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GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVIST A Reginaldo Arcuri, presidente da ABDI, mostra como o governo pretende tirar a Política de Desenvolvimento Produtivo do papel ANO 56 # 224 AGOSTO/SETEMBRO 2008 Revista do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Goiás A MAIS NOVA ONDA AMBIENTAL NA INDÚSTRIA MINÉRIOS, ÁLCOOL, COUROS, ALIMENTOS. EM PRATICAMENTE TODAS AS ÁREAS, O INVESTIMENTO EM PRODUÇÃO AMBIENTALMENTE CORRETA GANHA STATUS ESTRATÉGICO

GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

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Page 1: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁSINDUSTRIAL ENTREVISTA

Reginaldo Arcuri, presidente da ABDI, mostracomo o governo pretende tirar a Política deDesenvolvimento Produtivo do papel

ANO 56

# 224AGOSTO/SETEMBRO 2008

Revista do Sistema Federação dasIndústrias do Estado de Goiás

A MAIS NOVA ONDA AMBIENTAL NA INDÚSTRIAMINÉRIOS, ÁLCOOL, COUROS, ALIMENTOS. EM PRATICAMENTE TODAS AS ÁREAS, OINVESTIMENTO EM PRODUÇÃO AMBIENTALMENTE CORRETA GANHA STATUS ESTRATÉGICO

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GOIÁS INDUSTRIAL 3

de desenvolvimento sustentável nasindústrias, e representa a Federaçãoperante as instituições públicas e privadasem questões ambientais.

Integrantes do Sistema Fieg, comoSesi, Senai, IEL e ICQ Brasil, por sua vez,realizam atividades práticas e contínuasnesse setor.

O Sesi assessora empresas naeducação ambiental de seustrabalhadores. As palestras que ministrase desdobram em comitês internos demeio ambiente, aos quais assistepermanentemente. Além de elaborarcartilhas e outros materiais de divulgação,

Paulo Afonso [email protected]

Não é de hoje que meio ambiente élevado a sério e constitui preocupaçãoconstante no Sistema Federação dasIndústrias do Estado de Goiás. Nãopoderia ser diferente por se tratar detema extremamente relevante porrepresentar a própriasustentabilidade da vida no planeta. Emoutubro de 1986, há, portanto, quaseduas décadas, o Sesi inaugurava suacolônia de férias em Aruanã (UnidadeOperacional de Lazer Olavo CostaCampos), dotada de particularidade atéhoje única no Vale do Araguaia: umaestação de tratamento de esgotosanitário. Graças a ela, o Sesi nuncapoluiu as águas do grande rio.

Já em 1998, a Fieg criava umaComissão do Meio Ambiente, logotransformada no seu primeiro ConselhoTemático do Meio Ambiente, cujaatividade se intensifica sempre, ante osdesafios que vão surgindo e o incentivodos sucessos alcançados.

É o Conselho Temático do MeioAmbiente que discute as questõesrelacionadas à elaboração e execução depolíticas ambientais, seja em âmbitofederal, estadual ou municipal, propondoações e desenvolvendo articulações embenefício da atividade industrial, quandonecessário; define e orienta políticas eestratégias de trabalho das instituições doSistema Fieg, em temas relacionados aomeio ambiente; colabora para a cultura

Meio ambiente levado a sério

palavra do presidente

“Cada vez mais indústrias se conscientizam da necessidade de adoção de tecnologias limpas”

faz da educação ambiental matéria importantena sua rede de ensino.

O Senai dispõe de pós-graduação emgestão ambiental, para ampliar ascompetências nessa área, buscandoinstrumentalizar profissionais a alcançar forçacompetitiva para os desafios que as questõesambientais impõem à empresa, evidenciandoproblemas e alternativas de solução.

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) preparaempresas para certificação em gestãoambiental, de acordo com a norma ISO14.000, cabendo ao ICQ Brasil as auditar e certificar.

Assim, cada vez mais indústrias seconscientizam da necessidade de adoção detecnologias limpas, conciliando interessesprodutivos com as rígidas normas legaisambientais. Essa realidade inspira as negociaçõesda Fieg com várias instituições para criação, entrenós, de um centro de tecnologias limpas.

Recentemente, depois de anos denegociação conduzida pela Fieg junto àSecretaria de Meio Ambiente do Estado e aoConselho Estadual do Meio Ambiente,chegou-se à extensão do prazo de validadedas licenças ambientais, cuja duração mínimade dois anos foi ampliada para cinco anos.

Assim, avançamos, em Goiás, na buscado desenvolvimento sustentável, por meiodo uso racional dos recursos naturais, semcomprometer sua disponibilidade para asgerações futuras.

A GGooiiááss IInndduussttrriiaall , nesta edição, mostraempresas industriais que se conscientizaramdesse dever e, em termos de meio ambiente,até se adiantam às exigências das atuais leis ambientais.

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CAPA24 A indústria embarca na “terceira onda” dosinvestimentos ambientais também em Goiás,passando a adotar práticas que vão além dasexigências da legislação pertinente. O setor,incluindo mineradoras, produtores de agregadospara a construção civil e indústrias de couros,entre outras, investe em projetos sustentáveis,para consolidar sua presença no mercado econquistar novos espaços.

índice

ARRANJOS PRODUTIVOS

19 Depois de capacitar 276pessoas em Planaltina e 261em Santo Antônio doDescoberto, ao longo de 11meses, por meio do SenaiGoiás, o projeto de insta-lação do Arranjo ProdutivoLocal de Confecções nasduas cidades foi encerradocom êxito em agosto. SantoAntônio do Descoberto re-cebeu uma cooperativa, jáem plena produção, ePlanaltina deverá abrir, embreve, uma associação deconfeccionistas.

ZONA FRANCA

14 O governo de Goiáscorre contra o relógio paratentar a aprovação final peloConselho Nacional dePolítica Fazendária (Confaz)do processo de instalação deum entreposto avançado daZona Franca de Manaus emAnápolis. Segundo o se-cretário da Fazenda,Jorcelino Braga, todo oprocesso segue estritamenteo cronograma estabelecidopelos governos de Goiás e doAmazonas.

RECURSOS HÍDRICOS

12 Segundo a consultora Patrícia Boson, maisde 60% dos recursos descontados dashidrelétricas para a compensação pelo uso derecursos hídricos não chegam à AgênciaNacional das Águas (ANA), obrigando aredução de investimentos em baciashidrográficas. O dinheiro tem sido desviadopara o pagamento de juros da dívida pública.

ENTREVISTA8 Reginaldo Braga Arcuri, presidente daAgência Brasileira de DesenvolvimentoIndustrial (ABDI), considera que aeconomia brasileira atingiu avanços naconsolidação de seu parque produtivobem superiores aos de qualquer país daAmérica Latina. Ele detalha o caminho jápercorrido na implantação da Política deDesenvolvimento Produtivo (PDP).

RUMO AO INTERIOR

16 e 18 Alto Horizonte, noNorte goiano, Barro Alto eGoianésia, no centro doEstado, Mineiros eQuirinópolis, no Sudoeste, eSenador Canedo, na regiãometropolitana de Goiânia,deverão abrigar unidades doSesi e Senai em Goiás, comoresultado de parcerias como poder público ou com ainiciativa privada. No final dejulho, o Sesi inaugurou suamais nova unidade, agoraem Barro Alto, numa par-ceira com a Anglo American.

CAMPANHA

41 O Ministério Público deGoiás intensifica suaofensiva contra a“banalização” de desvios efraudes e registra númerocrescente de adesões àcampanha O que Você tema ver com a Corrupção?

Page 4: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIAL 7

SIAGOSindicato das Indústrias do Arroz noEstado de GoiásPresidente: Pedro Alves de OliveiraRua T-45, nº 60 - Setor Bueno -CEP 74210-160 - Goiânia - GOFone/Fax (62) [email protected]

SIFAÇÚCARSindicato da Indústria de Fabricaçãode Açúcarno Estado de GoiásPresidente: Segundo BraoiosMartinezPresidente-Executivo: André LuizBaptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim América- CEP 74290-130 - Goiânia - GOFone (62) 3274-3133 / Fax (62)3251-1045

SIFAEGSindicato das Indústrias deFabricação de Álcool no Estado deGoiásPresidente: Segundo BraoiosMartinezPresidente-Executivo: André LuizBaptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim América- CEP 74290-130 - Goiânia- GOFone (62) 3274-3133 e (62) 3251-1045 - [email protected]

SIMESGOSindicato da Indústria Metalúrgica,Mecânicae de Material Elétrico do SudoesteGoianoPresidente: Eurípedes FelizardoNunesRua Costa Gomes, nº 143 - JardimMarconal - CEP 75901-550 - RioVerde - GOFone/Fax (64) 3613-4810

SINROUPASSindicato das Indústrias deConfecçõesde Roupas em Geral de GoiâniaPresidente: Frederico MartinsEvangelistaRua 1.137, nº 87 - Setor MaristaCEP 74180-160 - Goiânia - GOFone/Fax (62) [email protected]

SINDUSCON-GOSindicato da Indústria daConstrução no Estado de GoiásPresidente: Roberto Elias de LimaFernandesRua João de Abreu, nº 427 - SetorOeste - CEP 74120-110 - Goiânia-GOFone (62) 3095-5155/Fax 3095-5176/[email protected]

DDiirreeççããoo

José Eduardo de Andrade Neto

CCoooorrddeennaaççããoo ddee jjoorrnnaalliissmmoo

Joelma Pinheiro

EEddiiççããoo

Lauro Veiga Filho

SSuubbeeddiittoorr

Dehovan Lima

RReeppoorrttaaggeemm

Andelaide Pereira, Célia Oliveira,

Geraldo Neto, Débora Orsida,

Divina Rosa,

Jávier Godinho

CCooll aabboorraaççããoo

Welington da Silva Vieira

FFoottooggrraaffiiaa::

Sílvio Simões

PPrroojjee ttoo ggrrááff iiccoo

Wesley Cesar

DDii aaggrraammaaççããoo ee pprroodduuççããoo

Clarim Comunicação e Marketing

Rua S-6 nº 129, Sala 01,

Setor Bela Vista

(62) 3242-9095

[email protected]

PPuubblliicciiddaaddee

SBF Produções

Sebastião Batista Filho

(62) 3293-2159

(62) 3233-1352

FFoottoollii ttoo ee iimmpprreessssããoo

Gráfica Talento

As opiniões contidas em artigos assinados são de

responsabilidade de seus autorese não refletem necessariamente

a opinião da revista

GOIASINDUSTRIALSistema FIEG Conselhos Temáticos

Outros endereços

SIAASindicato das Indústrias daAlimentação de AnápolisPresidente: Wilson de Oliveira

SICMASindicato das Indústrias daConstrução e do Mobiliáriode AnápolisPresidente: Ubiratan da Silva Lopes

SINDIFARGOSindicato das IndústriasFarmacêuticas no Estado de GoiásPresidente: Eduardo Gonçalves

SIMEASindicato das IndústriasMetalúrgicas, Mecânicase de Material Elétricode AnápolisPresidente: Elton de Teles Campos

SINDICERSindicato das Indústrias deCerâmica no Estado de GoiásPresidente: Laerte Simão

SIVASindicato das Indústrias do Vestuáriode AnápolisPresidente: José Vieira GomideJúnior

Anápolis

Federação das Indústrias do Estado de Goiás

PresidentePaulo Afonso Ferreira

Av. Araguaia, nº 1.544, Ed. AlbanoFranco, Casa da Indústria - Vila NovaCEP 74645-070 - Goiânia-GOFone (62) 3219-1300Fax (62) 3229-2975

Home page:www.sistemafieg.org.br

[email protected]

NÚCLEO REGIONAL DA FIEG EM ANÁPOLIS

Presidente: Waldyr O’Dwyer

Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A,Bairro Jundiaí, CEP 75113-630,Anápolis-GOFone/Fax (62) 3324-5768 / 3311-5565

E-mail:[email protected]

SESIServiço Social da IndústriaDiretor Regional:Paulo Afonso FerreiraSuperintendente:Paulo Vargas

IELInstituto Euvaldo LodiDiretor Regional: Daniel VianaSuperintendente: Paulo GalenoParanhos

SENAIServiço Nacional de AprendizagemIndustrialDiretor Regional: Paulo Vargas

ICQ BRASILInstituto de Certificação Qualidade BrasilDiretor Regional: Dan iel VianaSuperintendente: Paulo GalenoParanhos

SIAEGSindicato das Indústrias deAlimentação no Estadode GoiásPresidente: Sandro Antônio ScodroMabelFone (62) 3224-4253 / Fax 3224-9226 - [email protected]

SIEEGSindicato das Indústrias Extrativas doEstado de Goiás e do Distrito FederalPresidente: Nelson Pereira dos ReisFone (62) 3212-6092/Fax [email protected]

SIGEGOSindicato das Indústrias Gráficas noEstado de GoiásPresidente: Antônio de Sousa AlmeidaFone (62) 3223-6515/Fax [email protected]

SIMAGRANSindicato das Indústrias de RochasOrnamentais do Estado de GoiásPresidente: Carlos Queiroz de Paula eSilvaFone/Fax (62) 3223-6667

SINCAFÉSindicato das Indústrias de Torrefaçãoe Moagem deCafé no Estado de GoiásPresidente: Sávio Cruvinel CâmaraFone (62) 3212-7473/Fax [email protected]

SINDAGOSindicato dos Areeiros do Estado deGoiásPresidente: Carlos Alberto DinizFone/Fax (62) 3223-6667

SINDIALFSindicato das Indústrias de Alfaiataria eConfecçãode Roupas para Homens no Estadode GoiásPresidente: Daniel VianaFone (62) 3223-2050

SINDIBRITASindicato das Indústrias Extrativas dePedreirasdo Estado de GO, TO e DFPresidente: Fábio RassiFone/Fax (62) [email protected]

SINDICALCESindicato das Indústrias de Calçadosno Estado deGoiásPresidente: Flávio FerrariFone (62) 3225-6412/Fax [email protected]

SINDICARNESindicato das Indústrias de Carnes eDerivados noEstado de Goiás e Distrito FederalPresidente: José Magno PatoFone/Fax (62) 3229-1187 e [email protected]

SIMELGOSindicato das Indústrias Metalúrgicas,Mecânicas ede Material Elétrico do Estado deGoiásPresidente: Orizomar Araújo deSiqueiraFone/Fax (62) [email protected]

SIMPLAGOSindicato das Indústrias de MaterialPlástico no Estadode GoiásPresidente: Aurelino Antônio dosSantosFone (62) [email protected]

SINDICURTUMESindicato das Indústrias de Curtumese Correlatos do Estado de GoiásPresidente: João EssadoFone (62) 3213-4900/Fax [email protected]

SINDIGESSOSindicato das Indústrias de Gesso,Decorações, Estuques e Ornatos doEstado de GoiásPresidente: José Luiz Martin AbuliFone (62) [email protected]

SINDILEITESindicato das Indústrias de Laticíniosno Estado de GoiásPresidente: César HelouFone (62) 3212-1135/Fax [email protected]

SINDIPÃOSindicato das Indústrias de Panificaçãoe Confeitariano Estado de GoiásPresidente: Luiz Gonzaga de AlmeidaTelefax (62) [email protected]

SINDIREPASindicato da Indústria de Reparaçãode Veículos eAcessórios no Estado de GoiásPresidente: José Francisco de SouzaFone (62) [email protected]

SINDMÓVEISSindicato das Indústrias de Móveis eArtefatos deMadeira no Estado de GoiásPresidente: Manoel Paulino BarbosaFone/Fax (62) [email protected]

SINDTRIGOSindicato dos Moinhos de Trigo daRegião Centro-OestePresidente: André Lavor PagelsBarbosaFone (62) [email protected]

SININCEGSindicato das Indústrias de Calcário,Cal e Derivados no Estado de GoiásPresidente: José Antônio VittiFone/Fax (62) [email protected]

SINPROCIMENTOSindicato da Indústria de Produtos deCimentodo Estado de GoiásPresidente: Marley Antônio da RochaFone (62) 3224-0456/Fax [email protected]

SINDQUÍMICASindicato das Indústrias Químicas eFarmacêuticasno Estado de GoiásPresidente: Eduardo Cunha ZuppaniFone (62) 3212-3794/Fax [email protected]

SINVESTSindicato das Indústrias do Vestuáriono Estado de GoiásPresidente: José Divino ArrudaFone/Fax (62) [email protected]

Diretoria da FIEG Sindicatos com sede na Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG

PresidentePaulo Afonso Ferreira

1º vice-presidentePedro Alves de Oliveira

2º vice-presidenteWilson de Oliveira

3º vice-presidenteIvan da Glória Teixeira

1º secretárioHélio Naves

2º secretárioLuiz Gonzaga de Almeida

1º tesoureiroDomingos Sávio Gomes de Oliveira

2º tesoureiroAntônio de Sousa Almeida

DiretoresCésar HelouSegundo Braoios Martinez Ubiratan da Silva Lopes Marley Antônio da Rocha Joviano Teixeira Jardim Frederico Martins Evangelista Jorge Luiz Biasuz Meister Aluísio Quintanilha de Barros João Essado Flávio Paiva Ferrari Eduardo Cunha Zuppani Laerte Simão Luiz Antônio Vessani José Vieira Gomide Júnior Carlos Alberto Vieira Soares Fábio Rassi Sávio Cruvinel Câmara Elton Teles de Campos José Luiz Martin Abuli Eurípedes Felizardo Nunes Aldrovando D. de Castro Júnior José Magno Pato Domingos Vilefort OrzilRoberto Guimarães Mendes Raimundo Viana Dutra Carlos Alberto Diniz Humberto Rodrigues de oliveira Mário Renato G. de Azeredo

Conselho FiscalWaldyr O’DwyerDaniel VianaHeno Jácomo Perillo

Conselho de representantesjunto à CNIPaulo Afonso FerreiraSandro Antônio Scodro Mabel

Conselho de representantes junto à FiegAbílio Pereira Soares JúniorÁlvaro Otávio Dantas MaiaAnísio Queiroz de Carvalho Jr.Antônio Clóvis CarneiroCarlos Alberto DinizCarlos Alberto Vieira SoaresCarlos José de Moura JúniorCarlos Queiroz de Paula e SilvaCarlos Roberto de AraújoCarlos Roberto VianaCésar HelouCyro Miranda Gifford JúniorDaniel VianaDomingos Sávio G. de OliveiraDomingos Vilefort OrzilEduardo Cunha ZuppaniEduardo GonçalvesElton de Teles CamposEmílio Carlos BittarEurípedes Felizardo NunesFábio RassiFlávio Paiva FerrariFrancisco Gonzaga PontesFrancisco de Paula e SilvaFrederico Martins EvangelistaHenrique Wilhem Morg de AndradeHélio NavesHeno Jácomo PerilloJaime CanedoJair RizziJoão EssadoJoaquim Cordeiro de LimaJorcelino José Nunes NetoAurelino Antônio dos SantosJosé Antônio VittiJosé Divino ArrudaJosé Francisco de SouzaJosé Luiz Martin AbuliJosé Magno PatoJosé Romoaldo Maranhão NetoJosé Vieira Gomide JúniorLaerte SimãoLeonardo Jayme de ArimatéaLeopoldo Moreira NetoLuiz Antônio VessaniLuiz Gonzaga de AlmeidaLuiz RézioManoel Paulino BarbosaMário Drummond DinizMarley Antônio RochaMário Renato Guimarães AzeredoNelson Pereira dos ReisOnofre Andrade PereiraOrizomar Araújo de SiqueiraPaulo Afonso FerreiraPedro Alves de OliveiraPedro de Souza Cunha JúniorRoberto Elias de Lima FernandesRubens Luiz BernardesSandro Antônio Scodro MabelSávio Cruvinel CâmaraSebastião Elias BarbosaSegundo Braoios MartinezUbiratan da Silva LopesValdenício Rodrigues de AndradeWellington Soares CarrijoWilson de Oliveira

DesenvolvimentoTecnológico e InovaçãoPresidenteIvan da Glória TeixeiraVice-PresidenteMelchíades da Cunha Neto

Conselho Temático de Meio AmbientePresidenteHenrique W. Morg de AndradeVice-PresidenteDomingos Sávio Gomes de Oliveira

Conselho Temático de Infra-EstruturaPresidenteRoberto Elias de Lima Fernandes

Conselho Temático de PolíticaEconômicaPresidenteBeyle de Abreu Freitas

Conselho Temático de Relações doTrabalhoPresidenteHélio NavesVice-PresidenteOrizomar Araújo de Siqueira

Conselho Temático de Micro ePequena EmpresaPresidenteHumberto Rodrigues de OliveiraVice-PresidenteCarlos Alberto Vieira Soares

Conselho Temático deResponsabilidade SocialPresidenteAntônio de Souza AlmeidaVice-PresidenteMelchíades da Cunha Neto

Conselho Temático deAgronegóciosPresidenteAndré Luiz Baptista Lins Rocha

Conselho Temático de ComércioEExxtteerriioorr ee NNeeggóócciiooss IInntteerrnnaacciioonnaaiissPresidenteHeribaldo EgídioVice-PresidenteAlberto Borges

Conselho Temático Fieg JovemPresidenteAlexandre CostaVice-PresidenteMarduk Duarte

Rede Metrológica GoiásPresidenteHeribaldo Egídio

expediente sindicatos

Av. Anhanguera, nº 5.440, Edifício José Aquino Porto, Palácio da Indústria, Centro, Goiânia-GO, CEP 74043-010

Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Jundiaí, Anápolis/GOCEP 75113-630 Fone/Fax: (62) 3324-5768 e [email protected]

Page 5: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIAL GOIÁS INDUSTRIAL 98

capacidade de gerar o tipo de inves-timento e de empresa de que preci-samos neste momento.

Goiás Industrial – Qual seriao perfil dessas empresas?

Arcuri – São tipicamente empre-sas inovadoras, empresas sintoniza-das com os mercados e que incorpo-ram uma nova mentalidade empre-sarial. Acho, nesse sentido, queGoiânia foi um excelente exemplodo que fazer daqui para frente.

Goiás Industrial – Qual foi areação do empresariado goianoem relação a essa primeira reu-nião? Quais as propostas e os pro-blemas apresentados pelo setor?

Arcuri – A reunião, como disse,foi muito positiva. O que nós com-binamos exatamente e está sendoexecutado, para não fazermos umtrabalho que se perdesse em se-guida, é que a nossa estrutura de ar-ticulação com os Estados, que é aRede Nacional de Agentes dePolítica Industrial (Renapi), estará

n Lauro Veiga Filho

Mineiro de Juiz de Fora, Reginaldo Braga Arcuri formou-se em Direito e especializou-se em História do Brasil, antes de exercer, maisrecentemente, o comando da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior (MDIC) e assumir o cargo de Diretor Administrativo da Secretaria do Mercosul, em Montevidéu, entre outras colocações nosgovernos federal e de Minas Gerais. Desde 14 de junho do ano passado, responde pela presidência da Agência Brasileira deDesenvolvimento Industrial (ABDI). Nesta função, Arcuri recebeu a GGooiiááss IInndduussttrriiaall para a entrevista a seguir.

Goiás Industrial – Qual o ba-lanço da primeira reunião para dis-cussão da Política de Desen-volvimento Produtivo (PDP), reali-zada em Goiânia, no dia 23 dejunho, e como esse trabalho teveprosseguimento desde então?

Reginaldo Braga Arcuri – A ava-liação é muito positiva. Acho que co-meçamos com o pé direito, emGoiânia, o trabalho de articulaçãocom os Estados e, principalmente,com o setor privado, para execuçãoda PDP. Fomos recebidos muito bempela Fieg e tivemos a oportunidade,primeiro, de um dia de trabalho ex-tremamente intenso e produtivo. E,segundo, pudemos inclusive visitarempresas extremamente interessan-tes de Goiás, além obviamente dasmegaempresas instaladas no Estado,as quais já tivemos oportunidade deconhecer. Visitamos uma microem-presa de desenvolvimento de hard-ware e uma média empresa bastanteinovadora na área de equipamentosmédicos cirúrgicos. Isso demonstraque o Brasil, em todas as regiões, tem

Os desafios dodesenvolvimento

“Visitamos (em Goiás)uma microempresa dedesenvolvimento de

hardware e uma médiaempresa bastante

inovadora na área deequipamentos médicos

cirúrgicos. Issodemonstra que o

Brasil, em todas asregiões, tem

capacidade de gerar otipo de investimento e

de empresa de queprecisamos neste

momento”

entrevista com Reginaldo Braga ArcuriPresidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)

em contato com as estruturas daFieg e do governo do Estado paraelaboração de um plano conjunto dedesenvolvimento industrial, nãopara o Estado de Goiás, mas com oEstado de Goiás, obviamente, tendocomo referencial o planejamento dosetor empresarial, do governo esta-dual e as metas da Política deDesenvolvimento Produtivo. Isso iráse traduzir em um conjunto de pla-nos, programas e ações que vamoscomeçar a implementar tão logo issofique pronto, o que vai acontecer naspróximas semanas.

Goiás Industrial – Como esseprocesso deverá funcionar na prática?

Arcuri – Isso vai funcionar comouma combinação. Da parte do go-verno federal, temos uma série deprogramas, uma série de instituiçõesque poderão ser direcionados paraisso, se os Estados quiserem. Porexemplo, programas de desenvolvi-mento de fornecedores, os progra-mas voltados para a inovação, aque-les que se destinam a estimular asexportações, dentre outros.Obviamente, há muitas iniciativasque são dos próprios Estados e, àsvezes, dos municípios, muitos delesjá articulados com as federações deindústria, e que nós vamos incorpo-rar ao nosso planejamento porqueeles se destinam a gerar resultadosque vão impactar positivamente asmetas maiores da PDP, que são preci-samente ampliar os investimentos,fazer com que o gasto com pesquisae desenvolvimento do setor privadoseja ampliado, que as exportações seampliem e que tenhamos cada vezum engajamento crescente de pe-quenas e médias empresas no es-forço exportador dopais. É um exer-

cício, sob esse ângulo, muito mais dearticulação entre os objetivos daPDP e os planos de desenvolvimentoestaduais do que simplesmente de-terminar que um ou dois programasserão desenvolvidos no Estado.

Goiás Industrial – Não setrata, portanto, simplesmente dedefinir programas e ações...

Arcuri – Trata-se de fazer isso deuma forma articulada entre todos osatores no processo.

Goiás Industrial – O arca-bouço institucional para fazeressa articulação já existe ou seránecessário estabelecer um?

Arcuri – Ele já existe e a Renapié parte dele. O que temos de fazeragora são planos de trabalho, o que éuma coisa mais concreta.

Goiás Industrial – Quandoesse processo começa a gerar re-sultados? Qual a expectativa daABDI nesse sentido?

Arcuri – Há vários resultados quetêm tempos diferentes. Se formos ol-har pelo lado das exportações, não sepode ter nenhum reflexo mais consis-tente antes de um ano, até porque aapropriação das contas, para poder-mos dessazonalizar e verificar objeti-vamente se houve uma evolução, éum processo que toma normalmenteum intervalo, porque essa compara-ção é feita ano a ano. Mas há uma sé-rie de outras coisas que são proces-suais. Por exemplo, estimular as em-presas a terem procedimentos inova-dores em seu processo produtivo.Isso envolve um estímulo não apenasfinanceiro, e para isso há uma série deprogramas destinados a colocar maisdinheiro à disposição da empresas,como há também uma coisa de mu-

“É muito importante a participação das federaçõesde indústria, para que os empresários efetivamente

mudem sua forma de olhar para a necessidade determos inovação e se conscientizem de que isso é o

grande diferencial para ganhar mais dinheiro”

Page 6: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1110

dar a cultura. Há um esforço nessa direçãoe, neste caso, é muito importante a partici-pação das federações de indústria, para queos empresários efetivamente mudem suaforma de olhar para a necessidade de ter-mos inovação e se conscientizem de queisso é o grande diferencial para ganharmais dinheiro, seja no mercado internoseja nas exportações. A medida disso é umpouco menos objetiva, mas é algo sobre oqual temos a expectativa de começar a terresultados muito mais rápidos, porque, aoestarmos articulados com os Estados, po-deremos ir diretamente nas empresas paratrabalhar com os empresários.

Goiás Industrial – Como hátudo a ser feito, então, os resulta-dos tenderiam a surgir mais rapida-mente. É isso?

Arcuri – Certamente. Veja, mais umavez, o caso de Goiás. Vimos duas empre-sas que preenchem perfeitamente essesrequisitos, de empresários goianos, desen-volvidas e funcionando em Goiânia e quedemonstram que é perfeitamente possívelfazer isso. Depende de empresários enga-jados nesse processo. É claro que se os go-vernos, tanto federal quanto estaduais e,em muitos casos, até municipais, porqueas empresas, enfim, funcionam nos muni-cípios, criarem um ambiente pelo menosreceptivo para empresas desse tipo, elasterão um grande campo para se desenvol-verem. As duas empresas citadas, não sóestão pleno funcionamento, como já estãocom planos decididos de expansão.

Goiás Industrial – Qual o estágiodessa política de articulação? Já háuma programação definida para os de-mais Estados?

Arcuri – Temos. Depois de Goiás, esti-vemos no Acre, em Rondônia, no Ceará,Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.

Goiás Industrial – A articulaçãosempre começará pelas federações de

indústria? Como isso tem funcionado?Arcuri – Sempre, a exemplo do que

ocorreu em Goiás. O Estado é um modelopara o que será feito nos demais.

Goiás Industrial – E há possibilida-des concretas para o desenvolvimentoda PDP nesses Estados?

Arcuri – Sem dúvida e é por isso que oBrasil está se diferenciando tanto nomundo em relação às demais economias.Se formos considerar as principais publi-cações econômicas no mundo, o TheGuardian, Financial Times, a revistaEconomist, todas elas mudaram sua abor-dagem em relação ao Brasil. O FinancialTimes publicou recentemente matéria di-zendo que o “Brasil deve se preparar paraser uma potência mundial”.

Goiás Industrial – Essa percepçãode fato corresponde à realidade?

Arcuri – Enfim, se são exageros ounão, o futuro dirá. Mas certamente aeconomia brasileira alcançou um graude avanço na consolidação de seu par-que produtivo, seja de bens primários,seja de manufaturados, muito acima deque qualquer outro país da AméricaLatina. Além disso, e há números paraisso, somos o país da América Latinaque mais investe em pesquisa e desen-volvimento por parte do setor privado.Somos o país que temos o maior nú-mero de empresas que geram inovaçãoem seus processos produtivos e, em-bora nós obviamente tenhamos um ca-minho longo a percorrer para ter umaeconomia que seja competitiva com aseconomias centrais do mundo, estamoscertamente já com um patamar decompetitividade muito acima do quetínhamos, por exemplo, há 30 anos.

Goiás Industrial – De que forma apolítica de elevação dos juros, a apre-ciação do câmbio e o agravamento dacrise mundial poderão interferir noscenários que haviam sido desenvolvi-dos para a PDP?

Arcuri – Por enquanto, ainda não in-terferiram. Porque, o que se espera, é exa-tamente que possamos manter os recur-sos necessários para que o investimentona economia brasileira continue cres-cendo a taxas pelo menos duas vezes su-periores ao crescimento do PIB (ProdutoInterno Bruto). Porque isso é que vairomper esse ponto de estrangulamentoentre nossa capacidade de ofertar bens,principalmente manufaturados, e o nívelde demanda que o País registra, porqueestá havendo uma efetiva melhora darenda e uma distribuição mais equilibradaprincipalmente para setores que tinham

uma limitação de renda, o que impediaseu acesso a níveis de consumo mais for-mais, em níveis mais elevados.

Goiás Industrial – A questão cam-bial não preocupa?

Arcuri – Se verificarmos, o ConselhoMonetário Nacional (CMN), em decisãono final de julho, implementou uma daspremissas da política de desenvolvi-mento produtivo que foi irrigar com maisdinheiro uma linha desenhada peloBNDES, que se chama Revitaliza, desti-nada a financiar as exportações de setoresintensivos em mão-de-obra, que têm so-frido com a concorrência internacional ecom a apreciação do real no Brasil, comjuros equalizados, portanto, subsidiadospelo Tesouro Nacional. As taxas são fixasem 7% e isso garante pelo menos algumequilíbrio para aqueles setores. A expec-

tativa é de que, mesmo cumprindo o quetem sido quase unanimemente reconhe-cido como medidas prudenciais para evi-tar que a inflação, aí sim, destrua os resul-tados dos esforços do País desde a im-plantação do Plano Real, tenhamos a ca-pacidade de manter o atual ciclo de cres-cimento, fundamental por meio de seumecanismo mais virtuoso, que é a criaçãodo investimento produtivo.

Goiás Industrial – Como a ABDIavalia o papel do Estado e de suas esta-tais na implementação da PDP, numafase pós-privatização?

Arcuri – O papel do Estado é, pri-meiro, de aprofundar sua própria coor-denação. Há inúmeros órgãos do Estadoque têm objetivos complementares.Fazer com que esse conjunto de meiosesteja mais bem coordenado para atingirmetas que foram previamente definidasem conjunto é uma função essencial doEstado. Em segundo lugar, algumas dasempresas ainda controladas pelo Estadotêm programas muito específicos nessalinha. O melhor exemplo é a Petrobras.A estatal dispõe, não só do Cenpe, que éo seu Centro de Pesquisas na Ilha doFundão, como tem um programa extre-mamente importante, que é o Prominp(Programa de Mobilização da IndústriaNacional de Petróleo e Gás Natural),que busca desenvolver empresas brasi-leiras capazes de fornecer bens e servi-ços e desenvolver tecnologia, que vãoser depois compradas em condições dedisputa pela Petrobras. Temos aEmbrapa, empresa pública de pesquisamundialmente reconhecida, com im-pactos fundamentais na mudança dopatamar da produção agrícola brasileira.Agora, o foco da PDP é usar todos osmeios, as ferramentas, os instrumentosde que o Estado dispõe e que o setor pri-vado tem, para que de maneira cada vezmais articulada possamos alcançar osavanços de que precisamos.

“MAS CERTAMENTE A ECONOMIABRASILEIRA ALCANÇOU UM GRAU DE

AVANÇO NA CONSOLIDAÇÃO DESEU PARQUE PRODUTIVO, SEJA

DE BENS PRIMÁRIOS, SEJA DEMANUFATURADOS, MUITO ACIMA DE QUE QUALQUER OUTRO PAÍS

DA AMÉRICA LATINA”

Page 7: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL12 13

Onde está o

recursos hídricos

Praticamente 11 anos depois de entrar emvigor a Lei 9.433/1997, que estabeleceu a polí-tica nacional de recursos hídricos, apenas doiscomitês de baixas hidrográficas operam plena-mente no País, com políticas de cobrança pelouso da água já consolidadas, afirma a consul-tora Patrícia Boson, coordenadora do ProgramaEspecial de Recursos Hídricos do InstitutoBrasileiro de Mineração (Ibram). Estão em fun-cionamento os comitês das bacias dos riosPiracicaba, que inclui, ainda, os rios Capivari eJundiaí (conhecida como PCJ, iniciais dos prin-cipais cursos que a formam), e Paraíba do Sul.

“A implantação dos comitês e de sistemasde gestão dos recursos hídricos nos Estados dámaior transparência para a ação empresarial,reduzindo incertezas”, resume a consultora.Em Goiás, já foram criados os comitês das ba-cias dos rios Meia Ponte e Paranaíba, mas osplanos de gestão ainda não estão definidos.Entre outros motivos, que começam pelas di-vergências entre as várias partes envolvidas nodebate e resistências mais ou menos explícitasem algumas áreas, porque a Agência Nacionaldas Águas (ANA) não tem recursos para dar osuporte necessário aos Estados.

Segundo Boson, mais de 60% dos recursosdescontados das hidrelétricas para a compensa-ção pelo uso de recursos hídricos não chegam àANA. O dinheiro tem sido “contingenciado”,no jargão oficial, por conta de decisões do go-verno federal. A liberação desses recursos temsido bloqueada para que o governo acumulesuperávits primários ou, de forma mais clara, odinheiro vem sendo desviado para o paga-mento de juros da dívida pública.

PACIÊNCIA E MUITA PERSISTÊNCIAA título de compensação pela inundação

de áreas por barragens, as concessionárias dosetor elétrico são obrigadas a descontar 1,75%sobre o potencial de energia produzida, dosquais 1% segue para governos estaduais e pre-feituras e 0,75% deveriam ir para a ANA.Apenas no caso da agência, isso representaperto de R$ 200 milhões por ano, de acordocom a consultora. “Mas a ANA só tem recebido30% a 40% desse valor”, arremata.

Boson defende a implantação do sistemanacional de gestão de recursos hídricos,conforme previsto na legislação, o que deveriaacontecer por meio da consolidação de comitêsde bacias. Ela reconhece que será preciso pa-ciência e persistência para que o processo ama-dureça. “O equilíbrio (no uso de recursos hídri-cos) dependerá de articulação com a sociedade(já que o sistema pressupõe a gestão comparti-lhada dos mananciais). O modelo é cópia dosistema francês, que só foi dar respostas 20anos após sua implantação”, afirma.

Considerando-se a experiência no RioParaíba do Sul, analisada em estudo do econo-

mista Ronaldo Seroa da Mota, do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), citaBoson, “nos moldes atuais, o impacto (da co-brança pelo uso da água) é praticamente imper-ceptível para as empresas que aplicam políticasvoltadas para o reuso e recirculação da água emseus processos”. Na verdade, o reuso contri-buiu para baratear custos para a indústria, oque parece eliminar um dos dilemas que amar-ram a consolidação dos comitês de bacia.

“EXAGEROS, MAS SEM MÁ-FÉ”Durante o Encontro Empresarial pelas

Águas em Goiás, promovido em julho pelaFieg, ANA e pelo Ibram, na sede da federação,em Goiânia, o assunto retornou ao debate.Paulo Afonso Ferreira, presidente da Fieg, lem-brou que o setor empresarial, há alguns anos,“não tinha a percepção da água como um bempúblico. Houve exageros, mas não por má-fé”.Essa visão mudou, mais recentemente, e o desafio agora será estabelecer um ponto deequilíbrio entre a necessidade de desenvolvi-mento e de preservação dos mananciais.

“É preciso que a cobrança (pelo consumode água) não signifique novo ônus para o setorempresarial. Da mesma forma, não pode haveruso abusivo da água, em prejuízo do conjuntoda sociedade”, declarou Paulo Afonso. Aoacrescentar que os “exageros não podem preva-lecer”, o presidente da Fieg afirmou que o“Brasil foi estimulado a produzir metais bási-cos, com largo consumo de recursos hídricos ede energia, sem maior agregação de valor”.

O produto exportado pela indústria mine-ral, sem embutir todos os custos da exploração,retorna ao País sob a forma de produtos acaba-dos de alto valor agregado, onerando a balançacomercial, analisa Paulo Afonso. “Precisamosaprender a vender caro nossa produção mine-ral”, sustentou.

O presidente do Ibram, Paulo CamiloVargas Pena, defende a construção de umaagenda positiva entre o governo e os setoresempresariais, que estimule a capacitação dosusuários para que possam participar de formaefetiva da implantação do sistema de gestão derecursos hídricos.

DINHEIRO?Governo “senta-se” sobre mais de 60% dos recursos recolhidos das hidrelétricas para compensar uso de recursos hídricos LICENÇAS MAIS LONGAS

//// Em resposta a uma antiga demandaempresarial, a Secretaria Estadual deMeio Ambiente e Recursos Hídricos(Semarh) propôs e o Conselho Estadualde Meio Ambiente referendou, por meioda Resolução 86, a ampliação paracinco anos dos prazos das licençasambientais no Estado. Essas licenças,para setores como o de indústriasquímicas, tinham prazo de um ano,valendo por dois anos para frigoríficos,laticínios, indústrias de papel e outras.

//// As licenças vencidas entre 1º de maio e31 de agosto ganharam mais seismeses de validade. A Semarh anunciou,ainda, que pretende ser mais rigorosano monitoramento e controle daexploração de recursos naturais,tornando seus sistemas de vistoria efiscalização mais eficientes.

Patrícia Boson:maior transparência

Page 8: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

O processo para validação do projeto deinstalação de um entreposto da Zona Franca deManaus em Anápolis, pelo Conselho Nacionalde Política Fazendária (Confaz), segue estrita-mente o cronograma estabelecido entre os go-vernos de Goiás e do Amazonas, informou o se-cretário estadual da Fazenda, Jorcelino JoséBraga, em reunião com a diretoria da Fieg nodia 11 de agosto. A formatação do posto avan-çado no Estado deverá estar pronta antes queMinas Gerais e Pernambuco, que também fir-maram convênios semelhantes com Manaus,concluam seus respectivos processos, conformeexpectativa do governo goiano.

Este foi o segundo encontro entre Braga elideranças empresariais para tratar do assunto.O primeiro deles ocorreu no auditório doSenai em Anápolis, em seguida ao anúnciooficial do convênio pelo governador AlcidesRodrigues. Braga foi recebido pelo vice-presi-dente da Fieg, Wilson de Oliveira, pelo super-intendente do Porto Seco, Edson Tavares, eempresários. Oliveira participou das primeirasnegociações com o governo amazonense,

acompanhado por Tavares, pelo então secretá-rio de Indústria e Comércio, RidovalChiareloto, e por Oton Nascimento Júnior, àépoca secretário da Fazenda.

“A proposta apresentada pelo governogoiano era muito semelhante ao contrato queResende (RJ) já havia firmado com oAmazonas. Depois disso, Uberlândia (que tam-

bém planeja receber um entreposto) caiu depára-quedas na história”, descreve Oliveira.

De acordo com Braga, o entreposto poderá“atrair facilmente investimentos de R$ 1 bil-hão para o Estado, com a criação de 10 milempregos”. Na cidade fluminense, o entre-posto movimenta anualmente perto de R$ 1,5bilhão, segundo a Secretaria de Planejamentode Goiás (Seplan-GO). O governo argumentaque o projeto goiano leva vantagem em relaçãoaos dos outros dois Estados, já que o postoavançado da Zona Franca será instalado naPlataforma Multimodal de Goiás, também lo-calizada em Anápolis, numa área de até 80 milm², com aeroporto e possibilidade de ligaçãoaos principais portos do País pelas linhas dasferrovias Centro Atlântica, em plena operação,e Norte-Sul, prevista para 2011.

A modelagem a ser proposta pela Seplan-GO, em comum acordo com o governo doAmazonas, deverá prever a contratação de atéseis empresas permissionárias, por meio de lici-tação pública. Assim evita-se o risco de criarmonopólios e emperrar a operação.

GOIÁS INDUSTRIAL14

zona franca

NA HORA CERTA

Governo corre contra o relógio para conseguir aaprovação, peloConfaz, do projeto de criação em Goiásdo entreposto da ZonaFranca de Manaus

Wilson de Oliveira e Jorcelino Braga: entreposto pode atrair investimento de R$ 1 bilhão

Área de armazenagem 50 mil m²

Estacionamento de semi-reboques 50 semi-reboques

e área de 6 mil m²

Área de manobras das docas 6 mil m²

Área de escritórios 500 m²

Área de circulação 2.000m²

Área total do terreno 60 mil m² (mínimo)

a 80 mil m² (máximo)

Fonte: Seplan-GO

LocalPlataformaLogística de Goiás, em Anápolis

ENTREPOSTO DA ZONA FRANCA

Page 9: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1716

educação e qualificação

A caminho do INTERIOR

O avanço e a diversificação da base industrial do Estado levamo sistema Sesi Senai a intensificar projetos de expansão

n Andelaide Pereira

Alto Horizonte, no Norte goiano, Barro Alto e Goianésia, no Centro, Mineiros e Quirinópolis, noSudoeste, e Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia. Com empreendimentos em comumnos segmentos mineral e sucroalcooleiro, os seis municípios deverão ser os próximos endereços doSesi e Senai em Goiás, todos frutos de parcerias com o poder público ou com a iniciativa privada.

Presente em todas as regiões do Estado, o Sistema Fieg se prepara para ampliar aindamais sua atuação com a futura implantação de unidades operacionais integradas Sesi eSenai nessas cidades do interior, onde as duas instituições já realizam diversas ativi-dades por meio de unidades e ações móveis.

O pacote de expansão segue diretrizes do programa Educação para a NovaIndústria, lançado em agosto de 2007 pela Confederação Nacional daIndústria (CNI), que estabelece ações para o atendimento a demandas deformação de recursos humanos, decorrentes da interiorização do pro-cesso industrial e do surgimento de novos pólos de produção.

MINERAÇÃO EM ALTACom a economia impulsionada pela instalação da usina de extra-

ção de minério de níquel da Anglo American na cidade, Barro Altodeu início à consolidação de novos projetos, ao inaugurar no dia 29de agosto, em parceria com a mineradora, a Unidade Sesi Barro Alto,com atividades de esporte e lazer.

Construído em 2006 pela Anglo American, o clube recreativo pas-sou a ser administrado pelo Sesi, que irá oferecer na região modalidadesesportivas como hidroginástica, natação, futebol soçaite e vôlei de areia.Posteriormente, será implantado, em frente ao clube, um núcleo integradoSesi Senai em terreno doado à mineradora pela prefeitura de Barro Alto. Na uni-dade, serão desenvolvidas ações de educação profissional, saúde, cultura, responsabilidadesocial e cidadania, sob a coordenação da Unidade Integrada Sesi Senai Niquelândia. Alto Horizontetambém deverá contar com um núcleo integrado Sesi Senai, a ser implantado em parceria com a MineraçãoMaracá S/A e coordenado pela Unidade Integrada Sesi Senai Sama, de Minaçu.

O crescimento do setor sucroalcooleiro em Goiás,aquecido pela chegada de grandes empreendimentos,como as usinas Boa Vista e São Francisco, mudou o perfileconômico de Quirinópolis, antes voltado para a agricul-tura de grãos e a pecuária. Com objetivo de qualificar a

mão-de-obra local para assumir as vagas de trabalho queestão surgindo, a prefeitura acerta detalhes para implanta-ção de um núcleo integrado Sesi Senai no município. A

nova unidade deverá funcionar em um prédio formadopor oito salas de aulas, parte administrativa e área ex-terna coberta. A parceria envolve ainda as usinas BoaVista e São Francisco, que irão equipar o núcleo.

Ainda no Sudoeste Goiano, a cidade de Mineirostambém se prepara para abrigar uma unidade inte-

grada Sesi Senai, que deverá ser construída em parceriacom a prefeitura e indústrias locais, como Perdigão e

Brenco. Responsável pela formação de profissionais para a região, aUnidade Integrada Sesi Senai Rio Verde irá assumir a gestão dos núcleos

de Quirinópolis e Mineiros.Em Goianésia, localizada no Vale do São Patrício, no Centro Goiano,

está previsto a implantação de um Núcleo de Educação Profissional desti-nado à formação inicial de mão-de-obra nas áreas de mecânica de manuten-

ção industrial, eletroeletrônica, gestão e informática, nas modalidades deaprendizagem, qualificação, aperfeiçoamento e habilitação técnica. A nova uni-

dade será fruto de ação conjunta com a prefeitura e indústrias da região. O projeto desenvolvido pelo Senai Goiás para instalação do núcleo com-

preende infra-estrutura formada por um pavilhão de manutenção mecânica e ou-tro de eletroeletrônica industrial, além de cinco salas de aulas com capacidade para50 alunos em cada.

A unidade ficará sob a coordenação da Faculdade de Tecnologia Senai RobertoMange, de Anápolis, que já atua no município com o desenvolvimento de diversasatividades de capacitação profissional para os segmentos sucroalcooleiro e deconfecção, realizadas também por meio de ações móveis.

ECONOMIA DIVERSIFICADAQuinto município mais competitivo de Goiás, de acordo com dados da Secretaria

de Planejamento do Estado (Seplan), Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia,também deverá ganhar um núcleo integrado Sesi Senai, em parceria com a prefeitura, e sobcoordenação da Unidade Integrada Sesi Senai Aparecida de Goiânia.

A proximidade com a capital e a presença do Centro de Distribuição da Petrobras e doTerminal da Ferrovia Centro-Atlântica contribuem para a boa colocação de Senador Canedo noranking dos municípios goianos. Além disso, a cidade abriga um diversificado parque indus-trial, formado por empresas com atividades nas áreas de alimentos, bebidas e higiene pessoal,insumos agrícolas, confecções e frigoríficos.

Parcerias garantem novas unidades

Page 10: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

Estudo do Instituto de PesquisasEconômicas (Ipea), divulgado em julho, mostraque as cidades médias brasileiras registrarammaior crescimento populacional e econômicoentre 2000 e 2007. Em Goiás, essa realidade épercebida com a chegada de grandes indústriasa cidades como Rio Verde, Catalão, Itumbiara eBarro Alto. Esta última, localizada na regiãocentral do Estado de Goiás, há quatro anos re-cebeu a Anglo American, um dos maiores gru-pos de mineração do mundo.

A Anglo American é uma empresa que tra-balha em conjunto com a comunidade local erecentemente firmou parceria com o ServiçoSocial da Indústria (Sesi) para a instalação daunidade naquele município. A inauguração danova unidade do Sesi ocorreu em 29 de julho e

contou com a participação de diretores da em-presa, da instituição, além de colaboradores eda comunidade local.

Na cerimônia de abertura da nova unidade,o superintendente do Sesi, Paulo Vargas, desta-

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1918

serviços e lazer

Sesi mais perto

Em parceria com a Anglo American, instituição inaugura sua mais nova unidade no interior do Estado

Onde encontrar o Sesi Barro Alto

Av. do Níquel, s/nºCentro: (62) 3347-6150

“Buscamos o Sesi e Senai porserem instituições de grandecredibilidade em todo o País,

e em especial, em Goiás”

RÉGIS DE PÁDUA, diretor da Anglo American

cou o compromisso da instituição de oferecer omelhor para a população de Barro Alto.“Traremos para o município todos os produtos eserviços do Sesi que os trabalhadores da AngloAmerican e a comunidade desejarem”.

LAÇOS COM A COMUNIDADEO diretor da Anglo American, Régis de

Pádua, destacou que a empresa buscou essa par-ceria com o Sesi e Senai por serem instituiçõesde grande credibilidade em todo o País, e em es-pecial, em Goiás. “Fortalecemos nossa parceriacom essas entidades. Nesse primeiro momentoteremos atividades esportivas e de lazer, masnum futuro breve, os colaboradores da empresae a comunidade participarão de cursos profis-sionalizantes e de educação básica”, disse.

Cláudio Eduardo, presidente daCooperativa de Transportes de Barro Alto, co-memorou a chegada do Sesi. “Nossa populaçãoé muito carente e não tínhamos aqui em BarroAlto, um lugar para praticar esportes e passearcom a família.”

n Débora Orsida

arranjo produtivo local

Costurando o FUTURO

n Divina Rosa

Com uma cooperativa já montada e emplena produção em Santo Antônio doDescoberto e uma associação em início deatividade, em Planaltina, foram encerradasem agosto as atividades do projeto deArranjo Produtivo Local de Confecção na-queles municípios.

“O trabalho de assessoria ao cooperati-vismo e associativismo foi excelente. Veio nahora certa para permitir a realização de umsonho que estava adormecido. Como profis-sional, os cursos somaram muito para nós.Vamos trabalhar com facção e, dependendo doque aconteça daqui para frente, antes de de-zembro pretendemos começar também nalinha de produção, com corte e costura, e che-gar ao mercado, lançando até mesmo a nossamarca, a nossa etiqueta”, declarou, com entu-siasmo, Waldízia Reis de Souza, diretora deprodução da Associação de Modas eAcessórios Planaltinence de Goiás, organizadapor meio das ações do programa.

Em 11 meses, o Senai capacitou 276 pes-soas em Planaltina e 261 em Santo Antônio doDescoberto, sempre na área de confecção.Foram oferecidos ainda, em cada município,108 horas de consultoria e cursos voltados paraa gestão cooperativa e associativa, além de 100horas de assessoria técnica e tecnológica, com

foco na racionalização do processoprodutivo das confecções, comatendimento a empresas do setor,assim como à cooperativa e à asso-ciação. Segundo o diretor daFaculdade de Tecnologia Senai RobertoMange, Francisco Carlos Costa, as ações de ca-pacitação primaram pela qualidade.“Procuramos trazer para cá o que temos de mel-hor. Os cursos desenvolvidos aqui são exata-mente os mesmos em qualquer escola do Senaiem Goiás”.

NOVAS POSSIBILIDADESO aumento da renda familiar e a possibi-

lidade de uma nova profissão, graças ao pro-grama APL, foram destacados por Maria dosRemédios Muniz Amário, presidente daCoonarte (Cooperativa de Produção emConfecção e Artesanato). “O projeto ajudoubastante. Muitas pessoas não tinham renda,estavam desempregadas e o projeto represen-tou um apoio muito grande para começar-mos a ter a nossa renda, principalmente paraquem é dona de casa.”

O coordenador da Região Integrada deDesenvolvimento do Distrito Federal eEntorno, Carlos Henrique Menezes Sobral, res-ponsável pelo aporte dos recursos, vê o pro-grama como uma ferramenta decisiva para odesenvolvimento dos municípios da região.

Programa qualifica 537 pessoas em Planaltina e Santo Antôniodo Descoberto para trabalho na indústria local de confecção

Maria dos Remédios: apoio para quem não tinha emprego, nem renda

Adenival de Souza: detalhes fazem a diferençae trazem reflexos no lucro da empresa

Page 11: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 2120

arranjo produtivo local

Desfile: associação de Planaltina apresentaao mercado parte de sua produção

Participação,a base doprograma

O ponto alto do programa APL é o envol-vimento de diversos setores de uma localidadena construção de um eixo comum de desen-volvimento, na avaliação do coordenador deprojetos do Senai, Walmir Telles, para quem aestratégia só pode ser bem-sucedida quandoessa participação se concretiza. “Com o pro-jeto, buscamos não apenas o crescimento eco-nômico do município, mas também a inclusãoda comunidade local, com a sua participaçãoativa em todas as fases de implementação.Buscamos envolver e auxiliar a cadeia produ-tiva existente, por meio de consultoria às em-presas, apoio dos gestores locais e de organis-mos privados que possam colaborar na susten-tabilidade das ações” esclarece Telles.

Uma das etapas do projeto foi a realizaçãode assessorias e consultorias a empresas do se-tor com o objetivo de promover a racionaliza-ção e organização da produção. O empresárioAdenival de Souza, proprietário de uma pe-quena confecção em Planaltina, afirma que otrabalho de assessoria e consultoria contribuiupara mudar sua visão a respeito da organizaçãodo processo produtivo, que passou a ser enca-rado de forma mais ampla, melhorando os re-sultados financeiros obtidos. “Não cumpríamosalgumas determinações que agora começamos aaplicar. Um exemplo, no caso do corte demalha, havia muito desperdício e, por falta demanutenção adequada das máquinas, ocorriamvários casos de quebra de peças. A consultoria ea assistência técnica que nós recebemos nosalertaram para detalhes que fizeram a diferençae refletiram no lucro da empresa.”

Em Santo Antônio do Descoberto, os tra-balhos de consultoria e de assessoria técnica etecnológica foram igualmente bem avaliados

pelo empresário Emerson Dias Ribeiro. “A pre-sença da consultora na empresa foi importante,porque ela auxiliou na organização das máqui-nas, melhorando a ocupação do espaço dispo-nível. Além disso, deu dicas importantes sobrecomo utilizar uma faca especial, que eu jáconhecia. Sua explicação aos funcionários, noentanto, deixou claro porque devemos usaressa ferramenta, pois isso reflete em economia ena redução do tempo de execução do serviço. Ocorte das peças, da mesma forma, pode ser feitode forma a aproveitar mais o tecido.”

Para o secretário de Indústria, Comércio eTrabalho de Santo Antônio do Descoberto, LuizCarlos Tomaz, o projeto APL desenvolvido nomunicípio atendeu às expectativas e gerou mu-danças significativas. “Eu sou um entusiasta doprograma. É digno dos mais elevados elogios otrabalho executado pelo Senai Goiás e peloMinistério da Integração e pela Ride. Após oinício do projeto no município, várias empresasdo setor de confecção já vieram para o municí-pio, pois sabem que aqui, agora, tem mão-de-obra qualificada.”

O QUE É O PROGRAMA

O Programa de Desenvolvimento Econômico do Arranjo Produtivo Local (APL) é implementado peloMinistério da Integração Nacional, por meio da Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SCO) eda Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride), em municípios daquelaregião. Em dez cidades goianas, o Senai assumiu a execução do projeto. O objetivo é promover geração deemprego e renda para a população local, por meio da concessão de incentivos a segmentos econômicosespecíficos.

CIDADES ATENDIDASMunicípio Atividade produtiva

Pirenópolis Rocha Ornamental – Quartzito

Águas Lindas Confecção

Valparaíso de Goiás Móveis

Cristalina Artesanato Mineral (Cristal)

* Luziânia Fruticultura

Catalão Confecção

* Cidade Ocidental Artesanato

Novo Gama Confecção

Planaltina (GO) Confecção

Santo Antônio do Descoberto Confecção(*) Municípios que receberam recursos para 2ª etapa do programa APL (em andamento)

Exposição de produtos da Coonarte deSanto Antônio do Descoberto: novaspossibilidades de emprego e rendapara famílias da região

Doação de material e mais recursosDurante a solenidade de encerramento

das atividades do programa APL em SantoAntônio do Descoberto e em Planaltina, osmembros da cooperativa e da associaçãodos respectivos municípios receberam docoordenador da Ride e do coordenador deprojetos do Senai Goiás a doação de mate-riais de consumo, como tecidos, linhas,agulhas e outros, no valor de R$ 22 mil. “ACoonarte, com os tecidos doados, vai podergerar um capital que ajudará neste nossocomeço”, projeta Maria dos Remédios

Amário, presidente da cooperativa de Santo Antônio do Descoberto.

“Com a doação pretendemos dar susten-tabilidade às empresas e incentivá-las tam-bém a continuar a produção”, afirma Telles,coordenador de projetos do Senai. O coorde-nador da Ride anunciou, em seu discurso, ointeresse em promover e investir em uma se-gunda etapa do programa APL no municí-pio, assim como na comercialização e nodesign das peças, para consolidar os avanços alcançados.

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GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 2322

Na mesma rota

instituto euvaldo loidi

n Célia Oliveira

Uma relação de conhecimento, confiança aprimorada e satisfação mútua émantida entre empresas participantes do Programa de Qualificação deFornecedores (PQF), a exemplo de Furnas – empresa da administração indiretado governo federal, que atua na construção, geração e transmissão de grandes blo-cos de energia elétrica – e da Flexibase Indústria de Móveis para Escritório.

Integrantes do primeiro grupo de 11 empresas a aderir ao PQF, em 2006, nomunicípio de Aparecida de Goiânia, região detentora de atividades extrativas eprodutos industrializados, as duas empresas mostram avanços tanto na relação co-mercial quanto em outras áreas, como a de produção, na Flexibase; e responsabili-dade social, por parte de Furnas.

Ao lado da indústria de móveis, a companhia pública, como gestora no comitêdo programa, vislumbrava melhoria no desenvolvimento estrutural da região parafortalecer a cadeia de fornecedores locais e contratar serviços e produtos interna-mente, com maior garantia de bom atendimento aos requisitos técnicos estabeleci-dos, por meio de licitação, na modalidade de pregão eletrônico. De acordo com ogerente de Furnas, Rubens Machado Bittencourt, ainda hoje a maior parte dos ser-viços é contratada fora, “mas, com a maior qualificação das empresas da região, es-peramos que essa situação se reverta brevemente”.

Programa para qualificação defornecedores gera parcerias, incrementacompetitividade e fortalece economia

Avanços e desafiosAlém da relação amigável e profissional entre as duas companhias, na qual

cada parte contabiliza dividendos, as soluções geradas pelo PQF mostram que to-das as empresas, independente da área de atuação, do segmento ou porte, devemser competitivas. Se grandes compradoras aderem ao programa na expectativa deencontrar ou formar fornecedores hábeis a atendê-las de acordo com padrões exi-gidos, as fornecedoras, cada vez mais conscientes da necessidade de profissionali-zação e de oferecer respostas rápidas ao mercado, entram nessa trajetória segurasde poder, ao final do processo, atender aos requisitos solicitados, manter-se nomercado, ampliar o volume de negócios.

Furnas e Flexibase enfrentaram desafios. Para a primeira, o maior foi mobili-zar de forma abrangente a cadeia de fornecedores. Para a segunda, o controle doretrabalho. Porém, vencidas as dificuldades, constroem juntas um ambiente favo-rável ao fortalecimento dos negócios e da região de Aparecida de Goiânia.

Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF)

O que é:O PQF prepara empresas para atender às exigências dasgrandes compradoras por meio da implantação derequisitos que garantam o desenvolvimento e aqualificação desses fornecedores. Instrumento dedesenvolvimento empresarial e, por conseguinte, degeração de emprego, renda e inclusão social.

Como funciona:O principal objetivo do programa é preparar as empresasfornecedoras para atenderem às exigências de grandescompradores (gestores), garantindo o desenvolvimentoe qualificação da cadeia de fornecimento. A qualificaçãodo fornecedor está baseada no atendimento a princípiosde gestão definidos pelas gestoras. A implementaçãodesses módulos, com orientações em grupos e/ouindividualizada.

Benefícios:Para os fornecedores: n Geração de oportunidade de novos negóciosn Fortalecimento das empresas locaisn Melhoria contínua de gestão, produtos e serviços

oferecidos n Fortalecimento das relações comerciais entre os

participantes do programan Conquista de novos mercados

Para as gestoras: n Estímulo da cultura da qualidade por meio do

poder de compra n Estabelecimento de relações de maior confiança

com fornecedores n Integração entre as grandes compradoras n Estabelecimento de requisitos comuns de

qualidade para compras n Confiança no atendimento, seja em prazo,

quantidade ou locais de entreganAtendimento aos requisitos de responsabilidade social

Para os municípios:n Promoção do desenvolvimento sustentáveln Aumento na arrecadaçãon Geração de emprego e rendan Inclusão social

Contatos:Instituto Euvaldo Lodi - IEL Goiás(62) 3219-1430 / 1443

“Foi a primeira vez que ganhamos e vamos atender Furnas nofornecimento de mobiliário”

Tássia Mendes (foto), gerente de recursos humanos e

representante da Flexibase no comitê do programa

“É preciso sercompetitivo”

Empenhada no progresso econômico do muni-cípio e no crescimento das empresas, Furnas com-preendeu o propósito do PQF como a oportunidade,a partir da qualificação dos fornecedores, tambémde oferecer melhores serviços à população. “Todasas nossas aquisições são por processo de licitação eos fornecedores somente podem participar se aten-derem aos requisitos de qualificação exigidos emcada edital”, ratifica Bittencourt, ao enumerar o quedeve ter um fornecedor para atender a empresa.“Precisa ser competitivo, isto é, ter produtos e servi-ços com qualidade, custo compatível e capacidadede entrega nos prazos estabelecidos, além de estarregularizado com o governo.”

Foi justamente pelo atendimento a todas essasparticularidades somadas à qualificação do PQF quea Flexibase mantém com Furnas relação tão harmo-niosa. A indústria fundada em 2002 tem atualmente130 funcionários e ocupa uma área de 4.300 m2destinada a produção de móveis para escritório, co-locando no mercado, a média de 3.680 peças/mês.“Vendemos em nível nacional, e os Estados quemais atendemos são Bahia, Rondônia, Goiás eBrasília”, cita Tássia Mendes, gerente de recursoshumanos e representante da empresa no comitê doprograma.

Na avaliação dela, a organização encontra-semelhor preparada para o mercado competidor, aopossuir, depois da qualificação, um atrativo.Vencedora da licitação publicada por Furnas, aFlexibase dirige a vitória aos conhecimentos adqui-ridos no processo do PQF. “Foi a primeira vez queganhamos e vamos atender Furnas no fornecimentode mobiliário”, comemora Tássia Mendes. “O PQFcolaborou para isso.”

Outra meta estabelecida e alcançada foi aconquista de novos mercados consumidores. Tantoque, hoje, conta com 15 representantes que conse-guem cobrir todo o território nacional. “Temos tam-bém uma equipe de licitação que atende todo oBrasil, de dentro da fábrica instalada em Goiás.”

A indústria tem atualmente 130 funcionários ocupa uma área de 4.300 m2

destinada a produção de móveis paraescritório, colocando no mercado a média de 3.680 peças/mês.

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GOIÁS INDUSTRIAL 25

n Lauro Veiga Filho

PARA ALÉM DAS EXIGÊNCIAS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL,SETOR INVESTE EM PROJETOS PARA CONSOLIDAR SUAPRESENÇA NO MERCADO E CONQUISTAR NOVOS ESPAÇOS

matéria de capa

SURFAINDÚSTRIA

“TERCEIRA ONDA”

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GOIÁS INDUSTRIAL 27GOIÁS INDUSTRIAL26

capa

Gestão ambiental ganha espaço no planejamento das indústrias, quepassaram a investir também na preservação de reservas ambientais

“Devemos gerar,até 2012 ou2013, em tornode 3 milmegawatts, oque significa umpotencial maiordo que oconsumo do Estado”André Baptista Rocha,presidente dos Sindicatos dasIndústrias de Fabricação deÁlcool e de Açúcar de Goiás(Sifaeg/ Sifaçúcar)

“A empresaadota comoprincípio básicoa redução nageração deresíduosem todo o processo”Daniela de Souza Silva,bióloga, especialista emtratamento de resíduossólidos e líquidos econsultora da Coming

uma primeira fase, a indústria embarcou no “movimento verde” por obrigação legal, buscando cumprir o ob-jetivo de controlar emissões e manejar efluentes de forma a assegurar as licenças exigidas pela legislação am-biental. Em seguida, cresceu a demanda por certificação e reconhecimento externos de processos considera-dos ambientalmente adequados. “Foi um trabalho desenvolvido pelas empresas muito mais para fora do quepara dentro delas próprias”, resume Fernando Giachini Lopes, diretor da Key Associados, consultoria espe-cializada em projetos de neutralização de emissões de carbono e no desenho de soluções econômica e am-bientalmente sustentáveis para o mundo corporativo. Numa espécie de “terceira onda”, prossegue Giachini, aindústria começou a encarar a gestão ambiental como um dos fatores preponderantes para definir sua capaci-dade de se manter no jogo no longo prazo. “As empresas ousam um passo além da mera necessidade de alcan-çar o licenciamento para projetos e processos e de atender a imposições da lei”, reforça.

Por trás dessa visão aparentemente nova, está a percepção de que, da-qui para frente, a questão ambiental poderá significar uma restrição impor-tante aos negócios e, ao mesmo tempo, poderosa ferramenta para ocuparmercados e alavancar produtos. Nas negociações para revalidar o Protocolode Kioto para o período posterior a 2012, quando expira o prazo estabele-cido para a redução de gases formadores do efeito estufa pelos países signa-tários do acordo, “possivelmente deverá ser fixado algum contingencia-mento às emissões brasileiras, o que tenderá a afetar negócios em alguns se-tores”, acredita Giachini.

A vertente considerada mais moderna nessa busca por sustentabilidade

transforma o risco ambiental em oportunidade de negócio. “O grandeexemplo é a geração de créditos de carbono, que podem ser negociados nomercado, ampliando a taxa interna de retorno de empreendimentos am-bientalmente adequados”, aponta o consultor. Eventualmente, o ganhocom a negociação desses créditos ajuda a financiar todo o investimento rea-lizado em sustentabilidade, como deverá ocorrer com uma das empresasclientes da Key Associados – uma usina de álcool que desenvolve, em par-ceria com a consultoria, um projeto de cogeração de eletricidade a partir dobagaço da cana e de tratamento da vinhaça, que será destinada tambémpara a geração de energia, com neutralização de emissões de metano.

Energia para todo o Estado

No terreno da co-geração de energia e aproveitamento de créditosde carbono, o setor de açúcar e álcool em Goiás larga na frente e vemacelerando projetos para aproveitamento do bagaço e da palha na pro-dução de energia. A vantagem é que praticamente todos os novos pro-jetos em andamento e já confirmados deverão adotar índices elevadosde mecanização, o que permite maior aproveitamento de subprodutosna geração de eletricidade para consumo da própria usina e para vendaao sistema integrado.

A geração de energia a partir da cana permite ganhos ambientais deduas ordens. Primeiro, ao otimizar a utilização de subprodutos, agre-gando maior valor econômico ao processo, a indústria do setor deixade consumir energia da rede comum. Segundo, ao colocar a produçãoexcedente de energia no mercado, as usinas reduzem a necessidade deconstrução de novas barragens, que causam impactos ambientais maisextensos. Adicionalmente, a energia gerada pelas usinas consegue en-trar no sistema interligado em época de seca, poupando os reservató-rios já em operação, como acentua o presidente executivo dosSindicatos das Indústrias de Fabricação de Álcool e de Açúcar de Goiás(Sifaeg/ Sifaçúcar), André Luiz Baptista Lins Rocha.

Conforme projeção do diretor-técnico da União da Indústria deCana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, Goiás relacionaum total de 26 projetos em andamento, 7 deles com início previstopara a atual safra (2008/2009), 16 com operação prevista para2009/2010 e 13 ainda em fase inicial de investimento. Diante da pers-pectiva de uma produção próxima a 60 milhões de toneladas em 2011,nas contas de Rocha, ou perto de 100 milhões de toneladas em 2012,na estimativa de Pádua, as possibilidades de co-geração tendem a cres-cer proporcionalmente. “Devemos gerar, até 2012 ou 2013, em tornode 3 mil megawatts e vamos usar para consumo próprio mais ou me-nos 1 mil MW”, acredita Rocha. Isso significa “um potencial de vendade energia de co-geração maior do que o consumo do Estado”.

NReserva ambiental na Serra da Cana Brava, emMinaçu: quase 4 mil hectares preservados com recursos da Sama

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Mercados mais exigentesAo longo do tempo, a indústria de extração mineral acumulou um

amplo histórico de acidentes e agressões ao meio ambiente, gerandopassivos ambientais que ainda custam caro ao setor e às comunidadesafetadas. O impacto guarda relação direta com a característica intrín-seca da atividade de mineração, mas, em outras ocasiões, foi causadotambém em função de legislações lenientes, tornadas mais rigorosasem períodos mais recentes. Agora, as maiores indústrias de mineraçãoquerem ir além do que exigem as leis ambientais, adequando-se àscrescentes exigências dos maiores mercados do planeta e minimizandoa destruição da natureza.

Entre 2005 e 2007, a Sama S.A. – Minerações Associadas investiráperto de R$ 2,34 milhões em uma série de projetos ambientais que in-cluem desde o aproveitamento mais eficiente do calor gerado nos for-nos de secagem e de gestão do consumo de energia, evitando ultrapas-sar a demanda contratada, até o uso de sebo como substituto do óleocombustível para secar o minério. Entre outros, os recursos definidospela empresa contemplam, ainda, um processo contínuo de revegeta-

ção das bancas de material estéril e rejeitos da mina de Cana Brava, emMinaçu (GO), onde a empresa produz ao redor de 250 mil a 255 miltoneladas de amianto por ano.

A empresa também reaproveita a água tratada em sua estação deesgoto para umidificar os rejeitos gerados na extração e processamentodo amianto, além de preservar uma reserva natural de quase 4 mil hec-tares na Serra de Cana Brava. “Há três décadas buscamos melhoresdesenvolvimentos ambientais. Nossa política é sempre fazer mais doque a legislação exige”, declara Rubens Rela Filho, diretor-geral daSama. O principal desafio imposto à mineradora está na crescente re-jeição mundial à fibra de amianto, material que, inalado em dosagemsuperior a determinados limites, por tempo prolongado, pode levar aodesenvolvimento de doenças pulmonares (asbestose) e até câncer.

A legislação que disciplina a extração, industrialização, usos e ma-nuseio do amianto limita sua presença no material em suspensão nasminas a no máximo de duas fibras por centímetro cúbico, além de exi-gir a checagem dos índices de contaminação duas vezes ao ano. Num

acordo com o sindicato de trabalhadores, prossegue Rela, essa verifica-ção é feita mensalmente em Cana Brava, a partir de cem postos de co-leta instalados dentro da mina, em locais escolhidos pela maioria dosquase 790 funcionários diretos e indiretos.

O acordo com o sindicato, acrescenta o diretor-geral da Sama, de-termina ainda um limite máximo de 0,2 fibras por cm³. “No ano pas-sado, tivemos 100% dos pontos de medição abaixo de 0,1 fibra porcentímetro cúbico”, comemora Rela, para quem a mineradora tem re-dobrado esforços desde os anos 80 para alcançar avanços que consi-dera expressivos na área ambiental. O executivo da Sama afirma,ainda, que a medição captura todo tipo de fibras presentes na atmos-fera interna na planta industrial e na lavra, incluindo algodão, celulosee também fibras de amianto, entre outras. “Isso significa que a pre-

sença do amianto no ar é ainda menor”, declara Rela.Uma medição específica para fibras do crisotila foi encomendada

pela Sama a um laboratório francês, que fez a análise de amostras colhidas na cidade de Minaçu em microscópio eletrônico de varre-dura, de alta resolução. A leitura do material identificou apenas0,00055 fibra por centímetro cúbico.

Depois de realizar séries de estudos epidemiológicos com ex-trabalhadores do setor e sobre a biopersistência e toxidade da fibra,em associação com universidades de renome e especialistas no se-tor, a Sama patrocina, juntamente com USP e Incor, pesquisa desaúde pública com moradores há mais de 15 anos em domicílioscom telhas de amianto sem forração. O trabalho tem prazo deconclusão previsto para março de 2009 e cobrirá cinco capitais.

“Os resíduos contendo cromo são ensacados e enterrados na área da própria indústria, onde permanecem até sua neutralização”João Essado, da Centro Couros Inhumas e presidente do Sindicato das Indústrias de Curtumes e Correlatos do Estado de Goiás (Sindicurtume)

“Ensacado e enterrado”No mercado desde 1990, a Centro Couros Inhumas está instaladana cidade do mesmo nome, às margens do riacho Inhuminhas,um dos afluentes do Rio Meia Ponte. Capta diariamente entre 800mil a 1 milhão de litros de água para abastecer sua unidade, queprocessa 2,5 mil couros por dia. “Aproximadamente 10% dareceita bruta é destinada para a área ambiental”, afirma oempresário João Essado (foto), dono do curtume e presidente doSindicato das Indústrias de Curtumes e Correlatos do Estado de Goiás (Sindicurtume).A água bruta passa por um processo inicial de tratamento, entra nosistema e retorna para a estação de tratamento de efluentes,equipada com tanque de aeração com capacidade para 4,5milhões de litros. Depois de tratada, retorna ao leito do Inhuminhas.“Lanço a água tratada acima da área de captação, o que assegurasua qualidade”, afirma Essado, acrescentando que nem todos oscurtumes adotam a mesma prática. Hoje, no Estado, encontram-seem operação 14 curtumes, com capacidade estimada em 23 milcouros por dia. “Estamos processando entre 15 mil a 16 mil peles,num reflexo da retração no total de abates”, completa o empresário.Com três prêmios concedidos pelo Conselho Regional deEngenharia e Arquitetura de Goiás (Crea-GO), em reconhecimentoa projetos na área ambiental, a Centro Couros Inhumas tem feitosesforços para evitar a poluição da bacia do Meia Ponte, ressaltaEssado. Os resíduos gerados no processo de depilação, no caleiro,são trabalhados e recolhidos em caminhões-pipas para aplicaçãoem lavouras da região, servindo como adubo orgânico.A fase de curtimento, que utiliza sulfato de amônio, ácido fórmico, salfino, cromo e alvejantes, exige investimentos mais pesados emtratamento. “Os resíduos contendo cromo são ensacados eenterrados na área da própria indústria, onde permanecem até suaneutralização. Depois de 20 anos, o porcentual de cromo decai para0,001% e o material já pode ser usado como adubo”, afirma Essado.

Centro Couros Inhumas: empresa investe em sistemas de tratamento de rejeitos em toda a linha de produção

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“Essa é uma das dificuldades dasempresas em Goiás. Não háaterros industriais no Estado”

William Nunes de Aquino, supervisor de sistema deprodução da MMC Automotores do Brasil

Sistema de tratamento da Coming, emTrindade, e mina da Sama, em Minaçu:em busca do equilíbrio entre produção econservação do meio ambiente

Eficiência energéticaA MMC Automotores do Brasil, subsidiária da montadora japo-

nesa Mitsubishi Motors em parceria com o grupo nacional SouzaRamos, mantém na fábrica de Catalão uma política de investimentoscontínuos em racionalização de energia, reciclagem de resíduos doprocesso de produção e de tratamento de efluentes. Segundo WilliamNunes de Aquino, supervisor de sistema de produção, e Ednaldo Nery,engenheiro de gestão ambiental, a montadora construiu indicadoresde desempenho ambiental que permitem aferir resultados dos projetosem andamento nessa área.

Um comitê, reunindo todas as áreas da empresa, define políticas eacompanha o cumprimento das medidas e das metas definidas emconjunto para aperfeiçoar a performance ambiental da montadora. Oconsumo de energia, num exemplo, é monitorado com lupa pelo co-mitê interno e as metas de racionalização têm sido seguidas à risca.Mais do que isso, a empresa passou a consumir menos energia por veí-culo produzido do que planejava.

Em 2004, cada veículo que deixava a linha de montagem exigiaum consumo médio de 691 quilowatts por hora. Para 2008, lembraNery, a meta era reduzir o consumo para 636 quilowatts, mas empresajá ostenta um índice de 512 quilowatts por veículo montado – 19,5%abaixo do teto e 26% menos do que em 2004. Isso não significa que aprodução foi reduzida, ainda mais em um momento de vigoroso aque-cimento das vendas de veículos no mercado doméstico. Em outubro, amontadora vai entrar com um terceiro turno, ampliando a produçãoem 15%, para 230 veículos por dia, na média. Para fevereiro de 2009,está prevista, de acordo com Aquino, nova expansão de 15%. Entre2009 e 2011, a produção projetada deverá crescer de 45.182 para

61.248 unidades, numa variação acumulada de 35,6%.A empresa instalou em seu parque uma central para triagem e se-

paração de resíduos sólidos, que lhe permite destinar a empresas de re-ciclagem, diariamente, 40 toneladas de materiais, entre sucatas deferro e aço, alumínio, papelão, plástico, madeira, isopor e outros mate-riais. “Perto 98% dos resíduos são reaproveitados”, comenta Nery. AMMC mantém parceria com a Belgo Mineira, que colocou lá dentrouma prensa para sucatas metálicas, o que permite reciclar mil tonela-das de rejeitos mensalmente.

Os resíduos classificados como especiais recebem tratamento es-pecífico. Borra de tinta e solventes são recolhidos e encaminhados a ci-menteiras, que aproveitam os resíduos para a produção de energia apartir de sua queima nas caldeiras. Baterias usadas, como determina alegislação, são devolvidas aos fabricantes, que respondem pela destina-ção final. O papelão e o plástico, num total de 250 toneladas por mês,são enviados à G&P, empresa goiana de reciclagem, que emprega 30pessoas de baixa renda em Catalão.

Na linha de pintura, a MMC instalou uma estação de tratamentode efluentes, com capacidade para 15 m³ por hora. O lodo resultantedo tratamento é enviado a aterros industriais impermebializados e li-cenciados em Minas Gerais. “Essa é uma das dificuldades das empre-sas em Goiás. Não há aterros industriais no Estado”, queixa-seAquino. Para o futuro, a montadora tem planos para reutilizar a águapluvial coletada na área da unidade, hoje destinada a dois lagos ondese faz a criação de peixes. Os lagos comportam perto de 8 milhões de litros. Aquino destaca o fato de a MMC ter sido a primeiramontadora a utilizar papel reciclado em larga escala na fábrica.

Coming em fase de duplicação

sódio, usados no caleiro). São produzidos, todos os dias, 90 m³ deefluentes e 15% passam por tratamento antes do descarte. O restanteretorna ao curtume e é reutilizado em um processo contínuo.

Conforme classificação definida pela norma NDR 10.004, doConselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), os resíduos de classedois, menos tóxicos, incluindo rejeitos orgânicos, sulfato de alumínio epolímeros, sofrem tratamento físico-químico e são destinados a aterrossanitários. Os resíduos de classe um, de alto risco, contendo metais pe-sados (cromo, basicamente), são encaminhados a um aterro industrialno Rio Grande do Sul.

Os efluentes gerados na depilação do couro, no caleiro, formamuma pasta com elevada porcentagem de matéria orgânica e pH básico(entre 12 e 13). “Utilizamos esse resíduo para ferti-irrigação de 70 milmudas de eucalipto, cultivadas pela empresa, que pretende, no futuro,utilizá-las em sua caldeira para geração de energia”, pontua Daniela.

Bióloga, especialista em tratamento de resíduos sólidos e líquidospela Universidade Federal de Goiás (UFG), Daniela de Souza Silva éconsultora da Coming, fabricante de couros dirigida pelo empresárioEmílio Bittar, com curtume em Trindade. Segundo ela, a empresa im-plantou três linhas para tratamento de resíduos, incluindo uma parareciclo de cromo, uma segunda para tratar os efluentes do caleiro(onde o couro é literalmente depilado) e outra para rejeitos líquidos.

O curtume produz, todos os dias, em média, duas toneladas de re-síduos semi-sólidos e 600 mil litros de líquidos, usados para a prepara-ção e curtimento de 2,6 mil peças de couro. “A empresa adota comoprincípio básico a redução na geração de resíduos em todo o processo”,resume a bióloga. Desde 2005, a Coming vem tocando um projeto deexpansão orçado em 300 mil euros apenas em obras e maquinário.

Como parte desse projeto, os equipamentos passaram por umaadaptação e as novas máquinas já incorporam tecnologia que permite,entre outros ganhos, racionalizar o uso de água, com redução doconsumo estimada em 20%. “Primeiramente, foi realizado o investi-mento no sistema de produção. Agora, a empresa investe na expansãodo sistema de tratamento de efluentes e já instalou a etapa de reciclo eo decantador secundário”, detalha Daniela. Todo o sistema terá de su-portar uma produção diária de 5 mil peles, praticamente o dobro daprodução atual.

O processo adotado atualmente permite que a empresa reutilize85% dos efluentes industriais no próprio processo de produção, o quepode reduzir gastos com produtos químicos (como cromo e sulfeto de

Unidade da Mitsubishi em Catalão: prevista expansãopara 61.248 unidades até 2011, numavanço de 35,6%

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política econômica

O BARCO SACODE,MAS NÃO SAI DO RUMO

Barbosa com empresários na Fieg: “aperto” deve preservarambiente favorável a investimentos

nLauro Veiga Filho

O vigoroso desempenho da economia e daindústria em particular não deverá se repetir nametade final deste ano. Não se deve esperarnada muito dramático, mas as taxas de cresci-mento tendem a perder ímpeto, como resul-tado das medidas adotadas pelo Banco Central(BC) e pelo Ministério da Fazenda para contro-lar a inflação e evitar uma escalada dos preços –risco não visível no horizonte no momento emque os preços das principais commodities agrí-colas e metálicas pareciam perder fôlego nomercado internacional, seguindo o tombo re-gistrado pelos preços do barril de petróleo epela recuperação do valor do dólar frente àsprincipais moedas.

“O barco balança, sacudido por choques

externos, mas não sai do rumo”, afirmou o se-cretário de Política Econômica do Ministério daFazenda, Nelson Henrique Barbosa Filho, emrecente palestra a um grupo de empresários nasede da Federação das Indústrias do Estado deGoiás (Fieg). A frase reflete diferenças nítidasde avaliação da conjuntura em relação à avalia-ção preferida pela equipe do BC, mas tambémsugere uma certa acomodação (ou, melhor di-zendo, de certo conformismo) em relação à po-lítica ditada pela autoridade monetária.

Questionado, Barbosa demonstrou partedessa discordância ao declarar que não cabe aele discutir decisões de política monetária. Eacrescentou: “Fazenda e BC sinalizam que vãocontrolar e reconduzir a inflação para o centroda meta, sem prejudicar o crescimento. Podehaver uma desaceleração, mas será pontual”.

Medidas adotadas peloBanco Central eMinistério da Fazendapara controlar a inflaçãodevem reduzirvelocidade decrescimento daeconomia

A elevação dos preços observada no pri-meiro semestre, que parece já ir ficando paratrás por conta da mudança de tendência observada nos principais mercados mundiaisde ativos, representou, na visão de Barbosa,um “desafio de magnitude não vista há maisde 30 anos”. Os preços do petróleo haviamdisparado para níveis mais elevados do quedurante o segundo choque, ocorrido em1979, com preços do barril na casa de US$145 e previsões indicando a continuidadedessa elevação para US$ 200 ainda neste ano.A disparada produziu, ao longo dos últimosmeses, choques de preços sucessivos nosmercados de alimentos, carvão, aço e produ-

tos siderúrgicos e dos minérios em geral.Como conseqüência, os preços entraram

em alta também no Brasil, puxando as taxasde inflação para mais de 6,5% ao ano, teto es-tabelecido pelo Conselho de PolíticaMonetária (Copom) para 2008. O aumentoocorreu “independentemente das políticas dogoverno, da taxa Selic (Sistema Especial deLiquidação e Custódia), do resultado primá-rio (e, portanto, da política fiscal)”, atacouBarbosa diretamente. A política econômicarespondeu a esse aumento temporário da in-flação, disse ele, deixando entrever, nas entre-linhas, uma crítica velada ao aumento exces-sivo dos juros básicos.

A estratégia em defesa da estabilidade naeconomia, prossegue Barbosa, tem sido arti-culada a partir de três frentes, incluindo, alémdo aperto monetário, a austeridade fiscal e administração de medidas que permitam pre-servar ambiente favorável aos investimentos eao crescimento. O secretário relaciona, nestaúltima categoria, o Plano de Aceleração doCrescimento (PAC), a Política deDesenvolvimento Produtivo (PDP) e o planode safra recém-lançado, prevendo recursos deR$ 65 bilhões para o segmento empresarial eR$ 13 bilhões para agricultura familiar.

Como medidas “coadjuvantes”, destina-das a moderar o aumento da demanda agre-gada e reforçar a oferta doméstica, o governoaumentou impostos sobre operações de cré-dito, com destaque para as linhas de leasing, ereduziu tarifas na importação de trigo.

O choque externo

Discriminação Jan-jun 2007 Jan-jun 2008 Variação (%)

Receita total 295,665 344,946 +16,67

Transferências a Estados e municípios 52,347 63,239 +20,81

Receita líquida 243,317 281,707 +15,78

Despesa total 200,687 220,336 +9,79

Pessoal e encargos 55,343 59,601 +7,69

Custeio e capital 60,759 67,720 +11,79

Outras despesas de custeio 36,983 39,984 +8,11

Despesas discricionárias 37,169 39,674 +6,74

Outras despesas de capital 7,341 9,871 +34,46

Resultado primário 42,631 61,370 +43,96

Resultado primário / PIB 3,45% 4,41% -

Resultado primário do governo central, valores em R$ bilhões

Acima da meta

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (STN)

O secretário de Política Econômica fezquestão de rebater críticas endereçadas à polí-tica fiscal, considerada por alguns analistascomo excessivamente expansionista (ou seja,com potencial de risco para o controle de pre-ços, ao adicionar alguns pontos a mais depressão sobre a demanda total na economia).Para Barbosa, no entanto, a política fiscal temcumprido papel exatamente inverso, refor-çando a política monetária ao esterilizar re-cursos por meio de um aumento da meta es-tabelecida para o superávit primário de 3,8%para 4,3% do PIB.

No primeiro semestre, as despesas totaisdo Tesouro em relação ao PIB sofreram baixade 2,7%, ao mesmo tempo em que a receita lí-quida, sob o mesmo critério, avançou 2,6%.Enquanto os gastos com pessoal e de custeiorecuaram 4,5% e 4,2%, respectivamente, osinvestimentos aumentaram 19,2%. Os núme-

ros, anota Barbosa, apontam um comporta-mento “virtuoso” dos gastos, com reduçõespara as despesas com manutenção da má-quina e avanços nos investimentos.

As despesas discricionárias, sobre asquais o Tesouro detém poder total, sofreramvariação de 6,74% no primeiro semestre, fi-cando 5,4% menores quando descontada a

variação do PIB. Esse tipo de desembolso pas-sou de R$ 37,169 bilhões nos primeiros seismeses de 2007 para R$ 39,674 bilhões nesteano. Os investimentos do Tesouro e das esta-tais federais, somados, passaram de R$ 24,9bilhões no primeiro semestre de 2007 paraquase R$ 30,0 bilhões no mesmo períododeste ano, indicando variação de 20,2% .

Rebatendocríticas

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comércio exterior

Por trás dos RECORDES

Bom desempenho da balança comercial deve-seprincipalmente à elevação dospreços de commodities básicas

n Lauro Veiga Filho

Em um mero exercício matemático, caso ospreços médios de venda dos produtos exporta-dos por Goiás tivessem se mantido sem altera-ções em relação ao ano passado, as exportaçõesgoianas teriam crescido apenas 6,1% no acu-mulado entre janeiro e julho deste ano, en-quanto o superávit comercial teria encolhidoem 94%, para um valor bastante próximo deUS$ 51 milhões. Os dados mostram que a valo-rização dos produtos exportados foi responsá-vel por mais de 80% do crescimento das vendasexternas realizadas a partir de Goiás nos primei-ros sete meses deste ano, já que o volume em-barcado para o exterior apresentou variaçãoapenas modesta (pouco mais de 6%).

No período, as exportações somaram US$2,455 bilhões, em novo recorde, crescendo44,7% em relação ao mesmo intervalo de 2007(US$ 758,89 milhões a mais), enquanto as im-portações mais do que dobraram, numa eleva-ção de 120%, para US$ 1,748 bilhão. O resul-tado foi um saldo comercial 21,6% mais magro,

na faixa de US$ 707,10 milhões. O superávit to-tal do País caiu 38,8%.

Tanto as exportações quanto as importa-ções do Estado cresceram em ritmo mais acele-rado do que no restante do País. As vendas ex-ternas totais do Brasil aumentaram 27,2% e ascompras avançaram 52,1%. As diferenças nocaso das exportações podem ser explicadas emfunção da presença maciça de commodities me-tálicas e de produtos originados no agronegócio

na pauta de exportações de Goiás. Foram essesos produtos que experimentaram maior valori-zação no mercado internacional.

Praticamente 40% das vendas totais no pri-meiro semestre vieram dos embarques de sojaem grão e farelo de soja. Mas os dois produtosresponderam, em conjunto, por 53% do cresci-mento das exportações totais. As vendas de sojaem grão aumentaram de US$ 438,10 milhõespara US$ 727,08 milhões, numa variação deUS$ 288,98 milhões (66% a mais). Isso signifi-cou 38% da variação absoluta das exportaçõestotais. No caso do farelo, registrou-se avanço de113,81 milhões (de US$ 143,02 milhões paraUS$ 256,83 milhões, num crescimento relativode 79,6%), representando 15% do aumento dovalor total exportado.

Os quatro produtos líderes em exportaçõesno Estado, incluindo carnes de bovino desossa-das e congeladas e sulfetos de minério de cobre,além da soja em grão e do farelo, concentraram68,56% dos embarques, diante de 63,07% em2007. O grupo respondeu por 80,8% do cresci-mento das exportações acumuladas até julho.

Pós-graduação

O Centro Internacional de Negócios (CIN) daFieg, em parceria com o Senai e a consultoriaAduaneiras, realiza no início de setembro o cursode pós-graduação de Gestão em ComércioExterior. As inscrições podem ser feitas desegunda à sexta-feira, entre 8 e 22 horas, e aossábados, das 8 às 17 horas. Informações pelostelefones (62) 3269-1200 / 1226 / 1234, naFaculdade de Tecnologia Senai deDesenvolvimento Gerencial (Fatesg), ou pelo e-mail [email protected].

A questão central, no entanto, conformeanota o presidente do Conselho Temático deComércio Exterior e Negócios Internacionaisda Fieg, Heribaldo Egídio, continua sendo aextrema dependência das balança em relaçãoàs exportações de produtos básicos. Emjulho, 52% das exportações saíram do cha-mado “complexo soja” (grão, farelo e óleo),com vendas de US$ 334,44 milhões.Sozinho, o setor foi responsável por 71,57%do aumento das vendas externas naquelemês. Sem a soja e seus derivados, as demaisexportações cresceram 52,7%.

Egídio defende a adoção de políticasque estimulem a indústria a agregar valoràs exportações, reduzindo a participaçãodos produtos básicos na pauta de exporta-ções. O empresário cita o exemplo da in-

dústria de medicamentos, que poderia ex-plorar mais fortemente os mercados dospaíses africanos. “Precisamos, além de umapolítica de incentivo a exportações demaior conteúdo tecnológico, de nos organi-zarmos para derrubar entraves à entrada denossos produtos naqueles mercados”,aponta Egídio. Ele prevê que as exporta-ções de Goiás poderão atingir US$ 4 bil-hões neste ano, em outra marca histórica.

A FORÇA DO AGRONEGÓCIOEm outro exercício, retirando-se da pauta

todo o setor do agronegócio, a balança comer-cial do Estado registra rombo de US$ 1,161 bilhão no primeiro semestre, diante de déficit deUS$ 395,030 milhões no acumulado dos seisprimeiros meses de 2007 – um salto de 223,5%.

O saldo negativo é resultado de exportações deUS$ 553,946 milhões (36% maiores) e importa-ções de US$ 1,715 bilhão (mais 126,5%).

As exportações do agronegócio, que res-ponderam por 76% das vendas externas totaisdo Estado no primeiro semestre do ano pas-sado, somando US$ 1,289 bilhão, cresceram46,46%, passando a US$ 1,902 bilhão ou 77,4%do total. O saldo comercial do agronegócio au-mentou de US$ 1,261 bilhão para US$ 1,868bilhão – 48,2% a mais.

Mas esse bom desempenho diz respeito,em larga medida, ao comportamento dos pre-ços no primeiro semestre. Os volumes de sojaem grão embarcados para outros países, numexemplo, mantiveram-se virtualmente estagna-dos, na casa de 1,580 milhão de toneladas. Masos valores médios de venda por tonelada salta-ram 65,5%. Em volume, as exportações de fa-relo aumentaram 16%, mas o preço médio deexportação engordou 54,8%.

Dependência crescente

Montadorasimportam165% a mais

No prato das importações, volume e preçodividiram a responsabilidade pelo salto obser-vado no semestre. Medidas em toneladas, ascompras externas subiram 443,5%. O valormédio pago pelo Estado aumentou 53%, su-perando a variação observada para os preçosmédios de exportação, já que a indústriagoiana importa bens de maior valor agregado .

As compras de veículos, partes, acessóriose peças, incluindo tratores, colheitadeiras e au-tomóveis de passageiro, dispararam para US$701,558 milhões, representando 40,1% das im-portações totais. Houve aumento de 165% emrelação ao primeiro semestre de 2007 (US$264,901 milhões ou 33,3% do total). As monta-doras responderam por 45,8% do crescimentodas importações.

Dependência crescenteBalança comercial de Goiás, valores em US$ milhões

Itens Jan-jul 2007 Jan-jul 2008 Variação (%)Exportações do agronegócio 1.289,321 1.901,581 +46,46

Exportações demais setores 407,318 553,946 +35,99

Exportações totais 1.696,639 2,455,527 +44,73

Importações do agronegócio 37,739 33,160 -12,13

Importações demais setores 757,402 1.715,286 +126,47

Importações totais 795,141 1.748,446 +120,0

Saldo comercial do agronegócio 1.260,572 1.868,421 +48,20

Saldo comercial demais setores (395,030) (1.161,340) +223,50

Saldo comercial total 901,497 707,081 -21,57Fonte dos dados brutos: Secretaria de Comércio Exterior/Mdic e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

A caminho dos portos: soja emgrão, farelo, carne congelada e

cobre responderam por 80% docrescimento das exportações

Div

ulga

ção

Page 19: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

GOIÁS INDUSTRIAL36

memória

E começa a indústria do

Laticínios Piracanjubainaugura a fase deindustrialização do leiteproduzido em Goiás

Criado em 1955, o Laticínios Piracanjuba, ins-talado na cidade do mesmo nome, a 85 quilôme-tros de Goiânia, dedicou-se inicialmente à produ-ção da manteiga da marca, inaugurando a fase deindustrialização do leite produzido em Goiás. Jáconsolidada, a empresa teve seu controle assu-mido pela família Helou em 1974. Cinco anosmais tarde, a indústria iniciou a produção de quei-jos, também sob a marca Piracanjuba.

Os irmãos César e Marcos Helou assumiramo negócio da família em 1985 e, um ano depois,fundaram o Laticínios Bela Vista, com a inaugu-ração de uma fábrica de queijos com capacidadepara 5 mil litros por dia, em Bela Vista de Goiás.Sempre explorando a marca Piracanjuba, quedeu fama e abriu mercados para a empresa, os ir-mãos investiram, em 1998, em uma segundaplanta, também em Bela Vista, para a produçãode manteiga e queijos, com capacidade para pro-cessar 150 mil litros diariamente.

A linha de produção de leite longa-vida en-trou em operação em 2002, processando 300mil litros por dia, ainda na usina de Bela Vista,que passaria por nova ampliação, dois anos de-pois, com a incorporação da planta para produ-ção de leite e soro em pó, projetada para meio

milhão de litros por dia. Mais recentemente, a empresa fincou sua

bandeira nos mercados de leite semidesna-tado, achocolatados e produtos infanto-juve-nis. Hoje, o complexo industrial tem capaci-

dade para processar, diariamente, 1,6 milhãode litros de leite, gerando 500 empregos dire-tamente e mais de 2,5 mil de forma indireta.O cadastro de fornecedores do laticínio rela-ciona atualmente perto de 2,3 mil produtores.

PRIMEIRA FÁBRICA DEMANTEIGA DA EMPRESA, FUNDADA EM1955, EM PIRACANJUBA

COMPLEXO DE PRODUÇÃODE LEITE, MANTEIGA EQUEIJOS, INSTALADO EMBELA VISTA DE GOIÁS

LEITE

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PLANO ESTRATÉGICO

\\\\\\ A nova diretoria doSindicato das Indústriasde Material Plástico noEstado de Goiás(Simplago), empossadaoficialmente no dia 21de agosto, começaagora a desenhar oplanejamentoestratégico para ospróximos anos. "Osetor tem mais de 100empresas no Estado e o sindicato registra 52associados. A intenção é fortalecer o sindicato,agregando novas empresas ao seu quadro", afirma opresidente do Simplago, Aurelino Antônio dosSantos. O planejamento deverá ser construído deforma participativa, ouvindo associados e empresasdo setor plástico, reforça ele. Um dos alvos dessaofensiva por mais associados, aponta Santos, seráempresas de sopro e injeção.

DIVERSIFICAREXPORTAÇÕES

\\\\\\ O grande desafioproposto pelo presidentedo Conselho Temático deComércio Exterior eNegócios Internacionaisda Fieg, Heribaldo Egídio,empossado em julhopassado para ummandato de dois anos,será elevar a participação dos produtosindustrializados na pauta de exportações do Estado."Atualmente, perto de 86% das vendas externas deGoiás têm o agronegócio como origem, enquanto aparticipação dos produtos industrializados tem selimitado a 14%", comenta. A meta do conselho éelevar essa fatia gradativamente, ano a ano, atéalcançar 25% das exportações totais, no médioprazo. A tarefa exigirá políticas focadas no estímulo àindustrialização da produção do agronegócio e noaumento da qualidade dos bens industrializados noEstado. "Precisamos crescer num ritmo ainda maisousado", sustenta Egídio.

GOIÁS INDUSTRIAL38 GOIÁS INDUSTRIAL 39

por dentro da indústriaante

"REFORMA" SINDICAL

\\\\\\ Cumprindo orientação dapresidência da Fieg, opresidente do ConselhoTemático de Relações doTrabalho, Orizomar AraújoSiqueira, no cargo desde julhodeste ano, pretende, emprimeiro lugar, colocar a casaem ordem, numa espécie de"reforma" interna. "Vamoslegalizar os 35 sindicatosfiliados ao sistema de acordocom o Código Civil agora emvigor", antecipa Siqueira.Outra iniciativa será mobilizaros sindicatos para quepadronizem as convençõescoletivas de trabalho,tomando a inflação oficialcomo parâmetro.Adicionalmente, o plano detrabalho de Siqueira inclui aprestação de assessoriapermanente aos sindicatos deforma a consolidar nosegmento uma visão macrodas relações entre capital etrabalho, ancorada na própriaexperiência brasileira eenriquecida com o queacontece nesta área nasmaiores economias do planeta.

REGULAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

\\\\\\ Três temas ocupam o alto da agenda dopresidente do Sindicato das Indústrias Químicas noEstado de Goiás (Sindquímica), Eduardo CunhaZuppani, reempossado em junho. O primeiro delesdiz respeito à questão da regulação do setor, sobresponsabilidade da Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa). O sindicato pretende intensificar otreinamento em assuntos regulatórios de empresáriose executivos, além de funcionários ligados à áreadentro das empresas, reduzindo arestas e evitandoatritos neste setor. Os cursos serão ministradosdiretamente pelo sindicato ou em parceria com oórgão regional de vigilância sanitária. Numa associaçãocom o Senai Goiás, o Sindquímica quer incrementartambém os cursos para qualificação de mão-de-obrano setor operacional. Além disso, pretende contratarum escritório de advocacia para oferecer assistênciajurídica aos associados.

CENTRAL DE COMPRAS

\\\\\\ Com mais de 7 mil empresas dedicadasao conserto de veículos no Estado, o recém-eleito presidente do Sindicato da Indústria deReparação de Veículos e Acessórios noEstado de Goiás (Sindirepa), José Franciscode Souza, dedica-se à montagem de umaestratégia para fortalecer a entidade, atraindomaior número de associados. Entre as metaspretendidas para sua gestão, iniciada emjaneiro deste ano, está a instalação de umacentral de compras, que teria como papelfundamental a redução de custos para osetor, por meio de ganhos de escala. Souzaplaneja montar câmaras setoriais dentro doSindirepa, reunindo empresas delanternagem e pintura, retíficas e centrosautomotivos (auto-elétricas). "Vamos mapearos problemas em cada segmento e traçardiretrizes para sua solução", anuncia.

José Francisco de Souza: compras em grupo para ganhar escala e reduzir custos

Orizomar AraújoSiqueira: padronizarnegociações trabalhistas

Eduardo Zuppani: treinamento emquestões regulatórias e assessoria jurídica

Hribaldo Egídio:elevar fatia deindustrializados napauta de comércio exterior

Aurelino Antônio dosSantos: planejamentopara ampliar base deassociados

RECURSOS PARA INFRA-ESTRUTURA

\\\\\\ Até o final do ano, o ConselhoTemático de Infra-Estrutura da Fieg,desde julho sob o comando doempresário Roberto Elias Fernandes,que também preside o Sindicato daIndústria da Construção no Estado deGoiás (Sinduscon), espera concluir umlevantamento detalhado sobre asituação atual e o cronograma de todasas obras programadas para o Estadonos próximos dois anos. "Naseqüência, vamos sentar com ogoverno estadual e definir prioridades”,afirma. Elias Fernandes trabalha, nestemomento, na formatação do conselho,que deverá ter representantes desindicatos setoriais, de secretarias eórgãos de governo relacionados àquestão da infra-estrutura. "Buscamosainda uma aproximação com entidadesda área e representantes do Estado noCongresso para influenciar decisões eevitar que aconteça com as obrasprevistas para Goiás o mesmo queocorreu com a duplicação da rodoviaentre Goiânia e Brasília, que levou 26anos para ser concluída." A proposta,diz Elias Fernandes, é desenharprojetos com eficiência para que,assegurado o recurso, a execução dasobras seja rápida.

Roberto Elias Fernandes:levantamento detalhado das obras previstas para Goiás

CRÉDITOS PARA EXPORTAR

\\\\\\ Reeleito para novo mandatode três anos à frente do Sindicatodas Indústrias de Carnes eDerivados no Estado de Goiás eDistrito Federal (Sindicarne), JoséMagno Pato pretende convencer aSecretaria da Fazenda arestabelecer a política de concessãode créditos do ICMS paraexportação de carnes, suspensadesde julho passado. "Em 2001, aindústria do setor passou a usufruircrédito outorgado de 7%, reduzido,mais tarde, para 5% e, em seguida,para 3%, antes de ser revogado."Para Magno Pato, o governo nãoteria levado em consideração oscustos proporcionalmente maiselevados que os frigoríficosexportadores supostamenteenfrentam. Ele tem planos, ainda, deatrair para o Sindicarne novasempresas com atuação focada nomercado doméstico. "Temos 23filiados ao sindicato, diante de maisde 50 plantas em operação noEstado", comenta.

José Magno Pato: esforço para restabelecer crédito outorgado a exportadores

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GOIÁS INDUSTRIAL40

cidadania e reciclagem campanha

CPF, carteira de trabalho e saúde

A 1ª Ação Cidadania aos Catadores de Material Reciclável e Inclusão Socialcontabilizou mais de 3,5 mil atendimentos em benefício de moradores doResidencial Senador Albino Boa Ventura, em Goiânia, segundo Leandro GondimSilva, analista técnico da Fieg. O projeto, executado entre 9 e 13 horas do dia 5 dejulho, um sábado, foi mais uma iniciativa do Fórum Permanente de Coleta Seletivade Material Reciclável e Inclusão Social, idealizada pela Belcar Caminhões em par-ceria com outras empresas privadas.

O objetivo foi cadastrar e atender necessidades básicas das famílias de catadoresde material reciclável que haviam sido transferidas em janeiro deste ano da Favela dosTrilhos para o residencial. A transferência em si resultou do trabalho desenvolvido emparceria entre Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores) da Fieg,Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Instituto Ethos deResponsabilidade Social e Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável(MNCR/GO), com apoio da Prefeitura deGoiânia, de bancos, universidades, consulto-res, empresas e ONGs.

Os catadores tiveram seus nomes inscritosno Cadastro de Pessoa Física (CPF) da ReceitaFederal e puderam ter acesso à emissão de car-teiras de trabalho, palestras e material com in-formações didáticas sobre saúde e sexo seguro.Além disso, os moradores do residencial tive-ram a oportunidade de realizar exames de vistae de sangue, apurando as taxas de colesterol ediabetes, e checar a pressão arterial por pessoalqualificado. Ao final, presenciaram shows como coral Dó-Ré-Mi, integrado por crianças, ecom a dupla sertaneja Rafael e Claudomiro.

O fórum foi lançado em fevereiro do anopassado com o objetivo de debater problemase definir soluções para viabilizar e disseminar acoleta seletiva de materiais recicláveis.

Ação do Fórum Permanente de Coleta Seletiva atende catadores de material reciclável no ResidencialSenador Albino Boa Ventura

O que Você tem a ver com a Corrupção?Ofensiva do Ministério Público contra a “banalização da corrupção” no dia-a-dia do brasileiro ganha novas adesões também em Goiás

Quem já apelou para o tal “jeitinho brasileiro”, furou uma fila,atravessou o sinal vermelho ou buscou induzir um agente da lei a olhar para o outro lado? Pois você também vem dando sua dose diáriade contribuição para a disseminação da corrupção no País em todos osníveis. A corrupção não está só nos gabinetes refrigerados de políticose autoridades em geral. Como lembrou o procurador-geral de Justiçade Goiás, Eduardo Abdon Moura, durante lançamento no Estado dacampanha O que Você tem a ver com a Corrupção?, os “políticos deBrasília são fruto de nossas escolhas”, e “fazem o que fazem (...)porque sabem que encontram eco na permissividade sutil comque o brasileiro trata a corrupção”.

Lançada em 16 de junho, a campanha atrai adesõesem ritmo crescente e já contabiliza o apoio da AssembléiaLegislativa, do Tribunal de Justiça, da Procuradoria e doTribunal Regional do Trabalho, da Secretaria de Educação,dos tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, daProcuradoria da República em Goiás, das universidadesFederal e Católica e diversas entidades civis e privadas.

A proposta é estabelecer uma guerra sem fronteiras ou trin-cheiras contra a corrupção em todas as suas formas. Ou, conformeresume o programa da campanha, “acabar com a impunidade, ou seja,buscar a efetiva punição dos corruptos e dos corruptores, por meio deum canal real para o oferecimento de denúncias, e, principalmente,educar e estimular as novas gerações, mediante a construção, emlongo prazo, de um Brasil mais justo e sério”.

Condenado por Abdon, o recurso freqüente ao “jeitinho” es-tabeleceu uma espécie de “zona cinzenta da moralidade, quetraveste com aura de esperteza o que é, na verdade, umaforma insidiosa de levar vantagem em cima do outro,

de sobrepor o interesse pessoal ao direito coletivo.”Trata-se, diz ele, de uma “porta aberta, escancarada para os ‘jei-

tões’: o nepotismo, o uso da máquina pública em benefício próprio, acompra de votos, o superfaturamento, o desvio de dinheiro para paraí-sos fiscais.” Simples assim. Coordenada em Goiás pelo promotor deJustiça Umberto Machado de Oliveira, a campanha nasceu em SantaCatarina, em 2004, por iniciativa do também promotor Afonso Ghizzo Neto.

Problemas na Favela dosTrilhos solucionados poração conjunta do Cores,

entidades civis e prefeituracom a mudança das famíliapara o Residencial Senador

Albino Boa Ventura

Page 22: GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVISTA

A Baru Industrial Têxtil, única empresado setor no Estado, instalada em Goiatubadesde 2005, prepara o terreno para mais doque dobrar a produção e multiplicar seu fa-turamento por quatro até 2010. Nesse in-tervalo, ainda pretende abrir mercados naEuropa e nos países do Mercosul. A estraté-gia já foi desenhada e boa parte dela estáancorada na decisão de agregar valor ao ne-gócio com a produção de peças diferencia-das, cobrindo desde as faixas de consumomais popular até as de renda mais elevada.

A fase operacional, na verdade, foi ini-ciada em 2007, revela Humberto RibeiroPeixoto, diretor superintendente da Baru,especializada na produção de artigos decama, mesa e banho. A implantação da in-dústria, cujas edificações ocupam 15 milm² num terreno com 45 mil m² de área to-tal, exigiu investimentos de R$ 10 milhões,dos quais R$ 2,5 milhões foram destacadospara a importação de máquinas de bordar ede matelassé da China e da Coréia do Sul.Atualmente, a empresa produz o equiva-lente a 3 mil peças por dia, empregando126 pessoas.

Mas a indústria tem capacidade insta-lada para processar o correspondente a 6mil edredons diariamente, o que a colocacomo a terceira maior do gênero no País,de acordo com Peixoto. “Queremosatingir a capacidade plena até2010, elevando o fatura-

mento para R$ 50 milhões por ano”, pla-neja o empresário. Apenas para compara-ção, a empresa deverá encerrar o ano comreceita total em torno de R$ 12 milhões.

Segundo Peixoto, a Baru atendeaos mercados das regiões Sul eSudeste, vendendo produtospara todas as classes, de A a D,com a mesma qualidade deproduto. “Muda apenas a ma-téria-prima utilizada na com-

posição do produto e a complexidade daspeças”, reforça. Além da estratégia da dife-renciação, o empresário optou por trabal-

har com tecido importado daChina, que chega ao mer-

cado doméstico pela me-tade do preço do simi-lar nacional, comenta.

“O tecido representaentre 40% e 50% docusto final”.

GOIÁS INDUSTRIAL GOIÁS INDUSTRIAL 4342

baru industrial têxtil reforma tributária

DeA DaCom produtos diferenciados, aempresa tem planos de quadruplicarseu faturamento até 2010, atacandomercados na Europa e no Mercosul

Peixoto: diferenciação deprodutos, a estratégia paradobrar a produção até 2010

Todas as políticas de atração de investimen-tos lastreadas em benefícios e vantagens fiscaisestão, literalmente, na linha de tiro. “Caso nãoseja aprovada uma reforma tributária queconvalide os incentivos, o Supremo TribunalFederal (STF) julgará em bloco as ações diretasde inconstitucionalidade movidas contra aque-las políticas”, tem advertido o deputado federalSandro Mabel (PR-GO), relator do projeto dereforma tributária atualmente em tramitaçãono Congresso, em encontros com empresários.

A tendência no STF, segundo confiden-ciou a ministra Ellen Gracie, tem se desen-hado favorável à derrubada dos incentivos,conforme relato de Mabel a diretores da Fieg,durante reunião recente. “No Pará, os incenti-vos foram cancelados por decisão do Supremo

e, não fosse uma lei provisória, aprovada pelogoverno estadual, os empresários teriam queter recolhido todos os impostos apurados nosúltimos cinco anos, de forma retroativa”, re-forçou o deputado.

Para evitar um clima de insegurança jurí-dica, a proposta do relator deverá não só pror-rogar até 2020 a vigência dos incentivos jácontratados como aplicar uma série de “co-mandos auto-aplicáveis” para preservar a capa-cidade dos governos estaduais executarem polí-ticas ativas de atração de empresas e desonerarinvestimentos e a folha de salários.

Os prazos para a transição da cobrança doImposto sobre a Circulação de Mercadorias eServiços (ICMS) da origem para o destino as-sim como as restrições a novos benefícios sópassam a vigorar depois de aprovado e referen-dado o Fundo Nacional de Desenvolvimento

Regional (FNDR), o que deveria ocorrer 90dias após a promulgação da reforma. Mabel es-tima que o fundo poderá dispor de R$ 7 bilhõesa R$ 8 bilhões para distribuir às regiõesNordeste (que ficaria com 60% dos recursos),Norte (20%) e Centro-Oeste (20%), seguindoos mesmos critérios adotados na divisão dos re-cursos dos fundos constitucionais em vigor.

Na mesma linha, a reforma só passa a valerrealmente se e quando for constituído umfundo de equalização de receitas, destinado acompensar os Estados por eventuais perdas dearrecadação provocadas pela mudança. O rela-tório deverá fixar prazo de seis anos para redu-zir o peso dos encargos sobre a folha de pessoalde 14% para 6% e vai recomendar o aproveita-mento imediato de créditos tributários geradosna aquisição de bens e serviços de uso econsumo das próprias empresas.

Na linha deMabel na Fieg: relatório final da reforma deverá propor prazo de migração para novo sistema até 2020

Relator proporá uma série de mecanismos auto-aplicáveis para compensar empresas e Estadospelo fim das políticas regionais de incentivos fiscaisTIRO

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SifaegPedra fundamentalDona do maior complexo de produção e moagem de cana nomundo, a Cosan lançou no início de agosto a pedra fundamental desua planta em Jataí, num investimento de R$ 450 milhões. A unidadedeverá iniciar sua operação no segundo semestre de 2009 e terácapacidade para 4 milhões de cana quando estiver funcionando aplena carga. A usina vai produzir em torno de 370 milhões de litros deálcool por safra e gerar 105 megawatts. Participaram da solenidade,além do diretor-presidente da Cosan, Rubens Ometto Silveira Mello,o governador Alcides Rodrigues (à direita na foto, com o presidente daCosan), o prefeito de Jataí, Fernando Henrique Peres, e o presidentedo Sindicato das Indústrias de Fabricação de Álcool no Estado deGoiás (Sifaeg), André Luiz Baptista Lins Rocha.

GOIÁS INDUSTRIAL

giro pelos sindicatosguia

Sindibrita I

PLANO DIRETOR

O crescimento projetado para a indústria de agregados mineraisneste e nos próximos anos, escorado no vigoroso avanço daconstrução civil em Goiás e no restante do País, poderá esbarrarnum obstáculo estrutural, como conseqüência da ausência deplanejamento urbano. O alerta foi lançado em agosto pelospresidentes do Sindicato das Indústrias Extrativas de Pedreiras doEstado de Goiás, Tocantins e Distrito Federal (Sindibrita), FábioRassi, e da Associação Nacional de Entidades de Produtores deAgregados para Construção Civil (Anepac), Eduardo RodriguesMachado Luz, e pelo diretor-executivo da entidade, FernandoMendes Valverde, durante o Encontro Nacional da Mineraçãopara Construção Civil (foto), realizado na Fieg.

SicmaNúcleo de EducaçãoProfissional no SenaiDiante da forte demanda porprofissionais qualificados na área daconstrução civil, o Sindicato dasIndústrias da Construção e doMobiliário de Anápolis e aFaculdade de Tecnologia SenaiRoberto Mange instalaram oNúcleo de Educação Profissionalda Construção Civil, que oferecerácursos de qualificação gratuitos deacordo com a demanda do setor.Com espaço para aulas práticas,duas salas para treinamentosteóricos, equipamentos eferramentas para a capacitação, onúcleo já vem desenvolvendoprojetos de atendimento aempresas interessadas e iniciou oprimeiro curso, para pedreiro deedificações, no dia 8 de setembro,com duração prevista de 400horas, em duas turmas de 15alunos cada.

SindileiteProdução comqualidadeNuma parceria entre o Sindicatodas Indústrias de Laticínios doEstado de Goiás (Sindileite),Fundo de Desenvolvimento daPecuária (Fundepec) e ServiçoBrasileiro de Apoio à Micro ePequenas Empresas em Goiás(Sebrae-GO), os produtores deleite de todo o Estado receberãoa cartilha de Boas PráticasAgropecuárias (BPA). Em 44páginas, a publicação, que serádistribuída pelos laticínios,apresentará didaticamentetécnicas para a preservação dobem-estar dos animais,informações sobre saúde ehigiene do ordenhador e derespeito ao meio ambiente. Comtiragem de 80 mil exemplares, acartilha orienta o pecuarista aproduzir leite com qualidade.

Sindileite 2Cana versus leiteAfinal, o avanço dos canaviaisameaça a produção de leite?Segundo conclusão de seminárioorganizado pelo Sindileite, emassociação com o Fundepec e oSebrae,há espaço para as duasatividades. “Quando o produtorde leite utiliza a tecnologiarecomendada, consegue sermais competitivo”, resume odiretor executivo do Sindileite,Alfredo Luís Correia. Em geral,um quarto do terreno éimpróprio para o cultivo de cana,o que permite a exploração da pecuária leiteira em regime de integração.

DESIGN ESTRATÉGICOSindmóveis 2

Além da visita à ForMóbile, os empresários goianos tiveram aoportunidade de conhecer, ainda em São Paulo, o Instituto Europeude Design (foto), numa visita acompanhada por GregoryKravchenko, do Núcleo de Design da Faculdade de Tecnologia SenaiRoberto Mange. O grupo assistiu palestra sobre design estratégico eacompanhou a apresentação do trabalho “Design Estratégico –Uma experiência na formação de multiplicadores no estado doAcre”. Na visão de Paulino Barbosa, do presidente do Sindmóveis,“projetos como esse contribuem para desfazer o mito de que odesign é só para as grandes empresas.” O sindicato estuda apossibilidade de desenvolver projeto similar em Goiás.

Sindmóveis 1ForMóbile 2008Um grupo de 38 empresáriosgoianos do setor moveleiroparticipou da terceira ediçãoda Feira Internacional deFornecedores da IndústriaMadeira Móveis (ForMóbile2008), realizada entre 29 dejulho e 1º de agosto, nopavilhão de exposições doAnhembi, em São Paulo. Aoportunidade de fazernegócios, trocar informaçõese experiências estimulou oSindicato da Indústria deMóveis e Artefatos de Madeirano Estado de Goiás(Sindmóveis) a acertarparceria com o Sebrae, quebancou metade dos custoscom passagens, hospedageme transporte do grupo.Integravam a comitivaempresarial, dentre outros, opresidente do Sindmóveis,Manoel Paulino Barbosa, e odiretor de Administração eFinanças do Sebrae em Goiás,Humberto Rodrigues Oliveira.

GOIÁS INDUSTRIAL 4544

Sindibrita 3Agregados mineraisPublicada em 23 de junho desteano, a Portaria nº 222 doMinistério de Minas e Energia criao Plano Nacional de AgregadosMinerais para a Construção Civil(PNACC). Segundo o diretor-executivo da Anepac, FernandoMendes Valverde, em suaprimeira etapa o plano prevê omapeamento desses recursos emtodo o País, num projetofinanciado pelo Banco Mundial.“São produtos estratégicos para obem-estar da população, mas suaprodução tem caráter limitado eassociado à escassez”, declara.

Sinduscon Aniversário de 60 anosCriado em 1948, o Sindicato daIndústria da Construção no Estadode Goiás (Sinduscon-GO)preparou programação especialpara comemorar o aniversário deseis décadas. No dia 4 desetembro, foi realizada missa nasede do sindicato, celebrada peloarcebispo de Goiânia, d.Washington Cruz. No dia 9, numainiciativa do vereador AnselmoPereira, a Câmara Municipal deGoiânia realizou sessão solene emhomenagem ao Sinduscon. Naocasião, foi lançado o livro 60 AnosSinduscon-GO – Edição Especialsobre a História da Entidade, eprestou-se homenagem aos ex-presidentes do sindicato. O atualpresidente, Roberto EliasFernandes, recebeu o título decidadão goianiense.Sindibrita 2

Perda de reservasOs municípios devem mapearos recursos naturais e incluí-los no plano diretor dascidades, permitindo seuaproveitamento futuro,defende Rassi. “Em Goiânia,várias reservas de brita foramesterilizadas por falta deplanejamento”, lembra opresidente do Sindibrita.Goiás abriga ao redor de trêsdezenas de empresas nosetor, com produção entre 12milhões a 20 milhões de areiae brita por ano.

Loteamentos: expansãodesordenada afeta reservas

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GOIÁS INDUSTRIAL46

desatando nós

De cara nova

Braga: retomado oequilíbrio fiscal, governo

ganha disposiçãorenovada para ouvir

os empresários

SECRETÁRIO DA FAZENDA RENOVA DIÁLOGO COMEMPRESARIADO E ANUNCIA SOLUÇÕES PARA QUESTÕESFISCAIS QUE INCOMODAVAM O SETOR INDUSTRIAL

Numa exposição até certo ponto inesperada paragrande parte da platéia que o assistia, o secretário daFazenda, Jorcelino José Braga, conseguiu desarmar es-píritos e retomar o diálogo com o empresariado, blo-queado até recentemente em função da situação fiscaldo Estado, às voltas com um alegado déficit de R$ 100milhões mensais. “O governo continua com o firmepropósito de zerar o déficit até novembro. Tivemos,inicialmente, grande receio de não atingir essa meta,mas tudo leva a crer que vamos alcançá-la”, afirmouBraga à diretoria da Fieg, reunida na Casa da Indústriano início da segunda semana de agosto.

Vencido o entrave, o secretário frisou que seu ga-binete estará “sempre aberto ao diálogo”, reforçandoque não há “questões fechadas ou assuntos que nãopossam ser reavaliados. Com participação de todos,podemos encontrar caminhos inteligentes para fazeras coisas e preservar a competitividade da indústria”.

O secretário fez questão de destacar que tem tra-balhado internamente para que o Fisco assuma umavisão “mais flexível” em relação a reivindicações em-presariais e “entenda que algumas decisões podemafetar de morte determinado setor.” Nesta fase deaproximação com o empresariado, Braga anunciou oalongamento do prazo para recolhimento de impos-tos para o dia 10 de cada mês e confirmou que a Lei16.241, de 24 de abril deste ano, deverá ser revista.

“Estou bastante otimista com a perspectiva deuma solução positiva para essa pendência”, disseBraga. A lei determina que “são solidariamente obri-gadas ao pagamento do imposto ou da penalidade pe-cuniária as pessoas que tenham interesse comum nasituação que constitua o fato gerador da obrigaçãoprincipal, especialmente”. Na substituição tributária,

as empresas passam a ser consideradas “responsáveispelo pagamento do imposto ou da penalidade pecu-niária” e respondem por eventuais atos consideradosirregulares, mesmo que não tenham responsabilidadeobjetiva no caso. O secretário respondia, então, a umaquestão levantada diretamente pelo presidente daFieg, Paulo Afonso Ferreira, preocupado com asconseqüência da medida para as empresas enquadra-das no regime de substituição tributária.

O secretário ainda discutiu com os empresáriosalgumas questões pontuais e reforçou o anúncio deque o governo deverá assumir uma nova feição em2009. “Temos a expectativa de realizar um ano degrandes investimentos, se as reivindicações salariaisdeixarem”, arrematou, num tom bem humorado.

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