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DGOTDU - Governança
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CAPA POLTICA DE CIDADES GOVERNNCIA... VOL. 5 FRENTE AZUL MAGENTA AMARELO PRETO OBRA N. 11285
CAPA POLTICA DE CIDADES GOVERNNCIA... VOL. 5 VERSO AZUL MAGENTA AMARELO PRETO OBRA N. 11285
NMEROS DA SRIE J PUBLICADOS
1. A energia nas cidades do futuro 2. Cidades inteligentes, governao territorial e tecnologias de informao e comunicao 3. A identidade dos lugares e a sua representao colectiva Bases de orientao para a concepo, qualificao e gesto do espao pblico
4. Alteraes climticas e desenvolvimento urbano
PRXIMO NMERO DA SRIE
6. Mobilidade, acessibilidade e logstica na cidade
NMEROS DA SRIE J PUBLICADOS
1. A energia nas cidades do futuro 2. Cidades inteligentes, governao territorial e tecnologias de informao e comunicao 3. A identidade dos lugares e a sua representao colectiva Bases de orientao para a concepo, qualificao e gesto do espao pblico
4. Alteraes climticas e desenvolvimento urbano
PRXIMO NMERO DA SRIE
6. Mobilidade, acessibilidade e logstica na cidade
O que a POLTICA DE CIDADES POLIS XXI
A Poltica de Cidades POLIS XXI, lanada publicamente pelo XVII Governo em Abril de 2007, atravs do Secretrio de Es-tado do Ordenamento do Territrio e das Cidades, visa superar as debilidades do sistema urbano nacional e responder aos desafi os cada vez mais complexos que se colocam s cidades portuguesas, tornando-as motores efectivos do desenvolvimento das regies e do Pas.
Benefi ciando da experincia acumulada dos anteriores programas nacionais e comunitrios dirigidos resoluo de problemas urba-nos e dinamizao do desenvolvimento urbano (PROSIURB, PO-LIS, URBAN e URBACT I, entre outros), a Poltica de Cidades POLIS XXI integra-se nos objectivos da Estratgia de Lisboa e da Estra-tgia Nacional de Desenvolvimento Sustentvel (ENDS) e tem no Modelo Territorial e nas Orientaes Estratgicas para os sistemas urbanos dos diversos espaos regionais do PNPOT um referencial fundamental para a sua implementao.
Partindo do reconhecimento de que o nosso modelo de desenvolvi-mento, cada vez mais dependente do conhecimento e da inovao, exige s cidades uma elevada qualifi cao das suas funes e uma forte capacidade de fi xao e atraco de pessoas qualifi cadas e de actividades inovadoras, a Poltica de Cidades POLIS XXI tem como ambio tornar as cidades portuguesas:
Territrios de inovao e competitividade; Territrios de cidadania e coeso social; Territrios de qualidade de ambiente e de vida; Territrios bem planeados e governados.
Para concretizar esta ambio, a Poltica de Cidades POLIS XXI assume no perodo 2007-2013 os seguintes objectivos opera-tivos:
Qualifi car e integrar os distintos espaos de cada cidade; Fortalecer e diferenciar o capital humano, institucional, cultural e econmico de cada cidade; Qualifi car e intensifi car a integrao da cidade na regio envolvente; Inovar nas solues para a qualifi cao urbana.
A prossecuo destes objectivos concretiza-se em trs eixos de interveno, traduzindo uma viso de cidade a diferentes escalas territoriais:
Regenerao urbana; Competitividade / diferenciao; Integrao regional.
No mbito dos Programas Operacionais do QREN 2007-2013 foram reservados cerca de mil milhes de Euros do FEDER para fi nanciar os seguintes instrumentos da Poltica de Cidades:
Parcerias para a regenerao urbana; Redes urbanas para a competitividade e a inovao; Aces inovadoras para o desenvolvimento urbano; Equipamentos estruturantes do Sistema Urbano Nacional.
Esto igualmente criados mecanismos para assegurar a articulao dos instrumentos especfi cos da Poltica de Cidades com outros do-mnios de interveno previstos nos Programas Operacionais regio-nais e que tm particular relevncia para o sucesso das operaes integradas de desenvolvimento urbano.
Prev-se ainda que a Poltica de Cidades POLIS XXI venha a re-correr a outras fontes de fi nanciamento, compreendendo recursos pblicos nacionais e comunitrios e tambm a instrumentos de fi nanciamento europeus, em particular o Banco Europeu de Inves-timento (BEI). Adicionalmente, o Estado procurar novas formas de fi nanciamento, quer no quadro de parcerias pblico-privado, quer criando condies para um maior envolvimento de fundos privados.
A Poltica de Cidades POLIS XXI ser implementada segundo uma abordagem descentralizada. Pretende-se apoiar projectos de iniciativa local que sero seleccionados mediante procedimentos concursais de mbito nacional ou regional, consoante o programa de fi nanciamento pblico a utilizar. A sua concretizao assentar no recurso generalizado contratualizao, tanto no que respeita ao estabelecimento de parcerias locais para o desenvolvimento dos projectos, como no acesso aos recursos fi nanceiros que o Estado disponibiliza para o efeito.
O instrumento de poltica Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano
E ste instrumento da Poltica de Cidades destina-se a apoiar projectos que tenham por objectivo desenvolver solues inovadoras de resposta a problemas urbanos identifi cados, transferir, para aplicao nas cidades portuguesas, solues testadas com sucesso noutros pases ou, ainda, ge-neralizar solues que tendo sido j aplicadas com resultados positivos em territrio nacional, caream de replicao a uma escala mais alargada para assegurar a sua adopo sustentada.
Nessa perspectiva, foram identifi cadas oito reas temticas para a imple-mentao deste instrumento de poltica:
a) Prestao de servios de proximidade;b) Acessibilidade e mobilidade urbana;c) Segurana, preveno de riscos e combate criminalidade;d) Gesto do espao pblico e do edifi cado;e) Construo sustentvel;f) Ambiente urbano;g) Criatividade e empreendedorismo na valorizao dos recursos territoriais;h) Governao urbana com incremento da participao dos cidados e dos actores econmicos e sociais.
Este leque inicial de temas poder vir a ser ampliado no futuro. Tal como sucede nos outros domnios de implementao da Poltica de Cidades, os projectos a apoiar sero seleccionados atravs de procedimentos concursais abertos ao longo do perodo 2008-2013.
Este instrumento de poltica tem suporte fi nanceiro no Eixo IX (Reforo do sistema urbano nacional) do Programa Operacional Temtico Valorizao do Territrio (POVT) do QREN 2007-2013, tendo sido reservados 90 milhes de Euros para esse efeito.
A seleco das candidaturas e o acompanhamento dos projectos co-fi nan-ciados est a cargo da DGOTDU, que actua na qualidade de organismo inter-mdio de gesto, ao abrigo de contrato de delegao de competncias com a Autoridade de Gesto do POVT.
A abertura dos procedimentos concursais e os respectivos resultados so anunciados na comunicao social e nos stios da Internet da DGOTDU, da Autoridade de Gesto do POVT e do QREN.
Mais informaes em:www.dgotdu.pt/pcwww.qren.pt/www.povt.qren.pt/
Srie POLTICA DE CIDADES - 5
Governncia e participaona gesto territorial
Nota de apresentao
E sta srie de publicaes da DGOTDU, especifi camente dedicada s reas temticas referenciais para a im-plementao do instrumento da Poltica de Cidades POLIS XXI, Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano, tem por objectivo principal fornecer elementos de apoio preparao de bons projectos para candidatura a este domnio de interveno do Eixo IX do Programa Operacional Temtico Valorizao do Territrio.
Para alm desta fi nalidade imediata, pretende-se tambm que estas publicaes constituam uma base geral de informao e divulgao, tendo como principais destinatrios as autarquias locais e os tcnicos particulares. As questes abordadas so amplamente reconhecidas como fazendo parte dos grandes desafi os que hoje se colocam ao desenvolvimento urbano e territorial europeu, pelo que da maior importncia que sejam includas nas agendas municipais e nas nossas prticas de urbanismo e de ordenamento do territrio.
O objectivo destes documentos no apontar solues tcnicas ou metodologias para a aco concreta, mas sim chamar a ateno para algumas das questes mais signifi cativas que hoje se colocam nas reas temticas se-leccionadas, sensibilizar os diferentes intervenientes nos processos de desenvolvimento urbano e territorial para a necessidade da sua considerao e fornecer bases para um aprofundamento de conhecimentos.
Nesta ptica, as publicaes da Srie Documentos de Orientao POLTICA DE CIDADES obedecem a uma es-trutura comum, com uma primeira parte de enquadramento do tema, orientada para identifi car e situar os desafi os que actualmente se colocam, uma segunda parte contendo exemplos de boas prticas, que possam ser inspiradoras da concepo dos projectos a candidatar ou da actuao das autarquias, e uma bibliografi a de referncia.
Este documento de orientao trata da governncia e da participao na gesto territorial.
hoje claro que o sucesso da gesto territorial depende em grau elevado da colaborao entre os agentes directos das transformaes territoriais. Mas depende em grau igualmente elevado da participao e do envolvi-mento activo dos cidados e das organizaes da sociedade civil. O territrio um recurso colectivo cujo destino e modo de utilizao interessa a todos.
Promover uma boa governncia territorial e estimular e organizar a participao dos cidados e das organiza-es da sociedade civil nas principais decises de gesto territorial exige no apenas a vontade poltica de o fazer, mas tambm tcnicas apropriadas, que assegurem a compreenso do que est em jogo e tambm a comunicao entre os diferentes actores dos processos territoriais. Nesse processo, importante ter em adequada considerao as caractersticas e os interesses prprios de cada grupo, reconhecendo em particular a necessidade de elucidao dos no especialistas. disso que nos fala esta publicao.
Abril de 2009
Vitor CamposDirector-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano
Resumo
0 presente trabalho foi desenvolvido pela Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universi-dade Nova de Lisboa para a Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvi-mento Urbano e tem enquadramento nos termos de referncia para a elaborao de documentos de orientao no mbito do Instrumento de Poltica Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano da Poltica de Cidades POLIS XXI e no tema Governncia Urbana com incremento da participao dos cidados e dos actores econmicos e sociais. Esta publicao destina-se a tcnicos e especialistas na rea de planeamento e desenvolvimento urbano, escala dos Planos Municipais de Ordenamento do Territrio (PMOT) em dois mbitos territoriais distintos: o mbito intra-urbano e a cidade/regio. Inclui um enquadramento conceptual da situao e uma anlise da correspondente evoluo normativa de acordo com conceitos inovadores sobre os processos participativos em planeamento. Identifi ca os aspectos dominantes para assegurar boas prticas. Prope, tambm, metodologias para processos participativos e identifi ca alguns casos de suces-so com lies de relevncia nacional e internacional.
Lia VasconcelosPh.D., MCP, Arquitecta - coordenao
Rosrio OliveiraPh.D., Arquitecta Paisagista
rsula CaserMEM, Gegrafa
Ficha Tcnica
Ttulo
Governncia e participao na gesto territorial
Srie
Poltica de Cidades - 5
Abril de 2009
Autores
Lia Vasconcelos Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (coordenao)
Rosrio Oliveira TERCUD - Centro de Estudos do Territrio, Cultura e Desenvolvimento, Universidade Lusfona
rsula Caser Consultora, Wteamup
Editor
Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano
Campo Grande, 50, 1749-014 LISBOA
www.dgotdu.pt [email protected]
Design e produo grfi ca
Vtor Higgs
Impresso e acabamento
Europress, Editores e Distribuidores de Publicaes, Lda.
Tiragem: 500 exemplares
ISBN: 978-972-8569-45-7
Depsito legal: 279131/08
Propriedade da DGOTDU Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano
Reservados todos os direitos de acordo com a legislao em vigor
1. Introduo 12
2. Participao pblica no processo de planeamento municipal 16
3. Governncia e participao: conceitos e metodologias 24 3.1. Conceitos 24
3.1.1. Governncia 24
3.1.2. Participao 26
3.2. Metodologias 29
3.2.1. Articulando actores e conhecimento 29
3.3. Workshop win-win uma sinopse 34
4. Exemplos de sucesso e lies aprendidas 40 4.1. Amesterdo, uma referncia para o planeamento urbano estratgico 42
4.2. Detroit Collaborative Design Center amplifying the diminished voice 44
4.3. Cova da Moura: participao e capacitao na interveno socioterritorial 46
4.4. Requalifi cao do Rossio de Leiria 50
4.5. Plano Municipal de Ambiente de Torres Vedras 52
5. Desafi os e perspectivas de futuro 55
6. Bibliografi a 57
1. Introduo
H oje em dia h uma intensifi cao de cresci-mento urbano e diversifi cao de funes no espao urbano europeu que coloca desafi os
crescentes ao planeamento em contextos de re-
cursos cada vez mais limitados. Os problemas
que emergem so complexos1 pois enquadram
frequentemente vrias dimenses e um leque de
actores diversifi cado que exigem, quer dos pro-
gramas de interveno quer dos instrumentos de
planeamento que iro regular, formatos diferen-
tes at no seu desenvolvimento (e. g. integrando
vises dos prprios residentes dessas reas) ex-
travasando arenas meramente tcnico-poltico-
cientfi cas que, embora muito valiosas, se tm
revelado restringidas para adequar as respostas
a um contexto que, pela sua diversidade coloca
questes muitas vezes inesperadas, de grande
complexidade, ambiguidade e incerteza.
Tal como na Europa, em Portugal estas novas
dimenses dos espaos urbanos levam ao desafi o
de repensar que tipo de aces inovadoras pode-
ro contribuir para um melhor e mais efi ciente
planeamento das cidades, nomeadamente como
poder uma nova viso de planeamento contribuir
para a qualifi cao do espao urbano. Portugal
forado a rever a poltica de cidades, seja ao nvel
de concepo de interveno, seja ao nvel do pro-
cesso de desenvolvimento das prprias polticas e
da sua interveno com base em instrumentos de
ordenamento territorial. At muito recentemente,
a interveno da Administrao Pblica atravs do
planeamento era vista como a forma de assegurar
um melhor ambiente urbano do que o resultante
da livre iniciativa dos mercados e dos particula-
res (Portas et al., 2007, p. 195). Actualmente, as
agendas das polticas urbanas tm necessaria-
mente que prever a construo de consensos
que compatibilizem os interesses presentes com
a defi nio de objectivos estratgicos e assegu-
rem a coerncia da implementao das polticas
no exerccio da democracia e de acordo com
uma opinio pblica cada vez mais esclarecida e
empenhada na implementao de tais polticas
e propostas. O carcter inovador das aces de
desenvolvimento urbano pode, em grande parte,
ser o resultado no de uma ideia particularmente
criativa, mas do processo que a ela possa conduzir
e da forma como os diversos actores nela partici-
parem e dela se apropriarem.
Neste mbito, colocado ao pas um conjunto
de prioridades e desafi os refl ectidos na Poltica de
Cidades POLIS XXI cuja ambio tornar as cida-
des portuguesas:
Territrios de inovao e competitividade;
Territrios de cidadania e coeso social;
Territrios de qualidade de ambiente;
Territrios de qualidade de vida;
Territrios bem planeados e governados.
De entre os objectivos especfi cos que preten-
dem concretizar esta ambio, o que se refere ao
fortalecer e diferenciar o capital humano, insti-
tucional, cultural e econmico de cada cidade,
enquadrado em conseguir territrios de cidadania
e coeso social, aquele que merece uma maior
ateno no mbito da presente publicao que se
dedica ao tema da Governncia2 e Participao,
fundamental, entre outros aspectos, para a emer-
gncia de aces inovadoras de desenvolvimento
urbano.
Compreende-se assim que uma interveno
com consequncias visveis na resoluo dos pro-
blemas urbanos implica uma nova governncia
assumida pelos diferentes nveis da administrao
pblica, bem como por outros actores envolvidos
e pelos cidados em geral, atravs da adopo de
1 . I n t r o d u o P g i n a 1 2
prticas participativas e colaborativas que podem
estar para alm das previstas no quadro normati-
vo vigente.
Em Portugal, como noutros pases, o potencial
da participao tem sido largamente reconheci-
do pelos profi ssionais, pelos polticos e mesmo
pelos cidados, e tem vindo a ter, cada vez mais
um papel predominante nas agendas, respon-
dendo tambm a um quadro legislativo europeu
mais exigente deste ponto de vista. Contudo, na
prtica, a expresso da participao ainda mui-
to limitada e h um sentimento generalizado de
mal-estar nos contextos de deciso pblica onde
a mesma requerida. No entanto, atendendo a
que o nvel local particularmente relevante para
a implementao da Poltica de Cidades Polis XXI
e que o estabelecimento de parcerias que se tra-
duzam na convergncia de interesses de vrios
actores pblicos e privados bem como de fontes
diversifi cadas de fi nanciamento, parece inevitvel
que estas orientaes se consubstanciem em pro-
cessos participativos adequados aos objectivos
em questo.
A presente publicao fornecer um quadro
conceptual que ajude a referenciar os promoto-
res da Poltica de Cidades Polis XXI no mbito da
participao, no quadro dos Planos Municipais de
Ordenamento do Territrio (PMOT), incluir uma
anlise da evoluo da respectiva normativa, iden-
tifi car casos de sucesso e lies deles extradas
e disponibilizar ferramentas e orientaes para
actuaes futuras.
1 Problemas abrangendo nveis mltiplos em questes de escala de interveno territorial, imbudos de
incerteza, informao tcnica multidisciplinar, multi-actores com interesses e valores variados, muitos
participantes com poder e competncia desigual, solues requerendo aces coordenadas (e. g., a
localizao de uma infra-estrutura associada a elevada percepo de risco).
2 Diferente de governao porque implica o envolvimento activo directo na deciso de outros
intervenientes para alm das entidades governamentais visando a resoluo de problemas de
interesse mtuo A opo por governncia vem na linha de tantos outros vocbulos de origem
latina que, em portugus, mantm a terminao ncia (sufi xo que exprime a ideia de aco
ou de resultado de uma aco) e que, em ingls foram transformados em ance. Tambm
diferente de governana porque segundo Arago (2005) governana, provm do francs antigo
(gouvernance), semanticamente considerada sinnimo de governo, alm de que o o sufi xo
ana transmite, por vezes, a ideia de quantidade excessivamente grande ou at exagerada, como
em comilana, embirrana, fartana, festana. (ARAGO, A. A Governncia na Constituio Europeia.
Uma oportunidade perdida?, in: A Constituio Europeia. Estudos em homenagem ao Prof. Doutor
Lucas Pires, FDUC, Coimbra, 2005).
Porto, zona ribeirinha
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1 . I n t r o d u o P g i n a 1 3
Dir
eito
s re
serv
ado
s
2. Participao pblica no processo de planeamento municipal
A cultura democrtica em Portugal rela-tivamente recente e no se tem assistido a uma participao activa dos cidados no senti-
do da valorizao do ordenamento do territrio
como uma questo essencial da qualidade de
vida. Contudo, uma breve anlise da normativa
que regulamenta a Poltica de Ordenamento do
Territrio e de Urbanismo permite verifi car que o
entendimento que cada um dos instrumentos faz
acerca da importncia da participao pblica e
dos momentos do processo de planeamento em
que a mesma dever ser considerada, tem vindo
progressivamente a merecer uma maior ateno
ao longo da ltima dcada.
Esta preocupao encontra-se assumida no
Programa Nacional da Poltica de Ordenamento
do Territrio (Lei n. 58/2007, de 4 de Setembro),
onde so identifi cados quatro problemas ao nvel
da cultura cvica, planeamento e gesto territo-
rial:
1. Ausncia de uma cultura cvica valorizadora do ordenamento do territrio e baseada no conhecimento rigoroso dos problemas, na participao dos cidados e na capacitao tcnica das instituies e dos agentes mais directamente envolvidos.
2. Insufi cincia das bases tcnicas essenciais para o ordenamento do territrio, designadamente da informao georreferenciada sobre recursos territoriais, da cartografi a certifi cada, da informao cadastral e do acesso em linha ao contedo dos planos em vigor.
3. Difi culdade de coordenao entre os principais actores institucionais, pblicos e privados, responsveis por polticas e intervenes com impacte territorial.
4. Complexidade, rigidez, centralismo e opacidade da legislao e dos procedimentos de planeamento e gesto territorial afectando a sua efi cincia e aceitao social.
PROGRAMA NACIONAL DA POLTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITRIO
4 problemas ao nvel da cultura cvica, planeamento e gesto territorial
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 6
Quando se procede anlise da componen-
te participativa nos vrios instrumentos legais
que regulamentam a Poltica de Ordenamento do
Territrio e de Urbanismo, ainda que se verifi que
constar dos objectivos, a sua prtica tem sido
muito restringida ao direito informao e aos
momentos de discusso pblica dos planos. Esta
preocupao foi consagrada na reviso constitu-
cional de 1997 (n. 5 do artigo 65. da Lei n. 1/97,
de 20 de Setembro) que, por sua vez, consagrou
a garantia da participao dos interessados na
elaborao dos instrumentos de planeamento ur-
banstico e de quaisquer outros instrumentos de
planeamento fsico do territrio. A Lei n. 83/95,
de 31 de Agosto, regula o exerccio do direito de
participao popular em procedimentos adminis-
trativos e do direito de aco popular.
A Lei n. 48/98, de 11 de Agosto (LBPOTU),
consagrou como princpio da poltica de ordena-
mento do territrio e de urbanismo o princpio
da participao, reforando a conscincia cvica
dos cidados atravs do acesso informao e
interveno nos procedimentos de elaborao,
execuo, avaliao e reviso dos instrumentos
de gesto territorial (IGT) [alnea f) do artigo 5.].
No entanto um dos seus dois grandes objectivos
[alnea b) do artigo 2.], a regulao no mbito
da poltica de Ordenamento do Territrio e de Ur-
banismo, das relaes entre os diversos nveis da
Administrao Pblica e desta com as populaes
e com os representantes dos diferentes interesses
econmicos e sociais no explcito no que se
refere a como podero ser assegurados. De facto,
as referidas relaes entre os diferentes nveis da
Administrao Pblica e desta com as populaes
e com os seus representantes deixada em aber-
to sem oferecer propostas de concretizao.
Outro dos princpios afi ns do princpio da par-
ticipao o princpio da concertao. O artigo
21. da LBPOTU, sob a epgrafe participao e
concertao, determina que os IGT so subme-
tidos a prvia apreciao pblica (n. 1) e que a
elaborao e aprovao dos IGT vinculativos dos
particulares so objecto de mecanismos refora-
dos de participao dos cidados, nomeadamente
atravs de formas de concertao de interesses
(n. 2). A concertao consiste na anlise das ra-
zes de discordncia e das objeces s propos-
tas de IGT apresentadas, com vista obteno de
uma soluo concertada que permita ultrapassar
as objeces formuladas. Trata-se tambm da
concretizao do princpio da coordenao, con-
sagrado na alnea c) do artigo 5. da LBPOTU, que
implica a articulao e compatibilizao do orde-
namento do territrio com as polticas de desen-
volvimento econmico e social e com as polticas
sectoriais com incidncia na organizao do terri-
trio, no respeito por uma adequada ponderao
dos interesses pblicos e privados em causa.
O Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setem-
bro, com a redaco actual introduzida pelo
Decreto- Lei n. 316/2007, de 19 de Setembro
(RJIGT), que desenvolve as bases de ordena-
mento do territrio e de urbanismo, defi nindo
o regime de coordenao dos mbitos nacional,
regional e municipal do sistema de gesto terri-
torial, o regime geral de uso do solo e o regime
da elaborao aprovao, execuo e avaliao
dos IGT, trata expressamente do direito de parti-
cipao no artigo 6., assegurando que todos os
cidados, bem como as associaes represen-
tativas dos interesses econmicos, sociais, cul-
turais e ambientais, tm o direito de participar
na elaborao, alterao, reviso, execuo e
avaliao dos IGT.
Este direito compreende duas situaes dis-
tintas:
a possibilidade de formulao de sugestes
e pedidos de esclarecimento ao longo dos
procedimentos de elaborao, alterao, re-
viso, execuo e avaliao;
a interveno na fase de discusso pblica
que precede obrigatoriamente a aprovao
dos IGT.
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 7
O mbito municipal (Seco IV) aquele em
que se verifi ca uma maior especifi cao das fases
de acompanhamento (Comisso Mista de Coorde-
nao), concertao e participao. Esta ltima
prev que, ao longo da elaborao dos planos mu-
nicipais de ordenamento do territrio (PMOT), a
Cmara Municipal deve facultar aos interessados,
particulares, entidades ou associaes represen-
tativas dos direitos a ponderar, designadamente
econmicos, sociais, culturais e ambientais, todos
os elementos relevantes para que estes possam
conhecer o andamento dos trabalhos e a evoluo
da tramitao procedimental, bem como formular
sugestes autarquia e Comisso de Acompa-
nhamento (artigo 77. do RJIGT)
Destacam-se, porm, dois momentos em que
os interessados so especialmente chamados a
participar:
o primeiro momento ocorre no incio do pro-
cedimento (participao preventiva). Desti-
na-se a que os interessados possam formu-
lar sugestes e apresentar informaes so-
bre quaisquer matrias que entendam dever
ser consideradas no mbito da elaborao,
alterao ou reviso dos PMOT.
o segundo momento ocorre aps a con-
cluso do perodo de acompanhamento do
PDM ou da conferncia de servios do PU ou
PP e, quando for o caso, decorrido o pero-
do de discusso pblica, atravs de aviso a
publicar no Dirio da Repblica e a divulgar
atravs da comunicao social e internet
(participao sucessiva).
Do aviso consta a indicao do perodo de dis-
cusso, do local e da data das sesses pblicas a
ter lugar, da forma como os interessados podem
apresentar as suas reclamaes, observaes ou
sugestes e dos locais onde se encontra dispon-
vel a proposta de plano.
Findo o perodo de discusso pblica, a Cma-
ra Municipal pondera as reclamaes, observaes,
sugestes e pedidos de esclarecimento apresenta-
dos, respondendo por escrito e fundamentadamen-
te aos interessados que invoquem a desconformi-
dade com outros IGT efi cazes ou com disposies
legais e regulamentares aplicveis, a incompatibi-
lidade com planos, programas e projectos que de-
vessem ser ponderados em fase de elaborao e a
eventual leso de direitos subjectivos.
Os resultados da ponderao da discusso p-
blica so divulgados atravs da comunicao so-
cial e da pgina da Internet da Cmara Municipal.
Em matria de reforo de mecanismos de
participao privada, refere-se a expressa admis-
sibilidade e a regulao de contratos para planea-
mento introduzida no RJIGT pelo Decreto-Lei n.
316/2007, de 16 de Setembro. Estes contratos tm
a virtude de conciliar interesses pblicos e priva-
dos e de operacionalizar a execuo dos Planos de
Urbanizao e dos Planos de Pormenor, responsa-
bilizando os seus destinatrios pela concretizao
das operaes neles previstas.
Relativamente concertao de interesses, o
actual RJIGT s prev expressamente a concerta-
o de interesses pblicos entre si, quer no decur-
so dos trabalhos da Comisso de Acompanhamen-
to do PDM, quer aps a emisso do parecer fi nal
desta, entre a Cmara Municipal e as entidades
que tenham discordado das solues da proposta
do plano. Esta ltima concertao tambm pode
ser promovida pela CCDR, tendo em vista uma
soluo concertada que permita ultrapassar as
objeces formuladas.
Embora a lei no preveja expressamente a
concertao entre interesses pblicos e privados,
nada impede que esta possa ocorrer em sede de
discusso pblica, no mbito da ponderao a
efectuar pela Cmara Municipal, das reclamaes,
observaes e sugestes apresentadas pelos par-
ticulares.
Apesar de todos estes aspectos relativos
participao pblica no processo de planeamento
a nvel local, o PNPOT estabelece ainda medidas
prioritrias para uma participao pblica mais
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 8
efi ciente. Assim, ao nvel dos seus objectivos es-
tratgicos contempla o reforo da qualidade e
efi cincia da gesto territorial, promovendo a
participao informada, activa e responsvel dos
cidados e das instituies. Este objectivo estra-
tgico , por sua vez, enquadrado por dois objec-
tivos especfi cos:
Promover a participao cvica e institucional nos processos de planeamento de desenvolvimento territorial
Medidas prioritrias
1. Reforar os mecanismos de acesso informao no mbito da elaborao e divulgao dos instrumentos de gesto territorial, nomeadamente atravs do uso das TIC, com vista a uma maior co-responsabilizao e envolvi-mento da sociedade civil.
2. Integrar os princpios das Agendas 21 Locais nos instrumentos de gesto territorial e incentivar a cooperao aos nveis local e regional, recorrendo institucionalizao de parcerias, contratualizao e implementao de Programas de Aco Territorial.
3. Rever os modelos de acompanhamento, participao e concertao previstos no regime jurdico dos instrumen-tos de gesto territorial, no sentido de garantir o maior envolvimento das entidades pblicas e das organiza-es econmicas, sociais, culturais e ambientais desde a fase inicial de defi nio do contedo e das principais opes desses instrumentos.
4. Incentivar a organizao e participao qualifi cada da sociedade civil na prestao de servios de interesse geral, promovendo parcerias e redes de base territorial.
Incentivar comportamentos positivos e responsveis face ao ordenamento do territrio
Medidas prioritrias
1. Desenvolver aces de sensibilizao, educao e mobilizao dos cidados para uma cultura valorizadora do ordenamento do territrio, do urbanismo, das paisagens e do patrimnio em geral.
2. Introduzir e reforar nos programas dos vrios graus de ensino, desde o ensino bsico ao secundrio, os princ-pios orientadores de boas prticas de ordenamento e qualifi cao do territrio.
3. Estimular o contributo e a participao dos jovens em aces de ordenamento do territrio, nomeadamente no quadro do Programa Nacional de Juventude e do Voluntariado Jovem.
4. Fomentar a investigao e a inovao na rea do ordenamento do territrio e do urbanismo, nomeadamente atravs da instituio de bolsas de estudo especiais.
5. Divulgar boas prticas em ordenamento do territrio e urbanismo e incentivar a participao em concursos para atribuio de prmios a nvel nacional.
PROGRAMA NACIONAL DA POLTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITRIO
Objectivos especfi cos e Medidas prioritrias
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 9
Ainda que este elenco de medidas se revele
bastante estimulante para ser considerado na ela-
borao e implementao de planos e projectos
a diferentes nveis, apresentaremos de seguida
uma anlise mais detalhada de como que a par-
ticipao pblica considerada nas vrias fases
de planeamento no mbito dos PMOT, por serem
estes que merecem um maior destaque no mbito
desta publicao.
As fases consideradas de acordo com a legis-
lao em vigor so:
Preparao do plano;
Acompanhamento da elaborao do plano;
Concertao;
Discusso pblica;
Implementao do plano.
A Cmara Municipal deve facultar aos inte-
ressados todos os elementos relevantes ao co-
nhecimento sobre a tramitao procedimental
em todas estas fases. Para cada fase identifi -
cado o nvel de participao pblica previsto, as
exigncias defi nidas bem como os actores en-
volvidos, de acordo com legislao e os desafi os
que se colocam no sentido de assegurar que o
processo de planeamento a nvel local possa ser
efectivamente participado, por vezes, desejavel-
mente, para alm das instituies que consti-
tuem as Comisses de Acompanhamento ou de
Coordenao. As propostas apresentadas neste
mbito esto para alm do que a legislao pre-
v e devem ser entendidas como procedimentos
complementares para uma melhor efi cincia dos
planos. (Tabela 1). A boa integrao dos resultados
de um processo participativo formal e no formal
poder favorecer o encontrar de solues inova-
doras para o planeamento e desenvolvimento ur-
bano. Por exemplo, a elaborao de um diagnsti-
co participativo poder fornecer equipa tcnica
responsvel pela elaborao do plano informa-
es, perspectivas, problemas ou potencialidades
muito para alm das que partida podero ser
recolhidas apenas numa perspectiva bibliogrfi -
ca ou de levantamentos de terreno. Tambm na
fase de acompanhamento da elaborao do pla-
no dever ser promovida a participao activa do
pblico na defi nio de propostas e de solues a
considerar no plano e no limitar a dar a conhecer
ao pblico a anlise, diagnstico, propostas e ce-
nrios, apenas numa perspectiva informativa. Da
mesma forma, na fase de participao, para alm
dos procedimentos participativos formais, fun-
damental promover outros momentos ou meios
adequados que permitam uma maior e mais es-
clarecida participao do pblico, abrindo cami-
nho para a criao de condies que assegurem
o estabelecimento de compromissos e partilha de
responsabilidades na fase de implementao do
plano. Se tal acontecer, provavelmente ser poss-
vel prever o acompanhamento e monitorizao da
implementao do plano.
Estes exemplos so tambm aplicveis a pro-
jectos que se encontrem fora do quadro do Sis-
tema de Gesto Territorial, nomeadamente pro-
jectos de desenvolvimento urbano, no mbito dos
quais se considera essencial considerar as com-
ponentes de participao e de governncia como
forma de garantir a inovao ao nvel do processo
de concepo, implementao e avaliao.
Agir neste sentido pressupe aprofundar con-
ceitos e metodologias que constam do captulo
seguinte.
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 0
Dir
eito
s re
serv
ado
s
Dir
eito
s re
serv
ado
s
I. PREPARAO DO PLANOFASES
II. ACOMPANHAMENTODA ELABORAO DO PLANO3
informao do plano fundamentao da deliberao pela cmara municipal
NVEL DE PARTICIPAO PBLICA
Informao respeitante a outros pla-nos, programas, projectos j existen-tes ou em preparao e identifi cao de problemas em campo
Participao preventiva para formu-lao de sugestes e apresentao de inconformidades sobre questes que possam ser consideradas no pro-cedimento de elaborao do plano.
Dar a conhecer ao pblico: avaliao da execuo do plano4 anlise e diagnstico propostas, opes, alternativas, cenrios
Informar sobre a deliberao de ela-borao do plano atravs da publica-o em dirio da repblica e divulgar atravs da comunicao social e da internet
EXIGNCIAS Obriga a identifi car e a ponderar nos diversos mbitos os planos progra-mas e projectos com incidncia na rea em causa, por forma a assegu-rar as necessrias compatibilizaes
Obrigatria a fi xao do perodo de participao na deliberao da ela-borao do plano
Acompanhamento assduo e continu-ado dos trabalhos de plano, devendo a comisso de acompanhamento apre-sentar um parecer escrito relativo ao: cumprimento das normas legais; compatibilidade com instrumentos de gesto territorial efi cazes e ao funda-mento tcnico das solues defendi-das pela cmara municipal
Cmaras municipais;cidadosACTORES
ENVOLVIDOS
Equipa de elaborao do plano Cidados e associaes representati-vas de interesses a ponderar
Comisso de acompanhamento que integra representantes de servios e entidades da administrao direc-ta ou indirecta do estado
Prever uma forma de comunicao mais ampla e acessvel, nomeada-mente atravs de um processo de co-municao e de informao activa
DESAFIOS/PROPOSTAS(no previstos na legislao)
Prever o envolvimento activo dos ci-dados e/ou dos seus representantes atravs da recolha de opinies dos actores locais envolvidos na imple-mentao dos respectivos progra-mas, planos e projectos
Assegurar o envolvimento activo dos cidados e/ou dos seus representan-tes atravs do estabelecimento de uma adequada concertao de inte-resses, apenas prevista ao nvel das entidades que constituem a comis-so de acompanhamento
Prever a possvel integrao de pro-postas, opes, alternativas, cen-rios de outras organizaes, nome-adamente as no governamentais
3 O acompanhamento da elaborao dos Planos de Urbanizao e de Pormenor facultativo e a sua publicitao da
responsabilidade da Cmara Municipal. Uma vez concluda a elaborao do plano a Cmara Municipal apresenta Comisso de
Coordenao e Desenvolvimento Regional a proposta de plano, os pareceres eventualmente emitidos e o relatrio ambiental.
4 No caso da reviso dos PDM.
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 2
Tabela 1 - Participao Pblica nas vrias fases do processo de planeamento dos Planos Municipais de Ordenamento do Territrio (PMOT)
III. CONCERTAO5 IV. DISCUSSO PBLICA V. IMPLEMENTAO DO PLANO
Participao dos actores envolvi-dos na elaborao da aproposta do plano e envolvimento das entidades que formulem objeces s solues defi nidas
Participao activa dos interessados sobre a defi nio de propostas e so-lues do plano
Faseamento e formas de implemen-tar e monitorizar o plano de aco
Concertao com as entidades que, no decurso dos trabalhos da comis-so de acompanhamento, formulem objeces s solues defi nidas para o futuro plano e que na fase fi nal as mantenham
Discusso pblica6 sobre a proposta do plano no inferior a 30 dias (PDM) e 22 dias (PU e PP)
A legislao omissa
Comisso de acompanhamento e cmara municipal aps concluso da fase de acompanhamento
Cidados, entidades pblicas e asso-ciaes
Prever a participao de outros acto-res e no apenas das entidades que integrarem a comisso de acompa-nhamento, que podero revelar-se pouco representativas das reais ex-pectativas presentes por parte de outras entidades ou actores locais
Participao activa do pblico na defi nio de propostas e de solues a considerar no plano atravs do en-volvimento activo dos cidados e/ou dos seus representantes
Promover momentos ou meios ade-quados que permitam uma maior e mais esclarecida participao do pblico. Assegurar o estabelecimen-to de compromissos e partilha de responsabilidades na implementao do plano
Prever o envolvimento activo dos cidados no acompanhamento e monitorizao da implementao do plano
5 No caso dos Planos de Urbanizao e Planos de Pormenor a Cmara Municipal pode promover a realizao de concertao nos 20
dias subsequentes realizao da conferncia de servios por parte da Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional.
6 No caso dos Planos de Urbanizao e dos Planos de Pormenor o perodo de discusso pblica deve ser anunciado com a
antecedncia mnima de 5 dias e no pode ser inferior a 22 dias.
2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 3
3. Governncia e participao: conceitos e metodologias
3.1. CONCEITOS
3.1.1. Governncia
Visando dar uma resposta a estes novos
desafi os, um leque de novas prticas polticas
aparece nos interstcios das vrias camadas ins-
titucionais do Estado e entre as instituies es-
tatais e as organizaes da sociedade. As redes
informais ganham expresso na Unio Europeia
(UE), havendo especialistas que vo to longe
ao ponto de caracterizar a UE como uma ex-
perimentao de encontrar formas alternativas
de desenvolver polticas pblicas (Hajer et al.,
2003, 2). Na literatura diversos autores7 defen-
dem a importncia destes acordos informais
como sendo aqueles que produzem solues,
ao contrrio das convenes, directivas ou de-
cises autoritrias (Hajer et al., 2003, 1). Esta
sociedade em rede (Castells, 1998) de maior
fl uidez, caracterizada por um poder fragmen-
tado e no por um poder concentrado, em que
as instituies e organizaes devem partilhar
objectivos, actividades, recursos e poder ou au-
toridade para conseguirem ganhos colectivos e
minimizar perdas (Bryson et al., 1992).
A ideia est longe de ser a criao de mais
governo, mas sim operar em rede de organiza-
es, assumindo estas um papel crucial ao tra-
zer para a mesa o debate aberto. Uma resposta
a isto poderia ser conseguida atravs da criao
e estruturao de fruns abertos promovendo a
interaco de todos os interessados para o de-
bate de ideias.
Assiste-se pois, a uma democracia expan-
siva (Warren, 92 in Hajer et al., 2003, 3) ca-
racterizada por uma crescente participao ()
empurrando a democracia para alm das esferas
polticas tradicionais e relacionando o processo
decisrio com as pessoas que so afectadas
(Hajer et al., 2003, 3). Continuamos a operar em
contextos hierrquicos, embora estas estruturas
tenham cada vez mais de competir e/ou mesmo
enquadrar, processos abertos, invulgares e ad
hoc que revelam uma capacidade notvel na
resoluo de problemas e criam oportunidade
de aprendizagem e mudana em circunstncias
em que as instituies tradicionais formais fa-
lham (Hajer et al., 2003, 3). Estes processos pre-
tendem dar resposta nova realidade da socie-
dade em rede, uma vez que as redes implicam
fl uidez Hajer et al., 2003, 5).
Novas instituies emergem caracteriza-
das por serem fl uidas, em evoluo, em rede,
e integram dilogo e inteligncia distributiva
() mantendo uma interaco, aprendizagem
e adaptao constante (Healey, 2000 in Hajer
et al, 2003, 56). Nesta linha cabe aos especia-
listas desconstrurem os refl exos intelectuais
existentes e libertarem-se de padres tcitos de
pensamento, repensando a governao, as po-
lticas e a administrao luz destas mudanas
nos processos sociais (Hajer et al., 2003, 2).
nesta ordem de ideias que emerge um
novo vocabulrio em contextos de polticas
pblicas traduzindo novas prticas de entre as
quais a Governncia assume um papel de rele-
vo: pretende ser uma nova resposta para novas
preocupaes, uma soluo diferente para pro-
blemas especiais () atravs de formas menos
autoritrias, hierarquizadas e formalizadas, das
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 4
quais se espera uma maior legitimidade e efi c-
cia, mas tambm maior responsabilidade, parti-
lha, coerncia, etc (Arago, 2005).
Mas a governncia assume formatos varia-
dos, dependendo da nfase que lhe dada:
1. a abordagem por critrio - converte os
interesses dos cidados em critrios tc-
nicos que se apoia em infra-estruturas
hard do tipo de medidas polticas;
2. o modelo de empreendedorismo cons-
tri consensos atravs de alianas ad
hoc entre actores-chave - que se concen-
tra em infra-estruturas soft, processos
de construo de consensos;
3. a abordagem participativa - uma abor-
dagem mais sistemtica para incluir
membros das comunidades polticas,
assegurando um espao que traz para
o processo o leque de conhecimentos e
valores das comunidades polticas e en-
tre os stakeholders - que integra infra-
estruturas soft e hard, com nfase na
argumentao e debate e na construo
de direitos no que se refere ao processo
(Healey, 1998: 239-240).
Todos estes formatos assumem (1) uma for-
ma de democracia formal para a governncia
em que os polticos so eleitos pelos cidados;
(2) que por si s so insufi cientes para legiti-
mar a relao entre a actividade do governo e a
componente social e econmica; (3) todos pro-
curam abrir os processos de governao para
conseguir uma interaco mais contnua entre
o governo, empresas e cidados (Healey, 1998:
239-240).
Contextos de governncia colaborativa, en-
corajam a formao de trs tipos de capital im-
portantes para a sustentabilidade a longo prazo:
(1) capital intelectual (recursos de conhecimen-
to); (2) capital social (credibilidade e compre-
enso social) que construdo pela interaco
pessoal e (3) capital poltico (capacidade de agir
colectivamente para desenvolver qualidades lo-
cais e captar ateno externa e recursos) (Innes
e Booher, 1999). Podemos pois analisar a cons-
truo de capacidade de construo institucio-
nal em termos de recursos de conhecimento,
recursos relacionais e capacidade mobilizadora
(Healey, 1998).
Uma participao efectiva e expandida
pode, se bem e profi ssionalmente conduzida,
trazer mais-valias importantes ao processo de
planeamento, de gesto territorial e ao desen-
volvimento urbano, como tal, sendo a participa-
o parte integrante da governncia, deve ser
vista como um recurso imprescindvel s boas
prticas neste campo de aco.
Do ponto de vista terico as polticas urba-
nas reposicionaram-se para reformular o deba-
te sobre o poder comunitrio8 e distanciaram-
-se da representatividade poltica do dia-a-dia
para uma preocupao com o protesto urbano
e os movimentos sociais9 (Stoker, 1998). Mais,
para compreender as polticas dum complexo
sistema urbano necessrio posicionarmo-nos
para alm da noo de poder como competn-
cia para conseguir que um actor faa alguma
coisa que no faria de outra maneira () numa
sociedade complexa o acto de poder crucial a
capacidade de criar liderana e uma forma de
operacionalizar que permita que tarefas signifi -
cativas sejam feitas10 (Stoker, 1998).
Ainda no enquadramento destas teorias,
uma delas argumenta que o sucesso da inter-
veno implica um processo de aprendizagem
colectivo para encorajar mudanas de compor-
tamento e atitudes dos cidados empowering/
capacitando-os e tornando-os agentes activos
visando uma sociedade justa e sustentvel (Jo-
nes, 2003), estes grupos podem constituir uma
vantagem no sentido em que atravs da aco
deliberativa da sua parte esto em posio de
ganhar benefcios e bem estar para eles pr-
prios11 (Downing et al., 1995).
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 5
7 James, Rosenau, Judith Innes,
Jonh Dryzek.
8 reformulated community
power debate (Stoker, 1998).
9 everyday representative
politics to a concern with
urban protest and social
movements (Stoker, 1998).
10 to understand the politics
of a complex urban system it
is necessary to move beyond
a notion of power as the
ability to get another actor
to do something they would
not otherwise do () in a
complex society the crucial
act of power is the capacity
to provide leadership and
a mode of operation that
enables signifi cant tasks to
be done (Stoker, 1998).
11 groups may be advantaged
in the sense that through
deliberative action on their
part they are in a position to
gain benefi ts or welfare for
themselves (Downing et al.,
1995).
Embora tradicionalmente o planeamento e
desenvolvimento urbano tenham estado asso-
ciados mais componente democrtica repre-
sentativa e tecnocrata, tem muito a ganhar com
a governncia colaborativa, e vice-versa, por
ser uma rea de interface que coloca a nfase
nas articulaes de conhecimentos e promoo
de inter-relaes entre actividades e lugares.
Expandindo a base de interesses dos espaos
tradicionais de tomada de decises de que se
focavam maioritariamente num leque restrito
de interesses poderosos, se adequadamente
estruturada, permite responder a um nmero
maior de interesses por um lado, e por outro,
conseguir integrar um leque mais abrangente
de conhecimentos, gerando solues mais ino-
vadoras, fundamentadas e sustentveis.
Em Portugal temos assistido a um debate cres-
cente sobre participao. Neste enquadramento
tcnicas inovadoras bottom-up (e. g. construo
de consensos, workshops participativos) tm
vindo a ser adoptadas, pelo menos desde os anos
90, assegurando que entidades locais trabalhem
em colaborao com o cidado, as organizaes
comunitrias, ONG, empresas, sindicatos e outros
actores locais visando chegar a acordos sobre ac-
es, polticas e propostas.
Esta tendncia no alheia s orientaes
nas quais a Europa se enquadra. De facto, na
perspectiva da criao de cidades mais sau-
dveis, em que as directivas Europeias para a
interveno urbana reclamam a construo de
comunidades sustentveis (Bristol, 2005) estas
comunidades so identifi cadas como diversi-
fi cadas, refl ectindo caractersticas locais, no
obedecendo a um padro defi nido e que tm
de ter 8 caractersticas: (1) activas, inclusivas e
seguras12 (2) bem administradas13, (3) bem re-
lacionadas14, (4) bem servidas15, (5) ambiental-
mente sensveis16, (6) bem sucedidas economi-
camente17, (7) bem projectadas e construdas18,
(8) justas para todos19 (Bristol, 2005, p. 6).
3.1.2. Participao
Da literatura, bvio que a participao ao
longo dos tempos refl ecte grande ambivalncia
sendo frequentemente assumido que pouco
clara a sua contribuio, bem como, inconclusi-
vo o formato que deve assumir (Day, 1997). Uma
das razes para esta situao resulta da palavra
participao ter sido usada para situaes mui-
to dspares por pessoas diferentes, contribuindo
para o esvaziamento do seu signifi cado. Tanto se
pode chamar participao apenas a um processo
informativo, onde o cidado apenas informado
do que vai acontecer, por exemplo, como a um
trabalho em grupo, em que as pessoas interagem
e propem aces. Estes formatos diferentes de
participao muitas vezes no so explicitados
contribuindo para gerar a confuso na percep-
FIG. 1 - COMUNIDADES SUSTENTVEIS
Fon
te
Bri
sto
l, 20
05
Bem equipadas
(infra--estruturas)
Com bons
Servios
Justas para todos
Activas, inclusivas e seguras
Participadas e bem
lideradas
Bem desenhadas
e construdas
Amigas do ambiente
Criativas e
Inovadoras
Lugares onde as pessoas querem viver e trabalhar, agora e no futuro
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 6
COMUNIDADESSUSTENTVEIS
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 7
Sesses participativas
E
qu
ipa
WTe
amu
p
12 Fair, tolerant and cohesive with a strong local culture and other shared community activities.
13 with effective and inclusive participation, representation and leadership.
14 with good transport services and communication linking people to jobs, schools, health and other
services.
15 with public, private, community and voluntary services that are appropriate to peoples needs and
accessible to all.
16 providing places for people to live that are considerate of the environment.
17 with a fl ourishing, diverse and innovative local economy.
18 featuring quality built and natural environment.
19 including those in other communities, now and in the future.
20 Mais do que uma fase, um momento corresponde a um determinado objectivo da aco participativa.
21 Estas entrevistas/inquritos podem inclusive ser feitas em perodos pr-workshop, por exemplo.
22 No se trata propriamente de um plenrio, pois o trabalho desenvolve-se, regra geral, em vrias
salas paralelas. No entanto nesta fase todos os participantes dentro da mesma sala colaboram.
o do conceito, que assume com esta limitada
rigorosidade um mbito demasiado lato.
O facto que a participao e a democracia
se interligam fortemente e no faz sentido falar
numa sem considerar a outra. Se o planeamento
for considerado uma forma de actividade polti-
ca ento numa democracia ter necessariamen-
te de considerar alguma forma de participao.
Como torn-la relevante ainda est em debate e
h posies diversas entre os especialistas, em-
bora os defensores da participao considerem
que quando esta efectiva h maior potencial
de resposta ao interesse pblico.
Em contextos participativos, no exerccio da
profi sso os planeadores propem decises mas
tm simultaneamente de integrar os desejos e
pedidos dos cidados, o que exige formatos que
se adeqem a alguma forma de equilbrio, re-
presentando isto uma questo de liderana,
organizao, alternativas, e sistemas de respon-
sabilidade e confi ana (Day, 1997).
Quer o nvel de cidadania, quer a intensida-
de da participao esto fortemente ligadas ao
tipo de democracia desejada. Formas mais de-
liberativas de democracia exigem formatos de
participao mais activos e interactivos (e. g. f-
runs participativos), enquanto uma democracia
mais representativa se coaduna com formatos
de participao mais informativos e passivos
(e. g. consulta).
O exerccio de cidadania apoia-se em trs
pilares o direito a saber, o direito a compre-
ender e o direito de agir (Larsen, 2002). O tipo
de democracia vigente revela-se por uma maior
ou menor capacidade de os integrar e promover.
Um crescente espao para cada um deles, con-
tribui para um maior envolvimento dos cidados
e uma democracia mais consolidada.
Passaremos de seguida apresentao de
algumas metodologias que podero ser teis
na implementao dos conceitos anteriormente
apresentados.
Dir
eito
s re
serv
ado
s
3.2. METODOLOGIAS
O leque variado e diversifi cado de metodo-
logias existentes implica que, por razes de res-
trio, sejamos aqui forados a dar uma sntese
de uma metodologia ilustrativa no nos poden-
do estender para aspectos de detalhe, por vezes
de importncia vital para o sucesso dos proces-
sos participativos. No entanto, procuraremos
sempre que possvel, dar exemplos pontuais de
boas prticas que possam ser inspiradores para
quantos queiram trabalhar estas reas.
3.2.1. Articulando actores e conhecimento
H hoje uma variedade de maneiras de es-
truturar e conduzir a participao, tendo esta
de se adaptar a situaes especfi cas apresen-
tadas. Um conjunto de casos de estudo bem
sucedidos inspirar metodologias de carcter
mais interactivo e tem vindo a ditar as novas re-
gras para processos de participao interactiva
com potencial para assegurar resultados.
Quanto mais complexo o problema a tratar
mais no incio do processo decisrio deve ser
assegurada a participao. Contrariamente aos
processos de tomada de deciso tradicionais, o
envolvimento de todos os stakeholders deve
ser encorajado, para alm da mera participao
institucional, para garantir que todos os interes-
ses sejam trazidos para a mesa.
Um conjunto de regras-chave deve tambm
ser observado/cumprida tendo em vista um pro-
cesso com sucesso: (1) envolvimento em fases
iniciais do processo abrindo espao de debate e
disponibilizando tempo para que os participan-
tes compreendam o processo e a informao em
circulao; (2) todos os stakeholders devem
estar envolvidos para assegurar que todos os in-
teresses so considerados; (3) a nfase deve ser
colocada nos interesses em vez de insistir nas
posies, para abrir o leque de opes possveis
e facilitar a procura de solues colaborativas
(Innes, 1995; Vasconcelos, 2001, 1997a, 1997b).
Estas regras permitem, entre outras vantagens,
a possibilidade do estudo/projecto/plano ser
ajustado ao longo do processo. Simultaneamen-
te, o foco no interesse permite ultrapassar o
impasse frequentemente criado porque os en-
volvidos se focam apenas na sua posio previa-
mente assumida. Permite tambm que se crie
a oportunidade de gerar solues inovadoras
(Innes, 1995; Vasconcelos, 1997a), 1997b).
Para o processo muito importante que
seja conduzido por facilitadores externos, com-
pletamente independentes, pois s assim pode
ser assegurada uma facilitao isenta. Assim
separado o poder de deciso do poder sobre a
conduo do processo decisrio. Isto permite
assegurar uma participao genuna de todos e
o respeito pelas ideias sugeridas pelos partici-
pantes.
Um processo participativo inclui momen-
tos20 especfi cos que se relacionam com o que
se pretende trabalhar e com os resultados a
atingir. No h necessariamente uma relao
especfi ca entre estes momentos e as fases do
processo de planeamento e gesto territorial,
uma vez que um ou mais destes momentos po-
dem fazer parte de qualquer das fases. De facto
as metodologias so universalmente aplicveis
a qualquer fase do plano, uma vez que esto
intrinsecamente ligadas a resultados de din-
micas de grupos, objectivos da aco e resul-
tados esperados. A sua seleco est antes de-
pendente dos resultados esperados da sesso
e dos nveis desejados de interaco entre os
participantes.
Portanto, considerando as metodologias de
participao no seu todo podemos identifi car os
seguintes momentos de um processo participa-
tivo baseado num workshop win-win:
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 9
Dir
eito
s re
serv
ado
s
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 0
(1) Coligir informao
Nesta componente o foco principal incide so-
bre a recolha da informao para o desenvol-
vimento do Plano, que pode ser feita atravs
de entrevistas/inquritos a actores-chave21
relevantes para o plano em desenvolvimento
e/ou fruns participativos envolvendo enti-
dades/indivduos a quem se destina o plano.
Colige-se, assim, informao mais completa e
diversifi cada por se abrir o leque de contribu-
tos (e. g. identifi cao de um espao urbano
uma praa que importante para o encontro
dos mais velhos e portanto prever equipamen-
tos que facilitem esse convvio).
(2) Gerar ideias
Uma componente crucial no desenvolvimen-
to do Plano gerar ideias que podem vir a
integrar o Plano, abrindo muitas vezes novas
oportunidades e formas inovadoras de identi-
fi car novas linhas estratgicas ou mesmo en-
contrar solues mais inovadoras ou susten-
tveis para problemas identifi cados (e. g. usar
o exrcito e escuteiros no apoio limpeza dos
matos nas fl orestas para evitar incndios).
(3) Hierarquizar
Quando h a gerao de muitas ideias e de-
safi os, raramente h oramento que permita
levar tudo avante, ento necessrio que os
que geraram essas ideias e desafi os as prio-
ritizem.
(4) Construir uma viso
importante criar uma ideia colectiva do que
se pretende atingir com o Plano. Para isso
essencial que se construa consensualmente
com todos os participantes do processo par-
ticipativo uma viso de futuro, uma espcie
de meta consensual mas que fundamentar o
imaginrio dos que colaboraram na sua cons-
truo. Esta aspirao colectiva vir a enqua-
drar as propostas do Plano, contribuindo para
que o conjunto faa sentido para todos os par-
ticipantes.
(5) Desenvolver/avaliar propostas
Desenvolver propostas tambm uma com-
ponente da participao pblica que poder
trazer ideias novas ou novas formas de solu-
cionar difi culdades existentes. importante
que se acorde sobre os critrios para seleccio-
nar ou avaliar as propostas desenvolvidas.
(6) Visualizar
Um boa forma de comunicar as ideias/desafi os
gerados pelos grupos aos outros participantes
a visual (e. g. poster, PowerPoint, imagem,
etc.) o que obriga a sintetizar a mensagem e
constitui uma ajuda para memorizao e co-
municao a outros participantes.
(7) Informar/partilhar resultados/
concluses e encerramento.
Alm do trabalho dos grupos tem de haver
sempre perodos onde todos os participantes
se encontram para poderem obter ou forne-
cer informaes ou partilhar resultados dos
trabalhos em subgrupo. Estes momentos tm
que existir pelo menos no incio dos trabalhos,
onde assumem um carcter mais informativo
de como se vai prosseguir o trabalho, e quais
so os objectivos e metodologia, e no fi m do
trabalho quando se tiram concluses e se es-
clarece o que se prev para o desenvolvimen-
to ulterior.
(8) Avaliar o processo
Aps cada aco participativa imprescind-
vel que os participantes avaliem o processo
que se seguiu durante todos os trabalhos para
que estes possam ser melhorados no futuro e
resolvidos alguns problemas identifi cados pe-
los participantes.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 1
(9) Assumir o compromisso
Para assegurar a continuidade dos trabalhos
aconselhvel criar formas dos participan-
tes assumirem compromissos, quer fazendo
parte de grupos de trabalho, quer responsa-
bilizando-se por coligir alguma informao
identifi cada como relevante, quer trazendo
outros actores-chave para o processo.
A seleco de quais desses momentos devem
fazer parte do processo participativo a estrutu-
rar resulta dos objectivos identifi cados para a(s)
sesso(es).
H tambm o que podemos denominar de
momentos vazios que podem trazer mal-estar
e impacincia aos participantes de um evento
participativo (e. g. um workshop) como sejam
os tempos de espera antes de iniciarem os tra-
balhos (e. g. tempo de espera do representante
que ir abrir a sesso). muito importante que
estes perodos sejam pensados anteriormente
de modo a envolver os participantes em algu-
ma actividade que lhes preencha o tempo de
espera e que simultaneamente possa ser im-
portante como, por exemplo recolha de dados
para o projecto. Isto permite envolver de forma
pontual os presentes, criando ritmo na sesso
logo desde o incio e permite aos participantes
darem o seu contributo, manterem-se ocupa-
dos e comearem a interagir com os outros.
importante, no entanto que os resultados desta
actividade no sejam base dos trabalhos que se
seguem, visto que nem todos os participantes
a fi zeram.
As sesses de uma forma global obedecem
sempre a uma lgica de formato que se repete.
Inicia-se com todos para defi nir regras, objecti-
vos e informar sobre o que se vai fazer a seguir,
depois o grupo divide-se em grupos mais peque-
nos para trabalharem mais em detalhe aspectos
especfi cos, e fi nalmente volta a reunir-se para
partilhar o trabalho feito.
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Team
up
Grupos
Os grupos de trabalho podem organizar-se
por dimenso, grupos de actores e temas.
No que se refere dimenso os participantes
podem ser encorajados a fazer mesmo uma refl e-
xo individual e posteriormente a partilhar com
todos as suas ideias. Este formato que considera
apenas 1 elemento dever ser s usado em con-
textos em que os participantes j estejam muito
habituados a trabalhar juntos ou em reas de es-
pecialidade em que os presentes so tcnicos da
mesma.
Num incio de um dia de trabalhos, se os parti-
cipantes so mais ou menos desconhecidos, con-
vm ento organiz-los aos pares 2 elementos
numa primeira fase do trabalho pode ser a melhor
possibilidade, at porque quebra o gelo inicial,
permite uma interaco plena com o parceiro, e
posteriormente na apresentao dos resultados
permite que se sintam mais confi antes.
Por experincia, sugerimos que se evite a uti-
lizao de grupos de 3 elementos pois geralmen-
te, um domina, um ouve e o terceiro dorme. Um
grupo de 4-5 elementos um formato adequado
para os participantes trabalharem em autonomia
com um acompanhamento menos intenso de fa-
cilitao. Todos interagem, existe uma massa cr-
tica para uma interaco criativa e as sinergias
fazem-se sentir.
Dimenses de 6-10 elementos, exigem uma
facilitao intensa, caso contrrio o grupo tem
tendncia em se subdividir em grupos mais pe-
quenos no havendo uma troca de ideias efectiva
entre todos os membros mas apenas dentro dos
subgrupos criados. Pode ser um bom formato se
os participantes tiverem perspectivas muito dife-
renciadas, mas tambm pode gerar-se facilmente
confl ito se no tiverem um facilitador indepen-
dente responsvel por conduzir o dilogo. Portan-
to, neste caso, o trabalho de grupo assume uma
forma mais estruturada e de facilitao intensa.
Quando profi ssionalmente preparado e bem con-
duzido pode chegar a resultados inesperados pois
permite que os participantes partilhem ideias em
oposio, que geralmente procurariam evitar. O
facilitador, neste caso, responsvel pelo proces-
so o que lhe permite em qualquer momento evitar
uma escalada do confl ito. Portanto, criam-se con-
dies para que os participantes se esclaream
reciprocamente quanto s razes desses antago-
nismos. Isto leva a um entendimento mtuo maior,
promovendo o desenvolvimento de solues ino-
vadoras.
Grupos maiores que 10 elementos, sugere-se
que se volte ao princpio e se opte por reparti-los
em grupos mais pequenos.
Refl exo individual (1 elemento)
Trabalho em pares (2 elementos)
Trabalho em grupo (3 elementos)
Trabalho em grupo (4-6 elementos)
Trabalho em grupo (6-10 elementos)
Trabalho em grupo (> 10 elementos)
Quanto composio, conforme o tipo de ac-
tores-chave a envolver, podemos considerar as se-
guintes alternativas: (1) grupos homogneos, isto
o mesmo tipo de actor-chave e como tal de
esperar solues mais especfi cas; (2) grupos mis-
tos, juntando actores-chave diversifi cados, neste
caso de esperar que as solues sejam menos
especfi cas mas que apaream solues inovado-
ras pois este formato permite cruzar conhecimen-
tos que geralmente no se cruzam; (3) por temas,
permitindo aos participantes que se inscrevam no
seu tema de preferncia, podendo contribuir para
algo que j refl ectiram e provavelmente j tm de-
senvolvido/acumulado conhecimentos a partilhar
e portanto tm maior motivao e envolvimento;
(4) por sorteio, neste caso os grupos so consti-
tudos de forma completamente aleatria, o que
particularmente adequado a contextos em que
h uma grande desconfi ana mtua entre os par-
ticipantes e portanto assegura-se a percepo dos
participantes de que os grupos foram constitu-
dos sem qualquer ideia pr-concebida.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 2
Pr-determinado:
grupos homogneos (actores)
Pr-determinado: grupos mistos (actores)
Por interesse temtico
dos participantes (escolha)
Por sorteio
O local deve tambm ser escrupulosamente
escolhido. Deve ser um local neutro que no seja
visto como a casa de uma das partes, especial-
mente se houver alguma controvrsia sobre a
questo a ser debatida. Do ponto de vista logs-
tico deve ter a possibilidade de uma sala grande
onde caibam todos os participantes e de salas
mais pequenas para que possam alojar os subgru-
pos que se formarem. As mesas e cadeiras devem
ser amovveis para se poderem formar facilmente
grupos de trabalho.
O facilitador, especialmente em caso de con-
trovrsia, deve ser um elemento independente
do contexto, no entanto, para casos de trabalho,
inclusive do dia a dia, onde h uma boa relao
entre os envolvidos pode at ser um membro de
um dos grupos de actores.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 3
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Grupos
TTTT
CCCC EEEE
SALA 2
SALA 4SALA 3
Os actores participantes
so agrupados por tipode actor
MIS
TO
S
PTCE PTCE
PTCE PTCE
SALA 1 SALA 2
SALA 3 SALA 4
Os actores participantes
so misturados aleatoriamente
TE
M
TIC
OS PTCE PCCT
PEEC PPTT
SALA 3
SALA 1 SALA 2
SALA 4
Os actores participantes
inscrevem-se por tem
P - Poltico;
T - Tcnico; C - Cidado; E - Empresrio
FIG. 2 - GRUPOS DE TRABALHO
a
HO
MO
G
NE
OS
PPPP
SALA 1
3.3. WORKSHOP WIN-WIN UMA SINOPSE
Um workshop win-win prev sempre uma
sesso de abertura que antecede o efectivo de-
senvolvimento de trabalhos do workshop pro-
priamente dito. Nesta fase preliminar, assegura-
-se o espao para que entidade ou entidades de
relevo local possam dar as boas vindas aos par-
ticipantes e fazer os discursos que achem conve-
nientes. Uma vez terminada esta fase entra-se no
perodo dos trabalhos do workshop, mais pro-
priamente no plenrio inicial do workshop.
Um workshop participativo tipicamente
constitudo por fases em que todos os participan-
tes se renem, alternadas com outras fases em
que estes participantes se subdividem em grupos
mais pequenos. Os plenrios, correspondentes
reunio de todos os participantes na mesma sala
podem ser iniciais, a meio do processo, ou fi nais.
Quando os plenrios so iniciais, podem ser
utilizados para fomentar uma partilha de infor-
mao temtica entre a entidade organizadora
e os participantes visando a criao de um nvel
de conhecimentos mais equilibrado ou para a in-
formao sobre as regras de trabalho. Quando
se realizem no fi m do evento podem servir para
a apresentao dos trabalhos de vrias salas
que trabalharam em paralelo, e como sesso de
avaliao, agradecimento e encerramento. Se o
workshop tiver um perodo mais alargado po-
dero introduzir-se plenrios alternados com os
trabalhos de grupo, permitindo um intercmbio
de ideias ou um ponto de situao. Uma vez ter-
minado o plenrio pode voltar a repartir-se no-
vamente os participantes por subgrupos (iguais
ou diferentes) e a reuni-los novamente no fi nal
para partilhar os trabalhos desenvolvidos nos
subgrupos.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 4
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Preliminares do workshop registo de participantes
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Plenrio inicial e actividade pr-workshop
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Team
up
Um workshop win-win tem quatro fases es-
senciais:
1 PRELIMINARES DO WORKSHOP.
Fase em que a equipa facilitadora e a equi-
pa do plano se encontram para defi nirem o
nmero de participantes, as tipologias de
actores-chave a envolver, os objectivos para
a sesso e os produtos esperados da aco.
Nesta fase estrutura-se a metodologia e esta-
bilizam-se os aspectos operacionais.
2 PR-WORKSHOP.
Corre no dia do workshop e inclui toda a
actividade antes do mesmo comear: por
um lado a componente mais operacional
(fi chas de presenas, pastas a distribuir aos
participantes, etc.) e por outro lado a acti-
vidade delineada para esta fase que possa
manter activos os que chegam mais cedo
e ser ao mesmo tempo um meio de reco-
lher informao complementar para o pla-
no, actividade essa que deve permitir ser
interrompida a qualquer altura, ou seja, no
momento em que comea a sesso de aber-
tura do workshop. Esta actividade tem a
vantagem de funcionar como almofada
para atrasos que por vezes so difceis de
prever e ao mesmo tempo inicia logo o en-
volvimento dos participantes e encoraja a
interaco.
3 WORKSHOP WIN-WIN.
Propriamente dito inclui geralmente:
Fase da gerao de ideias (pares)
Os participantes trabalham dois a dois
para gerarem propostas/ideias para
a resoluo dos problemas e desafi os
inerentes ao tema da sesso (e. g. Como
resolver problemas de mobilidade num
concelho?).
Fase da apresentao
das ideias geradas (pares)
As propostas/ideias so apresentadas a
todos os outros participantes da sala e
esclarecidas caso seja necessrio.
Fase da agregao de ideias idnticas (cola-
borao de todos)22
As propostas/ideias apresentadas so
agregadas de acordo com as suas seme-
lhanas em nuvens/clusters. Nesta fase
o facilitador deve esclarecer os partici-
pantes dos perigos de uma agregao
demasiadamente forte ou fraca, ou seja,
nesta fase deve prevalecer o bom sen-
so para que no se agregue tudo ou se
separe tudo. De qualquer maneira s se
agregam propostas/ideias com o con-
senso de todos os participantes da sala.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 5
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 6
Fase da prioritizao dos clusters
(colaborao de todos)
Uma vez apresentadas e agregadas as
propostas/ideias de todos os grupos os
participantes procedem sua prioriti-
zao, utilizando pontos autocolantes
tipo votos, por exemplo. Escolhem-se
assim os clusters mais relevantes na
perspectiva actual dos participantes em
cada sala. As propostas/ideias com mais
votos so escolhidas para serem traba-
lhadas mais em profundidade.
Fase de aprofundamento
(grupos de 4 a 5 elementos)
Nesta fase os participantes renem-se
em grupos de 4 a 5 elementos e, em
conjunto, trabalham mais em profun-
didade a proposta seleccionada. Para
estruturar estes trabalhos a equipa de
facilitao elaborou previamente com
a equipa local de coordenao uma fi -
cha de trabalho simples. Assim evita-se
que os participantes nos seus grupos
percam tempo para consensualizar o
modo de trabalho do sub-grupo. As fi -
chas de trabalho podem considerar, por
exemplo, as seguintes vertentes: ttulo
do projecto; caracterizao sucinta do
projecto proposto; inventariao das
barreiras sentidas para a implementa-
o do projecto proposto; indicao de
pistas de como ultrapassar essas bar-
reiras; inventariao de quem envolver;
quaisquer outros aspectos relevantes
para o plano.
Fase da visualizao dos resultados
Encorajar os participantes a criar uma
forma de visualizao dos resulta-
dos dos trabalhos do grupo visando a
apresentao posterior em plenrio,
permitindo que o porta-voz escolhi-
do consiga transmitir a mensagem do
grupo de forma mais efi caz. Os grupos,
depois de uma resistncia que algumas
vezes demonstrada inicialmente, ul-
trapassam facilmente esta resistncia
e chegam muitas vezes a ser bastante
criativos. Esta visualizao coloca-
da numa perspectiva de marketing
sugerindo aos participantes que, com
certeza, querem que a sua proposta se
destaque entre todas as outras elabo-
radas pelos grupos na mesma sala bem
como por todos os grupos em todas as
salas, portanto tm de a explicar de for-
ma apelativa aos outros participantes
no plenrio. Por outro lado, permite ao
porta-voz de cada grupo ter um suporte
fsico para poder falar mais facilmente
sobre o trabalho do grupo.Agregao, prioritizao
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3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 7
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Plenrio fi nal
Fase de apresentao em plenrio
O plenrio permite que todos os partici-
pantes que trabalharam em subgrupos
na fase anterior se possam inteirar do
que foi conseguido e debater assuntos
de interesse para todos.
Ainda no plenrio, este poder ter uma
componente do assumir de compro-
misso dos participantes atravs, por
exemplo, de uma inscrio em grupos
de trabalho temticos, o assinar de uma
contratualizao entre todos para o se-
guimento dos trabalhos, etc.
Fase da avaliao
No fi nal deve haver sempre uma avalia-
o da forma como o processo decorreu
o que permite avaliar se foi ao encontro
das expectativas de quem participou.
Esta fase permite tambm recolher su-
gestes e comentrios para outras ac-
es posteriores.
4 PS-WORKSHOP
Numa fase posterior tudo o que os participan-
tes trabalharam durante o evento rene-se
num relatrio que dever circular por todos
os participantes no perodo de uma sema-
na a dez dias, posterior ao workshop, e ser
corrigido com as sugestes dos participantes.
Sempre que possvel sugere-se que o relatrio
fi nal seja disponibilizado ao pblico em geral
(e. g. disponibiliz-lo na internet). Este relat-
rio dever ter registado todos os contributos
dos participantes sem qualquer interpretao
ou avaliao, meramente descritivo. Servir
como memria de grupo para apoio continu-
ao dos trabalhos.
3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 8
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3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 9
PROTTIPO WORKSHOP WIN-WIN
PLENRIO ENCERRAMENTO
PLENRIO DEBATE
G1 G2 G3
G1 G2 G3
RELATRIO
*Os Grupos de Trabalho da primeira fase (G1)no tm que ser necessariamente os mesmos
da segunda fase (G1)
PS-WORKSHOP
ACOLHIMENTO/PRELIMINARES
PLENRIO DE ABERTURA
PR-WORKSHOP
Gerao de ideiasApresentao de ideias
Agregao de ideiasPrioritizao
Aprofundamento
Visualizao dos resultadosTrabalho em Grupos*
Trabalho em Grupos
Apresentao em Plenrio
4. EXEMPLOS Rosrio Oliveira
Ro
sri
o O
livei
ra
O s estudos de caso que se apresentam de seguida pretendem ilustrar alguns exemplos de processos participativos que te-
nham contribudo para o sucesso de iniciati-
vas no mbito do planeamento e desenvolvi-
mento urbano. Com o objectivo de apresentar
resultados e lies aprendidas que possam ser
teis a diferentes actores e propsitos, optou-
se por incluir casos nacionais e internacionais,
com abordagens a diferentes escalas e em dis-
tintos contextos histricos, sociais, culturais
e econmicos.
4.1 Amesterdo uma referncia A mesterdo tem uma longa tradio de planeamento estratgico desde o sculo XIX, especialmente no que se refere ao desenvol-
vimento fsico, tanto relativamente cidade pro-
priamente dita, como em relao regio envol-
vente. Esta tradio justifi ca-se pela necessidade
de gerir um territrio com uma rea limitada e
que, em parte foi conquistada ao mar, sendo de
destacar um dos planos estratgicos mais reco-
nhecidos internacionalmente elaborado em mea-
dos dos anos 30 do sculo XX.
Esta tradio de planeamento acompa-
nhada por uma relao forte entre a ocupao
do solo e uma cultura de governncia que tem
vindo, de forma continuada, a estabelecer a ar-
ticulao entre polticas programas e projectos
apesar de possveis confl itos entre os departa-
mentos ministeriais. O resultado desta prtica de
orientao estratgica resulta de um processo
poltico interactivo que envolve os trs nveis de
governao nacional, regional e local.
Processo
Nos anos 70 as comunidades tcnico-polti-
cas assumem acordos estratgicos em que so
defi nidos os projectos, as suas agendas, as for-
mas de fi nanciamento e os critrios a considerar
nos processos regulamentares. Este tipo de acor-
do e os conceitos a ele inerentes so consolida-
dos nos instrumentos de planeamento nos trs
nveis de governao.
Nos anos 80 surgem novas ideias acerca da
organizao e imagem da cidade como resulta-
do de novas relaes que se estabeleciam entre
o governo e os cidados, reforando diferentes
formas de colaborao na construo de capaci-
dade para tornar Amesterdo competitiva a nvel
nacional e internacional.
Em 1990 estas novas relaes passam a esta-
belecer-se entre o sector pblico e o sector priva-
do onde se enfatiza uma coordenao e concer-
tao horizontal, no desprezando os compromis-
sos j estabelecidos com a comunidade poltica,
mas passando o sector privado a desempenhar
um papel mais relevante no desenvolvimento e
implementao de projectos urbanos.
A partir de 2000 ganham expresso novos
conceitos de espao e lugar, como resposta a
uma populao urbana extremamente densa e
expanso da rea de infl uncia de Amesterdo a
uma escala sub-regional. Ainda que essa opo
tenha sido o resultado do consenso conseguido
atravs de uma coordenao poltica e tcnica
num processo de governao multinvel, come-
am a surgir diferentes processos de governn-
cia nos novos distritos envolvidos pela expanso
urbana.
Resultados
O processo de planeamento do territrio tor-
nou-se progressivamente mais complexo, sendo
actualmente mais difcil o processo de estabele-
cimento de consensos. Contudo, as aces que
esto a ser promovidas para a construo de
novas alternativas benefi ciam de uma cultura de
governncia j existente, ainda que o Conselho
4 . E x e m p l o s P g i n a 4 2
a para o planeamento urbano estratgico
Municipal23 reconhea a necessidade de criao
de novas plataformas de negociao mais fl uidas
e informais.
Lies aprendidas
A existncia de espao para uma boa articu-
lao entre o Conselho Municipal e os cidados
favoreceu a construo de uma cidade que hoje
se assume com uma identidade prpria e um lu-
gar cosmopolita e mult