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GRUPO DE TRABALHO 7
RURALIDADES E MEIO AMBIENTE
GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
UM EMBATE MODERNO E PÓS-MODERNO – O
TRIUNFO DA RAZÃO E DO SUJEITO
Naira Tomiello
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GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM EMBATE MODERNO E PÓS-
MODERNO – O TRIUNFO DA RAZÃO E DO SUJEITO
Naira Tomiello1
Resumo
A característica polissêmica e ideológica que envolve o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS)
é revelada no debate travado entre seus opositores e seus entusiastas. E, no centro das controvérsias,
está a difícil relação entre a economia e o meio ambiente. Este estudo sustenta a perplexidade diante da
vida, do mundo e o movimento humano na direção de mudanças. Tal movimento de mudança é
captado, neste trabalho, a partir das referências, seguindo os conceitos de modernidade e pós-
modernidade. Assim, tem-se como objetivo desta pesquisa compreender como o DS se relaciona com o
discurso da pós-modernidade e o que o prende à modernidade. O método de investigação consiste em
uma pesquisa qualitativa e exploratória, cujo procedimento de coleta de dados deu-se por meio de
investigação bibliográfica e documental. Entre os resultados, destacam-se: a) Caracterização da
modernidade e pós-modernidade, seguindo a demarcação histórica e a caracterização da racionalidade
como distinção entre tais conceitos; b) Caracterização do DS, seguindo seus princípios, dimensões,
abrangência conceitual e pela ênfase pragmática, por meio da diretriz BS 8900, a qual tem em vista o
gerenciamento da sustentabilidade. Diante da investigação, concluiu-se que a interface entre valores-
ações-resultados denuncia o triunfo da razão e do sujeito na proposição do DS. Seu discurso conecta
princípios a resultados e apresenta uma estrutura pragmática que busca integrar a racionalidade
instrumental, crítica e ambiental.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; Modernidade; Pós-modernidade; Gestão.
1 Introdução
O termo desenvolvimento sustentável apresenta muitas controvérsias. Apesar das diferenças
travadas entre os seus entusiastas e os seus opositores, pode-se afirmar que os pontos de convergência
centram-se no entendimento sobre a difícil relação entre economia e ecologia (LEIS, 1995), assim
como na necessidade de promover sua conciliação. (MONTIBELLER Filho, 2004). Quer dizer, mesmo
entre os otimistas, a relação é muito complexa; já entre os que sustentam que o desenvolvimento
sustentável é um mito, ainda assim é essencial. Nesta direção, Montibelle Filho (2004, p. 293) afirma:
“A conclusão da impossibilidade de que isto [desenvolvimento sustentável] venha a ocorrer em escala
global não invalida os esforços que visam a processos de transformação das condições
socioeconômicas com uma melhor relação do homem com a natureza”. O autor descreve a imprecisão
do termo sustentáve,l devido a sua característica polissêmica e ideológica. Outra crítica também é
1 Doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), Mestre em Administração de Empresas
(UDESC), Bacharel em Ciências Sociais (UFSC) e Licenciada em Filosofia (UCS). Bolsista pelo CNPq desde março de
2009.
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embasada por Guivant (1995, p. 110), que diz que o termo é “tachado de metafísico e impertinente para
os países desenvolvidos”. Souza (2005) sustenta a tese da “superficialidade e pouca efetividade” para
referir-se ao desenvolvimento sustentável e também os limites do sistema capitalista para chegar a esse
desenvolvimento:
Não são poucos os autores que têm se socorrido do rótulo „desenvolvimento
sustentável‟ sem se perguntarem, com um grau razoável de concretude, detalhamento
e amarração teórica, o que se deseja sustentar? [...] Sustentável para quem? Qual o
nível de compatibilidade entre capitalismo e proteção ambiental [...]? (SOUZA, 2005,
p. 260).
O “desenvolvimento sustentável” é superficial e pouco efetivo, entretanto, não apenas
devido a um comprometimento com um substrato metateórico conservador [...], mas
porque ele busca obsessivamente o consenso. (SOUZA, 2005, p. 262)
A difícil, porém necessária convergência entre ecologia e economia, é sinalizada por Leis
(1995, p. 24):
Ela exige muito mais que o uso de uma razão instrumental capaz de tomar decisões
adequadas, tal como sugere o neoliberalismo com sua reivindicação da eficiência
intrínseca do mercado. Ela demanda uma mudança profunda do comportamento e da
mentalidade de todos os atores, sejam estes pertencentes ao mercado, ao Estado e à
sociedade civil.
A necessidade de ajuste entre a “realidade, as consciências e as expectativas” deve definir os
novos parâmetros para uma política ambiental mundial, segundo Leis (1995). Nessa linha, o livro
“Meio Ambiente no Século XXI”, organizado por Trigueiro (2006), traz vinte e um artigos que
incluem, fundamentalmente, os seguintes temas: alfabetização ecológica; ecologia e espiritualidade; a
relação entre cultura e ambiente; mídia e meio ambiente; indicadores de sustentabilidade; movimento
ambientalista no Brasil; sustentabilidade empresarial; consumo sustentável; ciência e tecnologia;
protocolo de Quioto; relações internacionais; agricultura sustentável; desafios ecológicos das cidades;
mundo do trabalho e a ecologia; o problema do risco tecnológico; a gestão ambiental pública; Direito e
meio ambiente; governança; e Agenda 21. Os artigos sugerem uma diversidade do escopo temático que
deixa entrever a complexidade interdisciplinar na abordagem ambiental. O livro sustenta a opção pela
credulidade à abordagem sustentável do desenvolvimento, envolvendo os espectros material e
simbólico para sua discussão.
O simbólico e o material são constitutivos da concepção de DS, que reflete o “envolvimento e a
tomada de consciência sócio-econômico-ambiental-política de todos os atores sociais [...]”. (PHILIPPI
Jr. 2000, p. 14). Há uma interdependência dos problemas de toda ordem, típica da “nova etapa
civilizatória” em que a “ciência e a tecnologia se converteram na maior força produtiva e destrutiva da
4
humanidade [...]”. (LEFF, 2000, p. 23). Assim, o DS, na perspectiva de “diminuir a distância entre a
identificação do problema e a formulação de soluções adequadas”. (PHILIPPI Jr. 2000, p. 5), mantém,
em sua gênese, a demanda por uma “abordagem holística e um método interdisciplinar que permitam a
integração das ciências da natureza e da sociedade; das esferas do ideal e do material, da economia, da
tecnologia e da cultura”. (UNESCO, 1986 apud LEFF, 2000, p. 20).
O diálogo entre os saberes, definido por “matrizes de racionalidade-identidade-sentido que
respondam a estratégias de poder pela apropriação do mundo e da natureza” (LEFF, 2000, 46), têm em
vista o resgate da unicidade do conhecimento, que fora perdida pela ciência moderna. A “perturbada
consciência de viver numa civilização frágil” (BECK, 2003, p. 29), demanda uma “tolerância
discursiva” (SANTOS, 2006, p. 79), própria da ciência pós-moderna. Sendo a tolerância discursiva
uma pré-condição para o DS, como é possível integrar essa proposta às perturbações da pós-
modernidade, onde a ética é substituída pela estética, onde a identidade-eu prepondera sobre a
identidade-nós (ELIAS, 1994)?
Apesar de polêmica, a noção de DS sobrevive latente ou explicitamente nos embates
acadêmicos, nos setores público e privado, no âmbito local, nacional e internacional. Ainda que a sua
proposição fosse completamente refutada, todo o movimento e as expectativas, nacionais e
internacionais geradas até aqui, já justificariam seu estudo. Com isso, confirma-se que não é intenção
deste artigo posicionar-se em defesa ou contra essa noção. Mas, sobretudo, captar, ainda que
preliminarmente, a perplexidade diante da vida e do mundo e o movimento humano na direção de
mudanças. Giddens (1991) sugere que essas mudanças são consequências da descontinuidade que
separam as instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais. O autor propõe três
características que devem ser consideradas para captar a mudança: o ritmo (velocidade), o escopo
(global) e a natureza intrínseca das instituições modernas (diferença). A velocidade das mudanças, o
alcance global, com a interdependência local, e as diferenças materiais e simbólicas intrínsecas das
instituições expõem uma época de incertezas e fragmentações. Silva (2004, p. 1) descreve “uma época
de transição, de transformação, onde o projeto da modernidade [ou pós-modernidade] parece ter-se
cumprido em excesso ou ser insuficiente para solucionar os problemas que assolam a humanidade”.
Assim, tem-se como pergunta norteadora deste artigo: Como o desenvolvimento sustentável se
relaciona com o discurso da pós-modernidade e o que o prende à modernidade?
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2 Modernidade e Pós-Modernidade: Um Recorte Possível
Atrever-se a discutir os conceitos de modernidade e pós-modernidade, embora largamente
explorados, constitui um desafio. Há uma enormidade de interpretações sobre tais conceitos que, ora
os contrapõem, ora os fundem e ora os negam. Há os que procuram situar a distinção mediante o
resgate histórico, todavia, a ausência da periodicidade histórica bem demarcada pode ser considerada
uma importante característica desses conceitos.
Entende-se, entretanto, que a demarcação [não a ênfase] histórica traz referenciais significativos
para essa discussão. Baseada em vários autores, Minella (2007) situa a pré-modernidade entre o
Renascimento e a Alta Idade Média, entre a metade do século XVI e meados do século XVIII. Os fatos
característicos dessa época, por exemplo, são: a crise Feudal, o desenvolvimento do comércio e das
cidades, a formação dos Estados Modernos, Reforma Protestante e Revolução Científica. A
“modernidade”, seguindo a autora, compreenderia o período entre os séculos XVII e XX, e tem como
essencial: a Luta contra o Absolutismo, o Iluminismo, a Revolução Francesa, o Materialismo Histórico,
a I e II Guerras Mundiais e o Modernismo nas Artes. O termo pós-modernidade foi utilizado
inicialmente pelo historiador Toynbee, em 1947, e tornou-se corrente a partir de 1950. Os
acontecimentos sinalizados como característicos desta época são: Inovações na Arquitetura,
computação, arte pop dos anos 60, filosofia dos anos 70, tecnociência, aceleração do consumo,
ausência de valores e de sentidos, estética do cotidiano (moda, cinema, música), fim das Utopias,
multiculturalismo, Queda do Muro de Berlim e o refluxo do movimento sindical.
Outra demarcação histórica capaz de elucidar a distinção entre os conceitos de modernidade e
pós-modernidade é apresentada pela filósofa Marilena Chauí (2000), a partir da caracterização da
racionalidade. Para a autora, de um lado está a capacidade do homem de dominar a natureza (Filosofia
Moderna) e, de outro, a descrença na capacidade da razão (Filosofia Contemporânea). Para Chauí, a
modernidade começou a ser tecida na Renascença (transição entre o pensamento medieval e moderno –
séc. XV –XVI), quando há a retomada do pensamento clássico, de que o homem faz parte da natureza e
nela pode intervir. Distanciando-se do determinismo medieval, no qual há a sujeição do homem aos
desígnios divinos, a Renascença buscava esboçar o ideal de homem como artífice do seu próprio
destino. As descobertas marítimas tornaram possível a efervescência teórica e prática (astrologia,
política, técnica, artes, etc.) para a compreensão e intervenção no mundo e, fundamentalmente,
permitiu uma visão crítica da própria sociedade. A dessacralização do mundo possibilitou a difusão da
idéia de liberdade de crença e de pensamento (ideal da Reforma Protestante) e a luta contra o princípio
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da autoridade, buscando-se, nos poderes humanos, o traço do seu próprio destino. Nesse contexto, o
pensamento moderno (séc. XVII-XVIII) sinaliza a emergência do conhecimento científico. A
perspectiva científica precisava resguardar-se do cometimento de erros (como a teoria geocêntrica) e,
então, passa a refletir sobre si mesma e desenvolver a principal característica do pensamento moderno:
a questão do método. Com isso, procurava-se saber se um conhecimento era válido ou não.
Como fundamento, todo objeto de conhecimento científico deveria ser racionalmente
transformado em conceito e também deveria ser demonstrável. A crença na razão (racionalismo e
empirismo) passa a ser o norte para compreensão e apreensão do homem e da natureza. No período
compreendido entre os séculos XVIII e XIX, a filosofia Iluminista reafirma os poderes da razão para
conquistar a liberdade e o progresso, este representa a ruptura com a história e a tradição. O homem,
estando livre das amarras dos preconceitos religiosos, das superstições e dos medos (conquistas
garantidas pelo conhecimento científico), pode atingir o aperfeiçoamento da razão, que se materializa
no progresso das civilizações. A associação entre a ciência e a idéia de evolução faz surgir um novo
homem, que não mais se satisfaz em conhecer a natureza, mas quer dominá-la. E, de posse da
maioridade da razão, o homem busca soluções racionais para todos os domínios: político, econômico,
moral e religioso. (CHAUÍ, 2000).
A exaltação ao poder da razão na busca da emancipação humana trouxe o fortalecimento do
sistema capitalista, já solidificado pela Revolução Industrial. A crença na razão, no discurso científico
e no progresso como um fim fortaleceu o capitalismo e, com ele, as inerentes contradições. Karl
Marx alerta sobre as contradições do capitalismo, apresentando sua compreensão das bases econômicas
da vida social e política. Para ele, os conflitos decorrem da “exploração do homem pelo homem”. O
capitalista explora a força de trabalho por meio da alienação, opressão, mais-valia etc. Os proprietários
dos meios de produção compram a força de trabalho como mercadoria submetida à lei da oferta e da
procura. As leis coercitivas do mercado competitivo promovem a destruição criativa e o estímulo ao
consumo como fetiche, tornando-se molas propulsoras do capitalismo. Marx caracteriza a
modernização capitalista “como processos sociais que promovem o individualismo, alienação,
fragmentação, efemeridade, inovação, destruição criativa, desenvolvimento especulativo, mudanças
imprevisíveis nos métodos de produção e de consumo, mudanças da experiência do espaço e tempo”.
(HARVEY, 2006, p. 107).
Chauí (2000) sintetiza outra crítica ao poder emancipatório da razão, fundada no entusiasmo
pelas ciências e técnicas, que foi elaborada por volta de 1924, pela Teoria Crítica ou Escola de
Frankfurt (com tendências marxistas). O século XX foi cenário de sucessivos fatos que jogaram por
terra o otimismo científico-tecnológico: duas guerras mundiais, bombardeio de Hiroshima e Nagasaki,
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campos de concentração nazista, guerras da Coréia, do Vietnã, ditaduras, devastação de florestas,
poluição do ar, os perigos cancerígenos dos alimentos etc. A Teoria Crítica distingue duas formas de
razão para entender as consequências da racionalidade pretendida pelos iluministas, assim como as
alternativas que conduziriam a uma verdadeira emancipação humana. A primeira forma é a razão
instrumental. Esta é a razão técno-científica, que está a serviço da exploração, da dominação e da
violência, e é consequência da obsessão por resultados, estratégias, cálculos etc. Diferentemente, a
racionalidade crítica propõe-se a refletir sobre as contradições e os conflitos gerados pelo poderes
dominantes, sejam oriundos das forças do capitalismo, sejam das forças coercitivas do Estado. Os
valores predominantes na racionalidade crítica são a ética, a integridade e a emancipação humana.
Bauman (2001) distingue teoria crítica clássica e teoria crítica revisitada. Para o autor, a teoria
crítica clássica analisa a modernidade sólida, com início aproximado no ano de 1910; e a modernidade
líquida, final da década de 60, tem o foco na teoria crítica revisitada. Na modernidade sólida, o ideal
de emancipação ocorria com o derretimento dos sólidos, aludindo à idéia marxista de que “tudo que é
sólido se desmancha no ar”. Os sólidos que deveriam ser derretidos eram a força da tradição; a
tendência totalitária; o modelo de industrialização, de acumulação e de regulação; o triunfo da razão
instrumental; a fé no progresso e a descrença no passado.
O ícone da modernidade sólida é representado pelo fordismo (1914), que implantou a Teoria da
Administração Científica de Taylor. Esta descrevia que a produtividade poderia ser radicalmente
aumentada por meio da decomposição de cada processo de trabalho, estes eram fragmentados em
padrões rigorosos de tempo e estudo dos movimentos. Havia concentração espacial do capital industrial
e estreita articulação entre os interesses do Estado e do capital. A concepção de produção era orientada
para mercados em massa de bens homogêneos duráveis; uniformidade e padronização; e grandes
estoques. O trabalho era gerido com pouco ou nenhum treinamento; a organização vertical, reforçando
a hierarquia; e redução da responsabilidade do trabalhador. O Estado intervinha no mercado por meio
de políticas de renda e de preços e adotava a política do bem-estar social. O fordismo caracterizava-se
pela rigidez. (HARVEY, 2006).
A teoria crítica clássica pretendia desarmar e neutralizar a tendência totalitária numa defesa
clara à autonomia, à liberdade de escolha e ao direito de ser e permanecer diferente. O fundamental era
libertar o indivíduo do totalitarismo, da regulação e da opressão. E as críticas ao triunfo da
racionalidade instrumental foram exploradas pela estética (Harvey), criando uma nova mitologia de
resgate ao “eterno e imutável”, gerados pela fragmentação e pelo caos da vida moderna. Cabia ao
artista a definição da essência da humanidade, criticando as condições de produção (máquina, fábrica,
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urbanização), de circulação (sistema de transporte e comunicação) e de consumo (mercado de massa,
publicidade).
Seguindo Harvey (2006), a busca da experiência estética levou a um subjetivismo radical e a um
individualismo exagerado. A arte e a cultura perderam o conteúdo “revolucionário” contra as forças
reacionárias e passaram a representar os interesses corporativos estatais. Do descontentamento gerado
por uma cultura elitista houve o movimento denominado contracultura. Isso ocorre nas décadas de 60
e 70, momento em que o capitalismo era contestado de diferentes modos, por meio de greves, busca do
direito de ser diferente etc. Esse movimento associado às crescentes contradições do capitalismo, como
as crises energéticas, e a inevitável reordenação do capital no espaço e tempo, viabilizado pelo
desenvolvimento tecnológico, fundamentaram a transição da rigidez do fordismo para uma acumulação
flexível. Esta gera um grande impacto nas práticas político-econômicas e na vida social e cultural. A
compreensão do “espaço- tempo” é nova ordem do mundo capitalista para expandir e acelerar seus
domínios. O processo produtivo torna-se mais flexível; há redução de estoques; o controle de
qualidade é integrado ao processo e atende mercados especializados. No desenvolvimento do trabalho,
há preocupação com a aprendizagem; há longos treinamentos para atender a necessidade de
requalificação constante; e o trabalhador atua de forma participativa. O Estado atua na regulamentação
e flexibilização para atender a dinamicidade do capitalismo flutuante. A acumulação flexível
caracteriza-se pela desregulamentação e volatilidade dos produtos, técnica de produção, idéias e
valores. (HARVEY, 2006).
Se a teoria crítica clássica ocupa-se da modernidade sólida, representada pela rigidez do
fordismo, a teoria crítica revisitada ocupa-se da modernidade líquida, representada pela acumulação
flexível. Segundo Bauman (2001), a teoria crítica revisitada analisa os novos padrões gerados pela
acumulação flexível que traduzem a fluidez e a leveza da modernidade líquida. A instantaneidade
altera o dimensionamento do espaço e torna efêmera todas as relações, sejam de consumo, de produção
ou de convívio.
A seguir, no item 3, busca-se apresentar os principais conceitos, premissas, dimensões, que
envolvem o termo DS.
3 Desenvolvimento Sustentável: Racionalidades, Conceitos, Dimensões e Princípios.
A problemática ambiental, segundo Leff (2001, p. 133), “questiona os custos socioambientais
derivados de uma racionalidade produtiva, fundada no cálculo econômico, na eficácia dos sistemas de
controle e previsão, uniformização dos comportamentos sociais e na eficiência de seus meios
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tecnológicos”. Para o enfrentamento de tal problemática, o autor desenvolve a categoria de
racionalidade ambiental, que abrange princípios éticos, bases materiais, instrumentos técnicos e
jurídicos para a gestão democrática e sustentável do desenvolvimento. Para isso, descreve um conjunto
de processos sociais implicados, entre eles, “a formação de uma consciência ecológica; o planejamento
transetorial da administração pública e a participação da sociedade na gestão dos recursos ambientais; a
reorganização interdisciplinar do saber, tanto na produção como na aplicação dos conhecimentos [...]”.
(LEFF, 2001, p. 135).
A racionalidade ambiental é construída a partir de quatro esferas das racionalidades:
racionalidade substantiva (valores que orientam as ações); racionalidade teórica (teoria crítica para a
construção de uma racionalidade produtiva alternativa); racionalidade instrumental (meios eficazes
para atingir objetivos); racionalidade cultural (integra diferentes formações socioeconômicas e grupos
étnicos). A racionalidade ambiental, que tem em vista um desenvolvimento sustentável e democrático,
É resultante de um conjunto de significações, normas, valores, interesses e ações
socioculturais; é a expressão do conflito entre o uso da lei (do mercado) por uma
classe, a busca do bem comum com a intervenção do Estado e a participação da
sociedade civil num processo de reapropriação da natureza, orientando seus valores e
potenciais para um desenvolvimento sustentável e democrático. (LEFF, 2001, p. 143).
A expressão desenvolvimento sustentável ganhou visibilidade após sua publicação no relatório
da Comissão Brundtland, nos anos 80. O conceito que fora enfatizado e até hoje norteia grande parte
dos trabalhos sobre desenvolvimento sustentável é “satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. (apud
ALMEIDA, 2002, p.55). Montibeller (2004) distingue os conceitos:
É desenvolvimento porque não se reduz a um simples crescimento quantitativo; pelo
contrário, faz intervir a qualidade das relações humanas com o ambiente natural, e a
necessidade de conciliar a evolução dos valores socioculturais com a rejeição de todo
processo que leva à deculturação. É sustentável porque deve responder à equidade
intrageracional e intergeracional. (MONTIBELLER, 2004, p. 50).
O conjunto de princípios norteadores do DS reforça a ruptura paradigmática com o modelo
cartesiano. Este é caracterizado pelo tecnocentrismo; preceitos éticos desconectados das práticas
cotidianas; pela relação de dominação dos seres humanos sobre a natureza; pelo bem-estar avaliado
mediante a relação de poder, dinheiro e influências; pela ênfase na quantidade e na competição; e
pouco ou nenhum limite tecnológico. O paradigma da sustentabilidade é orgânico, holístico e
participativo; integra a ética ao cotidiano; seres humanos e ecossistemas apresentam uma relação de
sinergia; o bem-estar é avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e
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sociais; há ênfase na qualidade de vida e na cooperação; os limites tecnológicos são impostos pela
sustentabilidade. (ALMEIDA, 2002).
O DS no século XXI pode ser interpretado como uma “grande iniciativa e capacidade de ação
ética e comunicativa, que o habilita para se constituir em um eixo civilizatório fundamental, na direção
de uma maior cooperação e solidariedade entre nações, povos, culturas, espécies e indivíduos”. (LEIS;
D´AMATO, 1995, p. 17).
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal, a fim de atender as
demandas para o desenvolvimento econômico com qualidade ambiental, colocou à disposição da
sociedade um banco de dados, com o intuito de sistematizar diferentes informações sobre o DS, entre
elas: histórico, conceitos, metodologias, experiências, instrumentos, índices, fontes de financiamentos e
referências bibliográficas. Com relação aos conceitos, a Secretaria sistematizou quarenta e sete
definições de DS e termos correlatos, com as respectivas fontes bibliográficas. No quadro n° 01, a
seguir, procurou-se destacar, resumidamente, os principais conceitos:
Quadro 01: Multiplicidade Conceitual do Desenvolvimento Sustentável
Conceitos do Desenvolvimento Sustentável
Processo de mudança e elevação das oportunidades da sociedade;
Compatibilização, no tempo e no espaço, do crescimento econômico com a conservação ambiental, qualidade de
vida;
Compromisso com o futuro e a solidariedade entre as gerações;
Associação entre qualidade de vida e economia eficiente e competitiva;
Progresso humano em todo o planeta e para um futuro longínquo;
Progresso alcançado não só pelas nações em desenvolvimento, mas também pelas industrializadas;
O desenvolvimento não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na terra;
A terra não deve ser deteriorada além de um limite razoável de recuperação;
Índice de esgotamento dosado para garantir que os recursos não se esgotem;
As soluções globais não se reduzem apenas a degradação do ambiente físico, mas devem incorporar as dimensões
sociais, políticas e culturais;
Busca de melhoria de vida, respeitando os limites da capacidade dos ecossistemas;
Processo de transformação, que envolve a exploração de recursos e o desenvolvimento tecnológico, se harmonize
e reforce o potencial presente e futuro;
Possibilidade de as terem gerações futuras tantas ou mais oportunidades das que temos hoje;
Criação de benefícios duradouros para a comunidade;
Compromisso com as regras ecológicas;
Melhora as condições de vida das comunidades humanas ao mesmo tempo em que respeita as regras dos
ecossistemas;
Critérios fundamentais: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica;
Desenvolvimento que proporcione melhoria de vida ao mesmo tempo em que conserve a vitalidade e diversidade
do Planeta Terra;
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Estabilidade dos recursos naturais;
Processos ecológicos necessários para manter a produtividade;
Perspectiva de desenvolvimento que se baseie em pressupostos éticos e em solidariedade;
Solidariedade sincrônica e diacrônica;
O bem-estar da geração atual não pode ser construído em detrimento da geração futura;
Renda per capita através da substituição ou conservação das fontes daquela renda;
Melhoria qualitativa de uma base física dentro da capacidade regenerativa e assimilativa do ecossistema;
Desenvolvimento se harmonize com potencial presente e futuro do meio ambiente e a evolução dos perfis
culturais;
Eficácia do uso do fator de produção com a conservação dos recursos naturais.
Fonte: Adaptado da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (2008).
A variação do conceito de DS pode ser interpretada como uma fragilidade do conceito. Segundo
Lenzi (2006, p. 51), tal diversidade “faria dele um „clichê‟ e justificaria o dissenso que cerca a idéia de
DS, inviabilizando, por sua vez, a possibilidade de colocar em movimento uma política ecológica
coerente”. Por outro lado, as diferentes formas de compreender o que é DS sintetizam suas dimensões.
Estas representam a ruptura da perspectiva de desenvolvimento de cunho economicista e a adoção de
um conceito multidimensional. Montibeller Filho (2004, p. 283) lembra que “diferentes apropriações
do conceito de DS são feitas na sociedade, por diversos grupos de interesse, cada qual considerando
apenas a dimensão para si mais interessante”. Ignacy Sachs foi quem elaborou inicialmente a distinção
entre as dimensões, entretanto, elas serão sintetizadas aqui a partir de Fialho et al. (2006). Os autores
sintetizam seis dimensões, seguidas por suas respectivas abrangências: Social (criação de postos de
trabalho; direito dos trabalhadores; aumento da equidade; aumento da auto-suficiência local);
Econômico (sustentação do crescimento econômico; expansão dos mercados; manejo eficiente dos
recursos; absorção, pela empresa, dos custos ambientais); Ecológico (prudência no uso de recursos não
renováveis; conservação e reciclagem dos recursos; tecnologias e processos produtivos de baixo índice
de resíduos); Cultural (soluções adaptadas a cada ecossistema; respeito à formação comunitária);
Temporal (a complexidade do sistema pode ser mais bem apreendida a partir da representação gráfica
de medidas vetoriais); e Espacial (desconcentração espacial; desconcentração do poder local e regional;
relação cidade/campo equilibrada).
De acordo com a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) (1986, apud
MONTIBELLER FILHO, 2004, p. 49), as dimensões indicam o novo paradigma de que resultam os
seguintes princípios: “integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades
humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e
respeitar a diversidade cultural; e manter a integridade ecológica”.
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Associada à necessidade de entender o que é DS, seus princípios e dimensões, está a
necessidade de compreender como é possível chegar a esse desenvolvimento. Para tanto, são criados
indicadores que tem em vista aplicabilidade e controle das práticas sustentáveis. Esses indicadores são
gerenciados a partir de modelos de gestão.
4 Gestão do Desenvolvimento Sustentável e o Saber Ambiental
As empresas detêm a maior responsabilidade pela obtenção de um DS. A concentração de
atividade urbana e industrial, a partir dos anos 60, “provocou a intensificação dos problemas
ambientais” no Brasil. (ANDRADE; TACHIZAWA, CARVALHO, 2000 apud DIAS, 2009, p. 84).
Em 1991, em Roterdã (Holanda), foi elaborada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável, durante a Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio Ambiente.
A Carta traz um conjunto de princípios (dezesseis itens) que orientam as empresas quanto à gestão
ambiental. Sua publicação foi a base para o lançamento de normas que propõem um Sistema de Gestão
Ambiental, tal qual a ISO Série 14000. (DIAS, 2009, p. 89). Segundo o autor, a gestão ambiental tem
em vista orientar as empresas para evitar problemas para o meio ambiente, e é o principal instrumento
para se obter um desenvolvimento industrial sustentável. Para tanto, “é necessário que as medidas
corretivas sejam substituídas por políticas preventivas que atuam sobre a origem dos problemas”.
(DIAS, 2009, p. 90).
A gestão do DS é formalizada por meio de indicadores e estes têm em vista a mensuração, o
monitoramento e a avaliação das metas e dos objetivos planejados. Para Rauli, Araújo e Wiens (2006,
p. 146), “um indicador permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, podendo
sintetizar um conjunto complexo de informações e servir como um instrumento de previsão”. Os
autores destacam que as vantagens da utilização de indicadores e índices estão na possibilidade de
avaliar os níveis de DS; permite sintetizar as informações de caráter técnico/científico; favorece a
identificação da variável-chave do sistema; destaca a existência de tendências; e permite a comparação
entre metas pré-definidas. Quanto às limitações, os autores sinalizam a inexistência da informação-
base; perda de informações ao agregar os dados; ausência dos critérios para definição dos indicadores;
e os limites das expressões matemáticas para traduzirem a realidade. (RAULI; ARAÚJO; WIENS,
2009).
Os sistemas de indicadores equacionam os princípios com as práticas organizacionais. Há
muitos indicadores que procuram medir e avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Van
Bellen (2004) argumenta que há indicadores que não são adequadamente conhecidos e apresenta o
13
resultado de uma investigação sobre três ferramentas consideradas como as mais relevantes no contexto
internacional contemporâneo, que, de acordo com o resultado da pesquisa, são: Ecological Footprint
Method (1996), Dashboard of Sustainability (1996) e Barometer of Sustainability (1997). O autor
destaca o histórico, a fundamentação teórica-empírica e o conceito de DS de cada uma das três
ferramentas de avaliação. Outro esforço, na direção da divulgação dos indicadores, consiste na
publicação de três volumes organizados por Anne Louette, sendo que o volume I, “Compêndio para
Sustentabilidade: Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Socioambiental”, traz as principais
ferramentas de gestão no País e no mundo sobre responsabilidade socioambiental. O volume II,
denominado “Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações”, apresenta diferentes
indicadores com o propósito de monitorar e avaliar a sustentabilidade do Planeta. O volume III será
publicado em 2010, e é denominado “Compêndio para a Sustentabilidade: A Contribuição da
Sociedade Civil Organizada”. Tal trilogia pretende ser
um trabalho em processo de construção coletiva que articula tecnologias sociais entre
protagonistas do primeiro, segundo e terceiro setor afins de potencializar soluções
efetivas de transformação social, ambiental e econômica – construção de uma base
para decisão política e criação de estratégias condizentes com o estado atual de
insustentabilidade do mundo. (COMPÊNDIO, 2008).
Para efeito deste artigo, destaca-se a ferramenta publicada pela Bristish Standards Institution
(BSI), denominada British Standards 8900 – BS 8900, que foi publicada em 2006. Trata-se de um guia
de diretrizes para o “gerenciamento da sustentabilidade, por meio do balanceamento entre o capital
social e os capitais ambiental e econômico do negócio, tendo-se em vista a melhoria contínua do
desempenho e a accountability das organizações”. (INSTITUTO ATKWHH, 2008).
A BS 8900 adota como conceito de DS a “abordagem duradoura e equilibrada para a atividade
econômica, a responsabilidade ambiental e o progresso social”, segundo a publicação Risk Tecnologia
Editora (2006), do Centro da Qualidade, Segurança e Produtividade para o Brasil e América Latina. E
o resultado da aplicação da diretriz deverá medir o progresso na direção do fortalecimento das relações
(evidenciar aos interessados a atuação responsável da organização, considerando todas as dimensões do
DS); ampliação da coesão interna (tornar compreensível aos funcionários o desempenho da
organização); desenvolvimento da segurança e confiança (promover transparência e prestação de
contas); estímulo ao aprendizado e à inovação (promover oportunidades emergentes); compreensão e
gestão de riscos e oportunidades (viabilizar a identificação e o tratamento das questões de forma
sistemática).
A gestão do DS baseia-se em um conjunto de princípio que devem “ser informados através dos
valores da organização e devem também estar relacionados às normas éticas adotadas, cada vez mais
14
refletidas nos acordos das Nações Unidas e em outros acordos internacionais”. (RISK, 2006, p. 7). Os
princípios da BS 8900 consistem em inclusão, integridade, organização e transparência. Estes
princípios, associados à prática organizacional e aos impulsionadores de resultados desejados, formam
a Matriz de Maturidade do Desenvolvimento Sustentável. Esta tem a finalidade de analisar a posição da
empresa em relação ao atendimento aos princípios do referido desenvolvimento. O quadro n° 02
apresenta um exemplo de respostas aos questionamentos por meio da interface entre princípios x
práticas x resultados. A utilização de uma matriz com tal finalidade pressupõe uma análise periódica
da situação da organização e da relevância dos indicadores selecionados.
Quadro 02: Exemplo de Matriz de Maturidade do Desenvolvimento Sustentável
Problemas Princípios Práticas Resultados
Envolvimento
mínimo Maturidade
Total
Engajamento
Como ter certeza
que nenhum grupo
ou indivíduo está
em desvantagem?
Inclusão
Engajamento das
partes
interessadas
Restrito a poucos
Identificação
sistemática das partes
interessadas
Redes de
feedback
estabelecidas
Como você
demonstra que suas
decisões e ações
estão em
conformidade com
direitos, obrigações
legais e
regulamentos?
Integridade Gestão de Risco
Esforço de
conformidade
quando há
probabilidade de
sanções
Acompanhamento dos
indicadores de
desempenho
Prevenção em
vez de cura
As decisões
organizacionais
resultarão em
mudanças efetivas?
Organização
Cultura do
desenvolvimento
sustentável
Minimalista
Relaciona
desenvolvimento
sustentável e
vantagem para o
negócio
Desenvolvimento
sustentável é
parte de todo
planejamento e
tomada de
decisão.
Como interesses,
influências e
beneficiários são
registrados,
comunicados e
gerenciados?
Transparência
Relatório e
construção da
confiança
Poucos ou nenhum
Seletivos para
finalidades
determinadas
Partes
interessadas
recebem
relatórios
periódicos.
Fonte: Adaptado de Risk Tecnologia (2006).
A interface entre valores-ações-resultados proposta nas diretrizes para a gestão de DS articula
uma multiplicidade de disciplinas para compreender a modernidade global. Urry (2003, p. 18 apud
MOL; SPAARGAREN, 2005, p. 61) sustenta que somente uma nova ciência pode dar conta da
complexidade da globalização, e afirma que “as ciências da complexidade parecem fornecer a melhor
maneira de transcender as divisões tão ultrapassadas entre natureza e sociedade, entre ciências naturais
e as ciências sociais”. Leff (2001, p. 145) diz que para compreender o comportamento dos sistemas
15
socioambientais complexos há que se conceber um novo saber, o saber ambiental, capaz de “construir
um campo de conhecimentos teóricos e práticos orientados para a articulação das relações sociedade-
natureza”. O saber ambiental deve resultar da articulação de diferentes disciplinas, assim como de um
conjunto de saberes teóricos, técnicos e estratégicos, com vistas a transformar as relações sociedade-
natureza.
O saber na gestão ambiental implica, segundo Leff (2001, p. 152), na necessidade de
elaborar indicadores interprocessuais capazes de analisar, avaliar e monitorar
sistemas e processos complexos (a qualidade de vida; a valorização econômica,
cultural e social dos recursos; os impactos ambientais e as mudanças globais; o
condicionamento ambiental da dinâmica demográfica e do espaço urbano/regional),
nos quais intervêm processos de diversos níveis de materialidade e ordens de
racionalidade.
Os processos complexos, mencionados pelo autor, pressupõem um saber ambiental sustentado
em um projeto interdisciplinar capaz de atribuir novos significados à vida e à reconstrução do mundo
atual. Entretanto, o autor sustenta que a interdisciplinaridade não é um princípio epistemológico para
legitimar saberes, nem uma consciência teórica para produção de conhecimento científico. Para Leff
(2001, p. 185), a interdisciplinaridade
é uma prática intersubjetiva que produz uma série de efeitos sobre a aplicação dos
conhecimentos das ciências e sobre a integração de um conjunto de saberes não
científicos; sua eficácia provém da especificidade de cada campo disciplinar, bem
como do jogo de interesses e das relações de poder que movem o intercâmbio
subjetivo e institucionalizado do saber.
A complexidade do problema ambiental em proporções globais necessita de metodologias
capazes de apreender uma visão integradora da realidade, com vistas a uma “nova racionalidade
teórica, social e produtiva”. (LEFF, 2001, p. 229). Segundo o autor, a análise interdisciplinar da relação
sociedade-natureza lança-se ao desafio de “construir territórios do saber fertilizados pelas luzes
multifacetárias que o olhar ambiental lança sobre a reconstrução do mundo”. (LEFF, 2001, p. 261).
O discurso interdisciplinar do saber ambiental pode ser associado à prática de gestão
empresarial. Entende-se que, para além da visão integradora, o “objetivo prático” (LEFF, 2001, p. 181)
da interdisciplinaridade pressupõe ações estratégicas em níveis local, regional, nacional e global com
vistas ao DS. O quadro n° 03 destaca as premissas de gestão a partir de teses da interdisciplinaridade.
16
Quadro 03: Exemplos de Premissas da Interdisciplinaridade e de Gestão
Teses da Interdisciplinaridade
Premissas de Gestão
1) “A vocação interdisciplinar parece ser muito mais das
instituições do que a incumbência de indivíduos isolados”.
(COIMBRA, 2000, 66).
Gerenciamento de pessoas;
Fortalecimento do trabalho em equipe;
2) “O essencial da interdisciplinaridade consiste em produzir
uma ação comum, mantendo cada participante o que lhe é
próprio”. (COIMBRA, 2000, 58).
Gestão participativa;
Atitude proativa;
Conjugar interesses;
3) “As instituições também não são auto-suficientes: precisam
umas das outras, como os pensadores e cientistas, para
realizarem seus objetivos e construírem a sociedade”.
(COIMBRA, 2000, 67).
Perspectiva de conjunto;
Visão de futuro;
4) “O planejamento das operações de pesquisa é um requisito
essencial do trabalho interdisciplinar [...]”. (ZANONI,
2000, p. 122).
Planejamento;
Estratégia;
Implantação;
Avaliação;
6) “Sua perfectibilidade é realizada na prática; na medida em
que são feitas experiências reais de trabalho em equipe,
exercitam-se suas possibilidades, problemas e limitações”.
(TORRES SANTOMÉ, 1998 apud COIMBRA, 2000,
p.64).
Aprendizagem contínua;
Busca de evidências;
Avaliação permanente.
Fonte: Elaborado a partir de Coimbra (2000); Zanoni (2000); Risk Tecnologia (2006).
O discernimento das premissas de gestão se fundamenta na racionalidade instrumental de
planejar, de coordenar, de executar e de avaliar. Contudo, aspirar à gestão de um desenvolvimento
verdadeiramente sustentável também supõe a construção de um saber ambiental amparado na
perspectiva interdisciplinar, que mobilize diferentes atores sociais, com vistas a novos valores e
sentidos da existência.
5 Desenvolvimento Sustentável: Modernidade e Pós-Modernidade
A distinção entre modernidade e pós-modernidade parece demonstrar uma preocupação muito
maior em adotar pontos referenciais para discussão sobre as coisas do mundo e do sujeito, do que
efetivamente se configurar como duas categorias bem demarcadas. A proliferação [e confusão] de
terminologias originadas na tentativa de captar o antes e o agora deixa explicito o esforço da procura
exaustiva em compreender o desenvolvimento humano. Por outro lado, há que se admitir que há
neologismos com o propósito de angariar distinção autoral. Vale destacar, também, que a expressão
pós-moderna não é aceita e, muitas vezes, é repudiada por diferentes autores.
No item 2 deste artigo, destacou-se a periodicidade histórica e o recorte da racionalidade como
distinção entre os conceitos. Na modernidade, a crença no poder da razão para a emancipação humana;
na pós-modernidade, as consequências destrutivas na crença na razão e o abandono do indivíduo.
17
Pode-se incluir nessa perspectiva de modernidade os conceitos de modernidade sólida, modernidade
pesada; modernização simples; sociedades tradicionais; sociedades pré-modernas; modernização
racionalista; semimodernidade; e modernidade dividida. Na perspectiva de pós-modernidade, incluem-
se os conceitos: segunda modernidade; modernidade líquida; modernidade reflexiva; alta modernidade;
modernidade radicalizada; sociedade de risco; e nova modernidade.
No quadro n° 04, procura-se sintetizar, mesmo reconhecendo os limites do esforço traduzido em
dicotomias, as ênfases interpretativas que captam as mudanças provocadas pela transição da
modernidade para pós-modernidade com base em diferentes autores. A síntese dicotômica, antes e
agora, tem validade essencialmente para fins analíticos.
Quadro 04: Períodos x ênfase Interpretativa das Mudanças
Períodos Ênfase Interpretativa das Mudanças
Antes
(Modernidade)
Fé no progresso e descrença no sagrado, nas tradições, no passado;
Teoria crítica pretendia neutralizar a tendência totalitária;
Modelo de industrialização, acumulação e regulação;
Modelo fordista de produção;
Poder absoluto da sociedade;
Triunfo da razão instrumental.
Agora
(Pós-Modernidade)
Globalização e instantaneidade;
Acumulação flexível;
Impossibilidade da estrutura sistêmica, tudo é fragmentado;
Poder tornou-se extraterritorial;
Vida orientada para o consumo;
Crise ambiental;
Indivíduo voltado para si mesmo;
Sociedade sem atores;
Desintegração das agências coletivas;
Sociedade de valores voláteis e hedonistas;
Substituição da ética pela estética;
Riscos, desesperança, impotência;
Privilégio à heterogeneidade e ao pluralismo.
Fonte: Elaborado a partir de Touraine (1994); Beck (2003); Giddens (1991); Bauman (1999; 2001); Santos (2006); Harvey
(2006); Habermas (1990); Heller; Fehér (2002).
A crise ambiental coloca em questão os dogmas do saber e a crença no progresso da
modernidade e busca “novos sentidos para a existência, cujo impulso inicial surge da sacudida da
opressão física e moral gerada pela racionalidade social dominante”. (LEFF, 2001, p. 126). A
perplexidade e os desafios às mudanças são destacados por Santos (1995 apud SILVA, 2004, p. 2), ao
dizer que “vivemos uma condição de perplexidade diante de inúmeros dilemas nos mais diversos
18
campos do saber e do viver, que, além de serem fontes de angústia e desconforto, são também desafios
à imaginação, à criatividade e ao pensamento”.
As mudanças em favor da existência-digna dependem das intenções, esforços e ações nessa
direção. E que a emergência por um novo ethos mundial (ELIAS, 1994, p.140) pode advir, por
exemplo, de um novo pacto entre a esfera pública e a privada e da associação em o sujeito e o coletivo.
O quadro n° 05 sinaliza alguns encaminhamentos distintos por períodos:
Quadro 05: Períodos x ênfase Interpretativa na POSSIBILIDADE de Mudanças
Períodos Ênfase Interpretativa na POSSIBILIDADE de Mudanças
Antes
(Modernidade)
Discursos universais;
Prosperidade social mediante o desenvolvimento da ciência e da técnica e o livre
mercado;
Cultos da nação, do proletariado ou da moralidade (Touraine);
Agora
(Pós-Modernidade)
Incredulidade às metanarrativas;
Sociedade global de risco (Beck)
Potencialidade diante dos paradoxos da modernidade: confiança e risco,
oportunidade e perigo (Giddens);
Engajamento político coordenado, política vida (Giddens);
Sub-política (Bauman);
Novos espaços de negociação entre a vida individual e a coletiva (Santos;
Giddens);
União do sujeito e da razão como proposta de integração da modernidade
esfacelada (Touraine).
Fonte: Elaborado a partir de Touraine (1994); Beck (2003); Giddens (1991); Bauman (1999; 2001); Santos (2006); Harvey
(2006); Habermas (1990); Heller; Fehér (2002).
Entre as possibilidades de mudança enfatizadas no período Agora, destaca-se para o contexto do
DS o surgimento de novos atores sociais, a consciência cidadã, a busca de novos sentidos civilizatórios,
o respeito à diversidade e a procura de alternativas para o vazio da ação social. (LEFF, 2001). A
mobilização em torno das questões ambientais vai além da luta pela sustentabilidade ecológica e se
estende à justiça social, completa o autor.
6 Considerações Finais
A adesão do meio empresarial ao conceito de DS ocorre prioritariamente como um modo das
empresas adotarem formas de gestão mais eficientes, ou seja, está voltada para o ambiente interno com
vistas ao aprimoramento dos processos e produtos. A consciência do empresarial em torno das questões
ambientais evoluiu muito desde 1992, mas “falta muito para que as empresas se tornem agentes de um
desenvolvimento sustentável, socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto”.
19
(DIAS, 2009, p. 38). Leff (200, p. 124) chama a atenção para a perversão do disfarce do discurso da
sustentabilidade e diz que esta pode ser mais grave “que a violência direta e a queima de livros pela
Inquisição, durante as ditaduras que tentaram esmagar a poesia e o pensamento crítico”.
O quadro n° 06 apresenta uma síntese das ênfases do DS que foram destacadas no decorrer
deste artigo e tem o propósito de caracterizar parte da complexidade que envolve a temática.
Quadro 06: Síntese das Abordagens e Ênfases do Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento Sustentável: o triunfo da razão e do sujeito
Abordagens Ênfases
Racionalidade
Ambiental
Substantiva; teórica; instrumental; cultural.
Paradigma
Holístico; integração entre sujeito e objeto; sinergia entre seres humanos e
ecossistema; conhecimento indivisível, empírico e intuitivo; relação não linear de
causa e efeito; ênfase na qualidade de vida; descentralização do poder; ênfase na
cooperação; limite tecnológico.
Conceitos
Qualidade de vida; prudência ecológica; economia eficiente e competitiva; equidade
intrageracional e intergeracional; soluções globais; solidariedade; pressupostos éticos;
evolução dos perfis culturais; eficácia produtiva.
Dimensões Social; econômico; ecológico; cultural; temporal; e espacial.
Princípios
Integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades
humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação
social e respeitar a diversidade cultural; manter a integridade ecológica.
Premissas
interdisciplinares
Ação em comum; construção coletiva da sociedade; experiências reais de trabalho em
equipe; planejamento.
Premissas de Gestão
Gerenciamento de pessoas; fortalecimento do trabalho em equipe; gestão participativa;
atitude proativa; conjugar interesses; perspectiva de conjunto; visão de futuro;
estratégia; planejamento; aprendizagem contínua; busca de evidências; avaliação
permanente.
Avaliação: Matriz de
Maturidade
Valores: inclusão; integridade; organização; transparência.
Práticas: engajamento das partes interessadas; gestão de risco; cultura do
desenvolvimento sustentável; relatório e construção da confiança.
Resultados: envolvimento; maturidade; engajamento.
Fonte: Organizado pela autora.
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Segundo Touraine (2002), o triunfo do sujeito e da razão é representado na nova modernidade
porque esta pressupõe a união entre racionalização e subjetivação. Ambas são essenciais, pois ligam a
vida, o consumo, a nação e a empresa. O autor continua dizendo que “o sucesso da ação técnica não
deve fazer com que se esqueça da criatividade do ser humano”. (TOURAINE , 2002, p. 218). Por outro
lado, o autor considera que “não se pode conceber uma sociedade em que a subjetivação seria o
princípio central. Antes de tudo por que a figura do sujeito está sempre cortada em duas”.
(TOURAINE, 2002, p. 234). E completa: “o que não pode ser feito senão lembrado que o triunfo
exclusivo do pensamento instrumental conduz à opressão, como o triunfo do subjetivismo conduz à
falsa consciência”. (TOURAINE, 2002, p. 229).
21
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