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1 GUIA TÉCNICO AMBIENT AL DE GRAXARIAS - SÉRIE P+L Graxarias Bovinos e de Suínos GUIA TÉCNICO AMBIENTAL DE GRAXARIAS SÉRIE P+L Processamento Materiais de Abatedouros e Frigorícos

graxaria

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    Graxarias

    Bovinos e

    de

    Sunos

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    Processamento

    MateriaisdeAbatedouros e Frigorficos

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    GUIA TCNICO AMBIENTAL DE GRAXARIAS - SRIE P+L

    Governo do Estado de So PauloSecretaria do Meio Ambiente

    CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

    FIESP - Federao das Indstrias do Estado de So Paulo

    2008

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    GOVERNO DO ESTADODE SO PAULO

    Governador

    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

    Secretrio

    CETESB - Companhia de TeCnologia de SaneamenTo ambienTal

    Diretor Presidente

    Diretor de Gesto Corporativa

    Diretor de Controle de Poluio Ambiental

    Diretor de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental

    FIESP - Federao daS indSTriaS do eSTado de So paulo

    Presidente

    Jos Serra

    Francisco Graziano Neto

    Fernando Rei

    Edson Tomaz de Lima Filho

    Otavio Okano

    Marcelo de Souza Minelli

    Paulo Skaf

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    Depto. de Desenvolvimento, Tecnologia e Riscos Ambientais

    Diviso de Tecnologias Limpas e Qualidade Laboratorial

    Setor de Tecnologias de Produo mais Limpa

    Coordenao Tcnica

    Angela de Campos Machado

    Meron Petro Zajac

    Flvio de Miranda Ribeiro

    Angela de Campos MachadoFlvio de Miranda RibeiroMeron Petro Zajac

    Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental

    Departamento de Meio Ambiente - DMA

    Coordenao do Projeto Srie P+L

    Nelson Pereira dos Reis Diretor TitularArthur Cezar Whitaker de Carvalho Diretor AdjuntoNilton Fornasari Filho Gerente

    Luciano Rodrigues Coelho - DMA

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    Pacheco, Jos WagnerGuia tcnico ambiental de graxarias / Jos Wagner Pacheco So Paulo :

    CETESB, 00.7p. ( CD) : il. ; cm. - (Srie P + L)

    Disponvel em : .ISBN. gua - reso . Bovinos subprodutos . Carne farinha . Gordura

    animal sebo . Osso farinha . Poluio - controle 7. Poluio - preveno 8. Processo industrial otimizao 9. Produo limpa 0. Resduos industriais minimizao . Sangue farinha . Sunos - subprodutos I. Ttulo. II. Srie.

    CDD (.ed. Esp.) .0 8 CDU (ed. 99 port.) 8. : .

    Margot Terada CRB 8.

    ElaboraoJos Wagner Faria Pacheco - Setor de Tecnologias de Produo mais Limpa

    Colaborao

    CETESBAquino da Silva Filho - Agncia Ambiental de Santo AmaroCarlos Eduardo Komatsu - Departamento de Tecnologia do ArCarlos Henrique Braus - Agncia Ambiental de AraatubaCludio de Oliveira Mendona - Agncia Ambiental de IpirangaDavi Faleiros - Agncia Ambiental de FrancaFlvia Regina Broering - Agncia Ambiental de PinheirosHlio Tadashi Yamanaka - Setor de Tecnologias de Produo mais LimpaJeov Ferreira de Lima - Agncia Ambiental de AmericanaJos Mrio Ferreira de Andrade - Agncia Ambiental de So Jos do Rio PretoLucila Ramos Ferrari - Agncia Ambiental de IpirangaLuiz Antonio Martins - Agncia Ambiental de OsascoLuiz Antonio Valle do Amaral - Agncia Ambiental de Santo AmaroMateus Dutra Muoz - Agncia Ambiental de FrancaMrcio Barbosa Tango - Agncia Ambiental de BarretosMoraci Gonalves de Oliveira - Agncia Ambiental de PiracicabaPaulo Plcido Campozana Jnior - Setor de Efluentes LquidosVera Slvia Arajo S. Barillari - Agncia Ambiental de Franca

    ITAL Instituto de Tecnologia de AlimentosSlvia Germer Grupo Especial de Meio Ambiente do ITALManuel Pinto Neto CTC Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Carnes

    EMPRESASAbatedouro de Bovinos e Sunos do Sapuca Ltda.FISA - Frigorfico Itapecerica S.A.Fribal Frigorfico Balancin Ltda.Friboi Ltda.Frigorfico J. G. Franca Ltda.Frigorfico Marba Ltda.Frigorfico Raj Ltda.Independncia Alimentos Ltda.Indstria e Comrcio de Carnes Minerva Ltda.Sadia S.A.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(CETESB Biblioteca, SP, Brasil)

  • 7GUIA TCNICO AMBIENTAL DE GRAXARIAS - SRIE P+L

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    PALAVRA DO PRESIDENTE DA CETESB

  • No decorrer dos ltimos anos a CETESB vem desenvolvendo Guias Ambientais de Produo mais Limpa, com o intuito de incentivar e orientar a adoo de tecnologias limpas nos diver-sos setores produtivos da industria paulista, alm de fornecer uma ferramenta de auxlio para a difuso e aplicao do conceito de P+L, tanto para o setor pblico como o privado.

    A experincia tem mostrado que os guias mais recentes, publicados a partir do final de 00, tornaram-se fundamentais para o estabelecimento de novas formas de ao com o objetivo de assegurar maior sustentabilidade nos padres de produo.

    No h dvidas de que a adoo da P+L como uma ferramenta do sistema de gesto da em-presa, pode trazer resultados ambientais satisfatrios, de forma contnua e perene, ao invs da implementao de aes pontuais e unitrias. Estes dados permitiro estabelecer, em futuro prximo, indicadores como a produtividade, a reduo do consumo de matrias-primas e dos recursos naturais, a eliminao de substncias txicas, a reduo da carga de resduos gerados e a diminuio do passivo ambiental, sendo que os resultados positivos destes indicadores im-plicam diretamente na reduo de riscos para a sade ambiental e humana, bem como con-tribuem sobremaneira para os benefcios econmicos do empreendedor, para a sua competi-tividade e imagem empresarial, tendo em vista os novos enfoques certificatrios que regem a Gesto Empresarial.

    Neste contexto, o intercmbio maduro entre o setor produtivo e o rgo ambiental uma im-portante condio para que se desenvolvam ferramentas de auxlio tanto na busca de solues adequadas para a resoluo dos problemas ambientais, como na manuteno do desenvolvim-ento social e econmico sustentvel.

    Esperamos assim que as trocas de informao e tecnologias iniciadas com a elaborao dos guias da srie P + L, oriundos da parceria entre o rgo ambiental e o setor produtivo, gerem uma viso crtica, de modo a se identificar oportunidades de melhoria nos processos produti-vos, bem como subsidiem um aumento do conhecimento tcnico, podendo assim disseminar e promover o desenvolvimento de novas tecnologias, com vistas ao sucesso do desenvolvimento sustentvel.

    Fernando Cardozo Fernandes ReiDiretor Presidente

    CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

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    PALAVRA DO PRESIDENTE DA FIESP

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    Produo mais limpa, pas mais desenvolvido! Os Guias Tcnicos de Produo mais Limpa, com especificidades e aplicaes nos dis-tintos segmentos da indstria, constituem preciosa fonte de informaes e orienta-o para tcnicos, empresrios e todos os interessados na implementao de medidas ecologicamente corretas nas unidades fabris. Trata-se, portanto, de leitura importante para o exerccio de uma das mais significativas aes de responsabilidade social, ou seja, a defesa do meio ambiente e qualidade da vida.

    Essas publicaes, frutos de parceria da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp) e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), con-tribuem muito para que as indstrias, alm do devido e cvico respeito aos preceitos da produo mais limpa, usufruam a conseqente economia de matrias-primas, gua e energia. Tambm h expressivos avanos quanto eliminao de materiais perigo-sos, bem como na reduo, no processo produtivo, de quantidades e toxicidade de emisses lquidas, gasosas e resduos.

    Ganham as empresas, a economia e, sobretudo, a sociedade, considerando o signifi-cado do respeito ao meio ambiente e ao crescimento sustentvel. A Cetesb, referncia brasileira e internacional, aloca toda a sua expertise no contedo desses guias, assim como os Sindicatos das Indstrias, que contribuem com informaes setoriais, bem como, com as aes desenvolvidas em P+L, inerentes ao segmento industrial. Seus empenhos somam-se ao da Fiesp, que tem atuado de maneira pr-ativa na defesa da produo mais limpa. Dentre as vrias aes institucionais, a entidade organiza anu-almente a Semana do Meio Ambiente, seminrio internacional com workshops e en-trega do Prmio Fiesp do Mrito Ambiental.

    Visando a estimular o consumo racional e a preservao dos mananciais hdricos, criou-se o Prmio Fiesp de Conservao e Reso da gua. Sua meta difundir boas prticas e medidas efetivas na reduo do consumo e desperdcio. A entidade tambm coopera na realizao do trabalho e responsvel pelo subcomit que dirigiu a elaborao da verso brasileira do relatrio tcnico da ISO sobre Ecodesign.

    Por meio de seu Departamento de Meio Ambiente, a Fiesp intensificou as aes nesta rea. Especialistas acompanham e desenvolvem aes na gesto e licenciamento am-biental, preveno e controle da poluio, recursos hdricos e resduos industriais. En-fim, todo empenho est sendo feito pela entidade, incluindo parcerias com instituies como a Cetesb, para que a indstria paulista avance cada vez mais na prtica ecolgica, atendendo s exigncias da cidadania e dos mercados interno e externo. Paulo Skaf Presidente da Fiesp

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    Sumrio

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    INTRODUO .................................................................................................................................. . PERFIL DO SETOR .......................................................................................................................9 . DESCRIO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS ................................................................... . Produo de Sebo / Gordura e de Farinhas de Carne e/ou de Ossos ............7 . Produo de Farinha de Sangue .................................................................................9 . Produo de Sebo / Gordura e de Adubo Organo-Mineral a partir de Ossos... . Processos de Limpeza e Higienizao....................................................................... . Processos Auxiliares e de Utilidades ..........................................................................

    . ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................................................................9. Consumo de gua ............................................................................................................0. Consumo de Energia ........................................................................................................ Uso de Produtos Qumicos ............................................................................................. Efluentes Lquidos ............................................................................................................ .. Aspectos e Dados Gerais ..................................................................................... .. Processos Auxiliares e de Utilidades ............................................................... .. Tratamento dos Efluentes Lquidos de Graxarias ........................................ Resduos Slidos ................................................................................................................ Emisses Atmosfricas e Odor .....................................................................................7.7 Rudo .....................................................................................................................................9

    . MEDIDAS DE PRODUO MAIS LIMPA (P+L) ................................................................... . Uso Racional de gua ..................................................................................................... . Minimizao dos Efluentes Lquidos e de sua Carga Poluidora ...................... . Uso Racional de Energia .................................................................................................7 .. Fontes Alternativas de Energia ..........................................................................8 . Gerenciamento dos Resduos Slidos.......................................................................8 . Minimizao de Emisses Atmosfricas e de Odor ..............................................0 .. Substncias Odorferas ........................................................................................0 .. Material Particulado e Gases ..............................................................................0 . Minimizao de Rudo .................................................................................................... .7 Medidas de P+L Quadro Resumo ............................................................................ .8 Implementao de Medidas de P+L ..........................................................................7

    . REFERNCIAS ...............................................................................................................................7

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    Introduo

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    Este Guia foi desenvolvido para levar at voc informaes que o auxiliaro a integrar o conceito de Produo Mais Limpa (P+L) gesto de sua empresa.

    Ao longo deste documento voc poder perceber que, embora seja um conceito novo, a P+L trata, principalmente, de um tema bem conhecido das indstrias: a melhoria na eficincia dos processos.

    Contudo, ainda persistem dvidas na hora de adotar a gesto de P+L no cotidiano das em-presas. De que forma ela pode ser efetivamente aplicada nos processos e na produo? Como integr-la ao dia-a-dia dos colaboradores? Que vantagens e benefcios traz para a empresa? Como uma empresa de pequeno porte pode trabalhar luz de um conceito que, primeira vista, parece to sofisticado ou dependente de tecnologias caras?

    Para responder a essas e outras questes, este Guia traz algumas orientaes tericas e tcnicas, com o objetivo de auxiliar voc a dar o primeiro passo na integrao de sua empresa a este conceito, que tem levado diversas organizaes busca de uma produo mais eficiente, econmica e com menor impacto ambiental.

    Em linhas gerais, o conceito de P+L pode ser resumido como uma srie de estratgias, prticas e condutas econmicas, ambientais e tcnicas, que evitam ou reduzem a emisso de poluentes no meio ambiente por meio de aes preventivas, ou seja, evitando a gerao de poluentes ou criando alternativas para que estes sejam reutilizados ou reciclados.

    Na prtica, essas estratgias podem ser aplicadas a processos, produtos e at mesmo servios, e incluem alguns procedimentos fundamentais que inserem a P+L nos pro-cessos de produo. Dentre eles, possvel citar a reduo ou eliminao do uso de matrias-primas txicas, aumento da eficincia no uso de matrias-primas, gua ou energia, reduo na gerao de resduos e efluentes, e reso de recursos, entre outros.

    As vantagens so significativas para todos os envolvidos, do indivduo sociedade, do pas ao planeta. Mas a empresa que obtm os maiores benefcios para o seu prprio negcio. Para ela, a P+L pode significar reduo de custos de produo; aumento de eficincia e competitividade; diminuio dos riscos de acidentes ambientais; melhoria das condies de sade e de segurana do trabalhador; melhoria da imagem da em-presa junto a consumidores, fornecedores, poder pblico, mercado e comunidades; ampliao de suas perspectivas de atuao no mercado interno e externo; maior acesso a linhas de financiamento; melhoria do relacionamento com os rgos ambientais e a sociedade, entre outros.

    Por tudo isso vale a pena adotar essa prtica, principalmente se a sua empresa for pequena ou mdia e esteja dando os primeiros passos no mercado, pois com a P+L voc e seus colaboradores j comeam a trabalhar certo desde o incio. Ao contrrio do que possa parecer num primeiro momento, grande parte das medidas so muito simples. Algumas j so amplamente disseminadas, mas neste Guia elas aparecem organizadas segundo um contexto global, tratando da questo ambiental por meio

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    de suas vrias interfaces: a individual relativa ao colaborador; a coletiva referente organizao; e a global, que est ligada s necessidades do pas e do planeta.

    provvel que, ao ler este documento, em diversos momentos, voc pare e pense: mas isto eu j fao! Tanto melhor, pois isso apenas ir demonstrar que voc j adotou algumas iniciativas para que a sua empresa se torne mais sustentvel. Em geral, a P+L comea com a aplicao do bom senso aos processos, que evolui com o tempo at a incorporao de seus conceitos gesto do prprio negcio.

    importante ressaltar que a P+L um processo de gesto que abrange diversos nveis da empresa, da alta diretoria aos diversos colaboradores. Trata-se no s de mudanas organizacionais, tcnicas e operacionais, mas tambm de uma mudana cultural que necessita de comunicao para ser disseminada e incorporada ao dia-a-dia de cada colaborador.

    uma tarefa desafiadora, e que por isso mesmo consiste em uma excelente oportu-nidade. Com a P+L possvel construir uma viso de futuro para a sua empresa, aperfeioar as etapas de planejamento, expandir e ampliar o negcio, e o mais importante: obter simultaneamente benefcios ambientais e econmicos na gesto dos processos.

    De modo a auxiliar as empresas nesta empreitada, este Guia foi estruturado em quatro captulos. Inicia-se com a descrio do perfil do setor, no qual so apresentadas suas subdivises e respectivos dados socioeconmicos de produo, exportao e faturamento, entre outros. Em seguida, apresenta-se a descrio dos processos produtivos, com as etapas genricas e as entradas de matrias-primas e sadas de produtos, efluentes e resduos. No terceiro captulo, voc conhecer os potenciais impactos ambientais gerados pela emisso de rejeitos dessa atividade produtiva, o que pode ocorrer quando no existe o cuidado com o meio ambiente.

    O ltimo captulo, que consiste no corao deste Guia, mostrar alguns exemplos de procedimentos de P+L aplicveis produo: uso racional da gua com tcnicas de economia e reso; tcnicas e equipamentos para a economia de energia eltrica; utilizao de matrias-primas menos txicas, reciclagem de materiais, tratamento de gua e de efluentes industriais, entre outros.

    O objetivo deste material demonstrar a responsabilidade de cada empresa, seja ela pequena, mdia ou grande, com a degradao ambiental. Embora em diferentes escalas, todos contribumos de certa forma com os impactos no meio ambiente. Entender, aceitar e mudar isso so atitudes imprescindveis para a gesto responsvel das empresas.

    Esperamos que este Guia torne-se uma das bases para a construo de um projeto de sustentabilidade na gesto da sua empresa. Nesse sentido, convidamos voc a ler este material atentamente, discuti-lo com sua equipe e coloc-lo em prtica.

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    1. Perfil do Setor

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    De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria EMBRAPA, as produes brasileiras anuais de sebo ou gordura animal industrial e de farinhas de carne e ossos, realizadas pelas graxarias a partir de materiais gerados pelo abate de bovinos e sunos, esto estimadas na tabela .

    Tabela : estimativa das produes brasileiras de sebo/gordura animal industrial e de farinhas de carne e ossos, provenientes de materiais derivados do abate de bovinos e sunos Janeiro, 00

    Fonte: EMBRAPA, 00

    Os principais mercados atendidos pelas graxarias, por meio do sebo industrial e das farinhas, so:

    Raes animais, principalmente para aves (farinhas de carne, de ossos e de sangue e sebo); Farmacutico, cosmticos, glicerina e outras aplicaes industriais (sebo ou gordura animal).

    No incio de 00, mesmo sem ter chegado ao Brasil, a gripe aviria preocupou setores que dependem, direta ou indiretamente, do setor de aves e ovos entre eles, o setor de graxaria, pela diminuio do consumo de seus produtos pelas granjas avcolas. Isto causou certo aumento dos estoques, principalmente das farinhas, bem como even-tuais retenes adicionais e indesejveis de materiais gerados pelos abatedouros e frigorficos, destinados s graxarias, pois sua utilizao para fins de alimentao animal , praticamente, a nica opo. O Estado de So Paulo, por exemplo, gera, mensalmente, cerca de 0.000 toneladas destes materiais. A EMBRAPA tem pesquisado formas alternativas de aproveitamento dos subprodutos e resduos de abatedouros e frigorficos, bem como das prprias farinhas e do sebo produzido pelas graxarias (O Estado de S. Paulo , caderno Negcios Agrcola, 9/0/00). Algumas possibilidades em estudo so a sua utilizao para (EMBRAPA, 00):

    Biodiesel (do sebo ou gordura animal industrial); Biogs; Compostagem; Produo de novas molculas/substncias comerciais.

    Bovinos Sunos

    Abate no ano (milhes de cabeas) , ,

    Peso mdio por cabea (kg) 00 0

    Sebo / gordura animal industrial (t/ ano) .8.7 9.87

    Farinhas de carne e ossos (t/ ano) .89.8 9.8

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    2. Descrio dos Processos Produtivos

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    O abate de bovinos e sunos, assim como de outras espcies animais, realizado para obteno de carne e de seus derivados, destinados ao consumo humano. Esta operao, bem como os demais processamentos industriais da carne, so regulamentados por uma srie de normas sanitrias destinadas a dar segurana alimentar aos consumidores destes produtos. Assim, os estabelecimentos do setor de carne e derivados em situao regular, trabalham com inspeo e fiscalizao contnuas dos rgos responsveis pela vigilncia sanitria (municipais, estaduais ou federais).Como conseqncia das operaes de abate para obteno de carne e derivados, originam-se vrios subprodutos e/ou resduos que devem sofrer processamentos especficos: couros, sangue, ossos, gorduras, aparas de carne, tripas, animais ou suas partes condenadas pela inspeo sanitria, etc. Normalmente, a finalidade do processamento e/ou da destinao dos resduos ou dos subprodutos do abate funo de caractersticas locais ou regionais, como a existncia ou a situao de mercado para os vrios produtos resultantes e de logstica adequada entre as operaes. Por exemplo, o sangue pode ser vendido para processamento, visando a separao e uso ou comercializao de seus componentes (plasma, albumina, fibrina, etc), mas tambm pode ser enviado para graxarias, para produo de farinha de sangue, usada normalmente na preparao de raes animais. De qualquer forma, processamentos e destinaes adequadas devem ser dadas a todos os subprodutos e resduos do abate, em atendimento s leis e normas vigentes, sanitrias e ambientais. Algumas destas operaes podem ser realizadas pelos prprios abatedouros ou frigorficos, mas tambm podem ser executadas por terceiros.As tabelas e mostram alguns valores mdios do que se obtm nos abates de um bovi-no e de um suno, respectivamente. Ressalta-se que estes valores devem variar, entre outros aspectos, em funo das variedades destes animais, das condies e mtodos de criao, das idades de abate e de procedimentos operacionais dos abatedouros e frigorficos.

    Tabela : produtos, subprodutos, resduos do abate de um bovino de 00kg

    Fonte: UNEP; DEPA; COWI, 000

    Peso (kg)

    Porcentagem do Peso Vivo (%)

    Peso vivo 00 00

    Carne desossada 9

    Material no-comestvel para graxaria (ossos, gordura, cabea, partes condenadas, etc.)

    8

    Couro 9

    Vsceras comestveis (lngua, fgado, corao, rins, etc.) 9

    Sangue

    Outros (contedos estomacais e intestinais, perdas sangue, carne, etc.)

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    Tabela : produtos, subprodutos, resduos do abate de um suno de 90kg

    Fonte: UNEP; DEPA; COWI, 000

    Para os fins desta publicao, pode-se dividir as unidades de negcio dos setores de carne bovina e de carne suna, quanto abrangncia dos processos que realizam, da seguinte forma :

    Abatedouros (ou Matadouros): realizam o abate dos animais, produzindo carcaas (carne com ossos) e vsceras comestveis. Algumas unidades tambm fazem a desossa das carcaas e produzem os chamados cortes de aougue, porm no industrializam a carne; Frigorficos: podem ser divididos em dois tipos: os que abatem os animais, separam sua carne, suas vsceras e as industrializam, gerando seus derivados e subprodutos, ou seja, fazem todo o processo dos abatedouros/matadouros e tambm industrializam a carne; e aqueles que no abatem os animais - compram a carne em carcaas ou cortes, bem como vsceras, dos matadouros ou de outros frigorficos para seu processamento e gerao de seus derivados e subprodutos ou seja, somente industrializam a carne; e Graxarias: processam subprodutos e/ou resduos dos abatedouros ou frigorficos e de casas de comercializao de carnes (aougues), como sangue, ossos, cascos, chifres, gorduras, aparas de carne, animais ou suas partes condenadas pela inspeo sanitria e vsceras no-comestveis. Seus produtos principais so o sebo ou gordura animal (para a indstria de sabes/sabonetes, de raes animais e para a indstria qumica) e farinhas de carne e ossos (para raes animais). H graxarias que tambm produzem sebo ou gordura e/ou o chamado adubo organo-mineral somente a partir de ossos. Podem ser anexas aos abatedouros e frigorficos ou unidades de negcio independentes.

    - Esta diviso ou classificao feita apenas para facilitar a abordagem das unidades industriais do setor produtivo no contexto deste documento e da Srie P+L da CETESB, no correspondendo classificao e s denominaes oficiais do setor, conforme o RIISPOA (Regulamento da Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal), do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

    Peso (kg)

    Porcentagem do Peso Vivo (%)

    Peso vivo 90,0 00

    Carne desossada 7,

    Material no-comestvel para graxaria (ossos, gordura, cabea, partes condenadas, etc.)

    8,0 0

    Vsceras comestveis (lngua, fgado, corao, rins, etc.)

    9,0 0

    Sangue ,7

    Outros (contedos estomacais e intestinais, perdas-sangue, carne, etc.) ,7

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    Este documento tratar apenas das Graxarias, conforme a classificao acima. Os Abatedouros/Matadouros e os Frigorficos so tratados em outros documentos es-pecficos da Srie P+L da CETESB.

    As atividades produtivas das graxarias so reguladas e fiscalizadas pelas autoridades sanitrias do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - MAPA. Por exemplo, a Instruo Normativa N/00, do MAPA, dirigida s graxarias e particularmente seu Anexo I, o Regulamento Tcnico sobre as Condies Higinico-Sanitrias e de Boas Prticas de Fabricao (BPF) para Estabelecimentos que Processam Resduos de Animais Destinados Alimentao Animal, orienta sobre as boas prticas de projeto, de instalao das graxarias e de sua operao, do ponto de vista de segurana sanitria de suas atividades produtivas, bem como de seus produtos. Do ponto de vista ambiental, a adoo destas BPF pelas graxarias tambm importante, uma vez que estas auxiliam na preveno de impactos ambientais. Como exemplos, pode-se citar a conseqente mini-mizao de odores emanados das suas operaes e a citao explcita no item ... deste regulamento: a recepo dos resduos de animais deve ser feita em tanques ou recipientes apropriados, no sendo permitido o seu depsito diretamente sobre o piso, evitando a contaminao e poluio do ambiente.Na seqncia, tem-se fluxogramas e descries gerais das principais etapas de processo em graxarias que industrializam materiais provenientes de abatedouros e frigorfi-cos de bovinos e sunos. Nos fluxogramas, tambm foram indicadas as principais entradas e sadas de cada etapa (denominados aspectos ambientais, como veremos posteriormente).

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    COVs

    materialretido

    ossos, restos/aparas de carne e de gorduras, partes no-comestveis/condenadas, etc.

    Vapor (V)

    Fragmentao/ Moagem

    Eletricidade (E)

    Cozimento

    vapor dguaCOVs

    Material de Embalagem

    Percolao(tanque / panela)

    gua fria

    efluente lquido ()

    Prensagem

    aquecimento

    2.1 Produo de Sebo / Gordura e de Farinhas de Carne e/ou de Ossos

    Moagem

    Peneiramento

    Farinhas de carne / OssoEstocagem / Expedio

    Condensao

    COVs

    Purificao do Sebo

    Sebo/Gordura Estocagem/Expedio

    gua quente

    COVs

    aquecimentoeletricidade

    condensado

    percolado(lquido)

    E

    V

    E

    V

    E

    V

    E

    E

    E

    E

    material slido / pastoso

    material slido

    material slido / pastoso

    () Contm protenas solveis que podem ser recuperadas; outros efluentes lquidos podem ser gerados, por ocasio de limpezas da rea e de equipamentos e de lavagens dos caminhes/veculos que trazem as matrias-primas

    COVs = compostos orgnicos volteis, responsveis por odores desagradveis

    Figura - fluxograma tpico de graxaria produo de sebo e de farinhas de carne e/ou de ossos

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    Recepo da Matria-Prima / Fragmentao ou MoagemSe a graxaria for anexa ao abatedouro ou frigorfico, a matria-prima pode chegar a ela de forma mais rpida para processamento, sendo denominada fresca. No entanto, pode ser necessrio estocar o material por algum tempo e/ou transport-lo para a graxaria por longas distncias. Ao chegar graxaria, o material pode ser armazenado para processamento ou entrar rapidamente em processo. Procede-se moagem e triturao de uma mistura dos materiais - ossos e outras partes - gerando-se uma massa que segue por rosca transportadora para os equipamentos de cozimento.

    CozimentoNa produo de farinhas de carne e de ossos, o cozimento a principal operao no processamento das graxarias, podendo ser por via mida, a seco ou por secagem.

    Por via mida: h uma injeo de vapor diretamente sobre o material carre-gado no digestor (equipamento onde se d o cozimento), propiciando a separao entre as fases slida, gua e sebo, aps o cozimento. A fase aquosa, aps separao da gordura ou sebo e da fase slida, contm de a 7% de slidos e suas protenas solveis podem ser recuperadas por evaporao e secagem, em equipamentos chamados atomizadores (tipo spray-dryers); A seco: os digestores carregados so aquecidos por meio de camisas de vapor - aquecimento indireto do material. A maior parte da umidade contida na matria-prima evaporada e esta operao pode ser efetuada de maneira contnua ou em bateladas; Por secagem: o material submetido a um processo de evaporao, semelhante ao processo a seco, conduzido at um teor de umidade em torno de % no material em processo, sendo que uma secagem posterior efetuada em ato-mizadores. Este tipo de operao recomendado para o processamento de sangue (produo de farinha de sangue) e para obter concentrados de protena solvel, pois minimiza a desnaturao das protenas.

    Quanto aos equipamentos para o cozimento, pode-se ter digestores (para grandes quantidades de matrias-primas), paneles (para quantidades menores) e autoclaves, para cozimento a presses mais elevadas. O cozimento normalmente realizado sob presso, em temperaturas de 0 a 0C, com tempos que variam de a horas.

    PercolaoTerminado o cozimento, o equipamento aberto e seu contedo descarregado em um tanque ou panela percoladora, aquecida a vapor, onde o sebo separa-se dos slidos por percolao e peneiramento.

    Purificao do Sebo ou das GordurasAps a percolao, o sebo centrifugado e/ou filtrado, sendo enviado a um tanque decantador, para estocagem e eventual separao final de fase aquosa presente. H graxarias que no centrifugam ou filtram o sebo percolado - apenas decantam suas impurezas e eventual fase aquosa. O material slido, retirado do sebo nesta operao, juntado aos slidos da percolao. Do tanque decantador, o sebo retirado por caminhes, sendo utilizado para fabricao de sabes e de outros produtos. Eventual

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    fase aquosa pode ser evaporada e seca, para obteno de protenas solveis ou ser descartada como efluente lquido.

    PrensagemO material slido prensado a quente, gerando mais sebo, que juntado ao sebo per-colado para a purificao.

    Moagem e PeneiramentoO material prensado modo em moinho de martelos, seguindo para peneiramento, para acerto de granulometria da farinha. O material retido neste peneiramento retorna ao moinho.

    Embalagem, Estoque e ExpedioPassando pelo peneiramento, a farinha de carne/ossos ensacada e destinada ao estoque ou expedio.

    2.2 Produo de Farinha de Sangue

    COVs = compostos orgnicos volteis, responsveis por odores desagradveis

    Figura - fluxograma tpico de graxaria produo de farinha de sangue Armazenamento de SangueO sangue coletado segue, normalmente por gravidade e em tubulaes especiais, at um tanque equipado com bomba de recirculao e/ou agitador para evitar a coagulao. usual a adio de anti-coagulantes, como cido ctrico, citrato de sdio ou fosfato de sdio.Cozimento / Secagem do SanguePara o processamento do sangue, a bomba de recirculao envia o sangue para o digestor/secador, que opera com os registros de sada de gases abertos (exausto aberta, presso ambiente), at a obteno de sangue em p. Este processo dura cerca de horas.

    sangue

    Peneiraeletricidade

    Farinha de SangueEstocagem / Expedio

    eletricidadematerial de embalagem

    Cozimento / Secagem

    vaporeletricidade

    prods. de limpeza

    vaporCOVsefluente lquido

    Armazenamento de Sangue

    anti-coagulanteeletricidade

    prods. de limpeza

    efluente lquidoCOVs

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    OBS.: o sangue contm de 0 a 8% de matria seca. possvel uma variao de pro-cessamento que inclui remoo de parte da gua do sangue por outro meio, antes da secagem em si. O sangue seria pr-coagulado com aquecimento (vapor) e enviado para uma centrfuga, para separao da parte lquida (no-coagulada). Porm, esta parte lquida, a ser descartada, pode ter carga poluente alta, uma vez que possui quantidade significativa de material dissolvido. At cerca de 0% da gua do sangue pode ser removida desta forma. Na seqncia, o sangue coagulado vai para a secagem, onde uma parcela adicional de cerca de 0% da umidade inicial removida. Este processo d um rendimento de a 0% de farinha de sangue sobre o sangue bruto processado (IPPC, 00).

    Um sistema que pode ser utilizado para este processamento o ventilador centrfugo acoplado a uma cmara gravitacional.

    Peneiramento e EmbalagemO sangue seco descarregado do secador invertendo-se sua rotao, e este peneirado, sendo que eventual material retido nas peneiras pode ser aproveitado (tambm para raes animais). Depois, o sangue peneirado ensacado para estoque e comercializao.

    Parte do sangue proveniente do abate tambm pode ser processado para separao e comercializao de seus componentes. Neste processo, separa-se a albumina e a fibrina do plasma, em centrfugas e/ou peneiras vibratrias. Albumina e fibrina so vendidas para laboratrios farmacuticos e o plasma submetido evaporao e secagem, podendo ser utilizado na indstria de carnes (presuntos e lingias cozidos), bem como na alimentao de animais.

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    2.3 Produo de Sebo / Gordura e de Adubo Organo-Mineral a partir de Ossos

    Cozimento / Autoclavagem

    COVs

    Sebo / gua

    vapor dguaCOVs

    gua fria

    Condensao

    gua quente

    ossos

    Ossos

    vaporeletricidade

    vaporeletricidade

    Purificao do Sebo efluente lquido ()

    COVs

    Sebo / Gordura Estocagem / Expedio

    aquecimento

    Maturao

    Armazenagem Pulmo

    Embalagem

    Adubo Organo-MineralEstocagem / Expedio

    COVs

    eletricidadematerial de embalagem

    mat. particulado

    COVs

    condensado ()

    () Contm protenas solveis que podem ser recuperadas; outros efluentes lquidos podem ser gerados, por ocasio de limpezas da rea e de equipamentos e de lavagens dos caminhes/veculos que trazem as matrias-primasCOVs = compostos orgnicos volteis, responsveis por odores desagradveis

    Figura - fluxograma tpico de graxaria produo de sebo e de adubo organo-mineral

    Moagem mat. particuladoeletricidade

    Peneiramento mat. particuladoeletricidade

    Pr-Misturaeletricidadesais inorgnicosmat. particuladoCOVs

    Moagemmat. particuladoCOVs

    eletricidade

    Mistura mat. particuladoeletricidade

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    Recepo da Matria-PrimaSe a graxaria for anexa ao abatedouro ou frigorfico, os ossos gerados no local podem chegar a ela de forma mais rpida para processamento. No entanto, pode ser necessrio estocar o material por algum tempo nos pontos de gerao e/ou transport-lo para a graxaria por longas distncias e tempo considervel, principalmente se os ossos so recolhidos em vrios locais (aougues, por exemplo). Este transporte feito normalmente por caminhes, muitas vezes de forma inadequada (sem refrigerao e/ou em veculos abertos). Ao chegarem graxaria, caso no seja possvel seu processamento imediato, os ossos podem ficar aguardando nos prprios caminhes ou em ptio de armazenagem.

    CozimentoOs ossos so transportados para as autoclaves (equipamentos de cozimento) geral-mente por meio de esteiras transportadoras ou transportadores helicoidais. No cozimento, os ossos so aquecidos com vapor direto durante cerca de horas, a uma temperatura em torno de 90 C. O sebo e a gua acumulados no processo so transferidos para um tanque. Ao final do tempo de autoclavagem, feita uma drenagem final das autoclaves, estes equipamentos so abertos e os ossos so normalmente transferidos para um ptio.

    Processamento do SeboA exemplo do que foi descrito em ., o sebo e a fase aquosa resultantes do cozimen-to podem ser separados por simples decantao em tanque, sendo a fase aquosa descartada como efluente lquido o que mais comum ou serem processados de forma mais elaborada, visando maior purificao do sebo e a recuperao das protenas presentes na fase aquosa (decantao, centrifugao e/ou filtrao do sebo, concentrao e secagem da fase aquosa). Aps purificao, o sebo fica estocado em tanque(s), de onde expedido, normalmente por meio de caminhes, para ser utilizado na fabricao de sabes e de outros produtos.

    Processamento dos Ossos Produo do Adubo Organo-MineralEste processamento pode ser realizado na mesma unidade que autoclavou e separou o sebo dos ossos ou por terceiros, para quem os ossos so transportados por caminhes. A primeira etapa um processo de maturao, no qual os ossos autoclavados ficam geralmente depositados em um ptio aberto por cerca de 0 dias. Aps a maturao, os ossos seguem para moagem em moinhos de martelos. Os ossos modos so pr-misturados com sais inorgnicos em quantidades especficas (formulao do adubo): superfosfato simples, sulfato de amnio, cloreto de potssio, nitrito de amnio, etc. Em seguida, o material transportado por elevador de canecas para peneiramento (normalmente em peneiras vibratrias), segue para nova moagem em moinho de martelos e homogeneizado em misturador rotativo. Do misturador, o material transportado por elevador de canecas para um silo de armazenagem e, da, o material embalado em ensacadeiras. Os sacos de adubo vo para estoque e/ou expedio.

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    A tabela mostra alguns dados mdios de rendimento do processamento de graxarias, com as matrias-primas, os produtos e sua composio bsica.

    Tabela : quantidades tpicas de produtos e composio bsica aproximada, aps pro-cessamento de .000kg de vrios materiais de abatedouros/frigorficos em graxarias

    Fonte: IPPC, 00

    2.4 Processos de Limpeza e Higienizao

    Equipamentos de processo, containers, pisos e paredes, etc., devem ser limpos e higienizados com freqncia adequada e em situaes especficas, durante a produo e aps o encerramento de turnos ou do dia de trabalho. Estas operaes de limpeza e desinfeco so normalmente regulamentadas pelas autoridades sanitrias responsveis pela fiscalizao destas indstrias. Uma rotina de limpeza e higienizao de graxarias pode ser similar quela tpica de um abatedouro ou frigorfico, como segue:

    Materiais (matrias-primas, materiais em processo) que caem nos pisos das reas de processo so recolhidos a seco, prontamente (melhor), e colocados em recipientes especficos, para retorno ao processo. Em algumas empresas, estes resduos so removidos e arrastados com jatos de gua para os drenos ou canaletas, que podem ou no ser providas de grades, telas ou cestos para ret-los. Algumas reas tambm so lavadas levemente com jatos de gua, a

    kg % kg % kg % kg % Kg

    Carcaas animais 000 9 8 8 8 8

    Farinha de carne 0 9 9 8

    Gordura / sebo 90 0 0 99 89 0 0

    Condensado 70 0 0 0 0 0 0 00 70

    Resduos do abate 000 9 90 7 0 7 79

    Farinha de carne 0 0 90 8 0 8

    Gordura / sebo 0 0 0 99 9 0 0

    Condensado 70 0 0 0 0 0 0 00 70

    Ossos 000 9 88 9 88 7

    Farinha de ossos 70 0 88 0 88

    Gordura / sebo 90 0 0 99 89 0 0

    Condensado 0 0 0 0 0 0 0 00 0

    Sangue 000 0 7 87 87

    Farinha de sangue 0 88 7 7

    Condensado 80 0 0 0 0 0 0 00 80

    Quantidade Protenas Gordura Minerais guaMatria-primaProdutos

    Condensado (efluente lquido)

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    intervalos de tempo regulares, durante o turno de produo, bem como algumas grades, telas ou cestos de drenos so limpos ou esvaziados para containers ou recipientes. comum o uso de telas, grades ou cestos com aberturas de mm e em algumas unidades produtivas, pode-se encontrar dispositivos com malhas montadas em dois estgios o primeiro com malha mais aberta e o segundo, com malha mais fechada, para capturar resduos menores; Ao final de cada turno (ou dia) de produo ou de determinado lote de produo, todas as reas de processo e equipamentos so primeiramente en-xaguados, usando-se gua de mangueiras com baixa presso e os resduos de todas as grades ou cestos de drenos so removidos e dispostos em containers/recipientes. A seguir, pode-se aplicar uma soluo diluda de um detergente apropriado, na forma de espuma, sobre todas as superfcies e equipamentos; Aps cerca de 0 minutos, as superfcies e equipamentos so enxaguados com gua quente alta presso; em algumas empresas, aps o enxge final, uma soluo bem diluda de um composto sanitizante ou desinfetante espalhada, como spray, nas superfcies enxaguadas, deixando-se que seque naturalmente sobre elas.

    Todos o resduos recolhidos nos containers/recipientes normalmente retornam para os processos produtivos.Existe uma grande variedade de insumos de limpeza disponveis. Alguns possuem formulao qumica tradicional, utilizando-se de produtos tensoativos e sanitizantes comuns (por exemplo, base de alquil-benzeno-sulfonatos e de hipoclorito de sdio, respectivamente), alguns utilizam princpios ativos mais complexos e outros so de base biotecnolgica (com enzimas, por exemplo). H produtos formulados para situaes especficas, para algum problema de limpeza difcil, enquanto outros so direcionados para usos diversos.De forma geral, o nvel de limpeza e higienizao alcanado depende de uma combinao de vrios fatores, como: tipos e quantidades de agentes de limpeza utilizados, tempo de ao destes produtos, quantidade e temperatura da gua e o grau de ao mecnica aplicada, seja via presso da gua ou via equipamentos manuais, como esponjas, escovas, vassouras e rodos. Normalmente, quando a ao ou a intensidade de um destes componentes diminuda, a de algum outro deve ser aumentada para que se atinja um mesmo resultado na limpeza (compensao). No entanto, a recproca tambm pode ser verdadeira: por exemplo, se a presso da gua aumentada, sua quantidade pode ser reduzida. Porm, aumento da presso da gua pode afetar o ambiente de trabalho, pelo aumento de rudo e formao de aerossis, que podem eventualmente danificar equipamentos eltricos, por exemplo. Desta forma, sendo desejvel a diminuio do consumo de gua, cuidados devem ser tomados para minimizar eventuais conseqncias indesejadas, viabilizando aes como esta.Quando se realiza uma reviso dos agentes de limpeza usados em graxarias, comum descobrir que a mudana ou substituio de algum deles por outro mais apropriado pode reduzir a quantidade de produtos de limpeza a serem utilizados e, em alguns casos, at melhorar os padres atuais de higiene. Outro fato comum verificar uso de quantidades de produtos maiores do que as necessrias, principalmente quando

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    as dosagens destes produtos so manuais. Dosagens automticas, uma vez reguladas adequadamente, eliminam o uso adicional ou desperdcio destes produtos, diminuindo seu impacto ambiental potencial e custos com sua aquisio, alm de contriburem para condies mais seguras de trabalho, pois minimizam o manuseio e a exposio dos trabalhadores a substncias perigosas. De qualquer forma, treinamento e superviso do pessoal de operao so essenciais. Portanto, freqentemente h oportunidades de reduo de impacto ambiental dos agentes de limpeza atravs de sua seleo, substituio e aplicao adequadas.Tambm prtica comum do pessoal responsvel pela limpeza e higienizao destas indstrias, remover as grades, telas ou cestos dos drenos e direcionar os resduos diretamente para eles, acreditando que um outro cesto gradeado mais frente ou um peneiramento posterior reter estes resduos. No entanto, o que normalmente ocorre que estes resduos, uma vez nas linhas de efluentes das empresas, esto sujeitos a turbulncias, bombeamentos, frices, impactos mecnicos e aquecimentos (em contato com eventuais descargas quentes), o que provoca sua fragmentao, gerando mais substncias em suspenso e em soluo com alta carga orgnica, que no so mais retidas por gradeamentos e peneiramentos. Esta quebra dos resduos ainda mais acentuada se gua quente for utilizada para transport-los. Isto certamente aumentar o custo do tratamento dos efluentes lquidos da unidade industrial.Uma reviso dos procedimentos de limpeza e higienizao pode tambm identificar se h um uso excessivo de energia para aquecer gua e eventuais consumos altos e desnecessrios de gua.

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    2.5 Processos Auxiliares e de Utilidades

    A figura a seguir resume os principais processos auxiliares e de utilidades para a produo, que podem ser encontrados em graxarias. Se estas so anexas a abatedouros ou frigor-ficos, ento estes processos e utilidades so normalmente compartilhados com eles.

    Figura operaes auxiliares e de utilidades para a produo, que podem ser encontradas em graxarias

    Caldeiras

    Produto: vaporemisses atmosfricas (gases dacombusto, mat. particulado)resduos slidos (cinzas)rudo

    guacombustvel

    produtos qumicoseletricidade

    Sistemas de Tratamento de

    gua

    gua brutaprodutos qumicos

    filtros / material filtranteeletricidade

    Produto: gua tratadaresduos slidos (lodos, filtros e/ou mat. filtrantes usados)

    Sistemas deRefrigerao

    Produto: frio / refrigeraoemisses atmosfricas (escapes de gases refrigerantes)efluentes lquidos (gua + leo)rudo

    gases refrigerantesgua

    leo lubrificanteeletricidade

    Sistemas deAr Comprimido

    Produto: ar comprimidoleo usadofiltros de ar usadosrudo(gua aquecida)

    leo lubrificanteeletricidadefiltros de ar

    (gua p/ resfriamento)

    Torres deResfriamento

    Produto: gua friaemisses atmosfricas (vapor dgua/aerossis)efluentes lquidos (eventual descarte)rudo

    guaprodutos qumicos

    eletricidade

    Sistemas de Tratamento de

    Efluentes

    Produto: efluentes lquidos tratados emisses atmosfricas (aerossis, subst. odorferas)resduos slidos (lodos e outros)rudo

    efluentes lquidos brutosprodutos qumicos

    guaeletricidade

    Oficinas deManuteno

    metais, peaseletricidade

    produtos para limpezaslubrificantes (leos / graxas)

    tintas e solventesgua

    Produto: peas e servios (reparos e manuteno) efluentes lquidos (gua + leos, etc.)emisses atmosfricas (COVs)resduos slidos (metais, solventes usados, materiais impregnados com solventes / tintas, leos e graxas usados, etc.)rudo

    Almoxarifado/ Armazenamentos

    Produto: armazena/o e fornecimento de insumos diversosefluentes lquidos (gua + eventuais vazamentos/derramamentos)emisses atmosfricas (eventuais COVs e outros)resduos slidos (materiais rejeitados, embalagens, pallets)

    insumos diversoseletricidade

    gua

    AmbulatrioProduto: atendimento mdico emergencialefluentes lquidos (esgoto sanitrio)resduos slidos (materiais descartveis, contaminados, embalagens)

    medicamentosmateriais descartveis

    produtos de higiene e de limpeza

    eletricidadegua

    Administrao/Vestirios/

    Restaurante

    Produto: servios administrativos diversos/trocas de roupas e higiene pessoal/refeiesefluentes lquidos (esgoto sanitrio)resduos slidos (papis, materiais descartveis, resduos de alimentos, embalagens, etc.)

    materiais de escritrio e descartveis

    produtos de higiene e de limpezaalimentos

    gs para cozinhaeletricidade

    gua

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    3. Aspectose Impactos Ambientais

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    Segundo a definio da norma NBR ISO 00 da ABNT, aspecto ambiental o elemento das atividades, produtos e/ou servios de uma organizao que pode interagir com o meio ambiente e impacto ambiental qualquer modificao do meio ambiente, adversa ou benfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organizao. Assim, aspectos ambientais so constitudos pelos agentes geradores ou causadores das interaes e alteraes do meio ambiente, como emisses atmosfricas, resduos, efluentes lquidos, consumo de matrias primas, energia, gua, entre outros. Os impactos ambientais so os efeitos ou conseqncias das interaes entre os aspectos ambientais e o meio ambiente alterao da qualidade de corpos dgua, do ar, contaminao do solo, eroso, etc. A cada aspecto ambiental pode estar relacionado um ou mais impactos ambientais exemplo: efluente lquido (aspecto ambiental) desoxigenao de corpo dgua e odor (impactos ambientais).Assim como em vrias indstrias do setor alimentcio, os principais aspectos e impactos ambientais da indstria de carne e derivados, bem como das graxarias, esto ligados a um alto consumo de gua, gerao de efluentes lquidos com alta carga poluidora, principalmente orgnica e a um alto consumo de energia. Particularmente nas graxarias, odor um aspecto bastante sensvel e importante, intrnseco de suas operaes. Rudo tambm pode ser significativo para algumas empresas do setor.

    3.1 Consumo de gua

    Padres de higiene das autoridades sanitrias em reas crticas das graxarias resultam no uso de quantidade significativa de gua. Os principais usos de gua nas graxarias so para:

    Limpeza de pisos, paredes e de equipamentos; Eventuais sistemas de resfriamento de compressores e condensadores; Gerao de vapor; Lavagem dos caminhes/veculos de matrias primas; Transporte de subprodutos e resduos.

    Um dos principais fatores que afetam o volume de gua consumido, so as prticas de lavagem. Em geral, plantas para exportao tm prticas de higiene mais rigorosas. Os regulamentos sanitrios exigem o uso de gua fresca e potvel, com nveis mnimos de cloro livre residual, para certas operaes de lavagem e enxge.O consumo de gua varia bastante de unidade para unidade em funo de vrios as-pectos: tipos de equipamentos e tecnologias em uso, lay-out da planta e de equi-pamentos, procedimentos operacionais, etc.A tabela mostra alguns valores de consumo de gua em graxarias.

    Tabela : consumo de gua em graxarias

    Uso da gua Consumo (litros / t material processado)

    Caldeira 0 - 00

    Condensador do cozimento ou da digesto 00 - 00

    Limpeza 00 - 00

    Total 0 .000Fonte: UNEP; DEPA; COWI, 000

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    Algumas operaes que utilizam gua para resfriamento (em compressores, em con-densadores da graxaria e de processos de concentrao de protenas, entre outros) podem ter consumo significativo de gua, se realizadas em circuito aberto ou existirem perdas altas de gua em circuitos fechados.

    3.2 Consumo de Energia

    Nas graxarias, o uso de energia trmica significativo, na forma de vapor, no cozimento, digesto ou secagem das matrias-primas. A tabela d um exemplo de distribuio do consumo de energia trmica em uma planta que realiza o abate de sunos, com graxaria anexa.

    Tabela : distribuio do consumo de energia trmica abate de sunos com graxaria

    Fonte: UNEP; DEPA; COWI, 000

    Pode-se ver que a graxaria demanda a maior parte da energia trmica da unidade industrial (%). Somando-se a coagulao e a secagem de sangue, tem-se 8% da energia trmica total.Eletricidade utilizada na operao de mquinas e equipamentos. Produo de ar comprimido, iluminao e ventilao tambm so consumidoras de eletricidade, bem como refrigerao (se existir).O tratamento biolgico aerbio dos efluentes lquidos, caso ocorra na unidade, tambm pode implicar em consumo significativo de energia eltrica, principalmente nos sistemas com aerao intensa (lodos ativados), se ar comprimido for a fonte de oxignio para o tratamento. Ressalta-se que quanto maior a carga orgnica na entrada deste sistema aerbio, maior a necessidade de oxignio e portanto, de energia eltrica para ar comprimido.

    3.3 Uso de Produtos Qumicos

    O uso de produtos qumicos em graxarias est mais relacionado com os procedimentos de limpeza e sanitizao, por meio de detergentes, sanitizantes e outros produtos auxiliares.Detergentes alcalinos dissolvem e quebram protenas, gorduras, carboidratos e outros tipos de depsitos orgnicos. Eles podem ser corrosivos; neste caso, algum inibidor de corroso pode ser adicionado aos produtos. Freqentemente, estes detergentes

    Operao Porcentagem do Total (%)

    Graxaria

    Perdas na caldeira

    Gerao de gua quente

    Escaldo dos animais

    Coagulao de sangue

    Secagem de sangue

    Outras 0

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    contm hidrxido de sdio ou de potssio. Seu pH varia de 8 a , em funo de sua composio e de seu grau de diluio para uso.Detergentes cidos so utilizados para dissolver depsitos de xido de clcio. cidos ntrico, clordrico, actico e ctrico so comumente utilizados como bases destes detergentes. Seu pH baixo, em funo de sua composio, so corrosivos e normalmente tm algumas propriedades desinfetantes.Os detergentes contm alguns ingredientes ativos, cada um com uma funo especfica:

    Substncias tensoativas ou surfactantes: reduzem a tenso superficial da gua, melhorando ou aumentando a umectao ou molhabilidade das superfcies a serem limpas e sanitizadas. Produzem micelas para facilitar a emulsificao de gorduras. Incluem sabes e detergentes sintticos. No caso da indstria da carne e de graxarias, importante que estas substncias sejam biodegradveis nos sis-temas biolgicos de tratamento de efluentes, comuns nestas indstrias. O nonil-fenol-etoxilato (NPE), comum em detergentes, pode ser quebrado para exercer suas propriedades surfactantes, porm alguns compostos derivados so estveis e normalmente txicos e, assim, indesejvel como componente de detergentes para a indstria da carne e alimentcia em geral. Os alquil-benzeno-sulfonatos lineares (LAS), outro tensoativo comum, tambm representam potenciais problemas ambientais; eles so txicos para organismos de ambientes aquticos e no podem ser quebrados ou degradados em ambientes anaerbios, por exemplo; Agentes complexantes: garantem que clcio e outros minerais no se liguem aos sabes e detergentes sintticos. No passado, carbonato de sdio era utilizado para capturar clcio da gua de limpeza. Hoje, fosfatos so comuns, mas outros compostos, tais como fosfonatos, EDTA (etileno-diamino-tetra-acetato), NTAA (cido nitrilo-triactico), citratos e gluconatos tambm so usados; Desinfetantes: normalmente, so usados aps as limpezas para eliminar micro-organismos residuais, mas tambm podem ser constituintes dos detergentes. Os mais comuns incluem compostos clorados, como hipoclorito de sdio e dixido de cloro, sendo o hipoclorito o mais utilizado. Perxido de hidrognio, cido peractico, formaldedo e compostos quaternrios de amnia tambm so utilizados, todos em soluo aquosa. Etanol tambm usado como desinfetante. Exceto este, os desinfetantes em geral devem ser removidos por enxge, aps sua ao.

    Portanto, a escolha dos detergentes e/ou sanitizantes deve considerar, alm da sua finalidade principal (limpeza e higienizao), os possveis efeitos na estao de tratamento dos efluentes lquidos industriais. Por exemplo, algumas estaes tm capacidade de remover fosfatos, enquanto outras podem tratar efluentes com EDTA, fosfonatos ou compostos similares. Mas dependendo do sistema de tratamento ins-talado, estes e outros compostos presentes nos detergentes e desinfetantes no so removidos ou degradados e tambm podem causar distrbios no sistema. Alguns resduos de detergentes permanecem nos lodos das estaes de tratamento de eflu-entes, o que pode limitar as opes de disposio final destes lodos.Alm dos produtos de limpeza e sanitizao, pode-se ter o uso de produtos qumicos como anti-oxidantes para os sebos/gorduras e de bactericidas; no caso de produo de adubo organo-mineral, pode-se utilizar sais como superfosfato simples, sulfato e nitrito de amnio, cloreto de potssio, etc.

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    Outros produtos qumicos so utilizados em operaes auxiliares e na gerao de utilidades, que podem gerar impactos ambientais secundrios ou indiretos. Como exemplos, pode-se citar:

    No tratamento de gua (para uso direto na produo, para as caldeiras, para circuitos de resfriamento): podem ser utilizados cidos/lcalis (controles de pH), agentes complexantes, coagulantes e floculantes, cloro, agentes tamponantes e anti-incrustantes, biocidas, entre outros; No tratamento de efluentes: pode-se ter cidos/gs carbnico/lcalis (controles de pH), agentes complexantes, coagulantes e floculantes, nutrientes para a biomassa, entre outros; Em sistemas de lavagem de gases (ex.: de caldeiras): lcalis; Na manuteno: podem ser utilizados solventes orgnicos, leos e graxas lubrificantes e tintas; No sistema de refrigerao (se existir): gases refrigerantes clorofluorcarbonos (CFCs), hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e amnia so os mais comuns.

    3.4 Efluentes Lquidos

    3.4.1 Aspectos e Dados Gerais

    Em graxarias, assim como em vrios tipos de indstria, alto consumo de gua pode acarretar volumes significativos de efluentes. Estes efluentes caracterizam-se prin-cipalmente por:

    Alta carga orgnica; Alto contedo de gordura; Flutuaes de pH em funo do uso de agentes de limpeza cidos e bsicos; Altos contedos de nitrognio e fsforo; Flutuaes de temperatura (uso de gua quente e fria).

    Desta forma, os despejos de graxarias possuem altos valores de DBO (demanda bioqumica de oxignio) e DQO (demanda qumica de oxignio) parmetros utili-zados para quantificar carga poluidora orgnica nos efluentes -, slidos em suspenso, graxas e material flotvel. Fragmentos de carne, de gorduras, de vsceras e de tecidos orgnicos diversos normalmente podem ser encontrados nos efluentes. Portanto, juntamente com sangue, h material altamente putrescvel nestes efluentes, que entram em decomposio poucas horas depois de sua gerao, tanto mais quanto mais alta for a temperatura ambiente.Os efluentes das graxarias so gerados durante as operaes de lavagem de caminhes/veculos, de pisos e equipamentos, de eventuais derramamentos durante a descarga de digestores, de lanamento das guas dos condensadores, de separao da fase aquosa do sebo (da decantao do sebo), de drenagem de solues aquosas de lavadores de gases e de drenagem de guas pluviais de ptios abertos onde haja estocagem de matrias-primas. Estes despejos apresentam elevadas concentraes de matria orgnica, leos e graxas e slidos em geral.

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    As tabelas 7 e 8 mostram alguns dados referentes aos efluentes brutos gerados em graxarias.

    Tabela 7: alguns valores de cargas e de concentraes de poluentes gerados em graxarias - I

    Fonte: CETESB, 99

    Tabela 8: alguns valores de cargas poluentes geradas em graxarias - II

    Fonte: Hrudey, 98 apud CETESB, 99

    3.4.2 Processos Auxiliares e de Utilidades

    Pode-se citar tambm algumas fontes secundrias de efluentes lquidos, com volumes pequenos e mais espordicos em relao aos efluentes industriais principais, como por exemplo:

    gua de lavagem de gases das caldeiras, descartada periodicamente (contendo sais, fuligem e eventuais substncias orgnicas da combusto); guas de lavagens de outras reas, alm das produtivas oficinas de manuteno e salas de compressores (que podem conter leos e graxas lubrificantes, solventes, metais etc.), almoxarifados e reas de armazenamento (que podem conter pro-dutos qumicos diversos, de vazamentos ou derramamentos acidentais); Esgotos sanitrios ou domsticos, provenientes das reas administrativas, ves-tirios, ambulatrio e restaurantes.

    Parmetro Carga (kg/t matria-prima) Concentrao (mg/l)

    DBO 0,7 .7

    DQO , .07

    Slidos em suspenso 0,08

    Slidos volteis totais 0,08 8

    Slidos dissolvidos totais 0, 0

    leos e graxas 0, 09

    Nitrognio total 0,7 9

    Nitrato 0,08

    Nitrito 0,008 0,

    Fsforo total 0,00 ,

    Cloreto 0,0 9

    Vazo dos efluentes

    (m/t matria-prima)

    DBO (kg/t matria-prima)

    Slidos suspensos

    (kg/t matria-prima)

    leos e graxas

    (kg/t matria-prima)

    Nitrognio total

    (N, Kjeldahl - kg/t matria-

    prima)

    Cloretos (Cl-, kg/t matria-prima)

    Fsforo total (P, kg/t

    matria-prima)

    , , , 0,7 0,8 0,79 0,0

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    3.4.3 Tratamento dos Efluentes Lquidos de Graxarias

    Para minimizarem os impactos ambientais de seus efluentes lquidos industriais e atenderem s legislaes ambientais locais, as graxarias devem fazer o tratamento destes efluentes. Este tratamento pode variar de empresa para empresa, mas um sistema de tratamento tpico do setor possui as seguintes etapas:

    Tratamento primrio: para remoo de slidos grosseiros, suspensos sedimen-tveis e flotveis, principalmente por ao fsico-mecnica. Geralmente, em-pregam-se os seguintes equipamentos: grades e peneiras, para remoo de slidos grosseiros; na seqncia, caixas de gordura (com ou sem aerao) e/ou flotadores, para remoo de gordura e outros slidos flotveis; em seguida, sedi-mentadores, peneiras (estticas, rotativas ou vibratrias) e flotadores (ar dissolvido ou eletroflotao), para remoo de slidos sedimentveis, em suspenso e emulsionados slidos mais finos ou menores; Equalizao: realizada em um tanque de volume e configurao adequadamente definidos, com vazo de sada constante e com precaues para minimizar a se-dimentao de eventuais slidos em suspenso, por meio de dispositivos de mistura. Permite absorver variaes significativas de vazes e de cargas poluen-tes dos efluentes lquidos a serem tratados, atenuando picos de carga para a estao de tratamento. Isto facilita e permite otimizar a operao da estao como um todo, contribuindo para que se atinja os parmetros finais desejados nos efluentes lquidos tratados; Tratamento secundrio: para remoo de slidos coloidais, dissolvidos e emulsionados, principalmente por ao biolgica, devido caracterstica biodegradvel do contedo remanescente dos efluentes do tratamento pri-mrio, aps equalizao. Nesta etapa, h nfase nas lagoas de estabilizao, especialmente as anaerbias. Assim, como possibilidades de processos bio-lgicos anaerbios, pode-se citar: as lagoas anaerbias (bastante utilizadas), processos anaerbios de contato, filtros anaerbios e digestores anaerbios de fluxo ascendente. Com relao a processos biolgicos aerbios, pode-se ter processos aerbios de filme (filtros biolgicos e biodiscos) e processos aerbios de biomassa dispersa (lodos ativados convencionais e de aerao prolongada, que inclui os valos de oxidao). Tambm bastante comum observar o uso de lagoas fotossintticas na seqncia do tratamento com lagoas anaerbias. Pode-se ter, ainda, tratamento anaerbio seguido de aerbio; Tratamento tercirio (se necessrio, em funo de exigncias tcnicas e legais locais): realizado como polimento final dos efluentes lquidos provenientes do tratamento secundrio, promovendo remoo suplementar de slidos, de nutrientes (nitrognio, fsforo) e de organismos patognicos. Podem ser utilizados sistemas associados de nitrificao-desnitrificao, filtros e sistemas biolgicos ou fsico-qumicos (ex.: uso de coagulantes para remoo de fsforo).

    Em geral, recomenda-se sistemas que possuam, no mnimo, gradeamento e flotao, equalizao-homogeneizao e tratamento biolgico apropriado (nesta seqncia). Quando a graxaria anexa ao abatedouro ou frigorfico, pode-se ter variaes como tratamento primrio individualizado dos efluentes da graxaria e posterior mistura do

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    efluente primrio no tanque de equalizao geral da unidade; mistura do efluente bruto da graxaria aos efluentes da linha vermelha (linha de efluentes com sangue, de unidades que abatem os animais), na entrada de seu tratamento primrio, entre outras.

    3.5 Resduos Slidos

    Muitos resduos de abatedouros e frigorficos, matrias-primas das graxarias, podem causar problemas ambientais graves se no gerenciados adequadamente. A maioria altamente putrescvel e pode causar odores mais ofensivos se no for processada rapidamente nas graxarias anexas ou removida adequadamente das fontes geradoras no prazo mximo de um dia, para processamento adequado por terceiros (graxarias autnomas).Animais mortos e carcaas condenadas devem ser dispostos ou tratados de forma a garantir a destruio de todos os organismos patognicos. Todos os materiais ou partes dos animais que possam conter ou ter contato com partes condenadas pela inspeo sanitria so consideradas de alto risco e devem ser processadas em graxarias inspecionadas e autorizadas, para garantia dos processos que levam esterilizao destes materiais.Desta forma, deve haver uma boa logstica e sintonia de operaes entre as graxarias e as fontes geradoras de suas matrias-primas (abatedouros ou frigorficos e aougues), para que estas sejam processadas adequadamente no menor tempo possvel, aps sua gerao.As graxarias, em si, praticamente no geram resduos slidos em seus processos produtivos eventuais perdas residuais so normalmente reincorporadas no processo (reso interno); algumas embalagens de produtos da graxaria e de insumos auxiliares podem ser consideradas como resduos slidos.Alguns resduos slidos gerados nas operaes auxiliares e de utilidades tambm precisam ser considerados e adequadamente gerenciados para minimizar seus possveis impactos ambientais. Dentre os principais resduos das graxarias pode-se destacar os seguintes:

    Resduos da estao de tratamento de gua: lodos, material retido em filtros, eventuais materiais filtrantes e resinas de troca inica; Resduos da estao de tratamento de efluentes lquidos: material retido por gradeamento e peneiramento, material flotado (gorduras/escumas), material sedimentado lodos diversos; Cinzas das caldeiras; Resduos de manuteno: solventes e leos lubrificantes usados, resduos de tintas, metais e sucatas metlicas (limpas e contaminadas com solventes/leos/graxas/tintas), materiais impregnados com solventes/leos/graxas/tintas (ex.: estopas, panos, papis, etc.); Outros: embalagens, insumos e produtos danificados ou rejeitados e pallets, das reas de almoxarifado e expedio.Quanto a estes resduos, a graxaria anexa normalmente compartilha destas mesmas operaes instaladas para o abatedouro ou frigorfico, dando apenas sua parcela de contribuio na gerao de resduos destas unidades. Assim, apenas as graxarias autnomas teriam estes resduos secundrios gerados exclusivamente.

    O manejo, armazenamento e a disposio inadequados, tanto de eventuais resduos da produo quanto dos resduos secundrios por exemplo, em reas descobertas e/ou so-bre o solo sem proteo e/ou sem dispositivos de conteno de lquidos podem gerar

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    odores ofensivos e contaminar o solo e as guas superficiais e subterrneas, tornando-os imprprios para qualquer uso, bem como gerar problemas de sade pblica.

    3.6 Emisses Atmosfricas e Odor

    Nas graxarias, em geral, poluentes atmosfricos so gerados pela queima de combustveis nas caldeiras que produzem vapor para seus processos produtivos. Neste caso, xidos de enxofre e de nitrognio e material particulado so os principais poluentes a considerar.Caso haja cmaras ou sistemas de refrigerao, h tambm o potencial de liberao de gases refrigerantes, devido a perdas fugitivas ou acidentais. Gases base de CFCs (cloro-fluor-carbonos) so prejudiciais camada de oznio da atmosfera.No entanto, um dos principais aspectos ambientais das graxarias, normalmente, a emisso de substncias odorferas. Alm do manuseio e eventual armazenagem da matria-prima, o prprio processo de cozimento ou digesto do material uma fonte significativa de substncias responsveis por odor (COVs, etc.). O aquecimento da matria-prima - em alguns processos, em temperaturas da ordem de 0C , proporciona a quebra de diversas molculas e a formao de compostos com baixo limite de percepo de odor, como gs sulfdrico, sulfetos de metila e dimetila, mercaptanas, di- e tri-metilamina, dimetilpirazinas, butilamina, amnia, escatol e outros. A intensidade e a concentrao dos odores emitidos esto diretamente relacionadas idade da matria-prima, ou seja, ao tempo decorrido desde o abate (ou da sua gerao) at o instante do seu processamento. No prprio processo de decomposio da matria-prima ao longo deste tempo, formam-se substncias como a putrescina e a cadaverina, duas aminas com odores muito desagradveis.As tabelas 9 e 0 a seguir apresentam fatores de emisso de odor para digestores e secadores e para o processamento de gorduras. Entende-se por unidade de odor (u.o.) a quantidade de uma substncia odorfera que, quando completamente dispersa em ft

    (um p cbico) de ar completamente inodoro, pode ser detectada por seres humanos.

    Tabela 9: emisso de odor em digestores e secadores de graxarias

    Fonte: CETESB, .990OBS.: - u.o./ft = unidade de odor por ft, na condio padro.- tmp = tonelada de matria-prima alimentada ou processada- ft/tmp = volume especfico de gases gerados na condio de trabalho- faixa: a grande variao na concentrao de odor deve-se ao tipo e idade da matria-prima utilizada

    Faixa Mdia

    Digestor de vsceras e ossos

    .000 a 00.000 0.000 0 0.000 ,0 x 09

    Digestores de sangue

    0.000 a .000.000 00.000 90 8.000 ,8 x 0

    9

    Secadores de sangue (com

    spray de atomizao)

    00 a .000 800 0 0.000 ,8 x 08

    Fonte

    Taxa de Concentrao de Odor (u.o./ft) Umidade na

    Carga (%)Vazo de Exausto

    Emisso de Odor (u.o./tmp)

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    Tabela 0: emisso de odor no processamento de gorduras em graxarias (aquecimento em tanque para remoo de umidade)

    Fonte: CETESB, .990

    Pela tabela 9, pode-se ver as altas emisses de odores nos processos de digesto e secagem realizados em graxarias; na tabela 0, a dependncia direta entre a concen-trao de odor e a temperatura de processamento das gorduras.Para minimizar os impactos ambientais das substncias odorferas, as graxarias utilizam equipamentos de controle para tratamento destas emisses. As tcnicas mais utilizadas so condensao, absoro, adsoro e incinerao, aps exausto e coleta dos gases emitidos no processamento.

    Condensadores: de superfcie (menor custo de operao, gua pode ser reciclada menor quantidade de efluente lquido; eficincia de remoo de odor em torno de 0%); de contato direto (cmaras de spray, condensadores baromtricos e torres de recheio embora de maior eficincia (~ 90%), geram efluentes lquidos de 0 a 0 vezes mais do que os de superfcie); condensadores sozinhos no so capazes de abaterem odor nas taxas necessrias; Sistemas condensador-incinerador: condensador reduz a quantidade dos gases para o incinerador (ou ps-queimador), reduzindo a quantidade de combustvel necessrio para sua operao que, ento, tratar mais os gases incondensveis, operando em temperaturas da ordem de 70C e com tempo de residncia mnimo de 0,s; normalmente, este o sistema mais indicado para as graxarias, pois atinge cerca de 99,9% de eficincia de remoo de odor; Absoro em sistemas de lavagem dos gases: para grandes volumes de gases com baixas concentraes de substncias odorferas, so vantajosos frente aos incineradores; exemplos: colunas de pratos com borbulhadores, torres de recheio, cmaras de spray e venturi; todos utilizam produtos qumicos na fase lquida, geralmente oxidantes fortes como hipoclorito de sdio, gua oxigenada, permanganato de potssio, etc; Adsoro em carvo ativado: pode ser to eficiente quanto os ps-queimadores, mas os gases devem estar secos, a baixas temperaturas (menos de 9C) e isentos de material particulado; devido a estas limitaes, pouco utilizada.

    Outras fontes significativas de odores nas graxarias, podem ser: Gerenciamento ou manuseio inadequado de matrias-primas (armazenagem ou acondicionamento de forma inadequada e/ou por tempo excessivo), como j comentado; Sistemas de tratamento de efluentes inadequados e/ou com dimensionamento incompatvel com as cargas a serem tratadas e/ou mal operados (com choques de carga, operao deficiente, etc.).

    Temperatura (C) Concentrao de odor (u.o./ft)

    9 .00

    77 .000

    07 0.000

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    3.7 Rudo

    As principais fontes potenciais de rudo nas graxarias, so: Setores de recebimento e expedio: movimentao de veculos (cargas, descargas, circulao); Operaes de moagem/triturao das matrias-primas (principalmente dos ossos); Peneiramento e embalagem das farinhas produzidas; Operao de produo de vapor (setor de caldeiras); Operao de concentrao de protenas/caldos em evaporadores mltiplo-efeito; Operao de produo de frio (refrigerao) compressores (se existir).

    Do ponto de vista de impacto ambiental, o rudo passa a ser um problema quando

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    4. Medidas de Produo mais Limpa (P+L)

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    incomoda a populao que vive no entorno das unidades produtivas. De forma geral, pode-se dizer que as principais estratgias para P+L efetiva nas graxarias, so duas:

    l - Gerenciamento integrado das matrias-primas com suas fontes geradoras (operaes de abate, processamento da carne e das vsceras dos animais e das unidades de comercializao destes produtos), de forma a manuse-las e process-las adequadamente, minimizando sua degradao, por meio principalmente de:

    - Acondicionamento, transporte e armazenamento adequados (fechados, sem perdas), com o menor tempo possvel entre a gerao dos materiais e seu processamento nas graxarias;

    - Processamento controlado dos materiais, para minimizar emisses, perdas, vazamentos de qualquer natureza - slida, lquida e gasosa.

    II - Coleta e separao de todo material orgnico que no seja produto direto, eventualmente gerado ou emitido ao longo do processo produtivo (queda de material em processo nos pisos, vazamentos, perdas, sobras e incrustaes de materiais nos equipamentos), da forma mais abrangente e eficiente possvel, evitando que se junte aos efluentes lquidos (correntes lquidas do processo ou de lavagens); maximizao do aproveitamento ambientalmente adequado deste material, seja internamente (melhor) e/ou com auxlio de terceiros.

    As medidas e tcnicas de P+L apresentadas a seguir constituem um apanhado geral do que se encontrou em literatura especializada sobre o assunto, bem como do que se observou em visitas tcnicas a algumas empresas deste setor industrial. Portanto, algumas delas j so realizadas por uma srie de empresas, que compreenderam e comprovaram sua efetividade e seus benefcios. No entanto, esta publicao no esgota o assunto: a pesquisa e as visitas tm seus limites e, certamente, outras medidas de P+L podem ser identificadas e/ou desenvolvidas pelo prprio setor produtivo, em funo de seu conhecimento e de sua experincia. Alm disso, como natural ao longo do tempo, novas idias, tcnicas e tecnologias que levam a uma P+L, vo surgindo e certamente devem ser consideradas oportunamente.

    OBSERVAO IMPORTANTE: comum as medidas de P+L trazerem benefcios significativos, em termos de melhoria de desempenho ambiental e de ganhos econmicos. No entanto, quando se trata de setores da indstria alimentcia ou ligados a ela, importante verificar que estas medidas no coloquem em risco a segurana dos produtos da empresa. Recomenda-se que as iniciativas de P+L considerem esta questo e que elas sejam discutidas com as autoridades sanitrias responsveis pela fiscalizao da empresa. Sugere-se, portanto, que a viabilizao de medidas de P+L seja conduzida sempre em consenso com as autoridades sanitrias.

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    O foco das aes de P+L deve direcionar-se, preferencialmente, aos aspectos ambien-tais mais significativos, que possuem os maiores impactos ambientais. No caso das graxarias, destacam-se o consumo de gua, o volume e a carga dos efluentes lquidos, o consumo de energia e a emisso de substncias odorferas.

    4.1 Uso Racional de gua

    Antes de tudo, importante implementar de forma efetiva e consolidada, a medio confivel do consumo de gua da empresa. Deve-se medir o consumo total e o consumo em alguns pontos do processo onde o uso de gua significativo. Isto implica em aspectos como:

    Seleo e aquisio de medidores adequados (com totalizadores de volume, tipo hidrmetros), de boa qualidade;- Instalao correta, de acordo com recomendaes dos fabricantes, para seu bom funcionamento; Garantia de aferio peridica dos medidores por entidades capacitadas e reconhecidas; Rotina efetiva de leitura, registro e anlise dos dados de consumo de gua gerados pelos medidores.

    Uma vez implementada esta medio, recomenda-se definir e calcular rotineiramente indicadores como [consumo de gua/t produtos, ou t matria-prima], [consumo de gua/t produto X, ou t matria-prima X], etc. Isto feito, pode-se iniciar um gerencia-mento do consumo de gua mais adequado e efetivo para a empresa.Estratgias para reduo do consumo de gua podem envolver solues tecnolgicas (melhorias de equipamentos e das instalaes atuais ou a instalao de novos equipamentos, por exemplo). Porm, uma reviso dos procedimentos e prticas ope-racionais, tanto de produo como de limpeza e higienizao, podem representar ganhos e benefcios significativos para graxarias.Algumas estratgias para o uso racional de gua so destacadas a seguir.

    Utilizar tcnicas de limpeza a seco o quanto for possvel, em todas as reas, pisos e superfcies antes de qualquer lavagem com gua nos caminhes/veculos de matrias-primas, em todas as reas produtivas, incluindo as superfcies externas e internas de equipamentos de processamento. Varrio, catao e raspagem dos resduos so tcnicas possveis. Equipamentos que recolhem resduos a vcuo (como aspiradores) podem facilitar a coleta e o direcionamento destes resduos para destinao e processamento adequados; Aps as limpezas a seco, utilizar sistemas de alta presso e baixo volume para fazer as lavagens com gua; Utilizar sistemas de acionamento automtico do fluxo de gua (sensores de presena, por exemplo) nas estaes de lavagem das mos e onde for apropriado; pedais, botes ou outro sistema prtico de acionamento mecnico so opes possveis; Dotar todas as mangueiras de gua com gatilhos, na sua extremidade de uso, para acionamento do fluxo de gua pelos operadores somente quando necessrio; no mnimo, as vlvulas para fechamento/abertura da gua para

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    mangueiras devem estar sempre prximas aos operadores; Instalar sistemas de limpeza cleaning-in-place (CIP) para equipamentos fechados. Estes sistemas realizam as limpezas e higienizaes em circuito fecha-do, com recirculao e reaproveitamento de solues de limpeza e podem ser automatizados. Podem ser instalados para trechos de tubulaes, tanques, evaporadores, cozinhadores/digestores, etc. - para novas unidades, novas insta-laes, ampliaes ou reformas;Alm destas sugestes, algumas alternativas de resos/reciclagens de gua para considerao e avaliao: guas de sistemas de resfriamento, de descongelamento de eventuais cmaras frias e de bombas de vcuo: uso para a lavagem de caminhes/veculos, de ptios ou pisos (ou onde possvel); Uma parte final da gua do ltimo enxge do dia (aps a produo): utilizar nos primeiros enxges em lavagens do dia seguinte (ou onde possvel); Condensados da purga das caldeiras e de eventual sistema de refrigerao usar onde possvel; Condensados de vapor das caldeiras retorno para as caldeiras (de cozinhadores contnuos, por exemplo), o quanto possvel; gua das pias de lavagem das mos: para auxiliar transporte de materiais para a graxaria (nos chutes) ou para os sprays de peneiras rotativas (na ETE), por exemplo (ou onde possvel); Efluente tratado final: utilizar nas reas externas, por exemplo ou onde possvel.

    OBS.: reso/reciclagem de gua implica em investimento inicial para segregao, coleta, armazenamento, eventual tratamento e distribuio at o ponto de utilizao desta gua; sua qualidade e a aplicao pretendida definem necessidade ou no de algum tratamento prvio para adequar e/ou manter esta qualidade se no for necessrio, melhor, mas s vezes, mesmo com algum tratamento, a reciclagem pode ser compensadora; assim, necessrio analisar caso a caso, considerando vantagens e desvantagens do reso/reciclagem potencial frente situao atual sem reso/reciclagem; a idia procurar combinaes [guas disponveis para resos/reciclagens potenciais X aplicaes potenciais] que sejam vantajosas sempre preservando a segurana dos produtos da empresa e consultando o rgo ambiental competente.

    Como uma orientao geral, pode-se dizer que o uso de gua potvel deve ser restrito aos pontos em que este tipo de gua efetivamente necessrio e na quantidade necessria, sem desperdcio. Por exemplo, para lavagem de caminhes/veculos, no necessrio utilizar gua potvel ou pelo menos, somente ela, exceto venha a surgir alguma nova obrigatoriedade sobre o tema.

    4.2 Minimizao dos Efluentes Lquidos e de sua Carga Poluidora

    Da mesma forma que para o gerenciamento do consumo de gua, a medio efetiva e rotineira das quantidades de efluentes lquidos gerados (efluentes brutos) e de

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    efluentes finais emitidos pela empresa importante. Valem as mesmas recomendaes dadas para a medio do consumo de gua (medidores, registros, anlise, etc.). Assim, recomenda-se medir, adequada e rotineiramente, os efluentes lquidos brutos totais (gerados), alguns efluentes individuais crticos (de volume e/ou carga poluente altos) e os efluentes lquidos tratados, lanados para fora da empresa.Neste caso, alm da medio dos volumes dos efluentes, deve-se medir ou analisar, de forma adequada e rotineira, as concentraes dos principais parmetros que caracteri-zam estes efluentes: DBO5 , DQO, leos e graxas, nitrognio total, cloreto, etc. Desta forma, pode-se monitorar e avaliar as vrias cargas de poluentes geradas e emitidas pela empresa, produtos das vazes ou dos volumes totais de efluentes pelas suas respectivas concentraes (ex.: volume de efluentes totais dos condensadores dos digestores X DBO destes efluentes, em um dia de produo). Assim como para a gua, definir, calcular e acompanhar rotineiramente os indicadores relacionados com a produo: [volume de efluentes lquidos gerados/t produtos, ou t matria-prima], [kg DQO/t produtos, ou t matria-prima], [kg leos e graxas/t produtos, ou t matria-prima], etc.Com relao reduo da quantidade ou do volume dos efluentes lquidos, as medidas colocadas no item anterior podem dar sua contribuio seja por reduo direta do consumo de gua tratada ou por reduo indireta deste consumo, via reso ou reciclagem de guas usadas.No que se refere diminuio da carga poluidora dos efluentes no entanto, a limpeza prvia e operaes a seco, tambm citadas no item anterior, desempenham papel importante.Um foco ou premissa importante para reduo da carga poluidora dos efluentes lquidos, :

    Evitar, o quanto for possvel, o contato matria orgnica com gua efluente ou seja, evitar que a carga orgnica dos efluentes aumente pelo aporte de material

    orgnico (sangue, aparas de carne e de gordura, restos de misturas ou de emulses, tecidos animais diversos, etc.). Isto implica em capturar, o quanto possvel, os

    materiais ou resduos antes que entrem nos drenos e canaletas de guas residuais.

    Algumas estratgias so destacadas a seguir. Garantir que as reas de eventuais estoques de matrias-primas e de res-duos sejam cobertas e isoladas no seu entorno ou permetro (com canaletas de drenagem, por exemplo), para que guas pluviais no arrastem resduos e matria orgnica; Reforando: fazer a limpeza prvia a seco, removendo os materiais slidos de eventuais reas de estoque de matrias-primas, de recipientes ou containers, materiais que caem nos pisos e superfcies de instalaes e equipamentos das reas de processamento, bem como do interior dos equipamentos, da forma mais rigorosa possvel, antes de qualquer lavagem com gua (lembrar que alm de reduzir carga dos efluentes lquidos, estes materiais podem transformar-se em produtos!); Dar preferncia ao processo de cozimento/digesto das matrias-primas a seco (aquecimento indireto); Dar preferncia ao processo de cozimento/secagem do sangue em secadores contnuos, com aquecimento indireto e mistura mecnica; Evaporar as guas geradas no cozimento por processo mido (processo de

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    aquecimento por injeo direta de vapor no material), ao invs de lan-las para os efluentes, juntando o material seco ou concentrado resultante, s farinhas em processo; Evaporar a gua do soro separado de sangue coagulado (antes de seu cozimen-to/ secagem), ao invs de descart-lo como efluente lquido, direcionando o ma-terial seco ou concentrado resultante para a produo das farinhas; Instalar emanter grades ou telas perfuradas nos drenos, ralos e canaletas de guas residuais das reas produtivas, lembrando: No se deve ter drenos/ralos/canaletas sem grades e telas, que retm o material slido e evitam que este se junte aos efluentes; Operadores devem ser orientados para que no retirem as grades e telas dos drenos durante as operaes de produo e de limpeza; h drenos/ralos com tampas rosqueveis, o que desencoraja sua abertura; Revisar periodicamente todas elas, garantindo que estejam operando efe-tivamente (sem buracos maiores ou rompimentos, bem assentadas, etc.); Verificar se suas aberturas (malhas) so adequadas para reter efetivamente os materiais gerados no local; Verificar possibilidade de se instalar dispositivos com telas em cascata (tela(s) mais aberta(s) com tela(s) mais fechada(s) na seqncia); Remover o material retido das grades e telas o quanto for possvel, dentro da rotina e periodicidade de limpeza da unidade, destinando-o adequadamente; Fazer o gerenciamento das quantidades de gua e de produtos de limpeza e sanitizao, visando sua otimizao usar somente as quantidades estritamen-te necessrias para obter os graus de limpeza e higiene requeridos. Sistemas dosadores adequadamente regulados e/ou recipientes calibrados com as quan-tidades corretas de produtos so importantes para este controle; Questionar os procedimentos de limpeza e sanitizao existentes e testar eventuais alternativas que possam levar sua otimizao (minimizao dos usos de gua e de produtos de limpeza e sanitizao), sem prejuzo da segurana dos produtos da unidade; Utilizar detergentes alternativos que tenham efetivamente sua ao desejada, mas tambm minimizem impactos ao meio ambiente; por exemplo, procurar substituir detergentes base de nonil-fenol-etoxilato (NPE) e de alquil-benzeno-sulfonatos lineares (LAS), uma vez que estas substncias so txicas para orga-nismos terrestres e aquticos; Evitar ou reduzir o uso de a