Upload
josenilda-maria
View
48
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Aluna: Carolina dos Santos Soares
Professor: Nilton Santana
Turma 12831 – Hospedagem
A geografia das Indústrias
Salvador
2013
O que é uma Indústria? E uma fábrica?
Aparentemente essa parece uma questão fácil de responder. Logo surgem na
memória àquela construção enorme que tem próximo de moradias; do nosso
bairro, que produz uma determinada mercadoria que depois será oferecida no
mercado. Também pode parecer claro que é uma empresa que emprega um
número elevado de trabalhadores, os chamados operários. Outra coisa que pode
chamar a atenção é sua constituição física: uma enorme estrutura onde se destaca
uma chaminé, que está sempre soltando uma fumaça, numa clara demonstração
que está funcionando. Muitas vezes a responsabilizam pela poluição provocada em
nas cidades e os danos que causam aos trabalhadores que nela trabalham e as
populações que moram nos seus arredores. Essa resposta não está de todo
errada, entretanto, convém observar a diferença entre fábrica e indústria conforme
indica o dicionário Aurélio.
FÁBRICA: S.f. 1. Lugar ou estabelecimento onde se manufaturam utensílios, roupas,
máquinas e várias outras mercadorias. 2. O pessoal de um desses estabelecimentos. 3.
Construção de edifício ou parte do edifício; edificação.
INDÚSTRIA: S.f. 1. Destreza ou arte na execução de um trabalho manual; aptidão;
perícia. 2. Profissão mecânica ou mercantil; ofício. 3. Econ. A atividade secundária da
economia, que engloba as atividades de produção ou qualquer dos seus ramos, em
contraposição às atividades agrícolas (primárias) e a prestação de serviços (terciárias). 4.
Econ. Conjugação do trabalho e do capital para transformar a matéria prima em bens de
produção e consumo. 5. O conjunto das empresas industriais; o complexo industrial.
Adaptado de FERREIRAHOLANDA, J.E.M.M. EDITORES, LTDA, 1988.
Não é exatamente a mesma coisa.
Resumidamente pode-se dizer que a fábrica é a estrutura física, a construção. E a
indústria é “o conjunto de atividades que participam da fabricação de produtos
manufaturados a partir de matérias-primas”.
A propósito o que uma matéria prima? Recorrendo novamente ao dicionário
encontramos.
MATÉRIA-PRIMA. S.f. 1. A substância bruta principal e essencial com que é fabricada
alguma coisa.
A diferença pode parecer sutil, contudo, é importante esclarecer os dois termos.
Ademais, quando se fala em indústria tem-se que ter a clareza que esse é um
termo genérico, pois, deve ser considerado que há dentro de uma indústria os
chamados ramos industriais, que são numerosos e definidos pelos seus produtos:
indústria química, siderúrgica, automobilística, etc.
Quando surgiram as Indústrias?
No ponto de vista histórico pode-se dizer que a indústria surgira na Inglaterra, na
segunda metade do século XVIII. Processou-se nesse país ao longo desse
período profundas transformações no modo de produção, uma verdadeira
revolução no modo de produzir. Daí a expressão consagrada pelos historiadores:
Revolução Industrial. Para muitos historiadores a Revolução Industrial
desempenhou um papel vital no desenvolvimento capitalista.
O sistema capitalista é anterior a Revolução Industrial, entretanto, essa nova
forma de produzir, em larga escala; produtos em série e com preços relativamente
baixos iriam consolidar esse sistema que passa a ser hegemônico no século XIX,
apesar de seus críticos, já nessa época apontarem as anomalias do sistema que
sacrificavam muitos em benefícios de poucos.
A Revolução Industrial trouxe a reboque uma profunda transformação nas
relações sociais. Foram colocados em lados opostos os operários – trabalhadores
das fábricas – e os capitalistas propriamente ditos – os detentores dos meios de
produção – gerando entre eles conflitos que se arrastam até os dias atuais. Muito
se discute sobre os benefícios provocados pela introdução da máquina no
processo produtivo, mas também se apontam os malefícios por ela trazidos. O
espaço geográfico sofre mudanças irreversíveis com a transformação de
pequenos vilarejos em cidades industriais que lançam para atmosfera gases
tóxicos provindos de suas milhares de fábricas. Pode-se ainda adicionar nessa
discussão a apropriação das riquezas por poucos, geradas pelo desenvolvimento
industrial, bem como a pauperização da classe trabalhadora, a principal
responsável pela geração dessa riqueza.
A Importância das Indústrias
A indústria é um dos três setores da economia. Os outros dois são os serviços e
a agropecuária. A atividade industrial é muito importante nas economias dos
países desenvolvidos e de muitos países em desenvolvimento, especialmente os
emergentes. Entretanto, não é simples captar a importância do setor industrial na
economia de um país. Nos países industrializados mais avançados a maior
contribuição para o PIB vem do setor de serviços, não do industrial. Os serviços
contribuem em média com 70% do PIB, a indústria com mais ou menos 30% e o
setor agrícola com 1% ou 2%.
Setor de serviços - o setor que mais gera empregos e renda na economia
Por outro lado, há países muito pobres em que a participação da indústria é
muito reduzida, como é o caso de muitos países africanos, que dependem
basicamente da agropecuária e as indústrias existentes são, em sua grande
maioria, de beneficiamento de alimentos, e outros que, mesmo sendo pobre, a
participação do setor industrial é elevado, como muitos países do Oriente Médio,
devido à exploração de petróleo. A participação da indústria no PIB, não é
suficiente para mostrar a importância quantitativa e qualitativa da atividade
industrial de um país. Por isso, a Organização de Desenvolvimento Industrial das
Nações Unidas (Unido) trabalha com o índice de competitividade industrial, um
indicador que mede várias dimensões desse setor de atividade em 122 países.
Com base nele é possível avaliar de forma mais abrangente a importância da
indústria e seu grau de desenvolvimento tecnológico.
Produção de petróleo - fator que eleva o índice de competitividade industrial de muitos
países
O índice de competitividade industrial é composto de quatro dimensões:
a) Capacidade industrial - medida pelo valor industrial agregado per capita;
b) Capacidade de exportação de produtos industrializados - medida pela
exploração de maquinofaturados per capita;
c) Intensidade de industrialização - medida pela participação do setor industrial
no PIB e de produtos de alta e média tecnologia no valor industrial agregado;
d) Qualidade da exportação - medida pela participação dos produtos
industrializados e dos bens de alta e média tecnologia no total das exportações.
Entretanto, as atividades agrícolas, o comércio e os serviços não funcionariam
caso não existisse a indústria. A agricultura moderna utiliza ferramentas,
sementes selecionadas, adubos, inseticidas, máquinas e diversos outros insumos
produzidos industrialmente; as diversas lojas existentes nas cidades - de roupas,
sapatos, eletrodomésticos, automóveis, móveis etc. -, além de supermercados e
farmácias, não teriam mercadorias para vender caso não existisse a indústria de
bens de consumo.
CLASSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE,
todas as atividades desenvolvidas na economia brasileira estão classificadas em
21 grandes categorias: A - Agricultura, pecuária, produção florestal e
silvicultura; B - Pesca; C - Indústrias extrativas; D -Indústria de transformação; E -
Produção e distribuição de eletricidade, gás e água; F - Construção; G -
Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos; e
assim vai, até chegar a letra U. Cada uma dessas atividades é dividida em
setores e subsetores. A classificação da CNAE segue padrões internacionais
utilizados em levantamentos estatísticos para permitir comparações entre o Brasil
e outros países.
Educação - classificação M
A CNAE classifica toda a produção industrial brasileira em duas grandes
categorias: indústrias extrativas, dividida em 5 setores - extração de petróleo e
gás natural, extração de minerais metálicos etc. - e indústrias de
transformação, distribuídas em 24 setores - fabricação de produtos alimentícios,
de máquinas e equipamentos, metalurgia etc.
Indústria alimentícia - tipo de indústria de transformação
O que comumente é chamado de indústria da construção civil, o IBGE chamou
de construção (item F da lista da CNAE), categoria que abriga os setores de
construção de edifícios e de obras de infraestrutura.
Indústria da construção civil
Há outra classificação, com base na qual o órgão do IBGE coleta dados e
divulga os Indicadores da produção industrial por categorias de uso. Nessa
classificação, o órgão agrupa todos os setores e subsetores das indústrias de
transformação da CNAE em três categorias, que são:
Segundo a função
a) Indústrias germinativas - são as que geram o aparecimento de outras
indústrias. Exemplo: petroqímica.
Indústria petroquímica - exemplo de indústria germinativa
b) Indústrias de ponta - são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção
industrial. Exemplo: indústrias químicas e automobilística.
Indústria automobilística - também chamada de indústria de ponta
Segundo a tecnologia
a) Indústrias tradicionais - são as que ainda estão ligadas às vantagens
oriundas da Primeira Revolução Industrial. Podem ser empresas familiares
(empresas "clânicas") e denunciam sua presença pelos seus aspectos internos e
externos e por sua localização.
Indústria de calçados - exemplo de indústria tradicional
b) Indústrias dinâmicas - são aquelas ligadas ao desenvolvimento recente da
química, eletrônica e petroquímica. Utilizam muito capital e tecnologia e
relativamente pouca mão de obra. Possuem uma flexibilização maior de
localização.
Indústria aeroespacial - exemplo de indústria dinâmica
Segundo a aplicação dos recursos ou fatores
a) Indústrias capital-intensivas - as que aplicam os maiores recursos nos
fatores capital-tecnologia.
Agroindústria - exemplo de indústria capital-intensiva
b) Indústrias trabalho-intensivas - as que empregam os maiores recursos em
força de trabalho.
Produção de telhas - um exemplo de indústria trabalho-intensiva
Considerando os bens produzidos, o IBGE classifica as indústrias de
transformação em três categorias: indústrias de bens intermediários, de bens de
capital e de bens de consumo.
a) Indústrias de bens intermediários - fabricam produtos semiacabados
utilizados como matérias-primas por outros setores industriais. São também
chamadas de indústrias pesadas por transformarem grandes quantidades de
matérias-primas. Tendem a se localizar perto dos recursos naturais ou de portos e
ferrovias, o que facilita a recepção de matérias-primas e o escoamento da
produção. São exemplos dessa indústria a siderúrgica, a petroquímica, a de
celulose e papel, a de cimento etc.
Produção de aço em uma indústria siderúrgica
b) Indústrias de bens de capital - são responsáveis por equipar as indústrias em
geral, assim como a agricultura, os serviços e toda a infraestrutura. Tendem a se
localizar em lugares onde há boa infraestrutura industrial, nas proximidades de
empresas consumidoras de seus produtos, ou seja, em grandes regiões urbano-
industriais. São exemplos desse tipo de indústria as máquinas e equipamentos
para: indústrias em geral, agricultura, transportes, geração de energia etc.
Máquinas agrícolas - exemplo de indústria de bens de capitais
c) Indústrias de bens de consumo - também chamadas de indústrias leves, são
as mais dispersas espacialmente: estão localizadas em grandes, médios e
pequenos centros urbanos, ou mesmo na zona rural de diversos países. Porém,
concentram-se preferencialmente em regiões urbano-industriais onde há maior
disponibilidade de mão de obra e mais facilidade de acesso ao mercado
consumidor. Divide-se em:
1. Indústrias de bens de consumo não duráveis - são as indústrias que atuam
na produção de mercadorias perecíveis, ou seja, em produtos que devem ser
consumidos em um curto período de tempo, como a indústria alimentícia, de
bebidas, de remédios etc.
Exemplo de produto da indústria de bens de consumo não duráveis
2. Indústrias de bens de consumo semiduráveis - são aquelas que produzem
itens cujo tempo de duração não é muito curto nem muito longo, como por
exemplo as indústrias de vestuário, acessórios, calçados etc.
Indústria têxtil - exemplo de indústria de bens de consumo semiduráveis
3. Indústrias de bens de consumo duráveis - atuam na produção de
mercadorias de grande vida útil, como as indústrias de móveis, eletrodomésticos,
automóveis etc.
Automóveis - exemplo de produto da indústria de bens de consumo duráveis.
DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS
Os fatores locacionais
Os fatores locacionais são as vantagens que um determinado lugar oferece para
a instalação de indústrias. No momento de investir, os empresários levam em
consideração quais fatores são mais importantes para aumentar sua taxa de
lucro. Os principais fatores que atraem as indústrias, de modo geral, são:
Matérias-primas: minerais e agrícolas;
Energia: petróleo, gás natural, eletricidade etc.;
Mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada
(alta remuneração);
Tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de
pesquisa e desenvolvimento (P&D);
Mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e
disponibilidade de renda;
Logística: disponibilidade e custos de transporte e armazenagem;
Rede de telecomunicações: telefonia, internet etc.;
Complementaridade: proximidade de indústrias afins;
Incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo
Estado.
As fontes de energia, como o petróleo, são um dos fatores locacionais para a
instalação de indústrias
Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do
século XIX, as jazidas de carvão mineral era um dos fatores mais importantes
para a localização das fábricas, pois o carvão era a fonte de energia usada para
movimentar as máquinas e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu
deslocamento por longas distâncias. Daí ter ocorrido uma intensa industrialização
em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemães, francesas e
norte-americanas. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do
século XIX, outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, passaram
a ser utilizadas, houve modernização dos meios de transporte de carga e
passageiros e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo
importância como fator de localização das fábricas.
Carvão mineral - principal fonte de energia da Primeira Revolução Industrial
Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-
prima essencial na fabricação de vários produtos, como plásticos, borrachas e
tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que mais
cresceu desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a
indústria petroquímica. Implantadas nas primeiras décadas do século XX, nessa
época as petroquímicas se concentravam perto das jazidas de petróleo, mas a
construção de oleodutos e de grandes navios petroleiros levou à sua dispersão
espacial.
Indústria petroquímica - uma das que mais crescem
Os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as
indústrias pesadas. Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza
próxima aos grandes centros consumidores de seus produtos, o que nem sempre
coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo
bruto que seus derivados - gasolina, nafta, querosene e outros derivados ocupam
volume maior que o petróleo bruto, demandando maior custo de transporte.
Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês
etc. constituem um dos principais fatores para a localização das indústrias
siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais
barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Exploração de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero - MG
Nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo
de indústria é a existência de uma logística de transportes e armazenagem que
possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das mercadorias
produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes
desenvolveram-se próximos a portos marítimos ou fluviais ou ainda em
entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos -
que produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática -
tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a mobilidade do capital e das
mercadorias pelo mundo, a logística ganha uma importância determinante na
alocação dos investimentos produtivos no espaço geográfico.
Rodovias - importante no fator locacional
Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos
transportes, as indústrias, mesmo as que utilizam muita matéria-prima, já não
precisa se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de
aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o
Canadá, grande produtor de alumínio, importa toda a alumina (óxido de alumínio,
resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária a sua produção.
Tanto as indústrias siderúrgicas japonesas como as metalúrgicas canadenses
localizam-se em áreas onde os navios carregados de minérios podem atracar. O
Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio, porque o que mais pesa no
funcionamento dessa indústria é a energia elétrica, da qual o Canadá, por sua
vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da alumina consome
muita energia e tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de
energia hidrelétrica, como é o caso do Canadá e também do Brasil.
Indústria siderúrgica no Japão
Outros fatores que antigamente eram fundamentais para a localização de muitas
indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos
e roupas, foram a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado
consumidor. É por isso que o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às
grandes cidades como Londres, Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo,
Cidade do México, Seul etc. Muitas vezes a instalação de uma indústria ou de um
distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno, enquanto
em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu
crescimento e as transforma em polos de atração de novos estabelecimentos
industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de
maneira recíproca, principalmente até meados do século XX.
Fábrica no Distrito Industrial de Maracanaú - CE
Além desses fatores, há outros que, cada vez mais, vem ganhando importância
na hora da decisão sobre onde implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais.
Interessados em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo concede
isenções de impostos às empresas que pretendem instalar em seus territórios.
Em geral fazem essas concessões a indústrias que têm efeito multiplicador, isto é,
que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos, o que em geral
compensa a isenção concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede
incentivos fiscais para atrair uma indústria automobilística - como fez o governo
da Bahia com a Ford -, que atrai várias fábricas de autopeças para seu entorno.
Vale dizer que os incentivos fiscais complementam outros fatores locacionais;
isoladamente, não conseguem atrair indústrias.
Fábrica da Ford em Camaçari - BA
É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades
produtivas, muitas vezes até mesmo com a infraestrutura básica já implantada.
Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova
fábrica, começa uma "guerra" fiscal entre estados (ou províncias, departamentos
etc.) e entre municípios com o objetivo de atraí-las.
Organização da produção industrial: taylorismo, fordismo e toyotismo.
O sistema de organização científica do trabalho denominada taylorismo surgiu em
1911 e foi colocada em prática pelo industrial Henry Ford na sua indústria de
automóveis. Esse modelo se baseava na produção de um único produto em
grande escala e na padronização das peças. Os trabalhadores exerciam funções
específicas de maneira repetitiva, a fim de obter maior produtividade. Todavia,
mesmo favorecendo para o desenvolvimento da sociedade de consumo, o
taylorismo estava restrito apenas a mudanças organizacionais nas próprias
fábricas.
Ford analisou que para produzir em grande escala necessitaria de um maior
mercado consumidor. Baseando-se nessa ideia surgiu o fordismo, que abrangia
não somente o sistema organizacional no interior das indústrias, mas também
todas as outras esferas que faziam parte do processo de circulação de capitais.
Assim, passou a favorecer a intervenção do Estado na economia para combater o
desemprego e garantir melhores salários para a classe trabalhadora. E como os
produtos eram mais baratos, possibilitou que a população consumisse cada vez
mais, permitindo uma maior expansão capitalista. Consequentemente, o Estado
arrecadava mais impostos e havia a ascensão do padrão de vida dos
trabalhadores. Colaborando para a consolidação do Estado do bem-estar social e
várias conquistas sociais e trabalhistas nos países industriais.
Na década de 1970, os Estados passaram a ter déficits, e a elevação dos preços
do barril do petróleo em 1973 e 1979 agravaram a crise. Para conter a inflação
tomaram algumas medidas como o aumento dos juros, assim, muitos passaram a
aplicar o seu capital nos bancos, deixando de investir na produção. As empresas,
que passaram a ter seus lucros reduzidos, buscaram se renovar organizacional e
tecnologicamente, surgindo a produção flexível.
O toyotismo, que está inserido em uma esfera mais ampla denominada produção
flexível, foi desenvolvida inicialmente na fábrica Toyota Motor Company e é
marcado pela utilização de máquinas e equipamentos mais avançados, como os
robôs, e novos métodos, como o “just-in-time”, que consiste no planejamento para
o abastecimento de insumos, evitando os estoques.
As empresas passaram a racionalizar a produção com o objetivo de aumentar os
lucros, aumentando, assim, a competitividade. Havendo a prática da terceirização
para tornar o processo mais acelerado. Esse sistema organizacional da produção
industrial passou a ser copiado por outras empresas, substituindo a linha de
produção, existente no fordismo, por equipes de trabalho, em que cada uma fica
responsável por todo o processo produtivo. Esse método denominado círculos de
controle de qualidade colaborou para a redução dos defeitos de fabricação, em
que cada equipe faz o controle de todo o processo produtivo, enquanto no
fordismo era apenas no final.
A elevada automação das fábricas provocaram o desemprego estrutural, porém
aumentou significativamente a produção em menor tempo. Dessa forma, o
mercado de trabalho exige trabalhadores mais qualificados e dedicados. Mesmo
com o surgimento do toyotismo, que se disseminou, principalmente, nos países
desenvolvidos, nos periféricos ainda permanece o sistema fordista, em que as
condições de trabalho não são boas, havendo a falta de respeito pleno aos
direitos trabalhistas.
Bibliografia
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1134-2.pdf
http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2011/10/distribuicao-das-
industrias.html