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Germinação e viabilidade de sementes de pupunha em diferentes ambientes e
tipos de embalagens
Maria das Graças Conceição Parada Costa Silva1, José Roberto Vieira da Melo 2 1 Engª Agrônoma, MSc, Centro de Pesquisa do Cacau-Cepec/ Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Km 22 Rod Ilhéus-Itabuna, Cx Postal 07, Ilhéus, BA, Brasil 45600-970. [email protected] 2 Engº Agrônomo, Doutor, Centro de Pesquisa do Cacau-Cepec/ Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Km 22 Rod Ilhéus-Itabuna, Cx Postal 07, 45600-970 [email protected]
INTRODUÇÃO
A pupunheira (Bactris gasiapaes Kunth) é uma palmeira de origem tropical e foi introduzida
na Bahia com a finalidade principal de produção de palmito.
A propagação é normalmente realizada por sementes e a manutenção da viabilidade
constitui-se em um dos principais problemas na produção de sementes e na
comercialização, devido à distância das regiões produtoras, haja vista que os plantios para
produção de frutos existentes na região sul baiana, não atende a demanda de material
botânico para os plantios de palmito.
Por ser de característica recalcitrante, tem-se observado que o índice de germinação das
sementes armazenadas e ou transportadas sem os devidos cuidados com o tipo de
embalagem, chega a menos de 50 %, acarretando grande perda e prejuízos para o produtor
de sementes.
O objetivo deste estudo foi estudar a conservação da viabilidade e a germinação das
sementes de pupunheira armazenadas em ambiente natural e com temperatura controlada,
em dois tipos de embalagem.
MATERIAL E MÉTODOS
As sementes foram coletadas nos plantios de pupunha da Estação Experimental Lemos
Maia, em Una, Ba. Após a extração, as sementes foram lavadas e tratadas com uma
solução de hipoclorito de sódio a 1%, durante 15 minutos. Foram secas à sombra por 6
horas e após este período foi determinado o Teor de água das sementes (Umidade inicial).
O lote de sementes foi dividido em duas partes, nos dois tipos de embalagens e levado para
o Laboratório de Biotecnologia do Cepec onde o ensaio foi instalado. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, no esquema fatorial 2 x 2, com quatro repetições
de 10 e 100 sementes, para o teste de Tetrazólio e de germinação, respectivamente. Os
tratamentos foram representados pelo ambiente climatizado, constituído de uma Câmara
com temperatura de 20º C e ambiente natural, e dentro de cada um deles, as embalagens
representadas por sacos de polietileno simples e sacos de polipropileno trançado (ráfia),
assim distribuídos: Tratamento 1- Sacos polietileno em ambiente natural; Tratamento 2 –
Sacos de polipropileno (ráfia) em ambiente natural; Tratamento 3 – Sacos de polietileno
dentro da câmara; Tratamento 4 – Sacos de polipropileno dentro da câmara. As avaliações
foram realizadas a cada 30 dias, durante 150 dias.
Para estudar a viabilidade das sementes foi utilizado o Teste de Tetrazólio a 0,5 % em
embriões excisados, imersos na solução por 4 horas (Ferreira & Sader, 1987). As
colorações dos embriões em contato com a solução determinam a viabilidade das
sementes, representadas pela cores vermelha e rosa intenso. As demais colorações,
rosado, manchado e branco indicaram que os embriões perderam a condição de respirar
significando a diminuição ou perda da viabilidade.
O teste de germinação foi conduzido em caixas Gerbox, com substrato de vermiculita,
esterilizado a 130º C e umedecido com água destilada na proporção de duas vezes o peso
do substrato e acondicionadas em Câmara de Germinação à temperatura de 26º C. Em
todas as avaliações mensais foi determinado o teor de água das sementes, em estufa à
temperatura de 105º C, por 24 horas, de acordo com as Regras de Análise de Sementes
(Brasil, 1976).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1.1-Teor de água – O teor de umidade das sementes de pupunha foi mantido acima de 40%
durante 5 meses (julho – teor de água inicial a dezembro) quando armazenadas em sacos
de polietileno (SP), não importando o tipo de ambiente. Entretanto, as sementes
armazenadas em sacos de prolipropileno (Saco de Ráfia – SR), a umidade ficou abaixo de
40% desde o primeiro mês de avaliação (tabela 1).
Tabela 1. Teor de água das sementes de pupunha armazenadas em diferentes ambientes e tipos de embalagens
Teor de umidade (%)
Meses SP-não
climatizado SR- não
climatizado SP-
climatizado SR-
climatizado
Umidade inicial 42,7 37,7 41,1 44,0
ago-07 42,0 35,5 40,0 36,6
Set-07 40,8 13,9 42,0 20,3
Out-07 41,0 15,6 40,9 18,1
Nov-07 41,3 10,1 40,3 14,3
Dez-07 40,9 10,9 41,6 14,7
jan-08 36,6 10,4 38,2 13,9
1.2 Teste de Germinação – A primeira leitura foi realizada 30 dias após (setembro) o início
do teste (agosto). A partir desta leitura, observou-se uma baixa porcentagem de germinação
das sementes armazenadas em sacos de ráfia, nos dois ambientes (tabela 2).
Tabela 2. Teste de germinação das sementes de pupunha armazenadas em diferentes ambientes e tipos de embalagem
Meses
Teste de germinação (%)
SP-não climatizado
SR- não climatizado
SP-climatizado
SR-climatizado
Set-07 88,0 60,0 83,0
43
Out-07 87,0 1,2 85,7 3,6
Nov-07 72,0 0,0 82,0 4,0
Dez-07 88,0 0,0 90,0 0,0
jan-08 88,0 0,0 78,0 0,0
fev-08 66,0 0,0 68,0 0,0
Ficou evidenciada uma estreita relação entre o teor de umidade das sementes de pupunha e
a germinação, coincidindo com os resultados obtidos por Ferreira e Santos (1992) e Bovi et
al (2004). Os sacos de ráfia, por terem malhas abertas, possibilitaram a perda da umidade
das sementes afetando diretamente a germinação, haja vista que as sementes da pupunha
são recalcitrantes (Ferreira e Santos, 1992).
1.3 – Teste de Tetrazólio - os resultados ratificaram as observações anteriores, de que os
sacos de polietileno conservaram as sementes de pupunha durante 5 meses, nos dois
ambientes de armazenamento. As cores vermelha e rosa intenso, foram predominantes nos
tratamentos onde foram utilizados as embalagens de polietileno, sendo que a cor vermelha
foi observada predominante nos dois primeiros meses.
Segundo Carneiro (1987), a embalagem para armazenamento de sementes exerce
importante papel na manutenção do vigor inicial. O emprego de sacos de polietileno, com
0,1 mm de espessura, para permitir troca gasosa suficiente entre as sementes e o ambiente
externo, minimizando a perda de água das sementes, apresentou resultados satisfatórios no
armazenamento de sementes de abacateiro e de seringueira (Bonner, 1978).
CONCLUSÃO
A embalagem de polietileno (sacos plásticos) conservaram a umidade das sementes acima
de 40% durante os primeiros 5 meses, nos dois ambientes, assim como manteve uma boa
porcentagem de germinação e a viabilidade das sementes, sendo indicado para
armazenamento e transporte de sementes de pupunha a longas distâncias. O saco de ráfia
não é apropriado para conservação de sementes de pupunha, por mais de 01 mês de
armazenamento.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONNER, F.T. Storage of hardwood seeds. Forest Genetic Resources Information, Rome, n.7, p.10-17, 1978.
BOVI, M. L.A.; MARTINS, C. C. & SPIERING, S. H. Desidratação de sementes de quatro lotes de pupunheira: efeitos sobre a germinação e o vigor. Hortic. Bras. Brasília, vol.22 n.1, p. 109-112, 2004.
BRASIL - 1976. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília. 188p. CARNEIRO, J.G.A. Armazenamento de sementes florestais. Curitiba: FUPEF, 1987. 35p. FERREIRA, S. A. N.&; SANTOS, L. A. Viabilidade de sementes de pupunha (Bactris gasipaes Kunth.). Acta Amazonica, Manaus, v.22, n.3, p. 303-307, 1992.
FERREIRA, S. A. N.; & SADER, R. Avaliação da viabilidade de sementes de pupunha (Bactris gasipaes H.B.K. pelo teste de tetrazólio. Revista Brasileira de Sementes, v. 9, n. 2, p. 109-114, 1987.