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Grupo Disciplinar de Português e Biblioteca Escolar Concurso de Expressão Escrita “Geração Móvel e Desafios” 3.º Ciclo e Secundário Escola Básica e Secundária de Ponte da Barca Fevereiro | 2013

Geração Móvel e Desafios

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No âmbito das celebrações do “Dia Europeu da Internet Mais Segura”, que este ano se assinalou a 5 de fevereiro, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar promoveram um concurso de expressão escrita subordinado ao tema “Geração Móvel e Desafios”. O e-Book que agora publicamos reúne os textos apurados ao nível das turmas, constituindo, em nossa opinião, um interessante documento que bem poderá merecer uma leitura e reflexão, por parte dos colegas dos autores dos trabalhos e da comunidade educativa em geral.

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Page 1: Geração Móvel e Desafios

Grupo Disciplinar de Português

e Biblioteca Escolar

Concurso de Expressão Escrita

“Geração Móvel e Desafios” 3.º Ciclo e Secundário

Escola Básica e Secundária

de Ponte da Barca

Fevereiro | 2013

Page 2: Geração Móvel e Desafios

Sumário

Apresentação . . . . . . 03

3.º Ciclo do Ensino Básico . . . . 04

O meu grande amor! . . . . 05

Os Perigos das Redes Sociais . . . 07

Sorte grande! . . . . . 09

Ensino Secundário . . . . . 11

A Internet nunca se esquece! . . 12

A Ilusão . . . . . 14

Um mau momento . . . . 17

A sedução da Internet . . . 20

Desencontro . . . . . 21

Encontro indesejado . . . . 23

Desfecho inesperado . . . . 25

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Apresentação

No âmbito das celebrações do “Dia Europeu da Internet Mais Segura”, que este ano se

assinalou a 5 de fevereiro, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar promoveram

um concurso de expressão escrita subordinado ao tema “Geração Móvel e Desafios”.

Com esta iniciativa, desenvolvida em dois escalões – 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino

Secundário –, pretendeu-se desafiar a criatividade e o exercício da expressão escrita dos alunos

e, ao mesmo tempo, aprofundar a reflexão sobre a questão dos direitos e responsabilidades de

quem navega pela internet.

A promoção de uma cada vez maior inclusão digital e um apelo à utilização crítica,

consciente e segura da internet, mediante a análise de situações concretas de risco e das

formas que existem de garantir a proteção no uso das tecnologias on-line e de telefones móveis,

especialmente entre as crianças e jovens, foram outros objetivos do concurso.

Os trabalhos foram desenvolvidos sob a orientação do respetivo professor da disciplina de

Português que, depois de uma seleção, encaminhou para o júri os melhores textos.

Reconhecendo a qualidade de todos os originais apresentados, a equipa responsável pela

análise final considerou merecedores de um aplauso especial um trabalho em cada escalão: “O

meu grande amor!”, de Vanda Tavares (3.º Ciclo do Ensino Básico) e “A Internet nunca se

esquece!”, de Mariana Antunes (Ensino Secundário)…

O e-Book que agora publicamos reúne os textos apurados ao nível das turmas,

constituindo, em nossa opinião, um interessante documento que bem poderá merecer uma

leitura e reflexão, por parte dos colegas dos autores dos trabalhos e da comunidade educativa

em geral.

Resta-nos agradecer ao Prof. Carlos Seco, Subcoordenador do Grupo de Informática, pela

disponibilidade que teve para editar este e-Book e também felicitar os participantes, desejando

que esta atividade contribua um pouco para que a geração dos mais novos esteja cada vez mais

atenta às oportunidades, mas também aos desafios e perigos que as novas tecnologias

“oferecem”.

Porque, como lembra Mariana Antunes, “‘tu até te podes esquecer do que fazes na

internet, mas a internet nunca se esquece!’”. E “depois pode ser tarde para se remediar o erro

cometido” (Vanda Tavares).

Prof. António Rocha, Subcoordenador do Grupo Disciplinar de Português

Prof. Luís Arezes, Coordenador da Biblioteca Escolar

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3.º Ciclo

do Ensino Básico

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O meu grande amor!

Vanda Antunes Tavares, 8.º E

Ainda era um jovem inocente e não conhecia muito bem os perigos a que estava

sujeito na internet.

Tudo começou quando me ofereceram o telemóvel que eu tanto queria: comecei

por experimentar os jogos, a sua sonoridade, pois adoro música, explorar as suas

potencialidades e mandei umas mensagenzitas aos meus amigos para lhes dar a

novidade.

Cheguei à escola a gabar-me do meu telemóvel topo de gama e senti até que

alguns amigos meus ficaram com uma pontinha de inveja. Mais tarde, já em casa,

fiquei horas a fio a mexer no telemóvel, nem queria comer, estava tão viciado, fiquei

um gabarolas de primeira. Ao fim de algum tempo, comecei a perder alguns amigos, é

verdade, mas tinha o meu grande amor, o telemóvel!

Como tinha muito saldo, um dia resolvi aceder à internet. A partir dessa altura,

comecei a passar lá muito tempo, até que um dia deparei-me com um anúncio muito

apelativo que dizia: “Parabéns! Foi o nosso vencedor desta semana, acabou de ganhar

internet grátis durante cinco anos! Clique em “Levantar o Prémio”. É óbvio que nem

hesitei, cliquei logo com grande alegria, sem ter noção dos perigos que podia estar a

correr.

Começou então a desaparecer dinheiro do saldo do meu telemóvel, cerca de 4

euros por semana. Eu não percebia o que estava a acontecer, por isso resolvi logo

pedir ajuda ao meu pai, informando-o do que me tinha sucedido. Claro que ele me deu

logo um raspanete e explicou-me que tudo aquilo estava a acontecer por eu ter caído

na cantiga de ganhar um prémio e por ter dado os dados do meu telemóvel a alguém

que eu não conhecia de lado nenhum, coisa que jamais se deve fazer. O meu pai

tratou, então, de cancelar o meu cartão e mudou para outro.

Page 6: Geração Móvel e Desafios

Apelo, por isso, a todos que nunca deem os vossos dados na internet, para que

não venham a ter uma experiência tão ou ainda mais desagradável do que a minha,

porque depois pode ser tarde para se remediar o erro cometido.

Page 7: Geração Móvel e Desafios

Os Perigos das Redes Sociais

Inês da Rocha Malheiro, 8.º D

A Rita estava entusiasmada por ter criado uma página no Facebook. Por isso,

começou a mandar pedidos de amizade a todas as pessoas que eram suas amigas e

aceitava todas as que lhe pediam amizade, independentemente de as conhecer ou

não.

Uma das pessoas que ela adicionou chamava-se Miguel. O Miguel começou a

falar todos os dias com a Rita e a mostrar-se muito interessado em conhecê-la.

Quando chegava a casa, ela ia a correr para o Facebook para falar com o seu novo

amigo virtual e esquecia tudo o que girava à sua volta, não estudava, não conversava

com os pais, fechava-se no quarto e também não socializava com os seus verdadeiros

amigos.

Ao fim de algum tempo, o amigo convidou-a para se encontrarem. Muito feliz, a

Rita aceitou e, nessa noite, nem conseguiu dormir a pensar no encontro do dia

seguinte. No dia marcado, a jovem foi para as aulas, mas prestou pouca atenção,

devido ao entusiasmo em que se encontrava para conhecer o seu amigo.

No final das aulas, foi ter ao local combinado, mas, quando lá chegou, reparou

que o sítio era muito isolado, sem iluminação e não havia qualquer pessoa, a não ser

um senhor com alguma idade e que se deslocava em direção a ela. Ficou um pouco

apreensiva, pois não queria acreditar que esta era a pessoa com quem tinha marcado

Page 8: Geração Móvel e Desafios

o encontro. O Miguel com quem ela pensava ter falado no Facebook era um rapaz

novo e bonito.

O senhor aproximou-se dela e apresentou-se como sendo o Miguel, fez-lhe

muitos elogios e disse que a queria conhecer melhor. Ao perceber que tinha sido

enganada, a rapariga disse-lhe que não estava interessada em conhecê-lo, já que ele

lhe tinha dito que era outra pessoa e que se ia embora, mas não pôde, porque o

homem agarrou-a agressivamente. Ela ainda se debateu e tentou fugir, mas não

conseguiu; ele acabou por violá-la e no fim deixou-a abandonada.

A Rita aprendeu da pior maneira que nunca se deve revelar os seus dados

pessoais, nas redes sociais, nem falar ou marcar encontros com desconhecidos.

Page 9: Geração Móvel e Desafios

Sorte grande!

Mariana Lopes, 8.º D

A grande notícia acabou de chegar ao meu correio eletrónico. Fui eu o escolhido,

entre um milhão de outros alunos, para ganhar a consola com que sempre sonhei! E é

tão simples basta, clicar onde diz “Aceito o prémio”.

No meu ecrã, apareceram várias perguntas tais como, o meu nome, idade,

número de telefone e a minha morada. Para conseguir receber o prémio, respondi a

todas as questões com a máxima atenção.

Na manhã seguinte, recebi uma mensagem onde me diziam que, ainda naquele

dia, me traziam a consola a casa.

Passados alguns minutos, tocaram à campainha, e dois homens apareceram à

minha porta com uma enorme caixa, devia ser a consola! Abri a porta e os dois

homens entraram, um era alto e forte o outro era igualmente forte, mas ligeiramente

mais baixo.

Eles pousaram a caixa no chão da sala e, de seguida, começaram a mexer em

todas as gavetas, armários e até inspecionaram a minha televisão!

– Parem! – gritei, mas de nada valeu, pois aqueles brutamontes agarraram-me e

fecharam-me à chave na casa de banho.

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O meu vizinho, que estava a regar o jardim, veio em meu auxílio, mas não correu

tão bem como esperávamos, já que ele foi preso comigo, na casa de banho! Ficámos lá

os dois durante horas, até que alguém nos veio soltar, seriam os bandidos?

Na realidade, eram os meus pais que tinham acabado de chegar a casa e que

tinham ficado abismados com a confusão e a quantidade de objetos roubados.

Depois de lhes contar tudo o que acontecera, fiquei sem computador e umas

boas semanas sem televisão!

Nunca mais acredito nestes anúncios e, quando o meu castigo terminar, terei

mais cuidado com a utilização da internet!

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Ensino

Secundário

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A Internet nunca se esquece!

Mariana Antunes, 10.º D

Estava feliz.

Os dias passavam e em todos eles tinha um sorriso nos lábios, um brilho no

olhar. Sentia-me preenchida e satisfeita com a vida. Tinha muitos amigos, uma família

fantástica, boas notas e sobretudo o que pensava ser o namorado perfeito. Perfeito

mesmo. Às vezes dava por mim a pensar que para o resto da minha vida só precisava

de finalizar os meus estudos, trabalhar no que eu queria, casar com ele, ter filhos e…

final feliz! Parecia mesmo um conto de fadas!

Porém, nunca nos meus piores sonhos (já que estava a viver um sonho) pensei

no que se passaria meses depois.

Comecei a achar que o meu namorado (atual ex-namorado, ou melhor dizendo,

uma pessoa que nem conheço) não era o príncipe encantado como o tinha desenhado.

Mas o amor que sentia por ele era tão cego e de tal modo gigante que nem a isso

ligava.

E o inevitável aconteceu. A nossa relação acabou. Todavia, em vez de ficarmos

amigos, fruto de vários meses juntos, acabámos chateados, muito chateados! Ódio e

uma intensa vontade de vingança foi o que sobrou no coração dele. Aliás, esses

sentimentos passaram rapidamente do coração para a cabeça, tendo ele já preparado

um plano para eu deixar de ser uma pessoa feliz.

Bem…, já chega de lengalenga! Vou falar do que realmente me levou a escrever

este texto (ou espécie de diário, não sei).

Como já se deve perceber, o meu antigo namorado utilizou as redes sociais (sem

querer fazer publicidade), mais concretamente o Facebook, a mais utilizada neste

momento, com o simples objetivo de arruinar as minhas pedras preciosas: os meus

amigos.

Criou uma conta como se fosse eu e utilizou uma foto – incluída no meu perfil

verdadeiro – para a tornar mais credível. Enviou “pedidos de amizade” e conversou

com algumas pessoas minhas conhecidas (suponho que não tenham sido boas

conversas, segundo alguns relatos). Humilhou-me, publicando estados impróprios, se é

Page 13: Geração Móvel e Desafios

que me entendem… A conta falsa foi apagada, decorridos dois ou três dias, já não me

recordo bem.

Como se não bastasse, um ou dois meses depois, entrou na minha conta original

e fingiu ser eu, mas aí foram breves minutos e não foi tão grave como na primeira

situação.

Claro que chorei, sofri, sofri muito, mas não chorei por muito tempo. Felizmente,

tinha amigos que me conheciam e sabiam perfeitamente que tudo aquilo era falso,

que não podia ser eu e que, sem sombra de dúvida, era obra do meu “amigo”. Contei

com a ajuda de um anjo que desceu dos céus para me ajudar, uma minha professora

(já não é minha professora atualmente, mas não deixa de ser minha professora, pelo

simples facto de me ensinar a viver sempre que converso com ela), a quem devo muito

da minha felicidade. E se consegui levantar-me e voltar a ser feliz é grande parte a ela

que o devo. Agradeço muito aos meus amigos, que ainda são os meus amigos, passado

já quase um ano, e que hoje considero os meus alicerces. Não, como é óbvio, não me

esqueço da minha família que me ajudou muito, principalmente a minha mãe.

Concluindo, não cedam as vossas palavras-passe a ninguém. Eu cedi a minha,

confesso. Claro que a mudei, a do Facebook, mas esqueci-me de alterar a do correio

eletrónico. Se alguém confiar verdadeiramente em ti, não precisa das tuas senhas de

acesso. (Eu não fui obrigada, mas aprendi esta lição da pior maneira). Cuidado também

com as fotos, que podem ser colocadas em sítios que não queiras. Nada, mas mesmo

nada, é seguro neste “mundo”.

Acabo com uma frase que, de certeza, marcará a minha vida para sempre: “Tu

até te podes esquecer do que fazes na internet, mas a internet nunca se esquece!”.

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A Ilusão

Adriana Almeida, 10.º D

Tudo acontece por qualquer razão, seja ela qual for, tenhamos culpa ou não.

Esta é a história de Isabela, um jovem de 18 anos, que não soube como lidar com

os problemas por que estava a passar e decidiu entrar num mundo virtual onde os

problemas se tornaram ainda maiores.

Isabela era vítima de bullying, e os pais, sem saberem como lidar com esta

situação, passavam dias e dias a discutir, presenciando Isabela muitas vezes essas

discussões.

Por mais que tentasse, Isabela já não aguentava essa agressividade com que se

consumiam os pais, e culpava-se por isso, até que um dia isolou-se de todos,

refugiando-se no seu quarto, fora do horário da escola, e a partir daí era apenas ela e a

internet, vivendo no seu mundo virtual, para se isolar do mundo real. Lembrou-se

então de criar um blogue onde podia desabafar anonimamente e falar através do chat

apenas para as pessoas que ela autorizasse.

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Isabela encontrou o blogue de um rapaz, Mário era o seu nome, e achou-o lindo,

visitou o perfil dele e viu que também tinha 18 anos e decidiu falar com ele. Em pouco

tempo, já pareciam íntimos, falavam imenso, e davam-se muito bem, apesar de não se

conhecerem pessoalmente. Ela achava estar apaixonada por ele, e acabou por revelar

dados pessoais, como a sua morada, telefone, morada da escola, e enviou-lhe fotos e

ele fez o mesmo.

Os pais dela continuavam a discutir, sem chegar a um acordo, e ela, depois de

tanto tempo a falar pela internet, decidiu fugir com o Mário, tendo para tal marcado

um encontro.

Quando os pais deram pela sua falta, telefonaram de imediato para os colegas

dela mais próximos, porque apesar de ser vítima de bullying, tinha sempre alguém do

lado dela. Ninguém sabia dela, todos diziam que não a viram, nem estiveram com ela.

Procuraram mais uma vez nos seus locais favoritos, mas nem sinal. Enquanto isso,

Isabela já se encontrava longe com Mário.

O seu desaparecimento foi comunicado à polícia, prepararam buscas, mas não

tinham pistas para poderem continuar.

Isabela e Mário começaram a namorar, e ela finalmente ficou longe dos seus

problemas, mas o que ela não sabia é que se ia deparar com problemas ainda maiores.

Ela achava-o amoroso, ele dava-lhe flores, chocolates, fazia-lhe tudo, mas um dia

essa paixão que ele sentia por ela tornou-se uma obsessão, as crises de ciúmes eram

cada vez mais frequentes, chegou ao ponto de lhe bater, ela tentou terminar o

namoro, mas ele não aceitou e prendeu-a em casa, e estava sempre a dizer: “se não és

minha, não és de mais ninguém!”.

Entretanto, do outro lado, os pais da Isabela pararam de discutir e trabalharam

em conjunto para encontrar a filha.

A mãe encontrou o computador e o blogue de Isabela, descobriu com quem ela

fugiu e levou as provas para a polícia. Reconheceram-no logo, porque já tinham

recebido queixas de agressão e maus tratos que ele praticava frequentemente a jovens

da idade dele ou até mais novas, mas nunca o encontraram.

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Passado um mês, a polícia recebe novas pistas do seu paradeiro e conseguem

apanhá-lo. Ele foi condenado a prisão durante longos anos, os suficientes para poder

refletir, enquanto que Isabela foi internada num hospital em muito mau estado. Tinha

lesões graves e estava traumatizada com tudo o que tinha acontecido.

Quando ela melhorou, os colegas foram visitá-la e ficaram muito mais próximos

dela, os pais nunca mais discutiram, o bullying acabou, todos aqueles que o praticavam

contra ela pediram-lhe desculpa. Todos juntos ajudaram-na a recuperar...

Os perigos da internet encontram-se em todo o lado e não escolhem, nem idade,

nem motivos. Nunca se deve revelar os dados pessoais a estranhos na internet, por

mais que pareçam inofensivos.

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Um mau momento

Adriano Rodrigues, 10.º D

Era uma segunda, de manhã, a minha mãe estava a chamar-me para ir para a

escola porque já estava atrasado, “Despacha-te, rapaz, que o autocarro está a chegar!”

– disse ela. “Já vou, estou quase pronto” – disse eu, mas a verdade é que estava

pronto há muito tempo, só que a vontade de estar no Facebook era maior do que a de

ir para a escola.

Estava no meu quarto, como já era habitual, a falar com a minha “amiga” Fanny,

uma rapariga que me enviou um pedido de amizade há já dois meses e eu, como rapaz

engatatão, claro que aceitei. Nesse dia, quando vi as fotografias, fiquei todo contente e

entusiasmado, era como se tivesse acertado no euromilhões, ainda por cima era de

uma terra que ficava apenas a 20 km da minha. Nesse dia, era como se fosse o dia mais

feliz da minha vida, mal eu sabia o que ainda estava para vir!

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Dois meses já tinham passado, era terça-feira, à tardinha, tinha acabado de

chegar da escola, estava a descarregar os meus jogos no Facebook, quando a minha

“amiga” Fanny me falou inesperadamente, o que achei estranho, porque em dois

meses sempre que ela me falava era de noite, ao fim do jantar, ou de manhã, antes de

ir para a escola, mas não dei muita importância ao caso, pois não era nada de mais.

Ela perguntou, “tudo bem contigo, querido?”, e eu respondi, “claro, como

sempre, e tu?”, e ela acrescentou, “bem, mas um pouco triste!”. Eu, curioso,

perguntei-lhe a razão da sua tristeza, e ela respondeu-me: “queria encontrar-me

contigo, para te conhecer melhor! Para ver se podemos ter uma relação um pouco

mais próxima, podemos encontrar-nos no sábado, à tarde!”; e eu entusiasmado

perguntei-lhe “claro que sim, mas onde?”, e ela respondeu-me, “à beira do rio, no

largo da feira, pois lá ao sábado passa pouca gente e assim podemos conversar mais à

vontade. Pode ser?”. Empolgado, disse-lhe: “já lá estou, mal posso esperar, até

sábado!”.

A semana passou e chegara finalmente aquele sábado! O sol brilhava, os

passarinhos cantavam, a minha família tinha ido para fora…, estava tudo reunido para

que fosse o melhor dia da minha vida. Eram duas da tarde, eu e a Fanny tínhamos

combinado lá estar às duas e meia, mas eu, empolgado, já lá estava.

Uma hora passou e ninguém aparecia até que, por fim, lá ao fundo, vi chegar

umas pessoas vestidas de negro na minha direção. Chegaram à minha beira e

perguntaram se eu era o João e eu disse que sim. Então eles disseram- me, “bem, nós

somos a tua querida Fanny, somos quem tu esperavas?. Eu fiquei gelado, sem

palavras, talvez porque já não estava a tremer de nervosismo, mas, sim, de medo. A

minha reação foi começar a correr, a correr o mais rápido possível…, eu corri, corri,

mas os homens continuavam atrás de mim.

De repente, vejo uma carrinha na minha direção, eu corri para ela para pedir

ajuda. Mas depressa me dei conta de que era um logro. Já dentro da carrinha, reparei

que o motorista tinha uma arma e vi os dois homens que anteriormente me

perseguiam a entrar no veículo. Eu tentei escapar, ainda consegui sair da carrinha, mas

eles agarraram-me, e eu fiz a única coisa que podia fazer naquele momento, gritar!

Gritei, gritei e voltei a gritar, “socorro, ajudem-me!”, mas ninguém aparecia, até que vi

Page 19: Geração Móvel e Desafios

dois colegas meus a sair de um barzito que havia lá perto, e eles reconheceram-me. O

pai do Bruno (um deles), polícia, que o esperava à entrada do bar, ao aperceber-se do

que se passava, move perseguição aos raptores, que não se aperceberam de que

estavam a seguir seguidos. Fomos dar a um armazém velho que existia ali perto. Sem

saber o que me iria acontecer, eis que se ouvem as sirenes à volta do edifício e nesse

momento eu acreditei que tudo poderia acabar bem. Assim foi: de um assalto, a

polícia capturou os raptores e eu fui encaminhado para casa. Ainda hoje não sei bem o

que queriam de mim e o mal que me poderiam fazer!

Esse dia que eu julgava que ia ser um dos melhores da minha vida acabou por ser

o pior, mas pelo menos alertou-me para o facto de que não devemos dar tanta

importância aos “amigos” que arranjamos nas redes sociais, mas , sim, aos reais, aos

nossos verdadeiros amigos, que estão lá quando é preciso, tais como os meus dois

colegas que me salvaram do que se tornou no pior da minha vida!

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A sedução da Internet

Bárbara Fonte, 10.º A

Querida Inês:

Com tudo o que aconteceu ao longo deste ano, consegui perceber as preocupações das

nossas mães, quando dizem para não falarmos com desconhecidos pela internet. Não me

orgulho do que aconteceu, mas vejo isso como uma lição de vida.

Tudo começou com um simples “Olá”

de uma pessoa que me era estranha. Mas eu

pensava: “ Porque não falar com ele? De

certeza que não me vai acontecer nada, até

pode vir a ser um grande amigo...”.

O que seria uma conversa casual de

amigos da internet passou para algo mais: as

fotos que ele colocava no seu mural, as frases meigas que eu recebia dele…, era tudo uma

ilusão! Mas eu acabei por me apaixonar verdadeiramente pelo rapaz fictício que existia atrás

de um computador. Acabei por ceder à tentação de conhecer aquele rapaz misterioso que eu

só conhecia por fotografias, e marquei um encontro, num parque discreto, calmo, silencioso.

Ele apareceu, mas quando olhei para ele não vi o rapaz charmoso, atraente das fotos

postadas no seu mural e a sua idade era muito superior à minha. Começamos a conversar, mas

ele queria mais e comecei a sentir a mão dele no meu corpo. Eu estava desprotegida, presa

naquele parque sombrio. Acabei por arranjar coragem e fugir dali o mais depressa que pude.

Tudo acabou, reconheci o meu erro e contei à minha mãe a ingenuidade que me levou a

tal comportamento com pessoas estranhas. Eu reagi positivamente, mas há pessoas que

acabam muito feridas psicologicamente.

Conto-te a minha história para não caíres no meu erro, pois torna-nos mais responsáveis

e não pensamos que as coisas más acontecem apenas aos outros.

Beijinho,

Diana.

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Desencontro

Raquel Fernandes, 10.º A

– Mas… mãe, já são 18 horas, é a minha hora de ir à internet e, além do mais, já

fiz os trabalhos da escola…

– Acabou a conversa, tens teste amanhã e quero que vás estudar. Agora!

Eu ainda tentei

convencê-la, mas foi em vão.

Chateada, fui para o meu

quarto e mesmo assim liguei o

computador. No relógio já

eram 18:15. Será que ele

estava online? – pensei eu.

Mas que grande ansiedade a

minha! Afonso era o seu

nome. Falava com ele diversas vezes e a vontade de o conhecer era cada vez maior.

Seria ele tão perfeito como o demonstrava?

– Boa! Ele estava online e não hesitei em dizer-lhe um “olá”. Ele demorou a

responder, mas acabou por me retribuir um: – Oi, miúda, tudo bem?

Cada vez que falávamos, o meu coração batia tão rápido como a chuva cai do céu

num dia de tempestade. Continuámos a típica conversa de todos os dias: “como correu

o teu dia, que me contas de novo, gosto muito de ti…”. Até que ele me perguntou algo

de novo: “quando é que vamos estar juntos?”. Eu estava tão feliz que combinámos

encontrar-nos logo no dia seguinte, junto ao rio.

Depois de muitas e muitas voltas durante a noite, o dia finalmente chegou. E à

hora marcada encaminhei-me para o local do encontro e aguardei. Passaram muitas

pessoas: um grupo de amigos, casais apaixonados que caminhavam de mãos dadas e

um rapaz que corria de um lado para o outro, para manter o físico, pensei. Decorridos

Page 22: Geração Móvel e Desafios

uns bons vinte minutos, um homem com os seus 25-30 anos, magro, alto, cabelo

castanho e bem vestido aproximou-se:

– Olá miúda, demorei muito?

Eu perguntei-lhe, medrosamente, o que é que queria e disse-lhe para se ir

embora. Por fim, explicou-me que era o tal rapaz com quem eu marcara o encontro e

eu nem queria acreditar que fora enganada. Senti-me a ser fortemente agarrada como

se me faltasse o ar e a liberdade e ele beijava-me violentamente. Só me apetecia

chorar e livrar-me daquele psicopata. Então, gritei com toda a minha força, enquanto

ele me tentava impedir. Olhei, e vi o rapaz, que corria de um lado para o outro, a vir na

minha direção para me ajudar.

Tive muita sorte em ser socorrida por este meu herói; se não tivesse aparecido

naquele momento, eu nem quero imaginar o que me poderia ter acontecido. Mas

como nem em todas as histórias existe um herói, nem um final feliz, nunca, mas

mesmo nunca fales com alguém que não conheças. A internet é um pequeno/grande

mundo em que tudo pode parecer ser aquilo que realmente não é.

Page 23: Geração Móvel e Desafios

Encontro indesejado

Rui Gomes, 10.º D

Era uma vez uma rapariga, chamada Helena, com 15 anos de idade, que era

obcecada pelo Facebook. Estava online diariamente e com vários acessos por dia.

Em certa ocasião, como era costume, estava no Facebook e um rapaz começou a

falar com ela. Como o rapaz lhe agradou, ela deu-lhe conversa e foi na onda. A cada

momento que passava, Helena começava a gostar mais dele.

Num certo dia, o rapaz convidou-a para um encontro, tendo ela aceitado

prontamente o convite e ficando desde logo muito entusiasmada. Não passava um dia

sem pensar nele; nas aulas não estava atenta, em casa não saía do quarto, só estava

bem à frente do computador. Entretanto, os pais aperceberam-se de que se passava

algo com a sua filha e tentavam indagar o que se passava, mas ela não se abria.

Até que chegou o grande dia, o momento por que ela esperava há muito.

Produziu-se toda para aquele rapaz que tanto amava! Ao sair de casa, disse aos pais

que ia para a escola, como de costume; mas no caminho procurou um táxi e dirigiu-se

para o local do encontro. Estava muito nervosa, quase não conseguia respirar.

Page 24: Geração Móvel e Desafios

Esperou, esperou, esperou…, o rapaz nunca mais chegava; a cada minuto que passava,

mais nervosa ficava. Finalmente viu surgir um carro, ela quase não conseguia respirar,

tal era a emoção de ver aquele por quem se apaixonara. Porém, quando ele sai do

carro, ela apanhou o maior susto da sua vida: era um homem de cerca de 65 anos,

todo arranjado. Ela não queria acreditar no que estava a ver.

Quando chegou à beira dela, deu-lhe dois beijos na cara e disse que era muito

bonita, mesmo como ele imaginara. Ela só queria sair dali, correr, fugir, desaparecer!

Então, dissimulando o medo que a invadia, pediu desculpa, que tinha de se ir embora.

O homem apercebeu-se do que se estava a passar e agarrou-a, dizendo que ela era só

sua e que se não fosse dele não era de mais ninguém. Encostou-a contra uma parede e

violou-a, deixando-a sozinha, naquele local vazio, a chorar perdidamente.

Em casa, os pais receberam uma chamada da diretora da escola a dizer que a

Helena tinha faltado às aulas. Então, o pai abriu o computador da Helena e foi uma

sorte ela deixar o Facebook ligado: leu as mensagens e dirigiu-se sem demora para o

local onde ocorrera o encontro. Mal chegaram lá, viram a filha estendida no chão, a

chorar. Aperceberam-se de que algo de muito mau se tinha passado, mas ela não quis

contar. Quando chegaram a casa, ela trancou-se no quarto durante vários dias.

A partir de então, Helena aprendeu uma lição de vida: que não se pode confiar

nas pessoas que não se conhecem e que o perigo espreita nas redes sociais.

Page 25: Geração Móvel e Desafios

Desfecho inesperado

Sofia Sousa, 10.º A

Hoje em dia, a internet e os perigos que ela comporta são temas diariamente

abordados em contextos diversos. Até há pouco, eu julgava que todos aqueles casos

que são reportados à internet só aconteciam aos outros e não a mim. Mas estava

completamente enganada…

Certo dia, estava eu no

Facebook – como habitualmente

faço – quando um rapaz muito

bonito me envia um pedido de

amizade. Sem hesitar, aceitei e ele

começou logo a falar comigo no

chat.

Todos os dias ansiava por

falar com ele e até sentia um “bichinho” dentro de mim que não conseguia controlar.

Pensava nele a toda a hora e só imaginava o momento em que chegava a casa, ia para

o Facebook e falava longamente com ele.

Nas nossas conversas, ele punha a hipótese de nos conhecermos pessoalmente,

mas eu descartava logo a ideia e mudava de assunto. Só que ele insistia cada vez mais.

Então, com medo que deixasse de falar comigo e ao mesmo tempo com uma certa

curiosidade, aceitei a proposta dele. Esse encontro não foi na minha vila, aliás, foi ele

quem escolheu o local.

Sem pensar nos riscos do meu comportamento, não avisei ninguém para onde ia

e lá fui sozinha à descoberta.

Quando cheguei ao local, fiquei surpreendida: em vez do rapaz bonito da minha

idade, estava um trintão com péssimo aspeto. Pelos sinais que me tinha dado, vi logo

que era ele. Antes que reparasse na minha chegada, desatei a correr até à paragem de

autocarro. Tinha desligado o telemóvel, no caso de os meus pais me contactarem.

Page 26: Geração Móvel e Desafios

De regresso a casa, refletia sobre as possíveis consequências do meu

procedimento; eu poderia ter sido mais um caso entre tantos outros que aparecem na

televisão e que são vítimas de descuidos no uso da internet.

Por isso, mais uma vez, é importante estarmos vigilantes no uso que fazemos da

internet: é ótima para fazer pesquisas e adquirir conhecimentos, mas é preciso ter

muito cuidado com quem falamos no Facebook e nas outras redes sociais, pois os

nossos atos imprudentes podem sair-nos muito caro.

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Escola Básica e Secundária

de Ponte da Barca

2013