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ARTE URBANA EM SANTA MARIA Por Emanuelle Bueno, Iara Menezes e Marianna Antunes

Grafite

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Jornalismo Cultural

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ARTE URBANAEM SANTA MARIA

Por Emanuelle Bueno, Iara Menezes e Marianna Antunes

Arte na ruaTinta, spray, pincel e criatividade.

Estes elementos estâo fazendo a arte invadir as ruas da cidade. Seja na Ave-nida Presidente Vargas, onde se situa a Biblioteca Pública Municipal Henri-que Bastide, ou na Rua Conde de Porto Alegre, passando em frente ao muro do Instituto de Educação Estadual Olavo Bilac, os santamarienses podem ver que a arte não está somente esculpida ou re-alizada para ficar dentro de uma galeria ou de uma exposição.

Apesar de pensarmos que esse segmen-to da arte seja uma novidade, a arte de rua tem sua origem no Império Romano, quando os homens utilizavam a pintura nas paredes das cavernas para represen-tar sua vida e seu cotidiano. Além disso, a pintura também servia como forma de

expressar ideias e de comunicação, tan-to para fins de propaganda quanto para atacar inimigos.

A Phd. em história, Renata Senna Gar-raffoni, explica, em seus estudos, que “a princípio as manifestações artísticas es-tavam circunscritas à cidade de Roma, presas à sua herança etrusca, mas aos poucos expandiram-se pela Itália e pelo Mediterrâneo e receberam uma profun-da influência da cultura grega”.

Na antiguidade, grafite era conside-rado qualquer forma de expressão feita na rua, seja com desenhos ou palavras. É assim que surge a palavra, que vem de “graphium”, instrumento utilizado para escrever, feito de metal com uma ponta dura capaz de marcar a parede fazendo sulcos.

Figuras do muro do Instituto estadual Olavo Bilac criadas pelo grupo SubsoloArt.

Quem passar pela esquina das ruas Conde de Porto Alegre e Cel. Niede-rauer vai ver muita cor, desenho e arte. O muro do Instituto Estadual de Edu-cação Olavo Bilac foi colorido com o grafite do grupo santamariense Subso-loArt, no final de 2010 com o intuito de coibir a ação de vândalos. Em seu blog, o grupo de 11 jovens declara sua admi-ração pela rua e por tudo que vem dela assim como os precursores dessa arte.

Nos anos 60, ligado ao hip hop, esse movimento surgiu em Nova Iorque com a característica principal de estar nas ruas. Keith Haring, por exemplo, é um dos principais nomes da arte pop e co-meçou sua carreira desenhando com giz nos paineis de publicidade vazios dos metrôs de Nova Iorque. O artista cos-tumava ser atração, pois fazia uma es-pécie de performace de dança enquanto grafitava. Haring chegava a concluir 40 desenhos em um único dia.

Gustavo e Otávio Pandolfo, Osgeme-

os, são referências do grafite no Bra-sil. Eles misturam realismo e ficção em suas obras. Os irmãos começaram a desenhar quando crianças e, com 19 anos, já desenvolviam um estilo pró-prio e faziam trabalhos publicitários e decoração em lojas e escritórios. Os-gemeos expôes seus trabalhos em vá-rias partes do mundo e, em entrevista ao Correio Braziliense, eles destaca-ram que seus trabalhos diferem mui-to em razão do ambiente onde ficaram expostos. Para eles, “rua é uma coisa, galeria é outra”.

Um dos destaques dos últimos anos, no país, é a dupla 6emeia, apontada pela revista Bravo! como nova aposta dessa arte. Os grafiteiros São e Delafuente começaram pintando bueiros paulista-nos. O bom humor é uma das caracte-rísticas do trabalho da dupla. “Se não for original, a pintura de rua passa de-sabercebida”, afirmam em seu site.

Para quem pensa que são necessárias as 120 cores da paleta, misturadas e combinadas, para que exista o grafite, está enganado. A arte fixada na parede da Biblioteca Pública Municipal Hen-rique Bastide, em Santa Maria, mesmo se detendo à variação entre o preto e o branco, também é grafite apenas segue outra técnica, mas o propósito não so-fre qualquer alteração: fazer arte visual urbana.

Portanto, a equipe de grafiteiros do Studio Kobra, São Paulo, grafitou os fundos da Biblioteca Pública; e, mes-mo a palavra parecendo um ato de vandalismo, é uma forma de arte que utilizou a representação para passar a fotografia da Avenida Rio Branco em meados da década de 50, para um muro que, além de gigantesco, está propenso

a intervenções tanto climáticas quanto da população.

A convite da Prefeitura, que idealizou eternizar a história local através da arte visual urbana, o artista Eduardo Kobra e sua equipe vieram até Santa Maria e pintaram o grande painel, inaugurado em Maio de 2010 e que levou cerca de dez dias para ser concluído. O pintor muralista Kobra é autor de uma série de murais com o mesmo propósito pelo país, como Belém, Rio de Janeiro e Brasília; além disso, seu trabalho com o ilusionismo, através das pinturas 3D, é encontrado em pontes, calçadas, ruas, e os mais diferentes lugares no Brasil e no exterior.

O artista começou com pichação e, em entrevista ao Programa do Jô, da Rede Globo, dia 13 de outubro de 2011,

Arte visual urbana

Pintura da Biblioteca Pública Henrique Bastide.

revela seu posicionamento, explican-do que pichação é arte, o problema é que se expressam em locais proibidos e sem autorização, se tornando trabalhos ilegais.

Outro ponto levantado por Kobra é o fato de não haver nada que preserve o tipo de cultura em que trabalha, tor-nando essa arte vulnerável e temporá-ria. “Assim como as pessoas julgam a pichação, também julgam o grafite, e acham que a arte suja a cidade, “lim-pando” os muros e destruindo os traba-lhos”, desabafa Kobra.

Grafite x PichaçãoEntende-se por pichação a pintura

em muros ou em espaços públicos fei-tas sem autorização. Em geral, estes desenhos não costumam ter uma pre-

ocupação plástica.O grafite é o nome dado às inscri-

ções feitas em paredes e baseia seus preceitos em desenhos e formas co-loridas. Essas obras são realizadas de forma autorizada.

Principais termos e gírias utiliza-das nessa arte:• Grafiteiro ou writter: o artista que pinta;• Bite: imitar o estilo de outro grafi-teiro;• Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúne para pintar ao mesmo tempo;• Tag: é a assinatura de grafiteiro;• Toy: é o grafiteiro iniciante;• Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.

Pichações em prédios da Rua Cel. Niederauer.

Pelo segundo ano a Prefeitura de Santa Maria realiza o concurso Cons-truindo com Arte. A premiação tem como objetivo reconhecer e incenti-var a qualificação dos empreendimen-tos relacionados à construção civil de Santa Maria.

Este ano, uma das categorias pre-miou foi a de melhor tapume. O artis-ta plástico, Érico Nunes do Carmo, 35 anos, venceu pelo segundo ano con-secutivo foi o artista plástico Érico Nunes . O artista trabalha há 20 anos

com pintura. Carmo tem vários trabalhos espa-

lhados pela cidade e sua principal ca-recterística é personalizar tapumes, motos, carros, capacetes e até mesmo casas.

Os jurados do concurso avaliaram os projetos inscritos no concurso a partir de cinco critérios: plasticida-de, sustentabilidade, funcionalidade, materialidade e acessibilidade e um dos trabalhos de Carmo para a Zacon Construções venceu.

Arte no tapume

Tapume premiado no Construindo Arte.