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Controle e descarte Resíduos na área de pintura

Gestao de Residuos de Pintura moveleira

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Apostila do curso de tecnico em moveis do senai

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Controle e descarte

Resíduos

na área de pintura

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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto – Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL DEPARTAMENTO NACIONAL José Manuel de Aguiar Martins - Diretor Geral Regina de Fátima Torres - Diretora de Operações Orlando Clapp - Gerente Executivo da Unidade de Tecnologia Industrial Sergio Motta - Gerente da Unidade de Serviços Técnicos e Tecnológicos FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ - FIEP Rodrigo Costa da Rocha Loures - Presidente SENAI/PR - DEPARTAMENTO REGIONAL DO PARANÁ Carlos Sérgio Asinelli - Diretor Regional Luiz Henrique Bucco - Diretor de Operações Amilcar Badotti Garcia - Alianças Estratégicas e Projetos Especiais Centro Tecnológico da Madeira e Mobiliário Márcia Donegá Ferreira Leandro – Gerente FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - FIERGS Paulo Gilberto Fernandes Tigre – Presidente SENAI/RS - DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO GRANDE DO SUL José Zortéa - Diretor Regional Paulo Fernando Presser - Diretor de Educação e Tecnologia Liane Ritzel - Assessoria de Planejamento Carlos Artur Trein - Gerente de Negócios em Serviços Tecnológicos Centro Tecnológico do Mobiliário SENAI Cesar Augusto Modena – Diretor FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA - FIESC Alcântaro Corrêa – Presidente SENAI/SC - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA Sérgio Roberto Arruda - Diretor Regional Antônio José Carradore - Diretor de Educação e Tecnologia Marco Antônio Dociatti - Diretor de Desenvolvimento Organizacional Centro de Tecnologia do Mobiliário José Luiz de Oliveira - Diretor

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Controle e descarte

Resíduos

na área de pintura

Ricardo Corrêa Fernandes Jr.

Porto Alegre

2007

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©2007, SENAI. Departamento Nacional Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. 1ª edição: 2.000 exemplares Publicação elaborada por técnicos dos Departamentos Regionais do SENAI Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sob a coordenação do Departamento Regional do SENAI-RS, através do Centro Tecnológico do Mobiliário SENAI/CETEMO e com apoio fi nanceiro do Departamento Nacional - Projeto PJ-ME 0649 - Ampliação de Produtos em Informação Tecnológica nas Áreas Madeira e Mobiliário. Coordenação do Projeto Multiestadual: Renato Bernardi - SENAI/RS - CETEMO Coordenação Técnica do Projeto: Leandra Valenti - SENAI/RS - CETEMO Apoio Técnico ao Projeto: Cleder Bez Batti - SENAI/SC - CTM Devair Carlos Ferreira - SENAI/PR - CETMAM Enilda Hack - SENAI/RS - UNET Mara Gomes - SENAI/DN - UNITEC Sônia Bitti - SENAI/RS - UNET Elaboração: Ricardo Corrêa Fernandes Jr. Ilustração: Cláudia Lazzarotto Revisão Gramatical e Lingüística: Pedro Ernesto Gasperin

F363c Fernandes Junior, Ricardo Corrêa. Controle e descarte de resíduos na área de pintura. / Ricardo Corrêa Fernandes Junior. - Porto Alegre: SENAI-RS, 2007. (Coleção Cartilhas Moveleiras). 47 p.; il. ISBN: 978-85-60375-13-4 1. Resíduo industrial. I. Título. II. Série. CDU: 67.08 Bibliotecária Responsável: Leandra Valenti CRB - 10/860 SENAI/PR Departamento Regional do Paraná Centro Tecnológico da Madeira e Mobiliário SENAI/CETMAM Fone (43) 3275.8800 [email protected] SENAI/RS Departamento Regional do Rio Grande do Sul Centro Tecnológico do Mobiliário SENAI/CETEMO Fone (54) 3451.4166 [email protected] SENAI/SC Departamento Regional de Santa Catarina Centro de Tecnologia do Mobiliário SENAI/CTM Fone (47) 3631.1600 [email protected]

SENAI - Instituição mantida e administrada pela indústria.

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Introdução

O destino dos resíduos produzidos no ambiente industrial passou a ser um problema que vem contribuindo para a poluição ambiental. Além de dificultar a decomposição da matéria orgânica localizada no solo, agridem a água e o ar. Atualmente, a natureza está saturada de resíduos de todas as formas (sólido, líquido e gás), e muitas pessoas ainda não sabem o que fazer, ou melhor, como proceder quando uma empresa (indústria) gera resíduos. Esta cartilha visa a indicar informações de como proceder com o descarte de resíduos de pintura.

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1. Materiais de acabamento em pintura

Dentre os materiais de acabamento podem-se citar solventes, diluentes, tintas, fundos, vernizes, massas de diversas bases químicas, tais como: nitrocelulósico, poliuretânico, poliéster, sh, uv, entre outros, isto é, uso de diversos componentes químicos que, no meio ambiente interno e externo, podem causar danos ambientais, não somente à fauna, flora, solo e recursos hídricos, mas ao próprio homem. Basicamente, pode-se dizer que os produtos de revestimento para pintura moveleira possuem uma constituição química básica, diferenciando-se apenas no tipo de acabamento. Por exemplo: Resinas naturais ou sintéticas Responsáveis pela formação do filme, também chamadas de veículo agregante ou blinder. Elementos de cobertura Corantes e pigmentos responsáveis pela conferência de cor e cobertura na tinta, ou seja, esconder o substrato. Corantes Caracterizam-se pela sua solubilidade em solventes orgânicos e água, porém não conferem cobertura em tom de cor. Pigmentos Conferem cor e cobertura, porém são insolúveis no meio em que estão. Cargas Substâncias que não influenciam na cor, mas em algumas propriedades e nos custos de produção. Solventes São líquidos voláteis que solubilizam a resina, diminuindo a viscosidade da tinta, sendo também responsáveis pela secagem, nivelamento, espessura do filme e possibilidade de uso de um ou outro meio de aplicação. Aditivos São produtos adicionados em pequenas quantidades, que fornecem propriedades especiais à tinta. É importante lembrar que todos os produtos de pintura moveleira conferem riscos à saúde, tais como: irritação das mucosas e vias respiratórias, danos ao sistema nervoso central, rins e fígado. Também podem ocorrer fadiga, sonolência e até perda da consciência. Em contato prolongado com a pele, podem provocar ressecamento, dermatite e alergia. Tabela 1: Thinners / diluentes / redutores Componentes % CAS TLV (ppm) Característica Álcool 10-20% 64-17-5 - Inflamável Xileno 50-70% 1330-20-7 100 Inflamável Acetato de etila 20-25% 141-78-6 400 Inflamável Acetato de butila 10-20% 123-86-4 150 Inflamável Butil glicol 5-10% 111-76-2 75 Inflamável

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Tabela 2: Tingidores Componentes % CAS TLV (ppm) Característica Álcool 20-25% 64-17-5 400 Inflamável Mec 10-15% 78-93-3 200 Inflamável Toluol 20-25% 108-88-3 100 Inflamável Resina 10-15% - - Inflamável Corantes 1-20% 84961-40-0 400 Nocivo

Tabela 3: Primer SH Componentes % CAS TLV (ppm) Característica Alquídicas 29-30% ND - Inflamável Solução N/C 4-8% ND 100 Inflamável Alcoóis 14-15% ND 400 Inflamável Hidrocarbonetos 34-36% ND 100 Inflamável Ésteres 9-11% ND 200 Inflamável Estereato de Zinco 2-4% ND 200 Nocivo Glicóis 1-3% ND 100 Inflamável Cargas 4-5% ND 600 Irritante Pigmentos 5-7% ND 400 Nocivo

Tabela 4: Filler - Fundo - Verniz - Acabamento UV Componentes % CAS TLV (ppm) Característica Intermediário Acrílico

70-75% - 10 Inflamável

Monômero reativo 20-25% 15625-89-5 10 Tóxico Alcoóis 3-5% 7473-98-5 100 Irritante

Tabela 5: Primer - Esmalte UV Componentes % CAS TLV (ppm) Característica Oligômeros 50-55% 058-18-57-0 0,4 Inflamável Monômeros reativos 25-30% 15625-89-5 100 Sensibilidade Pig inorgânicos 10-15% - 400 Nocivo Aditivos 6-7% 7473-98-5 200 Inflamável

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2. Gestão ambiental na empresa

Atualmente não se admite falar em produção industrial sem um planejamento ambiental adequado. Existem hoje muitos subsídios disponíveis para o tratamento de resíduos, lixo industrial, reciclagem, purificação do ar, entre outros.

Lixo industrial É todo e qualquer resíduo resultante de atividades industriais. Em geral são responsáveis pela contaminação do solo, ar e recursos hídricos (águas), devido à sua forma de coleta e destinação final.

Com raras exceções, o setor moveleiro no Brasil não possui, não pratica programas permanentes de conservação ambiental nem planos de gerenciamento integrado de resíduos. No país, estima-se que não chegam a 5% as empresas que praticam algum esquema de conservação ambiental, com prevenção de impactos ambientais causados pelo seu processo de produção, pelas matérias-primas, insumos e componentes utilizados, pela geração de resíduos e pela disposição dos mesmos. Impacto ambiental É toda e qualquer alteração positiva ou negativa no meio físico, biótico, na fauna e flora.

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3. Geração e caracterização de resíduos

No processo de pintura de móveis, com variações de volume e natureza, geram-se resíduos sólidos e emissões atmosféricas, além dos efluentes líquidos produzidos. Classificação de resíduos segundo NBR 10004 (ABNT, 2004) Resíduos classe I - perigosos: apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes características de periculosidade: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Resíduos classe II - não-perigosos: resíduos desta classe subdividem-se em:

• Resíduos classe II A - não-inertes: podem ter características de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, porém não se enquadram como resíduo I;

• Resíduos classe II B - inertes: resíduos que não apresentam constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água.

Resíduos sólidos Os resíduos sólidos da indústria moveleira podem apresentar-se puros, isto é, não misturados entre si, ou misturados. Tais misturas podem conter materiais distintos – pedaços de madeira, chapas e painéis, serragem e aparas de plaina, pó de serra e de lixa, que podem estar misturados e contaminados por resinas, tintas e vernizes, colas, plásticos e pedaços de metais, além de óleo e lubrificantes usados em máquinas e outros equipamentos, com adição de filmes plásticos e fitas para embalagem, que, embora não façam parte do produto, são utilizados e descartados nas etapas de embalagem e expedição dos móveis.

Resíduos de madeira Podem ser utilizados como combustível para caldeiras. Óleos lubrificantes Podem ser entamborados (200 l) e podem ser negociados com empresas que os compram para recuperação. Prestar atenção se essas empresas são devidamente licenciadas ambientalmente, ou seja, se possuem LAO - Licença Ambiental de Operação. A estocagem desse resíduo deve ser em depósito devidamente identificado com uma placa dizendo “Resíduo Classe I” (por ser inflamável e tóxico). Alternativa é encaminhar ao aterro industrial. Resíduos (sobras) de materiais de pintura, exceto solvente Entamborar (200 l) e negociar com empresas que compram para fazer uso como matériaprima para fabricação de tintas de segunda linha. Prestar atenção se essas empresas são devidamente licenciadas ambientalmente, ou seja, se possuem LAO - Licença Ambiental de Operação. A estocagem desse resíduo deve ser em depósito devidamente identificado com uma placa dizendo “Resíduo Classe I” (por ser inflamável e tóxico). Alternativa é encaminhar ao aterro industrial.

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Plásticos, papéis e caixas de papelão Por se tratar de resíduos recicláveis, estocá-los separadamente em depósito devidamente identificado. Existem cooperativas que compram esses materiais. Vidros, metais (parafusos, sobras de componentes de fabricação de móveis metálicos) Por se tratar de resíduos recicláveis, estocá-los separadamente em depósito devidamente identificado. Existem cooperativas que compram esses materiais. Borra de estação de tratamento de efluentes e cola Esse resíduo deve ser entamborado se a umidade for alta. Caso exista um sistema de secagem, pode ser ensacado. Encaminhar a aterro industrial como resíduo classe II A.

Emissões atmosféricas Outras partículas emitidas são de resinas e tintas, originadas nos processos de pintura e envernizamento, ou ainda fumaça particulada, potencialmente carregada de resíduos químicos, resultante de queima não-controlada, de sobras, recortes e aparas de madeira ou chapas industrializadas, cuja composição inclui resinas, colas, vernizes e mesmo produtos químicos destinados à preservação da madeira ou chapas, atuando na proteção contra o ataque de fungos e insetos. Material particulado proveniente da queima em caldeiras Atualmente os equipamentos já possuem sistema de controle ambiental. O importante é fazer constantemente medições do índice de fumaça e material partícula com empresas devidamente capacitadas e encaminhar relatório ao órgão ambiental do seu Estado. Névoa de materiais de pintura Atualmente as cabines de pintura fazem bem o controle dessas emissões, no entanto o incoveniente é que, caso ela possua um sistema a seco, as placas filtrantes devem ser encaminhadas ao aterro industrial como resíduos Classe I. Se o sistema for cabine com cortina de água, acaba gerando efluente líquido, sendo necessário o tratamento ou disposição final.

Efluentes líquidos Os efluentes líquidos produzidos pelas indústrias de móveis caracterizam-se principalmente por águas servidas e borra proveniente das cortinas líquidas usadas nas cabines de pintura e envernizamento, destinadas a capturar as partículas de tinta e verniz. Em indústrias pequenas que utilizam técnicas de tingimento de peças de madeira clara por imersão, os restos das tintas usadas também representam resíduos líquidos do processo industrial. Esses resíduos, às vezes, são descartados na rede pública de esgotos, podendo ocasionar um considerável impacto ambiental. Para águas provenientes dos sistemas de limpeza de equipamentos, quando se usam produtos à base de água e cabines de pintura, deve-se aplicar o sistema de estação de tratamento de efluentes ou entamboramento (200 l), devendo-se encaminhar esses resíduos ao aterro industrial como Classe I.

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Solventes de limpeza de equipamentos Uma boa alternativa é a recuperação desses produtos. Entamborar (200 l), negociar com empresas que compram ou prestam serviço com posterior retorno do produto recuperado para utilização. Prestar atenção se essas empresas são devidamente licenciadas ambientalmente, ou seja, se possuem LAO – Licença Ambiental de Operação. A estocagem desses resíduos deve ser em depósito devidamente identificado com uma placa dizendo “Resíduo Classe I” (por ser inflamável e tóxico). Alternativa é encaminhar ao aterro industrial. Para reduzir o tempo de desgaste da água de cabine de pintura, existem produtos coagulantes que fazem com que a sujeira se separe da água. Normalmente o descarte dessa água deve ser mensalmente. Com o uso desses produtos, a vida útil aumenta em torno de quinze dias.

Formas de tratamento de resíduos sólidos Um dos maiores problemas do poder público, principalmente municipal, é justamente a coleta, o tratamento e a destinação a ser dada ao lixo. Lixões Uma das formas mais utilizadas na destinação dos resíduos sólidos é o depósito a céu aberto, ou os chamados lixões. Nesses locais os resíduos sólidos são jogados sem qualquer tipo de tratamento, provocando grandes danos ambientais. Principais danos causados pelos lixões:

• mau cheiro; • poluição dos cursos d’água; • poluição das águas subterrâneas; • transmissão de doenças; • desvalorização dos imóveis vizinhos; • acúmulo de animais nocivos, como ratos e baratas.

Aterros sanitários e industriais Nos aterros, os resíduos são depositados em camadas compactadas e cobertas com argila, ao término de cada dia de trabalho, para evitar mau odor e insetos. Nesse sistema, os gases oriundos da decomposição da matéria orgânica são coletados e queimados. O chorume (líquido que resta) é drenado e removido para tratamento adequado. Conforme NBR 10004 (ABNT, 2004), aterros sanitários recebem somente classe II. O resíduo industrial é classe I. Ou seja, os resíduos sólidos gerados no setor de pintura de móveis são inflamáveis e perigosos, caracterizando-se como Classe I. Incineração Os resíduos sólidos são queimados em usinas de incineração, onde passam pelo setor de recepção e pesagem e após são colocados em câmaras de combustão.

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Esse processo tem como vantagens reduzir o volume do lixo industrial em 25%, neutralizar a ação das bactérias e aproveitar a combustão como energia calórica. Compostagem Os resíduos sólidos passam por uma seleção normalmente manual nas chamadas usinas de compostagem, separando-os em materiais orgânicos, recicláveis e não aproveitáveis. A grande vantagem desse sistema é a possibilidade do aproveitamento econômico de parte do lixo, comercializando os produtos recicláveis com empresas interessadas. Outra alternativa que surge no mercado atual é a reutilização de borras de solvente pastosas como matéria-prima para fabricação de tintas populares, gerando renda à empresa. Porém existem inconvenientes de ordem legal, ou seja, a compradora do resíduo deve possuir licença ambiental para essa atividade.

Formas de tratamento de emissão atmosférica Atualmente o Brasil e os estados não possuem uma legislação específica para emissão atmosférica, ou seja, não há padrões de emissão, fazendo-se uso de padrões americanos. Porém a resolução Conama 05/89 tem como intuito orientar e controlar a poluição atmosférica no país. Desta forma, o controle é somente de poluentes prioritários, tais como CO2 (dióxido de carbono), CO (monóxido de carbono) e SO2

(dióxido de enxofre), além de fumaça e materiais particulados. Existe possibilidade de recuperação desses compostos voláteis provenientes de tintas, vernizes e solventes, porém, em função da quantidade baixa desses compostos, torna-se inviável, pois os custos são elevados para instalação e manutenção desses equipamentos.

Formas de tratamento de efluentes líquidos Os efluentes líquidos gerados no setor de pintura são basicamente provenientes das cabines de pintura com cortina de água, limpeza de equipamentos, como rolo de pintura, onde se utilizam produtos de revestimento à base de água. Esses efluentes líquidos possuem uma característica química bastante variada, ou seja, sua composição oscila conforme o tipo de produto utilizado, cor, entre outros. Conforme a resolução Conama 357/05, os efluentes industriais, bem como os corpos receptores, devem receber esse líquido com características específicas. Dessa forma ela regulamenta os padrões de lançamento de efluentes, indicando qual a concentração (quantidade) máxima permitida para lançamento de efluentes. A alternativa para tratamento desses efluentes é uma unidade de tratamento de água, composta pelos seguintes processos: Tratamento preliminar É a etapa onde ocorre a remoção de sólidos grosseiros.

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Tratamento primário É a etapa onde ocorre a decantação de sólidos. Faz-se necessário o uso de substâncias coagulantes (agregantes) e água, que fazem com que as minúsculas partículas presentes na água se aglutinem, formando flocos que, posteriormente, serão sedimentados ou filtrados e terão correção de pH, devendo estar na faixa de 5,0 - 9,0 conforme resolução Conama 357/05. Após esta etapa é necessária uma filtração para remoção (separação) de todos os sólidos solúveis da água. A forma mais barata de instalação de uma estação de tratamento de efluentes é composta por caixas d’água, utilizando a gravidade como forma de transferência de líquidos. Na primeira caixa é onde ocorre o tratamento primário, adicionando os produtos químicos para realizar a coagulação. Na segunda caixa ocorre a floculação e a decantação (sedimentação), onde os sólidos aglutinados estão mais densos (pesados) do que a água e vão para o fundo. Após essas etapas ocorre o processo de filtração, responsável pela separação mecânica dos sólidos/água, bem como das partículas solúveis, promovendo odor e cor. Os elementos filtrantes responsáveis pelo processo podem ser areia fina, carvão ativo, etc. Pode-se dizer que nem todos os resíduos gerados no setor de pintura podem ser reciclados ou recuperados.

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4. Reciclagem de resíduos de pintura

O solvente (mistura de diluentes, resíduos de material de pintura, como sobras de tintas, vernizes e outros) pode ser encaminhado para recuperação a partir do processo de destilação, separação do sólido (sujeira) e líquido (solvente), pois, ao separar o líquido, este sai na forma de vapor e depois passa a líquido por resfriamento, retirando assim o solvente reciclado, o qual possui características similares ao solvente in natura (chamado de novo ou bom). No equipamento de destilação, específico para recuperação de solventes, o processo ocorre a partir da alimentação do equipamento com o resíduo (solvente sujo). O equipamento é fechado e, através do calor proveniente da caldeira, aquece o solvente, que evapora na temperatura de destilação ao atingir a ebulição, sofrendo um resfriamento rápido e retornando ao estado líquido novamente. Cada solvente tem sua faixa de destilação. Assim, consegue-se separar o sólido do líquido. O rendimento é em torno de 60%. Os outros 40% geram um outro resíduo, porém sólido, que deve ser encaminhado para o aterro industrial como Classe I, por ser inflamável e perigoso.

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5. Redução de resíduos na pintura

Infelizmente, o setor moveleiro no Brasil, com raras exceções, é estigmatizado por uma alegada falta de consciência ambiental, aliada à alienação no que se refere ao cumprimento da legislação ambiental vigente. O tratamento da água e efluentes, o tratamento ou aproveitamento dos resíduos, a eliminação de poeira e ruídos são temas ignorados em quase todas as empresas. A falta de cobrança por parte da maior parte dos órgãos oficiais faz com que os programas permanentes de conservação ambiental sejam raros e superficiais. Por outro lado, o setor moveleiro e suas organizações buscam soluções que atendam aos requisitos específicos do meio ambiente, como a implementação de programas de gestão de resíduos, visando a articular as partes interessadas em prazos e investimentos adequados, para superar os problemas dos resíduos sólidos. Algo que surge é a produção mais limpa, ou seja, a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos. Dessa forma, a produção mais limpa frente aos tratamentos fim de tubo, como citado anteriormente, busca evitar, por exemplo, a geração de resíduos por meio do aproveitamento máximo das matérias-primas utilizadas durante o processo produtivo. Já as técnicas de fim de tubo são ações que apenas ajudam a diminuir o impacto ambiental de determinados resíduos, ao dar-lhes tratamento. Portanto o fim de tubo só é válido para tratar aqueles resíduos que não puderam ser evitados no processo, sendo considerado uma alternativa de remediação, enquanto a produção mais limpa é uma proposta de solução. Essa visão pode trazer algumas vantagens, tais como:

• redução dos custos de produção e aumento da eficiência e competitividade; • redução das infrações aos padrões ambientais previstos na legislação; • diminuição dos riscos de acidentes ambientais; • melhoria das condições de saúde e segurança do trabalhador; • melhoria da imagem da empresa junto aos consumidores, fornecedores e

poder público; • ampliação das perspectivas de mercado interno e externo; • acesso facilitado às linhas de financiamento; • melhor relacionamento com os órgãos ambientais, com a mídia e a

comunidade. Conseqüentemente, os benefícios para a produção são inevitáveis, tais como:

• redução no consumo de matéria-prima, energia e água; • redução de resíduos e emissões; • reuso de resíduos de processo; • reciclagem de resíduos; • reuso de água.

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Considerações finais Mesmo com todo o avanço da tecnologia e o avanço dos veículos de informação quanto à questão ambiental, observa-se ainda que esta é tratada somente como custo final. No entanto deve-se pensar que o que existe hoje em relação a recursos ambientais deve ser preservado para que as gerações futuras possam utilizá-los e não serem privadas desse sabor. Deve-se pensar inicialmente em dar a destinação adequada aos resíduos que são gerados no ambiente industrial e, posteriormente, elaborar planos de redução da geração de impactantes ambientais. Pensar que não fazemos parte do meio ambiente é estarmos equivocados. O homem é o maior predador da natureza. Para haver uma mudança, deve-se ter consciência de que tudo o que está sendo feito contra o meio ambiente, volta-se contra o próprio homem com mais força. A melhor maneira de evitar a depredação é mudar de comportamento e de cultura. Pode-se mudar, deve-se mudar!

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Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos - classificação. São Paulo: ABNT, 2004. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. Saraiva: São Paulo, 2004. CETESB. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2007. FERNANDES JUNIOR, Ricardo Corrêa. Recuperação de solventes. São Bento do Sul: SENAI/CTM, 2003. __________. Tratamento de efl uentes. São Bento do Sul: SENAI/CTM, 2003. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE EM RECURSOS RENOVÁVEIS. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2007. NAHUZ, Marcio. Resíduo da indústria moveleira. São Paulo: 2004.

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Órgãos ambientais Esfera federal Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (cada Estado tem o seu escritório regional). www.ibama.gov.br Esfera estadual SC: FATMA - Fundação do Meio Ambiente Disque (48) 3216-1700 www.fatma.sc.gov.br RS: FEPAM - Fundação Estadual de Meio Ambiente Disque (51) 3225.1588 www.fepam.rs.gov.br PR: IAP - Instituto Ambiental do Paraná Disque 0800 643 0304 www.pr.gov.br/iap

Legislação a ser consultada e adotada Legislação federal sobre resíduos sólidos Norma da ANBT – NBR 10004 – 2004 Legislação federal sobre emissão atmosférica Resolução Conama 05/90 Resolução Conama 03/90 Legislação federal sobre resíduos líquidos - efluentes Resolução Conama 357/05