18
Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º 1072 GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: AGRICULTURA FAMILIAR E PRODUTOS ORGÂNICOS BRASILIAN CERRADO: CCULTURE AND CULTIVATION IN THE CENTRAL HIGHLANDS ANALICE BELGIA DE AMORIM LUÍS CARLOS SPAZIANI Resumo O homem sempre esteve acondicionado dos recursos naturais para manutenção e sobrevivência. A iminente necessidade de ampliar seus espaços tem gerado a ocupação de áreas reservadas à natureza de forma agressiva que ocasiona a destruição do meio ambiente gerando uma crise ecológica. O setor agropecuário está sendo considerado um dos principais fatores dessa degradação. O cerrado brasileiro foi diagnosticado como uma área produtiva em grande escala tanto para a agricultura como para a pecuária. No entanto, as intervenções humanas sobre essa região tem modificado sua paisagem natural e colocado em risco sua biodiversidade. A população dos cerrados está cada vez mais restrita ao seu habitat, e constantemente têm sofrido influência que interferem em seu modo de vida à disponibilidade de recursos, vulneráveis a conflitos e à inclusão social. A região Centro-Oeste, tem sido palco de grandes oportunidades para a produção agrícola, sendo destaque e campeão de grãos e sementes. No Brasil, a agricultura familiar ganha proporções imensuráveis em relação algum tempo atrás, tornou-se um fator de importância fundamental ao combate a fome, desenvolvendo um papel de mantenedor, além de gerar empregos e rendas. No Distrito Federal, a agricultura ganha uma forma de sustentabilidade em consequência as iniciativas governamentais que implantaram a prática agrícola familiar como fomentadora de produtos orgânicos que abastece toda a região. Palavras-Chaves: Cerrado; Agricultura Familiar; Cultura; Cultivo; Sustentabilidade. Abstract The man was always packed on natural resources for maintenance and survival. The imminent need to expand their spaces has generated the occupation of areas reserved for nature aggressively which leads to the destruction of the environment creating an ecological crisis. The agricultural sector is considered one of the main factors of this degradation. The Brazilian cerrado was diagnosed as a productive area on a large scale both for agriculture and for livestock. However, human interventions in this region has changed its natural landscape and endangered biodiversity. The population of savannas is increasingly restricted their habitat and constantly have suffered influence that interfere with their way of life to the availability of resources, vulnerable to conflicts and social inclusion. The Midwest region has been the scene of great opportunities for agricultural production, and highlight and champion of grains and seeds. In Brazil, family farming gains immeasurable proportions of some time ago, it has become a factor of fundamental importance to the fight against hunger, developing a maintainer of paper, and generate jobs and incomes. In the Federal District, agriculture gains a form of sustainability as a result of government initiatives that have implemented the family farm practice as a sponsor of organic products that supplies the area. Keywords: Cerrado; Family farming; Culture; Cultivation; Sustainability. INTRODUÇÃO A natureza sempre esteve associada ao processo de sobrevivência humana, e mesmo com o passar do tempo, ele ainda continua precisando se adaptar ao meio ambiente. A evolução de informações foi aplicada em sua vida de forma gradativa e lenta desde a antiguidade até se tornar um legado passado de geração a geração. O processo evolutivo através dos tempos não impossibilitou ao homem seu contato com a natureza, mas contribuiu para a diferenciação da percepção do ambiente natural e cultural. Essa diferenciação proporcionou a capacidade de construir e projetar seu próprio ambiente dando forma e função a matéria-prima (OLIVEIRA et al, 2006). No contexto atual, na crise ambiental em que o ser humano está inserido demonstra que os problemas em relação à projeção de seu ambiente têm crescido assustadoramente. Observando algumas catástrofes naturais e a grande concentração da massa populacional, pode-se afirmar que o homem ainda não encontrou um planejamento adequado para sanar suas dificuldades em relação ao meio ambiente (MAROELLI, 2003). Para Maroelli (2003) o cerrado representa uma das alternativas viáveis e com alto potencial para a produção agrícola. No entanto, sua utilização requer uma série de precauções e medidas que visem o desenvolvimento sustentável, sem esgotar os recursos naturais, tão abundantes naquela região. Devido às práticas agrícolas inadequadas muitas áreas da região do Cerrado têm sofrido desertificação em função de queimadas, desmatamento e atividade agropecuária. A modernização das técnicas produtivas no campo, em especial na área do cerrado, de acordo com esta aliada aos investimentos financeiros subsidiados por programas e políticas oficiais, vem propiciando um avanço indiscriminado sobre a paisagem do cerrado, que tem se transformado em uma região “viável” para sua utilização pela agricultura, decorrente de uma extensa área agricultável, de facilidade de mecanização, de “fartos” recursos hídricos, por estar próximos de centros consumidores, entre outros, além da desvalorização do Cerrado em seus aspectos naturais, culturais e científicos (FONSECA, 2005). A produção de alimentos é um desses fatores que têm contribuído para esse fim, pois de certa forma encontra dificuldade de ser realizada em quantidade cada vez maior em nível de sustentação humana. A agricultura permanente pode ser aplicada nesse contexto como um recurso e prática inovadora na construção de novos padrões, uma vez que ela

GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

  • Upload
    hatu

  • View
    229

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1072

GESTÃO AMBIENTAL     CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: AGRICULTURA FAMILIAR E PRODUTOS ORGÂNICOS  BRASILIAN CERRADO: CCULTURE AND CULTIVATION IN THE CENTRAL HIGHLANDS 

ANALICE BELGIA DE AMORIM LUÍS CARLOS SPAZIANI

Resumo O homem sempre esteve acondicionado dos recursos naturais para manutenção e sobrevivência. A iminente necessidade de ampliar seus espaços tem gerado a ocupação de áreas reservadas à natureza de forma agressiva que ocasiona a destruição do meio ambiente gerando uma crise ecológica. O setor agropecuário está sendo considerado um dos principais fatores dessa degradação. O cerrado brasileiro foi diagnosticado como uma área produtiva em grande escala tanto para a agricultura como para a pecuária. No entanto, as intervenções humanas sobre essa região tem modificado sua paisagem natural e colocado em risco sua biodiversidade. A população dos cerrados está cada vez mais restrita ao seu habitat, e constantemente têm sofrido influência que interferem em seu modo de vida à disponibilidade de recursos, vulneráveis a conflitos e à inclusão social. A região Centro-Oeste, tem sido palco de grandes oportunidades para a produção agrícola, sendo destaque e campeão de grãos e sementes. No Brasil, a agricultura familiar ganha proporções imensuráveis em relação algum tempo atrás, tornou-se um fator de importância fundamental ao combate a fome, desenvolvendo um papel de mantenedor, além de gerar empregos e rendas. No Distrito Federal, a agricultura ganha uma forma de sustentabilidade em consequência as iniciativas governamentais que implantaram a prática agrícola familiar como fomentadora de produtos orgânicos que abastece toda a região. Palavras-Chaves: Cerrado; Agricultura Familiar; Cultura; Cultivo; Sustentabilidade. Abstract The man was always packed on natural resources for maintenance and survival. The imminent need to expand their spaces has generated the occupation of areas reserved for nature aggressively which leads to the destruction of the environment creating an ecological crisis. The agricultural sector is considered one of the main factors of this degradation. The Brazilian cerrado was diagnosed as a productive area on a large scale both for agriculture and for livestock. However, human interventions in this region has changed its natural landscape and endangered biodiversity. The population of savannas is increasingly restricted their habitat and constantly have suffered influence that interfere with their way of life to the availability of resources, vulnerable to conflicts and social inclusion. The Midwest region has been the scene of great opportunities for agricultural production, and highlight and champion of grains and seeds. In Brazil, family farming gains immeasurable proportions of some time ago, it has become a factor of fundamental importance to the fight against hunger, developing a maintainer of paper, and generate jobs and incomes. In the Federal District, agriculture gains a form of sustainability as a result of government initiatives that have implemented the family farm practice as a sponsor of organic products that supplies the area. Keywords: Cerrado; Family farming; Culture; Cultivation; Sustainability. INTRODUÇÃO

A natureza sempre esteve associada ao processo de sobrevivência humana, e mesmo com o passar do tempo, ele ainda continua precisando se adaptar ao meio ambiente. A evolução de informações foi aplicada em sua vida de forma gradativa e lenta desde a antiguidade até se tornar um legado passado de geração a geração. O processo evolutivo através dos tempos não impossibilitou ao homem seu contato com a natureza, mas contribuiu para a diferenciação da percepção do ambiente natural e cultural. Essa diferenciação proporcionou a capacidade de construir e projetar seu próprio ambiente dando forma e função a matéria-prima (OLIVEIRA et al, 2006).

No contexto atual, na crise ambiental em que o ser humano está inserido demonstra que os problemas em relação à projeção de seu ambiente têm crescido assustadoramente. Observando algumas catástrofes naturais e a grande concentração da massa populacional, pode-se afirmar que o homem ainda não encontrou um planejamento adequado para sanar suas dificuldades em relação ao meio ambiente (MAROELLI, 2003).

Para Maroelli (2003) o cerrado representa uma das alternativas viáveis e com alto potencial para a produção agrícola. No entanto, sua utilização requer uma série de precauções e

medidas que visem o desenvolvimento sustentável, sem esgotar os recursos naturais, tão abundantes naquela região. Devido às práticas agrícolas inadequadas muitas áreas da região do Cerrado têm sofrido desertificação em função de queimadas, desmatamento e atividade agropecuária. A modernização das técnicas produtivas no campo, em especial na área do cerrado, de acordo com esta aliada aos investimentos financeiros subsidiados por programas e políticas oficiais, vem propiciando um avanço indiscriminado sobre a paisagem do cerrado, que tem se transformado em uma região “viável” para sua utilização pela agricultura, decorrente de uma extensa área agricultável, de facilidade de mecanização, de “fartos” recursos hídricos, por estar próximos de centros consumidores, entre outros, além da desvalorização do Cerrado em seus aspectos naturais, culturais e científicos (FONSECA, 2005).

A produção de alimentos é um desses fatores que têm contribuído para esse fim, pois de certa forma encontra dificuldade de ser realizada em quantidade cada vez maior em nível de sustentação humana. A agricultura permanente pode ser aplicada nesse contexto como um recurso e prática inovadora na construção de novos padrões, uma vez que ela

Page 2: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1073

se fundamenta na utilização racional e responsável dos recursos naturais através de planejamento e execução de ambientes realmente sustentáveis. Entretanto, esses princípios devem estar interligados para que haja mudanças no comportamento humano em relação ao modo de vida e com alternativa viável de sustentabilidade social (BRASÍLIA, v. 6, nº 1, 2015).

A agricultura permanente foi adotada como metodologia de trabalho destinada a Agricultura Familiar, por ser um método de trabalho e desenvolvimento adequado às condições climáticas, ambientais e sociais do Brasil. Tornou-se uma estratégia de desenvolvimento rural para promover o processo de inovação na indústria e nos serviços, sem aumento de desemprego no ambiente urbano. Vale a pena ressaltar que o papel desempenhado pela Agricultura Familiar tem sido alvo de grandes debates embasados no desenvolvimento sustentável e também, na geração de emprego e renda e na segurança alimentar (BRASÍLIA, 2015).

Por outro lado, há uma necessidade imediata de resgatar os valores sociais com a Agricultura Familiar em decorrência da agricultura moderna. Aliás, ela vem se mostrando uma alternativa cabível e uma forma de ocupação das áreas rurais, que favorece a execução de reivindicações sociais, como a geração de emprego e renda, por conseguinte, a preservação e a conservação do meio ambiente e sua biodiversidade. (MAROELLI, 2005).

No Brasil, a inserção da Agricultura Familiar é extremamente diversificada, estão inclusos todas as classes sociais, desde aqueles que se utiliza de pequenos hectares de terras arrendadas até os grandes produtores dotados de recursos tecnológicos de última geração. Diante desse contexto, pode-se dizer que como essa dissemelhança dificilmente poderá servir de base para uma unidade de produção sustentável (FONSECA, 2005).

Analisando os aspectos socioeconômicos produzidos a partir da agricultura na região do Planalto Central, especificamente, na região do Distrito Federal, percebe-se que o caminho mais viável é priorizar a Agricultura Familiar, investindo e visando o desenvolvimento sustentável na região (www.agricultura.df.gov.br).

Atualmente, a discussão sobre a prática da agricultura familiar vem ganhando legitimidade social, política e acadêmica, sendo usada com mais frequência em movimentos sociais rurais, por órgãos governamentais e segmentos científicos ligados as Ciências Sociais (SCHNEIDER, vol. 18 nº 51, 2003).

Por sua potencialidade, a agricultura familiar constitui-se fator de importância na solução dos problemas do País. Entretanto, apesar de apresentar um segmento numeroso da

população, que necessita de assistência social, infelizmente essa modalidade tem encontrado entraves em sua realização por falta de política adequada (SCHNEIDER, 2003).

A agricultura familiar oferece uma grande contribuição ao desenvolvimento da região garantindo a sustentabilidade e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e preservação ambiental (JORNAL DA COMUNIDADE, DF, 2016).

Utilizando esse raciocínio, se propõe aqui analisara prática da agricultura familiar a sua importância dentro do cenário econômico produtivo nas áreas rurais e urbanas na região do Distrito Federal. Objetivo

O objetivo desse artigo é apresentar um panorama da agricultura no Distrito Federal, bem como mostrar a importância da agricultura familiar na produção agrícola sustentável. Quanto ao objetivo especifico da pesquisa, procurou-se:

- redigir uma breve e consistente abordagem para identificar o contexto em que o cerrado brasileiro está inserido, suas riquezas aturais e sua predestinação para nova fronteira agrícola, aliás, contribuição em massa para degradação do ecossistema;

Nesse contexto, o presente trabalho pretendeu dar uma contribuição debate sobre a conservação das áreas dos cerrados, sua biodiversidade e o seu potencial para a expansão agrícola. Partindo desse pressuposto, também foi elaborada uma síntese sobre agricultura familiar no âmbito do Distrito Federal e sua importância na assistência e abastecimento de produtos orgânicos, bem como sua potencialidade no mercado sustentável. Sendo assim, é possível afirmar que o mercado de produtos orgânicos no Distrito Federal tem um acréscimo de 20% ao ano e despertado um número significativo de consumidores.

- fazer uma análise, de forma sucinta e compreensiva, no intuito de transmitir a importância da Agricultura Familiar como instrumento de sustentabilidade e cultivo ecologicamente correta na região Centro-Oeste, especialmente no Distrito Federal. Materiais e Métodos

A pesquisa bibliográfica descritiva é desenvolvida a partir de materiais publicados em livros artigos, dissertações e teses. Segundo Cervo, Bervian (2002), este tipo de pesquisa ocorre quando se registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipulá-los.

Os dados foram coletados através de análise bibliográfica em documentos (revistas, periódicos), livros e fonte de pesquisas em sites disponíveis sobre o assunto em questão.

A abordagem consistiu em pesquisa de campo, que para Barros e Lehfeld (2000), não é, simplesmente, realizar uma coleta de dados, é

Page 3: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1074

preciso preestabelecer os objetivos que discriminam o que deve ser realmente coletado.

A pesquisa deu ênfase à questão sobre a produção de alimentos orgânicos e a participação dos agricultores familiares diante a realidade apresentada no setor de área rural do Distrito Federal. Caracterização do Cerrado

Os cerrados ocupam aproximadamente um quarto do território brasileiro, pouco mais de 200 milhões de hectares e abrigando um rico patrimônio de recursos naturais renováveis adaptados às duras condições climáticas, edáficas e hídricas que determinam sua própria existência. Desse total, 155 milhões estão no planalto Central e 38,8 milhões de hectares no Nordeste, dos quais a maior parte (30,3 milhões) na região Meio-Norte: 43,3% da superfície do Maranhão são compostas de cerrado e 64,7% da do estado do Piauí. Existem ainda áreas de cerrado em Rondônia, Roraima, Amapá e Pará, além de São Paulo (COUTINHO, 2006, p. 27-28).

O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro (depois da Amazônia) e concentra nada menos que um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais. A flora do cerrado é considerada a mais rica savana do mundo, e estima-se que entre 4 a 7.000 espécies habitam essa região (IBAMA, 2001).

Cerrado é originário do espanhol que significa “fechado”. Termo esse usado para tentar traduzir a característica geral do bioma, de uma vegetação densa de arbustos e gramíneas, com árvores baixas e tortuosas próprias da região. Tem múltiplos sentidos: além de nomear o bioma, também designa seus tipos de vegetação, bem como pode qualificar características estruturais ou florísticas peculiares de determinada região. Esta pluralidade de sentidos pode dificultar uma conceituação única, mas reflete a imensa diversidade da região (SILVA, 2000).

Figura 1 – Flor de Pequi – Jardim Botânico Fonte: Acervo pessoal

O cerrado é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com presença de distintos ecossistemas (IBAMA, 2001). Segundo Pivello (2003, p. 107) o bioma

abriga 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas, uma grande diversidade de habitats, uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Detentor de 199 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves, um grande número de peixes aproximadamente 1200 espécies, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios. De acordo com estimativas recentes o cerrado ainda é um refúgio para 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos (BRASIL, 2010).

Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade por (COUTINHO, 2006, p. 16-26), o cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda da sua cobertura vegetal. Estima-se que 20% das espécies endêmicas já não ocorrem com frequência e mais ou menos 137 espécies estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o cerrado é o bioma que mais sofreu alterações com a ocupação humana de acordo com o (MMA). A crescente pressão de novas áreas para a produção agropecuária para exportação vem gerindo um progressivo esgotamento dos recursos naturais da região. Nas ultimas décadas o cerrado vem sendo degradado, tornando-se um palco de uma exploração extremamente predatória de material lenhoso para a produção de carvão (LEWINSOHN & PRADO, 2002, p. 135-167).

No estado do Mato Grosso, segundo estatísticas do IBGE (2004), a área do cerrado ocupa 39% de sua extensão que recobrem as unidades de relevo das depressões do Alto Paraguai, Guaporé, das planícies e pantanais matogrossense e os Planaltos de Parecis, são áreas cada vez mais ameaçadas pela expansão da fronteira agrícola causando grande impacto ambiental. Clima

O clima dominante da região é tropical-quente-subúmido, caracterizado pela presença de duas estações climáticas bem distintas inverno seco e verão chuvoso. Cujo clima principal se classifica como tropical chuvoso. A ocorrência de duas estações bem definidas caracteriza a distribuição das chuvas em toda região, influencia diretamente a vegetação. O clima também exerce influência sobre a vegetação, pois as chuvas ao longo do tempo deixam os solos escassos de nutrientes essenciais (SILVEIRA, 2010). A temperatura anual varia em torno de 24ºC a 27º C., entretanto, pode chegar a 40º C no verão, 12ºC no inverno o que pode ocasionar geada nas regiões serranas caracterizando áreas de clima tropical de altitude.

A estiagem ou período da seca ocorre entre maio e setembro. Entre junho e agosto a umidade do ar fica relativamente baixa entre 15% e 30%. Este clima seco traz sérias consequências para a vegetação do cerrado, pois favorece o surgimento de incêndios.

Page 4: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1075

Entretanto, devido sua especificidade natural em acumular água em seus depósitos subterrâneos é possível a vegetação adaptar as queimadas constantes, permitindo que ela volte a florir após o incêndio. (DINIZet.al 2010).

Segundo Lima e Silva (2007) o cerrado é cortado por três das maiores bacias hidrográfico da América do Sul. Possuí índices pluviométricos regulares que lhe proporciona sua grande biodiversidade. A contribuição do cerrado para os recursos hídricos brasileiros é fundamental, principalmente para a vazão que flui nas regiões hidrográficas do Paraguai (139%), Paranaíba (106%), São Francisco (94%), e Tocantins-Araguaia (62%), isso se deve a três fatores: chuvas abundantes na maioria da sua área de abrangência, relevo com elevadas altitudes, abrangendo vários planaltos e chapadas, e características dos solos predominantes; profundos e com retenção de água. O cerrado é a cumeeira da América do Sul, distribuindo águas para as grandes bacias hidrográficas do continente. Isto ocorre porque na área do Cerrado se situam três grandes aquíferos, responsáveis pela formação e alimentação dos grandes rios brasileiros. O aquífero Guarani (...) responsáveis pelas águas que alimentam a bacia do Paraná. Os aquíferos Bambuí e Urucuia responsáveis pela alimentação dos rios que integram as bacias do São Francisco, Tocantins Araguaia e outros, situadas na abrangência do Cerrado. Estes aquíferos, que se vêm formando durante milhões de anos, de pouco tempo pra cá não estão sendo recarregados como deviam para sustentar os mananciais (BARBOSA (s/d) apud MOYSÉS e SILVA, 2007, p.62).

Figura 2 - Queimada via Paranoá e Torre Digital - DF

Fonte: Acervo pessoal Vegetação

A vegetação predominante no cerrado, de acordo com Ribeiro e Walter (2008), é constituída por espécies tropófitas (vegetais adaptados à região Centro-Oeste), e caducifólias (folhagens que caem durante o período de estiagem ou seca). Compostas de pequenos portes com galhos tortuosos, com raízes profundas, dotadas de cascas duras e grossas, folhas espessas e aveludadas, predominância de gramíneas e ciperáceas nos estratos das árvores. Uma de suas características é representada por um mosaico que vai desde as plantas lenhosas (árvores e arbustos) até herbáceas, o que as tornam muito peculiar e muito diversificada fisionomicamente.

Figura 3 - Jardim Botânico Fonte: Acervo pessoal

Mesmo que não totalmente conhecida, a flora do cerrado apresenta em sua particularidade um acervo diversificado. A vegetação do cerrado apresenta uma biodiversidade que contém mais de 10 mil espécies de plantas, 4.400 são endêmicas e destas, grande parte ocorre em determinados ambientes específicos do bioma (RIBEIRO et.al 2004).

Schneider e Finger (2000) afirmam que a composição florística indica o conjunto de espécies que compõem a floresta, com sua espécie e família. E o reconhecimento dessa composição florística é de suma importância para o planejamento da conservação, recuperação das formações florestais, procurando retratar ao máximo suas biodiversidades.

A flora corresponde à vegetação baixa do cerrado, flora herbáceo-subarbustiva apresenta diversas origens: Campos Meridionais, Campos Rupestres, Campos Úmidos e Campos Amazônicos. É característica da flora herbáceo-subarbustiva do Cerrado uma grande diversidade de espécies distribuída em pelo menos 500 gêneros, havendo um predomínio de graminóides (SCHNEIDER & FINGER, 2000).

Coutinho (2006) declara que a província do cerrado é constituída de cinco diferentes fitofisionomias, as quais apresentam dois extremos, uma fisionomia florestal caracterizada

Page 5: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1076

como Cerradão, onde há predomínio da vegetação lenhosa, o campo limpo, onde, além da vegetação herbácea, se encontram também pequenos arbustos. As demais fitofisionomias, cerrado sensu stricto, campo cerrado e campo sujo, são vegetações dicotômicas entre o cerradão e o campo limpo.

Lima e Silva (2007, p.24) assim os descreve: Cerradão É a formação florestal com aspectos xeromórficos (resistentes à seca), tipificado com “uma floresta mais rala e fraca”, com presença preferencial de espécies de florestas, que mais se assemelha ao cerrado em seu sentido restrito Quanto à formação predominante é um solo bastante fértil, visto como subsistema ele é o mais resistente do cerrado. Em sua maioria, os solos são profundos, bem drenados, de média a baixa fertilidade, ligeiramente ácidos, pertencentes às classes Latossolo Vermelho ou Latossolo Vermelho Amarelo (LIMA &SILVA, 2007, p. 26).

Figura 4 – Área de Cerradão Fonte: Agência de informação Embrapa Campo limpo É a fitofisionomia predominantemente herbácea, com raros arbustos e ausência completa de árvores. Encontradas em diversas posições topográficas, com diferentes variações de grau de umidade e fertilidade de solo. Encontrado com mais frequência nas encostas, nas chapadas, nos olhos d’agua, circundando as veredas e nas bordas das matas de galeria. Quando ocorre em áreas planas, relativamente extensas, contíguas aos rios e inundadas periodicamente, também é chamado de “Campo de Várzea”, “várzea” ou “Brejo” (LIMA & SILVA, 2007, p. 06-07).

Figura 5 – Área de Campo Limpo (BR-001) Fonte: Acervo pessoal Campo sujo É um exclusivamente formado por arbustos e subarbustos esparsos, constituídos por plantas menos desenvolvidas das espécies arbóreas do cerrado senso stricto. A fisionomia é encontrada em solos rasos, como cambissolo ou plintossolo pétrico, eventualmente com pequenos afloramentos rochosos de pouca extensão, ou ainda em solos profundos e de baixa fertilidade (álicos ou distróficos), como os latossolos de textura média (RIBEIRO & WALTER, 2008, p. 62).

Figura 6 – Campo Sujo (Morro do Urubu) Fonte: Acervo pessoal Cerrado sensu stricto ou Savana Arbórea Aberta – apresenta adensamento e um aumento no porte do componente arbustivo-arbóreo. Caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas (RIBEIRO & WALTER, 2008, p. 62).

Os arbustos e subarbustos encontram-se espalhados, com algumas espécies

Page 6: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1077

apresentando órgãos subterrâneos perenes (xilopódios), que permitem a rebrota após a queima ou corte. Na época chuvosa, os estratos subarbustivos e herbáceos tornam-se exuberantes, devido ao seu rápido crescimento. Os troncos das plantas lenhosas normalmente possuem cascas grossas com cortiça espessa, fendida ou sulcada. As folhas são rígidas e coriáceas, caracteres adquiridos que surgem com a adaptação às condições climáticas de seca (xeromorfismo). As árvores que têm raízes profundas não sofrem restrição de água durante o período de estiagem (EMBRAPA, 2001).

Figura 7 – Parque Nacional de Brasília-DF. Fonte: Acervo pessoal

O aspecto xeromórfico das plantas atribui-

se a ausência de nutrientes devido ao excesso de atividade fotossintética dos carboidratos e gorduras, que produz uma espessa camada de celulose, impede a fabricação de proteínas e dificulta o crescimento das plantas. O solo do cerrado brasileiro é pobre em nutrientes e sua vegetação pode aparecer sobre solos provenientes das mais diversas rochas (EMBRAPA, 2001). Formação geológica

A formação geológica e de quase todo o interior do Brasil, e o bioma cerrado é datado do período pré-cambriano, cerca de 1,100 a 1,500 bilhões de anos. Sendo considerado como uma das rochas mais antigas do planeta. De formação sedimentar, estas rochas metamórficas são em sua maioria terciária e quaternária, as mais antigas encontram-se nas grandes depressões do relevo que foram descontinuadas

por alguns planaltos residuais mais recentes. Nas depressões rochosas mais antigas são encontradas frequentemente o granito, granodioritos, anfilolitos, magmititos, e granulitos.

Figura 8 – Formação do solo (Morro do urubu) Fonte: Acervo pessoal

As grandes depressões foram preenchidas

com uma vasta quantidade de sedimentos provindos do intemperismo das rochas mais antigas. Esses sedimentos foram litificados e transformam-se em rochas sedimentares de diferentes graus de metamorfismo. Rochas como xistos, quatzitos, metaplitos, metarenitos, filitos e silitos, tiveram importância na formação da paisagem da savana brasileira. No entanto, essas rochas apresentam baixo a médio potencial para dar origem a solos associados pelo relevo (RIBEIRO et. al, 2008, p. 67).

Solo

O cerrado é composto por diferentes tipos de solos e formas de relevo, que estão relacionados tanto com a composição climática quanto com a caracterização da vegetação e de seu passado geológico. Geralmente, os solos do cerrado caracterizam-se pela predominância dos Latossolos e pela sua acentuada acidez (COUTINHO, 2006, p. 64).

Geralmente o tipo de solo no cerrado é o latossolo (constituído por material mineral), caracterizado por ser um solo profundo e bem drenado e com alta capacidade de ser intemperizado (processo causado por diversos fatores que levam a diminuição da fertilidade do solo por perda de nutrientes) e lixiviado (processo causado pela chuva que ao penetrar no solo, levando os elementos químicos essenciais) (COUTINHO, 2006).

Page 7: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1078

Muitos nutrientes fundamentais (N, K, P, S, Ca, Mg) para o desenvolvimento das plantas são escassos em solos profundos como o latossolo. “Esta escassez de nutrientes se deve ao fato de que os materiais vindos da rocha-mãe são de baixo nível nutricional, e ainda, esses poucos nutrientes são perdidos por meio da ação do intemperismo e da lixiviação” (HARIDASSAN, 2000, p. 183).

Além dessas características, os principais aspectos dos solos do Cerrado são a sua elevada profundidade e porosidade, o que permite uma maior infiltração da água, embora o escoamento superficial também seja elevado em tempos de chuva. Apesar do grande índice de infiltração, registra-se uma limitada capacidade de armazenamento da água (COUTINHO, 2006).

Além dos Latossolos que, como já citamos, são predominantes, o Cerrado também apresenta os solos Podzólicos ou Argissolos. Os Latossolos apresentam uma coloração que vai do vermelho até o amarelo e são muito ácidos e pobres em alguns nutrientes. Os Podzólicos, por sua vez, podem ser vermelho-escuro ou vermelho-amarelado e apresentam uma grande suscetibilidade a erosões (COUTINHO 2006).

Figura 9 - Latossolo (EPG) Distrito Federal Fonte: Acervo pessoal

O solo foi considerado inadequado à

agricultura por apresentar um baixo teor de matéria orgânica, um elevado grau de acidez e toxidez pela saturação por Al (alumínio) e altos níveis de Fe (ferro) e Mg (magnésio). Lopes, (1994, p. 62), dispõe que “a baixa capacidade de troca catiônica, baixa soma de bases e alta de saturação de alumínio caracterizam estes solos profundamente distróficos e um fator de grande relevância para a ineficácia do plantio de grão” (LOPES, 1994, p. 62).

A ausência de fertilidade dos solos do Cerrado foi resolvida na agricultura por intermédio da aplicação de técnicas específicas,

como a calagem (correção da acidez por meio do calcário), a adubação fosfatada, a adubação potássica e outras (LOPES, 1994).

Marouelli (2003, p. 14), afirma: Apesar das restrições edáficas e hídricas, graças aos estudos para manejo de solos através de calagem, adubação, irrigação, e à topografia favorável ao plantio, baixo custo da terra, boa rede de estradas e proximidade dos centros consumidores, propiciaram as áreas do cerrado ser considerados hoje uma das maiores regiões produtoras de grãos do Brasil e ser reconhecido como a última grande fronteira agrícola do mundo.

Deve-se ressaltar que a adaptação dos solos do cerrado para o crescimento de culturas agrícolas somente através de recursos não renováveis tendem empobrecer a diversidade genética desses ambientes. Ademais, áreas do Latossolo são reconhecidas cientificamente possíveis à sustentabilidade da agricultura, desde que sejam adotadas técnicas elementares de manejo e rotação de culturas visando o combate à erosão. O plantio direto exerce um papel decisivo para o combate da erosão. A cultura de rotação é um dos principais meios para aumentar a oferta de grãos sem a abertura e a degradação de novas áreas do cerrado na região Centro-Oeste (RIBEIRO et al 2008). Potencial do cerrado para expansão agrícola

Com o advento das transformações técnicas, proporcionadas na segunda metade do século XX, o uso do cerrado tornou-se mais intenso, sobretudo, pelo desenvolvimento de correção do solo que permitiram uma maior produtividade na região. Além disso, a elevada mecanização e a expansão da fronteira agrícola permitiram o avanço da agricultura e da pecuária, o que, por um lado, ampliou a produtividade do país no campo, mas, por outro, contribuiu para o notável desmatamento da vegetação original (HARIDASSAN, 2000).

Marouelli (2003) certifica que devido às iniciativas governamentais em investimentos na área de pesquisa agrícola na região dos cerrados, o Latossolo (que ocupa uma área de 90 milhões de hectares na região Centro-Oeste tornou-se a área mais propícia á culturas de grãos devido a sua profundidade e alta capacidade de drenagem e por apresentar inclinações normalmente inferiores que 3%. “[...] isso os torna área privilegiada de expansão da agricultura em grãos, por ser acessível da implementação de mecanização” (MAROUELLI, 2003, p.11). De acordo com Bezerra e Cleps Júnior (2004, p.30), “o desenvolvimento agrícola no Centro-Oeste é intensificado a partir da década de 1930, com objetivo de atender ao mercado consumidor de produtos agrícolas da região Sudeste”. Assim, o desenvolvimento agrícola do Centro-Oeste esteve diretamente ligado ao desenvolvimento

Page 8: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1079

industrial do país, que se iniciou na região Sudeste nesse período.

Figura 10 – Avanço tecnológico no cerrado Fonte: www.1.folha.uol.com.br

Segundo Pedroso et.al (2004) a falta de

programas específicos e iniciativas governamentais e a falta de conhecimentos técnicos específicos foram considerados fatores de entraves para o desenvolvimento agrícola da região Centro-Oeste.

Figura 11 – grãos de soja região do Mato Grosso Fonte: www.noticiasagricolas.com.br

A revolução tecnológica e a transformação

na produção agrícola na década de 1950 a 1964 foram causadas pela incorporação de tecnologias por intermédio de sistema de práticas e insumos agrícolas que asseguraram condições para novos cultivares alcançassem altos níveis de rendimento, resultado de melhoramento genético e uso de fertilizantes químicos (NAVARRO, 2001). No entanto, esse modelo produtivo tem sido alvo de discussões e críticas, principalmente pelos problemas de ordem socioambiental dele advindos como, por exemplo, a destruição de biomas como o cerrado (THEODORO et al 2002).

Na década de 70 novas pesquisas foram realizadas pelo Governo Federal em parceria com Departamento Nacional de Pesquisa Agrícola (DNPA), do Ministério da Agricultura, com a finalidade de desenvolver as tecnologias

necessárias para viabilizar a ocupação da região dos cerrados (MACEDO, 2000). O resultado dessa pesquisa estabeleceu um amplo diagnóstico das principais limitações para o uso da agrícola. Dessa forma afirma que dentre vários problemas apresentados estavam os recursos naturais da região e sua generalização, as condições climáticas, a baixa fertilidade do solo e sua degradação, a ocorrência de pragas e doenças nas áreas com monoculturas e principalmente a necessidade de se desenvolver sistemas de produção que considerassem as peculiaridades ambientais da região e suas características sociais e econômicas (MACEDO, 2000, p.14).

A modernização na produção agrícola ao mesmo tempo em que radicou a região dos cerrados na nova dinâmica econômica trouxe consequências drásticas para a degradação do meio social e ambiental. “Alguns exemplos dessa realidade: a perda da biodiversidade, a erosão e compactação dos solos, o êxodo rural, a concentração de renda e muitos outros problemas relacionados ao desenvolvimento urbano” (SAWYER, 2002, p. 13).

O processo de urbanização, ocorrido pelo êxodo rural, acarretou uma série de problemas sociais, estruturais e econômicos, os principais motivos dessa migração foram à expansão agrícola e oportunidades de empregos que atraíam os moradores do campo. Essa migração ocasionou o crescimento desordenado dos centros urbanos, gerando um verdadeiro caos social (SAWYER, 2002).

De acordo com Marouelli (2003) o crescimento desordenado da população nos centros urbanos exigia uma quantidade maior de alimentos o que provocou a busca por outras fronteiras para a expansão agrícola, e, o cerrado representava uma das alternativas viáveis e com alto potencial para a produção agrícola. No entanto, “sua utilização requer uma série de precauções e medidas que visem o desenvolvimento sustentável, sem esgotar os recursos naturais tão abundantes na região” (MAROUELLI, 2003 p.25). Conservação do bioma cerrado

As grandes transformações ocorridas nas paisagens do bioma cerrado e a ameaça a sua biodiversidade têm provocado surgimento de iniciativas de conservação por parte do governo, de organizações não governamentais (ONGs), pesquisadores e do setor privado. Uma rede de ONGs (a Rede Cerrado) foi estabelecida para promover localmente a adoção de práticas para o uso sustentável dos recursos naturais (Fundação Pro-Natureza, 2000). Em 2003, foi encaminhado um documento conceitual ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) com recomendações para a adoção de medidas urgentes para a conservação do cerrado. Em 2004, é proposto um programa de

Page 9: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1080

conservação denominado “Programa Cerrado Sustentável”.

O Programa Cerrado Sustentável tem como objetivo principal a promoção da conservação, a restauração, a recuperação e o manejo sustentável de ecossistemas naturais, bem como a valorização e o reconhecimento de suas populações tradicionais, buscando condições para reverter os impactos socioambientais negativos do processo de ocupação do Bioma Cerrado (www.mma.cov.br).

Figura 12 – Jardim Botânico Fonte: Acervo pessoal

O Brasil possui cerca de 3,7% de sua

extensão territorial protegido, esse percentual fica acima da média mundial de 31%, mas abaixo da sul-americana de 45%. Entretanto, há uma carência de conservação na região dos cerrados, que segundo Marouelli (2003) em comparação dos ecossistemas amazônicos, a área protegida do bioma equivale menos de 2%. “Esta discrepância estende-se ao tamanho das unidades de conservação: a maioria das unidades na Amazônia possui área superior a 100 mil hectares, enquanto que no Cerrado apenas 10% das unidades possui área acima de 50 mil hectares” (Dias, 1994 apud MAOURELLI, 2003).

O cerrado brasileiro grande porcentagem de sua cobertura primitiva, a vegetação está sendo substituídas pelo plantio de pastagens, culturas temporárias, culturas perenes, represamento, áreas urbanas e áreas degradadas abandonadas. Entretanto “há uma variedade de plantas e animais nativos subsistentes nas áreas antrópica, porém tendem a dissipar-se por falta de preocupação com sua preservação” (MAOURELLI, 2003, 27).

Infelizmente a ocupação das áreas do cerrado na região Centro-Oeste tem ocorrido de forma desordenada e sem um planejamento adequado: “os cerrados são vistos pelos planejadores financeiros e agricultores apenas com uma área de ocupação e aproveitamento de substrato para as atividades agrícolas sem dar

importância às riquezas ali existentes” (DIAS, 1992 apud MAROUELLI, 2003). Cerrado integração natureza e cultura

No cerrado encontra-se uma das maiores riquezas da biodiversidade mundial. Suas espécies vegetais e animais são conhecidos devidos o seu enorme potencial em plantas medicinais e alimentar. No cerrado se encontram plantas endêmicas que são capazes de resistir longo período de seca e que se perpetuam sendo passivas de sobrevivência mesmo diante uma situação de aquecimento global (www.ispn.org.br).

20 milhões de habitantes que vivem na região dos cerrados são oriundos de várias etnias conhecidos como os povos tradicionais (indígenas, extrativistas, geraizeiros, ribeirinhos, quilombolas, e vazanteiros), todos dotados de experiência de convívio com a natureza, e que fizeram do cerrado um lugar de grande importância para a humanidade ao se tornarem conhecedores privilegiados do bioma e de suas potencialidades (www.ispn.gov.br).

Figura 13 – Quebradeiras de coco babaçu: ribeirinhos. Fonte: www.cerratinga.org.br

Bem como observou Mônica Nogueira (representante da Rede Cerrado do Comitê Coordenador da Rede de Tecnologia Social), que os povos tradicionais estão restritos às suas terras ou tem que se adaptarem seus modos de vida à disponibilidade de recursos, aos conflitos locais e à inclusão social “Valorizar suas culturas tradicionais, ter plenamente reconhecidos seus direitos e, ao mesmo tempo, buscar inserção positiva na sociedade brasileira é atualmente o grande desafio desses povos” (www.ispn.gov.br).

Nas ultimas décadas, o território ocupado pelo bioma Cerrado tem sofrido uma intensa invasão por populações e atividades que não existiam na região há algum tempo atrás. A expansão da mecanização tecnológica de produção em grande escala, transformaram não

Page 10: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1081

somente as paisagens nativas do cerrado, mas também os modos de vida de suas populações, ecossistemas e os recursos hídricos têm sofrido com as modificações e degradação desordenadas em relação à integração das espécies, a qualidade e quantidade de água e estações climáticas. Mas, esse lamentável processo de degradação em relação aos aspectos físicos da região tem gerido o empobrecimento cultural dos povos do cerrado (www.ispn.gov.br).

Figura 14 – Comunidade Quilombola Fonte: www.cerratinga.org.br Agricultura familiar

A agricultura familiar brasileira é extremamente heterogênea, incluindo desde famílias em condições de extrema pobreza subordinados a pequenas áreas agrícolas até grandes produtores inseridos nos sistemas agroindustriais nacionais e internacionais (BUAINAIN et al 2005).

Essa heterogeneidade da agricultura familiar está vinculada da própria formação dos grupos ao longo de sua história, através das heranças culturais adquiridas, das experiências particulares ao acesso e à disponibilidade diferenciada vários fatores, dentre os quais os recursos naturais e o capital socioeconômico (BUAINAIN et al 2005).

A agricultura familiar pode ser definida como o conjunto de unidades produtivas agropecuária com exploração em regime de economia familiar aquelas atividade realizadas em pequenas e médias propriedades, com mão de obra da própria família (SCHNEIDER, 2003).

Para Hetch (2000, p. 52), agricultura familiar se caracteriza como “uma forma de organização da produção em que os critérios utilizados para orientar as decisões relativas à exploração não são vistos unicamente são ângulos da produção/rentabilidade econômica, mas considera, também, as necessidades objetivas da família”. Ao contrário do modelo patronal, no qual há completa separação entre

gestão e trabalho, no modelo familiar estes fatores estão intimamente relacionados.

Figura 11 – Família de Agricultores Fonte: www.vermelho.org.br

Segundo previsto na Lei nº 11.326/2006,

considera-se agricultor familiar àquele que desenvolve atividades econômicas no meio rural e que atende alguns requisitos básicos, tais como: não possuir propriedade rural maior que módulos fiscais; utilizar predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas de propriedade; e possuir a maior parte da renda familiar proveniente das atividades agropecuárias desenvolvidas no estabelecimento rural (ALMEIDA, 2006).

Figura 16 – Horta comunitária Fonte: www.revistagloborural.globo.com

A agricultura familiar corresponde a uma unidade de produção agrícola está interligada a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo. O caráter familiar desse modelo de agricultura não é apenas um detalhe superficial e descritivo, mas "o fato de uma estrutura produtiva associar família-produção-trabalho tem consequências fundamentais para a forma como ela age econômica e socialmente” (OLIVEIRA et al 2011, p. 15).

Nesse sentido, afirma Bittencourt (2002, p. 85), que: [...] é preciso estimular a participação dos agricultores familiares nas políticas públicas, garantindo a eles acesso a terra e ao crédito, condições e tecnologias para a produção e para

Page 11: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1082

o manejo sustentável de seus estabelecimentos, além de garantias para a comercialização dos seus produtos, agrícolas ou não.

Para Abramovay (2004) o papel que a agricultura exerce é fundamental para o desenvolvimento econômico e sustentável da área rural. E, também, a principal atividade econômica de diversas regiões brasileira, para tanto, necessita ser fortalecida, pois a mesma disponibiliza aos agricultores familiares a geração de empregos e aumento de renda.

Figura 17 - Cultivo da terra realizado por pequenos proprietários rurais Fonte: www.dw.com

Nos últimos anos, a agricultura familiar

ganha destaque ao ser considerado um fator de redução da pobreza nas áreas rural. As políticas governamentais passaram a dar maior apoio ao PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar aumentando sua área de cobertura, diversificando o público beneficiado criando novas linhas temáticas de crédito. Rapidamente o número de agricultores familiares beneficiados aumentou para aproximadamente dois milhões de famílias. Desta nova conjuntura política de demandas específicas das populações rurais, surgem novas oportunidades para as famílias agricultoras no Brasil (BITTENCOURT, 2002).

A busca para promover o desenvolvimento sustentável, tem instigado programas de políticas governamentais no sentido de fortalecer a agricultura familiar. Diante desse cenário, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário, destaca como eixo central o combate à pobreza rural; segurança e soberania alimentar; sustentabilidade dos sistemas de produção e geração de renda e agregação de valores (OLIVEIRA et al, 2003). Agricultura Familiar no Distrito Federal

No caso do Distrito Federal, os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) vêm contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolve ações para adoção de um modelo de produção mais sustentável. Essa Unidade Federativa vem apresentando, nas últimas décadas, um crescimento significativo de suas atividades agrícolas, beneficiando assim

muitos agricultores, o que inclui aqueles de base familiar (BRASIL, 2003).

Com apenas 400 mil hectares de área agricultável, o Distrito Federal (DF) possui um dos processos produtivos mais dinâmicos entre os pequenos produtores rurais. A agricultura familiar nas cidades satélites sobrevive à base da diversificação de produtos intensificados em momentos de ajustes econômicos (SCHNEIDER, 2003).

De acordo com a Secretaria da Agricultura do Distrito Federal, a região possui cerca de 19 mil estabelecimentos rurais, mais de sei mil agricultores familiares e dois mil assentados de reforma agraria. Para tanto, deve-se ressaltar que apesar do cenário econômico de aumentos nos custos de produção tenha gerado a diminuição da margem de renda, a produção diversificada é a saída para sobreviver às dificuldades econômicas (www.mda.gov.br).

Até a década de 1980 o Distrito Federal não possuía uma agricultura dinâmica, o que resultava em um aumento elevado no preço dos produtos alimentícios, especialmente das olerícolas (hortaliças, folhagens, raízes, bulbos, tubérculos e frutos). Atualmente, a agricultura ocupa um lugar de destaque na economia brasiliense. Um cinturão verde na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE) abastece a cidade e já exporta alimentos para outros locais associados à unidade federativa. (Portal de Notíc ias do Senado Federal, 2011).

Segundo Portal Brasil (2015) o pequeno agricultor brasiliense ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado. Maior destaque está na produção de alimentos orgânicos. Produtos orgânicos no Distrito Federal

De acordo com a Companhia e Planejamento do Distrito Federal (Codeplan, 2015) a agricultura orgânica no Distrito Federal é uma atividade basicamente exercida por produtores familiares que tem como função abastecer o mercado com produtos de boa qualidade e isento de agrotóxicos.

Dessa forma, afirma Verdi (2015) que o alimento vegetal é aquele obtido sem a utilização de agrotóxicos, pesticidas, adubos químicos ou sementes transgênicas. Os alimentos de origem animal devem ser produzidos sem o uso de hormônios de crescimento, anabolizantes ou drogas, como antibióticos, que favoreçam o seu crescimento de forma não natural (www agricultura.gov.br). Para Penteado et al (2002) os alimentos orgânicos são considerados mais saborosos e saudáveis, além de terem alto teor de antioxidantes, vitaminas, minerais, fósforo, fibras

Page 12: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1083

e outros nutrientes que beneficiam o equilíbrio do organismo.

Figura 18– Feira do Produtor (Vicente Pires-DF) Fonte: Acervo pessoal

A Companhia de Planejamento do Distrito

Federal – Codeplan (2016), revela que o mercado de produtos orgânicos cresce 20% ao ano e a prática de manejo da terra através do controle natural, tem vigorado na contribuição da agricultura de exercer seu papel socioambiental propiciando alimentos isentos de agrotóxicos e elevar a qualidade de vida e saúde para consumidores (www.mam.gov.br).

Para a Emater (2005), o Distrito Federal é autossuficiente em vários produtos, tendo uma participação relevante da agricultura familiar. Entretanto, existe potencial de crescimento agrícola ainda não explorado no DF, sendo esse um dos esforços da assistência técnica para incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis, principalmente, entre os agricultores familiares.

Segundo Jornal da Comunidade (2015), o Distrito Federal se destaca na produção de hortaliças e frutas. O destaque é para a produção de pimentão, morango e goiaba. A olericultura (produção de hortaliças) gera mais de 30.000 empregos diretos e cultiva mais de 70 espécies em uma área de 9.108 hectares, com alto padrão tecnológico. São produzidas 20 mil toneladas por ano (20milt/ano) de pimentão sendo os Núcleos Rurais Taquara e Pipiripau, em Planaltina (DF), os maiores polos produtores desta cultura no país. Parte da produção é exportada para outras cidades a exemplo de Goiânia (GO), Manaus (AM), Belém (PA) e Palmas (TO). A região de Planaltina é uma das regiões mais tecnificadas na área hortícola do Brasil.

Na busca por qualidade de vida e alimentos mais saudáveis, o Distrito Federal tem um grande mercado consumidor de produtos orgânicos. E com parceria as iniciativas governamentais, o setor agrícola tem a oportunidade de fazer parcerias na construção

de novos conhecimentos no campo da agricultura sustentável para o sistema de produção orgânica ou agroecológica (OLIVEIRA, 2006).

Figura 19 – Horta orgânica no Distrito Federal Fonte: Acervo pessoal

De acordo com Correio Braziliense (2016),

apenas metade dos proprietários rurais do Distrito Federal fizeram o Cadastro Ambiental Rural (CAR), espécie de base de dados que monitora e combate o desmatamento. O registro é obrigatório. A ideia central do cadastro declaratório é identificar áreas passivas – regiões de preservação degradada de forma irregular. Com ele, quem produz poderá recuperar a área e, ainda, contar com a ajuda do governo no que se diz respeito à continuidade da produção. “É uma obrigatoriedade prevista na Lei 2.651, de 2012. Aqueles que não o fizerem não terão segurança jurídica e serão impedidos de fazer credito rural”, afirma o gerente de Meio Ambiente da Emater/DF Marcos de Lara Maia.

A cultura de produtos orgânicos, conforme estudo da Codeplan deve estar vinculada ao processo consonante às exigências legais, deve respeitar aspectos, sociais, econômicos e ambientais, proteger o uso responsável do solo, da água, do ar e demais recursos naturais (EMATER/DF, 2013).

Segundo o Globo Ecologia (2013) os produtos orgânicos são conceituados de maneiras diferentes: a certificação por auditoria, a certificação pelos sistemas participativos e o controle social para venda direta sem certificação.

No primeiro caso, a emissão do selo de controle é realizada por empresas públicas ou privada, com ou sem fins lucrativos, que fazem auditorias nos processos produtivos, embalagem e transporte das mercadorias. A análise obedece a determinações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No Distrito Federal, 26 produtores, o equivalente a 23,6% dos 110 agricultores locais cadastrados pelo governo federal, tem essa certificação. No Brasil, 42,9%

Page 13: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1084

dos 10.694 mil produtores de orgânicos têm produtos com esse selo (www.organicsnet.com).

A regulamentação da produção de

orgânicos no território nacional conta com amparo legal em conformidade a Lei n° 10.831/2003 e o Decreto nº 6223/ 2007, que dispõem sobre a produção orgânica. O Decreto estabeleceu um grande avanço sobre o ponto de vista dos mecanismos de e controle necessários para assegurar ao consumidor a qualidade do produto orgânico. Ele prevê três mecanismos de controle para garantia da qualidade orgânica, o que tem dado destaque ao Brasil no cenário internacional ao reconhecer a importância do controle social, em vez de ter apenas a certificação por auditoria externa como mecanismo de controle (PLANAPO, 2013).

A legislação brasileira disciplinou a operação dos sistemas participativos de garantia que se fundamentam na auditoria interna, feita pelos próprios agricultores e por outros interessados, como consumidores e comercializadores, que se responsabilizam de forma solidária pela garantia da qualidade orgânica de todos os membros do sistema. A mesma legislação reconhece, também, o papel das organizações de controle social como mecanismo de garantia para agricultores familiares que comercializam seus produtos unicamente em venda direta aos consumidores (PLANAPO, 2013)

Figura 20– Feira do Produtor em Vicente Pires Fonte: Acervo pessoal

O Decreto também instituiu o Cadastro

Nacional de Produtores Orgânicos, no qual devem constar os dados de todos os produtores regularizados por um dos três mecanismos de controle previstos pela legislação brasileira. Que pode ser conceituado de diferentes formas: Certificação por Auditoria, Certificação pelos

Sistemas Participativos e o Controle Social para venda direta sem certificação.

A certificação por meio dos sistemas participativos de garantia é feita por grupos formados por produtores, consumidores, técnicos, pesquisadores — pessoas jurídicas ou - não responsáveis formalmente pelas atividades desenvolvidas. Em Brasília, apenas 20 produtores, ou 18,2%, estão nessa categoria. No País, esse tipo de controle abrange 28,2% dos produtores nacionais (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2013).

O controle social para venda direta sem certificação é exercido por grupos de produtores, associações, cooperativas ou consórcios, com ou sem personalidade jurídica. Esse mecanismo fiscaliza 64 produtores, o equivalente a 58,2% do segmento no DF. Os agricultores dessa categoria vendem apenas em feiras, diretamente ao consumidor, sem o selo oficial. No Brasil, 28,9% dos produtores orgânicos são avaliados por organismos de controle social. Para o Ministério de Agricultura do Distrito Federal “os agricultores familiares são os únicos autorizados a realizar vendas diretas ao consumidor sem certificação, Cultura” (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2013).

De acordo com a PLANAPO (2013, p. 28), segundo dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, revela que atualmente 5934 produtores já estão regularizados, sendo responsáveis por 11.063 unidades de produção controladas. Outro fato importante e que se pode constatar é a acuidade que os mecanismos de controle social vêm assumindo no Brasil visto que atualmente já se têm 1.241 produtores ligados a quatro Sistemas Participativos de Garantia credenciados, 1.751 produtores ligados a 103 Organizações de Controle Social para venda direta. O que representa uma efetividade praticamente igual aos 2942 produtores ligados à certificação por auditoria. Existem, atualmente, nove Sistemas Participativos de Garantia e algumas dezenas de Organizações de Controle Social em processo de regularização.

Apesar desses avanços, ainda será necessário, no âmbito doméstico, grande investimento em divulgação desses mecanismos e em fomento à adesão, para que se amplie o número de produtores e organizações que atuam sob o amparo da regulamentação. Além disso, esforço significativo deverá ser feito para se observar sua implantação e ajustar procedimentos que possam ser simplificados. Outro desafio será a obtenção de equivalência entre a regulamentação brasileira e de parceiros comerciais de outros países, de forma a facilitar o comércio internacional desses produtos (PLANAPO, 2013).

Page 14: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1085

Conforme o Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (www.incra.gov.br), o mercado anual de produtos orgânicos do Brasil é de cerca de U$ 400 milhões, sendo 40% comercializado no País e 60% para exportação, com crescimento aproximado de 25% ao ano. No Brasil, a produção orgânica é uma atividade que se encontra em franca expansão entre agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Estima-se que em torno de 85% dos produtores orgânicos brasileiros sejam familiares. (www.incra.gov.br).

Em Brasília (DF), um dos exemplos de produção orgânica na agricultura familiar é o Grupo Vida e Preservação, criado em 2002, e que reúne famílias agricultoras do Assentamento Colônia I, localizado no entorno do Distrito Federal (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, 2010). A proposta desse grupo é a organização social, a geração de rendas e a preservação ambiental por meio do cultivo de alimentos orgânicos (em especial hortaliças), comercialização de produtos e implantação de viveiro florestal. Com oito anos de existência, o grupo já conta com nove pontos de venda na capital. Cada ponto é de responsabilidade de uma das famílias integrantes do grupo. Oito famílias compõem o Grupo Vida e Preservação, que pretende ampliar os pontos de venda dos produtos orgânicos e, para isso, já estão pensando na montagem de novas estufas para aumentar a produção. Além disso, o grupo já está discutindo uma parceria com o governo local para a distribuição dos alimentos em creches e escolas. São produtos como rúcula, tomate, vagem, abobrinha, acelga, beterraba, entre outras verduras e legumes. Além disso, os agricultores comercializam frutas como mamão, manga e morango. Todos produzidos de forma orgânica e vendidos apenas no Distrito Federal. (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, 2010). Análise e Discussão de Resultado A pesquisa de campo foi realizada na chácara INCRA 07 Reserva N. Gleba 02 chácara 09/01 localizada nas imediações da Cidade de Brazlândia no Distrito Federal. Os proprietários da chácara Sr. Rubens e Dona Elizabeth que ao se aposentarem conversam com os filhos a respeito de comprar um terreno próximo a cidade para cultivar algo que pudesse aumentar a renda familiar, ao chegarem ao local sentiram que não valia mais a pena morar nas cidades do Distrito Federal.

A princípio o senhor Rubens tentou diversas atividades agrícolas como hortaliças e frutas

exóticas, no caso framboesa, mangustim e amora silvestre plantas importadas de outros países.

Em sua entrevista comentou, ainda, da necessidade de fazer correções no solo, pois, este não produzia quase nada devido a degradação do terreno, o mesmo se encontrava bastante empobrecido pela lixiviação do uso inadequado do fruto de trabalho do antigo proprietário, no entanto não desistiram. Conta que levanta bem cedinho e seu maior prazer é a dedicação a sua plantação. No processo de cuidado com as plantas, ele afirma passar o dia molhando as diversas especialidades de frutas que agora tem o prazer de colher após seis anos de dedicação.

Figura 21– Amoras Silvestres Fonte: Acervo pessoal

No caso do senhor Rubens, agricultor

familiar, vive da agricultura de subsistência, fala que algumas das espécies de plantas que a se dedica a exemplo das bananeiras, é para consumo próprio e também para alimentar micos que passaram a morar em sua chácara e outros pássaros que ali habitam.

O cultivo de pimentas também é uma opção favorável para o agricultor. Segundo ele, as pimentas são usadas para o controle de pragas em sua lavoura. Ao ser questionado como se dava esse processo, o agricultor explica que é feito uma fusão de pimentas, no caso, a pimenta Jalapeno – originária do México, com água processado em liquidificador. A medida é proporcional, a quantidade de pimenta não deve exceder a 2%, pois há risco de queimar a plantação. Dessa forma, sr. Rubens pulveriza as plantas sempre ao cair da tarde, momento exato que irá contribuir para a eficácia do

Page 15: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1086

procedimento. Ele afirma que em sua propriedade não há uso de agrotóxicos químicos. O senhor Rubens está registrado no Cadastro Ambiental Rural (CAR), que “é obrigatório para todos os donos de imóveis rurais no Distrito Federal e na prática, funciona como base de todos para monitoramento e combate ao desmatamento” (Correio Brasiliense, 2016, p. 29).

A ideia central do cadastro declaratório é identificar as chamadas áreas de passivas – regiões de preservação degradadas de forma irregular. Com ele, quem produzir poderá recuperar área e ainda contar com a ajuda do governo no que diz respeito à continuidade da produção.

Com o cadastro obrigatório, o senhor Rubens declara que foi estipulado cerca de quatro mil metros da área para reflorestamento, “uma exigência que deve ser obedecida pelo produtor rural”, e disse que tem muito mais do que esta área desocupada com nenhuma plantação a não ser as plantas invasoras com gramíneas e outras pragas.

Figura 22 – Frutas (chácara do Sr. Rubens) Fonte: Acervo pessoal

De acordo com a pesquisadora, o Sr.

Rubens está consciente que as áreas do cerrado enfrentam fortes pressões humanas que põem em risco a sua continuidade. O desmatamento do bioma cerrado é alarmante, “chegando a 1,5% ao ano, o que se refere a três milhões de hectares/ano, isso equivale a 2,6 campos de futebol a cada minuto ”.

Dessa forma, foi sugerido pela pesquisadora que o mesmo introduzisse, na área desocupada de sua propriedade, plantas originárias do cerrado a exemplo, caju, pequi,

mangaba, guariroba entre outras que ele gosta de plantar. Dessa forma ele contribui para o reflorestamento previsto na Lei 12.651/2012 e pode usufruir de maneira sustentável e o mais importante é que as plantas do cerrado não necessitam da irrigação por que elas procuram seu próprio alimento.

A segunda entrevista foi realizada na Colônia Agrícola Vicente Pires a margem da Estrada Parque de Taguatinga (EPTG). Nesse local existe vários canteiro de hortaliças. Pode-se destacar a Chácara nº 72 arrendada pelo Sr. Anderson Rocha Carvalho o agricultor que ali se dedica a cultivar vários tipos de folhagens em uma área espaçosa de aproximadamente três hectares.

Em sua horta há bastante variedade de verduras, mas a sua dedicação maior é para as folhagens como: couve, alface, brócolis e hortelã entre outros orgânicos encontrados na produção.

O senhor Anderson comenta que parte de sua produção é destinada a feira do produtor situada na Cidade de Ceilândia/DF, o qual ele mesmo comercializa seus produtos a partir das 03:00 h todos os dias, e a outra parte é vendida na banca de nº 75 na feira do produtor em Vicente Pires conhecida como feira dos produtores orgânicos do DF.

Ao contrario do primeiro caso, o senhor Anderson é um agricultor familiar que vive da renda de sua produção, possui sete empregados que o ajudam no cultivo em sua propriedade.

Possui registro na EMATER, e também o cadastro rural que o possibilita comercializar seus produtos orgânicos em feiras e mercados da região.

Figura 23 – Sr. Anderson Rocha Carvalho Acervo pessoal: Analice Belgia de Amorim

Pôde-se notar o entusiasmo do pequeno

agricultor ao relatar sua experiência. Ele afirma que desde a idade de treze anos trabalha com hortaliças, mas neste local ele se dedica ao cultivo a oito anos produzindo alimentos para a comunidade local e tirando dali o seu próprio alimento e renda para a sua família.

Segundo a pesquisadora, os dois agricultores entrevistados apresentam alguns aspectos distintos. Significa que ambos têm suas

Page 16: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1087

particularidades próprias e experiências similares.

O processo de combate a pragas em sua lavoura é, segundo ele, feito de forma sustentável, sem auxílios de produtos nocivos a saúde humana. Assim como o primeiro caso, ele também utiliza o processo de repelentes a base de pimenta, e também uma solução feita de infusão do fumo, que é aplicada diretamente na plantação, sempre ao cair da tarde. E no dia seguinte bem cedinho, diz: “é feita a irrigação evitando assim a queima das plantas com o calor do sol”.

Figura 24 – Feira do Produtor orgânico de Vicente Pires (Sr. Anderson e sua esposa). Acervo pessoal: Analice Belgia de Amorim

No caso do Sr. Rubens o sistema agrícola

adotado a princípio estava voltado para a produção de alimentos, no caso frutas, como veículo de ampliação de renda familiar, que com o passar do tempo foi transformada em uma opção de vida e lazer passando a ser sistema de agricultura de subsistência. Entretanto, para o Sr. Rubens e Dona Elizabeth o que antes era uma forma de trabalho passou a ser um modo de vida.

O Sr. Anderson Rocha desde muito cedo estava inserido ao meio de agricultura familiar, o que o faz distinto em relação ao primeiro caso. De certa forma para ele a agricultura não é apenas uma motivação ou opção de vida, nas uma continuidade de processos adquiridos por seus antepassados.

Conclusão

A sociedade existente atualmente e as que ainda estão por vir dependem de todos os recursos advindos pela natureza para continuar a perpetuação de sua espécie.

Para que a vida seja contínua é necessária à preservação dos recursos naturais. Mas, no ritmo em se encontra a depredação

ambiental poucas são as chances para isso acontecer.

A crise ambiental em que o ser humano está inserido demonstra que os problemas em relação à projeção de seu ambiente têm crescido assustadoramente. O homem ainda não encontrou um planejamento para sanar suas dificuldades em relação ao meio ambiente.

O inchaço das grandes metrópoles tem ocasionado a busca por melhor condição de vida, e para isso, é preciso dispor de novas áreas para aumento de produção alimentar que se destaque em quantidade e qualidade.

A busca por melhor qualidade de vida e subsistência social, o cerrado passou a ser uma das alternativas mais viáveis tornando-se a nova fronteira para expansão agrícola.

Em geral, o processo de exploração agrícola no cerrado vem ganhando território, na região Centro-Oeste o potencial de produção de grãos e sementes são efetivamente reconhecidas no território Nacional.

O cerrado está ameaçado de extinção. O desmatamento dos últimos anos, a expansão agropecuária e o crescimento acelerado da urbanização vêm reduzindo a cobertura vegetal do cerrado brasileiro.

A produção de alimentos em grande escala é um desses fatores que contribui para esse fim. Contudo, eleva os padrões de produtividade insustentáveis.

A agricultura familiar no Brasil pelo seu potencial constitui parte das soluções dos problemas do país no que se diz respeito de produção agrícola. É uma maneira de resgatar os valores sociais em decorrência da agricultura moderna.

A agricultura familiar vem se tornando notória em sua funcionalidade, e isso tem acontecido devido ao apoio de iniciativas e políticas governamentais, visando os benefícios sociais para a população local, presando sua diversidade cultural e ambiental.

No caso do Distrito Federal as contribuições vêm beneficiando não apenas agricultores, mas a sociedade como um todo, uma vez que, o desenvolvimento da agricultura na região permitiu que a produção de alimentos tornasse mais acessível ao consumidor, o que reflete melhores ofertas e mais qualidade, além de permitir acréscimo econômico local.

A produção de alimentos orgânicos vem sendo destaque no Distrito Federal e a maior parte desses alimentos é produzida por pequenos grupos de agricultores familiares.

A importância da agricultura familiar é cada vez maior em produzir hortaliças e frutas com qualidade e livres de agrotóxicos, e que o ambiente agrícola também não seja comprometido respeitando os princípios de segurança alimentar. E identificar a qualidades dos produtos orgânicos através do selo que

Page 17: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1088

informa os níveis de agrotóxicos permitidos pela lei.

Na maioria das vezes, os produtos convencionais (aquele que são produzidos em grande escala com auxilio de agrotóxicos químicos) têm abastecido o mercado brasiliense. E muitas vezes, para o consumidor é um fato desconhecido.

Os produtos orgânicos vêm ganhado notoriedade, a procura por esse tipo de alimento vem crescendo consideravelmente. E isso, tem proporcionado ao público consumidor maiores ofertas em redes de abastecimentos, mercados e feiras de produtos orgânicos.

O que reporta uma variedade de escolha que os consumidores de produtos orgânicos podem desfrutar e usufruir em suas mesas. Essa é uma realidade voltada para o desempenho e dedicação voltada para a produção racional e sustentável, isenta de agrotóxicos, dos agricultores familiares que tem como característica peculiar promover mudança de qualidade de vida no Distrito Federal. Agradecimento

Agradeço, a Deus pela oportunidade de realizar o meu sonho de formação acadêmica. A minha mãe Natália por suas orações em meu favor. Aos meus familiares que compreenderam os momentos de ausência e pelo apoio que me deram especialmente a Synara Natalia Amorim Leles (minha querida sobrinha).

Aos amigos pela colaboração e incentivo, aos professores do Curso de Gestão Ambiental, especialmente, ao professor Msc. Luís Carlos Spaziani por sua dedicação e por todos os meus colegas, muito obrigada. REFERÊNCIA ABRAMOVAY, R. Agricultura familiar e uso do solo. São Paulo em Perspectiva, abr./jun., vol. 11, nº 2 pp. 73-78, 2004. ALMEIDA, RR. Agricultura Familiar. In: Geografia humana. www.mundoeducacao.bol.uol.com.br. Acesso em: jun. 2016. BARROS, AJ. da S.; L., NA. de S. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2000. BEZERRA, L. M.C. & C. J., J. O desenvolvimento agrícola da região Centro-Oeste e as transformações no espaço agrário de Goiás. Caminhos da Geografia – disponível em: <http//;www.ig.uf.br/caminhos_de_geografia.html>. Acesso em: jun. 2016. BITTENCOURT, G. Agricultura familiar e agronegócio: questões para pesquisa. In: LIMA, Dalmo M. de Albuquerque; WILKINSON, John (Org.). Inovações das tradições da agricultura familiar. Brasília: CNPq, 2002.

BRASIL. Decreto nº 1.946, de 28 de junho de 1996. Cria o programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar (PRONAF), e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 julho 1996. www.planapo.org.br. Acesso em: jun. 2016. BRASIL –- EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação dos solos. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2005. BUAINAIN, AM. et al. Inovação tecnológica na agricultura e na agricultura familiar. In: LIMA, Dalmo M. de Albuquerque; WILKINSON, John (Org.). Inovações das tradições da agricultura familiar. Brasília: CNPq, 2002. CORREIO B., Cidades. Contagem final para cadastrar os produtores. Brasília terça-feira 03 de maio de 2016. COUTINHO, L. M. O conceito de Bioma. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 20, p. 16-26, 2006. ____________LEI Nº 11.326, de 24 de julho de 2006, Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11326.htm>. Acesso em: jun. 2016. DINIZ, I. R.; M. F., J.; M., R. B. & C., Roberto. (org.). CERRADO: conhecimento científico quantitativo como subsidio para as ações de conservação. Brasília – UNB: Editora Thesaurus, 2010. __________EMATER DF. Participação dos agricultores familiares orgânicos e em transição agroecológica no Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) – Convenio MDS / SEAGRI-DF/EMATER-DF 2012/2013 e no Programa Nacional de Alimentação Escolar 2012. 2013. Brasília. ___________Para adquirir Produtos Orgânicos no Distrito Federal. 2011. __________EMBRAPA. Grupo de Agricultura Orgânica e Agroecologia da Embrapa Hortaliça – Pontos de Venda de Hortaliças Orgânicas no DF. Brasília. 2011. ___________Panorama da Agricultura Orgânica – Distrito Federal. 2005. ___________Sustentabilidade do manejo orgânico e convencional na produção de hortaliças do Distrito Federal. 2007. FONSECA, M. T. L. A extensão rural no Brasil, um projeto educativo para o capital. São Paulo, Edições Loyola, 2005. HARIDASAN, M. Nutrição mineral de plantas nativas do cerrado. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.12, n.1, p.54-64, 2000. HECHT, S. A. evolução do pensamento agroecológico. In: ALTIERI, M. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. 4ª edição. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 2000. ____________IBGE. Mapa dos Biomas do Brasil. Diretoria de Geociências, 2004.

Page 18: GESTÃO AMBIENTAL CULTURA E CULTIVO NO CERRADO: …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · No contexto atual, na crise ambiental em ... Materiais e Métodos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 1º                                                                                                                   1089

Disponível em: www.ibege.gov.br/mapas. Acesso em: mar. 2016. ____________IBAMA. Ecossistemas brasileiros. Brasília: IBAMA, 2001 ____________ ISPN: in. www.ispn.org.br. Acesso em: jun. 2016. JORNAL DA COMUNIDADE. Produção agrícola do Distrito Federal é destaque nacional: In. <http://comunidade.maiscomunidade >. Acesso em: maio de 2016. LEWINSOHN, T.M., P., P.I. Biodiversidade Brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. São Paulo: Ed. Contexto, 2002. SBCS; UFV, 1996, pp. 35-167. LIMA. J. E.F.W. & S. E.M. Análise de recursos hídricos do Cerrado com base na importância econômica e socioambiental de suas águas. II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS: São Paulo, 2007. LOPES, A. F.; G., L. R. G. Solos sob o cerrado: manejo da fertilidade para a produção agropecuária. São Paulo: ANDA 1994. 62p. MACEDO, J. Produções de Alimentos: o potencial dos Cerrados. Planaltina: EMPRABA-CPAC. 2000, p.14-15. MAROUELLI, RP. O Desenvolvimento Sustentável da Agricultura no Cerrado Brasileiro. Brasília: UNICEUB, 2003. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Monitoramento dos biomas brasileiros. Brasília: MMA, 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/portalbio>. Acesso em: mar. 2016. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Agricultura Orgânica no Distrito Federal. <www.agricultura.gov.br>. Acesso em: mai./jun. 2016. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE Á FOME, Agricultura Familiar. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/bolsafamilia/programas-complementares/beneficiario/agricultura-familiar>. Acesso em: mai. 2016. MOYSÉS, A. e S., E. R. Ocupação e Urbanização dos Cerrados do Centro-Oeste e a Formação de uma Rede Urbana Concentrada e Desigual. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 12, 2007, Belém, PA. Anais. Belém, PA: [S. n.], 2007. Acesso em: mai. 2016. NAVARRO, Z. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados. Vol.15 nº. 43 São Paulo Set./Dez. 2001. <http://www.lume.urfrgs.br > acesso em: mai. 2016. OLIVEIRA, M. N. da S. Agricultura e sustentabilidade nos núcleos rurais da bacia

hidrográfica do Ribeirão Pipiripau. (Dissertação de Mestrado). Brasília, UnB, 2006. Acesso em: jun.2016. PEDROSO, I. L. P. B.; GOBBI, W. A.; O. CLEPS JÚNIOR, J; PESSOA, V. L. S. Modernização e Agronegócio: as transformações socioeconômicas recentes em Rio Verde (GO), In: Anais do 2º Encontro dos Povos do Cerrado, Pirapora (MG), 2004. Acesso em: mai./abr. 2016. PIVELLO, V. R. Estudos para a conservação dos recursos biológicos do cerrado – e exemplo da “Gleba Cerrado Pé-de-gigante” (Parque Estadual de Vassununga, Santa Rita do Passo Quatro, SP). 2003. 107 f. Tese (Livre-Docência) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP. Acesso em: mai. 2016. Revista Sustentabilidade em Debate - Brasília, v. 6, n. 1, p. 53-69, jan./abr.: Universidade de Brasília - Faculdade da UnB de Planaltina (FUP), 2015. RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. EMBRAPA: Brasília – DF, 2008. SAWYER, D. População, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável no Cerrado. In: _____ Migrações e ambiente no Centro-Oeste. Campinas: Núcleos de Estudos de População/UNICAMP: PRONEX, 2002. Acesso em: jun.2016. SCHNEIDER, S.; MATTEI, L.; CAZELLA, A. A. Histórico, caracterização e dinâmica recente do PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Porto Alegre, p. 1-20. 2004. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/pgdr/arquivos /394. pdf>. Acesso em: jun. 2016. SCHNEIDER, P. R.; FINGER, C. A. G. Manejo sustentado de floresta inequiâneas heterogêneas. Santa Maria: UFMS. 2000. 195p. SILVA, Lilian Leandra. O PAPEL DO ESTADO NO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DAS ÁREAS DE CERRADO ENTRE AS DÉCADAS DE 60 E 80. In: CAMINHOS DE GEOGRAFIA - REVISTA ON LINE, dez./2000. SILVEIRA, Ediléia Patrícia da. Florística e estrutura da vegetação de cerrado sensu stricto em terra indígena no noroeste do estado de Mato Grosso, 2010. Agricultura familiar. In: Regis Rodrigues de Almeida em Geografia humana http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agricultura-familiar.htm. Acesso maio de 2016. THEODORO, S., H.; LEONARDOS, O. H,; DUARTE, L. M. G. Cerrado: o celeiro saqueado. In: THEODORO, S., H; DUARTE, L. M. G. (orgs.). Dilemas do cerrado: entre o ecologicamente (in) correto e socialmente (in) justo. Rio de Janeiro, Garamond, 2002, p 241.