22
1 GRUPO DE TRABALHO 7 RURALIDADES E MEIO AMBIENTE GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM EMBATE MODERNO E PÓS-MODERNO O TRIUNFO DA RAZÃO E DO SUJEITO Naira Tomiello

GRUPO DE TRABALHO 7 RURALIDADES E MEIO AMBIENTE … · idéia de liberdade de crença e de pensamento (ideal da Reforma Protestante) e a luta contra o princípio 6 da autoridade,

  • Upload
    vudien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

GRUPO DE TRABALHO 7

RURALIDADES E MEIO AMBIENTE

GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:

UM EMBATE MODERNO E PÓS-MODERNO – O

TRIUNFO DA RAZÃO E DO SUJEITO

Naira Tomiello

2

GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM EMBATE MODERNO E PÓS-

MODERNO – O TRIUNFO DA RAZÃO E DO SUJEITO

Naira Tomiello1

Resumo

A característica polissêmica e ideológica que envolve o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS)

é revelada no debate travado entre seus opositores e seus entusiastas. E, no centro das controvérsias,

está a difícil relação entre a economia e o meio ambiente. Este estudo sustenta a perplexidade diante da

vida, do mundo e o movimento humano na direção de mudanças. Tal movimento de mudança é

captado, neste trabalho, a partir das referências, seguindo os conceitos de modernidade e pós-

modernidade. Assim, tem-se como objetivo desta pesquisa compreender como o DS se relaciona com o

discurso da pós-modernidade e o que o prende à modernidade. O método de investigação consiste em

uma pesquisa qualitativa e exploratória, cujo procedimento de coleta de dados deu-se por meio de

investigação bibliográfica e documental. Entre os resultados, destacam-se: a) Caracterização da

modernidade e pós-modernidade, seguindo a demarcação histórica e a caracterização da racionalidade

como distinção entre tais conceitos; b) Caracterização do DS, seguindo seus princípios, dimensões,

abrangência conceitual e pela ênfase pragmática, por meio da diretriz BS 8900, a qual tem em vista o

gerenciamento da sustentabilidade. Diante da investigação, concluiu-se que a interface entre valores-

ações-resultados denuncia o triunfo da razão e do sujeito na proposição do DS. Seu discurso conecta

princípios a resultados e apresenta uma estrutura pragmática que busca integrar a racionalidade

instrumental, crítica e ambiental.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; Modernidade; Pós-modernidade; Gestão.

1 Introdução

O termo desenvolvimento sustentável apresenta muitas controvérsias. Apesar das diferenças

travadas entre os seus entusiastas e os seus opositores, pode-se afirmar que os pontos de convergência

centram-se no entendimento sobre a difícil relação entre economia e ecologia (LEIS, 1995), assim

como na necessidade de promover sua conciliação. (MONTIBELLER Filho, 2004). Quer dizer, mesmo

entre os otimistas, a relação é muito complexa; já entre os que sustentam que o desenvolvimento

sustentável é um mito, ainda assim é essencial. Nesta direção, Montibelle Filho (2004, p. 293) afirma:

“A conclusão da impossibilidade de que isto [desenvolvimento sustentável] venha a ocorrer em escala

global não invalida os esforços que visam a processos de transformação das condições

socioeconômicas com uma melhor relação do homem com a natureza”. O autor descreve a imprecisão

do termo sustentáve,l devido a sua característica polissêmica e ideológica. Outra crítica também é

1 Doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), Mestre em Administração de Empresas

(UDESC), Bacharel em Ciências Sociais (UFSC) e Licenciada em Filosofia (UCS). Bolsista pelo CNPq desde março de

2009.

3

embasada por Guivant (1995, p. 110), que diz que o termo é “tachado de metafísico e impertinente para

os países desenvolvidos”. Souza (2005) sustenta a tese da “superficialidade e pouca efetividade” para

referir-se ao desenvolvimento sustentável e também os limites do sistema capitalista para chegar a esse

desenvolvimento:

Não são poucos os autores que têm se socorrido do rótulo „desenvolvimento

sustentável‟ sem se perguntarem, com um grau razoável de concretude, detalhamento

e amarração teórica, o que se deseja sustentar? [...] Sustentável para quem? Qual o

nível de compatibilidade entre capitalismo e proteção ambiental [...]? (SOUZA, 2005,

p. 260).

O “desenvolvimento sustentável” é superficial e pouco efetivo, entretanto, não apenas

devido a um comprometimento com um substrato metateórico conservador [...], mas

porque ele busca obsessivamente o consenso. (SOUZA, 2005, p. 262)

A difícil, porém necessária convergência entre ecologia e economia, é sinalizada por Leis

(1995, p. 24):

Ela exige muito mais que o uso de uma razão instrumental capaz de tomar decisões

adequadas, tal como sugere o neoliberalismo com sua reivindicação da eficiência

intrínseca do mercado. Ela demanda uma mudança profunda do comportamento e da

mentalidade de todos os atores, sejam estes pertencentes ao mercado, ao Estado e à

sociedade civil.

A necessidade de ajuste entre a “realidade, as consciências e as expectativas” deve definir os

novos parâmetros para uma política ambiental mundial, segundo Leis (1995). Nessa linha, o livro

“Meio Ambiente no Século XXI”, organizado por Trigueiro (2006), traz vinte e um artigos que

incluem, fundamentalmente, os seguintes temas: alfabetização ecológica; ecologia e espiritualidade; a

relação entre cultura e ambiente; mídia e meio ambiente; indicadores de sustentabilidade; movimento

ambientalista no Brasil; sustentabilidade empresarial; consumo sustentável; ciência e tecnologia;

protocolo de Quioto; relações internacionais; agricultura sustentável; desafios ecológicos das cidades;

mundo do trabalho e a ecologia; o problema do risco tecnológico; a gestão ambiental pública; Direito e

meio ambiente; governança; e Agenda 21. Os artigos sugerem uma diversidade do escopo temático que

deixa entrever a complexidade interdisciplinar na abordagem ambiental. O livro sustenta a opção pela

credulidade à abordagem sustentável do desenvolvimento, envolvendo os espectros material e

simbólico para sua discussão.

O simbólico e o material são constitutivos da concepção de DS, que reflete o “envolvimento e a

tomada de consciência sócio-econômico-ambiental-política de todos os atores sociais [...]”. (PHILIPPI

Jr. 2000, p. 14). Há uma interdependência dos problemas de toda ordem, típica da “nova etapa

civilizatória” em que a “ciência e a tecnologia se converteram na maior força produtiva e destrutiva da

4

humanidade [...]”. (LEFF, 2000, p. 23). Assim, o DS, na perspectiva de “diminuir a distância entre a

identificação do problema e a formulação de soluções adequadas”. (PHILIPPI Jr. 2000, p. 5), mantém,

em sua gênese, a demanda por uma “abordagem holística e um método interdisciplinar que permitam a

integração das ciências da natureza e da sociedade; das esferas do ideal e do material, da economia, da

tecnologia e da cultura”. (UNESCO, 1986 apud LEFF, 2000, p. 20).

O diálogo entre os saberes, definido por “matrizes de racionalidade-identidade-sentido que

respondam a estratégias de poder pela apropriação do mundo e da natureza” (LEFF, 2000, 46), têm em

vista o resgate da unicidade do conhecimento, que fora perdida pela ciência moderna. A “perturbada

consciência de viver numa civilização frágil” (BECK, 2003, p. 29), demanda uma “tolerância

discursiva” (SANTOS, 2006, p. 79), própria da ciência pós-moderna. Sendo a tolerância discursiva

uma pré-condição para o DS, como é possível integrar essa proposta às perturbações da pós-

modernidade, onde a ética é substituída pela estética, onde a identidade-eu prepondera sobre a

identidade-nós (ELIAS, 1994)?

Apesar de polêmica, a noção de DS sobrevive latente ou explicitamente nos embates

acadêmicos, nos setores público e privado, no âmbito local, nacional e internacional. Ainda que a sua

proposição fosse completamente refutada, todo o movimento e as expectativas, nacionais e

internacionais geradas até aqui, já justificariam seu estudo. Com isso, confirma-se que não é intenção

deste artigo posicionar-se em defesa ou contra essa noção. Mas, sobretudo, captar, ainda que

preliminarmente, a perplexidade diante da vida e do mundo e o movimento humano na direção de

mudanças. Giddens (1991) sugere que essas mudanças são consequências da descontinuidade que

separam as instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais. O autor propõe três

características que devem ser consideradas para captar a mudança: o ritmo (velocidade), o escopo

(global) e a natureza intrínseca das instituições modernas (diferença). A velocidade das mudanças, o

alcance global, com a interdependência local, e as diferenças materiais e simbólicas intrínsecas das

instituições expõem uma época de incertezas e fragmentações. Silva (2004, p. 1) descreve “uma época

de transição, de transformação, onde o projeto da modernidade [ou pós-modernidade] parece ter-se

cumprido em excesso ou ser insuficiente para solucionar os problemas que assolam a humanidade”.

Assim, tem-se como pergunta norteadora deste artigo: Como o desenvolvimento sustentável se

relaciona com o discurso da pós-modernidade e o que o prende à modernidade?

5

2 Modernidade e Pós-Modernidade: Um Recorte Possível

Atrever-se a discutir os conceitos de modernidade e pós-modernidade, embora largamente

explorados, constitui um desafio. Há uma enormidade de interpretações sobre tais conceitos que, ora

os contrapõem, ora os fundem e ora os negam. Há os que procuram situar a distinção mediante o

resgate histórico, todavia, a ausência da periodicidade histórica bem demarcada pode ser considerada

uma importante característica desses conceitos.

Entende-se, entretanto, que a demarcação [não a ênfase] histórica traz referenciais significativos

para essa discussão. Baseada em vários autores, Minella (2007) situa a pré-modernidade entre o

Renascimento e a Alta Idade Média, entre a metade do século XVI e meados do século XVIII. Os fatos

característicos dessa época, por exemplo, são: a crise Feudal, o desenvolvimento do comércio e das

cidades, a formação dos Estados Modernos, Reforma Protestante e Revolução Científica. A

“modernidade”, seguindo a autora, compreenderia o período entre os séculos XVII e XX, e tem como

essencial: a Luta contra o Absolutismo, o Iluminismo, a Revolução Francesa, o Materialismo Histórico,

a I e II Guerras Mundiais e o Modernismo nas Artes. O termo pós-modernidade foi utilizado

inicialmente pelo historiador Toynbee, em 1947, e tornou-se corrente a partir de 1950. Os

acontecimentos sinalizados como característicos desta época são: Inovações na Arquitetura,

computação, arte pop dos anos 60, filosofia dos anos 70, tecnociência, aceleração do consumo,

ausência de valores e de sentidos, estética do cotidiano (moda, cinema, música), fim das Utopias,

multiculturalismo, Queda do Muro de Berlim e o refluxo do movimento sindical.

Outra demarcação histórica capaz de elucidar a distinção entre os conceitos de modernidade e

pós-modernidade é apresentada pela filósofa Marilena Chauí (2000), a partir da caracterização da

racionalidade. Para a autora, de um lado está a capacidade do homem de dominar a natureza (Filosofia

Moderna) e, de outro, a descrença na capacidade da razão (Filosofia Contemporânea). Para Chauí, a

modernidade começou a ser tecida na Renascença (transição entre o pensamento medieval e moderno –

séc. XV –XVI), quando há a retomada do pensamento clássico, de que o homem faz parte da natureza e

nela pode intervir. Distanciando-se do determinismo medieval, no qual há a sujeição do homem aos

desígnios divinos, a Renascença buscava esboçar o ideal de homem como artífice do seu próprio

destino. As descobertas marítimas tornaram possível a efervescência teórica e prática (astrologia,

política, técnica, artes, etc.) para a compreensão e intervenção no mundo e, fundamentalmente,

permitiu uma visão crítica da própria sociedade. A dessacralização do mundo possibilitou a difusão da

idéia de liberdade de crença e de pensamento (ideal da Reforma Protestante) e a luta contra o princípio

6

da autoridade, buscando-se, nos poderes humanos, o traço do seu próprio destino. Nesse contexto, o

pensamento moderno (séc. XVII-XVIII) sinaliza a emergência do conhecimento científico. A

perspectiva científica precisava resguardar-se do cometimento de erros (como a teoria geocêntrica) e,

então, passa a refletir sobre si mesma e desenvolver a principal característica do pensamento moderno:

a questão do método. Com isso, procurava-se saber se um conhecimento era válido ou não.

Como fundamento, todo objeto de conhecimento científico deveria ser racionalmente

transformado em conceito e também deveria ser demonstrável. A crença na razão (racionalismo e

empirismo) passa a ser o norte para compreensão e apreensão do homem e da natureza. No período

compreendido entre os séculos XVIII e XIX, a filosofia Iluminista reafirma os poderes da razão para

conquistar a liberdade e o progresso, este representa a ruptura com a história e a tradição. O homem,

estando livre das amarras dos preconceitos religiosos, das superstições e dos medos (conquistas

garantidas pelo conhecimento científico), pode atingir o aperfeiçoamento da razão, que se materializa

no progresso das civilizações. A associação entre a ciência e a idéia de evolução faz surgir um novo

homem, que não mais se satisfaz em conhecer a natureza, mas quer dominá-la. E, de posse da

maioridade da razão, o homem busca soluções racionais para todos os domínios: político, econômico,

moral e religioso. (CHAUÍ, 2000).

A exaltação ao poder da razão na busca da emancipação humana trouxe o fortalecimento do

sistema capitalista, já solidificado pela Revolução Industrial. A crença na razão, no discurso científico

e no progresso como um fim fortaleceu o capitalismo e, com ele, as inerentes contradições. Karl

Marx alerta sobre as contradições do capitalismo, apresentando sua compreensão das bases econômicas

da vida social e política. Para ele, os conflitos decorrem da “exploração do homem pelo homem”. O

capitalista explora a força de trabalho por meio da alienação, opressão, mais-valia etc. Os proprietários

dos meios de produção compram a força de trabalho como mercadoria submetida à lei da oferta e da

procura. As leis coercitivas do mercado competitivo promovem a destruição criativa e o estímulo ao

consumo como fetiche, tornando-se molas propulsoras do capitalismo. Marx caracteriza a

modernização capitalista “como processos sociais que promovem o individualismo, alienação,

fragmentação, efemeridade, inovação, destruição criativa, desenvolvimento especulativo, mudanças

imprevisíveis nos métodos de produção e de consumo, mudanças da experiência do espaço e tempo”.

(HARVEY, 2006, p. 107).

Chauí (2000) sintetiza outra crítica ao poder emancipatório da razão, fundada no entusiasmo

pelas ciências e técnicas, que foi elaborada por volta de 1924, pela Teoria Crítica ou Escola de

Frankfurt (com tendências marxistas). O século XX foi cenário de sucessivos fatos que jogaram por

terra o otimismo científico-tecnológico: duas guerras mundiais, bombardeio de Hiroshima e Nagasaki,

7

campos de concentração nazista, guerras da Coréia, do Vietnã, ditaduras, devastação de florestas,

poluição do ar, os perigos cancerígenos dos alimentos etc. A Teoria Crítica distingue duas formas de

razão para entender as consequências da racionalidade pretendida pelos iluministas, assim como as

alternativas que conduziriam a uma verdadeira emancipação humana. A primeira forma é a razão

instrumental. Esta é a razão técno-científica, que está a serviço da exploração, da dominação e da

violência, e é consequência da obsessão por resultados, estratégias, cálculos etc. Diferentemente, a

racionalidade crítica propõe-se a refletir sobre as contradições e os conflitos gerados pelo poderes

dominantes, sejam oriundos das forças do capitalismo, sejam das forças coercitivas do Estado. Os

valores predominantes na racionalidade crítica são a ética, a integridade e a emancipação humana.

Bauman (2001) distingue teoria crítica clássica e teoria crítica revisitada. Para o autor, a teoria

crítica clássica analisa a modernidade sólida, com início aproximado no ano de 1910; e a modernidade

líquida, final da década de 60, tem o foco na teoria crítica revisitada. Na modernidade sólida, o ideal

de emancipação ocorria com o derretimento dos sólidos, aludindo à idéia marxista de que “tudo que é

sólido se desmancha no ar”. Os sólidos que deveriam ser derretidos eram a força da tradição; a

tendência totalitária; o modelo de industrialização, de acumulação e de regulação; o triunfo da razão

instrumental; a fé no progresso e a descrença no passado.

O ícone da modernidade sólida é representado pelo fordismo (1914), que implantou a Teoria da

Administração Científica de Taylor. Esta descrevia que a produtividade poderia ser radicalmente

aumentada por meio da decomposição de cada processo de trabalho, estes eram fragmentados em

padrões rigorosos de tempo e estudo dos movimentos. Havia concentração espacial do capital industrial

e estreita articulação entre os interesses do Estado e do capital. A concepção de produção era orientada

para mercados em massa de bens homogêneos duráveis; uniformidade e padronização; e grandes

estoques. O trabalho era gerido com pouco ou nenhum treinamento; a organização vertical, reforçando

a hierarquia; e redução da responsabilidade do trabalhador. O Estado intervinha no mercado por meio

de políticas de renda e de preços e adotava a política do bem-estar social. O fordismo caracterizava-se

pela rigidez. (HARVEY, 2006).

A teoria crítica clássica pretendia desarmar e neutralizar a tendência totalitária numa defesa

clara à autonomia, à liberdade de escolha e ao direito de ser e permanecer diferente. O fundamental era

libertar o indivíduo do totalitarismo, da regulação e da opressão. E as críticas ao triunfo da

racionalidade instrumental foram exploradas pela estética (Harvey), criando uma nova mitologia de

resgate ao “eterno e imutável”, gerados pela fragmentação e pelo caos da vida moderna. Cabia ao

artista a definição da essência da humanidade, criticando as condições de produção (máquina, fábrica,

8

urbanização), de circulação (sistema de transporte e comunicação) e de consumo (mercado de massa,

publicidade).

Seguindo Harvey (2006), a busca da experiência estética levou a um subjetivismo radical e a um

individualismo exagerado. A arte e a cultura perderam o conteúdo “revolucionário” contra as forças

reacionárias e passaram a representar os interesses corporativos estatais. Do descontentamento gerado

por uma cultura elitista houve o movimento denominado contracultura. Isso ocorre nas décadas de 60

e 70, momento em que o capitalismo era contestado de diferentes modos, por meio de greves, busca do

direito de ser diferente etc. Esse movimento associado às crescentes contradições do capitalismo, como

as crises energéticas, e a inevitável reordenação do capital no espaço e tempo, viabilizado pelo

desenvolvimento tecnológico, fundamentaram a transição da rigidez do fordismo para uma acumulação

flexível. Esta gera um grande impacto nas práticas político-econômicas e na vida social e cultural. A

compreensão do “espaço- tempo” é nova ordem do mundo capitalista para expandir e acelerar seus

domínios. O processo produtivo torna-se mais flexível; há redução de estoques; o controle de

qualidade é integrado ao processo e atende mercados especializados. No desenvolvimento do trabalho,

há preocupação com a aprendizagem; há longos treinamentos para atender a necessidade de

requalificação constante; e o trabalhador atua de forma participativa. O Estado atua na regulamentação

e flexibilização para atender a dinamicidade do capitalismo flutuante. A acumulação flexível

caracteriza-se pela desregulamentação e volatilidade dos produtos, técnica de produção, idéias e

valores. (HARVEY, 2006).

Se a teoria crítica clássica ocupa-se da modernidade sólida, representada pela rigidez do

fordismo, a teoria crítica revisitada ocupa-se da modernidade líquida, representada pela acumulação

flexível. Segundo Bauman (2001), a teoria crítica revisitada analisa os novos padrões gerados pela

acumulação flexível que traduzem a fluidez e a leveza da modernidade líquida. A instantaneidade

altera o dimensionamento do espaço e torna efêmera todas as relações, sejam de consumo, de produção

ou de convívio.

A seguir, no item 3, busca-se apresentar os principais conceitos, premissas, dimensões, que

envolvem o termo DS.

3 Desenvolvimento Sustentável: Racionalidades, Conceitos, Dimensões e Princípios.

A problemática ambiental, segundo Leff (2001, p. 133), “questiona os custos socioambientais

derivados de uma racionalidade produtiva, fundada no cálculo econômico, na eficácia dos sistemas de

controle e previsão, uniformização dos comportamentos sociais e na eficiência de seus meios

9

tecnológicos”. Para o enfrentamento de tal problemática, o autor desenvolve a categoria de

racionalidade ambiental, que abrange princípios éticos, bases materiais, instrumentos técnicos e

jurídicos para a gestão democrática e sustentável do desenvolvimento. Para isso, descreve um conjunto

de processos sociais implicados, entre eles, “a formação de uma consciência ecológica; o planejamento

transetorial da administração pública e a participação da sociedade na gestão dos recursos ambientais; a

reorganização interdisciplinar do saber, tanto na produção como na aplicação dos conhecimentos [...]”.

(LEFF, 2001, p. 135).

A racionalidade ambiental é construída a partir de quatro esferas das racionalidades:

racionalidade substantiva (valores que orientam as ações); racionalidade teórica (teoria crítica para a

construção de uma racionalidade produtiva alternativa); racionalidade instrumental (meios eficazes

para atingir objetivos); racionalidade cultural (integra diferentes formações socioeconômicas e grupos

étnicos). A racionalidade ambiental, que tem em vista um desenvolvimento sustentável e democrático,

É resultante de um conjunto de significações, normas, valores, interesses e ações

socioculturais; é a expressão do conflito entre o uso da lei (do mercado) por uma

classe, a busca do bem comum com a intervenção do Estado e a participação da

sociedade civil num processo de reapropriação da natureza, orientando seus valores e

potenciais para um desenvolvimento sustentável e democrático. (LEFF, 2001, p. 143).

A expressão desenvolvimento sustentável ganhou visibilidade após sua publicação no relatório

da Comissão Brundtland, nos anos 80. O conceito que fora enfatizado e até hoje norteia grande parte

dos trabalhos sobre desenvolvimento sustentável é “satisfazer as necessidades do presente sem

comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. (apud

ALMEIDA, 2002, p.55). Montibeller (2004) distingue os conceitos:

É desenvolvimento porque não se reduz a um simples crescimento quantitativo; pelo

contrário, faz intervir a qualidade das relações humanas com o ambiente natural, e a

necessidade de conciliar a evolução dos valores socioculturais com a rejeição de todo

processo que leva à deculturação. É sustentável porque deve responder à equidade

intrageracional e intergeracional. (MONTIBELLER, 2004, p. 50).

O conjunto de princípios norteadores do DS reforça a ruptura paradigmática com o modelo

cartesiano. Este é caracterizado pelo tecnocentrismo; preceitos éticos desconectados das práticas

cotidianas; pela relação de dominação dos seres humanos sobre a natureza; pelo bem-estar avaliado

mediante a relação de poder, dinheiro e influências; pela ênfase na quantidade e na competição; e

pouco ou nenhum limite tecnológico. O paradigma da sustentabilidade é orgânico, holístico e

participativo; integra a ética ao cotidiano; seres humanos e ecossistemas apresentam uma relação de

sinergia; o bem-estar é avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e

10

sociais; há ênfase na qualidade de vida e na cooperação; os limites tecnológicos são impostos pela

sustentabilidade. (ALMEIDA, 2002).

O DS no século XXI pode ser interpretado como uma “grande iniciativa e capacidade de ação

ética e comunicativa, que o habilita para se constituir em um eixo civilizatório fundamental, na direção

de uma maior cooperação e solidariedade entre nações, povos, culturas, espécies e indivíduos”. (LEIS;

D´AMATO, 1995, p. 17).

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal, a fim de atender as

demandas para o desenvolvimento econômico com qualidade ambiental, colocou à disposição da

sociedade um banco de dados, com o intuito de sistematizar diferentes informações sobre o DS, entre

elas: histórico, conceitos, metodologias, experiências, instrumentos, índices, fontes de financiamentos e

referências bibliográficas. Com relação aos conceitos, a Secretaria sistematizou quarenta e sete

definições de DS e termos correlatos, com as respectivas fontes bibliográficas. No quadro n° 01, a

seguir, procurou-se destacar, resumidamente, os principais conceitos:

Quadro 01: Multiplicidade Conceitual do Desenvolvimento Sustentável

Conceitos do Desenvolvimento Sustentável

Processo de mudança e elevação das oportunidades da sociedade;

Compatibilização, no tempo e no espaço, do crescimento econômico com a conservação ambiental, qualidade de

vida;

Compromisso com o futuro e a solidariedade entre as gerações;

Associação entre qualidade de vida e economia eficiente e competitiva;

Progresso humano em todo o planeta e para um futuro longínquo;

Progresso alcançado não só pelas nações em desenvolvimento, mas também pelas industrializadas;

O desenvolvimento não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na terra;

A terra não deve ser deteriorada além de um limite razoável de recuperação;

Índice de esgotamento dosado para garantir que os recursos não se esgotem;

As soluções globais não se reduzem apenas a degradação do ambiente físico, mas devem incorporar as dimensões

sociais, políticas e culturais;

Busca de melhoria de vida, respeitando os limites da capacidade dos ecossistemas;

Processo de transformação, que envolve a exploração de recursos e o desenvolvimento tecnológico, se harmonize

e reforce o potencial presente e futuro;

Possibilidade de as terem gerações futuras tantas ou mais oportunidades das que temos hoje;

Criação de benefícios duradouros para a comunidade;

Compromisso com as regras ecológicas;

Melhora as condições de vida das comunidades humanas ao mesmo tempo em que respeita as regras dos

ecossistemas;

Critérios fundamentais: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica;

Desenvolvimento que proporcione melhoria de vida ao mesmo tempo em que conserve a vitalidade e diversidade

do Planeta Terra;

11

Estabilidade dos recursos naturais;

Processos ecológicos necessários para manter a produtividade;

Perspectiva de desenvolvimento que se baseie em pressupostos éticos e em solidariedade;

Solidariedade sincrônica e diacrônica;

O bem-estar da geração atual não pode ser construído em detrimento da geração futura;

Renda per capita através da substituição ou conservação das fontes daquela renda;

Melhoria qualitativa de uma base física dentro da capacidade regenerativa e assimilativa do ecossistema;

Desenvolvimento se harmonize com potencial presente e futuro do meio ambiente e a evolução dos perfis

culturais;

Eficácia do uso do fator de produção com a conservação dos recursos naturais.

Fonte: Adaptado da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (2008).

A variação do conceito de DS pode ser interpretada como uma fragilidade do conceito. Segundo

Lenzi (2006, p. 51), tal diversidade “faria dele um „clichê‟ e justificaria o dissenso que cerca a idéia de

DS, inviabilizando, por sua vez, a possibilidade de colocar em movimento uma política ecológica

coerente”. Por outro lado, as diferentes formas de compreender o que é DS sintetizam suas dimensões.

Estas representam a ruptura da perspectiva de desenvolvimento de cunho economicista e a adoção de

um conceito multidimensional. Montibeller Filho (2004, p. 283) lembra que “diferentes apropriações

do conceito de DS são feitas na sociedade, por diversos grupos de interesse, cada qual considerando

apenas a dimensão para si mais interessante”. Ignacy Sachs foi quem elaborou inicialmente a distinção

entre as dimensões, entretanto, elas serão sintetizadas aqui a partir de Fialho et al. (2006). Os autores

sintetizam seis dimensões, seguidas por suas respectivas abrangências: Social (criação de postos de

trabalho; direito dos trabalhadores; aumento da equidade; aumento da auto-suficiência local);

Econômico (sustentação do crescimento econômico; expansão dos mercados; manejo eficiente dos

recursos; absorção, pela empresa, dos custos ambientais); Ecológico (prudência no uso de recursos não

renováveis; conservação e reciclagem dos recursos; tecnologias e processos produtivos de baixo índice

de resíduos); Cultural (soluções adaptadas a cada ecossistema; respeito à formação comunitária);

Temporal (a complexidade do sistema pode ser mais bem apreendida a partir da representação gráfica

de medidas vetoriais); e Espacial (desconcentração espacial; desconcentração do poder local e regional;

relação cidade/campo equilibrada).

De acordo com a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) (1986, apud

MONTIBELLER FILHO, 2004, p. 49), as dimensões indicam o novo paradigma de que resultam os

seguintes princípios: “integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades

humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e

respeitar a diversidade cultural; e manter a integridade ecológica”.

12

Associada à necessidade de entender o que é DS, seus princípios e dimensões, está a

necessidade de compreender como é possível chegar a esse desenvolvimento. Para tanto, são criados

indicadores que tem em vista aplicabilidade e controle das práticas sustentáveis. Esses indicadores são

gerenciados a partir de modelos de gestão.

4 Gestão do Desenvolvimento Sustentável e o Saber Ambiental

As empresas detêm a maior responsabilidade pela obtenção de um DS. A concentração de

atividade urbana e industrial, a partir dos anos 60, “provocou a intensificação dos problemas

ambientais” no Brasil. (ANDRADE; TACHIZAWA, CARVALHO, 2000 apud DIAS, 2009, p. 84).

Em 1991, em Roterdã (Holanda), foi elaborada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável, durante a Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio Ambiente.

A Carta traz um conjunto de princípios (dezesseis itens) que orientam as empresas quanto à gestão

ambiental. Sua publicação foi a base para o lançamento de normas que propõem um Sistema de Gestão

Ambiental, tal qual a ISO Série 14000. (DIAS, 2009, p. 89). Segundo o autor, a gestão ambiental tem

em vista orientar as empresas para evitar problemas para o meio ambiente, e é o principal instrumento

para se obter um desenvolvimento industrial sustentável. Para tanto, “é necessário que as medidas

corretivas sejam substituídas por políticas preventivas que atuam sobre a origem dos problemas”.

(DIAS, 2009, p. 90).

A gestão do DS é formalizada por meio de indicadores e estes têm em vista a mensuração, o

monitoramento e a avaliação das metas e dos objetivos planejados. Para Rauli, Araújo e Wiens (2006,

p. 146), “um indicador permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, podendo

sintetizar um conjunto complexo de informações e servir como um instrumento de previsão”. Os

autores destacam que as vantagens da utilização de indicadores e índices estão na possibilidade de

avaliar os níveis de DS; permite sintetizar as informações de caráter técnico/científico; favorece a

identificação da variável-chave do sistema; destaca a existência de tendências; e permite a comparação

entre metas pré-definidas. Quanto às limitações, os autores sinalizam a inexistência da informação-

base; perda de informações ao agregar os dados; ausência dos critérios para definição dos indicadores;

e os limites das expressões matemáticas para traduzirem a realidade. (RAULI; ARAÚJO; WIENS,

2009).

Os sistemas de indicadores equacionam os princípios com as práticas organizacionais. Há

muitos indicadores que procuram medir e avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Van

Bellen (2004) argumenta que há indicadores que não são adequadamente conhecidos e apresenta o

13

resultado de uma investigação sobre três ferramentas consideradas como as mais relevantes no contexto

internacional contemporâneo, que, de acordo com o resultado da pesquisa, são: Ecological Footprint

Method (1996), Dashboard of Sustainability (1996) e Barometer of Sustainability (1997). O autor

destaca o histórico, a fundamentação teórica-empírica e o conceito de DS de cada uma das três

ferramentas de avaliação. Outro esforço, na direção da divulgação dos indicadores, consiste na

publicação de três volumes organizados por Anne Louette, sendo que o volume I, “Compêndio para

Sustentabilidade: Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Socioambiental”, traz as principais

ferramentas de gestão no País e no mundo sobre responsabilidade socioambiental. O volume II,

denominado “Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações”, apresenta diferentes

indicadores com o propósito de monitorar e avaliar a sustentabilidade do Planeta. O volume III será

publicado em 2010, e é denominado “Compêndio para a Sustentabilidade: A Contribuição da

Sociedade Civil Organizada”. Tal trilogia pretende ser

um trabalho em processo de construção coletiva que articula tecnologias sociais entre

protagonistas do primeiro, segundo e terceiro setor afins de potencializar soluções

efetivas de transformação social, ambiental e econômica – construção de uma base

para decisão política e criação de estratégias condizentes com o estado atual de

insustentabilidade do mundo. (COMPÊNDIO, 2008).

Para efeito deste artigo, destaca-se a ferramenta publicada pela Bristish Standards Institution

(BSI), denominada British Standards 8900 – BS 8900, que foi publicada em 2006. Trata-se de um guia

de diretrizes para o “gerenciamento da sustentabilidade, por meio do balanceamento entre o capital

social e os capitais ambiental e econômico do negócio, tendo-se em vista a melhoria contínua do

desempenho e a accountability das organizações”. (INSTITUTO ATKWHH, 2008).

A BS 8900 adota como conceito de DS a “abordagem duradoura e equilibrada para a atividade

econômica, a responsabilidade ambiental e o progresso social”, segundo a publicação Risk Tecnologia

Editora (2006), do Centro da Qualidade, Segurança e Produtividade para o Brasil e América Latina. E

o resultado da aplicação da diretriz deverá medir o progresso na direção do fortalecimento das relações

(evidenciar aos interessados a atuação responsável da organização, considerando todas as dimensões do

DS); ampliação da coesão interna (tornar compreensível aos funcionários o desempenho da

organização); desenvolvimento da segurança e confiança (promover transparência e prestação de

contas); estímulo ao aprendizado e à inovação (promover oportunidades emergentes); compreensão e

gestão de riscos e oportunidades (viabilizar a identificação e o tratamento das questões de forma

sistemática).

A gestão do DS baseia-se em um conjunto de princípio que devem “ser informados através dos

valores da organização e devem também estar relacionados às normas éticas adotadas, cada vez mais

14

refletidas nos acordos das Nações Unidas e em outros acordos internacionais”. (RISK, 2006, p. 7). Os

princípios da BS 8900 consistem em inclusão, integridade, organização e transparência. Estes

princípios, associados à prática organizacional e aos impulsionadores de resultados desejados, formam

a Matriz de Maturidade do Desenvolvimento Sustentável. Esta tem a finalidade de analisar a posição da

empresa em relação ao atendimento aos princípios do referido desenvolvimento. O quadro n° 02

apresenta um exemplo de respostas aos questionamentos por meio da interface entre princípios x

práticas x resultados. A utilização de uma matriz com tal finalidade pressupõe uma análise periódica

da situação da organização e da relevância dos indicadores selecionados.

Quadro 02: Exemplo de Matriz de Maturidade do Desenvolvimento Sustentável

Problemas Princípios Práticas Resultados

Envolvimento

mínimo Maturidade

Total

Engajamento

Como ter certeza

que nenhum grupo

ou indivíduo está

em desvantagem?

Inclusão

Engajamento das

partes

interessadas

Restrito a poucos

Identificação

sistemática das partes

interessadas

Redes de

feedback

estabelecidas

Como você

demonstra que suas

decisões e ações

estão em

conformidade com

direitos, obrigações

legais e

regulamentos?

Integridade Gestão de Risco

Esforço de

conformidade

quando há

probabilidade de

sanções

Acompanhamento dos

indicadores de

desempenho

Prevenção em

vez de cura

As decisões

organizacionais

resultarão em

mudanças efetivas?

Organização

Cultura do

desenvolvimento

sustentável

Minimalista

Relaciona

desenvolvimento

sustentável e

vantagem para o

negócio

Desenvolvimento

sustentável é

parte de todo

planejamento e

tomada de

decisão.

Como interesses,

influências e

beneficiários são

registrados,

comunicados e

gerenciados?

Transparência

Relatório e

construção da

confiança

Poucos ou nenhum

Seletivos para

finalidades

determinadas

Partes

interessadas

recebem

relatórios

periódicos.

Fonte: Adaptado de Risk Tecnologia (2006).

A interface entre valores-ações-resultados proposta nas diretrizes para a gestão de DS articula

uma multiplicidade de disciplinas para compreender a modernidade global. Urry (2003, p. 18 apud

MOL; SPAARGAREN, 2005, p. 61) sustenta que somente uma nova ciência pode dar conta da

complexidade da globalização, e afirma que “as ciências da complexidade parecem fornecer a melhor

maneira de transcender as divisões tão ultrapassadas entre natureza e sociedade, entre ciências naturais

e as ciências sociais”. Leff (2001, p. 145) diz que para compreender o comportamento dos sistemas

15

socioambientais complexos há que se conceber um novo saber, o saber ambiental, capaz de “construir

um campo de conhecimentos teóricos e práticos orientados para a articulação das relações sociedade-

natureza”. O saber ambiental deve resultar da articulação de diferentes disciplinas, assim como de um

conjunto de saberes teóricos, técnicos e estratégicos, com vistas a transformar as relações sociedade-

natureza.

O saber na gestão ambiental implica, segundo Leff (2001, p. 152), na necessidade de

elaborar indicadores interprocessuais capazes de analisar, avaliar e monitorar

sistemas e processos complexos (a qualidade de vida; a valorização econômica,

cultural e social dos recursos; os impactos ambientais e as mudanças globais; o

condicionamento ambiental da dinâmica demográfica e do espaço urbano/regional),

nos quais intervêm processos de diversos níveis de materialidade e ordens de

racionalidade.

Os processos complexos, mencionados pelo autor, pressupõem um saber ambiental sustentado

em um projeto interdisciplinar capaz de atribuir novos significados à vida e à reconstrução do mundo

atual. Entretanto, o autor sustenta que a interdisciplinaridade não é um princípio epistemológico para

legitimar saberes, nem uma consciência teórica para produção de conhecimento científico. Para Leff

(2001, p. 185), a interdisciplinaridade

é uma prática intersubjetiva que produz uma série de efeitos sobre a aplicação dos

conhecimentos das ciências e sobre a integração de um conjunto de saberes não

científicos; sua eficácia provém da especificidade de cada campo disciplinar, bem

como do jogo de interesses e das relações de poder que movem o intercâmbio

subjetivo e institucionalizado do saber.

A complexidade do problema ambiental em proporções globais necessita de metodologias

capazes de apreender uma visão integradora da realidade, com vistas a uma “nova racionalidade

teórica, social e produtiva”. (LEFF, 2001, p. 229). Segundo o autor, a análise interdisciplinar da relação

sociedade-natureza lança-se ao desafio de “construir territórios do saber fertilizados pelas luzes

multifacetárias que o olhar ambiental lança sobre a reconstrução do mundo”. (LEFF, 2001, p. 261).

O discurso interdisciplinar do saber ambiental pode ser associado à prática de gestão

empresarial. Entende-se que, para além da visão integradora, o “objetivo prático” (LEFF, 2001, p. 181)

da interdisciplinaridade pressupõe ações estratégicas em níveis local, regional, nacional e global com

vistas ao DS. O quadro n° 03 destaca as premissas de gestão a partir de teses da interdisciplinaridade.

16

Quadro 03: Exemplos de Premissas da Interdisciplinaridade e de Gestão

Teses da Interdisciplinaridade

Premissas de Gestão

1) “A vocação interdisciplinar parece ser muito mais das

instituições do que a incumbência de indivíduos isolados”.

(COIMBRA, 2000, 66).

Gerenciamento de pessoas;

Fortalecimento do trabalho em equipe;

2) “O essencial da interdisciplinaridade consiste em produzir

uma ação comum, mantendo cada participante o que lhe é

próprio”. (COIMBRA, 2000, 58).

Gestão participativa;

Atitude proativa;

Conjugar interesses;

3) “As instituições também não são auto-suficientes: precisam

umas das outras, como os pensadores e cientistas, para

realizarem seus objetivos e construírem a sociedade”.

(COIMBRA, 2000, 67).

Perspectiva de conjunto;

Visão de futuro;

4) “O planejamento das operações de pesquisa é um requisito

essencial do trabalho interdisciplinar [...]”. (ZANONI,

2000, p. 122).

Planejamento;

Estratégia;

Implantação;

Avaliação;

6) “Sua perfectibilidade é realizada na prática; na medida em

que são feitas experiências reais de trabalho em equipe,

exercitam-se suas possibilidades, problemas e limitações”.

(TORRES SANTOMÉ, 1998 apud COIMBRA, 2000,

p.64).

Aprendizagem contínua;

Busca de evidências;

Avaliação permanente.

Fonte: Elaborado a partir de Coimbra (2000); Zanoni (2000); Risk Tecnologia (2006).

O discernimento das premissas de gestão se fundamenta na racionalidade instrumental de

planejar, de coordenar, de executar e de avaliar. Contudo, aspirar à gestão de um desenvolvimento

verdadeiramente sustentável também supõe a construção de um saber ambiental amparado na

perspectiva interdisciplinar, que mobilize diferentes atores sociais, com vistas a novos valores e

sentidos da existência.

5 Desenvolvimento Sustentável: Modernidade e Pós-Modernidade

A distinção entre modernidade e pós-modernidade parece demonstrar uma preocupação muito

maior em adotar pontos referenciais para discussão sobre as coisas do mundo e do sujeito, do que

efetivamente se configurar como duas categorias bem demarcadas. A proliferação [e confusão] de

terminologias originadas na tentativa de captar o antes e o agora deixa explicito o esforço da procura

exaustiva em compreender o desenvolvimento humano. Por outro lado, há que se admitir que há

neologismos com o propósito de angariar distinção autoral. Vale destacar, também, que a expressão

pós-moderna não é aceita e, muitas vezes, é repudiada por diferentes autores.

No item 2 deste artigo, destacou-se a periodicidade histórica e o recorte da racionalidade como

distinção entre os conceitos. Na modernidade, a crença no poder da razão para a emancipação humana;

na pós-modernidade, as consequências destrutivas na crença na razão e o abandono do indivíduo.

17

Pode-se incluir nessa perspectiva de modernidade os conceitos de modernidade sólida, modernidade

pesada; modernização simples; sociedades tradicionais; sociedades pré-modernas; modernização

racionalista; semimodernidade; e modernidade dividida. Na perspectiva de pós-modernidade, incluem-

se os conceitos: segunda modernidade; modernidade líquida; modernidade reflexiva; alta modernidade;

modernidade radicalizada; sociedade de risco; e nova modernidade.

No quadro n° 04, procura-se sintetizar, mesmo reconhecendo os limites do esforço traduzido em

dicotomias, as ênfases interpretativas que captam as mudanças provocadas pela transição da

modernidade para pós-modernidade com base em diferentes autores. A síntese dicotômica, antes e

agora, tem validade essencialmente para fins analíticos.

Quadro 04: Períodos x ênfase Interpretativa das Mudanças

Períodos Ênfase Interpretativa das Mudanças

Antes

(Modernidade)

Fé no progresso e descrença no sagrado, nas tradições, no passado;

Teoria crítica pretendia neutralizar a tendência totalitária;

Modelo de industrialização, acumulação e regulação;

Modelo fordista de produção;

Poder absoluto da sociedade;

Triunfo da razão instrumental.

Agora

(Pós-Modernidade)

Globalização e instantaneidade;

Acumulação flexível;

Impossibilidade da estrutura sistêmica, tudo é fragmentado;

Poder tornou-se extraterritorial;

Vida orientada para o consumo;

Crise ambiental;

Indivíduo voltado para si mesmo;

Sociedade sem atores;

Desintegração das agências coletivas;

Sociedade de valores voláteis e hedonistas;

Substituição da ética pela estética;

Riscos, desesperança, impotência;

Privilégio à heterogeneidade e ao pluralismo.

Fonte: Elaborado a partir de Touraine (1994); Beck (2003); Giddens (1991); Bauman (1999; 2001); Santos (2006); Harvey

(2006); Habermas (1990); Heller; Fehér (2002).

A crise ambiental coloca em questão os dogmas do saber e a crença no progresso da

modernidade e busca “novos sentidos para a existência, cujo impulso inicial surge da sacudida da

opressão física e moral gerada pela racionalidade social dominante”. (LEFF, 2001, p. 126). A

perplexidade e os desafios às mudanças são destacados por Santos (1995 apud SILVA, 2004, p. 2), ao

dizer que “vivemos uma condição de perplexidade diante de inúmeros dilemas nos mais diversos

18

campos do saber e do viver, que, além de serem fontes de angústia e desconforto, são também desafios

à imaginação, à criatividade e ao pensamento”.

As mudanças em favor da existência-digna dependem das intenções, esforços e ações nessa

direção. E que a emergência por um novo ethos mundial (ELIAS, 1994, p.140) pode advir, por

exemplo, de um novo pacto entre a esfera pública e a privada e da associação em o sujeito e o coletivo.

O quadro n° 05 sinaliza alguns encaminhamentos distintos por períodos:

Quadro 05: Períodos x ênfase Interpretativa na POSSIBILIDADE de Mudanças

Períodos Ênfase Interpretativa na POSSIBILIDADE de Mudanças

Antes

(Modernidade)

Discursos universais;

Prosperidade social mediante o desenvolvimento da ciência e da técnica e o livre

mercado;

Cultos da nação, do proletariado ou da moralidade (Touraine);

Agora

(Pós-Modernidade)

Incredulidade às metanarrativas;

Sociedade global de risco (Beck)

Potencialidade diante dos paradoxos da modernidade: confiança e risco,

oportunidade e perigo (Giddens);

Engajamento político coordenado, política vida (Giddens);

Sub-política (Bauman);

Novos espaços de negociação entre a vida individual e a coletiva (Santos;

Giddens);

União do sujeito e da razão como proposta de integração da modernidade

esfacelada (Touraine).

Fonte: Elaborado a partir de Touraine (1994); Beck (2003); Giddens (1991); Bauman (1999; 2001); Santos (2006); Harvey

(2006); Habermas (1990); Heller; Fehér (2002).

Entre as possibilidades de mudança enfatizadas no período Agora, destaca-se para o contexto do

DS o surgimento de novos atores sociais, a consciência cidadã, a busca de novos sentidos civilizatórios,

o respeito à diversidade e a procura de alternativas para o vazio da ação social. (LEFF, 2001). A

mobilização em torno das questões ambientais vai além da luta pela sustentabilidade ecológica e se

estende à justiça social, completa o autor.

6 Considerações Finais

A adesão do meio empresarial ao conceito de DS ocorre prioritariamente como um modo das

empresas adotarem formas de gestão mais eficientes, ou seja, está voltada para o ambiente interno com

vistas ao aprimoramento dos processos e produtos. A consciência do empresarial em torno das questões

ambientais evoluiu muito desde 1992, mas “falta muito para que as empresas se tornem agentes de um

desenvolvimento sustentável, socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto”.

19

(DIAS, 2009, p. 38). Leff (200, p. 124) chama a atenção para a perversão do disfarce do discurso da

sustentabilidade e diz que esta pode ser mais grave “que a violência direta e a queima de livros pela

Inquisição, durante as ditaduras que tentaram esmagar a poesia e o pensamento crítico”.

O quadro n° 06 apresenta uma síntese das ênfases do DS que foram destacadas no decorrer

deste artigo e tem o propósito de caracterizar parte da complexidade que envolve a temática.

Quadro 06: Síntese das Abordagens e Ênfases do Desenvolvimento Sustentável

Desenvolvimento Sustentável: o triunfo da razão e do sujeito

Abordagens Ênfases

Racionalidade

Ambiental

Substantiva; teórica; instrumental; cultural.

Paradigma

Holístico; integração entre sujeito e objeto; sinergia entre seres humanos e

ecossistema; conhecimento indivisível, empírico e intuitivo; relação não linear de

causa e efeito; ênfase na qualidade de vida; descentralização do poder; ênfase na

cooperação; limite tecnológico.

Conceitos

Qualidade de vida; prudência ecológica; economia eficiente e competitiva; equidade

intrageracional e intergeracional; soluções globais; solidariedade; pressupostos éticos;

evolução dos perfis culturais; eficácia produtiva.

Dimensões Social; econômico; ecológico; cultural; temporal; e espacial.

Princípios

Integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades

humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação

social e respeitar a diversidade cultural; manter a integridade ecológica.

Premissas

interdisciplinares

Ação em comum; construção coletiva da sociedade; experiências reais de trabalho em

equipe; planejamento.

Premissas de Gestão

Gerenciamento de pessoas; fortalecimento do trabalho em equipe; gestão participativa;

atitude proativa; conjugar interesses; perspectiva de conjunto; visão de futuro;

estratégia; planejamento; aprendizagem contínua; busca de evidências; avaliação

permanente.

Avaliação: Matriz de

Maturidade

Valores: inclusão; integridade; organização; transparência.

Práticas: engajamento das partes interessadas; gestão de risco; cultura do

desenvolvimento sustentável; relatório e construção da confiança.

Resultados: envolvimento; maturidade; engajamento.

Fonte: Organizado pela autora.

20

Segundo Touraine (2002), o triunfo do sujeito e da razão é representado na nova modernidade

porque esta pressupõe a união entre racionalização e subjetivação. Ambas são essenciais, pois ligam a

vida, o consumo, a nação e a empresa. O autor continua dizendo que “o sucesso da ação técnica não

deve fazer com que se esqueça da criatividade do ser humano”. (TOURAINE , 2002, p. 218). Por outro

lado, o autor considera que “não se pode conceber uma sociedade em que a subjetivação seria o

princípio central. Antes de tudo por que a figura do sujeito está sempre cortada em duas”.

(TOURAINE, 2002, p. 234). E completa: “o que não pode ser feito senão lembrado que o triunfo

exclusivo do pensamento instrumental conduz à opressão, como o triunfo do subjetivismo conduz à

falsa consciência”. (TOURAINE, 2002, p. 229).

21

Referências

ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

______. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

BECK, Ulrich. Liberdade ou capitalismo. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.

COIMBRA, José de Ávila Aguiar. Considerações sobre a interdisciplinaridade. In: PHILIPPI Jr.,

Arlindo (Org.). Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000. p.

52-70

COMPÊNDIO para Sustentabilidade: Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Socioambiental.

Disponível no site www.compendiosustentavel.com.br, acesso em 25/01/2008.

DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.

ELIAS, Norberto. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.

FIALHO, Francisco Antonio Pereira et al. Empreendedorismo na era do conhecimento.

Florianópolis: Visual Boooks, 2006.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade

Estadual Paulista, 1991.

GUIVANT, Júlia. A agricultura sustentável na perspectiva das ciências sociais. In: VIOLA, Eduardo J.

(Org.). Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as Ciências Sociais. São Paulo:

Cortez Editora, 1995. p. 99-133.

HABERMAS, Jurgen. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações Dom Quixote,

1990.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 15ª ed.

São Paulo, Loyola, 2006.

HELLER, Agnes; FEHÉR, Ferenc. A Condição política pós-moderna. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2002.

INSTITUTO ATKWHH, 2008. Compêndio da Sustentabilidade. Disponível em:

<http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/122>, Acesso em: novembro/2008.

LEFF, Enqrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Tradução de

Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

22

______. Complexidade, interdisciplinaridade e saber ambiental. In: PHILIPPI Jr., Arlindo (Org.).

Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000. p. 19-51

LEIS, Héctor Ricardo. Ambientalismo: um projeto realista-utópico para a política mundial. In: VIOLA,

Eduardo J. (Org.). Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as Ciências Sociais.

São Paulo: Cortez Editora, 1995. p. 15-43.

______; D´Amato, José Luis. O ambientalismo como movimento vital: análise de suas dimensões

histórica, ética e vivencial. In: CAVALCANTI, Clóvis (Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos

para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995.

MINELLA, Luzinete Simões. Pré-modernidade, modernidade e pós-modernidade. Anotações de Aula.

(Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas – UFSC), 2007.

MOL, Arthur P. J.; SPAARGAREN, Gert. Para uma sociologia dos fluxos ambientais: uma nova

agenda para a sociologia ambiental do século XXI. Revista Política & Sociedade. Florianópolis, n.7,

out./2005, p. 27-76.

MONTIBELLER Filho, Gilberto. O mito do desenvolvimento sustentável: meio ambiente e custos

sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. 2. ed. rev. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2004.

PHILIPPI Jr., Arlindo. Interdisciplinaridade como atributo da C&T. In: PHILIPPI Jr., Arlindo (org.)

Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000. p.3-15

RAULI, Fabiano; ARAÚJO, Fábio Tadeu; WIENS, Simone. Indicadores de desenvolvimento

sustentável. In: SILVA, Christian Luiz da (Org.). Desenvolvimento sustentável: um modelo analítico

integrado e adaptativo. Rio de Janeiro, RJ: Vozes, 2006.

RISK Tecnologia. A norma BS 8900: diretrizes para a gestão do desenvolvimento sustentável. São

Paulo: Risk Tecnologia Editora, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SECRETARIA de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal. Disponível em:

http://www.semarh.df.gov.br/semarh/dessus/Dessus32.asp?pag=5 . Acesso em 25 de Janeiro de 2008.

SILVA, Maria Suely Paula da. As inquietações da modernidade. Revista Holos, ano 20, out./2004.

SOUZA, Marcelo Lopes de. O desafio metropolitano: um estudo sobre a problemática sócio-espacial

nas metrópoles brasileiras. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

TOURAINE, Alain, Crítica da modernidade. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

TRIGUEIRO, André. Meio ambiente no século XXI. 4. ed. Campinas: Armazém do Ipê, 2006.

VAN BELLEN, Hans Michael. Desenvolvimento sustentável: uma descrição das principais

ferramentas de avaliação. Revista Ambiente & Sociedade, Vol. VII, nº. 1 jan./jun. 2004.

ZANONI, Magda. Práticas Interdisciplinares em Grupos Consolidados. In: PHILIPPI Jr., Arlindo

(Org.). Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000. p.111-130.