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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA JULIO CÉSAR ROLEMBERG MENACHO Gerenciamento de Resíduos Químicos Perigosos e Não- Perigosos para o Departamento de Engenharia Química da UFRN NATAL-RN DEZEMBRO DE 2016

Gerenciamento de Resíduos Químicos Perigosos e Não ... · gerenciamento de resíduos químicos desde a década de 70 e, particularmente as universidades, estão aprimorando cada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

JULIO CÉSAR ROLEMBERG MENACHO

Gerenciamento de Resíduos Químicos Perigosos e Não- Perigosos

para o Departamento de Engenharia Química da UFRN

NATAL-RN

DEZEMBRO DE 2016

JULIO CESAR ROLEMBERG MENACHO

Gerenciamento de Resíduos Químicos Perigosos e Não- Perigosos

para o Departamento de Engenharia Química da UFRN

NATAL-RN

DEZEMBRO DE 2016

Monografia apresentada ao curso

de Engenharia Química do Centro

de Tecnologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte,

sob orientação da Profa. Dra.

Magna Angélica dos Santos

Bezerra Sousa, como requisito

final para conclusão do curso de

graduação.

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o

que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”.

Arthur Schopenhauer

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Hugo Menacho e Lusia Menacho, por sempre ter me apoiado

e se esforçado ao máximo para me fazer feliz. A ajuda e paciência deles foi muito

importante para que eu tenha chegado até aqui.

Aos meus irmãos, Jean Lucas e Juan Carlos, que sempre se mostraram

presentes na minha vida e me apoiaram nos momentos mais difíceis.

A minha namorada, Taytyanne Libório, pela ajuda, amor, cuidado, paciência e

atenção durante esta etapa da minha vida.

A todos os meus amigos pelo apoio e amizade que sempre demonstraram.

Vocês são como uma família para mim.

A Profa. Dra. Magna Angélica pela ajuda e orientação com o trabalho, sem os

quais jamais conseguiria concluir este trabalho.

Ao Prof. Edilson Tavares que além de me fornecer o tema da pesquisa, me

ajudou e orientou em todos os momentos, fornecendo material para a pesquisa e

conselhos. A ele sou muito grato.

RESUMO

O acelerado processo de industrialização nas últimas décadas acarretou no surgimento de inúmeros processos químicos e por consequência a uma gama ainda maior de resíduos provenientes dessas atividades. Considerando que os resíduos apresentam diferentes graus de periculosidade, torna-se necessário um gerenciamento adequado a fim de evitar possíveis danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. As instituições de ensino e pesquisa respondem por aproximadamente 1% do total de resíduos perigosos produzidos em um país desenvolvido. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento da situação atual dos resíduos químicos do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para assim traçar e elaborar propostas de gerenciamento de resíduos químicos que corresponda às condições e necessidades do departamento. Os dados para a realização deste trabalho foram colhidos nos laboratórios do DEQ através da aplicação de um questionário e contagem do resíduo estocado nestes locais. Com base nos dados obtidos pode-se elaborar propostas para a gestão destes resíduos. As propostas foram baseadas na prevenção e adoção de normas específicas que aumentem a eficácia das etapas iniciais no sistema de gestão de resíduos químicos, além de maneiras para eliminar o passivo ambiental presente. Como conclusão são tecidas considerações com relação as propostas apresentadas. Palavras – chave: Gerenciamento de resíduos químicos; resíduos perigosos; resíduos em instituições de ensino e pesquisa.

ABSTRACT

The accelerated process of industrialization in recent decades has led to the emergence of numerous chemical processes and consequently to an even greater range of wastes from these activities. Considering that the waste presents different degrees of danger, proper management is necessary in order to avoid possible damages caused to human health and the environment. Educational and research institutions account for approximately 1% of the total hazardous waste produced in a developed country. This work aims to perform a survey of the current chemical residues of the Department of Chemical Engineering (DEQ) of the Federal University of Rio Grande do Norte, in order to draw up and elaborate chemical waste management proposals that correspond to the conditions and needs of the department. The data for the accomplishment of this work were collected in the laboratories of the DEQ through the application of a questionnaire and count of the residue stocked in these places. On the basis of the data obtained it is possible to elaborate proposals for the management of this waste. The proposals were based on the prevention and adoption of specific standards that would enhance the effectiveness of the initial steps in the chemical waste management system, as well as ways to eliminate present environmental liabilities. As a conclusion, considerations regarding the proposals are presented. Keywords: Chemical waste management; Hazardous waste; Residues in teaching and research institutions.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 9

2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 9

3. ASPECTOS TEÓRICOS .................................................................................... 10

3.1 Gestão de Resíduos Químicos nas Instituições de Ensino Superior ... 10

3.2 Caracterização de Substâncias Perigosas: Definição e Classificação . 13

3.3 Gerenciamento de Resíduos Químicos ................................................... 19

3.3.1 Inventário de Ativo e Passivo ............................................................ 21

3.3.2 Rotulagem ........................................................................................... 22

3.3.3 Acondicionamento .............................................................................. 24

3.3.4 Estocagem ........................................................................................... 25

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 26

5. RESULTADOS E DISCUSSÇÕES .................................................................... 28

5.1 Inventário do Passivo Ambiental do DEQ ............................................... 28

5.2 Questionários Realizados ......................................................................... 31

5.3 Propostas para Gestão dos Resíduos do DEQ ....................................... 33

5.3.1 Gestão do Passivo Ambiental ............................................................... 34

5.3.2 Normas Técnicas .................................................................................... 36

5.3.2.1 Segregação ...................................................................................... 37

5.3.2.2 Acondicionamento........................................................................... 38

5.3.2.3 Rotulagem ........................................................................................ 39

5.3.2.4 Armazenamento ............................................................................... 42

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 46

8

7

1. INTRODUÇÃO

Um dos principais papeis do engenheiro químico na atualidade é o de

desenvolver e gerenciar processos de maneira que estes causem cada vez menos

impactos negativos na sociedade e no meio ambiente. Diante dessa necessidade de

conciliar o desenvolvimento econômico à qualidade de vida e do meio ambiente, surge

o conceito de desenvolvimento sustentável, introduzido pela primeira vez na

Comissão de Brundtland1 em 1987. A proposta de sustentabilidade tem como

premissa a racionalização do uso dos recursos naturais de maneira a atender as

necessidades presentes sem comprometer as futuras.

O gerenciamento de resíduos tem um papel importante a desempenhar neste

contexto, considerando-se que uma parte dos impactos ambientais é causada pelo

descarte inadequado de resíduos no geral no meio ambiente.

No Brasil, conforme o disposto na Lei Nº 9605 que trata de crimes ambientais,

estão sujeitas a sanções penais e administrativas as pessoas físicas e jurídicas que

cometerem condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente. Porém, a

efetiva aplicação dessa norma recai sobre os geradores de grandes quantidades de

resíduos perigosos. Segundo Jardim (2002) existe uma tendência na nossa sociedade

em considerar como impactante ao meio ambiente apenas atividades que geram

grandes quantidades de resíduos, como atividades industriais. Consequentemente,

pequenos geradores de resíduos, tais como instituições de ensino e de pesquisa,

laboratórios de análises bioquímicas e físico-químicas, normalmente são

considerados pelos órgãos fiscalizadores como atividades não impactantes, e assim

sendo, raramente fiscalizados quanto ao descarte de seus rejeitos químicos.

Neste cenário se enquadram a maioria das instituições de ensino e pesquisa

do país, que como muitos outros pequenos geradores de resíduos, não apresentam

programas para gerir os seus resíduos oriundos das atividades corriqueiras. Isto tem

levado a um descarte pouco responsável dos materiais residuais gerados no meio

ambiente. Exemplo muito comum disso é o descarte de resíduos líquidos e sólidos

realizados nas pias dos laboratórios ou nos lixos comuns, e o acumulo considerável

de material residual, estocados por longos períodos.

1 Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em Brundtland que publicou o documento intitulado Nosso Futuro Comum sobre o desenvolvimento sustentável.

8

Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a situação é parecida

com a das vivida pelas outras instituições do país. Atualmente a instituição possui um

programa chamado de PROGIRES (Programa de Gestão Integrada de Resíduos da

UFRN), coordenado pela Diretoria de Meio Ambiente da Superintendência de

Infraestrutura, responsável pelas normativas e orientações dos laboratórios da

instituição com relação à disposição, tratamento, rotulagem, armazenamento e

destinação dos resíduos químicos gerados.

A figura 1 representa em julho de 2016, a situação da Unidade de

Armazenamento Temporário de Resíduos (UATR), da Diretoria de Meio Ambiente,

onde se encontra armazenados os resíduos perigosos (químicos e lâmpadas).

Essa estocagem de resíduos químicos ora apresentada, conduz a situações de

risco que envolvem incêndio, explosões, derramamentos, exposição à substâncias

corrosivas e toxicas, entupimentos e diversos tipos de avarias que podem trazer

consequências irreversíveis não só para o meio ambiente, como também para o

patrimônio da universidade e a saúde humana.

Figura 1 – Rejeitos acumulados na Superintendência de Infraestrutura.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Geradores de quaisquer quantidades de materiais perigosos têm a obrigação

legal e ética de reduzir ao máximo possível os impactos ambientais causados por suas

atividades. Por conseguinte, a realização desta pesquisa se justifica na relevância do

tema no cenário ambiental mundial e na UFRN.

9

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como o objetivo a aplicação de um questionário sobre o

gerenciamento de resíduos químicos e a realização de um inventário do passivo

ambiental gerado pelo Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para, a partir dos resultados obtidos, elaborar

propostas de gestão de resíduos químicos perigosos que se encaixe na situação do

DEQ.

10

3. ASPECTOS TEÓRICOS

O acelerado processo de industrialização nas últimas décadas acarretou no

surgimento de inúmeros processos químicos e por consequência a uma gama ainda

maior de resíduos provenientes dessas atividades. Considerando que os resíduos

apresentam diferentes graus de periculosidade, torna-se necessário um

gerenciamento adequado a fim de evitar possíveis danos causados à saúde humana

e ao meio ambiente. Neste capítulo, o trabalho abordara conceitos e o contexto de

uma gestão de resíduos químicos.

3.1 Gestão de Resíduos Químicos nas Instituições de Ensino Superior

A maior parte dos resíduos químicos provem das grandes indústrias, que são

responsáveis tanto pela maior quantidade em volume gerado assim como pela maior

periculosidade dos rejeitos. Porém, estes também são gerados por pequenos

negócios, indústrias, hospitais, instituições de ensino, laboratórios de pesquisa e

análises, residências e na indústria agrícola. As instituições de ensino e pesquisa, por

sua vez, respondem por aproximadamente 1% do total de resíduos perigosos

produzidos em um país desenvolvido. (TAVARES; BENDASSOLLI, 2005;

ALBERGUINI, 2005)

As Instituições de Ensino Superior (IES) apresentam uma particularidade que

faz com que elas difiram do comportamento das indústrias e dos demais geradores

no que se refere ao resíduo químico produzido. Por causa da grande quantidade e

variedade de serviços prestados, atividades acadêmicas desenvolvidas, demanda de

reagentes, experimentos e pesquisas realizados, os resíduos químicos gerados pelas

universidades normalmente são de pequena quantidade, intermitentes e de um

espectro muito diversificado de substâncias químicas, as quais podem, em função de

suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade, ser

classificadas como materiais perigosos. (TAVARES; BENDASSOLLI, 2005;

FIGUERÊDO, 2006)

Nas universidades é possível observar que os setores/departamentos

produzem diferentes tipos de resíduos, como pode ser observado esquematicamente

na figura 2. Estes rejeitos abarcam os produtos químicos obsoletos, solventes

orgânicos usados (halogenados e não halogenados), soluções ácidas e básicas

11

diluídas ou contaminadas, soluções de metais pesados, misturas complexas

resultantes de reações químicas, catalisadores e óleos usados, amostras

contaminadas, água resultante de lavagens, entre outros. (SASSIOTTO, 2005)

Figura 2: Resíduos gerados em uma universidade.

Fonte: Sassioto, 2004

Essa condição impactante aliada ao compromisso social de disseminação do

conhecimento, na busca constante de melhoria na qualidade de vida e na capacitação

e treinamento do aluno para atender as novas tendências mundiais, faz com que seja

de extrema importância a implantação de programas de gestão de materiais residuais

nas instituições de ensino e pesquisa do país.

De acordo com Sassiotto (2005), Figuerêdo (2006), Micaroni (2002), Alberguini

(2005) e Conto (2010) os Estados Unidos vêm implantando programas de

gerenciamento de resíduos químicos desde a década de 70 e, particularmente as

universidades, estão aprimorando cada vez o método de disposição dos seus

resíduos. Dentre os principais motivos para esta ocorrência se encontram: o aumento

do controle exercido pela Environmental Protection Agency2 (EPA) àquelas

instituições, o custo crescente para descarte fora do campus e a responsabilidade civil

por qualquer dano que posso advir da má estocagem e uso de substancias perigosas.

2 A EPA é a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, encarregada de proteger a saúde humana e do meio ambiente.

12

No Brasil, discussões a respeito deste assunto ganharam folego a partir do

início da década de 1990 (AFONSO ET AL, 2003), e se concentraram nas regiões que

possuíam mais recursos financeiros, tais como o Sul e Sudeste do país, como pode

ser observado nos projetos de gestão e artigos desenvolvidos pela Universidade

Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul –

UFRGS, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Universidade Estadual do Rio de

Janeiro – UERJ, Universidade de São Paulo – USP, Universidade Federal de São

Carlos – UFSCar, Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Universidade Federal

de Uberlândia – UFU, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS,

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Escola Superior de Agricultura “Luiz

de Queiroz” da Universidade de São Paulo – ESLAQ, Universidade Federal de Pelotas

– UFPEL, Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, Universidade do Estado de

São Paulo – UNESP, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Universidade

Federal Fluminense, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, entre outras.

(TAVARES; BENDASSOLLI, 2005; FIGUERÊDO, 2006; CONTO, 2010)

Como demonstrado acima, apenas uma pequena parcela das instituições de

ensino superior no país3 apresentam ou desenvolvem um plano de ação com relação

aos resíduos químicos gerados em suas atividades cotidianas, o que tem levado, com

regularidade, a um descarte realizado de forma inadequada no ambiente, através das

pias dos laboratórios ou do lixo comum, ou em outros casos, resultou na formação de

passivos ambientais estocados ao longo dos anos em ambientes muitas vezes

inadequados à espera de um eventual tratamento. (FIGUERÊDO, 2006)

A UFRN atualmente apresenta um programa de gestão de resíduos (Progires),

que é o responsável pelo recolhimento dos resíduos químicos. As unidades geradoras

são responsáveis pela segregação, acondicionamento e rotulagem, sendo a UATR,

da Diretoria de Meio Ambiente, responsável pela coleta, armazenamento de

destinação final, dos resíduos gerados, através da realização de licitação pública para

contratação de uma empresa especializada responsável pelo destino final dos

resíduos químicos para serviço de incineração.

Alguns fatores são determinantes quando tratamos da lentidão das IES na

busca de soluções para o problema dos resíduos gerados. Segundo Silva et al (2010),

3 Parcela pequena quando comparado às 2.368 instituições de ensino superior existentes no Brasil segundo censo realizado pelo Ministério da Educação em 2014.

13

estes são: ausência de um arcabouço legal aplicado diretamente às instituições de

ensino e pesquisa, reduzida quantidade de resíduos produzidos e elevada

complexidade e gama dos mesmos quando comparados com outros geradores de

resíduos, falta de saneamento básico em muitas cidades (esgoto, água, coleta e

destinação de lixo), baixo desenvolvimento e estruturação dos parques industriais e

falta de estudos voltados à avaliação do impacto causado pelos resíduos perigosos

na saúde pública e no meio ambiente.

3.2 Caracterização de Substâncias Perigosas: Definição e Classificação

Resíduos gerados a partir de qualquer tipo de atividade humana tem o potencial

de causar danos tanto ao meio ambiente como a saúde humana. Por essa razão, a

correta classificação e caracterização desse tipo de material deve ser realizada

adequadamente, com o intuito de identificar características no material que possam

ser perigosas. Para que o manuseio, estocagem, segregação, rotulagem, e tratamento

deste material residual ocorra da maneira mais eficientemente possível faz-se

necessário uma padronização de conceitos, afim de que não ocorram equívocos na

hora do manejo.

O termo “material residual” abrange genericamente qualquer resíduo ou rejeito

produzido por uma fonte poluidora. Porém, existem diferenças quando tratamos

destes dois substantivos (resíduo e rejeito). Segundo o Novo Dicionário Aurélio da

Língua Portuguesa (2009) resíduo é tudo aquilo que é remanescente de algum

processo. Enquanto rejeito significa perda, desperdício ou material não desejado. A

partir destas duas definições percebe-se que enquanto os resíduos podem apresentar

um valor inerente, os rejeitos apresentam um sentido de material inservível, não

passiveis de reaproveitamento.

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1993.p.1) faz a

seguinte definição:

Considerando a necessidade de definir procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente (...), definem –se: Resíduos Sólidos: conforme a NBR-nº 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – (ABNT,2004) - “Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

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água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível”.

Nesta classificação, os resíduos sólidos podem ser separados em:

a) Classe I: Perigosos

São aqueles que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio

ambiente, em função de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

b) Classe II: Não Perigosos

Classe II A: Não Inertes

Resíduos que não apresentam periculosidade, porém, não são

inertes e podem ter propriedades como combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Classe II B: Inertes

Resíduos que, submetidos ao teste de solubilização da (ABNT NBR:

10.006), não apresentam nenhum de seus solubilizados em

concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água.

Para que não ocorram erros na hora do manuseio de resíduos químicos

perigosos é de vital importância a sua identificação. O método de classificação dos

resíduos classe I envolve a identificação do processo ou atividade que deu origem ao

resíduo, a identificação dos constituintes do resíduo, a identificação das

características perigosas do resíduo e a comparação destes componentes com

listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é

conhecido (FIGUERÊDO, 2006). Portanto são considerados perigosos os resíduos

que possuírem um ou mais das características listadas abaixo:

Inflamabilidade: Estes resíduos podem causar incêndios sobre certas

condições. Segundo a legislação brasileira (ABNT NBR 10.004, 2004), um

resíduo solido é caracterizado como inflamável se apresentar qualquer uma

das seguintes propriedades:

a. Ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60ºC, determinado

conforme a ABNT NBR 14.598 ou equivalente, excetuando-se as

soluções aquosas com menos de 24% de álcool em volume;

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b. Não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e

pressão de 25ºC e 0,1 Mpa (1 atm), produzir fogo por fricção,

absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e,

quando inflamada, queimar vigorosa e persistentemente, dificultando

a extinção do fogo;

c. Ser oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e,

como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do

fogo em outro material;

d. Ser um gás comprimido inflamável, conforme Legislação Federal

sobre transporte de produtos perigosos (Portaria nº 204/1997 do

Ministério dos Transportes).

Corrosividade: Resíduos corrosivos incluem aqueles que são ácidos ou

bases muito fortes e aqueles que são capazes de corroer metais. Segundo

a legislação brasileira (ABNT NBR 10.004, 2004), um resíduo solido é

caracterizado como corrosivo se apresentar qualquer uma das seguintes

propriedades:

a. Ser aquosa e apresentar PH inferior ou igual a 2, ou, superior ou

igual 12,5 ou sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso,

produzir uma solução que apresente PH inferior a 2 ou superior ou

igual a 12,5;

b. Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água,

produzir um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão

maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55ºC, de acordo

com a USEPA SW 846 ou equivalente.

Reatividade: Resíduos reativos podem criar explosões, gases tóxicos ou

vapores quando misturados com água. Segundo a legislação brasileira

(ABNT NBR 10.004, 2004), um resíduo solido é caracterizado como reativo

se apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:

a. Ser normalmente instável e reagir de forma rápida e imediata, sem

detonar;

b. Reagir violentamente com a água;

c. Formar misturas potencialmente explosivas com a água;

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d. Gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes

para provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando

misturados com a água;

e. Possuir em sua constituição os íons CNˉ ou S2- em concentrações

que ultrapassem os limites preestabelecidos pela ABNT NBR

10.004;

f. Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob ação de

forte estimulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes

confinados;

g. Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição

detonante ou explosiva a 25ºC e 0,1 Mpa (1atm);

h. Ser explosivo.

Toxicidade: Resíduos que quando ingeridos ou absorvidos são fatais. A

toxicidade pode ser crônica ou aguda. Estes resíduos podem ser

cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos para o homem e outras formas

de vida. Segundo a legislação brasileira (ABNT NBR 10.004, 2004), um

resíduo solido é caracterizado como tóxico se apresentar qualquer uma das

seguintes propriedades:

a. Quando o extrato obtido desta amostra, segundo a ABNT NBR

10.005, contiver qualquer um dos contaminantes em concentrações

superiores a padrões estabelecidos;

b. Possuir uma ou mais substancias que conferem periculosidade aos

resíduos e apresentar toxicidade. Contudo, a simples presença de

uma dessas substancia no resíduo não implica, necessariamente,

na sua classificação como toxico. Para isso, deverão ser analisados,

também, os seguintes fatores:

Natureza da toxicidade apresentada pelo resíduo;

Concentração do constituinte no resíduo;

Potencial que o constituinte, ou qualquer produto toxico de sua

degradação, tem de migrar do resíduo para o ambiente, sob

condições improprias de manuseio;

Persistência do constituinte ou de qualquer produto toxico de sua

degradação;

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Potencial que o constituinte tem de se degradar em constituintes

não perigosos, considerando a velocidade em que ocorre a

degradação;

Extensão em que o constituinte é capaz de bioacumulação nos

ecossistemas;

Efeito nocivo pela presença de agente teratogênico, mutagênico,

carcinogênico ou eco tóxico, associados a substancias

isoladamente ou decorrente do sinergismo entre as substancias

constituintes do resíduo.

Ser constituídos por restos de embalagens contaminadas com

substancias toxicas ou agudamente toxicas.

Resultar de derramamento ou de produtos fora de especificação

ou do prazo de validade que contenham quaisquer substancias

tóxicos ou agudamente toxicas.

c. Ser comprovadamente letal ao homem;

d. Possuir substancia em concentração comprovadamente letal ao

homem.

Patogenicidade: De acordo com a legislação brasileira (ABNT – NBR

10.004, 2004) um resíduo é caracterizado como patogênico se contiver ou

houver suspeita de conter microrganismos patogênicos, proteínas virais,

ácido desoxirribonucleico (DNA) ou ácido ribonucleico recombinantes,

organismos geneticamente modificados, plasmídeos, cloroplastos,

mitocôndrias, ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais

ou vegetais.

É possível ainda, segundo a Michigan State University (1996) apud Figuerêdo

(2006), classificar o material residual com relação a sua fonte geradora, temos assim:

Material Residual de Processo (MRP): É qualquer material que não possui

mais as suas especificações originais em virtude de ter passado por algum

tipo de procedimento. Esses procedimentos são normalmente reações

químicas, diluições de produtos químicos e analises de amostras químicas.

Material Residual de Almoxarifado (MRA): É qualquer material que ainda

esteja acondicionado no seu recipiente original, apresentando as suas

especificações de fábrica. Este caso abrange produtos químicos que se

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encontram lacrados, parcialmente usados ou vazios nos seus frascos e que

não serão mais utilizados ou perderam a validade.

O processo de classificação e caracterização de resíduos perigosos está

ilustrado na Figura 3.

Figura 3: Caracterização e classificação de resíduos perigosos.

Fonte: ABNT NBR 10.004:2004

19

3.3 Gerenciamento de Resíduos Químicos

A US EPA – United States Environmental Protection Agency (1989), define que

um gerenciamento integrado de resíduos sólidos é aquele que completa o uso de

práticas administrativas de resíduos, com manejo seguro e efetivo, fluxo de resíduos

sólidos urbanos, com o mínimo de impactos sobre a saúde pública e o ambiente. O

gerenciamento de resíduos químicos gerados em laboratórios de ensino ou de

pesquisa é assunto de debates no meio acadêmico devido a problemática causada

ao meio ambiente e a saúde pública. A relevância do assunto no Brasil vem

aumentando cada vez mais, como pode ser percebido pela publicação da Lei nº

12.305 de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

As universidades, escolas e institutos de pesquisa desempenham um papel

importante em nossa sociedade e na atuação dos profissionais por elas formados.

Elas são as responsáveis pela bagagem academia e ética com as quais os recém-

formados saem para o mercado de trabalho além de servirem como exemplo para a

sociedade na qual estão inseridas. Tendo isso em vista, o ensino associado às boas

práticas de gestão ambiental é um dever inerente às IES (TAVARES,2004). Portanto,

o desenvolvimento e a implementação de programas de gestão e gerenciamento de

materiais residuais, alicerçados pela atuação de profissionais qualificados e total apoio

da alta direção da casa, urge nas instituições acadêmicas. (FIGUERÊDO, 2006)

A implementação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos

(PGRQ) deve seguir linhas básicas para que o seu sucesso não seja comprometido.

A partir de um compilado de experiências na literatura internacional, como

também do seu próprio conhecimento do tema, em seu trabalho, Jardim (1998)

apresenta as premissas e condições imprescindíveis para sustentar um programa

desse tipo, sendo elas:

1. O apoio institucional irrestrito ao Programa;

2. Priorizar o lado humano do Programa frente ao tecnológico;

3. Divulgar as metas estipuladas dentro de várias fases do Programa;

4. Reavaliar continuamente os resultados obtidos e as metas estipuladas.

Além disso, é de suma importância que a instituição esteja realmente

determinada a implantar e sustentar um programa de gerenciamento de resíduos, pois

o insucesso de uma primeira tentativa via de regra desacredita tentativas posteriores.

20

Outro aspecto que deve ser tomado em conta é o humano, visto que o sucesso

do programa está ligado a mudança de pensamento e atitudes dos responsáveis pela

geração de resíduos (docentes, alunos e funcionários). (JARDIM, 1998)

A sustentação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos requer

a adoção de três conceitos importantes, que nortearão as atividades a serem

desenvolvidas ao longo do programa. O primeiro deles consiste em definir uma

quantidade máxima de geração da concentração de substâncias tóxicas no efluente

final da unidade geradora e não somente diminuir a quantidade de resíduos

produzidos. (JARDIM, 2002; SOUZA, 2012; BARBOSA, 2009)

O segundo conceito parte do pressuposto de que é necessário conhecer aquilo

que se deseja gerenciar, para tanto, é indispensável realizar um inventário de todo o

resíduo produzido na rotina do gerador. Por fim, como descrito na Lei nº 12.305 de 2

de agosto de 2010, o terceiro conceito se baseia na responsabilidade do gerador

perante o seu resíduo gerado, ou seja, cabe a ele dar ao resíduo gerado o correto

tratamento e destinação final. (JARDIM, 2002; SOUZA, 2012; BARBOSA, 2009)

Como mencionado anteriormente, a gestão de materiais residuais consiste no

controle sistemático de todo o longo ciclo de vida da substancia química. Portanto, a

adoção de uma hierarquia de atividades, que privilegia a utilização racional dos

próprios resíduos químicos como forma de minimizar a geração dos materiais

residuais e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança química nos laboratórios, se faz

necessária. Tal padronização visa estabelecer linhas gerais que possam ser aplicadas

a qualquer instituição de ensino e pesquisa independentemente das atividades

abordadas. (FIGUERÊDO, 2006; JARDIM, 1998)

Segundo Jardim (1998), o gerenciamento de resíduos químicos apresenta a

seguinte hierarquia de atividades a ser cumprida:

1- Prevenção na geração de resíduos (perigosos ou não);

2- Minimizar a proporção de resíduos perigosos que são inevitavelmente

gerados;

3- Segregar e concentrar correntes de resíduos de modo a tornar viável e

economicamente possível a atividade gerenciadora;

4- Reuso interno ou externo;

5- Reciclar o componente material ou energético do resíduo;

6- Manter todo resíduo produzido na sua forma mais passível de tratamento;

7- Tratar e dispor o resíduo de maneira segura.

21

O PGRQ apresenta diretrizes, normas e etapas a serem seguidas para que o

seu sucesso seja alcançado, onde o não cumprimento destas compromete o processo

de forma significativa (BARBOSA, 2009).

3.3.1 Inventário de Ativo e Passivo

Para a implementação de um PGRQ é necessário conhecer as características

dos resíduos gerados na instituição. Portanto, faz-se fundamental o uso de um

sistema que permita acompanhar a movimentação de produtos químicos empregados

como também o manejo e geração dos materiais residuais gerados pelo uso destes

produtos. Neste aspecto, podemos destacar a realização de um inventário como

principal meio de gestão para este problema.

O inventário adotado por um IES deve contemplar dois tipos de resíduos: o

ativo, gerado em atividades correntes, fruto das atividades rotineiras dentro da

unidade geradora e posteriormente armazenados segundo procedimentos

corriqueiros e usuais determinados por um plano de gestão, e o passivo, que

compreende o material que foi gerado, acumulado e armazenado em tempos

passados, para o qual não se teve uma solução de tratamento e descarte adequado

na época em que foi gerado. (FIGUERÊDO, 2006; JARDIM, 1998)

De acordo com Figuerêdo (2006), um inventário de substancias químicas tem

objetivos gerais a serem alcançados, os quais são: a racionalização da aquisição e

uso de produtos químicos; a economia de recursos financeiros; a minimização de

materiais residuais; o aumento da segurança química; o fornecimento de informações

para subsidiar planos de gestão; e o atendimento rápido às demandas representadas

por auditorias e controle federal de produtos químicos.

Por fim, um inventário de produtos químicos deve apresentar um conteúdo

básico que permita, através do preenchimento de um formulário simplificado, qualquer

técnico, docente, funcionário ou estudante que participe do programa de gestão possa

fornecer e compreender qualquer informação sobre o produto químico em questão.

Este conteúdo básico pode ser observado no quadro 1. (FIGUERÊDO, 2006;

BARBOSA, 2009)

22

Quadro 1 – Conteúdo básico de um inventário de produtos químicos.

Informações necessárias Objetivo

Nome do produto químico; Composição química; Numero de registro no CAS; Periculosidade; Estado físico; Data de validade

Caracterização do produto químico

Quantidade de produtos químicos consumidos, adquiridos e estocados

Quantidade comprada, movimentada e estocada

Setor, laboratório consumidor e nome do responsável pelo produto; Atividades, ensaios e processos consumidores de produtos químicos; Local de armazenamento

Locais de consumo e estocagem de produtos químicos

Data de início e término do produto químico; Status do produto; Retorno intra/extra institucional de produtos excedentes

Sistema para controle da aquisição, utilização e armazenamento de produto químico

Fonte: Figuerêdo, 2006.

3.3.2 Rotulagem

Para que em todas as etapas do processo de gestão do resíduo químico ocorra

um manuseio seguro dos produtos químicos, é fundamental fornecer toda a

informação que lhes permita lidar corretamente com o material em questão, seja ele

perigoso ou não.

O rótulo constitui a primeira fonte de informação relativa ao produto que o

usuário terá contato. Portanto, a rotulagem de resíduos funciona como uma espécie

de legenda que permite ao manuseador reconhecer o produto químico com o qual

está lidando, evitar erros de manipulação, ajudar na seleção de meios de prevenção

e proteção, auxiliar na armazenagem do produto, auxiliar em caso de acidente e

aconselhar na gestão de resíduos para proteção do meio ambiente. (GONÇALVES,

2010; FIGUERÊDO, 2006)

De modo que qualquer funcionário seja capaz de ler e compreender as

informações contidas no rótulo, este deve apresentar as seguintes características:

(GONÇALVES, 2010)

Estar redigido em língua portuguesa;

Estar solidamente fixado em uma ou em várias faces da embalagem, de

modo a as indicações possam ser lidas horizontalmente;

Aderir em toda a sua superfície à embalagem que contém a substância;

Apresentar uma cor de fundo e apresentação de forma a permitir a visão

estacada dos pictogramas de perigo.

23

Na literatura investigada para a realização deste trabalho, observou-se uma

predominância da simbologia de risco desenvolvida pela NFPA4 (National Fire

Protection Association) como pictograma de perigo usado nos rótulos dos produtos

químicos. Esta simbologia é representada pelo Diagrama de Perigo ou Diagrama de

Hommel (Figura 4) e pode ser usada para indicar risco à saúde, inflamabilidade,

reatividade e risco específico de cada material. Os riscos são classificados numa

escala que vai de 0 a 4, sendo o maior número associado ao maior risco.

(FIGUERÊDO, 2006; BARBOSA, 2009; ALMEIDA, 2013)

Figura 4 – Diagrama de Hommel: sistema de identificação de riscos.

Fonte: Disponível em http://www.blog.mcientifica.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Diagrama-de-

Hommel.jpg. Acesso em 19/9/2016.

O preenchimento do Diagrama de Perigo pode se dar através de consultas a

fichas ou listas que possuam informações ao respeito do produto que vai ser rotulado.

Fontes de informação comuns são as fichas MSDS (Material Safety Data Sheet) e a

FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico). (GONÇALVES,

2010; FIGUERÊDO, 2006)

Além do pictograma é necessário apresentar dados da composição do resíduo

gerado, citando todas as substâncias presentes; nome do responsável; quantidade

4 Associação Nacional para Proteção contra Incêndios dos Estados Unidos

24

gerada; data de coleta e geração; prazo de validade e características do material

residual. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 2005 apud BARBOSA,

2009)

Alguns cuidados devem ser tomados na rotulagem de resíduos, tais como: não

utilizar abreviações e fórmulas; o frasco contendo resíduo perigoso deve ter prioridade

em sua classificação; deve-se colocar a etiqueta anteriormente a deposição do

resíduo químico; preencher todos os dados contidos no rótulo; não omitir qualquer

informação; no caso de dúvida deve-se consultar o responsável e os frascos de

resíduos orgânicos e inorgânicos devem ser mantidos em locais diferentes afim de

evitar acidentes no momento do descarte. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO

CARLOS, 2005 apud BARBOSA, 2009; ALBERGUINI ET AL, 2005)

3.3.3 Acondicionamento

Após a geração e identificação do resíduo, este precisa ser corretamente

acondicionado para que seja realizado o seu transporte, tratamento e disposição final.

Com a finalidade de que não ocorram acidentes, os recipientes que contém os

resíduos químicos devem atender os seguintes critérios: (FIGUERÊDO, 2006;

ALBERGUINI, 2005)

Ser quimicamente compatível com a substancia a ser acondicionada;

Ser estanque, ou seja, ter a capacidade de conter os resíduos em seu

interior;

Ter resistência física a pequenos choques;

Ter durabilidade;

Ter compatibilidade, em termos de forma, volume e peso, com o

equipamento de transporte.

Os itens nos quais se dá o armazenamento temporário dos resíduos são os

mais diversos, vão desde garrafas PET até recipientes especiais, podendo utilizar

também bombonas e frascos de reagentes. O importante é que os recipientes

utilizados estejam de acordo com os critérios apresentados acima. (NOLASCO;

TAVARES; BENDASSOLLI, 2006; TAVARES; BENDASSOLLI, 2005)

25

3.3.4 Estocagem

O propósito geral da estocagem é armazenar materiais de forma racional e

segura e promover o seu resgate, de modo ordenado e ágil, dispondo de

procedimentos e de mecanismos que assegurem o controle de fluxo destes materiais

(FIGUERÊDO, 2006).

Segundo Tavares e Bendasolli (2005), o armazenamento dos resíduos gerados

pelas instituições de ensino e pesquisa não deve ser superior a 90 dias e a entrada

nestes locais deve se restringir a professores, funcionários e estudantes devidamente

treinados.

O ambiente no qual se pretende estocar os resíduos químicos deve contemplar

pelo menos sete fatores, são eles: espaço e organização interna; fatores ambientais

e ventilação; compatibilidade química; acondicionamento; rotulagem; segregação na

fonte e tempo de acumulação. Vale ressaltar que estes fatores não devem ser

tomados em conta por separado, mas analisados em conjunto, visto que dependem

um do outro. (FIGUERÊDO, 2006)

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 306/04 da Anvisa define

especificações necessárias para o local que os resíduos químicos serão estocados.

Segundo esta Resolução, o local de armazenamento deve ser exclusivo e com

dimensionamento compatível com as características quantitativas e qualitativas dos

resíduos gerados. Informações mais detalhadas sobre os requisitos que o local de

armazenamento deve ter podem ser encontradas na RDC mencionada.

26

4. METODOLOGIA

Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico através de meios

impressos e eletrônicos sobre experiências de outras instituições no gerenciamento

dos resíduos químicos gerados pelos seus laboratórios. O objetivo principal desta

primeira etapa era obter um conhecimento prévio (experiência) das principais

dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino e pesquisa na implementação

de um PGRQ e quais as principais técnicas utilizadas para sanar ou diminuir estes

problemas.

Após o levantamento bibliográfico sobre o assunto estudado, foi feito um

reconhecimento do DEQ onde foram identificados os laboratórios que faziam uso ou

geravam resíduos químicos perigosos. Em seguida, elaborou-se um questionário com

o intuito de realizar entrevistas com os responsáveis (técnicos, professores e

pesquisadores) destes laboratórios para levantar dados sobre os produtos mais

utilizados e a maneira como eles são manejados, além da quantidade, locais de

armazenamento, disposição e políticas de reaproveitamento do material residual

gerado. Em conjunto com o questionário, também foi realizado um inventário do

passivo ambiental presente em cada local analisado. (Apêndice 1)

O questionário e o modelo do inventário aplicados no escopo deste trabalho

foram desenvolvidos tomando como base programas de gerenciamento de resíduos

químicos realizados em outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil, com

destaque maior aos projetos elaborados pela Universidade Federal de São Carlos –

UFSCar, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP e Universidade Federal de

Minas Gerais – UFMG.

A coleta de dados foi realizada entre os dias 13 e 28 de Outubro de 2016 pelo

próprio autor. A ordem de observação dos locais não seguiu nenhum critério

especifico, estes foram sendo visitados de acordo com a disponibilidade dos

responsáveis por cada laboratório.

A partir dos dados obtidos realizou-se uma análise qualitativa e quantitativa do

manejo dos resíduos químicos gerados nos processos de pesquisa e ensino nas

unidades do DEQ citadas acima com o intuito de elaborar uma proposta de

gerenciamento dos resíduos laboratoriais.

O processo de tabulação dos dados se deu através do programa EXCEL,

aonde foram inseridos os resíduos e respostas obtidas de cada laboratório. No caso

27

do inventário dos passivos ambientais os resíduos obtidos foram primeiramente

segregados de acordo com as suas características químicas para depois serem

realizadas as análises pertinentes.

Os dados para a realização deste trabalho foram colhidos nos laboratórios do

Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – Campus Natal. Nestes laboratórios são realizadas tanto atividades de

pesquisa como aulas experimentais dos cursos de graduação e pós-graduação de

engenharia química e engenharia de alimentos; e se encontram distribuídos ao longo

de nove unidades pertencentes ao Núcleo de Tecnologia Industrial – NTI, são elas:

DEQ Unidade I, DEQ Unidade II, DEQ Unidade III, Laboratório de Engenharia de

Alimentos – LEA, Laboratório Central de Tratamento de Resíduos – CATRE, Núcleo

de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás II – NUPEG II e Bloco 10.

A infraestrutura do DEQ compreende diversas áreas de apoio institucional e

administrativo além dos 26 laboratórios distribuídos ao longo das unidades citadas

anteriormente. Dentre estes, observou-se no levantamento realizado que apenas 16

geram resíduos químicos e possuem passivos ambientais. No apêndice 2 é possível

observar um organograma dos laboratórios presentes no DEQ.

28

5. RESULTADOS E DISCUSSÇÕES

Os principais resultados obtidos são mostrados neste capítulo. Primeiramente

optou-se por demonstrar e relatar o observado nas visitas realização aos laboratórios,

para depois fazer as análises dos dados colhidos.

5.1 Inventário do Passivo Ambiental do DEQ

A partir das visitas realizadas aos laboratórios foi possível fazer uma contagem

do passivo ambiental estocado. Depois, tabularam-se os dados obtidos usando a

ferramenta EXCEL para conhecimento dos principais e mais volumosos resíduos

estocados no Departamento de Engenharia Química. Para facilitar a visualização e

análise dos dados, foram separados os rejeitos líquidos dos rejeitos sólidos como

pode ser observado nas figuras 5 e 6.

Figura 5: Porcentagem dos resíduos químicos líquidos armazenados no DEQ –

Análise global.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Observando na figura 5, os resíduos na fase líquida do inventário do passivo

evidenciaram uma quantidade significativa de solventes orgânicos halogenados e

não-halogenados. Segundo FIGUERÊDO (2006) a separação destes dois tipos de

solventes é indicada, porem isto não ocorre devido a mistura de diversas soluções

residuais nos mesmos recipientes, além da dificuldade de identificar corretamente os

Solventes Orgânicos Halogenados e Não-

Halogenados*70.45%

Ácido Inorgânico0.19%

Sal Inorgânico0.50%

Éster0.08%

Ácido Orgânico3.72%

Outros ( Corantes, Proteinas, Antivírico,

Carboidratos e Aminoácidos)

1.58%

Nitrila1.18%

Óxido3.46%

Metais(Ni, Cu, Fe, Ti) + Sol. Aq.1.75%

Desconhecido15.35%

Álcool0.77%

Base0.54%

Polímero + Solv. Aq0.42%

Porcentagem dos Resíduos Químicos Líquidos Armazenados

Porcentagem ReagentesVencidos: 4,92%Porcentagem Mistura deSubstâncias Produzidas emLab. : 95,08%Total aproximado do

29

materiais químicos presentes nos frascos contendo resíduos devido à má rotulagem

deles.

Outro fator que decorre da identificação inadequada dos recipientes é a

presença de resíduo químico desconhecido nos locais de armazenamento. Como

mostrado nos dados obtidos, aproximadamente 15% de todo o rejeito líquido relatado

não pode ser reconhecido.

Dentre todo o resíduo químico líquido datado percebe-se que 95% dele é

decorrente de atividades realizadas nos laboratórios, apenas uma pequena parcela é

pertencente ao material fora do prazo de validade. Porém é necessário se atentar ao

fato que isto não ocorre devido a uma compra organizada dos materiais. De acordo

com os questionários desenvolvidos, é possível evidenciar que isto ocorre por que o

material continua sendo usado mesmo depois do prazo de validade dos reagentes ter

expirado.

Figura 6: Porcentagem dos resíduos químicos sólidos armazenados no DEQ – Análise global.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Diferentemente do evidenciado no material residual líquido, podemos reparar

uma maior homogeneidade dentre as famílias químicas do passivo ambiental sólido.

Constatou-se que as maiores quantidades foram de sais inorgânicos, ácidos

orgânicos e resíduos desconhecidos. Observou-se também, a partir de análise da

figura 6, que no caso dos resíduos sólidos a maior parte provém de reagentes fora do

prazo de validade.

Solventes Orgânicos Halogenados e Não-

Halogenados*4%

Ácido Inorgânico2%

Sal Inorgânico36%

Ácido Orgânico16%

Outros ( Corantes, Proteinas, Antivírico,

Carboidratos e Aminoácidos)

9%

Sal Orgânico3%

Amida1%

Desconhecido29%

Porcentagem dos Resíduos Químicos Sólidos Armazenados

Porcentagem Reagentes Vencidos: 67,07% Porcentagem Mistura de Substâncias Produzidas em Lab.: 32,93% Total aproximado do Departamento: 66,69 Kg

30

Assim como ocorre nos resíduos na fase líquida, uma grande parcela (29%)

dos resíduos sólidos é composta por material desconhecido. Este fato é

predominantemente causado pela falta ou deterioração dos rótulos dos recipientes

que continham os resíduos.

Dentre os laboratórios de ensino e pesquisa observados, os que apresentaram

a maior variedade de resíduos foram a Central de Tratamento de Resíduos (CATRE),

o Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB) e a Sala de Analises. Estes três

laboratórios armazenam os seus resíduos em conjunto no LEB e a grande variedade

deu-se em função da grande quantidade de reagentes fora do prazo de validade.

A maior quantidade de passivo ambiental foi encontrada nos corredores do

DEQ, mais especificamente embaixo da escada de madeira que dá acesso ao

Programa de Educação Tutorial - PET do Departamento de Engenharia Química. Os

resíduos encontrados não possuíam identificação do gerador responsável e em sua

maioria eram basicamente compostos por solventes orgânicos não-halogenados e

halogenados. Os resíduos deste último ambiente, além de estarem armazenados em

local inadequado, não se encontram corretamente acondicionados e representam

problemas graves de segurança como pode ser observado na figura 7.

Figura 7 – Passivo ambiental presente nos corredores do DEQ.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Por fim, não foi possível aferir há quanto tempo este material está guardado no

DEQ. Isto ocorre devido à falta controle sobre as datas em que o material é gerado e

31

quando ele é enviado para ser tratado pela Superintendência de Meio Ambiente da

UFRN.

5.2 Questionários Realizados

A partir das respostas obtidas através dos questionários aplicados foi possível

analisar como ocorre o gerenciamento dos resíduos químicos no departamento. A

análise foi baseada nas respostas dadas pelos responsáveis dos 16 laboratórios que

produzem resíduos químicos. Os laboratórios restantes não foram tomados em conta

por não produzirem resíduos químicos, seja devido a não trabalharem com reagentes

perigosos ou os resíduos gerados poderem ser descartados no lixo comum ou na rede

de esgotos ou por estarem fechados, como foi o caso dos Laboratórios de Tecnologia

de Materiais e o Laboratório de Monitoramento, Tratamento e Reuso de Resíduos da

Indústria de Petróleo.

No levantamento de informações realizado reparou-se que os laboratórios

apresentam dificuldades no manejo dos resíduos químicos devido a fatores em

comum entre eles, a saber:

Falta de um local específico e apropriado para estocagem dos resíduos;

Problemas na rotulagem e acondicionamento dos resíduos;

Falta de medidas de redução e reaproveitamento do material residual.

Figura 8 – Estocagem de resíduos químicos no DEQ.

Fonte: Elaboração própria (2016).

32

O primeiro fator que pode ser destacado dentre os descritos acima é a falta de

uma estrutura física adequada para o armazenamento de materiais residuais. Nas

visitas realizadas, observou-se que os rejeitos químicos são estocados em diversos

locais, tais como: embaixo da pia, nas esquinas do ambiente, em áreas de circulação,

em cima de bancadas e do lado externo dos edifícios (Figura 8). Antigamente, o

departamento possuía um armazém que era partilhado por todos os laboratórios,

porem após a desativação do depósito, a responsabilidade sobre o local de

armazenamento recaiu sobre cada laboratório, ocasionando a situação descrita

acima.

No tocante a rotulagem e acondicionamento do material residual percebeu-se

que nenhum dos laboratórios possuía um sistema de manejo pré-estabelecido, ou

seja, não havia padronização nos rótulos e nem nos frascos usados para armazenar

os resíduos, como pode ser observado na figura 9. A falta de procedimentos padrões

a serem adotados levaram a um número significativo de etiquetas com falta de

informações importantes (conforme seção 3.3.2), além de recipientes sem rótulos ou

com rótulos danificados. Esta ausência de informação acabou impedindo a

identificação de 15% do material liquido e 29% do material sólido inventariado.

Figura 9 –Rejeitos mal rotulados e acondicionados no DEQ.

Fonte: Elaboração própria (2016).

33

O acondicionamento dos resíduos químicos nos laboratórios acontece nos em

diversos tipos de recipientes. Foi observado que 30 recipientes diferentes foram

empregados para guardar os resíduos químicos mostrados acima. Grande parte das

embalagens utilizadas são recipientes usados, de vidro ou plástico, que antes

continham reagentes ou material de limpeza. Constatou-se também a presença de

recipientes frágeis, como por exemplo garrafas de álcool comercial e de agua mineral,

que normalmente são feitas de material plástico mais frágil, além do preenchimento

excessivo das embalagens, muitas delas preenchidas até a sua totalidade.

Dentre todos os problemas citados com relação ao acondicionamento dos

resíduos, o mais preocupante é com relação a incompatibilidade entre as substancias

químicas e o material dos recipientes.

Com relação às medidas de redução e reuso dos resíduos, apenas o

Laboratório de Termodinâmica e Reatores (LTR), o Laboratório de Biomassa e

Biocombustíveis e o Laboratório de Materiais Nanoestruturados (LMNRC) possuem

essas ações. O primeiro recupera sais usados nas aulas práticas de termodinâmica

do equilíbrio através de evaporação, além de estar desenvolvendo métodos para

recuperar o ácido acético utilizado por meio de extração liquido – liquido e destilação.

Já o LMNRC realiza estudos visando a recepção de metais em lixo eletrônico, mais

especificamente no circuito impresso desses materiais. Por fim, no Laboratório de

Biomassa os resíduos de carvão são reaproveitados para a adsorção de gases como

o CO2 e H2S, porem nem todo o carvão produzido é utilizado neste processo e o

carvão que adsorve os gases não possui um destino final, ficando armazenado no

próprio laboratório.

5.3 Propostas para Gestão dos Resíduos do DEQ

Para Sassiotto (2005) um sistema de gerenciamento integrado de resíduos

perigosos consiste no uso de práticas administrativas de resíduos que possibilitem o

controle seguro e efetivo de resíduos, permitindo que as etapas de coleta, rotulagem,

caracterização, armazenamento, recuperação e/ou disposição final sejam feitas com

o mínimo de impacto possível sobre o meio ambiente e a saúde pública.

Segundo Jardim (1998), para a eficácia de um PGRQ é necessário conhecer

os ativos e passivos ambientais decorrentes das atividades da unidade geradora.

34

Portanto, para que possa ser proposto um plano completo de manejo dos

resíduos químicos, seria necessário ter um conhecimento maior das atividades

praticadas por cada laboratório, além de inventariar o ativo ambiental gerado pelo

departamento de Engenharia Química.

Devido à complexidade e demanda de tempo que envolve um levantamento

dos resíduos ativos e um conhecimento a fundo da situação de cada laboratório, o

presente trabalho apresenta propostas de melhorias na atual forma como os resíduos

químicos são tratados. Estas propostas foram norteadas a partir dos problemas

observados através das inspeções efetuadas, dos questionários respondidos pelos

responsáveis e do inventario dos passivos ambientais realizado.

As soluções apresentadas a seguir foram fundamentadas principalmente no

Manual para Gestão de Resíduos Químicos Perigosos de Instituições de Ensino e de

Pesquisa (2006), nas normas da ABNT NBR 10.004:2004 e nos PGRQ elaborados

pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP e Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

5.3.1 Gestão do Passivo Ambiental

O primeiro passo a ser tomado deve ser eliminação do passivo presente no

departamento. Para que isto ocorra, é necessário conhecer as espécies químicas com

as quais se está tratando e as respectivas quantidades presentes. Grande parte desta

sondagem já foi realizada neste trabalho, porém é necessário que os novos resíduos

gerados ou que não foram contemplados neste trabalho sejam analisados e somados

ao inventario feito.

Com os dados coletados pode-se subdividir em grupos de resíduos separados

de acordo com suas características principais: Mercúrio e seus resíduos de sais

inorgânicos; Solventes orgânicos não halogenados; Solventes orgânicos

halogenados; Resíduos de sais metálicos regeneráveis; Resíduos inorgânicos

tóxicos; Resíduos sólidos e semi-sólidos; Soluções salinas; Soluções que contenham

nitrilas, cianetos ou geradores de cianetos; Compostos explosivos ou combustíveis

tóxicos; Resíduos inorgânicos tóxicos não contendo metais pesados e Outros

compostos.

A segregação dos resíduos barateia custos futuros com relação à disposição

final dos rejeitos, permite o reaproveitamento de alguns resíduos e diminui os riscos

35

decorrentes do manuseio de materiais perigosos. Protocolos como os apresentados

por Jardim (2002) podem ser usados para caracterizar resíduos químicos não-

identificados.

Uma vez identificado e caracterizado da melhor maneira possível, deve-se

considerar as seguintes opções: Avaliação econômica do passivo; Recuperação e

reuso "in situ"; Tratamento "in situ"; Tratamento fora da unidade e Destinação final.

(JARDIM, 2002)

A grande maioria dos resíduos presentes no DEQ perderam a rastreabilidade

devido ou longo tempo que se encontram armazenados e/ou apresentam misturas de

muitas substancias nos frascos, o que faz com que a opção com menor

custo/benefício e risco/benefício seja a incineração ou disposição em aterro industrial

classe I.

Atualmente, a disposição final dos resíduos gerados pela UFRN se dá através

da realização de uma licitação pública para contratação de uma empresa terceirizada

para serviço de incineração. As últimas licitações realizadas podem ser observadas

na figura abaixo.

Figura 10 –Rejeitos mal rotulados e acondicionados no DEQ.

Fonte: SIGAA (2016).

36

O valor pago pela universidade varia de acordo com a quantidade e a

composição do resíduo a ser tratado, onde o kg/custo mais oneroso é o do resíduo

desconhecido. A partir disso concluímos que o simples ato de segregar corretamente

os rejeitos acarretaria diretamente em uma redução dos custos de tratamento e

disposição final pagos pela UFRN.

Após todo o processo para disposição do passivo, deve-se exigir documentos

da empresa contratada que comprovem a destinação e tratamento adequados. Vale

lembrar que a Lei nº 6938/81 estabelece que a responsabilidade objetiva dispensa a

prova de culpa em caso de dano ao ambiente, tornando o gerador responsável desde

a produção do resíduo até a sua disposição final.

Aliado ao processo de eliminação dos resíduos estocados pelo departamento

é importante que ocorra um processo de conscientização dos professores, alunos,

técnicos e pesquisadores da relevância da minimização, segregação e identificação

adequada dos resíduos, uma vez que a falta de informação e conhecimento sobre o

assunto possibilita um novo acumulo de rejeitos. Esta iniciativa pode se dar através

da distribuição de folhetos e cartazes informativos que apresentem os objetivos do

programa de gerenciamento de resíduos, bem como as necessidades e

consequências que podem advir de uma falta de planejamento sobre o assunto.

Além do citado acima, deve-se criar um grupo gestor ou designar uma pessoa

especializada, a qual deverá orientar todas as ações sobre a metodologia a ser

implementada e a manutenção e aprimoramento do programa. Outra das funções do

gestor (es) é o de promover um ambiente de cooperação entre os laboratórios e seus

responsáveis, visando um maior intercâmbio de reagentes e incentivo ao

reaproveitamento de resíduos.

Por fim, a adoção de uma ficha de controle de estoque do tipo PEPs (Primeiro

em Entrar Primeiro em Sair) evitaria a obsolescência de reagentes devido ao prazo

de validade.

5.3.2 Normas Técnicas

Em conjunto com o processo de extinção do passivo ambiental são necessárias

a adoção de normas específicas que aumentem a eficácia das etapas iniciais no

sistema de gestão de resíduos químicos. Com base nos problemas levantados

37

anteriormente, é possível fixar diretrizes que ajudem a comunidade do DEQ quanto

aos procedimentos adequados para segregação, rotulagem, acondicionamento e

armazenagem de resíduos químicos.

5.3.2.1 Segregação

A segregação correta possibilita a minimização, reutilização e destinação final.

Portanto, os resíduos devem ser separados em classes de acordo com as suas

compatibilidades químicas. A seguir estão descritas as categorias mais comuns em

que os resíduos podem ser separados. Substâncias que não se enquadram nestas

categorias devem ser avaliadas quanto a sua compatibilidade química e adicionada a

alguma delas ou armazenadas em separado.

a) Mercúrio e seus resíduos de sais inorgânicos;

b) Solventes orgânicos não halogenados;

c) Solventes orgânicos halogenados;

d) Resíduos de sais metálicos regeneráveis;

e) Resíduos inorgânicos tóxicos contendo metais pesados;

f) Resíduos sólidos e semi-sólidos;

g) Soluções salinas (PH 6 - 8);

h) Soluções que contenham nitrilas, cianetos ou geradores de cianetos;

i) Compostos explosivos ou combustíveis tóxicos;

j) Resíduos inorgânicos tóxicos não contendo metais pesados;

k) Outros compostos.

Informações sobre toxicidade, reatividade e compatibilidade de substâncias

químicas podem ser encontradas através de buscas na MSDS, nos anexos da ABNT

NBR 10.004:2004 e na FISPQ disponibilizadas pelos fabricantes das substancias.

Para que a segregação seja executada com a maior eficiência possível é

necessário que se torne uma atividade diária do laboratório, realizada imediatamente

após o termino de um experimento. Além disso, os resíduos não perigosos devem ser

separados daqueles considerados perigosos e as avaliações de possibilidade de

tratamento, reutilização, armazenamento e descarte devem ser feitas por separado.

A mistura de resíduos deve ser evitada sempre que praticável. É importante

lembrar que misturas complexas tendem a ser mais difíceis de ser tratadas, dificultam

as possibilidades de reutilização e encarecem os custos de disposição final. Quando

38

a mistura for inevitável o usuário deve se limitar a combinar dois ou no máximo três

compostos, sempre observando matrizes de compatibilidades como a apresentada

por Figuerêdo (2006).

O descarte de rejeitos classificados como não perigosos no lixo comum ou na

rede de esgotos deve seguir as normas presentes na ABNT NBR 12.809:1993 e ABNT

NBR 10.004:2004 e somente é permitido abaixo dos limites estabelecidos por lei,

portanto o lançamento só poderá acontecer caso o laboratório possuir meios e

métodos capazes de quantificar estas espécies químicas. Segundo Sassiotto (2005),

optar pela possibilidade de doação, reciclagem ou recuperação é sempre preferível.

5.3.2.2 Acondicionamento

O acondicionamento realizado incorretamente pode causar problemas tanto à

saúde das pessoas que trabalham nos laboratórios como ao meio ambiente.

A maneira mais racional e menos onerosa para a universidade e o DEQ é

realizar um aproveitamento das embalagens presentes nos laboratórios. Hoje em dia

já são usados recipientes que provem de materiais de limpeza, baldes de tinta,

produtos químicos, remédios, entre outros. Ao mesmo tempo em que é uma iniciativa

de reciclagem, alguns cuidados devem ser tomados, por causa disto, embalagens que

provem de alimentos, sejam eles sólidos ou líquidos, não podem ser reutilizadas.

Ao reutilizar frascos de vidro ou plástico é necessário retirar completamente o

rotulo do fabricante, o recipiente deverá estar rotulado somente com o rótulo padrão

adotado pelo departamento. Além da remoção do rótulo, o recipiente precisa passar

por uma tríplice lavagem e posterior secagem antes de acondicionar o resíduo

químico.

O preenchimento do recipiente não poderá passar de 80% da capacidade total

do mesmo, visto que quando muito cheios aumentam o risco de acidentes durante o

manuseio.

Misturas complexas de substancias podem gerar gases tóxicos, calor

excessivo, explosões, chamas ou reações violentas, portanto é necessário checar a

compatibilidade dos resíduos químicos antes de serem colocados no mesmo

recipiente.

Por questões de segurança, os recipientes sempre devem se encontrar

fechados, permanecendo assim até o momento de adição ou remoção de resíduos ou

39

coleta do material residual. Vale ressaltar que quando for realizada a adição,

transferência, retirada, abertura ou fechamento do coletor o uso de Equipamentos de

Proteção Individual (EPI) deve ser conforme a FISPQ.

Adotar o uso de caixas de papelão ou bandejas plásticas para acomodar os

frascos que contenham resíduos durante o armazenamento temporário em

laboratórios ou mesmo nos depósitos (SASSIOTTO, 2005). As embalagens externas

devem ser acondicionadas e calçadas de modo a que não ocorra contato entre

garrafas que contém os resíduos, evitando assim que ocorram vazamentos ou quebra

de frascos. Esta prática promove uma maior segurança, facilita o transporte e

organização do resíduo químico. É importante enfatizar que as embalagens internas

precisam ser quimicamente compatíveis para evitar qualquer problema futuro.

Por fim é essencial que substancias químicas e materiais residuais sejam

compatíveis química e fisicamente com seus recipientes. A incompatibilidade entre

ambos pode resultar no rompimento ou desintegração da embalagem. Existem

tabelas de compatibilidade de algumas substâncias químicas com o material de

construção do recipiente de acondicionamento que podem ser encontradas em

Figuerêdo (2006, p.144).

5.3.2.3 Rotulagem

Com a finalidade de reduzir a quantidade de rejeitos não identificados e

padronizar as informações presentes nos rótulos desenvolveu-se uma etiqueta que

contém os dados necessários para um manejo seguro e efetivo dos resíduos. Em

conjunto com o modelo de rótulo desenvolvido, também são apresentadas instruções

para o preenchimento do mesmo.

A etiqueta usada como base foi desenvolvida pela UFMG. Nesta foi adicionado

a simbologia de risco desenvolvida pela NFPA, também conhecida como Diagrama

de Hommel. Esta simbologia é representada por um pictograma (Figura 4), aos quais

são atribuídos graus de risco variando entre 0 e 4.

As informações necessárias para o preenchimento correto do diagrama podem

ser encontradas em sites como o da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

(CETESB)5, onde os produtos químicos podem ser consultados através de uma busca

5 Disponíveis em: < http://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produtos/produto_consulta_completa.asp>

40

pelo nome da substância em português. Outros locais que podem fornecer estas

informações são livros ou sites que contenham fichas MSDS6 ou as FISPQ fornecidas

pelo fabricante.

A figura 12 mostra a sugestão de etiqueta desenvolvida com as adaptações

feitas para os laboratórios do departamento de Engenharia Química. As informações

por ele pedidas vão de acordo com as premissas apresentadas por Alberguini (2005),

Figuerêdo (2006), Conto (2010) e Almeida (2013).

Figura 12 – Sugestão de rótulo padrão para resíduos químicos.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Onde:

Nº ONU: Numero de registro do composto na Organização das Nações

Unidas, presente no apêndice A da resolução ANTT Nº 420/04.

Diagrama de Hommel: Preenchido de acordo com as classificações

presentes na MSDS e FISPQ.

Composição: Resíduos depositados no recipiente, mesmo que em

pequenas quantidades.

X: Sigla da unidade geradora ao qual o laboratório pertence.

Y: Sigla do laboratório gerador do resíduo (Apêndice 2).

Z: Número sequencial dos resíduos gerados no laboratório.

6 Disponíveis em: < http://www.aware.msu.edu/MSDS/search.htm?-DB=MSDS&-Lay=Form&-format=search.htm&-view>

41

É obrigatório o preenchimento de todos os campos presentes nos rótulos. O

preenchimento dos campos em branco deve ser realizado com caneta esferográfica

azul ou preta, evitando o uso de caneta hidrocor ou pincel atômico.

Além do preenchimento do rótulo, se faz necessário estabelecer regras gerais

que permitam realizar uma rotulagem e identificação correta dos materiais.

Consequentemente, as etiquetas devem ser colocadas nos frascos antes de se inserir

os resíduos químicos, este processo não pode ocorrer nem antes, nem depois do

processo de acondicionamento, para evitar que aconteçam erros.

Os reagentes que se encontrarem vencidos lacrados não devem ser rotulados.

Seu rótulo de fábrica deverá ser mantido e o reagente armazenado para coleta. No

entanto, os reagentes que já estiverem sido abertos devem ser rotulados, e no campo

composição deverá haver uma observação entre parênteses “ (vencido) ” após o nome

do produto.

É importante frisar a relevância do preenchimento de todas as informações

presentes no rótulo, isto inclui os 3 itens presentes no diagrama de Hommel (Risco a

saúde, inflamabilidade e reatividade), os números de registros de componente

químico da ONU e composição de todos os componentes presentes no recipiente.

Quando ocorrer o preenchimento dos componentes, o nome dos constituintes deve

estar escrito por extenso, sem abreviações ou qualquer fórmula química.

Para exemplificar, a figura 13 demonstra o preenchimento de um rótulo de

acordo com as normas explicitadas nesta seção.

Figura 13 – Exemplo de rótulo preenchido.

Fonte: Elaboração própria (2016).

42

Os riscos atribuídos na simbologia adotada pela NFPA devem ser com relação ao

constituinte mais perigoso presente. No caso acima por exemplo, o hexano apresenta

um risco de valor 1 à saúde e um composto em menor quantidade (clorofórmio) no

frasco apresentar um risco com variação igual a 2, o dado a ser colocado no

pictograma será o de valor 2, pertencente à substancia que oferece maior perigo.

O preenchimento do número do resíduo “Z” será sequencial para cada

laboratório e iniciado em 1. Para um maior controle dos materiais presentes, é possível

a implementação de fichas de controle de resíduos, que permitam inventariar em

“tempo real” os rejeitos gerados. Este projeto pode ser realizado em conjunto com a

implementação das fichas de controle de estoque do tipo PEPs sugeridas na gestão

do passivo.

Com relação ao tamanho do rótulo, este deve ser compatível com o tamanho

do recipiente, logo, recipientes maiores devem apresentar rótulos maiores e devem

ser fixados de maneira a facilitar a sua visualização. As etiquetas que se encontrarem

manchadas ou danificadas devem ser substituídas sempre que possível, se o

problema ocorrer com frequência é recomendado a proteção dos rótulos com adesivos

plásticos.

5.3.2.4 Armazenamento

A falta de um local específico para o armazenamento dos resíduos trouxe

consequências visíveis para o departamento como os exemplificados pelas figuras 8

e 9. Construir ou dispor um ambiente para realizar a estocagem do material residual

poderia ser a alternativa mais segura, porém não a mais barata. Além do mais, a

escolha de um local adequado passa por um planejamento bem mais complexo, que

depende de fatores como disponibilização de salas pelo DEQ ou o financiamento por

parte da UFRN e uma análise detalhada do ativo ambiental produzido pelo

departamento para ter valores do volume de resíduos gerados pelos laboratórios.

Soluções mais práticas e rápidas podem ser alcançadas a partir cuidados

básicos adotados pelos geradores de resíduos. Estes são:

Minimizar o tempo de acumulação das substancias químicas. De acordo

com Figuerêdo (2006), o tempo máximo de acumulação não deve passar

de 90 dias;

43

Substâncias químicas incompatíveis devem ser mantidas separadas

umas das outras, levando em conta matrizes de compatibilidade7;

Os resíduos devem ser armazenados em local seco, arejado e

sombreado, evitando que venha a tomar chuva ou receber sol

diretamente;

O armazenamento em locais de uso frequente como pias, bancadas,

estufas, armários, muflas, capelas, geladeiras e no chão deve ser

evitado tendo em vista que pode ser quebrado ou confundido com

reagentes em uso.

Em complemento ao citado acima, um programa de gestão de resíduos

químicos deve ser continuamente aplicado, otimizado e monitorado. O componente

de maior importância para que todas as etapas funcionem efetivamente é a

participação ativa de alunos, professores, pesquisadores, técnicos e funcionários.

Afinal, são eles que geram e lidam com os resíduos e sofrem as consequências

advindas da falta de um manejo adequado dos rejeitos gerados. Dentro deste

contexto, um item importante é o desenvolvimento de ferramentas que permitam

controlar e gerir de maneira mais eficaz o material com o qual se trabalha

7 Disponíveis no Manual para Gestão de Resíduos Químicos Perigosos de Instituições de Ensino e de Pesquisa (2006)

44

6. CONCLUSÃO

Nesse estudo buscamos investigar como ocorre o gerenciamento dos resíduos

químicos no Departamento de Engenharia Química da UFRN. O levantamento dos

dados foi realizado a partir de visitas guiadas aos laboratórios geradores de resíduos

em conjunto com a aplicação do questionário para complementar a coleta de

informações. Fora isso, realizou-se um inventario dos passivos ambientais existentes.

Em um primeiro momento, a partir dos dados provenientes do inventario do

passivo encontrou-se um grande volume de solventes orgânicos estocados. A grande

parte dos resíduos era formada por misturas complexas de várias substancias

químicas, o que não permitiu a diferenciação entre os solventes orgânicos

halogenados e os não halogenados. Somado a isto, uma parte dos recipientes que

guardavam os resíduos não apresentavam rótulo e os que apresentavam não tinham

as informações relevantes completas, resultando em 15% de material liquido e 29%

de material sólido não identificado.

Em relação ao questionário e a visita foi possível observar que muitos dos

resíduos estão armazenados em locais impróprios, tais como ambientes de uso

frequente ou locais em que o resíduo fica exposto a contato físico, chuva e sol. Em

conjunto com isso, o acondicionamento dos resíduos ocorre sem levar em conta a

compatibilidade químicas das substancias entre elas quando misturadas e entre elas

e os recipientes que as acondicionam. Problemas na rotulagem dos materiais também

pode ser observado, onde estes vão desde falta de informações cruciais até a

ausência da etiqueta. Por fim, constatou-se que os laboratórios não possuem medidas

que visem reduzir ou reutilizar os resíduos gerados.

A partir dos resultados obtidos e do conhecimento colhido através da

bibliografia estudada, foi possível elaborar propostas de gestão do resíduo químicos

do DEQ.

As sugestões apresentadas tratam de maneiras com as quais o departamento

poderia eliminar ou reduzir o passivo ambiental que se encontra atualmente estocado

pelos corredores e laboratórios do Núcleo de Tecnologia, além de fixar normas que

sirvam para orientar os participantes do departamento quanto aos procedimentos

adequados para segregação, identificação, acondicionamento e armazenamento dos

resíduos sólidos e líquidos gerados.

45

Finalmente, este trabalho espera trazer uma luz sobre um assunto que é pouco

discutido tanto no departamento de engenharia química quanto na universidade como

um todo, abrindo assim um caminho para o aprofundamento do tema por parte de

trabalhos futuros. Instituições de Ensino e Pesquisa, sejam elas públicas ou

particulares, exercem um papel importante nas comunidades que estão inseridas e

não podem mais negligenciar o uso e preservação dos recursos naturais.

REFERÊNCIAS

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CONTO, Suzana Maria de (Org.). Gestão de resíduos em universidades. 1. ed. Caxias do Sul, Rs: Educs, 2010. FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurelio da língua portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positivo, 2009. FIGUERÊDO, Débora Vallory. Manual para Gestão de Resíduos Químicos Perigosos de Instituições de Ensino e de Pesquisa. 1. ed. Belo Horizonte: Conselho Regional de Química de Minas Gerais, 2006. GONÇALVES, Olga Mayan. Produtos Químicos - Guia para a Implementação do Normativo REACH e GHS. 1. ed. Lisboa: Verlag Dashofer, 2010. JARDIM, Wilson de Figueiredo. Gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de ensino e pesquisa. Química Nova, São Paulo, v. 21, n. 5, p.671-673, 1998. JARDIM, Wilson de Figueiredo. Gerenciamento de resíduos químicos. Campinas: Unicamp, 2002. LIRA, Thacyanne Kataryne Barbosa. Gerenciamento de resíduos em laboratórios de ensino de química e proposta de tratamento de efluentes por adsorção. 2014. 60 f. TCC (Graduação) - Curso de Bacharel em Química Industrial, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014. NOLASCO, Felipe Rufine; TAVARES, Glauco Arnold; BENDASSOLLI, José Albertino. Implantação de programas de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais em universidades: análise crítica e recomendações. Engenharia Sanitária Ambiental, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p.118-124, 2006. MICARONI, Regina Clélia da Costa Mesquita. Gestão de resíduos em laboratórios do Instituto de Química da Unicamp. 2002. 127 f. Tese (Doutorado) - Curso de Química Analítica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. MOZETO, Antonio A.; JARDIM, Wilson de F.. A química ambiental no Brasil. Química Nova, São Paulo, v. 25, n. 1, p.7-11, 2002. SASSIOTTO, Maria Lucia Passarelli. Manejo de resíduos de laboratórios químicos em universidades - estudo de caso do departamento de química da UFScar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Ictr, 2004. p. 2303 - 2312. SASSIOTTO, Maria Lucia Passarelli. Manejo de resíduos de laboratórios químicos em universidades - estudo de caso do departamento de química da UFScar. 2005. 223 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Urbana, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005. SILVA, A. R. et al. Gerenciamento de resíduos químicos na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo. In: De Conto, Suzana

Maria. (Org.). Gestão de resíduos em universidades. Caxias do Sul - RS: Educs, v., p. 185-206, 2010. SOUZA, Josy Suyane de Brito et al. Noções de gestão ambiental aplicadas aos laboratórios químicos acadêmicos e de pesquisa. In: CONGRESSO QUÍMICO DO BRASIL, 2., 2012. Anais... Disponível em: <http://annq.org/eventos/upload/1330233202.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2016. TAVARES, Glauco Arnold; BENDASSOLLI, José Albertino. Implantação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos e águas servidas nos laboratórios de ensino e pesquisa no CENA/USP. Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 4, p.732-738, 2005. TAVARES, Glauco Arnold et al. Recuperação de bromo em soluções aquosas residuais. Química Nova, São Paulo, v. 27, n. 2, p.320-322, 2004.

Apêndice 1 – Questionário para Entrevista com Responsáveis e Inventario do

Passivo Ambiental dos Laboratórios do DEQ.

QUESTIONARIO PARA ENREVISTA COM O RESPONSÁVEL PELO

LABORATÓRIO NO DEQ/UFRN

Nome do Laboratório:

Tipo de Laboratório:

Descrição dos projetos em andamento:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Existe algum plano de manejo ou gerenciamento dos resíduos gerados?

Sim Não

Quais os principais resíduos gerados e como eles são descartados atualmente?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Existe algum plano de redução ou substituição de produtos perigosos utilizados e seus

resíduos?

Sim Não

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

O laboratório possui algum passivo ambiental?

Sim Não

Como são identificados e acondicionados os resíduos químicos gerados atualmente?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Como são armazenados os resíduos gerados pelo laboratório atualmente?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Nome Laboratório:

Condição do Resíduo:

Dados Gerais dos Resíduos Químicos

Embalagem Outros

Composição Química Estado Físico

Material Capacidade Quantidade Nº Embalagens

Apêndice 2 – Relação e Organograma dos Laboratórios do Departamento de Eng. Química da UFRN - 2016.