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Godinho & Arosa

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Apartheid em africâner significa separação e foi um regime de segregação racial vigente na África do Sul durante 46 anos (1948-1994).

Esta segregação foi institucionalizada pelo Estado através do Partido Nacional. Assim, com uma legislação de caráter discriminatório, o governo garantiu a hegemonia da minoria branca.

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Legislação da segregação

Lei de Registro da População (Population Registration Act)

Esta lei de 1950 era a base jurídica e legal do regime. Ela seguia um sistema racial e linguístico para classificar os sul-africanos. Utilizando a cor da pele como critério dividiu a população em quatro grupos: brancos, negros, mestiços e asiáticos.

Lei das Áreas de Grupo (Group Areas Act)

Votada em 1950 e emendada em 1966, ela proibia que membros de um grupo populacional residissem em zonas destinadas a outro grupo.

Lei da Circulação dos Nativos (Native Act)

Esta, derivada da lei das áreas de grupo, regulamentava, em 1952, o antigo sistema de passes e originou as leis de passaporte interno (pass laws). O trabalhador negro era obrigado a conseguir autorização para circular nas zonas reservadas aos brancos e, aquele que não possuísse, era detido.

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Passaporte interno

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Legislação da segregação

Lei de Serviços Públicos Separados (Reservation of Separate Amenities Act)

A lei de 1953 determinava o uso separado de serviços e locais públicos como, por exemplo, bibliotecas, parques, praias, transportes e banheiros públicos.

Lei de Proibição de Casamentos Mistos (Prohibition of Mixed Marriages Act)

Em 1949 esta lei passou a proibir os matrimônios inter-raciais.

Lei sobre a Imoralidade (Immorality Amendment Act)

E, em 1957, se tornou ilegal as relações sexuais inter-raciais.

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Bantustões

A partir dos anos 50, e com mais força na década seguinte, o governo sul-africano implantou a política dos bantustões. Estes consistiam em territórios autônomos reservados à população negra com o objetivo, por parte do governo, de desorganizar a classe operária negra, destruir a consciência de nação, diminuir sua militância e transferir a luta política para esses locais e assim afastá-la das zonas industriais.

O governo defendeu que essa redistribuição da população negra, tendo como base as tribos, seria uma forma de preservar a variedade racial e cultural. Porém, “os bantustões são produto de demarcações arbitrárias, longe de corresponder aos amplos territórios que os zulus, os tswanas ou qualquer outro povo africano primeiramente conquistou” (JONGE, 1991, p. 60).

A ONU condenou esse sistema de bantustões em 1971, ao desvendar seus verdadeiros propósitos e passou a denunciá-lo.

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Campanha de Desobediência

Em 1952, o CNA (Congresso Nacional Africano) – o movimento de libertação mais antigo da África do Sul -, organizou uma extensa campanha de desobediência às leis raciais e às práticas do apartheid. Sua política era expressa em manifestações populares de boicote, de não cooperação e de desobediência civil. Como resultado, e com objetivo de dar uma forma mais estruturada às manifestações populares, foi proposta a convocação de um Congresso do Povo.

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Congresso do Povo

Foi aprovada nesse Congresso a Carta da Liberdade, um dos mais importantes documentos programáticos das aspirações africanas. Nessa Carta está sintetizado o programa de um governo democrático, além de expressar a visão popular de uma sociedade justa, inter-racial. Tal ideia fica clara no preâmbulo da Carta da Liberdade onde encontramos a seguinte passagem:

“Nós, Povo da África do Sul, declaramos, para que todos, no nosso país e no mundo, saibam: Que a África do Sul pertence a todos os que nela vivem, negros e brancos, e que nenhum governo é legítimo se não se basear na

vontade do povo”

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Resposta do Governo

Com o aumento das lutas de libertação e da resistência interna da populaçãosul-africana, somadas às crescentes denúncias internacionais contra oapartheid, o governo sul-africano precisou buscar outras formas maissofisticadas para suas antigas Reservas que haviam sido transformadasnos bantustões. A solução encontrada foi criar Estados Independentes,organizados politicamente de acordo com uma Constituição concebidapelo governo sul-africano e aprovada, posteriormente, pela Repúblicanascente. Com isso, cria-se a seguinte situação: quando os cidadãosdesses Estados ultrapassam suas fronteiras, se tornam estrangeiros emseu próprio país.

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A foto registra um grande movimento de queima dos passaportes internos que tomou conta do país na década de 60.

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Resposta do Governo

Os atos de desobediência que se seguiram foram, de maneira geral, dissolvidos de forma cruel e sangrenta pela polícia sul-africana. Um desses casos, que acabou ganhando repercussão internacional, foi o massacre ocorrido em Sharpeville, em 1960, quando negros protestavam contra a “lei do passe” de forma pacífica, até a chegada violenta da polícia, que acabou deixando mortos e feridos.

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CNA: tática armada e ilegalidade

O massacre em Sharpeville foi um dos motivos para que, no início da década de 60, o CNA optasse pela tática armada em sua luta de libertação nacional e ocorreu que, no mesmo ano de 1960, ele foi declarado ilegal. Acontece, nos anos seguintes, a prisão dos principais dirigentes do movimento, entre eles, Nelson Mandela. Como o Partido Comunista Sul-Africano (PCSA) já estava na ilegalidade desde 1950, a resistência armada ficou praticamente paralisada.

Mandela na época da sua primeira prisão.

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Década de 70

A luta contra o apartheid é retomada somente na década de 70, com forte impulso e mantendo a tática armada, mesmo com a direção do movimento no exílio e vários de seus líderes mantidos ainda em prisões sul-africanas. Em 1976, quando o afrikaans, língua dos boers do governo racista, foi imposta nas escolas negras, a cidade de Soweto reagiu ao entender essa medida “como mais um ato de opressão e alienação da população negra” . A reação foi respondida a tiros pela polícia, o que levou a morte de diversos jovens. Essa manifestação trouxe dois efeitos significativos: chocou os países ocidentais, muitos homens de negócios sul-africanos temeram por prejuízos na área empresarial; e levou centenas de jovens a fugirem do país para alistar-se no CNA, em busca de treinamento militar ou de uma educação verdadeira.

No final dos anos 70, a Assembleia Geral da ONU votou e aprovou algumasresoluções com o objetivo de isolar a África do Sul depois das denúnciascontra o apartheid. Alguns países como os Estados Unidos, AlemanhaFederal, França, Bélgica e Inglaterra, de um modo geral, votam contra ouse abstêm nas votações dessas sanções devido aos interesses econômicose financeiros que mantêm com o governo sul-africano.

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Crise do regime

O regime do apartheid entrou em crise entre 1985. Em 1989, o governo dopresidente Botha não podia mais controlar a militância negra e ainda terque enfrentar as pressões internacionais e a revolta dentro da “tribobranca”. Somado a isso, ainda restavam outros sérios e graves problemas,que ameaçavam a estabilidade e o crescimento econômico do país.

A África do Sul sofreu o aumento dos boicotes e das sanções econômicas e,em 1986, Botha se viu forçado a anunciar algumas novas reformas, comoa abolição das leis do passe. Por outro lado, com a prorrogação eampliação do estado de emergência, a pressão internacional sobre oregime continuou. Internamente, o governo via crescer os protestos e aviolência, sendo, desta forma, pressionado a iniciar negociações com oCNA. Porém, ao mesmo tempo em que dava início às negociações, ogoverno, em 1988, voltou a perseguir as trinta e quatro organizaçõesantiapartheid. No início do ano seguinte, Botha sofre um ataque cardíacoe abdica sua função de líder do Partido Nacional. Entra em seu lugarFrederik W. de Klerk que, através das eleições de setembro do mesmoano, chega à Presidência.

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De Klerk anunciou algumas reformas, diminuiu a atuação do Sistema deSegurança Nacional (SSN), libertou oito dirigentes negros e permitiualgumas demonstrações contrárias ao regime. A possibilidade de umasolução negociada para o problema da segregação racial foi sugerida pelonovo presidente. Mas, como o povo já havia visto o governo violar suaspróprias resoluções, o CNA e outras forças antiapartheid mantiveram umaposição descrente com relação à sinceridade do novo governante. Existiaa suspeita de que essa postura de negociador de De Klerk era apenas paraganhar legitimidade, reduzir a pressão internacional e obter a derrota dacampanha de boicotes. Isto é, criar confusão com a pretensão dedesmobilizar a oposição e, especialmente, diminuir a luta armada.

O CNA havia formulado pré-condições para negociar a construção de umanova África do Sul.

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Pré-condições do CNA

• Libertar os prisioneiros políticos e detidos e sustar os processos e as execuções capitais;

• Pôr fim ao banimento das organizações políticas como o CNA e outras;• Suspender o estado de emergência;• Retirar os militares das townships;• Revogar todas as leis que permitem ao governo banir, restringir, deter e

prender pessoas e organizações, e respeitar os direitos fundamentais do homem, tais como a liberdade de associação, de pensamento e de imprensa.

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Em fevereiro de 1990, o presidente anunciou a legalização do CNA, do Partido Comunista, do Congresso Pan-Africano e de muitos outros grupos de oposição; a libertação de alguns prisioneiros políticos e detidos, entre eles, Nelson Mandela, que ficou preso durante vinte e oito anos; uma moratória nas execuções da pena de morte e a revogação de algumas medidas autoritárias. O Partido Conservador e o Movimento de Resistência Africânder não ficaram satisfeitos com essas medidas, que viram as reformas como uma traição. Sentindo-se ameaçados, logo pediram a renúncia de De Klerk ameaçando, inclusive, recorrer à força para proteger a sobrevivência da minoria branca.

Até o surgimento de um clima favorável à negociação, o CNA pretendia continuar com a bandeira da luta armada e pediu à comunidade internacional que prosseguisse com as sanções à África do Sul para que o apartheid, isolado, fosse destruído. As reuniões entre o CNA e o governo, com o objetivo de levantar os últimos obstáculos às negociações, tiveram início após a suspensão do estado de emergência, em 1990. Em agosto desse mesmo ano, o CNA anunciou a suspensão da luta armada e, em fevereiro de 1991, concordou em interromper todas as ações armadas. Em troca, F. W. de Klerk prometeu a liberação dos presos políticos e a volta dos exilados.

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Fim do regime

As medidas adotadas por De Klerk permitiram o acesso ao sistema eleitoral e, em abril de 1994, as eleições levaram Mandela à presidência, dando ao CNA a maioria num parlamento multirracial. Chegava ao fim o regime de segregação que imperou durante quase meio século. Mandela e De Klerk foram premiados com o Prêmio Nobel da Paz, em 1993 e 1994, respectivamente, por trabalharem pelo fim do apartheid de forma pacífica e por estabelecerem os princípios para uma nova África do Sul democrática.

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Campanha eleitoral

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Momento da posse de Nelson Mandela e sua eternização

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Jornal do Brasil – 11/05/1994

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Mandela, depois do fim do regime, na cela onde passou 28 anos preso.

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Mandela e De Klerk recebendo o Prêmio Nobel da Paz

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Nelson Mandela

Com o passar dos anos, Mandela se tornou um mártir na África do Sul e no mundo todo, sendo um exemplo de luta pelos direitos humanos.

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De Klerk, em entrevista recente (06/2013), ressaltou a indelével imagem de Mandela durante seu juramento como primeiro presidente negro da África do Sul, em 10 de maio de 1994, quando tomou a mão de seu antecessor e a ergueu diante da multidão. Isso, de acordo com De Klerk, “mostra que sua forma de pensar era inclusiva”.

Entrevista completa em: http://noticias.terra.com.br/mundo/de-klerk-quando-disse-que-seria-libertado-mandela-achou-que-era-cedo,35122aa7dc04f310VgnCLD200

0000dc6eb0aRCRD.html

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Mandela Day

Em 2009, a ONU – Organização das Nações Unidas -, instituiu o dia do aniversário de Nelson Mandela (18 de Julho) como o Dia Internacional Nelson Mandela. Uma forma de reconhecer a dedicação de Mandela a serviço da humanidade e por toda a sua luta contra o apartheid. Neste dia, todos os cidadãos do mundo são convidados a disponibilizarem 67 minutos – um minuto para cada ano que Mandela trabalhou pela causa pública -, para ajudar os outros.

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Reportagem do dia 18/07/2013 que demonstra um pouco o que a figura de Mandela significa para a população sul africana – e até mesmo mundial.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=f1K2vdTBKvE

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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as

pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”

(Nelson Mandela)

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Bibliografia

ILIFFE, John. "Industrialização e raça na África do Sul". In: Os africanos: história dum continente. Lisboa: Terramar, 1999.

JONGE, Klaas de. África do Sul: apartheid e resistência. São Paulo: Cortez, 1991.

MAGNOLI, Demétrio. África do Sul – capitalismo e apartheid. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 1998.

PEREIRA, Francisco J. Apartheid: o horror branco na África do Sul. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Disciplina: Didática

Professora: Rachel Colacique

Alunos: Bruno Godinho e Caroline Arosa