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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Gesto Financeira IDisciplina na modalidade a distncia

    2 edio revista e atualizada

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    Crditos

    Unisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educao Superior a Distncia

    Campus UnisulVirtual

    Avenida dos Lagos, 41Cidade Universitria Pedra BrancaPalhoa SC - 88137-100Fone/ax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

    Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira

    Vice-Reitor e Pr-ReitorAcadmicoSebastio Salsio Heerdt

    Chee de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro

    Pr-Reitor AdministrativoMarcus Vincius Antoles da SilvaFerreira

    Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: AlexandraOrsoni

    Campus NorteDiretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter

    Campus UnisulVirtualDiretor: Joo VianneyDiretora adjunta: JucimaraRoesler

    Equipe UnisulVirtual

    Administrao

    Renato Andr LuzValmir Vencio Incio

    Avaliao InstitucionalDnia Falco de Bittencourt

    BibliotecaSoraya Arruda Waltrick

    Capacitao e ApoioPedaggico TutoriaAngelita Maral Flores(Coordenadora)Caroline BatistaEnzo de Oliveira MoreiraPatrcia MeneghelVanessa Francine Corra

    Coordenao dos Cursos

    Adriano Srgio da CunhaAlosio Jos RodriguesAna Luisa MlbertAna Paula Reusing PachecoCharles CesconettoDiva Marlia FlemmingFabiano CerettaItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLauro Jos BallockLvia da Cruz (Auxiliar)Luiz Guilherme BuchmannFigueiredo

    Luiz Otvio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMaria da Graa PoyerMaria de Ftima Martins(Auxiliar)Mauro Faccioni FilhoMichelle D. Durieux Lopes DestriMoacir FogaaMoacir HeerdtNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia AlbertonRaulino Jac BrningRodrigo Nunes LunardelliSimone Andra de Castilho(Auxiliar)

    Criao e Reconhecimento deCursosDiane Dal MagoVanderlei Brasil

    Desenho EducacionalDaniela Erani Monteiro Will(Coordenadora)Carmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingDnia Falco de Bittencourt

    Flvia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLigia Maria Souen TumoloMrcia LochViviane BastosViviani Poyer

    Ncleo de AcessibilidadeVanessa de Andrade Manoel

    Ncleo de Avaliao daAprendizagem

    Mrcia Loch (Coordenadora)Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimares

    Design Grfco

    Cristiano Neri Gonalves Ribeiro(Coordenador)Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto DiasZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRaael PessiVilson Martins Filho

    Disciplinas a DistnciaTade-Ane de Amorim

    Ctia Melissa Rodrigues (Auxiliar)

    Gerncia AcadmicaPatrcia Alberton

    Gerncia de EnsinoAna Paula Reusing Pacheco

    Logstica de EncontrosPresenciaisMrcia Luz de Oliveira(Coordenadora)Aracelli Araldi

    Graciele Marins LindenmayrJos Carlos TeixeiraLetcia Cristina BarbosaKnia Alexandra Costa HermannPriscila Santos Alves

    Ncleo de Formatura e EventosJackson Schuelter Wiggers

    Logstica de MateriaisJeerson Cassiano Almeida daCosta (Coordenador)Eduardo Kraus

    Monitoria e SuporteRaael da Cunha Lara(coordenador)Adriana SilveiraAndria DrewesCaroline MendonaCristiano DalazenDyego RachadelEdison Rodrigo ValimFrancielle ArrudaGabriela Malinverni BarbieriJonatas Collao de SouzaJosiane Conceio LealMaria Eugnia Ferreira CeleghinRachel Lopes C. PintoVincius Maykot Serafm

    Produo Industrial e Suporte

    Arthur Emmanuel F. Silveira(coordenador)Francisco Asp

    Relacionamento com oMercadoWalter Flix Cardoso Jnior

    Secretaria de Ensino aDistnciaKarine Augusta ZanoniAlbuquerque(Secretria de ensino)

    Ana Paula PereiraAndra Luci MandiraCarla Cristina SbardellaDeise Marcelo AntunesDjeime Sammer BortolottiFranciele da Silva BruchadoGrasiela MartinsJames Marcel Silva RibeiroJennier CamargoLamuni SouzaLauana de Lima BezerraLiana PamplonaMarcelo Jos SoaresMarcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajsPriscilla Geovana PaganiRosngela Mara SiegelSilvana Henrique SilvaVanilda Liordina HeerdtVilmar Isaurino Vidal

    Secretria ExecutivaViviane Schalata Martins

    TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior(Coordenador)

    Jeerson Amorin OliveiraRicardo Alexandre BianchiniRodrigo de Barcelos Martins

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    Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Gesto Financeira I.

    O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma,abordando contedos especialmente selecionados e adotando umalinguagem que facilite seu estudo a distncia.

    Por falar em distncia, isto no significa que voc estar sozinho.No esquea que sua caminhada nesta disciplina tambmser acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial daUnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade,seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou o EspaoUnisulVirtual de Aprendizagem. Nossa equipe ter o maiorprazer em atend-lo, pois sua aprendizagem o nosso principalobjetivo.

    Bom estudo e sucesso!

    Equipe UnisulVirtual.

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    Jos Carlos Vieira

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Design instrucionalViviani Poyer

    Gesto Financeira I

    Livro didtico

    2 edio revista e atualizada

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    Copyright UnisulVirtual 2007

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    Edio Livro Didtico

    Professor Conteudista

    Jos Carlos Vieira

    Design Instrucional

    Viviani Poyer

    ISBN 978-85-7817-021-9

    Projeto Grfico e Capa

    Equipe UnisulVirtual

    Diagramao

    Alex Xavier

    Reviso Ortogrfica

    B2B

    658.15

    V71 Vieira, Jos Carlos

    Gesto financeira I : livro didtico / Jos Carlos Vieira ; design

    instrucional Viviani Poyer. 2. ed. rev. e atual. Palhoa : UnisulVirtual,

    2007.

    140 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.

    ISBN 978-85-7817-021-9

    1. Administrao financeira. I. Poyer, Viviani. II. Ttulo.

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

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    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3

    Palavras do proessor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    Unidade 1: Introduo Administrao Financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    Unidade 2: Administrao do capital de giro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    Unidade 3: Administrao do Caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Unidade 4: Gesto de Crdito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Unidade 5: Gesto de estoques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    Unidade 6: Fontes de fnanciamento e investimento de curto prazo . . . 107

    Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    Reerncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

    Sobre o proessor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

    Comentrios e respostas das atividades de auto-avaliao . . . . . . . . . . . . 131

    Sumrio

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    Palavras do proessor

    Caro estudante,

    Nos dias atuais, onde o mercado cada vez maisglobalizado e competitivo, as empresas precisam estarpreparadas para enfrentar desafios cada vez mais difceisem busca de sua sobrevivncia e crescimento.

    Neste cenrio, a gesto financeira das empresas adquiriuuma grande importncia, principalmente pela crescentevelocidade das informaes e a escassez de recursos.

    Foi pensando em instrument-lo para que voc possainiciar o estudo das Finanas Corporativas que este livrofoi cuidadosamente pensado e escrito.

    o incio de uma nova etapa, onde, utilizando-nos de

    disciplinas j estudadas, estaremos aplicando as mesmaspara a resoluo de situaes que nos so colocadas nodia-a-dia das empresas.

    Queremos desejar-lhe boas-vindas a esse novo universo,e torcer para que voc consiga lograr xito em essa novaetapa de seus estudos.

    Bom estudo!

    Professor Jos Carlos Vieira

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    Plano de estudo

    O plano de estudos visa a orientar voc nodesenvolvimento da Disciplina. Ele possui elementosque o ajudaro a conhecer o contexto da Disciplina e aorganizar o seu tempo de estudo.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual

    leva em conta instrumentos que se articulam e secomplementam, portanto, a construo de competnciasse d sobre a articulao de metodologias e por meio dasdiversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    O Livro didtico.

    O EVA (Espao UnisulVirtual de

    Aprendizagem).Atividades de avaliao (complementares, adistncia e presenciais).

    Ementa da disciplina:

    Introduo Administrao Financeira. Anlise eplanejamento financeiro. Administrao dos estoques.Administrao de contas a pagar. Administrao de

    contas a receber. Administrao do capital de giro.Fontes de financiamento de curto prazo. Decises deinvestimentos de curto prazo.

    Carga horria:

    60 horas 4 crditos

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    Objetivo(s)

    Compreender o que administrao financeira, qual asua importncia para as corporaes e como so tomadasas decises financeiras.

    Conceituar e compreender os mecanismos deadministrao do capital de giro.

    Analisar e dimensionar o volume financeiro necessriopara suprir as necessidades financeiras operacionais daempresa.

    Avaliar a composio da poltica de crdito das empresas

    e o reflexo da mudana dos padres de crdito de umaempresa sobre o resultado econmico da mesma.

    Compreender os mecanismos de definio da poltica deestoques da empresa.

    Conhecer os mecanismos de financiamento de curtoprazo das empresas, seus custos e reflexos sobre aestrutura financeira das corporaes.

    Contedo programtico/objetivosVeja, a seguir, as unidades que compem o Livro Didtico destaDisciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aosresultados que voc dever alcanar ao final de uma etapa deestudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto deconhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimentode habilidades e competncias necessrias sua formao.

    Unidades de estudo:

    Unidade 1: Introduo Administrao Financeira

    Esta unidade mostrar o que Administrao Financeira, suaevoluo, relaes com outras cincias, e discutir sobre a realidadedas finanas corporativas no ambiente brasileiro.

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    Unidade 2: Administrao do capital de giro

    Um dos grandes problemas das empresas est na gesto de seucapital de giro. Muitas empresas no conseguem sobreviversimplesmente porque no possuem capital de giro para custearsuas atividades.

    Mas o que capital de giro?

    Esta unidade fundamentar voc sobre o que capital de giro,sua formao, qual a necessidade de capital de giro de umaempresa, seus ciclos operacionais e financeiros e a influnciadestes no capital de giro das empresas.

    Unidade 3: Administrao do Caixa

    Como um dos elementos formadores do capital de giro dasempresas, o caixa tem uma responsabilidade muito grande na suagesto. Nesta unidade, trabalharemos algumas tcnicas de gestodo caixa, com o objetivo de maximizar a sua gesto.

    Unidade 4: Gesto do Crdito

    O crdito , nos dias atuais, uma maneira de alavancar as vendasde qualquer empresa. Mas, estabelecer uma poltica de crditono uma tarefa fcil, pois envolve uma srie de variveisque tem impacto direto no resultado das empresas. A polticade crdito das empresas, formas de concesso de crdito, odimensionamento financeiro da alterao de polticas de crditosero assuntos discutidos nesta unidade.

    Unidade 5: Gesto de Estoques

    Muitas teorias e tcnicas de gesto de estoques vm sendodifundidas mundo afora, inclusive pregando a inexistncia destes.Mas a grande realidade que os estoques so um dos pontosnevrlgicos nas empresas, pois tm a funo de equilibrar osprocessos produtivos e de vendas das empresas. Apresentam-se, nesta unidade, conceitos e tipos de estoque, sua funo eo tratamento financeiro dado aos estoques, como poltica decompras, volumes comprados e investimentos neste grupo.

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    Unidade 6: Fontes de fnanciamento e investimento de curto prazo

    Em um pas que ainda possui taxas de juros extremamentealtas, conceder crdito transformou-se em um negcio muitolucrativo para as instituies financeiras. Mas do outro ladoesto as empresas tomadoras do crdito que, para poderem fazerfrente s suas necessidades imediatas de recursos, tomam essecrdito a um custo muitas vezes desfavorvel se comparados comoutras modalidades de financiamento. Esta unidade apresentaalguns instrumentos de captao e aplicao de recursos nomercado financeiro, discutindo suas caractersticas, vantagense desvantagens, instrumentalizando-o a decidir pela melhoralternativa para a empresa.

    h Agenda de atividades/ CronogramaVerifique com ateno o EVA, organize-se paraacessar periodicamente o espao da Disciplina. Osucesso nos seus estudos depende da priorizao dotempo para a leitura, da realizao de anlises e sntesesdo contedo e da interao com os seus colegas e tutor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao,a seguir, as datas com base no cronograma da disciplinadisponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividadesrelativas ao desenvolvimento da Disciplina.

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    Agenda de atividades

    Avaliao a distncia 1

    Avaliao presencial 1

    Avaliao presencial 2 (2 chamada)

    Avaliao fnal (Caso necessrio)

    Demais atividades (registro pessoal)

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    UNIDADE 1

    Introduo AdministraoFinanceira

    Objetivos de aprendizagem Conhecer a evoluo da administrao fnanceira.

    Identifcar as unes e objetivos da administraofnanceira.

    Identifcar a inter-relao entre as fnanas e acontabilidade.

    Relacionar os conceitos fnanceiros com a realidade

    fnanceira brasileira..

    Sees de estudo

    Seo 1 Quais so objetivos da AdministraoFinanceira?

    Seo 2 Quais so as unes da AdministraoFinanceira?

    Seo 3 Como se deu a evoluo das FinanasCorporativas?

    Seo 4 Qual a relao entre Finanas eContabilidade?

    Seo 5 A Gesto Financeira no Brasil

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Ao iniciar esta disciplina, esta unidade levar voc a conhecer os

    objetivos das finanas nas empresas, bem como sua evoluo, e aentender melhor o ambiente financeiro e suas inter-relaes.

    Aproveite e Bons estudos!

    SEO 1 Quais so objetivos da AdministraoFinanceira?

    No deve ser novidade para voc que em nossa atividadeprofissional, estamos diariamente nos deparando com situaesque tem relaes diretas com os objetivos e a aplicao dasfunes financeiras preceituadas pelos estudiosos de finanas.

    Mas voc j parou para pensar sobre quais so osobjetivos e unes da administrao fnanceira paraas empresas?

    Antes de falarmos sobre os objetivos da administrao financeira,devemos conceitu-la para melhor entend-la. Vamos l?

    Segundo Lemes Jnior (2005), Administrao financeira a artee a cincia de administrar recursos financeiros para maximizara riqueza dos acionistas. Finanas corporativas so aplicaesestratgicas da administrao s empresas.

    Em primeiro lugar, vamos definir qual o objetivo da

    administrao financeira.Segundo Ross (1998), objetivo normativo da administraofinanceira maximizar o valor de mercado do capital dosproprietrios existentes.

    Este objetivo apesar de parecer muito objetivo e, para muitos,um tanto quanto insensvel, tem implcito outros objetivosmuito mais abrangentes.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 1

    Se voc refletir sobre este objetivo poder verificar que,quando se busca a maximizao da riqueza da empresa,atende-se tambm ao desejo dos acionistas, que

    remunerar o capital aplicado por eles a uma taxa quecompense o risco pela deciso do investidor em aplicarrecursos em uma empresa. Essa remunerao se d na formade dividendos. Concorda?

    Veja que se evoluirmos na reflexo, tambm podemosdizer que, se a gesto financeira atinge o objetivo demaximizao de riqueza, podemos citar o grande pensadoreconmico Adam Smith que diz que quando as empresasbuscam a satisfao de seus prprios interesses, nesse casorepresentado pela maximizao da riqueza, tambm se atingemobjetivos de satisfao da sociedade, seja pela gerao de riquezapara uma sociedade atravs do pagamento dos salrios e objetivossociais, pois, com a gerao de riquezas, empresas recolhemtributos que sero aplicados pelo estado, na busca pela melhoriadas condies da sociedade.

    Essas premissas so importantes para iniciar a discusso sobreo objeto Finanas Corporativas. Como continuidade da

    discusso, a abordagem, a seguir, vai tratar das funes daadministrao financeira. Preparado para continuar?

    SEO 2 Quais so as unes da AdministraoFinanceira?

    As funes da administrao financeira podem ser apresentadas

    em quatro grupos:Planejamento financeiro, controle financeiro, decises deinvestimento e decises de financiamento. Acompanhe acaracterizao de cada um.

    Planejamento Financeiro Tem como objetivo definircom antecedncia os fatos ou aes futuras dentro decenrios preestabelecidos, visando a maximizao dosresultados, delegando ao responsvel de cada rea na

    organizao, o cumprimento dos objetivos e metaspredeterminadas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Controle Financeiro Dedica-se a acompanhar eavaliar o desempenho financeiro das empresas. Comparaos resultados previstos com os realizados e busca

    identificar as causas dos desvios, propondo medidascorretivas necessrias. Nas organizaes esta funotambm chamada de controladoria.

    Atividades de Investimento So classificadas asatividades que refletem as decises de aplicaes derecursos temporrios ou permanentes, por meio daseleo dos ativos mais rentveis e condizentes com osnegcios da empresa.

    Atividades de Financiamento So classificadas asatividades que refletem as decises tomadas para definiro tipo, forma e prazo dos financiamentos captados,seja para a operao ou para investimentos. Volta-separa a aquisio de fundos para o gerenciamento desua composio, procurando definir a estrutura maisadequada em termos de liquidez, reduo de seus custosfinanceiros e risco financeiro.

    Representadas graficamente, as funes financeiras podem ser

    visualizadas conforme a figura a seguir:

    Figura 1: Funes Financeiras.

    Bem, abordadas as funes e devidamente compreendidas, vocvai conhecer um pouco do processo da evoluo das finanascorporativas.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 1

    SEO 3 Como se deu a evoluo das FinanasCorporativas?

    As finanas, como toda e qualquer cincia, tm passado por umasrie de evolues. Vamos conhec-las?

    At a crise econmica mundial de 1929/1930, podemos dizerque as finanas trabalhavam sobre uma abordagem tradicional,voltada exclusivamente para os aspectos externos da empresa,priorizando as atividades de captao de recursos para a empresa.

    Aps a grande depresso de 1929/1930, os administradores

    financeiros viram-se forados a buscar uma abordagem diferentenas finanas, muito mais preocupada com a busca pela solvnciae liquidez das empresas, resultado da desconfiana latente dosinvestidores, com os prejuzos causados pela grande depresso.Isso fez com que as empresas necessitassem passar umaimagem de solidez financeira, com o objetivo de tranqilizar osinvestidores em relao aos recursos aplicados pelos mesmos.

    A principal conseqncia dessa necessidade foi um enfoquemuito grande na organizao financeira interna, na criao de

    mecanismos de controle financeiro, baseados principalmente nasteorias administrativas preconizadas por Taylor, Fayol e Ford.

    A partir da dcada de 40 at os anos 50, as finanas passaram afocar suas atividades com base nas decises externas, estudando-as do ponto de vista do emprestador (investidor), sem dar maiordestaque s decises internas.

    A grande contribuio dessa poca s finanas foi odesenvolvimento de dois conceitos financeiros utilizados at hoje:o retorno sobre os investimentos e o custo do capital.

    A administrao financeira passou a incluir em seu campode estudo as questes relativas aos ativos e passivos dosbalanos das empresas, tratando-os de forma muito maisabrangente.

    Tambm, na dcada de 50, comea a surgir o que sechama, na atualidade, de a moderna teoria das finanas

    impulsionada pelas teorias de Modigliani e Miller, queabordam a irrelevncia da estrutura de capitais e dividendos

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    sobre o valor de mercado da empresa. Essas teorias foram,inclusive, laureadas com prmios Nobel, em 1985 (Modigliani) e1990 (Miller).

    Na dcada de 90, tivemos outra grande evoluo das finanas:a gesto de risco, atravs do desenvolvimento de instrumentoscomo derivativos, swaps, hedges, etc.

    Outros modelos tericos surgiram posteriormente, promovendoimportantes contribuies ao estudo do risco em finanas como o

    Arbitrage Pricing Teory(APT) e o modelo de opes de Black &Scholes.

    Assim, diante da crescente complexidade que o mercado vemapresentando, no basta o gestor financeiro ater-se apenas aosmodelos tericos de finanas, mas, tambm, imperioso que ogestor desenvolva uma viso global da empresa e suas relaescom seu meio.

    A gesto financeira das empresas tem demonstrado, com opassar dos tempos, uma evoluo significativa. De uma posturamuito reativa no incio dos tempos para uma postura muito maisproativa, procurando antecipar-se aos eventos e protegendo osinteresses dos proprietrios da empresa.

    Esse enfoque tem contribudo bastante para o fornecimentode explicaes mais lgicas e completas dos vrios fenmenosfinanceiros, buscando sempre conciliar os interesses dos vriosagentes envolvidos no ambiente empresarial.

    SEO 4 Qual a relao entre Finanas eContabilidade?

    Inicie o estudo desta seo respondendo as seguintes perguntas:

    O que regime de competncia?O que regime de caixa?

    A semelhana entre os dois regimes causa muita confuso edvidas nos profissionais das reas financeiras e contbeis.

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    Contbil Financeiro

    Demonstrao de Resultado - 31/12/2003 Fluxo de Caixa - 31/12/2003

    Receita com Vendas R$ 20.000 Entradas de Caixa R$ 0,00

    (-) Despesas R$ 10.000 (-) Sadas de Caixa R$ 10.000

    Lucro Lquido R$ 10.000 Fluxo Lquido Caixa R$ (10.000)

    Observe que, apesar da empresa obter um lucro contbil noperodo estudado, houve um dficit de caixa no mesmo perodo,obrigando a empresa a buscar uma fonte de recursos para cobrirtal dficit.

    por esta razo que, muitas vezes, escutamos ou lemos quedeterminada empresa apresentou um prejuzo no perodo, pormcontinua operando normalmente, pois, provavelmente, estaempresa est financeiramente equilibrada. O contrrio tambmocorre, ou seja, uma determinada empresa apresenta lucro emum perodo, mas tem dificuldades para saldar seus compromissosfinanceiros.

    SEO 5 A Gesto Financeira no Brasil

    As teorias sobre finanas vm evoluindo muito com o passar dosanos.

    Se considerarmos que as teorias sobre finanas so recentes,sendo discutidas com mais autonomia a partir dos anos 20 dosculo XX, vrios avanos vm sendo sentidos.

    A cada dia que passa novas teorias vm sendo aplicadas nomundo empresarial com sucesso, contribuindo para a melhoria

    dos resultados financeiros das empresas.

    Instrumentos como Hedge, Swapso teorias recentes eque tendem a ser as grandes vedetes dos prximos anosno mundo financeiro.

    Mas no Brasil, alguns pontos devem ser considerados

    quando se fala em finanas.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 1

    Como toda economia que no est solidificada, em que ocontrole da inflao recente e as polticas econmicas aindano transmitem total confiana aos investidores de longo prazo,

    alguns aspectos devem ser destacados como as taxas de jurossubsidiadas, taxas de juros de curto prazo maiores que as taxasde longo prazo, ausncia de investimentos de longo prazo pelosinvestidores, exceto de instituies governamentais (BNDES).

    Nessas condies de carncia de recursos de maior maturidade,o endividamento da empresa brasileira vem se concentrando nocurto prazo, limitando a folga financeira e sua capacidade deexpanso em condies de equilbrio. Na convivncia com essaestrutura, as empresas reiteram sua preferncia pela capitalizao,privilegiando a sobrevivncia financeira e no a competitividade.

    Alm desses fatores, outros tambm devem se considerados.Nosso mercado de capitais ainda no est totalmente solidificado,tendo uma concentrao muito grande de papis em investidoresinstitucionais.

    Outro aspecto a ser considerado que no Brasilas taxas de juros ainda so defnidas pela onte

    de fnanciamento e no pelo risco envolvido pelaoperao.

    Apesar de tudo isso, muitas empresas brasileiras vmconseguindo transpor estas barreiras impostas por um mercadoainda imaturo e desajustado, conseguindo ser competitivasinternacionalmente com resultados muito positivos.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 1

    2. A Cia Mares do Sul realizou vendas durante o ano de $ 100.000,00.Deste total, 50% oram recebidos dentro do exerccio social e o restanteser recebido no exerccio social subseqente. As despesas e custostotalizaram $ 60.000,00 e oram pagas integralmente dentro do

    exerccio social.

    Com base nestas inormaes, apresente o demonstrativo de resultado

    contbil e o uxo fnanceiro do perodo em questo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Sntese

    Nesta unidade, voc conheceu os objetivos e as funes da gestofinanceira.

    Estudou que a gesto financeira est presente em nosso dia-a-dia,seja nas organizaes ou em nosso ambiente familiar e deve seraplicada diariamente, com controle e relatrios, ou seja, no hcontrole financeiro se o gestor no tiver criatividade, agilidade econscincia de que uma boa administrao financeira se faz comperseverana, responsabilidade e tendo uma viso sistmica.

    Como toda cincia a gesto financeira passou por uma evoluomuito grande durante as ltimas dcadas aperfeioando suasteorias e a aplicao das mesmas.

    Conheceu tambm algumas caractersticas das finanas noambiente brasileiro que, como economia em solidificao, possuialgumas caractersticas prprias.

    Na prxima unidade, estaremos estudando sobre capital de

    giro, sua formao, qual a necessidade de capital de giro de umaempresa, seus ciclos operacionais e financeiros e a influncia desteno capital de giro das empresas.

    At l!

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    Gesto Financeira I

    Unidade 1

    Saiba mais

    A administrao financeira tem produzido algumas preciosidadesem termos de literatura, inclusive com autores que escreveramsobre finanas, aplicando-a realidade brasileira.

    Caso voc tenha a inteno de conhecer mais sobre os assuntosabordados nesta unidade, aqui vo algumas dicas para seusestudos:

    ASSAF NETO, Alexandre. Finanas corporativas e valor. 2.ed. So Paulo: Atlas, 2005.

    GITMAN, L. Princpios de administrao financeira:essencial. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

    HOJI, MASAKAZU,Administrao financeira: umaabordagem prtica. So Paulo: Atlas, 2003.

    LEMES JNIOR, Antnio Barbosa.Adminstrao financeira:princpios, fundamentos e prticas brasileiras. 2 ed. Rio deJaneiro: Elsevier, 2005.

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    UNIDADE 2

    Administrao doCapital de giro

    Objetivos de aprendizagem Compreender a importncia da administrao do capitalde giro para as organizaes.

    Identifcar os elementos ormadores do capital de giro,bem como as maneiras de melhor gerenci-lo.

    Identifcar e prever a necessidade de capital de giro dasempresas.

    Utilizar a administrao do capital de giro comoinstrumento para o planejamento e controle de recursos.

    Sees de estudo

    Seo 1 O que capital de giro?

    Seo 2 O que capital de giro lquido e capital degiro prprio?

    Seo 3 Ciclo operacional e ciclo de caixa

    Seo 4 Qual a necessidade de capital de giro?

    2

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    Observe a figura, a seguir, para entender melhor a dinmica docapital de giro:

    Figura 1 - dinmica do capital de giro.Fonte: Assa, 2005.

    A figura demonstra claramente o fluxo dos recursos da empresaem sua cadeia produtiva e os seus direcionamentos. Da a

    importncia em sua correta administrao para empresa.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 2

    SEO 2 - O que capital de giro lquido e capital degiro prprio?

    O Capital de Giro Lquido (CGL) ou tambm conhecido comoCapital Circulante Lquido (CCL) representa o valor lquidoaplicado no ativo circulante das empresas.

    Segundo Assaf Neto (2005), para se obter o valor do CCL dasempresas, aplicamos a seguinte frmula:

    CGL (CCL) = Ativo Circulante Passivo Circulante

    Com base nesta frmula, poderemos encontrar trs estados:

    CGL Positivo: ocorre quando os valores alocados no AtivoCirculante (Bens e Direitos) superam os valores registrados noPassivo Circulante (Obrigaes).

    Observe o exemplo a seguir:

    Ativo Circulante

    $ 50.000

    Passivo Circulante

    $ 40.000

    Realizvel a Longo Prazo

    $ 20.000

    Exigvel a Longo Prazo

    $ 100.000

    Ativo Permanente

    $ 230.000

    Patrimnio Lquido

    $ 160.000

    Veja que, no exemplo anterior, o valor do Ativo Circulante superior ao Passivo Circulante, ou seja, a empresa tem valores arealizar no curto prazo, superiores aos valores a pagar no curtoprazo fazendo que seu Capital de Giro Lquido seja positivo.

    Aplicando a frmula descrita, temos:

    CGL (CCL) = Ativo Circulante Passivo Circulante

    CGL (CCL) = 50.000 40.000

    CGL (CCL) = 10.000

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    CGL Negativo: Esta situao ocorre quando os valores alocadosno Ativo Circulante so menores que os valores alocados noPassivo Circulante.

    Observe o exemplo a seguir:

    Ativo Circulante

    $ 50.000

    Passivo Circulante

    $ 60.000

    Realizvel a Longo Prazo

    $ 20.000

    Exigvel a Longo Prazo

    $ 80.000

    Ativo Permanente

    $ 230.000

    Patrimnio Lquido

    $ 160.000

    Observe que, neste caso, os valores registrados no PassivoCirculante superam os valores alocados no Ativo Circulante,fazendo com que estes no sejam suficientes para cobrir asobrigaes de curto prazo.

    Utilizando-se da frmula do CGL, temos:

    CGL (CCL) = Ativo Circulante Passivo Circulante

    CGL (CCL) = 50.000 60.000

    CGL (CCL) = (10.000)

    CGL Nulo: Apesar de matematicamente possvel, esta situao praticamente impossvel de se encontrar. Ocorre quando osvalores alocados no Ativo Circulante so exatamente iguais aosaplicados no Passivo Circulante.

    Veja o exemplo a seguir:

    Ativo Circulante

    $ 60.000

    Passivo Circulante

    $ 60.000

    Realizvel a Longo Prazo

    $ 20.000

    Exigvel a Longo Prazo

    $ 90.000

    Ativo Permanente

    $ 230.000

    Patrimnio Lquido

    $ 160.000

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    Gesto Financeira I

    Unidade 2

    Aplicando novamente a frmula, temos:

    CGL (CCL) = Ativo Circulante Passivo Circulante

    CGL (CCL) = 60.000 60.000CGL (CCL) = 0

    Capital de Giro Prprio

    Outro indicador de capital de giro utilizado pelas empresas o Capital de Giro Prprio (CGP), que, segundo Assaf Neto(2005), interpretado como o volume de recursos prprios que aempresa tem aplicado em seu ativo circulante.

    Podemos obter o valor do Capital de Giro Prprio atravs daseguinte frmula:

    Patrimnio Lquido

    ( - ) Aplicaes Permanentes

    Ativo Permanente

    Realizvel a Longo Prazo

    ( = ) Capital de Giro Prprio

    Vejamos o exemplo a seguir:

    Ativo Circulante

    $ 60.000

    Passivo Circulante

    $ 40.000

    Realizvel a Longo Prazo

    $ 10.000

    Exigvel a Longo Prazo

    $ 30.000

    Ativo Permanente

    $ 220.000

    Patrimnio Lquido

    $ 220.000

    Aplicando a frmula temos:

    Patrimnio Lquido 220.000

    ( - ) Aplicaes Permanentes

    Ativo Permanente (220.000)

    Realizvel a Longo Prazo (10.000)

    ( = ) Capital de Giro Prprio (10.000)

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    Observe que, no exemplo aplicado, a empresa no est utilizandoseus recursos para financiar o capital de giro, pois o valor doPatrimnio Lquido (valores pertencentes aos proprietrios da

    empresa) no so suficientes para financiar as atividades de curtoprazo das empresas.

    Podemos dizer ento que, quem est fnanciando aatividade de curto prazo da empresa so os recursosde terceiros.

    SEO 3 - Ciclo operacional e ciclo de caixaSegundo Assaf (2003), as atividades operacionais das empresasenvolvem, de forma repetitiva, operaes que renem diversoselementos patrimoniais da empresa. Elas vo da compra demercadorias, sua produo, pagamento dos fornecedores,recebimento das vendas, investimentos e equipamentos, etc.

    Estas atividades no so totalmente sincronizadas, gerando

    prazos entre uma atividade e outra. diante desta tica que seconfigura o que se chama de ciclo operacional de uma empresa,que vai da compra de sua matria-prima ao recebimento dasvendas, alm de ser medido em dias.

    Observe a figura a seguir:

    Figura 2 Ciclo Operacional das Empresas

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    Gesto Financeira I

    Unidade 2

    Observe, conforme mostra a figura, que a empresa efetua acompra da mercadoria e, aps um determinado perodo, faz opagamento da mercadoria. Para este tempo, d-se o nome de

    perodo mdio de pagamento de fornecedores (PMPF).Passado outro perodo, a empresa efetua a venda deste produto. Aeste outro perodo d-se o nome de perodo de estoque (PME).E, aps um novo perodo, ao receber o dinheiro referente vendado produto, d-se o nome a este tempo de perodo de contas areceber (PMC).

    Neste momento, voc deve estar se perguntando:

    Como estes perodos se relacionam com o capital degiro?

    medida que o processo de produo vai evoluindo, soembutidos fatores de produo aos nossos produtos (matria-prima, mo-de-obra, despesas indiretas de produo, etc.) e essedinheiro tem que sair de algum lugar. Ou seja, o capital de giroo responsvel por suprir esta necessidade de recursos.

    O perodo entre o pagamento dos ornecedores e orecebimento das vendas chama-se ciclo de caixa.

    nesse perodo que a operao est sendo financiada pelo capitalde giro. Ento, quanto menor for este perodo, menos capitalde giro ser necessrio para nossa empresa e, assim, pode-se

    direcion-lo para investimentos mais rentveis na empresa.Os japoneses, por exemplo, desenvolveram umametodologia de gerenciamento de estoques, chamada

    Just in ime(JIT), que tem como base filosofal areduo de estoques a praticamente zero. Esta metodologiafaz com que o ciclo operacional e de caixa tenham uma reduodrstica. Como conseqncia, surge uma menor necessidadede recursos investidos em estoque. Isto requer uma sincroniamuito grande no departamento de produo, mas traz ganhossignificativos para a empresa.

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    Como calcular o ciclo de caixa e o ciclo operacional?

    Por meio da anlise de balanos e dos dados extrados dasdemonstraes financeiras, voc poder calcular os ndicesdo prazo mdio de recebimento de vendas (PMRV), o prazomdio de renovao de estoques (PMRE) e o prazo mdio depagamento de fornecedores (PMPF).

    Os clculos dos ndices pelos prazos mdios precisam ser sempreanalisados conjuntamente, sendo que cada um significa:

    PMRV o tempo mdio decorrido entre a venda e orecebimento. Para se calcular o PMRV, utilizamos a seguintefrmula:

    = Valor Mdio das Duplicatas a Receber

    360Vendas anuais a prazo

    PMRV

    PMRE o tempo mdio de estocagem de mercadorias ou o

    tempo de produo e estocagem. Para se calcular o PMRE,utilizamos a seguinte frmula:

    = Valor Mdio dos Estoques

    360Custo das mercadorias Vendidas

    PMRE

    PMPF o tempo mdio para pagamento dos fornecedores. Parase calcular o PMPF, utilizamos a seguinte frmula:

    = Valor Mdio das duplicatas a pagar 360Compras anuais a prazo

    PMPF

    Calcula-se o ciclo operacional de uma empresa com a frmula:

    CO = PMRE + PMRV

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    Onde:

    CO = Ciclo Operacional

    PMRE = Prazo Mdio de Reposio de Estoques

    PMRV= Prazo Mdio de Recebimento de Vendas

    Para facilitar seu entendimento, lembre-se que o ciclo operacionalindicar o prazo de investimento, e sempre que o prazo mdio depagamento de compras (PMPC) for superior ao prazo mdio derenovao de estoques, significa que os fornecedores financiarotambm uma parte das vendas.

    Calcula-se o ciclo de caixa de uma empresa com a frmula:

    CC = PMRE + PMRV PMPF

    Onde:

    CC = Ciclo de Caixa

    PME = Prazo Mdio de Estoques

    PMRV= Prazo Mdio de Recebimento das Vendas

    PMPF= Prazo Mdio de Pagamento de Fornecedores

    O ciclo de caixa consiste no tempo decorrido entreo pagamento ao ornecedor e o momento dorecebimento das vendas, onde o resultado indica ovolume de recursos que a empresa precisa captar defnanciamentos.

    Para voc entender melhor, acompanhe como se realiza o clculodo Ciclo de Caixa (CC) e do Ciclo Operacional (CO).

    Considere: PMRE = 12; PMRV = 18; PMPC = 26

    Faa o clculo do ciclo de caixa:

    CC = PMRE + PMRV - PMPC

    CC = 12 + 18 - 26

    CC = 4

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    Gesto Financeira I

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    Por exemplo, a empresa vende mensalmente emmdia um valor de $ 100.000 e recebe estes valorescom um prazo mdio de 45 dias. Ento, o valor a serinvestido permanentemente em suas contas a receber de $ 150.000 (100.000 x 1,5 meses). Podemos dizer,ento, que a empresa disponibilizar constantementepara fnanciar sua atividade, o valor de $ 150.000 nassuas contas a receber, apesar de no realizar (receber)este valor eetivamente. O mesmo ocorre com o grupodos estoques da empresa.

    Capital de Giro Sazonal: Em alguns momentos da atividadedas empresas, ocorrem variaes no seu volume de atividade,

    demandando um investimento temporrio maior em grupos doseu ativo circulante para fazer frente atividade da empresa.

    Por exemplo, em datas estivas, (natal, dia das mes,etc.) existe um aquecimento das vendas da empresa,necessitando esta de um volume maior que o normalem estoques e de valores a receber. Esta dierenaentre o que a empresa mantm como seu capital degiro permanente e seu capital de giro total o capitalde giro sazonal.

    Como calcular a necessidade de capital de giro?

    A necessidade do capital de giro obtida pela diferena entre seuativo circulante permanente e seu passivo circulante permanente.Para melhor entendermos, vamos desenvolver o seguinteexemplo:

    Determinada empresa apresentou a seguinte estruturapatrimonial:

    Ativo Circulante 40.000 Passivo Circulante 20.000

    Caixa 4.000 Passivo Exigvel a Longo Prazo 40.000

    Clientes 20.000 Patrimnio Lquido 40.000

    Estoques 16.000

    Ativo Permanente 60.000

    Total 100.000 Total 100.000

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    Calculando o capital circulante lquido da empresa, encontramoso valor de $20.000 (40.000 20.000), o que pode nos levar concluso que a empresa tem uma folga financeira de $20.000,

    pois o seu CCL est positivo neste valor.Mas estas informaes no so suficientes para sabermos anecessidade de capital de giro da empresa.

    Admitamos, ilustrativamente, as seguintes informaesadicionais da empresa:

    Vendas de $80.000/ms, sendo 25% a prazo e o restante vista.

    Prazo mdio de recebimento das vendas de 18 dias.

    Estoque mnimo para manter a empresa normalmenteem operao de 15 dias de vendas (a preo de custo).

    Porcentagem do custo de produo em relao ao preode venda de 40%

    Volume mnimo de caixa exigido pelas atividadesda empresa: $3.000. Este valor equivale a 10 dias de

    desembolsos de caixa previstos.Com base nos demonstrativos apresentados e informaesadicionais, podemos calcular os volumes de capital de girosazonal e permanente. Acompanhe a tabela a seguir:

    ATIVO CIRCULANTE

    Permanente Sazonal Total

    Caixa

    Clientes (80.000 x 25% x 18/30)

    Estoques (80.000 x 40% x 15/30)

    Total

    3.000

    12.000

    16.000

    31.000

    1.000

    8.000

    0

    9.000

    4.000

    20.000

    16.000

    40.000

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    Gesto Financeira I

    Pelos resultados apurados, observamos que a empresa possui umativo circulante permanente de 31.000. Supondo ainda que todoo passivo circulante da empresa seja permanente, a necessidade de

    capital de giro da empresa ser:NCG = ACP PCP

    NCG = 31.000 20.000

    NCG = 11.000

    Pelos resultados apurados podemos concluir ento, que a empresanecessita de recursos permanentes da ordem de $11.000 para

    poder obter seu equilbrio financeiro.Neste exemplo, podemos observar que estes recursos so obtidosatravs do passivo exigvel a longo prazo ($40.000).

    Podemos concluir que esta empresa, apesar de ter um capitalcirculante lquido positivo, encontra-se em uma posio derisco, pois apresenta um desequilbrio financeiro, devendo tomaratitudes visando melhorar sua posio frente necessidade decapital de giro, tais como: reduo dos prazos de recebimento,

    tempo de estoque, etc.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de auto-avaliao

    Eetue as atividades de auto-avaliao e, a seguir, acompanhe as respostase comentrios a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo,realize a conerncia de suas respostas somente depois de azer asatividades propostas.

    Leia com ateno os enunciados e responda as questes a seguir.

    1. Quais so os elementos que compem a necessidade de capital de girodas empresas?

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    Gesto Financeira I

    2. Determine o Capital Circulante Lquido (CCL) e a Necessidade de Capitalde Giro (NCG) da Cia. Lucrativa Ltda., cujos principais resultados soapresentados abaixo. Desenvolva uma anlise sobre sua estrutura deequilbrio fnanceiro da empresa.

    Ativo Circulante Sazonal

    Ativo Circulante Permanente

    Ativo Permanente

    Total

    40.000

    120.000

    160.000

    320.000

    Passivo Circulante Sazonal

    Passivo Circulante Permanente

    Passivo Exigvel a Longo Prazo

    Patrimnio Lquido

    Total

    60.000

    30.000

    130.000

    100.000

    320.000

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Sntese

    Nesta unidade, voc estudou o que capital de giro, suaformao, como calcular os ciclos operacionais e de caixa e comocalcular a necessidade de capital de giro das empresas.

    As empresas, em geral, no sabem qual a verdadeira necessidadede recursos para o giro, e uma das maiores dificuldades queos proprietrios de micro e pequenas empresas encontram, naabertura ou manuteno de suas atividades, a necessidade decapital de giro.

    O ndice de empresas que fecham suas portas pela falta dessesrecursos para o capital de giro expressivo e est diretamenterelacionado com a inexistncia de opes e acesso a fontesde emprstimos e financiamentos, muitas vezes tambmocasionados pela poltica econmica ou, simplesmente, pela faltade conhecimentos administrativos e mercadolgicos pelos seusgestores.

    Os gestores devem estar afinados com as mutaes do mercado,e utilizando a administrao do capital de giro para a tomada dedecises estratgicas. Decises essas que devem ser contnuas eque visam preservao da liquidez da empresa.

    Com a identificao da verdadeira necessidade de capital de giro,a empresa poder, alm de definir novos investimentos, tambm,com antecedncia, captar recursos de terceiros para a manutenode suas atividades operacionais.

    Uma vez que voc estudou e aprendeu como administrar o capital

    de giro, na prxima unidade, voc estudar detalhadamente umdos itens mais importantes do capital de giro: O Caixa.

    At l!

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    Gesto Financeira I

    Saiba mais

    Voc sabia que, segundo dados do IBGE, a maioria dosestabelecimentos industriais, comerciais e prestadores deservios no Brasil formada por micro e pequenas empresas,alm das atividades dos pequenos e mdios empreendimentoscorresponderem cerca de 40% do PIB nacional?

    Com o intuito de mostrar a importncia desse segmento paraa economia nacional, e tambm ampliar a escassa bibliografiaexistente sobre o assunto, Alberto Borges Matias, professorda FEA/USP, campus de Ribeiro Preto, e Fbio LopesJnior, diretor da empresa de produtos veterinrios Ouro Fino,publicaram a obra Administrao Financeira nas Empresas dePequeno Porte, da Editora Manole.

    Caso voc tenha a inteno de desenvolver mais seus estudossobre os assuntos abordados nesta unidade, realize pesquisa noslivros:

    ANGELO, Cludio, SILVEIRA. Finanas no varejo: gesto

    operacional: exerccios prticos com respostas. 2 ed. So Paulo:Atlas, 2000.

    HOJI, Masakazu.Administrao financeira: uma abordagemprtica. So Paulo: Atlas, 2003.

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    UNIDADE 3

    Administrao do Caixa

    Objetivos de aprendizagem

    Conhecer os principais aspectos da administrao decaixa de uma empresa.

    Mensurar qual o saldo mnimo de caixa que umaempresa necessita manter para suprir suas necessidadesde desembolsos.

    Apreender tcnicas para elaborao do uxo de caixa deuma empresa.

    Sees de estudo

    Seo 1 Administrao de caixa

    Seo 2 Saldo mnimo de caixa

    Seo 3 Projeo das necessidades de caixa

    3

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Diz um ditado popular que a parte mais sensvel do ser humano

    o bolso! Nas empresas, este ditado pode perfeitamente seraplicado, pois a necessidade de recursos pra suprir suas obrigaesfaz com que elas necessitem fazer verdadeiros malabarismospara poder cumprir suas obrigaes financeiras.

    Este stress todo poderia ser evitado, se as empresas aplicassemferramentas simples de gesto de capital de giro como o fluxo decaixa, por exemplo.

    Nesta unidade, estudaremos sobre o caixa, seu saldo mnimo eapresentaremos uma ferramenta simples de gesto de caixa, masde importncia fundamental na gesto financeira do dia-a-diadas empresas.

    Esta ferramenta til para as empresas e, inclusive, para nossavida pessoal, pois tambm ns, muitas vezes, no gerenciamosadequadamente nossos recursos.

    Aproveite bem esta unidade e procure, quem sabe, aplicar em sua

    vida financeira pessoal.Bons estudos!

    Seo 1 Administrao de Caixa

    O caixa da empresa o ativo em forma de moeda, que tem comofinalidade efetuar o pagamento das obrigaes da empresa.

    Uma ferramenta muito til gesto financeira da empresa ooramento de caixa, mais comumente conhecido como fluxo decaixa.

    Existem trs motivos, segundo Keynes apud Frezatti (1997, p.54), para a manuteno de recursos em caixa:

    a)Motivo transao: recursos necessrios para se fazer ospagamentos no curso normal das atividades da empresa compras, mo-de-obra, impostos, dividendos, entre outras.

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    Gesto Financeira I

    Unidade 3

    b)Motivo precauo: recursos que esto relacionados coma manuteno de uma reserva de segurana para enfrentar ascontingncias imprevistas. Dessa forma, quando mais previsvel

    for o fluxo de caixa da empresa, menor ser a necessidadede manuteno de saldo de caixa pelo motivo precauo.A capacidade de se obter recursos para atender s sadas deemergncia tambm reduz a necessidade de manuteno de saldosde caixa com essa finalidade.

    c)Motivo especulao: recursos que esto relacionados coma manuteno de caixa para aproveitar as oportunidades deinvestimentos que aparecerem, com as variaes esperadasdos preos dos ttulos, pois a utilizao dos recursos nosmomentos oportunos pode ocasionar ganhos para a empresa naadministrao de seus recursos disponveis.

    Com base nestes ensinamentos de Keynes, podemosdizer que, dependendo do nvel de cada um destestrs itens, as empresas vo manter um volume maiorou menor de recursos em caixa.

    Por exemplo, se uma empresa est querendo precaver-se de

    situaes desfavorveis que possam acontecer (inadimplncia,aes judiciais a serem pagas, etc.), ela manter recursos emcaixa por precauo. Mas ao mesmo tempo, se ela identificarque pode, atravs de compras vista, obter vantagens junto aosfornecedores, manter recursos para especulao.

    Assim tambm ocorre em nossa vida pessoal, fazemos retenode moeda baseados nestes trs pilares: precauo, transao eespeculao.

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    Seo 2 Saldo mnimo de caixa

    O saldo mnimo de caixa consiste no volume de recursos que a

    empresa deve disponibilizar para poder saldar seus compromissose manter uma reserva de segurana, de forma a cobrirnecessidades de pagamentos imprevistos (no programados).

    A manuteno deste volume deve-se falta de sincronia entrepagamentos e recebimentos, conforme voc estudou na unidade2, sobre ciclos operacionais e financeiros.

    A tarefa de se determinar o volume ideal de recursos a seremmantidos em caixa um pouco complexa, tendo em vista a ticadas razes de reteno de moeda preconizadas por Keynes,pois a determinao de saldos mnimos efetuada de maneiraequivocada pode manter um volume desnecessrio de recursos,perdendo-se oportunidades de investimento de curto prazo ou,se dimensionados recursos escassos, gerar um dficit de caixa e,consequentemente, o pagamento de despesas adicionais (jurossobre emprstimos) para suprir as necessidades de recursosemergentes.

    Uma maneira simples de se dimensionar o saldo mnimo de caixa o clculo baseado no ciclo de caixa da empresa, j estudado naunidade 2.

    A frmula a ser utilizada para o clculo :

    Desembolsos totais de caixa esperados no perodoSaldo mnimo de caixa

    Giro de caixa do perodo=

    Vamos supor, por exemplo, que uma determinada empresa tenhaprevisto para o ano o valor de $ 1.000.000 de desembolsos. J oseu ciclo de caixa de 90 dias. Qual o saldo mnimo de caixa daempresa?

    Para responder esta pergunta, devemos primeiramente saber qualo giro de caixa da empresa. Se o ciclo de caixa de 90 dias, ociclo de caixa no ano ser de 4 vezes (360/90).

    Agora que sabemos o giro de caixa, basta aplicarmos a frmula e

    teremos o saldo mnimo de caixa da empresa. Observe a seguir:

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    Unidade 3

    1.000.000Saldo mnimo de caixa 250.000

    4= =

    Este resultado significa que a empresa dever investir a quantiade $ 250.000 em valores monetrios e, na medida em que ospagamentos forem efetuados, ela ir se reduzindo. Ao aproximar-se dos 90 dias (ciclo de caixa), os valores comeam a ser repostospelo recebimento das vendas.

    Este modelo, embora simples, apresenta algumas deficinciascomo, por exemplo, a incerteza nos recebimentos e desembolsosinesperados e a desvalorizao da moeda.

    Para minimizar estes riscos, alguns ajustes podem ser feitos:Trabalhar com horizontes de tempo mais curtos parafixao do saldo mnimo, avaliando-os frequentemente.

    Quando a empresa apresenta uma sazonalidadeacentuada, o giro de caixa deve ser calculado para cadaperodo distinto, isto ir minimizar possveis distores.

    Seo 3 Projeo das necessidades de caixa

    Outra maneira de se levantar as necessidades de caixa da empresa o oramento de caixa, comumente conhecido como fluxo decaixa.

    O oramento de caixa nada mais do que um demonstrativoda projeo das necessidades de recursos de uma empresa, que elaborado pela previso das entradas e sadas de recursos em um

    determinado perodo de tempo.

    Mas ateno! Voc no pode conundir sada derecursos com despesa.

    Muitas vezes tm-se despesas que no caracterizam sadas derecursos como, por exemplo, a depreciao, e vrios outros casosem que h sada de recursos no caracterizados como despesas.Um exemplo clssico o investimento em ativos permanentes.

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    O oramento de caixa preocupa-se com as sadas e entradas derecursos, cuja finalidade apontar eventuais dficits ou supervitsde caixa em determinado perodo de tempo estudado.

    Acompanhe o exemplo de montagem de umoramento de caixa.

    A Cia. das Botas est preparando seu oramento quadrimestralde caixa para os meses de janeiro, fevereiro, maro e abril.

    Foram coletadas as seguintes informaes para elaborao dodemonstrativo:

    Previso de vendas

    VENDAS (R$)

    Dezembro 20.000

    Janeiro 25.000

    Fevereiro 25.000

    Maro 30.000

    Abril 30.000

    Do total das vendas, 50% so recebidas vista e 50% sorecebidas com um prazo de 30 dias.

    Compras: as compras da empresa representam 60% das vendas eso pagas na seguinte proporo:

    40% vista

    60% com prazo de 30 dias

    Outros desembolsos:

    salrios: R$ 1.200,00 ao ms

    comisses: 5% sobre as vendas do ms

    impostos: 12% sobre as vendas brutas

    Juros: sero pagos juros de R$ 300,00 sobre um emprstimo deR$ 10.000,00, durante os meses de janeiro e fevereiro. No ms de

    maro, o emprstimo ser liquidado.

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    Aquisio de imobilizado: pagamento referente compra deimobilizado, no valor de R$ 15.000, no ms de abril.

    Outras informaes: saldo inicial de caixa em janeiro: R$7.000,00.

    De posse destas informaes, prepare o oramento de caixa parao perodo previsto.

    Primeiramente, procure estimar os recebimentos fazendo umdemonstrativo auxiliar ao demonstrativo de caixa, chamadoprogramao de recebimentos.

    Observe que o recebimento das vendas distribudo de acordocom seu prazo de recebimento, ou seja, metade no prprio ms ea outra metade no ms seguinte.

    Programao de Recebimentos

    Dezembro Janeiro Fevereiro Maro Abril

    VENDAS 20.000 25.000 25.000 30.000 30.000

    RECEBIMENTOS

    vista (50%) 10.000 12.500 12.500 15.000 15.00030 dias (50%) 10.000 12.500 12.500 15.000

    Total de recebimentos 10.000 22.500 25.000 27.500 30.000

    Da mesma forma, deve-se proceder com as compras paradistribu-las dentro de seus respectivos perodos de pagamento.

    Note que quando dito que se comprou 60% das vendas, nosignifica dizer que se comprou apenas metade da necessidade, e

    sim que o custo de compras corresponde metade do preo devenda.

    Programao de pagamento das compras

    Dezembro Janeiro Fevereiro Maro Abril

    COMPRAS (60% das vendas) 12.000 15.000 15.000 18.000 18.000

    PAGAMENTO

    vista (40%) 4.800 6.000 6.000 7.200 7.200

    30 dias (60%) 7.200 9.000 9.000 10.800Total de recebimentos 4.800 13.200 15.000 16.200 18.000

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    Agora que voc j tem os dois demonstrativos auxiliareselaborados, a vez de preparar o oramento de caixa para oprimeiro quadrimestre do ano.

    Oramento de caixaMS JANEIRO FEVEREIRO MARO ABRIL TOTAL

    1 . Saldo Inicial 7.000 10.550 14.800 9.800 7.000

    INGRESSOS

    2. Vendas vista 12.500 12.500 15.000 15.000 55.000

    3. Vendas a prazo 10.000 12.500 12.500 15.000 50.000

    4. Total Disponvel (1+ 2 + 3) 29.500 35.550 42.300 39.800 112.000

    DESEMBOLSOS

    5. Compras vista 6.000 6.000 7.200 7.200 26.4006. Compras a prazo 7.200 9.000 9.000 10.800 36.000

    7. Salrios 1.200 1.200 1.200 1.200 4.800

    8. Comisses (5%) 1.250 1.250 1.500 1.500 5.500

    9. Impostos 3.000 3.000 3.600 3.600 13.200

    10. Juros 300 300 600

    11. Amortizaes 10.000 10.000

    12. Aquisio de Imobilizado 15.000 15.000

    13.Total de sadas

    (5+6+7+8+9+10+11+12) 18.950 20.750 32.500 39.300 111.50014. Saldo Final (4-13) 10.550 14.800 9.800 500 500

    Note que o saldo final de um perodo ser sempre o saldo inicialdo prximo perodo.

    Qual anlise sobre o exemplo do oramento de caixada Cia. das Botas para o primeiro quadrimestre do anopode-se azer?

    A primeira anlise que voc pode fazer que a empresaconseguiu um bom equilbrio entre seus ingressos edesembolsos, pois em nenhum momento foi evidenciadoum dficit de caixa (saldo final negativo).

    Outra anlise que se pode fazer que existe, a partir doprimeiro ms, um supervit de caixa considervel. Quesomente ser utilizado a partir do ms de abril. Entoa empresa poderia aplicar estes recursos por um prazo

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    Unidade 3

    de at 90 dias, conseguindo um incremento financeiroem seu caixa advindo dos juros recebidos ou reduzir seuinvestimento em disponibilidades, pois estes valores

    no sero utilizados e podem ser aplicados em ativos demaior rentabilidade (ativo permanente, estoques, contas areceber, etc.).

    Esta a importncia do oramento de caixa, pois ele nospossibilita a visualizao de um horizonte mais abrangente, quenos d condies de tomarmos decises financeiras com um graude acerto muito maior, reduzindo nossos riscos de escassez decaixa.

    Dica importante!

    Experimente realizar o oramento de caixa emsuas fnanas pessoais. Voc ver que muitosaborrecimentos podero ser evitados com umplanejamento de caixa coerente e antecipado.

    Voc encerra aqui os estudos da unidade 3. Desenvolva asatividades de auto-avaliao a seguir.

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    Atividades de auto-avaliao

    1. A Cia. Paran est eetuando um estudo com relao ao seu ciclo decaixa. Sabe-se que os produtos estocados fcam, em mdia, 60 dias espera de serem vendidos. A poltica de vendas da empresa adotaum prazo de recebimento de 60 dias e os ornecedores concedem umprazo mdio de 30 dias para pagamento das compras. Diante dessasinormaes:

    a) determine o ciclo de caixa e o ciclo operacional da Cia. Paran.Represente-os grafcamente;

    b) calcule o giro de caixa da empresa;

    c) se a empresa reduzisse seu prazo de estocagem para 30 dias e derecebimento de vendas para 45 dias, como o ciclo de caixa e o giro decaixa seriam aetados?

    d) supondo-se desembolsos anuais de $ 360.000, qual o saldo mnimo decaixa necessrio nas duas situaes apresentadas?

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    Unidade 3

    2. O administrador fnanceiro da Cia. Catanduva est preparando ooramento quadrimestral de caixa para os meses de janeiro, evereiro,maro e abril do prximo ano. Para a elaborao do demonstrativo, o

    administrador dispe das seguintes inormaes:

    Previso de vendas

    VENDAS (R$)

    Dezembro 200.000

    Janeiro 250.000

    Fevereiro 300.000

    Maro 250.000

    Abril 350.000

    Do total das vendas previstas, 60% so vista e 40% tem um prazo de 30dias.

    Pagamentos:

    As compras representam 60% do valor das vendas e so pagas segundo osseguintes critrios:

    20% vista;

    80% em 30 dias;

    os salrios pagos mensalmente esto estimados em $ 12.000

    fxos mais 10% de comisso sobre a venda;os impostos representam 12% das vendas;

    a empresa ar o pagamento de um equipamento industrial emmaro no valor de $ 150.000;

    a empresa az pagamentos de juros mensais de $ 3.000;

    ar o pagamento de dividendos aos acionistas, em abril, no valorde $ 20.000;

    dever azer o pagamento de um emprstimo bancrio de $30.000 em maro;

    o saldo inicial de caixa em janeiro de $ 60.000,00.

    Com base nestas inormaes, elabore o oramento de caixa da Cia.Catanduva.

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    Oramento de caixa

    MS JANEIRO FEVEREIRO MARO ABRIL TOTAL

    1 . Saldo Inicial

    INGRESSOS

    2. Vendas vista

    3. Vendas a prazo

    4. Total Disponvel (1+2+3)

    DESEMBOLSOS

    5. Compras vista

    6. Compras a prazo

    7. Salrios

    8. Comisses (10%)

    9. Impostos

    10. Juros

    11. Amortizaes

    12. Aquisio deImobilizado

    13. Dividendos

    14. Total de sadas(5+6+7+8+9+10+11+12+13)

    15. Saldo Final (4-14)

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    Gesto Financeira I

    Unidade 3

    Sntese

    Nesta unidade estudamos os aspectos que envolvem a gestodo caixa das empresas, que na prtica o grande calcanhar deAquiles, principalmente das pequenas e mdias empresas.

    Vimos que, com ferramentas simples como a determinao dosaldo mnimo de caixa e o fluxo de caixa, as empresas e atmesmo as pessoas fsicas podem ter de maneira rpida e gil umpanorama da situao de caixa das empresas, evitando assimatropelos de ltima hora e conseguindo fixar metas e estratgiasfuturas para obter os melhores resultados financeiros para as

    organizaes.

    Na nossa prxima unidade, voc estudar outro item muitoimportante da gesto do capital de giro: a gesto de contas areceber.

    At l!

    Saiba mais

    Hoje em dia existem inmeros softwares que fazem relatrios defluxo de caixa da empresa, porm o mais utilizado pelas pequenasempresas a planilha de clculo do MS Excel da Microsoft, quepode realizar esta tarefa bravamente.

    Procure estudar um pouco sobre a utilizao das planilhasde clculo e voc ver que ela pode ser um grande aliado naorganizao das empresas e inclusive de suas finanas pessoais.

    Caso voc tenha a inteno de conhecer mais sobre os assuntosabordados nesta unidade aqui vo algumas dicas de livros paraseus estudos:

    HOJI, MASAKAZU,Administrao financeira, umaabordagem prtica. So Paulo: Atlas, 2003.

    ASSAF NETO, Alexandre. Finanas Corporativas e valor. 2.ed. So Paulo: Atlas, 2005.

    LEMES JNIOR, Antnio Barbosa.AdminstraoFinanceira: princpios, fundamentos e prticas brasileiras. 2 ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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    UNIDADE 4

    Gesto de Crdito

    Objetivos de aprendizagem

    Compreender a importncia da gesto de crdito paraas organizaes.

    Identifcar os elementos ormadores do processo deconcesso de crdito e as maneiras de melhor gerenci-lo.

    Identifcar as inormaes essenciais necessrias parauma boa concesso de crdito.

    Conhecer os principais instrumentos de avaliao dospadres de crdito e seus impactos no resultado dasempresas.

    Sees de estudo

    Seo 1 O que crdito e poltica de crdito?

    Seo 2 O processo de concesso de crdito

    Seo 3 Qual a uno das exigncias de garantias?

    Seo 4 Como deve se eita a cobrana e arecuperao de crdito?

    Seo 5 Como mensurar o impacto das mudanasdas polticas de crdito no resultado dasempresas?

    4

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    Para incio de conversa

    Sabemos que o objetivo da administrao financeira para empresa

    a maximizao do lucro que trar, como conseqncia, oaumento de seu valor de mercado. Porm, quando concedemoscrdito, estamos sujeitos, em maior ou menor grau, a algum risco.

    A varivel de risco, neste caso, a inadimplncia, ou seja, o nopagamento por parte dos clientes dos valores financiados a eles.

    Esta unidade abordar as formas de concesso de crdito, odimensionamento financeiro da alterao de polticas de crdito,bem como os mecanismos de recuperao do crdito.

    Seo 1 O que crdito e poltica de crdito?

    Voc sabe por que nasceu o crdito? Vamos azeruma insero histrica para compreender melhor ocontedo desta unidade?

    O crdito to antigo quanto a existncia das sociedades. J nassociedades antigas, mesmo as voltadas para as atividades rurais,o prazo entre o plantio e a colheita muitas vezes determinavaa necessidade de antecipao de entrega aos produtores desementes, implementos agrcolas. Essa antecipao fez com quesurgissem as primeiras formas de crdito.

    Com o passar do tempo e o surgimento do dinheiro, as atividadescomerciais deram origem s primeiras instituies bancrias, que

    passaram a realizar operaes de crdito sob diversas formas,embora muito longe das formas praticadas atualmente.

    Polticas de Crdito

    As polticas de crdito so a base da eficiente gesto dascontas a receber de uma empresa, pois so responsveispela orientao de como o crdito concedido aos

    clientes, definindo seus padres, prazos, riscosenvolvidos nas operaes, garantias que sero exigidas e

    diretrizes de crdito.

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    As polticas de crdito definiro as formas de concesso decrdito com base em condies presentes e expectativas futurasda situao econmico-financeira da instituio, das condies

    de mercado e outros aspectos econmicos existentes (legislao,regulamentaes polticas, pblicas, etc.).

    A definio das polticas de crdito normalmente feita peladireo financeira da empresa ou por uma rea especfica decrdito, na empresa, mas eles sempre levaro em consideraooutros aspectos envolvidos, tais como: polticas de marketing,planejamento estratgico da empresa, sua misso, etc.

    Dentro das polticas de crdito, importante ressaltar alguns de

    seus aspectos relevantes. So eles:padres de crdito: estabelecem as condies mnimasque o pretendente deve possuir para receber o crdito daempresa.

    prazo: o perodo de tempo concedido ao cliente paraefetuar o pagamento.

    garantias: um mecanismo utilizado para reduzir

    o risco de inadimplncia. a exigncia de garantiassobre o valor do crdito concedido ao cliente no atoda formalizao do crdito. Essas garantias podemser pessoais, tais como aval ou fiana, ou reais como aalienao fiduciria, hipoteca, etc.

    risco de crdito: representa a possibilidade de norecebimento de todo ou parte do valor financiado. Comoeste no recebimento representa perda financeira, isto,conseqentemente, resultar em prejuzo para a empresa.

    Neste ponto est a grande dificuldade das empresas, que justamente estabelecer o grau de risco com relativapreciso.

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    Capacidade: mede o potencial de gerao de recursospelo cliente para fazer frente aos seus compromissos.Uma pessoa, apesar de no ter restries no mercado,

    pode no ter condies de gerar recursos (receita) parasaldar suas dvidas na praa.

    Capital: aqui verificaremos o grau de endividamentodo cliente e de sua solidez financeira. Um mtodo eficazde se fazer esta verificao consultar os Servios deProteo ao Crdito, e verificar quantas consultas e queempresas consultaram sobre este cliente. Aps feito isto,uma simples ligao telefnica poder verificar se estecliente fez compras a crdito e em que volume.

    Garantias (Collateral):verificaremos que garantias ocliente pode oferecer para lastrear sua compra. Podemser ativos de propriedade do cliente (casa, carro, terrenos,etc), que, em caso de inadimplncia, podero garantir ocrdito.

    Condies: envolve fatores referentes conjunturaeconmica no momento da concesso do crdito. Temgrande influncia na concesso de crdito, pois ter

    reflexo na condio futura de pagamento das dvidas dosclientes.

    Como obter inormaes sobre o cliente?

    Para que as empresas possam obter informaes confiveisa respeito do cliente pretendente ao crdito, ela necessita ter

    mecanismos para a coleta das informaes de maneira muito bemestruturada.

    Estas informaes iro transformar-se na base para oestabelecimento do crdito a ser concedido.

    Os procedimentos para concesso de crdito so diferentes paraas pessoas fsicas e para as pessoas jurdicas, da mesma formaque tambm so diferentes para clientes futuros e clientes atuais.

    O nvel de aprofundamento das informaes prestadas estdiretamente relacionado ao limite do crdito pretendido, pois

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    quanto maiores forem os valores pretendidos, maior ser o nvelde profundidade das informaes.

    Quais so as inormaes solicitadas para as pessoasjurdicas?

    Geralmente, os documentos solicitados para as pessoas jurdicasso os seguintes:

    Documento legal da pessoa jurdica como: contratosocial, estatutos, atas de posse das diretorias, etc.,

    Demonstraes contbeis dos ltimos anos,preferencialmente com pareceres de auditoresindependentes, no caso das sociedades annimas, paraa sua anlise e posterior estabelecimento dos limites decrdito.

    Ficha cadastral da empresa, contendo outros tiposde informaes, tais como, referncias bancrias,principais clientes, e outros dados necessrios para o

    estabelecimento dos limites do crdito a ser concedido.Para as pessoas fsicas, as informaes normalmente solicitadas

    divergem um pouco das pessoas jurdicas. So elas:

    Ficha cadastral onde o pretendente ao crditofornece seus dados pessoais.

    Comprovantes de renda pessoal e de outraspessoas da famlia, quando necessrio.

    Cpias dos documentos comprobatrios dasinformaes prestadas, tais como: CPF, RG,

    escritura de imveis.

    De posse destas informaes, possvel estabelecer o limitede crdito, bem como fazer a confirmao da veracidade dasmesmas.

    A partir da confirmao das informaes do cliente, a empresa

    j possui os elementos necessrios para elaborar a anlise de taisinformaes.

    a)

    b)

    c)

    a)

    b)

    c)

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    A abrangncia da anlise deve destacar indicativos que viro afacilitar a prxima etapa, que a deciso sobre a concesso decrdito pretendido.

    Existem mtodos e tcnicas diferentes para as pessoas fsicas ejurdicas, pois o tratamento deve ser diferente, tendo em vistasuas caractersticas peculiares.

    Vamos aprofundar mais um pouco este tema?

    Como eita a anlise das inormaes para aconcesso de crdito a pessoas jurdicas?

    Para as pessoas jurdicas, devemos fazer a anlise com base nasinformaes fornecidas, para posterior a tomada de deciso.

    A anlise das demonstraes contbeis uma importanteferramenta na determinao do crdito para pessoas jurdicas. atravs das anlises que podemos determinar as tendncias,atravs da anlise horizontal, ou a participao pela anlisevertical.

    Os principais ndices que utilizamos para analisar o crdito so:

    endividamento, pois mostra quanto do capital estcomprometido pela empresa com obrigaes;

    liquidez, que evidencia sua capacidade de pagamento;rentabilidade, que mostra a capacidade de gerar riqueza;e de caixa, que nos d condies de verificar a sincroniaentre ingressos e desembolsos da empresa.

    Com base nessas informaes e atravs de um sistema depontuao que ir ponderar cada um dos ndices calculados que estabelecido o limite de crdito.

    Este modelo de pontuao definido de acordo com a poltica decrdito vigente e deve ser adicionado ao risco gerencial, varivelem cada situao, para obter-se o limite total de crdito a serconcedido.

    Geralmente, as demonstraes contbeis so substitudas porsimples declaraes fornecidas por escritrios de contabilidade.

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    Mas cuidado! Muitas das vezes essas declaraesno coincidem com a realidade. necessrio azer-sealgum tipo de verifcao dessas inormaes, taiscomo reerncias bancrias.

    Depois de realizadas as anlises dos dados pelo departamento deconcesso de crdito, que se utiliza de modelos pr-definidos esoftwares prprios para esta atividade, definida a concesso ouno do crdito, bem como os valores a serem financiados.

    Como eita a tomada de deciso sobre o crditopretendido pelas pessoas sicas?

    A concesso do crdito deve estar baseada na anlise dasinformaes. Quando o crdito feito para pessoas fsicas, possvel utilizar-se uma tabela de classificao de crdito.

    Segundo Lemes Jnior (2005, p.361), A tabela de classificaode crdito representa o clculo da mdia ponderada da pontuaoda situao do cliente em relao a alguns itens relativos suacondio de pretendente ao crdito, considerados importantes.

    Estes itens tero determinado peso de acordo com suaimportncia, e faro parte de uma tabela de pontuao.

    Observe o exemplo a seguir:

    Situao do cliente em relao a Pontos ( 0 a 100) Peso Classifcao docrdito

    (a) (b) (a x b)

    Inormaes creditcias 90 0,10 9,00

    Casa prpria paga 100 0,30 30,00

    Tempo de residncia 100 0,15 15,00

    Comprovante de ganho 60 0,30 18,00

    Tempo de cliente 0 0,05 0,00

    Emprego estvel 90 0,05 4,50

    Tempo de emprego 60 1,00 3,00

    TOTAL 79,50Fonte: Lemes Jnior, 2005 pg. 61

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    Depois de calculada a tabela de classificao de crdito, pode-se estabelecer o limite de crdito, bem como as garantias eexigncias negociais para a concesso do crdito.

    Continuando em nosso exemplo, poderamos ter as seguintesfaixas de crdito, de acordo com a pontuao obtida:

    Pontuao obtida Montante de crdito a ser concedido

    100 Limite mximo

    De 75 a 99 75% do limite mximo

    De 50 a 74 50% do limite mximo

    De 25 a 49 25% do limite mximo

    Menos de 25 No concede crdito

    Seo 3 Qual a uno das exigncias de garantias?

    As garantias representam o comprometimento de outras pessoas,fsicas ou jurdicas, pela dvida assumida ou a definio de bens,que podem ser mveis ou imveis, e que respondero pela dvidacaso o devedor no consiga pag-la.

    As garantias esto classificadas em garantias pessoais, tambmchamadas de fidejussrias, e as denominadas garantias reais.

    Garantias

    Pessoais Reais

    Aval Alienao fduciria

    Fiana HipotecaPenhor

    Anticrese

    A garantia pessoal, representada pelo aval, estabelece aobrigao do avalista pelo valor do ttulo de crdito no qualfoi formalizada a garantia, com a assinatura do garantidordenominado avalista. aconselhvel, embora no obrigatrio,que o cnjuge assine juntamente com o avalista no caso de

    casamento com comunho de bens. O garantidor respondepelo aval com todos os seus bens, exceto os denominados bens

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    de famlia. As garantias estabelecidas pela forma de aval sogeralmente utilizadas em ttulos de crdito.

    A garantia pessoal, representada pela fiana, estabelecida soba forma de contrato, no qual o fiador, que pode ser pessoa fsica

    ou jurdica, presta garantia de cumprimento da obrigaoassumida pelo comprador, caso ele no o faa. Assim, se ofiador for pessoa fsica e for casado com comunho de bens,dever ser exigida tambm a assinatura do cnjuge.

    A garantia real, representada pela alienao fiduciria, feita atravs de instrumento pblico ou particular, arquivado

    no Registro de Ttulos e Documentos, no qual o devedor

    continua com a posse e utilizao dos bens mveis oferecidosem garantia, mas a propriedade do credor. O devedor ser oresponsvel pela preservao e manuteno dos bens alienados epelos danos sofridos por esses bens.

    A garantia real, representada pela hipoteca, o tipo no qual,por instrumento pblico, so utilizados bens imveis, veculos,aeronaves e embarcaes para garantir a dvida contrada pelodevedor. preciso considerar que os denominados bens de

    famlia no devem ser objetos de hipoteca porque so protegidospor lei.

    A garantia real, representada pelo penhor, consiste noestabelecimento de quantidade suficiente de mercadorias,mquinas, equipamentos, produtos agrcolas ou ttulos de crdito,oferecidos para garantir a dvida. A definio da quantidadeest na razo direta do valor da dvida contrada. Se o que forpenhorado ficar depositado na propriedade do devedor, estedeve ser designadofiel depositrio do que for penhorado e ficar

    responsvel pela sua guarda.

    A garantia real, representada pela anticrese, o tipo em queo bem garantidor um imvel denominado frugfero, cujosresultados da utilizao podem ser utilizados pelo credor parareceber o valor de seu crdito. Atualmente, no lugar deste tipo degarantia est sendo utilizado o penhor de safras futuras.

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    3.1 Etapas do processo de concesso de crditos

    1a Etapa: Obteno de informaes sobre o cliente.

    A empresa deve ter procedimentos muito bem estruturados paraestabelecer de que forma sero obtidas as informaes sobreo pretendente a crdito, tambm denominadas informaescomerciais, que sero o suporte da anlise para o estabelecimentodo crdito a ser concedido. Tais procedimentos sero diferentespara pessoas fsicas e jurdicas e, ao mesmo tempo, para clientesatuais e futuros clientes.

    O nvel de profundidade das informaes a serem utilizadas est

    relacionado ao valor do limite do crdito pretendido, entendendo-se que, medida que os valores de crdito pretendidos sejammaiores, maior ser o nvel de profundidade das informaes.

    2a Etapa: Confirmao das informaes.

    De posse das informaes, a equipe de analistas de crdito daempresa deve verificar a qualidade das informaes recebidas,se elas so verdadeiras. As informaes obtidas so entoconfirmadas atravs de consultas diversas, tais como, cadastro

    prprio, no caso de no ser cliente novo. Para clientes novos eantigos, esto disponveis e so utilizadas agncias ou empresasespecializadas no s em prestar e confirmar informaes sobrepessoas fsicas e/ou jurdicas, mas tambm em informar sobre oseu comportamento financeiro.

    3a Etapa: Anlise das informaes.

    A partir da confirmao das informaes sobre o Cliente, aempresa dispe dos elementos necessrios para elaborar a anlisedessas informaes. A utilizao de programas de processamentode dados, especficos para esta funo, facilita o processo e dsegurana quanto aos resultados da anlise. A abrangncia daanlise deve destacar indicativos que viro facilitar a prximaetapa que a deciso sobre a concesso do crdito pretendidopelo cliente.

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    4a Etapa: Tomada de deciso sobre o crdito pretendido.

    Os resultados da anlise devero ser conclusivos,proporcionando as condies necessrias para que sejapossvel decidir pela concesso ou no do crdito naforma pretendida pelo cliente.

    A anlise configurar as bases para a definio deum limite do crdito ao cliente, estabelecendo linha

    de crdito, com valor definido, que ficar disposio do clientepara ser utilizada por perodo determinado, geralmente um ano.A partir da, ser necessria a realizao de novo processo deconcesso de crdito ao cliente.

    No caso de pessoas fsicas, possvel tambm utilizar a Tabelade classificao de crdito, cuja tcnica define a pontuao queindica a capacidade financeira do cliente, como uma ferramentaauxiliar para a tomada de deciso sobre a concesso do crdito.

    A Tabela de classificao de crdito preparada atravs doclculo da mdia ponderada da pontuao da situao do clienteem relao a alguns itens relativos sua condio de pretendenteao crdito, considerados importantes. A empresa estabelece apontuao referente a esses itens, para os quais atribui pesos,considerando a sua importncia relativa.

    5a Etapa: Informao da deciso ao cliente.

    A informao ao cliente deve ser formal. Se o crdito no puderser concedido nas condies normais de concesso de crdito,deve ser aberta possibilidade de continuidade de negociaoatravs de reforo de garantias, como a utilizao de avalista ou

    fiador, por exemplo.

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    Seo 4 - Como deve ser eita a cobrana e recuperaodo crdito?

    Para responder esta pergunta, temos a definio de cobranaformulada por Lemes Jr. (2005, p.364).Cobrana o ato deconcretizao do recebimento de valores representativos devendas, vista ou a prazo, de forma oportuna. Cobrar toimportante como vender, pois o ciclo operacional s se completaquando o valor da venda recebido.

    Se analisarmos esta definio do ponto de vista das instituiesbancrias, veremos que conceder crdito muito importante,

    porm, mais importante que isso, receber o credito, poissomente nesse momento efetivamos o processo por completo,obtendo os resultados esperados.

    De nada adianta uma empresa conceder crdito, seno o recebe. prejuzo certo.

    Ento, alm da concesso ser feita com critrios tcnicos bem

    definidos e procedimentos estruturados, a cobrana deve, emigual importncia, ter seus critrios definidos e as determinaescorrentes serem cumpridas.

    Estes critrios e procedimentos so chamados de polticas decobrana.

    As polticas definem aes seqenciais para que se recebam osvalores concedidos, por exemplo:

    telefone, aps o vencimento;

    envio de carta de cobrana;

    inscrio do devedor nos rgos de proteo ao crdito;

    acionamento do avalista ou fiadores;

    envio ao cartrio de protesto;

    execuo da dvida.

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    As taxas adicionais de juros, correo monetria, quandopermitidas pela legislao, e multas por atraso so tambmcomponentes importantes das polticas de cobrana.

    A conseqncia de uma poltica de cobrana correta tem reflexodireto nos valores efetivamente recebidos, pois a vigilncia dosvalores a receber a melhor maneira de se ter uma carteira decobrana bem administrada.

    Seo 5 Como mensurar o impacto das mudanasdas polticas de crdito no resultado das

    empresas?

    A implantao de uma poltica de crdito tem como objetivoprincipal o incremento das vendas, ao mesmo tempo emque busca um equilbrio entre risco e retorno, bem como aadequao entre os custos envolvidos e o padro de crditoadotado.

    Sabemos que quanto mais liberal or a poltica

    de crdito, com o aumento do prazo aos clientes,a tendncia que o volume de vendas tambmaumente.

    Quando utilizamos uma poltica de crdito mais liberal,precisamos mensurar algumas variveis que nos ajudaroa analisar se esta poltica vantajosa do ponto de vista dosresultados para empresa.

    Esta avaliao pode ser feita atravs do estudo da anlise doresultado marginal, que mede os ganhos marginais em relaoaos custos marginais das alteraes das polticas de cobrana. Oresultado deste clculo nos dar um bom indicativo dos ganhosou perdas com a alterao das polticas de concesso de crdito.

    Segundo Assaf (2005), para que possamos elaborar o estudosobre os impactos de uma poltica de crdito, quatro elementosdevem ser levados em considerao. So eles:

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    Anlise dos padres de crdito: estabelecimentodos requisitos mnimos de segurana, que devem seratendidos pelos clientes para que se conceda o crdito.

    Prazo de concesso de crdito: refere-se ao perodo detempo que a empresa concede a seus clientes para que osmesmos efetuem o pagamento das compras realizadas.

    O ideal que a empresa efetue sempre suas vendas vista, mas isso nem sempre possvel, por causa dacaracterstica da demanda de determinados produtos,ou volume de recursos dos clientes para compra dedeterminados bens, bem como as receitas provenientes

    das taxas de juros pela compra a prazo.

    Este modelo de venda pode tornar-se uma importantefonte de renda adicional para a empresa e no deve serdesprezado.

    Descontos por pagamentos antecipados: podemosdefinir o desconto como um abatimento sobre o preode venda quando o pagamento das compras realizado

    vista ou em pequenos prazos. O desconto umaimportante ferramenta da poltica de crdito, pois, almde reduzirem o risco de inadimplncia, premia o bompagador e gera um incremento em seu capital de giro.

    Polticas de cobrana: segundo Assaf, elas so definidaspelos vrios critrios possveis de serem adotadospor uma empresa, visando o recebimento na data deseu vencimento. Quanto mais liberal for o padro decobrana implantado pela empresa, maior as chances de

    perda com devedores incobrveis. Todavia, uma polticamais rgida de cobrana eleva as despesas gerais decrdito da empresa.

    Como avaliar fnanceiramente uma poltica de crdito?

    Para avaliar os efeitos de uma poltica de crdito, devemos

    utilizar o conceito de lucro marginal, que , em sntese, o lucroadicional gerado pela alterao das variveis envolvidas em umapoltica de crdito, que so:

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    Volume de vendasProviso para devedores duvidososInvestimento marginal em valores a receber

    Despesas gerais de crdito

    Vamos a um exemplo:

    A Comercial Mineirinho Ltda. est analisando a possibilidadede alterao de seus padres de crdito atuais. Para tanto, fezalguns levantamentos chegando aos seguintes dados:

    Situao Atual

    Vendas R$ 90.000,00Custo Fixo Total R$ 26.250,00

    Custo da mercadoria vendida (50% das vendas) R$ 45.000,00

    Prazo mdio de recebimento das vendas 30 dias

    Perda com devedores incobrveis 2%

    Despesas gerais de crdito 5%

    No momento, 50% das vendas so feitas a prazo. A proposta

    do departa