Geologia Estrutural

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CAPTULO 05

GEOLOGIA ESTRUTURAL________________________________________________________________________________

A anlise estrutural da rea de estudo compreendeu da observao das caractersticas macroestruturas (obtidas pela extrao de elementos texturais de imagens de sensores remotos), por observaes de campo e suas correlaes com as feies microestruturais, objetivando uma melhor caracterizao do comportamento deformacional do Complexo de Cana Brava e das unidades geolgicas adjacentes.

5.1 - ANLISE DE ELEMENTOS TEXTURAIS DE IMAGENS DE SENSORES REMOTOS5.1.1 - INTRODUO

O estudo dos elementos texturais em imagens de radar, satlite e fotografia area permitiu o agrupamento destas feies em zonas homlogas, que caracterizam diferentes unidades geolgicas ou domnios estruturais. Na rea de estudo a anlise integrada das imagens objetivou a delimitao de domnios estruturais, importantes para a interpretao da evoluo tectnica da rea. O estudo caracterizou-se pela identificao de lineaes e lineamentos utilizando em uma primeira etapa imagens de radar e satlite em escalas reduzidas a fim de se identificar feies regionais. Seguiu-se da anlise de fotografias areas, permitindo a observao das lineaes e lineamentos, em maior detalhe. A definio de lineamentos segue o conceito de OLeary et. al. (1976) que consideraram estes como qualquer feio linear mapevel da superfcie, provavelmente refletindo uma estruturao em sub-superfcie.

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Amaro & Strieder (1994) denominaram lineamentos, como estruturas regionalmente penetrativas de tipo 1 e estruturas rpteis de tipo 2. Aos lineamentos do tipo 1 associaram feies geomorfolgicas positivas (quebras positivas) e negativas (quebras negativas), com um arrranjo linear ou curvolinear, considerando principalmente a homogeneidade da ocorrncia, densidade e distribuio geomtrica, que permitem caracterizar as foliaes ou lineaes. Ao tipo 2 associaram predominantemente s feies geomorfolgicas negativas, representando falhas ou fraturas. Na interpretao das imagens de radar obtm-se basicamente estruturas geolgicas (falhas, fraturas, foliaes, dobras), sendo que se deve sempre considerar a direo de vo do radar em relao a estruturao geolgica, uma vez que representam sensores fixo de leitura lateral, podendo mascarar estruturas perpendiculares a esta. O radar de visada lateral um sistema de sensoriamento remoto ativo, caracterizado pela obteno de dados atravs da contnua emisso de ondas eletromagnticas com comprimento de onda na faixa do microondas sobre a superfcie terrestre, obtendo informaes pelo registro das amplitudes dos ecos, ngulos e distncias dos objetos imageados (Amaral, 1982). A amplitude do sinal de retorno funo principalmente do rugosidade superficial (micro relevo) e geometria da superfcie (macro relevo), sendo portanto adequadas para anlises geomorfolgicas. A utilizao de imagens de satlite para a coleta de informaes morfoestruturais leva em considerao que a quantidade de sombreamento de uma feio topogrfica est relacionada principalmente a elevao solar. Esta quando de baixo ngulo produz um maior sombreamento, destacando possveis lineamentos. Um outro fator ressaltado por Rodrigues e Liu (1988) a geometria entre o azimute solar e a estruturao geolgica do terreno, a qual pode mascarar possveis lineamentos, razo pela qual sugeriram a utilizao de imagens em diferentes pocas do ano, para a anlise estrutural. Na anlise e interpretao fotogeolgica, Soares & Fiori (1976) consideram que as diversas feies de relevo so produtos da interao de fatores morfogenticos (clima, tectnica recente, descarga dgua e sedimentao), litolgicos (permeabilidade, plasticidade, solubilidade, resistncia e acamamento) e estruturais (juntas e falhas, foliao e acamamento). A extrao dos elementos texturais conduzem ao agrupamento de caractersticas semelhantes em zonas homlogas com um significado geolgico representado pela presena de um mesmo contedo litolgico ou um padro estrutural homogneo. O procedimento para a anlise de lineamento constou da utilizao de imagem de radar de visada lateral GEMS 1000, escala 1:250.000 (RADAM BRASIL), seguido de uso de imagem analgica de satlite TM-LANSAT, banda 5, escala 1:100.000 com carter complementar para extrao de lineamentos, uma vez que no foi possvel a utilizao de imagem de satlite de diversas pocas do ano, como sugerido por Rodrigues e Liu (1988).88

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As informaes de maior detalhe foram obtidas atravs de fotografias areas monocromticas na escala aproximada de 1:43850. As respectivas caractersticas dos sensores utilizados so mostrados na tabela abaixo: Sensor TM-LANSAT RADAR Fotogr. Area Banda 5 X (Raio-X) visvel Intensidade Espectral 1,55-1,75 m 3,20 cm 0,30 - m Resoluo Espectral 30 X 30 m 15 X 15 m Direo Vo\Orbital Descendente NS EW Direo Visada Nadir EW -

(Modificado de Queiroz,1995)

Para a classificao dos lineamentos se utilizou da direo preferencial ou trends de ocorrncia, como ndice de classificao e individualizao de sistemas (Liu, 1988). Tambm foram considerados os critrios de Soares & Fiori (1976) e Amaro & Strieder (1994) quanto ao significado geolgico destas estruturas. O procedimento para extrao de lineamentos constou na confeco de overlays de imagens analgicas de radar e satlite, onde predominam elementos negativos de relevo, e de fotografias areas onde foram individualizadas lineaes de drenagem (quebras negativas), quebras positivas e negativas de relevo. A fim de se obter uma viso sinptica dos lineamentos, foi confeccionado um nico overlay, como mostra a figura 5.1. Os elementos texturais de relevo e drenagem foram analisados por diagramas de roseta, agrupados em intervalos de 5 (concentrao relativa), mostradas na figura 5.2. Para compilao dos elementos e confeco dos diagramas de rosetas foram utilizados os softwares a) SGI-Sistema de Informao Geogrfica (INPE) e b) ANALIN (Petrobrs) respectivamente.

5.1.2 - ANLISE DOS LINEAMENTOS 5.1.2.1 - Lineamentos das imagens de radar - GEMS-1000 Os dados obtidos nas imagens de radar correspondem a quebras negativas e positivas de relevo, constituindo os lineamentos dos tipos 1 e 2 de Amaro & Strieder (l994) (fig.5.2 A). Possuem uma densidade mdia de ocorrncia, distribuio heterognea e concentrao do trend de 1 ordem associada a lineamentos longos e curtos de direo N20-30E. Os lineamentos longos correspondem a quebra de relevo negativa, representando provveis manifestaes rpteis (fraturas e falhas), enquanto os lineamentos curtos representam quebras de relevo positivo, tpicas de manifestaes de estruturas dcteis (foliaes).89

NORTICAS

N N34 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N14E\89 SE

13 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N13\87 NW

79 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N01E\67 SE

1330'22"a Br Rio Can ava

NIO

DOM

DOMNIO IV

DOMNIO I

DOMNIO II17 POLOS CONCENTRAO MXIMA N21E/48NW

Rio

Ma

ran

ho

95 POLOS CONCENTRAO MXIMA N20E/58NW

III

4819'05"Fotolineaes - quebra positiva de relevo ( folliao) Fotolineaes - quebra positiva de relevo ("cristas") Fotolineaes - quebra negativas de relevo ("vales")

1000 m

1330'26" 4811'36"Fotolineaes - quebra negativas de relevo (drenagens) Lineamentos de Radar Lineamentos de Satlite Limite domnio estrutural

Figura 5.1 - Distribuio dos lineamentos \ lineaes (obtidos pela anlise de imagens de sensores remotos), diagramas da foliao Sn e domnios estruturais na rea de estudo.

A10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

B10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

70

70

70

70

80 90

80 90

80 90

80 90

W

E

W

E

C10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

D10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

70

70

70

70

80 90

80 90

80 90

80 90

W

E

W

E

E10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

F10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60

70

70

70

70

80 90

80 90

80 90

80 90

W

E

W

E

Figura 5.2 - Diagrama de distribuio das lineaes/lineamentos. A) Imagem Radar. B) Imagens Satlite. C) Fotolineaes - quebras relevo positiva. D) Fotolineaes - quebras relevo negativo. E) Fotolineaes lineaes de drenagem. F) Fotolineaes - quebras positiva de relevo (Foliao).

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5.1.2.2 - Lineamentos de Imagens de Satlite - TM-LANSAT

Os lineamentos de imagem de satlite mostram baixa densidade, distribuio heterognea e comprimentos frequentemente longos, possuindo concentraes mximas com trend de 1 ordem em N40-60W e de 2 ordem em N00-10E (fig.5.2 B). Os lineamentos correspondem frequentemente a quebras negativas, podendo associarem-se a estruturas rpteis a dcteis.

5.1.2.3 - Lineamentos de Fotografias Areas

A maior densidade de lineamentos obtida foi atravs de fotografias areas, permitindo a individualizao de quebras de relevos negativas, positivas e lineaes de drenagens, as quais foram analisadas separadamente.

Quebras positivas de relevo

As quebras positivas de relevo, que apresentam maiores dimenses e baixa densidade de ocorrncia (fig.5.2 C) foram consideradas como decorrentes da presena de estruturas rpteis (fraturas e falhas), as quais apresentam concentrao de 1 ordem em N40-50W. As quebras de relevo positivas, que apresentam dimenses curtas e alta densidade de ocorrncia foram consideradas em separado, representando traos de estruturas penetrativas de carter ductil (foliao) (fig. 5.2 F). Estas se concentram preferencialmente no Complexo de Cana Brava e localmente na Seqncia Vulcano-Sedimentar de Palmeirpolis. Na regio basal do Complexo de Cana Brava os lineamentos concentram-se em um trend N15-30E. Na sua regio central estes possuem trends variveis: N05-15W; N00-05E e N15-30E , enquanto na sua regio de topo predomina um trend N00-05E. Na regio central destaca-se a variao nas direes das lineaes, apresentando uma distribuio espacial, com um formato amendoado\sigmoidal, que aparentemente se estende para o norte da rea de estudo. Na SVSP as lineaes concentram-se no topo desta unidade com dimenses curtas e um trend de direo N40-55W, paralelizando com outras estruturas rpteis obtidas nas imagens de radar e satlite.

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Quebras negativas de relevo (fraturas)

As quebras negativas de relevo se concentram na posio central do complexo, com dimenses curtas e trend de 1 ordem com direo N40-50W e de 2 ordem em N65-70W (fig.5.2 D). Constituem estruturas rpteis, caracterizando-se como provveis fraturas.

Quebras negativas de relevo (drenagem) Estes elementos texturais de drenagem possuem uma distribuio homognea nos complexos de Cana Brava e Granito-Gnissicos com dimenses curtas e mdias. Possuem trend de 1 ordem com direo N40-50E e de 2 ordem em N35-60W (fig.5.2 E). Estas lineaes correspondem a estruturas do tipo 2, de natureza rptil e representando provveis fraturas e/ou falhas.

5.1.3 - DISCUSSES E ANLISE DAS ESTRUTURAS LINEARES DE SENSORES REMOTOS A anlise conjunta das lineaes e lineamentos observados na rea permitiu sugerir a classificao das estruturas deformacionais em dois grupos:

a) Estruturas dcteis: correspondem a estruturas preferencialmente encontradas no Complexo de Cana Brava com direes: N15-30E (1 ordem), N00-05E (2 ordem) e N05-15W (3 ordem), caracterizando-se como traos de foliao.

b) Estruturas rpteis: correspondem a lineaes/lineamentos distribudos em todas unidades geolgicas da rea, preferencialmente orientada segundo um trend N40-60W e secundariamente disposto em N40-50E, correspondendo a fraturas ou falhas.

A definio das zonas estruturais homlogas associa-se a presena dos traos de foliao, que permitiu caracterizar o Complexo de Cana Brava como uma unidade estrutural, onde as caractersticas dcteis esto melhor representadas. Ainda dentro do complexo destacam-se 3 subzonas homlogas, localizadas em suas regies basal, central e de topo, que possuem altas concentraes de lineaes dcteis, com trend direcional semelhante. As caractersticas rpteis apresentam um padro muito homogneo, para todas as unidades geolgicas da rea.93

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5.2 - DOMNIOS ESTRUTURAISAs feies utilizadas para o estudo da deformao na rea, correspondem principalmente a estruturas de carter dctil, a partir das quais foram individualizados quatro domnios estruturais (fig. 5.1). A nomenclatura utilizada para a descrio das estruturas deformacionais dcteis e a cronologia relativa de ocorrncia dada por: Dn: fase deformacional de ordem n Sn: foliao de ordem n Lmn: lineao mineral de ordem n Lxn: lineao de estiramente de ordem n Fn: dobras de ordem n Lfn: lineao de eixo de dobra de ordem n S0: Bandamento original Obs.: A notao foi acrescida dos ndices: +1 - para indicar um evento posterior a n. - 1 para indicar um evento anterior a n. 5.2.1 - DOMNIO I

Este domnio situa-se na regio leste da rea englobando o Complexo Granito-Gnissico e a poro leste do Complexo de Cana Brava. Apresenta o seu limite oeste marcado por uma zona de falha.

5.2.1.1 - Fase Dn Estrutura Planar - Foliao Sn. A foliao Sn apresenta-se bem desenvolvida, sendo a principal estrutura milontica da rea de estudo. No Complexo Granito-Gnissico esta foliao se desenvolveu como uma textura S-C, produzindo augen-gnaisses at termos de extrema deformao, onde os planos S-C se paralelizaram, originando gnaisses bandados e ultramilonticos. No Complexo de Cana Brava a foliao Sn penetrativa e caracterizada pela presena de planos S-C sigmoidais, dando origem predominantemente a milonitos e ultramilonitos (fig. 5.3 B). Diversas microestruturas foram originadas durante o desenvolvimento desta foliao, destacando os processos de formao de neoblastos e deformaes intracristalinas.94

ID

Sequncia VulcanoSedimentar Palmeirpolis

metros 12000

ZMS-7

10000

ZMS-5

ZMS-4

ZMS-6

8000

Complexo Mfico-Ultramfico de Cana Brava

Zona Mfica Superior

ZMS-2 ZMS-1 Zona Ultrmfica

ZMS-3

6000

Srie Cana Brava

4000

ZU-2ZU-1 ZMI-2

Zona Mfica Inferior

2000ZMI-1 ZBU

00Complexo GranitoGnissico

1200

Figura 5.3 - Feies macroscpicas associadas ao evendo dctil Dn no Complexo Mfico-Ultramfico de Cana Brava - A) Dobras mtricas, com espessamento de charneira e plano axial paralelo foliao Sn - Zona Mfica Superior. B) Lineaes de estiramento de plagioclsio e piroxnios (plano XZ do elipside de deformao) Zona Mfica Inferior C) Lineaes minerais de hornblenda, sobre o plano de foliao Sn. D) Detalhe das lineaes minerais (hornblenda) sobre o plano de foliao Sn.

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Neste domnio a foliao Sn, derivada da fase de deformao Dn, apresenta concentraes mximas em N20E/58NW (Complexo de Cana Brava) e N21E/48NW (Complexo GranitoGnissico) (fig. 5.4), indicando uma similaridade no comportamento deformacional destas duas unidades geolgicas.

Estruturas lineares

Neste domnio as lineaes de estiramento Lxn e mineral Lmn associam-se a foliao Sn, sendo caracterizadas pela orientao dos minerais, geralmente com a exposio dos planos XY do elipside de deformao, sobre o plano da foliao Sn (fig. 5.3 C/D). Nos litotipos do Complexo Granito-Gnissico predominam lineaes de estiramento Lxn, indicadas pelos porfiroclastos de K-feldspatos ou plagioclsio. No Complexo de Cana Brava a lineao de estiramento Lxn esta bem marcada por uma intensa deformao e orientao de porfiroclstos de piroxnios e plagioclsio, enquanto a lineao mineral Lmn esta representada esporadicamente pela presena de anfiblio ou biotita. As lineaes mineral e de estiramento possuem concentrao mxima, no Complexo Granito-Gnissico, em 329/45. Nos litotipos do Complexo de Cana Brava estas concentram-se em 318/46 (fig. 5.5). Quando se observa o ngulo entre a direo da foliao Sn (N21E/48NW) e as lineaes Lxn\Lmn (329/45) dos litotipos do Complexo de Granito-Gnissico, nota-se que esta oblqua (52) com uma componente down-dip pouco desenvolvida. No Complexo de Cana Brava (Sn: N20E/58NW; Lxn\Lmn: 318/46) esta relao, dada por um ngulo oblquo de 62, apresentando uma maior componente down-dip em relao ao Complexo Granito-Gnissico.

Indicadores Cinemticos

O sentido de movimento de massa no Domnio I foi obtido a partir de feies microtexturais em 6 lminas delgadas orientadas, do Complexo de Cana Brava. Em funo da pequena amostragem realizada, o sentido do movimento sugerido tem apenas um caracter indicativo. As relaes microtexturais indicativas do sentido de movimento de massa, frequentemente so marcadas por feies de assimetria dadas pela geometria entre porfiroclastos e sombras de presso (Paschier & Simpson, 1986), rotaes de cristais, formato das foliaes S-C ou ainda pela configurao da deformao intracristalina com a foliao externa (Nicolas,1984).96

A

95 POLOS CONCENTRAO MXIMA N20E/58NW

B

17 POLOS CONCENTRAO MXIMA N21E/48NW

Figura 5.4 - Diagramas da foliao Sn - Domnio I, na rea de estudo. A) Complexo de Cana Brava. B) Complexo Granito-Gnissico.

A30 POLOS CONCENTRAO MXIMA 318/ 46

B

7 POLOS CONCENTRAO MXIMA 329/ 45

Figura 5.5 - Diagrama de lineao mineral e de estiramento no Domnio I. A) Complexo de Cana Brava. B) Complexo Granito-Gnissico.

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Os litotipos analisados foram representados por metagabronoritos, com porfiroclastos de ortopiroxnio apresentando-se deformados por cisalhamento simples e com uma mximo de estiramento (eixo X cimtico) paralelos ao eixo a cristalogrfico. Esta deformao proporcionou o deslocamento de lamelas de exsoluo, de acordo com um mecanismo de sistemas de deslizamento (slip system), em relao a foliao externa, indicando o sentido de movimentao para um dado cristal. Uma outra feio observada foi a assimetria de sombras de presso, bem como dos nveis segregados em slica. Nestas lminas predominam indicadores cinemticos dextrais, sendo portanto considerado provavelmente como o principal sentido de deslocamento de massa no Domnio I.

5.2.2 - DOMNIO II

Este domnio localiza-se na poro oeste do Complexo de Cana Brava sendo limitado pela zona de falha na regio central do complexo e pelas Intruses Norticas, a oeste. As principais feies da deformao dctil so representadas por uma foliao Sn e lineaes mineral (Lmn) e de estiramento (Lxn), desenvolvidas durante a fase Dn, porm com atitudes distintas das observadas no Domnio I. Localmente encontram-se dobras Fn, associadas uma fase tardia ao evento de deformao Dn.

5.2.2.1 - Fase Dn

Estrutura Planar - Foliao Sn

A foliao Sn penetrativa em grande parte do domnio II, associando-se a gerao de milonitos. Em direo ao topo do complexo esta se torna pouco desenvolvida a ausente, prevalecendo texturas protomilonticas a isotrpicas. Caracteriza-se por uma atitude com concentrao mxima em N01E/67SE (fig.5.6 A) e por possuir caimentos contrrios a aqueles observados no Domnio I.

Estruturas Lineares - Lineaes Lmn\Lxn

As lineaes Lmn\Lxn associam-se a Fase Dn, representadas por orientaes de anfiblio\biotita e porfiroclastos de piroxnios e plagioclsio sobre a foliao Sn.99

A

79 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N01E\67 SE

B

34 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N14E\89 SE

C

13 POLOS CONCENTRAO MXIMA: N13\87 NW

Figura 5.6 - Diagramas da foliao Sn nos domnios II, III, IV da rea de estudo. A) Domnio II (Complexo de Cana Brava) , B) Domnio III (Intruses Norticas) , C) Domnio IV (Seqncia VulcanoSedimentar de Palmeirpolis).

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As atitudes das lineaes possuem uma concentrao mxima em 049/32, apresentando-se oblqua em relao a foliao Sn e com direo\caimento distintos dos observados no Domnio I (fig. 5.7 A).

Indicadores Cinemticos

Os indicadores cinemticos considerados para o Domnio II correspondem s feies microestruturais obtidas em 5 lminas delgadas orientadas. Foram utilizadas as relaes de assimetria das microestruturas em relao a foliao Sn, como descritos no Domnio I. Estas feies mostram-se preferencialmente com um deslocamento dextral, considerado como o principal sentido de movimentao de massa para o Domnio II.

Dobras Fn

A presena de dobras neste domnio foi observada em uma nica localidade (TML-341), caracterizada por dobras Fn decimtricas a mtricas, assimtricas, similares, fechadas, com espessamento de charneira, do tipo 2 (Ramsay,1967) e com o plano axial de direo e caimento paralelos a foliao Sn (fig.5.3 A). Possuem feies tpicas de dobras originadas por cisalhamento flexural. O eixo da dobra apresenta atitude 190/02. Nas dobras de cisalhamento flexural atua um cisalhamento simples paralelo aos flancos das dobras, produzindo uma distribuio da deformao onde os eixos X do elipside de deformao so divergentes em relao ao centro ou ncleo da dobra (Parker, 1983). Os estratos que apresentam-se dobrados correspondem a bandamentos metamrficos centimtricos, associados a foliao Sn e frequentemente com intensa substituio da mineralogia granultica (piroxnios) por uma assemblia do fcies anfiboltico (biotita\anfiblio\granada). Considerando as relaes das caractersticas estruturais das dobras com a foliao Sn, alm do mecanismo de cisalhamento flexural para o seu desenvolvimento, sugere-se que estas tenham se desenvolvido em uma fase tardia do evento de deformao dctil Dn.

5.2.3 - DOMNIO III

Este domnio localiza-se na poro oeste da rea sobre as Intruses Norticas e uma pequena poro do Complexo de Cana Brava, apresentando-se limitado a oeste pela Seqncia VulcanoSedimentar de Palmeirpolis.101

A11 POLOS CONCENTRAO MXIMA:

049/32

B+ DOMNIO IV DOMNIO III

6 POLOS CONCENTRAO DOMNIO III: 025-035/26-44 DOMNIO IV: 010-045/02-20

Figura 5.7 - Diagrama de lineao mineral\estiramento dos domnios II, III e IV. A) Domnio II ; B) Domnio III e IV.

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5.2.3.1 - Fase Dn

Estrutura Planar - Foliao Sn.

Neste domnio predomina uma foliao Sn pouco penetrativa associada a Fase Dn e caracterizada por orientaes de anfiblio e biotita. Faixas com intensas taxas de deformao dctil so encontradas principalmente no contato das Intruses Norticas com o Complexo de Cana Brava e a Seqncia Vulcno-Sedimentar de Palmeirpolis, desenvolvendo estruturas gnissicas a ultramilonticas. Localmente observam-se acamamentos gneos (S0) com atitude N61W/90. A foliao Sn possui uma concentrao mxima em N14E/89SE (fig.5.6 B), caracterizada por caimentos aproximadamente verticais, nas faixas de intensa deformao, ou com uma inclinao mais pronunciada para SE na regio central deste domnio.

Estruturas Lineares - Lineaes Lmn\Lxn

Neste domnio foram obtidas poucas medidas, das estruturas lineares, o que torna o significado destas apenas com um caracter especulativo. As lineaes Lmn e Lxn so representadas respectivamente por orientaes de biotita e quartzo, com atitudes variveis dadas por 025-035/2644 e dispondo-se sobre a foliao Sn (fig. 9.7 B)

Dobras Fn

As dobras presentes neste domnio encontram-se preferencialmente nas faixas de intensa deformao, representadas pelos gnaisses. So dobras isoclinais a fechadas, geralmente intrafoliais, com flancos transpostos e com plano axial paralelo a foliao Sn. Devido ao reduzido nmero de dados as atitudes so apenas indicativas. Possuem eixo de dobra em 190/35, paralelos direo da foliao Sn e mostrando indicadores cinemticos dextrais (fig. 3.8 B). Estas dobras so tpicas de zonas de cisalhamento, mostrando-se geneticamente associadas a formao da foliao Sn.

103

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5.2.4 - DOMNIO IV

Este domnio situa-se na poro mais oeste da rea, localizado sobre a Seqncia VulcanoSedimentar de Palmeirpolis, distinguindo-se dos demais por apresentar feies polideformacionais. A presena de vrias fases de deformao foi observada localmente (TML-377 e 393) em anfibolitos da SVSP, onde dobras isoclinais assimtricas com planos axiais paralelos a foliao principal, considerada como Sn, aparecem afetando uma estrutura planar anterior denominada de Sn-1. As dobras associadas a foliao Sn, denominadas de Fn, foram posteriomente dobradas por dobras abertas Fn+1, derivadas de um fase de deformao Dn+1.

5.2.4.1 - Fase Dn-1

Esta fase esta representada nos anfibolitos por uma estrutura planar Sn-1 penetrativa, considerada com uma foliao anterior ou um acamamento S0, afetada por dobras Fn.

5.2.4.2 - Fase Dn

Estrutura Planar - Foliao Sn.

A foliao Sn corresponde a principal estrutura planar presente em anfibolitos e xistos da SVSP. Mostra-se penetrativa e localmente (anfibolitos) plano axial s dobras Fn ou paralela bandamento metamrfico, representado por nveis ricos em hornblenda e quartzo-feldsptico. Possui concentrao mxima em N13E/87NW (fig. 5.6 C), distinguindo-se dos domnios II e III pelo retorno do caimento para oeste.

Estruturas Lineares - Lineaes Lmn e Lxn.

As medidas efetuadas possuem carter apenas informativo, devido a pequena amostragem de dados. As lineaes so caracterizadas por orientaes de hornblenda (Lmn) e\ou quartzo (Lxm) sobre a foliao Sn, possuindo atitudes em torno de 010-045/02-20 (fig. 5.7 B) e direes subsparalelas (