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Cooperação entre as Regiões Ultraperiféricas no âmbito da gestão de resíduos, especialmente resíduos de embalagens Código do Projecto: 97.72.02.02.0001 Apoiado pelo Programa Comunitário REGIS II e Região Autónoma da Madeira Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Gestão de Embalagens e de Resíduos de Embalagens na Região Autónoma da Madeira Levantamento de Problemas e Dificuldades Maio, 1999

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Cooperação entre as Regiões Ultraperiféricas no âmbito da gestão de resíduos, especialmenteresíduos de embalagens

Código do Projecto: 97.72.02.02.0001

Apoiado pelo Programa Comunitário REGIS II e Região Autónoma da Madeira

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Embalagens e de Resíduos de Embalagens na

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Índice

1. INTRODUÇÃO 1

2. ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL 3

2.1. RESÍDUOS SÓLIDOS 3

2.1.1. CARACTERIZAÇÃO 5

2.1.2. DEPOSIÇÃO E RECOLHA 7

2.1.3. TRANSPORTE 8

2.1.4. DESTINO FINAL: VALORIZAÇÃO/TRATAMENTO 9

2.1.5. FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO AMBIENTAL, DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO 10

2.1.6. FISCALIZAÇÃO 11

2.1.7. APLICAÇÃO DE TAXAS E ENCARGOS AMBIENTAIS 13

2.1.8. ACESSO A FONTES DE FINANCIAMENTO 13

2.2. RESÍDUOS DE EMBALAGENS 14

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DAS EMBALAGENS E RESÍDUOS DE EMBALAGENS 18

2.2.2. CIRCULAÇÃO DE EMBALAGENS E FISCALIZAÇÃO 19

2.2.3. RECOLHA 20

2.2.4. TRANSPORTE 21

2.2.5. DESTINO FINAL: VALORIZAÇÃO/TRATAMENTO 22

2.2.6. FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO AMBIENTAL, INFORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO 22

2.2.7. CUSTOS DE GESTÃO 23

2.2.8. ACESSO A FONTES DE FINANCIAMENTO 24

3. CARACTERIZAÇÃO 25

3.1. RESÍDUOS SÓLIDOS 25

3.1.1. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA 25

3.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA 27

3.2. MATERIAIS DE EMBALAGENS 28

3.3. RESÍDUOS DE EMBALAGENS 31

3.3.1. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA 31

3.3.2. CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA 32

4. DEPOSIÇÃO E RECOLHA 34

4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS 34

4.1.1. RECOLHA INDIFERENCIADA 34

4.1.2. PROCEDIMENTO DE RECOLHA SELECTIVA 35

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4.2. RESÍDUOS DE EMBALAGENS 36

4.2.1. RECOLHA SELECTIVA PARA RECICLAGEM 36

4.2.2. TRIAGEM 38

4.2.3. RECOLHA SELECTIVA PARA REUTILIZAÇÃO 39

5. TRANSPORTE 41

5.1. RESÍDUOS SÓLIDOS 41

5.1.1. ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA 41

5.1.2. CIRCUITOS DE TRANSPORTE 43

5.2. EMBALAGENS E RESÍDUOS DE EMBALAGENS 44

5.2.1. ACONDICIONAMENTO PARA TRANSPORTE 44

5.2.2. CIRCUITOS DE TRANSPORTE 47

6. REDUÇÃO, VALORIZAÇÃO E DESTINO FINAL 49

6.1. REDUÇÃO 49

6.2. REUTILIZAÇÃO 50

6.3. RECICLAGEM 51

6.4. COMPOSTAGEM 51

6.5. ATERRO SANITÁRIO 52

6.6. INCINERAÇÃO 54

7. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SENSIBILIZAÇÃO 57

8. CUSTOS DE GESTÃO E FONTES DE FINANCIAMENTO 59

9. CONCLUSÕES 63

10. BIBLIOGRAFIA 66

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1. Introdução

A gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) é actualmente uma das grandes questões da políticaregional, motivada pelas preocupações, cada vez mais assumidas, em preservar a qualidade doambiente e pelas exigências da União Europeia. Neste contexto, está a ser equacionada a Fase Bdo Plano Estratégico de Resíduos da Região Autónoma da Madeira (PERRAM), com asintervenções operacionais que irão dar viabilidade às opções técnicas de gestão de resíduos,consolidadas na Fase A do Plano - Opções estratégicas.

Em regiões insulares e ultraperiféricas1, os investimentos associados aos processos tecnológicosde selecção, tratamento e destino final de resíduos, nomeadamente, reciclagem, compostagem eincineração, são agravados pela dimensão e pela consequente falta de economias de escala. Poroutro lado, a instalação e manutenção de equipamentos tem associados elevados custos detransporte e um grande investimento, em tempo e recursos humanos especializados, quedificilmente se encontram nestas regiões.

No caso da ilha da Madeira, que, para além da insularidade e ultraperiferia, tem uma orografiamuito acidentada, determinadas soluções de tratamento e destino final dos resíduos estão, àpartida, condicionadas a médio prazo, especialmente em termos de disponibilidade de espaço e deexequibilidade técnica, como é o caso dos aterros sanitários, se forem construídos de acordo comas directrizes da União Europeia. Na ilha do Porto Santo, a solução de aterro sanitário, paradestino final dos resíduos, é ainda menos equacionável, devido, essencialmente, à pequenadimensão do território.

No sentido de colmatar as principais carências do sistema de gestão de resíduos na RegiãoAutónoma da Madeira (RAM), o Governo Regional está a desenvolver um grande esforço,sobretudo no que diz respeito ao destino final. No entanto, é necessário acompanhar ecomplementar este esforço actuando a outros níveis, em especial na redução de resíduos na fontee na reutilização ou valorização de determinados materiais, opções estratégicas estas que estãoconsideradas na Fase A do PERRAM.

Uma grande percentagem dos resíduos sólidos urbanos da Região são resíduos de embalagens,em parte, devido à insularidade, que implica a importação de uma grande parcela dos bens deconsumo. Os produtos importados são transportados essencialmente por via marítima, o queimplica um volume adicional de embalagens de transporte para mantê-los em boas condições,especialmente por estarem sujeitos a um maior desgaste mecânico, aquando da sua manipulaçãonas operações acrescidas de carga e descarga, e transporte.

Por outro lado, a melhoria do nível sócio-económico na RAM e os novos hábitos adquiridos, bemcomo o desenvolvimento do turismo, determinaram um aumento da importação em quantidade eem diversidade de bens de consumo embalados, o que originou um acréscimo significativo naprodução de resíduos sólidos urbanos, com os problemas de gestão que lhe estão associados.

1 O estatuto de Região Ultra-Periférica (RUP) está consagrado no Artigo nº 299 do Tratado que institui a Comunidade Europeia,

integrando sete regiões: Açores, Madeira, Canárias, Guadalupe, Guiana, Martinica e Reunião.

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O sucesso das soluções adoptadas para o tratamento e destino final dos resíduos sólidos, assimcomo o cumprimento da legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens, depende doinvestimento a montante, nomeadamente, com a prevenção na produção de resíduos, a recolhaselectiva, a reciclagem e o empenhamento dos decisores, dos agentes económicos e da populaçãoem geral, que só será efectivo se estiver alicerçado em acções de sensibilização e educaçãoambiental activas e dirigidas a grupos alvo bem definidos.

A RAM apresenta especificidades que dificultam a aplicação da legislação relativa a embalagense resíduos de embalagens, pelo que este estudo tentará evidenciar essas dificuldades específicas,originadas pela insularidade e ultraperiferia, que, no seu conjunto, podem condicionar o sucessode uma política de gestão de resíduos, de acordo com as exigências da União Europeia, no quediz respeito à valorização, tratamento e destino final.

Ao nível dos RSU e dos resíduos de embalagens, não são objecto de estudo, neste trabalho, osresíduos perigosos, designadamente pilhas e baterias, substâncias químicas tóxicas e embalagensde substâncias tóxicas, que aparecem nestas categorias de resíduos em pequenas quantidades,mas não por isso menos importantes.

Em relação às embalagens e resíduos de embalagens, a perspectivação das dificuldades eexigências previstas para a implementação da legislação em vigor serão suportadas, sempre quepossível, na experiência da Sociedade Ponto Verde (SPV) no Continente. Durante o ano 1998, aSPV procurou adquirir experiência no Continente, de modo a verificar se os valores Ponto Verdee os valores de contrapartida em vigor, assim como todos os procedimentos pré-estabelecidos,estavam de acordo com a realidade ou se terão de ser reequacionados no futuro. Entretanto, aSPV está a estudar a viabilidade da adesão das Regiões Autónomas a este sistema e já iniciou asnegociações na Região Autónoma da Madeira.

Mesmo considerando a hipótese de, no futuro, não ser esta a entidade responsável pela gestãodelegada das embalagens e resíduos de embalagens na Região, é um exemplo a considerar por tersido licenciada pelo Ministério do Ambiente e estar a funcionar de acordo com a legislação, como envolvimento de todos os operadores económicos, designadamente: embaladores/importadores,distribuidores e fileiras de materiais.

Este estudo integra-se num projecto de cooperação inter-regional, apoiado pelo REGIS II e pelaRegião Autónoma da Madeira. O projecto previa o envolvimento de sete regiões ultraperiféricas:Madeira, Açores, Guiana, Martinica, Guadalupe, Reunião e Canárias. No entanto, apenas aMadeira e os Açores iniciaram os trabalhos, sendo assim mais reduzida a componente decooperação, em relação ao previsto inicialmente.

Por isso, este estudo foi orientado de forma a equacionar os problemas e dificuldades específicasdas Regiões Autónomas portuguesas num sentido mais abrangente, além dos especialmenterelacionados com a sua situação de insularidade e ultraperiferia, procurando, também, efectuaruma abordagem crítica da situação actual, sobre aspectos que podem representarconstrangimentos à prossecução dos objectivos regionais nesta matéria ou que possam constituirargumentos de negociação para a implementação de um sistema integrado de gestão deembalagens e resíduos de embalagens.

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2. Enquadramento Institucional

2.1. Resíduos sólidos

De acordo com o Decreto-Lei nº 365/79, de 4 de Setembro, que procede à regionalização dasactividades do Ministério da Habitação e Obras Públicas, com a transferência dos serviçosperiféricos para os organismos próprios da Região, competirá à Secretaria Regional doEquipamento Social definir a política referente ao sector do ambiente e coordenar as acçõesnecessárias à sua execução na área da Região (Art. 2º).

O Decreto Regulamentar Regional nº 4 – A/93/M de 2 de Fevereiro, aprova a Lei Orgânica daSecretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente (SRESA), que sucede à SecretariaRegional do Equipamento Social, que já exercia a tutela do sector do ambiente (DecretoRegulamentar Regional nº 27/89/M, de 30 de Dezembro).

De acordo com a orgânica da SRESA, compete a esta secretaria a definição e execução dapolítica regional respeitante aos sectores do ambiente e do saneamento básico. Constituematribuições da SRESA assegurar o cumprimento das disposições reguladoras das tarefas quelhe são cometidas, sem prejuízo das atribuições e competências conferidas por lei a outrasentidades (Capítulo I, Art. 2º, alínea d)).

De acordo com a lei das autarquias: Decreto-Lei nº 100/84, de 29 de Março:

ß Artigo 2º, nº 1, “É atribuição das autarquias locais o que diz respeito aos interessespróprios, comuns e específicos das populações respectivas e designadamente”… (alínead)) “À salubridade pública e ao saneamento básico;”

ß Artigo 51º, nº 1, alínea p, é da competência das autarquias “Fixar tarifas pela prestação deserviços ao público pelos serviços municipais ou municipalizados, no âmbito… darecolha, depósito e tratamento de lixos”.

O Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, que estabelece as regras a que fica sujeita a gestãode resíduos, está em vigor na RAM, não existindo, no entanto, um decreto regulamentarregional que adapte este diploma ao quadro legislativo regional. De acordo com o seuArtigo 6º “… consideram-se responsáveis pelo destino final a dar aos resíduos… osmunicípios ou associações de municípios, no caso dos resíduos urbanos…”.

No entanto, na RAM, a responsabilidade pelo destino final dos resíduos sólidos foi assumidapelo Governo Regional. Assim, de acordo com a Lei Orgânica da Secretaria Regional doEquipamento Social e Ambiente (SRESA), incumbe, especialmente à Direcção Regional deSaneamento Básico (DRSB) “Planificar, executar e proceder à exploração de infra-estruturasde saneamento básico para destino final dos lixos” (Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo 52º, alínea b). A Lei Orgânica da SRESA foi alterada pelo

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Decreto Regulamentar Regional nº 3/94/M, que, no entanto, não introduz quaisquer alteraçõesneste domínio.

Assim, a responsabilidade das autarquias restringe-se à recolha e ao transporte dos resíduosurbanos até ao destino final. Na ilha do Porto Santo, a autarquia é actualmente responsáveltambém pelo destino final dos resíduos. No entanto, a Câmara Municipal do Porto Santo podesolicitar apoio técnico, no âmbito do destino final dos resíduos urbanos, à DRSB, sempre quejulgue necessário.

A Lei Orgânica da SRESA atribui outras incumbências à DRSB no domínio da gestão deRSU, designadamente (Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro,Artigo 52º, alínea c) “Exercer funções inspectivas e normativas nos domínios referidos nasalíneas anteriores.”

De acordo com o Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo 46º,alíneas h) e o) são atribuições da Direcção Regional de Ambiente:

ß “Promover a definição de uma política de gestão dos resíduos sólidos, incluindo osresíduos tóxicos ou perigosos, e colaborar na sua execução, em ligação estreita com aDirecção Regional de Saneamento Básico;

ß Prestar apoio técnico às autarquias locais no âmbito da sua competência;”.

Segundo o Artigo 47º, 3º “Compete à Divisão de Controlo da Qualidade do Ambiente, daDRA, detectar processos de degradação do ambiente, bem como inspeccionar as fontespoluidoras e promover os estudos e as acções necessárias ao respeito das normas ambientais.”

No entanto, na prática, existem, com frequência, dificuldades na interpretação da atribuição decompetências no domínio da gestão de resíduos, que resultam, muitas vezes, na inércia emassumir responsabilidades e em aplicar e fazer cumprir a legislação em vigor. Estasdificuldades estão relacionadas com:

ß O facto de não existir, neste domínio, adaptação da legislação nacional à RAM, comidentificação clara das competências na estrutura administrativa regional e local; situaçãoque se complica pelo facto de o Governo Regional ter assumido as competências dasautarquias, no que diz respeito ao destino final dos RSU. Nesta sequência, a interpretaçãodirecta das competências é dificultada.

ß A repartição de responsabilidades entre a DRA e a DRSB, no âmbito da gestão deresíduos, dificulta o exercício de muitas das competências. Verifica-se que, na prática, amaior parte das competências atribuídas, na Lei Orgânica da SRESA, à DRA são exercidaspela DRSB, designadamente no âmbito da definição da política de gestão de RSU. Existefalta de articulação e cooperação entre as direcções regionais com competência nestamatéria.

ß Por outro lado, mesmo quando as competências estão claramente identificadas ao nívelregional, existem muitas vezes dificuldades práticas no co-exercício de competências,entre entidades da administração local e da administração regional, que, no quadrolegislativo nacional são atribuídas a entidades individuais, como é o caso daresponsabilidade pelo destino final dos RSU. Apesar de a Lei Orgânica da SRESA definircompetências abrangentes ao nível da responsabilidade pelo destino final dos RSU na

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Região, na prática essa responsabilidade não tem sido assumida no Porto Santo. Noentanto, com a ampliação da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da MeiaSerra e com a construção de uma Estação de Transferência no Porto Santo, os resíduosrecolhidos nesta ilha serão transportados para a Madeira e o seu destino final seráassumido pela Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente.

Existem outras dificuldades relacionadas com a elaboração e interpretação de diplomas legaisno âmbito da gestão de RSU, nomeadamente:

ß Na maior parte dos casos, é concedido pouco tempo para a análise e parecer da RAM aosdiplomas legais nacionais em fase de projecto, o que implica que, muitas vezes, não hajatempo para analisar as especificidades da Região, de modo a serem tidas em consideração.

ß O facto de parte da legislação nacional, em vigor na RAM, não fazer qualquer referênciaàs Regiões Autónomas suscita dúvidas e motiva uma certa falta de iniciativa emconsiderar, especialmente em situações desvantajosas, essa legislação aplicável à Região.O Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, Artigo 26º, é um dos que refere que “Oregime previsto no presente diploma aplica-se às Regiões Autónomas… cabendo aexecução administrativa aos órgãos e serviços das respectivas administraçõesregionais…”.

ß Existem, igualmente, dificuldades de interpretação clara, do que significa, em termos deatribuição de competências “…O regime previsto no presente diploma aplica-se àsRegiões Autónomas… cabendo a execução administrativa aos órgãos e serviços dasrespectivas administrações regionais, sem prejuízo da gestão a nível nacional” (Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, Artigo 26º). Ou seja, nem sempre é linear entender comoé que a adaptação da legislação à Região pode ter em consideração a realidade local, sempôr em causa os objectivos da política nacional.

ß O facto de alguns diplomas legais, a nível nacional, sem adaptação à RAM, não terem sidoactualizados após as alterações que se processaram na orgânica nacional, nomeadamentecom a criação do Instituto dos Resíduos.

ß A não alteração de portarias cujo Decreto-Lei foi, entretanto, derrogado ou alterado, comoé o caso da Portaria nº 768/88, de 30 de Novembro, que define o mapa de registo dos RSU.

2.1.1. Caracterização

De acordo com o Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, Artigo 16º: “1 - Quem efectuequalquer operação de gestão de resíduos deve, obrigatoriamente, possuir um registoactualizado do qual conste:

ß A quantidade e o tipo de resíduos recolhidos, armazenados e transportados, tratados,valorizados ou eliminados;

ß A origem e destino dos resíduos;

ß A identificação da operação efectuada.”.

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O registo deve ser guardado durante os cinco anos subsequentes à respectiva actualização edisponibilizado, sempre que solicitado, às entidades competentes para a fiscalização documprimento do disposto no Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, que são: o Institutodos Resíduos, a Direcção-Geral do Ambiente, as Direcções Regionais do Ambiente e dosRecursos Naturais (DRARN), bem como as demais entidades com competência paraautorizar operações de gestão de resíduos e as autoridades policiais (Artigo 18º).

As DRARN são os serviços descentralizados do Ministério do Ambiente e RecursosNaturais no espaço continental e as Regiões Autónomas não estão incluídas no seu âmbitoterritorial. Existem cinco DRARN, designadamente:

ß DRARN Norte, com sede no Porto;

ß DRARN Centro, com sede em Coimbra;

ß DRARN Lisboa e Vale do Tejo, com sede em Lisboa;

ß DRARN Alentejo, com sede em Évora;

ß DRARN Algarve, com sede em Faro.

A Portaria nº 768/88, de 30 de Novembro, define o mapa de registo de resíduos sólidosurbanos. Esta Portaria regulamenta a execução dos deveres do Decreto-Lei nº 488/85, de 25de Novembro, e não foi actualizada depois da saída do novo diploma que regulamenta agestão de resíduos (Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro), nem com a criação doInstituto dos Resíduos, pelo Decreto-Lei nº 142/96, de 23 de Agosto.

De acordo com esta Portaria:

ß As Câmaras Municipais devem proceder anualmente à organização dos inventários até15 de Fevereiro do ano imediato àquele a que se reportem os respectivos dados,enviando os Mapas de Registo à Comissão de Coordenação Regional competente, aqual procederá à sua análise preliminar antes de os remeter à Direcção-Geral daQualidade do Ambiente, até 15 de Março.

ß As Comissões de Coordenação Regional, através das Direcções Regionais do Ambientee Recursos Naturais, prestarão às Câmaras Municipais da respectiva área o apoiotécnico de que estas careçam.

Segundo a atribuição de competências na RAM, é da responsabilidade da DRSB proceder àcaracterização dos resíduos armazenados, tratados, valorizados e eliminados na Estação deTratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (ETRSU) da Meia Serra, assim como proceder aoregisto da sua origem.

As autarquias da ilha da Madeira são responsáveis pela recolha e transporte, até ao destinofinal, dos RSU produzidos nos respectivos concelhos. Assim, é da sua competência acaracterização da quantidade e do tipo de resíduos urbanos recolhidos, armazenados etransportados. Deste modo, os mapas de registo, referentes às dez autarquias existentes nailha da Madeira, teriam de ser complementarmente preenchidos pelas autarquias e pelaDRSB.

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Na ilha do Porto Santo, é a autarquia a entidade responsável pela recolha e destino final dosresíduos. Assim sendo, é a Câmara Municipal do Porto Santo que acumula as competênciasacima referidas e é responsável pelo preenchimento do mapa de registo.

As dificuldades de implementação desta portaria na Região resultam essencialmente dofacto de não estarem identificadas, através de portaria regional, as competências específicasnesta matéria, o que se considera tanto mais importante pelo facto de o destino final dosRSU ter sido assumido pelo Governo Regional, o que torna mais complicado opreenchimento do mapa de registo, que exige uma cooperação estreita entre as autarquias ea DRSB.

Nesta sequência, apesar de à SRESA competir a definição e execução da política regionalrespeitante aos sectores de ambiente e de saneamento básico, nenhum dos seus organismosou serviços reconhece competências para assumir as responsabilidades na RAM daDirecção-Geral da Qualidade do Ambiente e das DRARN para reunir os mapas de registo,prestar apoio técnico às autarquias nesta área e fiscalizar o cumprimento desta portaria.

2.1.2. Deposição e Recolha

A deposição dos RSU, de acordo com as regras de higiene e procedimentos definidos nosregulamentos municipais, é da inteira responsabilidade do produtor. As regras a que ficasujeita a deposição de resíduos variam de acordo com os regulamentos de cada município.Na RAM, só o concelho do Porto Moniz não tem regulamento de resíduos sólidos. Noentanto, na maior parte dos municípios, embora esteja prevista a fiscalização e a aplicaçãode coimas, o sistema não funciona na prática, muitas vezes devido à falta de recursoshumanos, outras vezes por falta de motivação política. Assim, seria importante existir umserviço de fiscalização independente das autarquias, de forma a assegurar a manutenção dasaúde pública e da qualidade do ambiente.

A responsabilidade pelo destino final dos RSU, incluindo o processo de remoção, é daresponsabilidade dos municípios ou das associações de municípios. Porém, aresponsabilidade atribuída aos municípios não isenta os munícipes do pagamento dascorrespondentes taxas ou tarifas pelo serviço prestado, a título de gestão directa oudelegada (Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, artigo 6º).

No entanto, existe uma certa confusão de procedimentos em relação à recolha de“monstros”, nomeadamente, com origem doméstica. A maior parte das autarquias não temqualquer serviço de recolha especial para este tipo de resíduos, mesmo que seja pago; o queleva ao seu abandono nos locais menos indicados, nomeadamente no Parque Natural,muitas vezes em locais de difícil acesso, como ribeiras e escarpas.

De acordo com o Glossário do “Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos” para oterritório continental, da responsabilidade do Ministério do Ambiente, “monstro” é um“Resíduo volumoso e, ou pesado que não oferece condições de fácil manuseamento pelosprodutores domésticos ou institucionais e, por essa razão, fica habitualmente ao cuidadodos serviços de recolha da entidade gestora (e. g. automóveis, frigoríficos, árvores).”

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2.1.3. Transporte

O transporte de resíduos na RAM contempla três situações distintas, designadamente:

ß Transporte rodoviário de RSU na ilha da Madeira, desde o produtor até a estação detratamento de resíduos situada na Meia Serra, que inclui, no caso dos municípios doFunchal e de Câmara de Lobos, a passagem pela Estação de Transferência do Funchal,onde os resíduos são compactados. O transporte rodoviário de resíduos na ilha do PortoSanto está também incluído nesta situação.

ß Transporte marítimo dos materiais separados dos RSU com destino à reciclagem noContinente.

ß Transporte marítimo previsto para os RSU produzidos na ilha do Porto Santo, comdestino à ilha da Madeira.

O transporte de RSU desde o produtor até ao destino final é da responsabilidade dasautarquias, salvo nas situações em que esta responsabilidade é legalmente delegada. Estaresponsabilidade é assumida pelas autarquias nos respectivos regulamentos municipais, nosquais o processo de transporte é definido da forma seguinte “Transporte – consiste nacondução dos RSU em viaturas próprias, desde os locais de produção até aos de tratamento,com ou sem passagem por estações de transferência”.

Na RAM, o Governo Regional assumiu a responsabilidade do destino final dos resíduos:“Planificar, executar e proceder à exploração de infra-estruturas de saneamento básico paradestino final dos lixos.” (Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, Artigo 52º).

No entanto, em relação aos resíduos que são recolhidos selectivamente e cujo destino finalé o Continente, existem dificuldades em identificar claramente as responsabilidades pelotransporte marítimo até as unidades de reciclagem. As autarquias tendem a considerar que,o facto de o Governo Regional ter assumido a responsabilidade pelo destino final dosresíduos, também inclui a responsabilidade pelo destino final de valorização porreciclagem. O Governo interpreta a atribuição de competências de outra forma, naperspectiva de que se comprometeu a assumir o planeamento, a execução e a exploração deinfra-estruturas de saneamento básico para destino final dos resíduos na Região. Nestemomento, verifica-se uma situação provisória, em que o Governo Regional apoiafinanceiramente o transporte marítimo de resíduos para o Continente com destino àreciclagem.

A legislação recente relativa à gestão de embalagens e resíduos de embalagens, que fixaobjectivos para a reciclagem, antevê a exportação de resíduos de embalagens parareciclagem no Continente. Neste caso, a responsabilidade pelo destino final destes resíduospassa a ser dos embaladores e importadores.

Esta questão, relativa ao transporte marítimo dos materiais recicláveis, deveria ser alvo deconcertação entre o Governo e as autarquias para se evitar situações ambíguas, em que setorna difícil exercer as competências. Mesmo que, futuramente, grande parte dos resíduosexportados para reciclagem sejam resíduos de embalagens e entrem noutro domínio decompetências, parte dos resíduos a exportar continuarão a não ser abrangidos pela

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legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens, nomeadamente: sucataautomóvel e parte do papel recolhido selectivamente.

Em relação às condições de transporte dos resíduos, designadamente as relacionadas com aprotecção da saúde pública e com a manutenção da qualidade do ambiente, não existelegislação nacional aplicável ao transporte marítimo de RSU no território nacional, que étanto mais problemático quando abrange o transporte de resíduos não seleccionados, comoo que se está a prever entre o Porto Santo e a Madeira. Estes resíduos, além de materiaisfermentáveis, incluem necessariamente pequenas quantidades de substâncias tóxicas eperigosas, mas nem por isso menos importantes em termos de qualidade ambiental e desaúde pública.

É, portanto, necessário considerar a elaboração de um decreto legislativo regional pararegulamentar o transporte marítimo de resíduos entre o Porto Santo e a Madeira, assimcomo qualquer transporte marítimo de materiais para reciclagem, provenientes dosresíduos. Este decreto teria de englobar considerações relativas a diversos diplomasnacionais nomeadamente:

ß Portaria nº 335/97, de 16 de Maio, que fixa as regras a que fica sujeito o transporte deresíduos dentro do território nacional.

ß Decreto-Lei nº 94/96, de 17 de Julho, que transpõe para a ordem jurídica interna aDirectiva nº 93/75/CEE, do Conselho, de 13 de Setembro, relativa às condiçõesmínimas exigidas aos navios com destino a portos marítimos da Comunidade ou quedeles saiam, transportando mercadorias perigosas ou poluentes.

ß Decreto-Lei nº 296/95, de 17 de Novembro, que estabelece regras relativas àtransferência de resíduos. etc…

Em relação à segurança do transporte rodoviário de resíduos, a Portaria nº 335/97, de 16 deMaio, fixa as regras a que fica sujeito este tipo de transporte. No entanto, a adaptação destaportaria ao quadro jurídico regional é fundamental para identificar claramente a entidaderegional que assume as responsabilidades atribuídas ao Instituto dos Resíduos.

A adaptação desta legislação ao quadro jurídico regional é tanto mais importante devido àsdificuldades específicas de transporte relacionadas com a orografia acidentada e ascaracterísticas da rede viária, que impõem grandes dificuldades, especialmente na Madeira,onde muitos resíduos percorrem longas distâncias para chegarem à única estação detratamento existente. Estas particularidades tornam a segurança, em termos ambientais e desaúde pública, mais frágil e, por isso, carece de maiores cuidados e de fiscalização maisrigorosa.

2.1.4. Destino final: valorização/tratamento

De acordo com o Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, Artigo 6º, alínea a)“… consideram-se responsáveis pelo destino final a dar aos resíduos, nomeadamente: Osmunicípios ou as associações de municípios, no caso dos resíduos urbanos, …”

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No entanto, como já foi várias vezes referido, o destino final dos resíduos na Madeira foiassumido pelo Governo Regional, situação que, na prática, não se verifica em relação aoPorto Santo. Para o futuro, a estratégia do Governo, no âmbito da gestão de resíduos,considera que os RSU recolhidos no Porto Santo vão ser transportados para a Madeira,passando a ter um destino final comum, da responsabilidade do Governo Regional.

Por outro lado, o facto de o Arquipélago estar afastado do Continente e de a sua dimensãonão ter viabilizado a reciclagem no território regional, implica um grande esforço,designadamente financeiro, para assegurar a exportação dos resíduos recolhidosselectivamente para reciclagem no Continente.

A reciclagem, é um dos objectivos do Decreto-Lei nº 239/97, de 20 de Novembro, queestabelece as regras a que fica sujeita a gestão de resíduos. Este diploma está em vigor naRAM, sem qualquer alteração, pelo que foram assumidos os objectivos globais,nomeadamente “… a gestão de resíduos visa assegurar a sua valorização, nomeadamenteatravés da reciclagem…”.

Torna-se necessário adaptar a legislação nacional às especificidades da RAM, considerandoas diferenças existentes entre as duas ilhas, assim como a particularidade de o Governo terchamado a si a responsabilidade pelo destino final dos resíduos.

2.1.5. Formação, educação ambiental, disponibilização de

informação e sensibilização

De acordo com a Lei Orgânica da SRESA (Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M,de 2 de Fevereiro, Artigo 48º), são atribuições da Direcção de Serviços de Estudos,Documentação e Informação (DSEDI) da DRA:

ß “Promover a elaboração de um cadastro das fontes poluidoras;

ß Incentivar o desenvolvimento de tecnologias alternativas de carácter pouco poluente edas técnicas de reciclagem, recuperação, reutilização e valorização de subprodutos,detritos e desperdícios;

ß Incentivar a colaboração e participação da população, em sintonia com as autarquiaslocais, na valorização do ambiente, através da realização de campanhas de divulgaçãode conhecimentos e de incentivo à constituição de associações de natureza particular;

ß Propor a introdução da componente ambiental na educação básica e colaborar noscorrespondentes estudos, bem como incentivar na juventude o interesse pelosproblemas do ambiente, organizando actividades concretas em que ela possa participar;

ß Efectuar a recolha, análise e divulgação dos normativos relativos à protecção doambiente;”.

“Compete à Divisão de Educação Ambiental da DSEDI-DRA promover acções deinformação e divulgação no domínio do ambiente, dirigidas à população escolar e aoscidadãos em geral, e colaborar com outras entidades, públicas ou privadas, na

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implementação de projectos e programas que visem a defesa do ambiente.” (DecretoRegulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo 49º).

A Direcção de Serviços de Estudos e Obras da DRSB tem como atribuições (DecretoRegulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo 55º):

ß “Proceder à inventariação das necessidades existentes em matéria de saneamentobásico, assegurando a recolha e a análise de dados e estatísticas, necessários aoplaneamento e estudo de sistemas de águas residuais e resíduos sólidos;”

ß “Colaborar com outros órgãos de planeamento na elaboração de planos regionais;”

ß “Promover a elaboração de indicadores de estudo, no âmbito das actividades da SRESAneste sector;”.

Em relação às autarquias, e particularizando para a Câmara Municipal do Funchal,“Compete genericamente a todos os serviços da Câmara Municipal: Recolher, tratar efornecer informações estatísticas relativas ao desenvolvimento das suas actividades, querno respeitante a resultados quer a recursos:” (Câmara Municipal do Funchal – Regulamentoda Organização dos Serviços e Respectivas Competências, Anexo II; Diário da República –II Série, nº 131 – 7/6/94).

A autarquia mais activa e com maior experiência neste domínio é a Câmara Municipal doFunchal. As outras autarquias não têm meios técnicos e financeiros e, especialmente,recursos humanos qualificados para se dedicarem activamente a estas actividadesdidácticas, pelo que o papel da Associação de Municípios da Região Autónoma da Madeira(AMRAM) seria importante, no sentido de congregar esforços e acima de tudo promover acooperação, o que não se verifica neste momento.

O sucesso das políticas de selecção de resíduos na fonte, deposição e remoção dependemfortemente da participação activa e correcta da população, sendo por isso essencial o papeldas autarquias para a sua sensibilização.

A Secretaria Regional da Educação tem um papel importante na educação ambiental. Será,no entanto, fundamental que os programas de educação ambiental sejam elaborados emestreita colaboração com os organismos regionais que têm responsabilidades no sector, demodo a articular a informação e os objectivos da política regional nestas matérias.

De um modo geral, verifica-se falta de diálogo neste domínio, quer ao nível das autarquias,quer ao nível das direcções regionais. A troca de informação entre a administração regionale local é igualmente reduzida. A falta de dados e de diálogo leva a que não haja bases paraa sensibilização. A troca de informação, o diálogo e a cooperação são fundamentais nestecontexto, em que as responsabilidades são partilhadas.

2.1.6. Fiscalização

No Continente, a fiscalização do cumprimento do Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro,em vigor na RAM, que estabelece as regras a que fica sujeita a gestão de resíduos, é da

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competência do Instituto dos Resíduos, da Direcção-Geral do Ambiente e das DirecçõesRegionais do Ambiente e dos Recursos Naturais, bem como demais entidades comcompetência para autorizar operações de gestão de resíduos e das autoridades policiais(Artigo 18º).

No entanto, o facto de o Governo Regional ter assumido a responsabilidade pelo destinofinal dos RSU “Planificar, executar e proceder à exploração de infra-estruturas desaneamento básico para destino final dos lixos”, assim como de “Exercer funçõesinspectivas e normativas nos domínios referidos nas alíneas anteriores” (DecretoRegulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo 52º alíneas b e c), tornamais complicada a implementação deste decreto na Região, sem que esteja devidamenteadaptado à jurisdição regional, de modo a que se esclareça claramente as entidadesresponsáveis por esta tarefa na Região.

Constituem atribuições da SRESA, de acordo com a sua Lei Orgânica, assegurar ocumprimento das disposições reguladoras das tarefas que lhe são cometidas, sem prejuízodas atribuições e competências conferidas por lei a outras entidades (Decreto RegulamentarRegional nº 4-A/93/M, Capítulo I, Art. 2º, alínea d)).

Mais especificamente, são atribuições da Direcção de Serviços de Operações da DRSB(Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, de 2 de Fevereiro, Artigo nº57):

ß “Promover e controlar o processamento de resíduos sólidos, dentro dos exigíveis limitesde qualidade e de preservação do meio ambiente;

ß Assegurar a exploração dos sistemas de processamento dos resíduos sólidos, no âmbitodas competências da DRSB;

ß Exercer uma acção inspectiva no que se refere à qualidade das águas residuais erespectivos meios receptores.”

Este último ponto é fundamental para a monitorização dos lixiviados e da qualidade daságuas subterrânea e superficial.

À Divisão de Exploração, Conservação e Controlo de Qualidade da Direcção de Serviçosde Operações compete “… controlar e coordenar o respectivo destino” dos resíduos sólidos.

O facto de a responsabilidade pela actividade de inspecção de determinada actividade estaratribuída à mesma entidade que tem competência para exercer essa actividade, cria muitasvezes problemas, nomeadamente ao nível da disponibilização de informação e divulgaçãopública dos dados de monitorização.

A SRESA, que na Região deveria exercer grande parte da fiscalização no domínio dagestão dos resíduos, não dispõe, até ao momento, de recursos humanos que permitamcumprir essa actividade.

Em relação às condições de higiene e segurança dos trabalhadores de salubridade, afiscalização compete à Direcção Regional de Trabalho e à Inspecção Regional de Trabalho.

As autarquias têm competências na área da fiscalização das condições de deposição deresíduos, de acordo com os requisitos explícitos nos respectivos regulamentos municipais.

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No entanto, na maior parte as autarquias, a fiscalização não actua ou está em fase deimplementação.

2.1.7. Aplicação de taxas e encargos ambientais

De acordo com o Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro (Artigo 6º), a responsabilidadeatribuída aos municípios ou associações de municípios pelo destino final dos resíduosurbanos “não isenta os respectivos munícipes do pagamento das correspondentes taxas outarifas pelo serviço prestado…”, já que “A responsabilidade pelo destino final dos resíduosé de quem os produz…”

De acordo com a lei das autarquias: Decreto-Lei nº 100/84, de 29 de Março, Artigo 51º,alínea p), é da competência das autarquias “Fixar tarifas pela prestação de serviços aopúblico pelos serviços municipais ou municipalizados, no âmbito… da recolha, depósito etratamento de lixos”.

De acordo com as perspectivas do Governo Regional, o serviço de tratamento e destinofinal de resíduos na ETRSU da Meia Serra vai passar a ser pago pelas autarquias, com basenas quantidades de resíduos entregues para tratamento, depois de finalizada a remodelaçãoda Estação. Esta situação torna premente a aplicação de taxas de remoção, com um valoractualizado, para o que é necessário que as autarquias estudem os custos reais da remoção eestimem os encargos que passarão a ter com o tratamento de resíduos.

2.1.8. Acesso a fontes de financiamento

Os programas de financiamento que apoiam projectos na área do ambiente, designadamenteacções no âmbito da gestão de RSU, têm limitações que condicionam a iniciativa daspequenas autarquias, designadamente o facto de não elegerem iniciativas de baixoorçamento.

Por outro lado, a maior parte das autarquias não tem acesso fácil à informação sobre osapoios financeiros disponíveis, nem técnicos para elaborar candidaturas. A actuação daAMRAM, neste domínio, está longe de satisfazer as expectativas.

Nesta perspectiva, o papel da AMRAM poderia ser mais activo, no sentido de conjugar osinteresses das autarquias, que individualmente têm a sua iniciativa condicionada. Ascandidaturas da AMRAM a programas de financiamento, neste âmbito, destinam-seessencialmente à aquisição de equipamentos, quando se torna urgente promover o estudo deuma estratégia comum para superar dificuldades e encontrar possíveis soluções.

A inexistência de dados e estimativas de custos relativos à gestão de RSU na maior partedas autarquias é, também, um impedimento que condiciona o acesso a fontes definanciamento. A AMRAM, por outro lado, não tem vindo a catalisar a recolha e otratamento de dados, quer através da contratação de técnicos com formação nesta área, quepossam prestar apoio técnico às autarquias, quer através da sensibilização edisponibilização de informação actualizada neste domínio.

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2.2. Resíduos de embalagens

A Directiva 94/62/CE, de 20 de Dezembro, transposta para Portugal através do Decreto-Leinº 366-A/97, de 20 de Dezembro, tem com principal objectivo a diminuição da deposição deresíduos de embalagens em aterro e a harmonização dos objectivos e políticas de gestão deembalagens e resíduos de embalagens, ao nível dos países da União Europeia, através daequiparação das legislações nacionais.

A Directiva aplica-se a todas as embalagens colocadas no mercado e a todos os resíduos deembalagens, independentemente do sector de actividade onde são gerados.

A Directiva promove a prevenção da produção de resíduos de embalagens e incentiva areutilização, estabelecendo os seguintes objectivos quantitativos de valorização e reciclagempara o ano 2001:

ß Valorização de um mínimo de 50% e de um máximo de 65% dos resíduos de embalagemem peso;

ß Reciclagem de um mínimo de 25% e de um máximo de 45% dos resíduos de embalagem,com um mínimo de 15% de reciclagem por material.

A Comissão Europeia concedeu uma derrogação à Grécia, à Irlanda e a Portugal, que terão deatingir estes objectivos até Dezembro de 2005, em virtude das suas características específicas,respectivamente, o elevado número de pequenas ilhas, a existência de áreas rurais emontanhosas e o actual baixo consumo de embalagens.

No entanto, as características específicas da RAM identificam-na mais com os critérios queestiveram na base das derrogações da Comissão à Grécia e à Irlanda, respectivamente,“pequena dimensão das ilha habitadas” e “relevo acidentado das áreas rurais”, e muito menoscom o critério associado a Portugal “actual baixo consumo de embalagens”, o qual, em 1998, émuito questionável, especialmente por ser uma região insular que importa a quase totalidadedos bens de consumo e cujos hábitos têm vindo a ser influenciados pelo turismo e pelaimplantação das grandes superfícies comerciais.

A nível nacional, o Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, estabelece como objectivosde valorização e reciclagem o seguinte:

ß “ a) Até 31 de Dezembro de 2001 devem ser valorizados no mínimo 25% em peso dosresíduos de embalagens, sendo, no entanto recomendável a obtenção dos valores definidosna alínea seguinte antes da data nela fixada;

ß b) Até 31 de Dezembro de 2005 devem ser valorizados um mínimo de 50% em peso dosresíduos de embalagens e reciclados um mínimo de 25% em peso da totalidade dosmateriais de embalagens, com um mínimo de 15% para cada material de embalagem;”

Para se atingir estes objectivos, a legislação nacional estipula uma partilha deresponsabilidades entre entidades públicas e operadores económicos com intervenção nagestão dos materiais de embalagem e resíduos de embalagem, que a seguir se resume:

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ß As câmaras municipais asseguram a recolha selectiva e triagem dos resíduos deembalagens com vista à sua reciclagem, beneficiando das contrapartidas financeiras quederivem da aplicação do sistema integrado previsto neste diploma, para compensar osacréscimos de custos resultantes dessa recolha selectiva e triagem.

ß Os embaladores e importadores de produtos embalados são responsáveis pela prestaçãodas contrapartidas financeiras acima referidas.

ß Os fabricantes de embalagens e de matérias primas de embalagens são responsáveis pelavalorização dos resíduos de embalagens contidos nos resíduos urbanos, directamente ouatravés de organizações que tenham sido criadas para assegurar a retoma e valorização dosmateriais recuperados.

ß O comércio e a distribuição não podem colocar no mercado qualquer produto cujaembalagem não esteja de acordo com os requisitos definidos neste diploma.

A RAM adoptou, através do Decreto Legislativo Regional nº 13/98/M, de 17 de Julho, osmesmos objectivos do decreto-lei nacional, relativos à valorização e reciclagem dos resíduosde embalagens, efectuando, apenas, as alterações respeitantes à transferência de competênciaspara a administração regional.

O estatuto político-administrativo da RAM possibilitou a adopção das metas estabelecidaspara o País como objectivo regional, o que expressa a vontade da Região em ter um papelactivo nesta matéria, já que os objectivos assumidos por Portugal, poderiam ser maisfacilmente atingidos no Continente, designadamente nos grandes centros metropolitanos, semo envolvimento das Regiões Autónomas. Esta iniciativa regional tem como base a consciênciade que, na Região, a qualidade do ambiente é fundamental para a qualidade de vida doscidadãos e para a manutenção dos objectivos de desenvolvimento sócio-económico,fortemente apoiado no turismo de qualidade.

A Portaria nº 29-B/98, de 15 de Janeiro, foi adaptada ao quadro jurídico regional, através daPortaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, e “Estabelece as regras de funcionamentodos sistemas de consignação aplicáveis às embalagens reutilizáveis e às não reutilizáveis, bemcomo as do sistema integrado aplicável apenas às embalagens não reutilizáveis”. Entretantoesta Portaria foi alterada pela Portaria (Regional) nº 40/99 de 16 de Março de 1999, tendo sidointroduzidos ajustamentos com o objectivo de a tornar exequível, nomeadamente através daalteração das metas de reutilização.

O Decreto-Lei nº 407/98, de 21 de Dezembro, que estabelece as regras respeitantes aosrequisitos essenciais da composição das embalagens, deve ser adaptada à Região tendo emconsideração que a maior parte das embalagens são importadas e não produzidas na RAM.

Embalagens reutilizáveis

De acordo com a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, no Capítulo II, relativo às“Embalagens reutilizáveis – Sistema de consignação”, nº 3-1 “…, todos osdistribuidores/comerciantes que, na Região Autónoma da Madeira, comercializem bebidasrefrigerantes, cervejas, águas minerais naturais, de nascentes ou outras águas embaladas evinhos (excluindo aqueles com a classificação de vinho regional e V.Q.P.R.D. - Vinho deQualidade Produzido em Região Demarcada) acondicionados em embalagens não reutilizáveis

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devem, com o objectivo de assegurar o direito de opção do consumidor, comercializar tambéma mesma categoria de produtos acondicionados em embalagens reutilizáveis.”.

Julga-se conveniente esclarecer melhor o que significa a mesma “categoria de produtos”. Porexemplo, num supermercado, basta que exista à venda uma marca de água engarrafada emembalagens reutilizáveis e todas as outras marcas em embalagens não reutilizáveis, para esseestabelecimento comercial estar a cumprir a legislação. Nessa perspectiva, não se atinge osobjectivos pretendidos.

Os objectivos estabelecidos na Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, para osvalores mínimos de reutilização, são mais ambiciosos do que os estabelecidos a nível nacional,como se pode verificar no quadro que se segue. No entanto, o Governo Regional constatouque não foi possível criar as condições necessárias ao cumprimento integral de algumas dasdisposições da Portaria (Regional) nº 157/98, pelo que introduz alterações através da Portaria(Regional) nº 40/99, de 16 de Março de 1999, equiparando os objectivos de reutilizaçãoregionais aos nacionais, como se pode constatar no quadro que se segue.

Níveis mínimos de reutilização para 1999expressos em percentagem dos volumes totais, em litros

Portaria(Nacional)

nº 29-B/98, de15 de Janeiro

Portaria(Regional)

nº 157/98, de12 de Outubro

Portaria(Regional)nº 40/99, de16 de Março

Bebidas refrigerantes 30% 65% 30%Cervejas 80% 85% 80%Águas minerais naturais de nascentesou águas embaladas

10% 25% 10%

Vinhos de mesa (excluindo aquelescom a classificação de vinho regional eV.Q.P.R.D.)

65% 85% 65%

Apesar de a Região ter agora adoptado os mesmos objectivos nacionais, continuam a existirdificuldades na implementação destas metas até ao final de 1999. Até à data, Maio de 1999,não se têm verificado alterações significativas no comércio de embalagens reutilizáveis, etendo em conta que a maior parte dos produtos em causa são importados, o retorno dasembalagens reutilizáveis à origem acarreta custos de transporte marítimo e taxas portuárias.No entanto, estes custos podem funcionar como incentivo à formação de valor acrescentadoregional, através do desenvolvimento da indústria local ou da importação de produtos a granelpara serem embalados na Região.

Por outro lado, ao nível logístico, existem mais alguns constrangimentos dificilmentesuperáveis no prazo estabelecido. Os estabelecimentos comerciais não estão em geralpreparados, em termos de disponibilidade de espaço e de recursos humanos, para porem emprática um sistema de reutilização de embalagens.

Estas metas excluem o consumo em estabelecimentos hoteleiros, de restauração e similares,para os quais estão previstos, quer a nível nacional, quer a nível regional, objectivosespecíficos. De acordo com o nº 3 do Artigo 5º da Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 deOutubro, “As bebidas refrigerantes, cervejas e águas minerais naturais, de nascentes ou outraságuas embaladas destinadas a consumo imediato no próprio local, nos estabelecimentos

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hoteleiros, de restauração e similares são obrigatoriamente acondicionados em embalagensreutilizáveis, à excepção dos concentrados destinados à preparação de bebidas refrigerantespor diluição no próprio local de consumo, e sem prejuízo da alternativa prevista no nº 3 doArtigo 6º”. De acordo com a Portaria nº 40/99, de 16 de Março, o disposto anteriormente deveser cumprido na totalidade a partir de 1 de Janeiro de 2000, alterando a data de 1 de Janeiro de1999, apontada pela Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro.

Segundo o número 3 do número 6º, “Em alternativa à obrigação referida no número 3 donúmero 5º, poderão ser organizados sistemas específicos de consignação, …, ou um sistemade recolha selectiva e transporte específico, apoiado em meios adequados e sujeito às regras delicenciamento, …, desde que os tais sistemas garantam a reciclagem das embalagens nãoreutilizáveis.”. A Portaria nº 40/99, de 16 de Março, altera o número 3 do número 6º, quepassa a ter a seguinte redacção: “Em alternativa à obrigação referida no número 3 do número5º, poderão ser organizados sistemas de consignação, ..., ou um sistema específico de recolhaselectiva e transporte, ..., desde que os tais sistemas garantam a reciclagem das embalagensnão reutilizáveis.”

O direito de opção do consumidor, assegurado pelo nº 3-1, continua a não ser garantido paraos consumidores nos hotéis, restaurantes e similares, relativamente aos vinhos de mesa(excluindo aqueles com classificação de vinho regional e V.Q.P.R.D.).

Dado que o mercado de turismo nórdico, por exemplo, está em expansão na Região e sendoeste reconhecidamente sensibilizado para as questões do ambiente, então esta portaria deveriaincluir no seu Artigo 5º, nº 3, os vinhos de mesa (excluindo aqueles com classificação devinho regional e V.Q.P.R.D). Os turistas e residentes na RAM, também, devem ter o direito deopção a embalagens reutilizáveis, quando pretendam consumir vinhos (excluindo aqueles comclassificação de vinho regional e V.Q.P.R.D.), nos hotéis, restaurantes ou estabelecimentossimilares.

Com o Decreto Legislativo Regional nº 13/98/M, de 17 de Julho, Artigo 5º, ponto 1, “É criadaa Comissão Regional de Acompanhamento da Gestão de Embalagens e Resíduos deEmbalagens, adiante designada por CRAGERE, …”. Este Diploma entrou em vigor no diaseguinte ao da sua publicação. Por outro lado, a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 deOutubro, que regulamenta este Decreto Legislativo Regional, refere, no seu número 5 donúmero 4º, que “Será criado um grupo de trabalho que, funcionando no âmbito daCRAGERE,…, terá por finalidade estudar formas de contratualização e livre acordo quepermitam atingir os objectivos para as embalagens reutilizáveis previstos no presentediploma”; ou seja, torna-se necessário, quanto antes, iniciar as actividades desta comissãorecentemente nomeada.

Embalagens não reutilizáveis

De acordo com a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, no Capítulo III, relativo às“Embalagens não reutilizáveis – Sistema de gestão: integrado ou de consignação”, 6º-1 “Osembaladores regionais, os responsáveis pela colocação de produtos no mercado regional e osindustriais de produção de embalagens ou matérias-primas para o fabrico de embalagens sãoresponsáveis pela gestão e destino final dos seus resíduos de embalagens, podendo transmitir asua responsabilidade a uma entidade gestora do chamado “sistema integrado”, regulado naportaria nacional nº 29-B/98, de 15 de Janeiro, e no presente diploma”.

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“Em alternativa ao sistema referido no número anterior, os operadores económicos nelereferidos poderão organizar um sistema de consignação em moldes similares ao sistemadescrito na Portaria nº 29-B/98 e no presente diploma para as embalagens reutilizáveis, com asdevidas adaptações, e que terá de ser aprovado pela Direcção Regional de Ambiente.” (6º – 2).

A Sociedade Ponto Verde, de momento a operar no Continente, efectua a gestão deembalagens de acordo com um modelo de gestão integrado.

Na RAM, qualquer entidade gestora que tenha por objectivo tomar a seu cargo a gestão deresíduos de embalagens ao abrigo do sistema integrado, carece de licença a conceder pordecisão conjunta dos Secretários Regionais da Economia e Cooperação Externa e doEquipamento Social e Ambiente (Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, Artigo 7º).

2.2.1. Caracterização das embalagens e resíduos de embalagens

Para a aplicação da legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens, é necessárioproceder à caracterização das embalagens e materiais de embalagens de modo a estabelecere controlar a contribuição financeira dos embaladores e importadores para a gestãointegrada dos resíduos de embalagens.

Por outro lado, é fundamental proceder à caracterização dos resíduos de embalagensexistentes nos resíduos recolhidos, bem como da sua evolução, de modo a ser possívelafectar recursos e dirigir esforços para alcançar as metas estipuladas pela legislação.

A Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, estabelece que:

ß “Os embaladores regionais e ou os responsáveis pela colocação de produtos no mercadoregional devem comunicar, anualmente, à Direcção Regional do Ambiente os dadosestatísticos referentes às quantidades de embalagens reutilizáveis e não reutilizáveis quecoloquem no mercado regional, às quantidades de embalagens usadas efectivamenterecuperadas e reutilizadas e ainda as quantidades entregues a entidades que seresponsabilizem pela sua valorização ou eliminação” (Artigo 4º, nº 1);

ß “Os distribuidores/comerciantes com um volume anual de vendas superior a 40 milhõesde escudos devem comunicar, anualmente, à Direcção Regional do Ambiente os dadosestatísticos referentes às quantidades de embalagens reutilizáveis que comercializem”(Artigo 4º, nº 2);

ß “As entidades gestoras que operem na Região Autónoma da Madeira ficam obrigadas aentregar às entidades licenciadoras um relatório anual de actividades, demonstrando osresultados obtidos em matéria de gestão de resíduos de embalagens, nomeadamente noque respeita à reciclagem e outras formas de valorização, até 31 de Março do anoimediato àquele a que se reportam os resultados.” (Artigo 8º).

No entanto, é necessário adaptar ao quadro legislativo regional o Despacho Conjuntonº  7415/99, de 25 de Março, que aprova os modelos a preencher pelos embaladores, pelosresponsáveis pela colocação no mercado nacional e pelos distribuidores/comerciantes, deembalagens.

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Com a perspectiva de implementação na Região do sistema integrado, é também importanteadaptar o Despacho Conjunto nº 316/99, de 30 de Março, que determina que as entidadesgestoras de resíduos de embalagens ao abrigo do sistema integrado estão obrigadas a enviarcinco exemplares do relatório anual correspondente às suas actividades ao Instituto dosResíduos, até ao dia 31 de Março do ano seguinte àquele a que disser respeito.

De acordo com o modelo nacional, a adesão progressiva ao sistema Ponto Verde temresultado de numerosos contactos da SPV com associações comerciais, associações deindustriais, de produtores de materiais de embalagens, de importadores, entre outrasassociações sectoriais. Algumas associações facilitaram este trabalho e aderiram de umaforma quase voluntária ao sistema Ponto Verde.

A SPV tem também entrado em contacto com produtores das Regiões Autónomas, de modoa que estes paguem o valor Ponto Verde dos produtos que colocam no mercado nacional.Os produtores nacionais que colocam bens embalados nas Regiões Autónomas ainda nãopagam o Ponto Verde sobre as embalagens que exportam para estas regiões, pelo facto deeste sistema ainda não estar implementado nas Regiões Autónomas. Este sistema sófunciona com uma fiscalização eficiente, já que não é fácil controlar todas as empresas quecolocam bens embalados no mercado.

Uma listagem actualizada dos importadores e produtores de bens embalados que operam naRAM é fundamental, como instrumento base de controlo, para garantir uma caracterizaçãoo mais realista possível das embalagens dos bens que circulam no mercado regional e comoinstrumento auxiliar de fiscalização do cumprimento da legislação.

Ainda em relação à caracterização das embalagens, o Decreto-Lei nº 407/98, de 21 deDezembro, “Estabelece as regras respeitantes aos requisitos essenciais da composição dasembalagens”, completando a transposição para a ordem jurídica interna da Directivanº 94/62/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Dezembro, relativa aembalagens e resíduos de embalagens. Este Diploma deverá ser igualmente adaptado àRegião e deverão ser criadas condições técnicas, nomeadamente de análise laboratorial,para fiscalizar a composição das embalagens que circulam na Região, de acordo com osrequisitos definidos neste diploma.

Em relação à caracterização dos resíduos de embalagens, seria fundamental umaactualização da portaria que define o mapa de registo dos resíduos sólidos urbanos de formaa incluir a caracterização dos resíduos de embalagens existentes nos RSU e a respectivaadaptação à Região, assim como o esclarecimento das competências entre as autarquias e oGoverno Regional neste domínio, tal como já foi referido no ponto 2.1.1 deste estudo. Seriaigualmente de considerar contrapartidas financeiras e apoio técnico às autarquias para arealização das campanhas de caracterização, por parte dos responsáveis pela gestão deembalagens e resíduos de embalagens.

2.2.2. Circulação de embalagens e fiscalização

Neste momento, as variáveis relativas aos materiais de embalagem e respectivasquantidades não são consideradas em qualquer tipo de controlo, nem dos produtosregionais, nem dos importados.

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Se for elaborada uma base de dados das empresas que produzem e/ou importam bensembalados na RAM, de acordo com o referido no ponto 2.2.1 deste estudo, a fiscalizaçãopassaria a ter um instrumento para actuar e controlar a adesão ao sistema Ponto Verde.

No Continente, a SPV teve em atenção as grandes quantidades de embalagens e deprodutos embalados que muitos produtores/distribuidores tinham em stock sem o símboloPonto Verde impresso, pelo que, neste caso, a única forma de verificar se o produtor ouimportador cumpria a legislação era através da existência do contrato de adesão ao sistemaPonto Verde. O símbolo Ponto Verde nas embalagens só passou a ser obrigatório para asembalagens colocadas no mercado a partir de Janeiro de 1999. A flexibilidade em relação àapresentação deste símbolo tem também se ser considerado temporariamente para osprodutos embalados na RAM. Assim, é fundamental existir uma relação estreita decolaboração entre a SPV e as entidades fiscalizadoras, da administração pública, de forma acontrolar o cumprimento da legislação.

A legislação regional deveria ser mais precisa ao atribuir as competências no âmbito dafiscalização, identificando claramente as responsabilidades de cada entidade. O DecretoLegislativo Regional nº 13/98/M, no Artigo 3º, faz a adaptação de competências para aRegião mas, a exemplo da legislação nacional, não especifica as responsabilidades de cadaentidade no domínio da fiscalização.

De acordo com o Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, e considerando aadaptação de competências à Região, a fiscalização do cumprimento das disposiçõesconstantes deste diploma compete à Inspecção Regional das Actividades Económicas, àDirecção Regional do Ambiente, à Direcção Regional do Comércio e Indústria e outrasentidades competentes em razão de matéria, nos termos da Lei. Nesta perspectiva, o diálogoentre estas entidades é muito importante.

Em relação ao cumprimento da legislação, no que se refere à comercialização deembalagens reutilizáveis, a fiscalização é igualmente fundamental para fazer cumprir a Lei,assim, como a actuação da CRAGERE (Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro),que terá por finalidade “estudar formas de contratualização e livre acordo que permitamatingir os objectivos para as embalagens reutilizáveis”, entretanto alterados, como já foireferido, pela Portaria (Regional) nº 40/99, de 16 de Março.

Com este acréscimo de responsabilidades da Direcção Regional de Ambiente, em termos defiscalização, é crucial um investimento em termos de recursos humanos e de formaçãoadequada às novas exigências.

2.2.3. Recolha

Em relação à recolha de resíduos de embalagens, as competências estão claramentedefinidas no Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, adaptado à Região pelo DecretoLegislativo Regional nº 13/98/M, de 17 de Julho. Segundo o Artigo 4º, ponto 3, do diplomanacional, “As câmaras municipais são responsáveis, nos termos da legislação em vigor,pela recolha dos resíduos urbanos, devendo beneficiar das contrapartidas financeiras quederivem da aplicação do sistema integrado previsto no presente diploma, a fim de

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assegurarem a recolha selectiva e triagem dos resíduos de embalagens contidos nosresíduos urbanos.”.

A responsabilidade pela recolha das embalagens reutilizáveis é dos embaladores regionaise/ou dos responsáveis pela colocação de produtos no mercado regional, que devem elaborarum plano de gestão das embalagens reutilizáveis para ser apresentado à CRAGERE, até 31de Outubro do ano anterior àquele a que se reporta. (Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 deOutubro, 5º-1).

2.2.4. Transporte

De acordo com a legislação (Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, Artigo 5º), noâmbito do sistema integrado, a responsabilidade dos agentes económicos pela gestão dosresíduos de embalagens pode ser transferida para uma entidade devidamente licenciada(SPV, no caso do Continente) para exercer essa actividade. Esta entidade devedisponibilizar as contrapartidas financeiras necessárias às organizações de fornecedores etransformadores de materiais de embalagens, que tiverem sido criadas para assegurar aretoma e valorização dos materiais recuperados.

Na perspectiva da legislação, as autarquias recebem contrapartidas financeiras para recolhere triar os resíduos de embalagens. O transporte dos resíduos devidamente triados eacondicionados, até a indústria de reciclagem, é da responsabilidade da entidade gestora dosistema integrado. No entanto, na RAM, o transporte marítimo dos resíduos de embalagenstem de ser estudado e considerado como um caso particular, por acarretar custossignificativamente acrescidos.

A responsabilidade pelo transporte marítimo previsto para os resíduos de embalagensrecolhidos selectivamente no Porto Santo, com destino à Madeira, para posterior triagem eacondicionamento para exportação, deverá ser devidamente equacionada entre os actoresenvolvidos, designadamente a autarquia, o Governo Regional e a entidade que iráfuturamente gerir o sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens na Região,provavelmente a Sociedade Ponto Verde.

O transporte dos resíduos de embalagens entre as duas ilhas constitui um sobrecusto nagestão destes materiais, que deverá ser assumido, designadamente, pelos embaladoresregionais, responsáveis pela colocação de produtos no mercado regional e industriais deprodução de embalagens ou matérias-primas para o fabrico de embalagens.

As condições de transporte marítimo de resíduos de embalagem, designadamente asrelacionadas com a protecção da saúde pública e com a manutenção da qualidade doambiente marítimo, não estão regulamentadas para o território nacional. É, portanto,necessário considerar a elaboração de legislação para regulamentar o transporte marítimode resíduos de embalagem recolhidos selectivamente para reciclagem.

Em relação às embalagens reutilizáveis, o problema do transporte marítimo coloca-se deforma semelhante. Grande parte dos produtos embalados são importados o que podeimplicar, em caso da reutilização, a sua exportação para o Continente. A responsabilidadepelo transporte destas embalagens reutilizáveis é dos responsáveis pela colocação dos

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produtos no mercado regional. No entanto, a opção do reenchimento na Região é umahipótese a ser considerada, já que traz benefícios operacionais e económicos, além de criarpostos de trabalho.

2.2.5. Destino final: valorização/tratamento

De acordo com a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, Capítulo III, 6º 1, “Osembaladores regionais, os responsáveis pela colocação dos produtos no mercado regional eos industriais regionais de produção de embalagens ou matérias primas para o fabrico deembalagens são responsáveis pela gestão e destino final dos seus resíduos de embalagens,podendo transmitir a sua responsabilidade a uma entidade gestora do chamado ‘sistemaintegrado’.”

Se a gestão dos resíduos de embalagens for, a exemplo do Continente, delegada na SPV,esta entidade passa a assumir a responsabilidade pelo destino dos resíduos de embalagemque forem triados e acondicionados pelas autarquias de acordo com as exigências dosrecicladores.

A responsabilidade pelo processo de reutilização é dos embaladores regionais e/ou dosresponsáveis pela colocação dos produtos no mercado regional. É de notar que aresponsabilização dos distribuidores e dos comerciantes no sistema de reutilização éfundamental para o sucesso do processo de reutilização.

2.2.6. Formação, educação ambiental, informação esensibilização

A aplicação da legislação relativa à gestão de embalagens e resíduos de embalagensdepende da adequada sensibilização dos agentes económicos envolvidos, responsáveis pelagestão dos resíduos de embalagens; das autarquias, responsáveis pela recolha selectiva etriagem; e da população em geral, cujo papel activo e correcto na selecção dos resíduos é abase do sucesso da política de gestão de resíduos de embalagens. Para se atingir as metas dereutilização, previstas para o final de 1999, as necessidades de sensibilização sãoigualmente imperiosas.

Considerando as competências neste domínio, as responsabilidades pela educação,formação e informação são da responsabilidade, nomeadamente:

ß Produtores de embalagens na Região;

ß Responsáveis pela colocação das embalagens na Região;

ß Indústria regional de produção de embalagens ou matérias primas para o fabrico deembalagens;

ß Comerciantes e distribuidores, especialmente no caso das embalagens reutilizáveis;

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ß Autarquias e AMRAM;

ß Direcção Regional de Ambiente;

ß Secretaria Regional da Educação;

ß CRAGERE;

ß ACIF – Associação Comercial e Industrial do Funchal;

ß Associação de Comércio e Serviços da Região Autónoma da Madeira;

ß AJEM – Associação de Jovens empresários da Madeira;

ß Associação das Mulheres Empresárias da Madeira.

No entanto, não é de descorar a importância de outras entidades para a sensibilização nestedomínio, já que o sucesso da gestão dos resíduos de embalagens é fundamental para oexercício das suas competências, ao nível da gestão de resíduos de embalagens,nomeadamente:

ß Inspecção Regional das Actividades Económicas;

ß Direcção Regional do Comércio e Indústria.

Por outro lado, tendo em conta a remodelação da ETRSU, a Direcção Regional deSaneamento Básico tem todo o interesse em participar activamente na sensibilização paraesta problemática.

Um dos pontos fundamentais para o sucesso da gestão das embalagens e resíduos deembalagens é a sensibilização e formação das entidades com responsabilidades nestedomínio. Por exemplo, a formação das autarquias é crucial para a orientação da suapolítica de recolha selectiva de modo a se obter os materiais para reciclagem de acordo comas especificações dos recicladores. O investimento na recolha selectiva e triagem tem deconsiderar à priori as exigências do destino final, de modo a que este esteja, de futuro,assegurado.

2.2.7. Custos de gestão

De acordo com a legislação, os embaladores regionais, os industriais regionais de produçãode embalagens ou matérias primas para fabrico de embalagens e os agentes que colocam osprodutos no mercado regional, são os responsáveis pela gestão e destino final dos seusresíduos de embalagens, pelo que devem assegurar as contrapartidas financeiras,directamente ou através de uma entidade em que deleguem responsabilidades, como é ocaso da SPV no Continente, designadamente:

ß Às autarquias pelos encargos acrescidos na recolha selectiva e na triagem dos resíduosde embalagens contidos nos RSU;

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ß Às organizações de fornecedores e transformadores de materiais de embalagens quetiverem sido criadas para assegurar a retoma e valorização dos materiais recuperados.

No entanto, as autarquias terão de fazer um investimento inicial considerável, nosequipamentos de recolha selectiva e de triagem, que só serão parcialmente compensados àmedida que as autarquias conseguirem recolher e acondicionar as embalagens, de acordocom as exigências dos recicladores. Considerando o exemplo do Continente, ascontrapartidas financeiras previstas são efectuadas quando as autarquias já dispõem dedeterminadas quantidades de materiais preparados para reciclar.

Uma estratégia de financiamento inicial deveria ser discutida entre os actores envolvidos, jáque as autarquias, na sua generalidade, não estão financeiramente preparadas para estesinvestimentos.

Por outro lado, o facto de as autarquias passarem a pagar por tonelada de resíduos entreguespara tratamento na ETRSU, quando a estação estiver remodelada, é um incentivo para aaposta séria na recolha selectiva, nomeadamente das embalagens, de forma a reduzir aquantidade de RSU para destino final.

2.2.8. Acesso a fontes de financiamento

Como já foi referido, as características da Grécia e da Irlanda, que estiveram na base dasderrogações da Comissão Europeia, relativas aos objectivos de valorização e reciclagemdos resíduos de embalagens, são igualmente identificadas no arquipélago da Madeira,designadamente a pequena dimensão das ilhas habitadas, especialmente o Porto Santo, e orelevo acidentado da ilha da Madeira, que não se limita às áreas rurais.

Na RAM, acresce-se a ultraperifericidade que agrava sobretudo os custos de transportemarítimo dos resíduos que não possam ser reciclados na Madeira e das embalagensreutilizáveis importadas que não sejam reenchidas na Região.

No entanto, como já foi referido, a adopção destes objectivos é fundamental para assegurara manutenção da qualidade do ambiente na Região, pelo que os sobrecustos associados àgestão de embalagens em território insular e ultraperiférico deveriam ser apoiados pelaUnião Europeia, através de programas de financiamento comunitários específicos.

Para a Região, não se considera vantajoso derrogações de prazo, mas sim o reforço dosapoios, designadamente financeiros, por forma a serem atingidos, nas datas estipuladas, osobjectivos pretendidos. Estes apoios justificam-se por razões de coesão económica e sociale por a RAM ser uma região ultraperiférica, cujo estatuto está consagrado no Artigo nº 299do Tratado que institui a Comunidade Europeia, o que implica custos adicionais para seatingir os mesmos níveis de satisfação em termos de qualidade ambiental.

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3. CARACTERIZAÇÃO

3.1. Resíduos sólidos

3.1.1. Caracterização qualitativa

As autarquias não têm efectuado campanhas de caracterização dos RSU recolhidos nosrespectivos concelhos, inviabilizando-se assim o preenchimento do mapa de registo deRSU, de acordo com a Portaria nº 768/88, de 30 de Novembro.

O sucesso da gestão integrada dos RSU depende do conhecimento sobre as quantidades dosresíduos produzidos e dos materiais que os constituem, assim como sobre a evolução destascaracterísticas. Os procedimentos de recolha selectiva, a política de reciclagem e as opçõesde tratamento e destino final devem ser sempre fundamentadas no conhecimento dacomposição dos resíduos.

De acordo com a Portaria nº 768/88, de 30 de Novembro, a caracterização da composiçãofísica dos RSU recolhidos deve basear-se nos seguintes componentes:

ß Papel e cartão;

ß Vidro;

ß Plástico;

ß Metais ferrosos e não ferrosos;

ß Materiais fermentáveis;

ß Têxteis;

ß Outros;

ß Finos (<20mm).

Para além destes componentes, as autarquias deveriam tomar a iniciativa de considerar acaracterização dos resíduos de embalagens, aquando da caracterização dos RSU, dada a suaimportância no total de resíduos produzidos.

Na RAM, esta Portaria nunca foi aplicada. O facto de o destino final dos resíduos ter sidoassumido pelo Governo Regional dificulta o preenchimento do mapa de registo, de acordocom o definido nesta Portaria. Teria de existir uma cooperação muito estreita entre asautarquias e a DRSB para a obtenção de todos os dados.

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Em relação aos resíduos entrados na ETRSU, são efectuados anualmente mapas de registocom o seu destino final. A Câmara Municipal do Funchal (CMF), efectua, também, oregisto anual dos resíduos entrados na Estação de Transferência do Funchal, com orespectivo destino final. As quantidades de resíduos que têm vindo a ser exportadas parareciclagem estão igualmente registadas.

Por outro lado, o facto de os resíduos serem tratados conjuntamente, torna impossívelidentificar, de forma individual, por concelho, o destino final dos resíduos recolhidos emcada município. Nestas condições, também não é possível preencher o mapa de registo porconcelho, tal como está concebido na legislação, mesmo com uma colaboração estreitaentre as autarquias e o Governo Regional. A médio prazo, os resíduos recolhidos no PortoSanto terão o mesmo destino dos resíduos recolhidos na Madeira, pelo que também nãoserá possível obter dados individualizados, relativos ao destino final destes resíduos.

Por outro lado, nenhuma entidade regional assumiu a responsabilidade de receber, analisare gerir a informação dos mapas de registo de RSU, de acordo com o definido na Portaria.

As autarquias alegam falta de meios, designadamente ao nível financeiro, de recursoshumanos, de conhecimentos técnicos e de disponibilidade de espaço, para efectuarregularmente campanhas credíveis de caracterização dos resíduos. Na RAM, a únicaautarquia com técnicos especializados nesta área é a Câmara Municipal do Funchal, queiniciou recentemente uma campanha de caracterização dos resíduos recolhidos no seumunicípio. No entanto, esta campanha não está a considerar a caracterização dos resíduosde embalagem.

O Funchal é o único município que, além de técnicos, possui um espaço para a realizaçãodas campanhas de caracterização, a Estação de Transferência dos Viveiros.

A única campanha de caracterização dos RSU, efectuada na RAM, decorreu entre Janeirode 1994 e Junho de 1995, na ETRSU. No entanto, além de as amostras analisadas nãoserem representativas de toda a ilha da Madeira, não foi possível seguir, na íntegra, oprocedimento de recolha de resíduos, destinados a uma campanha de caracterização física,de acordo com o “Documento Técnico Nº 1: “Resíduos Sólidos Urbanos – Quantificação eCaracterização – Metodologia”, publicado pela Direcção de Serviços de Resíduos eProdutos Químicos da Direcção-Geral da Qualidade do Ambiente, em 1989. As amostras,de 2 toneladas, foram obtidas na fossa da ETRSU, após descargas dos veículos da Estaçãode Transferência do Funchal, responsável por cerca de 75% dos resíduos que dão entradana estação de tratamento. Apesar disso, a caracterização dos resíduos na Meia Serra foiimportante para a tomada de decisão relativa às opções de destino final, nomeadamente aopção pela optimização do actual processo de compostagem e pela incineração comvalorização energética.

Por outro lado, o facto de a campanha de caracterização ser efectuada com amostras deresíduos de vários municípios impede que as autarquias possam, individualmente, obterdados que lhes permitam delinear objectivos e metas de recolha selectiva e,consequentemente, afectar correctamente recursos humanos e materiais de forma a alcançaresses objectivos.

A fraca participação da AMRAM e o diálogo quase inexistente entre as autarquias e oGoverno Regional dificultam ainda mais esta situação.

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3.1.2. Caracterização quantitativa

A caracterização quantitativa dos resíduos sólidos urbanos é efectuada com base nosvalores de recolha e não nos valores reais de produção. Os valores relativos à recolha nãorepresentam a produção real porque a recolha não abrange 100% da população e pelo factode, especialmente nos concelhos rurais, muitos resíduos biodegradáveis serem utilizadoscomo alimento para os animais e como fertilizante, não entrando, portanto, no circuito derecolha das autarquias. Os resíduos produzidos e abandonados em locais indevidoscontribuem também para este diferencial, pois não são incluídos nos valores de recolha.

O aumento da quantidade de RSU recolhidos na RAM é consequência do crescimentonatural da produção de resíduos associado ao desenvolvimento, mas também da melhoriasignificativa dos meios de recolha que se tem verificado nos últimos anos.

Os resíduos recolhidos nos concelhos do Funchal e Câmara de Lobos são pesados à entradada Estação de Transferência do Funchal, incluindo os resíduos recolhidos selectivamente eos resíduos entregues por particulares. Todos os resíduos que dão entrada na ETRSU sãopesados à entrada, independentemente da sua proveniência, designadamente, a Estação deTransferência do Funchal, autarquias e resíduos entregues directamente por particulares.

As principais dificuldades relacionadas com a quantificação dos resíduos recolhidosreferem-se aos concelhos da Ponta do Sol e do Porto Santo. A Ponta do Sol não envia deforma sistemática os resíduos para a ETRSU. A maior parte dos resíduos recolhidos sãocolocados desordenadamente numa lixeira situada num acesso da estrada do Carvalhal, queliga os Canhas ao Paúl da Serra, os quais não são pesados. Na ilha do Porto Santo, osresíduos depositados na lixeira também não são pesados, podendo, quando muito, ser feitauma estimativa através do número de veículos descarregados.

A pesagem dos resíduos é importante para se obter uma perspectiva da evolução dosquantitativos recolhidos, de modo a existirem dados que permitam delinear estratégias degestão com maior segurança. As perspectivas de evolução da produção de resíduos sãofundamentais para o dimensionamento das soluções de destino final, transferência e dosequipamentos de recolha e transporte, assim como a afectação de recursos humanos emateriais ao sistema de gestão de resíduos.

Assim, em relação a 9 dos 11 concelhos da RAM, é possível, nas condições actuais, obterdados relativos à quantidade de resíduos sólidos urbanos recolhidos, o que permitiriapreencher o ponto 1 do Mapa de Registo de Resíduos Sólidos Urbanos, definido na Portarianº 768/88, de 30 de Novembro de 1998.

Em relação ao Porto Santo, o transporte marítimo de resíduos terá de ser correctamenteequacionado, tendo em conta a variação sazonal acentuada da produção de RSU, pelo que,é necessário ter conhecimento das quantidades recolhidas durante pelo menos um ano, demodo a ter conhecimento dos quantitativos recolhidos no período de Verão, quando aprodução aumenta significativamente.

Na ilha da Madeira, as variações sazonais de produção de RSU são menos acentuadas queas verificadas na ilha do Porto Santo. Na Madeira, a produção de resíduos é superior nacosta sul, devido essencialmente à distribuição da população e aos hábitos de consumo. No

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Natal, verifica-se, também, um aumento de produção de RSU, especialmente no concelhodo Funchal.

A produção de resíduos por habitante, por dia, é superior no concelho do Funchal, em partedevido às características urbanas e em parte por ser este o concelho que alberga a maiorparte da população flutuante, quer seja turística, quer seja população residente em outrosconcelhos mas que exerce a sua actividade profissional no Funchal. De acordo com osdados da CMF, foram recolhidos 540 kg/hab., em 1997 e 555 kg/hab., em 1998, tendo emconta apenas a população residente de 119 716 habitantes, considerada constante nesteperíodo.

Em relação aos resíduos recolhidos selectivamente e enviados para o Continente parareciclagem, a Câmara Municipal do Funchal efectua a pesagem dos resíduos recolhidos,nomeadamente vidro, papel, cartão e sucata. Os resíduos recolhidos selectivamente poroutras autarquias (Ribeira Brava, Santa Cruz, Porto Moniz e Calheta) têm sido entregues naEstação de Transferência do Funchal desde 1992; no entanto, só a partir de 1996 a CMFiniciou a quantificação, por concelho, dos materiais entregues para exportação nestaestação.

O conhecimento da evolução dos quantitativos recolhidos por município, para além da suaimportância para avaliar as políticas de recolha selectiva das autarquias, é essencial paraobter dados que permitam o esclarecimento da população sobre um procedimento quedepende fundamentalmente da sua participação.

3.2. Materiais de embalagens

A caracterização das embalagens é um procedimento complexo. No momento, as embalagensque circulam na Região têm várias proveniências, designadamente:

ß Importação de produtos embalados do Continente português;

ß Importação de produtos embalados de países terceiros;

ß Produção regional de produtos embalados;

ß Acondicionamento de produtos importados a granel em embalagens de produção regional;

ß Acondicionamento de produtos importados a granel em embalagens igualmenteimportadas.

No Continente, os embaladores e importadores delegaram a sua responsabilidade de gestãodos resíduos de embalagens à Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade devidamente licenciadapelo Ministério do Ambiente.

Neste caso, as empresas embaladoras e importadoras, que colocam produtos no mercadonacional, assinaram contratos de adesão de modo a delegarem a sua responsabilidade degestão na SPV. Os responsáveis pela colocação de produtos no mercado prestam umacontribuição financeira à SPV, calculada em função do peso e do tipo de material de

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embalagens que colocam no mercado. O “Certificado de Adesão” comprova que a suaactividade está de acordo com a legislação em vigor. Este certificado pode e deve ser exigidopelos distribuidores e/ou comerciantes para comprovarem que os produtos que comercializamrespeitam a legislação neste domínio. A partir de 1999, o símbolo Ponto Verde passa a serobrigatório nas embalagens comercializadas no Continente.

Na RAM, existem poucos dados que permitam controlar as quantidades e características dosmateriais de embalagem que circulam na Região, quer sejam produzidos regionalmente, quersejam importados, os quais constituem claramente a maioria. Uma base de dados das empresasque operam no mercado regional seria um ponto de partida excelente para implementar osistema integrado de gestão de embalagens e resíduos de embalagens.

A Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira, empresa pública de gestãoautónoma, possui dados que traduzem as quantidades de produtos que entram na RAM por viamarítima. No entanto, na classificação dos produtos, estes estão agregados por categoriasmuito abrangentes como “géneros alimentícios e forragens”. A Direcção dos Aeroportos daMadeira, dependente da ANAM - Aeroportos e Navegação Aérea da Madeira, SA, controla asmercadorias que entram por via aérea.

A Direcção Regional do Comércio e Indústria tem um registo das autorizações paraimportação dos produtos alimentares que, desde 1992, têm o apoio do POSEIMA (Programade opções específicas para fazer face ao afastamento e à insularidade da Madeira e dosAçores). No entanto, este registo não identifica os materiais de embalagem nem as respectivasquantidades. Muitos destes produtos são importados a granel e embalados na Região.

A circulação de mercadorias é fiscalizada pela Inspecção Regional das ActividadesEconómicas. No entanto, a actividade desta entidade não abrange o controlo das embalagens(características e quantidades) que circulam na Região.

De acordo com o sistema a funcionar no Continente, os produtores e importadores deembalagens pagam o Ponto Verde respeitante às embalagens colocadas no mercado no anoanterior, pelo que, na RAM, é urgente proceder ao inventário das empresas envolvidas, paraimplementar rapidamente um sistema de gestão de embalagens e resíduos de embalagens,nomeadamente através de contactos com:

ß Inspecção Regional das Actividades Económicas;

ß Portos da Madeira;

ß Direcção dos Aeroportos da Madeira;

ß ACIF – Associação Comercial e Industrial do Funchal;

ß Associação de Comercio e Serviços da Região Autónoma da Madeira;

ß Direcção Regional de Comercio e Indústria;

ß Entidades públicas que licenciam as actividades produtivas na RAM;

ß AJEM – Associação de Jovens empresários da Madeira;

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ß Associação das Mulheres Empresárias da Madeira;

ß Superfícies Comerciais;

ß Distribuidores;

ß Transitários;

ß Grossistas.

Em relação à reutilização, de acordo com a legislação regional, é necessário assegurar, em1999, níveis mínimos de reutilização, expressos em percentagens dos volumes totais, emlitros, dos produtos colocados no mercado, excluindo o consumo em estabelecimentoshoteleiros, de restauração e similares.

A Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, prevê que

ß “Os embaladores regionais e/ou os responsáveis pela colocação de produtos no mercadoregional devem comunicar anualmente, à Direcção Regional do Ambiente, os dadosestatísticos referentes a: quantidades de embalagens reutilizáveis e não reutilizáveis quecoloquem no mercado regional; quantidades de embalagens usadas, efectivamenterecuperadas e reutilizadas; e ainda as quantidades entregues a entidades que seresponsabilizem pela sua valorização ou eliminação” (Artigo 4º, nº 1);

ß “Os distribuidores/comerciantes com um volume anual de vendas superior a 40 milhões deescudos devem comunicar, anualmente, à Direcção Regional do Ambiente os dadosestatísticos referentes às quantidades de embalagens reutilizáveis que comercializem”(Artigo 4º, nº 2).

É necessário adaptar ao quadro legislativo regional o Despacho Conjunto nº  7415/99, de 25de Março, que aprova os modelos a preencher pelos embaladores, pelos responsáveis pelacolocação no mercado nacional e pelos distribuidores/comerciantes, de embalagens.

No entanto, para o acompanhamento e monitorização da implementação da legislação relativaà reutilização das embalagens de bebidas refrigerantes, cervejas, águas minerais, de nascentesou outras águas embaladas, e vinhos de mesa (excluindo aqueles com classificação de vinhoregional e V.Q.P.R.D.), é também necessário um conhecimento das quantidades, em litros,destes produtos colocados no mercado regional.

A actuação da CRAGERE é importante e urgente, já que, de acordo com a lei, a CRAGERE éuma entidade de consultadoria técnica, que deverá assegurar a conexão entre as autoridadespúblicas e os diversos agentes económicos abrangidos pelas disposições do Decreto-Leinº 366-A/97, de 20 de Dezembro, adaptado à Região.

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3.3. Resíduos de embalagens

3.3.1. Caracterização qualitativa

De acordo com os objectivos de valorização fixados pela legislação regional,designadamente pelo Decreto Legislativo Regional nº 13/98/M, de 17 de Julho de 1998, até31 de Dezembro de 2005, devem ser reciclados um mínimo de 15%, em peso, de cadamaterial de embalagem.

Pelo seu significado, em termos de quantidades nos RSU, a SPV estabeleceu, noContinente, contratos com as fileiras de papel/cartão, vidro, plástico e metal, de modo agarantir a retoma contínua e a valorização/reciclagem efectiva dos resíduos de embalagensque se encontrem em conformidade com as especificações técnicas.

Não existe legislação que defina um mapa de registo de resíduos de embalagens e o mapaexistente relativo à caracterização dos RSU não considera a caracterização dos resíduos deembalagens, como componente dos RSU. As campanhas de caracterização de RSUprevistas deverão, desde já, incluir a caracterização dos resíduos de embalagens.

Em relação à composição dos resíduos de embalagens, o recente Decreto-Lei nº 407/98, de21 de Dezembro, deve ser rapidamente adaptado e aplicado à RAM, na medida em que vemde encontro à necessária redução dos contaminantes nos materiais de embalagens. Asmedidas de redução dos elementos contaminantes dos materiais de embalagens sãofundamentais para diminuir os riscos de contaminação do ambiente, associados aosprocessos de reciclagem, tratamento e deposição final de resíduos, nomeadamente:

ß Efluentes da indústria de reciclagem;

ß Contaminação do composto;

ß Poluição atmosférica e contaminação de cinzas no processo de incineração;

ß Contaminação dos lixiviados do aterro;

Por outro lado, quanto mais elevados são os teores de contaminação nestes processos, maiselevados são os investimentos em tecnologias de despoluição mais eficientes, que têmigualmente elevados custos de exploração.

O Decreto-Lei nº 407/98, de 21 de Dezembro, estabelece os níveis progressivos deconcentração de metais pesados (chumbo, cádmio, mercúrio e crómio hexavalente) que nãopodem ser ultrapassados nos materiais de embalagens (Anexo A, Ponto I, alínea a)). Estediploma estabelece, também, que “As embalagens devem ser fabricadas de modo aminimizar a presença de substâncias nocivas e outras substâncias e matérias perigosas nomaterial das embalagens ou de qualquer dos seus componentes no que diz respeito à suapresença em emissões, cinzas ou lixiviados, aquando da incineração ou descarga em aterrossanitários, dos resíduos de embalagem ou do remanescente das operações de gestão deresíduos de embalagens” (Anexo A, ponto I, alínea c)).

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3.3.2. Caracterização quantitativa

Para atingir as metas estabelecidas é essencial ter conhecimento dos quantitativos ecaracterísticas das embalagens e dos resíduos de embalagens contidos nos RSU. Nestemomento, não é possível saber quanto representa 50%, em peso, dos resíduos deembalagens ou 15%, em peso, dos respectivos componentes.

A inexistência de dados relativos à constituição dos resíduos de embalagens reforça ainércia em tomar atitudes de modo a fazer cumprir a legislação, pelo que se julgafundamental iniciar, desde já, um processo contínuo de caracterização dos resíduos sólidos,que inclua a caracterização dos resíduos de embalagens.

Como já foi referido, no ponto 3.1.1 deste estudo, existem dificuldades a superar paraefectuar as campanhas de caracterização dos resíduos. No entanto, ao nível dos problemasde financiamento, os responsáveis pela gestão de embalagens e resíduos de embalagensdeveriam co-financiar as campanhas de caracterização de RSU, levadas a cabo pelasautarquias e pela DRSB, que incluíssem a caracterização dos resíduos de embalagens.

De acordo com a SPV, no Continente, os resíduos de embalagens representam cerca de25%, em peso, dos RSU. Este valor foi igualmente considerado no Plano Estratégico dosResíduos Sólidos Urbanos para o Continente (Ministério do Ambiente, 1997). Na RAM,devido ao consumo de produtos maioritariamente importados, estima-se que estaquantidade seja substancialmente superior. O Plano Estratégico de Resíduos da RegiãoAutónoma da Madeira assumiu que cerca de 35% dos RSU e equiparados seriam resíduosde embalagens.

A Câmara Municipal do Funchal estima que, no concelho, que contribui com cerca de 60%do total de resíduos tratados na ETRSU da Meia Serra (1997), a percentagem dos resíduosde embalagens ande à volta dos 45% do total dos RSU. Esta autarquia iniciou recentementeuma campanha de caracterização física dos RSU, sem no entanto estar a caracterizar osresíduos de embalagem.

No Porto Santo, os valores não se devem afastar dos da Madeira, já que, especialmente noVerão, a quantidade de resíduos de embalagens aumenta radicalmente devido ao turismosazonal e ao próprio tipo de turismo, que vê na embalagem sem retorno, o processo deconsumo mais cómodo durante o período de férias.

Na Madeira, verifica-se, também, uma produção mais acentuada nos centros urbanos commaior densidade, nomeadamente na costa sul. Em termos temporais, a produção de resíduosde embalagens intensifica-se na época do Natal e no Verão, especialmente com o aumentodos resíduos de embalagens de bebidas.

A importação da quase totalidade dos bens de consumo leva a que a quantidade deembalagens de transporte ou embalagens terciárias seja muito elevada, já que a maior partedas mercadorias chega à Região por via marítima, o que implica um reforço suplementardos materiais de embalagem, a fim de possibilitar o empilhamento de mercadorias e de seevitar danos físicos durante as operações de carga e descarga, e de transporte.

As embalagens de transporte aumentam consideravelmente as quantidades de resíduos deembalagem de cartão e de paletes de madeira. O concelho do Funchal, onde se movimenta,

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maiores quantidades de embalagens de transporte, tem feito um esforço considerável narecolha selectiva destes resíduos, tendo, no ano de 1996, exportado 3 420 toneladas depapel/cartão. As paletes de madeira recolhidas selectivamente são enviadas para ovazadouro dos Lamaceiros.

O desconhecimento das quantidades dos diversos materiais de embalagens contidos nosRSU vai dificultar o dimensionamento do sistema de recolha selectiva, assim como aprevisão dos investimentos necessários para o concretizar. Actualmente, é o concelho doFunchal que tem o sistema de recolha selectiva mais bem organizado, o que lhe permitirácom maior facilidade implementar a recolha selectiva dos materiais de embalagens, que, atéà data, ainda não são recolhidos selectivamente (plástico, tetrabric, latas).

Por outro lado, a reutilização de embalagens, especialmente de vidro, é incipiente, o quetambém contribui, para a elevada percentagem de resíduos de embalagens nos RSU. Assim,existe um potencial de redução de resíduos de vidro importante, apesar dos esforços derecolha selectiva de vidro para reciclagem.

As metas de reutilização definidas pela Portaria (Regional) nº 40/99, de 16 de Março, aserem atingidas, vão contribuir para o necessário esforço de redução, especialmente dosresíduos de embalagens de vidro. No entanto, o objectivo de assegurar o direito de opçãodo consumidor pelas embalagens com retorno é ainda pouco praticado nosestabelecimentos comerciais.

O papel dos produtores de embalagens é igualmente importante. De acordo com oDecreto-Lei nº 407/98, de 21 de Dezembro, “As embalagens devem ser fabricadas de formaque o respectivo peso e volume não excedam o valor mínimo necessário para manter níveisde segurança, higiene e aceitação adequados para o produto embalado e para o consumidor”(Ponto II, alínea a)).

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4. Deposição e Recolha

4.1. Resíduos sólidos

4.1.1. Recolha indiferenciada

A percentagem de população abrangida pelo serviço de remoção de RSU do concelho doFunchal está estimada em 98%. Em relação ao Porto Santo, a percentagem andará próximode 100%. Nos restantes concelhos, não é possível fazer uma estimativa aceitável dapopulação abrangida pelo serviço de remoção de RSU.

Os principais problemas associados à recolha de resíduos sólidos urbanos estãorelacionados com o relevo acidentado e a distribuição populacional dispersa, quecondicionaram o aparecimento de numerosos becos e veredas. Só no concelho do Funchal,já estão inventariados mais de 400 becos.

Nestes locais, é muito difícil, e na maior parte das vezes impossível, efectuar a recolha deresíduos individualmente em cada residência. Os becos são muitas vezes demasiadoestreitos para colocar os contentores à porta e a sua extensão dificulta o transporte manualentre as casas e o veículo de remoção.

Por outro lado, a colocação de contentores colectivos junto às estradas principais, paraservir os residentes dos becos e das veredas, leva muitas vezes à desresponsabilização dosresidentes por situações de falta de civismo e de higiene na deposição dos resíduos. Outroproblema, é a colocação desordenada de resíduos pela população que não reside nessa zona.Estas situações criam, muitas vezes, grandes problemas associados a pragas de animaisinfestantes e odores, que afectam especialmente as residências mais próximas doscontentores colectivos, além de originar problemas de relacionamento entre os vizinhos.Nestas situações, é muito complicado fiscalizar quem não cumpre as regras de deposição deresíduos.

Devido aos problemas atrás referidos, o procedimento para a recolha de resíduos passa,muitas vezes, pelo esforço acrescido dos cantoneiros que os vão recolher às habitações etêm de percorrer distâncias consideráveis, com uma inclinação muito acentuada ou comescadarias que dificultam o auxílio de contentores com rodados, para efectuar o trajectoentre as habitações dispersas e inacessíveis e o veículo de remoção. Este facto, implica uminvestimento suplementar no número de cantoneiros por viatura de remoção e oconsequente aumento de custos com os recursos humanos. No concelho do Funchal, são,normalmente, três os cantoneiros que acompanham a viatura de remoção.

Nos bairros sociais, a CMF optou por colocar compactadores de forma a dar resposta àelevada produção de resíduos e a minimizar os impactes negativos da sua deposiçãodesordenada nos contentores colectivos, anteriormente existentes.

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Na Madeira, especialmente nas zonas altas rurais, ainda existem muitos núcleospopulacionais de muito difícil acesso, em que a recolha de resíduos depende da boa vontadedos habitantes, que têm de transportar os seus resíduos longas distâncias até à estrada, ondese encontram os contentores colectivos. Os locais desabitados entre estas populações e aestrada mais próxima, acabam por ser muitas vezes o destino mais fácil para os resíduos.

Existem ainda outras situações de abandono de RSU, incluindo “monstros”, em locais dedifícil acesso, como penhascos, levadas, ribeiras e outros acidentes de relevo. Nem todas asautarquias têm serviços especiais de remoção para estes resíduos, que, por isso, só podemser entregues por particulares na Estação de Transferência do Funchal ou na ETRSU daMeia Serra. As autarquias têm dificuldades em afectar recursos, especialmente humanos,para estas operações de limpeza destes resíduos naturalmente complicadas. Apenas a CMFrecorre com alguma frequência, aos serviços especializados dos bombeiros paracooperarem nestas operações.

O relevo acidentado e a distribuição dispersa da população condicionaram o traçado da redeviária, com a construção de estradas muito estreitas, sinuosas e com declive acentuado, quea par do estacionamento indevido de viaturas, dificultam a circulação dos veículos deremoção e atrasam os horários de recolha.

No Porto Santo, os problemas de recolha estão mais concentrados nos meses de Verão, emque a produção de RSU aumenta significativamente, sobrecarregando o sistema deremoção, quer ao nível dos equipamentos de recolha e veículos de remoção, quer ao níveldos recursos humanos. A praia é um dos pontos que diariamente requer um esforçoacrescido do departamento de salubridade da autarquia. Neste período, as despesas extracom os custos de pessoal aumentam substancialmente.

É importante a actualização dos regulamentos municipais de resíduos sólidos, assim como afiscalização efectiva da deposição de resíduos, deficiente ou inexistente em muitasautarquias. No concelho do Porto Moniz, a situação é mais grave já que este ainda não temregulamento de resíduos sólidos. A existência de uma taxa de resíduos é também umaforma de consciencializar os munícipes para as suas responsabilidades nesta matéria.

4.1.2. Procedimento de recolha selectiva

O sucesso das decisões deliberadas em relação ao destino final dos resíduos, para ospróximos anos, depende de uma política de recolha selectiva eficiente, especialmente noque diz respeito à recolha selectiva de resíduos fermentáveis para o processo decompostagem.

A recolha selectiva de materiais fermentáveis, para além da recolha de vidro e de metais,permitirá, também, aumentar a eficiência do projecto de incineração com aproveitamentode energia, tal como previsto.

A recolha selectiva de papel/cartão, de vidro e de outros materiais de embalagens seráabordada, especificamente, no capítulo 4.2. De momento, o papel e o cartão recolhidosselectivamente são triados e acondicionados em fardos individuais, não sendo feita

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qualquer distinção entre papel de embalagem e outros tipos de papel, que não constituemmaterial de embalagem, como o papel de jornal, de revistas, de fotocópia, etc.

As madeiras, ramagens e aparas de jardim recolhidas na ilha da Madeira são actualmenteenviadas para o vazadouro dos Lamaceiros, sendo a CMF a autarquia que recolhe maiorquantidade de paletes. As ramagens recolhidas no município do Funchal são trituradas e aestilha está disponível gratuitamente. A CMF também utiliza este material nos jardins eparques do município.

A triagem de resíduos na Estação de Transferência do Funchal resulta da entrega deresíduos já separados pelos particulares, da recolha selectiva de resíduos efectuada pelaautarquia, nomeadamente de resíduos verdes de jardins, e da recolha a pedido, que é pagapelos munícipes e abrange os resíduos que não cabem no contentor individual de cadaresidência.

Nas zonas mais altas dos concelhos rurais, muitos dos resíduos fermentáveis não chegam aser removidos pelos serviços municipais, sendo utilizados pela população para alimentaçãodos animais e fertilização dos solos.

Em relação aos centros urbanos, a hipótese de recolher selectivamente os resíduosorgânicos deverá ser equacionada em conjunto pelas autarquias, já que envolverá grandesinvestimentos em equipamentos de recolha e veículos de remoção. Este tipo de resíduosdeve ser recolhido diariamente, devido à rápida fermentação.

Um dos problemas associados à separação de alguns materiais dos RSU, como “monstros”e outros resíduos volumosos, é a existência de apenas dois locais onde estes materiaispodem ser entregues voluntariamente: a Estação de Transferência do Funchal e ETRSU naMeia Serra. As distâncias a percorrer constituem um desincentivo à sua separação edeposição no local mais indicado.

A previsão de serem construídas mais duas estações de transferência, uma na zona Oeste eoutra no Porto Santo, vai criar condições para haver uma triagem parcial dos resíduos quesão recolhidos separadamente, além de criar espaço para o acondicionamento dos materiaisda recolha selectiva, a exemplo do que já acontece na Estação de Transferência do Funchal.

4.2. Resíduos de embalagens

4.2.1. Recolha selectiva para reciclagem

A recolha selectiva de papel/cartão e de vidro está a funcionar relativamente bem noconcelho do Funchal. Os restantes concelhos que iniciaram este procedimento, deparam-secom dificuldades especialmente relacionadas com o destino dos resíduos que recolhem, queacabam por ser recebidos na Estação de Transferência do Funchal. Por outro lado, oFunchal é o município que mais tem investido em equipamentos de recolha selectiva e emcampanhas de educação ambiental, de modo a obter materiais com a qualidade necessáriapara a reciclagem. A Estação de Transferência do Funchal proporciona, também, condições

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adequadas ao acondicionamento dos materiais para exportação, situação que não se verificanos restantes concelhos.

A CMF faz a triagem do papel e do cartão provenientes da recolha selectiva, de forma aproceder ao enfardamento individual destes materiais, com o mínimo de impurezaspossível. O papel de embalagem é enfardado em conjunto com outros tipos de papel, comopapel de revistas, jornais, fotocópias, etc.

O vidro recolhido nos vidrões distribuídos pelas ruas tem menor qualidade do que orecolhido directamente nas unidades hoteleiras, restaurantes e bares, procedimento maisdesenvolvido no concelho do Funchal. A CMF tem um circuito bissemanal de recolha devidro nestes estabelecimentos.

O vidro recolhido no concelho do Funchal é processado na Estação de Transferência, ondesão separadas algumas impurezas antes de ser enviado para o Continente. No entanto, aCMF já teve alguns problemas na aceitação do casco pela indústria vidreira, pelo facto dehaver porcelana misturada, o que inviabiliza o processo de reciclagem.

Actualmente, os restantes municípios levam o vidro que recolhem selectivamente para aEstação de Transferência do Funchal, que o encaminha para reciclagem.

No Continente, a Sociedade Ponto Verde prevê que o número de ecopontos sejaprogressivamente aumentado até atingir o índice de uma unidade por 500 habitantes. Osecopontos são constituídos por três contentores, um papelão, um vidrão e um contentor paraa recolha das restantes embalagens.

Na Região, este índice terá de ser superior, devido às características de dispersão dapopulação e ao relevo acidentado, especialmente se o objectivo for a médio prazo atingir asmetas da legislação, de uma forma mais ou menos uniforme no território regional. Noentanto, o grande número de becos e veredas, a grande maioria muito estreitos, poderácondicionar a colocação dos contentores para recolha selectiva, já que este problema já sepõe para os contentores de resíduos indiferenciados.

O Natal é uma época em que a quantidade de embalagens aumenta, o que se verifica emmaior escala no concelho do Funchal. Neste caso, não se justifica aumentar o número decontentores de recolha selectiva, mas sim aumentar a capacidade de recolha, o que podetrazer dificuldades aos serviços municipais, em termos de gestão de equipamento deremoção, de pessoal, de capacidade de triagem e de espaço de armazenamento.

Na ilha do Porto Santo, a estimativa dos equipamentos necessários para efectuar a recolhaselectiva deverá ser dimensionada para a situação de Verão, quando a população flutuanteaumenta consideravelmente, implicando um acréscimo significativo na produção deresíduos sólidos, especialmente resíduos de embalagens.

No Continente, as autarquias têm a opção de aderir ao sistema integrado gradualmente, nãosendo obrigatório um contrato inicial com a SPV para todas as fileiras. As autarquiaspodem negociar o contrato de acordo com a recolha de materiais que já estejaimplementada e de acordo com as infraestruturas existentes. No entanto, há que ter atençãoque esta hipótese pode desincentivar o esforço inicial necessário para implementar arecolha selectiva de outros materiais, imprescindível para cumprir a legislação.

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Os regulamentos municipais, na RAM, devem ser igualmente adaptados aos novosprocedimentos necessários à implementação da legislação relativa a embalagensreutilizáveis e recicláveis.

4.2.2. Triagem

Nos termos do Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, adaptado à Região, competeàs autarquias a instalação de meios para a recolha selectiva e triagem dos materiais deembalagem, de acordo com os objectivos de recuperação apontados pela legislação. Alegislação prevê, também, que as autarquias devem ser compensadas com as contrapartidasfinanceiras necessárias para comportar os sobrecustos das operações de recolha selectiva ede triagem dos resíduos de embalagens.

A triagem dos resíduos de embalagens recolhidos é fundamental para a separação efectivadas fileiras de materiais e para garantir o cumprimento das exigências da indústriarecicladora. A qualidade dos resíduos recolhidos é uma das maiores dificuldades a superar.No entanto, a qualidade dos materiais não depende só de uma triagem eficiente; existemrestrições importantes, que devem ser tomadas em conta pelos cidadãos, quando separam edepositam os materiais.

A sensibilização dos cidadãos é o primeiro passo para a obtenção de materiais nascondições exigidas pela indústria de reciclagem e para, em primeira instância, garantircondições mínimas de higiene aos operadores das estações de triagem.

A divulgação pública atempada, assim como a formação dos operadores de triagem, deacordo com os requisitos técnicos dos materiais elegíveis para reciclagem, são factores basepara o sucesso da implementação do sistema integrado de gestão dos resíduos deembalagens recicláveis na Região.

Na RAM, por enquanto, só a CMF faz a triagem do papel e do cartão recolhidosselectivamente para proceder ao enfardamento individual destes materiais.

Nesta perspectiva, será necessário, de futuro, realizar um investimento no processo detriagem na RAM, o que exige:

ß Espaço adequado;

ß Aquisição de equipamentos;

ß Operadores com formação específica.

É necessário, também, equacionar a localização de estações de triagem, já que a produção eas perspectivas de recolha de resíduos de embalagens, na maior parte dos concelhos, nãojustifica a construção de estações individuais. Uma hipótese, será associar o processo detriagem às estações de transferência previstas. A distribuição dos custos do processo detriagem pelas autarquias, assim como o controlo dos materiais recebidos e efectivamenteprocessados para reciclagem, e respectivas contrapartidas financeiras, deverá ser debatida,

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de forma a evitar constrangimentos entre as autarquias. A mediação e empenhamento daAMRAM neste processo é fundamental.

Em relação ao Porto Santo, a flutuação acentuada da produção de resíduos, com um picosignificativo na época de Verão, além da falta de espaço e dos custos de investimentos eexploração associados, poderiam condicionar a operacionalidade de uma estação detriagem, pelo que, a exemplo do que se irá passar com os RSU, está a ser considerado otransporte para a Madeira dos resíduos de embalagens, para posterior triagem.

4.2.3. Recolha selectiva para reutilização

As dificuldades associadas à recolha das embalagens para reutilização estãointrinsecamente ligadas ao desincentivo generalizado de que têm sido alvo osconsumidores, que têm um papel muito importante em todo o processo de reutilização, ouseja, devolver a embalagem.

O desincentivo do consumo dos produtos em embalagens reutilizáveis deve-se a diversosfactores, a seguir apresentados:

ß De acordo com a legislação (Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, Artigo 2º,nº 1), o sistema de consignação é o “sistema pelo qual o consumidor da embalagempaga um determinado valor de depósito no acto de compra, valor esse que lhe édevolvido quando da entrega da embalagem usada”.

No entanto, na realidade, este procedimento não é seguido na íntegra nos poucosestabelecimentos comerciais que aceitam embalagens reutilizáveis. Os consumidoresque devolvem as embalagens recebem um vale com a quantia relativa ao depósito que,no entanto, não pode ser utilizado na aquisição de outro tipo de produtos.

Este procedimento é muito limitante, especialmente em casos pontuais, quando osconsumidores necessitam de maiores quantidades de bebidas. Se optarem porembalagens reutilizáveis, certamente não vão reaver o valor do vasilhame nem voltar aadquirir outros produtos com essa importância.

ß Existe quase uma obrigatoriedade de fidelização dos consumidores em determinadosprodutos e ou estabelecimentos comerciais, já que os estabelecimentos que nãocomercializem determinada marca recusam-se a aceitar as embalagens desses produtose a providenciar o respectivo valor de depósito. Outros estabelecimentos exigem ainda,no acto de devolução das embalagens retornáveis, o talão comprovativo da compranesse estabelecimento do produto, cuja embalagem o consumidor pretende devolver.

De acordo com o Decreto Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, “A recusa de aceitaçãode embalagens usadas, bem como a recusa de reembolso do depósito devido por partedo distribuidor de produtos embalados, nos casos em que essa aceitação é obrigatória,… Constitui contra-ordenação, punível com coima de 10 000$00 a 750 000$00, no casode pessoas singulares, e de 100 000$00 a 9 000 000$00, no caso de pessoa colectiva”(Artigo 11º, ponto 1). Assim é de facto importante que a fiscalização actue de forma aincentivar o cumprimento da lei.

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A legislação deveria ser mais clara em relação ao significado prático da “devolução dovalor de depósito” e da “aceitação obrigatória”, de forma a evitar os constrangimentosreferidos.

A recusa dos comerciantes em aderir ao sistema de consignação e o facto dedesincentivarem a adesão dos consumidores prende-se com os seguintes argumentos:

ß Dificuldade de armazenamento das embalagens reutilizáveis, devido à falta de espaçoem stock. Esta dificuldade é apresentada pelos supermercados, restaurantes, bares eestabelecimentos similares.

ß Outro problema, é a disponibilização de pessoal para receber e acondicionar asembalagens devolvidas.

Um dos passos fundamentais para ultrapassar estas dificuldades, é informar oscomerciantes e responsáveis pela colocação dos produtos no mercado acerca dasorientações e exigências da legislação, bem como assegurar uma fiscalização efectiva. ACRAGERE, recentemente nomeada, tem também o papel importante de informar o públicoconsumidor dos seus direitos junto aos estabelecimentos comerciais.

Outra dificuldade a superar, prende-se com o receio dos consumidores em relação à higienedas embalagens reutilizadas. Neste aspecto, é importante a sensibilização dos consumidorespara a não utilização destas embalagens para outros fins que não os originais. A garantiadas condições de higiene no processo de limpeza e reenchimento é igualmente importante.

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5. Transporte

5.1. Resíduos sólidos

5.1.1. Estação de transferência

Na ilha da Madeira, a compactação dos resíduos desempenha um papel importante naoptimização do processo de transporte de RSU, desde os locais de recolha até ao destinofinal, pelo facto de os resíduos recolhidos terem um destino final comum, o que implica, emmuitos casos, terem de percorrer longas distâncias, desde a origem até ao destino final, naETRSU da Meia Serra (ver figura 1).

A Estação de Transferência do Funchal recebe os resíduos dos concelhos do Funchal e deCâmara de Lobos, o que, em 1997, representou 72% do total de resíduos entrados naETRSU. O processamento dos resíduos nesta estação é importante para optimizar otransporte até à ETRSU, localizada a uma distância de cerca de 20 km desta.

A compactação de resíduos permite a diminuição dos custos de transporte, associados àredução do número de veículos envolvidos, ao consumo de combustíveis, ao desgaste deveículos e à remuneração dos trabalhadores envolvidos. Por outro lado, o fluxo de veículospesados nas estradas é menor, afectando menos o trânsito local e reduzindo o desgaste dopiso das estradas.

Os restantes concelhos da ilha da Madeira, à excepção da Ponta do Sol, transportam osresíduos até à ETRSU nos veículos de recolha, com uma série de inconvenientes, queencarecem o processo de transporte, especialmente devido ao relevo acidentado, queorigina um desgaste mais acentuado dos veículos de recolha. Assim, os veículos de recolhaavariam-se com maior frequência e as autarquias têm muitas vezes dificuldades em cumpriros circuitos de recolha, de acordo com o estabelecido. Isto causa naturalmenteinconvenientes, já que os resíduos permanecem mais tempo na estrada para seremremovidos e os contentores ultrapassam muitas vezes a sua capacidade, o que, além doaspecto estético desagradável, pode originar problemas de saúde pública.

Alguns concelhos que recolhem menor quantidade de resíduos optam por não transportar osresíduos até à ETRSU no dia em que são recolhidos, de modo a optimizar a carga doveículo de recolha e reduzir o número de deslocações até ETRSU. Esta situação acaba porser uma ameaça à saúde pública, especialmente no Verão, devido aos odores e aoderramamento frequente de lixiviados, além de ser normalmente difícil encontrar um localadequado para a permanência do veículo nos períodos entre os circuitos de recolha.

A previsão da construção de mais estações de transferência, para servir os restantesconcelhos da Madeira e para permitir o acondicionamento dos resíduos recolhidos no PortoSanto, para o transporte até à Madeira, é fundamental para atenuar os problemas de

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transporte de resíduos e irá, por outro lado, disponibilizar um espaço adequado para atriagem e o acondicionamento dos resíduos recolhidos selectivamente para reciclagem.

Numa fase de selecção da localização das futuras estações de transferência, é fundamentalum estudo de análise custos-benefícios que pondere nomeadamente as acessibilidades, alocalização estratégica em relação aos concelhos que pretende servir, a disponibilidade deespaços estrategicamente bem colocados, entre outros aspectos.

Por outro lado, é importante que se evidencie as potencialidades em termos poupança aonível dos transportes e de criação de emprego, para além de a estação de transferênciaproporcionar um local privilegiado para a concentração, triagem e acondicionamento paratransporte dos materiais recolhidos selectivamente para reciclagem, nomeadamenteresíduos de embalagens.

Por outro lado, é urgente esclarecer a opinião pública e os decisores sobre as diferençasfundamentais existentes entre uma estação de transferência e uma estação de tratamento edestino final dos RSU como a ETRSU da Meia Serra, e o facto de uma gestão correcta de

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uma estação de transferência eliminar qualquer possibilidade de esta constituir um foco depoluição.

Tal como já sucede no Funchal, a estação de transferência proporciona a possibilidade deentrega de resíduos por particulares, evitando o seu abandono, muitas vezes incentivadopela distância à ETRSU da Meia Serra. Este espaço é, também, o ideal para as autarquiasprocederem às campanhas de caracterização dos resíduos, que devem ocorrer antes de osresíduos serem compactados.

Para além disso, a estação de transferência, também a exemplo do que se passa no Funchal,é o local indicado para a permanência dos veículos de recolha, remoção e limpeza urbana,assim como para a lavagem destes equipamentos, dos contentores públicos de recolha deRSU e de resíduos recicláveis. No entanto, há que ter especial cuidado com o destino daságuas residuais resultantes da lavagem dos equipamentos e da própria estação, já que asestações de tratamento de águas residuais já construídas na Madeira não providenciamtratamento adequado para este tipo de efluentes.

Relativamente ao processo de compactação de RSU, este tem de ser rigorosamentecontrolado de forma a serem evitadas escorrências de lixiviados, para os quais não sejagarantido tratamento adequado.

5.1.2. Circuitos de transporte

Na Madeira, as características da rede viária, condicionadas pelo relevo acidentado e pelapovoação dispersa, designadamente as ruas estreitas com traçado sinuoso e com declivemuito acentuado, acarretam diversos problemas às autarquias, dos quais se destaca:

ß Desgaste rápido da frota de remoção e de transferência, resultando em custos acrescidosde manutenção e renovação.

ß Avarias mais frequentes dos veículos, associadas a atrasos adicionais de reparação,quando dependem da importação de peças, que se traduzem na falta de cumprimentodos circuitos de recolha.

ß Custos de operação mais elevados, nomeadamente com combustível.

ß Derrame de lixiviados nas estradas.

A maior parte dos municípios depara-se com grandes dificuldades para cumprir os circuitosde remoção e de transporte até à ETRSU, devido ao parque de viaturas reduzido e em mauestado de conservação.

No concelho do Funchal, existe remoção diurna e nocturna, utilizando os mesmos veículos,pelo que estes ficam assim sujeitos a cerca de 20 horas de funcionamento diário, durante 6dias por semana. Os veículos de transferência circulam continuamente durante os 6 dias dasemana em que a ETRSU se encontra em operação. Embora a utilização intensiva da frotapermita uma melhor afectação dos recursos, penaliza a qualidade da recolha, devido à faltade flexibilidade em caso de avaria. A Estação de Transferência do Funchal envia uma

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média de 28 viaturas de transferência, por dia, para a ETRSU, com os resíduos recolhidosno Funchal e em Câmara de Lobos.

Nos concelhos rurais, os veículos de remoção estão sujeitos a um grande desgaste, pelofacto de efectuarem o trajecto até à ETRSU da Meia Serra, em alguns casos, mais de umavez por dia.

De acordo com os dados da ETRSU, em média, o concelho do Porto Moniz envia uma aduas viaturas por semana para a ETRSU, o concelho de Santa Cruz envia oito viaturas pordia, o concelho de Machico envia cinco viaturas por dia, o concelho da Ribeira Brava enviaduas viaturas por dia, os concelhos da Calheta, São Vicente e Santana enviam uma viaturapor dia.

Em relação ao Porto Santo, estes problemas colocam-se de forma semelhantes no períodode Verão. A frota de veículos existente não está dimensionada para o pico de produção deVerão, pelo que o desgaste dos veículos existentes é necessariamente maior. Para alémdisso, o tempo de reparação dos veículos, em caso de avaria, é agravado pela duplainsularidade.

O transporte marítimo para a Madeira dos RSU recolhidos no Porto Santo, deverá sercuidadosamente equacionado, de forma a evitar riscos de contaminação do navio em si, jáque deve transportar outro tipo de mercadorias e ou mesmo passageiros, bem como riscosde poluição do mar. O estudo do procedimento de carga e descarga dos RSU, assim como aescolha de contentores estanques, já considerada, e com tratamento anti-corrosão sãogarantias importantes para a segurança do processo de transporte.

Como já foi referido, no ponto 2.1.3 deste estudo, é fundamental existir legislação regionalque regulamente este tipo específico de transporte e que considere igualmente a fiscalizaçãoe as contra-ordenações, em caso de não cumprimento.

Há ainda que ter em atenção a capacidade de transporte no Verão que coincide com operíodo de maior produção de RSU e, simultaneamente, com o período de maior procura dotransporte marítimo de mercadorias e passageiros. O dimensionamento do sistema detransporte marítimo deverá equacionar também a impossibilidade de navegação devido aomau tempo.

5.2. Embalagens e resíduos de embalagens

5.2.1. Acondicionamento para transporte

Resíduos de embalagens para reciclagem

Os resíduos de embalagens recolhidos relativamente no concelho do Funchal sãoacondicionados para exportação na Estação de Transferência do Funchal. Alguns dosrestantes concelhos da Madeira, onde a recolha selectiva não está numa fase tão avançada,entregam os resíduos recolhidos selectivamente, como o papel/cartão e o vidro, na Estação

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de Transferência do Funchal, o único local com condições para acondicionar os resíduospara exportação. Nesta sequência é evidente o papel fundamental das estações detransferência, não só na redução do volume dos RSU com destino à ETRSU, mas tambémcomo local de concentração, triagem e acondicionamento dos resíduos recolhidosselectivamente com destino à reciclagem.

A Estação de Transferência do Funchal possui um espaço de armazenamento depapel/cartão e uma prensa enfardadeira, a funcionar desde 1994. O papel é separado docartão manualmente. Este processo permite seleccionar algumas impurezas e obter fardosindividuais de cartão e de papel, em que o papel é previamente triturado. A qualidadedestes materiais facilita a sua colocação na indústria recicladora.

O vidro recolhido no concelho do Funchal é colocado numa fossa, na Estação deTransferência, e posteriormente triturado para ser acondicionado em contentores paraexportação.

A perspectiva de implementação do sistema integrado para gestão de resíduos deembalagens na RAM, de acordo com a legislação, implica novas regras de qualidade dosresíduos de embalagens com destino à reciclagem, a exemplo do que já acontece noContinente, com a gestão do sistema integrado a cargo da SPV.

De acordo com o sistema implementado no Continente, os resíduos de embalagens sãorecolhidos nos ecopontos da seguinte forma:

ß Um contentor individual para papel/cartão;

ß Um contentor individual para vidro;

ß Um contentor para as embalagens misturadas de plástico e metais.

Em relação ao papel/cartão, os resíduos são enfardados em conjunto e a autarquia declara àSPV a percentagem de resíduos de embalagens contida em cada lote. A SPV assegura aretoma de todo o lote, mas a facturação relativa à percentagem de resíduos que não sãoembalagens é paga pelo retomador, directamente às autarquias, ao preço de mercado. ASPV paga pela percentagem relativa aos resíduos de embalagens.

As embalagens de plástico e metais, que são recolhidas em conjunto, têm de ser triadaspelas autarquias e acondicionadas em fardos, tal como os materiais anteriores, de acordocom as especificações técnicas da SPV.

O aço extraído de escórias de incineração ou do processo de compostagem pode tambémser aceite para reciclagem e poderá apresentar-se a granel. O alumínio extraído de escóriasda incineração de RSU devem ser apresentados a granel, com uma granulometria superior a5 mm. O alumínio resultante da recolha selectiva poderá, em alternativa, ser apresentado agranel espalmado.

Em relação aos plásticos, a única excepção, em termos de acondicionamento, é para asembalagens de EPS (poliestireno expandido – esferovite), que devem ser apresentadas emsacos de plástico transparentes, com volume superior a 0,5 m3.

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De acordo com as indicações da SPV, as embalagens de cartão para bebidas (tetrabric)devem ser enfardadas junto com o papel/cartão, já que são integradas na fileira depapel/cartão. De forma a que não haja trabalho acrescido no processo de triagem, a SPVaconselha a colocação das embalagens de tetrabric no papelão e não no recipiente destinadoàs embalagens de plástico e metais. No entanto, esta opção é dos municípios e deve ter emconsideração, nomeadamente:

ß A recolha selectiva de papel/cartão já implementada;

ß A análise dos custos da triagem;

ß O valor de contrapartida fixado pela SPV para as embalagens de papel/cartão;

ß Os valores de mercado para os resíduos de papel sem ser de embalagem, acondicionadoindividualmente.

Pelo exposto, e sem considerar os restantes requisitos de qualidade da SPV, em termos decontaminação dos resíduos de embalagens seleccionadas, os processos de recolha selectivae triagem dos resíduos de embalagens deverão ser equacionados, de forma a haver umacoordenação entre várias autarquias, tendo por objectivo a qualidade final dos resíduos deembalagens acondicionados para reciclagem e a não condicionar a aceitação dos lotespela SPV.

Em relação ao Porto Santo, os resíduos de embalagens recolhidos selectivamente nãodevem ser compactados para o transporte até à Madeira, já que este procedimento dificultao processo de triagem.

Embalagens para reutilização

De acordo com a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro, as embalagensreutilizáveis não podem ser introduzidas nos circuitos municipais de recolha de resíduos(Capítulo II, Artigo 3º, ponto 2).

A reutilização das embalagens implica, tendo em conta que a maior parte dos produtoscolocados no mercado regional é importada, a exportação das embalagens por via marítima.Este processo exige a pré-selecção e acondicionamento das embalagens em paletes, deforma a maximizar o espaço nos contentores e a garantir a integridade das embalagens nosprocessos de transporte rodoviário e marítimo, e nas operações de carga e descarga, paranão inviabilizar a reutilização.

Este processo exige investimento em espaços de operação e armazenagem, e emequipamentos e materiais para acondicionamento, na ilha da Madeira e Porto Santo. Oscustos associados aos operadores têm também de ser considerados. A associação ecooperação dos responsáveis pela colocação dos produtos importados no mercado regionalé um dos primeiros passos para a implementação deste processo.

No entanto, as dificuldades e os custos associados à exportação das embalagens parareenchimento poderão potenciar novas oportunidades de negócio na Região, com aimportação dos produtos a granel e os processos de lavagem e enchimento em territórioregional.

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Em relação aos produtos regionais, a exemplo do que já se passa com a Empresa de Cervejada Madeira, o circuito de recolha de embalagens para reutilização funciona em simultâneocom o circuito de distribuição. Neste caso, o acondicionamento não representa umsobrecusto no circuito de reutilização.

De acordo com a Portaria (Regional) nº 157/98, de 12 de Outubro (capítulo II, número 1 donúmero 5º), o plano de gestão das embalagens reutilizáveis para o ano 2000 deve serapresentado à CRAGERE pelos embaladores regionais e/ou os responsáveis pela colocaçãode produtos no mercado regional até 31 de Outubro de 1999.

5.2.2. Circuitos de transporte

Resíduos de embalagens para reciclagem

O transporte de resíduos de embalagens recolhidos selectivamente exige a utilização deviaturas de remoção distintas das utilizadas no transporte de RSU ou a lavagem cuidadadestes veículos, de forma a não contaminar os resíduos separados para reciclagem.

No entanto, a falta de veículos e o envelhecimento da frota existente é patente em todas asautarquias, pelo que será necessário equacionar o investimento em novos veículos. Poroutro lado, como já foi referido no ponto 5.1.2, os veículos de recolha estão, na maior partedos concelhos, sobrecarregados em termos de horário de funcionamento.

Os problemas associados ao transporte rodoviário de resíduos de embalagens sãosemelhantes aos já identificados no ponto 5.1 para os RSU. O transporte marítimo dosresíduos de embalagens com destino à reciclagem não é da responsabilidade das autarquias,de acordo com o referido no ponto 2.2.4. Até ao momento, o transporte para o Continentedos resíduos de embalagens recolhidos selectivamente tem sido apoiado pelo GovernoRegional através de um contrato de prestação de serviços com a Empresa Madeirense deNavegação, que recebe o valor da venda dos materiais à industria de reciclagem e umaretribuição da Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente de 2 500$00(acrescido de IVA) por tonelada de resíduos transportados para o Continente.

Se a triagem dos resíduos de embalagens recolhidos para reciclagem no Porto Santo forrealizado na Madeira, é necessário esclarecer de quem será a responsabilidade pelotransporte marítimo entre o Porto Santo e a Madeira. Em princípio, deverá ser da autarquia,no entanto, o valor de retoma do sistema integrado deve compensar os sobrecustos darecolha selectiva, que, no caso do Porto Santo, são superiores devido à dupla insularidade.

Tal como referido nos pontos 2.1.3 e 5.1.2, as condições para transporte marítimo deresíduos devem ser igualmente legisladas para o caso do transporte dos resíduos deembalagens recolhidos selectivamente para reciclagem.

Embalagens para reutilização

O transporte das embalagens reutilizáveis dos produtos importados, entre osestabelecimentos comerciais e o local de pré-selecção e acondicionamento para exportação,poderá ser assegurado pelos distribuidores, a exemplo do que já acontece com as

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embalagens da Empresa de Cerveja da Madeira, que são transportadas de volta à fábricapela empresa distribuidora.

O transporte rodoviário, até o porto do Funchal, das paletes de embalagens, eventualmentejá acondicionadas nos contentores de transporte marítimo, terá de ser operacionalizadopelos responsáveis pela colocação dos produtos importados no mercado regional.

Relativamente ao transporte de embalagens para o Continente, além dos custosconsideráveis de transporte e taxas portuárias, há ainda a ter em conta as perdas por danosprovocados durante o transporte e operações de carga e descarga. Neste caso, os produtorespoderão procurar parcerias ou investir em unidades de processamento na Região, paraembalar produtos importados a granel, fomentando assim o valor acrescentado regional.

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6. Redução, Valorização e Destino Final

6.1. Redução

A redução de RSU é o primeiro passo para aumentar a eficiência do processo de gestão deRSU, incluindo resíduos de embalagens, objectivo tanto mais importante numa região insularonde a gestão de resíduos enfrenta problemas e dificuldades acrescidas.

A redução de resíduos envolve duas perspectivas, designadamente:

ß A redução real da produção de resíduos na fonte, que é a mais importante, e implica menosconsumo e/ou opções mais acertadas;

ß A redução da quantidade de resíduos para destino final.

A redução associada à gestão de resíduos envolve, também, redução dos elementos nocivosdos resíduos, que podem trazer consequências graves para a saúde pública e para amanutenção da qualidade do ambiente.

Os resíduos de embalagens representam um potencial importante de redução da produção deresíduos na fonte, que está fortemente dependente da opção do consumidor e daspossibilidades de opção geradas pelos produtores. Por outro lado, o potencial de reutilização ede reciclagem dos materiais de embalagens pode assumir um peso significativo nos objectivosde redução dos resíduos destinados à eliminação final.

A adaptação do Decreto-Lei nº 407/98, de 21 de Dezembro, é importante para o objectivo deredução da quantidade e nocividade dos resíduos de embalagens, assim como para aadequação das embalagens ao processo de reutilização. A adaptação deste diploma à RAM,deve ter em conta as especificidades da Região, especialmente no que diz respeito ao controloe fiscalização das embalagens dos produtos importados.

Este diploma estabelece requisitos no sentido de reduzir a toxicidade dos materiais deembalagem e de reduzir o seu peso e volume, assim como incentivar a reutilização eminimizar os impactes sobre o ambiente, quando os resíduos de embalagem são valorizadosou eliminados.

É importante que os actores envolvidos, especialmente os produtores e os consumidores,estejam bem informados destes conceitos e dos comportamentos necessários para se atingir oobjectivo da redução. A co-responsabilização no processo global, desde a produção deresíduos até ao destino final, tem ser assumida por todos. Assim, é fundamental asensibilização sobre a dimensão e gravidade dos problemas associados aos resíduos, bemcomo sobre os custos reais dos processos de tratamento que respeitem a qualidade do ambientee o que cada um pode fazer para minimizar o problema global.

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6.2. Reutilização

A reutilização possibilita a redução da quantidade de resíduos para destino final e, ao mesmotempo, vai aumentar a eficiência dos processos de compostagem e de incineração comaproveitamento de energia, constituindo, portanto, um instrumento de grande importância paraa política regional de gestão de resíduos.

No entanto, como já foi abordado no ponto 4.2.3 deste estudo, a reutilização de embalagenstem sido desincentivada na RAM, especialmente pelo facto de a maior parte dos bens deconsumo ser importada, o que implica custos e dificuldades técnicas acrescidas para procederà reutilização das embalagens. Também, os estabelecimentos comerciais alegam falta deespaço e de recursos humanos para gerir o sistema de consignação.

É reconhecido que o processo de reutilização é mais fácil para os produtos regionais. Noentanto, por questões de mercado e de marketing, as empresas regionais sentem-se forçadas afabricar produtos em embalagens não reutilizáveis, para satisfazer determinados segmentos demercado.

A reutilização depende do voluntarismo e da participação activa dos consumidores, masdiversos procedimentos que se verificam na prática têm desencorajado a iniciativa destes. Paraalém do referido no ponto 4.2.3, há a referir o seguinte:

ß Na realidade, o direito de opção dos consumidores pelos produtos, da mesma categoria, emembalagens reutilizáveis é, frequentemente, defraudado pela atitude do comerciante. Emcertos estabelecimentos, os produtos em embalagens reutilizáveis colocados nosexpositores são os que têm menor procura.

ß Em muitos estabelecimentos comerciais, principalmente nas grandes superfícies, osprodutos em embalagens reutilizáveis têm um preço superior ao mesmo produto emembalagem sem retorno.

ß Em alguns estabelecimentos, o valor de depósito é indevidamente adicionado ao preço doproduto, sem que esteja registada a identificação clara deste procedimento.

Outro factor de desincentivo é a falta de confiança dos consumidores nas condições de higienedos produtos embalados em embalagens reutilizadas.

No Porto Santo, todos estes problemas são agravados devido à dupla insularidade quedificulta, ainda mais, no caso de produtos importados, o retorno das embalagens aoContinente. Por outro lado, a sazonalidade associada aos hábitos de consumo do turismo depraia que se verifica no Porto Santo, têm aumentado drasticamente, nos últimos anos, oconsumo de produtos em embalagens sem retorno.

A consciencialização dos produtores regionais e importadores sobre as suas responsabilidades,a par das iniciativas da CRAGERE e das entidades fiscalizadoras, para garantirem a aplicaçãoda legislação relativa à gestão de embalagens reutilizáveis, são acções importantes para osucesso deste processo, que só será efectivo com a sensibilização dos consumidores para asvantagens da reutilização.

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No âmbito da reutilização de embalagens seria importante estudar os impactessócio-económicos induzidos pelo desenvolvimento da indústria Regional, designadamentepela instalação de unidades de reenchimento.

6.3. Reciclagem

A reciclagem é um processo que possibilita a redução substancial dos resíduos para destinofinal, o que é considerado na legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens. NaRegião, a legislação em vigor obriga à reciclagem, até 2005, de um mínimo de 25%, em peso,dos resíduos de embalagens, com um mínimo de 15%, em peso, de reciclagem por material.

Até à data, a falta de iniciativas de reciclagem na Região tem sobretudo a ver com ainsularidade e a dimensão reduzida do território e dos mercados, bem como pelo facto de arecolha selectiva de resíduos ser recente.

O sobrecusto associado à gestão da recolha selectiva de RSU para reciclagem, essencialmenteresíduos de embalagens, tem sido, também, um dos factores que limitaram a implementaçãodeste processo na Região. Os custos deste processo envolvem investimentos elevados emequipamentos de recolha, em veículos de remoção, em equipamentos de compactação etriagem, em recursos humanos e em sensibilização, para além dos custos de transportemarítimo, se a reciclagem for no Continente. A estas dificuldades acrescem os problemas deescoamento dos materiais devido às flutuações do mercado da reciclagem.

Actualmente, as autarquias não recebem qualquer contrapartida pelo esforço de recolhaselectiva, com maior sucesso pela Câmara Municipal do Funchal. Os resíduos são entregues àEmpresa Madeirense de Navegação e o Governo Regional, através de um contrato deprestação de serviços com esta empresa, contribui com 2 500$00 por tonelada (acrescido deIVA), para os transportes marítimo e rodoviário dos resíduos com destino à reciclagem. Paraalém disso, a empresa transportadora recebe o valor da venda destes materiais.

A entrada em funcionamento do sistema integrado para a gestão das embalagens éfundamental para cumprir os objectivos da legislação. No entanto, as negociações de adesão àSPV devem salvaguardar a hipótese de a Região viabilizar a reciclagem de algumas dasfileiras em questão (papel/cartão, vidro, plástico, metal), que até agora não tem sido possível,devido à dimensão e a outros factores económicos e de mercado

6.4. Compostagem

Na ilha da Madeira, a fracção fermentável dos RSU é elevada. De acordo com a campanha decaracterização realizada entre 1994 e 1995 na ETRSU, a fracção de resíduos fermentáveisatinge em média 47% dos resíduos caracterizados. Este facto deve-se aos hábitos de consumoalimentar e também a grande parte das residências terem jardim.

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A recolha selectiva de resíduos fermentáveis é muito importante para viabilizar o processo decompostagem com produção de composto de boa qualidade e, simultaneamente, paraaumentar a eficiência do processo de incineração, com aproveitamento de energia.

O tratamento de resíduos indiferenciados através da compostagem, implementado na ETRSUem 1991, processa os resíduos orgânicos contidos nos RSU, sem que haja uma separaçãoprévia. O composto resultante nunca teve aceitação no mercado devido aos fragmentos devidro, plástico e outros resíduos que não são fermentáveis. O teor em metais pesados étambém muito elevado. No entanto, com a implementação progressiva da recolha selectiva devidro e, mais recentemente, de pilhas e baterias, a qualidade deste composto tem vindo amelhorar. O composto continua a ser disponibilizado à população gratuitamente, nunca setendo efectuado qualquer campanha de marketing para a sua comercialização.

A qualidade do composto é também influenciada pela sobrecarga de todo o sistema quefunciona 24 h/dia e pelo facto de a maturação do composto não se processar num localfechado. As baixas temperaturas que se fazem sentir na estação também dificultam o processode maturação.

Por outro lado, o processo de tratamento por compostagem, nos moldes actuais, implica queuma grande fracção dos resíduos tenha como destino final o aterro, não constituindo umaopção de tratamento eficiente para a redução de resíduos. A produção de composto afinadoacaba por constituir uma fracção muito reduzida do total de resíduos que são processados.Assim, em 1994, as 75 424 toneladas de RSU processadas na linha de compostagemoriginaram 732 toneladas de composto afinado (0,97%); em 1995, as 82 036 toneladasprocessadas originaram 1238 toneladas de composto afinado (1,51%).

Com a remodelação da ETRSU, pretende-se efectuar a recolha selectiva de resíduos orgânicos,associada à modernização da linha de compostagem, que passará a laborar apenas um turnopor dia e só com resíduos orgânicos recolhidos selectivamente. Nesta perspectiva, orendimento do processo será superior, assim como a qualidade do composto que irá,certamente, melhorar e ganhar a confiança dos utilizadores.

A compostagem individual tem vindo a ser incentivada pela Câmara Municipal do Funchal,através das campanhas de educação ambiental e sensibilização, com a distribuição depanfletos com instruções práticas. Nos concelhos rurais, esta prática continua a serdesenvolvida por tradição.

A compostagem nos quintais e jardins particulares, assim como nas escolas, é uma das formasde sensibilizar a população para a problemática dos resíduos e, em particular, para a urgênciade reduzir as quantidades de RSU que têm de ser recolhidos e tratados.

6.5. Aterro sanitário

A solução do aterro sanitário para destino final único dos RSU a longo prazo, além de serdesaconselhada pela União Europeia, é uma solução, à partida, condicionada na RAM, devidoessencialmente:

ß À reduzida dimensão do território e à falta de terrenos disponíveis em locais adequados;

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ß Ao relevo acidentado na ilha da Madeira;

ß À elevada densidade populacional;

ß À distribuição dispersa das habitações;

ß À área considerável ocupada pelo Parque Natural na Madeira (cerca de 2/3 da superfície);etc.

Por outro lado, a construção de um aterro sanitário que respeite as exigências da UniãoEuropeia é muito dispendiosa na ilha da Madeira, devido, nomeadamente:

ß À inexistência de espaços planos suficientemente grandes;

ß Aos custos acrescidos de escavação;

ß Aos sobrecustos associados à importação dos materiais de impermeabilização, que nãoexistem na Ilha, agravados pelas características morfológicas dos terrenos, que implicam aexploração dos aterros em degraus e, por conseguinte, maior quantidade de materiais deimpermeabilização.

A opção de aterro sanitário no Porto Santo, para destino final dos resíduos, é ainda menosequacionável, já que o espaço disponível é menor.

No entanto, a existência de um aterro sanitário é inevitável, qualquer que seja o processo detratamento de resíduos que venha a ser adoptado. Existem sempre resíduos que não têm outrodestino final possível. Mesmo considerando o tratamento de RSU pelo processo deincineração, que reduz substancialmente o volume dos resíduos tratados, é sempre necessárioum aterro para resíduos perigosos (ou uma célula do aterro preparada para receber resíduosperigosos) para as cinzas e as escórias.

Na ilha da Madeira, o primeiro aterro explorado na ETRSU foi encerrado em 1997 e não foiimpermeabilizado aquando da sua construção, pelo que os lixiviados têm originado algunsproblemas de contaminação dos cursos de água e dos solos, a jusante da ETRSU. Aconstrução da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), actualmente em fase deensaios, irá tratar os lixiviados provenientes dos colectores existentes neste aterro.

No entanto, pelo facto de o aterro não estar impermeabilizado, mesmo com a existência decolectores de lixiviados e a sua recolha para tratamento, a contaminação dos solos e das águassubterrâneas é um risco contínuo a médio/longo prazos, pelo que poderia ser equacionada,aquando da selagem do aterro, a impermeabilização da superfície do aterro antes darecuperação paisagística do local, de forma a diminuir a infiltração das águas pluviais e,consequentemente, a produção de lixiviados.

O novo aterro, construído de acordo com as exigências da União Europeia, recebe os refugosdo processo de compostagem e os resíduos que, pela sua natureza, não possam ser processadosna linha de compostagem. No entanto, nas situações pontuais de avaria ou de picos deprodução de resíduos, parte dos RSU que dão entrada na ETRSU são colocados directamenteno aterro. Em 1995, foram colocados directamente no aterro cerca de 7% (5 765 toneladas) dototal dos RSU entrados na ETRSU e, em 1998, cerca de 26% (24 353 toneladas).Considerando os resíduos rejeitados e os refugos do processo de compostagem, que também

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são colocados no aterro, o total colocado no aterro em 1995 foi de cerca de 39%(31 689 toneladas) e em 1998 cerca de 64% (60 978 toneladas).

Os dados de entrada de resíduos na ETRSU demonstram que o concelho da Ponta do Sol, nãoentrega nesta estação a maior parte dos resíduos que recolhe. Os resíduos são colocadosdesordenadamente numa lixeira situada num acesso da estrada do Carvalhal, que liga osCanhas ao Paúl da Serra. Esta situação deverá ser rapidamente solucionada, com arecuperação do local.

A fiscalização desta situação poderá ser exercida pela Direcção Regional do Ambiente, noâmbito das competências da Direcção de Serviços da Qualidade do Ambiente – Divisão deControlo da Qualidade do Ambiente: “Compete à Divisão de Controlo da Qualidade doAmbiente detectar processos de degradação do ambiente, bem como inspeccionar as fontespoluidoras e promover os estudos e as acções necessários ao respeito das normas ambientais”(Decreto Regulamentar Regional nº 4-A/93/M, Artigo 47º, ponto 3).

Actualmente, no Porto Santo os resíduos têm como destino final uma lixeira/vazadouro.Apesar de os resíduos serem colocados com uma certa ordem e posteriormente cobertos commaterial inerte, a lixeira não está vedada nem impermeabilizada e não existe sistema dedrenagem.

De acordo com o glossário do “Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos” (Ministériodo Ambiente, 1997):

ß Lixeira ou vazadouro: “Modalidade indesejável de confinamento no solo, em que osresíduos são lançados de forma indiscriminada e não existe qualquer controlo posterior”.

ß Lixeira controlada ou vazadouro controlado: “Modalidade indesejável de confinamento nosolo, em que os resíduos são lançados de forma ordenada e cobertos com terra, o localpossui vedação completa e pelo menos uma das duas condições de drenagem eimpermeabilização é satisfeita, mas em contrapartida não é feita qualquer monitorizaçãode impacte ambiental”.

O encerramento e posterior selagem da lixeira do Porto Santo estão a ser equacionados, com oinicio do transporte dos resíduos para a Madeira. Apesar da fraca precipitação anual, deveriaser equacionado, também, um processo de evitar, o mais possível, a formação de lixiviados.

6.6. Incineração

Considerando as dificuldades em viabilizar na Região a solução de aterro sanitário comodestino final único dos RSU e tendo em conta que esta opção estaria contra as directrizes daUnião Europeia como solução final única de destino final, a incineração com aproveitamentode energia é uma solução para o tratamento dos RSU na Região.

No entanto, o dimensionamento do sistema de incineração deve equacionar as estratégias deredução de resíduos na fonte e a capacidade a instalar não deve ser excessiva, de forma a nãoconstituir um desincentivo à reciclagem e à redução de resíduos a tratar. A prática dareutilização e da recolha selectiva para reciclagem, além de irem de encontro aos objectivos

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preconizados na legislação, são procedimentos importantes no sentido de evitar ou adiarinvestimentos no futuro para a ampliação da estação.

Nesta perspectiva, a garantia da aplicação efectiva da legislação relativa a embalagens eresíduos de embalagens é fundamental para que a incineração não constitua um desincentivo àredução, à reutilização e à reciclagem. Por outro lado, está previsto que, após a remodelaçãoda ETRSU, os municípios passem a pagar por tonelada de resíduos que enviem paratratamento, enquanto que os sobrecustos da recolha selectiva de resíduos de embalagensdevem ser assumidos pelos responsáveis pela colocação das embalagens no mercado. Estavisão realista constitui, por si só, um incentivo económico à recolha selectiva.

As entidades responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos, incluindo as responsáveis pelagestão dos resíduos de embalagens, não podem permitir que constitua uma realidade oargumento de que a incineração com aproveitamento de energia desincentiva a implementaçãoefectiva do processo de recolha selectiva.

As metas da União Europeia adoptadas no Continente e na RAM estabelecem que, até 31 deDezembro de 2005, devem ser valorizados um mínimo de 50%, em peso, dos resíduos deembalagens e reciclados um mínimo de 25%, em peso, da totalidade dos materiais deembalagens, com um mínimo de 15%, em peso, para cada material de embalagem.

A Directiva 94/62/CE, de 20 de Dezembro, refere que o Parlamento Europeu e o Conselho daUnião Europeia considera “… que a valorização energética constitui um meio eficaz devalorização dos resíduos de embalagem”. Assim, para o horizonte considerado, a incineraçãocom aproveitamento de energia é a opção mais viável para valorizar os resíduos deembalagens que não entram no circuito da reciclagem e assim satisfazer as metas devalorização estabelecidas para a Região em 2005. Há que ter, no entanto, em consideração quea reciclagem deve, sempre, ser maximizada.

Mesmo considerando que as metas estabelecidas pela União Europeia para a reciclagem deresíduos de embalagens vão ser progressivamente mais elevadas, é preciso ter em conta queexiste uma fracção de resíduos de embalagens dificilmente recuperável para reciclagem, tendoem conta os requisitos de qualidade da indústria de reciclagem. Assim, mesmo que a recolhaselectiva avance com sucesso rapidamente, o refugo do processo de triagem tem, navalorização energética por incineração, a solução preconizada pela União Europeia naDirectiva 94/62/CE.

Por outro lado, vai existir sempre uma fracção de resíduos de embalagens que não érecuperável através da recolha selectiva, como é o exemplo dos sacos de plástico quediariamente acondicionam os RSU, e que pode ser valorizada através da incineração comrecuperação de energia, contribuindo, simultaneamente, com o seu elevado poder calorífico,para a eficiência do processo de incineração.

A recolha selectiva de determinados resíduos, nomeadamente metais, pilhas e baterias,diminui a contaminação dos efluentes gasosos e sólidos do processo de incineração. A recolhaselectiva destes materiais é também importante do ponto de vista energético, já que nãocontribuem para o processo de combustão, mas, pelo contrário, absorvem energia.

Nesta perspectiva de eficiência energética, a reutilização e reciclagem de resíduos deembalagens de vidro e a recolha de resíduos fermentáveis, também contribuem para a

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eficiência do processo de incineração. A recolha selectiva de resíduos inertes tem outrasvantagens, associadas à redução do volume de escórias e a consequente redução da quantidadede resíduos com destino ao aterro.

A incineração permitirá valorizar os resíduos de embalagens de madeira (paletes), que são, emparte, enviados para o vazadouro dos Lamaceiros. A incineração destes resíduos ou deresíduos florestais, pressupõe a sua trituração prévia. Esta hipótese poderá, eventualmente, serimportante para a viabilização da produção de energia no processo de incineração. No entantohá que ter em conta o papel estruturante dos resíduos florestais triturados no processo decompostagem dos resíduos domésticos fermentáveis.

A ETRSU da Meia Serra tinha a funcionar, de origem, duas unidades de incineração, uma pararesíduos hospitalares e de matadouro, e outra para refugos da compostagem. Hoje, apenas aunidade de incineração dos resíduos hospitalares, de matadouro, de aviários e produtosalimentares deteriorados continua a funcionar. Esta unidade não tem tratamento dos gases decombustão. Apenas a unidade de incineração de refugos do processo de compostagem, que jáestá desactivada, incluía um sistema húmido de tratamento de gases, que apresentou, ao longoda sua utilização, diversos problemas de funcionamento. A eficiência do sistema húmido dedespoluição de gases depende muito da qualidade dos equipamentos instalados, damanutenção e das condições de exploração da unidade de incineração.

As emissões poluentes sólidas e gasosas, com origem no processo de incineração, constituemameaças reais à saúde pública e à qualidade do ambiente se não forem tomadas as medidasadequadas. Assim, o investimento previsto, para a ETRSU, em tecnologias de despoluição dosgases de combustão, de inertização das cinzas, assim como na célula do aterro para resíduosperigosos, é fundamental para a viabilização do processo de incineração, nas condiçõesexigidas para a segurança da população e do ambiente.

Da mesma forma, a monitorização e fiscalização previstas para a fase de exploração são defundamental importância para a detecção de anomalias dos sistemas de despoluição e para agarantia da manutenção da qualidade de vida e do ambiente.

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7. Educação Ambiental e Sensibilização

A política de educação e sensibilização para a gestão de RSU e resíduos de embalagens devefazer parte de uma estratégia global já que, independentemente dos objectivos sectoriais, todos asmetas apontam para a redução da produção de resíduos e das quantidades de resíduos a eliminar.

A educação ambiental e a sensibilização para as questões relacionadas com a gestão de resíduos,de modo a serem implementadas as directrizes da legislação, exigem um esforço informativo eformativo intenso, por parte dos actores envolvidos.

A informação da população através de indicadores claros e realistas é importante para a tomadade consciência da dimensão real dos problemas que envolvem a gestão dos resíduos na Região econstitui o primeiro passo para a co-responsabilização da população e, consequentemente, para asua iniciativa e participação nos objectivos preconizados pela Região neste sector. A informaçãocontínua constitui um estímulo às acções voluntaristas no sentido de reduzir a produção deresíduos e incrementar a reutilização e a recolha selectiva de materiais recicláveis.

Na RAM, a educação neste âmbito passa primeiro pela formação e sensibilização dos actorescom responsabilidade colectiva, nomeadamente os importadores, os produtores, os distribuidores,os comerciantes e as autarquias. É fundamental que estes actores estejam bem informados eadoptem os objectivos preconizados na legislação, bem como as atitudes mais correctas para osatingir. Só assim, a mensagem pode ser efectivamente transmitida à população em geral. Aparticipação activa e voluntarista da população só será uma realidade se a sensibilização forpersonalizada e contínua, assim como devidamente adaptada à realidade Regional.

Para conseguir a sua participação efectiva, os cidadãos devem estar conscientes das vantagenspara o ambiente e para a sua própria qualidade de vida, de empreender determinadas tarefas,como colaborar activamente na diminuição da produção de resíduos na fonte, na reutilização e naseparação dos resíduos recicláveis. A fiscalização e aplicação de coimas nunca será suficiente,por si só, para atingir os objectivos, se a população não estiver consciente da sua responsabilidadee das vantagens das atitudes que lhe são solicitadas.

O que se verifica na maior parte das autarquias, com a excepção do Funchal, é que os problemasde ordem prática e que exigem resolução imediata, como a aquisição de equipamentos, opagamento de horas extraordinárias aos trabalhadores, os encargos com a reparação de viaturas etodos os outros imprevistos relacionados com a gestão dos resíduos, acabam por delegar parasegundo plano a afectação de recursos humanos e financeiros à educação ambiental e àsensibilização.

As iniciativas conjuntas de educação ambiental são fundamentais no momento em que seperspectiva a aplicação da legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens, ealterações ao nível do destino final dos resíduos, cujo sucesso dependerá, em grande parte, daimplementação de procedimentos eficientes de recolha selectiva e reutilização.

Neste contexto, a educação ambiental assume um papel de carácter regional, que não secircunscreve às autarquias, individualmente. Uma acção integrada, com o envolvimento dos

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diversos actores com responsabilidades neste domínio, poderia colmatar as dificuldades degrande parte das autarquias, ao nível da disponibilidade de recursos financeiros e de quadrostécnicos com formação e/ou experiência na área do ambiente, que possam desenvolvercampanhas de sensibilização e de educação ambiental.

A estratégia de sensibilização da população deve ser estruturada de forma a não estar desajustadada implementação, no terreno, dos meios de recolha selectiva e da prática efectiva da política dereutilização por parte dos produtores, importadores e comerciantes. O desfasamento entre estesprocedimentos leva ao descrédito dos objectivos a atingir, por parte dos cidadãos.

A organização das campanhas de sensibilização, em harmonia com os objectivos globais daRegião, pressupõe, além da investigação, a troca de dados e disponibilização de informação, entreas entidades locais e regionais com responsabilidade na matéria. Esta cooperação estreita não setem verificado nos últimos anos, pelo menos com o empenho que seria de desejar. Com a entradaem vigor da legislação relativa a embalagens e resíduos de embalagens, é necessário que odiálogo entre os actores privados e os actores públicos, com responsabilidades neste domínio,seja uma realidade.

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8. Custos de gestão e fontes de financiamento

Um dos principais problemas associados à gestão dos resíduos é a falta de dados relativos aoscustos reais de operação das autarquias.

O Funchal é a única autarquia que possui alguns dados relativos aos custos de gestão dos RSU,embora não estejam desagregados pelas diversas etapas de gestão. Assim, em 1995, a autarquiadespendeu 1 064 539 000$00 (inclui despesas de pessoal) nas operações de limpeza, recolha etransporte das 59 805 toneladas de resíduos sólidos recolhidos. Este valor refere-se apenas acustos de operação e não inclui investimentos neste sector. Assim, cada tonelada de RSU custou àautarquia 17 800$00. De acordo com os dados da DRSB, relativos à operação da ETRSU em1995, o tratamento e destino final das 82 036 toneladas de resíduos processadas custou396 408 063$00, o que representa 4 832$00 por tonelada. Assim, estima-se em 22 632$00 portonelada o custo de gestão de RSU recolhidos no concelho do Funchal.

No ano de 1995, as receitas referentes à tarifa de resíduos sólidos cobrada pela Câmara Municipaldo Funchal aos munícipes somaram a quantia de 270 032 000$00, cobrindo apenas 25,4% dasdespesas da autarquia e 19,9% do custo global de gestão dos RSU recolhidos no Funchal(1 353 516 760$00, excluindo os investimentos da CMF).

A falta de dados relativos aos custos reais de gestão dos resíduos, especialmente os relacionadoscom a recolha e transporte, é um factor limitante para:

ß O cálculo da taxa de resíduos;

ß A candidatura a programas comunitários de apoio;

ß O cálculo da tabela de valores Ponto Verde;

ß A avaliação dos sobrecustos da recolha selectiva, tendo em vista as negociações dos valoresde contrapartida com a entidade gestora do sistema integrado de embalagens.

Por outro lado, com a entrada em funcionamento das novas soluções de destino finalpreconizadas para a ETRSU, as autarquias terão de contribuir financeiramente para os custos detratamento e passarão a pagar por tonelada de resíduos entregues na estação para tratamento. Estasituação, apesar de realista, vai agravar os orçamentos limitados das autarquias.

Nesta perspectiva, quanto menos resíduos forem entregues para destino final na ETRSU, menoscustos incorrem para a autarquia, o que constitui um incentivo para o investimento nasensibilização para a redução, para a reutilização e para a reciclagem.

A taxa de resíduos é uma fonte de rendimento essencial para as autarquias cobrirem os custos dagestão de resíduos. Na Madeira, algumas autarquias já implementaram a taxa de resíduos ouiniciaram o processo, em Janeiro de 1999; no entanto, em alguns municípios só os comerciantespagam esta taxa, que varia normalmente em função dos consumos de água. Neste momento, na

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Madeira, apenas o concelho da Calheta não cobra qualquer taxa de resíduos, quer aos munícipes,quer aos comerciantes.

No Porto Santo, a taxa de resíduos, também, não está implementada. O consumo de água é pagodirectamente ao Governo Regional, responsável pela central dessalinizadora, pelo que a autarquiaterá de adoptar outro sistema para proceder à implementação desta taxa.

O cálculo de uma taxa de gestão de resíduos o mais realista possível e a respectiva actualização,bem como a consciencialização dos cidadãos para a necessidade do pagamento dessa taxa, serãoformas de ultrapassar eventuais resistências pela sua adopção, minimizando os efeitos de pressõespolíticas, normalmente associados a medidas desta natureza, à partida impopulares.

A contribuição da população flutuante para o financiamento da gestão de resíduos deverá serigualmente equacionada. Por exemplo, no concelho do Funchal, uma parte significativa dos RSUrecolhidos é produzida pela população flutuante, quer sejam os turistas, quer sejam os residentesnoutros concelhos que trabalham durante o dia no Funchal. No Porto Santo, esta situação éagravada nos meses de Verão, quando o turismo sazonal contribui para o aumento substancial daprodução de RSU.

Em relação aos resíduos de embalagens, a nova legislação vem co-responsabilizar os operadoreseconómicos pela gestão das embalagens e resíduos de embalagens, deliberando que osembaladores e importadores de produtos embalados são responsáveis pela prestação decontrapartidas financeiras às autarquias pelas operações de recolha e triagem destes resíduos.

No modelo de gestão integrada a funcionar no Continente, as autarquias só são compensadasfinanceiramente pelo esforço de recolha selectiva e triagem dos resíduos de embalagens, nomomento em que já têm determinadas quantidades de materiais triados e acondicionados,conforme as exigências da SPV. As autarquias enviam um pedido de retoma à SPV, quandoatingem 12 toneladas de qualquer uma das fileiras, e esta encarrega-se de seleccionar umaempresa recicladora que vai às estações de triagem recolher o material para reciclar. NoContinente, a SPV assume os custos de transporte destes materiais até ao local de reciclagem.

Na RAM, a compensação financeira, prevista só para a fase final do processo, não abrange oinvestimento inicial e os sobrecustos associados à insularidade e à ultraperiferia, em todo oprocesso de recolha selectiva e triagem, que será certamente suportado pelas autarquias,constituindo uma dificuldade acrescida.

No Continente, as autarquias tiveram menos dificuldades nesta fase de investimento pelo facto deas candidaturas aos fundos comunitários exigirem, como condição essencial de co-financiamentodas infraestruturas de tratamento e destino final, o investimento paralelo no processo de recolhaselectiva e triagem.

Na RAM, as autarquias não se têm candidatado aos fundos comunitários no domínio do destinofinal e tratamento dos resíduos, cuja responsabilidade foi assumida pelo Governo Regional, peloque os equipamentos de recolha selectiva e as infraestruturas de triagem ainda não são umarealidade na maior parte das autarquias. Só o concelho do Funchal está mais avançado noprocesso de recolha selectiva e triagem.

As autarquias da Região, à excepção do Funchal, têm grandes dificuldades em efectuarcandidaturas individuais aos programas comunitários para apoio financeiro, quer por terem

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dificuldades técnicas na própria realização do processo de candidatura, quer por,individualmente, terem dificuldades em atingir os limites mínimos de investimento exigidospelos programas. Por outro lado, não é fácil para as autarquias, com o orçamento próprio,assegurar o co-financiamento da sua responsabilidade.

A intervenção da AMRAM é importante para ultrapassar algumas dificuldades referidas, atravésdo apoio técnico às autarquias e da iniciativa de promover candidaturas a programas definanciamento que congreguem as necessidades integradas de vários municípios. Estascandidaturas têm de ultrapassar a simples aquisição de equipamentos e viaturas. A formação, oplaneamento integrado e as campanhas de educação e sensibilização da população são áreas deactuação da AMRAM pouco exploradas.

A candidatura da SRESA ao co-financiamento dos fundos comunitários para o vultosoinvestimento previsto para a remodelação da ETRSU também recomenda a aquisição deequipamentos de recolha selectiva, designadamente, contentores, autocompactadores,compactadores e enfardadeiras, mas não contempla o investimento obrigatório nas infraestruturasnecessárias ao processo de triagem dos resíduos recolhidos selectivamente, pelo que oinvestimento na triagem de resíduos de embalagens terá de ser devidamente equacionado entre asautarquias, o Governo Regional e a entidade gestora do sistema integrado das embalagens eresíduos de embalagens.

A candidatura para a ampliação e remodelação da ETRSU prevê, também, o financiamento decampanhas de sensibilização e a implementação de redes de qualidade ambiental para controlarvariáveis ambientais como a qualidade do ar, a qualidade dos solos e a qualidade das águassubterrâneas e superficiais.

Em relação ao financiamento das campanhas e acções de sensibilização para a recolha selectiva,desenvolvidas pelas autarquias no Continente, a SPV tem financiado 50% dos custos totaisenvolvidos, desde que as campanhas sejam previamente discutidas e acordadas com estaentidade.

Os valores de contrapartida em vigor no Continente, tentam reflectir os sobrecustos dasautarquias associados à recolha selectiva e triagem dos resíduos de embalagens. A tabela devalores Ponto Verde foi equacionada de forma a cobrir os custos de gestão, nomeadamente acontrapartida às autarquias, o transporte dos resíduos de embalagens para reciclagem e o apoio acampanhas de sensibilização.

Como, até à data, a SPV não está a actuar na Região, as empresas têm pago à SPV ascontribuições relativas apenas às embalagens que colocaram no mercado nacional, desde 1997,mas não têm contribuído financeiramente para a gestão das embalagens que têm colocado nomercado regional.

Com a perspectiva da implementação do sistema integrado na RAM, a SPV pretende alterar estasituação. Os produtores e importadores nacionais, para obterem o certificado de adesão no ano2000, terão de pagar o Ponto Verde relativo às embalagens que colocarem no mercado regionaldurante o ano 1999.

A SPV pretende explorar o sistema sem provocar desequilíbrios de mercado a nível nacional. Noentanto, a tabela de valores Ponto Verde e as contrapartidas financeiras previstas terão de serreequacionadas de forma a absorver os sobrecustos da gestão de embalagens nas Regiões

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Autónomas, especialmente os relacionados com o transporte marítimo, além dos custosacrescidos da implementação da recolha selectiva.

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9. Conclusões

Este estudo identificou diversos aspectos que constituem constrangimentos à prossecução dosobjectivos regionais relativamente à gestão de RSU e especialmente à gestão de embalagens eresíduos de embalagens, que podem comprometer a implementação da política regional nestamatéria, de acordo com as orientações da União Europeia. A análise efectuada evidenciou,também, a importância da implementação da legislação relativa a embalagens e resíduos deembalagens para o sucesso da estratégia regional de gestão de RSU.

Alguns dos constrangimentos identificados estão associados às especificidades regionais, emparticular da Madeira e do Porto Santo, mas outros são de ordem institucional, que se traduzemnos meios humanos, técnicos e financeiros disponíveis e nas acções desenvolvidas,nomeadamente de cooperação.

Em relação à gestão de embalagens e de resíduos de embalagens, a Comissão Europeia concedeuuma prorrogação de 4 anos à Grécia, à Irlanda e a Portugal, para atingir os objectivos devalorização e de reciclagem de embalagens estabelecidos até Dezembro de 2005, em virtude dassuas características específicas, respectivamente, o elevado número de pequenas ilhas, aexistência de áreas rurais e montanhosas e o actual baixo consumo de embalagens.

No entanto, as características específicas da RAM identificam-na mais com os critérios queestiveram na base da derrogação da Comissão associados à Grécia e à Irlanda, respectivamente,“pequena dimensão das ilha habitadas” e “relevo acidentado das áreas rurais”, e muito menoscom o critério associado a Portugal “actual baixo consumo de embalagens”, o qual, em 1998, émuito questionável, especialmente por ser uma região insular que importa, por via marítima, aquase totalidade dos bens de consumo e cujos hábitos têm vindo a ser influenciados pelo turismo,implicando um aumento de produção de resíduos de embalagens.

O estatuto político-administrativo da RAM possibilitou a adopção das metas estabelecidas para oPaís como objectivo regional, o que expressa a vontade da Região em ter um papel activo nestamatéria, já que os objectivos assumidos por Portugal poderiam ser mais facilmente atingidos noContinente, designadamente nos grandes centros metropolitanos, sem o envolvimento dasRegiões Autónomas. Esta iniciativa regional tem como base o reconhecimento da gravidade dosproblemas decorrentes da elevada produção de resíduos de embalagens e, por outro lado, aconsciência de que na Região a qualidade do ambiente é fundamental para a qualidade de vidados cidadãos e para a manutenção dos objectivos de desenvolvimento sócio-económico,fortemente apoiado no turismo.

No entanto, as especificidades regionais como a ultraperiferia, cujo estatuto foi consagrado noArtigo nº 299 do Tratado que institui a Comunidade Europeia, a dimensão, a insularidade, orelevo acidentado na Madeira e a sazonalidade do turismo no Porto Santo, reflectem-se,essencialmente, em sobrecustos na gestão dos resíduos e, em particular, na gestão dasembalagens e dos resíduos de embalagens, nomeadamente, em:

ß Aquisição e manutenção de equipamentos;

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ß Implementação de processos de recolha selectiva e reutilização;

ß Construção e exploração de infraestruturas de triagem, tratamento e destino final;

ß Transporte rodoviário e marítimo de resíduos, resíduos de embalagens e embalagensreutilizáveis.

Esta situação é agravada pelo facto de estarem em fase inicial as políticas de redução, reutilizaçãoe recolha selectiva e por outro lado, estarem ainda a ser equacionadas ou em fase deimplementação as soluções para colmatar as necessidades de saneamento básico, nomeadamenterelacionadas com e construção das grandes infraestruturas de tratamento e destino final dos RSU,que envolvem avultados investimentos.

Não se considera vantajoso para a RAM derrogações de prazo ou objectivos menos ambiciosos,mas sim o reforço dos apoios, designadamente financeiros, através de programas definanciamento comunitários específicos, especialmente concebidos para as regiõesultraperiféricas, por forma a serem atingidos, nas datas estipuladas, os objectivos pretendidos.Estes apoios justificam-se por razões de coesão económica e social e por a RAM ser uma regiãoultraperiférica, o que implica custos adicionais para se atingir os mesmos níveis de satisfação emtermos de qualidade ambiental.

Os constrangimentos de ordem institucional, essencialmente de âmbito regional e local,identificados ao nível da gestão de RSU e resíduos de embalagens na RAM, são consequência,nomeadamente, de:

ß Atrasos e lacunas na adopção da legislação nacional à Região, com integração dasespecificidades regionais e identificação clara das competências na estrutura administrativaregional.

ß Falta de informação, iniciativa e coordenação das entidades e actores envolvidos e comresponsabilidades na gestão de resíduos.

ß Falta de articulação e cooperação entre as entidades directa ou indirectamente envolvidasnesta problemática, o que dificulta a estratégia comum e a concertação de esforços paraatingir os objectivos globais da RAM.

ß Falta de recursos financeiros, humanos e técnicos na maior parte das autarquias, que, de ummodo geral, estão isoladas, mas também não procuram a cooperação dos outros parceiros. Poroutro lado, a AMRAM também tem poucas iniciativas para promover a cooperação eultrapassar as insuficiências de algumas autarquias.

ß Falta de informação e sensibilização da população em geral para a problemática dos resíduose das embalagens, bem como para os objectivos e projectos futuros, o que é fundamental paraa tomada de consciência da importância da sua participação activa em todo o processo.

ß Fiscalização deficiente ou mesmo inexistente da aplicação da legislação e dos regulamentosmunicipais, que desincentiva o envolvimento efectivo dos actores do sector privado e o nãoexercício das competências atribuídas nas leis orgânicas e na legislação aplicável aos diversosorganismos da administração local e regional.

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Para implementar uma política global de gestão de RSU e de gestão de embalagens e resíduos deembalagens na RAM, em consonância com as orientações da União Europeia e para benefício dodesenvolvimento sustentável da Região, é urgente ultrapassar os constrangimentos institucionaisidentificados, através de uma concertação de esforços dos actores envolvidos, que demonstrecoerência e vontade para atingir os objectivos preconizados.

A supressão das dificuldades identificadas ao nível institucional é necessária para a criação de umalicerce regional sólido que possibilite a reivindicação de apoios comunitários especialmentededicados às RUP e que multipliquem as condições de elegibilidade das candidaturas aco-financiamento no âmbito da gestão de RSU e especialmente resíduos de embalagens.

Nesta sequência recomenda-se:

ß Negociações para a implementação do sistema integrado de gestão de embalagens e resíduosde embalagens que considerem as dificuldades e os sobrecustos associados às especificidadesda RAM;

ß A implementação do sistema de reutilização, de modo a atingir os objectivos da RAM;

ß Recolha e tratamento sistemáticos de informação, no âmbito da gestão de RSU e da gestão deembalagens e resíduos de embalagens;

ß Fiscalização articulada entre as entidades com competência na matéria;

ß Formação e informação dos actores envolvidos, ao nível da administração regional e local edos actores privados;

ß Sensibilização da população em geral para a importância da sua participação.

Destaca-se a importância do papel de coordenação da CRAGERE para a implementação dasestratégias com vista a cumprir os objectivos preconizados na legislação regional relativa aembalagens e resíduos de embalagens. Para além disso, a participação da AMRAM é necessária,não só na elaboração de candidaturas conjuntas para a aquisição de equipamentos, masessencialmente no apoio às autarquias com menos meios técnicos, humanos e financeiros, deforma equilibrar as estratégias de gestão e garantir que os objectivos sejam alcançados a nívelregional de uma forma uniforme e equilibrada.

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10. BibliografiaMinistério do Ambiente – Grupo de Tarefa para a Coordenação do Plano Estratégico dosResíduos Sólidos Urbanos - Instituto dos Resíduos; “Plano Estratégico dos Resíduos SólidosUrbanos”, 1997;

Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente – Direcção Regional de SaneamentoBásico; “Planeamento da Gestão de Resíduos Sólidos na Região Autónoma da Madeira”, 1998;

Secretaria Regional do Equipamento Social e Ambiente – Direcção Regional de SaneamentoBásico; “Plano Estratégico de Resíduos da Região Autónoma da Madeira”, Fase A – OpçõesEstratégicas, 1998;

Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma da Madeira; “Estudo deViabilidade das Valorizações Designadamente Energéticas dos Resíduos Sólidos na Madeira”,1997;

Associação Portuguesa de Ecologistas – Amigos da Terra; Actas da Conferência “Embalagens eAmbiente na Europa do Sul”, 1994;

Observatório do Ambiente; Comunicações da Conferência “Ponto Verde e Resíduos SólidosUrbanos, 1996;

Ministério do Ambiente – Instituto dos Resíduos; Comunicações da Conferência “ExperiênciaNacional e Europeia de Aplicação da Legislação sobre Embalagens e seus Resíduos”, 1998

Quintal, Raimundo; “O Problema dos resíduos Sólidos no Funchal”, 1996;

Direcção Geral da Qualidade do Ambiente; “Documento Técnico nº1: Resíduos Sólidos Urbanos– Quantificação e Caracterização – Metodologia”, 1989;

Agência Regional de Energia e Ambiente; “Desenvolvimento Sustentável para o Porto Santo”,1997.