58

GOVERNO DO PARANÁ PROGRAMA DE … · MARINEI PIFFER CHAVES ARTIGO O PROCESSO HISTÓRICO DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA ... para o compromisso de desenvolver estratégias

  • Upload
    buinhu

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

MARINEI PIFFER CHAVES

ARTIGO

O PROCESSO HISTÓRICO DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA

COMO AGENTE TRANSFORMADOR DA RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA.

IES: Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

ORIENTADORA: Prof. Luis Fernando Guimarães Zen

ÁREA CURRICULAR: História

Guaíra – Paraná

2012

O PROCESSO HISTÓRICO DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA

COMO AGENTE TRANSFORMADOR DA RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA.

Autora: Marinei Piffer Chaves.1

Orientador: Prof. Luis Fernando Guimarães Zen.2

RESUMO

O artigo busca a inserção de uma metodologia no ensino de história com o objetivo de promover uma relação de diálogo entre família e escola, a fim de haver uma maior aproximação e compromisso dos pais com relação a seus filhos no espaço escolar. Propõe-se, assim, a implementação desse trabalho de pesquisa, que é desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), observando aspectos culturais, econômicos e sociais com os alunos da 8º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual "Professor Jaime Rodrigues", na Cidade de Guaíra, no Estado do Paraná, bem como a participação de seus familiares. A investigação tem como base a importância da família no contexto histórico escolar.

Palavras-chave: Família, escola, educação.

ABSTRACT The article seeks to insert a methodology in the teaching of history in objective to promote a relationship of dialogue between family and school in order to be closer and commitment of parents regarding their children at school. It is proposed, therefore, the implementation of this research work, which is developed at the Educational Development Program (PDE), observing the cultural, economic and social interactions with students in 8th grade of elementary school in State College "Professor Jaime Rodrigues," in the city of Guaíra, in Paraná state, as well as the participation of their families. The investigation is based on the importance of family context in school history.

Keywords: Family, school, education.

1 Professora de História da Rede Estadual do Paraná, especialista em História e Orientação e Supervisão de

Ensino, lotada no Colégio Estadual Jaime Rodrigues de Guaíra, atualmente exercendo a função de Diretora

na Escola Estadual Indígena Mbyja Porã. 2 Professor Mestre em História e docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus

de Marechal Candido Rondon, e orientador PDE.

1 INTRODUÇÃO

"Reformemos as nossas escolas, e não teremos que reformar grande coisa nas

nossas prisões." (John Ruskin)

O objetivo da elaboração do presente texto foi explicitar a interação entre

família e escola promovida durante o desenvolvimento do projeto educacional a que

se refere, para que esse projeto possa traduzir-se em apoio e suporte, ora aos

professores, ora aos pais, o que irá traduzir-se em melhoria do processo de ensino-

aprendizagem e em mudança não só de postura, mas, principalmente, de atitude

das partes integrantes da instituição escolar.

Ao elaborar a proposta de pesquisa apresentada ao Programa de

Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE), decidiu-se inserir uma metodologia

no ensino de História com o objetivo de promover uma relação de diálogo entre

família e escola. A investigação tem como base a importância da família atual no

contexto histórico escolar e se realiza em sete etapas, desde a apresentação do

projeto aos alunos, professores e funcionários, passando pela aplicação de

questionário socioeconômico aos alunos da 8º ano e respectiva análise.

Depois ocorreu o estudo de textos, cujo enfoque principal foi a importância da

participação da família, junto com a participação dos alunos, mediante apresentação

de fotos, de depoimentos e de relatos de familiares, reflexões sobre a importância da

escola no processo de formação. Seguiram-se encontros com pais desses alunos,

envolvendo também a equipe pedagógica para o levantamento socioeconômico das

famílias e, ao final, encontro geral de todos os envolvidos no projeto.

Dessa forma, o projeto comprovou que cabe mobilizar a comunidade escolar

para o compromisso de desenvolver estratégias que venham a somar como uma

base científica, resultando em uma aprendizagem de conteúdo, mas, sobretudo, de

respeito e de solidariedade para com o seu próximo.

Esperava-se, assim, promover uma interação durante o desenvolvimento

desse projeto educacional, interação que pudesse traduzir-se em apoio e suporte,

ora aos professores, ora aos pais, o que se esperava que decorresse num processo

de ensino-aprendizagem mais significativo e eficaz e em mudança não só de

postura, mas, principalmente, de atitude.

Na sociedade brasileira, além do caráter matricial da família na constituição e

organização social, também os filhos (crianças e adolescentes) recebem uma

distinção legal especial e fundamental, matéria que está formalizada no chamado

Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (Lei Federal nº 8069/1990). O ECA, no

seu artigo 19, afirma que "[...] toda criança ou adolescente tem direito de ser criado e

educado no seio da sua família".

Contemporaneamente, as questões em torno da função da educação

remetem ao estudo da família, pois, cada vez mais, o senso comum atribui à escola

a tarefa de educar, delegando responsabilidades aos professores que antes eram

dos pais (LINTON, 2000).

No direito romano clássico, a “família natural” é baseada no casamento e no

vínculo de sangue e o seu agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus

filhos. Essa família tem como base o casamento e as relações jurídicas dele

resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos (CARTER, 1995).

Esse conceito teve bastante influência da Igreja Católica através do direito

canônico, no direito brasileiro, até bem pouco tempo.

No decorrer da história, a necessidade de encontrar meios para a sua

sobrevivência fez com que os agrupamentos humanos desenvolvesse técnicas que

garantissem a sua expansão e a sua sobrevivência. Assim, tornaram-se sedentários,

passando a produzir seus alimentos em áreas geográficas com localização fixa, e

nelas também domesticando animais e produzindo utensílios domésticos à base da

fundição de minerais metálicos como cobre, estanho, ferro e outros. Além disso, o

homem passou a desenvolver a linguagem oral e a escrita, que possibilitaram uma

maior integração e compreensão entre seus grupos.

Nos agrupamentos humanos, com o tempo o pai passou a desempenhar o

papel principal na família, que se tornou patriarcal, da qual somos frutos. O pai

(pater, em latim), chefe da família, tinha a autoridade sobre os entes familiares,

desempenhava a função de sacerdote e de juiz. Os membros da família eram

submetidos à autoridade do chefe (MELLO, 1999).

Segundo Bruschini (2000), a família passa a ser definida sociologicamente:

Como um grupo aparentado, responsável, principalmente, pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas. Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas, em geral, em uma mesma casa por um período de tempo indefinido. Ela é considerada uma unidade social básica e universal por ser encontrada em todas as sociedades humanas, de uma forma ou de outra. (BRUSCHINI, 2000, p.79).

A família sofreu consideráveis modificações ao longo da história, regulando as

interações sociais e cunhando preceitos morais e éticos, fomentando leis e normas.

Mesmo assim, no entanto, o conceito de família, independentemente de suas

variações, é basicamente o mesmo desde os primórdios da humanidade

(ABRAMOVAY, 2002).

Necessita-se reconhecer que, independentemente do modelo como a família

se organiza, ela deve se constituir num espaço de trocas, afetividade, segurança,

mas também espaço gerador de discussões, de conflitos, de diferenças e de

rejeições.

Sabe-se que a família, mais do que uma instituição legal e jurídica, é um

direito subjetivo de encontrar acolhimento para as dificuldades, as dúvidas, as

inseguranças que a vida vai fazendo aparecer aos que crescem (MELLO, 1999).

Para se refletir sobre a formação da família brasileira atual, faz-se necessário

entender os aspectos históricos e culturais que têm marcado a sua formação social.

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a união estável entre pessoas do

mesmo sexo, possibilitando que casais homossexuais agora reconhecidos como

entidade familiar passem a ter direitos. Segundo o Censo Demográfico 2010 do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 190 milhões de brasileiros,

60.002 (0,03%) são pessoas do mesmo sexo que vivem juntas (LOUZADA, 2010).

A participação efetiva dos pais no processo de aprendizagem facilita a prática

pedagógica dos professores. Isso evidencia a responsabilidade que a escola tem em

incentivar e apoiar a articulação família-escola. “Ensinar é propiciar situações que

permitam ao educando modificar o seu comportamento de determinado modo”

(SEAGOE, 1978).

A família, como toda instituição social, apesar dos conflitos, é a única que

engloba o indivíduo em toda a sua história de vida pessoal. É a partir daí que a

criança adquire suas primeiras experiências educativas, sociais e históricas e

aprende a se adaptar às diferentes circunstâncias, a flexibilizar e a negociar,

independentemente das normas educacionais que se aplicam aos familiares, através

da escola, da ideologia vigente de cada sociedade (PRADO, 1981, p. 09).

As famílias ocupam papel importante na vida escolar dos filhos, e isso não

pode ser desconsiderado, pois, consciente e intencionalmente ou não, influenciam

no comportamento escolar dos filhos.

2 REFLEXÕES SOBRE A NECESSIDADE DE REPENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA EM PARCERIA COM A FAMÍLIA

A organização deste projeto surgiu da necessidade de repensar a prática

pedagógica segundo o seguinte questionamento: Por que é importante a

participação efetiva da família no processo de ensino-aprendizagem? Qual a

contribuição que a família pode oferecer para a efetivação do processo de ensino-

aprendizagem?

Educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana

em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e espiritual.

A família como toda instituição social, apesar dos conflitos, é a única que

engloba o indivíduo em toda a sua história de vida pessoal. É na família que a

criança adquire suas primeiras experiências educativas, sociais e históricas. É na

família que a criança aprende a se adaptar às diferentes circunstâncias, a flexibilizar

e a negociar, independentemente das normas educacionais que são impostas aos

familiares, através da escola, da ideologia vigente de cada sociedade (PRADO,

1981).

Através dessas informações se articulam meios de mudanças, reconhecendo a

importância da presença da família no acompanhamento dos filhos na vida escolar.

O referido tema propõe que a família tenha maior envolvimento na vida escolar dos

filhos, acompanhando com freqüência o desempenho de cada um deles ou daqueles

pelos quais está responsável.

Dessa maneira, observa-se que os juízos e as condutas morais também se

desenvolvem com a idade, já que estão assentados na afetividade e na

racionalidade. A primeira etapa do desenvolvimento moral da criança é chamada de

heteronomia. Começa por volta dos três ou quatro anos e vai até oito anos em

média. Nessa fase, a criança legitima as regras porque provêm de pessoas com

prestígio e força: os pais (ou quem desempenha esse papel). Por um lado, se os

pais são vistos como protetores e bons, a criança, por medo de perder seu amor,

respeita seus mandamentos; se, por outro, são vistos como poderosos, seres

imensamente mais fortes e sábios que ela, seus ditames são aceitos

incondicionalmente (LDBN, 1995, p. 57).

Segundo Paro, pesquisador que realizou um estudo sobre o papel da família no

desenvolvimento escolar de alunos do ensino fundamental:

O distanciamento entre escola e família não deveria ser tão grande, pois, para ele, a escola não "[...] assimilou quase nada de todo o progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando métodos de ensino muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas relações familiares”. (PARO, 2000, p. 16).

O propósito é que essa parceria se construa através de uma intervenção

planejada e consciente. Segundo Paro (2000, p. 68), isso remete ao fato de que a

atual escola dos filhos é bastante parecida com a escola que os pais frequentaram

e, por isso, estes últimos não deveriam sentir-se tão distanciados do sistema

educacional, e também os professores, embora admita a necessidade da

participação dos pais na escola, da parte dele há uma falta de habilidade para

promoverem essa comunicação.

Quanto mais participativo e variado for o seu mundo familiar, mais

oportunidades o aluno terá de adquirir informação relevante.

Para Setubal (2000), a escola como instituição busca através de seu ensino,

que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo. Ultrapassa os

desejos individuais e essa responsabilidade só poderá advir através do enlaçamento

entre conhecimento e ação, entre o saber e as atitudes, entre os interesses

individuais e sociais. A escola, como um novo modelo, irá ampliar o mundo dos

alunos, convidando-os a olhar suas experiências com outra lente, que não a familiar,

o que alterará os significados já conhecidos. Todo educador, enquanto mediador do

vínculo entre o aluno e a cultura, entre a escola e a família, está comprometido

nessa rede de interesses dos dominantes e dos dominados.

Por essa razão, a escola deve ser um lugar onde os valores morais são

pensados, refletidos, e não meramente impostos ou frutos do hábito. Na busca de

maior clareza desta exposição, podem ser estabelecidas desde já duas decorrências

centrais para a educação moral.

São elas: A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a

possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a

qualidade do ensino é condição necessária à formação moral de seus alunos. Se

não promove um ensino de boa qualidade, a escola condena seus alunos a sérias

dificuldades futuras na vida e, decorrentemente, a que vejam seus projetos de vida

frustrados. Ao lado do trabalho de ensino, o convívio dentro da escola deve ser

organizado de maneira que os conceitos de justiça, de respeito e de solidariedade

sejam vivificados e compreendidos pelos alunos como aliados à perspectiva de uma

“vida boa”. Dessa forma, não somente os alunos perceberão que esses valores e as

regras decorrentes são coerentes com seus projetos de felicidade, como serão

integrados às suas personalidades: se respeitarão pelo fato de respeitá-los (LDBN,

1995, p. 55).

O sistema educacional, o estado e a sociedade precisam definir qual é o tipo

de homem que se quer formar:

Submetidos a uma situação de extrema carência afetiva, educacional e material, um grande número de jovens é precariamente socializado [...] crescendo num ambiente de arbítrio e insegurança, em que seus direitos são constantemente desrespeitados, a criança dificilmente assimilará certos imperativos básicos para uma convivência pacifica. Esse padrão de violência e negação de direitos fundamentais transforma os jovens em excluídos morais, em não sujeitos de direitos, que, se percebidos como ameaça, podem ser legitimamente eliminados. (VIEIRA, 1998, p. 24).

A escola não pode servir aos interesses do sistema capitalista, pois não é

sua função formar a mão de obra para o mercado de trabalho, mas, sim, função do

próprio mercado de trabalho formar sua mão de obra qualificada (PENTEADO,

TSUKUDA e RUIZ, 2012).

A educação no sistema capitalista se limitou a gerar pessoas para o

mercado de trabalho cada vez mais qualificadas. Seria agora o momento de o

sistema gerar conhecimento e valores primordiais ao ser humano.

Conforme esclarece Campos (1983):

A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea, tem ainda, para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal para

a educação dos filhos geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas. (CAMPOS, 1983, p.19).

De uma maneira geral, sobre a relação família e educação, Nérici (1972) foi

taxativo em sua maneira de afirmar que:

A educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é, da melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade [...]. A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la. [...] A educação, para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspirações. [...] O processo educativo deve conduzir à responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. “De modo geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e educar é dar o sentido moral e social do uso desta coisa” (NERICE, 1972, p. 12).

Assim, é de fundamental importância que haja a participação da família no

processo de ensino-aprendizagem:

Tanto a afetividade como a racionalidade desenvolvem-se a partir das interações sociais, desde a infância e durante a vida toda. Como representam a base da moral, esta também se desenvolve. (BRASIL, 1995, p. 55).

.Faz-se necessário compreender a ação dos sujeitos e a dimensão da

história, pois o ensino requer, primeiramente, pesquisa histórica. Em outras

palavras, pode-se dizer que, para poder fazer o ensino, antes é preciso saber e

saber ensinar. Nesse sentido, os limites do livro didático podem ser

redimensionados, pois, enquanto material utilizado na educação básica – que

apresenta uma abordagem da história –, seu uso não dispensa a crítica. Essa

crítica, necessária, por sua vez possibilita a reflexão sobre a história (objeto/fonte –

sujeito/historiador – conhecimento), na qual os próprios alunos podem perceber-se

enquanto sujeitos de suas histórias e fazedores e revisores do conhecimento sobre

a história (MATTOS, 1998).

Com o objetivo de proporcionar uma maior interação dos responsáveis

desse processo de ensino-aprendizagem, de uma forma conscientizadora com um

trabalho com os pais da 7ª série do Colégio Estadual "Professor Jaime Rodrigues"

Ensino Fundamental e Médio, do município de Guairá/PR, no intuito de ligar ainda

mais a família junto à escola no sentido de incentivar a participação efetivamente no

processo de ensino-aprendizagem, visando facilitar as práticas pedagógicas

desenvolvidas pelos educadores do estabelecimento.

3 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A implementação do projeto ocorreu no 2º semestre de 2011, no Colégio

Estadual “Professor Jaime Rodrigues”, já acima identificado, para os alunos da 7ª

série do período matutino. Constatou-se, após o desenvolvimento do projeto na

comunidade escolar, que tais pesquisas vêm, primeiramente, oferecer contribuições

imprescindíveis para o repensar dessa relação entre família e escola, contribuindo

ainda para amenizar o processo de evasão escolar.

O processo em si, de trazer a família para a escola, diz respeito, também, aos

cuidados que a família dispensa aos seus membros nas situações do dia a dia. Ao

participar de ações socializadoras no ambiente escolar, a família atua também como

agência de transmissão da ideologia através de hábitos, costumes, ideias, valores.

Entende-se, portanto, que a família como espaço privilegiado de socialização

através da tolerância e da divisão de responsabilidades entre seus membros,

valores a serem estendidos também ao ambiente escolar.

Para a efetivação e a realização deste projeto, partiu-se, como princípio

norteador, primeiramente da explanação dos objetivos a serem perseguidos com a

implementação das atividades propostas.

4 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO

A implementação se deu através dos seguintes momentos:

No primeiro momento as atividades foram apresentadas na escola aos

professores, funcionários, pedagogos e diretoras, para a sua ciência de como seria

desenvolvido o trabalho em sala de aula e o trabalho de campo com os alunos. A

proposta foi realizar as atividades no período de agosto a novembro do ano de 2010,

relacionado ao terceiro período do Programa de Desenvolvimento Educacional do

Paraná (PDE).

Figura 1. Apresentação do projeto aos educadores do colégio Estadual “Professor Jaime Rodrigues" Fonte própria.

Figura 2. Cartaz de divulgação Figura 3. Divulgação das ações do projeto. Fonte própria. Fonte própria.

Figura 4. Divulgação das ações do projeto. Fonte própria.

Num segundo momento aplicou-se um questionário socioeconômico3 aos

alunos da 8ª ano do colégio para que pudessem analisar questões pertinentes ao se

cotidiano escolar e familiar.

Posteriormente aconteceu um diálogo entre professor e alunos, objetivando

obter respostas reais e coerentes no que diz respeito aos questionários aplicados

em sala.

Destacou-se ainda sobre o que são os questionários e para que e quando

são utilizados, além de informações como: tamanho de amostra; que tipo de

questionário elaborar; redação das questões; as formas de análise dos dados;

margem de erro; como relacionar o questionário com a formatação do banco de

dados; o processo de seleção dos indivíduos que devem compor a amostra. Esses

são alguns pontos importantes que devem ser observados cuidadosamente em

qualquer pesquisa.

Os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as

características e medir determinadas variáveis de um grupo social. A informação

obtida por meio de questionários permite observar as características de um indivíduo

ou de um grupo. Por exemplo: sexo, idade, estado civil, nível de escolaridade, etc.

(THIOLLENT, 2000).

O questionário-base foi composto por perguntas fechadas, que são aqueles

instrumentos em que as perguntas ou afirmações apresentam categorias ou

alternativas de respostas fixas e preestabelecidas. Teve como objetivo conhecer os

3 Em anexo.

aspectos socioeconômicos4 que caracterizam os alunos, com a finalidade de

conhecer e planejar um ambiente escolar que agregue mais além de saberes, um

processo de parceria e inclusão entre a comunidade estudantil e familiar (Em anexo)

Valladares (1995 apud GERMANO, 1998) comenta que a discussão sobre a

exclusão faz surgir algo de novo no que tange à reflexão sobre a cidadania, isto é,

vai caracterizar a situação precária de cidadania em que se encontram milhares de

brasileiros desde a República e o Estado Novo. Essa exclusão social teria duas

faces: a do fundamento socioeconômico e a da representação que se faz sobre o

excluído nas camadas sociais mais favorecidas.

Sabe-se, também, que a falta de informação sobre as necessidades de

parcerias e envolvimentos da escola com família mantém os mesmos familiares e

alunos ausentes de suas obrigações como co-autores de um sistema educacional

positivo.

A escola, portanto, também necessita dessa relação de cooperação com a

família, pois os professores precisam conhecer as dinâmicas internas e o universo

sociocultural vivenciados pelos seus alunos, para que possam respeitá-los,

compreendê-los e tenham condições de intervirem no providenciar de um

desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de fracasso diagnosticado

(CAETANO, 2012).

Num terceiro momento foi desenvolvido estudo e análise de textos sobre a

importância da participação familiar no ambiente escolar5. Estabeleceu-se uma meta

importante ao analisar e dialogar sobre os textos propostos, pois sabe-se que os

processos de compreensão têm uma natureza estratégica, pois, muitas vezes,

compreensão utiliza informações incompletas, requer dados extraídos de vários

níveis discursivos e do contexto de comunicação e é controlada por crenças e

desígnios variáveis de acordo com os indivíduos.

A família e a escola vivem, hoje, uma crise em que os valores materiais

pautam as relações.

Por essa razão, a presente pesquisa justifica-se pela necessidade de

contribuir no processo de ensino-aprendizagem ao trabalhar definições sobre

família.

4 Resultados apresentados num próximo tópico.

5 Texto em anexo.

Para a atividade descrita foram distribuídos cartões com frases sobre o que é família.

Os alunos formaram equipes e dialogaram sobre o significado de família após discutirem o

tema com o grande grupo.

Ainda nessa fase, os trabalhos focaram as leituras cujo tema foi a família.

Através dessas oficinas distribuíram-se poemas6 sobre a família, onde os alunos

foram convidados a ir à frente da sala e ler o escolhido. Após ficou tempo aberto a

comentários ao grande grupo sobre a repercussão dos textos e a sua maneira de

interagir em família, como o texto o tocou, se é possível restabelecer laços familiares

partidos, como está o diálogo?

Em família, o que pode ser feito para melhorar o relacionamento familiar e

envolvê-los nas ações do cotidiano escolar?

Em resposta às perguntas acima, os alunos foram enfáticos ao expor

questões profundas, envolvendo a desatenção dos familiares, falta de tempo, e até

6 Texto em anexo.

Família é uma instituição social básica, que aparece sob as formas mais

diversas em todas as sociedades humanas. Dá-se o nome de família a um

grupo caracterizado pela residência em comum e pelo convívio de pais e

filhos, isolados dos demais parentes (SILVA, 1987).

Sob o ponto de vista psicológico, a família é constituída essencialmente, na nossa

civilização, pelo pai, pela mãe e pelos filhos. O pai tem um papel sobretudo de

provisão e autoridade. A mãe tem um papel afetivo e as relações entre as crianças

são de significativa importância (RICHAUDEAU, 1979)

É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por

descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum,

matrimonio ou adoção.

mesmo a ausência de comprometimento no que diz respeito a um melhor

relacionamento família/escola.

Essa atividade teve como objetivo levar os alunos a perceberem a importância

de interagir, pensar e refletir sobre os temas que envolvem a temática familiar, bem

como incentivar a busca pelo conhecimento sobre a família e sua importância para a

sociedade, educação e cidadania.

Foram desenvolvidos trabalhos de pesquisa juntamente com os alunos sobre

temas envolvendo a temática sobre o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA),

pesquisa cujo texto principal versou sobre o papel da família. Segundo a

Organização Panamericana de Saúde (OPS/OMS), a família desempenha as

seguintes funções: reprodução e regulação sexual - garantindo a perpetuação da

espécie; socialização e função educativa - transmitindo a cultura, valores e costumes

através das gerações; manutenção e produção de recursos de subsistência -

determinando a divisão do trabalho de seus membros e condicionando a

contribuição para a vida econômica da sociedade.

Após a leitura, o diálogo abriu-se para a discussão sobre o tema, cuja

indagação principal foi: Em sua opinião, a família está cumprindo seu papel nos

itens acima citados?

Constatou-se, através dos diálogos dos estudantes, que a maioria dos alunos

entende que a família cumpre somente em parte suas funções, pois, analisando o

quadro de violência, de desajustes familiares e até o crescente uso de

entorpecentes, mostra que a família está em parte ausente de suas funções

primordiais.

Em seguida avaliaram-se atividades onde os alunos complementaram o

processo com documentos históricos, como: fotos, depoimentos e relatos familiares

de momentos de encontros que demonstrem a importância da união familiar.

Essa é uma relação permeada pelos mais diversos fatores, pois a família

permanece sendo um espaço de formação que deve, para tanto, repensar a sua

ação participativa, não apenas isoladamente, alimentando e oferecendo cuidados

básicos.

O envolvimento dos pais nas escolas produz efeitos positivos tanto nos pais

como nos professores, nas escolas e nas comunidades locais. Por essa razão, a

exposição de fotos familiares culminou num encontro envolvendo as famílias, onde

os familiares tiveram oportunidade para dialogar, analisar e rever fotografias que

retratam o ambiente familiar e sua importância para a formação de uma sociedade

mais humana e participativa, tendo como base o contexto familiar.

Ao tratar da visão afetiva da relação familiar, Pereira (1988, p. 19) enfatiza

afirmando que “Uma família que experimente a convivência do afeto, da liberdade,

da veracidade, da responsabilidade mútua, haverá de gerar um grupo não fechado

egoisticamente em si mesmo, mas sim voltado para as angústias e problemas de

toda a coletividade, passo relevante à correção das injustiças sociais".

A família tem a função de sociabilizar e estruturar os filhos. Para os jovens, as

referências são pessoas, palavras, gestos que vão proporcionar a formação da

identidade. Esses jovens estabelecem vínculos harmoniosos nos seus momentos

de frustração, por meio dos quais recebem amor e compreensão, desenvolverão

uma identidade sadia, conseguindo suportar frustrações até o momento adequado

para realizar seus desejos (CAPELATTO, 2010).

Conclui-se que a educação consiste numa socialização metódica das novas

gerações. É a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se

encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e

desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais,

reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a

criança, particularmente, se destine (DURKHEIM, 1978).

Assim sendo, o projeto intitulado “Amostra Cultural”, que aconteceu no

Colégio Estadual "Professor Jaime Rodrigues", organizado em parceria com os

professores de Arte Esleonir Pereira Martins e Solange Aparecida Medeiros, cujo

objetivo foi destacar a importância dos trabalhos de alunos desenvolvidos nas aulas

de Arte. Somando-se a esse momento, foram expostas fotos familiares, destacando

a importância do fator histórico familiar, ação que veio ao encontro do tema em

questão: “RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA”.

Tanto no âmbito familiar quanto no escolar, deve haver uma relação de afeto,

pois é isso que ajudará a construir um ser humano psicologicamente saudável. O ato

de cuidar é necessário, é o sentimento que vai tornar o outro importante. O pai e o

professor, educadores que são, devem entender que têm uma missão: construir um

ser humano. Isso somente acontecerá pela obra do amor, amor esse que cobra, que

é duro, que traz sofrimento e preocupação, mas, por outro lado, traz muito prazer e a

realização do ato humano mais criador fazer nascer um ser de verdade

(CAPELATTO, 2010).

Para Tiba (1996, p. 106), prender a atenção do aluno é uma estratégia

importante, pois:

Os alunos vão se interessar pelo conteúdo previsto no programa escolar se houver uma correlação entre ele e seu dia a dia. O professor sábio reconhece a importância desse reconhecimento para a vida.

A escola deve se conscientizar de que é uma instituição afetiva que

complementa a família. O jovem se identifica com a escola quando há afetividade,

quando se sente acolhido.

Fig.5 Amostra Cultural Fig.6 Amostra Cultural. Fonte própria. Fonte própria

Fig.7 Amostra Cultural Fig.8 Amostra Cultural. Fonte própria. Fonte própria

Fig.9 Amostra Cultural Fig.10 Amostra Cultural. Fonte própria. Fonte própria

Para o historiador inglês Eric Hobsbawm (1998), o “sentido do passado” na

sociedade é localizar suas mudanças e permanências. Assim, portanto, a confecção

da linha do tempo só terá sentido nas aulas de História se essas atividades

contribuírem para que os alunos construam e apreendam as noções de

temporalidade (PARANÁ, 2008). Nesse sentido, eles reforçam a curiosidade e a

participação, pois se descobrem como cidadãos históricos, atuando no ontem e no

hoje, bem como produzir sua própria Linha do Tempo.

Para Schmidt e Cainelli (2004, p. 52), uma vez sendo complexas as noções

de temporalidade para a compreensão dos alunos, o professor deverá trabalhá-las

por meio de atividades didáticas diversas, como, por exemplo, o gráfico da linha do

tempo. Essa atividade estimula reflexões acerca das medidas do tempo e das

mudanças na vida humana. Essa relação pressupõe o trabalho com o conhecimento

histórico em sala de aula sob dois aspectos: o conteúdo a ser desenvolvido em sala

deve considerar a experiência cultural dos alunos e as ideias já construídas por eles,

assim como construir em sala de aula um ambiente de partilha entre professores e

alunos.

Essa relação pressupõe o trabalho com o conhecimento histórico em sala de

aula, considerando as seguintes possibilidades: levantar hipóteses acerca dos

acontecimentos do passado, sendo que, para isso, professores/alunos devem

recorrer às fontes documentais, preferencialmente partindo do seu cotidiano: “Partir

do cotidiano dos alunos e do professor significa trabalhar conteúdos que dizem

respeito à sua vida pública e privada, individual e coletiva” (SCHMIDT e CAINELLI,

2004, p. 53).

Avaliando os trabalhos referente à “AMOSTRA CULTURAL“, constata-se

quão importante foi resgatar vivências familiares através de fatos.

Num quarto momento aconteceu a reflexão com os alunos sobre a

importância da escola como uma instituição que colabora no processo de formação

do indivíduo.

Fig.11 Desfile de 7 de setembro-2011. Fonte própria.

Os alunos participaram do desfile de sete de setembro. A educação para a

cidadania pretende fazer de cada pessoa um agente de transformação. Isso exige

uma reflexão que possibilite compreender as raízes históricas. A ideia de educação

deve estar intimamente ligada às de liberdade, democracia e cidadania.

A democracia não se refere só à ordem do poder público do Estado, mas

deve existir em todas as relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Começa

na relação interindividual, passa pela família, pela a escola e culmina no Estado.

Uma sociedade democrática é aquela que vai conseguindo democratizar todas as

suas instituições e práticas (BÓBBIO, 2002).

A educação não pode preparar nada para a democracia a não ser que

também seja democrática. Seria contraditório ensinar a democracia no meio de

instituições de caráter autoritário.

A educação se constitui universalmente pelo fato de que, em todas as

sociedades – desde as comunidades tribais às complexas sociedades urbano-

industriais –, é necessário garantir não apenas a continuidade biológica, mas,

igualmente, a transmissão das normas, dos valores, dos símbolos e das crenças,

enfim, da estrutura intermental sem a qual nenhuma sociedade pode funcionar (VILA

NOVA, 1995).

A partir da apresentação em Pawer Point do cartoon "A realidade da

educação familiar hoje", puderam ser feitas reflexões importantes no que diz respeito

aos valores apregoados como corretos atualmente, dentro de uma filosofia do "ter"

em vez de uma filosofia do “ser”.

Quino Joaquín Salvador Lavagem, nascido de pais imigrantes espanhóis de

Andaluzia, é da cidade de Mendoza, na Argentina. Esse cartunista, autor

da Mafalda, desiludido com o rumo tomado pelo século XX no que diz respeito a

valores e educação, deixou impresso no cartoon o seu sentimento.

A realidade da educação familiar hoje a genialidade do artista faz uma das

melhores críticas sobre a criação de filhos (e educação) nos tempos atuais.

(Fonte:)http://www.quino.com.ar/

Nas sociedades capitalistas é incutido nas pessoas o sentimento de que

“precisam possuir” muito para serem felizes.

O primeiro programa que o capitalismo instala é o sentimento de falta, de

carência, de “vazio”. Perceba como, a todo momento, procuram (a TV, as pessoas, a

propaganda) mostrar-lhe como você carece de “coisas”: um carro novo, um novo

computador, a perfeição física, vastos conhecimentos numa determinada área, e a

lista seria interminável. É como se não bastasse ter muito, pois o certo, o bom, é ter

cada vez mais. O que alimenta essa ânsia por ter sempre mais é um forte e

duradouro sentimento de insatisfação (PENTEADO, 2012).

Vive-se numa sociedade capitalista marcada pelas desigualdades sociais,

pela exclusão, pela competitividade, pela acumulação da riqueza nas mãos de uma

minoria e pela banalização da violência e da pobreza humana.

Verificou-se, nos relatos, que todos os participantes têm conhecimento teórico

do que são Valores Humanos e de sua importância, na formação do caráter do

Homem, como também citaram a importância da família na educação.

Num quinto momento, deu-se a organização encontros com a equipe

pedagógica, discutindo sobre levantamento socioeconômico das famílias através de

questionários com questões socioeconômicas aplicadas aos alunos. Depois, com os

resultados da pesquisa em mãos, foram estabelecidos em aula diálogos de maneira

a observar quais ações emergenciais deviam ser tomadas no sentido de trazer a

família para participar mais ativamente da vida escolar de seus filhos, transformando

assim a escola num ambiente onde se educa de maneira transformadora,

democrática e reflexiva.

Finalizando o projeto, aconteceu o evento FAMÍLIA NA ESCOLA, UMA

PARCERIA CIDADÃ7. Nesse evento foram expostos os trabalhos dos alunos (painel

com fotos de familiares) referentes ao projeto em parceria com os educadores

Esleonir Pereira Martins e Solange Aparecida Medeiros, intitulado “Amostra

Cultural”; resultados de pesquisa sobre levantamento socioeconômico das famílias

através de questionários com questões aos alunos. Foram feitas leituras de textos e

poesias sobre a família e a escola. Houve exibição (no Power Point) do cartoon

Quino, além de mensagem sobre a importância da família na escola e finalização

com a apresentação da música “Utopia”, do Padre Zezinho, executada pelo coral

dos alunos. Destaca-se que a música foi trabalhada na íntegra pelos alunos na obra

onde foi publicada (CD original do Padre Zezinho), dedicada aos pais. Sela-se assim

o compromisso de fazer a escola e a família caminharem juntos em rumo ao

sucesso.

Fig.12 Família na escola: uma parceria cidadã.

7 Família na escola: uma parceria cidadã.

A complexidade do processo de socialização é evidente e torna-se

bastante expressiva dentro do processo de ensino-aprendizagem através de

aspectos do tipo: imitação, identificação mais um conjunto de características

determinadas pelo contexto familiar, que irão interagir no desenvolvimento do

educando dentro da instituição escolar.

Entretanto, ensinar exige compreender que a educação é uma forma de

intervenção no mundo, uma tomada de posição, uma decisão, por vezes, até uma

ruptura com o passado e o presente. Para este renomado pesquisador e educador

Freire (2001), as classes dominantes enxergam a educação como imobilizadora e

ocultadora de verdades

Cabe aos pais dar atenção aos filhos, ao que eles falam, ao que eles fazem.

Cabe prestar contínua atenção às suas atitudes e aos seus comportamentos. E,

apesar de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Defende-se, assim, a

parceria entre as instituições escola e família para uma tomada de ações, uma

conversa franca dos professores com os pais, em reuniões simples, organizadas,

onde é permitido aos pais falarem e opinarem sobre todos os assuntos, pois é

sempre de grande valia a tentativa de entender melhor os filhos/alunos.

Segundo Piaget:

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades. (PIAGET, 1972/2000, p. 50).

Reforça-se, então, a necessidade de os educadores dispensarem momentos

de sua formação para refletirem e reconstruírem essa relação e interagirem contra o

capitalismo perverso, que educa, porém de forma limitada.

Em todas as sociedades humanas, tanto hoje como no passado, a família

sempre foi a unidade central da organização social.

O conhecimento deve ser angariado no decorrer da história, dos fatos e das

instituições sociais. Dentre essas instituições está a família, que necessita se

mostrar presente politicamente no contexto escolar, interagindo e participando

ativamente da história da comunidade onde se insere, e, para tal, ela precisa

“aprender a ser” parte das conquistas que a sociedade almeja. Percebe-se que,

quando se busca construir na escola um processo de participação baseado em

relações de cooperação, no trabalho coletivo e no partilhamento do poder, precisa-

se exercitar a pedagogia do diálogo, do respeito às diferenças, garantindo a

liberdade de expressão, a vivência de processos de convivência democrática, a

serem efetivados no cotidiano (DUARTE, 2001).

Desde cedo a criança está inserida na sociedade, que proporciona a

conquista de diferentes status dentro da estratificação social, tal como o

posicionamento étnico, nacional, religioso, político, educacional e até de classe.

Dessa forma, pretende-se romper com a apatia política, com o isolamento, para criar

pressupostos necessários a um tipo determinado de participação na vida social e

política, o que significa incentivar a outra perspectiva política, a da superação do

status quo. Quando a pedagogia da hegemonia admite o desemprego, a pobreza,

ela explica isso pela ótica do infortúnio pessoal, o que é um discurso ideológico que

não mais se pode aceitar. Assim, a pedagogia do diálogo significa também assumir

a luta pela construção do projeto de uma nova sociabilidade, de um projeto

democrático de massas em meio a todas as contradições sociais que vivemos hoje

sob o capitalismo (NEVES, 2005).

Ainda citando Neves, a pedagogia da hegemonia faz um forte trabalho para

promover o respeito às diferenças porque ele consolida o princípio liberal do

indivíduo, hoje levado ao extremo do individualismo. Ao Estado resta o papel

pedagógico de impulsionar uma cultura cívica, por meio da renovação organizativa

da sociedade civil, visando consolidar a coesão social, o empreendedorismo e o

voluntariado. A pedagogia da hegemonia incentiva a parceria entre o público e o

privado (NEVES, 2005) para manter o status quo.

A educação atua como uma atividade mediadora no seio da prática social global.

Assim, a educação é entendida como instrumento, como um meio, como uma via

através da qual o homem se torna plenamente homem, apropriando-se da cultura,

isto é, da produção humana historicamente acumulada. Nesses termos, a educação

fará a mediação entre o homem e a ética, permitindo ao homem assumir consciência

da dimensão ética de sua existência com todas as implicações desse fato para a sua

vida em sociedade. Fará, também, a mediação entre o homem e a cidadania,

permitindo-lhe adquirir consciência de seus direitos e deveres diante dos outros e de

toda a sociedade, contribuindo para a sua transformação (SAVIANI, 2000).

5 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO SÓCIO-CULTURAL E ECONÔMICO

A proposta da aplicação do questionário sociocultural e econômico junto

aos alunos da 7ª série do Colégio Estadual "Prof. Jaime Rodrigues" demonstrou o

perfil do estudante dessa instituição educacional.

Representada pela Figura 1, a localidade onde residem com seus familiares,

constatou-se que 100% dos entrevistados são oriundos dos bairros afastados das

áreas centrais, bairros que apresentavam defasagem na infraestrutura, em especial

defasagem nas redes de esgoto, na malha asfáltica, na iluminação pública, na

limpeza pública, na coleta seletiva de lixo e em outros aspectos. Citam-se os

seguintes bairros: Jardim Guaíra, Vila Margarida, Jardim Santa Paula, Vila Hermínia,

bairros próximos da localização da instituição escolar de que os entrevistados fazem

parte.

Gráfico 1: Em que localidade você e sua família residem.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

Pais (Pai e mãe) somente mãe somente pai com as avós

Gráfico 2: Com quem você mora?

Quanto à informação a respeito das pessoas com quem moram (Figura 2), dos

34 entrevistados, 25% moram com os pais (pai e mãe), 5% somente com a mãe, 3%

somente com o pai, e 1% com os avós.

Constata-se, a partir desses dados estatísticos, que a origem da família

passou por três períodos, subdivididos em três fases, sendo: (i) o elemento ativo;

nunca permanece estacionária, mas passa de uma forma inferior a uma forma

superior, à medida que a sociedade evolui de um grau mais baixo para outro mais

elevado; (ii) os sistemas de parentesco, pelo contrário, são passivos; (iii) só depois

de longos intervalos registram os progressos feitos pela família, e não sofrem uma

modificação radical senão quando a família já se modificou radicalmente (ENGELS,

2000).

Essas mudanças ocorridas com a família na contemporaneidade tiveram

profundas implicações na configuração familiar, originando vários modelos de

família.

Szymanski (2002), dentre vários autores que estudaram sobre os grupos

familiares, destaca Kaslow (2001), por citar nove tipos de composição familiar que

podem ser considerados “família”:

1) família nuclear, incluindo duas gerações, com filhos biológicos;

2) famílias extensas, incluindo três ou quadro gerações;

3) famílias adotivas temporárias (Foster);

4) famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multiculturais;

5) casais;

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Centro Bairro Comunidade

6) famílias mono parentais, chefiadas por pai ou mãe;

7) casais homossexuais com ou sem crianças;

8) famílias reconstituídas depois do divórcio;

9) várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte

compromisso mútuo (2002).

Como se pode observar, não existe, portanto, historicamente e

culturalmente, um modelo-padrão de organização familiar e, por isso, não existe a

família regular. Precisamos pensar as famílias hoje de forma plural, nos seus vários

arranjos familiares.

Referindo-se à questão sobre a empregabilidade dos pais, então se

verificou que 31% possuem empregos fixos ou estão empregados sem mesmo que

sem carteira assinada, ou ainda trabalham como autônomos, e apenas 3% estão

desempregados.

Gráfico 3: Seus pais estão empregados.

Com relação à renda familiar mensal, 10% dos entrevistados disseram que a

renda familiar é menos de um salário mínimo (R$ 545,00); 20% disseram ser de um

a dois salários mínimos (entre RS 545,00 e R$ 1.020,00); 2%, de dois a cinco

salários mínimos (entre R$1.020,00 e R$ 2.550,00); e 2%, acima de cinco salários

mínimos (Mais de R$ 2.550,00).

A junção homem-máquina aumentou a produtividade, mas não reverteu em

melhorais para os trabalhadores, como se pode constatar no gráfico abaixo:

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35Seus Pais estãoempregados

Sim

Não

Gráfico 4: Renda familiar

A desigualdade social estabelecida entre trabalhadores e capitalistas, a qual

consequentemente viola direitos, constitui, portanto, a Questão Social. Entretanto,

nesse terreno contraditório, entre a lógica do capital e a lógica do trabalho, ela não

somente é representada pelas desigualdades, mas também pelo processo de

resistência e de luta dos trabalhadores e da população excluída.

A sociedade atual está baseada em princípios de desigualdade e de

exploração entre as classes sociais. Assim coloca Kuenzer:

A escola, por sua vez, constituiu-se historicamente como uma das formas de materialização desta divisão. Ela é o espaço por excelência, do saber teórico divorciado da práxis, representação abstrata feita pelo pensamento humano, e que corresponde a uma forma peculiar de sistematização, elaborada a partir da cultura de uma das classes sociais. [...] Assim a escola, fruto da prática fragmentada, expressa e reproduz esta fragmentação, através de seus conteúdos, métodos e formas de organização e gestão. (2002, p. 79-80).

Analisando respostas referentes a quantas pessoas contribuem para a renda

familiar, 12% dos entrevistados disseram que apenas um familiar trabalha fora e

compartilha a renda familiar, 14% dos entrevistados disseram que duas pessoas

trabalham fora (pai e mãe), 8% têm mais trabalhadores auxiliando na renda familiar.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Menos de umsalário mínimo (R$

545,00)

De um a doissalários mínimos

(entre RS 545,00 eR$ 1.020,00)

De dois a cincosalários mínimos

(entre R$1.020,00e R$ 2.550,00)

Acima de cincosalários mínimos.

(Mais de R$2.550,00)

Gráfico 5: Contribuição para renda familiar.

Na maioria dos casos, percebe-se que a sociedade capitalista não garante

meios de subsistência a todos os seus membros. Pelo contrário, é condição desse

modo de produção a existência de uma massa de trabalhadores desempregados,

que Marx chamou de "exército industrial de reserva", cuja função é controlar, pela

própria disponibilidade, as reivindicações operárias. O conceito de exército industrial

de reserva derruba, segundo os marxistas, os mitos liberais da liberdade de trabalho

e do ideal do pleno emprego (MARX ,1998).

Da forma como está vinculada ao processo de reprodução social, no qual

estão articulados processos objetivos e subjetivos, a família é levada à

responsabilização cada vez maior pela satisfação das necessidades dos indivíduos

que a compõem. Em sentido contrário a essa satisfação, contudo, a lógica da

flexibilização do trabalho e da produção e a retração do Estado demarcam um

modelo de acumulação que subjuga a classe trabalhadora à pauperização

crescente. A reversão desse processo demanda, então, a afirmação das lutas

sociais pela efetivação de direitos e pelo aprofundamento da crítica à sociabilidade

capitalista e seus efeitos no modo de ser da família (ALENCAR, 2004).

O capitalismo dividiu a sociedade em duas classes fundamentais e com

interesses opostos: a classe dos proprietários das indústrias, dos bancos, das terras,

dos meios de comunicação, das ferramentas de trabalho, ou seja, os donos do

capital, e a classe dos trabalhadores, que só têm a força do braço, do trabalho, para

vender em troca de um salário que lhes proveja condições de sobrevivência

medianas (CEPIS, 2004).

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16Quantas pessoascontribuem para a rendada sua família?

Uma

Duas

TresTrês

Segundo Konder (1998, p. 43), ao citar Marx, “[...] no capitalismo, não é

apenas o trabalhador que se desumaniza pela alienação de seu saber, dos frutos de

seu trabalho, de sua criatividade. Sendo o trabalho, como 'atividade fundamental da

livre criação do homem por si mesmo', a corrupção desta atividade pela alienação

acarreta efeitos que atinge toda a sociedade, inclusive os capitalistas”.

As relações de trabalho permitem diversas formas de organização social.

Pelo trabalho expressam-se as relações que os seres humanos estabelecem entre si

e com a natureza, seja no que refere à produção material, como à produção

simbólica (PARANÁ, 2008).

O trabalho é uma atividade eminentemente social. E as pessoas estão

valorizando cada vez mais o ambiente, a equipe, as oportunidades de crescimento e

de aprendizado e as perspectivas de futuro, fazendo emergir um novo momento

histórico.

Quanto à situação conjugal dos pais, 25% vivem juntos e 9% vivem separados.

Gráfico 6: Situação conjugal dos pais.

É fato que a sociedade está caminhando para uma série de mudanças na

estrutura familiar, porém a família é definida como estrutura social básica, com jogo

diferenciado de papéis, integrada por pessoas que convivem por tempo prolongado,

em uma inter-relação recíproca com a cultura e a sociedade, dentro da qual se vai

desenvolvendo a criatura humana, premida pela necessidade de limitar a situação

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

Situação conjugal de seuspaís é:

vivem juntos

separados

narcísica e transformar-se em um adulto capaz, sendo a defesa da vida seu objetivo

primordial (SOIFER, 1983).

Segundo Mioto (1997), a diversidade de arranjos familiares existentes hoje

na sociedade brasileira nos leva a definir a família como um núcleo de pessoas que

convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e

que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Ela tem como tarefa

primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente

articulada com a estrutura social na qual está inserida.

A família é importante e responsável pela formação da consciência cidadã do

jovem e também apoio importante no processo de adaptação das crianças para a

vida em sociedade.

Analisando a questão seguinte, cuja pergunta foi: Você, além de estudar,

trabalha?, as respostas foram: 28% dos entrevistados disseram que estudam e

trabalham e 6% apenas estudam.

Gráfico 7:Trabalho e estudo.

Pesquisadores são enfáticos ao relatar prejuízos na aprendizagem de alunos

que estudam e trabalham. Crianças e adolescentes que trabalham mais de duas

horas por dia apresentam prejuízo no desempenho escolar. Depois disso, a perda

de rendimento cresce a cada hora adicional de trabalho. Os estudantes que apenas

frequentam a escola aprendem mais quando comparados com os que estudam e

trabalham. Essas são conclusões de pesquisa feita pelo economista Márcio Eduardo

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

Você além de estudartrabalha?

sim

não

Bezerra e apresentada como dissertação de mestrado no Departamento de

Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura "Luiz de

Queiroz" (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP). Por até duas horas diárias,

as atividades extracurriculares não competem com os estudos. Normalmente, esse

tipo de atividade é voltado para disciplinar a criança por meio de atividades

socioeducativas no ambiente doméstico, quando os pais obrigam seus filhos, por

exemplo, a arrumar o quarto ou o ambiente de estudo (BEZERRA, 2012).

Analisando a situação escolar no ano anterior, analisa-se que 31% foram

aprovados e 3% reprovados. Os demais não constam resultados na pesquisa

(abandonou não frequentou).

Gráfico 8: Situação escolar.

Segundo o Caderno Estatístico do Município de Guaíra, as taxas educacionais

estimadas nos ensinos fundamental e médio - 2010 (nota: taxas estimadas pelo

INEP, 2010), são:

FTabela 1- fonte: IPARDES/SEED. 2011.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

Sua situação escolar noano anterior:

Aprovado

Reprovado

Abandonou

TAXAS ESTIMADAS FUNDAMENTAL (%) MÉDIO (%)

Aprovação 85,8 73,6

Reprovação 10,5 14,3

Abandono 3,7 12,1

A escolaridade dos pais apresentou resultado significativo, e positivos para o

modelo contemporâneo, pois apenas 2% dos entrevistados disseram ter a mãe

analfabeta, 10% contam com mãe com ensino fundamental completo, 14% contam

com mãe com ensino fundamental incompleto e 8% contam com mãe com ensino

médio completo.

Gráfico 9: Grau é o grau de escolaridade materna.

Analisando o grau de escolaridade paterno, a situação é a seguinte: 3% dos

entrevistados contam com pai com ensino fundamental completo, 22% contam com

pai com ensino fundamental incompleto e 1% contam com pai com ensino médio

completo.

Gráfico 10: Qual é o grau de escolaridade paterna.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

Analfabetos Ensinofundamental

completo

Ensinofundamentalincompleto

Ensino médiocompleto

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16Qual o grau máximo deescolaridade de seus pais:

Ensino fundamentalcompleto

Ensino fundamentalincompleto

Ensino médio completo

Pai

A educação implica busca contínua do homem em ser mais, portanto, o

homem deve ser sujeito de sua própria educação, não pode ser objeto dela. Ele

deve ser ativo na construção de seu saber e recusar as posições passivas. Nesse

sentido, o homem responsabiliza-se por sua educação, procurando meios que levem

ao crescimento e aperfeiçoamento de sua capacidade. A educação transforma a

prática social de maneira indireta, pois age sobre os sujeitos dessa prática, portanto,

a educação é uma atividade mediadora entre o indivíduo e a sociedade. Dessa

maneira, a educação desenvolve-se no sujeito, e ele, por meio de seu

conhecimento, age e transforma o meio em que vive. Assim, percebe-se a educação

como processo dinâmico e contínuo de construção do conhecimento, por intermédio

do desenvolvimento do pensamento livre e da consciência crítico-reflexiva, e que,

pelas relações humanas, leva à criação de compromisso pessoal e profissional,

capacitando a pessoa para a transformação da realidade em que vive (FREIRE,

2002).

O Brasil ainda não efetivou o seu Sistema Nacional de Educação (SNE), o

que tem contribuído para a existência de altas taxas de analfabetismo e para a frágil

escolarização formal de sua população. Ao não implantar o seu Sistema Nacional de

Educação, o país não vem cumprindo integralmente o que estabelece a Constituição

Federal de 1988, que determina, em seu artigo 22, que compete privativamente à

União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (CONAE, 2010).

Quando se discute a democratização do acesso, permanência e sucesso

escolar, constata-se que o processo está inacabado.

É importante destacar que a democratização da educação não se limita ao

acesso à instituição educativa. Esse acesso é apenas a porta inicial para essa

democratização, mas torna-se necessário, também, garantir que todos os que

ingressam na escola tenham condições de nela permanecer, com sucesso (CONAE,

2010).

Em relação à taxa de Analfabetismo nacional, segundo Faixa Etária – 2011

torna-se possível notar um elevado índice de pessoas analfabetas a partir dos 40

anos e acima de 50 anos de idade conforme tabela abaixo:

FAIXA ETÁRIA (anos) TAXA (%)

De 15 ou mais

De 15 a 19

De 20 a 24

De 25 a 29

De 30 a 39

De 40 a 49

De 50 e mais

12,6

1,9

3,6

5,0

7,1

13,0

30,0

Tabela 2: Fonte: IPARDES- IBGE - Censo Demográfico 2011.

Apesar de não serem inéditos, os dados da "tabela do Analfabetismo" são

alarmantes. A queda de 29,1% na taxa de analfabetismo entre 1996 e 2006 não foi

suficiente para tirar o Brasil do incômodo penúltimo lugar no ranking de alfabetização

na América do Sul.

Quanto aos programas de televisão que os alunos entrevistados costumam

assistir, a estatística apresentou resultado interessante, pois a maioria disse assistir

aos jornais, o que se justifica, uma vez que 28% dos entrevistados disseram que

estudam e trabalham, tendo, portanto, pouco tempo para ficar em casa e assistir a

desenhos e novelas apresentados em horário comercial.

.

Gráfico 11: Programas de TV mais assistidos.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16Quais os programas detelevisão que vocêcostuma assistir?

Jornal

Novela

desenhos

De acordo com a Common Sense Media, as crianças que assistem muita TV

têm vocabulários menores e menor pontuação de teste na escola. Além disso, essas

crianças não leem tanto quanto as crianças que assistem menos TV. A mídia ensina

as crianças que a violência é aceitável. Nos videogames, a maneira de vencer um

adversário é dar um soco, chute ou nocauteá-lo. Em alguns jogos de vídeo, você

pode até matar seu oponente. Nos filmes, o mocinho ganha quando ele

violentamente derrota o seu inimigo. Um estudo feito pela RAND Corporation mostra

que os adolescentes são duas vezes mais propensos a ter relações sexuais ou

praticar atos sexuais se virem comportamento sexual semelhante na mídia. Muitas

situações na mídia envolvem adolescentes como alvo de sexo. Reality shows de TV

e dramas adolescentes muitas vezes retratam os "cool kids" como os que estão

fazendo sexo (GRAHAM, 2012).

Pesquisas indicam que o desenvolvimento da linguagem é prejudicado pelo

excesso de televisão no universo educacional.

As competências linguísticas são melhor desenvolvidas através de leitura e

de interações com os outros na conversa e em brincadeiras. De acordo com J. Van

Evra, autor de "Televisão e Desenvolvimento Infantil", as crianças são

particularmente vulneráveis à influência da publicidade comercial. Elas não têm a

capacidade de avaliá-la criticamente e, como resultado, os pais são pressionados a

comprar produtos como cereais e brinquedos. As crianças que assistem TV

consomem mais refrigerantes e lanches, que são fortemente anunciados na

televisão (GRAHAN, 2012).

Quando perguntados a respeito de preconceito de ordem étnica (por

causa da cor de sua pele), 2% disseram que sim, a maioria (32%) confirmou não ter

sofrido nenhum tipo de preconceito

Gráfico 12: Preconceito de ordem étnica.

Os preconceitos mais comuns em sociedade são baseados na cor, sexo,

religião, classe social e aparência física. Tudo que é diferente é discriminado. Parte-

se da ideia que o que é diferente não merece respeito. Assim, entende-se que o

preconceito é causado em decorrência de uma imagem padronizada coletivamente,

expressando raiva e ódio sem explicações racionais, já que se baseia em conceitos

desprovidos de análises. Não obstante, é necessário entender que preconceito é

uma construção cultural e social, sustentada por ideologias.

Cada sociedade, cada país é composto de pessoas diferentes entre si. Não

somente são diferentes em função de suas personalidades singulares, como

também o são relativamente a categorias ou grupos de pessoas. O preconceito é

contrário a um valor fundamental: o da dignidade humana. Segundo esse valor, toda

e qualquer pessoa, pelo fato de ser um ser humano, é digna e merecedora de

respeito. Não importa, portanto, seu sexo, sua idade, sua cultura, sua raça, sua

religião, sua classe social, seu grau de instrução, etc., nenhum desses critérios

aumenta ou diminui a dignidade de uma pessoa (BRASIL, 1995, p. 69).

Do ponto de vista da Ética, o preconceito pode traduzir-se de várias formas.

A mais frequente é a não universalização dos valores morais:

[...] as ideologias raciais, assim como outras representações ideológicas particulares, devem ser encaradas como componentes da consciência social. Ainda que essas ideologias possuam certo grau de consistências interna e autonomia, verificando-se, em conseqüência, a sua difusão e adoção pelos vários grupos e classes sociais, elas não podem ser explicadas isoladamente, como se contivessem todas as suas significações. (IANNI, 1966, p. 63).

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Você já foi vitima dealgum tipo depreconceito de ordemétnica (por causa da corde sua pele?

sim

Não

Quanto à pluralidade cultural, os “PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) 5ª

a 8ª séries – Temas Transversais – Pluralidade Cultural” colocam, já em sua

apresentação, que:

[...] a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes. O trabalho com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola alimente uma “Cultura da Paz”. Baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos os brasileiros. O aprendizado não ocorrerá por discursos, e sim num cotidiano em que uns não sejam “mais diferentes” que do que outros. (BRASIL, 1998, p. 117).

O senso comum é passado de geração a geração, orientando as pessoas no

dia a dia sobre a maneira correta de se portar em família e em sociedade. Como já

dizia Freire (1984, p. 189), “[...] o colonizador português foi o que melhor

confraternizou com as raças chamadas inferiores”.

O preconceito racial vem, ao longo da história, produzindo inúmeras práticas

discriminatórias, algumas legalizadas e concretizadas em ambientes escolares.

Quanto ao relacionamento família-escola, o resultado da pesquisa foi o

seguinte: 10% disseram que seus pais sempre participam das atividades escolares,

23% afirmaram que apenas de vez em quando, enquanto 1% afirmaram que nunca

há participação familiar nas atividades escolares.

Gráfico 13: Participação familiar nas atividades escolares.

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25 Sua família participa deatividades na escola ondevocê estuda com quefreqüência?Sempre

de vez em quando

Nunca

A relação família-escola é, hoje, tema em destaque na discussão sobre a

garantia do sucesso ou do fracasso dos alunos na escola.

O artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº

8.069/1990), na parte das Disposições Preliminares, diz que:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Assim, percebe-se que a família, especialmente a presença dos pais, e a

escola são instituições marcantes no desenvolvimento da criança. Elas colaboram e

dão oportunidades para que a criança desenvolva um bom ambiente interno para

que assim possa atender adequadamente às exigências externas. Sendo assim, a

partir da análise dos dados obtidos, pôde-se concluir que a presença dos pais é fator

significante na proteção à delinqüência juvenil, especialmente se estiver em estreita

conexão com a escola, ou seja, se tais fatores se apresentarem de forma coesa,

permanente e interativa, um dando sustentação ao outro (TRINDADE, 2002, p. 167).

Segundo Negrine (1994, p. 28), o ambiente familiar parece ser o primeiro e

mais significativo local para a internalização de valores: criação de hábitos e de

aprendizagem variadas. Quanto mais estimulador for esse ambiente, mais ele influi

na transformação dos processos elementares em superiores; em contrapartida,

quanto mais conflitivo, mais carente de afetividade, maiores problemas trará a

criança em formação. De qualquer forma, as influências do ambiente familiar

adicional àquelas extraídas do contexto sociocultural permitem que ela vá

construindo todo um saber e se constitui nos alicerces das primeiras aprendizagens.

Quanto à ausência de um ambiente familiar saudável e equilibrado, no qual a

criança/o adolescente convive com uma desestrutura familiar (ausência de pai, de

mãe), ele se deixa levar pelo impulso em direção da irresponsabilidade ou da

inconsequência, gerando assim ações inadequadas e insensatas, que irão

desorganizar e prejudicar a formação do seu caráter e da sua personalidade.

Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140), que diz: "O

ambiente escolar deve ser de uma instituição que complemente o ambiente familiar

do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a

escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno".

A necessidade de se construir uma relação entre escola e família deve ser

para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o

educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola.

Para Lancam:

A importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da família (LANCAM, 1980 apud BOCK, 1989, p. 143).

Traçando um comparativo entre o Brasil e a Coreia do Sul, em 1960 ambas

eram típicas nações do mundo subdesenvolvido, atoladas em índices

socioeconômicos calamitosos e com taxas de analfabetismo que beiravam os 35%.

Na época, a renda per capta coreana equivalia a do Sudão: girava em torno de 900

dólares por ano. Nesse aspecto, o Brasil levava alguma vantagem – sua renda per

capita era o dobro da coreana. A Coreia amargava ainda o trauma de uma guerra

civil que deixou um milhão de mortos e a economia em ruínas. Hoje, passados

quarenta anos, um abismo separa as duas nações. A Coreia exibe uma economia

fervilhante, capaz de triplicar de tamanho a cada década. Sua renda per capita

cresceu dezenove vezes desde os anos 60, e sociedade atingiu um patamar de

bem-estar invejável. Os coreanos praticamente erradicaram o analfabetismo e

colocaram 82% dos jovens na universidade. Já o Brasil mantém 13% de sua

população na escuridão do analfabetismo e tem apenas 18% dos estudantes na

faculdade. Sua renda per capita é hoje menos da metade da coreana. Em suma, o

Brasil ficou para trás e a Coreia largou em disparada (WEINBERG, 2005).

A virada começou com uma lei que tornou o ensino básico prioridade. Os

recursos foram concentrados nos primeiros oito anos de estudo, tornados

obrigatórios e gratuitos, como são até hoje. O ensino médio tem 50% de escolas

privadas e as faculdades são todas pagas, mesmo as públicas. Bons alunos têm

bolsa de estudos e o governo incentiva pesquisas estratégicas: O segredo é a

família, pois com pais comprometidos, os alunos ficam motivados e os professores

entusiasmados.

SETE LIÇÕES DA COREIA PARA O BRASIL

1. Incentivar os pais a se tornar assíduos participantes nos estudos dos filhos. 2. Concentrar os recursos públicos no ensino fundamental e não na universidade – enquanto a qualidade nesse nível for

sofrível. 3. Premiar os melhores alunos com bolsas e aulas extras para que desenvolvam seu trabalho. 4. Racionalizar os recursos para dar melhores salários aos professores. 5. Investir em pólos universitários voltados para a área tecnológica. 6. Atrair o dinheiro das empresas para a universidade, produzindo pesquisa afinada com as demandas do mercado. 7. Estudar mais. Os brasileiros dedicam cinco horas por dia aos estudos, menos da metade do tempo dos coreanos. (WEINBERG, 2005, p. 63).

Faz-se necessário que a família construa conhecimentos sobre as

necessidades especiais de seus filhos, bem como desenvolva competências de

gerenciamento do conjunto dessas necessidades e potencialidades. É inegável que

os alunos e as escolas se beneficiam quando os pais participam na educação de

seus filhos.

A situação de bem-estar das crianças e dos adolescentes encontra-se diretamente relacionada à possibilidade de manterem um vínculo familiar estável. Nesta perspectiva, [...] percebe(-se) a convivência familiar como um aspecto essencial de seu desenvolvimento e como um direito inalienável. (KALOUSTIAN, 1998, p. 9).

Vale ressaltar que a família é um coletivo e que necessita, para seu pleno

desenvolvimento, garantir a participação de todos no compartilhar sentimentos, na

análise dos problemas, no processo de tomada de decisões e responsabilidades. E

o objetivo é conscientizar a escola e a família do papel que possuem na construção

dessa parceria.

6 CONCLUSÃO

A prática pedagógica, de que aqui se tratou, envolvendo pesquisa

bibliográfica e de campo, possibilitou discutir essa produção entre professores e

estudantes, contribuindo para reflexões sobre a educação e a participação familiar.

As relações escola-família-comunidade sempre foram marcadas pela frieza

e pelo distanciamento. A comunidade não se envolve muito na vida da escola e vice-

versa. Observa-se, a cada dia, o quão é preciso reconstruir o papel da escola

perante sua clientela e perante a comunidade na qual está inserida.

Constata-se, através deste trabalho de pesquisa, que a educação tem um

papel importante em promover relações mais humanas. A necessidade de se

construir uma relação de intervenção na escola e buscar uma proposta para trazer a

família para a escola se faz urgente, uma vez que a escola não pode viver sem a

família e a família não pode viver sem a escola são instituições interdependentes e

complementares.

O processo de cooperação faz com que a escola se torne um ambiente onde

o aluno aprende a aprender, torna-se um espaço social, agradável, pois os alunos

constatam que seus familiares se interessam por sua vida na escola, despertando

também na família o quão relevante é seu papel no cotidiano escolar.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, M. et al. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, 2002. ALENCAR, M. M. T. de. Transformações econômicas e sociais no Brasil dos anos 1990 e seu impacto no âmbito da família. In: SALES, Mione Apolinário; MATOS, Maurílio Castro de; LEAL, Maria Cristina (Orgs.). Política social, família e juventude: uma questão de direitos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006. p. 61-78. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http://www.pla naltoem.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 2 out. 2010. BRASIL. Ética. Secretaria de Educação Fundamental. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro082.pdf>. BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Campus, 2002. BOCK, Ana Mercês Bahia et alii. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva 1989. BRASIL. Estatuto da Criança e Adolescente, Lei nº 8.069/90, Brasília, 1999. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRUSCHINI, Cristina. Teoria crítica da família. In: AZEVEDO, Maria A.; GUERRA, Viviane N. de A. (Orgs.). Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. p. 50-79. BEZERRA, M. E. Crianças que trabalham e estudam têm pior desempenho escolar. Disponível em: <http://www.lustosa.net/noticias/39237.php. L>. Acesso em: 12 abr. 2012. Brasil. LDBN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 5. ed. Brasília, DF: Edições Câmara, 2010. CONAE. Conferencia Nacional de educação - 2010. Disponível em: <http://www. google.com.br/#hl=pt-BR&sclient=psy-ab&q=rdiretrizes+curriculares+de+educa% C3%A7%C3%A3o+basica+PR&oq=>. Acesso em: 22 abr. 2012. CEPIS. Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae História da sociedade. São Paulo, 2004 CAETANO, L. M. Relação escola e família: uma proposta de parceria. Disponível em: http://www.seufuturonapratica.com.br/intellectus/_Arquivos/Jul_Dez_03/PDF/ Luciana.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2012 e em: 8 maio 2012. CAPELATTO, I, R. Educação com afetividade. São Paulo: Editora Modelo, 2010 (Coleção Jovem Voluntário, Escola Solidária).

CARTER, B.; McGOLDRICK, Mônica. As mudanças do ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2. ed. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1995. CAMPOS, J. C.; CARVALHO, H. A. Psicologia do desenvolvimento: influência da família. São Paulo: EDICON, 1983. DUARTE, Marisa R. T. (Orgs.). Progestão: como promover, articular e desenvolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar. Brasília DF: Consed, 2001. DURKHEIM. E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978. ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Centauro, 2002. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. FREIRE, G. Casa grande & senzala. 23. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio, 1984. FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2001. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970. GERMANO, José W. Pobreza e educação: o avesso da cidadania. In: Revista Serviço Social & Sociedade, nº 57. São Paulo: Cortez, 1998. p. 28-51. GRAHAM, Judith. Crianças, televisão e tempo na tela Disponível em: <http:// translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en|pt&u=http://umaine.edu/ publications/4100e/>. Acesso em: 15 abr. 2012. IANNI, Octavio. Raças e classes sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. IPARDES. Caderno estatístico de Guaíra. Município de Guaíra/PR. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=85980&btOk=ok>. Acesso em: 9 maio 2012. LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. KALOUSTIAN, S. M. (Org.) Família brasileira, a base de tudo. 3. ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1998. KONDER, Leandro. Marx: vida e obra. Sem local e sem editora, março 1998. LOUZADA, A. M. G. Conceito de família. Disponível em: <http.www=com_con tent&view =article &id=19%3Aevsolucao-do-conceito-de-familia-juiza-ana-maria-goncalves louzada&catid=11&Itemid=30>. Acesso em: 2 abr. 2012.

MELLO, S. L. Estatuto da Criança e do Adolescente: é possível torná-lo uma realidade psicológica? Revista Psicol. USP, vol.10, nº 2 São Paulo, 1999. MIOTO, Regina C. T. Novas propostas e velhos princípios: a assistência às famílias no contexto de programas de orientação e apoio sócio-familiar. In: MARX, Karl. O Capital: edição condensada. Tradução e condensação de Gabriel Deville. São Paulo: EDIPRO, 1998.

NEVES, L. M. W. (Org.). A nova pedagogia da hegemonia: estratégias do capital para educar o consenso. São Paulo: Xamã, 2005. NÉRICI, I, G. Lar, escola e educação. São Paulo: Atlas, 1972. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil: perspectivas psicopedagógicas. Porto Alegre, RS: Prodil, 1994. PARO, V. H. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000. PEREIRA, S. Gischkow. Tendências modernas do direito de família. RT, vol. 628, p. 19, fev. 1988. PRADO, D. O que é família. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981(Coleção Primeiros Passos). PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. História. Curitiba: SEED/DEB – PR, 2008. PENTEADO, N. B. M. Como os valores capitalistas programam você. Disponível em: <http://site.suamente.com.br/como-os-valores-capitalistas-programam-voce/.D>. Acesso em: 7 maio 2012. PENTEADO, F. R. TSUKUDA, J.; RUIZ, M. J. F. Os reflexos do sistema capitalista no âmbito escolar. Disponível em: <http://www.estudosdotrabalho.org/anais6semi nariodotrabalho/flaviareispenteadojulietsukudaemariajoseruiz.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. PIAGET, J. Para onde vai a educação. 15. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972 / 2000. QUINO, J. S. L. Quino desiludido com o século XXI. Site oficial. Disponível em: <http://www.quino.com.ar/>. Acesso em: 8 fev. 2012. SCHMIDT, M. A.; CAINELLI, M. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. SAVIANI, D. Escola e democracia, 33. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.

SETUBAL, M. A. Ensinar e aprender: reflexão e criação. Vol. 1. São Paulo: USP, 2000. SOIFER, R. Psicodinamismos da criança com a família. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983. SEAGOE, M. V. O processo de aprendizagem e a prática escolar. 2. ed. Vol. 107. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1978. SZYMANSKI, Heloisa. Viver em família como experiência de cuidado mútuo: desafios de um mundo em mudança. In: Revista Serviço Social & Sociedade, nº 71. São Paulo: Cortez, 2002. p. 9-25. TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa ação. 10. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2000. TRINDADE, J. D. L. de. História social dos direitos humanos. São Paulo: Peirópolis, 2002. VILA NOVA, S. Introdução à sociologia. São Paulo: Atlas, 1995. WEINBERG, M. 7 lições da Coréia para o Brasil. Veja. São Paulo, n.1892, p. 60-67, fev. 2005.

.

ANEXOS

ATIVIDADE I Apresentando o projeto aos alunos - Diálogos sobre a família através do texto: O QUE É A FAMÍLIA? A família é um sistema complexo de relações, onde seus membros compartilham um mesmo contexto social de pertencimento. A família é o lugar do reconhecimento da diferença, do aprendizado de unir-se e separar-se, a sede das primeiras trocas afetivo-emocionais, da construção da identidade. A família é a matriz:social na qual nascemos e morremos! É a família um sistema em constante transformação, seja por fatores internos à sua história, seja pelos ciclos de vida em interação com as mudanças sociais. Sua história percorre a dialética continuidade/mudança, entre vínculos de pertencimento e necessidade de individuação. É no cenário familiar que aprendemos a nos definir como diferentes e a enfrentar os conflitos de crescimento. Falar de família é também falar de mito, de memória, de transmissão. No mundo intergeracional da família nos constituímos como sujeitos, como seres sociais, e nosso comportamento só é compreensível sob a luz da organização e do funcionamento de um sistema de relações, cujo contexto delimita e confere significado a tudo que ocorre no seu interior. Podemos também definir uma família como um grupo que vive junto pela paixão de estar junto, onde uns entram e outros saem, num aprendizado constante de mudança e de atualização da rede de afetos. É no seu seio que vivemos as nuances do amor intercaladas no aprendizado de unir-se e de separar-se, mudando nossos jeitos de estar com as mesmas pessoas no decorrer de toda nossa vida. A família é o lugar da primeira relação, da primeira mulher, do primeiro homem, da dor da primeira separação. A família é composta de indivíduos que estabelecem relações entre si, compartilhando a mesma cultura, as mesmas crenças, onde cada um exerce uma função distinta e complementar. Família é dentro de nós: somos ao mesmo tempo avós, pais, filhos, irmãos, tios, primos, etc. Foi na década de 1950, com o advento da cibernética e tomando emprestado a teoria de sistemas, que alguns estudiosos se reuniram em torno da família, buscando explicações para o seu funcionamento. Perceberam em seu interior uma dança relacional cuja coreografia era própria daquele grupo e envolvia todos os seus membros: uma entidade autônoma, um “todo”, com sua estrutura, suas regras e finalidades. Nessa ótica relacional sistêmica, a família funciona como uma entidade onde a interação de suas partes mantém uma interdependência recíproca capaz de controlar seu equilíbrio. Trata-se de um composto onde o todo é mais que as partes, e a modificação de uma das partes altera todo o conjunto. Assim, o que ocorre dentro e fora dela vai influir no seu equilíbrio. A família se fundamenta na ideia de coesão e de continuidade, como uma célula reprodutiva, e vive o paradoxo mudança/estabilidade em todo seu ciclo vital. A crise característica de processos de mudanças muitas vezes surge como uma ameaça de ruptura. A singularidade de como cada família cuida de seu equilíbrio e sobrevivência interage com os relacionamentos interpessoais e intergeracionais de seus membros (CARTER; MCGOLDRICK, 1995).

CARTER, Betty; McGOLDRICK, Mônica. As mudanças no ciclo de vida familiar-uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1995.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE A EXECUÇÃO DO PROJETO

ATIVIDADE

A - Desenvolver trabalho de Pesquisa juntamente com os alunos sobre temas

envolvendo a temática sobre o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA); B -

Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPS/OMS), a família

desempenha as seguintes funções: (i) reprodução e regulação sexual - garantindo a

perpetuação da espécie; (ii) socialização e função educativa - transmitindo a cultura,

valores e costumes através das gerações; (iii) manutenção e produção de recursos

de subsistência - determinando a divisão do trabalho de seus membros e

condicionando a contribuição para a vida econômica da sociedade.

C- Em sua opinião, a família está cumprindo seu papel nos itens acima citados? Justifique sua resposta

A ONU, levando em consideração o espaço do domicílio, considera que uma família deve ter duas características essenciais:

1) mínimo de dois membros; 2) os membros da família devem estar relacionados

por meio de relações de consanguinidade (parentesco), adoção ou casamento.

Isso quer dizer que a ONU, no documento Principles and Recommendations for

Population and Housing Censuses, Revision (1998), trata a pessoa morando

sozinha como um domicílio unipessoal e a considera como um arranjo “não-

família”. Também trata como “não-família” as pessoas que convivem em um

domicílio multipessoal, mas que não possuem laços de parentesco, adoção ou

casamento. Assim, são considerados domicílios resididos por “não-família”:

a) domicílios unipessoais; b) domicílios multipessoais habitados por pessoas sem

laço de parentesco, adoção ou casamento.

Já os domicílios resididos por famílias podem ter as seguintes composições: 1)

Domicílio com família nuclear: a) Casal: (i) com filho(s); (ii) sem filho(s); b) Pai com

filho (s); c) Mãe com filho(s).

Fonte: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/Mzk5NzM2/>. Acesso em: 12 jun.2011.

Mensagem à família

Na educação de nossos filhos Todo exagero é negativo. Responda-lhe, não o instrua. Proteja-o, não o cubra. Ajude-o, não o substitua. Abrigue-o, não o esconda. Ame-o, não o idolatre. Acompanhe-o, não o leve. Mostre-lhe o perigo, não o atemorize. Inclua-o, não o isole. Alimente suas esperanças, não as descarte. Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo. Não o mime em demasia, rodeie-o de amor. Não o mande estudar, prepare-lhe um clima de estudo. Não fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade. Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja. Não lhe dedique a vida, vivam todos. Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele o olha. E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra... Ensina-lhe a viver sem portas. Eugênia Puebla

Fonte: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/NTQwODI5/>. Acesso em: 2 jun. 2011.

Como Nossa Família é Importante

A nossa família é o bem mais precioso que temos. Principalmente os nossos pais, não importa se são

nossos pais de verdade, ou se são pais que adotaram você. O que importa é

que eles te amem, te passem tudo que aprenderam nessa vida.

Nossos pais merecem todo respeito e carinho do

mundo. Pois são eles quem nos dá tudo aquilo que temos e estão sempre se esforçando para nos dar aquilo que

queremos.

Aprenda a dar valor a essas pessoas tão especiais, que têm um amor enorme por você.

Retribua tudo que eles te dão,

com carinho, amor,

felicidade, pois esses são os presentes que os nossos pais mais

querem.

Rafaela VS

Fonte: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/NTQwODI5/>. Acesso em: 2 jun. 2011.

NOSSA FAMÍLIA

Diálogos, amor, carinho.

Conselhos, ajuda, orientação.

Assim é a família:

Como um grande coração

Onde todos são irmãos!!!

Desastres acontecem

A família nos sustenta

Angústias nos afligem

A família nos ampara

Vivemos a sofrer

A família nos ergue!

Sentimos saudade

A família nos consola

Temos frustrações

A família nos orienta

Estamos desanimados

A família nos alegra

Estamos perdidos

A família nos mostra o

caminho...

Família, o alicerce do homem

Família, base social

Família, bênção divina

Família, anjo que ilumina!!!

Autor desconhecido

Questionário sociocultural e econômico

Propõe-se, assim, a aplicação deste questionário, juntamente aos alunos da 7ª série

do Colégio Estadual "Profº Jaime Rodrigues".

Sendo parte da pesquisa, do projeto, no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

tem como tema: "A importância da família no contexto histórico escolar". O tema está sendo

desenvolvido pela Profª. PDE: Marinei Piffer Chaves.

1- Em que localidade você e sua família residem?

( ) centro

( ) Bairro. Qual--------------------------------------------

( ) Comunidade. Qual?---------------------------------

2- Com quem você mora?

( ) pais (pai e mãe) ( ) somente mãe ( ) somente pai ( ) com as avós (

) outros

3- Seus pais estão empregados?

( ) Sim ( ) Não

4- Qual é a renda familiar mensal? ( ) Menos de um salário mínimo (R$ 545,00)

( ) De um a dois salários mínimos (entre RS 545,00 e R$ 1.020,00)

( ) De dois a cinco salários mínimos (entre R$1.020,00 e R$ 2.550,00)

( ) Acima de cinco salários mínimos. (Mais de R$ 2.550,00)

5- Quantas pessoas contribuem para a renda da sua família? ( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) mais. Quantas-----------------

6- Situação conjugal de seus país: ( ) Vivem juntos ( ) Vivem Separados.

7- Você, além de estudar, trabalha? ( ) sim ( ) Não

8- Sua situação escolar no ano anterior: - ( ) Aprovado ( ) Reprovado ( ) abandonou ( ) Não frequentou.

9- Qual o grau máximo de escolaridade de seus pais:

Mãe Pai ( ) ( ) Analfabeto

( ) ( ) Ensino fundamental completo

( ) ( ) Ensino fundamental incompleto

( ) ( ) Ensino médio completo

( ) ( ) Ensino médio incompleto

( ) ( ) Ensino superior incompleto

( ) ( ) Ensino superior completo

( ) ( ) Especialização

( ) ( ) Mestrado

( ) ( ) Desconheço.

10- A quais programas de televisão você costuma assistir? ( ) Jornal

( ) Novela

( ) desenhos

( ) Filmes

11- Você já foi vítima de algum tipo de preconceito de ordem étnica (por causa da cor de sua pele? ( ) Sim ( ) Não

12-Sua família participa de atividades na escola onde você estuda? Com que frequência?

( ) sempre ( ) de vez em quando ( ) nunca

Após ter trabalhado os questionários, foram realizados debates sobre os temas

levantados pelo Questionário sociocultural e econômico.

:

1. Qual é sua opinião sobre a aplicação do questionário

em sala?

2. Responder ao questionário o fez refletir sobre sua

realidade familiar? Sim ou não? Por quê?

Atividade VIII -Pesquisar sobre projetos em ação que estejam contribuindo para o fortalecimento da integração escola, família e comunidade. -Discutir sobre qual desses projetos pode ser trabalhado na escola.

SUGESTÃO DE SITE PARA PESQUISA

Sugestão de leitura

-O livro das virtudes para criança - Organizado por William J. Bennett.

-Invente jogos para brincar com seu seus filhos - Cheryl Gerson Tuttle e Penny Paquette -101 Maneiras divertidas para desenvolver a habilidade de raciocínio e a criatividade do seu filho - Sarina Simon.

-O livro da valorização da família - Linda e Richard Eyre.

-Quem ama, educa! - Formando cidadãos éticos - Tiba Içami -

-Família de alta performance - conceitos contemporâneos na educação – Tiba Içami

‐ Disciplina: limite na medida certa ‐ novos paradigmas- Içami Tiba

-Seja feliz, meu filho! - Tiba Içami A construção da solidariedade: a educação do sentimento na escola. -TOGNHETTA, L. R. P Campinas, SP: Editora Mercado de Letras/ FAPESP, 2002. -Pais competentes, filhos fascinantes - Caio Feijó. -Sua criança competente – educação para a nova família - Jesper Juul. VÍDEOS- NA INTERNET

-COMO INCENTIVAR PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA <http://www.youtube.com/watch?v=7ME2sDyehPk>. - O papel dos pais no processo de aprendizado – JN- <http://www.youtube.com/watch?v=1Wt2sC05opI&feature=related>. -Escola em parceria com a Família-

<http://www.youtube.com/watch?v=-wU6chnQOSk&feature=related>. -A ESCOLA (Paulo Freire)- <http://www.youtube.com/watch?v=A0T9xOAcDMw&feature=related> e <http://www. youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=C3wOr-xPZyU#at=12>. FILMES:

- O ÓLEO DE LORENZO;

- FAMÍLIA BRAZ - DOIS TEMPOS

- NO OLHO DA RUA

- UM NOVO DESPERTAR

- GÊNIO INDOMÁVEL

- NENHUM A MENOS

- PRO DIA NASCER FELIZ

- O AMOR É CONTAGIOSO

- MEU MESTRE MINHA VIDA