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Daniel B. WALLACE

Gramática Grega - Daniel B. Wallace

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  • Daniel B.WALLACE

  • Gramtica Grega

    Com ndice Bblico e Palavras Gregas

    U M A S I N T A X E E X E G T I C A

    D O N O V O T E S T A M E N T O

    Daniel B.

    WALLACE

    Digitalizado por: jolosa

  • Gram tica Grega: Uma Sintaxe Exegtica do Novo Testam ento D aniel B. W aJlate

    Copyright 1996 by Daniel B. Wallace Zondervan Publisbing House Grand Rapids, M ichigan 49530

    Ttulo em ingls: Greck Grammnr Beyond the Basics Traduo: Roque Nascimento Albuquerque Reviso: M arcos Paulo SoaresSuperviso de Produo: Edimilson Lima dos Santos Editorao e Capa: Edvaldo Cardoso Matos

    Primeira edio em portugus: 2009

    ISBN: 978-85-7414-023-0

    O Novo Testamento Grego, editado por Barbara Aland, K urt Aland, J. Karavidopoulos, Cario M. Martini, e Bruce M. Metzger. Quarta Edio Revisada. 1966, 1968, 1975, 1983, 1994 pela United Bible Societies. Usado com permisso.

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada em sistema de processamento de dados ou transmitida em qualquer forma ou por qualquer meio - eletrnico, mecnico, fotocpia, gravao ou qualquer outro - exceto para citaes resumidas com o propsito de rever ou comentar, sem prvia autorizao dos Editores.

    Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela:

    EDITORA BATISTA REGULAR DO BRASIL Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - So Paulo - SP

    Telefone: (011) 5561-3239 - Site: www.editorabatistaregular.com .br

  • Dois homens em particular tem impulsionado

    em meu amor pelo Novo Testamento Grego,

    ambos por sua erudio e por seu exemplo

    de graa e humildade crists.

    A eles dedico este livro:

    Dr. Buist M. Fanning

    e em memria de

    Dr. Harry A. Sturz

  • ContedoPrefcio Edio Brasileira............................................................................................................. ixP refcio ................................................................................................................................................... xiLista de Ilustraes........................................................................................................................xxiii

    A breviaes............... xxviIntroduo

    A Abordagem Desse L iv ro .......................................................................................................1A Lngua do Novo Testam ento........................................................................................... 12

    SINTAXESintaxe de Palavras e Locues

    Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais Os Casos

    Os Casos: Introduo.................................................................................. 31Caso Nom inativo..........................................................................................36

    Caso Vocativo.................................................................................................65Caso G enitivo.................................................................................................72Caso D ativ o .......................................................................................... 137Caso A cu sativo ........................................................................................... 176

    O Artigo ................................................................................................................. 206Parte I: Origem, Funo, Usos Regulares e A usncia................... 206Parte II: Usos Especiais e o No Uso do A rtig o ......................255

    A djetivos................................................................................................................. 291Pronom es................................................................................................................ 315Preposies .............................................................................................. 355

    Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas VerbaisPessoa e Nmero .................................................................................................390Voz .............. 407

    A tiv a ............................................................................................................... 410M dia ....................................................................................................414Passiva ............................................................................................. 431

    M o d o ........................................................................................................................ 442Indicativo.......................................................................................................448Subjuntivo......................................................................................................461Optativo ....................................................................................................... 480

    Im p erativo ....................................................................................................485

  • v i i i

    T em p o......................................................................................................................494Os Tempos: Introduo........................................................................... 494Presente..........................................................................................................513Im p erfeito ..................................................................................................... 540A oristo ............................................................................................................554F u tu ro .............................................................................................................566Perfeito e Mais que Perfeito....................................................................572

    O Infinitivo.............................................................................................................587O Particpio.................. 612

    Sintaxe das OraesIntroduo s Oraes G regas........................................................................................... 656O Papel das C onjunes...................................................................................................... 666Estudos Especiais nas Oraes

    Sentenas C ondicionais.............................................................................................. 679Oraes Volicionais (Ordem e Proibies)...........................................................713

    Sumrio Sinttico .............................................................................................................726

    ndice de Assuntos.........................................................................- 765ndice de Palavras G regas............................................................................................... 788ndice Bblico ..... ....795

  • Prefcio Edio Brasileira

    Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramtica de grego para ensinar estrangeiros. Pouco depois, a gramtica passou a ser o livro para ensinar os prprios gregos a sua lngua. Elaborada, claro, pelo prisma prtico para que o nativo de outra lngua aprendesse o grego de forma rpida. Da vem a origem da gramtica descritiva, coisa muito familiar a ns estudantes da lngua grega. As gramticas descritivas no se interessam nos porqus; simplesmente diz: aceite.

    Essa gramtica descritiva serviu de base gramtica de Dionsio de Trcia. E dela que alguns vcios de nomenclatura passaram para o latim e deste para o portugus. Por exemplo, quando usamos palavras como: pronomes do caso reto. Se caso no reto e se reto no caso. E ainda: casos oblquos. Ora se oblquo caso; se caso oblquo. Quando, e.g., denominamos um dos modos verbais de subjuntivo, nos esquecemos que o subjuntivo fala mais do que subordinao. Todos esses erros de nomenclatura fazem parte de nossas vidas h mais de 2.200 anos. E agora...?

    "O problema sobre o argumento que ele move toda a batalha para o outro lado, para o campo do prprio inimigo. O inimigo tambm pode argumentar" (C.S. Lewis). Daniel Wallace nessa Gramtica Grega: Uma Sintaxe Exegtica do Novo Testamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nosso conceito de exegese.

    De uma perspectiva lgica, orgnica, semntica e bblica, a qualidade da exegese brasileira h de ser enriquecida. Essa gramtica reconhece que temos diversos problemas de nomenclatura. Todavia, em lugar de simplesmente balbuciar novas nomenclaturas, ela nos convida a pensar alm das nomenclaturas, mesmo quando no pudermos fugir delas.

    Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vrios pases no mundo atravs desse livro-texto sobre o grego intermedirio que agora chega ao Brasil. Essa gramtica grega usada por mais de dois teros dos seminrios no mundo que ensinam grego intermedirio. Aqui nos Estados Unidos no conheo um nico seminrio evanglico que no a use como livro texto.

    Estou certo de que a Teologia Bblica e a Exegese do Novo Testamento em solo brasileiro recebem uma contribuio essencial para seu desenvolvimento.

    Roque N. Albuquerque, Ph D [Cand] Central Seminary Minneapolis, MN

    Janeiro de 2009

  • xii Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    B. Motivao

    Minha motivao no mudou desde o princpio: encorajar os estudantes a irem alm das categorias gramaticais e verem a relevncia da sintaxe para a exegese. Como algum que ensina tanto gramtica quanto exegese, tenho sentido essa necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego intermedirio, a desiluso e a desmotivao iniciam a "morte das categorias". A gramtica grega tem uma forte tradio de dar listas infindveis dos vrios usos morfossintticos e poucas ilustraes. Isso segue o modelo das gramticas clssicas, que discutem muitos conceitos lingsticos (pois as expresses de qualquer lngua tm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abordagem para o NT, o aluno ter facilmente uma impresso artificial de como a classificao sinttica, quase que naturalmente, ligar a si mesma s palavras em determinada passagem. Isso dar exegese a patente cientfica que merece.

    Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exerccio exegtico, a impresso oposta (e igualmente falsa) surgir: a exegese a arte de importar a viso de algum para dentro do texto, atravs da coleta seletiva de uma classificao sinttica que esteja em harmonia com seu entendimento prvio. A primeira atitude v a sintaxe como uma tarefa exegtica fria e rgida, tanto indispensvel quanto desinteressante. A ltima pressupe que o uso da sintaxe na exegese simplesmente como um jogo wittgensteiniano feito pelos comentaristas.

    Assim, muito da exegese no est propriamente baseada na sintaxe, assim como muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupao exegtica. O resultado dessa dicotomia : o estudante intermedirio no v a relevncia sinttica para a exegese e os exegetas, muitas veze-s, fazem mau uso da sintaxe em seu fazer exegtico. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para isso ao fundamentar a exegese nas expresses da lngua e ao orientar a sintaxe de acordo com seu valor exegtico.

    C. Distintivos

    1. Exemplos exegeticamente significantes

    Depois que forem notadas as ilustraes claras de certa categoria particular, haver muitos exemplos ambguos e exegeticamente significantes. Tais passagens so usualmente discutidas com algum detalhe. Isso no somente da sintaxe algo mais interessante, mas tambm encoraja o estudante a comear a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe no elimina todos os problemas interpretativos).

    3 Isso no significa que uma reduo das categorias sintticas deva ser prefervel. Uma reduo assim, embora seja pedagogicamente mais malevel, de pouco valor exegetico para o aluno. A razo para a multido das categorias nesse livro discutida abaixo.

  • 2. Semntica e "Situao Semntica'

    Prefcio xiii

    Tanto a semntica quanto a "situao semntica" das categorias so freqentemente desenvolvidas. Isto , no s a mera definio para as classificaes ser analisada, mas tambm a nuana das categorias (semnticas) e das situaes semnticas (e.g., contextos, intruses lexicais, etc)4 em que tal uso geralmente ocorre. Esse tipo de anlise mostra que a descrio sinttica no um joguinho do Chapeleiro Maluco em Alice no Pas das Maravilhas e que as expresses da lngua oferecem certos controles exegese. As dicas estruturais que o estudante intermedirio poderia consultar, s vezes, so dadas (e.g., o presente histrico sempre est no indicativo e todos os exemplos claros do presente histrico no NT esto na terceira pessoa). Com freqncia, essa discusso pondera sobre a semntica de certa construo. Isso ajuda o estudante a alcanar o discernimento da importncia exegtica de vrios padres sintticos.5

    3. Definies claras e de fcil captao

    Esta obra tenta dar definies claras e ampliadas, seguidas por um glossrio conhecido como a "chave para identificao" (e.g., para entender o imperfeito ingressivo, o estudante deve traduzir o verbo grego com a expressar "comeou a..."; para o presente costumeiro, o advrbio "habitualmente" antes do verbo).

    4. Plenitude de Exemplos

    Se s um ou dois exemplos fossem apresentados, seria possvel que o estudante focalizasse os elementos atpicos. Com vrios exemplos tomados de uma abordagem relativamente equilibrada dos Evangelhos, Atos, o Corpus Paulino, as Epstolas Gerais e o Apocalipse, o estudante ser exposto a vrios tipos de literatura neotestamentria e ser capaz de ver claramente a nuana de determinada categoria.6 Quando as ilustraes forem tomadas exclusivamente de determinado gnero, no ser acidental, mas indicar que tal uso restrito a tal gnero (e.g., o presente histrico ocorre somente em narrativas). Quase todos os exemplos sero traduzidos com palavras

    4 A "Situao Semntica" desenvolvida completamente na "Abordagem deste Livro".

    5 As vezes, tal discusso ser classificada e, talvez, de modo muito avanado para determinada classe de grego intermedirio. (A discusso semntica do genitivo de aposio, e.g., longa, fugindo do normal). Na realidade, porm, se um professor quer que seus alunos pensem lingisticamente em lugar de simplesmente memorizar categorias gramaticais, essa seo precisa ser "digerida" mentalmente. Por causa da falta de sensibilidade lingstica, muitos alunos do grego cometem alguns tropeos. Sabendo como traduzir e/ou classificar sintaticamente uma construo no a mesma que conhecer como articular os significados de uma construo assim.

    6 Algumas gramticas do NT poderiam receber apropriadamente um ttulo como Uma Sintaxe de Mateus e Ocasionalmente Outros Livros do NT, pois no esto conscientemente tentando tomar exemplos de vrios gneros do NT.

  • xiv Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    apropriadas e claras. Estudantes do nvel avanado apreciariam as muitas variantes textuais (com seus testemunhos) que sero mencionados.7

    \

    5. Estatsticas Gramaticais

    As freqncias de vrias palavras destacadas morfologicamente e suas construes sero alistadas no incio das principais sees.8 O estudante ser informado se dada construo "rara" ou relativamente til (e.g., o partic- pio futuro passivo ocorre uma s vez e o optativo aparece 68 vezes). Raro d uma conotao mais precisa. Sem essa informao acrescentada, o estudante poderia concluir que a condicional de primeira classe acha-se com mais freqncia que o tempo perfeito!

    6. Quadros, Tabelas e Grficos

    Vrios quadros, grficos e tabelas sero includos na Sintaxe Exegtica. Quanto mais quadros, grficos e diagramas vem mostrando a relao lgica entre os conjuntos, a maioria dos estudantes ser capaz de assimilar e reter tais informaes. Tais auxlios visuais apresentaro o uso, a semntica, a freqncia etc. Uma tabela sobre a freqncia das vrias preposies, e.g., revelar imediatamente ao estudante a importncia de kv.

    7. Numerosas categorias sintticas

    Um dos aspectos da obra a quantidade de categorias sintticas, algumas das quais nunca foram impressas antes. Algo precisa ser dito acerca disso, visto que vrios gramticos hoje esto abandonando grande quantidade de categorias sintticas. Eles esto fazendo isso por trs razes interligadas:

    Primeira, por meio das ferramentas da lingstica moderna, h uma crescente apreciao e reconhecimento do significado bsico de vrios elementos morfossinttico (o que chamaremos de significado no-afetado). Assim, declaraes tais como "de fato, todos os genitivos so subjetivos ou objetivos", ou "o aoristo o tempo da omisso usado somente quando um autor deseja abster-se da descrio", estaro em alta.

    7 Para fins estatsticos, o texto de Nestle-Aland26/27/UBS3/4 usado. Comumente, esse texto tambm usado para as ilustraes (com variantes relevantes ao ponto gramatical sob discusso). Quando a ilustrao envolver uma leitura no encontrada nesse texto, isso ser notado.

    E preciso dizer ainda algo sobre a forma dos exemplos usados. Ocasionalmente, as partculas ou outras palavras irrelevantes ao ponto sinttico enfatizado so omitidos sem notificao (ou seja, ". . ."). O texto grego , assim, conservado o mais conciso possvel. Usualmente s o necessrio do contexto ser dado para demonstrar a propriedade da ilustrao para sua categoria.

    8 As estatsticas so inicialmente tomadas do acCordance, um programa de computador para Macintosh (comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que realiza pesquisas sofisticadas sobre uma classificao morfossinttica do Grego do NT (Nestle- Aland26), assim como o Hebraico do AT (BHS) e a LXX (Rahlfs).

  • Prefcio xv

    Segunda, numerosas categorias especficas de uso restringem a si certas situaes semnticas (tal como gnero, contexto, significado lexical de palavras envolvidas, etc.). Isso gera, muitas vezes, ms interpretaes, v.g., simples aplicaes do significado bsico, e no legtima, por si s, as categorias semnticas. Comparando analogias e lexicologia, a tendncia agora tratar tais categorias como no puramente gramaticais, e, portanto, indignas de descrio nas gramticas.9

    Terceira, muitas vezes, por razes pedaggicas, o nmero de categorias gramaticais tem sido reduzido. Vrias dessas categorias tm sido amontoadas (e.g., em certa recente gramtica, os dativos de modo, causa, agente e maneira foram tratados como categorias indistintas10). Outras categorias, especialmente raras, sero ignoradas.11

    Essa tendncia tem utilidade at certo ponto, mas, eu aviso, exagerada. A lgica para isso est na falta de nuanas. Embora nosso entendimento do significado no-afetado de certas categorias morfossintticas seja crescente, deixar a discusso da sintaxe no nvel do denominador comum no lingisticamente sensvel nem possui utilidade pedaggica. A natureza da lngua tal que a gramtica no pode isolar-se de outros elementos como contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como meras aplicaes, preferimos v-los como vrios usos ou categorias do significado afetado da forma bsica. De fato, nossa abordagem sinttica fundamental est em distinguir o significado no-afetado do afetado e notar os sinais lingsticos que informam tal distino.

    Ningum, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos um verbo que tem sete identificadores morfossintticos diferentes para si (um dos quais pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso em dado contexto (tanto literrio quanto histrico). Embora, estejamos, s vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses outros aspectos lingsticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa gramtica que outros aspectos lingsticos afetam (e, portanto, contribuem) o significado da categoria gramatical especfica sob investigao.

    9 Por exemplo, em muitos estudos lexicais/lingsticos, a diferena entre uma elocuo e uma sentena ser apontada. (Cf., e.g., a excelente obra de Peter Cotterell e Max Turner, Linguistics an Bblical Interpretation [Downers Grove, IL: InterVarsity, 1989] 22-23). Uma elocuo uma declarao nica, singular. As mesmas palavras podem ser repetidas em diferentes ocasies, mas no seria a mesma elocuao. Seria, porm, a mesma sentena. Aplicando isso aos estudos lexicais, uma distino deve ser feita entre significado e exemplo, enquanto o corpus estudado, caso contrrio, um dicionrio teria de dar todas as ocorrncias, classificando cada uma delas com um significado distinto.

    10 S. E. Porter, lioms of the Greek New Testament (Sheffield: JSOT, 1992) 98-99.11 Para uma gramtica intermediria (tal como a obra presente). Isso seria razo

    suficiente para no se alistar certas categorias.

  • xvi Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    As hipteses dos gramticos acerca do significado no-afetado12 de um elemento morfossinttico (tal como o genitivo, o tempo presente etc.) sero supostamente baseadas sobre uma amostragem descente dos dados e sobre uma grade lingstica apropriada para o exame. As obras mais antigas tendiam a obscurecer o significado no-afetado, pois os dados sobre os quais baseavam suas definies eram insuficientes. A idia, v.g., de que a proibio no presente quer dizer, na sua essncia, "para de fazer" , na realidade, um uso especfico que no pode ser aplicado de forma geral. Uma noo abstrata da proibio no tempo presente, primeiramente, precisa achar base tanto distintiva para a proibio no presente quanto capaz de explicar muitos dados.

    Contudo simplesmente reelaborar tais definies baseadas em uma amostragem mais ampla dos dados no as tornam mais avanadas. Os aspectos extragramaticais tm que ser examinados tambm caso as categorias importantes de uso sejam articuladas. Assim, o prximo passo examinar a proibio no presente em vrios contextos, gneros e lexemas. A medida que certos padres semnticos forem detectados, eles formaro o fundamento para as vrias categorias.

    Uma ilustrao extrada da sala de aula poderia ajudar. Em uma aula sobre sintaxe no segundo ano de grego no Seminrio de Dallas, o departamento de NT oferece atividades de traduo e anlise sinttica. medida que passamos por uma passagem, o aluno traduz e analisa vrios aspectos sintticos. Em algumas ocasies, a discusso na sala soa algo mais ou menos assim:

    Aluno: "Eu acho que isso seja um genitivo possessivo".

    Professor: "E muito mais provvel que seja um genitivo atributivo. Note o contexto: na linha anterior, Paulo diz..."

    Aluno: "Pensei que fosse uma aula de gramtica grega. O que o contexto tem a ver com isso"?

    Professor: "Tudo".

    A partir desse ponto segue-se uma clara (pelo menos, eu espero) discusso sobre como a sintaxe no pode ser entendida parte de outros aspectos da linguagem. (Os alunos normalmente no esto preparados para tal, pois: aps

    12 Se a terminologia "significado no-afetado" for difcil de ser captada, voc poderia apelar a um exemplo particular disso. Aspecto verbal (como oposto a Aktionsart) o significado no-afetado do tipo de ao que os vrios tempos podem ter. No afetado pelas intruses lexicais e contextuais. Aktionsart, por outro lado, o significado afetado, moldado especialmente pelo lexema verbal. (Naturalmente, essa ilustrao no ajudar queles que no tm mantido contato com o termo Aktionsart!). Estou simplesmente aplicando os achados e a categorizao da pesquisa aspectual a uma rea mais ampla, ou seja, a tudo da sintaxe. (Assim, v.g., quando o significado bsico do genitivo for discutido, ser realmente uma figura abstrata, baseada em uma multido de exemplos concretos onde um denominador comum, em certo grau considervel, ocorrer de forma repetida).

  • Prefcio xvii

    completarem um ano de estudo e terem diversas formas gramaticais memorizadas, muitos acharo que no esto fazendo exegese, se lhes exigirmos que pensem tambm pelo contexto literrio, e no somente pela gramtica. As categorias sintticas especficas, na realidade, quase nunca so categorias meramente sintticas. Sintaxe , na verdade, uma anlise de como certos aspectos repetitivos, predicveis e "organizveis" da comunicao (a situao semntica) impactam as discretas formas morfossintticas.

    No til nem possvel simplesmente reduzir a sintaxe ao fio elementar que, em grande parte, percorrer todos os elementos de uma forma particular. Por experincia, vejo que muitos estudantes que aprendem o grego do NT no esto realmente interessados em gramtica grega ou at mesmo em lingstica. Eles so interessados na interpretao e exegese. Assim, para abster-se de discutir as vrias facetas, dizem: "o genitivo o promotor de impreciso exegtica". No entanto, categorias compostas, sem a discusso das vrias situaes semnticas onde ocorrem, promove eisegese, no exegese. Desse modo, embora essas categorias sejam complicadas, s vezes, mais proveitoso, pedagogicamente, entreg-las ao estudante do que o contrrio, uma vez que ele est interessado em exegese e no s na gramtica grega.

    8. Sem discusso de anlise de discurso

    Diferente da tendncia corrente, esta obra no traz nenhum captulo sobre Anlise do Discurso (AD). A razo qudrupla: (1) a AD ainda est em seu estgio infantil de seu desenvolvimento, em que mtodos, terminologia e resultados tendem a ser instveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os mtodos da AD, medida que so considerados, tendem a no partir do contexto (i.e., no comeam com a palavra, nem mesmo com a sentena). Isso de modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da investigao sinttica. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definio somente funcionar no permetro desse tpico e, assim, no ser includa.14 (4) Finalmente, a AD um tpico muito significante para receber um tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramtica. Ela merece sua prpria discusso mais acurada, tal qual se acham nas obras de Cotterell e Turner, D. A. Black e outros.15

    13 Em um nvel mais amplo, isso anlogo crtica devastadora de Robinson, feita h duas dcadas atrs, sobre a gramtica transformacional de Noam Chomsky: "Estilos lingsticos vm e vo com uma rapidez que em si sugere algo suspeito sobre a vindicao essencial da lingstica, como cincia" (Ian Robinson, The New Grammarians' Funeral: A Critique ofNoam Chomsky's Linguistics [Cambridge: CUP, 1975] x).

    14 P. H. Matthews, em sua maestral Syntax (Cambridge: CUP, 1981), Definiu sintaxe "como um assunto distinto da estilstica. Esta estuda a 'sintaxe por trs da sentena' com ou sem significado" (xvix). Eu no iria to longe, mas caminho na mesma direo.

    15 Felizmente, encontrei Matthews de acordo com tal apreciao geral: "Estes campos [anlise do discurso e estrutura de sentenas] so muito importantes, e seus mtodos muito mais do que eles mesmos, para serem manuseados como um apndice de um livro cujo assunto seja basicamente as inter-relaes das frases e oraes (Syntax, xix).

  • xviii Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    9. Prioridade Estrutural

    Uma outra tendncia entre os gramticos (seja de grego ou de outra lngua) de organizar o material a partir da prioridade semntica e no a partir da estrutural. O foco est em como o propsito, possesso, o resultado, a condio etc. so expressos, e no sobre as formas usadas para expressar tais noes.

    As gramticas de prioridade semntica so muito teis para a composio em uma linguagem viva, no para a anlise de um pequeno corpus de uma lngua morta. Isso no significa que tal abordagem no aparea em uma gramtica de grego antiga, mas que uma gramtica intermediria e exegtica tem mais utilidade se organizada pelos aspectos morfossintticos.

    Prev-se que o usurio mdio dessa obra ter pouca habilidade ou a inclinao em pensar que descobrir o porqu de tal forma ter sido usada em certo texto grego neotestamentrio. No entanto, esse usurio deve ser capaz de reconhecer tais formas medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por exemplo, encontrar-se com um Iva ou um infinitivo articular genitivo no texto, a primeira questo a ser feita no deve ser: "Qual o propsito de isso ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As questes iniciais so quase sempre ligadas a forma. O valor de uma gramtica exegtica est relacionado sua utilidade exegtica, pois a exegese comea com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus conceitos. Isso o que faz uma gramtica exegtica.

    Uma conseqncia prtica de um esquema de prioridade estrutural : a seo sobre sintaxe das oraes ser relativamente pequena comparada sintaxe dos substantivos e verbos.

    10. Breve Material Sobre Categorias Lxico-Sintticas

    Certas categorias morfossintticas envolvem considervel nmero de lexemas (tais como substantivos, adjetivos e verbos). Aqueles que possuem determinados lexemas so categorias lxico-sintticas. E nossa convico que as obras-padro lexicogrficas, v.g., tais como o BAGD, j tm tanto um tratamento admirvel de tais categorias fceis de localizar (ou seja, em ordem alfabtica) quanto ricos dados bibliogrficos, variantes textuais e discusses exegticas (no obstante, concisas).16 Alm do que, qualquer interessado em sintaxe exegtica no precisa sentir-se desafiado a adquirir um lxico. Esta (ou deveria ser) uma das ferramentas mais acessveis na biblioteca de um exegeta.

    16 Uma exceo a introduo sobre o artigo. Visto que o artigo , sem dvida, a palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor mais prximo, Ka), ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.

  • Prefcio xix

    luz dessas consideraes, pareceu-me suprfluo duplicar todo o material j encontrado no lxico.17 Assim, nossa discusso sobre as categorias lxico- sintticas envolver: (1) um esboo dos usos terminolgicos consistentes com o resto da obra; (2) poucas discusses detalhadas de passagens exegeticamente significantes; e (3) princpios gerais teis s maiores categorias sintticas a que certa categoria especfica lxico-sintticas pertena (e.g., tipos de conjunes, observaes gerais sobre preposies etc.).

    11. O Esquema

    Esse texto foi esquematizado para diversos usurios, desde o aluno intermedirio, que ainda percebem suas limitaes de inexperientes, at pastores experimentados que vivem sob o texto grego.

    As ilustraes so dadas tanto no grego quanto em portugus, com relevantes formas sintticas realadas.

    H pelo menos trs nveis de discusso em sintaxe exegtica.

    1) O mais simples o "Sumrio Sinttico". Quase todo o sumrio sinttico inclui ttulo da categoria, breve definio e glossrio transicional (chamado de "Chave para Identificao".). Nenhum exemplo ou discusso exegtica ou lingstica ser encontrado aqui. Esse um esboo do livro, feito para despertar a memria daqueles que tm trabalhado as categorias.

    2) O nvel intermedirio encontrado normalmente no corpo do livro. Isso inclui especialmente definies e ilustraes, assim como as discusses da semntica de muitas categorias.

    3) O nvel avanado se acha em menor escala. Isso inclui especialmente as notas de rodap. Muitas destas ampliam as discusses extensivas da sintaxe. As discusses exegticas de passagens seletas sero tambm colocadas nessa parte. O estudante intermedirio encorajado a l-las (nem que seja de forma dinmica) medida que essas passagens sirvam de motivao como modelos da sintaxe exegtica.18

    17 As gramticas mais antigas (tais como a de Robertson) gastam uma quantidade exorbitante de espao em categorias lxico-sintticas. Tal deve-se inexistncia de lxicos atualizados e compreensveis. Curiosamente, muitas gramticas recentes tm a mesma abordagem, mas sem a mesma necessidade.

    18 Algumas discusses exegticas, porm, so muito complexas. Essas discusses podem ser lidas de forma rpida pelo aluno intermedirio.

  • X X Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    Finalmente, o ndice bblico preocupa-se especialmente com o trabalho pastoral. Em lugar de alistar simplesmente os textos encontrados no corpo da obra, aqueles que receberem amplo tratamento (especialmente de natureza exegtica) sero destacados.

    II. Como Usar Este Texto na Sala de Aula (ou, Uma Defesa da Extenso da Sintaxe Exegtica)

    No escrevi essa obra para lingistas, embora use a lingstica. No escrevi para aqueles cujo interesse no NT simplesmente a traduo, embora deva ajudar nesse sentido.19 Eu escrevi para aqueles que esto preocupados com a interpretao, a exegese e a exposio do texto. Essa obra foi planejada visando incluso de uma variedade de usurios: estudantes de grego intermedirio, avanado, expositores bblicos e qualquer pessoa para quem o grego se tornou como um publicano ou um gentio! Em suma, essa obra estruturada tanto para sala de aula quanto para os estudos pastorais.

    A tremenda intimidao pode passar a idia prima facie que no tenho experincia de sala de aula! Alguns professores de grego intermedirio se preocupariam sobre tal extenso, sentindo-se incapaz de cobrir todo esse material em um curso de um semestre. Uma explicao sobre seu tamanho, bem como os indicadores de como pode ser usada em tempo to curto, sero dispostos para verificao.

    Muito sobre a extenso da obra deve-se a vrios aspectos, nem sempre achados em uma gramtica de grego intermedirio:

    1. Abundncia de exemplos, esboados em formato de fcil leitura 2. Notas de rodap relativamente extensas 3. Inmeros quadros e tabelas 4. Discusses de passagens exegeticamente significativas 5. Anlise do uso de categorias raras 6. Discusses da semntica

    Como voc pode ver, nem tudo do extenso material extra gera dificuldade. Os quadros e as ilustraes extras, em particular, devem tornar os esforos de sala de aula mais fceis. (Por analogia, o livro Basics ofBiblical Greek de William Mounce [Fundamentos do Grego Bblico, publicado pela Zondervan] muito mais que uma gramtica mdia para o primeiro ano e est cheia de muitas informaes pedaggicas importantes de maneira que seu tamanho ajuda nas instrues em vez de prejudicar.) A fim de cobrir o material em um semestre, devo encoraj-lo a seguir as primeiras duas sugestes. Se o semestre estiver cheio de outras tarefas, as sugestes trs e quatro necessariamente seriam implementadas.

    19 Geralmente, cursos de seminrios so oferecidos tendo a exegese em sua grade, enquanto cursos em faculdades focam mais especificamente sobre a traduo (N.T.: Nos EUA, seminrios ensinam cursos de ps-graduao; enquanto faculdades, graduao).

  • Prefcio xxi

    1) O estudante intermedirio precisa ignorar todas as notas de rodap. Os rodaps foram planejados para professores e estudantes no nvel avanado.

    2) O estudante pode ler rapidamente os usos de categorias mais raras. Algumas categorias so to raras que bom s saber da sua existncia e usar a gramtica como uma ferramenta de referncia mais tarde. No as discuta ou questione exageradamente. O estudante tem simplesmente que ler o material para exposio e parar por a. Desse modo, o professor poderia dizer ao aluno que note os sumrios e marque seus textos adequadamente.20 As categorias mais comuns sero notadas com uma seta na margem esquerda. Desenvolva o hbito de verific-las.

    3) Alguns que ensinam o grego intermedirio podem querer que os alunos ignorem ou leiam rapidamente as discusses exegticas (Logo abaixo se acham muitos exemplos). Pessoalmente, penso que isso um importante aspecto que motivar os estudantes. No entanto, voc pode discordar fortemente de minha exegese e no querer que seus alunos sejam expostos a ela.21

    4) Alguns professores (especialmente no nvel universitrio) desejaro que seus alunos ignorem tudo, menos as definies, as chaves para identificaes e as ilustraes claras. O resto do material poderia ser usado como referncia.22

    A abordagem sugerida que implementa as primeiras duas sugestes acima a seguinte. Os estudantes devem ler trs vezes o material dirio. A primeira leitura (ou leitura dinmica) tem o propsito de adquirir uma viso do todo e familiarizao com o material. A segunda leitura, a memorizao das definies e de uma ou duas ilustraes. A terceira leitura, revisar e refletir, especialmente sobre as discusses mais profundas. Isso deve ser seguindo pela recapitulao semanalmente do material.

    Em suma, h muitas abordagens que podem tornar-se vivel em um nico semestre. E possvel que, no trmino do semestre, o aluno no domine, ou pense que no domina, completamente a Sintaxe Exegtica, porm, mesmo assim, tal conhecimento ainda ter sido de algum valor no processo.23

    20 Uma exceo geral a essa abordagem envolve as raras categorias que so muitas vezes requisitadas em comentrios (e.g., dativo de agncia, particpio imperatival). Tais deveriam ser reconhecidas se, e somente se, ajudarem o aluno a ser mais crtico dos usos exagerados em obras exegticas. Muitas dessas categorias abusadas so destacadas por uma espcie de cruz na margem esquerda.

    21 Cursos de faculdades que focalizam a traduo tipicamente lero de forma rpida as questes exegticas.

    22 Ao usar a gramtica desse modo, o aluno realmente apreender menos material do que achado em algumas das gramticas intermedirias mais abreviadas.

    23 Uma das razes para o tamanho dessa obra tem a ver com seu amplo propsito. Este livro tem o propsito de resolver duas deficincias: a primeira entre os livros-texto do primeiro ano tal como Basics ofBiblical Greek e as referncias-padro, tais como o BDF, e a outra entre a sintaxe e a exegese. Tudo contribui para a extenso da obra. Qualquer abreviao significante teria prejudicado esse objetivo duplo.

  • xxii Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    III. Reconhecimentos

    Como esse texto tem sido usado, pelo menos em seu esboo, h mais de 15 anos, minha dvida de gratido constitui-se em uma longa lista.

    Primeiro, sou grato a meus alunos que por anos trabalharam com esse material, respondendo a provas e testes, e que, gentilmente, corrigiram muitos dos meus equvocos, e me encorajaram a publicar tal obra. A lista inclui os alunos de grego intermedirio do Seminrio de Dallas (1979-81), os alunos de grego intermedirio do Grace Seminary (1981-83) e os alunos de gramtica grega avanada do Seminrio de Dallas (1988-94).

    Agradecimentos so tambm devidos Pamela Bingham e Christine Wakitsch que digitaram um arqutipo da obra no computador para o uso em sala. Sua pertinente exatido me impulsionou a focalizar-me no contedo e no na forma.

    Kbo devido aos seguintes "guerreiros" selecionados a dedo: Mike Burer, Charlie Cummings, Ben Ellis, Joe Fantin, R. Elliott Greene, Don Hartley, Greg Herrick, Shil Kwan Jeon, "Bobs" Johnson, J. Will Johnston, Donald Leung, Brian Ortner, Richard Smith, Brad Van Eerden, e "Benwa" Wallace. Esses homens buscaram ilustraes, checaram as referncias, examinaram manuscritos fac-smiles e textos gregos para variantes, reuniram tanto dados primrios quanto secundrios, preparam os ndices e ofereceram muitas crticas e contribuies valiosas. Muitqs desses alunos foram internos entre 1993 e 1996 no Seminrio de Dallas. Outros foram amigos interessados que dedicaram seus esforos amorosos pela sintaxe e exegese no NT.

    Reconhecimentos tambm so devidos aos "atletas" que examinaram o penltimo esboo durante o ano escolar de 1994-95. Especialmente destacam-se: Dr. Stephen M Baugh, Dr. William H. Heth e Dr. Dale Wheeler.

    Tenho recebido auxlio em cada passo do processo por bibliotecrios e bibliotecas. No topo da lista esto: Teresa Ingalls (Bibliotecria de emprstimo entre bibliotecas) e Marvin Hunn (Bibliotecria assistente) da Biblioteca Turpin, Seminrio de Dallas. Em adio, fui auxiliado consideravelmente pelas pesquisas na Tyndale House em Cambridge, Inglaterra, Biblioteca da Universidade de Cambridge, Biblioteca Morgan do Grace Seminary (particularmente til foi Jerry Lincoln, bibliotecrio assistente), e mais que meia dzia de outras escolas e bibliotecas.

    Essa gramtica no teria sido possvel sem o acCordance, um software para Macintosh (vendido pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que efetua pesquisas sofisticadas sobre morfologia grega do NT (Nestle-Aland26), assim como a hebraica no AT (BHS) e na LXX (Rahlfs). Essa ferramenta de renome tem sido um sine qua non na escrita dessa gramtica. No somente providenciou muitas estatsticas, mas tambm se mostrou valioso ao trazer tona vrias ilustraes. Devo agradecer especialmente a James Boyer, que lidou com o grego do NT. Paul Miller, o mentor do programa original do Gramcord para DOS e Roy Brown que desenvolveu a verso para Macintosh.

    Devo manifestar minha apreciao pelo falecido Philip R. Williams, cuja Grammar Notes on the Noun and Verb envolve, inter alia, definies cristalinas. De fato, originalmente meu esforo literrio sobre sintaxe constitui-se apenas de notas de sala cujo

  • Prefcio xxiii

    objetivo era que servissem de suplemento s notas de William. Dr. Williams. Sua estabilidade no Seminrio de Dallas sobrepujou a minha e impactou meu pensamento sobre sintaxe substancialmente.

    A herana de William continua no Seminrio de Dallas onde todo o Departamento de Estudos no NT tem sido configurado e reconfigurado em suas Notas de Sintaxe Grega (GSN - Greek Syntaxe Notes, em ingls) para uso em sala de aula. As contribuies para essa obra vieram de muitas mentes durante vrios anos. O GSN tem sido parte inerente do grego intermedirio no Seminrio de Dallas por dcadas passadas, bem como muitas das ilustraes e definies, tem feito seu caminho dentro da urdidura e trama da Sintaxe Exegtica. Eu posso somente expressar minha dvida com o departamento por seu claro pensamento de grupo acerca da sintaxe do NT.

    A minha esposa, Pati, aquela que possui os ps no cho, eu sou muito grato por seu encorajamento em publicar minhas notas. Mais que qualquer outra pessoa, ela tem me estimulado, induzido e persuadido para que esse material atingisse confins alm da sala de aula.

    Eu sou grato ao meu amigo de infncia, Bill Mounce por seu entusiasmo contagiante e por suas sugestes a fim de que esse livro fosse publicado na srie sobre grego bblico da Zondervan. Agradeo tambm a Bill pela composio final deste livro.

    Sou grato tambm s ajudas graciosas oferecidas por todos da Zondervan Publishing House: a Ed Vandermaas, Stan Gundry e Jack Kragt, por seus incalculveis encorajamentos desde o incio; e especialmente a Verlyn Verbrugge, o editor da obra, cujos olhos de guia viram o projeto at seu fim. A capacidade de Verlyn como revisor, editor, lingista, erudito de grego e exegeta, felizmente ligado a seu afvel comportamento, tem lhe concedido o carter de editor ideal para me auxiliar, mesmo diante da minha, constante, mesquinhez.

    Pelo apoio financeiro que recebi para o trmino dessa obra, eu desejo agradecer especialmente a dois institutos: Seminrio de Dallas, por me outorgar tanto um ano sabtico quanto uma licena para estudo (1994-95); e ao Biblical Studies Foundation (Fundao para Estudos Bblicos), por sua contribuio um tanto generosa para com minha viagem para a Inglaterra na primavera de 1995. Alm disso, muitos, muitos amigos tm nos sustentado financeiramente em todos estes anos, na esperana que este livro fosse finalmente publicado. A vocs, dedico uma palavra especial de gratido.

    Finalmente, expresso minha mais profunda apreciao a dois homens que muito tm me instigado e me conscientizado dos ricos detalhes do grego do NT: Dr. Buist M. Fanning III e falecido Dr. Harry A. Sturz. Dr. Sturz, meu primeiro professor de grego (Biola University), guiou-me por vrios cursos de gramtica grega e criticismo textual, incluindo um longo ano de estudo independente sobre solecismos do Apocalipse. Embora, muito amvel, Dr. Sturz nunca falhou em criticar meu esforo, moderando minha imaturidade exuberante. Tal integridade foi somente igualada por seu prprio esprito de humildade. E Dr. Fanning que me instruiu na gramtica grega avanada no vero de 1977, no Seminrio de Dallas. Ele continua a exercer uma influncia sbria sobre mim visto que tem modelado tanto meu pensamento sobre sintaxe - sua marca certamente sentida praticamente sobre cada pgina dessa obra. Embora ele se considere um simples colega, eu sempre o considerei meu mentor em assuntos gramaticais.

  • xxiv Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    Algum poderia ser tentado a pensar que com tamanha nuvem de testemunhas, essa obra deveria ser um marco, apontado uma nova era nos estudos gramticas do Grego! Um rpido exame do livro rapidamente dissipar essa noo. Eu no possuo tal iluso de grandeza para esse volume. Enfim, a responsabilidade de dar forma e contedo a essa obra pertence a mim. Os maiores equvocos certamente so devidos minha natureza obstinada e fragilidade mente. Essa teimosia lana meus defeitos em minha prpria face. Tal fragilidade pe-me mais a par do que sou agora. No entanto, espero que essa Sintaxe Exegtica traga alguma contribuio, encorajamento e motivao queles que manuseiam o sagrado texto a fim de perscrutar a verdade - mesmo no considerando seu prprio prejuzo.

    yG m aca uepl rij r|0e.a

    - Sirach 4:28

  • Lista de IlustraesTabelas

    1. Nvel Literrio de Autores do N T ..........................................................................302. Sistema de Cinco Casos vs. Sistema de Oito Casos.............................................343. Semntica da Construo Plural Pessoal ASKS..................................................2834. Tipos de Substantivos Usado Na Construo Plural Pessoal [ASKS]..............2835. As Funes do Adjetivo...........................................................................................2926. Posies Atributiva e Predicativa do Adjetivo...................................................3097. Como Agncia Expressa no N T .........................................................................4328. A Semntica dos Modos Comparados.................................................................4469. Tempo Verbal no Portugus no Discurso Direto e Indireto.............................457

    10. A Semntica das Questes Deliberativas............................................................46611. As Formas do Particpio Perifrstico................................................................... 64812. A Estrutura das Condicionais............................................................................... 689

    Quadro241. A Natureza Multiforme do Grego do N T ............................................................. 282. Freqncia das Formas de Casos no N T............................................................... 313. Freqncia de Casos no NT (Nominativo)........................................................... 374. Relao Semntica do Sujeito e o Predicado Nominativo............................... 425. Freqncia de Casos no NT (Vocativo)..................................................................666. Freqncia de Casos no NT (Genitivo)..................................................................737. A Relao do Genitivo Descritivo com Vrios Outros

    Usos do Genitivo........................................................................................................ 808. A Semntica do Genitivo Atributivo.......................................................................869. Um Diagrama Semntico do Genitivo Atributivo e do

    Genitivo Atribudo..................................................................................................... 8910. Genitivo de Contedo vs. Genitivo de Material...................................................9311. Genitivo de Aposio vs. Genitivo em Simples Aposio..................................9712. Diagrama do Genitivo Subjetivo e Objetivo........................................................11813. Frequncia de Casos no NT (Dativo)....................................................................138

    24 Estamos usando o termo "Quadro" de forma solta, incluindo quadros, diagramas, figuras, e certamente tudo que no seja tabela.

    xxv

  • xxvi Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    14. Frequncia de Casos no NT (Acusativo)..............................................................17915. A Semntica da Construo Objeto-Completo....................................................18516. Os Casos Usados para Tempo................................................................................20317. As Foras Bsica do Artigo.....................................................................................21018. O Artigo Individualizante vs. Genrico...............................................................22719. As Relaes Semnticas do Artigo Individualizante........................................ 23020. Quadro do Fluxo do Artigo com Substantivos...................................................23121. A Semntica dos Nomes Anarthros...................................................................... 24322. A Semntica dos Nomes Indefinidos.............................................................. 24423. A Semntica dos Nomes Qualitativos............................................................ 24424. A Semntica dos Nomes Genricos................................................................. 24425. A Semntica dos Nomes Definidos.................................................................24526. Os Diferentes Dados para a Regra de Colwell vs.

    A Construo de Colwell........................................................................................ 26227. O Alcance Semntico do Nominativo Predicativo Anarthro......................... 26328. Grupos Distintos, embora Unidos [Construo Pessoal Plural ASKS] 27929. Grupos Justapostos [Construo Pessoal Plural ASKA] ...................................28030. Primeiro Grupo Subconjunto do Segundo

    [Construo Pessoal Plural ASKS]......................................................................... 28031. Segundo Grupo Subconjunto do Primeiro

    [Construo Pessoal Plural ASKS]......................................................................... 28132. Grupos Idnticos [Construo Pessoal Plural ASKS].........................................28233. O Alcance Semntico das Formas do Adjetivo...................................................30534. Freqncia das Classes de Pronomes no NT....................................................... 32035. Freqncia de Pronomes no N T ............................................................................ 35436. Freqncia de Preposies no N T......................................................................... 35737. As Funes Espaciais das Preposies................................................................. 35838. Justaposio Semntica entre Caso Simples e a Preposio + Case................36239. Justaposio nos Usos de Avt e Ynp...............................................................38740. O Escopo do "Ns" no NT....................................................................................... 39441. A Direo da Ao nas Vozes Gregas.................................................................... 40942. Estatstica da Voz no N T..........................................................................................41043. Os Modos Visto em Dois Contnuos..................................................................... 44644. Freqncia dos Modos no N T................................................................................ 44745. Justaposio Semntica do Subjuntivo e Optativo............................................. 46246. Frequncia Relativa de Tempos no N T ................................................................ 49647. Semelhanas de Tempo-Aspecto no Presente & Imperfeito Indicativo 50848. A Fora do Presente Instantneo............................................................................ 51749. A Fora do Presente Progressivo.............................................................................51850. A Fora do Presente Estendido do Passado............................................................520

  • Lista de Ilustraes xxvii

    51. A Fora do Presente Iterativo................................................................................ 52152. A Fora do Presente Costumeiro.......................................................................... 52253. A Fora do Presente Gnmico............................................................................... 52454. A Fora do Presente Histrico................................................................................52855. A Fora do Presente Perfectivo..............................................................................53256. A Fora do (Verdadeiro) Presente Conativo....................................................... 53457. A Fora do Presente Tendencial.............................................................................53558. A Fora do Presente Completamente Futurstico............................................... 53659. A Fora do Presente na Maior Parte Futurstico..................................................53760. A Fora Bsica do Imperfeito.................................................................................54161. A Fora do Imperfeito Instantneo.......................................................................54262. A Fora do Imperfeito Progressivo.......................................................................54363. A Fora do Imperfeito Ingressivo..........................................................................54564. A Fora do Imperfeito Iterativo.............................................................................54765. A Fora do Imperfeito Costumeiro.......................................................................54866. A Fora do (Verdadeiro) Imperfeito Conativo.....................................................55067. A Fora do Imperfeito Tendencial.........................................................................55168. A Fora do Aoristo Indicativo................................................................................55669. A Fora do Tempo Futuro.......................................................................................56770. A Fora do Perfeito...................................................................................................57471. A Fora do Perfeito Intensivo................................................................................. 57672. A Fora do Perfeito Extensivo................................................................................57773. A Fora do Perfeito Dramtico............................................................................... 57874. O Perfeito com Fora do Presente......................................................................... 57975. O Perfeito Aorstico e o Perfeito com Fora do Presente Comparado 57976. A Fora do Mais-que-Perfeito................................................................................. 58377. A Fora do Mais-que-Perfeito Intensivo...............................................................58478. A Fora do Mais-que-Perfeito Extensivo.............................................................. 58579. O Alcance Semntico do Infinito........................................................................... 59080. O Tempo nos Particpios.................................................. 61481. O Alcance Semntico do Particpio.......................................................................61682. Os Tempos dos Particpios Adverbiais................................................................. 62683. A Justaposio Semntica dos Particpios de Propsito e Resultado.............. 638

  • AbreviaesAB

    Abel, Grammaire

    acus.

    acCordance

    ACF

    AJP

    ARA

    ARC

    AT

    BAGD

    BDF

    Bib

    BNTC

    Anchor Bible

    Abel, F.-M. Grammaire du grec bblique: Suive d'un chox de papyrus, 2 ed. Paris: Gabalda, 1927.

    acusativo

    Software Mac que realiza pesquisas sofisticadas no NT Grego morfolo- gicamente classificado (texto Nestle- Aland26 text) como tambm AT Hebraico (BHS). Comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA, e programado por Roy Brown.

    Almeida Corrigida Fiel

    American Journal ofPhilology

    Almeida Revista e Atualizada

    Almeida Revista e Corrida

    Antigo Testamento

    A Greek-English Lexicon oftheN ew Testa- ment and Other Early Christian Literature. By W. Bauer. Trans. and rev. by W. F. Arndt, F. W. Gingrich, and F. W. Danker. Chicago: University of Chicago Press, 1979.

    Blass, F., and A. Debrunner. A Greek Grammar ofthe New Testament and Other Early Christian Literature. Trans. and rev. by R. W. Funk. Chicago: University of Chicago Press, 1961.

    Bblica

    Black's New Testament Commentaries

    xxviii

  • Dois homens em particular tem impulsionado

    em meu amor pelo Novo Testamento Grego,

    ambos por sua erudio e por seu exemplo

    de graa e humildade crists.

    A eles dedico este livro:

    Dr. Buist M. Fanning

    e em memria de

    Dr. Harry A. Sturz

  • ContedoPrefcio Edio Brasileira..................................................................................................ixPrefcio................................................................................................................................... xiLista de Ilustraes...........................................................................................................xxiiiAbreviaes........................................................................................................................ xxviIntroduo

    A Abordagem Desse Livro............................................................................................1A Lngua do Novo Testamento................................................................................. 12

    SINTAXESintaxe de Palavras e Locues

    Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais Os Casos

    Os Casos: Introduo......................................................................... 31Caso Nominativo................................................................................ 36Caso Vocativo...................................................................................... 65Caso Genitivo.......................................................................................72Caso Dativo....................................................................................... 137Caso Acusativo................................................................................. 176

    O Artigo ..................................................................................................... 206Parte I: Origem, Funo, Usos Regulares e Ausncia................ 206Parte II: Usos Especiais e o No Uso do Artigo.......................... 255

    Adjetivos..................................................................................................... 291Pronomes.................................................................................................... 315Preposies................................................................................................ 355

    Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas VerbaisPessoa e Nmero...................................................................................... 390Voz ............................................................................................................. 407

    A tiva................................................................................................... 410Mdia.................................................................................................. 414Passiva................................................................................................ 431

    Modo........................................................................................................... 442Indicativo............................................................................................448Subjuntivo...........................................................................................461Optativo ............................................................................................ 480Imperativo......................................................................................... 485

  • viii

    Tempo......................................................................................................... 494Os Tempos: Introduo................................................................... 494Presente.............................................................................................. 513Imperfeito.......................................................................................... 540Aoristo................................................................................................ 554Futuro................................................................................................. 566Perfeito e Mais que Perfeito............................................................ 572

    O Infinitivo................................................................................................. 587O Particpio................................................................................................ 612

    Sintaxe das OraesIntroduo s Oraes Gregas..................................................................................656O Papel das Conjunes........................................................................................... 666Estudos Especiais nas Oraes

    Sentenas Condicionais.................................................................................... 679Oraes Volicionais (Ordem e Proibies).................................................... 713

    Sumrio Sinttico ..............................................................................................................726ndice de Assuntos............................................................................................................ 765ndice de Palavras Gregas............................................................................................... 788ndice Bblico......................................................................................................................795

  • Prefcio Edio Brasileira

    Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramtica de grego para ensinar estrangeiros. Pouco depois, a gramtica passou a ser o livro para ensinar os prprios gregos a sua lngua. Elaborada, claro, pelo prisma prtico para que o nativo de outra lngua aprendesse o grego de forma rpida. Da vem a origem da gramtica descritiva, coisa muito familiar a ns estudantes da lngua grega. As gramticas descritivas no se interessam nos porqus; simplesmente diz: aceite.

    Essa gramtica descritiva serviu de base gramtica de Dionsio de Trcia. E dela que alguns vcios de nomenclatura passaram para o latim e deste para o portugus. Por exemplo, quando usamos palavras como: pronomes do caso reto. Se caso no reto e se reto no caso. E ainda: casos oblquos. Ora se oblquo caso; se caso oblquo. Quando, e.g., denominamos um dos modos verbais de subjuntivo, nos esquecemos que o subjuntivo fala mais do que subordinao. Todos esses erros de nomenclatura fazem parte de nossas vidas h mais de 2.200 anos. E agora...?

    "O problema sobre o argumento que ele move toda a batalha para o outro lado, para o campo do prprio inimigo. O inimigo tambm pode argumentar" (C.S. Lewis). Daniel Wallace nessa Gramtica Grega: Uma Sintaxe Exegtica do Novo Testamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nosso conceito de exegese.

    De uma perspectiva lgica, orgnica, semntica e bblica, a qualidade da exegese brasileira h de ser enriquecida. Essa gramtica reconhece que temos diversos problemas de nomenclatura. Todavia, em lugar de simplesmente balbuciar novas nomenclaturas, ela nos convida a pensar alm das nomenclaturas, mesmo quando no pudermos fugir delas.

    Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vrios pases no mundo atravs desse livro-texto sobre o grego intermedirio que agora chega ao Brasil. Essa gramtica grega usada por mais de dois teros dos seminrios no mundo que ensinam grego intermedirio. Aqui nos Estados Unidos no conheo um nico seminrio evanglico que no a use como livro texto.

    Estou certo de que a Teologia Bblica e a Exegese do Novo Testamento em solo brasileiro recebem uma contribuio essencial para seu desenvolvimento.

    Roque N. Albuquerque, Ph D [Cand] Central Seminary Minneapolis, MN

    Janeiro de 2009

    ix

  • Prefcio

    I. Por que este livro?

    Quando Mounce, meio que brincando, nota em seu prefcio que "a proporo de gramticas gregas para professores de grego dez para nove",1 ele se refere a gramticas do primeiro ano. A situao, at recentemente, tem sido muito diferente no nvel intermedirio. Esse tipo de gramtica seria contado nos dedos. As ltimas duas dcadas contemplaram uma inverso nessa tendncia. Existem, mencionando algumas, obras de destaque feitas por Brooks e Winbery, Vaughan e Gideon em ingls, Hoffmann e von Siebenthal (indito at no ingls), Porter e Young.2 Diante disso, uma pergunta surge: Por que este livro?

    A. A pr-histria deste livro

    Sem depreciar de alguma forma a obra de outros (de fato, tenho me beneficiado muito com eles), algumas justificativas para a existncia dessa gramtica, bem como um esclarecimento de seus distintivos, precisam ser feitas. Como uma nota preliminar, deve-se destacar que essa primeira edio realmente a sexta verso. Esse livro iniciou-se em 1979 como um resumo de 150 pginas para o terceiro semestre de grego no Seminrio de Dallas (na poca foi chamado de Notas Selecionadas sobre Sintaxe Grega do Novo Testamento). Dentro de trs anos passou por trs verses, subindo o nmero de pginas para mais de 300. Muitas das ilustraes, discusses exegticas e categorias gramaticais estavam j presentes, ainda que de forma embrionria, desde 1982. Parte da motivao para public-lo tem sido o uso difundido de vrias edies no-publicadas pelos primeiros alunos, assim como outros. Eu no digo isso para "ficar sob os holofotes", mas para corrigir as crticas de um professor nefito. Espero que a presente obra reflita em um julgamento sbrio sobre a sintaxe do NT.

    1 W. D. Mounce, Basics of Biblical Greek (Grand Rapids: Zondervan, 1993) x.2 Veja lista de abreviaes para dados bibliogrficos completos medida que essas

    obras forem mencionadas em outras partes neste livro. Embora tenha um pouco mais que duas dcadas, a Gramtica Iniciante-Intermediria de Funk no deveria ser desprezada por hora.

    xi

  • xii Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    B. Motivao

    Minha motivao no mudou desde o princpio: encorajar os estudantes a irem alm das categorias gramaticais e verem a relevncia da sintaxe para a exegese. Como algum que ensina tanto gramtica quanto exegese, tenho sentido essa necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego intermedirio, a desiluso e a desmotivao iniciam a morte das categorias". A gramtica grega tem uma forte tradio de dar listas infindveis dos vrios usos morfossintticos e poucas ilustraes. Isso segue o modelo das gramticas clssicas, que discutem muitos conceitos lingsticos (pois as expresses de qualquer lngua tm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abordagem para o NT, o aluno ter facilmente uma impresso artificial de como a classificao sinttica, quase que naturalmente, ligar a si mesma s palavras em determinada passagem. Isso dar exegese a patente cientfica que merece.

    Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exerccio exegtico, a impresso oposta (e igualmente falsa) surgir: a exegese a arte de importar a viso de algum para dentro do texto, atravs da coleta seletiva de uma classificao sinttica que esteja em harmonia com seu entendimento prvio. A primeira atitude v a sintaxe como uma tarefa exegtica fria e rgida, tanto indispensvel quanto desinteressante. A ltima pressupe que o uso da sintaxe na exegese simplesmente como um jogo wittgenstenano feito pelos comentaristas.

    Assim, muito da exegese no est propriamente baseada na sintaxe, assim como muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupao exegtica. O resultado dessa dicotomia : o estudante intermedirio no v a relevncia sinttica para a exegese e os exegetas, muitas vezes, fazem mau uso da sintaxe em seu fazer exegtico. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para isso ao fundamentar a exegese nas expresses da lngua e ao orientar a sintaxe de acordo com seu valor exegtico.

    C. Distintivos1. Exemplos exegeticamente significantes

    Depois que forem notadas as ilustraes claras de certa categoria particular, haver muitos exemplos ambguos e exegeticamente significantes. Tais passagens so usualmente discutidas com algum detalhe. Isso no somente da sintaxe algo mais interessante, mas tambm encoraja o estudante a comear a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe no elimina todos os problemas interpretativos).

    3 Isso no significa que uma reduo das categorias sintticas deva ser prefervel. Uma reduo assim, embora seja pedagogicamente mais malevel, de pouco valor exegtico para o aluno. A razo para a multido das categorias nesse livro discutida abaixo.

  • 2. Semntica e "Situao Semntica"

    Prefcio xiii

    Tanto a semntica quanto a "situao semntica" das categorias so freqentemente desenvolvidas. Isto , no s a mera definio para as classificaes ser analisada, mas tambm a nuana das categorias (semnticas) e das situaes semnticas (e.g., contextos, intruses lexicais, etc)4 em que tal uso geralmente ocorre. Esse tipo de anlise mostra que a descrio sinttica no um joguinho do Chapeleiro Maluco em Alice no Pas das Maravilhas e que as expresses da lngua oferecem certos controles exegese. As dicas estruturais que o estudante intermedirio poderia consultar, s vezes, so dadas (e.g., o presente histrico sempre est no indicativo e todos os exemplos claros do presente histrico no NT esto na terceira pessoa). Com freqncia, essa discusso pondera sobre a semntica de certa construo. Isso ajuda o estudante a alcanar o discernimento da importncia exegtica de vrios padres sintticos.5

    3. Definies claras e de fcil captao

    Esta obra tenta dar definies claras e ampliadas, seguidas por um glossrio conhecido como a "chave para identificao" (e.g., para entender o imperfeito ingressivo, o estudante deve traduzir o verbo grego com a expressar "comeou a..."; para o presente costumeiro, o advrbio "habitualmente" antes do verbo).

    4. Plenitude de Exemplos

    Se s um ou dois exemplos fossem apresentados, seria possvel que o estudante focalizasse os elementos atpicos. Com vrios exemplos tomados de uma abordagem relativamente equilibrada dos Evangelhos, Atos, o Corpus Paulino, as Epstolas Gerais e o Apocalipse, o estudante ser exposto a vrios tipos de literatura neotestamentria e ser capaz de ver claramente a nuana de determinada categoria.6 Quando as ilustraes forem tomadas exclusivamente de determinado gnero, no ser acidental, mas indicar que tal uso restrito a tal gnero (e.g., o presente histrico ocorre somente em narrativas). Quase todos os exemplos sero traduzidos com palavras

    4 A "Situao Semntica" desenvolvida completamente na "Abordagem deste Livro".

    5 s vezes, tal discusso ser classificada e, talvez, de modo muito avanado para determinada classe de grego intermedirio. (A discusso semntica do genitivo de aposio, e.g., longa, fugindo do normal). Na realidade, porm, se um professor quer que seus alunos pensem lingisticamente em lugar de simplesmente memorizar categorias gramaticais, essa seo precisa ser "digerida" mentalmente. Por causa da falta de sensibilidade lingstica, muitos alunos do grego cometem alguns tropeos. Sabendo como traduzir e/ou classificar sintaticamente uma construo no a mesma que conhecer como articular os significados de uma construo assim.

    6 Algumas gramticas do NT poderiam receber apropriadamente um ttulo como Uma Sintaxe de Mateus e Ocasionalmente Outros Livros do NT, pois no esto conscientemente tentando tomar exemplos de vrios gneros do NT.

  • xiv Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    apropriadas e claras. Estudantes do nvel avanado apreciariam as muitas variantes textuais (com seus testemunhos) que sero mencionados.7

    \5. Estatsticas Gramaticais

    As freqncias de vrias palavras destacadas morfologicamente e suas construes sero alistadas no incio das principais sees.8 O estudante ser informado se dada construo "rara" ou relativamente til (e.g., o partic- pio futuro passivo ocorre uma s vez e o optativo aparece 68 vezes). Raro d uma conotao mais precisa. Sem essa informao acrescentada, o estudante poderia concluir que a condicional de primeira classe acha-se com mais freqncia que o tempo perfeito!

    6. Quadros, Tabelas e Grficos

    Vrios quadros, grficos e tabelas sero includos na Sintaxe Exegtica. Quanto mais quadros, grficos e diagramas vem mostrando a relao lgica entre os conjuntos, a maioria dos estudantes ser capaz de assimilar e reter tais informaes. Tais auxlios visuais apresentaro o uso, a semntica, a freqncia etc. Uma tabela sobre a freqncia das vrias preposies, e.g., revelar imediatamente ao estudante a importncia de eu.

    7. Numerosas categorias sintticas

    Um dos aspectos da obra a quantidade de categorias sintticas, algumas das quais nunca foram impressas antes. Algo precisa ser dito acerca disso, visto que vrios gramticos hoje esto abandonando grande quantidade de categorias sintticas. Eles esto fazendo isso por trs razes interligadas:

    Primeira, por meio das ferramentas da lingstica moderna, h uma crescente apreciao e reconhecimento do significado bsico de vrios elementos morfossinttico (o que chamaremos de significado no-afetado). Assim, declaraes tais como "de fato, todos os genitivos so subjetivos ou objetivos", ou "o aoristo o tempo da omisso usado somente quando um autor deseja abster-se da descrio", estaro em alta.

    7 Para fins estatsticos, o texto de Nestle-Aland26/27/UBS374 usado. Comumente, esse texto tambm usado para as ilustraes (com variantes relevantes ao ponto gramatical sob discusso). Quando a ilustrao envolver uma leitura no encontrada nesse texto, isso ser notado.

    E preciso dizer ainda algo sobre a forma dos exemplos usados. Ocasionalmente, as partculas ou outras palavras irrelevantes ao ponto sinttico enfatizado so omitidos sem notificao (ou seja, ". . ."). O texto grego , assim, conservado o mais conciso possvel. Usualmente s o necessrio do contexto ser dado para demonstrar a propriedade da ilustrao para sua categoria.

    8 As estatsticas so inicialmente tomadas do acCordance, um programa de computador para Macintosh (comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que realiza pesquisas sofisticadas sobre uma classificao morfossinttica do Grego do NT (Nestle- Aland26), assim como o Hebraico do AT (BHS) e a LXX (Rahlfs).

  • Prefcio xv

    Segunda, numerosas categorias especficas de uso restringem a si certas situaes semnticas (tal como gnero, contexto, significado lexical de palavras envolvidas, etc.). Isso gera, muitas vezes, ms interpretaes, v.g., simples aplicaes do significado bsico, e no legtima, por si s, as categorias semnticas. Comparando analogias e lexicologia, a tendncia agora tratar tais categorias como no puramente gramaticais, e, portanto, indignas de descrio nas gramticas.9

    Terceira, muitas vezes, por razes pedaggicas, o nmero de categorias gramaticais tem sido reduzido. Vrias dessas categorias tm sido amontoadas (e.g., em certa recente gramtica, os dativos de modo, causa, agente e maneira foram tratados como categorias indistintas10). Outras categorias, especialmente raras, sero ignoradas.11

    Essa tendncia tem utilidade at certo ponto, mas, eu aviso, exagerada. A lgica para isso est na falta de nuanas. Embora nosso entendimento do significado no-afetado de certas categorias morfossintticas seja crescente, deixar a discusso da sintaxe no nvel do denominador comum no lingisticamente sensvel nem possui utilidade pedaggica. A natureza da lngua tal que a gramtica no pode isolar-se de outros elementos como contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como meras aplicaes, preferimos v-los como vrios usos ou categorias do significado afetado da forma bsica. De fato, nossa abordagem sinttica fundamental est em distinguir o significado no-afetado do afetado e notar os sinais lingsticos que informam tal distino.

    Ningum, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos um verbo que tem sete identificadores morfossintticos diferentes para si (um dos quais pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso em dado contexto (tanto literrio quanto histrico). Embora, estejamos, s vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses outros aspectos lingsticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa gramtica que outros aspectos lingsticos afetam (e, portanto, contribuem) o significado da categoria gramatical especfica sob investigao.

    9 Por exemplo, em muitos estudos lexicais/lingsticos, a diferena entre uma elocuo e uma sentena ser apontada. (Cf., e.g., a excelente obra de Peter Cotterell e Max Turner, Linguistics and Biblical Interpretation [Downers Grove, IL: InterVarsity, 1989] 22-23). Uma elocuo uma declarao nica, singular. As mesmas palavras podem ser repetidas em diferentes ocasies, mas no seria a mesma elocuao. Seria, porm, a mesma sentena. Aplicando isso aos estudos lexicais, uma distino deve ser feita entre significado e exemplo, enquanto o corpus estudado, caso contrrio, um dicionrio teria de dar todas as ocorrncias, classificando cada uma delas com um significado distinto.

    10 S. E. Porter, Idioms ofthe Greek New Testament (Sheffield: JSOT, 1992) 98-99.11 Para uma gramtica intermediria (tal como a obra presente). Isso seria razo

    suficiente para no se alistar certas categorias.

  • xvi Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    As hipteses dos gramticos acerca do significado no-afetado12 de um elemento morfossinttico (tal como o genitivo, o tempo presente etc.) sero supostamente baseadas sobre uma amostragem descente dos dados e sobre uma grade lingstica apropriada para o exame. As obras mais antigas tendiam a obscurecer o significado no-afetado, pois os dados sobre os quais baseavam suas definies eram insuficientes. A idia, v.g., de que a proibio no presente quer dizer, na sua essncia, "para de fazer" , na realidade, um uso especfico que no pode ser aplicado de forma geral. Uma noo abstrata da proibio no tempo presente, primeiramente, precisa achar base tanto distintiva para a proibio no presente quanto capaz de explicar muitos dados.

    Contudo simplesmente reelaborar tais definies baseadas em uma amostragem mais ampla dos dados no as tomam mais avanadas. Os aspectos extragramaticais tm que ser examinados tambm caso as categorias importantes de uso sejam articuladas. Assim, o prximo passo examinar a proibio no presente em vrios contextos, gneros e lexemas. A medida que certos padres semnticos forem detectados, eles formaro o fundamento para as vrias categorias.

    Uma ilustrao extrada da sala de aula poderia ajudar. Em uma aula sobre sintaxe no segundo ano de grego no Seminrio de Dallas, o departamento de NT oferece atividades de traduo e anlise sinttica. A medida que passamos por uma passagem, o aluno traduz e analisa vrios aspectos sintticos. Em algumas ocasies, a discusso na sala soa algo mais ou menos assim:

    Aluno: "Eu acho que isso seja um genitivo possessivo".

    Professor: " muito mais provvel que seja um genitivo atributivo. Note o contexto: na linha anterior, Paulo diz..."

    Aluno: "Pensei que fosse uma aula de gramtica grega. O que o contexto tem a ver com isso"?

    Professor: "Tudo".

    A partir desse ponto segue-se uma clara (pelo menos, eu espero) discusso sobre como a sintaxe no pode ser entendida parte de outros aspectos da linguagem. (Os alunos normalmente no esto preparados para tal, pois: aps

    12 Se a terminologia "significado no-afetado" for difcil de ser captada, voc poderia apelar a um exemplo particular disso. Aspecto verbal (como oposto a Aktionsart) o significado no-afetado do tipo de ao que os vrios tempos podem ter. No afetado pelas intruses lexicais e contextuais. Aktionsart, por outro lado, o significado afetado, moldado especialmente pelo lexema verbal. (Naturalmente, essa ilustrao no ajudar queles que no tm mantido contato com o termo Aktionsart!). Estou simplesmente aplicando os achados e a categorizao da pesquisa aspectual a uma rea mais ampla, ou seja, a tudo da sintaxe. (Assim, v.g., quando o significado bsico do genitivo for discutido, ser realmente uma figura abstrata, baseada em uma multido de exemplos concretos onde um denominador comum, em certo grau considervel, ocorrer de forma repetida).

  • Prefcio xvii

    completarem um ano de estudo e terem diversas formas gramaticais memorizadas, muitos acharo que no esto fazendo exegese, se lhes exigirmos que pensem tambm pelo contexto literrio, e no somente pela gramtica. As categorias sintticas especficas, na realidade, quase nunca so categorias meramente sintticas. Sintaxe , na verdade, uma anlise de como certos aspectos repetitivos, predicveis e "organizveis" da comunicao (a situao semntica) impactam as discretas formas morfossintticas.

    No til nem possvel simplesmente reduzir a sintaxe ao fio elementar que, em grande parte, percorrer todos os elementos de uma forma particular. Por experincia, vejo que muitos estudantes que aprendem o grego do NT no esto realmente interessados em gramtica grega ou at mesmo em lingstica. Eles so interessados na interpretao e exegese. Assim, para abster-se de discutir as vrias facetas, dizem: o genitivo o promotor de impreciso exegtica". No entanto, categorias compostas, sem a discusso das vrias situaes semnticas onde ocorrem, promove eisegese, no exegese. Desse modo, embora essas categorias sejam complicadas, s vezes, mais proveitoso, pedagogicamente, entreg-las ao estudante do que o contrrio, uma vez que ele est interessado em exegese e no s na gramtica grega.

    8. Sem discusso de anlise de discurso

    Diferente da tendncia corrente, esta obra no traz nenhum captulo sobre Anlise do Discurso (AD). A razo qudrupla: (1) a AD ainda est em seu estgio infantil de seu desenvolvimento, em que mtodos, terminologia e resultados tendem a ser instveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os mtodos da AD, medida que so considerados, tendem a no partir do contexto (i.e., no comeam com a palavra, nem mesmo com a sentena). Isso de modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da investigao sinttica. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definio somente funcionar no permetro desse tpico e, assim, no ser includa.14 (4) Finalmente, a AD um tpico muito significante para receber um tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramtica. Ela merece sua prpria discusso mais acurada, tal qual se acham nas obras de Cotterell e Tumer, D. A. Black e outros.15

    13 Em um nvel mais amplo, isso anlogo crtica devastadora de Robinson, feita h duas dcadas atrs, sobre a gramtica transformacional de Noam Chomsky: "Estilos lingsticos vm e vo com uma rapidez que em si sugere algo suspeito sobre a vindicao essencial da lingstica, como cincia" (Ian Robinson, The New Grammarians' Funeral: A Critique ofNoam Chomsky's Linguistics [Cambridge: CUP, 1975] x).

    14 P. H. Matthews, em sua maestral Syntax (Cambridge: CUP, 1981), Definiu sintaxe "como um assunto distinto da estilstica. Esta estuda a 'sintaxe por trs da sentena' com ou sem significado" (xvix). Eu no iria to longe, mas caminho na mesma direo.

    15 Felizmente, encontrei Matthews de acordo com tal apreciao geral: "Estes campos [anlise do discurso e estrutura de sentenas] so muito importantes, e seus mtodos muito mais do que eles mesmos, para serem manuseados como um apndice de um livro cujo assunto seja basicamente as inter-relaes das frases e oraes (Syntax, xix).

  • xviii Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    9. Prioridade Estrutural

    Uma outra tendncia entre os gramticos (seja de grego ou de outra lngua) de organizar o material a partir da prioridade semntica e no a partir da estrutural. O foco est em como o propsito, possesso, o resultado, a condio etc. so expressos, e no sobre as formas usadas para expressar tais noes.

    As gramticas de prioridade semntica so muito teis para a composio em uma linguagem viva, no para a anlise de um pequeno corpus de uma lngua morta. Isso no significa que tal abordagem no aparea em uma gramtica de grego antiga, mas que uma gramtica intermediria e exegtica tem mais utilidade se organizada pelos aspectos morfossintticos.

    Prev-se que o usurio mdio dessa obra ter pouca habilidade ou a inclinao em pensar que descobrir o porqu de tal forma ter sido usada em certo texto grego neotestamentrio. No entanto, esse usurio deve ser capaz de reconhecer tais formas medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por exemplo, encontrar-se com um Iva ou um infinitivo articular genitivo no texto, a primeira questo a ser feita no deve ser: "Qual o propsito de isso ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As questes iniciais so quase sempre ligadas forma. O valor de uma gramtica exegtica est relacionado sua utilidade exegtica, pois a exegese comea com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus conceitos. Isso o que faz uma gramtica exegtica.

    Uma conseqncia prtica de um esquema de prioridade estrutural : a seo sobre sintaxe das oraes ser relativamente pequena comparada sintaxe dos substantivos e verbos.

    10. Breve Material Sobre Categorias Lxico-Sintticas

    Certas categorias morfossintticas envolvem considervel nmero de lexemas (tais como substantivos, adjetivos e verbos). Aqueles que possuem determinados lexemas so categorias lxico-sintticas. nossa convico que as obras-padro lexicogrficas, v.g., tais como o BAGD, j tm tanto um tratamento admirvel de tais categorias fceis de localizar (ou seja, em ordem alfabtica) quanto ricos dados bibliogrficos, variantes textuais e discusses exegticas (no obstante, concisas).16 Alm do que, qualquer interessado em sintaxe exegtica no precisa sentir-se desafiado a adquirir um lxico. Esta (ou deveria ser) uma das ferramentas mais acessveis na biblioteca de um exegeta.

    16 Uma exceo a introduo sobre o artigo. Visto que o artigo , sem dvida, a palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor mais prximo, K m ) , ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.

  • Prefcio xix

    luz dessas consideraes, pareceu-me suprfluo duplicar todo o material j encontrado no lxico.17 Assim, nossa discusso sobre as categorias lxico- sintticas envolver: (1) um esboo dos usos terminolgicos consistentes com o resto da obra; (2) poucas discusses detalhadas de passagens exegeticamente significantes; e (3) princpios gerais teis s maiores categorias sintticas a que certa categoria especfica lxico-sintticas pertena (e.g., tipos de conjunes, observaes gerais sobre preposies etc.).

    11. O Esquema

    Esse texto foi esquematizado para diversos usurios, desde o aluno intermedirio, que ainda percebem suas limitaes de inexperientes, at pastores experimentados que vivem sob o texto grego.

    As ilustraes so dadas tanto no grego quanto em portugus, com relevantes formas sintticas realadas.

    H pelo menos trs nveis de discusso em sintaxe exegtica.

    1) O mais simples o "Sumrio Sinttico". Quase todo o sumrio sinttico inclui ttulo da categoria, breve definio e glossrio transicional (chamado de "Chave para Identificao".). Nenhum exemplo ou discusso exegtica ou lingstica ser encontrado aqui. Esse um esboo do livro, feito para despertar a memria daqueles que tm trabalhado as categorias.

    2) O nvel intermedirio encontrado normalmente no corpo do livro. Isso inclui especialmente definies e ilustraes, assim como as discusses da semntica de muitas categorias.

    3) O nvel avanado se acha em menor escala. Isso inclui especialmente as notas de rodap. Muitas destas ampliam as discusses extensivas da sintaxe. As discusses exegticas de passagens seletas sero tambm colocadas nessa parte. O estudante intermedirio encorajado a l-las (nem que seja de forma dinmica) medida que essas passagens sirvam de motivao como modelos da sintaxe exegtica.18

    17 As gramticas mais antigas (tais como a de Robertson) gastam uma quantidade exorbitante de espao em categorias lxico-sintticas. Tal deve-se inexistncia de lxicos atualizados e compreensveis. Curiosamente, muitas gramticas recentes tm a mesma abordagem, mas sem a mesma necessidade.

    18 Algumas discusses exegticas, porm, so muito complexas. Essas discusses podem ser lidas de forma rpida pelo aluno intermedirio.

  • X X Sintaxe Exegtica do Novo Testamento

    Finalmente, o ndice bblico preocupa-se especialmente com o trabalho pastoral. Em lugar de alistar simplesmente os textos encontrados no corpo da obra, aqueles que receberem amplo tratamento (especialmente de natureza exegtica) sero destacados.

    II. Como Usar Este Texto na Sala de Aula (ou, Uma Defesa da Extenso da Sintaxe Exegtica)

    No escrevi essa obra para lingistas, embora use a lingstic