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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS TÉCNICO JUDICIÁRIO DO TRT 10ª REGIÃO PROFESSOR RENATO FENILI 1 Olá, amigo(a) concursando(a), Como foi a semana de estudos? Chegamos hoje à nossa última aula. Após havermos estudado muito da Administração de Recursos Materiais, nossa última tarefa diz respeito à familiarização com noções de Administração Patrimonial. Desta sorte, eis o conteúdo que veremos nesta aula. AULA CONTEÚDO 6 7. Gestão Patrimonial Uma vez mais, o CESPE se mostra como a banca que mais aborda nossa disciplina. Assim, recorrerei em grande parte a essa banca, provendo sempre uma boa fundamentação teórica que nos possibilite efetivamente assimilar os conceitos da Gestão Patrimonial. Relembro que estarei atento ao fórum, até a realização da prova. Ótimo estudo!!

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Olá, amigo(a) concursando(a),

Como foi a semana de estudos?

Chegamos hoje à nossa última aula. Após havermos estudado muito da

Administração de Recursos Materiais, nossa última tarefa diz respeito à

familiarização com noções de Administração Patrimonial.

Desta sorte, eis o conteúdo que veremos nesta aula.

AULA CONTEÚDO

6 7. Gestão Patrimonial

Uma vez mais, o CESPE se mostra como a banca que mais aborda

nossa disciplina. Assim, recorrerei em grande parte a essa banca, provendo

sempre uma boa fundamentação teórica que nos possibilite efetivamente

assimilar os conceitos da Gestão Patrimonial.

Relembro que estarei atento ao fórum, até a realização da prova.

Ótimo estudo!!

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1. CONCEITOS INICIAIS

É prudente iniciarmos esta aula revisando o conceito de recurso

patrimonial, já apresentado no início de nosso curso:

Recurso patrimonial = refere-se aos elementos físicos empregados por

uma organização que são destinados à manutenção de suas atividades. A

natureza do recurso patrimonial é permanente. Além disso, nem sempre é

possível armazená-lo em estoques.

Sem ingressar muito no ramo da Contabilidade, podemos afirmar que o

conceito de recurso patrimonial engloba os de ativo imobilizado e de ativo

intangível, assim definidos:

Ativo imobilizado = são os bens de natureza permanente destinados à

manutenção das atividades da organização, ou seja, bens permanentes que

a organização necessita para poder operar.

Ativo intangível = são os bens não materiais (abstratos ou incorpóreos)

destinados à manutenção das atividades da organização.

1. (CESPE / TJ – RR / 2006 – adaptada) Patentes e direitos

autorais são recursos patrimoniais intangíveis.

Patentes e direitos autorais são exemplos de bens patrimoniais

intangíveis. Têm existência imaterial, ou abstrata, mas, atuam em prol da

manutenção das atividades da organização.

Um bom exemplo de bens patrimoniais tangíveis e intangíveis é provido

pelo Professor Ed Luiz Ferrari, na obra Contabilidade Geral. Ao passo que,

para um taxista, o táxi (automóvel) é um bem patrimonial tangível, a licença

para o exercício de sua atividade é um recurso intangível.

A questão está certa.

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2. (CESPE / FUNESA SE / 2008) Prédios, terrenos, jazidas,

caldeiras, reatores, veículos, computadores e móveis são

considerados bens patrimoniais.

Os elementos listados no enunciado são exemplos de bens tangíveis

(podemos “encostar” neles), constantes do ativo imobilizado de uma

organização. Note que são todos bens permanentes.

A assertiva, portanto, está certa.

De agora em diante, iremos nos ater especificamente aos bens

patrimoniais tangíveis, dada sua relevância para as atividades de

administração patrimonial.

Pelas definições acima, vemos que os conceitos de recurso patrimonial

(tangível) e bem permanente estão intimamente relacionados.

A classificação de um bem ou material como permanente (ou, em

contrapartida, como um bem de consumo) é essencialmente uma

classificação contábil, pois é referente à sua Natureza de Despesa, no âmbito

do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

(SIAFI). Vejamos as definições abaixo:

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A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, através do

artigo 3º de sua Portaria nº 448/2002, apresenta 5 condições excludentes

para a classificação de um bem como permanente. De acordo com essa

norma, é material de consumo aquele que se enquadrar em um ou mais dos

seguintes quesitos:

“Art. 3º - Na classificação da despesa serão adotados os seguintes

parâmetros excludentes, tomados em conjunto, para a identificação do

material permanente:

I - Durabilidade, quando o material em uso normal perde ou tem reduzidas

as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos;

II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modificação, por ser

quebradiço ou deformável, caracterizando-se pela irrecuperabilidade e/ou

perda de sua identidade;

III - Perecibilidade, quando sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou

que se deteriora ou perde sua característica normal de uso;

IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorporação a outro bem, não

podendo ser retirado sem prejuízo das características do principal; e

V - Transformabilidade, quando adquirido para fim de transformação.”

3. (CESPE / MPU / 2010) A durabilidade, a incorporabilidade e a

tangibilidade são parâmetros para identificação de material

permanente.

Esta questão é mais um exemplo de uma pegadinha do CESPE.

Os critérios utilizados para a classificação de um material como de

consumo (o que, de maneira indireta, poderiam ser utilizados para sua

identificação como material permanente), conforme o artigo 3º da Portaria

STN nº 448/2002, são: durabilidade, fragilidade, perecibilidade,

incorporabilidade e transformabilidade. Não consta, portanto, a tangibilidade

como critério de classificação.

A assertiva está errada.

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A partir da Constituição Federal de 1988, houve uma crescente

demanda da Administração Pública em prover leis e normas mais rígidas de

controle financeiro, orçamentário, contábil e patrimonial.

O controle patrimonial abrange tanto os bens patrimoniais móveis

quanto os imóveis. Vejamos:

Muito das atividades inerentes à Administração de Recursos

Patrimoniais dizem respeito à gestão dos bens móveis, em especial pela

maior dinâmica (maior capacidade de movimento físico, de aquisição e

venda, por exemplo) típica desses bens.

Assim, ao longo desta aula, iremos ver com maiores detalhes essas

atividades – em especial a incorporação do bem (= “entrada” na

organização), o controle e a alienação (= desfazimento do bem).

Bens móveis = bens que podemmovimentar-se por força alheia ou que

possuem movimento próprio. É umconceito análogo ao de material

permanente

Bens imóveis = bens que não podemmovimentar-se sem que sua essência

seja alterada.

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2. A RECEPÇÃO E A INCORPORAÇÃO DE BENS PATRIMONIAIS

As atividades envolvidas na “vida” de um bem patrimonial podem ser

concatenadas de modo que formem um processo:

A cada uma das atividades acima correspondem medidas administrativas

específicas a serem tomadas pela Administração. Didaticamente, podemos

relacionar as atividades e medidas administrativas inerentes ao controle

patrimonial de bens móveis a três “momentos cronológicos”: a entrada na

organização, as alocações internas e a saída final do bem.

No que diz respeito à entrada e às alocações internas na organização, as

atividades e as medidas administrativas correspondentes são as relacionadas

no quadro abaixo:

OPERAÇÃO ATIVIDADE MEDIDA

ADMINISTRATIVA

Entrada

Recebimento

Tombamento

Registro

Alocações internas Guarda e

Conservação

Transferência

Movimentação

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Na aula passada, pudemos ver com detalhes como se dá o procedimento

de recebimentos de materiais nas organizações. O mesmo ocorre com os

bens patrimoniais, sendo que, neste caso (bens patrimoniais), após o

recebimento, procede-se ao registro do bem, inscrevendo-o em uma relação

de materiais sobre os quais deve haver um controle “especial”. Assim, de

modo geral, as principais tarefas envolvidas nessa etapa podem ser

relacionadas da seguinte maneira:

Verificação se o material entregue nos almoxarifados corresponde à

descrição da nota fiscal;

Verificação se o material entregue corresponde à descrição da nota de

empenho (no caso de órgãos públicos);

Se as verificações dos itens anteriores ocorrerem sem maiores

problemas, atesta-se a nota fiscal (dá-se um “OK” em seu verso,

afirmando que o material foi recebido);

Conferência quantitativa e qualitativa do bem patrimonial;

Incorporação do material permanente ao patrimônio da

organização.

Esta incorporação é chamada de tombamento, que definimos a seguir:

Tombamento = procedimento de identificação de

um bem, efetuado na incorporação do bem ao

patrimônio de uma organização. Por ocasião do

tombamento, cadastram-se, em um banco de

dados, informações essenciais do bem

(características físicas, valor de aquisição etc.). O

bem recebe um número patrimonial, pelo qual é

identificado, e uma plaqueta (ou etiqueta, ou

gravação) contendo este número de registro é

afixada no bem (quando possível).

Logicamente, há almoxarifados específicos para materiais de consumo.

Nestes, não ocorre o tombamento.

A regra geral é de todos os materiais permanentes serem tombados na

Administração Pública. Isso implica maior possibilidade de controle, mediante

a distribuição da carga patrimonial (= lista de bens permanentes sob a

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responsabilidade direta de determinado servidor) e de inventários, atividade

que veremos mais adiante nesta aula.

4. (CESPE / STM / 2011) Para efeito de identificação e inventário,

os equipamentos e materiais permanentes devem receber

códigos alfanuméricos ou numéricos, não necessariamente

sequenciais, que devem ser apostos ao material, por meio de

gravação, fixação de plaqueta ou etiqueta.

Os números patrimoniais apostos aos materiais devem sim ser

sequenciais. É o imposto pela Instrução Normativa (IN) nº 205, de 1988 da

Secretaria de Administração Pública da Presidência da República (SEDAP),

conforme transcrição abaixo:

7.13. Para efeito de identificação e inventário os equipamentos e materiais

permanentes receberão números sequenciais de registro patrimonial.

7.13.1. O número de registro patrimonial deverá ser aposto ao material,

mediante gravação, fixação de plaqueta ou etiqueta apropriada.

7.13.2. Para o material bibliográfico, o número de registro patrimonial

poderá ser aposto mediante carimbo.

Como vemos, o enunciado está errado.

5. (CESPE / MPU / 2010) Nas organizações públicas, todo bem

listado como material permanente, independentemente de suas

características físicas, deve ser identificado com plaqueta

específica para isso.

Como vimos na resolução da questão anterior, a IN nº 205/1988 (SEDAP)

nos traz outros modos de ser efetuada a aposição do número patrimonial nos

materiais, além da plaqueta. Há a gravação, a etiqueta ou, no caso de

material bibliográfico, é indicado o uso de um carimbo.

Dessa maneira, a afirmativa está errada.

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6. (CESPE / MPU / 2010) Considere que, em uma organização

pública, determinado lote de bens tenha sido adquirido por

baixo custo unitário. Nessa situação, admite-se que esse bem

não seja incorporado ao patrimônio da organização, podendo o

seu controle ser feito em separado.

As boas práticas administrativas nos dão a seguinte orientação:

Materiais que apresentem baixo valor monetário, baixo risco de perda

e/ou alto custo de controle patrimonial devem, preferencialmente, ser

considerados como material de consumo.1

Indica-se a consideração de um bem (ou lote de bens) de baixo valor

monetário como material de consumo (e não como material permanente)

pela simples razão de que o controle patrimonial pode ser oneroso à

organização. Controlar, em si, é uma atividade que gera custos operacionais

expressivos, em especial em termos de homens-hora. Assim, não faz sentido

arcar com um gasto operacional de controle que pode até mesmo ultrapassar

o valor do bem.

De forma mais específica, podemos recorrer posicionamento da Secretaria

do Tesouro Nacional2:

“Observa-se que, embora um bem tenha sido adquirido como

permanente, o seu controle patrimonial deverá ser feito baseado na relação

custo/benefício desse controle.

Nesse sentido, a Constituição Federal prevê o Princípio da Economicidade

(artigo 70), que se traduz na relação custo-benefício, assim, os controles

devem ser suprimidos quando apresentam como meramente formais ou cujo

custo seja evidentemente superior ao risco.

Assim, se um material for adquirido como permanente e ficar

comprovado que possui custo de controle superior ao seu benefício,

deve ser controlado de forma simplificada, por meio de relação-carga, que

mede apenas aspectos qualitativos e quantitativos, não havendo

1Texto constante do Manual de Procedimentos para Controle Patrimonial, do TRT da 7ª Região.

2Fonte: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/downloads/Depreciacao.pdf

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necessidade de controle por meio de número patrimonial. No entanto,

esses bens deverão estar registrados contabilmente no patrimônio da

entidade.”

O mesmo documento prevê a situação inversa: um material de consumo

com significativa durabilidade ou valor relevante poderia ser incorporado ao

patrimônio da organização:

“Da mesma forma, se um material de consumo for considerado como

de uso duradouro, devido à durabilidade, quantidade utilizada ou valor

relevante, também deverá ser controlado por meio de relação-carga, e

incorporado ao patrimônio da entidade.”

A questão, portanto, está certa.

7. (CESPE / MS / 2008) Em organizações públicas, apenas os bens

móveis permanentes de alto custo precisam ser cadastrados no

sistema de controle patrimonial.

O cadastro no sistema de controle patrimonial não leva em consideração o

custo do bem móvel permanente. Todos os bens permanentes são

cadastrados, com a ressalva da situação de controle antieconômico.

Ainda, como vimos na discussão da questão anterior, até mesmo um

material de consumo de uso duradouro poderá ser incorporado ao patrimônio

de uma entidade.

A assertiva, dessa maneira, está errada.

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8. (COPEVE / UFAL / 2011) O patrimônio é o objeto administrado

que serve para propiciar às entidades a obtenção de seus fins.

Como tal, são atribuições do setor de patrimônio, exceto a

opção:

a) extrair, encaminhar e controlar os Termos de

Responsabilidade dos bens móveis dos diversos centros de

responsabilidade do órgão.

b) encaminhar às unidades de controle patrimonial os

inventários de bens pertencentes ao órgão.

c) auxiliar os analistas de planejamento durante a elaboração

da previsão da receita orçamentária.

d) efetuar a identificação patrimonial, por meio de plaquetas

(metálicas ou adesivas altamente colantes), fixadas nos bens

móveis de caráter permanente.

e) registrar as transferências de bens quando ocorrer mudança

física deles ou quando houver alterações do responsável.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) Os bens móveis são sempre acompanhados de um Termo de

Responsabilidade, por vezes denominado simplesmente de carga patrimonial.

O servidor consignatário do Termo passa a ser responsável pela guarda e

uso do bem. A alternativa está correta.

b) Os inventários – espécie de auditoria dos bens patrimoniais – são

efetivamente conduzidas pelo Setor de Patrimônio da organização, conforme

veremos na próxima seção desta aula. A alternativa está correta.

c) O auxílio na elaboração da previsão da receita orçamentária não é

tarefa do Setor do Patrimônio, mas sim do Setor de Finanças. A alternativa

está errada.

d) Trata-se da tarefa de tombamento que, como vimos, é de

responsabilidade do Gestor de Patrimônio. A alternativa, portanto, está

correta.

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e) De modo geral, movimentação é o deslocamento do bem permanente,

podendo ou não ocorrer a troca de responsabilidade. A transferência, por sua

vez, é a modalidade de movimentação de material, com troca de

responsabilidade, de uma unidade organizacional para outra, dentro do

mesmo órgão ou entidade. Apesar da alternativa não se mostrar tão rígida

nesses conceitos, referindo-se à transferência em sentido genérico, podemos

considerá-la correta.

Resposta: C

Após o recebimento de um material permanente em um almoxarifado,

efetua-se o registro de suas informações físicas e contábeis, para fins de

controle. No entanto, como qualquer outra atividade da organização, o

controle dos bens patrimoniais está sujeito a uma auditoria, com o objetivo

único de garantir a confiabilidade das informações prestadas pelos sistemas

de controle material / patrimonial. Erros humanos, perdas e roubos são as

causas principais das discrepâncias entre os registros e o que efetivamente

consta de estoques ou de cargas patrimoniais sob a responsabilidade de

servidores. Estamos nos referindo aos inventários, tema abordado na

próxima seção.

3. CONTROLE PATRIMONIAL: INVENTÁRIOS

Nossa abordagem sobre o conceito de inventário,

entendido como uma ferramenta de controle dos

estoques dos almoxarifados e dos ativo imobilizado

(bens patrimoniais), inicia-se apresentando a definição

de inventário físico:

Inventário Físico = procedimento de levantamento físico e contagens

dos itens de material em uma organização.

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A conferência não se limita aos almoxarifados. As diversas incumbências

da organização (seções, salas de reunião, lanchonetes etc.) também são

inventariadas, em especial com relação a seus materiais permanentes

(tombados e com registro patrimonial).

Vejamos a definição apresentada pela IN nº 205/1988 (SEDAP):

8. Inventário físico é o instrumento de controle para a verificação dos

saldos de estoques nos almoxarifados e depósitos, e dos equipamentos e

materiais permanentes, em uso no órgão ou entidade (...).

Um aspecto essencial que devemos nos ater é que os inventários

destinam-se não só ao controle dos materiais permanentes (bens

patrimoniais), mas também ao controle dos estoques de uma organização,

ok?

Há dois modos de se efetuar o inventário físico:

No inventário rotativo, estamos permanentemente contando os itens. O

método consiste no levantamento rotativo, contínuo e seletivo dos materiais

existentes em estoque ou daqueles permanentes distribuídos para uso. Sua

vantagem é que não implica a necessidade de paralisação das atividades da

organização, elaborando-se um cronograma de trabalho (de acordo com os

interesses da empresa) que abranja todos os itens dentro de um período

fiscal.

No inventário periódico (ou geral / anual), efetua-se a contagem de

todos os itens em determinados períodos. Quando esta rotina é realizada no

encerramento do exercício fiscal (o que é comum), o inventário é também

chamado de geral. Neste caso, geralmente todo o processo operacional da

empresa é paralisado – é o famoso “FECHADO PARA BALANÇO”.

InventárioFísico

Rotativo

Periódico

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As informações coletadas no inventário físico são compiladas no

inventário analítico, figurando a perfeita caracterização do material,

através de dados como descrição padronizada, número de registro

patrimonial, valor, estado, local de uso etc.

9. (COPEVE / Prefeitura de Penedo / 2010) Em uma repartição

pública, ao se proceder ao levantamento de todos os seus

ativos (tangíveis, intangíveis, ativo mobilizado etc.) está

elaborando-se:

a) o inventário de patrimônio

b) a lista de bens

c) o rol de objetos e processos

d) o registro de documentos

e) a classificação pecuniária

Esta questão, mais simples, tem o objetivo de nos situar no assunto

inventário. Note, no entanto, que até mesmo o levantamento de ativos

intangíveis pode fazer parte de um inventário patrimonial!

A letra A é a alternativa correta.

10. (CESPE / SEAD FHS SE / 2008) São objetivos de todo

inventário: verificar discrepâncias em valor e quantidade entre

os estoques físico e contábil e apurar o valor total dos estoques

para efeito de balanço fiscal.

Segundo a IN nº 205/1988 (SEDAP), são objetivos do inventário físico,

dentre outros:

a) o ajuste dos dados escriturais de saldos e movimentações dos

estoques com o saldo físico real nas instalações de armazenagem;

b) a análise do desempenho das atividades do encarregado do

almoxarifado através dos resultados obtidos no levantamento físico;

c) o levantamento da situação dos materiais estocados no tocante ao

saneamento dos estoques;

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d) o levantamento da situação dos equipamentos e materiais

permanentes em uso e das suas necessidades de manutenção e

reparos; e

e) a constatação de que o bem móvel não é necessário naquela unidade.

Não é qualquer tipo de inventário que irá concorrer para a consecução do

primeiro objetivo acima listado. Além disso, o inventário geral ou anual,

realizado no encerramento do exercício fiscal, é que pode subsidiar a

confecção do balanço fiscal.

Podemos ter como objetivo de um inventário o levantamento da situação

de bens patrimoniais móveis, visando a um diagnóstico sobre possíveis

baixas futuras desses bens.

Em adição, a mesma Instrução Normativa nos apresenta distintos tipos de

inventário que, logicamente, terão objetivos distintos uns dos outros:

8.1. Os tipos de Inventários Físicos são:

a) anual - destinado a comprovar a quantidade e o valor dos bens

patrimoniais do acervo de cada unidade gestora, existente em 31 de

dezembro de cada exercício - constituído do inventário anterior e das

variações patrimoniais ocorridas durante o exercício.

b) inicial - realizado quando da criação de uma unidade gestora, para

identificação e registro dos bens sob sua responsabilidade;

c) de transferência de responsabilidade - realizado quando da mudança

do dirigente de uma unidade gestora;

d) de extinção ou transformação - realizado quando da extinção ou

transformação da unidade gestora;

e) eventual - realizado em qualquer época, por iniciativa do dirigente da

unidade gestora ou por iniciativa do órgão fiscalizador.

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Como vemos, a questão está errada.

11. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) O inventário rotativo,

ou periódico, é realizado em períodos determinados,

normalmente no encerramento dos exercícios fiscais.

Inventários rotativo e periódico não são sinônimos. Enquanto o primeiro é

feito de modo contínuo, ao longo do exercício, o segundo é conduzido

pontualmente em períodos pré-determinados (usualmente no encerramento

do ano fiscal).

A questão está, portanto, errada.

12. (CESPE / STF / 2008) Caso, durante a realização do

inventário, a comissão designada para o trabalho identifique e

localize bens sem valor conhecido, o procedimento

recomendado é atribuir-se um valor simbólico aos bens

encontrados.

A Instrução Normativa nº 205/1988 (SEDAP), ao discorrer sobre o

inventário analítico, estabelece o seguinte:

“O bem móvel cujo valor de aquisição ou custo de produção for desconhecido

será avaliado tomando como referência o valor de outro, semelhante ou

sucedâneo, no mesmo estado de conservação e a preço de mercado.”

Assim, caso sejam identificados e localizados bens sem valor conhecido,

conduz-se uma pesquisa de mercado, a fim de obter um valor estimado de

bem idêntico (ou semelhante), aplicando-se, se pertinente, eventuais

decréscimos devido à desvalorização ao longo dos anos.

Dessa maneira, a questão está errada.

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13. (CESPE / AGU / 2010) Os inventários rotativos são efetuados

no final de cada exercício fiscal da empresa e incluem a

totalidade dos itens de estoque de uma só vez.

São nos inventários gerais ou periódicos que são efetuadas a contagem de

tosos os itens de estoque de uma única vez, geralmente no encerramento do

exercício fiscal.

Os inventários rotativos, por sua vez, são levados a cabo de forma

contínua, selecionando-se os materiais em estoque de forma que todos os

itens sejam contados dentro do período fiscal.

A questão está errada.

** o seguinte enunciado é válido para as questões 14 a 17 **

(CESPE / IFB / 2011) Certa empresa classificou seu estoque com

base no sistema ABC. Assim, decidiu que os itens do grupo A

deveriam ser contados duas vezes por ano; os itens B, quatro vezes

por ano, e os itens C, uma vez por mês. Há, em estoque, 250 itens do

grupo A, 80 do grupo B e 15 do grupo C.

Com referência a essa situação hipotética e à adoção do sistema ABC

para o controle de estoques, julgue os itens subsequentes.

14. Se a empresa funciona 5 dias por semana e 50 semanas por

ano, então ela deve efetuar, em média, 4 contagens por dia

para cumprir sua meta de contagens anuais.

O enunciado retrata uma situação prática em que a empresa elabora

um calendário para a realização do inventário rotativo, com base na

relevância financeira dos itens (Classificação ABC).

Para resolver a questão, a primeira coisa que devemos fazer é definir

o número de contagens necessárias para cumprir o calendário proposto no

enunciado.

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CLASSE Nº DE ITENS

(1)

Nº DE CONTAGENS/ANO

(2)

Nº TOTAL DE

CONTAGENS

(1)*(2)

A 250 2 500

B 80 4 320

C 15 12 (= 12 meses) 180

TOTAL = 1.000

Como vemos, devemos contar 1.000 itens durante o ano. Mas, como

nos diz o enunciado, no ano temos 50 semanas, considerando apenas 5 dias

na semana. Isso nos dá um total de 50*5 = 250 dias úteis, durante os quais

podemos realizar as contagens.

Com esses valores determinados, basta estabelecermos a relação

entre eles para que saibamos a média de contagens por dia para cumprirmos

o calendário do inventário rotativo:

A questão está, portanto, correta.

15. A empresa aplicou de forma correta o sistema ABC quando

definiu um controle mais rigoroso para os itens C do estoque.

Como já vimos em nosso curso, na Classificação ABC, os itens

categorizados como “C” são os que possuem menor relevância, usualmente

financeira. Assim, simplesmente não faz sentido exercer um controle mais

rigoroso sobre esses itens. Logicamente, esse tipo de controle deverá ser

definido para os itens “A”.

O enunciado está errado.

16. As contagens dos itens fazem parte do inventário periódico

anual exigido pelos auditores financeiros.

O inventário periódico anual é realizado tão somente uma vez por

ano, por ocasião do encerramento do exercício financeiro. O enunciado da

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questão retrata uma situação distinta, na qual há um cronograma de

trabalho que implica esforços constantes para a contagem dos itens:

estamos falando de um inventário rotativo.

A questão está errada.

17. A adoção da curva ABC para controle de estoques não torna

imperativo que a programação das contagens ao longo do ano

seja montada sob o critério acima referido.

O gestor de estoques, no caso, tem a liberdade de elaborar o seu

cronograma de trabalho para a definição do calendário do inventário rotativo.

A adoção da curva ABC serve, em primeira instância, para a definição dos

itens de maior valor em estoque, que devem ser objeto de maior atenção.

Nada impede que um gestor de estoque que adote a Classificação

ABC sobre o valor financeiro dos itens de material priorizar nos inventários

rotativos os itens mais perecíveis, por exemplo.

Assim, a afirmativa está certa.

18. (CESPE / TJ ES / 2011) Caso determinado item apresente

duas contagens divergentes em um mesmo inventário, deve-se

adotar como estoque físico a média aritmética entre os

resultados das duas contagens, assumindo-se o número inteiro

imediatamente inferior.

A boa prática da rotina dos inventários normalmente prevê duas

equipes para sua realização: a dos reconhecedores, que fazem a primeira

contagem, e a dos revisores, responsáveis pelo novo cômputo dos itens.

Para os itens que, eventualmente, apresentarem contagens distintas

por essas equipes, a boa prática demanda proceder-se a uma terceira

contagem.

A questão está errada.

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4. ALIENAÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE BENS PATRIMONIAIS

Uma vez adquirido um bem patrimonial (um aparelho de ar condicionado,

por exemplo), ele é registrado no sistema de cadastro patrimonial com suas

características físicas, bem como o seu valor de compra, conforme registrado

na nota fiscal.

No entanto, com o passar dos anos, não é possível afirmarmos que o seu

valor permanece constante. Ele decresce, em virtude de seu desgaste

temporal, bem como de sua ociosidade tecnológica.

Esse processo de minoração do valor de um bem patrimonial, originário

do transcurso do tempo é denominado depreciação, assim definido pelo

Manual de Despesa Nacional (MDN/2008):

“A depreciação é a redução do valor dos bens pelo desgaste (deterioração)

ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.”

No setor privado, o cálculo da depreciação tem impacto direto na

apuração do lucro do exercício. Dessa maneira, a Secretaria da Receita

Federal do Brasil padroniza as taxas incidentes na depreciação, através da

Instrução Normativa SRF nº 162/1998, alterada pela Instrução Normativa nº

130/1999.

Para o setor público, até bem recentemente os diversos órgãos

usualmente recorriam às mesmas taxas estabelecidas pela Receita Federal,

apesar de não haver sido feito um estudo próprio a fim de definirem os

percentuais e a estimativa de vida útil a serem aplicados.

No entanto, em novembro de 2010, a Secretaria do Tesouro Nacional

lançou o Manual de Regularizações Contábeis, definindo, entre outros

assuntos, o mecanismo da depreciação no âmbito do Sistema Integrado de

Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI).

É recomendável resumirmos os principais conceitos relativos à

depreciação. O quadro a seguir apresenta uma síntese sobre este tema.

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CONCEITO SIGNIFICADO

Depreciação

Redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda

de utilidade por uso, ação da natureza ou

obsolescência.

Vida útil Período de tempo durante o qual a entidade espera

utilizar o bem.

Vida útil

econômica

Período de tempo durante o qual a entidade espera

obter fluxos de benefícios futuros de um bem ($$).

Observação: a vida útil econômica de um

automóvel, por exemplo, pode girar em torno de 5

anos, depois da qual ele se torna antieconômico

(manutenções corretivas etc.). Já a vida útil deste

mesmo automóvel pode ser bem maior. Ainda nas

ruas vemos veículos de mais de 20 anos de

funcionamento.

Valor residual

Montante líquido que a entidade espera obter por

um bem no fim de sua vida útil econômica,

deduzidos os gastos esperados para sua alienação

(“desfazimento”). É o “bagaço da laranja”.

Valor depreciável

É o “suco que sai da laranja”.

Para fins de ilustração, vejamos um exemplo da tabela de vida útil de

bens, estabelecida pelo Manual de Regularização Contábil da STN, da qual

consta também o valor residual a ser adotado. A coluna da esquerda é

relativa à conta contábil – partições do patrimônio de determinada entidade.

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Tomando por exemplo “Aparelhos e Utensílios Domésticos”, a vida útil é

de 10 anos, com o valor residual de 10%. Para um aparelho de jantar

comprado em janeiro de 2001 por R$ 100,00, por exemplo, o valor residual

ao final de 2010 será de R$ 10,00 (10% do valor inicial).

19. (CESPE / MPU / 2010) No processo de depreciação total,

quando o bem ainda existe fisicamente, mas alcança 100% de

depreciação, ele deve ser automaticamente baixado

contabilmente, a despeito de sua utilidade.

Na tabela acima, podemos ver que para a conta contábil referente a

“Coleções e Materiais Bibliográficos”, a vida útil é de 10 anos, com valor

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residual de 0%. Assim, decorridos 10 anos de incorporação do bem, o valor

contábil seria de R$ 0,00.

Numa situação dessas, caso permaneça a utilidade do bem, ele será

reavaliado (quantificado monetariamente), conforme nos explica o Manual de

Regularização Contábil do SIAFI:

“Ao final do período de vida útil, os ativos podem ter condições de ser

utilizados. Caso o valor residual não reflita o valor adequado, deverá ser

realizado teste de recuperabilidade, atribuindo a ele um novo valor, baseado

em laudo técnico. Não há novo período de depreciação após o final da vida

útil.”

A assertiva está errada.

20. (IPAD / SENAC / 2008 – adaptada) Depreciação é a perda de

valor que um recurso patrimonial tem decorrente da má

utilização.

São três os fatores que concorrem para a depreciação: desgaste ou

perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Nenhum

desses elementos relaciona-se com uma eventual “má utilização”.

Por mais que cuidemos de um automóvel comprado há 10 anos,

cumprindo de forma impecável seu plano de manutenção, o desgaste

inerente à sua utilização, à exposição aos fatores ambientais e sua possível

obsolescência tecnológica favorecem o decréscimo de seu valor contábil.

Dessa maneira, a questão está errada.

21. (CESPE / TJ – RR / 2006) Depreciação de um bem patrimonial

é a perda de seu valor por causa do uso, obsolescência ou

deterioração. O cálculo da depreciação é embasado em

parâmetros definidos pela organização detentora do bem.

Como vimos, até mesmo na esfera privada, os parâmetros envolvidos

no cálculo da depreciação não são facultados à empresa detentora do bem,

mas sim definidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que padroniza

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as taxas incidentes na depreciação, através da Instrução Normativa SRF nº

162/1998, alterada pela Instrução Normativa nº 130/1999.

A questão está errada.

Por fim, a “saída” de um bem patrimonial da organização, ou o seu

desfazimento, é efetuada através da alienação, sendo essa a medida

administrativa correspondente:

OPERAÇÃO ATIVIDADE MEDIDA

ADMINISTRATIVA

Saída Desfazimento Alienação (baixa de bens)

Por sua vez, podemos definir o conceito de baixa de um bem como a

sua retirada contábil do acervo patrimonial de uma organização. Um bem

baixado deixa de fazer parte do ativo imobilizado da organização.

A baixa patrimonial pode ocorrer por qualquer das seguintes formas:

Alienação (venda, permuta ou doação, nas formas da Lei nº

8.666/1993 – Lei de Licitações e Contratos);

Comodato (espécie de empréstimo de bens patrimoniais, por

tempo pré-determinado);

Extravio / perda / sinistro.

O número de patrimônio de um bem baixado jamais deve ser

repassado a outro bem. Quando um bem é baixado, seu número patrimonial

passa a fazer parte de um banco de dados gerenciado pelo setor de

administração patrimonial da organização, referente a itens patrimoniais

desincorporados.

Em uma eventual reincorporação do bem (por exemplo, um bem

furtado que é recuperado), o número patrimonial é restituído ao mesmo

bem.

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22. (CESPE / MPU / 2010) O número de patrimônio de um bem

baixado deve ser repassado a versões atualizadas que venham

a substituí-lo na organização.

A questão aborda o que acabamos de ver acima. Não se repassa o

número patrimonial de um bem baixado a outro bem. O número deve

permanecer em um banco de dados como registro do que ocorreu, em

termos contábeis, com o bem.

A questão está errada.

23. (FCC / Câmara dos Deputados / 2007) Considere as

assertivas:

I. A alienação de bens imóveis da Administração Pública

dependerá de autorização legislativa para órgãos da

Administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e,

para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de

avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,

ressalvando os casos de dispensa devidamente regulamentados.

II. A alienação de bens móveis da Administração Pública

dependerá de avaliação prévia e de licitação, ressalvando os casos

de dispensa conforme regulamentação.

III. A alienação, concessão de direito real de uso, locação ou

permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou

efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de

interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública

especificamente criados para esse fim, são dispensados de

concorrência.

À luz da Lei no 8.666/93 e alterações introduzidas pela Lei no

8.883/94, é correto o que consta em:

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

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e) III, apenas.

São condições necessárias à alienação de bens imóveis a autorização

legislativa (a não ser para entidades paraestatais) e de avaliação prévia

(estimativa de seu valor $$). Os preceitos que regem a alienação de bens

imóveis são estatuídos pelo inciso I do artigo 17 da Lei nº. 8.666/1993, cujos

principais aspectos seguem transcritos abaixo:

“Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à

existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de

avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos

da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para

todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e

de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes

casos:

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da

administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto

nas alíneas f, h e i;

c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do

inciso X do art. 24 desta Lei;

d) investidura;

e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de

qualquer esfera de governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real

de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais

construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas

habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos

por órgãos ou entidades da administração pública; (...)

Ao compararmos a alienação de bens móveis e imóveis, devemos ter em

mente a seguinte regra geral:

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Com relação à questão proposta, o gabarito oficial da prova dá a

alternativa A como correta. No entanto, em decorrência da Lei nº

11.481/2007, a alínea “f” do inciso I do artigo 17 da Lei nº 8.666/1993 (na

qual a assertiva III era integralmente baseada) foi alterada.

A nova redação da assertiva seria:

“A alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de

uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos,

destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais

ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou

entidades da administração pública é dispensada de concorrência.”

O novo gabarito para a questão seria, assim, a alternativa B.

•Autorização legislativa +interesse público + avaliação prévia+ licitação (concorrência / leilão)

Bens imóveis

•Interesse público + Avaliação prévia+ licitação

Bens móveis

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Esta foi a última aula de nosso curso. Fomos capazes de cobrir um

conteúdo extenso e diversificado, no âmbito da Administração de Recursos

Materiais e Patrimoniais. Agradeço pela oportunidade e pela confiança.

Estarei acompanhando o fórum até a data da prova, de modo que fique à

vontade para postar dúvidas ou outros comentários.

Torço pelo seu sucesso e pela conquista de seu objetivo, e

permanecerei junto a você nesta caminhada.

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QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA:

1. (CESPE / TJ – RR / 2006 – adaptada) Patentes e direitos

autorais são recursos patrimoniais intangíveis.

2. (CESPE / FUNESA SE / 2008) Prédios, terrenos, jazidas,

caldeiras, reatores, veículos, computadores e móveis são

considerados bens patrimoniais.

3. (CESPE / MPU / 2010) A durabilidade, a incorporabilidade e a

tangibilidade são parâmetros para identificação de material

permanente.

4. (CESPE / STM / 2011) Para efeito de identificação e inventário,

os equipamentos e materiais permanentes devem receber

códigos alfanuméricos ou numéricos, não necessariamente

sequenciais, que devem ser apostos ao material, por meio de

gravação, fixação de plaqueta ou etiqueta.

5. (CESPE / MPU / 2010) Nas organizações públicas, todo bem

listado como material permanente, independentemente de suas

características físicas, deve ser identificado com plaqueta

específica para isso.

6. (CESPE / MPU / 2010) Considere que, em uma organização

pública, determinado lote de bens tenha sido adquirido por

baixo custo unitário. Nessa situação, admite-se que esse bem

não seja incorporado ao patrimônio da organização, podendo o

seu controle ser feito em separado.

7. (CESPE / MS / 2008) Em organizações públicas, apenas os bens

móveis permanentes de alto custo precisam ser cadastrados no

sistema de controle patrimonial.

8. (COPEVE / UFAL / 2011) O patrimônio é o objeto administrado

que serve para propiciar às entidades a obtenção de seus fins.

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Como tal, são atribuições do setor de patrimônio, exceto a

opção:

a) extrair, encaminhar e controlar os Termos de

Responsabilidade dos bens móveis dos diversos centros de

responsabilidade do órgão.

b) encaminhar às unidades de controle patrimonial os

inventários de bens pertencentes ao órgão.

c) auxiliar os analistas de planejamento durante a elaboração

da previsão da receita orçamentária.

d) efetuar a identificação patrimonial, por meio de plaquetas

(metálicas ou adesivas altamente colantes), fixadas nos bens

móveis de caráter permanente.

e) registrar as transferências de bens quando ocorrer mudança

física deles ou quando houver alterações do responsável.

9. (COPEVE / Prefeitura de Penedo / 2010) Em uma repartição

pública, ao se proceder ao levantamento de todos os seus

ativos (tangíveis, intangíveis, ativo mobilizado etc.) está

elaborando-se:

a) o inventário de patrimônio

b) a lista de bens

c) o rol de objetos e processos

d) o registro de documentos

e) a classificação pecuniária

10. (CESPE / SEAD FHS SE / 2008) São objetivos de todo

inventário: verificar discrepâncias em valor e quantidade entre

os estoques físico e contábil e apurar o valor total dos estoques

para efeito de balanço fiscal.

11. (CESPE / SEAD FUNESA SE / 2008) O inventário rotativo, ou

periódico, é realizado em períodos determinados, normalmente

no encerramento dos exercícios fiscais.

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12. (CESPE / STF / 2008) Caso, durante a realização do

inventário, a comissão designada para o trabalho identifique e

localize bens sem valor conhecido, o procedimento

recomendado é atribuir-se um valor simbólico aos bens

encontrados.

13. (CESPE / AGU / 2010) Os inventários rotativos são efetuados

no final de cada exercício fiscal da empresa e incluem a

totalidade dos itens de estoque de uma só vez.

** o seguinte enunciado é válido para as questões 14 a 17 **

(CESPE / IFB / 2011) Certa empresa classificou seu estoque com

base no sistema ABC. Assim, decidiu que os itens do grupo A

deveriam ser contados duas vezes por ano; os itens B, quatro vezes

por ano, e os itens C, uma vez por mês. Há, em estoque, 250 itens do

grupo A, 80 do grupo B e 15 do grupo C.

Com referência a essa situação hipotética e à adoção do sistema ABC

para o controle de estoques, julgue os itens subsequentes.

14. Se a empresa funciona 5 dias por semana e 50 semanas por

ano, então ela deve efetuar, em média, 4 contagens por dia

para cumprir sua meta de contagens anuais.

15. A empresa aplicou de forma correta o sistema ABC quando

definiu um controle mais rigoroso para os itens C do estoque.

16. As contagens dos itens fazem parte do inventário periódico

anual exigido pelos auditores financeiros.

17. A adoção da curva ABC para controle de estoques não torna

imperativo que a programação das contagens ao longo do ano

seja montada sob o critério acima referido.

18. (CESPE / TJ ES / 2011) Caso determinado item apresente

duas contagens divergentes em um mesmo inventário, deve-se

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adotar como estoque físico a média aritmética entre os

resultados das duas contagens, assumindo-se o número inteiro

imediatamente inferior.

19. (CESPE / MPU / 2010) No processo de depreciação total,

quando o bem ainda existe fisicamente, mas alcança 100% de

depreciação, ele deve ser automaticamente baixado

contabilmente, a despeito de sua utilidade.

20. (CESPE / TJ – RR / 2006) Depreciação de um bem patrimonial

é a perda de seu valor por causa do uso, obsolescência ou

deterioração. O cálculo da depreciação é embasado em

parâmetros definidos pela organização detentora do bem.

21. (IPAD / SENAC / 2008 – adaptada) Depreciação é a perda de

valor que um recurso patrimonial tem decorrente da má

utilização.

22. (CESPE / MPU / 2010) O número de patrimônio de um bem

baixado deve ser repassado a versões atualizadas que venham

a substituí-lo na organização.

23. (FCC / Câmara dos Deputados / 2007) Considere as

assertivas:

I. A alienação de bens imóveis da Administração Pública

dependerá de autorização legislativa para órgãos da

Administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e,

para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de

avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,

ressalvando os casos de dispensa devidamente regulamentados.

II. A alienação de bens móveis da Administração Pública

dependerá de avaliação prévia e de licitação, ressalvando os casos

de dispensa conforme regulamentação.

III. A alienação, concessão de direito real de uso, locação ou

permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou

efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de

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interesse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública

especificamente criados para esse fim, são dispensados de

concorrência.

À luz da Lei no 8.666/93 e alterações introduzidas pela Lei no

8.883/94, é correto o que consta em:

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) III, apenas.

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GABARITO

1- C 2- C

3- E 4- E

5- E 6- C

7- E 8- C

9- A 10- E

11- E 12- E

13- E 14- C

15- E 16- E

17- C 18- E

19- E 20- E

21- E 22- E

23- B

Sucesso!

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Referências

GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais, 3ª ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2007.

FENILI, R. R. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais:

Abordagem Completa. São Paulo: Ed. Método, 2011.

VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São

Paulo: Atlas, 2002.