1265

Giselle Medeiros da Costa One - Cinasamacinasama.com.br/upload/080419121610468709.pdf · capÍtulo 8 _____ 158 caracterizaÇÃo fÍsico-quÍmica de sobremesa lÁctea de maracujÁ

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  • Giselle Medeiros da Costa One Bárbara Lima Rocha

    (Organizadores)

    Nutrição interativa

    01

    IMEA João Pessoa - PB

    2019

  • Instituto Medeiros de Educação Avançada - IMEA

    Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One

    Corpo Editorial

    Beatriz Susana Ovruski de Ceballos Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

    Julianne Freitas Moreno Roseanne da Cunha Uchôa

    Revisão Final

    Ednice Fideles Cavalcante Anízio

    FICHA CATALOGRÁFICA Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER

    Laureno Marques Sales, Bibliotecário especialista. CRB -15/121

    Direitos desta Edição reservados ao Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    One, Giselle Medeiros da Costa. O59s Nutrição interativa, 1/ Organizadores: Giselle Medeiros da Costa

    One; Bárbara Lima Rocha. IMEA. 2019. 1268 fls.

    Prefixo editorial: 53005 ISBN: 978-85-53005-21-5 (on-line) Modelo de acesso: Word Wide Web Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA – João Pessoa - PB

    1. Nutrição 2. CiÊncias e Tecnologia dos alimentos 3. Segurança alimentar 4. Nutrigenética I. Giselle Medeiros da Costa One II. Bárbara Lima Rocha III Nutrição interativa, 1

    CDU: 911

  • IMEA Instituto Medeiros de Educação

    Avançada

    Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja reprográfico, fotográfico,

    gráfico, microfilmagem, entre outros. Estas proibições aplicam-se também às características gráficas e/ou

    editoriais. A violação dos direitos autorais é punível como Crime

    (Código Penal art. 184 e §§; Lei 9.895/80), com busca e apreensão e indenizações diversas (Lei

    9.610/98 – Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126)

    Todas as opiniões e textos presentes

    neste livro são de inteira responsabilidade de seus autores, ficando o organizador

    isento dos crimes de plágios e informações enganosas.

    IMEA

    Instituto Medeiros de Educação Avançada

    Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072; João Pessoa - PB

    58032-100 Impresso no Brasil

    2019

  • Aos participantes do CINASAMA pela

    dedicação que executam suas

    atividades e pelo amor que escrevem os

    capítulos que compõem esse livro.

  • A maioria das ideias fundamentais da ciência são

    essencialmente sensíveis e, regra geral, podem ser expressas em

    linguagem compreensível a todos.

    Albert Einstein

    https://www.pensador.com/autor/albert_einstein/

  • PREFÁCIO

    A Ciência da Nutrição nunca estive tão inserida nas

    diversas áreas do saber como nos dias atuais. Para

    mergulhar neste universo precisamos transcorrer as

    diversas áreas que englobam desde o cultivo aos serviços

    de produção e distribuição de alimentos, considerando os

    fatores ambientais, sociais, econômicos e culturais que

    determinam o acesso e a escolha do alimento. A

    transversalidade desta ciência nos leva a perceber, cada

    vez mais, a importância do desenvolvimento de pesquisas

    nas diferentes áreas de atuação que envolva a

    alimentação e a nutrição.

    Este livro é composto de uma coletânea de

    pesquisas apresentadas no Congresso Nacional de Saúde

    e Meio Ambiente (Cinasama), realizado entre os dias 14 e

    15 de dezembro de 2018 na cidade de João Pessoa-PB. O

    Cinasama é um evento que faz parte da história acadêmica

    e científica da Paraíba e de todo Brasil, uma vez que apoia,

    assume e cumpre um compromisso com a comunidade

    científica compartilhando pesquisas nas diversas áreas da

    Saúde e Meio Ambiente, com forte ênfase na Ciência da

  • Alimentação e Nutrição. Para tanto, os capítulos desta

    obra estão organizados em eixos temáticos abrangentes e

    atuais nas diversas áreas de atuação da Nutrição,

    Gastronomia, Engenharias, Medicina e Biologia.

    Desta forma, esta publicação é destinada aos

    diversos leitores que se interessem pelos temas debatidos.

    Desejo que estes possam usufruir desse conteúdo para

    aprender ou aprimorar seus conhecimentos e,

    principalmente, despertar o desejo pelo desenvolvimento

    de novas pesquisas, que possam transformar vidas, pois

    este é o principal objetivo da ciência: fazer do mundo um

    melhor lugar para se viver.

    Boa leitura e boa vida.

    Bárbara Lima Rocha

  • SUMÁRIO

    ALERGIA ALIMENTAR ________________________________________ 20

    CAPÍTULO 1 ________________________________________________ 21

    ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO ________ 21

    BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS _________________________________ 36

    CAPÍTULO 2 ________________________________________________ 37

    ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS _________________ 37

    CAPÍTULO 3 ________________________________________________ 55

    EVOLUÇÃO DOS ANTICORPOS MONOCLONAIS _____________________ 55

    NO TRATAMENTO DO HIV-1 ___________________________________ 55

    CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS _________________________ 80

    CAPÍTULO 4 ________________________________________________ 81

    A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS DO FRUTO UMBU NA

    PRODUÇÃO DE FARINHA ______________________________________ 81

    CAPÍTULO 5 _______________________________________________ 100

    AMÊNDOA DE BARU E ATIVIDADE FÍSICA NO COMBATE AO ESTRESSE

    OXIDATIVO E MELHORA DOS PARÂMETROS COMPORTAMENTAIS: UMA

    REVISÃO DE LITERATURA _____________________________________ 100

    file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574701file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574704file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574710

  • CAPÍTULO 6 _______________________________________________ 124

    ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATO DE MARCELA (ACHYROCLINE

    SATUREIOIDES) EM LINGUIÇA FRESCAL DE FRANGO DURANTE

    ARMAZENAMENTO _________________________________________ 124

    CAPÍTULO 7 _______________________________________________ 141

    CARACTERIZAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE

    ANTIOXIDANTE DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS __________________ 141

    CAPÍTULO 8 _______________________________________________ 158

    CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SOBREMESA LÁCTEA DE MARACUJÁ

    (PASSIFLORA EDULIS) TIPO MOUSSE ADICIONADO DE FARINHA DA AMÊNDOA

    DE BARU (DIPTERYX ALATA VOG.) _________________________________ 158

    CAPÍTULO 9 _______________________________________________ 178

    COMPARATIVO DO PERFIL CROMÁTICO ENTRE VINHOS DA VARIEDADE

    CABERNET SAUVIGNON PRODUZIDOS NO RIO GRANDE DO SUL _______ 178

    CAPÍTULO 10 ______________________________________________ 197

    COMPOSIÇÃO FÍSICO QUÍMICA E TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS

    DE FARINHA DE MILHO ROXO _________________________________ 197

    CAPÍTULO 11 ______________________________________________ 216

    DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ACEITABILIDADE DE IOGURTE

    FUNCIONAL ADICIONADO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SPIRULINA

    PLATENSIS __________________________________________________ 216

    CAPÍTULO 12 ______________________________________________ 234

    DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E

    MICROBIOLÓGICAS DE HAMBÚRGUERES DE MARISCO (ANOMALOCARDIA

    BRASILIANA) ADICIONADOS DE FARINHA DE AVEIA __________________ 234

  • CAPÍTULO 13 ______________________________________________ 255

    DOENÇA CELÍACA E A UTILIZAÇÃO DAS FARINHAS DE ARROZ, INHAME E DE

    BATATA INGLESA NA ELABORAÇÃO DE PÃES COMO ALTERNATIVA

    ALIMENTAR: UMA REVISÃO _____________________________________ 255

    CAPÍTULO 14 ______________________________________________ 276

    EFEITOS DA SUBSTITUIÇÃO DA FARINHA DE TRIGO POR OUTRAS FARINHAS

    VEGETAIS NA ELABORAÇÃO DE PRODUTOS GLÚTEN-FREE: UMA REVISÃO

    DE LITERATURA ____________________________________________ 276

    CAPÍTULO 15 ______________________________________________ 295

    EFEITOS DO PROCESSAMENTO E DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS NO

    DESENVOLVIMENTO DE HAMBÚRGUER DE MARISCO (ANOMALOCARDIA

    BRASILIANA) ________________________________________________ 295

    CAPÍTULO 16 ______________________________________________ 313

    EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR ULTRASSOM DE COMPOSTOS BIOATIVOS NAS

    CASCAS DA BERINJELA (SOLANUM MELONGENA L.) ___________________ 313

    CAPÍTULO 17 ______________________________________________ 334

    CARACTERIZAÇÃO DE TRÊS CULTIVARES DO ARROZ VERMELHO (ORIZA

    SATIVA L.) COMERCIALIZADOS NA PARAÍBA E RIO GRANDE DO NORTE _ 334

    CAPÍTULO 18 ______________________________________________ 352

    GRÃO-DE-BICO (CICER ARIETNUM L.) E SEU SUBPRODUTO DA CONSERVA,

    AQUAFABA: ASPECTOS TECNO-FUNCIONAIS DE PROTEÍNAS _________ 352

    CAPÍTULO 19 ______________________________________________ 374

    ÍNDICE DE ACEITABILIDADE E RESTO E INGESTA DE UM HOSPITAL DE

    PEQUENO PORTE ___________________________________________ 374

    CAPÍTULO 20 ______________________________________________ 392

  • LIOFILIZAÇÃO DE FRUTOS DE SPONDIAS _________________________ 392

    CAPÍTULO 21 ______________________________________________ 409

    OTIMIZAÇÃO NA EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE MIRTILO

    (VACCINIUM ASHEI READE) POR MICRO-ONDAS FOCALIZADO ___________ 409

    CAPÍTULO 22 ______________________________________________ 427

    PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA UFRPE SOBRE ALIMENTOS

    TRANSGÊNICOS E ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS ____ 427

    CAPÍTULO 23 ______________________________________________ 446

    PERFIL LIPÍDICO DE AZEITES DE OLIVA PRODUZIDOS NO RIO GRANDE DO

    SUL ______________________________________________________ 446

    CAPÍTULO 24 ______________________________________________ 465

    POTENCIAL ANTIOXIDANTE E COMPOSTOS BIOATIVOS DA CAESALPINIA

    PULCHERRIMA L. ___________________________________________ 465

    CAPÍTULO 25 ______________________________________________ 484

    TESTES DE EXPRESSÕES PARA A DIFUSIVIDADE EFETIVA DE ÁGUA PARA A

    DESCRIÇÃO DA SECAGEM CONVECTIVA DE FATIAS DE CENOURA ______ 484

    NUTRIÇÃO E GESTÃO EM ALIMENTAÇÃO COLETIVA _______________ 501

    CAPÍTULO 26 ______________________________________________ 502

    ANÁLISE DA SATISFAÇÃO DOS CLIENTES EM RESTAURANTES COMERCIAIS:

    UMA REVISÃO SISTEMÁTICA __________________________________ 502

    CAPÍTULO 27 ______________________________________________ 520

    file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574755

  • AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE PREPARAÇÕES PRODUZIDAS EM UM

    CENTRO DE PROCESSAMENTO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DE UM

    MUNICÍPIO PARAIBANO _____________________________________ 520

    CAPÍTULO 28 ______________________________________________ 537

    AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO E ACEITAÇÃO DAS REFEIÇÕES DA UAN DO

    HOSPITAL PÚBLICO DA CIDADE DE CATOLÉ DO ROCHA/PB ___________ 537

    CAPÍTULO 29 ______________________________________________ 555

    AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS PREPARAÇÕES DE CARDÁPIOS OFERTADOS

    EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE ENSINO EM CUITÉ ___________ 555

    CAPÍTULO 30 ______________________________________________ 575

    AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DE CARDÁPIOS OFERECIDOS

    EM UM RESTAURANTE POPULAR EM JOÃO PESSOA – PB ____________ 575

    CAPÍTULO 31 ______________________________________________ 596

    EVOLUÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E INTERVENÇÃO DIETOTERÁPICA DE

    FUNCIONÁRIOS TERCEIRIZADOS DE UM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO 596

    CAPÍTULO 32 ______________________________________________ 614

    FOOD TRUCKS: LEGISLAÇÃO APLICÁVEL VIGENTE E PRINCIPAIS DEMANDAS

    DO PÚBLICO NA OTIMIZAÇÃO DAS VENDAS ______________________ 614

    CAPÍTULO 33 ______________________________________________ 632

    IMPLEMENTAÇÃO DE UMA MARMITARIA PARA VENDA DE MARMITAS

    SAUDÁVEIS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA ______________ 632

    NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA ______________________________ 650

    CAPÍTULO 34 ______________________________________________ 651

  • VERIFICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS (BP) EM RESTAURANTES SELF SERVICE

    NO SERTÃO DA PARAÍBA _____________________________________ 651

    SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR ____________________________ 684

    CAPÍTULO 35 ______________________________________________ 685

    A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

    DE NUTRICIONISTAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ________________ 685

    CAPÍTULO 36 ______________________________________________ 708

    ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COM PRÉ-ESCOLARES E SEUS

    RESPONSÁVEIS COMO UMA ESTRATÉGIA PARA A ADESÃO FAMILIAR __ 708

    CAPÍTULO 37 ______________________________________________ 724

    AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA AO ESTADO NUTRICIONAL

    EM PESSOAS VIVENDO COM HIV E AIDS NO ESTADO DA PARAÍBA _____ 724

    CAPÍTULO 38 ______________________________________________ 741

    AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DO COMÉRCIO

    AMBULANTE DE ALIMENTOS, LOCALIZADO PRÓXIMA AO HOSPITAL

    UNIVERSITÁRIO DE CAMPINA GRANDE, PB _______________________ 741

    CAPÍTULO 39 ______________________________________________ 756

    TEATRO DA ALIMENTAÇÃO - EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL

    COMO INTERVENÇÃO PARA ESCOLARES: RELATO DE EXPERIÊNCIA ____ 756

    GESTÃO EM UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO HOSPITALAR _ 776

    CAPITULO 40 ______________________________________________ 777

    file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574775file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574786

  • APRIMORAMENTO DE PLANILHA ELETRÔNICA PARA REQUISIÇÃO DE

    GÊNEROS PERECÍVEIS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O SERVIÇO DE UMA UNIDADE DE

    ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ______________________________________ 777

    CAPÍTULO 41 ______________________________________________ 795

    PLANEJAMENTO E GESTÃO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E

    NUTRIÇÃO: IMPLEMENTAÇÃO DE RECEITAS DE QUALIDADE NUTRICIONAL

    _________________________________________________________ 795

    NUTRIÇÃO E GASTRONOMIA _________________________________ 812

    CAPÍTULO 42 ______________________________________________ 813

    COMIDA DE FESTA: IDENTIDADE HISTÓRICO-CULTURAL NA CULINÁRIA DA

    FESTA DE SANT’ANNA DE CURRAIS NOVOS, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

    _________________________________________________________ 813

    CAPÍTULO 43 ______________________________________________ 832

    ELABORAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ANÁLISE SENSORIAL

    DE GELEIA DE HIBISCO _______________________________________ 832

    CAPÍTULO 44 ______________________________________________ 851

    ESTABILIDADE SENSORIAL E MICROBIOLÓGICA DO DOURADO (SALMINUS

    MAXILLOSUS) ASSADO COM SAL DE ERVAS E ARMAZENADO SOB

    CONGELAMENTO ___________________________________________ 851

    CAPÍTULO 45 ______________________________________________ 869

    IMPLEMENTAÇÃO DE UM FOOD TRUCK ESPECIALIZADO EM PRODUÇÃO E

    COMERCIALIZAÇÃO DE SALADAS E PROTEÍNAS ____________________ 869

    CAPÍTULO 46 ______________________________________________ 893

    file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574791

  • PRODUÇÃO ARTESANAL DE BARRA DE CEREAL COM FARINHA OBTIDA PELA

    SECAGEM DA VAGEM DE ALGAROBA PROSOPIS JULIFLORA (SW.) DC ___ 893

    NUTRIÇÃO E GENÉTICA ______________________________________ 910

    CAPÍTULO 47 ______________________________________________ 911

    ANÁLISE DO POLIMORFISMO G1793A DA MTHFR COMO RISCO PARA

    RETINOPATIA DIABÉTICA _____________________________________ 911

    CAPÍTULO 48 ______________________________________________ 930

    A EXPRESSÃO GÊNICA NA PROGRESSÃO DA RETINOPATIA DIABÉTICA: UMA

    REVISÃO __________________________________________________ 930

    CAPÍTULO 50 ______________________________________________ 948

    ESTUDOS GENÉTICOS E SUAS ASSOCIAÇÕES COM A DIABETES MELLITUS

    TIPO 2: UMA REVISÃO INTEGRATIVA ____________________________ 948

    CAPÍTULO 49 ______________________________________________ 972

    MICRORNAS INPLICADOS NA RETINOPATIA DIABÉTICA: UMA REVISÃO

    INTEGRATIVA ______________________________________________ 972

    CAPÍTULO 50 ______________________________________________ 991

    NUTRIÇÃO E NUTRIGENÔMICA NAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

    TRANSMISSÍVEIS ___________________________________________ 991

    CAPÍTULO 51 _____________________________________________ 1010

    RELAÇÃO ENTRE A METILAÇÃO DO DNA NO GENE ADRB3 E O SEU PAPEL NA

    SUSCEPTIBILIDADE DO DESENVOLVIMENTO DA OBESIDADE: UMA REVISÃO

    DA LITERATURA ___________________________________________ 1010

  • NUTRIÇÃO ESPORTIVA _____________________________________ 1028

    CAPÍTULO 52 _____________________________________________ 1029

    AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE CARBOIDRATOS POR

    PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO EM UMA ACADEMIA NO SERTÃO DA

    PARAÍBA _________________________________________________ 1029

    CAPÍTULO 53 _____________________________________________ 1046

    AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E CONHECIMENTO SOBRE

    SAÚDE DE UNIVERSITÁRIOS DOS CURSOS DE NUTRIÇÃO/ARQUITETURA

    ________________________________________________________ 1046

    CAPÍTULO 54 _____________________________________________ 1066

    INGESTÃO DE CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO ASSOCIADO AO

    DESEMPENHO FÍSICO: UMA REVISÃO ATUALIZADA _______________ 1066

    CAPÍTULO 55 _____________________________________________ 1084

    O CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS E O EFEITO DA

    SUPLEMENTAÇÃO DE LEUCINA NA SÍNTESE PROTEICA MUSCULAR: UMA

    REVISÃO SISTEMÁTICA ______________________________________ 1084

    NUTRIÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA ______________________________ 1105

    CAPÍTULO 56 _____________________________________________ 1106

    RELAÇÃO ENTRE OS EFEITOS DO EXERCICÍO FISICO NA ESTEATOSE

    HEPÁTICA ________________________________________________ 1106

    CAPÍTULO 57 _____________________________________________ 1125

  • UTILIZAÇÃO DE DIETA CETOGÊNICA NA MELHORIA DA COMPOSIÇÃO

    CORPORAL E PERFIL METABÓLICO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS ______ 1125

    NUTRIÇÃO NA SENESCÊNCIA ________________________________ 1140

    CAPÍTULO 58 _____________________________________________ 1141

    A IMPORTÂNCIA DA DIETA MEDITERRÂNEA NA NEUROPROTEÇÃO: UMA

    REVISÃO INTEGRATIVA _____________________________________ 1141

    CAPÍTULO 59 _____________________________________________ 1159

    AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

    NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA – PB __________________________ 1159

    CAPÍTULO 60 _____________________________________________ 1177

    IMPACTO DA SARCOPENIA EM IDOSOS HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO

    INTEGRATIVA _____________________________________________ 1177

    CAPÍTULO 61 _____________________________________________ 1198

    SEGURANÇA ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E SAÚDE BUCAL DE UM

    GRUPO DE IDOSOS USUÁRIOS DO NASF ________________________ 1198

    NUTRIÇÃO E BIOQUÍMICA __________________________________ 1220

    CAPÍTULO 62 _____________________________________________ 1221

    INCIDÊNCIA E ASPECTOS DO CONSUMO DO CHÁ VERDE (CAMELLIA

    SINENSIS) ENTRE GRADUANDOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

    SUPERIOR ________________________________________________ 1221

    file:///D:/2018/livros%202019/10%20L8%20LIVRO%20NUTRIÇÃO%20E%20SAÚDE%201.docx%23_Toc5574829

  • NUTRIÇÃO E MICROBIOTA INTESTINAL ________________________ 1238

    CAPÍTULO 63 _____________________________________________ 1239

    MODULAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL POR ANTIBIÓTICOS E SUA

    RELAÇÃO COM TRANSTORNOS METABÓLICOS TÍPICOS DA OBESIDADE 1239

  • ALERGIA ALIMENTAR

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    21

    CAPÍTULO 1

    ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    Luana Fernandes Batista BRASIL1

    Rayane Santos de Lucena MATIAS 2

    Jordania CândiceCosta SILVA3 Ricácia de Sousa SILVA4

    Jéssica Lima de MORAIS5 1 Nutricionista graduada pela UFCG; Pós-graduanda em Nutrição Esporiva pela DNA pós- Fip;

    Pós-graduanda em Nutrição Materno-infantil pela Faculdade Unyleya; 2Nutricionista especialista em Assistência Materno Infantil, Responsável Técnica do Programa

    Nacional de Alimentação Escolar/Baraúna-PB; 3Graduanda do Curso de Nutrição, UFCG;

    4Nutricionista graduada pela UFCG; Pós-graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pelo IFRN;

    5 (Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFPB) [email protected]

    RESUMO: O presente estudo tem como objetivo descrever os aspectos gerais da doença celíaca .O atendimento nutricional do caso adotado ocorreu no ano de 2017. dados LILACS, MEDLINE, SCIENSE DIRECT, SCIELO E PUBMED a fim de identificar artigos científicos publicados no período de 2005 a 2018. A busca nas fontes supracitadas foi realizada tendo como termos indexadores “Doença celíaca, fisiopatologia da doença celíaca, AND consequências da doença celíaca", e seus correspondentes em inglês " Celiac disease, pathophysiology of celiac disease AND consequences of celiac disease. A doença Celíaca é sem dúvida uma afecção mais comum no Brasil, podendo não apresentar sintomas por um longo período de tempo. Ocorre em muitas partes do mundo, mas muitos casos podem permanecer sem diagnóstico. O prognóstico dos doentes com DC é bom, pelo que cerca de 90% vão ter uma resolução completa com uma dieta isenta de glúten. Para os restantes 10% com sintomas persistentes, a maioria dos casos

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    22

    é atribuída à contínua exposição ao glúten, intolerância à lactose e SII. Menos de 1% desenvolve DC refratária. Palavras-chave: Alimentação celíaca. Tratamento dietoterápico. Fisiopatologia.

    INTRODUÇÃO

    A Doença Celíaca (DC) também conhecida como

    espru celíaco, enteropatia sensível ao glúten ou espru não

    tropical (WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANISATION

    PRACTICE GUIDELINES, 2005), é uma enteropatia auto-

    imune associada à intolerância permanente ao glúten,

    caracterizada por modificações na mucosa do intestino

    delgado, ocorrendo atrofia total ou subtotal da mucosa

    intestinal, prejudicando absorção de nutrientes

    (SDEPANIAN; MORAIS; FAGUNDES-NETO, 2001). Além do

    consumo do glúten, é necessário a interação de fatores

    genéticos, imunológicos e ambientais, para que a doença se

    manifeste e ocorram as alterações intestinais (ARAÚJO et al.,

    2010).

    O glúten é uma substância que está presente em

    diferentes tipos de cereais, sendo responsável pela estrutura

    das massas alimentícias. A gliadina e a glutenina são frações

    de proteínas que formam o glúten, e totalizam 85% da

    fração proteica na farinha de trigo. O único cereal que possui

    quantidades adequadas de gliadina e glutenina para formar o

    glúten é o trigo, mas outros cereais também podem

    apresentar essas proteínas nas formas de hordeína na

    cevada, secalina no centeio e avenina na aveia (ARAÚJO et

    al., 2010).

    É essencial que a dieta isenta de glúten satisfaça

    as necessidades nutricionais dos indivíduos com DC,

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    23

    atendendo suas necessidades calóricas, de macronutrientes

    e micronutrientes (ANDROELI et al., 2013).

    O paciente celíaco necessita de uma dieta livre de

    glúten (DLG), ou seja, deve se privar de comidas que

    contenham glúten por toda a vida. Mínimas quantidades

    podem desencadear reações devido à lesão severa que tal

    proteína produz no intestino delgado, achatando e atrofiando

    suas vilosidades e resultando na má absorção dos nutrientes,

    o que pode provocar atraso no crescimento, diarreias e

    constipação crônica, vômitos, dor e distensão abdominal,

    anemia ferropriva, osteoporose, infertilidade, dentre outros

    sintomas (GANDOLFI et al., 2000).

    Com base nessa perspectiva objetivou-se nesta

    pesquisa descrever os aspectos gerais da doença celíaca.

    MATERIAIS E MÉTODO

    Realizou-se uma revisão de literatura que utiliza as

    bases de dados LILACS, MEDLINE, SCIENSE DIRECT,

    SCIELO E PUBMED a fim de identificar artigos científicos

    publicados no período de 2005 a 2018. A busca nas fontes

    supracitadas foi realizada tendo como termos

    indexadores “Doença celíaca, fisiopatologia da doença celíaca,

    AND consequências da doença celíaca", e seus

    correspondentes em inglês " Celiac disease, pathophysiology of

    celiac disease AND consequences of celiac disease. As

    publicações foram pré-selecionadas pelos títulos, os quais

    deveriam conter como primeiro critério o termo completo e/ou

    referências a elaboração de iogurte caprino, composição

    nutricional de produtos lacteos obtidos a partir de leite caprino,

    tecnologias aplicadas a elaboração de produtos lácteos

    caprinos ou utilização de leite caprino na elaboração de

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    24

    sorvetes e no caso dos artigos acompanhada da leitura dos

    resumos disponíveis.

    Foram incluídas publicações em inglês e português

    que atenderam aos critérios de se tratar de uma pesquisa, um

    estudo clínico, epidemiológico que evidenciasse os aspectos

    fisiopatológicos, clínicos e as principais consequências da

    doença celíaca. Em seguida foram excluídos artigos repetidos

    em diferentes bases de dados. Realizou-se então uma pesquisa

    complementar no portal de periódicos da Capes e nas

    referências dos artigos selecionados com intuito de ampliar o

    campo empírico a ser analisado, e incluíram-se publicações que

    atendiam aos critérios supracitados. Ao final, foram

    selecionados artigos resultantes das pesquisas nas bases e da

    pesquisa complementar para compor esta revisão.

    A análise do material empírico selecionado tomou como

    referência a categorização dos estudos de acordo com o tipo do

    estudo e objetivos, local de realização da pesquisa, ano de

    publicação, as revistas nas quais foram veiculados,

    metodologias utilizadas e principais resultados encontrados.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Epidemiologia

    Anteriormente a DC era considerada uma enfermidade

    rara que ocorreria apenas em caucasianos, principalmente em

    crianças e com a apresentação típica de perda e diarreia

    (WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANISATION

    PRACTICE GUIDELINES, 2005), atualmente acredita-se que a

    prevalência seja de 1 a 1,5% na população mundial. Existe um

    aumento da mesma entre os caucasianos, no sexo feminino e

    uma elevada prevalência entre os parentes de primeiro grau de

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    25

    celíacos, ou seja, quanto mais próximos os familiares, maior é

    a prevalência (FARO, 2008).

    A doença Celíaca é sem dúvida uma afecção mais

    comum no Brasil, podendo não apresentar sintomas por um

    longo período de tempo. Ocorre em muitas partes do mundo,

    mas muitos casos podem permanecer sem diagnóstico. No

    Brasil a DC apresenta maior incidência na Região Sudeste, mas

    os dados estatísticos oficiais ainda são desconhecidos, contudo

    estima-se que existem 300 mil brasileiros portadores dessa

    doença. Atinge predominante os indivíduos de cor branca, mas

    no Brasil, devido à alta miscigenação racial, já foi descrita em

    mulatos e com maior frequência entre as mulheres (ARAÚJO et

    al., 2010).

    Fisiopatologia

    A fisiopatologia da Doença Celíaca é complexa e envolve

    os diversos fatores genéticos, ambientais e imunológicos. O

    glúten da dieta é o fator responsável pelo desenvolvimento da

    doença. Presente nos vários cereais nas formas de prolaminas

    e gluteninas, existe um mecanismo na dissociação dos

    peptídeos onde estes, conseguem atravessar a porção baso-

    lateral dos enterócitos alcançando a lâmina própria do intestino

    delgado, pois apresentam resistência às enzimas gástricas e

    pancreáticas, com isso aumenta a permeabilidade intestinal

    (NOBRE; SILVA, CABRAL, 2007).

    A DC é uma enteropatia inflamatória crónica autoimune

    sensível ao glúten, que ocorre em indivíduos geneticamente

    suscetíveis.(CECILIO, BONATTO 2015; ) Sendo multifatorial,

    depende de três aspetos fundamentais para se tornar ativa: a

    ingestão de glúten, disfunção da barreira da mucosa intestinal

    e predisposição genética.( MEGIORNI, PIZZUTI 2012) A lesão

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    26

    intestinal ocorre devido à ação tóxica da fração gliadina do

    glúten, presente no trigo e noutras proteínas semelhantes

    solúveis em álcool (prolaminas) existentes na cevada e centeio.

    (FASANO, CATASSI 2001) A gliadina, na presença da enzima

    transglutaminase tecidular (tTG) no lúmen intestinal,

    transforma-se num complexo macromolecular que pode ser

    reconhecido por células apresentadoras de antigénio, através

    do complexo HLA tipo II (HLA-DQ2 e DQ8).(CECILIO,

    BONATTO 2015).

    Desta forma, a base etiopatogénica sugere um processo

    inflamatório com infiltração linfocitária intraepitelial na mucosa

    do intestino delgado, levando à hiperplasia das criptas e atrofia

    vilosa. O dano da mucosa intestinal ocorre em resultado da

    resposta inflamatória imunologicamente mediada, com

    consequente má absorção de vários nutrientes.A

    suscetibilidade genética para DC é conferida por haplótipos

    bem definidos, pelo que cerca de 90% dos doentes apresentam

    o heterodímero DQ2. A maioria dos casos DQ2-negativo (5-

    10%) são portadores de DQ8. Por sua vez, a DC raramente

    ocorre na ausência destes haplótipos.( MEGIORNI, PIZZUTI

    2012) Apesar da pesquisa destes haplótipos não ser

    determinante, visto estarem presentes em 30% da população

    geral sem a doença, são de extrema importância para a

    exclusão do diagnóstico. (CECILIO, BONATTO 2015;

    MEGIORNI, PIZZUTI 2012 )

    A maioria dos indivíduos doentes apresentam moléculas

    do complexo major de histocompatibilidade (HLA) de classe II

    DQ2, cerca de 90-95%. Os fatores genéticos estão

    relacionados a esses genes HLA. A molécula de DQ2 é

    frequente na população, contudo poucos são os que virão a

    desenvolver a DC, pois os genes HLA contribuem apenas para

    40% do componente hereditário da doença. A minoria dos

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    27

    doentes apresentam haplotipo DQ8-DR4. Apenas 40% do

    componente hereditário da doença (FARO, 2008).

    A resposta imunitária anormal ocorre devido ao

    reconhecimento do glúten mediante as moléculas de DQ2 e

    DQ8 pelos linfócitos T CD4+. Os linfócitos ativados irão produzir

    diversas citocinas pró-inflamatória, que consequentemente

    lesará a matriz extra-celular levando a presença de vilosidades

    achatadas e atrofiadas (NOBRE; SILVA; CABRAL, 2007).

    A DC consegue afetar os locais nobres da absorção, já

    que a mesma compromete o intestino delgado proximal.

    Cada paciente apresenta sinais e sintomas diferentes, pois

    quanto maior o segmento atingido e mais grave a lesão, mais

    intensa será a má absorção (FARO, 2008).

    Manifestações Clínicas

    Quando a gliadina entra em contato com as células do

    intestino delagado, ocorre uma resposta imune que produzirá

    anticorpos. O trato gastroentérico é o principal órgão afetado,

    mas pode potencialmente afetar qualquer outro como pele,

    fígado, sistema nervoso, sistema reprodutivo, ossos e sistema

    endrócrino (SILVA; FURTANETTO, 2010).

    Os sintomas diferem consideravelmente, dependendo da

    idade e da apresentação da doença, o que varia entre os

    indivíduos. A DC pode apresentar vários quadros clínicos, entre

    eles, a forma clássica que se manifesta principalmente nos

    primeiros anos de vida com sintomas como diarreia ou

    constipação crônica, anorexia, vômitos, emagrecimento,

    comprometimento variável do estado nutricional, irritabilidade,

    inapetência, deficit do crescimento, dor e distensão abdominal,

    atrofia da musculatura glútea e anemia ferropriva. As formas

    não clássicas são aquelas que não apresentam os sintomas

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    28

    digestivos ou, quando presentes em um segundo plano. Esta

    por sua vez, apresenta-se mais tardiamente na infância.

    Apresentam manifestações isoladas como baixa estatura,

    anemia por deficiência de ferro refratária à ferroterapia oral,

    artrite, constipação intestinal, osteoporose e esterilidade.

    A forma latente ocorre em pacientes com biopsia jejunal normal,

    onde ocorrerá o atrofiamento das vilosidades intestinais, em

    outro período de tempo, mas quando é retirado o glúten da

    dieta revertem à normalidade. A doença celíaca assintomática,

    tem se tornado a mais frequente nos últimos tempos após o

    desenvolvimento de marcadores sorológicos, é presente entre

    familiares de primeiro grau de pacientes celíacos. Quando

    comprovada é seguida de uma dieta isenta de glúten (ARAÚJO

    et al., 2010).

    Os sintomas apresentados por crianças com DC são

    variáveis e influenciados pela idade. Crianças muito jovens,

    apresentam maioritariamente sintomas considerados

    "clássicos": diarreia, distensão abdominal, e atraso no

    crescimento (TELEGA, BENNET,WERLIN, 2008), enquanto

    crianças em idade escolar e adolescentes apresentam

    predominantemente sintomas gastrointestinais atípicos como

    cólicas, vômitos e obstipação (AURANGZEB, LEACH,

    LEMBERG, DAY, 2010). Outras condições extraintestinais que

    conduzem ao diagnóstico (BRAMBILLA et al., 2013) incluem a

    artrite, doenças neurológicas e anemia, e apresentam-se cada

    vez mais frequentes (BALAMTEKIN et al., 2010; HERNANDEZ,

    GREEN, 2006).

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    29

    Diagnóstico

    O diagnóstico era reconhecido apenas em pacientes que

    apresentassem manifestações clínicas típicas ou com um

    elevado grau de suspeita. Com isso, muitos casos

    provavelmente permaneciam sem diagnóstico por tempo

    extremamente longo (PRATESI; GONDOLF, 2005). Geralmente

    o diagnóstico é realizado em crianças com a síndrome má

    absortiva. Recentemente, com o surgimento de testes

    sorológicos de alta acurácia e também com uma maior

    preocupação dos médicos em relação às manifestações

    atípicas, tem aumentado a prevalência da DC e seu diagnóstico

    fora da faixa pediátrica (;ARAUJO et al., 2010).

    Contudo, o diagnóstico se baseia no exame clínico, na

    anamnese detalhada, na análise histopatológica do intestino

    delgado e na avaliação dos marcadores séricos. Onde o

    diagnóstico final deve ser fundamentado na biópsia que revela

    vilosidades atrofiadas, alongamentos de criptas e

    aumento dos linfócitos intraepiteliais (FARO, 2008). Às vezes

    existem discordas entre a sorologia, clínica e histologia, isso

    acontece em 10% dos casos que é realizado o diagnóstico, com

    isso nem sempre é fácil de ser realizado. O diagnóstico deve

    ser cogitado em todo paciente que apresentar diarreia crônica/,

    distensão abdominal, flatulência, anemia ferropriva,

    osteoporose de início precoce, elevação de transaminases,

    familiares de primeiro e segundo graus de pacientes com DC,

    hipocalcemia, assim como na deficiência de ácido fólico e

    vitaminas lipossolúveis (SILVA; FURTANETTO, 2010).

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    30

    Tratamento

    O prognóstico dos doentes com DC é bom, pelo que

    cerca de 90% vão ter uma resolução completa com uma dieta

    isenta de glúten. Para os restantes 10% com sintomas

    persistentes, a maioria dos casos é atribuída à contínua

    exposição ao glúten, intolerância à lactose e SII. Menos de 1%

    desenvolve DC refratária.(LEFFER et. al 2007) Este caso

    parece enquadrar-se no grupo dos 90% que resolve com a dieta

    isenta de glúten, contudo o tratamento da doença refratária

    passa por corticoesteróides e outros imunossupressores,

    fármacos que têm vindo a ser usados para o controlo da DAL.(

    RUBIO-TAPIA; MURRAY 2010) Desta forma, existe também a

    possibilidade de DC refratária mascarada pela farmacoterapia

    instituída.

    O tratamento da DC é totalmente dietético, ou seja, há

    necessidade dos pacientes sintomáticos quanto os

    assintomáticos excluir o glúten da dieta pelo resto da vida para

    que assim possa melhorar a qualidade de vida e reduzir os

    riscos futuros de morbidade e mortalidade. A dieta isenta de

    glúten deve ser prescrita de acordo com as necessidades

    nutricionais do paciente, situação fisiopatológica da DC, idade,

    sua etapa evolutiva bem como seu acometimento sistêmico

    (ANDROELI et al., 2013).

    Por não ser uma proteína indispensável, o glúten pode

    ser substituído por outras proteínas vegetais e animais. O

    glúten do trigo, centeio, cevada e aveia deverá ser excluído

    definitivamente da dieta. Sabe-se que em 95% dos pacientes

    com DC a aveia não apresenta toxidade, mas como em um

    subgrupo (

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    31

    necessidades de cada paciente, são utilizados apenas para

    corrigir carências nutricionais, como a de vitaminas e sais

    minerais que são os mais afetados. Os antimicrobianos são

    usados quando ocorre algum tipo de infecções bacterianas,

    sendo feita correção de suas doses bem como em

    antitireoidianos, anticoncepcionais e anticonvulsivantes, pela

    absorção deficiente. Quando o paciente apresenta complicação

    como perfurações, ou naqueles em que estejam prescritas

    ressecções de linfomas ou carcinomas, torna-se necessário

    realizar o tratamento cirúrgico, mas apenas nesses casos

    (FARO, 2008).

    Condições Associadas

    As complicações malignas ocorrem com uma elevada

    frequência em pacientes com DC não tratados por muito tempo.

    Pacientes com DC com desenvolvimento de neoplasias

    apresentam com maiores frequências adenocarcinoma do

    intestino delgado, carcinoma de células escamosas de esôfago

    e orofaringe e linfoma não-Hodgkin (NOBRE; SILVA; CABRAL,

    2007).

    Em relação à osteoporose, as crianças e adultos que

    com DC apresentam uma redução da densidade óssea, por

    esta questão é recomendado a medida de densidade óssea no

    momento do diagnóstico. Na DC sintomática essa redução é

    mais acentuada do que na forma silente, tendo maior risco de

    fratura. Quando o paciente adere a uma dieta isenta de glúten,

    a densidade volta à melhora consideravelmente, mas em

    alguns casos pode não voltar ao nível normal (WORLD

    GASTROENTEROLOGY ORGANISATION PRACTICE

    GUIDELINES, 2005).

    A prevalência de diabetes mellitus tipo 1 é estimada em

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    32

    5% e, inversamente, 3-8% dos diabéticos insulinodependentes

    apresentam tolerância ao glúten. Estudos têm mostrado que os

    pacientes de ambos os sexos apresentam maior taxa de

    infertilidade. Existem também riscos para amenorreia, abortos

    espontâneos e prematuridade em casos de DC não tratada, que

    regride com restrição de glúten (FARO, 2008).

    Até o momento não se sabe se a DC é um distúrbio

    inflamatório com reação- imune secundária ou se é uma doença

    primariamente auto-imune induzida por um fator exógeno

    conhecido. Mas sabe-se que as doenças auto-imunes ocorrem

    dez vezes mais frequentemente em adultos com DC do que

    na população geral. Algumas são: Diabetes insulino-

    dependente (tipo 1), Doença tireoidiana, Síndrome de Sjögren,

    Doença de Addison, Doença hepática auto-imune,

    Cardiomiopatia, Doenças neurológicas (WORLD

    GASTROENTEROLOGY ORGANISATION PRACTICE

    GUIDELINES, 2005).

    Pacientes celíacos apresentam manifestação cutânea da

    sensibilidade ao glúten, dermatite herpetiforme (DH). Como é

    uma lesão cutânea e intensamente pruriginosa, ela ocorre

    frequentemente nos cotovelos, joelhos e nádegas (WORLD

    GASTROENTEROLOGY ORGANISATION PRACTICE

    GUIDELINES, 2005).

    Nos celíacos, tanto a desnutrição como a hipernutrição

    são comuns, a desnutrição ocorre devido a dificuldade da

    ingestão alimentar e também pela má absorção dos nutrientes

    da dieta. A hipernutrição ocorre em pacientes em

    tratamento, onde há uma elevada absorção de nutrientes,

    devido a melhora dos sintomas, isso faz com que ocorra um

    estímulo maior a ingestão de alimentos, onde esses alimentos

    para celíacos apresentas normalmente uma maior quantidade

    de lipídeos em sua composição (ARAÚJO et al., 2010).

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    33

    CONCLUSÕES

    Pode-se inferir a partir dos artigos estudados que os

    sintomas dos pacientes com doença celíaca diferem

    consideravelmente, dependendo da idade e da apresentação

    da doença, o que varia entre os indivíduos. A DC pode

    apresentar vários quadros clínicos, entre eles, a forma clássica

    que se manifesta principalmente nos primeiros anos de vida

    com sintomas como diarreia ou constipação crônica, anorexia,

    vômitos, emagrecimento, comprometimento variável do estado

    nutricional, irritabilidade, inapetência, deficit do crescimento, dor

    e distensão abdominal, atrofia da musculatura glútea e anemia

    ferropriva. As formas não clássicas são aquelas que não

    apresentam os sintomas digestivos ou, quando presentes

    em um segundo plano. Esta por sua vez, apresenta-se mais

    tardiamente na infância. nos celíacos, tanto a desnutrição como

    a hipernutrição são comuns, a desnutrição ocorre devido a

    dificuldade da ingestão alimentar e também pela má absorção

    dos nutrientes da dieta. A hipernutrição ocorre em pacientes

    em tratamento, onde há uma elevada absorção de nutrientes,

    devido a melhora dos sintomas, isso faz com que ocorra um

    estímulo maior a ingestão de alimentos, onde esses alimentos

    para celíacos apresentas normalmente uma maior quantidade

    de lipídeos em sua composição.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AURANGZEB, B., LEACH, S. T., LEMBERG, D. A., & DAY, A. S. Nutritional status of children with coeliac disease. Acta Paediatrica. v. 99, n.7, p.1020–5, 2010. ANDREOLI, C. S.; CORTEZ, A. P. B.; SDEPANIAN, V. L.; MORAIS, M. B. Avaliação nutricional e consumo alimentar de pacientes com doença celíaca com e sem transgressão alimentar. Revista de Nutrição, v. 26, n. 3, p. 301-311, 2013.

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    34

    ARAÚJO, H. M. C.; ARAÚJO, W. M. C.; BOTELHO, R. B. A.; ZANDONADI, R. P. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida. Revista de Nutrição, v. 23, n. 3, p. 467-474, 2010. BALAMTEKIN, N., USLU, N., BAYSOY, G., USTA, Y., DEMIR, H., SALTIK-TEMIZEL, I. N.,YÜCE, A. The presentation of celiac disease in 220 Turkish children. The Turkish Journal of Pediatrics, v.52, v.3, 239–44, 2010. BRAMBILLA, P., PICCA, M., DILILLO, D., MENEGHIN, F., CRAVIDI, C., TISCHER, M. C.,ZUCCOTTI, G. V. Changes of body mass index in celiac children on a glutenfree diet. Nutrition, Metabolism, and Cardiovascular Diseases. V.23, n.3, p.177–82, 2013. CECILIO, L.; BONATTO, M. The Prevalence Of HLA DQ2 And DQ8 In Patients With Celiac Disease, In Family And In General Population. ABCD. Arquivos Brasileiros De Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 28, n. 3, p.183-185, 2015. FARO, H. C. Doença celíaca: revisão bibliográfica. 2008. 58 f. Monografia(Especialização em Pediatria) - Hospital Regional da Asa Sul, Brasília, 2008. FASANO, A. CATASSI, C.. Current approaches to diagnosis and treatment of celiac disease: An evolving spectrum. Gastroenterology, v.120, n.3, p.636-651, 2001. GANDOLFI L, PRATESI R, CORDOBA JC, TAUIL PL, GASPARIN M, CATASSI C. Prevalence of celiac disease among blood donors in Brazil. Am J Gastroenterol. V. 95, n.3, p.689-92, 2000. HERNANDEZ, L., GREEN, P. . Extraintestinal manifestations of celiac disease. Current Gastroenterology Reports, v.8, n.5, 383–9, 2006. LEFFLER, D., DENNIS, M., HYETT, B., KELLY, E., SCHUPPAN, D. AND KELLY, C. Etiologies and Predictors of Diagnosis in Nonresponsive Celiac Disease. Clinical Gastroenterology and Hepatology, v.5, n.4, p.445-450, 2007. MEGIORNI, F.; PIZZUTI, A. HLA-DQA1 and HLA-DQB1 in Celiac diseasepredisposition: practical implications of the HLA molecular typing. Journal of Biomedical Science, v.19, n.1, p.88 2012. NOBRE, S. R.; SILVA, T.; CABRAL, J. E. P. Doença celíaca revisitada. GE - Journal Port Gastrenterology, v. 1, p.184-193, 2007. PRATESI, R.; GANDOLFI, L. Doença celíaca: a afecção com múltiplas faces. Jornal de Pediatria, v. 81, n. 5, p. 357-358. 2005. RUBIO-TAPIA, A.; MURRAY, J. Classification and management of refractory coeliac disease. Gut, v.59, n.4, p.547-557, 2010. SILVA, T. S. G.; FURLANETTO, T. W. Diagnóstico de doença celíaca em adultos.Revista da Associação Médica Brasileira, v. 56, n. 1, p. 122-126. 2010. SDEPANIAN, V. L.; MORAIS, M. B.; FAGUNDES-NETO, U. Doença celíaca:características clínicas e métodos utilizados no diagnóstico de

  • ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA CELÍACA: UMA BREVE REVISÃO

    35

    pacientes cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil. Jornal de Pediatria, v. 77, n. 2, p. 131-138. 2001. TELEGA, G., BENNET, T. R., WERLIN, S. Emerging new clinical patterns in the presentation of celiac disease. Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, v.162, n.2, p.164–8, 2008. WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANISATION PRACTICE GUIDELINES:Doença celíaca. 2005.

  • 36

    BIOQUÍMICA DOS

    ALIMENTOS

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    37

    CAPÍTULO 2

    ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    Erika dos Santos Leal MAIA1

    Joerika Batista CIQUEIRA¹ Neube Michel dos SANTOS2

    1 Graduandas do curso de Nutrição, UNINASSAU,Campina Grande, PB; 2 Inspetor Sanitário Agência Estadual de Vigilância Sanitária – AGEVISA,

    Orientador/Professor Dr. UNINASSAU, Campina Grande, PB, Brasil; [email protected]

    RESUMO: Introdução: Os óleos comestíveis caracterizam-se como produtos sensíveis à luz, pois estão sujeitos à degradação por foto-oxidação, cujas consequências são escurecimento e alteração de aroma e sabor. Objetivo: A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de avaliar a acidez e o índice de peróxido de óleos comestíveis e de azeites de oliva, acondicionados em diferentes embalagens (vidro e metal), comercializados no mercado varejista de Campina Grande-PB, comparando com dados preconizados na legislação sanitária vigente. Método: Acidez e índice de peróxido, realizado em triplicata, foram desenvolvidos em conformidade com procedimentos descritos nas normas do Instituto Adolfo Lutz. Resultados: As amostras de azeite de oliva da marca S (lata) e S (vidro) apresentaram acidez acima dos limites estabelecidos na legislação. Apenas as amostras do azeite de oliva da marca C, acondicionado em embalagem metálica, apresentou índice de peróxido acima do preconizado em normas regulamentares vigentes e, portanto, superior ao valor de referência para o consumo humano, de 15 meq/kg. Conclusões: Os teores de acidez e peróxido, acima dos limites legais, em amostras de azeites de oliva são indicativos da utilização de sementes ou frutos de baixa qualidade no processo de fabricação, inadequadas etapas de

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    38

    processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, viabilizando baixa qualidade sensorial e nutricional, com presença de compostos potencialmente tóxicos para consumo humano no mercado. Palavras-chave: Azeite de Oliva. Controle de qualidade. Lipídios.

    INTRODUÇÃO

    Os lipídios (óleos e gorduras), constituídos

    majoritariamente por triglicerídeos, representam os principais

    componentes insolúveis em água presentes nos alimentos

    (ARAÚJO, 2008). Compostos por ácidos graxos, os

    triglicerídeos desempenham importante papel na qualidade

    sensorial e nutricional dos produtos alimentícios (MASUCHI et

    al., 2008, p. 1053-7). Na culinária, os óleos comestíveis podem

    ser adicionados como ingredientes ou utilizados no processo de

    fritura, onde podem conferir odor, sabor, cor e textura aos

    alimentos, tornando-os mais atrativos ao consumo (LIMA;

    GONÇALVES, 1994, p. 392-6).

    Segundo Nawar (1985) entre os fatores que afetam ou

    catalisam a oxidação dos lipídios, os principais são: a presença

    de insaturação nos ácidos graxos, luz, temperatura, presença

    de antioxidantes e de pró-oxidantes, enzimas, metaloproteínas,

    microrganismos e as condições de armazenamento.

    Os óleos caracterizam-se como produtos sensíveis à luz,

    pois estão sujeitos à degradação por foto-oxidação, mecanismo

    promovido essencialmente pela radiação UV em presença de

    sensibilizadores como clorofila e mioglobina, e envolve a

    participação de oxigênio singleto (1O2) como intermediário

    reativo. O processo envolve reações, cujo resultado é a

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    39

    formação de substâncias como o hidroperóxidos diferentes dos

    que se observam na ausência da luz e de sensibilizadores, e

    que por degradação posterior originam aldeídos, álcoois e

    hidrocarbonetos (HAMILTON, 1983; JADHAV,1996) cujas

    consequências são escurecimento e alteração de aroma e sabor

    (COLTRO; BURATIN, 2004, p.206-11). Assim, quando são

    acondicionados em embalagens que permitem a passagem total

    ou parcial da luz, a foto-oxidação torna-se a principal causa da

    deterioração do produto (AZEREDO, 2001).

    A estabilidade dos óleos também depende da resistência

    à oxidação durante o processamento e o armazenamento

    (CHOE; MIN, 2006, p.169-86). Segundo Silva (1997)

    determinadas etapas do processamento como: trituração,

    torrefação e secagem, alteram a composição física do glóbulos

    de gordura, provocando a sua ruptura , favorecendo a ação das

    enzimas lipolíticas, a eliminação de água e o aumento a

    exposição ao oxigênio. A presença de uma fase lipídica

    contínua resulta na formação de uma maior superfície que

    possibilita a troca com o meio, favorecendo conseqüente

    predisposição à oxidação.

    A oxidação lipídica é um fenômeno espontâneo e

    inevitável, com uma implicação direta no valor comercial, seja

    no óleo ou na gordura, ou de todos os produtos que a partir

    deles são formulados.

    Moretto (1998) atribui a oxidação como a principal causa

    de degradação lipídica podendo levar a alteração de diversas

    propriedades dos óleos e dos próprios alimentos, como

    qualidade sensorial, nutricionais, funcionais e de toxidade. De

    acordo com Decker (1998, p. 241-8) antioxidantes adicionados

    numa concentração consideravelmente menor que a do

    substrato oxidável, retardam o ranço oxidativo, diminuindo a

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    40

    velocidade da reação ou prolongando o seu período de indução,

    o que justifica normalmente a sua adição aos óleos na tentativa

    de minimizar os efeitos da oxidação. (CASTERA

    ROSSIGNOL,1994; BERSET,1996).

    Deve-se acrescentar que a estabilidade térmica desses

    produtos depende de sua estrutura química, sendo os lipídios

    basicamente compostos por ácidos graxos saturados mais

    estáveis que aqueles majoritariamente insaturados.

    Nos óleos comestíveis, as embalagens atuam

    desempenhando um papel especialmente relevante, uma vez

    que minimizam substancialmente a degradação dos mesmos

    através dos processos oxidativos (auto-oxidação e foto-

    oxidação) ou hidrolíticos. (SOARES et al., 2009).

    No processo de decomposição dos lipídios, seja por

    hidrolise ou oxidação, acelerada por aquecimento e pela luz, as

    concentrações dos íons hidrogênio quase sempre são

    alteradas, o que resulta normalmente na formação de ácidos

    graxos livres (IAL, 2008). Neste sentido, a determinação da

    acidez se destaca fornecendo dados importantes para a

    avaliação do estado de conservação dos óleos. O índice de

    acidez é frequentemente expresso em mililitros de solução

    normal por cento ou em gramas do componente principal,

    geralmente o ácido oleico. Parâmetro que pode variar conforme

    o grau de maturação e condições de armazenamento das

    sementes ou frutos usados para extração da matéria graxa, a

    temperatura e tempo do processo de extração, o processo de

    envase e as condições de transporte e armazenagem do óleo

    (MORETTO, 1998).

    Além da acidez o índice de peróxidos contribui como

    procedimento analítico de extrema importância na avaliação e

    no controle de qualidade dos óleos disponibilizados ao mercado

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    41

    consumidor. Representa um indicador do grau de oxidação dos

    óleos ou gorduras (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 60-7). O

    referido índice representa, em termos de meq/kg, todas as

    substâncias que oxidam o iodeto de potássio nas condições do

    teste. Estas substâncias são geralmente consideradas como

    peróxidos ou outros produtos similares resultantes da oxidação

    dos lipídios (MORETTO, 1998).

    Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho

    avaliar a acidez e o índice de peróxido de óleos comestíveis e

    de azeites de oliva, acondicionados em diferentes embalagens

    (vidro e metal), comercializados no mercado varejista de

    Campina Grande-PB, comparando com dados preconizados na

    legislação sanitária vigente.

    MATERIAIS E MÉTODO

    Foram coletadas amostras de diferentes marcas

    comerciais de óleos de soja, canola e semente de girassol,

    acondicionadas em embalagens de politereftalato de etileno

    (PET) de 900 ml e amostras de diferentes marcas de azeite de

    oliva comum e extra virgem, envasadas em embalagens de

    vidro e metálicas de 500 ml, comercializadas no mercado

    varejista na cidade de Campina Grande-PB, conforme

    informações descritas na Tabela 1.

    As análises foram desenvolvidas no Laboratório de

    Bromatologia da UNINASSAU, Unidade de Campina Grande, e

    os dados obtidos compilados no laboratório de informática da

    mesma instituição.

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    42

    Tabela 1. Quantidade de amostras de óleos comestíveis e de azeites de coletadas no mercado varejista na cidade de Campina Grande-PB.

    * Politereftalato de etileno

    O índice de acidez, realizado em triplicata, foi

    desenvolvido em conformidade com procedimentos do Instituto

    Adolfo Lutz. As amostras, homogêneas e completamente

    líquidas, foram pesadas (aproximadamente dois gramas) em

    Erlenmeyer de 125 ml, adicionadas de 25 ml de solução éter-

    álcool (2:1) neutra e de duas gotas do indicador fenolftaleína e

    tituladas com solução de hidróxido de sódio 0,01M, até o

    aparecimento da coloração rósea, persistente por 30 segundos.

    Foi aplicado o Índice de Acidez para os óleos

    comestíveis (v×f×5,61/P) e o Índice de Acidez em Ácido Oléico

    para os azeites de oliva comum e extra virgem (v×f×M×28,2/P).

    Onde, v constituiu o número de mililitros de solução de hidróxido

    de sódio (NaOH) 0,01 M gastos na titulação, f o fator de

    correção da solução de NaOH e P o número de gramas da

    amostra. Procedimento desenvolvido em atendimento ao

    preconizado na Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    43

    2005 (RDC nº 270), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    (ANVISA) e na Instrução Normativa nº 1, de primeiro de

    fevereiro de 2012 (IN nº 1), do Ministério da Agricultura Pecuária

    e Abastecimento (MAPA).

    O índice de peróxido foi determinado, em triplicata,

    aplicando metodologia referenciada na American Oil Chemists’

    Society – AOCS e descrita nas normas do IAL (2008). Foram

    pesados 5 0,05g de amostra em Erlenmeyer de 125 ml e

    adicionados 30 ml de solução de ácido acético-clorofórmio 3:2,

    agitando até completa dissolução. Foram adicionados 0,5 ml da

    solução saturada de iodeto de potássio (KI), mantendo em

    repouso ao abrigo da luz por exatamente um minuto. Ao final do

    período foram acrescentados 30 ml de água destilada,

    titulando-se em seguida com solução de tiossulfato de sódio

    pentaidratado (Na2S2O3.5H2O) 0,01 N até que a coloração

    amarela tenha quase desaparecido. Adicionou-se 0,5 ml de

    solução de amido indicadora (C6H10O5)n a 1% (m/v) e

    continuou-se a titulação até o completo desaparecimento da

    coloração azul. Preparou-se uma prova em branco utilizando as

    mesmas condições. Foi aplicada a expressão (A –

    B)×N×f×1000/P para a determinação do Índice de peróxido,

    onde A representou o número de mililitros da solução de

    tiossulfato de sódio pentaidratado 0,01 N gastos na titulação da

    amostra, B o número de mililitros da solução gastos na titulação

    do branco, N a normalidade, f o fator de correção da solução de

    tiossulfato de sódio e P o número de gramas da amostra.

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    44

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    O índice de acidez é uma variável intimamente

    relacionada com a natureza, qualidade e o grau de

    pureza da gordura, com o processamento e,

    principalmente, com as condições de conservação da

    gordura ( MORETTO, 1998). Representando um importante

    parâmetro para determinar a qualidade da conservação de

    óleos (ANVISA, 2005) e pode ser definido como o número de

    miligramas de hidróxido de potássio necessário para neutralizar

    os ácidos graxos livres de 1,0 g da amostra (IAL, 2008). Na

    Tabela 2, os valores analíticos da acidez dos óleos vegetais de

    soja, girassol e canola, apresentaram variação entre 0,547 e

    0,551. Portanto, menores que o valor máximo de 0,6 mg KOH/g,

    preconizado na RDC nº 270 (2005) e, consequentemente,

    adequados ao consumo.

    Tabela 2. Acidez livre de óleo de soja, girassol e canola.

    Produto Marca Acidez Referência1

    Óleo de Soja A 0,546

    0,6 mg KOH/g

    L 0,554

    Óleo de Girassol SO 0,553

    V 0,551

    Óleo de Canola SA 0,547

    P 0,552 1 Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

    A embalagem pode influenciar diretamente a qualidade

    dos óleos vegetais e deverá, fundamentalmente, atuar no

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    45

    controle dos parâmetros que afetam a oxidação, ou seja, deverá

    apresentar boa barreira ao oxigênio, à umidade e à luz,

    especialmente na faixa do ultravioleta (OLIVEIRA, 2010). As

    embalagens plásticas tipo PET utilizadas no acondicionamento

    dos óleos vegetais comestíveis são capazes de manter a

    integridade físico-química e, portanto, a qualidade dos produtos

    até o momento do consumo. Para Pristouri et al. (2010), a

    incorporação de agentes bloqueadores de radiação UV ou

    absorvedores de oxigênio pode melhorar as propriedades dos

    plásticos no que diz respeito à manutenção da qualidade dos

    óleos.

    Os resultados obtidos por Silva et al. (2014) remetem

    valores de índice de acidez em óleos de soja comercializados

    em São Luís, Maranhão, em torno de 1,2 mg KOH/g. Ribeiro e

    Seravalli (2004) revelaram que o estado de conservação dos

    óleos está intimamente relacionado com a natureza e qualidade

    da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza do

    produto, com o processamento e, principalmente, com as

    condições de conservação, pois a decomposição dos

    glicerídeos normalmente é acelerada por aquecimento e pela

    luz, promovendo quase sempre a formação de ácidos graxos

    livres.

    Percebe-se que o índice de acidez das amostras de

    azeite de oliva das marcas C (lata) e C (vidro) e do azeite de

    oliva extra virgem das marcas B e S (vidro) estão de acordo com

    a legislação vigente, uma vez que os valores apresentados

    encontram-se dentro dos padrões (Tabela 3). Entretanto, as

    amostras de azeite de oliva da marca S (lata) e S (vidro)

    apresentaram acidez acima dos limites estabelecidos na

    legislação, indicando hidrólise parcial dos glicerídeos e

    formação de ácidos graxos livres. Resultados possivelmente

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    46

    procedentes de processos inadequados de extração,

    purificação, envase, distribuição e/ou armazenamento dos

    azeites de oliva desenvolvidos na empresa detentora da marca

    S, uma vez que as alterações ocorreram nos produtos

    acondicionados em vidro e em lata.

    Tabela 3. Acidez livre de azeite acondicionado em embalagens de diferentes materiais.

    Produto Embalagem Marca Acidez Referência1

    Azeite de Oliva

    Lata C 0,557 1,0 g/100g em ácido

    oleico

    Lata S 1,111

    Azeite de Oliva

    Vidro C 0,417

    Vidro S 1,115

    Azeite Extra Virgem

    Vidro B 0,696 0,8 g/100g em ácido

    oleico Vidro S 0,553

    1 Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Instrução Normativa nº 1, de primeiro de fevereiro de 2012 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

    Peixoto et al. (1998, p. 220-3) analisaram dez marcas de

    azeite de oliva coletadas no mercado do Rio de Janeiro, no ano

    de 1995, e encontraram valores de acidez entre 0,15 e 0,85. Os

    referidos autores informam que o índice de acidez está

    relacionado à qualidade do azeite de oliva e pode ser

    influenciada por fatores como maturação, estocagem, ação

    enzimática, qualidade da azeitona, sistema de obtenção do

    azeite (extração mecânica e ou por solvente) e grau de

    refinação. Colaborando com as informações supracitadas,

    Pérez-Camino et al. (1992, p. 2260-2) afirmaram que a acidez

    pode ser influenciada por fatores como maturação e manejo

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    47

    pós-colheita das azeitonas, ação enzimática, qualidade da

    oliva, pragas e doenças, presença de danos físicos ou

    fermentação, além do sistema de obtenção do azeite

    (mecânica/ solvente). Segundo Dutra et al. (2004, p.220-3), o

    aumento da acidez ocorre quando há uma combinação de

    algumas variáveis, tais como temperatura, presença de sabões

    no óleo e umidade.

    Geralmente não é possível predizer qual o melhor

    indicador da oxidação do lipídio e caracterizar a degradação

    oxidativa dos óleos vegetais e derivados. Por essa razão, o

    estudo da estabilidade oxidativa requer o uso de vários métodos

    e técnicas de análises (SOUZA, 2007). As análises clássicas,

    como índice de peróxidos e acidez, são comumente utilizadas

    no controle de qualidade de óleos vegetais. O índice de

    peróxidos determina todas as substâncias, em termos de

    miliequivalentes de peróxido por 1000g de amostra, que oxidam

    o iodeto de potássio nas condições do teste (IAL, 2008).

    Portanto, o referido índice constitui um indicador do grau de

    oxidação dos óleos vegetais e da deterioração que pode ter

    ocorrido nos antioxidantes naturais, como os tocoferóis e os

    polifenóis. (LIMA, 1994). Conforme dados descritos na Tabela

    4, as variedades de óleos de soja, girassol e canola analisadas

    não apresentaram índice de peróxido acima do valor de

    referência para o consumo humano, o qual é da ordem de 10

    meq. de O2 ativo/kg.

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    48

    Tabela 4. Índice de peróxidos de óleo de soja, girassol e canola.

    Produto Marca Índice de Peróxido

    Referência1

    Óleo de Soja A 4,33

    10 meq/kg

    L 3,17

    Óleo de Girassol SO 4,93

    V 7,35

    Óleo de Canola AS 4,42

    P 4,08 1 Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

    A peroxidação lipídica constitui a principal causa de

    deterioração dos corpos graxos (lipídios e matérias graxas).

    Retirando do seu contexto de proteção natural, os corpos

    graxos sofrem, no decorrer do processos de transformação e

    armazenamento, alterações do tipo oxidativo, as quais tem

    como principal conseqüência a modificação do flavor original e

    o surgimento de odores e sabor característicos do ranço, o qual

    representa para o consumidor, ou para a industrial, a principal

    causa de depreciação ou rejeição. (CASTERA-

    ROSSIGNOL,1994; BERSET,1996). Sendo o índice de

    peróxido utilizado com um indicador do grau de oxidação do

    óleo ou gordura. Este indicativo demosntra a diferença entre a

    formação e a decomposição de peróxidos, e é representado em

    milimoles de oxigênio ativo por kg de matéria graxa. Segundo

    Berset e Cuvelier (1996) alguns autores afimam que o índice de

    peróxido deve ser determinado nos primeiros estados do

    processo oxidativo. A variação do nível de peróxidos ao longo

    do tempo ocorre de uma forma gaussiana, mesmo que

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    49

    apresente um baixo nível de peróxidos, isso não constitui uma

    garantia de boa estabilidade oxidativa, pelo contrário, pode ser

    um alerta para alteração futuras .

    Para Freire et al. (2013, p. 353-8), o índice de peróxidos é

    considerado o melhor parâmetro analítico para ser utilizado na

    avaliação de óleos e gorduras em estágios iniciais de oxidação

    e, portanto, não submetidos a processos de fritura, uma vez que

    não quantifica produtos de oxidação secundária.

    Dentre os resultados apresentados na Tabela 5, apenas

    as amostras do azeite de oliva da marca C, acondicionado em

    embalagem metálica, apresentou índice de peróxido acima do

    preconizado em normas regulamentares vigentes e, portanto,

    superior ao valor de referência para o consumo humano, de 15

    meq/kg.

    Altos valores de índice de peróxidos indicam que, de

    alguma forma, o óleo foi exposto a processo oxidativo, quer seja

    durante o preparo da matéria-prima, extração ou

    armazenamento do produto (MORETTO, 1998; BENEDICO;

    PEREZ; MARTINEZ, 2002, p.391-5).

    Kobori e Jorge (2005, p.1008-14) observaram valores

    elevados e fora dos padrões de referência para índice de

    peróxidos em óleo de semente laranja, ocorrido devido ao

    processo de extração por solvente, que, a partir do resíduo seco

    em estufa, pode ter provocado uma oxidação durante a

    secagem.

    De acordo com a RDC nº 270 (2005), o índice de

    peróxidos deve ser, no máximo, 15 meq/kg para o azeite de

    oliva e 20 meq/kg para o azeite extra virgem. Porém, Monferrer

    e Villalta (1993, p. 87-91) mencionaram que índice de peróxidos

    para óleos em geral não pode atingir valores acima de

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    50

    15meq/kg, considerado, assim, como indicativo para o descarte

    do óleo.

    Tabela 5. Índice de peróxidos de azeite de oliva acondicionado em diferentes materiais.

    Produto Embalagem Marca Índice de Peróxido

    Referência1

    Azeite de Oliva

    Lata C 24,88

    15 meq/kg Lata S 10,28

    Azeite de Oliva

    Vidro C 10,12

    Vidro S 8,75

    Azeite Extra

    Virgem

    Vidro B 14,20 20 meq/kg

    Vidro S 10,96

    1 Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Instrução Normativa nº 1, de primeiro de fevereiro de 2012 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

    O vidro, como embalagem, apresenta características que

    o distingue perante os demais materiais: impermeabilidade aos

    gases, vapor d’água e aromas, relativamente inerte aos

    produtos e o fato de ser totalmente reciclável, o que permite sua

    reutilização. No entanto, vidros transparentes e translúcidos

    apresentam limitações quanto à barreira à luz e proteção do

    alimento contra a foto-oxidação (HANLON; KELSEY;

    FORCINIO, 1998). Em contrapartida, as latas de metal, usadas

    por um longo tempo para o acondicionamento de óleos e ainda

    muito apreciadas, oferecem proteção total contra a luz, o

    oxigênio, o vapor de água e microrganismos, além de seu

    interior ser revestido por resinas que protegem o metal da

    corrosividade do produto (OLIVEIRA, 2006). A vida de prateleira

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    51

    da maioria dos produtos enlatados é determinada

    principalmente pela taxa de corrosão da embalagem. Os

    resultados em desacordo com a legislação pertinente para o

    índice de peróxidos do azeite de oliva envasado em embalagem

    metálica da marca C, possivelmente, podem ter sofrido

    influência da corrosividade da embalagem e,

    consequentemente, da indução do metal nos processos de

    rancificação auto-oxidativa desencadeada no produto

    acondicionado, rico em ácidos graxos insaturados e poli-

    insaturados. Nos produtos os quais apresentam menor

    corrosividade da embalagem, o fim de sua vida de prateleira

    ocorre devido a deteriorações das características sensoriais e

    perdas do valor nutritivo. (PIERGIOVANNI; LIMBO, 2010,

    p.318.)

    CONCLUSÕES

    Os altos teores de acidez e peróxido, acima dos limites

    legais, em algumas amostras de azeites de oliva, indicaram

    possivelmente a utilização no processo de fabricação de

    sementes de baixa qualidade, inadequadas etapas de

    processamento, armazenamento, distribuição e

    comercialização.

    Consequentemente, há necessidade de um contínuo

    desenvolvimento e aperfeiçoamento de pesquisas direcionadas

    ao monitoramento da qualidade dos produtos alimentícios

    ofertados no mercado consumidor, visando fornecer subsídios

    técnicos para a obtenção de uma melhoria na segurança

    alimentar dos óleos ofertados em prol da defesa da saúde

    pública.

  • ACIDEZ E ÍNDICE DE PERÓXIDO DE ÓLEOS VEGETAIS

    52

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    CAPÍTULO 3

    EVOLUÇÃO DOS ANTICORPOS MONOCLONAIS NO TRATAMENTO DO HIV-1

    Milena Bezerra COUTINHO 1

    Luara de Sousa Monteiro DUARTE1 Luciana Vilar TORRES1

    Thaisa Leite Rolim Wanderley2 Cibério Landim Macedo3

    1 Farmacêuticas Residente da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança- REMUSC ; 2Farmacêutica e Preceptora da REMUSC;

    3Farmacêutico e Tutor da REMUSC;. [email protected]

    RESUMO: Após 35 anos de descoberta da sintomatologia da AIDS e seu agente etiológico, o HIV, a erradicação desta infecção no hospedeiro ainda desafia a comunidade científica por sua alta mutabilidade e dificuldade de acesso aos reservatórios virais. Os primeiros anticorpos monoclonais desenvolvidos se tornaram uma promessa de tratamento e profilaxia eficaz desta epidemia global, mas ainda se encontram em desenvolvimento à medida em que se elucida melhor sua capacidade de infecção e transmissão nos seres humanos. O objetivo desta revisão é explorar as publicações mais recentes acerca do assunto, por meio de indexadores de artigos SCIENCE E PUBMED, visando compreender o panorama de desenvolvimento destas drogas. Os modelos animais elencados para os estudos pré-clínicos destes anticorpos são ratos e macacos com enxerto humano (humanizados), sendo os desenhos moleculares destes anticorpos baseados principalmente no trímero do envelope viral responsável pela penetração do material genético nos linfócitos T-CD4+. Regiões de mucosas e tecidos linfoides periféricos e centrais foram os alvos destas drogas. Alguns destes anticorpos, tanto no campo

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    NO TRATAMENTO DO HIV-

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    da erradicação dos reservatórios nos indivíduos infectados como potenciais vacinas já estão em testes clínicos. Conclui-se que o avanço no aprimoramento destas drogas está relacionada ao estudo dos seus receptores alvos, sendo traçadas estratégias como a combinação de múltiplas drogas e diferentes vias de administração para melhores resultados. Palavras-chave: HIV. Anticorpos monoclonais. Vacina.

    Imunoterapia.

    INTRODUÇÃO

    O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é o agente

    causal da doença conhecido como síndrome da

    imunodeficiência adquirida (AIDS). A AIDS foi descoberta há 35

    anos, porém mesmo com avanços na terapia antiretroviral

    surgem cerca de 2 milhões de novas infecções todos os anos.

    Na América Latina, cerca de 81% das pessoas infectadas

    sabiam de sua condição viral e, destas, 72% estavam sob

    regime antiviral.(UNAIDS, 2016)

    Após três décadas desde a evidenciação do surgimento

    deste vírus causador da AIDS, a busca pela cura e prevenção

    da infecção pelo vírus HIV continua a representar um desafio à

    comunidade científica. Dados do relatório do Fundo das Nações

    Unidas para a infância (UNICEF) revelam que a cada hora no

    mundo 30 adolescentes entre 15 e 19 anos contraem a

    infecção. No Brasil, esta prevalência na população entre 15-19

    anos aumentou em 53% entre os anos de 2004 e 2015

    (UNICEF, 2018).

    O vírus é de origem zoonótica, derivando de primatas.

    No ser humano existem duas apresentações do vírus que

    infectam o humano: HIV-1 e HIV-2. Essa classificação é

    baseada nas características genéticas e na evolução da

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    NO TRATAMENTO DO HIV-

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    síndrome, caracterizada pela ʻʼbaixaʼʼ de imunidade. Na clínica,

    o progresso da síndrome é mais lenta na infecção pelo HIV-2

    quando comparada à infecção pelo HIV-1. Por sua virulência e

    expansão a nível mundo, o tipo 1 é o principal investigado nas

    pesquisas científicas (MOHAN, 2018).

    Estima-se que o vírus da imunodeficiência humana do

    tipo 1 (HIV-1) infectou cerca de 37 milhões de pessoas em todo

    o mundo. O HIV-1 evolui rapidamente dentro do hospedeiro,

    resultando no acúmulo de diversas variantes virais em contínua

    mutação (MOHAN et al, 2018).

    A maioria das infecções pelo HIV-1 ocorre através das

    mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual. Nas

    primeiras horas após a infecção pela via sexual, o HIV e células

    infectadas atravessam a barreira da mucosa, permitindo que o

    vírus se estabeleça no local de entrada e continue infectando

    linfócitos T CD4+, além de macrófagos e células dendríticas

    (BRASIL, 2015).

    Em ambos os tipos de HIV, a infiltração do vírus nas

    células se dá por meio de integrinas, proteínas que têm como

    função auxiliar na adesão e o mecanismo de transmissão do

    HIV, transferência de material genético às células-alvo (

    PANDOLFI et al., 2017).

    A natureza do retrovírus tem seu ciclo iniciado ao infectar

    a célula hospedeira, com a fusão viral à célula-alvo,

    normalmente a célula T-CD4+. Esta fusão ocorre mediante

    reconhecimento do envelope viral com o receptor CD4 e,

    posteriormente, com os receptores de quimiocinas CCR5 e

    CXCR4, penetrando com seu capsídeo e disponibilizando no

    interior da célula infectada o material genético, como também

    dispositivo para sua replicação, exemplo: as proteases,

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    NO TRATAMENTO DO HIV-

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    integrinas e DNA Polimerase (MARGOLIS; KOUP; FERRARI,

    2017).

    Para que se replique na célula hospedeira o vírus, por

    meio da DNA polimerase, irá transcrever o RNA em DNA por

    meio de recombinação das pontes púricas e pirimidínicas,

    resultando na transcrição e tradução dos produtos gênicos

    virais. Usando da maquinaria do organismo hospedeiro,

    expressam-se proteínas virais estruturais que se rearranjam no

    citoplasma e se resulta na exocitose de novas partículas virais

    infecciosas, num processo cíclico de produção e reinfecção do

    vírus (MARGOLIS; KOUP; FERRARI, 2017).

    As hipóteses que buscam esclarecer a grande

    mutabilidade do vírus do HIV são esclarecidas quando

    consideramos a dinâmica com que este vírus se transcreve na

    célula hospedeira. A retrotranscrição gera muitos erros de

    codificação difíceis de prever. Agrava-se que pela estrutura

    simplória do vírus não há mecanismos de reconhecimento de

    erros de transcrição, contribuindo para alta variabilidade de

    genes. Suspeita-se, além da Transcriptase Reversa e RNA

    Polimerase, que as enzimas de reparo do DNA hospedeiro

    também possam ter uma contribuição para as mutações do

    vírus (POIRIER; VIGNUZZI, 2017).

    Desde sua descoberta, o HIV e a AIDS representam um

    desafio para os pesquisadores no desenvolvimento de um

    medicamento de se fazer a vacina, pois se trata de um vírus de

    rápido tropismo e estabelecimento nos reservatórios

    inalcançáveis por medicamentos; extensa diversidade viral;

    altamente sensível a mudar conformacio