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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 33ª aula: O quadro dos apóstolos e a consagração Textos complementares GEAEL Aula 33 — Entre muitas, a lição que fica: Quem, então, chegou ao ponto de querer fazer transformações para sair dos estados íntimos de conflito e insatisfações, desejando, portanto, tomar atitudes renovadoras, precisa começar tomando conhecimento e agindo sobre as causas seculares dos nossos males, as torpezas e fra- quezas que têm desviado sucessivamente a humanidade, e contra as quais apontamos nossas armas de combate. Manual Prático do Espírita - Ney Pietro Peres A vivência cristã tem suas raízes mais profundas na parábola do semeador, conhecida como a “parábola das parábolas”. É claro que em todas elas encontramos os elementos das nossas aulas e motivos para a reforma íntima, mas estamos nos referindo ao campo mais amplo do qual ela fala, que é o trabalho cristão, fruto da harmonia entre o mundo íntimo e o mundo exterior, ou ainda da nossa relação de amor incondicional com mundo íntimo dos nossos semelhantes. Nessa parábola podemos com- prender a verdadeira dimensão da doutrina espírita porque ela mostra as fases ou graus de aprendizagem que os adeptos percorrem até atingirem a condição de espírita, que não é um “título” nem muito menos o simples reconhecimento formal dado pelos centros espíritas, através de livros, cursos e preleções; estes são apenas meios e não fins. Tanto na interpretação simplificada de Cairbar Schutel quanto na in- terpretação sofisticada de Huberto Rohden identificamos os três terrenos humanos que impedem que a semente frutifique. É, portanto, a parábola que trata exclusivamente da nossa responsabilidade individual, no que diz respeito a nossa “salvação” ou “perdição”. Nos esclarece Rohden: Dalmo Duque dos Santos Afluindo uma grande multidão e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus em párábola: “Saiu um Semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um.” Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta parábola. Respondeu-lhes Jesus: A vós é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não vejam; e ouvindo não entendam. A semente é a palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são os que têm ouvido; então vem o Diabo e tira a Palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, depois de ouvirem, recebem a palavra com gôzo; estes não têm raíz e crêem por algum tempo, mas na hora da provação voltam atrás. A parte que caiu entre os espinhos, estes são os que ouviram, e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e deleites da vida e o seu fruto não amadurece. E a que caiu na boa terra, estes são os que, tendo ouvido a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão frutos com perseverança. (Mateus, XIII, 1-9 – Marcos, IV,1-9 – Lucas, VIII, 4-15)

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

33ª aula: O quadro dos apóstolos e a consagraçãoTextos complementares

GEAEL

Aula 33 — Entre muitas, a lição que fica:Quem, então, chegou ao ponto de querer fazer transformações para sair dos estados íntimos de conflito e insatisfações, desejando, portanto, tomar atitudes renovadoras, precisa começar tomando conhecimento e agindo sobre as causas seculares dos nossos males, as torpezas e fra-quezas que têm desviado sucessivamente a humanidade, e contra as quais apontamos nossas armas de combate.

Manual Prático do Espírita - Ney Pietro Peres

A vivência cristã tem suas raízes mais profundas na parábola do semeador, conhecida como a “parábola das parábolas”. É claro que em todas elas encontramos os elementos das nossas aulas e motivos para a reforma íntima, mas estamos nos referindo ao campo mais amplo do qual ela fala, que é o trabalho cristão, fruto da harmonia entre o mundo íntimo e o mundo exterior, ou ainda da nossa relação de amor incondicional com mundo íntimo dos nossos semelhantes. Nessa parábola podemos com-prender a verdadeira dimensão da doutrina espírita porque ela mostra as fases ou graus de aprendizagem que os adeptos percorrem até atingirem a condição de espírita, que não é um “título” nem muito menos o simples reconhecimento formal dado pelos centros espíritas, através de livros, cursos e preleções; estes são apenas meios e não fins.

Tanto na interpretação simplificada de Cairbar Schutel quanto na in-terpretação sofisticada de Huberto Rohden identificamos os três terrenos humanos que impedem que a semente frutifique. É, portanto, a parábola que trata exclusivamente da nossa responsabilidade individual, no que diz respeito a nossa “salvação” ou “perdição”. Nos esclarece Rohden:

Dalmo Duque dos Santos

Afluindo uma grande multidão e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus em párábola: “Saiu um Semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento por um.” Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta parábola. Respondeu-lhes Jesus: A vós é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não vejam; e ouvindo não entendam.

A semente é a palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são os que têm ouvido; então vem o Diabo e tira a Palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, depois de ouvirem, recebem a palavra com gôzo; estes não têm

raíz e crêem por algum tempo, mas na hora da provação voltam atrás. A parte que caiu entre os espinhos, estes são os que ouviram, e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas e deleites da vida e o seu fruto não amadurece. E a que caiu na boa terra, estes são os que, tendo ouvido a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão frutos com perseverança.

(Mateus, XIII, 1-9 – Marcos, IV,1-9 – Lucas, VIII, 4-15)

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2 33ªaula:Oquadrodosapóstoloseaconsagração

A parábola do Semeador trata não da agronomia física, mas da agronomia metafísica, trata do terreno imprevisível do livre-arbítrio humano, onde nenhum semeador, nem mesmo o próprio Cristo, pode saber do resultado da sua semeadura. Se assim fosse, por que teria Jesus escolhido Judas Iscariotes para seu apóstolo, sabendo da sua esterilidade espiritual?

Para Cairbar Schutel a parábola do semeador sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo que nos ensina a distinguí-las pela boa vontade com que recebem as novas espirituais:

O semeador : É Jesus e seus seguidores; os que falam em seu nome, e pregam a Palavra de Deus com a autoridade da moral que o Cristo ensinou. Na Escola de Aprendizes é todo o grupo: o dirigente e o expositor e também os alunos, pois todos nós, de certa forma, conhecendo a semente, passamos também a semear, com bons ou maus exemplos.

Nem todos os pregoeiros da Palavra a apregoam tal como ela é, em sua simplici-dade e despi-da de formas e n g a n o s a s . Uns revestem-nas de tantos mistérios, de tantos dog-mas, de tanta retórica; orna-mentam-nas

com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica obscurecida, enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, a essência! Muitos pregam por interesse, como “o mercenário que semeia”; outros por vanglória, e, grande parte, por egoísmo. Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não abrandam os corações, mas endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela fazem um instrumento para receber ouro e glórias.

A semente: é a palavra de Deus, os ensinamentos sobre as Leis Universais.

A semente é uma só, é sempre a mesma que tem sido apre-goada em toda parte, desde que o homem se achou em con-dições de recebê-la. E se ela não atua com a mesma eficácia em todos, deriva esse fato da variedade e das desigualdades de espíritos que existem na Terra; uns mais adiantados, outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à caridade, à liberalidade, à fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, apegados aos bens terrenos, às diver-sões passageiras.

Na vivência social cristã e no centro espírita é a proposta de reforma íntima, através das oportunidades de trabalho. Para pregar (difundir) e ouvir (vivenciar) a Palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas a coloquemos acima de nós mesmos;

porque aquele que despreza a Palavra, anunciando-a ou ouvin-do-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse Ele: “Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a Palavra que falei, esta o julgará no último dia.”

Caiu à beira do caminho: “É quando por nós passam to-das as idéias grandiosas como gentes nas estradas, sem gra-varem nenhumas delas.”

Na escola é a condição de aprendizes, uma grande maioria que recebe os ensinamentos, que estão sendo chamados, porém ainda não podem ser escolhidos porque estão “sonolentos”, como crianças, muito influenciados pelo mundo exterior.

Caiu sobre a pedra: é quando estamos com o coração en-durecido, “como pedras impenetráveis às novas idéias, aos co-nhecimentos liberais”, isto é, abertos para conhecer às novas experiências, que podem quebrar a nossa rotina e o sentido medíocre das nossas vidas; recebemos a proposta de mudan-ça, mas não permitimos que se opere a modificação em nos-so íntimo; racionalizamos tudo, ligamos nossas defesas e nos tornamos refratários.

Na Escola de Aprendizes e no campo de trabalho que abraçamos é a condição em que se encontra os servidores. Aceitamos os ensinamentos e as tarefas com parcialidade e condicionamentos, isto é, escolhemos somente aquilo que nos convém. Disso resultam os melindres, as decepções, as diver-gências pessoais com os companheiros e finalmente o desejo de desistência.

Caiu no meio dos espinhos: É quando permanecemos invigilantes e permitimos que os espinhos (as nossas imper-feições e a dos outros) sufoquem o crescimento de todas as verdades que estamos aprendendo, “como essas plantas espi-nhosas que estiolam e matam os vegetais que tentam crescer nas suas proximidades.”

Na vivência social é o tempo no qual sofremos todos os tipos de testes para avaliarmos se, realmente, estamos dis-postos a ser o “sal da terra” e a “luz do mundo”. Pequenas provas ainda são para nós mostras dos grandes espinhos e obstáculos que teremos que remover durante a vida atual e as vidas futuras.

Caiu na boa terra: é quando conservamos a boa vontade, nos mantemos abertos; isso nos dá coragem e disposição para remover todos os obstáculos que aparecem; a boa vontade elimina o medo e afasta o sentimentos defensivos e a reações instintivas. Isso nos torna mais humildes porque não temos pena de nós mesmos, porque não nos fazemos de vítimas; a boa vontade mantém acordada a nossa consciência e, por isso, vigilantes, podemos distinguir em nós o que é tentação e o que é má inclinação. A oração e o auxílio, por nós e pelos outros é uma demonstração de boa vontade. A boa terra é o mundo, é discipulado de Jesus.

Bibliografia: Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Schutel e Sabedoria das Parábolas – Humberto Rohden.

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

Um dia, perguntei ao dr. Bezerra de Menezes, qual foi a sua maior felicidade quando chegou ao plano espiritual.

Ele respondeu-me:— A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celi-

na, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo, e, tocando-me, falou, sua-vemente:

— Bezerra, acorde, Bezerra!Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.— Minha filha, é você, Celina?!— Sim, sou eu, meu amigo.A mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já

se encontra na Vida Maior, havendo atravessado a porta da imortalidade.

Agora, Bezerra, desperte feliz.Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos

das hostes espíritas que me vinham saudar.Mas, eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora.Então, Celina, me disse:— Venha ver, Bezerra.Ajudando-me a erguer-me do leito, amparou-me até uma

sacada, e eu vi, meu filho, uma multidão que me acenava, com ternura e lágrimas nos olhos.

— Quem são, Celina? perguntei-lhe? — não conheço a ninguém. Quem são?

—São aqueles a quem você consolou, sem nunca pergun-tar-lhes o nome.

São aqueles espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da Terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou.

São eles, que o vêm saudar no pórti-co da eternidade...

E o dr. Bezerra concluiu:— A felicidade existe, meu filho,

como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxugamos, das pala-vras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorre-remos.

Extraído do Livro O Semeador de Estrelas de Suely Caldas Schubert.

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4 33ªaula:Oquadrodosapóstoloseaconsagração

Como programar as transformações (II)Ney Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

GEAEL

(continuação do número anterior)

A prática do orar no propósito de vigiarNesse ato de reafirmação diária, que precisamos praticar,

por alguns minutos que seja, ao renovarmos o desejo de conse-guir vencer no transcorrer daquele dia os nossos condicionamen-tos, procuremos a sintonia com os amigos espirituais, abrindo o nosso coração a Jesus, na intenção de recorrer ao apoio maior da espiritualidade, no esforço que estamos fazendo de libertação das nossas fraquezas. Oremos, com a melhor das nossas intenções, com toda emoção, e recebamos o influxo das energias suaves que nos serão dirigidas em sustentação aos nossos propósitos.

Prosseguir removendo defeitosNosso empenho prossegue, agora, no terreno dos defei-

tos, como meta seguinte, na abordagem que continuamos fa-zendo do que deve ser transformado interiormente.

A experiência que já acumulamos na libertação dos ví-cios comuns nos fortalecem enormemente na atividade de conduzir praticamente a força de vontade. Sentimos que so-mos capazes de vencer condicionamentos que antes acreditá-vamos ser insuperáveis. A autoconfiança cresceu, as nossas possibilidades de êxito aumentaram; andamos sobre terreno já conhecido e até certo ponto dominado, mas não paramos aí; precisamos continuar o trabalho já iniciado.

De modo análogo, vamos relacionar os defeitos mais evi-dentes em todos nós, que podem ser enquadrados.

Atribuímos também as mesmas notas já mencionadas, que indicarão o maior ou menor esforço a ser dedicado na dissipação dos citados defeitos.

Examinar um defeito por vezAo preencher o quadro (resumo dos defeitos), para ser-

mos coerentes, necessitamos de tempo para um exame iso-lado, independente, de cada um deles relacionados, e assim apurar o grau de intensidade com que eles acontecem, em circunstâncias comuns, nas três citadas áreas de ação, ou seja, na família, no trabalho e na sociedade.

Achamos que é importante fazer esse preenchimento com a maior fidelidade possível, isso porque o quadro servi-rá de referência para a posterior distribuição particularizada daqueles defeitos, dentro de uma ordem de prioridades, num Plano Geral de Ação.

Cremos ser suficiente atentarmos num prazo de cinco a sete dias, de maneira específica, a cada um da lista dos quin-ze, para então fazermos uma primeira análise de como nos encontramos relativamente aos mesmos.

Como já descrevemos nos capítulos anteriores, as princi-pais características deles, uma relida em cada página é reco-

mendada ao iniciarmos o trabalho de prospecção, que con-tinuará pelos dias mencionados. Façamos indagações a nós mesmos, tais como:

1. Aonde manifestou-se (tal defeito)?2. Em quais circunstâncias?3. Com que intensidade? Profunda ou superficial?4. Com que freqüência tem ocorrido? Quantas vezes?5. Quais os motivos ou causas? O que fez acontecer?6. Posso contê-lo?7. Quando ocorreu, foi demorado ou passageiro?8. Surge repentina e inesperadamente?9. Tomo conhecimento dele antes de ocorrer?10. Deixou-me triste ou deprimido?11. Deixou-me indiferente?12. Tentei dominá-lo?13. Prejudiquei alguém?14. Deixei alguém triste, infeliz, magoado?15. Senti arrependimento?

Podemos aquilatar o modo como os defeitos atuam em nós pelas respostas dadas àquelas perguntas, dentro dos se-guintes resultados:

Irresistível (nota 0) Pergunta 3 — profundo Pergunta 6 — não Pergunta 8 — sim Pergunta 9 — não

Predominante (nota 3) Pergunta 3 — profundo Pergunta 4 — bastante freqüente Pergunta 7 — demorado

Moderado (nota 5) Pergunta 3 — superficial Pergunta 4 — pouco freqüente Pergunta 7 — passageiro Pergunta 9 — sim

Fraco (nota 7) Pergunta 3 — muito superficial Pergunta 4 — pouquíssimo freqüente (eventual) Pergunta 6 — sim Pergunta 7 — fugaz Pergunta 8 — não (de modo discreto) Pergunta 9 — sim (é perceptível) Pergunta 12 — (é controlável)

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 5

Assim procedendo, de 75 a 105 dias intensivos, teremos realizado o levantamento dos nossos defeitos e preenchido o quadro (resumo dos defeitos). Teremos também conseguido uma qualificação daqueles defeitos mais acentuados que pro-curaremos de preferência logo enfrentar, isto é, se quisermos seguir esse critério. Começar pelos menos evidentes, pelos mo-derados e fracos pode ser um bom caminho, pois poderemos sentir efeitos mais encorajadores dentro das nossas condições, e assim, alicerçarmos com maior firmeza os nossos progressos.

Plano geral de ação para combate aos defeitosDessa forma programamos, num plano geral de ação, a

ordem seqüencial dos defeitos a serem mais especificamen-te trabalhados em determinados espaços de tempo, digamos, por mês, bimestre ou trimestre, como sugerido no cronogra-ma indicado no quadro nº 5.

Entendemos que o nosso trabalho de reforma íntima não se conclui apenas em um, dois ou três meses de auto-observação sobre cada tipo de defeito, mas ao dedicarmos, nesses prazos, maior atenção a cada um particularmente, assim exerceremos maiores esforços concentrados, que nos proporcionarão melhor identificação e domínio das suas ma-nifestações. Teremos, então, obtido maior “conhecimento de causa” que, em seguida, agirá em nós como mecanismos auto-matizados de combate.

Esse trabalho intensivo e concentrado pode não ser fácil para muitos dos Aprendizes do Evangelho, mas é a “porta es-treita” por onde teremos um dia que passar, quando decidir-mos agir. E quem começa se orientando sozinho deve ter em mente que a ação, ao contrário das palavras e intenções, é a base do aprendizado. E ninguém obtém efeitos práticos sem criar, idealizar e planejar a sua própria auto-reforma, porque assim fazendo aumentamos as nossas possibilidades de cres-cer espiritualmente e de desenvolver nossas potencialidades.

O que aqui apresentamos é apenas um dos meios, entre outros que possam ser criados pelos interessados, ao planejar sua reforma moral.

Como contar as ocorrências dos defeitosVamos tentar quantificar o número de ocorrências em

que aparecem os nossos defeitos por dia e por semana. Volta aqui a importância de sermos observadores de nós mesmos.

Podemos admitir que entre os três diferentes métodos seguintes, um pelo menos poderá ser utilizado na auto-ob-servação:

1º observar os acontecimentos, contando o número de ocorrências;

2º observar a duração de um acontecimento, anotando o tempo da ocorrência;

3º observar o número de acontecimentos que ocorrem num determinado espaço de tempo.

No primeiro: contamos o número de vezes por dia, no transcurso de uma semana, que os incidentes despontam den-tro de nós. Por exemplo, sentimentos de orgulho, de vaidade, inveja, ciúme, avareza, ódio, remorsos, vingança, agressividade, personalismo, intolerância, impaciência, negligência, ociosidade

ou, ainda, o número de vezes que tenhamos sido maledicentes.Evidentemente nos concentraremos isoladamente num

deles, por vez.No segundo: preocupamo-nos em avaliar o tempo de du-

ração em que tenhamos permanecido por dia, numa semana, com os sentimentos de orgulho, inveja, ciúme, ódio, remorsos, vingança, agressividade, impaciência (irritação), ociosidade (preguiça) ou, ainda, o tempo despendido na maledicência.

No terceiro: delimitamos um período de tempo, num ho-rário escolhido convenientemente, para cada dia de observa-ção numa semana, anotando, assim, o número de aconteci-mentos por amostragem, ou seja, prestamos atenção, apenas naquele horário do dia, no número de vezes em que os nossos sentimentos ou reações dos citados defeitos surgem.

As observações poderão ser divididas em três áreas de ação: na família, no trabalho e na sociedade. O resultado na contagem será a soma do apurado nessas três áreas.

Cada interessado, no seu caso particular, descobrirá qual o método que mais funciona e, portanto, o que preferirá apli-car. A partir do momento em que tenhamos apontado com exatidão o que queremos mudar, saberemos escolher a ma-neira de contar as suas manifestações.

Uma regra básica é sugerida para escolha do método de aplicação: se o impulso, pensamento ou atitude de comporta-mento ocorrem trinta ou menos vezes por dia, de forma nítida e separadamente, use o primeiro, anotando o número de vezes. Se ocorrem mais de trinta vezes por dia, use o terceiro (amostragem num horário prefixado). Se o acontecimento não é fácil de con-tar ou permanece vários minutos por vez, empregue o segundo método, contando a soma dos tempos que leva no dia inteiro.

A exatidão da contagemParece fácil, mas se confiarmos na memória e deixarmos

para fazer nossas anotações no final do dia, certamente a nos-sa contagem será inexata. Para tal, recorramos a cartões ou fichas em que tracinhos possam ser riscados de imediato, as-sim que o defeito aconteça. No final do dia apenas somaremos os tracinhos, anotando o total.1

A diminuição das ocorrênciasSem dúvida, estamos atentos que defeitos incrustados há

tanto tempo, aos quais possivelmente nos acostumamos, não se modificam repentinamente, e podemos até levar mais de uma existência para deles nos livrar. O nosso trabalho nesse aspec-to é permanente e de efeitos demorados. Assim sendo, já nos contentamos com a diminuição progressiva das ocorrências que vinham se registrando, e todo o nosso empenho será em função de reduzi-las cada vez mais. Dizer, no entanto, ou mesmo estabe-lecer dados numéricos previsíveis, prefixados, como fizemos com os vícios, achamos delicado aqui recomendar, em se tratando dos defeitos, cujas extensões e intensidades podem variar muito

1 Nosso objetivo em reproduzir fragmentos do livro Manual Prático do Espírita, de Ney Pietro Peres, é apresentar um roteiro que auxilie o aluno a criar um plano de mudanças seguro no processo de transformação e reforma íntima. Recomendamos portanto a leitura completa da obra, editada pela edi-tora Pensamento. É importante seguir o roteiro passo a passo, utilizando-se dos gráficos disponíveis no livro.

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6 33ªaula:Oquadrodosapóstoloseaconsagração

de pessoa a pessoa, ou, ainda, alguns deles podem estar vincu-lados a processos reencarnatórios crônicos de difícil eliminação.

Deixamos, evidentemente, ao critério de cada um fazer a sua programação, que pode ser, mesmo assim, estabelecendo metas próprias, referidas a número de ocorrências dos seus de-feitos, buscando a sua redução permanente, até atingir índices que, dentro da sua análise comparativa pessoal, sejam classifi-cados em ótimos, bons, razoáveis, sofríveis ou péssimos.

Compreendemos, naturalmente, que o resultado “sofrível” de um pode ser considerado “bom” para outro que luta com maior predominância de um defeito em particular. Ou, quem identifica um defeito com a intensidade de “moderado”, nota 5 por exemplo, um mesmo resultado considerado “razoável” de ocorrências pode representar um valor “ótimo” para outro que apresente uma intensidade “irresistível” (nota 0).

De qualquer modo, o processo é válido e a sua aplicação, muito proveitosa, pois a representação numérica e gráfica nos dá uma avaliação visual imediata do nosso trabalho de refor-ma íntima, nos ajudando grandemente a obter resultados prá-ticos cada vez melhores. É um meio de convertermos nossas boas intenções em proposições concretas.

A auto-observação e o mecanismo de contagem dos mo-mentos em que os nossos defeitos se manifestam são instru-mentos valiosos de auxílio para realizarmos as mudanças de conduta que tanto desejamos. É aquele “conhece-te a ti mes-mo” ensinado desde Sócrates, controlado graficamente, repre-sentado por dados objetivos.

O cultivo das virtudesPode parecer que devamos nos preocupar apenas com o

nosso lado inferior, com os vícios e os defeitos, que na nossa relativa condição evolutiva são ainda predominantes em rela-ção às virtudes. Não se trata de realçarmos os nossos aspectos negativos, como se poderia supor, até como um processo de culpar-se a si mesmo, que não ajuda ninguém a melhorar.

“Encerra a virtude, no seu mais elevado grau, o conjunto das qualidades essenciais que caracterizam o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio e modesto são quali-dades do homem virtuoso. Infelizmente, tais qualidades são, com freqüência, acompanhadas de pequenas fraquezas mo-rais, que as emperram e lhes tiram o brilho.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. “Sede perfeitos”. A Virtude.)

O que nos motiva é proporcionar, a quem esteja interessa-do em mudar seu comportamento e fazer algum esforço sério em melhorar, o encontro de alguns meios que o auxiliem a en-cetar por essa trilha, até mesmo sozinho. Desse modo, aqueles que estão muito satisfeitos com a vida que levam, sem proble-mas pessoais, familiares, sem angústias, sofrimentos ou ansie-dades, sem distúrbios emocionais que os incomodem, ou seja, acomodados nos seus hábitos, dando vazão ao que sentem e querem, continuar seguindo os seus impulsos, indiferentes ao sofrimento alheio, circunscritos ao seu mundo e ao dos seus imediatamente próximos, esses certamente não têm com que se preocupar e nem sentem necessidade de mudar, nem mesmo suas pequenas fraquezas morais com freqüência manifestadas.

Quem, então, chegou ao ponto de querer fazer transfor-mações para sair dos estados íntimos de conflito e insatisfa-ções, desejando, portanto, tomar atitudes renovadoras, preci-sa começar tomando conhecimento e agindo sobre as causas seculares dos nossos males, as torpezas e fraquezas que têm desviado sucessivamente a humanidade, e contra as quais apontamos nossas armas de combate.

Mostramos, então, “o que mudar” e “como mudar”. Ago-ra, vamos enfeixar, num esquema inteligível, “para onde mu-dar”. Em outras palavras, fazer um confronto dos padrões ou caracteres essenciais que constituem virtudes, e que devem tomar o lugar dos já citados defeitos a elas opostos. É como o lavrador: começa por preparar o terreno, desnatando, desto-cando, limpando, removendo as ervas daninhas, os espinhos, os pedregulhos, para depois revolver, adubar, semear e irrigar sempre. A partir disso é que o cultivo germinará, crescerá, florescerá, frutificará e reproduzirá.

Aquele nosso trabalho inicial de enfrentar os vícios comuns e depois prosseguir removendo os defeitos humanos mais evi-dentes equivale à limpeza e à preparação do nosso terreno ín-timo para o cultivo das virtudes, que corresponde à adubação, semeadura e irrigação constantes. Devem-se acrescentar os cui-dados permanentes na lavoura de não deixar crescer o mato em volta e de espantar os pássaros que picam as tenras folhas, assim comparados às freqüentes pequenas fraquezas morais que mui-tas vezes podem empanar e tirar o brilho das virtudes, isto é, a ostentação, a exaltação das obras, a exteriorização da satisfação íntima no bem praticado, para provocar elogios, sentimentos de orgulho, de vaidade, de amor-próprio, que deslustram sempre as mais belas qualidades e anulam o mérito real de quem as tenha praticado, pois, “mais vale menos virtude com modéstia, que muita com orgulho”. É o que nos afirma François Nicolas Madeleine (Paris, 1863). (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. “Sede perfeitos”. A Virtude.)

Desse modo, vamos aplicar ao serviço já iniciado o nosso adubo e a nossa irrigação à semeadura que estamos fazendo em nosso espírito carente de renovação.

As virtudes já estudadas nos são apresentadas como os modelos a seguir, na substituição que procuraremos efetuar dos nossos modos de agir. Isto é, em lugar:

de orgulho — humildade,de vaidade — modéstia, sobriedade,de inveja — resignação,de ciúme — sensatez, piedade,de avareza — generosidade, beneficência,de ódio — afabilidade, doçura,de remorsos — compreensão, tolerância,de vingança — perdão,de agressividade — brandura, pacificação,de personalismo — companheirismo, renúncia,de maledicência — indulgência,de intolerância — misericórdia,de impaciência — paciência, mansuetude,de negligência — vigilância, abnegação,de ociosidade — dedicação, devotamento.

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

629. Que definição se pode dar à moral?— Moral é a regra do bom proceder, ou seja, a distinção

entre o bem e o mal. Ela se fundamenta na observância da lei de Deus. O homem se porta bem quando faz tudo para o bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.

630. Como se pode distinguir o bem do mal?— O bem é tudo o que está de acordo com a lei de

Deus, e o mal, tudo que dela se afasta. Assim, fazer o bem é submeter-se à lei de Deus; fazer o mal, é infringir essa lei.

631. O homem tem meios de distinguir por si mesmo o bem do mal?

— Sim, quando crê em Deus e quer sabê-lo. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro.

632. Estando sujeito ao erro, o homem não pode enga-nar-se na avaliação do bem e do mal e pensar que pratica o bem quando na realidade pratica o mal?

— Jesus vos disse: vede o que gostaríeis que fizessem ou não fizessem por vós: tudo se resume nisso. Não vos enga-nareis.

633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, não pode aplicar-se à conduta pessoal do homem com relação a si próprio. Na lei natural, ele encontra a regra dessa conduta e um guia seguro?

— Quando comeis demais, passais mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida do que necessitais. Quando a ultrapas-sais, sois punidos. É assim em tudo. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades; quando ele ultrapassa esse limite, é punido com o sofrimento. Se em todas as coisas

o homem desse atenção à voz que lhe diz basta, evitaria a maioria dos males dos quais põe a culpa na natureza.

634. Por que o mal está na natureza das coisas? Refiro-me ao mal moral. Deus não poderia criar a humanidade em melhores condições?

— Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ig-norantes.(115) Deus deixa ao homem a escolha do caminho; se tomar o caminho errado, pior para ele: sua peregrinação será mais longa. Se não existissem montanhas, o homem não perceberia que se pode subir e descer, e se não existissem ro-chedos, ele não saberia que há corpos duros. É preciso que o Espírito adquira experiência, e para isso ele deve conhecer o bem e o mal; eis por que há a união do Espírito ao corpo.(119)

635. As diferentes posições sociais geram novas exi-gências, que não são as mesmas para todos os homens. Com isso, poder-se-ia pensar que a lei natural não é uma lei uniforme?

— Essas diferentes posições existem na natureza e estão de acordo com a lei da evolução. Isso não invalida a lei na-tural, que se aplica a tudo.

As condições de existência do homem mudam conforme a época e os lugares; disso lhe surgem necessidades diferen-tes e posições sociais adequadas. Como essa diversidade está na ordem das coisas, ela está de acordo com a lei de Deus, lei que, apesar dessas diversidades, não deixa de ser una no seu princípio. Cabe à razão distinguir as necessidades reais das que se prendem às aparências e às convenções sociais.

636. O bem e o mal são absolutos para todos os ho-mens?

— A lei de Deus é a mesma para todos, mas o mal de-pende acima de tudo da vontade que se tenha de praticá-lo. O bem é sempre bem e o mal é sempre mal, seja qual for a posi-ção do homem; a diferença está no grau de responsabilidade.

637. O selvagem que cede ao seu instinto ao alimen-tar-se com carne humana é culpado?

— Eu disse que o mal depende da vontade. Pois bem, o homem é mais culpado à medida que tem mais noção do que faz.

As circunstâncias dão ao bem e ao mal uma gravidade relativa. Muitas vezes o homem comete faltas que, embora sejam conseqüência da posição em que a sociedade o colocou, nem por isso são menos condenáveis; mas sua responsabili-dade é proporcional aos meios de que dispõe para compreen-der o bem e o mal. Assim, o homem esclarecido que comete

O Livro dos Espíritos - Livro Terceiro, capítulo 1 - “Lei divina ou natural”

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8 33ªaula:Oquadrodosapóstoloseaconsagração

Em reunião mediúnica ocorrida na Casa de Padre Pio em 6 de agosto, onde tra-balha o produtor executivo do filme Nosso Lar, a espiritualidade presente revelou que falanges se preparam para descer à Terra e atuar durante cada ses-são em que o filme passar: cidades espi-rituais serão esvaziadas, tratamentos es-pirituais serão realizados, desligamen-tos de processos obsessivos ocorrerão... tudo isso marcando uma Nova Era que se inicia nesse planeta abençoado...

uma pequena injustiça é mais culpado aos olhos de Deus do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos.

638. Às vezes o mal parece ser uma conseqüência da força das coisas. Como, por exemplo, em alguns casos, é o desejo compulsivo de destruir até mesmo seu semelhante. Pode-se dizer que haja, nesse caso, infração à lei de Deus?

— Embora compulsivo, o mal não deixa de ser o mal; mas essa compulsão desaparece à medida que a alma se de-pura, passando de uma existência a outra; então, o homem é mais culpado ainda quando o pratica, porque o compre-ende melhor.

639. O mal que praticamos não é, muitas vezes, resul-tado da posição em que outros homens nos colocaram? E, nesse caso, quem tem mais culpa?

— O mal recai sobre quem o causou. Assim, o homem que é induzido ao mal pela posição em que seus semelhan-tes o colocam, é menos culpado do que aqueles que o mo-tivam, porque cada um será punido não só pelo mal que tiver praticado, mas também pelo mal que tiver provocado.

640. Quem não pratica o mal, mas se aproveita do mal praticado por outro, é tão culpado quanto ele?

— É como se o praticasse; tirar proveito do mal é par-ticipar dele. Talvez hesitasse diante da ação, mas se, encon-trando-a pronta, dela se aproveita, é porque a aprova e por-que ele mesmo a teria executado se pudesse, ou se tivesse coragem.

641. O desejo do mal é tão reprovável como o próprio mal?

— Depende; há mérito em resistir espontaneamente ao mal que se tem o desejo de praticar, principalmente quando se tem a possibilidade de satisfazer esse desejo; mas, se só não se faz isso por falta de oportunidade, há culpa.

642. Basta não praticar o mal para ser agradável a Deus e assegurar uma posição no futuro?

— Não; deve-se fazer o bem no limite das próprias for-ças, porque cada um responderá por todo o mal que tiver feito devido ao bem que deixou de fazer.

643. Há pessoas que, por sua posição, não têm possibi-lidade de praticar o bem?

— Não há quem não possa fazer o bem: só o egoísta nunca encontra oportunidade para isso. Basta estar em contato com outros homens para encontrar oportunidade de fazer o bem, e cada dia de vida sempre dá, a quem não esteja cego pelo egoísmo, a possibilidade de praticá-lo, por-que fazer o bem não é apenas ser caridoso, é ser útil, na medida do possível, todas as vezes que vossa ajuda for ne-cessária.

644. Para certos homens, o meio em que vivem não representa a causa primeira de muitos vícios e crimes?

— Sim, mas também aqui se trata de uma prova es-colhida pelo Espírito em condições de liberdade; ele quis se expor à tentação para ter o mérito da resistência.

645. Quando, de algum modo, o homem se acha mer-gulhado na atmosfera do vício, o mal não se torna uma sedução quase irresistível?

— Sedução, sim; irresistível, não, porque, dentro da at-mosfera do vício, às vezes encontramos grandes virtudes. São Espíritos que tiveram forças para resistir, e que, ao mes-mo tempo, tiveram por missão exercer uma boa influência sobre seus semelhantes.

646. O mérito do bem que praticamos é subordinado a determinadas condições? Melhor dizendo, há diferentes níveis no mérito do bem?

— O mérito do bem está na dificuldade; não há mérito em praticar o bem sem esforço e quando não custa nada. Deus considera mais o pobre que reparte seu único pedaço de pão do que o rico que apenas dá o que lhe sobra. Jesus disse isso a propósito do óbolo da viúva.

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Técnicas da Mediunidade - Carlos Torres Pastorino

(continuação do número anterior)

A corrente pode ser:

CONTINUA ou DIRETA — Quando a intensidade e o sentido da propagação são invariáveis, de A para B.

A B

ALTERNADA — Quando a intensida-de e o sentido variam periodicamente, isto é obedecem ao movimento de vai-vem. A corrente alternada está sujeita à lei Senoidal, embora nem sempre apresente curvas em senóide:

Assim nossos pensamentos. Podem permanecer em “corrente direta”, quando concentrados em dado objetivo permanentemente: emitimos, apenas. Mas podem passar a “corrente alternada”, quando emitimos e recebemos alternadamente; isto é, lançamos o pensamen-to e obtemos a resposta.

Também a mediunidade pode consistir numa corrente direta, quando caminha numa só direção (do espírito para o médium) numa passividade absoluta. Ou pode ser executada em corrente alterna-da, quando o Médium age, com seu pensamento, sobre o espírito. Isso é necessário, é imprescindível que ocorra, quando o espírito manifestante é sofredor: o médium deve receber as idéias do espí-rito, manifestando-as; e logo influir com sua própria mente sobre o espírito, doutrinando-o em conexão com o doutrinador. Mais ainda, quando, fora de sessão, se vê acossado por espíritos que atrapalham mentalmente, pode estabelecer com eles um diálogo, procurando doutriná-los.

Na prece, a corrente pode ser direta (geralmente o é); quando apenas nós falamos (quase sempre pretendemos “ensinar” a Deus o que Ele deve fazer para nós...), e pode ser alternada quando, na prece verdadeira, pouco falamos, e depois silenciamos para “ouvir” a res-posta silenciosa em nosso coração.

Verificamos, pois, que, sendo as leis as mesmas em todos os planos, aplica-se ao espírito idêntico princípio que encontramos na física.

CAMPO ELÉTRICO

Denominamos assim a porção do ESPAÇO onde se rea-lizam fenômenos elétricos, pela existência de uma corrente.

A direção e a intensidade de um campo elétrico são dados pelas “linhas de força” do campo.

LINHA DE FORÇA

Linha de força representa um campo elétrico (ou magné-tico) cuja direção, em qualquer ponto é tangente à, direção da força elétrica (ou do campo magnético) nesse ponto.

A linha de força é tangente em, todos os pontos, à dire-ção da campo. Mas o campo é percorrido por uma infinidade de linhas de força. Então, o número de linhas de força que atravessam uma superfície é dado, convencionalmente, pela intensidade do campo.

Aqui novamente encontramos aplicações interessantes.

A sALA DE REuNIãO - uma reunião mediúnica (a sala de reuniões) forma, inegavelmente, um “campo elétrico” ou magnético. Quanto mais estiver o ambiente carregado de eletricidade ou mag-netismo positivo, mais eficiente será à reunião. Quanto mais esse ambiente estiver permeado de forças negativas, mais perturbada a reunião. Essa a razão por que se pede que não haja movimento de gente na sala mediúnica, especialmente algumas horas antes das reuniões: é para evitar que o campo elétrico seja desfavoravelmente carregado de energias negativas, interferindo nas “linhas de força” estabelecidas pelos espíritos, como “pólos norte” ideais no campo. A conversação fútil, as discussões políticas ou de outra espécie, as críticas ou palavras deprimentes, “invertem” a corrente elétrica, do campo.

Ora, as “linhas de força” dependem da intensidade de pen-samentos bons e amoráveis. Quanto mais numerosas e fortes essas linhas de força, tanto mais propício o “campo elétrico” para as comu-nicações eletro-magnéticas entre desencarnados e encarnados. Não se trata de religião nem de pieguismo: é um fenômeno puramente físico, de natureza elétrica. Quem pretende fazer reuniões espíritas (eletromagnéticas) sem preparar antes o “campo elétrico-magnético”,

Eletricidade (II)

http://tecnopot.com.br/explicando-em-video-um-campo-magnetico/

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sujeita-se a decepções de toda ordem, a interferências, a fracassos.Note-se, porém, que o campo elétrico pode também ser pertur-

bado por entidades desencarnadas, que vivam no ambiente (por não ser calmo e amoroso) ou que sejam trazidos pelos freqüentadores (que tenham tido discussões ou raivas durante o dia). As entidades desencarnadas têm a mesma capacidade que as encarnadas de emitir ondas eletro-magnéticas de pensamento.

O que evita esses aborrecimentos é uma corrente MAIs FORTE que a tudo se superponha. E o melhor gerador de forças eletricamen-te superiores é a PRECE.

CONDENSADOR

Chamam-se “condensadores” (ou “capacitores”) os apa-relhos construídos de tal maneira, que tenham, intercalados, corpos “bons condutores” de eletricidade e material “isolante” (dielétrico). O fato de não se tocarem entre si os “condutores” faz que a corrente, mesmo não passando de um a outro, pro-voque a criação, entre eles, de um “campo elétrico”. Assim, um CONDENSADOR cria um campo elétrico entre cada chapa, no espaço ocupado pelo material isolante.

Os condensadores quando em circuito sintonizado podem ser:

a) fixos, quando recebem e emitem energia num só com-primento de onda, sem selecioná-las.

b) variáveis, quando têm possibilidade de selecionar os diversos comprimentos de onda, de acordo com a maior ou menor superfície do campo, estabelecido pelas “placas”. Todos conhecem os condensadores variáveis em nossos rádio-receptores.

No ambiente mediúnico, os assistentes e médiuns são verdadei-ros condensadores, que formam o “campo eletromagnético”. Entre cada criatura existe o material isolante (o ar atmosférico). E por isso o campo se tornará mais forte quando houver mais de uma pessoa.

Aqueles que não são médiuns, funcionam como os condensa-dores fixos, que recebem e emitem energias num só comprimento de onda, não sendo capazes de distinguir as diversas “estações” transmissoras (os diversos espíritos) e não podem por isso receber e transmitir as mensagens deles. As idéias ficam confusas e indistintas.

Já os médiuns são verdadeiros condensadores variáveis, com capacidade para selecionar os espíritos que chegam. Então recebem e transmitem cada comprimento de onda por sua vez, dando as comunicações de cada um de per si. Quanto maior a capacidade do médium de aumentar e diminuir a superfície do campo estabelecido pelas “placas”, tanto maior a capacidade de receber espíritos de sin-tonia diversa: elevados e sofredores.

Há médiuns, porém, que parecem fixos em determinada onda: só recebem e transmitem determinada espécie de espíritos, provando com isso a falta de maleabilidade de sua sintonia.

Para modificar a sintonia, o condensador variável movimenta as placas, aumentando ou diminuindo a superfície do campo. Os médiuns podem obter esse resultado por meio da PRECE, modifican-do com ela o campo elétrico, e conseguindo assim captar e retrans-mitir as estações mais elevadas, os espíritos superiores.

ACUMULADOR

Chamamos acumulador o aparelho que ARMAZENA ener-gia química. Essa energia, uma vez armazenada, é fornecida e distribuída sob forma de corrente elétrica, até que o acumula-dor se esgota. Entretanto, é, possível recarregar o acumulador, forçando-se através dele uma corrente em sentido oposto.

BATERIA

Denomina-se BATERIA uma série de acumuladores ligados entre si, aumentando, com isso, a capacidade de armazenamento e também o tempo em que consegue perma-necer sem esgotar-se.

Grande semelhança com a mediunidade.Cada criatura constitui um acumulador, capaz de armazenar

a energia espiritual (eletromagnética). Entretanto, essa energia pode esgotar-se. E se esgotará com facilidade, se houver “perdas”, ou “saídas” dessa energia com explosões de raiva, ou com ressentimentos e mágoas prolongadas, embora não violentas. Cada vez que uma pessoa se abor-rece ou irrita, dá “saída” à energia que mantinha acumulada, “descar-rega” o acumulador de força (ou fluidos), diminui a carga e, portanto, se enfraquece. O segredo é manter-se inalterado e calmo em qualquer circunstância, mesmo nas tempestades morais e materiais mais atrozes.

Todavia, se por acaso o acumulador se descarrega, pode ser novamente carregado, por meio de exercícios de mentalização positi-va e de PRECE em benefício dos outros, ou seja, prece desinteressada. Portanto, é realmente carregado com uma energia em direção oposta: se ficou negativo, carregar-se-a com energia positiva.

Os acumuladores nem sempre possuem carga suficiente de ener-gia para determinado fim. são então reunidos “em série”, formando uma bateria. Na mediunidade, quando um médium não é capaz de fornecer energia suficiente a sós, reúne-se com outros, formando uma “reunião”. Esta é constituída “em série”, (não em paralelo), e por isso é que todos se sentam em redor de uma mesa. A bateria assim formada, conserva em si e pode utilizar uma energia eletromagnética muito maior. Daí as comunicações em reunião serem mais eficientes que com um médium isolado, por melhor que seja ele.

Também a bateria pode esgotar-se. Mas a vibração das ondas de pensamento e a PRECE podem carregar novamente a bateria. Esse processo é com freqüência utilizado nas reuniões, durante ou após a manifestação de espíritos muito rebeldes, que descarregam a energia: uma prece repõe as coisas em seu lugar, infunde novas energias à “bateria” e permite a continuação dos trabalhos.

Como vemos, mediunidade ou comunicação de espíritos não é fenômeno religioso, mas puramente físico, eletromagnético, obe-decendo a todas as leis da eletrônica. Quem compreender isso, perceberá que “ser bom”, “fazer o bem”, “perdoar e amar” não são VIRTuDEs religiosas, mas FORÇAs CIENTIFICAs que permitem à criatura uma elevação de vibrações e uma ascensão a planos superio-res. Quem é inteligente, é bom por princípio científico. Por isso, há tanta gente boa sem ser religiosa, e até dizendo-se “atéia”. E tantos que professam religião e que, não tendo compreendido o fenômeno, permanecem na ignorância do mal.

(continua no próximo número)

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Todas as informações dou-trinárias estão contidas e melhor explicadas na codificação espírita, situando-nos como individualidades e criaturas imortais. Ela responde quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Tais informações foram levantadas em forma de questiona-mentos pelo codificador e equacio-nadas por uma plêiade de espíritos superiores, liderada pelo Espírito de Verdade; foram analisadas, selecio-nadas, sistematizadas e publicadas, sucessivamente, entre 1857 e 1868, sob um rígido controle metodológico de Allan Kardec, mas também com a sabedoria dos seres superiores, que vislum-bram uma realidade mais ampla e sem os nossos conhecidos limites materiais. Muitos desses espíritos não sabem tudo, porém sabem muito mais do que nós. Sua sabedoria já está muito próxima dos mistérios do Criador e da Criação e isso nos ajuda a superar os obstáculos que hoje nos desafiam a existência; eles já aprenderam a amar sem limites e nós estamos incluídos nesta lista de seres a quem amam e que anseiam fazer progredir. Para eles, a felicidade é amar, pro-teger e libertar as criaturas que ainda não compreendem porque sofrem e não possuem maturidade para serem ple-namente felizes. Quando esses espíritos conseguem desper-tar em nós um certo grau de consciência, suficiente para o reconhecimento das causas e conseqüências dos problemas nos quais estamos envolvidos, ficam satisfeitos e se afastam, temporariamente, para que possamos romper, sozinhos, outros limites que a Lei da Evolução nos oferece. Muitos desses espíritos que se comunicaram na codificação possuem responsabilidades de grande dimensão no direcionamento coletivo do nosso planeta. Por isso, em determinadas épocas, sobretudo as de transformações profundas, interferem em nosso benefício, sempre mostrando rumos mais seguros dian-te desses períodos de provas difíceis. Nesses momentos, já registrados em outras épocas da nossa História, quando tudo parece estar perdido e sem perspectiva, os espíritos superio-res lançam seus ensinamentos como “salva-vidas” em meio as tempestades sociais: diante do caos, mostram a ordem e o equilíbrio; diante da dor, mostram a esperança; diante do ódio e da vingança, mostram que não há solução senão o amor, em todas as suas manifestações que já conseguimos distinguir: a solidariedade, a cooperação, a piedade, a com-paixão, a tolerância, o perdão, a renúncia. Para esses espíritos experientes, que já passaram pelo que estamos passando, as curtas existências na carne são oportunidades valiosas para rompermos os obstáculos; a simples posse de um corpo, inde-

pendente da circunstância, é uma poderosa ferramenta de progresso individual ou do grupo ao qual esta-mos ligados; desistir ou desviar des-sas oportunidades significa recusar um medicamento de cura e prolon-gar o sofrimento. Como, no plano mental, o esquecimento objetivo faz parte das provas a serem realizadas na carne, os espíritos interferem na memória espiritual, nas lembranças subjetivas que temos dos planos espirituais de onde viemos. Para nós, essas lembranças são noções que

chamamos vagamente de “destino”. Para eles, são compro-missos específicos que foram escolhidos e assumidos, cons-cientemente, antes da reencarnação. Entre nós e eles, esses são pontos de vista muito diferentes, que fazem dos espíritos seres mais aptos a ver coisas que não conseguimos, ou não queremos, enxergar quando estamos na carne.

Tudo isso, no século XIX, era informação restrita a ape-nas alguns círculos de conhecimento; ainda assim, com mui-tas ressalvas, pois não havia meios seguros para confirmá-la. Tal conhecimento estava oculto e guardado onde sempre esteve, para ser usado somente nas situações necessárias: no “inconsciente”. Esse foi o ponto de partida dos espíritos superiores para interferir no momento crucial da humanida-de contemporânea.

A grande marca que está presente em todos esses escri-tos de Allan Kardec e dos espíritos superiores é a revelação explícita do mundo espiritual, do Universo fora ou além da matéria densa. Afinal, tudo foi feito para explicar os eventos iniciados em Hydesville e a inteligência manifestada através das mesas-girantes no mundo inteiro. A possibilidade da ação direta, no plano da matéria palpável, de uma força extrafísica e inteligente, não ficaria somente na esfera do diá-logo filosófico entre “mortos” e vivos; se bem que, depois dos livros de Allan Kardec, ficou muito difícil estabelecer e dis-tinguir quem, realmente, são os mortos e quem são os vivos.

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É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

16. Entre as estrelas que cintilam na abó-bada celeste, quantos mundos há, como o vosso, destinados pelo Senhor à expiação e à prova! Mas existem também mundos mais miseráveis e mun-dos melhores, assim como há os de transição, que podemos chamar de regeneradores. Cada sistema planetário, girando no Espaço em torno de um centro comum, leva consigo seus mundos primi-tivos, de exílio, de prova, de regeneração e de fe-licidade. Já ouvistes falar de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, ainda ignorante do bem e do mal, para que possa caminhar em direção a Deus, senhora de si, na posse de seu livre-arbítrio. Já vos foi dito a respeito das amplas faculdades de que a alma está dotada, para fazer o bem. Mas in-felizmente há as que sucumbem. E Deus, não que-rendo prostrá-las, permite-lhes passar para esses mundos, onde se depuram e se regeneram, de en-carnação em encarnação, até que se tornem dignas da glória que lhes está reservada.

17. Os mundos regeneradores servem de tran-sição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma que se arrepende encontra neles a calma e o repouso, acabando por depurar-se. Nes-ses mundos, sem dúvida, o homem ainda está su-jeito às leis que regem a matéria. A humanidade tem sensações e desejos semelhantes aos vossos, mas está livre das paixões desenfreadas de que sois escravos. Neles, não existe o orgulho que faz calar o coração, a inveja que o tortura e o ódio que o sufoca. A palavra amor está impressa em todas as frontes, e uma perfeita igualdade rege as rela-ções sociais. Todos reconhecem Deus e, seguindo Suas leis, tentam chegar até Ele.

No entanto, nesses mundos a felicidade per-feita ainda não existe, mas sim o alvorecer da feli-cidade. O homem ainda é carne, e por isso mesmo está sujeito a contrariedades de que só os seres completamente desligados da matéria estão livres. Ele ainda tem de passar por provas, embora elas não sejam tão dolorosas quanto as angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são muito felizes. Muitos de vós ficariam satisfeitos se o habitassem, pois lá reina a mesma calma que se experimenta após a tempestade, a convalescença que se segue depois de uma doença cruel.

O homem, menos preocupado com as coisas materiais, entrevê o futuro melhor do que vós. Ele compreende que são outras as alegrias que o Se-nhor promete aos que se tornam dignos, quando a morte novamente tiver ceifado seus corpos para introduzi-los na verdadeira vida. É então que a

O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo 3 - “Há muitas moradas na casa de meu Pai”

alma liberta poderá viajar por sobre todos os horizontes, prevalecendo não mais os sentidos materiais e grosseiros, e sim os delicados sentidos de um perispírito mais apurado, envolvido pelas emanações do amor, provindas de Deus.

18. Infelizmente nesses mundos o homem ainda é falho, e o mal não perdeu completamente o seu poder. Não avançar significa recu-ar. Por isso, se não estiver firme no caminho do bem, o homem pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde novas e terríveis provas o aguardam.

À noite, na hora do repouso e da prece, contemplai, pois, a abóbada celeste, e, nas inúmeras esferas que brilham acima de vossas cabeças, procurai as que levam a Deus, pedindo-lhe que um mundo regenerador vos acolha após a expiação na Terra. (saNto agostiNho, Paris, 1862).