Gestão de Resíduos Em Canteiro de Obras

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    Conteúdo

    1   A gestão de RSCD   42   A geração de RSCD   73   A gestão de RSCD em canteiros de obras   9

    3.1 Redução dos RSCD 10

    3.2 Reutilização de RSCD 11

    3.3 Reciclagem de RSCD 11

    3.3.1 Composição dos RSC 13

    3.3.2 Aplicação dos agregados reciclados 14

    3.3.3 Consolidando a reciclagem 15

    4   Preparação para o PGRSC   164.1 Conscientização da mais alta hierarquia da empresa 16

    4.2 Conhecimento da legislação sobre o tema 16

    4.3 Definição de um grupo de coordenação 18

    5   Plano de redução de resíduos   195.1 Planejamento 19

    5.2 Projeto 19

    5.3 Construção 20

    5.4 Manutenção 21

    6   Plano de Reutilização   237   Plano de gestão de resíduos sólidos nos canteiros de obras   24

    7.1 Preparação do canteiro de obra 24

    7.2 Preparação dos trabalhadores no canteiro de obra 29

    7.2.1 Apresentação do PGRSC no canteiro de obra 29

    7.2.2 A conscientização e treinamento dos trabalhadores 31

    7.3 Os procedimentos do PGRSC 32

    8   Monitorando a implantação no canteiro   369   Benefícios e dificuldades   3710   Conclusões e recomendações   38

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    IntroduçãoO gerenciamento dos resíduos sólidos de construção nos canteiros

    de obras de pequeno, médio e grande portes, é indispensável para a qualidadeda gestão ambiental nos centros urbanos. Uma gestão adequada dos resíduospopularmentechamadosde reduz custos sociais,financeiros e ambi-entais.Os são assobras das construções,ou seja, deprocessos cons-trutivos,e de demolições, e devem ser gerenciados do projeto à sua destinaçãofinal, paraque impactosambientaissejam evitados.

    Estudos demonstram que a da massa dos resíduos urbanossão gerados em canteiros de obras, conforme observado por alguns pesquisa-dores como Hendriks (2000) e Pinto (1999). Pode-se dizer que do entulhosão dispostos irregularmente na maioria dos centros urbanos brasileiros demédio e grandeporte.

     Adestinaçãoinadequadaderesíduosoriundosdo processoconstrutivogera problemas como o esgotamento de aterros sanitários(esses resíduos che-gam amais de do volumederesíduosdepositados em aterros), aobstruçãodo sistema de drenagem urbana,a proliferação de insetose roedores. Provoca,ainda, a contaminação de águas subterrâneas pela penetração através do solode metaisde altatoxidade e de chorume, o desperdíciode materiais recicláveis,e o conseqüente prejuízoaos municípiose à saúde pública.

    Com a aprovação da Resolução 307 do Conama de 05/07/2002 quedispõesobre o gerenciamento de resíduos de construção e demolição, aos pou-cos se percebe um avanço na busca da minimização dos impactos causadospelos resíduos sólidos gerados em canteiros de obras. De acordo com a 307osgeradores de resíduos são responsáveis pela gestão dos resíduos, certificando-se de que sejam quantificados, armazenados, transportados e encaminhadospara locais onde possam ser aproveitados ou depositados corretamente.

    Considerando que emtorno de de uma caçambaé totalmenterecic-lável e é matéria prima para processos produtivos, destaca-se a responsabilidadedosgeradoresno fortalecimentodo processodereciclagemdessesresíduos,o quesignificaassegurara qualidadedasegregação,ou seja,queos resíduossejamsepa-radosseletivamentede acordo com aclassificaçãodaRe-solução 307 do Conama.

    O objetivodestemanualtécnicoé fornecerinformações sobreagestãoadequada dos resíduos sólidos gerados nos canteiros de obras às empresasconstrutoras de pequeno, médioe grandeportes, e aosresponsáveisporobras,como engenheiros e arquitetos, fortalecendoo atendimentoàResolução307 doConama de 05/07/2002.

    O conteúdo estáestruturadoemdoisblocos:o primeirobloco compõe-se de conceitos relevantespara compreensão do temae fundamentam a elabo-ração e implantação de um plano de gestão de resíduos sólidos de construção,o qualé apresentado no segundobloco.

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    4 01  A gestão de RSCD

    Os resíduos sólidos da construção e demolição (RSCD) são aquelesgerados nos canteiros de obras. São popularmente chamados de eprovenientes de construções novas, reformas, reparos, demolições ou resul-tantesdapreparação e daescavação de terrenos.

    Normalmente podem incluir, entre outros: tijolos, blocos cerâmicos,concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e com-pensados, forros, argamassa, gesso, gesso acartonado, telhas, pavimento as-fáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica,sacos de cimento, sacos deargamassa, caixas de papelão.

    Os resíduos gerados em canteiros de obra são as sobras do processo

    construtivo que é definido como o processo de produção de um dado edifício,desde a tomada de decisão até a suaocupação.

    Os RSCD criam sérios problemas hoje enfrentados pelas cidades. Abaixa cobertura de serviços de coleta e a situação precária das áreas destina-dasà disposição final tornam urgente a implantação de políticasque diminuamo volume dos resíduos sólidos produzidos pela indústria da Construção. Aomesmo tempo, faz-se necessária, a busca de soluções para o problema da dis-posição, como o fortalecimento do processo de reciclagem e a reutilização deprodutos. O mau gerenciamento desses resíduos contribui para o aceleradoesgotamento dasáreas de disposição final do lixo urbano, os custos adicionaisde governos e o desperdício de recursos naturais nãorenováveis.

     Aminimizaçãodosimpactoscausadospelos RSCD requer umsistemadegestãoqueintegrediversosfatores,entreeles, suaformadegeração,acondi-cionamento, sistemas de coleta e de disposição, utilização e destinação final ea quantificação destes resíduos (CHERMONT, 1996). A integração desses fa-tores implica ainda aintegração de agentes(setor produtivo,setorpúblico, pes-quisa e terceiro setor), instrumentos (legais, econômicos e técnicos) e ações(planejamento, operação e normatização técnica).

    Os RSCD são gerados nos canteiros de obras, acondicionados em ca-çambas, coletados por empresas transportadoras de entulho ou por indivíduosque utilizam carroçasou veículosde pequenoporte, queos destinamparaáreasdefinidas pelo poder público. Normalmente são os aterros sanitários ou áreas

    que precisam de aterramento.Os custos envolvidos no transporte, as distâncias entre as áreas derecebimento e os centros urbanos, afalta de conscientização sobre os impactoscausados no meio ambiente,a falta e a dificuldadede fiscalizaçãopotencializama clandestinidade. Quando os resíduos são dispostos irregularmente o poderpúblico se encarrega de coletá-los e enviá-los a áreas licenciadas. A disposiçãoclandestina compromete a saúde do cidadão, a drenagem urbana e a estabili-dade dasencostas e degrada a paisagem urbana.

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    Um Sistema Integrado de Gerenciamento de RSC envolve questõescomplexas, particularmente, no processo de produção da cadeia principal dacadeia produtiva daindústria daconstrução, ou seja, no processo construtivo.

    Primeiro, a necessidade de assegurar o cumprimento de legislaçõesespecíficas, que definem e organizam asresponsabilidades relativas à geração,coleta, transporte, acondicionamento e disposição final. A Resolução 307 doConama define como responsabilidade do Município a elaboração do PlanoMunicipal de Gestão de Resíduos daConstrução e como responsabilidade dosgeradores o Projeto de Gestão de Resíduos.

    Segundo, há dificuldades inerentes ao processo construtivo, que en-

    volve e depende de um grande número de atores, conferem ao processo deproduçãocaracterísticas físicase organizacionais peculiares. Essas característi-cas potencializam a geração de resíduos (demonstrado pelo nível de perdas edesperdícios) e pela cultura vigente a qual não se preocupa com a gestão deresíduos sólidos, seu destino, tampouco com a sua reutilização.

    Terceiro, asdificuldades e complexidades inerentes à implantação deum Sistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, requerem a in-tegraçãode diversosfatores,entre eles: formas de geração e disposição, atores,instrumentos, ações e recursos. A falta de dados como: tipologia e quantidadede resíduos gerados, caracterização dos resíduos por regiões urbanas, identifi-cação de agentes recicladores, entre outros, é mais um desafio a ser superadopelos responsáveis pela gestão de RSCD.

    O quadro 01 resume as principais responsabilidades e agentes rele-vantes à gestão dos resíduos oriundos de processos construtivos.

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    UADRO

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    02

    Necessidades   Construção

    A geração de RSCD   7

    O processo construtivo relaciona-se diretamente ao planejamento,gerenciamento, projeto, construção e comercialização de um dado edifício. Éo processo pelo qual materiais e componentes - terra, energia e combustível,água,máquinas, ferramentase mão-de-obra-são agrupados e organizados paraaproduçãode umdeterminadoproduto: edifícios de variadasfunções (residen-cial, comercial, industrial, hospitalar, educacional entre outros), e/ou obras deinfra-estrutura (saneamento, hidroelétrica,abastecimento de água etc.).

    O produto final do processo de produção de um edifício envolvegrande número de diferentes organizações, com papéis definidos em sua e-xecução: proprietários de terra e/ou imóvel, empreendedores, construtores,planejadores, financiadores, arquitetos, engenheiros, consultores especiais,

    mão-de-obra, fornecedores e usuários. Apesar de compartilhar o objetivo deproduzir um edifício ou uma obra de infra-estrutura, são organizações inde-pendentes, com culturas,procedimentos e objetivos específicos. O sucesso e aqualidade deste processo estão diretamente ligados a esta estrutura, pois sãodependentes dasrelações estabelecidas entre os vários participantes.

    Os atrasos,os altos custose os desperdícios quepotencializam asper-dase a geração dos resíduos, são resultados, principalmente, dacomunicaçãofalha entreos seusparticipantes:informação ineficiente e incompleta dos docu-mentos técnicos; falta de planejamento, coordenação e monitoramento de de-cisões entre os projetos técnicos; falta de compatibilizaçãodos projetos e dalin-guagem técnica independente, entre os diferentes projetos. Essas são caracte-rísticas de umprocesso de produção linear, tradicionalcomo esquematizado na

    figura 1. As fases trabalham desintegradas umasdasoutras, o que não permitea troca de informação para compatibilizar a informação técnica e as correçõesnecessárias antes de se iniciar a edificação, evitandoerros e retrabalhos.

    IGUR A

    Programa de Projeto de Projetos

    Arquitetura Complementares   Utilização

    Feedback inexistente

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     Além disso, as características físicas de um processo de produçãocomplexo como é o construtivo exigem que o recebimento, o armazenamentoe aaplicação dos materiais respeitem planejamentos e procedimentos técnicos.Problemas que se evidenciam no Brasil, principalmente, em processos con-strutivosde pequeno porte como construção de pequenosedifícios, reformas eautoconstruções, são construções executadas por empresas que não possuemcertificação do PBQP-H ou sistema de qualidade de acordo com os requisitosda ISO-9001. A falta de qualidade nos processos construtivos exacerba a gera-ção de resíduos.

     Alguns estudos desenvolvidos em programas de pós-graduação emdiferentes universidades no Brasile por alguns Sindicatos daIndústria daCon-

    strução classificam asperdas em seis grupos:Perdas inevitáveisdecorrentes de fatores climáticosPerdasinerentes ao processo construtivoPerdas agregadas resultantes de materiais aplicados para sanar in-correções de projetos ou incompatibilidade entre os mesmos.

    Perdasde produtividadereferentes ao uso indevido do tempo de tra-balho.

    Perdasevitáveisdecorrentes de desperdício.

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    03canteiros de obrasA gestão de RSCD em

     A gestão responsáveldos resíduos gerados em canteiros de obras re-quer uma compreensão das complexidades do processo de construção de umedifício e asdificuldades em combinar as formas de disposição dos resíduos.

    Entre ascomplexidades e os desafios do gerenciamento dos resíduossólidosgerados em canteiros de obrascita-se:

    O volume do resíduo produzido (que justifica todo o esforço para aredução de sua geração);

    O número de participantes no processo construtivo (que torna ofluxo de informação falho) ;

    O número de agentes do setor produtivo, setor público e terceiro

    setor que compartilham a responsabilidade pelo gerenciamentodos resíduos sólidos (quando o setor público não cumpre com asua responsabilidade enfraquece as ações e os esforços do setorprodutivo e do terceiro setor);

    Os recursos escassos parafinanciamento de projetos de pesquisa denovos materiais produzidos pela reciclagem de resíduos;

    Os recursos escassos dos municípios para atacarem os problemasde gestão ambiental;

    O potencial de reciclagem (desperdiçado) dos resíduos sólidos ori-undos do processo construtivo (em torno de dos resíduos deuma caçamba são recicláveis);

     Anecessidadee responsabilidadedo setor público de instituir instru-mentos que controlem e estimulem a gestão dos resíduos gerados

    em canteiros de obras; A responsabilidadee o compromisso do setor produtivo em atender

    àslegislações referentes ao tema.

    Esta complexidade requer uma combinação adequada das formas dedisposição. Em primeiro lugar a não geração do resíduo, ou seja, a dageração do resíduo na fonte. Segundo, uma vez que o resíduo foi gerado sua

    deve ser considerada. A terceira forma de disposição possível éa . A quarta alternativa é a recuperação de energia, ou seja, a

    . E finalmente, a quinta forma de disposição é o .Considerando que a legislação pertinente, que proíbe a partir de julho de 2004o encaminhamento dos resíduos sólidos da construção a aterros sanitários e

    domiciliares, e considerando ainda, o potencial de reciclagem do resíduo daconstrução, o foco da gestão dos resíduos da construção deve ser na redução,na reutilização e na reciclagem dos resíduos gerados nos canteiros de obra.

    O responsável por construções tem, portanto a responsabilidade, aoelaborar seus projetos de gestão de resíduos, de incluir um Plano de Reduçãode Resíduos; um Plano de Reutilização de Resíduos e um Plano de Gestão deResíduosnos Canteirosde Obras. Esteúltimodependee influenciadiretamentea qualidade do processo de reciclagem dos resíduos da construção.

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    3.1 Redução dos RSCDPara se compreender o mecanismo da geração de resíduos, é ne-

    cessário que se analise o processo construtivo de edificações ou de obras deinfra-estruturaque é constituído por cinco fases básicas:

    Inicial (que inclui o planejamento e a análise de viabilidade do em-preendimento);

    Elaboração de projeto;Construção (execução);Utilização (que implica na utilização da edificação e na realização de

    manutenção e reformas);Demolição (em geralocorre quandoacaba avidaútildaedificação).

    Ressalta-sequetodosos participantesenvolvidosnasdiversasfasestêmresponsabilidades de prevenir e reduzir a geração de resíduos.

    IGUR ADecisão deconstruir

    Projeto

    Demolição

    Manutenção

    Construção

    O gráfico acima ilustra a interdependência das decisões tomadas emcada uma das fases do processo de projeto, produção, utilização e demoliçãode umedifício ou obra de infra-estrutura.A redução da geração do resíduo estádiretamente ligada ao processo construtivo como um todo, em todas as fases,asquais, devidamente integradas, reduzem o nível de perdas, diminuindo a ge-ração de resíduos.

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    Entre os fatores que influenciam a geração de perdas, ressaltam-se,entre outros:

     A escolha da tecnologia (que influenciará na maior ou menor gera-ção de perdas);

    Falhasde projeto; A não compatibilização de projetos; A falta de procedimentos padronizadosde serviços;O armazenamentoe transporte inadequadosde materiaisno canteiro.

    3.2 Reutilização de RSCD A reutilização dos resíduos e materiais pode ser considerada tanto na

    fasede construção quantona fasede demolição. A reutilizaçãohoje se torna defundamental importância tendo em vista a escassez de matéria-prima cada vezmaior no planeta.

     A reutilização de materiais, elementos e componentes depende doprojeto e de critérios norteadores na tomada de decisão sobre sistemas cons-trutivos e tecnologias construtivas. Na busca de mais racionalização, em fasede projeto procura-se especificar materiais e equipamentos com maior durabili-dadee maior númeropossívelde utilizações.

    Quanto ao processo de demolição, quando este for imprescindível,

    seja pelo fim da vida útil total do edifício, ou por motivos de forças maiorescomo, por exemplo, naocorrênciade incêndio, ou outrofenômeno,deve-se ten-tarproceder ao desmonte mantendoaspartes intactase/ou separadas parafu-turasreutilizações,seja em novosedifícios, sejaem reciclagem.Observa-sequeeste objetivo será mais facilmente alcançado quanto maior for a racionalizaçãodefinida na fase de projeto(uso de elementos padronizados e pré-fabricados).

    3.3 Reciclagem de RSCD

    O conceito de reciclagem relaciona-se ao ciclo de utilização de ummaterial ou componente que uma vez se tenha tornado velho, possa se tornarnovo, prolongando a vida útil do material, completando, assim, o ciclo: -velho- A novautilizaçãode ummaterial ou componente implica uma sériede operações, em geral de coleta, desmonte e tratamento, podendo voltar aoprocesso de produção.

    Este conceito se fundamentana gerência ambiental,social econômicade recursos naturais, visando à gerência do ciclo de vida de materiais. Baseia-se, portanto, em umdos pilares dapolítica ambiental,conhecida como gerênciade cadeiaintegrada, incluindoagerência do ciclo de vidados materiais de cons-trução, nas fases de produção, construção, demolição, reúso ou reciclagem edisposição.

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     A reciclagem se fundamentaem princípios de sustentabilidade, impli-cando areduçãodo uso de recursos naturais(fontes de energia e matéria-primaprimária) e namanutenção damatéria-prima no processo de produção o maiortempopossível.

    Minimiza.destaformaanecessidade deque matérias-primasprimáriassejam extraídas desnecessariamente, conforme esquematizado na figura 3.

    Materiais básicos

    Prevenção

    Separação

    Tratamento

    Mercado

    Produção de outros materiais

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    3.3.1 Composição dos RSC

    Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de construçãodividem-se em resíduos minerais, papéis, madeira, vidros, metais, gessos, plásticos, en-treoutros.

     A resolução 307 do Conama, de 05/07/2002, em seu artigo terceirocaracteriza os RSCDem quatro classes:

    são os resíduosreutilizáveis ou recicláveis como agrega-dos, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos depavimentação. Exemplos: cacos de cerâmica, tijolos, blocos, telhas,

    placas de revestimento, concreto, argamassa,entre outros.são os resíduos recicláveis paraoutras destinações, taiscomo: plástico, madeira, papel,papelão, metais, vidro e outros.

    são os resíduos em que não foram desenvolvidas tecno-logias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a suareciclagem, ou recuperação, tais como os produtos oriundos dogesso.

    são resíduos perigosos, oriundos do processo de cons-trução, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles con-taminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicasradiológicas, instalações industriaise outros.

     Algumas estatísticas apontam porcentagens entre a de RSC

    passíveisde serem reciclados (resíduos classe A e resíduos classe B de acordocom a Resolução 307). Uma composição considerada resultante de caracte-rizações de diferentes estudos ilustrada no gráfico 1 (PINTO; FASIO; JOHN,FURNAS, 1999,1996,2000, 2003) confirma esta afirmação.

    29%

    1%

    7%

    63%RáFICO

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    3.3.2 Aplicação dos agregados reciclados

    Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de obras, particular-mente os resíduos classe A e classe B, de acordo com a classificação da Reso-lução 307 do Conama,são os resíduoscom possibilidades de serem absorvidospor processos de reciclagem.

    Os resíduos classe B, ou seja, papel,papelão, metal,plástico,entreou-tros, podem ser absorvidos por processos de reciclagem por indústrias exter-nas a CPIC. os resíduos classe A (que se apresentam em maior quantidade)podem ser absorvidospelacadeia principaldaCPIC.Estes,uma vezreciclados,podem ser utilizados na execução de bases e sub-bases de pavimentação, na

    confecção de blocos para vedação, entre outros. Ametodologia para identificaçãoda aplicação dos RSC, aplicada espe-

    cialmente aos resíduos classe A, vem respeitando alguns passos fundamentais(HENDRIKS, 2000;JOHN, 2000). Entre eles:

     A caracterização dos resíduos com base em químicas, físicas e demicroestrutura dos resíduos, visando inclusive a detectar possíveisriscos ambientaisrelacionados principalmente a metaistóxicos;

     A caracterização dos resíduos permite identificar a relação entre fa-tores tecnológicos com a estrutura dos poros; e relação entre estru-tura dos poros e propriedades do material.

    Com base na análise anteriorparte-se para identificação daspossíveisaplicações dos resíduos de acordo com as necessidades da aplicação especifi-cada. O processo de avaliaçãorequer estudos de desempenho dos resíduos deacordo com a aplicação definida.

    Uma vez definidos a aplicação e o processo de produção do resíduo,também se define a análisedo seu ciclo de vida e, portanto, a avaliação de seusdiferentes impactos ambientais. Esta análise inclui os impactos que podem seridentificados durante o processamento, a aplicação e pós-aplicação, conside-rando possíveis riscos ao solo, lençóis freáticos,are (dependendo do processode aplicação) também aos usuários.

    É importante ressaltar que a qualidade do agregado reciclado de-pende daqualidade dos resíduos a serem processados (HENDRIKS,2000).As-sim, quantomelhor forem selecionados os resíduos, maiores serão aschances

    de produzir um agregado de qualidade. Os resíduos classe A, por exemplo,uma vez processados podem produzir agregados com potencial de substitui-ção do cascalho, brita e areia. Por isso não devem estar misturados a resíduosorgânicos, gesso e outras substâncias que possam influenciar suas proprie-dades, afetandoseu desempenho como agregado.

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    3.3.3 Consolidando a reciclagem

     Além dos fatores técnicos relacionados à aplicação dos resíduos, aconsolidação de um sistema de reciclagem depende de fatores como a densi-dade populacional,obtenção de agregados naturais e o nívelde industrialização(IBAM, 2001). Além disto, devem ser consideradas as condições de recebi-mento e comercialização que dependem do estudo de viabilidade econômicado processo de reciclagem.

    O primeiro fator refere-se à capacidade da região ou município dealimentar um processo de reciclagem de acordo com o volume de resíduosproduzidos pela indústria daconstrução local, a qual deveráalimentar os agen-

    tes recicladores com matéria-prima. Em outras palavras a capacidade local deofertar resíduos de qualidade não implica estímulo à geração de resíduo, masapenas, o diagnóstico do volume de resíduo gerado para estudo de viabilidadede instalaçãode umprocesso de reciclagem.

    O segundo fatordiz respeito àsdificuldadesdaregiãoou do municípiode produzir agregados naturais como a areia, o cascalho e a brita. Esta dificul-dade tende aestimularabusca de alternativas.A dificuldade de acesso ajazidasnaturais pode justificar investimentos em tecnologia de reciclagem.

    O terceiro fator está diretamente ligado à conscientização da socie-dade sobre aimportânciae asvantagensdareciclagem. O estudode viabilidadeeconômica para consolidação de um sistema de reciclagem deve considerarfatores relacionados a condições de recebimento dos resíduos e aspectos dacomercialização, entre eles:

    Localização dasáreaslegalizadas, visto que asdistâncias interferemno custo do transporte, que por sua vez influencia no custo doagregado;

    Quantidades a serem recebidas pelas áreas de recebimento (o quedepende dalocalização dessas áreasna malha urbana);

    Origens dos resíduos (que requer sistema de controle e fiscalizaçãoque deve ser compartilhado com o município);

     A qualidade dos resíduos (que depende do gerador e a implantaçãode projetos de gestão de resíduos nos canteiros de obras, assimcomo de técnicas de demolição que assegurem a qualidade do re-síduo);

    Qualidade do acondicionamento e transporte do resíduo;Disponibilidade de matéria-prima natural, qualidade e preços;Qualidade,quantidadee custo de produçãodos agregados reciclados.

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    16 04  Preparação para o PGRSC

    Com base nos conceitos e princípios apresentados neste manual,serão identificadas as etapas a serem cumpridas no processo de elaboração eimplantação do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos de Construção (PGRSC)por empresas construtoras e/ou por responsáveis por canteiros de obras.

    Paraque se obtenha sucesso no processo de elaboração e implantaçãodo PGRSC é importante que a empresa se prepare. Esta preparação envolvea conscientização e o comprometimento da mais alta hierarquia da empresa,o conhecimento da legislação federal, estadual e municipal referente à gestãode resíduos da construção e a definição de um grupo de coordenação do seuprocesso de elaboração e implantação.

    4.1 Conscientização da mais alta hierarquia da empresa

    O primeiro passoparaa elaboraçãoe implantação do PGRSCé consci-entização da mais alta hierarquia da empresa da sua importância e benefíciospara o seu capital reputacional. Esta conscientização naturalmente levará aocomprometimento com a realização de um processo eficiente e Plano.

     A presença desta alta hierarquia,por exemplo, na apresentação da in-tenção de elaborar e implantaro PGRSC, e no momento de apresentar o plano

     já elaborado para os profissionais que irão implantá-lo, fortalece o processo eassegura os resultados positivos esperados. A sua participação e de seus re-

    presentantes nos momentos-chave do processo de elaboração e implantaçãodemonstra o comprometimento da empresa e suas expectativas com relaçãoaos resultados. Desta forma, os colaboradores que estarão no canteiro com aresponsabilidade de realizar as ações necessárias poderão ser maisfacilmenteenvolvidos e conscientizados sobre suas responsabilidades.

     A conscientização da alta hierarquia pode ser feita a partir de um deseus integrantes, ou a partir de um participante da empresa ou externo a ela,que lhe apresente os conceitos contidos neste Manual, os impactos causadosno meio ambiente pela gestão inadequada dos a legislação perti-nente e asdiretrizes para a elaboração de umPGRSC.

    4.2 Conhecimento da legislação sobre o tema

     A gestão ambiental brasileira está em processo de aprovação de umapolítica federal paraa questãodos resíduos sólidos quepropõe umaabordagemgeral e estruturada. Em setembro de 2007 foi apresentada pelo Governo Fe-deralaproposta daPolíticaNacional de Resíduos Sólidos e PolíticaNacionaldeSaneamento Básico, que tramitam no Congresso. A proposta dessas políticas,entre outros objetivos, visaa potencializara reciclagem e o controle de geraçãode resíduos e incluimecanismos queinterferemno mercado, como autilizaçãode instrumentos econômicos no gerenciamento de resíduos sólidos.

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    Dentre os instrumentos legais que tentam proteger os espaços urba-nos dos impactos causados pelos resíduos sólidos, podem ser citados o Esta-tuto daCidade, a Agenda 21 das Cidades, a Agenda 21 dos Recursos Naturais eos códigos de obras e a Resolução 307do Conama.

    O Estatuto da Cidade, em sua sexta diretriz, determina econtrole do uso do solo, de formaaevitar (entre outras) a poluição e a degrada-ção (Lein.10257,de 10de julho de2001:34), o quesignifica que aleivisaa mediarconflitos entre usos e ocupações incompatíveisna cidade.

    Entre as estratégias definidas pela agenda 21 das Cidades Susten-táveis há a preocupação de mudanças nos padrões de produção ede consumo da cidade, reduzindo custos e desperdícios e fomentando o de-senvolvimento de tecnologias urbanas (Agenda 21 das Cidades:15) implicando na redução e desperdícios de matérias-primas, assim como, nagestão adequada de resíduos.

     A Agenda 21 de Gestão de Recursos Naturais enfatiza, entre outrasações, a proteção do uso do solo tanto na extração de matérias-primas da cons-trução,quantona disposição de tóxicos e poluentes em sua superfície.

     A questão tem sido tratada, no contexto do setor produtivo,no sentidode levar asempresas construtorasa considerarem o impacto causado pelos re-síduos sólidos produzidos durante a obra por meio do Programa Brasileiro daQualidade e Produtividade no Habitat, de 03/12/99 (PBQP-H). O PBQP-H foilançadoem 1990, peloGoverno Federal,visando aapoiaro esforço industrialnapromoção qualidade e produtividade, permitindo a redução de desperdícios e

    custos na execução de obras e aumentando a competitividade. O programa foiadotado pela Caixa Econômica como requisito para liberação de financiamen-tos nos Estados que aderirem ao programa.

    OPBQP-Hdefiniuquatroníveisdequalidadetécnica(A,B,C e D)aseremseguidospelasempresasde acordo com cronogramasacordadoslocalmente.

    Paraas empresas que estiveremaplicandoo nível A o PBQP-H incluiuem suas diretrizes: do impacto no meio ambiente dos resíduossólidos e líquidos produzidos pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas).Exige que se defina um destino adequado aos como parte do Planode Qualidadeaser elaboradopelasconstrutoras. No entanto,a faltade áreasdedisposição faz todo o processo parecer abstrato, pois, qual a razão de separarresíduos no canteirose não hááreas específicas para recebê-los, tampouco um

    sistema que propicie seu processamento parafuturas utilizações?O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), após discutir o

    problema dos Resíduos Sólidos da Construção Civil, na sua Câmara TécnicaEspecializada de Controle Ambiental, emitiu a Resolução 307, em 05 de junhode 2002. A Resolução visa, principalmente, a organizar o problema referente àdisposição dos RSCD. Seu principal instrumento, o PIGSC(Plano IntegradodeGerenciamento de Resíduos Sólidos), incorpora o Plano Municipal de Geren-ciamento de Resíduos Sólidos da Construção (PMRSC) e o Projeto de Geren-ciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).

    O primeiro visa a definir locais específicos para disposição dos re-síduos com potencial parareciclagem e para os resíduos perigosos; sua elabo-

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    ração e implantação são responsabilidadedo Município.O segundo deve ser elaborado pelos geradores de resíduos (empre-

    sas construtoras de pequeno, médio e grande porte, ou os responsáveis porcanteiros de obras, como engenheiros ou arquitetos), estabelece responsabili-dades como segregação, quantificação, acondicionamento, coleta,transporte ea destinação; deve ser aprovado de acordo com o Plano Municipal.

    Uma vez que a empresa tenha tomadoa decisão de elaborare implan-tar um PGRSC é importante que se faça o levantamento das legislações perti-nentes que complementam as legislações federais, tanto na esfera municipal,quanto naestadual.

    4.3 Definição de um grupo de coordenação

    Para a elaboração e implantação do PGRSC a empresa deve definirum grupo de trabalho e uma coordenação da Gestão de Resíduos Sólidos naEmpresa. Conseqüentemente deverá identificar uma equipe operacional queauxiliará ao longo de todo o processo. Cabe à coordenação identificar as res-ponsabilidades e os papéispara cada membro do grupo.

    Os profissionais que farão parte da coordenação e do grupo opera-

    cional devem acreditar e se comprometer com a sua implantação. A empresadeverá definir as responsabilidades com relação à elaboração e coordenaçãodo PGRSC e deverá envolver gestores de obras, os responsáveis pela obra, osresponsáveis por serviços, ou seja, engenheiros, mestres e encarregados. Aparticipação na elaboração do PGRSC daequipeque deverá implantá-loé indis-pensávelpara o sucesso de sua implantação.

    Este grupo terá como responsabilidade a elaboração do PGRSC queengloba umPlano de Redução da Geração de Resíduos, umPlano de Reutiliza-ção de Resíduos e um Planode Gestão de Resíduosnos Canteiros de Obras.

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    05Plano de redução de resíduos   19

    O Plano de redução de resíduos deve considerar todas as fases doprocesso de produção de umedifício ou obra de infra-estrutura.

    Todos os participantes do processo (planejamento,projeto,execução)devem estar conscientes de suas responsabilidades na redução da geração deresíduos.

    5.1 Planejamento

    Nesta fase deve ser considerada a qualidade do processo como um

    todo desde os projetos até sua construção. A qualidade do projeto e da cons-trução estádiretamente ligadaà qualidadedacoordenaçãodasequipes,quede-veráse certificarde queo fluxo de informação sejaeficiente (tempoe qualidadede informação técnica)para integraraequipede projetistas e responsáveispeloprocesso construtivo.

    No momento do planejamento para a escolha da tecnologia a ser uti-lizada, deverá se buscar a menor geração de resíduos, meio da aplicação decritérios norteadores como racionalização padronização e otimização.Informa-ções sobre o ciclo de vida dos materiais a serem empregados nas diversas tec-nologias, desde a extração da matéria-prima até o seu potencial de reciclagem,concluida a sua vidaútil, devem ser consideradas. Materiaisque permitam suareciclagem, finda a sua vida útil, devem priorizados.

     A capacidade dos colaboradores no canteiro de usar a tecnologia pro-posta deve ser considerada, visto que a qualidade dos serviços oferecidos poresses colaboradorespode potencializar ou minimizar ageraçãode resíduos emcanteirosde obras

    No planejamento, decisões importantes podem ser tomadas como,por exemplo, quando o incorporador opta por deixar o acabamento de seusprodutos (apartamentos, salas comerciais e outros) a escolha de seu cliente.Taldecisão evita desnecessárias e desperdíciode materiais, queacabaram de seraplicadose são retiradospara atender e necessidadesespecíficas.

    5.2 Projeto

    Há dois tipos de projeto a serem considerados: do produto e daprodução. Quanto ao projeto do produto, que engloba projetos de arquitetura,instalações,estrutura e especiais, ressalta-seanecessidadede aplicarprincípiosde padronização e racionalização, devendo-se dar preferência à utilização decomponentes padronizados e semi ou pré-fabricados. Os projetos deverão serdetalhados e compatibilizados entre si em todas as suas fases, visando a asse-gurara qualidade e aracionalização do processo, tentando eliminar as casuali-dades das decisões no canteiro de obra. Como exemplo têm-se os projetos dealvenaria, projetos de revestimento, projetos de contra pisos e lajes, etc.

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    Para o projeto da produção, são essenciais as questões como recebi-mento de material, incluindo forma de empacotamento e armazenamento nocanteiro, transporte (vertical e horizontal) e fluxo de materiais no canteiro.

    O arquiteto e os engenheiros projetistas têm uma grande responsabi-lidade ao conceber e desenvolver projetos. As tipologias de edificações carac-terizadas por formas mais compactas, a flexibilidade do projeto, a utilização depré-fabricados de fácil montagem e desmontagem, com dimensões padroniza-das (que permitama suareutilizaçãono futuro), e o uso de materiais e compo-nentes certificados e/ou produzidos a partir de resíduos reciclados podem serapontadascomo boas alternativas.

    Quantoàflexibilidadedos projetos,ressalta-seque estainfluenciarádefato o aproveitamento futuro da edificação e de suas partes, jáque, freqüente-mente, o usuário quer ampliar melhorar ou até mesmo personificar a sua edifi-cação, visando a alcançar maior nívelde satisfação. Desta forma, é preferível autilização de umsistema construtivo que permitaampliaçõese outras modifica-ções (planejadasanteriormente,em fasedo projeto), em vez de soluções fecha-das sem possibilidade de futuras intervenções ou, quando a única alternativapara a intervenção é a demolição.

    5.3 Construção

    Nesta fase é importante proceder ao controle da qualidade dos diver-sos serviços. Controle da padronização, do uso adequado de equipamentospara execução dos serviços, da utilização de colaboradores capacitados paracadaserviço, dagestão adequada dos materiais no canteiro para que os crono-gramassejamcumpridos,dentre outros,são fundamentaisparaque aexecuçãoseja realizada com qualidade, visando à otimização do produto final, que é aedificação.

    Durante aconstruçãoaqualidade daexecução dos trabalhosasseguraa minimização de perdase a durabilidade da edificação. Essasperdas serão in-corporadas ao edifício (por exemplo, espessuras muito grandes de argamassade revestimento), ou então serão visíveisnaforma de resíduos, ou entulhos. Osresíduos produzidos durante a fase de construção resultam dasperdas do pro-cesso construtivo em suas etapas diversas, como planejamento, projeto, mate-riais, etc. A escolhaadequadade tecnologias é fundamentalno processo, já queinfluenciará na geração maior ou menor de perdas. Desta forma, por exemplo,pode-se citar que o uso de elementos pré-fabricados gera menor porcentagemde perdas que o uso do bloco cerâmico em alvenarias sem estudo de modula-ção.

    Umoutro exemploé aprática de embutimento de instalaçõesnaalve-naria após a execução do emboço, por meio de corte, que sem planejamento e

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    projeto préviospropicia maior geração de perdas.apassagemde instalaçõesno interiorde blocos projetadosespecial-

    mente para este fim, ou mesmo, o projeto detalhado de alvenaria, onde se podeprojetar o trecho que será cortado diferentemente dos demais, proporcionaráminimização das perdas. Visando à racionalização e à minimização de perdase, conseqüentemente, à geração de resíduos no canteiro de obras, há neces-sidade de monitoramento e gerenciamento logístico, incluindo procedimentosformalizados para o controle da qualidade na entrega, no armazenamento, notransporte e na aplicação do materialno canteiro.

    Todo e qualquer trabalho em uma determinadaempresaobjetivandoamelhoriada qualidade e asdiminuiçõesde perdas deveserlevadoem conjuntocom programas de qualidade. Estes programas na prática são implantados pormeio dacontratação de consultores, especialistas na área, os quais traçam pla-nos e medidas a serem tomadas para a redução de perdas no canteiro. Emgeral, é realizado a partir de um diagnóstico dos focos de geração de resíduosno canteiro de obra e da identificaçãode suas causas: estafaseé compreendidacomo uma espécie de diagnóstico da qualidade no canteiro, visando a mapearos focos de resíduos e a identificação das suas causas.

    O diagnóstico das perdas no canteiro de obras permite à empresaestabelecer indicadores que, ao longo do seu processo de produção, poderãosubsidiar decisões paraa escolha da melhor tecnologia, buscando minimizar ageração de resíduo. Após o diagnóstico e a identificação dos focos de perdasno canteiro, deve-seelaborar um plano para asmedidascorretivas a serem im-plantadas pela empresa visando à melhoria do processo e à minimização dasperdas.

    5.4 Manutenção

     A redução de resíduos nesta fase está diretamente ligada à qualidadeda construção e da manutenção da edificação. Uma edificação deve ser pro-

     jetada e construída com base em princípios de qualidade e desempenho ade-

    quados, proporcionando a minimização de defeitos e a redução de gastos coma manutenção. O uso de materiais e componentes que aumentem a vidaútil daedificaçãoe de suas partesdeve serlevado em conta,o queacarretará umgastomenor ao longo de suavidaútil.

    Há dois tipos de manutenção, a preventiva e a corretiva, que evitamdesgastes prematuros e preservam a vida útil da edificação. Um instrumentoindispensável, que norteia as ações relevantes à manutenção, é o manual dousuário, o qualdeve ser entregue junto com a edificação.

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    Este manualpreferencialmentedeve focar em:

    Critérios e diretrizes de uso, operação e manutenção;Datasde vistoriase troca/manutenção de materiaise/ou equipamen-

    tos;Critérios de uso de equipamentos;Diretrizesparatreinamentode usuáriosem posição degerência. Este

    último ponto é particularmente relevante paragestores públicos.

     A manutenção aumenta, portanto, a vida útil da edificação e dependeda conscientização por parte dos usuários (proprietários, ou não) sobre a res-

    ponsabilidadede cuidar daedificação visando ao prolongamentode sua durabi-lidade. Quandoé finda a vida útiltotaldo edifício, ocorre a demolição.

     A demolição gera resíduos em grandes quantidades e a qualidadedesses influencia a qualidade da reciclagem. A qualidade dos resíduos da de-molição depende datecnologia utilizada naconstruçãodaedificação, aqualper-mite que componentes e materiais sejam reutilizados quando demolidos e natecnologia de demolição, que deve se fundamentar nos princípios da primeira.Esta última assume procedimentos que assegurem que edifícios sejam des-montados, e nãosimplesmente

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    06Plano de Reutilização   23

    O Plano de Reutilização deve ser implantado com responsabilidade econtrole da qualidade da aplicação dos resíduos por parte das empresas cons-trutoras.

    Emprimeirolugar, devem-seidentificaros resíduos passíveisde reuti-lização desde que o controle de qualidade seja mantido. Podem ser citados al-gunsexemplos nasfases de construção, como autilizaçãode sobrasde madeiraprovenientes da construção de formas em equipamentos de armazenamento etransportede materiaisna obra,como palets,ou,ainda,restosdeblocos cerâmi-cos, ou de concreto, para uso em encasque ou enchimento de contrapisos.

     A especificação de materiaisque possam ser utilizados mais de umavez ao longo do processo construtivo também deve ser incentivada como, porexemplo,escoramento metálico, formasmetálicas,entreoutros, que têmmaiordurabilidade do que aqueles em madeira. Um fluxo de reutilização de materi-ais pode ser desenvolvido pela empresa visando a facilitar a identificação dosmateriais passíveisde reutilização, tendo sempre como referência o critério daaplicação com qualidade.

     Apesar do esforço empreendido por muitas construtoras para a mi-nimização de perdas, e do uso de materiais passíveis de reutilização, pode-seafirmar que sempre há a geração de resíduo. Mesmo que a empresa tenhaimplantadoum sistema daqualidade e que tenha uma otimização nos seus pro-cessos, ainda haverá resíduo no canteiro, sendo necessário o estabelecimentode planos para sua reutilização e/ou fortalecimento de sua reciclagem.

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    24 07  Plano de gestão de resíduos sólidosnos canteiros de obras A introdução de um processo de reciclagem faz parte de um plane-

     jamento maior que envolve o setor produtivo e o setor público. Cabe ao setorpúblico estabelecer o modelo a ser implantado, e ao produtivo cumprir com asua responsabilidade de acordo com asregras estabelecidas por esse modelo.

    Umprocesso de reciclagem depende de diferentes fatores, incluindoa qualidade do resíduo, aqualdepende, porsua vez,de uma adequada segrega-ção na fonte de sua geração. Envolve, portanto, um canteiro preparado, enge-nheiros, encarregados e colaboradores conscientesde suas responsabilidades,e procedimentos que norteiem o processo de segregação dos resíduos, inclu-indo sua quantificação, armazenamentoe correta destinação.

    7.1 Preparação do canteiro de obras

    O canteiro de obras deve ser planejado visando a atender às necessi-dades de se estabelecer umsistema de gestão de resíduos, incluindo:

     Áreaspara armazenamento dos diferentes resíduos;

     Áreas para disposição dos resíduos no canteiro até coleta e trans-porte;

    Contâineres para armazenamento e acondicionamento dos resíduos,adequadamente instalados e sinalizados;

    Instalação de filtrosparaa águadalavagem dabetoneira.

    O projeto inclui croquis com detalhamento de depósitos temporáriospara resíduos, fluxo do transporte do resíduo no canteiro, descrição do armaze-namento e coleta adequados, incluindo equipamentos necessários.

    Éimportanteque se tenha uma boa identificaçãovisualdasáreas des-tinadas ao armazenamento dos diferentesresíduos no canteiro.

    a) Áreas para depósito temporárioOs depósitos temporários são espaços onde são colocados contâi-neres (improvisados na própria obra, ou adquiridos no mercado), destinados areceberem o resíduo temporariamente, no final de serviços, ou no finaldo dia.Uma vez ali depositados, os resíduos são encaminhados para armazenamentoem local adequado na obra, até que se tenha um volume que justifique coletapor empresas coletoras, as quais o transportarão ao seu destino final, ou parareutilização.

    Em cada pavimento, ou em locais que se façam necessários, devemser colocados depósitos temporários para os resíduos que tendem a ser depequeno volume, como, por exemplo, resíduos de instalações elétricas e hi-dráulicas, gesso acartonado, papelão, entre outros. A partir de certo volume

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    o resíduo é encaminhado para ser coletado e receber sua destinação final. Osresíduos que tendem a ser gerados em maior volume, como por exemplo, osde classe A (restos de cerâmica, argamassa,blocos, concreto, etc.), devem serencaminhados ao armazenamento no final do período em que foi gerado.

    Emfunção do volume de resíduo gerado, dependendo da fase da obrae da tecnologia empregada, devem-se dimensionar áreas ou baias apropriadasa cada situação.

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    b) Filtro para água da betoneiraPara minimizar o impacto da água oriunda da lavagem da betoneira

    no solo, ou na rede de esgoto, sugere-se a instalaçãode umfiltro de decantaçãode simples construção. O filtroconstitui-se de um buraco em torno de 1,50 m a1,70 m de profundidade, com uma camada de brita de 50 cm a 70 cm no fundo.Na boca do buraco pode ser colocada uma peneira para coar a água antes de

    ser colocada no filtro. A limpeza do filtro deve ser feita periodicamente e os seus resíduos

    são depositados em conjunto com os resíduos classe A, pois são resíduos decimento.

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    c) Fluxo dos resíduos no canteiroOs resíduos são transportados até depósitos temporários e atécontâi-

    neres ou baias de armazenamento para coleta e/ou reutilização. É necessáriocertificar-sequantoà disponibilidadede carrinhos e caminhosadequados paracirculação dentro do canteiro de obras, já previstos na fase de planejamento egestão do canteiro.

    Na definição do fluxo dos resíduos no canteiro devem-se evitar trans-tornos e interferências no desenvolvimento da obra, particularmente em can-teiros com áreasreduzidas.

    d) Áreas de armazenamento dos resíduos

    Os resíduos devem ser armazenados no canteiroaté serem coletadospor empresas coletoras e/ou agentes recicladores. Para as áreas de armaze-namento devem ser considerados os acessos para coleta, principalmente dosresíduos gerados em maior volume. Os resíduos classe A, e os resíduos classeB, como madeiras e metais (principalmente em obras que não utilizam estru-tura pré-cortada e montadas), são os resíduos que tendem a ocupar mais es-paço na obra.

    Essasáreasde armazenamento devem ser instaladascom apreocupa-ção de evitar o acúmulo de água,não ser de fácil acesso às pessoas externas epermitir a quantificação adequada dos resíduos que serão coletados.

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    e) Áreas para coleta dos resíduos

     A coleta deve ser feita a partir do momento que os contâineres dearmazenamento estiverem preenchidos, e poderá ser realizada por empresascoletoras e/ou agentesrecicladores.

    É importante ressaltar que o acesso às áreas para coleta deve estarlocalizado em locais estratégicos que não perturbe o andamento daobra.

    7.2 Preparação dos trabalhadores no canteiro de obra

    Estaetapa inclui a sensibilizaçãoe conscientização dos colaboradoresque estão executando as ações definidas no PGRSC. A sensibilização dos cola-boradoresdo canteirode obra é o segundo passo paraaimplantaçãodo PGRSCelaborado pela empresa construtora.

     A sensibilização deve acontecer em dois momentos distintos: oprimeiro, na apresentação do PGRSCno canteiroaserimplantado; e o segundomomento, ao longo daconstrução até a sua finalização.

    7.2.1 Apresentação do PGRSC no canteiro de obra

     A apresentaçãodo PGRSCno canteirode obra deveenvolver todos osníveis hierárquicos da empresa, e deve ser feita em cada obra com a participa-ção de todos, desde a alta administração, ou os seus representantes (que sãoreconhecidos como representantes da alta hierarquia pelos colaboradores), etodos os colaboradores, incluindo encarregados, pedreiros, pintores, eletricis-tas,serventes, entre outros.

    Para a apresentação do PGRSC sugere-se que os colaboradores de-

    vam ser preparados para receber o novo conteúdo. Há váriasmaneirasde fazera introdução deste novo conteúdo, entre outros:Mostrar umvídeo no tema;Contar (ou ler) uma história;Usar umteatrode fantoches;Umapalestra com PowerPoint;Umapalestra com cartazes;

     Apenasuma palestra;Exposição de cartazes com umaabertura especial, como umcafé da

    manhã especial, ou lanche datarde;Realização de uma oficina, que permita apresentar o conteúdo e es-

    timuleos colaboradores a produzir cartazes sobre o tema.

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    O conteúdo a ser introduzido aos trabalhadores pode incluir:

     A crise ambiental;O impacto ambiental dos resíduos sólidos urbanos quando deposita-

    dos inadequadamente;O volume dos resíduos sólidos oriundos de canteiros de obras;Os impactos causados pelos resíduos sólidos oriundos de canteiros

    de obras, conseqüentemente a importânciadaredução dasperdas; A legislação pertinente; A responsabilidadede cada um; A composição dos resíduos e o seu potencial para reciclagem;O que se pode produzir com os agregados produzidos a partir da

    reciclagem dos resíduos;O PGRSCproposto pelaempresa.

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    7.2.2 A conscientização e treinamento dos trabalhadores

     Após a apresentação do PGRSC no canteiro de obras, a empresa de-verádefinir uma campanha de conscientização e consolidação do conteúdo in-troduzido na sensibilização.Campanhas em que háoportunidades de participa-ção Têm maior probabilidade de sucesso.

     Abaixo se identificam algumassugestões para a campanhade consci-entização e treinamento:

    Criar um mascote para estar presente no material de conscientiza-ção, com a participação dos trabalhadoresna escolha;

    Elaborar cartazes, contendo as classes dos resíduos segundo a Re-solução307 do Conama de 05/07/2202;

    Distribuiçãode cartilhas;

    Mostra de vídeos (de 3 a 5 minutos) na hora do almoço, do café damanhã,ou treinamento de segurança e qualidade;

    Propor uma premiação ou um concurso para o(s) trabalhador (es)que melhor atuarna implantação do PGRSC;

    Propor um concurso de esculturas produzidas com resíduos, valori-zandoos resíduos como materialutilizável;

    Estipular que a renda obtida com a venda dos resíduos segregados

    seja usada em benefício dos trabalhadores;Distribuircamisetas (com o mascote, por exemplo) aos que sobres-saíremnaimplantação.

    Durante a conscientizaçãoe o treinamento deveráser enfatizadaa cul-tura do canteiro limpo, onde aspectos de organização e limpeza influenciamna qualidade do ambiente, e a importância e responsabilidade de cada um naminimização de perdas e geração de resíduos. O treinamento com relação àcoleta seletiva deverá deixar claro para os colaboradores, asdiferentes classesdos resíduos (de acordo com a Resolução 307 do Conama) e quais resíduospertencem a qualclasse.

     A campanha de conscientização e o treinamento dos colaboradorespoderão envolver organizações especializadas em educação ambiental, car-tazes de conscientização, sinalização de disposição dos resíduos nos canteiros,e principalmente conversas periódicas, que deverão ser mais freqüentes noinício daimplantação e, posteriormente, semanais. É necessário ressaltar a im-portância de fortalecer a auto-estima dos participantes do projeto e a valoriza-çãodo indivíduo,podendo para isto, por exemplo, ser considerado o retorno daarrecadação com a comercialização dos resíduos e sorteio de camisetas para oscolaboradores no canteirode obras.

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    7.3 Os procedimentos do PGRSC

    No Plano de Gestão de Resíduos Sólidos no Canteirode Obra devemestar definidos procedimentos com relação às responsabilidades referentes àsegregação, limpeza, transporte interno, quantificação do resíduo gerado, ar-mazenamento, transporte e destinação finaldos resíduos.

    a) Responsabilidade As responsabilidades com relação a cada atividade referente à gestão

    dos resíduos no canteiro de obra, devem estar claramente compreendidas eaceitas entre os colaboradorescomo: aseparação do resíduo apóscada serviço,o armazenamento, o acompanhamento dacoleta,a quantificação, o registro daquantificaçãoe a emissão de relatórios.

    Com relação à segregação, os projetos pilotos demonstram mais re-sultados quando se assume o princípio de gera o resíduo é responsávelpela sua separação, limpeza e armazenamento (temporário ou paraPode-se também considerar que quem gera separa, mas quem limpa é umaequipe de limpeza específica, ficando a critério da empresa a definição da res-ponsabilidade. Esta questão envolve, particularmente, os terceirizados, cujocompromisso com a gestão dos seus resíduos deve estar registrado em cláu-sulas contratuais.

    b) Segregação dos resíduosOs resíduos devem ser segregados na sua fonte de geração, ao tér-

    mino de um dia de trabalhoou ao término de um serviço, visando a assegurara qualidade do resíduo e potencializar a sua reciclagem. O objetivo é segregaros resíduos de acordo com a classificação da Resolução 307, separando-os naclasse A, B, C e D em depósitos distintos para futura utilização no canteiro, oufora dele.

     A segregação assegura a qualidade do resíduo, garantindo assim a

    qualidade de seu processamento e futura aplicação como agregado reciclado.Enfatiza-se, novamente, a importância de se assegurar o comprometimentodeterceirizados com a correta segregação dos resíduos em cláusulas contratuais.

    É necessário enfatizar a importância de sinalizar sistematicamenteoslocais, contâineres e baias de disposição e armazenamento de cada resíduo nocanteiro, parafacilitaramemorização, peloscolaboradores, dos resíduos e suasrespectivas classes, formas de armazenamento e destinações.

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    c) Armazenamento temporário dos resíduos segregadosO resíduo deve ser encaminhado para depósito temporário ou arma-

    zenamento para coleta (dependendo do resíduo e do serviço em execução),no momento de sua geração, ou ao finalizar a tarefa do dia, ou ao finalizar umserviço.

    O armazenamento temporário refere-se aos resíduos gerados em

    menor volume e quepodem ficar em contâineres em posiçõesestratégicasparaposterior encaminhamento àqueles de coleta, ou área de coleta definitivos, ouseja, quando são retirados do canteiro.

    d) Identificação e QuantificaçãoTodo o resíduo gerado na obra deve ser identificado e quantificado,

    de acordo com o tipo de depósito, baia ou container, que serão separados emclasses A,B, C e D. A quantificação deve ser registrada em relatórios mensais,permitindo à empresa estabelecer controle e parâmetros da quantidade e tipode resíduo gerado. Estes dados mais tarde poderão ser cruzados como, por

    exemplo, com a descrição datecnologia utilizadae permitircomparações entrediferentes processos construtivos. Os dados também permitem que a empresaidentifique o número de caçambas reduzidas, a partir do momento que há acoleta seletiva e escoamento dos resíduos recicláveis na porta do canteiro.

    e) Transporte InternoNo transporte interno dos resíduos, ou seja, no canteiro de obras,

    deve-se considerar o uso de equipamentos que facilitem a vida do trabalhador. Ao final de um serviço, os resíduos deverão ser transportados até a área de

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    armazenamento por carrinhos, ou verticalmente por condutores.O profissional que tem a responsabilidade pelo transporte interno

    deve ser definido em cada empresa. Ressalta-se que os testes demonstrameficiência daaplicaçãodo princípio de quem gera, transporta e armazena.

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    Os tubos para condução vertical dos resíduos, em obras verticais, são

    instrumentos eficientes para disposição rápida em contâineres estacionadosestrategicamente para recebê-los, e uma vez cheios deverão ser coletados portransportadores de entulho.

    f) Armazenamento para coletaOs resíduos deverão ser armazenados de maneira a permitir uma co-

    letarápida e sem conflitos com asatividadesdo canteiro. A coleta que pode vira causar maiores conflitos é aquela referente a dos resíduos classe B, madeirae metal (este último em obras que não usam estruturas pré-cortadas e monta-das).

    Os resíduos classe B, (papel, papelão, metale madeira) que provavel-menteserão vendidos aagentesrecicladores,deverão terumespaço adequado,referenteao espaçoa ser ocupado para armazenamento, visto que alguns agen-tessó coletam acima de uma determinada quantidade ou volume. Para o arma-zenamento do papelão é importante que seja feita proteção dachuva, visto queo resíduo seco é mais facilmente escoado. Como a maioria do papelão geradoem canteiros de obra é oriunda de embalagens de materiais de revestimento,nesta etapa daobra é maisfácil alocar locais de armazenamento protegidos.

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    g) AcondicionamentoOs contâineres de armazenamento deverão ser providos de fecha-

    mento paraevitar entrada de insetos, ratos e outros vetores de doença.

    Outro aspecto do armazenamento é a necessidade de se ter dispositi-vos de fechamento (tampa) para evitar a dos princi-palmente dos resíduos classe A, de maior potencialpara reciclagem. Ressalta-se que a contaminação é ocasionada pela indisciplina de se misturar resíduos,principalmente, orgânicos, gesso ou materiais perigosos, com resíduos classe

     A, o que poderia comprometer a qualidade do material processado e sua poste-rioraplicação.

    Os resíduos deverãoser adequadamente acondicionados para o trans-

    porte. É de res-ponsabilidade do gerador certificarque,aolongo do transporte,não haverá perda do resíduo nas viasurbanas, sujando ou colocando em r.

    h) Transporte e DestinaçãoO transporte dos resíduos deverá ser feito por empresas coletoras e

    ou cooperativas, lembrando que os transportadores também são responsabili-zados pela destinação e gerenciamento dos resíduos.

    O gerador (construtor) deverá assegurar que os resíduos sejam en-caminhados a áreas destinadas pelo setor público, áreas de processamento, ou

    áreas de transbordo, ou aterros de inertes.O transportador deverá ter documento que especifique a origem e

    a destinação do resíduo, em se tratando principalmente de resíduos classe A,para ser apresentado à fiscalização caso necessário. A empresa ou o respon-sável pela obra deve arquivaruma cópia do documento.

    Com relação aos resíduos classe B, estes poderão ser encaminhadosa agentes recicladores por meio de venda, ou por meio de doações (principal-mente cooperativas e/ou catadores). A venda dos resíduos permitirá que a ar-recadação possa ser retornada aos traba-lhadores, sendo um estímulo a maispara a implantação do projeto, conforme já comentado anteriormente. É ne-cessário, também neste caso, a empresa, ou o responsável pela obra guardarumrecibo que declare a correta destinação do resíduo que está sendo retirado

    daobra.

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    36 08  Monitorando a implantação no canteiro

    O processo de monitoramento da qualidade da implantação pode serfacilitado se aempresa desenvolveuma lista de verificaçãode aspectos a seremobservados pelaequipe de coordenação.Esta lista de verificaçãotambém podeauxiliar na elaboração do Procedimento Operacional de Gestão de Resíduosem Canteiros de Obra, o qual pode ser integrado ao sistema de qualidade daempresa.

     Abaixo se apresenta uma proposta para uma lista de verificação:

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    0909   Benefícios e dificuldades   37

    Com base nos resultados alcançados no Programa de Gestão de Re-síduos Sólidos em Canteiros de Obras no Distrito Federal e Goiânia, identifi-cam-seaseguiralgunsbenefícios e algumas dificuldadesde implantação de umPlano de Gestão de Resíduos em Canteiros de Obras:

    a) BenefíciosMelhoria no ambiente de trabalho;

    Limpeza e organização do canteiro - Obras mais limpas;

    Pessoal operacional maiseducado;

    Redução de acidentes na obra com melhores condições de saúde esegurança;

    Imagem positiva daempresa no mercado;Menor impacto ambientale socialque pode ser capitalizadoem mar-keting;

    Maior empenho dadiretoria em buscarnovas tecnologias;

    Menor custo pela redução de desperdício;

    Redução de RS depositados em aterros e meio ambiente a80%;

    Redução do número de caçambas 50%;

    Subsídioàempresa no atendimento àsNormas 14000;PBQP-Hnível A e Resolução 307 do Conama.

    b) Dificuldades A falta de áreas específicas para recebimento dos resíduos classe A;

    Espaços reduzidos em canteiros de obras;

    Falta de agentes coletores na malha urbana com capacidadede cole-tarresíduos classe B;

    Falta de preparo de agentes coletores e recicladores;

    Falta de incentivos aos agentes coletores, envolvendo capacitação;

    Falta de integração de agentes

     A não prioridade na agenda dos municípios para a destinação deárease integração de agentes;

     A dificuldade em envolver alguns agentes líderes nos canteiros deobras, sejam engenheiros, mestres e encarregados;

     A dificuldade de envolver os trabalhadores terceirizados;

    Canteiros muitograndes tendem a apresentar focos de resíduos

    inadequados.

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    38 10  Conclusões e recomendações

    Os problemas ambientais são responsabilidade dos principais atoresda sociedade: o Estado, a Sociedade e o Mercado, o que requer instrumentosde gerenciamento dos recursos naturais, implicando umEstado capaz de regu-lar e regulamentar as questões relacionadas ao meio ambiente com base emuma estrutura forte, ágil e integrada.

     Além disso, para que o Estado possa exercer seu papel, é necessárioenfatizar a participação e conscientização dos agentes envolvidos no processode produçãodaIC, em relaçãoaos papéis aserem efetivamenteexercidos, prin-cipalmente os geradores (empresas construtoras e geradores de menor porte)e transportadores locais. A atuação adequada e eficiente de cada agente é im-prescindível para uma gestão integrada.

     Asdificuldades de apresentar soluções viáveis e ágeisa umdos maio-res desafios da gestão ambiental relacionam-se, portanto a diferentes fatorese aspectos, entre eles à falta de integração dos agentes relevantes do setor pú-blico; do setor privado e do setor de pesquisa; à falta de integração dos instru-mentos de gestão (legais, econômicos e sociais); às complexidades inerentesao processo construtivo e ao processo de gestão de resíduos sólidos em geral;e à necessidade de fortalecer a pesquisa relativa ao tema.

     A ineficiência do sistema de fiscalização, a cultura vigente-que aceitaresíduos em lotes vazios, beira de córregos, ruas desertas, uso para aterra-mento, entre outros; a falta de capacitação técnica dos municípios; a falta derecursos aliadaàcultura dos municípiosde que umsistema integrado de gestãode resíduos geraumaltocusto;afalta dedados precisos com relação aovolumegerado; a falta de integração entre os órgãos municipais (responsáveis pelomeio ambiente, limpeza urbana,planejamento, entre outros) e a cultura eufalo (característica dos órgãos municipais), torna ainda muito lentoo processo de atendimento à Resolução 307. Enquanto não se atende a essanorma, o solo urbano continua recebendo as cargas do mau gerenciamentodos entulhos.

    Há necessidade, portanto, de integração, principalmente entre osatores e agentes públicos e do setor produtivo, objetivando compartilhar a re-sponsabilidade da gestão dos resíduos sólidos oriundos dos processos cons-trutivos daCPIC,potencializandoo compartilhamento de recursos e ações.

     Aos geradores cabe reduzir as perdas e a geração de resíduos pormeio daadoçãode métodos construtivos mais racionais; introduzir umsistema

    eficiente de gestão de resíduos sólidos duranteo processo construtivo; consci-entizar-sedanecessidade de utilizarmateriaisreciclados; viabilizarasatividadesde reciclagem, assegurandoaqualidade dos resíduossegregados; e investiremPesquisa e Desenvolvimento.

     Ao setor público, particularmente nos municípios, cabe elaborar pla-nos diretores de resíduos sólidos, definindo regras para os principais atores, eas ações necessárias à gestão de resíduos sólidos, estabelecendo procedimen-tos de fiscalização e incentivando o adensamento da cadeia de valor dos re-síduos daconstrução.