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Êxito total da greve pressiona e Embasa avança. Mas é pouco, a luta continua Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 24 – 18 de julho de 2016 ACESSE A VERSÃO DIGITAL ACERVO SINDAE CAPIM GROSSO AJUIZADA AÇÃO PEDINDO REINTEGRAÇÃO E FIM DAS DEMISSÕES DE APOSENTADOS (AS) NA CERB PÁGINA 4 ENCOB 2016 NO SANEAMENTO, BRASIL SEGUE CAMINHO INVERSO AO DE OUTROS PAÍSES PÁGINA 5 JAGUARIBE FAZ PROPOSTA E SINDICATO COBRA AVANÇOS PÁGINA 5 OBSERVATÓRIO DO SANEAMENTO GOVERNO PREPARA ONDA GIGANTE DE PRIVATIZAÇÃO E SANEAMENTO ESTÁ NO FOCO PÁGINA 2 www.sindae-ba.org.br A adesão maciça da categoria na capital e interior forçou um avanço na proposta da Embasa para o acordo coletivo. Ela saiu de um reajuste salarial dos 4% para 9,6%, mas parcelado. Também insiste em vários retrocessos. Por isso, em assembleias na última quinta (14), a categoria rejeitou a proposta e estabeleceu novos rumos da luta, incluindo assembleias na próxima quarta (20) e nova greve de 24 horas no dia seguinte. Tem negociação marcada com a empresa para a próxima terça (19).. PÁGINAS 3 e 4

Gota D'água - Ed. n.24 - Julho 2016

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Page 1: Gota D'água - Ed. n.24 - Julho 2016

Êxito total da greve pressiona e Embasa avança. Mas é pouco, a luta continua

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXX – Nº 24 – 18 de julho de 2016

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AJUIZADA AÇÃO PEDINDO REINTEGRAÇÃO E FIM DAS

DEMISSÕES DE APOSENTADOS (AS) NA CERB

PÁGINA 4

ENCOB 2016NO SANEAMENTO, BRASIL SEGUE

CAMINHO INVERSO AO DE OUTROS PAÍSES

PÁGINA 5

JAGUARIBE FAZ PROPOSTA E SINDICATO COBRA AVANÇOS

PÁGINA 5

OBSERVATÓRIO DO SANEAMENTOGOVERNO PREPARA ONDA

GIGANTE DE PRIVATIZAÇÃO E SANEAMENTO ESTÁ NO FOCO

PÁGINA 2

www.sindae-ba.org.br

A adesão maciça da categoria na capital e interior forçou um avanço na proposta da Embasa para o acordo coletivo. Ela saiu de um reajuste salarial dos 4% para 9,6%, mas parcelado. Também insiste em vários retrocessos. Por isso, em assembleias na última quinta (14), a categoria rejeitou a proposta e estabeleceu novos rumos da luta, incluindo assembleias na próxima quarta (20) e nova greve de 24 horas no dia seguinte. Tem negociação marcada com a empresa para a próxima terça (19).. PÁGINAS 3 e 4

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Vem aí uma onda gigante de privatizações e o saneamento também está no foco

OBSERVATÓRIO DO SANEAMENTO

Desamarrem o cinto e partam pra lu-ta: vem aí uma onda privatizante sem pre-cedentes, incluindo o saneamento, con-forme análise do professor Luiz Roberto Moraes e do engenheiro sanitarista Abe-lardo de Oliveira, ex-presidente da Emba-sa e ex-secretário nacional de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. A base desse alerta é a aprovação (em maio) da Medida Provisória 727, pelo governo gol-pista de Michel Temer, e sua quase imediata regulamentação pelo Decreto 8791, de 29 de junho passado.

Abelardo afi rma que a MP 727, que cria o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), reedita o Programa Nacional de De-sestatização lançado pelo governo de FHC em 1997, “autorizando concessões passan-do por cima da lei e transformando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) num braço privado para o fi nanciamento dos projetos de PPI”. Ainda segundo ele, essa nova proposta do gover-no golpista transforma em “fi chinha” as par-cerias público-privadas, no que concorda o professor Moraes, pedindo que a socieda-de reaja a essa investida, “transformando a energia da indignação em luta”. Lembram que a companhia de saneamento do Rio de Janeiro, a Cedae, já é cogitada para venda, assim como a Deso (SE) e como outras es-tatais do setor de gás e energia.

Moraes e Abelardo debaterem o des-monte no setor de saneamento durante o seminário “Parceria Público-Privada: uni-versalização ou exclusão do acesso ao sa-neamento básico na Bahia”, realizado pe-lo Observatório do Saneamento Básico da Bahia no último dia 8, em nosso auditório.

Segundo eles, um caso claro de des-monte foi a reforma administrativa pro-movida pelo governador Rui Costa, con-trariando a Constituição estadual, a Lei Nacional de Saneamento Básico, entre ou-tras, ao separar água e esgoto (colocadas no âmbito da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento) de lixo e drena-gem de águas pluviais (fi caram com a Se-cretaria de Desenvolvimento Urbano), e o Plano de Segurança Hídrica, alocado na Secretaria de Meio Ambiente. Já o superin-tendente de Saneamento da Secretaria de Infraestrutura, Raimundo Freitas, acha que essa separação não inviabiliza os trabalhos e elogiou tanto a criação da secretaria on-de atua, como o reforço que, segundo ele, foi dado para o saneamento rural.

Colocando no plano federal, um cená-rio caótico em nada diferente do que foi apresentado pelo mestre em Economia e

“Se o Brasil prefere privatizar, deve olhar o mundo, onde essa opção não é mais predominante e a tendência é de remunicipalizar serviços. Nas 400 maiores cidades do planeta, por exemplo, predomina a gestão pública”Professor Leo HellerRelator Especial da ONU

professor da Ufba, Uallace Lima, acrescen-tando que as propostas do governo golpista não vão a lugar nenhum, pois afasta o esta-do do papel de indutor do desenvolvimento.

Enquanto Renato Cunha, do Gamba, denunciou o desmonte das regras do licen-ciamento ambiental, o coordenador do Sin-dae, Danillo Assunção, citou o caso de Itabu-na, onde houve um levante vitorioso contra o projeto de privatização da água pretendi-do pelo prefeito local. A proposta, lembrou Danillo, foi barrada após a ocupação da Câ-mara de Vereadores por 17 dias e o apoio de várias igrejas e movimentos sociais.

existe índices signifi cativos de saneamento, não aceita a participação social e incentiva o consumo mesmo diante da escassez de água, numa busca predatória pelo lucro.

Pedro Blois, presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), listou uma série de avanços obtidos nos últimos anos, como Estatuto das Cidades, criação do Ministério das Cidades, Lei do Sanea-mento, Lei dos Consórcios Públicos, con-ferências, Plano Nacional de Saneamento, entre outros, para dizer que agora, com o governo golpista, o caminho é de retro-cessos, com restrição a empresas públicas para acessar recursos públicos, privatiza-ções, demissões de trabalhadores, apare-lhamento político, falta de transparência e nenhum investimento. Lembrou que no go-verno FHC foram investidos R$ 2 bilhões no setor, montante que passou para R$ 96 bilhões após Lula assumir a presidência.

Representando a Internacional de Ser-viços Públicos, Leandra Perpétua afi rmou que um dos objetivos do milênio traçados pela ONU é o acesso universal a água até 2030, mas que a PPP não viabiliza isso, pois visa o lucro, num momento em que as mu-danças climáticas estão tornando mais res-trito o acesso à agua e, com isso, transfor-mando-a numa mercadoria mais rentável na visão dos empresários. Já César Seabra, representante da Associação Brasileira de Concessionárias Privadas de Serviços de Água e Esgoto (Abcon), reclamou dos bai-xos índices de saneamento no Brasil, res-saltando que a gestão pública não é incom-petente, é impotente.

César Ramos, diretor de Planejamen-to da Embasa, lamentou o esvaziamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que injetou muita verba no setor, e o comprometimento da capacidade de en-dividamento das empresas públicas, citan-do que a Embasa está próxima desse limi-te. Ele entende que o saneamento precisa, entre outras coisas, ter um fundo de apoio, a isenção do PIS/Cofi ns e acesso a subven-ções e crédito subsidiado, além de facilida-des para o fi nanciamento externo.

Outra participante do seminário foi a promotora Cristina Seixas, do Ministério Público da Bahia. Citou vários retrocessos na política ambiental, a exemplo do novo Código Florestal, e pediu que os movimen-tos sociais voltem a ser mais protagonistas, procurando o próprio Ministério para a defesa dos interesses da sociedade. Outras presenças marcantes nos debates foram as da professora Patrícia Borja, e de Renavan Sobrinho, da Abes Bahia.

Também participou do seminário, via skype, o professor Leo Heller, relator es-pecial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre água e saneamento. Elogiou a criação do Observatório do Saneamento na Bahia, “um exemplo para o país”, e dis-se que hoje há um olhar mais crítico para as privatizações diante de tantos fracassos. Ainda segundo ele, é falacioso o discurso de que privatização traz o aporte de capital privado, citando que a expansão dos ser-viços se dá com dinheiro público ou por meio da cobrança de tarifas: “Se o Brasil prefere privatizar, deve olhar o mundo, on-de essa opção não é mais predominante e a tendência é de remunicipalizar serviços. Nas 400 maiores cidades do planeta, por exemplo, predomina a gestão pública”.

Aparecido Hojaij, presidente da Asso-ciação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), disse que parceria público-privada é a forma refi nada do se-tor privado se apropriar do mercado, mas que este setor não gosta de atender locais de difícil acesso, só deseja participar onde já

Page 3: Gota D'água - Ed. n.24 - Julho 2016

“Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo.Legião Urbana ”

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EMBASA

Embasa sente o êxito da greve, avança um pouco, mas categoria decide cobrar proposta melhor

Encarte da edição de nº 24/2016

Com adesão excepcional na capital e interior, a greve realizada na última terça (12) teve êxito absoluto, forçando a Emba-sa a modifi car sua proposta para o acordo coletivo deste ano. Ela avançou um pouco, saindo de um reajuste de 4% para 9,6% fracionado, além de mudanças em outras cláusulas, mas a categoria entendeu que is-so é insufi ciente e rejeitou por unanimida-de a proposta em assembleias realizadas na última quinta (14). A luta vai continuar, esse é o desejo da categoria.

Assim, nas assembleias desta quinta foram marcados os novos passos da luta que tem como objetivo construir um bom acordo coletivo este ano: de sexta (15) até terça (19) serão realizadas reuniões nos parques, na quarta (20) tem nova rodada de assembleias e uma nova greve de 24 ho-ras está marcada para quinta (21), com ou-tras assembleias na sexta (22). Esses passos podem ser modifi cados, pois está prevista uma negociação com a empresa para terça (19) e a expectativa é de que seja apresen-tada nova proposta. Se isso acontecer, as assembleias de quarta (20) vão decidir o que será feito dali em diante.

FEIRA DE SANTANA

ILHÉUS SEABRA

ITABERABA

BARREIRAS POÇOES

FOTOS: ACERVO SINDAE

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Sindicato ajuíza ação pedindo reintegração e suspensão de novas demissões de aposentados (as) na Cerb

4 Encarte da edição de nº 24/2016

O Sindicato ingressou no último dia 7 com uma ação civil pública, com pedido de liminar, para que a Cerb reintegre os (as) 47 aposentados (as) já demitidos (as) des-de abril e suspenda novas demissões, além do pagamento de R$ 1 milhão por danos morais coletivos decorrentes desses des-ligamentos ilegais. A ação está tramitando na 15ª Vara da Justiça do Trabalho.

O objetivo da empresa é dispen-sar 311 empregados (as) nessa condi-ção, uma verdadeira despedida em massa, uma vez que ela possui hoje 478 empre-gados (as) efetivos (as). Para isso, ela teria obrigatoriamente que discutir com o Sin-dicato, conforme prevê a lei.

Na ação, é lembrado que a empre-sa começou a dispensar aposentados (as) no último dia 11 de abril, tendo dispensa-do 38 até 15 de junho anunciando mais 10 afastamentos, sempre violando a legis-lação. É destacado que a conduta da Cerb é discriminatória, uma vez que tem co-mo alvo apenas empregados (as) aposen-tados (as), com idade avançada, admitin-do de modo escancarado trabalhadores

terceirizados e nomeando, na contramão do que determina a Constituição Fede-ral, trabalhadores em cargos de comissão.

As diversas violações feitas pela Cerb estão demonstradas nessa ação. Ela descumpriu a Constituição Federal, que no seu art. 169, parágrafo 3º, só permite a dispensa de empregados efetivos após a redução de pelo menos 20% das despe-sas com cargos em comissão e funções de confi ança e da exoneração de servi-dores não estáveis.

Também está indo de encontro ao Decreto n.º 16.417/2015, baixado pelo Governador do Estado da Bahia, estabe-lecendo as diretrizes para contenção de despesas de custeio e de pessoal. Nele está expresso que, entre as medidas de contenção, está a redução de 15% dos contratos de prestação de serviços con-tinuados e de terceirização, suspensão de novas contratações via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) e, por fi m, suspensão de nomeações para car-gos em comissão que estejam vagos ou vagarem, a partir da data de publicação

daquele decreto, que é do ano passado.

Em nenhum momento o governo de-terminou o desligamento de empregados efetivos e sequer menciona aposentados. Assim, atropelando os dispositivos legais, a decisão de rescindir os contratos de apo-sentados (as) partiu da própria diretoria da Cerb que, não satisfeita, também des-cumpriu a lei ao continuar nomeando di-versos servidores para cargos em comis-são e funções de confi ança para atender afi lhados políticos. Mas ela não fi cou só nesse abuso: o próprio governo baiano descumpriu seu próprio decreto, uma vez que depois de editá-lo publicou edital de contratação de trabalhadores pelo Reda.

A ação também trata da discrimina-ção imposta aos (às) aposentados (as), uma vez que a empresa está ferindo o art. 1º da Lei 9.029/95, que proíbe a ado-ção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, defi ciência, reabili-tação profi ssional, idade, entre outros.

PROPOSTA DA EMPRESA – O pequeno avanço na proposta aconteceu em nego-ciação realizada na última quarta (13), a pri-meira que teve a presença do presidente da empresa, Rogério Cedraz. Mesmo as-sim, em total desrespeito, ele saiu da mesa de reunião quando o Sindicato apresentou uma contraproposta, especialmente para o reajuste (12%).

Em sua nova proposta, a empresa ofe-receu reajuste salarial parcelado, sendo 5% agora, retroativo a maio, mais 4,6% em no-vembro, sem retroatividade, para perfazer o total de 9,83% equivalente ao INPC-IB-GE. Também propôs os mesmos percentu-ais para o abono alimentação. Quanto ao Prêmio Aposentadoria, a empresa aceitou manter as regras atuais, mas abrindo uma “janela” após três anos para a inscrição de quem deseja requerer o benefício, e mo-difi cando a nomenclatura (não mais seria chamado prêmio aposentadoria nem pro-grama de demissão voluntária).

Para a Cipa ela quer indicar um terço dos representantes e o presidente. No va-le-transporte ela insiste em retroceder, au-mentando o desconto de 1% para 6%. No transporte intermunicipal, a proposta é for-mar uma comissão paritária (empresa e Sin-dicato) para levantar quem tem possibilida-de de transferência do local de trabalho num prazo de 90 dias. Para o plano de saúde ela manteve a proposta anterior (tabela do Plan-serv, com redução de 60%). Outro ajuste é no calendário de pagamento, passando o pa-

gamento da segunda quinzena do salário pa-ra até o quinto dia útil do mês seguinte.

Ou seja, a proposta continua sendo inaceitável, seja pelo reajuste salarial parce-lado, impondo perdas e sacrifícios à catego-ria, seja pelo conjunto de retrocessos nas

demais cláusulas. Por isso mesmo, a catego-ria deve ampliar a mobilização e ampliar sua participação nos próximos passos da luta visando um acordo coletivo digno, que tra-duza todo o esforço que vem sendo feito por cada trabalhador (a) para tornar a Em-basa uma empresa sustentável e efi ciente.

JEQUIÉ

ALAGOINHAS

ITAMARAJU

SENHOR DO BOMFIM

IRECÊ

CAETITÉ

Page 5: Gota D'água - Ed. n.24 - Julho 2016

ENCOB 2016

Ao querer entregar saneamento, Brasil segue caminho inverso de outros países

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Jaguaribe avança na proposta, mas

muito pouco

Aprovada greve de 24 horas na Cerb. Vai ser na próxima terça

Iniciativas privatizantes do Brasil no sa-neamento básico seguem caminho inverso ao que está sendo adotado no mundo, con-forme afi rmou o companheiro e diretor do Sindae, Pedro Romildo, em palestra no XVIII Encontro Nacional dos Fóruns de Bacias Hi-drográfi cas (Encob 2016), realizado no co-meço deste mês, em Salvador. Ele citou que pelo menos 260 cidades, em diversos paí-ses, retomaram a concessão de serviços das mãos da iniciativa privada nos últimos anos.

Nesses casos, citou, entre outras, as ci-dades de Paris, Buenos Aires e Cochabamba, e informou que a Inglaterra e o Chile tam-bém já estudam desprivatizar o saneamen-to, tal a insatisfação provocada na população. Também lembrou que 70% dos serviços de saneamento nos Estados Unidos, meca do capitalismo, estão sob gestão pública.

Pedro Romildo fez duras críticas às parcerias público-privadas e outras formas de privatização, lembrando que governos estrangeiros e suas multinacionais seguem uma lógica simples: sabem que o Brasil tem 12% das reservas de água doce do mundo,

por isso buscam esse controle a todo custo. Disse que, em vez de proteger esse valioso patrimônio, o governo brasileiro incentiva criminosamente a privatização.

Na mesma mesa que ele participou pa-ra discutir os desafi os do saneamento, o su-perintendente de Planejamento da Câmara Metropolitana de Integração Governamen-tal, do Rio de Janeiro, Luiz Firmino Perei-ra, defendeu que os comitês de bacias são o ambiente adequado para indicar e cons-truir pactos em busca de uma solução pa-ra o saneamento. Criticou a legislação por impor norma única para o setor sem levar em conta as desigualdades municipais. Disse ainda que é preciso dar espaço para os co-mitês nas instâncias de controle social.

Quase dois mil representantes de todo o país participaram do Encob, onde se discu-tiu a gestão das águas, a melhoria das con-dições de nossos recursos hídricos, planos municipais de saneamento, outorgas e co-brança pelo uso da água, entre outros temas. Vários dirigentes do Sindae também partici-param e o nosso stand foi bastante visitado.

Depois que teve sua proposta (6%) rejeitada na mesa de negociação, decisão ratifi cada pela categoria em assembleia, a direção da Jaguaribe fez uma nova oferta para o acordo coletivo deste ano: 8% de reajuste no salário e demais benefícios de ordem econômica. É muito pouco, longe até mesmo de cobrir a infl ação do perí-odo medida pelo INPC-IBGE, que fi cou em 9,83%.

A direção do Sindicato vai analisar a proposta e apresentar uma contrapropos-ta à Jaguaribe, deixando claro que preten-de discutir a inclusão de novas cláusulas no acordo coletivo (a exemplo dos auxí-lios creche e educação). Uma nova nego-ciação já está solicitada, e a depender do resultado iremos discutir a campanha sa-larial com a categoria.

A empresa vive de uma lucrativa par-ceria público-privada fi rmada com a Em-basa e não está sofrendo qualquer efeito da crise econômica no país. Tem, assim, um contrato que lhe garante lucro e não cor-re qualquer risco de prejuízo, tendo plenas condições de fazer proposta melhor para seus (suas) trabalhadores (as).

Protestos, muitos protestos. Assim fo-ram marcadas as assembleias que trabalha-dores (as) da Cerb realizaram na última ter-ça (12), em Salvador e Feira de Santana, e numa situação como essa só poderia acon-tecer uma coisa: foi aprovada por unanimi-dade a realização de uma greve de 24 horas na próxima terça (19), quando também ha-verá novas assembleias, nos mesmos locais, com indicativo para uma nova paralisação.

A paralisação decorre da revolta mo-tivada pela falta de respeito da direção da empresa e do governo estadual, que pre-tendem impor um acordo coletivo com ze-ro de reajuste salarial e também sem corre-ção nos benefícios econômicos. Um acordo apenas de retrocessos, como nunca visto

antes. Além disso, desde que a proposta de reajuste zero foi apresentada nem empresa nem governo quiseram marcar nova nego-ciação com o Sindicato.

A falta de respeito com os (as) traba-lhadores (as) tem se acentuado desde o iní-cio do atual governo. No ano passado, por exemplo, foi realizada uma greve que durou 58 dias, a maior já realizada nesse setor na Bahia, também durante a campanha salarial. Este ano, tanto pela falta de avanço nas ne-gociações do acordo, como também pelas demissões de aposentados (as), já aconte-ceu um protesto no último dia 29 na se-de da empresa, quando os (as) empregados (as), participaram de um café da manhã ves-tidos de preto.

Lei federal obriga medição de água individualizadaDentro de cinco anos, a constru-

ção de novos condomínios no Brasil te-rá de garantir a medição individual de água, conforme a Lei 13.312, sanciona-da na semana passada. O objetivo é in-centivar economia no consumo e que cada condômino pague um valor mais justo na taxa de água, pois o hidrômetro permite discriminar o consumo de cada apartamento, dividindo a conta apenas do consumo feira em áreas comuns.

Em Salvador, foi aprovada em 2009 uma lei garantindo essa obrigatoriedade, mas até agora ela não foi regulamentada. É de autoria do companheiro e vereador Gilmar Santiago. De acordo com a lei, a Prefeitura só pode aprovar projetos de condomínios caso apresentem hidrôme-tros individualizados para cada unidade. Estudos indicam que medidores individu-ais em condomínios proporcionam uma redução de 30% no consumo de água.

GRIGORIO ROCHA

Page 6: Gota D'água - Ed. n.24 - Julho 2016

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), fi liado à FNU/CUT;Responsabilidade: Diretoria Executiva; Editor: José Sinval Soares; Comp. e Impressão: Gráfi ca do Sindae;Tiragem: 8.000 exemplares; Endereço: Rua General Labatut, nº 65, Barris. Salvador – BahiaCEP: 40070-100; Tel.: (71) 3111-1700Email: [email protected]

UT

RECICLÁVEL

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TOMENotaIV COBESACom início nesta quarta, prossegue até

domingo o IV Congresso Baiano de Enge-nharia Sanitária e Ambiental (Cobesa). O evento está sendo realizado no campus da Universidade Federal do Recôncavo, em Cruz das Almas, e tem o apoio do Sindae. Lá estão sendo realizados minicursos, ofi -cinas, palestras e atividades culturais. O te-ma é “Oportunidades na busca da qualida-de ambiental: integrando água, saneamento, energias, alimento, saúde e sociedade”.

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIADiante do fl agelo da forte estiagem, o

governo decidiu colocar técnicos da De-fesa Civil da Bahia para orientar gestores municipais, do sul da Bahia, na elaboração de decreto de emergência que permite a obtenção de socorro nas esferas estadual e federal. Com o decreto reconhecido, o município pode acessar recursos federais e estaduais para investir nas ações de convi-vência e de enfrentamento aos problemas causados pela estiagem.

SEM DESCONTOAbatida por uma crise sem preceden-

tes, inclusive de corrupção interna, e sem conseguir abastecer grande parte da cida-de, a Emasa se livrou de sério problema: a presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Maria do Socorro Santiago, suspendeu a liminar que garantia desconto de 60% na tarifa de água. A liminar foi concedida em maio por um juiz itabunense. Ao reverter a decisão, Maria do Socorro disse que o des-conto poderia comprometer a prestação de um serviço essencial à população.

PAU D’ÁGUAA crise hídrica na região Sul da Bahia,

especialmente em Itabuna e municípios vi-zinhos, tem motivado diversos debates. Na última segunda (11) houve audiência públi-ca na Universidade Santa Cruz e apresen-tação do Projeto Pau D’Água, que busca solução para o estado crítico da bacia hi-drográfi ca do Rio Almada. Diversas entida-des regionais estão engajadas no projeto. A bacia do Almada responde pelo abasteci-mento de água dos municípios de Coaraci, Itajuípe, Itabuna, Uruçuca e Almadina.

NOVO OBSERVATÓRIOFoi criado em Brasília, no começo des-

te mês, um observatório para acompanhar de perto e combater as iniciativas do go-verno ilegítimo e machista de Michel Temer que possam trazer prejuízos às mulheres trabalhadoras. O governo está implemen-tando uma série de retrocessos nas políti-cas para as mulheres. A decisão aconteceu durante o seminário “Trabalhadoras em lu-ta: derrotar retrocessos e ampliar direitos”, realizado pela CUT do Distrito federal.

CONTATOAssociados (as) abaixo relacionados de-

vem entrar em contato com o Sindicato, pro-curando por Elisabete: Albertino Galdino de Jesus, Antônio Serra Brandão, Augusto José Batista, Augusto Rodrigues Evangelista, Eri-mar de Freitas Nascimento, José Carlos dos Reis, José Eduardo dos Santos, Manuel Silva de Oliveira e Valdelice Rodrigues da Silva Vaz.

Luiza Bairros, uma grande lutadora, morre em Porto Alegre

Ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a com-panheira e socióloga Luiza Bairros morreu na última terça (12) em Porto Alegre, sua cidade natal e onde estava em tratamento contra um câncer. Ela se radicou em Salvador em 1979, onde atuou em diversos movimentos sociais, sobretudo no Movimento Negro Unifi cado, e entre 2008 e 2010 fi cou à frente da Secreta-

ria de Promoção da Igualdade Social da Bahia (Sepromi). Trabalhou também em programas das Nações Unidas (ONU) contra o racismo em 2001 e em 2005. Foi uma grande lutado-ra na defesa dos direitos da população negra. A CUT Nacional divulgou nota lamentando a morte de Luiza, assinalando que o fato “deixa uma grande lacuna na luta brasileira em defesa de uma sociedade sem racismo”.

ELEIÇÕES 2016 – SINDAE

Comissão Eleitoral está escolhida. Eleição começa dia 20 de setembro

O pontapé inicial para escolha da nova direção de nossa entidade, no triênio 2016 – 2019, foi dado em assembleia geral ex-traordinária realizada na última quinta (7), quando foram escolhidos os integrantes da Comissão Eleitoral que vai comandar o processo. Por unanimidade, foram eleitos Lindenberg Peixoto Mello (Cerb), Terezi-nha Loiola da Cruz Souza (Embasa) e Adil-son Bonfi m Souza de Aquino (Embasa). Os três disseram esperar que a eleição acon-

teça em clima de tranquilidade.

De acordo com o Cronograma Elei-toral, a votação foi estabelecida para o pe-ríodo de 20 a 22 de setembro, fi cando a apuração do resultado para o dia 24 do mesmo mês. A data limite para inscrição de chapas é o dia 18 de agosto, enquanto a publicação das chapas inscritas se dará no dia 22. O término do mandato da atual diretoria do Sindae é 25 de outubro.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO – ELEIÇÕES SINDICAIS(AVISO RESUMIDO)

O SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ÁGUA, ESGOTO E MEIO AMBIENTE NO ESTADO DA BAHIA – SINDAE, através da Comissão Eleitoral, na forma do Artigo 68.º, convoca os associados para as eleições da Diretoria Executiva (Titulares e Suplentes), Diretoria de Base e Conselho Fiscal (titulares e suplentes), que serão realizadas em 20, 21 e 22.09.2016, em primeira convocação, das 08h30min às 17h30min horas, nos locais indicados abaixo, ou em segunda convocação, nos dias 04, 05 e 06.10.2016, nos mesmos horários e locais, estando aberto o prazo para inscrição de chapas, que serão recebidas na Secretaria deste Sindicato, sito à Rua General Labatut, n.º 65 - Barris - Salvador - Bahia, das 08h30min às 17h30min horas, que fi ndará em 18.08.2016. Serão colhidos votos através de mesas coletoras fi xas e itinerantes, que funcionarão em todo o Estado da Bahia: na Sede do SINDAE, na sede, nos parques, lojas de atendimento, unidades de negócios e escritórios locais da EMBASA; na sede e núcleos regionais da CERB, nas Sedes da CETREL S/A, da Odebrecht Ambiental, da DAC e da CETREL LUMINA, em Camaçari e na Sede da Jaguaribe, na Boca do Rio e nas sedes dos Serviços Autônomos de Água e Esgoto dos Municípios de Alagoinhas, Barra, Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Casa Nova, Catu, Correntina, Curaçá, Ibicaraí, Itajuípe, Itapetinga, Itororó, Juazeiro, Jussari, Macarani, Macaúbas, Pilão Arcado, Pindobaçu, Remanso, Riacho de Santana, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, São Félix do Coribe, Sento Sé, Taperoá, Valença e Xique-Xique, EMASA (Itabuna) e EMSAE (Sobradinho).

Salvador, 18 de julho de 2016.Lindemberg Peixoto de Mello – Presidente da Comissão Eleitoral