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GRAU DE MESTRE MAÇOM Luiz Carlos Silva, MI, 33º REAAO grau de mestre é considerado como o resumo completo dos conhecimentos filosóficos mais ao alcance do homem, e os mais convenientes, também, para o dirigirem na senda da virtude e da honra. Faz do maçom um mestre na arte de viver, posto que lhe ensina o papel que deve desempenhar, mostrando-lhe a verdadeira missão do homem sobre a terra. Na iniciação ao grau de aprendiz, por meio de interrogatórios apropriados, procura-se conhecer as intenções, o caráter, os sentimentos e as aspirações do neófito. No grau de companheiro recorre-se à instrução, que oferece e dá os meios de cada um se conhecer a si próprio, de se ilustrar e de adquirir, teórica e praticamente, sob a supervisão e orientação do mestre, o conhecimento da ciência. Reúne os conhecimentos com os quais se podem resolver as principais questões de ordem física e moral que possam se apresentar à sua razão. Estimula-o o desejo de ascender na escala da iniciação e sente germinarem em si as sementes produzidas pelo ensino maçônico. Compreende a necessidade de expandir a esfera da sua atividade e aspira tornar-se mestre. É justo este desejo, quando originado por um sentimento nobre, tendo como causa o querer colaborar na obra da Maçonaria, que conduzirá o companheiro à meta das suas pretensões. Mas, quando pelo contrário, só obedeça ao espírito de ostentação e ao desejo de satisfazer ambições reprimidas e veladas pela hipocrisia, compete ao mestre julgar e decidir sobre tão perniciosas ideias, fechando para sempre ao mau companheiro a Câmara do Meio. No grau de mestre desvenda-se o quadro das misérias humanas, estudam-se as causas que as produzem e os meios de as remediar. O maçom, então, compreende que tem necessidade absoluta de ser bom, valoroso e magnânimo. Vê que além da ciência, precisa da virtude para conseguir a fraternidade entre os homens. Observa que sem o sacrifício das más paixões não poderá reinar a liberdade e sente, por último, que é indispensável combater o vício com todas as forças de que disponha, destruir a ignorância por meio da educação e rasgar a máscara com a qual se cobre a hipocrisia, para aproximar-se do ideal da justiça da igualdade. A lenda que se baseia este grau tem semelhanças com os mistérios das antigas iniciações e oferece-nos interessantes interpretações. Vejamos pois: Osíris foi assassinado por Tifão e seus companheiros, procurado e encontrado por Isis e então ressuscitado, foi herói da iniciação dos mistérios egípcios; entre os gregos foi substituído por Ceres; já em outros mistérios da

GRAU DE MESTRE MAÇOM

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GRAU DE MESTRE MAÇOM

Luiz Carlos Silva, M∴I∴, 33º R∴E∴A∴A∴

O grau de mestre é considerado como o resumo completo dos conhecimentos filosóficos mais ao alcance do homem, e os mais convenientes, também, para o dirigirem na senda da virtude e da honra. Faz do maçom um mestre na arte de viver, posto que lhe ensina o papel que deve desempenhar, mostrando-lhe a verdadeira missão do homem sobre a terra. Na iniciação ao grau de aprendiz, por meio de interrogatórios apropriados, procura-se conhecer as intenções, o caráter, os sentimentos e as aspirações do neófito. No grau de companheiro recorre-se à instrução, que oferece e dá os meios de cada um se conhecer a si próprio, de se ilustrar e de adquirir, teórica e praticamente, sob a supervisão e orientação do mestre, o conhecimento da ciência. Reúne os conhecimentos com os quais se podem resolver as principais questões de ordem física e moral que possam se apresentar à sua razão. Estimula-o o desejo de ascender na escala da iniciação e sente germinarem em si as sementes produzidas pelo ensino maçônico. Compreende a necessidade de expandir a esfera da sua atividade e aspira tornar-se mestre. É justo este desejo, quando originado por um sentimento nobre, tendo como causa o querer colaborar na obra da Maçonaria, que conduzirá o companheiro à meta das suas pretensões. Mas, quando pelo contrário, só obedeça ao espírito de ostentação e ao desejo de satisfazer ambições reprimidas e veladas pela hipocrisia, compete ao mestre julgar e decidir sobre tão perniciosas ideias, fechando para sempre ao mau companheiro a Câmara do Meio. No grau de mestre desvenda-se o quadro das misérias humanas, estudam-se as causas que as produzem e os meios de as remediar. O maçom, então, compreende que tem necessidade absoluta de ser bom, valoroso e magnânimo. Vê que além da ciência, precisa da virtude para conseguir a fraternidade entre os homens. Observa que sem o sacrifício das más paixões não poderá reinar a liberdade e sente, por último, que é indispensável combater o vício com todas as forças de que disponha, destruir a ignorância por meio da educação e rasgar a máscara com a qual se cobre a hipocrisia, para aproximar-se do ideal da justiça da igualdade. A lenda que se baseia este grau tem semelhanças com os mistérios das antigas iniciações e oferece-nos interessantes interpretações. Vejamos pois: Osíris foi assassinado por Tifão e seus companheiros, procurado e encontrado por Isis e então ressuscitado, foi herói da iniciação dos mistérios egípcios; entre os gregos foi substituído por Ceres; já em outros mistérios da

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antiguidade o herói muda de nome, mas o mito sempre há de se relacionar com a tradição primitiva. Nos antigos mistérios encontramos, frequentemente, a mesma ideia de um deus ou herói morto e ressuscitado, da luta entre as trevas e a luz do sol que depois torna a aparecer. Há quem afirme que o nascimento e a morte de Cristo são também uma representação dos antigos mistérios. A marcha de Hiram, para escapar aos golpes desferidos por seus algozes, é a mesma que segue o Sol (Osíris) no último mês do ano, baixando no horizonte para o lado do ocidente. Situemo-nos a leste do hemisfério norte e, se nesse momento observarmos a esfera celeste, notaremos, no Oriente, Orion com o braço levantado e armado com uma massa; Sagitário disparando a sua flecha e, no Norte Perseu igualmente armado a dar o último golpe. Deste momento em diante a declinação do Sol para o hemisfério Sul ou austral é tão rápida que parece uma queda e, assim, o temos já precipitado no túmulo. A inquietação que deveriam ter sentido os primeiros homens sobre se o astro desaparecido tornaria ou não a aparecer é figurativamente representada pelas pesquisas que se fazem em busca do corpo de Hiram. A sua morte, encarada no sentido alegórico, é como o mito de Osíris, Adonis, ou de Mitra, uma criação surgida da imaginação dos sacerdotes, todos eles astrônomos, cujo objetivo fim era representar a ausência do princípio vivificante, ou seja, a luta entre as trevas e a luz, que por fim sai vitoriosa. Efetivamente, no solstício de inverno parece que o Sol nos abandona; baixa à sepultura; a terra (natureza) fica viúva do esposo que lhe dá em cada ano a alegria e a fecundidade; os seus filhos tornam-se desolados e, por esta razão os maçons, filhos da Natureza, representam no grau de mestre os filhos da viúva. Desta interpretação se deduz que Hiram, arquiteto do templo de Salomão e herói da lenda maçônica, é o Osíris da iniciação moderna, que Isis, sua viúva, é a Loja, emblema da Terra, e que Hórus, filho de Osíris e de Isis, é o maçom. Os deuses dos antigos mistérios foram na moderna iniciação substituídos por um plebeu, artífice inteligente e culto, HIRAM, que longe de ser a vítima de um crime, é a mais pura representação alegórica da ciência, da arte, da virtude e do amor fraternal. Por outro lado, os assassinos do Mestre representam os três vícios principais que corrompem o homem: a ambição, a ignorância e a hipocrisia. Hiram representa o princípio do bem, os outros personificam o mal. Hiram é, em suma, o mestre modelo. Foi assim, em rápidas palavras, exposto o grau de mestre, último da maçonaria simbólica e o mais essencial de todos que admitem e professam a Maçonaria. Aquele que o possuir deve estar, portanto, firmemente resolvido a combater a tirania, os vícios, os privilégios, os preconceitos, as más paixões e o fanatismo, procurando ao mesmo tempo, por todos os meios ao seu alcance, aumentar o bem estar moral e material do homem. Para, só assim, ser merecedor de ser reconhecido como Mestre Maçom; Homem Integral.

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Bibliografia

GRANDE LOJA MAÇÔN ICA DO ESTADO DA PARAÍBA. Ritual do aprendiz maçom. João Pessoa, PB. 1992. GRANDE LOJA MAÇÔN ICA DO ESTADO DA PARAÍBA. Ritual do aprendiz maçom. João Pessoa, PB. 1985. GRANDE LOJA MAÇÔN ICA DO ESTADO DA PARAÍBA. Ritual do aprendiz maçom. João Pessoa, PB. 1943. GRANDE LOJA MAÇÔN ICA DO ESTADO DA PARAÍBA. Ritual de mestre maçom. João Pessoa, PB. 1992. GRANDE LOJA MAÇÔN ICA DO ESTADO DA PARAÍBA. Ritual de mestre maçom. João Pessoa, PB. 1985. JOSÉ CASTELLANI. Liturgia e ritualística do grau de mestre maçom. Editora A Gazeta Maçonica. São Paulo. 1987. 213p. JOSTEIN GAARDER; VICTOR HELLEM; HENRY NOTAKER. Religionsboka. Gyldental Norsk Forlag. 1989. 315p.