Gripen Maio 2010

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  • ANO 1 | NO 00 | MAI 2010

    LUIZ MARINHOPor que o prefeito defende o Gripen.

    JEFFERSON CONCEIOO ABCD est pronto para decolar.

    SETOR AUTOMOTIVOInovao e respeito ao meio ambiente.

    Como o projeto do Gripen, o melhor na avaliao da FAB, pode representar um salto tecnolgico para o Brasil e promover a inovao na regio do ABCD.

    caaaaocaaao

  • Regio do ABCD e Inovao so conceitos muito prximos na cultura poltica e econmica nacional. Os exemplos esto presentes, no apenas nos robs das montadoras, nas novas frmulas empregadas pelas petroqumicas, mas, tambm, em empresas de menor porte dos vrios setores econmicos.

    Da mesma forma, inovao e ABCD marcam um novo modelo de negociaes trabalhistas internacionalmente reconhecido e renovao de polticas pblicas regionais e locais. Delas nasceram prticas de gesto como o oramento participativo e instituies regionais, como o Consrcio Intermunicipal, que, em seguida se reproduziram por todo o Pas.

    Embora a inovao seja uma realidade na prtica cotidiana, seu potencial ainda precisa ser mais e melhor explorado. Contribuir para que isso acontea o objetivo primeiro da revista INOVABCD.

    Ser uma Regio cada vez mais identificada e comprometida com Inovao uma ao que ir gerar uma espiral de empreendimentos novos, ajudando a afirmar para o ABCD uma nova vocao econmica, marcada pelo oferecimento de produtos e servios de maior valor agregado. Ganha a Regio, e ganha o Brasil.

    inovabcdum compromisso com a inovao

    editorial

    Nesta edio nmero zero, destacamos uma iniciativa de lideranas regionais que promete ser crucial para o desenvolvimento do ABCD dentro de uma perspectiva de inovao e de avano tecnolgico. Estes atores decidiram intervir na discusso sobre a aquisio de 36 caas pelo governo brasileiro.

    Trs propostas encontram-se em disputa: a da Dassault francesa, com o Rafale; a da norte-americana Boeing, com o F/A-18E Super Hornet e a da sueca SAAB, com o JAS -39 Gripen NG. A questo complexa e envolve aspectos tcnicos, financeiros e geopolticos. A proposta da SAAB notadamente no que se refere transferncia de tecnologia e a perspectiva de novas oportunidades de negcios aquela que, em princpio, oferece melhores perspectivas ao pas e ao ABCD e, por isso, vem mobilizando representaes regionais no campo empresarial, poltico e sindical.

    INOVABCD buscou conhecer de perto suas propostas para compartilhar suas constataes com os leitores.

    Boa Leitura,

    Celso Horta

  • especial gripen

    MAIO DE 2010 | INOVABCD 5

    03 EditorialINOVABCD: UM COMPROMISSO COM A INOVAO

    06 Entrevista - Jefferson ConceioO ABCD PRONTO PARA DECOLARO Secretrio de Desenvolvimento Econmico, Trabalho e Turismo da prefeitura de So Bernardo do Campo fala de iniciativas para estimular a inovao.

    09 EducaoUFABC: UMA UNIVERSIDADE QUE INOVAAs propostas da mais nova universidade federal brasileira e as perspectivas de sua atuao coordenada com a indstria.

    24 PerspectivasBELEZA, CONFORTO E SUSTENTABILIDADEComo as montadoras da regio do ABCD esto contribuindo para a inovao.

    28 Cases de sucessoABCD: A BUSCA POR SOLUES RESPONSVEISOs cases de inovao da EcoRodovias, daEscola Senai Mrio Amato e da Lavrita Engenharia.

    32 Desenvolvimento RegionalBEM-VINDO POLO TECNOLGICOO ABCD apresenta seus atores para a formao de uma nova competncia.

    34 Ponto de vista ALESSANDRO TEIxEIRA Cincia, tecnologia e inovao para o desenvolvimento

    ANO 1 | # 00 | MAIO 2010

    Reportagens abordam o processo de aquisio de avies caa pela Aeronutica e avaliam os desdobramentos da escolha do Gripen, da SAAB, para o Brasil e para a regio do ABCD.

    10 PROJETO FX-2: FUTURO EM DISPUTA12 PARCERIA OMBRO A OMBRO14 GRIPEN NG: AVALIAO DA AERONUTICA16 CAAS SUECOS COM TECNOLOGIA BRASILEIRA17 A CAA AO CAA18 SOBREVO EM ESTOCOLMO19 EXPORTAR EMPREGOS? OS TRABALHADORES SUECOS PENSAM DIFERENTE

    20 UM RASANTE EM LINKPING22 NO COCKPIT DO GRIPEN23 LTIMA ESTAO: POLO TECOLGICO

    10

    15OS NOVOS PROTAGONISTASLuiz Marinho: o prefeito de So Bernardo entra no debate sobre o caa.

    EXPEDIENTE: INOVABCD uma publicao da MIDIA PRESS Editora Ltda. INOVABCD no se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Travessa Monteiro Lobato, 95 Centro So Ber-nardo do Campo FoNE (11) 4128-1430 EDITor: Celso Horta (MTb 140002/51/66 SP) rEalIzao: Ziroldo Carolino Comunicao rEDao: Carlos Carolino, Cinthia Isabel, Clbio Cavagnolle Cantares, Joana C. Horta e Vincius Morende. CorrEsPoNDENTE: Flvio Aguiar arTE: Ligia Minami PublICIDaDE: Jader Reinecke ImPrEsso: Laser Press TIragEm: 60 mil exemplares

  • inovabcd como o senhor avalia o cenrio econmico na regio do abcd hoje?Jefferson O ABCD uma regio que nu-cleou os investimentos da grande empresa fordista a partir dos anos 50, atraindo nesse processo uma grande populao. Na d-cada de 90 a Regio passou por uma forte mudana de perfil, caracterizada pela desin-dustrializao e pela maior concentrao em comrcio e servios. Passou tambm por mudanas significativas no processo produ-tivo, que passou a demandar uma quanti-dade menor de mo-de-obra. De 2003 para c, esse processo de perda de empresas e de postos de trabalho foi em parte revertido. A arrecadao aumentou, houve a expanso do polo petroqumico, as montadoras vol-taram a investir na regio e o setor de ser-vios ganhou corpo. Alm disso, iniciativas como a criao da Universidade Federal do ABC e a da Agncia de Desenvolvimento Econmico do ABC contriburam para dar

    uma nova identidade regio. Apesar dessa reverso de tendncia em relao dcada de 90, o desemprego na regio ainda alto e h, ainda, um grande nmero de galpes vazios. Ou seja, h muito ainda a ser feito para que o desenvolvimento regional alcan-ce nveis satisfatrios.

    inovabcd at que ponto o abcd, hoje, se mostra atraente para as empresas?Jefferson Tenho tido contato com diver-sas empresas que deixaram a regio e que j consideram seu retorno. O fato de estarem em uma regio mais desenvolvida, dentro daquilo que muitos chamam de clusters, oferece a essas empresas sinergias que no esto disponveis em outras localidades. Penso que esse um entre muitos diferen-ciais significativos nesse sentido. A prpria existncia de sindicatos fortes na regio positiva para as empresas. Os sindicatos po-dem ser duros aqui, mas os acordos so va-lorizados. H uma confiana nas relaes.

    Jefferson Jos da Conceio secretrio de Desenvolvimento econmico, trabalho e turismo da Prefeitura de so Bernardo do Campo. Formado em economia pela Universidade Federal do rio de Janeiro (UFrJ), mestre em administrao pela Universidade Municipal de so Caetano do sul (UsCs) e doutor em sociologia pela Universidade de so Paulo (UsP). Foi assessor do sindicato dos Metalrgicos do aBC entre 1987 e 2002 na subseo do Departamento Intersindical de estatstica e estudos socioeconmicos (Dieese). assessorou a Central nica dos trabalhadores (CUt), entre 2003 e 2008. atualmente professor de economia Brasileira da UsCs. Na entrevista a seguir ele fala sobre o desenvolvimento da regio, as iniciativas para estimular a inovao e comenta os impactos positivos para o aBCD na possvel produo de avies caas.

    O ABCD PRONTO PARA DECOLAR

    A estratgia da regio buscar a manuteno da

    trajetria industrial por uma via que contemple

    muito fortemente o desenvolvimento

    tecnolgico.

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    entrevista jefferson jos da conceio

    CARLOS CAROLINO

  • Quando se tem, por exemplo, regras visando participao nos lucros e resultados, metas de performance so estabelecidas. Muitas empresas que deixaram a Regio enfrentam dificuldades para adotar mecanismos seme-lhantes e se ressentem disso.

    inovabcd Que estratgias de desenvolvimento o abcd precisa seguir?Jefferson A estratgia da Regio buscar a manuteno da trajetria industrial por uma via que contemple muito fortemente o desenvolvimento tecnolgico. A existncia de centros de pesquisa, o estmulo inova-o, a relao com a universidade so fa-tores importantes no apenas para manter as empresas que aqui se encontram, mas tambm para atrair novas. No , portanto, algo que se limite a aes isoladas, como a concesso de incentivos fiscais. O incentivo pode existir. Mas ele tem de vir colado a uma poltica que estimule o desenvolvimen-to tecnolgico.

    inovabcd E como isso se daria?Jefferson preciso considerar que o valor est sendo gerado em reas relativamente pequenas que so os centros de engenha-ria, de design, as reas de projetos. essen-cial ter aqui, na regio do ABCD, ao menos uma parte desse processo, at para criar uma ncora para a parte fsica. Ou seja, fundamental criar empresas capazes de ge-rar mais empregos e empregos melhor qua-lificados e com melhor remunerao.

    inovabcd Qual o papel do poder pblico nesse quadro? Jefferson O papel do poder pblico captar as tendncias e orientar o rumo do processo de desenvolvimento econmico. O papel do gestor ler corretamente esses movimentos e buscar organiz-los de uma forma dialogada. fato que, num plano municipal, ns no dispomos de ferramen-tas como taxa de juros, taxa de cmbio ou poltica salarial. Mesmo assim, podemos

    desempenhar um papel importante visando aglutinar e coordenar processos e tambm atuar para atrair novos investimentos. Po-demos, por exemplo, criar leis municipais de apoio inovao, que facilitem a reutiliza-o de reas degradadas ou a constituio de centros de pesquisa.

    inovabcd o que est sendo feito de concreto nesse sentido?Jefferson Temos conversado muito com empresas e entidades da Regio. Recente-mente, por exemplo, tivemos uma reunio com a Fundao Termomecnica, que tem uma longa tradio na rea educacional. Eles nos pediram ajuda para entrar em contato com empresas da Regio a fim de montar cursos efetivamente voltados para as suas necessidades. Paralelamente tam-bm colocamos o pessoal da Fundao em contato com uma universidade de Bo-lonha, na Itlia, que vinha buscan-do uma parceria na rea de design.

    O ABCD PRONTO PARA DECOLAR

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  • Outro exemplo desse papel coordenador da prefeitura a aproximao que estamos buscando entre a Universidade Metodista, que tem um curso de Comrcio Exterior, com diversas pequenas empresas da regio. O objetivo permitir, com o apoio de pesso-al qualificado, que elas descubram e passem a explorar as eventuais oportunidades exis-tentes no mercado externo.

    inovabcd de zero a cem, quo inovador o abcd?Jefferson Eu diria entre 85 e 90. O que um ndice que eu julgo alto, mas pode avan-ar mais. bom lembrar que o conceito de inovao no se restringe a criar produtos ou processos novos. No apenas no mbito pro-dutivo que a inovao se manifesta. Tambm se pode falar em inovao no mbito social e institucional. Nesse caso, igualmente o ABCD altamente avanado. Isso fica evidenciado no s naqueles aspectos de carter sindical, j citados, mas tambm em iniciativas como o PPA Participativo, na esfera do executivo mu-nicipal, ou a criao do Consrcio Intermu-nicipal Grande ABC. Poucas regies do pas possuem um instrumento como esse.

    inovabcd E nos limites mais estritos da tecnologia?Jefferson No campo estrito da tecnologia, importante destacar que a Regio foi, e continua sendo em grande parte, o centro da produo automotiva brasileira. Aqui no ocorreram apenas processos de tropi-calizao dos veculos. Muitos automveis que viraram patente em outros pases foram produzidos em nossas engenharias. Exem-plos desse tipo de avano esto presentes em outras reas de atividade. No h exagero em afirmar que o ABC um caldeiro de inovao.

    inovabcd Quais os desafios para fazer avanar a inovao?Jefferson Acho que o grande desafio no sentido de dar uma face mais avanada para a regio conseguir aes concretas de co-operao. Podemos, por exemplo, usar essa cooperao para reduzir nossos custos e nos tornarmos mais competitivos em aspectos que podem ir da gerao de energia ao uso de transportes. Falta mais integrao entre os participantes do jogo econmico com vistas a criar sinergias. Falta tambm levar a

    informao sobre o que j existe disponvel em matria de incentivo inovao como as linhas de crdito oferecidas pelo FINEP - at aqueles que podem se beneficiar delas. A Prefeitura de So Bernardo tem, no seu site, uma rea dedicada a informaes dessa natureza. Mas preciso, certamente, mais.

    inovabcd E quanto s universidades?Jefferson Temos diversas entidades na rea acadmica como FEI, Mau, Meto-dista, Uniban, UFABC, Fatecs que podem desempenhar um papel importantssimo em todo esse processo de busca constante da inovao. Penso, contudo, que elas ain-da esto muito isoladas. Ainda no formam uma rede bem articulada com o setor pro-dutivo e isso precisa mudar.

    inovabcd na questo dos caas do projeto FX2, a Regio tem se mobilizado em conversaes com a Saab, que produz o Gripen nG. Por que isso?Jefferson O projeto do Gripen NG aquele que, at agora, se apresenta como o que mais benefcios pode trazer para o pas e para a regio do ABCD. Isso levando em conta o aspecto produtivo e de domnio da tecnolo-gia. Ns da Regio, liderados pelo prefeito Luiz Marinho, estamos fazendo a nossa par-te. Tive a oportunidade de acompanh-lo em sua recente viagem a Sucia quando pude-mos conhecer a fbrica e o polo de tecnolo-gia. Estamos, enfim, nos apresentando como parceiros interessados em participar de um projeto que pode ter um peso muito grande para o futuro da regio. Vale notar que, em-bora j exista um caa Gripen, a proposta desenvolver um novo projeto com participa-o tecnolgica brasileira.

    inovabcd vrias regies so tambm candidatas a participar desse projeto. como isso se resolve?Jefferson A produo de um avio envolve mltiplas etapas. Boa parte dever ser de-senvolvida em So Jos dos Campos, que j conta com uma tradio na rea aero-nutica. Mas o ABCD tambm tem plenas condies de atuar com propriedade nesse projeto. H conversaes no sentido de que a produo das asas e da fuselagem central e traseira seja feita aqui no ABCD. A idia casar a produo fabril com a gerao de tecnologia a partir dessa atividade, de forma a se obter o conhecimento necessrio para a futura produo de caas pelo pas.

    O projeto do Gripen NG aquele que, at agora, se apresenta como o que mais benefcios pode trazer para o pas e para a regio do ABCD.

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    riada em 2005 e com ativida-des iniciadas em setembro de 2006, a Universidade Federal do ABC (UFABC) no apenas a mais nova universidade pblica brasileira. Seu surgimento veio

    acompanhado de uma proposta diferenciada, que visa transformar os resultados da formao acad-mica profissional. De acordo com o reitor Helio Wal-dman, o fato de ter comeado do zero possibilitou a construo de um novo modelo de ensino superior, com um plano acadmico totalmente novo.

    Engenheiro de Eletrnica formado pelo Ins-tituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA), com mestrado e doutorado na universidade de Stan-ford (EUA), Waldman o primeiro mandatrio eleito da universidade e assumiu oficialmente o posto de reitor da UFABC em fevereiro deste ano. Entre os desafios de comandar uma ins-tituio de ensino e pesquisa ainda em fase de planejamento est a comprovao da eficcia do modelo pedaggico proposto.

    Trata-se de uma universidade fundada para explorar novas possibilidades, tanto na pesqui-sa quanto na educao. No existe a diretriz de ser um centro de aplicao encarregado apenas de testar e complementar avanos cientficos reais, concebidos em outras instituies. Nes-se sentido, a instituio encoraja os alunos a fazerem suas prprias escolhas, assumindo os riscos e desafios a elas associados.

    A universidade iniciou suas atividades oferecendo o Bacharelado em Cincias e Tecnologia. Hoje, apresenta nove opes em bacharelado e oito cursos de graduao. Nos trs primeiros anos, os alunos se dedicam ao estudo de disciplinas de todas as reas. Aps esse perodo, podem optar por se especializar em uma das engenharias e sair da universida-de, em cinco anos de estudo, com dois diplo-mas. A idia formar mais brasileiros com um perfil profissional faixa larga, capazes de se integrarem a academia, indstria ou pes-quisa, sem que uma opo elimine a outra, explica o assessor da reitoria, Jlio Facc.

    Interao O professor Plnio Zornoff Taboas assumiu a pr-reitoria de extenso uni-versitria da UFABC, com a misso de reforar

    a interao com o setor produtivo, que se d atualmente atravs de convnios de coopera-o. Segundo ele, a universidade no pode ser uma via de mo nica. A extenso deve fazer o conhecimento circular de fora para dentro e de dentro para fora da universidade. Hoje, pre-cisamos consolidar a alfabetizao cientfica, aproximar a sociedade dessa realidade.

    Para Taboas, as pr-reitorias de extenso e de pesquisa so as grandes portas para o dilogo regional. A universidade tem feito um esforo de se aproximar das iniciativas da regio, como constituio de um polo tecnolgico, participao em aes, fruns e debates. A gente tem participado no sentido de levar nossa capacidade de cooperao.

    A viso do ABCD como polo industrial, induz a Universidade a olhar para a necessi-dade uma formao condizente com a reali-dade local. A apresentao do bacharelado em cincia e tecnologia como nosso primei-ro curso est intimamente ligada a uma demanda muito grande de mo de obra es-pecializada em tecnologia, proveniente do sistema local, que um dos principais polos industriais do pas, diz Taboas.

    Nesse sentido, Taboas coloca a interdisci-plinaridade como ferramenta para levar os alunos a sair das especialidades e se dirigirem a problemas mais gerais. A especialidade te faz aprofundar num tema. Mas precisamos tambm, em numa sociedade moderna, com complexos problemas sociais, de profissio-nais com vises mais abrangentes.

    Segundo o reitor Waldman, a universidade tem ampla disposio em interagir com o se-tor produtivo, estabelecendo convnios para a realizao de pesquisas de interesse comum ou programas de capacitao que contribuam para a competitividade das empresas. No in-tuito de potencializar essa ao articuladora junto ao setor produtivo, o Conselho Uni-versitrio discute atualmente a criao de um Ncleo de Inovao Tecnolgica (NIT), diz.

    Para que todo esse processo avance, Wald-man aponta para a necessidade de se estabelecer uma incubadora onde os alunos ou ex-alunos possam iniciar pequenos projetos empresariais e fala, tambm, da necessidade de um espao apropriado para a realizao de eventos. Na medida em que o Polo Tecnolgico puder con-tribuir para sanar essas e outras deficincias do sistema regional de cincia e tecnologia, tere-mos interesse em participar. (J.H.)

    Com uma nova proposta de formao, a Universidade Federal do aBC (UFaBC) busca um novo modelo de ensino superior capaz de gerar uma ampla integrao dos alunos academia, industria e pesquisa.

    Helio Waldman: a universidade tem ampla disposio em interagir com o setor produtivo, estabelecendo convnios para a realizao de pesquisas de interesse comum ou programas de capacitao que contribuam para a competitividade das empresas.

    educao UFABC

    uma universidade que inova

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  • CELSO HORTA

    especial gripen

    futurodisputa

    emProjeto FX-2

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  • o governo federal negocia com fornecedores internacionais a compra de 36 caas supersnicos, um contrato cujo valor estimado entre quatro e oito bilhes de dlares. a operao no se limita unicamente a questes estratgicas de defesa, mas envolve tambm o domnio de tecnologia na rea o Brasil quer ser capaz de produzir caas no futuro, para uso prprio e tambm para atender o mercado e tambm abre perspectivas de desenvolvimento econmico para diversas regies do pas.

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  • aquisio de 36 caas supersnicos no o primeiro desejo de modernizao das Foras Armadas que o presidente Luiz

    Incio Lula da Silva procura realizar. Em setembro de 2009, Lula assinou acordo no valor de 6,8 bilhes de euros (cerca de R$ 20 bilhes) para adquirir quatro novos submarinos convencionais e viabilizar as bases para o desenvolvimento do primeiro submarino de propulso nuclear brasileiro. Sem alternativas de americanos, russos e outras naes que disponibilizassem trans-ferncia de alta tecnologia no negcio dos submarinos, a deciso do governo brasileiro de entregar a encomenda Frana foi rece-bida com naturalidade, apesar de algumas vozes dissonantes.

    Mas, ao contrrio dos submarinos da Marinha, a histria do fornecimento dos supersnicos FAB dentro do chama-do projeto FX-2 se transformou em um forte campo de disputa. Numa primeira rodada, seis fabricantes responderam so-licitao brasileira. Dentre eles, trs foram selecionados pela Fora Area Brasileira para participar de um segundo round desta concorrncia: a Dassault francesa, a Boeing americana e a SAAB sueca.

    O processo de escolha ganhou um condi-mento especial em setembro de 2009, quan-do o presidente Lula declarou que o acor-do Brasil-Frana de aquisio de material blico, incluiria o caa Rafale, da Dassault. Esse fato, contudo, estaria condicionado a garantias de transferncia de tecnologia e autorizao para exportar os avies aqui produzidos para a Amrica Latina. Mes-mo tendo deixado a questo em aberto, a posio do presidente causou rebolio. Na avaliao de um ex-militar da aeronutica, o presidente muito inteligente, muito res-ponsvel e no falaria o que falou no 7 de setembro se no fosse mal assessorado.

    Para aumentar a turbulncia em torno do Projeto FX-2, em janeiro de 2010 a Folha de So Paulo divulgou relatrio da FAB, que colocava o Gripen NG, da SAAB, frente dos concorrentes. A avaliao levava em conta aspectos como custo de aquisi-

    o, operao e manuteno. Mesmo com a Dassault tendo reduzido seu preo em 1,8%, o Ministrio da Aeronutica no mu-dou posio.

    Por fim, outros setores da sociedade que usualmente se manteriam distantes desse debate, decidiram se manifestar. Alm de empresas do setor aeronutico, lideranas polticas regionais, como o prefeito de So Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e sin-dicalistas da regio do ABCD puseram-se em campo com o objetivo de defender a proposta da SAAB (no confundir com a SAAB automotiva) que, segundo eles, ofe-rece melhores oportunidades de desenvolvi-mento para o pas e para o ABCD.

    No incio de maio, a disputa seguia em aberto. A expectativa era de que o Minis-tro da Defesa, Nelson Jobim, encaminhasse formalmente o assunto junto ao presidente Lula. A deciso final, que dever ser toma-da aps reunio do Conselho de Segurana Nacional, no tinha, contudo, data para ser anunciada. De fato, o presidente da Repbli-ca chegou a aventar a hiptese de, at mesmo deix-la para seu sucessor (ou sucessora).

    Para que lado deve pender a balana nesse evento difcil avaliar at porque aspectos tcnicos e tambm polticos envol-vendo a efetiva transferncia de tecnologia precisam ser considerados. Se Jobim tem se manifestado a favor do Rafale, em nome de questes estratgicas de geopoltica inter-nacional, o posicionamento da FAB e o de Marinho, ex-sindicalista e amigo pessoal do presidente, deixam o horizonte pouco claro. O jogo de presses acrescente-se, legtimo em torno de uma deciso de tamanha im-portncia deve prosseguir at que o martelo seja batido.

    Nas pginas a seguir, INOVABCD detalha os desdobramentos da proposta da SAAB no que ela teria de impacto sobre a regio do ABCD e ouve interessados no projeto. Pos-teriormente o correspondente Flvio Aguiar, enviado Sucia para conhecer de perto a fbrica da SAAB, conta o que viu por l. En-tre outras coisas, o prprio Gripen NG (de New Generation), que alguns diziam ser um avio de papel. No .

    parceria ombro a ombro

    A SAAB est propondo ao Brasil uma parceria internacional que vai garantir no apenas transferncia de tecnologia aero-nutica de ltima gerao para a indstria brasileira como tambm a implantao de um polo tecnolgico no ABCD. A afir-mao de Bengt Janr, diretor geral da SAAB International Brasil e responsvel pelas tratativas da empresa sueca junto ao governo brasileiro. Trata-se, segundo ele, de uma parceria para conquistar 10% do mercado internacional de caas que, nos prximos 20 anos, dever substituir em torno de 2,5 mil dos 5 mil caas que voam

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    especial gripen

  • no mundo hoje o equivalente a um fatu-ramento de US$ 40 bilhes.

    Janr sustenta que a proposta da SAAB nica em diversos sentidos. De um lado soma o potencial tecnolgico da aviao militar sueca com a capacidade instalada da inds-tria aeronutica civil brasileira representada pela Embraer, hoje a terceira maior fabrican-te de avies do mundo. Outro fator de peso o fato de que o Gripen NG um projeto em desenvolvimento. Isto significa que o novo caa poder utilizar as mais recentes tecnologias desenvolvidas na rea. No um produto pronto, no qual voc no tem mais nada a contribuir ou a aprender, diz. Segundo ele, o nico processo comprovado de incorporao de tecnologia quando ela absorvida da prtica e no da leitura de ma-

    Bengt Janr: Nossa proposta prev 100% de financiamento do valor do contrato, estimado em US$ 4,5 bilhes, oito anos de carncia, 15 anos para pagar e juros de 4,21% ao ano

    nuais. A proposta da SAAB para o Brasil exatamente essa: fazer junto.

    O fato de ser um projeto novo o que fica evidenciado no prprio nome Gripen NG de Nova Gerao no preocupa Janr. acusao dos concorrentes de que se trata de um avio de papel, ele rebate com o histrico da prpria famlia de caas Gripen, que atua na Fora Area Sueca desde 1997; na frica do Sul, desde 1999; na Hungria desde 2001, na Repbli-ca Tcheca desde 2005 com um histrico de 120 mil horas de vo.

    Afora esses aspectos, Janr acredita ter em mos um outro trunfo de peso: condies de financiamento extremamente vantajosas. Nossa proposta prev 100% de financia-mento do valor do contrato, estimado em

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    Bengt Janr garante real transferncia de tecnologia. o Brigadeiro Fernando Cima compara concorrentes do Gripen aos tijoles da antiga telefonia celular. e o consultor anastcio Katsanos, explica porque o aBCD pode ser um novo polo aeronutico.

  • US$ 4,5 bilhes, que metade do preo do concorrente francs, oito anos de carncia, 15 anos para pagar e juros de 4,21% ao ano.

    celular x tijolo - Na reserva da Aeronutica brasileira, o brigadeiro do ar Fernando Cima, assessor da SAAB no Bra-sil, defende com o mesmo entusiasmo a ae-ronutica brasileira e a alternativa Gripen NG para a FAB. Para ele, a Aeronutica est muito tranqila em relao ao posicio-namento do presidente Lula ao lado do re-sultado pr Gripen obtido na concorrncia feita pela FAB. Comparar o Gripen NG com as alternativas disponveis o mesmo que comparar a atual gerao de telefones celulares com os tijoles oferecidos aos con-sumidores h 12 anos, brinca.

    Para Fernando Cima, o que est sendo ofe-recido ao Brasil a oportunidade de partici-par, ao lado de um pas que j produziu duas geraes de caas militares de um projeto de desenvolvimento de uma nova gerao do Gripen. Com metade dos custos, o dobro de autonomia e motor 20% mais potente, ser capaz de conquistar uma fatia substancial do mercado internacional desta aeronave.

    No caso do acordo com a SAAB, segun-do o brigadeiro, a indstria aeronutica na-cional vai ganhar novos conhecimentos em varias reas. Vai ser capaz de estabelecer um domnio completo sobre os software de inte-grao de novos sistemas e novos armamen-tos. Ter acesso, enfim, a uma serie de co-nhecimentos e tecnologias duais negadas, reivindicadas ao comando da aeronutica pela indstria aeroespacial: material com-posto; fuso de dados; integrao de moto-res, de sistemas em geral e homologao de produtos para validao internacional.

    Segundo o brigadeiro, componentes como motores sobre os quais o fabricante no detm conhecimento, no compromete a proposta. Nenhum dos grandes fabricantes internacio-nais de avies fabrica motores, argumenta, explicando que so componentes comerciais prontos e desenvolvidos. O segredo est em como integrar este motor ao avio.

    perspectivas para o abcd Para o ex-diretor de Estratgias de Merca-do e Defesa da Embraer, hoje assessor da SAAB, o engenheiro Anastcio Katsanos, a experincia junto aos franceses no foi animadora. Durante oito anos a Dassault foi membro do Conselho de administrao da Embraer, com 20% do capital. Ao longo desse perodo, nunca aportaram recursos para desenvolver nenhum projeto conjunto com a empresa, afirma.

    Ainda assim, a Embraer cresceu e, com ela, o parque aeroespacial brasileiro, com empresas de software, em So Jos dos Campos (SP), indstrias de avinicos, em Porto Alegre; de manuteno de motores, no Rio de Janeiro e, mais recentemente, o surgimento de fabricantes em Gavio Pei-xoto, no interior de So Paulo, para onde foram transferidas algumas linhas da Em-braer. Hoje empresas como Akaer, Inbra, Mectron e Atech, Aeroeletronica, num total aproximado de 200 empresas, esto prontas para acompanhar a Embraer neste novo sal-to que, se depender da SAAB e da vontade de sindicalistas e do prefeito Luiz Marinho ter a Regio do ABCD como novo palco, diz Katsanos.

    Na opinio do engenheiro, a criao de um polo Aeroespecial e de Defesa no ABCD oferece benefcios como a qualidade da mo-de-obra na Regio, a interao e o acesso ao porto de Santos. A Embraer tem sees de fuselagem de suas linhas de pro-duo que precisam ser transportadas de madrugada com esquemas especiais porque os viadutos entre Santos e So Jos no fo-ram preparados para este transporte relata o engenheiro. No ABCD, problemas como esses estariam naturalmente resolvidos.

    gripen ng na avaliao da aeronuticaA Aeronutica, segundo o brigadeiro do ar, Fernando Cima, avaliou as propostas dos concorrentes sob o ponto de vista operacional, logstico e de transferncia de tecnologia. Veja as consideraes a seguir:

    operacionalO Gripen NG a melhor alternativa para a aviao da FAB cumprir sua misso de reconhecimento, interceptao de aeronaves, escolta, controle do territrio e ataque de objetivos no solo. O Gripen , por natureza, um avio multimisso, o que significa modernizar uma esquadria especializada em cada misso especifica.

    logsticaO Gripen NG a melhor alternativa para a manuteno da esquadria, com menor custo operacional, responsvel pelo maior impacto sobre o oramento da FAB. Ela estima que o custo de manuteno do Gripen NG representa quase 1/3 dos custos dos concorrentes, o que significa poder voar mais, fazer mais treinamento, ou seja, obter maior eficcia do equipamento.

    transferncia de tecnologiaA FAB se orgulha de ter tido sempre um forte enfoque na pesquisa e desenvolvimento e avalia que o acordo com a SAAB o que mais vai proporcionar aporte de novos conhecimentos para a indstria brasileira em campos como o dos materiais compostos (fibra de carbono), fartamente usados na industria aeronutica; fuso de dados, integrao de sistemas e motores, homologaes internacionais e aerodinmica supersnica.

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    especial gripen

    aquisio e custo operacional

    investimento na aeronave

    GRIPEN

    DUPLO MOTOR

    pacote de proviso inicial

    manuteno combustvel, lubrificantes e leo

  • os novos protagonistas

    Em meados de maro, em companhia do economista Jefferson Conceio, seu secre-trio de Desenvolvimento Econmico, o prefeito de So Bernardo do Campo, Luiz Marinho, viajou para a Sucia onde cum-priu extensa programao oficial com o ob-jetivo de estreitar a colaborao entre So Bernardo e aquele pas.

    Na bagagem estava um projeto de trans-formar a cidade em um polo de tecnologia aeroespacial, gerando um novo impulso de desenvolvimento para a Regio.

    No h novidade no fato de um prefei-to buscar o melhor para a sua cidade. At agora, contudo, a aquisio e produo de avies caa se enquadrava na categoria de assuntos acerca dos quais poucas autori-dades da Repblica decidiam. Ao assumir abertamente a defesa do Gripen NG, Ma-rinho e com ele sindicalistas e empres-rios da regio quebrou um paradigma e se posicionou como um protagonista no episdio.

    O meu interesse nacional e local. Foi isto que me fez entrar de cabea nesse de-bate, disse o prefeito para justificar sua posio no caso. Marinho, claro, foca principalmente nos aspectos econmicos e de desenvolvimento que a escolha do Gri-pen NG poderia representar para o ABCD. Mas ele no desconhece a importncia de outros fatores envolvendo a deciso de compra. Falei com autoridades da FAB que me garantiram que o Gripen o melhor projeto tecnolgico e o que oferece a melhor relao custo/benefcio tanto no aspecto de aquisio como no de manuteno.

    Na defesa assumida da proposta da SAAB, Marinho, que foi Ministro do Tra-balho e da Previdncia, chegou a cutucar o ex-colega do Ministrio da Defesa Nelson Jobim. Em declarao reprter Karen Marchetti, do Jornal ABCD Maior, afir-mou: O Jobim foi voar no Rafale e no foi sequer conhecer o Gripen. Ento me parece que a tem falta de transparncia por parte de quem est conduzindo o processo. Algo como dizer todos podem ter seu time de futebol de corao, mas que os juzes pre-cisam, ao menos, ter um comportamento pautado pela isonomia.

    sindicatos Assim como Marinho, sindicalistas tambm se mobilizaram em de-fesa do projeto da SAAB. No final de abril, os presidentes da Confederao Nacional dos Metalrgicos (CNM), Carlos Alberto Grana, e do Sindicato dos Metalrgicos do ABC, Srgio Nobre, estiveram em Braslia com o ministro do Desenvolvimento Eco-nmico, Indstria e Comercio Exterior, Mi-guel Jorge discutindo o assunto.

    Alguns dias antes, ao lado do sindicalis-ta sueco Stefan Lofven, do IFF Metal, o sindicato dos metalrgicos da Sucia, eles concederam entrevista anunciando o posi-cionamento dos trabalhadores a favor da alternativa Gripen no reequipamento das aeronaves da FAB.

    Em declarao conjunta, os sindicalistas brasileiros demandaram o direito de opinar sobre negcios que, embora da rea da De-fesa, dizem tambm respeito ao desenvol-vimento econmico nacional. Ao investir contra as caixas pretas e as evasivas intenes de transferncia tecnolgica das alternativas francesa e americana, destaca-ram que a proposta da SAAB assegura a efetiva transferncia de segmentos da cadeia produtiva, resultando que o Brasil produza peas, subconjuntos e conjuntos que iro compor a aeronave.

    De acordo com Valter Sanches, diretor do Sindicato dos Metalrgicos do ABC e secre-trio de Relaes Internacionais da CNM/CUT, a construo de um polo aeronutico e a chegada da produo do caa na Regio vo demandar a criao de centros e labo-ratrios de estudos. importante termos centros de desenvolvimento que empregam mo-de-obra qualificada.

    Srgio Nobre diz que a escolha do pro-jeto Gripen significar mais empregos de qualidade para o Pas e a Regio, um avan-o histrico nas relaes capital-trabalho e investimentos em alta tecnologia.

    Segundo Carlos Alberto Grana, o pro-jeto Gripen assume compromissos sociais que se tornaro um marco internacional de respeito s normas trabalhistas e OIT, como a garantia de organizao sindical nas fbricas que vo produzir os caas no Brasil e na Sucia.

    Para Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/ So Paulo, a gerao de 22 mil postos de trabalho tambm representar mais renda, mais consumo e melhores condies de vida.

    AMAN

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    ELLISRGIO NOBRE

    VALTER SANCHES

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    Luiz Marinho: O Jobim foi voar no Rafale e no foi sequer conhecer o Gripen. Ento me parece que a tem falta de transparncia por parte de quem est conduzindo o processo

  • 16 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    especial gripen

    caas suecos com tecnologia brasileiraCINTHIA ISABEL

    A busca por novas tecnologias e o desen-volvimento das indstrias brasileiras fez com que o Pas recebesse da empresa sueca SAAB, em agosto do ano passado, a misso de pro-duzir peas para o caa supersnico Gripen NG. O consrcio das empresas responsveis, denominado T1 e liderado pela Akaer, de So Jos dos Campos, e do qual participam mais quatro empresas nacionais Inbra, Winnstal, Minoica e Friuli , desenvolve quatro projetos para a construo e produo de equipamen-tos para aeronave da SAAB.

    Por enquanto, a demanda do Consrcio T1 para a fabricao de peas para quatro caas. No entanto, o que mais chama a aten-o das indstrias envolvidas possibilida-de do governo federal autorizar a compra de mais 36 caas Gripen NG para renovar a frota da FAB (Fora Area Brasileira).

    De acordo com o diretor executivo da Aka-er, Csar Augusto da Silva, se o governo optar pelo caa sueco, as vantagens sero inmeras, a comear pela criao de mais um Polo de Tecnologia Aeronutica no Pas, alm da ca-pacidade da indstria nacional produzir peas que s sero encontradas no Brasil para, pra-ticamente, qualquer outro caa supersnico.

    Conforme explicou o diretor executivo da Akaer, o baixo valor de comercializao do Gripen, no a nica vantagem oferecida. A opo pelo caa sueco prev a criao de centros de treinamentos, conversas com universidades, especializao de mo-de-obra e intercmbio internacional. A Akaer j definiu que far o desenvolvimento pro-dutivo do caa na cidade de So Bernardo do Campo. O terreno, s margens do Tre-cho Sul do Rodoanel, j est garantido. Silva avaliou que com a aquisio do caa sueco, ser incalculvel o potencial gerado nacionalmente.

    Na regio de So Jos dos Campos, os fornecedores da indstria aeronutica esto passando dificuldades enormes, em decor-rncia da crise no setor. Talvez a opo do governo pelo Gripen seja a ltima grande chance de muitas delas no fecharem as portas, afirmou.

    Dentro do Consrcio T1 a Akaer desen-volve as asas do caa Gripen e segmentos de fuselagem. Para Silva, a oportunidade nica de transferir a tecnologia de um caa e com ele todo um mercado em potencial. Uma opor-tunidade como essa s daqui h 70 anos.

    O Consrcio T1 j abriu a possibilidade de outras empresas prestarem servios para as indstrias envolvidas na fabricao das peas do Gripen NG. O Grupo Inbrafiltro, formado por cinco empresas, todas com sede no municpio de Mau, no ABCD, uma de-las. Em 31 de junho a companhia comemora 31 anos de existncia, sendo considerada um dos grupos mais antigos voltados ao desen-volvimento e produo de material de defe-sa. A Inbra Aerospace, um dos segmentos da indstria, est envolvida no Consrcio T1 e possui profissionais apoiando o desenvolvi-mento e produo das duas asas e das tam-pas do trem de pouso do Gripen.

    Para o diretor presidente da Inbrafiltro, Jairo Candido, a transferncia de tecnologia da aeronave sueca para o Brasil pode fazer o volume estimado de aeronaves fabricadas no Pas alcanar 300 unidades nos prximos 20 anos. De acordo com Candido, o Consrcio T1 produzir US$ 7 milhes, mas este n-mero pode aumentar muito mais com a es-colha do Gripen pelo governo federal. Se o Brasil optar por outro caa no teremos os mesmos benefcios. O Rafale, por exemplo, um avio pronto, sendo uma aeronave que existe h mais de 15 anos, observou.

    A produo das asas, portas, fuselagens central e traseira esto prometidas para So Bernardo do Campo.

    a opo pelo caa sueco prev a criao de centros de treinamentos, universidades, especializao de mo-de-obra e intercmbio internacional. a akaer j definiu que far o desenvolvimento produtivo do caa na cidade de so Bernardo do Campo. o terreno, s margens do trecho sul do rodoanel, j est garantido.

  • FLVIO AGUIAR

    o correspondente Flvio aguiar foi sucia para conferir de perto os diversos aspectos que envolvem o projeto do Gripen NG, da saaB. Na reportagem a seguir ele faz um relato sobre o posicionamento da empresa com relao ao FX-2; conversa com representantes do sindicato

    dos metalrgicos da sucia, o IFF Metall, visita o Polo tecnolgico em linkping e, por fim, conhece a fbrica da saaB e conhece o caa, em pessoa. Como ele mesmo diz, depois dessa longa viagem em busca do Gripen, afinal encontrado, e no s no papel, chego concluso que o Gripen est pronto para voar no cu brasileiro. Falta s receber a autorizao da torre de controle, que fica em Braslia.

    caacaa

    aao

    especial gripen

    MAIO DE 2010 | INoVaBCD 17

  • Queremos uma parceria para desenvolver o Gripen NG. o modelo ser desenvolvido e fabricado tanto na sucia quanto no Brasil. algumas partes sairo de nossa fbrica em linkping; outras sero produzidas na fbrica que ser instalada em so Bernardo. em pouco tempo, o Brasil poder exportar avies para outros mercados.

    18 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    sobrevo em estocolmo

    Ns no vamos desistir: com esta frase Bob Kemp, da SAAB, encerrou nossa entre-vista no saguo do Radisson Hotel, em Es-tocolmo. Com isso ele queria dizer que, seja qual for o resultado da atual concorrncia para determinar quem vai fornecer 36 caas de combate FAB, a SAAB vai continuar na disputa por este setor do mercado brasileiro. Depois da seleo inicial, esto em campo a Dassault francesa, a Boeing norte-america-na, e a SAAB sueca, atrs de um contrato que envolve valores estimados de 4 a 8 bi-lhes de dlares, dependendo do fornecedor.

    Bob Kemp o Vice-presidente da em-presa responsvel pelo setor de Vendas e Marketing Internacionais. Na entrevista, que abriu os trabalhos desta minha viagem Sucia atrs do caa Gripen, fabricado pela SAAB, disse ele que a empresa atua no Brasil, neste setor da aviao, h 16 anos. A SAAB j tem parceria com a Embraer no setor de radares de longo alcance, usados pela FAB no patrulhamento da Amaznia (Sivam) e tambm presentes na Grcia e no Mxico. Neste tipo de empreitada, escla-rece, necessrio ter uma viso de longo prazo. Quando contrato algum para trabalhar, prossegue, busco, sobretudo, tenacidade e resistncia. O tempo mdio para obter um contrato fica entre dez e doze anos, tamanha a quantidade e a diversi-dade de pessoas e de agentes que tem de ser contatados, entre ministrios e empresas.

    Kemp diz que seis pases tm capacitao para a construo de caas. Destes, cinco tm assento permanente no Conselho de Segurana da ONU: Estados Unidos, Rei-no Unido, Frana, Rssia e China. O sexto a Sucia, um pequeno pas de longa tradi-o mercantil. A diferena que, da nossa posio, ns podemos entender o ponto de vista de pases como o Brasil e a ndia. Os outros no. A SAAB j tem seis contratos que envolvem o Gripen: na Hungria, Rep-blica Tcheca, Tailndia, frica do Sul, na prpria Sucia e um contrato para treina-mento de pilotos com o Reino Unido. Alm disso, ela atua em busca dos mercados de mais 12 pases, entre eles o Brasil, a ndia (que pretende comprar 126 unidades), o Equador, a Argentina e o Chile.

    Bob Kemp: o Gripen j um modelo adaptado aos novos conceitos defensivos da aeronutica. Antigamente concentrava-se avies em grandes e poucas bases areas. Hoje se pensa em espalhar bases menores no territrio a ser coberto.

    Tudo isso estar ao alcance do Brasil, diz ele, pois no queremos apenas vender avies. Queremos uma parceria para desen-volver nosso novo modelo, o Gripen NG (de New Generation). Caso consigamos o contrato, o modelo ser desenvolvido e fabricado tanto na Sucia quanto no Bra-sil. Certas partes sairo de nossa fbrica em Linkping, e outras partes sero pro-duzidas na fbrica que ser instalada em So Bernardo. Elas sero montadas tanto aqui como l, e o Brasil poder exportar avies para outros mercados relativamente em pouco tempo. Isso sim, completa, transferncia de tecnologia. Alm disso, se o total do contrato pode chegar a cinco bilhes de dlares, a metade desse valor fi-car no Brasil, e com a unidade brasileira produzindo e at exportando avies, o pas ter um retorno de at 150% sobre o que investir.

    Pergunto se no haver limitaes nesse processo, dado que o Gripen NG, como os modelos anteriores, est projetado para usar um motor norte-americano, fabricado pela General Electric. Ora, responde ele, nesse mercado a interdependncia muito maior do que se pensa. Em primeiro lugar, o sistema de localizao por satlite est nas mos dos norte-americanos. Eles tm a chave de todo o sistema. At os russos de-pendem deles. Quanto aos avies, o prprio Rafale, da Dassault francesa, usa compo-nentes norte-americanos e at suecos. Mes-mo os norte-americanos tm componen-tes suecos. impossvel um pas produzir tudo. Alm disso, o Brasil, desenvolvendo sua tecnologia, poder, se quiser, adaptar o modelo para utilizar um outro motor. Se o problema dependncia ou soberania, vai adiante, o Brasil s tem a ganhar com o Gripen NG. Ele estar no apenas com-prando um avio, mas ajudando a desenvol-v -lo; como j tem ou vai ter outros contra-tos com os franceses, estar diversificando suas fontes, ao invs de ficar dependendo de uma nica.

    Outra coisa importante que o Gripen j um modelo adaptado aos novos concei-tos defensivos da aeronutica. Antigamente pensava-se, tambm no Brasil, em concentrar avies em grandes e poucas bases areas. Hoje se pensa em espalhar bases menores no ter-ritrio a ser coberto. Isso implica ter melhor redes integradas de comunicao. Nesse setor

  • exportar empregos? os trabalhadores suecos pensam diferenteO IFF Metal o Sindicato Nacional dos Metalrgicos da Sucia. na verdade um conglomerado de sees sindicais, abrangendo um universo de 385.000 trabalhadores de vrios setores produtivos: automotivo, eletrnico, siderrgico, minerao, manufaturas, plstico e qumico. Na SAAB de Linkping, o sindicato rene 903 trabalhadores, em Jnkping, 103. So somente os trabalhadores chamados de blue collars colarinhos azuis (ns diramos, os de macaco). Os white collars de colarinho branco esto em outra organizao. S em Linkping trabalham mais de 5 mil pessoas. Seu presidente, Stefan Lfven, esteve recentemente em So Bernardo para reforar o apoio ao Gripen como opo para o programa FX2 da FAB e tambm a cooperao sindical com o Sindicato dos Metalrgicos do ABCD.

    Uma questo difcil colocada assim que ele se junta a Gran Gustavsson e Conny Holm, dois outros integrantes do sindicato, com quem conversava at ento. Ao apoiar o projeto Gripen pelo mundo afora, inclusive no Brasil, no estaria o IF Metall colaborando com a exportao de empregos? Vejo as coisas pelo outro lado, responde Stefan. Os avies produzidos no Brasil tero componentes suecos, e vice-versa. Estaremos fomentando empregos em ambos os lados. Ns, trabalhadores suecos, temos conscincia de que a Sucia um pas pequeno. Estamos acostumados a que nossos produtos procurem o mercado externo, inclusive para produo. Sem isso, na verdade aqui teramos menos empregos.

    Volto ao tema do motor do avio: seria mesmo possvel troc-los, como disse Bob Kemp? Stefan passa a palavra a Gran e Cony, que trabalham nas linhas de montagem. Ambos so taxativos: sim. Ponho outra questo espinhosa: como encaram o produto? Afinal, estamos falando de mquinas de guerra. Stefan retruca, pondo no ar um tema que voltar seguidamente depois, durante minha visita atrs do Gripen: no vivemos num mundo perfeito. Sabemos que a soberania da Sucia implica ter um armamento dissuassrio efetivo. Infelizmente, assim so as coisas.

    MAIO DE 2010 | INoVaBCD 19

    Ao alto, os sindicalistas suecos Conny Holm, Stefan Lfven e Gran Gustavsson. Abaixo, a sede do IFF Metal, o Sindicato Nacional dos Metalrgicos da Sucia.

    especfico, a Sucia o pas mais avanado do mundo. Estamos 10 anos na frente dos norte-americanos e 20 em relao aos outros pases da Unio Europia. E o Gripen pode aterris-sar em pistas precrias, como uma estrada, e tambm levantar vo da.

    Para completar, diz Bob Kemp logo antes da afirmao de que a SAAB no vai desistir, o Gripen NG vai custar a metade em relao ao modelo francs. Hoje, nessa rea, ter uma boa relao com o Ministrio da Fazenda pode ser to importante quanto com os ministrios da Defesa.

  • as atividades da saaB se concentram em cinco grandes reas: aeronutica, armamentos em geral, sistemas eletrnicos de defesa, segurana civil e, naturalmente, aquilo em que tenho algum papel, marketing. Mas, o mais importante, desse ponto de vista, que em cada uma dessas atividades, a empresa descrita como uma incubadora de novos projetos e tambm de novas empresas e iniciativas, inclusive nos pases com quem tem ou quer ter parcerias.

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    um rasante em linkping

    A primeira coisa que tenho que aprender como se diz o nome da cidade: algo como Lingepin. Quem me recebe na estao de trem Anne Olsson, assessora de imprensa, com uma motorista. Ela do Pas de Gales, Reino Unido. Est aqui h vrios anos, por-que se casou com um piloto sueco. Traba-lha diretamente com o projeto Gripen e me leva diretamente para a primeira reunio, na fbrica da SAAB. preciso fazer todo o ritual das identificaes, e recebo uma nova memria para minha mquina fotogrfica, que depois ser escrutinada para ver se no fotografei algo classificado, isto , proibi-do. Quem se encarrega disso a motorista, que no quer ser nomeada nem fotografa-da. Jenny, parece. Desconfio que tem algo a ver com a segurana.

    Comeo a compreender que a SAAB es-calou um verdadeiro time para me explicar a natureza e o estado da arte. Na reunio, povoada por power-points de excelente qualidade, bem apresentados, sem aquela chatice das pessoas ficarem apenas lendo o que est na tela, esto Johan Lehander, diretor administrativo do desenvolvimento do projeto Gripen; Eddy de la Motte, dire-tor do projeto Gripen para a ndia; e ke Albertsson, vice-presidente de cooperao industrial, alm de Anne, que, na verdade, diretora de comunicaes no projeto Gri-pen para o Brasil, e tambm para a ndia, depois fico sabendo. No posso dizer que fui recebido pelo banco de reservas. Aos poucos, ao longo das exposies, entendo que esse time v a SAAB e dentro da em-presa, o projeto Gripen como uma espcie de ovo, de onde j nasceram e podero nas-cer uma variedade de pintos, alis, eu diria que uma fauna inteira.

    Os negcios internacionais da empresa cresceram exponencialmente desde os anos 90, a ponto de agora eles representarem algo como 76% do volume de transaes finan-ceiras. As atividades da empresa se concen-tram em cinco grandes reas: aeronutica, armamentos em geral, sistemas eletrnicos de defesa, segurana civil e, naturalmente, aquilo em que tenho algum papel, marke-ting. Mas o mais importante, desse ponto

    de vista, que em cada uma dessas ativida-des, a SAAB descrita como uma incuba-dora de novos projetos e tambm de novas empresas e iniciativas, inclusive nos pases com quem tem ou quer ter parcerias.

    Por exemplo: se o Gripen fosse aceito como caa da FAB, em So Bernardo do Campo seria instalado um cluster, ou enclave, ou nicho aeroespacial. A seriam fabricadas a fuselagem central, a fuselagem traseira e as asas, incluindo o trem de pouso e suas portas, tanto para os avies brasilei-ros quanto para os suecos e os que fossem exportados para outros pases. Na criao desses componentes estariam envolvidas empresas brasileiras (algumas j contata-das), mas tambm o polo universitrio de So Bernardo e do ABCD, com a implan-tao ali de um Science Park, como um existente em Linkping, e que neste relato entrar em cena mais tarde.

    Uma boa parte da conversa se centra tambm na idia que no nova de que uma boa parte de desenvolvimentos da ati-vidade civil deriva de inovaes da indstria militar. Um exemplo interessante o de que a SAAB vem desenvolvendo capacitao na construo de hospitais de emergncia, uti-lizados no s em guerras, mas tambm em catstrofes de todos os tipos.

    Alm disso, h uma nfase colocada no aspecto comunicaes, alm de na qualifi-cao comparativa do Gripen em relao s outras aeronaves. Ele mais rpido, mais efi-ciente, mais gil e mais barato. Mas isso, nas exposies, aparece como a consequn cia de um planejamento derivado da vontade de se manter na vanguarda desse mercado.

    Em busca de ser a melhor em matria de transformaes e tecnologia de ponta, a SAAB investe 20% de seu volume de vendas em pesquisa e desenvolvimento, interna-mente ou em parcerias, o que significa 1,25 bilhes de reais por ano. Tambm se expe que a SAAB acabou, na esteira da posio sueca no cenrio internacional, tendo uma atrao para e com pases no-alinhados, conceito que remonta ao tempo da guerra fria, como a ndia e o Brasil, e a frica do Sul, depois do fim do apartheid. Entrou tambm, com a Repblica Tcheca e a Hun-gria, no vcuo deixado pelo fim do Pacto de Varsvia.

    especial gripen

  • MAIO DE 2010 | INoVaBCD 21

    Vamos entrando nas questes. Volto es-pinhosa pergunta sobre o motor da General Electric. Ouo, da parte de de la Motte, que se algum quiser mudar o motor, poder faz-lo. Mas essa no seria a soluo me-lhor. Esse motor foi escolhido por uma srie de razes, sendo a principal a de que ele o melhor para um caa de guerra que usa apenas um, ao invs de dois. Por que s um motor? mais leve, mais simples de operar e reparar. Isso ficar mais claro ao visitar, depois, a linha de montagem. Menos peso tambm significa menos gasto de combus-tvel, e um motor s significa mais espao para combustvel, o que melhor para se ter maior alcance, etc..

    Pergunto se o Gripen j entrou em ao, se foi testado de fato. Noto que a pergunta tem um ar incmodo, j deve ter sido feita em tom de desafio em outras ocasies. Ouo a resposta de que, se o critrio atual fosse o de testado em ao, deveramos conti-

    nuar produzindo os Spitfires britnicos da Segunda Guerra Mundial. Insisto que h uma srie de outras situaes que signifi-cam ao: reconhecimento, identificao de aeronaves desconhecidas, patrulhamen-to contra o narcotrfico, contrabando, etc. A, sim a resposta. Desde os tempos da guerra fria a aviao sueca, entre os dois fogos das duas potncias ento em disputa, teve de manter um contnuo patrulhamento de seu espao areo, com situaes tensas vrias vezes, onde ela teve o papel inclu-sive em relao a alvos navais de dizer algo como estamos aqui, num estado de alerta.

    A conversa e os power-points prosse-guem. Hoje em dia a SAAB e seu Gripen detm 20 % do mercado mundial. Fazen-do-se uma estimativa conservadora, res-salta De La Motte, pode-se esperar que haver uma reciclagem da frota em 2/3, pelo menos, alm do aumento de volume de compras, incluindo as do Brasil. Num prazo de 10 a 20 anos, isso significa um po-tencial de pelo menos 300 novas aeronaves, a serem produzidas conjuntamente entre o Brasil e a Sucia.

    ke Albertsson, Anne Olsson, Flvio Aguiar, Eddy de la Motte e Johan Lehander: primeiro time para explicar o estado da arte ao reprter.

  • apenas 62 % de um Gripen so de metal; 38 % so de laminados compsitos, de metal, carvo, vidro, plstico e outras fibras. as fibras so recebidas em placas que devem ser cortadas, algumas por grandes mquinas de preciso, outras, menores, mo, com pequenos cortadores, ainda que com a ajuda de aparelhos a laser para determinar as medidas. Depois esses compsitos so reunidos e prensados em autoclaves, para que no haja ar nem fissuras neles nem nos interstcios. a seguir so testados, para ver se esto impermeabilizados e livres de micro-bolhas.

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    especial gripen

    no cockpit do gripen

    Dali seguimos eu, Anne, ke e a nossa acompanhante motorizada para ver o bi-cho de perto. Vamos at o hangar onde se est fazendo manuteno de algumas unida-des. L quem nos recebe o major Richard Ljungberg da Fora Area Sueca, agora em misso civil. Embora ainda membro da FAS, o major est destacado para fazer testes das unidades da SAAB e tambm treinamento de pilotos. Depois da apresentao, o major me apresenta ao aparelho e vice-versa.

    Ali, ele me explica que tipo de informa-o o piloto recebe e que tipo de ao ele pode fazer. O bsico, diz, fazer com que a aeronave se encarregue do vo, para que o piloto possa se concentrar na deciso a to-mar e na ao a empreender. Aprendo onde ficam os controles de velocidade e de vo: para cima, para baixo, para os lados en-fim, no h mais para onde ir.

    Depois do almoo, vamos visitar a primei-

    ra fase da produo de um Gripen, com a di-retora chefe da seo, Anna Skagervik. Ape-nas 62 % de um Gripen so de metal; 38 % so de laminados compsitos, de metal, car-vo, vidro, plstico e outras fibras. As fibras so recebidas em grandes placas que devem ser cortadas, algumas por grandes mquinas de preciso, outras, menores, mo, com pe-quenos cortadores, ainda que com a ajuda de aparelhos a laser para determinar as medi-das. Depois esses compsitos so reunidos e prensados em autoclaves, para que no haja ar nem fissuras neles nem nos interstcios. A seguir so testados, para ver se esto imper-meabilizados e livres de micro-bolhas.

    Da seguem ento para a linha de monta-gem, onde as partes sero reunidas e o apa-relho vai nascer. Quem nos acompanha a o engenheiro de sistemas Matti Olsson, chefe do setor industrial-aeronutico da empresa. medida que vamos vendo o avio tomar forma (as asas, a fuselagem, a carlinga, os tanques suplementares, o nariz, o leme, etc.), Matti vai nos dando expli-caes. As sobre o avio so importantes,

  • MAIO DE 2010 | INoVaBCD 23

    mas mais importantes ainda so as sobre o pessoal que ali trabalha os blue collars, trabalhadores de linha.

    Sobre o avio, dois detalhes me chamam a ateno, mais do que os outros. O primei-ro que, segundo a explicao de Matti, a evoluo do aparelho foi na direo dele mesmo, avio, ser um tanque de combust-vel. Toda a aparelhagem interna, os tubos e conexes, est imersa em combustvel, e por isso foi necessrio avanar na direo de tornar essa convivncia possvel. Isso diminui a necessidade de juntas, conexes, rebites internos e outros potenciais fatores de soluo de continuidade entre as partes. Segundo ele, esse fator um dos respon-sveis pela leveza do aparelho e do seu grande alcance.

    O outro est na ltima grande pea a ser colocada na aeronave: o j famigerado mo-tor. Matti explica que uma das qualidades principais do motor da GE foi a possibili-dade de coloc-lo no avio com apenas trs juntas fuselagem, o que simplifica a sua troca. Ele me mostra os trs pontos, e ex-

    plica: dessa forma, no caso de um supera-quecimento, por exemplo, o aparelho pode pousar em qualquer lugar medianamente amplo e plano, pois ele necessita apenas de 800 metros para pousar e decolar. Uma equipe de terra de trs homens pode al-can-lo, por exemplo, numa van, com um motor suplementar e esse aparelho. Ele me mostra uma espcie de polia que parece uma grossa e pequena vara de pescar. Com isso, eles conseguem tirar o motor com pro-blema e colocar o novo em apenas quarenta minutos, quando em outros aparelhos isso pode levar de trs a dez horas, alm de exigir muito mais gente para faz-lo.

    ltima estao: polo tecnolgico

    No dia seguinte, vem a ltima etapa do vo. Anne e ke me levam para conhecer o Science Park de Linkping, cujo nome Mjrdevi. Existem vrios desses polos tec-nolgicos no Brasil. S em S. Paulo, exis-tem na capital, em Campinas, em So Jos dos Campos, em So Carlos, entre outros. Caso a SAAB leve adiante seu projeto, So Bernardo se tornar mais um desses espa-os onde se juntam pesquisa universitria e inovao tecnolgica com iniciativa em-presarial, sob a forma de incubao, desen-volvimento de micro e mdias empresas, e formao de joint ventures.

    A comisso que nos recebe formada por Sten Gunnar Johanssen, diretor do parque; Pontus de Laval, Vice-presidente da SAAB para o Setor de Tecnologia e do Grupo de Es-tratgias; e pelo jovem sueco-brasileiro Jonas Kac, que desenvolve seu projeto no parque.

    Sten um entusiasta do seu parque, que ele ajudou a fundar e dirige desde o comeo. Na verdade, o parque 100% mantido pela municipalidade de Linkping. Seu Conselho Diretor tem representantes da universidade prxima, das empresas e da municipalidade. Fundado em 1984, o parque hoje tem 250 empresas presentes, 5100 empregados, mais 900 estudantes da universidade envolvidos em projetos em desenvolvimento. Daquelas empresas, 36% so subsidirias ou represen-

    tantes de grandes ou mdias empresas suecas, 10% so estrangeiras; 27% so spinoffs da universidade, ou seja, empresas que se forma-ram pelo estmulo ou a partir da necessidade das outras; 11% so empresas spinouts das grandes e mdias, formadas a partir de ne-cessidades de terceirizao dessas, mas ago-ra com vida prpria; e 7% j so de segunda gerao, isto , pequenas ou micro empresas formadas a partir das duas anteriores.

    Para Sten a razo de ser do parque jun-tar numa mesma linguagem aproximativa talento, iniciativa, viso de longo prazo e possibilidade de financiamento. Isso tam-bm destaca de Laval em sua exposio, dando vrios exemplos de como em seu ca-minho a SAAB, tambm presente no par-que, aproveitou o talento e testou o produto de outras empresas, mas, mais importante, ajudou a encontrar formas de financiamen-to para que necessidades suas se transfor-massem em empresas de produo spillo-ver, ou seja, que a partir da adquirissem vida prpria e fossem buscar outros nichos de mercado. Para ele, isso vital para uma empresa como a SAAB ou para uma co-munidade como Linkping, pois ajuda a formar um caldo de cultura favorvel descoberta e ao recrutamento de novos ta-lentos e de iniciativas inovadoras que me-lhoram o perfil social de uma comunidade, facilitando tambm, como ressaltara Sten, que os talentos permaneam onde cres-ceram, ao invs de migrarem para outros portos. Seria tudo isso que So Bernardo e o ABCD poderiam no s receber, mas desenvolver, em torno de um projeto como o do Gripen.

    Por fim, o jovem Jonas se apresenta. um dos exemplos de novos recrutas de Mjr-devi. Filho de pai sueco e me brasileira, estudou na Sucia, vai seguido ao Brasil e est desenvolvendo um projeto de compa-tibilizao de softwares. Qual seu objetivo? Otimizar a leitura de diferentes programas na rede, fazendo com que aquilo que apa-rea numa tela em comunicao com outra seja absolutamente idntico. Para que ser-ve? Para facilitar a instruo de formulrios oficiais, por exemplo; ou ler sites e blogs; ou ainda, e este o seu exemplo preferido, para duas ou mais pessoas se comunicaram pela internet e irem fazer compras juntas.

    O Major Richard Ljungberg e Flvio Aguiar: lies de guerra e de reconhecimento bordo do Gripen, com direito a instrues sobre luzes, mostradores e visor hologrfico.

  • 24 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    VolKsWaGeN

    do design transmisso automtica

    Historicamente a Volkswagen vem ino-vando no Brasil desde 1988, quando lan-ou o Gol GTI, primeiro automvel nacio-nal com injeo eletrnica. A partir da, a montadora de origem alem se destacou por avanos como o TotalFlex e o lana-mento, no final do ano passado, de mo-delos com transmisso automatizada em uma faixa de custo mais acessvel. A em-presa colocou o cmbio automtico nos modelos novo Gol I-Motion e Voyage I-Motion, ambos equipados com motor 1.6. Segundo a companhia, os veculos ofere-cem ao motorista mais conforto ao dirigir por um custo menor. A grande diferena do projeto Volkswagen que o I-Motion conta com cinco marchas, enquanto que a maioria dos cmbios automticos tradicio-nais, disponveis no Brasil, mesmo em seg-mentos superiores de carros nacionais ou importados, dispem apenas de quatro, o que gera economia de combustvel e reduz as emisses, segundo a companhia.

    Com o objetivo de buscar ainda mais ino-vaes, a montadora conta com o Centro de Realidade Virtual, inaugurado em 2009 com a presena da chanceler alem, Angela

    BELEZA, CONFORTO E SUSTENTABILIDADECLBIO CAVAGNOLLE CANTARES

    perspectivas montadoras

    grande preocupao da ONU (Organizao das Naes Unidas) em redu-zir emisses de poluentes e preservar o meio ambiente foi absorvida pelas monta-

    doras de automveis. Como carro chefe na rea de inovaes tecnolgicas, todas levam a bandeira de desenhar e produzir veculos, de pequeno a grande porte, que tenham au-tonomia, economia e possam utilizar com-bustveis renovveis.

    O desejo de unir tecnologia, economia e qualidade em um produto atraente e que caia nas graas do consumidor tem levado as in-dstrias do setor busca constante de uma soluo sustentvel que possa dar ao Brasil o pioneirismo mundial em inovaes. Exemplos como o da Mercedes-Benz, que vem realizan-do testes de diesel produzido com cana-de-aucar para caminhes, demonstram o po-tencial do mercado. Entretanto, as indstrias no pretendem abrir mo de design e confor-to, como a Volkswagen que implantou trans-misso automtica em modelos derivados do segmento popular, como o Gol e o Voyage, ou ainda a GM, que ampliou seu Centro Tec-nolgico em So Caetano para atender a de-mandas mundiais. Veja a seguir algumas das inovaes que esto sendo desenvolvidas por montadoras sediadas na regio do ABCD.

    Inovaes tecnolgicas buscadas por montadoras na regio do aBCD mantm um olho no consumidor e outro no meio ambiente. Veja o que a Ford, a GM, a Mercedes-Benz, a scania e a Volkswagen esto criando em seus laboratrios.

  • Volkswagen: a chanceler alem, Angela Merkel, conhece fbrica de So Bernardo e participa de inaugurao do Centro de Realidade Virtual da empresa.

    Scania: estratgia global do grupo para preservar o meio ambiente aposta em nibus movido a etanol.

    MAIO DE 2010 | INoVaBCD 25

    Merkel, e com investimentos na ordem de R$ 4,2 milhes. A unidade conta com uma tela de aproximadamente cinco metros de comprimento, a Powerwall, que exibe mo-delos 3D dos carros em tamanho real, faci-litando o trabalho dos profissionais da rea de design.

    sCaNIa

    nibus movido a etanol

    Sob a perspectiva de que o etanol o com-bustvel alternativo ideal para o transporte pblico, a Scania vem obtendo destaque nes-te segmento, ainda pouco explorado no Bra-sil. A montadora j conta com um veculo trafegando na cidade de So Paulo. Segundo a empresa, faz parte de uma estratgia global do grupo para preservar o meio ambiente.

    Como parte de uma tendncia mundial das montadoras, a Scania j fornece ni-bus movidos a etanol fora do pas. O grupo vem investindo em pesquisas para inovar tecnologias nesta rea, acreditando na auto suficincia do Brasil como produtor do combustvel, que entre diversas qualidades, atende preocupao mundial de operar com baixas emisses de CO2, o que con-tribui efetivamente para a diminuio do efeito estufa.

    MerCeDes-BeNZ

    diesel de cana-de acar

    A Mercedes-Benz promete um salto histrico no setor automotivo. Desde de dezembro, a empresa realiza testes com o diesel de cana-de-acar. Alm de redu-zir emisses de materiais particulados, e com isso, auxiliar no combate poluio, o novo combustvel vem acompanhado da faanha de no alterar o desempenho do motor e manter um baixo consumo. Nossa expectativa criar uma opo sustentvel

    BELEZA, CONFORTO E SUSTENTABILIDADE

  • 26 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    de combustvel, de modo que o motor no perca autonomia, destaca Gilberto Leal, gerente de Desenvolvimento de motores da montadora.

    O combustvel, testado com exclusivida-de pela Mercedes-Benz no pas, oferecido pela empresa Amyris Brasil. A primeira fase de testes j foi finalizada. Testamos em um tanque de combustvel 90% de die-sel comercial de algumas reas metropoli-tanas (S 50) e 10% do novo diesel. Mesmo presente em um porcentual aparentemen-te pequeno, o diesel da cana-de-aucar j proporcionou reduo de 9% nas emisses de material particulado, sem aumentar em nada as emisses de NOx (xidos de Nitrognio), explica o executivo. Desem-penho outro destaque do projeto. Nos ensaios comparativos, todos os parme-tros de controle do motor permaneceram exatamente iguais, afirma Giberto. Ou-tro atrativo a manuteno do reduzido consumo. Para nossos clientes, o diesel de cana ser certamente uma opo a mais no uso de combustveis alternativos, comple-ta o gerente.

    Focada na estratgia mundial de con-trole de emisses, a montadora j realiza avanados testes com motores Conama P7, uma rigorosa norma de controle de emisses que entrar em vigor no Brasil a partir de 2012. A indstria j realizou mais de 20.000 horas de testes de funcionalidade e durabilidade, em bancos de prova e nos veculos em operao.

    GM

    centro tecnolgico ampliado

    A GM (General Motors) segue uma linha agressiva de inovao, especialmente no quesi-to motores. Tanto que um dos grandes suces-sos de vendas, hoje, deve-se ao motor Econo.Flex 1.4, que inicialmente equipava o Prisma, e agora j est presente na linha Corsa e at no Meriva, que no faz parte da grade de autom-veis populares da montadora. Para faanhas como esta, a GM conta com mais de 2.000 profissionais envolvidos em projetos de criao e desenvolvimento de veculos para vrios pa-ses do mundo dentro do CT (Centro Tecnol-gico) de So Caetano. A unidade passou por ampliao recente e recebeu US$ 100 milhes em investimentos nos ltimos trs anos.

    O CT est subdividido hoje entre os avana-dos Centros de Engenharia, Design e Manu-fatura. Com essa estrutura, a montadora afir-ma que capaz de desenvolver novos veculos, desde o desenho inicial at a montagem final na fbrica. A Engenharia da GM Powertrain no Brasil parte integrante de 17 Centros de Engenharia de motores no mundo. Ela foi responsvel pela produo do motor 1.4 Eco-no.Flex, que utiliza a consagrada tecnologia VHC (Very High Compression). Todos esses investimentos, segundo a montadora, objeti-vam o desenvolvimento de automveis mais economicos e ao mesmo tempo com maior autonomia, conciliando a estratgia da GM de produzir modelos com design inovador.

    ForD

    potncia com economia

    A Ford no esconde de ningum: quer produzir inovao. A comear pelos mo-tores. A montadora colocou no ringue, em dezembro, a nova linha de motores Sigma, um projeto que contou com investimento de R$ 600 milhes. A nova linha produ-zida na unidade escluxiva de motores, em Taubat, de onde saem os j conhecidos Zetec RoCam.

    Segundo a montadora, a fbrica adota um novo e avanado sistema de produo, que prioriza a qualidade e a eficincia. Dentre os avanos, o motor Sigma traz a prerrogrativa de ser o primeiro motor flex com bloco, cabeote, crter e pistes de alumnio, caractersticas que o tornam mais leve, durvel e econmico, alm de produzir baixo nvel de rudo e emisses. No Brasil, o motor equipa, por enquanto, apenas o Focus, verso 1.6 Flex. O mo-delo flex foi desenvolvido pela engenharia brasileira, unindo a tradio mundial da Ford no desenvolvimento de motores com a tecnologia local da aplicao bicom-bustvel. Foi concebido para atingir a um novo padro de desempenho, economia de e emisses, com elevada durabilidade e baixo custo de manuteno, relata Enio Gomes, engenheiro-chefe de Motores da montadora.

    GM: ampliao do novo Centro Tecnolgico em So Caetano destaque.

    Novo motor desenvolvido pela Ford contou com investimentos de R$ 600 milhes.

    Acima, direita, Mercedes-Benz: alinhada com as tecnologias sustentveis.

  • MAIO DE 2010 | INoVaBCD 27

  • Projeto Ecoviver, da EcoRodovias: programa capacitou, este ano, 70 professores de escolas publicas de So Bernardo e Diadema para abordarem Educao Ambiental.

    o Grupo ecorodovias, a escola senai Mrio amato e a lavrita engenharia, Consultoria e equipamentos Industriais do exemplos de solues inovadoras, desenvolvidas a partir da identificao de necessidades especficas na regio do aBCD. os cases detalhados ao lado, mostram os resultados alcanados por elas.

    28 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    inovao cases de sucesso

    aBCD: a busca por solues responsveis

  • O PROBLEMA

    Lixo nas encostas das rodovias e degradao do Meio-Ambiente

    QUEM RESOLVE

    Grupo EcoRodovias

    A SADA

    Capacitao de professores da rede pblica para orientao de seus alunos

    O Grupo EcoRodovias implementou, h quatro anos, o projeto Ecoviver. A partir da formao de professores de escolas pblicas municipais, a empresa estimula o interesse de crianas e ado-lescentes pela preservao do meio ambiente. O grande gancho para este projeto se deu em funo da quantidade lixo nas rodovias, o que gera um gasto muito alto, porque ns somos responsveis pela destinao desse material, explica Artaet Martins, Assessor de Sustentabilidade do Grupo EcoRodovias.Este ano, em continuidade s suas aes, o pro-grama capacitou 70 professores de escolas pbli-cas de So Bernardo e Diadema, para abordarem a educao ambiental em suas disciplinas curri-culares, com o objetivo de mostrar a importncia dos chamados 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar.De acordo com Martins, antes do incio do proje-to a empresa chegou a recolher 180 milhes de toneladas de resduos por ms. Agora, j pode mensurar os resultados. Hoje, o pico fica em 120 toneladas ms. Ainda no suficiente, mas temos conscincia de que este um projeto de mdio a longo prazo.De acordo com a companhia, 60% do lixo recolhi-do nas rodovias, em peso, gerado pelas comuni-dades, enquanto 40% proveniente de usurios. A questo das comunidades vai mais alm. O lixo dispensado em rios e crregos causa enchentes e alagamento nas pistas. Por isso a importncia desse trabalho.Em 2009, o Ecoviver atendeu dez mil alunos, 240 professores, em 70 escolas no trecho sob admi-nistrao da Ecovias, que engloba os municpios de So Bernardo, Diadema, Santos, So Vicente, Guaruj e Praia Grande. O Grupo EcoRodovias o atual responsvel pela administrao da Anchieta e da Imigrantes.

    EDUCAO, MEIO-AMBIENTE E NEGCIO O PROBLEMA

    Degradao do asfalto para remoo de faixas de sinalizao

    QUEM RESOLVE

    Lavrita Engenharia Consultoria e Equipamentos Industriais

    A SADA

    Desenvolvimento de tecnologia a base de gua

    Por todo o pas, encontramos estradas e ruas que precisam de melhorias. Porm, h reformas que prejudicam o asfalto, aumentando o nmero dos to indesejveis buracos. Pensando nisso, a La-vrita, com sede em So Bernardo do Campo, de-senvolveu uma nova tecnologia, para remoo de faixas sinalizadoras em pistas urbanas e rodovias.O pavimento de ruas poroso e quando se aplica uma pintura utiliza-se uma tinta adequada para receber o atrito de pneus e resistente ao tempo. Quando h necessidade de remover a sinalizao, a alta-resistncia vira um problema. No Brasil, quando a mudana de faixas necessria, cos-tuma-se utilizar dois mtodos. Um de queima e retirada com esptulas e outro de microfresagem, porm ambos causam danos s ligas do pavimen-to, fazendo surgir buracos e fissuras nas pistas.O processo utilizado pela Lavrita a base de gua, o que reduz os danos s ligas de asfalto. A remoo das faixas realizada com a aplicao de gua em altssima presso, explica o Eng. Wilson Molina Ribas, diretor da Lavrita. A tecnologia est na aplicao, pois a gua em alta presso tambm pode gerar danos. A partir da anlise dos pavimen-tos, so aplicadas trs variveis: regulagem da pres-so, velocidade de rotao dos Bicos Aspersores e velocidade do veculo, reduzindo os riscos de leso no pavimento.O novo sistema comeou a ser utilizado h pouco mais de um ano e foi desenvolvido internamente, pela equi-pe da Lavrita. Sempre buscamos novas tecnologias. Vimos o mtodo na Europa e nos Estados Unidos, ten-tamos a parceria e no conseguimos. Ento, optamos por desenvolv-la dentro da nossa estrutura.Outra alternativa, muito utilizada remoo de faixas, a aplicao de uma nova camada de tinta cinza so-bre a faixa existente. Uma soluo mais barata e mais arriscada, porque gera desnveis. As concessionrias reconhecem que em dias de chuva essas aplicaes causam um alto ndice de acidentes, justifica Molina. Recentemente, a Agencia Nacional dos Transportes Ter-restres se posicionou contra esse mtodo. (J.H.)

    TECNOLOGIA ANTI-BURACO

    MAIO DE 2010 | INoVaBCD 29

    aBCD: a busca por solues responsveisLAMA PRECIOSA

    Se as mais de trs mil Marmorarias do Estado de So Paulo no sabem como reaproveitar os res-duos de sua produo, a Escola Senai Mario Ama-to, localizada em So Bernardo do Campo, ensina como faz-lo. Uma tese de mestrado realizada na Instituio, pela pesquisadora Roberta de Mello, mostra como a lama, proveniente do corte e aca-bamento de mrmores e granitos pode ser recolo-cada na produo, reduzindo custos, colaborando com o Meio-Ambiente e deixando de ocupar um grande espao nos aterros. Tanto a extrao das pedras, quanto o corte e acabamento geram p. Como o corte trabalhado com gua, o p vira uma lama que jogada em aterros ou at em lugares indevidos, expe Ro-berta. Mas possvel misturar essa lama a uma massa de cermica e produzir blocos ou telhas de cermica vermelha com muita qualidade.Para realizar o trabalho, a pesquisadora colheu amostras da lama em diversas marmorarias. Aps a anlise de resduos de mrmore, de granito e mistos, verificou-se a possibilidade da reutilizao. As propriedades do granito so melhores, mas possvel fazer uma massa mista ou utilizar s o resduo de mrmore em menor escala.O trabalho j foi concludo e comprovado, a im-plementao simples, mas a falta de responsa-bilidade ambiental ainda afasta as empresas da ao. Seria importante estimular a articulao entre as empresas, como um centro de recolhi-mento e reaproveitamento.Na Escola Senai Mario Amato funciona o maior centro tecnolgico de rochas ornamentais da Amrica Latina. O Ncleo de Tecnologias em Mr-mores e Granito foi criado em 2004 para apoiar modernizao do setor no pas e est estruturado com a Marmoraria-Escola, a Oficina de Processa-mento de Mrmores e Granitos e o Laboratrio de Caracterizao Tecnolgica, com investimentos superiores a R$3,5 milhes em equipamentos e instalaes.

    O PROBLEMA

    Gerao de resduos no corte e acabamento de mrmores e granitos

    QUEM RESOLVE

    Escola Senai Mrio Amato

    A SADA

    Reaproveitamento e produo de cermicas vermelhas

  • financiamento para o e-prodO BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), por meio da Prefeitura Municipal de So Caetano, financia o projeto piloto de um programa inovador desenvolvido pela USCS (Universidade Municipal de So Caetano do Sul). Trata-se do e-Prod, programa de ensino a distncia, que permite s Prefeituras de uma forma geral promover cursos de formao para seus muncipes, oferecendo capacitao profissional a microempresrios, pequenos comerciantes, indiv-duos fora do mercado de trabalho e estudantes. O e-Prod (Extenso Profissional a Distncia) pioneiro na rea pblica e foi desenvolvido pela Pr-Reitoria de Educao a Distncia da USCS. Por se tratar de autarquia municipal, a USCS pode ser contratada por qualquer Prefeitura Municipal do Pas, dispensando-se licitao.

    previdncia ganha prmioA Agncia Eletrnica de Servios ao Segurado do Por-tal da Previdncia deu ao Ministrio da Previdncia Social (MPS) o 4 Prmio Nacional de Desburocrati-zao Eletrnica, na categoria governo (Governo para Cidado), do Sistema Firjan (Federao das Inds-trias do Estado do Rio de Janeiro) e da FGV Projetos. O prmio foi recebido pelo ministro Carlos Eduardo Gabas, na sede da federao no Rio de Janeiro. Gabas disse que o Governo Lula tem incentivado a busca de alternativas tecnolgicas para facilitar o atendimento no servio pblico e destacou a neces-sidade do Estado unir esforos para encontrar solu-es inovadoras em favor do cidado. A Agncia Ele-trnica de Servios ao Segurado (www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=54) uma pgina dentro do Portal da Previdncia Social que agrega os servios disponveis online para os segurados da ins-tituio. No total, so 48 servios e links informativos cobrindo desde a inscrio de novos segurados at a solicitao de aposentadoria por tempo de servio ou contribuio, visando desburocratizar o relaciona-mento entre o cidado e a Previdncia Social.

    caiu na redeO Sebrae abraou a internet para mostrar como fazer da inovao um timo negcio. O Blog Faa Diferen-te apresenta conceitos, casos e uma agenda para aqueles que apostam em novas solues. Alm de posts, o blog disponibiliza programas em vdeo e u-dio. Acesse: facadiferente.sebrae.com.br

    R$ 1,6 BILHO PARA INOVAOEm 2010, a Finep vai direcionar R$ 1,6 bilho para empresas brasileiras interessadas em de-senvolver projetos de inovao. O recurso ser viabilizado atravs do Programa Inova Brasil, que oferece financiamentos reembolsveis e taxas de juros diferenciadas para contratao de projetos de pesquisa e desenvolvimento, capitaneados por empresas e executados por Instituies Cient-ficas e Tecnolgicas (ICTs).Entre as novidades, est a concesso simultnea do benefcio de subveno contratao de novos mestres e doutores. A Financiadora aprovou tambm a criao da linha de crdito para Inovao em Gesto, direcionada s aes de estruturao de ambientes internos de estmulo inovao, com taxa fixa anual de 6,5%. O Programa tem como pblico-alvo empresas de mdio e grande porte e em 2009 desembolsou cerca de R$ 900 milhes. Para ter acesso s condies para obteno do benefcio acesse o portal do Programa: www.finep.gov.br/programas/inovabrasil.asp

    BALANA COMERCIAL NO ABCDNo primeiro trimestre de 2010, So Bernardo do Campo apresentou resultado positivo em sua ba-lana comercial. No perodo, o municpio exportou aproximadamente US$ 839 milhes e importou US$ 659 milhes. No mesmo perodo, Santo Andr tambm manteve o saldo positivo, tendo ex-portado US$ 1,1 milho a mais do que o volume de importaes. So Caetano do Sul atingiu um saldo positivo de exportaes superior a US$ 115 milhes, tendo importado US$ 71,2 milhes. J Diadema apresentou um dficit de US$ 95 milhes, tendo exportado apenas R$ 36,6 milhes.

    30 INoVaBCD | MAIO DE 2010

    notas e sevios

    DATAPROM Atua na rea de equipamentos de informtica industrial.

    COSS CONSULTING Fornece produtos e servios para os Processos Comerciais e da Cadeia de Abastecimento.

    EDUCANDUS Fornece tecnologia e servios voltados a ensino e aprendizagem.

    MOGAI Oferece produtos com foco na gesto em tempo real da logstica e produo.

    EQUILBRIO Desenvolve equipamentos para o agronegcio.

    THREETEK Fornece informaes geogrficas para os segmentos de leo e gs, meio ambiente e portos.

    EMBAFORT Desenvolve, projeta e produz embalagens especiais de madeira.

    EUROFORTE Formulao de micronutrientes aditivados.

    COBRASPER Ingressou no segmento de perfuratrizes para poos de petrleo onshore.

    FINeP aProXIMa eMPreNDIMeNtos De INVestIDoresNove empreendimentos de setores como tecnologia da informao, habitao e agrone-gcio apresentaram seus planos de negcios a um grupo de cerca de 50 investidores no 18 Venture Forum FINEP, realizado durante o congresso anual da Associao Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), realizado no Rio de Janeiro. Os participan-tes foram selecionados por uma banca de composta por especialistas da Financiadora, consultores de mercado e gestores de fundos entre um total de 106 empreendimentos inscritos. At hoje, cerca de 170 empreendimentos se apresentaram nas 18 edies do evento. Escolhemos empresas com grande potencial e orientamos os empreendedores sobre a apresentao dos planos de negcio. Agora, desejo boa sorte a todas no pro-cesso seguinte, que a aproximao com os investidores, disse Patrcia Freitas, Supe-rintendente da rea de Investimentos da FINEP. As empresas participantes foram:

  • MAIO DE 2010 | INoVaBCD 31

    BNDESCAPITAL INOVADOR(Foco na Empresa) http://www.bndes.gov.br/

    Definio/Itens financiveis

    Objetivo: apoiar empresas no desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas em carter sistemtico.

    Investimentos em capitais tangveis, incluindo infraestrutura fsica, e em capitais intangveis.

    Apresentao de estratgia de negcio conforme o modelo de Plano de Investimento em Inovao (PII)

    Agente financeiro: BNDES (operao direta), por meio de financiamento e/ou capitalizao.

    Pblico: Micro, pequena, mdia e grande empresa.

    Caractersticas/ Financiamento e prazo de execuo/ Fomento

    Apoio mnimo: R$ 1 milho. Apoio mximo: R$ 200 milhes por grupo econmico.

    Taxa de juros para Grandes Empresas: TJLP + Remunerao Bsica do BNDES (0,0% a.a) +Taxa risco de at 3,57%, conforme a avaliao de risco.

    Taxa de juros para MPMEs: TJLP + Remunerao Bsica do BNDES (0,0% a.a) + Taxa risco de ou igual a 0,0%.

    Execuo em at 12 anos.

    Forma de Desembolso/ Carncia e amortizao/ garantias

    A critrio do BNDES, estaro dispensadas da constituio de garantias reais as operaes de financiamento que no excedam o mximo de R$ 10 milhes de exposio junto ao BNDES,

    por grupo econmico, estando excludas deste valor as operaes de subscrio de valores mobilirios.

    Exceo: a critrio do BNDES, o apoio a softwares produzidos no exterior, a despesas que impliquem em remessas de divisas e importao de equipamentos sem similar nacional, com a devida comprovao, desde que associados ao PII. Pode ser admitido tambm o apoio a edificaes desde que diretamente relacionadas as atividades de P&D, no realizadas de forma isolada.

    Participao de at 100% dos itens financiveis.

    Forma de solicitao pela Empresa

    As solicitaes de apoio financeiro so encaminhadas diretamente ao BNDES por meio de Carta-Consulta - preenchida segundo as orientaes do Roteiro de Informaes para Consulta Prvia - Linha Capital Inovador (PII).

    Anlise da estratgia da empresa para verificar a lgica do projeto.

    BNDES INOVAO TECNOLGICA(Foco no Projeto)

    Definio/Itens financiveis

    Objetivo: apoiar projetos de inovao de natureza tecnolgica que busquem o desenvolvimento de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional) e que envolvam risco tecnolgico e oportunidades de mercado.

    Agente financeiro: BNDES (operao direta), por meio de financiamento e/ou capitalizao.

    Pblico: Grande Empresa.

    Caractersticas/ Financiamento e prazo de execuo/ Fomento

    Apoio: mnimo R$1 milho. Taxa de juros: 4,5% a.a. Execuo em at 14 anos.

    Forma de Desembolso/ Carncia e amortizao/ garantias

    A critrio do BNDES, estaro dispensadas da constituio de garantias reais as operaes de financiamento que no excedam o limite mximo de R$ 10 milhes de exposio junto ao BNDES, por grupo econmico, estando excludas deste valor as operaes de subscrio de valores mobilirios.

    Exceo: admite-se, a critrio do BNDES, o apoio a despesas que impliquem em remessas de divisas, a importao de equipamentos sem similar nacional, com a devida comprovao, bem como o apoio a edificaes desde que diretamente relacionadas as atividades de P&D.

    Participao de at 100% dos itens financiveis.

    Forma de solicitao pela Empresa

    As solicitaes de apoio financeiro so encaminhadas diretamente ao BNDES por meio de Carta-Consulta - preenchida segundo as orientaes do Roteiro de Informaes para Consulta Prvia - Linha Inovao Tecnolgica(Plano de Investimento em Inovao - PII)

    Para grandes empresas (ROB acima de R$ 300 milhes) a orientao no sentido de apoiar o incremento dos esforos de inovao.

    Estabelecimento de indicadores para avaliao.

    DUAS OPES PARA SAIR DO PAPELConfira a seguir duas opes de financiamento oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento econmico e social (BNDes). Voc pode us-los para tirar do papel aquele projeto inovador que estava a espera de uma oportunidade

  • aindo de So Francisco, Ca-lifrnia (EUA), possvel tomar um trem e chegar a San Jose, capital mundial da tecnologia. Cerca de 20 estaes separam uma cida-

    de da outra, entre elas a que leva Univer-sidade de Stanford. Nem todo mundo ouviu falar do Stanford Research Park, criado para apoiar empresas de base tecnolgica. Mas, a partir desse Parque, universidades, empresas e governo se uniram para suportar a corrida armamentista e aeroespacial americana nos anos 90, criando tecnologia para msseis e computadores que guiaram as naves Apollo. Nascia, assim, o maior Polo Tecnolgico do mundo, o Vale do Silcio.

    Este modelo norte-americano de coope-rao foi seguido por pases em todos os continentes. Este ano, o ABCD corre para viabilizar seu Polo Tecnolgico regional, em um cenrio que apresenta a necessidade de sustentar a competitividade da indstria local e uma gama de oportunidades, como a explorao do Pr-Sal, que demandar o desenvolvimento de mquinas e mo-de-obra especializada. Mas, o projeto esbarra em dificuldades, como articular sete pre-feituras, Governo Estadual, empresas de diferentes portes e instituies de ensino e pesquisa.

    A ideia nasceu h dez anos e existem muitos nomes por trs dela, como o do ex-prefeito Celso Daniel. Nesse comeo, a proposta era gerida pelo Consrcio Inter-municipal do Grande ABC, formado pelas prefeituras locais. Como a entidade lidava com muitas demandas emergenciais, o Polo no era visto como um projeto de urgn-cia, diz Luiz Almeida, coordenador de re-laes institucionais da Agncia de Desen-

    volvimento Econmico do ABC. Para o cientista poltico e presidente do

    Grupo de Trabalho (GT) do Polo Tecno-lgico do ABC, Luis Paulo Bresciani, a es-trutura fsica ainda no existe, mas algumas etapas j saram do papel. As gestes ante-riores priorizaram o estabelecimento de in-cubadoras locais, tambm necessrias para o desenvolvimento do Polo. Hoje, a regio conta com quatro incubadoras, localizadas em Mau, Santo Andr, So Bernardo e So Ca