado apenas pela experiencia em si.
(Consciencia) J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t i m e n t o s
A primeira observacao e a deque quando sacamos o ego fora eresta apenas a Consciencia entao jun-tamente com o ego foi-se embora:
pensamentos, julgamentos, quaisquersentimentos; nao resta nada “apenaso Vazio”. Sendo assim, concluo quetudo isto e produto do ego, e nao daConsciencia.
De uma outra perspectiva: Danah Zohar e f ısica e filosofa vejamos o queela tem a nos dizer sobre o presente contexto: (p. 34)
Nos somos estados excitados do vacuo: A grandes
distancias, o vacuo se mostra placido e liso − como o oceano
que parece tranquilo e uniforme quando o sobrevoamos emum aviao a jato. Porem, em sua superfıcie, junto dele num
pequeno barco, o mar pode ser alto e flutuante com ondas enormes. De modo
semelhante, o vacuo flutua com a criacao e a destruicao dos quanta se o olharmos
de perto (...) “O vacuo e tudo na fısica”. (Danah Zohar/[8], p. 284)
Ou ainda, parafraseando:
(Consciencia)J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t i m
e n t o s
O ego surge (se manifesta) de uma ex-
citacao no placido Oceano da Consciencia,
esta excitacao e quem produz atributos tais
como pensamentos e toda especie de sen-
timentos. Placido significa sem nenhum
atributo.
E aqui onde entra a meditacao.
Atraves da meditacao conseguimos diminuir
paulatinamente a amplitude destas ondas
(pensamentos) ate que as mesmas desa-
parecam, sejam extintas; com isto o ego
some e com ele: desejos, angustias, medos
(inclusive da morte), ansiedades, etc.
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Vamos abrir um parentesis aqui para mostrar por que razao surge a
diferenca de percepcoes do Deus (Vazio) do mıstico e do Deus (com atribu-tos) dos religiosos (crentes). Entao, iniciemos com o seguinte par de equacoes:
Mıstico − ego = Deus
Crente + ego = Deus
(Consciencia)J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t
i m e n t o s
(Consciencia)J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t i m e n t o s
O ego se origina destas “ondas-
pensamento” no lago (oceano) da Cons-
ciencia. O mıstico, via meditacao, consegue
extinguir estas ondas, com isto, sem ego,nao projeta nenhum atributo em Deus; o
lago sem ondas e o que denominamos de
um estado de Pura Consciencia, isto e o
Vazio, e Deus.
Por seu turno, o crente nao consegue
anular estas ondas (que dao sustentacao ao
ego) e vendo Deus atraves do ego projeta
Nele atributos que nada mais sao que as-
piracoes e formulacoes deste mesmo ego.
Vejamos isto por uma outra analogia:
(Crente)
(Mıstico)
Um segundo prisma colocado apos a de-composicao da luz branca consegue com-binar (somar) todas as cores obtendo devolta a luz branca. O primeiro prismae a mente do crente que ve tudo “colo-rido”, isto e, com atributos oriundos dasua propria mente. O segundo prisma e amente do mıstico que, via meditacao, elimina todas as cores e com isto naoprojeta na divindade nenhum atributo.
Neste estado de “nao mente” o mıstico torna-se uma Consciencia mera-mente observadora (“observador”), e da-se conta de que todas as cores(atributos, formulacoes, cognicoes, etc.) se originam da mente.
Quando n˜ ao h´ a ondulac˜ oes no lago da consciencia, a consciencia serve apenas como um espelho refletindo tudo isso − as estrelas, as ´ arvores, os pass´ aros, as pessoas, tudo isso −, simplesmente reflete isso,sem nenhuma distorc˜ ao, sem nenhuma interpretac˜ ao, sem carregar con-sigo seus preconceitos. (Osho/Zen/Cultrix)
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Deformamos o real porque o apreendemos espontaneamente atraves de nossas impress˜ oes sensıveis, de nossos desejos, nossas paix˜ oes, nos-sos interesses, nossos h´ abitos, em suma, atraves de tudo aquilo que nos confina nesse reino de ilus˜ oes em que, impotentes para ver os objetos cujas sombras n˜ ao passam de sombras, ignoramos que elas s˜ ao sombras e as tomamos por realidade. (Simone Manon/Platao)
Um mestre diz que aquele que falar de Deus atraves de qualquer semelhanca, fala de modo simpl´ orio Dele. Mas falar de Deus atraves do ‘Nada’; e falar dele corretamente. Quando a alma unificada entra na total auto-abnegac˜ ao, encontra Deus como um Nada. (Zen budismo)
Retomando, de uma outra fonte independente:
Toda fala, toda ac˜ ao, todo comportamento s˜ ao flutuac˜ oes da cons-ciencia. Toda a vida emerge e e mantida na conciencia. O universo in-teiro e a express˜ ao da consciencia. A realidade do universo e um oceanoilimitado de consciencia em movimento. (Maharishi Mahesh Yogi)
Ora, como − a exemplo de alguns mısticos − considero esta “PlacidaConsciencia” como Deus, segue-se que Deus nao julga, nao pensa, nao temsentimentos: logo, nao existe pecado, nao existem pecadores.
Como afirmei na pagina 16 o pecado − juntamente com a salvacao − foimais uma das trampas engendradas pelas religioes com o fito de aprisionarem suas malhas os simplorios.
(Consciencia)
(Deus)
(Nao Julga)
E s t e e g o j u l g a
P e ns a me nt o s J u l g a m e n t o s
E o proprio homem que cria os valo-res em que acredita − e que depois veneles algo de transcendente, eterno e ver-dadeiro. Os valores, no entanto, nadamais sao do que algo “humano, demasia-do humano”. (Nietzsche)
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O pecado visto de uma outra perspectiva
Vejamos, por uma outra analogia, quem de fato julga, se e Deus ou eo homem.
Mıstico − ego = Deus
Absoluto + ego = “Deus”
(Consciencia) J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t i m e
n t o s
(Consciencia) J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego S
e n t i m e n t o s
O leitor imagine este lago (oceano)
sem nenhuma ondulacao. Este e o Ab-
soluto − pura Consciencia: “Quando n˜ ao
h´ a ondulac˜ oes no lago da consciencia, a
consciencia serve apenas como um es-pelho” − Esta Consciencia e pura contem-
placao, serenidade, ela nao julga (nao exis-
tem pecadores). Uma perturbacao neste
placido oceano gera o ego, este sim julga.
Entao, quem julga, quem decide quem e e
quem nao e pecador, sao os egos de pas-
tores, de padres, de papas ou profetas. Ou
ate mesmo de um “Deus”, a exemplo de
Jave (um outro ego).
Isto explica por que existem religioes com ou sem Deus; ou ainda re-ligioes com e sem pecadores (como e o caso do budismo e jainismo):
Papas, pastores, etc. projetam no uni-verso da espiritualidade as cores dos seusproprios egos; daı e inevitavel que surjampecadores; que, a bem da verdade, saomantenedores de todas estas hierarquiasparasitarias. Por outro lado, Buda e Ma-havira retiram o “oculos do ego” para ob-servarem a divindade e com isto nao vemnela nenhum atributo, nem mesmo o de julgar.
Sankara postulou que, n˜ ao obstante o fato de experienciarmos o universo fenomenal, a nossa consciencia e o nosso corpo, estes n˜ ao s˜ ao a verdadeira Realidade pois, embora existam, a Realidade ´ Ultima e Brahman, a essencia do Universo que se encontra para alem do tempo, do espaco, e de todas as causas. Quanto a experiencia desta derradeira Realidade, ela e sem forma,sem sentimentos, sem pensamentos, sem quaisquer atributos (nirguna).
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A questao e: o leitor estude, pesquise sobre a vida destes egos (seus
feitos) e decida por si mesmo se eles tem ou nao moral, autoridade, para julgar e condenar os demais − para decidirem quem e ou nao e pecador.
Esta pertubacao (excitacao) no placido oceano de Consciencia (Abso-luto) ocorre via mente de algum ego. Como estaremos mostrando no proximocapıtulo se esta mente e demonıaca − como a de muitos lıderes religiosose polıticos − entao um demonio estara lhe julgando, lhe declarando umpecador. Obviamente que fica a criterio de cada um se submeter ou nao atais vereditos − como ja se assinalou, a inteligencia humana e limitada, aestupidez nao.
Ainda hoje continua valendo, tanto quanto a dois mil anos atras, a ad-vertencia de Jesus: (Mt 23 : 1
−3)
Ent˜ ao falou Jesus a multid˜ ao e aos seus discıpulos,Dizendo: Na cadeira de Moises, est ao assentados os escribas e
fariseus.Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas n˜ ao procedais
em conformidade com as suas obras, porque dizem e n˜ ao praticam.
Ao inves de empregar meu tempo para ganhar mais dinheiro − como e ocaso da maioria − ha muitos anos emprego-o na tarefa (ingloria) de diminuiro numero de tolos no planeta Terra, as vezes me ocorre o sentimento de queestou a enxugar gelo. Uma crianca, por vezes, desenvolve uma aversao poraquele que lhe ministra um remedio − uma injecao, por exemplo.
Retomando, ha tempos atras consultei na internet alguns artigos sobre“Os atributos Divinos ”, artigos eruditos, de doutores teologos; da minhaperspectiva atual tais artigos − por mais sofisticados e eruditos que sejam− nao tem nenhum valor, uma vez que, como entendo, Deus nao tem atri-butos. Todos os supostos atributos sao construcoes, reflexos de desejos easpiracoes dos doutores teologos.
Agora e claro, uma utilidade de tais “atributos divinos” e produzir dis-sertacoes e teses para a formacao de doutores teologos e pastores. E mantera subsistencia de todas estas instituicoes hierarquicas e parasitarias − daa impressao de que tudo aquilo ali e serio, e de verdade. Oportunamenteestaremos mostrando que tudo sao construcoes da mente humana, do ego
humano, sempre visando reconhecimento e poder.Uma outra conclusao desta experiencia e que consigo enxergar a mega
(giga) importˆ ancia − em diversos contextos − da afirmacao do mıstico:
(Consciencia)
(“Mundo Real”)
(Tela em Branco)
J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s e g o
S e n t i m e n t o s
O mundo de voces e um mundocriado pelo ego; o mundo de vocese um mundo projetado. Voces estaousando o mundo real como uma telae projetando nela as suas propriasideias. (Osho)
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Apenas para contextualizar uma aplicacao da “lei” acima, ha poucos dias
atras li um livro∗, escrito por um teologo pastor, eis o primeiro paragrafoda contracapa:
Lidar com o sofrimento e o mais duro teste para a fe. A princıpioparece uma contradic˜ ao: por que Deus permite situac˜ oes de tamanha calamidade pessoal na vida de pessoas que se disp˜ oem a crer e confiar nele? Muitas delas n˜ ao resistem a esses testes e sucumbem.
Pois bem, tive a oportunidade de constatar que os argumentos do pastornada mais sao que “projecoes do seu ego na tela da realidade”. Ao tentarconciliar um “Deus bom e misericordioso” com o sofrimento no mundo opobre pastor nao se da conta de que esta apenas pintando, projetando natela da consciencia o seu ego-desenho-crist˜ ao.
Neste livro o pastor analisa detidamente o livro de Jo − o sofrimento do justo Jo. Comparando sua analise com a de Jung (p. 24)
(Livro de Jo)
(Jung)
(Yancey)
(Tela em branco)
(“Mundo Real”)
↑Aqui cada autor
projeta seu proprio “ego”.
percebe-se claramente que sao interpretacoes radicalmente distintas, ou ainda:
“Cada um dos autores est´ a usando o ‘mundo real’ como uma tela e pro- jetando nela as suas pr´ oprias ideias.”
Do presente contexto podemos extrair algumas conclusoes:
1a ) Se o leitor por acaso imagina que a discrepancia das interpretacoes sedeve a que um e teologo e o outro psicologo, engana-se.
Sugiro a seguinte experiencia: pegue o mesmo livro do Apocalipse eentregue-o a um pastor Adventista e a um padre e peca que cada um dea sua propria interpretacao. Novamente aqui teremos duas interpretacoesradicalmente distintas. Por exemplo, o pastor dira que a besta do Apocalipse− de numero 666 − e o papa; evidentemente que o padre podera aceitarqualquer outra interpretacao menos esta.
∗Decepcionado com Deus /Philip Yancey/Editora Mundo Cristao.
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Nao precisa ir muito longe, pegue o mesmo livro do Apocalipse (ou
Daniel) e peca a interpretacao de dois pastores de denominacoes diferentes;a minha previsao e a de que o leitor certamente se decepcionara ao ver quetudo nao passa de manipulacoes, astucias, trampas.
Isto se da inclusive na interpretacao das “profecias bıblicas ” que saoacochambradas, isto e forcadas para se adaptarem a fatos ja ocorridos. Parao leitor que ainda duvida, sugiro que peca a interpretacao de uma mesmaprofecia a pastores de igrejas distintas. . . trampas! trampas! trampas!
A bem da verdade, estas maquinacoes (“ajustes finos”) aconteceram jana composicao dos livros do Novo Testamento (veja [1]).
2a ) Afinal de contas, qual e a interpretacao verdadeira do livro Apoca-lipse, ou do livro de Jo, ou da propria Bıblia?
A estas alturas o leitor atento ja tera concluido que nao existe umainterpretacao verdadeira para a Bıblia. Com um pouco mais de re-flexao o leitor podera generalizar e concluir que: A verdade nao existe!
O que existem sao perspectivas − modos de ver. Quando Jesus seproclamou como sendo a verdade − Eu sou a verdade ... − no meu en-tendimento ele nao sabia do que estava falando (p. 167), ainda aqui vale:
“Jesus estava usando o ‘mundo real’ como uma tela e projetando nela as suas pr´ oprias ideias.”
E preciso que se entenda que a Realidade (Tela em branco, Consciencia)nao traz escrita em si nenhuma verdade, nao existem tabuletas, nenhuma
sinalizacao; convido o leitor a um momento de reflexao:´ E o pr´ oprio homem que cria os valores em que acredita − e que
depois ve neles algo de transcendente, eterno e verdadeiro. Os valores,no entanto, nada mais s˜ ao do que algo “humano, demasiado humano”.
(Nietzsche)
E preciso que se entenda − para nao se deixar tosquiar pelos lobos de-voradores − que na Realidade (Tela em branco, Consciencia∗)
nao existe nenhum referencial, nenhum ponto de apoio, o que tem como im-portante consequencia que nao podem existir afirmacoes absolutas, verdadesabsolutas. Lembramos o leitor do teorema de Nagarjuna a p. 57.
Na Natureza (Realidade) nao existem “placas de sinali-
zacao”, caso alguem queira saltar para um abismo, ou pular
de um edifıcio, sem nenhum problema, a Natureza e indife-
rente a esta decisao. Nao precisa nem pagar dizimo.
∗Esta Tela e infinita em todas as direcoes.
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Em suas fases primitivas o
homem nao podia adorar senao aum Deus feito a sua imagem e
semelhanca, porque nao sabia con-
ceber algo melhor. Atualmente, o
Deus cosmico, que a ciencia nos
deixa entrever, ja nao cabe dentro
das velhas concepcoes religiosas.
O meu pensamento quis aproxi-
mar-se dos problemas do espıritopela via de uma diversa experi-
mentacao de carater abstrato, es-
peculativo, resultante das con-
clusoes de processos logicos da
mais moderna fısico-matematica.
(Pietro Ubaldi)
Embora nao existam verdades universais, absolutas − e o que nos dizo teorema de Nagarjuna − podemos, entretanto, enunciar verdades lo-cais, isto e, relativas a um determinado contexto, ou a um “referencial”
previamente fixado. Tanto a fısica quanto a matematica ja chegaram a estaconclusao − so falta a teologia.
Com efeito, da fısica invocamos o cientista Stephen Hawking :
N˜ ao h´ a, porem, como discernir o que e real no universo sem uma teoria. Assumo por isso o ponto de vista, j´ a qualificado de simpl´ orioou ingenuo, de que uma teoria da fısica e nada mais nada menos que um modelo matem´ atico que usamos para expressar os resultados de ob-servac˜ oes. Uma teoria [verdade] e boa se for um modelo elegante, se descrever uma ampla classe de observac˜ oes, e se previr o resultado de novas observac˜ oes. N˜ ao faz sentido ir alem disso, perguntando se ela
corresponde a realidade, porque, independentemente de uma teoria, n˜ aosabemos o que e realidade.
Entao, o que este cientista fala a respeito da fısica podemos generalizarpara o universo da espiritualidade (teologia): So podemos falar em verdadese esta estiver circunscrita a uma “teoria”, o referencial acima mencionado.Isto significa que nao existe uma unica verdade, depende do “referencial”.Agora para identificar uma “boa verdade” podemos utilizar o criterio BO
(p. 30), ou ainda:
“Uma teoria [verdade] e boa se for um modelo elegante, se descrever uma ampla classe de observac˜ oes, e se previr o resultado de novas ob-
servac˜ oes.”
Pergunto: O que nos autoriza a generalizar o “preceito” de Hawkingpara o universo da espiritualidade? o que estes teem em comum?
Respondemos: o que estes universos − fısica, espiritualidade e matematica− tem em comum e o cerebro do homem, este e o denominador comum.
Vejamos um, digo dois, exemplos de como uma verdade depende da“teoria” na qual esta inserida. A proposicao: “Jesus veio morrer pelos pecados da humanidade ”, e verdadeira ou falsa?
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Respondemos: Na teoria crista e verdadeira (V) e nas demais e falsa (F):
Cristianismo
Hinduısmo
Budismo
Jainismo
Confucionismo
Sufismo
Taoısmo
Xintoısmo
Tenrikyo
Judaısmo
Islamismo
Bahai
Espiritismo...
(V)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
(F)
Por outro lado, nao considero a “teoria judaico-crista” uma teoria ele-gante posto que admite sacrifıcios tanto de animais − tal como em “terreirosde umbanda” − quanto de humanos e, por outro lado, ainda se adora umDeus pessoal, guerreiro, carniceiro, justiceiro e ciumento.
Um segundo exemplo: Jave e Deus? A resposta e verdadeira na teoria judaico-crista, e falsa em muitas outras teorias teologicas. (p. 9)
Como dissemos nem na matematica existe verdade universal, veja o queencontramos em um livro de filosofia da matematica∗ (p. 57)
N˜ ao h´ a mais, para os teoremas, verdade separada e, por assim dizer,atˆ omica: sua verdade e apenas sua integrac˜ ao no sistema; e e por issoque teoremas incompatıveis entre si podem ser igualmente verdadeiros,contanto que os relacionemos com sistemas diferentes.
Por exemplo, para o conjunto solucao da simples equacao matematica2x + 3 = 1, podemos ter “duas verdades distintas”: S = ∅ ou S = {−1 },a depender do conjunto universo considerado se U = N = { 0, 1, 2, 3, . . . }ou U = Z = { . . . , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, . . . }, respectivamente.
∗Extraıdo do Livro: “Curso Moderno de Filosofia”/Por Denis Huisman e AndreVergez/Biblioteca Universitaria Freitas Bastos.
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Mais um exemplo do genero: para o conjunto solucao da simples equacao
matematica 2x + 3 = 4, podemos ter “duas verdades distintas”: S = { 12 }
ou S = ∅, a depender do conjunto universo considerado se U = Q (conjunto
das fracoes) ou U = Z respectivamente.Resumindo: na matematica so podemos “fixar uma verdade” dentro de
uma determinada “teoria”; como mais um exemplo, pode ser verdade ounao que a soma dos angulos de um triangulo e igual a 180o − depende dageometria considerada.
A C
B
A + B + C=180o
De todo este contexto, podemos deduzir que todo aquele que coloca umamochila nas costas e sai a percorrer o mundo em busca da verdade, est aperdendo seu tempo. No maximo encontrara uma verdade relativa a umcontexto, isto e, a um povo, a uma cultura, a uma religiao, a um mosteiro.
Obviamente que o leitor havera de concluir que a “verdade” por mimapresentada em meus argumentos e relativa ao “meu sistema”, no entanto,creio que ele satisfaz tanto ao criterio BO quanto ao de Hawking − casocontrario eu teria adotado um outro. “Meu sistema” esta aberto a con-
testacoes, a crıticas, nao esta fechado.Ate prova em contrario, creio que o objetivo da Natureza (Universo)
nao e produzir e nem ao menos ensinar verdades. Por oportuno, veja:
As leis da natureza adquirem, ent˜ ao, um significado novo: n˜ ao tratam mais de certezas morais, mas sim de possibilidades.
(Ilya Prigogine/O fim das certezas, p. 159)
E qual seria o objetivo da Natureza? A citacao de A Potencia do Nada ,a p. 59, creio que seria uma boa resposta.
Ademais, acrescento: o objetivo da Natureza e a diversificacao, criar
novas possibilidades, novas combinac˜ oes ; sem estar preocupada se estas com-binacoes sao ou nao verdadeiras; ou ainda, sao verdadeiras so porque passama existir. (p. 65)
Mesmo porque veja so: Se o objetivo da Natureza fosse exibir ou os-tentar verdades quem decidiria o que e ou nao verdade? Seria por acaso umpastor? um bispo? um arcebispo? ou o papa?
Seria por acaso Deus? . . . mas que Deus? de qual religiao?Nem o Absoluto (Uno, Vazio) teria esta capacidade posto que Ele nao
pensa, nao tem a capacidade de tomar decisoes, veja plotino, p. 44.
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2.1.1 Verdades nao triviais, e ate contraditorias
Quando o espırito se apresenta a cultura cientıfica, nunca e jovem. Ali´ as e bem velho, porque tem a idade de seus preconceitos. Aceder a ciencia e reju-venescer espiritualmente, e aceitar uma brusca mutac˜ ao que contradiz o passado.
(Gaston Bachelard)
Existem pensamentos que para os meus ouvidos soam como verdadeirapoesia, e o caso do pensamento acima. Nas minhas atividades de magisterio
− e pesquisa − tenho constatado quase que diariamente a veracidade destasafirmacoes.
Este pensamento pode ser transposto com vantagens para o universo daespiritualidade, digamos:
Quando o espırito se apresenta a cultura teol´ ogica, nunca e jovem.Ali´ as e bem velho, porque tem a idade de seus preconceitos. Aceder a (nova) teologia e rejuvenescer espiritualmente, e aceitar uma brusca mutac˜ ao que contradiz o passado. (Parafrase)
Tanto na fısica quanto na matematica, aquele que nao estar preparado
para “aceitar uma brusca mutacao que contradiz o passado” nao vaimuito longe, certamente permanecera no “ensino fundamental”. Na teologia(espiritualidade) se da algo semelhante; por oportuno, considero a teologiacrista − catolica e evangelica, notadamente − a nıvel de ensino fundamental,nao chega nem ao nıvel do ensino medio.
O que caracteriza uma teologia a nıvel primario e a pregacao de umDeus pessoal − com atributos humanos − e, ademais, a terceirizacao da“salvacao”. Digo, uma teologia a nıvel primario transfere a outrem o queseria a responsabilidade do proprio indivıduo, a sua propria evolucao.
O homem e o artıfice do seu des-tino: tem que arrostar o esforco de
criar a si mesmo. (Pietro Ubaldi)
Retomando, ate mais importante que se da conta de que as verdades saorelativas a um “referencial” (teoria) e perceber que, mudando-se de referen-cial, pode suceder que o que antes era tido como verdadeiro agora, no novo“referencial”, resulta totalmente falso. E importante esta percepcao.
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Eu poderia arrolar inumeros exemplos − tanto na fısica quanto na mate-
matica − de que ao trocar de teoria “as verdades mudam”, ou ate chegama ser contraditorias (por exemplo, nas paginas 116 e 174 o leitor podera verum cırculo quadrado); no entanto escolheremos apenas dois exemplos emcada uma destas disciplinas.
O oposto de uma verdade e
mentira, mas o oposto de uma ver-
dade profunda pode muito bem ser
outra verdade profunda.
(Niels Bohr/fısico)
E o que isto tem a ver com teologia? com espiritualidade? Respondemos:o que tem a ver e que tudo isto − tanto a ciencia, quanto a matematica,quanto a espiritualidade − sao construcoes da mente humana. E ademais,queremos ilustrar que:
Aceder a ciencia e rejuvenescer espiritualmente, e aceitar uma brusca mutac˜ ao que contradiz o passado.
Nota: A minha afirmativa de que tudo sao construc˜ oes da mente assenta-se nas minhas experiencias com o Vazio; ora, se eu consigo sair da mente,deletar a mente, entao posso avaliar o que e produto da mente. Claro,defendo que uma experiencia − ou a interpretacao que se da a ela − nao esuficiente para validar um resultado, uma afirmativa; esta experiencia deve
estar inserida dentro de um “sistema geral”, como preconiza o cientistaBachelard (p. 30); ou ainda, esta experiencia deve estar inserida em umateoria, como defende Hawking. Minha experiencia com o Vazio atende aestas exigencias, para isto e suficiente rever o fluxograma a p. 32.
1o ) Fısica
Na teoria de Galileu 1 + 1 = 2, na teoria de Einstein tem-se: 1 + 1 = 2.Colocamos este resultado em um apendice no final do capıtulo, ver p. 106.
2o ) Fısica: Um objeto em varios lugares ao mesmo tempo
Na teoria classica da fısica − digamos, fısica newtoniana − um objeto sopode encontrar-se em um lugar ao mesmo tempo. Um livro que trata inclu-
sive de fısica quantica (ver [14]) afirma que uma partıcula pode encontrar-seem muitos lugares ao mesmo tempo, veja:
O que a teoria quˆ antica revelou e t ao espantoso que mais parece ficc˜ aocientıfica: as partıculas podem estar em dois ou mais lugares ao mesmotempo. (Uma experiencia muito recente mostrou que uma partıcula pode estar em ate 3 mil lugares!) O mesmo “objeto” pode aparentar ser uma partıcula, localizada em um lugar determinado, ou uma onda, espalhada pelo espaco e pelo tempo. (p. 55)
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Ainda mais, uma outra surpreendente (bizarra) afirmativa da fısica quan-
tica e que um objeto pode se deslocar entre dois pontos sem passar por pon-tos intermedios: “Eletrons que se movem de A para B sem nunca passar entre esses pontos .”
Eu poderia arrolar um sem numero de exemplos da matematica deque “o oposto de uma verdade profunda pode muito bem ser outra verdade profunda ”, e nao uma mentira como resulta da “logica linear”, da “logicaeuclidiana”. Chamaremos de logica linear ou euclidiana a “logica do sensocomum”. No entanto, veremos apenas dois exemplos, ja que o meu objetivoaqui nao e escrever sobre matematica, mas sim sobre espiritualidade.
Os dois “paradoxos” a seguir − ou patologias , como tambem sao con-hecidos na matematica
− foram elaborados (construidos) por mim mesmo e
constam em um livro de matematica que publiquei (ref. [7], p. 232). Ademais,a matematica envolvida nestes exemplos e “relativamente sofisticada ” no en-tanto estarei simplificando ao maximo, traduzindo em figuras e deixando asformulas de lado para que o leigo tambem possa aprecia-los.
1o ) Matematica. Na figura a seguir temos a representacao geometrica dointervalo numerico [ 0, 1 [ :
0 1
2
1 A B C
Pois bem, segundo a “logica euclidiana” o ponto A encontra-se mais pr´ oximo da origem que os pontos B e C . O ponto B encontra-se maisafastado que o ponto A porem mais proximo que o ponto C , o mais afastadoda origem.
Vejamos isto precisamente nos valendo de uma regua euclidiana, assim:
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
I N
M E T R O
0 1
րOrigem
1
2 A B C
Esta regua nos fornece diretamente a distancia de um ponto qualquer dointervalo [ 0, 1 [ a origem. Entao
dA = 0, 4 , dB = 0, 6 e dC = 0, 8
Ate aqui tudo bem, nada de anormal, estas sao “verdades profundas”(digo, verdades incontestaveis). Acontece que agora farei uma afirmativaoposta a estas que, no entanto, nao se constitue em uma “mentira pro-funda” mas sim em uma “outra verdade profunda ”, ei-la: Na figura a seguir:
82
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0 1
2
1 A B C
os pontos A e B encontram-se a uma mesma distancia da origem e, “oque e pior”, o ponto C encontra-se mais proximo da origem que os pontosA e B . . . Pasmem! − subvertendo totalmente a logica euclidiana!
Ora, mas esta afirmativa parece contrariar frontalmente o que nossosolhos nos mostram. (Veja p. 116)
Como assim? como provar que isto e verdade, ou que pode ser verdade?
Com efeito, para provar que eu, a exemplo de Euclides, tambem estou
com a razao, construı − desenvolvi − uma outra regua, veja:
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 1
I N M E T R O
0 1
րOrigem
1
2 A B C
Esta regua nos fornece diretamente a distancia de um ponto qualquer dointervalo [ 0, 1 [ a origem. Entao: dA = 0, 4 , dB = 0, 4 e dC = 0, 2.
Ou ainda,
dA = 0, 4 = dB e dC = 0, 2 < dA
Enfatizo: Segundo esta regua os pontos A e B encontram-se a umaigual distancia da origem, e o ponto C encontra-se mais proximo daorigem que qualquer um dos pontos A ou B . (p. 114)
O oposto de uma verdade e mentira, mas o oposto de uma verdade profunda pode muito bem ser outra verdade profunda.
A questao agora e: qualquer um pode sair por aı criando reguas earbitrando distancias? Ou ainda, porque devemos aceitar que isto seja uma
“verdade”?Respondemos: nao e bem assim, existem alguns criterios para que uma
regua tenha validade na comunidade dos matematicos. A afirmativa anteriore uma verdade porque ela faz parte de um sistema geral, como exige o criteriode Bachelard, a p. 30. O sistema geral ao qual esta regua faz parte namatematica e denominado de topologia .
Resumindo caro leitor: Verdade, inclusive na matematica e fısica, eaquilo com o qual a “maioria” esta de acordo. A diferenca e que as “ver-dades” religiosas foram estabelecidas pela astucia e pela forca (trampas),por bandidos − e demonios, como estaremos provando no proximo capıtulo.
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Adendo (30.07.2015): Abriremos aqui uma pagina para aditar algumas
afirmacoes − que corroboram nosso presente contexto −, encontradas nolivro∗. (p. 52)
Certamente, estou convidando a uma mudanca da filosofia. Porque se a filosofia e feita na suposic˜ ao de que pode fazer reflex˜ oes sobre uma reali-dade independente, est´ a desconhecendo o fenˆ omeno humano.
Nota: O que este autor fala da filosofia, generalizamos para a teologia.
Agora, a ciencia, os cientistas falam de buscar a verdade. Eu n˜ ao lhes disse isso. O que faz com que alguem seja um cientista e a paix˜ ao peloexplicar, n˜ ao pelo buscar a verdade. Quando os cientistas falam de buscar a verdade, certamente est˜ ao na objetividade sem parenteses. Para mim a verdade n˜ ao interessa. E n˜ ao me interessa porque cada vez que se fala da verdade, o que se escuta e uma referencia a uma realidade independente doobservador. E eu sei, por esta reflex˜ ao, que isto e uma suposic˜ ao que n˜ ao tem
fundamento. Sim , vou entender que cada domınio de realidade define para mim um domınio de verdade, se voces querem, que depende das coerencias operacionais que o constituem. Certamente, toda afirmac˜ ao e v alida nodomınio de validade especificado pelas coerencias que a constituem.
Nota: Isto esta de acordo com a filosofia da matematica, veja:
N˜ ao h´ a mais, para os teoremas, verdade separada e, por assim dizer,atˆ omica: sua verdade e apenas sua integrac˜ ao no sistema; e e por isso que teoremas incompatıveis entre si podem igualmente ser verdadeiros, contanto
que os relacionemos com sistemas diferentes. (Denis Huisman)Um exemplo disto e o exemplo 1o ) dado anteriormente, envolvendo a
regua quantica, e ainda um outro e o cırculo quadrado visto na pagina 174.
Um pouco mais de Maturana: (p. 57)
As explicac˜ oes cientıficas n˜ ao se referem a verdade, mas configuram
um domınio de verdade, ou v´ arios domınios de verdades conforme a tem´ atica na qual se deem.
Resumindo caro leitor: Se na ciencia, na matematica, e ate na filosofia,nao existe verdade absoluta, quem sera ingenuo de acreditar que na teologiaexiste? Mesmo porque veja so: se uma tal verdade existisse, quem seria o
porta-voz idoneo (confiavel) para nos trazer esta verdade? Um padre? umpastor? o papa? Jesus?
Ora, mas Jesus mentiu no que diz respeito a sua segunda volta, dentreinumeras passagens que atestam isto citemos mais uma:
Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra;porque em verdade vos digo que n˜ ao acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. (Mt 10 : 23)
∗Maturana R., Humberto. Cognic˜ ao, ciencia e vida . / Ed. UFMG, 2001.
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Tudo isso, que a primeira vista
parece excesso de irrazao, na ver-dade e o efeito da finura e da
extensao do espırito humano e o
metodo para encontrar verdades
ate entao desconhecidas.
(Voltaire)
No que diz respeito a regua quantica − foi assim que a denominamos− podemos mostrar que, desta vez, o eminente filosofo esta coberto de razao.
2o ) Em nosso livro citado anteriormente ([7]) provamos − com a utilizacaoda regua quantica (esta deriva de uma equacao, p. 166)
− a plausibilidade
matematica das duas afirmativas quanticas feitas anteriormente, ou seja, deque um objeto pode encontrar-se em muitos lugares ao mesmo tempo e queum objeto pode mover-se entre dois pontos “sem passar pelo meio”. Porexemplo, na figura a seguir
0 1
3
2
3 1
p
BA
podemos provar que a origem encontra-se em dois lugares ao mesmo tempo:tanto na regiao a esquerda − como deveria-se esperar pela logica euclidi-
ana − quanto na regiao da direita, como nao deveria-se esperar pela logicaeuclidiana.
Ademais, conseguimos mover o ponto p da posicao A ate a posicao B sempassar pelo meio − sem abandonar a figura constituida pelos dois pedacosde reta.
Estes extraordinarios feitos podem ser repetidos em quaisquer dimensoes,por exemplo, em duas dimensoes:
0 1
1Na figura ao lado podemos provar que a
origem (“0”) encontra-se simultaneamente
nas quatro regioes. Podemos ainda move-la por todas as regioes sem cruzar os in-terstıcios. Assim como existem as ilusoesde otica existem as “ilusoes de logica”, estae uma delas.
A bem da verdade, a razao dos milagres e que um objeto quantico(eletron, p. ex.), em certas circunstancias possui comportamento ondu-latorio, de modo semelhante podemos mostrar matematicamente que esta ea razao dos feitos por mim apresentados: Podemos associar a “partıcula”origem, 0, uma “onda”, gracas a esta onda e que estes feitos sao possıveis.
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2.1.2 Teologia quantica
Na universidade sou professor da disciplina de topologia, se por acasoum aluno nao esta preparado para aceitar estas e outras∗ “mutacoes quecontradizem o passado” este aluno certamente sera reprovado em algumasdisciplinas e nao tera condicoes de avancar em seu curso, nao se formara.
O que estou defendendo e que no universo da espiritualidade (teologia)da-se algo analogo, nao se pode avancar sem uma brusca mutac˜ ao que con-tradiz o passado.
A evolucao do conhecimento
Nos estudos regulares a hierarquia do aprendizado da-se assim:
EnsinoFundamental
EnsinoMedio
Graduacao Mestrado Doutorado
Ou ainda, na forma de uma escadinha:
E.F.
E.M.
Grad.
Mest.
Dout.
Defendo a tese de que o “mesmo” esforco deveria ocorrer na evolucaodo conhecimento espiritual. Tenho amiude observado que uma maioria dealunos ao adentrar a universidade rapidamente se convence de que sabemuito pouco sobre matematica, fısica, quımica, etc; ou ainda, que a bagagemcom que chegam a universidade e quase nula relativamente ao que ainda restaa aprender. O que me surpreende no entanto e que todos eles estao conven-cidos de que o que sabem sobre Deus, sobre teologia, sobre espiritualidade ja
e o bastante. Pelo que tenho estudado, meditado, refletido, pesquisado, soulevado a concluir que no universo da espiritualidade as concepcoes catolicae protestante, notadamente, situam-se a nıvel de ensino fundamental emnossa analogia. Isto e, suas concepcoes sobre Deus estao no primeiro degrauda escadinha anterior, e eles nem se dao conta, nem desconfiam deste fato.
Em suas fases primitivas o homem n˜ ao podia adorar sen˜ ao a um Deus feito a sua imagem e semelhanca, porque n˜ ao sabia conceber algo melhor.
∗Por exemplo, a de que 2 + 2 = 3 (p. 107). Na adicao de Einstein, como ja frisamos,1 + 1 = 2.
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Todo homem que for dotado de um espırito filos´ ofico h´ a de ter
o pressentimento de que, atr´ as da realidade em que existimos e vivemos,se esconde outra muito diferente e que, por consequencia, a primeira n˜ aopassa de uma aparic˜ ao da segunda. (Nietzsche)
Para “compreender, medir, pesar” a realidade em que existimos e vive-mos a “logica linear”, a “regua euclidiana”,
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
I N
M E T R O
e suficiente. Agora, para se “compreender, medir, pesar” esta outra reali-dade que se esconde atras da primeira, a regua euclidiana nao serve mais,necessitamos da regua quantica,
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 1
I N M E T R O
Ou ainda, a regua linear (euclidiana) e suficiente para resolver os pro-blemas com que se deparam no seu dia a dia o pedreiro, o carpinteiro, oengenheiro, etc.; ja outros profissionais, como o matematico e o fısico teorico,lidam no seu dia a dia com outra classe de problemas para os quais a reguaou logica euclidiana sao insuficientes, nao servem.
Aonde eu estou querendo chegar com tudo isto? Com esta analogia estouquerendo evidenciar que existe uma teologia linear, euclidiana∗, que estapreparada para lidar apenas com questoes triviais − tal como o pedreiro e ocarpinteiro, em nossa analogia − agora existe uma outra classe de problemas
que esta pobre teologia linear, euclidiana, de catecismo, nao esta preparadapara lidar. Querem um exemplo?
Como conciliar um Deus de amor, magnanimo, com o mal no mundo?
Este e um problema impossıvel de se resolver com a “regua euclidiana”da teologia classica, fica aqui o desafio; varios autores cristaos (como o citado
na p. 75) ja tentaram debelar este problema, nenhum deles obteve sucesso− sem usar de astucia, sem usar de manipulacoes espurias. Ou ainda, sem projetar seu pr´ oprio ego na tela da Realidade .
∗A de padres, pastores e teologos cristaos, baseada na Bıblia.
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A proposito, existe um problema teologico que desafia “todos os doutores
te´ ologos ” ha pelo menos 2.500 anos − proposto por um dos grandes filosofosda Grecia antiga, Epicuro, ei-lo:
Deus quer impedir o mal, mas n˜ ao consegue? Ent˜ ao ele e impotente.
Ele e capaz, mas n˜ ao quer? Ent˜ ao ele e malevolo.
Ele e capaz e quer? Donde, ent˜ ao, o mal?
Enfatizo, este problema − proposto ha mais de 2.500 anos − vemdesafiando todos os pusilanimes doutores teologos cristaos ha seculos.
No proximo capıtulo, p. 118, estarei propondo aos doutores teologoscristaos um novo desafio.
Gostaria de inaugurar aqui (propor) uma nova teologia, a qual denomi-
narei de teologia quantica, “cujo instrumento de medida e a regua quantica”.O que caracteriza a teologia quantica e a identidade:
Deus ≡ Origem de Tudo ≡ Vaziodesenvolvida no fluxograma a p. 32. Dentro da teologia quˆ antica estamospreparados nao apenas para resolver como tambem para propor problemasimpossıveis de se resolver na teologia classica − judaico-crista, notadamente.
Por hora, apenas a tıtulo de ilustracao, vejamos como tratar do problemade Epicuro.
Epicuro
Deus quer im-
pedir o mal?
Entao ele e
e impotente.
Donde, entao,
o mal?
Entao ele e
e malevolo.
Teologia Classica(Deus ≡ Jave)
Sucedera qualquer
mal a cidade, e o
Senhor nao tera feito?(Amos3:6)
Eu formo a luz e crio
as trevas; eu faco a paz
e crio o mal; eu, o Se
nhor, faco todas estas
coisas. (Is45:7)
Deus meu, Deus meu,
por que me desampa-
raste? (Mc15:34)
Satanas − que segundo
as evidencias e mais
poderoso que Deus.
Teologia Quantica(Deus ≡ Vazio)
“Nao quer”, uma vez
que no Vazio nao existe
nada, nem desejos.(p.44)
Deus≡Origem de Tudo
Deus e perfeito.(p.42)
A essencia do Universo
radica em combinacoes,
todo mal resulta da com-
binacao de alguns fatores.
88
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De outra perspectiva: Na verdade, o problema de Epicuro nao faz sentido
na teologia quantica; de fato, nao chega a ser um problema pela simples razaode que Deus nao e pessoal, nao possui os atributos alegados por Epicuro.
2.1.3 Paradoxos na Teologia Quantica
Tudo isso, que a primeira vista parece excesso de irraz˜ ao, na ver-dade e o efeito da finura e da extens˜ ao do espırito humano e o metodopara encontrar verdades ate ent˜ ao desconhecidas. (Voltaire)
Sou fascinado por paradoxos, a fısica (Relatividade e Quantica) e amatematica sao fontes de fascinantes paradoxos.
Um paradoxo e uma afirmacao a primeira vista absurda, contraditoria,mas que encontra explicacao logica, racional, em um outro contexto − outeoria.
Eu proprio ja tive a oportunidade, e felicidade, de construir alguns para-doxos na matematica. Com a regua quantica, alem dos dois paradoxosapresentados anteriormente, ainda construi muitos outros ([7]).
Por exemplo, na matematica existe uma grande controversia a respeitoda igualdade
0, 999 . . . = 1
para colocar ainda mais lenha na fogueira demonstrei a seguinte igualdade
0, 999 . . . = 0
A teologia quantica tambem e fonte de inumeros e fascinantes para-doxos que, a meu ver, se encaixam perfeitamente na citacao em epıgrafedo eminente Voltaire. A tıtulo de ilustracao estarei arrolando alguns destesparadoxos, devo dizer-lhes que todos eles fazem sentido para mim − temuma explicacao logica e racional − dentro do contexto do Vazio, ei-los:
1o ) O grande mıstico Kabir disse: “Olhe a ironia disso. Quando eu estou,Deus n˜ ao est´ a; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou.” (p. 39)
2o ) Agora deixe-me falar sobre esse paradoxo: “Voce s´ o existe quando voce n˜ ao existe.” (p. 40)
3o ) O homem Sidarta se tornou Gautama Buda. E nessa iluminac˜ ao, de nirvana, ele n˜ ao encontrou nenhum Deus. (p. 55)
4o ) perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que cos-tumava senti que possuıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era ocorpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa e a minha aquisic˜ ao. (p. 38)
5o ) “eu levei minha pr´ opria cinza a montanha ” (p. 123)
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Um fascınio especial me causou o proximo paradoxo, o qual encontrei no
vıdeo listado na referencia [18]. (18 : 30 →)Faremos apenas um resumo do paradoxo e, apos, aditaremos alguns
comentarios.
6o ) Pois bem,Na epoca de Alexandre, o Grande; um rei chega na India e decidi con-
sultar um sabio, envia um seu emissario para contactar um deles.− Encontrando um disse-lhe: O senhor rei pediu que voce va ao palacio.
o sabio respondeu:− Bem, eu nao existo, nao posso ir porque eu ja nao existo.− Mas como voce nao existe, se eu o estou vendo?
− Bem, irei de qualquer modo, porem nao existo
− disse isto porque ja
nao existia.O emissario retornou ao palacio e disse ao rei: falei com um sabio que
disse que apesar de nao existir mesmo assim viria ao palacio, eu disse a elecomo vais ao palacio se nao existes?
E entao, como o rei era um homem versado na logica socratica − logicausual, euclidiana −, disse esta bem, vou demonstrar seu erro!
O sabio ao chegar no palacio saudou o rei, e este de pronto lhe disse:− Antes de mais nada voce veio, porem voce disse que ja nao estar, que
voce nao existe, como pode ser isto? Ora, isto e uma falacia posto que sevoce nao existisse eu nao estaria falando com voce. . .
∗ ∗ ∗Pois bem, este e o paradoxo em si, para a continuacao do dialogo o
leitor podera consultar o vıdeo.A solucao deste paradoxo tem uma ligacao com Francis Crick (p. 37).
Nota: Existe uma diferenca entre este ultimo paradoxo (“nao existencia”) eos de Buda e Kabir. (p. 217)
Claro, para o nosso bom senso do dia a dia (regua euclidiana) o sabioestaria completamente louco, eu mesmo se tivesse escutado esta historia haalguns anos atras teria de imediato “mudado de canal”; ou se a tivesse lidofecharia o livro, deduziria que estavam tentando me fazer de tolo.
Entretanto, hoje, nao acho que o sabio seja de todo louco − ou melhor,sua loucura faz algum sentido −, isto e, sua narrativa encontra ressonanciadentro da minha cosmologia atual, encontra explicacao na teologia quˆ antica .
O matematico, como o pintor
ou o poeta, e um desenhista. Se os
seus desenhos sao mais duradouros
que os deles, e porque sao feitos
com ideias. (G.H. Hardy)
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Milagres existem sim!
A bem da verdade, ha muitos anos minha sensibilidade ja vinha sendopreparada pela matematica para “suportar paradoxos extremos, densos ”.Posso assegurar aos cepticos que pelo ao menos no universo da matematicaexistem milagres sim, eu proprio ja produzi alguns − daı o meu outropseudonimo, Gentil, o taumaturgo.
Apenas a tıtulo de ilustracao, vou reproduzir sob uma nova perspectivaum dos paradoxos apresentados anteriormente. Pois bem, se o leitor mefornecer dois pontos quaisquer na figura a seguir, como os pontos A e B,por exemplo,
0 1
3
2
3 1
BA
sentando a ponta de um lapis no primeiro ponto consigo tracar uma linhacontınua ate o segundo ponto, sem cruzar o hiato central − e sem abandonara figura, constituida pelos dois pedacos de reta.
Este feito, milagre, pode ser reproduzido em qualquer dimensao, emduas fica assim:
0 1
1
A
B
Dados dois pontos quaisquer na figuraao lado − como A e B, por exemplo −sentando a ponta de um lapis no primeiroponto posso unı-los por um traco contınuo,sem levantar a ponta do lapis e sem aban-donar a figura, constituida pelos quatroretangulos.
A prova rigorosa deste milagre encontra-se no meu livro [7].
Nota: Por tras destas construcoes existe toda uma matematica − envol-vendo formulas e conceitos − esta e apenas uma forma intuitiva de traduzı-las ao leigo em matematica. Creio que a analogia do lapis traduz bem aideia da coisa − ja me sugeriram que isto (na versao da p. 85) e como sefosse uma especie de “teletransporte”, pode ser.
Bem, estas sao as credenciais por mim apresentadas − ainda existemoutras − para me candidatar a interpretar os paradoxos de Kabir, do Budae do sabio indiano.
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Estarei interpretando estes paradoxos de dois modos distintos, porem
equivalentes. Por duas analogias, distintas e equivalentes.Inicialmente estaremos nos concentrando em duas perguntas:
1a ) Como alguem pode deixar de existir? − e continuar aı!
2a ) Pode alguem nao existir e mesmo assim conversar com outrem, a exem-plo de Buda, do sabio indiano e do mıstico Kabir?
Pois bem, inicialmente lembramos o que voce e − segundo o cientistaFrancis Crick: (p. 37)
Voce, suas alegrias e tristezas, suas mem´ orias e ambic˜ oes, sua noc˜ aode identidade e seu livre-arbıtrio nada mais s˜ ao do que a interac˜ ao de um vasto conjunto de celulas nervosas . . .
Resumindo, voce e algo que se encontra “dentro do seu cerebro” − eum arquivo armazenado no hardware chamado cerebro.
Na mesma reportagem de Veja ainda lemos:
Sua obsess˜ ao [de Crick] era encontrar a sede da consciencia, as espe-cialıssimas interac˜ oes de neurˆ onios que d˜ ao aos seres humanos a noc˜ ao de identidade pessoal, sem a qual nenhuma emoc˜ ao, por mais pura e verdadeira,nenhum conhecimento, por mais profundo, faz sentido.
Lembro, an passant, de uma reportagem do Fantastico (06.04.2014)
que tratava de uma senhora que − devido a uma pane na memoria − perdeua identidade referente aos 11 ultimos anos de vida: nao reconhecia os tresfilhos e nem o proprio marido. Isto prova que nossa identidade e quımica,ou ainda, um arquivo que pode ser apagado.
Voltando ao Idealismo (p. 50) eu diria que “voce” esta codificado emondas, retornando a nossa imagem da pagina 70:
(Consciencia)J u l g
a me nt o s
P e ns a me nt o s S e n t i m e n t o s
×
×
Atraves da meditacao diminuimos as
amplitudes destas “ondas-eu” − ou ainda,
eliminamos os pensamentos. Ora, estas on-
das e que conferem nossa identidade, nosso
eu, nosso ego. Num estado de meditacao
profundo, intenso, estas ondas se anulam,
desaparecem por completo. Em desapare-
cendo estas ondas, ja nao existimos mais −experimentamos uma sensacao de nao exis-
tencia −. Podemos dizer que tudo retorna
ao Oceano, no caso Oceano de Consciencia.
“Os fısicos denominam tais ‘ondas’ − nos
e tudo quanto existe − ‘excitacoes’ ou ‘flu-
tuacoes’ do vacuo.” (p. 30)
Esta e a resposta a primeira pergunta atraves da primeira analogia.
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Vamos a segunda analogia: Lembramos a experiencia da fısica na qual
um prisma ao receber a Luz branca a decompoe em um esp ectro de frequencias,“as sete cores do arco-ıris ” , assim:
Luz Branca
“Ego”(Cerebro)
AmorMisericordia
Bondade
Inteligencia
SabedoriaIra
Depressao
Pois bem, em nossa analogia a luz branca corresponde ao Oceano deConsciencia (Absoluto), o prisma corresponde ao cerebro (mente humana)e as cores aos atributos tais como aqueles descritos na figura.
Veja, todas as cores estao “escondidas dentro” da luz branca, agora soserao manifestas na presenca de um anteparo, no caso o prisma − Assimcomo as ondas eletromagneticas emanadas do sol so se converterao em luzna presenca de um olho.
De igual modo, atributos tais como amor, ira, inteligencia, etc. estao“escondidos (codificados) dentro” da Consciencia, todavia, para se mani-festarem necessitam do cerebro humano. Quem sente tais atributos e o
homem, nao Deus, a Consciencia.Um torrao de acucar nao e doce, so quando voce o experimenta. O doce
e uma experiencia sua, nao diz respeito ao acucar em si. De igual modo, aexperiencia do “amor de Deus” e sua, nao diz respeito ao Deus em si.
Que seria a tua felicidade, ´ o grande astro, se n˜ ao tivesses aqueles que iluminas! (Nietzsche/Zaratustra)
Volto a enfatizar: quem pensa, julga e condena e o pastor, o padre, obispo, o arcebispo, o papa (prisma em nossa analogia), nao o Absoluto (Luzbranca). Eles julgam e condenam as ovelinhas por que as querem submissasa eles, sustentando toda uma hierarquia parasita e, alem do mais, sao infla-dos de ego por exercerem “autoridade” sobre as coitadas das ovelhinhas
−me causa do ver isto. Reflita novamente:´ E preciso n˜ ao se deixar induzir em erro: “N˜ ao julgueis!”, dizem eles,
mas mandam para o inferno tudo o que fica em seu caminho. Ao fazerem Deus julgar, julgam eles pr´ oprios; ao glorificarem a Deus, glorificam a si pr´ oprios. (Nietzsche)
“ao glorificarem a Deus, glorificam a si pr´ oprios ”; claro, por que eles saoos representantes do “Altıssimo” na Terra; segundo eles proprios. Logo, agloria termina recaindo sobre eles − tal qual um bumerangue lancado parao alto.
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Entao, retomando, atraves da meditacao profunda o mıstico sai da mente
− elimina, deleta, apaga os pensamentos − e retorna ao Oceano de Cons-ciencia (Luz Branca),
Luz Branca
(Meditacao)
A meditacao elimina
o prisma (“mente”)
e conduz o mıstico
de volta ao Oceano.
× O
c e a n o
d e
L u z
.
Desta forma ele deixa de existir. Mais precisamente,
Ele, suas alegrias e tristezas, suas mem´ orias e ambic˜ oes, sua noc˜ ao de identidade e seu livre-arbıtrio que nada mais s˜ ao do que a interac˜ ao de um vasto conjunto de celulas nervosas . . . interac˜ oes estas que neste estado s˜ aodesativadas (“apagadas”) e, portanto, “nada mais faz sentido algum”.
2.1.4 A questao classica: existe vida apos a morte?
Vivemos numa era extraordin´ aria, em que os resultados experimen-tais est˜ ao comecando a elucidar quest˜ oes filos´ oficas.
(Shimony/A Realidade do Mundo Quantico)
Iremos agora considerar a segunda das perguntas a p. 92 colocando-anum contexto mais amplo: a possibilidade da vida apos a morte.
Esta e uma questao por demais debatida, explorada, e que ate hojeencontra-se aberta, isto e, sem uma solucao definitiva e irrefutavel.
De minha parte tambem dediquei algumas horas de reflexao e pesquisasobre esta que e obviamente uma das questoes mais relevantes para a hu-
manidade − uma questao metafısica que diz respeito a todo ser humano.Gostaria de compartilhar com o leitor ate onde chegou minha com-
preensao atual do tema, nao pretendo ter a ultima palavra, apenas ten-tar contribuir um pouco; e atraves de um somatorio de aquisicoes que ahumanidade progride, seja nas ciencias, seja na filosofia, seja na espirituali-dade.
Inicialmente duas observacoes: Primeira, segundo entendo, mais impor-tante que a resposta a pergunta “existe vida ap´ os a morte? ”, sao os argu-mentos a serem colocados em defesa de uma ou outra das posicoes, ja que aresposta e sim ou nao, com 50% de chances de acerto.
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Segunda, ao iniciar a investigacao, refletir sobre esta questao, a primeira
coisa de que me conscientizei e de que n˜ ao posso ter preferencias , digo,“sobreviver apos a morte, nao deve ser um desejo meu”, posto que estedesejo pode contaminar − influenciar − a investigacao da questao. Ouainda, nao posso projetar na tela da realidade meu ego.
Assim e que passei algum tempo me programando (ou desprogramando)para assumir uma postura de neutralidade frente a questao.
Obvio, pois se um investigador, la no seu ıntimo − no seu “subcons-ciente” − deseja sobreviver apos a morte, a priori a questao ja esta decidida,ele apenas vai coletar informacoes que confirmem o seu desejo, “cada umenxerga o que quer enxergar”.
Deformamos o real porque o apreendemos espontaneamente atraves de nossas impress˜ oes sensıveis, de nossos desejos, nossas paix˜ oes, nossos interesses, nossos h´ abitos. (Simone Manon/Platao)
E por isto que vejo com reservas, na verdade a princıpio nao dou muitaimportancia, a argumentos de religiosos − autores cristaos, por exemplo.
Seus argumentos podem ser resumidos ao seguinte:
Jesus prometeu que vai voltar e me levar pro ceu. . . logo, existe vida ap´ os a morte! − Os fieis ressuscitar˜ ao primeiro.
E para os infieis havera vida apos a morte? Claro, queimarao eterna-mente nas chamas do inferno. . . troca-se a pele.
- Dourada gaiola crista
Conviccoes sao prisoes, um espırito quequeira realizar belas obras, que tambem queira
os meios necessarios, tem de ser cetico. Estar
livre de toda forma de crenca pertence a forca,
ao poder de ver sem algemas. (Nietzsche)
Nenhuma pessoa sensata, racional, se dara por satisfeita por conta de
tal “argumento”. Mesmo por que Jesus nao e de todo confiavel∗; com efeito,Jesus faltou com a verdade no que diz respeito a sua segunda volta:
Em verdade vos digo que al-
guns ha, dos que aqui estao, que
nao provarao a morte ate que ve-
jam vir o Filho do homem no seu
reino. (Mt 16 : 28)
Em verdade vos digo que alguns
dos que estao aqui nao morrerao
sem terem visto o reino de Deus
vir com poder! (Mc 9 : 1)
∗No meu livro [6] abri uma secao por tıtulo “Desconstruindo o ıdolo Jesus”, nao pre-tendo aqui repetir os argumentos.
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Esta passagem, a meu ver, e suficiente para provar que Jesus nao tem o
“controle da situacao”, no entanto, como os pastores sao tambem exımiosmanipuladores da Bıblia − tenho dito que se um pastor decide, fundamen-tado na Bıblia, provar que uma pedra e um sorvete, ele nao apenas conseguerealizar esta proeza como, ademais, nao faltarao ovelhas para chupar a pe-dra e jurar de pes juntos que de fato e um sorvete, quica o melhor que japrovara.
Ora, se um matematico consegue, em dado contexto, construir um cırculoquadrado (p. 174) nao conseguiria um pastor (ou padre) o mesmo? − Atravesde manipulacoes espurias, obviamente.
Retomando, Vou citar ainda outras passagens que tambem provam queJesus nao tem o controle quanto a sua segunda volta.
“Eis que cedo venho . . . (Ap. 22:12)” e (Mc. 13:24-31) (pp. 227, 84)
Bem, para este cedo ja passaram-se mais de 2000 anos, portanto, se-gundo entendo − digam o que disserem os pastores e doutores teologos deplantao − Jesus mentiu!, mesmo que ele venha um dia, por suposto.
Voltando ao foco da questao − existe vida apos a morte? − acreditofirmemente que uma abordagem seria a esta questao nao deve olvidar osresultados das pesquisas do cientista Francis Crick:
Voce, suas alegrias e tristezas, suas mem´ orias e ambic˜ oes, sua noc˜ aode identidade e seu livre-arbıtrio nada mais s˜ ao do que a interac˜ ao de um vasto conjunto de celulas nervosas . . .
Ora, se estas celulas nervosas se decompoe apos a morte o que resta?Portanto, num primeiro momento, a resposta a questao em consideracao eum rotundo: Nao! Volto a perguntar: o que e que sobrevive? . . . a alma?mas, o que e a alma?
O espırito? . . . mas o que e o espırito? Estes sao dois conceitos aos quaisos homens se referem ha milenios mas sem saber do que se trata. Reitero, abem da verdade, ninguem sabe o que e alma e nem o que e espırito.
Esta conclusao do Dr Crick, segundo entendo, e da maior relevancia paraa humanidade, nos faz repensar tudo a respeito de “vida apos a morte”.
Apenas um ligeiro adendo: e claro que para um religioso, para as re-ligioes, e de grande interesse que a resposta a questao seja sim! Primeiro
que quem nao gostaria de sobreviver? Segundo que existe a questao da ex-ploracao das massas. Se nao existe vida apos a morte, as religioes perdema razao de existir, claro − pastores, padres, bispos, arcebispos, papas, etc.,estarao todos desempregados, terao que procurar outro meio de subsistencia.
(Consciencia)J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s S e n t i m e n t o s
Morte
Resumindo, da afirmacao de Crickdeduzo que o “eu” (ego, identidade) naosobrevive apos a morte; de outro modo,“o desenho e apagado”:
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Todavia, resta um porem: nao creio que “tudo termina na morte ”, a
exemplo do que defendem os ateus.Primeiro, se o “eu” (ego, identidade) depende do cerebro, ja nao acon-
tece o mesmo com a Consciencia. Vejamos algumas fontes que corroboramesta assertiva:
− Fonte: Laszlo, Ervin. A ciencia e o campo Ak´ ashico: uma teoria integral de tudo. Ed. Cultrix, 2008. (p. 124)
CONSCIENCIA COSMICA
Vamos agora dar outro passo em nossa explorac˜ ao do universo in- formado: um passo que vai alem da consciencia associada com os orga-nismos vivos. N˜ ao poderia o pr´ oprio cosmo ser dotado de algum tipo de
consciencia? [. . .] Sir Arthur Eddington observou que “o material do uni-verso e material mental [. . .] a fonte e a condic˜ ao da realidade fısica”.[. . .]
H´ a, entretanto, abordagens positivas que podemos adotar. De inıcio,mesmo que n˜ ao possamos observar diretamente a consciencia no v´ acuo,podemos tentar um experimento. Podemos entrar num estado alterado de consciencia e nos identificar com o v´ acuo, o nıvel mais profundo e mais fun-damental da realidade. Supondo que sejamos bem-sucedidos (e os psic´ ologos transpessoais nos dizem que em estados alterados as pessoas podem se iden-tificar praticamente com qualquer parte ou aspecto do universo), ser´ a que experimentarıamos um campo fısico de energias flutuantes? Ou experimen-tarıamos assim como um campo de consciencia c´ osmico? [. . .]
Stanislav Grof descobriu que em estados de consciencia profundamente alterados, muitas pessoas experimentam um tipo de consciencia que lhes parece ser a do pr´ oprio universo. Essas experiencias, as mais not´ aveis obti-das em estado alterado, vem a tona em indivıduos que est˜ ao comprometi-dos com a busca por apreender os terrenos supremos da existencia. Quandoesses buscadores se aproximam da realizac˜ ao de seu objetivo, suas descric˜ oes daquilo que eles consideram ser o princıpio supremo da existencia s˜ ao incri-velmente semelhantes. Eles descrevem o que experimentam como um imensoe insond´ avel campo de consciencia dotado de inteligencia e de poder criador infinitos. O campo de consciencia c´ osmica que eles experimentam e um es-tado de vacuidade c´ osmica
− um vazio.
Como disse, o ego (“desenho”) e como um arquivo; creio que nenhumainformacao se perde no Universo − caso contrario, iria se perder para onde?
O Universo e um “sistema fechado”, tudo esta contido no Universo, pordefinicao.
O que estou querendo sugerir e que as informacoes − codificadas −referentes ao ego (identidade) continuam existindo. Existindo aonde?
O texto a seguir nos fornece algumas informacoes relevantes:
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A MEMORIA FICA REALMENTE NO CEREBRO?
Atualmente h´ a cientistas analisando a proposic˜ ao de que as lem-brancas n˜ ao est˜ ao realmente armazenadas no cerebro. Descobriu-se que se for removida uma parte do cerebro onde parecia estar localizada uma lembranca, ela ainda pode persistir! Onde ela est´ a armazenada? Talvez em algum lugar na escala de Planck, ou no que algumas pessoas chamariam de “registros ak´ ashicos”. O cerebro pode ser apenas um ins-trumento para buscar essas lembrancas dentro do universo. Ele pode ser o armazenamento local, o disco local em relac˜ ao ao disco rıgido c´ osmicoonde todas as lembrancas est˜ ao armazenadas. ([14], p. 135)
Tentando contribuir na elucidacao do exposto acima, observe que em
nossa volta, por toda parte, existem informacoes veiculadas por ondas eletro-magneticas, refiro-me as ondas de televisao, radio, internet, etc.; elas encon-tram-se no “campo akashico ” referido acima. Para drenar essas informacoesbasta sintoniza-las em um aparelho de T.V. − que faria o papel do cerebromencionado acima.
Observe que a imagem − “ego, indivıduo”, em nossa analogia − encontra-se codificada na onda eletromagnetica, entretanto, sem um aparelho receptorela nao se “materializa”. Ou seja, a imagem (ou melhor, o codigo), enquantona onda encontra-se em um estado de nao-existencia, podendo ou nao se ma-terializar.
De igual modo, o nosso codigo (do eu, do ego) enquanto “na onda”(campo ak´ ashico) encontra-se em estado de nao-existencia, podendo ou naose materializar.
O vıdeo “TEORIA DA RELATIVIDADE O ESPACO 2” (11 : 00 →)
https://www.youtube.com/watch?v=3BOXSyzWFBo
traz uma importante informacao ao nosso contexto. Pensava-se que umobjeto ao ser tragado por um buraco negro estaria perdido para sempre.Recentemente alguns cientistas estudavam a matematica que descreve osburacos negros e fizeram uma descoberta curiosa: mesmo que um objetodesapareca em um buraco negro uma copia de toda a informacao contida nelemancha a superfıcie do buraco negro e fica guardada; de modo que o objeto
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passa a existir em dois lugares: sua versao tridimensional fica perdida para
sempre dentro do buraco negro, uma copia das informacoes fica guardadanuma superfıcie bidimensional, que poderia ser utilizada para reconstruir oobjeto. Bem, o vıdeo traz informacoes mais detalhadas de como isto se da.
Lembro que a fonte de todas estas informacoes e cientıfica − formuladaspor cientistas − isto mostra que nao estamos a discursar no vazio, palrice.
Um vıdeo ainda mais interessante ao nosso contexto e “Fısica Quanticae Vida Apos a Morte - Stuart Hameroff & Sir Roger Penrose”:
https://www.youtube.com/watch?v=UrOe0Q4LLsw
Este vıdeo mostra como as informacoes geradas no cerebro podem ser ar-
mazenadas (transferidas) para o “campo akashico”. Ou ainda, em nossocontexto, como se da o processo de codificacao do “eu” (ego, identidade).Defende ainda que a consciencia − ou seu precursor imediato, que o autordenomina protoconsciencia − e inerente ao universo.
No vıdeo “A vida apos a morte - Through the Wormhole” (26 : 40 →),um outro cientista, Kock, tambem corrobora a tese de Crick, diz ele:
“A nossa identidade provem duma fr´ agil rede de celulas cerebrais em permanente mutac˜ ao, ent˜ ao n˜ ao pode haver uma identidade eterna.”
Mas, porem admito que pode haver um codigo eterno, veja a diferenca:
identidade = codigo + hardware
Apos esta necessaria digressao retornamos a questao: (p. 92)
2a ) Pode alguem nao existir e mesmo assim conversar com outrem, a exem-plo de Buda, do sabio indiano e do mıstico Kabir?
Em minhas experiencias de meditacao (Vazio intenso) reiteradas vezesexperimentei este estado de nao existencia, e o que me deixava sempre intri-gado (sem entender) era o fato de que eu podia conversar normalmente comalguem; para entabular uma conversa sentia que as informacoes nao provin-ham do meu cerebro, ja que nao existia um unico pensamento em minhamente; tempos depois me deparei com o relato citado anteriormente (p. 98),
de formas que esta e a explicacao mais plausıvel no momento; ou seja, a deque as informacoes estejam sendo acessadas nao a partir do cerebro, maisde uma especie de campo (chamemo-lo akashico).
Uma outra questao e a seguinte: em desaparecendo meu ego, minhaidentidade, o que me tranquilizava era a certeza de que, apos algum tempo(podendo ser horas), eu estaria retornando (“baixando”) ao corpo.
Claro, nao existindo mais o corpo (caso da morte fısica) “eu” nao teriamais como retornar. E neste ponto que defendo que nao existe “vida aposa morte”; entretanto, creio que meu “arquivo” (informacao) continua exis-tindo − como sugerem os doi vıdeos citados anteriormente.
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Agora, se esta informacao e recuperada posteriormente, e como, e coisa
que desconheco − e creio que a ciencia desconhece os detalhes atualmente.Se estas “informacoes” (codigo do ego) podem reencarnar na Terra,
como defende o espiritismo, nao pretendo entrar no merito (isto nos levarialonge), apenas citar − a quem interessar possa − uma autora que discordada maioria das teses espıritas e cujos argumentos, a meu ver, nao devem serdesprezados. Helena Blavatsky/A Chave da Teosofia
Complemento: Computacao em nuvem, ver p. 219.
Das minhas experiencias de meditacao (“nao-existencia”) uma coisaaprendi, senti: e que independente de haver ou nao vida apos a morte, naoha o que temer. Pois se o ego (mente) nao existe, nao existe medo, temor(isto tudo se origina da mente), nao ha ninguem para sentir isto. Nao haninguem para reclamar, para reinvidicar nada.
Seria mais ou menos como no sono, ali voce nao existe, mas nao temconsciencia disto, nao teme, nao reclama de nada, nao deseja nada.
Entrando neste estado de nao existencia, pela primeira vez nao sentimedo da morte, medo de nada, ja que o medo e produto da mente e esta janao existe; toda sensacao: amor, prazer, dor, medo, etc., tem como lastro ocerebro, e uma sensacao fisiologica − como sustentam Crick e Kock.
(Consciencia)
(Consciencia)
Na morte suaonda (ego)desfaz-se noOceano, seucodigo perma-nece.
me d o s , j a n˜ a o e x i s t e m
P e ns a me nt o s
S e n t i m e n t o s
Eu havia reconhecido o fato de que eu n˜ ao existia − n˜ ao podia ent˜ aodepender de mim mesmo, n˜ ao podia me pˆ or de pe no meu pr´ oprio solo.N˜ ao havia solo sob meus pes; eu estava sobre um abismo. . . um abismosem fundo. Mas n˜ ao havia medo porque n˜ ao havia nada para ser prote-
gido. N˜ ao existia medo porque n˜ ao havia ninguem para ter medo.(Osho/Autobiografia, p. 84)
Na ja citada edicao de Veja consta que uma obsessao do cientista Crickera encontrar a sede da consciencia no cerebro − morreu perseguindo esteobjetivo, sem, todavia, obter exito.
Pergunto: e se a consciencia nao tiver sede? Ou, pelo ao menos, deque consciencia se esta falando?
Com efeito, pelo que tenho lido em alguns autores (ou vıdeos) me pareceque ainda existe uma ambiguidade quando se fala de consciencia; digo, creioque se esta a usar uma mesma palavra para designar coisas distintas.
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Segundo entendo, quando se “esta consciente” (ou toma-se consciencia)
de algum objeto (ou algo), fala-se de uma consciencia − esta pode ter origemno cerebro; uma outra Consciencia e aquela que se atinge no estado de Vazio,aquela mencionada na p. 97. Esta nao tem origem no cerebro e, ademais, naoesta consciente de nada, nao tem objeto, e apenas um “espelho a refletir”.Um espelho nao tem consciencia do que esta nele refletido.
(pp. 34, 199, 228)
Uma analogia para que eu me faca melhor entender:
Na figura ao lado o Oceano (agua, “es-
pelho”) representa a Consciencia (que nao
e consciente), nesta surge o ego (rosto), este
sim consciente. Resumindo: a conscienciaesta no ego e este na Consciencia. O ego
cuja sede e o cerebro torna-se consciente de
“algo”. Se as ondas desaparecem − como
ocorre na meditacao profunda − o ego desaparece e, com este, a consciencia. A
Consciencia, representada pelas aguas (oceano), permanece.
A “consciencia” que comparece na citacao de Maharishi (p. 72), porexemplo, e a Consciencia a que me refiro (Oceano).
Vejamos ainda um outro recurso para a distincao entre consciencia eConsciencia:
Luz Branca
Consciencia
Consciencia
(Cerebro)
consciencia (de algo)Pensamentos
Bondade
Inteligencia
SabedoriaIra
Amor
Falando agora de minha propria experiencia, a sensacao (percepcao) e
de que a Consciencia do Vacuo nao e local, isto e, se estende ao infinito.Uma outra sensacao e a de que esta Consciencia e tao sutil que nao temmassa, nao tem peso e mais que isso, nao pode ser detectada por nenhuminstrumento humano, por mais sensıvel que seja. So pode ser experienciada,esta e a impressao que me causa. (Maitreya, p. 41)
Assim como cientistas do passado perderam bastante tempo em suasvidas tentando criar a vida em laboratorio, de igual modo creio que conti-nuaram perdendo seus preciosos tempo ao tentar “detectar” ou localizar aConsciencia no cerebro. A nao ser seus efeitos (pensamentos, consciencia)no cerebro, mas nao Ela mesma.
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2.2 O Universo e essencialmente humano
Se alguma verdade existe que n˜ ao guarde nenhuma relac˜ ao sensitiva ou racional com a inteligencia humana, ser´ a igual a zero, enquanto for-mos n´ os seres humanos. (Rabindranath Tagore)
Nesta secao gostaria de retomar e ampliar um tema anterior, enfocando-oem uma nova perspectiva.
Leitor, observe uma formiga vista a olho nu e vista ao microscopio:
Pergunto ao leitor: qual a visao verdadeira a tua ou a do microscopio?
Nas imagens a seguir vemos tres percepcoes distintas do sol
a primeira como nos vemos, as duas outras como um telescopio ver.
Volto a perguntar: qual a visao verdadeira a tua ou as do telescopio?
A estas alturas o leitor ja tera se dado conta de que esta pergunta naoesta muito bem formulada − nao pode ser respondida de maneira unıvoca− uma vez que falta o “referencial”. Uma vez estabelecido o referencial,por exemplo, o homem, entao a resposta e: a visao a esquerda em ambas asimagens (quadros) e a verdadeira.
Se mudarmos de referencial − suponhamos para um robo, com a visaode um microscopio, ou telescopio, por suposto − aı o que antes era verdadedeixa de ser.
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A visao dos animais
Vamos tentar convencer o leitor de que nem sempre uma pedra e umapedra. De fato, ha muito tempo os cientistas se deram conta de que osanimais compartilhando um mesmo espaco ambiente que os humanos naoraro “decodificam” (vem, ouvem, etc.) este espaco de modo distinto. Istose deve a que possuem um “hardware” (cerebro) distinto do humano.
Olho de um inseto
E precisamente dentro deste contexto que o eminente pensador faz-secoberto de razao ao afirmar:
Os fenomenos sao organizados
pelo nosso aparelho perceptivo e
cognitivo, sendo assim em parte
dependentes do sujeito.
(Immanuel Kant)
Insistamos mais um pouco nesta “relatividade de percepcoes”, depoisdiremos onde queremos chegar:
Papagaios Psico delicos: Temos tres receptores
de cor nos olhos (para verde, azul e vermelho). Entao essas
tres sao as nossas cores primarias − e a combinacao entre elas
cria as cores do nosso mundo. Os papagaios (e outras especies
de aves, peixes e repteis) tem quatro receptores: os nossos
mais um dedicado ao ultravioleta. A combinacao desses qua-tro cria um mundo estupidamente mais colorido que o nosso
− um mundo tao difıcil de imaginar quanto uma realidade
com quatro dimensoes, em vez das tres que agente conhece.
(Super Interessante/out. 2012)
Para arrematar, oucamos o que um biologo contemporaneo tem a con-tribuir para o presente contexto:
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“Na verdade” n˜ ao e um termo que devemos usar com confianca. [. . .]
“Na verdade”, para um animal, e aquilo que seu cerebro precisa que seja, para ajud´ a-lo a sobreviver. E,como especies diferentes vivem em mundos t˜ ao dife-
rentes, haver´ a uma variedade perturbadora de “na verdade”.O que vemos do mundo real n˜ ao e o mundo real intocado, mas um mode-
lo do mundo real, regulado e ajustado por dados sensoriais − um modelo que e construıdo para que seja util para lidar com o mundo real. A natureza desse modelo depende do tipo de animal que somos. Um animal que voa precisa de
um modelo de mundo diferente do de um animal que anda, que escala ou que nada. Predadores precisam de um modelo diferente dos das presas, embora seus mundos necessariamente se sobreponham. O cerebro de um macaco pre-cisa ter uma programac˜ ao capaz de simular um labirinto tridimensional de galhos e troncos. O cerebro de um notonectıdeo n˜ ao precisa de um programa em 3D, j´ a que mora na superfıcie de um lago na Fatland de Edwin abbott.O software para construir modelos do mundo de uma toupeira e adaptadopara uso subterrˆ aneo. Os ratos-toupeiras pelados provavelmente tem um pro-grama de representac˜ ao do mundo parecido com o de uma toupeira. Mas um esquilo, embora roedor como o rato-toupeira, provavelmente tem um software de construc˜ ao do mundo muito mais pr´ oximo do do macaco.
(Richard Dawkins/Deus, um delırio, p. 471)
Observe, “Predadores precisam de um modelo diferente dos das presas,embora seus mundos necessariamente se sobreponham .”
Permitam-me construir uma pequena parafrase do texto do biologo:
“Na verdade” n˜ ao e um termo noqual devamos ser ingenuos de confiar.
“Na verdade”, para um pastor ou padre, e aquilo que seu cerebro precisa que seja, para ajud´ a-lo a sobreviver. E, como re-
ligi˜ oes diferentes vivem em mundos t˜ ao dife-rentes, haver´ a uma variedade perturbadora de “na verdade”.
Observem quantas verdades na figura da pagina 9.
O que vemos do mundo espiritual n˜ ao e o mundo espiritual intocado,mas um modelo do mundo espiritual, regulado e ajustado pelos dados sen-soriais de padres, pastores e sacerdotes − um modelo que e construıdo para que seja ´ util para lidar com os ingenuos do mundo real. A natureza desse modelo depende do tipo de simpl´ orio com que se lida. Um simpl orio do
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hinduismo precisa de um modelo de mundo espiritual diferente do de um
simpl´ orio crist˜ ao, ou mulcumano. Predadores (padres, pastores e sacerdotes)precisam de um modelo diferente dos das presas, embora seus mundos ne-cessariamente se sobreponham. O cerebro de um pastor ou papa precisa ter uma programac˜ ao capaz de simular os mais s´ ordidos artifıcios para apri-sionar suas presas, simpl´ orias ovelhas.
- Sordidos artifıcios - Simplorias ovelhas
´ E seu profundo instinto de conservac˜ ao que n˜ ao lhe permite honrar ou sequer mencionar a verdade sob qualquer ponto de vista. (Nietzsche)
Em resumo:
S e al g um
a v er d a d e exi s t e q u en˜ a o g u ar d e
n enh um ar el a ¸ c a o s en s i t i v a o ur a ci on al c om
ai n t el i g
ˆ en ci ah um an a , s er ai g u al az er o.
Assim como a “verdade” para um animal
passa por sua estrutura cerebral, “a verdade”
para o homem passa por sua complexa estrutura
cerebral. Assim como os homens diferem nas
suas impressoes digitais, com mais razao ainda
diferem em suas estruturas cerebrais, daı porque
ha uma variedade perturbadora de “na verdade”.
Nunca ouvi dizer de um mediun, profeta, ou qual-
quer outro inspirado, que tenha recebido algum
livro pronto diretamente dos ceus, sem passar pela
mente humana. Reitero: Desafio qualquer um a
me apresentar qualquer “livro sagrado” que nao
tenha sido “filtrado” por algum homem. Precisa-
mente aqui e onde se introduzem as distorcoes.
Deformamos o real porque o apreendemos espontaneamente atraves de nossas impress˜ oes sensıveis, de nossos desejos, nossas paix˜ oes, nos-sos interesses, nossos h´ abitos, em suma, atraves de tudo aquilo que nos confina nesse reino de ilus˜ oes em que, impotentes para ver os objetos cujas sombras n˜ ao passam de sombras, ignoramos que elas s˜ ao sombras e as tomamos por realidade. (Simone Manon/Platao)
E precisamente aqui onde reside a forca do teorema de Nagarjuna (p. 57).
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A esdruxula adicao de Einstein (p. 81)
Suponhamos um observador O fixo em relacao ao solo, e um vagaomovendo-se com velocidade v em relacao ao solo. Dentro do vagao ha umabola que se move com velocidade u.
∼ ≀
•
O
· ·v
u
Sendo assim, Galileu nos diz que: V = v + u.Onde, V : velocidade da bola para o observador no solo.
Einstein, respaldado em seu segundo postulado∗, corrigiu a adicao deGalileu da seguinte forma:
V = v + u
1 + v · u
c2
Onde c = 3 · 108 (m/s) e a velocidade da luz. Tomando u = v = 1 teremosque para Galileu 1 + 1 = 2, ja para Einstein 1 + 1 = 2. De fato,
V = 1 + 1
1 + 1 · 1
(3 · 108
)2
= 2 (2.1)
Claro, os fısicos argumentariam que “para todos os fins pr´ aticos ” 10−16 = 0,e aı as duas adicoes coincidem. Primeiro que neste caso arredondamento euma opcao, nao somos obrigados a tal. Segundo, nao trata-se de arredonda-mento, e uma questao conceitual. Por exemplo, “para todos os fins pr´ aticos ”π = 3, 14159265359, entretanto conceitualmente o numero da esquerda e ir-racional e o da direita racional .
A fısica de Newton-Galileu nao e um caso particular da de Einstein.Observe que so existe uma maneira de obter 1 + 1 = 2 na fısica de
Einstein, devemos fazer 10−16 = 0, o que implicaria 1 = 0 (multiplicandopor 1016). Logo, estabelecemos (na fısica de Einstein):
Se 1 + 1 = 2 entao 1 = 0. Mas isto equivale a: Se 1 = 0 entao 1 + 1 = 2.
An passant, gostaria de deixar aqui um questionamento aos fısicos. Amatematica nos diz que a adicao de vetores obedece a regra do paralelogramo,dada por | V |2 = | u |2 + |v |2 + 2 | u | · |v | · cos θ. Esta equacao para θ = 0o
torna-se | V | = | u |+ |v |. Tomando u = v = 1 teremos | V | = | 1 |+ | 1 | = 2,contrariando (2.1)!
Entao velocidade nao e um vetor na fısica de Einstein?
∗A velocidade da luz no vacuo tem o mesmo valor c em qualquer referencial inercial,independentemente da velocidade da fonte de luz.
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Qualquer verdade so vale em relacao a uma estrutura cogni-
tiva de referencia (ECR)Se alguma verdade existe que n˜ ao guarde nenhuma relac˜ ao sensi-
tiva ou racional com a inteligencia humana, ser´ a igual a zero, enquanto formos n´ os seres humanos. (Rabindranath Tagore)
Certa feita argumentava eu que nao existe verdade absoluta, meu inter-locutor com toda seguranca sentenciou:
2 + 2 = 4 !
Perguntamos: esta e uma verdade absoluta? Afirmamos que nao!Antes leia o seguinte:
Todas as verdades [tanto perceptıveis quanto conceituais ] podem ser pos-tuladas como v´ alidas apenas em relac˜ ao a uma estrutura cognitiva de re-
ferencia . (Parafrase)
Tanto a matematica quanto a fısica trabalham com estruturas, a ver-dade que vale em uma dada estrutura nao vale em outra − a exemplo dasdiversas geometrias, ou algebras∗. Por exemplo, veja um quadrado quetorna-se um cırculo em uma outra estrutura, p. 174.
A afirmacao acima (2 + 2 = 4) e valida nas estruturas numericas con-hecidas nos ensinos fundamental e medio, na Universidade comparecem ou-tras estruturas
− tanto na matematica quanto na fısica
− nas quais o resul-
tado da adicao em questao e outro.Com efeito, vejamos mais um exemplos tirado da fısica (e da matematica),
“que e mais aderente a realidade”.
A Adicao vetorial
Na estrutura vetorial a adicao resul-tante de duas forcas de valor 2 vai depen-der do angulo entre as forcas, a resultantepode nao ser 4.
|a + b| = |a| + | b|
2
2 3 2 + 2 = 3
∗Por exemplo, a “verdade” de que a soma dos angulos de um triangulo e 180o so valena geometria plana de Euclides, nas outras geometrias nao.
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Nota: Esta equacao deve ser entendida assim: uma forca de intensidade 2
somada com outra forca de intensidade 2 resulta em uma forca de intensi-dade 3. Angulo entre as forcas: θ = arc cos(1/23).
Resumindo: A “verdade” da adicao de dois com dois vai depender da “es-trutura cognitiva de referencia”, para a mente de Galileu esta adicao resultaem 4, ja para Einstein, resulta diferente de 4.
2 + 2 = 4 2 + 2 = 4
A afirmacao acima − de que toda verdade so e valida em relacao auma estrutura cognitiva de referencia − nao reconhece (nao respeita) nemmesmo o status da matematica. Talvez seja uma surpresa para o leigo queate mesmo as verdades da matematica somente sao validas com respeitoa “uma estrutura cognitiva de referencia”. De fato, quando se vai para afilosofia da matematica esta se divide em varias escolas,
Matematica
Logicismo
Intuicionismo, Construtivismo
Conjuntista
Formalismo
Realismo matematico...
Para citar apenas as principais. Por exemplo, a Teoria dos Conjuntos possuimuitas axiomaticas, das quais derivam matematicas distintas; muitos dosresultados da matematica classica sao rejeitados pelos construtivistas .
Reiteramos: muitos resultados matematicos sao validos apenas em relacaoa “estrutura cognitiva de referencia (mente)” daqueles matematicos que seagrupam em determinadas escolas, estes mesmos resultados sao rejeitadospela “estrutura cognitiva de referencia (mente)” dos matematicos de escolasadversarias.
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Ora, mas esta pluralidade de interpretacoes nao e prerrogativa das mate-
maticas pois que no cerne da propria fısica − supostamente mais aderentea realidade − verificamos as mesmas “multiplicidades cognitivas de re-ferencia”, veja: (Apenas as principais)
FısicaQuantica
(1) Ondulatoria Realista.
(2) Corpuscular Realista.
(3) Dualista Realista.
(4) Dualista Fenomenalista.
(5) Corpuscular Fenomenalista.
No artigo Por que ha tantas interpretacoes da teoria quantica?do filosofo com doutorado em fısica quantica Osvaldo Pessoa Jr. ele afirma:“H´ a dezenas de interpretac˜ oes diferentes, e interpretac˜ oes novas v˜ ao surgindoa cada ano.”.
Aonde estamos querendo chegar com tudo isto? Ora, se na matematicae na fısica as verdades sao construcoes das mentes de matematicos e fısicos− as estruturas cognitivas de referencia − devemos aceitar passivamente,“nos que nao possuimos fe suficiente”, que as “verdades” da teologia saoabsolutas? Ou que pelo ao menos sejam dignas de credito?
Posto que, as “verdades da teologia” sempre foram engendradas, acocham-bradas para a submissao das cegas e descebradas ovelhas, qualquer um queraciocina o suficiente sabe disto!
Existe uma perfeita paridade entre teologos e polıticos. Para a minhaestrutura cognitiva de referencia, a mesma sujeira que e vısivel hoje em diana polıtica, existe na religiao, so que de maneira subreptıcia, por isto que ascegas ovelhas nao conseguem enxergar.
- Cena grotesca: Presidenta Dilma e Edir Macedo trocando afagos
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E precisamente por isto que as “drogas” nunca terao fim: A la das ovel-
hinhas servem as duas especies de bandidos, sacerdotes e polıticos.Nota: Encontro-me tao traumatizado com a “galera do paleto e gravata”que quando caminho na rua e vejo alguem se aproximando de mim − tra-
jando paleto e gravata − mais que depressa escondo minha carteira.
Sinto ainda a necessidade de insistir neste ponto capital. Na matematica,na fısica, em tudo o mais, um objeto somente existe “em relacao (ou para)uma consciencia”. Ate mesmo Deus so existe para uma consciencia.
Existe uma afirmacao de um mestre budista a qual conferimos o status(peso) de um teorema matematico, ela reza: (p. 168)
Todos os fenomenos [tanto perceptıveis quanto conceituais]
podem ser postulados como existentes apenas em relacao a umaestrutura cognitiva de referencia.(Alan B. Wallace/Dimens˜ oes Escondidas )
Vamos tentar traduzir esta sofisticada assertiva em imagens para que oleitor possa aprecia-la em sua verdadeira dimensao e profundidade.
Por exemplo, na ilustracao a seguir,
P erni l on g o
P erni l on g o
(Gedankenexperiment)
(Caixa)
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Einstein e um pequeno robo (com a visao de um microscopio) observam “um
mesmo pernilongo” que se encontra dentro de uma caixa. A perguntaque nao quer calar: qual o pernilongo verdadeiro, aquele que Einstein ve ouaquele que o robo ve? O leitor, se desejar, substitua o robo por um animal.
Este e um exemplo de um fenomeno perceptıvel que vale apenas emrelacao a uma estrutura cognitiva de referencia (ECR).
Convido os pastores e padres teologos a refletir: o que na realidadeencontra-se dentro da caixa?
Ora, se algo que o doutor teologo “ve e toca” − por vezes e ate picadoe importunado por ele − o doutor nao saberia nos dizer o que e em suaessencia, saberia o “eminente doutor teologo” nos dizer o que seja Deus?
Dentro deste preciso contexto e que “ouso” afirmar que cada concepcaode Deus que comparece na figura da pagina 9 so e valida − so e “verdadeira”− em relacao a estrutura cognitiva de referencia (mente) dos respectivos fieis,nada alem disto!
Xadrez e Matematica
Suponhamos, por hipotese de trabalho, que um meteorito atingisse aTerra e dizimasse todos os homens da face do planeta, menos alguns bebese alguma tribo indıgena.
Na cena a seguir vemos, ao centro, um tabuleiro com as pecas do xadrez
a esquerda a suposta tribo indıgena, a direita um b ebe remanescente.
Pergunto: nestas circunstancias o xadrez tera desaparecido da face daterra?
A resposta e um rotundo sim!, uma vez que o xadrez nao se constitui
nas pecas propriamente mas em suas regras. O xadrez apenas existe emrelacao a uma ECR.
O que foi dito do xadrez vale tambem para a matematica. Ademais, eudiria que se na suposta hecatombe os livros de matematica fossem preser-vados nas bibliotecas, ainda assim a matematica teria desaparecido da facedo Planeta.
Por oportuno, em um programa de televisao um pastor se pronunciouem tom de desafio: existem aqueles que afirmam que nao existe verdadeabsoluta, pois vou enunciar uma: “O homem depende da agua para sobre-viver”.
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No meu entendimento, a ingenuidade do pastor, ao fazer esta afirma-
tiva, esta em considerar-se absoluto neste universo (“o rei da criacao”). Comefeito, a sua afirmativa e relativa ao homem e, por isto mesmo, relativa. Ohomem, reitero, nao “reina absoluto” no universo. Observe o seguinte meucaro pastor, o apostolo Paulo cita em um dos seus escritos que “existem corpos materiais e corpos espirituais ” pergunto se tais corpos espirituaisdependem da agua para existirem; por outro lado, Jesus afirmou: “Na casade meu Pai existem muitas moradas”, independente disto creio que o homemnao esteja so no Universo, pergunto ainda ao pastor, saberia ele me dizer sea agua e essencial nestas outras habitacoes do Pai?
No entanto, nao precisamos ir tao longe assim, aqui mesmo na terraexistem outras estruturas (ECR) que nao necessitam de agua, vejam o que
encontrei na internet.
Pesquisa: Animal que vive sem aguapode a judar no estudo de vacinas e DNA.Alguns organismos tem uma admiravelhabilidade de sobreviver proximo a umadesidratacao, sem nenhum consumo deagua. Um dos principais animais mi-croscopicos que podem servir de exemploe inspiracao para os cientistas e o tardigrada, ou “urso d’agua”. Ele vive emambientes umidos dos mais diversos tipos, como o fundo do mar, picos demontanhas, de musgos e algas ate a areia da praia, e e capaz de viver anossem uma gota de agua. (BBC FUTURE)
Reitero, o ingenuo pastor pode ate ser o “rei da criacao”, como aprendeuem seu livro sagrado, no entanto, nao creio que seja a unica e mais impor-tante estrutura do Universo.
Afirmo ainda que nao creio em um fundamento (absoluto) para a moral.Os religiosos afirmam o contrario porque acreditam em um Deus ditando asnormas para suas criaturas.
Inicialmente pergunto: que Deus seria este? O cristao nao pode ser posto
que ele mesmo e um assassino.
Disse o Senhor a Moises: Toma todos os cabecas do povo e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirar´ a de Israel.
(Nm 25:4)
Retomando um ponto anterior, muitas vezes, no universo humano, e facildiscernir o certo do errado, o verdadeiro do falso. Por exemplo, um polıticoroubar verba da saude ou da merenda das criancas e errado. Um pastor,ou padre, utilizar a Bıblia para roubar os incautos fieis e errado, um padrepraticar pedofilia e errado, etc.
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O Universo deve ser visto da perspectiva relacional e nao causal
No meu entendimento devemos mudar a perspectiva e observar os feno-menos do ponto de vista das relacoes e nao da causalidade. Deixa eu invocarum exemplo para me fazer melhor entender. Pergunto: o Sol e causa da luz?
Diria que nao, a luz surge na interacao com o olho, sem o olho (umtransdutor) nao haveria luz.
O
s ol n˜ a o
emi t el uz
A luz surge nesta
relac~ao
O sol e uma condicao necessaria, mas nao suficiente para que a luz exista.Deste ponto de vista, nao digo que o sol seja a causa da luz.
Como sabemos que enfiar uma faca na barriga de um semelhante e er-rado? Foi Deus que nos ensinou isto?
Creio que nao. Este ato e errado apenas porque causa dor, porque sangra.
Se fizesse cocegas, nao seria errado.Por que sabemos que quando um polıtico subtrai dinheiro da merendaescolar e errado? Foi Deus que assim determinou?
Creio que nao. Este ato e errado apenas porque os recursos sao escassos(e as criancas sofrem). Se roubar dinheiro da saude fosse como “roubar” ofogo de uma vela, isto nao seria errado.
Por que roubar agua de uma fonte publica e crime e roubar energia dosol atraves de um painel solar nao e?
As ideias n˜ ao s˜ ao a verdade, a verdade e algo que deve ser testado di-retamente, de momento a momento. (Jiddu Krishnamurti)
Traduzindo para o nosso contexto: A verdade nao e absoluta, mas rela-cional. E a tudo isto que chamo de uma “perspectiva relacional”.
Quando nos debrucamos sobre a quest˜ ao, compreendemos que no final de contas e impossıvel isolar um fenˆ omeno do contexto de outros fenˆ omenos. S´ o podemos falar em termos de relac˜ oes.
(Dalai Lama/´ Etica para o Novo Milenio, p. 36.)
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Tornando a regua quantica menos indigesta (pp. 83, 166)
Dissemos que a regua quantica mede a distancia, para a origem, dequalquer ponto do intervalo [ 0, 1 [. O leitor podera “digerir” melhor ofuncionamento desta regua se imaginar que ela produz uma curvatura noespaco, digo, no intervalo [ 0, 1 [. Imagine este intervalo feito de arameflexıvel, curve-o segundo um cırculo, assim:
1 0
1
4
3
4
1
2
1 0
1
4
3
4
1
2
AB
C
Na figura da direita assinalamos os pontos A, B e C na figura da p. 83.
Nota: A rigor a metrica (regua) quantica nao curva o intervalo unitario.Vejamos uma analogia:
Ao redor de um ima existe um campomagnetico que “curva o espaco” em sua volta.A presenca do campo altera a geometria − oumetrica − da regiao em volta do ima. Porem,o proprio ima nao e curvado.
De igual modo, a presenca da metrica (distancia, regua) quantica no uni-verso [0, 1 [ e responsavel pela “geometria” da estrutura
[ 0, 1 [, regua
,
que e curva.
Podemos buscar uma outra analogia para oespaco quantico na teoria da relatividade geralde Einstein: segundo essa teoria o espaco e umaestrutura cujas propriedades dependem da pre-senca da materia.
Materia e energia em movimento curvam
o espaco-tempo. Essa deformacao muitas vezese comparada a que ocorre em uma rede esticada quando nela se depositauma esfera macica e pesada.
1
20 1ր
“massa”
De modo analogo, a origem “0” do inter-valo [0, 1 [ e que faz o papel da massa e eresponsavel pela curvatura do espaco quantico
[ 0, 1 [, regua quantica
.
114
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O que e fısica quantica?
A fısica quantica (tambem conhecida como mecˆ anica quˆ antica e teoria quˆ antica ) e principalmente o estudo do mundo microscopio. Nesse mundomuitas grandezas fısicas sao encontradas apenas em multiplos inteiros deuma quantidade elementar; quando uma grandeza apresenta essa propriedade,dizemos que e quantizada. A quantidade elementar associada a grandeza echamada quantum da grandeza (o plural e quanta ).
Uma grandeza quantizada que esta presente no nosso dia a dia e o din-heiro. O dinheiro no Brasil e quantizado, ja que a moeda de menor valor e ade um centavo (R$ 0, 01), e os valores de todas as outras moedas e notas saoobrigatoriamente multiplos inteiros do centavo. Em outras palavras, o quan-tum de dinheiro em especie e R$ 0, 01, e todas as quantias maiores sao daforma n × (R$0, 01), onde n e um numero inteiro. Nao e possıvel, por exem-plo, pagar com dinheiro vivo uma quantia de R$ 0, 755 = 75, 5 × (R$0, 01).
Em 1905 Einstein propos que a radiacao eletromagnetica (ou, simples-mente, a luz ) era quantizada; a quantidade elementar de luz e ho je chamadade foton. [. . . ]
O conceito de quantum de luz, ou foton, e muito mais sutil e miste-rioso do que Einstein imaginava. Na verdade, ate hoje nao e compreendidoperfeitamente.
Segundo Einstein, um quantum de luz de frequencia f tem uma energiadada por
E = hf (energia do foton)onde h e a chamada constante de Planck, que tem o valor
h = 6, 63 × 10−34 J · s (Extraıdo de Halliday & Resnick/Vol. 4)
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Um cırculo quadrado
Antes, tranquilizo alguns leitores de que para o entendimento dos calculosque virao a seguir e necessario apenas matematica secundaria, i.e., nao enecessario matematica universitaria.
Medindo distancias
•
•
A
B
Na matematica universitaria, etambem na fısica, nao existe apenas um unicomodo de se medir a distancia entre dois pontos.Por exemplo, dados dois pontos em um plano,como na figura ao lado,
a matematica admite nao apenas uma mas varias maneiras de se medir adistancia entre estes dois pontos.
Vejamos um exemplo trivial do nosso dia-a-dia: o taxi. Suponhamosque alguem queira se deslocar (em um taxi) do ponto A ao ponto B −separados por uma esquina − e que o ponto B esteja a uma distancia dequatro unidades para a direita e tres unidades abaixo do ponto A, assim:
•A
•B
•A 4
•B
35
Pois bem, existem duas distancias entre os pontos A e B: a que e maisconveniente e justa para o taxista, 4 + 3 = 7; e a que seria mais convenientepara o passageiro (“em linha reta”): 5.
Resumindo, entre os pontos A e B no plano a seguir,
A
B
− Distancia usual (euclidiana)
A
B
− Distancia do taxi
mostramos dois modos de medir a distancia entre os mesmos. Como dis-semos, podemos ter muitas alternativas para medir a distancia entre doispontos em um conjunto qualquer.
Nota: Por uma questao de diagramacao deste livro, este asunto continuana pagina 174.
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Capıtulo 3
DEUS E O DIABO SAO UM
S´O
( B a
h ´ a
u l l ´ a h )
Por mais intrincado e difıcil que isso pareca, atarefa ainda maior, a de converter forca satanica empoder celestial, cabe a Nos, e fomos habilitados a de-sempenha-la.
Introducao:
Leio no livro∗ “El Livro de La Nada/Osho”: (p. 6)
En la vida Dios y el diablo no son dos, son uno. El diablo es una cara y Dios es la otra cara de la misma energıa; no son dos.
Numa livre traducao:
Na Vida Deus e o diabo n˜ ao s˜ ao dois, s˜ ao um. O diabo e uma cara e Deus e a outra cara da mesma energia; n˜ ao s˜ ao dois.
Esta afirmativa me faz lembrar Mestre Eckhart†:
Rezo a Deus que me livre de Deus.
(Mestre Eckhart)Parafraseando o Mestre, veja se faz sentido:
Rezo a Deus que me livre do Diabo, sua outra face.Veja bem, o tıtulo deste capıtulo nao e uma afirmacao minha, apesar de
que eu ja suspeitasse disto. Ou melhor, eu − como pesquisador − precisavadesta identidade para que pudesse trazer mais harmonia ao meu “sistema”;meu sistema inclui o que meus olhos observam na Natureza.
∗Publicacao Eletronica, .pdf disponıvel na internet.†Grande mıstico e pregador dominicano, condenado em 27 de marco de 1329, pelo papa
Joao XXII.
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3.1 Um desafio aos doutores teologos
Deus e o Diabo sao um so. Este e mais um paradoxo que, creio, naoencontra solucao na teologia classica, na quantica sim.
Ou entao, eles (os crentes) resolvem o paradoxo apenas negando-o. N˜ ao,Deus e o Diabo n˜ ao s˜ ao uma s´ o entidade, isto e uma blasfemia!
Pronto, problema resolvido. Entao:
No primeiro capıtulo vimos que umsimples inseto como uma aranha temuma inteligencia espantosa − que, se-gundo os crentes, lhe fora dada por
Deus − , e, por outro lado, umaastucia (trampa) diabolica, ao simu-lar o feromonio de uma mariposa paracapturar o macho da especie. A astucia encontra-se tambem no reino vege-tal, como e o caso das plantas carnıvoras.
Pergunto-lhes: Deus colocou inteligencia na Natureza e Satanas semeoua astucia, e assim? − Portanto, “sujando a obra de Deus ”.
Ou Deus e o autor de ambas, inteligencia e astucia?Ou, ao contrario, o Diabo e o autor de ambas, inteligencia e astucia?Como resolver este paradoxo na teologia classica?
Bem, dentro do meu sistema nao tenho nenhum problema em concordarcom o mıstico-filosofo:
En la vida Dios y el diablo no son dos, son uno. El diablo es una cara y Dios es la otra cara de la misma energıa; no son dos.
Portanto, Deus esta no leao que ataca e, ao mesmo tempo, na gazelinhaque se defende. Deus esta na inteligencia da aranha ao fabricar sua rede e,ao mesmo tempo, inspirando-a a ser trapaceira.
Deus esta inspirando as maquinacoes daquele polıtico que desvia verbada merenda escolar de uma crianca e, ao mesmo tempo, no futuro bandidoque deixou de estudar por falta daquela merenda.
Deus esta inspirando a trampa daquele polıtico que desvia verba dasaude, ao mesmo tempo que esta sofrendo (morrendo) junto com aquelesque deixaram de ser atendidos por falta daqueles recursos.
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Deus esta inspirando um pastor a ser trapaceiro − tosquiar simplorias
ovelhas − e, ao mesmo tempo, chorando de fome com aquela crianca cujo paiajudou com seu dızimo a construir as mansoes e fazendas dos lobos vestidosem pele de cordeiro.
(Os bandidos trocaram o revolver pela Bıblia!)
- Eu nao tenho
onde reclinar
minha cabeca.
(Jesus)
Estes pastores nos dizem que sao inspirados por Deus e com isto nosproporcionam a maior prova de que o Diabo e de fato uma das faces deDeus. Nao se necessita de mais nenhuma prova, esta e suficiente.
Por outro lado, segundo o profeta, o homem herdou esta dualidade:
Existe dentro do homem,
em virtude de sua consti-
tuicao, um ego, um eu inferior
− um Satanas, bem como um
anjo. (Bahaullah)
[. . .] Por mais intricadoe difıcil que isso pareca, a tarefa
ainda maior, a de converter forca
satanica em poder celestial, cabe a
Nos, e fomos habilitados a desem-
penha-la. (Bahaullah)
Converter forca satanica em poder celestial e aqui que muitos sucumbem− a exemplo da maioria de lıderes religiosos e polıticos.
Que Deus inspira a tudo e a todos esta de acordo nao apenas com grandesmısticos mas tambem com eminentes cientistas, veja: (frase sufi)
“Nao existe nada senao Deus”Eu j´ a tinha lido ou escutado essas palavras muitas vezes antes,
em diferentes contextos e diferentes tradic˜ oes, mas nessa enesima vez eu as compreendi, e um veu foi retirado dos meus olhos. Subitamente,percebi que os mısticos est˜ ao corretos − a consciencia e a base de toda a existencia, inclusive da materia e do cerebro, e a ciencia deve ser funda-mentada nessa metafısica, e n˜ ao na metafısica materialista tradicional.
(Amit Goswami/fısico)
Mas entao, em ultima instancia todas as responsabilidades recaem sobreDeus? − Ja que Ele inspira a tudo e a todos?
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Respondemos com um peremptorio NAO! Ou melhor, na teologia classica
e possıvel que nao haja saıda para este impasse (paradoxo), na teologiaquantica e diferente. Vamos convergir esforcos para elucidar esta afirmativa.
A bem da verdade, nao preciso nem me esforcar muito, para se convencerdisto e suficiente o leitor voltar ao contexto da equacao divina, p. 46.
Deus e o Absoluto (Nada) manifestando-se na existencia. Veja Plotino,p. 43: “o Nada, engendra Deus”. Vejamos uma analogia, na figura a seguir:
(hardware)
ImagemMusica
Choque (morte)
Luz
CalorVento
Gelo
Luz Branca
Eletricidade + Hardware
(Absoluto) (Cerebro)
observamos que uma “unica eletricidade” e decodificada de “n” modos dis-tintos, a depender do hardware em que ela atua: em uma televis ao se mani-festa como imagem, em um aparelho de radio como musica, em uma lampadacomo luz, etc.
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De igual modo, cremos que no Universo tudo − desde as minusculas
partıculas subatomicas ate o cerebro humano − funciona como uma especiede hardware a decodificar o Absoluto de um modo especıfico, proprio, parti-cular.
De modo analogo, a mesma “eletricidade” que atua no “hardware” deum Ghandi ou de uma Madre Teresa e a mesma que atua no cerebro de umpastor ou polıtico bandidos ou de um padre pedofilo.
Logo, a culpa recai no “hardware” e nao na eletricidade, que e “neutra”,e, por ser neutra, e que serve a tudo e a todos .
Homem
Absoluto
Ei, espere! Acho que voce n˜ ao entendeu uma grande parte disso tudo. Vamos voltar ao inıcio. Voce est a criando tudo isso. . . . ´ E isso que Eu Sou neste momento. Voce, pen-sando. Voce, pensando em voz alta.
(C.C.D.)
A culpa verifica-se no universo hominal e nao no animal, posto que:
Por mais intrincado e difıcil que isso pareca, a tarefa ainda maior, a de converter forca satˆ anica em poder celestial, cabe a N´ os, e fomos habilitados
a desempenh´ a-la . (Bahaullah)
Dissemos que todas as coisas, todas as oposic˜ oes, est˜ ao contidas no Absoluto. Essa e a raz˜ ao pela qual a dualidade vem a existencia noprocesso da Criac˜ ao. N˜ ao s´ o a luz, como a sombra; n˜ ao s´ o o amor unifi-cante e integrador, como a diferenca e a multiplicidade desagregadora e diversificada. Para criar, Deus, a consciencia origin´ aria, que e vazia e ainda n˜ ao tem vida, tem necessariamente de expressar “contraste”,polaridades, oposic˜ oes, que existem como potencia ou possibilidade noAbsoluto Tudo-Nada. (A Potencia do Nada/[13], p. 166)
Veja se ajuda o entendimento desta ultima citacao: (p. 65)
(Universo)
0 0 0 = { }Absoluto
1 0 00 1 0
1 1 0
0 0 1
1 0 1
0 1 11 1 1
+
dualidades
“contraste”
polaridades
oposicoes
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Percebe-se que estamos lidando com conceitos sutis, abstratos, daı que
buscamos informacoes relevantes ao contexto, veja:Na verdade, a mesma fonte (o Nada, o Vazio, o Abismo sem fim) que
e o fundamento do Universo existe igualmente dentro do indivıduo, com a mesma potencialidade, pois h´ a s´ o um vazio, um s´ o Absoluto∗.
Observe que a unicidade e identidade entre o Vazio e o Absoluto foramdemonstradas por nos a p. 61. Continuando:
O vazio no homem e o mesmo vazio em Deus. O contato com o vazioe o contato com a fonte e o poder de todas as possibilidades. ([13], p. 186)
Por exemplo, o livro que o leitor tem em m aos e resultado do meucontato com o vazio − “a fonte e o poder de todas as possibilidades”.
Observe que ate o eminente Bertrand Russel, um agnostico, aventou apossibilidade de “uma e mesma energia”, como fundamento de tudo:
MONISMO NEUTRO – defendido por Bertrand Russel; o mesmo dizia que a rea-
lidade basica do mundo nem e a materia fısica e nem e a ideia, mas antes, alguma
coisa neutra, ainda indefinida, por meio da qual se expressam, de diferentes modos,
os fenomenos materiais e mentais.
[. . .] E a consciencia bem poderia ser o “monismo neutro” do matem´ aticoe fil´ osofo Bertrand Russel, segundo o qual uma mesma entidade subjacente d´ a origem tanto as qualidades fısicas quanto as mentais. (p. 50)
Um oportuno esclarecimento: observe que a dualidade − bem&mal,
Deus&Diabo, etc. − existe na mente do homem, ou na de Deus; porem naono Absoluto (Vazio), veja:
(homem)
D e u s
Ala (Islamismo)Jave (Judaısmo)
Deus-Parens (Tenrikyo)
Pai (Cristianismo)
Vishnu (vishnuismo)Shiva (shivaısmo)
Ahura Mazda (mazdeısmo)
0 0 0 = { }Vazio
Absoluto + Homem = Deus
Aqui existe dualidade
Aqui nao existedualidade
∗E interessante observar que os conceitos de Samadhi , iluminacao, Satori referem-se aestados de consciencia − ou estados de Ser − que se ajustam perfeitamente a nocao devazio e, ao mesmo tempo, de plenitude. Na vacuidade − ou na consciencia (esvaziamentoda mente) do vazio − esta a plenitude do absoluto, que e silencio total e completa perfeicaoe beatitude.
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Nota: Como entendo, Jesus trouxe (gestou) um novo Deus (“O Pai”) dife-
rente do Deus de Moises (Jave), so que ele nao teve consciencia disto; porser judeu nao conseguiu se libertar da gaiola chamada judaısmo e, portanto,do Deus Jave − nao foi suficientemente revolucionario: “Nao cuideis quevim destruir a lei ou os profetas: nao vim ab-rogar, mas cumprir”.(Mt 5:17)
Se Jesus tivesse nascido em certa tribo africana possivelmente teriacumprido as leis do “Deus-Crocodilo”. (fig. p. 10)
Veja que eu, tendo nascido cristao consegui me libertar tanto do Deuspessoal de Jesus − que premia os bons filhos e envia os maus para o inferno− quanto do Deus Jave, que se deleita com sacrifıcios humanos.
“Serpentes, raca de vıboras! como escapareis da condenac˜ ao do inferno? ”
Consideracoes adicionais sobre D
eusApenas para reforcar: acontece que para mim Deus nao e Deus; ouainda, o Deus considerado pelas religioes nao e Deus para mim.
O Vazio (i.e., Deus) e que e Deus para mim. Observe na ilustracao:
(homem)
D e u s
Ala (Islamismo)Jave (Judaısmo)
Deus-Parens (Tenrikyo)
Pai (Cristianismo)
Vishnu (vishnuismo)Shiva (shivaısmo)Ahura Mazda (mazdeısmo)
Deus = { }Vazio
Absoluto + Homem = Deus
Aqui existe dualidade
Aqui nao existedualidade
Nenhum destes e Deus para mim.
Ai, meus irm˜ aos, esse deus, que eu criei, era obra humana e delıriohumano, igual a todos os deuses!
Homem era ele, e apenas um pobre pedaco de homem e de eu: de minha pr´ opria cinza e brasa ele veio a mim, esse espectro, e − em ver-dade! N˜ ao me veio do alem!
O que aconteceu, meus irm˜ aos? Eu me superei, a mim sofredor, eu levei minha pr´ opria cinza a montanha, uma chama mais clara inventei para mim. E vede! O espectro se afastou de mim!
(Nietzsche/Assim Falou Zaratustra)
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A primeira vista poderia haver uma contradicao entre esta ultima figura
e a da pagina 46 − no que diz respeito ao posicionamento de Deus− acon-tece que “O vazio no homem e o mesmo vazio em Deus ”. Ademais, segundoSankara, p. 39, e como Vazio que o homem percebe o Absoluto (Brahman).
A minha decisao (escolha) de tomar Deus como Deus provem nao ape-nas de um aspecto teorico (fluxograma, p. 32) como tambem do aspectoexperimental (meditacao, p. 32).
Teoria
Experimento
Esta interdependencia (amalgama) entreteoria e experimento seria o que na mecanicaquantica recebe o nome de emaranhamento (ouentrelacamento) quantico − que e um fenomeno
da mecanica quantica que permite que dois oumais objetos estejam de alguma forma tao conec-tados (correlacionados) que um objeto nao possaser corretamente descrito sem que a sua contra-parte seja mencionada.
Uma diferenca crucial entre Deus e Deus (Parens, Jave, Ala, etc.), como ja vimos, e que Deus(Vazio) e perfeito, conforme demonstramos a pagina42. Ou seja um Deus, pra homem nenhum botar defeito, mesmo que essehomem seja um ateu.
3.2 Inspiracao/Mediunidade
Introducao
Na Bıblia, em 2 Tm 3 : 16, encontramos a afirmativa de que:
“Toda a Escritura divinamente inspirada e proveitosa para ensinar ”
Resta saber o que significa inspirac˜ ao. Sobre o tema da inspirac˜ ao(mediunidade) ja foram escritos dezenas de livros, o que demonstra suarelevancia.
De antemao, esclareco que me outorgo o direito de tratar sobre esseassunto pelo fato de que tambem sou escritor − notadamente escrevo so-
bre matematica e espiritualidade (como e o caso do livro que o leitor temem maos) −, pretendo contribuir para a elucidacao deste mega-importantetema.
Por que “mega-importante tema”? Em nosso contexto, precisamenteporque em nome de uma suposta “inspirac˜ ao divina ” bilhoes de seres hu-manos na face do planeta sao escravizados pelas religioes, e ate matam etorturam seus semelhantes, a exemplo do cristianismo e islamismo. Lem-bramos da “Santa Inquisicao” e das Cruzadas catolicas. Por oportuno, ocientista Giordano Bruno foi queimado vivo em uma fogueira no ano de 1600pelo papa. Galileu so nao teve o mesmo destino porque se retratou.
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Entao, este tema e mega , giga , ou tera-importante ?
Como disse nao conheco nenhum livro, em todo planeta Terra, quetenha descido pronto, acabado do ceu, o leitor por acaso conhece algum?
Todo livro, sem uma unica excecao, passou pela mente de algum homem,e apenas por isto, dizer que “e impossıvel que o mınimo erro se tenha insi-nuado no texto sagrado inspirado.”, e uma mentira deslavada proferida pelo“santo padre”.
Neste momento, peco desculpas ao leitor inteligente por ter que mealongar muito para provar o obvio: “que todo livro divinamente inspiradotem uma componente humana ”; isto e obvio, basta ler com olhos abertosestes “livros inspirados”.
Da equacao divina (p. 46) podemos derivar a “equacao bıblica”, vejacomo se da o processo inspirativo:
(homem)
D e u s
Alcor~ao (Islamismo)Tora (Judaısmo)
ofudessaki (Tenrikyo)
Analects (Confucionismo)
Maabarata (Hinduısmo)Tao Te King (Taoısmo)
Gathas (mazdeısmo)
Luz Branca
Absoluto + Homem = Bıblia
Observe alguns casos especiais desta equacao:
Absoluto + Maome = Alcorao
Absoluto + Zaratustra = Gathas
Absoluto + Gentil = Trilogia
Absoluto + Moises = Tora
Absoluto + Lao Tse = Tao Te King
Absoluto + Miki Nak. = Ofudessaki
Absoluto + Homem = Bıblia
−→
“O Tao”, [5]
“Exumacao”, [6]
“O Deus Quantico”
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(C.C.D.)
Gentil
Absoluto
Ei, espere! Acho que voce n˜ ao entendeu uma grande parte disso tudo. Vamos voltar ao inıcio. Voce est a criando tudo isso. . . . ´ E isso que Eu Sou neste momento. Voce, pen-sando. Voce, pensando em voz alta.
Todo o problema consiste em que os fanaticos de todas as religioes −“instruidos” por mestres nao menos cegos − anulam a “interface” homem,no que resulta em uma equacao adulterada, veja:
Absoluto + Homem = Bıblia0
⇒ Absoluto = Bıblia (falsa equacao)
A mente e a verdadeira natureza
das coisas. (Zen budismo)
So existem duas explicacoes para alguem acreditar nesta falsa equacao:∗
Ou e tolo ou e espertoEste ou nao e exclusivo.
Observe dois exemplos de velhacos, trampeiros:
A luz da ciencia do criti-
cismo textual, podemos ter grande
confianca de que a Bıblia que
possuımos e extraordinariamente
exata. (Pastor)
A inspiracao divina atinge to-
das as partes da Bıblia, sem eleicao
nem distincao alguma, e e im-
possıvel que o mınimo erro se tenha
insinuado no texto sagrado inspi-
rado.(Papa Bento XV)
(Encıclica Spiritus Paraclitus, 1920)
O Santo Padre mentiu!: Rezo a Deus que me livre de seus representantes na Terra!
Os considerados santos de certas religi˜ oes quase nunca s˜ ao criadores. S˜ ao simples virtuosos ou alucinados, aos quais o interesse do culto e a polıtica eclesi´ astica atribuıram uma santidade nominal.
(Jose Ingenieros)
∗Isto e, numa Bıblia livre de influencias humanas. Numa Bıblia sem o dedo humano.
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O texto a seguir, a meu ver, resume o essencial sobre o processo inspira-
tivo − e vai um pouco alem disto∗: (Ilustracao nossa)
(Homem)
AmorIra
Inteligencia
Astucia
Depressao
CompaixaoTrampas
E claro para Tua eminencia que
todas as variacoes que o peregrino,
nas etapas da sua viagem, percebe
nos reinos da existencia procedem da
sua propria visao. Daremos um ex-
emplo disso, para que seu significado
se torne inteiramente claro. Con-
sidera tu o sol visıvel; embora brilhe com o mesmo esplendor sobre todas as coisas,
e, a mando do Rei da Manifestacao, conceda luz a toda a criacao, ele, no entanto,
em cada lugar se manifesta e dispensa suas gracas segundo as potencialidades desselugar. Num espelho, por exemplo, reflete seu disco e formato, sendo assim em con-
sequencia da sensibilidade do espelho; num cristal, faz aparecer fogo, e, em outras
coisas, mostra apenas o efeito da sua irradiacao, mas nao seu disco inteiro. E no
entanto, atraves desse efeito, segundo a ordem do Criador, desenvolve cada coisa
de acordo com sua qualidade, assim como observas.
Outrossim, as cores tornam-se visıveis em cada objeto segundo a natureza
deste objeto. Num globo amarelo, por exemplo, reluzem raios amarelos; num
branco, sao brancos os raios, e num vermelho, raios vermelhos se manifestam. Essas
variacoes sao, pois, do objeto e nao da luz irradiante. E se um lugar for fechado
para a luz, por uma parede ou um teto, ser a inteiramente privado do seu esplendor;
nao podera o sol aı brilhar.Assim e que certas almas invalidas tem confinado as terras do conhecimento
dentro dos muros do ego e da paixao e tem-nas nublado com ignorancia e cegueira,
velando-se pra a luz do sol mıstico e para os misterios do Amado Eterno.
∗ ∗ ∗Ele, desde toda a eternidade, se mantem livre dos atributos das criaturas
humanas, e assim sera para sempre. Homem algum jamais O conheceu; nunca
uma alma descobriu o caminho que conduz a seu Ser. Todo sabio mıstico tem
vagueado para longe no vale do conhecimento Dele; todo santo tem perdido o
caminho na tentativa de compreender Sua Essencia. (Bahaullah)
A diferenca mais importante entre a concepcao de Lao Tse sobre o tao eas outras e que Lao Tse acreditava ser impossıvel descrever o tao de maneira
direta e racional. “O tao que pode ser descrito nao e o tao real”, disse ele. Isso
significa que o homem nao pode investigar ou estudar a verdadeira natureza do
tao, nao pode usar o intelecto para compreende-lo. Ele deve meditar, imerso
numa tranquilidade sem nexos e esquecer todos os seus pensamentos a respeito
de coisas externas [. . .] So entao ira alcancar a uniao com o tao e sera preenchido
pelo te, a forca vital. (O Livro das Religioes/Jostein Gaarder, et all)
∗Bahaullah/A Revelacao Baha’ı (Selecoes das Sagradas Escrituras Baha’ıs).
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3.3 Eles estao no meio de nos
Na pagina 24 afirmei que os versos 12 : 7 − 9 do Apocalipse me levarama algumas reflexoes, tentando compreender a miseravel condicao humana.Aqui exploro um outro vies destes versıculos.
Pois bem, esta passagem afirma que “O Drag˜ ao foi expulso para a terra,e os Anjos do Drag˜ ao foram expulsos com ele ”. Fazendo uma reflexao (re-trospectiva) sobre a historia da humanidade sou forcado a ver esta passagemde forma literal e nao alegorica.
Com efeito, o que impede as pessoas de enxergarem osdemonios transitando entre os homens de boa vontade e o es-tereotipo no imaginario popular de que o demonio traja uma
capa vermelha, tem dois chifres e porta um tridente.
Para mim nao e assim, um demonio pode muito bem estatrajando paleto e gravata − por sinal, esta e a indumentariapreferida por eles − e, na mao, no lugar de um tridente ma-nipula uma Bıblia (ou uma caneta, existem muitos polıticosdemonios).
Com efeito, se utilizar do sangue de Jesus para tosquiarincautas ovelhas, distorcer a Bıblia para roubar, desviar dinheiro da merendadas criancas e da saude, estes sao atos demonıacos. E neste sentido que
afirmo que os demonios transitam entre os homens de bem.Certa feita, eu estava escrevendo um artigo e para fundament a-lo me-
lhor fui a um templo evangelico presenciar um culto, em dado momento opastor me tentou vender o sangue de Jesus! . . . pasmem! Simbolizado poruma fita vermelha, segundo ele quanto maior a oferta depositada no enve-lope maior a protecao recebida!
Preste atencao: Judas Iscariotes, possuıdo pelo demonio, vendeu osangue do Cristo por trinta moedas de prata, veja:
Entao um dos doze, chamado
Judas Iscariotes, foi ter com o
prıncipe dos sacerdotes, E disse:Que quereis dar, e eu vo-lo entre-
garei? E eles lhe pesaram trinta
moedas de prata.
(Mt: 26 : 14 − 15)
Entrou, porem, Satanas em Ju-
das, que tinha por sobrenome Is-
cariotes, o qual era do numerodos doze. E foi e falou com os
principais dos sacerdotes e com os
capitaes de como lho entregaria.
(Lc: 22 : 3 − 4)
Veja estimada e cega ovelha: O Demonio entrou em Judas e ele vendeuo sangue de Jesus por algumas moedas; o teu pastor praticou o mesmoato: vendeu o sangue de Jesus por algumas moedas. Pergunto: O Demoniotambem entrou no teu pastor ou isso − no caso dele − nao foi necessario?Digo, ele proprio ja e um Demonio?
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Se voce caro leitor, e ceptico e nao cre nestas “coisas do alem”, nao tem
nenhum problema; observe, na pagina 45 o filosofo afirmou:A definic˜ ao matem´ atica n˜ ao e descritiva e criadora. A relac˜ ao entre
o matem´ atico e os seres matem´ aticos e a mesma existente entre um deus e suas criaturas.
Ou seja, tal como um deus, o matematico tem o poder de criar coma palavra; eu, como matematico, estou me valendo desta prerrogativa paracircunscrever − criar por definicao − os demonios, entao:
Definicao 2 (Demonio). Demˆ onio e todo aquele que pratica ato demonıaco.
Pronto! independente de voce acreditar ou nao em demonios, eles acabam
de serem criados! − lembro que esta e uma prerrogativa minha, comomatematico.
− Entao, pergunto: Um padre manter relacoes sexuais com uma crianca in-defesa deixada a seus cuidados e um ato demonıaco? Se sim, entao existemdemonios de batina e com a Bıblia na mao no lugar do tridente;
− Pergunto: Um p olıtico desviar verba da merenda de criancas para osten-tar luxo e riqueza − enquanto merenda estragada e servida as criancas emuitas abandonam as escolas − e um ato demonıaco? Se sim, entao existemdemonios trajando paleto e gravata; ao inves da capa vermelha.
− Pergunto: Um polıtico desviar verba da saude enquanto muitos agonizamnuma fila de espera
− por vezes chegam a falecer para desespero dos entes
queridos − apenas para acumular mais e mais bens materiais, e um atodemonıaco? Se sim, entao existem demonios trajando paleto e gravata; aoinves de ostentar dois chifres na cabeca.
− Pergunto: Um pastor distorcer a Bıblia, usar de trampa para roubar umpai de famılia, uma viuva aposentada (p. 119) − muitas vezes deixandoseus filhos passando fome −, para ostentar luxo e riqueza, olvidando que:
E disse Jesus: As raposas tem covis, e as aves do ceu tem ninhos, mas o Filho do homem n˜ ao tem onde reclinar a cabeca.
e isto um ato demonıaco? Se sim, entao existem demonios trajando paletoe gravata, manuseando uma Bıblia no lugar do tridente
− ou do “antiquado
revolver”.
(Homem)(Ego)
D e u s
Forma mais pura(Absoluto)
− Os pastores, a exemplo de Judas, tem
transformado o Absoluto em moedas.
←Demonio→
Em Minha forma mais
pura, sou o Absoluto. A
partir dessa forma verdadeira-
mente pura, Eu sou como
voce me faz.
(C.C.D. vol. II, p. 302)
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− Enfim, . . . para o leitor se convencer de que um demonio pode ate mesmo
ocupar o “trono de S˜ ao Pedro” e suficiente ler o relato a seguir∗:Os Cataros
Eram ascetas e pacifistas, e seus sarcedotes nao possuiam riquezas.
A populacao era conquistada por seu ascestismo e moralidade, muitomaior do que a do clero ortodoxo. Aceitavam apenas uma parte das SagradasEscrituras e consideravam a Igreja de Roma uma criatura do demonio.
Em 1208, o papa Inocencio III, preocupado com o crescimento contınuoda influencia dos cataros, renovou o chamado a Cruzada, prometendo denovo as mesmas indulgencias e os mesmos privilegios concedidos aos cruza-dos.
A Cruzada teve episodios de grande furia, como o massacre de Beziers,em 1209. Quando os cruzados conquistaram a cidade e perguntaram aorepresentante do papa como poderiam diferenciar os catolicos dos hereges,este respondeu: “Matem todos. Deus reconhecera os seus.”
“A cidade de Beziers foi dominada, e como nossos homens nao distin-guiram dignidade, sexo ou idade, quase vinte mil homens morreram sob aespada . . . a cidade foi saqueada e queimada: assim a atingiu o admiravelcastigo divino.” (Cristie-Murray, 1998, p. 155). Assim escreveram os repre-sentantes do pontıficie, em um relatorio ao papa sobre os acontecimentos.
Os cataros sobreviventes se refugiaram parte na Italia setentrional, partenos Balcas, onde incrementaram as fileiras de uma igreja dualista autonoma
hegemonica na Bosnia-Herzegovina, que foi destruida pela invasao turca nofinal do seculo XV.
Em 1244, o arcebispo de Narbonne, “seguindo diretrizes apostolicas”(ou seja, as ordens do papa Inocencio IV), mandou para a fogueira maisde duzentos hereges de ambos os sexos capturados apos um ano de sıtio afortaleza de Montsegur. Enquanto isso, a Igreja desenvolveu uma legislacaopara encorajar o “arrependimento”.
Retomando, nao venham me dizer que isto pertence ao passado daIgreja, os demonios apenas mudam suas taticas e ardis, se hoje eles naotorturam e queimam mais os “hereges” nas fogueiras e por que os tempossao outros. E por isto que afirmo: Voce jamais encontrara um sabio comomembro destas instituicoes. Apenas cegos por um lado e oportunistas poroutro.
Como mais uma prova de que os demonios estiveram e ainda estao entrenos citarei de† uma referencia ao romance Os irm˜ aos Karamazov , de FiodorDostoievski:
∗Fonte: O livro negro do cristianismo: dois mil anos de crimes em nome de Deus /FoJacopo, 1955 - Rio de janeiro: Ediouro, 2007
†Ehrman, Bart D. O problema com Deus . Alexandre Martins. − Rio de Janeiro: Agir,2008/p. 232.
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Grande parte do capıtulo mostra Ivan angustiado com o sofrimento
dos inocentes. Ele fala sobre a violencia dos soldados turcos nas guer-ras na Bulg´ aria, que ‘queimam, matam, estupram mulheres e criancas,pregam prisioneiros pelas orelhas a cercas e os deixam l´ a ate de manh˜ a,e na manh˜ a os enforcam’. Ele se op˜ oe a classificar isso como compor-tamento animalesco, porque seria ‘terrivelmente injusto e ofensivo aos animais’, que nunca se comportariam com tal crueldade. E continua:
“Esses turcos, entre outras coisas, se deliciavam em torturar criancas, comecando por tir´ a-las dos ventres das m˜ aes com um punhal e terminando arremessando os bebes para cima no ar e os apanhando com suas baionetas em frente aos olhos das m˜ aes. O maior prazer estava em
fazer isso frente aos olhos das m˜ aes.” (p. 238)
E apresenta a seguir uma outra cena horrıvel:
Imagine um bebe nos bracos de sua m˜ ae tremula, cercada por turcos.Eles conceberam uma brincadeira divertida: acalentam o bebe, riem para que ele ria, e conseguem − o bebe ri. Nesse momento o turco aponta uma pistola para ele, a dez centımetros de seu rosto. O bebe ri de prazer,estende as m˜ aozinhas para agarrar a pistola, e de repente o artista puxa o gatilho direto em seu rosto e explode a sua cabecinha. (. . .)
Pergunto: Diante dos atos descritos o leitor acha que ainda faltaria algopara que os soldados turcos possam ser caracterizados como demonios? Poracaso eles deveriam estar usando um tridente no lugar da baioneta?
Para provar-lhes que os demonios nao desapareceram da face do planeta juntamente com os soldados turcos − e nem com os alemaes na 2a GuerraMundial −, tenho em minhas maos uma reportagem da Revista Claudia demarco de 2006 com o tıtulo: “Generocıdio, faltam 200 milh˜ oes de mulheres no mundo”; farei algumas citacoes esparsas:
− Na China, a polıtica do filho ´ unico, imposta pelo governo em 1979 para tentar conter a explos˜ ao demogr´ afica, reavivou a pr´ atica de matar criancas do sexo feminino. [. . .] Na ´ India, recem-nascidas s˜ ao mortas por envene-namento, asfixia ou por ingest ao de arroz com casca, que lhes perfura a traqueia. Os assassinos, quase sempre, s˜ ao mulheres, que perpetuam a cul-
tura de discriminac˜ ao contra o pr´ oprio sexo.Rito Macabro
As mulheres s˜ ao mais vulner´ aveis a violencia, tanto por raz˜ oes cultu-rais e sociais como por polıticas discriminat´ orias praticadas pelos governos.H´ a paıses onde a lei lhes proıbe o acesso a propriedade. Outros aceitam os “crimes em nome da honra”, em que o marido espanca (impunemente)a esposa ate a morte por considerar que a famılia foi desonrada por ela e pode desfigur´ a-la com ´ acido [ a reportagem mostra a foto de uma senhoradesfigurada com acido ]. [. . .]
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3.4 Semideuses: criando universos
Ainda a respeito dos espıritos Jave e Parens. Volvendo os olhos aonosso pequeno planeta Terra podemos aprender muito a respeito da “outradimensao”, a espiritual. Alguns espıritos tanto encarnados (homens) quantodesencarnados tem o poder de criar “universos”, isto e facil de constatar senos voltarmos para as criacoes da ciencia. Na matematica em particular se-ria muito facil enumerar diversos universos (e teorias) criados pelos espıritosdeste campo particular. Embora muitos destes universos criados sejam nocampo puramente abstrato da matematica nao e difıcil constatar que existeuma simbiose (amalgama) entre abstracao e realidade concreta.
Nao e paradoxo dizer que
nos nossos momentos de inspiracao
mais teorica podemos estar o
mais proximo possıvel de nossas
aplicacos mais praticas.
(A.N. Whitehead/matematico)
“Descobri coisas tao magnıficas
que fiquei pasmo. . . Criei um novo
mundo diferente a partir do nada.”
(Janos Bolyai (1802-60) a seu pai
(matematico Farkas Bolyai) dando
conta de uma nova Geometria que
acabara de criar.)
´ E uma experiencia como nenhuma outra que eu possa descrever, a melhor coisa que pode acontecer a um cientista, compreender que alguma coisa que ocorreu em sua mente corresponde exatamente a alguma coisa que aconteceu na natureza. [. . .] Ficamos espantados com o fato de que um construto de nossa pr´ opria mente possa realmente materializar-se no
mundo real que existe l´ a fora. (Leo Kadanoff/fısico)
Por exemplo, toda a parafernalia tecnologica atual, de que somos teste-munhas, assenta-se em descobertas da fısica quantica e esta fundamenta-sena matematica abstrata.
De repente, a efic´ acia do esforco matematizante e tal que o real se cristaliza nos eixos oferecidos pelo pensamento humano: novos
fenˆ omenos se produzem. Pois e possıvel falar sem hesitac˜ ao de uma criac˜ ao dos fenˆ omenos pelo homem. O eletron existia antes do homem do seculo XX. Mas, antes do homem do seculo XX, o eletron n˜ ao can-tava. Ora, ele canta nos computadores, televisores e celulares.
(Gaston Bachelard/A formacao do espırito cientıfico, p. 305/Parafrase)Os Espıritos, incluindo o homem e quem mais de direito, tem o poder
de criar em todas as areas: ciencias, artes, literatura, religiao, etc.Assim como o matematico, reitero, tem o poder de criar diversos uni-
versos (Geometrias, por exemplo) outros espıritos tem a capacidade de criardiversos universos religiosos − Religioes diversas.
Ainda mais, as “leis” destes diversos universos podem entrar em choque− contradizer − leis de outros universos. Lembre-se: “O oposto de uma verdade e mentira, mas o oposto de uma verdade profunda pode muito bem ser outra verdade profunda ”.
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Apenas a tıtulo de ilustracao, por exemplo, lembramos o universo topo-
l´ ogico ([ 0, 1 [, regua quantica), cf. p. 91. Como mostramos este universo“derroga” verdades irrefut´ aveis do universo euclidiano − o do “bom senso”.
Por oportuno, presidiarios − traficantes − criam em seus “universos”leis proprias que contradizem as leis ca de fora, nao e isso?
Como mais um exemplo, desta vez no campo espiritual, nos parece queno universo criado por Jave (ou Ala) − seja la que universo tenha sido,mesmo que apenas em “suas mentes” − vigoram leis distintas das que emnosso universo humano; de outra forma, como explicar tamanha insensibili-dade e estupidez oriundas de um tal ser? Com efeito, no “universo de Jave”parece normal uma mae devorar a carne do proprio filho:
E comer´ as o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor, teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertar˜ ao. (Dt 28 : 53)/(Lv 26 : 29/Jr 19 : 9/ Ez 5 : 8 − 10)
No “universo de Ala” os conceito de tolerancia e prudencia contradizemo do nosso universo hominal:
Quanto aqueles que negam os Nossos versıculos, introduzi-los-emos no fogo infernal. Cada vez que a sua pele se tiver queimado, troc´ a-la-emos por outra, para que experimentem mais e mais o suplıcio. Sabei que Deus e Poderoso, Prudentıssimo. (Corao 4 : 56)
“Rezo a Deus que me livre de Deus.” (Mestre Eckhart)
Pior ainda e taxar como sendo “´ unico Deus” alguem que sequer assim poderia ser classificado, a n˜ ao ser pelo fato do mesmo possuir uma condic˜ ao mental diferenciada de muitas outras especies c´ osmicas e de seres divinos, que o permite criar “faixas de realidade” − universos − mas que, por causa disso, n˜ ao podem e nem devem ser tidos como“deus” da sua criac˜ ao porque o tıtulo e inadequado.
(Ellam/Favor Divino, p. 35)
Algumas caracterısticas ocorrem no que diz respeito as construcoes daciencia:
1a ) Podem servir tambem para escravizar e ate para matar − O arsenal dearmamentos, inclusive a bomba atomica, e um flagrante exemplo;
2a ) Muitas ao longo dos seculos sao revistas ou caem no esquecimento pormostrarem-se inadequadas “aos novos tempos” − isto acontece ate mesmocom teorias matematicas;
3a ) Muitas destas construcoes posteriormente revelaram-se falsas, ou inade-quadas.
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O que estou defendendo e que todas estas caracterısticas aplicam-se
literalmente ao universo das construcoes espirituais.Agora vejam so, nas ciencias existem criterios objetivos para se validar
uma dada construcao (criacao) e, mesmo assim, em algumas areas tem ocor-rido fraudes, imposturas. Ja pelo lado da espiritualidade a possibilidade defraude e cem vezes maior ja que nao existem controles “externos”, qual-quer um pode criar uma serie de regras, “rituais”, e se habilitar a “salvar ahumanidade”. − Como exemplo recente, citamos Deus-Parens da Tenrikyo.
Pelo lado da espiritulidade ainda tem um outro serio agravante: “Aliberdade de express˜ ao religiosa est´ a protegida por lei ”.
Tudo bem, acontece que os bandidos tem se valido desta prerrogativapara assaltar os pobres dos seres humanos ainda nao chegados a idade da
razao. E aı nao deu outra: Muitos bandidos trocaram o rev´ olver pela Bıblia e assaltam tranquilamente sob a protecao da lei.
∗ ∗ ∗
Nota: Quando escrevo um artigo ou livro me vejo tal como um artistapintando uma paisagem, transponho para minha tela o que meus olhos con-templam; nao tenho o menor interesse ou a menor disposicao em colorir(adulterar) minha tela com cores diferentes das que meus olhos observamapenas para salvaguardar o amor-proprio dos homens. Ademais, pinto com
a mente de um matematico nao com o coracao de um poeta, daı a ausenciade emocao − sentimento este que poderia sem duvida contribuir para umatela mais bonita, todavia, irreal. (Hardy, p. 141)
Ademais, alem de pintar, me considero um artista pl´ astico pois que tra-balho com reciclagem, transformo merda em luz, veja como na sequenciade imagens a seguir:
• Merda de boi −→ • Preparando Mudas −→ • Macerando o cipo
• Cipo+folha −→ • Ayahuasca −→• Fogo −→ • Trilogia (Luz)
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3.5 Como se refugiar no Nada
E, a hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo:Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mc 15 : 34)
Introducao: Em maos tenho dois livros, o primeiro com tıtulo“Decepcionado com Deus ”, ja referido a p. 75, e o segundo com tıtulo “O problema com Deus ” − autor: Bart D. Ehrman −. No primeiro o autor,um pastor, relata varios casos de crentes fieis, que confiaram em Deus masque, nao obstante, foram decepcionadas por ele. Lemos:
por que Deus permite situac˜ oes de tamanha calamidade pessoal na
vida de pessoas que se disp˜ oem a crer e confiar nele? Muitas delas n˜ aoresistem a esses testes e sucumbem.
No segundo livro o autor ([1]) relata sua trajetoria de cristao fervorosoa agnostico − tambem se decepcionou com o Deus cristao.
Para mim e muito simples diagnosticar onde esta todo o problema:com o modelo de Deus adotado, um Deus pessoal. E so isto, nadamais! No prefacio de seu livro Ehrman, num rasgo de “genialidade”, comecaa desconfiar:
eu n˜ ao “sei” se existe um Deus; mas acho que se houver um, ele certamente n˜ ao e aquele proclamado pela tradic˜ ao judaico-crist˜ a, aquele
poderosa e ativamente envolvido com este mundo.Como costumamos dizer: o doutor est´ a ficando inteligente!
Refletindo no verso em epıgrafe a conclusao e que nem Jesus se furtouda decepcao com seu “Pai”. Pretendo fazer uma breve exegese deste verso.
Pois bem, padres e pastores diriam que Jesus foi abandonado por Deuspor conta de que naquele momento todos os pecados da humanidade recaiamsobre seus ombros. Obviamente que essa interpretacao deriva do que elesentendem por Deus e por pecado.
Minha interpretacao vai em outra direcao: O fato de Jesus sentir-seabandonado pelo Pai a mim e prova suficiente de que sua concepcao de
Deus estava errada − ou ainda, que ele estava servindo ao Deus errado.A tıtulo de ilustracao, nao creio que Buda, em qualquer circunstancia,viesse a sentir-se abandonado pelo seu Deus, ou por seu “Pai”, veja:
Ele [Buda] chamou o supremo de nada, de vazio, suniata, zero. Ora,como o ego pode fazer do “zero” um objetivo? Deus pode ser transfor-mado num objetivo, mas n˜ ao o zero. Quem quer ser um zero? Pois e exatamente isso que tememos ser; todo mundo est a evitando todas as possibilidades de se tornar um zero, e Buda fez dele uma express˜ ao para o supremo! (Osho/Buda, p. 138/Cultrix)
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Diante do exposto, por inacreditavel que pareca, defendemos a tese de
que a forma mais eficaz de lidar com as “vicissitudes e intemperies da vida ”e “refugiar-se no Nada”, “refugiar-se no Vazio”.
Como assim, refugiar-se no Nada ? o que podemos esperar do Nada? oque o Nada teria a nos oferecer? − seria a indagacao de uma mente linear ,euclidiana e, quem sabe, oportunista e interesseira (egoısta).
Lembre-se de que estamos no “universo da teologia quantica”, cujo ins-trumento de medida e a “regua quantica”.
Vamos trabalhar por analogia, por partes, inicialmente lembramos o quee
Mimetismo: e a capacidade que tem certos animais de variar a colorac˜ aoe a forma, assemelhando-se assim ao ambiente em que se encontram. Este
artifıcio confere vantagens tais como a protec˜ ao contra possıveis predadores .Vejamos alguns exemplos:
- Coruja - Mariposa - Gafanhoto
Ao assumirem as “cores do ambiente ” o que estes “egos” temem? dequem eles estao tentando se proteger? qual o predador? Respondemos: a
morte!
Como se ve, estas sao estrategias do ego para se preservar, para se “per-petuar”.
Mas a Natureza tambem cuidou de estender o truque do mimetismoate no universo hominal, veja:
- Mimetismo catolico - Mimetismo evangelico - Mimetismo judeu
Ao assumirem as “cores do ambiente ” (religioso) o que estes “egos”temem? de quem eles estao tentando se proteger? qual o predador? Res-pondemos: a morte!
Como se ve, estas sao estrategias do ego para se preservar, para se “per-petuar”.
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Ate a criacao de um Deus e pura e simplesmente uma estrategia do ego
para se perpetuar: “Vida eterna!”Agora vamos ao que interessa: Na teologia quantica, nao existindo um
templo para se adorar o Nada, o Vazio − nao existindo “Escrituras”, nao“Existindo sacerdotes” − entao nao existe como proteger o ego do medo dopredador morte?
Ainda neste caso vamos buscar inspiracao na Natureza: a uma certaprofundidade do oceano nao existem plantas, nao existem rochas, nao existenada para os animais marinhos se protegerem dos predadores − so o “Vazioem volta” −; sendo assim, como eles fazem?
Tornam-se transparentes! literalmente desaparecem da vista de seuspredadores, tipo:
- Transparencia: “sem ego”
Nota: Um video muito bom onde consta esta estrategia e:Criaturas das Trevas [Discovery Channel]
Na teologia quantica do Vazio, como podemos desaparecer “de frente”do predador morte?
Ora, e precisamente esta estrategia que podemos sugerir: Desaparecer com o ego, literalmente !
Se o medo vem pelo ego . . . delete o ego! Torne-se “transparente”.
- O grande mıstico Kabir disse: “Olhe a ironia disso. Quando eu estou,Deus n˜ ao est´ a; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou.”
Ou ainda:
- perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo o que cos-tumava senti que possuıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era ocorpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada. Mas essa e a minha aquisic˜ ao. (Buda)
O texto a seguir nos mostra que e possıvel eliminar o ego (fig. p. 92) eainda assim da risadas e, ademais, constitui-se numa outra perspectiva pelaqual podemos ver os paradoxos listados na p. 89, veja:
O silencio interior − o silencio t ao profundo que n˜ ao existe vibrac˜ aoem seu ser; voce e, mas n ao h´ a ondas; voce e apenas um poco sem ondas,nem ao menos uma onda se levanta; todo o ser silente, im´ ovel; dentro,no centro, o silencio − e, na periferia, celebrac˜ ao e risadas. E somente o silencio pode rir, porque somente o silencio consegue entender a piada c´ osmica. (Osho/Zen, p. 30)
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Eliminar o ego significa, de modo simplificado, eliminar os pensamentos.
Reconheco que isto nao e facil . . . ser um exımio violinista e facil? ou exigetreinamento?
Bem, depois de tudo que ja tratamos sobre este assunto no capıtulo 2,ainda acrescentamos mais o seguinte:
Buda diz que voce pode mudar a sua vida e que essas crencas n˜ aos˜ ao necess´ arias. Na verdade, essas crencas s˜ ao a barreira para a mudanca real. Comece sem nenhuma crenca, sem nenhuma metafısica, sem nenhum dogma; comece absolutamente despido e nu, sem nenhuma teologia ou ideo-logia. Comece vazio! Essa e a ´ unica maneira de chegar a verdade.
(Osho/Buda, p. 129/Cultrix)
Uma gota de orvalho escorrendo
da folha de lotus para dentro do
oceano.. . Voce pode pensar que a
pobre gota esta perdida, perdeu
sua identidade. Mas olhe de um
outro ponto de vista: a gota se
tornou o oceano. Ela nao perdeu
nada, tornou-se vasta. Tornou-se
oceanica. (Osho)
A medida que voce se torna
mais consciente, nao ha nenhuma
energia disponıvel para os pensa-
mentos; eles desaparecem. Quando
voce esta 100% atento, a mente se
torna de todo silenciosa. (Osho)
Este texto fala da dissolucao do ego (identidade). O ego e como um
casulo, tera que ser descartado para que a mariposa se liberte e voe.Dentro do nosso contexto, “como se refugiar no vazio” e como lidar com
as “vicissitudes e intemperies da vida ”, o texto a seguir merece uma detidareflexao:
Sua mente e lixo e confus˜ ao. Limpe-a! Torne-a uma tela em branco.A mente vazia e a melhor mente. E as pessoas que lhe tem dito que a mente vazia e a porta de acesso ao demˆ onio s˜ ao os pr´ oprios agentes dodiabo. A mente vazia est´ a mais pr´ oxima de Deus do que qualquer outra coisa. A mente vazia n˜ ao e a oficina do diabo. Ele n˜ ao pode agir onde n˜ ao h´ a pensamentos. Com o vazio, o diabo n˜ ao pode fazer absolutamente
nada. Ele n˜ ao tem acesso ao vazio. (Osho/Criatividade, p. 198/Cultrix)
A chave para dissipar a
confusao
E ficar livre da dor
E viver com o Tao
Na terra do vazio.
(Chuang Tzu)
Quando as acoes e as emocoes aflitivas cessam,
ocorre a libertacao.
As acoes e as emocoes aflitivas surgem das concepcoes
falsas,
que por sua vez surgem das elaboracoes fictıcias.
As elaboracoes fictıcias cessam na vacuidade.
(Nagarjuna)
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Capıtulo 4
Porque as religioes tem o
incrıvel poder de cegar atemesmo os genios
Introducao:
No capıtulo 1 quando referia-me a pessoas cultas e inteligentes tinha emmente aquelas com as quais podemos cruzar no dia a dia, ou nao tao raras dese encontrar; no presente capıtulo generalizamos mais ainda e pretendemosprovar que as crencas religiosas podem cegar ate mesmo os indiscutivelmentegenios − ou genios consagrados em nossa cultura ocidental.
Mostraremos que a crenca no Deus pessoal cristao e capaz de trans-formar − por incrıvel que pareca − um genio em um asno. Teologicamentefalando, bem entendido.
Veja bem, nao estarei aqui analisando estes genios pelo conjunto de suasobras − mesmo porque, me declaro incompetente para tal − mas tao somenteno que concerne a teologia, ou metafısica.
E qual a razao pela qual me declaro competente para levar a cabo estasanalises, crıticas e diatribes?.
A razao e que no universo espiritual sou um espırito absolutamente livre,este e o grande e decisivo diferencial, a grande vantagem que levo frentea estes pobres espıritos confinados, em seus respectivos tempos, dentro da
prisao (cosmologia) crista. ´E facil o leitor entender se refletir sobre o seguintepensamento:
Conviccoes sao prisoes, um espırito que
queira realizar belas obras, que tambem queira
os meios necessarios, tem de ser cetico. Estar
livre de toda forma de crenca pertence a forca,
ao poder de ver sem algemas. (Nietzsche)
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Iremos analisar a teologia, ou metafısica, de tres genios consagrados:
Leibniz, Pascal e Santo Agostinho. Obviamente que nossas conclusoes poderaoser estendidas a quaisquer outros genios (egos) que por ventura tenham semimetizado com as cores do cristianismo.
4.1 Leibniz
Gottfried Wilhelm von Leibniz (Leipzig,Alemanha, 10 de julho de 1646 — Hannover,Alemanha, 14 de novembro 1716), um dosgenios mais influentes da civilizacao ocidental,
deu importantes contribuicoes a filosofia, fısica ematematica; nesta foi um dos criadores do Calculodiferencial e integral, juntamente com o cientistaingles Isaac Newton. Leibniz conheceu Espinoza,em 1676, leu alguns de seus escritos ineditos e em-bora admirasse o poderoso intelecto de Espinoza,ele ficou francamente desanimado com as con-clusoes deste, especialmente por estas serem incompatıveis com a ortodoxiacrista.
Inicialmente apenas para situar o posicionamento de Leibniz farei algu-
mas poucas citacoes esparsas do seu “Discurso de Metafaisica∗”− A Sagrada Escritura, que nos garante a bondade de Deus .
− Sagrada Escritura e dos Santos Padres favor´ aveis ao meu modo de ver .
− Sustento, pelo contr´ ario, n˜ ao fazer Deus coisa alguma pela qual n˜ aomereca ser glorificado.
Entao, se “devemos glorificar todas as obras de Deus ”, sera que Leibnizesqueceu que nestas estao incluidas as do genero presa-predador?:
Sera que Leibniz esqueceu que nestas estao incluidas aquelas que dizi-mam − de forma excruciante − milhares de vıtimas, a exemplo de maremo-tos e terremotos?
∗Colecao Os Pensadores . Traducao Marilena de Souza Chauı.
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Para constatar que genios se contradizem nesta materia (Teologia) com-
pare Leibniz com Russel, p. 11.
− Corpos mutilados e empilhados em terremoto no Haiti (12.01.2010)
Pergunto: tambem devemos glorificar a Deus por ter permitido os cam-pos de concentracao nazistas?
Deus previu tudo e cuidou de tudo de an-
temao. Em suas obras ha uma harmonia, uma
beleza ja preestabelecida. (Leibniz)
“O mundo, segundo nos dizem, foi criado
por um Deus nao so bom, como onipotente.
Antes de ele haver criado o mundo, previu toda
dor e toda miseria que o mesmo iria conter. E
ele, pois, responsavel por tudo isso. ´
E inutilargumentar-se que o sofrimento, no mundo, e
devido ao pecado”. (Russel)
Ninguem tem a livre-escolha de se fazer
cristao; uma pessoa nao se converte ao cristi-
anismo, e necessario estar suficientemente en-
fermo para isso. (Nietzsche)
Ja me sugeriram que eu deveria mudar meu estilo de escrever uma vezque me utilizo de palavras contundentes, densas.
E uma questao de clarividencia − em contraste com a miopia de alguns.
Por exemplo, agora eu poderia me referir ao que Leibniz afirma acima ediria, quem sabe, “o eminente fil´ osofo talvez tenha se equivocado”. Mas naoe isto o que eu observo, se eu tivesse que usar cores diferentes daquelas quevejo quando contemplo uma “paisagem” eu preferiria parar de escrever.
O matematico, como o pintor
ou o poeta, e um desenhista. Se os
seus desenhos sao mais duradouros
que os deles, e porque sao feitos
com ideias. (G.H. Hardy)
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Entao, retomando, todo esse contexto me permite deduzir, com precisao
matematica, o quanto o Deus pessoal cristao pode idiotizar um ser humano,mesmo sendo este um genio, a exemplo de Leibniz e outros.
Aqui contexto mesmo me refiro? A este:
Deus previu tudo e cuidou de tudo de an-
temao. Em suas obras ha uma harmonia, uma
beleza ja preestabelecida. (Leibniz)
Para Leibniz, Deus e todo-poderoso e, por-
tanto, era capaz de criar qualquer tipo de mundo
que quisesse; e como ele era todo amor, ob-
viamente queria criar o melhor dos mundos
possıvel. Este mundo − com liberdade de es-
colha dada a suas criaturas − e, portanto, o
melhor dos mundos possıvel. [2].
Segundo Leibniz, Deus era “todo amor com Hitler ”, foi por isto que Elepermitiu que Hitler exterminasse de modo excruciante seis milhoes de judeuse cinco milhoes de nao judeus − criancas lancadas vivas nos crematorios!
Queres fazer de um genio um perfeito idiota? Eis a receita: Aplica neleo soro da teologia crista!
Ninguem tem a livre-escolha de se fazer crist˜ ao; uma pessoa n˜ ao se
converte ao cristianismo, e necess´ ario estar suficientemente enfermo para isso. (Nietzsche)
Por oportuno, aproveito este preciso contexto para fornecer ao leitorum criterio para identificar um “mestre, ou guru” farsante, ou simplorio:ele exaltara o amor de Deus.
A maioria dos mestres, ou gurus, vestem uma mascara de simpaticos,falam o que as pessoas gostariam de ouvir. Por exemplo, que sao amadaspor Deus.
Portanto, Deus nao e transcen-
dente ao universo, nem pode ter per-
sonalidade, providencia, livre vontade
e propositos. Entao, mesmo o homem
bom, apesar de que ame a Deus, n ao
pode esperar que Deus o ame em re-
torno. (Espinoza)
Desculpem-me, mas e que apos varios anos de labuta no magisterioadquiri o habito de me esforcar por me fazer entender − nao gosto de naoser entendido, veja esta:
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Certa feita eu (Gentil) lia um artigo da internet no qual o autor argumen-
tava − dentro de determinado contexto − que de uma coisa ele tinha certeza:“Nenhum cientista pode refutar uma experiencia religiosa ”. “Uma ex-
periencia que se tem com Deus, n˜ ao pode ser contestada pela ciencia ”, ar-gumentava ele.
Apos refletir um pouco, cheguei a conclusao de que nao e bem assim.Veja bem, a experiencia em si nao pode ser negada, nisto estou de acordo;entretanto, a interpretac˜ ao que se da a ela esta sim pode ser contestada. E oque acontece em um sonho, por exemplo. Qualquer que seja a interpretacaoque se de a um sonho, mesmo por quem sonhou, pode ser contestada.
Reitero: uma coisa e uma experiencia, outra bem distinta e a inter-pretacao que se decida dar. Um contraexemplo mais contundente: supon-
hamos, para efeitos didaticos, que um adolescente se masturbe pensandona musa de sua predilecao; certamente ele chegara ao orgasmo, mas istonao significa que a musa inspiradora tenha alguma coisa a ver com sua ex-periencia − a nao ser o ter servido de inspiracao.
E ele que sente o amor, nao ela. Diriamos que e uma experiencia de maounica.
Retomando, e esta cegueira de Leibniz, oriunda de um Deus pessoal,espraia-se em toda a sua metafısica, citemos mais um exemplo; em deter-minado contexto Leibniz refuta uma proposicao do filosofo Rene Descartes,assim:
[. . . ] Afirmar que a materia passa em sucess˜ ao por todas as formas possıveis equivale a, de modo indireto, destruir a sabedoria e a justica de Deus, pois, se tudo o que e possıvel existe necess´ ariamente a seu tempo, Deus n˜ ao faz nenhuma escolha entre o bem e o mal, o justo e o injusto; tendo-se uma infinidade de mundos, haver´ a alguns completa-mente ao contr´ ario, nos quais os bons ser˜ ao punidos e os malvados ser˜ aorecompensados. (Leibniz)
Veja que Leibniz estava tao cego por essa sua concepcao de um Deuspessoal − de sabedoria e justica − que nao se deu conta de que este supostomundo ao qual ele se refere e precisamente este mesmo no qual habitamos;isto mesmo, o planeta Terra!
Com efeito, e aqui mesmo que “os bons ser˜ ao punidos e os malvados ser˜ ao recompensados ”, − para se convencer disto basta uma ligeira espia-dela pelo mundo da polıtica e da religiao (ver Cataros, p. 130).
Reveja o bom servo J´ o sendo entregue nas maos do malvado Satanas,pelo proprio Deus de Leibniz!:
E disse o Senhor a Satan´ as: Observaste o meu servo J´ o? Porque ninguem h a na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus, e desviando-se do mal, e que ainda retem a sua sinceridade [. . . ]
E disse o Senhor a Satan´ as: Eis que ele est´ a na tua m˜ ao [.. . ]
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E, ademais, de fato Deus nao faz nenhuma escolha entre o bem e o mal,
para se convencer disto e suficiente o leitor rever as imagens das paginas140, 141 e 142. Como diz o celebre Epicuro:
Ele e capaz de impedir o mal, mas n˜ ao quer? Ent˜ ao ele e malevolo.
Afastemos a suprema bondade do conceito de Deus: ela e indigna de um Deus. Afastemos tambem a suprema sabedoria: foi a vaidade dos
fil´ osofos que se tornou culpada dessa extravagˆ ancia de um Deus monstrode sabedoria: ele deveria parecer-se com eles tanto quanto possıvel. N˜ ao! Deus, a suprema pot^ encia − isso basta. (Nietzsche)
Observe que, segundo a f ısica moderna, a “suprema potencia” chama-se
Vazio.Se quisermos procurar “Deus” na fısica, o v´ acuo e o melhor lugar
onde faze-lo. Enquanto estado b´ asico subjacente de tudo que existe, ov´ acuo tem todas as caracterısticas do Deus imanente ou da divindade de que falam os mısticos, o Deus interior, o Deus que cria e descobre a Si mesmo por meio da existencia em desdobramento de Sua criac˜ ao.
(Danah Zohar/[8], p. 286)
Para finalizar esta breve exegese da metafısica leibniziana; para efeitode comparacao, observe que Leibniz foi contemporaneo de um outro genio,Espinoza
− com uma concepcao de Deus totalmente oposta:
Portanto, Deus nao e transcendente ao universo,
nem pode ter personalidade, providencia, livre vontade
e propositos. [. . . ] (Espinoza)
As coisas existem pela necessidade da natureza
divina, sem que Deus faca nenhuma escolha.
Deus nao e determinado por sua bondade e per-
feicao, mas pela necessidade de sua natureza.
Veja, mesmo que alguem nao esteja de acordo com Espinoza nem por istoLeibniz deixa de ser um perfeito idiota em suas varias afirmacoes, observe e
reflita novamente sobre a montagem (imagens) das paginas 141 e 142.Como podemos explicar esta diferenca abissal entre as concepcoes destes
dois genios?
Muito simples: Espinoza era um espırito livre∗, Leibniz um prisioneiroda gaiola crista.
∗Os sacerdotes ofereceram uma pensao a Espinoza para ele abdicar de suas ideias emanter fidelidade a sinagoga, ele recusou. Optou por viver como um humilde polidor ecortador de lentes opticas. Foi entao excomungado em 1656, teve que abandonar Amsterdapara sempre, ja que todos os judeus ficaram proibidos de lhe dirigir a palavra. A irmaabandonou-o a sua sorte e tentou prejudica-lo na heranca paterna.
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Um pouco mais da metafısica de Leibniz:
− ´ E suficiente, portanto, ter em Deus esta confianca: ele tudo faz para omelhor e nada poder´ a prejudicar a quem o ama. (Leibniz)
Eu pergunto: dentre os 11 milhoes de pessoas exterminadas por Hitler− inclusive judeus e criancas − nenhuma delas amava a Jave o suficientepara que ele impedisse o Holocausto?
Nao creio que Leibniz estivesse em plena posse de suas faculdades mentaisao fazer estas afirmacoes.
∗ ∗ ∗− E ent˜ ao, doutor, e grave ?
− N˜ ao se preocupe! Ele n˜ ao representa nenhum perigo serio. Seu quadroesquizofrenico encontra-se dentro dos padr˜ oes considerados aceit´ aveis pela nossa sociedade. Aprenda que, quando uma loucura e praticada pela grande maioria das pessoas, essa loucura passa a ser algo considerado normal, ou melhor, toler´ avel .
4.2 Pascal
Blaise Pascal (Clermont-Ferrand, 19 de Junhode 1623 — Paris, 19 de Agosto de 1662), foium fısico, matematico, filosofo moralista e teologo
frances.Prodıgio, aos 11 anos escreveu um tratado
sobre os sons, baseado nas suas experiencias.Aos 17, inventou a “maquina aritmetica”, queevoluiria para a maquina de calcular.
Pascal envolveu-se com o jansenismo, uma corrente de pensamento que difundia a ideia de que a raz˜ ao era a “m˜ ae das heresias”. Passou a ter uma vida reclusa, cultivando sempre a contemplac˜ ao religiosa.
No ano de 1647, ap´ os uma “vis˜ ao divina”, abandonou as ciencias para se dedicar exclusivamente a teologia.
Minha referencia para as citacoes concernentes a Pascal e o livro “Pas-cal” da Colecao os Pensadores (Editor:Victor Civita/1984).
A pagina 13 referia-me a maior das trampas engendradas pelas religioesa fim de escravizarem os homens: Pecado original, Salvacao. Na vidade Pascal temos um exemplo notorio e lamentavel do quanto o cristianismopode adoecer um ser humano, mesmo sendo este um genio. Vejamos comotudo comecou: Jacqueline Pascal , irma de Pascal, foi primeiro quem aplicoua droga na veia de Pascal − que iria vicia-lo por toda a vida, veja do que setrata:
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Segundo o relato de Gilberte, Jacqueline conseguiu persuadir o
irm˜ ao de que a “salvac˜ ao devia ser preferıvel a todas as coisas e que era um erro atentar para um bem passageiro do corpo quando se tratava dobem eterno da alma”. (Pascal/Vida e Obra)
Pascal com o passar dos anos transformou-se literalmente em um doentee fanatico − a exemplo de inumeros cristaos hodiernos − vejamos algumascitacoes que corroboram esta conclusao:
Sem Jesus Cristo o homem permanecer´ a no vıcio e na miseria;com Jesus Cristo estar´ a isento do vıcio e da miseria. Nele est´ a toda a nossa felicidade, toda a nossa virtude, a nossa vida, a nossa luz, a nossa esperanca; fora dele, s´ o h´ a vıcios, miserias, desespero, e n ao vemos sen˜ aoobscuridade e confus˜ ao na natureza de Deus e na nossa. (Pascal)
E o tıpico discurso de um doente e fanatico. Esta e uma das estrategiasdos demonios que estao a frente das religioes: adoecer as pessoas.
Por oportuno, quando eu era crente − dos meus 22 aos 26 anos − umdos discursos que eu ouvi inumeras vezes da boca dos pastores era que nosseres humanos nao valemos nada, somos como trapos de imundıcie . . . eque o remedio e Jesus Cristo.
Perceba leitor a trampa diabolica: eles primeiro adoecem as pessoas edepois oferecem o remedio.
Eu, que ja fui crente, sei avaliar o quanto de perspic acia (genialidade)existe nas seguintes afirmacoes de Nietzsche:
´ E preciso n˜ ao se deixar induzir em erro: “N˜ ao julgueis!”, dizem eles,mas mandam para o inferno tudo o que fica em seu caminho. Ao fazerem Deus julgar, julgam eles pr´ oprios; ao glorificarem a Deus, glorificam a si pr´ oprios. (Nietzsche)
Observe, primeiro: “Ao fazerem Deus julgar, julgam eles pr´ oprios ”,reveja as figuras na pagina 73 − como afirmei, e tambem Sankara, p. 39, estaRealidade Ultima (Deus) nao julga, donde se deduz que se ha julgamentoeste provem do proprio ego (inflado) deles.
Para que o leitor nao fique sem compreender este delicado, sutil e abs-trato ponto, eu diria que Deus julga
− julga por intermedio deles
−, reveja
o inspirado texto do profeta Bahaullah (p. 127), ou seja, o “Sol” incidindosobre a superfıcie poluıda (imunda) deles (ego sujo) resulta nisto:
Ora, estamos cheios de concupiscencia: portanto cheios de mal;logo, devemos odiar-nos a n´ os mesmos, e a tudo o que nos excite.
´ E preciso amar s´ o a Deus e s´ o odiar a si mesmo. (Pascal)
Eis o raio-X de uma alma doente. Eles primeiro te adoecem. . .
Veja, este mesmo Sol incidindo na superfıcie (nao poluıda) de um Buda,Lao Tse ou Confucio, nao reflete a miseria humana, nao reflete o conceitode “pecado original”, entendes leitor?
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Segundo: “ao glorificarem a Deus, glorificam a si pr´ oprios.”; claro, se
Deus e o maior, e a nossa salvacao, e sendo eles os representates de Deus naterra (segundo eles proprios, claro) em ultima instancia a gloria recai sobreeles. E como um bumerangue atirado para o alto, acaba retornando a quemo lancou!
E como foi decifrado no capıtulo 3 − Deus e o Diabo sao um so −, todasestas maquinacoes diabolicas de fato sao inspiradas por Deus, apenas quepor sua outra face, a demonıaca!
Eu nao sou da area de psicologia mas aqui deixo a sugestao para que sepublique um trabalho fazendo uma analise (exegese) de como o cristianismoe capaz de adoecer um ser humano, a exemplo de Pascal e outros.
O cristianismo viciou ate mesmo a raz˜ ao das naturezas mais fortes no
espırito, ensinando a classificar os valores mais elevados da intelectua-lidade como pecaminosos, como enganosos, como tentac˜ oes. O exemplomais lament´ avel: o corrompimento de Pascal, o qual acreditava na cor-rupc˜ ao de sua raz˜ ao pelo pecado original, quando na realidade n˜ ao estava corrompida sen˜ ao por seu cristianismo! (Nietzsche/O Anticristo)
Penso que tudo isto merece um estudo mais aprofundado.
Oucamos um pouco mais de Pascal:
N˜ ao vos admireis de ver pessoas simples crerem sem raciocınio. Deus lhe d´ a o amor a ele e o ´ odio a si mesmas. (Pascal)
A que Deus Pascal se refere? Claro, ao Deus cristao, Jave −
um mega,tera-ego.
Imagine o leitor se uma professora que trata com criancas se utilizasseda “pedagogia de Jave”.
Observem o quanto uma religiao pode deformar um ser humano −transforma-lo numa caricatura −, mesmo sendo este da estirpe de um Pascal.
Veja o quanto uma religiao cega:
Provas − Primeira: a religi˜ ao crist˜ a, por seu estabelecimento, por si mesma estabelecida t˜ ao fortemente, t˜ ao docemente, sendo t˜ ao contr´ aria a natureza; (Pascal)
Dizer que a religiao crista foi estabelecida “t˜ ao docemente ”, o pobregenio enlouqueceu de vez. Entao Pascal (1623-1662) ignora que, por exem-plo, o cientista Giordano Bruno foi queimado vivo em uma fogueira no anode 1600 pelo “Santo Padre”?
Entao Pascal desconhece o massacre dos pacıficos Cataros (p. 130):
Em 1244, o arcebispo de Narbonne, “seguindo diretrizes apost´ olicas”(ou seja, as ordens do papa Inocencio IV), mandou para a fogueira mais de duzentos hereges de ambos os sexos capturados ap´ os um ano de sıtio a
fortaleza de Montsegur. Enquanto isso, a Igreja desenvolveu uma legislac˜ aopara encorajar o “arrependimento”.
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Enfim, dizer que a religiao crista foi estabelecida “t˜ ao docemente ”, Pas-
cal ignora as Cruzadas, a “Santa Inquisicao”, as trampas polıticas, as mi-lhares de “bruxas” queimadas vivas; bem, a religiao nao apenas cega comotira o discernimento, mesmo de um Pascal, dira de uma simploria e descere-brada ovelha.
Vejam so que interessante: As pessoas − dentre as quais catolicas − atehoje sentem aversao pelos campos de concentracao nazistas, no entanto, de-liberadamente esquecem dos “campos de concentrac˜ ao cat´ olicos ”. Talvez aunica razao seja a de que as imagens dos campos nazistas foram registradasem fotos e vıdeos; das fogueiras e salas de torturas catolicas nao, nao exis-tem registros visuais (“confiaveis”) . . . por isto esqueca! Apenas continuamprestando adoracao ao “Santo Padre” e seus asseclas.
Vejamos a seguir mais um pronunciamento do pobre genio, o que nospermitira concluir que o ser humano pode ser programado − assim comoum computador − a tornar-se um mero robo, sem vontade propria, semdiscernimento. (Ver Osho, p. 191)
Mas o Deus de Abra˜ ao, o Deus de Isaac, o Deus de Jac´ o, o Deus dos crist˜ aos, e um Deus de amor e consolac˜ ao; e um Deus que enche a alma e o corac˜ ao daqueles que o possuem; e um Deus que lhes faz sentir interiormente a pr´ opria miseria e a sua infinita miseric´ ordia (Pascal)
Vejamos o Deus de amor de Pascal se manifestando:
Disse o Senhor a Moises: Toma todos os cabecas do povo e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirar´ a de Israel.
(Nm 25:4)
Ou ainda:
E comer´ as o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor, teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertar˜ ao. (Dt 28 : 53)/(Lv 26 : 29/Jr 19 : 9/ Ez 5 : 8 − 10)
Ou ainda:
Tocar-se-´ a a buzina na cidade, e o povo n˜ ao estremecer´ a? Suceder´ a qualquer mal a cidade, e o Senhor n˜ ao ter´ a feito? (Am 3 : 6)
Como argumentei de sobejo, na secao 1.3 (p. 27), este Deus, Jave, ado-rado pelos cristaos e um demonio, nao poderia concluir de modo diverso.
Eu poderia continuar argumentando indefinidamente contra o pobregenio e sua teologia, vou me abster para nao cansar o leitor; apenas umaultima objecao, Pascal acredita que o seu Deus nao pode mentir, recorrer aartifıcios, trampas:
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Deus pode tudo, com excec˜ ao das coisas que, se pudesse, n˜ ao seria
todo-poderoso, como morrer, ser enganado e mentir, etc. (Pascal)
Bem, se o Deus de Pascal nao mente pelo ao menos ele conta com osservicos de espıritos mentirosos, dentre sua equipe de trabalho, veja:
E disse ele: Eu sairei e serei um espırito de mentira na boca de todos os seus profetas. E ele [Deus] disse: Tu o induzir´ as e ainda prevalecer´ as;sai e faze assim. (1 Rs 22 : 22)
O Calculo Diferencial e Integral de Newton e Leibniz, que seria a baseda fısica moderna, foi inspirado em um tratado publicado por Blaise Pascal.
No ano de 1647 apos uma “visao divina”, Pascal abandonou as ciencias
para se dedicar exclusivamente a teologia, para produzir estas lorotas e tan-tas outras sandices do genero − Nao apresentei um centesimo de todas elas.
Imagine o caro leitor se naquele fatıdico dia Jacqueline Pascal nao tivesseapresentado ao irmao a mais perigosa de todas as drogas: “a necessidade dasalvacao por Jesus Cristo”.
Jacqueline conseguiu persuadir o irm˜ ao de que a “salvac˜ ao devia ser preferıvel a todas as coisas e que era um erro atentar para um bem passageiro do corpo quando se tratava do bem eterno da alma”.
(Pascal/Vida e Obra)
Veja bem, por favor me entenda, o que eu questiono e que um Deuscom as “credenciais” de Jave, venha falar de salvacao humana. Tal como osoutros supostos Deuses salvadores − a exemplo de Deus-Parens da Tenrikyoe o Ala do Alcorao − este esta mais para demonio do que para “Salvador”.
Nao imagine o leitor que para mim tenha sido facil me desprogramarcom respeito aos supostos salvadores, nao, nao foi.
− Antes de passar para o proximo genio, deixa eu acrescentar aqui uma in-terpolacao. Ontem (08.04.2014) eu estava assistindo “Na mira da verdade ”na novotempo.com , as perguntas e respostas eram sobre a maconaria .
O pastor (ou apresentador) cotejava alguns dogmas da maconaria coma Bıblia. O espaco aqui e curto nao pretendo entrar em detalhes, apenas
ressaltar um ponto: eles tem como um axioma que a Bıblia e a infalıvelpalavra inspirada por Deus, tudo eles comparam com a Bıblia. Se nao estiverde acordo e sumariamente rejeitado.
Eu lhes pergunto: e para quem nao aceita a Bıblia como a pura palavrade Deus?
Como ficam seus argumentos? Voces nao saberiam argumentar em umoutro terreno, que nao seja a Bıblia?
Desta forma voces jamais convencerao pessoas inteligentes, apenas sim-plorios.
Para se agarrar a Bıblia, com unhas e dentes, so tenho duas explicacoes:
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ou esses caras sao espertos ou sao tolos − nao consigo divisar uma terceira
alternativa, a menos que eu junte as duas: sao tolos e espertos ao mesmotempo − o ego engendra esta proeza. E que uma mentira (cristianismo)repetida 1000 vezes torna-se uma verdade, digo, de tanto eles repetiremuma mentira eles proprios passam a acreditar nela, este e o castigo.
Dentro deste contexto, observem que percepcao genial, acachapante:
Esta e a mais perigosa loucura de grandezas, que “nunca” exis-tiu sobre a terra; abortos de santarr˜ oes e de embusteiros comecaram a acambarcar as ideias de “Deus”, de “verdade”, de “luz”, de “espırito”,de “amor”, de “sabedoria”, de “vida”, como se estas ideias fossem de certo modo o sinˆ onimo do seu pr´ oprio ser, para estabelecer a separac˜ aoentre ele e o “mundo”; raquıticos judaicos, em grau superlativo maduros
para toda a especie de manicˆ omios: valorizaram as coisas conforme o seu criterio, como se o crist˜ ao fosse o sentido, o sol, a medida e o “´ ultimoJuızo” de tudo o mais . . . (Nietzsche/O Anticristo)
Deixa eu descortinar-lhes aqui um tema sutil, abstrato e tera-importante,nao sei se voces (crentes) terao capacidade de alcanca-lo.
Inicio afirmando que:
A REALIDADE E VAZIAAte uma pedra, que manuseamos e apalpamos − pode nao ser uma pedra
−, comporta muitas perspectivas, pontos de vista. Reveja a pagina 103.
Observe um fio de cabelo e um piolho vistos de uma outra “perspectiva”:
E ainda por conta deste Vazio da Realidade, ate mesmo os axiomas dafısica e matematica nao sao absolutos, ou ainda, sao discutıveis.
Por exemplo, o professor Andre Koch Torres Assis da Unicamp, discordade pelo ao menos um dos axiomas da Teoria da Relatividade de Einstein e,em funcao disto, propoe uma nova fısica − uma nova interpretacao.
O eminente matematico holandes Luitzen Brouwer (p. 68), discordandode um dos axiomas de nossa matematica ordinaria criou uma nova logica euma nova matematica, a intuicionista .
Discordando de um dos axiomas da geometria euclidiana, o matem aticoBolyai (p. 132) criou uma nova geometria.
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E, finalmente, discordando de um dos axiomas de voces teologos crentes
(Deus e pessoal ), com todas as consequencias daı advindas: pecado original,Deus julga, o homem e um miseravel que deve odiar a si mesmo e amarsomente a Deus, Jesus salva, etc., etc., estou aqui, neste livro, criando umanova teologia (quantica) e um novo Deus.
E agora? conseguirao voces provar que eu estou errado e que voces estaocertos? − para tanto sugiro que adotemos o criterio BO, pagina 30.
Tudo isto e uma consequencia de minha afirmativa de que a Realidadee Vazia, compreenderam?
E ainda, e sempre, o teorema de Nagarjuna.
4.3 Santo Agostinho
Santo Agostinho (Tagaste, 13 de novembro de354 — Hipona, 28 de agosto de 430), foi um bispo,escritor, teologo, filosofo e Doutor da Igreja Catolica.
E largamente devido a influencia de Agostinhoque o cristianismo ocidental concorda com a doutrinado pecado original.
Sao Possıdio, descreveu-o como homem depoderoso intelecto e um energico orador, que emmuitas oportunidades defendeu a fe catolica contratodos seus inimigos.
Certa feita, estava eu comentando alguns versos do Alcorao quando meuinterlocutor me perguntou se eu ja o havia lido por completo. Respondique nao, para tirar certas conclusoes de alguns livros − como os “Sagrados”− voce nao precisa ficar perdendo tempo, e suficiente ler algumas paginas,desde que voce seja um espırito livre, claro.
Tenho em maos “Santo Agostinho” da Colecao os Pensadores, nao preci-sei ler muitas paginas para chegar a uma indubitavel conclusao: resumindoem apenas uma linha o doutor teologo Agostinho eu diria que ele apenasprojeta seu “ego-cristao” na Tela branca da Realidade, e so isto!
(Bıblia)(Agostinho)
(“ego-cristao”)
(Tela em branco)
(“Mundo Real”)
↑Aqui o Doutor Agostinho
projeta seu proprio “ego”.
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O Deus de Agostinho e o Deus pessoal cristao. Ja mostramos, de sobejo,
que qualquer Deus pessoal acarreta dificuldades, mesmo porque isto decorrecomo um corolario do teorema de Nagarjuna. No entanto, facamos umaspoucas citacoes:
Deus e a bondade absoluta e o homem e o reprobo miser´ avel con-denado a danac˜ ao eterna e s´ o recuper´ avel mediante a graca divina. Eis o cerne da antropologia agostiniana. (Agostinho/Vida e Obra)
Volto a insistir, a tese do doutor nao se harmoniza com as imagens eargumentos a seguir:
Deus e a bondade absoluta e o homeme o reprobo miseravel condenado a danacao
eterna e so recuperavel mediante a graca divi-
na. (Agostinho)
“O mundo, segundo nos dizem, foi criado
por um Deus nao so bom, como onipotente.
Antes de ele haver criado o mundo, previu toda
dor e toda miseria que o mesmo iria conter. E
ele, pois, responsavel por tudo isso. E inutil
argumentar-se que o sofrimento, no mundo, e
devido ao pecado”. (Russel)
Que Deus seria este que preferisse imolar oproprio Filho a perdoar com magnanimidade as
suas criaturas, mal aconselhadas e desencamin-
hadas por Satanas? Que pretenderia demons-
trar com este sacrifıcio cruel e arcaico do Filho?
Porventura seu amor? Ou o seu carater im-
placavel? (Jung)
O que eu entendo por bondade absoluta − ou amor incondicional − eque esta encontra-se acima de tudo, inclusive de possıveis erros das criaturasinduzidas por Satanas, uma criatura de Deus! “E por falta de inteligenciaque escutamos os sacerdotes, que acreditamos em suas ficcoes.”
Perguntamos: de onde surge esta diferenca astronomica entre os pensa-mentos de Jung, Russel e do doutor teologo?
A estas alturas e facil responder: Agostinho encontra-se prisioneiro dagaiola crista, e so isto!
E para provar em definitivo que so a religiao tem a capacidade de trans-formar um genio em um doente mental (debiloide), pergunto: o leitor aomenos suspeita qual o destino das criancas que morrem sem o batismocristao? Segundo a teologia de um dos doutores mais influentes da Igreja, eo inferno! Veja:
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Agostinho defendeu uma serie de crencas estritas e rigorosas. Ele
pensava, por exemplo, que criancas que morressem sem terem sido ba-tizadas n˜ ao entrariam no ceu, e que sofreriam a eterna condenac˜ ao noinferno. [. . .] Ele acreditava que, quando Deus criou Ad˜ ao, dotou-o com livre arbıtrio, e que Ad˜ ao poderia ter seguido um caminho de justica,caso se abstivesse de pecar. No entanto, Ad˜ ao optou por n˜ ao seguir esse caminho e, conseq¨ uentemente tornou-se vıtima da corrupc˜ ao; a hu-manidade, ent˜ ao, herdou esse “pecado original”. N˜ ao temos, portanto,raz˜ ao de queixas se acabarmos no inferno, porque somos maus e deprava-dos em nosso ıntimo. (Dr. Jeremy Stangroom)
Os considerados santos de certas religi˜ oes quase nunca s˜ ao criadores. S˜ ao simples virtuosos ou alucinados, aos quais o interesse do culto e a polıtica eclesi´ astica atribuıram uma santidade nominal.
(Jose Ingenieros)
Segundo Osho (p. 4) todo o planeta (com raras excecoes) esta doente, aıesta a fonte − e como um vırus que se espalha.
Claro que a tese do “doutor” interessou a Igreja, foi por conta damesma que ela instituiu os impostos pelos pecados, como as indulgencias,por exemplo.
Assim como a irma de Pascal, Jacqueline, injetou em seu irmao as dro-gas do pecado original e salvacao − e o deixou viciado a vida inteira −a mae de Agostinho, Monica, injetou as mesmas drogas no proprio filho,transformando-o em um doente mental.
O vırus se espalhou e adoeceu todos os cristaos, agora fica mais facilainda compreender o iluminado filosofo, veja:
Ninguem tem a livre-escolha de se fazer crist˜ ao; uma pessoa n˜ ao se con-verte ao cristianismo, e necess´ ario estar suficientemente enfermo para isso.
(Nietzsche/O Anticristo)
Santo Agostinho foi uma das fontes − contaminadas − em que Pascal
bebeu. Pergunto, qual a razao de todas estas distorcoes? Responde-mos com apenas uma palavrinha: ego. Mais uma vez − nao me canso decitar:
Deformamos o real porque o apreendemos espontaneamente atraves de nossas impress˜ oes sensıveis, de nossos desejos, nossas paix˜ oes, nos-sos interesses, nossos h´ abitos, em suma, atraves de tudo aquilo que nos confina nesse reino de ilus˜ oes em que, impotentes para ver os objetos cujas sombras n˜ ao passam de sombras, ignoramos que elas s˜ ao sombras e as tomamos por realidade. (Simone Manon/Platao)
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Eis que lhes revelo um grande segredo. . .Por que sera que nenhum filosofo construiu uma teoria definitiva?∗, Por
que sera que nenhum fısico construiu uma teoria definitiva? Por que seraque existe mais de uma matematica no planeta Terra? Por que existemcentenas, milhares de religioes no planeta Terra?
Eis a resposta:
A REALIDADE E VAZIA, E UMA TELA EM BRANCOEsta afirmativa fundamenta-se nao apenas em minhas experiencias com o
vazio (apagar a mente, deletar a mente) como, ademais, nas experiencias demilhares de mısticos, em particular budistas. Reitero: Todas as afirmacoes(cognitivas) sao oriundas de construcoes mentais.
Ademais, o Vazio ja e objeto de pesquisa da propria ciencia†: (p. 97)
Eles descrevem o que experimentam como um imenso e insond´ avel campo de consciencia dotado de inteligencia e de poder criador infinitos.O campo de consciencia c´ osmica que eles experimentam e um estado de vacuidade c´ osmica − um vazio. (Ervin Laslo)
Portanto, a afirmativa acima nao constitui-se em um sonho particular,faz parte de um sistema geral, satisfazendo assim o criterio BO, a p. 30.
Para finalizar duas importantes observacoes:
1a ) Esta perspectiva de que a Realidade e Vazia, sem nenhum referencialabsoluto, vejo como uma das maiores quebras de paradigmas
− em favor
do homem. Em particular, isto tem como consequencia que juntamentecom a Natureza − nos fazemos parte dela − somos os artistas encarregadosde pintar esta tela em branco. Por um lado nos torna todos artistas empotencial, ou em acao, e por outro, esta perspectiva traz em seu bojo umagrande responsabilidade pelo que pintamos na Tela da Realidade.
A meu ver, os religiosos juntamente com os polıticos tem pintado osquadros mais horrıveis (macabros) de que se tem notıcias, ao longo dosseculos. Os polıticos pintam as guerras e a corrupcao com todas as suas con-sequencias; os religiosos pintam as religioes que nada mais sao que prisoes.
Dentre eles − polıticos e religiosos − encontramos, como ja vimos, muitosdemonios e a obra de um demonio e, por definicao, demonıaca.
2a ) Tenho lido ateus que se esforcam para desacreditar a Bıblia em parte, ouem seu conjunto; inclusive tentando mostrar que Jave e Jesus Cristo foramficcoes, nao existiram.
Particularmente nao partilho desta perspectiva pois para mim e muitodifıcil de acreditar que tudo aquilo ali foi inventado − que foi distorcido naoresta duvida, como mostro na equacao bıblica, p. 125.
∗Ao longo dos seculos as teorias filosoficas vem sendo constantemente substituidas.†Ervin Laslo (Budapeste, Hungria, 1932) e um filosofo da ciencia; publicou cerca de 75
livros e 400 artigos.
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Mesmo porque eu proprio creio na “inspirac˜ ao divina ”, conforme escrevi
na secao 3.2 (p. 124). Embora, como Confucio, nao creio que a fonte sejaum Deus pessoal∗.
Eu estaria disposto a admitir quase tudo o que os crist aos alegam arespeito de Jave como Deus criador e Jesus como salvador . . . vamos admitirpor um momento que sim.
Acontece que como admito que a Realidade Ultima e Vazia − tal qualSankara, p. 39 − e, ademais, que esta Realidade se manifesta como com-binacoes e possıvel sim que a trampa Jave e Jesus tenha sido uma destascombinacoes no Universo.
Mas veja so, estas combinacoes (essencia do Universo) deram origem acentenas de Deuses e religioes neste pequeno planeta Terra, todavia, ninguem
e obrigado a aceitar qualquer uma delas. Nao tenho conhecimento de queexista um Deus e uma religiao universais − que seja unanimidade em todaa Terra.
Como argumentei em Semideuses (p. 132) nao posso descartar que pos-sam existir Espıritos (chamemo-los assim) que tenham criado alguns “uni-versos”.
Mas que por isto devam ser adorados como Deus, vai uma grande distancia.Aqui mesmo na Terra existem homens que se declaram Deus, e a necessidadee credulidade das massas que as levam a dar credito a muitos oportunistas.
Por exemplo, o papa − ou Jesus − e como se fosse Deus para milhoes deterraqueos, mas ele nao e o meu papa
− ou salvador
− pela simples razao
de que nao tenho necessidade de um papa e nem de religiao alguma.O meu “nıvel vibracional de consciencia ” me permite ver Deus de uma
outra forma, de uma outra perspectiva, diferente da concepcao dos tresgenios aqui estudados.
O problema todo, reitero, e um Deus Pessoal − um Deus que possui ego− e precisamente neste ponto que todos os doutores e genios sucumbiram,pela simples razao de que suas teses nao se encaixam, nao se harmonizamcom a realidade que observamos. Na fısica teorica (cosmologia) os fısicoscriaram muitos “universos de gabinete ” no entanto o criterio para que estesuniversos sejam tomados a serio e que quando cotejados com a realidade seharmonizem; e precisamente este criterio que deve ser aplicado aos “univer-
sos religiosos” criados pelas cabecas dos filosofos e doutores teologos − o“universo cristao”, baseado em um Deus pessoal, quando confrontado coma realidade simplesmente se esfacela; defender este universo contra todasas evidencias e um sintoma de enfermidade, de loucura.
Aprenda que, quando uma loucura e praticada pela grande maioria das pessoas, essa loucura passa a ser algo considerado normal,
∗Confucio acreditava que um ser sobrenatural o inspirava: “O Ceu deu a luz dentro de mim ”. So que o Ceu para ele nao era um Deus pessoal. Ainda que este lhe desse inspiracaoe direcao, Confucio nao fundamentou sua etica em mandamentos morais transmitidos porDeus. Fonte: O livro das Religi oes, p. 79/Cia. Das Letras/Victor Hellern, et. al.
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Se os genios aqui estudados − e tantos outros cristaos − crem em um
Deus pessoal e por isto se consideram miseraveis pecadores, destituıdos dequalquer valor, isto e problema deles, e um comportamento patologico quea “Igreja de Deus” lhes incutiu, para sua propria sobrevivencia.
Retomando, um outro segredo: Tudo o que entra na existencia (quepassa a existir) tem um valor apenas relativo e nao absoluto − mesmo queseja um Deus. Pretendo me situar no contexto da fısica quantica:
Metaforicamente, como eu sugeri, podemos pensar o v´ acuo como um vasto mar; e tudo quantoexiste − as estrelas, a Terra, as ´ arvores, n´ os e as partıculas de que somos feitos
−, como ondas nesse
mar. Os fısicos denominam tais “ondas” − n´ os e tudo quanto existe − “excitac˜ oes” ou “flutuac˜ oes” dov´ acuo. (Danah Zohar/[8], p. 284)
O que eu pretendo sublinhar e que nenhuma destas ondas tem existencia
− ou validade absoluta − independente do Oceano (Vazio, Vacuo).
Estas ondas podem ser: Um Deus, uma Religiao, uma Escritura, umateoria fısica, uma matematica, enfim, o que voce queira imaginar. Nada distotem existencia a parte do Oceano e, por conseguinte, tem alguma validadeabsoluta; apenas relativa.
Resumindo: qualquer que seja a religiao, Deus ou hierarquia, ningueme forcado a aceitar ou comungar com nenhuma delas, ja que a essencia doUniverso e Vazia.
Agora e claro, a preguica e a covardia, como sublinha Kant, e que fazcom que boa parte dos homens permanecam por toda a vida menores, e epor isto que e tao facil a outros instituirem-se seus tutores, e so isto!
Veja, este pequeno planeta em que habitamos pode ser visto como ummodelo em miniatura para que entendamos o que acontece no Universo; comefeito, aqui surgiram − e ainda subsistem − inumeras “sociedades secretas ”e religioes, todavia, ninguem e obrigado a fazer parte de qualquer uma delas;esta observacao, a meu ver, se estende a todo o Universo.
Por oportuno, certa feita chegaram dois macons em minha casa me con-vidando para participar da Sociedade deles. A primeira pergunta que lhesfiz foi: La tem um chefe ao qual eu devo obedecer?
Me responderam que sim. Entao eu nao vou, respondi; aqui fora eu soobedeco a mim mesmo, por que razao eu entraria para uma Sociedade paraprestar obediencia a um outro homem? Eu me sentiria um tolo!
Certa feita, um amigo me doou um livro intitulado “Sociedades Secre-tas”, li-o para efeito de conhecimento. Este amigo me disse que estas so-ciedades foram importantes para preservar alguns conhecimentos para a hu-manidade.
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Em todas as Sociedades duas coisas estavam presentes, manifestas: Egoe Polıtica.
Disse a este amigo que a minha conclusao, apos a leitura do livro, e que seuma biblioteca com os livros de todas estas sociedades pegasse fogo − todosos livros fossem queimados − a humanidade nao teria perdido muita coisa,nao teria muito o que lamentar. Ao contrario, e muito provavel que fosseum ganho, um salto para a humanidade. Pois teriamos menos prisioneiros,menos pessoas sendo enganadas.
Repito: Ego e polıtica, tal qual acontece em todas as religioes.
Vıcio
Indivıduo
A figura ao lado ilustra como o indivıduo
gera o ego e o ego gera o indivıduo, como semesclam. Uma aplicacao particular desta cons-trucao interdependente sao as diversas modali-dades de vıcios, ou habitos. O indivıuo ini-cia o vıcio e este passa a construir o in-divıduo.
A espantosa capacidade de simulacao da mente
Neste exato momento sao 03 : 56h da manha, levantei-me da cama pararedigir esta parte desta pagina por conta de um sonho que acabei de ter −decidi nao esperar ate o amanhecer do dia para aproveitar que o sonho aindaencontra-se fresco em minha mente.
Pois bem, o que me deixou impressionado no sonho foi a sua “realidade”no que diz respeito a “textura da realidade”, digo, no sonho, as coisas,as cores, etc., me pareciam tao reais, que eu repeti por diversas vezes (nosonho): nao, isto nao pode ser um sonho! nao pode ser, e tudo muito real!
So convenci-me de que realmente era um sonho quando acordei. Estanao foi a primeira vez que tive sonhos desta natureza. De outra feita, estavaconsciente de que estava sonhando, decidi durante o sonho realizar algumasexperiencias, como por exemplo esfreguei um pano na pele para sentir otato, tudo perfeitamente real! Isto mesmo, dormindo meu cerebro conseguia
simular o sentido do tato de modo tao real quanto se eu estivesse acordado.Lembrando da “vis˜ ao dos animais ” e de Richard Dawkins (pp. 103, 104)
concluimos, com precisao cientıfica, que a realidade e uma funcao damente. Quero dizer: a realidade fısica na qual existimos e vivemos nadamais e que uma construcao da mente: os sonhos estao aı para testemunharda incrıvel (estupenda) capacidade da mente de simular “realidades”.
A questao principal e: se a mente (o cerebro) tem esta capacidade com-provada de simular realidades (sem aspas) entao nao teria a capacidade desimular a “realidade” das religioes? Digo, nao teria a mente a capacidadede engendrar no cerebro de suas vıtimas a “verdade” dos dogmas religiosos?
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Ou ainda, com esta incrıvel capacidade que os cerebros (aqui incluo os
dos animais) tem de simular a “realidade ambiente” podemos duvidar deque as crencas religiosas sejam meras construcoes da mente? A bem da ver-dade pergunto: ao final das contas, no frigir dos ovos, o que e real? (revejaHawking, p. 77). Veja mimetismo, p. 136.
“Em suas fases primitivas o homem nao podiaadorar senao a um Deus feito a sua imagem e seme-lhanca, porque nao sabia conceber algo melhor”.
No processo de metamorfose da lagarta a bor-boleta existe o casulo uma especie de protecao
a crisalida, futura borboleta. Uma condicaonecessaria para que a borboleta venha a existenciae que o casulo (prisao e protecao) seja abandonado.
De modo similar, estas religioes primitivas −cujo Deus e pessoal, a imagem e semelhanca dohomem − funcionaram como uma especie de casulopara aprisionamento e protecao do ego. Para que o“alem-do-homem” venha a existencia e necessarioque estes casulos primitivos sejam abandonados.
∗ ∗ ∗
Esse criterio faz, ali´ as, o jogo dos que Plat˜ ao apresenta como ani-madores de marionetes, ilusionistas de todos os generos, que fazem com que tomemos por real o que n˜ ao passa de sombras. Quem s˜ ao esses manipuladores? Provavelmente os que, no Sofista, s˜ ao chamados de “artıfices de seduc˜ ao”, isto e, todos os que, n˜ ao se propondo a instruir,utilizam a palavra com um objetivo completamente diferente da verdade e do bem. A ciencia e a promoc˜ ao do espırito quase n˜ ao lhes importam,eles simplesmente se esforcam, por meio da persuas˜ ao, por produzir a crenca, principalmente em tudo aquilo que e ´ util que se acredite num
determinado momento para um determinado grupo. Os atores influentes da cena social, dos quais o sofista e a express˜ ao mais acabada, concorrem assim para produzir uma imagem da realidade pr´ opria para cimentar ocorpo social. Eles imp˜ oem maneiras de pensar e agir, valores cujo sentidon˜ ao convidam a questionar, pois o que lhes interessa n˜ ao e a liberdade e a verdade, mas o poder e o interesse. Eles produzem a ignorˆ ancia porque a ignorˆ ancia lhes serve. (Simone Manon/PLATAO)
Os Sofistas − artıfices de seducao e ilusionistas − hoje sao padres,polıticos e pastores, principalmente.
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Uma experiencia que prova que ate aquilo que voce ver e toca,
e uma construcao da sua menteVamos mostrar uma experiencia que prova que mesmo aquilo que ve-
mos e tocamos com o nosso dedo pode ser, e, uma ilusao construida pornossa mente e, portanto, nao tem existencia “la fora”.
Entao, considere uma pequena esfera presa a extremidade de um bar-bante, girando, assim:
De uma outra perspectiva,
ω ω = 2πf
Aumentando a velocidade (frequencia) de rotacao, em dado momento vocevai observar um “cırculo de materia”.
E mais: em uma dadafrequencia de rotacao, em qual-quer lugar do cırculo que voce to-car com o dedo, vai topar commateria. Mas como pode ser isto?A princıpio nao tinhamos apenasum “ponto de materia”?
Espero ter convencido o leitor de que a mente pode dar consistencia,“realidade” , ate aquilo que nao existe. Lembra da gravidez psicologica?
O mais importante: este e, precisamente, o nıvel de “realidade” dosobjetos religiosos, das crencas religiosas, sao tudo construcoes da mente.
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4.4 Os coletores do Deus-Sol
Que seria a tua felicidade,o grande astro, se nao tivessesaqueles que iluminas!
(Nietzsche/Zaratustra)
E esta e a mensagem quedele ouvimos, e vos anunciamos:que Deus e luz, e nao ha neletrevas nenhumas. (1 Jo 1:5)
Vez ou outra assistimos na televisao um novo (e sofisticado) golpe en-gendrado na cabeca de estelionatarios inteligentes.
Pois bem, o objetivo nesta secao e denunciar um destes golpes que, em-
bora sofisticado, nao e novo posto que vem sendo aplicado ha seculos.Este golpe e tao engenhoso que tem enganado os homens mais inteligentesna face do planeta − ate os dias de hoje −; mas que isto, inumeros geniosdeixaram-se ludibriar pela engenhosa trampa.
Vamos desmascarar este engenhoso golpe atraves de uma metafora: su-ponhamos que bandidos foragidos de uma prisao − que se encontra em umailha em alto mar − desembarquem em uma outra ilha cujos habitantes sejam homens primitivos .
Ao desembarcarem na ilha e dando-seconta de que seus habitantes sao simplorios, osestelionatarios dizem-se sacerdotes do “Deus-Sol” e que todos os habitantes da ilha deveraopagar-lhes impostos por conta da luz que re-cebem do “grande e iluminado Deus-sol”. Casocontrario, sob suas ordens, o sol ira apagar-se,e as trevas reinarao.
E desta forma sucede, os simplorios habi-tantes da ilha pagam impostos pela luz que re-cebem do “Deus-Sol” por seculos e milenios.
Com o passar dos seculos surge nesta ilha um profeta por nome Zara-tustra pregando aos quatro ventos:
Que seria a tua felicidade, ´ o grande astro, se n˜ ao tivesses aqueles que iluminas!
Certa feita, acercando-se do profeta seus discıpulos perguntaram-lhe: “Equal e, Zaratustra, a moral do teu aforismo?”
Respondeu-lhes Zaratustra: “Porque pagais tributos aos sacerdotes doDeus-Sol, se a luz nao emana do Sol, mas e construıda em vos mesmos?”.
Zaratustra ensina a seus discıpulos que sem eles, o Sol − tal como e −nao seria. Que eles sao imprescindıveis na relacao “Sol ↔ luz”.
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Vejamos nos agora − homens do seculo XXI (inteligentes, por suposto)
− as implicacoes da pregacao de Zaratustra.De fato, se os primitivos habitantes da ilha pagavam pela luz emitida
pelo Deus-Sol, como exigia-lhes seus auto-proclamados sacerdotes, estavampagando por algo que eles proprios eram os criadores, veja isto na ilustracao:
O s ol n˜ a o emi t
el uz
A luz surge nesta
interac~ao
De modo similar, os primitivos habitantes da “ilha ocidental” veem pa-gando − ha seculos − tributos (dizimos) por algo que e criado (engendrado)em suas proprias mentes, pagando por algo que “n˜ ao existe l´ a fora ”, vejam:
S ol
Assim como a luz surge
nesta interac~ao...
M en t e
A b s ol u t o
qualquer concepc~ao de Deus
surge nesta interac~ao.
↑Aqui cada Religi~ao
programa seu Deus
Se voce compra o acucar pagando por sua docura, voce esta equivocado.O acucar apenas e doce se voce o experimenta; ser doce nao e proprio doacucar, ele nao “emana docura”.
De modo perfeitamente similar, se voce paga (com seu dizimo, ou de joelhos dobrados) pela “docura” de Deus (amor, bondade, misericordia, etc)voce esta equivocado, estes atributos nao pertencem a Deus. Deus apenas e doce se voce o experimenta; ser doce n˜ ao e pr oprio de Deus, ele n˜ ao “emana docura”. Esta e a essencia do ensinamento de Zaratustra. (p. 71)
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Adendo: “. . . mesmo que esse homem seja um ateu.”
Apos concluir este livro naturalmente que fiquei curioso para saber qualseria o posicionamento de um ateu a respeito do mesmo.
Nao tive outra escolha, decidi envia-lo a um ateu: Alfredo Bernacchi.Um ateu de mente arguta que escreve e argumenta com proficiencia; autorde varios livros, dentre eles “Ateu Gracas a Deus ” e “A Bıblia dos Ateus ”.Eis o retorno:
Alfredo Bernacchi <[email protected]> 28 de marco de2014 18:50
Para: [email protected]
Ola Gentil.
Sua abordagem e bem extravagante, mas inteligente. Gostei do livro e achoque todos vao gostar. Todos os que conseguirem entender seu objetivo.
Voce abrange um deus inexistente por um angulo quase matematico. Quefunciona. Demonstra claramente que o deus e um reflexo da nossa mente,
Ou seja, da mente de cada um, nasce um deus diferente. Naturalmente issorefere-se a um deus transcendental ou ainda a todos os deuses criados pelohomem.
No meu mais recente livro: “EM BUSCA DO DEUS JAVE” eu demonstro amesma coisa de outra forma. Um deus criado pela mente, a partir do medoe da ignorancia e refiro-me principalmente ao deus bıblico, que o Papa imor-talizou (rsrs). Naturalmente uma abordagem diferente que leva ao mesmoponto comum. Nao existe deus nenhum, salvo o criado pela nossa mente.
Um abracao. Sucesso no livro.
ALfredo
Alguns coment´ arios de minha parte :
1 o ) Pra comecar observe que o Alfredo nao faz, a rigor, nenhuma objecaoem relacao ao nosso Deus − pelo ao menos nenhuma objecao seria.
2 o ) Coloco em destaque: “Voce abrange um deus inexistente por um anguloquase matematico. Que funciona.”
3 o ) “Demonstra claramente que o deus e um reflexo da nossa mente,
Ou seja, da mente de cada um, nasce um deus diferente.”
Nisto ele esta certo: “da mente de cada um, nasce um deus diferente.”
O Deus (Deus) que apresento neste livro e o resultado do meu “contatocom o Vazio”.
4 o ) “Naturalmente isso refere-se a um deus transcendental ou ainda a todosos deuses criados pelo homem.”
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Isto tambem, a meu ver, esta correto. Mesmo este “Deus transcenden-
tal” e uma criacao minha. A diferenca e que traz mais harmonia ao meu“sistema, cosmologia”.
Com efeito, o ateısmo puro nao me satisfaz, nao me convence, poroutro lado, os Deuses das religioes menos ainda; a saıda que encontrei foiconstruir um novo Deus− assim como ja construir bastante matematica.
Talvez seja uma surpresa para o leitor o fato de que aqui em nossoplaneta Terra exista mais de uma matematica. Na pagina 68 referi-me,an passant, ao intuicionismo de Brouwer (matem´ atica intuicionista ), estamatematica difere em seus fundamentos da matematica classica e, portanto,rejeita (como nao validos) muitos dos resultados de nossa matematica or-dinaria − aquela ensinada nos nıveis medio e superior.
Ora, se no planeta houve espaco para mais uma matematica − e paranovas geometrias −, por que razao nao haveria espaco para mais um Deus?− tudo sao construtos da mente humana.
Veja bem, reiteradas vezes afirmei neste livro que tudo sao construcoesda mente humana: a matematica, a fısica, as artes, a literatura, as religioes,. . . por fim ate o sol e uma criacao da mente humana∗; entretanto nao afirmeique, por isto, estas criacoes sao destituıdas de valor, seria insano se assim meposicionasse, pelo contrario, glorifico, exalto, muitas das obras humanas; porexemplo, tenho verdadeira admiracao por certas construcoes matematicas.
Ao longo dos seculos e milenios, o homem tem construido tanto obrasadmiraveis, quanto lastimaveis
− a exemplo das guerras, armamentos e re-
ligioes escravizantes.
5o ) “Um deus criado pela mente, a partir do medo e da ignorancia”.
Neste ponto tambem estou de acordo, toda obra vem com a “assinaturado artista” (ego), veja:
Artista
Absoluto(Absoluto Manifestando-se/Neale D. W.)
Ei, espere! Acho que voce n˜ ao entendeu uma grande parte disso tudo. Vamos voltar ao inıcio. Voce est a criando tudo isso. . . . ´ E isso que Eu Sou neste momento. Voce, pen-sando. Voce, pensando em voz alta.
A obra que apresento neste livro (Deus) nao foi escrita “a partir domedo e da ignorancia” (claro, entendo que o Alfredo nao esta afirmandoisto), pelo contrario foi uma obra esculpida quase sem a participacao doego − resultado do meu contato com o Vazio, para o qual o requisito eprecisamente a eliminacao do ego.
∗O sol como nos o observamos, um animal ou um telescopio “cria” um sol (percepcao)diferente da nossa, humanos (pp. 102, 103, 104).
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O grande mıstico Kabir disse: “Olhe a ironia disso. Quando eu es-
tou, Deus n˜ ao est´ a; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou.” (p. 39)
Um Deus transparente, limpo, impoluto, sem a contaminacao (cores,atributos) inerentes a outros Deuses, gestados com a participacao do ego −o que, certamente, introduz escorias, impurezas mil. Eu disse transparente:
- Transparencia: “sem ego”
O Vazio (Absoluto, Consciencia) e como se fosse uma tenue (sutil, a-bstrata) massa de modelar e o artista quem lhe imprime a forma que desejar;ele pode esculpir nesta mesma massa desde uma divindade ate um demonio− como argumentamos no capıtulo 3.
Por oportuno, se esta massa e manipulada por um artista prestidigitador (Ateu), ela pode ate mesmo desaparecer, tornar-se inexistente.
Ademais, me fizeram duas perguntas:
1a ) Por que um ateu nao pode colocar defeito neste Deus?
Respondo: Porque o Vazio e Vazio, isto e, nao se pode exibir nadano Vazio, em particular nenhum defeito. (p. 42)
2a ) Entao este Deus e abstrato?
Respondo: Sim e nao. Antes do prisma sim, depois do prisma nao.Ou ainda: antes de ser “medido” Ele e abstrato, depois de ser “medido”torna-se concreto.
(homem)
D e u s
VermelhoAlaranjado
Amarelo
Verde
AzulAnil
Violeta
Luz Branca
Absoluto + Homem = DeusAbstrato + Medicao = Concreto
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Concreto posto que “por incrıvel que pareca, a energia do nada foi me-
dida recentemente no laboratorio”. (p. 31)E mais: O Nada tem uma Consciencia que tambem pode ser medida
em “laboratorio”, veja, por exemplo, Campo Akashico, p. 97.
E qual a vantagem deste Novo Deus em relacao aos anteriores?
Respondo: Uma delas e que aderindo a este Deus voce pode ser acu-sado de tudo, menos de ser um primitivo na espiritualidade, e, ademais, eo Deus que “a ciencia nos deixa entrever ”. Veja Ubaldi p. 77 e fluxogramap. 32. Um primitivo moderno pode esta trajando paleto e gravata.
Como se nao bastasse, todo Deus pessoal − com premios e castigos− foi concebido para satisfazer as necessidades imediatas de homens primi-
tivos, ainda nao chegados a idade da razao. O Deus Vazio, ao contrario detudo isto, nao aprisiona, liberta e deixa claro ao homem que ele proprio eresponsavel por construir seu proprio destino. Afora outras vantagens . . .
A medicao (medir) traz um objeto a existencia
Desejo esclarecer melhor a afirmativa anterior de que o Absoluto “antes de ser medido e abstrato” − no sentido de que nao tem existencia definida.Antes vejamos algo analogo no universo da f ısica quantica:
Bohr elaborou sua posic˜ ao no princıpio de complementaridade,que afirma que onda e partıcula s˜ ao duas vers˜ oes igualmente possıveis e complementares, embora mutuamente incompatıveis, de como objetos
quˆ anticos (como eletrons ou ´ atomos) ir˜ ao se revelar a um observador.Onda e partıcula s˜ ao duas formas complementares de existencia, que se manifestam apenas ap´ os o objeto quˆ antico ter entrado em contato com oobservador. Antes desse contato, o objeto quˆ antico n˜ ao e nem partıcula nem onda. De fato, antes do contato, n˜ ao podemos nem mesmo dizer se o objeto existe ou n˜ ao. (Marcelo Gleiser/A Danca do Universo, p. 306)
Parafraseando para o nosso contexto, temos:
Antes desse contato, o Absoluto nao e nem “partıcula
nem onda” − e tao somente um placido Oceano. De fato,
antes do contato, nao podemos nem mesmo dizer se o Ab-
soluto existe ou nao.
O grande mıstico Kabir disse: “Olhe a ironia disso. Quando eu estou
[medicao], Deus nao esta; agora Deus esta, e eu nao estou.”
Ou seja o Absoluto “antes do contato” e o Vazio (o Nada), apos ocontato (apos ser observado pela mente) transforma-se em algo.
Veja novamente o prisma na pagina anterior, substitua “medicao” por
contato, observac˜ ao.Veja, ademais, Zen budismo, p. 34, falar atraves de qualquer semelhanca
e “medir”. A medicao (observacao) cria o objeto, e o que ocorre quandovoce observa o sol ou a lua, por exemplo. Um animal veria diferente.
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Esta pagina ficaria em branco aproveito para mais informacoes.
(mente)
D e u s
JaveAla
Pai
Zeus
AhuraApolo
Parens
Luz Branca
Absoluto + Mente = Deus
Seus deuses n˜ ao podem ser diferentes de voce. Quem os cria? Quem lhes determina o tamanho, a forma e a cor? Voce os cria, voce os esculpe;eles tem olhos como voce, tem nariz como voce − e tem uma mente, tal como voce! O Deus do Antigo Testamento diz: − Eu sou um Deus cheiode ira! Se n˜ ao seguir meus mandamentos, eu destruirei voce. Voce ser´ a
jogado no fogo do inferno pela eternidade. E como eu sou ciumento −Deus fala
− n˜ ao v´ a prestar culto a mais ninguem. N˜ ao vou tolerar isso.
− Quem criou um Deus assim? S´ o pode ter sido a partir do seu pr´ oprioci´ ume, da sua pr´ opria ira, que voce criou essa imagem. Ela e projec˜ aosua, uma sombra sua. ´ E um eco seu e de mais ninguem. E o mesmoacontece com todos os deuses de todas as religi˜ oes.
(Osho/Consciencia, p. 8/Cultrix)
∗ ∗ ∗A regua quantica, sobre o conjunto [ 0, 1 [ deriva da seguinte formula:
d(x, y) = min
|x − y|, 1 − |x − y|
d e uma metrica (distancia) em [ 0, 1 [.
Dados dois pontos x e y , ambos no intervalo [ 0, 1 [, entre chaves obte-remos dois valores, escolhemos o menor deles como sendo a distancia entreos pontos x e y . Por exemplo, (p. 83)
d(0; 0, 4) = min|0 − 0, 4|, 1 − |0 − 0, 4| = min
0, 4; 0, 6
= 0, 4
d(0; 0, 6) = min|0 − 0, 6|, 1 − |0 − 0, 6| = min
0, 6; 0, 4
= 0, 4
d(0; 0, 8) = min|0 − 0, 8|, 1 − |0 − 0, 8| = min
0, 8; 0, 2
= 0, 2
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Pilatos, em Joao 18 : 38 perguntou a Jesus: Que e a verdade?
Jesus nao teve oportunidade de responder, contudo e provavel que diria:“Eu sou a verdade”
No meu entendimento Pilatos dirigiu a pergunta a pessoa errada:
[. . .] O que e a verdade, portanto? Um batalh˜ ao m´ ovel de met´ aforas,metonımias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relac˜ oes humanas,que foram enfatizadas poetica e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, ap´ os longo uso, parecem a um povo s´ olidas, canˆ onicas e obrigat´ orias:as verdades s˜ ao ilus˜ oes, das quais se esqueceu que o s˜ ao, met´ aforas que se tornaram gastas e sem forca sensıvel, moedas que perderam sua efıgie e agora s´ o entram em considerac˜ ao como metal, n˜ ao mais como moedas.
(Nietzsche)
Ademais, existem aqueles que afirmam que uma mentira repetida 1000vezes torna-se uma verdade. Alguem aı duvida?
Quando voce procura um Buda, pode n˜ ao ficar imediatamente im-pressionado, porque ele ser´ a muito hesitante e n˜ ao afirmar´ a nada. Ele sabe melhor do que isso. . . Ele sabe que a vida n˜ ao pode ser confinada a qualquer declarac˜ ao e que todas as declarac˜ oes s˜ ao parciais. Nenhuma afirmac˜ ao pode conter toda a verdade. (Osho)
No “Rigpa ngotr¨ o tcher thong rangdrol”, o rigpa e assim representado:
Quando os pensamentos se esvaeceram sem deixar traco algum,Nesse frescor aonde os pensamentos a vir ainda n˜ ao apareceram,
No instante onde se estabelece o modo natural sem artifıcios,
Eis aqui esta consciencia dos tempos comuns,
E desde que fixeis vosso olhar sobre v´ os mesmos,
Esse olhar que n˜ ao tem nada para “ver” des´ agua sobre a claridade,
Rigpa em sua evidencia, nu e lımpido;´ E uma pura vacuidade onde nada de particular existe,
Onde claridade e vazio s˜ ao indivisıveis,
Nem e eterno, pois que nada existe verdadeiramente,Nem e o nada, pois que ele e claro e vivo.
Ele n˜ ao se reduz ao um, estando presente e consciente em tudo,
Ele n˜ ao e o m ultiplo, porque ele tem um ´ unico sabor na inseparabilidade.
Tal e esse rigpa natural, e nada alem.(Longchenpa)
(pp. 228, 229)
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Apendice: Dimensoes Escondidas
Apos a conclusao deste livro me deparei com um outro autor (Wallace, [19])que vem confirmar − “com outras palavras” − muito do que dissemos aqui.A intuicao que tive ao ler este livro e que os temas abordados por este autorsao temas de “ponta”, de “fronteira” do que ha de mais importante nesteinıcio de seculo, no que concerne a temas filosoficos da maior relevancia.
B. Alan Wallace despendeu quatorze anos como monge budista,ordenado por S.S. o Dalai Lama, e ent˜ ao concluiu graduac˜ ao em fısica e
filosofia no Amherst College e doutorado em estudos religiosos na Stan- ford University.
Vou citar alguns trechos do livro que de certa forma − ou em outraspalavras − se harmonizam com algumas de nossas afirmacoes neste livro.
Partıculas, como eletrons e f´ otons, n˜ ao tem localizac˜ ao definida e de fato nem mesmo existem como entidades discretas, a menos e ate que sejam medidas − elas existem apenas como abstrac˜ oes matem´ aticas. (p. 7)
Por analogia, e fundamentado em minhas experiencias com o Vazio,afirmo (p. 165) que e a “medicao” − por um instrumento denominadocerebro (mente) − que traz qualquer concepcao de Deus a existencia. Foiassim que milhares de concepcoes de Deus surgiram no planeta Terra.
Uma teoria que ser´ a desenvolvida nos pr´ oximos capıtulos sugere que o v´ acuo pode n˜ ao estar preenchido apenas de energia ponto-zero, que pode
ser medida objetivamente com tecnicas da fısica, mas tambem permeado de consciencia, que pode ser experienciada subjetivamente com tecnicas de in-trospecc˜ ao. (p. 54)
Veja Consciencia Cosmica, p. 97, e p. 101.´ E not´ avel, olhando para tr´ as, que ap´ os quatrocentos anos de progresso
na fısica ainda n˜ ao saibamos o que s˜ ao materia ou energia. (p. 84)
Pastores, sacerdotes, papas e teologos se ufanarem de que sabem o quee Deus − e daı venderem suas parcas concepcoes do divino como se verdadefossem − me parece uma mega-estupidez. Mentes doentias.
Todos os fenˆ omenos [tanto perceptıveis quanto conceituais ] podem ser
postulados como existentes apenas em relac˜ ao a uma estrutura cognitiva de referencia . (p. 97)
Esta afirmacao se harmoniza com Hawking (p. 77) e com nossos argu-mentos de que as “verdades” sao apenas locais (p. 77). Ou ainda, que as“verdades” sao verdadeiras apenas em relacao a uma “estrutura cognitivade referencia” − o referencial. (ver p. 208)
Todo o problema das religioes reside na “estrutura cognitiva de re-ferencia” de padres, teologos e pastores.
Nunca e demais relembrar Nietzsche:
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O que um te´ ologo considera verdadeiro n˜ ao pode n˜ ao ser falso: nisso
reside praticamente um criterio de verdade. ´ E seu profundo instinto de con-servac˜ ao que n˜ ao lhe permite honrar ou sequer mencionar a verdade sobqualquer ponto de vista.
Ou ainda: “Na verdade”, para um pastor ou padre, e aquilo que seucerebro precisa que seja, para ajuda-lo a sobreviver. (p. 104)
Do mesmo modo, proponho que n˜ ao existe teoria ou modo de observac˜ ao− nenhum metodo infalıvel de investigac˜ ao, cientıfico ou qualquer que seja − que proporcione uma estrutura de referencia absoluta dentro da qual tes-tar todas as outras percepc˜ oes ou ideias . (p. 99)
Isto se harmoniza com o que afirmamos na p. 76: “nao existe nen-hum referencial, nenhum ponto de apoio, o que tem como importante con-sequencia que nao podem existir afirmacoes absolutas, verdades absolutas”.
Mesmo que um grande n´ umero de pessoas olhem um carro de bombeiroe o vejam como vermelho, isso n˜ ao significa que a cor exista independente-mente das faculdades visuais delas. (p. 100)
Aqui abrimos um parentesis para uma instrutiva parafrase:
“Mesmo que um grande numero de pessoas olhem para a Bıblia e vejamnela um Deus de amor, isso nao significa que este Deus exista independen-temente da estrutura cognitiva delas.”
Do mesmo modo, mesmo que um grande n´ umero de cientistas detecte a presenca de uma partıcula subatˆ omica, interpretando-a com base numa estrutura de uma teoria de base comum, isso n˜ ao significa que a partıcula exista independentemente das teorias e sistemas de medic˜ ao. (p. 100)
Isto tem tudo a ver com a secao 2.2 (p. 102): o sol e decodificado (“me-dido”) de forma distinta por um homem ou um rob o (com a visao de umtelescopio, por suposto); nenhuma das imagens e real sem a “presenca” dosrespectivos observadores. Ou ainda, as imagens so existem para a “estruturacognitiva” de cada observador.
A ´ unica invariante atraves de todos esses sistemas cognitivos de re- ferencia e que nada existe por sua propria natureza, independente-mente de todos os meios de detect´ a-lo ou concebe-lo. (p. 100/Grifo nosso)
Este nada existe por sua propria natureza, inclui qualquer con-cepcao de Deus, nao excetuando o Deus dos cristaos − que so existe em suascabecinhas.
Particularmente na fısica quˆ antica, quando se busca a natureza de uma entidade fısica como se existisse independentemente de qualquer sistema de medic˜ ao, n˜ ao e o caso de apenas se fracassar em encontr´ a-la. Descobre-se,isso sim, que tal entidade independente n˜ ao existe. (p. 128)
Uma instrutiva parafrase: “Particularmente na teologia classica, quandose busca a natureza de um Deus como se existisse independentemente de
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qualquer sistema de medicao (cerebro, estrutura cognitiva), nao e o caso de
apenas se fracassar em encontra-la. Descobre-se, isso sim, que tal entidadeindependente nao existe.”
Gerac˜ oes de cientistas acreditaram estar descobrindo, descrevendo e explicando realidades objetivas como elas existem no mundo real, indepen-dentemente de qualquer estrutura cognitiva de referencia, mas isso n˜ ao foi nada mais que uma persistente e difundida ilus˜ ao. (p. 142)
Uma instrutiva parafrase: “Geracoes de teologos acreditaram estar des-cobrindo, descrevendo e explicando atributos de Deus como se eles existissemno mundo real, independentemente de qualquer estrutura cognitiva de re-ferencia (seus cerebros), mas isso nao foi nada mais que uma persistente edifundida ilusao.”
Uma fonte de erro comum e a suposic˜ ao de que uma declarac˜ ao que e verdadeira para uma estrutura cognitiva de referencia seja igualmente ver-dadeira para todas as outras estruturas de referencia. (p. 142)
Compare com “Verdades nao triviais, e ate contraditorias” (p. 80).
Historicamente, as religi˜ oes em geral tem colocado suas escrituras e ou-tras fontes divinas como teoria de base, admitindo com frequencia que essa seja uma estrutura de referencia absoluta para determinar todos os tipos de verdade. Mas essas afirmac˜ oes geralmente tem sido erodidas por outros meios de conhecimento, em especial a ciencia. (p. 143)
Compare com a figura, e o contexto, da pagina 78. Na pagina an-
terior a esta poderiamos ter escrito: Vejamos um, digo dois, exemplos decomo uma verdade depende da “estrutura cognitiva” na qual esta inserida.A proposicao: “Jesus veio morrer pelos pecados da humanidade ”, e ver-dadeira ou falsa?
Num ato de desespero o leitor mais sincero poderia indagar: Ent˜ ao n˜ aoexiste nada “l´ a fora” que possamos considerar como verdadeiro, como sendoa verdade ?− Independente de uma “estrutura cognitiva de referencia”?
Respondo: Sinto muito mas nao. E por que deve ser assim? Creio quea citacao de A Potencia do Nada , a p. 121, ajuda a responder esta questao.
Lembramos que nem na matematica existem verdades “independentes
de uma estrutura cognitiva de referencia”.Ademais, observe novamente: (Ver Tagore, p. 102)
A ´ unica invariante [verdade] atraves de todos esses sistemas cognitivos de referencia e que nada existe por sua propria natureza, independen-temente de todos os meios de detect´ a-lo ou concebe-lo. (p. 100)
O mais importante e que, o que aparentemente e uma desvantagem(fraqueza) − a falta de um referencial absoluto, a partir do qual possamosenunciar Verdades − visto de uma perspectiva apropriada torna-se um dosmaiores trunfos do homem: A capacidade de tornar-se copartıcipe da cons-trucao do seu proprio universo. Tornar-se um Deus (ou semideuses, p. 132).
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Adendos:
A citacao a seguir nos fala de uma das maiores descobertas no campoteorico (filosofia) da matematica: (Grifo nosso)
Uma das contribuic˜ oes definitivas do seculo dezenove foi o reconheci-mento de que a matematica nao e uma ciencia natural, mas umacriacao intelectual do homem. Bertrand Russel escreveu no Interna-tional Monthly em 1901: ‘O seculo dezenove, que se orgulha da invenc˜ aodo vapor e da evoluc˜ ao, poderia derivar um tıtulo mais legıtimo a fama da descoberta da matem´ atica pura.’ (Curso Moderno de Filosofia)
Parafraseando (generalizando), podemos dizer que: (ver eq. divina, p. 46)
Uma das contribuic˜ oes definitivas do seculo XXI ser´ a o reconheci-mento de que a teologia (religi˜ ao) n˜ ao e uma “ciencia natural” (dada por Deus), mas uma criac˜ ao intelectual do homem.
A bem da verdade, generalizando “um pouco mais” concluimos que:
Uma das contribuic˜ oes definitivas do seculo XXI ser´ a o reconheci-mento de que uma pedra nem sempre e uma pedra, ou uma formiga nem sempre e uma formiga − depende de quem as observa. (p. 44, Radin)
Ora, se e assim, o que mais ficara de fora? (da criacao humana) Digo,por acaso a religiao seria excecao? .. .s o porque o crente quer que seja?
∗ ∗ ∗O Uno de Plotino n˜ ao demonstra amor, desejos e nem cuida indivi-
dualmente de cada criatura, como acontece em outras crencas. O Uno de Plotino e t ao absoluto e autossuficiente que n˜ ao podemos nem lhe conceber o atributo de pensar no sentido humano, pois, pensar e pensar em algo, e como j´ a dito anteriormente, nada existe fora dele, nem alem dele, sobre oqual ele possa pensar no sentido humano. (Publicacao Eletronica)
Observe o seguinte: o que nos impele a buscar concepcoes alternativasde Deus e o simples fato de que a concepcao predominante (judaico-crista)nao se harmoniza com a realidade que observamos e vivenciamos − temos asensacao de que a concepcao divina de padres e pastores e uma ficcao queso existe na cabecinha deles, e so isto!
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“O Uno, evidentemente, e Deus, mas n˜ ao o Deus que as Escrituras
judaico-crist˜ a reduzem a um ponto indefinido nalgum lugar do ceu, com caracterısticas antropom´ orficas, e sim o Deus de Espinoza, ou, talvez, na linguagem da mentalidade moderna, a Energia Eterna, infinita, inexplor´ avel,´ unica e incomensur´ avel de que fala Einstein.”
´ E ele origem da inteligencia divina e do mundo das Formas, que e seu conte´ udo; mas o Uno n˜ ao e nem uma Inteligencia nem uma Forma.
Pois, segundo CIRNE LIMA, op. cit., 1997, 85, no sistema plotiniano,“assim como o p´ assaro inteiro est´ a pre programado no ovo, assim as Formas de todo Universo est˜ ao completamente pre programadas no Ser Uno inicial”.(O Uno e o multiplo na cosmologia de Plotino/Marcos Roberto/Publicacao Eletronica)
Encontrei em um artigo na internet: “Em sua maturidade, Santo Agosti-nho utiliza sua raz˜ ao sobretudo para compreender aquilo em que j´ a acredi-tava.”
Compare isto com minha afirmativa na pagina 151. Do mesmo artigo:
A ciencia comeca com observac˜ oes dos fatos, n˜ ao com pronunciamentos infalıveis de um texto revelado. Alem disso, a ciencia (sobretudo seus ramos aplicados e tecnol´ ogicos) apoia-se na premissa de que os seres racionais s˜ ao (ao menos potencialmente) bons, que a vida do homem sobre a terra e valiosa, que o conhecimento e tanto alcanc´ avel como desej´ avel, e que os homens s˜ ao merecedores de padr˜ oes de vida elevados. A ideia de que ohomem deveria buscar o desenvolvimento cientıfico e incompatıvel com a
hip´ otese de que os homens s˜ ao criaturas, segundo a eloquencia de SantoAgostinho, “repulsivas. . . deformadas. . . s´ ordidas.. . maculadas.. . e ul-cerosas”, inexoravelmente (e compreensivelmente) condenadas a perdic˜ aopor uma divindade ultrajada.
Por que a Igreja medieval perseguiu os livre-pensadores que ousaram de-safiar a ortodoxia? Porque, como um exemplo hist´ orico perfeito de religi˜ aoem estado puro, ela foi necessariamente uma instituic˜ ao de puro autori-tarismo. Ela concebia a si pr´ opria como o intermedi´ ario entre Deus e ohomem desesperadamente caıdo, que n˜ ao poderia aspirar a ascens˜ ao sem sua intercess˜ ao. Sua ortodoxia era literalmente a palavra de Deus; qualquer desvio era uma afronta ao representante de Deus sobre a Terra, portanto ao
pr´ oprio Deus – e era, consequentemente, profundamente intoler´ avel. Onde os homens n˜ ao possuem nenhuma capacidade para melhorar seu quinh˜ aoterreno – muito menos salvarem-se a si pr´ oprios – e s˜ ao completamente de-pendentes da Igreja de Deus, qualquer crıtica a ela e um ataque a divindade e solapa a ´ unica instituic˜ ao capaz de trazer aos homens a redenc˜ ao. Tolerar a independencia de pensamento, dada a essencia desprezıvel dos homens, e tolerar a inevit´ avel rebeli˜ ao espiritual. Para que o homem seja salvo de sua natureza irremediavelmente pecaminosa, sua mente deve ser agrilhoada.
(A Igreja Contra A Razao/Andrew Bernstein/Publicacao Eletronica)
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Conclusao
Finalizando, desejo exprimir a esperanca de que . . . a matem´ atica possa servir agora como modelo para a soluc˜ ao de muitos problemas de nossa epoca: revelar um objetivo religioso supremo e avaliar o significado da ativi-dade espiritual da humanidade. (I.R. Shafarevich)
Nota: Com este livro pretendemos ter dado uma pequena contribuicao paraa realizacao do sonho do matematico russo Igor Shafarevich.
O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos
Na fronteira de um mundo alucinadoCavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos
(Cancao Agalopada/Ze Ramalho)
Eu agradeco os primores que
eu recebo eu agradeco e so posso
agradecer. . .
(Mario/D. Deolinda)Um ser divino transformado
em lıquido vem acordar o nosso
espırito. (Odemir Raulino)
Desejo deixar registrado aqui minha incomensuravel gratidao a minha
mestra planta e planta mestra, ayahuasca, por esse trabalho conjunto.
P a b l o
A m a r i n g o
P a b l o
A m
ari n g o
Desgarrar muitos do rebanho − foi para isso que eu vim. Devem voci- ferar contra mim povo e rebanho: rapinante quer chamar-se Zaratustra para os pastores.
Pastores digo eu, mas eles se denominam bons e justos. Pastores digoeu: mas eles se denominam os crentes da verdadeira crenca.
Vedes os bons e justos! Quem eles odeiam mais? Aquele que quebra suas t´ abuas de valores, o quebrador, o infrator: − mas este e o criador.
Vedes os crentes de toda crenca! Quem eles odeiam mais? Aquele que quebra suas t´ abuas de valores, o quebrador, o infrator: − mas este e ocriador. [. . .]
Mutac˜ ao dos valores − essa e a mutac˜ ao daqueles que criam. Sempre aniquila, quem quer ser um criador.
Vigiai e escutai, ´ o solit´ arios! Do futuro chegam ventos com misteriosas batidas de asa; e para ouvidos finos h´ a boa notıcia.
V´ os solit´ arios de hoje, v´ os que vos apartais, havereis um dia de ser um povo: de v´ os, que vos elegestes a v´ os pr´ oprios, h´ a de crescer um povo eleito:− e dele o alem-do-homem. (Nietzsche/Assim Falou Zaratustra)
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(p. 116) Vejamos a definicao matematica do que seja um cırculo:
“Cırculo e o lugar geometrico de todos os pontos de um planoque estao localizados a uma mesma distancia r de um ponto fixodenominado o centro do cırculo.”
Por exemplo, para se medir a distancia entre dois pontos no plano, alemda distancia usual (ou euclidiana),
d(x, y) =
(x1 − y
1)2 + (x
2 − y
2)2
estudada no ensino medio, existe mais a seguinte (dentre outras):
D(x, y) = max|x
1 − y
1|, |x
2 − y
2|
onde x = (x1
, x2
) e y = (y1
, y2
). Na formula acima max significa maximo,
maior. Entre chaves teremos dois valores, tomamos o maior deles como sendoa distancia entre os pontos. Por exemplo, apenas para ilustrar, calculemosas distancias entre os pontos: x = (1, 1) e y = (4, 5). Temos,
d(x, y) =
(1 − 4)2 + (1 − 5)2 =
32 + 42 =√
9 + 16 =√
25 = 5
e,D(x, y) = max
|1 − 4|, |1 − 5| = max
3, 4
= 4
0
⊡
(1, 1)
(4, 5)
5 4
1
1
−1
−1
Na figura ao lado assinalamosestas duas distancias. Na figura dadireita temos um cırculo de centrona origem, (0, 0), e raio r = 1, se-
gundo a distancia D vista acima.
O plano cartesiano (PC) munido de uma dada distancia e o que, em nossopresente contexto, chamamos de uma “estrutura cognitiva de referencia”(ECR). Entao,
( PC, d ) −→ este par e uma ECR
( PC, D ) −→ este par e uma outra ECR
Sendo assim, temos:
− Para esta ECR ( PC, d ) e falsoque a figura ao lado e um cırculo.
− Para esta ECR ( PC, D ) e verdade
que a figura ao lado e um cırculo.
1
1
−1
−1
Nota: Cada ECR acima constitue um “domınio de verdade ”, no dizer deMaturana, pagina 84.
E tambem um “sistema”, no dizer do Denis Huisman na mesma pagina.
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Capıtulo 5
VIDA APOS A MORTE
Tudo isso, que a primeira vista parece excesso de irraz˜ ao,na verdade e o efeito da finura e da extens˜ ao do espırito humanoe o metodo para encontrar ver-dades ate ent˜ ao desconhecidas.
(Voltaire)
Introducao:
Quando dou um trabalho (livro ou artigo) por concluido e muito comumeu ainda continuar trabalhando no mesmo − por uma especie de “inercia” −por muito tempo. E o caso do presente livro que ja foi “concluido” pelo aomenos umas quatro vezes. Decidi incluir mais este capıtulo (em 12.05.2014)
por conta de mais informacoes que me chegam − falo de inspiracao.Gostaria de acrescentar mais algumas informacoes sobre o tema “vida
ap´ os a morte ”, em continuacao a subsecao 2.1.4 (p. 94).Quando procurei um pensamento para epıgrafe deste capıtulo nao encon-
trei nada mais representativo (significativo) que o texto acima do eminente
filosofo Voltaire.Creio piamente − de sobejo − que as grandes verdades sao mesmo para-
doxais (“excesso de irrazao”). Encontrei uma solucao (perspectiva) para omega enigma “vida ap´ os a morte ” solucao esta que achei tao paradoxalque eu mesmo demorei a acreditar “que seria por aı ”. Nao, nao podeser, exclamei! . . . Posteriormente, apos algumas ponderacoes, tudo foi seencaixando, tornando-se perfeitamente logico, coerente, tanto e que decidisentar para escrever mais este capıtulo.
Deixo aqui este registro como uma possıvel contribuicao a outros estu-diosos do tema, afinal nunca se sabe os caminhos que a vida pode tomar.
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Duas convencoes
Para evitar repeticoes denominaremos a seguinte citacao sobre Buda de“O estado do Buda ”:
O Estado do Buda
Quando Buda atingiu, alguem lhe perguntou: “O que voce atingiu?”
Ele riu e disse: “N˜ ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo. Pelo contr´ ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensa-mentos, minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuıa;perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo issoe agora existo como puro nada. Mas essa e a minha aquisic˜ ao.”
E a seguinte citacao do cientista Francis Crick como “O espinho de Crick ”∗:
O Espinho de Crick
Voce, suas alegrias e tristezas, suas mem´ orias e ambic˜ oes, sua noc˜ ao de identidade e seu livre-arbıtrio nada mais s˜ ao do que a interac˜ aode um vasto conjunto de celulas nervosas . . .
5.1 A morte e mais uma criacao da mente humana
Esta e uma afirmacao paradoxal, reconheco. Ja argumentamos alhuresque tudo no Universo “observavel”, ate mesmo uma pedra, e uma criacaoda mente humana. Neste capıtulo defendemos a tese de que neste tudopodemos incluir ate mesmo a morte. Ou ainda: a questao de sobreviverapos a morte torna-se meramente uma questao de “escolha do observador”− como estaremos elucidando. Cada um sera o “salvador” de si mesmo.
A morte, reitero, e uma criacao da mente humana, do ego humano.
Confesso que, a princıpio, eu mesmo nao acreditei quando esta afirmacaose insinuou na minha mente. Mas a logica − nao a euclidiana − foi taoirrefutavel que nao conseguir resistir. Creio piamente ter encontrado, dentroda teologia quantica, a solucao para este enigma que tem desafiado todosos mais eminentes pensadores − teologos e filosofos − ao longo de seculos emilenios. Reitero:
A morte e uma criac~ao da mente∗Posto que o considero um “espinho na carne ” dos que defendem a sobrevivencia do
ego (identidade) fora do corpo, a exemplo dos Espıritas.
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A morte e uma ficcao, uma “ilusao de otica” (cognicao), ouca mais
uma vez:
A morte e uma criac~ao do egoOuca mais uma vez:
Tudo isso, que a primeira vista parece excesso de irraz˜ ao, na verdade e oefeito da finura e da extens˜ ao do espırito humano e o metodo para encontrar verdades ate ent˜ ao desconhecidas.
O leitor, incredulo, argumentaria: e isto aı que meus olhos me mostram
nao e a morte? ou e o que?
Pois e amigo leitor, foi assim que durante seculos e milenios a hu-manidade foi visceralmente programada para acreditar na morte. Lembradaquela ilusao de otica?
Nesta ilusao e a mente do observador que escolhe o que quer ve: se uma bela jovem ou se uma velha bruxa. Similarmente, a essencia de meus argumentosno presente capıtulo consiste nisto: ve a morte (ou nao) nas imagens acimae uma mera questao de escolha!
Ou ainda, de uma outra perspectiva:
Se voce se identifica com a forma
(corpo) entao para voce a morte certamenteexistira. Se voce nao se identifica com aforma entao para voce certamente a mortenao existira. E uma mera questao de es-colha.
E tao simples assim? Respondo: e tao simples assim!
Veja leitor: Quando Buda proferiu as palavras constantes no “o estadodo Buda ”, ele nao estava tergiversando − jogando conversa fora −, poisBuda nao foi padre, nao foi um teologo, nao era um pastor.
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Quando o grande mıstico Kabir proferiu as seguintes palavras (p. 39)
“Olhe a ironia disso. Quando eu estou, Deus n˜ ao est´ a; agora Deus est´ a, e eu n˜ ao estou.”
ele nao estava a palrear − discussando no vazio −, pois Kabir nao foi padre,nao foi um teologo, nao era um pastor.
Existe um ditado popular que reza: “S´ o temos uma certeza: a de que todos vamos morrer ”. Confesso que eu ja nao tenho esta certeza.
O oposto de uma verdade e
mentira, mas o oposto de uma ver-
dade profunda pode muito bem ser
outra verdade profunda.(Niels Bohr/fısico)
Vamos traduzir esta afirmativa do eminente fısico de uma nova perspec-tiva (parafrase). Inicialmente estabelecemos:
Variavel: x = homem, p(x) : x morre.
Entao, p(x) e uma proposicao − sobre a variavel homem − que afirma: ohomem morre . Vamos enunciar uma outra proposicao:
q (x) : ∀ x ; p(x)
A proposicao q (x) afirma que todo homem morre. Esta e uma verdade profunda . Vamos negar esta proposicao:
q (x) : ∀ x ; p(x) ⇐⇒ ∃ x ; p(x)
Traduzindo: a negacao desta verdade profunda e que “existe um homem(ou pelo ao menos um) que nao morre”. Ora, mas segundo Bohr, a negacaode uma verdade profunda pode muito bem ser uma outra verdade profunda.Devemos exibir um exemplo de um homem que nao morreu.
Respaldado no “o estado do Buda ” (p. 176) afirmo que este homemfoi Buda. Quem existe como puro Nada nao pode morrer, certamente nao
morre.
Uma gota de orvalho escorrendo
da folha de lotus para dentro do
oceano. . . Voce pode pensar que a po-
bre gota esta perdida, perdeu sua iden-
tidade. Mas olhe de um outro ponto de
vista: a gota se tornou o oceano. Ela nao
perdeu nada, tornou-se vasta. Tornou-se
oceanica. (Osho)
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Olhe de um outro ponto de vista, de uma nova perspectiva: A gota (ego)
tornou-se oceanica.Quando a gota (ego) “decidiu” separar-se do Oceano “num mesmo pa-
cote est´ a inclusa a morte ”.
Reiteramos: E um binomio inseparavel:Existencia (vida) ↔ Morte.
O preco a ser pago por qualquer exis-tencia, e a morte subsequente.
O que e o ego? Respondemos: uma tentativa de sobrevivencia a partedo Oceano
− Oceano de Consciencia.
A criacao de um Deus, o mimetizar-se com as cores de uma religiao,
- Mimetismo catolico - Mimetismo evangelico - Mimetismo judeu
tudo isto sao estrategias que o ego cria para sua propria sobrevivencia.
- Coruja - Mariposa - Gafanhoto
E neste contexto que afirmo que a morte e uma criacao do ego (damente): quando ele ve-se separado do oceano. Ao contrario, a gota podever-se como o oceano; neste caso podemos falar de que a imortalidade epossıvel, podemos entender que a morte e uma ilusao.
Resumindo: A morte, e tambem a vida, sao criacoes da mente; ou ainda,existem porque a mente existe.
Pretendo me situar no seguinte contexto: (p. 168)
Todos os fenˆ omenos [tanto perceptıveis quanto conceituais ] podem ser postulados como existentes apenas em relac˜ ao a uma estrutura cognitiva de referencia .
Nestes fenomenos “tanto perceptıveis quanto conceituais ” estao inclui-das a vida e a morte, e isto o que eu quero dizer.
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A estrutura cognitiva de referencia − em relacao a qual a morte existe
− e a mente. Ate aqui (quase) nenhuma novidade, a novidade esta em quee possıvel deletar a mente (a exemplo de Buda, Kabir, etc.), quando entaoa morte nao existira. E este o ponto de vista assumido por Buda, Kabir,Osho e tantos outros mestres iluminados.
Entao, retomando, como este e um tema por demais abstrato, principal-mente para o Ocidente − condicionado por seculos e milenios pela teologiaclassica (de padres e pastores) −, vamos tentar iluminar esta questao poroutros angulos.
Vejamos duas analogias:
1a ) Eletricidade. Consideremos novamente a figura
(hardware)
ImagemMusica
Choque (morte)
Luz
CalorVento
Gelo
Luz Branca
Eletricidade + Hardware
(Absoluto) (Cerebro)
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uma mesma eletricidade fornece “vida” a varios hardwares (“vivifica-os”),
mas a eletricidade mesma nao possui vida (“identidade”). A “identidade”esta em cada um dos aparelhos. Apenas uma analogia, reitero.
Se um aparelho (hardware) “pifa” dizemos que o “aparelho morreu”.Voltando-nos um momento para a eletricidade, dizemos que ela tambemmorreu? A essencia de nossos argumentos subsequentes reside aqui: em quepor uma mudanca de perspectiva podemos nos ver como a eletricidade, enao como o aparelho.
2a ) O prisma. Na figura a seguir
Luz Branca
Absoluto
Vacuo
“Ego”(Mente)(Cerebro)
AmorMisericordia
Vida
Inteligencia
MorteIra
Depressao
vida e morte sao duas das cores apos o prisma.
Retirando-se o prisma (mente) o que acontece?
Luz Branca
Absoluto
Vacuo
Entra-se num estado de “pura luz (Consciencia)”, a Vida (identidade) ea morte ja nao existem. A questao e: pode-se retirar a mente ? Este eprecisamente “o estado do Buda ”.
C o n s c i e n
c i a
Mente p e ns a me nt o s
Buda deletaa mente.
→ →
A figura ao lado ilustra como ocorre “oestado do Buda”. A vida e a morte sao duascores apos o prisma. Buda, via meditacao,consegue fundir (somar) todas as cores ob-tendo de volta a luz branca (estado de puraConsciencia), neste estado a vida e a mortedeixam de existir.
“Existo como puro Nada”.
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Vejamos de uma outra perspectiva como a mente cria a vida e a morte:
M o r t e V
i d a
Todas as dualidades − a vida e a morte e uma duali-
dade − sao criadas pela mente. E esta ondulacao no placido
Oceano de Consciencia que cria a mente e esta cria a vida e a
morte. Pela meditacao o mıstico extingue estas ondulacoes,
ele proprio deixa de existir, se funde ao oceano, com isto o
binomio dual vida e morte ja nao existem.
Da perspectiva do Absoluto (Oceano sem ondulacao,
sem identidade) nao existe a morte e nem a vida, embora
estejam Nele como potencialidades que surgem a partir da mente (ondulacao).
Para que estas afirmacoes nao fiquem num plano “puramente abstrato”para o leitor, vejamos uma analogia: Quando voce leitor esta dormindo,voce deixa de existir, esta sem mente e, com isto, para voce nao existe nema morte e nem a vida.
Esta e apenas uma (imperfeita) analogia, a diferenca e que o mıstico naoesta dormindo, mas sim consciente. Fundiu-se ao Oceano de Consciencia,perdeu sua individualidade (eu, ego).
Ou ainda, de uma outra perspectiva:
Os indivıduos (egos) ao lado estao mor-tos para a mente (ou “estrutura cognitiva de re-
ferencia”) do leitor. Mas nao para “eles proprios”,uma vez que eles ja nao existem como indivıduos(suas mentes ja nao existem).
Observe:
Eu havia reconhecido o fato de que eu n˜ ao existia − n˜ ao podia ent˜ aodepender de mim mesmo, n˜ ao podia me pˆ or de pe no meu pr´ oprio solo.N˜ ao havia solo sob meus pes; eu estava sobre um abismo. . . um abismosem fundo. Mas n˜ ao havia medo porque n˜ ao havia nada para ser prote-gido. N˜ ao existia medo porque n˜ ao havia ninguem para ter medo.
(Osho/Autobiografia, p. 84)
me d o s , j a n˜ a o e x i s t e m
P e ns a me nt o s S e n t i m e n t o s
A gota (onda, ego) desfaz-se,
mas o Oceano (Consciencia) per-
manece, e ‘imortal’. Mas olhe de
um outro ponto de vista: a gota se
tornou o oceano. Ela n˜ ao perdeu
nada, tornou-se vasta. Tornou-se oceˆ anica .
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Resumindo: pelos argumentos expostos, concluo que a questao da “so-
brevivencia apos a morte” consiste numa “transicao gradual” do ego (gota)para a Consciencia (Oceano), posto que o ego, este mesmo, nao sobrevive.
Para a teologia classica − que insiste na sobrevivencia (do ego, in-divıduo) apos a morte − coloco o seguinte questionamento: sendo o in-divıduo um arquivo codificado quimicamente no cerebro, como advoga o ci-entista Francis Crick − via “o espinho de Crick ” − em desaparecendo este“vasto conjunto de celulas nervosas” para aonde vai o indivıduo? . . . seriapor acaso para o paraıso?
Voce e um arquivo codificado quimicamente:
Perguntamos: um arquivo roda (e executado)
sem um hardware que o decodifique?
Voce, suas alegrias e tristezas,
suas memorias e ambicoes,
sua nocao de identidade [. . . ]
nada mais sao do que a inte-
racao de um vasto conjunto de
celulas nervosas.
(“O Espinho de Crick”)
Sugiro a leitura da pagina 98.
A luz existe?O “eu” (ego) existe tanto quanto a luz existe. Com isto quero dizer
que assim como a luz nao existe independentemente de um “observador”(olho), o som nao existe independentemente de um “observador” (ouvido),de igual modo o ego (eu) nao existe independentemente do cerebro. Istoesta de acordo com o “espinho de Crick”.
Resumindo: a pergunta existe vida ap´ os a morte ?
Respondo: Existe luz independentemente de um observador?
Ou ainda: O ego (eu) existe apos a “morte” tanto quanto a luz existena ausencia de um olho, e o som na ausencia de um ouvido.
− Nos fomos condicionados (programados) por seculos e milenios a acreditarque a luz existe “la fora”, isto e, independentemente do cerebro. De modosimilar, fomos condicionados a crer que a vida (ego, eu) existe independen-temente do cerebro − de uma “estrutura cognitiva de referencia”.
Novamente: a pergunta: existe vida ap´ os a morte ?. Tente responder aquestao: Existe luz independentemente da mente? independentemente docerebro?.
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Assim como a mente (cerebro) cria a luz tambem cria o eu (ego). O ego e
um fenomeno, assim como a luz ou o som. Querer existir independentementedo cerebro (mente) e como querer que a luz exista sem um olho e o som semum ouvido.
De uma outra perspectiva:
A mente apenas faz voce relutar em ultrapassar as barreiras da mente,porque alem das barreiras da mente voce n˜ ao existe mais. (p. 38)
Aquilo que nao existe nao morre.
− Quando o sol se esconde a noite entao surgem as estrelas, de modo simi-lar, quando o Absoluto se “esconde”∗ surgem as “estrelas”, isto e, toda aexistencia, em particular, o ego, a vida, etc.
A mente provoca um “eclipse” no Absoluto, permitindo assim que as“estrelas” venham a existencia.
Entenda que estas “estrelas” incluem tudo o que existe, inclusive amorte e a vida. Reitero, deletando a mente (a “estrutura cognitiva de re-ferencia”) todos os conceitos desaparecem, inclusive a vida e a morte.
5.2 Navegar e preciso, morrer nao e preciso
De todo o exposto, a pergunta: Existe vida apos a morte? Respon-demos com um rotundo nao!
Claro, estamos nos referindo a permanencia de uma identidade pessoalapos a falencia organica.
Agora vamos formular uma outra pergunta cuja resposta − por incrıvele paradoxal que pareca − e pela afirmativa.
Existe a possibilidade de nao se passar pela morte?
Ou ainda: Pode-se driblar a morte?
Creio sinceramente que a resposta a estas perguntas e um rotundo: sim!.
Vamos argumentar no sentido de defender esta tese.
Poderia citar inumeros exemplos na matematica de problemas que foramdebelados por uma simples mudanca de perspectiva . Ou ainda, de novos uni-versos matematicos que se descortinaram por uma simples mudanca de pers-
pectiva. As geometrias nao euclidianas e a criacao das algebras modernassao exemplos do que estamos enfatizando.
Ora, se ate hoje cientistas e filosofos se debatem com a questao dobinomio vida↔morte − ou da vida apos a morte − penso que ja esta na horade uma mudanca de perspectiva, de se ver a questao de um novo angulo, dese colocar novas perguntas.
A nova pergunta que proponho e esta: e necessario mesmo morrer?
Por mais paradoxal que pareca minha resposta e um rotundo: nao!
∗Isto e, muda de frequencia localmente, p. 50 (Idealismo).
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Eu vejo, mas nao acredito!
Acredito que o matem´ atico de-senvolve um “sentido” irredutıvel a vis˜ ao, a audic˜ ao e ao tato, que lhe permite perceber uma realidade t˜ ao palp´ avel quanto, mas bem mais est´ avel que a realidade fısica, pois n˜ ao localizada no espaco-tempo.
(Alain Connes)
Esta foi a exclamacao do matematico alemao Georg Cantor que em suaspesquisas sobre o infinito chegou a resultados tao absurdos e paradoxaisque, nao acreditando no que via, escreveu a um outro matematico para queverificasse se de fato seus “calculos” estavam corretos.
Em minhas pesquisas matematicas por mais de uma vez me vi numasituacao semelhante a de Cantor. Por exemplo, quando fiz as construcoesapresentadas na p. 85. Ainda para fornecer ao leitor mais um exemplo damagnitude dos “absurdos ” com que lidamos na matematica exibirei maisuma construcao de minha lavra; a bem da verdade uma verdadeira obra de
engenharia-matem´ atica , obra esta jamais sonhada por qualquer matematico
ou engenheiro ao longo dos seculos − assim creio, ate prova em contrario.− Enfiando um cubo dentro de uma aresta, e ainda sobra espaco!
→Aresta: Todo o cubocabe aqui dentro e
ainda sobra espaco.
Conseguimos transferir todos os pontos de umcubo (macico!) para uma de suas arestas − semguardar dois pontos em uma mesma posicao daaresta − e, o que e “pior”, ainda sobra espaco naaresta!
E isto mesmo, conseguimos guardar (armazenar) todos os pontos de umcubo (macico) em uma de suas arestas e ainda sobra espaco na aresta; isto e,posicoes nao ocupadas por pontos do cubo: Eu vejo, mas nao acredito!
E mais, consigo executar esta proeza (milagre) em dimensoes maiores,isto e, em um hipercubo. Tenho ate medo de ser chamado de mentiroso, masisto esta demonstrado em meu livro [7].
Entao, um fısico que nao precisou se esforcar para conquistar minha ad-
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miracao − por suas posicoes iconoclastas (“absurdas”) − foi John Wheeler∗.
Na Super Interessante referida em [20] encontramos a extraordinaria afirmacao:
Aos 90 anos, Wheeler esforca-se para demonstrar que o universoe real, em parte, porque n´ os o observamos. Talvez o cosmo n˜ ao exista quando n˜ ao olhamos para ele. Assim como esta revista s´ o existiria porque voce est a olhando para ela.
Coloco em destaque: (p. 44, Radin)
O universo e real, em parte, porque nos o observamos.
Ainda (parafrase):
Assim como este livro so existe porque voce esta olhando para ele.
Apenas observo que nao sou eu quem esta afirmando isto, apenas e taosomente estou de acordo. Einstein nao estaria de acordo com Wheeler.
Se o leitor tem dificuldade de aceitar esta paradoxal afirmativa, aceitepelo menos provisoriamente a de que nao existe uma unica forma de “ver omundo”:
Papagaios Psico delicos: Temos tres receptores
de cor nos olhos (para verde, azul e vermelho). Entao essas
tres sao as nossas cores primarias − e a combinacao entre elas
cria as cores do nosso mundo. Os papagaios (e outras especies
de aves, peixes e repteis) tem quatro receptores: os nossos
mais um dedicado ao ultravioleta. A combinacao desses qua-
tro cria um mundo estupidamente mais colorido que o nosso
− um mundo tao difıcil de imaginar quanto uma realidade
com quatro dimensoes, em vez das tres que agente conhece.
(Super Interessante/out. 2012)
Veja, se necessario, Dawkins, p. 104.
As cores, os sons, os odores, os sabores e as texturas n˜ ao s˜ aoatributos inerentes ao mundo objetivo, n˜ ao existem independentemente
dos nossos sentidos. Os objetos que percebemos nos parecem comple-tamente “exteriores”, mas ser´ a que possuem caracterısticas intrınsecas que definam a sua verdadeira natureza? Qual e a realidade do mundo tal como ele existe, independente de n´ os? ´ E impossıvel saber, porque a ´ unica maneira de o apreender e atraves dos nossos conceitos. Por conseguinte,segundo o buddhismo, um “mundo” independente de toda a designac˜ aoconceitual n˜ ao tem sentido para ninguem. (Publicacao eletronica)
∗John Archibald Wheeler (1911-2008), fısico americano, um dos ultimos colaboradoresde Albert Einstein.
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Aonde estamos querendo chegar com tudo isto? Estamos tentando con-
duzir o leitor a perceber que e a mente do observador que cria o universo;ora, como a morte e a vida fazem parte do universo, concluimos que estassao criacoes da mente do observador. Enfatizo a morte e a vida sao criacoesda nossa mente, do ego.
Quando n˜ ao h´ a ondulac˜ oes no lago da consciencia, a consciencia serve apenas como um espelho refletindo tudo isso − as estrelas, as ´ arvores, os pass´ aros, as pessoas, tudo isso −, simplesmente reflete isso,sem nenhuma distorc˜ ao, sem nenhuma interpretac˜ ao, sem carregar con-sigo seus preconceitos. (Osho/Zen/Cultrix)
A morte e um de tais preconceitos. O leitor ainda poderia argumentar:e possıvel viver sem pensamentos?
No contexto em que estamos argumentando, nao e necessario “viver sempensamentos”, no entanto e necessario experimentar o estado de Vazio, denao-mente, da ausencia de pensamentos. Mas lembre-se: (Maitreya)
Simplesmente proferir as palavras “o ac´ ucar e doce” n˜ ao produz a experiencia, mas se for degustado, descobre-se que o seu sabor e doce. Domesmo modo, simplesmente proferir a palavra “vacuidade” n˜ ao produz a experiencia, mas atraves da meditac˜ ao o seu sabor e experienciado.
De um outro modo: Deixa eu falar-lhes sobre uma saborosa fruta que euexperimentei quando morei em Belem-PA, o bacuri:
Bacuri: Uma fruta um pouco maior que uma laranja, contem uma polpabranca agridoce, de aroma agradavel e sabor intenso, lembra o cupuacu, etc.
O leitor poderia ate ler livros e mais livros sobre o bacuri, ou, quem sabe,ate cursar uma faculdade de agronomia e defender tese sobre o mesmo.
Com tudo isto, faltaria a experiencia, o saborear. De igual modo acon-tece com a experiencia do Vazio, sentir, “investigar” o Vazio.
“A mente n˜ ao e voce, e outro. Voce e apenas um obser-vador” (Osho)
A experiencia do Vazio e do observador sao equivalentes. Ademais, aexperiencia com o Vazio nao e unica, podemos ter varias (intensidade).
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Dissolvendo a estrutura cognitiva de referencia
Minha forma e aquela de um pequenino ponto de luz sentado na testa deste corpo, meu veıculo. (Brahma Kumaris)
Vejamos ainda mais uma ilustracao que nos mostra, de uma outra pers-pectiva, como a morte e uma criacao da mente.
Inicialmente vamos assumir que “tudo s˜ ao express˜ oes da Consciencia ”∗
e vamos tomar o espectro eletromagnetico (p. 54) como uma analogia parao espectro de vibracao da Consciencia. Entao, considere a ilustracao:
Aqui a mortesurge
Para estas conscienciasa morte nao existe
Para esta Conscienciaa morte ja nao existe
ego
Comecando pela esquerda observamos que para um animal como o gato ouum bebe nao existe a morte; digo, suas “estruturas cognitivas de referencias”(mentes) nao comportam o conceito de morte (um bebe ou um gato naopensam: “eu vou morrer”). Avancando no espectro, na faixa de luz visıvelsurge a razao (mente discursiva) quando entao, para esta estrutura cognitiva de referencia , a morte passa a existir, se faz presente.
Na ilustracao a esta mente chamamos de ego. O ego e como se fosse umanuvem; uma “nuvem quımica”, segundo Francis Crick.
A direita do espectro Buda, atraves da meditacao, atinge um estado de
Consciencia tal que sua intensidade dissipa a nuvem do ego, isto e, retira(dissipa) a estrutura cognitiva de referencia para a qual a morte existia.Sendo assim a morte deixa de existir para essa faixa do espectro de Cons-ciencia (simbolizada pelo sol na figura).
Entao, defendemos a tese de que o ego (nuvem quımica) nao sobrevivesem o cerebro. Ou ainda, no estado de Consciencia no qual Buda se encontraa nuvem foi dissipada, nao existe uma identidade, um eu: “Perdi tudo issoe agora existo como puro nada ”.
∗Veja Idealismo p. 50 e C.C.D., p. 54.
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Reitero: na Consciencia nao existe quımica, e a quımica e quem confere
a identidade de um indivıduo (Crick).Mas entao, como e possıvel que Buda “esteja aı ”, conversando, se co-
municando?Ja entrei no “o estado do Buda” por diversas vezes, sentia que a nu-
vem (ego) se dissipava frente ao sol da Consciencia, eu deixava de existir.No entanto, me perguntava, como e possıvel que eu me comunique com aspessoas?
Em minha mente nao existiam pensamentos, nem um unico sequer. Me-lhor dizendo, nao existia mente, como a concebemos.
Pois bem, a solucao mais plausıvel para este enigma encontrei no campoak´ ashico. Creio que as informacoes sao acessadas diretamente deste campo
e nao da mente. Apenas para referencia, reveja: Consciencia Cosmica, p.97; A Memoria fica realmente no cerebro?, p. 98 e o vıdeo “Vida Apos aMorte” de Hameroff e Penrose, citado na p. 99.
Entao, quando Buda afirma: “N˜ ao atingi nada, pois o que atingi sem-pre esteve comigo”, refere-se a Consciencia − tela em branco original, sobrea qual se desenhha o ego (p. 36) −, Buda e um foco de Consciencia e estefoco acessa informacoes diretamente do campo akashico, ou matriz divina,como alguns preferem.
A (re)conquista do Paraıso
Temos uma nova versao (parafrase) para a queda e consequente ex-
pulsao do homem do paraıso. Observe a ilustracao:
Aqui a morte
surge
Nesta faixa de frequencia amorte nao existe, e o paraıso.
- Espectro da Consciencia
Expulso do paraıso(Reconquista do paraıso)
Para esta Conscienciaa morte ja nao existe
ego
e g o
De fato, tudo esta na mente:
o mundo, o conhecimento,
a ignorancia, o sofrimento,
a dor e o prazer e, num certo
sentido, o proprio universo.
(Marcelo Malheiros/filosofo)
Existe dentro do homem,
em virtude de sua constitui-
cao, um ego, um eu inferior
- um Satanas, bem como
um anjo.
(Bahaullah/Profeta)
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Inicialmente, o paraıso − aquele do mito bıblico − nao foi um lugar
geografico, mas sim um estado de consciencia , que corresponde a certa faseda infancia; aquela do “bolo de areia”, do “dinheiro de folha de arvores”,etc. . . . que tempos bons aqueles! . . . e o paraıso, sem duvida!
Posteriormente a consciencia entra numa outra faixa do espectro, o egotorna-se proeminente, surge o sentimento de separacao − a gota ver-se aparte do oceano −, aqui o homem toma consciencia da morte.
Na faixa da direita do espectro o homem consegue derrotar o ego, a gotafunde-se ao Oceano, a morte deixa de existir.
Buda esta vivo ou morto?
Creio que esta pergunta nao pode ser respondida dentro da “logicaaristotelica” que comporta apenas dois estados: sim ou nao, verdadeiro oufalso. De fato, existe todo um espectro de consciencia, vida e morte sao“cores” (frequencias) dentro deste espectro.
Para me fazer melhor entender vou recorrer a uma analogia tirada dafısica quantica.
Logica classica (aristotelica)×logica quantica
qubit (o bit quantico)
Um computador classico tem uma memoriafeita de bits. Cada bit guarda um “1” ou um“0” de informacao. Um computador quantico tra-
balha com um conjunto de qubits. Um qubit podeconter um “1”, um “0” ou uma superposicaodestes. Em outras palavras, pode conter tantoum “1” como um “0” ao mesmo tempo. O computador quantico funcionapela manipulacao destes qubits.
Pois bem, da afirmativa de Buda:
[. . . ] perdi meu ego, meus pensamentos, minha mente. . . Perdi tudo oque costumava senti que possuıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existo como puro nada.”
se ele perdeu o ego, entao e obvio que ele nao existe como uma personalidade,assim eu diria que ele esta morto. Por outro lado, Buda se expressa, secomunica, e uma Consciencia, sendo assim eu diria que ele esta vivo.
O estado de Buda pode ser representado por um qubit, assim∗:
|ψ = α |0 + β |1Uma superposicao de vivo e morto. Na equacao acima α e β sao numerosrelacionados com a probabilidade de que o sistema esteja no estado “0” ou
∗Esta notac˜ ao curiosa para estados quˆ anticos foi introduzida por Dirac em 1926. O vetor de estado |ψ foi apelidado de “ket”. Veja [22], p. 23.
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“1”, respectivamente. Devem satisfazer a seguinte restricao:
|α|2 + |β |2 = 1
ψ representa a funcao de onda do “sistema”. O termo funcao de ondadesigna uma funcao que descreve o estado de um sistema fısico pela com-binacao de outros estados do mesmo sistema − estados basicos.
Entre a Vida e a Morte
Estamos afirmando que entre “vivo” e “morto” podem existir outrosestados intermediarios, vejamos mais uma analogia, assim:
|ψ = α |0 + β |1
Luz Branca
(Consciencia)
Absoluto
Superposicao
Ψ Morte “0”
Vida “1”
Os budas tem uma definic˜ ao diferente. A definic˜ ao deles consiste na consciencia. Eles n˜ ao dizem que voce est´ a vivo porque pode respirar, n˜ ao
dizem que voce est´ a vivo porque seu sangue est´ a circulando; dizem que est´ a vivo se voce est´ a desperto. Portanto, com excec˜ ao dos que despertaram,ninguem realmente est´ a vivo. Voce e um corpo − andando, falando, fazendocoisas − voce e um rob o. (Osho/Consciencia)
logica classica (aristotelica)×logica quantica
O gato de Schrodinger
Uma experiencia imaginaria - elaborada pelo fısico austrıaco
Erwin Schrodinger - , na qual um gato, no papel de cobaia,
esta vivo e morto ao mesmo tempo!
|ψ = 1√ 2 |0 + 1√
2 |1
Schrodinger propos, em 1926, a seguinte equacao:
− ℏ 2
2m
∂ 2 Ψ(x, t)
∂x2 + V (x, t) Ψ(x, t) = i ℏ
∂ Ψ(x, t)
∂t
para a descricao das ondas de materia, postuladas por Louis de Broglie em1924, em sua tese de doutorado apresentada a Faculdade de Ciencias daUniversidade de Paris.
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A Observacao cria a Realidade
Onda e partıcula sao duas formas complementares
de existencia, que se manifestam apenas apos o objeto
quantico [atomo, eletron] ter entrado em contato com
o observador. Antes desse contato, o objeto quantico
nao e nem partıcula nem onda. De fato, antes do con-
tato, nao podemos nem mesmo dizer se o objeto existe
ou nao. (Marcelo Gleiser/fısico)
O gato de Schrodinger
Colapso da funcao de onda Ψ
Vejamos um exemplo didatico (analogia) para que o leitor se de conta deque os conceitos de superposic˜ ao de estado, func˜ ao de onda, colapso, etc.,estao bem presentes em nosso dia a dia.
Suponhamos dez pessoas frente a uma
mesma obra de arte, peca a cada uma
delas que descreva como compreende (in-
terpreta) o quadro a sua frente. Existe
uma grande chance de que tenhamos dez
interpretacoes distintas. De outro modo:
podemos dizer que o quadro comporta to-
das estas interpretacaes; ou ainda: e uma superposicao de todas estas possibilidades.Cada observador “colapsou” uma de varias possibilidades (estados).
Ψ = ψ1 + ψ
2 + · · · + ψ
10 + · · ·
- Este livro (“O Deus Quantico”) tambem e uma
superposicao de possibilidades (perspectivas),
desde uma chave que liberta ate uma pedra
de carvao, ou pedra vulgar (p. 6).
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Voltamos a enfatizar: a questao de se existe ou nao vida apos a morte
deve levar em conta outras possibilidades, alem de sim ou nao; esta e a teseque defendemos. E para que o leitor nao fique com a sensacao de que estas“esquisitices quanticas” so acontecem no submundo quantico (microscopico)vejamos, an passant, dois artigos que encontrei na internet:
Cientistas criam novo tipo de materia, que esta viva e morta ao mesmotempo - Entenda
“Uma equipe de cientistas norte-americanos conseguiu criar a primeiramateria que esta viva e morta ao mesmo tempo. Trata-se de um compostohıbrido que combina celulas bacterianas e elementos nao vivos, que sao ca-pazes de conduzir eletricidade e gerar luz.
A descoberta se deu no Instituto Tecnologico de Massachusetts, onde osespecialistas criaram a biopelıcula de Escherina coli, uma bacteria presenteno intestino da maioria dos animais, inclusive nos humanos. [ . . . ]”
Um outro artigo do genero com o qual me deparei tinha por tıtulo:
Cientistas descobrem bacterias “mortas-vivas” no fundo do mar.
Reencarnacao×Renascimento
Esta minha investigacao sobre o tema morte foi uma pesquisa absoluta-mente livre − como menciono na p. 94 −, sem medo da morte, sem desejarsobreviver e, ademais, sem nenhum vınculo com qualquer religiao.
Ao termino, me dei conta de que minhas conclusoes mais se aproximamdo renascimento − defendido por algumas vertentes orientais, como o bu-dismo, por exemplo − que da reencarnac˜ ao, defendida pelo espiritismo, porexemplo.
A concepcao do renascimento e menos difundida no Ocidente que a dareencarnacao, razao porque vou transcrever apenas a parte inicial de umartigo que encontrei na internet.
O Budismo e a Reencarnacaopor Michael Beisert
1. O Budismo acredita na reencarnacao?
O Budismo nao ensina a reencarnacao, o Budismo acredita no renasci-mento.
2. Qual e a diferenca entre reencarnacao e renascimento?
A reencarnacao e a ideia da existencia de um espırito separado do corpo;
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com a morte do corpo esse mesmo espırito reassume uma outra forma ma-
terial e segue evoluindo. O renascimento na concepcao Budista nao e atransmigracao de um espırito, de uma identidade substancial, mas a con-tinuidade de um processo, um fluxo do devir, no qual vidas sucessivas estaoconectadas umas as outras atraves de causas e condicoes. Esse processoou fluxo nao ocorre apenas com a morte mas esta presente constantementenas nossas vidas. Nos estamos em constante mudanca, com cada momentonas nossas vidas surgindo na dependencia do momento anterior, que deixoude existir. E um pouco parecido com a correnteza de um rio, a correntezafluindo continuamente sem cessar. Nao e possıvel entrar no mesmo rio duasvezes.
Podemos ilustrar o renascimento com um sımile, e como se a chama de
uma vela fosse empregada para acender uma outra vela e nesse processoa primeira vela fosse apagada. A chama da segunda vela surgiu na de-pendencia da primeira vela, ou seja, tem uma conexao com ela, mas a chamada segunda vela nao e identica a primeira. Entao, as duas chamas possuemuma ligacao mas nao sao identicas.
[ . . . ] (p. 199)
4. Como a consciencia migra de um corpo para outro?Imagine as ondas de radio. As ondas de radio nao sao compostas de palavrasou notas musicais mas de energia em distintas frequencias que sao transmi-tidas atraves do espaco e atraıdas e capturadas por um receptor no qual semanifestam como palavras e musica. Algo similar ocorre com a consciencia.
Ao morrer, a energia mental cruza o espaco e se une ao esperma e o ovulopara formar o novo ser. O zigoto e a consciencia se desenvolvem atraves deuma relacao de mutua dependencia e influencia. (Fim da transcricao)
Como afirmei anteriormente minhas pesquisas sobre o tema “vida ap´ os a morte ” se deram independente de qualquer contexto religioso − e sem receiode onde elas poderiam me levar −, nao obstante, e notoria a coincidencia(harmonia) entre a resposta anterior e minhas conclusoes como expostas nocontexto da pagina 98.
A estas alturas, desnecessario e dizer que nao sou budista − nao ad-mito nenhum rotulo (“tatuagem”) sobre minha pele −, nao tenho “culpa”
se minhas experiencias com o vazio coincidem com as de Buda.Adendo: Melhor dizendo, creio que minhas experiencias foram mais inten-sas que as de Buda, em “potencia”, nao em duracao. Digo, foram maisintensas pelo fato de que eu me utilizava de um “potente microsc´ opio”, aayahuasca. Apenas a tıtulo de registro, a minha mais recente (“ultima”)experiencia do genero deu-se no domingo (15.06.2014) − estou redigindo estanota dez dias apos (em 24.06.2014) −, a intensidade do Vazio foi tao forte eracomo se existisse uma “pressao negativa” no cerebro e esta intensidade eproporcional a uma sensacao desconfortavel (angustiante) de nao existencia.Tentei segurar por alguns minutos, vendo que nao ia suportar deitei-me; pois
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na horizontal, dei-me conta, por experiencias anteriores, que a “pressao” no
cerebro diminue. Foi o que aconteceu, mas ainda assim a forte sensacao denao existencia teimava em persistir, achei que nao ia aguentar, foi quandotive a ideia de chamar alguem para ficar ao meu lado conversando parame ajudar a “baixar” ao corpo. De fato funcionou, apos um dez minutosde dialogo percebi que meu “eu” (ego) estava sendo reconstruido de volta,estava sendo montado em meu cerebro. Como ja mencionei, creio que asinformacoes sao buscadas em um “campo akashico”.
Apos algum tempo sentir que a sensacao de vazio tornou-se suportavel,foi quando levantei-me, ainda com uma sensacao de nao existencia, emborasuportavel. Nesta mesma experiencia percebi claramente que existem peloao menos duas intensidades de vazio, o que significa dizer duas “intensi-
dades” de “nao-existencia”. A primeira, como disse, quase insurpotavel, asegunda bem mais amena.
Eu levei minha pr´ opria cinza a montanha, uma chama mais clara in-ventei para mim. E vede! O espectro se afastou de mim!
Numa experiencia anterior a esta relatada tive uma sensacao de vazio −isto e, nao-existencia − que me deixou uma duradoura sensacao de extase, decompletude. Se nao existe um ego, um “eu” entao nao existe falta de nada,nao existe nenhuma necessidade, uma vez que tudo isto surge na mente, s aoexigencias da mente . . . se esta nao existe, o Vazio torna-se identico ao Todoe o Todo identico ao Vazio!
Por isto Buda disse: “Mas essa e a minha aquisic˜ ao”.
Quando sei de pessoas que se curvam nas igrejas confessando-se miser´ aveis pecadoras, e tudo omais, tenho isso como desprezıvel,incompatıvel com o respeito que de-vemos a n´ os pr´ oprios.
(Bertrand Russell)
Tributo
Por oportuno, vou me permiti abrir aqui um parentesis para prestar umtributo ao eminente logico, filosofo e matematico Bertrand Russel
− e a ou-
tros tantos eminentes ateus e agnosticos∗ − que por ter sido um espırito deelevada estirpe aqui neste planeta, mesmo diante do vazio da morte mantemsua integridade intelectual e moral e nao dobra seus joelhos em busca deconsolo em possıveis fantasias religiosas, como amiude ocorre com mirıadesde pobres espıritos que nao teriam tanto a perder e a lamentar diante damorte. De fato, sao dignos de toda a minha admiracao e respeito espıritoscomo estes, a exemplo do proprio Einstein, que tanto contribuiram com a
∗Bertrand Russel, ele mesmo nao se considera ateu mas sim agnostico no sentido de quenao consegue aceitar pela razao a existencia de Deus, todavia nao nega esta possibilidade.
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evolucao da humanidade e que, nao obstante, se despedem do nosso plano
sem mendigar − as religioes − nenhuma recompensa futura.Pois bem, para muitos restam apenas duas opcoes: ou experimentam a
imortalidade † ainda em vida, ou esperam Jesus voltar.
Apenas lembro que Jesus nao e de todo confiavel, isto e, se ele falhouuma vez, podera falhar (mentir) uma segunda vez.
Em verdade vos digo que al-
guns ha, dos que aqui estao, que
nao provarao a morte ate que ve-
jam vir o Filho do homem no seu
reino. (Mt 16 : 28)
Em verdade vos digo que alguns
dos que estao aqui nao morrerao
sem terem visto o reino de Deus
vir com poder! (Mc 9 : 1)
. . . Enquanto que a experiencia da “nao-morte” pode ser conseguida aquie agora, e o que nos assegura a experiencia de Buda e a de tantos outros“investigadores da existencia” − dentre os quais me incluo.
Ego
Inversao (morte)do Ego
Este metodo para a conquistada imortalidade ate ho je − isto e,2000 anos depois − tem falhado.
“Eis que cedo venho” (Jesus)
(Ap. 22:12/Jesus mentiu?)
Ele − ego, mente,Sata, morte − naotem acesso ao Vazio.
Sua mente e lixo e confus˜ ao. Limpe-a! Torne-a uma tela em branco.A mente vazia e a melhor mente. E as pessoas que lhe tem dito que a mente vazia e a porta de acesso ao demˆ onio s˜ ao os pr´ oprios agentes dodiabo. A mente vazia est´ a mais pr´ oxima de Deus do que qualquer outra coisa. A mente vazia n˜ ao e a oficina do diabo. Ele n˜ ao pode agir onde n˜ ao h´ a pensamentos. Com o vazio, o diabo n˜ ao pode fazer absolutamente nada. Ele n˜ ao tem acesso ao vazio. (Osho/Criatividade, p. 198/Cultrix)
Observe que neste livro eu nao me limito a relatar “experiencias de ter-ceiros” − refiro-me a Buda, Osho, Kabir, etc. − mas concomitantemente faloa partir de minhas proprias experiencias com o Vazio; ademais, lembro que
†Imortalidade aqui significa ver com os “proprios olhos” (isto e, experienciar) que amorte nao existe. Saborear “o bacuri”.
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minha atividade ordinaria e a do magisterio, me considero apenas um pro-
fessor de matematica; no que diz respeito a “peregrinacoes mısticas”, nuncatrilhei os caminhos de Santiago de Compostela , nunca estive na India, naAsia; em suma, nunca me afastei do quintal de minha casa com o prop ositode buscas espirituais. Foi tao somente minha insatisfacao com toda a con-
juntura religiosa e espiritual que observo que me fez refletir por alguns anose, como consequencia, compus uma trilogia e com ela pretendo estar con-tribuindo para: (p. 6)
Desafiar essas pretensas “verdades”, desconstruir as suposicoesnas quais elas se apoiam, e a tarefa da nossa epoca.
Apenas a tıtulo informativo, como matematico eu nao apenas trabalhoem meu dia a dia com outras logicas (“outras geometrias”) como tambem
a minha propria vida e permeada por uma logica que difere da “logica co-mum”, trivial; ou ainda, daquela com a qual as pessoas comuns funcionam.Por exemplo, certa feita ja me vi estudando, me esforcando, para perder ametade do meu salario − quando troquei uma promissora carreira de engen-heiro de telecomunicacoes pela de professor.
Nao raro, tenho me recusado a ganhar mais dinheiro em minha universi-dade, isto para nao comprometer o tempo que me sobra, aplicado em minhaspesquisas e reflexoes. Ja recusei dinheiro para escrever livros de matematica,encomendados. No entanto, ja tomei dinheiro emprestado no Banco, parapublicar os meus proprios.
Inclusive, por uma opcao pessoal decidi ter um padrao de vida modestopara nao ter que ocupar meu precioso tempo a cata de dinheiro.
O presente livro que o leitor tem em maos posso afirmar que e o resultadode alguns anos de dedicacao e reflexoes, esta surgindo na sequencia de doisoutros ja publicados (com dinheiro emprestado), no entanto, esta aı leitor emtuas maos, sem te custar um unico centavo∗ ; a mim, muitas horas, anos detrabalho, tempo que eu poderia ter empregado para ganhar “mais dinheiro”− e assim elevar o padrao de vida meu e da minha famılia −, a exemplo demeus colegas de departamento.
Como disse, poderas ve-lo como um tesouro, como uma pedra preciosa− como eu proprio o vejo − ou como uma pedra vulgar, ou de carvao; fica
a criterio de cada um, ja nao me importo.
Mas a evoluc˜ ao n˜ ao acaba na mente, espera ser libertada em algo maior, em uma consciencia es-piritual e supramental. Portanto, n˜ ao h´ a raz˜ ao para colocar limites as possibilidades evolutivas tomandonossa organizac˜ ao ou status atual como definitivo.
(Sri Aurobindo)
∗Inicialmente disponibilizei gratuitamente o .pdf deste livro na internet, apenas poste-riormente decidi imprimı-lo.
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Apendice: Maior que o Todo
A vida e a morte n˜ ao s˜ ao inimigas, mas parte de um ´ unico processo. Amorte n˜ ao acaba com a vida, mas simplesmente a renova, d´ a-lhe uma nova
forma, um novo corpo, um novo plano de consciencia. Ela n˜ ao e contra a vida; observada corretamente, ela e um processo de revigoramento da vida,de rejuvenescimento da vida. O dia n˜ ao e contra a noite. . .
Na existencia, n˜ ao h´ a oposic˜ ao em nada; todos os opostos contribuem com o todo. A existencia e uma unidade orgˆ anica, ela n˜ ao exclui nada; ela e toda inclusiva.
A pessoa que consegue parar no meio vem a conhecer essa fant´ astica ex-periencia, a de que n˜ ao existem opostos, n˜ ao existem contradic˜ oes. Toda a existencia e uma s o, e nessa unidade todas as contradic˜ oes, todos os opos-tos, todos os contr´ arios desaparecem numa ´ unica unidade. Ent˜ ao a vida inclui a morte, ent˜ ao o dia inclui a noite. Uma pessoa que consegue experi-mentar essa unidade orgˆ anica fica destemida e sem nenhuma ang´ ustia ou aflic˜ ao. Pela primeira vez ela percebe sua pr´ opria vastid˜ ao, pois ela e t˜ aovasta quanto toda a existencia. No momento em que alguem transcende os opostos e vem a conhece-los como complementares, ele n˜ ao e apenas parte do todo, mas se torna o todo.
E deixe-me dizer-lhe o absurdo final. De vez em quando, em alguem comoGautama Buda, Mahavira, Chuang Tzu ou Lao Tzu, acontece de a parte se tornar maior do que o todo. Absolutamente il´ ogico e n˜ ao-matem´ atico, mas mesmo assim absolutamente correto. Um Gautama Buda n˜ ao apenas contem o todo, mas por causa de sua transformac˜ ao ele e um pouco mais do que otodo. O todo n˜ ao est´ a ciente de sua complementariedade, mas Gautama Buda est´ a, e e aı que ele transcende e se torna maior do que o todo, embora seja apenas uma parte dele. (Osho/Buda, p. 92/Cultrix)
Aqui eu (Gentil) gostaria apenas de levantar uma objecao ao mestreOsho, quando ele afirma que e “absolutamente il´ ogico e n˜ ao-matem´ atico”a parte conter o todo. Isto e verdade na matematica e logica elementaresmas nao na superior. Por exemplo, na pagina 185 exibimos um exemplode matem´ atica superior na qual a aresta de um cubo comporta (guarda)todo o cubo e ainda sobra espaco na aresta. Por tras daquela construcao
existe uma logica e matematica legıtimas . . . embora, como diria o eminentematematico alemao Georg Cantor: Eu vejo, mas n˜ ao acredito!
0 1
1
A
B
Dados dois pontos quaisquer na figuraao lado − como A e B, por exemplo − sen-tando a ponta de um lapis no primeiro pontoposso unı-los por um traco contınuo, semlevantar a ponta do lapis e sem abandonar afigura, constituida pelos quatro retangulos.Isto nao e “ilogico”, e e matematico (p. 91).
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Adendo
(29.07.2015)
Mas a questao que talvez continue a incomodar-nos na teoria do re-nascimento e o fato de ela implicar a existencia da consciencia sem suportefısico. Para o Budismo, existem varios nıveis de consciencia, que vao do maiscomum − aquele a que estamos habituados − ate um nıvel extremamentesutil.
“Distinguem-se varios nıveis de consciencia: grosseira, sutil e extrema-mente sutil. O primeiro corresponde ao funcionamento cerebral. O segundoao que chamamos intuitivamente a consciencia, ou seja, entre outras, a fa-culdade que a consciencia tem de examinar a si propria, de se interrogar
sobre a sua propria natureza e de exercer o livre-arbıtrio. Neste nıvel estaotambem incluıdas as diversas tendencias acumuladas no passado. O terceironıvel, o mais essencial, e chamado ‘luminosidade fundamental do espırito’.Corresponde a uma capacidade cognitiva pura que nao funciona no mododual sujeito-objeto e na qual nao existem pensamentos discursivos.” [. . . ]
Portanto, o Budismo reconhece nıveis de consciencia que n˜ ao dependem de um suporte fısico, dos quais o mais profundo e a luminosidade primor-dial, n˜ ao dual, que e constante.
Embora a consciencia de base esteja sempre presente, a atividade dosnıveis de consciencia mais superficiais tem tendencia para encobri-la. Quando
morremos e a atividade da nossa consciencia mais superficial cessa, a lumi-nosidade primordial manifesta-se. E ela que tem o potencial de um novoestado de existencia consciente.
(Do livro: A Arte da Vida - Os fundamentos do Budismo/Tsering Paldron)
Nota: Minhas experiencias relatadas neste livro ocorrem neste terceiro nıvelde consciencia: “Corresponde a uma capacidade cognitiva pura quenao funciona no modo dual sujeito-objeto e na qual n ao existempensamentos discursivos.” Dou testemunha de que isto e verdade.
Vejamos uma analogia com o auxılio da figura a seguir,
Terceiro Nıvel Primeiro Nıvel
- Uma vibracao noterceiro nıvel gerao primeiro nıvel, o dopensamento discursivo;aqui se origina o ego,a identidade pessoal.
Num estado profundo de meditacao, vamos do primeiro nıvel para oterceiro nıvel. Quando cessam as ondulacoes (pensamentos) entao perdemosa identidade pessoal (ego), somos apenas O Observador .
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Adendo
Como afirmei este livro ja foi concluido varias vezes, quando penso que ja disse tudo o que tinha a dizer . . . me dou conta de que ainda falta umpouco. Talvez no que se segue tenhamos apenas novas perspectivas, ou novasenfases sobre o que ja foi dito ao longo deste capıtulo − mania de professor.
Pois bem, podemos ver o utero materno como uma especie de casulopara protecao do futuro e ja presente ser.
- Casulo - Ha uma certa resistencia (trauma)
ao se ter que abandonar o casulo.
Todo “nascimento” gera crise precisamente por se esta abandonando umestado conhecido − ja assimilado − por um desconhecido.
Quando o bebe e forcado a abandonar o conforto do utero materno eentra no desconhecido a partir de um certo tempo ele comeca a criar − parasua protecao
− um novo casulo, estamos falando do ego: “minha mae”,
“meu pai”, “minha religiao”, “meu paıs”, “meu Deus”, etc.
Tudo isto, e muito mais, sao incrustac˜ oes que vao aderindo e formandoa espessa camada do ego (casulo).
e g o
Mas aı o que acontece? O que acontecee que assim como no primeiro caso, este novocasulo (ego) tambem devera um dia ser descar-tado para que a mariposa possa alcar voo (selibertar). Aqui e onde entra o pecado das re-
ligioes: elas tornam a camada do ego tao es-pessa que a crisalida nao consegue romper ocasulo e termina morrendo antes de saltar parauma nova existencia. “Pois atam fardos pesa-dos e difıceis de suportar, e os p˜ oem aos om-bros dos homens; eles, porem, nem com o dedoquerem move-los.” (Mt 23:4)
Acredito mesmo que a humanidade do futuro − “o alem do homem” −consistira precisamente nisto: “descartar o ego (identidade, casulo)”.
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E isto possıvel? Respondemos que sim, e, dentre varios testemunhos
possıveis, arrolamos dois :1o ) Quando Buda atingiu, alguem lhe perguntou: “O que voce atingiu?”
Ele riu e disse: “N˜ ao atingi nada, pois o que atingi sempre esteve comigo.Pelo contr´ ario, perdi muitas coisas; perdi meu ego, meus pensamentos,minha mente. . . Perdi tudo o que costumava senti que possuıa; perdi meu corpo, pois costumava achar que era o corpo. Perdi tudo isso e agora existocomo puro nada. Mas essa e a minha aquisic˜ ao.”
O quadro a seguir pretende ilustrar o seguinte: Buda (“budinha”) aoabandonar o primeiro casulo vai ao longo do tempo construindo um segundo,que se denomina ego, como todo ser humano. Casulo implica em protecao
mas ao mesmo tempo e uma prisao − e o caso das religioes.
Crisalida
ConscienciaEgoCasulo-1
Utero
Casulo-2
Buda, apos anos de meditacao, consegue dissolver a casca do ego e comisto a crisalida transforma-se em mariposa − Consciencia em nossa analogia.
Mesmo sabendo que Buda nao era padre, nao era teologo e nao era umpastor, mesmo assim ficaria difıcil para mim acreditar nele (“O estado doBuda”) − melhor dizendo, entende-lo.
2o ) Tenho o meu proprio testemunho, minha propria experiencia de descartedo ego. Ontem mesmo fiz uma experiencia de meditacao na qual isto acon-teceu, e ate sem traumas, sem sofrimento. A ayahuasca, como a utilizo,dissolve a casca do ego na figura acima e “liberta a Consciencia”.
E por isto que hoje (Domingo, 29.06.2014) sentei para digitar este adendo.
“Me vi navegando em um oceano de Consciencia”, sem nenhuma iden-tidade.
Podemos caracterizar o ego por um pequeno pronome possessivo: meu.
Neste estado de nao identidade, nao existindo ego, nao existe “meu”.
E mais: em correlacao com o “espinho de Crick” nao creio − como ja en-fatizei inumeras vezes − que o ego (casulo) sobreviva apos a morte organica.O casulo (incrustacoes, “agregados”) e quımica, e quımica nao sobrevive semum organismo (ou cerebro). Veja na ilustracao:
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Voce, suas alegrias e tristezas, suas
memorias e ambicoes, sua nocao de iden-tidade e seu livre-arbıtrio nada mais saodo que a interacao de um vasto conjuntode celulas nervosas . . .
O casulo (ego) sendo quımica nao sobrevive a morte fısica. No entanto,a mariposa (Consciencia) sim.
O fio que perpassa todo o processo, desde o utero materno ate o descartedo ego, e a Consciencia.
Ego
E s t e
m o r r e
ProtoconscienciaNao morre
ConscienciaO ateu olha para o ego (identi-dade, casulo) e diz: este n˜ ao so-brevive a morte orgˆ anica . Esta-mos de acordo com o ateu. Nosdiferenciamos, porem, em que euolho para a crisalida (protocons-ciencia) e digo: esta pode sobre-viver a morte organica.
Uma observacao: quando comparo a mariposa que emerge do casulo coma Consciencia nao devemos confundir esta Consciencia com o que comumente
se denomina alma ou espırito − pra falar a verdade nao sei o que e isto.O estado de Consciencia, pelo contrario, embora nao saiba definı-lo ja o
experimentei diversas vezes. A diferenca principal e que alma ou espırito,ao que parece, denota individualidade (identidade), enquanto no estado deConsciencia nao existe individualidade, nao existe um “eu”.
A proposito, ja ouvi alguns falarem: quando se abandona o ego e entra-seneste estado de Consciencia a pessoa sente-se em uniao com todo o Universo,se sente uno com a natureza, etc.
Em casos excepcionais (particulares) pode ate ser, mas esta nao e aminha experiencia. No meu caso nao existe um eu − para sentir-se uno como Todo
− simplesmente nao existe nada, e, como diz Buda: “Existo como
puro Nada”.
Minha experiencia coincide com “Consciencia Cosmica” (p. 97) exceto noque diz respeito a “Eles descrevem o que experimentam como um imenso e insond´ avel campo de consciencia dotado de inteligencia e de poder criador infinitos.”. Na verdade, minha experiencia coincide integralmente com adescricao de Sankara, p. 39.
Por oportuno, tenho uma nova interpretacao para o Satan´ as do mitobıblico; segundo entendo, este e o ego que faz parte da natureza humana,veja a que contexto me refiro:
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- Casulo (ego), Satanas.
O anjo que deve emergir do casulo.
Existe dentro do homem,em virtude de sua consti-
tuicao, um ego, um eu in-
ferior − um Satanas, bem
como um anjo.
[. . .] Por mais intricado edifıcil que isso pareca, a tarefa
ainda maior, a de converter forca
satanica em poder celestial, cabe
a Nos, e fomos habilitados a de-
sempenha-la. (Bahaullah)
E esta transicao do casulo (ego, Satanas) para a mariposa (Consciencia)o que significa “converter forca satˆ anica em poder celestial ”.
Para efeitos didaticos, numa estimativa eu diria que 75% da humanidadeencontra-se ainda totalmente prisioneira do ego (casulo); destes, um per-centual significativo sao demonios puros.
75%
Dentre estes, aos quais me refiro (demonios), estao incluidos: polıticos, pas-tores, padres, estadistas que promovem guerras, empresarios do ramo deengenhos belicos, empresarios de ramos como o do cigarro e outras drogas.
Em seguida, eu diria que 15% da humanidade comeca a se libertar datirania do ego, . . . , por ultimo, 2% eu classificaria na categoria de anjo.
Dentre estes “anjos” incluimos todos os Budas, evidentemente.
Buda significa (alem de Iluminado), totalmente desprendido do casulo:“Existo como puro nada”.
Claro, admito a possibilidade de que nestas minhas estimativas eu estejasendo extremamente generoso com a humanidade terrestre.
Nota: Na secao 3.3 (p. 128) justifico porque incluo pastores e padres entredemonios, alem do que no meu livro “Exumac˜ ao” escrevi uma secao pornome “Engenharia Teol´ ogica (ou Satˆ anica)”, denunciando algumas manipu-lacoes espurias (trampas) por parte de padres e “Santos” para salvarem adoutrina catolica do tsunami que se agiganta.
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Dissemos que o Satanas do mito bıblico entendemos como sendo o ego
humano, vejamos isto ainda de uma nova perspectiva:
Ego
Inversaodo Ego
→ →
Novamente o transportou o diabo [ego]a um monte muito alto; e mostrou-lhe todosos reinos do mundo e a gloria deles.
E disse: Tudo isto te darei se,prostrado, me adorares. (Mt 4:8-9)
O primeiro prisma representa o Ego (mente, o diabo bıblico), que abreo Vazio (Consciencia) nas “cores do mundo” e as oferece ao homem, com acondicao de te-lo como escravo. O sabio (iluminado, Buda ) e aquele que seda conta da cilada do ego e inverte suas pretensoes a seu favor.
Os budas tem uma definic˜ ao diferente. A definic˜ ao deles consiste na consciencia. Eles n˜ ao dizem que voce est´ a vivo porque pode respirar, n˜ aodizem que voce est´ a vivo porque seu sangue est´ a circulando; dizem que est´ a vivo se voce est´ a desperto. Portanto, com excec˜ ao dos que despertaram,ninguem realmente est´ a vivo. Voce e um corpo − andando, falando, fazendocoisas
− voce e um rob o. (Osho/Consciencia)
75%
Robos, escravos do ego.
Prostraram-se aos pes do ego.
Kabir
ProtoDeus Deus
ConscienciaO grande mıstico Kabir disse:
“Olhe a ironia disso. Quando eu es-
tou, Deus nao esta; agora Deus esta,
e eu nao estou. De qualquer modo,
o encontro nao se deu.” Porque para
um encontro, sao necessarias pelo ao
menos duas pessoas. “Quando eu es-
tava, Deus nao estava; agora Deus
esta, e eu nao estou.”
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Nota de Esclarecimento
Se se torna motivo dealienacao, nao necessitamos dela,pois a religiao e como umremedio: se agrava o mal, torna-se desnecessaria. (Bahaullah)
Ao longo deste livro reiteradas vezes tenho afirmado: “Toda religi˜ ao e uma pris˜ ao”, refiro-me preferencialmente a todas as religioes alienantes eescravizantes como, notadamente, judaısmo, islamismo e cristianismo − em
suas vertentes catolica e protestante.Todavia, devo esclarecer que nao apenas respeito como admiro as genuınas
formas de manifestacoes religiosas. As considero como uma especie depatrimonio da humanidade.
Uma manifestacao religiosa genuına − individual ou coletiva − nao ealienante; ademais, nao reinvidica a posse exclusiva da verdade e, por isto,nao e expansionista no sentido de impor sua verdade “aos quatro cantosdo mundo”.
Quando Jesus ordenou: “Ide a todo o mundo e pregai o evengelho . . . ”,ate aı e toleravel; entretanto quando ele, num surto psicotico, afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguem vem ao Pai sen˜ ao por mim ”
daı deduz-se que ele nao estava em plena posse de suas faculdades mentais.
A ordem expansionista dada acima aoscristaos pode ser entendida como um co-mando de programacao, que, como sesabe, tem perdurado ate os dias de hoje.E nao apenas isto, foi o comando que de-sencadeou guerras, Cruzadas e a “Santa In-quisicao”. Veja como Jesus de fato era intolerante com os que nao aceitavamsua doutrina: “E tantos quantos vos n˜ ao receberem, nem vos ouvirem, saindodali, sacudi o p´ o que estiver debaixo dos vossos pes, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo que haver´ a mais tolerˆ ancia no dia de juızo para Sodoma e Gomorra, do que para os daquela cidade ”. (Mc 6:11)
Alto la Jesus! ...nao fostes tu mesmo que respondestes a Pedro: “Naote digo que ate sete, mas setenta vezes sete.”? (p. 58)
(Sobre quantas vezes se deve perdoar um irmao)
Tenho visto, tanto entre padres quanto entre pastores, alguns se ufanaremde p ossuir um tıtulo de mestrado ou doutorado em teologia; sem falar nos“doutores em divindade”.
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Eu, particularmente, faco distincao entre inteligencia e sabedoria. Para
mim e perfeitamente possıvel que existam inteligentes burros; isto e possıvelpor conta de que para mim burro nao e o antonimo de inteligente, mas desabio. Isto e, existem muitos inteligente (e cultos) que nao sao sabios e,portanto, podem ser burros.
Por exemplo, eu nao concebo um sabio enclausurado dentro de umagaiola religiosa. Seria contraditorio.
Se voce tem alguma ideologia para se definir, voce n˜ ao e livre. Liber-dade significa nenhuma definic˜ ao. (Osho)
Assim e que um padre ou pastor burro defende sua doutrina comosendo a verdadeira, ele teria dificuldades em compreender as seguintes sabiaspalavras:
As ideias n˜ ao s˜ ao a verdade, a verdade e algo que deve ser testado di-retamente, de momento a momento. (Krishnamurti)
A sabedoria, a qual me refiro, voce pode encontra-la ate em pessoas sim-ples que nunca colocaram os pes numa universidade. Ja tive oportunidadede constatar isto por diversas vezes; encontrei homens simples, sem cultura,mais sabios que muitos dos meus colegas professores da universidade.
Ha poucos dias vi em um documentario na televisao (TV Brasil) umsabio senhor de quase 90 anos (mestre Laurentino) que cursou somente atea quinta serie se expressando assim: “Deus e uma energia que est´ a presente em todo o Universo, quem disser que j´ a viu Deus est´ a mentindo! ”.
Taı! defendo que este senhor, com apenas a quinta serie e que deveriaser um doutor em teologia, ou divindade! − Se os outros podem, por queele com toda esta argucia nao pode?
Quer dizer: um padre, ou pastor, passa anos e anos dentro de umafaculdade cursando teologia, mestrado, doutorado, grego, hebraico, etc. e,ao final, entende menos de Deus do que um “analfabeto” que cursou apenasate a quinta serie, como pode ser isto?
E voces duvidam de que um ateu pode entender mais de Deus do que,por exemplo, “Sua Santidade”, o papa? . . . Duvidam?
Pois bem, o eminente ateu Jose Saramago certa feita sentenciou:
“Deus nao existe fora da cabeca das pessoas”Para mim esta afirmacao e suficiente para conferir um tıtulo de “doutorem divindade” ao saudoso Saramago. Ver eq. divina p. 46 e Jung p. 47.
E por estas, e tantas outras razoes, que eu naoapenas admiro como tenho respeito pela praticareligiosa de uma sabia como Maria Sabina − quese utiliza do cogumelo em suas praticas de curasxamanicas − mas nao tenho por um pastor oupadre que se utilizam do “pao” e do “vinho”, res-pectivamente carne e sangue de Jesus.
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O que percute minha indignacao e a trampa de pastores e padres quandomanipulam a Bıblia com o intuito de escravizar. A proposito, e suficientedizer que lıderes religiosos e polıticos sao todos farinha do mesmo saco,nao existem diferencas exceto que os religiosos sao lobos vestidos em pele decordeiro − hipocritas. Nietzsche, foi um genio especialmente em desmascarara hipocrisia religiosa:
O que um te´ ologo considera verdadeiro n˜ ao pode n˜ ao ser falso: nissoreside praticamente um criterio de verdade. ´ E seu profundo instinto de conservac˜ ao que n˜ ao lhe permite honrar ou sequer mencionar a verdade sobqualquer ponto de vista. (Nietzsche/O Anticristo)
Vejamos um exemplo deste “profundo instinto de conservac˜ ao”:
(Papa Bento XV)
A inspiracao divina atinge todas as partesda Bıblia, sem eleicao nem distincao alguma, ee impossıvel que o mınimo erro se tenha insi-nuado no texto sagrado inspirado.
(Encıclica Spiritus Paraclitus, 1920)
E muito facil provar que o “Santo Padre” e mentiroso. Como se nao bas-tasse tudo o que ja arrolamos neste livro, o leitor, se quiser, pode consultar
a referencia [1].Nao posso respeitar este tipo de religiao, nao posso por uma simples
razao: nao sou cego e nem tenho o rabo preso .
Se o chefe de todos eles por conta deste “profundo instinto de con-servac˜ ao” e mentiroso, imagine os demais da hierarquia.
Nao obstante, respeito e admiro a religiosidade de uma Maria Sabina.
Em mim nao ha bruxaria, nao ha raiva, naoha mentira. Porque nao tenho sujeira, nao tenhopo. [. . . ] Quando os meninos [cogumelos] estavamtrabalhando dentro de meu corpo, rezei e pedi aDeus que me ajudasse a curar Marıa Ana. Poucoa pouco, senti que podia falar cada vez com mais fa-cilidade. Aproximei-me da enferma. Os meninos san-tos guiaram minhas maos para apertar seus quadris.Suavemente, fui fazendo massagem onde ela dizia que doıa. Eu falava ecantava. Sentia que cantava bonito. Dizia o que os meninos me obrigavama dizer. [...]
As Cruzadas, torturas, queimar cientistas (Giordano Bruno) e “bruxas”(Joana D’arc) em fogueiras, tudo isto e po e sujeira na estola papal.
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O que eles, os doutores teologos, nao conseguem enxergar
Amiude, tenho visto teologos padres e pastores defenderem encarni-cadamente suas respectivas doutrinas como sendo a verdade verdadeira.
Depois de tudo o que ja expus sobre este tema, vou me permitir parafinalizar, tres ilustracoes didaticas sobre “o mecanismo da verdade ”; comoeu nao tenho esperanca de que os senhores doutores teologos entendam-naspeco aos leitores que porventura entenderem que repassem aos doutores, mefazendo este favor.
1a ) E necessario que se entenda que toda verdade e uma das “cores” aposo prisma (mente):
Luz Branca
(Consciencia)
Absoluto
Ψ Verdades(Mente)
Veja, na pagina 9, quantas verdades oriundas da mente.
O fanatico e todo aquele que proclama uma verdade absoluta: a sua!
Vamos fundamentar um pouco mais nossa afirmacao. Na pagina 168foi feito o seguinte enunciado:
Todos os fenˆ omenos [tanto perceptıveis quanto conceituais ] podem ser postulados como existentes apenas em relac˜ ao a uma estrutura cognitiva de referencia .
Podemos deduzir desta extraordinaria afirmacao que “toda ver-dade” so pode ser enunciada − so faz sentido − a partir de um referencial.Vejamos um exemplo de um fenˆ omeno perceptıvel e de um conceitual .
− Perceptıvel: Tomando um mi-croscopio como a estrutura cognitiva dereferencia, isto e, do ponto de vista deum microscopio, uma formiga e comoaparece ao lado.
− Perceptıvel: Por outrolado, se a estrutura cognitiva dereferencia, isto e, o hardware adecodificar a “formiga que existela fora” e o cerebro humano, aformiga aparece como na figura.
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Conceitual: Suponhamos um observador O fixo em relacao ao solo, e
um vagao movendo-se com velocidade v em relacao ao solo. Dentro do vagaoha uma bola que se move com velocidade u (em relacao ao vagao).
∼ ≀
•
O
· ·v
u
Tomando u = v = 1 teremos que a velocidade da bola para o observadordepende de quem e este observador − a estrutura cognitiva de referencia .
− Se Galileu, entao 1 + 1 = 2;
− Se Eintein, entao 1 + 1 = 2. (p. 106)
Resumindo: Estamos fazendo todo este esforco para deixar claro aoleitor que nao existem verdades absolutas. Toda verdade e dependente deuma “estrutura cognitiva de referencia ”, isto e, de um referencial.
Por oportuno, lembramos que um quadrado pode ou nao ser um cırculo,a depender da ECR considerada (p. 174).
O mais importante: As “verdades” religiosas nao fogem a esta lei.Neste caso a estrutura cognitiva de referencia e a mente de sacerdotes,teologos, papas e pastores, reflita novamente: (p. 104)
“Na verdade” nao e um termo no qual devamos
ser ingenuos de confiar.“Na verdade”, para um pastor ou padre, e
aquilo que seu cerebro precisa que seja, para ajuda-loa sobreviver. E, como religioes diferentes vivem emmundos tao diferentes, havera uma variedade pertur-badora de “na verdade”.
Ou ainda, de uma outra perspectiva:
O que um te´ ologo considera verdadeiro n˜ ao pode n˜ ao ser falso:nisso reside praticamente um criterio de verdade. E seu profundo
instinto de conservacao que nao lhe permite honrar ou sequermencionar a verdade sob qualquer ponto de vista. (Nietzsche)
Por oportuno, aproveitando o contexto das figuras da pagina anterior(das formigas) podemos deduzir um importante corolario (aprendizado): eque o “ato de obervar cria a realidade observada ”.
E isto o que Wallace afirma em (p. 168), (ver Marcelo, p. 192)
Partıculas, como eletrons e f´ otons, n˜ ao tem localizac˜ ao definida e de fato nem mesmo existem como entidades discretas, a menos e ate que sejam medidas − elas existem apenas como abstrac˜ oes matem´ aticas.
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2a ) Vejamos porque Buda ao se iluminar nao encontrou nenhum Deus,
nenhuma verdade.
C o n s c i e n
c i a
Mentev e r d a d e s
Buda deletaa mente.
→ →
Ora, se todas as verdades − mesmoas matematicas − sao construcao da mente,deletando-se a mente (como Buda faz) re-sulta que todas as verdades desaparecem;conexo a isto, todos os Deuses desaparecem.Apos o segundo prisma e o estado de “nao-mente” no qual Buda se encontra, ali naoexistem verdades (“cores”), nenhuma ver-dade faz o menor sentido, nem mesmo a de um suposto Deus: “O tao que pode ser descrito n˜ ao e o tao real.”
O homem Sidarta se tornou Gautama Buda. E nessa iluminac˜ ao, de nirvana, ele n˜ ao encontrou nenhum Deus. (Osho/Buda, p. 36)
Ai daquele que possui uma verdade! . . . ser´ a enterrado junto com ela!
Apos o segundo prisma todas as verdades desmoronam, se esfacelamdiante da “nao-mente” − e o teorema de Nagarjuna, p. 57.
3a ) O que e a Verdade? Eis a melhor resposta que eu encontrei ate hoje:
[. . .] O que e a verdade, portanto? Um batalh˜ ao m´ ovel de met´ aforas,
metonımias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relac˜ oes humanas, que foram enfatizadas poetica e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que,ap´ os longo uso, parecem a um povo s´ olidas, canˆ onicas e obrigat´ orias.
(Nietzsche)
As verdades bıblicas − dos “livros sagrados” − sao deste tipo.
Traduzindo para o popular, eu diria que as verdades sao “incrustac˜ oes na cera do ego”, veja como na seguinte ilustracao:
- Casulo (ego).O anjo que deveria emergir do casulo.
As verdades sao in-
crustacoes que formam acera d o ego. Todo o
problema reside em que
padres e pastores se identi-
ficam com o ego, e nao com
a mariposa.
As religioes
− atraves de
suas “verdades absolutas” − tor-
nam a cera do ego sempre mais
espessa, matam a crisalida, im-
pedindo assim que a mariposa
venha a existencia.
Reforcando este importantıssimo ıtem:
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ego
Crisalida morta:
PhD em teologia.
Entao, ao se cursar uma faculdade de teolo-gia comeca-se a construir o casulo (carcere):coloca-se a primeira camada de cera. Omestrado encarrega-se de colocar uma segundacamada sobre a primeira: o ego torna-se maisespesso ainda. Com um doutorado adiciona-se ainda uma terceira camada: termina-se dematar a crisalida.
Resumindo: Os lıderes religiosos (padres, pastores, etc.) nao se daoconta que “convicc˜ oes s˜ ao pris˜ oes ” que so reforcam a casca do ego e, comisto, esquecem do mais importante: a crisalida (Consciencia).
Depois de 2000 anos continua tudo igual, como nos tempos de Jesus:Deixai-os; s˜ ao condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego,
ambos cair˜ ao na cova. (Mt 15:14)
Uma objecao ao Deus do Espiritismo
No O Livro dos Espıritos lemos a definicao (concepcao) do Deus Espırita:
1. Que e Deus?
“Deus e a inteligencia suprema, causa primaria de todas as coisas.”
Inicialmente, convenhamos que para se obter uma concepcao tao trivialquanto esta nao seria necessario a consulta de nenhum “Espırito do outro
mundo”, ate um papa ou mesmo um pastor saberia da esta definicao.Assistindo alguns vıdeos sobre a concepcao do Deus Espırita, percebi
que existe uma como que “empafia subreptıcia” por parte dos palestrantesem razao de que a concepcao do Deus deles nao e a mesma das “religioestradicionais”, de um Deus Pessoal. Dizem eles:
Deus nao e uma figura, ou seja,aquele velhinho, aquele idoso de barbas bran-cas das religioes mais tradicionais. . . a nossa,pelo contrario, e uma concepcao cientıfica,etc.
No meu entendimento, o que os Espıritas fazem com o “Deus-velhinho”das religioes tradicionais e apenas aparar a barba, pintar o cabelo e, quica,uma lipoaspiracao aqui outra acola.
Com efeito, o Deus Espırita continua p essoal: “a suprema inteligencia”,“a suprema bondade”, “o supremo amor”, “soberanamente justo”, etc.
Nao obstante estes atributos estejam sendo elevados “a potencia do in-finito”, continuam sendo atributos humanos, ora bolas!
Pelo ao menos ate prova em contrario. Sem querer entrar em detalhes,nao seria difıcil mostrar que existem contradicoes nos atributos do DeusEspırita.
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Por exemplo, vejo contradicao entre os atributos suprema justica e supremo
amor ou suprema bondade . Em poucas palavras, quem e soberanamente justo nao pode ser soberanamente amor, ou soberanamente bondade − peloao menos nao em todas as situacoes imaginaveis.
Para finalizar esta objecao vou arrolar outras concepcoes possıveis deDeus que, a meu ver, sao ate mais cientıficas que a do Espiritismo.
1a ) De uma cientista (fısica) e filosofa. (p. 31)
Se quisermos procurar “Deus” na fısica, o v´ acuo e o melhor lugar onde faze-lo.
2a ) Mestre Zen Budista.
Um mestre diz que aquele que falar de Deus atraves de qualquer
semelhanca, fala de modo simpl´ orio Dele. Mas falar de Deus atraves do ‘Nada’; e falar dele corretamente. Quando a alma unificada entra na total auto-abnegac˜ ao, encontra Deus como um Nada. (Zen budismo)
Segundo este mestre, como os Espıritas falam de Deus atraves demuitas semelhancas: supremo amor, suprema justica, suprema inteligencia,suprema bondade, etc., entao falam Dele de modo simplorio, tolo.
3a ) Sabio Lao Tse.
O Tao que pode ser descrito n˜ ao e o Tao real .
4a ) O Sabio Sankara. (p. 39)
Quanto a experiencia desta derradeira Realidade, ela e sem forma,
sem sentimentos, sem pensamentos, sem quaisquer atributos (nirguna).
5a ) Profeta Bahaullah. (p. 127)
Ele, desde tˆ oda a eternidade, se mantem livre dos atributos das criatu-ras humanas, e assim ser´ a para sempre.
6a ) O Sabio Buda.
Ele [Buda] chamou o supremo de nada, de vazio, suniata, zero. Ora,como o ego pode fazer do “zero” um objetivo? Deus pode ser transfor-mado num objetivo, mas n˜ ao o zero. Quem quer ser um zero? Pois e exatamente isso que tememos ser; todo mundo est a evitando todas as possibilidades de se tornar um zero, e Buda fez dele uma express˜ ao para
o supremo! (Osho/Buda, p. 138/Cultrix)
7a ) O filosofo Plotino. (p. 44)
Plotino entende que o Uno n˜ ao pensa, nem o exterior, porque pensar e sempre pensar algo fora, e fora dele n˜ ao existe nada; nem mesmo pode pensar a si mesmo, porque, se Ele pensasse a si mesmo, introduziria uma imagem de si em si.
Um Deus com atributos humanos serve para fundar religioese explorar os incautos, simplorios. Quem iria vender, ou melhor,quem iria comprar o Vazio, o Nada? Releia e medite Buda, acima.
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Adendos
Dei por encerrada a redacao deste livro na data de 07.07.2014, dia16.07.2014 me deparei com um texto que vem contribuir e corroborar com oessencial do que dissemos aqui no que respeita ao tema vida ap´ os a morte ,veja: (Grifos e ilustracao nossos)
Ego
C o n s
c i e n c
i a e x t e r
i o r
Protoconscienciaconsciencia latente Nao morre
ConscienciaSe descermos mais na pro-
fundidade encontraremos a cons-ciencia latente; que esta, para aconsciencia exterior e clara, comoas ondas eletricas estao para as on-das acusticas. A essa consciencia
mais profunda pertence aquela in-tuicao, e o meio perceptivo e a ele enecessario poder chegar, como vosdisse, para que vosso conhecimento possa progredir.
Vossa consciencia latente e vossa verdadeira alma eterna, existe antesdo nascimento e sobrevive a morte corporal. Quando, ao avancar, a cienciachegar ate ela, ficara demonstrada a imortalidade do espırito. Mas hojenao estais conscientes dessa profundidade, nao sois sensıveis a esse nıvel e,nao tendo em vos mesmos nenhuma sensacao, a negais. Vossa ciencia correatras de vossas sensacoes, sem suspeitar que elas podem ser superadas, e aıfica circunscrita como num carcere. Essa parte de vos mesmos esta imer-
sa em trevas, pelo menos, assim e para a grande maioria dos homens que,por conseguinte, nega; sendo maioria, faz e impoe a lei, relegando a umcampo comum de fora da normalidade e juntando em dolorosa condenacao,tanto o subnormal, isto e, o patologico ou involuıdo, como o supranormal,elemento super-evoluıdo do amanha. Neste campo, muito errou o mate-rialismo. Apenas alguns indivıduos excepcionais, precursores da evolucao,estao conscientes na consciencia interior. Esses ouvem e dizem coisas mara-vilhosas, mas vos nao os compreendeis senao muito tarde, depois que osmartirizastes. No entanto, esse e o estado normal do super-homem do fu-turo. [. . .] Quem consegue ser consciente tambem na consciencia latente ,encontra seu Eu eterno e, na vasta complexidade das vicissitudes humanas,
pode reencontrar o fio condutor ao longo do qual, logicamente, segundo umalei de justica e de equilıbrio, desenvolve-se o proprio destino. Entao, vive suavida maior na eternidade e com isso vence a morte. Ele se comunica livre-mente, mesmo na Terra, por um processo de sintonia que implica afinidadecom as correntes de pensamento, que existem alem das dimensoes de espacoe de tempo. (Pietro Ubaldi/A Grande Sıntese /21a Edicao-2001, p. 21)
Nota: Na pagina 100 falamos de duas consciencias. O destaque em azul meparece que tem a ver com o contexto da pagina 98.
Ademais, identifico a consciencia latente de Ubaldi com a consciencia espiritual e supramental de Aurobindo, p. 197.
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Ainda sobre a maior das trampas engendradas pela Religiao
Vou me permitir aqui − dada a mega importancia do tema − revisitaro contexto da pagina 22 no qual afirmei que a interpretacao do sacrifıciode Jesus para pagar os pecados da humanidade foi a maior das trampasarquitetadas pela Igreja como forma de aprisionar os coitados dos incautos.
Pois bem, minha conclusao, ou afirmativa, deriva apenas e tao somentede raciocınio, apenas isto. Posteriormente, na pagina 24, mencionei uma in-terpretacao que tambem diverge da oficial, a do psicologo Carl Gustav Jung.Como ja afirmei os teologos cristaos e pastores sao exımios manipuladores(ilusionistas, sofistas, prestidigitadores) da Bıblia, seria muito facil para elesdiscordarem da interpretacao de um psicologo e convencerem os incautos.
Entao, me deparei com um eminente ex-padre jesuıta que por tornar-se
sabio em dado momento de sua vida, teve que abandonar a Igreja, ele temuma outra versao para o sacrifıcio de Jesus.
Huberto Rohden, graduou-se em ciencias, filosofia e teologia pelas Uni-versidades de Innsbruck (Austria), Valkenburg (Holanda) e Napoles (Italia).Publicou mais de 50 (cincoenta) obras sobre ciencia, filosofia e religiao.
A proposito, afirmei na pagina 86 que a “cosmologia” catolica e protes-tante situam-se no primeiro degrau da escadinha do conhecimento. Con-sidero que o profesor Huberto Rohden interpreta a cosmologia crista a nıvelde Graduacao. A razao disto se deve, inclusive, porque ele bebeu em fontesorientais − Em 1969, Rohden empreendeu viagens de estudo e experienciaespiritual pela Palestina, Egito, India e Nepal.
Retomando, vou transcrever aqui um trecho do prefacio do livro doprofesor Rohden, “O Triunfo da morte sobre a vida”, cujo arquivo .pdf encontra-se disponıvel na internet.
Chamamos a atenc˜ ao do leitor que, ao relatarmos a paix˜ ao e morte de Jesus, n˜ ao seguimos a interpretac˜ ao tradicional dos te´ ologos, que veem na morte de Jesus um ato expiat´ orio pelos pecados da humanidade, mas seguimos as palavras do pr´ oprio Mestre e de seus primeiros discıpulos, que n˜ ao se referem a essa ideologia teol´ ogica, que e o reflexo da mentalidade da Sinagoga judaica, que matava anualmente o chamado “bode expiat´ orio”,cujo sangue era oferecido a um Deus ofendido pelos pecados de Israel. Esta
ideologia n˜ ao se encontra nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e Jo˜ ao,nem no quinto evangelho do ap´ ostolo Tome, descoberto no Egito, no ano1945. [...] ”
Paulo de Tarso, depois da sua queda dram´ atica as portas de Damascoe sua convers˜ ao ao Cristo, viu-se perplexo em face da morte volunt´ aria de Jesus, e retirou-se para os desertos da Ar´ abia, onde permaneceu tres anos, e
julgou ter descoberto o motivo dessa morte, estabelecendo um paralelo entre a crenca judaica no bode expiat´ orio e Jesus, cujo sangue nos teria purificadode todo o pecado.
A cristandade do primeiro seculo n˜ ao aceitou integralmente a ideologia
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sacrificial de Paulo no tocante a morte de Jesus. Muitos viam na morte
dele um paralelo a morte dos antigos profetas, perseguidos e mortos por seus conterrˆ aneos incipientes; apenas uma parte da cristandade primeva aceitou a interpretac˜ ao de Paulo, como explica criteriosamente Frei Leonardo Boff,no seu livro “Jesus Cristo Libertador” (Editora Vozes).
Observe que o pensamento do professor Rohden se harmoniza com o dopsicologo Jung − “Que Deus seria este que preferisse imolar o proprio Filhoa perdoar com magnanimidade as suas criaturas, . . . (p. 24)” − e vai contraa interpretacao do Apostolo Paulo. Agora o profesor denuncia a trampa:
A crenca na morte expiat´ oria de Jesus se generalizou mais tarde, em consequencia dos decretos de Concılios Eclesi´ asticos. A tentativa de provar esta ideia pelas palavras do Profeta Isaıas (capıtulo 53) n˜ ao procede, porque
o profeta, no exılio babilˆ onico, quando se refere aos sofrimentos do ebed Yahveh (servo de Deus) n˜ ao fala de Jesus, mas de Israel, cujos pecados de idolatria provocaram o sofrimento dos inocentes. [. . . ]
Eu nao consigo, por mais que me esforce, ver tudo isto com indiferenca.Caro leitor, reflita sobre as consequencias para a humanidade Ocidentaldestes atos perversos e malignos. Minhas invectivas (diatribes) contra oslıderes religiosos se devem a uma unica razao: meu nıvel de conscienciame permite ve-los como verdadeiros demonios. Astutos ate a santi-dade!. Nao se pode lidar com demonios pelas vias do “politicamente cor-reto”, vejo desta forma. Para os que apesar de tudo discordam da versao doprofessor Rohden eu tenho uma melhor: Jave, Jesus e cristianismo fazem parte de uma mesma trampa! E por isso que e tao difıcil, senao imp ossıvel,uma interpretacao harmonica da Bıblia.
Existem duas afirmacoes ja feitas neste livro que gozam da minha abso-luta confianca, razao porque desta vez vou escreve-las no m´ armore , ei-las:
Se quisermos procurar “Deus”
na fısica, o vacuo e o melhor lu-
gar onde faze-lo. Enquanto estado
basico subjacente de tudo que exis-
te, o vacuo tem todas as carac-
terısticas do Deus imanente ou da
divindade de que falam os mısticos,o Deus interior, o Deus que cria
e descobre a Si mesmo por meio
da existencia em desdobramento de
Sua criacao. (Danah Zohar/fısica)
Um mestre diz que aquele que
falar de Deus atraves de qual-
quer semelhanca, fala de modo
simplorio Dele. Mas falar de
Deus atraves do ‘Nada’; e falar
dele corretamente. Quando a
alma unificada entra na total auto-abnegacao, encontra Deus como
um Nada. (Zen budismo)
Estas duas afirmacoes, escritas no marmore, podem ser tomadas comoaxiomas para se erigir qualquer edifıcio teologico seguro. Lembro Nagarjuna.
Importante: Observe que a concepcao de Deus de Jesus envolve umasemelhanca, “O Pai”, donde concluimos que e uma concepcao simploria!
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C o v a r d e m a
l v a
d o
Tr om b a d i nh a
assaltando cegos
E s p
l ˆ e n
d i d a g a
i o l a
D o u r a
d a g a
i o l a c r i s
t ˜ a
O Passaro CativoArmas, num galho de arvore, o alcapao;E, em breve, uma avezinha descuidada,Batendo as asas cai na escravidao.
Das-lhe entao, por esplendida morada,A gaiola dourada;
Das-lhe alpiste, e agua fresca, e ovos, e tudo:Porque e que, tendo tudo, ha de ficar
O passarinho mudo,Arrepiado e triste, sem cantar?
E que, crenca, os passaros nao falam.So gorjeando a sua dor exalam,Sem que os homens os possam entender;
Se os passaros falassem,Talvez os teus ouvidos escutassemEste cativo passaro dizer:
“Nao quero o teu alpiste!Gosto mais do alimento que procuroNa mata livre em que a voar me viste;Tenho agua fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,Sem precisar de ti!
Nao quero a tua esplendida gaiola!Pois nenhuma riqueza me consolaDe haver perdido aquilo que perdi ...Prefiro o ninho humilde, construıdoDe folhas secas, placido, e escondidoEntre os galhos das arvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito a escravidao me obrigas?Quero saudar as pompas do arrebol!Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristıssimas cantigas!Por que me prendes? Solta-me covarde!Deus me deu por gaiola a imensidade:Nao me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! . . . ”
Olavo Bilac
Do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ.
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Vacuidade: Percepcao × Sensacao
Dei este livro por encerrado, pela n-esima vez, na pagina anterior como poema de Bilac. No dia seguinte (23.07.2014) fui a uma livraria de minhacidade com dois objetivos, comprar uns livros para ler e, aproveitando, acer-tar as contas em razao de que ha quase dois anos atras (precisamente em
03.08.2012) deixei nesta livraria para venda cinco exemplares do meu livro“Exumac˜ ao e Julgamento de Deus ”. Encontrei os mesmos cinco exemplares,o dono da livraria me pediu que os levasse de volta. Na pagina 20 ja haviaassinalado que em aproximadamente dois anos nunca vendi um unico exem-plar na minha Universidade.
Na pagina 197 fiz referencia a que “a minha vida e permeada por uma l´ ogica diferente da do ‘bom-senso’ ”; este preambulo tem objetivo duplo,
registrar este fato inusitado e aditar mais um exemplo desta logica nao li-near. Com efeito, para publicar o referido livro − 100 exemplares, colorido− tomei dinheiro emprestado no meu Banco (consignacao em folha); naoobstante este “fracasso” retumbante decidi recorrer a um novo emprestimopara publicar o presente livro (“O Deus Quantico”), desta vez 1000 (mil)exemplares, colorido e ainda em papel couche.
Ademais, registro que ja havia publicado dois livros pela LetraCapitalEditora (Programando a HP50g e O Tao da Matem´ atica ) e o “Exumac˜ ao”que seria o terceiro, foi rejeitado; mesmo eu pagando, enfatizo. Foi quandoprocurei uma nova editora. Depois do livro publicado tentei expor na livrariada minha Universidade foi rejeitado − apenas pelo tıtulo, nao foi nem aberto.
Pois bem, o objetivo mesmo para eu fazer mais este acrescimo nao foio relato anterior mas sim uma pergunta e respectiva resposta que encontreiem um dos livros que adquiri na livraria mencionada de inıcio.
O livro, “O Sentido da Vida ”, de Sua Santidade, o Dalai-Lama.
Pergunta: Como podemos entender a vacuidade de modo bem simples, sem entrar em uma filosofia excessivamente intelectualizada?
Resposta: O que eu estive falando nos ´ ultimos tres dias n˜ ao e simples o bastante? A ideia principal e que, quando os objetos s˜ ao procu-rados sob an´ alise, n˜ ao s˜ ao encontrados, mas isto n˜ ao significa que eles n˜ ao existam − significa simplesmente que falta a eles existencia inerente.
Se voce contemplar isto repetidamente, em dado momento a realizac˜ aoemergir´ a. (p. 108/Editora Martins Fontes)
Achei a pergunta excelente, no entanto a resposta de Sua Santidadedeixou a desejar, no meu entendimento, claro. Veja:
“A ideia principal [da vacuidade] e que, quando os objetos s˜ ao procu-rados sob an´ alise, n˜ ao s˜ ao encontrados, mas isto n˜ ao significa que eles n˜ aoexistam − significa simplesmente que falta a eles existencia inerente.”
De fato, em muitos textos eles complicam. Na verdade, como entendo,pode-se falar do Vazio sob duas perspectivas, uma e aquela que exponhoe ilustro na pagina 150, e a esta perspectiva que o Dalai-Lama se refere.
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Para se apreender esta forma de vacuidade basta percepcao. Por outro
lado, pode-se falar de vacuidade de uma outra perspectiva, que e:Simplesmente proferir as palavras “o ac´ ucar e doce” n˜ ao produz a
experiencia, mas se for degustado, descobre-se que o seu sabor e doce. Domesmo modo, simplesmente proferir a palavra “vacuidade” n˜ ao produz a experiencia, mas atraves da meditac˜ ao o seu sabor e experienciado.
(Maitreya)
Ao contrario da anterior, a apreensao desta vacuidade nao e uma questaode percepcao, mas de sensacao. Vejamos isto atraves de tres ilustracoes:
(Consciencia) J u l g a me nt o s
P e ns a me nt o s ego
S e n t i m e n t o s
Vacuidade
Quando, atraves da meditacao,deleta-se o ego entra-se num es-
tado de vacuidade. O grandemıstico Kabir disse: “Olhe a ironiadisso. Quando eu estou, Deus naoesta; agora Deus esta, e eu nao es-tou.”
Ha que se experimentar o “bacuri”. Uma segunda ilustracao:
Este Oceano, como ja referimos, e um Oceano deConsciencia (Universal), as ondas sao os nossos pen-samentos. Quando, atraves da meditacao, anulamosestas ondas, entao surge o estado de vacuidade, um
estado de Pura Consciencia.
E ainda uma terceira ilustracao:
Ego
ProtovacuidadeVacuidade
ConscienciaQuando, atraves da meditacao,
dissolvemos a casca do ego − talqual o mıstico Kabir −, entao surgea Consciencia, este e o estado de
vacuidade; objeto de nossa apre-ciacao. Ainda: para a apreensaoda primeira vacuidade (a qual oDalai-Lama se refere) a mente e
necessaria; para se atingir a segunda vacuidade, a mente deve ser deletada.Observe que as vacuidades referidas na pagina 138 por Chuang Tzu e
Nagarjuna referem-se a esta segunda perspectiva (sensacao). Nos paradoxosde 1o a 4o, p. 89, fala-se igualmente da segunda vacuidade (“nao existencia”),enquanto o sabio indiano, no 6o paradoxo, fala da primeira vacuidade −“fenomenos compostos”, o ego e um fenomeno (Crick).
A questao agora e: Por que o Dalai-Lama − e tantos outros autorese mestres budistas − enfatiza apenas o primeiro tipo de vacuidade , a dapercepcao? Negligenciando esta segunda (a da sensacao) que e tao ou maisimportante que a primeira.
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Acredito que, das duas uma, ou eles nunca experimentaram um estado
de vacuidade ou, se experimentaram, esse estado foi tao tenue que nao fezmuita diferenca. Ademais, a primeira exige apenas uma compreensao inte-lectual, ao contrario da segunda (Maitreya). Fica mais difıcil alguem falarcom propriedade daquilo que nao conhece (“saborear o bacuri”), nao e isto?
Oucam: Ouso afirmar que a perola vacuidade e mais preciosaque a propria “felicidade”. Medite Chuang Tzu e Nagarjuna, p. 138.
Adendo (29.07.2015): Este adendo nao consta no livro impresso. Ape-nas confirmando minhas palavras acima de que grandes mestres budistasnunca experimentaram a vacuidade de modo significativo. A vacuidade e acessacao total dos pensamentos, coisa em que eles nao acreditam, vejam:
“O espırito e a base onde os pensamentos surgem. Par´ a-los e impossıvel, [. . . ] (Dudjom Rinpoche/Grande mestre tibetano)
Gracas a esta pr´ atica, a ofensiva dos pensamentos abrandar´ a. Iston˜ ao quer dizer que os pensamentos cessem, mas sim que eles deixam de nos afetar e de destruir a nossa serenidade.
(Do livro: A Arte da Vida - Os fundamentos do Budismo/Tsering Paldron/Sao
Paulo: Editora Ground, 2003/ pp. 206, 207)
Volto a insistir: Atraves da meditacao podemos sim cessar totalmenteos pensamentos, por horas.
“Computacao em nuvem”
A Computac˜ ao em nuvem (cloud computing) e uma tecnologia que per-mite acesso remoto a programas (softwares), arquivos e servicos por meioda internet.
O armazenamento de dados e feito em servicos que poderao ser acessadosde qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, nao havendo necessidade deinstalacao de programas ou de armazenar dados.
O correio eletrˆ onico e um exemplo disto pois seus email’s juntamentecom arquivos ficam armazenados remotamente para que voce possa acessa-los de qualquer lugar do mundo − onde se tem acesso a internet.
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Pois bem, a novidade que trago aqui e que a Natureza (ou o Universo,
como se queira) ja traz em si esta possibilidade de “computacao em nuvem”.Esta e mais uma analogia pela qual pretendo justificar o que afirmei
na pagina 99: “para entabular uma conversa sentia que as informac˜ oes n˜ aoprovinham do meu cerebro, j´ a que n˜ ao existia um ´ unico pensamento em minha mente; tempos depois me deparei com o relato citado anteriormente (p. 98)”. Reiteramos: O cerebro pode ser apenas um instrumento para buscar essas lembrancas dentro do universo. Ele pode ser o armazenamentolocal, o disco local em relac˜ ao ao disco rıgido c´ osmico onde todas as lem-brancas est˜ ao armazenadas. (p. 98)
A “computacao em nuvem” dar-se no terceiro nıvel de consciencia,como descrito no adendo da pagina 199.
De outro modo: posso afirmar que o essencial deste livro (que o leitortem em maos) foi escrito utilizando esta tecnica de “computac˜ ao em nuvem ”.
Reitero, com esta tecnica, voce retira, deleta a mente e acessa as in-formacoes diretamente do “campo akashico”.
Um dos problemas com a mente (consciencia grosseira , p. 199), com ocerebro, e que ela e dual, possui limitacoes intrınsecas. Como disse o SabioNagarjuna:
Se eu tivesse qualquer posic˜ ao te´ orica, ent˜ ao eu teria problemas; mas j´ a que n˜ ao tenho qualquer posic˜ ao te´ orica, ent˜ ao n˜ ao tenho qualquer problema.
E que toda posicao teorica provem da mente, e esta, e dual. Esta e arazao pela qual ao longo dos seculos as teorias filosoficas vem se sucedendoumas as outras, e porque todas sao produtos da mente.
Por oportuno, saiu uma materia na Super Interessante (Julho de
2012) com tıtulo:
Descubra as mentiras que o seu cerebro conta para voce
Voce nao toma as proprias decisoes - e boa parte do que ve nao e real. Eapenas uma ilusao criada pelo seu cerebro, que passa pelo menos 4 horaspor dia enganando voce. Conheca os truques que ele aplica - e saiba o que
realmente acontece dentro da mente. [. . . ]
A reportagem completa pode ser encontrada no “campo”, digo, nainternet.
Ora, se a mente, o cerebro, nao sao confiaveis − a historia da propriaciencia e teorias filosoficas sao testemunhas disto − o que estou afirmando eque e possıvel o pesquisador se desfazer da mente, deletar a mente; tal comona computacao em nuvem, voce nao precisa de um sistema operacional local.
O Universo − Absoluto − nao pode ser menos “inteligente” que ohomem!
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O Mestre e o Agricultor (p. 134)Gostaria de abordar a seguinte questao: Ate que ponto pode ser con-
siderada uma experiencia induzida por uma planta de poder? − ou digna decredito. Inicialmente, e mais uma vez, permitam-me uma analogia:
Pergunto: ate que ponto e valida acura de um disturbio psicologico, como aesquizofrenia, por exemplo, atraves de ummedicamento quımico? Segundo o cien-tista Francis Crick o ego e quımica. E poristo que quımica cura quımica.
Ora, mas segundo o Mestre Osho “todo o planeta (com raras excec˜ oes)est´ a doente ”. Inclusive aqueles que se consideram saos, vejam:
Ninguem tem a livre-escolha de se fazer crist˜ ao; uma pessoa n˜ ao se converte ao cristianismo, e necess´ ario estar suficientemente enfermo para isso. (Nietzsche)
A doenca da humanidade hodierna chama-se ego, como esta ilustrado nafigura da pagina 203. Uma planta de poder∗ pode ser uma cura para o ego,onde esta o problema?
Tenho lido e refletido sobre alguns livros e artigos escritos por mestresbudistas, deles com mais de dez ou quinze anos de praticas de meditacao,e quando eles se referem ao Vazio (ou vacuidade)
− que e um dos temas
mais importantes do budismo − percebo que o fazem de um modo apenasteorico, enfatizam apenas a “vacuidade perceptiva” e nao a “experiencial”− referidas anteriormente.
A minha leitura e a de que muitos destes mestres, nao obstante anos demeditacao, nunca experienciaram a vacuidade, “o bacuri”.
Afirmo o seguinte: a experiencia da vacuidade descrita nas tres ilus-tracoes anteriores tem como consequencia a cessac˜ ao da busca . A razao eque toda busca provem do ego . . . logo, eliminando-se o ego “cessa a busca da verdade! ”. Apenas da verdade, reitero; a busca de “novas combinacoes”− que e a essencia e sentido do Universo − continua, deve continuar.
Tenho em maos o livro “O que faz voce ser um Budista? ” do mestreDzongsar Jamyang (Editora Pensamento), na pagina 95 ele afirma:
Com certeza, existem infinitas maneiras de acordar deste sono.Mesmo substˆ ancias como o peiote e a mescalina podem dar uma vaga noc˜ ao do aspecto ilus´ orio da “realidade”. No entanto, uma droga n˜ aopode proporcionar um despertar pleno, simplesmente porque esse desper-tar e dependente de uma substˆ ancia externa e, quando acaba o efeito da mescalina, a experiencia acaba junto.
∗A bem da verdade, quando falo em planta de poder refiro-me a ayahuasca , que e aunica que conheco por experiencia. Certamente existem outras.
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No que diz respeito a “droga” ayahuasca afirmo que isto e uma in-
verdade. Primeiro que ela nao fornece uma “vaga nocao”, segundo que a“experiencia nao acaba junto”. Por exemplo no adendo na pagina 194 relatouma experiencia dez dias depois de consumada. Este livro, e resultado deminhas experiencias com a ayahuasca, lembro de experiencias de anos atras.
Ademais, o que e “externa” o que e “interno”?, o princıpo ativo daayahuasca (DMT) e produzido no cerebro humano; saberia ele − de ex-periencia − o que e “um despertar pleno”?
A bem da verdade, ha de se perguntar se estes mestres nao temem a“concorrencia das plantas mestras ”. (p. 173)
A proposito defendo que no Universo nao existe o “externo” e o “in-terno”, existe apenas um “Oceano de Consciencia”, tal como se da na
Faixa de Moebius eum tipo especial de su-perfıcie onde nao ha ladode dentro ou de fora; nelaso ha um lado e uma unicaborda que e uma curvafechada.
Resumindo: voce tem duas opcoes: ir para um mosteiro e meditar du-rante dez, quinze ou mais anos e ainda assim nao ter a certeza de alcancar avacuidade (que e o que acontece com muitos destes mestres; leio seus livrose artigos) ou se utilizar de uma planta . . . e encerrar a busca!
Por exemplo, apos um mestrado optei por ser professor de matematicapara criar meus quatro filhos, nao teria tanto tempo disponıvel para meditar.
Sendo assim, a opcao que me restou foi cultivar em meu quintal a planta mestra e utiliza-la como catalisador na meditacao. Como resultado cessei abusca pela “verdade”, sem ao menos “arredar o pe do meu quintal”.
Voce pode trilhar “o percurso” a pes, de bicicleta ou carro de boi, seminhas condicoes me permitem trilha-lo de helicoptero, algum problema?
Na pagina 143 referia-me ao possıvel credito de uma experiencia religiosa;e dizia: “uma coisa e uma experiencia, outra bem distinta e a interpretac˜ aoque se decida dar ”. E como a interpretacao de um sonho, nao e unica.
Com as experiencias induzidas pelo enteogeno ayahuasca nao e diferente.O que nao significa que nao se possa derivar uma interpretacao com um
grau de plausibilidade satisfatorio, a depender do objetivo que se tem emvista. Toda experiencia e unica e individual; tal qual ocorre com os sonhos,reitero. A filosofa afirmou com muita propriedade: (Simone Manon)
O acaso pode fazer com que uma opini˜ ao seja verdadeira, mas nem por isso ela deixa de ser uma opini˜ ao, isto e, uma crenca e n˜ ao um saber.
A diferenca entre uma opiniao, ou crenca, e um saber e que este ultimopossui uma interconexao (“enraizamento”) com outras verdades, ao contrarioda crenca que e isolada, “solta no ar”. Ainda aqui vale o criterio BO, p. 30.
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O cientista Galileu Galilei foi o primeiro a fazer uso cientıfico do telesco-
pio por volta do ano de 1610, ao fazer observacoes astronomicas com elerevolucionou a astronomia.
Em 1665, o ingles Robert Hooke usou um microscopio para obser-var uma grande variedade de pequenos objetos; ele publicou o livro Micro-graphia , descrevendo suas observacoes no qual usa a designacao “little boxesor cells” (pequenas caixas ou celas), dando origem assim ao termo celula.
ego Consciencia (Vazio)
(p. 72/Simone) (p. 34/Osho)
Ego
ProtoconscienciaProtoDeus
Deus Quantico
Consciencia
VazioNada
A partir do ano 2005, o matematico epesquisador Gentil utiliza a ayahuascapara observar o Vazio. Como resul-tado de suas experiencias no ano de 2014publica, sob o pseudonimo de Gentil, oiconoclasta, o livro “O Deus Quˆ antico
(Um Deus pra homem nenhum botar de- feito, mesmo que esse homem seja um ateu)” no qual demonstra o “teorema deNagarjuna” e, como corolario, que todas as concepcoes de Deus acarretaminconsistencias logicas, a exemplo do Deus cristao, Jave. (Lao Tse, p. 127)
A ayahuasca − quando utilizada para meditacao − age como um acidodissolvendo a casca do ego e libertando a (Proto)Consciencia. Esta Cons-ciencia identificamos com a consciencia supramental de Aurobindo (p. 197)
ou com a consciencia latente do mıstico Ubaldi (p. 213), ou ainda, com o“Deus-Nada” do mestre Zen budista referido a pagina 215.
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Importante: “cientistas” con-
temporaneos de Galileu se recusarama observar os ceus atraves do telescopiopara nao verem a derrocada de suascrencas; outros tentaram refutar asconclusoes de Galileu, como, porexemplo, de que a lua possuia crateras e o sol manchas solares .
De modo similar, prevejo, o ego de muitos tentara negar ou distorceras observacoes do universo da espiritualidade feitas atraves do “telesc´ opio-ayahuasca ” e apresentadas neste livro.
(Consciencia)
I nt e r p r e t a
ego D
i s t o r c e
Como ja dito, uma vibracao no
Oceano da Consciencia origina o ego;pois bem, a ayahuasca funciona comoum catalisador no sentido de aceleraro processo de extincao destas “ondas-ego”, apos o que restara apenas oOceano sem nenhuma ondulacao (iden-tidade), voce deixa de existir.
Neste novo estado, onde o ego(identidade) nao mais existe, o Oceanoapenas reflete sem introduzir nenhumadistorcao, ou interpretacao, pois estas
se originam do ego.O Absoluto (Oceano sem ondulacao) nao julga; o ego julga, distorce.
Cada indivıduo, ego, e caracterizado por uma frequencia de vibracao.Assim como a impress˜ ao digital serve como identidade, de igual modo afrequencia destas ondas-ego sao unicas.
E precisamente por isto que cada um distorce (ou interpreta) a “realidade(reflexo)” de um modo peculiar, proprio.
Absoluto ego
- E esta vibracao quegera a estrutura cog-nitiva de referencia,
p. 208, dando origema distintas percepcoesde uma mesma “reali-dade”.
O universo das religioes ate aos dias atuais tem sido nada mais nadamenos que interpretacoes (distorcoes) oriundas dos egos de pastores, sacer-dotes e papas.E esta vibracao que origina todas as concepcoes de Deus, como as da p. 9.
O que me impediu de resvalar para o materialismo, ou ateısmo, e quetestemunhei o Vazio (Consciencia) que esta para alem de materia e energia.
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Por que o homem (voce) nao necessita de um salvador
“A mente n˜ ao e voce, e outro.Voce e apenas um observador”
(Osho)
A “salvacao” consite nisto: em voce se da conta de que nao e a mente(ego) mas sim o Oceano sem nenhuma ondulacao. Voce (sua essencia) eapenas o observador, tal como um lago que “observa” a lua.
(Mente)
Observador (Voce)
Quando voce se identifica com as perturbacoes no lago (ou com alguma“verdade” apos prisma) − originadas pela mente − entao voce cai vıtima detodas as trampas que so a mente e capaz de engendrar, como por exemplo,a necessidade de alguma religiao para se “salvar”.
O vazio no homem e o mesmo vazio em Deus. O contato com ovazio e o contato com a fonte e o poder de todas as possibilidades.
(A Potencia do Nada/[13], p. 187)
O Vazio, o Nada, nao precisa ser salvo, reveja o estado do Buda, p. 176;e nisto em que consiste a iluminacao: em da-se conta que voce nao e a mente.
O silencio interior − o silencio t ao profundo que n˜ ao existe vibrac˜ aoem seu ser; voce e, mas n ao h´ a ondas; voce e apenas um poco sem ondas,nem ao menos uma onda se levanta; todo o ser silente, im´ ovel; dentro,no centro, o silencio − e, na periferia, celebrac˜ ao e risadas. E somente o silencio pode rir, porque somente o silencio consegue entender a piada c´ osmica. (Osho/Zen, p. 30)
E esta a grande piada cosmica: o homem esforcar-se para salvar o quenao existe, o Nada. O ego e uma ondulacao, dissolve-se no Oceano.
Uma onda em um oceano nao deve ser “salva”, e suficiente ve-la comoparte do oceano.
E esta a perspectiva que falta as religioes e, por conta desta distorcao, eque elas mantem mirıades e mirıades de almas prisioneiras em seus carceres.
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Ja o dissemos, o ego (“voce”) e apenas uma perturbacao no Oceano da
Consciencia; ate a fısica quantica ja chegou a esta conclusao, veja:Nos somos estados excitados do vacuo: A grandes
distancias, o vacuo se mostra placido e liso − como o oceano
que parece tranquilo e uniforme quando o sobrevoamos em
um aviao a jato. Porem, em sua superfıcie, junto dele num
pequeno barco, o mar pode ser alto e flutuante com ondas enormes. De modo
semelhante, o vacuo flutua com a criacao e a destruicao dos quanta se o olharmos
de perto (...) “O vacuo e tudo na fısica”. (Danah Zohar/[8], p. 284)
A “salvacao” consiste precisamente nisto: em sair da mente; Buda,Kabir e tantos outros mısticos iluminados, atraves da meditacao ja mostrouser isto uma possibilidade. Entenda, nao e necessario “viver sem mente”,mas experienciar o estado de nao mente, pelo ao menos uma vez.
Dissemos que um dos atributos exclusivos do Vazio e a perfeic˜ ao, masexiste um outro: a infinita liberdade . Permitam-me repetir mais um pensa-mento que soa em meus ouvidos como verdadeira poesia:
Se voce tem alguma ideologia para se definir, voce n˜ ao e livre.
Liberdade significa nenhuma definic˜ ao. (Osho)
E precisamente por isto que afirmo: ninguem que esteja confinadoem uma gaiola religiosa e livre.
Como um corolario, todos os cristaos, budistas − incluindo “Suas Santi-dades”
−, mulcumanos, hindus; e quem mais de direito, sao prisioneiros da
mente, do ego. Reflita:Conviccoes sao prisoes, um espırito que
queira realizar belas obras, que tambem queira
os meios necessarios, tem de ser cetico. Estar
livre de toda forma de crenca pertence a forca,
ao poder de ver sem algemas. (Nietzsche)
O problema esta em que as religioes vendem certezas, convicoes, “ver-dades”; quando o proprio Jesus afirmou que sao “cegos guiando cegos ” istose deve, inclusive, porque sao incapazes de apreciar a seguinte “poesia”:
Todos os fenˆ omenos [tanto perceptıveis quanto conceituais ] podem ser
postulados como existentes apenas em relac˜ ao a uma estrutura cognitiva de referencia . (p. 168)
E precisamente por isto que existem “infinitas verdades”, a exemplo dasque comparecem na figura da pagina 9. E que cada religiao, cada indivıduo,cada ego, cada mente, e uma “estrutura cognitiva de referencia ”; ja o disse-mos, no Vazio nao existe um referencial absoluto a partir do qual possamosenunciar qualquer verdade absoluta. E o teorema de Nagarjuna .
O essencial deste livro foi escrito sem o ego, foi escrito da “perspectiva dolago que apenas observa a lua ”, como na figura da pagina anterior; ademais,releia Ubaldi, p. 213.
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Desafiar essas pretensas “verdades”, desconstruir as su-
posicoes nas quais elas se apoiam, e a tarefa da nossa epoca.
A minha insistencia na desconstrucao do ıdolo Jesus se deve a minha
clarividencia no sentido de enxergar que Jesus ao longo dos seculos fez muitomais prisioneiros que ex-escravos, basta observar as igrejas atuais, lotadasde sonambulos, a comecar pelos lıderes.
E ainda para reforcar minha tese de que Jesus nao tem nenhum controle,ou ingerencia, sob sua suposta e mega-explorada volta, cito suas palavras:
Ora, naqueles dias, depois daquela aflic˜ ao, o sol se escurecer´ a, e a lua n˜ ao dar´ a a sua luz. E as estrelas cair˜ ao do ceu, e as forcas que est˜ aonos ceus ser ao abaladas. E ent˜ ao ver˜ ao vir o Filho do homem nas nuvens,com grande poder e gl´ oria. [...] Na verdade vos digo que n˜ ao passar´ a esta gerac˜ ao sem que todas estas coisas acontecam. Passar´ a o ceu e a terra, mas as minhas palavras n˜ ao passar˜ ao. (Mc. 13:24-31)
A geracao a qual Jesus se refere passou e com ela as palavrasde Jesus tambem passaram, nao obstante, os ceus e a terra per-manecem. Quanto a segunda volta Jesus tambem mentiu em Mt 10:22-23.
Ha uma coisa que nao entendo, se a Bıblia e a Palavra inspirada de Deuse, ademais, “e impossıvel que o mınimo erro se tenha insinuado no textosagrado inspirado”, como afirma “Sua Santidade”, como e que Apostolos,como Pedro e Paulo se equivocaram ao proclamarem a iminente volta de
Jesus, por exemplo,E j´ a est´ a pr´ oximo o fim de todas as coisas; portanto, sede s´ obrios e
vigiai em orac˜ ao. (1 Pe. 4:7)
A minha interpretacao e a de que alguma coisa esta fora de lugar, naose encaixa. Cada vez me convenco mais de que a Natureza e totalmente in-diferente ao que os homens pensam ou deixam de pensar, ao que os mestres− incluindo Jesus − desejam ou deixam de desejar, apregoam ou deixam deapregoar . . . a Natureza responde a tudo isto com uma gelida indiferenca.
[.. . ] Quando toda a gente est´ a a fazer muito barulho, acontece por vezes haver de repente breves momentos de silencio. Um desses
momentos deu-se quando o imperador chegou a praca principal da cidade.No meio desse silencio, a voz de um rapazinho fez-se ouvir claramente em toda a praca.
- Mas, m˜ ae − gritou ele −, o imperador n˜ ao traz nada vestido!
Naquele momento terrıvel, a multid˜ ao caiu em si, vendo que o rapaz dissera a verdade e que tinham sido tao palermas como o imperador.
(As roupas novas do imperador/Grifo nosso)
“Qualquer um que sabe tudo sobre nada sabe tudo.”
(Leonard Susskind/fısico de Stanford)
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Sem e Rigpa: dois estados da mente
O que vem a seguir, nesta pagina, foi transcrito de um artigo da internet:O VEICULO DO ATIYOGA OU DZOGCHEN.
“Rigpa e um estado de presenca claro e desperto que transcende a mentepensante comum. Ele e como o sol que aparece quando as nuvens dos pen-samentos se afastam. Rigpa e nao-composto, nao tem comeco nem fim.Em sua essencia ele e primordialmente puro [kadag] e sem elaboracoes, oque chamamos ainda vacuidade. Mas em sua natureza, ele e luminosidadeespontaneamente presente [lhundrup]. Esses dois aspectos sao indissociaveis.
Do ponto de vista de rigpa , a mente conceitual sem , as paixoes, etc.,nao sao senao um jogo oriundo de sua criatividade luminosa. Ha, pois umaimensa diferenca entre mente comum, sem e rigpa . Sem e um epifenomeno
de rigpa , uma simples funcao da claridade e de seu movimento. Rigpa e umestado claro e sem distracoes onde nenhum apego e possıvel. Nesse estado,tudo que surge nao e mais que uma exibicao sem finalidade e dissolve-se semdeixar traco, como uma vaga no oceano ou um desenho sobre a agua.
Comparamos tradicionalmente rigpa a um espelho. O espelho tem duascaracterısticas: ele e vazio em si-mesmo, e simultaneamente ele tem poten-cialidade de refletir claramente todas as especies de aparencias, belas oufeias. Essas aparencias, visıveis no espelho, sao incapazes de o sujar, poisele permanece vazio por essencia. [. . . ]
Rigpa e nossa condicao natural, nosso modo de ser ultimo e primordial.Um ultimo ponto importante a proposito de rigpa . Na nossa condicao
comum, nos nao conhecemos rigpa , e somente sem nos parece ser a mente.Nos textos, falamos em procurar a “natureza da mente”, semny . Descobrira natureza da mente e descobrir que sem nao tem realidade, que ela e vaziade existencia propria, que ela nao tem origem, nem lugar, nem destino. Masisso ainda nao e rigpa . Rigpa e apresentado ao discıpulo no momento precisoquando a mente comum e temporariamente dissolvida. [. . . ]”.
Rigpa Sem
Sem
Rigpa
Rigpa e o anjo e sem o Satanas referidos por Bahaullah, p. 119. Ver fig. p. 73.
Nota: A ilustracao e nossa, nao consta no artigo original.Na pagina 176 afirmei que eu mesmo nao acreditei quando se insinuou
em minha mente que “a morte nada mais e que uma criac˜ ao da mente humana ”. Durante algum tempo acreditei piamente ser eu o unico louco ater chegado a tal conclusao. Para minha grata surpresa em 21.08.2014 medeparei com mais um “louco” fazendo a mesma afirmativa . . . Ufa!
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A seguir uma transcricao do artigo eletronico “Sem ” y “Rigpa ”∗
(Sogyal Rimpoche/Peor para el Sol)
A descoberta ainda revolucion´ aria do budismo e que a vida e a morte est˜ ao na mente, e em nenhum outro lugar. A mente se revela como base universal da experiencia; criadora da felicidade e criadora do sofrimento,criadora do que chamamos vida e do que chamamos morte. A mente tem numerosos aspectos, porem existem dois que se destacam. O primeiro e a mente ordinaria, a que os tibetanos chamam sem. Um mestre a define assim: “Aquilo que possui consciencia diferenciadora, aquilo que possui um sentido de dualidade, isto e, que elege ou rejeita algo externo, isso e a mente.Fundamentalmente, e aquilo que podemos associar com um “outro”, com qualquer “algo” que se percebe como distinto do observador.
Sem e a mente dualista, discursiva e pensante, que so pode fun-cionar em relacao a um ponto de referencia externo projetado efalsamente percebido. [. . . ] De certo ponto de vista, sem e bruxuleante,inst´ avel e ´ avida, sempre se imiscui em assuntos alheios; sua energia se con-some ao se projetar para fora. [. . . ] uma inercia auto-protetora, penalizandoa si mesma, uma calma petrea feita de h´ abitos arraigados. Sem e t˜ ao astuta quanto um polıtico corrompido, ceptica e desconfiada, perita em ast´ ucias e trapacas, “engenhosa nos jogos de engano”, como Jamyang Khyentse es-creveu. ´ E dentro da experiencia desta sem ca´ otica, confusa, indisciplinada e repetitiva, esta mente ordin´ aria, aonde uma e outra vez sofremos as mu-dancas e a morte.
Em seguida est´ a a natureza mesma da mente, sua essencia maisıntima, que e sempre e absolutamente imune a mudanca e a morte.Ela se acha oculta dentro de nossa pr´ opia mente, nossa sem, envolta e ve-lada pelo r´ apido fluxo de nossos pensamentos e emoc˜ oes. Mas, assim comouma forte rajada de vento pode dispersar as nuvens e revelar a luz do sol resplandecente e a imensid˜ ao do ceu, igualmente alguma inspirac˜ ao pode nos revelar flashes desta outra natureza da mente. Esses vislumbres podem ser de diferentes graus e intensidades, mas todos proporcionam alguma luz de compreens˜ ao, significado e liberdade. Isso ocorre porque a natureza da mente e por si a pr´ opria raız da compreens˜ ao. Em tibetano a chamamos Rigpa,uma consciencia primordial, pura e imaculada, que e ao mesmo tempo in-teligente, cognoscitiva, radiante e sempre desperta. Se poderia dizer que e oconhecimento do pr´ oprio conhecimento.
N˜ ao se deve cometer o erro crasso de imaginar que a natureza da mente se resume apenas aquela da mente ordin´ aria. De fato, e a natureza dotodo. Nunca e demais enfatizar que conhecer a natureza da mente resulta em conhecer a natureza de tudo o mais.
Nota: Se esta − “a morte e uma criacao da mente” − e uma descobertarevolucionaria do budismo e tambem uma descoberta revolucionaria nossa.
∗O texto completo e original encontra-se em espanhol , esta e uma livre traducao.
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Trilogia
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Rio de Janeiro: Agir, 2008.
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[11] Osho. Zen: Sua hist´ oria e seus ensinamentos . Editora Pensamento-Cultrix, 2004.
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[17] Vıdeo: Deus, a n˜ ao mente! https://www.youtube.com/watch?v=jOSeaCKOE2U
[18] Vıdeo: El Vacio y la No Mente https://www.youtube.com/watch?v=XtEkgTezB1k
[19] Wallace, B. Alan. Dimens˜ oes escondidas: a unificac˜ ao de fısica e cons-ciencia ; traducao de Lucia Brito. Sao Paulo: Peiropolis, 2009.
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- “O livro dos milagres”
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Indice Remissivo
A equacao Divina, 45A potencia do Nada
criacao de sentido, 47Oposicoes, 121
possibilidades contraditorias, 64Prazer estetico, 59
A.N. Whitehead, 132Acucar e doce, 41, 187Adicao de Einstein, 106Adicao Vetorial, 107
Alain Connes, 185Alcorao: Pele se queima, 29Alfredo Bernacchi, 162Animadores de marionetes, 158
Antes desse contato, 165
Aurobindo, 197Ayahuasca, 2, 33
BahaullahE como um remedio, 205
Converter forca satanica, 119Existe dentro do homem, 119Livre dos atributos, 127O Sol visıvel, 127
Bertrand RussellDeus e responsavel, 11
Leis Naturais, 68Monismo Neutro, 122
Bolyai, Janos, 132Brahman, 39Budismo, 53
C.G.Jung, 24, 47Celula da dualidade, 62Cırculo de Materia, 159Cırculo Quadrado, 116
Cataros, 130Campo Akashico, 97
Capas, Gentil, 232Capra
Leis da Natureza, 68Carro bombeiro, 169
Charles Peirce, 49Chuang Tzu, Nagarjuna, 138Computacao em nuvem, 219Consciencia cosmica, 97
Consciencia latente, 213Criterio BO, 30Cubo hipermagico, 185
Danah Zohar
E tarefa de nossa epoca, 6Deus na fısica, 144Estados excitados, 70Ondas no mar, 30, 156
Definicoes matematicas, 45
Desenhos Egos, 36Deus
Espırita, 211Na fısica, 144
Deus-ParensNao sobre nem o po, 48
Dimensoes escondidas, 168
E entao, doutor, e grave?, 59Efeito Casimir, 31Egos Desenhos, 36
Einstein1 + 1 = 2, 106A massa curva o espaco, 114
El Livro de La Nada, 117Eletricidade, 120
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Enteogeno, 33
Epicuro, 88Equacao Bıblica, 125Equacao Divina, 45Ervin Laszlo, 97
Espectro eletromagnetico, 54Espinoza
Deus nao ama, 142, 144Espiritismo: Caridade, 19Eu vejo, mas nao acredito, 185
Fısica quantica, 115
Faixa de Moebius, 222Famılia, autor, 51, 98
Fantastico, 92Filosofia Taoısta, 41
Fluxograma, 32Francis Crick, 37
G.H. Hardy, 90, 141Gaston Bachelard
hesitar, como erro, 30
Nunca e jovem. . . , 80
O real se cristaliza, 132Georg Cantor, 185
Gota, 178
Heisenberg, 62
Helena Blavatsky, 100Humberto Maturana, 84
Idealismo, 50Ilya Prigogine, 64, 79Inspiracao, 124
Irina Antonenko, 39
Irmaos Karamazov, 130
Jainismo, 53
Jesus mentiu, 96Jose Ingenieros
Considerados santos, 126, 153Jose Saramago, 52Jung, Yancey, 75
Kadanoff, fısico, 132
Kant: Preguica, 20
Krishnamurti, 59, 72
Lao-TseImpossıvel descrever o Tao, 127
Leibniz, 52, 140Leo Kadanoff, 132Leonard Susskind, 227
Mıstico, crente, 71Memoria, Cerebro, 98Maharishi Mahesh Yogi, 72Mahavira, 53
Maior que o Todo, 198Maitreya, Acucar, 41, 187Marcelo Gleiser, 165Matematica e Vazio, 50Meditacao: ayahuasca, 32Mediunidade, 124Merda em luz, 134Miki Nakaiama, 48Milagres existem sim, 91Mimetismo, 136Monismo Neutro, 122
Mundo como relacao, 65
Nagarjuna, 57, 138Niels Bohr, 81, 178Nietzsche
o grande astro, 93Abortos de santarroes, 150Convicoes sao prisoes, 95, 139Induzir em erro, 93Nao julgueis, 16, 146Ninguem tem a livre-escolha, 23,
153O espectro se afastou, 123O homem cria os valores, 72O que e a verdade?, 167O que nos distingue, 55O que um teologo, 18Pascal, 13, 147Rapinante, 173se nos demonstrassem, 27
Nota, 205
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O tao que pode ser descrito, 127
OshoA mente faz relutar, 38A mente nao e voce, 187A piada cosmica, 137
Buda hesitante, 167Buda: suniata, zero, 41Buda: vazio, suniata, zero, 135Buda. . . Comece vazio, 138crencas sao barreiras, 138
Criado pelo ego, 67Definicao dos budas, 191
Implosao acontece, 65Mundo criado pelo ego, 36Mundo projetado, 74Nao encontrou Deus, 55Nenhuma energia, 138
Ninguem para ter medo, 100, 182O Deus Jave, 166O grande Kabir, 39, 164O Zen entrou na moda, 35Os sonhos sao particulares, 30
Paradoxo: Voce so existe, 40
Por falta de inteligencia, 15Quando Buda atingiu, 38Quando nao ha ondulacoes, 34
Uma gota de orvalho, 138Vai destruir Deus, 38Voce e um robo, 191
Osho & Krishnamurti, 72
Paolo Rossi, 11Papagaios Psicodelicos, 60, 103, 186
Par de equacoes, 71
Parabola Zen, 14Pascal, 145
Pastor vendeu o sangue de Jesus, 128Pernilongo, 110Pietro Ubaldi
Arrostar, 36Fases primitivas, 77
Que o meu pensamento, 77Tem que arrostar, 80
Plotino, 43
Regua quantica, 83, 114, 166
Reencarnacao×Renascimento, 193Registros akashicos, 98Religioes, Lista, 9Rene Guenon, 6Richard Dawkins, 104Rigpa, 167, 228, 229
Sındrome de Estocolmo, 21Sankara, 39Santo Agostinho, 151Shafarevich, 173Simone Manon
Animadores de marionetes, 158Deformamos o real, 72, 95, 105
Sir Arthur Eddington, 97Sou como voce me faz, 129Stephen Hawking, 65, 77Swami Bhaskarananda, 21
Tagore, 60, 102Tela em branco
Meditacao (Osho), 138Teologia quantica, 86
Teorema de Nagarjuna, 57Terremoto Haiti, 11, 141Topologia quantica, 81Trilogia
Ei, espere. . . Voce, pensando, 163Trimurti Hindu, 39
Universo computador, 52
VıdeosBuraco Negro, 98Deus, a nao mente, 41, 187
El Vacio y la No Mente, 41, 187Vida Apos a Morte, 99
Voltaire, 85, 175
Werner Heisenberg, 62
Yage, 33
Zen budismoQuem te acorrentou?, 14Um mestre diz. . . , 34, 72
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