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Mar/Abr’12 Jesus esteve no deserto pág. 6

Godzine 07 (Março / Abril 2012)

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A Revista da juventude que acredita - www.cristojovem.com

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Mar/Abr’12Jesus esteve

no desertopág. 6

Indíce

1Notade abertura

2Youcat

4Parábolas

85 minutoscom o Mestre

10Folhados santos

18JMJ Rio2013

22Juventudeque acredita

14A tuapalavra

NOTA DE ABERTURA 1

Olá Juventude que acredita!

Esta edição da GODzine chega até vós já no tempo Quaresmal.Sendo este um tempo normalmente dedicado à reflexão e oração, esperamos que este número contribua para a vossa caminhada.Juntos como Igreja desejamos que cada um de nós fique mais próximo de renascer com Cristo.

Um abraço em Cristo Jovem,Nuno SousaSara Amaral

4Parábolas

6Dialetosda Palavra

16Cristo JovemBrasil

Quaresma,tempode Godzine

14A tuapalavra

Youcatpara ler e partilhar

Em 2005, durante a sessão oficial de apresentação do Compêndio do Cate-cismo da Igreja Católica em Viena, uma jornalista pediu a palavra e dirigiu-se ao cardeal Schönborn, um dos responsáveis pela obra: «Vossa Eminência, eu gostaria muito de oferecer o Catecismo aos meus filhos, mas eu não vou comprar este Compêndio, pois ele é totalmente incom-preensível para os jovens.»

Estava lançado o desafio que conduziu ao nascimento do YOUCAT. O cardeal Schön-born tomou aquele desabafo como uma missão à qual deveria responder com êxito. Mas como? Pelo visto, dinamizar o conteúdo do Catecismo da Igreja com perguntas e respostas não era o sufi-ciente. Os jovens de hoje, habituados ao hipertexto, à realidade virtual, às redes sociais, aos blogues e videojogos querem mais. De facto, não é o jovem que precisa de se adaptar à linguagem da Igreja, mas a Igreja que precisa de apresentar o seu conteúdo de formas variadas e novas. O jovem de hoje optou por ser cristão e não o recebeu simplesmente como uma he-

rança cultural, por isso merece ser aten-dido, pensou o cardeal.

Não, não era suficiente apresentar o conteúdo da fé cristã em perguntas e respostas. Era preciso ter imagens, sím-bolos fortes com os quais os jovens se identificassem. Era preciso ser atraente, colorido, descontraído, hipertextual, de acordo com a nova simbologia da gera-ção digital. Era preciso envolver o jovem desde o início. Em pouco tempo aquela semente lançada por uma jovem jornalis-ta começou a criar raízes.

Surgiu um pequeno personagem que per-corre todo o YOUCAT (por sinal, ele ainda precisa de ser batizado, que tal sugerir algum nome!) e conduz a nossa leitura. Surgiram colunas laterais que complemen-tam as respostas com citações da Bíblia, de santos e de grandes escritores, além de algumas definições importantes: alguém faz ideia do que significa embulismus? Pois está lá na página 287. Ou qual a origem da palavra transubstanciação (p. 129) ou dog-ma (p. 90) ou mesmo rosário (p. 266)?

Ir. Darlei Zanon | Religioso paulista, editor do YOUCAT para a língua portuguesa

YOUCAT 2 / 3

Depois vieram as fotos, muitas fotos, adaptadas a cada país e ao jovem de todo o lado. «Uma imagem vale por mil palavras», diz o ditado. Pois é ver-dade. O jovem de hoje é a geração da imagem, «iconocêntrico» diriam alguns estudiosos. Da centralidade do discurso passou à centralidade da representação, do ícone, da imagem. Identifica-se com

as imagens. O YOUCAT responde a esta transformação, obviamente sem deixar de lado o essencial, que é o conteúdo do magistério e da Tradição.

Exatamente por ser muito dinâmico, o YOUCAT possibilita muitas formas de lei-tura e de partilha do seu rico conteúdo. Sozinho ou em grupo, no quarto ou na igreja, nas redes sociais ou num café, o im-portante é ler, refletir, discutir, partilhar. O importante é experimentar e ser criativo. Na Internet (www.paulus.pt ou www.youcat.org) encontrarás muito material complementar que pode ajudar na leitu-ra e aprofundamento. No iPhone e iPad podes também utilizar gratuitamente o aplicativo YOUCAT. Vale a pena uma visita ao sítio Web www.youcat.org (em portu-guês e noutras sete línguas) para ver as novidades, procurar grupos de estudo e descobrir muitas iniciativas novas.

Por falar em novidade, no próximo mês veremos porque o YOUCAT é um ótimo subsídio para a Nova Evangelização. Não percas.

“Exatamente por ser muito dinâmico, o

YOUCAT possibilita muitas formas de leitura e de partilha do seu rico

conteúdo. Sozinho ou em grupo, no quarto ou na igreja, nas redes sociais

ou num café, o importante é ler, refletir, discutir,

partilhar. O importante é experimentar e ser

criativo.”

Sugestões de navegação:www.youcat.orgwww.paulus.ptwww.cristojovem.com/youcat

Desde que fui ordenado padre, a minha congregação encarregou-me de fazer um trabalho que gosto imenso; Visito escolas onde, a convite dos professores de EMRC,

procuro elucidar os alunos sobre a reli-gião, sobretudo o catolicismo.Como deves calcular este trabalho pode ser muito combativo, sobretudo porque

MATEUS 10, 24-31

O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do senhor. Basta ao discípulo ser como o mestre e ao

servo ser como o senhor. Se ao dono da casa chamaram Belzebu, o que não chamarão eles aos familiares! Não os

temais, portanto, pois não há nada encoberto que não venha a ser conhecido. O que vos digo às escuras,

dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido, proclamai-o sobre os terraços.

Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode fazer perecer na Geena o corpo e a alma. Não se vendem dois pássaros

por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! Quanto a vós, até

os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! Não temais, pois valeis mais do que muitos pássaros.»

Vivercomo Cristo,viver comoo Mestre

Texto: Pe. Ricardo José, scjIlustração: Solange Costa

PARÁBOLAS 4 / 5

há alunos que não tem “papas na língua” e dizem o que pensam sobre a religião, sobre o sacerdócio... e ainda bem que o fazem.Há tempos, numa destas visitas às escolas, fui interpelado por uma professora: “O que faz aqui um padre? A escola é laica! Não tem nada de andar por aqui!”. Estas expressões foram como gelo no ambiente da sala de professores, criando nos pre-sentes uma divisão entre os que estavam a favor e os que eram contrários.A resposta à professora, não fui eu que a dei. Foi a própria professora que a recebeu da parte dos seus alunos na aula de Direc-ção de Turma. Na quinta-feira, a mesma professora veio ter comigo e contou-me o que os alunos lhe tinham dito que tinham gostado imenso da aula de EMRC que eu tinha dado. A professora acabou por elo-giar-me, imaginem só, por ter a coragem de fazer aquele trabalho.Não o disse à frente daquela professora, mas pensei depois quando conduzia para casa! Não, não se trata de coragem, trata--se de ser coerente com a minha fé, nem é

uma questão de ser padre, é uma questão de ser cristão. Aliás, creio que sempre foi.O cristão é aquele que não pode estar ca-lado em relação à sua fé. Mas também, vamos ser honestos, não chega. O cristão não se pode calar em relação a este con-texto económico, aos milhares de desem-pregados, a salários sem serem pagos. Os cristãos tem de estar no meio dos “indig-nados” com eles chocados pelo estado da nossa justiça e do nosso ensino. Não se trata de anunciar a palavra de Deus, trata-se de a fazer viva, no meio da vida de quem connosco partilha a mesma terra, as mesmas preocupações. Dizer-lhes que valem mais que um simples passarinho, e com eles lutar pela dignidade que mere-cem.A fé que eu vivo, tantas e tantas vezes às escuras não a posso deixar calada, tenho de a anunciar, sempre e em todas as oca-siões, mas sobretudo com a minha vida. Ser cristão não é um simples “Credo” é viver como Cristo, como o Mestre.Afinal eu também aprendi imenso naque-la escola, e tenciono lá voltar.

“Jesus esteveno deserto”

“O Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto.

Jesus esteve no deserto quarenta dias e era

tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos

serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus

partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo:

«Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e

acreditai no Evangelho». (Mc 1,12-15)

Está na moda, hoje em dia, apostar em desportos e atividades radicais para se

sentir e saborear a vida ao máximo. E quem alinha nesta onda, sabe que não se pode ficar por palavras vãs ou bons propósitos mas tem de se preparar, cuidar de tudo com pormenor e tomar consciência que a tarefa é árdua e exige muito esforço, persistência e determina-ção. Só assim se pode alcançar a meta e gozar o prémio.Jesus abraçou também um projeto ra-dical: anunciar o Reino e torná-lo reali-dade entre nós. E para isso deu tudo e deu-se a si mesmo. E não o fez de âni-mo leve ou por um mero entusiasmo momentâneo. Assumiu-o e levou-o fiel-mente até ao fim. Mas para isso preci-sou de se preparar, gastar tempo com o que era importante. Diz-nos o evangelis-ta Marcos que Jesus foi para o deserto e por lá esteve quarenta dias.O deserto é, na linguagem bíblica, o lu-gar privilegiado do encontro com Deus mas é também o espaço da prova e da tentação. O “deserto” para onde Jesus

Pe. Nuno Westwood

DIALETOS DA PALAVRA

“vai” é, portanto, o “lugar” do encon-tro com Deus e do discernimento dos seus projetos; e é o “lugar” da prova, onde se é confrontado com a tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos. Aí Jesus confrontou-se com duas propostas de vida: ou viver na fi-delidade aos projetos do Pai, fazendo da sua vida uma entrega de amor, ou frus-trar os planos de Deus, enveredando por um caminho de poder, ao jeito dos grandes deste mundo. E Jesus escolheu viver na obediência às propostas do Pai; da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia, um mundo novo que reproduz o plano original de Deus. É o tal Reino que Jesus anuncia ter chegado.Desta forma, S. Marcos, no Evangelho, acaba de nos dar, a agenda para o próxi-mo mês e meio: quarenta dias de deser-to. Porque no deserto, no despojamento voluntário, as tentações aparecer-nos--ão com mais clareza… No deserto, so-mos convidados a afastarmo-nos volun-

tariamente de (algumas) coisas de todos os dias, coisas que, também todos os dias, alimentam a nossa vida (sentidos, necessidades, gozos, facilidades e emo-ções…), coisas que ali serão mais escas-sas e, eventualmente, substituídas por outras ‘mais selvagens’! Será por acaso que quando decidimos, por exemplo, fazer algo verdadeiramente necessário, sempre nos aparece algo ‘mais impor-tante’ e sempre adiamos mais um pou-co?Oxalá este tempo de quaresma seja para cada um de nós um tempo que, em de-serto, nos conduza ao arrependimento e a acreditar mais – claro! – na Boa Nova que Jesus no traz, Ele que também ex-perimentou o deserto, após o qual Se lançou no anúncio do Reino. Ao atraves-sarmos este deserto de quarenta dias, seguindo as pegadas de Cristo, por certo haveremos de sentir e saborear que o Reino de Deus está próximo, está bem perto de mim!

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Os Mandamentosda Lei de Deus são(in)compatíveiscom a nossa liberdade

Os mandamentos são a carta magna dos Cristãos de ontem, de hoje e de sempre. São as leis mais perfeitas alguma vez re-digidas, e seguidas de verdade, tornar--nos-iam pessoas de facto impecáveis.

Nos dias que decorrem poderá parecer inoportuno falar deste assunto. Não o acho. Antes pelo contrário, acho que nunca foi tão necessário recordar este «decálogo» que surgiu no século XIII a.C., mas que mantém uma actualida-de extraordinária, tendo como grande objectivo o de nos ajudar a estar bem com Deus, com os outros e connosco próprios.

Infelizmente, muitos são aqueles que se co-locam à margem da Igreja, acusando-a de não os deixar viver segundo a sua consciên-cia, porque muita gente foi criada em famí-lias com um modo de pensar totalmente diferente do que hoje vigora, e numa Igreja também já muito diferente. Há bastante tempo atrás, as coisas eram impostas e agia-se segundo o que estava escrito. Por isso, hoje, muita gente diz que vivenciar e orientar a sua vida à luz dos Mandamentos da Lei de Deus está fora de questão por-que estes restringem a sua liberdade. Pois bem, este tipo de afirmações é totalmente falso, e não se pense que é fora da Igreja que somos totalmente livres, pois se Cristo

Adriano Batista

5 MINUTOS COM O MESTRE 8 / 9

é o nosso farol, é ele que ilumina as nossas consciências e liberta as nossas vidas.

Os mandamentos podem ser comparados aos sinais de trânsito, que nos indicam e ajudam a circular nas estradas de forma se-gura. Se nos restringirmos ainda mais, e nos focarmos apenas nos semáforos, quando o sinal vermelho está aceso, os condutores ficam por vezes impacientes por terem de parar. Contudo, acabam por perceber que essa paragem salvaguarda a sua vida e a dos outros condutores e peões. E assim acontece com Deus, que ao formular de forma negativa os mandamentos, nos cha-ma à atenção dizendo onde está o perigo

de nos afastarmos d´Ele, dos outros e de nós próprios, através dos inúmeros tipos de escravidão que existem. A grande finalida-de dos mandamentos é sempre a liberta-ção do homem, de tudo o que o corrompe.Sem dúvida que podemos afirmar que vi-vendo os mandamentos, não ficamos pri-vados de qualquer liberdade, pois quem assim pensa confunde liberdade com li-bertinagem. Libertinagem é fazermos o que queremos mesmo que para isso se transgridam leis. Liberdade é agirmos e optarmos pelo que devemos, pelo que está correcto. Portanto, os mandamentos ajudam-nos a viver a nossa liberdade no sentido mais pleno.

DanielComboni

Comboni, fascinado com o que ouvira, sentiu em si a sua

vocação missionária a crescer e decidiu

consagrar a sua vida à evangelização do

continente africano.

FOLHA DOS SANTOS

Os Santos são os heróis da Igreja Ca-tólica, não porque têm super poderes, mas porque na sua vida seguiram o exemplo de Cristo e entregaram a sua vida a causas que visam servir o próxi-mo. São uma referência para nós. Um modelo de vida cristã.

Daniel Comboni nasceu a 15 de Março de 1831, em Limone sul Garda, Itália.Desde criança, sentiu o desejo de ser missionário e de ir para o Japão. Sen-tiu um grande entusiasmado ao ler o livro «Os Mártires do Japão», cujo relato descreve a morte, nesse país, de mais de duzentos cristãos, entre bispos, padres e leigos, no início do século XVII.

Hoje em dia é fácil admirar estes már-tires e citá-los como exemplo. Mas desejar ter a mesma missão, privar-se de conforto, correr o mesmo risco de morte é algo completamente diferen-te e ousado. (contra mim falo)

Com 18 anos era aluno do Colégio do padre Nicolau Mazza, um local que acolhia as crianças pobres, para que

estas pudessem continuar os seus es-tudos. Nessa altura, conheceu o padre Vinco, um missionário que regressava do continente africano. Este falou-lhe daquelas terras por explorar, onde povos inteiros morriam de fome ou com doenças. E do flagelo do comér-cio de escravos. Referiu também que muitos cristãos tinham tentado chegar aqueles locais remotos e aos seus po-vos para que os evangelizassem. Mas muitos acabavam por falecer devido ao cansaço e às doenças tropicais. E os outros regressavam à Europa doen-tes e desanimados. Este testemunho tocou-o profundamente.Comboni, fascinado com o que ouvira, sentiu em si a sua vocação missioná-ria a crescer e decidiu consagrar a sua vida à evangelização do continente africano. Para realizar o seu desejo teve de esperar até aos 26 anos de idade, quando, já padre, parte para a África com mais cinco companheiros, em Setembro de 1857.

É impressionante a força que a voca-ção consagrada e missionária tem. Ela cresce no coração e impelida pelo

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Espírito Santo, ela envia os que a pos-suem para ajudar o próximo. É natural que o mundo a tente combater, por-que viver em prol dos necessitados, nos dias que correm (acho que sempre até) é considerado loucura.

O padre Oliboni, era o o chefe da ex-pedição missionária. Infelizmente, passado um mês depois que chegaram à missão de Santa Cruz faleceu. Mas antes de morrer disse aos seus com-panheiros: «Mesmo que fique um só de vós, não desanimem! Deus quer a Evangelização dos africanos». Com es-tas palavras, naquele momento e no seu íntimo, Comboni fez um juramen-to. «Ou África ou Morte».De 1862 a 1864, Comboni percorre a Itália e vários países da Europa com o intuito de recrutar, cristãos europeus

para a tarefa de evangelizar África. Foram dois anos decisivos, pois con-segue estabelecer contactos, recolher fundos, encontrar colaboradores e acolher ideias para elaborar um plano. Foi assim que a 15 de Setembro de 1864 surgiu o «Plano para a Evangeli-zação da África Central». Este “plano” consistia numa orientação: os missio-nários deviam ir para África, não para se instalar, mas para criar as condições que levassem os próprios africanos a serem evangelizados e irem, também, eles próprios evangelizar África. O lema era: «Salvar a África com África». Comboni, defendia as palavras de Cris-to: que somos todos irmãos, sem dis-tinção entre brancos e negros. E con-cluía, para que a Igreja seja de verdade universal, falta-lhe ainda a presença dos africanos.

Era um plano ambicioso e continua a ser. Pois não é preciso explicar o que se passa em Africa, está à vista de to-dos, falado, mostrado e repetido vezes sem conta. A miséria, a fome, a guerra e a corrupção. Com o mundo moderno a ignorar e a olhar para o lado.

Com estas palavras, naquele momento

e no seu íntimo, Comboni fez um juramento.

«Ou África ou Morte».

Em 1867, Comboni fundou o Instituto para as Missões Africanas, hoje cha-mado Missionários Combonianos do Coração de Jesus.Em 1872, funda as Pias Mães da Nigri-cia, hoje Irmãs Missionárias Combo-nianas. Em 1877 foi nomeado bispo da África Central.

Comboni faleceu no dia 10 de Outu-bro de 1881, em Cartum, com o peso do cansaço e das febres. Deixou esta mensagem aos seus companheiros: «Coragem no presente, mas sobretu-do no futuro. Eu morro, mas a minha obra não morrerá!»

Hoje em dia a sua obra conta com 1783 missionários no mundo. 16 são bispos, cerca de 1301 padres, 299 irmãos e 167 professos com votos temporários. Trata-se de uma congregação interna-cional com membros provenientes de 33 nações. Estão presentes em 30 paí-ses de quatro continentes. (números de 1 de Janeiro de 2005)

Os Combonianos portugueses são 97: 74 padres e 23 irmãos. Com mais de

uma centena de jovens e adolescentes que estão a preparar-se para a vida missionária. Têm casas em Viseu, V. N. de Famalicão, Maia, Lisboa, Coimbra e Santarém. Editam as revistas Além--Mar e Audácia e o jornal Família Com-boniana como instrumento de anima-ção missionária.

A todos eles um forte Bem-Haja e um abraço fraterno com votos de boa con-tinuação na missão que lhes foi con-fiada.

Para mais informações visitem o site dos Missionários Combonianos em Portugal (o mesmo que serviu de fonte a esta pequena Biografia: www.combonianos.pt

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Hoje em dia a sua obra conta com 1783

missionários no mundo. 16 são bispos, cerca de

1301 padres, 299 irmãos e 167 professos com votos

temporários.

Para que o titulo desta reflexão tenha sen-tido, acho que é importante relembrar – e repensar - o significado dessa palavra que, se não muda a nossa vida, está a ser mal utilizada. Mais de uma vez, a meio de alguma conversa com novos amigos surge a pergunta: “Mas tu és crente?”... e fica-mos atrapalhados porque nem sabemos bem o que é ser crente, nem sabemos se sabemos sê-lo bem. O que é certo é que uma pergunta como essa faz-nos pensar na nossa fé, nas nossas crenças, no senti-do das nossas opções,...

Perdido no meio de tantas perguntas, re-solvi dar uma espreitadela ao Evangelho para ver como é que os primeiros “cren-tes” viviam tudo isto. A primeira desco-berta foi que “crente” está longe de ser a melhor palavra para descrever a relação dos primeiros seguidores de Jesus com o seu Mestre. Penso que as alternativas mais acertadas seriam “amigo” e “discípu-lo”, ou melhor, as duas coisas juntas. Jesus chamou-os para que estivessem com Ele

e para enviá-los a anunciar a Boa Nova (Mc 3, 14), ou seja, para conviver com Ele, conhecê-Lo, calcar os mesmos caminhos e depois partir para que a própria vida fosse testemunho da Vida que tinham experi-mentado.

Um destes relatos vocacionais ajudou-me a captar melhor a idéia. Certo dia, dois ho-mens que seguiam Jesus perguntaram-lhe onde vivia, ao que Ele respondeu: “vinde e vereis” (Jo 1, 35-42). O texto continua di-zendo que eles foram, viram onde vivia e passaram o dia com Ele. Depois correram

Crer ou não crer,eis a questãoFábio Oliveira

A questão sai da boca de Jesus: “Queres ser meu amigo? Estás disposto a entrar na aventura

arriscada de percorrer ao meu lado os caminhos de

Deus?”

para contar a todos a experiência que ti-nham tido, experiência que os levou a dei-xar tudo o que tinham para passar a viver ao estilo de Jesus.

Ao contemplar o caso destes primeiros amigos e discípulos de Jesus dei-me con-ta que na relação que tinham com Ele, as suas “crenças” passavam para um segun-do plano. O importante era a sua pessoa com uma historia, sentimentos, feridas e aspirações, porque o que Jesus fazia era estabelecer uma relação pessoal com cada um, onde os olhares, os gestos, a proximidade e a escuta profunda tiravam o lugar às palavras. Depois deste contacto, cada um escolhia se queria continuar a vi-ver como antes, ou deixar-se transformar pela nova vida que Jesus oferecia. Em de-finitiva, o que mudava a vida dos primei-ros discípulos era a relação com Jesus e a adesão à sua pessoa e ao seu projeto. Mais tarde chegou a Teologia e a dogmá-tica, importantes para transmitir a mensa-gem da vida de Jesus, mas vazias se não

são acompanhadas por uma experiência real de que Ele nos fala ao coração e nos faz vibrar e comprometer-nos com o seu Reinado de justiça e fraternidade. Acredi-tar num conjunto de verdades não deixa de ser algo estático e isso choca com as propostas de Jesus que levavam sempre a um grande dinamismo interior. Jesus não propunha um catecismo, propunha um caminho. Crer ou não crer... será realmente esta a questão? Se “crer” é sinónimo de aceitar mais ou menos convencido uma série de dogmas ou teorias, sem que isso mexa com a totalidade da tua pessoa e te faça reorganizar toda a tua vida segundo os critérios de Jesus, então atrevo-me a dizer que “crer ou não crer” não é a questão. Neste caso, qual é a questão? A questão sai da boca de Jesus: “Queres ser meu amigo? Estás disposto a entrar na aventu-ra arriscada de percorrer ao meu lado os caminhos de Deus?”O que é que vais responder? Esta é a questão!

A TUA PALAVRA 14 / 15

Olá “juventude que acredita”, tudo em paz com vocês?

Hoje venho partilhar um pouco daquilo que me cativou e me atingiu de forma intensa ao ler a mensagem de Bento XVI para o 46º Dia das Comunicações Sociais ocorrido em janeiro deste ano.

Nessa mensagem o Papa reflete sobre a cultura da comunicação contemporâ-nea. Após ler sua carta pude perceber o quão importante é, principalmente para nós jovens, silenciar e contemplar antes de exprimir qualquer tipo de pergunta, sentimento e/ou ação. É pelo silêncio e reflexão que encontraremos as respos-tas para os anseios e questionamentos

surgidos em nosso coração e por essa mesma via é também possível orientar ao irmão que necessita, muitas vezes, “ouvir de Deus” através de nós. “O silên-cio é precioso para favorecer o neces-sário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focar as perguntas verdadeiramente importantes...” (Bento XVI)

O Papa também nos mostra que o silên-cio é um forte meio de demonstração de respeito e amor para com os outros. No silêncio, é possível escutar o outro, e é importante que à palavra do outro seja tratada como prioridade.

Desejo que através do silêncio surja em nós uma Palavra viva que nos impulsio-ne a comunicar a Boa Nova do Senhor para a humanidade que anseia por mais de Deus.

Em Cristo que é jovem,Roberto Alves

Palavra e silênciono coração jovem

No silêncio, é possível escutar o outro, e é

importante que à palavra do outro seja tratada

como prioridade.

Roberto Alves

CRISTO JOVEM BRASIL 16 / 17

Quando falamos em quaresma, além de pensar no jejum também é tempo de pensar em nossa conversão. Apesar de ter que buscar essa mudança cotidiana-mente, a quaresma é o tempo que a Igre-ja nos prepara de um modo especial para a vivência disso.

Desde o princípio, quando Deus quis tra-zer um tempo novo para o Seu povo, Ele sempre escolheu alguém para começar esse processo. Foi assim no caso de Moi-sés em seus 40 anos de deserto para li-bertar o povo, com Noé e sua arca em 40 dias de dilúvio e com Jesus nos 40 dias de deserto para começar sua vida pública. O número 40 é o símbolo que representa biblicamente a espera desse novo tempo e hoje esse tempo de novidade é trazido para nós por que Deus nos escolhe para

“o novo” e entendendo isso a Igreja nos convida a viver um tempo de reflexão e de mudança de vida.

A quaresma é tempo de nos retirarmos do mundo para vivermos uma intimida-de com Deus. São 40 dias que devemos nos direcionar às melhoras e curas dos traumas de nossa vida para que possa-mos viver o novo do Senhor junto de Sua ressurreição.Sim, haverão tentações! Jesus, em seu deserto, sofreu todas as necessidades físicas e espirituais de um humano e nos mostrou que é possível vencer e superar. Por isso, não tenha medo, nós nascemos para vencer e vamos conseguir!

Volte seu coração para Deus, olhe para dentro de si, isso é difícil e dói, mas viva esse tempo de recolhimento e você ex-perimentará Deus de uma forma nunca sentida antes.

Se cuide em Deus,Fer Mininelli

Quaresma,o tempo do novo

A quaresma é tempo de nos retirarmos do mundo para vivermos uma intimidade

com Deus.

Fernando Mininelli

Tive uma oportunidade de ouro em ja-neiro: ver uma situação que o Brasil pós--JMJ terá para administrar.Esse ‘feedback’ (se me permitem assim nomeá-lo), veio na peregrinação dos sím-bolos da JMJ em Pernambuco.Até então, com raros momentos, eu só tinha acompanhado a festa em torno aos símbolos. Os jovens, os testemunhos, a emoção de receber tais presentes do Beato João Paulo II nas suas dioceses, ci-dades, até mesmo para os de mais sorte, nas suas paróquias.Em Pernambuco, fui com os símbolos em dois presídios: Barreto Campelo, na cidade de Ilha de Itamaracá, e a FUNASE (para menores infratores) na cidade de Abreu e Lima, ambas na Arquidiocese de Olinda e Recife.No dia anterior, acompanhei a festa dos jovens com os símbolos, lotando o Mar-co Zero do Recife em plena segunda-feira (realmente de surpreender). No outro dia, fomos aos presídios.

No Barreto Campelo, nós entramos com os símbolos no presidio e, chegando em um certo ponto passamos simbolicamen-te a custódia deles para os detentos. Fi-zeram um momento de partilha e oração em frente à capela, com cantos, poesias e momentos de partilha, pelas autoridades publicas, membros da Pastoral Carcerária e por alguns detentos que espontanea-mente se manifestaram.

Mas aí não ficamos apenas ali na capela. Com os símbolos, entramos em todas as áreas do presidio. De certa forma, as con-dições ali infelizmente dificultam ainda mais qualquer trabalho de ressocializa-

“Estive presoe foste me visitar.”E outros também foram?Lucas Monteiro

Porém, aqueles jovens tinham um olhar que, eu não consigo achar outro adjetivo senão

olhar de “derrota”.

JMJ RIO 2013 18 / 19

Peregrinação dos símbolos da JMJ na FUNASE em Abreu e LimaFoto: Lucas Monteiro

ção que se possa promover. E isso não é exclusividade apenas desse presidio, mas de muitos Brasil afora. Em uma entrevis-ta, o presidente do Supremo Tribunal Fe-deral (equivalente ao Supremo Tribunal de Justiça, em Portugal), ministro Cezar Peluso, disse que a taxa de reincidência no Brasil chega a 70%. Ou seja, 7 em cada 10 libertados voltam ao crime. É um dos maiores índices dos mundo. - conclui. (fonte: site Última Instância)Imaginem o legado social que temos, a nossa responsabilidade perante a socie-dade para diminuir essa taxa de reinci-dência.

Porém, a visita que mais me impressio-nou, sem dúvida, foi na FUNASE.Fundação de Atendimento Socioedu-cativo. Uma vez, nessas andanças pelo Brasil, me comentaram que “o olhar cura”. Porém, aqueles jovens tinham um olhar que, eu não consigo achar outro adjetivo senão olhar de “derrota”. Jo-vens que perderam a juventude, que es-tão reclusos. Muito provavelmente tem a família desestruturada, não recebe-ram formação adequada (digo educação e orientação), não tiveram oportunida-des senão aquelas que o crime oferece. São detidos, cumprem as suas penas, saem de lá e, por vezes, não encontram oportunidades para praticar a ressociali-zação. A nossa sociedade recrimina pes-

soas que foram presas, não dá oportuni-dades para que saiam da vida do crime. Constato que nós, enquanto sociedade, não estamos preparados para direcionar esses jovens. Não porque precisamos de que alguém nos prepare mas nós, enquanto sociedade, devemos acordar para essa realidade.

Penso - opinião pessoal - que a taxa de reincidência pode diminuir muito se nós favorecermos a dignidade humana. Não abrir mão da justiça, dos instrumentos legais que temos, mas ter segurança com assistência social. Se nós chegamos a esse ponto critico foi por anos de descaso com a nossa juventude. Fomentar a cul-tura, não uma cultura alheia à realidade deles, porque há manifestação cultural nos rincões mais esquecidos pela nossa sociedade e, por vezes, uma cultura be-líssima! Estar do lado da juventude, que logo sucederemos a essa geração que aí está. Que rumos queremos para o nosso Brasil? O que, com as peculiaridades de cada região, podemos fazer para pensar o Brasil?

A JMJ, em si, deixará um legado para o nosso país. E eu tive a oportunidade de ver um pouco dele há um ano e meio dela acontecer.

Recebe-me Senhor...com tudo o que sou

Há músicas que são autênticas orações e que pela sua profundidade nos marcam e nos seguem para toda a vida. Com o lançamento da playlist do Festival Jota no portal Cristo Jovem, voltei a escutar a Claudine cantar (e a orar) “Com tudo o que sou” e, perdido entre pensamentos e considerações, acabei por perceber a ligação desta música a este tempo tão importante que vivemos, a Quaresma.

Para ajudar neste processo de discer-nimento, lancei no fórum Cristo jovem uma questão: “Numa palavra o que sig-

Miguel Mendes

JUVENTUDE QUE ACREDITA 22 / 23

nifica Quaresma?”. Conversão, reflexão, caminho e oportunidade foram algu-mas das palavras que surgiram e embo-ra diferentes, todas elas acabam por se mover através de uma coisa: Oração.

E chegando a essa conclusão, e analisan-do o exemplo que o próprio Jesus nos deu ao estar 40 dias em oração e comu-nhão com o Pai no deserto, acabamos por perceber que a raiz da Quaresma é a oração, uma oração que nos irá preparar para essa “Vida Nova” que a Ressurrei-ção de Cristo trouxe a todos os cristãos.

E é por isso que esta canção me marca tanto, especialmente neste período de Quaresma...

“Aqui estou Senhor, com tudo o que sou, com os meus defeitos, qualidades, fraquezas, mas eis-me aqui, disposto a converter-me, reflectir, caminhar... Aju-da-me a aproveitar esta oportunidade para que em Ti possa alcançar em Vida Nova plena do Teu Amor. Aceita-me, recebe-me...”

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