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REPÚBLICA PORTUGUESA Proposta de Programa Nacional de Reformas 2015 Abril de 2015

Governo - Programa de estabilidade - 2015-2019

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  • REPBLICA PORTUGUESA

    Proposta de

    Programa Nacional de Reformas

    2015

    Abril de 2015

  • Este documento foi elaborado com informao disponvel at data de 15 de abril de 2015.

    MINISTRIO DAS FINANAS Av. Infante D. Henrique, 1 1149-009 LISBOA Telefone: (+351) 21.881.6820 Fax: (+351) 21.881.6862 http://www.min-financas.pt

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    i

    ndiceI. Introduo ......................................................................................................................................... 3

    II. Cenrio Macroeconmico ................................................................................................................. 9

    III. Implementao das Recomendaes Especficas Dirigidas a Portugal ......................................... 11

    III.1 Recomendao n. 1 Finanas Pblicas ............................................................................. 11

    III.2 Recomendao n. 2 Mercado de Trabalho ........................................................................ 24

    III.3 Recomendao n. 3 Polticas Sociais e de Emprego ......................................................... 26

    III.4 Recomendao n. 4 Polticas de Educao ....................................................................... 35

    III.5 Recomendao n. 5 Sistema Financeiro ............................................................................ 44

    III.6 Recomendao n. 6 Reformas de Energia e Transportes .................................................. 46

    III.7 Recomendao n. 7 Reformas nos Servios e Regulao ................................................ 55

    III.8 Recomendao n. 8 Reformas na Administrao Pblica, Sistema Judicial e Avaliao

    de Polticas ........................................................................................................................... 59

    IV. Progresso Registado Relativamente s Metas Nacionais da Europa 2020 .................................... 67

    V. Medidas Adicionais e Uso de Fundos Estruturais........................................................................... 83

    VI. Assuntos Institucionais e Envolvimento das Partes Interessadas .................................................. 95

    Lista de Acrnimos ............................................................................................................................ 122

    ndice de Quadros

    Quadro 1. Principais Indicadores .......................................................................................................... 9

    Quadro 2. Enquadramento Internacional Principais Hipteses .......................................................... 9

    Quadro 3. Principais Indicadores ........................................................................................................ 10

    Quadro 4. Saldo oramental e saldo excluindo operaes temporrias ............................................. 11

    Quadro 5. Taxa de desemprego jovem ............................................................................................... 31

    Quadro 6. EP - Sector dos Transportes EBITDAr ............................................................................... 54

    Quadro 7. Roteiro para implementao da avaliao de reformas estruturais ................................... 65

    Quadro 8. Taxa de emprego 20 aos 64 anos .................................................................................. 67

    Quadro 9. Percentagem da populao em abandono precoce da educao e formao na faixa

    dos 18-24 anos .................................................................................................................. 75

    Quadro 10. Percentagem da populao com qualificao ao nvel do ensino superior na faixa

    etria dos 30-34 anos ........................................................................................................ 76

    Quadro 11. Nmero de bolseiros, valor mdio das bolsas e despesa total com bolsas ..................... 76

    Quadro 12. Cursos tcnicos superiores profissionais registados por reas de educao e

    formao ............................................................................................................................ 78

    Quadro 13. Populao em risco de pobreza e/ou excluso social, Portugal, 2010-2014 ................... 80

    Quadro 14. Programas Operacionais ................................................................................................. 84

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    ii

    Quadro 15. Europa 2020 e a ligao a Portugal 2020 ...................................................................... 85

    ndice de Grficos

    Grfico 1. Evoluo do stock de pagamentos em atraso .................................................................... 12

    Grfico 2. Evoluo da despesa pblica ............................................................................................. 13

    Grfico 3. Acordo Ascendi + Interior Norte ......................................................................................... 15

    Grfico 4. PPP Encargos brutos Valores globais anuais .............................................................. 15

    Grfico 5. Diferencial do IVA na UE, 2011-2012 ................................................................................. 21

    Grfico 6. PETI3+ - Investimentos prioritrios .................................................................................... 51

    Grfico 7. Fatura porturia Terminais de servio pblico ................................................................. 53

    Grfico 8. EP Transportes e Gesto da Infraestrutura Ferroviria Dvida remunerada ................ 54

    Grfico 9. Evoluo da meta de Portugal em matria de eficincia energtica para 2020 ................. 74

    Grfico 10. Alocaes dos FEEI aos objetivos do PNR ...................................................................... 86

    Anexos

    Tabela 1. Cumprimento das recomendaes especficas por pas e concretizao de outras

    reformas estruturais ........................................................................................................... 97

    Tabela 2. Avaliao do impacto quantitativo das medidas ............................................................... 114

    Tabela 3. Progresso na implementao da estratgia para cumprir as metas Europa 2020 ............ 115

    Tabela 4. Sntese dos principais compromissos de reforma para 12 meses .................................... 117

  • I. INTRODUO

    O ano de 2015 marca o incio de um novo ciclo para Portugal. Um ciclo definido pela

    acelerao do crescimento econmico e pela melhoria das condies de emprego, assente

    nos princpios de sustentabilidade das finanas pblicas, estabilidade financeira e

    dinamizao da economia, num quadro de plena integrao na Unio Europeia e na rea do

    euro.

    O esforo e a determinao dos Portugueses, na consecuo da estratgia reformista definida,

    asseguraram a concluso do Programa de Ajustamento Econmico e Financeiro (PAEF) em meados de

    2014. Foi sem dvida um momento definidor na histria recente do Pas, ao comprovar que o

    ajustamento efetuado permitiu efetivamente alcanar importantes resultados em matria de consolidao

    oramental, reforo da estabilidade financeira e aumento da competitividade da economia. Alm disso,

    refletiu o retorno a um acesso regular e estvel ao financiamento de mercado, confirmando a decisiva

    recuperao de credibilidade e confiana. Os resultados obtidos merecem assim ser reconhecidos e,

    sobretudo, ser consolidados. No obstante, o Pas tem ainda importantes desafios pela frente, que

    importa encarar com a mesma determinao dos ltimos quatro anos no apenas para preservar tudo o

    que j foi alcanado, mas tambm para garantir que uma crise desta dimenso nunca mais repetida.

    Essas so condies necessrias para abrir um novo ciclo de prosperidade para todos os Portugueses.

    Para alm dos resultados objetivos do processo de ajustamento descritos no presente Programa

    Nacional de Reformas e no Programa de Estabilidade que o complementa Portugal demonstrou

    tambm um decisivo sentido de responsabilidade enquanto Estado-Membro da Unio Europeia e

    participante na rea do euro. Na primeira dcada da moeda nica, a importncia do cumprimento das

    regras estabelecidas foi desconsiderada e a dimenso dos desafios foi menosprezada nomeadamente

    com a perda dos instrumentos monetrio e cambial e com a crescente concorrncia a nvel global. Estes

    comportamentos revelar-se-iam particularmente gravosos em Portugal, mas foram na verdade comuns a

    vrios pases do euro, ainda que com dimenses e especificidades diferentes. Encontram-se assim entre

    as principais causas da recente crise econmica, financeira e de dvida soberana na Unio Europeia,

    estando tambm na origem do reforo do enquadramento legal e institucional que lhe sucedeu, com vista

    a assegurar uma maior coordenao das polticas econmicas e oramentais, em particular na rea do

    euro. De entre as novas iniciativas, destaca-se a criao do Semestre Europeu, que corresponde a um

    conjunto de procedimentos, assente num calendrio anual definido entre novembro e julho de cada ano,

    segundo o qual a Comisso Europeia analisa as polticas dos Estados-Membros, apresenta

    recomendaes e acompanha a sua concretizao. O Semestre Europeu assenta em duas principais

    vertentes a econmica e a oramental que se articulam e complementam, permitindo uma avaliao

    global das polticas europeias. O processo aplica-se a todos os Estados-Membros da Unio Europeia

    desde 2011 mas, sendo particularmente exigente em termos de reporte de informao e de interao

    com as instituies europeias, no se aplica aos Estados-Membros sob programa de ajustamento. Tendo

    em conta que Portugal esteve sob programa de ajustamento entre 2011 e 2014, o Semestre Europeu de

    2015 o primeiro em que o Pas participa em pleno. Neste mbito, importa ainda salientar que as

    principais novidades respeitam aos processos associados vertente econmica, uma vez que o

    enquadramento oramental subjacente ao Semestre Europeu continuou a aplicar-se durante o PAEF e

    que o Documento de Estratgia Oramental previsto no Memorando de Entendimento cumpria j a

    generalidade das obrigaes de reporte do Programa de Estabilidade.

    Captulo 1

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    4

    A apresentao do Programa Nacional de Reformas para 2015-2019 assim mais uma

    prova dos progressos recentemente alcanados, refletindo a transio de um contexto

    de programa de ajustamento para o enquadramento institucional aplicvel

    generalidade dos Estados-Membros da Unio Europeia.

    A submisso do Programa Nacional de Reformas , de facto, um dos momentos centrais do Semestre

    Europeu, em particular na sua vertente econmica e de avaliao global pela Comisso Europeia.

    Encontra-se intimamente ligado aos restantes procedimentos do calendrio estabelecido para interao

    com as instncias europeias, que importa assim recuperar:

    O Semestre Europeu inicia-se em novembro de cada ano, com a publicao de um conjunto de

    documentos enquadradores pela Comisso Europeia, de entre os quais se destacam a Anlise

    Anual do Crescimento (Annual Growth Survey), que elenca as prioridades econmicas gerais

    para a Unio Europeia e fornece orientaes polticas aos Estados-Membros, e o Relatrio

    sobre o Mecanismo de Alerta (Alert Mechanism Report), onde so analisados os potenciais

    desequilbrios macroeconmicos de cada Estado-Membro.

    Em fevereiro, a Comisso Europeia publica um relatrio especfico por pas (Country Report),

    no qual avalia a situao econmica e oramental, reporta o cumprimento das recomendaes

    dirigidas no mbito do Semestre Europeu anterior e, em determinados casos, procede a uma

    anlise aprofundada relativa aos desequilbrios macroeconmicos.

    Em abril, cada Estado-Membro submete um documento de estratgia econmica de

    mdio-prazo o Programa Nacional de Reformas devidamente articulado com o documento

    congnere da vertente oramental o Programa de Estabilidade.

    Em maio, a Comisso Europeia prope Recomendaes Especficas por Pas

    (Country-Specific Recommendations), com base na Anlise Anual do Crescimento e nos

    documentos de estratgia submetidos pelos Estados-Membros em abril. As Recomendaes

    Especficas por Pas so depois adotadas pelo Conselho da Unio Europeia em julho e

    monitorizadas pela Comisso Europeia ao longo do ano.

    O Programa Nacional de Reformas deve assim explicitar de que forma estas polticas propostas por cada

    Pas se enquadram nas prioridades definidas anualmente para a Unio Europeia e respondem s

    recomendaes e a eventuais alertas da Comisso Europeia na sequncia da anlise especfica a

    cada Estado-Membro.

    Para o ano de 2015, a Anlise Anual do Crescimento reala a importncia de uma recuperao

    econmica forte a nvel europeu, abrindo caminho a uma trajetria de crescimento econmico sustentado

    e criador de emprego. A abordagem proposta pela Comisso Europeia para este desafio assenta em trs

    pilares centrais: (i) o estmulo ao investimento; (ii) o compromisso renovado com as reformas estruturais e

    (iii) a prossecuo do sentido de responsabilidade oramental.

    Estas prioridades serviram de enquadramento anlise especfica por Estado-Membro, que a Comisso

    publicou em fevereiro deste ano. No caso Portugus, uma vez que o Relatrio sobre o Mecanismo de

    Alerta identificara Portugal como um dos dezasseis Estados-Membros que exigiam uma apreciao

    aprofundada da economia, o relatrio da Comisso Europeia apresenta os resultados do estudo de

    potenciais desequilbrios macroeconmicos no Pas: endividamento pblico, endividamento privado,

    endividamento externo e desemprego. Em linha com o referido supra, tambm a Comisso Europeia

    evidenciou que persistem desafios para a economia Portuguesa, no plano social, oramental e do

    crescimento potencial. No obstante, reconheceu igualmente que os principais desequilbrios

    identificados no presente resultam de um conjunto de comportamentos que remonta adeso ao euro e,

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    5

    mais importante ainda, que o processo da sua reverso j se iniciou. Pode, assim, concluir-se que

    Portugal enfrenta sobretudo um problema de stocks, uma vez que os fluxos na sua origem esto j

    corrigidos, destacando-se o excedente registado na balana corrente e a reverso da perda de quota de

    mercado das exportaes. Esta evoluo analisada em maior detalhe numa seco especfica do

    Programa de Estabilidade. No que respeita avaliao do cumprimento das Recomendaes Especficas

    por Pas de 2014, o relatrio da Comisso Europeia refere que Portugal registou progressos na sua

    implementao, existindo, porm, atrasos em algumas reas.

    Desde fevereiro, foram j alcanadas novas metas em resposta s recomendaes da Comisso

    Europeia, tendo tambm sido divulgada informao adicional sobre a evoluo da economia Portuguesa

    e das principais variveis oramentais. O Programa Nacional de Reformas procura, assim, nas seces 2

    e 3, dar conta dos ltimos desenvolvimentos nesta matria. So tambm apresentados, na seco 4, os

    dados mais recentes no mbito da convergncia para as metas estabelecidas na Estratgia para a

    Europa 2020.

    O Programa Nacional de Reformas garante assim a necessria articulao com a

    estratgia econmica europeia. Mais importante, ainda, um momento decisivo para o

    Pas, ao definir as polticas e reformas estruturais propostas para promover o

    crescimento econmico sustentado e criador de emprego num horizonte de

    mdio-prazo.

    As prioridades definidas na Anlise Anual do Crescimento para 2015 da Comisso Europeia, referidas

    acima, devem encontrar expresso nas polticas a levar a cabo em cada um dos Estados-Membros. O

    Governo Portugus rev-se nas prioridades definidas, que refletem o momento que se vive na Europa e a

    necessidade de dar robustez ao crescimento econmico que comea a fazer-se sentir na generalidade

    dos pases.

    O plano de investimento para a Europa apresentado pelo Presidente da Comisso Europeia representa

    um estmulo muito importante, mas importa que as polticas aplicadas nos Estados-Membros favoream o

    aproveitamento das oportunidades que o mesmo gera, tanto mais que assenta, essencialmente, em

    investimento privado. A acelerao do investimento promovida pelas reformas introduzidas em mltiplas

    reas ao longo dos ltimos quatro anos que reforam a competitividade da economia portuguesa e

    reduzem custos de contexto , bem como por novas iniciativas a desenvolver, permitir a criao de mais

    e melhor emprego. E a criao de mais e melhor emprego, em particular a reduo do desemprego

    estrutural e do desemprego de longa durao, no pode deixar de estar no topo das prioridades das

    polticas pblicas, tanto mais que o tema que, legitimamente, mais preocupa os Portugueses.

    A segunda prioridade da Comisso Europeia para 2015 o compromisso renovado com as reformas

    estruturais. Apesar da intensidade do processo de reforma empreendido em Portugal desde meados de

    2011, o compromisso com as reformas estruturais tem de ser assumido em permanncia e envolve

    continuar sempre a pr em prtica novas reformas, ao mesmo tempo que se monitorizam, avaliam e

    desenvolvem as reformas j empreendidas. O reforo da competitividade da economia num contexto

    global crescentemente exigente impe a manuteno desse esprito reformista, conforme se evidencia ao

    longo deste Programa Nacional de Reformas, em particular na descrio de como foi, ou est a ser, dado

    cumprimento s Recomendaes Especficas para Portugal de 2014, bem como a evoluo no sentido

    das metas definidas na Estratgia para a Europa 2020.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    6

    Como ncora da retoma do crescimento e a par das reformas estruturais, a Comisso destaca a

    indispensabilidade da prossecuo da responsabilidade oramental, assegurando o controlo do dfice e

    da dvida, promovendo a qualidade das finanas pblicas, melhorando a eficincia da despesa,

    privilegiando o investimento produtivo e tornando o sistema fiscal mais eficiente e propcio ao

    investimento, para alm do combate fraude e evaso fiscais. Este o caminho que tem sido seguido

    em Portugal nos ltimos quatro anos, mas que continua a ser o referencial para o perodo 2015-2019.

    esta abordagem integrada defendida pela Comisso Europeia que est refletida nas escolhas de

    poltica apresentadas neste Programa Nacional de Reformas e no Programa de Estabilidade e que

    permite que o ciclo de crescimento e criao de emprego iniciado j em 2013 se torne cada vez mais

    positivo e sustentado. neste enquadramento que se assegura o desenvolvimento econmico do Pas.

    A ligao entre reformas estruturais e qualidade/sustentabilidade da despesa pblica

    passa tambm pela continuao do processo geralmente designado como reforma do

    Estado.

    Na sequncia das orientaes aprovadas no documento Um Estado Melhor, importa prosseguir o

    esforo de melhorar a organizao interna dos prprios Ministrios e da Administrao Central como um

    todo. Neste mbito, so definidos como eixos de atuao prioritrios para o horizonte 2015-2019: (i) a

    reforma gradual das Secretarias-Gerais dos diferentes Ministrios e (ii) a prossecuo da gesto e

    valorizao ativa dos recursos humanos da Administrao Pblica.

    A reforma gradual das Secretarias-Gerais, ou das entidades que assumam funes similares de carter

    administrativo e financeiro, assenta no reconhecimento de que cada Ministrio no deve replicar

    necessariamente todas as funes que no sejam especficas do seu sector, havendo assim vantagens

    em partilhar funes e servios, em contraste com o desperdcio que caracteriza a atomizao. Neste

    contexto, so tidos como fundamentais os seguintes processos:

    A unificao da funo pagamentos, centralizando o processamento das remuneraes e

    restantes despesas de cada Ministrio num nico servio, devendo progressivamente evoluir

    para a centralizao de pagamentos de diversos organismos da administrao direta e indireta

    do Estado.

    A integrao da funo jurdica e contenciosa dos Ministrios de modo a reforar e aproveitar

    melhor as capacidades existentes neste domnio, ao criar a escala necessria para ter recursos

    especializados em diferentes reas relevantes para a defesa do interesse pblico, e

    minimizando a necessidade de recurso prestao de servios externos.

    A reforma dos Gabinetes de Estudos e Planeamento, atualmente muito diferenciados e, no

    raro, descapitalizados em recursos humanos, promovendo-se assim o avano para a

    integrao das funes de prospetiva, planeamento, elaborao de polticas pblicas e

    medio do seu impacto, preservando, no entanto, as necessidades especficas de cada

    Ministrio.

    A agregao de alguns dos servios de inspeo, em especial aqueles que tenham menor

    especificidade tcnica, beneficiando das sinergias de servios com maior dimenso, permitindo

    maior eficcia e reforando a sua autoridade e prestgio.

    A reorganizao, especializao e centralizao dos servios do Estado envolvidos na gesto

    do patrimnio imobilirio do Estado, cuja regulamentao dever ainda ser alvo de reviso e

    modernizao.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    7

    O reforo da consolidao e centralizao das responsabilidades em Tecnologias de

    Informao e Comunicao (TIC) em cada Ministrio e de uma forma transversal na

    Administrao Central, de modo a atingir economias de escala e de escopo, nomeadamente na

    rea da concentrao dos Data Centers e das plataformas de telecomunicaes.

    O sucesso da reforma do Estado depende das pessoas que para ele trabalham, dos recursos

    humanos da Administrao Pblica. E os benefcios da reforma do Estado devem ser

    refletidos nas suas condies de trabalho.

    Em matria de gesto e valorizao ativa dos recursos humanos da Administrao Pblica e no mbito

    dos objetivos de reforma e renovao do Estado, importa avaliar, consolidar e desenvolver os programas

    de reforma que tm vindo a ser implementados nos ltimos anos, bem como avanar com iniciativas que

    permitem, em simultneo, responder necessria reduo estrutural da despesa e prestar cada vez

    melhores servios aos cidados, atravs de uma Administrao Pblica mais gil, melhor preparada e

    mais rejuvenescida. Impe-se assim, como princpio orientador para esta reforma o apoio ao

    redimensionamento, recomposio e requalificao da Administrao Pblica. Em particular,

    considera-se que:

    O instrumento de Rescises por Mtuo Acordo dever funcionar de uma forma estvel e

    permanente, limitado disponibilidade oramental anual e privilegiando as reas do Estado

    com maior sobreemprego.

    O recurso ao Sistema de Requalificao, enquanto instrumento de apoio a processos de

    reestruturao de servios e de racionalizao de efetivos, dever manter como objetivo a

    reintegrao funcional de trabalhadores atravs de planos de formao.

    O Estado dever manter uma poltica de recrutamento seletivo para as funes pblicas mais

    qualificadas, promovendo programas ativos de estgios, de mobilidade e de recompensa do

    desempenho que incentivem os tcnicos especializados.

    A reforma da Administrao Pblica um processo em curso, que deve ser articulado e desenvolvido de

    forma gradual ao longo do horizonte do Programa. Nesse caminho, continua a ser crucial libertar recursos

    para implementar novas polticas remuneratrias, conduzindo a uma Administrao mais competitiva com

    o sector privado. O Governo permanece inteiramente empenhado na prossecuo destes objetivos,

    nomeadamente tendo presente as restries introduzidas a partir de 2010. Em particular, e reconhecendo

    a importncia da previsibilidade da poltica de gesto de recursos humanos da Administrao Pblica,

    importa esclarecer o enquadramento proposto para o futuro em matria de promoes e progresses na

    carreira. No obstante a restrio financeira das Administraes Pblicas explicitada no Programa de

    Estabilidade, o Governo considera fundamental avaliar uma soluo que permita uma reposio gradual

    e equitativa dos referidos efeitos, com vista a iniciar a sua concretizao ainda no perodo 2015-2019.

    As perspetivas apresentadas no Programa Nacional de Reformas evidenciam de forma clara que o futuro

    do Pas se caracteriza por maior esperana e maior confiana, mas tambm por novos desafios. Desafios

    que podero dar lugar a novas oportunidades se encarados com a mesma ambio que caracterizou os

    ltimos quatro anos.

  • II. CENRIO MACROECONMICO

    No ano de 2014, a atividade econmica registou um crescimento real de 0,9% do PIB, que representa

    numa melhoria de 2,5 pontos percentuais (p.p.) face quebra de 1,6% verificada em 2013, sendo o

    primeiro crescimento anual positivo observado desde 2010. Em termos trimestrais, a par de uma

    distribuio quase uniforme do perfil de crescimento do PIB, destaca-se o contributo menos negativo da

    procura externa lquida na segunda metade do ano e uma acelerao das exportaes de bens e de

    servios.

    Quadro 1. Principais Indicadores

    (taxa de variao, %)

    (1) Contas Nacionais.

    Fontes: INE, Eurostat.

    A elaborao do cenrio macroeconmico para 2015-2019 tem subjacente um conjunto de hipteses

    que refletem a informao disponvel at meados de abril de 2015, sobre o comportamento de algumas

    variveis macroeconmicas externas que condicionam a evoluo da economia portuguesa no

    horizonte de projeo.

    Quadro 2. Enquadramento Internacional Principais Hipteses

    Nota: Crescimento da procura externa relevante calculado com base em dados do BCE.

    (e) estimativa. (p) previso. (a) Euribor a 3 meses.

    Fontes: Ministrio das Finanas, NYMEX, CE, Economic Forecast, fevereiro, 2015 (dados entre 2015 e 2016).

    I II III IV I II III IV

    PIB e Componentes da Despesa (em termos reais)

    PIB -1,6 0,9 -4,1 -2,3 -1,3 1,4 0,9 0,9 1,2 0,7

    Consumo Privado -1,5 2,1 -4,3 -2,0 -0,8 1,2 2,1 1,7 2,6 1,9

    Consumo Pblico -2,4 -0,3 -3,0 -3,3 -2,7 -0,5 -0,2 0,1 0,4 -1,4

    Investimento (FBCF) -6,7 2,5 -15,5 -7,4 -3,7 1,2 0,0 3,7 4,1 2,4

    Exportaes de Bens e Servios 6,4 3,4 2,3 7,0 7,3 9,0 3,3 2,0 2,9 5,3

    Importaes de Bens e Servios 3,9 6,4 -3,4 6,1 6,4 6,7 9,1 3,9 5,4 7,1

    Contributos (p.p.)

    Procura Interna -2,5 2,1 -6,2 -2,6 -1,6 0,5 3,1 1,6 2,2 1,4

    Procura Externa Lquida 0,9 -1,2 2,1 0,3 0,3 0,8 -2,2 -0,7 -1,0 -0,7

    Evoluo dos Preos

    IPC 0,3 -0,3 0,2 0,6 0,3 -0,1 -0,1 -0,3 -0,5 -0,1

    IPC Subjacente 0,2 0,1 -0,2 0,5 0,3 0,1 0,0 0,0 0,0 0,2

    IHPC Portugal 0,4 -0,2 0,4 0,8 0,4 0,1 -0,1 -0,2 -0,3 0,0

    IHPC rea do Euro 1,3 0,4 1,9 1,4 1,3 0,8 0,6 0,6 0,4 0,2

    Evoluo do Mercado de Trabalho

    Emprego (1) -2,9 1,4 -5,3 -4,2 -2,5 0,6 1,5 1,6 1,8 0,7

    Populao Ativa -1,8 -1,1 -1,8 -2,1 -2,3 -1,1 -1,3 -0,9 -0,7 -1,6

    Taxa de Desemprego (%) 16,2 13,9 17,5 16,4 15,5 15,3 15,1 13,9 13,1 13,5

    dos quais: % de Desemprego de Longa Durao 62,1 65,5 58,7 62,0 64,5 63,6 63,6 67,4 66,9 64,5

    2014 2013 2014

    2013

    Crescimento da procura externa relevante (%) MF 3,3 4,5 5,2 5,2 5,2 5,2

    Preo do petrleo Brent (US$/bbl) NYMEX 99,5 59,7 68,2 72,0 74,5 76,0

    Taxa de juro de curto prazo (mdia anual, %) (a) CE 0,2 0,0 0,1 0,5 0,8 0,8

    Taxa de cmbio do EUR/USD (mdia anual) CE 1,33 1,17 1,17 1,17 1,17 1,17

    2019(p)2014(e) 2015(p) 2016(p) 2017(p) 2018(p)Fonte

    Captulo

    1 Captulo 2

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    10

    Tal como detalhado no Programa de Estabilidade, prev-se para 2015, um crescimento do PIB de 1,6%

    em termos reais1, o qual resulta da manuteno do contributo positivo da procura interna (1,6 p.p.),

    associado a uma ligeira desacelerao do consumo privado e a uma acelerao do investimento

    (FBCF), bem como de um contributo positivo da procura externa (0,1 p.p.) que compara com um

    contributo de -1,1 p.p. no ano anterior.

    Quadro 3. Principais Indicadores (taxa de variao, %)

    (1) Contas Nacionais (e) estimativa; (p) previso.

    Fontes: INE e Ministrio das Finanas.

    1 O que representa uma reviso em alta de 0,1 p.p. face estimativa apresentada no Relatrio do Oramento do Estado para 2015.

    PIB e Componentes da Despesa (em termos reais)

    PIB -1,6 0,9 1,6 2,0 2,4 2,4 2,4

    Consumo Privado -1,5 2,1 1,9 1,9 2,1 2,1 2,1

    Consumo Pblico -2,4 -0,3 -0,7 0,1 0,1 0,2 0,2

    Investimento (FBCF) -6,7 2,5 3,8 4,4 4,9 4,9 5,0

    Exportaes de Bens e Servios 6,4 3,4 4,8 5,5 5,7 5,7 5,8

    Importaes de Bens e Servios 3,9 6,4 4,6 5,3 5,4 5,4 5,7

    Contributos (p.p.)

    Procura Interna -2,5 2,1 1,6 1,9 2,2 2,2 2,2

    Procura Externa Lquida 0,9 -1,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2

    Evoluo dos Preos

    Deflator do PIB 2,2 1,2 1,3 1,4 1,4 1,4 1,4

    IPC 0,3 -0,3 -0,2 1,3 1,4 1,4 1,4

    Evoluo do Mercado de Trabalho

    Emprego (1) -2,9 1,4 0,6 0,8 0,9 0,9 1,0

    Taxa de Desemprego (%) 16,2 13,9 13,2 12,7 12,1 11,6 11,1

    Produtividade aparente do trabalho 1,3 -0,5 1,1 1,2 1,4 1,4 1,4

    Saldo das Balanas Corrente e de Capital (em % do PIB)

    Necessidades lquidas de f inanciamento face ao exterior 2,4 1,9 2,1 2,0 2,2 2,4 2,7

    - Saldo da Balana Corrente 0,9 0,5 0,5 0,4 0,8 1,0 1,4

    da qual Saldo da Balana de Bens -4,1 -4,4 -3,7 -3,8 -3,8 -3,8 -3,9

    - Saldo da Balana de Capital 1,5 1,4 1,6 1,5 1,5 1,4 1,3

    2019(p)

    2018(p)2017(p)2013 2014(e) 2015(p) 2016(p)

  • III. IMPLEMENTAO DAS RECOMENDAES ESPECFICAS DIRIGIDAS A PORTUGAL

    III.1 Recomendao n. 1 Finanas Pblicas

    1.1. Aplicar as medidas de consolidao oramental necessrias para 2014, a fim de atingir

    os objetivos oramentais e evitar a acumulao de novos pagamentos em atraso.

    De acordo com a informao divulgada pelo INE no passado ms de maro, no mbito da atualizao do

    Procedimento dos Dfices Excessivos, em 2014 o saldo oramental das Administraes Pblicas foi

    de -4,5% do PIB, um resultado melhor do que o oramentado em 0,3 p.p. do PIB, sendo mais de 2/3

    desta melhoria justificados pela reduo da despesa primria.

    O saldo primrio, em percentagem do PIB, fixou-se em 0,4% (mais 0,3 p.p. do PIB face a 2013) o que

    permite concluir que, pelo segundo ano consecutivo, se registou um excedente oramental.

    Excluindo operaes com efeito temporrio, o dfice reduziu-se de 5,1% em 2013 para 3,4% em 2014,

    mantendo assim a trajetria de consolidao iniciada em 2011.

    Quadro 4. Saldo oramental e saldo excluindo operaes temporrias

    Fontes: INE e Ministrio das Finanas.

    Esta melhoria do saldo oramental, quando corrigido das medidas de natureza extraordinria, ficou a

    dever-se, sobretudo, reduo da despesa primria em 1,7 p.p., tendo a receita aumentado cerca de

    0,1 p.p..

    A tendncia crescente do stock de pagamentos em atraso registado at 2011 foi invertida. O stock de

    pagamentos em atraso registou uma reduo de 410 milhes de euros, em 2014, sendo de realar a

    reduo no sector da sade, em particular nos Hospitais E.P.E. (-54 milhes de euros).

    2013 2014 2013 2014

    Saldo oramental -8.181 -7.822 -4,8 -4,5

    Operaes temporrias

    Injeco Capital Banif 700 0,4

    RERD 1.230 0,7

    Reclassificao da dvida STCP e CARRIS 1.192 0,7

    Write-off do non-performing loan do BPN Crdito 94 0,1

    Indemnizaes do Programa de Rescises por mtuo acordo 200 0,1

    Crdito fiscal ao investimento 225 0,1

    Reclassificao dvida Fundo ContraGarantia Mtuo 204 0,1

    Recapitalizao do Banco Efisa 38 0,0

    Saldo oramental excluindo operaes temporrias -8.711 -5.871 -5,1 -3,4

    10^6 euros % do PIB

    Captulo

    3

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    12

    Grfico 1. Evoluo do stock de pagamentos em atraso

    Fonte: INE.

    1.2. Relativamente ao ano de 2015, aplicar uma estratgia oramental revista, a fim de

    reduzir o dfice para 2,5 % do PIB, em sintonia com a meta fixada na recomendao

    formulada no mbito do procedimento relativo aos dfices excessivos, procedendo

    simultaneamente ao necessrio ajustamento estrutural. Substituir as medidas de

    consolidao consideradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional por medidas de

    dimenso e qualidade anlogas, o mais rapidamente possvel. A correo da situao de

    dfice excessivo dever ser efetuada de uma forma sustentvel e favorvel ao

    crescimento, limitando o recurso a medidas extraordinrias/temporrias. Aps a correo

    da situao de dfice excessivo, prosseguir o ajustamento estrutural anual programado

    no sentido do objetivo a mdio prazo, em conformidade com o requisito de um

    ajustamento estrutural anual de, pelo menos, 0,5 % do PIB, e superior em perodos

    favorveis, e assegurar que a regra relativa dvida seja cumprida a fim de colocar o

    elevado rcio da dvida geral numa trajetria sustentvel.

    Para 2015, o Governo continua comprometido com o objetivo de alcanar um dfice oramental inferior a

    3% do PIB, tal como vertido no Oramento do Estado para 2015. Neste contexto, o limite do dfice para

    2015 , em percentagem do PIB, 2,7%. Os resultados oramentais de 2014, melhores do que os

    considerados aquando da elaborao do exerccio para 2015, em conjunto com as melhores perspetivas

    econmicas, permitem equilibrar os riscos inerentes execuo oramental, pelo que se mantm o

    compromisso de que o objetivo de 2,7% do PIB para o dfice oramental no seja ultrapassado. Neste

    contexto, cumprindo-se um dfice oramental inferior a 3% do PIB, Portugal poder sair do Procedimento

    por Dfices Excessivos em que se encontra desde 2009.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    13

    1.3. Dar prioridade consolidao oramental baseada nas despesas e aumentar a

    eficincia e qualidade das despesas pblicas. Manter um controlo rigoroso das despesas

    da administrao central, regional e local.

    Em 2014, o dfice oramental das AP, excluindo operaes com efeito temporrio, reduziu-se 1,8 p.p.,

    quando comparado com o ano anterior. Esta reduo decorreu, essencialmente, da diminuio da

    despesa pblica em 1,6 p.p., enquanto a receita manteve-se virtualmente inalterada.

    O esforo de conteno da despesa pblica no deve porm ser medido apenas pela sua reduo entre

    dois momentos de tempo, uma vez que existem dinmicas (presses oramentais) de algumas rubricas

    que tendem a pressionar para o aumento da despesa, nomeadamente a despesa com penses, juros e

    Parcerias Pblico-Privadas (PPP). No caso das PPP releva que, aquando da celebrao dos contratos,

    se programou o incio dos pagamentos precisamente em 2014. Importa relembrar que, ainda assim, foi

    possvel reverter a tendncia crescente que a despesa pblica vinha a registar at 2010. Desde 2011, a

    despesa pblica tem vindo a reduzir em mdia 2,2% ao ano (valores nominais).

    Grfico 2. Evoluo da despesa pblica

    Fonte: INE.

    1.4. Prosseguir com a reestruturao das empresas pblicas.

    A reestruturao do sector empresarial do Estado, em curso desde finais de 2011, visou essencialmente

    assegurar os seguintes objetivos: (i) proceder reestruturao econmico-financeira das empresas

    pblicas; (ii) reduzir a dimenso do SEE, atravs da extino, fuso e execuo de um programa de

    privatizaes, bem como atravs de uma poltica de restrio quanto criao de novas empresas

    pblicas; e (iii) proceder reviso do enquadramento jurdico aplicvel ao SEE.

    A reestruturao operacional das empresas pblicas implicou a emisso de orientaes dirigidas

    racionalizao dos gastos das empresas do SEE, as quais foram acompanhadas de aes tendentes

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    14

    maximizao das receitas comerciais das empresas, tendo como objetivo alcanar e manter o seu

    equilbrio operacional. Esta reestruturao permitiu, em grande parte das empresas do SEE, que fosse

    atingido o seu equilbrio operacional, ao mesmo tempo que permitiu reduzir a compensao financeira

    atribuda pelo Estado em contrapartida da prestao do servio pblico.

    Foi iniciado igualmente um processo de reestruturao financeira de algumas empresas pblicas, em

    particular nos sectores dos Transportes e das Infraestruturas. Este processo tem vindo a ser executado

    quer atravs da concesso de emprstimos pelo Estado, quer atravs do reforo do capital prprio de

    algumas empresas, incluindo a atribuio de dotaes de capital e/ou a converso de crditos do Estado

    em capital prprio. Este processo implica uma avaliao contnua das necessidades de capitalizao e de

    financiamento dessas empresas, com vista a dot-las da robustez financeira necessria para

    prosseguirem a sua atividade com a qualidade de servio e eficincia adequadas, bem como para

    executarem os respetivos planos de investimento.

    Foi aprovado um novo regime jurdico para o SEE2, o qual estabeleceu, entre outros, um novo modelo de

    governao, cujas linhas essenciais assentam em dois vetores centrais: (i) concentrao do exerccio da

    funo acionista no membro do Governo responsvel pela rea das Finanas; e (ii) aumento do controlo

    e monitorizao a exercer sobre o desempenho das empresas pblicas. Em particular, o novo regime

    jurdico refora de forma clara a monitorizao e controlo do nvel de endividamento das empresas, tendo

    sido instituda, para efeitos de controlo e monitorizao global do SEE, uma Unidade Tcnica

    especializada de assessoria ao membro do Governo responsvel pela rea das Finanas.

    Em 2015, mantm-se em vigor um conjunto de medidas tendo em vista a manuteno/reforo do

    equilbrio operacional e financeiro das empresas pblicas, assim como uma estratgia de alienao de

    ativos no relacionados com a atividade principal das mesmas. Em paralelo, esto tambm em curso um

    conjunto de processos de concesso de atividade a terceiros e de privatizao, tais como as concesses

    de explorao dos transportes pblicos de Lisboa e do Porto, e a privatizao da TAP, CP Carga, EMEF

    e Carristur. Salienta-se ainda o processo em curso de fuso das empresas gestoras das infraestruturas

    rodoviria e ferroviria.

    De referir ainda o processo de renegociao das Parcerias Pblico-Privadas (PPP) no sector rodovirio,

    tendo por imperativo a sustentabilidade financeira da empresa Estradas de Portugal, S.A. (objeto de

    fuso com a REFER,E.P.E.) bem como das contas pblicas a mdio e longo prazo. Este processo visa

    (i) alcanar redues significativas dos encargos pblicos e, consequentemente, do esforo que recai

    sobre os contribuintes Portugueses; (ii) estabilizar contratos e alinhar adequadamente as estruturas de

    incentivos entre os parceiros pblicos e privados; e (iii) minimizar riscos contingentes futuros e resolver

    diferendos existentes. Neste mbito, foram j aprovadas em Conselho de Ministros os diplomas que

    alteram as bases das cinco concesses do Grupo Ascendi (Grande Porto, Costa de Prata, Beira

    Litoral/Beira Alta, Norte e Grande Lisboa) e da concesso da Euroscut (Interior Norte), representando

    uma reduo de encargos com PPP de 2.070 milhes de euros para o errio pblico ao longo da

    execuo dos respetivos contratos.

    O maior contributo para aquela reduo veio das respetivas remuneraes acionistas - passando de

    11,45%, com base na mdia dos valores previstos no Relatrio da Ernest&Young, para 8,34%.

    2 Decreto-Lei n. 133/2013, de 3 de outubro.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    15

    Grfico 3. Acordo Ascendi + Interior Norte

    Fonte: Estradas de Portugal

    A fase seguinte passa pela formalizao das alteraes s minutas dos respetivos contratos, em

    conformidade com as bases aprovadas, e submisso dos mesmos ao processo de fiscalizao prvia

    junto do Tribunal de Contas.

    No total dos contratos de concesso em renegociao, estima-se atingir uma reduo de encargos

    superior a 7.200 milhes de euros, aliviando o esforo que recai sobre os contribuintes portugueses ao

    longo das prximas dcadas.

    Grfico 4. PPP Encargos brutos Valores globais anuais

    Fonte: Estradas de Portugal

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    16

    1.5. Desenvolver at ao final de 2014 novas medidas abrangentes que integrem a reforma

    das penses em curso, destinadas a melhorar a sustentabilidade a mdio prazo do

    sistema de penses.

    Nos termos acordados no quadro do PAEF e ainda antes da aprovao das Recomendaes Especficas

    dirigidas a Portugal para 2014, o Governo submeteu Assembleia da Repblica uma iniciativa legislativa

    contendo solues de carter duradouro, a fim de assegurar a sustentabilidade a mdio prazo do sistema

    de penses. Estas solues, todavia, no chegaram a entrar em vigor, por imperativos do Tribunal

    Constitucional.

    Neste contexto, com vista a cumprir o objetivo de reforar a sustentabilidade do sistema de penses,

    optou-se por prolongar em 2015 algumas medidas transitrias adotadas nos ltimos anos,

    nomeadamente a aplicao da Contribuio Extraordinria de Solidariedade (CES) e o congelamento do

    indexante dos apoios sociais (IAS) e do regime de atualizao do valor das penses, as quais tambm

    foram congeladas em termos nominais, com exceo das penses mnimas, sociais e rurais que foram

    atualizadas em 1%. Mantm-se tambm em vigor as medidas permanentes adotadas no final de 20133,

    em matria de aumento da idade normal de acesso penso de velhice e de determinao e aplicao

    do fator de sustentabilidade.

    i) Aplicao transitria da Contribuio Extraordinria de Solidariedade

    Em 2015, as penses encontram-se ainda sujeitas CES, com o objetivo de contribuir para o equilbrio

    oramental da segurana social, ainda que com um desenho diferente do aplicvel em 2014, dada a

    significativa reduo da base de incidncia4. Ficou igualmente consagrado no Oramento do Estado para

    2015 que as percentagens da CES seriam reduzidas em 50% em 2016 e definitivamente eliminadas em

    2017, no quadro das decises do Tribunal Constitucional.

    ii) Congelamento transitrio do indexante dos apoios sociais e do regime de atualizao do valor

    das penses

    semelhana do que aconteceu em anos anteriores, o regime de atualizao do valor do indexante dos

    apoios sociais continua suspenso em 2015, mantendo-se em vigor o valor de 419,22 euros. Tambm o

    regime de atualizao das penses e de outras prestaes sociais atribudas pelo sistema de segurana

    social, bem como o regime de atualizao de penses do regime de proteo social convergente,

    permanecem suspensos, com exceo das penses mnimas, sociais e rurais, j mencionadas.

    iii) Congelamento transitrio do valor nominal das penses

    O congelamento do valor nominal das penses mantm-se em vigor em 2015, com exceo dos

    montantes das penses que, semelhana do que aconteceu nos ltimos 3 anos, foram atualizadas em

    1%5, tendo em considerao o princpio da equidade social e a necessidade proteger os pensionistas

    com menores rendimentos. As penses atualizadas foram as seguintes:

    3 Decreto-Lei n. 167-E/2013, de 31 de dezembro.

    4 Na verso de 2015, prevista no artigo 79. da Lei n. 82-B/2014, de 31 de dezembro, que aprovou o Oramento do Estado para 2015, a CES uma taxa marginal de 15% aplicada sobre o montante das penses que exceda 11 vezes o valor do IAS (4.611,42 euros) mas que no ultrapasse 17 vezes o valor daquele indexante (7.126,74 euros), e de 40% sobre o montante que ultrapasse 17 vezes o valor do IAS, enquanto que em 2014, de acordo com a sua ltima verso, aprovada em maro de 2014, a CES consistia em taxas globais que variavam entre os 3,5% e os 10% sobre a totalidade do valor das penses acima de 1.000 euros, sendo que para as penses de valor superior a 3.750 euros eram ainda aplicadas, em acumulao com as taxas globais, taxas marginais de 15% e 40% s parcelas de rendimento mais altas, entre 11 e 17 vezes o IAS e superior a 17 vezes o IAS, respetivamente.

    5 Portaria n. 286-A/2014, de 31 de dezembro.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    17

    penses mnimas do regime geral de segurana social correspondentes a carreiras

    contributivas inferiores a 15 anos;

    penses de aposentao, reforma e invalidez e outras correspondentes a tempos de servio

    at 18 anos do regime de proteo social convergente;

    penses do regime especial das atividades agrcolas;

    penses do regime no contributivo e de regimes equiparados;

    penses dos regimes transitrios dos trabalhadores agrcolas.

    iv) Aumento da idade normal de acesso penso de velhice

    De acordo com a frmula legalmente prevista para a fixao da idade normal de acesso penso de

    velhice6 e tendo em conta os efeitos da evoluo da esperana mdia de vida aos 65 anos verificada

    entre 2013 e 2014, a idade normal de acesso penso de velhice aumenta 2 meses em 2016, passando

    para os 66 anos e 2 meses. Esta alterao foi salvaguardada durante 2014 e 2015.

    Estas alteraes permanentes s regras de determinao e aplicao do fator de sustentabilidade

    serviram para adequar o sistema de penses s modificaes demogrficas e desincentivar o recurso

    penso antecipada. Neste seguimento, foi j legalmente fixado o fator de sustentabilidade a aplicar s

    penses de velhice iniciadas em 2015 e atribudas antes da idade normal de acesso penso, o qual

    passou a ser de 0,86987. Este fator atua como incentivo permanncia dos beneficirios no mercado de

    trabalho.

    v) Alterao das regras de acesso penso antecipada a partir de 2015

    Em janeiro de 2015, procedeu-se revogao da suspenso das normas que regulam a matria relativa

    antecipao da idade de acesso penso de velhice no mbito do regime de flexibilizao, tendo-se

    ainda assim optado por estabelecer um regime transitrio em matria de antecipao da idade de acesso

    penso de velhice8, dado que a economia portuguesa se encontra ainda numa fase de recuperao e

    que necessrio assegurar a sustentabilidade financeira do sistema de segurana social. Este regime

    transitrio vigorar apenas durante o ano de 2015 e prev que os beneficirios com idade igual ou

    superior a 60 anos de idade e pelo menos 40 anos de carreira contributiva possam aceder

    antecipadamente penso de velhice no mbito do regime de flexibilizao, voltando as condies

    suspensas em 2012 a aplicar-se no ano de 20169, para melhorar as possibilidades de entrada dos mais

    jovens no mercado de trabalho.

    6 A frmula, prevista nos n.s 3 e 4 do artigo 20. no Decreto-Lei n. 187/2007, de 10 de maio, de acordo com as alteraes introduzidas no final de 2013 pelo Decreto-Lei n. 167-E/2013, de 31 de dezembro, a seguinte:

    m o nmero de meses a acrescer idade normal de acesso penso relativa a 2014; n o ano de incio da penso; EMV a esperana mdia de vida aos 65 anos.

    7 De acordo com o n. 1 da Portaria n. 277/2014, de 26 de dezembro, sem prejuzo do fator de sustentabilidade aplicvel ao montante regulamentar das penses de invalidez relativa e de invalidez absoluta atribudas por um perodo igual ou inferior a 20 anos, convoladas em penso de velhice em 2015, que ser por motivos de salvaguarda de direitos de 0,9383.

    8 Decreto-Lei n. 8/2015, de 14 de janeiro.

    9 De acordo com o n. 2 do artigo 21. do Decreto-Lei n. 187/2007, de 10 de dezembro, alterado pela Lei n. 64-A/2008, de 31 de dezembro, pelo Decreto-Lei n. 167-E/2013, de 31 de dezembro, e pelo Decreto-Lei n. 8/2015, de 14 de Janeiro, tem direito antecipao da idade de penso de velhice, o beneficirio que, tendo cumprido o prazo de garantia, tenha, pelo menos, 55 anos de idade e que, data em que perfaa esta idade, tenha completado 30 anos civis de registo de remuneraes relevantes para clculo da penso.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    18

    Como medida permanente, assinala-se ainda a alterao, com efeitos a 1 de janeiro de 2015, da regra de

    reduo dos meses de antecipao da penso em funo dos anos de carreira contributiva, para efeitos

    de determinao da taxa global de reduo da penso, com o objetivo de a tornar mais justa e equitativa

    e de incentivar a existncia de carreiras contributivas mais longas. Os meses de antecipao passaram a

    ser reduzidos de 4 meses por cada ano de carreira contributiva que exceda os 40 anos, em vez do

    modelo que vigorava de reduo de 12 meses por cada perodo de trs anos que excedesse os 30. Com

    esta alterao, todos os anos de carreira contributiva superiores a 40 anos passaram, contrariamente ao

    que acontecia, a ser relevantes para efeitos de reduo do nmero de meses de antecipao, tornando,

    assim, mais vantajoso o clculo das penses antecipadas dos beneficirios com carreiras contributivas

    mais longas.

    1.6. Controlar o crescimento das despesas de sade e prosseguir com a reforma hospitalar.

    Tm sido concretizadas mltiplas reformas na rea da Sade, visando simultaneamente: (i) melhorar o

    acesso dos Portugueses aos servios pblicos, (ii) elevar a qualidade dos cuidados de sade e (iii)

    proceder a uma racionalizao dos custos. Os resultados obtidos so j importantes, destacando-se:

    um aumento do acesso aos cuidados de sade primrios no Sistema Nacional de Sade

    (SNS), no s em termos do nmero de utilizadores, como tambm em relao ao aumento do

    nmero de consultas realizadas;

    o crescimento da atividade de cuidados hospitalares face ao ano anterior com ligeiros

    aumentos no nmero de consultas externas, de urgncias e da estabilizao da atividade

    cirrgica;

    o incentivo prescrio de medicamentos genricos, nomeadamente atravs de prescrio e

    dispensa de medicamentos por Denominao Comum Internacional;

    o aumento do peso da cirurgia do ambulatrio, com 57,4% das intervenes cirrgicas em

    ambulatrio em 2014 (55,8%, em 2013).

    A persistente acumulao de pagamentos em atraso pelos hospitais do SNS resultou quer de

    subfinanciamento, quer de problemas estruturais que determinaram menor eficincia em determinadas

    entidades do SNS. Na sequncia deste diagnstico, e com o objetivo de estancar os pagamentos em

    atraso, o Ministrio da Sade foi autorizado a utilizar um saldo da gerncia de 2013, no valor de

    300 milhes de euros, que foi aplicado na sua maioria no reforo dos contratos programa dos hospitais.

    Adicionalmente, e com o intuito de reduzir o stock da dvida dos hospitais e colocar todas estas entidades

    com fundos prprios positivos, o Estado realizou um aumento de capital de 455 milhes de euros, em

    2014, cuja aplicao feita exclusivamente no pagamento de dvida. Daquele montante, cerca de 150

    milhes de euros foram aplicados em 2014. Refletindo estes esforos, a dvida total do SNS reduziu-se

    em cerca de 270 milhes de euros e os pagamentos em atraso em cerca de 60 milhes de euros.

    Em 2014 foram tambm adotadas novas medidas com impacto direto no controle da despesa pblica

    com sade, destacando-se, pela magnitude: (i) o acordo com a indstria farmacutica, que permitiu

    reduzir a despesa, neste perodo, em cerca de 100 milhes de euros; (ii) a desmaterializao da receita

    mdica e (iii) a plataforma de dados de sade, que tem registado uma utilizao crescente, permitindo a

    partilha de dados entre os agentes da prestao de cuidados (utentes, profissionais do SNS e de fora do

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    19

    SNS). Deste modo, a despesa do SNS reduziu-se, em 2014, em 92 milhes de euros10

    , assente

    essencialmente na reduo das despesas com pessoal (-19 milhes de euros, no obstante as

    alteraes de poltica remuneratria decorrentes da deciso do Tribunal Constitucional) e as despesas de

    capital (-64 milhes de euros).

    Merece ainda destaque o processo de devoluo de alguns hospitais s Misericrdias, tendo por base o

    disposto no Decreto-Lei n. 138/2013, de 9 de outubro, que estabelece, entre outros aspetos, as

    condies de devoluo, mediante a avaliao da economia, eficcia e eficincia e sustentabilidade

    financeira, traduzindo-se numa diminuio dos encargos do SNS em, pelo menos, 25%.

    Iniciou-se ainda o trabalho de lanamento do sistema de avaliao de tecnologias da sade, que se

    espera vir a produzir poupanas significativas no futuro, nomeadamente no que toca reavaliao da

    comparticipao nos medicamentos e avaliao dos dispositivos mdicos.

    No mbito da reforma hospitalar encontram-se em fase de implementao cerca de 96% das 70 medidas

    propostas pelo Grupo Tcnico da Reforma Hospitalar, das quais esto totalmente implementadas as

    medidas previstas nas seguintes iniciativas: (i) Hospitais mais Eficientes; (ii) Qualidade como trave mestra

    da Reforma Hospitalar; (iii) Tecnologias e a Informao como investimento e fator de sustentabilidade e

    (iv) Melhoria da Governao.

    Em curso, mas ainda no implementadas, encontram-se as medidas previstas nas iniciativas: (i) uma

    Rede Hospitalar mais coerente, com um novo modelo para a cooperao entre os hospitais e as

    Faculdades de Medicina; (ii) uma poltica de financiamento mais sustentvel, atravs da transformao

    de todos os hospitais em Entidade Pblica Empresarial (E.P.E.); e (iii) reforo do papel do cidado, com

    implementao do princpio da liberdade de escolha do prestador pblico por parte do utente.

    Em 2014 foram ainda dados passos importantes na constituio das Redes Nacionais de Especialidades

    Hospitalares e de Referenciao um sistema que visa satisfazer, de forma concertada, as necessidades

    de assistncia hospitalar no diagnstico e teraputica, de formao, de investigao, de colaborao

    interdisciplinar e de garantia de qualidade no mbito de determinada especialidade. Ao regular as

    relaes de complementaridade e apoio tcnico entre as instituies hospitalares, procura-se eliminar

    duplicaes e combater o desperdcio, melhorando em simultneo a qualidade dos servios prestados.

    Foi ainda regulado o conceito de Centro de Referenciao, o qual faz parte da rede de referenciao.

    Estes Centros so reconhecidos pela excelncia na prestao de cuidados de sade em situaes

    clnicas que exigem concentrao de recursos tcnicos e tecnolgicos altamente diferenciados, devendo

    conduzir formao ps-graduada e investigao cientfica nas respetivas reas mdicas.

    No mbito das iniciativas j concretizadas ou em curso ao nvel da reorganizao da rede regional so de

    destacar a reorganizao do parque hospitalar da Pennsula de Setbal, da Urgncia Metropolitana de

    Lisboa, das maternidades e servios de urgncia de Coimbra e os encerramentos do Hospital Joaquim

    Urbano, do Centro Psiquitrico de Recuperao de Arnes, do Hospital do Lorvo e do Hospital Maria Pia.

    Com o objetivo de continuar com a reforma hospitalar, foi aprovada legislao11

    que define as formas de

    articulao do Ministrio da Sade e dos estabelecimentos e servios do SNS com as instituies

    particulares de solidariedade social que passaram a ser feitas atravs de acordos de gesto, acordos de

    cooperao e convenes.

    10

    No Oramento do Estado de 2015, os hospitais EPE foram reclassificados no mbito das Administraes Pblicas. Assim, a conta do SNS passou a consolidar a despesa daqueles hospitais, deixando de ser comparvel com os anos anteriores. Os indicadores usados no presente texto dizem respeito conta do SNS em SEC 2010, refletindo, j, aquela reclassificao.

    11 Decreto-Lei n. 138/2013, de 9 de outubro.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    20

    1.7. Examinar o regime fiscal e torn-lo mais favorvel ao crescimento. Continuar a melhorar

    o controlo do cumprimento das obrigaes fiscais e a luta contra a evaso fiscal

    mediante o aumento da eficincia da administrao fiscal.

    A melhoria da estrutura e eficincia dos sistemas de receita Reforma Fiscal encontra-se

    detalhadamente apresentada na seco VI. Enquadramento institucional das Finanas Pblicas do

    Programa de Estabilidade. Porm, em traos largos, as principais medidas foram as seguintes:

    i) Reforma estrutural da administrao tributria e aduaneira

    Aps uma profunda reforma da Administrao Fiscal, que envolveu a fuso das trs Direes Gerais que

    a integravam e, bem assim, da reestruturao orgnica e integrao dos servios da Autoridade

    Tributria e Aduaneira (AT), as orientaes estratgicas da AT passaro por 3 vetores fundamentais: (i) a

    continuao da reforma estrutural da administrao fiscal iniciada em 2012; (ii) o reforo do combate

    fraude e evaso fiscais e aduaneiras e economia paralela; e (iii) a concretizao de reformas

    fundamentais na rea da poltica fiscal, designadamente aquelas dirigidas ao aumento da competitividade

    do sistema fiscal.

    No contexto da competitividade do sistema fiscal, desenvolver-se-o esforos acrescidos para criar

    mecanismos de simplificao e para garantir maior segurana jurdica aos investidores, potenciando,

    nessa medida, a atrao de investimento, em particular, do investimento direto estrangeiro. O apoio s

    empresas e aos investidores nacionais e internacionais, nomeadamente como forma de fomentar a

    canalizao de investimento para Portugal, essencial para relanar a economia, de forma sustentada.

    Por outro lado, a operacionalizao completa da Unidade dos Grandes Contribuintes j apresentou

    resultados significativos, contribuindo decisivamente para uma evoluo mais favorvel da receita de IRC

    ii) Reforo do combate fraude e evaso fiscais e economia paralela

    O Governo estabeleceu como um dos vetores prioritrios da sua atuao no domnio da poltica fiscal o

    reforo significativo do combate contra a fraude e a evaso fiscais, de forma a salvaguardar a equidade

    social na austeridade e a justa repartio do esforo de ajustamento. Neste mbito, foi aprovado o Plano

    Estratgico de Combate Fraude para o trinio 2012-2014 (PECFEFA) com vista a combater, por um

    lado, a evaso fiscal de elevada complexidade e, por outro lado, de combate economia paralela,

    nomeadamente com a concretizao da reforma da faturao e da criao do programa e-fatura (95%

    das medidas previstas foram executadas).

    De acordo com um relatrio publicado em setembro de 2014 pela Comisso Europeia (2012 Update

    Report to the Study to quantify and analyse the VAT Gap in the EU-27 Member States), Portugal ocupa o

    sexto lugar no ranking dos pases com nvel de evaso fiscal em IVA mais baixa, de entre os 26 pases

    da Unio Europeia objeto do estudo.

    Segundo este estudo, o nvel de evaso fiscal em IVA (GAP do IVA) em Portugal, foi de apenas 8% em

    2012.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    21

    Grfico 5. Diferencial do IVA na UE, 2011-2012

    Fonte: Comisso Europeia.

    frente de Portugal encontram-se apenas os pases nrdicos, sendo que o nvel de evaso em Portugal

    praticamente igual ao da Dinamarca, o pas classificado em quinto lugar e, muito frente de economias

    como a da Alemanha (10%), da Frana (15%), do Reino Unido (10%), de Espanha (18%) e de Itlia

    (33%).

    Outro dado muito significativo revela uma queda consistente da evaso no IVA, de mais de 6 p.p.,

    passando dum desvio de 14% para 8%, metade da mdia da UE-26.

    No seguimento do PECFEFA 2012-2014, foi aprovado recentemente um novo Plano Estratgico de

    Combate Fraude e Evaso fiscais para o trinio 2015 a 2017, que marca uma nova fase no combate

    economia paralela e evaso e fraude fiscais e aduaneiras, mediante o reconhecimento de duas

    importantes inovaes:

    O papel da cidadania: O combate economia paralela, evaso e fraude fiscal e aduaneira

    no uma funo exclusiva das administraes fiscais, mas uma misso que envolve todos os

    cidados, cabendo cidadania o papel mais determinante nesse combate, a par das

    administraes fiscais e do Estado.

    A antecipao da interveno da administrao fiscal, iniciando-se o combate economia

    paralela, evaso e fraude fiscal e aduaneira antes mesmo da ocorrncia dos factos sujeitos

    a imposto. A ao da administrao deve ser contempornea com a atividade econmica.

    Este Plano Estratgico inclui uma lista de 40 medidas prioritrias de combate fraude e evaso fiscais e

    economia paralela que sero concretizadas j em 2015, e que sero determinantes para atingir os

    objetivos de receita fiscal para este ano.

    iii) Reforma estrutural do sistema de tributao das empresas

    A Reforma do IRC, que foi aprovada no final de 2013 e entrou em vigor em 2014, reforou

    significativamente a competitividade do IRC portugus no panorama europeu, num quadro de amplo

    consenso social e poltico. Esta reforma estrutural assentou em trs pilares: (i) reforo da competitividade;

    (ii) estmulo ao investimento e (iii) simplificao. No mbito do reforo da competitividade fiscal, a taxa de

    IRC foi reduzida de 25% para 23% em 2014 e de 23% para 21% em 2015, cumprindo a reforma do IRC.

    O objetivo reduzir de forma gradual a taxa de IRC, de modo a criar condies para fix-la num intervalo

    entre 17% e 19% no mdio prazo, posicionando a taxa de IRC em Portugal no lote das taxas mais

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    22

    competitivas na Unio Europeia. No mbito desta reforma foi tambm criada uma taxa de 17% aplicvel

    apenas a PME.

    iv) Reforo da competitividade - Cdigo Fiscal do Investimento

    O novo Cdigo Fiscal do Investimento (CFI) foi aprovado aps a entrada em vigor da reforma do IRC,

    assumindo-se a promoo do investimento como vetor estratgico prioritrio e dos resultados alcanados

    com o supercrdito fiscal no aumento do investimento produtivo no segundo semestre de 2013. O CFI

    aprovado em 2014 prossegue a estratgia focada no investimento produtivo e reforo significativo dos

    diversos regimes de incentivos fiscais ao investimento produtivo.

    Em geral, as empresas que realizem investimentos produtivos passam a ter um crdito fiscal em IRC at

    25% do valor do investimento e os investimentos que se localizem em regies do interior menos

    favorecidas passam a ter uma majorao especial at 10% e os investimentos que proporcionem a

    manuteno ou a criao de novos postos de trabalho passam a ter uma majorao especial at 8%.

    v) Reforma do sistema de tributao das pessoas singulares

    O Governo avanou com a reforma do IRS, que entrou em vigor em 2015, com o objetivo de promover a

    simplificao do imposto, a mobilidade social e a proteo das famlias, nomeadamente as famlias com

    filhos, tendo em considerao a importncia da natalidade. Em particular, no mbito das medidas de

    apoio s famlias, foi criado, pela primeira vez, o quociente familiar no IRS, o que representa uma

    mudana estrutural da maior relevncia para as famlias com filhos e que permite que estas famlias

    passem a beneficiar de um regime fiscal mais favorvel.

    vi) Reforma da fiscalidade verde

    A concretizao e entrada em vigor em 2015 da Reforma da Fiscalidade Verde ir contribuir para a

    eco-inovao e para a eficincia na utilizao dos recursos, para a reduo da dependncia energtica

    do exterior e para a induo de padres de produo e consumo mais sustentveis, num contexto de

    neutralidade do sistema fiscal, de simplificao de procedimentos e de competitividade econmica.

    De facto, a reforma ser desenhada no sentido de constituir uma reforma amiga do ambiente, mas

    tambm amiga das empresas e das famlias, contribuindo para o desenvolvimento econmico

    sustentvel.

    1.8. Reforar o sistema de gesto das finanas pblicas finalizando e aplicando rapidamente

    a abrangente reforma da Lei de Enquadramento Oramental at ao final de 2014.

    Garantir o cumprimento rigoroso da Lei dos compromissos e pagamentos em atraso.

    A recente alterao Lei de Enquadramento Oramental (LEO)12

    reflete j os princpios do Tratado

    Oramental a que Portugal est vinculado. Porm, est em curso o processo de preparao de uma

    reforma mais profunda e abrangente da Lei de Enquadramento Oramental.

    Aps entrega formal do Anteprojeto de proposta de Lei de Enquadramento Oramental pela Comisso de

    Reforma da Lei de Enquadramento Oramental a qual foi constituda por participantes de vrios

    quadrantes: Ministrio das Finanas (DGO, GPEARI, IGF, DGTF, IGCP), Banco de Portugal, Conselho

    de Finanas Pblicas e individualidades acadmicas com reconhecido mrito na rea oramental,

    encontra-se em curso o processo de discusso do diploma.

    12

    Lei n. 91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei n. 41/2014, de 11 de julho.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    23

    Findo este processo ser a proposta de diploma submetida aprovao da Assembleia da Repblica.

    As principais alteraes propostas na nova Lei de Enquadramento Oramental so:

    simplificao do processo oramental pela via da reduo da fragmentao oramental;

    aumento da transparncia atravs da melhoria da informao a ser reportada, nomeadamente

    melhorar o contedo do Relatrio do Oramento incluindo (i) uma seco sobre riscos

    oramentais, (ii) uma seco sobre investimento, PPP e fundos europeus, e (iii) uma seco

    sobre a anlise da sustentabilidade das finanas pblicas;

    melhoria da eficcia da programao oramental;

    melhoria do processo de programao plurianual do oramento;

    definio de uma forma mais restritiva do conceito de receitas prprias;

    maior nfase na contabilidade financeira e ligao s EPSAS;

    reorganizao temporal dos documentos de programao oramental e proposta de um novo

    calendrio para apresentao dos documentos oramentais:

    o entrega da proposta de Oramento do Estado no Parlamento a 1 de outubro ao invs

    de 15 de outubro;

    o atualizao do Programa de Estabilidade e das Grandes Opes do Plano

    propondo-se a sua apresentao em conjunto em abril;

    No que respeita Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso, foi publicada a quarta alterao Lei

    n. 8/2012, de 21 de fevereiro, que aprova as regras aplicveis assuno de compromissos e aos

    pagamentos em atraso das entidades pblicas13

    . As alteraes introduzidas, e em vigor desde 18 de

    maro de 2015, visam:

    a clarificao do conceito de compromisso plurianual;

    a incluso da receita de ativos e passivos financeiros na definio de fundos disponveis;

    na Administrao Local, a possibilidade de delegao da competncia para o aumento de

    fundos disponveis do rgo executivo no Presidente, no caso de a entidade no possuir

    pagamentos em atraso e enquanto esta situao durar;

    a par da maior responsabilizao dos membros do Governo sectoriais, procedeu-se

    obrigao de constituio de uma reserva correspondente a 50% do valor do aumento dos

    pagamentos em atraso nos servios e organismos pertencentes a um mesmo programa

    oramental sendo a mesma consignada reduo dos pagamentos em atraso;

    alterao da redao do artigo 8. no sentido de incluir a dinmica temporal da evoluo dos

    pagamentos em atraso e tornar permanente o princpio de que as entidades com pagamentos

    em atraso apenas podem considerar 75% da receita mdia efetiva cobrada nos dois anos

    anteriores.

    Adicionalmente, importa referir o reporte atempado de informao em matria oramental para todos os

    subsectores das Administraes Pblicas, bem como o processo de monitorizao implementado dentro

    da Administrao Central, o qual permite identificar os riscos de execuo oramental.

    13

    Lei n. 22/2015, de 17 de maro.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    24

    No menos importante, releva que em relao Administrao Local e Administrao Regional foram

    criados, respetivamente, o Conselho de Coordenao Financeira e o Conselho de Acompanhamento das

    Polticas Financeiras, os quais tm por objetivo, entre outros, a coordenao da estratgia e das

    prioridades oramentais, bem como o acompanhamento e definio das polticas econmicas, financeiras

    e oramentais. Ambos os Conselhos se encontram em funes desde meados de 2014.

    1.9. Aplicar eficazmente tabelas nicas de salrios e suplementos no sector pblico a partir

    de 2015.

    Na sequncia da integrao das remuneraes base na tabela remuneratria nica de todas as carreiras

    e categorias dos trabalhadores no revistas nos termos da Lei n. 12-A/2008, de 27 de fevereiro14

    ,

    tambm os suplementos remuneratrios que tenham sido criados por lei especial ou cujo abono decorra

    por conta de outro tipo de ato legislativo ou instrumento jurdico, esto em fase final de reviso,

    concretizando um alinhamento ao nvel das prticas de gesto entre as componentes remuneratrias.

    No seguimento da publicao da Lei Geral do Trabalho em Funes Pblica (LTFP)15

    , o Decreto-

    Lei n. 25/2015, de 6 de fevereiro, operacionalizou o processo de reviso dos suplementos

    remuneratrios na Administrao Pblica, explicitando as obrigaes/condies que fundamentam a

    atribuio de suplementos remuneratrios aos trabalhadores abrangidos pela LTFP, bem como a forma

    da sua integrao na tabela nica de suplementos (TUS).

    Concludo o procedimento previsto no artigo 6 do Decreto-Lei n. 25/2015, os diversos suplementos

    remuneratrios foram enquadrados no conjunto de 15 tipologias estabelecidas para as designaes e

    enquadramentos legais (8 com carter de permanente e 7 com carter transitrio). Deste exerccio de

    compactao, vai resultar um novo diploma em preparao que determina a manuteno total ou

    parcial do suplemento, a integrao total ou parcial do suplemento na remunerao base, a extino ou a

    no atribuio de suplementos por falta de enquadramento legal.

    Prev-se a concluso deste diploma conjuntamente com a Portaria que estabelece a TUS at ao final do

    segundo trimestre de 2015.

    A concluso deste processo promove o aumento de transparncia e de equidade na poltica

    remuneratria da Administrao Pblica e concorre para a tornar mais racional e competitiva,

    contribuindo para a motivao e valorizao do mrito e competncia dos seus trabalhadores.

    III.2 Recomendao n. 2 Mercado de Trabalho

    2.1. Manter a evoluo do salrio mnimo coerente com os objetivos de promoo do

    emprego e da competitividade.

    O valor da remunerao mnima mensal garantida (RMMG) foi atualizado de 485 euros mensais para 505

    euros mensais, a vigorar entre 1 de outubro de 2014 e 31 de dezembro de 2015, na sequncia de acordo

    14

    Operada atravs da Lei n. 75/2014, de 12 de setembro. 15

    Lei n. 35/2014, de 20 de junho.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    25

    assinado em 24 de setembro de 2014, entre o Governo e a maioria dos parceiros sociais com assento na

    Comisso Permanente de Concertao Social. O acordo introduziu ainda a evoluo da produtividade

    como princpio genrico que deve estar presente no processo de atualizao da RMMG, juntando-se aos

    restantes princpios previstos na Constituio da Repblica Portuguesa e no Cdigo do Trabalho.

    Este aumento est em linha com a evoluo da produtividade do trabalho, correspondendo a uma

    atualizao de 0,25% ao nvel da massa salarial na economia e no comprometendo a competitividade

    das empresas.

    No mbito do acordo supra citado, foi ainda definida uma medida excecional de apoio ao emprego, que

    consiste na reduo da taxa contributiva a cargo da entidade empregadora no valor de 0,75 p.p.,

    referente a contribuies relativas s remuneraes devidas entre os meses de novembro de 2014 e

    janeiro de 2016. Esta medida foi j concretizada, estando o acesso condicionado s seguintes condies

    cumulativas:

    o trabalhador tem de estar vinculado entidade empregadora beneficiria por contrato de

    trabalho sem interrupo pelo menos desde maio de 2014;

    o trabalhador dever ter auferido, pelo menos num dos meses compreendidos entre janeiro e

    agosto de 2014, remunerao igual ao valor da retribuio mnima mensal garantida;

    a entidade empregadora dever ter a sua situao contributiva regularizada perante a

    segurana social.

    O potencial de abrangncia foi estimado em cerca de 161 mil entidades empregadoras e cerca de 392 mil

    trabalhadores, sendo que, at ao incio de fevereiro de 2015, mais de 108 mil entidades empregadoras

    foram consideradas elegveis para a atribuio da medida, abrangendo um total de 240 mil trabalhadores.

    2.2. Assegurar um sistema de fixao de salrios que promova o alinhamento dos salrios e

    da produtividade a nvel sectorial e/ou a nvel de empresa. Explorar, em consulta com os

    parceiros sociais e de acordo com as prticas nacionais, a possibilidade de uma

    suspenso temporria dos acordos coletivos mutuamente acordada a nvel de empresa.

    At setembro de 2014, apresentar propostas sobre a suspenso temporria dos acordos

    coletivos mutuamente acordada a nvel de empresa, bem como sobre a reviso da

    sobrevigncia de acordos coletivos.

    A atualizao do RMMG foi reforada ao nvel da negociao coletiva, aps consulta aos parceiros

    sociais, com a introduo das seguintes alteraes legislativas:

    Foi aditado um novo critrio de representatividade para efeitos de emisso de portaria de

    extenso: a parte empregadora subscritora da conveno coletiva deve ter ao seu servio pelo

    menos 50% dos trabalhadores do sector de atividade no mbito geogrfico, pessoal e

    profissional de aplicao pretendido, ou, em alternativa, o nmero dos respetivos associados,

    diretamente ou atravs da estrutura representada, deve ser constitudo em pelo menos 30%

    por micro, pequenas e mdias empresas.

    O prazo de sobrevigncia das convenes coletivas cuja cessao dependa da substituio

    por outro instrumento de regulamentao coletiva de trabalho foi reduzido de 5 para 3 anos.

    Em caso de cessao, a conveno permanece em regime de sobrevigncia durante a

    negociao por um prazo mnimo de 12 meses e mximo de 18 meses.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    26

    A conveno coletiva ou parte dela pode ser suspensa temporariamente na sua aplicao em

    situao de crise empresarial, por motivos de mercado, estruturais ou tecnolgicos, catstrofes

    ou outras ocorrncias que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa, desde

    que tal medida seja indispensvel para assegurar a viabilidade da empresa e a manuteno

    dos postos de trabalho. A suspenso tem de ocorrer por acordo escrito entre as associaes

    de empregadores e as associaes sindicais outorgantes, sem prejuzo da possibilidade de

    delegao.

    O prazo para a suspenso das disposies das convenes coletivas e dos contratos de

    trabalho que tenham entrado em vigor antes de 1 de agosto de 2012 e que regulam o

    pagamento de trabalho extraordinrio e do trabalho realizado em dia feriado que no o definido

    no Cdigo do Trabalho, bem como o direito ao descanso compensatrio, foi prorrogado at

    31 de dezembro de 2014.

    Em termos de resultados, observou-se, em 2014, um crescimento de 61,7% no nmero de convenes

    coletivas, havendo ainda a assinalar o crescimento do peso dos Acordos de Empresa no total destas

    convenes para 53%, quase igualando o nmero de Acordos de Empresa celebrados no conjunto dos

    anos de 2012 e 2013. De facto, celebraram-se, em 2014, 80 Acordos de Empresa, enquanto nos anos de

    2012 e 2013 tinham sido celebrados 40 e 49, respetivamente.

    Em setembro de 2015, os parceiros sociais sero novamente consultados no sentido de se introduzir

    nova reduo ao prazo de sobrevigncia das convenes coletivas cuja cessao dependa da

    substituio por outro instrumento de regulao coletiva (de 3 para 2 anos), assim como ao prazo

    mximo de permanncia em regime de sobrevigncia durante a fase de negociao (de 18 para 6

    meses).

    III.3 Recomendao n. 3 Polticas Sociais e de Emprego

    3.1. Apresentar, at maro de 2015, uma avaliao independente das recentes reformas do

    sistema de proteo do emprego, juntamente com um plano de ao para possveis

    reformas adicionais, a fim de dar resposta questo da segmentao do mercado de

    trabalho.

    Tal como aconteceu em 2012, com vista a uma avaliao independente, o Governo solicitou Comisso

    Europeia o estudo das reformas do sistema de proteo do emprego referenciado na Recomendao e

    que est em processo de definio.

    3.2. Prosseguir a reforma em curso das polticas ativas de emprego e dos servios pblicos

    de emprego a fim de aumentar as taxas de emprego e de participao no mercado de

    trabalho, nomeadamente melhorando a orientao profissional/assistncia na procura de

    emprego e sistemas de ativao/sanes com vista a reduzir o desemprego de longa

    durao e a integrar as pessoas que se encontram mais afastadas do mercado de

    trabalho.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    27

    Foi dada continuidade implementao do Plano de Relanamento do Servio Pblico de Emprego,

    tendo em vista elevar a eficincia e qualidade dos servios prestados aos desempregados e aos

    empregadores e melhorar o ajustamento entre a oferta e a procura de emprego, procurando contribuir

    para a reduo da durao do desemprego e promover a qualidade das colocaes. No mbito deste

    Plano, assumem particular relevo as seguintes intervenes:

    A implementao do Modelo de Interveno para o Ajustamento, com a finalidade de introduzir

    ganhos qualitativos na definio do Plano Pessoal de Emprego. A aproximao entre servios

    de emprego e candidatos a emprego tornou-se efetivamente mais objetiva, uma vez que estes

    passaram a articular individualmente com um gestor de carreira, responsvel pelo seu percurso

    desde a inscrio at insero no mercado de trabalho.

    A racionalizao e sistematizao das medidas ativas de emprego, para o que foi constitudo

    um grupo de trabalho composto pelo Governo e parceiros sociais, no mbito do qual tm vindo

    a ser propostas e concertadas alteraes legislativas no sentido de melhor responder s

    exigncias do mercado de trabalho e incentivar o emprego. Este trabalho resultou na reviso

    de vrias das medidas existentes, concentrando-as em cinco tipologias: (i) apoios criao de

    emprego (incluindo iseno de contribuies para a segurana social); (ii) estgios

    profissionais; (iii) trabalho socialmente necessrio; (iv) apoios criao do prprio emprego e

    ao empreendedorismo e (v) formao profissional.

    Em janeiro de 2015, foi publicado um novo diploma enquadrador da poltica de emprego16

    , com vista a

    redefinir os seus objetivos e princpios, bem como a regular a conceo, execuo, acompanhamento,

    avaliao (em articulao com os parceiros sociais) e financiamento dos programas e medidas de

    emprego, em linha com a promoo do emprego, o combate ao desemprego e a sua adequao s

    exigncias do mercado de trabalho. No mbito deste diploma, releva-se a definio da relao de

    colaborao entre o servio pblico de emprego e os servios privados de emprego, assim como a

    revogao de medidas ativas de emprego sem qualquer execuo ou com execuo reduzida, devido ao

    seu desajustamento da realidade do mercado de trabalho atual.

    A poltica de emprego estrutura-se em programas gerais e programas especficos, definidos em funo

    dos respetivos objetivos. Os programas gerais compreendem as seguintes modalidades: (i) apoios

    contratao de desempregados; (ii) apoios ao empreendedorismo destinados a promover a criao do

    prprio emprego ou empresa; (iii) apoios integrao destinados a complementar e desenvolver as

    competncias dos destinatrios, melhorando o perfil de empregabilidade atravs de formao e

    experincia prtica em contexto laboral; e (iv) apoios insero destinados a promover a

    empregabilidade dos destinatrios e a apoiar atividades socialmente teis, que satisfaam necessidades

    sociais ou coletivas. Os programas especficos dirigem-se a grupos de pessoas em situao de particular

    desfavorecimento face ao mercado de trabalho ou detentoras de necessidades particulares de emprego

    em determinadas regies ou sectores de atividade.

    As medidas revistas a partir de julho de 2014 no quadro do processo de racionalizao e sistematizao

    das medidas ativas de emprego so as seguintes:

    Estmulo Emprego, que se consubstancia num apoio financeiro aos empregadores que

    celebrem contratos de trabalho a termo certo por prazo igual ou superior a 6 meses ou

    contratos de trabalho sem termo, a tempo completo ou a tempo parcial, com desempregados

    inscritos nos servios de emprego, com a obrigao de proporcionarem formao profissional

    16

    Decreto-Lei n. 13/2015, de 26 de janeiro.

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    28

    aos trabalhadores contratados; veio substituir as medidas Estmulo 2013 e Medida de Apoios

    Contratao via Reembolso da Taxa Social nica.

    Estgios Emprego, que abrangem o desenvolvimento de uma experincia prtica em contexto

    de trabalho, que no pode constituir uma ocupao de posto de trabalho, com a durao de

    9 meses.

    Medida Incentivo Emprego, que providencia apoio financeiro correspondente a 1% da

    remunerao do trabalhador aos empregadores que, entre 1 de outubro de 2013 e 30 de

    setembro de 2015, celebrem contratos de trabalho regulados pelo Cdigo de Trabalho.

    Incentivo Aceitao de Ofertas de Emprego, que apoia financeiramente os desempregados

    titulares de prestaes de desemprego que aceitem ofertas de emprego apresentadas pelos

    servios pblicos de emprego ou colocao pelos prprios meios. Este apoio consiste na

    atribuio de um montante pecunirio mensal igual a (i) 50% do valor da prestao de

    desemprego, durante os primeiros seis meses do perodo de concesso, at ao limite mximo

    de 500 euros; (ii) 25% do valor da prestao de desemprego, durante os seis meses seguintes,

    at ao limite mximo de 250 euros. Este apoio pode ser atribudo at 12 meses, durante cada

    perodo de concesso da prestao de desemprego. Nas situaes em que o contrato de

    trabalho preveja um perodo de durao inferior a 12 meses, os perodos de apoio so

    reduzidos proporcionalmente ao perodo de vigncia do contrato de trabalho.

    Por outro lado, e no mesmo perodo de referncia, foram ainda criadas as seguintes medidas:

    Reativar, medida que visa promover a reintegrao profissional de pessoas desempregadas de

    longa durao e de muita longa durao, com mais de 30 anos de idade, atravs da realizao

    de estgios profissionais com uma durao de 6 meses, propiciando um contacto com o

    mercado de trabalho num contexto de formao e promovendo a aquisio de competncias,

    suscetveis e desejavelmente certificveis, visando o efetivo reingresso no mercado de

    trabalho. Estes estgios so direcionados para desempregados inscritos h pelo menos 12

    meses nos Centros de Emprego, que nunca tenham sido abrangidos por uma medida deste

    gnero e que detenham uma qualificao de nvel 2 do Quadro Nacional de Qualificaes

    (QNQ). Os detentores de nvel de qualificao inferior podero aceder medida desde que se

    inscrevam num Centro para a Qualificao e o Ensino Profissional, para efeitos de valorizao

    das suas qualificaes.

    Promoo de Igualdade de Gnero no Mercado de Trabalho com apoio financeiro ao

    empregador, que visa incentivar a contratao de desempregados do gnero sub-representado

    em determinada profisso (considera-se existir sub-representao de gnero nas profisses

    em que se verifica uma representatividade inferior a 33,3% em relao a um dos sexos). Esse

    apoio consiste numa majorao do apoio atribudo no mbito: (i) da medida Estmulo Emprego;

    (ii) de futuras medidas de apoio contratao financiadas pelos servios pblicos de emprego

    que no excluam essa majorao. A majorao de (i) 20% do apoio atribudo, no caso de

    celebrao de contratos de trabalho a termo; (ii) 30% do apoio atribudo, no caso de

    celebrao de contratos de trabalho sem termo ou de converso de contrato de trabalho a

    termo em contrato de trabalho sem termo.

    Apoio Mobilidade Geogrfica no Mercado de Trabalho, como medida que procura apoiar a

    mobilidade geogrfica dos indivduos no mercado de trabalho, visando a sua dinamizao e a

    satisfao das ofertas de emprego, criar condies favorveis aceitao de ofertas de

  • PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS - 2015

    29

    emprego por parte dos desempregados e criao do prprio emprego, melhorar a

    redistribuio geogrfica e profissional da mo-de-obra e diminuir o risco de desemprego de

    longa durao. Esta medida destina-se a desempregados inscritos nos servios pblicos de

    emprego h, pelo menos, trs meses e compreende duas modalidades de apoio financeiro:

    apoio mobilidade temporria, no caso de celebrao de contrato de trabalho com durao

    superior a um ms cujo local de trabalho diste, pelo menos, 50 quilmetros da residncia do

    desempregado; apoio mobilidade permanente, no caso de mudana de residncia e

    celebrao de contrato de trabalho com durao igual ou superior a 12 meses ou criao do

    prprio emprego cujo local de trabalho ou de criao do prprio emprego diste, pelo menos,

    100 quilmetros da anterior residncia do desempregado.

    Medida de Apoio ao Emprego, que resulta do aumento do valor da retribuio mnima mensal

    garantida e que consiste na reduo da taxa contributiva a cargo da entidade empregadora no

    valor de 0,75 p.p. referente a contribuies relativas s remuneraes devidas entre os meses

    de novembro de 2014 e janeiro de 2016, conforme referido sobre a recomendao 2.1.

    3.3. Dar resposta questo do desemprego dos jovens, em especial atravs da efetiva

    antecipao das competncias necessrias e de uma interveno relativamente a jovens

    no registados, em conformidade com os objetivos da Garantia para a Juventude.

    A Resoluo do Conselho de Ministros n. 104/2013, de 19 de dezembro, aprovou o Plano Nacional de

    Implementao de uma Garantia Jovem (PNI-GJ), que define uma metodologia de identificao precoce

    e ativao dos jovens at aos 29 anos, que apresenta as respostas mais adequadas situao

    especfica de cada jovem e que institui o trabalho em rede de um conjunto alargado de parceiros

    institucionais e da sociedade civil. O PNI-GJ concretiza-se em seis eixos: (i) informao e gesto do

    PNI-GJ, (ii) sistema i