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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICA CCET CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Luiza Coimbra de Mendonça GERENCIAMENTO DE OBRAS: PLANEJAMENTO E SUPRIMENTOS Belém PA 2010

Gerenciamento de Obras

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Page 1: Gerenciamento de Obras

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICA – CCET

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Luiza Coimbra de Mendonça

GERENCIAMENTO DE OBRAS:

PLANEJAMENTO E SUPRIMENTOS

Belém – PA

2010

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Luiza Coimbra de Mendonça

GERENCIAMENTO DE OBRAS:

PLANEJAMENTO E SUPRIMENTOS

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado para obtenção do grau de

bacharel em Engenharia Civil. Orientador:

Prof. Msc. Alexandre Ferreira

Belém – Pa

2010

Page 3: Gerenciamento de Obras

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Luiza Coimbra de Mendonça

GERENCIAMENTO DE OBRAS:

PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado para obtenção do grau de

bacharel em Engenharia Civil. Orientador:

Prof. Msc. Alexandre Ferreira

Banca Examinadora

_______________________________________

Orientador

_______________________________________

Professor

_______________________________________

Professor

_______________________________________

Apresentado em: / /

Conceito:

Belém – Pa

2010

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Aos meus pais Carlos

Eduardo e Altina por todo

carinho e apoio.

Page 5: Gerenciamento de Obras

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que tem me abençoado e me dado sabedoria, força e energia para realização

deste trabalho, diante de muitas dificuldades não me deixou fracassar em nenhum momento.

Aos meus pais, Carlos Eduardo e Altina Mendonça, por toda dedicação, compreensão

e carinho dedicados a mim.

À minha irmã, Ana Carla e meu namorado, Felipe, que sempre me incentivaram.

Às minhas primas por terem sido indispensáveis durante esses anos longe dos meus

pais.

Ao Prof. Alexandre Ferreira, orientador que contribuiu muito para a formação deste

trabalho.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para esse trabalho.

Page 6: Gerenciamento de Obras

6

“Noventa por cento do sucesso se baseia

apenas em insistir”.

Woody Allen

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RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de mostrar o quanto é importante o planejamento

prévio de uma obra e o seu acompanhamento desde o seu inicio ate o término. Planejamento

pode ser definido como um processo por meio do qual se estabeleça objetivos, discutem-se

expectativas de ocorrências de situações previstas, veiculam-se informações e comunicam-se

resultados pretendidos entre pessoas, unidades de trabalho, departamentos de uma empresa e

até mesmo entre empresas.

Através do planejamento poderemos, definir a organização para executar a obra;

tomar decisões; alocar recursos; integrar e coordenar esforços de todos os envolvidos;

assegurar a boa comunicação entre os participantes da obra; suscitar a conscientização dos

envolvidos para prazos, qualidade e custos; caracterizar a autoridade do gerente; estabelecer

um referencial para controle; definir uma diretriz para o empreendimento. Além disso, o

gerenciamento eficaz da função compra de materiais pode representar uma contribuição

significativa para o alcance dos objetivos estratégicos das empresas do setor da construção,

promovendo a maior agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade dos

materiais que estão sendo adquiridos.

Ao final foi demonstrado que a utilização do gerenciamento de obras pode garantir a

redução de desperdícios em torno de 30%, e a garantia do lucro para o empreendedor.

Palavras- chave:

Planejamento – Gerenciamento - Compra de Materiais.

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ABSTRACT

This paper aims to show how important the work of a previous planning and

monitoring them from the beginning until the end of the work. Planning can be defined as a

process through which establishes goals, we discuss expectations of the occurrence of

situations referred to, to convey information and communicate desired outcomes among

individuals, work units, departments of a company and even between companies.

By planning we can define the organization to perform the work, making decisions to

allocate resources, integrate and coordinate efforts of all involved, ensure good

communication between participants of the work, raise awareness of those involved to

timeliness, quality and costs; characterize the authority of the manager, establish a framework

to control, set a guideline for the project. Moreover, the effective management of the

purchasing function of materials can represent a significant contribution to achieving the

strategic goals of companies in the construction sector, promoting greater flexibility of

operations and continuous improvement of quality of materials being purchased.

Then it was shown that the use of construction management ensures the reduction of

waste around 30%, and the guarantee of profit for the entrepreneur.

Keywords:

Planning - Management - Purchase of Materials.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

ILUSTRAÇÃO 1: O ciclo de vida de um projeto de construção..............................................13

ILUSTRAÇÃO 2: Gerenciamento de obras civis.....................................................................14

ILUSTRAÇÃO 3: Linha de montagem....................................................................................40

ILUSTRAÇÃO 4: Modelo Procompras....................................................................................44

ILUSTRAÇÃO 5: Ferramenta da qualidade “brainstorning”...................................................49

ILUSTRAÇÃO 6: A existência de uma linguagem comum facilitando a busca por

melhorias...................................................................................................................................57

TABELA 1: Salário dos profissionais da construção civil.......................................................32

TABELA 2: Leis Sociais..........................................................................................................33

Page 10: Gerenciamento de Obras

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................11

2. GERENCIAMENTO DE OBRA....................................................................................12

3. PLANEJAMENTO..........................................................................................................15

3.1. PROJETO....................................................................................................................18

3.1.1. ANTEPROJETO...............................................................................................19

3.1.2. PROJETO LEGAL............................................................................................22

3.1.3. PROJETO BÁSICO..........................................................................................23

3.1.4. PROJETO DE EXECUÇÃO.............................................................................25

3.2. ORÇAMENTO............................................................................................................30

3.2.1. TABELA DE SALÁRIOS................................................................................31

3.2.2. LEIS SOCIAIS..................................................................................................33

3.2.3. BDI................................................................................................................... 35

3.2.4. COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO........................................................36

3.2.5. MEMORIAL DE CALCULO DE QUANTIDADES DE SERVIÇO...............37

4. SUPRIMENTOS: GERENCIAMENTO DE COMPRA DE MATERIAIS NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

4.1. FUNÇÃO DA COMPRA NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL............38

4.2. CADEIA DE SUPRIMENTOS..............................................................................39

4.3. GESTÃO DE COMPRAS......................................................................................42

4.4. O MODELO PROCOMPAS..................................................................................43

4.5. A IMPLANTAÇÃO DA COMPRA PROATIVA.................................................50

4.6. ATUAÇÃO DO MODELO PROCOMPRAS NO PLANEJAMENTO DAS

OBRAS............................................................................................................................. ........58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................62

6. REFERÊNCIAS..............................................................................................................63

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Santos e Jungles (2008) O mundo dos negócios na indústria brasileira da

construção civil tem se mostrado cada vez mais diversificado, mais complexo, mais exigente,

embora ainda existam construtoras que não abracem a busca por melhorias contínua, por

inovações nos processos produtivos e gerenciais, na realidade “mudança” é a palavra-chave

neste século. A crescente conscientização do consumidor para os problemas do custo elevado

e da não-qualidade dos produtos têm dirigido a atenção dos empresários da construção civil

para o planejamento e o controle da produção (LIMMER, 1997).

O planejamento é o processo de tomada de decisão que resulta em um conjunto de

ações necessárias para transformar o estágio inicial de um empreendimento em um estágio

final desejado. Quando se tem plena certeza da situação em que as ações acontecerão e

controle quase absoluto dos fatores que asseguram o sucesso no alcance dos resultados.

A função de compra de materiais na construção civil está diretamente ligada ao

processo de planejamento da obra. O gerenciamento eficaz da função compra de materiais

pode representar uma contribuição significativa para o alcance dos objetivos estratégicos das

empresas do setor da construção, promovendo a maior agilidade das operações e a melhoria

contínua da qualidade dos materiais que estão sendo adquiridos (PALACIOS, 1994;

VILLACREESES, 1994). O planejamento quantitativo e qualitativo possibilitará que o cliente

receba o material no momento certo, com as quantidades correta e dentro das especificações

desejadas (BURT, PINKERTON, 1996).

Um dos maiores problemas durante a execução de uma obra é estabilizar e garantir o

fluxo de trabalho contínuo, ganhando velocidade para obter como resultado o

desenvolvimento e o término da obra dentro das projeções de prazo e custo. É necessário o

acompanhamento total da obra, por um engenheiro para se resolver problemas rotineiros e de

mercado. Neste trabalho foi priorizado o gerenciamento de obras com ênfase nos setores de

planejamento e suprimentos.

O objetivo desse trabalho é que se estabeleçam vínculos entre o planejamento e a

estratégia competitiva da empresa, considerando custo, tempo, flexibilidade e qualidade.

Além de demonstrar que a função de compras de materiais pode representar uma contribuição

significativa para o alcance dos objetivos estratégicos das empresas, promovendo a maior

agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade dos materiais que estão sendo

adquiridos.

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2. GERENCIAMENTO DE OBRA

Gerenciamento é a disciplina de definir a atingir objetivos, otimizando o uso de

recursos como tempo, dinheiro, pessoas, materiais, energia e espaço; durante o curso da

execução de uma obra e respectivo conjunto de atividades com duração finita. Em engenharia

se utiliza a palavra obra para designar um projeto executado ou pendente de execução. Uma

obra civil é um conjunto de atividades nas quais se altera a aparência, estrutura ou forma de

uma edificação ou parte dela.

Gerenciamento de obra é normalmente o campo e responsabilidade de um gerente de

projeto individual, normalmente um engenheiro. Este individuo raramente participa nas

atividades que produzem o resultado final, mas se esforça para manter o progresso e a

interação produtiva das varias partes, reduzindo o risco geral do fracasso.

Diferente do trabalho regular e funcional, uma obra é um empreendimento temporário

executado para criar um produto ou serviço único. A duração de uma obra é o tempo do seu

começo até sua conclusão, o que pode tomar dias, semanas, meses ou até anos. Assim

gerenciá-lo significa utilizar recursos materiais, financeiros e humanos, empregados de acordo

com o escopo de trabalho pré-estabelecido, em um plano que fixa datas, um planejamento que

define prioridades e um controle para garantir sua qualidade e assegurar o lucro e o prazo de

execução, estimados para a obra.

Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas

e técnicas nas atividades de um projeto, objetivando atender ou exceder as necessidades e

expectativas do cliente e de nossa empresa, naquele projeto. Aplicando técnicas de

gerenciamento, no planejamento e na compra de materiais, obtém-se uma redução de

desperdício de material e mão de obra na faixa e 30%.

Segundo Nocêra (2006), um projeto é construído por cinco fases distintas, que

compõem o ciclo de vida do mesmo, que são: Iniciação, planejamento, controle, execução e

finalização.

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ILUSTRAÇÃO 1: O ciclo de vida de um projeto de construção

Fonte: NÔCERA, Rosaldo de Jesus. Como obter alto lucro com construções

Em cada etapa do projeto se subdividem outras etapas e procedimentos necessários

para a administração adequada da obra. Assim, em cada fase será descrito a sua função e

importância no processo e o modelo pratico de formulário para o devido monitoramento,

sendo que o modelo de gerenciamento aplicado a cada processo será o de OPCA, ou seja,

organização, planejamento, controle e aperfeiçoamento das atividades, pois assim, pretende-se

demonstrar a forma simples e eficaz de controlar a execução de uma obra, de forma a obter

resultados significativos, como maiores lucros nos empreendimentos por exemplo.

Os projetos tratam de transformar as necessidades do negocio em benefícios (ou

vantagens). Estabelecer “eventos” é uma forma direta e simples de definir responsabilidades,

em termos de resultados. Eventos e tarefas devem ter um objetivo (resultado) mensurável,

algo que se possa medir, ver, tocar e, de alguma forma, confirmar.

O plano de gerenciamento de projetos é fundamental para o sucesso de

empreendimento. A partir das idéias iniciais, a equipe deverá descrever e registrar o escopo

do projeto de forma a caracterizá-lo o melhor possível. Devem ser claros os objetivos do

projeto determinados pelo cliente. Para definir o escopo (limites do projeto) deve-se

relacionar de forma organizada inclusive com o auxilio de desenhos, todos os itens que

compõe o projeto.

Outra importante função é a do coordenador de projetos. De acordo com Melhado

(1994), citado por Thomaz (2001), “o trabalho de coordenação e má elaboração de projetos

constitui uma tarefa complexa e de cuja eficiência dependerá a qualidade do projeto

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resultante, justificando-se, portanto, a adoção de procedimentos metodologicamente

estabelecidos, que visem orientar simultaneamente e conjuntamente os vários profissionais

estabelecer adequado fluxo de informações entre eles, além de conduzir as decisões a serem

tomadas no desenvolvimento do projeto”.

Dessa forma, ao decidir construir é necessário que se conheça não só os métodos

executivos, mas também como organizar, planejar, programar e controlar a obra, pois, como

demonstra a ilustração 2 abaixo, faz-se uma comparação metafórica com uma obra que é

“boa” pra quem sabe exatamente, o quê e como fazer. Agindo sem estas certezas o

profissional ou a empresa podem acabar em “mal lençóis”.

ILUSTRAÇÃO 2: Gerenciamento de Obras Civis

Fonte: QUALHARINI, Eduardo Linhares

O gerenciamento geral compreende a atuação sobre as áreas de: Projetos, suprimentos,

recursos financeiros e construção. Entretanto, vamos agrupar itens, de acordo com sua

seqüência temporal de implantação na obra, em três diferentes fases: Organização;

Planejamento e Controle. Agindo dessa forma, iremos executar a obra garantindo ao cliente o

custo final que foi colocado, planejando cada serviço a ser executado e controlando o material

destinado para cada um deles sem que haja perca de tempo, perda material e desperdício no

canteiro da obra em questão.

Page 15: Gerenciamento de Obras

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3. PLANEJAMENTO

Planejamento pode ser definido como um processo por meio do qual se estabeleça

objetivos, discutem-se expectativas de ocorrências de situações previstas, veiculam-se

informações e comunicam-se resultados pretendidos entre pessoas, unidades de trabalho,

departamentos de uma empresa e até mesmo entre empresas.

É preciso mudar o vocabulário que usamos para pensar e falar sobre como orientar

nossos negócios. Planejar é a palavra apropriada para se projetar um conjunto de ações para

atingir um resultado claramente definido, quando se tem plena certeza da situação em que as

ações acontecerão e controle quase absoluto dos fatores que asseguram o sucesso no alcance

dos resultados.

Embora existam diferenciais significativos entre todas as idéias, a grande maioria

converge para fins comuns como estabilizar e garantir o fluxo de trabalho contínuo, ganhando

velocidade para obter como resultado o desenvolvimento e o término da obra dentro das

projeções de prazo e custo.

As principais sugestões para resolver esses problemas apontam para o

estabelecimento de um vínculo entre o planejamento e a estratégia competitiva da empresa,

considerando custo, tempo, flexibilidade e qualidade. As projeções dos cenários econômicos e

o conhecimento dos pontos vulneráveis da empresa podem auxiliar na formação de uma base

de informações consistente para as tomadas de decisões, antevendo eventuais dificuldades e

possibilitando a adoção de mecanismos de defesa.

O planejamento permite:

Definir a organização para executar a obra;

Tomar decisões;

Alocar recursos;

Integrar e coordenar esforços de todos os envolvidos;

Assegurar a boa comunicação entre os participantes da obra;

Suscitar a conscientização dos envolvidos para prazos, qualidade e custos;

Caracterizar a autoridade do gerente;

Estabelecer um referencial para controle;

Definir uma diretriz para o empreendimento.

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Na aplicação das técnicas de planejamento é preciso levar em consideração os fatores

humanos envolvidos, permitindo-lhes, por meio de aprendizados e da transmissão de ordens

em linguagem clara, maior autonomia e compreensão das atividades executadas.

Os fracassos mais comuns do planejamento se atribuem a: ausência de planos formais;

abandono prematuro do plano elaborado; falta de confiança no plano; plano elaborado para

atender o cliente; visão de curto prazo do gerente; visão limitada do gerente e modismo.

E as causas de tais fracassos são devidas ao: desconhecimento das técnicas de

planejamento e mau uso dessas técnicas. Para bem planejar é necessário conhecer também: os

critérios de aplicação de cada técnica; o uso conjugado das técnicas e o conhecimento das

técnicas por todos os envolvidos.

O conhecimento das técnicas por si só não basta, sendo preciso: estabelecer a filosofia

do gerenciamento e determinar as funções do planejamento. Alem disso, é preciso: haver

integração; manter comunicação; saber como e quando aplicar as técnicas de planejamento;

distinguir entre o que pode e o que não pode ser realizado e saber como montar e usar um

plano para gerenciar um empreendimento.

O uso do planejamento formal é difícil, pois requer:

Analise sistemática;

Previsão;

Entendimento das atividades e de seus relacionados;

Uso de técnicas modernas;

Imaginação;

Criatividade;

Fantasia.

A maioria das pessoas foge do planejamento por ser mais fácil dirigir rotinas do que

pensar no futuro. Outras não querem expor suas idéias por medo do ridículo ou mesmo por

falta das mesmas. Não querem ser controladas ou submetidas a uma analise pós-realização.

Uma alternativa para contornar tal problema é contratar planejamento com terceiros ou ter na

empresa um departamento especifico para tal. Neste caso o plano resultante provavelmente

não será realístico por falta de uma analise profunda e sintonizada com a realidade do projeto

a executar. Se os usuários do plano não agirem de acordo com as informações dele extraídas,

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17

nada será atingido conforme o planejado. O planejamento deve procurar meios táticos para

manter a empresa capaz de sustentar ou expandir sua participação no mercado, além de

conseguir resultados satisfatórios em suas operações futuras.

Conclui-se, portanto, que neste projeto devemos fazer um planejamento eficaz

requerendo a participação de todos os envolvidos nesta obra como: Engenheiro, estagiário,

almoxerife, encarregado e os demais operários. Todos os envolvidos têm que planejar e é em

função do Engenheiro de planejamento e de campo atuar como o elemento integrador e

catalisador dos demais.

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3.1 PROJETO

Até alguns anos atrás, os projetos de estrutura bem como das instalações do edifício

eram considerados como Projetos Complementares. Somente ao projeto de arquitetura era

atribuído um status especial, o qual costumava ser desenvolvido de forma independente, sem

levar em conta a sua integração com a estrutura de concreto armado, de madeira ou de aço.

Assim, os pilares e vigas eram tratados como peças isoladas, não como elementos de

arquitetura ou de sistema estrutural.

Para as instalações, o tratamento dispensado não era muito diferente. O usual era

embutir todos os tubos, independentemente de quantidade e diâmetro. Estabelecia-se, dessa

forma, uma verdadeira guerra entre os pedreiros que levantavam e revestiam as paredes e os

instaladores (encanadores) que as destruíam.

Por conta disso, e para evitar à enorme quantidade de problemas que pareciam nas

obras, devidos quase sempre a falta de entrosamento entre o calculista e o projetista das

instalações, ou entre estes e o arquiteto, teve inicio a adoção de uma pratica que passou a se

chamar compatibilização dos projetos. Essa atividade era (e ainda é) quase sempre exercida

após o detalhamento dos projetos complementares, e funcionava como um check final antes

da emissão do desenho para a obra. Nessa época, quando o Auto-cad não era ferramenta

conhecida e utilizada como é atualmente, e os desenhos eram produzidos a tinta nanquim e

normografados sobre o papel vegetal, a atividade de compatibilização ensejava a que

inúmeras modificações fossem introduzidas nos projetos. Era comum, por exemplo, os

projetistas do sistema de ar-condicionado dimensionar os dutos sem levar em consideração as

alturas das vigas, o que causava problemas de enfraquecimento dessas peças, quando

impossível o seu funcionamento. Outras vezes, determinadas paredes tinham uma densidade

tão grande de tubos, que o seu alojamento pressupunha a eliminação da alvenaria. A correção

desses problemas era feita na base do “raspa-raspa” dos desenhos, com a, tensão tradicional,

lamina de barbear gilete.

Nos dias atuais, desenvolveu-se o conceito de projeto integrado, o qual será cada vez

mais disseminado entre os projetistas. Dessa forma, a primeira reunião para discussão técnica

com o arquiteto deve ser realizada com todos os profissionais projetista, pois esse é o

momento ideal para serem discutidos e definidos, dentre outros, os assuntos relacionados:

1. Expectativa de preço ou de custo do empreendimento. Essa informação é muito

importante, pois toda equipe deve estar consciente do vulto de empreendimento que

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esta para nascer. O projeto, como resultado final, deve trazer satisfação para o cliente,

nunca uma surpresa;

2. Elaboração do brienfing da arquitetura;

3. Sistema construtivo da estrutura de concreto armado, ou metálica etc.;

4. Materiais básicos (tijolos cerâmicos, de concreto, dimensões, divisórias de gesso

acartonado etc.;

5. Espessuras de paredes e de vigas;

6. Tipos de fachada;

7. Tipos de revestimento;

8. Quantidade e localização de shaft’s;

9. Concepção inicial das instalações elétricas/telefônicas, hidráulica e sanitária, uso de

bandejas, shaft’s, etc;

10. Adoção de forro, tipo e locais de aplicação;

11. Infra-estrutura disponível no local do empreendimento (água, esgoto, drenagem,

energia, telefone etc);

12. Outras instalações como água quente, ar-condicionado, TV a cabo, rede de

computadores, ramais internos de telefone, gás, circuito fechado de TV, outros

sistemas de segurança, som ambiente, incinerados para lixo, sensores;

13. Elevadores - Tipo, localização da casa de maquina, dimensões das cabines e de poços;

14. Garagens, vagas e dimensões - Deve ser lembrado que os automóveis tipo pick-ups,

muito usadas como carro de passeio, estão provocando alterações na concepção dos

projetos, demandando maiores áreas para vagas de garagens.

Fases Projetuais:

3.1.1 Anteprojeto

Objetivo:

A partir do estudo preliminar aprovado formalmente pelo contratante será

desenvolvido o anteprojeto arquitetônico, abordando os seguintes aspectos:

Concepção, dimensionamento e caracterização dos pavimentos, contendo a

definição de todos os ambientes.

Concepção e tratamento da volumetria do edifício.

Definição do esquema estrutural.

Page 20: Gerenciamento de Obras

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Definição das instalações gerais.

O conjunto de definições será sempre orientado levando-se em consideração os

seguintes aspectos:

Conforto ambiental (insolação, luminosidade e tratamento acústico).

Tecnológico (sistemas construtivos, resistência e durabilidade dos materiais).

Econômicos (relação mais adequada entre custos, benefícios, durabilidade e

padrão desejado).

Tem como objetivo final:

Aferição e aprovação formal pelo contratante.

Proporcionar um conjunto de informações técnicas da edificação, necessária ao

inter-relacionamento dos projetos complementares ao projeto e

suficientemente à elevação de estimativas de custos (a ser executado por

terceiros) e de prazos dos serviços de obra.

Informações:

Estudo preliminar aprovado pelo cliente.

Relatório de consultores especializados e projetistas complementares

(contratados pelo cliente) para subsidiar o dimensionamento de projetos

(principalmente nos casos de maior complexidade), quando necessário.

Produtos Finais:

a) Planta de situação

Denominação das ruas e/ou praças limítrofes.

Orientação.

Tabelas com áreas de construção por pavimento, totais de construção, projeção

e terreno.

Implantação dos blocos com afastamento das divisas e níveis principais do

terreno.

Área de circulação, estacionamento e jardins.

Page 21: Gerenciamento de Obras

21

b) Planta de cada pavimento

Elementos de estrutura.

Indicação de cortes.

Indicação dos elementos estruturais (pilares)

Níveis dos pisos.

Localização dos principais equipamentos, como elevadores, cabinas de

transformação, áreas para equipamentos de ar-condicionado, instalações,

reservatórios, fossas e outros definidos pela função da edificação.

Denominação e área de cada ambiente.

Orientação

Outros elementos que favoreçam a compreensão qualitativa dos espaços

propostos.

Altura de piso a piso, pés-direitos, indicações de forros.

c) Plantas de cobertura

Indicação de tipologia (laje impermeabilizada, telhado etc.).

Indicação de canais, calhas, coletores de águas pluviais.

d) Cortes esquemáticos

Altura de piso a piso.

Pré-dimensionamento de lajes e outros elementos estruturais.

Pés-direitos.

Indicação de forro.

e) Fachadas

Indicação de esquadrias, brises e outros elementos.

Indicação de materiais de revestimento.

f) Tabelas/memoriais

Quadro de áreas por pavimento e geral.

Definição dos principais acabamentos.

Memorial justificativo (eventual)

Page 22: Gerenciamento de Obras

22

g) Serviços adicionais

Ainda poderão ser oferecidos como serviços adicionais:

Plantas mobiliarias, ilustrações.

Perspectivas, maquete, modelo reduzido, maquete eletrônica.

Quantificação dos itens principais da obra.

Pré-orçamento estimativo.

Estudo de viabilidade econômica-financeira

3.1.2 Projeto Legal

Objetivo:

Obter licenças e alvarás da obra, de acordo com as normas vigentes.

Informações:

Estudos preliminares aprovados pelo cliente, caso o Projeto Legal seja

desenvolvido anterior ou concomitantemente ao Anteprojeto.

Anteprojeto aprovado pelo cliente, caso o Projeto Legal seja desenvolvido

depois dele.

Pré-dimensionamento de projetos e sistemas complementares a ser

desenvolvido por projetistas especializados, contratados pelo cliente

(estrutura, fundações, cálculo de tráfego dos elevadores, sistema de ar-

condicionado etc.).

Normas de apresentação e representação gráficas estabelecidas pelo órgãos

técnicos públicos pertinentes e/ou envolvidos.

Dados de documentação jurídica e cadastrais do cliente/contratante e

responsável técnico pela obra (registros, ARTs, constratos sociais,

representantes legais e procuradores etc.).

Análise prévia por órgãos técnicos públicos (quando possível)

Pagamento das taxas e emolumentos legais.

Produtos Finais

É necessária a apresentação dos registros oficiais da empresa de arquitetura e dos

responsáveis técnicos (prefeitura, Crea) e ARTs – Anotações de Responsabilidade Técnica

sobre o projeto da edificação.

Page 23: Gerenciamento de Obras

23

3.1.3 Projeto Básico

Objetivo:

O projeto básico é a solução desenvolvida do anteprojeto, já compartilhada com

todas as interferências dos projetos complementares. É uma etapa que pode ser suprimida

quando não houver necessidade da licitação ou inicio da obra, antes da conclusão de todos os

projetos de execução. Constitui-se no conjunto de elementos que define a obra, o serviço ou o

complexo de obras e serviços que compõem o empreendimento, possibilitando a estimativa de

seu custo e o prazo de execução. Integra um projeto completo, do qual não se pode dissociar,

devendo ser precedido por estudos iniciais (econômicos, sociais, impactos ambientais,

topográficos, geotécnicos e outros) e sucedido pelo projeto executivo (detalhamento técnico e

especificações complementares). Em muitos empreendimentos, estas fases devem ser objeto

de um único contrato, visando preservar a qualidade do projeto e a responsabilidade técnica

de seus autores.

As principais características de um projeto básico são:

a) Conter a alternativa escolhida para a configuração física definitiva do

empreendimento e suportar a operação prevista;

b) Fornecer uma visão global da obra e identificar os seus elementos constituintes

com clareza;

c) Apresentar soluções técnicas globais e localizadas, amadurecidas

suficientemente, de modo a evitar reformulações ou variantes durante as fases

do projeto executivo e realizações das obras e montagens;

d) Identificar, sem omissões, os tipos de serviços a executar, e de matérias e

equipamentos a incorporar à obra, e especificá-los;

e) Determinar as quantidades de serviços e fornecimentos, com previsão variável,

dependendo do tipo de prestação, de tal forma que seja atingido o grau de

aproximação global;

f) Explicar com precisão as restrições e as condições organizacionais desejadas

para a execução da obra;

g) Possibilitar o estudo e a dedução segura dos métodos construtivos e das

instalações provisórias;

h) Fornecer subsídios suficientes para a montagem do plano de obra (o qual

englobará a programação detalhada, a estratégia de suprimentos, as normas

de fiscalização etc.);

Page 24: Gerenciamento de Obras

24

i) Ensejar a determinação dos custos de serviços e fornecimento, e do custo

global da obra.

Produtos Finais

Constituem-se das mesmas peças gráficas dos projeto de execução de arquitetura,

porém, com um nível de informações suficiente apenas para qualificar e quantificar a obra.

Acompanham os esquemas de todas as esquadrias de madeira ou metálicas e caderno de

especificações básicas.

O produto final desta etapa deve somar-se aos projetos básicos complementares,

memoriais descritivos e cadernos de encargos e/ou de quantidade e custos desenvolvidos

pelos responsáveis pelos projetos e serviços complementares, sob a coordenação geral da

empresa de arquitetura.

Este conjunto de informações permitirá a licitação da obra, de acordo com normas e

resoluções.

O Artigo 6, inciso IX da Lei de Licitações – Lei 8.666/93, aplicável à contratação de

serviços pelo Setor Público define Projeto Básico como “conjunto de elementos necessários e

suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo

de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos

técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do

impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a

definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:

a) Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da

obra e identificar todos os elementos construtivos com clareza;

b) Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma

a minimizar a necessidade de reformulação ou variantes durante as fases de

elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;

c) Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a

incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores

resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a

sua execução;

d) Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos,

instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar

o caráter competitivo para sua execução;

Page 25: Gerenciamento de Obras

25

e) Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra,

compreendendo sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de

fiscalização e outros dados necessários em cada caso;

f) Orçamentos detalhado do custo global da obra, fundamentado em

quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.

O CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, estabelece

sua definição de Projeto Básico através da Resolução nº 361, de 10/12/91.

3.1.4 Projeto de Execução

Objetivo:

Conjuntos de documentos elaborados, em escala conveniente, de todos os elementos

da obra ou serviço, necessário à exata execução técnica e artística da edificação.

Produtos Finais

a) Listagem dos desenhos de arquitetura

Obs.: Todas as escalas a seguir mencionadas são referenciais, devendo ser adequadas caso a

caso.

b) Planta de situação – escala 1:500 ou 1:1000

Cotas de afastamento do lote em relação aos limites da quadra.

Largura de ruas e passeios.

Cotas de afastamentos e recuos das edificações com relação aos limites do

terreno.

Orientação (norte magnético ou verdadeiro)

Denominação de ruas e praças limítrofes.

Notas gerais.

Carimbo.

c) Planta de implantação – escalas 1:200, 1:250, 1:500

Indicação do sistema de eixo de coordenadas do projeto.

Orientação (norte magnético ou verdadeiro).

Limites do terreno e indicação de logradouros adjacentes.

Vias de acesso.

Curvas de nível (anteriores e do projeto).

Page 26: Gerenciamento de Obras

26

Pormenor das áreas ajardinadas, vias internas, estacionamentos, áreas

cobertas e respectivos detalhes construtivos.

Indicação dos vários acessos (principal e secundário) previstos para o

terreno e a edificação.

Cotas de nível do piso acabado dos acessos.

Designação dos diversos edifícios (ou fases) previstos.

Cotas gerais.

Notas gerais.

Legendas.

Carimbo.

d) Planta(s) do(s) pavimento(s)

Indicação de coordenadas de projeto.

Indicação dos elementos do sistema estrutural, com distinção gráfica entre

estes e as vedações.

Indicação de coras parciais entre coordenadas e cotas totais.

Cotas de desenho, em pormenor, dos locais que não serão desenhados em

escala maior.

Indicação dos cortes gerais, fachadas, elevações parciais, detalhes e

secções.

Indicação de níveis de pisos acabados e em osso.

Indicação de função e área de cada ambiente.

Localização e dimensionamento de equipamentos.

Referências e numeração de sanitários, escadas, rampas, balcões,

divisórias, gradis, guarda-copos, corrimãos, esquadrias (de madeira, ferro,

alumínio), armários, bancadas e outros que serão desenhados em escala

maior.

Indicação de sentido de abertura das esquadrias.

Indicação de sancas, rebaixos e projeções.

Indicação de enchimentos, dutos e prumadas das instalações.

Indicação de soleiras e peitoris com especificação completa dos materiais.

Localização de fossas e sumidouros.

Page 27: Gerenciamento de Obras

27

Indicação dos pontos de distribuição de água e esgoto, inclusive para

jardins, filtros, bebedouros e caixas de incêndio.

Localização de torres de arrefecimento, fan-coils, central de refrigeração,

elevadores, cabinas de transformação e outros.

Localização e dimensionamento dos vãos quando se trata de aparelhos

individuais (de paredes/janelas).

Detalhamento da fixação ou especificação dos elementos suportes.

Indicação dos quadros e caixas de distribuição das redes telefônica,

elétrica, centrais de som, alarme, prumadas hidráulicas etc.

Paginação dos revestimentos quando houver necessidade.

Indicação da projeção dos reservatórios de água (inferior e superior), com

respectivos acessos e capacidade em litros.

Uso das convenções oficiais, especialmente em casos de reforma.

Especificações gerais.

Tabelas com indicação de acabamentos, revestimentos e pisos.

Quadro de dimensionamento das esquadrias onde constem referencias,

dimensões, especificações e quantidades de cada uma.

Legendas.

Carimbo.

e) Planta de cobertura – escala 1:200 e 1:50

Indicação do sistema de coordenadas do projeto.

Indicação dos planos de cobertura e de calhas, com respectivos sentidos

de inclinação de escoamento de águas.

Indicação da posição e dimensionamento das calhas condutoras de água

pluviais e destino das mesmas.

Cortes e secções parciais em centímetros.

Indicação dos detalhes de cumeeiras, rufos, arremates e outros elementos.

Especificação dos materiais, dimensionamento da solução estrutural

básica, elementos de impermeabilização e isolamento termoacústico.

Orientação (Norte/Sul).

Legendas.

Page 28: Gerenciamento de Obras

28

Carimbo.

f) Planta de forro – escala 1:50

Indicação do sistema de coordenadas de projeto.

Desenho do forro, com indicação da posição e dimensionamento das

placas ou lâminas, com especificação completa da mesma.

Representação especifica e completa das luminárias, com indicação dos

pontos de iluminação no teto.

Representação dos aerofusos, sancas com respectivas grelhas de

insuflamento e retorno para sistema de ar-condicionado central, quando

no forro.

Indicação dos pontos de instalações especiais, quando no forro.

Representação das paredes e divisórias.

Notas gerais.

Legendas.

Carimbo.

g) Cortes – escala 1:50

Indicação do sistema de coordenadas de projeto.

Distinção gráfica entre elementos da estrutura e vedação seccionadas.

Indicação dos perfis longitudinais e transversais naturais do terreno,

aterros e desaterros, e dos novos perfis longitudinais e transversais do

terreno.

Nível dos pisos seccionados (bruto e acabado).

Cotas verticais de piso, parciais e totais dos elementos seccionados.

Notas gerais.

Legendas.

Carimbo.

Page 29: Gerenciamento de Obras

29

h) Fachadas – escala 1:50

Desenho de todas as elevações externas da edificação, com representação gráfica e

especificação completa dos materiais de revestimento (marca, referência, cor, dimensões),

determinando o respectivo modo de assentamento e acabamento, contendo:

Indicação do sistema de coordenadas de projeto.

Desenho de fôrmas quando utilizado concreto aparente.

Indicação e especificação completa de vidros, cristais, elementos

vazados, bise e esquadrias.

Representação, numeração e sentido de abertura das esquadrias nas

fachadas.

Representação da localização de aparelhos de ar-condicionado, quando

forem individuais (de parede/janela).

Cotas parciais e totais dos componentes das fachadas.

Medidas em cotas de nível e também dos pavimentos.

Indicação das divisas do terreno.

Notas gerais.

Legendas.

Carimbo.

Page 30: Gerenciamento de Obras

30

3.2 ORÇAMENTO

Terminado o projeto do produto e determinando o processo construtivo, parte-se para

confecção do orçamento, que em simples palavras pode ser definido como previsão dos custos

da obra durante sua realização. Neste sentido, o orçamento torna-se o ponto de partida do

processo administrativo da obra.

O orçamento é uma ferramenta de fundamental importância para a indústria da

construção civil, sendo o mesmo baseado em composições de custo de serviços na indústria

da construção civil, sendo o mesmo baseado em composições de Preço Unitária (CPUs) de

cada serviço. Uma CPU utiliza custos relativos à: mão de obra, materiais, equipamentos, leis

sociais e Bonificação de Despesas indiretas (BDI). Custos estes presentes em todo o processo

construtivo, estando, dessa forma, relacionados diretamente com a produtividade da empresa.

A variação da composição dos custos depende, basicamente, da variação do

indicador de produtividade adotado, tanto para o material quanto para a mão de obra. Tal

consideração faz com que alguns autores questionem a doção de valores médios de

produtividade/perdas na formulação de um orçamento, uma vez que diversas pesquisas

realizadas no Brasil apontam uma grande viabilidade dos indicadores de consumo de

materiais e produtividade de Mao de obra em função, dentre outros motivos, das

características do canteiro e dos serviços em execução.

Na execução do orçamento é fundamental a consideração de três fatores para a sua

concretização: a definição de métodos construtivos; a composição de custos e a negociação

prévia com fornecedores.

Orçamento é a descrição pormenorizada dos materiais e das operações necessárias

para realizar uma obra, com a estimativa de preços. Para ser feito, o ornamentista deve entrar

em todos os detalhes possíveis que implicarão em custos durante a execução da obra. O

orçamento conjuntamente com cronograma físico e financeiro, é a peça central no

gerenciamento da construção civil. Na construção, nem sempre é dada á devida atenção em

relação ao orçamento, bem como ao controle dos custos. Este descaso, conforme Vieira Neto

(1993), cria dificuldades financeiras e chegam a ser o motivo pelo qual algumas empresas

tornam-se insolventes. O setor de orçamentos e controle de custos é fechado às inovações e à

divulgação de seus métodos, com cada interveniente tomando decisões isoladas.

Page 31: Gerenciamento de Obras

31

O orçamento é uma peça básica no planejamento e programação de um

empreendimento. A partir dele é possível fazer: analise da viabilidade econômico-financeira

do empreendimento; o levantamento dos materiais e dos serviços a serem executados;

levantamento de mão de obra para executar cada serviço planejado; a elaboração do

cronograma físico ou de execução da obra, bem como o cronograma físico-financeiro e o

acompanhamento sistemático da aplicação de mão-de-obra e materiais para cada etapa de

serviço programado.

Orçamento de uma obra normalmente é desenvolvido em diversas etapas, pois o

orçamento é composto por um complexo de informações que o ornamentista deve conter para

que este documento represente uma na integra as atividades e quantidades a serem executadas

no canteiro das obras.

Para iniciar o desenvolvimento do orçamento é necessário ter:

Tabela de salários;

Leis sociais;

Calculo do BDI;

Preços de mercado: materiais e mão de obra;

Composição de custo unitário;

Memória de calculo de quantidades de serviços;

Orçamento;

3.2.1. Tabela de salários

A tabela de salários consiste basicamente no preço unitário do salário base dos

profissionais da construção civil. Na composição unitária dos serviços a Mao de obra pode ser

quantificada em horas, pois desta forma possibilitara a definição do prazo para executar cada

atividade. Considerando que e a mão de obra é paga mensal, onde funcionários são

denominados mensalistas, tem-se a tabela de salários, com o salário mensal e o valor da hora

de cada funcionário que varia de acordo com a função, pois de acordo com a tabela do

sindicato, os funcionários da construção civil são classificados em faixa, onde cada faixa tem

um valor especifico e abrange diversas funções classificadas de acordo com a qualificação do

funcionário.

Page 32: Gerenciamento de Obras

32

Outra forma de quantificar a Mão de obra numa composição unitária é por produção,

ou seja, o valor pago para execução de uma unidade de cada serviço. Porem, quantificado

desta forma, é necessário que o profissional possua o conhecimento do índice de

produtividade ou um parâmetro quanto ao tempo de produção de cada atividade para que a

obra seja programada e não gere passivos após sua conclusão.

O profissional de planejamento, também deve lembrar que é fundamental que todos

os profissionais estejam regulares com a empresa e todos os encargos sociais recolhidos de

acordo com o que regem as leis trabalhistas, pois não basta pagar o profissional de acordo

com sua produção sem que o mesmo não possua vinculo empregatício com a empresa. Por

isso, ao considerar os profissionais tais como mensalistas e para calcular o preço unitário por

unidade de produção na composição unitária dos serviços é fundamental saber o tempo gasto

e o preço total a ser pago neste intervalo de tempo, e que esteja coerente com o preço do

serviço.

A seguir, um exemplo de tabela de salário, a qual possui o valor do salário base

mensal de cada profissional, que varia de acordo com a categoria que é classificada na tabela

da FETRACOMPA – Federação dos trabalhadores nas indústrias da construção civil e do

mobiliário nos estados do Pará e Amapá.

Tabela 1: SALARIO DOS PROFISSIONAIS DA COSNTRUÇÃO CIVIL (Mensal)

ITEM ESPECIFICAÇÃO UM R$ (PA) SALARIO

1 Ajudante de carpinteiro h 2,8 R$ 615,70

2 Ajudante de pintor h 2,8 R$ 615,70

3 Ajudante geral h 2,59 R$ 570,00

4 Apontador h 3,63 R$ 800,00

5 Azulejista h 3,63 R$ 800,00

6 Carpinteiro h 3,63 R$ 800,00

7 Eletricista h 3,63 R$ 800,00

8 Eletricista meio oficial h 2,8 R$ 615,70

9 Encanador h 3,63 R$ 800,00

10 Encanador meio oficial h 2,8 R$ 615,70

11 Encarregado de obra h 4,15 R$ 912,87

12 Ferreiro ou armador h 3,63 R$ 800,00

13 Ferreiro ou armador meio oficial h 2,8 R$ 615,70

14 Operador de betoneira h 3,63 R$ 800,00

15 Pedreiro h 3,63 R$ 800,00

16 Pintor h 3,63 R$ 800,00

17 Servente h 2,59 R$ 570,00

18 Soldador h 3,75 R$ 822,15

Page 33: Gerenciamento de Obras

33

19 Vigia h 2,59 R$ 570,00

Fonte: FETRACOMPA, 2010

3.2.2. Leis sociais

As leis sociais são os encargos, que incidem sobre a mão-de-obra direta, e calculada

em função do regime de trabalho, mensalista ou horista. Devem ser definidas para cada

empresa e calculadas a partir de critérios e formulas que reflitam sua realidade.

Nas leis sociais, constam os encargos sociais como FGTS e INSS que são recolhidos

mensalmente pela empresa e os demais que ficam aprovisionados para o funcionário que

receberá em um determinado período com as férias e 13º salário, os quais poderão ser pagos

ao profissional o valor proporcional a qualquer momento, caracterizado, como sua rescisão

caso o mesmo seja demitido ou solicite o desligamento da empresa.

Um cuidado que deve ser tomado por muitas empresas é quanto à desconsideração de

percentual total das leis sociais, por calcularem apenas os custos da empresa em curto prazo,

que são o salário base, INSS e FGTS. Sendo que os demais valores ficarão com um passivo

para o empreendimento, no momento da demissão do funcionário, os demais valores deverão

ser desembolsados.

A tabela de leis sociais, também denominada de encargos sociais é a oposta pelos

demais custos que incidem sobre o salário base de um funcionário para que se possa encontrar

o custo mensal de cada profissional para a empresa.

Normalmente os empreendimentos da construção civil trabalham com mensalistas,

pois assim tem-se um percentual de encargos sociais incidentes sobre o salário de base

inferior, quando comparado ao horista, fator bastante relevante, pois a mão-de-obra confere

cerca de 30% ao custo total da obra.

Tabela 2: LEIS SOCIAIS

LEIS SOCIAIS

TAXAS DE LEIS SOCIAIS E RISCOS TRABALHISTAS

ÍTEM ESPECIFICAÇÃO HORISTAS (1) %

MENSALISTAS

(2) %

A1 Previdência Social 20,00

20,00

A2 Fundo de Garantia por tempo de serviço 8,00

8,00

A3 Salário Educação 2,50

2,50

Page 34: Gerenciamento de Obras

34

A4 Serviço social da Industria (SESI) 1,50

1,50

A5

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(Senai) 1,00

1,00

A6

Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa

(Sebrae) 0,60

0,60

A7

Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (Incra) 0,20

0,20

A8 Seguro contra os acidentes de trabalho (INSS) 3,00

3,00

A9

Seconci Serviço Social da Indústria da Construção

e do Mobiliário (aplicável a todas as empresas

contratantes do III grupo da CLT - art. 577) 1,00

1,00

A Total dos Encargos Sociais Básicos 37,80

37,80

B1 Repouso semanal e feriados 22,90

B2 Auxílio-enfermidade (*) 0,79

B3 Licença-paternidade (*) 0,34

B4 13º Salário 10,57 8,22

B5

Dias de chuva / faltas justificadas na obra / outras

dificuldades / acidentes de trabalho / greves /

faltas ou atrasos na entrega de materiais ou

serviços (*) 4,57

B

Total de Encargos Sociais que recebem as

incidências de A 39,17 8,22

C1

Depósito por despedida injusta 50% sobre [A2 +

(A2 x B)] 5,56 4,32

C2 Férias (indenizadas) 14,06 10,93

C3 Aviso-prévio (indenizado) (*) 13,12 10,2

C

Total dos Encargos Sociais que não recebem as

incidências globais de A 32,74 25,45

D1 Reincidência de A sobre B 14,81 3,11

D2 Reincidência de (A - A) sobre C3 4.83 3,75

D Total de taxas das reincidências 19,63 6,86

Vale transporte (**) [(C x N - (S x 0,06)) / S] x 100

Refeição mínima (café da manhã) (**) {(C x N) - [(S / 30) x 22 x 0,01] / S} x 100

Refeições (**) [(C x N x 0,95) / S] x 100

Seguro de vida e acidentes em grupo (**) (C / S) x 100

EPI (Equipamento de Proteção Individual) (**) (C / S) x 100

PERCENTAGEM TOTAL 129,34% 78,33%

(*) Adotado

(**) itens que devem ser calculados segundo o critério de cada empresa

Fonte: CONSTRUÇÃO E MERCADO, Custos, suprimentos e soluções técnicas. Guia da Construção Nº

105 Abril de 2010 pág 186. ISSN 1984-6673

Page 35: Gerenciamento de Obras

35

3.2.3. B.D.I

BDI (Benefícios e despesas indiretas) é um conceito de Engenharia de custos e

significa a parcela de custo que, agrega ao custo direto de um empreendimento, obra ou

serviço, devidamente orçado, permite apurar o seu custo total. Tem por finalidade suportar

custo que, não incidem diretamente na composição do custo unitário do serviço, onde consta

material, Mao de obra e equipamentos, toda via incidem na composição geral de custo total.

Costuma ser expresso ou em valor percentual (o mais usual), ou em valor por unidade

(menos comum, porem muito mais útil em analise) relativamente ao custo indireto.

BDI costuma ser traduzido/adaptado, ora para Benefícios e Despesas Indiretas (a

forma mais comum), ora Bônus e Despesas Indiretas ou, ainda, para Lucro e Despesas

Indiretas (as duas ultimas formas bem menos usadas), conceito próprio da engenharia de

custo, significa o valor complementar de custo , que agregado ao custo direto, permite compor

o custo total de um empreendimento,obra ou serviço.

A taxa de BDI é uma composição de custo, onde dentre estes custos devem constar

despesas administrativas do escritório e do local de obra, despesas com refeição, vale

transporte, uniformes, medicina e segurança do trabalho, outras despesas eventuais, alem de

despesas fiscais (impostos) e o lucro da obra. Neste caso, o percentual do BDI normalmente

varia de acordo com o porte da empresa, da obra, a rentabilidade esperada, dentre outros

fatores.

Fonte: Tisaka, Masaiko.

Sendo:

A = taxa de administração central

R = taxa de risco do empreendimento

F = taxa de custo financeiro

T = taxa de tributos federal e municipal

C = taxa de custo de comercialização

L = lucro liquido pretendido

BDI = [{ (1+A) (1+R) (1+F) - L }] X 100

1 + (T+C+F)

Page 36: Gerenciamento de Obras

36

As Despesas indiretas se restringem a custo de rateio da administração central mais custo

alocado a uma obra especifica, risco do empreendimento e custo financeiro do capital de giro.

As despesas da administração local passam a ser Custo Direto.

3.2.4. Composição de preço unitário

A formação do preço de um serviço é elaborada a partir da descriminação minuciosa

dos procedimentos técnicos, de mão-de-obra, dos materiais, quantidades por unidade de

medida, inclusive incidência de taxas e obrigações legais, fiscais e trabalhistas de cada

especificação da Planilha de Serviços. A composição do preço tem por objetivo expressar

analiticamente em números e valores relativos as produtividades, quantidades de insumos e

preços unitários que compõe cada serviço. Para sua elaboração é necessário o conhecimento

preciso dos coeficientes de produtividade para realização de cada serviço e seus respectivos

materiais, equipamentos, mão-de-obra...

A formação do preço de um serviço de manutenção, conservação ou restauro tem de

refletir as necessidades de insumos para a execução do mesmo no âmbito da produção, da

estrutura de funcionamento e do controle administrativo-financeiro. Por insumos

compreendam-se todos os custos e as despesas que formam o preço do serviço. O preço

unitário é o valor monetário resultado da soma de todos os custos e despesas, diretas ou

indiretas, fixos ou variáveis, necessários para a execução de um serviço. Nele inclui-se

também a remuneração da empresa prestadora do serviço, assim como todas as despesas

legais e fiscais. O preço é a contrapartida financeira paga pelo contratante à efetiva prestação

de serviços. (EVEDOVE, 2001). Existe uma diferença sutil entre despesa e custo, embora

ambos sejam considerados pela literatura contábil com gastos. Este autor concorda que se

deve esclarecer esse fato em razão de sua importância para compreensão da modelagem do

preço unitário de um serviço, assim:

Despesa é um gasto relacionado com a produção de um serviço, utilizado para

realização de outros serviços. Os gastos com as comunicações, por exemplo, representam

despesas na otimização e produção de todos os serviços de uma obra;

Custo é o gasto que está diretamente ligado com a produção do serviço, por exemplo,

a compra de madeiras, cal cimento, os pagamentos à mão-de-obra...

Ao preço total unitário, a empresa ou profissional prestador do serviço agrega um

valor expresso em percentual que representa o quanto ele acha ser suficiente para gratificá-lo

Page 37: Gerenciamento de Obras

37

na execução dos serviços: trata-se da auferição do justo lucro, denominado de Bonificação ou

Benefício ou mesmo Lucro. Comumente utiliza-se a expressão Bonificação e Despesas

Indiretas – B.D.I. para designar “o resultado de uma operação matemática que indica a

margem que é cobrada do cliente incluindo todos os custos indiretos, tributos, etc. e

logicamente sua remuneração pela realização de um empreendimento.” Nos últimos anos os

Tribunais de Contas escolheram a denominação L.D.I – Lucro e Despesas Indiretas como

sendo a mais apropriada para especificar o percentual aplicado sobre o preço total do custo do

serviço.

3.2.5. Memorial de cálculo de quantidade de serviço

Através da memória de calculo de quantidades de serviços será obtido o quantitativo a

ser executado de cada serviço e identificado todos as atividades que devem ser desenvolvidas

na obra através do levantamento do projeto e das especificações.

O termo memória de caçulo de quantidades de serviços será utilizado no registro das

quantificações das medidas do serviço, e seus cálculos em referenciados e baseados nos

levantamentos do projeto. Deverão expressar o desenho de referencia, a forma de calculo, as

medidas utilizadas e o resultado final expresso na unidade de execução e mediação do serviço.

É importante manter registrado o memorial de calculo de quantidade de todos os

serviços levantados nos projetos, devendo ser sempre desenvolvido pelo profissional uma

padronização desta atividade de registro, de modo a facilitar o acesso a qualquer dado

importante e podendo ser feito por outra pessoa a qualquer tempo.

Page 38: Gerenciamento de Obras

38

4. SUPRIMENTOS: GERENCIAMENTO DA COMPRA DE

MATERIAIS NO AMBIENTE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

4.1 Funções da compra no ambiente da construção civil

A função “compra” tem a responsabilidade de suprir as necessidades de compras dos

clientes, por meio de um planejamento quantitativo e qualitativo, o que possibilitará que o

cliente receba o material no momento certo, com as quantidades corretas e dentro das

especificações desejadas (BURT, PINKERTON, 1996)

É importante salientar que a função “compra” está diretamente ligada à produção,

isto é, às obras. Se a empresa de construção for considerada como um sistema, a função

compras de materiais será um subsistema que terá como principal objetivo atender às

necessidades da produção (obra). Assim a melhoria da função de compras só será interessante

se contribuir para a melhoria das atividades que envolvem o processo de produção

(ROBBINS, 2003)

O gerenciamento eficaz da função compra de materiais pode representar uma

contribuição significativa para o alcance dos objetivos estratégicos das empresas do setor da

construção, promovendo a maior agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade

dos materiais que estão sendo adquiridos (PALACIOS, 1994; VILLACREESES, 1994). O

sucesso demonstrado por organizações que adotam essa postura está estimulando a gestão

estratégica da função de compras e a adesão de um número cada vez maior de empresas na

busca de uma dinâmica de compras mais enxutas, isto é, com a eliminação de atividades que

não agregam valor à função em lide (BURT, PINKERTON, 1996)

Várias abordagens e conceitos gerenciais modernos têm sido apontados como

pontenciais focos de desenvolvimento da função de compras de materiais como por exemplo,

(WAGNER, 2003; MARTINS, 2004; MEIJBOOM, VOS, 2004; JOHNSEN FORD, 2005):

a) Maior intensidade da prática de benchmarking: processo contínuo que avalia a

diferença de performance com relação a melhores práticas e identifica meior de

introduzir criativamente essas práticas no processo da empresa;

Page 39: Gerenciamento de Obras

39

b) Just-in-time: visa à obtenção do material no momento certo, nas quantidades certas,

com o melhor custo e a maior qualidade, sem gerar estoque;

c) Gestão estratégica da cadeia de suprimentos: foca o processo em atividades que

agregam valor à função de compras como grandes negociações e formação de

parcerias com fornecedores;

d) Promoção de parceria com fornecedores: isto é fundamental durante a implantação da

compra proativa na função de compras de materiais.

4.2 A Cadeia de Suprimentos

A atenção à cadeia de suprimentos tem aumentado nos últimos anos. Esse fato

acontece porque na indústria, em geral, a compra de materiais representa um custo na ordem

de 50% do custo da produção. Além disso, os custos de logística (custo de distribuição e

transporte), associados com a entrega de produtos dos fornecedores, têm tido importante

atenção devido à busca contínua de redução de custos para viabilizar o comércio internacional

(SLACK et. al., 1997).

Uma cadeia de suprimentos é a rede de organizações que se inter-relacionam através

de enlaces em ambos os sentidos, nos diversos processos e atividades que produzem valor, na

forma de produtos e serviços, para o consumidor final (BALLOU, 2002). Em uma cadeia de

suprimentos simplificada, os fornecedores vendem matérias-primas aos fabricantes, os quais

entregam produtos acabados aos atacadistas, que combinam os produtos de diversos

fabricantes em pacotes de produtos para a venda aos varejistas, que, por sua vez, os vendem

ao consumidor final (DORNIER et al., 2000).

No caso da construção civil, uma cadeia de suprimentos típica inicia-se com a

matéria-prima e termina com a reciclagem dos produtos acabados após a sua demolição.

Para que essa cadeia funcione com eficiência e eficácia, é necessário que haja a

gestão da cadeia de suprimentos (SLACK et al., 1997). A gestão da cadeia de suprimentos é a

gestão de atividades que transformam as matérias-primas em produtos intermediários e

produtos finais e que entregam esses produtos finais aos clientes. As atividades da cadeia de

suprimentos envolvem as áreas de compras, manufatura, logística, distribuição, transporte e

marketing (DORNIER et al., 2000). Esse envolvimento de diversas áreas entre diferentes

empresas causa conseqüências graves que afetam toda a cadeia de suprimentos. Um dos fatos

de maior gravidade para os envolvidos na cadeia refere-se à variação da demanda, também

Page 40: Gerenciamento de Obras

40

conhecida como Efeito de Chicoteamento (DONIER et al., 2000). Nesse processo, uma

pequena variação ou flutuação sazonal da demanda real do cliente pode “bater o chicote” para

fornecedores a montante, levando-os a alternar entre situações de superprodução e de

ociosidade. Com efeito do “chicoteamento”, os pedidos para o membro a montante, na cadeia

de suprimentos, exibem uma variação maior que os pedidos reais no ponto-de-venda de varejo

(distorção da demanda), e a variação dos pedidos aumenta à medida que se move a montante

(propagação da variação).

ILUSTRAÇÃO 3: Linha de Montagem

Fonte: CONSTRUÇÃO MERCADO, Negócios de Incorporação. São Paulo. Nº 94

4.2.1 A importância da formação de parcerias na cadeia de suprimentos

Muitos elementos são obrigatórios para a implementação bem-sucedida de um

programa de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Entretanto, o elemento essencial para

isso é a formação de alianças estratégicas ou parcerias entre a empresa e seus fornecedores-

chave (UNAL, 2000, ANDERSEN et al., 1999).

Page 41: Gerenciamento de Obras

41

Segundo DUMOND (1996), a formação de parcerias não deve ser realizada com

todos os fornecedores. Aplica-se bem a esses casos o Princípio de Pareto. Geralmente,

constata-se que 80% das compras são realizadas junto a 20% dos fornecedores, e também é

provável que esses sejam os fornecedores com os quais são gastas somas de dinheiro. Esses

percentuais não são fixos, isto é, eles podem variar de uma obra pra outra.

Para que a formação de parcerias obtenha sucesso, é necessário que existam alguns

elementos-chave entre os envolvidos na cadeia como: confiança, relações de longo prazo e

compartilhamento de informações (SAFAYENI et al., 2000). Sem confiança, nenhum dos

demais elementos de parceria é possível ser implementado. A confiança permite que os

fornecedores participem do ciclo de desenvolvimento dos produtos da empresa e contribuam

para ele de forma mais comprometida.

Da mesma forma, para que seja possível obter sucesso durante a formação de

parcerias, é necessário desenvolver relações de longo prazo com os fornecedores a fim de

gerar uma visão estratégica compartilhada.

Benefícios e ricos envolvidos na formação de parcerias ( LYONS et al., 1990):

Benefícios e Riscos do Comprador (empresa):

a) Benefícios do Comprador (empresa)

Redução de custos de produção

Aumento da qualidade

Redução da complexidade e dos custos de montagem e aquisição

Garantia de fornecimento

Relações das cooperativas com os fornecedores

Precisão de contratos

Transparência quanto a informações de custos de fornecedores

Redução de preços negociada durante a vida do contrato

b) Riscos do Comprador (empresa)

Maior dependência de fornecedores

Implantação de um novo estilo de negociação

Menor competição entre os fornecedores

Demanda de maior uso de ferramentas gerenciais para administrar e

desenvolver fornecedores

Redução da mobilidade de pessoal

Page 42: Gerenciamento de Obras

42

Aumento nos custos de comunicação e coordenação

Maior apoio ao fornecedor

Novas estruturas de recompensa aos fornecedores

Perda de contato direto com fornecedores secundários

Benefícios e Riscos do Vendedor (fornecedor):

c) Benefícios do Vendedor (fornecedor):

Previsão de contratos

Mão-de-obra e produção mais estáveis

Aumento da eficácia dos esforços de pesquisa e desenvolvimento

Suporte do status da empresa por parte de aliados na empresa compradora

Assistência por parte do comprador, influência nos processos de decisão do

comprador

Informação quanto às decisões relacionadas a compras pelo comprador

d) Riscos do Vendedor (fornecedor)

Transparência das informações de custos

Pressão para assumir as cargas de todas as fases, desde o projeto ate a garantia,

enquanto se aumenta a qualidade e se reduzem os custos

Menor autonomia

Insegurança quanto à possibilidade da extinção da parceria.

4.3. Gestão de Compras

A gestão de compras tem por definição a responsabilidade de planejar, dirigir,

controlar e coordenar as atividades relacionadas à compra de material, desde a sua chegada

até a sua utilização pela área de produção (MARTINS, 1999).

A gestão da aquisição assume papel estratégico nos negócios de hoje ante o volume

de recursos, principalmente financeiros, envolvidos, deixando cada vez mais para trás a visão

preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e não

um centro de lucros (BURT, PINKERTON, 1996).

Page 43: Gerenciamento de Obras

43

O valor total dos gastos nas compras de matérias para produção, seja do produto ou

do serviço final, varia de 50% a 80% do total de receitas brutas (SLACK et al., 2000). É fácil

perceber que mesmo pequenos ganhos decorrentes de melhor produtividade na função têm

grande repercussão no lucro (BAILY et al., 2000). Por isso, e por outros fatores como a

reestruturação pela qual as empresas passaram nos últimos anos, evolução da tecnologia e

novos relacionamentos com os fornecedores, cresce cada vez mais a importância de as

pessoas que trabalham nessa área estarem bem informadas e atualizadas, assim como de elas

mostrarem habilidades interpessoais e dinamismo.

No setor industrial, o posicionamento atual da função “compras” é bem diferente do

modo tradicional como era tratada antigamente. Antes da Primeira Guerra Mundial, a função

“compras” tinha papel essencialmente burocrático. Depois, já na década de 1970, devido

principalmente à crise do petróleo, a oferta de várias matérias-primas começou a diminuir

enquanto seus preços aumentavam vertiginosamente (ISATTO, 1996). Nesse cenário, sobre o

que, quanto, quando e como comprar começa a assumir condição de sobrevivência, e, assim, a

área de compras ganha mais visibilidade dentro da organização (KAMANN et al., 2006).

Hoje nas compras do setor industrial em geral, a função “compras é vista como parte

integrante da cadeia de suprimentos. Por isso, muitas empresas passaram a usar a

denominação Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ou simplesmente Gerenciament de

Compras (DAVIS et al., 2001).

4.4. O Modelo de Procompras

O modelo Procompras tem como objetivo principal orientar a implantação da compra

proativa na função de compras de materiais. Esse modelo será útil para avaliar, diagnosticar e

orientar as empresas de construção civil de pequeno, médio e grande porte quanto ao

desempenho da função de compras de materiais. As atividades que fazem parte do Modelo

referem-se à:

a) Atuação de compras em projetos e especificações;

b) Atuação de compras no planejamento da obra;

c) Atuação de compras no orçamento da obra;

d) Criação de parcerias com fornecedores;

e) Elaboração do planejamento das compras;

Page 44: Gerenciamento de Obras

44

f) Solicitação de entrega e acompanhamento;

g) Entrega de materiais.

O Modelo Procompras está baseado no enfoque sistêmico da organização (construtora)

e está representado abaixo.

ILUSTRAÇÃO 4: Modelo Procompras

Fonte: Santos, Adriana de Paula Lacerda. Diretrizes para implantação da compra pró-ativa

4.4.1. Atividades 1 – Atuação em Projetos e Especificações

O objetivo de realizar os projetos e gerar as especificações de materiais que elas

demandam é determinar as características físicas que o empreendimento terá. Esses desenhos

e especificações devem ilustrar as características da edificação (dimensões e detalhes

construtivos), bem como as especificações de cada material. (tipo e características técnicas)

previsto no projeto (COOPER et al., 2000).

Segundo BURTE e PINKERTON (1996), a atividade de projetos e especificações é de

grande importância dentro da função de compras de materiais. É nesse momento que pode ser

alterada a especificação de um determinado material ou até mesmo do projeto, para viabilizar

a execução da obra dentro do preço, prazo e recursos desejados (PMI, 1996).

A elaboração de projetos e especificações geralmente é de responsabilidade da área de

projetos da empresa de construção. Durante a implantação da compra proativa, não são

relevantes a forma como são executados os projetos e especificações de todas as áreas

Page 45: Gerenciamento de Obras

45

envolvidas no processo de projetos (projetos, obra, compras, fornecedores e orçamentos, entre

outros) (WANG, BUNN, 2004).

Nessa atividade, é fundamental que os compradores tenham participação ativa, pois,

nesse momento, existem a possibilidade de discutir a utilização de determinados materiais ou

peças de equipamentos alternativos aos especificados, de forma a melhorar a relação benefício

x custo (SANTOS,2002).

Essa contribuição do comprador na analise da relação beneficio x custo é interessante,

visto que, frequentemente, os projetistas não atentam para as implicações financeiras que a

escolha de determinado material pode causar para o empreendimento (TREASURE

TASKFORCE, 1999). Nesse momento, é de responsabilidade da área de compras, junto aos

fornecedores, buscar alternativas de materiais e tecnologias para o projeto (McNALLY,

GRIFFIN, 2004). Além disso, é possível verificar se os fornecedores atuais trabalham com o

material que está sendo especificado, ou se é necessário buscar novos fornecedores no

mercado (KRAUSE, TERPEND, PETERSEN, 2006).

A partir de um maior envolvimento da equipe de compras com os projetos e

especificações, a variabilidade durante a execução da obra e na compra de materiais tende a

reduzir (BURT E PINKERTON, 1996), facilitando, assim, o gerenciamento dos processos e o

aumento da eficácia e eficiência destes (TREASURE TASKFORCE, 1996).

4.4.2. Atividade 2 – Atuação no Planejamento das Obras

O objetivo de realizar o planejamento da obra é saber o que, onde, quem e quando os

materiais serão necessários em cada obra, possibilitando, dessa forma, realizar uma previsão

da entrega e da respectiva compra destes (MENDES JR., 1999).

BALLARD e HOWEL (1998) propõem um planejamento da produção em três níveis.

Em primeiro nível, faz-se um planejamento inicial global da obra. Em segundo nível, realiza-

se uma previsão mais detalhada para o curto prazo (a cada 2 ou 3 semanas). O objetivo do

segundo nível de planejamento é ajustar o cronograma e a mobilização de recursos de acordo

com o andamento real da produção. E, em terceiro nível, faz-se um planejamento de

compromisso com as atividades que devem ser realizadas em um prazo mais curto (1

semana), detalhando as necessidades de recursos para a execução de atividades e tarefas de

cada dia. O interessante dessa proposta é que, a cada semana, devem-se identificar e registrar

Page 46: Gerenciamento de Obras

46

as causas que levaram ao não-cumprimento do planejamento, para que, assim, o responsável

tenha condições para fazer o planejamento da próxima semana (GEHBAUER et al., 2002).

4.4.3. Atividade 3 – Atuação no Orçamento da Obra

É comum a empresa de construção civil realizar um orçamento geral, por mais que

seja por serviços e preços unitários, sem saber quando realmente determinado insumo ou

serviço será efetivamente realizado dentro do canteiro de obras (PRADO, 1998).

O orçamento convencional não reflete a maneira pela qual o trabalho é conduzido,

gerando o desenvolvimento do custo real de construção. No orçamento convencional, os itens

são medidos por quantidade e agrupados por equipes, independentemente de onde o trabalho

ocorre ou da dificuldade de construção (LIMMER, 1997).

Contudo, o orçamento convencional demonstra uma média geral dos trabalhos. Essa

visão tende a incrementar os riscos e, consequentimente, aumentar os custos de construção.

Uma solução para a melhoria da eficiência dos orçamentos é a utilização do orçamento

operacional (LIMMER, 1997)

Com o planejamento estruturado da obra, é possível realizar o orçamento operacional

do empreendimento. Esse orçamento é vinculado ao planejamento do empreendimento,

seguindo a mesma estrutura de codificação. A área de compras tem a função de cotar os

materiais de acordo com os projetos do empreendimento. O resultado dessa etapa será o

orçamento detalhado do empreendimento desenvolvido em sofrware de planejamento e que

possibilite realizar, além do orçamento, o controle de custos da obra (GEHBAUER et al.,

2002).

4.4.4. Atividade 4 – Criação de Parcerias (com os Fornecedores)

Após definirem-se quais são os materiais necessários para as obras e em que

quantidades serão demandados, os compradores já podem negociar com os fornecedores.

Entretanto, antes disso é fundamental que haja uma seleção desses fornecedores, tanto dos

atuais como dos novos. (ISATTO, 1996; KEISLER, BUEHRING, 2005).

Existem diversas técnicas para avaliar os fornecedores, desde a avaliação linear de

pesos até modelos de ponderação matemática que contemplem fatores como o tempo para

liberação de orçamentos, o tempo de garantia e qualidade do produto, a situação financeira do

Page 47: Gerenciamento de Obras

47

fornecedor, os programas de qualidade, a racionalização de custos e flexibilidade (SOUZA,

200; QIAO. 2003). Independentemente da técnica que se irá utilizar para avaliar os

fornecedores, é fundamental que essa avaliação exista e que seja criado um procedimento para

isso, isto é, um manual para gestão de fornecedores (ESSIG, BATRAN, 2005). Para o sucesso

dessa avaliação de fornecedores, é importante que haja a monitoração do processo, para

preestabelecimentos pela empresa construtora (SOUZA, 2000).

Com a implantação da compra proativa na função de compras de materiais, as

cotações dos materiais deixam de ser realizadas a cada período de tempo. Isso significa que

não é necessário realizar rotineiramente cotações para cada pedido de material, pois o foco

passa a ser dado nas grandes negociações.

Após as cotações e negociações com vários fornecedores, comprador e gerência e/ou

diretoria da empresa decidem quais serão os fornecedores de materiais. A fase final da

atividade de negociação acontece quando o comprador informa aos fornecedores que será

contratado e faz os acertos finais (KOCABASOGLU, SURES, 2006).

Da mesma forma que na avaliação de fornecedores, é necessário criar procedimentos

de negociação com fornecedores, a fim de contribuir para que o processo seja realizado de

maneira uniforme, tendo o objetivo de tornar a negociação de materiais uma atividade que

realmente agregue valor à função de compras de materiais (KNEMEYER, MURPHY, 2004).

É necessário também fazer o treinamento dos compradores, para que sejam desenvolvidas as

habilidades de negociação e relacionamento com os fornecedores (XU, BEAMON, 2006).

4.4.5. Atividade 5 – Planejamento das Compras.

O objetivo de planejar as aquisições é saber o que (qual material), quanto

(quantidades) e quando (entregas pontuais) os materiais serão necessários em cada obra, tendo

como finalidade o aumento do poder de negociação dos compradores com os fornecedores

(LINDSEY, PAVUR, 2005).

De posse do planejamento das aquisições, o computador pode demonstrar ao

fornecedor o seu potencial faturamento após o fechamento do negócio. A negociação de

grandes lotes de matérias, com fornecedores pontuais, tem o objetivo de criar parcerias, nas

Page 48: Gerenciamento de Obras

48

quais o preço não é mais a única variável-chave, mas parte de um conjunto de qualificações

do fornecedor (BAILY et al., 2000).

ILUSTRAÇÃO 5: Ferramenta da qualidade: “brainstorming”

Fonte: SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes. Como reduzir perdas nos canteiros.

4.4.6. Atividade 6 – Solicitação de Entrega e acompanhamento

Nessa atividade, o cliente solicita a entrega do material de acordo com o planejamento

da obra e, consequentemente, de acordo com o planejamento das aquisições (FREDENDALL,

2005). Nesse momento, a área de compras já tem pré-acertado com os fornecedores os preços

dos materiais, as condições de entrega e de pagamento (CUNNINGHAM, 2000).

4.4.7. Atividade 7 – Entrega dos Materiais

A partir do momento em que a solicitação de entrega é enviada para o fornecedor, este

fica responsável por informar ao cliente a data de entrega e a situação do seu pedido de

compras (DANESE, 2004).

Durante as negociações com os fornecedores, é fundamental a explicação das

condições, do prazo para entrega dos materiais e da conseqüência do não-cumprimento do

acordo (FYNES, BURCA, MARSHAL, 2004). Na atividade referente à entrega de material,

Page 49: Gerenciamento de Obras

49

fica de responsabilidade do fornecedor informar as condições do pedido (follow up), isto é,

que o pedido foi recebido e aceito, a data e local de entrega e eventuais alterações de entrega

que possam ocorrer (GELDERMAN, WEELE, 2005).

É muito importante que o fornecedor seja avaliado no momento da entrega, haja vista

que esse é o momento e que acontece grande parte das reclamações que envolvem a área de

compras (LONDSDALE, WATSON, 2005). A importância dessa atividade da função de

compras é a redução das variabilidades que envolvem a entrega dos materiais e que, acima de

tudo, o cliente final (obra) seja atendido conforme as condições preestabelecidas.

4.5. A Implantação da Compra Proativa

Na implantação da compra proativa nas empresas do setor da construção civil, existem

fatores que podem intervir no seu sucesso (KEELING, 2002). Os principais fatores

intervenientes na implantação da compra proativa são a estratégia de produção utilizada pela

empresa, o nível de detalhamento do planejamento e do orçamento da obra, a seleção de

fornecedores e a competência dos envolvidos com compras. Esses fatores possuem relação

direta com o sucesso de implantação de compra proativa na função de compras das empresas

de construção civil.

Os Sistemas de produção

A função de compras esta diretamente ligada ao sistema de produção utilizado pela

organização. Entende-se, assim, que o sistema de produção causa influencia na estruturação

da função de compras (CAGILIANO, CANIATO, SPINA, 2004). Com o objetivo principal

de compras é atender à função de produção, é interessante relatar as principais estratégias de

produção que se podem encontrar nas organizações.

Os sistemas de produção podem ser divididos da seguinte forma (DAVIS,

AQUILANO, CHASE, 2001; MEREDIT, SHAFER, 2002; ELLRAM, 2006):

a) Sistema de produção continuo: são empregados quando existe uma alta

uniformidade na produção e demanda de bens ou serviços, fazendo com que os

produtos e os processos produtivos sejam totalmente interdependentes,

favorecendo a automatização, não existindo flexibilidade no sistema. São

Page 50: Gerenciamento de Obras

50

necessários altos investimentos em equipamentos e instalações, a mão-de-obra

é empregada apenas para a condução e manutenção das instalações, sendo seu

custo insignificante em relação aos outros fatores produtivos. É exemplo desse

sistema a produção de bens de base (energia elétrica, petróleo e derivados);

b) Sistema de produção em massa: são aqueles empregados na produção em

grande escala de produtos altamente padronizados. A demanda pelos produtos

é estável, fazendo com que seus projetos tenham pouca alteração no curto

prazo e possibilitando a montagem de uma estrutura produtiva altamente

especializada e pouco flexível, em que os altos investimentos possam ser

amortizados durante o longo prazo (Taylor, 1982). Nesse sistema produtivo, a

variação entre os produtos acabados se dá geralmente na montagem final,

sendo seus componentes padronizados de forma a permitir a produção em

grande escala. É exemplo desse tipo de sistema de produção a fabricação de

automóveis, eletrodomésticos e produtos cerâmicos;

c) Sistema de produção em lote: caracteriza-se pela produção de um volume

médio de bens ou serviços padronizados em lotes, sendo que cada lote segue

uma série de operações que necessita ser programada à medida que as

operações anteriores forem realizadas. O sistema produtivo deve ser

relativamente flexível, empregando equipamentos pouco especializados e mão-

de-obra polivalente, visando atender diferentes pedidos dos clientes e

flutuações da demanda. Exemplos desse tipo de sistema são: os alimentos

industrializados e os laboratórios de análise química;

d) Sistema de produção por projetos: têm como finalidade o atendimento de uma

necessidade específica de clientes, com todas as suas atividades voltadas para

essa meta. O produto tem uma data específica para ser concluído e, uma vez

concluído, o sistema produtivo se volta para um novo projeto. A especificação

do produto impõe uma organização dedicada ao projeto (MEIJBOOM, VOS,

2004). Exige-se alta flexibilidade dos recursos produtivos, normalmente à

custa de certa ociosidade enquanto a demanda por bens ou serviços não ocorrer

(MILES, BALLARD, 1997; ZAHARIEVA, GORDON, LINGARD, 2004).

São exemplos desse tipo de sistema: fabricação de bens como navios, aviões,

usinas hidroelétricas, edificações e serviços específicos como agências de

propaganda e escritório de advocacia.

Page 51: Gerenciamento de Obras

51

Observando a caracterização dos sistemas de produção, pode-se caracterizar a

construção civil convencional como um sistema de produção por projetos (SANTOS, 1999),

isto é, os esforços da organização são direcionados para a confecção de um produto único, a

edificação. Dessa forma, não se pode simplesmente copiar a estruturação da função de

compras das empresas de fornecimento de energia (produção continua) para as empresas de

construção civil.

Independentemente do tipo de sistema de produção, podem-se adotar diferentes

estratégias de acionamento da função de compras (BALLARD, HOWELL, 1998). As

compras podem ser efetuadas em grandes lotes para aproveitar condições de mercado

(produção empurrada) ou para garantir que o material estará no canteiro de obras no momento

necessário (TUBINO, 1994). Entende-se, ainda, que as compras podem ser realizadas de

acordo com a necessidade da obra (produção puxada), buscando alternativas para o processo

produtivo, a fim de utilizar menores quantidades de recursos e aumentar o valor agregado da

produção (WOMACK, JONES, ROOS, 1990).

Os pilares que fundamentam a produção puxada (produção enxuta) são o Just-in-time

(JIT) e o Total Quality Management (TQM), conforme descrito abaixo. O pensamento enxuto

defende que a entrega de produto em cada fase do processo deve ser feita de forma a eliminar

a necessidade de retrabalho nas operações das fases a jusante. Outro aspecto importante dessa

filosofia é a busca pela redução de variabilidade no produto durante o processo e não no final

dele (KOSKELA, 1995).

Filosofia JIT/TQC: Satisfazer as necessidades do cliente, eliminar desperdícios,

melhorar continuamente, envolver totalmente as pessoas e organização e visibilidade.

JIT: Produção focalizada; produção puxada; nivelamento da produção; redução de

leadtimes; fabricação de pequenos lotes; redução de setups; manutenção preventiva;

polivalência e integração interna e externa.

TQC: Produção orientada pelo cliente; lucro pelo domínio da qualidade; priorizar as

ações; agir com base em fatos; controle do processo; responsabilidade na fonte; controle a

montante; operações à prova de falha e padronização.

O Just-in-time não está ligado somente ao tempo de entrega, por isso poderia estimular

a superprodução antecipada e resultar em esperas desnecessárias. Um dos princípios do Just-

in-time é produzir com estoque zero, o que equivale a dizer que cada processo deve ser

abastecido com os itens necessários, na quantidade necessária, no momento necessário, ou

seja, no tempo certo sem a geração de estoques (SHINGOB, 1996).

Page 52: Gerenciamento de Obras

52

Praticamente todos os aspectos relacionados à filosofia JIT/TQC requerem um

envolvimento total das pessoas. Mudanças de atitude das pessoas envolvidas são solicitadas

por toda a empresa, principalmente nos níveis gerenciais. A gerência deve buscar um

compromisso pela participação das pessoas, desenvolvendo treinamentos contínuos em

atividades de equipes de trabalho, com o devido aporte financeiro.

O Orçamento da Obra

O orçamento de uma obra pode ser definido como uma estimativa ou precisão

expressa em termos quantitativos físicos ou monetários que visa auxiliar o gerenciamento e a

tomada de decisões, seja para a empresa como um todo ou apenas para uma obra. Os

quantitativos físicos referem-se, por exemplo, às quantidades de materiais de escritório,

materiais de construção, horas de mão-de-obra, horas de equipamentos. Já os quantitativo

monetários referem-se às receitas, despesas, custos, recebimentos e desembolsos (PIETER,

VAART, 2004).

É comum a empresa de construção civil realizar um orçamento geral, mesmo restrito a

serviços e preços unitários, sem saber quando determinado insumo ou serviço será

efetivamente realizado dentro do canteiro de obras (PRADO, 1998).

O orçamento convencional não reflete a maneira pela qual o trabalho é conduzido,

gerando o desconhecimento do custo real de construção. No orçamento convencional, os itens

são medidos por quantidade e agrupados por equipes, independentes de onde o trabalho

ocorre ou da dificuldade de construção (LIMMER, 1997).

Contudo, o orçamento convencional demonstra uma média geral dos trabalhos. Essa

visão tende a incrementar os riscos e, consequentemente, aumentar os custos de construção.

Uma solução para melhorar a eficiência dos orçamentos é a utilização do orçamento

operacional (KEELING, 2002).

O orçamento no âmbito da construção civil é um instrumento de previsão do custo de

uma obra. Entretanto, ultimamente tem se avaliado melhor outra corrente, a da visão

operacional. Esta consiste essencialmente em adequar as informações fornecidas pelo

orçamento aos dados obtidos em obra segundo o conceito de operação, ou seja, toda tarefa

executada por um mesmo tipo de mão-de-obra, de forma continua, sem interrupções, com

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53

inicio e fim bem-definidos. Em síntese, o orçamento operacional está intimamente

relacionado com o momento (tempo) da execução das operações na obra (LIMMER, 1997).

No orçamento convencional, não fica refletida a maneira pela qual o trabalho é

conduzido. Assim, mais tarde ele não refletirá os reais custos de construção. No orçamento

convencional, os itens de trabalho são medidos pela quantidade e agrupados por equipes,

independentemente de onde o trabalho ocorre ou da dificuldade de construção. Por isso, o

orçamento convencional não reflete os custos de um serviço em particular, mas somente a

média geral dos trabalhos. Essa situação tende a incrementar os riscos e, mais tarde, fazer

crescer os preços médios, desencorajando os arquitetos a procurarem economias de projetos

(GELDERMAN, WEELE, 2004).

Uma solução sugerida para esse problema é o orçamento operacional. Sob esse tipo de

orçamento, o trabalho não é tomado em unidades de trabalho, mas como operações completas,

na forma em que se espera que o trabalho seja realmente desenvolvido (KEELING, 2002).

Entre essas correntes, a maior distinção esta no fator tempo. Enquanto na abordagem

convencional a orçamentação é feita com base na obra pronta, desconsiderando o processo

envolvido na fase de execução, na abordagem operacional parte-se de uma programação

prévia, analisando detalhadamente todo o processo construtivo para se chegar a uma

estimativa de custo detalhada. Nessa última abordagem, apenas o custo dos materiais é

proporcional à quantidade produzida, enquanto os custos de mão-de-obra e equipamentos são

proporcionais ao tempo (GELDERMAN, WEELW, 2004).

No orçamento convencional, os custos são obtidos para cada serviço. No orçamento

operacional, os custos são obtidos para cada operação. Convém fazer a distinção entre serviço

e operação (LIMMER, 1997).

a) Operação: é o conjunto de tarefas executadas de forma continua e sem

interrupções, com inicio e fim bem definidos por um tipo especifico de mão-

de-obra;

b) Serviço: é o conjunto de operações, que, ao ser realizado, resulta numa parte

funcional da obra e pode envolver varias categorias de mão-de-obra.

Page 54: Gerenciamento de Obras

54

O Planejamento das Compras

Planejamento pode ser definido como “o processo de tomada de decisão que envolve o

estabelecimento de metas e dos procedimentos necessários para atingi-las, sendo efetivo

quando seguido de um controle” (HEINECK, 1996).

Na função de compras, as decisões gerencias de planejamento podem ser descritas da

seguinte forma:

a) Planejamento estratégico: nesse nível, as decisões tomadas são de longo prazo,

no qual se definem o escopo e as metas a serem alcançadas pela área de

compras nos próximos cinco anos. Por exemplo, instituir o “zero defeito” nas

atividades que envolvem as compras de materiais (LAUFER, TUCKER,

1987);

b) Planejamento tático: nesse nível, as decisões, quanto ao tempo, estão

sistematizadas entre o curto e o longo prazo, no qual se selecionam e definem

quais e quantos recursos devem ser usados para alcançar as metas definidas

pelo planejamento estratégico, assim como a sua forma de aquisição e a

organização para a estruturação do trabalho (EDMONDSON, 1999; LIAN,

LAING, 2004.)

c) Planejamento operacional: seleciona, em curto prazo, o curso das operações

necessárias para alcançar as metas (SCHIELE, 2005; SEIFERT, 2003).

Seleção de Fornecedores

Uma das atividades mais críticas para a área de compras refere-se à seleção de

fornecedores. Isso porque os fornecedores são responsáveis por disponibilizar os materiais no

momento certo, atendendo às necessidades dos clientes (BEVILACQUA, CIARAPICA,

GIACCHETTA, 2006).

Um diferencial encontrado no pensamento enxuto, no que diz respeito ao

gerenciamento da função de compras de materiais, é a relação entre a empresa e o fornecedor.

No ângulo da função de compras reside um sistema diferente de estabelecer preços e

conjuntamente analisar custos. A empresa, com a função de compras estruturada

proativamente, introduz um acordo de longo prazo com o fornecedor, estabelece uma

estrutura racional de analise de custos, define os preços, define os patamares de lucro e

Page 55: Gerenciamento de Obras

55

promove o desenvolvimento de produtos e processos de forma conjunta (WOMACK, JONES,

ROOS, 1990; MILES, BALLARD, 1997; SIEBRA, 2000).

Equipe de Compras

Para que seja possível implantar a compra proativa na função de compras de

materiais é necessário que a área de compras deixe de atuar de forma reativa (tradicional) e

passe a atuar de forma estratégica (proativa) (BAILY et al., 2000).

A implantação da compra proativa na função de compras de materiais permite que a

fase operacional (ex.: recebimento de requisição de compras, aprovação, efetivação da

compra, cotações e negociações em pequenos lotes) dessa função deixe de ser o foco principal

dos envolvidos com compras (BURT e PINKERTON, 1996).

Com a implantação da compra proativa, as atribuições dos envolvidos na função de

compras de materiais são alteradas, isto é, a área de compras passa a executar atividades que

agregam valores à função em lide (BOER, EBBEN, SITAR, 2004). Essas atividades incluem

a realização do planejamento das aquisições, a participação ativa na etapa de projetos e

especificações de materiais, a formação de parcerias com fornecedores, a realização das

cotações e as negociações dos materiais. Devido a isso, as competências dos envolvidos com

compras precisam ser desenvolvidas.

Para desenvolver as competências dos envolvidos com compras nas empresas de

construção civil, é necessário atuar nas seguintes situações:

a) Formação: os envolvidos com compras devem ter conhecimento técnico

e prático sobre construção civil salientando as competências

relacionadas ao desenvolvimento de planejamento e orçamento

operacional;

b) Mediador: como os envolvidos com compras passarão a atuar em outras

áreas (projetos, produção, finanças, marketing) é necessário que esse

profissional tenha facilidade em mediar conflitos intra-organizacionais;

c) Resultado: o desempenho dos envolvidos com compras estará

diretamente ligado às economias geradas no processo de negociação.

Devido a isso, esse profissional deverá saber atuar com objetivos e

metas;

Page 56: Gerenciamento de Obras

56

d) Comunicação: com a implantação da compra proativa, os envolvidos

com compras passam da posição de compradores para negociadores.

Essa competência requer que os envolvidos com compras tenham boa

comunicação e desenvolvam técnicas de negociação.

É possível interferir-se na produtividade, visando sua melhoria, por meio de ações

mais ou menos drásticas. Pequenos aperfeiçoamentos da produção podem resultar em

produtividades significativamente melhores. É necessário definir uma padronização quanto a

produção da mão de obra, padronização quanto a linguagem de produção, onde alguns autores

mensuram-a através do RUP (razão unitária de produção) representada pelo quociente de

homens hora por quantidade de serviço, onde quanto menor a RUP, melhor a produtividade.

ILUSTRAÇÃO 57: A existência de uma linguagem comum facilitando a busca por melhorias

Fonte: SOUZA, Ubiraci Lemes. Como aumentar a eficiência da mão de obra

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4.6. Atuação do Modelo Procompras no Planejamento das Obras

O planejamento do empreendimento tem fundamental importância na implantação da

compra proativa na função de compras de materiais. Dessa forma, torna-se importante investir

tempo na realização do planejamento para que a implantação do Modelo Procompras obtenha

o sucesso desejado.

Uma vez que já tenha sido desenvolvida a descrição geral do empreendimento, e

estejam claramente definidos os seus objetivos, para que o planejamento seja realizado, é

necessário prosseguir com a identificação de todas as ações que devem ser realizadas a fim de

que se consiga atingir os objetivos do projeto e suas decomposições. Isso significa obter a

estrutura de decomposição do trabalho do projeto.

A partição dos objetivos do projeto em seus subobjetivos componentes serve para

definir o projeto e gerenciá-lo de forma a se terem relatórios, progresso, alocação de recursos,

estimativas de custo, planejamento da duração, controle de suprimentos, etc.

A aplicação do método cartesiano proporciona uma participação do projeto em seus

elementos componentes de metódica, diminuindo de modo considerável a possibilidade de

omissão de um componente qualquer.

Desse modo, pode-se produzir uma estrutura de trabalho a ser realizado com

informações inicialmente reduzidas e que na seqüência vão sendo ampliadas gradualmente.

Pré-requisitos da Fase de Planejamento das Obras

Os projetos definitivos, o orçamento estimativo da obra e a especificação de materiais

são pré-requisitos necessários para a fase de planejamento de obras. A caracterização de cada

um desses pré-requisitos está descrita na fase de atuação em projetos e especificações. Além

disso, será necessário para a fase de planejamento de obras conhecer:

Recursos Disponíveis

Os recursos disponíveis fornecem informações sobre a situação financeira de cada

obra e da empresa de maneira geral, tendo como finalidade proporcionar a visualização do

fluxo de caixa de cada obra. Um fluxo de caixa típico deve conter:

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Número de empreendimentos: Lista dos empreendimentos da empresa

contendo a identificação de cada obra;

Fluxo de caixa da obra: Fluxo de caixa da obra atual e futuro;

Recursos disponíveis: Pessoas e equipamentos disponíveis para realizar a obra;

Fluxo de caixa administrativo: Fluxo de caixa administrativo da empresa.

Ações Necessárias para a Atividade de Planejamento das Obras

Para realizar um planejamento de obras, os seguimentos tópicos devem ser

desenvolvidos:

Estratégia de Execução do Empreendimento

Refere-se à forma ou ordem como os serviços serão executados, de acordo com a

disponibilidade de pessoal ou de equipamentos. Por exemplo: na construção de um conjunto

de 8 edifícios de 10 pavimentos cada, a grua poderá atender um conjunto de quatro edifícios

por vez. Dessa forma, uma estratégia pode ser primeiro terminar um lote de quatro para

depois começar os demais. A ausência de estratégia gera a ação de “apagar incêndios” durante

o andamento da obra. O responsável por desenvolver a estratégia do empreendimento é o

gerente da obra juntamente ao mestre-de-obras. Uma estratégia de construção do

empreendimento típica deve conter:

Declaração da estratégia: Texto descrevendo a estratégia de execução do

empreendimento a ser utilizado

Atividades especiais: Atividades que necessitarão de equipamentos especiais,

indicando o tipo de equipamento ou atividades que necessitarão de pessoal

especializado e o profissional desejado.

Lista de Atividades

Refere-se a uma planilha que contém uma lista de todas as atividades (serviços)

necessárias para a execução da obra com as quantidades levantadas no projeto e também com

as durações de cada uma delas. A duração de cada atividade deve ser realizada pelo pessoal

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que irá gerenciar a atividade operacional (mestre-de-obra) com o apoio do gerente da obra.

Uma lista de atividades típica deve conter:

Serviços: Descrição de cada atividade

Quantitativo da obra: Quantidade de cada atividade

Duração: Duração de cada atividade.

Definição de Seqüência

Refere-se à definição das precedências entre as atividades. Esse momento deve ser

aproveitado para revisar a lista de atividades. A elaboração do cronograma em duas atividades

(lista de atividades e definição de seqüências) reduz sensivelmente o esquecimento de

atividades que fazem parte do empreendimento. A responsabilidade por definir as seqüências

entre as atividades e da gerência da obra junto ao mestre-de-obras. Uma definição de

seqüência típica entre atividades deve conter:

Atividades sucessoras: Atividades posteriores

Atividades predecessoras: Atividade anterior

Folga entre atividades: Atividade sucessora menos atividade predecessora

Detalhes: Datas criticas das atividades

Definição de Responsáveis e Recursos

Refere-se à definição das pessoas (equipes) e também dos recursos que serão alocados

para cada atividade (materiais). Essa definição de responsáveis e de recursos é de

responsabilidade do gerente de obra. Uma definição de responsáveis e recursos típicas deve

conter:

Equipes: Tipo de equipes por atividade

Equipamentos: Alocação de equipamentos especiais

Materiais: Alocação de materiais por atividades

A alocação dos recursos deve ser feita diretamente sobre as atividades filhas do

planejamento, pois elas é que representam o trabalho previsto.

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Em algumas situações em que tal nível de detalhamento é considerado excessivo ou

difícil de ser implementado, a alocação pode ser feita sobre as atividades mães.

Montagem Final do Cronograma

Refere-se à conferência do planejamento realizado. Nessa atividade, deve ser

identificado o caminho critico para execução das atividades e também se os resultados obtidos

estão de acordo com as condições preestabelecidas. A verificação do planejamento deve ser

realizado pela gerencia da obra em conjunto com o mestre-de-obra, tendo o apoio da área de

planejamento. Os itens que a verificação de cronograma típica deve abranger:

Período: Prazo final da obra

Datas: Datas de conclusão de atividades

Detalhes: Caminho critico

Recursos: Sub ou superalocação de recursos por atividades

Obs.: Se algum dos itens citados não estiver de acordo com as expectativas, a alocação dos

recursos e a seqüência das atividades devem ser ajustadas.

Saídas da Atividades de Planejamento das Obras

A saída da fase de planejamento de obras é a seguinte:

Planejamento da Obra

Esse planejamento estruturado refere-se à realização de uma discriminação de todos

os serviços com a alocação de recursos, seguindo uma ordem cronológica de acontecimentos

e também uma rede de precedências.

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5. Considerações Finais

Neste trabalho, destaca-se o quanto é importante o acompanhamento diário por um

engenheiro e uma administração eficiente das diversas organizações que integram e interagem

o sistema construtivo de uma obra para que a meta da minimização dos custos e com

maximização do nível de serviço possa ser alcançada.

Isso pode ser obtido com um gerenciamento efetivo e eficaz dentro do canteiro de

obra, através de aplicações de técnicas de planejamento, com aprimoramento dos sistemas de

organização das empresas e do canteiro, mediante o planejamento adequado dos suprimentos

(materiais, serviços e mão de obra).

Agindo dessa forma, pode-se executar a obra garantindo ao cliente o custo final que

foi orçado, planejando cada serviço a ser executado e controlando o material destinado para

cada um deles sem que haja perca de tempo, perda material e desperdício no canteiro da obra

em questão.

Aplicando as técnicas de gerenciamento, no planejamento e compras de materiais,

obtém-se uma redução de desperdício de material e mão de obra na faixa de 30%.

A garantia do lucro do empreendimento é fundamental para a produção de novas obras

e consequente manutenção do aquecimento de geração de emprego e renda na construção

civil.

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