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Gestão e PAIR 1. Como caracterizar a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR); ou seja, como estabelecer o nexo causal entre a Perda Auditivo Induzida por Ruído e o trabalho. Os nossos objetivos específicos são: Conhecer a legislação brasileira referente à audiologia ocupacional. Entender as diretrizes para prevenir a perda auditiva ocupacional, tanto por ruído, quanto por outros agentes ototóxicos. Estabelecer o nexo causal, ou seja, a caracterização da perda auditiva como sendo ou não sendo do trabalho. Determinar o enquadramento do paciente como deficiente auditivo. Determinar o Padrão Operacional diante de uma perda auditiva.

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Page 1: Gestão e PAIR - Proergon

Gestão e PAIR

1. Como caracterizar a Perda Auditiva Induzida por Ruído

(PAIR); ou seja, como estabelecer o nexo causal entre a

Perda Auditivo Induzida por Ruído e o trabalho.

Os nossos objetivos específicos são:

Conhecer a legislação brasileira referente à audiologia ocupacional.

Entender as diretrizes para prevenir a perda auditiva ocupacional, tanto por

ruído, quanto por outros agentes ototóxicos.

Estabelecer o nexo causal, ou seja, a caracterização da perda auditiva como

sendo ou não sendo do trabalho.

Determinar o enquadramento do paciente como deficiente auditivo.

Determinar o Padrão Operacional diante de uma perda auditiva.

Page 2: Gestão e PAIR - Proergon

2. PAIR e a legislação brasileira

Como Legislação de destaque, para ser estudada, podemos citar:

NR 7, em seu Anexo I do quadro II, incluído pela Portaria 19.

NR 15, em seu Anexo 1.

Decreto 5296, item “b”, e os seus critérios de enquadramento da Pessoa

Portadora de Deficiência auditiva.

3. Vídeo “Viagem ao ouvido humano”.

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=13qHCz4dAfU

Page 3: Gestão e PAIR - Proergon

4. Transmissão do som na orelha humana

(De vibrações mecânicas em impulsos nervosos)

Conforme vimos na animação, o ruído segue o seguinte caminho: pavilhão auricular,

conduto auditivo externo, membrana timpânica, ossículos da orelha média, janela oval,

cóclea, onde se encontra o Órgão de Corti, responsável por transformar as vibrações

mecânicas em impulsos nervosos; aliás, exatamente onde se dá a agressão pelo ruído.

Aí, o som já decodificado é transmitido ao nervo auditivo e, a seguir ao cérebro, onde

será interpretado.

Page 4: Gestão e PAIR - Proergon

5. Divisão funcional da orelha

Para facilitar o nosso entendimento, podemos dividir a orelha em duas partes:

A primeira, formada pela orelha externa e média, onde o som é transmitido na

forma de vibrações mecânicas.

A segunda, formada pela orelha interna, em especial a cóclea, onde se encontra o

Órgão de Corti, quem decodifica o som, transformando as vibrações mecânicas

em impulsos elétricos, que são enviados pelo nervo auditivo ao cérebro para ser

interpretado.

Page 5: Gestão e PAIR - Proergon

6. Tipos de perda: aérea e óssea

Assim:

As alterações que ocorrem nas orelhas “externa” e “média” são caracterizadas

por perdas condutivas, detectadas apenas pela via aérea.

Já as alterações que acorrem a partir da orelha interna, resultam em perdas

neurossensoriais, que são detectadas tanto pela via aérea quanto pela via óssea.

7. PAIR, três “máximas”.

O conceito de PAIR, esta doença decorrente da exposição sistemática e prolongada a

ruídos com altos níveis de pressão sonora, apresenta três características, a saber:

Primeiro: é o resultado da agressão ao Órgão de Corti, pela exposição ao ruído.

Segundo: Patologia crônica, portanto de evolução lenta, ao longo de meses,

anos.

Terceiro: Irreversível.

Assim, podemos definir PAIR como sendo uma perda auditiva crônica e irreversível,

resultante da agressão às células ciliares do órgão auditivo de Corti, que decorre da

Page 6: Gestão e PAIR - Proergon

exposição sistemática e prolongada a ruído cujos níveis de pressão sonora (NPS) são

elevados.

8. “Normalidade auditiva” na legislação brasileira

Interpretação de um audiograma (de acordo com a legislação brasileira, com destaque

para a Portaria 19):

A condição de normalidade está presente quando os limiares auditivos se

encontram até 25 decibéis. Ou seja, com limiares em 25 decibéis ou “melhores”

do que 25 dB, o audiograma está normal.

A perda auditiva está presente, quando os limiares auditivos se encontram acima

de 25 decibéis. Ou seja, com limiares auditivos “piores” do que 25 dB, o

audiograma está registrando uma perda auditiva.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 7: Gestão e PAIR - Proergon

9. Alteração temporária ou transitória dos limiares auditivos

(ATLAS)- TTS = Temporary Threshold Shift

Esta alteração ocorre após algumas horas de exposição a ruído com elevados Níveis de

Pressão Sonora, porém revertem completamente à normalidade após 24 horas, a partir

do momento em que o indivíduo é afastado da exposição.

Page 8: Gestão e PAIR - Proergon

10. Diagrama de ATLAS

Assim, o diagrama mostra a evolução dos audiogramas seriados:

1- Em laranja, o período antes da exposição ao ruído, onde se pode ver um

traçado de audiograma normal.

2- Em azul, trinta segundos após a exposição a altos níveis de pressão sonora, há

um rebaixamento significativo.

Os diagramas 3, 4 e 5 representam o retorno gradativo à normalidade,

demonstrando que a alteração temporária reverte completamente após 24 horas,

a partir do momento em que o indivíduo é afastado da exposição.

Page 9: Gestão e PAIR - Proergon

11. Repouso Acústico (mínimo de 14 horas)

Por esta razão, a Portaria 19, recomenda que o trabalhador deverá permanecer em

repouso auditivo por um período mínimo de 14 horas até o momento de realização do

exame audiométrico.

12. Diferença entre PAIR e Trauma Acústico

PAIR é uma doença ocupacional, portanto com instalação lenta, insidiosa (exposição a

ruídos por muito tempo: meses a anos), enquanto o Trauma Acústico é um acidente

tipo, com local, data e hora definidas, decorrentes de, por exemplo, explosão,

detonação, traumatismo crânio-encefálico, etc.

Page 10: Gestão e PAIR - Proergon

13. Características Gerais do audiograma com PAIR

Vamos citar as principais características gerais de PAIR, a saber:

Neurossensorial (órgão de Corti).

Bilateral e simétrica.

Raramente provoca perdas profundas.

Início da perda ocorre nas frequências altas (daí o entalhe acústico: 3, 4 e 6 Khz,

também chamado de gota acústica); a seguir, podendo evoluir para os pontos

extremos de frequências: 2000, 1000, 500, 250 Hz e, no outro extremo 8000

Khz.

Irreversível.

Tempo de perda máxima: ~ 15 a 20 anos.

Pode ser acompanhada de intolerância a determinados ruídos ambientais (o

chamado recrutamento), perda da capacidade de reconhecimento das palavras,

zumbidos, podendo comprometer o processo de comunicação.

A evolução é exposição- dependente, ou seja, afastada a causa, a perda

estabiliza.

A velocidade da perda é inversamente proporcional ao aumento dos limiares

auditivos, em outras palavras, há uma maior perda nos primeiros quinze anos de

exposição ao ruído.

Tem como fatores que influenciam nas perdas as características físicas do agente causal

(tipo, espectro, nível de pressão sonora), tempo/dose de exposição e obviamente a

susceptibilidade individual.

14. Audiograma Padrão PAIR: as quatro características

fundamentais.

As QUATRO características do traçado de um audiograma com o padrão PAIR, ou seja,

um audiograma sugestivo de PAIR, são:

Neurossensorial

Bilateral e simétrica

Raramente provoca perdas profundas

Início da perda acometendo frequências altas, em 3, 4 e 6 Khz

Assim, O audiograma que apresenta um traçado com estas quatro características,

denominamos de “Audiograma Padrão PAIR”, ou seja, um Audiograma sugestivo de

PAIR.

Atenção: Um audiograma que apresenta um traçado “Padrão PAIR” não quer dizer que

seja PAIR. Apenas que é sugestivo de PAIR. Basta lembrar que vários outros agentes

ambientais além do ruído produzem perda auditiva com o mesmo padrão PAIR, como

os solventes, fumos metálicos, gases asfixiantes, etc.

Vamos abordar separadamente cada uma das quatro características do Audiograma

padrão PAIR.

Page 11: Gestão e PAIR - Proergon

Quatro características do Padrão PAIR

1ª Característica-Perda Neurossensorial

Se ausente, “não é PAIR”.

1ª característica do padrão PAIR: Perda neurossensorial, ou seja, os traçados das vias

aérea e óssea se sobrepõem, ou apresentam um “gap” (um intervalo) entre si de no

máximo 10 decibéis.

Significa que o paciente apresenta uma perda auditiva tanto pela via aérea, quanto pela

via óssea, ou seja, é uma perda neurossensorial.

Atenção: esta característica, das quatro estudadas, é a única que é absolutamente

indispensável para caracterizar uma PAIR. Ou ainda em outras palavras: Se não é

neurossensorial, não é PAIR.

Para exemplificar, vamos a uma perda apenas condutiva, para diferenciar da

neurossensorial, com destaque para o gap maior do que 10 decibéis.

Page 12: Gestão e PAIR - Proergon

Conclusão: Não é PAIR, por ser apenas condutiva; ou seja, por não ser

NEUROSSENSORIAL.

2ª Característica- Bilateral e simétrica

Page 13: Gestão e PAIR - Proergon

Aqui se pode notar a semelhança entre os traçados das orelhas direita e esquerda nos

casos típicos de PAIR.

Atenção: embora a semelhança seja um achado comum em PAIR, a diferença entre os

dois traçados não pode ser interpretada como descarte de PAIR, pois temos PAIR com

traçados bastante assimétricos entre os dois lados.

Portanto: A unilateralidade ou a assimetria entre ambas as orelhas, embora não sejam

comuns em PAIR, não é, por si só, fator de exclusão do diagnóstico de PAIR.

3ª Característica- Perdas “não profundas”.

As perdas em frequências mais baixas, ou seja, em 0,5 a 2 khz, não ultrapassam

os 40 dB.

As perdas em frequências mais altas, ou seja, em 3 a 8 khz, não ultrapassam os

75 db, como no slide a seguir.

Atenção: o achado isolado de perdas profundas não pode ser inicialmente interpretado

como descarte de PAIR, pois pode haver associação com outras patologias que podem

produzir perdas profundas.

Assim, perda profunda também não é fator absoluto de exclusão do diagnóstico de

PAIR.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 14: Gestão e PAIR - Proergon

4ª característica: Início da perda em frequências altas

As primeiras perdas são encontradas nas frequências altas, ou seja, de 3, 4 ou 6 Khz.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 15: Gestão e PAIR - Proergon

Ratificando as quatro características de PAIR: Padrão

PAIR

Portanto, reforçando, o audiograma Padrão PAIR é caracterizado pelas quatro

características:

Neurossensorial

Bilateral e simétrica.

Raramente provoca perdas profundas.

Início da perda em frequências altas

15. Característica exposição dependente

As demais características de PAIR são: EXPOSIÇÃO DEPENDENTE, ou seja, Não

haverá progressão, caso seja cessada a exposição ao ruído intenso.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 16: Gestão e PAIR - Proergon

16. Característica “evolução reversa” da perda auditiva

diante da exposição ao ruído.

Ao longo da exposição ao ruído, embora ocorra o avanço da perda auditiva, a evolução

dessa perda é inversamente proporcional ao aumento dos limiares auditivos, com maior

perda entre 15 e 20 anos de exposição.

17. Evolução em “aprofundamento” da perda

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 17: Gestão e PAIR - Proergon

A evolução da perda pode ocorrer em aprofundamento.

18. Evolução em “alargamento” da perda

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 18: Gestão e PAIR - Proergon

Como pode também ocorrer em alargamento.

19. “Bacia da palavra”, ou zona da conversa normal

A preocupação se dá quando a perda invade a chamada “bacia da palavra”, ou seja, de

500 a 3000 Hz, comprometendo a comunicação.

Vamos aqui destacar que esta é a região determinada pelo Decreto 5296 para o

enquadramento do deficiente auditivo, como veremos mais adiante.

20. Trauma acústico

Vamos a um exemplo de trauma acústico, um acidente tipo produzindo perda auditiva.

Aqui temos um exemplo de trauma acústico, decorrente de acidente tipo (local, data e

hora definidas), como explosão, detonação, traumatismo crânio-encefálico, etc.

Geralmente é unilateral com predominância do componente condutivo.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 19: Gestão e PAIR - Proergon

21. Nível de “ação”: fazer audiometria, usar protetor

auricular.

As exigências legais em relação aos trabalhadores com exposição ao ruído, ou seja, a

quais trabalhadores informar sobre o risco ruído, quais trabalhadores devem fazer

audiometria e usar protetor auricular?

Resposta: Quem se encontrar em exposição no nível de ação, ou seja, a partir de 50%

do limite de tolerância.

Portanto, quem se encontrar acima de:

80 decibéis por 8 horas, ou ainda,

Dose diária de exposição acima de 0,5, ou seja, acima de 50% do limite de

tolerância.

22. Tipos de ruídos em nossa legislação

Ruído contínuo e intermitente: são caracterizados por picos de energia

acústica de duração superior a um segundo e com intervalo de repetição inferior

a um segundo. Mas, de maneira mais simples, podemos citar os exemplos de:

Ruído contínuo: máquinas em operação.

Ruído intermitente: britadeiras.

Page 20: Gestão e PAIR - Proergon

Ruído de impacto: é caracterizado por picos de energia acústica inferior a um

segundo e com intervalo de repetição acima de um segundo, ou de maneira mais

simples, com os exemplos de explosões, detonações, disparos de armas de fogo.

Os LIMITES DE TOLERÂNCIA estabelecidos são:

Ruído contínuo e intermitente: até 85 db (A), circuito de resposta lenta (SLOW)

por 8 horas diárias, ou dose de 1.

Ruído de impacto: até 130 db(A) ou 120 db(C).

23. Audiometria e periodicidade de realização

A periodicidade da realização da audiometria é assim determinada: a audiometria é

realizada na:

Admissão

Seis meses após a admissão

Anualmente

Demissão

24. Validade da audiometria

A validade da audiometria, aliás, assim como também a validade do exame clínico-

ocupacional é a seguinte, conforme a NR7:

Validade de 135 dias retroativos em relação à data do exame médico

demissional para empresas com grau de risco 1 e 2, ou seja, maior tempo de

validade para riscos menores.

Validade de 90 dias retroativos em relação à data do exame médico demissional

para empresas com grau de risco 3 e 4, ou seja, menor tempo de validade para

riscos maiores.

25. Evolução da audiometria e o Deslocamento limiar padrão

(DLP)

Evolução das avaliações audiométricas:

As diferenças entre as audiometrias realizadas ao longo dos anos só são significativas

quando apresentarem um Deslocamento Limiar Padrão (DLP).

Assim, para afirmar que houve um Desencadeamento ou Agravamento de PAIR, tem

que estar presente um Deslocamento Limiar Padrão, que pode se apresentar duas

maneiras:

Page 21: Gestão e PAIR - Proergon

Diferença de 10 ou mais decibéis, em uma ou ambas as orelhas, nas médias

aritméticas dos grupos de limiares auditivos de baixa frequência (0,5, 1 e 2 Khz)

ou dos grupos de limiares auditivos de alta freqüência (3, 4 e 6 Khz).

Elevação do limiar auditivo em qualquer frequência isolada de 15 db(NA) ou

mais, em pelo menos uma orelha, CONFORME SLIDES SEGUINTES.

26. Padrão de 10 decibéis de rebaixamento isolado com sendo

DLP

Diferença de 10 ou mais decibéis nas médias aritméticas entre as audiometrias de

referência e sequencial.

27. Padrão de 15 decibéis em perda isolada com sendo DLP

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 22: Gestão e PAIR - Proergon

Elevação de 15 db(NA) ou mais no limiar auditivo, entre as audiometrias de referência e

sequencial em qualquer frequência isolada de, em pelo menos uma orelha.

28. DLP dentro da normalidade: rebaixamento isolado de 15

abaixo de 25 dB

Aqui temos um desencadeamento, pela presença de DLP (Deslocamento Limiar Padrão)

na audiometria sequencial, com audiometria de referência normal.

FREQUÊNCIA EM HZ

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 23: Gestão e PAIR - Proergon

29. Outro exemplo de rebaixamento de 15 decibéis em média

aritmética com sendo DLP.

Aqui temos um agravamento de PAIR: presença de DLP em audiometria sequencial,

porém com audiometria de referência já indicando perda auditiva “padrão PAIR”.

30. Nexo causal em PAIR

O Nexo Causal entre PAIR e o trabalho depende algumas variáveis e será estudado no

módulo de Nexo Causal entre a doença ocupacional e o trabalho.

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 24: Gestão e PAIR - Proergon

31. Doses equivalentes de exposições ao ruído

Como a intensidade do ruído ambiental no ambiente de trabalho é geralmente variável, é

necessário estabelecer qual o tempo de duração para cada nível de intensidade de ruído,

ou seja, as doses parciais, para que ao final da jornada possa ser estabelecida a dose total

da jornada, calculada pelo dosímetro.

Em nossa legislação, a cada aumento de 5 dB é considerado como sendo o dobro da

intensidade.

Assim, a dose de exposição para um nível de 85 dB, durante 8 horas de exposição, é o

mesmo que a dose de exposição para um nível de 90 dB, durante 4 horas de exposição.

OU seja, quando dobra a intensidade, tem que reduzir à metade do tempo de exposição,

para se ter uma dose equivalente. E, assim sucessivamente.

Page 25: Gestão e PAIR - Proergon

32. Dose e os quatro níveis de exposição

Assim, a dose de ruído ao final da jornada de trabalho é soma das doses parciais.

Portanto ter quatro situações de exposição ao ruído, definidas assim:

Agente ambiental: Apenas a presença do agente ambiental ruído, sem o

risco ruído: Quando a soma resulta abaixo de 0,5 (ou 50%), não há o

risco ruído, mas apenas o agente ambiental ruído.

Risco ambiental ruído: Presença do risco ruído, ou seja, o Nível de

ação, que é quando a soma resulta entre 0,5 e 1, ou ainda entre 50% e

100%, a exposição se encontra no nível de ação.

Risco tolerável: Exposição ao ruído dentro do limite de tolerância:

quando a soma resulta em um número até um, ou seja, cem por cento, a

exposição se encontra no limite de tolerância.

Risco intolerável: Exposição ao ruído acima do limite de tolerância:

quando a soma resulta acima de 1 (ou 100%), a exposição se encontra

acima do limite de tolerância.

Page 26: Gestão e PAIR - Proergon

33. Outros agentes ototóxicos e otoagressivos

Outros agentes ototóxicos são também capazes de causar perda auditiva, no mesmo

padrão PAIR.

Daí a importância de não caracterizar de imediato uma perda padrão PAIR, como sendo

causada apenas por ruído, pois poderá ter sido causada por qualquer um destes agentes

ambientais ou até mesmo produto de combinação entre mais de um agente ambiental.

Vibrações, radiações e calor: ação agravante secundária sobre a PAIR.

Solventes: tolueno, benzeno, xileno, dissulfeto de

carbono, tricloroetileno, estireno, cloreto de vinila,

alogenados...

Fumos metálicos: chumbo, manganês e vapores de

mercúrio.

Gases asfixiantes: monóxido de carbono.

Agentes biológicos: vírus, bactérias, etc...

34. Fatores ligados ao indivíduo

Fatores individuais também podem ser determinantes na perda auditiva, como a idade,

várias outras doenças, ingestão de substâncias ototóxicas.

Idade

Distúrbios bioquímicos e metabólicos(diabetes mellitus, hiperlipoproteinemias,

etc.).

Doenças infecciosas e parasitárias(viroses, lues, meningite, toxoplasmose)

Doenças hereditárias, congênitas, e neonatais(parto complicado, hipoxemia,etc.)

Doenças traumáticas(trauma acústico, TCE, traumatismo cervical, barotraumas)

Doenças degenerativas/tumorais(otosclerose, neurinomas)

Doenças neurossensoriais flutuantes(Doença de Menière)

Ingestão de substâncias químicas ototóxicas(aminoglicosídeos, diuréticos,

salicilatos, etc.)

Page 27: Gestão e PAIR - Proergon

35. Característica da perda auditiva pela idade

A característica da perda auditiva pela idade é um rebaixamento em frequências altas,

em especial em 8 Khz.

36. Traçado do avanço da perda auditiva pela idade

FREQUÊNCIA EM HZ

FREQUÊNCIA EM HZ

Page 28: Gestão e PAIR - Proergon

Ainda em relação à idade, há uma perda acentuada na 5ª década de vida, quando

comparada com as décadas anteriores de vida.

37. Outros fatores ligados ao indivíduo Distúrbios bioquímicos e metabólicos

Nefropatias, com insuficiência renal

Diabetes mellitus

Insuficiência adreno- cortical

Hiperlipoproteinemias

Distúrbios no metabolismo do cálcio e fósforo

Hipercoagulabilidade sangüínea

Mucopolissacaridoses

Hiper e hipotireoidismo

Insuficiência hepática

Doenças autoimunes

Fatores ligados ao indivíduo, como os distúrbios metabólicos e bioquímicos, doenças

infecciosas e parasitárias, Doenças hereditárias congênitas e neonatais, Antecedentes de

traumatismos, Doenças degenerativas e tumorais, Ingestão de substâncias tóxicas

podem também evoluir com perda auditiva. Assim, em uma abordagem de PAIR, uma

boa anamnese deve afastar outras possíveis causas, como diebates, nefropatias, otites,

toxoplasmose, traumas pregressos, Neurinomas, uso de aminoglicosídeos, etc.

38. Outros fatores como doenças infecciosas e parasitárias

Mais outros fatores individuais podem ainda determinar perda auditiva como as doenças

infecciosas e parasitárias...

Otites

Viroses

Lues

Meningite

Escarlatina

Toxoplasmose

AIDS

Page 29: Gestão e PAIR - Proergon

39. Outros fatores ligados ao indivíduo

Doenças hereditárias congênitas e neonatais...

Quadros de perda auditiva na família

Infecção materna durante a gravidez

Parto complicado ou demorado

Infecção grave neonatal

Internação prolongada após o nascimento

Malformações crânio-faciais congênitas

Icterícia neonatal

40. Outros fatores ligados ao indivíduo: traumatismos.

Trauma acústico

Traumatismo crânio- encefálico

Traumatismo da coluna cervical

“Barotraumas”

41. Outros fatores ligados ao indivíduo: doenças

degenerativas e tumorais.

Otospongiose

Otosclerose

Gliomas do tronco cerebral

Neurinomas

Esclerose múltipla

Degenerações mesencefálicas e bulbopontinas.

42. Outros fatores ligados ao indivíduo: ingestão

Antibióticos(aminoglicosídeos)

Diuréticos(furosemida)

Salicilatos

Citostáticos

tuberculostáticos

43. Sintomas associados à PAIR

Alguns sintomas se associam à PAIR, como zumbidos, recrutamento, ou seja, uma

intolerância a determinados ruídos como sirenes, alarmes, grito de criança, entre outros.

Page 30: Gestão e PAIR - Proergon

Zumbidos

Intolerância a certos sons (recrutamento): sirenes, alarmes, grito de criança, etc...

44. PAIR e as repercussões na vida pessoal e social

A doença PAIR pode repercutir na vida pessoal do paciente determinando limitações

psicossociais decorrentes dos sintomas por ela produzidos como zumbidos,

recrutamentos, fadiga excessiva, ansiedade, isolamento e autoimagem negativa.

Fadiga excessiva: sobrecarga para a compreensão da conversação e leitura

orofacial.

Estresse e ansiedade: zumbidos e recrutamento

Conflitos familiares.

Isolamento e sensação de solidão

Autoimagem negativa/perda do amor próprio.

45. Deficiente auditivo: enquadramento pelo Decreto 5296

Em relação ao enquadramento do portador de perda auditiva como deficiente auditivo, o

decreto 5.296 determina o seguinte:

A perda tem que ser bilateral: portanto, os dois lados têm que estar acometidos.

A Perda pode ser parcial ou total: ou seja, parcial, quando ocorrer em pelo

menos uma frequência entre 500 e 3000 Hz, ou total, quando ocorrer em todas

as frequências determinadas pelo decreto, ou seja, de 500 a 3000 Hz.

Page 31: Gestão e PAIR - Proergon

A Perda deve ser maior do que 40 dB, portanto deve ser de quarenta e um

decibéis (dB) em diante.

O intervalo de frequências que devem estar acometidos vai de 500 a 3.000Hz;

46. Deficiente auditivo: Padrão mínimo de enquadramento

Conclusão, o enquadramento do portador de perda como deficiente auditivo deverá ser

realizado, quando a perda for bilateral, de mais de 40 dB, no intervalo de 500 a 3000

Hz, em pelo menos uma frequência de cada lado.

FREQUÊNCIA EM HZ