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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS EM AMBIENTES HOSPITALARES: NECESSIDADES E DIFICULDADES
ESTUDO DE CASO: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO FEDERAL LOCALIZADO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ANGELICA MALVÃO CARLSON
Orientador
Prof. Dr. Marco Antonio Gaya de Figueiredo
Rio de Janeiro, RJ – Brasil Abril/2007
Livros Grátis
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ii
iii
CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CTC/Q
C284 Carlson, Angélica Malvão Gerenciamento de resíduos químicos em ambientes hospitalares:
necessidades e dificuldades, estudo de caso: hospital universitário federal localizado no estado do Rio de Janeiro. / Angélica Malvão Carlson. – 2007.
xiv,131 f. Orientador: Marco Antonio Gaya de Figueiredo. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Química. 1. Resíduos perigosos – Teses. 2. Meio ambiente - Teses. 3.
Serviços de saúde – Teses. I. Figueiredo, Marco Antonio Gaya de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.
CDU 628.4.046
iv
Ao meu avô, Eduardo (In Memorian), que mesmo sem saber, tornou tudo isso possível
v
AGRADECIMENTOS
À Força Suprema que me guia. Aos meus pais, Sidney e Creuma, pela dedicação, educação, cuidado e amor que me fizeram chegar até aqui. Á minha irmã, Elise, pelo carinho e amizade, que me estimularam por todo o caminho. Aos meus amigos, que partiram e aos que ficaram, por compartilharem minhas alegrias e, igualmente, minhas tristezas, me estimulando nos momentos de angústia, me aconselhando nas dificuldades e me incentivando em toda jornada. Cada um, de seu jeito, contribuiu para o que sou hoje. À Francisca, minha “avó” de alma, pelo afeto e apoio que sempre me dedicou. Ao meu querido Avô, que guardo no fundo do coração, pelo o abrigo e júbilo que me fazem falta. Saudades. Aos colegas de mestrado pelos momentos de “concentração”, onde dividimos as expectativas das provas, e também pelos momentos de “descontração”, onde partilhamos as alegrias das notas. Ao meu orientador, e querido amigo, Marco Antônio Gaya de Figueiredo, pelas sugestões, apoio e incentivos, mas principalmente por acreditar neste trabalho. Obrigada por tudo. A toda equipe do corpo docente, pelo aprendizado, especialmente ao Professor Fernando Altino Medeiros Rodrigues, que com sua persuasão influenciou minhas decisões e vigorou meu crescimento e ao Professor André Luiz Hemerly Costa, que com sua tranqüilidade apresentou novas perspectivas ao trabalho. À Lilia Ribeiro Guerra, pela inspiração e pelo tempo ausente. Aos profissionais do Estabelecimento de Saúde, objeto do estudo de caso, pelas informações fornecidas, e aos profissionais da firma de limpeza terceirizada pela cooperação. A todos os hospitais que participaram da pesquisa de campo, principalmente seus gerenciadores e responsáveis por resíduos, pela grandiosa ajuda que contribuiu para a valorização deste trabalho.
vi
RESUMO
O tema do presente estudo é o gerenciamento de resíduos químicos em ambientes hospitalares. Os resíduos químicos são gerados nas atividades auxiliares dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, tais como hospitais, laboratórios, serviços de diagnóstico e tratamento, centros de saúde, clínicas, institutos de medicina legal e outros. Dentre todos, os hospitais, por suas características de atendimento, são, sem dúvida, os maiores geradores deste tipo de resíduo. Controlar e diminuir os riscos inerentes a este tipo de resíduos, além de ser uma exigência legal, passa a ser uma necessidade ambiental e um desafio a ser enfrentado pelos administradores de estabelecimentos assistenciais à saúde. O objetivo geral desta pesquisa passa então por avaliar o gerenciamento dos resíduos químicos gerados nos hospitais públicos da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, abordando às necessidades e dificuldades enfrentadas por estes geradores que incluí aspectos políticos, administrativos, econômicos e em alguns casos físico-estruturais. Para atingir tal objetivo o método empregado foi dividido em duas etapas: I) Pesquisa Aplicada, onde foram visitados alguns hospitais públicos do Estado e utilizou-se um questionário para avaliar as questões relacionadas com o gerenciamento de resíduos químicos e II) Estudo de Caso, onde se considerou, através de observações e entrevistas, o gerenciamento de resíduos químicos de um hospital universitário de grande porte de maneira efetiva. Foram utilizadas como fontes secundárias informações obtidas em seminários relacionados ao tema, reportagens de jornais e entrevistas publicadas em fontes especializadas. Os resultados obtidos mostram que as dificuldades enfrentadas no gerenciamento de RSS, inclusos neste grupo os resíduos químicos, é uma realidade para a maioria dos hospitais da rede pública. Conclusão: o maior problema a ser enfrentado por estas instituições está diretamente ligado à conscientização, ou melhor, a falta de conscientização, de funcionários, médicos e gerência dos hospitais, quanto à importância da correta segregação, armazenagem e manuseio destes resíduos. Além disso, a falta de recursos financeiros e, em alguns casos, até de espaço físico também dificulta o efetivo gerenciamento deste tipo de resíduos. Problemas secundários relacionam-se com a falta de fiscalização dos órgãos sanitário-ambientais competentes e o descaso da própria população que não atenta para os problemas ambientais e de saúde e segurança, decorrentes de um incorreto gerenciamento não só dos resíduos químicos, mas de todos os resíduos de serviço de saúde. Como recomendação, pode-se dizer que se faz necessária uma maior mobilização por parte dos estabelecimentos hospitalares para a discussão e atendimento das legislações aplicáveis e também, o desenvolvimento de uma estrutura gerencial com responsabilidades definidas e ações planejadas, compatíveis com a realidade do serviço público, e que possam levar a alcançar os objetivos e metas de um gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde.
Palavras chaves: resíduos perigosos, gerenciamento de resíduos, meio ambiente, serviços de saúde
vii
ABSTRACT
The subject of the present study is the management of chemical waste from hospitals. The chemical waste is generated in auxiliary activities in establishments that provide health services such as hospitals, laboratories, services of diagnosis and treatment, health centers, clinics, medical jurisprudence institutions and others. Among all, hospitals are certainly the major generator of this type of waste for their characteristics of attendance. Controling and reducing the inherent risks of this type of waste are legal requirements, but have also become environmental necessities consisting of a challenge to be faced by the administrators of health service establishments. The general objective of this research is to analyze the management of the chemical waste generated in public hospitals of the metropolitan region of the Rio de Janeiro state, presenting the necessities and difficulties faced by these generators that include political, administrative, economic, and in some cases, physicist-structural aspects. To reach such objective, the employed method was divided into two stages: I) Applied Research, in which some public hospitals of the state were visited and a questionnaire to evaluate the questions related with the management of chemical waste was made and II) Case study, in which the management of chemical waste of a university hospital was considered through comments and interviews. Information acquired in seminaries related to the subject, newspaper articles and interviews in specialized sources were used as secondary sources. The results show that the difficulties faced in the management of health waste, including chemical waste, are present in the majority of the public hospitals net. Conclusion: the major problem to be faced by these institutions is directly related to the lack of importance given by employees, doctors and hospital managers concerning correct segregation, storage and handling of this waste. Moreover, the lack of financial resources and, in some cases, the lack of physical space also makes it difficult to deal with this type of waste effectively. Secondary problems are related to the lack of inspection of the competent sanitary- environment agencies and the own population that does not give proper care for the environment, health and security problems caused by the incorrect management not only of the chemical waste, but all of the health service waste. As recommendation, it can be said it is necessary that the hospitals go through a major mobilization to raise discussions and attend the applicable laws and also develop a managing structure with definite responsibilities and planned actions, compatible with the reality of the public service so that the goals of the management of health service waste are reached.
Keywords: hazardous waste, management of waste, environment, health service
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Quantidade de RSS coletados por região Brasil (t/dia).............................................3
Figura 2 – Avaliação de Risco – Resíduo Químico .................................................................35
Figura 3 – Aspectos Administrativos relacionados ao gerenciamento de RSS........................59
Figura 4 – Análise dos aspectos legais relacionados ao gerenciamento de RSS......................60
Figura 5 – Avaliação dos Aspectos Físico-Estruturais.............................................................61
Figura 6 – Destinação de Resíduos Químicos Líquidos...........................................................62
Figura 7 – Destinação Resíduos Químicos Sólidos..................................................................63
Figura 8 – Organograma do Estabelecimento ..........................................................................68
Figura 9 – Container para armazenamento temporário ............................................................79
Figura 10 – Esquema Manuseio de Resíduos Químicos no Hospital Estudado.......................85
Figura 11 – Comparativo Aspectos Administrativos ...............................................................88
Figura 12 – Comparativo Aspectos Legais...............................................................................89
Figura 13 – Comparativo Aspectos Físico - Estruturais...........................................................90
Figura 14 – Comparativo Descarte de Resíduos Químicos Líquidos.......................................91
Figura 15 – Comparativo Descarte Resíduos Químicos Sólidos..............................................92
Figura 16 – Gerenciamento de Resíduos Químicos: Análise de Alguns Aspectos ..................93
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Disposição Final, Tratamento e Coleta de RSS no Brasil ........................................3
Tabela 2 – Esgotamento Sanitário - Proporção de Municípios - Grandes Regiões Brasil .........4
Tabela 3 – Tipos de Unidades Ambulatoriais ..........................................................................15
Tabela 4 – Hospitais quanto à capacidade de internação .........................................................15
Tabela 5 – Hospitais quanto ao regime do serviço...................................................................16
Tabela 6 – Unidade Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro................................................16
Tabela 7 – Leitos Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro ...................................................17
Tabela 8 – Características dos Hospitais ..................................................................................57
Tabela 9 – Origem dos pacientes HURJ...................................................................................65
x
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Reportagens – Resíduos de Serviço de Saúde.........................................................6
Quadro 2 – Geração e Tratamento RSS....................................................................................18
Quadro 3 – Hospitais Licenciados do Estado do Rio de Janeiro..............................................19
Quadro 4 – Normas ABNT.......................................................................................................26
Quadro 5 – Normas da ABNT para RSS..................................................................................27
Quadro 6 – Exemplo de Produtos Químicos utilizados em EAS .............................................31
Quadro 7 – Tratamento e Destinação Final Resíduo Químico.................................................39
Quadro 8 – Acondicionamento de Resíduo Químico...............................................................40
Quadro 9 – Características do Estabelecimento .......................................................................66
Quadro 10 – Unidades ou Serviços do Estabelecimento..........................................................67
Quadro 11 – Resíduos Químicos do HURJ..............................................................................77
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CNEN – Conselho Nacional de Energia Nuclear
COMLURB – Companhia Municipal de Limpeza Urbana
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
EAS – Estabelecimento de Assistência à Saúde
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico
HURJ – Hospital Universitário do Estado do Rio de Janeiro
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS – Ministério da Saúde
MINTER – Ministério do Interior
NBR – Norma Brasileira de Referência
NFPA – National Fired Protection Association
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
RSS – Resíduos de Serviços de Saúde
SESMT – Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho
xii
Parte deste trabalho foi apresentado no I CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO HUMANO do Comitê Panamericano de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Humano da Unión Panamericana de Asociaciones de Ingenieros; UPADI-MADEHUMAN, realizado entre os dias 12 e 15 de junho de 2006, em Salvador-BA.
xiii
SUMÁRIO I) INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1
1.1 CONTEXTO .................................................................................................................................... 1
1.2 OS PROBLEMAS COM OS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .......................................... 7
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 10
1.3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 10
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 10
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................................... 11
II) RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE..................................................................................... 13
2.1 ESTABELECIMENTOS GERADORES DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE............... 14
2.2 ASPECTOS LEGAIS..................................................................................................................... 20
2.2.1 HISTÓRICO ...................................................................................................................... 21
2.2.2 LEGISLAÇÃO FEDERAL ................................................................................................. 23
2.2.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL ............................................................................................... 24
2.2.4 NORMAS TÉCNICAS ........................................................................................................ 25
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .............................................. 27
III) RESÍDUOS QUÍMICOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................... 30
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................................... 30
3.2 RISCOS ASSOCIADOS................................................................................................................ 32
3.3 ASPECTOS GERENCIAIS ........................................................................................................... 34
3.3.1 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO ...................................................................................... 36
3.3.2 ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO................................................................. 39
3.3.3 ASPECTOS RELATIVOS À SEGURANÇA ....................................................................... 42
3.4 PLANEJAMENTO E GESTÃO .................................................................................................... 44
IV) METODOLOGIA ....................................................................................................................... 46
4.1 CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA ....................................................... 47
4.1.1 QUANTO AOS OBJETIVOS ............................................................................................. 47
4.1.2 QUANTO À FORMA DE ABORDAGEM.......................................................................... 48
4.1.3 QUANTO À NATUREZA ................................................................................................... 48
4.1.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS............................................................ 49
4.2 DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES............................................................................. 49
4.2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 50
4.2.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................................... 51
4.2.3 ESTUDO EXPLORATÓRIO.............................................................................................. 52
4.2.4 ORGANIZAÇÃO E REDAÇÃO DO RELATÓRIO ............................................................ 55
xiv
V) PESQUISA APLICADA............................................................................................................... 57
5.1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS .............................................................................................. 58
5.2 ASPECTOS LEGAIS..................................................................................................................... 59
5.3 ASPECTOS FÍSICO-ESTRUTURAIS.......................................................................................... 60
5.4 RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS............................................................................................ 61
5.5 RESÍDUOS QUÍMICOS SÓLIDOS.............................................................................................. 63
VI) ESTUDO DE CASO.................................................................................................................... 64
6.1 APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ....................................................................................... 64
6.2 ASPECTOS POLÍTICOS ADMINISTRATIVOS......................................................................... 70
6.3 EVOLUÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ........................................ 72
6.4 RESÍDUOS QUÍMICOS................................................................................................................ 74
6.4.1 UNIDADES GERADORAS................................................................................................ 75
6.4.2 SEGREGAÇÃO, MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO ............................................... 78
6.4.4 TRATAMENTO.................................................................................................................. 80
6.4.5 TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO ........................................................................... 82
6.4.6 DISPOSIÇÃO FINAL ........................................................................................................ 83
VII) ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 84
7.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO .................................................................................... 84
7.2 ANÁLISE COMPARATIVA COM DEMAIS HOSPITAIS......................................................... 88
VIII) CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 94
8.1 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 94
8.2 RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................... 96
8.2.1 AO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ........................ 96
8.2.2 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................. 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 100
ANEXOS ........................................................................................................................................... 104
Anexo A – Pesquisa Reportagens sobre Resíduos de Serviço de Saúde............................................ 104
Anexo B – Divisão Regional de Saúde .............................................................................................. 109
Anexo C – Diagrama de Hommel ...................................................................................................... 110
Anexo D – Exemplo de Informações para Rótulo de Resíduos Químicos......................................... 111
Anexo E – Questionário Aplicado na Pesquisa Aplicada .................................................................. 112
Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ ........................................................................................ 114
Anexo G – Lista de Insumos Químicos do HURJ - Consumo 2006 .................................................. 115
Anexo H – Planta Abrigo Externo de RSS......................................................................................... 117
I) INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento como o controle de
fatores que atuam sobre o meio ambiente e que exercem, ou podem exercer, efeitos
prejudiciais ao bem-estar físico, mental ou social do homem (LIMPURB, 2000). Dentro dessa
definição encaixa-se tanto o conceito de Limpeza Urbana que, além de outros serviços,
engloba a coleta, o tratamento e a destinação final do lixo ou resíduos sólidos, como o
conceito de Esgotamento Sanitário que constitui o conjunto de obras e instalações destinadas
à coleta, transporte, afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias da
comunidade, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário.
“No passado o lixo era constituído basicamente de matéria orgânica. As concentrações
humanas eram pequenas, em conseqüência, o destino dos resíduos sólidos produzidos pelo
homem era de fácil solução, sendo comum ser enterrados, prática esta que resolvia dois
aspectos: controle de vetores e fertilização do solo” (LIMPURB, 2000). Com o crescimento
populacional, as modificações econômicas e o desenvolvimento industrial crescente, houve
um aumento acelerado da produção de resíduos, principalmente daqueles que não se
decompõem facilmente na natureza (MARTINS, 2004). Ocorreu não só uma maior produção
de lixo, como também uma modificação na sua composição ao longo desse período.
Atualmente a população mundial enfrenta um grande problema que é o da disposição
final de todo este lixo. Estima-se que a população mundial, hoje de mais de 6 bilhões de
habitantes, esteja gerando 30 bilhões de toneladas de lixo por ano (D'ALMEIDA, 2000 apud
SALLES, 2004). Tais condições de desequilíbrio ambiental passaram a atingir direta ou
2
indiretamente a vida de cada cidadão, seja por meio de problemas na área de saúde, por
problemas sociais e até problemas econômico-financeiros.
Os Resíduos do Serviço de Saúde (RSS) estão inseridos neste contexto sanitário-
ambiental, e têm um papel de destaque no cenário da saúde pública, não só pelas questões
relativas ao bem-estar social como também pelas ambientais. Isto porque os RSS trazem
consigo características de periculosidade intrínseca à presença de organismos patogênicos e à
heterogeneidade de sua composição, já que podem conter substâncias tóxicas, radioativas,
perfurantes e cortantes (ANVISA, 2005a).
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (ANVISA,
2005b), os resíduos de serviço de saúde constituem parte importante dos resíduos sólidos
urbanos gerados, não necessariamente pela quantidade que segundo dados das agências de
limpeza representam apenas 1 a 3% do total de resíduos, mas pelo potencial de risco que estes
apresentam. Pires (2003) menciona que os RSS, no imaginário popular, fazem parte de um
único grupo de resíduos que coloca em risco a saúde de toda a comunidade. “Não raro lhe são
atribuídas a culpa por casos de infecção hospitalar e outras tantas mazelas dos nosocômios”
(MOROSINO, 2004).
O desconhecimento da população, e também dos próprios profissionais de saúde,
acerca dos RSS, faz com que este “fantasma”, conhecido também como lixo hospitalar1,
cresça e amedronte os colaboradores e clientes das instituições de saúde.
Na realidade, em um ambiente hospitalar, que representa o estabelecimento gerador de
RSS de maior complexidade, a maioria dos resíduos gerados assemelha-se aos produzidos em
nossas residências. Apontamentos científicos indicam que somente 10% dos resíduos gerados
nestes ambientes apresentam riscos biológicos (GUADAGNIN, 2006).
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada no Brasil no ano 2000,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a maioria dos
municípios brasileiros não utiliza um sistema apropriado para efetuar a coleta, o tratamento e
a disposição final dos RSS. De um total de 5.507 municípios brasileiros, somente 63,0%
realizam a coleta dos RSS. A Figura 1 apresenta o perfil de coleta de RSS por região do país
em t/dia.
Além disso, um pequeno percentual dos municípios brasileiros utiliza formas corretas
de tratamento dos RSS (Tabela 1). A queima a céu aberto ainda predomina em cerca de 1 A denominação “lixo hospitalar” tornou-se comumente utilizada, mesmo quando os resíduos não eram gerados em unidades hospitalares (CONFORTIN, 2001, p 6).
3
SE
NE
S
N
CO
3132
469 195 145 132
20,0% dos municípios, seguida pela incineração (11,0%). As tecnologias de microondas e
autoclave para desinfecção dos RSS são adotadas, ainda, por um número mínimo de
municípios (0,8%). A maior porcentagem dos municípios (22,0%) não trata de forma alguma
seus RSS. Avaliando ainda o PNSB 2000, observou-se que de um total de 5.507 municípios
brasileiros, apenas 9,7% dispõe os resíduos classificados como perigosos em locais
previamente autorizados para esta atividade.
Figura 1 – Quantidade de RSS coletados por região Brasil (t/dia) Fonte: Manual de Gerenciamento dos RSS (ANVISA, 2005b)
Tabela 1 – Disposição Final, Tratamento e Coleta de RSS no Brasil
Serviço N° de Municípios
Coleta 3.466 Disposição Lixão junto com demais resíduos 1.696 Aterro junto com demais resíduos 873 Aterro de Resíduos Especiais
próprio 377 de terceiros 162
Tratamento Incinerador 589 Microondas 21 Forno 147 Autoclave 22 Queima a céu aberto 1.086 Outro 471 Sem tratamento 1.193 Total de municípios brasileiros 5.507
Fonte: Manual de Gerenciamento dos RSS (ANVISA, 2005b)
4
Outra dificuldade enfrentada pelas autoridades é a falta de esgotamento sanitário que
acarreta uma poluição indireta, ou muitas vezes direta, dos corpos hídrícos. No Brasil, apenas
33,5% do número total de domicílios recenseados são atendidos por rede geral de esgoto
(IBGE, 2000). Os Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS) são também geradores de
efluentes sanitários. Se a cobertura do serviço de esgotamento sanitário é reduzida e o
tratamento do esgoto coletado não é abrangente, o destino final do esgoto sanitário contribui
ainda mais para um quadro precário do serviço.
A PNSB mostrou ainda que quase metade dos municípios brasileiros (47,8%) não
prestam os serviços de coleta, tratamento ou disposição final do esgoto. Os municípios que
têm apenas serviço de coleta superam a proporção daqueles que coletam e tratam o esgoto
(32,0% e 20,2%, respectivamente), conforme mostra a Tabela 2. A situação do esgotamento
sanitário dos municípios ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir uma condição
satisfatória. Entre 1989 e 2000, o serviço de saneamento nos municípios cresceu em apenas
10%. Neste período, houve um aumento de 77,4% no tratamento do esgoto coletado pelas
empresas, passando de 19,9% para 35,3%, porém este número não é suficiente. No Sudeste, a
região do País com a maior proporção de municípios com esgoto coletado e tratado, somente
um terço deles apresenta uma condição adequada de esgotamento sanitário.
Tabela 2 – Esgotamento Sanitário - Proporção de Municípios - Grandes Regiões Brasil
Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário (%) Grandes Regiões
Sem coleta Só coletam Coletam e tratam
Brasil 47,8 32,0 20,2
Norte 92,9 3,5 3,6
Nordeste 57,1 29,6 13,3
Sudeste 7,1 59,8 33,1
Sul 61,1 17,2 21,7
Centro-Oeste 82,1 5,6 12,3
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 1989/2000.
Os distritos brasileiros com coleta de esgoto sanitário se dividem entre os 1/3 que tratam o esgoto coletado (33,8%) e os quase 2/3 que não dão nenhum tipo de tratamento ao esgoto produzido (66,2%). Nestes distritos, o esgoto é despejado in natura nos corpos de água ou no solo, comprometendo a qualidade da água utilizada para o abastecimento, irrigação e recreação. Do total de distritos que não tratam o esgoto sanitário coletado, a grande maioria (84,6%) despeja o esgoto nos rios, sendo os distritos das Regiões Norte e Sudeste os que mais se utilizam desta prática (93,8% e 92,3%, respectivamente) (IBGE, 2000).
5
A assistência hospitalar é por si só uma fantástica atividade geradora de resíduos,
próprio à diversidade de tarefas que se desenvolvem dentro destas “empresas”. “O grande
volume de compras de materiais e insumos para fazer funcionar, segundo Peter Drucker, a
mais complexa das organizações, faz-nos responsável pelo destino de um grande volume de
lixo hospitalar” (MOROSINO, 2004).
Conforme citado anteriormente, além de geradores de resíduos sólidos, os
estabelecimentos de serviço de saúde são também geradores de efluentes líquidos, não só
sanitários como também, em alguns casos, efluentes considerados especiais. Esta condição
coloca estes estabelecimentos, sem dúvida, no patamar de atividade potencialmente poluidora,
necessitando de atenção e medidas de controles específicos.
Percebe-se que a falta de um efetivo gerenciamento dos RSS e dos efluentes líquidos
gerados em Estabelecimentos de Assistência à Saúde expõe a população ao contato direto
com matérias orgânicas e biológicas, que constituem um excelente meio de proliferação de
bactérias patogênicas e de vetores transmissores de doenças, e também com materiais
perigosos ao meio ambiente, como substâncias químicas provenientes do tratamento
radiológico e quimioterápico de pacientes com câncer.
Há evidências de que o fator determinante para o enquadramento das atividades
geradoras de resíduos perigosos às diretrizes de um sistema legislativo aplicado, passa pela
denúncia por parte da população e pela fiscalização atuante por parte dos órgãos competentes.
Segundo Pires (2003) e Guadagnin (2006), cabe aos órgãos públicos, à imprensa e às
entidades ambientalistas ou técnicas esclarecer à população e levá-la a lutar pela solução dos
reais problemas.
Nesse contexto, pode-se dizer que a mídia, principalmente a televisiva, exerce um
papel fundamental, visto o alcance de suas notícias, que chegam a um grande percentual da
população.
Como forma de ponderar esta contribuição, foi realizada uma pesquisa no site do
Jornal O GLOBO2, em busca de notícias relacionadas ao tema resíduos de serviço de saúde.
Utilizaram-se diversas palavras-chaves conforme apresentado no Quadro 1, considerando o
período de 01 de janeiro de 1997 a 18 de dezembro de 2006. No tempo aproximado de 10
anos, foram encontradas 157 reportagens que traziam o referido assunto como matéria.
2 Pesquisa realizada nos dias 06 de dezembro de 2005 e 18 de dezembro de 2006
6
Quadro 1 – Reportagens – Resíduos de Serviço de Saúde
Fonte: Elaboração própria
Analisando o quantitativo de reportagens encontradas pode-se dizer que, perante os
diversos acontecimentos político-econômicos e sociais que assolam o país diariamente, a
demanda por notícias de cunho ambiental representa uma pequena percentagem do mundo
jornalístico. Considerando os problemas relacionados ao gerenciamento de resíduos como um
todo, este percentual tende a diminuir, chegando a um valor menor ainda se falarmos apenas
de resíduos de serviço de saúde. Percebe-se, de um modo geral, que somente grandes
tragédias ambientais têm destaque na mídia, mesmo assim, com caráter efêmero já que se
divulgam os momentos das catástrofes e não se atentam para as conseqüências de tais
flagelos.
Contudo, muitas vezes, a mídia é o único instrumento que a população possui para
denunciar os casos de mau gerenciamento de RSS, e por isso não se pode deixar de valorizar
seu papel de delatar, cada vez mais, as situações de descaso com o meio ambiente, por parte
dos EAS. Algumas reportagens selecionadas encontram-se no Anexo A deste trabalho.
Palavra-Chave Nº Reportagens
1997-2006
Resíduo Hospitalar 10
Resíduos Hospitalares 14
Lixo Hospitalar 114
Acidente Lixo Hospitalar 6
Resíduos de Serviço de Saúde 17
RSS 6
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1.2 OS PROBLEMAS COM OS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE
Acompanhando os problemas existentes no setor de gerenciamento de resíduos,
observa-se que diversos esforços vêm sendo realizados no sentido de minimizar os impactos
provenientes de uma ineficiente estrutura organizacional de limpeza e saneamento ambiental.
Esta ineficiência pode ser observada não só nos grandes centros urbanos como também no
interior dos estados e demonstra que o problema é vigente desde as esferas municipais até a
esfera federal.
Muitas instituições do serviço de saúde ainda descartam inadequadamente, por
exemplo, produtos químicos em rede pública não apropriada para receber tais efluentes, o que
pode vir a causar sérios problemas não só à saúde da população como ao meio ambiente.
Além disso, a falta de compromisso de alguns responsáveis por unidades de atendimento a
saúde, no que diz respeito à disposição de materiais perigosos oriundos destes serviços, pode
causar grandes tragédias como foi o caso do fatal acidente com o Césio 137 em Goiânia3.
Não obstante, a grande maioria dos responsáveis de EAS toma pouca ou quase
nenhuma providência com relação às toneladas de resíduos gerados diariamente nas mais
diversas atividades desenvolvidas dentro de seus estabelecimentos. Muitos se limitam a
encaminhar a totalidade de seu lixo para sistemas de coleta especial dos Departamentos de
Limpeza Municipais, quando estes existem, os quais lançam diretamente em lixões ou
simplesmente "incineram", a totalidade dos resíduos, sem distinção do que pode ou não ser
incinerado (MOROSINO, 2004). Hospitais e outros serviços de saúde podem curar doenças,
mas se não houver responsabilidade no momento de dispensar seus resíduos causarão muito
mais doenças fora de suas dependências (QUEIROZ, 2005).
De maneira geral quanto maior for o estabelecimento, maior a geração de resíduos e,
consequentemente maior será a dificuldade em gerenciar todos os aspectos relevantes às
questões ambientais. Aliada à este cenário, a falta de interesse dos próprios trabalhadores de
serviço de saúde também contribui para agravar todo esse contexto sócio-ambiental.
Os exemplos citados acima, mostram como o desconhecimento e a falta de
informações sobre o assunto faz com que, em muitos casos, os resíduos e efluentes, sejam 3 Em 13 de setembro de 1987, dois sucateiros removeram do Instituto Goiano de Radioterapia, um aparelho de radioterapia “abandonado” que continha uma fonte de cloreto de césio. A cápsula com cloreto de césio foi aberta no quintal de uma casa e vendida à um ferro-velho. Atraídos pelo brilho do césio, adultos e crianças distribuíram o pó luminoso entre amigos e parentes, disseminando assim o conteúdo radioativo que vitimou algumas dezenas de pessoas. (Disponível em: http://www.unificado.com.br/calendario/09/cesio.htm Acesso em: 12/08/2005)
8
ignorados ou tratados de forma descuidada, como no exemplo da queima indistinta dos RSS,
sem qualquer tipo de controle de emissões de gases, o que pode acarretar em um problema
maior do que o previamente apresentado, como a geração e liberação de dioxinas, furanos e
metais pesados para atmosfera.
Com relação aos resíduos químicos gerados em estabelecimentos assistenciais de
saúde, a falta de informação e discussão mostra-se ainda mais explícita quando comparada,
por exemplo, aos aspectos relacionados com os resíduos infectantes, cujas técnicas de
gerenciamento já são conhecidas por boa parte das instituições. A carência de informações
por parte dos fabricantes e legisladores afins, o descaso dos administradores ou mesmo, a falta
de especialistas no âmbito dos serviços de saúde, foram os principais motivos que fizeram
deste assunto o tema da pesquisa.
Muitos municípios brasileiros ignoram os perigos que os RSS, incluídos neste grupo
os resíduos químicos, podem apresentar quando não segregados corretamente, e acabam
dispondo esse tipo de lixo juntamente com o que é coletado nas residências (Tabela 1). A
população, e principalmente os responsáveis por instituições de atendimento à saúde, devem
se atentar para este incorreto gerenciamento, e tratar de forma inteligente os RSS. Quando
necessário, estes resíduos devem sofrer técnicas diferenciadas de segregação, tratamento e
destinação final, de forma a não causar prejuízos à saúde e para o meio ambiente.
Aliada a todo este contexto não se pode deixar de citar também, a falta de cobrança
por parte dos órgãos controladores que acabam por não exercer suas funções de maneira
atuante. Acredita-se que a ausência de fiscalização contribua, de certa maneira, para o não
cumprimento das legislações que tratam a respeito do gerenciamento de RSS, fazendo com
que o ônus, advindo de uma insuficiente política sanitário-ambiental, acabe ficando para o
meio ambiente e populações futuras. A União e os estados têm o importante papel de
estabelecer as leis e normas de caráter geral com princípios orientadores. Estas servem de
base para leis e normas municipais que devem tratar os problemas locais, considerando suas
especificidades. Entretanto, os poderes públicos não têm só a responsabilidade na elaboração
de leis que contribuam para a sustentabilidade ambiental, mas principalmente em fazer com
que sejam cumpridas, propiciando condições para isso. (ANVISA, 2005b) imaginar eficaz.
Segundo o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde da ANVISA
(ANVISA, 2005b), “[...] apesar de muitos municípios e estados já terem aprovado e
implementado seus planos de gestão de resíduos sólidos, observa-se que faltam recursos
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financeiros e capacitação técnica, e ainda, que os planos são genéricos e não respeitam a
logística e as peculiaridades ambientais do município.”
A ausência e mesmo a ineficiência da elaboração e implementação destes planos em
alguns estados colaboram para o incremento da degradação ambiental do solo, das águas
superficiais e subterrâneas, por meio do transporte de cargas poluentes, que é responsável pelo
agravo de diversas doenças que podem atingir a população, principalmente de baixa renda
(ANVISA, 2005b).
De maneira geral, o descaso quanto às políticas gerenciais já existentes ou mesmo a
falta de ações mais enérgicas que incentivem e contribuam para a implementação de planos de
gestão integrados, consistentes e compatíveis com as peculiaridades locais, colocam o Brasil
longe de solucionar definitivamente a questão dos RSS.
Começar a debater as questões relativas ao gerenciamento de RSS em EAS, não só
poderá propiciar a construção participativa de uma consciência coletiva, como também
ajudará a programar uma gestão ambiental eficiente para os serviços de atendimento à saúde.
Neste aspecto, direcionou-se o presente trabalho para a discussão do gerenciamento de
resíduos químicos em estabelecimentos públicos de assistência à saúde de maior
complexidade, os hospitais. Mesmo que este tipo de resíduo não represente a maioria dos
resíduos gerados em EAS, fazem-se necessários cuidados especiais no momento do seu
manuseio, segregação, tratamento e disposição final devido suas características especiais.
Pressupõe-se como aspecto igualmente relevante, buscar entender as dificuldades
enfrentadas pelos EAS em atender às regulamentações ambientais pertinentes, considerando
aspectos burocráticos, políticos e administrativos, facilitando assim o processo de tomada de
decisão das instituições, uma vez que possibilita a priorização de algumas medidas por outras.
Ponderando todo esse cenário, deseja-se com este trabalho fornecer aos interessados,
informações relevantes ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, com ênfase para os
resíduos químicos, cujas necessidades e peculiaridades não têm sido adequadamente
abordadas pelos geradores de RSS.
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1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a dificuldade de atendimento às normas de gerenciamento de resíduos de
serviço de saúde vigentes, em uma unidade assistencial pública universitária de grande porte,
com destaque para a questão dos resíduos químicos, em toda a sua abrangência. Considerar-
se-ão desde os aspectos técnicos até os aspectos burocráticos, administrativos e econômicos,
que envolvem as tomadas de decisão do administrador hospitalar.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar as evoluções normativas e legais sobre os RSS, com foco nos aspectos
relacionados aos resíduos químicos;
Apresentar as necessidades inerentes ao manuseio de resíduos químicos em EAS,
identificando os riscos oferecidos por estes, em seus aspectos e gravidades;
Avaliar a situação de atendimento às legislações de RSS vigentes quanto aos resíduos
químicos, em hospitais da rede pública do estado;
Observar as práticas de manuseio dos resíduos químicos no estabelecimento de saúde
objeto do estudo de caso;
Identificar pontos críticos e positivos quanto ao manejo dos resíduos químicos
produzidos neste estabelecimento;
Estabelecer um comparativo entre o hospital estudado e os demais hospitais avaliados;
Buscar avaliar o grau de conscientização dos funcionários e da alta administração
quanto à importância do gerenciamento de RSS;
Identificar as dificuldades de implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviço de Saúde (PGRSS) no hospital em questão;
Apresentar as questões levantadas de forma prática, propondo ações de melhoria para
o gerenciamento de resíduos químicos no hospital estudado.
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1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O capítulo I traz como introdução a contextualização do tema, enfatizando a
problemática relacionada ao gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, bem como
apresenta os objetivos a serem alcançados na conclusão do trabalho.
Em seguida, o capítulo II apresenta uma revisão bibliográfica sobre o setor de saúde,
apresentando os tipos de estabelecimento de serviço de saúde, a classificação dos resíduos de
serviço de saúde e um descritivo sobre a evolução das legislações e normas pertinentes ao
gerenciamento de resíduos gerados em estabelecimentos de serviço de saúde.
No capítulo III faz-se uma sucinta incursão sobre os tipos de resíduos químicos
gerados em estabelecimentos de saúde apontando suas características e riscos para o meio
ambiente, saúde e segurança do trabalhador, conseqüentes do mau gerenciamento.
No capítulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realização do presente
estudo, fazendo uma caracterização da estrutura metodológica da pesquisa, como também o
delineamento da pesquisa e a apresentação da descrição sucinta do caso.
Para alinhar a metodologia aos objetivos propostos, optou-se por executar uma
pesquisa aplicada em unidades de atendimento à saúde, apresentada no capítulo V,
questionando o gerenciamento de resíduos químicos e buscando avaliar o grau de
comprometimento destes estabelecimentos em atender às diretrizes estabelecidas pelos órgãos
reguladores. Além disso, um estudo de caso que se desenvolve no capítulo VI, ajudou a
fundamentar as percepções da pesquisa. Neste capítulo, primeiramente foi feita uma
apresentação da estrutura física e administrativa do estabelecimento de saúde, seguida da
exposição de seu plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde e por fim da
caracterização das unidades geradoras de resíduos químicos, explorando cada uma das etapas
relacionadas ao gerenciamento destes.
Dando seqüência a proposta do trabalho, consta no capítulo VII a análise comparativa
entre os dados coletados a partir dos questionários aplicados nos estabelecimentos de saúde
pesquisados no capítulo V e a situação apresentada no estabelecimento objeto do estudo de
caso. Cabe ressaltar que estes dados foram avaliados de maneira qualitativa e quantitativa,
dando embasamento para as discussões prestadas neste capítulo e no capítulo seguinte.
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No capítulo VIII são apresentadas as conclusões estabelecendo um elo entre os
objetivos e as observações em relação ao contexto apresentado. Após, são apresentadas as
recomendações para o hospital estudado e para trabalhos futuros.
Ainda fazem parte do corpo deste trabalho as referências bibliográficas usadas como
indicadores conjunturais e os anexos usados como ilustrações.
13
II) RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE A proposta deste capítulo é apresentar aos leitores o desenvolvimento do tema
gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, caracterizando os diversos estabelecimentos
geradores deste tipo de resíduo e abordando a evolução dos aspectos legais no âmbito federal
e estadual. Apresentam-se também as classificações atualmente vigentes para os diferentes
tipos de resíduos gerados em estabelecimentos de assistência á saúde.
A preocupação com o adequado manejo dos RSS não é de hoje. Salles (2004) cita um
estudo de W.F. Morse, datado de 1903, que apresentou dados referentes ao número de pessoas
que haviam contraído doenças infecciosas pelo contato direto com resíduos sólidos em
hospitais. No presente estudo, Morse relata ainda que em 1891 fazia-se uso de incineração
como tratamento deste tipo de resíduo, em Nova Iorque. Salles citando agora Schneider et al.
(2001), apresenta ainda um histórico, desde a década de 30 até a década de 70, da evolução
sobre as questões do gerenciamento de RSS, nos Estados Unidos e Europa.
No início da década de 80, a descoberta de doenças infecciosas como a AIDS
(Acquired Immunodeficiency Syndrome), e dos seus mecanismos de transmissão, fez com que
a comunidade técnica e a mídia começassem a se preocupar com a questão dos RSS e discutir
os riscos envolvidos na manipulação inadequada dos resíduos gerados em Estabelecimentos
de Assistência à Saúde na disseminação de doenças.
No Brasil, e na América Latina como um todo, o tema passou a ser discutido com mais
intensidade, apenas, a partir da década de 90, o que demonstra o atraso de nosso hemisfério
em relação a outros países mais desenvolvidos. Mais recentemente, encontramos estudos
relacionados ao assunto, discutidos sob diferentes pontos de vista: legais (MARTINS, 2004),
gerenciais (OLIVEIRA, 2002 e CONFORTIN, 2001) ou específicas (ALMEIDA, 2003 e
SILVA, 2004), e em diferentes campos de aplicação científica.
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Em todos os trabalhos é claro o consenso de que os RSS, ou como são mais
comumente denominados lixos hospitalares, sempre constituem um problema bastante sério
para os Administradores Hospitalares, devido, principalmente, à falta de informações a seu
respeito, gerando mitos e fantasias entre funcionários, pacientes, familiares e principalmente a
comunidade vizinha às edificações hospitalares e aos aterros sanitários (MOROSINO, 2004).
2.1 ESTABELECIMENTOS GERADORES DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE
Segundo a Norma Brasileira de Referência (NBR) 12807 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), a definição para serviço de saúde é: “Estabelecimento gerador
destinado à prestação de assistência sanitária à população”. A Norma Regulamentadora
(NR) 32 do Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece as medidas de segurança e
saúde no trabalho em serviços de saúde, entende por estes tipos de serviços, qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de
promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de
complexidade (BRASIL,2005).
Enquadram-se ainda nestas definições de serviço de saúde: os necrotérios, funerárias e
serviços onde se realizem atividades de embalsamamento; serviços de medicina legal;
drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na
área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares (ANVISA, 2004 e
CONAMA, 2005).
Contudo, como maiores geradores de RSS estão os estabelecimentos assistenciais,
individuais ou coletivos, que prestam serviços de saúde rotineiros à população, com um
mínimo de técnica apropriada, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS).
Estes se encontram classificados em três categorias conforme a capacidade de acomodação
dos pacientes: com internação; sem internação; e apoio à diagnose e terapia (BRASIL, 2002).
As unidades sem internação, ou seja, ambulatoriais estão divididas em função da
estrutura e capacidade de atendimento, conforme apresentado na Tabela 3. Quanto à rede
assistencial com internação são diversas as possibilidades de classificação destes
15
estabelecimentos. As Tabelas 4 e 5 apresentam os tipos de unidades assistenciais com
internação, isto é, os hospitais conforme sua capacidade de atendimento e quanto ao regime
de prestação de serviço.
Tabela 3 – Tipos de Unidades Ambulatoriais
Posto de Saúde
Centro de Saúde
Policlínica
Ambulatório de Unidade Hospitalar Geral
Ambulatório de Unidade Hospitalar Especializada
Unidade Mista de Saúde
Pronto-Socorro Geral
Pronto-Socorro Especializado
Consultórios
Unidade Móvel Fluvial
Clínica Especializada
Centro/Núcleo de Atenção Psicossocial
Centro/Núcleo de Reabilitação
Outros Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia
Unidade Móvel Terrestre para Atendimento Médico/Odontológico
Unidade Móvel Terrestre do Programa de Enfrentamento a Emergências e Traumas
Farmácia para Dispensação de Medicamentos
Unidade de Saúde da Família
Fonte: BRASIL, 2002
Tabela 4 – Hospitais quanto à capacidade de internação
Tipo de Hospital Nº de leitos
Hospital Local 30 a 50
Hospital Microrregional 50 a 100
Hospitais Regionais Gerais mais de 100
Hospitais Regionais Especializados mais de 100
Fonte: BRASIL, 2001
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Tabela 5 – Hospitais quanto ao regime do serviço
REGIME TIPO
Público Municipal Estadual Federal
Privado Contratado Filantrópico Sindicato
Universitário Ensino Pesquisa Privado
Fonte: Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)
Todos os estabelecimentos apresentados anteriormente são geradores específicos de
RSS. Adicionam-se a estes, os serviços de atendimento à saúde animal como as clínicas
veterinárias e hospitais especializados neste tipo de paciente, além de outras atividades que
geram, de maneira indireta, estes tipos de resíduos.
2.1.1 O ESTADO DO RIO DE JANEIRO
No estado do Rio de Janeiro existem 342 unidades hospitalares distribuídas entre o
setor público e privado (Tabela 6). Estas unidades representam 41.827 leitos conforme dados
da Secretaria Estadual de Saúde (Tabela 7).
Tabela 6 – Unidade Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro
Região Público Privado Total
Baia da Ilha Grande 2 2 4
Baixada Litorânea 10 6 16
Centro-Sul Fluminense 4 17 21
Médio Paraíba 7 19 26
Metropolitana I 86 66 152
Metropolitana II 21 27 48
Noroeste Fluminense 4 22 26
Norte Fluminense 5 13 18
Serrana 11 20 31
TOTAL 150 192 342
Fonte: Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)
17
Tabela 7 – Leitos Hospitalares do Estado do Rio de Janeiro
Região/SES Hospital Público Hospital Privado Total
Baia da Ilha Grande 103 197 300
Baixada Litorânea 488 392 880
Centro-Sul Fluminense 142 2.909 3.051
Médio Paraíba 493 1.749 2.242
Metropolitana I 11.322 9.102 20.424
Metropolitana II 2.258 3.763 6.021
Noroeste Fluminense 205 2.490 2.695
Norte Fluminense 433 2.186 2.619
Serrana 997 2.598 3.595
TOTAL 16.441 25.386 41.827
Fonte: Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro (Janeiro/2006)
Um trabalho realizado no final da década de 70 com amostragens de resíduos de
serviços de saúde de cinco hospitais de São Paulo, mostrou valores que variaram de 1,19 a
3,77 kg/leito/dia (BIDONE & POVINELLI, 1999 apud CONFORTIN, 2001). Mais
recentemente, dados estimados pela Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2006) mostram que a média brasileira de resíduos gerados nos
estabelecimentos de assistência hospitalar é de 2,38 kg/leito/dia.
Se considerarmos apenas a Região Metropolitana II do estado (Anexo B), cuja
abrangência contempla os municípios de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Niterói, São Gonçalo,
Silva Jardim e Tanguá, e onde se localiza o hospital objeto do presente estudo, e tomando o
valor da média brasileira (2,38 kg/leito/dia), obtemos um total de aproximadamente 14,33
t/dia de RSS só na Região Metropolitana II.
É claro que este breve cálculo não corresponde à verdadeira quantidade de resíduos de
serviço de saúde gerados nesta região, uma vez que este quantitativo varia conforme o tipo de
unidade geradora, grau de conscientização dos funcionários e complexidade do
estabelecimento. Além disso, não estão inclusos neste quantitativo os resíduos líquidos e
efluentes gerados no processo assistencial, que muitas vezes representam riscos igualmente
relevantes à saúde da população.
18
Dados publicados no Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2006)
evidenciam a situação crítica do Estado do Rio de Janeiro quanto à falta de controle que
assola o serviço de saneamento, no que diz respeito à coleta e tratamento de RSS. Segundo
estimativa da ABRELPE, o Estado do Rio de Janeiro, produz perto de 111,84 t/dia, dos quais
3,87% são tratados (Quadro 2). Estes valores evidenciam mais uma vez, o quanto se faz
importante nos atentarmos para a geração deste tipo de resíduos que pode trazer consigo
características de periculosidade para a saúde pública e meio ambiente, conforme citado
anteriormente.
Quadro 2 – Geração e Tratamento RSS
UF Quantidade de resíduos (t/dia)
Capacidade de tratamento (t/dia)
Gerada Tratada Instalada
SP 217,48 166,67 300,00
MG 102,31 5,83 25,00
RJ 111,84 4,33 0,00
ES 15,7 0,00 0,00
Fonte: ABRELPE, 2006
Outra questão que evidencia a falta de controle dos órgãos reguladores quanto ao
gerenciamento de RSS, diz respeito ao licenciamento ambiental das unidades assistenciais de
saúde. Do total de hospitais apresentado na Tabela 6, apenas 5,84% possuem licença de
operação fornecida pelo órgão ambiental estadual, para alguma unidade auxiliar ou produtiva
da instituição (Quadro 3).
Este pequeno valor acaba por ilustrar certa despreocupação, por parte dos
administradores hospitalares e órgãos fiscalizadores, com as questões ambientais relativas à
atividade assistencial de saúde. É claro que o fato do hospital estar licenciado não significa
que este tenha um verdadeiro comprometimento em gerenciar os aspectos e impactos
ambientais que sua atividade pressupõe. Isto porque, uma vez adquirida a licença, o assunto
pode ser deixado de lado caso não haja um real interesse pelo problema. Contudo, a obtenção
de uma licença ambiental sinaliza o empenho de alguns estabelecimentos em atender às
diretrizes legais de forma plena e estabelecer com os órgãos controladores e a comunidade
uma relação transparente e correta.
19
O pequeno número de hospitais licenciados, citado anteriormente, pode apresentar
outro significado além da falta de interesse das instituições de saúde, o descomprometimento
ou omissão por parte de governos e órgãos fiscalizadores para as demandas deste setor. Como
veremos no subitem 2.2 – Aspectos Legais deste capítulo, o tema passou a ser discutido de
forma mais atenta, apenas recentemente. No entanto muito há que se implementar para
alcançarmos um patamar satisfatório no que diz respeito ao gerenciamento de resíduos como
um todo, estando inclusos nestes os RSS.
Quadro 3 – Hospitais Licenciados do Estado do Rio de Janeiro
Razão Social/Nome Unidade Nrº Lic
Comando da Aeronáutica - Hospital Central da Aeronáutica ETE FE008032
ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda Cardiotrauma de Ipanema FE010998
ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda Resgate Região Oceânica FE010999
ESHO Empresa de Serviços Hospitalares Ltda ETE Clube de Tênis FE005118
FMG Empreendimentos Hospitalares Ltda Hospital Copa D’or FE004986
Fundação Pró-Instituto de Hematologia - RJ FUNDARJ Coleta e Tratamento de Esgotos FE009497
Hospital de Clínicas de Jacarepaguá ETE FE010838
Hospital de Clínicas de Bangu Ltda Construção FE004871
Hospital de Clínicas de Bangu Ltda Conj. Habitacional FE008994
Hospital de Clínicas de Niterói Ltda Assistência Médica FE011000
Hospital de Clínicas Rio Mar Barra Ltda ETE FE001510
Hospital de Irajá Quatro Amigos Ltda Clínica e Assistência Técnica FE007032
Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer Armazenamento de Material Biológico FE011105
Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Vila Isabel FE004318
Ministério da saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Centro FE004319
Ministério da Saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Cruz Vermelha FE004320
Ministério da Saúde - Instituto Nacional do Câncer ETE Santo Cristo FE004321
Nortecor Hospital de Clínicas Ltda ETE FE004651
Preslaf empresa de serviços hospitalares Ltda Hospital São Lucas FE010995
Serv-baby Hospital Materno Infantil Ltda Clínica e Assistência Técnica FE007650
Fonte: FEEMA (Julho/2006) Disponível em: http://www.feema.rj.gov.br/empresas-licenciadas.asp
20
2.2 ASPECTOS LEGAIS
O Manual de Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde menciona que “[...] os
problemas relacionados à saúde pública e ao meio ambiente só poderão ser minimizados ou
solucionados mediante a implementação de políticas ambientais claras e eficientes”
(ANVISA, 2005b). Tal afirmação mostra-se sensata uma vez que foi a partir da criação das
políticas nacionais, já em vigor, que algumas medidas começaram a ser tomadas no caminho
do efetivo gerenciamento dos resíduos.
A política ambiental brasileira tem seus fundamentos fixados na Constituição e na Lei
6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente), que instituiu o sistema nacional do
meio ambiente, tendo como instância consultiva e deliberativa o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA e, como órgão executivo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (OPAS, 1998) (destaque do autor).
Outros dispositivos legais como a Lei dos Crimes Ambientais (Lei no 9.605/98) e as
Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97 estipulam diretrizes para evitar a poluição
ambiental no país. A primeira, em seus artigos 54 e 56, responsabiliza administrativa, civil e
criminalmente as pessoas físicas e jurídicas, autoras e co-autoras de condutas ou atividades
lesivas ao meio ambiente. As duas últimas obrigam o licenciamento ambiental para as
atividades poluidoras, contribuindo assim para a proteção do meio ambiente.
Com isso, as fontes geradoras de poluição ficam obrigadas a adotar tecnologias mais
limpas, aplicar métodos de recuperação e reutilização sempre que possível, estimular a
reciclagem e dar destinação adequada aos resíduos, incluindo transporte, tratamento e
disposição final.
Particularmente a questão dos RSS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, outro
órgão regulador, tem assumido o papel de orientar, definir regras e balizar a conduta para os
diferentes geradores deste tipo de resíduo no que se refere à sua segregação, manejo,
acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final.
Os resíduos de serviços de saúde, principalmente na última década, vêm se
transformando em objeto de debates, estudos, pesquisas e em desafio e motivo de
preocupação para as autoridades mundiais.
No Brasil têm sido realizadas amplas discussões nacionais sobre a questão. A
tendência recente é de descentralizar a execução da política ambiental para os Estados e
21
Municípios. Foram formuladas diretrizes para a implementação do plano nacional de saúde e
ambiente, voltado para o desenvolvimento sustentável, com ampla participação dos setores
envolvidos (OPAS, 1998) (destaque do autor).
Estamos desenvolvendo nossas legislações, mas, apesar disso, poucos municípios brasileiros gerenciam adequadamente os RSS. Aqueles que implementaram um sistema específico de gerenciamento para esses resíduos, em vários casos, têm graves deficiências e, muitas vezes, estão focados apenas nos hospitais e postos de saúde (ANVISA, 2005b)
2.2.1 HISTÓRICO
Não é de hoje que os órgãos ambientais e de saúde trabalham na implementação de
regras para o correto gerenciamento dos RSS. No final da década de 70, por meio do
Ministério do Interior, foi baixada a Portaria MINTER nº. 53, de 01 de março de 1979, que
visou orientar o controle dos resíduos sólidos no país, de natureza industrial, domiciliares, de
serviço de saúde, e demais resíduos gerados pelas diversas atividades humanas.
Contudo, somente no início da década de 90 que os RSS ganharam destaque legal no
cenário político brasileiro, quando foi aprovada a Resolução CONAMA nº. 06, de 19 de
setembro de 1991, que desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima de
resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde estabelecida na Portaria
MINTER nº 53, citada acima. Além disso, a Resolução deu competência aos órgãos estaduais
de meio ambiente para estabelecerem normas e procedimentos voltados ao licenciamento
ambiental dos sistemas de coleta, transporte, acondicionamento e disposição final dos
resíduos nos Estados e Municípios que optaram pela não incineração.
Posteriormente, através da Resolução CONAMA nº 05, de 05 de agosto de 1993,
definiu-se a responsabilidade das instituições quanto ao gerenciamento dos resíduos desde a
geração até o destino final. Nesta resolução fica clara a definição de resíduo sólido conforme
a NBR 10.004 da ABNT4 e a determinação de que os estabelecimentos prestadores de serviço
4 Definição resíduo sólido da NBR 10004 ABNT - "Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível".
22
de saúde e terminais de transporte elaborem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, a
ser analisado e aprovado pelos órgãos de meio ambiente e saúde, dentro de suas respectivas
esferas de competência e de acordo com a legislação vigente. Segundo a Resolução, este
plano deveria contemplar aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento,
coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.
A Resolução CONAMA nº 05/93 determinou ainda, que os resíduos infectantes não
poderiam ser dispostos no meio ambiente sem tratamento prévio que assegurasse a eliminação
das características de periculosidade do resíduo, a preservação dos recursos naturais, o
atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública, recomendando a
esterilização a vapor ou a incineração. Esta Resolução sofreu um processo de aprimoração e
atualização, originando a Resolução CONAMA nº 283, publicada em 12 de julho de 2001.
A Resolução CONAMA nº 283/01 dispõe especificamente sobre o tratamento e
destinação final dos resíduos dos serviços de saúde, não englobando mais os resíduos dos
terminais de transporte. A resolução também modifica o termo Plano de Gerenciamento dos
Resíduos de Saúde - PGRS para Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde
- PGRSS e impõe responsabilidades às unidades de saúde em operação e àquelas a serem
instaladas para implementarem o PGRSS.
Mais tarde a ANVISA chamou a responsabilidade pra si e passou a promover um
grande debate público com intuito de orientar a publicação de uma resolução complacente
com as questões da saúde humana. Em 25 de fevereiro de 2003, a ANVISA divulgou a
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 33 que também dispunha sobre o Regulamento
Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
Muitas foram então, as dúvidas geradas pelas classificações e determinações, em
alguns aspectos divergentes, de dois instrumentos legais abordando o mesmo tema. A
unificação das diretrizes reguladoras veio somente depois de muita discussão, não só entre as
autoridades competentes reguladores do Meio Ambiente e da Saúde, como com
representantes das unidades geradoras de RSS, companhias de limpeza, organizações não
governamentais, entidades ambientalistas e sociedade em geral, através de reuniões e
consultas públicas.
Tornaram-se públicas a RDC 306, de 19 de dezembro de 2004, da ANVISA e a
Resolução nº 358, do CONAMA, de 29 de abril de 2005, que estabelecem diretrizes comuns
para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
23
Apesar da conciliação na definição de conceitos compatíveis, pode-se entender que a ANVISA concentra sua regulação no controle dos procedimentos inerentes adotados no gerenciamento como um todo, estabelecendo metodologias operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra sua autoridade na inspeção dos serviços de saúde. Por outro lado, o CONAMA trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, promovendo competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS. (ANVISA, 2005b)
2.2.2 LEGISLAÇÃO FEDERAL
As Resoluções atualmente vigentes preconizam que todo gerador deve elaborar um
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, conceito este que já havia sido
estabelecido nas Resoluções anteriores, baseado nas características dos resíduos gerados e na
classificação determinada, estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS e obedecendo as
normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos
serviços de saúde.
O PGRSS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao gerenciamento
dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos,
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à
saúde pública e ao meio ambiente.
Além disso, o gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos
recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no
manejo dos RSS e ainda considerar o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e
controle, incluindo a construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e
confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado.
O gerenciamento dos RSS constitui-se então em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004)
24
Contudo, já se passaram alguns anos desde a publicação da primeira Resolução que
trata da questão dos resíduos do serviço de saúde, e a situação dos Estados ainda caminha a
passos lentos no que se refere ao tratamento e destino final destes resíduos. A problemática
torna-se maior conforme o grau de complexidade da instituição geradora, como é o caso dos
grandes hospitais de atendimento do serviço público.
Assim sendo, torna-se realmente necessário o aprofundamento da questão, a
conscientização para o problema, de forma a se equacionar corretamente a atividade de
gerenciamento dos RSS, e de promover às condições de preservação do meio ambiente para
as gerações futuras.
2.2.3 LEGISLAÇÃO ESTADUAL
No Estado do Rio de Janeiro as regulamentações que dispõem sobre os RSS surgiram
no início da década de 90. As Leis 2060 e 2061, de 28 de janeiro de 1993, dispõem,
respectivamente, sobre a coleta de lixo hospitalar e determina que toda e qualquer espécie de
resíduos, decorrentes de aplicação em clientes da área médica e odontológica, sejam
incinerados.
A Lei nº. 3316, de 09 de dezembro de 1999, autoriza o Poder Executivo a implantar
sistema de tratamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde e dá outras providências. Em
seu Art. 9, cita que a tecnologia a ser utilizada, para efeitos desta Lei, deverá ser a
esterilização a vapor, conforme recomenda o artigo 11 da Resolução CONAMA nº05/93, pois
se trata de sistema mais moderno e atual, de fácil controle quanto aos resíduos finais e não
emite efluentes gasosos que necessitem de tratamento por filtros.
Mais recentemente, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, publicou
no Diário Oficial do Estado - P.II, de 02/10/2003, a Lei nº. 4191, de 30 de setembro de 2003,
que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá outras providências. Em seu
Art. 5 fica explicito que: “Os resíduos sólidos provenientes de serviços de saúde portadores de
agentes patogênicos deverão ser adequadamente acondicionados, conduzidos em transporte
especial, e deverão ter tratamento e destinação final adequados, atendendo às normas
aplicáveis da ABNT, e às condições estabelecidas pelo órgão estadual responsável pelo
licenciamento ambiental, respeitadas as demais normas legais vigentes.”
25
O órgão ambiental do estado, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
(FEEMA) publicou a DZ-1317-R-2 - Diretriz de Acondicionamento, Manuseio,
Armazenamento, Transporte, Tratamento e Destinação Final de Resíduos Sólidos, Semi-
Sólidos e Líquidos de Unidades de Serviço de Saúde. Para a questão dos efluentes, o mesmo
órgão publicou também, a NT-202. R-10 - Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes
Líquidos, que se aplica aos lançamentos diretos ou indiretos de efluentes líquidos,
provenientes de atividades poluidoras, em águas interiores ou costeiras, superficiais ou
subterrâneas do estado do Rio de Janeiro, através de quaisquer meios de lançamento, inclusive
da rede pública de esgotos.
Deve-se enfatizar que apesar de existirem normas legais e técnicas que preconizam o
correto gerenciamento dos RSS no Estado do Rio de Janeiro, percebe-se que muito pouco tem
sido feito no âmbito estadual no que diz respeito ao cumprimento das legislações
estabelecidas. Poucos hospitais adquiriram a Licença de Operação obrigatória para atividades
potencialmente poluidoras, conforme Decreto-Lei nº. 134, de 16 de junho de 1975 que dispõe
sobre a prevenção e o controle da poluição no Estado do Rio de Janeiro e o Decreto n° 1.633,
de 21 de dezembro de 1977 que regulamenta, em parte, o Decreto-Lei nº. 134, citado acima, e
institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras.
2.2.4 NORMAS TÉCNICAS
Apesar de não constituírem instrumentos de cunho legal, as normas da ABNT
possuem um papel de destaque na sistematização das políticas ambientais e de saúde
brasileiras, uma vez que estas são regularmente citadas nas leis criadas nos estados, e até
mesmo na União, que determinam as diretrizes de preservação da saúde e do meio ambiente.
Confortin (2001, p.21) menciona que “Norma é um documento estabelecido por
consenso e aprovado por um organismo reconhecido que fornece, para uso comum e
repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à
obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto”. A mesma autora afirma,
além disso, que dessa maneira as normas são importantes, pois permitem comunicar na
mesma linguagem; fornecem especificação necessária para uma boa qualidade dos serviços; e
orientam através de critérios, como construir e operar sistemas e serviços.
26
No Brasil, a ABNT, fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização
técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. A
fim de auxiliar na Gestão dos Resíduos como um todo, a ABNT elaborou e padronizou
algumas normas que se relacionam, em certo aspecto, com a questão do gerenciamento de
resíduos de serviço de saúde, apresentados no Quadro 4. Além disso, a ABNT estabeleceu
normas que padronizam de maneira específica a questão do manuseio de resíduos do serviço
de saúde (Quadro 5).
Quadro 4 – Normas ABNT
ASSUNTO NORMA DATA FINALIDADE
Simbologia NBR 7.500 30/11/2005 (revisada)
Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de
produtos NBR 7.501 30/11/2005
(revisada) Transporte de produtos perigosos -
terminologia Armazenamento NBR 12.235 01/04/1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos
NBR 9.191 01/09/2002 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – requisitos e métodos de ensaio
NBR 15051 30/04/2004 Estabelece as especificações para o
gerenciamento dos resíduos gerados em laboratório clínico. Gerenciamento
NBR 14.725 28/01/2002 Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos - FISPQ
NBR 10.004 31/05/2004 (revisada) Resíduos Sólidos - classificação
NBR 10.005 31/05/2004 (revisada) Lixiviação de resíduos
NBR 10.006 31/05/2004 (revisada) Solubilização de resíduos
Avaliação de resíduos
NBR 10.007 31/05/2004 (revisada) Amostragem de resíduos
NBR 14619 31/03/2006 Critérios de incompatibilidade química a serem considerados no transporte terrestre de produtos
perigosos Coleta e Transporte
NBR 14652 01/04/2001 Requisitos mínimos de construção e inspeção dos coletores - transportadores rodoviários de
RSS do grupo A. NBR 8.418 01/12/1983 Apresentação de projetos de aterros industriais
Disposição NBR 8.419 01/04/1992 Apresentação de projetos de aterros sanitários
de resíduos sólidos urbanos
Adaptada de Confortin, 2001 & ANVISA, 2005b.
27
Quadro 5 – Normas da ABNT para RSS
NORMA DATA FINALIDADE
NBR 12.807 01/04/1993 Resíduos de Serviços de Saúde - terminologia
NBR 12.808 01/04/1993 Resíduos de Serviços de Saúde - classificação
NBR 12.809 29/04/1993 Resíduos de serviços de saúde - manuseio
NBR 12.810 01/04/1993 Resíduos de serviços de saúde - procedimentos na coleta
NBR 13.853 30/06/1997 Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes e cortantes - requisitos e métodos de ensaio
Fonte: Elaboração Própria
Considerando as novas regulamentações vigentes, pode-se dizer que é cabível uma
revisão quanto ao conteúdo destas normas, principalmente no que tange a classificação dos
Resíduos de Serviço de Saúde (NBR 12.808), uma vez que os EAS, atualmente, não seguem a
classificação preconizada nesta norma.
2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE
Como parte do processo evolutivo que tange os aspectos administrativos e legais
relacionados ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, a classificação dos diferentes
tipos de resíduos gerados em ambientes de assistência à saúde é um dos pontos mais
relevantes. Em razão da introdução de novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e por
causa do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde pública,
a classificação dos RSS vem sofrendo constantes alterações por parte dos órgãos
controladores federais.
Em 2003, existiam, no Brasil, três classificações estabelecidas para os RSS. A
classificação da NBR 12808 ABNT, que classificava os resíduos em três grupos: infecciosos,
especiais e comuns; a Resolução CONAMA nº 283/01, que classificava os resíduos em 4
grupos: biológicos, químicos, radioativos e comuns; e a classificação da ANVISA RDC 33,
que classificava os resíduos em 5 grupos: potencialmente infectantes, químicos, radioativos,
comuns e perfurocortantes (ALMEIDA, 2003).
28
Como forma de estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da avaliação e
gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação, os dois órgãos federais chegaram a
uma classificação harmônica para os diversos tipos de resíduos gerados em EAS. A
unificação das diretrizes federais (Resolução RDC 306/04 da ANVISA e Resolução
CONAMA 358/05) trouxe um avanço para o gerenciamento de resíduos do serviço de saúde,
uma vez que os geradores não mais teriam que debater qual classificação adotar visto que se
tratava de disposições idênticas.
As Resoluções, hoje vigentes, classificam, os RSS em 5 grupos diferentes conforme
suas propriedades, a saber:
• GRUPO A: Resíduos que englobam os componentes com possível presença de
agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração,
podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório,
carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo
sangue, dentre outros; Este grupo apresenta 5 divisões distintas conforme o grau de
risco de transmissão de infecção.
• GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade Ex: medicamentos
apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre
outros;
• GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e para os quais a
reutilização é imprópria ou não prevista, como, por exemplo, serviços de medicina
nuclear e radioterapia etc;
• GRUPO D: Resíduos que não apresentem riscos biológicos, químicos ou radiológicos
à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares Ex:
sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc
• GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de
barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas
diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e
29
lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas,
tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
Esta classificação é a atualmente vigorante em todos os estados da Unidade Federal, e
adotada nos diversos estabelecimentos de assistência à saúde existente.
Segundo Confortin (2001) uma classificação correta desses resíduos tem por
finalidade a distinção do que é resíduo contaminado, e o que não é contaminado, colaborando
efetivamente para um manuseio eficiente, econômico e seguro dos resíduos.
A classificação dos RSS visa facilitar a atividade de segregação, essencial para o
gerenciamento dos resíduos e para manter a qualidade do serviço de higiene. Ela reduz a
quantidade de resíduos infectantes, facilita as ações em caso de acidentes, diminui os riscos
oferecidos por um determinado tipo de resíduo, e diminui os custos de tratamento e destinação
final, ou seja, proporciona um adequado gerenciamento desses resíduos no âmbito interno e
externo dos estabelecimentos de saúde (ALMEIDA, 2003). Ou seja, de um modo geral a
correta classificação dos diversos tipos de RSS contribui diretamente na implementação do
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), conforme será visto nos
capítulos seguintes.
30
III) RESÍDUOS QUÍMICOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE Pretende-se neste capítulo, apresentar todos os aspectos relacionados ao
gerenciamento de resíduos químicos gerados em estabelecimentos de saúde, abordando desde
as necessidades técnicas inerentes ao seu manuseio até as questões que passam pelo
planejamento administrativo das instituições geradoras.
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) classifica os resíduos especiais
como àqueles gerados durante as atividades auxiliares dos estabelecimentos de saúde, que não
entraram em contato com os pacientes nem com os agentes infecciosos. Constituem um
perigo para a saúde devido a suas características agressivas, como corrosividade, reatividade,
inflamabilidade, toxicidade, explosividade e radioatividade.
A OPAS divide, ainda, este grupo de resíduos em três subgrupos, a saber:
a) Resíduos químicos perigosos
Substâncias ou produtos químicos com características tóxicas, corrosivas, inflamáveis,
explosivas, reativas, genotóxicas ou mutagênicas, como quimioterápicos, antineoplásicos,
produtos químicos não utilizados, pesticidas fora de especificação, solventes, ácido crômico
(usado na limpeza de vidros de laboratório), mercúrio de termômetro, substâncias para
revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados, etc.
b) Resíduos farmacêuticos
Medicamentos vencidos, contaminados, desatualizados, não utilizados, etc.
31
c) Resíduos radioativos
Materiais radioativos ou contaminados com radioisótopos de baixa atividade, provenientes de
laboratórios de pesquisa química e biológica; de laboratórios de análises clínicas, e de
serviços de medicina nuclear. Esses materiais são normalmente sólidos ou líquidos (seringas,
papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes, etc.)
No Brasil, conforme visto no capítulo II, os órgãos reguladores como a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária e o Conselho Nacional de Meio Ambiente têm assumido o
papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes geradores de RSS no que se
refere à segregação, manejo, acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final
deste tipo de resíduos.
A classificação brasileira agrupa os resíduos químicos perigosos e os resíduos
farmacêuticos (Grupo B) e cria um grupo especial (Grupo C) que enquadra somente os
resíduos radioativos. Para fins, desta dissertação adotou-se a classificação brasileira que
abrange também: sobras de saneantes e reagentes, utilizados nas desinfecções de instrumentos
e aparelhos; efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores); efluentes dos
equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas, e outros produtos considerados
perigosos, conforme a classificação da NBR 10004 da ABNT tais como mercúrio proveniente
de termômetros quebrados, assim como as tintas e os óleos gerados nos setores de
manutenção, caldeiraria e oficinas, etc. O Quadro 6 apresenta de forma sucinta, exemplos de
produtos químicos utilizados em estabelecimentos de atendimento à saúde.
Quadro 6 – Exemplo de Produtos Químicos utilizados em EAS
SERVIÇO QUÍMICOS UTILIZADOS
Patologia/Anatomia Patológica/Histologia Xylol, Etanol, Formol Radiologia Prata (Fixadores), Reveladores
Manutenção/lavanderia Tintas, Solventes, Baterias, Pesticidas, Detergentes e Saneantes
Farmácia Hospitalar Medicamentos descartados5, desinfetantes.
Clínicas Médicas Álcool, Materiais Ácidos, desinfetantes. Mercúrio (termômetro), Glutaraldeído (desinfecção).
Laboratórios Pesquisa Ácidos, Bases, Sais Inorgânicos, Oxidantes, Solventes Inflamáveis, Solventes Halogenados
5 Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações (ANVISA, 2004).
32
Para cada um desses resíduos existe um procedimento apropriado para manusear,
acondicionar, identificar, armazenar, transportar, tratar e dispô-los, conforme o grau de
periculosidade característico da substância química ativa. Mecanismos de segregação e
tratamento que busquem a minimização e a recuperação desses materiais podem proporcionar
a economia das despesas relacionadas ao tratamento e disposição final dos mesmos.
Contudo, os profissionais de atendimento à saúde que trabalham com insumos
químicos não estão habituados com as questões relativas à segurança ambiental inerentes ao
manuseio destes produtos, e consequentemente dos resíduos oriundos destes. A realidade
destes profissionais é muito voltada para a questão de segurança pessoal, isto é, com a
preocupação da própria saúde ao manusear tais produtos.
3.2 RISCOS ASSOCIADOS
As atividades dos estabelecimentos de prestação de serviços de saúde geram uma
grande quantidade de resíduos que apresentam graus de periculosidade variados. Na avaliação
dos riscos potenciais dos resíduos de serviços de saúde deve-se considerar que os
estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz respeito ao
desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos
métodos de diagnósticos e tratamento. O resultado deste processo é a geração de novos
materiais, substâncias e equipamentos, que por conseqüência acabam gerando novos resíduos,
com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem
que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe.
Conforme citado anteriormente, estes resíduos ocupam um lugar de destaque no
âmbito dos resíduos urbanos, e merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo
(segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição
final), em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem
componentes químicos, biológicos e radioativos.
Relembrando a classificação apresentada no capítulo II, enquadram-se no grupo de
resíduos químicos (grupo B) todos os resíduos contendo substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Dentro deste grupo destacam-se:
33
quimioterápicos, pesticidas, reagentes de laboratório, ácido crômico para limpeza de vidros de
laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias
usadas, óleos, lubrificantes usados, medicamentos fora da validade etc.
Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das
políticas públicas de resíduos de serviços saúde (ANVISA e CONAMA) esses resíduos
representam um potencial de risco em duas situações:
a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o pessoal ligado à
assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal ligado ao setor de limpeza e
manutenção.
b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de qualquer tipo de
resíduo, alterando as características do meio.
Os riscos químicos são produzidos por produtos ou resíduos químicos, manipulados ou
não pelo trabalhador e que podem alterar sua constituição. A maior parte destas substâncias
possui características tóxicas constituindo em ameaça a vida do trabalhador e podem ser
encontradas sob os estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. “Consideram-se
agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou
que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo
organismo através da pele ou por ingestão” (BRASIL, 1994).
Os diversos agentes químicos presentes no ambiente hospitalar podem entrar em
contato com o organismo humano principalmente através da inalação, ingestão ou contato
com a pele. Para evitar contaminação deve-se adotar o ambiente com sistema de ventilação
adequado, a manipulação destes agentes em capela com exaustão, além é claro do uso de
equipamentos de proteção individual obrigatórios, bem como os equipamentos de proteção.
O risco para a saúde ocupacional está vinculado principalmente ao incorreto manejo
dos resíduos associados às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais sem
utilização de proteção mecânica, podendo provocar acidentes graves.
Estes acidentes podem representar ainda, riscos ao meio ambiente como: o potencial
de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em
lixões ou aterros controlados, que também proporciona riscos aos catadores, principalmente
34
por meio de lesões provocadas por materiais cortantes e/ou perfurantes, por ingestão de
alimentos contaminados, ou aspiração de material particulado contaminado em suspensão.
Não se pode esquecer do risco de contaminação do ar, que é ocasionado quando os
RSS são tratados pelo processo de incineração descontrolado que emite poluentes para a
atmosfera contendo, por exemplo, dioxinas e furanos (ANVISA, 2005b).
Todos os riscos associados a um incorreto gerenciamento de produtos químicos podem
ser minimizados se os geradores respeitarem regras simples de manuseio, armazenagem e
acondicionamento estabelecidas, por exemplo, nas Fichas de Informação de Segurança de
Produto Químico (FISPQ’s) dos produtos. Cada produto químico possui uma FISPQ
correspondente. A legislação brasileira exige que os fabricantes e distribuidores de produtos
químicos forneçam, aos usuários de seus produtos, as FISPQ, contendo no mínimo as
informações estabelecidas na NBR 14.725 da ABNT.
Todas as recomendações determinadas pelos fabricantes de produtos químicos se
aplicam aos resíduos oriundos destes. Sempre que for necessário ao manuseio de produtos e
resíduos químicos, devem-se respeitar as regras de incompatibilidade. Além disso, com o
intuito de facilitar o atendimento a eventuais situações de emergência, recomenda-se manter,
em local de conhecimento de todos os profissionais que tenham acesso a estes produtos, as
FISPQs do fabricante. Além disso, métodos de trabalho e condutas mínimas exigíveis, por
exemplo, num ambiente de trabalho como um laboratório de análises clínicas, devem ser
seguidos a fim de se evitar acidentes envolvendo produtos e/ou resíduos químicos.
3.3 ASPECTOS GERENCIAIS
A atual discussão acerca da disposição final dos resíduos de serviços de saúde mascara
outras questões como: o mau gerenciamento interno na grande maioria dos estabelecimentos
de saúde do Brasil; a introdução de produtos descartáveis no exercício da medicina, o que
aumenta cada vez mais o volume de resíduos; a ausência de recursos tecnológicos para os
efluentes líquidos contaminados, para medicamentos vencidos e outros resíduos químicos,
entre outros questionamentos e procedimentos, principalmente pela ausência de segregação e
separação interna na fonte geradora (GUADAGNIN, 2006).
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Guadagnin afirma ainda que “qualquer que seja a alternativa técnica de disposição
final, seu bom funcionamento dependerá da forma de operação”. Em atendimento à legislação
atual, os órgãos ambientais vêm exigindo alternativas como auto-clavagem, tratamento com
radiação ionizante, a incineração ou mesmo a manutenção de uma vala específica, vala
séptica, levando a população a desviar-se das questões que ocorrem no interior das clínicas e
hospitais e até mesmo, como estão sendo operacionalizadas estas alternativas.
De maneira geral existem dois princípios que podem ser seguidos no âmbito do
gerenciamento de resíduos químicos em serviços de saúde: o princípio da precaução e o
princípio da prevenção.
O princípio da precaução deve ser aplicado nos casos de desconhecimento dos impactos negativos ao meio ambiente, por exemplo, quando há necessidade de tratamento e disposição de um resíduo sólido de característica desconhecida. Já, o princípio da prevenção é aplicado nos casos em que os impactos ambientais já são conhecidos. (ANVISA, 2005b)
A conduta de manejo para os resíduos químicos depende do seu risco e também do seu
estado físico. Então podemos verificar condutas diferentes para resíduo sólido com risco ou
sem risco e condutas diferentes para resíduos líquidos com risco ou sem risco (Figura 2).
Cabe ao gerador avaliar que tipo de resíduos químico e quais suas características intrínsecas
estão sendo considerados.
Figura 2 – Avaliação de Risco – Resíduo Químico Fonte: Gerenciamento de Resíduos: Saúde e Ambiente (Seminário FEHOSUL, 2005) Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/residuos/index.htm, acesso em: 12/03/2005.
Outra análise que não se pode deixar de realizar, tem relação com a quantidade e ou
concentração do resíduo químico gerado. Muitas vezes, quando falamos de unidades
hospitalares, vêm logo ao pensamento grandes quantidades de resíduos químicos, pois estes
representam os maiores geradores deste tipo de resíduo em serviços de atendimento à saúde.
Resíduos Químicos
Sólido Líquido
Com Risco Sem Risco Com Risco Sem Risco
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Cabe ressaltar que nem sempre este pensamento é correto. Em se tratando de
instituições públicas de atendimento à saúde, quando nos referimos, por exemplo, a geração
de resíduos medicamentosos, este fato pode não ser comum, uma vez que, infelizmente, a
rotina de atendimentos destes estabelecimentos passa frequentemente pela falta de
medicamentos, não havendo a possibilidade de sobra e descarte destes.
Porém, havendo a necessidade de descarte deste tipo de resíduo químico, devemos nos
atentar, conforme dito acima, para a quantidade de resíduo que estamos descartando. O
descarte individual de uma droga medicamentosa não representa risco ao meio ambiente,
contudo a partir do momento que se faz necessário o descarte de maneira cumulativa, ou seja,
um lote inteiro de medicamentos pode haver a possibilidade de acúmulo de risco individual,
podendo ocasionar dano ao meio ambiente.
Uma alternativa para evitar este tipo de acontecimento, passa pelo planejamento
administrativo de compras da unidade hospitalar. Otimizar a compra e também a distribuição
de medicamentos contribui, de maneira preventiva, para a diminuição da geração deste tipo de
resíduo.
3.3.1 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO
Resíduos químicos do grupo B, quando não forem submetidos a processo de
reutilização, recuperação ou reciclagem devem ser submetidos a tratamento ou disposição
final específicos. As embalagens primárias, secundárias e os materiais contaminados por
substância química devem ter o mesmo tratamento das substâncias químicas que as
contaminaram. Cabe lembrar que qualquer que seja a destinação destes resíduos, depende da
aprovação do órgão regulador que atende a região onde está localizado o estabelecimento, o
tratamento ou destinação apropriada.
3.3.1.1 Resíduos Sólidos
Para os resíduos sólidos que apresentam risco têm-se três alternativas para tratamento
e disposição conforme o grau de risco: a inativação química, nem sempre disponível para
37
todos os tipos de resíduos, a disposição em aterro classe I, aterros específicos para resíduos
químicos perigosos, e o tratamento térmico por incineração.
Existem no Brasil apenas 16 aterros classe I, disponíveis para receber resíduos
químicos perigosos, todos administrados por empresas privadas (ABRELPE, 2006), ou seja,
prevêem o pagamento, por kg de resíduos, para a disposição nos seus estabelecimentos. Tal
fato representa um entrave para as instituições públicas de atendimento à saúde que muitas
vezes não dispõem de recursos financeiros para utilizar este tipo de disposição.
Em relação ao tratamento térmico, deve se ter atenção quanto às características do
resíduo químico gerado, uma vez que nem todos os resíduos químicos sólidos podem ser
encaminhados para este tipo de tratamento. Os resíduos para serem incinerados precisam
atingir uma temperatura específica de combustão, para que não prejudiquem o funcionamento
do incinerador. Além disso, o sistema de incineração também deve possuir autorização
ambiental para exercer este tipo de atividade.
As lâmpadas fluorescentes também constituem um tipo especial de resíduo químico
sólido, pois contêm mercúrio em sua composição. Quando o vidro da lâmpada é quebrado, o
mercúrio é liberado na forma de vapor para a atmosfera e, sob ação da chuva, precipita-se no
solo, em concentrações acima dos padrões naturais. A recomendação preconizada nas
legislações existentes é que este resíduo, assim como os resíduos compostos de amálgamas,
seja encaminhado para processo de tratamento e recuperação do mercúrio.
Com respeito ainda aos resíduos químicos sólidos perigosos, cabe um parêntesis com
relação ao descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo Chumbo (Pb),
Cádmio (Cd) e Mercúrio (Hg) e seus compostos. De acordo com a Resolução CONAMA nº
257, de 30 de junho de 1999, as pilhas e baterias usadas deverão ser entregues pelos usuários
aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas
respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem,
diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.
Os resíduos químicos sólidos que não apresentam risco podem ser dispostos em
aterros sanitários, devidamente licenciados, devendo-se ter a atenção para o desvio e uso
indevido dos produtos medicamentosos fora do prazo de validade. Embora estes não
mantenham o mesmo nível de atividade terapêutica, o produto medicamentoso é capaz, num
prazo de 6 a 8 meses, de possuir ainda atividade química. Cabe então ao gerador avaliar bem
38
o risco que estes possam vir a apresentar, tomando condutas e protocolos específicos para o
descarte deste tipo de resíduo.
Faz-se exceção a este grupo os resíduos de medicamentos controlados pelo Ministério
da Saúde, através da Portaria MS 344/98, que constituem produtos entorpecentes. Estes
devem ser encaminhados para o órgão da vigilância sanitária da localidade onde a instituição
está situada, em carro autorizado e protegido pela segurança da Polícia Federal ou da
Vigilância Sanitária, para posterior descarte (ANVISA, 2005b).
3.3.1.2 Resíduos Líquidos
Tratando-se de resíduo químico no estado líquido com características de risco, torna-se
vedado a sua disposição em aterros classe I, restando como alternativas apenas a recuperação
ou reutilização, a inativação química ou o tratamento por incineração. No Brasil, segundo
dados da ABRELPE existem apenas oito (8) incineradores disponíveis comercialmente e
ambientalmente legalizados para queimar resíduos químicos perigosos, destes um (1) localiza-
se no estado do Rio de Janeiro.
Os fixadores utilizados em diagnóstico de imagem constituem um exemplo de resíduo
químico perigoso no estado líquido, que deve ser submetido a tratamento e processo de
recuperação da prata. Atualmente, no Brasil, já existem empresas especializadas e
ambientalmente licenciadas, que oferecem este tipo de serviço.
Quanto aos resíduos químicos líquidos que não apresentam risco, o mais freqüente é
que sejam utilizados reagentes para neutralizações das substâncias envolvidas no processo
assistencial. Deve-se atentar para o fato de haver disponível no bairro onde a instituição está
localizada, os serviços de coleta e tratamento de esgotos oferecidos pela prefeitura ou empresa
contratada. A instituição deverá ainda estar autorizada pelo órgão competente a despejar seus
efluentes na rede coletora. Isto vale também para os reveladores utilizados no diagnóstico de
imagem, desde que submetidos a processo de neutralização, e atendidas as diretrizes dos
órgãos de meio ambiente e do responsável pelo serviço público de esgotamento sanitário.
O Quadro 7 apresenta um resumo das possíveis operações de tratamento e disposição
final de resíduos químicos gerados em estabelecimentos de atendimento à saúde.
39
Quadro 7 – Tratamento e Destinação Final Resíduo Químico
SÓLIDO COM RISCO • Inativação química • Aterro classe I • Tratamento por incineração
SÓLIDO SEM RISCO Aterro Sanitário
LÍQUIDO COM RISCO • Inativação química • Tratamento por incineração
LÍQUIDO SEM RISCO Esgotamento sanitário mediante autorização de órgãos competentes
Fonte: Manual Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (ANVISA, 2005b)
3.3.2 ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
Segundo a Resolução RDC 306/04 da ANVISA o acondicionamento consiste no ato
de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam
às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser
compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo.
Tratando-se de resíduos químicos, a resolução estabelece ainda que estes devem ser
acondicionados em recipientes de material rígido, inerte e resistentes a rupturas, adequados
para cada tipo de substância química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu
estado físico, observando-se ainda as exigências de compatibilidade química dos resíduos
entre si, estabelecidas no Apêndice V da própria Resolução, assim como de cada resíduo com
os materiais das embalagens, de forma a evitar reação química entre os componentes do
resíduo e da embalagem, o que poderia enfraquecer ou deteriorar a mesma, ou ainda a
possibilidade de que o material da embalagem seja permeável aos componentes do resíduo.
As embalagens que contêm resíduos químicos perigosos devem ser fechadas, de forma a não
possibilitar vazamento.
A RDC 306/04 faz destaque para os recipientes de acondicionamento constituídos de
polietileno de alta densidade (PEAD), divulgando inclusive, um apêndice com os produtos
químicos incompatíveis com este tipo de elemento.
De forma geral, o Quadro 8 apresenta as necessidades de acondicionamento conforme
o estado físico do resíduo químico e seu grau de risco.
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Quadro 8 – Acondicionamento de Resíduo Químico
Resíduos sólidos - devem ser acondicionados em recipientes de material rígido, adequados para cada tipo de substância química, respeitadas as suas características físico-químicas e seu estado físico, devendo ser identificados de acordo com suas especificações.
Resíduos especiais - substâncias perigosas (corrosivas, reativas, tóxicas, explosivas, inflamáveis e radioativas) - devem ser acondicionados com base nas recomendações específicas do fabricante para acondicioná-los e descarta-los. Elas se encontram nas etiquetas de cada produto.
Resíduos líquidos - devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistente, rígido e estanque, com tampa rosqueada e vedante. Devem ser identificados de acordo com suas especificações.
Fonte: Manual Gerenciamento de Resíduos de Saúde (ANVISA, 2005b)
Destacam-se ainda nesta resolução, os resíduos de amálgamas contendo mercúrio
(Hg). É muito comum os serviços de saúde utilizar aparelhos ou instrumentos que utilizam
mercúrio como componente ativo. O mercúrio é utilizado, por exemplo, em termômetros
clínicos e de estufas, em esfignomanômetros (medidor de pressão arterial) e no amálgama
odontológico.
O mercúrio é um metal líquido encontrado na natureza, cujo ponto de fusão é de -
38,87ºC e o de ebulição é de 356,58°C. É muito denso (13,546 g/cm³) e extremamente volátil.
Combina-se com enxofre, cloro, carbono, oxigênio etc., formando compostos que são
encontrados também em pilhas, baterias.
O mercúrio causa dano ao meio ambiente e aos seres vivos. As águas contaminadas
com ele depositam-se no solo, nos rios, lagos e oceanos. Os efeitos sistêmicos causados pela
contaminação do mercúrio são: cardíacos, respiratórios, neurológicos, imunológicos,
adenopatias linfáticas, anorexia, perda de peso e dores articulares (ANVISA, 2005b).
Considerando todas essas propriedades maléficas deste produto, faz-se necessário
adotar precauções especiais para manipular e acondicionar os resíduos que contenham este
tipo de substância. A seguir estão algumas recomendações para acondicionar de maneira
segura os resíduos que contenham mercúrio (ANVISA, 2005b).
Resíduos de amálgamas - A coleta do resíduo de amálgama odontológico pode ser em
recipiente rígido e inquebrável dotado de boca larga e de material inerte. Deve ser deixada
uma lâmina de água sobre o resíduo acondicionado no coletor. Este tem que permanecer
hermeticamente fechado e em local de baixa temperatura, isento de luz solar direta. O resíduo
de amálgama, para ser armazenado, deve estar isento de quaisquer tipos de contaminantes.
41
Termômetros clínicos - Todos os termômetros clínicos quebrados devem ser colocados em
recipientes rígidos e enviados para descontaminação.
Lâmpadas fluorescentes - É recomendável que as lâmpadas a descartar sejam armazenadas
em local seco. As caixas da embalagem original protegem as lâmpadas contra eventuais
choques que possam provocar sua ruptura e o empilhamento. Elas devem ser re-identificadas
para não serem confundidas com caixas de lâmpadas novas. Em nenhuma hipótese as
lâmpadas devem sofrer qualquer dano para serem armazenadas, pois os 20 mg de vapor de
mercúrio (em média) contidas em cada uma delas poderão contaminar os seres vivos e o
ambiente. As lâmpadas que se quebrarem acidentalmente deverão ser separadas das demais e
acondicionadas em recipiente com tampa que possibilite vedação adequada. Recomenda-se
forrar os contenedores com uma camada de carvão ativado. Esta é uma medida preventiva
que, em caso de quebra acidental, durante o transporte destes resíduos, reterá os vapores de
mercúrio, impedindo que o mesmo vaze para o ambiente.
Caso algum dos resíduos citados acima entre em contato com o piso expondo o
mercúrio ao ambiente, deve-se usar luva para removê-lo com uma folha de papel bem fina ou
com uma seringa e depositá-lo em recipiente apropriado. Em seguida, deve-se enviar o
recipiente para descontaminação. No caso da quebra de frascos, os cuidados necessários são:
ventilar a sala abrindo as janelas; interditar a sala até que todo o mercúrio derramado seja
removido; lavar o piso com água e sabão e em seguida encerá-lo. A cera impede a retenção do
mercúrio no piso. Após esses cuidados, a sala pode ser liberada para uso. Caso fique, ainda,
mercúrio no piso, deve-se recobri-lo com pó de enxofre ou óxido de zinco, e depois coletá-lo
e providenciar o envio do material para a descontaminação. Cabe lembrar que o mercúrio que
tenha caído no piso pode aderir à sola do sapato e, assim, pode ser transportado para outros
locais e expor outras pessoas aos efeitos tóxicos deste produto.
É importante enfatizar que os resíduos que irão ser encaminhados para reciclagem ou
reaproveitamento devem ser acondicionados em recipientes individualizados, observadas as
mesmas exigências de compatibilidade química citadas anteriormente.
Todos os resíduos químicos devem ser identificados através do símbolo de risco
associado de acordo com a NBR 7500 da ABNT e com discriminação de substância química e
frases de risco.
42
3.3.3 ASPECTOS RELATIVOS À SEGURANÇA
Adequando-se a uma atuação ambientalmente responsável faz-se necessário uma política de
segurança atuante, por parte dos estabelecimentos de saúde, no que diz respeito ao
gerenciamento de produtos e resíduos químicos. Cumprir as normas regulamentadoras do
Ministério do Trabalho relativas às medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, além de uma necessidade constitui uma obrigação legal
dos EAS. Além de todos os conceitos apresentados para um manuseio seguro dos resíduos
químicos, algumas outras medidas simples podem e devem ser adotadas pelas instituições
com o objetivo de facilitar as tomadas de decisão nos diversos aspectos que permeiam o
gerenciamento destes resíduos.
Nos laboratórios de análises clínicas, anatomia patológica e no almoxarifado onde se
manipulam e estocam produtos químicos, assim como no local de armazenamento de resíduos
químicos, deve ser mantida, sempre em local visível, onde todos tenham livre acesso, uma
listagem de identificação das codificações e simbologias de risco utilizadas no setor.
Recomenda-se que os rótulos do fabricante dos produtos químicos utilizados nestes locais
estejam devidamente protegidos com capa plastificada, por exemplo, com papel contact, para
que resista até o descarte final. Esta é uma medida que pode ser de grande valia no momento
da segregação.
Recomenda-se também manter o almoxarifado organizado por compatibilidade
química, nunca por ordem alfabética, não expor os reagentes à luz solar direta e manter em
área ventilada, além dos cuidados usuais. Jamais se deve utilizar vidraria que contenha ou
conteve produtos químicos para uso pessoal. As frases de riscos (Normas R - os códigos e as
frases de risco) e de segurança (Normas S - os códigos e as frases de segurança) mais
utilizadas no mundo e que provavelmente serão encontradas nos rótulos de insumos químicos
e/ou nas FISPQs devem também fazer parte das rotinas e serem mantidas em local de fácil
acesso para situações de emergências.
Em se tratando de resíduos de serviço de saúde, especialmente de resíduos químicos,
todo o cuidado com o manuseio é importante. As normas regulamentadoras do Ministério do
Trabalho exigem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de
Proteção Coletivos (EPCs) para os trabalhadores que manipulam resíduos.
43
Quanto às características de segurança relacionadas ao abrigo de resíduos químicos
perigosos, este deve ser projetado e construído segundo as normas da ABNT, em alvenaria,
fechado, dotado apenas de aberturas teladas que possibilite uma área de ventilação adequada,
com dispositivo que impeça a incidência de luz solar direta, acabamento interno para piso e
parede em materiais laváveis, lisos, resistentes, impermeáveis e de cor clara. A porta deve
abrir para fora e com proteção inferior que dificulte o acesso de vetores. O piso deve ser em
declive para o centro e deve existir um sistema de contenção para líquidos, com capacidade
para 10% do volume armazenado. O local deve proporcionar fácil acesso na operação de
coleta e dispor de sistema de combate a emergências.
No armazenamento de produtos químicos e abrigo de resíduos químicos, deve-se
considerar não só a incompatibilidade dos produtos, mas também o sistema de ventilação, a
sinalização correta, a disponibilidade de EPIs e EPCs, separação das áreas administrativas,
técnicas e de armazenagem dos resíduos. Quando se tratar de resíduos perigosos, corrosivos e
inflamáveis, estes devem ser armazenados próximos ao piso, e afastados das paredes,
observando-se as medidas de segurança recomendadas nas FISPQ. Não é recomendável
receber e nem armazenar resíduos sem identificação.
A instituição deve ter ainda elaborado um plano de atendimento a situações de
emergência para o caso de acidentes com algum produto ou resíduo químico. Este plano deve
conter medidas preventivas e corretivas, assim como todas de proteção à saúde do trabalhador
e ao meio ambiente. Além dos telefones de contato dos responsáveis e dos órgãos ambientais
competentes (ANVISA, 2005b).
Em caso de incêndio, a simbologia proposta pela Associação Nacional para Proteção
contra Incêndios dos Estados Unidos, a NFPA (National Fired Protection Association) tem
sido adotada mundialmente por representar clara e diretamente os riscos envolvidos na
manipulação de insumos químicos. Conhecido também como Diagrama de Hommel ou
diamante da NFPA, este guia de informações de risco para insumos químicos agiliza os
procedimentos de atendimento em caso de incêndio ou vazamento de produtos químicos
(ANVISA, 2005b) (Anexo C).
Outra codificação muito usual e que auxilia os bombeiros no caso de acidentes,
envolvendo produtos químicos são os códigos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Estas recomendam a classificação dos insumos químicos em nove classes com suas
subdivisões; as não reguladas são identificadas com o código NR.
44
3.4 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Outros aspectos relativos ao gerenciamento dos resíduos químicos passam por
questões de planejamento e estruturação administrativa. Por exemplo, adotar simples
procedimentos de organizar o fluxo de destinação de cada resíduo, estabelecendo local,
horário, quantidade coletada, etc., pode facilitar os administradores, em caso de necessidade
de rastreamento dos resíduos. Ainda, preparar um guia prático de neutralização baseado na
FISPQ, que conforme citado anteriormente deve acompanhar a aquisição dos produtos, pode
agilizar o processo de inativação química para alguns tipos de resíduos.
Baseando-se na política de reduzir, reutilizar e reciclar, é preciso identificar as
correntes geradoras de resíduos químicos, quantificá-las e qualificá-las. Em se tratando de
produtos químicos, além das recomendações de reduzir, reutilizar e reciclar cabe mais um "r",
o de recuperar. A recuperação é possível somente para produtos identificados, daí a
importância da identificação na entrada do produto químico. A rotulagem, a marcação de
recipientes que contenham substâncias químicas, por intermédio de símbolos e textos, e a
confecção de fichas padronizadas, ajudam a promover o controle de movimentação de
produtos e resíduos e a estabelecer medidas de precauções essenciais à segurança no
manuseio de produtos e resíduos químicos.
O Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (ANVISA, 2005b)
apresenta um exemplo das informações que devem estar contidas no rótulo de produtos
químicos e também dois modelos para fichas de acompanhamento de produtos e resíduos
químicos (Anexo D).
Deve-se ter atenção também ao passivo químico que o estabelecimento pode
apresentar. Como passivo químico, entende-se todo material que se encontra estocado nas
dependências da instituição e que não participa das atividades rotineiras de trabalho no local,
por período superior ao considerado normal pelo corpo técnico responsável. Estes passivos
devem receber classificação como identificados, não identificados ou
misturados/contaminados, e receber o tratamento e destinação final adequados.
De maneira geral, deve-se fazer uso dos insumos químicos de maneira controlada. Se
existe uma quantidade de insumos dentro do prazo de validade maior do que a necessidade
recomenda-se disponibilizá-los a outros setores da instituição ou a empresas afins, para evitar
o aumento de resíduos químicos e a conseqüente geração de passivo químico. Adotar
45
procedimentos para eliminação e reaproveitamento de substâncias descartadas pode ter
repercussão direta na economia e na segurança química do local.
Conforme já mencionado, o risco atrelado ao incorreto manuseio de insumos e
resíduos químicos, requer procedimentos de prevenção e segurança muito específicos, por
tipo de produto, e conforme a área de atuação do serviço. Deve-se ter atenção especial,
sobretudo, com os resíduos químicos perigosos. Por isso, e ainda considerando a gama de
legislações ambientais aplicáveis ao tema, recomenda-se que sejam nomeados profissionais da
área química para realização das atividades relacionadas ao gerenciamento destes produtos e
resíduos. “Com um profissional químico, o estabelecimento tem uma dimensão mais clara dos
problemas e riscos decorrentes das atividades que desenvolve” (ANVISA, 2005b).
46
IV) METODOLOGIA
Este capítulo destina-se à contextualização metodológica da pesquisa realizada, onde
se procurou situar o entendimento sobre o tipo de pesquisa realizada e a participação dos
“atores” sociais envolvidos no processo. Foram apresentados os passos metodológicos, os
quais classificam a pesquisa como aplicada e descritiva, e as ferramentas que possibilitaram a
melhor forma de alcançar os objetivos propostos.
Toda ciência se utiliza de métodos para alcançar o conhecimento. Segundo Oliveira
(2002b), esses métodos abrangem, entre outros, a participação de pessoas em entrevistas (nas
suas diversas formas), a aplicação de questionários, a observação de comportamento e o
exame de documentos ou registros da atividade produtiva ou humana.
Além do método sugerido por Oliveira (2002b), buscaram-se subsídios na obra de
Almeida (2003), para delinear de forma prática e coerente as atividades executadas durante a
pesquisa. No modelo adotado por Almeida, primeiro se caracteriza a metodologia utilizada no
trabalho e posteriormente faz-se uma descrição sucinta das atividades. Também será
apresentado o artifício adotado para avaliar a situação de alguns hospitais da rede de
assistência pública como forma de respaldar as observações realizadas durante a elaboração
da dissertação e sustentar as conclusões finais.
Contudo, é importante enfatizar que para alcançar de forma mais rápida o escopo do
estudo procurou-se dividir o trabalho em duas grandes frentes: Etapa I - Pesquisa Aplicada,
onde o interesse era avaliar sob diversos enfoques, os cuidados tomados em alguns
estabelecimentos de saúde com relação aos resíduos químicos ali gerados, e Etapa II - Estudo
de Caso, onde se avaliou o gerenciamento propriamente dito de resíduos químicos de um
hospital universitário do estado. Cada uma seguiu uma metodologia característica, conforme
explicitado a seguir.
47
4.1 CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA
Caracterizar uma metodologia passa por definir os métodos aplicados na busca
científica seja através da classificação, técnicas usadas ou procedimentos empregados.
Para a classificação da pesquisa, buscou-se subsídio na obra de Silva e Menezes
(2001) que define quatro formas para a classificação de uma pesquisa científica: em relação
aos objetivos, a forma de abordagem, a sua natureza e aos procedimentos adotados pelo
pesquisador.
4.1.1 QUANTO AOS OBJETIVOS
Conforme Gil (1994), os objetivos de uma pesquisa podem ser classificadas em três
grandes grupos: pesquisa exploratória, a descritiva e a explicativa.
Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa exploratória, pelas
características do mesmo em relação ao grau de novidade e da recente exploração do tema de
forma científica. Gil diz ainda que a pesquisa de caráter exploratório envolve o levantamento
do estado da arte, pela revisão bibliográfica e pela oitiva, ou seja, por ter ouvido os atores
relacionados com o processo pesquisado, para que a vivência com o problema possa estimular
e facilitar a compreensão do fato. Este tipo de pesquisa busca basicamente desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de novas abordagens a posteriori.
Porém, segundo Silva e Menezes (2001), citado por Oliveira (2002b), esta pesquisa
também pode ser classificada como descritiva, posto que em uma parte do trabalho utilizou-se
questionários como ferramenta para obtenção de dados. O maior objetivo da aplicação dos
questionários foi comparar as relações entre os estabelecimentos de assistência à saúde,
analisando de maneira prática as nuances que permeiam todo o gerenciamento de resíduos
químicos nestes serviços. Alves Filho (2000) in Oliveira (2002b) diz que coletar e analisar
dados relacionados é uma necessidade da pesquisa.
48
4.1.2 QUANTO À FORMA DE ABORDAGEM
Posto que o trabalho foi dividido em duas etapas, pode-se dizer que a pesquisa
realizada é tanto quantitativa como qualitativa. No capitulo V, onde se apresenta a pesquisa
aplicada tem-se explicitamente o que se chama de uma pesquisa quantitativa, pois se busca
traduzir em números as informações coletadas nos hospitais visitados. No capitulo VI temos a
etapa qualitativa, representada pelo estudo de caso, onde a pesquisa se realiza através de
observações e vivências no âmbito hospitalar e levam àlguns questionamentos e análise dos
dados observados de maneira indutiva.
Para o Instituto de Pesquisa Aplicada Ethos, dentre as características que uma pesquisa
quantitativa deve ter, pode-se destacar: a objetividade, a necessidade da revisão da literatura
ser feita antes do estudo/pesquisa. Além disso, o foco deve ser conciso e limitado, os
elementos básicos de análise são números, o raciocínio é lógico e dedutivo, utiliza
instrumentos específicos e busca generalizações (OLIVEIRA, 2002b)
A pesquisa qualitativa segundo Oliveira (2002b) citando Godoy (1995), tem questões
ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Um
estudo desta categoria necessariamente envolve dados descritivos sobre organizações,
pessoas, lugares e as formas de interação que se dão pelo contato do agente pesquisador com
o objeto em análise, procurando compreender os fenômenos segundo a visão dos atores que
convivem diuturnamente com o caso fático.
4.1.3 QUANTO À NATUREZA Segundo Silva e Menezes (2001), pode ser considerada como pesquisa aplicada, pois
gera conhecimentos que podem ser utilizados para a aplicação prática em solução de
problemas específicos, envolvendo assim, verdades e interesses locais. Oliveira (2002b) fala
ainda que, uma das intenções numa pesquisa aplicada é a mudança de paradigma das
organizações na forma de seu processo de gestão e tomada de decisão.
49
4.1.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS Em relação aos procedimentos adotados, o presente trabalho pode ser classificado
como pesquisa bibliográfica, pois foi desenvolvida a partir de um referencial existente,
principalmente livros, artigos, internet e legislações, e ainda, como um estudo de caso, pois
envolveu a análise da organização escolhida, seja através de análise de material
disponibilizado ou pela simples observação da rotina hospitalar.
Chizzotti (1995) apud Oliveira (2002b), supõe três fases para o desenvolvimento de
um estudo de caso:
a) a seleção e delimitação do caso: o caso deve ser uma referência significativa para merecer a
investigação e, por comparações aproximativas, apto para fazer generalização a situações
similares ou autorizar inferência em relação ao contexto da situação analisada. Este é
precisamente o momento de definir os aspectos e os limites do trabalho, a fim de reunir
informações sobre um campo específico e fazer análises sobre uma dada organização, a partir
dos quais se possa compreender uma determinada realidade;
b) o trabalho de campo: busca reunir e organizar um conjunto probatório de informações.
Pressupõe uma negociação prévia para que se tenha acesso a documentos e pessoas
necessários à concretização do estudo de caso;
c) a organização e redação do relatório: que poderá apresentar um estilo narrativo, descritivo
ou analítico. Esta última etapa também pode ser de registro de caso, isto é, o produto final do
qual consta uma descrição do objeto de estudo.
4.2 DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES
O trabalho foi dividido em quatro etapas, de forma a direcionar e otimizar o estudo do
tema: pesquisa bibliográfica, delimitação do estudo, estudo exploratório e organização e
redação do relatório.
50
4.2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A fundamentação teórica se baseou na revisão da bibliografia existente, abordando
temas como situação sanitária hospitalar do país, importância das questões ambientais no
contexto das instituições de saúde, evolução das legislações aplicáveis, participação da alta
administração no processo de gerenciamento de resíduos, levantamento das dificuldades
existentes no gerenciamento de RSS, em especial dos resíduos químicos, riscos associados ao
manuseio de resíduos químicos, cuidados na destinação final de resíduos químicos, entre
outros.
Procurou-se agrupar estes diversos temas, de maneira lógica, a fim de transmitir uma
visão global das inter-relações entre os estabelecimentos de saúde, a sociedade, o meio
ambiente e os órgãos reguladores.
Através da pesquisa bibliográfica pode-se constatar que o tema gerenciamento de
resíduos químicos em EAS é relativamente novo quando comparado aos resíduos infectantes.
Na maioria dos casos consultados na literatura, pouco se falou sobre gerenciamento específico
de resíduos químicos em ambientes de atendimento à saúde. A falta de conhecimento dos
gerentes de resíduos, na sua maioria, médicos, enfermeiros ou administradores, dos perigos
que os resíduos químicos podem causar ao meio ambiente, faz com que este tema não seja
tratado com a devida importância.
Na verdade, grande parte da população não se sente responsável pelos resíduos que
geram e acaba por não participar ou não achar importante a sua participação no
gerenciamento destes. O êxito de programas destinados a apontar soluções adequadas para a
questão de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, está diretamente relacionado à
participação e o conhecimento desta “população” (ZYGER,2005).
Desta forma, viabilizar discussões e meios de participação e conhecimento da
comunidade hospitalar, na problemática apresentada, objetivando o correto manejo dos RSS,
atentando-se para a importância dos resíduos químicos, se torna uma necessidade concreta,
para a sensibilização da população, não só na questão de orientações de como segregar os
resíduos, e consequentemente melhorar seu manejo, mas também sua integração nesse
processo de cidadania e responsabilidade, que é o gerenciamento racional e ambientalmente
dos resíduos de serviço de saúde.
51
Complementando a fundamentação teórica da pesquisa, participou-se ainda de eventos
relacionados ao tema - como o projeto de implantação do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de Saúde, promovido pela a ANVISA, campanhas de conscientização e
palestras de implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que
foram importantes na busca das informações e avaliação de todo o contexto, ajudando-a de
certa forma a embasar seu pensamento científico, uma vez que os hospitais participaram
destes eventos, trocando informações e discutindo seus problemas e experiências.
4.2.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Considerando a falta de informação na literatura quanto ao gerenciamento de resíduos
químicos gerados em serviços de saúde, observada após a etapa de fundamentação teórica,
optou-se por delimitar a pesquisa no que se refere às etapas de gerenciamento dos resíduos de
serviço de saúde classificados como grupo B, ou seja, os resíduos químicos. Além disso,
limitou-se o estudo aos hospitais de grande porte da rede pública de assistência, uma vez que
se pretendeu avaliar as necessidades e dificuldades específicas deste grupo de
estabelecimentos.
Seguindo as frentes de trabalho já apresentadas: Etapa I: Pesquisa Aplicada e Etapa II:
Estudo de Caso apresenta-se a seguir o balizamento de cada etapa.
Etapa I: Pesquisa Aplicada
Todos os hospitais avaliados constituem estabelecimentos de assistência à saúde de
grande porte, com mais de 300 leitos, localizados na capital do município do Rio de Janeiro.
Através do curso, oferecido pela ANVISA, sobre Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviço de Saúde, buscou-se estabelecer contato com alguns hospitais participantes. Este
contato foi feito por telefone e também por correio eletrônico. De um grupo de onze hospitais
que participaram do curso, estabeleceu-se contato com nove. Destes, cinco hospitais
concordaram em participar da pesquisa aplicada.
52
O município do Rio de Janeiro possui 20 hospitais pertencentes à rede pública
estadual de assistência e 16 hospitais pertencentes à pública federal de assistência, que se
enquadram no referencial de grande porte definido para o estudo (SES, 2006). Destes, 30,5%
participaram do curso de Plano de Gerenciamento de Resíduos ministrados pela ANVISA em
novembro de 2005, e 13,8 % aceitaram participar da pesquisa acadêmica a que se propõe este
trabalho. O resultado da avaliação dos dados coletados será apresentado no capítulo V.
A realização da etapa de pesquisa aplicada ocorreu entre outubro e dezembro de 2006.
Etapa II: Estudo de Caso
Para realizar o estudo de caso foi escolhido um Hospital Universitário, localizado no
Estado do Rio de Janeiro. A escolha deste hospital deu-se por dois principais motivos. O
primeiro, refere-se ao fato do mesmo estar iniciando o seu processo de implantação do Plano
de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde – PGRSS, o que permitiu acompanhar os
entraves decorrentes deste trabalho desde o início.
O segundo está relacionado ao fato do referido hospital simbolizar um referencial de
atendimento para parte da Região Metropolitana do estado, abrangendo municípios como São
Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Maricá, Niterói e Rio de Janeiro, onde se realizam grandes
números de acolhimentos e, ao mesmo tempo, desenvolvem-se grande número de pesquisas
acadêmico-científicas. Tal ocorrência classifica o Hospital como um enorme gerador de RSS
do estado, o que dá mais consistência a proposta do estudo.
A realização do referido estudo de acaso ocorreu entre janeiro e dezembro de 2006.
4.2.3 ESTUDO EXPLORATÓRIO
Definido o campo de atuação, partiu-se para a coleta de dados. Cada etapa seguiu uma
técnica própria, conforme descrito abaixo. Entretanto, a pesquisa direcionou-se à avaliação
comportamental e administrativa das instituições com relação ao gerenciamento de resíduos
de serviço de saúde, focando os aspectos relacionados aos resíduos químicos.
53
Etapa I: Pesquisa Aplicada
Nesta etapa, fez-se o uso de um questionário (Anexo E) aplicado aos responsáveis
pelo gerenciamento dos RSS de cada um dos hospitais, onde se buscou avaliar três tópicos
principais: 1) interesse e acompanhamento da alta direção quanto às questões relativas ao
gerenciamento de RSS, 2) procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos químicos, e
3) fiscalização e competência dos órgãos reguladores. O maior objetivo da pesquisa foi
verificar que, quando se trata de gerenciamento de resíduos químicos em EAS, os hospitais,
maiores geradores de RSS, se encontram no mesmo nível de atendimento às legislações
ambientais. Além disso, buscou-se levantar as principais dificuldades enfrentadas por estes
EAS, em atender as já citadas exigências legais pertinentes ao gerenciamento de RSS como
um todo.
Zyger (2005) citando Marconi e Lakatos, afirma que o questionário é um instrumento
de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.
O questionário aplicado foi constituído de 19 perguntas objetivas seguidas de
explanações abertas que tornaram possível perceber o nível de participação e conhecimento
em relação às questões que envolvem resíduos químicos.
Questionário de perguntas objetivas ou fechadas ”são aqueles instrumentos em que as
perguntas ou afirmações apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e
preestabelecidas. O entrevistado deve responder à alternativa que mais se ajusta às suas
características, idéias ou sentimentos” (RICHARDSON, 1999 in ZYGER 2005, p 63).
Richardson define ainda que perguntas abertas: “[...] caracterizam-se por perguntas ou
afirmações que levam o entrevistado a responder com frases ou orações. O pesquisador não
está interessado em antecipar as respostas, deseja uma maior elaboração das opiniões do
entrevistado”.
Para atender ao tópico 1 - interesse e acompanhamento da alta direção quanto às
questões relativas ao gerenciamento de RSS utilizaram-se as perguntas 1 a 5 do questionário,
onde o hospital foi questionado a respeito de como gerencia seus resíduos, como é a
participação da alta gerência, etc
Para atender ao tópico 2 - procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos
químicos utilizaram-se as perguntas 6 a 16, onde se questionou como são realizados o
manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduos, quais os problemas, deficiências e
54
aspectos de segurança relacionados ao gerenciamento de resíduos químicos de serviços de
saúde.
Para atender ao tópico 3 - fiscalização e competência dos órgãos reguladores utilizou-
se as perguntas 17 a 19, onde se questionou se o hospital já havia recebido alguma visita de
um órgão fiscalizador ambiental.
Etapa II: Estudo de Caso
Na segunda etapa do trabalho utilizou-se a observação como principal técnica de
coleta de dados. A observação é uma técnica de coleta de dados a qual foi utilizada visando à
percepção do alcance de determinados aspectos da realidade. Para Marconi & Lakatos (1996)
in Zyger (2005), não se caracteriza apenas em ver e ouvir, mas também em examinar os fatos
e os fenômenos que deseja compreender. Na observação sistemática realizada neste trabalho
foram contemplados diálogos com os funcionários, visitas a determinados setores do hospital
e observação visual do gerenciamento de RSS. Os dados foram recolhidos em anotações.
Além disso, a realização de algumas entrevistas aplicadas aos atores envolvidos no
processo de assistência à saúde do hospital objeto do estudo de caso, principalmente a nível
operacional, ajudou a avaliar o comprometimento da organização com a preservação e/ou
conservação ambiental, com a qualidade de vida dos funcionários e comunidade e com os
órgãos fiscalizadores, solidificando assim o pensamento da pesquisadora. Dentre a população
entrevistada, destacam-se a equipe de enfermagem, acadêmicos de medicina e enfermagem e
técnicos de laboratório. Em menor proporção, aparecem os médicos e professores da
instituição.
Os autores supracitados dizem ainda que a entrevista deve ser realizada,
preferencialmente, com pessoas selecionadas ajustadas ao plano de trabalho. Na Instituição
estudada optou-se por entrevistar pessoas diretamente envolvidas com a geração de resíduos
químicos, buscando avaliar o grau de consciência destes geradores quanto aos aspectos
inerentes a este tipo de resíduos e também as necessidades pertinentes ao correto
gerenciamento deste lixo.
A avaliação documental dos procedimentos adotados pela organização, na busca de
sua adequação às demandas ambientais, também foi utilizada. Segundo Godoy (1995) apud
Oliveira (2002b, p.73), uma das vantagens básicas da análise documental é “que os
55
documentos constituem uma fonte natural de informações, e ainda, as informações neles
contidas são imutáveis e refletem a inserção da organização num contexto.”.
Em resumo, pode-se dizer que o estudo exploratório foi conduzido em sub-etapas, a
saber:
a) Contato com os responsáveis pelo Gerenciamento de RSS nos hospitais de para enviar
os questionários;
b) Administração dos questionários, condução das entrevistas e observação sistemática
para levantamento de dados (capitulo V e VI);
c) Após a coleta dos dados, processamento e análise dos mesmos (capitulo V, VI e VII);
4.2.4 ORGANIZAÇÃO E REDAÇÃO DO RELATÓRIO
As informações obtidas nas fases anteriores foram analisadas individualmente e em
conjunto, de maneira que o resultado fosse organizado em forma de diagnóstico do setor. Na
etapa I, os resultados obtidos, as técnicas e instrumentos de coleta e a análise e interpretação
dos dados tiveram caráter quantitativo, já na etapa II, os resultados apresentaram um caráter
qualitativo.
Na primeira etapa, os dados do questionário foram transportados para uma planilha
eletrônica (MS Excel), e traduzidos em gráficos, buscando-os correlacionar às informações
obtidas. Pretende-se identificar as diferentes situações, possibilitando o direcionamento das
ações de melhoria da qualidade de gerenciamento de resíduos químicos em serviço de saúde.
A incorporação desta ferramenta contribui para a análise de informações acerca da realidade
pesquisada.
Através das análises que irão imergir da pesquisa poder-se-á também diagnosticar e
identificar as potencialidades, encontrar soluções e apontar estratégias necessárias no sentido
de viabilizar a gestão do gerenciamento dos resíduos químicos em EAS de maneira
participativa evitando assim prejuízos sócio-ambientais.
Segundo Gil (1991), em alguns casos as pessoas podem negar-se a responder algumas
perguntas, temendo se expor. Isto exige esforços redobrados na elaboração do instrumento e,
sobretudo, na análise e interpretação.
56
Alguns imprevistos, como a demora de alguns EAS em responder o questionário
aplicado na primeira etapa, ocorreram durante a execução do trabalho. Contudo, nada muito
significativo retardou o andamento do estudo.
Na segunda etapa, isto é, no estudo de caso, abordou-se, sob a ótica da instituição, a
busca em atender as exigências legais pertinentes ao gerenciamento de RSS como um todo e
também as práticas para a diminuição e/ou eliminação da geração de resíduos, e conseqüentes
custos com tratamento, destinação e passivos ambientais.
Trata-se de uma abordagem observacional calcada, principalmente, na realização de
entrevistas com alguns profissionais de saúde e acadêmicos, potenciais geradores, e
funcionários administrativos que ocupavam na sua maioria cargos de responsabilidade e/ou
cujas atividades estavam diretamente relacionadas com o gerenciamento de resíduos. As
anotações de diálogos e comentários enriqueceram a coleta dos dados.
Oliveira (2002b) diz que resultados qualitativos são aqueles que procuram revelar a
multiplicidade de dimensões que envolvem uma organização, seu contexto e seu entorno,
focalizando-o como um sistema onde as inter-relações entre seus componentes devem ser
totais. A abordagem qualitativa da pesquisa permite ao observador que sua imaginação e
criatividade as leve a explorar novos enfoques.
Os capítulos V e VI, a seguir, apresentam respectivamente, de forma estruturada, os
resultados obtidos na coleta de dados da etapa I e na etapa II deste trabalho.
57
V) PESQUISA APLICADA
Participaram da pesquisa aplicada cinco hospitais da rede pública de atendimento (dois
da esfera federal e três da esfera estadual). Trata-se de hospitais de grande porte que oferecem
serviços de saúde com relevante grau de complexidade e abrangência ou que realizam
atendimentos especializados ou possuam salas cirúrgicas, Unidades de Tratamento Intensivo
(UTI) ou serviço de urgência/emergência (24h).
Por motivo de sigilo, os nomes dos referidos hospitais não serão divulgados, sendo
adotados números arábicos para a identificação dos mesmos. Assim chamaremos os hospitais
de: Hospital 1, Hospital 2, Hospital 3, Hospital 4 e Hospital 5.
A Tabela 5 apresenta o número de leitos de cada hospital bem como a média de
atendimento mensal nos mesmos.
Tabela 8 – Características dos Hospitais
Hospital Nº de Leitos Média atendimentos/mês
Hospital 1 350 21.263
Hospital 2 500 22000
Hospital 3 560 22476,7
Hospital 4 497 39000
Hospital 5 490 26.179,2
Fonte: Elaboração própria
Conforme apresentado no capítulo IV aplicou-se questionário que buscou avaliar os
aspectos administrativos, gerenciais, estruturais além do nível de consciência e
comprometimentos dos estabelecimentos participantes da pesquisa.
58
Para viabilizar a apresentação dos resultados quantitativos utilizou-se a ferramenta
gráfica, com a intenção de valorizar cada item de avaliação. Fez-se uso do software Excel
para trabalhar os dados computacionalmente, classificando e tabulando para uma melhor
apresentação das informações obtidas. Nesta fase, conforme Rudio (1995) apud Zyger (2005,
p. 70), “o pesquisador terá diante de si um amontoado de respostas que precisam ser
ordenadas e organizadas para que possam ser analisadas e interpretadas”.
Espera-se que as figuras e explanações apresentadas a seguir ajudem na interpretação
das respostas dos questionários, bem como no entendimento da conclusão da pesquisa.
5.1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS
O interesse e acompanhamento da alta direção quanto às questões relativas ao
gerenciamento de RSS foi analisado através das primeiras 5 perguntas do questionário.
Buscou-se com estas perguntas avaliar o grau de entendimento da instituição quanto à
importância em atender as legislações vigentes e de que forma a instituição está se
comprometendo no que diz respeito ao planejamento administrativo-gerencial para atender
tais leis.
Através da Figura 3, percebe-se que 100% dos hospitais pesquisados possuem Plano
de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, atendendo assim às exigências legais. No
entanto apenas 40% estão com seus PGRSS efetivamente implantados, o que os coloca em
situação irregular quanto ao atendimento à legislação. Quatro hospitais (80%) tiveram seus
responsáveis pela implantação do PGRSS designados formalmente pela Direção, seja na
forma de uma comissão ou através de uma representação individual, e ainda 60% aparecem de
maneira explícita no organograma do estabelecimento. Quanto às demandas específicas
relacionadas ao gerenciamento de resíduos químicos, apenas 60% das instituições possuem
um responsável exclusivo para tratar dos resíduos químicos.
59
1 1 1 1 1
2
2
2 2 2
3
3
3
3 3
4
4
4
4 4
5
5
5
5 5
1) O EAS possuiPGRSS?
2) O PGRSS estáimplantado?
4) O EAS possuiresp. res.designado
formalmente?
5) Este apareceno organograma
do EAS?
3)O EAS possuiResponsávelRes Quim?
NÃ
O
SIM
Figura 3 – Aspectos Administrativos relacionados ao gerenciamento de RSS
5.2 ASPECTOS LEGAIS
Buscando avaliar neste momento o grau de envolvimento dos órgãos fiscalizadores
quanto às exigências legais, foram apresentadas aos hospitais três (3) perguntas direcionadas
onde se questionou se os hospitais possuíam Licença de Operação Ambiental, se possuíam
alguma ação no Ministério Público referente à questão dos RSS e se já haviam recebido
alguma visita de um órgão fiscalizador ambiental.
Quanto ao primeiro questionamento, apenas um (1) hospital afirmou possuir a Licença
de Operação fornecida pelo órgão ambiental do estado. Os demais não possuíam e nem
pensavam em obter tal instrumento legal. Nenhum dos hospitais sofreu intimação ou ação do
Ministério Público com relação ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, porém
todos eles passaram por inspeção de algum órgão fiscalizador, tal como a Companhia
Municipal de Limpeza Urbana do Município do Rio de Janeiro (COMLURB) ou da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Especificamente da FEEMA, órgão ambiental
do estado, os hospitais não receberam visita.
60
A Figura 4 apresenta de maneira sintetizada a análise destes aspectos legais.
11 1
22
2
33
3
44
4
55
5
18) O EAS possui LO? 19) O EAS possui ação noMinistério Público?
20) O EAS recebeu visitade órgão f iscalizador?
NÃ
O
S
IM
Figura 4 – Análise dos aspectos legais relacionados ao gerenciamento de RSS
5.3 ASPECTOS FÍSICO-ESTRUTURAIS
Em parte do questionário buscou-se avaliar as condições físico-estruturais dos
estabelecimentos como, por exemplo, a existência de depósito de resíduos e estação de
tratamento de efluentes dentro do estabelecimento (Figura 5).
Dos estabelecimentos de saúde pesquisados apenas 40% possuíam depósito específico
para armazenamento de resíduos químicos e Estação de Tratamento de Efluentes intramuros.
Os demais armazenavam inadequadamente os resíduos químicos sólidos ou despejavam os
efluentes gerados nos equipamentos automáticos de análises clínicas diretamente na rede de
esgoto pública do estado. O Hospital 3 informou que possui documento da companhia
estadual de água e esgoto confirmando o tratamento dos efluentes de seu estabelecimento
antes do descarte no corpo receptor.
Cabe ressaltar que a legislação vigente não obriga os estabelecimentos a possuir
Estação de Tratamento de Efluentes intramuro, representando assim uma atitude pró-ativa por
parte destes geradores.
61
1 122
3 34 45 5
15) O EAS possui Dep ResQuim?
16) O EAS possui ETEintramuro?
N
ÃO
SIM
Figura 5 – Avaliação dos Aspectos Físico-Estruturais
5.4 RESÍDUOS QUÍMICOS LÍQUIDOS
Foram questionados os procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos
químicos no estado líquido, onde se abordaram principalmente as condutas referentes ao
manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduo.
A Figura 6 mostra o destino dado em cada hospital aos resíduos químicos no estado
líquido gerados durante o processo auxiliar de atendimento hospitalar.
Os efluentes gerados nos laboratórios de análises clínicas estão sendo encaminhados
diretamente a rede pública de esgoto em 100% dos hospitais avaliados.
O Hospital 3 não soube informar o que está sendo feito com os resíduos químicos
gerados no laboratório de anatomia patológica, alegando não ser de responsabilidade do
hospital tal unidade. Os Hospitais 1 e 2 (40%) encaminham para incineração este tipo de
resíduo e os Hospitais 4 e 5 estão armazenando até a solução para destinação final.
O Hospital 5 não soube informar o que está sendo feito com os efluentes gerados nos
aparelhos de Raio X, o que nos leva a concluir que estão sendo descartados diretamente na
rede de esgoto ou coletados por empresa não licenciada para este fim. Por se tratar de um
62
resíduo cujo principal componente tem um valor agregado, é provável que a segunda hipótese
seja a mais aplicada. Os demais hospitais (80%) estão enviando para empresa terceirizada e
licenciada que fica responsável pela recuperação da prata e tratamento e descarte dos demais
efluentes.
Quatro hospitais (80%) não possuem lavanderia e nem caldeira para geração de vapor.
O Hospital 2 cuja atividade de lavanderia é de responsabilidade do hospital, possui Estação de
Tratamento de Efluentes intramuros e sua caldeira a óleo encontra-se em local impermeável.
Foi informado ainda que para o ano de 2007 o hospital substituirá a caldeira a vapor.
Dois estabelecimentos (40%) não possuem unidade de colocação de gesso. Os demais
encaminham os efluentes gerados nesta atividade diretamente para a rede coletora estadual,
que possui tratamento.
Resíduos Químicos Líquidos
111111 222222 3
33
33
444
4
45
55
4
5
5HURJ
HURJHURJ
HURJ
HURJ
HURJ
6) Ef luentesLaboratório
Análises Clínicas
7) Ef luentesAnatomia
Patológica (Xilol)
8) Ef luentes RaioX (Reveladores e
Fixadores)
10) O EAS possuiEf luentes
Lavanderia?
11) O EAS possuiCaldeira à óleo?
12) O EAS possuicolocação de
gesso?
Des
cart
e
Esgoto Sim NãoArmazenamento Incineração Empresa Terceirizada
Figura 6 – Destinação de Resíduos Químicos Líquidos
63
Resíduos Químicos Sólidos
1 11
22 2
333
4
4
4
5
5
5
9) ResíduosQuimioterápicos?
13) Lâmpadasfluorescentes?
14) MedicamentosVencidos?
Des
cart
e
5.5 RESÍDUOS QUÍMICOS SÓLIDOS
Foram questionados também os procedimentos referentes ao gerenciamento de
resíduos químicos no estado sólido, buscando, da mesma forma, abordar as condutas
referentes ao manuseio, tratamento e destinação deste tipo de resíduos.
Resíduos químicos sólidos gerados em EAS podem ser constituídos de medicamentos
vencidos, material utilizado na quimioterapia e lâmpadas fluorescentes e termômetros.
Conforme observado na Figura 7, 40% dos hospitais encaminham para a incineração os
resíduos quimioterápicos. Os demais (60%) estão descartando estes resíduos como resíduos
do grupo A.
Em relação às lâmpadas fluorescentes, dois hospitais (40%) retornam suas lâmpadas
fluorescentes inutilizadas para a empresa que fornece as lâmpadas novas, sem
acompanhamento das ações que estas executam. O Hospital 3 descarta estes resíduos como
lixo comum e os demais (40%) estão armazenando-os até a destinação final correta, ou seja, o
encaminhamento para empresa que recupere o metal presente no artefato.
Na maioria dos hospitais (60%) os medicamentos vencidos estão sendo armazenados
até a viabilização de recursos para a correta destinação, que pode ser a disposição em aterro
sanitário ou a incineração, conforme o risco do medicamento armazenado. Os outros dois
hospitais (40%) já executam a destinação destes resíduos, encaminhando-os para a
incineração.
Figura 7 – Destinação Resíduos Químicos Sólidos
Como Grupo A
Lixo Comum Armazenamento Incineração Empresa Fornecedora
64
VI) ESTUDO DE CASO Pretende-se neste capítulo apresentar a Instituição, objeto do estudo de caso, bem
como a evolução de seu plano de gerenciamento de resíduos, buscando detalhar o
gerenciamento de resíduos químicos e avaliar as condições de atendimento da Instituição às
normas ambientais vigentes que se relacionam com estabelecimentos geradores de resíduos de
serviço de saúde.
6.1 APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Inaugurado em janeiro de 1951, com 350 leitos, desativados dos antigos
estabelecimentos hospitalares municipais, o estabelecimento de assistência à saúde, objeto do
estudo de caso, iniciou a prestação de relevantes serviços à população com padrão técnico e
administrativo de excelente qualidade.
Os governantes do Estado e do Município, alguns anos depois, inconformados com a
não ingerência direta na administração revogaram a lei que criara a autonomia administrativa
do hospital, proibindo a cobrança de serviços aos que pudessem pagar, já que aos
desassistidos da fortuna nunca nada se cobrava, e restabeleceram o regime tradicional de
administração direta pela Prefeitura.
Durante algum tempo a situação ainda se manteve, mas poucos meses depois
aconteceu o inevitável: a Prefeitura não tinha recursos, o Estado se omitiu e em menos de três
anos, sem meios de se manter, o hospital foi fechado, mantendo-se apenas o precário serviço
de atendimento de urgência.
65
A intervenção do Governo Federal e a inadimplência da instituição acabaram por levar
a Prefeitura a adotar a solução de doá-lo à Instituição de Ensino Superior Federal local, com o
objetivo de fornecer melhor atendimento à população da região, bem como fomentar o ensino
da medicina e áreas afins no âmbito do Estado.
Não foram pequenos os gastos destinados à recuperação, nem tampouco os que a
Universidade teve de despender para introduzir modificações que atendessem à nova
finalidade de Hospital-Escola, já que não fora construído para este fim.
Cláusulas contratuais, entretanto, obrigaram-na a substituir a Prefeitura na prestação
de serviço de assistência médica à população mais carente, o que representou um encargo
financeiro fácil de avaliar. Contudo, ao longo do tempo vem ela desenvolvendo um trabalho
persistente e continuado de recuperação e aprimoramento do Hospital, dele fazendo uma
escola e colhendo frutos que justificam o custo elevado da sua manutenção.
Por questões éticas, buscou-se manter o nome da referida Instituição em sigilo,
referenciando-a, no presente trabalho, com o nome genérico de Hospital Universitário do
Estado do Rio de Janeiro (HURJ).
Atualmente, a aludida Instituição é considerada o hospital de maior referencial para o
atendimento à Região dos Lagos, além de uma prestigiada unidade de ensino e pesquisa
freqüentados por mais de 250.000 usuários anualmente. No período de julho de 2003 a junho
de 2005 foram contabilizadas 10.568 cirurgias realizadas, 108.506 atendimentos
emergenciais, 12.004 tomografias computadorizadas e 158.169 radiografias.
A Tabela 9 abaixo mostra o percentual de origem dos pacientes atendidos na Instituição.
Tabela 9 – Origem dos pacientes HURJ
Município Percentual Atendimento
Niterói 50,3 %
São Gonçalo 38,9 %
Itaboraí 3,8%
Maricá 1,8%
Rio Bonito 0,4%
Rio de Janeiro 2,3%
Outros 2,5% Fonte: Elaboração própria
66
Os quadros apresentados a seguir trazem uma idéia dos aspectos gerais do
estabelecimento, bem como os tipos de serviços oferecidos na instituição.
Quadro 9 – Características do Estabelecimento
Nº. Total de funcionários:
Efetivos: 1726
Contratados: 312
Terceiros: 164
Tipo de serviço terceirizado:
Manutenção ( X )
Limpeza (X)
Serviços Clínicos ( )
Outros ( X ) Portaria
Área Total construída: 14.000 m2
Área Total do terreno: 28.000 m2
Licença Ambiental: Em andamento
Estrutura Física:
Tipo de construção: Complexo de Alvenaria Vertical (Prédio Principal, Anexo Administrativo, Anexo da Emergência, Unidades Auxiliares)
Nº. de Pavimentos:
Prédio Principal (8 andares)
Anexo Administrativo (6 andares)
Anexo da Emergência (5 andares)
Unidades Auxiliares: manutenção, oficina e lavanderia (desativados), estocagem de gases.
Abastecimento de Água:
Tipo: particular
Consumo interno: 300.000 L
Número de reservatório: 2 (300.000 L)
Condições urbanas do entorno
Condições de acesso: Bom
Risco de enchentes: Sim
Risco de deslizamento: Nenhum
Fonte: Elaboração própria
67
Quadro 10 – Unidades ou Serviços do Estabelecimento
UNIDADE OU SERVIÇO Nº. de Leitos CONSIDERAÇÕES
Cirurgia Buco-maxilo-facial 02 100% de ocupação
Cirurgia Geral 34 100% de ocupação
Ginecologia 06 100% de ocupação
Mastologia 02 100% de ocupação
Urologia 05 100% de ocupação
Neurocirurgia 12 100% de ocupação
Oftalmologia 06 100% de ocupação
Ortopedia/traumatoortopedia 19 100% de ocupação
Otorrinolaringologia 06 100% de ocupação
Cirurgia Plástica 06 100% de ocupação
Cirurgia Infantil 04 100% de ocupação
Cirurgia Vascular Periférica 05 100% de ocupação
Cardiologia 08 100% de ocupação
Clínica Médica 49 100% de ocupação
Dermatologia 04 100% de ocupação
Hematologia 06 100% de ocupação
Nefrologia 08 100% de ocupação
Centro de Diálise 07 100% de ocupação
Pneumologia 06 100% de ocupação
Neurologia 05 100% de ocupação
Obstetrícia 36 100% de ocupação
Pediatria 12 100% de ocupação
Leito dia da Pediatria 02 100% de ocupação
UTI Adulto 06 100% de ocupação
Unidade Coronariana 07 100% de ocupação
UTI Neonatal 07 100% de ocupação
Emergência Pediátrica 06 100% de ocupação
Repouso 06 100% de ocupação
Total 282 100% de ocupação
Fonte: Elaboração própria
68
A estrutura organizacional do hospital encontra-se dividida em três principais
gerências: Diretoria Médica, Diretoria de Enfermagem e Diretoria Administrativa, todas elas
subordinadas à Direção Geral do hospital. Além destas, existem grupos de trabalho cujas
chefias estão diretamente ligadas ao diretor do hospital. Todos os projetos, propostas e
tomadas de decisão passam pelo aval de um Conselho Consultivo, que tem a responsabilidade
de deliberar sobre as disposições e determinações do hospital.
Figura 8 – Organograma do Estabelecimento6
6 Vide: Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ
GECL
GECI
GECE
GEIA
COREME
CPL
Ouvidoria
Ass. Planejamento
Ass. Comunicação
Informática
CCIH
Direção Geral
Diretoria Médica
Diretoria Administrativa
Diretoria de Enfermagem
Conselho Consultivo
SP SCF GEID
GEOB
PECE
GEE
GENP
SM SG PECE
UTI
CAEI
END
CC
NEONT
ANESTCCL
CSTA
SENPI
CP
SURO
GIN
SCM
CACONOBS
HEMD
69
Percebe-se que não há nenhum setor responsável pelas questões ambientais no
organograma do hospital. Esta constatação torna-se bastante comum quando se aborda
estabelecimentos de assistência à saúde. A cultura deste tipo de organização ainda não
abrange a preocupação com os assuntos relacionados ao meio ambiente extra-hospitalar.
Mesmo com as legislações ambientais vigentes, percebe-se que estas instituições ainda
não se atentaram para a necessidade de abordar o tema de forma séria. Seja pela falta de
interesse da organização, pela falta de cobrança da população ou simplesmente pelo descaso
dos administradores, o fato é que não se verifica nestas instituições a visão de
responsabilidade ambiental que se faz presente, por exemplo, em organizações industriais.
A falta de uma estrutura gerencial formalmente implantada para cuidar
especificamente dos assuntos relacionados com o meio ambiente, muitas vezes dificulta o
atendimento às exigências legais, isto porque algumas das questões relativas ao manuseio dos
RSS, tais como: segregação correta dos resíduos, lixeiras sem tampa, coleta em horários
definidos entre outros, poderiam ser facilmente solucionadas caso houvesse um grupo de
trabalho ou comissão estruturada para atuar sobre estes temas.
6.1.1 GERÊNCIA DE RISCO SANITÁRIO HOSPITALAR
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem a responsabilidade e a missão de
promover e proteger a saúde da população, garantindo a segurança sanitária de serviços e
produtos de saúde. Além disso, a instituição preza por exercer uma vigilância sanitária
participativa, implementando projetos estratégicos como o Projeto Sentinela (ANVISA,
2006).
O projeto se baseia na configuração de uma rede composta, atualmente, de 96
hospitais de médio e grande porte, designados de “Agências Implementadoras”, distribuídos
em todo o território nacional, que realizam ampla gama de procedimentos médicos e que
fazem parte do aparelho formador de Recursos Humanos da saúde, por conta dos programas
de graduação e de residências médicas que desenvolvem.
O Estado do Rio de Janeiro está representado por 17 hospitais, dos quais o
Estabelecimento estudado faz parte.
70
Dentre as atividades executadas pelos hospitais que compõem a rede sentinela, estão:
as Gerências de Risco Sanitário Hospitalar, a Tecnovigilância, a Farmacovigilância, a
Hemovigilância e o Controle de Infecção Hospitalar.
A Gerência de Risco é exercida por funcionário designado pela Direção e que no caso
do hospital estudado, acumula outras funções: presidente e membro executor da Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar e coordenador clínico do Centro de Controle de Intoxicação.
O gerente está responsável por coordenar uma equipe de gerenciamento de risco
sanitário hospitalar do serviço de saúde, que deveria reunir um conjunto de multiprofissionais,
dentre eles: farmacêuticos, engenheiros e técnicos, enfermeiros, médicos e demais
profissionais que ajudariam na implementação de “Planos de Melhoria”, produtos do contrato
firmado entre a ANVISA e hospitais sentinela, em todas as áreas afins do hospital. Contudo,
esta necessidade não se faz realidade no referido hospital, uma vez que não há nenhuma
equipe formalmente montada para execução de tais tarefas e toda responsabilidade fica a
cargo do gerente de risco.
Conforme evidenciado na Figura 8, a Gerência de Risco Sanitário Hospitalar não faz
parte da estrutura organizacional do hospital, estando sua presença formalizada, apenas,
através de contrato e vinculada à entrega e implementação dos planos de melhoria e
cumprimento dos itens do referido contrato.
Um dos Planos de Melhoria apresentados pela Gerência de Risco do Estabelecimento
em questão foi o projeto de implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviço de Saúde, conforme apresentado no subitem 6.3 Evolução do Plano de
Gerenciamento de Resíduos.
6.2 ASPECTOS POLÍTICOS ADMINISTRATIVOS
Por se tratar de um estabelecimento pertencente ao quadro federal do Poder Executivo,
vinculada a uma Instituição de Ensino Superior, esta designada como entidade federal
autárquica, de regime especial, com autonomia didática-científica, administrativa, disciplinar,
econômica e financeira, o hospital objeto do estudo de caso obedece as regulamentações
político-administrativas vigentes neste setor.
71
O Hospital estudado constitui então um órgão suplementar vinculado a Instituição de
Ensino Superior, ou seja, um hospital Universitário, e que possui um Diretor, de livre escolha
do Reitor, e regimento próprio que especifica os assuntos que constituem suas áreas de
competência, bem como suas estruturas, seus fins, conforme definido no estatuto da
Instituição. (grifo nosso).
A Lei 5540 de 28 de dezembro de 1968 que fixa normas de organização e
funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras
providências, em seu artigo 16 estabelece que:
A nomeação de Reitores e Vice-Reitores de universidades, e de Diretores e Vice-Diretores de unidades universitárias e de estabelecimentos isolados de ensino superior obedecerá ao seguinte: I - o Reitor e o Vice-Reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal; (Redação dada ao artigo 16 da Lei 5540 de 1968, pela Lei nº 9.192, de 1995)
Segundo processo eleitoral estabelecido na Constituição Federal, a cada quatro (4)
anos, o país elege de forma direta seu Presidente da República. Assim sendo, a cada quatro
anos, o cenário político das universidades, e consequentemente de seus órgãos funcionais, tem
suas bases alteradas, com a nomeação de um novo Reitor.
Esta mudança de cenário político muitas vezes retarda o processo de execução de
projetos importantes como no caso da implementação de um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de Saúde. Nem sempre o novo diretor, escolhido pelo novo reitor,
entende o referido assunto como prioritário dentre o universo de problemas que cercam a
administração de um estabelecimento de grande porte como o caso do hospital estudado.
72
6.3 EVOLUÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde deve considerar as
características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente
e os princípios da biossegurança, estabelecendo, portanto, diretrizes e medidas técnicas
administrativas e normativas para prevenir acidentes (ANVISA, 2004).
Ainda segundo a Resolução RDC 306/04 da ANVISA (2004), o PGRSS deve ser
compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final de RSS,
estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas.
O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. O planejamento do programa deve ser feito em conjunto com todos os setores. A participação, sobretudo, do setor de higienização e limpeza, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH ou Comissões de Bioseguranças e os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho - SESMT, onde houver obrigatoriedade de existência desses serviços, é de suma importância para que o processo de implantação e gerenciamento do PGRSS ocorra de maneira organizada e abranja toda a comunidade do estabelecimento (ANVISA, 2005b).
Outros serviços também são essenciais para o bom funcionamento de um PGRSS,
como são os casos do serviço de manutenção e zeladoria, comissão de licitação e setor de
compras.
O HURJ iniciou a elaboração de seu PGRSS no ano de 2003, através de um curso
oferecido pelo Ministério da Saúde. Inicialmente, faziam parte do grupo, 55 funcionários de
diversos setores da instituição, coordenados por um gestor do PGRSS. Concluíram o curso
apenas 21,8 % dos participantes que iniciaram o projeto, ou seja, 12 funcionários.
Com a conclusão do projeto e o esboço de um PGRSS nas mãos, o gestor do programa
encaminhou à direção do hospital o citado documento contendo o levantamento da situação
sanitário-ambiental do estabelecimento, bem como o atendimento por parte do hospital, às
normas vigentes na época, e as necessidades de adequação que se faziam obrigatórias. A
direção do hospital na ocasião, não considerou prioritária a execução do plano, deixando para
uma outra oportunidade a implementação deste trabalho.
73
Cabe lembrar que, à ocasião, os órgãos reguladores estavam discordando quanto à
classificação dos resíduos gerados nos serviços de saúde, o que, de certo modo, também
contribuiu para o atraso na implantação do PGRSS na referida instituição.
Com a mudança da Direção Geral, em 2004, e a reestruturação do quadro
administrativo hospitalar, a atual presidente da CCIH e Gerente de Risco do HURJ assumiu
os referidos cargos, e acabou por retomar o processo de implantação do PGRSS no
estabelecimento.
Além disso, a gerente de risco assumiu o papel de fiscal de contrato da firma de
limpeza e passou a cobrar desta as cláusulas estabelecidas no contrato vigente, que exigiam a
colocação por parte da firma de limpeza de lixeiras com tampa e pedal, em todo o hospital.
Em 2005, iniciou-se a aquisição das lixeiras padronizadas, com tampa e pedal, de cor cinza,
para resíduos classificados como comuns, e lixeiras brancas, com as mesmas propriedades,
para os resíduos classificados como infectantes. Hoje, em 2007, as lixeiras padronizadas ainda
não foram adquiridas para todos os setores do hospital.
Fez-se necessário a revisão e atualização do antigo PGRSS do hospital para as
legislações vigentes. Iniciou-se também um levantamento do passivo ambiental referente aos
resíduos químicos presentes nos laboratórios de análises clínicas. Neste levantamento,
buscou-se estabelecer contato com os fornecedores de produtos químicos e adquirir as
FISPQs relativas a estes produtos. Este trabalho ainda não foi finalizado.
Numa outra fase da implantação do PGRSS, talvez a mais importante até o momento,
iniciou-se o programa de treinamento e conscientização para os funcionários do hospital.
Elaborou-se a Semana do Meio Ambiente para a Conscientização sobre Resíduos
Hospitalares, onde se ministrou palestra, conduziu-se gincana demonstrativa e distribuição de
brindes. Tudo com o apoio da Direção Geral do Hospital. O local escolhido para desenvolver
este trabalho foi o hall principal de entrada do hospital e posteriormente, a mesma campanha
foi executada em todos os andares onde se encontram as lixeiras padronizadas do PGRSS (do
3º ao 8º andar).
De maneira geral, a participação dos diversos geradores de RSS do hospital
(enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, residentes, internos, acadêmicos,
professores, etc.) na Semana do Meio Ambiente para a Conscientização sobre Resíduos
Hospitalares, nas palestra de conscientização e nas gincanas desenvolvidas nos diversos
setores, não foi de grande relevância. A falta de interesse da comunidade em aceitar as novas
74
determinações quanto a classificação de RSS e procedimentos a serem adotados para atender
as normas vigentes, dificulta muito o trabalho de implementação do PGRSS.
Dentre todos os resíduos que podem ser verificados dentro de estabelecimentos de
serviço de saúde, apenas um tipo não é gerado na unidade estudada, que é o resíduo
classificado como radioativo (grupo C). Os demais são gerados rotineiramente em meio às
diversas atividades realizadas num hospital de grande porte. Em média são produzidos
aproximadamente 115 t/mês de resíduo infectante (grupo A) e 1.570 t/mês de resíduo comum
(grupo D) que são coletados por empresa contratada pelo município.
Quanto aos resíduos químicos (grupo B), estes ainda não foram contabilizados, uma
vez que ainda não houve descarte. Os únicos resíduos que se têm um valor aproximado de
geração são os resíduos de revelador e fixador gerados no serviço de radiologia. Segundo
informações fornecidas pelo setor são descartados semanalmente 15 galões com capacidade
de 20 litros com este tipo de resíduo, o que representa anualmente 15000 litros de resíduo
químico no estado líquido contendo aproximadamente 16 kg de prata.
Uma forma de ponderar a quantidade de resíduo químico gerados no HURJ é através
da quantidade de produto químico comprado. A listagem de produtos químicos comprados
encontra-se no Anexo G do trabalho e mostra que no ano de 2006 foram adquiridos pelo
hospital 1200 litros de xilol e 1200 litros de formaldeído, utilizados, principalmente, no
serviço de anatomia patológica. O formol está sendo descartado, assim como os demais
produtos utilizados nos diversos laboratórios, diretamente na rede coletora municipal, e o xilol
recolhido em bombonas conforme o consumo. Outras informações estão apresentadas no
subitem 6.4 Resíduos Químicos deste trabalho.
6.4 RESÍDUOS QUÍMICOS
Os resíduos químicos, conforme mencionado no capítulo III, podem ser divididos em
dois grupos conforme o estado físico de sua formulação: os sólidos e os líquidos. A maioria
de resíduos químicos gerados dentro de um hospital é sem dúvida do grupo dos líquidos
(saneantes, reveladores, fixadores, óleos, etc.). Como dito também no capitulo III, deve-se
fazer uma análise quanto ao risco que este tipo de resíduo representa, passando pela avaliação
da quantidade e concentração do resíduo.
75
É verdade, então, que devido às baixas concentrações que parte destes resíduos atinge,
por exemplo, no laboratório de análises clínicas, estes podem ser descartados sem maiores
cuidados, obedecendo apenas à necessidade de licenciamento ambiental para as unidades
receptoras deste material. Porém, parte dos resíduos gerados em hospitais representa, mesmo
em concentrações baixas, perigo para a saúde e meio ambiente, necessitando, portanto de um
correto manuseio, acondicionamento, tratamento e descarte.
Apresentar-se-á a seguir um perfil das unidades geradoras de resíduos químicos no
HURJ estudado, bem como todo o seu processo de manuseio, acondicionamento, tratamento e
destinação.
6.4.1 UNIDADES GERADORAS
A geração de resíduos químicos em EAS está concentrada nas atividades auxiliares de
assistência à saúde tal como na execução de exames laboratoriais e de radiografia, no serviço
de desinfecção de equipamentos médicos, e no setor de manutenção, além, é claro daqueles
gerados no processo assistencial direto.
No HURJ, destacam-se como possíveis setores geradores de resíduos químicos, os
seguintes serviços, a saber:
Laboratórios de Análises Clínicas
Laboratório de Anatomia Patológica
Serviço de Radiologia
Serviço de Farmácia
Ambulatório de Oncologia
Central de Materiais
Centro Cirúrgico
Serviço de Endoscopia
Almoxarifado
Oficinas (Serviço de Manutenção)
Unidade de Geração de Vapor (Caldeira)
76
Dos setores mencionados acima, constituem-se como principais unidades geradoras de
resíduos químicos no presente estabelecimento os seguintes serviços: Laboratórios de
Análises Clínicas, Laboratório de Anatomia Patológica, Serviço de Radiologia e o Serviço de
Farmácia.
Os Laboratórios de Análises Clínicas encontram-se divididos em seis unidades de
atendimento: Laboratório de Imunologia, Laboratório de Hematologia, Laboratório de
Microbiologia, Laboratório de Bioquímica, Laboratório de Fezes e Laboratório de Urgência.
A maioria dos exames é conduzida em equipamentos automáticos que utilizam kits analíticos
previamente preparados para a análise. Estes kits são constituídos basicamente de enzimas e
conservantes químicos que confiam aos reagentes, as características de validade necessárias
ao processo.
Além desses kits, são utilizados reagentes químicos como corantes, para a
determinação em ensaios microbiológicos, ácidos e bases, para a titulação, metanol e sais
inorgânicos para o preparo de soluções, dentre outros produtos químicos utilizados
comumente em diversos laboratórios de ensino e pesquisa acadêmica como também é o caso
do referido Hospital. A listagem contendo o consumo anual de kits laboratoriais e reagentes
químicos do HURJ encontra-se no Anexo G desta pesquisa.
Segundo definição da ANVISA7, a Anatomia Patológica é a unidade destinada a
realizar exames citológicos e estudos macro e ou microscópios de peças anatômicas retiradas
cirurgicamente de doentes ou de cadáveres, para fins de diagnóstico. Por se tratar de um
hospital de ensino, estes estudos clínicos tornam-se comuns, apresentando-se em quantidades
não desprezíveis e utilizando produtos químicos perigosos como o xilol e o formol 4% (grifo
nosso).
O Serviço de Radiologia atende quase 220 pacientes, diariamente, o que ocasiona o
consumo de, aproximadamente, 760 litros de revelador e 760 litros de fixador por mês.
Ainda como unidades geradoras de resíduos químicos aparecem os Serviços de
Farmácias hospitalares, responsáveis pela origem de medicamentos fora do prazo de validade.
Entretanto, no caso do HURJ, segundo informações obtidas neste setor, este evento constitui-
se um fato raro no hospital, uma vez que a falta de verba que aflige este estabelecimento
muitas vezes acarreta a falta de medicamento e não a sobra de medicamentos.
7 Definição disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/organiza/inaiss/glossário.doc (Acesso em 27/12/2006)
77
No HURJ, o serviço de farmácia é também responsável pela geração de resíduos
provenientes do processo de manipulação de medicamentos quimioterápicos. Tratam-se de
seringas, agulhas e embalagens de vidro, descartados em recipientes rígidos próprios para o
acondicionamento de resíduos perfurocortantes. Outra unidade geradora de resíduo
quimioterápico é o ambulatório de oncologia onde se ministram as medicações provenientes
da farmácia.
Na Central de Materiais assim como na Unidade de Endoscopia e no Centro Cirúrgico
são gerados resíduos de hipoclorito de sódio e glutaraldeído 2% utilizados no processo de
desinfecção dos materiais contaminados. Estes resíduos são descartados diretamente na rede
de esgoto.
O Almoxarifado só gera resíduo químico caso os produtos químicos ali estocados
passarem do prazo de validade, o que não ocorre no HURJ.
A oficina do HURJ encontra-se desativada. Os carros de serviço e as ambulâncias
trocam os óleos lubrificantes em postos de combustíveis. As estopas utilizadas em eventuais
serviços de manutenção são descartadas como resíduos comuns.
Com a desativação da lavanderia em 2004, a unidade de geração de vapor que
funcionava à óleo diesel, passou a não mais operar, eliminando com isso uma possível
geração de efluentes e resíduos oleosos neste local.
Também constituem-se resíduos químicos, as lâmpadas fluorescentes geradas em
todas as áreas do hospital. As lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio. Quando o vidro é
quebrado, o mercúrio é liberado na forma de vapor para a atmosfera e, sob ação da chuva,
podem precipitar no solo em concentrações acima dos padrões naturais.
Além das atividades auxiliares, existe a geração de resíduos químicos no processo de
assistência direta a saúde como, por exemplo, os termômetros de mercúrio quando quebrados.
Abaixo, encontra-se um quadro resumo dos tipos e locais de geração de resíduos
químicos no estabelecimento:
Quadro 11 – Resíduos Químicos do HURJ
PRODUTO QUÍMICO POR LOCAL DE GERAÇÃO
Análises Clínicas
Anatomia Patológica Radiologia Farmácia Ambulatório Oncologia Outros
Efluentes dos Equipamentos Xilol Metais
(Fixador) Quimioterápico Quimioterápico Lâmpadas
Fluorescentes/ Termômetro
Reagentes Químicos
Formol / Reagentes Químicos Revelador - - Graxas/
Estopas
78
6.4.2 SEGREGAÇÃO, MANUSEIO E ACONDICIONAMENTO
A Resolução RDC 306/04 da ANVISA, conforme citado no capítulo III, afirma em
seu item 1.2 que o acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em
sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. E ainda
diz que a capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração
diária de cada tipo de resíduo. No item 1.3, da mesma norma, encontra-se a definição de
identificação que “consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos
resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos
RSS”.
Excetuando os resíduos classificados como grupo A, que saem em saco branco leitoso
identificado com a simbologia de infectante, nenhum outro tipo de resíduo gerado no hospital
sofre algum tipo de identificação.
Os resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos laboratórios
de análises clínicas são coletados em bombonas ou encaminhados diretamente à rede de
esgoto. O mesmo vale para os demais resíduos químicos de soluções produzidas nos
laboratórios de pesquisa, serviço de endoscopia, centro cirúrgico e anatomia patológica.
Do laboratório de anatomia patológica, apenas os resíduos de xilol são acondicionados
em bombonas não identificadas e transferidos para o subsolo do hospital, onde aguardam
destino final, vide subitem 6.4.3 - Armazenamento Interno e Externo. Este mesmo manuseio e
acondicionamento são verificados para os resíduos de reveladores e fixadores gerados no
processo de revelação das chapas, no serviço de radiologia,
Os resíduos quimioterápicos gerados no serviço de farmácia que são descartados como
resíduos perfurocortantes e os gerados no ambulatório de quimioterapia são acondicionados
em sacos brancos e destinados como resíduo infectante (grupo A).
Além das atividades auxiliares, existe a geração de resíduos químicos no processo de
assistência direta a saúde como, por exemplo, os termômetros de mercúrio quando quebrados.
Estes são acondicionados em recipiente rígido, destinado ao recebimento de resíduos perfuro
cortantes.
As lâmpadas fluorescentes geradas provenientes de diversas áreas do hospital são
coletadas e dispostas a céu aberto sem qualquer condição de segurança. Não existe no HURJ
um procedimento formal de manuseio de resíduos contendo mercúrio, sejam eles os
termômetros ou as lâmpadas fluorescentes.
79
6.4.3 ARMAZENAMENTO INTERNO E EXTERNO
O armazenamento temporário, ou armazenamento interno, dos resíduos serve para
manter os resíduos em segurança até o momento mais adequado para encaminhamento até o
local de armazenamento externo. Segundo a Resolução RDC 306/04, o objetivo deste tipo de
armazenamento é agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre
os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. A regulamentação
diz ainda que não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos
sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento.
Devido à estrutura arquitetônica antiga do hospital que não contemplava a
disponibilidade de uma área destinada exclusivamente para o abrigo interno de resíduos, os
resíduos coletados internamente estão sendo mantidos, temporariamente, em containeres, nos
halls dos elevadores, muitas vezes não sendo respeitadas a segregação estabelecida, conforme
mostrado na Figura 9.
Figura 9 – Container para armazenamento temporário
O HURJ está estudando a possibilidade de adaptação de locais que possam funcionar
como armazenamento temporário, conforme a legislação vigente. A direção anterior enviou à
Prefeitura do Campus, órgão responsável pelo planejamento e execução de obras em toda a
80
Universidade, vários projetos para reforma da estrutura física de todo o Hospital, onde
deverão ser contempladas áreas de abrigo interno em cada unidade/serviço do Hospital.
O Armazenamento Externo consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a
realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os
veículos coletores (ANVISA, 2004, ITEM 1.7).
O Hospital também não possui local apropriado para o armazenamento externo dos
resíduos. Os resíduos são coletados e depositados no chão sem nenhuma proteção contra
animais e insetos. Em 2004, foi enviado e aprovado pelo setor de arquitetura da Vigilância
Sanitária Estadual, um projeto de engenharia para a construção de um abrigo externo de RSS
(Anexo H). Somente em 2006 ocorreu a liberação da verba para a execução da obra, contudo
ainda não se iniciou o processo de licitação para as empreiteiras interessadas.
Sendo assim, os resíduos químicos (resíduos de reveladores e fixadores e sobras de
xilol) estão sendo inadequadamente armazenados no local de geração e, posteriormente,
conduzidos até o subsolo do prédio principal onde permanecem sem nenhuma condição de
segurança em local sem ventilação, sem contenção e sobre piso permeável.
Outro resíduo que é impropriamente armazenado são as lâmpadas fluorescentes.
Conforme citado no subitem anterior, estas são coletadas e dispostas a céu aberto sem
qualquer condição de segurança.
6.4.4 TRATAMENTO
Segundo definição da RDC 306/04 da ANVISA:
O tratamento consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser realizado antes da coleta externa, no próprio estabelecimento (tratamento intra-estabelecimento), ou por uma empresa especializada, que recebe os resíduos por meio da coleta externa (tratamento extra-estabelecimento), nestes casos, observadas às condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. [...]
A Resolução 358/05 do CONAMA estabelece ainda que “Os resíduos pertencentes ao
Grupo B, com características de periculosidade, quando não forem submetidos a processo de
81
reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição
final, específicos”.
Alguns resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos
laboratórios de análises clínicas, quando necessário, são neutralizados com solução de
hipoclorito de sódio 1% antes de descartados na rede coletora de esgoto, outros seguem
recomendações específicas dos fornecedores. Contudo, a grande maioria, como os gerados no
setor de endoscopia e centro cirúrgico, laboratório de anatomia patológica (com exceção para
os resíduos de xilol), ou ainda no próprio laboratório, é descartada na pia, diretamente na rede
de esgoto sem nenhum tratamento.
Estes efluentes se misturam à rede coletora de todos os banheiros do hospital,
diluindo-se ao longo do caminho até o ponto de saída e encontro com a rede municipal de
esgoto.
O lançamento de restos de produtos químicos junto com os efluentes líquidos para
uma rede coletora sem tratamento, pode gerar poluição, provocando efeitos graves nos
organismos vivos que compõem o ecossistema e prejudicando a saúde das pessoas expostas a
estas substâncias. Contudo, cabe ressaltar que, a rede de coleta de esgoto do município de
Niterói, é direcionada para estações de tratamento de efluentes, que atendem os limites de
carga orgânica e inorgânica estipulados pelo órgão ambiental, antes do descarte final
efluentes.
O HURJ possui, inclusive, um documento oficial da empresa responsável pela coleta e
tratamento do esgoto sanitário do município, respaldando o hospital de qualquer eventual
contaminação da rede receptora. O documento esclarece ainda que a saída de efluentes do
estabelecimento é encaminhada para a Estação de Tratamento de Esgoto de Toque-Toque (LO
FE005961), que atende o centro e parte da zona norte do município.
Os resíduos líquidos gerados no procedimento de revelação das chapas de Raios-X
estão sendo coletados por empresa, devidamente licenciada pelo órgão ambiental8, que
executa o processo de recuperação e destinação ambientalmente correta da prata, principal
componente químico deste resíduo.
O processo de tratamento que se aplicaria ao caso dos resíduos químicos sólidos
perigosos seria a incineração ou a destinação a aterros classe I licenciados ambientalmente
8 Nomos Análises Minerais Ltda – CNPJ 35.863.422/0001-75 - LO 402/97 em processo de renovação (Dados obtidos no PGRSS/HURJ)
82
para receber tais tipos de resíduos, contudo a falta de verba não permite que nenhum destes
procedimentos sejam realizados.
No laboratório de bioquímica do hospital existe uma grande quantidade de passivo
químico constituído, basicamente, por sobras de reagentes químicos, algumas vezes sem
rótulo ou qualquer outra identificação, que eram utilizados nas análises antes do processo de
automatização. Estes estão sendo estocados em um armário no próprio laboratório até que
sejam disponibilizados recursos que viabilizem o tratamento por incineração.
6.4.5 TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO
O transporte interno conforme definição da Resolução RDC 306/04 da ANVISA, em
seu item 1.4, “Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para
a coleta.”.
Por estarem acondicionados em bombonas, e considerando a quantidade transportada,
o transporte interno dos resíduos químicos coletados no Serviço de Radiologia e no
Laboratório de Anatomia Patológica é realizado com a ajuda de um carrinho ou mesmo,
algumas vezes, de forma manual. Os termômetros quebrados nas enfermarias assim como os
resíduos gerados no Ambulatório de Oncologia são transportados em carro de coleta
destinado ao recolhimento de resíduo infectante.
Já o Transporte Externo consiste na remoção dos RSS do abrigo de resíduos
(armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se
técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos
trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações
dos órgãos de limpeza urbana (ANVISA, 2004, ITEM 1.8).
Somente os resíduos líquidos gerados no processo de revelação das chapas de Raios-X
são coletados e transportados externamente. Tal procedimento é executado por empresa
licenciada, conforme mencionado no subitem anterior. No entanto, esta retirada é feita sem
nenhum controle quanto à documentação. Não são emitidos manifestos de resíduos e nenhum
outro tipo de documento (nota fiscal, etc.). Também não são utilizados equipamentos de
proteção individual no manuseio destes resíduos.
83
Os resíduos químicos gerados nos laboratórios de análises clínicas, serviço de
endoscopia, centro cirúrgico e central de materiais são descartados diretamente na rede
coletora de esgoto.
6.4.6 DISPOSIÇÃO FINAL
Segundo informações coletadas com a gerente de risco, o Hospital nunca dispôs de
maneira correta os resíduos químicos gerados em seu estabelecimento. As lâmpadas
fluorescentes estão estocadas no pátio externo, a céu aberto e os resíduos de xilol gerados no
processo de autopsia e conservação de cadáveres, peças anatômicas e fetos, no subsolo,
conforme mencionado no subitem 6.4.3 – Armazenamento Interno e Externo.
Os resíduos químicos líquidos gerados nos equipamentos automáticos dos laboratórios
de análises clínicas são descartados, após neutralização ácido-base, na rede de esgoto sanitário
do hospital. O mesmo vale para os demais resíduos químicos de soluções produzidas nos
laboratórios de pesquisa, serviço de endoscopia, central de materiais e anatomia patológica.
Conforme citado anteriormente, os resíduos quimioterápicos gerados no serviço de
farmácia que são descartados como resíduos perfurocortantes, assim como os gerados no
ambulatório de oncologia, são acondicionados em sacos brancos e destinados como resíduos
infectantes para a coleta seletiva municipal, onde são incinerados com os demais resíduos do
grupo A.
84
VII) ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO Conforme citado no capitulo IV, a metodologia utilizada teve como objetivo analisar
as condições de atendimento a nível administrativo e técnico das regulamentações vigentes,
considerando as necessidades de um procedimento eficaz de manuseio e descarte para os
resíduos químicos gerados em EAS. No presente capítulo, passa-se agora a apresentar as
avaliações realizadas, que foram determinantes na conclusão e recomendações constantes
neste trabalho.
Pode-se afirmar que esta etapa é considerada de fundamental importância, pois é a
partir da análise e interpretação dos dados, que é realizada a mensuração do nível de
participação, conhecimento e sensibilidade dos geradores de resíduos de serviço de saúde às
questões que permeiam o gerenciamento de resíduos químicos, tais como: a preocupação com
o correto manuseio, os riscos de um inadequado armazenamento, e os cuidados com a
destinação final.
7.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO
Na etapa do estudo de caso, foram observados e coletados dados referentes ao
andamento do gerenciamento dos RSS em cada unidade geradora de resíduos químicos do
HURJ. As principais características sobre o manuseio, acondicionamento e disposição dos
resíduos de todas as unidades observadas foram compiladas e estão demonstradas no esquema
a seguir:
85
GERAÇÃO ACONDIONAMENTO ARMAZENAMENTO TRATAMENTO DISPOSIÇÃO
REAGENTES QUÍMICOS
A GRANEL ARMÁRIO LABORATÓRIO -
EFUENTES (Análises Clínicas) HIPOCLORITO
DE SÓDIO 1%
ESGOTO
EFUENTES (Endoscopia, Central de Materiais,
Centro Cirúrgico)
XILOL AGUARDANDO
INCINERAÇÃO
BOMOBONAS (sem identificação)
SUBSOLO
EFLUENTES RAIO X (Reveladores e Fixadores) RECUPERAÇÃO
METAL
LAMPADA A GRANEL AGUARDANDO TRATAMENTO
CÉU ABERTO
QUIMIOTERAPICOS SACOS BRANCOS
(como grupo A) INCINERAÇÃO
TERMOMETRO
RECIPIENTE
RÍGIDO INCINERAÇÃO
COMO GRUPO A
E ESTOPAS
A GRANEL
LIXO COMUM
Figura 10 – Esquema Manuseio de Resíduos Químicos no Hospital Estudado
Um ponto que retarda o desempenho de um efetivo gerenciamento dos resíduos de
serviço de saúde é a falta de uma equipe estruturada com representantes de todas as áreas
afins do hospital. Enquanto não houver engajamento dos profissionais geradores de RSS, não
será possível realizar um eficaz programa de gerenciamento de resíduos.
86
A falta de fiscalização por parte dos órgãos ambientais também contribui para a não
adaptação dos hospitais às necessidades ambientais e envolvimento com as políticas vigentes.
Confortin (2001, pág. 16) diz que “[...] deve-se observar é a precariedade da fiscalização
adequada dos serviços de saúde que, por sua vez, favorece atitudes gerenciais algumas vezes
irresponsáveis por parte de seus administradores, podendo acarretar resultados negativos para
a adequação desses serviços à legislação e às normas técnicas recomendadas”. (grifo do
autor).
Quanto à geração específica de resíduos químicos dentro dos estabelecimentos de
serviço de saúde, sejam eles hospitais, consultórios odontológicos, postos de saúde, clínicas
em geral entre outros, estima-se que a dificuldade em gerenciar tais resíduos seja um pouco
maior do que, por exemplo, os resíduos classificados como infectantes. A falta de cultura, por
parte dos profissionais de saúde, quanto aos aspectos relativos à segurança ambiental e muitas
vezes até pessoal, é explícita dentro destas organizações. Quando comparado, por exemplo, às
indústrias químicas, que estão acostumadas no seu dia a dia com exigências e fiscalizações
dos órgãos reguladores, a situação dos estabelecimentos de assistência à saúde tem ainda
muito caminho a percorrer.
É necessário que haja uma preocupação com o impacto ambiental destes resíduos,
devendo cada unidade geradora de resíduo químico ter um protocolo, ou melhor, um
procedimento operacional padrão para armazenamento, manuseio, segregação,
acondicionamento, tratamento e descarte de cada substância química existente no
setor/unidade, obedecendo às normas técnicas e orientação dos fabricantes. A atuação de um
profissional de química neste caso pode facilitar o entendimento e atendimento às exigências
legais por parte dos estabelecimentos de assistência à saúde, uma vez que este tem uma
dimensão mais clara dos problemas e riscos decorrentes das atividades que desenvolve.
É bem verdade que todo este tema, ou seja, falta de controle sobre o manuseio, a
coleta e a disposição final destes resíduos, está sendo recentemente discutido, e que
instrumentos legais vêm surgindo para viabilizar o efetivo gerenciamento destes resíduos,
contudo, conceitos básicos, como por exemplo, as classificações, ainda não estão difundidas.
No HURJ, tal fato pode ser evidenciado à época da Semana de Meio Ambiente de
Conscientização sobre Resíduos Hospitalares no HURJ, onde através de exposições tentou-se
apresentar aos profissionais a nova classificação de RSS, estabelecida na Resolução RDC
ANVISA 306/04 e Resolução CONAMA 358/05. Alguns profissionais mostraram-se
reticentes à nova determinação, seja pelo hábito adquirido após anos de trabalho ou
87
simplesmente pela não concordância com as diretrizes reguladoras. Segundo Salles (2001), o
eficaz gerenciamento depende da consolidação destes e de outros conceitos.
Soma-se também a esta situação, o fato de que há pouca literatura brasileira e latino-
americana relacionada especificamente ao gerenciamento de resíduos químicos em
estabelecimentos de saúde, o que acaba gerando lacunas de conhecimento sobre o assunto.
É necessária uma maior mobilização por parte dos estabelecimentos hospitalares para
a discussão da legislação e de soluções de problemas, com ações concretas guiadas por
objetivos e metas a serem alcançados, compatíveis com a realidade dos hospitais.
Outros pontos vulneráveis, que necessitam de uma atenção especial por parte das
pessoas responsáveis pelo gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, incluindo os
resíduos químicos, foram observados no HURJ. A falha no processo de segregação e
identificação dos resíduos gerados, o armazenamento incorreto e a ausência de treinamento
constituem os principais desafios a serem enfrentados pela direção do hospital. A falta de
conscientização por parte dos profissionais e a carência de recursos financeiros para
conduzir as propostas de um PGRSS também pesam contra a instituição. Foram observadas
ainda, algumas deficiências em relação ao planejamento, documentação e estatísticas básicas
para tomada de decisão no gerenciamento dos RSS (grifos nossos).
Algumas medidas simples, como o estabelecimento e a análise crítica de protocolos de
compra que exijam condições mínimas das empresas fornecedoras de produtos químicos para
a participação no processo de licitação, constitui-se um artifício do qual a instituição pode
fazer uso para demonstrar sua preocupação quanto aos problemas ambientais que
eventualmente possam estar atrelados ao produto a ser adquirido. Por exemplo, exigir o
fornecimento da FISPQ, assim como a apresentação do método de descarte recomendado pelo
fabricante do resíduo químico proveniente daquele produto, é uma medida que pode facilitar o
gerenciamento dos resíduos de um modo geral, e demonstra o interesse da instituição quanto
aos aspectos ambientais relacionados ao estabelecimento. Nem sempre o menor preço é o
mais indicado, ambientalmente.
Outras atitudes como a busca por utilizar materiais não descartáveis, e quando não for
possível, utilizar materiais recicláveis, também contribuem para minimizar possíveis impactos
ambientais, podendo, em alguns casos, colaborar até com a economia de recursos financeiros
para o estabelecimento de saúde, uma vez que não se gastará com processos caros de
incineração e disposição final.
88
7.2 ANÁLISE COMPARATIVA COM DEMAIS HOSPITAIS
Assim como 100% dos hospitais que participaram da pesquisa (capítulo V), o hospital
possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, contudo este não se
encontra efetivamente implantado, o que coloca o HURJ em condição de igualdade com 60%
dos hospitais entrevistados. Semelhante a 20% dos hospitais constantes na pesquisa, a direção
não designou formalmente a equipe de implementação do PGRSS, muito menos com relação
ao gerenciamento específico de resíduos químicos, igualando-se aos 40% apresentados na
Figura 3. Tal qual parte dos hospitais analisados (40%), o setor responsável pela
implementação do PGRSS não aparece no organograma da instituição.
1 1 1 1 12
2
2 2 23
3
3
3 3
4
4
44 4
5
5
55 5
HURJHURJHURJ
HURJ
HURJ
1) O EAS possuiPGRSS?
2) O PGRSS estáimplantado?
4) O EAS possuiresp. res.designado
formalmente?
5) Este apareceno organograma
do EAS?
3)O EAS possuiResponsávelRes Quim?
NÃ
O
SIM
Figura 11 – Comparativo Aspectos Administrativos
Bem como 80% dos hospitais pesquisado, o HURJ não possui licença de operação
ambiental, contudo devido ação presente no Ministério Público, o HURJ está iniciando seu
processo de licenciamento ambiental, tendo inclusive recebido visita de técnico da FEEMA
para avaliação da situação ambiental do hospital. Em sua inspeção, o técnico questionou a
89
falta de um local apropriado para o armazenamento de resíduos, além das condições de
tratamento dadas aos efluentes gerados nos laboratório de análises clínicas e anatomia
patológica além dos efluentes gerados na sala de colocação de gesso.
Foi informado tanto ao técnico ambiental como ao Ministério Público que o HURJ não
possui verba para a construção do abrigo externo e que também não pretendia construir
estação de tratamento de efluentes intramuro, uma vez que o órgão responsável pela coleta e
tratamento de esgoto do município forneceu documento informando e respaldando a
instituição quanto ao correto atendimento às exigências ambientais de disposição de esgoto.
Tais fatos enquadram o HURJ no grupo de 60 % dos hospitais que não possuem local para
armazenamento de resíduos químicos e estação de tratamento de efluentes intramuro,
representando assim uma conduta errada no primeiro caso e conferindo um grau de
conformidade no segundo.
Além da visita do órgão ambiental do Estado, já vistoriaram o hospital os órgãos da
Vigilância Sanitária Estadual e Municipal.
11 1
22
2
33
3
44
4
55
5
HURJ*
HURJ
HURJ
18) O EAS possui LO? 19) O EAS possui ação noMinistério Público?
20) O EAS recebeu visitade órgão f iscalizador?
NÃ
O
S
IM
* Em andamento
Figura 12 – Comparativo Aspectos Legais
90
112 2
334455
HURJHURJ
15) O EAS possui Dep ResQuim?
16) O EAS possui ETEintramuro?
N
ÃO
SIM
Figura 13 – Comparativo Aspectos Físico - Estruturais
Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos líquidos, o HURJ se enquadra no
grupo de 80% dos hospitais que encaminham para empresa terceirizada os resíduos gerados
no processo de revelação de chapas de Raio X. Os resíduos de xilol, como em 40% dos
hospitais, estão sendo armazenados para posterior descarte.
Como a totalidade (100%) dos estabelecimentos pesquisados, o HURJ encaminha para
a rede de esgoto os efluentes gerados nos laboratórios de análises clínicas. Além disso, o
HURJ, igualmente a 80% dos hospitais pesquisados, não possui lavanderia e sua caldeira foi
desativada.
Os efluentes gerados na colocação do gesso, assim como nos estabelecimentos que
possuem este serviço (60%) estão sendo encaminhados diretamente para a rede de esgoto
municipal ou estadual.
91
Resíduos Químicos Líquidos
111111 222222 3
33
33
444
4
45
55
4
5
5HURJ
HURJHURJ
HURJ
HURJ
HURJ
6) Ef luentesLaboratório
Análises Clínicas
7) Ef luentesAnatomia
Patológica (Xilol)
8) Ef luentes RaioX (Reveladores e
Fixadores)
10) O EAS possuiEf luentes
Lavanderia?
11) O EAS possuiCaldeira à óleo?
12) O EAS possuicolocação de
gesso?
Des
cart
e
Esgoto Sim NãoArmazenamento Incineração Empresa Terceirizada
Figura 14 – Comparativo Descarte de Resíduos Químicos Líquidos
Conforme 60% dos hospitais pesquisado, o HURJ também destina os resíduos
quimioterápicos como resíduos do grupo A.
Em relação às lâmpadas fluorescentes, um hospital (20%) está encaminhando para a
empresa distribuidora de energia elétrica. Outro hospital (20%) descarte estes resíduos como
lixo comum. Os outros três hospitais (60%) estão armazenando-os até a destinação final
correta.
Segundo informações recolhidas no Serviço de Farmácia do HURJ, não são gerados
medicamento fora do prazo e validade. As lâmpadas fluorescentes estão sendo armazenadas,
como em 40% dos hospitais, contudo este armazenamento é feito em local impróprio como
mencionado no capítulo anterior. Os termômetros no HURJ são recolhidos pela companhia
municipal de limpeza e acabam sofrendo o mesmo tratamento dos resíduos do grupo A
(infectantes), ou seja, processo de incineração não licenciado.
92
Resíduos Químicos Sólidos
1 11
22 2
333
4
4
4
5
5
5
9) ResíduosQuimioterápicos?
13) Lâmpadasfluorescentes?
14) MedicamentosVencidos?
Des
cart
e
Figura 15 – Comparativo Descarte Resíduos Químicos Sólidos
Percebe-se que a situação de atendimento do HURJ às normas e legislações ambientais
vigentes que cuidam da questão de resíduos químicos não está muito discrepante quando
comparada aos demais hospitais públicos de grande porte. Em muitos casos é comum a falta
de recursos que assola o serviço público, e que acabam dificultando o cumprimento das
diretrizes legais. Acredita-se que a realidade dos hospitais que não foram investigados seja
semelhante aos que participaram da pesquisa, o que leva mais uma vez a necessidade de se
ponderar onde está o entrave desta demanda que proporciona a inadequada gerência deste tipo
de resíduo. Será culpa da população que não se preocupa com as gerações futuras, dos
governos que não proporcionam meios de atender as necessidades de um meio ambiente
saudável ou dos geradores que não se atentam para os problemas advindos do incorreto
gerenciamento dos RSS?
A Figura 16 (de (a) a (f)) ilustra, de maneira geral, as condições de atendimento a
alguns aspectos relacionados ao gerenciamento de resíduos químicos em todos os
estabelecimentos pesquisados inclusive no hospital objeto do estudo de caso.
Como Grupo A
Lixo Comum Armazenamento Incineração Empresa Fornecedora
93
O PGRSS está formalmente implementado?
33,30%
66,67%
SIM NÃO
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 16 – Gerenciamento de Resíduos Químicos: Análise de Alguns Aspectos
O EAS possui PGRSS?
100%
O EAS possui LO?
16,67%
83,33%
SIM NÃO
O EAS recebeu visita órgão fiscalizador?
100%
O EAS possui Depósito de Resíduo Químico?
33,34%
66,66%
SIM NÃO
O EAS possui Tratamento de Efluentes?
33%
66,66%
SIM NÃO
SIM NÃO
Intramuro Extramuro
94
VIII) CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
8.1 CONCLUSÃO
Conforme estabelecido no capítulo introdutório, o objetivo geral da presente
dissertação foi discutir as dificuldades de atendimento às normas de gerenciamento de
resíduos de serviço de saúde vigentes, por parte de uma unidade assistencial pública
universitária de grande porte, com destaque para a questão dos resíduos químicos, em toda a
sua abrangência. Acredita-se que este objetivo foi atingido uma vez que todo esforço
realizado na elaboração desta dissertação voltou-se para embasar as discussões pertinentes ao
gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Acredita-se que desde a contextualização,
exposta no capítulo I, até a análise dos resultados presentes no capítulo VII, o tema foi
abordado de forma clara e abrangente.
Quanto aos objetivos específicos procurou-se atendê-los ao longo de toda dissertação.
A análise evolutiva das normas e regulamentos que regem as questões sobre RSS foi
apresentada no capítulo II. Aproveitou-se para apresentar a classificação dos RSS vigentes
bem como os tipos de estabelecimentos de serviço de saúde existentes.
O capítulo III apresentou os riscos oferecidos pelos produtos e resíduos químicos
utilizados em serviços de saúde, bem como as ações, procedimentos e cuidados necessários
para o correto gerenciamento destes. Todo trabalho baseou-se na aplicação da metodologia
apresentada no capítulo IV.
No capítulo V avaliou-se a situação de atendimento às legislações vigentes quanto aos
resíduos químicos, em hospitais da rede pública do Estado e no capítulo VI foram descritas as
práticas de manuseio de RSS no estabelecimento objeto do estudo de caso; identificando os
pontos críticos e positivos quanto ao manejo dos resíduos químicos produzidos no
estabelecimento.
Ao longo do trabalho, principalmente no capítulo VII, foram discutidas as dificuldades
de implantação do PGRSS no hospital em questão, estabelecendo um comparativo entre o
95
hospital estudado e os demais hospitais avaliados e avaliando o grau de participação dos
funcionários e da alta administração quanto à questão do gerenciamento de RSS, além de
terem sido propostas ações de melhoria do desempenho ambiental ao referido estabelecimento
de saúde.
Considerando todo o contexto apresentado neste trabalho, pôde-se concluir que é
fundamental abordar o tema de forma séria. A questão do gerenciamento de RSS, permitindo
ao mesmo tempo a manutenção do meio ambiente, depende de um compromisso não só dos
representantes legais, como de todos que participam desta atividade e da sociedade como um
todo.
A legislação brasileira trata das responsabilidades e dita as normas para a segregação,
acondicionamento, transporte e destino final dos resíduos de serviço de saúde. Contudo a falta
de um planejamento gerencial dos estados acaba prejudicando o efetivo gerenciamento deste
tipo de resíduo. No Estado do Rio de Janeiro, a ausência de uma estrutura de fiscalização por
parte dos órgãos responsáveis agrava ainda mais a situação, levando os hospitais e demais
estabelecimentos de saúde a desconsiderar a devida importância do tema.
Durante toda a investigação proposta nesta dissertação, tanto na etapa de pesquisa
aplicada quanto na etapa das observações de campo realizadas durante o estudo de caso, pôde-
se perceber que diversas questões permeiam o gerenciamento de resíduos de serviço de saúde
como um todo. Questões que vão desde as condições físico-estruturais do estabelecimento
passando pelo planejamento administrativo e gerencial, disponibilidade de recursos
orçamentários e chegando até a questão de conscientização e participação de todos os
profissionais de saúde.
Todos estes aspectos, se não forem amplamente avaliados e discutidos, acabam
representando obstáculos que dificultam a implantação de um plano de gerenciamento de
resíduos de serviço de saúde. No caso de instituições públicas, a troca de direção devido às
mudanças que ocorrem no cenário político também acaba, muitas vezes, por atrasar a
execução de projetos como a implementação de um PGRSS.
A ambição deste trabalho não se limitou então, em avaliar à situação de atendimento
legal às questões gerenciais que permeiam os resíduos químicos gerados em estabelecimentos
de saúde, mas, sobretudo, sensibilizar os geradores e administradores de EAS quanto aos
riscos que estes representam e à importância de manuseá-los corretamente, evitando assim
prejuízos ao meio ambiente e sanções legais. Espera-se que a discussão acerca do tema
perdure por longo tempo e não se perca dentro do conjunto de problemas que se relacionam
com o saneamento ambiental no país.
96
8.2 RECOMENDAÇÕES
8.2.1 AO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
A seguir são apresentadas sugestões para a melhoria de alguns pontos críticos
relacionados ao gerenciamento de resíduos dentro do estabelecimento, observados durante o
estudo de caso. Espera-se que seguindo estas recomendações o HURJ obtenha progresso da
implantação integral do PGRSS/HURJ, principalmente nas unidades geradoras de resíduos
químicos.
Quanto à equipe de PGRSS:
1- Estruturar Comissão de Resíduos, de maneira formal, ou seja, através da publicação de
determinação de serviço, cuja responsabilidade será o gerenciamento de resíduo em
cada setor do HURJ. Esta comissão ou o setor responsável por ela deve estar inserido
dentro da estrutura organizacional do hospital.
2- Dentre os componentes da Comissão deverá haver: um representante do Serviço de
Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, um representante da
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, um representante da Educação
Continuada, um representante do setor de Serviços Gerais e/ou da Zeladoria, um
representante da Direção Médica, um representante do Corpo Docente, um
representante do Laboratório, os gerentes das equipes de enfermagem, e um
representante do Serviço de Licitação.
3- As principais funções da equipe seriam:
Acompanhar a segregação de resíduos em cada unidade ou setor;
Trazer dúvidas para serem discutidas nas reuniões mensais;
Apresentar sugestões que facilitem o processo de implementação do PGRSS;
Realizar reunião mensal com equipes responsáveis;
4- Estabelecer uma parceria com os encarregados da firma de limpeza em cada andar;
97
Quanto ao treinamento:
5- Constituir treinamento de forma estruturada, em sala fechada, com recursos
audiovisuais disponíveis com o objetivo de formar propagadores do PGRSS.
6- Se possível, situar treinamento em horários diferenciados para abranger as diversas
equipes.
7- Reforçar necessidade de estender treinamento aos profissionais da área médica
(Professores, Residentes, Internos, Alunos).
8- Os técnicos dos laboratórios, bem como alunos e pessoal da limpeza que lidam
diretamente com produtos e resíduos químicos devem passar por treinamento
específico quanto às normas de segurança, uso de equipamentos de proteção
individual e coletivos e atendimento a situações de emergência.
9- Todos estes treinamentos devem ser comprovados através de lista de presença que
serão arquivadas para controle da equipe responsável pelo PGRSS;
Quanto às requisições legais:
10- Priorizar urgentemente, a imediata construção do abrigo externo de resíduos,
atendendo à norma 12235/92 da ABNT que fixa as condições exigíveis para o
armazenamento de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde pública e o
meio ambiente.
11- Dar continuidade ao processo de licenciamento ambiental do hospital no órgão
ambiental do Estado.
12- Uma vez que o HURJ adquira a Licença de Operação da FEEMA, far-se-á necessário,
mais do que nunca, o cumprimento das exigências legais quanto ao armazenamento,
transporte e disposição final não só dos resíduos químicos, mas de todos os resíduos
gerados no serviço de saúde;
13- É necessário nos processos de licitação para compras de produtos químicos que os
fabricantes e/ou fornecedores encaminhem as Fichas de Segurança de Produtos
Químicos juntamente com os respectivos produtos. Além disso, em se tratando de
empresas que executem o tratamento e a coleta de resíduos, deve-se exigir como
98
requisito para participar da licitação apresentar o licenciamento ambiental necessário
para executar tais atividades.
Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos em si:
14- Cada unidade geradora de resíduos químicos deve elaborar protocolo específico para o
manuseio e descarte de resíduos gerados no seu setor,
15- Os resíduos químicos perigosos segregados no Laboratório de Patologia e Serviço de
Radiologia devem ter suas embalagens identificadas no local de geração.
16- As lâmpadas fluorescentes devem ser acondicionadas em caixas rígidas, evitando
assim riscos de acidentes e exposição do mercúrio.
17- Recomenda-se separar os termômetros quebrados, utilizados no serviço assistencial,
em recipiente rígido e encaminhá-los juntamente com as lâmpadas fluorescentes ao
processo de recuperação do metal. Outra possibilidade seria providenciar a troca dos
termômetros de mercúrio por termômetro digital.
18- Quanto aos resíduos gerados nos Laboratórios de Análises Clínicas e Anatomia
Patológica, Serviço de Endoscopia, Centro Cirúrgico e Central de Materiais que são
descartados diretamente na pia, é essencial que estes sejam neutralizados antes deste
procedimento sendo realizada medida de pH, para o controle da neutralização.
99
8.2.2 TRABALHOS FUTUROS
1. Ampliar a pesquisa abrangendo também os estabelecimentos de assistência à saúde da
rede particular ajudaria a perceber se as falhas no gerenciamento de resíduos do
serviço de saúde são genéricas, atingindo ambos os regimes de atuação, ou se existem
especificidades entre eles.
2. Estudar os ganhos, em todos os níveis, que as instituições hospitalares teriam com a
sistematização de documentos e procedimentos ambientais balizando assim a
necessidade de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental em suas unidades,
também constitui um bom tema para um novo estudo.
3. Outra possibilidade de pesquisa seria analisar os ganhos ambientais e econômicos que
as instituições hospitalares obteriam através da implantação de programas de coleta
seletiva, principalmente para papel/papelão, plástico e vidro.
4. Quanto ao gerenciamento de resíduos químicos em estabelecimentos de saúde
constitui-se um outro tema de pesquisa a avaliação de maneira específica, a situação
de atendimento às normas reguladoras por parte dos Laboratórios de Anatomia
Patológica e Serviço de Radiologia particulares do estado do Rio de Janeiro.
5. Uma vez que alguns produtos químicos usados no processo de limpeza e higienização
hospitalar fazem parte igualmente do conjunto de substâncias químicas utilizados no
dia a dia doméstico da sociedade, recomenda-se estabelecer estudo quantitativo das
diversas correntes que compõem a rede hospitalar, analisando a real contribuição dos
parâmetros na saída dos efluentes hospitalares para a rede coletora municipal ou
estadual.
6. Por fim, avaliar todo o contexto do gerenciamento de resíduos hospitalares sob a
perspectiva dos órgãos fiscalizadores, tentando averiguar o entendimento e as
dificuldades destes quanto às necessidades vinculadas a este tipo de resíduo.
100
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101
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ANEXOS
Anexo A – Pesquisa Reportagens sobre Resíduos de Serviço de Saúde
Fonte: Jornal O Globo Caderno de Bairros Niterói de agosto de 2006
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O PAPA E A PEDRA 07/09/1997
... BR do lixo O juiz Leandro Costa, da 4ª Vara Cível de São Gonçalo, decidiu acabar com aquele monumento à estupidez humana que é o aterro às margens da BR-101. Até lixo hospitalar é jogado ali por um ferro-velho, diante da omissão da Prefeitura. Silêncio: hospital Ninguém sairá ganhando com a briga entre o conselho deliberativo e a diretoria executiva da Jornal: Globo Autor: Gilson Monteiro Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 731 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói
COLUNA SWANN 24/10/1997
... Juliano Moreira, onde funciona um manicômio público, o médico Paulo da Silva está no lugar certo. Em ofício à Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa ele informou que despeja o lixo hospitalar daquela instituição em terrenos baldios de duas comunidades vizinhas. Quem quiser que se cuide.
Jornal: Globo Autor: Ricardo Boechat Editoria: Rio Tamanho: 1074 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
COLETA DIFERENCIADA PARA O LIXO HOSPITALAR 05/04/1998
... importante quanto a coleta diferenciada, diz a presidente da Clin, é o destino final do material. Foi criada dentro do aterro sanitário uma área de dez mil metros quadrados específica para resíduo hospitalar, de acesso restrito aos funcionários da companhia. - Esse procedimento impede a contaminação de catadores e do próprio solo - esclarece Dayse. INOVAÇÃO: Contribuintes vão ...
Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 812 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói
PACOTE
31/10/1998
... com o lixo com potencial infectante (hospitalar). Desde o terrível acidente radioativo de Goiânia, afora positivas intervenções da Comlurb, pouca coisa se modificou na área de gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), muito mais que apenas hospitalares (home careº). O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara denunciou recentemente existir quantidade preocupante destes ...
Jornal: Globo Autor: Editoria: Opinião Tamanho: 2005 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
LIXO HOSPITALAR É JOGADO NA RUA 04/01/1998
O morador Domingos Pereira Machado reclama que na Rua Lavínia, próximo ao número 100, está se formando um depósito de lixo hospitalar a céu aberto, proveniente do Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Os moradores vêm sofrendo com esse problema há mais de dez anos, mas ninguém toma providências. A preocupação é com o perigo de contaminação devido ao material hospitalar despejado no ...
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Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 305 palavras Edição: 1 Caderno: Zona Oeste RETRANCA: MORTALIDADE INFANTIL: DUAS UNIDADES DA REDE MUNICIPAL TERÃO QUE CUMPRIR EXIGÊNCIAS SOB RISCO DE INTERVENÇÃO ESTADUAL 02/02/1998
... cariocas, onde morreram 71 bebês no mês passado. Uma inspeção realizada pela Fiscalização Sanitária do estado e pelo Laboratório Noel Nutels encontrou baratas ao lado de medicamentos, latas de lixo destampadas e funcionários reutilizando luvas descartáveis nas maternidades Alexander Fleming e Fernando Magalhães. Além da falta de higiene, as duas unidades - onde ocorreram 51 dos 71 óbitos ...
Jornal: Globo Autor: Maria Elisa Alves Editoria: Rio Tamanho: 1058 palavras Edição: 1, 2 Caderno: Primeiro Caderno
SACOS COM LIXO HOSPITALAR EM RUA DO CENTRO 26/01/2000
Polícia ainda investiga a origem do material abandonado Cinco sacos plásticos branco com tarjas vermelhas e a inscrição de resíduo infectante foram deixados na calçada entre o Hospital do Câncer e o Instituto de Análises Noel Nutel's, na Rua Washington Luís, na Praça Cruz Vermelha. O material foi encontrado por garis que faziam a coleta naquela área. Os sacos com lixo hospitalar ...
Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 125 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
POLUIÇÃO: MORADORES RECLAMAM 06/12/2001
... ineficiente. - Encaminhei no último dia 14 um projeto de lei determinando que todos as unidades hospitalares sejam obrigadas a tratar o esgoto removendo pelo menos 80% da carga orgânica e dos resíduos não filtráveis totais - informa Bethlem. Enquanto parlamentares e governo divergem sobre a situação dos hospitais em relação ao tratamento de esgoto, a população que vive às margens do ...
Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 293 palavras Edição: 1 Caderno: Barra
HOSPITAIS JOGAM ESGOTO EM VALAS E SÃO ADVERTIDOS 21/04/2001
... ou privados. O objetivo é minimizar o impacto ambiental e o alto risco que o esgoto não tratado representa para a saúde pública. As pessoas que moram perto de rios e lagoas atingidos pelos resíduos serão avisadas sobre os riscos que estão correndo.
Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 226 palavras Edição: Caderno: Primeiro Caderno
'PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE HIGIENE' 21/05/2002
... na manipulação de recém-nascidos de alto risco" e ainda que "as enfermarias obstétricas estão em péssimas condições de higiene com detritos espalhados pelos corredores, coletores de lixo repletos de resíduos hospitalares". O promotor de Direitos Difusos de Niterói, Marcelo Buhatem, afirmou que, se comprovadas as irregularidades, poderá pedir a demissão da diretoria do hospital. - Depois
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Jornal: Globo Autor: Editoria: Rio Tamanho: 196 palavras Edição: 2 Caderno: Primeiro Caderno
CHORUME SERÁ TRATADO EM USINA 17/08/2003
... dinheiro vem da renegociação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), cujo contrato foi assinado pelo estado em 1994. Já foram gastos R$ 3,6 milhões na construção de um incinerador de resíduos hospitalares, que está em funcionamento, e de uma usina de tratamento de lixo, ainda em construção. Relatório do TCE critica atraso nas obras Hoje, o chorume produzido pelo lixo ...
Jornal: Globo Autor: Flávia Duarte Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 376 palavras Edição: 1 Caderno: Niterói
ATÉ O FIM DO ANO LIXÃO DEVE PARAR ATIVIDADES, DIZ FEEMA 31/07/2004
lixo hospitalar aumenta a possibilidade de disseminação de doenças, especialmente em lugares onde há animais ou catadores de lixo - explica o professor, lembrando que a disposição final incorreta de resíduos hospitalares contraria a Resolução 283 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Jornal: Globo Autor: Editoria: Jornais de Bairro Tamanho: 230 palavras Edição: 1 Caderno: Serra
SEDES DE 3 PREFEITURAS POLUEM PARAÍBA DO SUL 13/04/2004
... garante que uma estação já licitada vai acabar com o problema. - Há uma obra já licitada (vencida pela empresa Ferreira Guedes) que usará verbas do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). Depois de pronta, teremos 76% do esgoto tratado, inclusive no bairro onde fica a sede da prefeitura. De fato, atualmente não tratamos o esgoto porque o prédio é muito antigo. Todas as novas ...
Jornal: Globo Autor: Tulio Brandão Editoria: Rio Tamanho: 1167 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno LIXO HOSPITALAR VIRA EPIDEMIA EM ATERROS SANITÁRIOS 18/01/2004
... com investimentos. Sendo assim, o problema não é o resíduo de saúde, que representa apenas um ou dois por cento do total dos resíduos do país. A funcionária da Anvisa admitiu, contudo, que a agência já está preparando alguns ajustes na resolução - Estamos discutindo com o Conama e praticamente está acertado: em fevereiro, antes de a resolução fazer um ano, estaremos apresentando as ...
Jornal: Globo Autor: Chico Otávio Editoria: O País Tamanho: 845 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
JUSTIÇA DETERMINA INTERDIÇÃO DO IML DE NITERÓI 16/09/2004
... o IML de Niterói funcionava em estado precário, sem qualquer higiene, colocando em perigo os funcionários que trabalhavam naquele órgão e também causando "dano irreparável ao meio ambiente". Resíduos apresentam riscos para saúde pública De acordo com a determinação judicial, os resíduos de serviços de saúde apresentam riscos para a saúde pública, para o meio ambiente e, por causa ... Jornal: Globo Autor: Marcelo Dutra
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Editoria: Rio Tamanho: 282 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
OS PROBLEMAS DA CEDAE 25/07/2005
... do Hospital da Lagoa. Depois de três autos de infração, duas notificações e uma multa, a empresa estadual resolveu processar o hospital federal. O Hospital da Lagoa é acusado de lançar esgoto e resíduos hospitalares na galeria de águas pluviais da Avenida Lineu de Paula Machado, que deságua na Lagoa Rodrigo de Freitas. De acordo com a Cedae, após o mapeamento da área, detectou-se que o ...
Jornal: Globo Autor: Selma Schmidt Editoria: Rio Tamanho: 942 palavras Edição: 1 Caderno: Primeiro Caderno
SAÚDE 08/05/2005
... de origem hospitalar, assim como para fazer o descarte de medicamentos vencidos. HOME CARE. Se o parente que está sendo tratado em casa tiver o acompanhamento de alguma empresa de home care, todo resíduo resultante do tratamento deve se entregue ao responsável pelo atendimento domiciliar, que se encarregará de fazer o descarte. REMÉDIOS. Ao fazer uma triagem na farmacinha e separar ...
Jornal: Globo Autor: Tânia Neves Editoria: Revista O Globo Tamanho: 758 palavras Edição: 1 Caderno: Revista O Globo
SAÚDE 08/05/2005
Jogar fora. No lixo? Oque fazer com remédios vencidos na farmacinha caseira? E como descartar seringas e outros resíduos resultantes do tratamento de algum parente doente em casa? Médica epidemiologista e coordenadora do setor de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Barra D'Or, Tatiana Campos diz que até mesmo em hospitais alguns desses resíduos começam a ser jogados no lixo comum, .
Jornal: Globo Autor: Tânia Neves Editoria: Revista O Globo Tamanho: 758 palavras Edição: 1 Caderno: Revista O Globo
7. RIO | 21/11/2006 Lixo hospitalar a céu aberto no Aterro de Gramacho RIO - Em uma operação da Delegacia de Proteção ao Meio-Ambiente, policiais descobriram que a área reservada no Aterro de Gramacho para o lixo químico hospitalar é separada apenas por uma cerca de arame farpado, que estava rompida. Segundo... 1. RIO | 9/12/2006 Lixo hospitalar encontrado em lagoas da Barra pode vir do... RIO - Ambientalistas encaminharam à Delegacia do Meio Ambiente uma pista da origem do lixo hospitalar despejado nas lagoas da Zona Oeste. A pista é uma etiqueta com o nome de um paciente do Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. A...
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Anexo B – Divisão Regional de Saúde
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Anexo C – Diagrama de Hommel
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Anexo D – Exemplo de Informações para Rótulo de Resíduos Químicos
Informações para conter no modelo de rótulos de resíduos perigosos: � Nome, endereço e telefone da instituição ou empresa. � Número do controle da embalagem. � Diamante da NFPA preenchido pela numeração recomendada. � Nome do responsável técnico do setor, do responsável pelo preenchimento e a seção de origem. � Conteúdo do recipiente (composição e concentração). � Data de início do armazenamento. � Só ocupar ¾ do volume total do recipiente. � Preencher o rótulo, preferencialmente por digitação, em última hipótese manuscrito em letra de forma bem desenhada. Informações para conter na ficha de acompanhamento de recebimento: � Nome do estabelecimento. � Nome do químico responsável. � Número de controle da embalagem e setor de origem. � Data do recebimento do resíduo. � Responsável pela entrega. � Responsável pelo recebimento. � Tamanho do recipiente. � Quantidade de cada resíduo dentro de cada recipiente. � Estado do resíduo (sólido, líquido e gasoso). � Informações NFPA. � Identificação para destinação. � Observações necessárias. � Legendas (se necessárias). Informações para conter na ficha de acompanhamento da destinação: � Nome do estabelecimento ou instituição. � Identificação da embalagem para destinação. � Data de saída. � Quantidade total descartada. � Informações NFPA. � Pessoa responsável pela entrega. � Campo para destinação. � Observações necessárias. � Legendas (se necessário).
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Anexo E – Questionário Aplicado na Pesquisa Aplicada
Questionário de avaliação do manuseio de
resíduos químicos nos hospitais
Nome da Instituição: __________________________________________________________ Qual o nº de leitos e o fluxo de atendimento do hospital? _____________________________ 1) A Instituição possui responsável pela questão dos resíduos de serviço de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO 2) Em caso afirmativo, este foi formalmente designado pela direção? ( ) SIM ( ) NÃO Qual o cargo que o responsável ocupa?__________________________________ 3) O setor responsável pelo gerenciamento de resíduos aparece formalmente no organograma da instituição? ( ) SIM ( ) NÃO 4) A Instituição tem PGRSS elaborado? ( ) SIM ( ) NÃO Implementado? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso negativo, qual é a maior dificuldade que a instituição encontra? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5) A Instituição possui responsável direto (específico) para os resíduos químicos gerados no serviço de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Unidades Geradoras 6) A Instituição possui Laboratório de Análise Clínicas? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7) A Instituição possui Laboratório de Anatomia Patológica? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8) A Instituição possui Serviço de Radiologia? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9) A Instituição possui Serviço de Quimioterapia/Radioterapia? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos químicos gerados neste local?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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10) A Instituição possui lavanderia? ( ) SIM ( ) NÃO
11) A Instituição possui caldeira à óleo para geração de vapor? ( ) SIM ( ) NÃO
Em caso afirmativo, o local é devidamente pavimentado e contido para que se evite vazamento de óleo para a rede de esgoto? ( ) SIM ( ) NÃO
12) A Instituição possui unidade de colocação de gesso? ( ) SIM ( ) NÃO Como são descartados os resíduos gerados nesta unidade? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Acondicionamento 13) A Instituição possui Depósito de Resíduos Químicos? ( ) SIM ( ) NÃO 14) A Instituição possui Depósito de Resíduos Radioativos? ( ) SIM ( ) NÃO Como é o manuseio destes resíduos? Existe procedimento formalizado? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tratamento 15) A Instituição possui ou pensa em construir uma Estação de Tratamento de Efluentes? ( ) SIM ( ) NÃO Em qualquer um dos casos, por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Segurança 16) Os fornecedores de produtos químicos encaminham as Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ’s) de seus respectivos produtos? ( ) SIM ( ) NÃO Meio Ambiente 17) A Instituição possui ou pensa em obter a Licença de operação Ambiental na FEEMA? ( ) SIM ( ) NÃO Em que processo está o andamento do pedido? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18) Existe alguma denúncia no Ministério Público, relativo à questão ambiental, contra a Instituição? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso afirmativo, desde que ano? __________ 19) A Instituição recebeu, alguma vez, a visita de técnicos de algum órgão ambiental municipal, estadual ou federal? ( ) SIM ( ) NÃO Em caso afirmativo, o que foi requerido por este? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Obrigada, Angélica Malvão Carlson Programa de Pós Graduação em Engenharia Química UERJ 2006/02
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Anexo F – Unidades Funcionais do HURJ
SIGLA NOME
CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CPL Comissão Permanente de Licitação
SG Serviços Gerais
SM Serviço de Material
SCF Serviço de Contabilidade e Finanças
SP Serviço de Pessoal
GEIA Gerência de Enfermagem em Int. e alta Ambulatorial
GEE Gerência de Enfermagem em Emergência GECE Gerência de Enfermagem de Clínica Especializada GECI Gerência de Enfermagem de Cirurgia GECL Gerência de Enfermagem Clínica
GECCCM Gerência de Enfermagem Centro Cirúrgico e Central de Material GEID Gerência de Enfermagem de Imagem e Diagnóstico GEOB Gerência de Enfermagem de Obstetrícia GENP Gerência de Enfermagem Neonatal e Pediatria CCL Coordenação Clínica
UTINEO UTI Neonatal
ANEST Anestesiologia
END Endoscopia
CAEI Coordenadoria de Atendimento Externo e Interno
CC Centro Cirúrgico
CSTA Coordenação de Serviço Técnico Auxiliar
NEONAT Neonatologia
OBS Obstetricia
CACON Centro de Alta Complexidade em Oncologia
SENPI Serviço Neuro Psiquiatria Infantil
SURO Serviço de Urologia
CP Coordenação de Patologia
GIN Ginecologia
HEMD Hemodinâmica
SCM Serviço de Clínica Médica
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Anexo G – Lista de Insumos Químicos do HURJ - Consumo 2006
KITS LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
KIT Unidades/ ano KIT Unidades/
ano KIT Unidades/ ano
Hematologia Hemograma 85200 TAP 26400 APTT 26400
Bioquímica Glicose 50400 CK 7200 Proteína total 6000 Uréia 48000 CK MB 7200 Lactato 600
Creatinina 50400 LDH 8400 Sódio sérico 48000 Proteínas totais 15600 Amilase 6000 Potássio sérico 48000
Albumina 15600 Lípase 4800 Cloro sérico 24000 Ácido úrico 8400 Gama 12000 Proteína C reativa 6000 Colesterol 16800 Cálcio 15600 Tropomina 3600
Triglicerídeos 16800 Fósforo 6000 mioglobina 600 AST/TGO 20400 Magnésio 10800 CK MB 3600 AST/TGP 20400 Ferro 3000 Fenobarbital 400
Fosfatase alcalina 15600 HDL colesterol 14400 Fenitoína 400 Bilirrubina total 14400 Combinado ferro 2400 Carbamazepina 400
Bilirrubina direta 14400 Hemoglobina glicada 6000 Digoxina 400 Hormônios
TSH 7200 Vitamina B12 1200 Cortisol 600 T4 7200 Ácido Fólico 1200 Insulina 400
FSH 1200 Ferritina 2400 Tireoglobulina 300 LH 1200 Testosterona 1200 DTH 400
Prolactina 1200 Estradiol 1200 HGH 400 Progesterona 1200 SDHEA 400
Imunologia Toxoplasmose IgG 4800 PSA total 4800 Anti HCV 6000 Toxoplasmose IgM 3600 PSA livre 4800 Anti HIV 6000
Rubéola IgG 1200 CEA 600 Imunoglobulina G 1200 Rubéola IgM 1200 Alfa 6000 Imunoglobulina A 1200
Citomegalovírus IgG 3600 HBs Ag 4800 Imunoglobulina M 1200 Citomegalovírus IgM 3600 HBe Ag 1200 Complemento C3 1200
HIV 1 e 2 600 Anti HBc IgG 4800 Complemento C4 1200 Ca 15.3 400 Anti HBc IgM 4800 Fator reumatóide 12000 Ca 12.5 400 Anti HBe 1200 Antiestreptolisina O 12000 Ca 19.9 400 Anti HBs 4800 � glicoproteína ácida 1200
HCG 600 Hepatite A IgG 1200 � Antitripsina 600 IgE 600 Hepatite A IgM 1200 Transferrina 600
Auto-imunidade Ana screen 3600 Anti cardiolipina G 240 Anti TPO 1200 Anti DNA 1920 Anti cardiolipina M 240 Anti Scl 70 120 Anti RO 1920 P anca 480 Anti histona 240 Anti LA 1920 C anca 480 Anti SRC 960 Anti SM 1920 Anti tireoglobulina 1200
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REAGENTES QUÍMICOS
Reagente Quantidade/ ano
Reagente Quantidade/ ano
Reagente Quantidade/ ano
Álcool metílico 240 L Cresil Violeta 300 g Hidróxido de sódio
6 kg
Acetona 36 L Cristal Violeta 25 g 12 Isopentano 12 L
Ac. Acético 36 L Cristal Violeta 1L 12 Light green 25 g 12
Ac. Clorídrico fumegante
12 L Cuba de coloração 500 ml
12 Menadione 12
Ac. Fosfomolibdico 12 L Cytochrome 3 kg Mercaptoetanol 12
Ac. Fosfotungstico 12 frascos Dibutil Ftalato 12 L Metabissulfito sódico
1200 g
Ác. Nítrico 24 L Diaminobenzidina 120 g Violeta de metila 120 g
Ac. Oxálico (100g) 12 frascos Dimetilformamida 12 L Metil Metracrilato 12 L
Ac. Periódico 12 L Ditiotreitol 120 G Azul de Metileno 12 L
Ac. Succínio (100 g) 12 frascos EDTA 6 kg Parafina 500 12
Ac. Tartárico (25 g) 12 frascos Eosina Amarela 600 g Peróxido de Benzoila
12 kg
Adenosim (10 g) 12 frascos Eosina Azul de metileno
600g Peróxido de Hidrogênio 30%
36 L
Albumina 6 frascos Éter Sulfúrico 432 L Propileno glycol 12 L
Álcool absoluto 3600 L Fast Green 1200 g Sal sódico 100 g 12
Álcool comum 7200 L Fast Red 120 g Silano 12 fr
Alcool isopropílico 12 L Formaldeído PA 1200 L Soro A 10 ml 120
Alúmem Potassio 12 kg Fosfato Potássico Bibásico
120 g Soro AB 10 ml 120
Amido 12000 ml Fosfato Potássico Monobásico
120g Soro B 10 ml 120
Azul de metileno 24 L Fosfato Sódio Monobásico
6 kg Sucicinato Potassíco
6 kg
Azul de Toluidina 2400 g Fosfato Sódio Bibásico
6 kg Succinato Sódio 6 kg
Barbital sódico 1200 g Fosfato Sódio Monohidratado
3 kg Sucrose 12 kg
Benzina retificada 432 L Fosfato Dissódico 12 fr Suddan Black 120 g
Bicromato de potássio 6 kg Glicerina 24 L Sulfato Amônio 12 L
Bissulfito de sódio 12 kg Fuccina 1000 ml 12 Sulfato de Sódio 6 kg
Cal sodada 360 kg Fuccina Básica 6 kg Tris Hidroximetil aminometano
6 kg
Chormotrope 1200 g Glicerina 500 g 12 Vaselina 1000 mL 720
Cloreto de cálcio 6 kg Glutaraldeído aquoso 70%
2,4 L Vaselina Sol 500 360
Cloreto de cobalto 1200 g Hematoxilina 25g 12 Vermelho de congo 25 g
12
Cloreto sódico 6 kg Hidróxido de potassio
1,2 kg Xilol 1200 L
Controle de RH Fr c/10 60
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Anexo H – Planta Abrigo Externo de RSS
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