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Grandes Culturas - Cultivar 145

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Junho de 2015

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Tecnologia protetora...................36O papel das variedades Btno manejo de lagartas nacultura do milho

Destaques

Índice

Diretas 04

O papel da palhada no plantio direto de soja 08

Controle da trapoerabinha 10

Manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato 13

Cuidados com nematoides em sementes 16

Nossa capa - Combate à giberela em trigo 22

Agrobrasília supera expectativa de organizadores 25

Como manter a ramulária no algodão 26

Fertilizantes especiais para aplicação foliar 30

A produção de café no cerrado 32

A evolução da produtividade na cultura do milho 35

Milho Bt no manejo de largartas em milho 36

Bayer inaugura Centro de Treinamento em TS 39

Coluna ANPII 40

Coluna Agronegócios 41

Mercado Agrícola 42

Múltiplos danos...................................22Além dos prejuízos à produtividade, a giberela emperra a comercialização e em determi-nados níveis ameaça a saúde humana. Saiba o que é possível fazer contra a doença

Expediente

Cultivar Grandes Culturas • Ano XIII • Nº 145 • Junho 2011 • ISSN - 1516-358X

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480Rua Sete de Setembro, 160, sala 702Pelotas – RS • 96015-300

DiretorNewton Peter

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:US$ 130,00Euros 110,00

Nossos Telefones: (53)

Nossas capas

Parente menor...........................13Da mesma família da trapoeraba, a trapoerabinha tem crescido em importância nas lavouras de soja. Conheça as estratégias para manejar essa daninha

Efeito indireto...........................16A contaminação de sementes forrageiras com nematoides é um problema que se estende a outros cultivos, por conta da rotação de culturas

Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

• Geral3028.2000• Assinaturas:3028.2070• Redação:3028.2060

• Comercial:3028.20653028.20663028.2067

Emerson Del Ponte

REDAÇÃO• Editor

Gilvan Dutra Quevedo• Redação

Carolina S. SilveiraJuliana Leitzke

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

MARKETING E PUBLICIDADE• Coordenação

Charles Ricardo Echer• Vendas

Pedro Batistin

Sedeli FeijóJosé Luis Alves

CIRCULAÇÃO• Coordenação

Simone Lopes• Assistente

Ariane Baquini• Assinaturas

Luciane MendesNatália Rodrigues

• ExpediçãoEdson Krause

GRÁFICAKunde Indústrias Gráficas Ltda.

Claudia Godoy

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Diretas

04 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

FungicidaA Bayer CropScience apresentou na Agrobrasília uma nova opção para o manejo da ferrugem asiática. Trata-se do fungicida Fox (protioconazol + trifloxis-trobina). O produto pertence a uma nova classe química, chamada triazolinthione. Outro destaque foi o conceito Muito Mais para as culturas da soja e do milho, programa que oferece aos produtores um portfólio de soluções integradas para o controle das principais pragas, doenças e plantas daninhas que prejudicam a produtividade das lavouras. Ederson Marinho e Hercília Pickler

DestaquesDurante a Agrobrasília a Basf apostou em dois novos produtos para integrar o seu portfólio de fungicidas: Abacus HC e Opera Ultra. O coordenador de Marketing para a região de Goiânia, Marcos Cam-pos, avaliou que a Agrobrasília foi uma ótima oportunidade para apresentar soluções e tecnologias da empresa.

DigilabA engenheira agrônoma Talita Braga, da Basf, demonstrou aos visitantes da Agrobrasília como funciona o Digilab. O equipa-mento capta imagens (através de um microscópio portátil especial conectado a um computador) de doenças e de pragas de uma determinada cultura, permitindo a correta identificação.

SoluçõesA Syngenta apresentou na Agrobrasília seu portfólio de soluções inte-gradas em sementes e proteção de cultivos, como o Avicta Completo, produto para tratamento de sementes, que reúne ação nematicida, inseticida e fungicida. A empresa mostrou também sua linha de in-seticidas como Ampligo, Engeo Pleno e Curion. Outro destaque foi a Agrisure Viptera, segunda geração da biotecnologia Syngenta para sementes híbridas de milho, e múltiplas opções de sementes de soja, para atender as necessidades específicas de cada produtor.

Áreas demonstrativasLucas Perez, coordenador de Marketing da Syngenta, expli-cou que o objetivo da empresa durante a Agrobrasília foi apre-sentar áreas demonstrativas com as culturas tradicionais como soja e milho, e também suas soluções para o feijão com o fungicida Amistar Top e o ativador Bion. “Trata-se de uma cultura estratégica para os produtores da região, por isso teremos uma atenção especial a esse cultivo”, destacou.

Registro estendidoNa edição de 2011 da Agrobrasília a DuPont destacou o fungicida Aproach Prima, que acaba de obter registro oficial para uso nas culturas de milho, trigo, arroz, algodão, café e cana-de-açúcar. A empresa também promoveu palestras e apresentações técnicas em torno do inseticida Premio.

Banco do BrasilDurante a Agrobrasília, o Banco do Brasil realizou a entrega das chaves de tra-tores financiados através do Fundo Constitucio-nal de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), para agricultores familiares do Distrito Federal. O vice-presidente de Agronegócio, Osmar Dias, e o secretá-rio de Agricultura, Lúcio Valadão, participaram da cerimônia.

PlanferA Dow AgroSciences participou da Expoarroz 2011, juntamente com a Planfer, distribuidora de produtos da marca na região. De acordo com o agrônomo da Dow AgroSciences, Otávio Torres, a empresa tem forte pre-sença entre os produtores de arroz, com destaque para o herbicida Ricer.

Talita Braga

Lucas Peres

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05www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

ManejoA Ihara levou à Agrobrasília informações técnicas para o manejo da cultura da soja, com foco no controle do mofo branco e da ferrugem asiática. O destaque foi para o fungicida Certeza, indicado para o combate ao mofo branco em tratamento de sementes.

Nova estruturaTiago Santos assumiu a posição de gerente regional de Vendas Comer-cial da Syngenta para a Metade Sul do Rio Grande do Sul, uma nova estrutura recentemente criada pela empresa. De acordo com Santos o objetivo é consolidar a participação da companhia na região, principal-mente na cultura do arroz. Está prevista, ainda, a inauguração de um escritório no município gaúcho de Santa Maria.

InteraçãoOs visitantes da 4ª edição da Agrobrasília puderam aprender de forma divertida sobre o ciclo das embalagens de agroquímicos, no estande do inpEV. O espaço apresentou painéis e maquete educati-vos, com a presença do simpático espantalho Olimpio, interlocutor das campanhas do instituto.

Tratamento de sementesA Syngenta apresentou na Tecnoshow, evento da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), seu portfólio de soluções integradas em sementes e proteção de cultivos já disponíveis para a safra. Entre os destaques esteve o Avicta Completo, com tripla proteção: nematicida, inseticida e fungicida. “Nosso objetivo é mostrar que a Syngenta é atualmente a única empresa do mercado com a capacidade de oferecer soluções completas para ajudar o agricultor a obter o máximo em produtividade e rentabilidade”, afirma Lucas Perez, coordenador de Marketing da empresa.

NegóciosCom mais de 11 anos de experiência na Syngenta e após ter ocupado vários cargos na companhia, o engenheiro agrônomo Fabio Lima assumiu a gerência de Marketing de Negócios, da Unidade de Negócios da Distribuição Norte.

HíbridosA Agromen Tecnologia apresenta na 4ª edição da Agrobrasília, híbridos de milho convencionais e com a tecnologia Herculex, indi-cados para lavouras de média e alta tecnologia. Os produtos com a tecnologia Herculex oferecem proteção contra a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), principal praga foliar do milho, e contra a broca-da-cana (Diatraea saccharalis).

ItaforteDurante a Agrobrasília, a Itaforte mostrou seu portfólio para grãos. O diretor comercial da empresa, Ariclenes Anibal Ballarotti, destacou o Trichodermil, fungicida biológico que atua inibindo as doenças de solo, para diferentes cultivos como feijão e soja. No estande os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer os benefícios das soluções oferecidas pela empresa.

NovozymesA Novozymes, multinacional dinamarquesa fornecedora de enzimas industriais e fabricante de produtos agronômicos e biológicos, parti-cipou pela primeira vez da Agrobrasília 2011. “Nosso objetivo é de criar uma agricultura mais sustentável e assim continuar ajudando a enfrentar o enorme desafio de alimentar o mundo no futuro", destacou Cibele dos Santos, coordenadora de Marketing da Novozymes.

Fabio Lima

Tiago Santos

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06 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

RevendaA revenda Nativa Agrícola participou da Agrobrasília. O grande diferencial da empresa é o apoio técnico especializado aos agricultores, com serviços como agricultura de precisão e laboratório de análises de solo. De acordo com José Emílio Martins Junior, um dos diretores da Nativa, a Agrobrasília é um momento para estreitar relacionamentos. Para facilitar a interação, a empresa tradicionalmente oferece almoço para produtores e parceiros.

Simulador de derivaA Dow AgroSciences apresentou sua linha de produtos e soluções para soja e milho e contou ainda com um simulador de deriva. O equipamento foi desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu.

Novos rumosRosana Passos de Paula é a nova executiva da Controladoria de Agronegócio para a América do Sul, da Basf. No grupo desde 1986, começou sua carreira na área finan-ceira como analista júnior, chegando até a posição de diretora regional de Tesouraria e Crédito para a América do Sul. Durante estes 25 anos, Rosana foi a responsável pelas áreas de Crédito e Tesouraria da Basf para a América do Sul, coordenando uma equi-pe de aproximadamente 50 funcionários no Brasil e demais países. Neste período realizou diversas ações importantes, como a regionalização da Tesouraria, além de ter remodelado e implementado um novo sistema de análise de crédito corporativo.

Pesquisa e DesenvolvimentoLeandro Martins é o novo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para a América Latina. A área, que até então tinha status de gerência, cresce em importância na empresa. Martins é formado em Agronomia pela Uni-versidade de Lavras (MG), tem pós-graduação em Genética pela mesma universidade, além de MBA em Comércio Internacional, com foco em Marketing e Finanças pela IBmec-SP. O executivo atua na Basf desde 1996.

GiroO Giro Cana FMC 2011, no Nordeste, contou com duas etapas, em maio. A primeira abrangeu Pernambuco e Paraíba, com 70 participantes de usinas destes dois estados e também do Rio Grande do Norte. A se-gunda etapa contou com a participação de cerca de 80 pessoas de usinas de Alagoas e Sergipe. “O Giro Cana FMC atinge cada vez mais adeptos pelo caráter descontraído como foi elaborado. Em princípio a FMC queria se aproximar de seus parceiros de negócios, mas o Giro superou todas as expecta-tivas ao proporcionar uma cone-xão emocional com os clientes”, aponta João Gonçales, gerente de Marketing de Cana da FMC.

ExpoarrozO herbicida Gamit foi um dos destaques da FMC na Expoarroz. Durante o even-to, Eduardo Menezes Filho, coordenador de Marketing Regional Sul, e Daniel Becker, RTC Regional Sul, visitaram o estande da Planfer, tradicional revendedora de agroquímicos para a cultura do arroz.

DaninhasA Basf, em parceria com a Planfer, promoveu durante a Expoarroz palestra com o professor Silvio Henrique Bidel Dornelles, da Univer-sidade Federal de Santa Maria (UFSM), sobre o manejo de plantas

PlantécnicaA Revenda Plantécnica Soluções Agrícolas, distribuidor Syngenta na região sul do Rio Grande do Sul, participou da Expoarroz, no município gaúcho de Pelotas. Juntamente com evento ocorreu a 3ª Rodada Internacional de Negócios, com seminários ligados a diversos temas e visitas técnicas. De acordo com o sócio-diretor Gilnei Costa Gomes o evento foi uma oportunidade para receber clientes e estreitar laços com integrantes do setor. O estande da empresa contou com profissionais capacitados para suporte técnico e de vendas.Rosana Passos de Paula

Leandro Martins

Eduardo Menezes e Daniel Becker

daninhas resistentes na cultura. Dornel-les expôs experimen-tos de produtos das principais empresas de agroquímicos, nos diferentes estágios de desenvolvimento de daninhas.

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Soja

08 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

O sistema plantio direto é utilizado no Brasil há mais de 30 anos e, graças a benefícios como a

redução dos custos de produção e o aumento da produtividade das culturas, possui grande aceitação entre os agricultores brasileiros. Segundo dados da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, pelo menos metade da área agrícola do país é cultivada atualmente com este sistema.

De maneira simplificada, o sistema plantio direto pode ser definido como um conjunto de tecnologias de manejo de solo e de culturas fundamentado na mobilização do solo apenas na linha de semeadura, na diversificação de es-pécies via rotação de culturas e na manutenção permanente da palhada sobre o solo.

A palhada, constituída dos restos vegetais originados das culturas anteriores, é responsá-vel por grande parte dos benefícios observados no sistema, como a proteção da superfície do solo contra o impacto direto das gotas de chuva, o controle da erosão e a manutenção da umidade e de temperaturas mais amenas nas camadas superficiais do solo. Além disso, sua presença auxilia no controle de plantas daninhas e sua incorporação lenta e grada-tiva ao solo promove aumento nos teores de

matéria orgânica.Para que a cobertura vegetal sobre o solo

seja considerada adequada e o agricultor possa desfrutar de todos os seus benefícios, estima-se que no mínimo 80% da superfície deva permanecer coberta pela palhada durante o maior período de tempo possível. Na maio-ria dos casos, quantidades superiores a seis toneladas de palha por hectare, distribuídas uniformemente sobre o solo, são suficientes para garantir essa cobertura.

Se por um lado não existem dúvidas sobre o papel indispensável da cobertura vegetal para o sucesso do sistema de plantio direto, a formação e a manutenção da palhada sobre o solo têm se constituído em grande desafio

para os agricultores localizados em áreas ori-ginalmente sob vegetação natural de Cerrado e adjacências, onde o clima é caracterizado por temperaturas elevadas durante a maior parte do ano, que favorecem a atividade de microrganismos na decomposição da palhada, e por um inverno seco, com encurtamento do fotoperíodo, que dificulta o estabelecimento de culturas após os meses de março e abril.

Por esse motivo, o emprego do sistema de plantio direto nessas áreas implica em discus-sões pontuais, como a escolha de espécies que possam ser empregadas na formação da cober-tura vegetal, mesmo em condições tropicais. Espera-se que uma espécie selecionada para essa finalidade produza grande quantidade de matéria seca, seja de fácil manejo mecânico ou químico, possua pouca exigência em umidade e fertilidade do solo e que gere resíduos com elevada relação carbono/nitrogênio (C:N).

A proporção entre carbono e nitrogênio dos resíduos deixados pela cultura é um crité-rio importante na comparação entre espécies cultivadas com o objetivo de formar cobertura vegetal, pois indica a velocidade de decom-posição destes materiais. Quanto maior for a relação C:N de um material, mais demorada é a sua decomposição. Por isso, de acordo com

Emergência em plantio direto com palhada de Brachia-ria decumbens, com produção de 11t/ha de matéria seca

A palhada, responsável por grande parte dos benefícios no sistema plantio direto, deve cobrir no mínimo 80% da superfície do solo, em quantidade superior a seis toneladas de palha por hectare. Contudo, sob vegetação natural de Cerrado e adjacências, onde o clima favorece a atividade de microrganismos na decomposição e dificulta o estabelecimento de culturas após os meses de março e abril, sua formação e manutenção se tornam um desafio aos produtores

Cobertura adequadaCobertura adequada

A palhada, responsável por grande parte dos benefícios no sistema plantio direto, deve cobrir no mínimo 80% da superfície do solo, em quantidade superior a seis toneladas de palha por hectare. Contudo, sob vegetação natural de Cerrado e adjacências, onde o clima favorece a atividade de microrganismos na decomposição e dificulta o estabelecimento de culturas após os meses de março e abril, sua formação e manutenção se tornam um desafio aos produtores

Fotos Anísio da Silva Nunes

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dados da literatura científica, a palhada ideal é aquela em que os resíduos vegetais possuam relação C:N acima de 40:1, possibilitando assim uma maior duração no campo.

Dentre as plantas utilizadas na formação de palhada para o sistema plantio direto nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e em algumas áreas do Nordeste do Brasil, as espécies do gênero Brachiaria, de maneira geral, vêm sendo consideradas opções interessantes aos agricultores, devido suas características como alta relação C:N de sua composição, excelente adaptação a solos de baixa fertilidade, fácil estabelecimento e considerável produção de biomassa durante o ano, proporcionando excelente cobertura vegetal do solo. As bra-quiárias apresentam também sistema radicular abundante, agressivo, que contribui para a melhoria da infiltração de água, da agregação e da aeração do solo.

Atualmente, a espécie Brachiaria ruziziensis tem sido a mais indicada pelos pesquisadores, pois além de exigir menores doses de herbi-cidas para o seu controle, tem-se observado que a morte das plantas é mais rápida do que das outras espécies de braquiárias, como Brachiaria decumbens e B. brizantha. A adoção de baixas dosagens de herbicida no manejo das plantas de cobertura leva-nos à prática do manejo racional, contribuindo para um menor impacto ambiental, menor custo e maior tranquilidade quanto ao manejo das plantas daninhas na lavoura, caracterizando a sustentabilidade do sistema quanto ao con-trole das plantas daninhas.

Embora as gramíneas forrageiras geral-mente apresentem produção de biomassa superior à maioria das espécies leguminosas em ambientes de clima tropical, em parte devido à maior eficiência na realização de fotossíntese, algumas espécies de leguminosas, como as crotalárias, possuem produções de matéria seca semelhantes às braquiárias. Em se tratando de sistema plantio direto, não se recomenda o cultivo contínuo de uma única espécie, para que seja possível aproveitar todos os benefícios proporcionados pela rotação de culturas. No caso das leguminosas, a decom-posição mais rápida dos resíduos vegetais, consequência da menor relação C:N destas espécies, é compensada pelo aporte de nitro-gênio realizado pela fixação biológica. Além disso, ao estabelecer um programa de rotação de culturas que inclua diferentes espécies formadoras de cobertura vegetal, o agricultor encontrará maior facilidade no manejo das plantas daninhas na área.

Dentre as estratégias de manejo com her-bicidas das plantas de cobertura comumente utilizadas pelos agricultores, destaca-se o manejo imediatamente antes da semeadura, entre sete e dez dias antes da semeadura ou entre dez e 20 dias anteriores à semeadura

da cultura comercial. Segundo pesquisas re-alizadas na Unesp de Jaboticabal, o intervalo entre o manejo químico da cobertura vegetal e a semeadura de culturas como a soja deve ser de pelo menos sete dias, pois o manejo químico e a semeadura no mesmo dia, além de afetarem o desenvolvimento da cultura, promovem efeito negativo na atividade de microrganismos do solo.

Essa interferência negativa do manejo quí-mico das plantas de cobertura sobre a cultura sucessora se deve a um fenômeno chamado alelopatia, que é o efeito inibitório, direto ou indireto, de uma planta sobre outra, e que ocorre pela produção de compostos químicos liberados ao meio. Acredita-se que ao sofrer a ação dos herbicidas ou então na decomposição inicial da sua palhada e/ou por exsudação radicular, a planta libere compostos químicos que podem interferir na produtividade da cultura semeada imediatamente em seguida. O intervalo de uma semana entre o uso dos herbicidas e a semeadura tem se mostrado suficiente para amenizar esses possíveis efeitos alelopáticos.

A palhada presente sobre o solo no sistema plantio direto pode auxiliar no controle das

plantas daninhas graças a efeitos químicos, físicos e biológicos. O efeito químico da palhada sobre as plantas daninhas se deve à alelopatia, aquele mesmo fenômeno de liberação de compostos pela decomposição dos resíduos vegetais citado anteriormente, que pode ser negativo ao prejudicar o desen-volvimento inicial das culturas e benéfico ao inibir a germinação e o desenvolvimento das plantas daninhas.

O efeito físico ocorre pela proteção que a palhada proporciona ao solo contra a incidência direta de raios infravermelhos, responsáveis pela quebra de dormência de algumas sementes de plantas daninhas e pelo efeito supressor, em que a palhada forma uma barreira física à emergência e ao crescimento das plantas daninhas.

Finalmente, o efeito biológico é caracteri-zado pela manutenção da umidade e do au-mento da atividade de microrganismos entre o solo e a palhada, que favorece a decomposição das sementes de plantas daninhas presentes na superfície do solo.

Quando a formação e o manejo das coberturas vegetais são bem-sucedidos, com o surgimento de uma camada de palha em quantidade adequada e distribuição uniforme sobre o solo, a densidade populacional de plantas daninhas emergidas durante o ciclo da cultura em sucessão tende a ser menor. Assim, o uso de herbicidas aplicados em pós-emergência da cultura pode ser recomendado para o controle pontual. Entretanto, poderá ocorrer uma reorganização guiada pela na-tureza, à qual poderá ocorrer mudança das espécies de plantas daninhas da área.

Cobertura do solo nas entrelinhas da soja em plantio direto com palhada de Brachiaria decumbens

Semeadura da soja sobre palhada de milho safrinha e Brachiaria decumbens

CC

Anísio da Silva NunesFac. Anhanguera de DouradosPaulo César TimossiUniversidade Federal de Goiás

09www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

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Soja

10 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Fotos Dalcin Planejamento/Unemat

A trapoerabinha tem limitado os cultivos agrícolas no Brasil, principalmente nas regiões do cerrado

Parente menor Da mesma família commelinaceae, da tradicional trapoeraba, a trapoerabinha (Murdania nudiflora) ganha importância nas lavouras de soja brasileiras, predominantemente cultivadas em sistema de plantio direto. Para enfrentar o problema, tão importante quanto a escolha do produto a ser empregado é a realização de um manejo correto que adote de forma integrada as medidas de combate

As plantas daninhas têm “roubado” muito das produções das lavouras durante a história da agricultura

mundial. Nesse fato, talvez resida a principal explicação para a chegada dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), as cul-tivares transgênicas, resistentes a glifosato. O que não se deve esquecer é que essa tecnologia surgiu como uma ferramenta a mais e que não se trata da “salvação da lavoura”. A natureza é muito dinâmica e está em constante mudança. Sendo assim, não se pode achar que um só produto, sem qualquer tipo de manejo, resol-verá todos os problemas. As “novas” espécies de plantas daninhas que têm surgido provam que o manejo e o conhecimento de cada situ-ação são tão importantes quanto o produto a utilizar. E, por isso, trabalhos que associam manejo a produtos são de suma importância para encontrar-se controle para as daninhas.

A trapoerabinha (Murdania nudiflora) tem se mostrado importante limitadora dos cultivos agrícolas brasileiros, principalmente nas regiões do cerrado. Esta espécie está presente de forma muito significativa na região do Vale do Araguaia/Xingu, leste do estado de Mato Grosso. Levantamento feito

pela empresa de consultoria de planejamento agropecuário Dalcin Planejamentos mostra que aproximadamente 31% das proprieda-des cultivadas com soja na região do Vale do Araguaia registram esta espécie. E quando se analisa cada propriedade, cerca de 50% dos talhões cultivados de cada fazenda têm a presença de trapoerabinha. A importância desta espécie aumenta ainda mais pelo fato de ser da família das commelinaceae, a mesma que compreende plantas como a Commelina benghalensis “trapoeraba” de conhecido difícil controle.

A espécie M. nudiflora possui porte ras-teiro, formação de caule estolonífero e tem se destacado como infestante na cultura do arroz irrigado, em várzeas, da região do Vale do Araguaia, estado do Tocantins (Kissmann, 1991). Na Guatemala, corresponde à espécie infestante mais nociva à cultura do arroz, com prejuízos a partir dos 54 dias após a emergência da cultura (Sotomayor, 1988). Se-gundo Wilson (1981) isso pode ser atribuído à morfologia da família commelinaceae, que possui duas formas básicas de reprodução, sendo por seminal ou enraizamento dos nós. Por conta disso ocorre acentuada dificuldade em controlá-la com os produtos existentes. É comum a aplicação de herbicidas sem o controle efetivo desta espécie (ocorre muitas vezes apenas supressão). Esta planta tem crescimento inicial relativamente baixo até os 30 DAE (Dias Após a Emergência), mas após o aparecimento de plantas filhas, aos 40 DAE, ocorre aumento na taxa de crescimento, com alto poder de crescimento vegetativo e grande capacidade de cobrir o solo. Com isso ocorre grande competição com as plantas cultivadas, alta produção de sementes, sendo que cada es-trutura reprodutiva pode produzir aproxima-

Parente menor Da mesma família commelinaceae, da tradicional trapoeraba, a trapoerabinha (Murdania nudiflora) ganha importância nas lavouras de soja brasileiras, predominantemente cultivadas em sistema de plantio direto. Para enfrentar o problema, tão importante quanto a escolha do produto a ser empregado é a realização de um manejo correto que adote de forma integrada as medidas de combate

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Testemunha (à esquerda) e parcela tratada com atrazina (à direita)

damente 160 sementes. Com isso, uma planta inteira chega a produzir aproximadamente 4,6 mil sementes, Erasmo et al (2003).

O controle ou manejo da trapoerabinha mostra-se de extrema importância para a agricultura, principalmente por suas carac-terísticas fenológicas. No campo pode-se notar que estas características são marcantes e importantes, como a cobertura promovida em uma área de alta infestação. Onde existe a predominância da trapoerabinha, essa daninha promove a cobertura de 100% do

solo, suprimindo assim o aparecimento de outra espécie, mostrando seu alto poder de competição com as culturas. A disseminação de sementes é um dos fatores responsáveis pelo alto poder de “ação” desta planta, não só pela quantidade de sementes, mas também pelo seu tamanho, que é pequeno, sendo de alta disseminação pelo vento, e pelo seu alto índice de germinação.

O aparecimento da trapoerabinha tem sido crescente e recente, porém, no início notava-se sua incidência maior em áreas mais

úmidas, ou seja, de solos hidromórficos. Mas com o advento do plantio direto sua presença aumentou, o que pode ser explicado pelo fato da não remoção de solo, pois as sementes são pequenas e em grandes quantidades. A incor-poração do solo no plantio convencional pode atrasar ou dificultar o seu aparecimento (por ficarem em uma parte mais profunda). Já no plantio direto estas sementes ficam superficiais e com facilidade para germinar e emergir. Isso é facilmente observado em situações a campo.

Pelo fato do cultivo da soja ocorrer

Em experimento realizado em 2009, área com aplicação de glifosato (à esquerda) e testemunha (à direita)

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12 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

CC

Tabela 1 - Controle (%) de trapoerabinha por três tipos de herbicidas

Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. *DAA = dias após a aplicação

07 DAA*20,00 b 60,00 a20,00 b0,00 c11,85

14DAA*20,00 b 95,00 a 5,00 c0,00 c22,49

28 DAA*35,00 b

100,00 a 5,00 c0,00 c20,29

Tratamentos Ing. Ativo em g.

T1 Glifosato (975 g)T2 Atrazina (1.496 g)T3 Imazetapir (100 g)

T4 TestemunhaCV (%)

Produtividade

Espécie tem crescido em importâncianas lavouras brasileiras

Marcelo Volf,Diego Sichocki eJanderson FagundesDalcin Planejamentos/Unemat Rafael Locateli,AFB “Agropecuária Faz Brasil Flavio Wruck,Embrapa Arroz e Feijão

Fotos Dalcin Planejamento/Unemat

predominantemente através do sistema de plantio direto, esta planta está cada vez mais presente, com alto índice de competição e provocando grandes perdas. Na contramão desse processo, o manejo da trapoerabinha na cultura da soja ainda não está consolidado, não se tem uma recomendação coesa e funcional, sob o ponto de vista técnico e econômico. O que já se mostrou correto e viável é o manejo desta planta em pós-colheita da cultura da soja, pois a permanência da trapoerabinha na entressafra, produzindo toda a quantidade de semente, só trará o aumento do número de plantas, e o banco de semente dificultando cada vez mais seu controle e aumentando sua taxa de competição.

O trabalho conduzido na entressafra, no ano de 2009, objetivou testar produtos para o controle da trapoerabinha. Esse combate deve ser efetivo e considere-se que é possível

ter culturas instaladas como o milheto, a bra-quiária ou o milho. Foram testados produtos e combinações entre eles, focando tanto o con-trole independente, com produtos de amplo espectro de ação ou controle com produtos seletivos. Os produtos utilizados foram glifo-sato (975g i.a ha-1) atrazina (1.496g i.a ha-1); imazetapir (100g i.a ha-1) e uma testemunha. O estádio das plantas estava no início do flo-rescimento. Apesar de não ser o estádio ideal para controle da trapoerabinha, vale ressaltar que é o momento em que normalmente é feito o manejo de controle de plantas daninhas e da resteva de soja em pós-colheita (até porque estas plantas são sobras do não controle efetivo feito durante o período da cultura da soja, e já se encontravam no final do estádio vegetativo no momento da colheita da soja).

Os produtos testados apresentaram algum tipo de controle superior à testemunha, e foi observada diferença estatística em todos os tratamentos, que apresentaram significância no controle de Murdania nudiflora em função dos herbicidas (Tabela 1). Os momentos de avaliação foram definidos em dias após a apli-cação (DAA). Aos 7 DAA, a atrazina obteve controle de 60% e foi superior estatisticamente aos demais tratamentos, que eram representa-dos por imazetapir, glifosato e testemunha. Os produtos imazetapir e glifosato apresentaram controle de 20%, e não compuseram diferença estatística entre si, porém, apresentaram o que pode ser chamado de fitotoxidez, pois somente provocaram amarelecimento das plantas e não morte. Contudo, foram superiores à testemunha.

Aos 14 DAA, a atrazina apresentou con-trole de 95%, enquanto imazetapir confirmou aos 7 DAA somente fitotoxidez. Decorreu uma perda no índice de sua eficiência de controle, com nota igual a 5% de controle, onde esse índice era de 20%, mostrando assim rebrota das plantas. Já o glifosato manteve o

índice de controle dos 7 DAA e não diferiu da testemunha.

Aos 28 DAA o controle proporcionado pela atrazina chegou aos 100%, enquanto o imazetapir manteve os 5% e o glifosato 35%. Oliveira et al (2009) relatam boa eficiência de controle de Commelina erecta quando utilizaram atrazina em mistura ao metholaclor.

Este trabalho mostrou que a atrazina pode ser alternativa para o problema do controle dessa planta daninha. Além do controle efetivo, abre um leque muito inte-ressante, pois se a área estiver composta na entressafra por milho, braquiária ou milhe-to, este produto pode ser utilizado por ser seletivo a estas culturas, associando manejos químico e cultural. Químico, é claro, com a atrazina e cultural com a braquiária, que tem efeito supressor, e o próprio milheto, que também proporciona certa supressão a plantas daninhas.

O glifosato foi um dos produtos testados para o controle da trapoerabinha

Área tratada com atrazina (esquerda) em trabalhoconduzido na entressafra de 2009

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Soja

13www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Combinação eficiente

Combinar a aplicação do glifosato com outros herbicidas tem se mostrado alternativa importante no manejo de plantas daninhas resistentes ao produto, na cultura da

soja. Já o defensivo utilizado de forma isolada apresenta resultados insatisfatórios no combate a essas invasoras

As plantas daninhas cons-tituem um dos principais componentes bióticos do

agroecossistema da soja e, quando não manejadas, afetam negativamente o desenvolvimento da cultura, reduzindo a produtividade de grãos (Lamego et al, 2004). No mercado brasileiro, a introdu-ção de variedades de soja geneticamente modificadas, que conferem resistência às plantas ao herbicida glifosato, gerou importantes modificações no controle químico de plantas daninhas (Gazziero et al, 2006).

As principais características do gli-fosato, que determinam sua alta prefe-rência nas aplicações de dessecação de manejo, envolvem o controle de diversas espécies comumente invasoras, inde-pendentemente do estádio de desen-volvimento, de espécies de propagação vegetativa, e o fato de não deixar resídu-

os no solo que acarretem problemas ou atraso na semeadura da cultura (Petter et al, 2007).

Entretanto, apesar de o glifo-

sato ser um ótimo instrumento no com-bate às plantas daninhas, ainda existe baixa eficiência no controle de algumas espécies. Alguns resultados de pesqui-sa têm demonstrado que o uso desse produto, combinado com herbicidas aplicados em soja transgênica, aumenta o espectro e a eficiência de controle de plantas consideradas mais tolerantes à ação do glifosato isolado (Procópio et al, 2007). Misturas realizadas em tan-que apresentem resultados diferentes quando comparadas à aplicação isolada dos produtos, no tocante à eficiência de controle, bem como na seletividade para a cultura da soja (Ramires et al, 2010).

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência do herbi-cida glifosato aplicado isolado e em associações aos herbicidas lactofen, chlorimurom-ethyl, flumioxazin, ben-tazon, fomesafen e imazethapyr no controle das plantas daninhas Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo), Bidens pilosa (picão-preto), Ipomoea grandifolia

(corda-de-viola) e Commelina bengha-lensis (trapoeraba).

O exPerIMenTOO experimento foi realizado em

condições de campo no município de Cândido Mota, São Paulo, na região do Vale do Paranapanema, no ano agrícola de 2009/2010. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (Embrapa, 2006), cujas características físicas na profundidade de 0-20cm eram de 699g/kg de argila, 200g/kg de argila e 111g/kg de argila, silte e areia, respectivamente. Para o preparo da área experimental, a vegetação remanescente foi dessecada com o herbicida glifosato, na dosagem de 3,5L/ha, associado ao herbicida 2,4-D a 0,450L/ha, com o ob-jetivo de eliminar as diferentes espécies de plantas daninhas, proporcionando melhores condições para germinação e desenvolvimento da cultura.

A semeadura da cultura da soja foi realizada no dia 12 de novembro de 2009, utilizando-se a cultivar BMX

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Page 14: Grandes Culturas - Cultivar 145

14 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

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Tabela 1 - Avaliação da eficiência de diferentes ingredientes ativos combinados ou isolados no controle de euphorbia hetero-phylla (eH), Bidens pilosa (BP), Ipomoea grandifolia (IG) e Commelina benghalensis (CB), aos 13 e 25 dias após aplicação

13º DAA-

78,00 b72,75 c81,50 a 82,00 a 82,75 a 78,25 b78,00 b82,50 a 16,362,212,46

25º DAA-

92,75 cd80,75 f 93,25 bc93,50 bc95,75 a 87,50 e90,75 d95,00 ab

43,411,642,18

eHTrATAMenTOS

Testemunha glifosato 2,5glifosato 2,0

glifosato + lactofenglifosato + chlorimuron-ethyl

glifosato + flumioxazinglifosato + bentazonglifosato + fomesafen

glifosato + imazethapyrF

CV (%)DMS

13º DAA-

80,25 c76,75 d85,50 a 85,00 ab86,50 a 83,25 bc84,25 ab84,00 ab

9,162,543,08

25º DAA-

96,50 b92,00 d95,00 c

96,75 ab96,75 ab97,00 ab98,00 a 96,50 b15,050,991,38

BP13º DAA

-78,50 e73,25 f 82,75 cd85,00 b88,75 a 84,50 bc83,50 bc81,50 d57,621,491,79

25º DAA-

94,50 c85,75 d93,75 c95,00 bc98,25 a 96,50 b96,50 b94,25 c40,021,261,74

IG13º DAA

-73,50 c70,00 d76,00 c81,75 a 78,75 b75,75 c74,00 c

80,00 ab18,212,352,62

25º DAA-

81,25 d74,25 e84,25 c91,75 a 88,00 b83,25 cd83,00 cd88,75 b47,381,852,28

CB

Potencia RR de ciclo semiprecoce e resistente ao herbicida glifosato, com espaçamento entre linhas de 0,45m e densidade populacional de 400 mil plantas/ha. Para adubação foi utilizado inoculante turfoso contendo estirpes de Bradyrhizobium (108 células/g), 60kg/ha de P2O5 na forma de superfosfato sim-ples e 45kg/ha K2O na forma de KCl.

As parcelas eram const ituídas de sete metros de comprimento por quatro metros de largura, totalizando uma área de 28m2, tendo uma área útil para as avaliações de 11,25m2. O delineamento experimental utilizado foi blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições. O trabalho foi constituído por nove tratamen-tos e por quatro espécies de plantas daninhas. Os tratamentos aplicados foram: testemunha infestada, glifosato (2,5L p.c. ha-1) (G2,5), glifosato (2,0L p.c. ha-1) (G2,0), glifosato + lactofen (2,0 + 0,45L p.c. ha-1) (G2,0 + L), glifosato + chlorimuron-ethyl (2,0 + 50g p.c. ha-1) (G2,0+CE), glifosato + flumioxazin (2,0 + 40g p.c. ha-1) (G2,0 + FL), glifosato + bentazona (2,0 + 0,80L p.c. ha-1) (G2,0 + B), glifosato + fomesafen (2,0 + 0,60L p.c. ha-1) (G2,0 + FO) e glifosato + imazethapyr (2,0 + 0,60L p.c. ha-1) (G2,0 + I). As espécies analisadas foram: Euphorbia heterophylla, Bidens pilosa, Ipomoea

grandifolia e Commelina benghalensis. A densidade (plantas m-2) e o estádio de desenvolvimento das invasoras (nú-mero de folhas) foram os seguintes: E. heterophylla (2, 4-8), B. pilosa (8, 2-6), I. grandifolia (1, 2-6), C. benghalensis (2, 2-6), respectivamente.

As aplicações isoladas do glifosato e associadas a outros herbicidas foram realizadas em pós-emergência da cultura e das plantas infestantes, no momento em que as plantas de soja apresentavam o primeiro trifólio totalmente aberto (estádio V2). Para as aplicações, foi utilizado um pulverizador costal pres-surizado contendo CO2 com pressão

constante de 2,0kgf/cm-2, conectado a uma barra munida de seis bicos de pul-verização modelo DG 110.02, espaçados entre si em 0,50m e consumo de calda equivalente a 200L/ha-1. No momento das aplicações, as condições ambientais eram: temperatura de 26ºC, umidade relativa do ar de 73% e velocidade do vento de 3km/h-1.

Para a avaliação da porcentagem de controle das plantas daninhas, baseou-se em critérios segundo a escala de “0” a “100”, na qual o zero representou ausência de injúria e “100”, a morte total da planta daninha, conforme recomendado pela Sociedade Brasileira

Controle de Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla) ao 13º Dia Após Aplicação (DAA) de Glifosato + Flumioxazin;

Controle de Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla) ao 13º Dia Após Aplicação (DAA) de Glifosato + Imazethapyr

Page 15: Grandes Culturas - Cultivar 145

Rodrigo Pelizaro eDalton Vinicio Dorighello,FeapLuiz Tadeu JordãoUniversidade Estadual de Maringá Danilo Pinceli Chaves,Nidera SementesMarcelo Rocha Corrêa,EsappLuiz Antonio Jordão, Portal Ciência do Solo

Pelizaro, Dorighello, Luiz Tadeu Jordão, Chaves, Corrêa e Luiz Antonio Jordão apresentam alternativas para o manejo de daninhas tolerantes a glifosato

da Ciência das Plantas Daninhas, (SB-CPD, 1995).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste “F” e para verificar diferença entre médias utilizou-se o teste de “t” ao nível de 5% de probabilidade, segundo Gomes (1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados das aplicações dos tra-

tamentos envolvendo glifosato, isolado ou em conjunto com outros herbicidas, são apresentados na Tabela 1.

Observando a Tabela 1, os melhores tratamentos para o controle de E. he-terophylla foram G2,0 + L (13º DAA), G2,0 + CE (13º DAA), G2,0 + FL (13º e 25º DAA) e G2,0 + I (13º e 25º DAA). As aplicações de G2,0 e G2,5 (13º e 25º DAA) foram significativamente inferio-res comparadas a essas combinações, sendo que G2,0 aos 25 DAA, G2,0 + L, G2,0 + CE e G2,0 + FO também foram superiores estatisticamente. Ramires et al (2010), observaram maior eficiência no controle de E. heterophylla no estádio de quatro folhas aos 14 DAA, utilizan-do glifosato com outros herbicidas. Os melhores resultados foram G2,0 + I, G2,0 + FO e G2,0 + L. Assim como Carvalho et al (2002), verificaram efici-ência de 86% na mistura de G2,0+CE, em relação ao isolado (76,3%), aos 15 DAA. A aplicação do glifosato isolado não proporcionou controle satisfatório da invasora aos 25 DAA (Procópio et al, 2007).

Para B. pilosa, as melhores combi-nações foram G2,0 + L (13º DAA), G2,0 + CE (13º DAA), G2,0 + FL (13º DAA), G2,0 + FO (13º e 25º DAA) e G2,0 + I (13º DAA). As aplicações G2,0 e G2,5 foram inferiores a estas combi-nações. A aplicação de G2,0 isolado, também foi inferior aos 13 DAA para a combinação G2,0 + B, e apresentou a menor eficiência em relação às demais combinações aos 25 DAA. Procópio et

al (2007), observaram melhores resul-tados com a aplicação de glifosato + imazethapyr (3L + 100g p.c. ha-1) aos 13 DAA.

No controle de I. grandifolia , o melhor tratamento foi a combinação G2,0+FL (13º e 25º DAA). Aos 13 DAA, as aplicações isoladas de G2,0 e G2,5 apresentaram os menores valores, com 73,25 e 78,5%, respectivamente. Aos 25 DAA, a aplicação de G2,5 foi inferior estatisticamente que G2,0 + B e G2,0 + FO. A aplicação de G2,0 apresentou o menor valor de eficiência aos 25 DAA. Para o controle de I. gran-difolia no estádio de quatro a seis folhas, todos os herbicidas testados (inibidores de Protox, ALS e FSII) aplicados com G2,0 apresentaram eficácia de controle (Ramires et al, 2010). De acordo com os resultados deste trabalho, G2,0 + FO e G2,0 + B apresentaram 90 e 68,75% de eficiência, aos 14 DAA, e 98 e 82,5%, aos 21 DAA, contra 47 e 65% de efi-ciência na aplicação do G2,0 isolado, respectivamente. Assim como Carvalho et al (2002) observaram maior eficiência na mistura de G2,0+CE, em relação ao G2,0 isolado. As porcentagens de controle aos 15 DAA partiram de 70,8% (G2,0) para 95% (G2,0 + CE).

Para o controle eficiente de C. ben-ghalensis, G2,0 + CE apresentou os me-lhores resultados para 13º e 25º DAA, e G2,0 + I (13º DAA). A aplicação de G2,5 (13º DAA) também foi inferior

que G2,0 + FL, sendo que na dose de G2,0 apresentou a menor eficiência (13º DAA). Aos 25 DAA, as aplicações de G2,0 e G2,5 foram inferiores que os demais, apresentando 74,25 e 81,25%, respectivamente. A aplicação isolada de glifosato na dose de 1,0, 2,0 e 3,0L p.c. ha-1 não proporcionou controle satisfatório da invasora (Procópio et al, 2007). Neves et al (2010), observaram 100% de eficiência no controle de C. benghalensis aplicando G2,0 + CE e G2,0 + L, estando de acordo com os dados deste trabalho (Tabela 1).

CONCLUSÕESA aplicação de glifosato isolado nas

doses de 2,0L p.c. ha e 2,5L p.c. ha-1 não controlou satisfatoriamente as invasoras estudadas. A mistura de gli-fosato com outros herbicidas mostra ser uma alternativa eficiente para o melhor manejo das plantas daninhas tolerantes ao produto. CC

Page 16: Grandes Culturas - Cultivar 145

Soja

16 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

A disseminação de nematoides através de sementes entre regiões, países e continentes tem aumenta-

do através do intercâmbio de sementes entre agricultores, melhoristas de plantas e outros agentes. As principais espécies de importância agrícola que podem ser veiculadas por semen-tes encontram-se nos gêneros: Anguina (A. tri-tici em trigo) (Figura 3 C), Aphelenchoides (A. besseyi em arroz e gramíneas) (Figura 3 A e B), Ditylenchus (D. dipsaci em cebola e braquiária e D. angustus em gramíneas) e Heterodera (H. glycines em soja) (Figura 2 B).

Os nematoides podem ser transportados junto com as sementes de três diferentes mo-dos: 1) no interior das sementes, na forma de juvenis abrigados entre a casca e o endosper-ma da semente; em pequenas cavidades das sementes de cereais e de gramíneas; na região do hilo (Aphelenchoides spp. e Ditylenchus spp.) e em lesões presentes na semente (Ditylenchus spp.); 2) associados a fragmentos vegetais da planta-mãe infectados junto às sementes (Ditylenchus spp.); e 3) como contaminação concomitante, a exemplo de algumas espécies do gênero Anguina spp., que transformam o ovário da flor da planta hospedeira em galhas, sendo assim disseminadas misturadas às sementes produzidas ou, ainda, na forma de

cistos (Heterodera spp.), contidos em torrões de solo ou aderidos às sementes de plantas hospedeiras.

Um bom exemplo de transporte de nema-toides no interior de sementes é conferido por espécies de Aphelenchoides, notadamente A. besseyi, que pode se abrigar em grãos, cascas e palhas de arroz. Nessa cultura, tal espécie é o agente etiológico da “ponta branca do arroz”, que ocorre em praticamente todas as regiões produtoras do mundo, e pode causar esteri-

lidade das flores, menor produção ou, ainda, grãos de menor tamanho e peso, afetando assim o poder germinativo das sementes. No Brasil, esse nematoide pode causar perdas de até 50% na produção de arroz.

Além de disseminar os nematoides im-portantes e já presentes no País, as sementes podem se constituir em fonte de introdução de espécies de fitonematoides e raças biológicas que não ocorrem no Brasil, existindo um risco permanente de sua introdução e disseminação com a importação de material genético, para fins de pesquisa no melhoramento genético das espécies em exploração, assim como para a diversificação da agricultura nacional. A inspeção e a quarentena desses materiais, realizada pelo serviço de quarentena no Brasil, têm interceptado nematoides importantes, como Globodera sp. e Pratylenchus penetrans em tubérculos-sementes de batata, D. dipsaci e Pratylenchus sp. em milho, D. dipsaci e An-guina sp. em sementes de aveia, entre outros, o que demonstra o valor desta atividade e a necessidade de seu fortalecimento.

SeTOr FOrrAGeIrOUm dos setores mais afetados pela pre-

sença de nematoides em sementes tem sido o forrageiro. Atualmente, o Brasil é considerado

Um dos setores mais afetados pela presença de nematoides em sementes, no Brasil, tem sido o forrageiro. No caso de algumas espécies, como as gramíneas forrageiras tropicais, a preocupação aumenta, já que o uso de sistemas de rotação de pastagens com cultivos

agrícolas, como a soja, se encontra em expansão no País, o que pode resultar em comprometimento da produção. Tratamento de sementes, realização de testes de pureza e a

adoção de padrões de sanidade estão entre as ferramentas para enfrentar o problema

Efeito indiretoEfeito indiretoUm dos setores mais afetados pela presença de nematoides em sementes, no Brasil, tem sido o forrageiro. No caso de algumas espécies, como as gramíneas forrageiras tropicais, a preocupação aumenta, já que o uso de sistemas de rotação de pastagens com cultivos

agrícolas, como a soja, se encontra em expansão no País, o que pode resultar em comprometimento da produção. Tratamento de sementes, realização de testes de pureza e a

adoção de padrões de sanidade estão entre as ferramentas para enfrentar o problema

Figura 1 - Sementes sadias e sementes contaminadas com Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli (A) e Colletotrichum lindemuthianum (B)

A)

B)

Alves, S.J.

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Page 17: Grandes Culturas - Cultivar 145

o maior produtor, consumidor e exportador de sementes de forrageiras tropicais.

São observadas enormes variações na qualidade dos lotes de sementes de forragei-ras disponibilizados no mercado brasileiro. São encontradas desde sementes ilegais e com qualidade baixíssima até sementes que atendem as mais exigentes regulamentações mundiais do setor.

A qualidade de sementes é resultante da somatória de atributos genéticos, físicos, fisio-lógicos e sanitários, o que deve permitir, em condições normais de campo, um adequado estabelecimento das plantas forrageiras. Como atributo genético, entende-se que as sementes devem ser da espécie e/ou cultivar desejada pelo produtor. Os atributos físicos referem-se à composição do lote, cujos componentes são separados pela análise de pureza em: sementes puras, outras sementes e material inerte. São consideradas sementes puras aquelas identifi-cadas como sendo da espécie em exame e que não estejam com danos que comprometam mais da metade de seu tamanho original. Quanto maior for a quantidade de semen-tes puras, melhor será a qualidade física do lote. Os atributos fisiológicos compreendem principalmente a germinação e o vigor das sementes, fatores esses que interferem de forma significativa no sucesso da implantação da pastagem. Por sua vez, a qualidade sanitária

do lote de sementes envolve aspectos ligados a pragas, doenças e nematoides.

A produção e a comercialização de grandes quantidades de sementes de baixa qualidade no mercado brasileiro são, em grande parte, responsabilidade dos próprios pecuaristas. Estes se acostumaram a comprar sementes com baixa pureza (30%-40%), em mistura com palha e terra, por considerarem que, com maior volume, é mais fácil a distribuição a lanço nas áreas em que se pretende “formar” as pastagens (Figura 4 A e B). Outro motivo seria a possível associação entre a presença de palha e terra com melhor qualidade fisiológica da semente. De fato, sementes colhidas do solo por varredura apresentam maior germinação e vigor do que as colhidas mecanicamente das panículas.

Nos últimos anos, entretanto, houve con-siderável melhora na tecnologia de produção de sementes de forrageiras. Parte da produção ocorre em campos tecnologicamente bem con-duzidos, as sementes são recolhidas do solo por máquinas e, em especial, quando destinadas à exportação, processadas em modernas unida-des de beneficiamento. Mesmo colhendo do solo, lotes com alta pureza têm sido obtidos, analisados para nematoides e direcionados preferencialmente para exportação. Ou seja, tecnologia de produção de sementes não é o problema.

Para algumas espécies, como as gramíneas forrageiras tropicais, adota-se um índice deno-minado valor cultural (VC) que contempla atributos físicos (pureza) e fisiológicos (viabili-dade em tetrazólio ou germinação) ao mesmo tempo. Por exemplo, um lote de sementes de Brachiaria brizantha que apresente 60% de pureza e 80% de viabilidade em tetrazólio tem 48% de valor cultural. Isso significa que em cada 100kg desse lote, 48kg são sementes puras com potencial de germinar; os 52kg res-tantes são impurezas ou sementes não viáveis. As impurezas mais comumente encontradas são palha e terra, mas também sementes de plantas daninhas, ovos de cigarrinhas e nema-toides. A rigor, material que apresente menos de 50% de pureza não deveria ser denominado de semente. Entretanto, a grande maioria dos lotes de sementes de Brachiaria vendidas no Brasil apresenta valor cultural de 48%. Existe uma legislação específica visando assegurar padrões mínimos de qualidade para sementes de forrageiras. O Ministério de Agricultura e o Departamento de Fiscalização da Secretária de Agricultura (Defis) fiscalizam as empresas produtoras e as sementes disponíveis no co-mércio. Contudo, muitos lotes de sementes de forrageiras de baixa qualidade são encontrados no comércio.

Além disso, a colheita por varredura, que tem sido preferida pelos pecuaristas em função da uniformidade de maturação das sementes, compromete a pureza física do lote, além de aumentar o risco de contaminação da pastagem por sementes de plantas invasoras e, inclusive, de estruturas de sobrevivência de algumas espécies de nematoides, como os cistos do nematoide da soja, H. glycines (Figura 2 B), ou mesmo de fungos, como os escleró-dios do mofo branco, Sclerotinia sclerotiorum (Figura 2 A).

Para agravar ainda mais a situação, mui-tas sementes de Brachiaria e Panicum são produzidas em rotação com o cultivo de soja na região Central do Brasil e podem ter como impurezas sementes de plantas daninhas exóticas e nematoides, como, por exemplo, o

Figura 3 - Aphelenchoides besseyi (A) e o sintoma conhecido como “ponta branca do arroz” (B); danos causados em trigo por Anguina tritici (C)

17www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Figura 2 - Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum, fungo causador do mofo branco, encontrados em lote de sementes de soja (A). Cistos de Heterodera glycines, em cujo interior estão contidos os ovos (B)

A

A) B) C)

Avilla, M. R. Fonte: http://www.cifeijao.com.br/index.php?p=pragas_doencas

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Page 18: Grandes Culturas - Cultivar 145

18 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 1 - estatística da produção brasileira de sementes na safra 2009/2010

*CONAB – oitavo levantamento (maio/2010)Adaptado: ABrASeM, 2010; (Disponível em www.abrasem.com.br)

Produção sementes(t)Safra 2008/2009

10.29122.14783.9328.8909.300109

48.115232.595

1.290.7888.665

337.7035.153

Área semeada para produção de grãos (ha)*

836.000849.600

1.982.400122.400144.8294.400

3.789.60013.030.20023.239.000

780.6002.428.000

67.500

Demanda potencial de sementes (t)

12.54067.968237.88814.688

-396

227.376260.604

1.394.3407.806

339.9208.100

espécie

AlgodãoArroz

Arroz irrigadoAveiaBatataCenteioFeijãoMilhoSoja

SorgoTrigo

Triticale

Taxa de utilização de sementes (%)

444255425533118464907251

nematoide de cisto da soja. O uso de sistemas de rotação de pastagens com cultivos agrícolas está em expansão, principalmente devido ao aumento da área cultivada sob o sistema de integração lavoura-pecuária em semeadura direta. Os nematoides presentes em lotes de sementes de forrageiras podem vir, portanto, a interferir significativamente nas produtivi-dades agrícolas do País no futuro.

Embora não existam pesquisas que de-monstrem os danos causados às pastagens pelos nematoides, acredita-se que os mesmos possam ter impacto significativo sobre a produção de matéria seca e persistência das forrageiras no campo. Além dos danos diretos, os fitonematoides constituem grande entrave para as exportações de sementes de forrageiras, como Brachiaria spp. e Panicum spp. Nesse sentido, sabe-se que os nematoides do gênero Aphelenchoides, principalmente A. besseyi, são encontrados frequentemente em sementes de Brachiaria spp., P. maximum, Setaria italica, Cyperus spp. e Digitaria sanguinalis, inclusive em sementes de germoplasma importadas. Além desses nematoides, espécies de Ditylen-chus também têm sido relatadas em gramíneas forrageiras, Heterodera glycines (nematoide de cisto da soja) e algumas espécies de Pra-tylenchus, inclusive P. brachyurus, podem ser encontradas em torrões de terra veiculados juntamente com sementes de forrageiras. Por-tanto, a aquisição de sementes beneficiadas, tanto de forrageiras quanto de outras culturas, isentas de partículas de solo, é fundamental para evitar a entrada de nematoides.

Com o objetivo de avaliar diferentes tratamentos para eliminação de nematoides em sementes, estudos conduzidos na Unesp, campus de Jaboticabal, demonstraram que, para algumas espécies forrageiras, como es-tilosantes, o fato de a colheita ser realizada a partir das inflorescências contribui para a pro-dução de sementes livres de fitonematoides, principalmente no caso de Ditylenchus spp., que são mais associadas às impurezas junto às

sementes. Ademais, a escarificação mecânica realizada nas sementes dessa espécie, antes da comercialização, para a superação da dor-mência física, pode apresentar efeito negativo sobre os fitonematoides presentes. No caso de Brachiaria brizantha, o beneficiamento das sementes pode resultar em redução da população de Ditylenchus spp. Além disso, as exigências de tratamentos das sementes com ácido sulfúrico ou formaldeído, impostas por países importadores, mas que não ocorre no comércio nacional, aparentemente podem contribuir para a produção de sementes livres de fitonematoides, já que tais produtos causam inativação ou alterações morfológicas nos nematoides presentes nas sementes. A maior qualidade física das sementes, como menor presença de terra, torrões, gravetos e palhas também, por si só, contribui para a melhor qualidade sanitária das sementes.

Faz-se necessária a adoção de padrões de sanidade para o mercado brasileiro, já que as sementes têm atuado como mecanismo efi-ciente de introdução e dispersão de patógenos e pragas, com destaque para os nematoides, que podem afetar desde a fase de estabeleci-

mento do estande até a colheita do produto.A produção de sementes de alta qualida-

de, portanto, envolve ações governamentais (implantação de uma legislação específica, estabelecimento de padrões mínimos de qualidade, regulamentação para certificação e análises laboratoriais) e do setor privado, tanto por parte dos produtores de sementes quanto dos consumidores. Um setor organi-zado e forte pode garantir que a produção de sementes seja monitorada, a fim de garantir a pureza genética e as qualidades física, fisio-lógica e sanitária das sementes. Esse sistema coordenado de ações do governo, do setor sementeiro e dos consumidores, tem o ob-jetivo de assegurar que apenas sementes de qualidade sejam comercializadas. Também vale lembrar que a principal estratégia para se obter sementes de alta qualidade sanitária é produzir semente em campos isentos de patógenos. Assim, quanto maior for a sanidade da lavoura, melhor será a qualidade sanitária da semente colhida. Ressalta-se que algumas empresas de sementes de forrageiras brasileiras fazem análise de nematoides nos lotes comer-cializados, principalmente para o exterior, e esta medida deveria se tornar prática de rotina nas sementes a serem utilizadas no Brasil.

ImpORTâNCIA DA SEmENTEUma população adequada de plantas

uniformemente distribuídas é o primeiro passo para se obter sucesso na produção. Um bom estabelecimento de plantas, por sua vez, está intimamente ligado à utilização de sementes ou mudas de alta qualidade, uma vez que aproximadamente 90% das culturas usadas para alimentação são propagadas por semente.

Os índices de uso de sementes produzidas seguindo os critérios estabelecidos pela Lei nº 10.771, de 5 de agosto de 2003, regulamen-

Figura 4 - A) Contaminantes encontrados em lotes comerciais de sementes de braquiária: material vegetal, granulados, palhas e sementes chochas e B) Comparação entre dois lotes de sementes de braquiária (lote comercial e lote de sementes puras), ambos com 50% VC

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20 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 2 - Longevidade máxima de alguns fitopatógenos em sementes de plantas cultivadas, em condições normais de armazenamento

Fonte: neegaard (1997)

Hospedeiro (nome comum)

BrássicasZínia

DiversosAlgodão

ArrozMilhoSojaArroz

DiversosTrigoTrigoTrigo

SojaFeijãoFeijão

AlgodãoArroz

FeijãoTomateCevadaTrigo

TrigoArrozAveia

LongevidadeAnos

873

13,5488477185

Anos23154,52,5

Anos309

6,53

Anos2838

Patógeno1. Fungos

Alternaria brassicicolaAlternaria zinniaeBotrytis cinerea

Colletotrichum gossypiiDrechslera oryzae

Fusarium verticilioidesPeronospora manshurica

Pyricularia oryzaeSclerotinia sclerotiorum

Septoria nodorumTilletia cariesUstilago tritici2. Bactérias

Pseudomonas axonopodis pv. glycinesP. savastanoi pv. phaseolicola

xanthomonas axonopodis pv. phaseolix. axonopodis pv. malvacearum

x. oryzae pv. oryzae3. Vírus

Mosaico comumMosaico comum do fumo

Mosaico estriadoMosaico estriado da cevada

4. nematoides Anguina tritici

Aphelenchoides besseyiDitylenchus dipsaci

tada pelo Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004, que institui o Sistema Nacional de Sementes e Mudas e tem por objetivo garantir a identidade e a qualidade do material de mul-tiplicação e de reprodução vegetal produzido, comercializado e utilizado em todo o território nacional vêm diminuindo nos últimos anos e este fato pode, a curto prazo, afetar a estabi-lidade do setor de produção e pesquisas com sementes e, a médio prazo, a produtividade geral da agricultura.

Segundo a Associação Brasileira dos Pro-dutores de Sementes (Abrasem), a demanda potencial de sementes para os principais pro-dutos agrícolas é de 2,5 milhões de toneladas, enquanto que o uso efetivo de sementes é de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas, sendo a diferença o tamanho do mercado informal, que gera um prejuízo para o setor de mais de R$ 2,1 bilhões por ano.

A taxa de utilização de sementes das principais culturas produzidas no Brasil varia de 11% a 90 % (Tabela 1), sendo a cultura do feijoeiro a que apresenta a menor taxa de utilização de sementes, cerca de 11%. Este fato acarreta prejuízos significativos ao produtor, porque para esta cultura, apenas o uso de sementes sadias pode resultar em aumento no rendimento de até 45%. Portanto, o uso de sementes de má qualidade, principalmente

sanitária, é um dos maiores problemas no cultivo do feijoeiro comum.

Considerando-se o aspecto sanitário, sabe-se que muitos fungos, vírus, bactérias e nematoides são eficientemente trans-mitidos por sementes, inclusive a longas distâncias, e desta forma são introduzidos em áreas isentas ou, ainda, em áreas que já apresentam problemas fitossanitários, contribuindo para o aumento do inóculo das doenças.

A associação semente/patógenos pode causar danos físicos na semente, como deformações, apodrecimento, manchas, descoloração do tegumento, perda do poder germinativo e vigor (Figura 1). No campo, essa associação pode resultar em morte das plântulas dias após a emergência ou plantas doentes, originando focos primários de enfermidades.

Os patógenos podem sobreviver por um longo período de tempo associado à semente durante o período que ela perma-nece armazenada em condições ideais de temperatura e umidade (Tabela 2). Toda-via, sementes colhidas com alta qualidade sanitária podem ser contaminadas durante o processo de beneficiamento ou durante o armazenamento por patógenos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, entre outros.

Além dos danos diretos causados à produção, o aspecto sanitário das sementes produzidas pelo Brasil dá o direito aos paí-ses que importam sementes, notadamente de forrageiras tropicais, a impor barreiras fitossanitárias, resultando na rejeição de lotes de sementes que estão contaminados por fungos e nematoides.

Colheita de sementes de braquiária no estado do Mato Grosso

Marizângela, Andressa e Alves apontam alternativas para conter a contaminação de sementes por nematoides

CC

Andressa Machado,Marizângela Rizatti Ávilla eSérgio José AlvesIapar

Alv

es, S

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Fotos Divulgação

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22 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Capa

DesafiadoraAlém dos prejuízos em produtividade, a giberela tem reflexos na comercialização do trigo, porque em determinados níveis as micotoxinas produzidas a partir da doença são prejudiciais à saúde humana.

Encontrar alternativas viáveis de combate à doença é um dos principais desafios da pesquisa

A giberela está entre as mais impor-tantes doenças do trigo no Sul do Brasil. Iniciativas de apoio à

pesquisa por órgãos do governo e associa-ções de produtores nos principais países produtores do mundo têm contribuído com novas informações na literatura especializada. Concomitantemente, medidas normativas para regulamentação de níveis de tolerância máxima de micotoxinas em grãos e alimentos vêm sendo estabelecidas de maneira progres-siva em vários países, incluindo o Brasil. O impacto da medida se dá na cadeia produtiva local, bem como no comércio internacional de grãos, que terá que atender à legislação no caso das importações.

CICLO DA DOençA e SInTOMASDurante a floração (Figura 1C) e na

presença de condições ambientais favoráveis, as infecções têm início com o inóculo aéreo que se originou na resteva local (Figuras 1A e 1B) ou de fontes mais distantes de onde é trazido por correntes atmosféricas. Nas espigas, as infecções podem ocorrer por eventos simples (Figura 2A) ou múltiplos de infecção na mesma espiga (Figura 2B). A partir daí o fungo coloniza a espiga causando uma senescência prematura dos tecidos com eventual desenvolvimento de uma massa alaranjada de esporos (esporodóquios) (Fi-gura 2C). Eventualmente, ao final do ciclo, se observam pontuações escuras (peritécios) que correspondem à fase sexuada do patógeno. Com o desenvolvimento dos sintomas os grãos afetados (giberelados) apresentarão menor

peso, deformações e coloração esbranquiçada ou rósea, podendo estar contaminados com micotoxinas (Figura 2D).

AGenTe CAUSAL e VArIABILIDADe gENéTICA NAS pOpULAçÕESNo Brasil, a giberela é causada pelo fungo

Gibberella zeae, a fase sexual de uma gama de linhagens do “Complexo Fusarium gramine-arum”. Estudos taxonômicos ancorados em métodos moleculares levaram à separação de F. graminearum em 13 novas linhagens ou espécies. A implicação prática desse conhe-cimento resulta de potenciais diferenças na agressividade e na capacidade de produção de micotoxinas. Desde então, a distribuição global dessas linhagens tem sido mapeada, associada com o conhecimento sobre o tipo de micotoxinas que são produzidas.

No Brasil, a análise dos padrões popula-cionais do patógeno tem indicado que existem pelo menos duas populações predominantes. A da linhagem 2 (Fusarium meridionale) e a da linhagem 7 (F. graminearum sensu stricto), sendo essa última a dominante (~90%). Adicionalmente, se diferenciam quanto ao tipo de micotoxina da classe dos tricotecenos produzida. Enquanto que a linhagem 7 é produtora de desoxinivalenol (DON), a 2 é produtora de nivalenol (NIV). Esse conhe-cimento é de extrema relevância, pois essas duas toxinas podem ter diferentes papéis na patogenicidade bem como na toxicologia, uma vez que NIV é dez vezes mais tóxica que DON a seres humanos.

A LEgISLAçÃO pARA mICOTOxINAS EmTrIGO e SUBPrODUTOS nO BrASILF. graminearum em geral produz em

maior quantidade as toxinas DON, NIV e

zearalenona. Portanto, além de um problema agronômico, torna-se também uma questão de saúde pública pela implicação toxicológica para os consumidores. Nesse sentido, seguin-do uma tendência em vários países, a Anvisa, órgão controlador ligado ao Ministério da Saúde, na resolução n° 7 de 18 de fevereiro de 2011, dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT) de várias micotoxinas em diversos alimentos (Anvisa, 2011). Para o trigo, a resolução estabelece os LMTs para deoxinivalenol (DON) e zearalenona (ZON) admissíveis em alimentos prontos para oferta ao consumidor e em matérias-primas, sendo concedidos prazos para aplicação dos LMTs estabelecidos para cada produto, tendo em vista a necessidade de adequação do setor produtivo (Tabela 1).

A resolução apresenta ainda uma série de demandas de manejo nas culturas do trigo e cevada, com impacto que deverá ser sentido em toda a cadeia produtiva. O quarto parágra-fo da resolução contextualiza a situação: “Os níveis de micotoxinas deverão ser tão baixos quanto razoavelmente possíveis, devendo ser aplicadas as melhores práticas e tecnologias em produção, manipulação, armazenamento, processamento e embalagem, de forma a evitar que um alimento contaminado seja comercia-lizado ou consumido”.

No Brasil a informação mais recente de contaminação de grãos de trigo produzidos no Brasil é de Del Ponte et al (2011) que amos-traram lavouras em 38 municípios do estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2007 e 2009, e verificaram que a média geral de DON nas amostras foi de 540µg/kg. Apesar dos níveis de DON serem relativamente baixos,

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Fotos Emerson Del Ponte

a toxina nivalenol foi também encontrada em níveis médios um pouco abaixo dos de DON, mas que somados podem chegar próximos dos LMT.

pRÁTICAS DE mANEjO Para o controle da giberela em trigo

preconiza-se o uso do manejo integrado com práticas que se enquadram nos métodos cultu-rais, genéticos e químicos. A redução dos restos culturais sobre a superfície, o que poderia diminuir o inóculo local e consequentemente o risco de epidemias, pode ter efeito limitado pela ampla gama de hospedeiros e pela presen-ça praticamente constante de propágulos de F. graminearum na atmosfera. Com o plantio direto, tal prática tem efeito mínimo ou mes-

mo nulo, assim como a rotação de culturas. Na safra de 2009, em 50 lavouras amostradas no Rio Grande do Sul, observou-se que não houve efeito da cultura anterior (verão – mi-lho ou soja) na intensidade das epidemias de giberela em trigo (Spolti et al, 2009).

Quanto ao controle genético, não existem cultivares comerciais de trigo com níveis satis-fatórios de resistência à giberela que dispensem outros métodos. Além disto, metodologias de avaliação da resistência varietal podem ser mascaradas pela ocorrência de escape, o que

Figura 1 - Durante a floração (Fig. 1C) e na presença de condições favoráveis, as infecções tem início com o inóculo aéreo que se originou na resteva local (Fig. 1A e 1B) ou fontes mais distantes trazidos por correntes atmosféricas

Doença afeta a produtividade, comercialização e tem potencial para ameaçar a saúde do consumidor

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e definição das toxinas alvo em trabalhos de levantamento. O fato de se ter identificado po-pulações do patógeno do quimiotipo nivalenol e se constatada a presença dessa micotoxina em grãos de lavoura comerciais em análises químicas, indica que a nova legislação pode ser falha, por desconsiderar uma toxina tão importante quanto a DON. Além disso, são raros os dados sobre contaminação com zeara-lenona. Quanto aos fungicidas, a exemplo do que é feito em outros países com a giberela em trigo, ensaios cooperativos em rede para teste e análise conjunta da eficiência de fungicidas devem ser conduzidos de maneira contínua e sistemática. No entanto, não devem descon-siderar questões importantes relacionadas à variabilidade do patógeno, resistência das cultivares e o impacto dos tratamentos fun-gicidas na redução dos níveis das principais micotoxinas produzidas pela população local do patógeno.

A demanda gerada pela medida legislativa que regulamenta os limites máximos tole-ráveis de micotoxinas, com prazos a serem cumpridos, exige mais do que nunca a con-centração de esforços e o comprometimento das agências de fomento dos setores público e privado envolvidos com a cadeia do trigo para o apoio à pesquisa e monitoramento de níveis de micotoxinas no Brasil, de maneira que se possa agir preventivamente para a proteção dos produtores e agentes de comercialização de trigo e derivados no Brasil.

24 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Fotos Emerson Del Ponte

Infecções podem ocorrer por eventos simples (Fig. 2A) ou múltiplos de infecção na mesma espiga (Fig. 2B). Senescência prematura dos tecidos com eventual massa alaranjada de esporos (esporodóquios) (Fig. 2C). Pontuações escuras (peritécios) que correspondem à fase sexuada do patógeno. Com o desenvolvimento dos sintomas os grãos afetados (giberelados) apresentarão menor peso, deformações e coloração esbranquiçada ou rósea (Fig. 2D).

Ainda não existem variedades comerciais com níveis satisfatóriso de resistência à giberela

CC

Tabela 1 - Limites máximos toleráveis (LMT) e período máximo para a adequação conforme anexos da resolução no°7 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dados restritos à regulamentação da contaminação por deoxinivalenol (DOn) e zearalenona (ZOn)

x Tabela modificada a partir das informações disponíveis em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0007_18_02_2011_rep.html Y regulamentação válida a partir da publicação da resolução, no dia 18 de fevereiro de 2011.Z Sem regulamentação para o período.

2011y200- Z-

-

201220020001750

-

201420015001250

3000

20162001000750

3000

DOn2011y200- Z-

-

201220020001750

-

201420015001250

3000

20162001000750

3000

ZeArALenOnALimite máximo tolerável (LMT) em µg/kg no período máximo de adequação (ano)Item

regulamentadox

Alimentos à base de cereais para alimentação infantilTrigo integral, trigo para quibe, farinha de trigo integral, farelo de trigoFarinha de trigo, massas, crackers, biscoitos de água e sal, e produtos

de panificação, cereaisTrigo em grãos para posterior processamento

pode dificultar a classificação das cultivares em níveis de resistência (Kuhnen et al, 2010).

O controle químico tem também apresen-tado resultados inconsistentes com uma efici-ência errática, relacionados a falhas também na tecnologia de aplicação e desuniformidade da antese. Estudos nos EUA e Europa indicam ainda que o uso de fungicidas, dependendo do momento de aplicação e do grupo químico, pode inclusive aumentar a concentração da micotoxina deoxinivalenol em grãos de trigo. Assim, as estrobilurinas nos EUA não são recomendadas após o espigamento e estudos na China mostram que os triazóis podem ter efeito apenas fungistático e não fungicida.

No Brasil, estudos evidenciaram a eficiên-cia de fungicidas na redução da doença, mas poucos têm avaliado o seu efeito da redução das toxinas. Na safra 2009, o uso de fungicidas no período de máxima suscetibilidade (antese plena), prolongando o prazo de proteção dos

sítios de infecção (duas aplicações sequen-ciais), e o uso de cultivares moderadamente resistentes à giberela levaram ao controle econômico da doença, mesmo em condições extremamente favoráveis às epidemias. No en-tanto, não foi observado efeito significativo do nível de resistência ou do controle químico na redução das toxinas deoxinivalenol e nivalenol (Spolti et al, 2010). Esses resultados concor-dam e discordam com estudos em outros países e sugerem a necessidade do enfoque nas micotoxinas e não somente em redução de sintomas, uma vez que as circunstâncias para o aumento da doença podem não coincidir com as condições necessárias para a produção da toxina pelo fungo na planta, além de ser influenciada por diferenças nas populações regionais do patógeno.

DeSAFIOS DA PeSqUISAO controle de giberela em trigo, mas

principalmente a redução dos níveis de mico-toxinas nos grãos, continua sendo um desafio aos pesquisadores. A análise recente da diver-sidade genética do patógeno no Brasil, por exemplo, é informação básica para balizar as estratégias de melhoramento para a resistência

Del Ponte e Spolti alertam para os múltiplos prejuízos causados pela giberela

Emerson Del Ponte ePiérri Spolti,UFRGS

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A Agrobrasília 2011, realizada em maio, em Brasília, no Distrito Federal, superou a estimativa de

negócios dos organizadores. Foram R$ 212 milhões, enquanto a expectativa da Coope-rativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), realizadora do evento em conjunto com o governo estadual, era de alcançar R$ 150 milhões. Em 2010 a comer-cialização havia permanecido na casa dos R$ 129 milhões. O público, neste ano, ficou em 58 mil pessoas, durante os três dias de feira.

Em 2011 o número de expositores também cresceu. Das 290 empresas parti-cipantes em 2010, subiu para 310 este ano. Novidades em máquinas, equipamentos, insumos, sementes, veículos e a partici-pação de diversas instituições financeiras estiveram entre os destaques.

A presença expressiva de agricultores foi um dos pontos altos da feira. “A com-petição de cultivares de milho e de soja na Agrobrasília já é tradicional e o fato de ser

conduzida por duas instituições sérias, como Coopa-DF e Emater-DF, faz com que o produtor confie nos resultados, que são divulgados durante a feira, deixando-o com mais opções para a compra da semente da próxima safra”, explica Ronaldo Triacca, coordenador-geral do evento.

A participação de comitivas internacio-nais também foi destaque, mais uma vez. Embaixadores, ministros, técnicos e outras autoridades, de vários países, prestigiaram o evento. A proximidade da capital federal e a consequente facilidade de acesso das embaixa-das e de organizações internacionais facilitam a presença.

A Agrobrasília também foi o local escolhi-do pelo governo do Distrito Federal para fazer a entrega dos primeiros títulos de concessão de uso real de terras rurais. O sonho de mais de 30 anos de agricultores da região começou a ser realizado durante o evento. Inicialmente, 45 proprietários receberam o tão esperado documento. Ministros, secretários de estado

e parlamentares de todo o Brasil também visitaram a feira.

Para o presidente da Coopa-DF, Leo-mar Cenci, o sucesso desta edição aumenta a responsabilidade para o próximo ano. “Essa é uma opinião não só nossa, mas de quem participou e fez o evento. Ouvimos isso do público, dos expositores, das auto-ridades presentes. A tendência é crescer, é melhorar sempre. E com isso a nossa responsabilidade aumenta. Precisamos in-crementar a organização, pois é um desejo e uma necessidade de todos. Temos que inovar e investir ainda mais”, avaliou.

Para 2012, os organizadores pretendem atrair ainda mais o interesse internacional, bem como aumentar o espaço destinado à pecuária e a área de empresas de máquinas pesadas, usadas em obras e construções.

O secretário de Agricultura, Lúcio Valadão, destacou que as tecnologias apresentadas na feira dimensionam a importância econômica da agricultura do Distrito Federal.

Estimativa superadaAgrobrasília 2011 comercializa R$ 212 milhões, valor maior que o registrado

no ano passado e superior à expectativa dos próprios organizadores

Eventos

Sedeli Feijó

CC

25Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

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Algodão

Na safra 2010/11 a mancha de ramulária tem ocorrido com intensidade e severidade superiores aos anos anteriores. Sua ocorrência se intensifica em áreas com cultivares suscetíveis e onde

não é adotada rotação de culturas. O controle químico é uma das ferramentas mais importantes no manejo da doença e sua adoção deve ser baseada no monitoramento da lavoura

Ataque severo

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) é uma das culturas anuais mais importantes do Brasil, pelo

seu valor econômico e social. Vários fatores influenciam a produção, sendo as pragas e as doenças consideradas uns dos principais responsáveis pela redução significativa de rendimento de algodão. No caso específico de doenças, são mais de 250 agentes etio-lógicos identificados no Brasil. Desse total, 90% são fungos. Outros microrganismos que podem causar danos à cultura são os vírus, micoplasmas, nematoides e bactérias. Os patógenos importantes que podem incidir sobre o algodoeiro são Ramularia areola, Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum, Xan-thomonas axonopodis, pv. malvacearum, Sclero-

tinia sclerotiorum, Alternaria sp. Myrothecium roridum, Meloidogyne incognita, Pratylenchus brachyurus e Rotylenchulus reniformis. Estes patógenos são importantes nacionalmente, entretanto, existem alguns que apresentam sérias restrições regionais, como é o caso de Ramularia areola, causadora da mancha de ramulária, ocasionando problemas sérios nos estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia, em virtude das condições climáticas favoráveis ao patógeno nas principais áreas de produção e devido, principalmente, ao uso de cultivares suscetíveis. Este patógeno pode causar danos econômicos à cultura se táticas de controle não forem adotadas em tempo hábil.

A mancha de ramulária, conhecida tam-bém como míldio, oídio, míldio areolado ou falso oídio, foi descrita pela primeira vez em

1890 e desde então tem sido relatada em todas as regiões produtoras de algodão do mundo. A doença é prevalecente em condições de alta umidade e, na década de 90, causava poucas perdas econômicas, devido à sua ocorrência apenas no final do ciclo da cultura. Atualmen-te é considerada uma das principais doenças do algodoeiro na região do Cerrado brasileiro, devido à elevada ocorrência, intensidade e perdas econômicas, principalmente em áreas onde se cultiva o algodoeiro sem a prática da rotação de culturas.

Os sintomas da doença manifestam-se em ambas as faces da folha, consistindo ini-cialmente de lesões geralmente angulosas de 1mm a 4mm, de coloração branca e de aspecto pulverulento, e posteriormente de coloração amarelada, caracterizado pela esporulação do fungo, sobretudo na face inferior da folha (Araújo, 2000). Após aplicações com fungici-das para o controle da doença as lesões adqui-rem coloração escura. Em períodos chuvosos podem ocorrer manifestações precoces, provo-cando a queda das folhas e o apodrecimento

das maçãs do terço inferior das plantas (Gondim et al, 1999). O desfolhamento

extensivo da planta em infecções severas resulta em perdas qualitativas e quanti-

tativas. Plantas afetadas pela doença apresentam abertura prematura de cápsulas, podendo ocasionar uma redução na produtividade em até 35% (Iamamoto et al, 2002).

As perdas causadas pela man-cha de ramulária estão relaciona-das principalmente às condições climáticas favoráveis ao de-senvolvimento do patógeno, à escolha da cultivar e à densidade de semeadura. Em muitos países onde é encontrada a doença, têm-se maiores problemas nos finais de ciclo, causando peque-

nas perdas, contudo, em lavouras onde ocorrem periódicas precipi-tações e denso dossel de plantas, pode ser severa ainda no início da cultura, justificando medidas de controle. Em locais onde o cultivo

do algodoeiro é sucessivo através das

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Luiz Chitarra

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28 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

épocas, a doença pode se tornar endêmica, com sérias consequências à produção, sendo necessárias várias aplicações de fungicidas. A doença é responsável por sérias perdas no Brasil e na Índia, especialmente em cultivares de algodoeiro altamente suscetíveis à doença (Hillocks, 1992).

Tendo em vista a importância das folhas infectadas na sobrevivência do fungo, a prin-cipal forma de remoção do inóculo primário pode ser a aração ou a destruição de resíduos, bem como evitar o cultivo contínuo em um mesmo local. Os fungicidas têm o poder de controlar a doença eficientemente, desde que o controle seja iniciado nos primeiros sintomas do processo de infecção do fungo. Dependendo da agressividade da doença, po-dem ser necessárias pelo menos três aplicações (Hillocks, 1992).

A disseminação do patógeno dentro da lavoura dar-se-á através do vento, da água da chuva e/ou irrigação e da movimentação de implementos agrícolas. Essa disseminação é rápida e perdas significativas podem ocorrer se intervenções de controle não forem ado-tadas em tempo hábil. O controle químico desponta como uma das práticas de manejo que reduzem a taxa de progresso da doença no campo.

Nessa safra 2010/2011, a mancha de ramulária tem ocorrido com intensidade e severidade superiores às safras anteriores. Esse fato provavelmente deve-se à utilização de cultivares suscetíveis e medianamente suscetíveis à doença, como, por exemplo, as cultivares Delta Opal, Nu Opal, DP 604, BRS 286 e FMT 701, ao uso do sistema de cultivo

convencional do algodoeiro sem a rotação de culturas (monocultivo) e às condições climáti-cas propícias ao desenvolvimento do patógeno, com temperaturas diurnas elevadas e noturnas amenas e alta pluviosidade e umidade relativa do ar. Essas condições climáticas favorecem o ataque de patógenos, em especial a Ramularia areola, e, com o uso de cultivares suscetíveis, esse ataque torna-se mais intenso, dificul-tando o controle. As cultivares BRS Buriti e FMT 709, mais tolerantes à doença, também estão apresentando incidência da mancha de ramulária, porém com severidade menor. As cultivares FMT 705 e FMT 707, consideradas resistentes, não estão apresentando sintomas da doença, porém, necessitam da aplicação de triazóis com o intuito de reduzir a pro-babilidade de quebra de resistência genética (Carretero e Siqueri, 2011). Na maioria das áreas onde o sistema de cultivo do algodoeiro é na palha ou sistema plantio direto, a man-cha de ramulária está ocorrendo com uma intensidade e severidade menores do que no

Doença com coloração escura após aplicação de fungicidas

sistema convencional. O controle químico é uma ferramenta

utilizada no manejo da mancha de ramulá-ria e deve ser feito de acordo com a cultivar plantada, baseado no monitoramento da lavoura. A primeira aplicação deve ser feita no aparecimento dos primeiros sintomas da doença, pois caso contrário poderão ocorrer perdas econômicas. Recomenda-se também uma aplicação antes do fecha-mento das entre linhas do algodoeiro. O rápido fechamento da copa do algodoeiro e o sombreamento da parte inferior podem ocasionar condições propícias ao desenvol-vimento da mancha de ramulária. O ataque da mancha de ramulária na planta do al-godoeiro apresenta um padrão ascendente, ou seja, inicialmente com incidência no baixeiro e, nessa situação, se a doença não for controlada, as plantas se desenvolvem e ocorrerá o fechamento das entre linhas e, consequentemente, a ramulária não con-trolada no baixeiro atingirá o terço médio da planta com uma severidade ainda maior. Isto implicará na dificuldade do fungicida atingir as folhas do baixeiro, tornando-se quase impossível o controle da doença, principalmente quando as condições cli-máticas estão propícias ao desenvolvimento do patógeno. Atualmente, em muitas la-vouras de algodoeiro, nas diferentes regiões de cultivo estão sendo realizadas de seis a oito aplicações de fungicidas para o contro-le da doença. Por essa razão é importante o monitoramento da lavoura, que deverá ser feito por monitores de campo, treinados na identificação das doenças que incidem sobre a cultura do algodoeiro. A tecnologia

Doença nos terços inferior e superior em cultivares suscetíveis

Chitarra, Gilma e Barbosa defendem que controle químico deve se basaear no monitoramento da lavoura

Fotos Luiz Chitarra

Page 29: Grandes Culturas - Cultivar 145

Luiz Gonzaga Chitarra Embrapa AlgodãoCleiton Antônio da S. Barbosa,Circulo Verde Asses. Agron. e Pesq.Gilma Silva Chitarra IFMT

29Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 1 - Produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da mancha de ramulária do algodoeiro

Produto comercialAbacus HC

AlterneAmistar Top

Aproach PrimaBandBattle

Bion 500 WGBuran

Cabrio TopCaramba 90

CeleiroCercobin 500 SC

CometDecisor

Delsene SCDelsene WG

Domark 100 eCemerald

emerald 230 Meeminent 125 eW

FlexinFox

GuapoImpact Plus

Impact 125 SCnativoPriori

Priori xtraScore

Simboll 125 SCStratego 250 eC

TaskerTático

Tebuco nortoxTornado

Trinity 250 SC

Ingrediente ativo

epoxiconazol (triazol) + Piraclostrobina (estrobilurina) Tebuconazol (triazol)

Azoxistrobina (estrobilurina) + Difeconazol (triazol)Ciproconazol (triazol) + Picoxistrobina (estrobilurina)

Flutriafol (triazol)Flutriafol (triazol) + Carbendazim (benzimidazol)

Acibenzolar-S-metílico (benzotiadiazol)Flutriafol (triazol)

Metiram (ditiocarbamato)+ Piraclostrobina (estrobilurina)Metconazol (triazol)

Flutriafol (triazol) + Tiofanato Metílico (benzimidazol)Tiofanato Metílico (benzimidazol)

Pyraclostrobina (estrobilurina)Flutriafol (triazol)

Carbendazim (benzimidazol)Carbendazim (benzimidazol)

Tetraconazol (triazol)Tetraconazol (triazol)Tetraconazol (triazol)Tetraconazol (triazol)

Flutriafol (triazol)Protioconazol (triazolinthione) + Trifloxistrobina (estrobilurina)

epoxiconazol (triazol) + Cresoxim-metílico (estrobilurina)Flutriafol (triazol) + Carbendazim (benzimidazol)

Flutriafol (triazol)Trifloxistrobina (estrobilurina) + Tebuconazol (triazol)

Azoxistrobina (estrobilurina)Azoxistrobina (estrobilurina) + Ciproconazol (triazol)

Difeconazol (triazol)Flutriafol(triazol)

Propiconazol (triazol) + Trifloxistrobina (estrobilurina)Flutriafol (triazol)Flutriafol (triazol)

Tebuconazol (triazol)Flutriafol

Flutriafol (triazol)

Patógeno

ramularia areola

Formulação

SCeCSCSCSCSCWGSCWGSLSCSCCeSCSCWGeCeWMeeWSCSCSCSCSCSCSCSCeCSCCeSCSCeCSCSC

Dose do produto comercial (p.c)

0,25L/ha1,0L/ha

0,3 – 0,4L/ha0,3L/ha0,8L/ha0,6L/ha

15 – 25g/ha0,8L/ha

2,0kg/ha0,6 - 0,7L/ha

0,8L/ha0,6 – 0,8L/ha

0,4L/ha0,8L/ha0,5L/ha330g/ha0,5L/ha

0,3 - 0,5L/ha0,27L/ha

0,3-0,5L/ha0,8 – 1,0L/ha

0,4L/ha1,0L/ha0,6L/ha0,8L/ha

0,6-0,75L/ha200ml/ha300ml/ha0,3L/ha0,8L/ha0,5L/ha0,8L/ha0,8L/ha

0,5 – 0,75L/ha0,8L/ha

0,4 – 0,5L/ha

Classe toxicológica

IIIIIIIIIIIII

IIIIIII

IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

IIIIIII

IIIIIIIIII

IIIIIIIII

III

empresa

Basf S.AMilênia Agrociências S.A

Syngenta Ltda.Du Pont Do Brasil S.A

Cropchem LtdaCheminova Brasil Ltda

Syngenta Ltda.Bra Defensivos Agrícolas

Basf S.ABasf S.A

Iharabras S.AIharabras S.A

Basf S.ACheminova Brasil LtdaDu Pont Do Brasil S.ADu Pont Do Brasil S.A

Sipcam Isagro Brasil S.AFMC quím. do Brasil Lt.

Isagro Brasil LtdaArysta Lifescience

Prentiss química LtdaBayer S.A

Milênia Agrociências Lt.Cheminova Brasil LtdaCheminova Brasil Ltda

Bayer S.ASyngentaSyngentaSyngenta

Consagro Agroq. LtdaBayer S.A

Cheminova Brasil LtdaCheminova Brasil Ltda

nortox S.ACheminova Brasil Ltda

Cross Link Ltda

Formulação: Wp = pó molhável; Dp = pó Seco; CE = Concentrado Emulsionável; EW = Emulsão Óleo em Água; SC = Suspensão Concentrada; gR = granulado, FS = Suspensão Concentrada para Tratamento de Sementes.Classe Toxicológica: I = extremamente tóxico ; II = Altamente tóxico; III= = Medianamente tóxico. Fonte: AGrOFIT, consulta on line, abril 2011

de aplicação tem que estar adequada para que o fungicida possa atingir o alvo. Nesse caso, a mancha de ramulária, evitando perdas econômicas.

Não se tem regra, tabela ou “receita” para a utilização dos fungicidas no controle da ramulária, isso irá depender do estado fitossanitário da lavoura. Tem sido observado, principalmente nessa safra 2010/2011, que nas lavouras que apresentam fitotoxidez de herbicida, inseticida, fungicida ou ataque de pragas, a mancha de ramulária está ocor-rendo com maior severidade. Atualmente estão disponíveis no mercado fungicidas pertencentes a quatro grupos químicos: estrobilurinas, triazóis, benzimidazóis e estano-orgânico. Pelos resultados de pesquisa os triazóis, especialmente os tetraconazoles e o difeconazol, ainda estão sendo os mais eficazes no controle da doença. É impor-

Doença nos terços inferior e superior em cultivares resistentes

tante salientar a necessidade da alternância dos grupos químicos de fungicidas para não haver resistência do patógeno e que esses fungicidas sejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) (Tabela 1). CC

Page 30: Grandes Culturas - Cultivar 145

Entre os diversos fatores que de-terminam o sucesso ou o fracasso de uma aplicação de defensivos

está a qualidade da água (pH e dureza) uti-lizada nas pulverizações agrícolas, ou seja, as propriedades do líquido pulverizado são relevantes em relação à deposição de gotas e à inativação dos produtos. São muito comuns reclamações de técnicos e produtores de que os tratamentos não apresentam o resultado esperado, sendo provável que na maioria das vezes são casos em que as águas utiliza-das contêm inimigos ocultos, entre eles, a alcalinidade e o excesso de sais dissolvidos, que interferem no funcionamento adequado dos produtos. Esses inimigos começam a agir silenciosamente desde o momento em que os defensivos são adicionados à água, resultando em prejuízos ao agricultor. A água é o solvente universal para moléculas polarizadas e o veículo mais importante para diluir formulações de produtos fitossanitários na agricultura. Entretanto, a água apresenta algumas limitações, como alta tensão super-ficial (a gota não se espalha) e alta pressão de vapor (evaporação), além de poder apresentar impurezas (argila e compostos orgânicos),

excesso de sais, o que caracteriza a água dura (hidrólise alcalina), e pH relativamente alto (dissociação do ingrediente ativo). Esses fa-tores e suas interações com a superfície foliar são influenciados pela presença de compostos na formulação do produto aplicado ou adi-cionado ao tanque de pulverização.

Entre outros fatores, o valor do pH da calda é importante porque tem influência sobre solubilidade, absorção e meia-vida dos produtos, sejam eles herbicidas, inseticidas ou fungicidas. Cada defensivo apresenta características específicas de melhor eficá-cia, de acordo com o pH da água utilizada no preparo da calda. Geralmente, a faixa adequada para grande parte dos defensivos está entre 2,5 e 5,5. Porém, a maioria das águas utilizadas nas aplicações tem pH acima de 7,0. O pH ideal para cada produto depende de suas características químicas, principalmente do índice pKa (constante de ionização ácida), cujo valor pode ser obtido junto à empresa fabricante, para que se possa adequar o pH da água de acordo com cada defensivo.

Neste contexto, é importante res-saltar que a mistura de defensivos com fertilizantes foliares também pode alterar as características da calda (pH, dureza, absorção e molhabilidade), resultando em perda de eficácia do defensivo e diminuição da eficiência do fertilizante. Portanto, o

agricultor deve ficar atento quanto à for-mulação e qualidade do produto. No Brasil são comercializados diferentes fertilizantes foliares que podem ser subdivididos em sais comuns e fertilizantes especiais. Na compra de sais comuns com grande variação de pH entre os diferentes lotes, com garantias fora das especificações ou com altos teores de impurezas podem ocorrer problemas como fitotoxicidade, abortamento de flores e di-minuição da qualidade de frutos e vagens. Além disso, essas formulações aumentam o pH e a dureza da água, além de influenciar na solubilidade, molhabilidade, absorção e também na sua compatibilidade em mis-tura com defensivos e outros fertilizantes, resultando em tratamentos ineficientes. Um exemplo típico é a deficiência induzida de manganês, causada em aplicação com glifosato em soja transgênica, uma vez que essas formulações são incompatíveis com defensivos, além das doses utilizadas serem altas, devido a sua baixa eficiência.

Por outro lado, o produtor tem a sua disposição fertilizantes formulados espe-cialmente para uso via foliar e que oferecem maior segurança em relação aos sais comuns. São formulações equilibradas, que contêm nutrientes minerais de alta solubilidade e absorção, aminoácidos, fosfito e aditivos especiais. Com isso, todos esses nutrientes são totalmente aproveitados pelas plantas,

Compatibilidade necessáriaO valor adequado de pH e dureza da água, utilizada na pulverização de defensivos, é

extremamente importante, pois influencia na eficiência da aplicação. Quando o produto é empregado em mistura com fertilizantes foliares, o agricultor precisa adotar cuidados adicionais, pois essa operação também interfere na característica da calda. A adoção de

fertilizantes formulados especialmente para uso via foliar e que oferecem maior segurança em relação aos sais comuns é uma alternativa para equacionar o problema

Informe

30 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 1 - Influência do pH da calda sobre a eficácia de fungicidas em soja - Maringá (Pr), Instituto Prorural

1Cultivar Monsoy 5942; 2na aplicação: 6,47%; (Cercosporiose - 15 dias após a segunda aplicação); 3nimbus; 4Assist; 5Áureo.

Doses(L p.c.ha-1)

0,30 + 0,10%0,30 + 0,50%0,30 + 0,10%0,30 + 0,50%0,50 + 0,10%0,50 + 0,50%0,40 + 0,10%0,40 + 0,125%

-

pH

4,37,54,07,34,27,54,57,47,7

Severidade(%)

15,8919,5615,7818,4313,5616,4514,3519,7662,37

Tratamentos

Azoxystrobin + Ciproconazole + FulltecAzoxystrobin + Ciproconazole + Óleo3

Picoxistrobin + Ciproconazole + Fulltecpicoxistrobin + Ciproconazole + Óleo3

Pyraclostrobin + epoxiconazole + Fulltecpyraclostrobin + Epoxiconazole + Óleo4

Trifloxystrobin + Tebuconazole + FulltecTrifloxystrobin + Tebuconazole + Óleo5

Testemunha (H2O)

Desfolha(%)

24,7629,7524,8530,8721,4528,9725,5331,5074,23

Jul

io F

aglia

ri

Fagliari destaca importância de fertilizantes especialmente formulados para aplicação via foliar

Page 31: Grandes Culturas - Cultivar 145

melhorando a germinação, uniformizando o estande, aumentando a área foliar e o sis-tema radicular, favorecendo o florescimento e a frutificação, com aumento da resistência às condições adversas, melhorando signi-ficativamente a sanidade da cultura. Tais formulações, como o Ultra Plus Mn Fosfito, são compatíveis com a grande maioria dos defensivos, sendo recomendada sua asso-

Tabela 2 - Valores médios de produtividade obtidos no experimento - Maringá (Pr), Instituto Prorural

Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais dentro da mesma linha, não diferem entre si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Turkey. (1)Coeficiente de variação; (2)Diferença mínima significativa. Significativo em nível de 5%

Doses(L p.c.ha-1)

0,30 + 0,10%0,30 + 0,50%0,30 + 0,10%0,30 + 0,50%0,50 + 0,10%0,50 + 0,50%0,40 + 0,10%0,40 + 0,125%

----

Tratamentos

Azoxystrobin + Ciproconazole + FulltecAzoxystrobin + Ciproconazole + Óleo3

Picoxistrobin + Ciproconazole + Fulltecpicoxistrobin + Ciproconazole + Óleo3

Pyraclostrobin + epoxiconazole + Fulltecpyraclostrobin + Epoxiconazole + Óleo4

Trifloxystrobin + Tebuconazole + FulltecTrifloxystrobin + Tebuconazole + Óleo5

Testemunha (H2O)F Tratamentos

C.V. (%)D.M.S.

Produtividade(kg.ha-1)

3327,63 a2989,01 b3353,06 a3040,05 b3271,03 a2944,51 b3366,61 a3013,01 b2212,75 c

39,02*4,33

305,54

Tabela 3 – Valores de pH e rendimento de grãos (kg ha-1) de soja rr (BMx Apolo) tratada com Ultra Plus Mn Fosfito (0,2L ha-1) associado ao glifosato (2,0L ha-1) – grupo Seeds (RS)

pH7,26,88,37,97,28,16,87,26,77,58,27,4

Localidades

Passo Fundo, rSCampos novos, SCGuarapuava, Pr

Toledo, PrCampo Grande, MS

Luís e. Magalhães, BAPrimavera do Leste, MTLucas do rio Verde, MT

Tupaciguara, MGLusiânia, gOBalsas, MA

MédiaIncremento

rendimento365524743030419031452734407733642468305532703223

Testemunha (Glifosato)pH3,73,53,93,83,63,83,63,73,53,73,63,6

rendimento421227403227455834923215435238773206353634003619

395,7kg ha-1

+12,3%

Ultra Plus Mn Fosfito + Glifosato

ciação com glifosato. Essas formulações são eficientes em baixas doses.

Assim sendo, os benefícios dessas for-mulações na calda de inseticidas, fungicidas e herbicidas já foram comprovados em diversas culturas como soja, milho, algo-dão, trigo, café, arroz, cana e citros, entre outras. De acordo com as Tabelas 1 e 2, a adequação do pH da calda de diferentes

ingredientes ativos de fungicidas reduziu significativamente a severidade da doença e a desfolha da soja, com reflexos positivos na produtividade da cultura. A Tabela 3 mostra os benefícios da associação de Ultra Plus Mn Fosfito ao glifosato.

Júlio Roberto Fagliari,Inst. de Pesq. e Des. Agr. Prorural

CC

Page 32: Grandes Culturas - Cultivar 145

Café

32 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

As médias de produtividade da região sãomaiores em áreas onde é utilizada a irrigação

A produção de café no Cerrado brasileiro ocorre no estado de Minas Gerais, com uma produ-

ção estimada de 5,33 milhões de sacas de café Arábica, na Bahia, com 500 mil sacas, e em Goiás, com 330 mil sacas. Ocorre produção também em outros estados, contudo, menos representativa.

A produtividade média da cafeicultura do Cerrado é bem superior à média brasi-leira, que é de 22,67 sacas/ha. O Cerrado mineiro apresenta média de 32,87 sacas/ha, o Cerrado baiano de 40,72 sacas/ha e Goiás de 34,00 sacas/ha. Essa maior pro-dutividade está associada principalmente a uma cafeicultura moderna, com utilização apropriada de irrigação, mecanização (to-pografia favorável), adubação, dentre ou-tras práticas agrícolas. Para a produção de café são recomendadas áreas com altitude entre 800 metros e 1.300 metros, podendo ser dotadas de irrigação em função do regi-me de chuvas. As variedades utilizadas são, obrigatoriamente, da espécie Arábica.

A perfeita definição das estações climá-ticas, com verão quente e úmido, e inverno ameno e seco, condição única para a pro-

dução de excelentes cafés, constitui-se no grande trunfo do Cerrado. Essa condição climática ocorre pelo fato de a região estar em área continental, o que possibilita pa-drão de chuvas diferentes do que ocorrem nas outras regiões produtoras de café no Brasil, que sofrem influência direta das massas oceânicas. Em 2005 foi reconhecida como a primeira denominação geográfica de café do Brasil e do mundo, segundo normas da Organização Mundial de Pro-priedade Intelectual (Ompi), ganhando, assim, "status" semelhante ao das mais famosas regiões produtoras de vinho.

Em evento realizado no final de abril de 2011, em Uberlândia, Minas Gerais, e que contou com a presença de mais de 600 pes-soas, entre produtores de café e lideranças do setor, a Federação dos Cafeicultores do Cerrado apresentou sua estratégia, focada em novas maneiras de se produzir e de se fazer negócios.

A iniciativa tem por objetivo o reco-nhecimento dos produtores e o desenvolvi-mento da região, e visa conquistar os novos mercados, mais qualificados, e o crescente segmento de consumidores conscientes, que exigem produtos éticos e valorizam a

Trunfos importantesPerfeita definição das estações climáticas, com verão quente e úmido, inverno

ameno e seco, mecanização em praticamente todas as etapas de produção, irrigação e modernas práticas fitossanitárias, culturais e nutricionais, estão entre

os aliados da produção de café no Cerrado brasileiroFo

tos

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Page 33: Grandes Culturas - Cultivar 145

dos frutos nas plantas e/ou depois da colheita, associado também ao manejo da irrigação.

O Cerrado possui áreas com plantios de cafeeiro Arábica, de 700 a 1.300 metros de altitude, devido ao fato de apresentarem pontos favoráveis para o cultivo, com irriga-ção. Também possui áreas potenciais para o cultivo do cafeeiro Conilon, notadamente

Adelmo Golynski

origem, a alta qualidade e a rastreabilidade do que consomem. A estratégia pretende, entre outras ações, atrair investimentos de empresas, torrefadoras e cafeterias, do Bra-sil e do exterior, para parcerias em projetos individuais ou com grupos de produtores, relacionadas ao desenvolvimento socioeco-nômico e ambiental da região.

As médias de produtividade da região demarcada do café do Cerrado são ainda maiores quando se utilizam métodos de ir-rigação. Essa operação tem proporcionado resultados altamente positivos na produti-vidade das lavouras, seja nas já existentes, recuperando-as de dez sacas por hectare a 15 sacas por hectare para 30 sacas por hec-tare a 35 sacas por hectare; seja nas novas, com 45 sacas anuais por hectare a 55 sacas anuais por hectare de média móvel. Além

disso, o manejo da irrigação pode favorecer floradas uniformes e, consequentemente, maturação também mais uniforme.

O café no Cerrado é caracterizado tam-bém por apresentar alta qualidade final, devido às condições climáticas favoráveis, principalmente na época da colheita, onde o clima é mais seco, com baixa umidade do ar, evitando riscos com a fermentação

O Cerrado brasileiro é um ambiente muito peculiar por apresentar em

sua constituição desde campos abertos até formações densas de florestas. Esse bioma ocupa, predominantemente, o Pla-nalto Central brasileiro com 206 milhões de hectares, equivalente a 23% do território nacional, constituindo o segundo maior bioma do País, distribuídos principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, São Paulo e Dis-trito Federal. O Cerrado faz ligações com outros biomas existentes no País como o Pantanal, Floresta Amazônica, Caatinga e Mata Atlântica, constituindo-se em um elo entre eles.

A região do Cerrado é caracterizada por apresentar duas estações bem definidas: invernos secos e verões chuvosos, com precipitação média de aproximadamente 1.500mm anuais. O período seco varia de quatro a sete meses, e as chuvas são praticamente concentradas de outubro a março. A temperatura média situa-se em torno de 22ºC a 27ºC, a média das máximas

o CerrAdodo ar varia pouco no decorrer dos meses, contudo, no inverno a variação da tempera-tura (dia/noite) é relativamente grande. Por apresentar inverno seco, a região do Cerra-do, apresenta nesta época, mesmo com a redução do fotoperíodo, boa disponibilidade de energia, em razão da baixa nebulosidade, favorecendo os cultivos irrigados.

Os solos apresentam grande variação em suas características morfológicas e físi-cas, porém, os solos predominantes (54% do território) são os latossolos, geralmente pobres em nutrientes, principalmente fósforo, muito intemperizados, de baixa capacidade de troca de cátions, elevada acidez e toxidez de alumínio. Os relevos planos e suaves ondulados predominam em 70% da superfície. As boas condições de drenagem em 89% dos solos da região favorecem o uso de mecanização agrícola, permitindo o cultivo em grandes áreas. A região apresenta grande riqueza em espé-cies (mais de dez mil espécies vasculares), representando aproximadamente 18% das plantas, 52% das aves, 20% dos invertebra-dos da biodiversidade brasileira.

A limitação do café Conillon está associada à baixa temperatura nas áreas de maior altitude

Page 34: Grandes Culturas - Cultivar 145

34 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

onde em razão das baixas altitudes, as altas temperaturas limitam o cultivo do café Arábica. Além disso, estudos indicam que caso venha a ocorrer aquecimento médio de 1°C ou 3°C, diversas áreas favoráveis ao cafeeiro Arábica deixariam de ser próprias para o cultivo desta espécie e se tornariam aptas ao cultivo de café Conilon. Segundo o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, nas áreas tropicais do Brasil, a temperatura pode aumentar de 1,1ºC a 6,4ºC e a chuva em 15%.

A limitação do café Conilon está as-sociada à baixa temperatura nas áreas de maior altitude. Porém, devido à grande diversidade genética do café Conilon, apre-senta diferentes mecanismos de tolerâncias a baixas temperaturas, o que possibilita su-gerir que esta espécie pode ser cultivada em muitas áreas do Cerrado. Com esse intuito, alguns trabalhos estão sendo conduzidos em Planaltina pela Embrapa Cerrados, e em Morrinhos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em parceria com

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano) Campus de Morrinhos e em outras localidades.

COLHeITA MeCAnIZADAPelo fato da cafeicultura nos Cerrados

ser desenvolvida em áreas relativamente planas, a mecanização é prática recorrente em praticamente todas as etapas da pro-dução, desde o preparo de solo, passando pelos tratos culturais, fitossanitários e nutricionais, até chegar à colheita.

A matéria-prima ideal para fins de qualidade é o fruto no estágio de cereja, que mantém in natura as características da espécie, variedade e até mesmo da linha-gem. Um dos processos mais eficientes é a derriça no pano, cuja colheita é manual. O outro, é a derriça mecânica, cuja colheita é mecanizada. Nesses processos, o café do pano ou o colhido pela colhedora com recolhedor é separado do café caído no chão, antes ou durante a colheita. Tanto o primeiro como o segundo, quando se-cos em terreiro ou secador (ou conjunto terreiro-secador ou, ainda, só secador), são referentes ao processo por via seca.

Outro processo é o chamado via úmida,

que origina o café descascado e degomado ou despolpado. Este último é conhecido também como lavado. Neste processo, in-variavelmente, tem-se superior qualidade em relação ao preparo via seca, em qualquer condição de clima, região e cultivo, eviden-temente para a fração ou porcentagem de café colhido que foi desta forma processado, ficando frações ou porcentagens variáveis de verde e de boia em que a qualidade é diferenciada para pior.

A cafeicultura desenvolvida no Cerrado brasileiro é uma das mais tecnificadas, pois alia alta produtividade com excelente quali-dade do café produzido. Esta superioridade é obtida por vários fatores. Destacam-se clima favorável, mecanização em pratica-mente todas as etapas de produção, irrigação e modernas práticas fitossanitárias, culturais e nutricionais.

O gênero Coffea é representado por pelo menos 103 espécies,

destacando-se comercialmente C. arabica e C. canephora. O café Arábica é originário das florestas tropicais de Etiópia, Quênia e Sudão, em altitudes de 1.500m – 2.800m. Nesta região, a temperatura do ar apre-senta pouca variação sazonal, com uma temperatura média anual entre 18°C e 22°C. A precipitação é bem distribuída, variando de 1.600mm a 2.000mm, com estação seca durando de três a quatro meses coincidindo com o período mais fresco. A temperatura do ar, entre 18°C

o CAfée 23°C é própria para a espécie.

Por sua vez, o cafeeiro Conilon foi observado no estado selvagem entre Gabão e a embocadura do Rio Congo, tendo seu primeiro cultivo comercial em 1870 no Congo. É cultivado pre-dominantemente em áreas de menor altitude, tendo elevado crescimento quando a média das temperaturas mí-nimas do ar é superior a 17ºC e a média das temperaturas máximas inferior a 31,5ºC, porém quando abaixo de 17ºC a taxa de crescimento dos ramos diminuiu significativamente.

A cafeicultura no Cerrado é uma das mais tecnificadas comuso de mecanização em diversas etapas, como a de colheita

Fábio Luiz Partelli e Robson Bonomo,Univ. Federal do Espírito Santo Adelmo Golynski, Universidade de UberabaAndré Luís Teixeira Fernandes, I.F.E. Ciência e Tecnologia Goiano

A estrutura disponível e os métodos utilizados na pós colheita também influenciam na qualidade do café

O café Conilon é cultivado preferencialmenteem áreas de menor altitude

CC

Fotos Fábio Luiz Partelli

Page 35: Grandes Culturas - Cultivar 145

35www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Milho

Evolução da produtividade

A correta adoção de tecnologias tem permitido aos produtores de milho alcançar nas lavouras resultados

próximos aos obtidos pela pesquisa

A cultura do milho tem alcançado ganhos fantásticos de produtivida-de nestes últimos anos, no Brasil.

Principalmente, nestas duas ou três últimas safras, a cultura experimentou um novo patamar de produtividade, só antes alcança-do por países considerados desenvolvidos e detentores de alta tecnologia, a exemplo dos Estados Unidos. Hoje, no Brasil, é comum encontrarmos produtores com médias acima de 10.000kg/ha e até 12.000kg/ha, chegando a patamares de 15.000kg/ha.

Esta mudança vem sendo possível graças ao avanço tecnológico proporcionado pelo desenvolvimento de híbridos com genética superior, passando por novas tecnologias como o milho Bt, serviços e informações oferecidas e ao profissionalismo dos agricultores na adoção de práticas de manejo que proporcio-nem maior nível de respostas e segurança aos híbridos atualmente comercializados. Dentro deste contexto, tem sido fundamental o papel das consultorias e profissionais da assistência técnica na difusão e avaliação das respostas oriundas do uso da combinação destas tec-nologias.

Um (e talvez o maior) desafio para as empresas de sementes (e as que desenvol-vem tecnologias para as lavouras) era fazer acontecer no campo o que antes só acontecia nos ensaios. Era comum nos depararmos e recebermos questionamentos de agricultores e profissionais da assistência com relação aos motivos pelos quais não conseguia obter nas lavouras os mesmos resultados em produ-tividade alcançados nos ensaios. A grande

maioria tinha como resposta o fato de que em parcelas ou pequenas áreas era possível manter todos os fatores sob controle. Mas que fatores eram estes, além dos híbridos selecionados, tão importantes e que asseguravam altas produtividades? A resposta, aparentemente tão complexa, de fato não era. Um ensaio de pesquisa necessita de solo corrigido, cultivo dentro da época ideal, plantio com qualidade de distribuição e quantidade de sementes, população de plantas uniformes até a colheita e em quantidade coerente com o híbrido e adequado com nível de fertilidade e condições de manejo e um bom controle de plantas da-ninhas e insetos. Em suma, planejamento e monitoramento do plantio até a colheita.

A aproximação ou igualdade dos resul-tados de pesquisa com os de lavouras vem acontecendo principalmente após a correta adoção de algumas tecnologias. Esse fato vem sendo percebido principalmente nesses últi-mos anos e a explicação está na combinação de fatores como:

1) Desenvolvimento de uma genética superior, fruto de um programa de melho-ramento assistido pelo uso de marcadores moleculares cujos híbridos apresentam maior índice de respostas ao emprego de tecnologias e práticas de manejo;

2) A introdução de novas tecnologias, como o controle de insetos por meio da tecnologia Bt, a exemplo do Herculex I, hoje considerada pelos agricultores a tecnologia Bt mais segura e estável, pois, segundo tes-temunho dos produtores, controla as cinco principais pragas da cultura;

3) O uso de novas tecnologias como o tra-tamento industrial de sementes que conserva o stand da lavoura em número e qualidade das plantas submetendo-as a um menor estresse até a colheita. Isso proporciona melhores condições para cada planta individualmente responder ao ambiente e às práticas de ma-nejo. É como se cada funcionário da fábrica, no caso as plantas de uma lavoura, estivesse trabalhando na capacidade plena e em harmo-nia com os demais. Isso implica em todo um controle sobre o processo de qualidade;

4) Máquinas e equipamentos de maior qualidade e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada, permitem realizar plantios cada vez mais uniformes;

5) Agricultura de precisão que permite corrigir os solos no detalhe minimizando as possíveis interações negativas entre as plantas e o solo, elevando a resposta e a expressão das plantas e possibilitando aumento de produtividade;

6) A adoção de práticas culturais como: aumento da população de plantas e níveis equilibrados de nutrientes que propiciem uma maior resposta e expressão genética dos híbridos modernos disponíveis no mercado.

Toda esta complexa cadeia de geração, difusão e adoção de tecnologia só é possível graças ao planejamento das empresas do se-tor do agronegócio, em especial a do setor de sementes. As empresas de sementes, por meio de seus programas de melhoramento, rede de testes, capacidade de análise das informações e um trabalho crescente de parcerias com os órgãos de pesquisa, cooperativas, associações, fundações de pesquisa, consultorias e profis-sionais da assistência técnica, têm como foco principal o agricultor, transferindo maior segu-rança aos produtores e acelerando o processo de adoção de todas estas tecnologias. Claudio de Miranda PeixotoDir. de Mark. e Reg. da Pioneer

Peixoto aborda as conquistas em produtividade obtidas na cultura do milho

A correta adoção de tecnologias tem permitido aos produtores de milho alcançar nas lavouras resultados

próximos aos obtidos pela pesquisa

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36 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Milho

Tecnologia protetora

Espigas de híbridos de milho convencional (esquerda) apresentando sintomas de ataquede lagartas e milho Bt (direita) com poucos sintomas de danos. Safrinha 2010

Um dos principais fatores que comprometem o rendimento e a qualidade da produção na

cultura milho é a incidência de pragas. Dentre as principais, podemos destacar a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (Smith), a lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea (Bod.) e a broca-da-cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis (Fab.).

Com o advento da biotecnologia, foi desenvolvida uma nova tática de controle de pragas, que consiste nas plantas geneti-camente modificadas resistentes a insetos. Através de apuradas técnicas de laboratório, um gene de Bacillus thuringiensis Berliner (Bt) foi introduzido em plantas de milho, dando origem ao milho geneticamente modificado, conferindo resistência da planta a algumas espécies de lagartas.

Essa tecnologia está se tornando a princi-pal forma de controle de insetos na cultura do milho e existem diferentes tipos de genes in-troduzidos nas plantas, oferecidos nos híbridos de milho. Os primeiros eventos expressando as toxinas do Bt em milho tiveram como objetivo, principalmente o controle da lagarta-europeia-do-milho, Ostrinia nubilalis Hübner, praga que não ocorre no Brasil. Posteriormente, houve

a incorporação de novas toxinas, abrindo a possibilidade para o uso no controle de várias outras espécies. Atualmente, os eventos libera-dos comercialmente no Brasil, que expressam a toxina Bt em plantas de milho, são cinco, conforme Tabela 1.

Nos Estados Unidos, a liberação comercial de híbridos de milho modificados geneti-camente, contendo o gene que expressa a toxina Bt foi autorizada em 1996. No Brasil, as primeiras cultivares de milho transgênico Bt foram ofertadas aos agricultores em 2008.

Com o objetivo de comparar a eficiência das diferentes tecnologias no controle das pragas-alvo e seus benefícios na produtividade de grãos no oeste paulista, a Apta Regional e o Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com o apoio da Fapesp, avaliaram híbridos comerciais de milho Bt, com diferen-tes tecnologias, no controle dos lepidópteros pragas, em comparação aos seus respectivos híbridos não Bt, submetidos ou não à aplica-ção foliar de inseticidas recomendados para o controle da lagarta-do-cartucho.

COnTrOLe DA LAGArTA-DO-CArTUCHOOs materiais convencionais pulverizados

apresentaram danos intermediários e os ma-teriais convencionais não pulverizados apre-sentaram as piores notas de sintomas (Tabela 2). Observou-se ainda diferença nas notas de sintomas de ataque da lagarta-do-cartucho apresentadas pelas diferentes tecnologias. Os híbridos contendo a tecnologia Herculex apresentaram as menores notas, portanto, menor ataque em comparação com as notas dos híbridos contendo a tecnologia YieldGard e AgrisureTL.

COnTrOLe DA LAGArTA-DA-eSPIGAA lagarta-da-espiga causa danos diretos e

indiretos pela abertura da espiga, facilitando a entrada de outras pragas, umidade e fungos causadores de podridões. Além da lagarta-da-espiga, a lagarta-do-cartucho também pode atacar a espiga e os danos muitas vezes são confundidos. Quando a larva está presente na espiga podem-se separar facilmente as espécies através da coloração da cabeça. A lagarta-da-espiga tem a cabeça de coloração marrom bem clara enquanto a lagarta-do-cartucho

Colmos de híbridos convencionais atacados pela broca-da-cana (A) e colmos de híbrido transgênico sadio (B)

A) B)

Cultivares de milho portadoras do gene Bacillus thuringiensis (Bt) são alternativa importante no manejo de lagartas que afetam a cultura, como Spodoptera frugiperda,

Helicoverpa zea e Diatraea saccharalis. A principal característica da ferramenta é a proteção das plantas contra pragas, para que possam expressar ao máximo seu potencial produtivo

Cultivares de milho portadoras do gene Bacillus thuringiensis (Bt) são alternativa importante no manejo de lagartas que afetam a cultura, como Spodoptera frugiperda,

Helicoverpa zea e Diatraea saccharalis. A principal característica da ferramenta é a proteção das plantas contra pragas, para que possam expressar ao máximo seu potencial produtivo

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37www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Tabela 1 - empresas, eventos, marcas, toxinas e híbridos de milho transgênicos (Bt) liberados comercialmente (Fevereiro, 2010)

eventoMOn810TC1 507

BT11MOn89034

MIr 162

Marca (Sigla)YieldGard® (YG, Y)Herculex® (Hx, H)Agrisure TL® (TL)

YieldGard VTPrO® (Pro)Viptera® (VIP)

empresaMonsanto

Dow AgroSc.SyngentaMonsantoSyngenta

ToxinaCry 1AbCry 1F

Cry 1AbCry 1A105 (1Ab, 1Ac, 1F) + Cry2Ab2

VIP3Aa20

N° de Híbridos50402042

Figura 1 - porcentagem de plantas atacadas pela broca-da-cana em híbridos de milho convencional e transgênico na safra de verão e safrinha, submetidos ou não à pulverização com inseticida

apresenta a cabeça quase preta.O uso de híbridos Bts reduziu drastica-

mente a porcentagem de espigas atacadas (independentemente da espécie de lagarta) em relação aos convencionais, na média dos híbridos de 53,4% para 13,8% no verão e de 74,2% para 42,0% na safrinha. Apesar da maior porcentagem de espigas atacadas na safrinha nos híbridos transgênicos, quando se analisou a nota de sintomas de ataque que é obtida em função do tamanho da galeria aberta pela lagarta na espiga, observou-se que a lagarta entra na espiga, mas não atinge os grãos (Tabela 3).

A utilização de inseticidas para controle da lagarta-do-cartucho não apresentou controle, o que era de se esperar, uma vez que as pulve-rizações são geralmente realizadas enquanto é possível a entrada na cultura de pulverizador acoplado ao trator, o que geralmente ocorre até 60 dias após a emergência das plantas. Destaca-se, então, a importância dos milhos Bts no controle das lagartas que atingem a espiga e que com a utilização de inseticidas não seriam combatidas satisfatoriamente, mesmo quando a aplicação fosse realizada diretamente nas espigas.

COnTrOLe DA BrOCA-DA-CAnAAs larvas penetram no colmo e fazem gale-

rias, reduzindo a produção de grãos da planta.

Larvas mais desenvolvidas, ao intensificarem o dano, enfraquecem as plantas, que ficam propensas ao quebramento.

Os resultados obtidos mostraram que os híbridos convencionais quando não pulveri-zados podem apresentar até 50% das plantas atacadas pela broca, dependendo da região (Figura 1). A pulverização realizada para controle da lagarta-do-cartucho apresentou algum controle para a broca-da-cana, mas os híbridos Bts apresentaram uma alta eficiência de controle independentemente da tecnologia adotada.

eFeITO nA PrODUTIVIDADeCom relação à produtividade, a maioria

dos híbridos Bts obteve maiores produtivida-des em relação aos seus respectivos híbridos convencionais, sem a aplicação de inseticida. Mas, em poucos casos, a produtividade dos hí-bridos transgênicos foi superior à dos híbridos convencionais pulverizados. Considerando-se

a média de todos os híbridos na safra 2009/10, os transgênicos não pulverizados produziram 445kg/ha a mais que os convencionais não pulverizados e 43kg/ha a mais que os conven-cionais pulverizados (Figura 2). Já na safrinha, quando o potencial produtivo é menor, em função das condições climáticas, os híbridos transgênicos não pulverizados produziram 192kg/ha a mais que os convencionais não pulverizados (Figura 3). Logo, os benefícios do controle das lagartas, pelo método químico ou biotecnológico, foram maiores na safra de verão.

Importante ressaltar que esta tecnologia (Bt) é protetora, ou seja, seu uso não aumenta a produtividade, mas tem por finalidade pro-teger a planta das pragas para que elas possam expressar ao máximo seu potencial produtivo. Dessa forma, quanto maior o ataque das la-gartas, maior será sua resposta em relação aos híbridos convencionais e em casos em que não ocorrer a praga, os híbridos Bt terão potencial-

Figura 2 - Produtividade média nos diferentes manejos utilizados na safra verão 2009/10 Figura 3 - Produtividade média nos diferentes manejos utilizados na safrinha 2010

Page 38: Grandes Culturas - Cultivar 145

mente produtividades semelhantes aos seus respectivos híbridos convencionais.

É importante destacar também que nos plantios de milho verão em 2009/10 e safrinha 2010 os ataques da lagarta-do-cartucho não foram tão intensos e obviamente isto reflete nos resultados obtidos em relação à eficiência de controle da lagarta e consequentemente na produtividade.

CONSIDERAçÕES FINAISSão inegáveis os ganhos proporcionados

pela adoção de híbridos de milho transgêni-cos na redução dos danos ocasionados por lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e broca-da-cana. No entanto, esta tecnologia também está em constante desenvolvimento, uma vez que diversos isolados de Bacillus thuringiensis mais eficientes estão sendo selecionados e libe-rados para comercialização. Neste artigo, por exemplo, não foram apresentados resultados das tecnologias YieldGard VTPRO e Viptera porque as primeiras comercializações de sementes VTPRO e áreas demonstrativas do Viptera ocorreram na safra de verão 2010/11, que está em fase final de colheita.

Em lavouras de milho convencional, o produtor deve realizar o monitoramento constante para identificar o momento de se realizar o controle das pragas, necessitando assim de pessoas treinadas, de equipamento pulverizador, de inseticida eficiente e de baixo impacto nos inimigos naturais, além de con-dições climáticas adequadas de temperatura e umidade para o controle eficiente da praga. Já com a utilização de milho Bt, com exceção do monitoramento que deve continuar, todas as outras táticas já estão presentes na semente, proporcionando menor risco de intoxicação do aplicador e maior tranquilidade ao produtor.

As cultivares de milho transgênico Bt apresentam controle somente sobre as lagartas. Mas, outros insetos vêm atingindo também o status de pragas-chave, como é o caso dos percevejos, especialmente o percevejo barriga-verde (Dichelops spp.). Dessa forma, para se prevenir quanto ao ataque desta praga, é importante que se utilize o tratamento de sementes com inseticidas específicos também nos híbridos transgênicos.

Deve-se implantar áreas de refúgio com híbridos convencionais para multiplicação de insetos suscetíveis à tecnologia, mantendo a frequência de insetos resistentes baixa e, consequentemente, o controle eficiente das pragas pela tecnologia Bt.

38 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 3 - Porcentagem de espigas e notas de sintomas de ataque de lagartas na espiga de híbridos de milho submetidos a manejos de controle da lagarta-do-cartucho

Inseticida

nãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSim

Verão 2009/101Híbrido

30F35

30F35 YG

30F35 Hx

2B710

2B710 Hx

IMPACTO

IMPACTO TL

AG 8088

AG 8088 YG

DKB 350

DKB 350 YG

Média

% de espigas63,058,113,214,118,817,838,536,35,02,556,650,017,216,950,051,914,414,759,159,114,410,053,451,113,812,7

nota1,701,650,270,270,330,310,630,720,060,041,171,040,250,231,071,000,220,201,551,360,260,141,481,390,350,28

Ataque de lagartas na espiga

1 Médias dos experimentos avaliados em Aguaí, Paraguaçu Paulista, Pindorama e Votuporanga. 2 Cruzália, Pindorama e Votuporanga. 3 não avaliado na safrinha de 2010.

Safrinha 20102% espigas

67,960,4-3-

43,837,584,296,328,823,065,060,937,930,978,882,153,448,475,080,847,948,474,276,142,037,7

nota2,071,70

--

0,840,562,262,060,210,111,511,190,680,432,442,421,200,932,462,320,890,822,141,940,760,57

Safra verão 2009/101

Convencionais

Transgênicos

Tabela 2 - notas atribuídas aos sintomas de ataque da lagarta-do-cartucho nas plantas de híbridos de milho submetidos a manejos de controle da lagarta em diferentes localidades do estado de São Paulo

Inseticida

nãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSimnãoSim

nota de lagarta4,242,472,291,250,460,434,072,520,510,344,212,441,090,583,882,210,880,643,351,911,040,47

Híbrido

30F35

30F35 YG

30F35 Hx

2B710

2B710 Hx

IMPACTO

IMPACTO TL

AG 8088

AG 8088 YG

DKB 350

DKB 350 YG

Produtividade(Kg/ha-1)

9.4029.7249.757

10.0049.8779.9008.6509.7939.2159.3218.4208.8078.2168.3349.0359.1289.4949.6348.1958.2578.5508.502

% de ganho3

3,423,786,405,055,30

13,216,537,76

4,60-2,42-1,02

1,035,086,63

0,764,333,75

Safra verão 2009/101

1 Média dos experimentos avaliados em Aguaí, Paraguaçu Paulista, Pindorama e Votuporanga. 2 Cruzália, Pindorama e Votuporanga. 3 Percentual de aumento na produtividade em relação ao híbrido convencional não pulverizado correspondente. 4 não avaliado na safrinha de 2010.

nota de lagarta4,242,472,291,250,460,434,072,520,510,344,212,441,090,583,882,210,880,643,351,911,040,47

Produtividade(Kg/ha-1)

9.4029.7249.757

10.0049.8779.9008.6509.7939.2159.3218.4208.8078.2168.3349.0359.1289.4949.6348.1958.2578.5508.502

% de ganho3

3,423,786,405,055,30

13,216,537,76

4,60-2,42-1,02

1,035,086,63

0,764,333,75

Safrinha 2010 (3 locais)2

Marcos Michelotto,Rogerio Freitas,Everton Finoto eAntônio Lucio Martins,Apta RegionalAildson Duarte,Instituto Agronômico (IAC)

CC

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Empresas

39www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Gerhard Bohne (à esquerda) explica que a Bayer quer oferecer semente personalizada, de acordo com a necessidade do consumidor

Semente completa

Especialistas do Stac trabalham para aprimorar formulações e adaptar soluções de tratamento às condições de cada região

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Focada na liderança no mercado de tratamento de sementes no Brasil, a Bayer CropScience inaugurou

no início de maio o Centro de Treinamento em Tratamento de Sementes (Stac), no Centro de Pesquisas e Inovação da empresa em Paulínia (SP). O Stac faz parte de um novo serviço que a empresa pretende colocar à disposição dos clientes a partir da próxima safra, oferecendo aos produtores a possibili-dade de adquirir sementes com tratamentos personalizados feitos por colaboradores da Bayer, dentro das empresas multiplicadoras de sementes.

Este novo serviço tem como objetivo maxi-mizar o resultado dos produtos fitossanitários utilizados em TS. “Queremos que o produtor receba uma semente com a dosagem certa de defensivos e a máxima qualidade na fixação deste produto no grão”, explica Gerhard Boh-

ne, diretor de Operações de Negócios Brasil da Bayer CropScience. Para tornar possível este serviço, o Stac atuará como um centro para a transferência de conhecimentos e tecnologias, treinamento para as empresas de sementes e multiplicadores que trabalham nas regiões produtoras de soja, milho, grãos e algodão.

Com maquinário e profissionais próprios, a Bayer instalará equipamentos dentro das empresas de sementes e multiplicadores, onde o tratamento será feito de acordo com o pacote de proteção escolhido pelo produtor. “Os especialistas do Stac farão o trabalho de aprimoramento de novas formulações e adaptarão as soluções de tratamento às condições locais, tentando atender melhor os agricultores no Brasil, de acordo com as suas necessidades específicas”, garante Marc Reichardt, presidente da Bayer CropScience para a América Latina. O trabalho do Stac está

estruturado em quatro pilares: portfólio de produtos, tecnologias aplicadas às sementes, suporte técnico e de serviço e expertise em equipamentos para tratamento de sementes, explica Reichardt.

A inauguração do Stac contou também com a presença de Sandra Peterson, Chair-man e CEO Global da Bayer CropScience. Para a executiva, este serviço é um passo importante para o crescimento da empresa no segmento de tratamento de sementes. “Temos como objetivo a liderança no mercado de sementes no Brasil e com o novo Stac estamos ainda mais próximos do mercado brasileiro, tão importante para a empresa, e nos concentramos cada vez mais nas necessidades dos clientes”, assegura. Com este posicionamento, a empresa pre-tende dobrar o faturamento em tratamento de sementes no País até 2016.

Page 40: Grandes Culturas - Cultivar 145

40 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Coluna ANPII

Influência determinante

No último dia 18 de maio a Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS) concedeu o título de Pro-fessor Emérito ao professor João Rui Jardim Freire. Isto nos fez rememorar a importância que a pesquisa teve e tem no desenvolvimento do uso da Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) no Brasil.

Jardim Freire é um dos nomes de maior importância neste processo, pois foi quem introduziu, em escala mais ampla, a seleção de estirpes e a

gislação para a área de inoculantes.O Brasil é hoje reconhecido

mundialmente por sua organização, de forma sistêmica, de toda uma política de pesquisa e produção de inoculantes. E isto foi fruto da criação da Relare – hoje denominada Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnolo-gia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola. Em 1985, por inspiração do professor Jardim Freire, foi realizada a primeira reunião da Relare, com o intuito de sistematizar

Solon de AraujoConsultor da ANPII

O Brasil é hoje reconhecido mundialmente por sua organização, de forma sistêmica, de toda uma política de pesquisa e produção de inoculantes

vai muito além da atividade como professor universitário: sentindo a ne-cessidade de profissionais altamente capacitados para produzir inoculantes de alta qualidade, foram realizados diversos cursos, com a participação de professores estrangeiros, visando ampliar os conhecimentos de proces-sos fermentativos no cultivo de Rhizo-bium e Bradyrhizobium, bem como nas técnicas de controle de qualidade dos inoculantes. Com a criação do Mircen (Centro de Recursos Microbiológi-cos). Em convênio com a Unesco,

Papel da pesquisa foi e é fundamental para o desenvolvimentoda Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) no Brasil

industrialização dos inoculantes no Brasil. Começou sua carreira em 1946 na Secção de Bacteriologia da Secre-taria de Agricultura do Rio Grande do Sul e, em 1957, na Faculdade de Agronomia da UFRGS.

Daí para frente seu trabalho foi todo dedicado à FBN, tendo implan-tado o trabalho de seleção de estirpes, coletando material em diversas áreas do estado, identificando material de alta capacidade de fixação do nitro-gênio, sendo algumas destas estirpes ainda hoje utilizadas na produção de inoculantes.

Mas, a par de todo o trabalho de laboratório, de fundamental im-portância, vale ressaltar que, para a indústria de inoculantes, a contri-buição do pesquisador não foi menos importante, principalmente em três aspectos: a orientação técnica para a implantação da primeira fábrica de inoculantes no Brasil, a formação de mão de obra especializada para produzir inoculantes de qualidade e a criação da estrutura de pesquisa e le-

todas as atividades relacionadas com a FBN. Por seu caráter democrático, com a participação de pesquisadores, empresas de inoculantes e técnicos do Ministério da Agricultura, a Relare passou a analisar os trabalhos de sele-ção e recomendação de estirpes, a su-gerir aperfeiçoamentos na legislação, a nortear melhorias na qualidade dos inoculantes comercializados no país, enfim, a montar todo um sistema que hoje é elogiado por pesquisadores de todo o mundo. A discussão aberta, franca, com a participação de todos os agentes envolvidos no processo, resultou em expressivos ganhos para todos e, principalmente, para o país.

Das reuniões da Relare surgiu a criação de um banco de estirpes, um local onde fica armazenada a coleção de estirpes de Rhizobium e Bradyrhizo-bium, sendo distribuídas para as em-presas com toda a garantia de pureza e outras características essenciais para a produção dos inoculantes.

No campo da formação de pes-soal, a participação de Jardim Freire

estes cursos foram incrementados, com participação de mais de 700 profissionais, de 20 países, a maioria da América do Sul. Atualmente, grande parte dos profissionais que atuam nas empresas de inoculantes teve pelo menos uma passagem por um dos cursos ou dos laboratórios criados por Jardim Freire.

Finalmente, a criação da própria Relare teve a participação do profes-sor Jardim Freire. Em diversas reuni-ões, houve de sua parte estímulo para que as empresas tivessem uma asso-ciação, juntando suas forças em prol de alguns assuntos comuns a todas, culminando com a criação da ANPII. Desta forma, vemos que a indústria de inoculantes no Brasil surgiu e continua em estreito relacionamento com os órgãos de pesquisa, garantindo retaguarda científica para o produto utilizado pelo agricultor. CC

Page 41: Grandes Culturas - Cultivar 145

Coluna Agronegócios

41www.revistacultivar.com.br • Junho 2011

Uma autoestrada de oportunidades

Há dez anos o celular pesava 500 gramas e só podia ser utilizado na cidade ou no

estado de origem - falar do exterior, nem pensar! Para configurá-lo era necessário um curso preparatório. Hoje, um celular pesa 50 gramas, nos acompanha a qualquer parte do mundo, sem ficar surdo ou mudo. Telefonar é apenas uma das 100 funções que o pequeno aparelho executa, e sua manipu-lação é intuitiva.

Também há uma década, quem alertasse para o brilhante futuro da química verde ou da energia renovável era comparado a Don Quijote de la Mancha, o inesquecível per-sonagem de Miguel Cervantes y Saavedra. Não mais! Até o país paradigma dos velhos negócios - da velha química e da velha ener-

com sede em San Francisco (Califórnia). A razão objetiva para a concessão do prêmio é o conjunto de tecnologias desenvolvidas pela empresa, que permitem a obtenção de bio-combustíveis e outros produtos químicos, com baixa emissão de carbono. A tecnologia foi patenteada com o nome Renewable Pe-troleum™ e permite transformar material orgânico - especialmente biomassa vegetal - em biocombustíveis e outras especiarias químicas, substituindo o petróleo. A conces-são do prêmio chamou minha atenção, pois embora voltado para prioridades dos EUA, será fatal a sua influência no Brasil, o país mais competitivo do mundo na produção de biomassa. Deu para perceber a enorme oportunidade que se descortina para o nosso agronegócio?

permite redução de 85% nas emissões de gases de efeito estufa, quando comparado ao diesel de petróleo convencional. Além disso, está livre de benzeno, uma substân-cia cancerígena geralmente associada ao petrodiesel.

O reconhecimento da LS9 no Prê-mio de Química Verde sinaliza que é só uma questão de tempo até que empresas estejam fornecendo novos combustíveis renováveis e outros produtos químicos, substitutos de derivados de petróleo, com baixas emissões de carbono, em grande escala comercial. São os sinais dos novos tempos, os ventos que sopram do futuro. Conforme os novos processos passam da concepção laboratorial para as etapas de protótipo e pré-industrial, vão sendo

Décio Luiz GazzoniO autor é Engenheiro Agrônomo,

pesquisador da Embrapa Soja

O reconhecimento da LS9 no Prêmio de Química Verde sinaliza que é só uma questãode tempo até que empresas estejam fornecendo novos combustíveis renováveis

gia – foi seduzido por uma sereia que pisca lá do futuro. O governo dos Estados Unidos criou o Presidential Green Chemistry Chal-lenge Award, cuja concessão é coordenada pela Environmental Protection Agency (EPA). E é tido como a maior honraria concedida na área ambiental, nos EUA.

O prêmio foi instituído para distinguir tecnologias que contribuam significativa-mente para reduzir a poluição nos Estados Unidos, incorporando os princípios da química verde na concepção, fabricação e uso de produtos químicos. Os vencedores são selecionados por um painel interna-cional de peritos, convocado pela American Chemical Society.

Química Verde, também conhecida como química sustentável, é uma filosofia de pesquisa da química e da engenharia de processos, que incentiva o design de pro-dutos e processos que minimizem o uso e a geração de substâncias perigosas. Isso inclui matérias-primas sustentáveis e processos de produção mais eficientes, desde que sejam técnica e economicamente viáveis.

O vencedor do prêmio de 2010 foi a LS9 Inc., uma empresa de base biotecnológica,

LS9A empresa vencedora (www.ls9.com) foi

fundada em 2005, recebe financiamentos de fundos de risco e faz parte de uma nova tendência industrial, que utiliza biomassa como matéria-prima. Um dos diferenciais inovativos dos produtos da química verde é a baixa emissão de carbono. Por meio de processos fermentativos baseados em biologia sintética, matérias-primas reno-váveis (biomassa) são transformadas em um amplo portfólio de produtos químicos, substituindo derivados da petroquímica. O portfólio da LS9 inclui o Ultraclean™ Diesel e surfactantes, que são comerciali-zados por um parceiro estratégico (Procter and Gamble).

O Ultraclean Diesel é um substituto ambientalmente correto do petrodiesel. Trata-se de um hidrocarboneto totalmente saturado (farnesano), com alta densidade energética, que pode ser usado em motores de ciclo diesel, sem qualquer alteração. Obtido por uma tecnologia altamente eficiente de produção de uma única etapa, utilizando um microrganismo genetica-mente modificado, o Ultraclean Diesel

delineados os contornos de uma nova fase de negócios. A partir de biomassa, que pode ser produzida em abundância, a baixo custo e com processos sustentáveis serão obtidos biocombustíveis avançados e outros produtos da química fina, em linha com as demandas da sociedade por uma economia de baixo fluxo de carbono.

No caso dos biocombustíveis, a partir de plantas com alta capacidade de produção de biomassa (cana, florestas, pastagens, sorgo ou algas) será possível obter substâncias químicas com as mesmas propriedades físico-químicas do petrodiesel, da gasolina ou do querosene. Com isto, abrem-se os portões do futuro, com a produção de suce-dâneos que os substituirão no médio prazo. Esta visão de futuro é muito importante, porque deverá ser o paradigma dominante na década de 2020. Quem quiser se candi-datar a ser protagonista neste futuro, deve se preparar desde já para trafegar por esta autoestrada. CC

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Coluna Mercado Agrícola

Safra Americana comprometida pelo atraso no plantio abre oportunidades

TRIGO - O mercado do trigo, nestes primeiros meses do ano, foi influen-ciado pelo clima que castigou as lavouras do Hemisfério Norte, pegando áreas dos EUA e Canadá, afetadas por chuvas e seca, França perdendo pela maior estiagem da história do país e também problemas na Ásia. Esse cenário trouxe apelo positivo para as cotações internacionais. Somente não houve avanços importantes no Brasil porque o dólar continua barato em terras tupiniquins. Com isso as cotações giraram ao redor dos R$ 500,00 a R$ 540,00 por tonelada nas últimas semanas. E tudo aponta para que esses níveis sejam mantidos em junho. Há indicativos de que o Paraná terá queda no plantio, pois o trigo perdeu espaço para o milho safrinha e desta forma o Rio Grande do Sul po-derá ultrapassar o estado vizinho, que tradicionalmente aparece como maior produtor dessa cultura no Brasil.

algodão - Em maio o produto seguia com boas cotações no mercado mundial. Com os problemas para o plantio nos EUA, como excesso de chuvas e inundações em áreas tradicionais da cultura, produtores brasileiros continuavam negociando para os próximos anos, o que assegura liquidez para as colheitas que vêm pela frente e que seguirão dando boa lucratividade aos produtores. Com expectativas de crescimento de plantio neste novo ano e avançando com a colheita da safra atual.

eua - A boa notícia vem do forte aumento da produção e demanda de biocombustíveis, como etanol, que está usando 127 milhões de to-neladas de milho neste ano e usará mais de 1,2 milhão de toneladas de

MILHOSafrinha sofrendo com secaO mês de maio trouxe problemas de clima

para as lavouras da safrinha, com mais de 80% das áreas sem receber água, derrubando o potencial produtivo. A expectativa é de que as primeiras áreas da safrinha comecem a ser colhidas no final de junho. O produto tende a chegar com boa aceitação no mercado e com cotações atrativas (com boa parte tendo como destino o mercado de exportação, que segue comprador). Os indicativos nos portos têm ficado ao redor dos R$ 29,00 a R$ 30,00 com manutenção firme dos valores inter-nos, porque a demanda segue aquecida.

SOjACom pressão de “descasamento” O mercado da soja, que se manteve estável em

maio, deverá mostrar pressão de alta através do “descasamento” das cotações internas dos valores praticados no mercado de Chicago. Isso porque

já há mais de 75% da safra nacional negociada e o que resta está nas mãos de poucos produtores, que devem valorizar o grão (que terá como destino a indústria de consumo interno, como setor de ração, indústrias de óleo de consumo humano e principalmente óleo para o setor de biodiesel, que mostra forte crescimento de demanda). Com fôlego para mais alguns avanços nos indicativos à frente.

FEIjÃOCom espaço para crescer O período de baixa do feijão está passando

e de agora em diante mostrará fôlego para cres-cer, porque há poucas ofertas à frente. A safra irrigada será limitada, pois há outros cultivos crescendo nos estados centrais e desta forma existe espaço para avanços (já havia pressão no final de maio). Os indicativos devem avançar e apresentar fortes altas nas próximas semanas e nos próximos meses. Com os produtores no

comando dos negócios.

ArrOZSaindo do fundo do poçoO mercado do arroz, que navegou no fundo

do poço nestes últimos três meses, agora começa a mostrar algum fôlego de avanço, saindo dos R$ 17,00 a R$ 19,00 para tentar algo acima dos R$ 20,00. Uma boa fatia da safra deve ser encami-nhada para os estoques do governo, via AGFs, como visto em maio (R$ 25,80). O produto deve atuar forte nos pregões de opções que vêm pela frente. A safra está fechada, com recorde histórico, acima de 13,5 milhões de toneladas e o consumo que pode ficar abaixo das 13 milhões de toneladas. Haverá importações, que podem chegar a um milhão de toneladas, o que a agrava ainda mais a situação e resultará em grandes sobras, obrigando os produtores brasileiros a ir em busca de espaços crescentes na exportação, uma saída possível para o longo prazo.

CURTAS E BOASóleo de soja para o biodiesel. Com expectativa de continuar crescendo em ritmo acelerado.

chIna - As compras externas diminuíram de ritmo no mês de abril, com 3,88 milhões de toneladas importadas de soja, ficando abaixo das expectativas, do mês anterior e também do mesmo período do ano passado. Isso porque o país contava com mais de sete milhões de toneladas nos portos e não havia espaço para receber novos volumes ou realizar novas compras, já que a fila de navios para descarregar estava grande. Assim, até que se consiga escoar esta soja, o país recuou e deverá voltar a comprar em melhor ritmo no segundo semestre, quando certamente baterá novo recorde de compras (como aponta o USDA, que indica importações de 54,5 milhões de toneladas de soja para este ano).

aRGenTIna - O fechamento da safra portenha trouxe novidades, como o recorde de colheita do arroz com 1,74 milhão de toneladas. Foram mais de 350 mil toneladas de feijão, cerca de 50 milhões de toneladas de soja e outras 20 milhões de toneladas de milho e o trigo, indo neste momento em direção à casa das 14,5 milhões de toneladas (se tudo andar em ritmo normal).

clIma - Segue como fator mais importante do momento para uma boa colheita. Como já apontávamos, antes mesmo do início do plantio americano (que sofreu queda e teve atrasos), o clima será o comandante para o andamento da safra e pode ainda trazer mais problemas, dando mais fôlego às cotações internacionais.

42 Junho 2011 • www.revistacultivar.com.br

Vlamir [email protected]

A safra americana está plantada, com atraso no plantio dos principais produtos, como soja e milho. O início de desenvolvimento ocorre em condições desfavoráveis, com baixa qualidade das plantações e perdas no potencial produtivo de áreas importantes do Trigo. O cenário serve de apelo positivo, para médio e longo prazo, aos principais grãos e favorável a dar fôlego às cotações internacionais e às novas exportações brasileiras (principalmente do milho, que tende a registrar crescimento neste ano). As atenções devem se manter voltadas para o desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos, que nos meses de junho e julho terão períodos importantes para a garantia de safra. Caso o clima continue irregular, haverá grandes alterações nas cotações, com chances de novos recordes, como o registrado no milho neste ano e também na soja (que teve recorde histórico em julho de 2008), além de manter os níveis recordes para o algodão, que também navega nos melhores momentos da história. Desta forma os indicativos são favoráveis aos produtores brasileiros que estão planejando e negociando os insumos para a nova safra de verão (que tem de ser vista como uma boa oportunidade de ganhos, onde parte deverá ser negociada antecipadamente para garantir os custos dos produtores, diminuir os riscos de venda na colheita e reduzir a pressão de oferta na boca da safra). Tudo aponta que será o momento de vermos os produtores planejando crescer em tecnologia, a buscar melhor qualidade e maior produtividade da safra que vem pela frente e assim aumentar as chances de ganhos, aproveitando esta fase de crescimento das cotações internacionais e trazendo renda ao setor rural, que de tempos em tempos sofre com cotações abaixo dos custos. Um exemplo disso é a cultura do arroz, que teve avanço na produção e enfrenta cotações de mercado abaixo do que se gastou e muito inferior ao preço mínimo. A saída para o setor será aumentar a produtividade e a qualidade para derrubar os custos de produção por saca produzida. Some-se a isso a necessidade de melhorar a comercialização, com vendas antecipadas (quando favoráveis), fugindo dos momentos de colheita e de vencimento das dívidas, principalmente de custeio, que normalmente agem como fatores de pressão negativa sobre as cotações. Os problemas com a safra americana poderão ser fator de garantia de bons ganhos aos produtores brasileiros na nova safra 2011/12, abrindo grandes oportunidades de crescimento econômico.

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