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TEXTO CONTRACAPA
UnA-SUSM
ódulo Transversal 1: Gestão da assistência farmacêutica
Gestão da AssistênciaFarmacêutica
Módulo Transversal 1: Gestão da
assistência farmacêutica
UnA-SUS
Especialização a distância
Planejamento em saúde
Módulo transversal 1
GOVERNO FEDERALPresidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos PadilhaSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Milton de Arruda MartinsDiretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES) Sigisfredo Luis BrenelliSecretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) Carlos Augusto Grabois Gadelha Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE) José Miguel do Nascimento JúniorResponsável Técnico pelo projeto UnA-SUS Francisco Eduardo de Campos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor Álvaro Toubes Prata Vice-Reitor Carlos Alberto Justo da Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação Maria Lúcia de Barros Camargo Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão Débora Peres Menezes
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora Kenya Schmidt Reibnitz Vice-Diretor Arício Treitinger
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASChefe do Departamento Rosane Maria BudalSubchefe do Departamento Flávio Henrique ReginattoCoordenadora do Curso Mareni Rocha Farias
COORDENAÇÃO DO PROJETO JUNTO AO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador Geral Carlos Alberto Justo da SilvaCoordenadora Executiva Kenya Schmidt Reibnitz
COMISSÃO GESTORACoordenadora do Curso Mareni Rocha FariasCoordenadora Pedagógica Eliana Elisabeth DiehlCoordenadora de Tutoria Rosana Isabel dos SantosCoordenadora de Regionalização Silvana Nair LeiteCoordenador do Trabalho de Conclusão de Curso Luciano Soares
EQUIPE EaDAlexandre Luiz PereiraBernd Heinrich StorbFabíola BagatiniFernanda ManziniGelso Luiz Borba JuniorGuilherme Daniel PupoMarcelo CampeseBlenda de Campos Rodrigues (Assessora Técnico-Pedagógica em EaD)
AUTORESAna Paula Veber, Josimari Telino de Lacerda, Maria Cristina Marino Calvo
© 2011. Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.
Edição, distribuição e informações:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitário 88040-900 Trindade – Florianópolis - SCDisponível em: www.unasus.ufsc.br
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIALCoordenação Geral da Equipe Eleonora Milano Falcão Vieira e Marialice de MoraesCoordenação de Design Instrucional Andreia Mara FialaDesign Instrucional Equipe Necont Revisão Textual Equipe Necont Coordenadora de Design Gráfico Giovana SchuelterDesign Gráfico Felipe Augusto Franke Ilustrações Aurino Manoel dos Santos Neto, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann PaschoalDesign de Capa André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Ilustração Capa Ivan Jerônimo Iguti da Silva
SUMÁRIO
unidade 2 − planejaMento eM saúde .......................................... 7Lição 1 – Planejamento normativo e estratégico .................................. 9Lição 2 – Planejamento em saúde ...................................................... 13Lição 3 - Tipologia de problemas ........................................................ 17Lição 4 - Definição de problemas ....................................................... 20Lição 5 - Explicação do problema ....................................................... 24
referências ......................................................................... 28
Unidade 2Parte 1
Módulo transversal 1
Unidade 2 - Planejamento em saúde 7
UNIDADE 2 − PLANEJAMENTO EM SAÚDE
Ementa da unidade
• oqueéplanejamento;
• noçõesdeplanejamentonormativoeestratégico;
• noçõesdeplanejamentoestratégicosituacional;
• momentosdoplanejamentoestratégicosituacional.
Carga horária da unidade: 15 horas.
Objetivos específicos de aprendizagem
• reconhecer a importância do planejamento nas organizações,em especial na Assistência Farmacêutica, identificar a missãoorganizacionalediferenciarasdiferentesposturasdoprocessodeplanejamento;
• identificar o planejamento estratégico situacional comopossibilidadeparaoplanejamentoemsaúdeecompreenderosmomentosdoplanejamentoestratégicosituacional;
• classificar,identificarepriorizarostiposdeproblemas;
• descrevereexplicarproblemas;
• identificarfluxoseasrelaçõesentrecausaseconsequênciasdeumproblema.
Apresentação
Caroespecializando,vocêconsegueselembrardecomooseudiacomeçouhoje?Sobrequantasquestõesvocê tevequepararparapensar,organizaroseudia?Sejaparalevarofilhonaescola,ocarrona oficina, seja para fazer outra atividade qualquer, você deve terpensadono seu tempodisponível, no trajeto a serpercorrido, emquemdeveriairjunto,eminformaraessapessoaahoraetc.
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica8
Oque você fez foi planejar umaatividade específicaouo seudiatodo.PLANEJARéumaatividadeprópriadoserhumano.Pensaro futuro e definir estratégias para alcançá-lo orienta a atuação dohomememtodososespaços.
NesteconteúdodiscutiremosoPlanejamentoEstratégicoSituacional,deCarlosMatus,eosprincípiosdestateoriafundamentamoPlanoOperativoaserdesenvolvidonoCurso.Oconteúdoserápublicadoemlições,deacordocomasetapasdoPlanoOperativo,paraorientarodesenvolvimentodaatividade.
Agora, siga adiante para aprofundar seus conhecimentos sobre oassunto.Bomaprendizado!
Conteudistas responsáveis:
AnaPaulaVeberJosimariTelinodeLacerdaMariaCristinaMarinoCalvo
Conteudista de referência:
JosleneLacerdaBarreto
Unidade 2 - Planejamento em saúde 9
ENTRANDO NO ASSUNTO
Lição 1 – Planejamento normativo e estratégico
Nesta lição,vamosreconhecera importânciadoplanejamentonasorganizações,emespecialnaAssistênciaFarmacêutica,eidentificara missão organizacional. Também vamos diferenciar as diversasposturasdoprocessodeplanejamento.
Paraviabilizaroqueéplanejado,osindivíduosseassociamaoutroseconformamasorganizações,que,segundoMaximiano(1992,p.40),podemserdefinidascomo“umacombinaçãodeesforçosindividuaisquetemporfinalidaderealizarpropósitoscoletivos.Pormeiodeumaorganização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos queseriaminatingíveisparaumapessoa”.
Cada organização tem uma finalidade que a tornou necessária egarantiuasuaestruturação.Trata-sedarazãodeserdaorganização,também denominadaMISSÃO e que, segundoMintzberg (2003),defineafunçãobásicadasorganizaçõesnasociedade,nostermosdosprodutosedosserviçosqueproduzemparaseusclientes.
Você já parou para pensar qual é a missão da organização em que você
trabalha? Que tipo de serviço ela presta à sociedade?
Vá ao AVEA e responda a essa pergunta na ferramenta bloco de notas.
Ambiente Virtual
O sucesso de uma organização se dá pelo cumprimento de suamissão.Éelaqueagregaeorientaaaçãodetodososseusmembrosetemnafiguradogestororesponsávelpelaconduçãodoprocessoadministrativo,dosrecursosedaspessoasemsuadireção.
Reflexão
E agora... será que a organização está cumprindo sua missão? Ou há
pontos a serem melhorados?
Compreenderemos, a partir de agora, que existem métodos que podem
ser utilizados para colaborar com o alcance dessas possibilidades.
Acompanhe-os.
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica10
Podemos dizer que o planejamento faz parte do que se chamacicloadministrativo,ouseja,oconjuntodetarefaseatividadesquesequencialmente e demodo contínuo é utilizado para administrarumaorganização.
Ocicloadministrativo(PDCA)écompostodequatroetapas:
1) (Plan) planejamento: estabelece missão, objetivos, metas,procedimentoseprocessos (metodologias) necessáriosparaoalcancedosresultados;
2) (Do) execução:asaçõesouoconjuntodeaçõesplanejadassãoexecutadas;
3) (Check) controle/avaliação: trata-se de monitorar e avaliarperiodicamenteosprocessoseosresultados,confrontando-oscomoplanejado,osobjetivos,asespecificaçõeseoestadodesejado;e
4) (Act) ação: momento de corrigir possíveis falhas ou problemasidentificadosnomonitoramentoounaavaliaçãodeformaamelhoraraqualidade,aeficiênciaeaeficácia,aprimorandoaexecução.
ActAtuarComo melhorarda próxima vez
PlanPlanejarO que fazer?Como fazer?
CheckVerificarAconteceu deacordo com o planejado?
DoExecutarFazer o quefoi planejado
Figura 1 − Ciclo PDCA, de Deming ou de Melhoria Contínua
Fonte: Campos (1994).
Unidade 2 - Planejamento em saúde 11
O planejamento é uma importante ferramenta de gestão. É um instrumento
que busca diagnosticar a realidade, propor alternativas para transformá-
la, identificar meios para viabilizar essa transformação e realizar ação
oportuna para executar as atividades pensadas pela organização.
Pormeio do planejamento são definidos os objetivos e asmetas.Tambémsãoformuladasestratégiasjácomadefiniçãodeprazoseresponsaveispelasaçõesnecessariasaoalcancedamissão.
Nasociedademodernapraticamentetodasasatividadesprodutivasestão vinculadas a uma ou mais organizações. Alguns projetossociaissãodetalformaambiciososecomplexosquesópodemseratingidossearticularmosumconjuntoamploe,emgeral,heterogêneodeorganizações.Éocasodosetordasaúde,quearticuladiferentesunidades,programaseserviçosparagarantirocuidadoàsaúdedetodaasociedade,conformando interesseseconflitos,oqueexigeumgrandeesforçoemuitacompetêncianasuagestão.
E na assistência farmacêutica acontece da mesma forma. São várias
etapas − algumas sequenciais, outras sobrepostas − que devem ser
executadas de maneira harmônica para que se alcance o objetivo
fundamental da assistência farmacêutica: garantir acesso e uso racional
dos medicamentos.
Para que se consiga atingir esse objetivo principal, vários atoresprecisam ser considerados: os usuários do sistema, com suasnecessidadesemsaúdeparaserematendidas;osprofissionaisdesaúde, com seus conhecimentos e habilidades; os produtores edistribuidores de medicamentos, com seus interesses próprios...E, entre todos eles, o gestor, tendo que articular os recursos, asnecessidades dos usuários e os diversos interesses em todas asesferasrelacionadas.
Enfim, é um trabalho bastante complexo que requer preparo,capacidadetécnicaecondiçõesparaplanejar.
Porseroplanejamentoumaferramentaessencialparaaconduçãodoprocessoadministrativo,caberefletiragorasobreoqueseentendeporplanejamento.
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica12
Váriossãoosautoresquerefletemsobreessetema.TrouxemosaquiasreflexõesdeOliveira(2007),quesintetizademaneiraobjetivaosprincipais aspetos conceituais da área. Segundo ele, o propósitodo planejamento pode ser definido como “o desenvolvimento deprocessos,técnicasouatitudesadministrativasquepermitamavaliarasconseqüênciasfuturasdedecisõespresenteseinfluenciá-las”.
Oexercíciosistemáticodoplanejamentopotencializaoalcancedosobjetivosporreduzirasincertezasenvolvidasnoprocessodecisório.
Portanto,planejaréumaatividadecomplexaporserumprocessocontínuo de pensar o futuro, o que implica tomada de decisãopermanente,dentrodeumcontextoquesofreinfluênciasconstantes.
Sua riqueza está no processo de análise de uma realidade, quepermite a identificaçãodoque se deseja alcançar e das decisõesa serem tomadas para produzir os resultados esperados. Issoenvolvemodosdepensararealidade,questionamentosparamelhorcompreendê-laeumprocessodedecisãocontinuadosobreoque,comoequandofazer,quaisosresponsáveispelasaçõesequaisoscustosenvolvidos.
Perceba que o processo de planejamento não pode ser delineado
longe dos atores que efetivamente executam as ações de assistência
farmacêutica. Afinal, são eles que conhecem as características
peculiares desse setor, com suas potencialidades e dificuldades, e que
terão suas atividades diárias possivelmente alteradas pelo resultado
do processo de planejamento. Você exercitará estes princípios na
elaboração do Plano Operativo.
Portanto,háanecessidadedequeesseprocessosejaconduzidooucontecomaparticipaçãodostécnicosquetrabalhamemnívellocalcomasatividadesdegestãodaassistênciafarmacêutica.
Veja você que a forma como se percebe a realidade conduz o processo
do planejamento. Cabe destacar que essa compreensão permite a
adoção de duas formas no processo de gestão e planejamento: a
postura normativa e a postura estratégica/situacional.
Unidade 2 - Planejamento em saúde 13
A postura normativa assume alguns pressupostos em relação àrealidade:
• aseparaçãoentreosujeitoeoobjetodeatuação;
• aexistênciadeumaverdadeúnicaexpressadapelodiagnósticorealizadopelosujeito;
• areduçãodasociedadeacomportamentosprevisíveis;
• anegaçãodeoutrossujeitoseresistências;
• aausênciadeincertezas;
• aexclusãodadimensãopolítica;e
• a perspectiva fechada para o projeto a ser executado, coma certeza de que, se seguidos os cálculos minuciosamenterealizados,oêxitodoplanejamentoestarágarantido.
Já a postura estratégica/situacional assume a realidade em umníveldecomplexidademuitomaior.Nessapostura,sujeitoeobjetoseconfundem,poisosujeitoépartedotodosocial,assimcomooutrosinteressesqueseorganizampararealizarseusprópriosprojetos.
Portanto,podemosobservarquenãoexisteumúnicodiagnósticodarealidade.
Cadagruposocial,conformeseusvalores,interesseseposiçãoqueocupanasituação,possuiseuprópriodiagnóstico,suapercepçãodarealidade.Nesseâmbito,ocomportamentodosdemaissujeitosnãopodeserreduzidoarespostasprevisíveisaestímulosprévios,massecaracterizapelacriaçãodealternativasmuitasvezessurpreendentes,próprias da ação humana. Com essa presunção, esse tipo degestãosecaracterizapela incerteza,ocampoemqueela transitaincorporaaprobabilidadedoconflitoe,porcontadisso,oprocessodeplanejamentosópodeserassumidocomoumprocessoabertoesemfinaldefinidoa priori.
Lição 2 – Planejamento em saúde
Nestalição,vamosidentificaroplanejamentoestratégicosituacionalcomopossibilidadeparaoplanejamentoemsaúdeecompreenderosmomentosdoplanejamentoestratégicosituacional.
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica14
O planejamento em saúde tem sua origem na necessidade deotimizaros recursosdisponíveisnadécadade1960,porcontadanecessidadedequalificaragestãodaspolíticassociais.
O planejamento em saúde tem no método do Centro Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (Cendes/OPAS) de programação
sanitária, apresentado em 1965, o primeiro instrumento de planejamento
e programação sistemático aplicado pelos sistemas nacionais de saúde
no continente americano.
Ométodo Cendes/OPAS assentava-se em cálculos de inspiraçãoeconômicavisandopotencializararelaçãocusto−benefício.Pautava-sepelaposturanormativaeorientavamajoritariamenteoplanejamentoem saúde. Assim, normas e portarias elaboradas e definidas portécnicosegestoresnosgabinetesdosministériosedassecretariasdesaúdeorientavamasaçõesdesaúdeemtodooterritórionacionaldemaneirauniformeepadronizada.
O pensamento estratégico aplicado ao planejamento teve comoobjetivo superar problemas inerentes à formulação normativa deplanos,cujaprincipalcríticasereferiaaofatodeoplanejadoratuarcomoagenteexternoeadotarumsistemaemquenãoseconsideravamoutrosatores(TANCREDI,BARRIOSeFERREIRA,2002).
O grande avanço do planejamento estratégico foi a abertura dodiálogoentreossujeitosdomesmoatodeplanejar,tendoaquestãoda viabilidade política o papel central. A formulação do enfoqueestratégico rompe com a normatividade e admite o conflito entreforçassociais,oquepossibilitaainclusãodaanáliseedaconstruçãodaviabilidadepolíticanoprocessodeplanejamento.
São três as vertentesdoplanejamento estratégico elaboradasporautoreslatino-americanos:
• MárioTesta,comaFormulaçãodoPensamentoEstratégico,oPostuladodeCoerênciaeaPropostadeDiagnóstico;
• Carlos Matus, com a proposta do Planejamento EstratégicoSituacional;e
• o plano de ação da Escola deMedellín, elaborado por EmiroTrujilloUribeeJuanJoséBarrenecheaparaoalcanced’AsMetas
Unidade 2 - Planejamento em saúde 15
daSaúdeparaTodos,em2000,daOMS.
Ospontoselementarescomunsatodoselessão:
1) reconheceraexistênciadeconflitos;
2) admitiroplanejadorcomoatorsocialdosistemaplanejado;
3) aceitaraexistênciademaisdeumaexplicaçãodiagnóstica;e
4) pressuporaexistênciadesistemassociaishistóricos,complexos,não bem definidos e incertos (RIVERA; ARTMAN, 1999;SANTANA,1997).
Em nosso Curso adotaremos o Planejamento Estratégico Situacional, de
Carlos Matus, por seu potencial de instrumentalização no cotidiano dos
serviços ao desenvolver e propor um método de planejamento participativo.
OPlanejamento Estratégico Situacional,deCarlosMatus,surgeda reflexão sobre a necessidade de aumentar a capacidade degovernar.Paratanto,eleelaborouummétododeplanejamentoemqueação,situaçãoeatorformamumtodocomplexo,centradoemproblemaseemoperaçõesquedeverãoserdesencadeadasparaoenfrentamentodessesproblemas.
SãoquatroosmomentospropostosporMatus:
• o momento explicativo: momento em que se analisam arealidadepresenteeohiatoexistenteentreoagoraeo futurodesejado.Nelesedesenvolveacomplexatarefadeidentificareselecionarproblemas,explicarcomprofundidadeascausasdecadaumedoseuconjunto.Trata-sedemarcarasituaçãoinicialdo plano. É ummomento importante que deve contar com aparticipaçãoamplade todososatoresenvolvidosparaanálisedosproblemasqueosafetam;
• o momento normativo:éomomentoemquesedesenhaoquedeve ser. Nele são definidas as operações que, emdiferentescenários, levam à mudança da situação inicial em direçãoà situação ideal. Deve, portanto, estar centrado na eficáciadirecional de suas operações, ou seja, promover a discussãocuidadosa da eficácia de cada ação em relação à situação-objetivo,relacionandoosresultadosdesejadoscomosrecursosnecessárioseosprodutosdecadaação;
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica16
• o momento estratégico:éomomentoemqueseanalisamasrestrições e as facilidades que interferem no cumprimento dodesenho normativo. Relaciona-se à questão da viabilidade e,portanto,aosobstáculosavencerparaaproximararealidadedasituaçãoeleita comoobjetivo.Aqui são identificadososatoresenvolvidos noprocesso e o graude concordância e oposiçãodessesatoresaofuturodesejadoeàsaçõesprevistas;e
• o momento tático-operacional:éomomentodecisivoemquetodaaanálisefeitanosmomentosanterioressetransformaemaçãoconcreta.Éomomentodefazeremonitorarasaçõescomproposiçãodemudança/ajustesaolongodoprocesso.
No município (ou estado, ou serviço) em que você atua há um plano de
Assistência Farmacêutica? Procure e recupere esta informação: Quando
foi realizada? De que forma? Qual sua aplicação?
Vá ao AVEA e responda a essa pergunta na ferramenta bloco de notas.
Ambiente Virtual
Sobre o conteúdo visto nesta lição, percebemos a importânciado planejamento em nosso dia a dia e, sobretudo, na gestão daassistência farmacêutica. O ato de planejar traz a excelência aosprocessoseaosresultadosdagestão.
Prossiga com seus estudos. Pesquise outras informações, reflitacomooprocessodeplanejamentopodecontribuirparaarealidadedaAssistênciaFarmacêuticaemseulocaldetrabalhoediscutacomseuscolegas.Bomaprendizado!
Lição 3 – Tipologia de problemas
Ao concluir esta lição, você estará apto a classificar tipos deproblemas.Acompanheparaaprofundarseusconhecimentos.
Planejar consiste, basicamente, em decidir com, antecedência, o que será feito para mudar condições insatisfatórias no presente ou evitar que condições adequadas venham a deteriorar–se no futuro (CHORNY, 1998).
Oconceitodeplanejamento,anteriormentedescrito,nos remeteànoçãodeprocesso,continuidade.Dealgosempreemconstrução,nabuscadeumasituaçãoalmejadaapartirdaanálisedasituaçãoemquenosencontramos.
Unidade 2 - Planejamento em saúde 17
Reflexão
E é isso mesmo. Como destacamos anteriormente, um aspecto
fundamental para o êxito de nossa atuação em todos os campos é saber
aonde se quer chegar, nossa meta: a imagem-objetivo!1 Para alcançá-la
lançamos mão do planejamento. É essa ferramenta que nos auxilia a
identificar os problemas que dificultam o alcance de nossos objetivos e
permite elaborar as ações que nos ajudarão a solucioná-los.
Então,éoplanejamentoquenospermitealcançaraimagem-objetivo,o futuro desejado, construindo um caminho entre o presente e opontoalmejado.Porisso,oprocessodeplanejamentodeveenglobaraanálisedasnuancesdasituaçãoatual;aavaliaçãodos recursospolíticos,econômicos,administrativosecognitivos;eacompreensãodoposicionamentodosatoresquedominamessesrecursosparaaelaboraçãodeaçõesadequadasaoalcancedenossosobjetivos.
Já comentamos anteriormente que estamos trabalhando com oreferencial teórico do planejamento estratégico situacional (PES).Essaformadepensaroplanejamentodiferencia-sedoplanejamentonormativo pela sua orientação por problemas e não por planossetoriais. O PES está intimamente relacionado como a análise darealidade,quemudamuitoerapidamente.EssaéagrandevantagemdoPES!
O planejamento normativo, ao adotar planos setoriais e de longoprazo,nãoconsideraaanálisedarealidadeemsuasváriasdimensões,perdeacoerênciacomarealidademutanteetorna-seineficaz.
Nesta lição, refletiremos sobre um ponto-chave no processo deplanejamentoestratégico:OPROBLEMA.
Pode-se conceituar como problema toda e qualquer situação considerada
insatisfatória ou impeditiva para um ator alcançar seus propósitos.
Ouseja,problemaétodofator,aspecto,situaçãoqueimpedeoalcancedaimagem-objetivo.Seconsiderarmosaagilidadecomquearealidademuda, a diversidade de atores envolvidos na construção dessa
Imagem-objetivo, segundo Matus (1993), é uma situação futura ideal ou desejada que marca a direção das estratégias a serem implantadas. Podemos considerar como imagem-objetivo uma meta ativa, a ser buscada mediante a atuação consciente e planejada, que não esteja condicionada pela disponibilidade presente de recursos nem por prazos ou tempos definidos.O conceito de imagem-objetivo é melhor discutido na unidade 3 deste módulo - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica.
1
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica18
realidade,easdiferençasdepercepçãodamesma,concluiremosqueosproblemasvariamnotempoenaperspectivadequemosidentifica.Entreintegrantesdeumamesmarealidade,oqueéproblemaparaumatorsocial,podeseroportunidadeparaoutro.Porexemplo:
1) a ausência demedicamentos emumaunidadede saúde (US)pode serproblemapara a coordenaçãoe equipedaUS;masumaoportunidadeparaoproprietáriodafarmáciaaolado,quepoderáaumentarseuslucrosduranteoperíodo;
2) ofechamentodaUSpodeserumproblemaparaapopulação,queficarásematendimentoduranteumperíodonasemana;masumaoportunidadeparaaequipedesaúdediscutireorganizarosserviçosparamelhoratenderàcomunidade.
Portanto, a identificação e priorização de problemas deve ser um
processo de construção coletiva, envolvendo um conjunto de atores
sociais interessados em mudar uma dada realidade ou identificados
com um mesmo objetivo.
Apresentaremos a seguir uma metodologia para essa etapa doplanejamento.Antes,porém,vamosrefletirumpoucomaissobreascaracterísticasdeumproblema.
Tipologia de problemas
Osproblemaspodemser simplesoucomplexos,dedifícil ou fácilsolução. E podem ser classificados quanto: natureza, posição naorganização,governabilidadeecomplexidade.Confiraaseguir.
a) Classificaçãodosproblemassegundosuanatureza:
• Problemas atuais: são os identificados no presente emonitorados por dados e informações quantitativas ouqualitativas.Exigemsoluçãoimediata.
• Problemas potenciais:problemasquenãoestãopresentes,mas são identificados fatores e/ou determinantes quefavorecemoseuaparecimento.Exigemaçõesdecontrole/intervençãosobreosfatoresderisco.
Unidade 2 - Planejamento em saúde 19
• Problemas solucionados:jáocorreramnopassadoeestãosobcontroleepidemiológico.Exigemaçõesdemanutençãoe/ouconsolidaçãoepidemiológicasparaevitarreincidência.
b) Classificaçãodosproblemassegundoaposiçãonaorganização:
• Problemas intermediários: referentes à organização e aofuncionamentodosserviços.Sãoosvividosnocotidianodaorganização e que causam interferência na qualidade finaldosprodutosoudosserviçosprestados.
• Problemas terminais: referentes às necessidades edemandasdesaúde/doençadapopulação.Sãoosvividosdiretamentepelosclientesouusuáriosdaorganização.
c) Classificaçãodosproblemassegundoagovernabilidade:
• Problemas de controle total: possibilitam intervençãoimediata e sua solução depende apenas do interesse dosatoresenvolvidosnoplanejamento.
• Problemas de baixo controle: requeremacúmulodepoderde intervenção. Necessitam estratégias de convencimentode outros atores para potencializar a atuação sobre essesproblemas.
• Problemas fora de controle: nãohápoderdeintervençãosobreeles.Interferemnarealidade,masnãohácomointervir.Devemserconsideradosnoplanejamentoenquantoclarezanaanálisesituacional.
d) Classificaçãodosproblemas,segundoacomplexidade:
• Problemas estruturados: sãomais simples em virtude deteremcausasconhecidasesoluçõesgeralmenteconsensuais.
• Problemas quase-estruturados: são mais complexos,geralmente têmmuitas causas (multicausais), nem semprefáceisdeseremtodasidentificadas,enemsemprepossuempropostasconsensuaisparasuasolução.
No contexto da área da saúde, não há como deixar de elaborarestratégias para o enfrentamento dos problemas segundo suanatureza. Em geral, nos atemos aos problemas atuais, sob oargumentodequeagrandedemandadosserviçoeafaltadetemponosabsorvecompletamente.
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica20
Reflexão
Pode-se comparar tal posicionamento ao ato de secar o piso da cozinha
deixando a torneira da pia ligada. Quando orientamos nossa atuação para
o atendimento à livre demanda e nos eximimos de medidas preventivas
e de promoção de saúde, estamos contribuindo para o aumento
da demanda, uma vez que os fatores determinantes e/ou causais
permanecem inalterados e os problemas vão se acumulando e ampliando.
Emsaúde,osproblemasgeralmente sãomaiscomplexos (quase-estruturados), e o planejamento que se orienta por problemasdeve, preferencialmente, trabalhar com problemas terminais, jáquenossafinalidadeésuperarasdificuldadesdosusuáriosenãoapenas da organização. Nessa área, o que importa é o resultadoe não os produtos. Um elevado número de consultas médicasnão tem relevância nenhuma se os índices de morbi-mortalidadepermaneceremelevadosoumesmoemelevação.
Lição 4 – Definição de problemas
Agoraquevocê já sabeclassificaros tiposdeproblemas,ao finaldessaliçãovocêestaráaptoaidentificá-losepriorizá-los.
Especializando, a partir desta lição voce terá acesso aos conteúdos
relacionados diretamente com seu Plano Operativo. Estude-os com
atenção e retome sempre que necessário.
Reflexão
Você deve estar lembrado da organização didática do planejamento
estratégico situacional , segundo Carlos Matus (1993), em quatro momentos,
e certamente já sabe que estamos falando do momento explicativo. No
conteúdo anterior, você estudou os aspectos essenciais para a composição de
um diagnóstico situacional. Agora a tarefa é identificar o hiato existente entre
o agora e o futuro desejado: é nesse ponto que se localizam os problemas.
Unidade 2 - Planejamento em saúde 21
Oprimeiro passo é a definiçãodosproblemas, reconhecidamenteum dosmais importantes para uma boa solução. Alguns autoresreferem que a percepção e a definição correta do problema sãomaisdifíceisdoquesuasolução.Umproblemamaldefinidolevaasoluçõesequivocadas,perdadetempoederecursos.
Deve-selevaremcontaqueosproblemastratamdeumestadonegativodarealidadeedenotam,emgeral,ausência,carência,insuficiênciadeumfatordesejado,oupresençadeumfatorindesejado.Osproblemasdevemser formuladosdomodomaisprecisoecompletopossível.Assim, facilita-se a priorização e a explicação, que são passosseguintesdoplanejamentoequecontribuemparaaelaboraçãodasaçõesnecessáriasaoenfrentamentodessesproblemas.
A definição deve conter minimamente as seguintes informações:tamanho(magnitude)doproblema,populaçãoatingidaouenvolvida,localizaçãoedimensãotemporal.Porexemplo:existênciadefocosdomiciliaresdeAedes aygiptiemtodososbairrosdomunicípiodeFlorianópolis,2009.
É preciso estabelecer o que é problema e o que é um simplesincômodo. Segundo Matus (1993), a diferença entre problema eincômodoestánacapacidadededescrevê-loeexplicá-lo.
Se não soubermos definir e explicar muito bem um problema, ele não poderá
ser considerado como tal e não teremos solução oportuna para ele. Portanto,
a definição correta do problema requer uma cuidadosa exploração de
informações sobre a situação. Somente assim podemos perceber, entender
e focalizar os aspectos relevantes para a solução efetiva do mesmo.
Éimportantequeasituaçãosejaexaminadadediferentespontosdevista, colhendo informações, impressões e percepções dos váriosatoresenvolvidosnoprocessodeplanejamento.Comisso,pode-sedeterminarquaisdadossãomais importantesparacompreenderasituaçãoedefiniroproblemacorretamente.
Omodocomodefinimosnossosobjetivoseomodocomovemosoproblemaafetam fortementeomodocomoabordamosa situaçãoeosresultadosqueobtemos.Comfrequência,adefiniçãoadotadadetermina totalmente as ações para a solução. Para ilustrar essaafirmação, considere a situação que segue. Imagine que vocêcoordenaumaunidadedesaúdeecomeçaareceberreclamações
Veber, Lacerda e Calvo Gestão da assistência farmacêutica22
sobrealentidãodoserviçodafarmácia.Aprimeiracoisaquevocêfazétentardefiniroproblemadamelhorforma.Assoluçõesparaoproblemadependemdecomovocêodefine.Examinemosalgumasdefinições e as soluções que elas originam para vermos como adefiniçãocondicionaassoluçõescriadas.
a) Definição do problema: não há pessoal suficiente no setor.Solução do problema: aumentaronúmerodefuncionáriosparadispensaçãodemedicamentos.
b) Definição do problema: osistemaderegistrodeentradaesaídademedicamentos no computador é demorado e complicado.Solução do problema: trocarosistemaderegistroe/ouestudarmedidasalternativasparaoregistronohoráriodepico.
c) Definição do problema: picodedemandaemalgunshorários.Solução do problema: reunir as equipes e estabelecer umescalonamentodehoráriosdeatendimentoaospacientes.
d) Definição do problema: pessoaldafarmáciapoucocapacitado.Solução do problema: providenciartreinamentodopessoal.
O exemplo nos demonstra que a definição correta do problemarequerumacuidadosaexploraçãodeinformaçõessobreasituação.Somenteassimpodemosperceber,entenderefocalizarosaspectosrelevantesparaumasoluçãoefetiva.
Priorização de Problemas
A priorização de problemas consiste no momento em que osatoresenvolvidosemresolverumadeterminadasituaçãodesaúdese reúnem para discutir e selecionar aqueles mais importantes,relevantesparaacomunidade.
Alémdecomplexos,osproblemasnaáreadasaúdesãonumerosos.Écomumnosdepararmoscomumalistaenormedeproblemas,quedetãograndenosimobiliza,poisnãosabemosporondecomeçar.Tambémnão é possível estabelecer ações para resolver todos osproblemas de uma só vez. Além disso, a maioria dos problemaspossui interface com os demais, sendo, muitas vezes, causa ouconsequênciaentresi.
Parapriorizarosproblemaséfundamentalresponderaosseguintesquestionamentos:
• Oproblemaémuitofrequente?
• Éconsideradoimportante?
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• Existemconhecimentoserecursosdisponíveisparaqueaequipedesaúdepossaenfrentá-lo?
Essesquestionamentosorientamatomadadedecisãosobrequaissãoosproblemasprioritários. Issoporque,considerandoquecadaator possui uma dimensão própria da realidade e dos problemas,énecessáriohomogeneizarosaspectosqueorientarãooprocessodepriorização.Essesaspectossãodenominadoscritérios.Osmaiscomunssão:magnitude,transcendência,vulnerabilidade,urgênciaefactibilidade.Confiracadaumdelesaseguir.
• AMAGNITUDEdeumproblemadesaúdepodeserentendidacomoonúmerodepessoaseafrequênciacomqueoproblemaatinge uma determinada área ou população. Quanto maispessoassãoatingidasemaisfrequenteéoproblema,maioréamagnitude,portantomaiorsuaimportância.
• ATRANSCENDÊNCIAdeumproblemaéa representaçãodograudeinteressequeaspessoasdobairrooudacomunidadetêm em solucionar o problema. Trata-se da importância doproblema.Quantomaisgenteseinteressa,maiortranscendênciaeimportânciatêmoproblema.
• AVULNERABILIDADEdeumproblemaéograudefragilidadequeestetemquandosedesenvolvemasintervençõespossíveiscomatecnologiadisponível.Quantomaisfáciléapossibilidadede um problema ser resolvido ou diminuído através de umaintervenção,maisvulneráveleleé.
• AURGÊNCIAdeumproblemarelaciona-seaoprazoparaenfrentá-lo.Emgeral,conferealtograuderiscoaosenvolvidos.Agravidadedesuasconsequênciasdefineaurgênciadeumproblema.
• AFACTIBILIDADE de um problema refere-se à disponibilidadederecursosmateriais,humanos,físicos,financeirosepolíticopararesolvê-lo.Quantomaisdisponíveisosrecursos,maisfactíveleleé.
O número de problemas priorizados depende do potencial demobilizaçãodogrupoenvolvidonoprocessodeplanejamento.Comoreferido anteriormente, os problemas se relacionam problemas.Utilizando a técnica de priorização e o conhecimento sobre osproblemas,vocêestaráelegendoosprincipaisederegraconseguiráresolveroutrosdemaneiraconcomitante.
Aaplicaçãodatécnicadá-sepormeiodautilizaçãodeumatabela.Apartirdeumdebatecomogrupoenvolvidonoplanejamento,deve-seestipularumvalorparacadacritériodepriorizaçãodoproblema.Considera-seumapontuaçãocujaescalaseja0paraainexistência
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docritérioanalisado,1parapouco,2paraumpadrãomédio,3paraumnívelaltoe4paraumnívelmuitoalto.Osomatórioclassificaráograudeprioridadedosproblemassegundoestaavaliação técnica.Vejaabaixocomoestatabelapodesermontada(tabela1).
Tabela 1: Matriz de priorização dos problemas
probleMaMagnitude transcendência vulnerabilidade urgência factibilidade
totaltaManho interesse reversão espera recursos
(Descrever problema)
(Inserir valor atribuído na priorização)
(Inserir valor atribuído na priorização)
(Inserir valor atribuído na priorização)
(Inserir valor atribuído na priorização)
(Inserir valor atribuído na priorização)
(Somatória dos valores)
Apósapriorização,aetapaseguinteéaexplicaçãodosproblemas:suascausaseconsequências.Abordaremosesseassuntonalição5.
Lição 5 – Explicação do problema
Se planejar é sinônimo de conduzir conscientemente, não existirá então alternativa ao planejamento. Ou planejamos ou somos escravos da circunstância. Negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for. (CARLOS MATUS, 1993)
Atéaquiconversamosaimportânciadoplanejamento,asimplicaçõesdenãoexecutá-lo,asdiferentescorrentessobreotema,asetapasdoPlanejamentoEstratégicoSituacional.Refletimostambémsobreaidentificação,seleçãoepriorizaçãodeproblema,definidocomotodaequalquersituaçãoconsideradainsatisfatóriaouimpeditivaparaumatoralcançarseuspropósitos.Noblocoanterior,vocêesuaequipepriorizaram os problemas que precisam resolver para alcançar aImagem-Objetivo.
Agora você pode estar pensando que nosso próximo passo será definir
ações para o enfrentamento dos problemas, certo? Mas, ainda não!
Antes é preciso conhecer muito bem o problema para que o plano de
ações seja exitoso.
É preciso descrever e explicar os problemas, desde suas causasaté suas consequências, identificando o fluxo e as relações deinterdependência,oquedesenharáaredeexplicativa.Umaredebemdefinidapermitiráaidentificaçãodoqueosautoresdoplanejamentoestratégico denominam nós críticos – pontos ou aspectos que,quandomodificados,porsisópromovemaalteraçãodeoutrosoudeumasériedepontosnarede,potencializandoaresoluçãodoproblema.
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O primeiro passo é a eleição dos descritores dos problemas –informaçõesquantitativasouqualitativasdosmesmos.Nãosetrataaquidoelencodecausasouconsequências,masdacaracterizaçãodoproblemaparaquesetenhaadimensãoealocalizaçãodoqueéprecisoenfrentar.Trata-sedeinformarotamanho,apopulação,alocalizaçãoeatemporalidadedoproblema.Essadescriçãoorientará,posteriormente, o descritor de resultado, ou seja, o quanto doproblemaéesperadosolucionarcomoconjuntodeaçõesdefinidasnoplano,eoefeitoesperadodoplanejamento.
Vamosaumexemplo.Digamosqueoproblemapriorizadosejaousoexcessivodemedicamentosnomunicípio.Semdúvidaéumimportanteproblema, mas com esse enunciado não é possível identificarexatamentedoquesetrata.Éprecisoummaiordetalhamento.
Assim, torna-se necessário buscar os descritores e chegar àsseguintesinformações:
D1: Aumentoem40%dousodeantibióticoseem60%dousodeanalgésicoseanti-inflamatóriosentre2006e2010.
D2:EntreapopulaçãocomfaixaderendaCeD,ogastofamiliarcommedicamentoscresceu30%noperíodo2006-2010.
D3: As vendas de medicamentos sem prescrição médica ouodontológicateveincrementode45%.
Agora,sim,temosummelhordetalhamentodoproblemaemquestão.Precisamos, então, conhecer os motivos que permitiram chegaraestequadroeasconsequênciasdamanutençãoouacirramentodo problema. Esta explicação deve englobar todos os descritoresidentificados.Comecemosperguntando:oquecausouaumentodouso de antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios nesse período(D1)?Acadacausaidentificadasegueaperguntadoquecausouesseaspecto,eassimpordiante,atéesgotarsuaexplicação.ProcedamosdamesmaformaparaosdescritoresD2eD3,lembrandoqueumacausa pode ser comum a dois ou mesmo aos três descritores.Estabeleçamosofluxoderelaçãocausalparaobteraredeexplicativa.Omesmodeveserseguidonadescriçãodasconsequências.Umaestratégiaéimaginaraconstruçãodeumaárvoreexplicativa,naqualoproblemaseriao“caule”,abaixodele(a“raiz”)estariamrepresentadasas causas elencadas e a “copa” seriam as consequências (Figura2); ou estabelecer um fluxograma situacional, conforme propostoporCarlosMatus,comautilizaçãodequadrosesetascomopodeser observado na rede explicativa do nosso problema no exemplodaFigura3.Paraestecurso,utilizaremosapenasaredeexplicativa,desenvolvidanaformade“espinhadepeixe”.
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Causas
Problema central
Consequências
Figura 2: Esquema da árvore explicativa.
USO EXCESSIVO DE MEDICAMENTOS
Pressão indústriase mídia
Estratégia do capital deampliação do lucro
Reduçãocusto
Falta fiscalizaçãoConselho/ Vigilância
Falta deMedicamentos
Problemas na aquisiçãode medicamentos
CONS
EQUÊ
NCIA
SCA
USAS
Aumento veiculaçãopropaganda na mídia
Mudança legislação
Contratoreduzido
Descumprimentocontrato
Ausência do profissionalperíodo integral
estabelecimentos
Vendas sem dispensaçãopor profissionaisfarmacêuticos
Insuficiênciade RH
Atenção Básica nãodá conta da demanda
Auto medicação
Problemasqualificação RH
Modelo biomédicodominante
Baixa resolubilidadeda Atenção Básica
Aumento intoxicações/ efeitos
colaterais
Aumento demandaAtenção Básica,
Secundária e Terciária
Aumento resistência dos agentes
patogênicos
Dificuldade controledoenças e transmissão
do agente
Resistência modeloprevenção epromoção
Aumento gastopúblico eprivado
Aumento Lucroindústria e
mídia
Demandamedicamentos
novos
Questionamentodo SUS
Ampliaçãoconsolidação
modelo biomédico
Figura 3: Rede explicativa do problema.
Na figura 3 vemos um exemplo da rede explicativa do problema
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“Usoexcessivodemedicamentos”.Claroquenaperspectivadeumgrupo inseridoemumcontexto,oquecaracterizaoplanejamentoestratégicosituacional.Essaexplicaçãopartiudareflexãosobreoquepoderiacausarasituaçãoexplicitadanosdescritores.Porexemplo:a automedicação, fruto da hegemonia do modelo biomédico, éumacausacomumaos trêsdescritores.Abaixa resolubilidadedaatençãobásicaeadificuldadeematenderademandacontribuemparaaautomedicação,umavezqueapopulaçãotentaresolverseuproblema imediato,estimuladapelaveiculaçãodepropagandasnamídiaepelafacilidadedavendademedicamentossemdispensaçãodefarmacêuticos.Aspectosrelativosaosprofissionaisdesaúde,taiscomonúmero insuficienteeproblemasdequalificação,contribuempara a baixa resolubilidade e dificuldade em atender a demanda,assim como a baixa qualidade da farmácia pública e insuficiênciade medicamentos. O passo seguinte é estabelecer as relações,por exemplo: faltademedicamentosé resultadodeproblemasnaaquisição, e ao mesmo tempo acentua essa deficiência. Ambosinterferemnaresolubilidadeenadificuldadeematenderademandaà atenção básica. Prosseguindo assim, você deve ter percebidoqueestabelecemosumfluxodecausalidadedemodoapermitiraidentificaçãodepossíveisnóscríticos.
ConcluímosaquiomomentoexplicativodoPlanejamentoEstratégicoSituacional,segundopropostoporCarlosMatus.Opróximopassoé o desenho do plano de ação. Mas isso é assunto para outromomento.Agora,finalizamosestaliçãoe,consequentemente,maisumaetapadoCurso.
Concluímos os estudos desta unidade. Acesse o AVEA, realize as
atividades propostas e dê continuidade ao seu Plano Operativo.
Ambiente Virtual
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Referências
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OLIVEIRA,D.P.R.Planejamento estratégico.23.ed.SãoPaulo:Atlas,2007.
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Autores
Ana Paula Veber
Graduada em Farmácia, especialista em Saúde da Família emestre em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC).AtualmenteéprofessoradaUniversidadedoValedo Itajaíe farmacêutica do Centro de Informação sobreMedicamentos deSantaCatarina(CIMeSC),namesmauniversidade.Temexperiênciana área de Farmácia, com ênfase em Assistência Farmacêutica,atuando principalmente nos seguintes temas: Gerenciamento deAssistênciaFarmacêuticaeSaúdePública.
http://lattes.cnpq.br/7717795802135129
Josimari Telino de Lacerda
Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal de SantaCatarina (UFSC),doutoraemCiênciasdaSaúdepelaUniversidadedeSãoPaulo(USP)eprofessoradoDepartamentodeSaúdePúblicaedoProgramadePós-GraduaçãoemSaúdeColetivanaáreadeplanejamento e avaliação em saúde da Universidade Federal deSantaCatarina.
http://lattes.cnpq.br/3150002833629910
Maria Cristina Marino Calvo
Bolsista de Produtividade emPesquisa doCNPq − nível 2,possuigraduação emOdontologia pelaUniversidadedeSãoPaulo (USP,Bauru,1981), mestrado em Saúde Pública pela Universidade deSão Paulo (1996) e doutorado em Engenharia de Produção pelaUniversidadeFederal deSantaCatarina (UFSC,2002).Atualmenteéprofessora adjuntadaUniversidadeFederal deSantaCatarina eatuanoDepartamentodeSaúdePúblicaenosProgramasdePós-GraduaçãoemSaúdePúblicaeemOdontologia.TemexperiêncianaáreadeSaúdeColetiva,comênfaseemAvaliaçãoemSaúde.Nosúltimo cinco anos (2006-2010) publicou 41 artigos em periódicosnacionaiseinternacionais,5capítulosdelivroseváriosresumosemanaisdecongressos.Orientououcoorientou2tesesdedoutorado,9dissertaçõesdemestradoe18monografiasdeespecialização.
http://lattes.cnpq.br/9980742756657663