19
221 Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestão de Zonas Costeiras GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS: COMO COMPATIBILIZAR TAL DESAFIO Marcus Polette Fernando Luiz Diehl Francelise Pantoja Diehl Rafael Medeiros Sperb Carlos Augusto França Schettini Antonio Henrique de Fontoura Klein 1. Introdução Gerenciar as múltiplas paisagens das bacias hidrográficas costeiras constitui-se num dos grandes desafios enfrentados pelos mais diversos setores da sociedade organizada, principalmente aqueles que utilizam os recursos naturais existentes nestas áreas. A tarefa torna-se ainda mais complexa se considerarmos que estas regiões estão sujeitas a mudanças de diversas mag- nitudes. Porém, a compatibilização do gerenciamento da zona costeira com o gerenciamento dos recursos hídricos nela existentes desponta como um desafio ainda maior que, segundo REIS et al (1998), requer consideração de aspectos legais, administrativos, institucionais e técnicos. Pretende-se analisar no presente trabalho a compatibilização entre o processo de gerenciamento costeiro integrado preconizado pela Agenda 21 e ainda por meio do II Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, aprovado pela Resolução n° 5, de 3 de dezembro de 1997, da CIRM - Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, e que oferecem bases para a implementação de um programa de gestão costeira integrada e ainda a gestão dos recursos hídricos descrita na lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Considerando a bacia hidrográfica uma unidade territorial geográfica para a gestão das áreas costeiras (CLARK, 1977; POLETTE, 1993), as atuais políticas públicas devem maximizar esforços nas ações que visem sua conservação e o seu desenvolvimento.

GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

221

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO EGERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS: COMO

COMPATIBILIZAR TAL DESAFIO

Marcus PoletteFernando Luiz Diehl

Francelise Pantoja DiehlRafael Medeiros Sperb

Carlos Augusto França SchettiniAntonio Henrique de Fontoura Klein

1. Introdução

Gerenciar as múltiplas paisagens das bacias hidrográficas costeirasconstitui-se num dos grandes desafios enfrentados pelos mais diversos setoresda sociedade organizada, principalmente aqueles que utilizam os recursosnaturais existentes nestas áreas. A tarefa torna-se ainda mais complexa seconsiderarmos que estas regiões estão sujeitas a mudanças de diversas mag-nitudes. Porém, a compatibilização do gerenciamento da zona costeira com ogerenciamento dos recursos hídricos nela existentes desponta como um desafioainda maior que, segundo REIS et al (1998), requer consideração de aspectoslegais, administrativos, institucionais e técnicos.

Pretende-se analisar no presente trabalho a compatibilização entre oprocesso de gerenciamento costeiro integrado preconizado pela Agenda 21 eainda por meio do II Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, aprovadopela Resolução n° 5, de 3 de dezembro de 1997, da CIRM - ComissãoInterministerial para os Assuntos do Mar, e que oferecem bases para aimplementação de um programa de gestão costeira integrada e ainda a gestãodos recursos hídricos descrita na lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiua Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos. Considerando a bacia hidrográfica umaunidade territorial geográfica para a gestão das áreas costeiras (CLARK, 1977;POLETTE, 1993), as atuais políticas públicas devem maximizar esforços nasações que visem sua conservação e o seu desenvolvimento.

Page 2: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

222

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

2. Definições

2.1 Zona costeira

Existem diversas definições para zona costeira, porém todas concordamque ela compreende uma faixa de terra seca e o espaço oceânico adjacente, naqual a parte terrestre e seus usos afetam diretamente a ecologia do espaçooceânico e vice-versa. Portanto, a zona costeira é uma faixa de largura variávelque bordeia os continentes. Geograficamente, as fronteiras da zona costeirasão imprecisas. As fronteiras marinhas têm sido definidas de acordo com aextensão das atividades do homem baseadas na terra que possuem umainfluência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha.

O II Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro define zona costeiracomo sendo o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindoseus recursos ambientais e abrangendo a faixa marítima (faixa que dista 12milhas marítimas das linhas de base estabelecidas de acordo com a Convençãodas Nações Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade domar territorial), e a faixa terrestre (faixa do continente formada pelos Muni-cípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira).

2.2 Bacia hidrográfica

Bacia hidrográfica pode ser definida como uma área topográfica, drenadapor um curso da água ou um sistema conectado de cursos da água de forma quetoda a vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída.

Para a ciência ambiental, a bacia hidrográfica contém o conceito deintegração. Seu uso e aplicação para estudos de problemas ambientais sãofundamentais, pois também contém informações físicas, biológicas e sócio-econômicas, sendo que nenhuma pode ser desconsiderada se a análise se basearna sua verdadeira compreensão. A solução de muitos problemas de pressãoambiental está intimamente vínculada com as preocupações que objetivem amanutenção das bacias hidrográficas (O'SULLIVAN, 1981).

2.3 Gestão ambiental

Gestão é um processo participativo, contínuo, interativo e adaptativo,que inclui uma série de deveres associados, os quais devem ser desenvolvidosde forma que se possa alcançar metas e objetivos pré-determinados (CICIN-

Page 3: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

223

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

SAIN, 1993). Constitui-se no processo de articulação das ações dos diferentesagentes sociais que interagem em um dado espaço, visando garantir, combase em princípios e diretrizes previamente acordados/definidos, a adequaçãodos meios de exploração dos recursos ambientais - naturais, econômicos esocioculturais - às especificidades do meio ambiente (LANNA, 1995).

2.4 Gerenciamento de recursos hídricos

O gerenciamento dos recursos hídricos pode ser traduzido como sendoum instrumento que orienta o Poder Público e a sociedade, a longo prazo, nautilização e monitoramento dos recursos ambientais - naturais, econômicos esocioculturais, na área de abrangência de uma bacia hidrográfica, de forma apromover o desenvolvimento sustentável (LANNA, 1995).

2.5. Gerenciamento costeiro integrado

Gerenciamento costeiro integrado é um processo. SegundoCICIN-SAIN (1993), pode ser definido como sendo contínuo e dinâmico, noqual decisões são tomadas para o uso sustentável, desenvolvimento e proteçãodos recursos das áreas costeiras e marinhas. Tem ainda a função de unir osmais diversos setores governamentais, a sociedade organizada e a ciência, deforma a compatibilizar o processo de gestão por meio de interesses setoriais epúblicos, preparando e implementando, assim, um plano integrado para aconservação e o desenvolvimento dos ecossistemas e recursos costeiros. Aprincipal meta do gerenciamento costeiro integrado é melhorar a qualidadede vida das comunidades humanas que dependem dos recursos costeiros,levando em consideração a manutenção da diversidade biológica e aprodutividade dos ecossistemas costeiros (GESAMP, 1996).

O gerenciamento costeiro integrado - GCI envolve também uma avaliaçãoabrangente da realidade em que está inserido. Objetiva o planejamento de usos eo manejo dos sistemas e recursos, levando em consideração aspectos de naturezahistórica, cultural e tradicional, bem como conflitos de interesses e usos do espaçoanalisado. Trata-se de um processo contínuo e evolucionário.

Muitos, entretanto, concordam que o gerenciamento costeiro estáintrinsecamente relacionado à resolução de conflitos entre usos ao longo dacosta, mitigação de impactos e determinação dos usos mais apropriados dosrecursos costeiros. Alguns o consideram como um método eficiente para aresolução de conflitos. Dentro desta filosofia, o gerenciamento costeiro

Page 4: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

224

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

transforma-se num mecanismo de planejamento, pois é uma mistura deeconomia regional e gestão ambiental.

Justifica-se a implementação de um programa desta natureza pelanecessidade premente de efetivar-se, de forma transparente, um processo detomada de decisão através de programas eficientes de Governo que incluamtodos os setores envolvidos.

3. Relação entre zona costeira e bacia hidrográfica

Segundo o disposto no art. 3° da lei 9.433/97, deve existir a integra-ção dagestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zona costeira.

Tabela 1 - Alguns serviços e funções dos ecossistemas ( Modificado de Constanza, 1997 )

Page 5: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

225

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

Esta norma fundamenta-se na função e influência que os recursoshídricos exercem sobre a qualidade da zona costeira (eg. transporte desedimentos, poluentes, regime de circulação, etc.).

FORMAN & GODRON (1986) afirmam que muitas bacias hidrográficasestão incluídas na paisagem e muitas bordas das paisagens podem ou nãocorresponder às bordas da bacia hidrográfica. Como conseqüência tem-se adegradação dos sistemas naturais que desempenham funções vitais e fornecembens e serviços ao ser humano, bem como possibilitam a continuidade emanutenção de outras espécies (Tabela 1).

4. O desafio

Nos próximos 20 ou 30 anos, estima-se que a população da zona costeiraem nível mundial terá quase dobrado, devendo ocorrer aí os maiores esforçospara a criação de uma sociedade sustentável. Será este espaço queproporcionará as referências de nível de sucesso ou fracasso da implementaçãode planos de gestão ambiental (IUCN, PNUMA, WWF, 1992).

É esperado que a população mundial seja incrementada em decorrênciada migração da população das áreas interiores para as áreas costeiras. Existemcenários que projetam que a população mundial alcance 11 bilhões no espaçode um século, com cerca de 95% deste crescimento ocorrendo nos países emdesenvolvimento. Nestes países, até o final deste século, é previsto que doisterços da população (3,7 bilhões) vivam ao longo das áreas costeiras (THEWORLD BANK, 1993).

O aumento populacional da zona costeira constitui-se, assim, numgrande problema de gestão ambiental, pois seis em cada dez pessoas vivemdentro de um raio de 60 km (Agenda 21, 1992) da orla litorânea e dois terçosdas cidades do mundo, com populações de 2,5 milhões de pessoas ou mais,localizam-se próximas dos estuários.

A zona costeira tem a atividade turística como um setor econômico emfranca expansão, devido, principalmente, a sua diversidade paisagística. Éesperado, assim, que tal tendência continue a ser incrementada, especialmentenos países tropicais em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Espera-se,também, que a pressão exercida nas bacias hidrográficas e demais paisagenscosteiras possam ficar comprometidas pelo acelerado processo de urbanizaçãoe incremento de infra-estrutura sem a implementação de programas que visema gestão ambiental integrada e participativa.

Page 6: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

226

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

5. O desenvolvimento das áreas costeiras: estudo de caso da Baciado Rio Camboriú

Em programa desenvolvido no litoral centro-norte do Estado de SantaCatarina pelo Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar - CTTMarda Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e o Comitê da Bacia Hidrográficado Rio Camboriú, analisou-se primeiramente o processo de evolução urbanado Município de Balneário Camboriú, ao longo dos últimos 60 anos. Foipossível, ainda, analisar a correlação de um programa de gestão costeiraintegrada e um programa de gestão de recursos hídricos.

Os resultados que vêm sendo gerados estão permitindo um melhorconhecimento do processo de gestão e pretendem, ainda, somar esforços econtribuições para que este seja implementado na bacia hidrográfica emquestão. Verificou-se que as atuais potencialidades da paisagem da BaciaHidrográfica do Rio Camboriú, tais como o turismo e a urbanização, estãodiretamente relacionadas entre si à medida que a solução dos principaisproblemas existentes (desmatamento, poluição dos corpos aquáticos eocupação desordenada) deve ser discutida amplamente com a população localna busca de soluções a curto, médio e longo prazo.

5.1. Desenvolvimento de uma cidade-balneário: o estudo de caso doBalneário Camboriú (SC)

As área turísticas são dinâmicas, estando sujeitas a mudanças ao longodo tempo (BUTLER, 1980). Esta evolução ocorre como conseqüência davariedade de fatores, incluindo mudanças de preferência e necessidades dosvisitantes à gradual deterioração do local e, ainda, possíveis deslocamentosde facilidades físicas existentes. Ocorre também a mudança (ou até odesaparecimento) de áreas naturais e atrações culturais (POLETTE 1997).

BUTLER (1980) apud POLETTE (Op cit.) sugere um modelo hipotéticode ciclo de evolução de uma área turística no qual o padrão destas apresenta,incialmente, um pequeno crescimento. Experienciam, posteriormente, umarápida taxa de crescimento, estabilizam-se e, após, declinam. Visitantes irão,inicialmente em um pequeno número, a uma determinada área, restrita quasesempre, devido à dificuldade de acesso e desconhecimento local. As facilidadessão então providenciadas e o conhecimento da mesma aumenta, bem como onúmero de visitantes. Com o incremento de propagandas e a disseminação deinformações, e por alguma facilidade de provisão, a popularidade da área irárapidamente crescer. Eventualmente, o aumento populacional irá declinar e

Page 7: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

227

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

os níveis de capacidade de suporte serão rapidamente alcançados. Isto poderáser evidenciado por meio de fatores ambientais (exemplo: falta de água e deespaço ou diminuição da qualidade do ar e da água), de fatores ligados àurbanização (transporte inadequado, acomodação, outros serviços ligados àinfra-estrutura); ou por fatores sociais (excesso de população nas praias,ressentimentos da população residente). Como o atrativo da área diminui emrelação a outras áreas, devido ao seu uso intensivo, bem como pelo impactodos visitantes sobre o local (lixo, esgotos, barulho etc.), o número de visitantestenderá também ao declínio (Figura 1).

O Município de Balneário Camboriú (Figura 2a e Figura 2b), bem comooutras áreas do litoral catarinense e brasileiro, também está inserido nesteciclo de evolução sugerido por BUTLER (1980) e validado por SOUZA &POLETTE.(1996), POLETTE (1997), DIEHL (1997), SOUZA JR. (1998).Caso fossem implementados programas de gerenciamento costeiro integrado,poderiam ser minimizados os efeitos desta tendência evolutiva, ou seja, atingiro declínio segundo os diversos estágios de evolução que experimentam osbalneários, como será analisado a seguir.

Figura 1 - Ciclo de evolução de uma área turística ( Adaptação POLETTE 1997 )

Page 8: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

228

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

A fase de pré-turismo cobre desde o início da colonização dolitoral catarinense até o momento que precede aos primeiros turistas queaportaram em Camboriú. Nesta época, a pesca e a agricultura eram a base daeconomia local (SOUZA JR, 1998). Neste período é nítido um desenvolvimentoturístico inicial, onde as segundas residências situavam-se preferencialmenteem faixas paralelas à praia, havendo poucas ruas bem definidas ao longo dobalneário. No período inicial de exploração do local, os maiores problemasestavam definidos pelas práticas de coivara (queima da mata para a agriculturaem pequena escala), realizada pelas comunidades pesqueiras artesanais e pelapopulação local sobre as matas de restinga e Floresta Atlântica. A ocupaçãoda orla marítima era realizada também sobre a mata de restinga original.

A fase de envolvimento caracteriza-se pelo início do desenvolvimentoturístico, no qual um número de turistas ou exploradores realizam viagensindividuais seguindo padrões irregulares de visitação. O contato com osresidentes locais é alto, o que também passa a ser um atrativo aos visitantes.Todavia, inexiste infra-estrutura para os visitantes e a chegada e saída de turistaspouco significa para a vida econômica e social dos residentes permanentes, sendoque o meio social e o ambiente natural encontram-se inalterados pelo turismo.

Figura 2a: Em 1938, Camboriú carac-terizava-se como uma pequena Vila e suapraia era freqüentada por um pequenonúmero de turistas. A planície costeira eracoberta por vegetação de restinga, seusmorros cobertos por Mata Atlântica epraticamente não existia nenhuma infra-estrutura para os visitantes. O contato comos residentes locais, espe-cialmente ospescadores artesanais, era alto e a paisagemnão era afetada pelas atividades turísticas(POLETTE et al., 1999).

Figura 2b: Em 1995, bem como na atualidade,é notado que o balneário chegou a seu limitede capacidade de suporte em vários parâmetros(balneabilidade, lotação da praia, trânsito, en-tre outros), ocasionando problemas sociais,econômicos, culturais e conflitos de interessesentre os mais diversos atores que atuam naregião (POLETTE et al., 1999).

Page 9: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

229

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

A partir da década de 40 foi observado um rápido crescimento doMunicípio, especialmente com o início de construções de hotéis e residênciasde pessoas com bom poder aquisitivo, contribuindo assim para o início dodesenvolvimento local. No final da década de 40 o balneário já possuía cincohotéis, sendo que alguns destes permanecem até os dias atuais.

O desenvolvimento ocorreu entre as décadas de 50 e 60 com o aumentosignificativo do número de turistas, bem como com o crescimento residencialdo balneário. Até o ano de 1951, eram construídas anualmente em média 60residências por ano, e em 1952 houve uma mudança significativa com aconstrução de 620 residências. Durante este período é estabelecida uma estaçãonítida de veraneio, propiciando pulsos populacionais.

Na década de 70 a construção da BR-101 possibilitou o acesso entre oSul e o Norte do País passando exatamente na porção central do Município,constituindo-se num fator determinante para o desenvolvimento urbano,estabelecendo desta forma a cidade-balneário. Tem início, de forma acelerada,o estabelecimento de uma rede urbana local bem definida, com o incrementotambém da rede hoteleira. A construção civil na faixa paralela à linha decosta se intensifica (REIS et al. 1998).

A especulação imobiliária, neste momento, passa a ser um fatordeterminante para a perda da qualidade ambiental do Município. Os principaisatores que lideram, inclusive, a política local, estão centrados neste segmentoprodutivo. A sociedade local pouco reivindica, pois não existe organizaçãoda mesma e a infra-estrutura instalada gera empregos nesta fase dedesenvolvimento do balneário.

A consolidação do Município como cidade-balneário teve seu pontomarcante na década de 80, quando o número de turistas passou a ser maiorque a população permanente. Tal situação é verificada até os dias atuais. Nestafase, os distritos recreacional e comercial já estão bem definidos, situando-sepreferencialmente na área de frente à praia e em calçadões transversais àmesma (REIS et al. 1998).

A especulação imobiliária é intensificada e os empreendedorescontinuam a dirigir o desenvolvimento da cidade, obtendo suporte evantagens asseguradas pela administração municipal, incrementando aindamais o adensamento.

As diversas fases de urbanização inerentes à área turística fazem comque a cidade-balneário possua momentos distintos ao longo do ano. Observa-se que, em decorrência dos pulsos populacionais, durante uma parte do ano(março a novembro), na qual a demanda turística é baixa, a cidade é constituída

Page 10: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

230

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

de população fixa consolidada quanto à infra-estrutura existente. O veraneio,portanto, é um momento adverso, onde a cidade atravessa fases críticas, atin-gindo níveis de estagnação, inclusive declínio quanto a sua qualidade ambiental.

Atualmente, a cidade-balneário em estudo inicia uma fase de declínio,sob o ponto de vista ecológico e, conseqüentemente, econômico, social ecultural, pois a paisagem é sem dúvida o seu maior patrimônio.

A participação da sociedade civil (universidades, associações demoradores e ONG's), bem como dos órgãos ambientais federal e estadual,além da Procuradoria do Estado e da República, é vital neste momento. Aorganização de comitês de gestão constitui-se num excelente mecanismo deorganização, que poderá possibilitar uma alternativa de rejuvenescimento daárea estudada.

Desta forma, para reverter o processo de declínio por que passa estaárea e tentar o seu rejuvenescimento, é importante salientar que, segundoBRÜGGER (1994), a questão ambiental não pode ser reduzida ao contextonatural ou técnico. Esta deve, sim, ultrapassar as perspectivas meramentetécnicas, sendo imprescindível que consideremos a expressão "meio ambiente"em sua dimensão sócio-histórica, pois a questão ambiental exige a busca denovos paradigmas filosóficos, os quais incluem questões éticas que perpassamos universos científico, técnico, sócio-econômico e político.

6. Compatibilizando gerenciamento costeiro integrado e ogerenciamento de recursos hídricos

Segundo o art. 2o da lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, são objetivos daPolítica Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidadede água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo otransporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; eIII - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos deorigem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

O art. 5o da referida lei indica os instrumentos da Política Nacional deRecursos Hídricos, a saber:

I - os Planos de Recursos Hídricos;II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usospreponderantes da água;III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

Page 11: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

231

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;V - a compensação a Municípios; eVI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

A Política Nacional de Recursos Hídricos estabelece como diretrizesgerais de ação a integração da gestão de recursos hídricos com a gestãoambiental; a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;e a integração da gestão da bacia hidrográfica com a dos sistemas estuarinose zonas costeiras. Além disso, prevê a referida lei, em seus artigos 6o a 8o,planos de recursos hídricos que contemplem a análise de alternativas decrescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e demodificações dos padrões de ocupação do solo, tendo como unidade mínimaa bacia hidrográfica.

Logo, os programas de gerenciamento costeiro e de gestão de baciashidrográficas podem ser compatibilizados, pois ambos poderão eventualmenteser implementados dentro de espaços geográficos que se sobrepõem.

É interessante notar que, para ambos os casos, estes são planos de longoprazo, com horizonte de planejamento compatível com o período deimplantação de seus programas.

Portanto, programas de gestão desta natureza devem facilitar a tomadade decisão através de um processo contínuo, por meio de ações eficazes,integrando interesses locais e nacionais na gestão de atividades concernentesà conservação e ao desenvolvimento.

7. A compatibilização do processo de gerenciamento costeirointegrado e a gestão de recursos hídricos na Bacia do Rio Camboriú

De acordo com REIS et al (1997), as ferramentas do processo degerenciamento costeiro integrado estão classificadas em legislativas,institucionais, administrativas e técnicas. Tais ferramentas podem tambémser aplicadas na gestão de recursos hídricos, de forma que possam sercompatibilizadas. A Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, através doCentro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar - CTTMar, desenvolveatualmente programa em parceria com o Comitê do Rio Camboriú, com afinalidade de identificar e analisar os conflitos decorrentes do aceleradodesenvolvimento que ocorreu nesta região nas últimas décadas. A fase dedesenvolvimento em que se encontra o programa ainda é inicial, mas os passosjá desenvolvidos serão a seguir apresentados.

Page 12: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

232

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

REIS et al (1997) afirmam que para a implantação de um programade gerenciamento costeiro integrado será necessária uma série de ferramentasadministrativas, quais sejam: (1) Planejamento; (2) Coordenação; (3)Monitoramento; (4) Negociação/simplificação; e (5) Manejo de informações.

Ainda segundo REIS et al. (1997), sendo o monitoramento umaferramenta, esta pode ser efetivada por meio de: (1) Medições de efluentestóxicos; (2) Zoneamento do uso do solo e das águas; (3) Licenciamento; (4)Litígio; (5) Prevenção; e, (6) Negociação.

Na Bacia do Rio Camboriú tais ações de monitoramento estão sendoefetivadas por meio de diversas medidas, quais sejam:

a) Medições de efluentes orgânicos. Parcerias entre os diversos órgãosque atuam na área de estudo, tais como a Universidade do Vale doItajaí, CASAN e EPAGRI entre outros, estão possibilitando mediçõesindicativas quanto à qualidade da água ao longo do rio e na enseadadesde o ano de 1994. Estes estudos apontam que a qualidade daágua da enseada apresenta uma grande variabilidade temporal, damesma forma como o estuário do Rio Camboriú. Estudoshidrodinâmicos no estuário iniciaram-se em 1995, com o intuito deserem entendidos os processos físicos dominantes (SCHETTINI etal., 1996). A partir de 1998 estes estudos passaram a ter um carátermultidisciplinar, envolvendo também processos químicos emicrobiológicos e fornecendo valiosas informações sobre ofuncionamento deste sistema;

b) Zoneamento do uso do solo da bacia hidrográfica. É um dos grandesdesafios a serem realizados a curto e médio prazo. O desenvolvimentodo trabalho pela EPAGRI foi um importante passo para oentendimento espacial da área de estudo. No entanto, o entendimentoda estrutura e funcionamento das unidades da paisagem, bem comoum mapeamento da legislação ambiental incidente, será fundamen-tal para um zoneamento preciso através do conhecimento das áreaspassíveis de desenvolvimento (urbana e rural) e conservação;

c) Licenciamento. Tradicionalmente, o licenciamento como ferramentatambém tem sido considerado como uma forma de monitorar e,também, restringir determinadas atividades. No entanto, é importantenotar que as administrações municipais localizadas na baciahidrográfica, bem como as instituições responsáveis por expedirautorizações para empreendimentos, ocupações e atividadesespecíficas, carecem de pessoal técnico, o que pode ser um grandeentrave para a conservação e desenvolvimento ordenado da região;

Page 13: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

233

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

d) Litígio. Não foram levantados dados sobre questões de litígio naBacia do Rio Camboriú, mas, segundo REIS et al (1997), o litígiodeve ser considerado como um componente ou complemento denegociação, como o último passo a ser dado, quando o diálogo resultainócuo;

e) Prevenção, atenuação e compensação. Na área de estudo taistécnicas ainda não foram utilizadas. Entre estas, podem serconsideradas a compensação financeira, que na bacia hidrográficapoderia constituir-se numa importante ferramenta para odesenvolvimento e conservação; e

g) Negociação. A Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú caracteriza-sepor apresentar um uso de solo singular, pois os diversos atores sociaisque utilizam o solo da região ainda o fazem de forma exploratória.A caça, o desmatamento, as queimadas, a extração de rochas pelosbroqueiros, a utilização indiscriminada de agroquímicos pelosrizicultores e a falta de políticas públicas adequadas para questõesde saneamento nos dois municípios constituem-se nos principaisproblemas encontrados. A gestão integral da área está na negociaçãoentre os principais atores ali representados e que também fazemparte do Comitê de Gestão da Bacia Hidrográfica, sendo aflexibilidade e a busca de alternativas sustentáveis o grande desafio.

Uma das vantagens existentes na gestão da Bacia do Rio Camboriú é aexistência de uma série de preceitos legais que conferem a proteção e odesenvolvimento da área. A legislação ambiental incidente (federal, estaduale municipal) está em fase de mapeamento temático, podendo constituir-senum importante instrumento para o Poder Público orientar o desenvolvimentoe a conservação da região.

A efetivação de um programa de gestão tem como um dos seus principaisdesafios a sua implementação por meio dos arranjos institucionais. Asadministrações públicas municipais de Camboriú e Balneário de Camboriú etambém sociedade local estruturaram um Comitê de Gerenciamento da BaciaHidrográfica do Rio Camboriú - Comitê Camboriú, criado por meio de decretoestadual 2.444, de 1 de dezembro de 1997, o qual corrobora com o processode gestão participativa e integrada proposto por meio de um programa degestão costeira. Como esta experiência ainda é recente, a necessidadeatual reside na ampla articulação social para que este órgão colegiadoseja representativo e consciente da necessidade e importância da participaçãoda sociedade nos processos decisórios.

Page 14: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

234

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

Para o desenvolvimento de um programa de gerenciamentocosteiro integrado é fundamental a coleta de informações que subsidiem oprograma de gestão sob o ponto de vista social, econômico, histórico, cul-tural, ecológico.

A geração de informações no processo de gerenciamento costeirointegrado, bem como na gestão de recursos hídricos, é fundamental, e emambos deve incluir não apenas as ciências naturais, com sua descrição dofuncionamento dos ecossistemas costeiros, mas também as ciências sociais,

cobrindo assim os problemasinduzidos pelo homem.

Para facilitar a compreen-são dos fenômenos que ocorremna zona costeira, por exemplo,onde também situam-se as baciashidrográficas, WEIDE (1994)propôs um modelo simplificadodo sistema costeiro incluindo ogerenciamento costeiro como ocomponente responsável pelaintegração e coordenação. Nestafunção, o GCI depende direta-mente de dados e informaçõesrelacionados à área sob geren-ciamento. Ou seja, a necessidade

e a natureza dos dados e informações é definida pela área e seus problemas, eequipes multidisciplinares, capazes de considerar interdisciplinarmenteaspectos sociais, econômicos, culturais, bióticos e abióticos, devem serresponsáveis por sua geração (SPERB & ASMUS, 1998). CICIN-SAIN &KNECHT (1998) afirmam ser particularmente importante definir os estudos elevantamentos em sintonia com objetivos do gerenciamento. Para estes autores,as técnicas e procedimentos científicos de grande relevância para o GCI são:

• Inventários dos recursos;

• Levantamentos sobre risco e vulnerabilidade;

• Modelos;

• Avaliação sócio-econômica; e

• Análise da estrutura legal e institucional.

Figura 3 - Sistema Costeiro Simplificado

Page 15: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

235

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

8. Considerações finais

Na virada do século XX, quase metade da humanidade viverá emcidades e a maioria desta população irá viver em áreas litorâneas. A formulaçãode estratégias de assentamentos humanos, bem como a orientação do processode urbanização, desafogando os grandes centros, erguendo cidades menorese com crescimento ordenado segundo critérios básicos de planejamentoambiental, são fundamentais. O desenvolvimento sustentável nas cidadesdepende também de uma cooperação mais estreita com as maiorias pobresurbanas, que são seus verdadeiros construtores. Muito pode ser feito por meiode projetos comunitários que proporcionem às famílias serviços básicos,como a saúde, a educação transporte, além de uma melhor política de tributação(Agenda 21, 1992).

Os processos de gerenciamento costeiro integrado e de gestão derecursos hídricos estão inseridos na administração correta de uma determinadaunidade territorial geográfica, levando em consideração soluções encontradasde forma integrada, contínua e participativa. Para isto, é decisiva a integraçãoentre a iniciativa privada, a sociedade organizada e os órgãos municipais,estaduais e federais para que, num esforço comum, estes encontrem soluçõesadequadas à economia local, bem como para problemas advindos da urbanizaçãomal planejada.

Apesar de qualidade de vida ser um parâmetro difícil de ser definido,os atores governamentais e não-governamentais da Bacia do Rio Camboriú adefinem, segundo POLETTE et al. (1998), como: desenvolvimentosustentável; bem-estar social, físico e mental; infra-estrutura adequada; rioslimpos e piscosos; e preservação da natureza. Entretanto, para alcançarmosuma qualidade de vida desejável para as populações costeiras, é fundamentalque cada indivíduo entenda também o seu papel de cidadão especialmente noprocesso de tomada de decisões.

Devido a importância estratégica da zona costeira em Santa Catarina, épremente que sejam desenvolvidas estratégias governamentais, bem comoações da sociedade organizada buscando formas de desenvolvimentosustentáveis, como é o caso do setor turístico, aptidão natural desta região. Oprocesso de gerenciamento costeiro integrado é, por sua natureza, compatívelneste caso, especialmente tendo como princípio os planos de ação onde asociedade é ponto central da mudança.

Portanto, a integração entre os programas que visem o gerenciamentocosteiro integrado e o gerenciamento de recursos hídricos é compatível,devendo ser considerada nas estratégias que visem integrar os mais diferentes

Page 16: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

236

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

setores da sociedade. A integração de ambas pode ser responsável pela garantiada cidadania das populações e conservação dos recursos naturais a curto,médio e longo prazo.

Bibliografia

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTEE DESENVOLVIMENTO - Agenda 21. Rio de Janeiro, 1992. (disponível naInternet: www.mma.gov.br).

BRÜGGER, P. - Educação ou Adestramento Ambiental? Florianópolis:Letras Contemporâneas, 1994, 141p.

BUTLER, R. W. - The Concept a Tourist Area Cycle of Evolution:Implications for Management of Resources. University of Western Ontario.Canadian Geographer, XXIV, 1, 1980, pp. 05-12.

CAIRNS, J.J. and CRAWFORD, T.V - Integrated Environmental Man-agement. Michigan: Lewis Publishers, Inc., USA, 1991.

CLARK, J. R. - Coastal Ecosystem Management: A Technical Manualfor the Conservation of Coastal Zone Resources. John Wiley & Sons. 1977.

CLARK, J.R. - Coastal Zone Management Handbook. New York: LewisPublishers Inc., USA, 1996, 694 pp.

COELLO, S. - “The Status of Integrated Coastal Management and De-mand of Training of Coastal Management Practitioners in Ecuador”.Proceedings of the Rhode Island Workshop on Education Coastal Managers.Rhode Island, USA, March 4 - 10, 1995, pp. 8-12.

CICIN-SAIN, B. 1993 - Sustainable development and integrated coastalmanagement. Ocean & Coastal Management 21: 11-43 p.

CICIN-SAIN, B. & KNECHT, R. W. - Integrated Coastal and OceanManagement: Concepts and Practices. Washington DC: Island Press, USA,1998, 517 pp.

CIRM-Comissão Interministerial para os Recursos do Mar - PlanoNacional de Gerenciamento Costeiro. Brasília, 1990. 31 pp.

CONSTANZA, R. - The Value of World´s Ecosystem Service and Natu-ral Service. May, 1997, vol. 387, 253-260 p.

DIEHL, F.L. - Aspectos Geoevolutivos, Morfodinâmicos e Ambientais doPontal da Daniela, Ilha de Santa Catarina (SC). Dissertação de Mestrado, UFSC,1997, 132 p.

Page 17: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

237

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

FORMAN, R. T. T. & GODRON, M. - Landscape Ecology. John Wiley& Sons. 1986, 619p.

GESAMP - The contributions of Science to Integrated CoastalManagement. Reports and Studies, n.61. 1996.

IUCN, PNUMA, WWF - Cuidando do Planeta Terra. Uma estratégiapara a Vida. São Paulo: Ed. SMA, 1992, 243 p.

LANNA, E.L. - Gerenciamento de bacia hidrográfica: Aspectosconceituais e metodológicos. Brasília. IBAMA, 1995. 171p.

O´SULLIVAN, P. E. - “The Ecosystem - Watershed Concept in theenvironmental Sciences - A Review. Journal of Environmental Studies. Vol.13, 1981, p. 273-281.

POLETTE, M. - Planície do Perequê/Ilha de São Sebastião, SP.Dignóstico e Planejamento Ambiental Costeiro. UFSCar. Dissertação deMestrado, 1993, 215p.

POLETTE, M. - Gerenciamento Costeiro Integrado: PropostaMetodológica para a Paisagem da Microbacia de Mariscal - Bombinhas (SC).Tese de Doutorado UFSCar. PPGERN, 1997, 499 p.

POLETTE, M.; SCHIMITT, J.; MACEDO, C.X - “GerenciamentoCosteiro Integrado: Estudo de Caso do Comitê da Bacia Hidrográfica do RioCamboriú - SC”. Cadernos de Gestão. Laboratório de Planejamento daPaisagem Costeira. Documento Interno, 1998, 30p.

POLETTE, M.; BACILA, C.; SCHIMITT, J.; MACEDO, C.X. - AnIntegrated Coastal Management Strategy Plan for Camboriú Watershedbasin - Santa Catarina State - Brazil. COASTAL ZONE 99. San Diego,USA, 1999, pp727-729.

REIS, E.G., ASMUS, M.L.; CASTELLO, J.P.; CALLIARI, L.J. -Gerenciamento Costeiro Integrado: Trocas e inter-relações entre os sistemasdas bacias de drenagem, lagoas costeiras e oceanos adjascentes. Rio Grande:FURG, CIRM, ONU. 2ª Ed. 1997, 376p.

SCHETTINI, C.C.F.; CARVALHO, J.L.B.; JABOR, P. - “Compara-tive Hydrology and suspended matter distribution of four estuaries in SantaCatarina State - Southern Brazil”. Workshop on Comparative Studies ofTemperature Coast Estuaries. Bahia Blanca, Argentina, Proceedings...UNS/IADO/NSF/IAI, 1996, pp29-32.

Page 18: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

238

Interfaces da Gestão de Recursos HídricosDesafios da Lei de Águas de 1997

SOUZA, S. DE JR., POLETTE, M. - “Evolução e tendências decrescimento dos Balneários no Litoral Centro-Norte Catarinense”. IIISeminário Integrado de Iniciação Científica. Chapecó - SC. Resumo. 1996

SOUZA JR, S. - Aplicação do Modelo de Desenvolvimento deBalneários no Município de Balneário Camboriú - SC. Trabalho de graduaçãoCTTMar. Itajaí, 1998.

SPERB, R. M. - A Conceptual Framework for Integrated Coastal ZoneManagement in the state of Santa Catarina - Brazil. M.Sc Thesis E.E. 244IHE, Delft - The Netherlands. 1996.

SPERB, R. M. & ASMUS, M. L. - “O Papel dos Sistemas de InformaçãoAmbiental no Gerenciamento Integrado de Recursos Costeiros”. Resumos XISemana Nacional de Oceanografia - Rio Grande - 18 a 24 outubro, 1998,pp 92 -94.

THE WORLD BANK Noordwijk Guidelines - For Integrated CoastalZone Management. International Bank for Reconstruction and Development.World Coast 1993.

WEIDE, J. A - Systems View of Integrated Coastal Management. DelftHydraulics Publication #486, Series, Delft, ND, 1994, 19 pp.

Page 19: GERENCIAMENTO COSTEIRO INTEGRADO E GERENCIAMENTO DE ... et al 1997.pdf · influência mensurável na química da água do mar ou na ecologia da vida marinha. O II Plano Nacional de

239

Parte 4 : Gestão de Bacias e Gestãode Zonas Costeiras

Perfil curricular dos autores

Marcus Polette – [email protected] – Oceanólogo egeógrafo, mestre e doutor em Ecologia e Recursos Naturais pelaUniversidade Federal de São Carlos. Especialização em GerenciamentoCosteiro Integrado pela University of Rhode Island – USA e IHE – TheNetherlands. Professor pesquisador na UNIVALI-SC.

Fernando Luiz Diehl - [email protected] -Oceanógrafo (FURG, 1984) e mestre em Geografia (UFSC, 1997).Doutorando em Geociências (UFRGS). Diretor do Centro de CiênciasTecnológicas da Terra e do Mar - CTTMar e coordenador do curso deEngenharia Ambiental da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI-SC. Presidente da Associação Brasileira de Oceanografia – AOCEANO.Atua na área de gestão do litoral e processos costeiros.

Francelise Pantoja Diehl - [email protected] - égraduada em Direito pela FURG. Mestre em Direito Ambiental e PolíticasPúblicas de Meio Ambiente (CPGA/UFSC) e doutoranda em Direito(CPGA/UFSC). É docente-pesquisadora do CTTMar/UNIVALI e doCurso de Mestrado em Ciência Jurídica da UNIVALI-SC.

Rafael Medeiros Sperb - [email protected] - éoceanógrafo e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Doutorandoem Inteligência Aplicada à Gestão Ambiental. Atua como Instrutor doPrograma Train-Sea-Coast - Brasil (ONU). Professor na UNIVALI-SC.

Carlos A.F. Schettini - [email protected] - éoceanógrafo e mestre em geociências. Doutorando em geociências(UFRGS). Área de processos hidrodinâmicos e sedimentológicos emestuários e plataforma interna. Professor na UNIVALI-SC.

Antonio Henrique da Fontoura Klein - [email protected] - Oceanólogo (FURG, 1990) e mestre em Geociências (UFRGS,1996). Doutorando em Ciências Marinhas (Universidade do Algarve,Portugal). Atualmente professor do CTTMar da UNIVALI-SC. Atuana área de morfodinâmica costeira.