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Gestão do Futebol de Formação Feminino no Valadares Gaia Futebol Clube Relatório de Estágio Profissional Orientadora: Profª Doutora Maria José Carvalho Supervisor local: Dr. Nuno Pereira Joana Raquel Cerqueira Oliveira Porto, setembro 2019 Relatório de Estágio apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo em Gestão Desportiva, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto- Lei n.º 65/2018, de 16 de agosto.

Gestão do Futebol de Formação Feminino no Valadares Gaia ... · Universidade do Porto, onde descobri esta paixão pela gestão, onde desempenhei funções como Vogal, Presidente

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Gestão do Futebol de Formação Feminino no Valadares

Gaia Futebol Clube – Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Profª Doutora Maria José Carvalho

Supervisor local: Dr. Nuno Pereira

Joana Raquel Cerqueira Oliveira

Porto, setembro 2019

Relatório de Estágio apresentado com

vista à obtenção do 2º ciclo em Gestão

Desportiva, da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto, ao abrigo do

Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de

março, na redação dada pelo Decreto-

Lei n.º 65/2018, de 16 de agosto.

II

Oliveira, J. (2019). Gestão do Futebol de Formação Feminino no Valadares

Gaia Futebol Clube. Porto: J. Oliveira. Relatório de estágio profissionalizante

para a obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva, apresentado à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: GESTÃO DO DESPORTO; FUTEBOL FEMININO; FUTEBOL

DE FORMAÇÃO; VALADARES GAIA FUTEBOL CLUBE; ESTÁGIO

PROFISSIONALIZANTE

III

Agradecimentos

A palavra agradecimento significa “ato ou efeito de agradecer; expressão

ou facto que manifesta gratidão” (Dicionário infopédia da Língua Portuguesa,

2003-2019). Na minha família sempre se levou este ato ou efeito de forma

muito séria; agradecer faz parte da minha educação e, o terminar deste

capítulo como estudante, só seria possível com a ajuda de muitas pessoas, por

isso resta-me agradecer.

À Profª Doutora Maria José Carvalho, que desde as suas aulas icónicas

de Direito do Desporto procurou sempre destacar a verdadeira gestora do

desporto que existe dentro de mim, tudo isso se revelou ainda mais quando o

pedido para a orientação deste relatório foi feito. Desde o início que se mostrou

disponível e por isso agradeço todas as conversas e conselhos.

A todos os outros professores, na pessoa do Professor Doutor José

Pedro Sarmento que durante estes dois anos de Mestrado de Gestão

Desportiva me ajudaram a evoluir enquanto gestora e pessoa.

À minha segunda casa, a Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto que me acolheu durante os últimos seis anos, dando-me todas as

condições necessárias para ser uma melhor estudante e pessoa.

À minha Associação de Estudantes da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto, onde descobri esta paixão pela gestão, onde

desempenhei funções como Vogal, Presidente de Direção e Presidente da

Assembleia Geral de Alunos.

Ao Valadares Gaia Futebol Clube, que me recebeu enquanto treinadora

estagiária no ano de 2014 e me voltou a abrir portas como estagiária de gestão

do desporto no ano de 2018, agradecer na pessoa do Presidente José Manuel

Soares e a toda a sua estrutura.

Ao Dr. Nuno Pereira, supervisor local do estágio profissionalizante e

amigo, que procurou dar-me sempre as melhores condições para que eu

IV

pudesse aprender mais e me desafiou para tirar o melhor de mim todos os

dias.

Aos meus colegas de mestrado, na pessoa do delegado e amigo

Matheus Lara, que comigo partilhou muitos trabalhos e muitas histórias.

Aos meus amigos, à Fátima Pinto, Sofia Girão, Mariana Martins, Joana

Tavares, Mariana Pereira, André Sousa, Fábio Rocha e Nuno Pereira, que

acompanharam o meu percurso e que me deram apoio e motivação nas horas

precisas.

À minha mãe, que me permitiu traçar este caminho, que tudo fez para

que nunca me faltasse nada, que me auxiliou, amparou e motivou. Agradeço

por tudo aquilo que sou hoje.

Às minhas irmãs que pelos momentos de tranquilidade permitidos para a

realização deste relatório, pelos momentos divertidos quando era necessário e

pelas palavras sinceras.

A todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para o

culminar deste capítulo: aos colegas de licenciatura, aos colegas da

AEFADEUP, aos colegas de mestrado e às minhas atletas.

V

Índice

Agradecimentos ............................................................................................... III

Índice de Figuras ............................................................................................. IX

Índice de Quadros ............................................................................................ XI

Índice de Gráficos .......................................................................................... XIII

Índice de Anexos ............................................................................................ XV

Resumo ........................................................................................................ XVII

Abstract .......................................................................................................... XIX

Abreviaturas ................................................................................................... XXI

Introdução ......................................................................................................... 1

1 – Enquadramento Biográfico .......................................................................... 5

1.1- Um pequeno resumo biográfico ................................................................. 5

1.2 – Expectativas iniciais ................................................................................. 7

1.3 – Plano de Estágio ...................................................................................... 9

Capítulo 1 – Enquadramento Teórico .............................................................. 13

1.1 – Gestão do Desporto, do passado ao presente ....................................... 13

1.2 – Das primeiras organizações desportivas às atuais ................................. 17

1.3 – Gestão de um clube de futebol ............................................................... 21

1.4 – Gestão de eventos desportivos .............................................................. 25

1.5 – Marca, marketing, comunicação e imagem desportiva ........................... 29

1.6 – O Gestor do Desporto e as suas competências ..................................... 33

1.7 – Futebol Feminino, história e programas de desenvolvimento ................. 37

1.7.1 - Futebol Feminino, do passado ao presente ......................................... 37

1.7.2 – Programas de desenvolvimento da UEFA ........................................... 39

1.8 – Futebol Feminino em Portugal: .............................................................. 43

1.8.1 – Programas de desenvolvimento da FPF.............................................. 43

VI

1.8.2 - Números do Futebol Feminino em Portugal ......................................... 44

1.8.3 - Competições Nacionais e Distritais ...................................................... 46

Capítulo 2 – Caracterização da Entidade ........................................................ 51

2.1 - Localização ............................................................................................. 51

2.2 - Clube Futebol Valadares – Honrar o Passado, Construindo o Futuro –

Valadares Gaia Futebol Clube ........................................................................ 53

2.3 - Instalações .............................................................................................. 57

2.3.1 - Campo António Francisco Reis – Campo Antigo .................................. 57

2.3.2 - Complexo Desportivo – Valadares Gaia Futebol Clube ........................ 58

2.3.3 - Sede do Valadares Gaia Futebol Clube ............................................... 59

2.4 – Organograma ......................................................................................... 61

2.5 – Dragon Force – Valadares Gaia Futebol Clube ...................................... 63

2.5.1 – Parceria ............................................................................................... 63

2.6 – Futebol Masculino .................................................................................. 65

2.7 – Futebol Feminino ................................................................................... 67

2.7.1 – Organização do Futebol Feminino: Sénior e Formação ....................... 71

2.8 – Resultados das Equipas Femininas ....................................................... 73

2.9 - Patrocinadores ........................................................................................ 73

Capítulo 3 – Realização da Prática Profissional .............................................. 75

3.1 – Descrição das Atividades ....................................................................... 75

3.1.1 – Familiarização com o Departamento ................................................... 75

3.1.2 - New Sport Generation – Organização e gestão de equipas ................. 77

3.1.3 – Organização de espaços para treinos ................................................. 79

3.1.4 - Plano Mensal de Jogos ........................................................................ 80

3.1.5 - Parceria com Instituto Piaget – Escola Superior de Saúde................... 80

3.1.5.1 - Parceria ............................................................................................ 80

VII

3.5.1.2 - Testes ............................................................................................... 81

3.1.6 - Reuniões trimestrais com os Encarregados de Educação.................... 83

3.1.7 - Projeto “Escoladares” ........................................................................... 84

3.1.8 - Redes Sociais – Valadares Gaia Futebol Clube ................................... 85

3.1.9 - Festa do Futebol Feminino ................................................................... 87

3.2 – Organização de eventos desportivos ..................................................... 89

3.2.1 - Campo de Férias “Futebol e Alegria” ................................................... 89

3.2.1.1 - Ideia .................................................................................................. 89

3.2.1.2 - Proposta ........................................................................................... 89

3.2.1.3 - Balanço Financeiro ........................................................................... 91

3.2.1.4 - Comunicação e Marketing ................................................................. 91

3.2.1.5 - Regulamento ..................................................................................... 92

3.2.1.6 - Formulário de inscrição ..................................................................... 94

3.2.1.7 - Recursos Humanos ........................................................................... 94

3.2.1.8 - Cancelamento da Atividade .............................................................. 97

3.2.2 - Dia do “Pai” e Dia da “Mãe” .................................................................. 98

Capítulo 4 – Das reflexões às conclusões finais ............................................101

4.1 - Reflexões críticas e competências adquiridas ........................................101

4.2 - Conclusões e perspetivas para o futuro .................................................107

Referências Bibliográficas ..............................................................................109

Anexos ............................................................................................................ XV

VIII

IX

Índice de Figuras

Figura 1 - Transformação do emblema do Clube Futebol Valadares para

Valadares Gaia Futebol Clube ........................................................................ 54

Figura 2 - Campo António Francisco Reis – Clube Futebol Valadares ............ 57

Figura 3 - Complexo Desportivo de Valadares ................................................ 58

Figura 4 – Campo de futebol 11 no Complexo Desportivo de Valadares ........ 59

Figura 5 -Sede do Valadares Gaia Futebol Clube ........................................... 60

Figura 6 - Organograma do Valadares Gaia Futebol Clube ............................ 61

Figura 7 - Anúncio do Valadares Gaia Futebol sobre a subida de divisão ....... 65

Figura 8 – Todas as atletas na época 17/18 ................................................... 67

Figura 9 - Todas as atletas na época 17/18 2 ................................................. 67

Figura 10 - Número de praticantes de futebol feminino em 2018/2019 ........... 69

Figura 11 - Festejos da Passagem à Fase Nacional ....................................... 88

Figura 12 – Registo fotográfico do dia do "Pai" ............................................... 99

Figura 13 – Registo fotográfico do dia da "Mãe" ............................................. 99

X

XI

Índice de Quadros

Quadro 1 - Planeamento do Estágio ................................................................. 9

Quadro 2 - Plano de Realização do Relatório ................................................ 11

Quadro 3 - Recursos Humanos Equipas Femininas ........................................ 71

XII

XIII

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Aumento do número de atletas federadas entre a época de 2015 a

2017 ................................................................................................................ 40

Gráfico 2 - Aumento do número de atletas profissionais e semiprofissionais de

2013 a 2017 .................................................................................................... 41

Gráfico 3 - Comparação de número atletas nos anos 2015-2016-2017 .......... 44

XIV

XV

Índice de Anexos

Anexo 1 - Ficha de Inscrição de Atleta ........................................................... XVI

Anexo 2 - Ficha de Avaliação Técnica, Tática e Ambição ............................ XVIII

Anexo 3 - Exemplo de Tabela para Organização de Campo e Balneários ..... XIX

Anexo 4 - Plano Anual de Disposição de Balneários ....................................... XX

Anexo 5 - Exemplo do Plano Mensal de Jogos .............................................. XXI

Anexo 6 - Termo de Responsabilidade do Safe Card Protocol ...................... XXII

Anexo 7 - Ficha de Notas Escolares ............................................................ XXIII

Anexo 8 - Folha de Cálculos da Média das Notas Escolares ...................... XXIV

Anexo 9 - Exemplo do Layout Geral dos Jogos............................................ XXV

Anexo 10 - Exemplo dos Eventos colocados no facebook .......................... XXVI

Anexo 11 - Exemplo do Layout dos Resultados ......................................... XXVII

Anexo 12 - Exemplo do Layout utilizado para os 11 iniciais ...................... XXVIII

Anexo 13 - Partilha de notícias na nossa página de facebook .................... XXIX

Anexo 14 - Layout do Dia da Mulher ............................................................ XXX

Anexo 15 - Layout do Dia do Pai ................................................................. XXXI

Anexo 16 - Layout do Dia da Mãe .............................................................. XXXII

Anexo 17 - Balanço Financeiro do Campo de Férias Futebol e Alegria ..... XXXIII

Anexo 18 - Cartaz do Campo de Férias Futebol e Alegria ........................ XXXIV

Anexo 19 - Flyer do Campo de Férias Futebol e Alegria ............................ XXXV

Anexo 20 - Capa de Facebook do Campo de Férias Futebol e Alegria .... XXXVII

Anexo 21 - Regulamento do Campo de Férias Futebol e Alegria ............ XXXVIII

Anexo 22 - Programa de Atividades do Campo de Férias Futebol e Alegria

.................................................................................................................. XXXIX

XVI

XVII

Resumo

O presente Relatório de Estágio é o resultado do estágio

profissionalizante realizado no segundo ano do Mestrado de Gestão Desportiva

da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, que decorreu no

Valadares Gaia Futebol Clube.

O estágio foi realizado no Departamento de Formação de Futebol

Feminino, tendo durado dez meses, entre setembro de 2018 e junho de 2019.

Ao longo da época desportiva de 2018/2019 tive a oportunidade de

acompanhar e participar em todo o processo de organização e gestão deste

departamento, assim como exercer a função de gestora junto de todas as

equipas que se encontram sobre a responsabilidade deste.

Ao longo de todo este percurso como estagiária, adquiri conhecimentos

e competências que serão muito importantes no mercado de trabalho e na

minha vida profissional. As funções que desempenhei como gestora do

desporto permitiram-me perceber qual é o seu papel e quais são as principais

responsabilidades para integrar a estrutura de um clube desportivo.

Sendo o clube amador e não tendo departamentos como os

habitualmente designados, “recursos humanos”, “comunicação e imagem” ou

“instalações”, esta experiência fez com que passasse por várias áreas e tivesse

que ser versátil para cumprir as atividades que me foram solicitadas.

Após o término do estágio e da elaboração deste relatório, após toda a

experiência obtida e todos os conhecimentos adquiridos, tanto no primeiro

como no segundo ano de mestrado, afirmo, seguramente, que estudar Gestão

do Desporto foi uma decisão acertada.

PALAVRAS-CHAVE: GESTÃO DO DESPORTO; FUTEBOL FEMININO;

FUTEBOL DE FORMAÇÃO; VALADARES GAIA FUTEBOL CLUBE; ESTÁGIO

PROFISSIONALIZANTE

XVIII

XIX

Abstract

This internship report is the result of the professionalizing internship held

in the second year of the master’s degree course in Sports Management by the

Faculty of Sports of University of Porto, which took place in Valadares Gaia

Futebol Clube.

The internship was conducted in Women´s Football Youth Department,

lasting ten months, from September 2018 to june 2019.

Throughout the 2018/2019 season I had the opportunity to conduct and

participate in the entire process of organizing and managing this department, as

well as assisting all the teams that are on its responsibility.

Throughout this course as an intern, I have acquired knowledge and

skills that will be very important in the labour market and in my professional life.

The roles I have played as sports manager have allowed me to understand

what their role is and what the main responsibilities are when integrating the

structure of a sports club.

Being the club considered amateur, and not having departments such as

human resources, communication and image, facilities, this experience has

made me go through several areas and I had to be versatile to accomplish

some activities that have been requested.

After the end of the internship and the elaboration of this report, after all

the experience gained and all the knowledge acquired, both in the first and in

the second year of this master’s degree, I certainly can affirm that studying

Sports Management was a wise decision.

KEYWORDS: SPORTS MANAGEMENT; WOMEN’S FOOTBALL; YOUTH

FOOTBALL; VALADARES GAIA FUTEBOL CLUBE; PRACTIUM TRAINING

XX

XXI

Abreviaturas

€ Euros

AEFADEUP Associação de Estudantes da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto

AFP Associação Futebol do Porto

AFV Associação Futebol de Viana do Castelo

BPI Banco Português de Investimento

CFFA Campo de Férias “Futebol e Alegria”

CFV Clube Futebol Valadares

COI Comité Olímpico Internacional

EE Encarregados de Educação

EP Estágio Profissionalizante

FA The Football Association

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

JO Jogos Olímpicos

NSG New Sport Generation

UEFA Union of European Football Association

1

Introdução

Tendo como objetivo a conclusão dos estudos no 2º ciclo em Gestão

Desportiva e consequente obtenção do título de Mestre de Gestão Desportiva

na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), realizei um

estágio profissionalizante (EP) que contou com a orientação da Prof.ª Doutora

Maria José Carvalho.

Foi minha decisão fazer um EP pois estaria em constante aprendizagem

e tal como Mancini (2005) refere “a aprendizagem significativa ocorre quando o

aprendiz é capaz de receber novas informações e racionalizar, de forma a

construir uma interação com o que já se sabe previamente e o que se acabou

de conhecer.”. Sendo o EP uma oportunidade de pôr em prática tudo o que foi

aprendido durante o 1º ano do Mestrado de Gestão Desportiva é também um

processo de aprendizagem considerado necessário para que prepare o

estagiário para uma carreira profissional, permitindo que este enfrente desafios

e adversidades que o possam fazer evoluir (Scalabrin & Molinari, 2013).

Posteriormente decidi em que área realizaria o estágio, optando pelo

futebol feminino dada a atual expansão da modalidade em Portugal. Até 2017

teve um crescimento acima dos 300% (Ramires, 2017).

Tal como Aleksander Ceferin, presidente da Union of European Football

Association (UEFA), diz “O potencial do futebol feminino não tem limites.”. Ter

a oportunidade de trabalhar no futebol feminino dado o seu crescimento e o

contexto em que este se insere na sociedade é desafiador. Estar inserida num

clube que defende os direitos das mulheres, a igualdade de género e a procura

incessante pela mudança de mentalidades é um privilégio. Tudo isto quando é

sabido que o futebol é desporto rei em Portugal e que os seus praticantes,

treinadores e dirigentes são maioritariamente homens.

O EP foi realizado no Valadares Gaia Futebol Clube, mais propriamente

no Departamento de Formação de Futebol Feminino, sendo o meu supervisor

local o Dr. Nuno Pereira (Coordenador do Departamento).

2

Este relatório tem como finalidade descrever e refletir de forma

aprofundada as atividades realizadas no clube que me recebeu durante dez

meses – de setembro de 2018 até julho de 2019 – estando em funções durante

época desportiva de 2018/2019.

No que respeita à sua estrutura, apresento uma pequena “Introdução”

onde tenho como objetivo descrever de forma muito sucinta os moldes em que

o EP é realizado, elucidando o seu local, o intervalo de tempo da sua

realização e o porquê. Também procuro descrever a sua estrutura, introduzindo

o leitor para o que se segue.

O relatório de estágio começa com o meu “Enquadramento Biográfico”

no qual explico todo o meu percurso até ao momento e a minha história

enquanto pessoa, atleta e estudante. Procuro explanar quais foram as minhas

expectativas iniciais e quais os meus objetivos na realização deste estágio.

Para finalizar elaboro uma apresentação do plano de estágio que foi definido

com o supervisor local e uma descrição das minhas atividades e

responsabilidades a ter durante o ano.

No primeiro capítulo temos o “Enquadramento Teórico”, que podemos

chamar de revisão de literatura. Este teve como objetivo principal contextualizar

o relatório de estágio com as temáticas que são abordadas no desempenho

das minhas funções, começando pelo tema geral que é a Gestão do Desporto

do seu passado ao presente, das primeiras organizações desportivas às atuais,

até aos temas mais específicos, de como se gere um clube de futebol, como

são geridos os eventos desportivos, a importância da marca, do marketing, da

comunicação e da imagem desportiva e a relevância do gestor do desporto.

Por fim, procuro maior clareza na revisão de leitura ao descrever a história do

futebol feminino desde o seu passado ao presente, como tem evoluído e quais

são as principais competições realizadas atualmente.

No segundo capítulo encontramos o “Enquadramento Institucional” onde

se faz uma caracterização pormenorizada da entidade de estágio, começando

por descrever o concelho e a freguesia em que a entidade se insere, depois a

história do clube, desde da sua inauguração como Clube Futebol Valadares até

3

à sua transformação em Valadares Gaia Futebol Clube. Posteriormente,

caracterizam-se as instalações do clube, mostrando as instalações antigas e as

atuais, as equipas existentes, os escalões do Dragon Force, que são parte da

formação, os escalões masculinos e femininos. Ainda neste capítulo apresenta-

se o organograma do clube de forma a explicar a sua estrutura e elucidar como

se organizam; apresenta-se também as equipas técnicas de todos os escalões

femininos e os principais responsáveis pelo departamento. Por fim, faz-se uma

breve análise dos resultados atingidos nesta época e quais são os

patrocinadores que ajudam o clube e a sua importância.

No terceiro capítulo temos a “Realização da Prática Profissional” onde

procuro descrever de forma exaustiva todas as tarefas que desempenhei

durante o estágio.

No quarto capítulo abordamos as “Reflexões críticas e competências

adquiridas” onde, de forma resumida, se apresenta tudo o que foi desenvolvido

e aprendido durante a elaboração deste relatório e a realização do estágio,

refletindo sobre tudo o que foi concretizado, se atingi objetivos estabelecidos

no início do estágio e se este correspondeu às minhas expectativas.

Por fim, na “Conclusões e perspetivas para o futuro” enuncia-se as

considerações finais sobre esta experiência enquanto estagiária, sobre o futuro

do departamento de futebol e formação feminina do Valadares Gaia Futebol

Clube e as possíveis perspetivas para o futuro do departamento.

4

5

1 – Enquadramento Biográfico

1.1- Um pequeno resumo biográfico

Para compreender melhor como cheguei até a este momento, terei que

olhar para o passado e fazer uma retrospetiva de tudo o que vivi, só assim

conseguirei perceber como surgiu o Desporto e posteriormente a Gestão do

Desporto na minha vida.

Lembro-me que desde muito cedo preferi as bolas de futebol às barbies,

preferi a companhia dos rapazes nos intervalos da escola do que as conversas

femininas, preferia as calças rasgadas e as sapatilhas descoladas do que os

diários e as pinturas. O meu gosto pela aventura, pelo desporto revelou-se

cedo, talvez pela companhia que fazia ao meu pai nos fins-de-semana de

futebol e nos domingos em família em que passeávamos, andávamos de

bicicleta e jogávamos à bola.

Desde aí, a prática desportiva ficou incutida em mim, todos as aulas de

natação após as aulas fizeram entender-me que para sermos saudáveis a

prática desportiva assídua era importante. Mas foi apenas a partir do 5ºano

escolar que o desporto ficou ligado a mim de forma muito particular. Comecei a

jogar futsal no desporto escolar e mais tarde decidi representar uma equipa da

cidade de Trofa a nível regional. O gosto pela vitória e por todos os momentos

divertidos em equipa marcaram-me muito nesta fase de crescimento. Tenho

plena noção de que a minha exigência com o cumprir de horários, a minha

organização dos estudos e a importância que dou aos amigos e ao trabalho de

equipa está ligada ao desporto.

A minha educação esteve sempre aliada à prática desportiva mas o

momento em que educação e desporto se uniram numa única frase, foi quando

no 10º ano escolar optei por fazer um Curso Tecnológico de Desporto. A partir

desse momento, desporto passou a ser o tema principal na minha vida, não só

a sua prática mas a sua organização. No 12º ano escolar tive a minha primeira

experiência profissional, tendo estagiado na via do ensino numa escola

6

primária e na área do fitness num ginásio. No fim do 12º ano decidi candidatar-

me à faculdade e dar seguimento ao que tinha estudado até então, candidatei-

me ao curso de Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP). Tudo seguia o seu rumo normal no primeiro

ano da faculdade, quando um estudante chamado Rodrigo Medeiros

questionou qual o meu interesse em me juntar à Associação de Estudantes da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (AEFADEUP).

Surgiu então o meu primeiro contacto com a gestão do desporto, a

organização de eventos, a gestão de instalações, a procura de parcerias e o

contacto direto com outras instituições da mesma área. Mantive-me na

associação e no meu último ano de licenciatura, 2016/2017, candidatei-me a

presidente de direção da AEFADEUP. Esta foi a minha primeira e principal

experiência na área da gestão do desporto, onde, sob minha liderança, tivemos

24 estudantes com a responsabilidade de, durante um ano letivo, organizar

mais uma dezena de eventos e de estar a representar a nível nacional um

milhar de estudantes.

No ano 2017/2018 candidatei-me então ao Mestrado de Gestão

Desportiva onde aprendi muito e obtive conhecimentos importantes para

desempenhar a função de estagiária em gestão do desporto. Saber aplicar toda

a teoria no contexto prático é muito importante para que seja desenvolvido em

nós uma boa capacidade de trabalho.

7

1.2 – Expectativas iniciais

Tomei a decisão de fazer um estágio profissionalizante porque sou de

opinião que o experienciar, mais do que ser importante, permite momentos e

situações que não são conseguidas fora do terreno. Outro dos motivos para ter

tomado esta decisão foi pela a pouca experiência como gestora do desporto,

estar ao lado daqueles que o vivenciam todos os dias fará de mim uma gestora

mais completa.

Optei por um clube de futebol porque, além de ser a área com que mais

me identifico, sinto o futebol feminino em pleno desenvolvimento e numa

crescente evolução. Este estágio podia dar-me as bases e aprendizagens

necessárias para no futuro desenvolver algum projeto ligado à gestão do

futebol feminino em Portugal.

Por isso, tinha como objetivos gerais, neste estágio profissionalizante,

através das vivências prático-pedagógicas, a afirmação das aprendizagens

teóricas e a construção de conhecimentos, o desenvolvimento de

competências e habilidades. Assim como desenvolver a aplicação de métodos

e técnicas de intervenção na área da gestão do desporto das quais saliento a

gestão de instalações, a gestão de eventos, o planeamento e definição de

objetivos para as equipas e para o clube.

Como objetivos específicos tinha, conhecer a dinâmica da organização e

o departamento de formação de futebol feminino, participar nas diferentes

atividades do clube, acompanhar todo o departamento, desenvolver uma nova

imagem de marca do futebol feminino do clube, organizar novos eventos e

atividades para as atletas e os seus encarregados de educação, desenvolver

competências intra e interpessoais.

Contudo, apesar de me encontrar num clube que conheço e onde já me

encontrava em funções, ainda que diferentes, como treinadora de futebol, sabia

que iria vivenciar experiências novas e aprender a ligação entre o desporto e a

gestão.

8

9

1.3 – Plano de Estágio

O meu estágio profissionalizante no Valadares Gaia Futebol Clube teve

início no mês de setembro. Numa primeira fase procurei adaptar-me e

ambientar-me, tentar compreender o funcionamento, as rotinas e a forma como

se estruturava todo o clube e não apenas o departamento de formação de

futebol feminino.

Junto com o Dr. Nuno Pereira, o meu supervisor local, determinamos

quais as minhas principais atividades ao longo do ano, sendo que ficaria ligada

unicamente ao departamento de formação de futebol feminino, podendo ter de

realizar várias atividades na área de organização de eventos, comunicação e

imagem, organização de espaços e instalações.

Foi realizado um plano de estágio com as datas definidas para cada

atividade e delineadas quais seriam executadas de forma contínua ou

esporádica. O Dr. Nuno Pereira procurou passar-me todas as informações

necessárias nesta primeira fase, para que me sentisse confortável na

realização destas. No entanto, deu-me liberdade total para expor as minhas

dúvidas e opiniões sobre tudo aquilo que fosse realizado.

Relativamente ao planeamento do estágio propriamente dito, a definição

das atividades apresenta-se através do seguinte quadro:

Quadro 1 - Planeamento do Estágio

Atividades de

Estágio

Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Ma. Jun.

Definição de

atividades

Renovação das

fichas de atletas

Parceria com I.

Piaget + Testes

10

NSG –

Atualização de

dados

Redes Sociais

Organização de

Treinos

Plano Mensal

Jogos

Organização de

Eventos

Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Ma. Jun.

Projeto

“Escoladares”

Campo de Férias

Páscoa

Dia do Pai

Dia de Mãe

No Quadro 1, é possível verificar que o Plano de Estágio foi dividido em

duas partes: Atividades de Estágio e Organização de Eventos. Isto porque, as

atividades de estágio foram definidas pelo Dr. Nuno Pereira e as atividades de

Organização de Eventos foram eventos sugeridos por mim para aplicar no

clube.

Verificamos então através que as Atividades de Estágio definidas para

uma primeira fase tinham como principal objetivo a organização do

departamento, a atualização as fichas de inscrição e dados das atletas, e a

organização dos espaços definidos para os treinos. Como atividades contínuas

11

ficaram definidas as responsabilidades dos materiais de comunicação e

imagem e o planeamento mensal de jogos de todas as equipas do clube.

Na parte da Organização de Eventos, foram sugeridos por mim vários

eventos que pudessem fortalecer o clube, tornando-o mais ativo e as atletas

mais fidelizadas.

O plano de estágio não foi cumprido integralmente, sendo adaptado

consoante as necessidades da entidade - Valadares Gaia Futebol Clube.

Relativamente ao horário que foi cumprido, e uma vez que teria de

atingir as 500 horas definidas no regulamento dos estágios profissionalizantes,

ficou definido apresentar-me na sede do clube 15:30h às 19:30h, de terça a

sexta-feira. No entanto, estas horas não teriam de ser unicamente cumpridas

na sede podendo, por vezes, haver necessidade de estar na secretaria do

clube a pedido do supervisor local.

Contudo, para a elaboração deste relatório de estágio e para que este

fosse realizado de forma contínua e rigorosa estabeleci alguns prazos para a

elaboração do mesmo. Podemos verificar no Quadro 2 as datas para a

realização do relatório:

Quadro 2 - Plano de Realização do Relatório

Atividades de

Relatório Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Ma. Jun. Jul. Ag.

Enquadramento

Biográfico

Enquadramento

Institucional

Enquadramento

Teórico

12

Quanto ao Plano de Realização do Relatório (Quadro 2), as datas não

foram cumpridas na íntegra, mas fui tentando adiantar de forma contínua a

realização deste.

Realização da

Prática

Profissional

Introdução

Reflexões

Críticas

Conclusão

Finalização

Relatório

13

Capítulo 1 – Enquadramento Teórico

1.1 – Gestão do Desporto, do passado ao presente

Em meados do século XIX, durante a Revolução Industrial surgiu a

necessidade de organizar os estabelecimentos e instituições que surgiram com

a revolução. Os profissionais das várias áreas tiveram a necessidade de aplicar

os conhecimentos das diversas ciências para gerir essas organizações e assim

se deu o início da história da gestão (Reis, 2018). Maçães (2018) assegura que

Frederick Taylor (1856-1915) ao crescer neste ambiente, decidiu publicar o

livro “The Principles of Scientific Management” de forma a ajudar as

organizações, lançando sugestões como: colocar as pessoas a trabalhar nos

postos de trabalhos corretos, estabelecer métodos de trabalho estandardizados

e incentivar os trabalhadores. Enquanto Federick Taylor se focou na

organização da empresa dentro do seu estabelecimento e na sua área

produtiva, Henri Fayol (1841-1925) interessou-se pela parte administrativa e

pela melhoria da eficiência do processo produtivo, afirmando que as funções do

gestor são também importantes para o bom funcionamento das organizações.

Considerando as várias definições de gestão existentes, considero a de

Maçães (2018) a mais completa, “A Gestão é definida como um processo

estruturado de forma a possibilitar a produção de bens e serviços com o

empenho dos membros da organização, o que significa que a gestão

compreende um conjunto de operações que visam garantir a realização de um

bom desempenho por parte dos recursos organizacionais, no intuito de serem

atingidos os objetivos e as metas previamente delineados, de forma eficiente e

eficaz, através das suas principais funções: planeamento, organização, direção

e controlo.”.

Maçães (2018) também refere que “Os princípios da gestão são

universais, o que significa que se aplicam a todas as organizações, sejam

grandes pequenas, públicas ou privadas, com fins lucrativos ou sem fins

lucrativos”. Com isto, podemos confirmar que todas as organizações

desportivas (clubes desportivos, associações recreativas, escolas desportivas)

devem ser reguladas segundo estes princípios: o planeamento, onde se

14

determinam os objetivos e posteriormente se definem as ações e estratégias

para os alcançar; a organização, onde há uma distribuição de tarefas e

recursos para que os objetivos definidos sejam alcançados; a direção, é a parte

da gestão de pessoas na organização, lidera a motivar os trabalhadores com

base na comunicação adequada e resolução de conflitos de forma interna; o

controlo é a função da gestão que assegura que os objetivos são executados

conforme o planeado.

Por volta dos anos 80 começaram a surgir autores que se dedicaram às

problemáticas de Gestão do Desporto. Pires (2001) afirma que foi por volta

dessa altura que começaram a surgir indicadores de que a Gestão do Desporto

seria uma nova área de intervenção. Refere também que existiram seis motivos

para que isso acontecesse: o estado de crise do desporto moderno, que

necessitava de novas mentalidades quanto ao seu desenvolvimento dada a

degradação do modelo corporativo do desporto tradicional; a complexificação

da gestão, necessidade de acompanhar a evolução e as novas dinâmicas

sociais; as organizações, surgimento de organizações diretamente ligadas ao

desporto; a investigação científica, ainda que inicialmente grande parte das

investigações fosse aplicada na área da educação física, começou a surgir

interesse em perceber como as organizações se desenvolviam e funcionavam;

as oportunidades profissionais que se tornaram mais raras, e a área da Gestão

do Desporto começam a ser mais específicas; por fim a formação a nível

superior, o primeiro programa nas universidades surgiu na Ohio University nos

Estados Unidos da América (EUA) em 1996 e nunca mais parou, existindo

neste momento mais de 200 instituições universitárias a oferecerem o curso de

Gestão do Desporto (gestão desportiva) nos EUA e mais de 50 na Europa.

Para Lopes (2017) a Gestão do Desporto teve início na América do

Norte quando surgiu a necessidade de gerir os clubes profissionais como

empresas, considerando o produto, as partidas desportivas e os clientes, os

adeptos. Já na Europa, a gestão desportiva desenvolveu-se no aparecimento

de programas como o “Desporto para Todos” promovidos pelas entidades

autárquicas. Um dos grandes impulsionadores da gestão desportiva foi a

indústria do entretenimento, que tem vindo a aumentar nos últimos anos.

15

As várias transformações no mundo do desporto, obrigaram a que este

se tornasse mais organizado e regulado, como tal começaram a surgir algumas

organizações para acompanhar a sua evolução. H. Mintzberg (1995) diz-nos

que é necessário nós compreendermos que as organizações necessitam de

uma estrutura e que é fundamental que se conheçam as suas componentes

básicas e como estas se relacionam, para isso afirma a existência de cinco

componentes básicas: o centro operacional, o vértice estratégico, a

tecnoestrutura, a linha hierárquica e o pessoal de apoio.

O centro operacional é a relação entre os funcionários com a produção

de bens e serviços, neste caso desportivo podemos considerar a relação entre

treinadores e jogadores; o vértice estratégico, responsabilidade global da

direção e dos funcionários que a apoiam, para que os objetivos são cumpridos

eficazmente. Relativamente aos clubes, podemos considerar que o vértice

estratégico se encontra na direção e administração dos clubes; a

tecnoestrutura diz respeito aos responsáveis pela adaptação e controlo externo

da organização, ou seja, podemos considerar que grande parte dos

departamentos do clube são fundamentais para esta componente, garantindo a

estabilização do clube; a linha hierárquica liga o centro operacional ao vértice

estratégico. Consideramos então, que esta linha é formada pelos diretores do

clube que criam uma linha de comunicação direta entre os treinadores e

jogadores, até à direção do clube. Por fim, o pessoal de apoio são as pessoas

que auxiliam o fluxo do trabalho operacional, no contexto desportivos podemos

considerar o pessoal de apoio as pessoas que tratam da manutenção das

instalações, dos equipamentos e das limpezas. Estas cinco componentes são

extremamente importantes para as organizações desportivas.

16

17

1.2 – Das primeiras organizações desportivas às atuais

Desde os primórdios da Humanidade que a prática desportiva sempre

existiu, mas só os Jogos Olímpicos (JO) são a primeira forma de desporto

minimamente organizada que se registou. Apesar de se considerar que os JO

estavam minimamente organizados e regulamentados, não havia nenhum

organismo específico e responsabilizado para a sua realização. Segundo

Monteiro and Garcia (2016) os JO terão sido idealizados na segunda metade

do séc. VIII a.C. como forma de divertimento para Zeus. Mas os JO não tiveram

uma história sem obstruções, pois em 392 d.C. estes foram extintos devido à

invasão da Grécia pelos romanos (M. d. F. Silva, 2000).

Só em 1894, Pierre Coubertain tomou a iniciativa de organizar um

congresso na Universidade de Paris-Sorbonne para ponderar sobre a recriação

dos JO, isto porque Coubertain tinha como objetivos a estimulação da prática

desportiva e a “paz entre nações” através da convivência saudável que seria

resultado do espírito vivido (J. P. S. Silva, 2017). Surge então a necessidade de

haver uma entidade organizativa para regular a competição e trabalhar na sua

evolução. Assim nasceu a primeira organização desportiva com visibilidade e

impacto no mundo desportivo, o Comité Olímpico Internacional (COI) que é, até

hoje, o principal responsável pela sua organização.

Há registos que o COI não foi a primeira organização desportiva, pois

em 1863 surgiu a The Football Association (FA), a Federação Inglesa de

Futebol. O principal responsável pela criação desta organização é Ebenezer

Morley o criador do clube Barnes F.C. em 1862. Morley não estava satisfeito

com as condições do futebol sugerindo através de uma carta que o futebol

deveria ter regras. Esta carta levou ao primeiro encontro histórico com

capitães, secretários e outros representantes de alguns clubes londrinos que

jogavam as suas próprias versões de futebol. Devemos ter em conta que o

futebol nos anos 60 já era bastante praticado na Inglaterra e houve uma

necessidade de estabelecer um conjunto de regras que regulamentasse a sua

prática. Desta primeira reunião surgiu a primeira federação de futebol e

organização desportiva, nos 44 dias seguintes sucederam-se mais cinco

18

reuniões onde ficaram definidas as chamadas “leis do jogo”. Inicialmente houve

dificuldades a impor as regras a todos os jogos que eram realizados, o que fez

com que houvesse uma necessidade de organizar uma competição regida

pelas regras definidas pela FA, a qual foi denominada de The Football

Association Challenge Cup (The Football Association, 2019).

Com a evolução e surgimento de muitos clubes a praticar futebol, no ano

de 1885 houve necessidade de legalizar formalmente o profissionalismo da

competição, isto porque alguns clubes já tinham jogadores remunerados o que

acabava por contrariar a ideia de amadorismo que a FA tinha. Com a

uniformização do profissionalismo surgiu uma associação paralela à FA, mas

destinada a clubes amadores, que estavam proibidos de competir na FA. Esta

federação durou apenas sete anos, acabando por reforçar a autoridade da FA

(The Football Association, 2019).

Nos outros países o futebol também começava a ser desenvolvido e

começaram a surgir outras federações como a Federação Escocesa, Irlandesa,

do País de Gales, e mais tarde surgiu a Real Associação de Futebol dos

Países Baixos, fundada em 1889, e o seu fundador foi também o criador do

primeiro clube do país, o Haarlemsche Football Club (Koninklijke Nederlandse

Voetbalbond, 2019). Em 1992 a Real Associação de Futebol dos Países Baixos

propôs a criação de um campeonato entre equipas de vários países, com esta

proposta a Federação Francesa sugeriu a formação de uma Federação

Internacional que tivesse competência para regulamentar a modalidade a nível

internacional.

Nasceu em Paris, no dia 21 de maio de 1904 a Federação Internacional

de Futebol Association (FIFA) com sete membros fundadores: Dinamarca,

França, Espanha, Holanda, Suécia, Suíça e Bélgica. Neste dia ficaram

decididos os primeiros estatutos da FIFA:

1. Reconhecimento recíproco e exclusivo entre as associações nacionais

representadas e participantes;

2. Clubes e jogadores estariam proibidos de jogar simultaneamente por

mais do que uma associação;

19

3. Reconhecimento por parte de outras associações de suspensões

associadas por uma associação:

4. Os jogos seriam regulados segundo as ‘Laws of the Game of the

Football Association Ltd.’.

Este último estatuto era o que as associações procuravam seguir de

forma a uniformizar a prática do futebol. Atualmente a FIFA tem 211 federações

associadas, estas federações são os representantes máximos do futebol em

cada país e tem como obrigação respeitar os estatutos, objetivos e ideias da

direção e ainda promover o futebol na sua globalidade (Federation International

Football Associations, 2019).

Em Portugal, à semelhança dos outros países os clubes de futebol

começaram a aumentar e também surgiu uma necessidade de criar uma

organização que regulasse e organizasse os clubes e competições. Foi a 31 de

março de 1914 que foi fundada a União Portuguesa de futebol, pelas três

associações regionais existentes, Lisboa, Portalegre e Porto. A 26 de agosto

de 1914 a União Portuguesa de Futebol passa a estar filiada pela FIFA e tem

autorização para fazer a sua primeira seleção nacional. A primeira competição

organizada pela União Portuguesa de Futebol surge apenas em 1922, sendo

que os vencedores desta competição seriam considerados os campeões de

Portugal. Em 1926 a União Portuguesa de Futebol deu lugar à atual Federação

Portuguesa de Futebol (Federação Portuguesa de Futebol, 2019).

20

21

1.3 – Gestão de um clube de futebol

Segundo Lopes (2017) a gestão do desporto existe para uma melhor

tomada de decisão, para desenvolver rotinas, processos e práticas eficazes.

Afirma ainda que esta existe para solucionar problemas através da aplicação

de teorias e ferramentas de gestão já sistematizadas em outras áreas do

conhecimento, agora adaptadas à realidade do mundo disciplinar e dinâmico

do desporto.

Atualmente a gestão do desporto, devido à sua dimensão, não possibilita

aos clubes ter profissionais da área, por isso a maioria das pessoas associadas

às funções dos clubes amadores são voluntárias ou são dirigentes desportivos

que desempenham essas funções de forma cumulativa. É habitual ouvirmos

que os pais dos atletas desempenham as funções de diretores das equipas,

tratando de toda a organização do escalão onde se encontra o seu educando.

Também é habitual, os treinadores serem responsáveis por tratar das

inscrições dos atletas nas suas associações federativas e de recolher

mensalmente os custos associados à inscrição no clube. O amadorismo dos

clubes revela-se nestes pormenores, onde há uma aglomeração de funções o

que acaba por não permitir que cada dirigente desempenhe a sua função de

forma precisa e competente.

Lopes (2017) afirma que “Cada tipo de organização desportiva define, a

partir do seu grau de complexidade e dimensão, os níveis de autonomia e

respetivos âmbitos de intervenção de gestores dentro da organização.” Ou

seja, poderá haver uma tendência para clubes com mais dificuldades

financeiras recorram a pais e treinadores para a aglomeração de funções, de

forma a conseguir uma contenção de custos. Assim como podemos considerar

que clubes com maior capacidade financeira contratem pessoas formadas para

desempenhar as funções devidas e assim contribuam para a melhor

organização da sua estrutura.

H. Mintzberg (2003) abordando o quão importante é a estrutura de uma

organização afirma que “a estrutura de uma organização pode ser definida

simplesmente como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é

22

dividido em tarefas distintas e, depois, como a coordenação é realizada entre

as tarefas.”, o autor ressalva também que nenhuma estrutura se sustenta

sozinha, sendo extremamente importantes os humanos, os materiais, o

ambiente e outros fatores que interfiram na organização. Considerando todos

estes pontos, os humanos têm uma importância maior na estrutura sendo

responsáveis por quase todo o seu desenvolvimento.

No entanto, para o bom desempenho de uma estrutura há dois fatores

preponderantes: a comunicação e a divisão de tarefas e de funções. Todos os

elementos devem saber o que fazer, até onde podem intervir e devem

certificar-se que desempenham os seus papéis de forma competente.

Num dos maiores e mais ricos clubes do mundo, o Manchester United,

até à chegada de Sir Alex Ferguson em 1986 o clube não dispunha de muitos

argumentos para as competições que disputava. Em 1986, quando Sir Alex

Ferguson, chegou ao clube, percebeu que o problema não estava apenas nos

jogadores ou na equipa técnica responsável pelos treinos e pelos jogos. O

problema estava no topo da sua estrutura e tudo o resto era prejudicado pela

falta de organização e preparação. Ferguson and Moritz (2015) afirmam “Antes

de pormos em campo uma boa equipa, é preciso desenvolver uma boa

organização, e os vários elementos têm de se encaixar na perfeição.”, ou seja,

podemos considerar que um clube até pode ter uma ótima equipa e ótimos

jogadores, mas para que tudo funcione é necessário que haja uma estrutura,

um planeamento e um divisão de tarefas.

Para a divisão de tarefas os clubes e empresas criam o seu

organograma isto é, uma disposição hierárquica das posições de trabalho que

estipula uma linha de autoridade e comunicação. É feita uma divisão em

grupos com funcionários da mesma área e as suas responsabilidades técnicas

(Bressan, Lucente, & Louzada, 2014)

Brunoro and Afif (1997) apresentam uma estrutura organizacional de um

clube de futebol, que é aquela que mais se identifica com as estruturas do

futebol português amador neste momento e com o Valadares Gaia Futebol

Clube.

23

Presidência: gere todo o clube na sua globalidade, tendo a

máxima confiança nos responsáveis de cada departamento;

Departamento técnico: a única preocupação é bom

desenvolvimento da equipa de futebol (treinadores,

fisioterapeutas, roupeiros, preparador físico, etc);

Departamento administrativo e de recursos humanos: está ligado

diretamente ao departamento técnico, mas que tem como

principais funções atividades burocráticas (registos, acessória

jurídica, etc), logística interna e externa (reserva de hotéis,

alimentação, locais de treino, verificação do material desportivo,

etc), elaboração das tabelas salariais e de carreiras, etc.;

Departamento financeiro: está ligado ao departamento

administrativo, tendo que fazer um controlo do fluxo de caixa e

tendo que cumprir os objetivos e limites delineados;

Departamento de marketing: valorizar a marca do clube, tendo

como objetivo a maximização de captação de receitas (angariar

sócios, venda de camisolas e outros produtos, etc.);

Departamento de instalações: responsável pela gestão do centro

de treinos e pelo estádio (condições do relvado, limpeza de

balneários, marcação de treinos e jogos, etc.).

Considerando esta divisão de departamentos e tudo o que os autores

referem, cada clube deve procurar dividir os seus funcionários por funções

dando-lhes responsabilidades e autonomia para o seu bom desempenho. No

entanto, apesar de toda a divisão de tarefas por departamentos é importante

que todos comuniquem e mantenham boas ligações, pois nenhum

departamento funcionará sozinho e todos os departamentos funcionarão como

um todo.

24

25

1.4 – Gestão de eventos desportivos

Existem várias definições do que são os eventos desportivos, segundo

Correia (2001) um evento desportivo caracteriza-se pela intangibilidade,

inseparabilidade, variabilidade e perdurabilidade. Por norma, são

heterogéneos, produzidos por várias empresas e em dias variados. Barreau

(2001) define evento desportivo em três pontos: o evento desportivo é um

espetáculo; o evento desportivo é um produto; o evento desportivo é uma

empresa. Almeida (2001) citando Blanc (1999) refere que os eventos

desportivos são todas as organizações humanas que visam oferecer serviços

desportivos de forma ideal. Isto não exclui as atividades comerciais que são um

meio de realizar direta ou indiretamente um serviço desportivo.

Tendo em conta as três definições referidas encontramos palavras em

comum em todas elas, como produção, empresa ou serviços e tal como

referem Sarmento, Pinto, Da Silva, and Pedroso (2011) apesar de numa visão

genérica os componentes serem os mesmos com outros tipos de eventos

(sociais, políticos, religiosos, etc.) os eventos desportivos têm características

únicas, que encontramos nos autores acima referidos, como o espetáculo e

variabilidade. A sua crescente notoriedade leva-os a estar mais perto do

patamar de todos os outros tipos de eventos. Esta notoriedade pode ser

definida pela dimensão do evento, que para Sarmento et al. (2011) citando

Sarmento (2002) nos diz que há quatro níveis:

1. Megas eventos – são de nível internacional e têm uma duração superior

a oito dias;

2. Grandes eventos – são também de nível internacional e tem milhares de

atletas e espectadores;

3. Pequenos eventos – podem ser de nível internacional ou nacional, tendo

uma pequena participação de atletas e espectadores e sendo a sua

duração limitada;

4. Micro eventos – são campeonatos e torneios de menor relevância

competitiva.

Dentro de cada dimensão existe uma preparação para a organização do

evento desportivo que também é disposta em fases e etapas.

26

Fundamentado nos estudos de Almeida (2001) desde a ideia inicial até

ao final do evento desportivo existem quatro fases de gestão da organização

de um evento desportivo, estas estão dispostas de forma cronológica e dividas

em dois níveis, o operacional e o burocrático. Podemos considerar a primeira

fase de gestão quando surge a ideia, havendo uma discussão sobre esta e a

análise de todas as implicações necessárias para a sua realização. Numa

segunda fase entramos na sua conceção onde é tomada a decisão da

realização ou não realização do evento, dependendo da empresa

organizacional pode haver necessidade de realizar um dossier de

apresentação do evento. Na terceira fase é decidida a estrutura da

organização, podendo ser necessário o recrutamento de voluntários e

profissionais, após este recrutamento há possibilidade da empresa formar os

voluntários e profissionais para o desempenho dessas tarefas. Por fim, a

avaliação. É nesta fase que se concretiza o evento e este é avaliado não só

pela organização, pelos especialistas mas também pelos seus participantes.

Nesta fase é que se verifica o sucesso ou insucesso do evento desportivo e

quais as fragilidades e virtudes da sua gestão.

Para a realização de qualquer evento desportivo a fase da realização do

evento é que demora menos tempo, por isso é muito importante que toda a

fase de preparação seja feita com tempo necessário para o seu sucesso.

Apesar do autor referir estas quatros fases do evento, o conceito de

sustentabilidade do projeto e as fases que Sarmento et al. (2011) definem para

que o projeto atinja um nível de eficácia consoante as nossas expectativas

também são muito importantes destacar. Estes fazem uma subdivisão em três

fases distintas:

Pré-evento: conjunto de estratégias de comunicação para que seja

criado um clima de interessa e alguma expectativa no público-alvo;

Evento: razão de todo o projeto, o grande momento da sua realização e

onde se concentram todas as atenções;

Pós-evento: através de um conjunto de iniciativas pretende-se perdurar

na mente do público-alvo e criar interesse para que haja uma reedição.

27

O Desporto dito espetáculo tem-se tornado um objetivo para todas as

organizações que pretendem realizar eventos desportivos, a forma como se

aceleram as economias locais e nacionais fazem com que o espetáculo seja

prioritário. Um dos principais motivos para isto suceder é o facto de nunca se

saber o desfecho final das competições, ainda que haja uma tentativa por parte

dos espectadores em prever os resultados, esta tentativa de previsão e

indefinição juntando à paixão e competitividade dos espectadores torna

indiscutível o impacto do evento desportivo (Sarmento et al., 2011).

Dentro da atmosfera do futebol, o Mundial de Futebol (Copa do Mundo

da FIFA) é considerado a competição mais importante e mais prestigiada do

mundo. É um evento desportivo organizado pela FIFA, sendo uma competição

internacional de futebol que ocorre de quatro em quatro anos em locais

diferentes. A primeira edição foi realizada em 1930 e só não se realizou entre

1942 a 1946 devido à Segunda Guerra Mundial. O Mundial de Futebol é a

competição desportiva mais prestigiada no mundo, ultrapassando os JO, o

local da sua realização é definido por candidaturas dos países e posteriormente

à decisão, o país fica responsável juntamente com a FIFA para a realização e

preparação de todo o evento.

A última edição, em 2018, foi atribuída à Rússia, foi a primeira vez que a

competição foi sediada no Leste Europeu. Estiveram presentes trinta e duas

seleções que disputaram o título mundial num total de sessenta e quatro jogos.

A organização saiu extremamente satisfeita, tendo conseguido encher os

estádios na maioria dos jogos e atingindo um total de mais de três milhões de

pessoas nas bancadas.

Economicamente a organização de um evento desportivo desta

dimensão não é realizada sem que haja consequências financeiras para o país

anfitrião. Todos os países que organizam a competição investem em novos

estádios ou na renovação dos atuais, em melhorias das estradas e dos meios

de transporte. No entanto, o Mundial de Futebol é um fator positivo para o

crescimento económico. Estima-se que a Rússia tenha investido cerca de onze

28

mil milhões de euros na organização, mas que tenha recebido um retorno de

vinte e dois mil milhões de euros.

Não há registo de quantas pessoas foram necessárias para organizar

um evento desportivo desta dimensão, mas se contabilizarmos todas as

pessoas envolvidas desde engenheiros, funcionários públicos (meios de

transporte, assistentes médicos, operários, etc.) voluntários, etc., certamente

estaremos a falar de centenas de milhares de pessoas. O que confirma o que

autores acima referem, a divisão de tarefas e responsabilidades por

departamentos, a autonomia, a competência e a comunicação são fatores

muito importantes para a gestão de um evento desportivo.

29

1.5 – Marca, marketing, comunicação e imagem desportiva

Segundo Vásquez (2007) as marcas são muito valiosas para as

empresas, apesar de não serem ativos físicos fazem parte do seu património.

São mais do que um produto, são associações emocionais, a definição de

marca é segundo Kapferer and Rabaça (1994) a seguinte, “Uma marca é ao

mesmo tempo signo, palavra, objeto, conceito. Signo, pois a marca é

multiforme: ela integra os signos figurativos, como os logótipos, os emblemas,

as cores, as formas, as embalagens e o design. Palavra, no caso o nome da

marca, que é o suporte de informação oral ou escrita sobre o produto. Objeto,

pois a marca distingue um ou vários produtos de outros produtos ou serviços.

Conceito, enfim, pois a marca, como todo signo, tem um significado, ou seja,

um sentido.”

Com esta definição podemos interligar todos os clubes desportivos que

existem a uma marca, pois o seu emblema, logótipo, cor e forma são a sua

imagem. Sendo então a sua marca tão valiosa como referem os autores e

fazendo parte do património do clube surge uma oportunidade de a

mercantilizar. Segundo Lopes (2017) o conceito de mercado decorre do

funcionamento de uma sociedade em que o sistema de aquisição de bens ou

serviços está organizado em função da capacidade financeira dos seus

membros, isto é os produtores de bens e serviços procuram obter os seus

objetivos financeiros através das melhores condições de venda. Face a este

fenómeno desenvolveu-se o marketing, que corresponde à identificação de

uma ideia, bem ou serviço, numa determinada população alvo. Fazendo a

ligação ao desporto, o marketing desportivo é um conjunto de ações e

prestações, produzidas com o objetivo de satisfazer as necessidades,

expectativas e preferências do consumidor do desporto (Sá & Sá, 1999).

Seguindo a ideia de Sá and Sá (1999), o marketing desportivo também

pode estar ligado a clubes, associações e empresas através da organização de

eventos desportivos, tendo como objetivo principal a otimizações de receitas.

Por norma estas entidades procuram essa otimização de receitas através de

um conjunto de ações como: animações durante os eventos desportivos;

30

transmissões; patrocínios; vendas de bilhetes; aluguer da instalação;

comercialização da marca; venda de jogadores; criação de lojas do clube; etc..

Os clubes de futebol são um exemplo do que é otimizar receitas através

do marketing desportivo, como recentemente podemos verificar, o Manchester

City jogou a Supertaça Inglesa com a reedição de um equipamento de há 125

anos, mas com alterações que foram sugeridas pelos próprios adeptos

aumenta desta forma a venda deste equipamento e lançando-o como edição

limitada. Outro exemplo, na época 2018/2019 o Sporting Clube de Portugal

lançou um concurso para a criação do terceiro equipamento do clube, onde

participaram milhares de sócios, conseguiram com isto aumentar o número de

visitas ao seu site oficial e aumentar o número de sócios do clube através da

inscrição para participar no concurso. O Futebol Clube do Porto criou uma

escola de formação chamada Dragon Force e foi abrindo escolas de futebol

com o seu emblema, na Europa e na América do Sul, conseguindo através

deste projeto um aumento da massa adepta fora de Portugal. Todas estas

ações fazem com que haja uma ligação direta com os clubes e se conseguida

através do merchandising obter mais receitas.

Na presente época, 2018/2019, o Boavista Futebol Clube viu o seu clube

em sérias dificuldades para se manter na primeira divisão do campeonato

português, a direção juntamente com o departamento de comunicação e

imagem decidiram lançar uma campanha chamada “vestir o Bessa de preto e

branco”, conseguindo assim a terceira maior assistência da época. Mas para

conseguirem tal feito, o Boavista Futebol Clube ofereceu aos sócios o bilhete e

permitiu que cada sócio pudesse adquirir mais quatro bilhetes de forma

gratuita, e quem não era sócio do clube poderia assistir ao jogo por apenas um

euro. O objetivo principal passa por mobilizar o número máximo de jovens

adeptos ao estádio para que estes se fidelizem com o clube e no futuro se

tornem sócios.

É importante ter uma boa imagem de marca do clube e ter iniciativas que

façam destacar a ajuda aos clubes a otimizar receitas e a fidelizar os seus

adeptos. Com a evolução tecnológica e o aparecimento das redes sociais,

31

estas iniciativas rapidamente atingem grandes proporções e os clubes saem

beneficiados. As redes sociais são, neste momento, a ligação mais direta dos

clubes com os adeptos e a sua constante atualização faz com que os adeptos

nunca se desliguem do clube.

Por fim, Lopes (2017) considera que um clube desportivo bem adaptado

às novas técnicas de gestão tem que ter um departamento que desenvolva um

trabalho de recolha e tratamento de dados. Esse departamento deve registar

vídeos e imagens de jogos, entrevistas e eventos organizados pelo clube, deve

também registar todos os áudios de notícias e entrevistas. O autor também

reitera que é importante não menosprezar a capacidade das redes sociais na

comunicação de um clube, pois estas vieram criar condições para que os

clubes atinjam uma escala planetária no que toca à comunicação, assumindo

que, quanto mais cedo os clubes intervirem neste meio, mais vantagens terão

no futuro.

32

33

1.6 – O Gestor do Desporto e as suas competências

Quando ouvimos falar em organizações desportivas sejam elas

federações, associações ou clubes, afirmamos que quem desempenha funções

na área da gestão destas entidades é reconhecido como “dirigente desportivo”,

seja essa entidade amadora ou profissional. Qualquer função numa

organização desportiva, independentemente da linha hierárquica, se tem

designado como “dirigente desportivo”, sejam eles presidentes, vice-

presidentes, tesoureiros, diretores de equipa ou até seccionistas.

Para percebermos qual a designação de dirigente desportivo podemos

considerar Tubino, Garrido, and Tubino (2007) que assegura que o “dirigente

desportivo” é uma pessoa que dentro de uma organização desportiva tem um

cargo administrativo, podendo esta organização ser uma federação,

associação ou clube. Desta forma, o planeamento, a organização, a execução

e o controlo das mais variadas tarefas dentro da organização, são funções da

responsabilidade do gestor desportivo.

A função de gestor desportivo é antiga, se considerarmos que já existem

organizações desportivas há muitos anos e que desde sempre os seus

funcionários foram apelidados de dirigentes. No entanto, tem vindo a ganhar

destaque nos últimos dez anos, tendo havido uma necessidade das federações

e associações desportivas em formar os seus dirigentes. No ano de 2018 a

FPF lançou o Curso de Formação Inicial de Dirigentes que contém os

seguintes módulos:

i. Organização e gestão: desenvolver competências na gestão e

organização de um clube desportiva, no que concerne à logística

patrocínios, eventos desportivos, gestão de risco e instalações

desportivas;

ii. Planeamento: desenvolver competências para um planeamento

estratégico para o bom funcionamento do clube;

iii. Liderança: desenvolver competências pessoais e interpessoais

para a adoção de papéis de liderança. Privilegiar a comunicação,

34

tomada de decisão, motivação, gestão de conflitos, resolução de

problemas e ética;

iv. Pessoas e Media: princípios necessários para as relações com os

media;

v. Direito do desporto: conhecimentos jurídicos fundamentais para

atuar com responsabilidade e segurança no ambiente desportivo;

vi. Financeiro: desenvolver competências na área da gestão financeira

de um clube desportivo, importância do controlo de custos e

orçamentos;

vii. Fiscalidade: gestão fiscal adequada ao clube;

viii. Marketing e Comunicação: conhecimentos sobre marketing,

promoção e patrocínio e como se podem aplicar nos clubes

desportivos;

ix. Arbitragem: conhecimentos sobre as leis do jogo;

x. Disciplina: conhecimentos sobre os regulamentos das provas da

FPF e regulamentos de violência e antidopagem;

xi. Ética no Futebol: futebol como instrumento educativo, mais ética e

menos violência;

xii. Tecnologia: conhecimentos sobre inscrições, transferências,

contratações e protestos;

xiii. Recursos Humanos: princípios essenciais para a gestão de um

programa eficaz de relações;

xiv. Integridade no Futebol: princípios de integridade, lealdade,

verdade, sensibilizar para fenómenos desviantes à corrupção e

manipulação de jogos e resultados.

Este curso tem como objetivo o desenvolvimento de competências

necessárias para uma boa prática do dirigismo desportivo nos clubes de futebol

(Federação Portuguesa de Futebol, 2018c).

A FPF mostra-nos que o dirigente desportivo deve ter uma série de

competências desenvolvidas para que execute as suas tarefas e

responsabilidades de forma habilitada.

35

Um estudo realizado recentemente por Lara (2019) no Brasil sobre as

funções do gestor desportivo no voleibol feminino mostra-nos que as suas

cinco principais funções são:

i. Logística: atividades operacionais relativas a viagens, jogos,

transportes, alimentação, etc.

ii. Gestão de Materiais Desportivos: ações que estejam relacionadas

com o material e equipamentos, manutenção, aquisição e

controlo;

iii. Gestão de Comunicação: comunicação com o ambiente interno

(direção, equipa técnica e atletas) e com o ambiente externo

(fornecedores, patrocinadores, federações, associações e outros

clubes);

iv. Gestão de Pessoas: gerir interesses pessoais e coletivos em prol

dos objetivos gerais da organização e do desenvolvimento da

modalidade;

v. Gestão Financeira: planeamento do orçamento anual da equipa;

vi. Gestão de Risco: projetar possíveis imprevistos financeiros,

logísticos e operacionais, criando planos estratégicos na

possibilidade de acontecimentos inesperados.

Desta forma e interligando o que o estudo do autor aos módulos da FPF,

conseguimos verificar correspondências nas funções do gestor desportivo e

entender que as suas responsabilidades e tarefas são cada vez mais

específicas tendo um grande impacto no desenvolvimento e organização do

clube.

Portanto é da responsabilidade do gestor desportivo num clube de

futebol a gestão de materiais, de comunicação, de pessoas, financeira e de

risco, tendo ainda sobre a sua alçada a parte logística e toda a especificidade

de regulamentos, disciplina e integridade do futebol.

36

37

1.7 – Futebol Feminino, história e programas de desenvolvimento

1.7.1 - Futebol Feminino, do passado ao presente

Segundo Borges (2012) futebol é para homens e esta é a frase que

ainda hoje se ouve, ainda que hoje esta tenha muito menos força do que tinha

há uns anos atrás. Segundo Costa (2017), há indícios de que as mulheres,

ainda no tempo da Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), jogavam um jogo

chamado TSU Chu, praticado na China. TSU Chu tinha como objetivo

pontapear a bola por entre duas estacas que estariam cravadas no chão. O

jogo foi sendo desenvolvido, até se tornar naquilo que hoje chamamos de

futebol.

Costa (2017) afirma ainda que, por volta do séc. XV as mulheres

praticavam alguns desportos com bola principalmente na França e na Escócia.

O primeiro jogo entre mulheres registado na história é do ano de 1895, onde se

defrontaram a seleção do Norte e do Sul de Inglaterra. No entanto, existem

muitas referências e factos contraditórios, o que não prova a veracidade deste

registo.

As primeiras equipas de futebol feminino surgem na França em 1910,

afirma Moura (2003). O que nos faz perceber que desde os primeiros jogos o

futebol feminino rapidamente evoluiu na europa, Franzini (2005) comprova-nos

que entre 1910 e 1920 o futebol feminino alcançou um grande sucesso na

Europa. Em Inglaterra, durante a primeira guerra mundial, os homens

retiraram-se dos campos de futebol para os campos de batalha, e as mulheres

assumiram papéis predominantemente masculinos. Segundo N. C. Lima and

Sousa (2016) as mulheres decidiram formar equipas de forma a arrecadar

fundos para os homens que estavam na guerra e a partir daí surgiu a sua

prática mais regular no futebol. No final de 1918, os homens regressaram e as

mulheres voltaram a assumir as suas posições na arquibancada.

A mulher foi conquistando o seu espaço no futebol, na Inglaterra a

retirada dos homens para a guerra permitiu mostrar a presença feminina no

mundo desportivo e a sua capacidade na prática. A partir desse momento, as

mulheres começariam a marcar presença na modalidade em várias partes do

38

mundo. No Brasil, Moura (2003) afirma que o primeiro jogo decorreu no ano de

1921.

Em Portugal, Sousa and Garrido (2016) afirmam que a década de 1980

foi marcante na história do futebol feminino português, isto porque a 24 de

outubro de 1981 a Seleção Nacional A viajou para França e disputou o seu

primeiro jogo internacional. Na altura a realidade entre os dois países era muito

diferente, as atletas portuguesas eram amadoras e de apenas três clubes

nacionais e a seleção francesa era no momento a campeã da europa. A

diferença do desenvolvimento futebolístico dos dois países era tão grande

quanto o número de atletas que existiam, Portugal tinha na época apenas 400

atletas federadas e a França 10.000. As diferenças eram muitas mas o

resultado mostrou que Portugal estava a começar um longo caminho que

poderia ser de sucesso quando terminou o jogo com um empate.

Entre 1983 e 1993 a seleção nacional feminina foi extinta, mas a

Federação Portuguesa de Futebol (FPF) lançou no ano de 1985 a primeira

competição nacional feminina denominada por Taça Nacional de Futebol

Feminino. A Taça Nacional de Futebol Feminino foi disputada durante oito

épocas e teve apenas um único campeão, o Boavista Futebol Clube. No ano de

1993-1994 o nome da competição mudou para Campeonato Nacional de

Futebol Feminino e disputa-se até hoje, sendo que neste momento é

denominado de Liga BPI devido aos patrocínios.

39

1.7.2 – Programas de desenvolvimento da UEFA

Todo este desenvolvimento do futebol feminino é da responsabilidade da

UEFA, das federações nacionais, dirigentes e administradores dedicados e

inúmeros apoiantes e voluntários. O futebol feminino tem florescido e atingido

patamares que não se imaginavam possíveis. A UEFA conseguiu dar a

visibilidade e exposição ao futebol feminino através de competições como o

Campeonato da Europa Feminino e da UEFA Women’s Champios League, o

interesse do público foi aumentando e as futebolistas europeias de topo

emergiram como personalidades e modelos.

O Programa de Desenvolvimento de Futebol Feminino promovido pela

UEFA no ano de 2013 foi o principal impulsionar de todos os feitos, com 54

federações a participarem. O objetivo era simples, promover o futebol feminino

nas comunidades, escolas e parques com a mensagem de que qualquer

menina poderia praticar a modalidade. As federações que se juntaram ao

programa foram: Albânia, Andorra, Arménia, Áustria, Azerbaijão, Belarus,

Bélgica, Bósnia Herzegovina, Bulgária, Croácia, Cyprus, República Checa,

Dinamarca, Inglaterra, Estónia, Ilhas Faroé, Finlândia, França, Geórgia,

Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Israel, Itália, Cazaquistão, Latvia,

Liechtenstien, Lituânia, Luxemburgo, Macedónia, Malta, Moldávia, Montenegro,

Holanda, Irlanda do Norte, Noruega, Polónia, República da Irlanda, Roménia,

Rússia, San Marino, Escócia, Sérvia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suécia,

Suíça, Turquia, Ucrânia, País de Gales e Portugal. Todas estas federações

lançaram um projeto que até hoje desenvolvem com o objetivo de promover o

futebol feminino no seu país e como recompensa a UEFA apoia

financeiramente as federações (Union of European Football Associations,

2013).

Segundo Union of European Football Associations (2017), para a

temporada de 2016/2017 o número de jogadoras de futebol federadas é de

1.365.000 milhões e os países como França, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra,

Suécia, Holanda e Noruega já contam mais de 100.000 atletas federadas.

Podemos verificar no gráfico 1 e utilizando os dados disponíveis nos relatórios

40

anuais lançados pela UEFA todos os anos que, nos últimos três anos houve

um aumento significativo do número de atletas federadas, o que nos permite

concluir que as estratégias aplicadas pela UEFA têm tido um impacto

significativo.

Gráfico 1 - Aumento do número de atletas federadas entre a época de 2015 a 2017

Ainda encontramos mais números surpreendentes na Union of European

Football Associations (2016) que nos mostram que na época de 2015/2016, 49

países já continham uma liga principal feminina. Ainda nesta época existiam 50

países com seleção feminina, na época de 2016/2017 apenas mais dois países

anunciaram o lançamento das suas seleções femininas.

O crescimento do futebol feminino começa a atingir então os patamares

profissionais e semiprofissionais, verificando na Union of European Football

Associations (2016) que em 2015/2016 já existiam 2.219 atletas profissionais

de futebol, estando espalhadas por 145 clubes em 23 países. Destas 2.219

atletas profissionais, 74.72% são atletas que foram formadas nos clubes,

18,43% são atletas estrangeiras e 6,85% não estão identificadas. É

extremamente importante que se analise estas percentagens e se perceba que

o facto da maior parte das atletas profissionais serem atletas formadas nos

clubes dá garantias futuras ao futebol feminino, pois revela que os clubes estão

1 100 000

1 150 000

1 200 000

1 250 000

1 300 000

1 350 000

1 400 000

2015 2016 2017

Aumento do nº de atletas federadas entre a época de 2015 a 2017

Nº de atletas federadas

41

a investir em atletas que são provenientes dos seus escalões de formação e

que assim continuarão a dar prioridade ao investimento que fazem na formação

de atletas femininas. Em comparação, na época de 2017 já existiam mais

1.500 atletas do que na época anterior, sendo no total 3.752 (Union of

European Football Associations, 2017). Analisemos o Gráfico 2, onde podemos

verificar que o número de atletas profissionais e semiprofissionais aumentou

gradualmente desde o investimento no futebol feminino da UEFA em 2013 e

que em 2017 há um aumento notável em relação a 2016.

Destacando outras posições no futebol feminino, podemos analisar

através da Union of European Football Associations (2016) que o número de

treinadoras e árbitras tem aumentado significativamente. Em 2016, os

treinadores de seleções A, Sub19 e Sub17 eram 65,6% homens e 34,4%

mulheres, mas desta percentagem feminina 26% são treinadoras de seleções

A, o que significa que no principal escalão de seleções as treinadoras já

começam a conquistar o seu espaço. Quanto às árbitras, já existem 181

árbitras profissionais, com licença FIFA, em competições masculinas e os

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2013 2014 2015 2016 2017

Aumento do nº de Atletas Profissionais e Semiprofissionais de 2013 a 2017

Nº de Atletas Profissionais e Semiprofissionais

Gráfico 2 - Aumento do número de atletas profissionais e semiprofissionais de 2013 a 2017

42

países que se destacam com 8 árbitras FIFA nas competições masculinas são,

Polónia, Itália, Croácia, Ucrânia, França, Espanha e Bélgica.

Um dos motivos para que o desenvolvimento do futebol feminino tenha

sido tão acentuado nos últimos anos é a utilização dos meios de comunicação

social. Os meios de comunicação social, como a televisão, os jornais e

revistas, a internet e a rádio permitiram alcançar toda a população mundial e

dar a visibilidade necessária para que o futebol feminino atingisse o próximo

patamar. Verificamos na Union of European Football Associations (2016) que a

final da Liga dos Campeões feminina da época 2015/2016 foi emitida em direto

em sete países com uma audiência de 208.899. Na época de 2016/2017 a

audiência subiu para mais de 30.000 espectadores, atingindo um valor recorde

de 239.529.

O ano de 2017 fica também marcado na história do futebol feminino por

ter atingido um número recorde de público no Women’s Euro 2017, na

Holanda, com mais de 600.000 a assistir a toda a fase regular no europeu.

Outro valor recorde foi atingido na final da competição com 28.182 pessoas a

assistirem ao encontro, valor que equivale a 93,16% da capacidade do estádio.

Por fim, a Union of European Football Associations (2017) mostra-nos

dados muito importantes para na área da gestão desportiva e no número de

mulheres que estão incluídas na área ligada diretamente ao futebol. Afirma-se

assim que as mulheres que trabalham a um nível de gestão ou superior em

associações membro da UEFA em 2013 eram 320 e em 2017 eram 383.

Relativamente aos patrocinadores, em 2013 havia apenas nove patrocínios

dedicados às associações, em 2017 já havia dezassete. Quanto aos Comités

Femininos dentro das associações, em 2013 havia 39 comités e em 2017

aumentaram para 41.

43

1.8 – Futebol Feminino em Portugal:

1.8.1 – Programas de desenvolvimento da FPF

No ano de 2011 dentro do Programa de Desenvolvimento de Futebol

Feminino da UEFA, a FPF lançou o projeto denominado por Festa do Futebol

Feminino, onde todos os anos equipas entre os 12 e 15 anos de várias escolas

e clubes disputam a competição. A competição é de futebol de 7 e é disputada

numa primeira fase a nível distrital, participando vinte distritos aliados ao

projeto. Posteriormente as equipas vencedoras em cada distrito disputam a

fase final nacional, no Estádio do Jamor no dia da final da Taça de Portugal

Feminina.

Neste momento o futebol feminino encontra-se numa etapa de

expansão. Na época de 2015/2016 a FPF convidou todas as equipas da Liga

NOS, liga masculina, a formarem equipas femininas. A resposta foi positiva por

quatro clubes do principal escalão de futebol masculino em Portugal, o Sporting

Clube de Portugal, o Sporting Clube de Braga, Belenenses SAD e Estoril Praia

Futebol Clube, estas duas últimas já existiam na segunda liga mas passam

automaticamente para a primeira (Cabral, 2016).

As exigências da FPF foram, a criação de equipas de formação de

juniores até à época de 2017/2018 e o limite de apenas duas contratações a

cada equipa do Campeonato Nacional de Futebol Feminino na época de

2016/2017. Assim, na época de 2016/2017 o campeonato passou a chamar-se

Liga Allianz e ficou a ser composto por catorze equipas, mais quatro do que na

época 2015/2016. Contudo, pela primeira vez na história do futebol feminino

em Portugal deu-se início a um campeonato nacional feminino meio amador e

meio profissional, pois as equipas do Sporting Clube de Braga e Sporting Clube

de Portugal assumiram a posição de equipas profissionais no futebol feminino.

Na época de 2015/2016 ficou também decidido que existiria uma

restruturação dos campeonatos de formação, surgindo então o primeiro

Campeonato Nacional de Juniores Feminino, dando mais importância ao último

escalão de formação e incluindo o futebol de 9 como ponto de transição entre o

44

futebol de 7 disputado nas competições mais jovens e o futebol de 11

disputados nas competições seniores.

1.8.2 - Números do Futebol Feminino em Portugal

Comparando os números que nos são cedidos em Union of European

Football Associations (2015), Union of European Football Associations (2016) e

Union of European Football Associations (2017) podemos verificar no Gráfico 3

que entre os anos 2015-2017 houve um aumento significativo do número de

atletas femininas federadas.

Gráfico 3 - Comparação de número atletas nos anos 2015-2016-2017

Entre 2019/2010 e 2013/2014 o aumento do número de atletas foi

apenas de 24% e entre 2013/2014 e 2016/2017 o aumento foi de 359%. Ao

ano de 2011 associamos o programa desenvolvido em Portugal chamado de

Festa de Futebol Feminino e percebemos que a médio prazo foi uma aposta

ganha com um aumento significativo do número de atletas femininas federadas

em Portugal.

Outros dados interessantes que podemos encontrar na comparação

destes três documentos são o número de equipas seniores femininas, que no

2116

1172

944

5786

2499 32

97

9067

4292 47

75

N º D E A T L E T A S A T L E T A S < 1 8 A T L E T A S + 1 8

Comparação de nº atletas nos anos 2015 -2016-2017

2015 2016 2017

45

ano 2014/2015 eram apenas 50, no ano de 2015/2016 aumentou para 72 e no

ano de 2016/2017 diminuiu para 66. Podemos justificar a diminuição do número

de equipas na equipa 2016/2017 com a entrada das equipas convidadas pela

FPF, mesmo com a limitação de contratação de duas jogadoras por clube,

teremos que ter em conta que na zona sul, as três equipas convidadas

poderiam retirar no total a cada clube, seis jogadoras. Se tivermos em conta

que duas das equipas convidadas são profissionais e tem financiamento para

contratar qualquer jogadora independentemente da sua zona de habitação,

então podemos considerar que cada equipa da zona sul pode ter ficado com

menos oito jogadoras e na zona norte, quatro jogadoras. No entanto, é

extramente importante referir que as duas equipas profissionais, ainda que

tenham tido um impacto na diminuição do número das equipas seniores

femininas, tiveram muito impacto na visibilidade do futebol feminino em

Portugal e, só, após a criação destas duas equipas é que o futebol feminino em

Portugal passou a ter um patrocínio comercial exclusivo.

Quanto à área dos media, também podemos associar a criação das

equipas profissionais aos números que surgem. Durante todas as épocas até

2014/2015 nenhum jogo tinha sido emitido em direto na televisão portuguesa.

Com o aparecimento de alguns sites que permitem a transmissão em direto

dos jogos através da internet e com os canais dos clubes profissionais a

transmissão dos jogos é mais regular. A FPF tem, também, trabalhado para

que os jogos com mais visibilidade e com maior projeção sejam transmitidos

em direto em canais abertos. Na presente época foram transmitidos os jogos:

Supertaça Feminina, Quartos-de-Final, Meias-Finais e Final da Taça de

Portugal e ainda dois jogos da Liga BPI entre os dois candidatos ao título,

Sporting Clube Portugal e Sporting Clube Braga.

Importante referir que a FPF passou a ter campanhas publicitárias

exclusivas para o futebol feminino desde 2016, tal como podemos verificar em

Union of European Football Associations (2016).

46

1.8.3 - Competições Nacionais e Distritais

Atualmente, a FPF oferece oito provas a nível nacional para as equipas

de futebol feminino, que são:

Liga BPI (1º Divisão de Futebol Feminino);

Campeonato Nacional 2ª Divisão de Futebol Feminino;

Taça de Portugal Feminina BPI;

Supertaça de Futebol Feminino;

Taça Nacional de Promoção Feminino;

Campeonato Nacional Juniores Feminino;

Taça Nacional Juniores Feminino;

Taça Nacional Juvenis Feminino.

Destas oito provas, as primeiras cinco são destinadas a jogadoras do

escalão sénior. As outras três competições são destinadas a jogadoras que se

encontram ainda em escalões de formação. No entanto, há possibilidade das

jogadoras com idade de escalão formação disputarem competições de escalão

sénior, desde que passem nos exames médicos que lhes autoriza a

participação.

A Liga BPI 2018/2019 (Federação Portuguesa de Futebol, 2018d) é a

primeira liga de portuguesa de futebol feminino, composta por 12 equipas. A

prova é disputada em 22 jornadas, tendo em conta que os clubes jogam todos

contra todos, na qualidade de visitantes e de visitados. A vitória tem a

atribuição de três pontos, o empate de um ponto e a derrota de zero pontos. A

equipa que garante mais pontos durante as 22 jornadas é considerada

campeão da competição classificando-se para disputar os play-offs da Liga dos

Campeões Feminina na época seguinte. As duas equipas que conquistam

menos pontos durante as 22 jornadas são despromovidas para o Campeonato

Nacional de 2ª Divisão de Futebol Feminino.

O Campeonato Nacional de 2ª Divisão de Futebol Feminino

(Federação Portuguesa de Futebol, 2018b) é composto por 48 equipas. A

estrutura desta prova é diferente da primeira liga de futebol feminino, tendo em

47

consideração a disposição geográfica dos clubes. Numa primeira fase a

competição é dividida em 5 séries e a composição das séries é decidida em

função da zona geográfica do país, podendo afirmar-se que esta fase da prova

é regional. Numa segunda fase, também regional, mas numa forma mais

abrangente, distribuída em zona norte e sul, classificam-se os dois primeiros

lugares da classificação de cada série. Nesta fase é realizado o apuramento de

campeão, classificando-se para a final o primeiro lugar da classificação de cada

zona. As duas equipas que disputam o apuramento de campeão garantem

automaticamente a subida de divisão para a primeira liga de futebol feminino.

Em todas as fases, as equipas que compõe cada série e/ou grupo jogam

entre si, tanto como visitantes como visitados, no mesmo sistema pontual da

Liga BPI.

A Taça de Portugal Feminina (Federação Portuguesa de Futebol,

2018f) é disputada por todos os clubes que se inscrevem para a prova. A prova

é disputada em eliminatórias, sendo que numa primeira fase as eliminatórias

são apenas de um jogo e competem apenas as equipas da 2ª Divisão de

Futebol Feminino. Numa fase mais avançada juntam-se as equipas da primeira

liga, todas as eliminatórias são disputadas apenas a uma mão, só a meia-final

da prova é disputada a duas mãos (visitante e visitado). Durante o sorteio dos

jogos fica definido quem são as equipas que jogam como visitantes ou

visitados.

A final da prova disputa-se no mítico Estádio do Jamor, assim como na

Final da Taça de Portugal Masculina, trazendo alguma igualdade de género a

esta competição.

A Supertaça Feminina (Federação Portuguesa de Futebol, 2018e) é

disputada num só jogo, no início de todas as épocas desportivas. Disputam

esta prova o primeiro classificado da primeira Liga de Futebol Feminino da

época anterior, ou seja, as campeãs em título e as vencedoras da Taça de

Portugal Feminina. Na eventualidade do vencedor do campeonato da primeira

Liga de Futebol Feminino for o mesmo da Taça de Portugal, quem participa na

48

Supertaça é o finalista vencido da Taça de Portugal. O local desta prova é

decidido pela FPF.

A Taça de Promoção (Federação Portuguesa de Futebol, 2018i) é uma

prova realizada para as equipas da 2ª Divisão de Futebol Feminino que não se

classificam para a segunda fase dessa competição. Para dar competitividade a

estas equipas, tendo em conta que a primeira fase da competição termina em

fevereiro, a FPF decidiu em 2017/2018 organizar a prova. Esta é disputada

numa primeira fase, em modo regional, com a distribuição das equipas em

séries, apurando para as eliminatórias o primeiro lugar de cada série.

Posteriormente, a prova disputa-se a duas mãos nas meias-finais e na final.

Durante o sorteio dos jogos das eliminatórias fica definido quem são as

equipas que jogam como visitantes ou visitados. Nas meias-finais e final, as

equipas disputam uma mão como visitantes e outra como visitados, vencendo

a equipas que nas duas mãos atingiu mais vitórias.

O Campeonato Nacional de Juniores Feminino (Federação

Portuguesa de Futebol, 2018a) é disputado, atualmente, por 54 clubes. Assim

como o Campeonato Nacional de 2ª Divisão, esta prova é primeiramente

disputada em séries, havendo atualmente 6 séries que são organizadas por

zona geográfica. Numa segunda fase, classificam-se para uma fase de grupos

os primeiros lugares de cada série, o melhor segundo lugar de todas as séries

e a equipa que vencer a série das ilhas. Esta fase é considerada regional,

ainda que seja distribuída em apenas duas zonas, zona norte e sul. Na terceira

fase, apura-se o campeão nacional de juniores feminino, havendo um jogo

entre o vencedor da série norte e da série sul. A final disputa-se a duas mãos,

sendo uma como visitante e outra como visitado.

A Taça Nacional de Juniores Feminino (Federação Portuguesa de

Futebol, 2018g) é disputada pelas equipas que não se qualificaram para a

segunda fase do Campeonato Nacional de Juniores Feminino. Na presente

época a prova teve 47 equipas inscritas. Numa primeira fase a prova é

disputada por séries e posteriormente é disputada dentro dos mesmos critérios

da Taça de Promoção.

49

A Taça Nacional de Juvenis Feminino (Federação Portuguesa de

Futebol, 2018h) é disputada pelas equipas que se inscrevem junto das

associações de futebol ao qual estão federadas. Numa primeira fase a prova

realiza-se em grupos que são decididos através da zona geográfica,

posteriormente o vencedor de cada grupo joga a final num formato de “todos

contra todos” em apenas uma mão, num campo neutro decidido pela FPF.

A nível distrital, a Associação de Futebol do Porto (AFP), oferece duas

provas de futebol feminino, sendo que uma delas é mista:

Interassociações de Futebol de 7 – Sub15/17;

Liga de Recreação e Lazer de Futebol de 7 – Sub 13 Misto.

A prova, Interassociações de Futebol de 7 – Sub15/17 é uma prova

em conjunto entre a AFP e a Associação de Futebol de Viana do Castelo

(AFV). Isto acontece porque ambas as associações não tinham equipas

suficientes para tornar as provas competitivas e para solucionar esse problema,

juntaram todas as equipas na mesma competição. Inscreveram-se na prova 15

equipas, sendo que duas delas são do Valadares Gaia Futebol Clube, uma

equipa de Sub-15 e outra de Sub-17.

Numa primeira fase, a prova foi dividida em duas séries, não havendo

critério para a composição delas. Numa segunda fase os três primeiros

classificados de cada série e o melhor quarto classificado, apuraram-se para a

Divisão de Elite onde é realizado o apuramento do campeão. As equipas que

não se classificam para a Divisão de Elite, disputam uma Divisão de Honra.

Esta divisão é organizada com o objetivo de todas as equipas continuarem a

competir.

A prova, Liga de Recreação e Lazer de Futebol de 7 – Sub-13 Misto é

uma prova mista, disputada por equipas masculinas e femininas, a nível

distrital. No entanto, na presente época a única equipa feminina a disputar a

prova é do Valadares Gaia Futebol Clube. Estão inscritas na prova 8 clubes.

Numa primeira, a prova é disputada apenas numa série onde todas as

equipas se defrontam como visitantes e visitados. Numa segunda fase os

50

quatro primeiros classificados disputam o apuramento de campeão, onde

posteriormente sairá o vencedor da prova. As outras quatro equipas disputam

uma segunda fase, apenas para ser mantida a competitividade das equipas

durante um maior período de tempo.

51

Capítulo 2 – Caracterização da Entidade

2.1 - Localização

Vila Nova de Gaia é o terceiro município mais populoso do país, com

cerca de 300 000 mil habitantes. É conhecida pela sua vista para o Rio Douro e

pela sua extensa marginal até à Foz (Câmara Municipal de Gaia, 2016).

Culturalmente, o concelho de Vila Nova de Gaia dispõe de espaços

como Casa Barbot, a Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo, o

Solar dos Condes de Resende, os Auditórios Municipais, a Biblioteca

Municipal, o Convento Corpus Christi e o Arquivo Municipal Sophia Mello

Breyner. Tudo isto só é possível porque a Câmara Municipal de Gaia procura

dinamizar a criação artística e cultural, apoiando artistas, projetos e empresas.

Sobre a Educação, o concelho dispõe de uma vasta rede de

estabelecimentos de educação desde o pré-escolar passando pelo ensino

básico e ensino secundário. No ensino secundário, encontram-se opções como

o ensino científico, tecnológico e profissional, dando resposta às diversas

necessidades educativas e formativas. Ainda existem instituições de ensino

superior privadas ligadas às artes.

Na área da Saúde existe o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-

Espinho, Unidades 1 e 2, o Hospital da Luz – Arrábida e o Hospital Privado da

Trofa – Vila Nova de Gaia. Para além dos centros de saúde que estão

disponíveis para os Gaienses, há farmácias em quase todas as freguesias.

Quanto ao Desporto, a Câmara de Gaia oferece cinco piscinas

municipais, em Pedroso, Arcozelo, Vilar de Andorinho, Lever e Santa Marinha,

com aulas disponíveis a qualquer idade. Tem à sua disposição dez pavilhões

gimnodesportivos municipais, cinco complexos desportivos e vários campos de

futebol associados a clubes. Ao ar livre, o Parque da Lavandeira permite fazer

caminhadas, passear com a família. Oferece ainda uma Pista de Cicloturismo

na Orla Marítima, um Parque de Campismo Municipal da Madalena e vários

polidesportivos.

52

O Valadares Gaia Futebol Clube (VGFC) encontra-se localizado na

União de Freguesias de Gulpilhares e Valadares que tem cerca de 20 mil

habitantes e ocupa uma área de 6,14 quilómetros quadrados de Gulpilhares,

mais 4,94 quilómetros quadrados de Valadares. A zona de praia (Miramar e

Francelos) é uma das atracões da localidade, onde se encontram monumentos

como a capelinha do Senhor da Pedra no areal de Miramar, que traz à

freguesia pessoas do concelho e de várias cidades vizinhas, transformando-a

num local de culto e peregrinação, durante o ano (Portal de Freguesias, 2006).

Em Gulpilhares situa-se também a Aldeia SOS, instituição que acolhe

crianças desprotegidas, integrando-as numa família com uma mãe. Existem

apenas três Aldeias SOS em Portugal, o que por si só representa a grandeza

do papel desta freguesia na área social. Já no campo da Cultura, destaca-se o

Rancho Folclórico de Gulpilhares, uma instituição de grande prestígio nacional

e internacional, que mantém viva a tradição e os costumes. Em Valadares

temos o Cinema-Teatro Eduardo Brazão, um edifício renovado que recebe

todas as semanas vários espetáculos musicais, teatro ou cinema (Portal de

Freguesias, 2006).

53

2.2 - Clube Futebol Valadares – Honrar o Passado, Construindo o Futuro –

Valadares Gaia Futebol Clube

O Clube Futebol Valadares (CFV) foi fundado no dia 6 de outubro de

1930, tem a sua sede, no centro de Valadares, na Rua Manuel Moreira da

Costa Júnior e o seu estádio chamava-se Campo António Francisco Reis,

nome que homenageava o seu Presidente do momento (Pereira, 2017).

O momento mais marcante da sua história foi o campeonato da INATEL

em 1978/1979 no qual se sagraram campeões. Outro dos momentos

marcantes foi o dia de 4 de novembro de 1990, onde o CFV eliminou o

Marítimo, equipa da 1ª Divisão, na Taça de Portugal, atingindo assim os

oitavos-de-final pela primeira vez na sua história.

Em 1996 começa a escrever-se a história do futebol feminino no clube,

formando a primeira equipa do clube que participou no Campeonato Nacional

de Futebol Feminino na época de 1997/1998.

Uma das maiores referências futebolísticas que os atletas têm, é o

jogador Ricardo Costa, que tem 113 internacionalizações pela Seleção

Portuguesa de Futebol, formado nos escalões de formação do clube.

O Clube Futebol Valadares foi extinto em 2011 e a sua extinção criou um

novo clube, com uma imagem renovada e com novos objetivos e expectativas,

chamando-se então Valadares Gaia Futebol Clube (Figura 1).

54

O VGFC foi fundado a 17 de junho de 2011, tendo como objetivo honrar

o passado, construindo o futuro.

De momento, o clube é composto por três equipas seniores, uma

de futebol masculino que compete no Campeonato Pro Elite Nacional, e duas

de futebol feminino, a equipa sénior A que compete na Liga BPI e a equipa

sénior B que compete no Campeonato Nacional de 2º Divisão. Tem ainda cinco

escalões femininos, Sub-11,13, 15, 17 e 19 e dois escalões masculinos Sub-17

e 19. Os escalões de iniciação, dos Sub-8 aos Sub-15, pertencem à escola

Dragon Force que detém uma parceria com o clube.

Quanto ao futebol Masculino, o VGFC rapidamente atingiu o

Campeonato Pro Elite Nacional, tendo conquistado duas subidas de divisão

seguidas nas épocas de 2011/2012 e 2012/2013. Na presente época,

2018/2019, atingiu o maior feito da sua história ao garantir a subida de divisão

para a terceira divisão nacional, o Campeonato de Portugal.

Em 2012 foi lançado o projeto do futebol feminino no VGFC, tendo como

objetivo proporcionar a prática do futebol ao maior número possível de

raparigas, dando-lhes todas as condições para que pudessem continuar a

Figura 1 - Transformação do emblema do Clube Futebol Valadares para Valadares Gaia Futebol Clube

55

aprender e evoluir, privilegiando a igualdade de direitos, num futebol para todos

e sem discriminações.

Na época de 2012/2013, a equipa sénior feminina iniciou o seu percurso

no Campeonato de Promoção (2º Divisão). Nesse primeiro ano os objectivos

da equipa foram largamente ultrapassados, conseguindo alcançar a subida à

primeira divisão e ainda foi alcançado o feito histórico de ser a primeira equipa

de Vila Nova de Gaia a atingir a final da Taça de Portugal, onde acabamos por

sair vencidos.

A época de 2013/2014 foi o ano de estreia da equipa sénior no

Campeonato Nacional, chegando até às meias-finais da Taça de Portugal. Esta

foi, também, a época de consagração do projeto e da academia de futebol

feminino, tendo o VGFC sido distinguido pela UEFA pelas boas práticas no

desenvolvimento e dinamização do futebol feminino, bem como pelo Portal do

Futebol Feminino Portugal pelo seu contributo para o desenvolvimento do

futebol feminino.

A época de 2016/2017 ficou marcada pelo primeiro título nacional do

VGFC no futebol feminino, tendo vencido o Clube Futebol Benfica na

Supertaça Feminina.

Mas o crescimento tem continuado, na época passada 2017/2018 a

equipa sénior B deu ao clube o segundo título nacional, tendo vencido a Taça

de Promoção frente ao Clube Viseu 2001. Assim como na presente época,

2018/2019, a equipa sénior B venceu o terceiro título nacional, tornando-se

bicampeã da competição da Taça Nacional de Promoção frente ao Damaiense

Futebol Clube.

56

57

2.3 - Instalações

2.3.1 - Campo António Francisco Reis – Campo Antigo

Desde 1930 até 2011 o CFV jogou todas as suas competições no

Campo António Francisco Reis (Figura 2). O Campo hoje é apelidado de

“Campo Antigo” por hoje existir um novo para o clube.

O “Campo Antigo”, continha lugares para cerca de 7 000 mil e o campo

era em terra batida.

Figura 2 - Campo António Francisco Reis – Clube Futebol Valadares

58

2.3.2 - Complexo Desportivo – Valadares Gaia Futebol Clube

O complexo desportivo do VGFC

(Figura 3) tem um relvado sintético

com 105 metros de comprimento e

70 de largura (Figura 4). Para além

deste campo, dispõe ainda de mais

dois campos. Um campo de futebol

de 5, com cerca de 25 metros de

comprimento e 15 de largura em

relvado sintético e um campo de

futebol de 7, com cerca de 40 metros

de comprimento e 30 de largura,

também em relvado sintético.

Quanto aos balneários, o clube não

apresenta de momento as condições

ideais para ter à sua

responsabilidade as dezoito equipas.

Tem disponíveis oito balneários mas

um sem chuveiros e apenas dois com condições para ter vinte atletas. Oferece

ainda dois balneários para os treinadores e duas salas de apoio médio, uma

para os escalões femininos e outra para os escalões masculinos.

Figura 3 - Complexo Desportivo de Valadares

59

Quanto ao armazenamento e restantes instalações, há duas

arrecadações para material: uma para os escalões de formação onde contém o

material que está disponível para todos os treinadores e as respetivas bolas de

cada escalão e outra para os escalões seniores que contém o material e as

respetivas bolas. O complexo disponibiliza ainda uma lavandaria e duas

arrecadações de equipamentos, um bar com esplanada, uma secretaria e sala

de reuniões.

2.3.3 - Sede do Valadares Gaia Futebol Clube

No ano de 2017, através do apoio da Câmara Municipal de Gaia, foi

cedido um edifico, que pertencia à Guarda Nacional Republicana, durante vinte

cinco anos para o clube conseguir ter uma sede. O clube começou desde logo

as obras e neste momento, o edifício já se encontra quase finalizado.

O edifício (Figura 6) tem três andares, no primeiro andar, ainda em

construção, tem um restaurante e bar onde o clube pretende obter alguma

fonte de receita e pretende receber todas as suas equipas antes dos jogos. No

Figura 4 – Campo de futebol 11 no Complexo Desportivo de Valadares

60

segundo andar tem uma sala de reuniões para cerca de cinquenta pessoas e

uma sala de troféus. No terceiro andar oferece uma área residencial com seis

quartos disponíveis, duas casas de banho, duas salas, uma cozinha e um

alpendre para atletas que venham de outras cidades e estejam a jogar no

clube.

A Sede do Valadares Gaia Futebol Clube tem como objetivo criar uma

segunda casa para a família Valadarense, ser o local onde as equipas se

reúnem em convívios ou em reuniões antes de jogos ou torneios, ser o local

das Assembleias Gerais do clube, receber as reuniões de encarregados de

educação e ser um elo de ligação entre os atletas e o clube.

Figura 5 -Sede do Valadares Gaia Futebol Clube

61

2.4 – Organograma

Apresento o organograma referente à estrutura do clube, destacando o

departamento de futebol feminino, departamento onde desempenhei as

funções de estagiária.

No organograma abaixo (Figura6), podemos verificar que a cinzento está

a direção do clube, a azul está representado o departamento de futebol de

formação e sénior masculino e a cor-de-rosa está representado o

departamento de futebol de formação e sénior feminino.

Figura 6 - Organograma do Valadares Gaia Futebol Clube

Presidente

José M. Soares

Dep. Futebol Sénior Masculino

Nuno Miguel

Dep. Futebol de Formação MasculinoHélder Ribeiro

Coordenador Administrativo

Alexandre Teixeira

Dep. Futebol de Formação Feminino

Nuno Pereira

Coordenador Administrativo

Manuela Fonte

Dep. Futebol Sénior Feminino

Eduardo Cardoso

Vice-Presidente

José Esteves

Vice-Presidente

Eduardo Texeira

Vice-Presidente

Arnaldo Sousa

62

Podemos considerar que o organograma representa a hierarquia da

tomada de decisão do clube. Independentemente dos departamentos serem

separados e dos coordenadores dos departamentos terem a sua autonomia, a

última decisão é sempre do Presidente José Manuel Soares.

Caracterizando de forma individual cada departamento, a direção toma

todas as decisões do clube tendo como responsabilidade a gestão financeira,

de pessoas, de risco, de instalações e equipamentos. Os restantes

departamentos tanto de formação como sénior, os seus coordenadores e

diretores são apenas responsáveis pela gestão de equipas técnicas

(treinadores, fisioterapeutas), atletas e gestão administrativa.

Cada equipa tem ainda um diretor que foi destacado no início da época,

que acompanha a equipa durante todo o ano e serve de ligação para com o

coordenador.

No departamento de formação de futebol feminino, o Dr. Nuno Pereira é

responsável por todos os escalões de formação, tendo como suas funções:

gestão de pessoas e instalações. A D. Manuela Fonte é gestora administrativa

e diretora das várias equipas, sendo a principal responsável por receber a

mensalidades das atletas e fazer os seus registos.

63

2.5 – Dragon Force – Valadares Gaia Futebol Clube

Segundo o Futebol Clube do Porto (2008), o projeto Dragon Force tem

como público-alvo crianças entre os quatro e os catorze anos, tendo como

objetivo que estas cresçam num ambiente prático e lúdico, respirando a cultura

e mística azul. É um projeto com provas dadas, tendo em conta que 33% das

camadas jovens da formação do Futebol Clube do Porto são compostas por

jovens que provém dele.

O projeto tem onze anos, mas apenas em 2010 começaram a expandir

as escolas Dragon Force por várias cidades em Portugal e em 2014 abriram a

primeira escola internacional. A nível nacional há 20 clubes que tem parceria

com o Futebol Clube do Porto tornando as suas equipas de formação em

escolas Dragon Force. A nível internacional existe a escola de Bogotá e

Valência.

2.5.1 – Parceria

O Dragon Force – Valadares Gaia Futebol Clube, é formado neste

momento por dez equipas de competição referentes a sete escalões de

formação, Sub-15, Sub-13, Sub-10/11, Sub-10, Sub-9, Sub-8, Sub-7.

Assumem a responsabilidade destes escalões de formação, tendo a total

obrigação na gestão financeira, equipamentos, pessoas e risco. Isto é, a

secretaria do VGFC é dividida em dois espaços, uma para a direção do VGFC

outra para os responsáveis pela escola Dragon Force. Ficando ao encargo do

Dragon Force:

Contratar e remunerar os seus treinadores e estagiários;

Organizar os horários dos treinadores e estagiários;

Gerir os pagamentos das mensalidades dos atletas inscritos;

Gerir a venda dos equipamentos de treino (Dragon Force) e de jogos

(VGFC);

Abertura de captações para os escalões;

Manutenção do material desportivo.

64

Ao VGFC cabe apenas fazer a gestão das instalações, sendo estas o

campo de treinos e balneários.

65

2.6 – Futebol Masculino

O clube foi inaugurado apenas com futebol masculino, como já foi

referido anteriormente e foram sendo acrescentados os escalões com o

aumento da procura das crianças e jovens da cidade.

Na presente época 2018/2019, o futebol masculino do VGFC é

composto por uma equipa sénior masculina que disputou o Campeonato

Distrital da AF Porto e atingiu o objetivo principal a subida de divisão ao

Campeonato de Portugal (Figura 7), que equivale à terceira divisão portuguesa.

A subida de divisão foi uma boa surpresa para o clube, isto porque num

primeiro momento a subida de divisão não foi conseguida, pois só garantia a

subida de divisão o primeiro classificado de cada divisão distrital do

Campeonato Nacional Pro Elite e o VGFC conseguiu apenas o segundo lugar.

No entanto, no distrito de Portalegre a equipa que atingiu o topo da

classificação optou por não competir na divisão nacional por questões

financeiras, então a FPF endereçou o convite de participação na terceira

divisão nacional ao VGFC por ser o segundo classificado da Associação de

Futebol do Porto uma vez que é a associação com mais atletas do país.

Figura 7 - Anúncio do Valadares Gaia Futebol sobre a subida de divisão

Quanto às restantes equipas, existe uma equipa de veteranos e duas

equipas de formação, Sub-17 e Sub-19. A equipa de veteranos disputa o

campeonato distrital organizado pela AFP e foram os quintos classificados do

66

terceiro grupo, não atingindo a segunda fase onde disputam o título do

Campeonato Nacional de Masters.

Os Sub-19 disputaram o Campeonato Distrital de Juniores de 2ª Divisão,

tendo como o objetivo a subida à primeira divisão distrital. O objetivo foi

atingido, conseguindo o primeiro lugar da sua série.

Os Sub-17 disputaram o Campeonato Distrital de Juvenis de 2ª Divisão,

tendo também como objetivo a subida à primeira divisão distrital. Neste caso, o

objetivo não foi conseguido apenas por três pontos, ficando em segundo lugar

da sua série e desta forma não garantiram o lugar na primeira divisão distrital.

Contudo, o departamento de futebol de formação masculina continua a

atingir bons resultados com o objetivo de que os atletas tenham condições para

competir no escalão sénior. Desta forma, na próxima época 2019/2020 o VGFC

fará equipa Sub-23 dando assim mais garantias de continuidade dos seus

atletas e evitando o abandono precoce da modalidade.

67

2.7 – Futebol Feminino

O clube após um ano da sua inauguração decidiu apostar num projeto

feminino que nos dias de hoje está mais do que consolidado, com cinco

equipas de formação e duas equipas séniores.

Na presente época, o clube conta com cerca de 150 atletas inscritas no

clube (Figura 8 e 9), sendo que cem fazem parte dos escalões de formação.

Os escalões existentes nesta presente época são, Sub-11, 13, 15, 17 e

19, todos eles estão inscritos em competições. Este foi o primeiro ano em que

o VGFC teve cinco escalões de formação feminina e conseguiu inscrever todos

os escalões em competições.

O escalão das Sub-11 está inscrito numa competição amigável, onde as

equipas se encontram semanalmente para jogar, nesta competição somos a

única equipa feminina inscrita. O objetivo da competição é, unicamente, lúdico

e por isso não há vencedor.

O escalão das Sub-13 está inscrito na Liga de Recreação e Lazer de

Futebol de 7. Esta competição é mista e a esta é a única equipa composta

exclusivamente por meninas que disputa a competição.

Os escalões das Sub-15 e Sub-17 estão inscritos no Campeonato

Distrital Interassociações de Futebol de 7 – Sub-15/17, AFP e Associação

Futebol de Viana do Castelo (AFV). A competição é exclusivamente para

Figura 8 – Todas as atletas na época 17/18 Figura 9 - Todas as atletas na época 17/18 2

68

equipas femininas, no entanto tiveram que juntar as equipas inscritas na AFP e

AFV, tanto Sub-15 como Sub-17 para que fosse possível realizar a competição.

O escalão das Sub-19 está inscrito no Campeonato Nacional de

Juniores Feminino, é uma competição exclusiva para equipas femininas, sendo

disputada em futebol de 9.

Quanto às equipas seniores, a equipa A disputa a Lipa BPI (Banco

Português de Investimento), ou seja, a Primeira Liga de Futebol Feminino. A

equipa B disputa o Campeonato Nacional de Segunda Divisão Feminina.

Em agosto de 2019, num workshop sobre o futebol feminino a FPF

mostrou os dados do número de praticantes da época 2018/2019 (Figura 10)

onde o VGFC foi, claramente, distinguido com 130 praticantes da modalidade.

As cerca de vinte atletas que não se encontram contabilizadas são meninas

mais novas que ainda não competem e, por isso, não aparecem no quadro de

contabilização. No entanto, é importante destacar que os números do escalão

sénior que só são possíveis devido à existência da equipa sénior B que permite

as nossas atletas terem continuidade no clube e na prática da modalidade.

Outros números que são destacados dos outros clubes são escalões de

Juniores C (Sub-15) e Juniores D (Sub-13), que nos garantem que o futuro do

clube está quase garantido se houver continuidade da prática.

69

Figura 10 - Número de praticantes de futebol feminino em 2018/2019

70

71

2.7.1 – Organização do Futebol Feminino: Sénior e Formação

Como já foi referido, os departamentos de futebol organizam-se

separadamente e contém responsáveis diferentes. Apesar da organização do

departamento de futebol sénior feminino ser separada do departamento de

formação de futebol feminino há uma ligação entre os dois departamentos dada

a procura pela continuidade das atletas no clube, o que obriga a uma constante

comunicação entre treinadores, coordenadores e diretores.

No Quadro 3 podemos verificar toda a constituição das equipas técnicas

responsáveis pelas equipas de futebol feminino, desde a sua formação até aos

escalões seniores.

Quadro 3 - Recursos Humanos Equipas Femininas

Equipas Cargos Nomes

Sénior A

Treinador Principal Mara Vieira

Treinador Adjunto Telmo Paixão

Treinador de Guarda-Redes Diogo Soares

Fisioterapeuta Fábio Rocha

Diretor Eduardo Cardoso

Diretor Luís Sousa

Diretor José António

Diretor Edmundo Ribeiro

Sénior B

Treinador Principal Nuno Pereira

Treinador Adjunto Joana Oliveira

Treinador Adjunto Inês Carvalho

Treinador de Guarda-Redes Diogo Soares

Fisioterapeuta Fábio Rocha

Diretor Pedro Neves

Diretor Luís Valentim

Sub-19

Treinador Principal Joana Oliveira

Treinador Adjunto Hugo Marino

Treinador de Guarda-Redes Catarina Barradas

72

Diretor Manuela Fonte

Sub-17

Treinador Principal Inês Carvalho

Treinador Adjunto Andreia Freitas

Treinador de Guarda-Redes Cláudia Rocha

Diretor Manuela Fonte

Sub-15

Treinador Principal Sara Pereira

Treinador Adjunto Raquel Gomes

Treinador de Guarda-Redes Pedro Neto

Diretor Samuel Pinto

Sub-13/11

Treinador Principal Micaela Matos

Treinador Adjunto Bernardo Guerra

Treinador de Guarda-Redes Pedro Pereira

Diretor Bernardo Alves

Coordenador da Formação de Futebol Feminino: Nuno Pereira

Coordenador de Treinadores de Guarda-Redes: Diogo Soares

Coordenadora Administrativa da Formação FF: Manuela Fonte

Da constituição das equipas técnicas é importante referir que existem

atletas seniores a desempenhar funções como treinadoras e/ou treinadoras

estagiárias, isto porque o clube dá muita importância à fomentação da sua

mística através delas e à sua satisfação na realização por objetivos

profissionais. As atletas seniores que desempenham funções como treinadoras

são, a Sara Pereira, a Micaela Matos e a Catarina Barradas. Como treinadoras

estagiárias são, a Cláudia Rocha, a Andreia Freitas e a Raquel Gomes.

73

2.8 – Resultados das Equipas Femininas

Esta época, 2018/2019, as expectativas eram altas quanto aos

resultados quantitativos e qualitativos. As equipas seniores classificaram-se

para as finais das Taças, a equipa A defrontou o Sport Lisboa Benfica na Final

da Taça de Portugal, tendo saído vencida. A equipa B defrontou o Damaiense

Futebol Clube na Final da Taça de Promoção, tendo saído vencedora pelo

segundo ano consecutivo. Quanto aos campeonatos, a equipa A terminou em

9º lugar na Liga BPI e a equipa B terminou em 3º lugar da Série B do

Campeonato Nacional de Segunda Divisão, não passando à segunda fase da

competição.

Quanto às equipas de formação, as Sub-19 terminaram a época em

terceiro lugar da sua série do Campeonato Nacional de Juniores Feminino, não

se classificando para a segunda fase deste. Sendo então inscritas na Taça

Nacional de Juniores Feminino onde alcançaram um segundo lugar com o

mesmo número de golos marcados e sofridos do primeiro classificado e com

apenas uma derrota.

As Sub-17 e Sub-15 disputaram a mesma competição, o Campeonato

Sub-17/15 Interassociações de Futebol de 7, tendo começado em séries

separadas. Ambas as equipas se classificaram para a fase de apuramento de

campeão, onde a nossa equipa Sub-15 venceu a competição e a nossa equipa

Sub-17 alcançou o quarto lugar.

As Sub-13 disputaram a Liga de Recreação e Lazer de Futebol 7 –

Misto, onde não se qualificaram para a fase de apuramento de campeão.

As Sub-11 fizeram alguns jogos amigáveis onde não se dá destaque aos

resultados, o mais importante nesta fase é a evolução das atletas.

2.9 - Patrocinadores

Atualmente, todos os clubes sejam amadores ou profissionais estão

dependentes dos patrocínios para se manterem financeiramente equilibrados.

74

Segundo Nigel (2000) o patrocínio desportivo é uma estratégia utilizada para

suportar os objetivos da organização, para ajudar na imagem de uma marca ou

aumentar o consumismo de um produto ou serviço. Podemos considerar que

os patrocinadores têm como base a ideia de que o facto de estarem a

patrocinar os clubes será vantajoso para as suas marcas aumentarem a

notoriedade. No entanto, a notoriedade das marcas está dependente do

sucesso do clube e dos objetivos deste.

Quanto aos clubes desportivos, estes procuram os patrocínios para que

possam obter recursos materiais e, principalmente, financeiros.

O VGFC tem vários patrocinadores. Estes patrocínios são entregues

diretamente ao clube e consoante os valores as suas marcas são destacadas

nos equipamentos das equipas. Os principais patrocinadores do clube são os

Transportes Parideiro, que estão associados à equipa sénior masculina e a

Liberty Seguros que está associada às duas equipas seniores femininas. A

qualificação da equipa A feminina para a Final da Taça de Portugal teve um

grande impacto a nível nacional, o que resultou num novo patrocínio que na

próxima época 2018/2019, irá ser destacado pelas equipas seniores femininas,

a GlassDrive.

75

Capítulo 3 – Realização da Prática Profissional

3.1 – Descrição das Atividades

Inicio agora a descrição das atividades, de forma pormenorizada, que

desenvolvi durante o estágio.

Antes gostaria de ressalvar algo que considero importante para mim e

de toda esta experiência. O Valadares Gaia Futebol Clube permitiu-me em dez

meses vivenciar algo que eu nunca tinha tido a oportunidade de fazer, deram-

me a oportunidade de conhecer o interior do clube e acolheram-me muito bem.

Considero que todas as experiências e estágios que passei me foram

enriquecedores mas esta permitiu tornar-me uma melhor pessoa e uma melhor

gestora dado contexto em que o clube se insere, ser um clube amador, de

freguesia e tendo inúmeras dificuldades financeiras.

Iniciei este estágio em setembro de 2018 e a partir daí foi uma

experiência única. Trabalhei de forma aplicada e determinada, procurando

sempre adquirir o máximo de conhecimento possível.

3.1.1 – Familiarização com o Departamento

Numa fase inicial era importante entender como tudo se organizava no

clube e mais especificamente no departamento onde estaria inserida. Tendo

em conta que o clube é amador e que a maior parte dos dirigentes desportivos

que se desempenham funções são voluntários, eu não sabia o que esperar.

Uma das minhas principais dúvidas era como o clube se organizava

quanto à existência de dois departamentos seniores, um masculino e outro

feminino e como coexistiam dois departamentos de formação, um masculino e

outro feminino.

Rapidamente percebi que havia uma separação evidente dos

departamentos e, infelizmente, esta separação era provocada pela diferença de

géneros. Os departamentos masculinos assumiam-se como o prioritário e

procuravam a sobreposição sobre os departamentos femininos. No entanto,

também percebi que a postura do Presidente do Clube era uma postura de

76

igualdade entre os dois géneros, mas acima de tudo uma igualdade de

condições.

Por decisão do supervisor local comecei por trabalhar na sede do clube,

onde estava, na maioria das vezes, sozinha. O supervisor já havia determinado

comigo as tarefas diárias, semanais e mensais e eu teria que realizá-las dentro

do horário pré-estabelecido. Posteriormente comecei a trabalhar na secretaria

do clube e foi aqui que constatei quem eram os principais responsáveis pelos

departamentos, pela parte administrativa e pela direção.

Fui sendo apresentada a todos os dirigentes e de forma natural, logo

após uma semana já estava integrada no seio de todos os departamentos, mas

principalmente no seio do departamento de formação de futebol feminino.

À exceção do Coordenador do Departamento o Dr. Nuno Pereira, a

pessoa com quem mais trabalhei no departamento foi a Coordenadora

Administrativa do Departamento, a D. Manuela Fonte.

Posteriormente à adaptação ao corpo técnico do Departamento de

Formação de Futebol Feminino, comecei por familiarizar-me com a composição

do departamento. Tínhamos sobre a nossa responsabilidade cinco equipas: as

Sub-19 (Juniores), as Sub-17 (Juvenis), as Sub-15 (Infantis), as Sub-13

(Iniciadas) e as Sub-11 (Escolinhas). Destas cinco equipas todas se

encontravam inscritas em competições, à exceção as Sub-11 realizavam

alguns jogos de forma amigável com outros clubes, onde o objetivo não era o

resultado mas sim a formação. As Sub-19 estavam inscritas no Campeonato

Nacional de Juniores Feminino, as Sub-17 e Sub-15 estavam inscritas no

Interassociações de Futebol 7 – Sub-15/17, sendo que estas duas equipas

competiam no mesmo escalão devido à falta de equipas inscritas no escalão de

Sub-15. As Sub-13 estavam inscritas na Liga de Recreação e Lazer de Futebol,

sendo esta competição mista e sendo o VGFC a única equipa feminina a

competir.

Nesta fase inicial o mais importante seria inscrever todas atletas no

clube, havendo uma ficha de inscrição única da FPF que as associava à nossa

77

entidade. A D. Manuela Fonte era a principal responsável por reunir com os EE

e lhes pedir para que fizessem o preenchimento dessa ficha. Foi nesta fase

que identifiquei uma das maiores lacunas do clube: a falta de fichas de

inscrição de cada atleta no clube, ou seja, uma ficha de inscrição com os

principais dados das atletas onde fosse possível reunir toda a informação

necessária para um eventual contacto ou urgência. Após algumas conversas

descobri que o clube tinha um programa de gestão de clubes de futebol que

não era utilizado, isto porque não havia ninguém que estivesse disponível para

o fazer, então decidi ser eu a fazê-lo.

3.1.2 - New Sport Generation – Organização e gestão de equipas

New Sport Generation (NSG) é um software de gestão para

departamentos de formação de equipas de futebol. É um programa

desenvolvido pela Softingal, que permite aos clubes ter uma ferramenta de

gestão, capaz de agilizar e centralizar informações, rotinas e processos. A NSG

garante que a “utilização diária deste tipo de solução permite uma melhor

organização global, administrativa, financeira e desportiva, com a centralização

de informação importante que pertence efetivamente ao clube” (New Sport

Generation, 2017).

As funcionalidades e potencialidades do NSG são as seguintes:

Gestão de Atletas: dados gerais do atleta; dados dos responsáveis do

atleta; arquivo digital diretivo e técnico; historial clínico; avaliação do

atleta e gestão de equipamentos.

Controlo de Pagamentos: criação de rubricas mensais e esporádicas;

registo de pagamentos; diários de caixa; controlo de débitos.

Gestão Financeira: definição de centros de custo; criação de rubricas de

receitas e despesas; registo de movimentos; balancete de movimentos.

Historial Académico: registo por época escolar das notas escolares do

período e dos testes; gráficos de rendimento; arquivo digital académico.

Controlo de Presenças: criação de mapas de treinos; registo de

presenças; gráficos de análise de performance do atleta ou do escalão.

78

Gestão de Dados Estatísticos: criação de jogos; criação de convocatória;

registo de ocorrências; historial desportivo; análise desportiva por

escalão ou por atleta.

O Valadares Gaia Futebol Clube decidiu comprar este software em 2014

com esse mesmo objetivo, organizar os departamentos de formação feminina e

masculina, globalmente. Utilizando apenas as seguintes funcionalidades:

gestão de atletas e historial académico.

Entre os anos 2015 e 2018, o programa deixou de ser atualizado pelos

funcionários da secretaria do clube o que provocou uma desorganização total

no departamento de formação do futebol feminino. Em 2018, a minha primeira

tarefa enquanto estagiária do departamento de formação do futebol feminino do

clube foi, tratar da renovação das fichas de inscrição. Comecei por criar uma

ficha de inscrição (Anexo nº1) completamente nova e mais moderna, onde

estavam anexadas as “Condições Gerais” da inscrição da atleta, onde

procuramos essencialmente proteger o clube da falta de pagamento de

mensalidades e no que concerne à proteção legal de dados fornecidos.

Posteriormente, a próxima tarefa passou por inserir todos os dados

pessoais das atletas no programa. Como o programa permite ter dados

futebolísticos das atletas, fazendo uma avaliação técnica e tática, enviei um

documento (Anexo nº2) a todas as treinadoras em que estas teriam de avaliar

as suas atletas de 0 – 10 em três parâmetros: técnica, tática e ambição. Teriam

ainda que descrever a sua posição de campo e o pé preferido de cada atleta.

De setembro a fevereiro, houve todo um processo de renovação de

fichas de inscrição e uma transferência das informações para o programa NSG.

Neste momento o clube já não contém folhas dispersas, fichas desatualizadas

e a qualquer momento pode aceder ao programa e atualizá-lo de forma rápida

e simples.

79

3.1.3 – Organização de espaços para treinos

Com o número tão elevado de equipa, toda a organização de horários de

treinos e balneários tem de ser meticulosa. Todas as equipas têm de ter

disponível campo e um balneário, antes, durante e no fim do treino e com

apenas sete balneários torna-se muito complicado gerir todas as instalações.

Para que seja possível uma melhor organização horária dos treinos, a

primeira equipa a treinar no complexo são os Seniores Masculinos, que treinam

todos os dias às dezassete horas. Entre as dezoito horas e trinta minutos e as

dezanove horas e trinta minutos os campos são utilizados pelas equipas do

Dragon Force. A partir das dezanove e trinta as equipas masculinas e

femininas do VGFC ocupam os espaços para treinar.

O Departamento de Formação de Futebol Feminino teve apenas

influência na organização dos espaços indicados às suas equipas, ainda que

esta gestão tivesse de ter a colaboração de todos os outros departamentos,

A organização semanal de espaços e balneários é feita através de uma

tabela onde se coloca o espaço onde treina cada equipa, o nº de balneário que

utilizam e a hora, o exemplo da tabela utilizada está no anexo nº3.

Toda esta organização de horários e gestão de balneários foi muito

planeada no início de época, tendo sempre em consideração o dia de jogos de

cada escalão. Isto porque todos os escalões não treinam no dia antes dos

jogos, ou seja, se jogarem ao domingo o último treino da semana será à sexta-

feira, se jogarem ao sábado o último treino da semana será à quinta-feira. Esta

disposição horária pode ser sujeita a alterações, dependendo dos dias de jogos

de cada escalão ou de alguma alteração repentina.

Há um plano anual (Anexo nº4) que foi realizado no início da época e foi

entregue a todos os departamentos do clube. No entanto todas as semanas

existem alterações e como tal é entregue um plano semanal aos funcionários,

equipas técnicas e dirigentes para estes se organizarem devidamente.

80

3.1.4 - Plano Mensal de Jogos

O Valadares Gaia Futebol Clube é neste momento um clube com cinco

equipas de formação feminina, duas equipas seniores femininas e todas elas

estão em competições. Contém ainda, uma equipa sénior masculina, uma

equipa de veteranos, duas equipas de formação masculina e dez equipas de

formação masculina do Dragon Force. No total são vinte e duas equipas a

competir quase todos os fins-de-semana, ainda que haja possibilidade de todas

as semanas existir jogos nos complexos das equipas adversárias, é necessário

haver uma gestão do clube quanto à gestão de instalações e de eventos.

Posto isto, foi-me solicitado todos os meses realizar o chamado “Plano

Mensal de Jogos” (Anexo nº5), onde eu colocava todos os jogos que se

realizariam durante o mês, em cada fim-de-semana. Este plano era feito num

excel, onde estavam descritas os jogos, a hora, data a local. Era realizado por

mim e posteriormente enviado ao Coordenador de Formação Feminina que

enviava os pedidos de alterações de jogos para a Associação de Futebol do

Porto ou para a Federação Portuguesa de Futebol.

3.1.5 - Parceria com Instituto Piaget – Escola Superior de Saúde

3.1.5.1 - Parceria

Na presente época desportiva 2018/2019, contactamos o Instituto

Piaget-Escola Superior de Saúde que já tinha trabalhado diretamente com a

equipa do escalão das Sub-19 do VGFC na época passada. Estabelecemos

um primeiro contacto para saber qual seria a disponibilidade da instituição

poder colaborar com o clube na realização de bateria de testes, já antes

aplicada a algumas atletas e no plano nutricional.

Esta parceria entre o VGFC e o Instituto Piaget – Escola Superior de

Saúde, foi estabelecida no início de época depois de algumas reuniões entre

mim e o Dr. Pedro Leite, responsável pelos laboratórios de fisioterapia da

instituição. O principal objetivo da parceria é entender a forma física das atletas

81

de futebol feminino na faixa etária dos 14 aos 18, a análise dos dados seria

feita e seriam utilizados pela própria instituição.

3.5.1.2 - Testes

O instituto aceitou colaborar com o clube, fazendo a bateria de testes

aos escalões femininos das Sub-19 e das Sub-17. A esta bateria de testes

chamamos de “Safe Card Control”, onde são avaliados:

1 – Antropometria

Medidas das dimensões corporais: peso, altura, circunferências (braço e

cintura) e dobras cutâneas (tríceps, bíceps, subescapular, suprailíaca).

2 – Função Pulmonar

Espirometria – teste permite avaliar globalmente como os pulmões estão

a funcionar, medindo a quantidade de ar que se consegue expirar e a

velocidade a que este circula nos brônquios.

3 – Capacidade Aeróbia

Testes de avaliação da capacidade aeróbia (Queen’s College Step Test)

4 – Flexibilidade:

Banco de Wells - com os membros inferiores estendidos, as voluntárias

estendiam os braços a frente e com as mãos empurraram o marcador o

mais distante possível.

Índice de Stibor - trata-se de um método que mede a mobilidade da

coluna vertebral (torácica e lombar).

Índice de Schober - semelhante ao índice de stíbor é uma ferramenta que

mede a mobilidade do seguimento lombo-sacro.

5 – Agilidade:

82

Teste do Quadrado – deslocação em velocidade contornando o

quadrado na diagonal.

6 – Equilíbrio:

Teste de avaliação da estabilidade postural estática - equilíbrio estático

numa superfície dura e noutra de espuma.

Teste de equilíbrio de excursão em estrela - mantendo um pé apoiado

deslocar a outra perna o mais longe possível, completando o circuito da

estrela.

5 – Velocidade:

Teste de velocidade de 20 metros.

6 – Força:

Força dos membros superiores (A) - análise da força dos membros

superiores realizou-se através de extensões e flexões de braços,

máximas conseguidas durante 30 segundos (seg.).

Força dos membros inferiores (B) - realização de um salto de impulsão

em comprimento, partindo da posição estática.

Além destes foram realizadas avaliações específicas para o membro

inferior, de carácter observacional e palpatório.

As atletas tiveram ainda uma consulta nutricional, onde foram feitas as

medições de peso, altura, quantidade de gordura e massa muscular. Além

disso, a nutricionista fez uma série de perguntas acerca dos hábitos

alimentares de cada atleta e sobre o seu estilo de vida.

O escalão das Sub-17 foi a primeira equipa a realizar a bateria de testes,

durante o mês de novembro. Primeiramente foi entregue a cada atleta, um

termo de responsabilidade (Anexo nº5) que teve de ser assinado pelos

encarregados de educação, para que lhes fosse permitida a realização da

bateria de testes.

83

O mesmo procedimento decorreu com o escalão das Sub-19 que

marcou a bateria de testes para o mês de abril mas nunca chegou a realizá-la

por indisponibilidade da instituição ou da própria equipa.

Os momentos das avaliações foram registados fotograficamente e

posteriormente publicados no facebook do clube, como forma de

agradecimento ao Instituto Piaget e principalmente ao Dr. Pedro Leite,

responsável pelos laboratórios de fisioterapia, e à Dra. Verónica Abreu,

docente da licenciatura de fisioterapia.

Os resultados da bateria de testes foram entregues no final da época

desportiva, cada atleta teve os resultados em papel com as medidas médias de

comparação e qualquer questão poderiam colocá-la a qualquer treinador.

3.1.6 - Reuniões trimestrais com os Encarregados de Educação

Um dos grandes problemas do futebol de formação, na atualidade, são

os encarregados de educação. O futebol deixou de ser visto como uma

modalidade desportiva onde se prioriza o divertimento e a felicidade, para

passar a ser visto como uma modalidade de exigência e pressão. A maioria

dos encarregados de educação coloca expectativas demasiados elevadas nos

educandos e espera que estes consigam o que eles não conseguiram.

O ambiente no futebol tem sido deteriorado e já são muitas as

campanhas que existem para sensibilizar e educar os encarregados de

educação.

Como tal, uma das medidas que este ano o clube decidindo implementar

foram as reuniões trimestrais com os encarregados de educação, permitindo-

lhes dar a sua opinião num espaço adequado e aos dirigentes responsáveis.

Fiquei responsável por fazer as mensagens com as informações sobre

as reuniões, para entregar às atletas. Assim como, fiquei responsável por fazer

as apresentações das reuniões para o coordenador da formação do futebol

feminino.

84

As primeiras reuniões foram realizadas no mês de outubro, onde foram

apresentadas as equipas técnicas de cada escalão, o projeto de continuidade

do futebol de formação do clube, os horários dos treinos, as competições em

que cada escalão estava inserido e quais os seus objetivos.

Alguns pais apresentaram algumas dúvidas quanto à organização das

equipas e à definição clara de cada escalão de formação. Também fizeram

alguns reparos sobre a organização dos jogos amigáveis que já tinham

decorrido até ao momento, e à falta de fisioterapeutas e de transporte para os

jogos.

As segundas reuniões foram realizadas no mês de janeiro, tendo como

objetivo fazer um balanço até ao momento atual da época. Foram

apresentados o número de atletas que durante o período entre outubro e

janeiro fizeram subidas de escalão, ou seja, treinaram e/ou jogaram pelo

escalão acima da sua idade e foram apresentados o número de presenças nas

convocatórias da seleção distrital da Associação de Futebol do Porto, nos

escalões Sub14 e Sub16, e na Seleção Nacional, nos escalões Sub16, Sub19

e A. Por fim, foi apresentado aos pais o próximo projeto do departamento de

formação do futebol feminino que une a escola ao futebol, Projeto

“Escoladares”.

Nestas reuniões os pais não intervieram muito, apenas valorizam o

Projeto “Escoladares”, congratulando a iniciativa do clube em unir o sucesso

escolar ao futebol.

3.1.7 - Projeto “Escoladares”

O Projeto “Escoladares” foi um projeto proposto por mim no início da

época desportiva 2018/2019. Com o objetivo de unir a escola ao futebol, a

formação do futebol feminino do clube irá atribuir prémios no fim dos três

períodos escolares à melhor aluna de cada escalão.

Para recolha das notas escolares foi feita uma ficha de notas (Anexo

nº7) universal para as treinadoras entregarem às atletas. Cada atleta deveria

85

preencher as suas disciplinas e notas que obtiveram, assim como os seus

objetivos escolares para o período letivo seguinte.

O método utilizado para entender qual seria a melhor aluna de cada

escalão foi o cálculo utilizado na estatística, chamado de média. A média é a

soma de todos os valores dividindo o resultado pelo número de elementos

somados.

O primeiro período do ano letivo de 2018/2019 decorreu entre 12 de

setembro e 18 de dezembro de 2018, as notas escolares foram lançadas nas

primeiras duas semanas de janeiro de 2019. Após a entrega das fichas de

notas as atletas fizeram a entrega das mesmas até ao final do mês de

fevereiro.

Quando demos por terminada a entrega de notas, estas foram passadas

para um excel (Anexo nº8) e foi calculada a média de notas de cada atleta,

após a média feita foram atribuídos prémios simbólicos à atleta com melhores

notas escolares em cada equipa, Sub-11,13,15,17 e 19. O mesmo decorreu no

final do segundo período a 5 de abril de 2019 e no final terceiro período

decorreu a 21 de junho de 2019.

Sendo um projeto que foi da minha iniciativa e sendo a primeira vez que

foi realizado, sou da opinião de que tudo correu muito bem. As atletas foram

surpreendidas na atribuição dos prémios no fim do primeiro período, pois os

prémios foram atribuídos durante a cerimónia de apresentação da caderneta de

cromos do clube. As atletas foram chamadas ao palco para receber os prémios

de mérito, que foram cachecóis do clube.

3.1.8 - Redes Sociais – Valadares Gaia Futebol Clube

No presente época 2018/2019 decidimos mudar as redes sociais do

VGFC, começando por atualizá-las de forma mais contínua e com uma

apresentação renovada.

86

A primeira mudança foi, logo, realizada com a divulgação dos jogos

disputados pelas equipas femininas, tanto seniores como de formação. Foi

construído um layout geral (Anexo nº9) para que todas as semanas os nossos

seguidores fossem informados sobre a data, local e hora dos jogos. Os layouts

eram editados por mim todas as semanas e publicados nas redes sociais pelo

meu colega estagiário, Miguel Nicolau.

Para conseguirmos atingir um número maior de visualizações e

conseguir informar o maior número de pessoas possíveis, era criado um evento

no facebook (Anexo nº10) para cada jogo e eram convidados todos os nossos

seguidores.

A segunda mudança foi, a partilha dos resultados obtidos e das

marcadoras dos golos. Também foi construído um layout geral (Anexo nº11)

para colocar os resultados dos jogos. Cada layout tinha uma foto do jogo, que

era enviada por cada diretor da equipa para um grupo de mensagens online e

no fim de cada jogo terminar, editávamos o layout e fazíamos a publicação nas

redes sociais.

A terceira mudança foi, apenas orientada para as equipas seniores A e

B. Os 11 iniciais eram divulgados trinta minutos antes do jogo nas redes

sociais. O layout (Anexo nº12) também construído e era utilizado para ambas

as equipas.

A quarta mudança foi a partilha de várias notícias (Anexo nº13) em que

o clube fosse referido. Notícias de jornais, revistas, televisões ou mesmo outros

sites.

A quinta mudança foi, a partilha de momentos importantes na vida social

e pessoal das atletas. Como convocatórias para a seleção distrital ou nacional,

ou a promoção de dias como o “Dia da Mulher” (Anexo nº14), “Dia do Pai”

(Anexo nº15), “Dia da Mãe” (Anexo nº16).

87

Por fim, existiram treinos e jogos que foram sendo filmados em direto e

partilhados nas redes sociais, dando a conhecer aos nossos seguidores como

se realizam alguns dos treinos e jogos.

3.1.9 - Festa do Futebol Feminino

A Festa de Futebol Feminino é um projeto desenvolvido pela FPF, como

já foi explicado anteriormente. Tem como objetivo desenvolver o futebol

feminino em Portugal unindo as associações de futebol e o desporto escolar

numa competição.

A competição é para escalões Sub-13 e Sub-15, qualquer clube e escola

pode inscrever o número de equipas que entender. A competição divide-se em

Fase Regional e Fase Nacional, a organização da Fase Regional fica a cargo

de cada Associação de Futebol Distrital, sendo que no caso do VGFC competiu

com equipas da AFP.

O VGFC inscreveu duas equipas Sub-15 e uma equipa Sub-13, sendo

que uma das equipas Sub-15 venceu a competição (Figura 10) e ganhou o

direito de representar o clube ma Fase Nacional no dia 18 de maio no Estádio

do Jamor.

Segundo J. Lima (2019) estiveram na Fase Regional cerca de 2200

jogadoras, um número histórico e recorde para a competição, mais seis

centenas do que tinham estado em 2014/2015.

Na Fase Final que foi realizada no Estádio do Jamor, a nossa equipa

não foi para além do segundo terceiro lugar na fase de grupos, não passando

às eliminatórias. No entanto, fica por recordar um dia de novas experiências

para as nossas atletas.

88

Figura 11 - Festejos da Passagem à Fase Nacional

89

3.2 – Organização de eventos desportivos

3.2.1 - Campo de Férias “Futebol e Alegria”

3.2.1.1 - Ideia

Há alguns anos que tenho vindo a trabalhar em Campos de Férias

aquando as férias escolares, o facto de estar ligada à área da gestão

desportiva fez com que trabalhasse diretamente com algumas organizações

destes eventos. Quando o estágio começou, um dos desafios do Presidente foi,

conseguir realizar algo que para além de contributo financeiro trouxesse algum

destaque ao clube. Quando este desafio foi proposto uma das ideias que me

surgiu foi realizar um Campo de Férias no clube, que estivesse diretamente

ligado futebol mas também aquilo que faz com que as crianças o pratiquem, a

alegria e o gosto.

3.2.1.2 - Proposta

Primeiramente criei uma apresentação com a proposta do Campo de

Férias para mostrar ao Coordenador do Departamento de Formação de Futebol

Feminino, o meu supervisor local e posteriormente ao Presidente.

Nessa apresentação defini as características mais básicas do evento:

nome, local, faixa etária e sexo, objetivos.

O nome que escolhi foi, Campo de Férias “Futebol e Alegria” (CFFA).

Futebol porque o objetivo é estar ligado diretamente à prática da modalidade

do clube e alegria porque vivemos tempos em que se olha para o futebol de

forma demasiado exigente e profissional, não dando oportunidade às crianças

de se divertir e aproveitarem a verdadeira sensação da modalidade.

O local escolhido foi, o Complexo Desportivo de Valadares por serem as

instalações do clube.

A faixa etária escolhida foi entre os 6 e os 16 anos, pois são idades em

que os encarregados de educação procuram ocupação para os seus

educandos durante as férias escolares. O CFFA seria para ambos os sexos.

90

Quanto aos objetivos do CFFA, o programa foi organizado com carácter

desportivo, educativo, cultural e recreativo. Com a dinamização de várias

atividades relacionadas com a modalidade desportiva de futebol, pretende-se

atingir os seguintes objetivos:

Proporcionar aos jovens o contacto com o mundo do futebol;

Ocupar parte do período de férias de uma maneira saudável e alegre;

Desenvolver as capacidades físicas das crianças e jovens, através da

prática de futebol;

Ajustar as capacidades físicas e motoras das crianças e jovens às

diferentes situações proporcionadas durante e prática;

Impulsionar a socialização de crianças e jovens e fomentar a evolução

intelectual, emocional e social dos participantes;

Proporcionar aos jovens contacto com o Valadares Gaia Futebol Clube.

Após a apresentação ao supervisor e à aprovação, passamos a

apresentar a proposta ao Presidente. O feedback foi muito positivo, a partir daí

decidimos alguns fatores muito importantes para a realização do campo de

férias como as datas, valores, alimentação e recursos humanos.

Quanto às datas, já estava definido à priori que se realizaria nas férias

da páscoa, portanto poderia ser entre a semana de 8 a 12 de abril ou de 15 a

18 de abril. Avaliando as duas semanas e tendo em conta que a segunda

semana se aproximava mais da data da páscoa e que várias famílias se

deslocam para as terras natais, optamos por realizar na primeira semana de

férias, ou seja, de dia 8 a 12 de abril.

De seguida, tivemos que estabelecer os valores e neste momento estão

implicados vários fatores, mas o principal é o lucro. O Presidente decidiu que a

margem de lucro teria que ser grande, pois o clube encontra-se num momento

muito complicado, não podendo ter qualquer despesa e dando muita

importância ao lucro. Os valores definidos foram: 25€ por dia, caso a inscrição

fosse diária; 65€ semanais, caso a inscrição fosse para atletas do clube; ou

75€ semanais, caso a inscrição fosse para crianças externas ao clube.

91

Passando para a alimentação, o bar do clube ficaria responsável pelas

refeições e a direção do clube compraria o essencial para os lanches da manhã

e tarde, como pão, sumos e fruta.

Por fim, quanto aos recursos humanos passavam por fazer incluir todos

os estagiários que neste momento se encontram no clube, para que não haja

despesas neste setor.

3.2.1.3 - Balanço Financeiro

Para compreender se o CFFA seria lucrativo ou não, tivemos que fazer

um balanço (Anexo nº17). Um balanço é um mapa que mostra os bens, os

direitos e as obrigações que uma entidade possui em determinado momento.

Neste caso mostraria a posição financeira do evento segundo as nossas

expectativas.

Para isso, tivemos que contabilizar os gastos e perdas que teríamos,

assim como os rendimentos e ganhos. Como o nosso objetivo seria ter vinte

inscritos, fizemos todos os cálculos com esse número.

Ao fazer a contabilização incluímos nos gastos e perdas, a alimentação,

os valores dos recursos humanos e os seguros. Inserimos nos rendimentos e

ganhos os valores de inscrição e o merchandising (fotos, cachecóis, camisolas,

etc). Os gastos e perdas ficaram avaliados em 282€, onde incluem 82€ de

alimentação (lanches da manhã, tarde e almoço), 150€ de recursos humanos

(valor total pago aos três organizadores), 50€ de seguros (para as 20 crianças,

feitos na Liberty Seguros – seguradora do clube). Os rendimentos e ganhos

ficaram avaliados em 1325€, onde incluem 1300€ das inscrições (caso sejam

todas as inscrições semanais e de atletas) e 25€ de merchandising. O que

daria um lucro avaliado em 1043€, ou seja, seria um valor muito positivo para

avançar com o projeto.

3.2.1.4 - Comunicação e Marketing

Avançando com o projeto, uma das primeiras tarefas a desenvolver foi a

realização do material para a divulgação. Sendo eu a única pessoa disponível

92

para esta tarefa, utilizei a plataforma online chamada Canva para a realização

do material.

Decidi fazer os seguintes materiais: cartaz, flyer, foto de capa de

facebook. A ideia do cartaz (Anexo nº18) foi fazer um lançamento das

informações mais básicas, com a data, nome, faixa etária, sexo e contactos

para mais informações. O flyer (Anexo nº19) já teria todas as informações,

como os valores, algumas atividades do programa, o local de inscrição e tal

como o cartaz, o nome, data, faixa etária, sexo e contactos. A foto de capa do

facebook (Anexo nº20) era algo simples só para aludir ao evento, com o nome

e a data.

3.2.1.5 - Regulamento

Já com a proposta aprovada e com a realização do material de

comunicação e imagem, passei para a realização do regulamento, do programa

e das inscrições do evento.

O regulamento teria de incluir todos os artigos que a organização e o

clube considerassem importantes para defender os interesses do clube e dos

inscritos. O regulamento inclui os seguintes artigos:

- Artigo 1º - Objetivos;

- Artigo 2º - Inscrição;

- Artigo 3º - Destinatário e Organização dos Grupos;

- Artigo 4º - Entidade promotora;

- Artigo 5º - Data e local de realização;

- Artigo 6º - Pessoal Técnico;

- Artigo 7º - Coordenador: seus direitos e deveres;

- Artigo 8º - Responsável de Grupo: seus direitos e deveres;

- Artigo 9º - Professores/Monitores: seus direitos e deveres;

- Artigo 10º - Estagiários/Voluntários: seus direitos e deveres;

- Artigo 11º - Administrativo Principal: seus direitos e deveres;

- Artigo 12º - Participantes: seus direitos e deveres;

- Artigo 13º - Encarregados de Educação: seus direitos e deveres;

93

- Artigo 14º - Material de apoio;

- Artigo 15º - Programa das Atividades;

- Artigo 16º - Assistência Médica;

- Artigo 17º - Alimentação;

- Artigo 18º - Extravios;

- Artigo 20º - Cancelamento e Devolução de Inscrição;

- Artigo 21º - Horário e Prolongamento;

- Artigo 22º - Lotação;

- Artigo 23º - Captação de Imagens;

- Artigo 24º - Revogação de Regulamentos;

- Artigo 25º - Admissões Finais.

Para ler na íntegra todo o regulamento, este está disponível no anexo

nº21.

O programa de atividades (Anexo nº22) foi realizado em conjunto com o

supervisor local e corrigido. Todas as atividades estavam ligadas ao futebol, tal

como foi pensado desde o início. As atividades do programa foram: - Jogos de

dinâmicas de grupo; Treino individual com bola; Quiz de futebol; Jogos

reduzidos; Treino específico posicional; Finalização; Filme; Treino do pé não

dominante; Alegria no futebol: jogos lúdicos; Guarda-redes por umas horas;

Freestyle; Condução e mudanças de direção com bola; Caça ao tesouro; Quiz

do clube; Photopaper; Treino de drible; Concurso de toques; Concurso bola na

barra; Presença surpresa; Penalti time e treino. Para cada atividade foi feita um

plano com cerca de três, quatro ou cinco exercício cada, para tornar a tarefa

facilitada aos professores/monitores de cada grupo e assim todos os grupos

terem o mesmo plano em todas as atividades.

Quanto às inscrições, fiz um formulário online que é possível fazer

através da plataforma Google. Optámos pelas inscrições online porque é de

acesso rápido e fácil e não havendo ninguém a trabalhar de forma contínua na

secretaria do clube, tivemos que optar por uma solução mais viável. Outra das

vantagens de ser online é o facto de não termos que acumular papéis ou até

94

mesmo perder informações, desta forma tudo fica guardado automaticamente

na plataforma que posteriormente deu para passar para um ficheiro de excel.

As informações que foram pedidas no formulário foram as seguintes: do

participante – nome completo, data de nascimento, morada, número do cartão

de cidadão; do encarregado de educação – nome, grau de parentesco,

morada, contacto e contacto de emergência; saúde do participante – restrições

alimentares e problemas de saúde.

3.2.1.6 - Formulário de inscrição

O formulário estava diretamente ligado ao meu e-mail pessoal, por isso

após cada inscrição era eu mesma que dava seguimento ao processo.

Respondia aos encarregados de educação com a mensagem de que a

inscrição estaria quase concluída, faltando apenas o comprovativo de

pagamento que deveria ser enviado após a leitura do regulamento e do

programa de atividades que iam anexados. Aquando os recebimentos dos

comprovativos de pagamento, os encarregados de educação recebiam

novamente um e-mail a informar que até ao último dia de inscrição eram

informados de como se procederia a semana, o que de forma sucinta seria

aquilo que está descrito no regulamento.

3.2.1.7 - Recursos Humanos

Reuni com o Dr. Nuno Pereira, o meu supervisor local, e juntos

definimos quem iria fazer parte do quadro dos recursos humanos, o que ficou

decidido da seguinte forma:

Coordenadores: Joana Oliveira e Dr. Nuno Pereira

Responsável por Grupo: Joana Oliveira

Monitor para cada 6/8 crianças: Andreia Freitas, Ana Rita Rodrigues,

Beatriz Almeida, Telmo Batista.

Administrativo Principal: Manuela Fonte.

Coadjuvante do administrativo: Nuno Pereira.

95

As responsabilidades, direitos e deveres de todos os intervenientes na

organização do Campo de Férias “Futebol e Alegria” estão descritas no

regulamento, para que seja esclarecedor para os participantes.

Os coordenadores são responsáveis pelo funcionamento do Campo de

Férias cabendo-lhe a superintendência técnica, pedagógica e administrativa

das atividades a realizar. São direitos do Coordenador, nomeadamente:

1. Contratar o pessoal técnico, empresas especializadas quando

necessário e as necessidades logísticas;

2. Excluir da equipa qualquer elemento do pessoal técnico que adote

uma conduta profissional menos própria, ou que não cumpra o presente

regulamento;

3. Reserva-se o direito de, após prévia informação e contacto com os

Encarregados de Educação, excluir qualquer participante que pelo seu

comportamento prejudique de forma significativa o funcionamento do campo de

férias;

4. Reserva-se o direito de, mesmo após o inicio do CFFA, excluir no

imediato qualquer participante, pelo motivo do EE prestar falsas e/ou

incompletas informações no ato da inscrição;

5. Tem opção de usufruir da alimentação disponibilizada no CFFA;

6. Cabe-lhe alterar ou reajustar o programa de atividades do campo de

férias sempre que não estejam reunidas as condições necessárias para o bom

funcionamento da atividade;

7. Reserva-se o direito de definir e/ou alterar o número mínimo e máximo

de participantes aceitar no CFFA;

8. Pode convocar uma reunião com a sua equipa técnica sempre que

necessário.

São deveres do Coordenador, nomeadamente:

96

1. Elaborar o Programa de Atividades e acompanhar a sua boa

execução;

2. Contratar e coordenar a ação do corpo técnico;

3. Assegurar a realização do Programa do Campo de Férias – Futebol e

Alegria no estrito cumprimento da legislação aplicável, bem como do respetivo

regulamento interno;

4. Zelar pela prudente utilização dos equipamentos e pela boa

conservação das instalações;

5. Garantir o cumprimento das normas de saúde, higiene e segurança;

6. Reportar superiormente as necessidades e resultados do CFFA;

7. Zelar pelo bom nome do Valadares Gaia Futebol Clube.

O VGFC em colaboração com as escolas do ensino secundário e

universitário possibilita a realização de estágios profissionais e estágios

curriculares, sendo o CFFA, uma das oportunidades disponibilizada como

forma de enriquecimento profissional. Os estagiários e voluntários possuem

prévios conhecimentos e ensinamentos na área do Desporto, sendo recrutados

para colaborar e apoiar no bom funcionamento do CFFA.

São direitos dos Estagiários/Voluntários nomeadamente:

1. Exigir o cumprimento do presente regulamento aos participantes;

2. Poder usufruir da alimentação disponibilizada no CFFA.

São deveres dos Estagiários/Voluntários nomeadamente:

1. Coadjuvar o Responsável de Grupo e Professores/Monitores do CFFA

na organização e dinamização das atividades durante o CFFA, bem como a

demais equipa técnica;

97

2. Acompanhar os participantes durante as atividades, prestando-lhes o

apoio e auxílio necessário, no período compreendido entre a receção e entrega

dos participantes aos EE;

3. Executar e cumprir, as tarefas solicitadas pelo Coordenador do CFFA

e pelo Responsável de Grupo, ou demais da equipa técnica do VGFC;

4. Cumprir e assegurar que os participantes cumprem as normas de

saúde, higiene e segurança;

5. Colaborar para que o programa e as suas atividades sejam realizados

dentro dos horários previstos;

6. Reportar situações imprevistas e anómalas ao Responsável de Grupo

e/ou Professores/Monitores;

7. Coadjuvar na verificação das condições de conservação e de

segurança dos materiais e equipamentos a utilizar pelos participantes, bem

como zelar pela manutenção dessas condições;

8. Zelar pelo bem-estar dos participantes no CFFA;

9. Auxiliar o Responsável de Grupo na realização diária da sumula dos

acontecimentos mais relevantes.

10. Zelar pelo bom nome do Valadares Gaia Futebol Clube.

3.2.1.8 - Cancelamento da Atividade

Dadas as condições climatéricas durante a semana de 8 a 12 de abril

tentamos junto da direção arranjar uma alternativa para as instalações, tendo

em conta que todo o Complexo Desportivo de Valadares é ao ar livre. Após

algumas conversas com o Presidente e nos ser transmitida a informação de

que não existiriam soluções viáveis para a realização do CFFA, optamos por

cancelar a atividade.

Como precaução havíamos enviado um e-mail aos encarregados de

educação (EE) a informar que no caso de não existissem condições

climatéricas que garantissem a mínima realização do programa, o CFFA seria

98

cancelado e o dinheiro seria devolvido. No dia 10 de abril após conversar com

o Dr. Nuno Pereira, optámos então por informar todos os EE que o CFFA não

se iria realizar.

Após o cancelamento, a próxima tarefa passou por devolver o dinheiro a

todos os EE. Uma tarefa que se revelou complicada, pois quem gere as contas

do clube não tinha disponibilidade para fazer as transferências por banco e

tivemos que optar por fazer as devoluções em numerário. Então, voltamos a

informar que a devolução seria em numerário e a responsável seria a D.

Manuela Fonte, a coadjuvante do administrativo. As devoluções foram

efetuadas durante a semana de 15 a 18 de abril, sem qualquer problema a

assinalar.

3.2.2 - Dia do “Pai” e Dia da “Mãe”

Os dias do “Pai” e da “Mãe” são comemorados a dia 19 de março e 5 de

maio, respetivamente. Este ano, por sugestão minha, o VGFC convidou os pais

a treinar com as suas filhas para que fossem proporcionados diferentes

momentos de alegria e descontração (Figuras 11 e 12).

As treinadoras de cada escalão de formação escolheram uma data de

treino para receber os pais e a organização do treino ficou às suas

responsabilidades. Algumas treinadoras optaram apenas por fazer jogo Pais

vs. Filhas, outras optaram por fazer circuito de desafios.

Esta atividade foi comunicada aos pais através de um comunicado que

as atletas levaram para casa, a presença não era única e exclusivamente para

os pais sendo que os irmãos, tios, avós, etc., também poderiam ser convidados

pelas atletas.

99

Figura 13 – Registo fotográfico do dia da "Mãe"

Figura 12 – Registo fotográfico do dia do "Pai"

100

101

Capítulo 4 – Das reflexões às conclusões finais

4.1 - Reflexões críticas e competências adquiridas

Integrar a entidade desportiva do Valadares Gaia Futebol Clube não foi a

minha primeira opção como estagiária de Gestão Desportiva, idealizava

estagiar numa entidade nacional que me desafiasse e fosse exigente para me

tornar uma melhor gestora. Não surgindo essa oportunidade optei por integrar

o Departamento de Formação de Futebol Feminino do clube, uma entidade que

já me conhecia e onde eu já estava incorporada. Sabendo que a integração no

clube estava feita interiorizei na minha mente que teria que encontrar um fator

que me motivasse e me obrigasse a evoluir, desde o início. Foi assim que em

setembro quando abri a porta da Sede do VGFC para a minha primeira hora

como estagiária algo surgiu, estava a entrar num clube completamente amador,

um clube com dificuldades financeiras, um clube de freguesia onde a união e o

emprenho dos seus cidadãos mantinham o seu nome na boca dos gaienses e

por vezes, dos portugueses. Esta seria a oportunidade de vivenciar aquilo que

maior parte dos clubes passam em Portugal, as dificuldades, a sobrevivência, o

trabalho árduo, a dedicação dos seus amantes.

Fechar esta mesma porta que se abriu há um ano, era fechar uma porta

que me trouxe inúmeras experiências, que me trouxe maturidade, humildade,

gratidão e superação. Todo um conjunto de qualidades que farão de mim uma

profissional mais completa no futuro que se avizinha.

O balanço final de toda esta etapa é muito positivo, ao contrário da

minha ideia inicial, pois nem tudo foi fácil. A independência e autonomia que

me concederam no desempenho desta função fizeram com que, muitas vezes,

me sentisse sozinha e pouco motivada, mas fez também com que eu

procurasse a minha motivação e foco.

Na fase inicial a par desta procura pela motivação surgiu também o

nervosismo e a ansiedade por me integrar numa nova área de trabalho e num

novo departamento. Toda a estrutura do clube me recebeu muito bem, dando

102

destaque a uma das principais trabalhadores do departamento, a D. Manuela

Fonte.

Desde o primeiro mês de estágio que a D. Manuela Fonte colocou logo a

fasquia elevada, após a minha sugestão da renovação das fichas de atletas e

do lançamento do seu novo modelo, dando-me a responsabilidade de durante

os treinos abordar os encarregados de educação e informar da renovação das

fichas. Esta tarefa fez com que eu conhecesse muitos encarregados de

educação e começasse a ganhar experiência na comunicação. Durante esta

atividade consegui perceber que os encarregados de educação ficaram

surpresos com a renovação das fichas, obtendo imensos feedbacks positivos.

O facto de estar ligada a uma atividade tão ativa logo no primeiro mês

fez com que superasse as minhas expectativas iniciais. Ainda aliada a esta

atividade surgiu a ideia de atualizarmos todo o programa de New Generation

Sport que já tinha sido adquirido pelo clube em 2014, mas que não tinha sido

mais atualizado. Assumi a responsabilidade de o fazer, primeiramente senti

dificuldades a trabalhar com o programa, mas depois de ler alguns tutoriais e

da ajuda de alguns funcionários da empresa competente consegui passar

todas as informações para o NSG. A passagem das informações para o

programa demorou cerca de três meses e neste momento o site encontra-se

atualizado, no entanto fiquei a perceber que ninguém dará continuidade a este

trabalho devido a falta de disponibilidade das únicas pessoas responsáveis

pelo departamento. Considero que seria importante a utilização da plataforma

para a manutenção da organização do departamento.

Ainda neste mês tive a oportunidade de perceber como funcionavam a

organização e gestão de balneários para os treinos e jogos. Os coordenadores

de cada departamento colaboram para que se encontrem soluções viáveis e

seguras. O desempenhar desta atividade fez-me compreender que o clube não

contém neste momento condições necessárias para ter tantas equipas, pois de

uma forma geral existem três clubes dentro de um: a escola Dragon Force, o

Futebol Masculino e o Futebol Feminino. A partilha de balneários foi a solução

103

encontrada em alguns casos e a colaboração e comunicação de todos os

intervenientes da organização e gestão foi crucial.

Outra das atividades que me mostrou a importância da organização dos

departamentos foi o Plano Mensal de Jogos, não fui responsável pelo processo

de marcação de jogos ou alterações, mas foi-me incumbida a responsabilidade

de realizar este plano para facilitar as suas marcações e alterações. A

realização deste plano foi seguida das orientações do supervisor local e tinha

uma regra bem vinculada: “cada plano mensal teria que ser enviado um mês

antes”, ou seja, os jogos do mês de outubro teriam que ser enviados em

setembro e assim sucessivamente. A concretização deste plano todos os

meses fez-me perceber a organização completa das páginas web da

Associação de Futebol do Porto e da Federação Portuguesa de Futebol e fez-

me entender a importância do planeamento e previsão da marcação de jogos.

O número elevado de equipas no VGFC faz com que haja muitos jogos com as

mesmas horas e locais definidos, este planeamento permitia que o clube

conseguisse atempadamente encontrar soluções para a realização de todos os

jogos. É relevante esclarecer que as competições nacionais são da

responsabilidade da FPF e que tem prioridade sob as competições distritais

que são da responsabilidade da AFP.

À medida que comecei a ser responsável por algumas atividades no

departamento comecei também a tentar ser criativa, pensar em ideias

inovadores que fidelizassem as atletas ao clube e que trouxessem ao clube

benefícios financeiros. Uma das primeiras ideias que tive foi aliar o sucesso

escolar ao futebol, sabendo que no futebol feminino ser profissional é uma

raridade, a partir daqui surgiu o Projeto “Escoladares” que tinha como objetivo

motivar as atletas a melhorarem as notas escolares. No final de cada período

escolar as treinadoras recolhiam as notas escolares e eu calculava as médias

das notas de cada atleta em cada equipa. No geral, não podemos concluir que

o objetivo foi conseguido única e exclusivamente por causa do projeto, pois

podem existir outros tantos motivos, mas podemos afirmar que este foi

conseguido e teve um impacto positivo para as atletas e encarregados de

104

educação. A recolha das notas escolares foi talvez a fase mais complicada

deste projeto, principalmente no primeiro período escolar devido à falta de

informação sobre o projeto, ainda que os encarregados de educação tivessem

sido previamente avisados em reunião, as atletas tardaram em entregar as

fichas de notas, nos restantes períodos tudo decorreu com normalidade. Penso

que será um projeto que poderá ter continuidade no clube dado o impacto

positivo que teve, haverá facilidade na continuidade do mesmo pela existência

dos documentos necessários e só se ter que trabalhar na recolha de notas

escolares.

Outra ideia que surgiu, e que foi o meu maior desafio neste estágio, foi a

organização do “Campo de Férias – Futebol e Alegria”, toda a sua preparação

desde da sugestão ao Presidente até ao cancelamento devido à falta de

condições por motivos meteorológicos fizeram-me aprender muito sobre a

gestão de eventos desportivos. O facto de estar inserida num clube amador

que não dispõe de departamentos de comunicação e imagem, obrigaram-me a

procurar soluções e a realizar todo o material de comunicação. A não

envolvência da secretaria do clube no projeto fez-me ser responsável pelo

processo de inscrição, pela gestão financeira da atividade e pela comunicação

com os encarregados de educação dos inscritos.

Toda a organização do CFFA veio confirmar o que descrevi na minha

revisão de literatura sobre a gestão de evento, onde refiro que o processo mais

demorado é a sua organização e não a sua execução e ainda a importância

dos recursos humanos.

Apesar de não ter conseguido realizar a atividade, a experiência de a ter

preparado foi muito positiva e fez-me adquirir conhecimentos para que no

futuro possa realmente organizar um evento desta dimensão.

Uma das atividades que mais gostei de realizar foi o “Dia da Mãe” e o

“Dia do Pai”: integrar os encarregados de educação no contexto futebolístico

das educandas foi uma sensação espetacular. Poder presenciar o nervosismo

miudinho de ambas as partes por partilharem o campo e ouvir as gargalhadas

105

de todos os intervenientes foi único. Algo a retirar sobre estas atividades foi o

facto de todos se terem divertido, os EE, as atletas e as equipas técnicas que

tiveram liberdade para organizar os próprios treinos. Foi uma atividade muito

bem-sucedida e que na minha opinião, por tudo o que já referi, deveriam

procurar a sua continuidade.

Por fim, referir a importância de ter gerido juntamente com outras

pessoas o facebook do VGFC, tínhamos que ser meticulosos na forma como

preparávamos todos os layouts, nas horas que as informações eram

publicadas na nossa página e a rápida informação sobre os resultados dos

jogos logo após cada partida. A comunicação e a entreajuda foram as duas

palavras-chave desta tarefa, nem sempre foi fácil colocar os layouts nos dias

pensados, fazer os eventos dos jogos com alguns dias de antecedência ou

publicar os resultados logo após as partidas. Mas tudo foi colocado, todas as

equipas tiveram as suas informações no facebook, desde os escalões

inferiores aos superiores, todas foram tratadas com a mesma igualdade.

106

107

4.2 - Conclusões e perspetivas para o futuro

Resumindo todo o meu percurso no Departamento de Formação de

Futebol Feminino do Valadares Gaia Futebol Clube, posso salientar que

terminei o estágio com todos os objetivos definidos por mim no início deste.

Nos objetivos gerais consegui aplicar os conhecimentos adquiridos no primeiro

ano de mestrado, desde a gestão de instalações e eventos ao planeamento de

diversas atividades solicitadas. Nos objetivos específicos adaptei-me bem à

dinâmica da organização e consegui integrar-me com facilidade no

departamento, consegui junto com outros intervenientes criar uma nova

imagem do clube através das redes sociais, participei em diversas atividades

do departamento, organizei eventos de atividades para atletas e EE, e

desenvolvi competências intra e interpessoais.

Terminei a minha ligação com o departamento e sinto que todas as

tarefas que realizei serão sobrecarga para os únicos dirigentes desportivos que

se mantém, o Dr. Nuno Pereira e a D. Manuela Fonte. Seria importante para a

organização do clube que se juntasse mais alguém ao departamento para que

todas as atividades e tarefas desenvolvidas tivessem continuidade.

A maior lacuna do departamento é, sem dúvida, a falta de recursos

humanos e a sobrecarga de responsabilidades. Enquanto desempenhei as

funções de estagiária, éramos três pessoas responsáveis por várias atividades

e prontas a responder às necessidades do clube, no entanto sentíamos alguma

dificuldade em as executar de forma breve.

Gostaria de evidenciar que estagiar num clube amador foi extremamente

enriquecedor para o meu futuro enquanto gestora do desporto, ter que

trabalhar diariamente com pessoas que não são qualificadas na área da gestão

do desporto e ter de procurar instruir alguns comportamentos em pessoas com

idade superior à minha foi uma tarefa árdua e complicada. O facto de quase

todos os dirigentes desportivos trabalharem de forma rotinada, sem

organização e sem distribuição de responsabilidades torna a concretização de

todas as atividades difícil.

108

Analisando e perspetivando o futuro relativamente às áreas de gestão do

desporto e da gestão do futebol de formação, acredito que haja uma afirmação

do gestor do desporto enquanto função imprescindível. As novas iniciativas das

entidades nacionais, Associação Portuguesa de Gestão do Desporto e a

Federação Portuguesa de Futebol, em formar os gestores do desporto levam a

uma tomada de posição no mercado de trabalho e à especialização das nossas

funções.

Outro ponto muito positivo é a maior procura pela formação no ensino

superior nos cursos de gestão do desporto, o que resultará num futuro com

pessoas mais competentes, mais informadas e trará mais qualidade e

exigência ao desempenho das nossas funções.

Por fim, realizar este relatório e estágio, como já referi, trouxe-me uma

vasta experiência na área da gestão do desporto e foi extremamente positivo

para a minha formação. Juntar o melhor de dois mundos, a Gestão do

Desporto e o Futebol Feminino, foi a decisão mais correta que poderia ter

tomado para a realização deste estágio profissionalizante.

109

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XV

Anexos

XVI

Anexo 1 - Ficha de Inscrição de Atleta

XVII

XVIII

Anexo 2 - Ficha de Avaliação Técnica, Tática e Ambição

XIX

Anexo 3 - Exemplo de Tabela para Organização de Campo e Balneários

Espaço Balneário (nº) Horas Equipa

Campo 11 2 17h00

18h15 Seniores Masculinos

½ Campo 11 8 18h15

19h30 Dragon Force

½ Campo 11 4 18h15

19h30 Dragon Force

Campo 7 1 18h15

19h30 Dragon Force

½ Campo 11 5 e 6 19h30

20h45 Dragon Force

½ Campo 11 2 19h30

20h45 Sub-19 Feminino

Campo 7 3 19h30

20h45 Sub-15 Feminino

Campo 5 7 19h30

20h45 Sub-11/13 Feminino

½ Campo 11 1 20h45

22h00 Sub-19 Masculino

½ Campo 11 4 20h45

22h00 Sub-17 Masculino

XX

Anexo 4 - Plano Anual de Disposição de Balneários

XXI

Anexo 5 - Exemplo do Plano Mensal de Jogos

XXII

Anexo 6 - Termo de Responsabilidade do Safe Card Protocol

XXIII

Anexo 7 - Ficha de Notas Escolares

XXIV

Anexo 8 - Folha de Cálculos da Média das Notas Escolares

XXV

Anexo 9 - Exemplo do Layout Geral dos Jogos

XXVI

Anexo 10 - Exemplo dos Eventos colocados no facebook

XXVII

Anexo 11 - Exemplo do Layout dos Resultados

XXVIII

Anexo 12 - Exemplo do Layout utilizado para os 11 iniciais

XXIX

Anexo 13 - Partilha de notícias na nossa página de facebook

XXX

Anexo 14 - Layout do Dia da Mulher

XXXI

Anexo 15 - Layout do Dia do Pai

XXXII

Anexo 16 - Layout do Dia da Mãe

XXXIII

Anexo 17 - Balanço Financeiro do Campo de Férias Futebol e Alegria

XXXIV

Anexo 18 - Cartaz do Campo de Férias Futebol e Alegria

XXXV

Anexo 19 - Flyer do Campo de Férias Futebol e Alegria

XXXVI

XXXVII

Anexo 20 - Capa de Facebook do Campo de Férias Futebol e Alegria

XXXVIII

Anexo 21 - Regulamento do Campo de Férias Futebol e Alegria

XXXIX

Anexo 22 - Programa de Atividades do Campo de Férias Futebol e Alegria