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Governo do Estado da Bahia César Borges Secretaria do Planejamento Ciência e Tecnologia Luiz Carreira Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia Cesar Vaz de Carvalho Júnior BAHIA ANÁLISE & DADOS é uma publi- cação trimestral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEI, autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento Ciência e Tecnologia da Ba- hia. Divulga a produção regular dos téc- nicos da SEI e de colaboradores externos. As opiniões emitidas nos textos assinados são de total responsabilidade dos autores. Conselho Editorial Cesar Vaz de Carvalho Júnior Paulo Hermida Gonzalez Edmundo Figueroa Ângela Franco Carlota Gottschall Conceição Cunha Renata Proserpio Coordenação Editorial Cesar Vaz de Carvalho Júnior Carla Janira S. Nascimento Revisão Redacional Regina da Matta Capa Humberto Farias Editoração Designers Associados Tiragem: 1.000 exemplares Av. Luiz Viana Filho, 435, 4ª Avenida CEP: 41.750-300 Salvador - Bahia Fone: (0** 71) 370-4823/370-4704 Fax: (0** 71) 371-1853 http://www.sei.ba.gov.br e-mail: [email protected] Bahia Análise e Dados, v.1 (1991- ) Salvador: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, 2001. Trimestral ISSN 0103 8117 CDD 338.91 CDU 338.984 CEPO: 0110 Foto: Agnaldo Novais – Pólo Petroquímico de Camaçari

Governo do Estado da Bahia - SEI · para a produção Agropecuária, com expansão de 1,05% da área colhida. As informações do Levanta-mento Sistemático da Produção Agrícola

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Governo do Estado da BahiaCésar Borges

Secretaria do Planejamento Ciência e Tecnologia

Luiz Carreira

Superintendência de EstudosEconômicos e Sociais da Bahia

Cesar Vaz de Carvalho Júnior

BAHIA ANÁLISE & DADOS é uma publi-cação trimestral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEI, autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento Ciência e Tecnologia da Ba-hia. Divulga a produção regular dos téc-nicos da SEI e de colaboradores externos. As opiniões emitidas nos textos assinados são de total responsabilidade dos autores.

Conselho EditorialCesar Vaz de Carvalho Júnior

Paulo Hermida GonzalezEdmundo Figueroa

Ângela FrancoCarlota GottschallConceição CunhaRenata Proserpio

Coordenação EditorialCesar Vaz de Carvalho JúniorCarla Janira S. Nascimento

Revisão RedacionalRegina da Matta

CapaHumberto Farias

EditoraçãoDesigners Associados

Tiragem: 1.000 exemplares

Av. Luiz Viana Filho, 435, 4ª Avenida CEP: 41.750-300 Salvador - Bahia Fone: (0** 71) 370-4823/370-4704

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Bahia Análise e Dados, v.1 (1991- ) Salvador: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, 2001.

TrimestralISSN 0103 8117 CDD 338.91 CDU 338.984

CEPO: 0110

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SUMÁRIOApresentação

Recessão à vista?..........................................................................................6

Celeste Philigret

Desempenho da economia baiana..............................................................13

Equipe SEI

O Produto Interno Bruto e a crise energética na Bahia...............................33

Gustavo Casseb Pessoti e Ítalo Guanais Aguiar Pereira

O mercado de trabalho na RMS..................................................................54

Edson A. S. Sobrinho

Litoral, Semi-Árido e Cerrado: grandes áreas da Bahia..............................61

Diva Maria Ferlin Lopes e Patrícia Chame Dias

Índice Geral – Bahia Análise & Dados.........................................................90

Marília Torres

A difícil recuperação financeira dos municípios baianos.............................43

Antonio S. Magalhães Ribeiro

Emprego formal: o “racionamento” do emprego em tempos

de crise energética......................................................................................46

Flávia Santana Rodrigues Suerdieck

Os retornos do capital humano na Região Metropolitana de Salvador.......69

Cláudio Pondé Avena

Brasil Industrial: do capitalismo retardatário à inserção

subordinada no mundo neocolonial.............................................................82

Antônio Plínio Pires de Moura

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APRESENTAÇÃO

Cumprindo a sua missão de colocar a informação a serviço dasociedade, a SEI leva a público a sua revista de final de ano,Bahia Análise & Dados, Retrospectiva 2001 e Perspectivas,

centrada na temática do desempenho socioeconômico e ambientaldo Estado da Bahia.

Os artigos apresentam a trajetória dos diversos setores, ao tempoem que buscam sinalizar as perspectivas do próximo ano. Não é de-mais salientar que este início de milênio encontra-se bastante con-turbado por fatores como os atentados em Nova York, a que seseguiram a guerra no Afeganistão e a recessão norte-americana,além de, no plano interno, pelas restrições ao uso de energia elétricae pelas taxas de juros e de câmbio elevadas, sem contar com osefeitos que a crise argentina vem tendo sobre a nossa economia.Tudo isso veio tornar bem mais difíceis as projeções para 2002.

Em meio a este cenário, as análises tenderam a tornar-se maisinstigantes e observa-se, nestes artigos, uma salutar preocupaçãoem coligir e bem apresentar os dados mais adequados a interpreta-ções que contribuam para uma avaliação mais precisa do que vemocorrendo e pode vir a ocorrer. Isso é tanto mais importante se consi-deramos que, neste momento e apesar da conjuntura adversa, aeconomia baiana vem-se destacando pelo aporte de maciços inves-timentos em sua base produtiva, a qual se encontra em um visívelprocesso de diversificação.

Cumpre-nos, portanto, agradecer a valiosa colaboração dos diver-sos autores dos artigos publicados, que tornou possível a ediçãodesta revista.

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Os bons auspícios que a breve retomada do cres-cimento ocorrida no ano passado poderiam trazerpara o desempenho da economia brasileira neste anodissiparam-se rapidamente com a deterioração dascondições internacionais. As avaliações que, àquelaépoca, insistiam na vulnerabilidade externa da eco-nomia brasileira, inerente ao modelo de política eco-nômica adotado, foram amplamente confirmadas,transformando-se em lugar comum. De fato, os indi-cadores parciais disponíveis até aqui revelam desa-celeração do ritmo de atividade, crescimento dodesemprego, queda da renda real dos assalariados,elevação das taxas de inflação, endividamento cres-cente a taxas de juros mais elevadas e maior dificul-dade no financiamento das transações com o exterior.

Como nada faz prever que as nuvens negras docenário internacional estejam em vias de se dissi-par, mas, ao contrário, ao ambiente recessivo so-mam-se agora as incertezas de um conflito armadoaberto, protagonizado pela nação mais poderosa domundo, resta pouco a comemorar na próxima vira-da de ano (até mesmo o início de um novo séculoou de um novo milênio ficaram para trás).

A leitura dos relatórios oficiais deixa uma nostál-gica impressão de que poderia ser pior: são usadasexpressões como acomodação do nível de atividadeem patamar mais baixo; impactos menos intensosdo que o previsto, com referência à crise energéti-ca; melhora da balança comercial associada à de-saceleração da atividade econômica interna e à de-preciação cambial e contenção das pressõesinflacionárias via hiato de produção criado pelo ar-

refecimento da demanda. Mais recentemente temsido comemorada a descoberta, por parte dos in-vestidores internacionais, de que o Brasil não é exa-tamente igual à Argentina (eventualmente BuenosAires pode ser mais interessante do que Brasília).O problema é que menos pior é muito pouco.

Até o momento estão disponíveis apenas dadosdas contas nacionais trimestrais relativas aos pri-meiro e segundo trimestres. Esses números indicamum crescimento do PIB de 3,12% nos primeiros seismeses do ano, comparativamente ao mesmo perío-do de 2000, com clara tendência de desaceleração,vez que a taxa do primeiro trimestre foi de 4,50%,enquanto a do segundo trimestre situou-se em 1,82%.Esse processo de desaceleração atingiu todos ossegmentos componentes do cálculo, à exceção deComunicações, que apresentou, no segundo trimes-tre, crescimento superior ao registrado no primeiro(ver Gráfico 1).

A taxa anualizada situa-se em 3,57% e deixa níti-da a inflexão da curva de crescimento, que foi ascen-dente a partir do final de 1999 e já demonstrava sinaisde arrefecimento no início de 2001. À medida que osúltimos trimestres do ano passem a compor o indica-dor, até mesmo por efeito estatístico – mas não ape-nas por isso – a taxa anualizada deve declinar: serãodescartados os valores mais baixos de 1999 comobase de comparação e incorporados os valores maiselevados verificados em 2000 (ver Gráfico 2).

Os indicadores construídos com base nas pes-quisas mensais relativos à indústria, à agropecuá-ria e ao comércio, já disponíveis até setembro nos

Recessão à vista?

Celeste Philigret*

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dois primeiros casos e até agosto para o comércio,e que vão municiar parte importante do cálculo doPIB, deixam antever que o ano será encerrado comum crescimento econômico muito aquém das esti-mativas realizadas no seu início e também muitoaquém do crescimento verificado no ano anterior.

de capital, produtos associados à energia elétrica,insumos energéticos e alguns produtos voltados paraa exportação. A indústria encerrou o primeiro tri-mestre com crescimento acumulado de 7,3%, oqual caiu para 5,1%, ao final do segundo trimestre,e para 3,1% no trimestre encerrado em setembro,

mês que registrou en-colhimento da produ-ção industrial (-1,9%).Frente à citada varia-ção de 3,1% do total daindústria, a produçãode bens de capital ex-pandiu-se 15,2% nosnove primeiros mesesdo ano, sustentada, aoque tudo indica, peloatendimento de enco-mendas, das quais par-te considerável ligada atentativas de enfrentar oracionamento de ener-gia elétrica.

Com tendência maisaguda de queda apare-cem alguns segmentosde bens de consumodurável, especialmenteos eletrodomésticos esetores cuja produçãoé mais intensiva emenergia. A indústria au-tomobilística decidiudiminuir o ritmo de pro-dução e já iniciou pro-cesso de demissões,apesar da redução maisrecente dos altos esto-ques acumulados nasmontadoras e concessi-onárias, mediante pro-moções maciças. Éprevisível que outrosramos industriais não

passarão incólumes por essa decisão da indústriaautomobilística. Os resultados regionalizados, porsua vez, revelam que dos dez estados pesquisadossete apresentaram taxa de variação da atividade in-

A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE revela queprodução física da indústria de transformação en-contra-se em franca desaceleração apesar do bomdesempenho de alguns setores, notadamente bens

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dustrial negativa no mês de agosto (último dado dis-ponível). De um modo geral, tem também sido ob-servada menor utilização da capacidade industrialinstalada em várias regiões do País.

Dados das Contas Nacionais Trimestrais apon-taram crescimento de 3,07% no primeiro semestrepara a produção Agropecuária, com expansão de1,05% da área colhida. As informações do Levanta-mento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE,referentes às estimativas de safra para este ano (da-dos até setembro) e à produção re-gistrada em 2000, apontam varia-ção positiva para onze itens dentreos dezoito analisados, com desta-que para o milho, o algodão, a sojae o trigo. Nos quatro casos citadoshouve aumento da área plantada,mas também do rendimento médio.Como as safras da maioria dos prin-cipais produtos já foi colhida, nãodeverá ocorrer grande alteração nosvalores já conhecidos. A desvalori-zação cambial impulsionou as ven-das externas do chamado complexo soja e tambémde carnes, couro, açúcar, milho e algodão. O au-mento da demanda mundial por ração de origemvegetal e a redução do abate na União Européia(principalmente no caso do couro, já que houve di-minuição do consumo mundial de carne vermelha)foram também fatores de estímulo. Com raras ex-ceções (caso do açúcar) entretanto, a expansão dovolume exportado deu-se num quadro de preçosdeprimidos.

A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE,vem registrando resultados negativos para a varia-ção no volume de vendas desde abril. No acumula-do do ano até agosto a queda foi de 1,22%. Adiferença entre a taxa calculada a partir do índicenominal de vendas e a que mede a variação de vo-lume vem se estreitando, desde maio, sinalizandodificuldades de repasse dos custos para o preço aoconsumidor.

Dados da Federação do Comércio do Estado deSão Paulo (FCESP) registraram queda de 4% nofaturamento do comércio varejista até setembro. Poroutro lado, a última pesquisa sobre intenções do con-sumidor, também da FCESP, indicou maior cautelatanto para compras atuais quanto futuras. A queda

dos rendimentos reais, a piora nas condições de cré-dito, a perda do emprego ou o aumento do grau deincerteza quanto à sua manutenção e a maior dete-rioração das condições internacionais estão na raizda retração do consumidor. A proporção de chequesdevolvidos por insuficiência de fundos (5%), o quedenota dificuldades no cumprimento de compromis-sos assumidos, embora não apresente variação sig-nificativa nos últimos meses, está 30% acimadaquela verificada no ano passado.

Certamente, a partir dos dadosexistentes, estudos do Instituto dePesquisas Econômicas Aplicadas(IPEA) já projetam crescimentoanual do PIB em torno de 1,7% em2001, o que pode levar o cresci-mento do PIB per capita para pró-ximo de zero. Para 2002, conside-rando uma série de hipóteses,inclusive a melhora no panoramamundial, a instituição projeta cres-cimento de 2,2% com variação ne-gativa no primeiro trimestre.

A taxa média de desemprego aberto divulgadapelo IBGE com base na Pesquisa Mensal de Em-prego (PME), para o mês de setembro, foi de 6,2%,valor menor que o registrado em igual mês do anopassado. Essa queda, entretanto, decorreu da re-dução do número de pessoas procurando trabalhoe não do aumento do nível de ocupação. Na reali-dade, a pesquisa indica 106 mil pessoas deixandode trabalhar nas seis principais regiões metropoli-tanas do País e uma diminuição de 219 mil pesso-as na População Economicamente Ativa. Conside-rando a média do período janeiro a setembro desteano, o contingente de pessoas inativas cresceu6,4% em relação ao mesmo período do ano anteri-or. Por outro lado, a taxa média de desempregoaberto com ajuste sazonal aumentou 0,7 pontopercentual no decorrer deste ano. Esta mesmataxa, para o mesmo período de 2000, apresentouqueda de 0,7 ponto percentual. Corroborando atendência de agravamento das condições de ab-sorção da força de trabalho, o último dado disponí-vel sobre o rendimento médio real, para o mês deagosto, caiu 1,9% em relação a julho e 4,6% emrelação a agosto de 2000. No acumulado do ano aqueda foi de 2,2%. Por fim, a última pesquisa

A partir dos dadosexistentes, estudos doInstituto de PesquisasEconômicas Aplicadas

(IPEA) já projetamcrescimento anual doPIB em torno de 1,7%em 2001, o que pode

levar o crescimento doPIB per capita parapróximo de zero.

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divulgada pela Federação das Indústrias do Esta-do de São Paulo, já com dados relativos a outubro,indica redução no número de postos de trabalhono setor industrial naquele estado.

governamentais dizem não esperar fortes pressõespara os últimos dois meses do ano, embora sejamencionada a necessidade de atenção para comos preços dos produtos agrícolas em período de

entressafra e dos medi-camentos.

De todo modo, a re-tração da demanda, de-corrente da crise insta-lada e da conjuntura deincerteza, vem permitin-do que as pressões in-flacionárias existentessigam relativamente con-tidas. Além disso, a re-dução nos preços dopetróleo tem contribuídopara o comportamentonão explosivo dos pre-ços. Ressalte-se que oconjunto dos preços ad-ministrados vem regis-

trando alta participação na trajetória ascendenteda inflação, com elevação significativamente maisacentuada que a média. No caso específico daenergia elétrica, o governo trabalha com a esti-mativa de 20% de reajuste tarifário em 2001, emanutenção do mesmo patamar para o próximoano. A estimativa explicitada pelo Banco Centralpara a inflação em 2002 é de que esta se situepróxima do valor central da meta de 3,5% ao ano;

porém, os resultados dapesquisa sobre expec-tativas em que se utilizauma amostra de institui-ções realizada tambémpelo Banco Central indi-cam que estas situam ainflação de 2002 em pa-tamar consideravelmen-te mais elevado. Já oIPEA, projetando umcenário de relativa es-tabilidade cambial e deuma política monetáriaainda restritiva, trabalhacom uma taxa em tornode 4%.

A inflação acumulada no ano, medida pelo Índi-ce Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),indicador utilizado pelo governo para fixar as me-tas de inflação, atingiu 6,22% até outubro. As pró-prias autoridades já haviam reconhecido que o tetoanual, acordado com o FMI, seria ultrapassado. Ab-sorvido o reajuste dos combustíveis do início deoutubro e passado o período de concentração dereajustes dos preços administrados, os relatórios

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A política de gastos do setor público segue a rotade geração de superávit primário a todo custo, comresultados que vêm, sistematicamente, ultrapassan-do as metas acordadas com o FMI. Essa metas en-tretanto têm sido alteradas para mais a cada novoacordo e, no próximo ano, o superávit primário de-verá atingir 3,5% do PIB (3% no acordo anterior).Para alcançar a nova meta a perspectiva é de inten-sificação do arrocho fiscal, objetivo cuja consecu-ção deverá enfrentar maiores dificuldades em anoeleitoral. Todo o esforço empreendido para gerar su-perávit primário e honrar os compromissos com ocapital financeiro internacional parece não ter fimquando são observados os dados relativos à dívidalíquida do setor público que, em setembro, já repre-sentava 54,8% do PIB (em dezembro de 2000 esseindicador situava-se em 49,4%).

À medida que se difundia a convicção de que aconjuntura internacional tornava-se mais desfavo-rável, o governo, consciente de que a persistentevulnerabilidade do setor externo segue amplificandoos rebatimentos locais de problemas enfrentadospela economia mundial, reagiu, tentando neutrali-zar os fatores adversos com a elevação progressi-va da taxa básica de juros – SELIC – que em janei-ro se situava em 15,25% e hoje está fixada em 19%– alta de 3,75 pontos percentuais. A alta dos jurosestava basicamente ligada a dois fatores associa-dos: a premência de atração de capitais externos eo próprio aumento da instabilidade, com conseqüentepressão sobre o câmbio e sobre os preços internos. Apartir de determinadomomento a desacelera-ção da economia passoua constituir-se em fatorimportante para deteruma maior elevação dospreços e o câmbio re-cuou, embora acumulan-do forte desvalorizaçãono ano. Saliente-se queos fatores estruturais depressão permanecemintocados.

O saldo da BalançaComercial, pedra de toquedo precário (des) equilíbriomacroeconômico brasilei-

ro, totaliza, até outubro, US$ 1.498 milhões contraUS$ 134 milhões em 2000. O superávit significativa-mente mais elevado é resultante de um crescimentode 7,3% das exportações, paralelo ao de 4,3% dasimportações. Ressalte-se que até agosto as importa-ções apresentavam crescimento superior às expor-tações, apesar de toda a desvalorização sofrida peloreal. Dois meses consecutivos de redução do valorimportado e crescimento das exportações fizeram osuperávit mais que duplicar.

Esse comportamento está certamente ligado àprópria desaceleração experimentada pela econo-mia nos últimos meses, que levou à redução de im-portações em meses em que, em condiçõesnormais, espera-se justamente o comportamentooposto, em função de encomendas visando às ven-das de final de ano (ver Gráfico 5).

A conta de Serviços1 apresenta déficit estruturalem praticamente todos os itens (a exceção é o agre-gado Outros Serviços), sendo que houve crescimen-to do déficit, no total da conta, no comparativo comigual período de 2000. O item que mais pesa nodéficit da conta de Serviços é o correspondente aostransportes. As despesas líquidas com Aluguel deEquipamentos aumentaram significativamente suaparticipação no total do déficit da conta de Serviços,comportamento oposto ao das Viagens Internacio-nais, item que se mostra muito sensível às varia-ções cambiais e que também deve continuar sendoimpactado pelo clima de insegurança instalado naesteira dos atentados de setembro.

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Elevou-se também o déficit da conta de Rendas.As despesas líquidas com Juros, que representarampouco mais de 75% das remessas líquidas de ren-das para o exterior, passaram de US$ 9.936 milhões,de janeiro a setembro de 2000, para US$ 10.491 mi-lhões no mesmo período de 2001, elevação de 5,6%.A remessa líquida de lucros e dividendos passou, nomesmo período, de US$ 2.467 milhões para US$3.462 milhões, um aumento de 40,3%. Essa acentu-ada elevação da despesa líquida com lucros e divi-dendos é, sobretudo, uma decorrência do processode privatização/desnacionalização implementado naeconomia brasileira nos últimos anos, que, como umabola de neve, aprofundaa dependência do Paísde financiamentos exter-nos.

Contrapondo o supe-rávit logrado na BalançaComercial (US$ 1.250milhões até o mês de se-tembro) ao déficit (US$19.854 milhões) da con-ta de Serviços e Rendase considerando tambémo valor positivo de US$1.185 milhões relativosàs Transferências Unila-terais, chega-se a umdéficit de US$ 17.420milhões no total das Tran-

sações Correntes – oque representa -4,61%do PIB – a serem finan-ciados, basicamente, porinvestimentos externos eempréstimos. Nos pri-meiros nove meses de2000, o déficit das Transa-ções Correntes situou-seem US$ 15.646 milhões,representando -4,15%do PIB.

Os dados parciais jádisponíveis indicam que-da no ingresso líquido deinvestimentos estrangei-ros diretos no País, rela-

tivamente ao ocorrido em 2000. O setor Serviçosabsorveu 66,4% dos investimentos, sendo que osfluxos mais significativos dirigiram-se para os seto-res de correio e comunicações (19,6%) e deintermediação financeira (13,2%). A indústria rece-beu 28,4% dos investimentos, e os segmentos agri-cultura, pecuária e extrativa mineral, 5,2% (4,6%para extração de petróleo e serviços relacionados e0,6% para as demais atividades). Os Estados Uni-dos foram responsáveis por 23,7% dos investimen-tos estrangeiros que ingressaram no período, se-guidos por Espanha, França e Países Baixos. Osingressos decorrentes de privatizações representa-

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ram 7,4% do total e concentraram-se nas áreas detelecomunicações e seguros. Em 2000, essa parti-cipação havia sido de 21,1% e, em 1999, de 28,0%.

Houve também redução no ingresso líquido deinvestimentos em carteira, o chamado capital volá-til. Em setembro as reservas internacionais situa-vam-se em US$ 40.037 milhões, no conceito caixa,representando oito meses de importações. Nessemês ocorreu desembolso pelo FMI de US$ 4,8 bi-lhões, no âmbito do novo Programa de AssistênciaFinanceira ao País firmado em agosto. Do expostodepreende-se que ao lado de uma maior dependên-cia do financiamento externo ocorreu uma piora naqualidade do financiamento que o País tem conse-guido captar.

A persistir a deterioração do cenário da econo-mia mundial, com crises afetando simultaneamenteas mais importantes economias do planeta – Esta-dos Unidos, Japão e Alemanha –, mais uma vezestará sendo posta em xeque a continuidade dapolítica econômica que vem sendo adotada pelogoverno brasileiro. Aliás, nessa conjuntura de crise,

os governos dos países mais desenvolvidos, sem-pre adeptos de políticas do receituário liberal emcasa alheia, tratam de rapidamente ativar a “mãovisível” do Estado para socorrer suas empresas eproteger segmentos produtivos internos da concor-rência internacional.

Notas

1 A partir de janeiro de 2001 o Banco Central introduziu modifi-cações na forma de apresentação do Balanço de Pagamen-tos que incluem alterações nos critérios de classificação dealgumas transações e na nomenclatura de algumas contas.De acordo com a instituição, essas alterações visaram ade-quar as contas externas brasileiras às normas internacionaismais recentes divulgadas pelo FMI.

* Celeste Philigret é professora da Faculdade de CiênciasEconômicas da UFBA e Coordenadora do Núcleo de

Estudos Conjunturais – NEC. A elaboração das tabelas egráficos contou com a colaboração do integrante do NEC,

economista Laumar Neves.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.13-32 Dezembro 2001 13

PIB da Bahia acompanha a tendênciada economia mundial

Com base em estimativas elaboradas pela Su-perintendência de Estudos Econômicos e Sociaisda Bahia – SEI, em 2001 o Produto Interno Bruto daBahia (PIB) deverá apresentar crescimento mode-rado (em torno de 1%), em termos reais, na compa-ração com o resultado do ano anterior. Este percen-tual situa-se próximo da expectativa de crescimentodos EUA (1,2%) e do Brasil (1,8%).

Este cenário macroeconômico é reflexo da con-juntura adversa que o país atravessa, fruto da crisedo setor elétrico, do agravamento da crise argenti-na e da desaceleração da economia americana emundial. Acrescente-se, também, que a região Nor-deste vem passando por um longo período de esti-agem, com fortes reflexos na economia regional, emespecial no setor agropecuário.

Observe-se que o agravamento dessas crisesgerou uma desvalorização cambial, o que fez comque o governo federal, em virtude do acordo com oFMI, adotasse uma política macroeconômica de ele-vação da taxa de juros. Essas duas medidas – des-valorização cambial e aumento da taxa de juros –têm efeitos expansivos, assim como restritivos paraa economia estadual. Em relação aos primeiros,verifica-se um forte reflexo negativo sobre o nívelda ocupação, do desemprego, da renda, do produ-to, da atividade comercial e da dívida externa. Poroutro lado, têm-se como fatores expansivos o estí-mulo às exportações, aumentando a produção in-

terna e, indiretamente, diminuindo o impacto nega-tivo dos juros e da elevação dos custos de produ-ção; e o incremento do turismo, uma vez que a Bahiahoje é um dos principais destinos turísticos do Bra-sil, favorecendo o comércio, os serviços e a ocupa-ção e renda.

Nota-se, portanto, que o resultado previsto paraa Bahia em 2001 é fruto de uma situação bastanteconjuntural que afetou os diversos setores da nos-sa economia, porém não o suficiente para impedirque o Estado registre o décimo ano consecutivo detaxa positiva de crescimento em seu produto inter-no. Essa crise atingiu o desempenho dos principaissetores da economia baiana – a Indústria de Trans-formação, especialmente o setor químico, que sócomeça a reagir no final do ano, e a Agropecuária,com a forte estiagem – como será visto mais deta-lhadamente a seguir.

A estimativa para a indústria baiana de transfor-mação, no corrente ano, indica um pequeno acrés-cimo no nível de atividade da ordem de 0,5%. Estecenário tem se caracterizado pela diminuição nademanda de produtos petroquímicos, uma vez queas indústrias que fazem uso final desses produtosestão, de certa forma, afetadas pela redução noconsumo de energia, como também pela desacele-ração da economia internacional. O quadro é agra-vado ao reduzir-se a produção de resinas termo-plásticas, devido à interrupção, por razões de ordemtécnica, em algumas unidades.

Corrobora a estimativa anteriormente citada oresultado divulgado pela Pesquisa Industrial Men-

Desempenho da economia baiana

Equipe SEI*

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sal de setembro de 2001, que registra queda na ati-vidade industrial do estado (-1,4%) no acumuladodos últimos doze meses. O principal responsável poressa queda é o segmento químico, que tem o maiorpeso na estrutura industrial da Bahia e que, emboraem processo de reversão de tendência, acumulauma perda, no mesmo período, de 2,6%. Os seto-res que, por sua vez, projetam maiores crescimen-tos, são os de papel/celulose e metalúrgico, comtaxas acumuladas, no período, de 21,0% e 8,3%,respectivamente.

A agropecuária baiana também não deverá apre-sentar resultado satisfatório no ano 2001. A quedaanunciada pelos indicadores da agricultura (-13%,nas principais lavouras) é conseqüência do aumen-to da estiagem que se abateu em quase toda a re-gião Nordeste.

A expressiva produção de grãos alcançada em2000 (3,72 mil toneladas) não se repetirá em 2001.Para esta safra, as estimativas do IBGE indicamquebra, no estado da Bahia, da ordem de 22%. Asmaiores quedas devem ser registradas nas culturasde arroz (-56,0%), feijão (-50,1%), milho (-24,9%) ecebola (-24,6%). Além disso, no ano 2001, culturastradicionais da Bahia, como o cacau, cana-de-açú-car e soja devem apresentar resultados negativosda ordem de 7,9%, 3,4% e 6,7%) respectivamente.Também a mandioca, que tem posição de destaquena agricultura do estado, deverá registrar queda de,aproximadamente, 3,9% na produção de 2001.

Por outro lado, outras culturas deverão apresen-tar desempenho positivo, a exemplo do algodãoherbáceo (23,3%), abacaxi (16,1%), café (8,6%),pimenta do reino (6,7%) e coco-da-baía (5,0%).

O Comércio deverá apresentar um nível de ativi-dade levemente superior (1,0%) ao registrado noano passado. O cenário externo, marcado por cri-ses internacionais (Argentina e Estados Unidos), fezcom que o Banco Central elevasse ainda mais astaxas internas de juros, de modo a cumprir-se a metainflacionária (6,5% ao ano). Isso dificultou muito oacesso ao crédito (principal fomentador da vendade bens duráveis e semiduráveis) e provocou au-mento da inadimplência. Também a questão ener-gética tem contribuição negativa para a performan-ce da atividade comercial em 2001, uma vez queela diminui o índice de confiança de consumidorese empresários, principalmente em termos de com-

pras de produtos eletroeletrônicos intensivos emenergia.

A Construção Civil e os setores de Serviços, nosquais o Turismo tem reflexo direto, se apresentaramcomo os principais destaques em 2001, prevendo-seque, neste ano, suas taxas de crescimento deverãosuperar a marca de 1,5% e 3,0%, respectivamente.Parte significativa da taxa de crescimento da Cons-trução Civil está associada à implementação da infra-estrutura no parque automobilístico, que acaba deser instalado em Camaçari, ao pólo calçadista, nointerior do estado, e às obras de construção do me-trô da cidade de Salvador. Tudo isso significa que oestado apresentará em breve aumentos significati-vos em seu nível de atividade, já que vultosos inves-timentos estão sendo alocados em setores produtivos.Com relação ao setor de Serviços, a Bahia deveráser favorecida pelo aumento do turismo interno noBrasil, como forma de substituir viagens internacio-nais, em função dos ataques terroristas.

Indústria

Após o bom desempenho observado no ano pas-sado, o período de janeiro a setembro de 2001 foimarcado por restrições ao crescimento da econo-mia brasileira. O quadro externo adverso e fatoresinternos como a instabilidade cambial, a elevaçãodos juros e a crise energética contribuíram para essecenário de desaquecimento.

Segundo os índices de produção física do IBGE,a indústria brasileira apresentou um crescimento de2,8% no período de janeiro a setembro de 2001, emcomparação com igual período do ano anterior.Embora esse desempenho tenha sido bastante sa-tisfatório, o exame dos indicadores trimestrais mos-tra um nítido processo de desaceleração na ativida-de industrial do País. Assim, após uma expansãode 7,1% nos três primeiros meses do ano, a produ-ção industrial retraiu sua taxa para 2,9% nos trêsmeses subseqüentes, tendo, no terceiro trimestre,registrado um resultado negativo (-0,2%).

Esses resultados confirmam as previsões de sé-rias dificuldades para o parque fabril nacional, ten-do em vista a retração da economia mundial, a criseargentina e a questão energética.

Os estados refletem, com maior ou menor inten-sidade, a trajetória da produção manufatureira do

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Brasil. Na comparação com o período janeiro-se-tembro de 2001, sete entre dez estados pesquisadosassinalam crescimento positivo, destacando-se Pa-raná (4,9%), seguido por Rio de Janeiro (3,9%), SãoPaulo (3,8%) e Santa Catarina (3,5%).

Já a indústria baiana encerra o período janeiro-setembro de 2001 com taxa de variação ainda nega-tiva (-0,2%), o que significa dizer que está acimaapenas do Ceará (-6,1%) e Rio Grande do Sul (-0,1).

metalúrgica e a de papel e papelão, com crescimen-tos de 8,6% e 23,6% respectivamente. As retraçõesmais expressivas, por sua vez, ocorreram na quími-ca (-0,2%), em produtos alimentares (-5,5%) e emmateriais elétricos e de comunicações (-20,2%).

No mês de setembro, a indústria baiana revertea trajetória de queda. A indústria geral registrou in-cremento de 9,6% em relação ao mês de setembrode 2000. No que tange à indústria de transforma-

ção, foi verificada umavariação também posi-tiva (12,1%). A produ-ção industrial brasileira,no mesmo período, re-gistrou taxa negativa de1,9%, da mesma formaque a indústria de trans-formação (-2,0%).

No entanto, o quedeterminou o desempe-nho da indústria baianaem setembro foi o sig-nificativo crescimentoobservado, principal-mente na indústria quí-mica, a qual detém amaior participação naindústria de transforma-ção em valor agregado.

A taxa de variação da produção da indústria quími-ca para o mês de setembro, comparada com a domesmo período do ano anterior, foi de 26,5%; emagosto, essa indústria registrou um crescimento de0,8%. O desempenho favorável da indústria quími-ca nesse mês deveu-se principalmente ao aumentona produção de gasolina comum para autoveículose óleo diesel. Em 2000, a variação negativa do mêsde setembro foi da ordem de -17,3%.

Quando se analisa especificamente o segmentode derivados de petróleo1, verifica-se, na RefinariaLandulfo Alves, um incremento na produção men-sal (95,1%, em setembro). Deve-se ressaltar que,em julho e agosto de 2000, a indústria de refino depetróleo apresentou graves problemas técnicos emdecorrência de acidentes, o que obrigou a empresaa realizar parada para manutenção e, assim, a re-duzir sua produção. Observa-se que, no acumula-do do ano até junho, houve um incremento de 1,9%

Na realidade, o comportamento insatisfatório daindústria baiana neste ano somente confirma a ten-dência ao desaquecimento do seu ritmo de produ-ção, iniciado no ano de 2000. A contração da ativi-dade fabril no estado, como pode ser visualizadono Gráfico 1, intensifica-se no terceiro trimestre doano passado; a partir de então as taxas trimestrais,ainda negativas, tornam-se decrescentes; quandoos quadros externo e interno agravam-se, no se-gundo trimestre de 2000, as taxas de variação paraa indústria geral e de transformação são de -0,9%e -0,6%, respectivamente. No entanto, no terceirotrimestre, a produção industrial volta a apresentartaxas positivas.

A produção física da indústria de transformaçãobaiana apresentou taxa negativa de apenas 0,1% noacumulado do ano até setembro. Entre os setores daeconomia baiana, os desempenhos foram diversifi-cados. Positivamente, destacaram-se as indústrias

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na produção da RLAM; em setembro esse incremen-to salta para 16,2%, principalmente por conta daatipicidade dessa produção em 2000.

A produção acumulada, no ano, de óleo com-bustível, de acordo com a Associação Nacional doPetróleo, até setembro registrou uma variação de26,5% em relação a igual período do ano anterior.Já a produção de gasolina A apresentou um incre-mento ainda mais significativo (60,9%); no acumu-lado em doze meses, o crescimento observado atésetembro foi de 41,6% e em julho esse indicadorregistrou variação negativa (-2,2%).

Por outro lado, observa-se que em 2001 a pro-dução de nafta foi a mais comprometida; os mesesde julho e setembro foram os únicos que registra-ram crescimento significativo (5,3% e 24,0, respec-tivamente). A produção acumulada em 2001 é menordo que a acumulada em 2000, até o mês de setem-bro, atingindo uma variação negativa de -16,4%.

Com relação ao racionamento de energia no se-tor industrial baiano, a Coelba constatou que 69%dos clientes do segmento químico conseguiram re-duzir o consumo de energia elétrica. Na área de ali-mentos, 47% cumpriram as metas e, no ramo meta-lúrgico, 45%.

A Copene, que é abastecida pela CHESF e dis-põe de usina própria para geração de energia tér-mica, realizou até o momento cerca de 100 opera-ções bilaterais, com a venda de 28.500 MWh/mêsde energia, sem contar o fornecimento para seus30 clientes tradicionais no complexo petroquímicobaiano. Em julho, a comercialização extra de Ca-maçari tinha sido de apenas 8.500 MWh/mês, frutode 45 contratos fechados com empresas da cadeiaprodutiva (incluindo a terceira geração) situadas emestados do Sudeste e Nordeste.

Até o final do mês, o volume das vendas deveráficar em 30.000 MWh/mês. A maioria das indústriasatendidas é formada por empresas interessadas emcompletar suas cotas de energia e, com isso, evitarprejuízos à produção devido ao racionamento.

Em situações normais, a Copene costuma tersobras na faixa de 15.000 MWh/mês para as opera-ções bilaterais fora de Camaçari. O aumento dasdisponibilidades, em agosto, é resultado direto defatores como o menor nível de operação de algu-mas indústrias petroquímicas e a parada de manu-tenção de 25 dias, promovida pela central em uma

de suas plantas de eteno. Esse fato obrigou à inter-rupção das atividades em outras grandes indústriasdo pólo baiano (como a Politeno e a Polialden) noinício de agosto e, consequentemente, elevou osexcedentes de energia para comercialização comclientes cativos da Copene, a qual baixou para 145MWh em julho. Quando todos estão operando a ple-na carga, a necessidade é de 170 MW, o corres-pondente a 122.400 MWh/mês.

Muitas indústrias estão utilizando menos ener-gia por conta de planos internos que adotaram paraeconomizá-la. Com esse tipo de medida, a própriaCopene conseguiu economizar 7MW – a maior par-te na área industrial – sem precisar recorrer a cor-tes na produção. Pode-se afirmar, dessa forma, quea crise energética não impactou negativamente aindústria química baiana, uma vez que esta tem tidoseu suprimento de energia garantido pela Copene,o que vem assegurando o nível de produção.

Entre os fatores que podem contribuir para umareversão no novo impulso da indústria baiana estãoos impactos da desaceleração mundial, sobretudoda economia norte-americana e principalmente paraa indústria química, na qual os efeitos negativos jápodem ser sentidos, com a elevação dos estoquesde produtos petroquímicos nos países asiáticos.Acirra-se, assim, a competição internacional.

Comércio

O setor de comércio varejista, que acaba sendoo termômetro da economia, apresenta no seu volu-me de vendas, para o Brasil, decréscimo de 1,2%no período compreendido entre janeiro e agosto de2001, em relação ao mesmo período do ano anteri-or. No estado da Bahia, em igual período, esse indi-cador apontou crescimento de 1,2%.

Esses dados foram apurados pela Nova Pesqui-sa Mensal do Comércio Varejista, realizada peloIBGE em todas as unidades da federação, e, noestado da Bahia, em parceria com a Superintendên-cia de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Analisando-se o comportamento do setor no acu-mulado do período janeiro-agosto01/janeiro-agos-to00, observa-se que, dos cinco ramos que compõemo Índice Geral do Varejo, o grupo Demais Artigos deUso Pessoal e Doméstico contribuiu com o desem-penho mais significativo 8,3%, seguido de Combus-

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tíveis e Lubrificantes (2,4%), Tecidos, Vestuário eCalçados (0,4%) e Hipermercados, Supermercados,Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (0,1%). Em-bora este último grupo tenha apresentado pequenavariação, os Hipermercados e Supermercados expan-diram em 3,4% o Indicador do Volume de Vendas.No período, houve redução do nível de atividade ape-nas no segmento de Móveis e Eletrodomésticos (-6,8%). Os resultados auspiciosos dos primeirosmeses deste ano permitiram ao ramo de Veículos,Motos, Partes e Peças contabilizar, no período, acrés-cimo de 7,7% na comercialização de automóveis.Embora os resultados desse segmento não sejamcomputados na formação do indicador geral do vare-jo, o mesmo permaneceu inserido na pesquisa dadaa sua importância no contexto do setor comercial.

O comércio varejista constitui-se na principal ati-vidade a refletir de imediato as alterações da políti-ca macroeconômica. Corroborando tal afirmativatem-se o aquecimento nas vendas no final do anopassado e nos primeiros meses deste, quando dossinais de recuperação dos indicadores de empregoe renda. Nos últimos meses, o varejo brasileiro, comoum todo, vem registrando queda do nível de ativida-de, conseqüência das medidas restritivas do cresci-mento econômico. Os efeitos das sucessivas crisesna economia externa, somados às ações limitativasdo crescimento econômico, como o racionamentode energia elétrica, a elevação do dólar e o aumen-to dos juros, arrefeceram as expectativas de o co-mércio varejista encerrar o ano apresentando a ex-pansão nas vendas que se previa no início domesmo. Na avaliação de empresários e analistasde mercado, dentre os vários fatores que se consti-tuíram em empecilhos para impulsionar o varejo, oaumento da taxa de juros tem sido determinante.Em janeiro, a taxa básica de juros da economia si-tuava-se em 15,7%. Com o aumento dos juros, pe-las autoridades monetárias, em 3,2 pontos percen-tuais, essa taxa atingiu, em julho, 19,0% ao ano,patamar ainda registrado pelo setor, conseqüênciada ampliação dos prazos de financiamento ao lon-go de 2000 e nos primeiros meses deste ano.

De acordo com a PMC-Ba, de janeiro a agostode 2001, a mais acentuada retração do nível da ati-vidade varejista – 5,4% – deu-se no comparativo doperíodo julho01/julho00. Tal desempenho reflete osefeitos da greve das polícias civil e militar, que obri-

gou os estabelecimentos comerciais a permanece-rem fechados por vários dias no início daquele mês.

No referente ao Indicador do Valor Nominal deVendas, ou seja, ao faturamento do setor, a pesqui-sa apontou incremento de 5,3% para o ComércioVarejista Nacional, no período de jan-ago01/00, en-quanto, no estado da Bahia, o acréscimo foi de11,0%, apesar da queda considerável nas vendasde Móveis e Eletrodomésticos.

Na análise das atividades pesquisadas foi cons-tatado, no grupo Demais Artigos de Uso Pessoal eDoméstico, o principal desempenho positivo, tendoseu indicador do volume de vendas se elevado em8,3%. Tal resultado pode ser creditado ao fato deque esse grupo é composto não só por lojas de de-partamento, pelo segmento de farmácias, drogariase perfumarias, como também por lojas que comer-cializam cds, aparelhos de telefones celulares, arti-gos desportivos e de papelaria, brinquedos, materialótico e fotográfico etc. Os dados obtidos têm confir-mado que nos períodos de sazonalidade as vendasdesses segmentos são impulsionadas, já que a ele-vação das taxas de juros e a perda do poder aquisi-tivo de parcela considerável da população obrigamos consumidores a adquirir produtos de menor va-lor, cujas vendas são, predominantemente, feitas àvista. Por outro lado, a comercialização dos equipa-mentos de informática, que também integram esseramo de atividade, vem apresentando constantesquedas nas vendas. A razão para isso pode estarnos constantes reajustes de preço, conseqüênciada elevação do dólar, haja vista o setor utilizar, pre-ferencialmente, componentes importados.

O segmento de Combustíveis e Lubrificantesencerrou o período janeiro-agosto01/janeiro-agos-to00 com acréscimo de 2,4% no Indicador do Volu-me de Vendas. As promoções de vendas comcartões de crédito e cheques pré-datados contribu-íram para a obtenção desse resultado. Por se tratarde um segmento cujos preços são administradospelo governo, em julho eles tiveram o primeiro reajus-te de preços do ano, provocando impacto no cálculodos índices de preços no País e comprometendo ameta da inflação prevista para este ano. Na avalia-ção das autoridades governamentais, o reajuste deu-se em virtude da fórmula de cálculo entre a variaçãodo preço do barril de petróleo no mercado internacio-nal e a flutuação do dólar no último trimestre.

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Após sucessivas quedas nas vendas em anosanteriores, o volume de vendas dos Hipermercados,Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas eFumo elevou-se em apenas (0,1%). Quando desa-gregada a estrutura do grupo, verifica-se que o indi-cador do subgrupo de Hipermercados e Supermer-cados apresenta variação positiva de 3,4%. Consti-tuindo-se na atividade mais representativa docomércio varejista, o acréscimo das vendas desseramo contribuiu para amenizar o desaquecimento dosetor. Entre os meses de janeiro e agosto o segmen-to supermercadista apresentou contribuição positivana formação da taxa que mede o comportamento dovarejo. Tal fato é atribuído às constantes promoçõesempreendidas pelas grandes redes, ao funcionamen-to ininterrupto de vários desses estabelecimentos, e,também, ao diversificado mix de produtos comerciali-zados. Apesar de os números indicarem resultadofavorável, ainda assim a estimativa é de que haja re-dução do ritmo de crescimento do setor de 4% para1% neste ano, prevendo-se uma receita da ordemde R$ 68,68 bilhões. Também os investimentos comabertura de novas lojas, reformas, ampliação, mo-dernização e automação não deverão superar R$ 700milhões ante R$ 1,97 bilhão em 20002. Nos últimosmeses tem-se observado acentuado declínio na co-mercialização de produtos importados. Segundo em-presários do ramo supermercadista, a retração da de-manda desses produtos é da ordem de cerca de 50%.Com a aproximação das festas de fim de ano, as ex-pectativas são de que haja uma maior procura dosprodutos nacionais – em detrimento dos importados– e, também, dos de marcas próprias. Nos últimoscinco anos, a participação das marcas próprias evo-luiu de 2% para 6% do faturamento dos supermerca-dos, devido ao fato de que seus preços últimas sãomais em conta. O que se observa é uma migraçãode consumo ocasionada pela queda do rendimentomédio das famílias e, no caso dos importados, peloaumento dos preços decorrente da desvalorizaçãocambial.

A tendência de concentração do setor supermer-cadista, acentuada com a chegada de grandes gru-pos internacionais nos últimos anos, continuou forteem 2001, e prevê-se que assim continuará em 2002.Recentemente os jornais noticiaram a provável com-pra da rede G. Barbosa pela holding holandesa RoyalAhold, dona do Bompreço, indicando a trajetória as-

cendente desse tipo de estratégia empresarial. Con-vém notar que o processo de crescimento das gran-des redes não tem inviabilizado o crescimento daspequenas empresas, principalmente quando locali-zadas mais longe dos grandes centros populacionais3.Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasi-leira de Supermercados, as 23. 200 lojas com atéduas caixas registradoras pertencem a 18. 700 em-presas, significando uma média de 1,24 loja para cadaempresa. Ainda segundo essa mesma pesquisa, cer-ca de 30% das cidades brasileiras não têm super-mercado, corroborando a tese de que as pequenasredes possuem mercado ainda não explorado.

Em março deste ano o ramo de Tecidos, Ves-tuário e Calçados apresentou a mais expressivaexpansão nas vendas. Esse resultado foi prepon-derante para o segmento encerrar o período ja-neiro-agosto01/janeiro-agosto00 com crescimento,apesar de ainda modesto, de 0,4% no indicador dovolume de vendas. Essa taxa resulta da elevaçãonas vendas motivada pela promoção “Liquida Sal-vador”, mais uma vez realizada, entre o final do mêsde março e começo de abril, como estratégia paraatrair os consumidores, renovar os estoques e au-mentar o capital de giro das empresas. Nos mesesposteriores observa-se sucessiva queda nas ven-das dos artigos desse setor. Anualmente as pesqui-sas têm comprovado que as datas comemorativasimpulsionam as receitas brutas do setor, podendo-se assim prever uma elevação no volume de ven-das desse segmento para os próximos meses, es-pecialmente em dezembro.

Os sinais de recuperação da economia no anopassado e início deste ano beneficiaram o segmen-to mais dinâmico do varejo, que é o de bens de con-sumo duráveis. Entretanto, como previsto, a partirde maio o ramo de Móveis e Eletrodomésticos sina-liza queda no ritmo de atividade, sendo o único seg-mento do varejo, dentre os pesquisados, a encerraro período jan-agosto01/00 com desempenho nega-tivo: 6,8% no indicador do volume de vendas. Essearrefecimento revela que as medidas de raciona-mento adotadas pelo governo para atenuar os efei-tos da crise de energia atingiram sobremaneira asvendas de eletrodomésticos. Ao racionamento deenergia aliam-se ainda os indicadores conjunturaisdesfavoráveis, caso da alta dos juros e da desvalo-rização do real frente ao dólar, que acentuaram o

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quadro recessivo do País, provocando retração nasvendas do segmento. Ademais, o aumento do de-semprego e a ampliação dos prazos de financiamen-to desde o ano passado e início deste ano elevaram,nos últimos meses, a inadimplência no comérciovarejista. Com os altos índices de inadimplência, ocrediário torna-se mais seletivo e o prazo de parce-lamento das compras, menos elástico.

Os bons resultados obtidos nos primeiros me-ses deste ano permitiram ao ramo de Automóveis,Motos, Partes e Peças contabilizar, no período ja-neiro-agosto01/janeiro-agosto00, acréscimo de 7,7%no indicador do volume de vendas. A partir do se-gundo semestre deste ano, o setor começa a regis-trar desaquecimento das vendas, o que pode serexplicado pelas incertezas na economia do País.Assim como o setor precedente, esse segmento debens duráveis reflete de imediato as alterações napolítica macroeconômica. Por se tratar da comerci-alização de bens de maior valor agregado, as ven-das financiadas dependem das taxas de juros e docrédito direto ao consumidor, normalmente respon-sáveis por 70% dos negócios, sobretudo no seg-mento de carros populares. No entanto, as seguidascrises enfrentadas pelo País, aliadas a uma políticamonetária recessiva, contribuíram para afetar a con-fiança do consumidor brasileiro. Nem mesmo asconstantes promoções oferecendo descontos naaquisição do carro novo ou as feiras de automóveisrealizadas nos fins de semana estão sendo capa-zes de reduzir os altos estoques existentes nas con-cessionárias e nas montadoras, as quais vêm sendoobrigadas a reduzir a jornada de trabalho e a demi-tir empregados. No âmbito da indústria automotivaas expectativas eram de que a produção, nos pri-meiros meses deste ano, atingisse o recorde histó-rico de 1997. Porém os resultados obtidos nosúltimos meses indicam que esta projeção tenderá anão se confirmar. Dados da Associação Nacionaldos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)mostram que as vendas no mercado interno retraí-ram 7,6% no mês de agosto, em comparação comigual mês de 2000. No referente ao valor nominal, aqueda foi de 3,0% nessa mesma relação, enquantoque no acumulado janeiro-agosto01/janeiro-agos-to00 há um incremento de 10,9%.

Os mais otimistas fazem prognósticos para o fi-nal do ano que indicam crescimento nas vendas do

setor de Automóveis, haja vista o mesmo vir desen-volvendo maciças campanhas promocionais no sen-tido de sensibilizar o consumidor para a compra comredução da taxa de juros ou mesmo sua isenção.

As vendas do setor de Comércio Eletrônico, aofinal deste ano, estão sofrendo o forte impacto doquadro recessivo da economia americana e tambémda crise política internacional. Segundo analistas,basicamente três acontecimentos provocaram que-da nas vendas ao consumidor pela Internet. Primei-ramente, os atentados de 11 de setembro queprejudicaram o setor de viagens aéreas; segundo,a desaceleração prolongada no mercado de ações,em razão do quadro econômico recessivo; e, porfim, a guerra de preços no setor de computadorespessoais. Também a venda de livros, música e au-tomóveis sofreu queda. Ainda segundo esses ana-listas, o impacto negativo acentuado pelas previsõesde lenta recuperação da economia americana deve-se estender até o primeiro semestre de 2002, impli-cando uma queda nas vendas on-line em relaçãoàs estimativas anteriores. Ainda assim, as expecta-tivas são de que o comércio eletrônico possa se tor-nar, até a metade desta década, o segundo maiorcanal de transações no varejo, é claro, depois daslojas4.

Turismo

Com os últimos episódios internacionais, que en-volveram principalmente os Estados Unidos, a ex-pectativa é de crescimento da indústria do turismono Brasil. Segundo analistas, esta deverá situar-se,até o final do ano, em 5% contra os 2% previstosanteriormente. Esse crescimento também é estima-do para os vôos domésticos; assim, para o primeirosemestre, foram previstos incremento de 13% nasvendas de passagens aéreas nas linhas domésti-cas e queda de 5,8% nas linhas internacionais5. Parao segundo semestre as projeções para o mercadointerno são mais auspiciosas, situando-se em tornode 20%.

Embora a política macroeconômica tenha afeta-do, indiscriminadamente, os diversos setores pro-dutivos, o setor turístico vem se beneficiando dealgumas medidas econômicas, mais especificamen-te da desvalorização do real, que tem atraído, alémdos viajantes de negócios, que atuam em setores

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econômicos voltados para a exportação de produ-tos fabricados no Brasil, a entrada de turistas es-trangeiros de lazer.

Segundo a Embratur, no ano 2000 o País rece-beu 5,4 milhões de turistas estrangeiros e, para ofinal do ano que vem, as expectativas são mais oti-mistas, esperando-se 6,5 milhões, com o efeito mi-gratório decorrente dos atos terroristas, que vemcriando uma nova ordem mundial no segmento tu-rístico. Uma campanha publicitária para a qual seprevê o slogan “Se viajar é sua paixão, o Brasil é oseu destino. Sinta esta paixão”, está sendoagendada para os próximos 24 meses, buscandoveicular a imagem pacífica do País para atrair maisvisitantes. Estudos de algumas consultorias líderesno setor apontam o Brasil como provável roteiro deviagens, juntamente com o México e Caribe: para oturista americano, pela proximidade desses paísescom os Estados Unidos; para os europeus, pelo cli-ma ensolarado dessas regiões e por dispensarem osobrevôo do espaço aéreo dos Estados Unidos ouda zona de conflito6. Também o turismo interno bra-sileiro tende a ser estimulado diante da instabilida-de da América do Norte e de alguns países da Eu-ropa em face dos últimos acontecimentos. Sendoassim, o turista brasileiro deverá migrar para rotasmais seguras, preferencialmente a interna.

Em relação ao turismo baiano, o indicador queapura o fluxo turístico de Salvador apresenta, noperíodo acumulado janeiro-julho01/janeiro-julho00,um decréscimo de 2,0%, distribuídos em 4,7% dofluxo internacional; em 2,0% do nacional/internacio-nal e em 0,8% do local/intra-Bahia. No tocante aomercado emissor internacional, a Argentina se des-taca como o principal, representando 24,9% do totalde turistas estrangeiros, seguida dos EUA (13,3%)e, posteriormente, da Itália (9,7%). Aparecem ain-da, entre os seis primeiros emissores, Portugal(9,6%), Alemanha (8,8%) e França (7,7%).

No mercado doméstico, os seis primeiros emis-sores representaram 82,6% do total de turistas na-cionais. A própria Bahia lidera esse mercado,seguida por São Paulo (23,4%) e Rio de Janeiro(11,6%).

Vale lembrar que, apesar do otimismo quanto aoincremento do turismo brasileiro, alguns aspectospotencializam incertezas em relação ao destinoBahia, haja vista a grave crise da economia argenti-

na, principal emissor turístico estrangeiro para esteestado, e a crescente crise de energia elétrica.

Quando observado um outro indicador, o queapura o número de hóspedes registrados em Sal-vador, o acumulado janeiro-agosto-01/janeiro-agos-to00 aponta ainda variação negativa de 1,6%,demonstrando o impacto que as medidas econô-micas, além de outros fatores inerentes ao próprioturismo baiano, como o fechamento provisório dealgumas redes hoteleiras, têm efetivamente cau-sado ao setor.

Embora os indicadores anteriores mostrem que-da, quando observados os últimos doze meses ataxa de variação do número de hóspedes registra-dos nos hotéis de Salvador (inclusive Itaparica ePraia do Forte) apresenta desempenho positivo de0,6%. Também na comparação do mês em pautacom igual período anterior, esse mesmo indicadorcontabiliza incremento de 17,8%, apresentandouma reversão da trajetória de queda iniciada des-de maio.

Alguns empreendimentos na Bahia merecemdestaque, como o complexo turístico Costa doSauípe, que no seu primeiro ano de funcionamentovem registrando uma taxa média de ocupação de48%, superior à expectativa inicial de 32% a 38%.A administração do complexo espera encerrar esteano com uma taxa de ocupação de 56%. Cercade 20% dos turistas hospedados são estrangei-ros, mas a meta do complexo é buscar uma pro-porcionalidade de 50% com turistas estrangeirose de 50% com turistas nacionais. Atualmente, otempo médio de permanência de cada hóspedeno complexo é de cinco dias, o que equivale a umgasto diário de R$ 280,007.

No que diz respeito às ações do governo parapromover o turismo baiano, cabe destacar a que visaà implementação de plano estratégico para o entre-tenimento, na qual se insere o turismo. Assim, como apoio da empresa de consultoria americana Mo-nitor Group, pretende-se orientar, com base em di-agnósticos, a implantação de um cluster de entrete-nimento neste estado. Os trabalhos vêm sendorealizados pela empresa consultora no sentido dedefinir os agentes envolvidos, os seus respectivospapéis e o porquê e como eles devem e podem as-sumir a gestão dos negócios de entretenimento deforma integrada e compartilhada8.

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Agricultura

A agricultura baiana, no ano safra 2000/2001, so-freu grandes perdas. Os principais fatores que condu-ziram a esse resultado insatisfatório foram a forteestiagem – que vem inviabilizando o cultivo de muitosprodutos em várias áreas do semi-árido e até mesmoafetando o rendimento físico de muitos produtos naregião oeste do estado – e a crise energética. Uma eoutra têm efetivamente prejudicado a lavoura nos pe-rímetros irrigados e em outros estabelecimentos parti-culares que utilizam a irrigação e a eletricidade comoum dos principais fatores de produção.

A safra de grãos da Bahia deve diminuir em pelomenos 20%, conforme dados do LSPA/IBGE9. Asmaiores perdas foram observadas na produção desorgo (63%), arroz (56%), feijão (50%) e milho (25%).Ao mesmo tempo, verificou-se um aumento signifi-cativo do algodão, da ordem de 23% (Tabela 1), al-cançado sobretudo mediante a maior produtividadecom novas cultivares, tratos culturais e manejo ade-quados, registrando-se que essa cultura quase nãosofreu os efeitos da estiagem.

A expansão da área plantada no oeste do esta-do não foi suficiente para provocar resultados posi-tivos na agricultura baiana. As estimativas da safrasão de queda de produtividade para vários produ-tos, o que significou, no caso da soja, uma reduçãode aproximadamente 7% no total obtido, contra 10%de ampliação na área plantada e queda de 15% norendimento físico.

Em relação às culturas tradicionais mais impor-tantes para a agricultura do estado, tais como man-dioca, cana-de-açúcar, cacau e café, praticamentetodos os resultados foram negativos, com exceçãodo café. A estiagem levou a uma redução significa-tiva da área, do rendimento e, consequentemente,da produção da mandioca. Enquanto isso, as osci-lações negativas dos preços do açúcar e do álcoolfizeram com que se retraíssem a área plantada e aprodução, apesar de a produtividade ter apresenta-do bons resultados. Para o cacau, a ausência documprimento do acordo de revitalização da lavouratem implicado o atraso da execução da clonagemprevista, bem como dos tratos culturais necessári-os. Dessa forma, não só se tem reduzido ainda maisa sua produção como vêm sendo erradicadas algu-mas áreas dessa cultura.

Os resultados da ampliação da lavoura cafeeirapodem ser observados em várias regiões da Bahia,verificando-se que tem crescido não só o consórciodo café com o cacau como a substituição deste peloprimeiro. As novas áreas cafeeiras plantadas com avariedade conillon, na região sul e Chapada Diaman-tina, e a expansão da área plantada com a variedadearabica, nos cerrados, permitem expectativas demaior produção de café de melhor qualidade numfuturo próximo. Neste ano, o resultado foi positivo,apesar de os preços encontrarem-se em um pata-mar muito baixo, tendo a produção crescido cerca de9% e a área e o rendimento, aproximadamente, 4%,incentivados principalmente pela expansão referida.

Com este mau desempenho, a participação daagricultura baiana no total produzido no País temcaído consideravelmente. Dentre as lavouras maisimportantes em termos de valor bruto da produçãopara a agricultura da Bahia e que mais reduziram suaproporção, registram-se o cacau, feijão, mandioca emilho (Tabela 1).

Assim como a estiagem prejudicou a produçãoneste ano, a crise energética também contribuiu paraque este resultado fosse ainda pior, como visto an-teriormente. A agropecuária é sensível ao raciona-mento devido à sazonalidade de alguns produtos –o que faz com que em determinados meses sejamconsumidas grandes quantidades de energia – e aofato de que em algumas atividades racionar signifi-que, automaticamente, reduzir a produção. Váriosexemplos podem ser citados: a ordenha das vacas

1alebaTsodadatnalpaeráeoãçudorp,otnemidneR

aihaBansalocírgasotudorpsiapicnirplisarBodlatotonoãçapicitrapause

1002/0002,orbmeteS

sotudorPaerÁ

AB-10/00)1(

otnemidneRAB-10/00

)1(

oãçudorP

AB-10/00)1(

00-RB%)2(

00-RB%)3(

oãdoglA 5,1 5,12 3,32 6,6 1,6

uacaC 3,5- 6,2- 9,7- 3,17 5,76

éfaC 3,4 1,4 6,8 4,3 0,4

anaC 3,5- 0,2 4,3- 5,1 4,1

oãjieF 8,62- 6,44- 1,05- 8,71 0,11

acoidnaM 7,2- 1,1- 9,3- 8,71 4,61

ohliM 3,31- 0,01- 9,42- 2,4 4,2

ajoS 8,9 0,51- 7,6- 6,4 8,3

APSL-EGBI:etnoFaihaBaarap1002e0002sonasoertnelautnecrePoãçairaV)1(:atoN

0002onaoaraplisarBodlatotoãçudorpanaihaBadlatotoãçudorpadoãçapicitraP)2(1002onaoaraplisarBodlatotoãçudorpanaihaBadlatotoãçudorpadoãçapicitraP)3(

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e o resfriamento do leite; o armazenamento de grãosem silos (secagem); fruticultura; grãos e café irriga-dos; iluminação em granjas, incubadoras e choca-deiras (avicultura); e muitos outros.

Paralelamente à agricultura, a bovinocultura baianaobteve o certificado de zona livre de febre aftosacom vacinação, o que beneficia os produtores navenda do seu produto, principalmente para o mer-cado nacional. Para atingir o mercado exterior, ge-ralmente é necessária a certificação de zona livresem vacinação e um grande aparato de frigoríficose abatedouros com certificação de qualidade e higi-ene. Tendo em vista essa exigência muitos esfor-ços devem ser implementados para atendê-la,visando favorecer a atividade e, a exemplo de emoutras épocas, tornar a pecuária um grande negó-cio no estado.

Apesar de todos os fatores negativos para a agro-pecuária baiana neste ano, o retorno de uma empre-sa processadora de tomates no submédio SãoFrancisco e a introdução de novas atividades têmpromovido expectativas quanto ao aumento da pro-dução e à diversificação da matriz produtiva, incenti-vando os produtores a buscar novas alternativas derenda. A piscicultura ao longo do rio São Francisco,o aumento da exportação de camarões, a agriculturaorgânica e a floricultura, dentre outras, apresentaram-se como novas atividades voltadas para mercadosespecíficos e como nichos que remuneram a produ-ção com alta rentabilidade.

Índice de Preços ao Consumidor

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Salva-dor registrou, em setembro de 2001, uma variaçãopositiva de 1,2%, sendo este o último resultado apu-rado pela SEI até a presente data. Tal resultado foisuperior tanto ao observado no mês anterior (0,7%)quanto ao de setembro/00 (0,6%). Com o aumentode 1,2%, a inflação na capital baiana já atingiu opatamar de 5,6% no ano (janeiro-setembro/01),menor em 0,03 ponto percentual do que os 6,9%alcançados em período idêntico de 2000. Em dozemeses, o IPC ficou menor em 1,8 ponto percentualque o apurado em igual período do ano anterior,6,9% e 8,7%, respectivamente.

É importante salientar que, de acordo com o pla-no de metas do governo federal e FMI, a meta infla-

cionária para este ano era de 4,0%, com tolerânciade dois pontos percentuais para mais ou para me-nos, ou seja, o índice oficial (IPCA calculado peloIBGE) deveria ficar entre 2,0% e 6,0%. Porém, nonovo acordo com o FMI, assinado em agosto desteano, o governo já mudou a previsão e admite que ainflação será de 5,8%, que é o centro da meta. Porsua vez, o Fundo admite que no intervalo de 3,8% e7,8% a meta estará cumprida. Vale destacar que ocâmbio é o principal responsável por essa nova pre-visão de inflação. No que diz respeito ao IPC/SEI, oacumulado no ano (janeiro-setembro) já atingiu opatamar médio de 5,6%, e o total acumulado em2001 deverá estar no limite superior do plano demetas, ou seja, em torno de 7,8%.

Analisando os resultados do IPC/SEI alcançadosno período compreendido entre janeiro e setembro de2001, verificou-se que esse indicador superou os apre-sentados no mesmo período do ano passado em ape-nas três meses – março, abril e setembro (ver Gráfico2) – e que as diferenças são muito expressivas.

Em março/01, houve uma acentuada elevação(0,12%) frente ao índice do mesmo período de 2000(0,03%), em virtude das pressões advindas dos au-mentos nos Alimentos e Bebidas (0,74%) – grupode maior peso no orçamento doméstico (30,0%) –comprimidos pelos expressivos reajustes de feijão,carne bovina, óleo de soja e frango, e no de Saúdee Cuidados Pessoais (2,35%), este último em de-corrência das majorações dos produtos farmacêuti-cos e planos de saúde.

Em abril/01, o IPC teve um aumento significativode 1,16% contra o menos elevado 0,52% de abril de2000. Este resultado derivou principalmente das ele-vações do grupo de Alimentos e Bebidas (1,39%), de-vido aos acentuados aumentos do feijão, leite e pãode sal, destacando-se em seguida o de Vestuário(2,19%), decorrente da entrada da moda outono-in-verno e o de Despesas Pessoais (1,85%), influencia-do pelas majorações no salário do empregado domés-tico, livros didáticos e diárias de hotel.

Em setembro/01, a alta de 1,21% do IPC deveu-se principalmente à elevação de preço da tarifa deônibus urbano (11,11%), que pressionou o IPC des-se mês em 0,36 ponto percentual. A pressão dos de-mais produtos para este resultado foi mais suave,visto que têm um peso menor na composição desseindicador. Foram eles: camiseta/blusa/blusão (9,33%),

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saia de adulto (9,00%), vestido (8,32%), sandália fe-minina (12,71%), calça comprida feminina (4,54%) eroupa de cama (6,75%).

Maiores pressões (vilões)

Vale salientar que todos os produtos/serviçosdenominados de vilões tiveram aumentos de pre-ços acima da taxa média acumulada do IPC/SEI(5,57%), podendo ser considerados como os princi-

pais responsáveis pela elevação da taxa de infla-ção em 2001, em Salvador. Em primeiro lugar, des-tacou-se o feijão mulatinho com um expressivoaumento de 38,0%, que teve como causa a quedade safra. Os produtos/serviços administrados pelogoverno federal continuaram pressionando forte-mente o IPC, a saber: tarifas de telefone (18,0%),energia elétrica (15,0%) e planos de saúde (12,0%)e gasolina (9,0%). Destacaram-se também ônibusurbano (11,0%), salário do empregado doméstico

2alebaTrodimusnoCoasoçerPedecidnÍ

siasneMseõçairaV1002,rodavlaS

sopurGsednarG

)%(siasneMseõçairaV/naJteSnaj vef ram rba

/oiamnuj

luj oga tes tuo

sadibeBesotnemilA.1 77,0 12,0 47,0 93,1 23,0 64,0 26,0 32,1 72,0 91,6

sogracnEeoãçatibaH.2 84,0- 07,0 40,0 73,1 72,2 47,0 65,0 52,0 83,0 59,5

aicnêdiseResogitrA.3 25,0 07,1- 11,1 50,0- 71,0 60,0 70,0 25,0 07,1 04,2

oiráutseV.4 72,3- 62,2- 83,2- 91,2 35,2 49,0 37,2- 51,0- 07,2 46,2-

oãçacinumoCe.psnarT.5 54,2 41,1 12,0 10,0 30,0 92,0 18,3 22,1 93,2 80,21

siaosseP.diuCeedúaS.6 21,0 51,1 53,2 76,0 68,0 56,0- 26,0 21,0- 55,0 66,5

siaossePsasepseD.7 66,1 15,0 74,0- 58,1 68,0 84,0 68,0 43,0 48,0 31,7

lareG 93,0 10,0- 21,0 61,1 78,0 14,0 36,0 66,0 12,1 75,5

IES:etnoF

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(11,0%), frango abatido (9,0%), pão francês (7,0%)e mensalidade escolar (6,0%).

O Gráfico 3 relaciona os produtos/serviços quemais pressionaram o IPC/SEI no período janeiro-setembro/01.

Os decréscimos de preços

Os principais produtos que contribuíram para ate-nuar o crescimento do IPC/SEI no período enfocado(janeiro-setembro/01) foram: vestido (-26,0%), tênisde adulto (-18,0%), videocassete (-15,0%), café mo-

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ído (-14,0%), diárias de motel (-11,0%), manteiga (-10,0%), queijo do reino (-6,0%), ferro elétrico(-5,0%), farinha de mandioca (-5,0%) e automóvelusado (-4,0%).

O Gráfico 4 relaciona os produtos/serviços queapresentaram os maiores decréscimos de preços, deacordo com o IPC/SEI.

Comércio exterior

A instabilidade da economia mundial, nos últi-mos meses, refletiu-se sobre o comércio exterior doBrasil, principalmente, com a recessão norte-ameri-cana, a crise Argentina e a incerteza decorrente dosatentados terroristas de 11 de setembro.

O resultado acumulado da balança comercialbrasileira de janeiro a setembro de 2001 apresen-tou-se superavitário, com saldo de US$ 1,25 bilhão,tal como em 2000. As exportações alcançaram US$44,4 bilhões, apresentando um aumento de 7,2%em relação a janeiro a setembro de 2000, enquan-to que as importações cresceram 5,9%, em rela-ção ao acumulado do ano, registrando US$ 43,1bilhões.

Os destaques que ocasionaram o incremento nasexportações foram: o aumento das vendas de pro-dutos básicos (no acumulado, US$ 11.893 milhões)e manufaturados (no acumulado, US$ 24.894 mi-lhões); a ampliação das exportações para a EuropaOriental (100,3 %), Oriente Médio (52,4 %) e África(42,6%), em relação ao acumulado do ano em 2000;e o crescimento relativo, acima de 100%, dos se-guintes produtos: petróleo bruto, milho em grão, car-ne suína, açúcar em bruto, óleos combustíveis eaçúcar refinado.

No que se refere aos índices de preços, foi re-gistrada uma queda de 2,2%, influenciada pelos pro-dutos básicos (-7,7%) e semimanufaturados (-7,9%),enquanto que os produtos manufaturados apresen-taram crescimento de 1,4%.

O comércio exterior baiano apresentou, no perí-odo de janeiro a setembro de 2001, um bom de-sempenho, com as exportações alcançando US$ 1,6bilhão, ou seja, com um crescimento de 6,2% emrelação a igual período de 2000. As importaçõescresceram 16,1%, somando US$ 1,8, devido, prin-cipalmente, ao preço do petróleo e à internalizaçãode automóveis pelo Porto de Salvador.

A recuperação da atividade econômica e a inter-nalização de automóveis pelo Porto de Salvador, em2001, destacam-se como os principais responsáveispelo saldo deficitário na balança comercial da Bahia.Observa-se que esse déficit vem ocorrendo desde2000, esperando-se que haja uma reversão quan-do o segmento de automóveis entrar para a pautade exportação.

3alebaTlaicremoCaçnalaB

orbmeteS/orienaJ,aihaBseõhlim$SU

oãçanimircsiD 0002 1002 %.raV

seõçatropxE 395.705.1 133.006.1 2,6

seõçatropmI 841.255.1 258.108.1 1,61

odlaS )455.44( )422.92( —

oicrémoCedetnerroC 147.950.3 381.204.3 2,11

CIDM/XECES:etnoFIES/CAEG:oãçarobalE

Os segmentos que mais se destacaram nesseperíodo foram os produtos agropecuários e semi-manufaturados, cujos preços no mercado internaci-onal vêm apresentando uma ligeira recuperação.Com relação à participação desses segmentos, osQuímicos e Petroquímicos (26,12%) continuam li-derando, seguidos por Derivados de Petróleo(25,48%) e Papel e Celulose (10,18%).

O segmento Derivado de Petróleo contribuiu de for-ma significativa para o crescimento do volume total dasexportações baianas, apresentando um incremento de118,13%, superior ao registrado no mesmo período doano anterior. Os Químicos e Petroquímicos, apesar deevidenciarem queda no volume das vendas externas,nesse período, de 13,9%, constituem-se no segmentoque agrega maior valor para o comércio exterior baiano,com participação de 26,2%. Já o Papel e Celulose temse destacado nos últimos anos: até o mês de setembroapresentou um volume exportado de 26,11%.

O principal destino das vendas externas da Bahiasão os EUA, com uma participação de 30%, vindo aseguir a União Européia e o Mercosul, no qual sedestaca a Argentina, que responde por 14% ex-portações baianas.

O crescimento do comércio exterior da Bahia foide 11,2%, refletindo-se nas atividades de logística earmazenagem. As empresas desse setor estão in-vestindo na implantação e ampliando suas instala-ções, caso da Estação Aduaneira, que tem como

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objetivo atender ao volume exportado de sucos efrutas da região de Juazeiro bem como ao aumentodos fluxos dos produtos do Pólo Petroquímico deCamaçari. Outro fator responsável pela expansãodessas empresas é a consolidação do Pólo Auto-motivo em Camaçari, com a implantação da Ford eMonsanto, entre outras.

Análise das commodities

A análise das commodities consiste em verificara tendência dos seus preços no mercado internacio-nal, relacionando-os com o comportamento das ex-

portações baianas por segmento. No período anali-sado, janeiro/2000 a setembro/2001, os índices dascommodities, industrial, agrícola e geral, apresen-taram oscilações com tendência à queda. As varia-ções mensais de setembro/2001 em relação asetembro/2000 foram, respectivamente, -16,3%,-2,4%, -8,7%.

Essa queda relativa dos preços das commoditiesindustriais influenciou principalmente os segmentosQuímicos e Petroquímicos e Metalúrgicos, que re-gistraram queda no volume de vendas: respectiva-mente 7,9% e 15,2%, no acumulado, no ano. Poroutro lado, a desvalorização cambial afetou positi-

vamente as exporta-ções de Derivados dePetróleo (Gráfico 7), quecresceram 127,5% emquantidades e 118,3%em valores no períodocorrespondente a jan-set/2001, se compara-das com a de igual pe-ríodo do ano anterior(Tabela 4).

Já os índices docomplexo soja, deriva-dos do conjunto dosprodutos soja em grãos,farelo de soja e óleo de

4alebaTsotnemgeSsiapicnirP–sanaiaBseõçatropxE

1002/0002,orbmeteS/orienaJ

sotudorP/MCN)noT(oseP .raV

)%(

serolaV)BOF0001$SU( .raV

)%(.traP

)%(0002 1002 0002 1002

socimíuqortePesocimíuQ 524.158 674.387 89,7- 430.684 524.814 19,31- 51,62

oelórtePedsodavireD 189.261.1 906.546.2 94,721 609.681 207.704 31,811 84,52

esoluleCelepaP 903.483 870.263 87,5- 627.022 488.261 12,62- 81,01

siategeVsareCesoelÓ,soãrG 514.215 199.585 63,41 334.411 852.131 07,41 02,8

socigrúlateM 232.602 819.271 51,61- 163.231 211.121 05,8- 75,7

sodavireDeuacaC 234.64 805.44 41,4- 223.77 435.86 73,11- 82,4

siareniM 911.951 415.031 89,71- 625.58 986.76 68,02- 32,4

sodavireDelasiS 167.65 109.26 28,01 699.03 713.23 62,4 20,2

selePesoruoC 603.5 019.6 32,03 980.71 982.22 34,03 93,1

seõçaraperPsauSesaturF 207.72 093.92 90,6 061.12 465.02 28,2- 82,1

sodavireDeomuF 172.3 305.2 84,32- 472.11 858.01 96,3- 86,0

sotnemgeSsiameD 633.315 165.635 25,4 657.321 996.631 64,01 45,8

latoT 982.929.3 953.363.5 05,63 385.705.1 133.006.1 51,6 00,001

1002/01/62mesodatelocsodaD,XECES/CIDM:etnoFAIHABADSOICÓGENEDLANOICANRETNIORTNEC-OMORP:oãçarobalE

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soja, têm apresentado oscilações bastante discrepan-tes. Essas turbulências dão-se sobretudo nos perío-dos de safra, bem como nas ocasiões das deman-das mundiais. Entre setembro/2001 e setembro/2000esses índices foram, respectivamente, de -5,1%, -2,5% e 4,9%, manifestando, ao longo do período, umatendência de queda. Essa queda nos preços tevefortes efeitos no incremento do volume das exporta-ções do segmento de Grãos, Óleos e Ceras Vege-tais, que, no acumulado do ano (até setembro de2001), registrou um crescimento de 14,4%.

Os índices dos preços de commodities do cacauvêm apresentando, em 2001, uma tendência de

crescimento em relaçãoao ano anterior. Só navariação mensal esseíndice aumentou 20,5%,o que atenuou a quedanas vendas externas dosegmento de Cacau eDerivados, apresentan-do no acumulado do ano4,1%. Já, os índices docafé em grãos e algo-dão, também têm evi-denciado tendências dequeda, devido às varia-ções bastante acentua-das nos preços no mer-cado internacional.

As variações nospreços das commoditiestêm acarretado altera-ções tendenciais nocomportamento de al-guns segmentos, devi-do à sazonalidade, cri-ses econômicas naseconomias mundiais,desvalorização cambial,dentre outros fatores. Atendência da taxa decâmbio, observada noGráfico 7, apresenta-seascendente, o que de-corre principalmentedas expectativas e in-certeza do comporta-

mento na economia mundial, além de vir sofrendo,desde 2000, algumas desvalorizações. A curva dataxa de câmbio deveria provocar, dentre outros efei-tos, o aumento das exportações, mas isso não ocorredada a pouca competitividade de alguns produtosno mercado mundial.

Perspectivas para o comércio exterior baiano

As perspectivas para o comércio exterior da Bahiapara o próximo ano são de continuidade da trajetó-ria de crescimento, tanto das exportações quantodas importações. No caso das exportações, essas

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estimativas se fundamentam na entrada de novossegmentos, como os automóveis, calçados, produ-tos de informática, além de na maior agregação devalor nos produtos já exportados, como sisal e ro-chas ornamentais.

Para assegurar a continuidade e o crescimentodas exportações, a Bahia conta com o apoio daAgência de Promoção de Exportação (Apex), sub-sidiária do Sebrae, que já contabiliza 35 projetos con-cluídos e 11 aprovados para este ano. O volume derecursos alocado para esses projetos alcança R$144 milhões, a serem distribuídos, ao longo de qua-tro anos, aos setores de maior competitividade – queapresentem diferencial internacional e busquem in-serir-se no comércio exterior – e às pequenas e mé-dias empresas.

As importações deverão continuar crescendopor dois motivos principais, o desenvolvimento eco-nômico do Estado e a demanda do pólo automotivo.Esta última deverá induzir, num primeiro momen-to, um volume significativo de insumos importadose a internalização de automóveis pelo porto de Sal-vador.

Além da própria competitividade dos setores, ou-tros elementos podem contribuir para um acentua-do crescimento do volume das exportações baianas,como o aumento do número de empresas exporta-doras (em 2001, aproximadamente 30 empresasrespondiam por 75% das vendas externas), através

da redução dos custos tributários e da simplificaçãofinanceira e de logística, conforme proposta da Câ-mara de Comércio Exterior (Camex). Além disso,outros pontos fundamentais estão ligados à melho-ria da infra-estrutura em geral, que ainda permane-ce deficiente.

O incremento do volume das exportações e ageração de superávits deverão possibilitar ao Brasilcrescer a taxas adequadas às exigências de gera-ção de emprego e renda, e afastar, dessa forma, arestrição externa que tem impedido uma trajetóriasustentável de crescimento da economia desde1995.

Finanças

Desde que a Lei de Responsabilidade Fiscal pas-sou a normatizar a gestão fiscal responsável, bus-ca-se uma ação planejada e transparente para evitarriscos e desvios capazes de afetar as contas públi-cas. Dessa forma, a excelência na arrecadação fis-cal e o uso adequado dos recursos disponíveispassaram a ser fundamentais para o desenvolvimen-to do Estado. A LRF obriga os estados a respeitarlimites não apenas com gastos com pessoal, mastambém com endividamento. A contratação de no-vos créditos fica proibida até que a dívida estejadentro de limites máximos, o que ainda está por serfixado pelo Senado Federal.

5alebaTsodatsEsodlacsiFoãçautiS

)lim$Rme(0002e7991oãçarapmoC

FUoirámirpodatluseR

7991oirámirpodatluseR

0002*LCR/laosseP

)%(7991LCR/laosseP

)%(0002LCR/adivíD

7991LCR/adivíD

0002

aihaB 962.992- 460.67 5,25 0,14 93,2 64,1

áraeC 846.251- 219.56- 2,16 6,24 09,1 40,1

laredeFotirtsiD 081.941 038.473 7,47 0,83 03,0 14,0

otnaSotirípsE 039.283- 677.92- 2,56 5,55 55,1 78,0

sáioG 854.281- 165.912 7,16 2,64 68,4 60,3

siareGsaniM 505.689- 220.611 0,08 6,66 39,3 14,2

ocubmanreP 419.02 000.83 9,07 6,26 89,1 63,1

ánaraP 822.522.1- 052.029 4,87 7,44 22,2 03,1

orienaJedoiR 922.397- 768.038 1,48 9,93 95,4 02,2

luSodednarGoiR 188.468- 657.104- 2,58 7,16 57,3 75,2

anirataCatnaS 176.05 370.453 1,96 0,25 38,2 74,1

oluaPoãS 081.202.1 790.821.2 3,46 3,94 30,3 83,2

**latoT 624.593.3- 842.871.6

sodatsEodlacsiFoãtseGedsoirótaleR,EGBI,necaB,NTS,litnacreMatezaG:setnoF)sotubirtedaicnêrefsnartedatiecer+lacsifoãçadacerra(etnerroCadiuqíLatieceR=LCR*

sorielisarbsodatse72sododagergarolavoaednopserroC**

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.13-32 Dezembro 2001 29

Em 2000, a Bahia foi um dos estados da Federa-ção que fecharam suas contas com superávit fiscalprimário, conceito que não contabiliza o impacto dosjuros. Nos últimos anos, os governos estaduais avan-çaram no controle de sua situação fiscal e, em ape-nas três anos, a receita corrente líquida agregada detodos os estados brasileiros cresceu 47% (sobre1997), o equivalente a uma expansão real de 14%.

A Bahia teve, no ano 2000, a mais baixa relaçãoentre despesas com pessoal e receita corrente lí-quida, e uma redução na relação dívida estadual ereceita corrente líquida, seguindo as recomendaçõesda Lei de Responsabilidade Fiscal.

Já nos dois primeiros quadrimestres de 2001, oestado da Bahia arrecadou R$ 5,02 bilhões, equiva-lentes a 68,8% da previsão orçamentária para o ano.O comportamento das Receitas Correntes, compos-tas fundamentalmente pela arrecadação de tributosestaduais – principalmente ICMS – e transferênciasfederais – no caso FPE –, é o melhor referencial parafazer-se inferências sobre o desempenho fiscal doestado. O ICMS, sozinho, representa cerca de 95%da arrecadação de receita tributária do estado daBahia. Assim, o resultado de Receitas Correntes su-perou a previsão original em 5,1% no período.

Avaliando o comportamento da arrecadação deICMS nos últimos doze meses na Bahia, pode-se afir-mar que os resultados vêm-se mostrando estáveis,mantendo-se os ganhos obtidos em 1999 e 2000, con-forme se observa no gráfico a seguir. No entanto, con-siderando o total de arrecadação do ICMS e astransferências advindas do FPE, base de sustentaçãoda Receita Corrente, percebe-se tendência crescen-

te, com superação das metas fiscais estabelecidas,respectivamente, em 9,8% e 11,4%.

As atividades econômicas que representaramsignificativo aumento na arrecadação foram Trans-porte, Armazenagem e Comunicações (sobretudotelecomunicações), Produção e Distribuição de Ele-tricidade, Gás e Água e as Indústrias Extrativas (so-bretudo a extração de petróleo). A Indústria deTransformação mantém-se como a atividade demaior arrecadação no estado, com cerca de 50%de participação no total arrecadado.

Assim, o Resultado Fiscal Primário até o segun-do quadrimestre do ano – período de janeiro a agos-to de 2001 – ficou em R$718.524 mil, com um in-cremento de R$244.932 mil sobre R$473.592 mildo quadrimestre anterior, período de janeiro a abrilde 2001. A performance foi satisfatória, com as Re-ceitas Correntes alcançando um total de R$5.021.596 mil, superando as Despesas Correntesde R$ 3.986.353 mil e resultando num superávit cor-rente de R$ 1.035.244 mil. O superávit orçamentá-rio total foi de R$ 471.587 mil. A análise dos valoresrelativos aos grandes itens de Despesa em relaçãoà Receita Corrente Líquida mostra uma poupançade 24,93%, com o cumprimento das metas fiscaisestabelecidas para o período de janeiro a agostode 2001, primeiro e segundo quadrimestres.

Tendências e mudanças estruturais

Como mostrado anteriormente, no ano 2001 oPIB baiano registrará mais um resultado positivo,perfazendo dez anos de crescimento consecutivo.

6alebaTacimônocEedadivitAropSMCIedoãçadacerrAadohnepmeseD

10/ohnuJ-orienaJe00/ohnuJ-orienaJ,aihaB1002edohnujedsetnatsnocserolavmE a

sedadivitA0002nuJ-naJ

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latserolF.lpxEe.vliS,.ceP,.cirgA 31,1 48,0 83,02-

avitartxEairtsudnI 05,1 25,1 71,9

oãçamrofsnarTedairtsúdnI 22,05 99,84 34,4

augÁesáG.telEed.birtsiDe.oãçudorP 52,8 55,8 29,01

.seP.jbO,.otuA.cíeVoãçarapeR,.moC 41,22 00,12 55,1

seõçacinumoCe.zamrA.psnarT 78,01 47,21 44,52

sartuO 98,5 63,6 –

latoT 00,001 00,001 50,7

atoN a ID-PGI=rotalfeD:272ATSLR-ZAFES:etnoF

IES/CAEG:oãçarobalE

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30 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.13-32 Dezembro 2001

Nesse período, o agregado estadual acumulou cres-cimento de 28,0%, prevendo-se uma nova acelera-ção a partir de 2002, que deverá prosseguir até 2011.

Vale lembrar que os mais importantes investimen-tos previstos para o estado – exemplos da Ford,Monsanto, indústria calçadista e de plásticos, inves-timentos hoteleiros – já estão em fase avançada deimplantação ou, em alguns casos, em operação.Nessa perspectiva, podemos afirmar que o panora-ma macroeconômico dos anos 1990, caracterizadopor processos de reestruturação produtiva, pelaabertura comercial, estabilidade proporcionada peloPlano Real, privatizações e reforma do setor públi-co, foi bastante benéfico para o estado. Como re-sultado, o PIB baiano deverá dar início a uma novafase de crescimento sustentado, com perspectivasde taxas de crescimento mais expressivas.

Uma análise dos indicadores socioeconômicosda Bahia revela contrastes marcantes do estado,onde se observa uma economia de estrutura com-patível com áreas desenvolvidas versus uma estru-tura de emprego característica de áreas com poucadinâmica econômica mercantil e capitalista.

Considerando-se a previsão de taxas mais ele-vadas para o crescimento de PIB nos próximos anos,a que se aliam uma nova dinâmica demográfica, in-vestimentos no setor social e um novo perfil políticodo Brasil e, conseqüentemente, da Bahia, a expec-tativa é de que se deverão processar profundastransformações na estrutura econômica e social des-te estado, a saber:• Diversificação da agricultura – deverá ser manti-

da a tendência a reduzir-se a condição de de-pendência de poucos produtos, tendo em vista osurgimento de outros.

• Modernização, diversificação e integração em ca-deias de agroindústrias – deverão propiciar umamenor dependência das condições climáticas.

• Estrutura industrial menos dependente do setorquímico (que hoje representa cerca de 50% dovalor agregado da indústria) – o aporte de me-gainvestimentos, a exemplo da Ford, Monsanto,Veracel etc. tenderá a alterar esse quadro.

• Adensamento industrial no interior e reconcen-tração na RMS – possibilidade de formação de

cadeias industriais (química e alimentar) e turis-mo, principalmente em Porto Seguro, Litoral Nor-te e Baixo Sul em um primeiro momento, e, logoa seguir, na Chapada Diamantina.

• Maior qualificação da força de trabalho – univer-salização do ensino formal (fundamental, médioe superior) e contínua promoção de cursos detreinamento para as novas indústrias.

Concluindo, tem-se pela frente um quadro pro-missor de mudanças econômicas, sociais e demo-gráficas, que deverão melhorar os indicadoressociais (elevação da renda, queda das taxas de anal-fabetismo e de mortalidade infantil, aumento da ex-pectativa de vida ao nascer), aumentar aarrecadação de impostos e alterar a dinâmica es-pacial do estado da Bahia, inserindo-o em novoscircuitos econômicos mundializados. A importantee fundamental promoção de um desenvolvimentosustentável e saudável está assim na linha de mira,mas ainda requer muito para concretizar-se, dada aimplicação de uma efetiva melhoria na distribuiçãoda riqueza, projeto na direção do qual é necessáriocaminhar.

Notas

1 Com base nos resultados apresentados no sitewww.anp.gov.br para produção da RLAM no estado da Bahia.

2 Valor Econômico, 18/09/01.

7alebaTBIPodseõçejorP1102/1002,aihaB

)%(

airáuceporgA airtsúdnI soçivreS )*(aihaBBIP

1002 0,31- 8,0 7,2 4,0

2002 7,1 2,3 3,3 1,3

3002 7,1 6,3 6,3 4,3

4002 7,1 0,4 8,3 7,3

5002 7,1 6,3 9,3 6,3

6002 7,1 7,4 6,3 9,3

7002 7,1 7,3 7,3 5,3

8002 7,1 7,3 9,3 6,3

9002 7,1 7,3 1,4 7,3

0102 7,1 7,3 2,4 8,3

1102 7,1 7,3 4,4 9,3

IES:etnoF

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3 Brasil em Exame, 2000

4 Gazeta Mercantil, 06/11/01.

5 Revista Turismo em Número, ABAV, set/01, ano I, edição nº01.

6 Valor Econômico, 29/10/01.

7 Gazeta da Bahia, 25/10/01.

8 Turismo no século XXI: Cluster de Entretenimento. Pronunci-amentos do Secretário da Cultura e Turismo da Bahia, PauloGaudenzi.

9 Em relação ao ano safra anterior.

* Participaram da elaboração do artigo os seguinteseconomistas da SEI:

Gustavo Casseb Pessoti, Ítalo Guanais Aguiar Pereira,Carla Janira Souza do Nascimento,

Zélia Góis, Maria de Lourdes Caires dos Santos,Arno P. Schmitz, Vânia Maria Moreira,

Roberta Lourenço, Luiz Mário Ribeiro Vieira eCláudia Monteiro Fernandes.

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EFEITOS IMPULSIONADORES

INDÚSTRIA• Dinamismo dos setores industriais exportado-

res – principalmente o segmento metalúrgico ede papel e celulose –, diante da recuperaçãodos preços de commodities e do reaquecimentoda demanda interna e externa.

• Reaquecimento da indústria química a partir doterceiro trimestre, por conta de implantação denova unidade da RLAM.

AGROPECUÁRIA• Novas formas de incremento da renda agrícola

(piscicultura, floricultura, etc.).

COMÉRCIO• Crescimento no volume de vendas (1,2%) no

período janeiro-agosto01/janeiro-agosto00.• Destaque para o setor Demais Artigos de Uso

pessoal e Doméstico, cujo desempenho situa-se em 8,3%.

• Expectativas de aumento, em torno de 10%, dasvendas de Natal.

• Maior dinamismo do subgrupo Hipermercadose supermercados com crescimento de 3,4%.

• Crescimento das pequenas redes supermerca-distas.

COMÉRCIO EXTERIOR• Crescimento do fluxo de comércio.• Entrada de novos segmentos na pauta de ex-

portação.• Recuperação dos segmentos Derivados de Pe-

tróleo; Couros e Peles; Grãos, Óleos e CerasVegetais.

EFEITOS RESTRITIVOS

• Contribuição negativa na formação da taxa glo-bal da indústria por parte do setor químico, bas-tante influenciado pela menor produção de PVCe óleos lubrificantes.

• Aumento dos preços internacionais dos deriva-dos do petróleo.

• Parada para manutenção numa unidade petro-química, que reduziu o fornecimento de eteno,com sucessiva queda na produção e venda depolietileno.

• Seca.• Crise energética.• Baixos preços (feijão, mamona, etc.).

• Racionamento de energia elétrica inibe vendasno varejo.

• Alta taxa de juros – 19,0% ao ano.• Desaceleração do comércio eletrônico provo-

cado pelos últimos acontecimentos internacio-nais.

• O setor de automóveis, motos, partes e peçasressente-se com as medidas econômicas fede-rais.

• Recessão mundial.• Queda dos preços das commodities.• Crise econômica na Argentina.

RESUMO EXECUTIVO

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No ano 2001, a crise do sistema energético – aolado da crise Argentina e dos ataques terroristas aosEstados Unidos – foi o principal tema dos debateseconômicos no Brasil, pelos seus múltiplos impac-tos. Neste artigo, aborda-se a questão energética,com dois objetivos básicos: primeiro, fazer uma re-trospectiva do consumo de energia versus a evolu-ção do nível de atividade na Bahia e, em segundolugar, relacionar a crise de energia com o ProdutoInterno Bruto (PIB) do estado, mostrando seus efei-tos diretos e indiretos.

Cabe destacar, inicialmente, que 90% da ge-ração de eletricidade no Brasil provém de fonteshídricas e que a estação das chuvas, que termi-nou em março, registrou uma queda significativanos níveis dos reservatórios em 20011. O regimehidrelétrico exige que se disponha de uma sobre-oferta para que sejam enfrentados períodos deestiagem prolongada; uma vez que o País nãoconta com essa condição, fica evidente a serie-dade do problema atualmente vivido, que pode seprolongar para além deste ano. Esta situação deulugar às mais variadas projeções do PIB. Algunsestudos estimam que a variação do nível da ativi-dade econômica poderá ser inferior a 2% para oBrasil, bastante abaixo da previsão inicial, de apro-ximadamente 4,5% em 2001. Há ainda que con-siderar outros elementos, como os efeitos da cri-se sobre os preços, o posicionamento da taxabásica de juros nos próximos meses, e a cres-cente incerteza econômica e financeira internaci-onal, cujas incidências deverão ter reflexos no fi-

nanciamento externo e nas decisões de novos in-vestimentos no Brasil.

Entretanto, a falta de chuvas não foi a única res-ponsável pelo agravamento da crise. É importantemencionar o atraso na construção de usinas e delinhas de transmissão interligadas ao território bra-sileiro, bem como a diminuição dos investimentosem energia. Para se ter uma idéia do que vem ocor-rendo, o volume de investimentos aplicados no se-tor energético brasileiro, que, em 1989, alcançavauma média de US$10 bilhões anuais, não chegou àmargem de US$ 5 bilhões em fins da década de1990.

A demanda por energia elétrica: retrospectiva

Os primeiros debates sobre a problemática daenergia remontam à segunda metade da décadade 1980, quando a falta de recursos no setor ener-gético levou ao abandono de projetos de investi-mentos nessa área que oferecessem margem desegurança e evitassem futuros “apagões”. Umasdas tentativas para enfrentar o problema foi a apli-cação da medida chamada “horário de verão”, quese configura como redutora do consumo. Nessamesma década, a despeito da estagnação da ati-vidade econômica do País no período, o consumode energia elétrica seguiu expandindo-se a taxassignificativamente altas, impulsionado, em grandeparte, pela maturação dos projetos industriais pre-vistos no II PND e pelos baixos preços das tarifasentão cobradas.

O Produto Interno Bruto

e a crise energética na Bahia

Gustavo Casseb Pessoti*Ítalo Guanais Aguiar Pereira**

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No caso da Bahia, o comportamento do consu-mo de energia e do nível de atividade econômica(PIB), entre 1981-1990, mostra que, enquanto o pri-meiro apresentou uma taxa média de crescimentoanual de 5,7%, o segundo cresceu 3%. Aí eviden-ciou-se, dessa forma, a mesma tendência observa-da no âmbito nacional, em que a taxa média decrescimento anual da energia foi de 5,9% e a doPIB de 1,6% para o mesmo período.

Na década de 1990, o consumo total de energiaelétrica na Bahia cresceu a umataxa média anual de 4,1%, ante umaexpansão média anual do PIB de2,8%. O gráfico com a evolução doPIB da Bahia e o consumo de ener-gia no período 1982/2000 pode servisualizado a seguir. A expansãodos segmentos de consumo no mer-cado de energia vem se caracteri-zando, ao longo dos últimos 20anos, pelo expressivo aumento dasclasses residencial e comercial, queapresentaram taxas de crescimen-to superiores à verificada no con-sumo total de energia elétrica daBahia (ver Tabela 1).

No período 1981-1990, as participações das clas-ses residencial e comercial no total da energia con-

sumida na Bahia evoluíram de 11,9% e 6,9% para15,4% e 7,9%, respectivamente. Entre 1990 e 2000,essas participações aumentaram para 19,1% e11,3%, respectivamente. Sobretudo no consumo re-sidencial, a taxa de crescimento teve maior desta-que a partir da segunda metade da década de 1990,com o aumento do poder aquisitivo e da melhoriados mecanismos de crédito refletido diretamente nasvendas de aparelhos eletroeletrônicos. Enquantoisso, a participação do consumo industrial caiu de

65,7%, em 1990, para 56,8% em2000, o que se deveu principalmen-te às mudanças estruturais no cres-cimento da indústria estadual,derivadas de sua modernização edo uso mais eficiente de energiaelétrica (ver Tabela 1).

Um fator relevante para a ace-leração do consumo no segmentoresidencial tem sido o crescimen-to do setor informal, que transferealgumas atividades para as resi-dências – antes consignadas nossegmentos industrial ou comercial–, a exemplo de pequenos escri-tórios e oficinas de prestação deserviços. No segmento comercial,

o aumento do consumo de energia elétrica vem sen-do vinculado à expan-são do número deCentros Comerciais, àmodernização dos ser-viços em geral e à am-pliação do horário defuncionamento.

Nos últimos anos,mesmo com uma ten-dência de crescimentodo PIB, verificou-se umcomportamento hetero-gêneo na taxa de vari-ação do consumo deenergia elétrica no es-tado. Em 1999 o mer-cado caiu 1,7%, e, em2000, houve um aumen-to de 7,1%. Já as esti-mativas do PIB para o

Na década de 1990,o consumo total de

energia elétrica na Bahiacresceu a uma taxa médiaanual de 4,1%, ante uma

expansão média anual doPIB de 2,8%. A expansão

dos segmentos deconsumo no mercado

de energia vem secaracterizando peloexpressivo aumento

das classes residenciale comercial.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.33-42 Dezembro 2001 35

período 1999/2000 são de 2,5% e 2,4%, respecti-vamente. Tal comportamento tem sua explicação nainércia da resposta do mercado às crises econômi-cas que, geralmente, se dá com alguma defasagem.

Finalmente, neste ano, evidenciou-se um sériodesequilíbrio entre a capacidade de ofertar energiaelétrica e a necessidade de consumo, o que provo-cou a execução de um plano emergencial a partirde maio, limitando a oferta de energia elétrica paraque não houvesse o risco de “apagões”, principal-mente nos estados da região Nordeste. Esse dese-quilíbrio pode ser atribuído a três causas gerais: alonga e dessincronizada transição do modelo esta-tal para o modelo privado; o aumento dos riscosregulatórios do novo modelo; e a falta de articula-ção entre a concepção e a implementação das re-formas dos setores elétrico, petróleo e gás natural(Pego Filho, Mota, Carvalho e Pinheiro, 2001).

Consumo residencial

Na Bahia, o consumo residencial apresentou, nosúltimos seis anos, taxas de crescimento bastante

significativas, com um aumento, em 2000, de 7,3%em relação ao ano anterior, equivalente a, aproxi-madamente, 19% do consumo total de energia. Talexpansão, bastante expressiva, deveu-se principal-mente ao aumento da renda média nesse período.Destacam-se ainda os elevados crescimentos ocor-ridos a partir de meados da década de 1990 – emque houve acentuado crescimento do consumomédio por residência – que passaram de 91,6 Kwh/mês, em 1994, para 109,24 Kwh/mês em 2000. Essefato está diretamente associado ao aumento do con-sumo de equipamentos eletroeletrônicos, assimcomo ao do número de consumidores residenciais(aumento do número de ligações). No ano 2000,segundo a COELBA, essa forte expansão do con-sumo de eletricidade residencial apresentou umcrescimento de 1,41 Kwh por residência na Bahia.

O número de consumidores residenciais atendi-dos na Bahia, em dezembro de 2000, foi de 2. 435mil, o que corresponde a um incremento de 3,5%em relação a 1999. O total de novos consumidoresincorporados aos sistemas atingiu aproximadamente83 mil ao final de 2000. Este incremento foi bastan-

1alebaTaigrenEedomusnoC

0002/1891)hwM(aigrenEedomusnoC

onA BIP lairtsudnI oãçapicitraP)%(

oãçairaV)%(

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laicnediseR oãçapicitrap)%(

oãçairaV)%(

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omusnoClatoT

edaxaToãçairaV

aigrenEedlatoT

1891 56,0- 914.373.5 50,27 – 280.615 29,6 – 049.988 39,11 – 90,9 465.754.7 –

2891 61,6 836.705.5 09,96 05,2 361.395 35,7 49,41 433.300.1 37,21 47,21 48,9 250.978.7 56,5

3891 75,0 686.191.6 61,07 24,21 425.566 45,7 02,21 889.021.1 07,21 37,11 06,9 242.528.8 10,21

4891 88,1 644.599.6 12,17 89,21 480.207 51,7 94,5 634.561.1 68,11 79,3 77,9 281.328.9 13,11

5891 61,01 592.145.7 17,07 08,7 075.857 11,7 50,8 343.762.1 88,11 47,8 92,01 676.466.01 75,8

6891 49,7 582.409.7 82,07 18,4 534.897 01,7 62,5 416.104.1 64,21 95,01 61,01 357.642.11 64,5

7891 75,4- 427.915.7 35,96 78,4- 662.277 41,7 82,3- 430.304.1 79,21 01,0 53,01 487.418.01 48,3-

8891 88,5 119.963.8 99,96 13,11 802.348 50,7 91,9 974.925.1 97,21 10,9 71,01 569.859.11 85,01

9891 20,0- 022.364.8 15,86 11,1 684.998 82,7 76,6 557.617.1 09,31 42,21 13,01 307.353.21 03,3

0991 53,0- 149.940.8 17,56 88,4- 570.479 59,7 92,8 763.288.1 73,51 56,9 79,01 662.052.21 48,0-

1991 15,1- 778.987.7 92,46 32,3- 921.210.1 53,8 19,3 191.819.1 38,51 09,1 35,11 321.711.21 90,1-

2991 77,1 652.643.8 07,56 41,7 724.889 87,7 43,2- 884.829.1 81,51 45,0 33,11 699.207.21 48,4

3991 21,3 572.842.8 24,36 71,1- 928.421.1 56,8 08,31 769.399.1 33,51 04,3 06,21 291.500.31 83,2

4991 95,3 716.576.8 85,36 81,5 290.391.1 47,8 70,6 397.170.2 81,51 09,3 94,21 218.446.31 29,4

5991 30,1 209.493.8 24,06 42,3- 321.923.1 75,9 04,11 910.173.2 60,71 44,41 59,21 112.498.31 38,1

6991 76,2 197.541.9 48,06 49,8 200.454.1 76,9 04,9 902.925.2 28,61 76,6 76,21 640.330.51 02,8

7991 65,6 244.004.9 42,06 87,2 378.035.1 18,9 92,5 282.217.2 83,71 42,7 65,21 970.406.51 08,3

8991 86,1 722.846.9 12,85 46,2 348.196.1 12,01 15,01 531.810.3 12,81 82,11 73,31 105.375.61 12,6

9991 54,2 813.032.9 66,65 33,4- 955.847.1 37,01 53,3 928.211.3 11,91 41,3 15,31 579.192.61 07,1-

0002 24,2 063.719.9 58,65 44,7 645.579.1 23,11 89,21 964.933.3 41,91 82,7 96,21 362.644.71 90,7

IES:etnoF

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te superior ao crescimento populacional. Conclui-se que o potencial de crescimento do mercado resi-dencial ocorre não só em virtude do aumento doconsumo médio, mas também da possibilidade deelevação da taxa de atendimento.

Consumo comercial

O consumo comercial evoluiu de uma participa-ção de 6,9%, em 1981, para 11,3% do consumo to-tal de energia no estado em 2000.Durante a década de 80, a taxamédia de crescimento anual destesegmento foi de 7,3%, mantendo-se praticamente estável durante adécada de 90, quando atingiu níveispróximos a 7,7%. Esse comporta-mento, nos últimos 20 anos, foi for-temente influenciado pela instalaçãoe ampliação de estabelecimentoscom elevado padrão de consumo(shopping centers, hipermercados, etc.), pela inten-sificação das atividades ligadas ao turismo e lazere, ainda, pela continuidade do processo de dinami-zação e modernização das atividades comerciais ede serviços. Somam-se a esses fatos a crescenteurbanização e a extensão das redes elétricas.

No ano 2000, o consumo dessa classe cresceu,aproximadamente, 13%, valor expressivo se com-parado com o de anos anteriores e também se rela-cionado à evolução das demais classes. Como podeser observado no Gráfico 2, a linha de tendênciamostra uma crescente evolução do consumo deenergia no segmento comercial. Por sua vez, o va-lor agregado do comércio apresenta uma evoluçãodistinta, de comportamento heterogêneo, ao longoda série observada.

Consumo industrial

No ano 2000, o consumo indus-trial correspondia a 56,8% do totalda energia no estado da Bahia,através do fornecimento das con-cessionárias e da autoprodução dealgumas indústrias. No início da dé-cada de 80 a participação dessesegmento no consumo total do es-

tado chegou a 72,1%, sobretudo em virtude de doisfatores: a) intensificação do uso da energia elétrica,decorrente da expansão do parque industrial baiano,o que aconteceu principalmente na década de 70,com a implementação do Pólo Petroquímico de Ca-maçari, e a consolidação do Centro Industrial de Aratu,

dentro do processo desubstituição de importa-ções; b) desenvolvi-mento das indústriaseletrointensivas, alta-mente consumidoras deeletricidade, tais comoalumínio (ALCAN), fer-roligas (SIBRA, CARA-ÍBA METAIS), soda-clo-ro (DOW QUÍMICA),dentre outras, que, ape-sar das crises ao longodesse período, eleva-ram a sua produção.

Ao longo da décadade 90, o consumo in-dustrial de energia pas-sou por um processode desaceleração emsuas taxas de cresci-

No ano 2000,o consumo industrialcorrespondia a 56,8%do total da energia no

estado da Bahia, atravésdo fornecimento

das concessionáriase da autoprodução dealgumas indústrias.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.33-42 Dezembro 2001 37

mento. Após crescer 4,6%, em média, ao ano, nadécada de 80, expandiu-se, em média, 2,7% nosanos 90. A reestruturação do parque industrial es-tadual, verificada a partir de 1990, a menor ex-pansão na indústria de eletrointensivos, à exce-ção, no caso da Bahia, das indústrias de papel/celulose, bem como o incremento da autoprodu-ção, justificam o modesto crescimento verificadonesse período.

Cabe ressaltar que, na Bahia, no final da décadade 90, as indústrias que requeriamuma grande quantidade de energiaelétrica apresentavam um potenci-al significativo de utilização de ca-pacidade instalada de produção.Importa também salientar que algu-mas dessas indústrias já contavamcom autoprodução de energia, aexemplo da COPENE e das indús-trias de papel/celulose no extremosul da Bahia. Esse cenário pode serconferido pela linha de tendência doconsumo de energia do Gráfico 3.

Os sinais de crescimento (7,4%)apresentados pelo segmento industrial no ano 2000criam uma nova perspectiva de tendência no consu-

mo de energia para os próximos anos, com a ampli-ação da matriz industrial baiana, a exemplo da im-plementação do pólo automobilístico em Camaçari.

Efeitos da crise

A crise de energia tem um duplo impacto sobreo PIB: um, direto, por se tratar de um subsetormensurado pelo sistema de contas nacionais2, eoutro, indireto, na medida em que afeta todas as

demais atividades que compõem ocálculo do PIB.

Efeitos diretos

A geração e distribuição de ener-gia influenciam diretamente o PIB,uma vez que fazem parte dos cha-mados Serviços Industriais de Utili-dade Pública (SIUP), um dos seto-res do cálculo desse indicador, comparticipação de 3,6%, no caso daBahia, em 2000. O SIUP englobaas atividades de energia, antes ci-

tadas, além dos serviços de água e saneamento doestado. O subsetor elétrico é responsável por, apro-

ximadamente, 70% dovalor agregado dessesegmento.

Estudos realizadoscom base na geraçãode energia mostramque, em 1999, houveuma drástica diminuiçãonos principais reserva-tórios de água na Bahia.Naquele ano, o subse-tor elétrico apresentouvariação negativa nageração de energia de,aproximadamente, 10%.Esse decréscimo foimotivado pela queda naprodução das usinas dePaulo Afonso e Sobra-dinho, em 7,9% e 21,2%respectivamente. Essasduas usinas, em 1999,

Estudos realizados combase na geração de

energia mostram que,em 1999, houve uma

drástica diminuição nosprincipais reservatórios

de água na Bahia.Naquele ano, o subsetor

elétrico apresentouvariação negativa na

geração de energia de,aproximadamente, 10%.

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38 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.33-42 Dezembro 2001

eram responsáveis por 98% da geração de energianos limites territoriais da Bahia.

Com relação a essa queda é importante atentarpara a questão da sazonalidade, uma vez que, mes-mo com o crescimento do PIB em 2,5%, em 1999,não se verificou incremento imediato no consumode energia, tal tendência somente vindo a ser regis-trada no ano 2000. Outro ponto que merece desta-que é o fato de, mesmo com o crescimento daindústria de transformação (1,3% em 1999), ter ha-vido uma redução no consumo energético nessesetor, o que pode ser explicado pelo elevado pesoda energia no custo de produção. Para reduzi-lo,algumas indústrias implementaram processos decorte de consumo, chegando até mesmo à autopro-dução energética.

Dessa forma, analisando-se o conjunto do setorelétrico (geração e distribuição), observou-se queem 1999 houve uma variação negativa de 4,8%, sen-do esta a principal responsável pela redução da ati-vidade do SIUP no mesmo período: a atividade empauta apresentou um desempenho negativo da or-dem de 2,7% em 1999.

Não cabe, nos limites deste artigo, entrar nomérito da questão de se houve descuido por partedas autoridades competentes relativamente ao con-trole das condições em que se encontravam as usi-nas fornecedoras de energia – ou seja, relativamenteao nível de vazão de água – ou se foram tomadasas medidas necessárias, tendo estas, entretanto, serevelado insuficientes. No quadro desta análise, oque interessa é registrar que, em 2000, verificou-seum aumento tanto na geração quanto no consumode energia, tendo sido este último, na Bahia(17.446.263 Mwh) de 7,1% em relação a 1999. Oconsumo industrial cresceu 7,4%, impulsionado pelarecuperação da atividade econômica. A mesma ten-dência foi observada no setor comercial, que mante-ve uma trajetória ascendente, de aproximadamente13%, e no consumo residencial, cujo crescimento foide 7,3%. Por fim, a parcela correspondente ao agre-gado das demais classes consumidoras de energiaregistrou aumento de 0,6% nesse mesmo período.

Com relação à geração de energia, no ano 2000houve também um acréscimo, em comparação aode 1999, da ordem de 14%, segundo dados daANEEL e ELETROBRAS, o que influenciou de ma-neira decisiva as estimativas da SEI quanto ao de-

sempenho do SIUP 2000 (a taxa de crescimento des-se segmento do PIB foi aproximadamente, 7%).

Entretanto, a maior parte dos debates que a ques-tão energética vem causando tem-se concentradono que chamamos efeitos indiretos da crise, ou seja,naqueles que afetam todas as atividades que preci-sam de energia na cadeia produtiva. Mesmo a agro-pecuária, setor não-intensivo em energia, sofreimpactos negativos com os atuais cortes, mais es-pecificamente nos setores de agricultura irrigada egranja. Veremos, a seguir, uma análise dos chama-dos efeitos indiretos, com base nos segmentos in-dustrial, comercial e agropecuário.

Efeitos Indiretos

É difícil realizar uma avaliação dos impactos dacrise do setor energético sobre o restante da eco-nomia diante das incertezas que caracterizaram aconjuntura mundial em 2001. Pode-se afirmar que,se tratando de insumo essencial em grande partedas atividades, o impacto da sua substituição podeser efetivamente duro (principalmente para o seg-mento industrial) e trazer grandes prejuízos.

IndústriaNo ano 2000, o chamado segundo setor3 con-

centrava, aproximadamente, 57% do consumo deenergia e correspondia a 41,3% do valor agregadodo PIB. Dessa forma, uma queda na produção in-dustrial baiana, tendo em vista o grande valor agre-gado desse setor, tem um efeito multiplicador quevai além do seu peso relativo na economia.

Segundo estudo da FGV, a demanda por pro-dutos industriais caiu 22 pontos percentuais entreabril e julho do ano 2001 no Brasil. No caso daBahia, como pode ser verificado no Gráfico 4, aprodução industrial apresentou um desempenhooscilante no primeiro semestre do ano, com umatendência de queda mais acentuada a partir de ju-nho, mês em que foi implementado o programa deracionamento.

O consumo de energia do segmento industrialdos três primeiros meses do ano corrente revelouum contínuo aumento com relação ao mesmo perí-odo do ano passado. Entretanto, assim como verifi-cado com a produção industrial, evidenciou-se, apartir do mês de junho, uma queda no consumo de

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energia desse segmento (Gráfico 4), fruto do planoemergencial de racionamento4.

Para conseguir enfrentar a meta de racionamentoestipulada pelo governo – 25% – a ALCAN, umadas principais empresas fabricantes de alumínio pri-mário do Brasil, vai precisar desligar 50 dos seus272 fornos, o que significa reduzir em mais de 8,5mil toneladas a sua produção, acarretando um pre-juízo de quase R$ 28 milhões. Dados da ELETRO-BRAS dão conta de que as indústrias de alumínio,de ligas de aço e outros metais não-ferrosos consu-miram mais de 10% do total da eletricidade utilizadano Brasil em 1999.

A solução encontrada por algumas indústriaspara reduzir as incertezas frente a essa crise foi oinvestimento na co-geração de energia. A COPENE,por exemplo, já investiu mais de US$ 30 milhões naampliação e modernização de sua usina termelétrica.Outras empresas, como a Bahia Sul Celulose e aSudamericana de Fibras, já começaram a intensifi-car estudos e investimentos para fazer o mesmo(Nascimento, 2001).

Nesse quadro, a surpresa fica por conta das in-dústrias metalúrgicas e de papel/celulose na Bahia:apesar de grandes consumidoras de energia, noacumulado do ano (Jan/Set) apresentaram taxasde crescimento na produção física de aproximada-mente 8,6% e 23,6%, respectivamente, em rela-ção a igual período do ano anterior, segundo da-

dos da Pesquisa Indus-trial Mensal do IBGE.Vale ressaltar que aqueda na produção fí-sica da indústria quími-ca, segundo a mesmapesquisa, não está di-retamente relacionadaà questão energética,uma vez que seu supri-mento de energia é ga-rantido pela autoprodu-ção da COPENE. Alémdisso, houve um au-mento das disponibili-dades de energia atra-vés das operações bi-laterais que podem serrealizadas entre as em-

presas, de acordo com a CGCE.

ComércioNo segmento comercial os efeitos da falta da

energia são indiretos, a exemplo da diminuição dasvendas de aparelhos intensivos em energia (eletro-domésticos). No caso da indústria, um dia paradosignifica reduzir a produção, ao passo que, no co-mércio, os feriados emergenciais programados nãotêm senão o impacto de causar transferência no diaem que se efetuam as vendas.

Assim, é uma tarefa difícil afirmar precisamentequal o impacto da crise de energia nesse segmento,como o Gráfico 2 bem mostra-o. Em uma análisecomparativa entre consumo de energia versus a taxade variação do valor agregado no comércio, no perí-odo entre 1982-2000, podemos observar que (ao con-trário da indústria) não existe uma mesma tendênciaentre a evolução do comércio e o aumento no consu-mo de energia. O impacto verificado no comércio estámais diretamente ligado à política macroeconômicado governo, de restrição de demanda via juros, e aocenário de crises externas, do que relacionado à ques-tão energética propriamente dita.

No caso das redes de supermercados e lojas dedepartamentos da Bahia, as metas de racionamen-to contra a crise foram facilmente aceitas, uma vezque há algum tempo elas já vinham tomando medi-das no sentido de reduzir custos de produção, dado

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40 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.33-42 Dezembro 2001

o fato de a energia, apesar de não participar direta-mente da produção, ter aí um pesado custo. Alémdisso, ter mais ou menos energia num estabeleci-mento como esses afeta em pouco a decisão e ounecessidade de compra dos produtos por elesofertados.

Os principais setores do comércio que foram maisprejudicados com a crise de energia são os de ven-das de produtos de uso intensivo em energia, comochuveiros elétricos, freezers e outros aparelhoseletroeletrônicos. Além desses, de-vem estar sofrendo impactos nega-tivos os pequenos comerciantes,bem como bares e restaurantes di-versos que perderam poder de atra-ção sem a utilização da plenacapacidade de sua infra-estruturaelétrica. Juntos, estes últimos cor-respondem a mais ou menos 10%do valor agregado gerado pelo co-mércio na Bahia.

Vale a pena mencionar, numaperspectiva mais ampla, que as primeiras estimati-vas da Associação Brasileira da Indústria Elétrica eEletrônica (ABINEE) dão conta de queda no fatura-mento do setor eletroeletrônico brasileiro na ordemde aproximadamente 20% no segundo semestre de2001, de forma a praticamente “zerar” a taxa de cres-cimento das vendas desse segmento no comparati-vo em relação ao ano anterior.

Entretanto, existem também setores do própriosegmento comercial que foram favorecidos e certa-mente vão apresentar uma taxa de crescimento devendas em relação ao ano 2000. São eles o comér-cio varejista de lâmpadas compactas, luminárias deemergência e geradores de energia que, já no pri-meiro semestre de 2001, segundo dados daABINEE, tiveram as vendas aumentadas em maisde 50% em relação ao mesmo período de 2000 (edevem continuar crescendo), principalmente no se-gundo semestre quando se intensificou a crise dosistema elétrico.

AgropecuáriaO setor agropecuário da Bahia, um dos mais

importantes em termos de valor agregado, com par-ticipação de, aproximadamente, 10% na estruturado PIB baiano, é pouco intensivo em energia elétri-

ca. O peso da energia consumida no segmento ru-ral da Bahia é considerado baixo em comparaçãocom o de outros estados do Brasil e inferior a 1,5%.

Pode-se afirmar que o verdadeiro impacto dacrise energética no segmento rural praticamenterecairá nas regiões de Barreiras, Irêce e Juazeiro,onde está localizada a maior parte da agriculturairrigada do estado, dependente de energia para ga-rantir a produção. Também sofre impacto negativoa região de Feira de Santana, maior pólo de granja

da Bahia. Como se sabe, umagranja requer uso intensivo deenergia em sua cadeia produtiva.Entretanto, em termos percentuais,esse segmento tem participaçãoinferior a 1% no valor agregado daagropecuária do estado.

Conclusão

Os efeitos da crise identificadosneste artigo, podem ser vistos como

mais uma face das dificuldades enfrentadas, emâmbito nacional, na transição do modelo público parao privado, tendo em vista a gigantesca tarefa de re-formar, em bases competitivas, um sistema elétricocom características tão peculiares como é o brasi-leiro, e a falta de articulação entre as reformas dossetores de petróleo, energia elétrica e gás natural.A essa desarticulação soma-se a inexistência dereservas suficientes de gás natural, o que obriga àimportação desse produto e à desvalorização cam-bial, paralisando, assim, novos investimentos.

Para alguns estudiosos do setor de energia, aexemplo de Pires, Gostkorzewicz e Giambiagi (2001),deve-se garantir uma situação favorável de ofertade energia elétrica em conjunto com reformas e in-vestimentos que possibilitem uma ampliação nomodelo de geração. Essa resolução teria como ob-jetivo fortalecer o modelo competitivo nos segmen-tos de petróleo, gás natural e energia elétrica, cujasevoluções, cada vez mais interdependentes, mos-tram como é imprescindível uma ação regulatóriaarticulada deste último segmento.

O setor energético brasileiro tem que passar porprofundas transformações, em que pese o estabe-lecimento de um regime em prol da iniciativa priva-da, que seja o condutor da expansão e moderniza-

O setor energéticobrasileiro tem que

passar por profundastransformações, em quepese o estabelecimento

de um regime em prol dainiciativa privada, que

seja o condutor daexpansão e modernização

do atual modelo.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.33-42 Dezembro 2001 41

ção do atual modelo. Os investimentos não vêmocorrendo na proporção desejada no mercado bra-sileiro – em tese, muito atraente – em razão do com-portamento, tanto histórico quanto previsto, das ta-xas de crescimento da demanda dos serviços deenergia, na maioria do anos superior ao nível deatividade da economia.

As dificuldades para constituir estímulos ade-quados que atenuem os riscos privados, em con-junto com a excessiva dependência da melhoriadas condições pluviométricas para se evitar ummaior racionamento de energia nas condições atu-ais do sistema, impõem a necessidade de umaação integrada em todo o setor energético brasi-leiro. Tal ação tem como objetivos fortalecer umaadoção de hedge5 operacional e de soluções depreço para aquisição de gás natural por parte dosgeradores térmicos, superar as restrições de tran-sição e estimular a co-geração, a autoprodução eo uso racional de energia. Tais medidas já vêmsendo implementadas por algumas indústrias naBahia e têm alcançado bons resultados, como é ocaso da COPENE, no Polo Petroquímico de Ca-maçari, que consome e vende energia de sua au-toprodução.

Por fim, não se pode esquecer que a crise ener-gética gerou uma série de impactos negativos nãosó para a Bahia, mas principalmente para o Brasil.O fato é que, em uma economia frágil e globalizadacomo a brasileira, a crise energética assume pro-porções bem menores – em comparação com ascrises internacionais que abalaram a economia bra-sileira em 2001 – ou seja, não se pode associar odesempenho (que se projeta para os resultados de2001 na Bahia6) do PIB, principal indicador da eco-nomia, apenas ao fato de se ter reduzido a gera-ção e distribuição de energia. Efetivamente, a criseda Argentina e as incertezas do cenário internaci-onal são elementos que marcaram negativamentea economia mundial em 2001.

A busca pelo cumprimento das metas inflacioná-rias, estabelecidas para a manutenção do acordode ajuda com o FMI, forçaram o governo brasileiro,frente a essa situação de crise mundial e de conti-nuadas desvalorizações no câmbio, a manter muitoelevadas as taxas de juros. Na macroeconomia bá-sica, um aumento na taxa de juros, em que pese adiminuição da liquidez da economia com redução

na inflação, tem como reflexo imediato uma retra-ção nos investimentos produtivos, que, por sua vez,diminuem a demanda agregada e paralisam a ativi-dade interna. Em um cenário como esse, diminui aprocura pelo crédito e a inadimplência aumenta.Sofrem os impactos dessa situação o comércio, quedepende muito dos financiamentos de médio e lon-go prazo; a indústria, que é fomentada pelos inves-timentos produtivos e, que, praticamente, em suatotalidade, utiliza insumos importados (compradosem dólar); e outros setores, de serviços, que inevi-tavelmente vão apresentar diminuições nos indica-dores de emprego e renda.

Notas

1 O lago de Sobradinho, que tem como função principal a re-gularização da vazão de água do Rio São Francisco, atingiu,na quarta semana do mês de novembro de 2001, 5,2% desua capacidade de armazenamento, segundo informações daCHESF. Para gerar energia, sua capacidade mínima dearmazenamento é da ordem de 3,5%. O resultado apresen-tado no mês de novembro é o mais baixo desde a implanta-ção do lago, na década de 70.

2 Para o cálculo do PIB adota-se como marco referencial asrecomendações contidas no Sistema de Contas Nacionais(SCN) proposto pelas Nações Unidas. Desde a sua primeiraedição, em 1953, o SCN já foi submetido a quatro revisões,sendo a última em 1993. Para maiores informações, ver Ma-nual de Contas Regionais do IBGE

3 O segundo setor engloba as atividades da indústria de trans-formação, indústria extrativa mineral, serviços de utilidadepública e construção civil.

4 A fixação da meta de consumo de energia para a indústria foicondicionada pela Câmara de Gestão da Crise de EnergiaElétrica (CGCE), de acordo com a Medida Provisória 2.148-1, de 22 de Maio de 2001. Segundo essa medida, o segmen-to industrial foi dividido em dois patamares de consumo: in-dústrias eletrointensivas (alta tensão), que deveriam reduzirseu consumo em um intervalo de 15% a 25%, e indústriasnão-intensivas (baixa tensão), que deveriam reduzir o con-sumo em 20%. Para ambas, a base de cálculo para a redu-ção do consumo de energia foi fixada a partir de uma médiaponderada dos meses de maio, junho e julho do ano 2000.

5 Ver Pires, Gostkorzewicz e Giambiagi (2001)

6 As primeiras estimativas da SEI quanto ao desempenho doPIB da Bahia, em 2001, dão conta de um crescimento leve-mente superior no nível da atividade com relação ao ano an-terior (num intervalo entre 0 e 1,0%), principalmente indicadopelo desempenho moderado na atividade industrial baiana

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*Gustavo Casseb Pessoti é técnico da SEI e pós-graduandoem Planejamento Regional pela UFBA.

**Ítalo Guanais Aguiar Pereira é técnico da SEI eespecialista em População e Desenvolvimento Sustentável

pelo UNFPA (United Nations Population Fund)e Universidade do Chile.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.43-45 Dezembro 2001 43

Após amargarem imensas dificuldades duranteos anos de 1993 a 1996, período em que apresen-taram números extremamente desfavoráveis sob osmais diversos ângulos de análise, os municípiosbaianos, a partir de 1997, mais precisamente, em1998, deram sinais alentadores do ponto de vista dareversão do difícil quadro em que se encontravam,muito embora ainda não revelassem elementos quepermitissem interpretá-los como uma tendência de-finida.

Transmitindo a impressão de que se tratava doinício de um vigoroso esforço de arrecadação, osmunicípios baianos promoveram um incremento de45,7% em suas receitas próprias, fazendo com queessas passassem a representar 21,4% do total desuas receitas orçamentárias, contra os 14,4% do exer-cício de 1997. Ademais, o déficit orçamentário foi re-duzido de 13,6%, em 1996, para 4,7% em 1998; onúmero de municípios deficitários caiu de 367(88,4%), em 1996, para 275 (66,3%); verificou-se umadiscreta desconcentração das receitas da Região Me-tropolitana de Salvador e, finalmente, as áreasfinalísticas foram contempladas com maior aporte derecursos em relação às áreas-meio.

Os ruinosos números verificados no exercício de1999, no entanto, nos fazem acreditar que a recu-peração financeira dos municípios baianos ainda nãoé factível no curto prazo e deverá ser objeto de in-cessantes esforços por parte de seus governantes,de acordo com os elementos a seguir comentados.

O aumento real das receitas orçamentárias, noexercício em análise, foi da ordem de 1,0% (R$ 56

milhões), o menor resultado obtido nos últimos cin-co anos, apesar do amplo potencial de arrecadaçãoainda existente. Esse modesto crescimento só foipossível graças a um incremento de aproximada-mente 3,0% nas receitas de transferência (R$ 85milhões), já que houve uma perda de 3,4% nas re-ceitas próprias, algo em torno de R$ 27 milhões.Ressalte-se ainda, no campo das receitas próprias,o fato de que, excluindo-se o município de Salva-dor, o qual apresentou significativo crescimento, asperdas do conjunto dos demais municípios atingi-ram a cifra de R$80 milhões. Por outro lado, estestiveram suas receitas de transferência aumentadasem R$ 127 milhões, significando um incremento de5% frente ao ano de 1998, conforme atestam osdados da Tabela 1.

Na Região Metropolitana de Salvador, verifica-ram-se perdas consideráveis nas receitas própriasdos municípios de Camaçari (23,4%), Dias D’Ávila(29,2%) e Lauro de Freitas (17,1%). Em relação aosdemais municípios dessa região, além das perdasde 7,0% (R$ 2,3 milhões) de IPTU e de 9,5% (R$ 9,1milhões) de ISS, as outras receitas próprias caíramem 23,3%, representando uma redução de R$ 68,6milhões nos cofres municipais.

Quanto ao município de Salvador, não obstantea perda de 18,2% na arrecadação de IPTU e deterem estagnado os números relativos ao ISS, fo-ram positivos os resultados em suas demais recei-tas próprias, o que já vinha ocorrendo desde oexercício de 1997, quando da implantação da co-brança das taxas de limpeza e de iluminação públi-

A difícil recuperação financeirados municípios baianos

Antonio S. Magalhães Ribeiro*

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44 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.43-45 Dezembro 2001

cas. Desse modo, a perda de receita do IPTU, daordem de R$ 19 milhões, foi superada pelo incre-mento de R$ 71 milhões, obtidos com as demaisreceitas diretamente arrecadadas. Aliás, uma análi-se mais detida na composição das receitas própri-as, nos últimos cinco anos, no âmbito do Estado,revela que o IPTU e o ISS, tradicionais fontes dearrecadação, tem perdido espaço para outras re-ceitas tributárias. A soma desses dois tributos, em1995, representava 77,6% das receitas próprias deSalvador e 49,9% daquela dos demais municípios.Em 1999, os percentuais caíram para 52,6% e 34,2%,respectivamente. O IPTU, que em 1996 importavaem 31,7% das receitas próprias de Salvador, passoupara o patamar de 20% em 1999, enquanto para osdemais municípios a alteração foi de 12,9% para8,8%, no mesmo período.

Se do ponto de vista das receitas os númerosnão são animadores, por outro lado, o comporta-

mento das despesastambém não inspira re-ações muito otimistas.Apesar de totalizarem1,4% a menos do queem 1988, a sua compo-sição registra um incre-mento real de R$ 18milhões nas despesascom Pessoal e outrosR$ 18 milhões com adívida pública. Embora,em números absolutos,esse aumento não sejaespetacular, é impor-

tante ressaltar que, em 1996, o dispêndio com a dí-vida pública totalizava R$ 125 milhões, evoluindopara R$ 201 milhões em 1999. Tal resultado impli-cou, também, um aumento do comprometimento dasreceitas orçamentárias com o pagamento da somados encargos e amortização da dívida pública. É oque se pode verificar na Tabela 2.

Cabe chamar a atenção para o fato de que, parao cálculo dos limites impostos pela Lei de Respon-sabilidade Fiscal, é considerado o conceito de Re-ceita Corrente Líquida, que consiste na ReceitaCorrente da Administração Direta, adicionada àsReceitas Correntes Próprias das Autarquias, Fun-dações e Empresas dependentes, subtraídas asContribuições dos Servidores Municipais e a Recei-ta de Compensação entre regimes de previdência.

Se é insignificante o número de municípios queultrapassa o limite de 60% estabelecido na LRF paragastos com Pessoal (54% para o Executivo mais

6% para o Legislativo),o crescente comprome-timento da receita coma dívida pública não dei-xa de ser preocupante,sobretudo pelo fato deo número de municípi-os endividados já alcan-çar o marco de 344,contra 326, em 1998, e268 em 1996. Ou seja,83% dos municípios bai-anos já destinam partede seus recursos ao

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9991/8991

9991edseõhlimmE

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soipícinuMsodlatoT

8991 9,096.3 5,2 6,898.2 8,987 9,232 0,531 9,124

9991 9,647.3 3,0 7,389.2 9,267 3,422 1,411 5,424

rodavlaS

8991 3,617 — 1,053 2,663 4,631 6,201 2,721

9991 4,727 — 1,803 3,914 9,631 9,38 5,891

soipícinuMsiameD

8991 6,479.2 5,2 5,845.2 6,324 5,69 4,23 7,492

9991 5,910.3 3,0 6,576.2 6,343 4,78 2,03 0,622

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soipícinuMsodlatoT

8991 9,096.3 1,863.1 9,281 1,73 0,5

9991 9,647.3 0,683.1 4,102 0,73 4,5

rodavlaS

8991 3,617 8,793 5,89 0,34 8,31

soipícinuMsiameD

8991 6,479.2 3,060.1 4,48 6,53 8,2

9991 5,910.3 3,911.1 5,98 1,73 0,3

adnezaFadairaterceS:etnoF

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.43-45 Dezembro 2001 45

cumprimento de obrigações com operações de cré-dito e antecipações de receitas orçamentárias. Oexcessivo endividamento, além de muito oneroso,em razão das extorsivas taxas de juros praticadasno mercado, dificulta sobremaneira o equilíbrio dascontas públicas.

Em termos globais se, por um lado, a elevaçãodas receitas foi muito tímida (1,0%), por outro ladoas despesas sofreram redução de 1,4%, contribuin-do para que o déficit, em 1999, se situasse na faixade 1,6%, inferior ao de 1998, que atingiu 4,7%, esuperior ao de 1997 (1,4%), o menor dos últimosseis anos.

O que se observa é que os municípios comdéficits elevados os reduziram no exercício de 1999,enquanto cresceu o número de municípios deficitá-rios em relação ao mesmo período, como compro-va a Tabela 3.

Os prazos previstos na referida lei para o en-quadramento dos municípios torna possível a con-secução das metas ali estabelecidas. Aos gover-nantes cabe demonstrar vontade política de viabilizarreceitas próprias e romper com a trajetória de co-modismo e dependência dos recursos advindos doEstado e da União. De igual modo, não devem sesubmeter às pressões políticas que estimulam oaumento das despesas, mas que não aprovamqualquer esforço na cobrança de tributos parafinanciá-las.

De suma importância ainda, é priorizar a aplica-ção dos recursos em investimentos com capacida-de de gerar renda, em detrimento das elevadas edesproporcionais despesas de custeio que têm ca-racterizado a estrutura de gastos dos municípiosbaianos. A propósito, as despesas com o legislativomunicipal cresceram R$ 45,5 milhões (de R$ 121,3milhões em 1996 para R$ 166,8 milhões em 1999),o equivalente a 38% em três anos, enquanto o gas-to com a função saúde se encontra em 14,0%, mui-to inferior à média nacional de 21,9%.

Finalmente, se considerarmos que os municípiosbaianos despendem muito aquém do limite permitidopara pagamento de pessoal; dispõem de recursostransferidos para educação e saúde; e para as fun-ções transporte e assistência/previdência são desti-nados, respectivamente, apenas 2,55% e 7,25% doorçamento, podemos admitir que a qualidade da ges-tão pode ser o fator determinante dos sucessivos re-sultados desfavoráveis exibidos ao longo dos anos.

*Antonio S. Magalhães Ribeiro é especialista emAdministração Financeira Governamental, professor

da UEFS e coordenador da publicaçãoO perfil financeiro dos municípios baianos, da SEI.

Não obstante as dificuldades configuradas pe-los números apresentados até agora, os municípioscontam – apesar da falta de compreensão predomi-nante – com um forte aliado na luta pelo equilíbriodas suas contas, qual seja a Lei de Responsabilida-de Fiscal, que busca, fundamentalmente, controlaras despesas, limitar o endividamento e, desse modo,evitar déficits fiscais que têm provocado conseqü-ências danosas, afetando negativamente o conjun-to da economia e, sobretudo, a qualidade de vidados cidadãos.

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O objetivo deste artigo é apresentar os princi-pais resultados da performance do emprego celetistada Bahia ao longo de 2001. Algumas característi-cas, relevantes na composição do perfil do empre-go formal do estado, são aqui investigadas atravésde abordagens analíticas que privilegiam a distri-buição setorial e espacial dos dados. Tais aborda-gens permitem demonstrar quais os setores deatividade econômica são mais dinâmicos na gera-ção de novos postos de trabalho; identificar os se-tores mais significativos em fechamentos de vagas;revelar qual o peso e importância do setor formali-zado baiano no total do País e, ainda, como este sedistribui espacialmente em seu próprio território.

Para isso, utiliza-se o Cadastro Geral de Empre-gados e Desempregados (CAGED), registro admi-nistrativo do Ministério do Trabalho e Emprego(MTE), cuja cobertura dos dados restringe-se aosvínculos regidos pela Consolidação das Leis Traba-lhistas (CLT). As informações do CAGED se refe-rem ao saldo, que é o resultado da movimentaçãototal de admissões e desligamentos realizada men-salmente pelo estabelecimento. Apesar do cadas-tro evidenciar o comportamento parcial do mercadoformal de trabalho1, constitui-se em uma importantefonte de informação, sua realização mensal permi-tindo-lhe um acompanhamento contínuo e sistemá-tico do emprego celetista, ideal para análises denatureza conjuntural.

Nesta análise privilegia-se o acompanhamentoda evolução do nível do emprego no transcurso doano 2001, observando-se o período acumulado dejaneiro a setembro do presente ano e, em algunscasos, para fins de comparação, remetendo-se aigual período do ano anterior. Em alguns momentostambém será utilizado um período de análise maisextenso, referente aos últimos doze meses (outu-bro de 2000 a setembro de 2001).

Nos primeiros meses de 2001, as expectativaspara o mercado de trabalho formal da Bahia erampositivas. Esperava-se, no mínimo, a repetição deum comportamento similar ao do ano 2000. Contu-do, em 2001 a situação se reverte consideravelmen-te, com a mudança da tendência de crescimento daoferta de emprego para a de redução das oportuni-dades de trabalho.

Em 2000, o crescimento do nível de emprego foiexpressivo – 31.146 novas oportunidades de traba-lho com carteira assinada foram criadas na Bahiade janeiro a setembro, relativamente ao mesmoperíodo de 1999. Esse dinamismo do setor formalfoi provocado pelo aquecimento do nível de ativida-de da economia, que chegou a registrar um cresci-mento de 4,46% no PIB, durante o ano.

Já em 2001, um novo cenário está sendo decisi-vo para afetar negativamente a dinâmica do merca-do de trabalho formal. O recente quadro macroeco-nômico é influenciado por fatores internos e de

Emprego formal: o “racionamento”

do emprego em tempos

de crise energética

Flávia Santana Rodrigues Suerdieck *

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.46-53 Dezembro 2001 47

natureza externa, que condicionam as expectativasdos agentes econômicos e afetam o desempenhoda economia brasileira. No plano internacional, apre-sentam-se, a partir de março, a desaceleração daeconomia mundial, marcada pela redução do cres-cimento econômico europeu e norte-americano epela recessão japonesa, aliada à crise institucional,político-econômica da Argentina. Internamente, tem-se a crise energética e a desaceleração do nível deatividade econômica, o que tem trazido resultadosbastante aquém dos obtidos no ano anterior. Essesdois choques internos são decorrentes da políticaeconômica adotada pelo atual governo e certamen-te configuram-se como os principais fatores expli-cativos da trajetória do emprego formal quando con-sidera-se a presença de choques negativos setoriais.Dessa forma, tem-se que:

A destruição maciça de empregos formais e a baixa geração

de outros tipos de ocupação foram, e continuam sendo, forte-

mente determinadas também pelas baixas taxas de crescimen-

to da economia, induzidas pela lógica do plano de estabilização

monetária implementado a partir de 1994. (Borges, 2000, 93)

Conforme os choques externos relacionados, odesempenho econômico dos EUA, Japão e UniãoEuropéia são de fundamental importância na con-formação da economia mundial, uma vez que seconstituem nos principais países desenvolvidos domundo, importadores de bens comercializáveis eexportadores de produtos, tecnologias e capitais,especialmente para os países subdesenvolvidos.Para o Brasil, impõe-se particularmente a relevân-cia da economia norte-americana, uma vez que setrata do seu principal parceiro comercial e credor.Por outro lado, a situação da economia argentina épreocupante, pois sendo o segundo principal par-ceiro comercial brasileiro, além de importante inte-grante do Mercosul (bloco comercial do qual o Brasilfaz parte), as complicações que enfrenta extrapolamas suas fronteiras2. Assim, esse contexto externo édesfavorável à sustentabilidade das taxas de cres-cimento registradas em 2000, contribuindo para areversão das expectativas dos agentes econômicose fazendo com que novas projeções de crescimen-to, mais pessimistas, sejam divulgadas para 2001.

No que diz respeito à crise energética, o racio-namento de energia gera efeitos diferenciados so-

bre a oferta de postos de trabalho celetistas dos di-versos setores de atividade econômica. Suas con-sequências no mercado de trabalho (demissões)foram atenuadas, em alguns casos, devido à adap-tação das empresas ao racionamento (redução doconsumo, geração da própria energia, compra deenergia de outras empresas); ao afrouxamento dasmetas de consumo fixadas pelo governo para diver-sos setores; ao fato de as empresas apresentaremum nível de produção menor em decorrência dodesaquecimento da demanda interna e ao impactoapenas indireto3 com que incide sobre o nível deemprego formal.

A relação entre a redução de energia e o empre-go celetista não é direta porque ao efetuar uma de-missão a firma leva em conta uma série de custosque tem com a mão-de-obra. Os desligamentos fei-tos pelas empresas incorporam custos fixos (custode procura, informação, treinamento específico, ex-periência) e relativos aos direitos trabalhistas (mêsde aviso prévio, FGTS, multa rescisória, décimo ter-ceiro salário). De fato, esses encargos interferempositivamente na decisão de manutenção do em-prego, contribuindo para a minimização do efeito darestrição de energia. Entretanto, mesmo as empre-sas tendo-se adaptado à situação de racionamen-to, isso representa um obstáculo à ampliação doquadro de vagas.

Esse contexto, composto pela combinação dosdiversos fenômenos listados acima, tende a intro-duzir uma tendência negativa na possibilidade decriar novos empregos celetistas no estado baiano,generalizada em todos os setores de atividade. Des-sa forma, os reflexos desses condicionantes sobrea demanda de trabalho formal da Bahia estão fa-zendo com que a trajetória do ciclo conjuntural doano em análise se situe em um patamar inferior aoobservado no ano 2000.

Conforme se observa no Gráfico 1, os dados doCAGED captam uma situação de deterioração domercado de trabalho celetista na Bahia no transcur-so do ano 2001. Durante os primeiros nove meses,verificou-se uma expansão do estoque de assalari-ados em 13.197 novos postos de trabalho. Contu-do, comparando-se este saldo com o obtido nomesmo período de 2000 (31.531 novos empregosgerados) percebe-se que a contração da demandaformal de trabalho baiana foi bastante acentuada,

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em 58,1%, refletindo o desaquecimento do nível deatividade econômica no País. Setembro representao sexto mês consecutivo de redução do nível doemprego formal na Bahia (com 3.972 vagas fecha-das), reforçando a tendência declinante apontadaanteriormente. Somente entre os meses de marçoa abril houve crescimento, com 7.322 novas posi-ções ocupacionais. Entre todos os demais mesesocorreram perdas de emprego. Enquanto no primeirosemestre de 2001 eram criadas 15.817 novas opor-tunidades de trabalho com carteira assinada, no úl-timo trimestre (julho a setembro do presente ano)2.620 vagas foram eliminadas, indicando a intensi-ficação do desaquecimento sobre o nível do empre-go celetista no estado.

Distribuição espacial do emprego formal

Considerando o período acumulado dos noveprimeiros meses em 2001, o total de empregos naBahia representa 31,4% do total de postos celetis-tas criados na região Nordeste (42.051 novas va-gas). O segundo estado em termos de participaçãono total nordestino é o Ceará, com 12.127 novasvagas (28,8%). Os estados de Pernambuco e RioGrande do Norte também geraram um número sig-nificativo de novos postos de trabalho, 7.676 e 6.612,respectivamente, e, juntos, representam 34% donível de emprego formal do Nordeste. Os demaisestados tiveram pequenas participações, porém to-dos obtiveram saldos positivos, exceto em Alagoas,

onde mais de 8.000 va-gas foram fechadas noperíodo. (Tabela 1)

A Bahia, nos trêsprimeiros trimestres doano 2000 também re-gistrava a maior partici-pação no total de pos-tos de trabalho criadosna região Nordeste.Gerou 31.531 novosempregos (36,6%) das86.164 novas vagasnordestinas. Assim, mes-mo tendo uma reduçãoacentuada dos postosde trabalho gerados no

A baixa expansão do emprego formal no esta-do é preocupante, pois agrava a situação precáriado mercado de trabalho, cuja participação de ativi-dades informais é cada vez mais freqüente em fun-ção das reestruturações na produção e dosprocessos organizacionais e de gestão da mão-de-obra. A queda no ritmo de expansão dos vínculosformais também amplia as dificuldades de incor-poração de novos contingentes de trabalhadorese torna mais difícil a reinserção dos trabalhadorescom experiência e que estão desempregados. Adiminuição dos postos de trabalho celetistas noestado pode estar contribuindo decisivamente parao aumento exacerbado de ocupações precárias,incertas e descontínuas.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.46-53 Dezembro 2001 49

presente ano (58,1%), conseguiu manter a sua po-sição devido ao expressivo fechamento de vagasocorrido na região (51,2%), para igual período.

Em relação à distribuição nacional dos saldos,no período acumulado dos meses de janeiro a se-tembro de 2001, conforme a Tabela 2, a Bahia apre-senta-se como o décimo segundo estado em ter-mos de geração de novos empregos celetistas,situando-se abaixo dos estados de economias maisexpressivas do País, localizados nas regiões Sul (Pa-raná, Santa Catarina e Rio Grandedo Sul) e Sudeste (São Paulo, Mi-nas Gerais, Rio de Janeiro e Espíri-to Santo). Além desses, estão me-lhor posicionados que a Bahiaoutros estados pertencentes à re-gião Centro-Oeste (Goiás, MatoGrosso e Mato Grosso do Sul) e atémesmo o estado do Pará, na regiãoNorte, cujo desempenho nos trêsprimeiros trimestres de 2001, emtermos de geração de empregos, foio mais baixo dentre o de todas asdemais regiões, inclusive inferior aoda região nordestina, respectivamente, 32.218 con-tra 42.051 novas vagas.

Ainda observando a distribuição do emprego for-mal no nível nacional nos primeiros nove mesesde 2000, a Bahia encontrava-se posicionada comoo oitavo estado a apresentar o maior número de

empregos criados, situando-se atrás apenas dosestados das regiões Sudeste-Sul (São Paulo, Mi-nas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grandedo Sul e Santa Catarina) e do estado de Goiás.Assim, a Bahia apresentou uma significativa que-da em sua colocação no ranking, perdendo quatroposições na comparação de 2000 para 2001. Emparte, a explicação para este acontecimento estána redução do nível de emprego formal baianodurante o presente ano.

Quanto à distribuição espacialdos novos postos de trabalho cele-tistas no território baiano, tomando-se como referência o período acu-mulado nos nove primeiros mesesde 2001, verifica-se a tendência deconcentração dos novos empregosno interior do estado. Do total de13. 197 novos postos gerados naBahia, 9.977 (75,6%) estão distri-buídos no interior e apenas 24,4%das novas oportunidades de traba-lho são criadas na Região Metro-politana de Salvador (RMS).

A tendência à desconcentração da geração deempregos com carteira de trabalho assinada na RMSé confirmada quando se compara o período dos trêsprimeiros trimestres deste ano com igual período de2000, pois, no período passado, mais empregos for-mais eram criados na RMS (41,6% de todos os no-vos postos do estado) contra 58,4% das novas vagasdistribuídas pelo interior do estado.

Dois aspectos podem ser levantados diante des-se maior assalariamento nos municípios do interiordo estado: o primeiro, diz respeito às causas dinâ-micas4 desse impulso desconcentrador e a seus efei-tos sobre as condições de vida da população; osegundo se refere às implicações da baixa ofertade postos de trabalho formal na RMS. Os efeitos dacriação de empregos fora da RMS são relativamen-te positivos tanto para a população quanto para osmunicípios, já que garantem uma remuneração mí-nima para os trabalhadores e acabam dinamizandotodo o nível de renda local. No longo prazo, consti-tuem-se também em uma alternativa para aquelesque possivelmente migrariam para a capital do es-tado e seus grandes centros urbanos em busca deoportunidades de trabalho. Por outro lado, sabe-se

2alebaTodlasroiamoodnugesoãçaredefadsodatsE

1002/tes-naj–onaonodalumuca

sodatsEsodalumucasodlaS

10/tes-naj oãçacifissalC

lisarB 037.277 —

oluaPoãS 293.523 º1

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luSodossorGotaM 222.51 º11

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56/3294ieL–sodagerpmeseDesodagerpmEedlareGortsadaC–ETM:ETNOF

Os efeitos da criaçãode empregos fora da

RMS são relativamentepositivos tanto paraa população quantopara os municípios,

já que garantem umaremuneração mínimapara os trabalhadorese acabam dinamizando

todo o nível derenda local.

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que esses novos empregos estão concentrados emapenas alguns municípios mais desenvolvidos, dealgumas regiões econômicas do estado, persistin-do, assim, os grandes vales de pobreza e de con-centração de renda no território baiano.

As implicações da baixa geração e da perda departicipação do emprego formal da RMS no total depostos do estado constituem-se em sérios agravan-tes para uma área de grande adensamento popula-cional, onde existe uma acentuada desproporçãoentre o número de vagas abertas e o crescimentoda oferta de trabalho. Além disso, a RMS lidera coma maior taxa de desemprego entre todas as regiõesmetropolitanas pesquisadas pela Pesquisa de Em-prego e Desemprego (PED). Ainda segundo a PED,a parcela formal do mercado de trabalho na RMScorresponde a apenas 34,3% do total de ocupaçõesgeradas, sendo ampla a presença de atividades in-formais, principalmente no setor de Serviços (ocu-pações caracterizadas geralmente pela baixaprodutividade e baixos rendimentos). Devido a to-dos esses elementos citados, os efeitos da reduçãodo emprego formal na RMS para a sua populaçãoeconomicamente ativa são muito graves e deman-dam outras saídas em termos de ampliação dasvagas, o que pode vir a ocorrer com a criação dosempregos diretos e indiretos provenientes da atua-ção da FORD em Camaçari.

Distribuição setorial do emprego formal

Segundo o CAGED, o setor de Serviços apre-senta a melhor performance em geração de novosempregos formais, no período acumulado dos últi-mos doze meses (outubro de 2000 a setembro de2001), criando 9.441 vagas ou 83.6% do total denovos empregos gerados no estado. O mesmo de-sempenho é registrado para os nove primeiros me-ses de 2001, com a criação de 7.926 novos postos,representando 60,1% do total de vagas geradas emtodas as atividades econômicas.

Dentre os seus subsetores, os que tiveram a prin-cipal responsabilidade na queda do desempenhodos Serviços, em 2001 (623 postos de trabalho fe-chados), foram as Instituições Financeiras e o Co-mércio Administrativo de Imóveis Tec. Pr., queretraíram significativamente as suas demandas detrabalho, no período acumulado de outubro do ano

passado a setembro de 2001, destruindo, respecti-vamente, 2.013 e 2.205 empregos. As InstituiçõesFinanceiras foram o único subsetor a apresentarcontração em seu estoque de assalariados, tantono período acumulado durante os três primeiros tri-mestres quanto nos últimos doze meses do corren-te ano: respectivamente, 2.115 e 2.335 empregosdestruídos. Esse subsetor tem o seu desempenhoassociado a fatores estruturais que o têm afetadonegativamente, como, por exemplo, a introdução denovas tecnologias no setor bancário, provenientesde um processo de reestruturação organizacional ede gestão do trabalho, além do processo de rees-truturação produtiva, marcado por constantes fu-sões, aquisições e privatizações.

Os subsetores de Ensino e de Transporte e Co-municações foram os mais expressivos do setorServiços em crescimento do emprego formal emtodos os períodos de análise (acumulado no ano enos últimos doze meses) e nos dois anos conside-rados (2000 e 2001), apresentando, inclusive, umatrajetória ascendente do nível do emprego em 2001.A maior demanda por escolarização pode ser umdos fatores relacionados com o crescimento do em-prego no subsetor de Ensino, já que novos estabe-lecimentos estão sendo abertos e a oferta depessoas matriculadas nas escolas está crescendo.Outro fator que pode estar determinando parte dodesempenho desse subsetor é uma variável sazo-nal (fim das férias e reinício das aulas em meadosdo ano).

A Indústria de Transformação também faz partedos principais setores que dinamizam a demandade emprego formal no estado, apresentando 4.806novas vagas no período acumulado dos últimos dozemeses (outubro de 2000 a setembro do ano em cur-so), ou 42,5% do total de postos celetistas criadosna Bahia. Posiciona-se, assim, como o segundomaior setor em importância na composição da de-manda total de trabalho formal do estado. Aindaassim, a Indústria de Transformação, não obstanteo saldo positivo nos primeiros nove meses de 2001,tem arrefecido o ritmo de contratações de formageneralizada em seus subsetores, salvo em dois deseus subsetores (Calçados e Materiais Elétricos eComunicações). Embora venha se beneficiando coma desvalorização do Real, através de seus segmen-tos produtores de bens comercializáveis internacio-

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nalmente, a Indústria de Transformação tende a tera sua demanda de trabalho reprimida, em um pri-meiro momento, pelos choques externos, principal-mente pelo desaquecimento da economia dos EUA.Considerando os seus subsetores, o de Calçados éo mais importante em termos de geração de novosempregos formais.

O subsetor de Calçados teve a participação maissignificativa na Indústria de Transformação, no pe-ríodo acumulado de outubro de 2000 a setembro de2001 e nos nove primeiros meses do ano em curso,respectivamente 67,1% e 47,3% do total dos novospostos de trabalho gerados no setor. A esse desem-penho, aliou também uma participação bastante re-

3alebaTserotesbuseserotessoodnugeslamrofogerpmeodoãçulovE

acimônoceedadivitaed*1002/0002,aihaB

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*1002 1002/tes-00/tuoodalumucA

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lareniMavitartxE 11 1,0 31- 1,0-

oãçamrofsnarTedairtsúdnI 255.3 9,62 608.4 5,24

sociláteM-oãnsiareniMsotudorP 952- 0,2- 126- 5,5-

acigrúlateM 03- 2,0- 56- 6,0-

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seõçacinumoCesocirtélE.taM 225.1 5,11 455.1 8,31

etropsnarTedlairetaM 553 7,2 606 4,5

oiráiliboMeariedaM 31- 1,0- 0 0,0

lairotidE,oãlepaP,lepaP 751- 2,1- 131- 2,1-

soruoC,omuF,ahcarroB 53- 3,0- 851- 4,1-

oiránireteV,mraF.rP,acimíuQ 699 5,7 280.1 6,9

oiráutseV,litxêT 282 1,2 452 2,2

sodaçlaC 386.1 8,21 822.3 6,82

sadibeB,.tnemilA.dorP 762- 0,2- 083- 4,3-

acilbúPedadilitU.dnI.vreS 931- 1,1- 103- 7,2-

liviCoãçurtsnoC 427.4- 8,53- 903.8- 6,37-

oicrémoC 517.2 6,02 654.4 4,93

atsijeraVoicrémoC 217.1 0,31 966.3 5,23

atsidacatAoicrémoC 300.1 6,7 787 0,7

soçivreS 629.7 1,06 144.9 6,38

sariecnanifseõçiutitsnI 511.2- 0,61- 533.2- 7,02-

.rP.ceTsievómI.mdAoicrémoC 957.3 5,82 851.3 0,82

seõçacinumoCeetropsnarT 412.2 8,61 460.3 1,72

oãçnetunaM.R.milA,otnemajolA 781 4,1 751.2 1,91

socigólotnodO,socidéM 183.1 5,01 475.1 9,31

onisnE 005.2 9,81 328.1 1,61

acilbúPoãçartsinimdA 492- 2,2- 994- 4,4-

arutlucivliS,arutlucirgA 329.3 7,92 603.1 6,11

sortuO 722 7,1 014 6,3

56/3294ieL–sodagerpmeseDesodagerpmEedlareGortsadaC–ETM:ETNOF.)otnemomon,DEGACodadazilibinopsidoãçamrofniamitlú(orbmetesedsêmoétaotsopmocéonaetsedodlasO*

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presentativa no total de empregos criados no esta-do, de 28,6% e 12,8%, respectivamente, para osmesmos períodos citados. Outro subsetor que tam-bém teve uma performance diferenciada foi o de Ma-teriais Elétricos e Comunicações, com 1.554 novasvagas nos últimos doze meses (outubro de 2000 asetembro de 2001) e 1.522 novas oportunidades detrabalho de janeiro a setembro de 2001.

O desempenho do subsetor calçadista revela doispontos positivos. Além de destacar-se como o seg-mento industrial mais dinâmico em termos de gera-ção de postos de trabalho, vem apresentando umatendência não só de manutenção dos empregos cri-ados a partir de 1997, com a instalação, principal-mente, das empresas Azaléia e Ramarim, comotambém de ampliação de sua demanda de traba-lho, através da Picadilly e, mais recentemente, coma instalação da Via Uno e Schmidt, em Serrinha. Oconsiderável desempenho da indústria calçadista noperíodo pode ser explicado não somente pela ca-racterística de intensiva absorção de força-de-tra-balho, como também pelo eficaz apoio institucionaldo governo baiano e das entidades empresariais noestado. (Suerdieck, S., 2001)

O Comércio é o terceiro principal setor geradorde vagas celetistas no estado, apresentando 4.456novas oportunidades de trabalho entre o período deoutubro de 2000 a setembro de 2001. Contudo, nes-se mesmo período (outubro de 2000 à setembro de2001), verifica-se um desaquecimento da demandade trabalho no Comércio, sendo fechados 3.049postos de trabalho, e, nos primeiros nove meses de2001, sendo destruídos 3.706 empregos. Esse de-sempenho decrescente dos saldos do setor é de-terminado pelo subsetor Varejista, que apresenta sig-nificativas queimas de postos de trabalho em ambosos períodos mencionados (acumulado últimos dozemeses e ao longo do ano de 2001). Os fatores quemais contribuem para essa performance são: a cri-se energética, que tem imposto duras restrições aosegmento em termos do horário de funcionamentode suas atividades, e a retração do nível de ativida-de econômica, que atua diretamente, reduzindo astransações comerciais (compra e venda de merca-dorias).

A agricultura é o último grande setor que possuium papel representativo na composição dos empre-gos formais do estado, gerando 1.306 novas opor-

tunidades de trabalho, ou 11,6% do total de vagascriadas na Bahia, no período de outubro de 2000 asetembro de 2001. Nos primeiros nove meses dopresente ano, foi o segundo setor a criar mais pos-tos celetistas no estado (3.923 novas vagas ou29,3% do saldo total baiano). Esse desempenho cor-responde a uma maior dinamização de certas cultu-ras, altamente modernizadas, mas com umautilização considerável de mão-de-obra. Essas cul-turas estão principalmente concentradas nas regi-ões Oeste (município de Barreiras) e Baixo MédioSão Francisco (município de Juazeiro), respectiva-mente, com a soja e a fruticultura.

Por fim, a Construção Civil é um setor de impor-tância fundamental na definição da demanda for-mal de trabalho do estado e é através dele que setorna possível compreender a elevada queda no ní-vel de crescimento do emprego formal baiano(21.168 e 13.197 postos de trabalho fechados, res-pectivamente, de outubro de 2000 a setembro de2001 e nos nove primeiros meses de 2001). A Cons-trução Civil apresentou os maiores saldos negati-vos no estado para esses mesmos períodos,respectivamente 13.573 e 10.989 vagas fechadas,registrando assim o pior desempenho setorial do ano2001.

Alguns resultados do setor da Construção Civil,decorrentes de sua expressiva redução de postosde trabalho celetistas, estão associados aos efeitosda crise de energia, caso da restrição da liberaçãode novos pontos de energia na construção de imó-veis comerciais, de serviços e residenciais. Ademaispoderia estar ocorrendo a substituição dos vínculosformais por relações de trabalho informais eprecarizadas (contratação da mão-de-obra atravésde empresas terceiras), explicando assim parte docontingente de trabalhadores ocupados nas obrasem andamento, principalmente na RMS. Além dis-so, a Construção Civil é um setor que incorpora as-pectos de mais longo prazo (demanda de imóveis,financiamentos, etc.), que tornam mais difícil a iden-tificação de quais variáveis estão condicionando asua demanda de trabalho. É provável que variáveisespecíficas como as linhas de crédito para comprade imóveis e mudanças nas políticas de financia-mento estejam incidindo negativamente em seudesempenho.

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Notas

1 A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) é outro re-gistro administrativo do MTE que também expressa o merca-do formal de trabalho e diferencia-se do CAGED em dois as-pectos: primeiramente, por ter uma cobertura completa dosetor formalizado da economia, além dos vínculos celetistascompõe-se também dos estatutários, temporários e avulsos;e em segundo, por ser realizada anualmente.

2 Para maiores detalhamentos da instabilidade que acomete aeconomia mundial, ver BALANCO, Paulo e MACHADO,Kenys, 2001.

3 Os impactos da crise de energia sobre o nível de empregopodem atuar de forma direta, mais facilmente, sobre o setorinformal do mercado de trabalho, onde geralmente a mão-de-obra é menos qualificada e implica menos custos para aempresa. Assim, esta relação de trabalho informalizada temuma baixa interferência nas decisões do empresário em efe-tuar constantes desligamentos e novas contratações maisprecarizadas (geralmente com nível de rendimento inferiorao do antigo trabalhador) quando o seu nível de produção éreduzido e seus lucros ameaçados.

4 Segundo Bahia Análise & Dados (2000), na parte intituladaMercado de Trabalho Formal, contida no artigo “Desempe-nho da economia baiana no ano 2000 e tendências para2001”, o surgimento de novas oportunidades de trabalho nointerior do estado integra o novo ciclo de investimentos reali-zados na economia baiana decorrente das estratégias em-presariais e da ação estatal na concessão de incentivos nosúltimos anos.

*Flávia Santana Rodrigues Suerdieck é bacharelanda daFaculdade de Ciências Econômicas, auxiliar técnica da SEI

e participante do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC).

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Os dados da Pesquisa de Emprego e Desem-prego (PED1) para o decorrer do ano 2001 mostramuma deterioração do mercado de trabalho na Re-gião Metropolitana de Salvador, evidenciada peloexpressivo crescimento do contingente de desem-pregados e pela redução nos níveis dos rendimen-tos da população ocupada.

Durante o ano de 2001, o cenário macroeconô-mico brasileiro foi conturbado pela recessão na eco-nomia americana e pela crise político-econômica naArgentina, o que levou o dólar americano a atingiras cotações mais altas desde a implantação do Pla-no Real. Ainda no plano interno, as incertezas pro-vocadas pela escassez de energia elétrica vieramreforçar as expectativas pessimistas para o segun-do semestre, ampliando a intranqüilidade dos tra-balhadores quanto a seu futuro.

O desempenho negativo da economia brasileiradurante este ano vem impedindo um melhor desem-penho do mercado de trabalho na RMS e contribu-indo para diminuir a qualidade de vida da família dotrabalhador, levando mais membros da família a pro-curar emprego e, assim, a que seja aumentado ocontingente de desempregados.

Desemprego

Apresentando a maior taxa de desemprego(27,8%) entre as regiões metropolitanas onde a PEDé realizada, a RMS apresenta um mercado de tra-balho heterogêneo, no qual se misturam atividadesformais, com contratos regidos pela CLT, e uma

quantidade expressiva de atividades informais. Aexcessiva quantidade de indivíduos exercendo inú-meras ocupações precárias e de curta duração, semqualquer tipo de proteção social, reforça a idéia deque estas atividades estão se tornando a principalalternativa de inserção dos desempregados no mer-cado de trabalho.

A Taxa Global de Participação – indicador queexpressa a proporção da População em Idade Ativa(PIA) incorporada ao mercado de trabalho na con-dição de ocupada ou desempregada – chegou a61,4% no mês de setembro deste ano, inferior à taxade 61,6% registrada no mesmo mês do ano passa-do. A População Economicamente Ativa (PEA) foiestimada no mês de setembro de 2001 em poucomais de 1.611 mil pessoas. Comparada à do mes-mo mês do ano passado, constata-se que mais 43mil indivíduos passaram a fazer parte desse contin-gente, sendo que apenas mil como ocupados e 42mil na condição de desempregados. Isso aconteceporque, apesar de vir tendo desempenho positivo,o nível de ocupação não vem crescendo em ritmosuficiente para absorver a mão-de-obra que entrano mercado de trabalho, resultando na expressivaampliação do contingente de desempregados des-de o início deste ano.

Além disso, como conseqüência das crises ex-ternas e da inconsistência macroeconômica do Pla-no Real, diversos postos de trabalho foram perdidosdurante o ano e as taxas de desemprego estão re-tornando aos níveis pós-desvalorização cambial,verificados em 1999. De acordo com a pesquisa

O mercado de trabalho

na RMS

Edson A. S. Sobrinho*

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acima citada, 448 mil pessoas foram consideradasdesempregadas em setembro de 2001, enquantoque em setembro de 2000 eram 406 mil. Assim, onúmero de desempregados cresceu 10,3%, fazen-do com que a taxa de desemprego passasse de25,9% para 27,8%.

Segundo os atributos pessoais, o desempregoatinge diferentemente os membros do grupo fami-liar. O desemprego dos Chefes de Família é in-ferior ao dos Demais membros e nele tem pesoexpressivo o desemprego aberto, já que dificilmenteos chefes reúnem condições materiais suficientes

para uma saída tempo-rária do mercado detrabalho. O desempre-go entre os Chefes deFamília atingiu o pata-mar de 17,8%, cercade 9,2% a mais que overificado no mesmomês do ano passado.Para os Demais Mem-bros da família, a taxade desemprego situa-se em torno de 34,3%e vem demonstrandouma tendência a crescer,refletindo a necessida-de de mais membrosda família procuraremuma ocupação que com-

plemente o orçamento familiar.Segundo o gênero, o desemprego vem crescen-

do tanto para homens quanto para mulheres, po-

Ainda em relação à taxa de desemprego, verifica-se que, do total de desempregados na RMS, no mêsde setembro do corrente ano, 16,5% encontravam-sena situação de desem-prego aberto2 e 11,3%estavam na situação dedesemprego oculto3,seja pelo exercício dotrabalho precário (8,3%),seja pelo desalento(3,0%) para procurar tra-balho. Chama-nos aatenção o crescimentodo desemprego abertona RMS, 2,8 pontos per-centuais apenas esteano. A taxa de 16,5% émais do que equivalen-te à taxa de desempre-go total de outras regi-ões metropolitanas doporte de Salvador, comoPorto Alegre (14,5%).

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rém de modo mais acentuado entre os homens. Ataxa de desemprego entre estes está em 25,9% epara as mulheres em 30,0%. Em relação ao mesmomês do ano passado, as taxas cresceram 9,3% paraos homens e 5,6% para as mulheres.

Mesmo diante das dificuldades de inserção dasmulheres no mercado de trabalho, a sua participaçãono rol dos ocupados vem aumentando ao longo dasérie da PED na RMS. Os homens representam 53,9%do total de Ocupados, enquanto que as mulheres re-presentam 46,1%. Não obstante as conquistas que asmulheres vêm obtendo no mercado de trabalho nosúltimos anos, pode-se afirmar que as ocupações queelas assumem ainda são mais precárias que as doshomens e que a redução dos rendimentos médios temsido um dos fatores determinante para a elevação dataxa de participação feminina na RMS.

Segundo a idade, no período de setembro de2000 a setembro de 2001 a taxa de desempregocresce para todas as faixas. Para as crianças e ado-lescentes (10 a 17 anos de idade) essa taxa está nopatamar de 51,7%. Para os jovens (18 a 24 anos deidade) a taxa é de 41,6% e aumentou em 5,3% quan-do comparada à do mesmo período do ano passa-do. Da mesma forma que em anos anteriores,observam-se elevados números no desempregodessas faixas de idade, o que nos sugere um au-mento das dificuldades para crianças e adolescen-tes terem acesso às posições de trabalho ou paraconquistarem o primeiro emprego, já que se consti-tuem em cerca de 46,4% dos desempregados.

O desemprego atingiu mais fortemente a popu-lação adulta, que representa 53,6% do total de de-sempregados. A taxa de desemprego para aquelesque estão na faixa etária entre 25 e 39 anos de ida-de cresceu 20,9% durante o ano de 2001, saltandode 21,1%, em dezembro de 2000, para 25,5% emsetembro deste ano. Para aqueles com 40 anos oumais de idade, a taxa de desemprego cresceu 6,2%,ficando no patamar de 15,4%. Dessa forma, o de-semprego cresce principalmente nas classes usu-almente responsáveis pelo orçamento familiar eentre aqueles que, presumivelmente, detêm experi-ência de trabalho.

Quanto à distribuição do desemprego por cor, ataxa também vem crescendo tanto para brancosquanto para a população negra, sendo que numaproporção bem menor nesta última, de 27,3%, em

setembro de 2000, para 29,2% em setembro de2001. Essa taxa, entre a população branca, apóssucessivas oscilações estacionou em 17,8%.

Ocupação

Segundo o setor de atividade, quase todos tive-ram incremento no nível de ocupação. A Indústriaaumentou em 0,8% esse número, embora venhareduzindo sua participação como setor absorvedorde mão-de-obra, representando 7,6% dos ocupa-dos na RMS em setembro deste ano. Ainda na aná-lise do comportamento do setor apenas este ano,os índices do nível de ocupação indicam uma que-da de 3,6%. Tal comportamento negativo é reflexodo desempenho da economia no período em que aqueda relativa da taxa de investimentos constitui-seem um dos traços mais danosos para a geração ouaté a manutenção do emprego industrial.

A tendência à queda da ocupação no setor indus-trial é preocupante, porque boa parte desses postosde trabalho é pautada por uma maior formalização eseus níveis salariais são mais elevados, dando umaqualidade ao emprego bem acima daquelas ofereci-das pelos setores de Comércio e Serviços.

Mesmo admitindo-se que a economia se recu-pere e entre em outro ciclo de prosperidade, a In-dústria de Transformação baiana não deverá geraro mesmo nível de emprego – nem mesmo voltar aoque era – dadas as inovações tecnológicas e o con-tínuo processo de reestruturação produtiva e orga-nizacional a que o setor está submetido.

A Construção Civil, apesar da retração ocorridano transcorrer deste ano, teve um breve período derecuperação e vem mantendo sua participação es-tabilizada em torno de 5,3%. Como é um setor in-tensivo em trabalho, vem enfrentando dificuldadesem virtude da diminuição das linhas de crédito aoconsumidor, da perda geral do poder aquisitivo dapopulação e da restrição ao crédito para financiaressa atividade, uma vez que os juros altos não sãofavoráveis a novos investimentos.

Concomitantemente à queda da participação doemprego industrial na estrutura setorial da ocupa-ção, observa-se expressiva participação do setorTerciário, no qual se encontram 75,6% dos ocupa-dos da RMS, mantendo o mesmo patamar observa-do no ano passado. O Comércio absorve 16,8% do

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emprego e o agregado Serviços, 58,8%, inclusiveos empregos na Administração Pública. Nos últimos12 meses os Serviços tiveram significativa expan-são, oferecendo cerca de 36,1 mil novas ocupações,representando um crescimento de 3,3% em relaçãoao mês de setembro do ano passado.

O expressivo crescimento da ocupação noTerciário deve ser mais bem caracterizado, uma vezque grande parte desses novos postos de trabalhoé exercida por pessoas de baixa qualificação, alémde consistir em atividades de reduzida remunera-ção e produtividade. Dentro do agregado Serviços,encontram-se os ramos de oficinas, serviços de con-servação e limpeza, transporte e armazenagem,serviços especializados e outros serviços, que têmseu desempenho diretamente ligado às atividadesindustriais, devido ao fato de estarem conectadosao processo produtivo. A expansão destas ativida-des é conseqüência da acomodação de trabalha-dores oriundos do setor industrial e bancário, queperderam seus empregos em decorrência da auto-mação e dos diversos processos de reestruturaçãoorganizacional. Do total de postos de trabalho cria-dos entre setembro de 2000 e setembro deste ano,76,3% pertencem ao agregado Serviços, sendo que46,9% apenas nas atividades ligadas aos Serviçosda Produção.

O agregado Serviços vem sendo o setor da ati-vidade econômica responsável pela maior parte dacriação de novos postos de trabalho e com maiorcapacidade de absorção de mão- de-obra. O au-mento do peso dos ocupados nos Serviços e a conco-mitante redução dos mesmos na Indústria refletem tan-to o fenômeno de informalização do mercado detrabalho soteropolitano quanto o movimento de mi-gração de trabalhadores da Indústria para os Ser-viços.

Como conseqüência dos aspectos acima menci-onados, passou a verificar-se uma flexibilidade,como dispensa e contratação de mão-de-obra, mui-to elevada, ocasionando uma rotatividade de traba-lhadores nessas ocupações. Tal rotatividade, comovem acontecendo na RMS, produz postos de traba-lho de baixa qualidade e ainda mais baixos rendi-mentos, com trabalhadores sem especializaçãodefinida e no exercício de diversas ocupações e, opior, sem nenhuma perspectiva de ascensão profis-sional e salarial.

Além disso, a maioria dos novos postos de ocu-pação criados é caracterizada pela ausência ou pre-cariedade dos mecanismos de proteção social,trazendo conseqüências nefastas para o bem-estarfamiliar, devido à crescente insegurança em tornodo emprego. Isso é importante de ser ressaltadoporque, particularmente na RMS, um número muitogrande de trabalhadores encontra-se nessas con-dições, convivendo com a precariedade das ocupa-ções, níveis muito baixos de rendimentos e umasingular fragilidade das relações de trabalho.

Segundo a posição na ocupação, continua ocrescimento dos Assalariados, principalmente osCom Carteira Assinada, que ainda são a principalforma de ocupação dos soteropolitanos no merca-do de trabalho, correspondendo a 61,4% de todosos ocupados. Dentre esses, os Assalariados comCarteira Assinada correspondem a 34,6% dascontratações entre os Ocupados e, mantendo atendência delineada desde o início da pesquisa,cresceram 6,8% em comparação a setembro doano passado, representando pouco mais de 35,2mil pessoas.

Entre as outras formas de assalariamento, osAssalariados Sem Carteira Assinada representam12,0%, tendo um crescimento de 1,9% em relaçãoao mesmo período do ano passado; embora aindatenham expressiva participação (14,8%), os Assa-lariados do Setor Público perderam quase 1.500postos de trabalho, reduzindo sua participação em0,6%. Dessa forma, o assalariamento Com CarteiraAssinada tem crescido essencialmente no setor pri-vado, enquanto que no setor público vem ocorren-do redução do nível de emprego.

É bom chamar a atenção para o fato de que, naRMS, os setores do mercado de trabalho caracte-rizados por relações assalariadas formais entre tra-balhadores e empregadores restringem-se aossetores da indústria e dos serviços produtivos, alémde aos setores típicos da Administração Pública.Em outros setores da Indústria, menos tradicio-nais, e nos serviços pessoais e domésticos pre-dominam inserções assalariadas informais eautônomas não-assalariadas, características dossegmentos não-organizados do mercado de tra-balho e que vêm representando a quantidade deoportunidades ocupacionais na estrutura da eco-nomia soteropolitana.

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Os Autônomos, após um período de redução nasua participação no rol dos Ocupados, cresceram2,3% e representam 21,3%. Aqueles Autônomos quetrabalham para empresas tiveram significativo cres-cimento de 11,5%, no período, representando 3,8%dos ocupados. Os Autônomos que trabalham parao setor público têm uma participação de 17,5% ecresceram 0,4% em relação a setembro de 2000.

A categoria dos Autônomos, juntamente com ados Assalariados Sem Carteira Assinada, confereuma certa uniformidade a esse conjunto de traba-lhadores profundamente relacionada com a preca-riedade das ocupações, a fragilidade das relaçõesde trabalho e os baixos rendimentos. Juntos, repre-sentam 33,3% do total de Ocupados e, somadosaos Trabalhadores Domésticos (10,7%), dão umadimensão do grau de informalidade na RMS.

Rendimentos

O rendimento real médio dos trabalhadores con-tinua em declínio, persistindo na mesma tendênciaobservada desde o início da PED na RMS. Tantopara Ocupados como para Assalariados os núme-ros indicam um dos mais baixos índices, represen-tando recuo de 5,1% em relação ao valor médio domês de agosto do ano passado (R$ 572,00), dimi-nuindo o valor médio, recebido em 2001, para R$

543,00. A mesma dinâmica observou-se para osAssalariados, com uma redução de 2,5% e um ren-dimento médio, em agosto, de R$ 607,00.

Entre os assalariados do setor privado com car-teira assinada os rendimentos caíram em torno de2,4%, enquanto que para aqueles sem carteira as-sinada o recuo foi de 7,5%. Essa redução verifi-cou-se sobretudo na Indústria e no Comércio, comquedas de 2,8% e 4,0%, respectivamente; nos Ser-viços, a queda nos rendimentos também foi signifi-cativa, ficando em 2,5%. Na comparação com omês passado, os assalariados da Indústria apre-sentaram a maior perda de rendimento real (9,3%),seguindo-se os assalariados dos Serviços, com per-das de 2,8%.

Não obstante os rendimentos no Comércio te-rem crescido 4,7% em relação ao mês passado, éjustamente neste setor que, durante o ano, ocorre-ram os maiores recuos nos rendimentos reais e omaior número de contratações com carteira assina-da, sugerindo que a ocupação formal está se ex-pandindo justamente onde os rendimentos são maisbaixos.

Em agosto, segundo a forma de contratação, osassalariados sem registro em carteira tiveram ele-vação de 2,7% em seus rendimentos médios quan-do comparados ao mês passado. Em contrapartida,os Assalariados Com Carteira Assinada ficaram

com seus rendimen-tos médios reduzidosem 3,5%. Esses rendi-mentos foram equiva-lentes a R$ 571 paraos Assalariados ComCarteira e R$ 291 paraos Assalariados SemCarteira.

Os resultados daPED em setembro de2001 ainda mostramque os ocupados loca-lizados entre os 10%de maior ganho realdiminuíram seus ren-dimentos mínimos em6,8% em relação a agos-to do ano passado.Para os assalariados

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localizados nessa mesma faixa de renda, a perda derendimentos foi de 6,6%. Os respectivos valores des-ses rendimentos foram R$ 1.200,00 e R$ 1.215,00.Observou-se ainda que o rendimento máximo dos10% mais pobres teve expressivo crescimento(16,2%) para os Ocupados e acréscimo um poucomenor (11,5%), para os Assalariados. O valor máxi-mo recebido por esses trabalhadores foi R$ 180 paraos assalariados e R$ 100 para os ocupados.

Considerações finais

De modo geral, os níveis de desemprego ao lon-go deste ano ficaram predominantemente mais bai-xos que nos mesmos meses em 2000. No entanto,vale a pena ressaltar que o bom desempenho daeconomia brasileira no ano passado favorecia o cres-cimento das taxas de ocupação, o que fez as taxasde desemprego recuarem durante todo o ano, sain-do de 28,6%, em março, para 24,8% em dezembro.Já este ano, as circunstâncias são completamentediferentes: além das taxas de desemprego já teremavançado para 27,8% em setembro, vivemos umainstabilidade macroeconômica que nos leva a pre-ver uma retração ainda maior da atividade até o fimdo ano, gerando uma quantidade de postos de tra-balho incapaz de atender à oferta de mão-de-obraexistente e, assim, dando mostras de que esse ce-nário desfavorável continuará favorecendo o cres-cimento do desemprego

Tal como nas outrasregiões metropolitanas doPaís, as atividades naRMS passaram a exigiruma maior seletividadeno mercado de traba-lho, permitindo que umaparcela minoritária dostrabalhadores maisqualificados consigaocupações com contra-tos formais e coberturaprevidenciária, enquan-to a outra parcela seinsere em relações detrabalho desreguladase sem proteção. Alémdisso, a terceirização

da produção e dos serviços transfere cada vez maistrabalhadores da indústria de transformação parapequenas empresas, engrossando as estatísticasde trabalho temporário.

Todos esses fatores foram determinantes paraintensificar o processo de precarização do mercadode trabalho na RMS, em que as más condições deempregabilidade forçam o surgimento de uma gamade relações de trabalho desvinculadas da CLT, combaixíssimos rendimentos e, inevitavelmente, agudi-zam as desigualdades das condições de trabalho,emprego e remuneração.

Quanto aos rendimentos, percebe-se que vêmtendo comportamento declinante, com seus níveisabsolutos inferiores aos do mesmo período do anopassado. Tanto para os ocupados quanto para osassalariados os índices do rendimento real diminu-em consideravelmente no período. O rendimentomédio dos ocupados que era, em agosto de 2000,de R$ 573, 00, em agosto de 2001 foi de apenas R$543,00, importando numa queda de 5,1%. Analisan-do-se somente os assalariados, vê-se que percebi-am um rendimento médio de R$ 625,00 e passarama perceber apenas R$ 607, resultando num decrés-cimo de 2,5%.

Dessa forma, conclui-se que a qualidade dosempregos gerados na RMS diminuiu substancial-mente: a taxa de desemprego aberto vem aumen-tando, assim como o desemprego por trabalhoprecário e, apesar do emprego com carteira assina-

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da vir aumentando, isto se dá às custas da reduçãodos rendimentos. A todos esses fatores sobrepõem-se as péssimas condições de trabalho e de vida damaior parte da população soteropolitana, principal-mente as dos grupos mais pobres, que, sem dúvidaalguma, são os mais prejudicados.

Notas

1 A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é um levanta-mento domiciliar contínuo, realizado mensalmente na RegiãoMetropolitana de Salvador pela SEI – Superintendência deEstudos Econômicos e Sociais da Bahia, pela SETRAS – Se-cretaria de Trabalho e Ação Social e pela UFBA – Universi-dade Federal da BAhia, em convênio com a Fundação SEADEe o DIEESE.

2 O desemprego aberto engloba todas as pessoas de 10 anose mais de idade que não têm trabalho e que efetivamenteprocuraram emprego ou negócio nos últimos 30 dias anterio-res à pesquisa.

3 O desemprego oculto é subdividido em duas categorias: portrabalho precário, que engloba as pessoas de 10 anos e maisde idade que, simultaneamente à procura de trabalho, reali-zam trabalhos remunerados descontínuos e irregulares outrabalhos não-remunerados de ajuda em negócios de paren-tes; e o por desalento, que engloba aquelas pessoas comdisposição e disponibilidade para trabalhar, mas que não pro-curaram trabalho nos últimos 30 dias, devido às circunstânci-as do mercado de trabalho ou por circunstâncias fortuitas,mas o fizeram nos últimos 360 dias.

Edson A. S. Sobrinho é técnico da SEI.E-mail: [email protected]

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A Bahia, como integrante da região Nordeste doBrasil, trás em si grande parte das característicasfísicas, econômicas e culturais dessa região. Entreos traços físicos destacam-se os relevos pouco aci-dentados, mas especialmente o clima semi-árido quedomina mais de 60% de seu território. Entre as ca-racterísticas econômicas, podem-se observar, de umlado, uma agricultura familiar, de subsistência, de-pendente das chuvas e pouco rentável, ao lado deoutras onde se investe em produção irrigada visan-do à exportação. Nota-se também um processo deindustrialização implantado e em desenvolvimento,cidades amplamente urbanizadas, a par de áreascarentes de quase todos os serviços, habitadas porpessoas que vivem abaixo da linha de pobreza2. Emtermos culturais, percebe-se um rico folclore com-posto de festas, cantos e danças de origem religio-sa ou pagã.

Portanto, o estado não pode ser entendido semse levar em consideração suas diferenciações in-ternas. Ou seja, uma observação mais atenta dascaracterísticas e peculiaridades da Bahia identifi-ca contrastes nos aspectos físicos, ambientais,econômicos, sociais, etc., que acabam por cons-tituir três grandes áreas com perfis – especialmen-te físicos – que as distinguem umas das outras eque contribuíram para acentuar as diferenças nospadrões de assentamento humano e de explora-ção econômica. São elas o Litoral, o Semi-Árido eo Cerrado.

Essa segmentação está considerando a divisãoda Bahia em Regiões Econômicas estabelecida pela

Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia(SEPLANTEC). Desse modo, objetivou-se estabe-lecer condições de comparabilidade com uma sériede estudos de caráter sociodemográfico já realiza-dos, particularmente para as duas últimas décadas,que também têm adotado tal regionalização. O Lito-ral3 da Bahia, assim, fica composto por cinco dasRegiões Econômicas (RE); nove formam o Semi-Árido4 e apenas uma compõe o Cerrado5.

Observe-se que embora exista uma delimitaçãooficial do semi-árido6, esse conceito, aqui, tem valorcomo referência, pois a divisão em Regiões Econô-micas impossibilita que a mesma seja respeitadaintegralmente (Cartograma 1).

Nessa perspectiva, pretende-se analisar algunsaspectos das tendências do crescimento demográ-fico reveladas pelo Censo de 2000 – a partir dosresultados parciais já divulgados –, comparativamen-te aos censos de 1980 e 1991, levando-se em con-ta as três Grandes Áreas acima mencionadas. Aanálise contemplará ainda a distribuição espacial doshabitantes por local de residência e porte dos muni-cípios.

Um pouco de História: primórdios dopovoamento7 da Bahia

A colonização do território brasileiro e baianocomeçou pela ocupação do litoral em sua exten-são – chamada de ocupação “estilo caranguejo”8 –em vista de ser a área mais fértil e de mais fácilacesso, mas, também, pelas dificuldades para se

Litoral, Semi-Árido e Cerrado:grandes áreas da Bahia1

Diva Maria Ferlin Lopes*

Patricia Chame Dias**

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chegar ao interior, por força dos obstáculos natu-rais – como a presença de serras bem junto dolitoral e a densidade da Mata Atlântica – e da hos-tilidade de muitas tribos indígenas. Até hoje o Lito-ral é a região mais densamente povoada, urbani-zada e que apresenta maior dinamismo econômico,embora em termos territoriais seja a menor das trêsGrandes Áreas.

O Semi-Árido passou a ser ocupado pelos por-tugueses a partir da expansão da criação bovina –que como atividade subsidiária da lavoura canaviei-ra devia ocupar outros espaços – junto da qual sedesenvolveram também os cultivos de subsistência.

Essas atividadespromoveram, aolongo do tempo,uma estrutura fun-diária em que coe-xistem grandes la-tifúndios, ao ladode expressivo nú-mero de pequenosproprietários.

Apesar das difí-ceis condições desobrevivência nes-sa área em funçãodas condições cli-máticas, a proprie-dade da terra pare-ce ter se constituídoem um dos princi-pais elementos defixação dos indivídu-os à terra9. Dessaforma, mesmo comuma economia ba-seada essencial-mente na agriculturaem moldes tradicio-nais, quase metadedos baianos aindavive no Semi-Árido.

A região do Cer-rado começou a serdesbravada aindano século XVI, atravésdo Rio São Francis-

co, mas a dificuldade de acesso ocasionou grandemorosidade no processo de povoamento. Somen-te a partir de meados do século XX, diferentes pro-gramas governamentais levaram a uma intensa erápida transformação dos cerrados brasileiros. Poressa via, a parte mais a oeste da Bahia, o chama-do Além São Francisco, passou a integrar essaárea de expansão agrícola – basicamente volta-da ao cultivo de grãos (especialmente a soja) paraexportação – atraindo levas de novos moradores,vindos especialmente de outros estados. Contu-do, essa é ainda, em termos demográficos, a áreamais rarefeita.

Cartograma 1Grandes Áreas e Regiões EconômicasBahia, 2000

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Distribuição espacialdos habitante nasGrandes Áreas daBahia

Entre os anos de1980 e 2000, a popula-ção do Semi-Árido se-guidamente perdeu re-presentatividade frenteao conjunto estadual.Agregava mais de 50%dos residentes baianosem 1980 e caiu para48,40% em 2000, masainda detendo a maiorparte dos residentes daBahia. As demais áre-as apresentaram ten-dência inversa, ampliando sua importância na com-posição do total baiano. Com isso, o porte docontingente demográfico do Litoral que, em 1980,foi de 45,59%, passou a 47,90% em 2000, aproxi-mando-se do registrado no Semi-Árido (Gráfico 1).Apenas 3,72% dos baianos residia no Cerrado, noúltimo censo.

Nota-se, portanto, um movimento de concentra-ção de indivíduos nas áreas de maior dinamismoeconômico que, paralelamente, ocupam as menoresextensões territoriais do estado, apesar de o Cerra-do ficar com cerca de 1/5 dessa extensão (Gráfico2). Assim, na menor porção da Bahia estava quase ametade dos seus habitantes, resultando numa ele-

vada densidade demográfica (77,22hab/km²), bastan-te superior à das demais áreas (Gráfico 3).

O declínio dos ritmos de crescimento e asoscilações do peso relativo das populaçõestotal, urbana e rural das Grandes Áreas

De 1980 a 2000, as populações das GrandesÁreas aumentaram em números absolutos (Tabela1), embora crescendo a taxas decrescentes. No pri-meiro período, as taxas registradas nas três Gran-des Áreas e na Bahia como um todo sugeremcompensação entre os fluxos de entrada e saída demigrantes10. Em relação ao período 1991-2000, a

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ausência, até o momento, de estimativas sobre ocrescimento vegetativo da Bahia, impossibilitou quese estabelecessem hipóteses sobre o crescimentode suas regiões e municípios. Entretanto, pode-seobservar a generalizada retração dos ritmos de cres-cimento demográfico no estado e nessas três Gran-des Áreas, tendo o Semi-Árido registrado a menortaxa de crescimento (menos que 1% ao ano), inferiorà média estadual.

Região Metropolitana de Salvador, que em 1980apresentava grau de urbanização igual a 96,02%.

Tratando-se do peso das populações urbanas noconjunto estadual (Gráfico 4), verifica-se a sucessi-va diminuição do peso relativo do Cerrado, emboraapresente o maior ritmo de crescimento urbano nosdois períodos. No Litoral e no Semi-Árido houve os-cilações nas proporções encontradas; no entanto, ocontingente urbano do primeiro foi sempre superioraos dos demais.

As populações rurais também experimentaramqueda nos ritmos de crescimento, o que acentuouas perdas demográficas observadas desde 1980-91. Nesse período, as três áreas registraram taxasde crescimento compatíveis com perdas demográ-

2alebaTotnemicsercedsaxatelatotoãçalupoP

launaoidém0002/0891,saerÁsednarGeaihaB

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0891 1991 0002/0891

1991/1991

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odirá-imeS 470.307.1 401.866.2 408.563.3 71,4 16,2

uoetseOodarreC

129.201 342.091 305.162 47,5 06,3

aihaB 403.066.4 077.610.7 406.167.8 97,3 05,2

0002e1991,0891edsocifárgomeDsosneC.EGBI:etnoF

1alebaTotnemicsercedsaxatelatotoãçalupoP

launaoidém0002/0891,saerÁsednarGeaihaB

oãigeR

oãçalupoPedsaxaT

otnemicserC).a.a%(

0891 1991 0002/0891

1991/1991

0002

larotiL 986.013.4 304.605.5 336.852.6 52,2 34,1

odirá-imeS 128.808.4 626.429.5 420.423.6 29,1 37,0

odarreC 618.633 359.834 352.684 44,2 41,1

aihaB 643.454.9 199.768.11 019.660.31 90,2 80,1

0002e1991,0891edsocifárgomeDsosneC.EGBI:etnoF

Observou-se na Bahia acentuada elevação docontingente urbano tanto entre 1980 e 1991 quantoentre 1991 e 2000, graças ao registro de taxas decrescimento muito altas e sugestivas de imigraçãolíquida nos dois períodos. Individualmente, as Gran-des Áreas também experimentaram taxas de cres-cimento elevadas nes-ses períodos, embora,também com tendênciadecrescente (Tabela 2).O Litoral registrou omenor ritmo de cresci-mento urbano do se-gundo período, o queem parte pode ser atri-buído a seu elevadograu de urbanização,superior a 50% no anode 1980, data em quea média estadual era49,29%. Ressalve-seque nessa área – comexceção do RecôncavoSul – estão as regiõesmais urbanizadas daBahia, especialmente a

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.61-68 Dezembro 2001 65

ficas líquidas, sendoque o Litoral registraraperdas absolutas. Essecomportamento refle-tiu-se no crescimentorural da Bahia que, pelaprimeira vez, tambémapresentara perdas lí-quidas de população.

De 1991 a 2000, astaxas de crescimentomédio anual da Bahia ede suas Grandes Áre-as foram negativas. Emoutros termos (Tabela3), em conjunto diminu-íram o porte de suaspopulações rurais emcerca de 500 mil habi-tantes. O Litoral apre-sentou o maior ritmo deperdas demográficas rurais, inclusive mais acentu-ado que o da média estadual. Por outro lado, essaárea cresce em participação na composição da po-pulação rural da Bahia, dado que as outras diminu-íram, ano a ano, seu peso proporcional (Gráfico 5).

Esses dados, associados ao ainda elevado pa-tamar de crescimento urbano, visto acima, eviden-ciam a permanência de significativo fluxo migrató-rio rural-urbano, promovendo o esvaziamento docampo.

Algumas constatações sobre o porte dosmunicípios em 2000

Em 2000, havia indiscutível disparidade quantoao tamanho das populações dos 415 municípios bai-anos11. Apenas 12 contavam com mais de 100 milresidentes, e somente um com mais de 500 mil ha-bitantes. A grande maioria (44,09%) registrou po-pulações entre 10 e 20 mil residentes. Ademais,havia um significativo percentual de municípios commenos de 10 mil habitantes: 17,11% ou 71 unida-des. (Tabela 4).

A Tabela 5 apresenta os dez municípios baianoscom menos de 5.500 residentes, sete deles locali-zados no Semi-Árido. Em conjunto, contribuíam commenos de 0,5% do total de moradores da Bahia.

3alebaTotnemicsercedsaxatelaruroãçalupoP

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0891 1991 0002/0891

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larotiL 903.458.2 324.851.4 792.431.5 84,3 73,2

odirá-imeS 470.307.1 401.866.2 408.563.3 71,4 16,2

uoetseOodarreC

129.201 342.091 305.162 47,5 06,3

aihaB 403.066.4 077.610.7 406.167.8 97,3 05,2

0002e1991,0891edsocifárgomeDsosneC.EGBI:etnoF

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adohnamateaxiaFoãçalupop

ededaditnauQsoipícinum

oãçapicitraP)%(

lim005edamicA 1 42,0

lim005alim001ed 11 56,2

lim001alim05ed 62 72,6

lim05alim02ed 321 46,92

lim02alim01ed 381 90,44

lim01edsoneM 17 11,71

latoT 514 00,001

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

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66 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.61-68 Dezembro 2001

suía menos de 20 mil moradores, das quais 268variavam entre 1.000 e 10 mil pessoas.

Destaque-se que as maiores populações urbanasdo estado agregavam 49,08% do total urbano daBahia (Tabela 7). Com larga diferença em relação aSalvador, o segundo maior conjunto urbano encon-trava-se em Feira de Santana: 431.530 habitantes(4,93% do total). Além de Salvador e Feira deSantana, apenas Vitória da Conquista (225.430 hab.)e Itabuna (190.888 hab.) possuíam, individualmente,mais de 2% da população urbana do estado.

5alebaTesetnatibah005.5edsonemmocsoipícinuM

odatseodoãçalupopanoãçapicitrap0002,aihaB

oipícinuM oãçalupoPoãçapicitraP

odatseon)%(

sevlAonimriF 861.5 40,0

aidnâlovarC 489.4 40,0

oãivaG 897.4 40,0

areuqibI 005.4 30,0

ohnidejaL 253.4 30,0

árocniSodsadnetnoC 962.4 30,0

ohnituoCeteyafaL 301.4 30,0

atsoCodecaMmoD 747.3 30,0

oãdejaL 404.3 30,0

aidnâlotaC 780.3 20,0

latoT 214.24 23,0

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

Em 2000, Salvador registrou 2.440.828 habitan-tes, 18,68% do total da Bahia. Nenhum outro muni-cípio alcançou a marca de 500.000 residentes. Feirade Santana e Vitória da Conquista respondiam, res-pectivamente, por 3,68% e 2,10% dos moradorestotais. Juntas, essas três maiores unidades munici-pais concentravam 24,37% dos baianos. As demaisrespondiam, individualmente, com menos de 2% doconjunto do estado (Tabela 6). Dos 12 municípioscom mais de 100 mil residentes, seis situam-se nagrande área Litoral.

6alebaTesetnatibah000.001edsiammocsoipícinuM

odatseodoãçalupopanoãçapicitrap0002,aihaB

oipícinuM oãçalupoPoãçapicitraP

odatseon)%(

rodavlaS 828.044.2 86,81

anatnaSedarieF 731.184 86,3

atsiuqnoCadairótiV 585.262 10,2

suéhlI 388.122 07,1

anubatI 654.691 05,1

oriezauJ 101.471 33,1

iraçamaC 151.161 32,1

éiuqeJ 511.741 31,1

sarierraB 533.131 10,1

sahniogalA 716.921 99,0

satierFedoruaL 572.311 78,0

satierFedariexieT 752.701 28,0

latoT 047.665.4 59,43

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

7alebaTseõçalupopseroiamsamocsoipícinuM

odatseodoãçalupopanoãçapicitrapsanabru0002,aihaB

oipícinuMoãçalupoP

anabrU

oãçapicitraPodatseon

)%(

rodavlaS 328.934.2 48,72

anatnaSedarieF 035.134 39,4

atsiuqnoCadairótiV 034.522 75,2

anubatI 888.091 81,2

suéhlI 898.161 58,1

iraçamaC 928.351 67,1

oriezauJ 697.231 25,1

éiuqeJ 702.031 94,1

sarierraB 133.511 23,1

sahniogalA 933.211 82,1

satierFedoruaL 821.801 32,1

satierFedariexieT 964.89 21,1

latoT 866.003.4 80,94

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

Em vista da tendência da população urbana dese concentrar nas sedes municipais, as maiores ci-dades em 2000 situavam-se exatamente nos muni-cípios de maior contingente urbano. Em outraspalavras, inexistem áreas urbanas com alguma re-levância demográfica fora das sedes municipais. Porexemplo, em Salvador e Itabuna, a população dasede eqüivalia ao total do contingente urbano. Tam-bém em Lauro de Freitas e Teixeira de Freitas, maisde 90% da população urbana residia em seus distri-tos sede.

Como se pode supor pelo exposto, ao lado des-sa situação encontram-se as de populações urba-nas extremamente reduzidas, que nem sequerabrigavam 0,1% do total estadual. Na Tabela 8listaram-se todos os contingentes urbanos com me-nos de 1.500 hab., sendo que dois deles – Muquémdo São Francisco e Catolândia – apresentavam

A mesma disparidade de porte demográfico podeser identificada nas populações das áreas urbanas.A maior parte delas (351 ou 74,57% do total) pos-

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.61-68 Dezembro 2001 67

menos de 1.000 residentes. Mesmo somadas, aspopulações urbanas desses municípios represen-tavam apenas 0,15% da Bahia urbana.

Quanto à população rural, observou-se um nívelde concentração bastante inferior ao da populaçãourbana. De fato, em 2000, tal como demonstra aTabela 9 – com todos os contingentes rurais superi-ores a 30 mil hab. – as maiores populações agrupa-vam apenas 11,18% do total rural baiano. Isolada-mente, nenhum município representava ao menos1,50% dos moradores rurais da Bahia. Excetuando-

8alebaTsetnediser005.1edsonemmocsoipícinuM

anabruoãçalupopanoãçapicitrapesonabruodatseod

0002,aihaB

oipícinuMoãçalupoP

anabrU

oãçapicitraPodatseon

)%(

orapmAodariebiR 954.1 20,0

oãrdeP 754.1 20,0

sabíaraC 024.1 20,0

osodraCocirÉ 123.1 20,0

atsoCodecaMmoD 692.1 10,0

etnariM 872.1 10,0

adereV 672.1 10,0

silopónatnaS 542.1 10,0

ohnidejaL 851.1 10,0

ocsicnarFoãSodméuquM 699 10,0

aidnâlotaC 948 10,0

latoT 557.31 61,0

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF se Ilhéus (no Litoral), todos os que se encontram nocaso referido situam-se no Semi-Árido.

Como era de se esperar pelo exposto, foramencontradas populações rurais extremamente pe-quenas, 14 delas com menos de 2.000 residentes.Em conjunto, essas eqüivaliam a 0,42% do total doshabitantes rurais da Bahia. Saubara apresentou omenor contingente rural do estado: 114 hab., cor-respondendo a 0,003%. Resta lembrar que um mu-nicípio, Itaparica, não registrou população rural.

Considerações finais

Litoral, Semi-Árido e Cerrado registraram ritmosde crescimento demográfico bastante semelhantes.A população total dessas Grandes Áreas e suaspopulações urbanas cresceram a taxas decrescen-tes, embora estas últimas tenham registrado ganhossugestivos de imigração. Nas respectivas popula-ções rurais, as taxas de crescimento, que já eramindicativas de perdas demográficas líquidas entre1980 e 1991, caíram ainda mais de 1991 a 2000,registrando-se, nas três áreas, perdas absolutas decontingentes demográficos.

Dessa forma, verifica-se que em termos de ten-dências de crescimento essas áreas têm comporta-mentos análogos. O que as diferencia, além da

9alebaTsiarursetnatibahlim03edsiammocsoipícinuM

odatseodlaruroãçalupopanoãçapicitrape0002,aihaB

oipícinuMoãçalupoP

laruR

oãçapicitraPodatseon

)%(

suéhlI 589.95 93,1

anatnaSedarieF 432.94 41,1

otnaSetnoM 250.74 90,1

oriezauJ 503.14 69,0

osomroFopmaC 339.04 59,0

áripI 304.83 98,0

ahnirreS 152.73 78,0

atsiuqnoCadairótiV 551.73 68,0

éganA 841.63 48,0

onacuT 543.23 57,0

icarA 493.13 37,0

sabúacaM 701.03 07,0

latoT 213.184 81,11

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

01alebaTipícinuM mocso seroirefnisiarurseõçalupop

anoãçapicitrapesetnatibah000.2aodatseodlaruroãçalupop

0002,aihaB

oipícinuMoãçalupoP

larur

oãçapicitraPodatseon

)%(

aidnâlovarC 489.1 50,0

árocniSodsadnetnoC 339.1 40,0

zurCareV 078.1 40,0

mirimigatI 677.1 40,0

avoNarreT 047.1 40,0

ohnidarboS 317.1 40,0

oãdejaL 755.1 40,0

saledoR 374.1 30,0

sevlAonimriF 463.1 30,0

airótiVadésoJoãS 650.1 20,0

rodavlaS 500.1 20,0

sênIatnaS 256 20,0

sueDederdaM 734 10,0

arabuaS 711 00,0

latoT 065.81 34,0

0002edocifárgomeDosneC.EGBI:etnoF

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68 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.61-68 Dezembro 2001

territorialidade, é a distribuição espacial dos morado-res. Assim, o Semi-Árido e Litoral agregam quase ametade dos baianos cada um, restando pequenamargem no Cerrado. No entanto, em relação ao totalurbano da Bahia, o peso do contingente urbano doLitoral é bem mais alto que o do Semi-Árido nos trêscensos. O inverso vale para o contingente rural. Apopulação rural do Semi-Árido representava mais de60% do total rural do estado em 1980,1991 e 2000.

Observando-se o conjunto dos dados analisados,pode-se dizer que as áreas mais dinâmicas econo-micamente, Litoral e Cerrado, são as que vêm au-mentando o peso relativo de suas populações nototal estadual. O Semi-Árido, onde predomina umaeconomia em moldes tradicionais, vem experimen-tando o processo inverso.

Notas

1 Este trabalho contou com o apoio técnico de Margarida Mottana elaboração do cartograma, bem como na formatação dotexto e na uniformização de gráficos e tabelas.

2 São contadas como vivendo na “linha de pobreza”, ou abaixodela, todas as famílias com rendimento igual ou inferior a 1/2SM per capita, por mês. Na mesma vertente de raciocínio delinha de pobreza há o conceito de “famílias indigentes”: aque-las cuja renda familiar corresponde, no máximo, ao valor deaquisição da cesta básica de alimentos, atendendo aos re-querimentos nutricionais recomendados pela FAO/OMS/ONU.

3 O Litoral compreende as seguintes Regiões Econômicas: Me-tropolitana de Salvador, Litoral Norte, Litoral Sul, Extremo Sule Recôncavo Sul. Ao todo, 137 municípios.

4 Nessa área estão as RE: Nordeste, Paraguaçu, Sudoeste,Baixo Médio São Francisco, Piemonte da Diamantina, Irecê,Chapada Diamantina, Serra Geral e Médio São Francisco.Abrange 257 municípios.

5 Essa área é representada apenas pela RE Oeste, com suas22 unidades municipais. Cinco delas fazem parte da delimi-tação oficial do Semi-Árido.

6 A delimitação oficial do Semi-Árido foi proposta pelo Fundo Cons-titucional do Nordeste – FNE-SUDENE – Resolução Nº. 10929/94.

7 O termo povoamento, que será usado aqui em vários mo-mentos, significa habitar local desabitado. O Dicionário Auré-lio remete a povoar; formar povoação em: prover de habitan-tes; tornar habitado. O território brasileiro e, neste caso, obaiano em particular, na época do descobrimento, mesmoem suas áreas mais inóspitas, não era despovoado. Váriospovos, distribuídos em nações, com línguas e culturas dife-

renciadas, habitavam essas terras, que, além da coloniza-ção branca, recebeu, posteriormente, a presença e influên-cia dos negros trazidos da África. Portanto, povoamento, nestetrabalho, significa a entrada do elemento colonizador branco.

8 Caio Prado Júnior (1972: 39) esclarece que na metade doséculo XVIII estava definido o território que veio a constituir oBrasil. No que tange a seu povoamento, 60% dos coloniza-dores portugueses concentravam-se no litoral, numa faixapouco larga. Em 90% ou mais da área, estava menos dametade dos habitantes. Efetivamente, o povoamento avan-çou para o interior bem mais tarde: “O nosso cronista de prin-cípios dos seiscentos, Frei Vicente do Salvador, acusa entãoainda os colonos de se contentarem em ‘andar arranhandoas terras ao longo do mar como caranguejos’.”

9 A esse respeito ver Borges, A. (1993).

10 A compensação dos fluxos migratórios de entrada e saída deresidentes está associada à estimativa de crescimento vegeta-tivo da Bahia de 2,20% ao ano, no período 1980-1991 (Martinee Wong, 1995). Portanto, os municípios e regiões baianos teri-am seu crescimento vegetativo variando entre 1,59% e 2,49%ao ano, ou seja em torno da média estadual. Acima dessa faixa,ter-se-ia crescimento por imigração e abaixo dela perdas demo-gráficas líquidas. A esse respeito consultar SEI, 1998 e Souza eMuricy, 2001.

11 Em 2000, foram criados 2 municípios: Barrocas e Luís Eduar-do Magalhães, totalizando 417. No entanto, os dados atéagora divulgados não permitem o ajuste dos censos de 1991e de 1980, para que se possa estabelecer a comparabilidadenecessária às análises.

Referências bibliográficas

BORGES, Ângela. Sobre o atraso do processo de urbanizaçãona Bahia. Salvador. Bahia Análise e Dados, Salvador, CEI, v.3,n. 2, set. 1993.

MARTINE, G. WONG, L. Projeto Áridas (resumo executivo).1994/95.

PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo.12ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1972.

SOUZA, Guaraci Adeodato A. de; MURICY, Ivana Tavares.Mudanças nos padrões de fecundidade e de mortalidade nainfância na Bahia - 1940/1997. Salvador: SEI, 2001.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS ESOCIAIS DA BAHIA. Mudanças sociodemográficas recentes:Região Extremo Sul da Bahia. Salvador, SEI, 1998.

* Diva Maria Ferlin Lopes é socióloga e técnica da SEI.

** Patricia Chame Dias é pedagoga, psicólogae técnica da SEI.

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Introdução

Este artigo, utilizando-se da teoria do capital hu-mano, estima e discute as taxas internas de retornodos investimentos em educação e em experiência notrabalho para a Região Metropolitana do Salvador(RMS), com dados em cross-section, no período deoutubro de 1996 a janeiro de 2000. Será tomada deempréstimo a hipótese da sinalização do enfoque dofiltro para dar suporte à explicação do comportamen-to das taxas internas de retorno divergentes do quese poderia esperar pela teoria do capital humano.

Uma premissa básica da teoria do capital huma-no, objeto de críticas, é a de que a educação de fatodesenvolve capacidades cognitivas que resultam emaumento de produtividade do trabalhador1. Além dis-so, nessa teoria, uma vez que se supõe que os mer-cados de produto e de fatores são perfeitamentecompetitivos, o rendimento do trabalho é igual à pro-dutividade marginal.

Uma hipótese que se adota na análise de custo-benefício em que se calculam as taxas de retornoem educação é a de que os gastos em educaçãosão gastos de investimento exclusivamente e, comotal, dão origem a um fluxo de entradas de caixa aolongo do tempo. A esse investimento, feito na esco-la ou no trabalho, medido em unidades monetáriasou em unidade de tempo (anos, por exemplo), cor-respondem custos, explícitos ou implícitos.

Para que não se realizem inferências indevidas apartir dos resultados deste artigo, ressalte-se que aanálise de investimento adotada é a da ótica privada,

ou seja, aquela realizada do ponto de vista individu-al, do aluno, no caso da educação formal, ou do pon-to de vista do trabalhador, enquanto acumula capitalhumano sob diferentes formas, na empresa.

Em outras palavras, quando se apura uma taxainterna de retorno de, diga-se, 31,9% ao ano do en-sino superior com relação ao ensino médio, se está adizer que, do ponto de vista do estudante, este é uminvestimento altamente rentável, cuja realização sejustifica desde que o custo do capital que o financieseja estritamente inferior à taxa de retorno. Nestascondições, o incremento de renda que o estudanteobterá após a conclusão do curso mais do que com-pensará os custos de oportunidade de rendasacrificada que incorreu na realização do ensino su-perior e, a renda adicional gerada, será mais do quesuficiente para a amortização do financiamento.

Infelizmente, o financiamento de investimentosem educação pessoal torna-se reduzido, quando nãoinexistente, pois, sob o efeito das características docapital humano (felizmente, apenas o seu direito deuso é negociável), ocorrem falhas no mercado decapitais. Por causa dessas falhas de mercado, e emdecorrência das altas externalidades positivas daeducação, é perfeitamente justificável algum tipo deintervenção estatal, de que são exemplos a conces-são de crédito educativo (FIES) ou, em certos ca-sos, de bolsas de estudo.

As taxas de retorno em educação são muitoúteis para nortear a decisão do estudante quantoa estudar um período adicional ou não. Dentre osaspectos positivos que favorecem a adoção des-

Os retornos do capital humano

na Região Metropolitana de Salvador

Cláudio Pondé Avena*

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70 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.69-81 Dezembro 2001

sas taxas estão o papel de sinalizadores para osagentes econômicos (as faculdades e escolas par-ticulares, por exemplo) se há escassez ou não derecursos humanos com determinado nível de es-colaridade ou profissão. Quanto maior uma taxade retorno, estar-se-ia a indicar que menor é a ofer-ta disponível do recurso humano com a qualifica-ção a que essa taxa se refere.

Moura Castro (1974:401), em defesa do uso dastaxas de retorno em educação, afirma que elas “sãouma excelente, se não a melhor medida da escas-sez relativa. Podemos, mesmo tautologicamente,definir escassez através da taxa de retorno....emespecial do ponto de vista privado”. Prosseguindo,o autor afirma: “conhecendo as taxas poderemosprever ou entender comportamentos de mercado,constatar a abundância ou escassez de determina-dos tipos de mão de obra e julgar a viabilidade deoferecer este ou aquele tipo de educação”.

Este artigo encontra-se dividido em quatro se-ções, inclusive esta introdução. Na segunda seçãoapresentam-se as estimativas e discutem-se os re-sultados a partir de um modelo de escolaridade sim-ples, fazendo-se uso de variáveis contínuas e dis-cretas (dummies). Na terceira seção, amplia-se omodelo ao incorporar a variável experiência (seguin-do três definições diferentes), o sexo e a raça doindivíduo, e realizam-se estimativas das taxas deretorno em experiência no trabalho. Na quarta se-ção apresentam-se os principais resultados.

Modelos de escolaridade simples

Nesta seção serão apresentados e discutidos osresultados do denominado modelo de escolaridadesimples, expresso pela equação 12. O modelo sim-ples será visto em duas versões: a primeira, em quea variável escolaridade, S, é contínua3, e a segun-

da, em que essa variá-vel será representadapor dezessete variáveisdummy, uma para cadaano completo de estu-do. A variável depen-dente é o logaritmo ne-periano do rendimentopor hora provenientede todos os tipos deocupação na RMS.

Resultados do mo-delo com variável esco-laridade contínua

Os primeiros resul-tados estão sumaria-dos no Quadro 1.Segundo a regressão“geral”, a taxa média deretorno (representadapelo coeficiente da va-riável escolaridade) emeducação é de 15,1%ao ano, e estatistica-mente significativa con-forme garantido pelaestatística t de 199,8.

1ordauQselpmiSedadiralocsEedoledoModsocirípmEsodatluseR

YnL ij YnL= i0 Sr+ i + εεεεεi )1(

oãçacificepsE otpecretnI S R2 .tsujA F n

lareG )98,77-(135,0- )8,991(151,0 743,0 84,849.93 441.57

edadiralocsE

uargº1 )2,71-(591,0- )2,53(470,0 330,0 89,532.1 258.53

uargº2 )4,82-(85,2- )9,83(33,0 650,0 99,905.1 106.52

uargº3 )0,32-(83,2- )98,24(03,0 251,0 31,938.1 552.01

oxeS

onilucsaM )28,93-(963,0- )38,541(351,0 643,0 99,462.12 571.04

oninimeF )90,97-(367,0- )60,941(451,0 983,0 86,912.22 969.43

açaR

acnarB )25,82-(606,0- )39,59(081,0 393,0 44,202.9 502.41

acnarb-oãN )35,36-(954,0- )14,651(431,0 782,0 32,564.42 998.06

edadI

sona91a41 )65,64-(749,0- )20,93(911,0 981,0 84,225.1 425.6

sona42a02 )58,93-(856,0- )50,46(811,0 652,0 35,201.4 909.11

sona43a52 )54,93-(205,0- )75,501(241,0 033,0 68,541.11 585.22

sona44a53 )29,42-(333,0- )99,801(451,0 883,0 27,978.11 367.81

sona45a54 )94,9-(451,0- )0,88(251,0 624,0 76,347.7 634.01

sona46a55 )64,6-(861,0- )4,15(951,0 034,0 76,146.2 205.3

siamuosona56 )14,7-(793,0- )34,82(881,0 064,0 84,808 059

aicnêirepxE )1(

sona9a0 )81,49-(963,1- )76,031(391,0 854,0 35,570.71 832.02

sona91a01 )47,06-(187,0- )85,031(771,0 334,0 76,150.71 553.22

sona92a02 )03,23-(44,0- )28,211(761,0 124,0 25,727.21 725.71

sona93a03 )57,01-(761,0- )75,47(941,0 373,0 52,065.5 543.9

sonasiamuo04 )52,6-(11,0- )72,74(941,0 282,0 56,732.2 976.5

SMR/DEPadritraparotuaodsolucláC:etnoF:)0991(nosniveLemaLes-uiugesiuqa,)E(aicnêirepxearapyxorpomoC.sesetnêrapertneoãtsetsacitsítatsesA:satoN

.7-sotelpmoCodutsEedsonA-edadI=E

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.69-81 Dezembro 2001 71

Desagregando-se as estimativas por nível deescolaridade, observa-se que enquanto a taxa mé-dia de retorno do primeiro grau é de 7,4% ao ano,as taxas de retorno são mais elevadas no segundograu, com 33% ao ano, e no terceiro grau, com 30%ao ano, todas elas estatisticamente significativascomo atestam as estatísticas t (Vide Quadro 1).

O poder de explicação desse modelo de escolari-dade simplificado (para amostras por escolaridadede 1º, 2º e 3º graus) medido pelo coeficiente de de-terminação ajustado, no entanto, é bastante reduzi-do para todos os níveis de escolaridade, se compa-rado à especificação geral (em que o R2 ajustado éde 34,7%), e é menor quanto menor é o nível de es-colaridade. Nas estimativas do primeiro, do segundoe do terceiro graus, essa estatística é de 3,3%, 5,6%e 15,2%, respectivamente. Isto denota que há fato-res mais importantes na explicação da variação dologaritmo da renda quanto menor o nível de escolari-dade e que o poder de explicação desse modelo éreduzido para níveis desagregados de escolaridade.

Quando se trata da estimativa em amostras porsexo (Vide Quadro 1), o poder de explicação do mo-delo de escolaridade simples situa-se acima de 34%(34,6% para o sexo masculino e 38,9% para o sexofeminino). Grosso modo, isto significa que a educa-ção é um fator mais relevante para explicar a varia-ção da renda do sexo feminino do que a do sexomasculino.

Este resultado é coerente com a literatura: asvariáveis ligadas à escolaridade são mais relevan-tes na explicação da renda do sexo feminino, en-quanto que as variáveis relacionadas à estrutura domercado (tais como tamanho da empresa, grau deconcentração do setor, proporção de empregadosem cargos administrativos) são mais relevantes naexplicação da renda do sexo masculino (Veja-seCamargo e Serrano, 1983).

Além disso, a taxa média de retorno do sexo fe-minino (15,4 % ao ano) é superior4 à do sexo mas-culino (15,3 % ao ano), refletindo a maior escolari-dade do sexo feminino – a escolaridade média damulher é de 8,3 contra a média de 7,8 anos de estu-do completos do sexo masculino.

Uma outra razão para a taxa média de retornodo sexo feminino ser superior ao do sexo opostodeve-se ao fato do incremento percentual da rendamédia (e mediana) ser maior para níveis de renda

por escolaridade mais elevados quando se trata dosexo feminino do que do sexo masculino (Avena,2000).

As regressões por raça revelam que a variaçãoda escolaridade é fator mais relevante para a expli-cação das diferenças de renda dos brancos do quedos não-brancos. O coeficiente de determinaçãoajustado é de 39,3% na estimativa dos brancos con-tra 28,7% dos não-brancos, sugerindo que o mode-lo de escolaridade simples explica melhor a variaçãoda renda dos brancos.

As taxas médias de retorno também diferem5: sãomais elevadas quando se trata dos brancos (18%ao ano) do que dos não-brancos (13,4% ao ano), eas estatísticas t dos coeficientes estimados são bas-tante significativas. A explicação para isto reside emque a escolaridade média do indivíduo branco é de8,1 anos completos de estudo, enquanto a médiados não-brancos é de 6,1 anos.

Nas regressões por classes de idade, o modelode escolaridade simples não apresenta resultadosmuito bons quando se trata da classe dos 14 aos 19anos, pois o coeficiente de determinação é de ape-nas 18,9%. No entanto, o poder de explicação é cres-cente com a idade, alcançando o valor de 46% nafaixa de 65 anos ou mais. Isto se deve a que a varia-bilidade da escolaridade é certamente menor paraas faixas etárias mais baixas, o que denota, comoseria de se esperar, a pouca acumulação de capitalhumano quando se é mais jovem. Além do mais, estefato atesta a importância crescente da escolaridadena explicação da variabilidade dos rendimentos.

Além disso, o retorno em educação é crescentecom a idade: inicia-se mais baixo, 11,9% ao ano nafaixa dos 14 aos 19 anos (porém, estatisticamentesignificativo – a estatística t é de 39,02) e chega aalcançar os 18,8% ao ano, na faixa etária dos 65anos ou mais. Ou seja, aqueles com idade acimados 35 anos são os responsáveis pela elevação dataxa média de retorno.

Desagregando-se a amostra por classes de ex-periência, a estimação do modelo revela que à me-dida que se elevam os anos de experiência, a capa-cidade explicativa do modelo de escolaridadesimples se reduz, como atestam os coeficientes dedeterminação ajustados. Isso indica a crescente im-portância da experiência acumulada na explicaçãode diferenças de rendimento entre indivíduos.

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Ademais, observe-se que a taxa média de retor-no é altamente significativa do ponto de vista esta-tístico em todos os grupos de experiência. Os efei-tos da escolaridade sobre os rendimentos, medidospelos coeficientes da variável educação, diminuem,porém, de maneira pouco acentuada, à medida quese acumula mais experiência. Isso parece revelar aausência de efeitos significativos de obsolescênciado capital humano em educação formal ou, pelomenos parece indicar uma compensação à medidaque se aumenta a experiência (learning by doing).

Resultados do Modelo de Escolaridade Simplescom Dummies

O modelo a ser utilizado nesta subseção é o daequação 2, cujos resultados são apresentados noQuadro 2. Esta especificação decompõe a escolari-dade em anos completos de estudo por meio do usode dezessete variáveis dummies, D

j, (j = 1, 2, ..., 17)

onde Dj assume o valor 1 quando o entrevistado

possui j anos completos de estudo, e Dj assume ovalor zero, caso contrário. Assim, os coeficientes deD

j, δ

j, são as estimativas a serem utilizadas para cál-

culo da rentabilidade do investimento em cada anocompleto de educação formal em relaçãoao ano anterior, mediante a utilização da fórmula[exp (δ

j -

δ

j-1) – 1]*100%.

O Quadro 2 apresenta essas taxas de rentabili-dade e o Gráfico 1 as ilustra. Observe-se que o Grá-

fico 1 destaca, na linha cheia, a rentabilidade da edu-cação formal pela especificação geral do modelo deescolaridade simples (equação 1) por meio da qualse obteve uma taxa média de 15,1% ao ano, e alinha tracejada, obtida pelo modelo simples comdummies (equação 2), mostra a grande variabilida-de de taxas de rentabilidade associadas a cada nívelde escolaridade sobre o ano anterior (Quadro 2).

Verifica-se, pois, que a especificação geral escon-de uma grande heterogeneidade associada aos dife-rentes níveis de escolaridade. Essa não-linearidadenas taxas de retorno reflete a dominação do efeitosinalização sobre o efeito da acumulação do capitalhumano tanto quando se completa um grau de esco-laridade (as taxas se elevam) quanto quando o graunão é completado, ocasião em que as taxas de retor-no se reduzem, por vezes, tornando-se negativas.

Em particular, as taxas de retorno atingem pon-tos de máximo: aos quatro anos completos de estu-do, ocasião em que se conclui o fundamental 1, aosoito anos completos de estudo, quando se conclui ofundamental 2, aos onze anos completos de estu-do, quando se conclui o ensino médio e, aos quinzeanos, quando se completa, em geral, o ensino su-perior.

Cálculos para a RMS (AVENA, 2000) demons-tram que sempre que não há a conclusão do graude escolaridade (1º, 2º e 3º graus incompletos), ocor-re uma redução da renda. Uma explicação, com basena hipótese do enfoque do filtro, é que o indivíduo te-

ria sido considerado por-tador de um potencial pro-dutivo menor, pois, tendose decidido completar umgrau de escolaridade adi-cional, não o fez. Conse-quentemente, a sua ren-da média (ou mediana)chega a ser inferior àrenda média (mediana)daquele que conclui ograu e entra no mercadode trabalho.

Por outro lado, con-forme mostram o Gráfi-co 1 e o Quadro 2, sem-pre que se completa umgrau de escolaridade, há

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significativa elevação dos rendimentos e, conse-qüentemente, da taxa de rentabilidade do investi-mento em educação formal, a despeito do custo purode oportunidade também se elevar à medida quese completa mais um ano de estudo, pois o benefí-cio marginal aumenta proporcionalmente mais doque o aumento do custo indireto.

Com base no Quadro 2 são calculadas as taxasde retorno por nível de escolaridade. A taxa médiaanual é de 9,7%, quando se compara a educaçãofundamental em relação aos analfabetos. No entan-to, as taxas são excepcionalmente elevadas quan-do se compara o ensino médio em relação ao ensinofundamental, no valor de 21% ao ano e, ainda mais,do nível superior em relação ao ensino médio, de31,9% ao ano.

lheres do que para os homens para níveis de edu-cação mais elevados, no caso do ensino médio emrelação ao fundamental, e do ensino superior comrespeito ao ensino médio. No entanto, quando setrata do nível fundamental em relação ao analfabe-to, a taxa de retorno do sexo masculino é superior aodo sexo feminino.

Ainda na especificação da equação 2, o poderde explicação do modelo é superior no sexo femini-no relativamente ao do sexo masculino – enquantoo coeficiente de determinação do sexo feminino éde 45,3%, no do sexo masculino é de 38,9% –,mostrando que a escolaridade é um atributo maisrelevante na explicação da variabilidade da rendadas mulheres do que dos homens. Além do mais,isto também pode denotar que para a ascensão pro-fissional da mulher é requerida uma maior escolari-dade. De outro modo, para um mesmo nível derendimento real, à mulher é exigida uma maior es-colaridade do que o homem, o que parece sugerirum padrão característico de discriminação de ren-dimentos contra a mulher.

Modelos de Escolaridade Ampliados

De modo a captar o efeito do acúmulo de capitalhumano decorrente da experiência no trabalho, o trei-namento formal ou informal no trabalho e o learningby doing, amplia-se o modelo simples por meio daincorporação da variável experiência6. Dado o formatoquadrático do perfil da renda-idade, essa variávelestará presente por meio dos termos Eji e Eji

2, am-

2ordauQedoledoModsocirípmEsodatluseR

mocselpmiSedadiralocsE seimmuDotelpmoCodutsEedonArop

YnL=YnL 0 + ΣΣΣΣΣ 71,1=j δδδδδjDj + εεεεε )2(

edadiralocsE setneicifeoCedadilibatneR

)%(

adoãçairaVadneR

)1(aidéM

sotebaflanA )88,8-(921,0- — —

otelpmocona1 )83,5(821,0 3,92 8,22

sotelpmocsona2 )84,4(5690,0 1,3- 2,6

sotelpmocsona3 )08,5(411,0 8,1 5,4-

sotelpmocsona4 )86,31(242,0 7,31 1,61

sotelpmocsona5 )04,51(872,0 7,3 4,2

sotelpmocsona6 )99,31(192,0 3,1 5,1-

sotelpmocsona7 )45,81(673,0 9,8 8,7

sotelpmocsona8 )02,43(416,0 9,62 8,04

sotelpmocsona9 )90,72(095,0 4,2- 9,41-

sotelpmocsona01 )25,03(586,0 0,01 2,51

sotelpmocsona11 )45,57(781,1 2,56 6,47

sotelpmocsona21 )57,74(626,1 1,55 1,13

sotelpmocsona31 )03,05(175,1 4,5- 5,7-

sotelpmocsona41 )42,85(586,1 1,21 9,9

sotelpmocsona51 )14,221742,2 4,57 6,48

sotelpmocsona61 )48,29(017,2 9,85 3,46

sotelpmocsona71 )08,86(648,2 6,41 8,03

R2 441.57=ne39,088.2=F,593,0=odatsujaSMR-DEPadritrapasodazilaerrotuaodsolucláC:etnoF

setneicifeocsododaloasesetnêrapertnees-martnocnetsacitsítatsesA:atoN.sodamitse

O Quadro 3 resume os resultados das taxas derentabilidade com base no modelo de escolaridadesimples com dummies (equação 2) desagregadospor sexo. Ratificando os resultados anteriores (Qua-dro 1), as taxas de retorno são maiores para as mu-

3ordauQ).a.a%(sadavirPonroteRedsaxaT

aidéMadneRad)%(oãçairaVeoxeSropeoãçacudEedlevíNoodnugeS

edsievíNoãçacudE

oninimeFoxeS onilucsaMoxeS

onroteR.a.a)%(

∆∆∆∆∆ ad%)1(adneR

onroteR.a.a)%(

∆∆∆∆∆ ad%)1(adneR

/1latnemadnuFotebaflanA

7,8 9,61 6,8 8,43

/2latnemadnuF1latnemadnuF

7,8 1,42 8,9 1,92

/latnemadnuFotebaflanA

7,8 1,54 2,9 1,47

/oidémonisnElatnemadnuF

3,52 6,621 8,12 7,201

/roirepuSoidémonisnE

2,53 6,881 1,82 8,261

SMR-DEPadsodadsodritrapasotiefrotuaodsolucláC:etnoF.lasnemaidémadneradlautnecrepoãçairavàes-erefeR)1(:atoN

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bos medidos em anos, designando a experiência doindivíduo i com j anos completos de estudo.

Resultados dos Modelos de Escolaridade Am-pliados

O modelo de escolaridade ampliado desta se-ção é o da equação 3, onde Y

ji é o rendimento por

hora observado do indivíduo i com j anos comple-tos de estudo, Si é a variável contínua represen-tando a escolaridade do indivíduo i, medida emanos completos de estudo, e Y

0i é o rendimento

por hora do indivíduo i com zero ano completo deestudo (analfabeto); εεεεε é o distúrbio aleatório, su-posto normalmente distribuído, com média igual azero e variância σ2.

Ln Yji = Ln Y0i + rSi + γ E + ϕ E2 + εεεεε , (3)

Os valores esperados dos coeficientes r, γ e ϕsão positivos para os dois primeiros e negativo parao último, uma vez que supostamente anos adicio-nais de estudo aumentam a produtividade marginaldo trabalho, assim como o faz a experiência, po-rém, a taxas decrescentes, devido à forma quadrá-tica do perfil da renda-idade.

Na equação 3’ estimada, a variável dependenteé o logaritmo neperiano da renda por hora em todasas ocupações na RMS, e a amostra utilizada foi de75.141 observações, considerando-se indivíduos deambos os sexos, brancos e não-brancos.

Ln Y = -2,235 + 0,145 S + 0,0779 E - 0,0007 E2 , (3’)

(-98,6) (204,38) (60,65) (-41,39)

R2ajustado

= 0,439 e F = 19.610,7

O coeficiente de determinação múltiplo ajustadomostra que a inclusão da variável experiência notrabalho elevou o poder de explicação do modelode escolaridade simples da especificação geral de34,7% (Quadro 1) para 43,9%, um aumento de qua-se 27%. Além do mais, todos os coeficientes esti-mados apresentaram-se altamente significativoscomo se constata das estatísticas t entre parênte-ses abaixo dos coeficientes das variáveis, e os si-nais dos coeficientes confirmaram o esperado. Ob-serve-se que, dada a magnitude dos coeficientes,

um ano de escolaridade tem um efeito sobre o ren-dimento de quase o dobro do efeito de um ano adi-cional de experiência.

Observe-se a redução da taxa de retorno média(vide o coeficiente da variável escolaridade, S) nes-ta especificação se comparada com a especificaçãodo modelo de escolaridade simples da especificaçãogeral (Equação 1, Quadro 1). Nesta, a taxa de re-torno obtida foi de 14,5 % ao ano, enquanto quenaquela fora de 15,1 % ao ano. Isto mostra que anão inclusão da variável experiência provoca um viéspara cima nas estimativas das taxas de retorno.

Adição das Variáveis Sexo e Cor aos Modelosde Escolaridade Ampliados

Uma outra variante do modelo da equação 3apresentado é o modelo expresso pela equação 4em que são adicionadas duas variáveis dummies,uma relativa ao sexo e outra relativa à raça do en-trevistado:

Ln Yji = Ln Y

0i + rS

i + γ E

ji + ϕ E

ji2 + β

1Sexo

i + β

2 Cor

i + ε

i , (4)

Onde as variáveis são as mesmas definidas paraa equação 3, e Sexo

i e Cor

i assumem o valor um

se o indivíduo é do sexo masculino ou de cor bran-ca, e o valor zero, se o indivíduo for do sexo femini-no ou não-branco. Os resultados obtidos sãomostrados na equação 4’, para uma amostra de75.101 observações:

Ln Yji = -2,504 + 0,14 Si + 0,0812 Eji – 0,000745 E ji2 + ...

(-112,86) (195,97) (65,59) (-46,08)

... + 0,395 Sexoi + 0,263 Cor

i , (4’)

(68,32) (34,01)

R2ajustado

= 0,48; F = 13.852,05

Observe-se que os coeficientes estimados sãotodos estatisticamente significativos, ao nível de sig-nificância de 0%, conforme atestam as estatísticas t(entre parênteses abaixo dos coeficientes). Além dis-to, a incorporação das variáveis sexo e cor (estatis-ticamente significativas) resultou em uma menor taxamédia de retorno em educação, que neste caso éde 14% ao ano7.

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Ademais, a renda média do indivíduo branco émais do que 26% superior a do indivíduo não-bran-co, e o indivíduo do sexo masculino percebe umarenda média quase 40% superior ao do sexo femi-nino. Além disto, o coeficiente de determinação múl-tipla se elevou em mais de 9% em relação à estima-tiva do modelo de escolaridade ampliado da equação3’, denotando a importância dos efeitos que a desa-gregação por sexo e raça tem no aumento do poderde explicação do modelo.

Resultados do Modelo Ampliado com Dummiespara a Escolaridade

Nesta seção, o modelo a ser testado é o da equa-ção 5. Nesse modelo, têm-se dezenove variáveisdummies, as mesmas dezessete referentes a cadaano completo de escolaridade, como antes, a variá-vel D

18 para representar o sexo do entrevistado

, as-

sumindo o valor um, se o entrevistado é do sexomasculino, e o valor zero, caso contrário, e a variá-vel D19, referente a cor como proxy para raça, queassume o valor um se da raça branca, e valor zero,se não-branco.

Ln Yji = Ln Y

0i + Σ

j=1,19 δ

jD

j + γ E

ji + ϕ E

ji 2 + εεεεε, (5)

Quanto à variável experiência, objetivando ob-servar o efeito da utilização de três definições dife-rentes para a variável experiência sobre a rentabili-dade do investimento em educação e treinamentono trabalho, realizam-se três regressões diferentes.A regressão de nº 1, denotada por R1, calcula aexperiência pela fórmula E = Idade – Anos comple-tos de escolaridade – 78; a regressão de nº 2, R2,calcula a experiência da soma do tempo de serviçono emprego corrente e no emprego anterior, e a re-gressão de nº 3, R3, utiliza a idade do entrevistado.

O modelo ampliado da equação 5, por qualquerdas três regressões, apresentou um coeficiente dedeterminação múltiplo mais elevado, a demonstrarque as novas variáveis incorporadas, experiência,o quadrado desta, a cor e o sexo, e a desagregaçãopor meio das variáveis dummies aumentam o poderde explicação do modelo.

Como esperado, os coeficientes estimados dasvariáveis experiência, E, e experiência ao quadra-do, E2, são positivo e negativo, respectivamente, e

estatisticamente significativos como atestam as es-tatísticas t. A variável experiência da regressão denº 3 (dada a sua magnitude) contribui mais para aexplicação da renda média do que nas outras duasregressões. Ademais, há diferenças aparentementesignificativas entre as taxas de retorno da educa-ção.

O Quadro 5 resume os resultados das estimati-vas das taxas de retorno segundo cada definiçãode experiência. Observe-se que à medida que seeleva o nível de escolaridade, as taxas de retornotambém se elevam. Ademais, mantêm-se, nas trêsregressões, a diferença de 40% da renda média emfavor dos homens; quanto à raça, entretanto, a dife-rença se reduz em decorrência da utilização de va-riáveis dummies.

Estimativas das Taxas Médias de Retorno do In-vestimento em Experiência (Treinamento) no Tra-balho Segundo as Regressões do Quadro 4

A taxa média de retorno do investimento em ex-periência é calculada por meio da resolução do sis-tema de equações 6 e 7, onde γ é o coeficienteestimado do termo experiência, E, e ϕ é o coeficien-te estimado do termo experiência ao quadrado, E2

(Mincer,1974).

γ = rtk

0 + (k

0/T)(1+ k

0), (6)

ϕ = – [(rtk

0)/2T + k

02/(2T2) ], (7)

onde rt denota as taxas médias de retorno dos

investimentos da experiência no trabalho, k0 é a fra-

ção dos investimentos equivalentes em tempo noinício do período de experiência no trabalho, ou seja,quando t = 0, e T é o parâmetro referente ao perío-do total de investimentos líquidos positivos realiza-dos ao longo da vida laboral do indivíduo.

O Quadro 6 e o Gráfico 2 retratam o comporta-mento (curvas) das taxas médias de retorno do in-vestimento em experiência, r

t, para cada definição

de experiência, segundo o modelo da equação 5. Adiferença entre as taxas (e por conseguinte, entreas curvas) decorre da definição utilizada para expe-riência. A notação usada no Quadro 6 e no Gráfico2 é a seguinte: r

t(R1) refere-se às taxas anuais de

retorno segundo a regressão R1, a rt(R2) refere-se

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às taxas anuais de retorno segundo a regressão R2,e a r

t(R3), que se refere às taxas anuais de retorno

segundo a regressão R3.Observe-se que as taxas de retorno da experi-

ência, rt(R1) e rt(R3), correm paralelas, a despeito

4ordauQodailpmAedadiralocsEedoledoModseõssergeRsêrTropsodamitsEsetneicifeoC

moc seimmuD soxeSsosobmAarap).a.a%(sadavirPonroteRedsaxaTe)5oãçauqE(

ºNoãssergeR )1R(mU )2R(sioD )3R(sêrT

sieváiraVetneicicifeoC edadilibatneR

).a.a%(etneicicifeoC edadilibatneR

).a.a%(etneicicifeoC edadilibatneR

).a.a%(edadiralocsE

otelpmocona1 )0,8(571,0 — )2,6(531,0 — )7,9(12,0 —

sotelpmocsona2 )1,01(2,0 35,2 )3,6(521,0 00,1- )9,11(532,0 36,2

sotelpmocsona3 )5,31(642,0 17,4 )2,8(941,0 34,2 )7,41(562,0 50,3

sotelpmocsona4 )1,22(563,0 46,21 )0,61(162,0 58,11 )0,22(653,0 35,9

sotelpmocsona5 )9,52(934,0 86,7 )1,81(103,0 80,4 )7,42(904,0 44,5

sotelpmocsona6 )6,92(285,0 73,51 )3,81(53,0 20,5 )7,72(235,0 90,31

sotelpmocsona7 )5,53(486,0 47,01 )9,32(444,0 68,9 )1,23(06,0 40,7

sotelpmocsona8 )9,74(918,0 54,41 )5,63(306,0 32,71 )6,24(307,0 58,01

sotelpmocsona9 )3,74(979,0 53,71 )4,23(846,0 06,4 )1,14(428,0 68,21

sotelpmocsona01 )3,15(490,1 91,21 )2,53(627,0 11,8 )0,44(809,0 67,8

sotelpmocsona11 )3,59(164,1 43,44 )7,87(41,1 92,15 )2,68(552,1 84,14

sotelpmocsona21 )5,36(420,2 95,57 )6,05(585,1 50,65 )4,65(757,1 02,56

sotelpmocsona31 )0,86(600,2 87,1- )7,35(545,1 29,3- )5,95(507,1 70,5-

sotelpmocsona41 )1,97(681,2 27,91 )9,26(186,1 75,41 )1,96(738,1 11,41

sotelpmocsona51 )831(464,2 50,23 )911(260,2 73,64 )821(671,2 53,04

sotelpmocsona61 )401(538,2 29,44 )09(824,2 02,44 )59(135,2 26,24

sotelpmocsona71 )97(900,3 10,91 )76(65,2 11,41 )17(496,2 07,71

roC )8,52(891,0 — )9,72(512,0 — )4,62(102,0 —

oxeS )4,07(104,0 — )8,86(693,0 — )8,17(804,0 —

aicnêirepxE )9,47(350,0 — )5,17(660,0 — )7,56(80,0 —

odardauQoaaicnêirepxE 4-E85,6-)28,64-(

—3-E72,1-)72,04-(

—4-E27,7-)95,84-(

SMR-DEPadritraparotuaolepsodazilaersolucláC:etnoFuo,arohroplaerlatotoirálasnLésoledomsêrtsonetnednepedleváiravaesodamitsesetneicifeocsodoxiaba/odaloasesetnêrapertnees-martnocnetsacitsítatsesA:satoN

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6,9 4,6 3,7

latnemadnuF/oidéM 9,32 6,91 2,02

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T )2( rt )1R( rt )2R( rt )3R(

1 %6,2- %3,2- %9,5-

5 %8,1- %6,0- %1,5-

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51 %6,0 %3,6 %0,3-

02 %2,2 %2,51 %8,1-

52 %7,5 %4,79- %2,0

03 %2,8 %8,32- %2,1

53 %8,71 %8,8- %3,3

SMR-DEPadritraparotuaodsolucláC:etnoF:satoN

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.69-81 Dezembro 2001 77

delas serem bem diferentes numericamente. O com-portamento paralelo delas é decorrência imediatada própria definição de ambas, em que a experiên-cia, E, da definição da regressão R1, é dada por E= Idade – Escolaridade – 7 , fazendo com que oretorno, r

t(R1), situe-se sempre acima do retorno

segundo a idade, rt(R3). Ou seja, para um mesmo

tempo de experiência, os rendimentos do indiví-duo com experiência da regressão R1 são sempresuperiores aos rendimentos do indivíduo com ex-periência segundo a regressão R3, tornando a taxade retorno, r

t(R1), igualmente superior às taxas de

retorno, rt(R3).

Ademais, o comportamento de ambas é o espe-rado segundo a teoria, o que não ocorre com o com-portamento das taxas de retorno segundo a somadas experiências específicas nos empregos corren-te e anterior, r

t(R2). As taxas r

t(R1) e r

t(R3) são ne-

gativas de um até 12 anos, no caso da primeira, ede um até 26 anos, no caso da segunda, quandoentão elas se anulam, e tornam-se ambas, a partirdaí, monotonamente crescentes e positivas. Umpadrão caracteriza as taxas de retorno, r

t(R1) e

rt(R3): quanto maior o período de investimento lí-

quido, T, maior a taxa de retorno; em outras pala-vras, as pessoas investem tanto mais em si mesmasquanto maiores os retornos desses investimentos.Por outro lado, a diferença de 14 anos entre elas,no ponto em que se anulam, pode ser explicadapelos 7 anos da fórmula referentes à idade de in-

gresso na escola, e pe-los 7 anos referentes àescolaridade média daRMS.

Esse comportamentodessas duas taxas de re-torno da experiência estáperfeitamente respalda-do na teoria de Becker(1964) e Mincer (1974).Segundo a teoria, nos pri-meiros anos, o indivíduoinveste em si próprio, per-cebendo salários abaixoda sua produtividade (oque torna as taxas de re-torno, r

t, negativas) para,

em período posterior,obter aumentos salariais que venham a lhe com-pensar o sacrifício inicial, quando então as taxas r

t

passam a ser positivas.Observando-se o comportamento dessas taxas,

leva-se a crer que as taxas calculadas segundo adefinição da regressão R1 são mais realistas pois,supor que o indivíduo somente passasse a obter umretorno positivo aos 26 anos de experiência, pou-cos anos antes de aposentar-se, como acontececom a taxa r

t(R3), parece pouco crível. Assim, a

despeito de se ter optado, nas regressões passa-das dos modelos de escolaridade ampliado, pelaidade como proxy para experiência, pois o R2 ajus-tado foi superior aos demais, deste ponto de vistaem que as taxas se tornam nulas aos doze anos, ataxa r

t(R1) parece sugerir um comportamento mais

coerente, pois se anula mais cedo.O comportamento da taxa de retorno, r

t(R2), tam-

bém apresenta um comportamento previsível pelateoria, porém, apenas nos primeiros anos. Com efei-to, esse comportamento mostra-se esdrúxulo a partirdos vinte anos de experiência: alcança a taxa de102,8% a.a. aos vinte e cinco anos, torna-se extre-mamente negativa aos vinte e seis anos, quando al-cança a taxa negativa de 4.233% ao ano, quandoentão, a partir daí, adota uma trajetória ascendente,voltando a tornar-se positiva apenas aos 46 anos deexperiência. Esta definição para medir a experiênciacertamente não é a mais adequada, afinal, os dadosdisponíveis da PED-RMS relativos apenas aos dois

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últimos empregos são insuficientes como medida daexperiência efetiva, o que ocorre em menor intensi-dade quando se trata da idade do indivíduo. Comefeito, enquanto a idade média é de 34 anos na re-gressão R3, ela o é de 19 anos na regressão R1, ede menos de 6 anos na regressão R2.

Senna (1976: 187) estimou taxas de retorno emexperiência no trabalho no Brasil com dados da Leidos 2/3 do Ministério do Trabalho em cross-sectionpara o ano de 1970; obteve resultados muito maiselevados do que estes, mesmo que se tome, paraefeito de comparação, a definição da regressão R1,que é a que mais se aproxima da adotada por aqueleautor. Nos seus cálculos, as taxas de retorno variamde 84% (quando T = 25 anos) a 260% ou mais (quan-do T = 15 ou 30 anos) superiores a estas.

Conclusões

Alguns dos resultados obtidos neste artigo de-correm de que a educação é um bem escasso emrelação à demanda social, mesmo nos níveis maiselementares do sistema de ensino. Como medidadessa escassez, enquanto o excesso de oferta detrabalho é de 73,8% para os analfabetos, ela o é de65,3% para o 1º grau, de 43,2%, para o 2º grau, ede 27,2% para o 3º grau. Como resultado, os rendi-mentos tendem a ser significativamente mais ele-vados na medida em que se completa um grauadicional de escolaridade, refletindo-se nas taxasinternas de retorno do investimento em educaçãomais elevadas.

Pode-se concluir que as taxas de retorno emeducação, por qualquer dos modelos que se consi-dere, são muito elevadas se comparadas com astaxas de retorno de investimento em capital físicode 10% ao ano (média nacional).

As taxas de retorno mais elevadas refletem a es-cassez relativa do recurso humano mais qualificadona RMS. Do ponto de vista da distribuição da rendaesses resultados das taxas de rentabilidade mos-tram que as perspectivas são perversas, uma vezque quanto maior a escolaridade maior o retorno, eas taxas de retorno mais elevadas incidem justa-mente sobre as classes de renda mais elevadas.

Desse ponto de vista, aumentar o número deconcluintes do ensino superior e do ensino médio éuma condição necessária e relevante para contribuir

para a reversão do quadro da má distribuição da ren-da na RMS. Assim, é imprescindível que se aumenteo número de concluintes de 2º e 3º graus, pois, tor-nando a oferta desses profissionais mais elástica, ten-deria a se reduzir o fosso de renda entre os gruposde diferentes graus de escolaridade. Isto será umanecessidade ainda mais premente na medida que osconcluintes do nível fundamental crescem e deverãocrescer a taxas muito elevadas nos próximos anos.Neste sentido, é preciso eliminar as barreiras à en-trada de investidores no mercado da educação de 2ºe 3º graus para que se amplie o número de pessoascom essas qualificações, sem no entanto se descui-dar de uma política eficaz de controle de qualidadeda educação. No 3º grau, por exemplo, o Brasil é umdos países que detém o menor quantitativo de estu-dantes de nível superior em curso, se comparado aoutros países de renda percapita equivalente ou atémesmo na América Latina.

As primeiras estimativas feitas a partir do mode-lo de escolaridade simples são de que a taxa deretorno da educação geral, para todos os níveis, éde 15,1% ao ano e estatisticamente significativa. Osretornos mais elevados, entretanto, são relativos ao2º grau, com 33% ao ano, e ao 3º grau, com 30% aoano. O 1º grau apresentou 7,4% ao ano. Esses re-sultados mostram que são os investimentos na edu-cação do 2º e 3º graus que estão a elevar a taxa deretorno média.

Observou-se que quanto maior a escolaridade,maior é o poder de explicação desse modelo decapital humano simples, a denotar que a níveis maisbaixos de escolaridade há outros fatores a explicarestatisticamente a variabilidade da renda.

Como esperado, o poder de explicação dessemodelo simples, seja com ou sem dummies para aescolaridade foi maior para o sexo feminino do quepara o sexo masculino, pois, a escolaridade é umfator mais relevante para a determinação da rendadas mulheres, enquanto fatores relacionados à es-trutura do mercado são mais relevantes na explica-ção da renda dos homens. Além disso, enquanto asmulheres têm, em média, 8,1 anos completos deestudos, os homens têm 7,8 anos. Em outras pala-vras, à mulher é exigida uma maior escolaridade paraum mesmo nível de renda real e para ascensão pro-fissional, o que parece revelar um padrão de discri-minação contra a mulher.

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Feita a desagregação entre brancos e não-bran-cos, as taxas de retorno média da educação foramde 18% e 13,4% ao ano, respectivamente, o quedenota que a escolaridade é um fator mais relevan-te na determinação da renda do branco do que dosnão-brancos. Além disto, o fato da escolaridademédia dos brancos ser de 8,1 anos contra 6,1 anospara os não brancos ajuda a explicar essa diferen-ça nas taxas.

Feito o corte na amostra por classes de experiên-cia, observou-se que quanto maior a experiência, opoder de explicação do modelo é menor, a indicar aimportância crescente da experiência (treinamento)no mercado de trabalho e/ou a obsolescência docapital humano em educação formal.

O modelo de escolaridade simples com dummiesrevelou um fato interessante: aos 8, 11 e 15 anos,as taxas de retorno da educação formal são alta-mente positivas, com valores, respectivamente, de26,9% , 65,2% e 75,4% ao ano. Disto se concluique quando o indivíduo conclui um ciclo escolar (1ºgrau, 2º grau e 3º grau), a sua renda sofre um incre-mento muito significativo. Feitos os testes-t de igual-dade das rendas entre cada nível de escolaridade,rejeitou-se, em todos, a hipótese nula ao nível de1% de significância. Porém, aos 2, 9 e 13 anos, astaxas de retorno são negativas, pois a renda do in-divíduo sofre um decréscimo substancial. A expli-cação para este fato está em que o empresáriorealiza a sua decisão de contratar ou não um em-pregado a partir de qualidades como perseverança,inteligência, potencial de aprendizado etc, que elenão enxergaria no indivíduo que, tendo se decididoem estudar por um ciclo a mais, não o conclui. As-sim, por meio da escolaridade, o empresário realizaum processo seletivo mais barato. Esse efeito sina-lização também foi detectado em amostras por sexo.

Uma outra conclusão é que a inclusão da expe-riência atenua o efeito sinalização tanto mais quan-to mais longa é a definição de experiência que seuse. A experiência atenua, mas não elimina esseefeito. Isto parece indicar que o empresário deixade atribuir uma importância tão acentuada à esco-laridade e passa a se pautar também e crescente-mente pela experiência do indivíduo no mercado detrabalho.

O que complica a utilização do modelo de esco-laridade ampliado é a dificuldade em se obter da-

dos sobre experiência, que se agrava ainda maisno caso da mulher. Neste artigo foram utilizadas trêsdefinições diferentes e, ao final das contas, conclui-se que nenhuma das três foi suficientemente ade-quada haja vista os resultados obtidos para as ta-xas de retorno em experiência (treinamento). Nocaso da definição da regressão R1, que apresentouresultados mais condizentes com o bom senso, oindivíduo médio estaria a investir por um período dedoze anos, quando as taxas de negativas passam apositivas; na definição da experiência efetiva (somados tempos nos empregos corrente e anterior), astaxas se anularam aos sete anos, o que parece ain-da mais razoável; o que torna, entretanto, essa de-finição a pior de todas, é que a partir dos vinte anosela começa a apresentar um comportamento es-drúxulo, inviabilizando o seu uso; quanto à terceiradefinição, a da idade, as taxas somente se anulamaos 26 anos, o que é demasiadamente longo, afi-nal, nenhum indivíduo racional irá investir por tantotempo para começar a colher os benefícios há pou-cos anos antes da aposentadoria. Por qualquer de-finição, um padrão se caracteriza: quanto maior operíodo de investimento, mais as pessoas investemem si mesmas.

Essa discussão revela que o coeficiente de de-terminação não é necessariamente um bom critériopara desempate entre diferentes definições de ex-periência. Como sugestão, acredita-se que se de-veria aperfeiçoar a definição de experiência daregressão R1, deduzindo dela o período relativo aoemprego corrente e o período médio de desempre-go, calculado este para cada sexo em separado; nocaso do sexo feminino, além do desemprego sedeveria realizar uma estimativa do tempo total quea mulher se afasta do mercado para procriar (porexemplo, x meses vezes o número de filhos da pro-le). Neste trabalho não se fizeram esses ajustes:trabalhou-se com a mesma definição para ambosos sexos, o que resulta numa sobre estimação dotempo de experiência da mulher. Na medida em queo período de experiência tende a ser muito grande,os custos do investimento se reduzem e, consequen-temente, a taxa de retorno se eleva.

Outra conclusão a que se chega é que a nãoinclusão da variável experiência, e a do seu termoquadrático, provocam um viés para cima, superesti-mando as taxas de retorno da educação. Além dis-

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so, o poder de explicação do modelo aumenta con-sideravelmente, cerca de 27% medido pelo R2 ajus-tado, o que não é reflexo, portanto, da inclusão deapenas uma variável, mas de uma variável muitosignificativa, em razão dos perfis de renda seremquadráticos.

As variáveis sexo e raça, a despeito de não se-rem relativas ao capital humano, permitem verificaros diferenciais de rendimento segundo essas ca-racterísticas. A depender da regressão, o diferenci-al varia, mas sempre em favor dos homens (cercade 40% a mais) e dos brancos (cerca de 20% amais). Além disso, essas variáveis elevaram o po-der de explicação em 9%, o que não é desprezível.

Constatou-se (AVENA, 2000) que enquanto aexperiência específica é mais relevante do que aexperiência geral (idade, por exemplo) na determi-nação da renda do indivíduo branco, o oposto ocor-re quando se trata dos não-brancos: destes é exigidamais idade e/ou mais tempo no mercado de traba-lho. Além disso, a escolaridade é mais relevante nocaso dos brancos, enquanto a experiência é maisrelevante no caso dos negros, particularmente. Istoparece sugerir que a qualidade educacional inferior(faz-se a hipótese de que indivíduos de raça não-branca tiveram acesso a escolas de menor qualida-de) é compensada por uma maior experiência nomercado de trabalho.

Notas

1 A abordagem a partir da estimação de funções de produçãoeducacional lançou muitas dúvidas sobre os efeitos da edu-cação como determinante da renda por meio das capacida-des cognitivas.

2 Nessa equação, εεεεε é o distúrbio aleatório, suposto normalmentedistribuído, com média igual a zero e variância σ2.

3 O uso da variável escolaridade contínua implica que o seucoeficiente angular é a taxa média de retorno relativa aosdezessete anos de escolaridade.

4 Realizado o teste-t de igualdade das taxas, a hipótese nulafoi rejeitada ao nível de significância de 1%.

5 Realizado o teste-t de igualdade das taxas, a hipótese nulafoi rejeitada ao nível de significância de 1%.

6 Utilizar-se-á a variável idade como proxy para experiência, amenos que se explicite diferentemente.

7 Estimados os modelos para amostras por sexo, obtêm-se:no caso da regressão do sexo feminino, o R2

ajustado é de 47,8%,enquanto para o sexo masculino é de 46,3%; quanto às ta-xas de retorno médias, são de 14,5% a.a. para as mulheres e13,6% a.a. para os indivíduos do sexo masculino.

8 Veja-se Lam e Levinson (1990).

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* Cláudio Pondé Avena é professor daFaculdade Ruy Barbosa e mestre em Economia pela UFBa.

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A análise econômica é um campo minado, pois ocontexto social é um conjunto indivisível no qual, arbi-trariamente, de acordo com as clivagens político-ideo-lógicas, uns fatos são destacados, outros omitidos.Consequentemente, a investigação dos fenômenoseconômicos está sempre sujeita à armadilha doprovincianismo temporal, isto é, o pesquisador, parti-cularmente na análise conjuntural, convence-se queo presente é a única época que importa, tranqüila-mente ignorando tudo antes ocorrido.

Isto vem a propósito da avaliação, em grandeslinhas, do segmento industrial brasileiro aqui apre-sentada, que, arbitrariamente e apenas para fins declareza expositiva, foi fracionado em cinco perío-dos a saber:1. O modelo primário-exportador e a transição in-

dustrial: do século XIX aos anos 30.2. A Era Vargas e os investimentos estruturantes.3. A intensificação do modelo nacional-desenvolvi-

mentista de substituição de importações – osanos 60 e 70.

4. A crise de financiamento e desequilíbrios macro-econômicos – os anos 80.

5. A desconstrução do Estado e a inserção subor-dinada no mundo das transnacionais – os anos90 do fim do milênio.

É claro, portanto, que esta segmentação dos fa-tos é meramente mnemônica, pois o processo social

constitui-se num todo indivisível em que um aconte-cimento jamais é apenas e exlusivamente econômi-co, sempre existindo diversos outros aspectos àsvezes mais importantes.

O modelo primário-exportador e a transiçãoindustrial: do século XIX aos anos 30

O advento e o desenvolvimento, no séc. XIX eprimeiras décadas do século passado, do núcleoindustrial brasileiro é diverso do mesmo processoocorrido na Europa do séc. XVIII, que provocou nãosó uma ruptura na economia mundial como deter-minou e condicionou o desenvolvimento econô-mico subsequente de quase todas as regiões domundo.

Enquanto no processo de desenvolvimento eu-ropeu o núcleo industrial se articula para dentro epara fora, caracterizando-se, internamente, pela dis-solução da economia artesanal pré-capitalista, comabsorção dos fatores liberados em um nível maisalto de produtividade decorrente de inovações tec-nológicas, e, externamente, pelo aproveitamento dasoportunidades do mercado exterior que lhe fornecematérias primas e absorve seus produtos industri-ais – vale dizer, tem um crescimento autocentrado –,no caso brasileiro tem-se uma industrialização deri-vada, induzida pelo crescimento das exportaçõesque irrigam monetariamente a economia.

Brasil Industrial: do capitalismoretardatário à inserção subordinada

no mundo neocolonial

Antônio Plínio Pires de Moura*

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.82-89 Dezembro 2001 83

Esse aumento das exportações se dá dentro domarco de uma economia mercantil-escravista, quea partir da segunda metade do séc. XIX está sob ahegemonia do setor cafeeiro, obra do capital mer-cantil nacional. Assim, as exportações, praticamen-te a única componente autônoma do crescimentoda renda, desempenham e representam, ainda quelimitadamente dada a estreita base em que se as-sentam, o centro dinâmico de toda a economia.

Por outro lado, dando lugar a um processo dearticulação territorial que passa por uma dinâmicaligada à disponibilidade de terras em que a produ-ção fosse rentável, à disponibilidade de mão-de-obrabarata e à demanda externa, a economia agrícola-exportadora brasileira vai, pouco a pouco, à medidaque absorve espaços antes de economia de sub-sistência, estimular o processo de urbanização e mo-netização da economia, criando um mercado inter-no mais ou menos significativo de bens de consumocorrente.

Assim, de modo atrelado a esse crescimentoeconômico para fora, eminentemente dependentee reflexo da economia brasileira, nasce a industria-lização retardatária, estabelecendo-se as chamadasindústrias de bens de consumo interno, tais comoas de tecido, calçado, vestuário, móveis, etc. Dinâ-mica diversa seguiram as economias abertas cen-trais, pois, enquanto nestas as importações desti-navam-se basicamente a suprir necessidades dealimentos e matérias primas não-passíveis de pro-dução interna satisfatória, nas economias periféri-cas, além de atender a estas carências, as importa-ções incorporavam uma extensa gama de bens deconsumo final e a quase totalidade dos bens de ca-pital exigidos pelo processo de investimento induzi-do pelo crescimento exógeno da renda. Desse modo,se constituiu um tardio setor interno industrial debaixa produtividade e qualidade, voltado à satisfa-ção da parte não-sofisticada das necessidades dealimentação, vestuário e habitação de parcela dapopulação monetariamente incorporada ao merca-do consumidor.

Resultante da diversificação de inversões decapitais oriundos da atividade comercial exportado-ra-importadora, o crescimento industrial brasileiroamolda-se-á à nova divisão internacional do traba-lho fruto do profundo processo de transformação docapitalismo, cujo traço característico é a consolida-

ção, como forma dominante, do que veio a se deno-minar de imperialismo. Iniciado por volta de 1870,esse reordenamento da economia mundial passapela guerra de 1914-1918, cujas causas originam-se na acirrada luta por mercados entre as potênci-as, e se aprofunda com a desorganização das trocasinternacionais provocada pela crise de 1929.

Os dados disponíveis para a segunda metadedo séc. XIX indicam que o Brasil contava então com903 estabelecimentos industriais distribuídos por tre-ze setores, liderados, em número de estabelecimen-tos, pela indústria de alimentos (268), seguida pe-las indústrias de vestuário (88), têxtil (87), cerâmica(87), produtos químicos e análogos (86) e metalur-gia (66). No que concerne ao capital investido, po-rém, o grupo têxtil coloca-se em primeiro lugar, commais de 50% do valor total dos capitais investidosem toda a indústria, sendo que, ao contrário dosoutros ramos industriais em que o maquinário re-presentava um quinto do capital empregado, na in-dústria têxtil quase metade do capital estava em-pregado em máquinas, demonstrando uma maiorcomplexidade tecnológica do setor.

Fruto da expansão cafeeira e da decorrente for-mação de um mercado de trabalho com predominân-cia de assalariados, a economia paulista conseguirámais facilmente que a dos outros estados brasileirosenfrentar a transição para o modo capitalista de pro-dução, o que se refletirá no desenvolvimento de seusetor industrial. Assim, no início do séc. XX a indús-tria paulista poderá estar em condições de dar o seuprimeiro salto quantitativo, assentando as bases daposterior concentração industrial em São Paulo. Aparticipação no valor bruto da produção industrial bra-sileira ascenderá, entre 1907 e 1919, de 15,9% para31,9%, respectivamente. Na década seguinte, a in-dústria paulista passará, inclusive, por mudançasqualitativas, ao implantar um pequeno segmento pro-dutor de bens de capital e de insumos, diversifican-do, ademais, sua produção de bens de consumo.Entre 1920 e 1928, o setor industrial de São Paulocresce à taxa média de 6,6% a.a., enquanto a doresto do País situar-se-á em 3,4% a.a.

Esse reordenamento da economia brasileira, quereproduz, internamente, o padrão de desenvolvimen-to desigual típico da expansão capitalista de então,apoia-se na magnitude do excedente gestado pelaeconomia cafeeira vis-à-vis do gerado nas demais

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regiões brasileiras, particularmente na mais antigaárea de colonização – o Nordeste – onde a desa-gregação das relações escravistas não foi substitu-ída por formas generalizadas de trabalhoassalariado.

A Era Vargas e os investimentos estruturantes

Sociedade predominantemente agrária, mesmoonde já havia um razoável desenvolvimento urba-no-industrial, o Brasil dos anos 30 passa por umamudança do centro dinâmico de sua economia,acompanhada por uma nova articulação de classessociais e pela centralização institucional do Estado.

Esse novo tipo de Estado, que emerge da Revo-lução de 1930, distingue-se do Estado oligárquicoda Velha República, não apenas pela centralizaçãocomo também por outros elementos:1. a atenção econômica voltada gradativamente

para os objetivos de promover a industrialização;2. a atuação social tendente a dar algum tipo de

proteção aos trabalhadores urbanos, enquadran-do-os e incorporando-os, a seguir, a uma alian-ça de classes promovida pelo poder estatal;

3. atribuição de um papel central, como fator degarantia da ordem interna, às Forças Armadas.

Assim, o Estado getulista promoveu o capitalismonacional, tendo como suportes: no aparelho do Esta-do, as Forças Armadas e a nova burocraciadaspeana, e na sociedade civil, a aliança entre a bur-guesia industrial e setores da classe trabalhadoraurbana (Fausto:2001).

Ainda que no perío-do inicial o governo seequilibre entre os dife-rentes interesses, inclu-sive agrários – políticade compra dos exceden-tes cafeeiros para quei-mar, socializando asperdas do setor –, pou-co a pouco o Estadogetulista embarca numapolítica de substituir im-portações pela produçãointerna e de estabeleceruma indústria de base.

A centralização das decisões de investimento noEstado, no marco de um planejamento global, seinaugura com a Coordenação de Mobilização Eco-nômica (1942), dirigida pelo antigo tenente JoãoAlberto.

Investimentos públicos estruturantes, visandoatenuar os estrangulamentos, são realizados nainfra-estrutura de transportes, energia e educação.O Estado assume os investimentos na indústria bá-sica do aço, petróleo e mineração, transporte e ener-gia, de que são emblemáticas a CSN, Cia. Vale doRio Doce, Fábrica Nacional de Motores e, já no iní-cio dos anos 50, a Eletrobrás e Petrobrás.

Entre 1933 e 1955, a indústria cresce a taxasanuais bem superiores à da agricultura, mesmo noperíodo de fortes restrições decorrentes da Segun-da Guerra Mundial:1933 – 1939 : Agricultura – 1,7% Indústria – 11,2%1939 – 1945 : Agricultura – 1,7% Indústria – 5,4%1947 – 1955 : Agricultura – 4,7% Indústria – 9,0%

As indústrias básicas (metalurgia, mecânica, ma-terial elétrico e material de transporte) dobram suaparticipação no valor adicionado da indústria, enquan-to os ramos químico e farmacêutico a triplicam.

Assim, a crise prolongada dos anos 1930 desem-boca na ruptura do funcionamento do modelo pri-mário-exportador, com a passagem para um novoparadigma de desenvolvimento, voltado para den-tro, em que há uma perda de importância relativado setor externo no processo de formação da rendanacional, ao tempo em que cresce a da atividade

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interna. Novos setores dinâmicos aparecem e seexpandem, voltados para o mercado nacional e de-pendentes do setor externo, que passa a ter umafunção decisiva no processo de diversificação daestrutura produtiva, cobrindo a importação de equi-pamentos e bens intermediários (Tavares: 1972). Aprodução industrial, por sua tecnologia, processa-mento e fabricação de produtos, destina-se funda-mentalmente a abastecer o mercado interno – e paraisso é concebida – que é, para a maioria das em-presas e setores, o objetivo prioritário. Isso porquea sociedade brasileira, em processo acelerado deurbanização, aspira a reproduzir o estilo de vida dospaíses avançados, tanto no plano de consumo quan-to no da produção interna (Fajnzylber: 1990).

A intensificação do modelo nacional-desenvol-vimentista de substituição de importações –os anos 60 e 70

A segunda metade dos anos 50 do séc. XX trazuma aceleração da taxa de crescimento brasileira,em meio a um desequilíbrio do seu balanço de paga-mentos, decorrente das condições externas, que apartir de 1954 voltaram a ser francamente restritivas.

A política de substituição de importações, en-tendida como “um processo de desenvolvimentointerno que tem lugar e se orienta sob o impulsode restrições externas e se manifesta, primordial-mente, através de uma ampliação e diversificaçãoda capacidade produtiva industrial” (Tavares:1972),procurará, mediante deliberada complementaçãoindustrial, colmatar brechas resultantes de uma in-dustrialização predominantemente extensiva e pou-co integrada.

Síntese dessa política, o Plano de Metas do Go-verno JK dará prioridade à construção dos estágiossuperiores da pirâmide industrial, verticalmente in-tegrada, e do capital social básico de apoio a essaestrutura.

Fruto da nova tendência na divisão internacionaldo trabalho, capitais estrangeiros expressivos diri-gem-se para o Brasil, vindo a cumprir, nessa novaetapa do processo de industrialização, um papel pi-oneiro, implantando novos ramos de bens de con-sumo duráveis mais sofisticados, tais como o auto-mobilístico e o eletrodoméstico, que se converteramnos setores líderes da nova expansão industrial.

A industrialização, até então promovida princi-palmente por empresas de capital nacional privadoou público, passa a contar com o ingresso maciçode capitais externos, que, protegidos pela barreiraalfandegária, orientar-se-ão para a produção, obje-tivando atender a um mercado interno não-despre-zível, em que pesem as disparidades da renda edesigualdades regionais.

Esforço significativo é feito pelo Estado, para nãosó assegurar financiamento de longo prazo e a ju-ros negativos às empresas privadas, através dosnovos organismos oficiais de crédito de longo prazo– BNDE, BNB, BASA e BRDE –, mas, também, paraviabilizar a necessária infra-estrutura de energia,transporte, comunicações e insumos básicos.

No período 1958/1962, o produto industrial crescea altas taxas: 16,8% (1958), 12,9% (59), 10,6% (60),11,1% (61) e 8,1% (1962).

A construção ideológica que trabalhará essasmudanças na sociedade brasileira, em que a pro-dução industrial supera a produção agrícola, será onacional-desenvolvimentismo, que, partindo do su-posto que “o processo de desenvolvimento nacio-nal é função da consciência que a nação tem de simesma” (Pinto: 1960), apoia-se nos seguintes enun-ciados:a) ao superar o complexo colonial, o desenvolvimen-

to integrará naturalmente os interesses das clas-ses sociais;

b) o desenvolvimento industrial implica a superaçãoda dependência entre os regimes periféricos eas economias dominantes do mundo contempo-râneo;

c) os efeitos do desenvolvimento alcançam toda acoletividade, havendo uma transformação geraldas estruturas da vida social. (Toledo: 1997)

Cinco anos de desenvolvimentismo, sem a reali-zação das promessas, revelarão que havia um an-tagonismo entre o ônus do seu financiamento e aapropriação dos benefícios que engendrou, apoian-do seu custo cada vez mais sobre os trabalhado-res, impondo-lhes sacrifícios no atendimento de ne-cessidades essenciais.

Assim, a irrupção no cenário político de novosatores leva ao deslocamento do núcleo de preocu-pações da política econômica da anterior prioridadecom o desenvolvimento industrial para a atenuação

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do processo inflacionário. Emblemático desse im-passe em que a política econômica marchará naretaguarda dos acontecimentos, será o PlanoTrienal, tentativa, na vigésima quinta hora, de com-patibilização dos propósitos de defesa da taxa decrescimento e de atenuação da inflação.

O fim do Estado populista, isto é, a forma por eleassumida na transição da economia agrário-expor-tadora para a economia industrial, e que se carac-terizou pelo intervencionismo industrializante (Esta-do- empresário inovador) e pela necessidade deincorporar, enquadrar e manipular as massas urba-nas que dão sustentação ao Estado modernizador,desnuda um modelo de industrialização que se tor-nou, precocemente, monopolista.

Os efeitos dessa estrutura industrial monopolis-ta, centrada numa associação do Estado privatizadocom o grande capital nacional e estrangeiro, cujoemblema será o Polo Petroquímico de Camaçari,marcará a década de 70 com taxas de lucros extra-ordinárias, manipulação de preços e reforço da ten-dência a marginalizar parcelas crescentes da forçade trabalho e a comprimir salários.

No período 1968/1980, enquanto a participaçãoda indústria na formação do PIB situa-se entre 35%a 40%, o crescimento industrial e a taxa de investi-mento manter-se-ão altos.

conflitos com base no crescimento contínuo e legi-timar politicamente o regime minimizando a insta-bilidade política, o que Fiori chamará de “fuga paraa frente” e Reis Veloso, de “embarcar no último trempara Paris”.

A crise de financiamento e desequilíbriosmacroeconômicos – os anos 80

A década de 80 do séc. XX marcará o encilha-mento do modelo militar-autoritário de desenvolvi-mento industrial.

A crise fiscal-financeira do Estado, sustentáculodo modelo de desenvolvimento tripartite adotado,fruto de uma combinação perversa entre dívida ex-terna, dívida interna, ciranda financeira, aceleraçãoinflacionária e alta exclusão social, terminará porromper o pacto de poder que sustentava o Estadoautoritário militar brasileiro.

As dificuldades de financiamento internacional ea deterioração das contas públicas levam a uma re-dução na taxa de investimento interno bruto, que caide 22,9%, em 1980, para 18,9% em 1984, último anodo regime militar.

1alebaT,BIPodotnemicsercedsaxaT:lisarB

sotnemitsevnIeairtsúdnImegatnecrePmE

sonA BIP airtsúdnI sotnemitsevnI

8691 8,9 3,31 7,81

9691 5,9 1,21 1,91

0791 4,01 9,11 8,81

1791 3,11 8,11 6,91

2791 9,11 2,41 2,02

3791 0,41 0,71 4,12

4791 2,8 5,8 8,22

5791 2,5 2,6 4,42

6791 3,01 7,01 5,22

7791 9,4 9,3 4,12

8791 0,5 4,6 2,22

9791 8,6 8,6 0,32

0891 2,9 2,9 6,32

EGBI:etnoF

As prioridades do Estado, agora de novo forte-mente centralizado, serão tentar fechar a matriz in-dustrial brasileira, procurando acomodar os

2alebaToturBotnemitsevnIedaxaTeBIP,oãçalfnI:lisarB

sonA oãçalfnIedaxaT

otnemicserC)%(BIPod

edaxaTotnemitsevnI

)%(oturBonretnI

0891 2,001 3,9 9,22

1891 9,901 3,4- 3,42

2891 4,59 8,0 0,32

3891 5,451 9,2- 9,91

4891 6,022 4,5 9,81

5891 5,522 8,7 0,81

6891 3,241 5,7 0,02

7891 8,422 5,3 2,32

8891 5,486 1,0- 3,42

9891 0,0231 2,3 9,62

acimônocEarutnujnoC/VGF:etnoF

Ao se desacelerar a economia em meio a umrecrudescimento da inflação, o regime perde apoi-os e a oposição cresce devido:a) a “ingratidão” de vários grandes empresários ante

a diminuição de novas oportunidades de investi-mentos; a capacidade ociosa em alguns seto-res; e a crise financeira do Estado, que passa acortar algumas benesses antes dadas ao setorprivado;

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b) a frustração da classe trabalhadora ante a novapolítica salarial; a desaceleração do aumento doemprego; e o caos urbano causado pelo agrava-mento dos problemas habitacionais, dos trans-portes coletivos, de saneamento básico, saúdepública e educação;

c) o desespero dos trabalhadores rurais (os bóias-frias) que, com a modernização agrícola, perdiama moradia na propriedade rural sendo impelidosa habitar as cidades em péssimas condições am-bientais;

d) a frustração da classe média em face do menorritmo do aumento dos empregos qualificados; oachatamento dos salários mais altos; a elevaçãoda taxa de juros e a restrição do crédito; a ex-pansão do ensino privado e caro, acompanhadoda deterioração do ensino público; e o debilita-mento da pequena e da média empresa;

e) o temor da Igreja e da imprensa à censura. (Cano:2000 p.207)

O novo pacto de poder que acena com avançosem relação às liberdades civis não consegue, contu-do, recompor a capacidade de intervenção do Esta-do – sustentáculo do modelo de desenvolvimento emcurso – imerso numa longa crise fiscal-financeira.

Durante a década o PIB cresce à média anualde 2,9%, enquanto a taxa de investimento, que em1980 era de 22,9%, cai ao longo da primeira meta-de do período, situando-se em 18,0% em 1985,quando volta a se recuperar. Contudo, o amadure-cimento de vários investimentos oriundos do II PND,como papel e celulose, química, aço e não-ferrosos,aliado à política de incentivos às exportações – casodos têxteis, vestuário e calçados, material de trans-porte e equipamentos – possibilita, via desempe-nho das exportações e contenção das importaçõespela recessão, o crescimento industrial.

A partir da segunda metade dos anos 80, o insu-cesso dos diversos planos de estabilização faz aeconomia brasileira crescer aos solavancos, comperíodos curtos de recuperação alternando-se comfases de retração.

Assim, o desempenho da indústria brasileira,medido pelo valor da produção da indústria apre-sentou tendência de alta por dois anos (1985 e1986), acompanhado de forte queda nos três anosseguintes (1987/1990).

Por outro lado, a retração da demanda nos anos80 fragilizou o segmento de bens de capital, que noperíodo subsequente enfrentará forte concorrênciados importados tornados relativamente mais bara-tos pela valorização cambial e pela facilidade deacesso às linhas externas de financiamento, nummundo em que “a abertura comercial e a desregula-ção cambial e financeira impostas pelos países cen-trais e adotadas pelo Brasil a partir de 1990 aumen-taram a vulnerabilidade externa do país e produziramefeitos de desorganização em vários segmentos daeconomia”. (Tavares:1995)

A desconstrução do Estado e a inserçãosubordinada no mundo das transnacionais –os anos 90 do fim do milênio

A década de 90 será marcada pela primaziadada à estabilização econômica em detrimento dasações de desenvolvimento. O progresso nas con-dições internas de acumulação articular-se-á comlaços mais fortes e permanentes de subordinaçãoà acumulação global própria dos países centrais,núcleo orgânico do capitalismo na expressão deArrighi.

O triunfo ideológico do discurso neoliberal, cujasíntese é o decálogo da nova bíblia conhecido comoConsenso de Washington – disciplina fiscal, priori-dades no gasto público, reforma tarifária, liberaliza-ção financeira, taxas de câmbio, liberalização co-mercial, investimento direto externo, privatização,desregulação, direitos de propriedade – sinalizará aestabilização macroeconômica como centro dasações e preocupações do Governo.

Alardear-se-á que a efetivação plena das refor-mas permitirá o acesso aos benefícios do capitalis-mo avançado.

A reforma do Estado, quer no referente à suaadministração quer quanto à privatização de suasempresas, resultou no desmantelamento de seusprincipais órgãos decisórios de planejamento e naredução efetiva da capacidade de formular políticasde desenvolvimento. A atual crise energética é em-blemática dessa situação.

Entre 1990 e 1992 há recessão, caindo o PIB,no primeiro ano da década, 4,4%. A euforia da es-tabilização e a abertura comercial com o dólar sub-valorizado, frutos do Plano Real, estimulam o cré-

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dito ao consumidor e a demanda de bens duráveise de serviços. Contudo, o crescimento do PIB, quefora de 5,8%, em 1994, cai para 4,2% em 1995, ea indústria de transformação, que subira cerca de8,0% em 1993 e 1994, cresce, apenas, 1,8% em1995.

A forte pressão competitiva, decorrente da aber-tura comercial indiscriminada, queda do preço emdólar, disponibilidade de financiamentos externos eapreciação real da moeda nacional, rompe cadeiasprodutivas, reconcentra e desnacionaliza ramos in-teiros da indústria nacional, inclusive ramos de pon-ta como a Metal Leve e a de fibras óticas, e provocauma expansão física da produção industrial nãoacompanhada por aumento no valor da produção emuito menos por pessoal ocupado.

Em meio às marchas e contramarchas da políticaeconômica, a maioria das empresas empreendeu umajuste defensivo, caracterizado por significativo au-mento de produtividade, redução de pessoal, reor-ganização do processo produtivo, terceirização de ati-vidades e precarização do emprego.

Ocorre uma elevação sem precedentes na pro-dutividade industrial (cerca de 8,0% aa. no perío-do), acompanhada de uma forte redução dospostos de trabalho industrial, não apenas resultan-te da redução da relação emprego/produto indus-trial, imposta pela elevação da produtividade

setorial, mas da multiplicação da terceirização es-púria como estratégia competitiva e da própria li-quidação de firmas expostas à concorrência internae externa.

Em 1996/1997 o crescimento médio foi baixo –3,2% para o PIB e 2,3% para a indústria de transfor-mação, com uma alta importação de bens, serviçose capital externo para financiar o rombo crescentedo balanço de pagamentos.

Na década, o PIB cresce a uma média anual decerca de 1,9%, inferior à da chamada década perdi-da dos anos 80 (2,2%). A poupança interna cai de22,4% em 1989, fim da década pedida, para incipi-entes 14,8% em 1996/1997, enquanto a poupançade origem externa sobe para 7,6%, fruto dos jurosinternos exorbitantes, abertura comercial, desregu-lamentação dos fluxos de capitais e, particularmen-te, do movimento internacional de reestruturação ereconcentração privada do capital.

Refletindo os baixos níveis de investimento naeconomia brasileira nos anos 90, o microcomplexode máquinas e equipamentos manteve-se pratica-mente estagnado, com significativo aumento dapenetração de produtos importados, enquanto osmacrocomplexos têxtil, químico e metalmecânico –siderurgia, metalurgia dos não-ferrosos e produtosmetalúrgicos – reduzem sua participação na estru-tura produtiva nacional, ocorrendo um processo cres-

cente de substituiçãode insumos e produtosfinais de procedêncialocal por importados.

Na expressão de Cel-so Furtado, “é como se opaís fosse murchando,desaparecendo. O Esta-do brasileiro vai perden-do a capacidade dedireção, de decisão” (Fo-lha São Paulo,9/9/99).

Nos anos 90, no pe-ríodo posterior às refor-mas, ainda que a co-municação entre o em-presariado nacional e atecnoburocracia gover-namental não tenha serompido,

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.82-89 Dezembro 2001 89

sua participação passa a ser contida num espaço específico

lateral, fora das instâncias nas quais se tomam as decisões

estratégicas responsáveis pela definição das linhas mestras

da política governamental. (...) a estrutura de representação

de interesses do empresariado tornou-se ainda mais frag-

mentada e especializada. Em relação ao passado, observou-

se, porém, uma diferença marcante, já que, nesta estrutura

segmentada, o espaço da empresa privada nacional estrei-

tou-se cada vez mais. (...) Nos anos 90 (...) o empresariado

nacional esgota-se enquanto protagonista da nova ordem eco-

nômica e enquanto categoria política (...). Sob a égide das

novas diretrizes pró-mercado, é a lógica concentradora das

grandes corporações transnacionais que comanda (...) So-

mente uma fração muito restrita do empresariado local, em

geral associada aos grandes conglomerados, tem condições

de ascender e participar desta estrutura. Os demais (...) ope-

ram (...) no limite da sobrevivência. (Diniz: 2001 p.14)

Em meio às incertezas deste início de milênio,ausente uma política industrial, a economia brasi-leira continua a apresentar uma taxa de investimen-to baixa: 17,3% no primeiro trimestre de 2001,situação que tende a se agravar se comparada aigual período dos anos de 1980 (24,6%), 1987(18,8%), 1995 (17,5%) e 1998 (17,8%). Grande parteda formação bruta de capital apoia-se em poupan-ça externa, o que subordina o desenvolvimento na-cional às contingências do volátil mercado financeirointernacional. Como apontou Pochmann, “após terabandonado seu projeto de industrialização nacio-nal (...) o Brasil passou a marcar passos no mesmolugar (...) A condução stop and go das políticas ma-croeconômicas revelam a incapacidade de recons-truir um padrão de financiamento da economianacional”. (Jornal Valor Econômico, 9/5/2000).

Questões se colocam no momento: como reori-entar a economia brasileira para um estilo de de-senvolvimento mais autônomo? Como estabeleceruma política industrial que atenda aos interessesnacionais? Como mudar e para onde? A resposta aestas questões passa pela possibilidade de estabe-lecer uma nova aliança de poder que assegure aimplementação de um novo pacto social brasileiro.

Notas

1 Texto preparado para o Curso de Extensão de Acompanha-mento da Conjuntura Econômica realizado pelo Núcleo de

Estudos Conjunturais (NEC) da Faculdade de Ciências Eco-nômicas da Universidade Federal da Bahia (FCE/UFBA).

2 Expressão criada por Michael Crichton em A linha do tempo.

3 Corpo profissional selecionado por concurso público e trei-nado pelo DASP.

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* Antônio Plínio Pires de Moura é professor adjunto daFaculdade de Ciências Econômicas da UFBA e Membro do

NEC.

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90 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.90-94 Dezembro 2001

ÍNDICE GERAL

ASSUNTO

ADMINISTRAÇÃO AMBIENTALv.10, n.4, p.306-309, mar.2001v.10, n.4, p.333-341, mar.2001v.10, n.4, p.342-349, mar.2001

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPALv.10, n.2, p.35-38, set.2000

ADOLESCENTE – MORTE –SALVADOR – BAHIAv.10, n.4, p.115-121, mar.2001

AGRICULTURA – MÃO-DE-OBRA –RECÔNCAVO – BAHIA – 1891v.10, n.1, p.21-34, jul.2000

AGROPECUÁRIA – BAHIA – 2000/2001v.10, n.3, p.52-73, dez.2000

BAHIA SUL CELULOSEv.10, n.4, p.310-319, mar.2001v.10, n.4, p.320-325, mar.2001

BASE DE DADOS GEOGRÁFICOS –BAHIAv.10, n.2, p.6-10, set.2000v.10, n.2, p.39-42, set.2000

CARTOGRAFIAv.10, n.2, p.14-16, set.2000

CARTOGRAFIA DIGITALv.10, n.2, p.11-13, set.2000v.10, n.2, p.17-28, set.2000

CBPM ver COMPANHIA BAIANA DEPESQUISA MINERAL

COMÉRCIO – BAHIA – 2000/2001v.10, n.3, p.52-73, dez.2000

COMÉRCIO EXTERIORv.10, n.4, p.310-319, mar.2001

COMPANHIA BAIANA DE PESQUISAMINERALv.10, n.2, p.47-51, set.2000

COSTA DO SAUIPE – BAHIAv.10, n.3, p.17-21, dez.2000

COSTA DOS COQUEIROS – BAHIAv.10, n.3, p.22-28, dez.2000

CRIANÇA – MORTE – SALVADOR –BAHIAv.10, n.4, p.115-121, mar.2001

DESEMPREGO – BAHIAv.10, n.1, p.49-67, jul.2000

v.10, n.1-4, jul.2000/mar.2001

v.10, n.3, p.92-109, dez.2000v.10, n.3, p.115-121, dez.2000

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO –BAHIAv.10, n.1, p.49-67, jul.2000v.10, n.1, p.68-86, jul.2000v.10, n.1, p.87-98, jul.2000v.10, n.3, p.29-42, dez.2000v.10, n.3, p.52-73, dez.2000v.10, n.3, p.74-83, dez.2000

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO –BRASILv.10, n.3, p.46-51, dez.2000

DESENVOLVIMENTO FLORESTAL –BAHIAv.10, n.2, p.52-56, set.2000

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL –BAHIA – 2000/2001.v.10, n.3, p.52-73, dez.2000

DESENVOLVIMENTO REGIONAL –ÁREA METROPOLITANA –SALVADORv.10, n.3, p.14-16, dez.2000

DESENVOLVIMENTO REGIONAL –BRASILv.10, n.4, p.193-206, mar.2001

DESENVOLVIMENTO REGIONAL –NORDESTEv.10, n.4, p.177-192, mar.2001

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELv.10, n.4, p.221-228, mar.2001v.10, n.4, p.342-349, mar.2001

DISPARIDADE REGIONAL –NORDESTEv.10, n.4, p.177-192, mar.2001

DISPARIDADE SOCIALv.10, n.4, p.115-121, mar.2001v.10, n.4, p.245-252, mar.2001

ECOLOGIAv.10, n.4, p.271-279, mar.2001

ECONOMIA – BRASILv.10, n.3, p.46-51, dez.2000

EDUCAÇÃOv.10, n.3, p.122-126, dez.2000v.10, n.3, p.128-136, dez.2000

EMBASA ver EMPRESA BAIANA DEÁGUAS E SANEAMENTO

EMIGRAÇÃO – BRASILv.10, n.4, p.79-106, mar.2001

EMPREGO – SALVADOR – BAHIAv.10, n.1. p.68-86, jul.2000v.10, n.3, p.110-114, dez.2000v.10, n.3, p.115-121, dez.2000

EMPRESA BAIANA DE ÁGUASE SANEAMENTOv.10, n.2, p.43-46, set.2000

ENSINO DE 1º GRAU – BAHIAv.10, n.3, p.122-126, dez.2000

ENSINO DE 2º GRAU – BAHIAv.10, n.3, p.122-126, dez.2000

ENSINO OFICIAL – BAHIAv.10, n.3, p.122-126, dez.2000

ENVELHECIMENTO – AMÉRICALATINAv.10, n.4, p.6-35, mar.2001

ENVELHECIMENTO – BRASILv.10, n.4, p.36-48, mar.2001

ENVELHECIMENTO – CARIBEv.10, n.4, p.6-35, mar.2001

ESTATUTO DA CRIANÇA EDO ADOLESCENTEv.10, n.4, p.107-114, mar.2001

EXTREMO SUL – BAHIAv.10, n.4, p.320-325, mar.2001

FERTILIDADE – ÁREA METROPOLITANA– SALVADOR – BAHIA – 1940/2000v.10, n.1, p.35-48, jul.2000

FORD – BAHIAv.10, n.3, p.8-13, dez.2000

GEOLOGIA – BAHIAv.10, n.2, p.60-62, set.2000

GEOPROCESSAMENTOv.10, n.2, p.6-10, set.2000v.10, n.2, p.11-13, set.2000v.10, n.2, p.17-28, set.2000v.10, n.2, p.29-34, set.2000v.10, n.2, p.43-46, set.2000v.10, n.2, p.47-51, set.2000v.10, n.2, p.57-59, set.2000v.10, n.2, p.60-62, set.2000

GEOTÉCNICAv.10, n.2, p.52-56, set.2000

GEOTECNOLOGIA ver GEOTÉCNICA

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.90-94 Dezembro 2001 91

GIS ver SISTEMA DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICA

GLOBALIZAÇÃO – SALVADOR – BAHIAv.10, n.3, p.29-42, dez.2000

IDOSO – BRASILv.10, n.4, p.36-48, mar.2001

IDOSO – SALVADOR – BAHIAv.10, n.4, p.129-137, mar.2001

IDOSO – SAÚDEv.10, n.4, p.138-153, mar.2001

INDÚSTRIA DE POLPA E PAPEL –BAHIAv.10, n.4, p.310-319, mar.2001v.10, n.4, p.320-325, mar.2001

INDUSTRIALIZAÇÃO – BAHIAv.10, n.1, p.87-98, jul.2000v.10, n.3, p.8-13, dez.2000v.10, n.3, p.74-83, dez.2000

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – BAHIAv.10, n.2, p.6-10, set.2000

JUVENTUDE – MERCADO DE TRABALHO– BAHIAv.10, n.3, p.92-109, dez.2000

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL –BAHIAv.10, n.3, p.84-90, dez.2000

LITORAL NORTE – BAHIAv.10, n.3, p.22-28, dez.2000

MEIO AMBIENTEv.10, n.4, p.260-270, mar.2001v.10, n.4, p.280-305, mar.2001v.10, n.4, p.310-319, mar.2001v.10, n.4, p.326-332, mar.2001v.10, n.4, p.333-341, mar.2001v.10, n.4, p.342-349, mar.2001

MEIO AMBIENTE – AMÉRICA LATINAv.10, n.4, p.212-220, mar.2001

MEIO AMBIENTE – CARIBEv.10, n.4, p.212-220, mar.2001

MEIO AMBIENTE – DISPARIDADESOCIALv.10, n.4, p.245-252, mar.2001

MEIO AMBIENTE – INDICADORESv.10, n.4, p.229-244, mar.2001

MEIO AMBIENTE – NORDESTEv.10, n.2, p.60-62, set.2000v.10, n.4, p.253-259, mar.2001

MERCADO DE TRABALHO – BAHIAv.10, n.1, p.12-20, jul.2000v.10, n.1, p.49-67, jul.2000v.10, n.3, p.52-73, dez.2000v.10, n.3, p.92-109, dez.2000v.10, n.3, p.110-114, dez.2000

v.10, n.3, p.115-121, dez.2000

MERCADO DE TRABALHO – MULHERv.10, n.4, p.154-168, mar.2001

MERCADO DE TRABALHO – NEGRO –ÁREA METROPOLITANA –SALVADORv.10, n.4, p.169-176, mar.2001

MIGRAÇÃO – BRASILv.10, n.4, p.79-106, mar.2001

MIGRAÇÃO INTERNACIONAL –AMÉRICA LATINAv.10, n.4, p.49-78, mar.2001

MIGRAÇÃO INTERNACIONAL –CARIBEv.10, n.4, p.49-78, mar.2001

MINERAÇÃO – IMPACTO AMBIENTALv.10, n.4, p.280-305, mar.2001

MORTALIDADE – ÁREA METROPOLITANA– SALVADOR – BAHIA – 1940/2000v.10, n.1, p.35-48, jul.2000

MORTALIDADE INFANTIL –NORDESTEv.10, n.4, p.122-128, mar.2001

MULHER – MERCADO DE TRABALHOv.10, n.4, p.154-168, mar.2001

NEGRO – MERCADO DE TRABALHO –ÁREA METROPOLITANA – SALVA-DORv.10, n.4, p.169-176, mar.2001

PESQUISA MINERAL – BAHIAv.10, n.2, p.60-62, set.2000

PIB ver PRODUTO INTERNO BRUTO

PLANO REALv.10, n.3, p.46-51, dez.2000

PLUMBUM MINERAÇÃO EMETALURGIAv.10, n.4, p.306-309, mar.2001

PNMA ver POLÍTICA NACIONAL DEMEIO AMBIENTE

POLÍTICA AMBIENTALv.10, n.4, p.326-332, mar.2001v.10, n.4, p.333-341, mar.2001

POLÍTICA NACIONAL DEMEIO AMBIENTEv.10, n.4, p.326-332, mar.2001

POLUIÇÃOv.10, n.4, p.260-270, mar.2001v.10, n.4, p.271-279, mar.2001

POPULAÇÃO – AMÉRICA LATINAv.10, n.4, p.6-35, mar.2001v.10, n.4, p.212-220, mar.2001

POPULAÇÃO – CARIBEv.10, n.4, p.6-35, mar.2001v.10, n.4, p.212-220, mar.2001

POPULAÇÃO – SALVADOR – BAHIAv.10, n.3, p.29-42, dez.2000

POPULAÇÃO, CRESCIMENTO DA –BRASILv.10, n.4, p.79-106, mar.2001

POPULAÇÃO URBANA – ÁREAMETROPOLITANA – SALVADOR –BAHIA – 1940/2000v.10, n.1, p.35-48, jul.2000

PRODUTO INTERNO BRUTO – BAHIAv.10, n.3, p.74-83, dez.2000

PROJETO AMAZONv.10, n.3, p.8-13, dez.2000

PROJETO GIS/SGMv.10, n.2, p.60-62, set.2000

PROJETO VETOR NORTEv.10, n.3, p.22-28, dez.2000

REBATE ver REDE BAIANA DETECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃOESPACIAL

RECURSOS HÍDRICOS – BAHIAv.10, n.2, p.57-59, set.2000

REDE BAIANA DE TECNOLOGIAS DEINFORMAÇÃO ESPACIALv.10, n.2, p.29-34, set.2000

RESÍDUO INDUSTRIALv.10, n.4, p.306-309, mar.2001

SANEAMENTO – INDICADORESv.10, n.4, p.229-244, mar.2001

SAÚDE – DISPARIDADE SOCIALv.10, n.4, p.245-252, mar.2001

SAÚDE – IDOSOv.10, n.4, p.138-153, mar.2001

SAÚDE – INDICADORESv.10, n.4, p.229-244, mar.2001

SAÚDE – NORDESTEv.10, n.4, p.253-259, mar.2001

SERVIÇOS – SALVADOR – BAHIAv.10, n.1, p.68-86, jul.2000

SIGSEI ver SISTEMA DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICA – SEI

SISTEMA DE INFORMAÇÃO ESPACIALver SISTEMA DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICA

SISTEMA DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICAv.10, n.2, p.29-34, set.2000

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92 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.90-94 Dezembro 2001

v.10, n.2, p.35-38, set.2000v.10, n.2, p.39-42, set.2000v.10, n.2, p.60-62, set.2000

SISTEMA DE INFORMAÇÃOGEOGRÁFICA – SEIv.10, n.2, p.17-28, set.2000v.10, n.2, p.43-46, set.2000

TECNOLOGIA AMBIENTAL –HOLANDAv.10, n.4, p.221-228, mar.2001

TECNOLOGIA LIMPAv.10, n.4, p.271-279, mar.2001v.10, n.4, p.326-332, mar.2001

TERRITÓRIOv.10, n.4, p.193-206, mar.2001

TRABALHO E TRABALHADORES –ÁREA METROPOLITANA –SALVADOR – 2000v.10, n.3, p.110-114, dez.2000

TRABALHO ESCRAVO – BAHIAv.10, n.1, p.12-20, jul.2000v.10, n.1, p.21-34, jul.2000

TURISMO – BAHIAv.10, n.3, p.17-21, dez. 2000

URBANIZAÇÃO – SALVADOR – BAHIAv.10, n.3, p.29-42, dez.2000

VIAS URBANAS – SALVADOR – BAHIAv.10, n.3, p.43-44, dez.2000

ZONEAMENTO ECOLÓGICOv.10, n.4, p.193-206, mar.2001

ZONEAMENTO ECONÔMICOv.10, n.4, p.193-206, mar.2001

TÍTULO

Aplicação da geotecnologia nos projetosde desenvolvimento florestal.v.10, n.2, p.52-56, set.2000

Aumentam os desafios da educação naBahia.v.10, n.3, p.122-126, dez.2000

A Bahia em busca de uma base dedados geográficos de uso comum.v.10, n.2, p.6-10, set.2000

Bahia: uma economia em transição.v.10, n.3, p.74-83, dez.2000

Capacitação em geoprocessamentona Bahia.v.10, n.2, p.29-34, set.2000

Cartografia digital: uma base para ogeoprocessamento.v.10, n.2, p.11-13, set.2000

Cartografia sistemática: para onde vamos?

v.10, n,2, p.14-16, set.2000

Ciência e arte de educar.v.10, n.3, p.128-136, dez.2000

50 anos da industrialização baiana:do enigma a uma dinâmica exógenae espasmódica.v.10, n.1, p.87-98, jul.2000

Comércio exterior e meio ambiente:o caso da Bahia Sul Celulose.v.10, n.4, p.310-319, mar.2001

Considerações sobre as “vias transversais”de Salvador.v.10, n.3, p.43-44, dez.2000

Costa dos Coqueiros: Projeto Vetor Norte.v.10, n.3, p.22-28, dez.2000

O desafio desse tal de desenvolvimentosustentável: o programa dedesenvolvimento de tecnologiassustentáveis da Holanda.v.10, n.4, p.221-228, mar.2001

Desafios a serem enfrentados no terceiromilênio pelo setor saúde na atençãointegral ao idoso.v.10, n.4, p.138-153, mar.2001

Desempenho da economia baiana noano 2000 e tendências para 2001.v.10, n.3, p.52-73, dez.2000

Desenvolvimento territorial:do entulho varguista ao zoneamentoecológico-econômico.v.10, n.4, p.193-206, mar.2001

Desequilíbrios regionais e políticas dedesenvolvimento no Brasil: umareflexão sobre a necessidade deuma reinterpretação do “problemaNordeste”.v.10, n.4, p.177-192, mar.2001

Desigualdades sociais e mortes violentasem crianças e adolescentesda cidade do Salvador.v.10, n.4, p.115-121, mar.2001

Os determinantes da mortalidade infantilno Nordeste: aplicação de modeloshierárquicos.v.10, n.4, p.122-128, mar.2001

A dimensão ambiental noplanejamento da mineração –um enfoque empresarial.v.10, n.4, p.280-305, mar.2001

Ecologia industrial e prevençãoda poluição: uma contribuiçãoao debate regional.v.10, n.4, p.271-279, mar.2001

Economia brasileira: as fragilidadesestruturais permanecem.

v.10, n.3, p.46-51, dez.2000

Economia e mercado de trabalho naBahia e RMS: uma abordagem delongo prazo.v.10, n.1, p.49-67, jul.2000

A efetivação do Estatuto da criança e doadolescente.v.10, n.4, p.107-114, mar.2001

Envelhecimento da população brasileira:problema para quem?v.10, n.4, p.36-48, mar.2001

Geoprocessamento & OLAP.v.10, n.2, p.17-28, set.2000

Geoprocessamento: instrumento decisivona gestão de recursos hídricos.v.10, n.2, p.57-59, set.2000

A gestão municipal inteligente.v.10, n.2, p.35-38, set.2000

Os impactos da moderna indústria noExtremo Sul da Bahia: expectativase frustações.v.10, n.4, p.320-325, mar.2001

A inserção dos jovens baianos nomercado de trabalho nos anos 90.v.10, n.3, p.92-109, dez.2000

A migração nos estados brasileirosno período recente: principaistendências e mudanças.v.10, n.4, p.79-106, mar.2001

Mudanças à vista na Região Metropolitanade Salvador.v.10, n.3, p.14-16, dez.2000

Mudanças na dinâmica demográfica deSalvador e sua região metropolitanana segunda metade do século XX.v.10, n.1, p.35-48, jul.2000

Mudanças no mercado de trabalhoda RMS.v.10, n.3, p.115-121, dez.2000

Nova onda de industrialização poderáprovocar transformações na RMS.v.10, n.3, p.8-13, dez.2000

A nova política ambiental do Estadoda Bahia.v.10, n.4, p.333-341, mar.2001

Novas formas de sociabilidade de idosos– o caso de Salvador.v.10, n.4, p.129-137, mar.2001

Participação feminina no mercado detrabalho: expansão e iniqüidade.v.10, n.4, p.154-168, mar.2001

Passado e futuro dos serviços: o caso daRMS.

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BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.3 p.90-94 Dezembro 2001 93

v.10, n.1, p.68-86, jul.2000

Plano de gestão ambiental para sítioscontaminados por resíduosindustriais – o caso da Plumbum emSanto Amaro da Purificação/Ba.v.10, n.4, p.306-309, mar.2001

Población y ambiente: uma miradaheterodoxa a sus interrelaciones.v.10, n.4, p.212-220, mar.2001

Poluição química ambiental –um problema de todos, que afetaalguns mais do que os outros.v.10, n.4, p.260-270, mar.2001

Os postos de trabalho no ano 2000v.10, n.3, p.110-114, dez.2000

El proceso de envejecimiento de lapoblación de América Latina y elCaribe: una expresión de latransición demográfica.v.10, n.4, p.6-35, mar.2001

O projeto GIS/SGM e sua contribuição àgeologia, pesquisa mineral eproteção ambiental.v.10, n.2, p.60-62, set.2000

Reflexões sobre a Lei de responsabilidadefiscal: o caso da Bahia.v.10, n.3, p.84-90, dez.2000

Resolve-me ou eu te devoro!Uma discussão sobre a falta debraços no Recôncavo Baiano.v.10, n.1, p.21-34, jul.2000

Riscos ambientais em contextos sociaisvulneráveis.v.10, n.4, p.253-259, mar.2001

Salvador na “globalização”.v.10, n.3, p.29-42, dez.2000

Saúde, trabalho e ambiente nosterritórios da exclusão: elementospara uma promoção da saúdetransformadora no Brasil.v.10, n.4, p.245-252, mar.2001

Sistema de informações geográficasurbanas do Estado da Bahia:base de dados geográficos deuso compartilhado.v.10, n.2, p.39-42, set.2000

Sistemas de indicadores de saúdeambiental – saneamento empolíticas públicas.v.10, n.4, p.229-244, mar.2001

Sociedade escravista e mercado detrabalho: Salvador – Bahia,1850-1868.v.10, n.1, p.12-20, jul.2000

A sustentabilidade, as corporações e opapel dos instrumentos voluntáriosde gestão ambiental: uma reflexãosobre conceitos e perspectivas.v.10, n.4, p.342-349, mar.2001

Tendencias y patrones de la migracióninternacional en América Latinay el Caribe.v.10, n.4, p.49-78, mar.2001

“Trabalha, trabalha negro”: participaçãodos grupos raciais no mercado detrabalho da RMS.v.10, n.4, p.169-176, mar.2001

Turismo na Bahia: a hora daprofissionalização.v.10, n.3, p.17-21, dez.2000

Uma política nacional de meio ambientefocada na produção limpa:elementos para discussão.v.10, n.4, p.326-332, mar.2001

A utilização das ferramentas degeoprocessamento na EMBASA.v.10, n.2, p.43-46, set.2000

AUTOR

ALBAN, Marcus Suarezv.10, n.3, p.8-13, dez.2000

ALMEIDA, Paulo Henrique dev.10, n.1, p.68-86, jul.2000

ALVA, Eduardo Neirav.10, n.3, p.22-28, dez.2000

ANDRADE, José Célio Silveirav.10, n.4, p.326-332, mar.2001

ANDRADE, Magda Maria Guimarães dev.10, n.2, p.14-16, set.2000v.10, n.2, p.17-28, set.2000

ANJOS, José Ângelo Sebastião Araújodosv.10, n.4, p.306-309, mar.2001

AUGUSTO, Lia Giraldo da Silvav.10, n.4, p.253-259, mar.2001

AZEVÊDO, José Sérgio Gabrielli dev.10, n.1, p.49-67, jul.2000

BAENINGER, Rosanav.10, n.4, p.79-106, mar.2001

BAPTISTA, Creomarv.10, n.3, p.84-90, dez.2000

BARROS, Emanuelv.10, n.2, p.57-59, set.2000

BORGES, Ângelav.10, n.3, p.92-109, dez.2000

BORJA, Patrícia Camposv.10, n.4, p.229-244, mar.2001

BRITO, Paulo César Raimundov.10, n.2, p.60-62, set.2000

BRITTO, Denise Araújov.10, n.2, p.43-46, set.2000

CAMARANO, Ana Améliav.10, n.4, p.36-48, mar.2001

CAMPANÁRIO, Paulov.10, n.1, p.35-48, jul.2000

CARVALHO, Ana Lúcia Borges dev.10, n.1, p.35-48, jul.2000

CARVALHO, Edmilsonv.10, n.3, p.29-42, dez.2000

CARVALHO, Inaiá Maria Moreira dev.10, n.4, p.107-114, mar.2001

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* Trabalho realizado porMarília Torres, bibliotecária da SEI.