32
GLOMERULONEFRITE GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite www.paulomargotto.com.br Brasília, 28 de janeiro de 2010

GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite Brasília, 28 de janeiro

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

GLOMERULONEFRITE GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDADIFUSA AGUDA

HRAS – PediatriaIsabel Cristina Leal Firmino R1

Dra Mônica Ferreira Leitewww.paulomargotto.com.br

Brasília, 28 de janeiro de 2010

Page 2: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Glomerulonefrite Difusa Glomerulonefrite Difusa AgudaAgudaSíndrome Nefrítica é o processo

inflamatório agudo dos glomérulos.

Independente da origem, o quadro básico é caracterizado por:◦Hematúria◦Edema◦HAS◦Oligúria◦Proteinúria subnefrótica (< 3,5g/24h)

Page 3: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Glomerulonefrite Difusa Glomerulonefrite Difusa AgudaAguda Causas de Síndrome nefrítica

Síndrome pós infecciosa

1.1. Pós-estreptocócica1.2. Não pós-estreptocócica Bacteriana: endocardite, abscessos, sepse Virais: hepatite B e C, mononucleose, varicela Parasitárias: malária, toxoplasmose

Causadas por doenças multissistêmicas

Lúpus Eritematoso sistêmicoPúrpura de Henoch-SchönleinCrioglobulinemiaPAN microscópicaGranulomatose de WegenerSíndrome de GoodpastureTumores

Primárias do Glomérulo

Doença de BergerGN membranoproliferativaGN proliferativa mesangialGN anti-membrana basal glomerularGN pauci-imune (ANCA positivo)GN por imunocomplexos idiopática

Page 4: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Glomerulonefrite Glomerulonefrite Difusa Aguda Pós – Difusa Aguda Pós – Estreptocócica na Estreptocócica na infância (GNPE)infância (GNPE)

Page 5: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

ConceitoConceitoProcesso inflamatório de origem

imunológica que acomete todos os glomérulos

Sequela tardia, não supurativa, de uma estreptococcia

Page 6: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

EpidemiologiaEpidemiologiaPico de incidência aos 7 anos

◦5% em <2 anos;◦5 a 10% em adultos.

2:1 meninos:meninas

20% portadores assintomáticos do estreptococo.

Page 7: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

EtiologiaEtiologia

Causada pelas cepas nefritogênicas do Streptococcus Pyogenes:◦Piodermite: M tipos 2, 42, 49, 56, 60◦Faringoamigdalite: M tipos 1, 4, 12, 25

Risco de aproximadamente 15%Intervalo entre a infecção e a

nefrite:◦7 a 21 dias se faringoamigdalite◦15 a 28 dias se piodermite

Page 8: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

PatogeniaPatogeniaMediada por imunocomplexos

Mecanismos propostos◦Deposição glomerular de

imunocomplexos (antígeno estreptocócico – anticorpo)

◦Mecanismo auto-imune Reação cruzada com antígeno glomerular

renal◦Complexos terminais do complemento

→ produção de interleucina → injúria glomerular e proliferação mesangial

Page 9: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

PatogeniaPatogenia

Antígenos estreptocócicos (complexos imunológicos):◦Exotoxina cisteína - proteinase

catiônica B (SPE-B)◦Receptor de plasmina

Localizados nos glomérulos

Ac sérico associado às infecções nefritogênicas estreptocócicas

Page 10: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

PatogeniaPatogeniaImunocomplexos formados in situ

↓Deposição no lado subendotelial da parede capilar

↓Ativação do sistema complemento

↓Ativação de neutrófilos

↓Proteases / Substâncias oxidantes

↓Alteração da MBG (proteinúria)

↓Imunocomplexos para o lado epitelial

↓HUMPS

Page 11: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

FisiopatologiaFisiopatologia

Processo inflamatório↓

↓lúmen dos capilares glomerulares↓

↓área filtrante↓

↓TFG↓

↓pressão hidrostática nos capilares glomerulares↓

Retenção de Na e água↓

↑volemia↓

HAS e edema

Page 12: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

FisiopatologiaFisiopatologia

↑volemia↓

Hiponatremia dilucional↓

Retenção de Na nos túbulos distais↓

Expansão do volume↓

Supressão do SRAA

Page 13: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

FisiopatologiaFisiopatologia

Lesões nos capilares glomerulares↓

Hemácias para o espaço de Bowman↓

Hematúria

Page 14: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

FisiopatologiaFisiopatologia

Reação inflamatória↓

Alteração na permeabilidade da membrana

↓Proteinúria

Page 15: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Anatomia PatológicaAnatomia PatológicaMicroscopia de luz

◦Padrão: glomerulonefrite proliferativa pura

◦Proliferação endocapilar de células mesangiais e endoteliais

◦Tumefação capilar com luzes colapsadas

Page 16: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Anatomia PatológicaAnatomia Patológica

Microscopia

Glomérulo normal

Glomerulonefrite proliferativa

Fonte: NELSON, W. E. et al.  Tratado de pediatria, 2004

Page 17: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Anatomia PatológicaAnatomia Patológica

Glomérulo na Microscopia Óptica (1000x) com Infiltração Neutrofílica

Fonte:Lopes et al, Relato de Caso 2008

Page 18: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Anatomia PatológicaAnatomia PatológicaImunofluorescência

◦Humps Infiltrados inflamatórios grosseiros sob as

paredes dos capilares glomerulares

Page 19: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Manifestações ClínicasManifestações ClínicasEdema

◦Leve, frio, mole, gravitacional◦Região periorbitária e no período matutino◦Membros inferiores, região lombar e

genitáliaHAS

◦90% dos casosHematúria

◦Macroscópica 50% dos casos Tonalidade acastanhada

◦Microscópica 100% dos casos, aproximadamente

Page 20: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Manifestações clínicasManifestações clínicasProteinúria

◦Entre 0,15 a 3,5g/dia (faixa nefrítica)◦73% apresentam proteinúria nefrítica◦3% proteinúria nefrótica◦24% não apresentam proteinúria (Berrios et al, 2004)

Oligúria ou anúria transitórias◦25% dos casos

Casos subclínicos

Page 21: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

ComplicaçõesComplicaçõesCongestão cardiocirculatória

(12%)

Encefalopatia hipertensiva (4%)◦Cefaléia, vômitos, pertubações

visuais, diplopia, amaurose transitória, convulsão

IRA (1%)

Page 22: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

DiagnósticoDiagnósticoHistória e exame físicoEAS

◦ Hemácias dismórficas◦ Cilindros hemáticos, granulosos, hialinos,

leucocitários◦ Osmolaridade elevada◦ Proteinúria positiva

Função renal◦ Uréia e creatinina podem estar elevadas

Hemograma◦ Anemia por expansão do volume◦ Plaquetopenia transitória (↓meia vida)

Page 23: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

DiagnósticoDiagnósticoASLO, anti-hialuronidase, anti

DNAse (Streptozyme test)◦Infecções cutâneas – anti DNAse

(sens 60 a 70%)◦Infecções de orofaringe – ASLO (sens

80 a 90%) e anti DNAse (sens 75%)Complemento ↓ em 90%

◦C3, C5, properdinaHipergamaglobulinemia (90%)Fator reumatóide (50%)

Page 24: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Diagnóstico DiferencialDiagnóstico DiferencialOutras causa de glomerulonefriteGlomerulonefrite

membranoproliferativa◦6:1 meninos:meninas◦Proliferação focal e difusa com crescentes◦Proteinúria na faixa nefrótica◦Complemento baixo por mais de 8

semanasGlomerulopatias crônicas

assintomáticas que se manifestam na vigência de processo infeccioso

Page 25: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

TratamentoTratamentoErradicação da estreptococcia

◦Penicilina benzatina◦Eritromicina nas hipersensibilidades◦Evita disseminação das cepas

Repouso relativoRestrição de sódio

◦Na fase oligúrica, durante edema e hipertensão

Restrição de K◦Oligúria importante

Restrição hídrica◦20ml/Kg/dia + perdas

Page 26: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

TratamentoTratamentoHAS e/ou sinais de congestão

cardiocirculatória◦ Furosemida 1 a 4 mg/Kg/dia◦ Hidralazina 0,2 a 0,5 mg/Kg/dose IV ou 1 a 4

mg/Kg/dia VO◦ Nifedipina 0,25 a 0,5 mg/Kg máximo 1

mg/Kg/dia 12/12h (picos de difícil controle)◦ Anlodipina 0,05 a 0,2 mg/Kg/dia

Encefalopatia◦ Controle da hipertensão com doses maiores

de nifedipina◦ Associação com hidralazina◦ Diazóxido 3mg/Kg EV

Page 27: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

TratamentoTratamentoIRA

◦Limitação da ingesta hídrica e de sódio

◦Manter potássio em torno de 4mEq/l◦Diálise peritoneal (especialmente se

houver outras complicações associadas).

Page 28: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

PrognósticoPrognóstico1 semana

◦ Normaliza PA◦ ↑diurese◦ ↓uréia e cratinina

2 a 3 semanas◦ Resolve hematúria macroscópica

6 a 8 semanas◦ Resolve hipocomplementenemia

3 a 6 meses◦ Resolve proteinúria

1 ano◦ Resolve hematúria microscópica

Page 29: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Indicações de Biópsia Indicações de Biópsia RenalRenal

Oligúria e/ou azotemia persistente por mais de 4 semanas

Hematúria macroscópica por mais de 4 semanas ou recidivante

Hematúria microscópica por mais de 2 anos

Hipocomplementenemia por mais de 8 semanas

Proteinúria nefrótica por mais de 4 semanas

Page 30: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Síndrome Nefrítica x Síndrome Nefrítica x Síndrome NefróticaSíndrome Nefrótica

Page 31: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Sindrome Nefrítica x Sindrome Nefrítica x Síndrome NefróticaSíndrome Nefrótica

Page 32: GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA HRAS – Pediatria Isabel Cristina Leal Firmino R1 Dra Mônica Ferreira Leite  Brasília, 28 de janeiro

Obrigada!