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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS EM AMBIENTES HOSPITALARES: NECESSIDADES E DIFICULDADES ESTUDO DE CASO: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO FEDERAL LOCALIZADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ANGELICA MALVÃO CARLSON Orientador Prof. Dr. Marco Antonio Gaya de Figueiredo Rio de Janeiro, RJ – Brasil Abril/2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS EM AMBIENTES HOSPITALARES: NECESSIDADES E DIFICULDADES

ESTUDO DE CASO: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO FEDERAL LOCALIZADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ANGELICA MALVÃO CARLSON

Orientador

Prof. Dr. Marco Antonio Gaya de Figueiredo

Rio de Janeiro, RJ – Brasil Abril/2007

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CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CTC/Q

C284 Carlson, Angélica Malvão Gerenciamento de resíduos químicos em ambientes hospitalares:

necessidades e dificuldades, estudo de caso: hospital universitário federal localizado no estado do Rio de Janeiro. / Angélica Malvão Carlson. – 2007.

xiv,131 f. Orientador: Marco Antonio Gaya de Figueiredo. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de

Janeiro, Instituto de Química. 1. Resíduos perigosos – Teses. 2. Meio ambiente - Teses. 3.

Serviços de saúde – Teses. I. Figueiredo, Marco Antonio Gaya de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.

CDU 628.4.046

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Ao meu avô, Eduardo (In Memorian), que mesmo sem saber, tornou tudo isso possível

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AGRADECIMENTOS

À Força Suprema que me guia. Aos meus pais, Sidney e Creuma, pela dedicação, educação, cuidado e amor que me fizeram chegar até aqui. Á minha irmã, Elise, pelo carinho e amizade, que me estimularam por todo o caminho. Aos meus amigos, que partiram e aos que ficaram, por compartilharem minhas alegrias e, igualmente, minhas tristezas, me estimulando nos momentos de angústia, me aconselhando nas dificuldades e me incentivando em toda jornada. Cada um, de seu jeito, contribuiu para o que sou hoje. À Francisca, minha “avó” de alma, pelo afeto e apoio que sempre me dedicou. Ao meu querido Avô, que guardo no fundo do coração, pelo o abrigo e júbilo que me fazem falta. Saudades. Aos colegas de mestrado pelos momentos de “concentração”, onde dividimos as expectativas das provas, e também pelos momentos de “descontração”, onde partilhamos as alegrias das notas. Ao meu orientador, e querido amigo, Marco Antônio Gaya de Figueiredo, pelas sugestões, apoio e incentivos, mas principalmente por acreditar neste trabalho. Obrigada por tudo. A toda equipe do corpo docente, pelo aprendizado, especialmente ao Professor Fernando Altino Medeiros Rodrigues, que com sua persuasão influenciou minhas decisões e vigorou meu crescimento e ao Professor André Luiz Hemerly Costa, que com sua tranqüilidade apresentou novas perspectivas ao trabalho. À Lilia Ribeiro Guerra, pela inspiração e pelo tempo ausente. Aos profissionais do Estabelecimento de Saúde, objeto do estudo de caso, pelas informações fornecidas, e aos profissionais da firma de limpeza terceirizada pela cooperação. A todos os hospitais que participaram da pesquisa de campo, principalmente seus gerenciadores e responsáveis por resíduos, pela grandiosa ajuda que contribuiu para a valorização deste trabalho.

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RESUMO

O tema do presente estudo é o gerenciamento de resíduos químicos em ambientes hospitalares. Os resíduos químicos são gerados nas atividades auxiliares dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, tais como hospitais, laboratórios, serviços de diagnóstico e tratamento, centros de saúde, clínicas, institutos de medicina legal e outros. Dentre todos, os hospitais, por suas características de atendimento, são, sem dúvida, os maiores geradores deste tipo de resíduo. Controlar e diminuir os riscos inerentes a este tipo de resíduos, além de ser uma exigência legal, passa a ser uma necessidade ambiental e um desafio a ser enfrentado pelos administradores de estabelecimentos assistenciais à saúde. O objetivo geral desta pesquisa passa então por avaliar o gerenciamento dos resíduos químicos gerados nos hospitais públicos da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, abordando às necessidades e dificuldades enfrentadas por estes geradores que incluí aspectos políticos, administrativos, econômicos e em alguns casos físico-estruturais. Para atingir tal objetivo o método empregado foi dividido em duas etapas: I) Pesquisa Aplicada, onde foram visitados alguns hospitais públicos do Estado e utilizou-se um questionário para avaliar as questões relacionadas com o gerenciamento de resíduos químicos e II) Estudo de Caso, onde se considerou, através de observações e entrevistas, o gerenciamento de resíduos químicos de um hospital universitário de grande porte de maneira efetiva. Foram utilizadas como fontes secundárias informações obtidas em seminários relacionados ao tema, reportagens de jornais e entrevistas publicadas em fontes especializadas. Os resultados obtidos mostram que as dificuldades enfrentadas no gerenciamento de RSS, inclusos neste grupo os resíduos químicos, é uma realidade para a maioria dos hospitais da rede pública. Conclusão: o maior problema a ser enfrentado por estas instituições está diretamente ligado à conscientização, ou melhor, a falta de conscientização, de funcionários, médicos e gerência dos hospitais, quanto à importância da correta segregação, armazenagem e manuseio destes resíduos. Além disso, a falta de recursos financeiros e, em alguns casos, até de espaço físico também dificulta o efetivo gerenciamento deste tipo de resíduos. Problemas secundários relacionam-se com a falta de fiscalização dos órgãos sanitário-ambientais competentes e o descaso da própria população que não atenta para os problemas ambientais e de saúde e segurança, decorrentes de um incorreto gerenciamento não só dos resíduos químicos, mas de todos os resíduos de serviço de saúde. Como recomendação, pode-se dizer que se faz necessária uma maior mobilização por parte dos estabelecimentos hospitalares para a discussão e atendimento das legislações aplicáveis e também, o desenvolvimento de uma estrutura gerencial com responsabilidades definidas e ações planejadas, compatíveis com a realidade do serviço público, e que possam levar a alcançar os objetivos e metas de um gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde.

Palavras chaves: resíduos perigosos, gerenciamento de resíduos, meio ambiente, serviços de saúde

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ABSTRACT

The subject of the present study is the management of chemical waste from hospitals. The chemical waste is generated in auxiliary activities in establishments that provide health services such as hospitals, laboratories, services of diagnosis and treatment, health centers, clinics, medical jurisprudence institutions and others. Among all, hospitals are certainly the major generator of this type of waste for their characteristics of attendance. Controling and reducing the inherent risks of this type of waste are legal requirements, but have also become environmental necessities consisting of a challenge to be faced by the administrators of health service establishments. The general objective of this research is to analyze the management of the chemical waste generated in public hospitals of the metropolitan region of the Rio de Janeiro state, presenting the necessities and difficulties faced by these generators that include political, administrative, economic, and in some cases, physicist-structural aspects. To reach such objective, the employed method was divided into two stages: I) Applied Research, in which some public hospitals of the state were visited and a questionnaire to evaluate the questions related with the management of chemical waste was made and II) Case study, in which the management of chemical waste of a university hospital was considered through comments and interviews. Information acquired in seminaries related to the subject, newspaper articles and interviews in specialized sources were used as secondary sources. The results show that the difficulties faced in the management of health waste, including chemical waste, are present in the majority of the public hospitals net. Conclusion: the major problem to be faced by these institutions is directly related to the lack of importance given by employees, doctors and hospital managers concerning correct segregation, storage and handling of this waste. Moreover, the lack of financial resources and, in some cases, the lack of physical space also makes it difficult to deal with this type of waste effectively. Secondary problems are related to the lack of inspection of the competent sanitary- environment agencies and the own population that does not give proper care for the environment, health and security problems caused by the incorrect management not only of the chemical waste, but all of the health service waste. As recommendation, it can be said it is necessary that the hospitals go through a major mobilization to raise discussions and attend the applicable laws and also develop a managing structure with definite responsibilities and planned actions, compatible with the reality of the public service so that the goals of the management of health service waste are reached.

Keywords: hazardous waste, management of waste, environment, health service

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quantidade de RSS coletados por região Brasil (t/dia).............................................3

Figura 2 – Avaliação de Risco – Resíduo Químico .................................................................35

Figura 3 – Aspectos Administrativos relacionados ao gerenciamento de RSS........................59

Figura 4 – Análise dos aspectos legais relacionados ao gerenciamento de RSS......................60

Figura 5 – Avaliação dos Aspectos Físico-Estruturais.............................................................61

Figura 6 – Destinação de Resíduos Químicos Líquidos...........................................................62

Figura 7 – Destinação Resíduos Químicos Sólidos..................................................................63

Figura 8 – Organograma do Estabelecimento ..........................................................................68

Figura 9 – Container para armazenamento temporário ............................................................79

Figura 10 – Esquema Manuseio de Resíduos Químicos no Hospital Estudado.......................85

Figura 11 – Comparativo Aspectos Administrativos ...............................................................88

Figura 12 – Comparativo Aspectos Legais...............................................................................89

Figura 13 – Comparativo Aspectos Físico - Estruturais...........................................................90

Figura 14 – Comparativo Descarte de Resíduos Químicos Líquidos.......................................91

Figura 15 – Comparativo Descarte Resíduos Químicos Sólidos..............................................92

Figura 16 – Gerenciamento de Resíduos Químicos: Análise de Alguns Aspectos ..................93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Disposição Final, Tratamento e Coleta de RSS no Brasil ........................................3

Tabela 2 – Esgotamento Sanitário - Proporção de Municípios - Grandes Regiões Brasil .........4

Tabela 3 – Tipos de Unidades Ambulatoriais ..........................................................................15

Tabela 4 – Hospitais quanto à capacidade de internação .........................................................15

Tabela 5 – Hospitais quanto ao regime do serviço...................................................................16

Tabela 6 – Unidade Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro................................................16

Tabela 7 – Leitos Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro ...................................................17

Tabela 8 – Características dos Hospitais ..................................................................................57

Tabela 9 – Origem dos pacientes HURJ...................................................................................65

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LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Reportagens – Resíduos de Serviço de Saúde.........................................................6

Quadro 2 – Geração e Tratamento RSS....................................................................................18

Quadro 3 – Hospitais Licenciados do Estado do Rio de Janeiro..............................................19

Quadro 4 – Normas ABNT.......................................................................................................26

Quadro 5 – Normas da ABNT para RSS..................................................................................27

Quadro 6 – Exemplo de Produtos Químicos utilizados em EAS .............................................31

Quadro 7 – Tratamento e Destinação Final Resíduo Químico.................................................39

Quadro 8 – Acondicionamento de Resíduo Químico...............................................................40

Quadro 9 – Características do Estabelecimento .......................................................................66

Quadro 10 – Unidades ou Serviços do Estabelecimento..........................................................67

Quadro 11 – Resíduos Químicos do HURJ..............................................................................77

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CNEN – Conselho Nacional de Energia Nuclear

COMLURB – Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

EAS – Estabelecimento de Assistência à Saúde

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico

HURJ – Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS – Ministério da Saúde

MINTER – Ministério do Interior

NBR – Norma Brasileira de Referência

NFPA – National Fired Protection Association

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde

PEAD – Polietileno de Alta Densidade

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

RSS – Resíduos de Serviços de Saúde

SESMT – Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho

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Parte deste trabalho foi apresentado no I CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO HUMANO do Comitê Panamericano de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Humano da Unión Panamericana de Asociaciones de Ingenieros; UPADI-MADEHUMAN, realizado entre os dias 12 e 15 de junho de 2006, em Salvador-BA.

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SUMÁRIO I) INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1

1.1 CONTEXTO .................................................................................................................................... 1

1.2 OS PROBLEMAS COM OS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .......................................... 7

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 10

1.3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 10

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 10

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................................... 11

II) RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE..................................................................................... 13

2.1 ESTABELECIMENTOS GERADORES DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE............... 14

2.2 ASPECTOS LEGAIS..................................................................................................................... 20

2.2.1 HISTÓRICO ...................................................................................................................... 21

2.2.2 LEGISLAÇÃO FEDERAL ................................................................................................. 23

2.2.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL ............................................................................................... 24

2.2.4 NORMAS TÉCNICAS ........................................................................................................ 25

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .............................................. 27

III) RESÍDUOS QUÍMICOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................... 30

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................................... 30

3.2 RISCOS ASSOCIADOS................................................................................................................ 32

3.3 ASPECTOS GERENCIAIS ........................................................................................................... 34

3.3.1 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO ...................................................................................... 36

3.3.2 ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO................................................................. 39

3.3.3 ASPECTOS RELATIVOS À SEGURANÇA ....................................................................... 42

3.4 PLANEJAMENTO E GESTÃO .................................................................................................... 44

IV) METODOLOGIA ....................................................................................................................... 46

4.1 CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA ....................................................... 47

4.1.1 QUANTO AOS OBJETIVOS ............................................................................................. 47

4.1.2 QUANTO À FORMA DE ABORDAGEM.......................................................................... 48

4.1.3 QUANTO À NATUREZA ................................................................................................... 48

4.1.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS............................................................ 49

4.2 DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES............................................................................. 49

4.2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 50

4.2.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................................... 51

4.2.3 ESTUDO EXPLORATÓRIO.............................................................................................. 52

4.2.4 ORGANIZAÇÃO E REDAÇÃO DO RELATÓRIO ............................................................ 55

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V) PESQUISA APLICADA............................................................................................................... 57

5.1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS .............................................................................................. 58

5.2 ASPECTOS LEGAIS..................................................................................................................... 59

5.3 ASPECTOS FÍSICO-ESTRUTURAIS.......................................................................................... 60

5.4 RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS............................................................................................ 61

5.5 RESÍDUOS QUÍMICOS SÓLIDOS.............................................................................................. 63

VI) ESTUDO DE CASO.................................................................................................................... 64

6.1 APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ....................................................................................... 64

6.2 ASPECTOS POLÍTICOS ADMINISTRATIVOS......................................................................... 70

6.3 EVOLUÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ........................................ 72

6.4 RESÍDUOS QUÍMICOS................................................................................................................ 74

6.4.1 UNIDADES GERADORAS................................................................................................ 75

6.4.2 SEGREGAÇÃO, MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO ............................................... 78

6.4.4 TRATAMENTO.................................................................................................................. 80

6.4.5 TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO ........................................................................... 82

6.4.6 DISPOSIÇÃO FINAL ........................................................................................................ 83

VII) ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 84

7.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO .................................................................................... 84

7.2 ANÁLISE COMPARATIVA COM DEMAIS HOSPITAIS......................................................... 88

VIII) CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 94

8.1 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 94

8.2 RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................... 96

8.2.1 AO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ........................ 96

8.2.2 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................. 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 100

ANEXOS ........................................................................................................................................... 104

Anexo A – Pesquisa Reportagens sobre Resíduos de Serviço de Saúde............................................ 104

Anexo B – Divisão Regional de Saúde .............................................................................................. 109

Anexo C – Diagrama de Hommel ...................................................................................................... 110

Anexo D – Exemplo de Informações para Rótulo de Resíduos Químicos......................................... 111

Anexo E – Questionário Aplicado na Pesquisa Aplicada .................................................................. 112

Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ ........................................................................................ 114

Anexo G – Lista de Insumos Químicos do HURJ - Consumo 2006 .................................................. 115

Anexo H – Planta Abrigo Externo de RSS......................................................................................... 117

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I) INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento como o controle de

fatores que atuam sobre o meio ambiente e que exercem, ou podem exercer, efeitos

prejudiciais ao bem-estar físico, mental ou social do homem (LIMPURB, 2000). Dentro dessa

definição encaixa-se tanto o conceito de Limpeza Urbana que, além de outros serviços,

engloba a coleta, o tratamento e a destinação final do lixo ou resíduos sólidos, como o

conceito de Esgotamento Sanitário que constitui o conjunto de obras e instalações destinadas

à coleta, transporte, afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias da

comunidade, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário.

“No passado o lixo era constituído basicamente de matéria orgânica. As concentrações

humanas eram pequenas, em conseqüência, o destino dos resíduos sólidos produzidos pelo

homem era de fácil solução, sendo comum ser enterrados, prática esta que resolvia dois

aspectos: controle de vetores e fertilização do solo” (LIMPURB, 2000). Com o crescimento

populacional, as modificações econômicas e o desenvolvimento industrial crescente, houve

um aumento acelerado da produção de resíduos, principalmente daqueles que não se

decompõem facilmente na natureza (MARTINS, 2004). Ocorreu não só uma maior produção

de lixo, como também uma modificação na sua composição ao longo desse período.

Atualmente a população mundial enfrenta um grande problema que é o da disposição

final de todo este lixo. Estima-se que a população mundial, hoje de mais de 6 bilhões de

habitantes, esteja gerando 30 bilhões de toneladas de lixo por ano (D'ALMEIDA, 2000 apud

SALLES, 2004). Tais condições de desequilíbrio ambiental passaram a atingir direta ou

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indiretamente a vida de cada cidadão, seja por meio de problemas na área de saúde, por

problemas sociais e até problemas econômico-financeiros.

Os Resíduos do Serviço de Saúde (RSS) estão inseridos neste contexto sanitário-

ambiental, e têm um papel de destaque no cenário da saúde pública, não só pelas questões

relativas ao bem-estar social como também pelas ambientais. Isto porque os RSS trazem

consigo características de periculosidade intrínseca à presença de organismos patogênicos e à

heterogeneidade de sua composição, já que podem conter substâncias tóxicas, radioativas,

perfurantes e cortantes (ANVISA, 2005a).

Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (ANVISA,

2005b), os resíduos de serviço de saúde constituem parte importante dos resíduos sólidos

urbanos gerados, não necessariamente pela quantidade que segundo dados das agências de

limpeza representam apenas 1 a 3% do total de resíduos, mas pelo potencial de risco que estes

apresentam. Pires (2003) menciona que os RSS, no imaginário popular, fazem parte de um

único grupo de resíduos que coloca em risco a saúde de toda a comunidade. “Não raro lhe são

atribuídas a culpa por casos de infecção hospitalar e outras tantas mazelas dos nosocômios”

(MOROSINO, 2004).

O desconhecimento da população, e também dos próprios profissionais de saúde,

acerca dos RSS, faz com que este “fantasma”, conhecido também como lixo hospitalar1,

cresça e amedronte os colaboradores e clientes das instituições de saúde.

Na realidade, em um ambiente hospitalar, que representa o estabelecimento gerador de

RSS de maior complexidade, a maioria dos resíduos gerados assemelha-se aos produzidos em

nossas residências. Apontamentos científicos indicam que somente 10% dos resíduos gerados

nestes ambientes apresentam riscos biológicos (GUADAGNIN, 2006).

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada no Brasil no ano 2000,

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a maioria dos

municípios brasileiros não utiliza um sistema apropriado para efetuar a coleta, o tratamento e

a disposição final dos RSS. De um total de 5.507 municípios brasileiros, somente 63,0%

realizam a coleta dos RSS. A Figura 1 apresenta o perfil de coleta de RSS por região do país

em t/dia.

Além disso, um pequeno percentual dos municípios brasileiros utiliza formas corretas

de tratamento dos RSS (Tabela 1). A queima a céu aberto ainda predomina em cerca de 1 A denominação “lixo hospitalar” tornou-se comumente utilizada, mesmo quando os resíduos não eram gerados em unidades hospitalares (CONFORTIN, 2001, p 6).

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SE

NE

S

N

CO

3132

469 195 145 132

20,0% dos municípios, seguida pela incineração (11,0%). As tecnologias de microondas e

autoclave para desinfecção dos RSS são adotadas, ainda, por um número mínimo de

municípios (0,8%). A maior porcentagem dos municípios (22,0%) não trata de forma alguma

seus RSS. Avaliando ainda o PNSB 2000, observou-se que de um total de 5.507 municípios

brasileiros, apenas 9,7% dispõe os resíduos classificados como perigosos em locais

previamente autorizados para esta atividade.

Figura 1 – Quantidade de RSS coletados por região Brasil (t/dia) Fonte: Manual de Gerenciamento dos RSS (ANVISA, 2005b)

Tabela 1 – Disposição Final, Tratamento e Coleta de RSS no Brasil

Serviço N° de Municípios

Coleta 3.466 Disposição Lixão junto com demais resíduos 1.696 Aterro junto com demais resíduos 873 Aterro de Resíduos Especiais

próprio 377 de terceiros 162

Tratamento Incinerador 589 Microondas 21 Forno 147 Autoclave 22 Queima a céu aberto 1.086 Outro 471 Sem tratamento 1.193 Total de municípios brasileiros 5.507

Fonte: Manual de Gerenciamento dos RSS (ANVISA, 2005b)

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Outra dificuldade enfrentada pelas autoridades é a falta de esgotamento sanitário que

acarreta uma poluição indireta, ou muitas vezes direta, dos corpos hídrícos. No Brasil, apenas

33,5% do número total de domicílios recenseados são atendidos por rede geral de esgoto

(IBGE, 2000). Os Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS) são também geradores de

efluentes sanitários. Se a cobertura do serviço de esgotamento sanitário é reduzida e o

tratamento do esgoto coletado não é abrangente, o destino final do esgoto sanitário contribui

ainda mais para um quadro precário do serviço.

A PNSB mostrou ainda que quase metade dos municípios brasileiros (47,8%) não

prestam os serviços de coleta, tratamento ou disposição final do esgoto. Os municípios que

têm apenas serviço de coleta superam a proporção daqueles que coletam e tratam o esgoto

(32,0% e 20,2%, respectivamente), conforme mostra a Tabela 2. A situação do esgotamento

sanitário dos municípios ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir uma condição

satisfatória. Entre 1989 e 2000, o serviço de saneamento nos municípios cresceu em apenas

10%. Neste período, houve um aumento de 77,4% no tratamento do esgoto coletado pelas

empresas, passando de 19,9% para 35,3%, porém este número não é suficiente. No Sudeste, a

região do País com a maior proporção de municípios com esgoto coletado e tratado, somente

um terço deles apresenta uma condição adequada de esgotamento sanitário.

Tabela 2 – Esgotamento Sanitário - Proporção de Municípios - Grandes Regiões Brasil

Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário (%) Grandes Regiões

Sem coleta Só coletam Coletam e tratam

Brasil 47,8 32,0 20,2

Norte 92,9 3,5 3,6

Nordeste 57,1 29,6 13,3

Sudeste 7,1 59,8 33,1

Sul 61,1 17,2 21,7

Centro-Oeste 82,1 5,6 12,3

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 1989/2000.

Os distritos brasileiros com coleta de esgoto sanitário se dividem entre os 1/3 que tratam o esgoto coletado (33,8%) e os quase 2/3 que não dão nenhum tipo de tratamento ao esgoto produzido (66,2%). Nestes distritos, o esgoto é despejado in natura nos corpos de água ou no solo, comprometendo a qualidade da água utilizada para o abastecimento, irrigação e recreação. Do total de distritos que não tratam o esgoto sanitário coletado, a grande maioria (84,6%) despeja o esgoto nos rios, sendo os distritos das Regiões Norte e Sudeste os que mais se utilizam desta prática (93,8% e 92,3%, respectivamente) (IBGE, 2000).

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A assistência hospitalar é por si só uma fantástica atividade geradora de resíduos,

próprio à diversidade de tarefas que se desenvolvem dentro destas “empresas”. “O grande

volume de compras de materiais e insumos para fazer funcionar, segundo Peter Drucker, a

mais complexa das organizações, faz-nos responsável pelo destino de um grande volume de

lixo hospitalar” (MOROSINO, 2004).

Conforme citado anteriormente, além de geradores de resíduos sólidos, os

estabelecimentos de serviço de saúde são também geradores de efluentes líquidos, não só

sanitários como também, em alguns casos, efluentes considerados especiais. Esta condição

coloca estes estabelecimentos, sem dúvida, no patamar de atividade potencialmente poluidora,

necessitando de atenção e medidas de controles específicos.

Percebe-se que a falta de um efetivo gerenciamento dos RSS e dos efluentes líquidos

gerados em Estabelecimentos de Assistência à Saúde expõe a população ao contato direto

com matérias orgânicas e biológicas, que constituem um excelente meio de proliferação de

bactérias patogênicas e de vetores transmissores de doenças, e também com materiais

perigosos ao meio ambiente, como substâncias químicas provenientes do tratamento

radiológico e quimioterápico de pacientes com câncer.

Há evidências de que o fator determinante para o enquadramento das atividades

geradoras de resíduos perigosos às diretrizes de um sistema legislativo aplicado, passa pela

denúncia por parte da população e pela fiscalização atuante por parte dos órgãos competentes.

Segundo Pires (2003) e Guadagnin (2006), cabe aos órgãos públicos, à imprensa e às

entidades ambientalistas ou técnicas esclarecer à população e levá-la a lutar pela solução dos

reais problemas.

Nesse contexto, pode-se dizer que a mídia, principalmente a televisiva, exerce um

papel fundamental, visto o alcance de suas notícias, que chegam a um grande percentual da

população.

Como forma de ponderar esta contribuição, foi realizada uma pesquisa no site do

Jornal O GLOBO2, em busca de notícias relacionadas ao tema resíduos de serviço de saúde.

Utilizaram-se diversas palavras-chaves conforme apresentado no Quadro 1, considerando o

período de 01 de janeiro de 1997 a 18 de dezembro de 2006. No tempo aproximado de 10

anos, foram encontradas 157 reportagens que traziam o referido assunto como matéria.

2 Pesquisa realizada nos dias 06 de dezembro de 2005 e 18 de dezembro de 2006

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Quadro 1 – Reportagens – Resíduos de Serviço de Saúde

Fonte: Elaboração própria

Analisando o quantitativo de reportagens encontradas pode-se dizer que, perante os

diversos acontecimentos político-econômicos e sociais que assolam o país diariamente, a

demanda por notícias de cunho ambiental representa uma pequena percentagem do mundo

jornalístico. Considerando os problemas relacionados ao gerenciamento de resíduos como um

todo, este percentual tende a diminuir, chegando a um valor menor ainda se falarmos apenas

de resíduos de serviço de saúde. Percebe-se, de um modo geral, que somente grandes

tragédias ambientais têm destaque na mídia, mesmo assim, com caráter efêmero já que se

divulgam os momentos das catástrofes e não se atentam para as conseqüências de tais

flagelos.

Contudo, muitas vezes, a mídia é o único instrumento que a população possui para

denunciar os casos de mau gerenciamento de RSS, e por isso não se pode deixar de valorizar

seu papel de delatar, cada vez mais, as situações de descaso com o meio ambiente, por parte

dos EAS. Algumas reportagens selecionadas encontram-se no Anexo A deste trabalho.

Palavra-Chave Nº Reportagens

1997-2006

Resíduo Hospitalar 10

Resíduos Hospitalares 14

Lixo Hospitalar 114

Acidente Lixo Hospitalar 6

Resíduos de Serviço de Saúde 17

RSS 6

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1.2 OS PROBLEMAS COM OS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

Acompanhando os problemas existentes no setor de gerenciamento de resíduos,

observa-se que diversos esforços vêm sendo realizados no sentido de minimizar os impactos

provenientes de uma ineficiente estrutura organizacional de limpeza e saneamento ambiental.

Esta ineficiência pode ser observada não só nos grandes centros urbanos como também no

interior dos estados e demonstra que o problema é vigente desde as esferas municipais até a

esfera federal.

Muitas instituições do serviço de saúde ainda descartam inadequadamente, por

exemplo, produtos químicos em rede pública não apropriada para receber tais efluentes, o que

pode vir a causar sérios problemas não só à saúde da população como ao meio ambiente.

Além disso, a falta de compromisso de alguns responsáveis por unidades de atendimento a

saúde, no que diz respeito à disposição de materiais perigosos oriundos destes serviços, pode

causar grandes tragédias como foi o caso do fatal acidente com o Césio 137 em Goiânia3.

Não obstante, a grande maioria dos responsáveis de EAS toma pouca ou quase

nenhuma providência com relação às toneladas de resíduos gerados diariamente nas mais

diversas atividades desenvolvidas dentro de seus estabelecimentos. Muitos se limitam a

encaminhar a totalidade de seu lixo para sistemas de coleta especial dos Departamentos de

Limpeza Municipais, quando estes existem, os quais lançam diretamente em lixões ou

simplesmente "incineram", a totalidade dos resíduos, sem distinção do que pode ou não ser

incinerado (MOROSINO, 2004). Hospitais e outros serviços de saúde podem curar doenças,

mas se não houver responsabilidade no momento de dispensar seus resíduos causarão muito

mais doenças fora de suas dependências (QUEIROZ, 2005).

De maneira geral quanto maior for o estabelecimento, maior a geração de resíduos e,

consequentemente maior será a dificuldade em gerenciar todos os aspectos relevantes às

questões ambientais. Aliada à este cenário, a falta de interesse dos próprios trabalhadores de

serviço de saúde também contribui para agravar todo esse contexto sócio-ambiental.

Os exemplos citados acima, mostram como o desconhecimento e a falta de

informações sobre o assunto faz com que, em muitos casos, os resíduos e efluentes, sejam 3 Em 13 de setembro de 1987, dois sucateiros removeram do Instituto Goiano de Radioterapia, um aparelho de radioterapia “abandonado” que continha uma fonte de cloreto de césio. A cápsula com cloreto de césio foi aberta no quintal de uma casa e vendida à um ferro-velho. Atraídos pelo brilho do césio, adultos e crianças distribuíram o pó luminoso entre amigos e parentes, disseminando assim o conteúdo radioativo que vitimou algumas dezenas de pessoas. (Disponível em: http://www.unificado.com.br/calendario/09/cesio.htm Acesso em: 12/08/2005)

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ignorados ou tratados de forma descuidada, como no exemplo da queima indistinta dos RSS,

sem qualquer tipo de controle de emissões de gases, o que pode acarretar em um problema

maior do que o previamente apresentado, como a geração e liberação de dioxinas, furanos e

metais pesados para atmosfera.

Com relação aos resíduos químicos gerados em estabelecimentos assistenciais de

saúde, a falta de informação e discussão mostra-se ainda mais explícita quando comparada,

por exemplo, aos aspectos relacionados com os resíduos infectantes, cujas técnicas de

gerenciamento já são conhecidas por boa parte das instituições. A carência de informações

por parte dos fabricantes e legisladores afins, o descaso dos administradores ou mesmo, a falta

de especialistas no âmbito dos serviços de saúde, foram os principais motivos que fizeram

deste assunto o tema da pesquisa.

Muitos municípios brasileiros ignoram os perigos que os RSS, incluídos neste grupo

os resíduos químicos, podem apresentar quando não segregados corretamente, e acabam

dispondo esse tipo de lixo juntamente com o que é coletado nas residências (Tabela 1). A

população, e principalmente os responsáveis por instituições de atendimento à saúde, devem

se atentar para este incorreto gerenciamento, e tratar de forma inteligente os RSS. Quando

necessário, estes resíduos devem sofrer técnicas diferenciadas de segregação, tratamento e

destinação final, de forma a não causar prejuízos à saúde e para o meio ambiente.

Aliada a todo este contexto não se pode deixar de citar também, a falta de cobrança

por parte dos órgãos controladores que acabam por não exercer suas funções de maneira

atuante. Acredita-se que a ausência de fiscalização contribua, de certa maneira, para o não

cumprimento das legislações que tratam a respeito do gerenciamento de RSS, fazendo com

que o ônus, advindo de uma insuficiente política sanitário-ambiental, acabe ficando para o

meio ambiente e populações futuras. A União e os estados têm o importante papel de

estabelecer as leis e normas de caráter geral com princípios orientadores. Estas servem de

base para leis e normas municipais que devem tratar os problemas locais, considerando suas

especificidades. Entretanto, os poderes públicos não têm só a responsabilidade na elaboração

de leis que contribuam para a sustentabilidade ambiental, mas principalmente em fazer com

que sejam cumpridas, propiciando condições para isso. (ANVISA, 2005b) imaginar eficaz.

Segundo o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde da ANVISA

(ANVISA, 2005b), “[...] apesar de muitos municípios e estados já terem aprovado e

implementado seus planos de gestão de resíduos sólidos, observa-se que faltam recursos

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financeiros e capacitação técnica, e ainda, que os planos são genéricos e não respeitam a

logística e as peculiaridades ambientais do município.”

A ausência e mesmo a ineficiência da elaboração e implementação destes planos em

alguns estados colaboram para o incremento da degradação ambiental do solo, das águas

superficiais e subterrâneas, por meio do transporte de cargas poluentes, que é responsável pelo

agravo de diversas doenças que podem atingir a população, principalmente de baixa renda

(ANVISA, 2005b).

De maneira geral, o descaso quanto às políticas gerenciais já existentes ou mesmo a

falta de ações mais enérgicas que incentivem e contribuam para a implementação de planos de

gestão integrados, consistentes e compatíveis com as peculiaridades locais, colocam o Brasil

longe de solucionar definitivamente a questão dos RSS.

Começar a debater as questões relativas ao gerenciamento de RSS em EAS, não só

poderá propiciar a construção participativa de uma consciência coletiva, como também

ajudará a programar uma gestão ambiental eficiente para os serviços de atendimento à saúde.

Neste aspecto, direcionou-se o presente trabalho para a discussão do gerenciamento de

resíduos químicos em estabelecimentos públicos de assistência à saúde de maior

complexidade, os hospitais. Mesmo que este tipo de resíduo não represente a maioria dos

resíduos gerados em EAS, fazem-se necessários cuidados especiais no momento do seu

manuseio, segregação, tratamento e disposição final devido suas características especiais.

Pressupõe-se como aspecto igualmente relevante, buscar entender as dificuldades

enfrentadas pelos EAS em atender às regulamentações ambientais pertinentes, considerando

aspectos burocráticos, políticos e administrativos, facilitando assim o processo de tomada de

decisão das instituições, uma vez que possibilita a priorização de algumas medidas por outras.

Ponderando todo esse cenário, deseja-se com este trabalho fornecer aos interessados,

informações relevantes ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, com ênfase para os

resíduos químicos, cujas necessidades e peculiaridades não têm sido adequadamente

abordadas pelos geradores de RSS.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a dificuldade de atendimento às normas de gerenciamento de resíduos de

serviço de saúde vigentes, em uma unidade assistencial pública universitária de grande porte,

com destaque para a questão dos resíduos químicos, em toda a sua abrangência. Considerar-

se-ão desde os aspectos técnicos até os aspectos burocráticos, administrativos e econômicos,

que envolvem as tomadas de decisão do administrador hospitalar.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar as evoluções normativas e legais sobre os RSS, com foco nos aspectos

relacionados aos resíduos químicos;

Apresentar as necessidades inerentes ao manuseio de resíduos químicos em EAS,

identificando os riscos oferecidos por estes, em seus aspectos e gravidades;

Avaliar a situação de atendimento às legislações de RSS vigentes quanto aos resíduos

químicos, em hospitais da rede pública do estado;

Observar as práticas de manuseio dos resíduos químicos no estabelecimento de saúde

objeto do estudo de caso;

Identificar pontos críticos e positivos quanto ao manejo dos resíduos químicos

produzidos neste estabelecimento;

Estabelecer um comparativo entre o hospital estudado e os demais hospitais avaliados;

Buscar avaliar o grau de conscientização dos funcionários e da alta administração

quanto à importância do gerenciamento de RSS;

Identificar as dificuldades de implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviço de Saúde (PGRSS) no hospital em questão;

Apresentar as questões levantadas de forma prática, propondo ações de melhoria para

o gerenciamento de resíduos químicos no hospital estudado.

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1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo I traz como introdução a contextualização do tema, enfatizando a

problemática relacionada ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, bem como

apresenta os objetivos a serem alcançados na conclusão do trabalho.

Em seguida, o capítulo II apresenta uma revisão bibliográfica sobre o setor de saúde,

apresentando os tipos de estabelecimento de serviço de saúde, a classificação dos resíduos de

serviço de saúde e um descritivo sobre a evolução das legislações e normas pertinentes ao

gerenciamento de resíduos gerados em estabelecimentos de serviço de saúde.

No capítulo III faz-se uma sucinta incursão sobre os tipos de resíduos químicos

gerados em estabelecimentos de saúde apontando suas características e riscos para o meio

ambiente, saúde e segurança do trabalhador, conseqüentes do mau gerenciamento.

No capítulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realização do presente

estudo, fazendo uma caracterização da estrutura metodológica da pesquisa, como também o

delineamento da pesquisa e a apresentação da descrição sucinta do caso.

Para alinhar a metodologia aos objetivos propostos, optou-se por executar uma

pesquisa aplicada em unidades de atendimento à saúde, apresentada no capítulo V,

questionando o gerenciamento de resíduos químicos e buscando avaliar o grau de

comprometimento destes estabelecimentos em atender às diretrizes estabelecidas pelos órgãos

reguladores. Além disso, um estudo de caso que se desenvolve no capítulo VI, ajudou a

fundamentar as percepções da pesquisa. Neste capítulo, primeiramente foi feita uma

apresentação da estrutura física e administrativa do estabelecimento de saúde, seguida da

exposição de seu plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde e por fim da

caracterização das unidades geradoras de resíduos químicos, explorando cada uma das etapas

relacionadas ao gerenciamento destes.

Dando seqüência a proposta do trabalho, consta no capítulo VII a análise comparativa

entre os dados coletados a partir dos questionários aplicados nos estabelecimentos de saúde

pesquisados no capítulo V e a situação apresentada no estabelecimento objeto do estudo de

caso. Cabe ressaltar que estes dados foram avaliados de maneira qualitativa e quantitativa,

dando embasamento para as discussões prestadas neste capítulo e no capítulo seguinte.

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No capítulo VIII são apresentadas as conclusões estabelecendo um elo entre os

objetivos e as observações em relação ao contexto apresentado. Após, são apresentadas as

recomendações para o hospital estudado e para trabalhos futuros.

Ainda fazem parte do corpo deste trabalho as referências bibliográficas usadas como

indicadores conjunturais e os anexos usados como ilustrações.

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II) RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE A proposta deste capítulo é apresentar aos leitores o desenvolvimento do tema

gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, caracterizando os diversos estabelecimentos

geradores deste tipo de resíduo e abordando a evolução dos aspectos legais no âmbito federal

e estadual. Apresentam-se também as classificações atualmente vigentes para os diferentes

tipos de resíduos gerados em estabelecimentos de assistência á saúde.

A preocupação com o adequado manejo dos RSS não é de hoje. Salles (2004) cita um

estudo de W.F. Morse, datado de 1903, que apresentou dados referentes ao número de pessoas

que haviam contraído doenças infecciosas pelo contato direto com resíduos sólidos em

hospitais. No presente estudo, Morse relata ainda que em 1891 fazia-se uso de incineração

como tratamento deste tipo de resíduo, em Nova Iorque. Salles citando agora Schneider et al.

(2001), apresenta ainda um histórico, desde a década de 30 até a década de 70, da evolução

sobre as questões do gerenciamento de RSS, nos Estados Unidos e Europa.

No início da década de 80, a descoberta de doenças infecciosas como a AIDS

(Acquired Immunodeficiency Syndrome), e dos seus mecanismos de transmissão, fez com que

a comunidade técnica e a mídia começassem a se preocupar com a questão dos RSS e discutir

os riscos envolvidos na manipulação inadequada dos resíduos gerados em Estabelecimentos

de Assistência à Saúde na disseminação de doenças.

No Brasil, e na América Latina como um todo, o tema passou a ser discutido com mais

intensidade, apenas, a partir da década de 90, o que demonstra o atraso de nosso hemisfério

em relação a outros países mais desenvolvidos. Mais recentemente, encontramos estudos

relacionados ao assunto, discutidos sob diferentes pontos de vista: legais (MARTINS, 2004),

gerenciais (OLIVEIRA, 2002 e CONFORTIN, 2001) ou específicas (ALMEIDA, 2003 e

SILVA, 2004), e em diferentes campos de aplicação científica.

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Em todos os trabalhos é claro o consenso de que os RSS, ou como são mais

comumente denominados lixos hospitalares, sempre constituem um problema bastante sério

para os Administradores Hospitalares, devido, principalmente, à falta de informações a seu

respeito, gerando mitos e fantasias entre funcionários, pacientes, familiares e principalmente a

comunidade vizinha às edificações hospitalares e aos aterros sanitários (MOROSINO, 2004).

2.1 ESTABELECIMENTOS GERADORES DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

Segundo a Norma Brasileira de Referência (NBR) 12807 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), a definição para serviço de saúde é: “Estabelecimento gerador

destinado à prestação de assistência sanitária à população”. A Norma Regulamentadora

(NR) 32 do Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece as medidas de segurança e

saúde no trabalho em serviços de saúde, entende por estes tipos de serviços, qualquer

edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de

promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de

complexidade (BRASIL,2005).

Enquadram-se ainda nestas definições de serviço de saúde: os necrotérios, funerárias e

serviços onde se realizem atividades de embalsamamento; serviços de medicina legal;

drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na

área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,

importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;

serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares (ANVISA, 2004 e

CONAMA, 2005).

Contudo, como maiores geradores de RSS estão os estabelecimentos assistenciais,

individuais ou coletivos, que prestam serviços de saúde rotineiros à população, com um

mínimo de técnica apropriada, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS).

Estes se encontram classificados em três categorias conforme a capacidade de acomodação

dos pacientes: com internação; sem internação; e apoio à diagnose e terapia (BRASIL, 2002).

As unidades sem internação, ou seja, ambulatoriais estão divididas em função da

estrutura e capacidade de atendimento, conforme apresentado na Tabela 3. Quanto à rede

assistencial com internação são diversas as possibilidades de classificação destes

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estabelecimentos. As Tabelas 4 e 5 apresentam os tipos de unidades assistenciais com

internação, isto é, os hospitais conforme sua capacidade de atendimento e quanto ao regime

de prestação de serviço.

Tabela 3 – Tipos de Unidades Ambulatoriais

Posto de Saúde

Centro de Saúde

Policlínica

Ambulatório de Unidade Hospitalar Geral

Ambulatório de Unidade Hospitalar Especializada

Unidade Mista de Saúde

Pronto-Socorro Geral

Pronto-Socorro Especializado

Consultórios

Unidade Móvel Fluvial

Clínica Especializada

Centro/Núcleo de Atenção Psicossocial

Centro/Núcleo de Reabilitação

Outros Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia

Unidade Móvel Terrestre para Atendimento Médico/Odontológico

Unidade Móvel Terrestre do Programa de Enfrentamento a Emergências e Traumas

Farmácia para Dispensação de Medicamentos

Unidade de Saúde da Família

Fonte: BRASIL, 2002

Tabela 4 – Hospitais quanto à capacidade de internação

Tipo de Hospital Nº de leitos

Hospital Local 30 a 50

Hospital Microrregional 50 a 100

Hospitais Regionais Gerais mais de 100

Hospitais Regionais Especializados mais de 100

Fonte: BRASIL, 2001

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Tabela 5 – Hospitais quanto ao regime do serviço

REGIME TIPO

Público Municipal Estadual Federal

Privado Contratado Filantrópico Sindicato

Universitário Ensino Pesquisa Privado

Fonte: Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)

Todos os estabelecimentos apresentados anteriormente são geradores específicos de

RSS. Adicionam-se a estes, os serviços de atendimento à saúde animal como as clínicas

veterinárias e hospitais especializados neste tipo de paciente, além de outras atividades que

geram, de maneira indireta, estes tipos de resíduos.

2.1.1 O ESTADO DO RIO DE JANEIRO

No estado do Rio de Janeiro existem 342 unidades hospitalares distribuídas entre o

setor público e privado (Tabela 6). Estas unidades representam 41.827 leitos conforme dados

da Secretaria Estadual de Saúde (Tabela 7).

Tabela 6 – Unidade Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro

Região Público Privado Total

Baia da Ilha Grande 2 2 4

Baixada Litorânea 10 6 16

Centro-Sul Fluminense 4 17 21

Médio Paraíba 7 19 26

Metropolitana I 86 66 152

Metropolitana II 21 27 48

Noroeste Fluminense 4 22 26

Norte Fluminense 5 13 18

Serrana 11 20 31

TOTAL 150 192 342

Fonte: Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)

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Tabela 7 – Leitos Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro

Região/SES Hospital Público Hospital Privado Total

Baia da Ilha Grande 103 197 300

Baixada Litorânea 488 392 880

Centro-Sul Fluminense 142 2.909 3.051

Médio Paraíba 493 1.749 2.242

Metropolitana I 11.322 9.102 20.424

Metropolitana II 2.258 3.763 6.021

Noroeste Fluminense 205 2.490 2.695

Norte Fluminense 433 2.186 2.619

Serrana 997 2.598 3.595

TOTAL 16.441 25.386 41.827

Fonte: Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)

Um trabalho realizado no final da década de 70 com amostragens de resíduos de

serviços de saúde de cinco hospitais de São Paulo, mostrou valores que variaram de 1,19 a

3,77 kg/leito/dia (BIDONE & POVINELLI, 1999 apud CONFORTIN, 2001). Mais

recentemente, dados estimados pela Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos

Especiais (ABRELPE, 2006) mostram que a média brasileira de resíduos gerados nos

estabelecimentos de assistência hospitalar é de 2,38 kg/leito/dia.

Se considerarmos apenas a Região Metropolitana II do estado (Anexo B), cuja

abrangência contempla os municípios de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Niterói, São Gonçalo,

Silva Jardim e Tanguá, e onde se localiza o hospital objeto do presente estudo, e tomando o

valor da média brasileira (2,38 kg/leito/dia), obtemos um total de aproximadamente 14,33

t/dia de RSS só na Região Metropolitana II.

É claro que este breve cálculo não corresponde à verdadeira quantidade de resíduos de

serviço de saúde gerados nesta região, uma vez que este quantitativo varia conforme o tipo de

unidade geradora, grau de conscientização dos funcionários e complexidade do

estabelecimento. Além disso, não estão inclusos neste quantitativo os resíduos líquidos e

efluentes gerados no processo assistencial, que muitas vezes representam riscos igualmente

relevantes à saúde da população.

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Dados publicados no Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2006)

evidenciam a situação crítica do Estado do Rio de Janeiro quanto à falta de controle que

assola o serviço de saneamento, no que diz respeito à coleta e tratamento de RSS. Segundo

estimativa da ABRELPE, o Estado do Rio de Janeiro, produz perto de 111,84 t/dia, dos quais

3,87% são tratados (Quadro 2). Estes valores evidenciam mais uma vez, o quanto se faz

importante nos atentarmos para a geração deste tipo de resíduos que pode trazer consigo

características de periculosidade para a saúde pública e meio ambiente, conforme citado

anteriormente.

Quadro 2 – Geração e Tratamento RSS

UF Quantidade de resíduos (t/dia)

Capacidade de tratamento (t/dia)

Gerada Tratada Instalada

SP 217,48 166,67 300,00

MG 102,31 5,83 25,00

RJ 111,84 4,33 0,00

ES 15,7 0,00 0,00

Fonte: ABRELPE, 2006

Outra questão que evidencia a falta de controle dos órgãos reguladores quanto ao

gerenciamento de RSS, diz respeito ao licenciamento ambiental das unidades assistenciais de

saúde. Do total de hospitais apresentado na Tabela 6, apenas 5,84% possuem licença de

operação fornecida pelo órgão ambiental estadual, para alguma unidade auxiliar ou produtiva

da instituição (Quadro 3).

Este pequeno valor acaba por ilustrar certa despreocupação, por parte dos

administradores hospitalares e órgãos fiscalizadores, com as questões ambientais relativas à

atividade assistencial de saúde. É claro que o fato do hospital estar licenciado não significa

que este tenha um verdadeiro comprometimento em gerenciar os aspectos e impactos

ambientais que sua atividade pressupõe. Isto porque, uma vez adquirida a licença, o assunto

pode ser deixado de lado caso não haja um real interesse pelo problema. Contudo, a obtenção

de uma licença ambiental sinaliza o empenho de alguns estabelecimentos em atender às

diretrizes legais de forma plena e estabelecer com os órgãos controladores e a comunidade

uma relação transparente e correta.

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O pequeno número de hospitais licenciados, citado anteriormente, pode apresentar

outro significado além da falta de interesse das instituições de saúde, o descomprometimento

ou omissão por parte de governos e órgãos fiscalizadores para as demandas deste setor. Como

veremos no subitem 2.2 – Aspectos Legais deste capítulo, o tema passou a ser discutido de

forma mais atenta, apenas recentemente. No entanto muito há que se implementar para

alcançarmos um patamar satisfatório no que diz respeito ao gerenciamento de resíduos como

um todo, estando inclusos nestes os RSS.

Quadro 3 – Hospitais Licenciados do Estado do Rio de Janeiro

Razão Social/Nome Unidade Nrº Lic

Comando da Aeronáutica - Hospital Central da Aeronáutica ETE FE008032

ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda Cardiotrauma de Ipanema FE010998

ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda Resgate Região Oceânica FE010999

ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda ETE Clube de Tênis FE005118

FMG Empreendimentos Hospitalares Ltda Hospital Copa D’or FE004986

Fundação Pró-Instituto de Hematologia - RJ FUNDARJ Coleta e Tratamento de Esgotos FE009497

Hospital de Clínicas de Jacarepaguá ETE FE010838

Hospital de Clínicas de Bangu Ltda Construção FE004871

Hospital de Clínicas de Bangu Ltda Conj. Habitacional FE008994

Hospital de Clínicas de Niterói Ltda Assistência Médica FE011000

Hospital de Clínicas Rio Mar Barra Ltda ETE FE001510

Hospital de Irajá Quatro Amigos Ltda Clínica e Assistência Técnica FE007032

Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer Armazenamento de Material Biológico FE011105

Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Vila Isabel FE004318

Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Centro FE004319

Ministério da Saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Cruz Vermelha FE004320

Ministério da Saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Santo Cristo FE004321

Nortecor Hospital de Clínicas Ltda ETE FE004651

Preslaf empresa de serviços hospitalares Ltda Hospital São Lucas FE010995

Serv-baby Hospital Materno Infantil Ltda Clínica e Assistência Técnica FE007650

Fonte: FEEMA (Julho/2006) Disponível em: http://www.feema.rj.gov.br/empresas-licenciadas.asp

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2.2 ASPECTOS LEGAIS

O Manual de Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde menciona que “[...] os

problemas relacionados à saúde pública e ao meio ambiente só poderão ser minimizados ou

solucionados mediante a implementação de políticas ambientais claras e eficientes”

(ANVISA, 2005b). Tal afirmação mostra-se sensata uma vez que foi a partir da criação das

políticas nacionais, já em vigor, que algumas medidas começaram a ser tomadas no caminho

do efetivo gerenciamento dos resíduos.

A política ambiental brasileira tem seus fundamentos fixados na Constituição e na Lei

6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente), que instituiu o sistema nacional do

meio ambiente, tendo como instância consultiva e deliberativa o Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA e, como órgão executivo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (OPAS, 1998) (destaque do autor).

Outros dispositivos legais como a Lei dos Crimes Ambientais (Lei no 9.605/98) e as

Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97 estipulam diretrizes para evitar a poluição

ambiental no país. A primeira, em seus artigos 54 e 56, responsabiliza administrativa, civil e

criminalmente as pessoas físicas e jurídicas, autoras e co-autoras de condutas ou atividades

lesivas ao meio ambiente. As duas últimas obrigam o licenciamento ambiental para as

atividades poluidoras, contribuindo assim para a proteção do meio ambiente.

Com isso, as fontes geradoras de poluição ficam obrigadas a adotar tecnologias mais

limpas, aplicar métodos de recuperação e reutilização sempre que possível, estimular a

reciclagem e dar destinação adequada aos resíduos, incluindo transporte, tratamento e

disposição final.

Particularmente a questão dos RSS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, outro

órgão regulador, tem assumido o papel de orientar, definir regras e balizar a conduta para os

diferentes geradores deste tipo de resíduo no que se refere à sua segregação, manejo,

acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final.

Os resíduos de serviços de saúde, principalmente na última década, vêm se

transformando em objeto de debates, estudos, pesquisas e em desafio e motivo de

preocupação para as autoridades mundiais.

No Brasil têm sido realizadas amplas discussões nacionais sobre a questão. A

tendência recente é de descentralizar a execução da política ambiental para os Estados e

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Municípios. Foram formuladas diretrizes para a implementação do plano nacional de saúde e

ambiente, voltado para o desenvolvimento sustentável, com ampla participação dos setores

envolvidos (OPAS, 1998) (destaque do autor).

Estamos desenvolvendo nossas legislações, mas, apesar disso, poucos municípios brasileiros gerenciam adequadamente os RSS. Aqueles que implementaram um sistema específico de gerenciamento para esses resíduos, em vários casos, têm graves deficiências e, muitas vezes, estão focados apenas nos hospitais e postos de saúde (ANVISA, 2005b)

2.2.1 HISTÓRICO

Não é de hoje que os órgãos ambientais e de saúde trabalham na implementação de

regras para o correto gerenciamento dos RSS. No final da década de 70, por meio do

Ministério do Interior, foi baixada a Portaria MINTER nº. 53, de 01 de março de 1979, que

visou orientar o controle dos resíduos sólidos no país, de natureza industrial, domiciliares, de

serviço de saúde, e demais resíduos gerados pelas diversas atividades humanas.

Contudo, somente no início da década de 90 que os RSS ganharam destaque legal no

cenário político brasileiro, quando foi aprovada a Resolução CONAMA nº. 06, de 19 de

setembro de 1991, que desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima de

resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde estabelecida na Portaria

MINTER nº 53, citada acima. Além disso, a Resolução deu competência aos órgãos estaduais

de meio ambiente para estabelecerem normas e procedimentos voltados ao licenciamento

ambiental dos sistemas de coleta, transporte, acondicionamento e disposição final dos

resíduos nos Estados e Municípios que optaram pela não incineração.

Posteriormente, através da Resolução CONAMA nº 05, de 05 de agosto de 1993,

definiu-se a responsabilidade das instituições quanto ao gerenciamento dos resíduos desde a

geração até o destino final. Nesta resolução fica clara a definição de resíduo sólido conforme

a NBR 10.004 da ABNT4 e a determinação de que os estabelecimentos prestadores de serviço

4 Definição resíduo sólido da NBR 10004 ABNT - "Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível".

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de saúde e terminais de transporte elaborem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, a

ser analisado e aprovado pelos órgãos de meio ambiente e saúde, dentro de suas respectivas

esferas de competência e de acordo com a legislação vigente. Segundo a Resolução, este

plano deveria contemplar aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento,

coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

A Resolução CONAMA nº 05/93 determinou ainda, que os resíduos infectantes não

poderiam ser dispostos no meio ambiente sem tratamento prévio que assegurasse a eliminação

das características de periculosidade do resíduo, a preservação dos recursos naturais, o

atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública, recomendando a

esterilização a vapor ou a incineração. Esta Resolução sofreu um processo de aprimoração e

atualização, originando a Resolução CONAMA nº 283, publicada em 12 de julho de 2001.

A Resolução CONAMA nº 283/01 dispõe especificamente sobre o tratamento e

destinação final dos resíduos dos serviços de saúde, não englobando mais os resíduos dos

terminais de transporte. A resolução também modifica o termo Plano de Gerenciamento dos

Resíduos de Saúde - PGRS para Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

- PGRSS e impõe responsabilidades às unidades de saúde em operação e àquelas a serem

instaladas para implementarem o PGRSS.

Mais tarde a ANVISA chamou a responsabilidade pra si e passou a promover um

grande debate público com intuito de orientar a publicação de uma resolução complacente

com as questões da saúde humana. Em 25 de fevereiro de 2003, a ANVISA divulgou a

Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 33 que também dispunha sobre o Regulamento

Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Muitas foram então, as dúvidas geradas pelas classificações e determinações, em

alguns aspectos divergentes, de dois instrumentos legais abordando o mesmo tema. A

unificação das diretrizes reguladoras veio somente depois de muita discussão, não só entre as

autoridades competentes reguladores do Meio Ambiente e da Saúde, como com

representantes das unidades geradoras de RSS, companhias de limpeza, organizações não

governamentais, entidades ambientalistas e sociedade em geral, através de reuniões e

consultas públicas.

Tornaram-se públicas a RDC 306, de 19 de dezembro de 2004, da ANVISA e a

Resolução nº 358, do CONAMA, de 29 de abril de 2005, que estabelecem diretrizes comuns

para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

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Apesar da conciliação na definição de conceitos compatíveis, pode-se entender que a ANVISA concentra sua regulação no controle dos procedimentos inerentes adotados no gerenciamento como um todo, estabelecendo metodologias operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra sua autoridade na inspeção dos serviços de saúde. Por outro lado, o CONAMA trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, promovendo competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS. (ANVISA, 2005b)

2.2.2 LEGISLAÇÃO FEDERAL

As Resoluções atualmente vigentes preconizam que todo gerador deve elaborar um

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, conceito este que já havia sido

estabelecido nas Resoluções anteriores, baseado nas características dos resíduos gerados e na

classificação determinada, estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS e obedecendo as

normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos

serviços de saúde.

O PGRSS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao gerenciamento

dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos,

contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,

armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à

saúde pública e ao meio ambiente.

Além disso, o gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos

recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no

manejo dos RSS e ainda considerar o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e

controle, incluindo a construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e

confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado.

O gerenciamento dos RSS constitui-se então em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004)

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Contudo, já se passaram alguns anos desde a publicação da primeira Resolução que

trata da questão dos resíduos do serviço de saúde, e a situação dos Estados ainda caminha a

passos lentos no que se refere ao tratamento e destino final destes resíduos. A problemática

torna-se maior conforme o grau de complexidade da instituição geradora, como é o caso dos

grandes hospitais de atendimento do serviço público.

Assim sendo, torna-se realmente necessário o aprofundamento da questão, a

conscientização para o problema, de forma a se equacionar corretamente a atividade de

gerenciamento dos RSS, e de promover às condições de preservação do meio ambiente para

as gerações futuras.

2.2.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL

No Estado do Rio de Janeiro as regulamentações que dispõem sobre os RSS surgiram

no início da década de 90. As Leis 2060 e 2061, de 28 de janeiro de 1993, dispõem,

respectivamente, sobre a coleta de lixo hospitalar e determina que toda e qualquer espécie de

resíduos, decorrentes de aplicação em clientes da área médica e odontológica, sejam

incinerados.

A Lei nº. 3316, de 09 de dezembro de 1999, autoriza o Poder Executivo a implantar

sistema de tratamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde e dá outras providências. Em

seu Art. 9, cita que a tecnologia a ser utilizada, para efeitos desta Lei, deverá ser a

esterilização a vapor, conforme recomenda o artigo 11 da Resolução CONAMA nº05/93, pois

se trata de sistema mais moderno e atual, de fácil controle quanto aos resíduos finais e não

emite efluentes gasosos que necessitem de tratamento por filtros.

Mais recentemente, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, publicou

no Diário Oficial do Estado - P.II, de 02/10/2003, a Lei nº. 4191, de 30 de setembro de 2003,

que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá outras providências. Em seu

Art. 5 fica explicito que: “Os resíduos sólidos provenientes de serviços de saúde portadores de

agentes patogênicos deverão ser adequadamente acondicionados, conduzidos em transporte

especial, e deverão ter tratamento e destinação final adequados, atendendo às normas

aplicáveis da ABNT, e às condições estabelecidas pelo órgão estadual responsável pelo

licenciamento ambiental, respeitadas as demais normas legais vigentes.”

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O órgão ambiental do estado, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

(FEEMA) publicou a DZ-1317-R-2 - Diretriz de Acondicionamento, Manuseio,

Armazenamento, Transporte, Tratamento e Destinação Final de Resíduos Sólidos, Semi-

Sólidos e Líquidos de Unidades de Serviço de Saúde. Para a questão dos efluentes, o mesmo

órgão publicou também, a NT-202. R-10 - Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes

Líquidos, que se aplica aos lançamentos diretos ou indiretos de efluentes líquidos,

provenientes de atividades poluidoras, em águas interiores ou costeiras, superficiais ou

subterrâneas do estado do Rio de Janeiro, através de quaisquer meios de lançamento, inclusive

da rede pública de esgotos.

Deve-se enfatizar que apesar de existirem normas legais e técnicas que preconizam o

correto gerenciamento dos RSS no Estado do Rio de Janeiro, percebe-se que muito pouco tem

sido feito no âmbito estadual no que diz respeito ao cumprimento das legislações

estabelecidas. Poucos hospitais adquiriram a Licença de Operação obrigatória para atividades

potencialmente poluidoras, conforme Decreto-Lei nº. 134, de 16 de junho de 1975 que dispõe

sobre a prevenção e o controle da poluição no Estado do Rio de Janeiro e o Decreto n° 1.633,

de 21 de dezembro de 1977 que regulamenta, em parte, o Decreto-Lei nº. 134, citado acima, e

institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras.

2.2.4 NORMAS TÉCNICAS

Apesar de não constituírem instrumentos de cunho legal, as normas da ABNT

possuem um papel de destaque na sistematização das políticas ambientais e de saúde

brasileiras, uma vez que estas são regularmente citadas nas leis criadas nos estados, e até

mesmo na União, que determinam as diretrizes de preservação da saúde e do meio ambiente.

Confortin (2001, p.21) menciona que “Norma é um documento estabelecido por

consenso e aprovado por um organismo reconhecido que fornece, para uso comum e

repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à

obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto”. A mesma autora afirma,

além disso, que dessa maneira as normas são importantes, pois permitem comunicar na

mesma linguagem; fornecem especificação necessária para uma boa qualidade dos serviços; e

orientam através de critérios, como construir e operar sistemas e serviços.

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No Brasil, a ABNT, fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização

técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. A

fim de auxiliar na Gestão dos Resíduos como um todo, a ABNT elaborou e padronizou

algumas normas que se relacionam, em certo aspecto, com a questão do gerenciamento de

resíduos de serviço de saúde, apresentados no Quadro 4. Além disso, a ABNT estabeleceu

normas que padronizam de maneira específica a questão do manuseio de resíduos do serviço

de saúde (Quadro 5).

Quadro 4 – Normas ABNT

ASSUNTO NORMA DATA FINALIDADE

Simbologia NBR 7.500 30/11/2005 (revisada)

Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de

produtos NBR 7.501 30/11/2005

(revisada) Transporte de produtos perigosos -

terminologia Armazenamento NBR 12.235 01/04/1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos

NBR 9.191 01/09/2002 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – requisitos e métodos de ensaio

NBR 15051 30/04/2004 Estabelece as especificações para o

gerenciamento dos resíduos gerados em laboratório clínico. Gerenciamento

NBR 14.725 28/01/2002 Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos - FISPQ

NBR 10.004 31/05/2004 (revisada) Resíduos Sólidos - classificação

NBR 10.005 31/05/2004 (revisada) Lixiviação de resíduos

NBR 10.006 31/05/2004 (revisada) Solubilização de resíduos

Avaliação de resíduos

NBR 10.007 31/05/2004 (revisada) Amostragem de resíduos

NBR 14619 31/03/2006 Critérios de incompatibilidade química a serem considerados no transporte terrestre de produtos

perigosos Coleta e Transporte

NBR 14652 01/04/2001 Requisitos mínimos de construção e inspeção dos coletores - transportadores rodoviários de

RSS do grupo A. NBR 8.418 01/12/1983 Apresentação de projetos de aterros industriais

Disposição NBR 8.419 01/04/1992 Apresentação de projetos de aterros sanitários

de resíduos sólidos urbanos

Adaptada de Confortin, 2001 & ANVISA, 2005b.

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Quadro 5 – Normas da ABNT para RSS

NORMA DATA FINALIDADE

NBR 12.807 01/04/1993 Resíduos de Serviços de Saúde - terminologia

NBR 12.808 01/04/1993 Resíduos de Serviços de Saúde - classificação

NBR 12.809 29/04/1993 Resíduos de serviços de saúde - manuseio

NBR 12.810 01/04/1993 Resíduos de serviços de saúde - procedimentos na coleta

NBR 13.853 30/06/1997 Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes e cortantes - requisitos e métodos de ensaio

Fonte: Elaboração Própria

Considerando as novas regulamentações vigentes, pode-se dizer que é cabível uma

revisão quanto ao conteúdo destas normas, principalmente no que tange a classificação dos

Resíduos de Serviço de Saúde (NBR 12.808), uma vez que os EAS, atualmente, não seguem a

classificação preconizada nesta norma.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

Como parte do processo evolutivo que tange os aspectos administrativos e legais

relacionados ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, a classificação dos diferentes

tipos de resíduos gerados em ambientes de assistência à saúde é um dos pontos mais

relevantes. Em razão da introdução de novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e por

causa do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde pública,

a classificação dos RSS vem sofrendo constantes alterações por parte dos órgãos

controladores federais.

Em 2003, existiam, no Brasil, três classificações estabelecidas para os RSS. A

classificação da NBR 12808 ABNT, que classificava os resíduos em três grupos: infecciosos,

especiais e comuns; a Resolução CONAMA nº 283/01, que classificava os resíduos em 4

grupos: biológicos, químicos, radioativos e comuns; e a classificação da ANVISA RDC 33,

que classificava os resíduos em 5 grupos: potencialmente infectantes, químicos, radioativos,

comuns e perfurocortantes (ALMEIDA, 2003).

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Como forma de estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da avaliação e

gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação, os dois órgãos federais chegaram a

uma classificação harmônica para os diversos tipos de resíduos gerados em EAS. A

unificação das diretrizes federais (Resolução RDC 306/04 da ANVISA e Resolução

CONAMA 358/05) trouxe um avanço para o gerenciamento de resíduos do serviço de saúde,

uma vez que os geradores não mais teriam que debater qual classificação adotar visto que se

tratava de disposições idênticas.

As Resoluções, hoje vigentes, classificam, os RSS em 5 grupos diferentes conforme

suas propriedades, a saber:

• GRUPO A: Resíduos que englobam os componentes com possível presença de

agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração,

podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório,

carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo

sangue, dentre outros; Este grupo apresenta 5 divisões distintas conforme o grau de

risco de transmissão de infecção.

• GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade Ex: medicamentos

apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre

outros;

• GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas

normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e para os quais a

reutilização é imprópria ou não prevista, como, por exemplo, serviços de medicina

nuclear e radioterapia etc;

• GRUPO D: Resíduos que não apresentem riscos biológicos, químicos ou radiológicos

à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares Ex:

sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc

• GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de

barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas

diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e

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lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas,

tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

Esta classificação é a atualmente vigorante em todos os estados da Unidade Federal, e

adotada nos diversos estabelecimentos de assistência à saúde existente.

Segundo Confortin (2001) uma classificação correta desses resíduos tem por

finalidade a distinção do que é resíduo contaminado, e o que não é contaminado, colaborando

efetivamente para um manuseio eficiente, econômico e seguro dos resíduos.

A classificação dos RSS visa facilitar a atividade de segregação, essencial para o

gerenciamento dos resíduos e para manter a qualidade do serviço de higiene. Ela reduz a

quantidade de resíduos infectantes, facilita as ações em caso de acidentes, diminui os riscos

oferecidos por um determinado tipo de resíduo, e diminui os custos de tratamento e destinação

final, ou seja, proporciona um adequado gerenciamento desses resíduos no âmbito interno e

externo dos estabelecimentos de saúde (ALMEIDA, 2003). Ou seja, de um modo geral a

correta classificação dos diversos tipos de RSS contribui diretamente na implementação do

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), conforme será visto nos

capítulos seguintes.

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III) RESÍDUOS QUÍMICOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE Pretende-se neste capítulo, apresentar todos os aspectos relacionados ao

gerenciamento de resíduos químicos gerados em estabelecimentos de saúde, abordando desde

as necessidades técnicas inerentes ao seu manuseio até as questões que passam pelo

planejamento administrativo das instituições geradoras.

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) classifica os resíduos especiais

como àqueles gerados durante as atividades auxiliares dos estabelecimentos de saúde, que não

entraram em contato com os pacientes nem com os agentes infecciosos. Constituem um

perigo para a saúde devido a suas características agressivas, como corrosividade, reatividade,

inflamabilidade, toxicidade, explosividade e radioatividade.

A OPAS divide, ainda, este grupo de resíduos em três subgrupos, a saber:

a) Resíduos químicos perigosos

Substâncias ou produtos químicos com características tóxicas, corrosivas, inflamáveis,

explosivas, reativas, genotóxicas ou mutagênicas, como quimioterápicos, antineoplásicos,

produtos químicos não utilizados, pesticidas fora de especificação, solventes, ácido crômico

(usado na limpeza de vidros de laboratório), mercúrio de termômetro, substâncias para

revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados, etc.

b) Resíduos farmacêuticos

Medicamentos vencidos, contaminados, desatualizados, não utilizados, etc.

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c) Resíduos radioativos

Materiais radioativos ou contaminados com radioisótopos de baixa atividade, provenientes de

laboratórios de pesquisa química e biológica; de laboratórios de análises clínicas, e de

serviços de medicina nuclear. Esses materiais são normalmente sólidos ou líquidos (seringas,

papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes, etc.)

No Brasil, conforme visto no capítulo II, os órgãos reguladores como a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária e o Conselho Nacional de Meio Ambiente têm assumido o

papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes geradores de RSS no que se

refere à segregação, manejo, acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final

deste tipo de resíduos.

A classificação brasileira agrupa os resíduos químicos perigosos e os resíduos

farmacêuticos (Grupo B) e cria um grupo especial (Grupo C) que enquadra somente os

resíduos radioativos. Para fins, desta dissertação adotou-se a classificação brasileira que

abrange também: sobras de saneantes e reagentes, utilizados nas desinfecções de instrumentos

e aparelhos; efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores); efluentes dos

equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas, e outros produtos considerados

perigosos, conforme a classificação da NBR 10004 da ABNT tais como mercúrio proveniente

de termômetros quebrados, assim como as tintas e os óleos gerados nos setores de

manutenção, caldeiraria e oficinas, etc. O Quadro 6 apresenta de forma sucinta, exemplos de

produtos químicos utilizados em estabelecimentos de atendimento à saúde.

Quadro 6 – Exemplo de Produtos Químicos utilizados em EAS

SERVIÇO QUÍMICOS UTILIZADOS

Patologia/Anatomia Patológica/Histologia Xylol, Etanol, Formol Radiologia Prata (Fixadores), Reveladores

Manutenção/lavanderia Tintas, Solventes, Baterias, Pesticidas, Detergentes e Saneantes

Farmácia Hospitalar Medicamentos descartados5, desinfetantes.

Clínicas Médicas Álcool, Materiais Ácidos, desinfetantes. Mercúrio (termômetro), Glutaraldeído (desinfecção).

Laboratórios Pesquisa Ácidos, Bases, Sais Inorgânicos, Oxidantes, Solventes Inflamáveis, Solventes Halogenados

5 Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações (ANVISA, 2004).

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Para cada um desses resíduos existe um procedimento apropriado para manusear,

acondicionar, identificar, armazenar, transportar, tratar e dispô-los, conforme o grau de

periculosidade característico da substância química ativa. Mecanismos de segregação e

tratamento que busquem a minimização e a recuperação desses materiais podem proporcionar

a economia das despesas relacionadas ao tratamento e disposição final dos mesmos.

Contudo, os profissionais de atendimento à saúde que trabalham com insumos

químicos não estão habituados com as questões relativas à segurança ambiental inerentes ao

manuseio destes produtos, e consequentemente dos resíduos oriundos destes. A realidade

destes profissionais é muito voltada para a questão de segurança pessoal, isto é, com a

preocupação da própria saúde ao manusear tais produtos.

3.2 RISCOS ASSOCIADOS

As atividades dos estabelecimentos de prestação de serviços de saúde geram uma

grande quantidade de resíduos que apresentam graus de periculosidade variados. Na avaliação

dos riscos potenciais dos resíduos de serviços de saúde deve-se considerar que os

estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz respeito ao

desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos

métodos de diagnósticos e tratamento. O resultado deste processo é a geração de novos

materiais, substâncias e equipamentos, que por conseqüência acabam gerando novos resíduos,

com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem

que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe.

Conforme citado anteriormente, estes resíduos ocupam um lugar de destaque no

âmbito dos resíduos urbanos, e merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo

(segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição

final), em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem

componentes químicos, biológicos e radioativos.

Relembrando a classificação apresentada no capítulo II, enquadram-se no grupo de

resíduos químicos (grupo B) todos os resíduos contendo substâncias químicas que podem

apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Dentro deste grupo destacam-se:

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quimioterápicos, pesticidas, reagentes de laboratório, ácido crômico para limpeza de vidros de

laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias

usadas, óleos, lubrificantes usados, medicamentos fora da validade etc.

Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das

políticas públicas de resíduos de serviços saúde (ANVISA e CONAMA) esses resíduos

representam um potencial de risco em duas situações:

a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o pessoal ligado à

assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal ligado ao setor de limpeza e

manutenção.

b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de qualquer tipo de

resíduo, alterando as características do meio.

Os riscos químicos são produzidos por produtos ou resíduos químicos, manipulados ou

não pelo trabalhador e que podem alterar sua constituição. A maior parte destas substâncias

possui características tóxicas constituindo em ameaça a vida do trabalhador e podem ser

encontradas sob os estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. “Consideram-se

agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo

pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou

que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo

organismo através da pele ou por ingestão” (BRASIL, 1994).

Os diversos agentes químicos presentes no ambiente hospitalar podem entrar em

contato com o organismo humano principalmente através da inalação, ingestão ou contato

com a pele. Para evitar contaminação deve-se adotar o ambiente com sistema de ventilação

adequado, a manipulação destes agentes em capela com exaustão, além é claro do uso de

equipamentos de proteção individual obrigatórios, bem como os equipamentos de proteção.

O risco para a saúde ocupacional está vinculado principalmente ao incorreto manejo

dos resíduos associados às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais sem

utilização de proteção mecânica, podendo provocar acidentes graves.

Estes acidentes podem representar ainda, riscos ao meio ambiente como: o potencial

de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em

lixões ou aterros controlados, que também proporciona riscos aos catadores, principalmente

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por meio de lesões provocadas por materiais cortantes e/ou perfurantes, por ingestão de

alimentos contaminados, ou aspiração de material particulado contaminado em suspensão.

Não se pode esquecer do risco de contaminação do ar, que é ocasionado quando os

RSS são tratados pelo processo de incineração descontrolado que emite poluentes para a

atmosfera contendo, por exemplo, dioxinas e furanos (ANVISA, 2005b).

Todos os riscos associados a um incorreto gerenciamento de produtos químicos podem

ser minimizados se os geradores respeitarem regras simples de manuseio, armazenagem e

acondicionamento estabelecidas, por exemplo, nas Fichas de Informação de Segurança de

Produto Químico (FISPQ’s) dos produtos. Cada produto químico possui uma FISPQ

correspondente. A legislação brasileira exige que os fabricantes e distribuidores de produtos

químicos forneçam, aos usuários de seus produtos, as FISPQ, contendo no mínimo as

informações estabelecidas na NBR 14.725 da ABNT.

Todas as recomendações determinadas pelos fabricantes de produtos químicos se

aplicam aos resíduos oriundos destes. Sempre que for necessário ao manuseio de produtos e

resíduos químicos, devem-se respeitar as regras de incompatibilidade. Além disso, com o

intuito de facilitar o atendimento a eventuais situações de emergência, recomenda-se manter,

em local de conhecimento de todos os profissionais que tenham acesso a estes produtos, as

FISPQs do fabricante. Além disso, métodos de trabalho e condutas mínimas exigíveis, por

exemplo, num ambiente de trabalho como um laboratório de análises clínicas, devem ser

seguidos a fim de se evitar acidentes envolvendo produtos e/ou resíduos químicos.

3.3 ASPECTOS GERENCIAIS

A atual discussão acerca da disposição final dos resíduos de serviços de saúde mascara

outras questões como: o mau gerenciamento interno na grande maioria dos estabelecimentos

de saúde do Brasil; a introdução de produtos descartáveis no exercício da medicina, o que

aumenta cada vez mais o volume de resíduos; a ausência de recursos tecnológicos para os

efluentes líquidos contaminados, para medicamentos vencidos e outros resíduos químicos,

entre outros questionamentos e procedimentos, principalmente pela ausência de segregação e

separação interna na fonte geradora (GUADAGNIN, 2006).

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Guadagnin afirma ainda que “qualquer que seja a alternativa técnica de disposição

final, seu bom funcionamento dependerá da forma de operação”. Em atendimento à legislação

atual, os órgãos ambientais vêm exigindo alternativas como auto-clavagem, tratamento com

radiação ionizante, a incineração ou mesmo a manutenção de uma vala específica, vala

séptica, levando a população a desviar-se das questões que ocorrem no interior das clínicas e

hospitais e até mesmo, como estão sendo operacionalizadas estas alternativas.

De maneira geral existem dois princípios que podem ser seguidos no âmbito do

gerenciamento de resíduos químicos em serviços de saúde: o princípio da precaução e o

princípio da prevenção.

O princípio da precaução deve ser aplicado nos casos de desconhecimento dos impactos negativos ao meio ambiente, por exemplo, quando há necessidade de tratamento e disposição de um resíduo sólido de característica desconhecida. Já, o princípio da prevenção é aplicado nos casos em que os impactos ambientais já são conhecidos. (ANVISA, 2005b)

A conduta de manejo para os resíduos químicos depende do seu risco e também do seu

estado físico. Então podemos verificar condutas diferentes para resíduo sólido com risco ou

sem risco e condutas diferentes para resíduos líquidos com risco ou sem risco (Figura 2).

Cabe ao gerador avaliar que tipo de resíduos químico e quais suas características intrínsecas

estão sendo considerados.

Figura 2 – Avaliação de Risco – Resíduo Químico Fonte: Gerenciamento de Resíduos: Saúde e Ambiente (Seminário FEHOSUL, 2005) Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/residuos/index.htm, acesso em: 12/03/2005.

Outra análise que não se pode deixar de realizar, tem relação com a quantidade e ou

concentração do resíduo químico gerado. Muitas vezes, quando falamos de unidades

hospitalares, vêm logo ao pensamento grandes quantidades de resíduos químicos, pois estes

representam os maiores geradores deste tipo de resíduo em serviços de atendimento à saúde.

Resíduos Químicos

Sólido Líquido

Com Risco Sem Risco Com Risco Sem Risco

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Cabe ressaltar que nem sempre este pensamento é correto. Em se tratando de

instituições públicas de atendimento à saúde, quando nos referimos, por exemplo, a geração

de resíduos medicamentosos, este fato pode não ser comum, uma vez que, infelizmente, a

rotina de atendimentos destes estabelecimentos passa frequentemente pela falta de

medicamentos, não havendo a possibilidade de sobra e descarte destes.

Porém, havendo a necessidade de descarte deste tipo de resíduo químico, devemos nos

atentar, conforme dito acima, para a quantidade de resíduo que estamos descartando. O

descarte individual de uma droga medicamentosa não representa risco ao meio ambiente,

contudo a partir do momento que se faz necessário o descarte de maneira cumulativa, ou seja,

um lote inteiro de medicamentos pode haver a possibilidade de acúmulo de risco individual,

podendo ocasionar dano ao meio ambiente.

Uma alternativa para evitar este tipo de acontecimento, passa pelo planejamento

administrativo de compras da unidade hospitalar. Otimizar a compra e também a distribuição

de medicamentos contribui, de maneira preventiva, para a diminuição da geração deste tipo de

resíduo.

3.3.1 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO

Resíduos químicos do grupo B, quando não forem submetidos a processo de

reutilização, recuperação ou reciclagem devem ser submetidos a tratamento ou disposição

final específicos. As embalagens primárias, secundárias e os materiais contaminados por

substância química devem ter o mesmo tratamento das substâncias químicas que as

contaminaram. Cabe lembrar que qualquer que seja a destinação destes resíduos, depende da

aprovação do órgão regulador que atende a região onde está localizado o estabelecimento, o

tratamento ou destinação apropriada.

3.3.1.1 Resíduos Sólidos

Para os resíduos sólidos que apresentam risco têm-se três alternativas para tratamento

e disposição conforme o grau de risco: a inativação química, nem sempre disponível para

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todos os tipos de resíduos, a disposição em aterro classe I, aterros específicos para resíduos

químicos perigosos, e o tratamento térmico por incineração.

Existem no Brasil apenas 16 aterros classe I, disponíveis para receber resíduos

químicos perigosos, todos administrados por empresas privadas (ABRELPE, 2006), ou seja,

prevêem o pagamento, por kg de resíduos, para a disposição nos seus estabelecimentos. Tal

fato representa um entrave para as instituições públicas de atendimento à saúde que muitas

vezes não dispõem de recursos financeiros para utilizar este tipo de disposição.

Em relação ao tratamento térmico, deve se ter atenção quanto às características do

resíduo químico gerado, uma vez que nem todos os resíduos químicos sólidos podem ser

encaminhados para este tipo de tratamento. Os resíduos para serem incinerados precisam

atingir uma temperatura específica de combustão, para que não prejudiquem o funcionamento

do incinerador. Além disso, o sistema de incineração também deve possuir autorização

ambiental para exercer este tipo de atividade.

As lâmpadas fluorescentes também constituem um tipo especial de resíduo químico

sólido, pois contêm mercúrio em sua composição. Quando o vidro da lâmpada é quebrado, o

mercúrio é liberado na forma de vapor para a atmosfera e, sob ação da chuva, precipita-se no

solo, em concentrações acima dos padrões naturais. A recomendação preconizada nas

legislações existentes é que este resíduo, assim como os resíduos compostos de amálgamas,

seja encaminhado para processo de tratamento e recuperação do mercúrio.

Com respeito ainda aos resíduos químicos sólidos perigosos, cabe um parêntesis com

relação ao descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo Chumbo (Pb),

Cádmio (Cd) e Mercúrio (Hg) e seus compostos. De acordo com a Resolução CONAMA nº

257, de 30 de junho de 1999, as pilhas e baterias usadas deverão ser entregues pelos usuários

aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas

respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem,

diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem,

tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.

Os resíduos químicos sólidos que não apresentam risco podem ser dispostos em

aterros sanitários, devidamente licenciados, devendo-se ter a atenção para o desvio e uso

indevido dos produtos medicamentosos fora do prazo de validade. Embora estes não

mantenham o mesmo nível de atividade terapêutica, o produto medicamentoso é capaz, num

prazo de 6 a 8 meses, de possuir ainda atividade química. Cabe então ao gerador avaliar bem

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o risco que estes possam vir a apresentar, tomando condutas e protocolos específicos para o

descarte deste tipo de resíduo.

Faz-se exceção a este grupo os resíduos de medicamentos controlados pelo Ministério

da Saúde, através da Portaria MS 344/98, que constituem produtos entorpecentes. Estes

devem ser encaminhados para o órgão da vigilância sanitária da localidade onde a instituição

está situada, em carro autorizado e protegido pela segurança da Polícia Federal ou da

Vigilância Sanitária, para posterior descarte (ANVISA, 2005b).

3.3.1.2 Resíduos Líquidos

Tratando-se de resíduo químico no estado líquido com características de risco, torna-se

vedado a sua disposição em aterros classe I, restando como alternativas apenas a recuperação

ou reutilização, a inativação química ou o tratamento por incineração. No Brasil, segundo

dados da ABRELPE existem apenas oito (8) incineradores disponíveis comercialmente e

ambientalmente legalizados para queimar resíduos químicos perigosos, destes um (1) localiza-

se no estado do Rio de Janeiro.

Os fixadores utilizados em diagnóstico de imagem constituem um exemplo de resíduo

químico perigoso no estado líquido, que deve ser submetido a tratamento e processo de

recuperação da prata. Atualmente, no Brasil, já existem empresas especializadas e

ambientalmente licenciadas, que oferecem este tipo de serviço.

Quanto aos resíduos químicos líquidos que não apresentam risco, o mais freqüente é

que sejam utilizados reagentes para neutralizações das substâncias envolvidas no processo

assistencial. Deve-se atentar para o fato de haver disponível no bairro onde a instituição está

localizada, os serviços de coleta e tratamento de esgotos oferecidos pela prefeitura ou empresa

contratada. A instituição deverá ainda estar autorizada pelo órgão competente a despejar seus

efluentes na rede coletora. Isto vale também para os reveladores utilizados no diagnóstico de

imagem, desde que submetidos a processo de neutralização, e atendidas as diretrizes dos

órgãos de meio ambiente e do responsável pelo serviço público de esgotamento sanitário.

O Quadro 7 apresenta um resumo das possíveis operações de tratamento e disposição

final de resíduos químicos gerados em estabelecimentos de atendimento à saúde.

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Quadro 7 – Tratamento e Destinação Final Resíduo Químico

SÓLIDO COM RISCO • Inativação química • Aterro classe I • Tratamento por incineração

SÓLIDO SEM RISCO Aterro Sanitário

LÍQUIDO COM RISCO • Inativação química • Tratamento por incineração

LÍQUIDO SEM RISCO Esgotamento sanitário mediante autorização de órgãos competentes

Fonte: Manual Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (ANVISA, 2005b)

3.3.2 ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO

Segundo a Resolução RDC 306/04 da ANVISA o acondicionamento consiste no ato

de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam

às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser

compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo.

Tratando-se de resíduos químicos, a resolução estabelece ainda que estes devem ser

acondicionados em recipientes de material rígido, inerte e resistentes a rupturas, adequados

para cada tipo de substância química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu

estado físico, observando-se ainda as exigências de compatibilidade química dos resíduos

entre si, estabelecidas no Apêndice V da própria Resolução, assim como de cada resíduo com

os materiais das embalagens, de forma a evitar reação química entre os componentes do

resíduo e da embalagem, o que poderia enfraquecer ou deteriorar a mesma, ou ainda a

possibilidade de que o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo.

As embalagens que contêm resíduos químicos perigosos devem ser fechadas, de forma a não

possibilitar vazamento.

A RDC 306/04 faz destaque para os recipientes de acondicionamento constituídos de

polietileno de alta densidade (PEAD), divulgando inclusive, um apêndice com os produtos

químicos incompatíveis com este tipo de elemento.

De forma geral, o Quadro 8 apresenta as necessidades de acondicionamento conforme

o estado físico do resíduo químico e seu grau de risco.

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Quadro 8 – Acondicionamento de Resíduo Químico

Resíduos sólidos - devem ser acondicionados em recipientes de material rígido, adequados para cada tipo de substância química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu estado físico, devendo ser identificados de acordo com suas especificações.

Resíduos especiais - substâncias perigosas (corrosivas, reativas, tóxicas, explosivas, inflamáveis e radioativas) - devem ser acondicionados com base nas recomendações específicas do fabricante para acondicioná-los e descarta-los. Elas se encontram nas etiquetas de cada produto.

Resíduos líquidos - devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistente, rígido e estanque, com tampa rosqueada e vedante. Devem ser identificados de acordo com suas especificações.

Fonte: Manual Gerenciamento de Resíduos de Saúde (ANVISA, 2005b)

Destacam-se ainda nesta resolução, os resíduos de amálgamas contendo mercúrio

(Hg). É muito comum os serviços de saúde utilizar aparelhos ou instrumentos que utilizam

mercúrio como componente ativo. O mercúrio é utilizado, por exemplo, em termômetros

clínicos e de estufas, em esfignomanômetros (medidor de pressão arterial) e no amálgama

odontológico.

O mercúrio é um metal líquido encontrado na natureza, cujo ponto de fusão é de -

38,87ºC e o de ebulição é de 356,58°C. É muito denso (13,546 g/cm³) e extremamente volátil.

Combina-se com enxofre, cloro, carbono, oxigênio etc., formando compostos que são

encontrados também em pilhas, baterias.

O mercúrio causa dano ao meio ambiente e aos seres vivos. As águas contaminadas

com ele depositam-se no solo, nos rios, lagos e oceanos. Os efeitos sistêmicos causados pela

contaminação do mercúrio são: cardíacos, respiratórios, neurológicos, imunológicos,

adenopatias linfáticas, anorexia, perda de peso e dores articulares (ANVISA, 2005b).

Considerando todas essas propriedades maléficas deste produto, faz-se necessário

adotar precauções especiais para manipular e acondicionar os resíduos que contenham este

tipo de substância. A seguir estão algumas recomendações para acondicionar de maneira

segura os resíduos que contenham mercúrio (ANVISA, 2005b).

Resíduos de amálgamas - A coleta do resíduo de amálgama odontológico pode ser em

recipiente rígido e inquebrável dotado de boca larga e de material inerte. Deve ser deixada

uma lâmina de água sobre o resíduo acondicionado no coletor. Este tem que permanecer

hermeticamente fechado e em local de baixa temperatura, isento de luz solar direta. O resíduo

de amálgama, para ser armazenado, deve estar isento de quaisquer tipos de contaminantes.

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Termômetros clínicos - Todos os termômetros clínicos quebrados devem ser colocados em

recipientes rígidos e enviados para descontaminação.

Lâmpadas fluorescentes - É recomendável que as lâmpadas a descartar sejam armazenadas

em local seco. As caixas da embalagem original protegem as lâmpadas contra eventuais

choques que possam provocar sua ruptura e o empilhamento. Elas devem ser re-identificadas

para não serem confundidas com caixas de lâmpadas novas. Em nenhuma hipótese as

lâmpadas devem sofrer qualquer dano para serem armazenadas, pois os 20 mg de vapor de

mercúrio (em média) contidas em cada uma delas poderão contaminar os seres vivos e o

ambiente. As lâmpadas que se quebrarem acidentalmente deverão ser separadas das demais e

acondicionadas em recipiente com tampa que possibilite vedação adequada. Recomenda-se

forrar os contenedores com uma camada de carvão ativado. Esta é uma medida preventiva

que, em caso de quebra acidental, durante o transporte destes resíduos, reterá os vapores de

mercúrio, impedindo que o mesmo vaze para o ambiente.

Caso algum dos resíduos citados acima entre em contato com o piso expondo o

mercúrio ao ambiente, deve-se usar luva para removê-lo com uma folha de papel bem fina ou

com uma seringa e depositá-lo em recipiente apropriado. Em seguida, deve-se enviar o

recipiente para descontaminação. No caso da quebra de frascos, os cuidados necessários são:

ventilar a sala abrindo as janelas; interditar a sala até que todo o mercúrio derramado seja

removido; lavar o piso com água e sabão e em seguida encerá-lo. A cera impede a retenção do

mercúrio no piso. Após esses cuidados, a sala pode ser liberada para uso. Caso fique, ainda,

mercúrio no piso, deve-se recobri-lo com pó de enxofre ou óxido de zinco, e depois coletá-lo

e providenciar o envio do material para a descontaminação. Cabe lembrar que o mercúrio que

tenha caído no piso pode aderir à sola do sapato e, assim, pode ser transportado para outros

locais e expor outras pessoas aos efeitos tóxicos deste produto.

É importante enfatizar que os resíduos que irão ser encaminhados para reciclagem ou

reaproveitamento devem ser acondicionados em recipientes individualizados, observadas as

mesmas exigências de compatibilidade química citadas anteriormente.

Todos os resíduos químicos devem ser identificados através do símbolo de risco

associado de acordo com a NBR 7500 da ABNT e com discriminação de substância química e

frases de risco.

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3.3.3 ASPECTOS RELATIVOS À SEGURANÇA

Adequando-se a uma atuação ambientalmente responsável faz-se necessário uma política de

segurança atuante, por parte dos estabelecimentos de saúde, no que diz respeito ao

gerenciamento de produtos e resíduos químicos. Cumprir as normas regulamentadoras do

Ministério do Trabalho relativas às medidas de proteção à segurança e à saúde dos

trabalhadores dos serviços de saúde, além de uma necessidade constitui uma obrigação legal

dos EAS. Além de todos os conceitos apresentados para um manuseio seguro dos resíduos

químicos, algumas outras medidas simples podem e devem ser adotadas pelas instituições

com o objetivo de facilitar as tomadas de decisão nos diversos aspectos que permeiam o

gerenciamento destes resíduos.

Nos laboratórios de análises clínicas, anatomia patológica e no almoxarifado onde se

manipulam e estocam produtos químicos, assim como no local de armazenamento de resíduos

químicos, deve ser mantida, sempre em local visível, onde todos tenham livre acesso, uma

listagem de identificação das codificações e simbologias de risco utilizadas no setor.

Recomenda-se que os rótulos do fabricante dos produtos químicos utilizados nestes locais

estejam devidamente protegidos com capa plastificada, por exemplo, com papel contact, para

que resista até o descarte final. Esta é uma medida que pode ser de grande valia no momento

da segregação.

Recomenda-se também manter o almoxarifado organizado por compatibilidade

química, nunca por ordem alfabética, não expor os reagentes à luz solar direta e manter em

área ventilada, além dos cuidados usuais. Jamais se deve utilizar vidraria que contenha ou

conteve produtos químicos para uso pessoal. As frases de riscos (Normas R - os códigos e as

frases de risco) e de segurança (Normas S - os códigos e as frases de segurança) mais

utilizadas no mundo e que provavelmente serão encontradas nos rótulos de insumos químicos

e/ou nas FISPQs devem também fazer parte das rotinas e serem mantidas em local de fácil

acesso para situações de emergências.

Em se tratando de resíduos de serviço de saúde, especialmente de resíduos químicos,

todo o cuidado com o manuseio é importante. As normas regulamentadoras do Ministério do

Trabalho exigem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de

Proteção Coletivos (EPCs) para os trabalhadores que manipulam resíduos.

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Quanto às características de segurança relacionadas ao abrigo de resíduos químicos

perigosos, este deve ser projetado e construído segundo as normas da ABNT, em alvenaria,

fechado, dotado apenas de aberturas teladas que possibilite uma área de ventilação adequada,

com dispositivo que impeça a incidência de luz solar direta, acabamento interno para piso e

parede em materiais laváveis, lisos, resistentes, impermeáveis e de cor clara. A porta deve

abrir para fora e com proteção inferior que dificulte o acesso de vetores. O piso deve ser em

declive para o centro e deve existir um sistema de contenção para líquidos, com capacidade

para 10% do volume armazenado. O local deve proporcionar fácil acesso na operação de

coleta e dispor de sistema de combate a emergências.

No armazenamento de produtos químicos e abrigo de resíduos químicos, deve-se

considerar não só a incompatibilidade dos produtos, mas também o sistema de ventilação, a

sinalização correta, a disponibilidade de EPIs e EPCs, separação das áreas administrativas,

técnicas e de armazenagem dos resíduos. Quando se tratar de resíduos perigosos, corrosivos e

inflamáveis, estes devem ser armazenados próximos ao piso, e afastados das paredes,

observando-se as medidas de segurança recomendadas nas FISPQ. Não é recomendável

receber e nem armazenar resíduos sem identificação.

A instituição deve ter ainda elaborado um plano de atendimento a situações de

emergência para o caso de acidentes com algum produto ou resíduo químico. Este plano deve

conter medidas preventivas e corretivas, assim como todas de proteção à saúde do trabalhador

e ao meio ambiente. Além dos telefones de contato dos responsáveis e dos órgãos ambientais

competentes (ANVISA, 2005b).

Em caso de incêndio, a simbologia proposta pela Associação Nacional para Proteção

contra Incêndios dos Estados Unidos, a NFPA (National Fired Protection Association) tem

sido adotada mundialmente por representar clara e diretamente os riscos envolvidos na

manipulação de insumos químicos. Conhecido também como Diagrama de Hommel ou

diamante da NFPA, este guia de informações de risco para insumos químicos agiliza os

procedimentos de atendimento em caso de incêndio ou vazamento de produtos químicos

(ANVISA, 2005b) (Anexo C).

Outra codificação muito usual e que auxilia os bombeiros no caso de acidentes,

envolvendo produtos químicos são os códigos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Estas recomendam a classificação dos insumos químicos em nove classes com suas

subdivisões; as não reguladas são identificadas com o código NR.

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3.4 PLANEJAMENTO E GESTÃO

Outros aspectos relativos ao gerenciamento dos resíduos químicos passam por

questões de planejamento e estruturação administrativa. Por exemplo, adotar simples

procedimentos de organizar o fluxo de destinação de cada resíduo, estabelecendo local,

horário, quantidade coletada, etc., pode facilitar os administradores, em caso de necessidade

de rastreamento dos resíduos. Ainda, preparar um guia prático de neutralização baseado na

FISPQ, que conforme citado anteriormente deve acompanhar a aquisição dos produtos, pode

agilizar o processo de inativação química para alguns tipos de resíduos.

Baseando-se na política de reduzir, reutilizar e reciclar, é preciso identificar as

correntes geradoras de resíduos químicos, quantificá-las e qualificá-las. Em se tratando de

produtos químicos, além das recomendações de reduzir, reutilizar e reciclar cabe mais um "r",

o de recuperar. A recuperação é possível somente para produtos identificados, daí a

importância da identificação na entrada do produto químico. A rotulagem, a marcação de

recipientes que contenham substâncias químicas, por intermédio de símbolos e textos, e a

confecção de fichas padronizadas, ajudam a promover o controle de movimentação de

produtos e resíduos e a estabelecer medidas de precauções essenciais à segurança no

manuseio de produtos e resíduos químicos.

O Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (ANVISA, 2005b)

apresenta um exemplo das informações que devem estar contidas no rótulo de produtos

químicos e também dois modelos para fichas de acompanhamento de produtos e resíduos

químicos (Anexo D).

Deve-se ter atenção também ao passivo químico que o estabelecimento pode

apresentar. Como passivo químico, entende-se todo material que se encontra estocado nas

dependências da instituição e que não participa das atividades rotineiras de trabalho no local,

por período superior ao considerado normal pelo corpo técnico responsável. Estes passivos

devem receber classificação como identificados, não identificados ou

misturados/contaminados, e receber o tratamento e destinação final adequados.

De maneira geral, deve-se fazer uso dos insumos químicos de maneira controlada. Se

existe uma quantidade de insumos dentro do prazo de validade maior do que a necessidade

recomenda-se disponibilizá-los a outros setores da instituição ou a empresas afins, para evitar

o aumento de resíduos químicos e a conseqüente geração de passivo químico. Adotar

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procedimentos para eliminação e reaproveitamento de substâncias descartadas pode ter

repercussão direta na economia e na segurança química do local.

Conforme já mencionado, o risco atrelado ao incorreto manuseio de insumos e

resíduos químicos, requer procedimentos de prevenção e segurança muito específicos, por

tipo de produto, e conforme a área de atuação do serviço. Deve-se ter atenção especial,

sobretudo, com os resíduos químicos perigosos. Por isso, e ainda considerando a gama de

legislações ambientais aplicáveis ao tema, recomenda-se que sejam nomeados profissionais da

área química para realização das atividades relacionadas ao gerenciamento destes produtos e

resíduos. “Com um profissional químico, o estabelecimento tem uma dimensão mais clara dos

problemas e riscos decorrentes das atividades que desenvolve” (ANVISA, 2005b).

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IV) METODOLOGIA

Este capítulo destina-se à contextualização metodológica da pesquisa realizada, onde

se procurou situar o entendimento sobre o tipo de pesquisa realizada e a participação dos

“atores” sociais envolvidos no processo. Foram apresentados os passos metodológicos, os

quais classificam a pesquisa como aplicada e descritiva, e as ferramentas que possibilitaram a

melhor forma de alcançar os objetivos propostos.

Toda ciência se utiliza de métodos para alcançar o conhecimento. Segundo Oliveira

(2002b), esses métodos abrangem, entre outros, a participação de pessoas em entrevistas (nas

suas diversas formas), a aplicação de questionários, a observação de comportamento e o

exame de documentos ou registros da atividade produtiva ou humana.

Além do método sugerido por Oliveira (2002b), buscaram-se subsídios na obra de

Almeida (2003), para delinear de forma prática e coerente as atividades executadas durante a

pesquisa. No modelo adotado por Almeida, primeiro se caracteriza a metodologia utilizada no

trabalho e posteriormente faz-se uma descrição sucinta das atividades. Também será

apresentado o artifício adotado para avaliar a situação de alguns hospitais da rede de

assistência pública como forma de respaldar as observações realizadas durante a elaboração

da dissertação e sustentar as conclusões finais.

Contudo, é importante enfatizar que para alcançar de forma mais rápida o escopo do

estudo procurou-se dividir o trabalho em duas grandes frentes: Etapa I - Pesquisa Aplicada,

onde o interesse era avaliar sob diversos enfoques, os cuidados tomados em alguns

estabelecimentos de saúde com relação aos resíduos químicos ali gerados, e Etapa II - Estudo

de Caso, onde se avaliou o gerenciamento propriamente dito de resíduos químicos de um

hospital universitário do estado. Cada uma seguiu uma metodologia característica, conforme

explicitado a seguir.

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4.1 CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

Caracterizar uma metodologia passa por definir os métodos aplicados na busca

científica seja através da classificação, técnicas usadas ou procedimentos empregados.

Para a classificação da pesquisa, buscou-se subsídio na obra de Silva e Menezes

(2001) que define quatro formas para a classificação de uma pesquisa científica: em relação

aos objetivos, a forma de abordagem, a sua natureza e aos procedimentos adotados pelo

pesquisador.

4.1.1 QUANTO AOS OBJETIVOS

Conforme Gil (1994), os objetivos de uma pesquisa podem ser classificadas em três

grandes grupos: pesquisa exploratória, a descritiva e a explicativa.

Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa exploratória, pelas

características do mesmo em relação ao grau de novidade e da recente exploração do tema de

forma científica. Gil diz ainda que a pesquisa de caráter exploratório envolve o levantamento

do estado da arte, pela revisão bibliográfica e pela oitiva, ou seja, por ter ouvido os atores

relacionados com o processo pesquisado, para que a vivência com o problema possa estimular

e facilitar a compreensão do fato. Este tipo de pesquisa busca basicamente desenvolver,

esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de novas abordagens a posteriori.

Porém, segundo Silva e Menezes (2001), citado por Oliveira (2002b), esta pesquisa

também pode ser classificada como descritiva, posto que em uma parte do trabalho utilizou-se

questionários como ferramenta para obtenção de dados. O maior objetivo da aplicação dos

questionários foi comparar as relações entre os estabelecimentos de assistência à saúde,

analisando de maneira prática as nuances que permeiam todo o gerenciamento de resíduos

químicos nestes serviços. Alves Filho (2000) in Oliveira (2002b) diz que coletar e analisar

dados relacionados é uma necessidade da pesquisa.

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4.1.2 QUANTO À FORMA DE ABORDAGEM

Posto que o trabalho foi dividido em duas etapas, pode-se dizer que a pesquisa

realizada é tanto quantitativa como qualitativa. No capitulo V, onde se apresenta a pesquisa

aplicada tem-se explicitamente o que se chama de uma pesquisa quantitativa, pois se busca

traduzir em números as informações coletadas nos hospitais visitados. No capitulo VI temos a

etapa qualitativa, representada pelo estudo de caso, onde a pesquisa se realiza através de

observações e vivências no âmbito hospitalar e levam àlguns questionamentos e análise dos

dados observados de maneira indutiva.

Para o Instituto de Pesquisa Aplicada Ethos, dentre as características que uma pesquisa

quantitativa deve ter, pode-se destacar: a objetividade, a necessidade da revisão da literatura

ser feita antes do estudo/pesquisa. Além disso, o foco deve ser conciso e limitado, os

elementos básicos de análise são números, o raciocínio é lógico e dedutivo, utiliza

instrumentos específicos e busca generalizações (OLIVEIRA, 2002b)

A pesquisa qualitativa segundo Oliveira (2002b) citando Godoy (1995), tem questões

ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Um

estudo desta categoria necessariamente envolve dados descritivos sobre organizações,

pessoas, lugares e as formas de interação que se dão pelo contato do agente pesquisador com

o objeto em análise, procurando compreender os fenômenos segundo a visão dos atores que

convivem diuturnamente com o caso fático.

4.1.3 QUANTO À NATUREZA Segundo Silva e Menezes (2001), pode ser considerada como pesquisa aplicada, pois

gera conhecimentos que podem ser utilizados para a aplicação prática em solução de

problemas específicos, envolvendo assim, verdades e interesses locais. Oliveira (2002b) fala

ainda que, uma das intenções numa pesquisa aplicada é a mudança de paradigma das

organizações na forma de seu processo de gestão e tomada de decisão.

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4.1.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS Em relação aos procedimentos adotados, o presente trabalho pode ser classificado

como pesquisa bibliográfica, pois foi desenvolvida a partir de um referencial existente,

principalmente livros, artigos, internet e legislações, e ainda, como um estudo de caso, pois

envolveu a análise da organização escolhida, seja através de análise de material

disponibilizado ou pela simples observação da rotina hospitalar.

Chizzotti (1995) apud Oliveira (2002b), supõe três fases para o desenvolvimento de

um estudo de caso:

a) a seleção e delimitação do caso: o caso deve ser uma referência significativa para merecer a

investigação e, por comparações aproximativas, apto para fazer generalização a situações

similares ou autorizar inferência em relação ao contexto da situação analisada. Este é

precisamente o momento de definir os aspectos e os limites do trabalho, a fim de reunir

informações sobre um campo específico e fazer análises sobre uma dada organização, a partir

dos quais se possa compreender uma determinada realidade;

b) o trabalho de campo: busca reunir e organizar um conjunto probatório de informações.

Pressupõe uma negociação prévia para que se tenha acesso a documentos e pessoas

necessários à concretização do estudo de caso;

c) a organização e redação do relatório: que poderá apresentar um estilo narrativo, descritivo

ou analítico. Esta última etapa também pode ser de registro de caso, isto é, o produto final do

qual consta uma descrição do objeto de estudo.

4.2 DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES

O trabalho foi dividido em quatro etapas, de forma a direcionar e otimizar o estudo do

tema: pesquisa bibliográfica, delimitação do estudo, estudo exploratório e organização e

redação do relatório.

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4.2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A fundamentação teórica se baseou na revisão da bibliografia existente, abordando

temas como situação sanitária hospitalar do país, importância das questões ambientais no

contexto das instituições de saúde, evolução das legislações aplicáveis, participação da alta

administração no processo de gerenciamento de resíduos, levantamento das dificuldades

existentes no gerenciamento de RSS, em especial dos resíduos químicos, riscos associados ao

manuseio de resíduos químicos, cuidados na destinação final de resíduos químicos, entre

outros.

Procurou-se agrupar estes diversos temas, de maneira lógica, a fim de transmitir uma

visão global das inter-relações entre os estabelecimentos de saúde, a sociedade, o meio

ambiente e os órgãos reguladores.

Através da pesquisa bibliográfica pode-se constatar que o tema gerenciamento de

resíduos químicos em EAS é relativamente novo quando comparado aos resíduos infectantes.

Na maioria dos casos consultados na literatura, pouco se falou sobre gerenciamento específico

de resíduos químicos em ambientes de atendimento à saúde. A falta de conhecimento dos

gerentes de resíduos, na sua maioria, médicos, enfermeiros ou administradores, dos perigos

que os resíduos químicos podem causar ao meio ambiente, faz com que este tema não seja

tratado com a devida importância.

Na verdade, grande parte da população não se sente responsável pelos resíduos que

geram e acaba por não participar ou não achar importante a sua participação no

gerenciamento destes. O êxito de programas destinados a apontar soluções adequadas para a

questão de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, está diretamente relacionado à

participação e o conhecimento desta “população” (ZYGER,2005).

Desta forma, viabilizar discussões e meios de participação e conhecimento da

comunidade hospitalar, na problemática apresentada, objetivando o correto manejo dos RSS,

atentando-se para a importância dos resíduos químicos, se torna uma necessidade concreta,

para a sensibilização da população, não só na questão de orientações de como segregar os

resíduos, e consequentemente melhorar seu manejo, mas também sua integração nesse

processo de cidadania e responsabilidade, que é o gerenciamento racional e ambientalmente

dos resíduos de serviço de saúde.

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Complementando a fundamentação teórica da pesquisa, participou-se ainda de eventos

relacionados ao tema - como o projeto de implantação do Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviço de Saúde, promovido pela a ANVISA, campanhas de conscientização e

palestras de implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que

foram importantes na busca das informações e avaliação de todo o contexto, ajudando-a de

certa forma a embasar seu pensamento científico, uma vez que os hospitais participaram

destes eventos, trocando informações e discutindo seus problemas e experiências.

4.2.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Considerando a falta de informação na literatura quanto ao gerenciamento de resíduos

químicos gerados em serviços de saúde, observada após a etapa de fundamentação teórica,

optou-se por delimitar a pesquisa no que se refere às etapas de gerenciamento dos resíduos de

serviço de saúde classificados como grupo B, ou seja, os resíduos químicos. Além disso,

limitou-se o estudo aos hospitais de grande porte da rede pública de assistência, uma vez que

se pretendeu avaliar as necessidades e dificuldades específicas deste grupo de

estabelecimentos.

Seguindo as frentes de trabalho já apresentadas: Etapa I: Pesquisa Aplicada e Etapa II:

Estudo de Caso apresenta-se a seguir o balizamento de cada etapa.

Etapa I: Pesquisa Aplicada

Todos os hospitais avaliados constituem estabelecimentos de assistência à saúde de

grande porte, com mais de 300 leitos, localizados na capital do município do Rio de Janeiro.

Através do curso, oferecido pela ANVISA, sobre Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviço de Saúde, buscou-se estabelecer contato com alguns hospitais participantes. Este

contato foi feito por telefone e também por correio eletrônico. De um grupo de onze hospitais

que participaram do curso, estabeleceu-se contato com nove. Destes, cinco hospitais

concordaram em participar da pesquisa aplicada.

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O município do Rio de Janeiro possui 20 hospitais pertencentes à rede pública

estadual de assistência e 16 hospitais pertencentes à pública federal de assistência, que se

enquadram no referencial de grande porte definido para o estudo (SES, 2006). Destes, 30,5%

participaram do curso de Plano de Gerenciamento de Resíduos ministrados pela ANVISA em

novembro de 2005, e 13,8 % aceitaram participar da pesquisa acadêmica a que se propõe este

trabalho. O resultado da avaliação dos dados coletados será apresentado no capítulo V.

A realização da etapa de pesquisa aplicada ocorreu entre outubro e dezembro de 2006.

Etapa II: Estudo de Caso

Para realizar o estudo de caso foi escolhido um Hospital Universitário, localizado no

Estado do Rio de Janeiro. A escolha deste hospital deu-se por dois principais motivos. O

primeiro, refere-se ao fato do mesmo estar iniciando o seu processo de implantação do Plano

de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde – PGRSS, o que permitiu acompanhar os

entraves decorrentes deste trabalho desde o início.

O segundo está relacionado ao fato do referido hospital simbolizar um referencial de

atendimento para parte da Região Metropolitana do estado, abrangendo municípios como São

Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Maricá, Niterói e Rio de Janeiro, onde se realizam grandes

números de acolhimentos e, ao mesmo tempo, desenvolvem-se grande número de pesquisas

acadêmico-científicas. Tal ocorrência classifica o Hospital como um enorme gerador de RSS

do estado, o que dá mais consistência a proposta do estudo.

A realização do referido estudo de acaso ocorreu entre janeiro e dezembro de 2006.

4.2.3 ESTUDO EXPLORATÓRIO

Definido o campo de atuação, partiu-se para a coleta de dados. Cada etapa seguiu uma

técnica própria, conforme descrito abaixo. Entretanto, a pesquisa direcionou-se à avaliação

comportamental e administrativa das instituições com relação ao gerenciamento de resíduos

de serviço de saúde, focando os aspectos relacionados aos resíduos químicos.

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Etapa I: Pesquisa Aplicada

Nesta etapa, fez-se o uso de um questionário (Anexo E) aplicado aos responsáveis

pelo gerenciamento dos RSS de cada um dos hospitais, onde se buscou avaliar três tópicos

principais: 1) interesse e acompanhamento da alta direção quanto às questões relativas ao

gerenciamento de RSS, 2) procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos químicos, e

3) fiscalização e competência dos órgãos reguladores. O maior objetivo da pesquisa foi

verificar que, quando se trata de gerenciamento de resíduos químicos em EAS, os hospitais,

maiores geradores de RSS, se encontram no mesmo nível de atendimento às legislações

ambientais. Além disso, buscou-se levantar as principais dificuldades enfrentadas por estes

EAS, em atender as já citadas exigências legais pertinentes ao gerenciamento de RSS como

um todo.

Zyger (2005) citando Marconi e Lakatos, afirma que o questionário é um instrumento

de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser

respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

O questionário aplicado foi constituído de 19 perguntas objetivas seguidas de

explanações abertas que tornaram possível perceber o nível de participação e conhecimento

em relação às questões que envolvem resíduos químicos.

Questionário de perguntas objetivas ou fechadas ”são aqueles instrumentos em que as

perguntas ou afirmações apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e

preestabelecidas. O entrevistado deve responder à alternativa que mais se ajusta às suas

características, idéias ou sentimentos” (RICHARDSON, 1999 in ZYGER 2005, p 63).

Richardson define ainda que perguntas abertas: “[...] caracterizam-se por perguntas ou

afirmações que levam o entrevistado a responder com frases ou orações. O pesquisador não

está interessado em antecipar as respostas, deseja uma maior elaboração das opiniões do

entrevistado”.

Para atender ao tópico 1 - interesse e acompanhamento da alta direção quanto às

questões relativas ao gerenciamento de RSS utilizaram-se as perguntas 1 a 5 do questionário,

onde o hospital foi questionado a respeito de como gerencia seus resíduos, como é a

participação da alta gerência, etc

Para atender ao tópico 2 - procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos

químicos utilizaram-se as perguntas 6 a 16, onde se questionou como são realizados o

manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduos, quais os problemas, deficiências e

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aspectos de segurança relacionados ao gerenciamento de resíduos químicos de serviços de

saúde.

Para atender ao tópico 3 - fiscalização e competência dos órgãos reguladores utilizou-

se as perguntas 17 a 19, onde se questionou se o hospital já havia recebido alguma visita de

um órgão fiscalizador ambiental.

Etapa II: Estudo de Caso

Na segunda etapa do trabalho utilizou-se a observação como principal técnica de

coleta de dados. A observação é uma técnica de coleta de dados a qual foi utilizada visando à

percepção do alcance de determinados aspectos da realidade. Para Marconi & Lakatos (1996)

in Zyger (2005), não se caracteriza apenas em ver e ouvir, mas também em examinar os fatos

e os fenômenos que deseja compreender. Na observação sistemática realizada neste trabalho

foram contemplados diálogos com os funcionários, visitas a determinados setores do hospital

e observação visual do gerenciamento de RSS. Os dados foram recolhidos em anotações.

Além disso, a realização de algumas entrevistas aplicadas aos atores envolvidos no

processo de assistência à saúde do hospital objeto do estudo de caso, principalmente a nível

operacional, ajudou a avaliar o comprometimento da organização com a preservação e/ou

conservação ambiental, com a qualidade de vida dos funcionários e comunidade e com os

órgãos fiscalizadores, solidificando assim o pensamento da pesquisadora. Dentre a população

entrevistada, destacam-se a equipe de enfermagem, acadêmicos de medicina e enfermagem e

técnicos de laboratório. Em menor proporção, aparecem os médicos e professores da

instituição.

Os autores supracitados dizem ainda que a entrevista deve ser realizada,

preferencialmente, com pessoas selecionadas ajustadas ao plano de trabalho. Na Instituição

estudada optou-se por entrevistar pessoas diretamente envolvidas com a geração de resíduos

químicos, buscando avaliar o grau de consciência destes geradores quanto aos aspectos

inerentes a este tipo de resíduos e também as necessidades pertinentes ao correto

gerenciamento deste lixo.

A avaliação documental dos procedimentos adotados pela organização, na busca de

sua adequação às demandas ambientais, também foi utilizada. Segundo Godoy (1995) apud

Oliveira (2002b, p.73), uma das vantagens básicas da análise documental é “que os

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documentos constituem uma fonte natural de informações, e ainda, as informações neles

contidas são imutáveis e refletem a inserção da organização num contexto.”.

Em resumo, pode-se dizer que o estudo exploratório foi conduzido em sub-etapas, a

saber:

a) Contato com os responsáveis pelo Gerenciamento de RSS nos hospitais de para enviar

os questionários;

b) Administração dos questionários, condução das entrevistas e observação sistemática

para levantamento de dados (capitulo V e VI);

c) Após a coleta dos dados, processamento e análise dos mesmos (capitulo V, VI e VII);

4.2.4 ORGANIZAÇÃO E REDAÇÃO DO RELATÓRIO

As informações obtidas nas fases anteriores foram analisadas individualmente e em

conjunto, de maneira que o resultado fosse organizado em forma de diagnóstico do setor. Na

etapa I, os resultados obtidos, as técnicas e instrumentos de coleta e a análise e interpretação

dos dados tiveram caráter quantitativo, já na etapa II, os resultados apresentaram um caráter

qualitativo.

Na primeira etapa, os dados do questionário foram transportados para uma planilha

eletrônica (MS Excel), e traduzidos em gráficos, buscando-os correlacionar às informações

obtidas. Pretende-se identificar as diferentes situações, possibilitando o direcionamento das

ações de melhoria da qualidade de gerenciamento de resíduos químicos em serviço de saúde.

A incorporação desta ferramenta contribui para a análise de informações acerca da realidade

pesquisada.

Através das análises que irão imergir da pesquisa poder-se-á também diagnosticar e

identificar as potencialidades, encontrar soluções e apontar estratégias necessárias no sentido

de viabilizar a gestão do gerenciamento dos resíduos químicos em EAS de maneira

participativa evitando assim prejuízos sócio-ambientais.

Segundo Gil (1991), em alguns casos as pessoas podem negar-se a responder algumas

perguntas, temendo se expor. Isto exige esforços redobrados na elaboração do instrumento e,

sobretudo, na análise e interpretação.

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Alguns imprevistos, como a demora de alguns EAS em responder o questionário

aplicado na primeira etapa, ocorreram durante a execução do trabalho. Contudo, nada muito

significativo retardou o andamento do estudo.

Na segunda etapa, isto é, no estudo de caso, abordou-se, sob a ótica da instituição, a

busca em atender as exigências legais pertinentes ao gerenciamento de RSS como um todo e

também as práticas para a diminuição e/ou eliminação da geração de resíduos, e conseqüentes

custos com tratamento, destinação e passivos ambientais.

Trata-se de uma abordagem observacional calcada, principalmente, na realização de

entrevistas com alguns profissionais de saúde e acadêmicos, potenciais geradores, e

funcionários administrativos que ocupavam na sua maioria cargos de responsabilidade e/ou

cujas atividades estavam diretamente relacionadas com o gerenciamento de resíduos. As

anotações de diálogos e comentários enriqueceram a coleta dos dados.

Oliveira (2002b) diz que resultados qualitativos são aqueles que procuram revelar a

multiplicidade de dimensões que envolvem uma organização, seu contexto e seu entorno,

focalizando-o como um sistema onde as inter-relações entre seus componentes devem ser

totais. A abordagem qualitativa da pesquisa permite ao observador que sua imaginação e

criatividade as leve a explorar novos enfoques.

Os capítulos V e VI, a seguir, apresentam respectivamente, de forma estruturada, os

resultados obtidos na coleta de dados da etapa I e na etapa II deste trabalho.

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V) PESQUISA APLICADA

Participaram da pesquisa aplicada cinco hospitais da rede pública de atendimento (dois

da esfera federal e três da esfera estadual). Trata-se de hospitais de grande porte que oferecem

serviços de saúde com relevante grau de complexidade e abrangência ou que realizam

atendimentos especializados ou possuam salas cirúrgicas, Unidades de Tratamento Intensivo

(UTI) ou serviço de urgência/emergência (24h).

Por motivo de sigilo, os nomes dos referidos hospitais não serão divulgados, sendo

adotados números arábicos para a identificação dos mesmos. Assim chamaremos os hospitais

de: Hospital 1, Hospital 2, Hospital 3, Hospital 4 e Hospital 5.

A Tabela 5 apresenta o número de leitos de cada hospital bem como a média de

atendimento mensal nos mesmos.

Tabela 8 – Características dos Hospitais

Hospital Nº de Leitos Média atendimentos/mês

Hospital 1 350 21.263

Hospital 2 500 22000

Hospital 3 560 22476,7

Hospital 4 497 39000

Hospital 5 490 26.179,2

Fonte: Elaboração própria

Conforme apresentado no capítulo IV aplicou-se questionário que buscou avaliar os

aspectos administrativos, gerenciais, estruturais além do nível de consciência e

comprometimentos dos estabelecimentos participantes da pesquisa.

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Para viabilizar a apresentação dos resultados quantitativos utilizou-se a ferramenta

gráfica, com a intenção de valorizar cada item de avaliação. Fez-se uso do software Excel

para trabalhar os dados computacionalmente, classificando e tabulando para uma melhor

apresentação das informações obtidas. Nesta fase, conforme Rudio (1995) apud Zyger (2005,

p. 70), “o pesquisador terá diante de si um amontoado de respostas que precisam ser

ordenadas e organizadas para que possam ser analisadas e interpretadas”.

Espera-se que as figuras e explanações apresentadas a seguir ajudem na interpretação

das respostas dos questionários, bem como no entendimento da conclusão da pesquisa.

5.1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

O interesse e acompanhamento da alta direção quanto às questões relativas ao

gerenciamento de RSS foi analisado através das primeiras 5 perguntas do questionário.

Buscou-se com estas perguntas avaliar o grau de entendimento da instituição quanto à

importância em atender as legislações vigentes e de que forma a instituição está se

comprometendo no que diz respeito ao planejamento administrativo-gerencial para atender

tais leis.

Através da Figura 3, percebe-se que 100% dos hospitais pesquisados possuem Plano

de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, atendendo assim às exigências legais. No

entanto apenas 40% estão com seus PGRSS efetivamente implantados, o que os coloca em

situação irregular quanto ao atendimento à legislação. Quatro hospitais (80%) tiveram seus

responsáveis pela implantação do PGRSS designados formalmente pela Direção, seja na

forma de uma comissão ou através de uma representação individual, e ainda 60% aparecem de

maneira explícita no organograma do estabelecimento. Quanto às demandas específicas

relacionadas ao gerenciamento de resíduos químicos, apenas 60% das instituições possuem

um responsável exclusivo para tratar dos resíduos químicos.

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59

1 1 1 1 1

2

2

2 2 2

3

3

3

3 3

4

4

4

4 4

5

5

5

5 5

1) O EAS possuiPGRSS?

2) O PGRSS estáimplantado?

4) O EAS possuiresp. res.designado

formalmente?

5) Este apareceno organograma

do EAS?

3)O EAS possuiResponsávelRes Quim?

O

SIM

Figura 3 – Aspectos Administrativos relacionados ao gerenciamento de RSS

5.2 ASPECTOS LEGAIS

Buscando avaliar neste momento o grau de envolvimento dos órgãos fiscalizadores

quanto às exigências legais, foram apresentadas aos hospitais três (3) perguntas direcionadas

onde se questionou se os hospitais possuíam Licença de Operação Ambiental, se possuíam

alguma ação no Ministério Público referente à questão dos RSS e se já haviam recebido

alguma visita de um órgão fiscalizador ambiental.

Quanto ao primeiro questionamento, apenas um (1) hospital afirmou possuir a Licença

de Operação fornecida pelo órgão ambiental do estado. Os demais não possuíam e nem

pensavam em obter tal instrumento legal. Nenhum dos hospitais sofreu intimação ou ação do

Ministério Público com relação ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, porém

todos eles passaram por inspeção de algum órgão fiscalizador, tal como a Companhia

Municipal de Limpeza Urbana do Município do Rio de Janeiro (COMLURB) ou da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Especificamente da FEEMA, órgão ambiental

do estado, os hospitais não receberam visita.

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60

A Figura 4 apresenta de maneira sintetizada a análise destes aspectos legais.

11 1

22

2

33

3

44

4

55

5

18) O EAS possui LO? 19) O EAS possui ação noMinistério Público?

20) O EAS recebeu visitade órgão f iscalizador?

O

S

IM

Figura 4 – Análise dos aspectos legais relacionados ao gerenciamento de RSS

5.3 ASPECTOS FÍSICO-ESTRUTURAIS

Em parte do questionário buscou-se avaliar as condições físico-estruturais dos

estabelecimentos como, por exemplo, a existência de depósito de resíduos e estação de

tratamento de efluentes dentro do estabelecimento (Figura 5).

Dos estabelecimentos de saúde pesquisados apenas 40% possuíam depósito específico

para armazenamento de resíduos químicos e Estação de Tratamento de Efluentes intramuros.

Os demais armazenavam inadequadamente os resíduos químicos sólidos ou despejavam os

efluentes gerados nos equipamentos automáticos de análises clínicas diretamente na rede de

esgoto pública do estado. O Hospital 3 informou que possui documento da companhia

estadual de água e esgoto confirmando o tratamento dos efluentes de seu estabelecimento

antes do descarte no corpo receptor.

Cabe ressaltar que a legislação vigente não obriga os estabelecimentos a possuir

Estação de Tratamento de Efluentes intramuro, representando assim uma atitude pró-ativa por

parte destes geradores.

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61

1 122

3 34 45 5

15) O EAS possui Dep ResQuim?

16) O EAS possui ETEintramuro?

N

ÃO

SIM

Figura 5 – Avaliação dos Aspectos Físico-Estruturais

5.4 RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS

Foram questionados os procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos

químicos no estado líquido, onde se abordaram principalmente as condutas referentes ao

manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduo.

A Figura 6 mostra o destino dado em cada hospital aos resíduos químicos no estado

líquido gerados durante o processo auxiliar de atendimento hospitalar.

Os efluentes gerados nos laboratórios de análises clínicas estão sendo encaminhados

diretamente a rede pública de esgoto em 100% dos hospitais avaliados.

O Hospital 3 não soube informar o que está sendo feito com os resíduos químicos

gerados no laboratório de anatomia patológica, alegando não ser de responsabilidade do

hospital tal unidade. Os Hospitais 1 e 2 (40%) encaminham para incineração este tipo de

resíduo e os Hospitais 4 e 5 estão armazenando até a solução para destinação final.

O Hospital 5 não soube informar o que está sendo feito com os efluentes gerados nos

aparelhos de Raio X, o que nos leva a concluir que estão sendo descartados diretamente na

rede de esgoto ou coletados por empresa não licenciada para este fim. Por se tratar de um

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resíduo cujo principal componente tem um valor agregado, é provável que a segunda hipótese

seja a mais aplicada. Os demais hospitais (80%) estão enviando para empresa terceirizada e

licenciada que fica responsável pela recuperação da prata e tratamento e descarte dos demais

efluentes.

Quatro hospitais (80%) não possuem lavanderia e nem caldeira para geração de vapor.

O Hospital 2 cuja atividade de lavanderia é de responsabilidade do hospital, possui Estação de

Tratamento de Efluentes intramuros e sua caldeira a óleo encontra-se em local impermeável.

Foi informado ainda que para o ano de 2007 o hospital substituirá a caldeira a vapor.

Dois estabelecimentos (40%) não possuem unidade de colocação de gesso. Os demais

encaminham os efluentes gerados nesta atividade diretamente para a rede coletora estadual,

que possui tratamento.

Resíduos Químicos Líquidos

111111 222222 3

33

33

444

4

45

55

4

5

5HURJ

HURJHURJ

HURJ

HURJ

HURJ

6) Ef luentesLaboratório

Análises Clínicas

7) Ef luentesAnatomia

Patológica (Xilol)

8) Ef luentes RaioX (Reveladores e

Fixadores)

10) O EAS possuiEf luentes

Lavanderia?

11) O EAS possuiCaldeira à óleo?

12) O EAS possuicolocação de

gesso?

Des

cart

e

Esgoto Sim NãoArmazenamento Incineração Empresa Terceirizada

Figura 6 – Destinação de Resíduos Químicos Líquidos

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Resíduos Químicos Sólidos

1 11

22 2

333

4

4

4

5

5

5

9) ResíduosQuimioterápicos?

13) Lâmpadasfluorescentes?

14) MedicamentosVencidos?

Des

cart

e

5.5 RESÍDUOS QUÍMICOS SÓLIDOS

Foram questionados também os procedimentos referentes ao gerenciamento de

resíduos químicos no estado sólido, buscando, da mesma forma, abordar as condutas

referentes ao manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduos.

Resíduos químicos sólidos gerados em EAS podem ser constituídos de medicamentos

vencidos, material utilizado na quimioterapia e lâmpadas fluorescentes e termômetros.

Conforme observado na Figura 7, 40% dos hospitais encaminham para a incineração os

resíduos quimioterápicos. Os demais (60%) estão descartando estes resíduos como resíduos

do grupo A.

Em relação às lâmpadas fluorescentes, dois hospitais (40%) retornam suas lâmpadas

fluorescentes inutilizadas para a empresa que fornece as lâmpadas novas, sem

acompanhamento das ações que estas executam. O Hospital 3 descarta estes resíduos como

lixo comum e os demais (40%) estão armazenando-os até a destinação final correta, ou seja, o

encaminhamento para empresa que recupere o metal presente no artefato.

Na maioria dos hospitais (60%) os medicamentos vencidos estão sendo armazenados

até a viabilização de recursos para a correta destinação, que pode ser a disposição em aterro

sanitário ou a incineração, conforme o risco do medicamento armazenado. Os outros dois

hospitais (40%) já executam a destinação destes resíduos, encaminhando-os para a

incineração.

Figura 7 – Destinação Resíduos Químicos Sólidos

Como Grupo A

Lixo Comum Armazenamento Incineração Empresa Fornecedora

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VI) ESTUDO DE CASO Pretende-se neste capítulo apresentar a Instituição, objeto do estudo de caso, bem

como a evolução de seu plano de gerenciamento de resíduos, buscando detalhar o

gerenciamento de resíduos químicos e avaliar as condições de atendimento da Instituição às

normas ambientais vigentes que se relacionam com estabelecimentos geradores de resíduos de

serviço de saúde.

6.1 APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

Inaugurado em janeiro de 1951, com 350 leitos, desativados dos antigos

estabelecimentos hospitalares municipais, o estabelecimento de assistência à saúde, objeto do

estudo de caso, iniciou a prestação de relevantes serviços à população com padrão técnico e

administrativo de excelente qualidade.

Os governantes do Estado e do Município, alguns anos depois, inconformados com a

não ingerência direta na administração revogaram a lei que criara a autonomia administrativa

do hospital, proibindo a cobrança de serviços aos que pudessem pagar, já que aos

desassistidos da fortuna nunca nada se cobrava, e restabeleceram o regime tradicional de

administração direta pela Prefeitura.

Durante algum tempo a situação ainda se manteve, mas poucos meses depois

aconteceu o inevitável: a Prefeitura não tinha recursos, o Estado se omitiu e em menos de três

anos, sem meios de se manter, o hospital foi fechado, mantendo-se apenas o precário serviço

de atendimento de urgência.

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A intervenção do Governo Federal e a inadimplência da instituição acabaram por levar

a Prefeitura a adotar a solução de doá-lo à Instituição de Ensino Superior Federal local, com o

objetivo de fornecer melhor atendimento à população da região, bem como fomentar o ensino

da medicina e áreas afins no âmbito do Estado.

Não foram pequenos os gastos destinados à recuperação, nem tampouco os que a

Universidade teve de despender para introduzir modificações que atendessem à nova

finalidade de Hospital-Escola, já que não fora construído para este fim.

Cláusulas contratuais, entretanto, obrigaram-na a substituir a Prefeitura na prestação

de serviço de assistência médica à população mais carente, o que representou um encargo

financeiro fácil de avaliar. Contudo, ao longo do tempo vem ela desenvolvendo um trabalho

persistente e continuado de recuperação e aprimoramento do Hospital, dele fazendo uma

escola e colhendo frutos que justificam o custo elevado da sua manutenção.

Por questões éticas, buscou-se manter o nome da referida Instituição em sigilo,

referenciando-a, no presente trabalho, com o nome genérico de Hospital Universitário do

Estado do Rio de Janeiro (HURJ).

Atualmente, a aludida Instituição é considerada o hospital de maior referencial para o

atendimento à Região dos Lagos, além de uma prestigiada unidade de ensino e pesquisa

freqüentados por mais de 250.000 usuários anualmente. No período de julho de 2003 a junho

de 2005 foram contabilizadas 10.568 cirurgias realizadas, 108.506 atendimentos

emergenciais, 12.004 tomografias computadorizadas e 158.169 radiografias.

A Tabela 9 abaixo mostra o percentual de origem dos pacientes atendidos na Instituição.

Tabela 9 – Origem dos pacientes HURJ

Município Percentual Atendimento

Niterói 50,3 %

São Gonçalo 38,9 %

Itaboraí 3,8%

Maricá 1,8%

Rio Bonito 0,4%

Rio de Janeiro 2,3%

Outros 2,5% Fonte: Elaboração própria

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Os quadros apresentados a seguir trazem uma idéia dos aspectos gerais do

estabelecimento, bem como os tipos de serviços oferecidos na instituição.

Quadro 9 – Características do Estabelecimento

Nº. Total de funcionários:

Efetivos: 1726

Contratados: 312

Terceiros: 164

Tipo de serviço terceirizado:

Manutenção ( X )

Limpeza (X)

Serviços Clínicos ( )

Outros ( X ) Portaria

Área Total construída: 14.000 m2

Área Total do terreno: 28.000 m2

Licença Ambiental: Em andamento

Estrutura Física:

Tipo de construção: Complexo de Alvenaria Vertical (Prédio Principal, Anexo Administrativo, Anexo da Emergência, Unidades Auxiliares)

Nº. de Pavimentos:

Prédio Principal (8 andares)

Anexo Administrativo (6 andares)

Anexo da Emergência (5 andares)

Unidades Auxiliares: manutenção, oficina e lavanderia (desativados), estocagem de gases.

Abastecimento de Água:

Tipo: particular

Consumo interno: 300.000 L

Número de reservatório: 2 (300.000 L)

Condições urbanas do entorno

Condições de acesso: Bom

Risco de enchentes: Sim

Risco de deslizamento: Nenhum

Fonte: Elaboração própria

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Quadro 10 – Unidades ou Serviços do Estabelecimento

UNIDADE OU SERVIÇO Nº. de Leitos CONSIDERAÇÕES

Cirurgia Buco-maxilo-facial 02 100% de ocupação

Cirurgia Geral 34 100% de ocupação

Ginecologia 06 100% de ocupação

Mastologia 02 100% de ocupação

Urologia 05 100% de ocupação

Neurocirurgia 12 100% de ocupação

Oftalmologia 06 100% de ocupação

Ortopedia/traumatoortopedia 19 100% de ocupação

Otorrinolaringologia 06 100% de ocupação

Cirurgia Plástica 06 100% de ocupação

Cirurgia Infantil 04 100% de ocupação

Cirurgia Vascular Periférica 05 100% de ocupação

Cardiologia 08 100% de ocupação

Clínica Médica 49 100% de ocupação

Dermatologia 04 100% de ocupação

Hematologia 06 100% de ocupação

Nefrologia 08 100% de ocupação

Centro de Diálise 07 100% de ocupação

Pneumologia 06 100% de ocupação

Neurologia 05 100% de ocupação

Obstetrícia 36 100% de ocupação

Pediatria 12 100% de ocupação

Leito dia da Pediatria 02 100% de ocupação

UTI Adulto 06 100% de ocupação

Unidade Coronariana 07 100% de ocupação

UTI Neonatal 07 100% de ocupação

Emergência Pediátrica 06 100% de ocupação

Repouso 06 100% de ocupação

Total 282 100% de ocupação

Fonte: Elaboração própria

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A estrutura organizacional do hospital encontra-se dividida em três principais

gerências: Diretoria Médica, Diretoria de Enfermagem e Diretoria Administrativa, todas elas

subordinadas à Direção Geral do hospital. Além destas, existem grupos de trabalho cujas

chefias estão diretamente ligadas ao diretor do hospital. Todos os projetos, propostas e

tomadas de decisão passam pelo aval de um Conselho Consultivo, que tem a responsabilidade

de deliberar sobre as disposições e determinações do hospital.

Figura 8 – Organograma do Estabelecimento6

6 Vide: Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ

GECL

GECI

GECE

GEIA

COREME

CPL

Ouvidoria

Ass. Planejamento

Ass. Comunicação

Informática

CCIH

Direção Geral

Diretoria Médica

Diretoria Administrativa

Diretoria de Enfermagem

Conselho Consultivo

SP SCF GEID

GEOB

PECE

GEE

GENP

SM SG PECE

UTI

CAEI

END

CC

NEONT

ANESTCCL

CSTA

SENPI

CP

SURO

GIN

SCM

CACONOBS

HEMD

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Percebe-se que não há nenhum setor responsável pelas questões ambientais no

organograma do hospital. Esta constatação torna-se bastante comum quando se aborda

estabelecimentos de assistência à saúde. A cultura deste tipo de organização ainda não

abrange a preocupação com os assuntos relacionados ao meio ambiente extra-hospitalar.

Mesmo com as legislações ambientais vigentes, percebe-se que estas instituições ainda

não se atentaram para a necessidade de abordar o tema de forma séria. Seja pela falta de

interesse da organização, pela falta de cobrança da população ou simplesmente pelo descaso

dos administradores, o fato é que não se verifica nestas instituições a visão de

responsabilidade ambiental que se faz presente, por exemplo, em organizações industriais.

A falta de uma estrutura gerencial formalmente implantada para cuidar

especificamente dos assuntos relacionados com o meio ambiente, muitas vezes dificulta o

atendimento às exigências legais, isto porque algumas das questões relativas ao manuseio dos

RSS, tais como: segregação correta dos resíduos, lixeiras sem tampa, coleta em horários

definidos entre outros, poderiam ser facilmente solucionadas caso houvesse um grupo de

trabalho ou comissão estruturada para atuar sobre estes temas.

6.1.1 GERÊNCIA DE RISCO SANITÁRIO HOSPITALAR

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem a responsabilidade e a missão de

promover e proteger a saúde da população, garantindo a segurança sanitária de serviços e

produtos de saúde. Além disso, a instituição preza por exercer uma vigilância sanitária

participativa, implementando projetos estratégicos como o Projeto Sentinela (ANVISA,

2006).

O projeto se baseia na configuração de uma rede composta, atualmente, de 96

hospitais de médio e grande porte, designados de “Agências Implementadoras”, distribuídos

em todo o território nacional, que realizam ampla gama de procedimentos médicos e que

fazem parte do aparelho formador de Recursos Humanos da saúde, por conta dos programas

de graduação e de residências médicas que desenvolvem.

O Estado do Rio de Janeiro está representado por 17 hospitais, dos quais o

Estabelecimento estudado faz parte.

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Dentre as atividades executadas pelos hospitais que compõem a rede sentinela, estão:

as Gerências de Risco Sanitário Hospitalar, a Tecnovigilância, a Farmacovigilância, a

Hemovigilância e o Controle de Infecção Hospitalar.

A Gerência de Risco é exercida por funcionário designado pela Direção e que no caso

do hospital estudado, acumula outras funções: presidente e membro executor da Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar e coordenador clínico do Centro de Controle de Intoxicação.

O gerente está responsável por coordenar uma equipe de gerenciamento de risco

sanitário hospitalar do serviço de saúde, que deveria reunir um conjunto de multiprofissionais,

dentre eles: farmacêuticos, engenheiros e técnicos, enfermeiros, médicos e demais

profissionais que ajudariam na implementação de “Planos de Melhoria”, produtos do contrato

firmado entre a ANVISA e hospitais sentinela, em todas as áreas afins do hospital. Contudo,

esta necessidade não se faz realidade no referido hospital, uma vez que não há nenhuma

equipe formalmente montada para execução de tais tarefas e toda responsabilidade fica a

cargo do gerente de risco.

Conforme evidenciado na Figura 8, a Gerência de Risco Sanitário Hospitalar não faz

parte da estrutura organizacional do hospital, estando sua presença formalizada, apenas,

através de contrato e vinculada à entrega e implementação dos planos de melhoria e

cumprimento dos itens do referido contrato.

Um dos Planos de Melhoria apresentados pela Gerência de Risco do Estabelecimento

em questão foi o projeto de implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviço de Saúde, conforme apresentado no subitem 6.3 Evolução do Plano de

Gerenciamento de Resíduos.

6.2 ASPECTOS POLÍTICOS ADMINISTRATIVOS

Por se tratar de um estabelecimento pertencente ao quadro federal do Poder Executivo,

vinculada a uma Instituição de Ensino Superior, esta designada como entidade federal

autárquica, de regime especial, com autonomia didática-científica, administrativa, disciplinar,

econômica e financeira, o hospital objeto do estudo de caso obedece as regulamentações

político-administrativas vigentes neste setor.

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O Hospital estudado constitui então um órgão suplementar vinculado a Instituição de

Ensino Superior, ou seja, um hospital Universitário, e que possui um Diretor, de livre escolha

do Reitor, e regimento próprio que especifica os assuntos que constituem suas áreas de

competência, bem como suas estruturas, seus fins, conforme definido no estatuto da

Instituição. (grifo nosso).

A Lei 5540 de 28 de dezembro de 1968 que fixa normas de organização e

funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras

providências, em seu artigo 16 estabelece que:

A nomeação de Reitores e Vice-Reitores de universidades, e de Diretores e Vice-Diretores de unidades universitárias e de estabelecimentos isolados de ensino superior obedecerá ao seguinte: I - o Reitor e o Vice-Reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal; (Redação dada ao artigo 16 da Lei 5540 de 1968, pela Lei nº 9.192, de 1995)

Segundo processo eleitoral estabelecido na Constituição Federal, a cada quatro (4)

anos, o país elege de forma direta seu Presidente da República. Assim sendo, a cada quatro

anos, o cenário político das universidades, e consequentemente de seus órgãos funcionais, tem

suas bases alteradas, com a nomeação de um novo Reitor.

Esta mudança de cenário político muitas vezes retarda o processo de execução de

projetos importantes como no caso da implementação de um Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviço de Saúde. Nem sempre o novo diretor, escolhido pelo novo reitor,

entende o referido assunto como prioritário dentre o universo de problemas que cercam a

administração de um estabelecimento de grande porte como o caso do hospital estudado.

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6.3 EVOLUÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde deve considerar as

características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente

e os princípios da biossegurança, estabelecendo, portanto, diretrizes e medidas técnicas

administrativas e normativas para prevenir acidentes (ANVISA, 2004).

Ainda segundo a Resolução RDC 306/04 da ANVISA (2004), o PGRSS deve ser

compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final de RSS,

estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas.

O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. O planejamento do programa deve ser feito em conjunto com todos os setores. A participação, sobretudo, do setor de higienização e limpeza, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH ou Comissões de Bioseguranças e os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho - SESMT, onde houver obrigatoriedade de existência desses serviços, é de suma importância para que o processo de implantação e gerenciamento do PGRSS ocorra de maneira organizada e abranja toda a comunidade do estabelecimento (ANVISA, 2005b).

Outros serviços também são essenciais para o bom funcionamento de um PGRSS,

como são os casos do serviço de manutenção e zeladoria, comissão de licitação e setor de

compras.

O HURJ iniciou a elaboração de seu PGRSS no ano de 2003, através de um curso

oferecido pelo Ministério da Saúde. Inicialmente, faziam parte do grupo, 55 funcionários de

diversos setores da instituição, coordenados por um gestor do PGRSS. Concluíram o curso

apenas 21,8 % dos participantes que iniciaram o projeto, ou seja, 12 funcionários.

Com a conclusão do projeto e o esboço de um PGRSS nas mãos, o gestor do programa

encaminhou à direção do hospital o citado documento contendo o levantamento da situação

sanitário-ambiental do estabelecimento, bem como o atendimento por parte do hospital, às

normas vigentes na época, e as necessidades de adequação que se faziam obrigatórias. A

direção do hospital na ocasião, não considerou prioritária a execução do plano, deixando para

uma outra oportunidade a implementação deste trabalho.

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Cabe lembrar que, à ocasião, os órgãos reguladores estavam discordando quanto à

classificação dos resíduos gerados nos serviços de saúde, o que, de certo modo, também

contribuiu para o atraso na implantação do PGRSS na referida instituição.

Com a mudança da Direção Geral, em 2004, e a reestruturação do quadro

administrativo hospitalar, a atual presidente da CCIH e Gerente de Risco do HURJ assumiu

os referidos cargos, e acabou por retomar o processo de implantação do PGRSS no

estabelecimento.

Além disso, a gerente de risco assumiu o papel de fiscal de contrato da firma de

limpeza e passou a cobrar desta as cláusulas estabelecidas no contrato vigente, que exigiam a

colocação por parte da firma de limpeza de lixeiras com tampa e pedal, em todo o hospital.

Em 2005, iniciou-se a aquisição das lixeiras padronizadas, com tampa e pedal, de cor cinza,

para resíduos classificados como comuns, e lixeiras brancas, com as mesmas propriedades,

para os resíduos classificados como infectantes. Hoje, em 2007, as lixeiras padronizadas ainda

não foram adquiridas para todos os setores do hospital.

Fez-se necessário a revisão e atualização do antigo PGRSS do hospital para as

legislações vigentes. Iniciou-se também um levantamento do passivo ambiental referente aos

resíduos químicos presentes nos laboratórios de análises clínicas. Neste levantamento,

buscou-se estabelecer contato com os fornecedores de produtos químicos e adquirir as

FISPQs relativas a estes produtos. Este trabalho ainda não foi finalizado.

Numa outra fase da implantação do PGRSS, talvez a mais importante até o momento,

iniciou-se o programa de treinamento e conscientização para os funcionários do hospital.

Elaborou-se a Semana do Meio Ambiente para a Conscientização sobre Resíduos

Hospitalares, onde se ministrou palestra, conduziu-se gincana demonstrativa e distribuição de

brindes. Tudo com o apoio da Direção Geral do Hospital. O local escolhido para desenvolver

este trabalho foi o hall principal de entrada do hospital e posteriormente, a mesma campanha

foi executada em todos os andares onde se encontram as lixeiras padronizadas do PGRSS (do

3º ao 8º andar).

De maneira geral, a participação dos diversos geradores de RSS do hospital

(enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, residentes, internos, acadêmicos,

professores, etc.) na Semana do Meio Ambiente para a Conscientização sobre Resíduos

Hospitalares, nas palestra de conscientização e nas gincanas desenvolvidas nos diversos

setores, não foi de grande relevância. A falta de interesse da comunidade em aceitar as novas

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determinações quanto a classificação de RSS e procedimentos a serem adotados para atender

as normas vigentes, dificulta muito o trabalho de implementação do PGRSS.

Dentre todos os resíduos que podem ser verificados dentro de estabelecimentos de

serviço de saúde, apenas um tipo não é gerado na unidade estudada, que é o resíduo

classificado como radioativo (grupo C). Os demais são gerados rotineiramente em meio às

diversas atividades realizadas num hospital de grande porte. Em média são produzidos

aproximadamente 115 t/mês de resíduo infectante (grupo A) e 1.570 t/mês de resíduo comum

(grupo D) que são coletados por empresa contratada pelo município.

Quanto aos resíduos químicos (grupo B), estes ainda não foram contabilizados, uma

vez que ainda não houve descarte. Os únicos resíduos que se têm um valor aproximado de

geração são os resíduos de revelador e fixador gerados no serviço de radiologia. Segundo

informações fornecidas pelo setor são descartados semanalmente 15 galões com capacidade

de 20 litros com este tipo de resíduo, o que representa anualmente 15000 litros de resíduo

químico no estado líquido contendo aproximadamente 16 kg de prata.

Uma forma de ponderar a quantidade de resíduo químico gerados no HURJ é através

da quantidade de produto químico comprado. A listagem de produtos químicos comprados

encontra-se no Anexo G do trabalho e mostra que no ano de 2006 foram adquiridos pelo

hospital 1200 litros de xilol e 1200 litros de formaldeído, utilizados, principalmente, no

serviço de anatomia patológica. O formol está sendo descartado, assim como os demais

produtos utilizados nos diversos laboratórios, diretamente na rede coletora municipal, e o xilol

recolhido em bombonas conforme o consumo. Outras informações estão apresentadas no

subitem 6.4 Resíduos Químicos deste trabalho.

6.4 RESÍDUOS QUÍMICOS

Os resíduos químicos, conforme mencionado no capítulo III, podem ser divididos em

dois grupos conforme o estado físico de sua formulação: os sólidos e os líquidos. A maioria

de resíduos químicos gerados dentro de um hospital é sem dúvida do grupo dos líquidos

(saneantes, reveladores, fixadores, óleos, etc.). Como dito também no capitulo III, deve-se

fazer uma análise quanto ao risco que este tipo de resíduo representa, passando pela avaliação

da quantidade e concentração do resíduo.

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É verdade, então, que devido às baixas concentrações que parte destes resíduos atinge,

por exemplo, no laboratório de análises clínicas, estes podem ser descartados sem maiores

cuidados, obedecendo apenas à necessidade de licenciamento ambiental para as unidades

receptoras deste material. Porém, parte dos resíduos gerados em hospitais representa, mesmo

em concentrações baixas, perigo para a saúde e meio ambiente, necessitando, portanto de um

correto manuseio, acondicionamento, tratamento e descarte.

Apresentar-se-á a seguir um perfil das unidades geradoras de resíduos químicos no

HURJ estudado, bem como todo o seu processo de manuseio, acondicionamento, tratamento e

destinação.

6.4.1 UNIDADES GERADORAS

A geração de resíduos químicos em EAS está concentrada nas atividades auxiliares de

assistência à saúde tal como na execução de exames laboratoriais e de radiografia, no serviço

de desinfecção de equipamentos médicos, e no setor de manutenção, além, é claro daqueles

gerados no processo assistencial direto.

No HURJ, destacam-se como possíveis setores geradores de resíduos químicos, os

seguintes serviços, a saber:

Laboratórios de Análises Clínicas

Laboratório de Anatomia Patológica

Serviço de Radiologia

Serviço de Farmácia

Ambulatório de Oncologia

Central de Materiais

Centro Cirúrgico

Serviço de Endoscopia

Almoxarifado

Oficinas (Serviço de Manutenção)

Unidade de Geração de Vapor (Caldeira)

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Dos setores mencionados acima, constituem-se como principais unidades geradoras de

resíduos químicos no presente estabelecimento os seguintes serviços: Laboratórios de

Análises Clínicas, Laboratório de Anatomia Patológica, Serviço de Radiologia e o Serviço de

Farmácia.

Os Laboratórios de Análises Clínicas encontram-se divididos em seis unidades de

atendimento: Laboratório de Imunologia, Laboratório de Hematologia, Laboratório de

Microbiologia, Laboratório de Bioquímica, Laboratório de Fezes e Laboratório de Urgência.

A maioria dos exames é conduzida em equipamentos automáticos que utilizam kits analíticos

previamente preparados para a análise. Estes kits são constituídos basicamente de enzimas e

conservantes químicos que confiam aos reagentes, as características de validade necessárias

ao processo.

Além desses kits, são utilizados reagentes químicos como corantes, para a

determinação em ensaios microbiológicos, ácidos e bases, para a titulação, metanol e sais

inorgânicos para o preparo de soluções, dentre outros produtos químicos utilizados

comumente em diversos laboratórios de ensino e pesquisa acadêmica como também é o caso

do referido Hospital. A listagem contendo o consumo anual de kits laboratoriais e reagentes

químicos do HURJ encontra-se no Anexo G desta pesquisa.

Segundo definição da ANVISA7, a Anatomia Patológica é a unidade destinada a

realizar exames citológicos e estudos macro e ou microscópios de peças anatômicas retiradas

cirurgicamente de doentes ou de cadáveres, para fins de diagnóstico. Por se tratar de um

hospital de ensino, estes estudos clínicos tornam-se comuns, apresentando-se em quantidades

não desprezíveis e utilizando produtos químicos perigosos como o xilol e o formol 4% (grifo

nosso).

O Serviço de Radiologia atende quase 220 pacientes, diariamente, o que ocasiona o

consumo de, aproximadamente, 760 litros de revelador e 760 litros de fixador por mês.

Ainda como unidades geradoras de resíduos químicos aparecem os Serviços de

Farmácias hospitalares, responsáveis pela origem de medicamentos fora do prazo de validade.

Entretanto, no caso do HURJ, segundo informações obtidas neste setor, este evento constitui-

se um fato raro no hospital, uma vez que a falta de verba que aflige este estabelecimento

muitas vezes acarreta a falta de medicamento e não a sobra de medicamentos.

7 Definição disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/organiza/inaiss/glossário.doc (Acesso em 27/12/2006)

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No HURJ, o serviço de farmácia é também responsável pela geração de resíduos

provenientes do processo de manipulação de medicamentos quimioterápicos. Tratam-se de

seringas, agulhas e embalagens de vidro, descartados em recipientes rígidos próprios para o

acondicionamento de resíduos perfurocortantes. Outra unidade geradora de resíduo

quimioterápico é o ambulatório de oncologia onde se ministram as medicações provenientes

da farmácia.

Na Central de Materiais assim como na Unidade de Endoscopia e no Centro Cirúrgico

são gerados resíduos de hipoclorito de sódio e glutaraldeído 2% utilizados no processo de

desinfecção dos materiais contaminados. Estes resíduos são descartados diretamente na rede

de esgoto.

O Almoxarifado só gera resíduo químico caso os produtos químicos ali estocados

passarem do prazo de validade, o que não ocorre no HURJ.

A oficina do HURJ encontra-se desativada. Os carros de serviço e as ambulâncias

trocam os óleos lubrificantes em postos de combustíveis. As estopas utilizadas em eventuais

serviços de manutenção são descartadas como resíduos comuns.

Com a desativação da lavanderia em 2004, a unidade de geração de vapor que

funcionava à óleo diesel, passou a não mais operar, eliminando com isso uma possível

geração de efluentes e resíduos oleosos neste local.

Também constituem-se resíduos químicos, as lâmpadas fluorescentes geradas em

todas as áreas do hospital. As lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio. Quando o vidro é

quebrado, o mercúrio é liberado na forma de vapor para a atmosfera e, sob ação da chuva,

podem precipitar no solo em concentrações acima dos padrões naturais.

Além das atividades auxiliares, existe a geração de resíduos químicos no processo de

assistência direta a saúde como, por exemplo, os termômetros de mercúrio quando quebrados.

Abaixo, encontra-se um quadro resumo dos tipos e locais de geração de resíduos

químicos no estabelecimento:

Quadro 11 – Resíduos Químicos do HURJ

PRODUTO QUÍMICO POR LOCAL DE GERAÇÃO

Análises Clínicas

Anatomia Patológica Radiologia Farmácia Ambulatório Oncologia Outros

Efluentes dos Equipamentos Xilol Metais

(Fixador) Quimioterápico Quimioterápico Lâmpadas

Fluorescentes/ Termômetro

Reagentes Químicos

Formol / Reagentes Químicos Revelador - - Graxas/

Estopas

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6.4.2 SEGREGAÇÃO, MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO

A Resolução RDC 306/04 da ANVISA, conforme citado no capítulo III, afirma em

seu item 1.2 que o acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em

sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. E ainda

diz que a capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração

diária de cada tipo de resíduo. No item 1.3, da mesma norma, encontra-se a definição de

identificação que “consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos

resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos

RSS”.

Excetuando os resíduos classificados como grupo A, que saem em saco branco leitoso

identificado com a simbologia de infectante, nenhum outro tipo de resíduo gerado no hospital

sofre algum tipo de identificação.

Os resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos laboratórios

de análises clínicas são coletados em bombonas ou encaminhados diretamente à rede de

esgoto. O mesmo vale para os demais resíduos químicos de soluções produzidas nos

laboratórios de pesquisa, serviço de endoscopia, centro cirúrgico e anatomia patológica.

Do laboratório de anatomia patológica, apenas os resíduos de xilol são acondicionados

em bombonas não identificadas e transferidos para o subsolo do hospital, onde aguardam

destino final, vide subitem 6.4.3 - Armazenamento Interno e Externo. Este mesmo manuseio e

acondicionamento são verificados para os resíduos de reveladores e fixadores gerados no

processo de revelação das chapas, no serviço de radiologia,

Os resíduos quimioterápicos gerados no serviço de farmácia que são descartados como

resíduos perfurocortantes e os gerados no ambulatório de quimioterapia são acondicionados

em sacos brancos e destinados como resíduo infectante (grupo A).

Além das atividades auxiliares, existe a geração de resíduos químicos no processo de

assistência direta a saúde como, por exemplo, os termômetros de mercúrio quando quebrados.

Estes são acondicionados em recipiente rígido, destinado ao recebimento de resíduos perfuro

cortantes.

As lâmpadas fluorescentes geradas provenientes de diversas áreas do hospital são

coletadas e dispostas a céu aberto sem qualquer condição de segurança. Não existe no HURJ

um procedimento formal de manuseio de resíduos contendo mercúrio, sejam eles os

termômetros ou as lâmpadas fluorescentes.

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6.4.3 ARMAZENAMENTO INTERNO E EXTERNO

O armazenamento temporário, ou armazenamento interno, dos resíduos serve para

manter os resíduos em segurança até o momento mais adequado para encaminhamento até o

local de armazenamento externo. Segundo a Resolução RDC 306/04, o objetivo deste tipo de

armazenamento é agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre

os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. A regulamentação

diz ainda que não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos

sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento.

Devido à estrutura arquitetônica antiga do hospital que não contemplava a

disponibilidade de uma área destinada exclusivamente para o abrigo interno de resíduos, os

resíduos coletados internamente estão sendo mantidos, temporariamente, em containeres, nos

halls dos elevadores, muitas vezes não sendo respeitadas a segregação estabelecida, conforme

mostrado na Figura 9.

Figura 9 – Container para armazenamento temporário

O HURJ está estudando a possibilidade de adaptação de locais que possam funcionar

como armazenamento temporário, conforme a legislação vigente. A direção anterior enviou à

Prefeitura do Campus, órgão responsável pelo planejamento e execução de obras em toda a

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Universidade, vários projetos para reforma da estrutura física de todo o Hospital, onde

deverão ser contempladas áreas de abrigo interno em cada unidade/serviço do Hospital.

O Armazenamento Externo consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a

realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os

veículos coletores (ANVISA, 2004, ITEM 1.7).

O Hospital também não possui local apropriado para o armazenamento externo dos

resíduos. Os resíduos são coletados e depositados no chão sem nenhuma proteção contra

animais e insetos. Em 2004, foi enviado e aprovado pelo setor de arquitetura da Vigilância

Sanitária Estadual, um projeto de engenharia para a construção de um abrigo externo de RSS

(Anexo H). Somente em 2006 ocorreu a liberação da verba para a execução da obra, contudo

ainda não se iniciou o processo de licitação para as empreiteiras interessadas.

Sendo assim, os resíduos químicos (resíduos de reveladores e fixadores e sobras de

xilol) estão sendo inadequadamente armazenados no local de geração e, posteriormente,

conduzidos até o subsolo do prédio principal onde permanecem sem nenhuma condição de

segurança em local sem ventilação, sem contenção e sobre piso permeável.

Outro resíduo que é impropriamente armazenado são as lâmpadas fluorescentes.

Conforme citado no subitem anterior, estas são coletadas e dispostas a céu aberto sem

qualquer condição de segurança.

6.4.4 TRATAMENTO

Segundo definição da RDC 306/04 da ANVISA:

O tratamento consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser realizado antes da coleta externa, no próprio estabelecimento (tratamento intra-estabelecimento), ou por uma empresa especializada, que recebe os resíduos por meio da coleta externa (tratamento extra-estabelecimento), nestes casos, observadas às condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. [...]

A Resolução 358/05 do CONAMA estabelece ainda que “Os resíduos pertencentes ao

Grupo B, com características de periculosidade, quando não forem submetidos a processo de

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reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição

final, específicos”.

Alguns resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos

laboratórios de análises clínicas, quando necessário, são neutralizados com solução de

hipoclorito de sódio 1% antes de descartados na rede coletora de esgoto, outros seguem

recomendações específicas dos fornecedores. Contudo, a grande maioria, como os gerados no

setor de endoscopia e centro cirúrgico, laboratório de anatomia patológica (com exceção para

os resíduos de xilol), ou ainda no próprio laboratório, é descartada na pia, diretamente na rede

de esgoto sem nenhum tratamento.

Estes efluentes se misturam à rede coletora de todos os banheiros do hospital,

diluindo-se ao longo do caminho até o ponto de saída e encontro com a rede municipal de

esgoto.

O lançamento de restos de produtos químicos junto com os efluentes líquidos para

uma rede coletora sem tratamento, pode gerar poluição, provocando efeitos graves nos

organismos vivos que compõem o ecossistema e prejudicando a saúde das pessoas expostas a

estas substâncias. Contudo, cabe ressaltar que, a rede de coleta de esgoto do município de

Niterói, é direcionada para estações de tratamento de efluentes, que atendem os limites de

carga orgânica e inorgânica estipulados pelo órgão ambiental, antes do descarte final

efluentes.

O HURJ possui, inclusive, um documento oficial da empresa responsável pela coleta e

tratamento do esgoto sanitário do município, respaldando o hospital de qualquer eventual

contaminação da rede receptora. O documento esclarece ainda que a saída de efluentes do

estabelecimento é encaminhada para a Estação de Tratamento de Esgoto de Toque-Toque (LO

FE005961), que atende o centro e parte da zona norte do município.

Os resíduos líquidos gerados no procedimento de revelação das chapas de Raios-X

estão sendo coletados por empresa, devidamente licenciada pelo órgão ambiental8, que

executa o processo de recuperação e destinação ambientalmente correta da prata, principal

componente químico deste resíduo.

O processo de tratamento que se aplicaria ao caso dos resíduos químicos sólidos

perigosos seria a incineração ou a destinação a aterros classe I licenciados ambientalmente

8 Nomos Análises Minerais Ltda – CNPJ 35.863.422/0001-75 - LO 402/97 em processo de renovação (Dados obtidos no PGRSS/HURJ)

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para receber tais tipos de resíduos, contudo a falta de verba não permite que nenhum destes

procedimentos sejam realizados.

No laboratório de bioquímica do hospital existe uma grande quantidade de passivo

químico constituído, basicamente, por sobras de reagentes químicos, algumas vezes sem

rótulo ou qualquer outra identificação, que eram utilizados nas análises antes do processo de

automatização. Estes estão sendo estocados em um armário no próprio laboratório até que

sejam disponibilizados recursos que viabilizem o tratamento por incineração.

6.4.5 TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO

O transporte interno conforme definição da Resolução RDC 306/04 da ANVISA, em

seu item 1.4, “Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao

armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para

a coleta.”.

Por estarem acondicionados em bombonas, e considerando a quantidade transportada,

o transporte interno dos resíduos químicos coletados no Serviço de Radiologia e no

Laboratório de Anatomia Patológica é realizado com a ajuda de um carrinho ou mesmo,

algumas vezes, de forma manual. Os termômetros quebrados nas enfermarias assim como os

resíduos gerados no Ambulatório de Oncologia são transportados em carro de coleta

destinado ao recolhimento de resíduo infectante.

Já o Transporte Externo consiste na remoção dos RSS do abrigo de resíduos

(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se

técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos

trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações

dos órgãos de limpeza urbana (ANVISA, 2004, ITEM 1.8).

Somente os resíduos líquidos gerados no processo de revelação das chapas de Raios-X

são coletados e transportados externamente. Tal procedimento é executado por empresa

licenciada, conforme mencionado no subitem anterior. No entanto, esta retirada é feita sem

nenhum controle quanto à documentação. Não são emitidos manifestos de resíduos e nenhum

outro tipo de documento (nota fiscal, etc.). Também não são utilizados equipamentos de

proteção individual no manuseio destes resíduos.

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Os resíduos químicos gerados nos laboratórios de análises clínicas, serviço de

endoscopia, centro cirúrgico e central de materiais são descartados diretamente na rede

coletora de esgoto.

6.4.6 DISPOSIÇÃO FINAL

Segundo informações coletadas com a gerente de risco, o Hospital nunca dispôs de

maneira correta os resíduos químicos gerados em seu estabelecimento. As lâmpadas

fluorescentes estão estocadas no pátio externo, a céu aberto e os resíduos de xilol gerados no

processo de autopsia e conservação de cadáveres, peças anatômicas e fetos, no subsolo,

conforme mencionado no subitem 6.4.3 – Armazenamento Interno e Externo.

Os resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos laboratórios

de análises clínicas são descartados, após neutralização ácido-base, na rede de esgoto sanitário

do hospital. O mesmo vale para os demais resíduos químicos de soluções produzidas nos

laboratórios de pesquisa, serviço de endoscopia, central de materiais e anatomia patológica.

Conforme citado anteriormente, os resíduos quimioterápicos gerados no serviço de

farmácia que são descartados como resíduos perfurocortantes, assim como os gerados no

ambulatório de oncologia, são acondicionados em sacos brancos e destinados como resíduos

infectantes para a coleta seletiva municipal, onde são incinerados com os demais resíduos do

grupo A.

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VII) ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO Conforme citado no capitulo IV, a metodologia utilizada teve como objetivo analisar

as condições de atendimento a nível administrativo e técnico das regulamentações vigentes,

considerando as necessidades de um procedimento eficaz de manuseio e descarte para os

resíduos químicos gerados em EAS. No presente capítulo, passa-se agora a apresentar as

avaliações realizadas, que foram determinantes na conclusão e recomendações constantes

neste trabalho.

Pode-se afirmar que esta etapa é considerada de fundamental importância, pois é a

partir da análise e interpretação dos dados, que é realizada a mensuração do nível de

participação, conhecimento e sensibilidade dos geradores de resíduos de serviço de saúde às

questões que permeiam o gerenciamento de resíduos químicos, tais como: a preocupação com

o correto manuseio, os riscos de um inadequado armazenamento, e os cuidados com a

destinação final.

7.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

Na etapa do estudo de caso, foram observados e coletados dados referentes ao

andamento do gerenciamento dos RSS em cada unidade geradora de resíduos químicos do

HURJ. As principais características sobre o manuseio, acondicionamento e disposição dos

resíduos de todas as unidades observadas foram compiladas e estão demonstradas no esquema

a seguir:

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GERAÇÃO ACONDIONAMENTO ARMAZENAMENTO TRATAMENTO DISPOSIÇÃO

REAGENTES QUÍMICOS

A GRANEL ARMÁRIO LABORATÓRIO -

EFUENTES (Análises Clínicas) HIPOCLORITO

DE SÓDIO 1%

ESGOTO

EFUENTES (Endoscopia, Central de Materiais,

Centro Cirúrgico)

XILOL AGUARDANDO

INCINERAÇÃO

BOMOBONAS (sem identificação)

SUBSOLO

EFLUENTES RAIO X (Reveladores e Fixadores) RECUPERAÇÃO

METAL

LAMPADA A GRANEL AGUARDANDO TRATAMENTO

CÉU ABERTO

QUIMIOTERAPICOS SACOS BRANCOS

(como grupo A) INCINERAÇÃO

TERMOMETRO

RECIPIENTE

RÍGIDO INCINERAÇÃO

COMO GRUPO A

E ESTOPAS

A GRANEL

LIXO COMUM

Figura 10 – Esquema Manuseio de Resíduos Químicos no Hospital Estudado

Um ponto que retarda o desempenho de um efetivo gerenciamento dos resíduos de

serviço de saúde é a falta de uma equipe estruturada com representantes de todas as áreas

afins do hospital. Enquanto não houver engajamento dos profissionais geradores de RSS, não

será possível realizar um eficaz programa de gerenciamento de resíduos.

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A falta de fiscalização por parte dos órgãos ambientais também contribui para a não

adaptação dos hospitais às necessidades ambientais e envolvimento com as políticas vigentes.

Confortin (2001, pág. 16) diz que “[...] deve-se observar é a precariedade da fiscalização

adequada dos serviços de saúde que, por sua vez, favorece atitudes gerenciais algumas vezes

irresponsáveis por parte de seus administradores, podendo acarretar resultados negativos para

a adequação desses serviços à legislação e às normas técnicas recomendadas”. (grifo do

autor).

Quanto à geração específica de resíduos químicos dentro dos estabelecimentos de

serviço de saúde, sejam eles hospitais, consultórios odontológicos, postos de saúde, clínicas

em geral entre outros, estima-se que a dificuldade em gerenciar tais resíduos seja um pouco

maior do que, por exemplo, os resíduos classificados como infectantes. A falta de cultura, por

parte dos profissionais de saúde, quanto aos aspectos relativos à segurança ambiental e muitas

vezes até pessoal, é explícita dentro destas organizações. Quando comparado, por exemplo, às

indústrias químicas, que estão acostumadas no seu dia a dia com exigências e fiscalizações

dos órgãos reguladores, a situação dos estabelecimentos de assistência à saúde tem ainda

muito caminho a percorrer.

É necessário que haja uma preocupação com o impacto ambiental destes resíduos,

devendo cada unidade geradora de resíduo químico ter um protocolo, ou melhor, um

procedimento operacional padrão para armazenamento, manuseio, segregação,

acondicionamento, tratamento e descarte de cada substância química existente no

setor/unidade, obedecendo às normas técnicas e orientação dos fabricantes. A atuação de um

profissional de química neste caso pode facilitar o entendimento e atendimento às exigências

legais por parte dos estabelecimentos de assistência à saúde, uma vez que este tem uma

dimensão mais clara dos problemas e riscos decorrentes das atividades que desenvolve.

É bem verdade que todo este tema, ou seja, falta de controle sobre o manuseio, a

coleta e a disposição final destes resíduos, está sendo recentemente discutido, e que

instrumentos legais vêm surgindo para viabilizar o efetivo gerenciamento destes resíduos,

contudo, conceitos básicos, como por exemplo, as classificações, ainda não estão difundidas.

No HURJ, tal fato pode ser evidenciado à época da Semana de Meio Ambiente de

Conscientização sobre Resíduos Hospitalares no HURJ, onde através de exposições tentou-se

apresentar aos profissionais a nova classificação de RSS, estabelecida na Resolução RDC

ANVISA 306/04 e Resolução CONAMA 358/05. Alguns profissionais mostraram-se

reticentes à nova determinação, seja pelo hábito adquirido após anos de trabalho ou

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simplesmente pela não concordância com as diretrizes reguladoras. Segundo Salles (2001), o

eficaz gerenciamento depende da consolidação destes e de outros conceitos.

Soma-se também a esta situação, o fato de que há pouca literatura brasileira e latino-

americana relacionada especificamente ao gerenciamento de resíduos químicos em

estabelecimentos de saúde, o que acaba gerando lacunas de conhecimento sobre o assunto.

É necessária uma maior mobilização por parte dos estabelecimentos hospitalares para

a discussão da legislação e de soluções de problemas, com ações concretas guiadas por

objetivos e metas a serem alcançados, compatíveis com a realidade dos hospitais.

Outros pontos vulneráveis, que necessitam de uma atenção especial por parte das

pessoas responsáveis pelo gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, incluindo os

resíduos químicos, foram observados no HURJ. A falha no processo de segregação e

identificação dos resíduos gerados, o armazenamento incorreto e a ausência de treinamento

constituem os principais desafios a serem enfrentados pela direção do hospital. A falta de

conscientização por parte dos profissionais e a carência de recursos financeiros para

conduzir as propostas de um PGRSS também pesam contra a instituição. Foram observadas

ainda, algumas deficiências em relação ao planejamento, documentação e estatísticas básicas

para tomada de decisão no gerenciamento dos RSS (grifos nossos).

Algumas medidas simples, como o estabelecimento e a análise crítica de protocolos de

compra que exijam condições mínimas das empresas fornecedoras de produtos químicos para

a participação no processo de licitação, constitui-se um artifício do qual a instituição pode

fazer uso para demonstrar sua preocupação quanto aos problemas ambientais que

eventualmente possam estar atrelados ao produto a ser adquirido. Por exemplo, exigir o

fornecimento da FISPQ, assim como a apresentação do método de descarte recomendado pelo

fabricante do resíduo químico proveniente daquele produto, é uma medida que pode facilitar o

gerenciamento dos resíduos de um modo geral, e demonstra o interesse da instituição quanto

aos aspectos ambientais relacionados ao estabelecimento. Nem sempre o menor preço é o

mais indicado, ambientalmente.

Outras atitudes como a busca por utilizar materiais não descartáveis, e quando não for

possível, utilizar materiais recicláveis, também contribuem para minimizar possíveis impactos

ambientais, podendo, em alguns casos, colaborar até com a economia de recursos financeiros

para o estabelecimento de saúde, uma vez que não se gastará com processos caros de

incineração e disposição final.

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88

7.2 ANÁLISE COMPARATIVA COM DEMAIS HOSPITAIS

Assim como 100% dos hospitais que participaram da pesquisa (capítulo V), o hospital

possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, contudo este não se

encontra efetivamente implantado, o que coloca o HURJ em condição de igualdade com 60%

dos hospitais entrevistados. Semelhante a 20% dos hospitais constantes na pesquisa, a direção

não designou formalmente a equipe de implementação do PGRSS, muito menos com relação

ao gerenciamento específico de resíduos químicos, igualando-se aos 40% apresentados na

Figura 3. Tal qual parte dos hospitais analisados (40%), o setor responsável pela

implementação do PGRSS não aparece no organograma da instituição.

1 1 1 1 12

2

2 2 23

3

3

3 3

4

4

44 4

5

5

55 5

HURJHURJHURJ

HURJ

HURJ

1) O EAS possuiPGRSS?

2) O PGRSS estáimplantado?

4) O EAS possuiresp. res.designado

formalmente?

5) Este apareceno organograma

do EAS?

3)O EAS possuiResponsávelRes Quim?

O

SIM

Figura 11 – Comparativo Aspectos Administrativos

Bem como 80% dos hospitais pesquisado, o HURJ não possui licença de operação

ambiental, contudo devido ação presente no Ministério Público, o HURJ está iniciando seu

processo de licenciamento ambiental, tendo inclusive recebido visita de técnico da FEEMA

para avaliação da situação ambiental do hospital. Em sua inspeção, o técnico questionou a

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falta de um local apropriado para o armazenamento de resíduos, além das condições de

tratamento dadas aos efluentes gerados nos laboratório de análises clínicas e anatomia

patológica além dos efluentes gerados na sala de colocação de gesso.

Foi informado tanto ao técnico ambiental como ao Ministério Público que o HURJ não

possui verba para a construção do abrigo externo e que também não pretendia construir

estação de tratamento de efluentes intramuro, uma vez que o órgão responsável pela coleta e

tratamento de esgoto do município forneceu documento informando e respaldando a

instituição quanto ao correto atendimento às exigências ambientais de disposição de esgoto.

Tais fatos enquadram o HURJ no grupo de 60 % dos hospitais que não possuem local para

armazenamento de resíduos químicos e estação de tratamento de efluentes intramuro,

representando assim uma conduta errada no primeiro caso e conferindo um grau de

conformidade no segundo.

Além da visita do órgão ambiental do Estado, já vistoriaram o hospital os órgãos da

Vigilância Sanitária Estadual e Municipal.

11 1

22

2

33

3

44

4

55

5

HURJ*

HURJ

HURJ

18) O EAS possui LO? 19) O EAS possui ação noMinistério Público?

20) O EAS recebeu visitade órgão f iscalizador?

O

S

IM

* Em andamento

Figura 12 – Comparativo Aspectos Legais

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90

112 2

334455

HURJHURJ

15) O EAS possui Dep ResQuim?

16) O EAS possui ETEintramuro?

N

ÃO

SIM

Figura 13 – Comparativo Aspectos Físico - Estruturais

Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos líquidos, o HURJ se enquadra no

grupo de 80% dos hospitais que encaminham para empresa terceirizada os resíduos gerados

no processo de revelação de chapas de Raio X. Os resíduos de xilol, como em 40% dos

hospitais, estão sendo armazenados para posterior descarte.

Como a totalidade (100%) dos estabelecimentos pesquisados, o HURJ encaminha para

a rede de esgoto os efluentes gerados nos laboratórios de análises clínicas. Além disso, o

HURJ, igualmente a 80% dos hospitais pesquisados, não possui lavanderia e sua caldeira foi

desativada.

Os efluentes gerados na colocação do gesso, assim como nos estabelecimentos que

possuem este serviço (60%) estão sendo encaminhados diretamente para a rede de esgoto

municipal ou estadual.

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Resíduos Químicos Líquidos

111111 222222 3

33

33

444

4

45

55

4

5

5HURJ

HURJHURJ

HURJ

HURJ

HURJ

6) Ef luentesLaboratório

Análises Clínicas

7) Ef luentesAnatomia

Patológica (Xilol)

8) Ef luentes RaioX (Reveladores e

Fixadores)

10) O EAS possuiEf luentes

Lavanderia?

11) O EAS possuiCaldeira à óleo?

12) O EAS possuicolocação de

gesso?

Des

cart

e

Esgoto Sim NãoArmazenamento Incineração Empresa Terceirizada

Figura 14 – Comparativo Descarte de Resíduos Químicos Líquidos

Conforme 60% dos hospitais pesquisado, o HURJ também destina os resíduos

quimioterápicos como resíduos do grupo A.

Em relação às lâmpadas fluorescentes, um hospital (20%) está encaminhando para a

empresa distribuidora de energia elétrica. Outro hospital (20%) descarte estes resíduos como

lixo comum. Os outros três hospitais (60%) estão armazenando-os até a destinação final

correta.

Segundo informações recolhidas no Serviço de Farmácia do HURJ, não são gerados

medicamento fora do prazo e validade. As lâmpadas fluorescentes estão sendo armazenadas,

como em 40% dos hospitais, contudo este armazenamento é feito em local impróprio como

mencionado no capítulo anterior. Os termômetros no HURJ são recolhidos pela companhia

municipal de limpeza e acabam sofrendo o mesmo tratamento dos resíduos do grupo A

(infectantes), ou seja, processo de incineração não licenciado.

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Resíduos Químicos Sólidos

1 11

22 2

333

4

4

4

5

5

5

9) ResíduosQuimioterápicos?

13) Lâmpadasfluorescentes?

14) MedicamentosVencidos?

Des

cart

e

Figura 15 – Comparativo Descarte Resíduos Químicos Sólidos

Percebe-se que a situação de atendimento do HURJ às normas e legislações ambientais

vigentes que cuidam da questão de resíduos químicos não está muito discrepante quando

comparada aos demais hospitais públicos de grande porte. Em muitos casos é comum a falta

de recursos que assola o serviço público, e que acabam dificultando o cumprimento das

diretrizes legais. Acredita-se que a realidade dos hospitais que não foram investigados seja

semelhante aos que participaram da pesquisa, o que leva mais uma vez a necessidade de se

ponderar onde está o entrave desta demanda que proporciona a inadequada gerência deste tipo

de resíduo. Será culpa da população que não se preocupa com as gerações futuras, dos

governos que não proporcionam meios de atender as necessidades de um meio ambiente

saudável ou dos geradores que não se atentam para os problemas advindos do incorreto

gerenciamento dos RSS?

A Figura 16 (de (a) a (f)) ilustra, de maneira geral, as condições de atendimento a

alguns aspectos relacionados ao gerenciamento de resíduos químicos em todos os

estabelecimentos pesquisados inclusive no hospital objeto do estudo de caso.

Como Grupo A

Lixo Comum Armazenamento Incineração Empresa Fornecedora

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O PGRSS está formalmente implementado?

33,30%

66,67%

SIM NÃO

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 16 – Gerenciamento de Resíduos Químicos: Análise de Alguns Aspectos

O EAS possui PGRSS?

100%

O EAS possui LO?

16,67%

83,33%

SIM NÃO

O EAS recebeu visita órgão fiscalizador?

100%

O EAS possui Depósito de Resíduo Químico?

33,34%

66,66%

SIM NÃO

O EAS possui Tratamento de Efluentes?

33%

66,66%

SIM NÃO

SIM NÃO

Intramuro Extramuro

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VIII) CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

8.1 CONCLUSÃO

Conforme estabelecido no capítulo introdutório, o objetivo geral da presente

dissertação foi discutir as dificuldades de atendimento às normas de gerenciamento de

resíduos de serviço de saúde vigentes, por parte de uma unidade assistencial pública

universitária de grande porte, com destaque para a questão dos resíduos químicos, em toda a

sua abrangência. Acredita-se que este objetivo foi atingido uma vez que todo esforço

realizado na elaboração desta dissertação voltou-se para embasar as discussões pertinentes ao

gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Acredita-se que desde a contextualização,

exposta no capítulo I, até a análise dos resultados presentes no capítulo VII, o tema foi

abordado de forma clara e abrangente.

Quanto aos objetivos específicos procurou-se atendê-los ao longo de toda dissertação.

A análise evolutiva das normas e regulamentos que regem as questões sobre RSS foi

apresentada no capítulo II. Aproveitou-se para apresentar a classificação dos RSS vigentes

bem como os tipos de estabelecimentos de serviço de saúde existentes.

O capítulo III apresentou os riscos oferecidos pelos produtos e resíduos químicos

utilizados em serviços de saúde, bem como as ações, procedimentos e cuidados necessários

para o correto gerenciamento destes. Todo trabalho baseou-se na aplicação da metodologia

apresentada no capítulo IV.

No capítulo V avaliou-se a situação de atendimento às legislações vigentes quanto aos

resíduos químicos, em hospitais da rede pública do Estado e no capítulo VI foram descritas as

práticas de manuseio de RSS no estabelecimento objeto do estudo de caso; identificando os

pontos críticos e positivos quanto ao manejo dos resíduos químicos produzidos no

estabelecimento.

Ao longo do trabalho, principalmente no capítulo VII, foram discutidas as dificuldades

de implantação do PGRSS no hospital em questão, estabelecendo um comparativo entre o

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hospital estudado e os demais hospitais avaliados e avaliando o grau de participação dos

funcionários e da alta administração quanto à questão do gerenciamento de RSS, além de

terem sido propostas ações de melhoria do desempenho ambiental ao referido estabelecimento

de saúde.

Considerando todo o contexto apresentado neste trabalho, pôde-se concluir que é

fundamental abordar o tema de forma séria. A questão do gerenciamento de RSS, permitindo

ao mesmo tempo a manutenção do meio ambiente, depende de um compromisso não só dos

representantes legais, como de todos que participam desta atividade e da sociedade como um

todo.

A legislação brasileira trata das responsabilidades e dita as normas para a segregação,

acondicionamento, transporte e destino final dos resíduos de serviço de saúde. Contudo a falta

de um planejamento gerencial dos estados acaba prejudicando o efetivo gerenciamento deste

tipo de resíduo. No Estado do Rio de Janeiro, a ausência de uma estrutura de fiscalização por

parte dos órgãos responsáveis agrava ainda mais a situação, levando os hospitais e demais

estabelecimentos de saúde a desconsiderar a devida importância do tema.

Durante toda a investigação proposta nesta dissertação, tanto na etapa de pesquisa

aplicada quanto na etapa das observações de campo realizadas durante o estudo de caso, pôde-

se perceber que diversas questões permeiam o gerenciamento de resíduos de serviço de saúde

como um todo. Questões que vão desde as condições físico-estruturais do estabelecimento

passando pelo planejamento administrativo e gerencial, disponibilidade de recursos

orçamentários e chegando até a questão de conscientização e participação de todos os

profissionais de saúde.

Todos estes aspectos, se não forem amplamente avaliados e discutidos, acabam

representando obstáculos que dificultam a implantação de um plano de gerenciamento de

resíduos de serviço de saúde. No caso de instituições públicas, a troca de direção devido às

mudanças que ocorrem no cenário político também acaba, muitas vezes, por atrasar a

execução de projetos como a implementação de um PGRSS.

A ambição deste trabalho não se limitou então, em avaliar à situação de atendimento

legal às questões gerenciais que permeiam os resíduos químicos gerados em estabelecimentos

de saúde, mas, sobretudo, sensibilizar os geradores e administradores de EAS quanto aos

riscos que estes representam e à importância de manuseá-los corretamente, evitando assim

prejuízos ao meio ambiente e sanções legais. Espera-se que a discussão acerca do tema

perdure por longo tempo e não se perca dentro do conjunto de problemas que se relacionam

com o saneamento ambiental no país.

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8.2 RECOMENDAÇÕES

8.2.1 AO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A seguir são apresentadas sugestões para a melhoria de alguns pontos críticos

relacionados ao gerenciamento de resíduos dentro do estabelecimento, observados durante o

estudo de caso. Espera-se que seguindo estas recomendações o HURJ obtenha progresso da

implantação integral do PGRSS/HURJ, principalmente nas unidades geradoras de resíduos

químicos.

Quanto à equipe de PGRSS:

1- Estruturar Comissão de Resíduos, de maneira formal, ou seja, através da publicação de

determinação de serviço, cuja responsabilidade será o gerenciamento de resíduo em

cada setor do HURJ. Esta comissão ou o setor responsável por ela deve estar inserido

dentro da estrutura organizacional do hospital.

2- Dentre os componentes da Comissão deverá haver: um representante do Serviço de

Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, um representante da

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, um representante da Educação

Continuada, um representante do setor de Serviços Gerais e/ou da Zeladoria, um

representante da Direção Médica, um representante do Corpo Docente, um

representante do Laboratório, os gerentes das equipes de enfermagem, e um

representante do Serviço de Licitação.

3- As principais funções da equipe seriam:

Acompanhar a segregação de resíduos em cada unidade ou setor;

Trazer dúvidas para serem discutidas nas reuniões mensais;

Apresentar sugestões que facilitem o processo de implementação do PGRSS;

Realizar reunião mensal com equipes responsáveis;

4- Estabelecer uma parceria com os encarregados da firma de limpeza em cada andar;

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Quanto ao treinamento:

5- Constituir treinamento de forma estruturada, em sala fechada, com recursos

audiovisuais disponíveis com o objetivo de formar propagadores do PGRSS.

6- Se possível, situar treinamento em horários diferenciados para abranger as diversas

equipes.

7- Reforçar necessidade de estender treinamento aos profissionais da área médica

(Professores, Residentes, Internos, Alunos).

8- Os técnicos dos laboratórios, bem como alunos e pessoal da limpeza que lidam

diretamente com produtos e resíduos químicos devem passar por treinamento

específico quanto às normas de segurança, uso de equipamentos de proteção

individual e coletivos e atendimento a situações de emergência.

9- Todos estes treinamentos devem ser comprovados através de lista de presença que

serão arquivadas para controle da equipe responsável pelo PGRSS;

Quanto às requisições legais:

10- Priorizar urgentemente, a imediata construção do abrigo externo de resíduos,

atendendo à norma 12235/92 da ABNT que fixa as condições exigíveis para o

armazenamento de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde pública e o

meio ambiente.

11- Dar continuidade ao processo de licenciamento ambiental do hospital no órgão

ambiental do Estado.

12- Uma vez que o HURJ adquira a Licença de Operação da FEEMA, far-se-á necessário,

mais do que nunca, o cumprimento das exigências legais quanto ao armazenamento,

transporte e disposição final não só dos resíduos químicos, mas de todos os resíduos

gerados no serviço de saúde;

13- É necessário nos processos de licitação para compras de produtos químicos que os

fabricantes e/ou fornecedores encaminhem as Fichas de Segurança de Produtos

Químicos juntamente com os respectivos produtos. Além disso, em se tratando de

empresas que executem o tratamento e a coleta de resíduos, deve-se exigir como

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requisito para participar da licitação apresentar o licenciamento ambiental necessário

para executar tais atividades.

Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos em si:

14- Cada unidade geradora de resíduos químicos deve elaborar protocolo específico para o

manuseio e descarte de resíduos gerados no seu setor,

15- Os resíduos químicos perigosos segregados no Laboratório de Patologia e Serviço de

Radiologia devem ter suas embalagens identificadas no local de geração.

16- As lâmpadas fluorescentes devem ser acondicionadas em caixas rígidas, evitando

assim riscos de acidentes e exposição do mercúrio.

17- Recomenda-se separar os termômetros quebrados, utilizados no serviço assistencial,

em recipiente rígido e encaminhá-los juntamente com as lâmpadas fluorescentes ao

processo de recuperação do metal. Outra possibilidade seria providenciar a troca dos

termômetros de mercúrio por termômetro digital.

18- Quanto aos resíduos gerados nos Laboratórios de Análises Clínicas e Anatomia

Patológica, Serviço de Endoscopia, Centro Cirúrgico e Central de Materiais que são

descartados diretamente na pia, é essencial que estes sejam neutralizados antes deste

procedimento sendo realizada medida de pH, para o controle da neutralização.

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8.2.2 TRABALHOS FUTUROS

1. Ampliar a pesquisa abrangendo também os estabelecimentos de assistência à saúde da

rede particular ajudaria a perceber se as falhas no gerenciamento de resíduos do

serviço de saúde são genéricas, atingindo ambos os regimes de atuação, ou se existem

especificidades entre eles.

2. Estudar os ganhos, em todos os níveis, que as instituições hospitalares teriam com a

sistematização de documentos e procedimentos ambientais balizando assim a

necessidade de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental em suas unidades,

também constitui um bom tema para um novo estudo.

3. Outra possibilidade de pesquisa seria analisar os ganhos ambientais e econômicos que

as instituições hospitalares obteriam através da implantação de programas de coleta

seletiva, principalmente para papel/papelão, plástico e vidro.

4. Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos em estabelecimentos de saúde

constitui-se um outro tema de pesquisa a avaliação de maneira específica, a situação

de atendimento às normas reguladoras por parte dos Laboratórios de Anatomia

Patológica e Serviço de Radiologia particulares do estado do Rio de Janeiro.

5. Uma vez que alguns produtos químicos usados no processo de limpeza e higienização

hospitalar fazem parte igualmente do conjunto de substâncias químicas utilizados no

dia a dia doméstico da sociedade, recomenda-se estabelecer estudo quantitativo das

diversas correntes que compõem a rede hospitalar, analisando a real contribuição dos

parâmetros na saída dos efluentes hospitalares para a rede coletora municipal ou

estadual.

6. Por fim, avaliar todo o contexto do gerenciamento de resíduos hospitalares sob a

perspectiva dos órgãos fiscalizadores, tentando averiguar o entendimento e as

dificuldades destes quanto às necessidades vinculadas a este tipo de resíduo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACIDENTE RADIOLÓGICO COM CÉSIO 137 É CONSIDERADO O MAIOR DO MUNDO Disponível em: <http://www.unificado.com.br/calendario/09/cesio.htm> Acesso em: 09/08/2005 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA, Resolução RDC 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Diário Oficial da União, 10 dez., Seção 1. Brasília, 2004. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=13554&word=> Acesso em: 15/09/2005. > Acesso em: 15/09/2006. __________. Estudo e levantamento de dados de Laboratórios Analíticos Manejo e Descarte de Resíduos Laboratoriais: Recomendações do correto destino de resíduos de Laboratórios Analíticos Versão Preliminar, 2005a Disponível em: <https://www.anvisa.gov.br/reblas/procedimentos/manejo.pdf __________. Manual de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde, curso capacitação dos hospitais sentinelas, 2005b, Rio de Janeiro, CDROOM; __________. Segurança no Ambiente Hospitalar Brasília, 2006 Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.pdf >Acesso em: 25/10/2006. ALMEIDA, Vera Luci. DAES – Modelo para Diagnóstico Ambiental em Estabelecimentos de Saúde, 2003, 131 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/11253.pdf> Acesso em: 09/08/2005 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS, Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, São Paulo, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT - NBR 12807: Resíduos de Serviços de Saúde: Terminologia. São Paulo, 1993a. __________. NBR 12808: Resíduos de Serviços de Saúde: Classificação. São Paulo, 1993b. __________. NBR 12809: Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde: Procedimento. São Paulo, 1993c. __________. NBR 12810: Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde: Procedimentos. São Paulo, 1993d. __________. NBR 7500: Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e armazenagem de materiais: Simbologia. São Paulo, set./1987b.

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__________. Lei nº. 2.061, de 28 de janeiro de 1993 - Dispõe sobre a coleta de lixo hospitalar e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 29 jan., Rio de Janeiro, 1993; Disponível em: <http://www.alerj.rj.gov.br/processo2.htm > Acesso em: 15/09/2005. __________. Lei nº. 3.316 de 09 de dezembro de 1999. Autoriza o Poder executivo a implantar sistema de tratamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 09 jan., Rio de Janeiro, 2000; Disponível em: <http://www.alerj.rj.gov.br/processo2.htm > Acesso em: 15/09/2005. __________. Lei nº. 4.191, de 30 de setembro de 2003 - Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 02 out., Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: <http://www.alerj.rj.gov.br/processo2.htm> Acesso em: 15/09/2005. SALLES, Roberto Cleverton. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, 2004. 99f. Monografia (conclusão de curso). Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Paraná. Disponível em: <http://www.pucpr.br/educacao/academico/graduacao/cursos/ccet/engambiental/tcc/2004/pdf/roberto_salles.pdf> Acesso em: 08/10/2005. SANTOS, Joana Mara Teixeira, Normas para a Elaboração Gráfica da Dissertação de Mestrado, 2006, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Instituto de Química, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,. SILVA, C. E. & HOPPE, A. E., Diagnóstico dos Resíduos do Serviço de Saúde no Interior do Rio Grande do Sul. Revista Engenharia Sanitária Ambiental v 10 Nº2 (Abr-Jun), pág146-151, 2004; Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-41522005000200008>Acesso em:05/08/2005. SILVA, E. L. & MENEZES, E.M. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. Florianópolis, LED/UFSC. 2000. 118 p. Disponível em: <http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%203a%20edicao.pdf>Acesso em:05/07/2006. ZYGER, Ivone Claudia, Um Estudo Sobre a Participação e o Conhecimento da Comunidade no Manejo dos Resíduos Sólidos no Município de Santa Helena-Pr, 2005, 147 f Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis-SC Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/Resumo.asp?6302> Acesso em: 05/08/2005 Sites visitados http://www.abrelpe.com.br/panorama_2005.php

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ANEXOS

Anexo A – Pesquisa Reportagens sobre Resíduos de Serviço de Saúde

Fonte: Jornal O Globo Caderno de Bairros Niterói de agosto de 2006

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O PAPA E A PEDRA 07/09/1997

... BR do lixo O juiz Leandro Costa, da 4ª Vara Cível de São Gonçalo, decidiu acabar com aquele monumento à estupidez humana que é o aterro às margens da BR-101. Até lixo hospitalar é jogado ali por um ferro-velho, diante da omissão da Prefeitura. Silêncio: hospital Ninguém sairá ganhando com a briga entre o conselho deliberativo e a diretoria executiva da Jornal: Globo Autor: Gilson Monteiro Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 731 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói

COLUNA SWANN 24/10/1997

... Juliano Moreira, onde funciona um manicômio público, o médico Paulo da Silva está no lugar certo. Em ofício à Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa ele informou que despeja o lixo hospitalar daquela instituição em terrenos baldios de duas comunidades vizinhas. Quem quiser que se cuide.

Jornal: Globo Autor: Ricardo Boechat Editoria: Rio Tamanho: 1074 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

COLETA DIFERENCIADA PARA O LIXO HOSPITALAR 05/04/1998

... importante quanto a coleta diferenciada, diz a presidente da Clin, é o destino final do material. Foi criada dentro do aterro sanitário uma área de dez mil metros quadrados específica para resíduo hospitalar, de acesso restrito aos funcionários da companhia. - Esse procedimento impede a contaminação de catadores e do próprio solo - esclarece Dayse. INOVAÇÃO: Contribuintes vão ...

Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 812 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói

PACOTE

31/10/1998

... com o lixo com potencial infectante (hospitalar). Desde o terrível acidente radioativo de Goiânia, afora positivas intervenções da Comlurb, pouca coisa se modificou na área de gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), muito mais que apenas hospitalares (home careº). O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara denunciou recentemente existir quantidade preocupante destes ...

Jornal: Globo Autor: Editoria: Opinião Tamanho: 2005 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

LIXO HOSPITALAR É JOGADO NA RUA 04/01/1998

O morador Domingos Pereira Machado reclama que na Rua Lavínia, próximo ao número 100, está se formando um depósito de lixo hospitalar a céu aberto, proveniente do Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Os moradores vêm sofrendo com esse problema há mais de dez anos, mas ninguém toma providências. A preocupação é com o perigo de contaminação devido ao material hospitalar despejado no ...

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Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 305 palavras Edição: 1 Caderno: Zona Oeste RETRANCA: MORTALIDADE INFANTIL: DUAS UNIDADES DA REDE MUNICIPAL TERÃO QUE CUMPRIR EXIGÊNCIAS SOB RISCO DE INTERVENÇÃO ESTADUAL 02/02/1998

... cariocas, onde morreram 71 bebês no mês passado. Uma inspeção realizada pela Fiscalização Sanitária do estado e pelo Laboratório Noel Nutels encontrou baratas ao lado de medicamentos, latas de lixo destampadas e funcionários reutilizando luvas descartáveis nas maternidades Alexander Fleming e Fernando Magalhães. Além da falta de higiene, as duas unidades - onde ocorreram 51 dos 71 óbitos ...

Jornal: Globo Autor: Maria Elisa Alves Editoria: Rio Tamanho: 1058 palavras Edição: 1, 2 Caderno: Primeiro Caderno

SACOS COM LIXO HOSPITALAR EM RUA DO CENTRO 26/01/2000

Polícia ainda investiga a origem do material abandonado Cinco sacos plásticos branco com tarjas vermelhas e a inscrição de resíduo infectante foram deixados na calçada entre o Hospital do Câncer e o Instituto de Análises Noel Nutel's, na Rua Washington Luís, na Praça Cruz Vermelha. O material foi encontrado por garis que faziam a coleta naquela área. Os sacos com lixo hospitalar ...

Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 125 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

POLUIÇÃO: MORADORES RECLAMAM 06/12/2001

... ineficiente. - Encaminhei no último dia 14 um projeto de lei determinando que todos as unidades hospitalares sejam obrigadas a tratar o esgoto removendo pelo menos 80% da carga orgânica e dos resíduos não filtráveis totais - informa Bethlem. Enquanto parlamentares e governo divergem sobre a situação dos hospitais em relação ao tratamento de esgoto, a população que vive às margens do ...

Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 293 palavras Edição: 1 Caderno: Barra

HOSPITAIS JOGAM ESGOTO EM VALAS E SÃO ADVERTIDOS 21/04/2001

... ou privados. O objetivo é minimizar o impacto ambiental e o alto risco que o esgoto não tratado representa para a saúde pública. As pessoas que moram perto de rios e lagoas atingidos pelos resíduos serão avisadas sobre os riscos que estão correndo.

Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 226 palavras Edição: Caderno: Primeiro Caderno

'PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE HIGIENE' 21/05/2002

... na manipulação de recém-nascidos de alto risco" e ainda que "as enfermarias obstétricas estão em péssimas condições de higiene com detritos espalhados pelos corredores, coletores de lixo repletos de resíduos hospitalares". O promotor de Direitos Difusos de Niterói, Marcelo Buhatem, afirmou que, se comprovadas as irregularidades, poderá pedir a demissão da diretoria do hospital. - Depois

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Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 196 palavras Edição: 2 Caderno: Primeiro Caderno

CHORUME SERÁ TRATADO EM USINA 17/08/2003

... dinheiro vem da renegociação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), cujo contrato foi assinado pelo estado em 1994. Já foram gastos R$ 3,6 milhões na construção de um incinerador de resíduos hospitalares, que está em funcionamento, e de uma usina de tratamento de lixo, ainda em construção. Relatório do TCE critica atraso nas obras Hoje, o chorume produzido pelo lixo ...

Jornal: Globo Autor: Flávia Duarte Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 376 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói

ATÉ O FIM DO ANO LIXÃO DEVE PARAR ATIVIDADES, DIZ FEEMA 31/07/2004

lixo hospitalar aumenta a possibilidade de disseminação de doenças, especialmente em lugares onde há animais ou catadores de lixo - explica o professor, lembrando que a disposição final incorreta de resíduos hospitalares contraria a Resolução 283 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 230 palavras Edição: 1 Caderno: Serra

SEDES DE 3 PREFEITURAS POLUEM PARAÍBA DO SUL 13/04/2004

... garante que uma estação já licitada vai acabar com o problema. - Há uma obra já licitada (vencida pela empresa Ferreira Guedes) que usará verbas do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). Depois de pronta, teremos 76% do esgoto tratado, inclusive no bairro onde fica a sede da prefeitura. De fato, atualmente não tratamos o esgoto porque o prédio é muito antigo. Todas as novas ...

Jornal: Globo Autor: Tulio Brandão Editoria: Rio Tamanho: 1167 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno LIXO HOSPITALAR VIRA EPIDEMIA EM ATERROS SANITÁRIOS 18/01/2004

... com investimentos. Sendo assim, o problema não é o resíduo de saúde, que representa apenas um ou dois por cento do total dos resíduos do país. A funcionária da Anvisa admitiu, contudo, que a agência já está preparando alguns ajustes na resolução - Estamos discutindo com o Conama e praticamente está acertado: em fevereiro, antes de a resolução fazer um ano, estaremos apresentando as ...

Jornal: Globo Autor: Chico Otávio Editoria: O País Tamanho: 845 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

JUSTIÇA DETERMINA INTERDIÇÃO DO IML DE NITERÓI 16/09/2004

... o IML de Niterói funcionava em estado precário, sem qualquer higiene, colocando em perigo os funcionários que trabalhavam naquele órgão e também causando "dano irreparável ao meio ambiente". Resíduos apresentam riscos para saúde pública De acordo com a determinação judicial, os resíduos de serviços de saúde apresentam riscos para a saúde pública, para o meio ambiente e, por causa ... Jornal: Globo Autor: Marcelo Dutra

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Editoria: Rio Tamanho: 282 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

OS PROBLEMAS DA CEDAE 25/07/2005

... do Hospital da Lagoa. Depois de três autos de infração, duas notificações e uma multa, a empresa estadual resolveu processar o hospital federal. O Hospital da Lagoa é acusado de lançar esgoto e resíduos hospitalares na galeria de águas pluviais da Avenida Lineu de Paula Machado, que deságua na Lagoa Rodrigo de Freitas. De acordo com a Cedae, após o mapeamento da área, detectou-se que o ...

Jornal: Globo Autor: Selma Schmidt Editoria: Rio Tamanho: 942 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno

SAÚDE 08/05/2005

... de origem hospitalar, assim como para fazer o descarte de medicamentos vencidos. HOME CARE. Se o parente que está sendo tratado em casa tiver o acompanhamento de alguma empresa de home care, todo resíduo resultante do tratamento deve se entregue ao responsável pelo atendimento domiciliar, que se encarregará de fazer o descarte. REMÉDIOS. Ao fazer uma triagem na farmacinha e separar ...

Jornal: Globo Autor: Tânia Neves Editoria: Revista O Globo Tamanho: 758 palavras Edição: 1 Caderno: Revista O Globo

SAÚDE 08/05/2005

Jogar fora. No lixo? Oque fazer com remédios vencidos na farmacinha caseira? E como descartar seringas e outros resíduos resultantes do tratamento de algum parente doente em casa? Médica epidemiologista e coordenadora do setor de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Barra D'Or, Tatiana Campos diz que até mesmo em hospitais alguns desses resíduos começam a ser jogados no lixo comum, .

Jornal: Globo Autor: Tânia Neves Editoria: Revista O Globo Tamanho: 758 palavras Edição: 1 Caderno: Revista O Globo

7. RIO | 21/11/2006 Lixo hospitalar a céu aberto no Aterro de Gramacho RIO - Em uma operação da Delegacia de Proteção ao Meio-Ambiente, policiais descobriram que a área reservada no Aterro de Gramacho para o lixo químico hospitalar é separada apenas por uma cerca de arame farpado, que estava rompida. Segundo... 1. RIO | 9/12/2006 Lixo hospitalar encontrado em lagoas da Barra pode vir do... RIO - Ambientalistas encaminharam à Delegacia do Meio Ambiente uma pista da origem do lixo hospitalar despejado nas lagoas da Zona Oeste. A pista é uma etiqueta com o nome de um paciente do Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. A...

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Anexo B – Divisão Regional de Saúde

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Anexo C – Diagrama de Hommel

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Anexo D – Exemplo de Informações para Rótulo de Resíduos Químicos

Informações para conter no modelo de rótulos de resíduos perigosos: � Nome, endereço e telefone da instituição ou empresa. � Número do controle da embalagem. � Diamante da NFPA preenchido pela numeração recomendada. � Nome do responsável técnico do setor, do responsável pelo preenchimento e a seção de origem. � Conteúdo do recipiente (composição e concentração). � Data de início do armazenamento. � Só ocupar ¾ do volume total do recipiente. � Preencher o rótulo, preferencialmente por digitação, em última hipótese manuscrito em letra de forma bem desenhada. Informações para conter na ficha de acompanhamento de recebimento: � Nome do estabelecimento. � Nome do químico responsável. � Número de controle da embalagem e setor de origem. � Data do recebimento do resíduo. � Responsável pela entrega. � Responsável pelo recebimento. � Tamanho do recipiente. � Quantidade de cada resíduo dentro de cada recipiente. � Estado do resíduo (sólido, líquido e gasoso). � Informações NFPA. � Identificação para destinação. � Observações necessárias. � Legendas (se necessárias). Informações para conter na ficha de acompanhamento da destinação: � Nome do estabelecimento ou instituição. � Identificação da embalagem para destinação. � Data de saída. � Quantidade total descartada. � Informações NFPA. � Pessoa responsável pela entrega. � Campo para destinação. � Observações necessárias. � Legendas (se necessário).

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Anexo E – Questionário Aplicado na Pesquisa Aplicada

Questionário de avaliação do manuseio de

resíduos químicos nos hospitais

Nome da Instituição: __________________________________________________________ Qual o nº de leitos e o fluxo de atendimento do hospital? _____________________________ 1) A Instituição possui responsável pela questão dos resíduos de serviço de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO 2) Em caso afirmativo, este foi formalmente designado pela direção? ( ) SIM ( ) NÃO Qual o cargo que o responsável ocupa?__________________________________ 3) O setor responsável pelo gerenciamento de resíduos aparece formalmente no organograma da instituição? ( ) SIM ( ) NÃO 4) A Instituição tem PGRSS elaborado? ( ) SIM ( ) NÃO Implementado? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso negativo, qual é a maior dificuldade que a instituição encontra? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) A Instituição possui responsável direto (específico) para os resíduos químicos gerados no serviço de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Unidades Geradoras 6) A Instituição possui Laboratório de Análise Clínicas? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7) A Instituição possui Laboratório de Anatomia Patológica? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8) A Instituição possui Serviço de Radiologia? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9) A Instituição possui Serviço de Quimioterapia/Radioterapia? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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10) A Instituição possui lavanderia? ( ) SIM ( ) NÃO

11) A Instituição possui caldeira à óleo para geração de vapor? ( ) SIM ( ) NÃO

Em caso afirmativo, o local é devidamente pavimentado e contido para que se evite vazamento de óleo para a rede de esgoto? ( ) SIM ( ) NÃO

12) A Instituição possui unidade de colocação de gesso? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos gerados nesta unidade? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Acondicionamento 13) A Instituição possui Depósito de Resíduos Químicos? ( ) SIM ( ) NÃO 14) A Instituição possui Depósito de Resíduos Radioativos? ( ) SIM ( ) NÃO Como é o manuseio destes resíduos? Existe procedimento formalizado? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tratamento 15) A Instituição possui ou pensa em construir uma Estação de Tratamento de Efluentes? ( ) SIM ( ) NÃO Em qualquer um dos casos, por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Segurança 16) Os fornecedores de produtos químicos encaminham as Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ’s) de seus respectivos produtos? ( ) SIM ( ) NÃO Meio Ambiente 17) A Instituição possui ou pensa em obter a Licença de operação Ambiental na FEEMA? ( ) SIM ( ) NÃO Em que processo está o andamento do pedido? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18) Existe alguma denúncia no Ministério Público, relativo à questão ambiental, contra a Instituição? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso afirmativo, desde que ano? __________ 19) A Instituição recebeu, alguma vez, a visita de técnicos de algum órgão ambiental municipal, estadual ou federal? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso afirmativo, o que foi requerido por este? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Obrigada, Angélica Malvão Carlson Programa de Pós Graduação em Engenharia Química UERJ 2006/02

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Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ

SIGLA NOME

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CPL Comissão Permanente de Licitação

SG Serviços Gerais

SM Serviço de Material

SCF Serviço de Contabilidade e Finanças

SP Serviço de Pessoal

GEIA Gerência de Enfermagem em Int. e alta Ambulatorial

GEE Gerência de Enfermagem em Emergência GECE Gerência de Enfermagem de Clínica Especializada GECI Gerência de Enfermagem de Cirurgia GECL Gerência de Enfermagem Clínica

GECCCM Gerência de Enfermagem Centro Cirúrgico e Central de Material GEID Gerência de Enfermagem de Imagem e Diagnóstico GEOB Gerência de Enfermagem de Obstetrícia GENP Gerência de Enfermagem Neonatal e Pediatria CCL Coordenação Clínica

UTINEO UTI Neonatal

ANEST Anestesiologia

END Endoscopia

CAEI Coordenadoria de Atendimento Externo e Interno

CC Centro Cirúrgico

CSTA Coordenação de Serviço Técnico Auxiliar

NEONAT Neonatologia

OBS Obstetricia

CACON Centro de Alta Complexidade em Oncologia

SENPI Serviço Neuro Psiquiatria Infantil

SURO Serviço de Urologia

CP Coordenação de Patologia

GIN Ginecologia

HEMD Hemodinâmica

SCM Serviço de Clínica Médica

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Anexo G – Lista de Insumos Químicos do HURJ - Consumo 2006

KITS LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

KIT Unidades/ ano KIT Unidades/

ano KIT Unidades/ ano

Hematologia Hemograma 85200 TAP 26400 APTT 26400

Bioquímica Glicose 50400 CK 7200 Proteína total 6000 Uréia 48000 CK MB 7200 Lactato 600

Creatinina 50400 LDH 8400 Sódio sérico 48000 Proteínas totais 15600 Amilase 6000 Potássio sérico 48000

Albumina 15600 Lípase 4800 Cloro sérico 24000 Ácido úrico 8400 Gama 12000 Proteína C reativa 6000 Colesterol 16800 Cálcio 15600 Tropomina 3600

Triglicerídeos 16800 Fósforo 6000 mioglobina 600 AST/TGO 20400 Magnésio 10800 CK MB 3600 AST/TGP 20400 Ferro 3000 Fenobarbital 400

Fosfatase alcalina 15600 HDL colesterol 14400 Fenitoína 400 Bilirrubina total 14400 Combinado ferro 2400 Carbamazepina 400

Bilirrubina direta 14400 Hemoglobina glicada 6000 Digoxina 400 Hormônios

TSH 7200 Vitamina B12 1200 Cortisol 600 T4 7200 Ácido Fólico 1200 Insulina 400

FSH 1200 Ferritina 2400 Tireoglobulina 300 LH 1200 Testosterona 1200 DTH 400

Prolactina 1200 Estradiol 1200 HGH 400 Progesterona 1200 SDHEA 400

Imunologia Toxoplasmose IgG 4800 PSA total 4800 Anti HCV 6000 Toxoplasmose IgM 3600 PSA livre 4800 Anti HIV 6000

Rubéola IgG 1200 CEA 600 Imunoglobulina G 1200 Rubéola IgM 1200 Alfa 6000 Imunoglobulina A 1200

Citomegalovírus IgG 3600 HBs Ag 4800 Imunoglobulina M 1200 Citomegalovírus IgM 3600 HBe Ag 1200 Complemento C3 1200

HIV 1 e 2 600 Anti HBc IgG 4800 Complemento C4 1200 Ca 15.3 400 Anti HBc IgM 4800 Fator reumatóide 12000 Ca 12.5 400 Anti HBe 1200 Antiestreptolisina O 12000 Ca 19.9 400 Anti HBs 4800 � glicoproteína ácida 1200

HCG 600 Hepatite A IgG 1200 � Antitripsina 600 IgE 600 Hepatite A IgM 1200 Transferrina 600

Auto-imunidade Ana screen 3600 Anti cardiolipina G 240 Anti TPO 1200 Anti DNA 1920 Anti cardiolipina M 240 Anti Scl 70 120 Anti RO 1920 P anca 480 Anti histona 240 Anti LA 1920 C anca 480 Anti SRC 960 Anti SM 1920 Anti tireoglobulina 1200

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REAGENTES QUÍMICOS

Reagente Quantidade/ ano

Reagente Quantidade/ ano

Reagente Quantidade/ ano

Álcool metílico 240 L Cresil Violeta 300 g Hidróxido de sódio

6 kg

Acetona 36 L Cristal Violeta 25 g 12 Isopentano 12 L

Ac. Acético 36 L Cristal Violeta 1L 12 Light green 25 g 12

Ac. Clorídrico fumegante

12 L Cuba de coloração 500 ml

12 Menadione 12

Ac. Fosfomolibdico 12 L Cytochrome 3 kg Mercaptoetanol 12

Ac. Fosfotungstico 12 frascos Dibutil Ftalato 12 L Metabissulfito sódico

1200 g

Ác. Nítrico 24 L Diaminobenzidina 120 g Violeta de metila 120 g

Ac. Oxálico (100g) 12 frascos Dimetilformamida 12 L Metil Metracrilato 12 L

Ac. Periódico 12 L Ditiotreitol 120 G Azul de Metileno 12 L

Ac. Succínio (100 g) 12 frascos EDTA 6 kg Parafina 500 12

Ac. Tartárico (25 g) 12 frascos Eosina Amarela 600 g Peróxido de Benzoila

12 kg

Adenosim (10 g) 12 frascos Eosina Azul de metileno

600g Peróxido de Hidrogênio 30%

36 L

Albumina 6 frascos Éter Sulfúrico 432 L Propileno glycol 12 L

Álcool absoluto 3600 L Fast Green 1200 g Sal sódico 100 g 12

Álcool comum 7200 L Fast Red 120 g Silano 12 fr

Alcool isopropílico 12 L Formaldeído PA 1200 L Soro A 10 ml 120

Alúmem Potassio 12 kg Fosfato Potássico Bibásico

120 g Soro AB 10 ml 120

Amido 12000 ml Fosfato Potássico Monobásico

120g Soro B 10 ml 120

Azul de metileno 24 L Fosfato Sódio Monobásico

6 kg Sucicinato Potassíco

6 kg

Azul de Toluidina 2400 g Fosfato Sódio Bibásico

6 kg Succinato Sódio 6 kg

Barbital sódico 1200 g Fosfato Sódio Monohidratado

3 kg Sucrose 12 kg

Benzina retificada 432 L Fosfato Dissódico 12 fr Suddan Black 120 g

Bicromato de potássio 6 kg Glicerina 24 L Sulfato Amônio 12 L

Bissulfito de sódio 12 kg Fuccina 1000 ml 12 Sulfato de Sódio 6 kg

Cal sodada 360 kg Fuccina Básica 6 kg Tris Hidroximetil aminometano

6 kg

Chormotrope 1200 g Glicerina 500 g 12 Vaselina 1000 mL 720

Cloreto de cálcio 6 kg Glutaraldeído aquoso 70%

2,4 L Vaselina Sol 500 360

Cloreto de cobalto 1200 g Hematoxilina 25g 12 Vermelho de congo 25 g

12

Cloreto sódico 6 kg Hidróxido de potassio

1,2 kg Xilol 1200 L

Controle de RH Fr c/10 60

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Anexo H – Planta Abrigo Externo de RSS

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