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Morfologia, sintaxe e pragmática Morfologia, sintaxe e pragmática José Manuel Martins Cobrado 1 Chama-se morfologia ao estudo das palavras na sua formação e flexão, dentro das classes gramaticais a que pertencem. Vamos dividir o nosso estudo em dois grandes grupos: A – Palavras variáveis (de um modo geral, mudam); B – Palavras invariáveis (nunca mudam). Repara no seguinte esquema: A – VARIÁVEIS .artigos: definido (o… livro), indefinido (um… livro) .possessivos (meu… livro) 1. Determinantes .demonstrativos (este… livro) (estão antes do nome e .indefinidos (algum… livro) ajudam a caracterizar o nome) .interrogativos (qual bolo?...) 2. Pronomes (estão em vez do nome) 3. Adjectivos (caracterizam o nome) graus: normal, comparativo e superlativo 4. Nomes ou substantivos .próprios (Joana) / comuns (lápis) (designam os seres em geral) .concretos (mesa)/abstractos (alegria) .colectivos (alcateia) .grau normal (rapaz),aumentativo (rapagão) e diminutivo (rapazinho) .pessoais (eu…) .possessivos (meu…) .demonstrativos (este…) .indefinidos (algum…) .interrogativos (qual?…) .relativos (que…) O cão é o melhor amigo do homem, mas alguns são abandonados. O = determinante alguns = pronome cão = nome é = verbo melhor = adjectivo mas = conjunção

Gramatica da autoria de Jose Manuel Martins Cobrado da autoria de Jos… · .conjugação pronominal (amo-a) / reflexa (sento-me ).conjugação: 1ª (a), 2ª (e), 3ª (i). conjugação

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Morfologia, sintaxe e pragmática

Morfologia, sintaxe e pragmática José Manuel Martins Cobrado

1

Chama-se morfologia ao estudo das palavras na sua formação e flexão, dentro das classes gramaticais a que pertencem.

Vamos dividir o nosso estudo em dois grandes grupos:

A – Palavras variáveis (de um modo geral, mudam);

B – Palavras invariáveis (nunca mudam).

Repara no seguinte esquema:

A – VARIÁVEIS

.artigos: definido (o… livro), indefinido (um… livro) .possessivos (meu… livro)

1. Determinantes .demonstrativos (este… livro) (estão antes do nome e .indefinidos (algum… livro) ajudam a caracterizar o nome) .interrogativos (qual bolo?...) 2. Pronomes (estão em vez do nome)

3. Adjectivos (caracterizam o nome) graus: normal, comparativo e

superlativo

4. Nomes ou substantivos .próprios (Joana) / comuns (lápis) (designam os seres em geral) .concretos (mesa)/abstractos (alegria)

.colectivos (alcateia)

.grau normal (rapaz),aumentativo (rapagão) e diminutivo (rapazinho)

.pessoais (eu…)

.possessivos (meu…)

.demonstrativos (este…)

.indefinidos (algum…)

.interrogativos (qual?…)

.relativos (que…)

O cão é o melhor amigo do homem, mas alguns são abandonados. O = determinante alguns = pronome cão = nome é = verbo melhor = adjectivo mas = conjunção

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Morfologia, sintaxe e pragmática

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5. Numerais (indicam uma quantidade)

6. Verbos (exprimem a acção)

B - INVARIÁVEIS 1. Advérbios Circunstanciais (normalmente, estão junto do verbo para determinar ou intensificar o sentido)

2. Preposições (estabelecem uma relação entre os elementos da frase):

a, ante, até, com, para… 3. Conjunções (relacionam orações) . Coordenativas (independentes): e, mas, ou, portanto… . Subordinativas (dependentes): se, como, porque, quando, embora… 4. Interjeições (exprimem as nossas emoções): ah!, meu Deus!, caluda!...

.cardinais (um…)

.ordinais (primeiro…)

.multiplicativos (duplo…)

.fraccionários (meio…)

.colectivos (dueto, trio…)

.regulares (mesmo radical - amar) / irregulares (radical diferente – trazer)

.auxiliares (ter, haver e ser)

.defectivos (só se usam em alguns tempos ou pessoas: falir)

.unipessoais (vozes de animais)

.impessoais (estados atmosféricos – neva - e a 3ª do verbo haver)

.pessoa:3 pessoas: singular e plural

.número: singular e plural

.tempo: passado, presente, futuro

.modo: indicativo; imperativo; conjuntivo; condicional e infinitivo.

.voz: activa/passiva

.aspecto: a maneira como a acção se apresenta – aspecto acabado: vi o Miguel

.conjugação pronominal (amo-a) / reflexa (sento-me)

.conjugação: 1ª (a), 2ª (e), 3ª (i)

. conjugação perifrástica (vou trabalhar)

.negação: não… .afirmação: sim… .quantidade: muito… .exclusão: só… .inclusão: mesmo… .dúvida: talvez… .designação: eis .tempo: agora, amanhã… .modo: assim, aliás, mal

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A- PALAVRAS VARIÁVEIS 1- Os determinantes

Os determinantes são palavras que aparecem antes dos nomes e que, de algum modo, os referenciam e especificam indicando, por exemplo, o número, o género, a quantidade. Concordam com o nome em género e em número:

Vi o colega.

Vi um colega.

As subclasses dos determinantes são:

Artigos definidos e indefinidos

Possessivos

Demonstrativos

Numerais cardinais e ordinais

Indefinidos

Interrogativos

1.1- Artigo – o definido emprega-se para designar seres que são conhecidos e o indefinido para seres desconhecidos:

O professor cumprimentou o aluno. (o professor e o aluno identificados)

O professor cumprimentou um aluno. (o professor identificado, aluno não identificado)

Determinantes artigos

Definidos Indefinidos

Singular Plural Singular Plural

Masculino o os um uns Feminino a as uma umas

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1.2- Determinantes Possessivos – exprimem uma ideia de posse:

O meu Colégio situa-se em Meleças.

Determinantes Possessivos

Singular Plural

Pessoa Masculino Feminino Masculino Feminino

1ª meu minha meus minhas 2ª teu tua teus tuas 3ª seu sua seus suas

1ª nosso nossa nossos nossas 2ª vosso vossa vossos vossas

Um só possuidor

Vários possuidores 3ª seu sua seus suas

1.3- Determinantes Demonstrativos – servem para indicar um indivíduo ou uma coisa, no espaço ou no tempo:

Este aluno anda no Colégio.

Determinantes Demonstrativos

Singular Plural

Masculino Feminino Masculino Feminino este esta estes estas esse essa esses essas

aquele aquela aqueles aquelas o mesmo a mesma os mesmos as mesmas o outro a outra os outros as outras

tal tais

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1.4- Determinantes Indefinidos – exprimem uma ideia de indefinição, referindo-se de modo impreciso às pessoas ou coisas:

Nenhum professor do Colégio teria feito isso.

Determinantes Indefinidos

Singular Plural Masculino Feminino Masculino Feminino algum alguma alguns algumas

Variáveis nenhum nenhuma nenhuns nenhumas todo toda todos todas muito muita muitos muitas pouco pouca poucos poucas tanto tanta tantos tantas outro outra outros outras certo certa certos certas qualquer qualquer quaisquer quaisquer

Invariáveis Alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo

1.5- Determinantes Interrogativos – introduzem frases interrogativas, quer seja directa, quer indirectamente:

Qual o CD escolhido?

Que CD escolheste?

Quantos testes tiveram esta semana?

Determinantes Interrogativos

singular plural

masculino feminino masculino feminino

Variáveis quanto? qual?

quanta? qual?

quantos? quais?

quantas? quais

Invariáveis que?, quem?

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2- Os Pronomes

Os pronomes são palavras que substituem os nomes já introduzidos na frase, evitando a sua repetição:

O Miguel passou por aqui com a namorada. Esta (=namorada) é muito bonita.

2.1- Pronomes Pessoais – representam as três pessoas gramaticais:

1ª – a que fala – o locutor: eu, nós

2ª – a quem se fala – o destinatário: tu, vós

3ª – de quem se fala: ele (a), eles (as)

Pronomes Pessoais

Comp.

indirecto

Comp.

Circunstan-cial

Número Pessoa Sujeito Comp.

directo Sem

preposição Com

preposição

Singular

eu

tu

ele, ela

me

te

se, o, a

me

te

lhe

mim

ti

si, ele, ela

mim, -migo

ti, -tigo

si, -sigo, ele,ela

Plural

nós

vós

eles, elas

nos

vos

se, os, as

nos

vos

lhes

nós

vós

si, eles, elas

nós, -nosco

vós, -vosco

si, -sigo, eles, elas

As formas mim, ti, si surgem sempre antecedidas por uma preposição (menos por com):

Comprei o computador para ti.

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A si não lhe compro nada.

As formas -migo, -tigo, -sigo, -nosco, -vosco aparecem sempre aglutinadas com a preposição com:

Foi comigo ao cinema, mas recusou ir contigo.

Para exprimir um tratamento mais cerimonioso ou menos directo, usam-se as palavras ou expressões que se seguem:

Vossa Majestade, você, o senhor, Vossa Excelência, Vossa Eminência, minha senhora…

Esta 2ª pessoa tem os pronomes complemento e o verbo na 3ª pessoa: Você apresentou-se sem os documentos necessários. Vossa Eminência (Vossa Excelência) soube comunicar-lhes a mensagem.

Os pronomes o, a, os, as podem apresentar as variantes lo, la, los, las, depois de formas verbais terminadas em –r, -s ou –z: amá-lo, tu ama-lo, ele fá-lo. Isto acontece por que no português antigo havia estas formas lo (do latim illu), la (illa), los (illos), las (illas).

• no, na, nos, nas surgem depois de formas verbais terminadas em som nasal:

Amam-na

Dão-no

• me, te se, nos, vos, se são pronomes pessoais reflexos:

Distinguiu-se pela sinceridade.

Vi-me ao espelho.

• me, te se, nos, vos, se também podem aparecer como pronomes recíprocos:

Cumprimentaram-se e, pouco depois, separaram-se.

Vimo-nos e beijámo-nos.

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2.2- Pronomes Possessivos – exprimem uma ideia de posse. À semelhança dos determinantes possessivos, indicam o possuidor ou os vários possuidores do objecto ou dos objectos designados pelo nome que substituem.

O meu Colégio situa-se em Meleças, mas o teu não.

Pronomes Possessivos

Singular Plural

Pessoa Masculino Feminino Masculino Feminino

1ª meu minha meus minhas 2ª teu tua teus tuas 3ª seu sua seus suas

1ª nosso nossa nossos nossas 2ª vosso vossa vossos vossas

Um só possuidor

Vários possuidores 3ª seu sua seus suas

2.3- Pronomes Demonstrativos – servem para indicar um indivíduo ou uma coisa, no espaço ou no tempo, substituindo um nome. Indicando a sua localização em relação aos intervenientes na enunciação:

Este, esta, estes, estas> refere o que está mais perto do locutor.

Esse, essa, esses, essas> refere o que está mais próximo do interlocutor ou a ele ligado, no espaço e no tempo.

Aquele, aquela, aqueles, aquelas> refere um afastamento, tanto do locutor como do interlocutor.

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Pronomes Demonstrativos

Singular Plural

Masculino Feminino Masculino Feminino este esta estes estas esse essa esses essas

aquele aquela aqueles aquelas o mesmo a mesma os mesmos as mesmas o outro a outra os outros as outras

tal tais

2.4- Pronomes Indefinidos – exprimem uma ideia de indefinição, referindo-se de modo impreciso acerca dos nomes que substituem:

Na turma H, alguns brincaram, muitos estudaram e outros tiraram dúvidas.

Pronomes Indefinidos

Singular Plural Masculino Feminino Masculino Feminino algum alguma alguns algumas

Variáveis nenhum nenhuma nenhuns nenhumas todo toda todos todas muito muita muitos muitas pouco pouca poucos poucas tanto tanta tantos tantas outro outra outros outras certo certa certos certas qualquer qualquer quaisquer quaisquer

Invariáveis Alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo

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2.4.1- Locuções pronominais indefinidas (1)

Seres animados Seres inanimados

seja quem for seja qual for seja o que for

quem quer que seja qualquer que seja o que quer que seja quem quer que fosse qualquer que fosse o que quer que fosse fosse quem fosse cada um o que quer que é

cada qual fosse o que fosse

(1) Locução é um grupo coeso de palavras que equivalem a uma só palavra.

Qualquer que seja a razão, a minha liberdade termina onde começa a dos outros.

2.5- Pronomes Interrogativos – introduzem frases interrogativas, quer seja directa, quer indirectamente:

Quem te deu o CD?

Que disseste?

Quantos livros querem?

Pronomes Interrogativos

singular plural

masculino feminino masculino feminino

Variáveis quanto? qual?

quanta? qual?

quantos? quais?

quantas? quais

Invariáveis que?, quem?

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2.6- Pronomes Relativos – substituem um nome ou outros pronomes e introduzem uma oração subordinada relativa. O pronome relativo permite transformar duas frases simples numa frase composta, podendo desempenhar a função de sujeito ou de complemento directo:

Vimos um filme. O filme agradou a todos os alunos do C.V.G..

Vimos um filme que agradou a todos os alunos do C.V.G.. (sujeito)

O filme é interessante. Vimos o filme.

O filme que vimos é interessante. (complemento directo)

Pronomes Relativos Variáveis Invariáveis

Singular Plural que (o quê) Masculino Feminino Masculino Feminino quem quanto quanta quantos quantas onde

qual quais

3- O ADJECTIVO

Adjectivos são palavras que especificam atributos do nome (caracterizam ou qualificam o nome, as pessoas ou os objectos a que se referem):

O aluno teve um gesto simpático.

O adjectivo pode igualmente exercer as funções de predicativo de sujeito junto de verbos predicativos (ser estar, ficar, continuar, parecer, permanecer):

O aluno é simpático.

Os adjectivos variam em género (1), número (2) e grau (3), concordando sempre com o nome a que se referem

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O aluno é simpático. (1)

A aluna é simpática. (1)

As alunas são simpáticas. (2)

A aluna é simpatiquíssima. (3)

FLEXÃO EM GÉNERO

A maioria dos adjectivos tem uma forma para o masculino e outra para o feminino, são chamados adjectivos biformes:

Caderno limpo / caderneta limpa.

Há, no entanto, muitos adjectivos que são uniformes, pois têm a mesma forma para o feminino e para o masculino:

Aluna inteligente. / Aluno inteligente.

A formação do feminino dos adjectivos é semelhante à dos nomes:

alto /alta

Nos adjectivos compostos por justaposição, só o segundo elemento toma a forma do feminino:

A luta greco-romana.

Excepção: Uma menina surda-muda.

FLEXÃO EM NÚMERO

O adjectivo concorda em número com o nome que caracteriza:

filme interessante / filmes interessantes

A formação do plural é semelhante à dos nomes:

aluno e aluna simpáticos

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Em muitos adjectivos compostos por justaposição, só o 2º elemento vai para o plural:

as ciências físico-químicas

os instrumentos médico-cirúrgicos

excepção: meninos surdos-mudos

Nos adjectivos que designam cores, quando o 2º elemento é um nome que não indica directamente a cor, ambos os elementos ficam no singular:

as folhas verde-claro

Havia muitos carros azul-marinho…

FLEXÃO EM GRAU

Os adjectivos variam também em grau. Este indica a intensidade da qualidade ou do estado que é dada pelo adjectivo.

Os graus dos adjectivos são três: normal, comparativo e superlativo. Os graus comparativo e superlativo apresentam, por sua vez, várias subdivisões.

Vejamos:

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Sinopse:

Normal caracteriza ou

qualifica simplesmente o

nome, sem estabelecer a relação, nem

realçar a qualidade.

Computador antigo

comparativo estabelece a

comparação da mesma

característica ou qualidade em

seres diferentes.

Inferioridade Computador menos antigo do que…

Igualdade Computador tão antigo como…

Superioridade Computador mais antigo do que…

Graus

dos

adjectivos

Superlativo

Absoluto: realça a característica ou qualidade, atribuindo-lhe um elevado grau, mas sem estabelecer qualquer relação.

Relativo: realça a característica ou qualidade, atribuindo-lhe um elevado grau e estabelecendo uma relação.

Sintético Computador antiquíssimo

Analítico Computador muito antigo.

Inferioridade O computador menos antigo de todos.

Superioridade O computador mais antigo de todos.

Temos, no entanto,

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comparativos e superlativos irregulares

Superlativo Adjectivo

Comparativo de

Superioridade Absoluto Relativo

bom melhor óptimo o melhor mau pior péssimo o pior grande maior máximo o maior pequeno menor mínimo o menor

4- O NOME OU SUBSTANTIVO

Nomes ou substantivos são as palavras que podem designar os seres animados ou objectos materiais e ainda acções, qualidades ou estados, sentimentos.

Os nomes dividem-se em subclasses. A saber:

- comuns: não individualizam> aluno, professor, mãe, país…

- próprios: designam seres individualizados e escrevem-se sempre com maiúscula inicial> Ana, Portugal, Lisboa, Julho…

- colectivos: são nomes comuns que, embora tendo forma singular, designam um conjunto de seres vivos ou de coisas da mesma espécie> cáfila, alcateia, turma, constelação, plêiade…

- concretos: designam pessoas, animais ou coisas pertencentes ao mundo físico, podendo ser agarradas/tocadas> a mesa, o lápis, Margarida, tio, casa…

- abstractos: designam qualidades, estados ou acções, algo que não pertence ao mundo físico, não podendo ser tocado/agarrado>: ciência, simpatia, largura, amor…

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Sinopse:

SUBCLASSES DE NOMES Concretos

(Podemos tocá-los) Abstractos (Não se podem

tocar) Próprios

(individualizam)

Margarida, Tejo, Junho…

Comuns

(não individualizam)

computador, fio, vídeo…

Colectivos

(no singular, nomeiam um

grupo)

récua, malta, coro…

beleza,

força,

frio

alegria …

Os nomes, sendo palavras flexíveis, variam em género, número e grau.

Género> existem dois géneros gramaticais em português: o masculino e o feminino.

São biformes os nomes que têm duas formas:

Exemplos:

o homem / a mulher

o menino / a menina

São uniformes os nomes que apenas têm uma forma, quer para o masculino quer para o feminino.

Exemplos:

a testemunha, o indivíduo, a pessoa…

Algumas regras para a formação do feminino: Terminados em a) o, e> a : tio/a; infante/a b) consoante> a : professor/a

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c) tor, dor> triz : actor/triz; embaixador/embaixatriz (embaixadora se

exercer o cargo e embaixatriz se for esposa do embaixador). d) dor> dora ou deira : lavrador/eira ou ora e) ão> ã : anão/anã; ona : chorão/ona; oa : leão/oa; ana:

sultão/ana f) eu> ia : judeu/ia; eia: europeu/eia g) Há casos em essa: abade/essa; esa: duque/esa; isa: poeta/isa; ina : herói/ina

h) Noutros casos, o feminino é bastante diferente: bode/cabra;

cão/cadela i) Forma comum aos dois géneros> a marca que distingue o

masculino do feminino é apenas o determinante. Exemplos: o artista/a artista, o jovem a jovem j) Sobrecomuns têm uma única forma para ambos os géneros. Exemplos: a criança, a pessoa. k) Epicenos: tigre macho/tigre fêmea

NÚMERO> Existem dois números em português: o singular designa uma pessoa ou coisa, enquanto o plural designa várias pessoas ou coisas.

Os nomes / substantivos que têm duas formas são os biformes.

Exemplos:

barco / barcos, cão / cães

Os que só têm apenas uma forma são os uniformes.

Exemplos: a caridade (só tem o singular), parabéns (tem apenas o plural) …

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Graus> Os nomes, além do grau normal, têm formas para indicar o aumento (grau aumentativo) ou a diminuição (grau diminutivo).

Sinopse:

normal

aumentativo diminutivo

rapaz rapagão rapazinho casa casarão casinha pardal pardalão pardalito, pardaloca,

pardaleja

Substantivos colectivos Alcateia - lobos; animais ferozes Horda - povos selvagens nómadas,

desordeiros, aventureiros, bandidos, invasores

Armada – navios de guerra ou transporte Junta - bois, médicos, credores, examinadores

Arquipélago - e ilhas Legião - soldados, de demónios Armentio ou armento gado grande: bois, búfalos

Leva – presos, recrutas

Atilho - espigas Magote pessoas, coisas Banca - exterminadores Malta - de desordeiros Banda músicos Manada - bois, búfalos, elefantes Bando - aves, ciganos, malfeitores Matilha - cães de caça Cacho - bananas, uvas Matula - vadios, desordeiros Cáfila - camelos Mó - gente Cambada - malandros Molho - chaves, verdura Cancioneiro - canções, poesias líricas Montado - sobreiros Caravana - viajantes, peregrinos, estudantes

Multidão - pessoas

Cardume - peixes) Ninhada - pintos Choldra - assassinos, de malandros, de malfeitores

Nuvem – gafanhotos, moscas, mosquitos

Chorrilho – disparates, pessoas ou coisas semelhantes

Pelotão –grupo militar, grupo de atletas

Chusma - gente, pessoas Plêiade - poetas, artistas Companha – tripulação de um barco Pomar – árvores de fruto Constelação - estrelas Quadrilha - ladrões, salteadores,

esquadrilha Corja - vadios, tratantes, velhacos, ladrões

Ramalhete - flores

Coro - anjos, cantores Rancho – crianças, filhos, grupo de pessoas

Elenco - actores Rebanho – gado, sobretudo ovelhas ou

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cabras e, por extensão, os fiéis de uma religião

Enxame – abelhas ou vespas Récua - bestas de carga Esquadra – armada, frota, grupo de aviões, secção de infantaria

Renque – árvores alinhadas

Falange - soldados, anjos Réstia - cebolas, alhos Farândula - ladrões, desordeiros, assassinos, maltrapilhos, vadios

Roda - pessoas

Fato - cabras Romanceiro - conjunto de poesias narrativas

Feixe - lenha, capim Souto ou soito - castanheiros Formigueiro – formigas e, por extensão, pessoas

Súcia - de velhacos, desonestos

Frota - de navios mercantes, de autocarros

Talha - lenha

Girândola - foguetes Tropa - muares Vara - porcos

5- Numerais

Os numerais são quantificadores que indicam uma quantidade de indivíduos ou coisas.

Numeração árabe

Numeração romana

Cardinais

Indicam simplesmente o número de pessoas, animais ou coisas.

Ordinais

Indicam a ordem que as pessoas, animais ou coisas ocupam numa

série.

Multiplicativos

Indicam o aumento

proporcional, a sua multiplicação.

Fraccionários

Indicam a diminuição

proporcional, a sua divisão.

Colectivos

São os que, mesmo no singular,

indicam um conjunto.

1 I um primeiro

2 II dois segundo duplo ou dobro meio ou metade duo, dueto

3 III três terceiro triplo ou tríplice terço trio 4 IV quatro quarto quádruplo quarto quarteto 5 V cinco quinto quíntuplo quinto quinteto 6 VI seis sexto sêxtuplo sexto sexteto 7 VII sete sétimo séptulo sétimo 8 VII oito oitavo óctuplo oitavo 9 IX nove nono nónuplo nono novena

10 X dez décimo déculpo décimo dezena, década

11 XI onze undécimo ou décimo primeiro undécuplo undécimo ou

onze avos

12 XII doze duodécimo ou décimo segundo duodécuplo duodécimo ou

doze avos dúzia

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13 XIII treze décimo terceiro treze avos, etc.

14 XIV catorze décimo quarto 15 XV quinze décimo quinto 16 XVI dezasseis décimo sexto 17 XVII dezassete décimo sétimo 18 XVIII dezoito décimo oitavo 19 XIX dezanove décimo nono 20 XX vinte vigésimo vinte avos

21 XXI vinte e um vigésimo primeiro vinte e um

avos

30 XXX trinta trigésimo trinta avos, etc.

40 XL quarenta quadragésimo 50 L cinquenta quinquagésimo 60 LX sessenta sexagésimo 70 LXX setenta septuagésimo 80 LXXX oitenta octogésimo 90 XC noventa nonagésimo

100 C cem centésimo cêntuplo cem avos centena, cento

200 CC duzentos ducentésimo duzentos avos 300 CCC trezentos tricentésimo trezentos avos 400 CD quatrocentos quadrigentésimo 500 D quinhentos quingentésimo 600 DC seiscentos seiscentésimo 700 DCC setecentos septigentésimo 800 DCCC oitocentos octigentésimo 900 CM novecentos nongentésimo 1000 M mil milésimo mil avos milhar

1001, etc. MI mil e um milésimo 1º mil e um avos

10 000 X (1) dez mil dez milésimos dez mil avos 100 000 C (1) cem mil cem milésimos cem mil avos 1 000 000 M (1) um milhão milionésimo milionésimo

1 000 000 000 M (2)

um bilião (mil

milhões) bilionésimo bilionésimo

(1) As letras têm um traço por cima

(2) As letras têm dois traços por cima.

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6- O VERBO

Verbos são palavras que exprimem a acção, as qualidades ou os estados, situando-os no tempo.

Acção: O Vasco joga futebol.

Qualidade: Aquele aluno é inteligente.

Estado: A Joana está feliz com o novo computador!

O verbo é a palavra mais variável da língua portuguesa porque varia em número, pessoa modo, tempo, aspecto e voz.

Às variações das formas verbais chamamos flexões.

Ao conjunto ordenado das flexões dos verbos em todos os seus modos, tempos, pessoas e números chamamos conjugação verbal.

O verbo é a palavra principal do grupo verbal e concorda sempre com o grupo nominal: se o grupo nominal é singular, o grupo verbal também é singular; se o grupo nominal é plural, o grupo verbal também é plural.

Exemplo:

Eu vejo o Colégio Vasco da Gama ao longe.

Nós vemos o Colégio Vasco da Gama ao longe.

Quanto à sua função, um verbo pode ser principal (quando transmite o sentido da frase) ou auxiliar (quando é utilizado na formação dos tempos compostos e da voz passiva).

Exemplo:

Principal> amo

Auxiliar dos tempos compostos> tenho amado

Auxiliar da voz passiva> sou amado

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Número e pessoa

À semelhança de outras palavras variáveis, o verbo possui dois números: singular e plural.

singular:

amo, amas, ama

plural:

amamos, amais amam

O verbo tem três pessoas gramaticais: eu/nós; tu/vós; ele(a) /eles (as)

Sinopse:

Pessoa 1.ª (a que fala)

2.ª (a quem se fala)

3.ª (de quem se fala)

Singular Eu Tu Ele/Ela Número

Plural Nós Vós Eles/Elas

Modo

O modo indica a atitude da pessoa que fala em relação àquilo que está a dizer. Posso ter a certeza, duvidar ou levantar a hipótese, colocar uma condição, dar uma ordem ou apresentar algo vago.

Temos, então, os seguintes modos:

indicativo – indica que a acção é uma realidade ou uma certeza; conjuntivo – exprime a acção como uma possibilidade, dúvida, desejo ou eventualidade; condicional – indica que a acção depende de uma condição; imperativo – apresenta a acção como uma ordem, um pedido, convite ou um conselho;

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infinitivo – exprime a acção de forma indeterminada, em abstracto.

Sinopse:

O Modo

Indicativo

A acção é uma realidade ou uma certeza:

Os alunos do 9º ano jogam a bola.

Conjuntivo

A acção surge como uma possibilidade, dúvida, desejo ou eventualidade:

Gostava que passasses de ano. (desejo)

Condicional

A acção depende de uma condição:

Se os meus alunos estivessem atentos, seriam óptimos.

Imperativo

A acção é apresentada como uma ordem, um pedido, convite ou um conselho:

Presta atenção àquilo que a mãe disse.

Infinitivo

Exprime a ideia geral da acção.

É interessante investigar na NET.

Tempo

O tempo verbal indica o momento da realização da acção:

passado ou pretérito - indica que os factos já aconteceram; presente - indica que os factos acontecem agora; futuro - indica que os factos ainda irão acontecer.

Acção que se está a realizar – agora – presente: O Miguel vê o António.

Acção passada – ontem – passado ou pretérito: O Miguel viu o António.

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Acção que ainda se vai realizar – amanhã – futuro: O Miguel verá o António.

Os verbos podem ser intransitivos ou transitivos.

Dizemos que são verbos intransitivos quando têm um significado completo, ou seja, quando a acção não transita para além deles. Neste caso, os verbos não pedem complemento directo nem indirecto.

O avião voou.

O aluno trabalhou.

São verbos transitivos aqueles que precisam da ajuda de complementos para fazerem sentido. Podem, por isso, ser:

• verbos transitivos directos quando o verbo tem complemento directo;

• verbos transitivos indirectos , quando o complemento do verbo é o indirecto;

• verbos transitivos directos e indirectos, quando o verbo ambos os complementos.

Transitivos directos: A Ana compra um computador. (compra o quê?)

Transitivos Indirectos: O António obedece ao pai. (obedece a quem?)

Transitivos directos e indirectos: A Ana ofereceu um livro ao pai. (deu o quê? a quem?)

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Como exemplo de verbo conjugado com o pronome reflexo, fica esta pequena amostra:

AGARRAR-SE

Indicativo

Presente Futuro

eu agarro-me tu agarras-te ele agarra-se nós agarramo-nos vós agarrais-vos eles agarram-se Pretérito imperfeito

eu agarrava-me tu agarravas-te ele agarrava-se nós agarrávamo-nos vós agarráveis-vos eles agarravam-se

eu agarrar-me-ei tu agarrar-te-ás ele agarrar-se-á nós agarrar-nos-emos vós agarrar-vos-eis eles agarrar-se-ão Pretérito mais-que-perf.of. eu agarrara-me tu agarraras-te ele agarrara-se nós agarráramo-nos vós agarráreis-vos eles agarraram-se

Conjuntivo

Presente Futuro

que eu me agarre que tu te agarres que ele se agarre que nós nos agarremos que vós vos agarreis que eles se agarrem

Imperfeito se eu me agarrasse se tu te agarrasses se ele se agarrasse se nós nos agarrássemos se vós vos agarrásseis se eles se agarrassem

se eu me agarrar se tu te agarrares se ele se agarrar se nós nos agarrarmosmos se vós vos agarrardes se eles se agarrarem

Condicional

Imperativo

Infinitivo pessoal

eu agarrar-me-ia tu agarrar-te-ias ele agarrar-se-ia nós agarrar-nos-íamos vós agarrar-vos-íeis eles agarrar-se-iam

agarra-te tu agarrai-vos vós

agarrar-me eu agarrares-te tu agarrar-se ele agarrarmo-nos nós agarrardes-vos vós agarrarem-se eles

Gerúndio Infinitivo impessoal agarrando-se agarrar-se

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O VERBO (A mais variável das

palavras)

SINOPSE

3 Conjugações: 1ª= -a(r) 2ª= -e(r) 3ª= -i(r)

3 Tempos: Presente Passado (pretérito) Futuro

Número: Singular: 3 pessoas Plural: 3 pessoas

O verbo pôr é da 2ª: ponere>

poer> pôr

5 Modos: Indicativo, conjuntivo, imperativo, condicional e infinitivo 2 Vozes:

Activa e passiva: Activa: Eu amo a Bé. Passiva.: A Bé é amada por mim. Presente:

Indicativo: -o (1ª pessoa) Conjuntivo: -e, -a (1ª pessoa)

Indicativo: Indica a realidade:

escrevo

Passado (pretérito): Imperfeito: -va, -ia, -sse (1ª pessoa) Perfeito: -ei, -i (1ª pessoa) Mais-que-perfeito: -ra (1ª pessoa)

Conjuntivo: Indica

a possibilidade, dúvida, necessidade…: se eu amasse; que eu ame

Futuro: Imperfeito: rei (1ª pessoa) Perfeito: -ar, -er, -ir (1ª pessoa)

Imperativo: Ordem, conselho, pedido:

Trabalha depressa!

Infinitivo: Indica a ideia: Se eu amar a

Ana, ninguém acredita.

Condicional: Indica a

condição: Trabalharia se pudesse.

Também é um futuro relativo ao

passado:

Ele disse-me que viria.

Presente do Conjuntivo é necessário que eu leve deva parta

Imperfeito do Conjuntivo se eu levasse devesse partisse

Futuro do Conjuntivo se eu amanhã levar dever partir

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Os verbos podem ser:

Regulares/irregulares defectivos,

unipessoais, impessoais

principais/auxiliares

Regulares: O seu radical não

sofre alteração: amar,

dever, partir...

Irregulares: O seu radical sofre alteração: caber (caibo), ser (és), haver (hei), etc.

Principais: Não têm formas a acompanhá-los: amo, amei...

Tempos compostos

Auxiliares: Tempos compostos: ter, haver Voz passiva: ser Conjugação perifrástica: infinitivo ou gerúndio do verbo principal e um verbo auxiliar: ir, vir, ter, estar... Ex.: Tenho de comprar um telemóvel.

Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tinha amado do conjuntivo: tivesse amado

Futuro: do indicativo: terei amado do conjuntivo: tiver amado

Formas nominais: infinitivo impessoal: ter amado gerúndio: tendo amado

Condicional: teria amado (se)

Defectivos: Só se usam em alguns tempos e pessoas: falir, banir, colorir…

Unipessoais: Exprimem vozes de animais e costumam usar-se apenas na 3ª pessoa: ladrar, uivar, cacarejar...

Impessoais: Só se usam na 3ª pessoa do singular e não têm sujeito ou grupo nominal: nevar, anoitecer...

Pretérito perfeito do indicativo: tenho amado do conjuntivo: tenha amado

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B- PALAVRAS INVARIÁVEIS

1- OS ADVÉRBIOS ou locuções adverbiais De um modo geral, são palavras que modificam ou

acentuam o sentido dos verbos, do adjectivo ou de outro advérbio: Não entendeste bem. Ela é muito bonita. Acordou bastante cedo.

Advérbios Tempo Lugar Modo

hoje; amanhã; logo; primeiro; ontem; tarde; outrora; cedo; dantes; depois; ainda; antigamente; antes; doravante; nunca; então; ora; jamais; agora; sempre; já; enfim...

aqui; antes; dentro; ali; adiante; fora; acolá; atrás; além; lá; detrás; aquém; cá; acima; onde; perto; aí; abaixo; aonde; longe; debaixo; algures; defronte; nenhures, através...

bem; mal; melhor; pior; assim; aliás; depressa; devagar; como; debalde; sobremodo; sobretudo; sobremaneira; quase; principalmente...

Nota: muitos advérbios de modo formam-se juntando mente à forma feminina do adjectivo: bruscamente...

Dúvida Exclusão Inclusão talvez; acaso; porventura; possivelmente; provavelmente; quiçá...

apenas; exclusivamente; salvo; senão; somente; simplesmente; só; unicamente

ainda; até; mesmo; inclusivamente; também

Quantidade ou intensidade

Afirmação Negação

muito; pouco; mais; menos; demasiado; demasiadamente; quanto; quão; tanto; tão; assaz; tudo; nada; todo; bastante; quase

já; sim; certamente; realmente; decerto; efectivamente; realmente; também

não; nem; nunca; jamais; negativamente

Ordem Designação Interrogação depois; primeiramente; ultimamente

eis onde? como? quando? porque?

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Grau dos advérbios

Certos advérbios, à semelhança dos adjectivos, apresentam flexão de grau. Vejamos as grelhas:

normal e comparativo

Comparativo Normal Superioridade Igualdade Inferioridade

perto mais perto (do) que

tão perto como menos perto (do) que

pobremente mais

pobremente (do) que

tão pobremente como

menos pobremente (do)

que

bem melhor (mais (1) bem)

tão bem menos bem

mal pior (mais (1) mal)

tão mal menos mal

muito mais ------------ ------------ pouco menos ------------ ------------

(1) Antes do particípio, devem usar-se as formas analíticas mais bem e mais mal. Ex.: Aquele computador está mais bem equipado do que este.

normal e superlativo

Superlativo Absoluto Relativo Normal

sintético analítico superioridade inferioridade

perto pertíssimo muito perto

o mais perto o menos perto

sabiamente sapientissimamente muito sabiamente

o mais sabiamente

o menos sabiamente

bem optimamente muito bem ------------ ------------ mal pessimamente muito mal ------------ ------------ muito muitíssimo ------------ o mais ------------ pouco pouquíssimo ------------ o menos ------------

Certos advérbios não admitem grau porque o próprio significado não admite variação de intensidade: aqui, ali, lá, hoje, amanhã, anualmente.

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Locuções adverbiais (1)

Tempo Lugar Modo de quando em quando; de vez em quando; de tempos a tempos; em breve; por vezes; à noite; à tarde; às vezes; de dia; de manhã; de noite

em baixo; em cima; para dentro; para onde; por ali; por aqui; por dentro; por fora; por perto; à direita; à esquerda; à distância; ao lado; ao largo; de cima; de dentro; de fora; de longe; de perto

a custo; à pressa; à toa; à vontade; às avessas; às claras; às direitas; às escuras; ao acaso; a torto e a direito; ao contrário; a sós; de bom grado; de cor; de má vontade; em geral; em silêncio; em vão; etc.

Quantidade Afirmação Negação de muito; de pouco; de todo; de nenhum

com certeza; com efeito; de facto; na verdade; sem dúvida; por certo

de forma alguma; de maneira nenhuma; de modo algum; de modo nenhum

(1) São expressões equivalentes a advérbios.

2- AS PREPOSIÇÕES As preposições ou locuções prepositivas estabelecem uma relação entre os elementos da frase. Joguei com ele.

Preposições

a ante após até

com conforme consoante contra de desde durante

mediante para perante por

salvo sem segundo sob sobre trás

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Locuções prepositivas: (1) abaixo de acerca de acima de a fim de antes de apesar de atrás de através de

dentro de depois de diante de

em lugar de em vez de para com por causa de por trás de

(1) Duas ou mais palavras com o valor de uma só.

Contracção das preposições com pronomes

Pronomes (1) Preposições este esta estes estas

a ------------ ------------ ------------ ------------ de deste desta destes Destas em neste nesta nestes Nestas por ------------ ------------ ------------ ------------

(1) À semelhança dos pronomes anteriores, podemos ter preposições contraídas com outros pronomes: isto, aquilo, ele(s), ela(s) esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).

Contracção das preposições com artigos

Artigos definidos Artigos indefinidos Preposições o a os as um uma uns umas

a ao à aos às - - - - de do da dos das dum duma duns dumas em no na nos nas num numa nuns numas por pelo pela pelos pelas - - - -

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3- CONJUNÇÕES As conjunções ou locuções conjuncionais são palavras que servem para ligar duas orações ou elementos semelhantes da mesma oração: Perdi porque não treinei. A Teresa e o João estudam. 3.1- Coordenativas: ligam orações independentes (já são maiores de 18 anos!) e elementos de orações: Copulativas: e, nem, também, mas também (ligam orações da mesma natureza ou palavras com a mesma função na frase) Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, apesar disso (opõem duas orações) Disjuntivas: ou, ou…ou, já…já, quer…quer…,seja… seja (indicam uma alternativa) Conclusivas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência (indicam uma conclusão)

3.2- Subordinativas: ligam orações que dependem do sentido de outra (ainda não têm 18 anos!): Condicionais: se, a não ser que… (indicam uma condição necessária) Causais: porque, visto que… (indicam a causa) Temporais: quando, antes que… (exprimem uma ideia de tempo) Finais: que, para que, a fim de que… (indicam uma finalidade) Comparativas: como, assim como… (estabelecem uma comparação) Consecutivas: que- depois de tal, tão, tanto- de modo que… (indicam uma consequência) Concessivas: embora, ainda que… (introduzem uma concessão, isto é, apesar da contrariedade da oração anterior) Integrantes ou completivas: que, se (completa o sentido)

* as expressões sublinhadas são locuções conjuncionais

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Vejamos, agora, as grelhas:

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES COORDENATIVAS

(Sinopse) Subclasse Conjunções Locuções

Copulativas (indicam adição)

e, também, nem, que 1 não só...mas também não só...como também tanto...como

Adversativas (indicam oposição)

mas, porém, todavia, contudo que, 2 entretanto

no entanto, não obstante, apesar disso, ainda assim, mesmo assim, de outra sorte, ao passo que

Disjuntivas (indicam alternativa)

ou ou...ou, já…já, ora...ora, quer...quer, seja...seja, seja… ou, nem...nem

Conclusivas (ligam uma oração que exprime conclusão ou consequência a uma anterior)

logo, pois, portanto por consequência, por conseguinte, pelo que

(1) Quando equivale a e: “Bate que bate.”

(2) Quando equivale a mas: “Ele gostava do êxito, que não do esforço para alcançá-lo.

CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES SUBORDINATIVAS

(Sinopse)

Subclasse

Conjunções

Locuções

Causais

porque, pois, porquanto, como, que

pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que visto como, por isso mesmo que

Condicionais

se, caso a menos que, a não ser que, excepto se, no caso de (que) salvo se, se não, excepto se, sem que

Finais Que

para que, a fim de que, por que

Temporais

quando, enquanto, apenas, mal, como, que (= desde que)

antes que, depois que, logo que, assim que, desde que, até que, primeiro que, sempre que, tanto que, todas as vezes que, à medida que, ao passo que

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Concessivas

como, conforme, consoante, segundo, que

ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, nem que

Comparativas

como, conforme, consoante, segundo, que

do que, assim como, também bem, como mais...do que, menos...do que, segundo/consoante/conforme...assim, tão/tanto...como, como se, que nem qual

Consecutivas Que de maneira que, de forma que, de modo que, de sorte que (...)

Integrantes Que se

4– As interjeições ou locuções interjectivas: exprimem as nossas emoções: ah!, meu Deus!, uf!, caramba!, safa!, caluda!

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Sintaxe é a parte da gramática que estuda a estrutura e os constituintes da frase.

1- FRASE: é uma palavra ou combinação organizada de palavras que constitui um enunciado de acordo com as regras gramaticais e com um sentido completo.

Exemplos de frases com uma única palavra:

Maravilhoso!

Fugiram.

Adormeceu.

Exemplos de frases formadas por um conjunto de palavras, com ou sem forma verbal:

Compraste uma bela máquina! (a)

Maravilhoso computador, este! (b)

Frase verbal: é constituída por um verbo conjugado. Cf. (a) acima.

Frase nominal: não apresenta um verbo conjugado, uma vez que este se subentende. Cf. (b) acima.

A frase pode ser simples – quando é constituída por uma única oração – e pode ser complexa – quando é composta por duas ou mais orações.

Exemplos:

O João joga no computador. (simples)

O João joga no computador, mas já estudou para o teste e sabe toda a matéria. (complexa)

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2- TIPOS DE FRASES

Tipo Exemplo Intenção Marcas Declarativo Compro uma

mota. Informar. Apresenta, muitas

vezes, ponto final. Interrogativo Viste o Director? Perguntar Apresenta, muitas

vezes, ponto de interrogação.

Exclamativo Gostei tanto da prenda!

Exprimir sentimentos

Apresenta, muitas vezes, ponto de exclamação.

Imperativo Compra o computador.

Ordenar, aconselhar, pedir.

Apresenta o verbo no imperativo, ou equivalente.

3- FORMAS DE FRASE

Tipo Forma Afirmativa Negativa Activa Passiva

Declarativo Ele fez o trabalho. Ele não fez o trabalho.

Ele fez o trabalho. O trabalho foi feito por ele.

Interrogativo Fizeste o trabalho? Não fizeste o trabalho?

Fizeste o trabalho? O trabalho foi feito por ti?

Exclamativo Fizeste um trabalho correcto!

Não fizeste o trabalho correcto!

Fizeste um trabalho correcto!

Um trabalho correcto feito por ti!

Imperativo Faz o trabalho. Não faças o trabalho.

Faz o trabalho. O trabalho não é feito por ti.

Os textos dividem-se em partes (uma ou mais frases) estas em parágrafos estes em períodos e estes em orações.

4- PERÍODO

PERÍODO É uma frase organizada em oração ou orações

Período simples Período composto É formado por uma só oração

(oração absoluta):

Comprei-lhe um computador.

É formado por duas ou mais orações:

Compre-lhe um computador porque fez anos e ele agradeceu.

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5- ORAÇÕES

Vamos, agora, debruçar-nos sobre as orações.

O que é uma oração?

É uma unidade gramatical organizada à volta de um verbo, dentro de uma frase.

Exemplo:

Eu entrei para o Colégio, quando o meu irmão acabou o 9º ano.

Se reparares bem, a frase integra dois conjuntos de sujeito / verbo (Eu entrei / o meu irmão acabou) à volta de cada um dos quais se organiza um conjunto de palavras a que se dá o nome de oração.

Verificámos, pois, que a frase acima contém duas orações:

Eu entrei para o Colégio – 1ª oração (oração subordinante)

quando o meu irmão acabou o 9º ano – 2ª oração (oração subordinada temporal)

ORAÇÃO (Sinopse)

É uma unidade gramatical organizada à volta de um verbo,

dentro de uma frase. Núcleos da oração

Grupo do sujeito Grupo do predicado Os meus alunos conseguiram óptimos resultados.

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5.1- Elementos essenciais de uma oração

Constituição Exemplos Uma só entidade ou conjunto: sujeito simples

A Ana comprou um CD-ROM.

Quando é constituído por vários elementos: sujeito composto

A Ana e o António compraram um CD-ROM.

O sujeito pode não estar expresso, embora, pelo contexto possa ser subentendido: sujeito subentendido

Foram comprar um CD-ROM. Sujeito = eles

Sujeito (quem) (É o elemento

constituinte da frase que designa a entidade acerca da qual se diz algo, isto é, sobre a qual se afirma, nega

ou questiona o predicado) Quando o sujeito

refere algo de indefinido – expresso pela 3ª pessoa, acompanhado pelo pronome impessoal se: sujeito indeterminado

Ouve-se tanta coisa!

Quando é constituído por uma forma verbal: predicado verbal

Os alunos venceram. Predicado

(É o constituinte da frase com a função de

afirmar, negar ou questionar algo sobre

o sujeito)

Quando é formado por um verbo de ligação e por um predicativo do sujeito: predicado nominal

O professor foi compreensivo. Ele continua alegre

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Outros elementos da oração

Complementos do verbo Complementos do nome Complemento directo (o quê? quem?)

Complemento indirecto (a quem?)

Predicativo do complemento directo

Predicativo do sujeito

Agente da passiva

Complementos circunstanciais

Atributo

Aposto

Complemento determinativo

Vocativo

Exemplos:

a- atenção ao sujeito, predicado, complemento directo, complemento indirecto e complemento circunstancial:

c. indirecto

O Miguel deu um computador à irmã no Natal.

sujeito c. directo complemento

c. de tempo

predicado

b- atenção ao complemento directo e ao predicativo do complemento directo:

predicativo do c directo (1)

A turma elegeu a Catarina delegada de turma.

sujeito c. directo

predicado

(1) Com certos verbos, como chamar, apelidar, julgar, considerar, nomear, eleger, reputar e outros de sentido equivalente, o complemento directo pode ter um predicativo do complemento directo.

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c- atenção predicativo do sujeito:

predicativo do sujeito

O computador é uma máquina extraordinária.

sujeito

predicado

verbo copulativo (1)

(1) Nestes casos, o predicado não pode ser constituído apenas pela simples forma verbal é, que por si só nada significa. É um verbo copulativo (ou de ligação). Por isso o predicado é formado pelo nome (uma máquina) e pelo adjectivo (extraordinária).

São verbos copulativos ser, estar, ficar, permanecer, continuar, parecer e outros de significação indefinida.

d- atenção à voz passiva e à transformação da voz activa para a voz passiva:

predicado (voz activa)

sujeito

O Miguel usou o Data Show.

O Data Show foi usado pelo Miguel.

sujeito agente da passiva

predicado (voz passiva) (1)

(1) O verbo auxiliar da voz passiva é o verbo ser, conjugado no mesmo tempo do verbo da frase activa, seguido do particípio passado do verbo desta frase. Esta transformação só é possível quando a frase na forma activa tenha um verbo transitivo directo e, consequentemente, complemento directo.

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e- atenção ao atributo:

O aluno doente voltou ao Colégio.

sujeito atributo predicado complemento

c. de lugar

f- vê como é o aposto (ou continuado):

O meu colégio, Colégio Vasco da Gama, abriu ontem.

sujeito aposto predicado complemento

c. de tempo

g- atenção ao complemento determinativo:

nome pred. do sujeito

O CD do Miguel é interessante.

sujeito complemento predicado

determinativo

h- atenção ao vocativo:

António, copia o texto. vocativo c. directo predicado

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5. 2- Orações Coordenadas As orações coordenadas recebem o nome da conjunção ou locução conjuncional coordenativa que as liga, de acordo com o sentido expresso. Mantêm uma certa independência, umas em relação às outras.

(São maiores de 18 anos!) Função Exemplos

Copulativas As orações estão ligadas por uma ideia de ligação ou adição. (1)

O Vasco chegou ao Colégio e cumprimentou os amigos.

O Vasco chegou ao Colégio, cumprimentou os colegas, fez mil e uma coisa.

Adversativas As orações estão ligadas por uma ideia de oposição.

Jogámos contra a turma A, mas perdemos.

Disjuntivas As orações são alternativa uma da outra.

O computador está mal ligado ou está avariado.

Ora estuda ora brinca!

Conclusivas A 2ª oração é uma conclusão da primeira oração.

Não estudou, portanto teve negativa.

O autocarro do Colégio avariou, logo atrasou-se.

Explicativas A oração introduzida pela conjunção explica ou justifica o conteúdo da primeira oração.

O chão está molhado, pois choveu.

(1) A conjunção coordenativa pode estar omitida e substituída pela vírgula, e chamamos a essa oração coordenada assindética (Adquiri um CD, ouvi-o, gostei muito). Se a conjunção estiver expressa, chama-se oração coordenada sindética (Comprei o CD e ouvi-o).

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5. 3- Orações Subordinadas Substantivas ou

completivas/integrantes Adjectivas Adverbiais

completivas ou integrantes

interrogativas indirectas

Relativas:

explicativas

restritivas

Substantivas

temporais causais finais condicionais comparativas concessivas consecutivas infinitivas participiais gerundivas

5. 3. 1- Orações Subordinadas Substantivas: são assim chamadas porque exercem funções equivalentes às dos nomes ou dos substantivos.

Função

Exemplo

completivas

ou

integrantes

São normalmente introduzidas pela conjunção subordinativa que ou se. Desempenham a função de complemento directo e, por vezes, de sujeito.

O Pedro pede que o colega venha. (c.d.)

= O Pedro pede a vinda do colega.

Venho requerer a V. Ex.cia se digne autorizar o meu colega a participar na visita de estudo. se = que

O seu regresso ao Colégio é necessário.

É necessário que ele regresse ao Colégio. (sujeito)

interrogativas indirectas

Desempenham na frase a função de complemento directo.

Podem ser introduzidas por:Conjunções subordinativas: Não sei se me vou embora.

Pronomes interrogativos: Não sei quem é o melhor aluno.

Advérbios interrogativos: Diz-me como fizeste este PowerPoint.

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5. 3. 2- Orações subordinadas Relativas: são assim designadas porque são introduzidas por um pronome relativo.

Função

Exemplo

Adjectivas restritivas

Limita o sentido da oração a que se refere. Geralmente, correspondem a um adjectivo com a função de atributo.

O aluno que estuda tem sucesso.

Adjectivas explicativas

Estas orações podem suprimir-se, sem que se altere a ideia fundamental da frase. Estas orações têm o valor de um aposto e ficam, por isso, sempre entre vírgulas.

O colégio, que eu conheço, situa-se em Meleças.

Substantivas

Quando o antecedente não existe, as subordinadas relativas deixam de ser adjectivas e passam a ser substantivas. Neste caso, podem desempenhar as diversas funções do nome.

Sujeito: Quem tirou positiva passou de ano.

Predicativo do sujeito: Aquele aluno não é quem tu pensas.

Complemento directo: Ama quem quer o teu bem.

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5.3.3- Orações subordinadas Adverbiais: designam-se também circunstanciais. Desempenham a função de complemento circunstancial em relação à oração de que dependem.

Função

Exemplo

Temporais

Exprimem uma ideia de tempo, desempenhando na frase uma função equivalente a um complemento circunstancial de tempo.

Os alunos do Colégio choraram quando se despediram dos finalistas.

Causais

Exprimem uma circunstância de causa.

Comprou o CD porque o achou interessante.

Finais

Exprimem uma circunstância de fim.

Disse-te isto para que sejas feliz.

Condicionais

Exprimem uma condição que tornará realizável a acção expressa na oração subordinante.

Terás um futuro risonho se fores sincero.

Comparativas

Exprimem uma comparação no plano da qualidade ou da quantidade.

Ele responsabiliza-se como se fosse um adulto.

Concessivas

Exprimem uma concessão. Embora haja uma contrariedade, a acção enunciada na oração subordinante realiza-se.

Consegui realizar a prova toda, embora o exame fosse difícil.

Consecutivas

Exprimem um facto que é consequência da acção expressa na oração subordinante.

A resposta do aluno foi tão brilhante que impressionou o professor.

Infinitivas

O verbo está no infinitivo e tem sujeito próprio, podendo exprimir circunstâncias várias ou complemento directo.

Vou fazer revisões antes dos alunos realizarem o teste. (temporal)

Insisti no treino para ganharem o campeonato. (final)

Antes de apresentares o trabalho em data show, vou ensinar-te. (temporal)

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Para passares de ano, preciso de te ensinar. (final)

Participiais

Têm o verbo no particípio e, geralmente, exprimem uma circunstância de tempo.

Acabado o jogo, todos saíram.

Gerundivas

Têm o verbo no gerúndio e exprimem circunstâncias várias.

Abeirando-se da piscina, saltou para a vitória.

1- ACENTOS GRÁFICOS

Acento

Os acentos gráficos são três:

Utilização Exemplos

Agudo (´)

marca: as vogais tónicas fechadas i e u;

as vogais tónicas abertas e semi-abertas a, e e o

saí, vírus baú, miúdo

página, fácil pé, dissésseis avó, constrói

Grave (`)

usa-se: nas contracções da preposição a com a forma feminina do artigo e com os pronomes demonstrativos a(s), aquele(s), aquela(s), aquilo;

à, às, àquele, àqueles àquela, àquelas àquilo

Circunflexo (^)

marca: o timbre médio das vogais tónicas a, e e o e acentua a terceira pessoa do plural dos verbos ter e ver, ler, crer, dar e seus compostos

âmbar, vândalo você, êxito avô, pôs têm, vêem, lêem, crêem, dêem contêm, convêm

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2- OUTROS SINAIS AUXILIARES DA ESCRITA

Trema (¨) usa-se em palavras estrangeiras e suas derivadas

Müller, mülleriano

Til (~) indica nasalação das vogais a e o ou dos ditongos de que fazem parte

irmã, põe órfão, cãibra irmãozito, vãmente

Cedilha (,) coloca-se por baixo da consoante c, antes de a, o ou u

caçado, açorda, açúcar

Hífen (-)

usa-se na translineação, nas palavras compostas, na ligação de haver com de, com os pronomes que vêm a seguir ao verbo, para fazer a separação de certos prefixos e radicais…

amor-perfeito, hei-de, disse-me, pré-pagamento, recém-nascido

3- REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Palavras Acentuam-se Exemplos

Agudas ou oxítonas

quando:

terminam em a, e, o, vogal nasal ou ditongo nasal;

terminam em ditongos abertos éi, éu, ói;

têm duas ou mais sílabas e terminam em em e ens;

terminam em i e u que não formam ditongo com a vogal que as precede, seguidas ou não de s.

Excepto: quando formam ditongo ou estão seguidos de consoante que não é s.

pá (s), pé (s), após, maçã (s), irmão (s)

anéis, chapéus, anzóis

Santarém, parabéns

saí, baú

caiu, pauis

juiz, raiz, paul, sair, ruim

Graves ou paroxítonas

quando:

terminam em l, n, r, x, e ps;

terminam em i e u

móvel, pólen, éter, tórax, bíceps;

júri, Vénus

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seguidas ou não de s;

terminam em ditongo ou em vogal nasal seguidas ou não de s;

têm o ditongo aberto e tónico ói;

Excepto: comboio, boina, dezoito, estroina;

têm i ou u tónico, desde que não formem ditongo com a vogal precedente;

Excepto: sílaba terminada em m, n, r: Coimbra, caindo, cairdes; seguido de nh: rainha, moinho; precedido de ditongo: baiuca, tauismo; i precedido de gu e qu, mesmo não formando ditongo: linguista, arguido;

a vogal tónica é aberta (acento agudo) ou média (acento circunflexo), para as distinguir das suas homógrafas;

terminadas em u tónico precedido de g ou q e seguido de e.

sótão, órfã,

saudámos, secámos, pôde

jóia, heróico

conteúdo, saída, saía

cantámos, pôde

obliqúe, averigúe

Esdrúxulas ou proparoxítonas

acentuam-se sempre com acento agudo quando a vogal é aberta e com acento circunflexo quando a vogal é média.

âmago, protótipo, fôssemos, célebre, ignorância, cátedra

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4- CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS QUANTO À ACENTUAÇÃO

Acento Tónico Exemplos Oxítonas ou agudas na última sílaba dá, irmã, tem, colibri, Paroxítonas ou graves

na penúltima sílaba hífen, amável, ave, carro automóvel, porta, fôsseis

Proparoxítonas ou esdrúxulas

na antepenúltima sílaba esdrúxula, exército, ênfase, fábrica, óptimo, ínfimo

enclíticas: não têm acento próprio, subordinam-se ao acento de outra palavra e dividem-se em:

Proclíticas subordinadas ao acento da palavra seguinte

um homem o estudante que trouxe

Apoclíticas subordinadas ao acento da palavra anterior

comprar-lhe deu-me vimo-la

Mesoclíticas subordinadas ao acento da palavra anterior ou seguinte

amá-la-emos

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1- NÍVEIS DE LÍNGUA

REALIZAÇÃO ORAL OU ESCRITA: 1- NÍVEL CORRENTE OU NORMA: nível médio que permite a

comunicação entre falantes da mesma língua, independentemente das condições socioeconómicas e da região.

2- NÍVEL FAMILIAR: é usado em família e entre amigos,

utilizando vocabulário e construção de frase não cuidados.

3- NÍVEL POPULAR: a) calão: forma exagerada do nível familiar, mas de uso

geral; b) gíria: usa vocábulos e expressões não habituais,

específicos de grupos socioprofissionais; c) regionalismos: significados ou significantes próprios de

certas regiões.

4- NÍVEL CUIDADO: usa termos menos correntes e estruturas (frases) menos vulgares.

REALIZAÇÃO SÓ NA ESCRITA: NÍVEL LITERÁRIO: só usado no código escrito.

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2- TEXTO NÃO LITERÁRIO E TEXTO LITERÁRIO

Ainda que nem sempre seja fácil distinguir um texto não literário de um texto literário, é possível verificarmos algumas diferenças que sintetizámos neste quadro: TEXTO NÃO LITERÁRIO

� Linguagem com predomínio

da função informativa.

� Linguagem denotativa, monossignificativa.

� Linguagem corrente, mas correcta.

� É marcado pela

objectividade, pelo concreto; limita-se a comunicar.

� Nele importa mais o que se diz do que com se diz.

� Texto informativo com vista ao imediato, ao útil.

� Texto presente (no

momento da notícia)

TEXTO LITERÁRIO

� Linguagem com predomínio das funções emotiva, poética.

� Linguagem conotativa,

plurissignificativa.

� Linguagem cuidada.

� É marcada pela subjectividade, pelo abstracto, procurando sugerir.

� Busca de significantes

expressivos para o significado.

� Texto elaborado com

função artística.

� Texto atemporal.

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3- OS MODOS LITERÁRIOS

É costume designar por modos literários as categorias universais em que se dividem os textos literários: modo lírico, modo dramático e modo narrativo. Vejamos, pois, algumas particularidades:

4- AS FIGURAS DE ESTILO

O texto literário distingue-se do não literário pela recriação que faz do real. As figuras de estilo (ou recursos expressivos) são desvios literários, que modificam a linguagem corrente, de forma a torná-la mais sugestiva, viva e expressiva. Vejamos algumas:

1. Adjectivação – além do uso normal do adjectivo como qualificativo, os escritores modernos usam os adjectivos com intenções estilísticas particulares:

Modo lírico Modo dramático Modo narrativo Centrado na expressão de sentimentos.

Centrado na interacção.

Centrado na acção.

Sentimentos atribuídos ao sujeito lírico.

Acção “vivida” pelas personagens.

Acção suportada pelas personagens.

Espaço definido pela dimensão afectiva.

Acção desenvolvida num espaço sugerido pelas indicações cénicas.

Acção desenvolvida num espaço sugerido pela descrição.

O tempo essencialmente definido como interior ao sujeito.

Acção decorrida num tempo de comunicação.

Acção decorrida num tempo cronológico sequencial.

Caracterização das personagens (quando existem) centrada na expressão de sentimentos.

Personagens caracterizadas através de: - interacções, a nível da expressão corporal e da expressão verbal; - indicações cénicas.

Personagens caracterizadas através: do diálogo, da narração e da descrição.

Predomínio da 1ª pessoa.

Predomínio da 1ª e 2ª pessoas (relação eu-tu).

Predomínio da 3ª pessoa

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“Porque me deixas, mísera e mesquinha?” (Camões)

2. Aliteração – repetição sucessiva de sons consonânticos idênticos:

“Como por um caminho duvidoso, vos esquece a afeição tão doce nossa? (Camões)

“O rato rói a rolha da garrafa do rei da Rússia!”

3. Anáfora – repetição de palavra ou grupo de palavras no começo de uma série de versos ou de frases:

“Partimo-nos assim do santo templo Que nas praias do mar está assentado Que o nome tem da terra, pêra exemplo,”

4. Antítese – caracterização de uma realidade por meio de termos contrários:

“O mistério alegre e triste de quem chega e parte.”

5. Comparação – é a aproximação entre dois conceitos ou ideias diferentes, por meio de uma palavra ou expressão comparativa (como, mais do que, menos do que, parecer…):

“Alma árida como a urze” (Herculano)

6. Metáfora – é uma comparação disfarçada (abreviada):

“Santarém é um livro de pedra” (Garrett)

7. Personificação e animização – consiste em atribuir características próprias de pessoas ou animais a seres inanimados ou entidades abstractas:

“Toda esta noite o rouxinol, Gemeu, rezou, gritou perdidamente” (Florbela Espanca)

“De repente o silêncio sacudiu as crinas, correu para o mar.” (Eugénio de Andrade)

8. Eufemismo – Consiste em referir certos actos condenáveis ou tristes de

um modo atenuado: “Também já lá está” (=morreu) “Desviou o dinheiro” (= roubou)

9. Ironia – Quando as palavras significam o contrário do que no íntimo pensamos:

“Parabéns pela negativa!”

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10. Hipérbole – É o emprego de uma expressão que exagera a realidade: “Já disse isto mais de mil vezes.”

11. Perífrase – Consiste em dizer por muitas palavras o que podemos dizer por poucas:

“Quando os primeiros raios de sol começavam a querer romper por entre as nuvens.” (= quando amanhecia)

12. Metonímia – Emprego de um nome por outro quando entre eles há uma certa conexão: o substantivo comum ou expressão que designa o agente de uma acção, em vez do nome próprio, de quem praticou a acção (o descobridor do Brasil por Pedro Álvares Cabral); o nome do artista em vez da obra (ler Camões); o continente pelo conteúdo (beber um copo).

13. Sinédoque – Substitui um termo por outro de extensão desigual, como:

o todo pela parte ou vice-versa (beber o mar = beber a água do mar; em minha casa há cinco bocas para sustentar; peito ilustre lusitano = Portugal); a matéria pelo objecto: (ferro por espada: cravou-lhe o ferro no peito); o singular pelo plural e vice-versa (o português é valente; os Camões são raros).

14. Invocação ou apóstrofe – Consiste no chamamento ou interpelação

de alguém ou de alguma coisa personificada: “Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa)

15. Hipérbato – Consiste na alteração da ordem directa das palavras na frase:

“Já no batel entrou do capitão” (Camões)

5- O MODO NARRATIVO

O texto narrativo é o relato de uma história, real ou imaginária, contada (narrada) por um narrador, cujas personagens se envolvem numa acção que decorre num determinado espaço, durante certo período de tempo. Neste tipo de texto, pode surgir a narração, a descrição, o diálogo e mesmo algumas reflexões ( são os chamados modos de expressão).

É uma forma de comunicação, literária ou não literária, que tem por finalidade relatar um ou mais acontecimentos.

Segundo Harry Shaw, a narração ou narrativa é uma forma de discurso o qual se exemplifica em história, notícias de jornais, biografias, autobiografias,

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anedotas, contos, fábulas, lendas, novelas, romances, epopeias. É dinâmica, com predomínio do verbo no pretérito perfeito, na 3ª pessoa.

No processo narrativo, distinguimos: o narrador, o narratário (destinatário ou leitor) e o sujeito de quem se fala. I- O NARRADOR é alguém que o criador da obra literária põe a contar a história: CIÊNCIA DO NARRADOR

- Conhecimento omnisciente – o narrador sabe tudo o que diz respeito às acções. - Conhecimento interno – o narrador, na sua ciência, está com e como a personagem. Pode tomar posição – é subjectivo. - Conhecimento externo - o narrador informa, apenas, os aspectos exteriores e não toma posição – é objectivo.

PRESENÇA DO NARRADOR POSIÇÃO DO NARRADOR

PARTICIPANTE

Dentro

NÃO PARTICIPANTE Fora

Objectivo – limita-se a narrar friamente os acontecimentos. Subjectivo – narra os acontecimentos declarando ou sugerindo a sua posição.

- Como protagonista (personagem principal) – narração na 1ª pessoa – autodiegético. - Como personagem secundária – homodiegético. É observador. Narração na 3ª pessoa – heterodiegético.

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ll- AS CATEGORIAS DA NARRATIVA

• ACÇÃO (intriga, diegese, história):

Relevo

- Central ou principal – é o acontecimento principal. - Secundária – são acontecimentos de menor importância.

Delimitação

- Fechada – acção solucionada até ao pormenor. - Aberta – acção não solucionada

Organização das

sequências narrativas

- Encadeamento – ordenação cronológica das acções. - Alternância – entrelaçamento das acções. - Encaixe – introdução de uma acção noutra.

• PERSONAGENS: Relevo

- Central ou principal – personagem à volta da qual a acção se desenrola, individual ou colectiva. - Secundária – personagem de menor importância para a acção, adjuvantes ou oponentes. - Figurante – não participa, apenas é referida.

Processo de caracterização

- Directa – através de palavras da personagem acerca de si própria, de palavras de outras personagens, de afirmações do narrador. - Indirecta – deduções do leitor acerca da personagem, a partir de atitudes ou acções da mesma.

Retrato Densidade psicológica

- Físico – características físicas, idade, vestuário. - Psicológico – carácter, personalidade. - Tipos ou planas (por vezes caricaturas) – não têm individualidade própria; representam grupos sociais… - Redondas – são individualizadas.

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• ESPAÇO: - Físico – lugar onde a acção se realiza (onde?)

- Psicológico – o lugar do pensamento e emoção das personagens

Lugar ou lugares onde decorre a acção

- Social – o meio social a que pertencem e onde se deslocam as personagens.

• TEMPO: (quando?)

- Cronológico – marcas da passagem do tempo (dia, mês, ano, século, etc.

Analepse – recuo no tempo. Prolepse – avanço no tempo.

Tempo ou tempos em que decorre a acção

- Psicológico – o tempo sentido pelas personagens.

- Histórico – enquadra-dramento histórico das acções.

III- MODOS DE EXPRESSÃO - Narração – é o relato de

acontecimentos, é um momento de avanço da acção (núcleos ou cardinais). Predominam os verbos.

- Descrição – é o descrever de personagens, lugares, objectos, etc. São momentos de pausa (catálises) Predominam os adjectivos e os nomes.

- Diálogo – é a fala entre duas ou mais personagens.

IV- ORGANIZAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NARRATIVAS: 1- Encadeamento: As sequências entrelaçam-se sucessivamente. A B C D E F G

A não contém B B não contém A ….

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2- Encaixe: quando numa narrativa principal está ou estão contidas outras secundárias. 3- Alternância: quando o narrador deixa um assunto para introduzir outro, sem pôr de parte o anterior, de forma que, no fim, todos se juntam (acontece muito nas novelas). A B C

B

A

A contém B B não contém A

A contém BC C contém B

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6- O TEXTO / MODO LÍRICO A poesia lírica foi assim designada por ser cantada e acompanhada ao som da lira. Centra-se no emissor, daí o predomínio da 1ª pessoa – eu – e do tempo presente, da subjectividade, isto é, a expressão de sentimentos, pensamentos e emoções. Na poesia lírica pode ou não encontrar-se: RIMA – é a concordância dos sons finais dos versos a partir da última sílaba tónica; ACENTO – é a maior elevação de voz na pronúncia de sílabas dentro do verso, além da sílaba tónica final, o que contribui para o ritmo do verso; METRO (MÉTRICA) – é a medida do verso, determinada pelas sílabas métricas, que nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais; ESTROFE – é o agrupamento de versos.

RIMA ACENTOS METRO ESTROFE SUA

NATUREZA VERSOS

consoante:

todos os sons são

iguais a partir da última

vogal tónica

toante ou assoante: só

rimam as últimas

vogais a partir da

última vogal tónica

rica: se rimam

palavras de categoria gramatical diferente

pobre: se

rimam palavras da

mesma categoria

sem rima:

soltos ou brancos

com rima:

emparelhados (a mesma rima em

dois ou mais versos seguidos)

cruzados (os versos rimam

alternadamente)

interpolados (entre 2 versos que rimam há dois ou mais sem rima ou

com rima diferente)

encadeados (quando o final de um verso rima com

o meio do seguinte)

agudos

- masculinos: os versos

terminam por palavra aguda

graves - femininos: os

versos terminam em palavra grave

esdrúxulos

- dactílicos: os versos

terminam por palavra

esdrúxula

monossílabo: 1 sílaba, mas é raro

dissílabo ou

bissílabo: 2 sílabas

trissílabo: 3 sílabas

tetrassílabo: 4 sílabas

pentassílabo:

(redondilha menor): 5 sílabas

hexassílabo: 6

sílabas

heptassílabo ou septissílabo: 7

sílabas (redondilha maior)

octossílabo: 8

sílabas

eneassílabo: 9 sílabas

decassílabo: 10

sílabas

hendecassílabo: 11 sílabas (arte maior)

dodecassílabo: 12

sílabas (alexandrino)

monóstico (raro): 1 verso

dístico ou parelha: 2

versos

terceto: 3 versos

quadra: 4

versos

quintilha: 5 versos

sextilha ou sextina: 6

versos

sétima: 7 versos

oitava: 8 versos

nona: 9 versos

décima: 10

versos

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7- A CARTA Quando queremos comunicar com amigos, familiares, que estão longe,

podemos fazê-lo de vários modos, um deles é através da carta. Se quisermos oferecer um produto, pedir uma informação, utilizaremos o mesmo meio, mas com características diferentes. Há, pois, diversos tipos de cartas e têm regras específicas.

Carta pessoal

Meleças, 20 de Setembro de 2008

Olá Margarida, Então como tens passado? Essas férias passaram-se numa boa? As minhas foram óptimas, mas agora regressei ao Colégio. Hoje foi um dia especial, pois reencontrei os meus antigos colegas. Foi só matar saudades, mas o horário é que não é para brincadeira e os livros, nem imaginas, pesam toneladas! Olha, parece que tenho uns profs porreiros, mas é só o princípio! E a tua nova escola? Já arranjaste amigos? Conta-me depressa as novidades, pois daqui a uns tempos começam os testes e não é fácil arranjar tempo para tanta conversa. Dá cumprimentos aos teus pais e irmão. Para ti, carradas de beijocas.

A sempre amiga Clara

- A data aparece à direita da folha, na parte superior. - Depois, escreve-se a saudação, segundo a relação que se mantém com o destinatário. - Usa-se uma linguagem simples, clara e coloquial. - A despedida está de acordo com a saudação. - Assina-se à direita.

Carta comercial Livraria CVG Av. Dr. João António Nabais, 71/73 Meleças 2605-045 Belas S/ref. S/comum. N/ref. Meleças 2/1 1/09/ 07 11/1 20/09/07 Assunto: Encomenda de livros Exmos. Srs. Acusamos a recepção da carta de V. Exas., donde retirámos a encomenda de livros que nesta data lhe enviamos. Incluso encontrarão V. Exas. a respectiva factura no montante de 100 euros.

Com a melhor consideração D. V. Exas.

Atentamente O Responsável ___________

(assinatura)

- No canto superior esquerdo, deve indicar-se o nome do remetente e no superior direito, mais abaixo, o do destinatário. - No corpo da carta, deve usar-se uma linguagem elaborada de acordo com o nível do destinatário. - A fórmula de despedida é seguida pela assinatura do remetente e cargo que exerce.

Exmos. Srs. António & Joel Lda. Avenida Roma, 15 1100 Lisboa

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8- O ESCRITOR E O JORNALISTA A. O ESCRITOR O JORNALISTA � Dirige-se a um público restrito � Dirige-se ao público geral � Exprime pensamentos � Comunica factos - informa � É um artista, produz uma obra � É um técnico, produz notícias � É subjectivo � É objectivo � Manifesta o seu “eu” � Não manifesta o seu “eu” � Recria o real > irreal � Reproduz o real � Apresenta texto elaborado � Apresenta texto transparente � Usa linguagem cuidada � Usa linguagem corrente

B.

� Agências noticiosas (empresas que vendem informações para os meios

de comunicação) – Agência Lusa, Reuter… � Fontes documentais (encontram-se num jornal) – ficheiros, dossiês,

documentos digitalizados … � Informação recebida – agenda do jornalista, correio dos leitores,

comunicados… � Informação procurada – correspondentes estrangeiros… C.

1- Quanto aos seus objectivos

2- Quanto à periodicidade

Especializados Informativos (dão a notícia) Formativos (divulgam conhecimentos científicos)

Desportivos: futebol, automobilismo… Culturais

Diários

Não diários

Matutinos (saem de manhã)

Vespertinos (saem à tarde)

Semanários

Quinzenários

Trissemanários

Mensários

Anuários

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9- TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DIRECTO PARA O INDIRECTO

Ex.: - António, chegaste ao Colégio Vasco da Gama ontem e ainda não te tinha visto! – exclamou o colega muito surpreendido.

Ex.: O colega, muito surpreendido, exclamou que o António tinha chegado (chegara) ao Colégio no dia anterior e ainda não o tinha visto (vira).

Algumas regras

DISCURSO DIRECTO DISCURSO INDIRECTO Uso da 1ª ou 2ª pessoa Uso da 3ª pessoa Verbos: Verbos: Presente Pretérito imperfeito Pretérito perfeito Pretérito mais-que-perfeito Futuro do indicativo Condicional (futuro do pretérito) Futuro do conjuntivo Pretérito imperfeito do conjuntivo Modo imperativo Modo conjuntivo ou infinitivo Pronomes pessoais de 1ª ou 2ª pessoa:

Pronomes pessoais de 3ª pessoa:

Eu, tu Ele, ela Nós vós Eles, elas Pronomes ou determinantes de 1ª ou 2ª pessoa:

Pronomes ou determinantes de 3ª pessoa:

Este (s), esse (s) Aquele (s) Isto, isso Aquilo Meu (s), teu (s), nosso (s), vosso (s) Seu (s) ou dele (s) Advérbios de lugar e de tempo: Advérbios de lugar e de tempo: Aqui, cá Ali, lá Aí, ali, lá Lá

a) Discurso directo: apresenta uma linguagem viva, colocando os factos no momento presente. Reproduzem-se textualmente as palavras que alguém pronunciou.

b) Discurso indirecto: não transmite as falas tal qual foram ditas e o diálogo é relatado, subordinando-o a verbos declarativos (dizer, afirmar, responder, contar, replicar, contestar, exclamar…), que introduzem orações subordinadas completivas.

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Agora, já Então, naquele momento, logo, imediatamente

Hoje Naquele dia Ontem No dia anterior, na véspera Amanhã No dia seguinte Logo Depois Frase interrogativa directa: Frase interrogativa indirecta: Ex.: - Ana, vais ao Colégio? Ex.: Perguntou à Ana se ia ao

Colégio. Vocativo: Desaparece ou passa a

complemento indirecto: Ex.: - Vasco, canta! Ex.: Disse ao Vasco que cantasse.