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Gs 37 protagonismo sustentabilidade

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Revista Geração Sustentável Edição 37 Protagonismo em Sustentabilidade Empresarial

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 3

Diretor ExecutivoPedro Salanek Filho

[email protected]

Diretora Administrativa e Relações CorporativasGiovanna de Paula

[email protected]

Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck

[email protected]

Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto

e Ivan de Melo Dutra

Colaboraram nesta ediçãoJornalistas: Bruna Robassa e

Alexsandro T. Ribeiro [email protected]

RevisoraAlessandra Domingues

Assinaturas [email protected]

Fale [email protected]

Impressão Gráfica Capital

ISSN nº 1984-9699

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de de-senvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produ-zida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma la-vanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.br

As matérias destacadas com o selo "Parceria Ge-ração Sustentável" referem-se à conteúdos elabo-

rados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição

dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada

Conheça o mundo digital da Geração SuStentável

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Revista Digital

Editorial

A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral inde-pendente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em ar-tigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exce-to para fins didáticos. As fotos dessa edição recebem o crédito de divulgação. Tiragem da edição: 10.000 exemplares - 37ª Edição - março/abril - Ano 8 - 2013

A ideia de elaborar um tema de capa que tratasse da atuação transfor-madora do gestor surgiu durante o lançamento do Programa Ecos de Sus-tentabilidade do Sistema Fecomércio, no início deste ano. No encerramento desse evento, o vice-presidente Paulo Nauiack enfatizou para os colabora-dores do sistema a importância de uma atuação focada na mudança e na conscientização para uma gestão mais sistêmica, uma atuação efetivamen-te de “protagonista”.

Essa atuação proativa é fundamental para uma cultura de sustentabi-lidade ser iniciada, ou mesmo continuada, dentro das organizações. Vive-mos um momento de promover o engajamento dos colaboradores para a transformação dos nossos negócios. Muitas empresas desejam implantar projetos, criar programas e reposicionar sua atuação. Para esse processo acontecer, é fundamental que o primeiro passo contemple a cultural or-ganizacional. Precisamos de gestores que sejam líderes e que comprem essa ideia de repensar a empresa, se não teremos apenas projetos bem elaborados no papel. Dentro dessa linha, essa edição traz exemplos de empreendedores que arriscaram iniciar seus negócios com o lançamento de produtos inovadores. A entrevista principal traz o empresário Adonai Arruda que possui negócios em vários setores. As entidades da cidade de Maringá, signatárias do Pacto Global, são destaques na editoria de Respon-sabilidade Social Corporativa. Trazemos também conteúdos relacionados à reciclagem de madeira, à sustentabilidade hospitalar e à reutilização de fios do setor têxtil.

Esta edição apresenta também um espaço novo, denominado “Susten-tabilidade em foco”, localizado em nossas primeiras páginas. Um espaço para profissionais que atuam diretamente com a sustentabilidade empre-sarial. O espaço apresenta textos curtos e diretos, com comentários amplos e que podem ser utilizados como referência para os nossos leitores!

Boa leitura!

Pedro Salanek Filho

Gestores proativos para empresas sustentáveis

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Anunciantes e Parcerias

02 WTC

08 e 09 CATIVA

11 PROMOVE SAÚDE

17 IPIRANGA

25 FIEMA BRASIL

29 MATFIN

31 EBS

33 ISA

37 RECICLAÇÃO

41 TOC MÍDIA

47 COMPACT CIA

51 ECOBIKE

52 UNIMED

Sumário

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 4

03 Editorial 06 Sustentabilidade em foco 10 Sustentando 14 Entrevista – Adonai Arruda 18 Capa Liderança e transformação 26 Responsabilidade Social Corporativa Maringá: Referência nacional e internacional no Pacto Global 32 Gestão Ambiental A arte de reciclar

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 5

35 Talentos Voluntários 36 Gestão Estratégica 38 Visão Sustentável A saúde do hospital na gestão sustentável e consciente 43 Economia e Sustentabilidade 44 Gestão de Resíduos Por um fio ecológico 49 Valor Compartilhado 50 Vitrine Sustentável

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Vislumbro o dia em que sustentabilidade será palavra quase inutilizada. Um

dia em que empresas, pessoas e organizações da sociedade civil terão condutas e práticas mais humanas e

solidárias enraizadas em seus DNAs. O dia em que a sustentabilidade já não

será uma meta, ou um objetivo distante, mas uma realidade sólida.

Empresas socialmente responsáveis cuidam de seus colaboradores de modo holístico e

têm mais chances de reter talentos. Cada vez mais será necessário oferecer oportunidades

internas para um desenvolvimento pleno, profissional e pessoal. Bons projetos de qualidade de vida atendem essa nova realidade do mundo corporativo: criar um ambiente onde pessoas sentem-se

valorizadas de modo integral.Vera Brito

Assessoria em Responsabilidade Social Empresarial

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Sustentabilidade em Foco

Sustentabilidade tem a ver com qualidade de vida, não pelo processo

de acumulação de bens materiais, mas

pela oportunidade de realização do ser humano como parte indissociável

dessa grande empresa denominada universo.

Jeronimo Mendes Administrador, Coach Empreendedor, Escritor

e Palestrante. Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE

Jean Michel Silva Analista de Projetos no Centro de Ação

Voluntária de Curitiba (CAV)

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asdas É preciso entender que a verdadeira sustentabilidade na Construção Civil não é apenas

construir e projetar edificações com apelo ‘verde’ e sim garantir

que a responsabilidade e a ética permeie todos os níveis

do processo produtivo e uso do empreendimento.

A Confederação Nacional do Comércio continua trabalhando para implantar

os Acordos Setoriais. No dia 21/03 reuniu, na cidade de Salvador/BA, o Grupo Técnico de Trabalho sobre Meio Ambiente (GTT-MA), do qual faço parte..."A Política Nacional de Resíduos Sólidos está sendo

implantada e você não precisa se envolver, mas vai pagar a conta!".

Stella Marys Rossi Boiça Gerente de Novos Negócios da Emisa Plaenge

Paulo Nauiack Presidente do Conselho Regional dos

Representantes Comerciais do Paraná - CORE/PR ,,,,,,

Sustentabilidade em Foco

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 7

Sustentabilidade é, antes de tudo, uma

escolha consciente das organizações. O querer

fazer é o primeiro e primordial passo que

define e garante o sucesso da gestão sustentável e

social das empresas.Andrea Koppe

Presidente da Unilehu – Universidade Livre para a Eficiência Humana

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Programa Ecos em CuritibaLançado em janeiro, em Curitiba, o Programa Ecos de Sustentabilidade CNC-Sesc-Senac traz uma nova proposta para o Sesc Paraná. Voltado ao público interno da entidade, o programa surgiu por meio da necessidade de se caminhar para uma gestão cada vez mais sustentável e responsável, entendendo as questões ambientais como imprescindíveis para a promoção da qualidade de vida e bem-estar social. A iniciativa tem como missão planejar, propor, executar e apoiar ações que induzam à prática intersetorial e colaborativa da sustentabilidade, para mitigação dos impactos socioambientais, otimização do uso dos recursos das instituições e conscientização/mobilização dos funcionários do Sistema. No lançamento do programa, os funcionários receberam uma xícara, um copo, um fichário para utilização de rascunhos e uma sacola retornável. Também faz parte do programa a retirada de lixeiras individuais das mesas para estimular a separação do lixo nos locais apropriados. Nesse primeiro momento, o programa será implantado aos colaboradores e gestores do prédio da Administração Regional do Sesc/PR, incluindo os do Senac e da Fecomércio/PR. O Paraná faz parte do grupo de 10 estados a receber a iniciativa, criada em 2010 pela CNC e pelos Departamentos Nacionais do Sesc e do Senac.

Prêmio Ozires Silva reconhece projetos sustentáveisEm fevereiro, o Museu Oscar Niemeyer (Curitiba-PR) foi palco da cerimônia de entrega do 7° Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável, que reuniu cerca de 270 pessoas, entre finalistas, autoridades e empresários de diversos estados do país. Foram mais de 90 pequenas, médias e grandes empresas, pessoa física (Plano de Negócios) e comunidade acadêmica inscritas nas categorias Empreendedorismo Econômico, Ambiental, Educacional e Social. O prêmio objetiva reconhecer os melhores projetos de empreendedorismo e sustentabilidade do Brasil, buscando incentivar práticas e ideias que contribuam para o desenvolvimento da sociedade. Entre as iniciativas vencedoras, estão projetos provenientes de São Paulo, Campinas, Curitiba, Foz do Iguaçu, Campo Mourão, Blumenau e Itapoá. Entre os projetos ganhadores, na categoria de Educação, entre empresas de médio e grande portes, está “Os Especialistas”, do Departamento Regional do Paraná do Senai. O projeto, criado em 2011, consiste em cinco cursos em funções de alta demanda e baixa procura da indústria paranaense: confecção, automotivo, higiene de alimentos, metalmecânica e construção civil. Jovens a partir dos 14 anos podem participar da capacitação gratuita.

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Sustentando

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Prêmio Mãe Natureza reconhece mulheres paranaensesReconhecer e premiar mulheres que contribuíram de forma relevante para a defesa do meio ambiente no Paraná. Este é o objetivo do Prêmio Mãe Natureza, instituído por meio de resolução, pelo secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Luiz Eduardo Cheida. O prêmio será conferido anualmente, no Dia Internacional da Mulher, agraciando três mulheres que se destacaram na área ambiental no Estado. As indicações devem ser feitas por entidades de classe, sindicatos, instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, instituições de ensino ou órgãos de pesquisa. Para a escolha das mulheres que receberão o prêmio, será constituído o Conselho do Prêmio Mãe Natureza, composto por seis integrantes, sendo dois representantes da Secretaria do Meio Ambiente, dois representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Paraná e dois representantes indicados por organizações não governamentais. A resolução prevê que 50% do Conselho deve ser composto por mulheres.

Sustentando

Fundo para Juventude Urbana As inscrições para a sexta edição do Fundo para Juventude Urbana do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), que oferece subsídios para projetos inovadores liderados por jovens entre 15 e 32 anos que abordem áreas como emprego, governança urbana, segurança e prevenção de catástrofes podem ser feitas até o dia 15 de abril. As iniciativas podem receber doações de até 25 mil dólares. O Fundo ajuda na concepção e implementação de projetos liderados por jovens que contribuam para o desenvolvimento sustentável no mundo em desenvolvimento. Além disso, visa a obter ideias vindas de projetos bem-sucedidos e aumentar a conscientização sobre a necessidade de integração da juventude nas políticas e estratégias de desenvolvimento.Todos os jovens que vivem em países em desenvolvimento podem se candidatar. Para mais informações, os interessados devem acessar o site www.unhabitat.org.

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Plano Inova Sustentabilidadesupera expectativasAo todo, 258 empresas encaminharam cartas à Finep manifestando interesse em participar do edital do Inova Sustentabilidade, iniciativa conjunta com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Meio Ambiente. A demanda soma R$ 8,4 bilhões, quatro vezes a dotação orçamentária de R$ 2 bilhões, disponibilizada para operações contratadas no período de 2014 a 2016. O plano tem como objetivo incentivar a realização de investimentos na área ambiental, com a promoção de soluções inovadoras capazes de reduzir impactos das atividades produtivas sobre o meio ambiente. O Inova Sustentabilidade pode financiar Planos de Negócios acima de R$ 5 milhões, com prazo de execução de até 60 meses. A participação pode ser de até 90%.

Turismo sustentávelA busca por patrimônios naturais e culturais preservados, tradições e histórias é o que move viajantes em todo o mundo. E foi essa avaliação que motivou a agência de viagens Teresa Perez Tours a lançar o guia The Traveller Sustentabilidade, onde são concentradas ideias, ações e iniciativas que visam proteger povos, paisagens e legados que já chegaram ao mundo do turismo e estão presentes de forma criativa em hotéis, cidades, restaurantes, praias e florestas. O estudo foi realizado pela equipe da agência e mostra que a sustentabilidade é uma preocupação muito mais antiga do que muita gente imagina. Entre os destaques do guia está a arquitetura gótica, nascida na França no século 10, que dá prioridade à iluminação interna natural através de vitrais. Esse mesmo princípio inspira hoje edifícios comerciais e residenciais - os ecocondomínios. Na Europa contemporânea, as ideias verdes convivem em harmonia com a tradição. Outros exemplos marcantes são Viena e Amsterdam, onde o transporte público se reinventou ao dar prioridade às bicicletas e aos carros híbridos e elétricos. Também são destacados destinos como África do Sul e Maldivas, onde as comunidades locais e os hotéis trabalham em conjunto e Índia e Marrocos, em que os santuários são cada vez mais protegidos pelos governos e empresas conscientes. Para saber mais sobre o guia The Travellers, acesse: www.teresaperez.com.br/publicacoes.

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Sustentando

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Prêmio ANA 2014Empresas privadas e estatais poderão inscrever seus trabalhos relacionados ao bom uso da água no Prêmio ANA 2014 até o dia 30 de maio. Em sua 5ª edição, a premiação bienal da Agência Nacional de Águas busca reconhecer boas práticas relacionadas à água na categoria Empresas e em outras seis: Ensino; Governo; Imprensa; Organismos de Bacia; Organizações não Governamentais (ONG); e Pesquisa e Inovação Tecnológica. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas por meio do hotsite do Prêmio ANA: www.ana.gov.br/premio. A premiação busca reconhecer trabalhos que contribuam para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos do País e identificar ações que estimulem o combate à poluição e ao desperdício e apontem caminhos para assegurar água de boa qualidade e em quantidade suficiente para o desenvolvimento das atuais e futuras gerações. Caso os participantes precisem enviar materiais físicos complementares, o envio deverá ser realizado por remessa postal registrada aos cuidados da Comissão Organizadora do Prêmio ANA 2014 no seguinte endereço: SPO, Área 5, Quadra 3, Bloco “M”, Sala 118, Brasília (DF), CEP: 70610-200. Cada participante pode inscrever mais de uma iniciativa.

Sustentando

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O programa Jovens Profissionais do Desenvolvimento

está com inscrições abertasCom o slogan “7 meses, 7 níveis de consciência e uma jornada que vai transformar vidas” o programa é focado em jovens que buscam aliar sua profissão com impactos positivos na sociedade. No mês de fevereiro a ONG Sociedade Global abriu inscrições para a terceira edição do Programa Jovens Profissionais do Desenvolvimento. O JPD é um programa de formação voltado para jovens que buscam direcionar sua carreira e habilidades a serviço da sociedade.

Para realizar sua inscrição e obter maiores informações acesse: www.sociedadeglobal.org.br

Império de Casa Verde leva sustentabilidade ao AnhembiOitava colocada do Carnaval de São Paulo, a escola de samba Império de Casa Verde empolgou o público com desfile que discutiu os perigos e soluções para o meio ambiente. Penúltima escola a entrar na avenida em 2014, o grupo falou sobre o passado, o presente e o futuro do planeta. As soluções sustentáveis para os problemas do meio ambiente coloriram o desfile do início ao fim. Assinado pelo carnavalesco Alexandre Louzada, o enredo "Sustentabilidade, construindo um mundo novo" levou 3600 componentes à avenida em 26 alas. O tema foi abordado em um total de 64 minutos com um roteiro que traçou um histórico da contaminação ambiental paralela à evolução humana, apresentando os danos provocados pela poluição e pelo uso desenfreado de recursos. A apresentação foi concluída com apresentação de diversas alternativas para construção de um futuro mais sustentável para o planeta. O objetivo foi mostrar que, à medida que a indústria se aprimorava e criava novas facilidades para o cotidiano das sociedades, o aumento do consumo de recursos naturais foi aumentando os riscos da longevidade desse sistema.

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Entrevista

Adonai Arruda

um empreendedor de sucesso

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Adonai Aires de Arruda é presidente das empresas Higi Serv Holding S/A, Serra Verde Express e Usipar - Usinas de Recicláveis Sólidos do Paraná. Está à frente do SEAC-PR, Sindicato Patronal das Empresas de Asseio e Conservação e da FACOP – Fundação do Asseio e Conservação do Paraná. É conselheiro do SESC/SENAC Na-cional e membro do WTC (Word Trade Center). Nesta edição, com apoio da Mapa Comunicação, ele fala com exclusividade sobre seus negócios em diferentes seto-res e como tem desenvolvido uma gestão sustentável em seus empreendimentos.

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O senhor é considerado um empresário de sucesso e possui os seus negócios em diversos setores. Como o senhor desenvolveu essa visão sistêmica de enxer-gar oportunidades em atividades tão diferentes? Excetuando a Usina, todas as outras atividades de uma forma ou outra estão relacionadas ao setor de serviços. Podemos dizer que as oportunidades sur-gem pelo caminho, são analisadas e por meio do fee-ling e da experiência de vida muitas das decisões são tomadas. Isso tudo procurando, basicamente, distin-guir entre o que é sonho e o que possa ser realidade.

O que o motivou em desenvolver empreendimentos em setores como o de turismo, de serviços e de ges-tão de resíduos?O turismo surgiu da possibilidade de prestar servi-ços que estávamos acostumados por meio de uma operação consorciada. Com a evolução dos negó-cios, a paixão pelos trens e pelo turismo foi se in-tensificando e, analisando as perspectivas futuras, absorvemos os demais componentes do consórcio e passamos a atuar somente com nosso Grupo Empre-sarial. A gestão de resíduos veio de conversas com nossos sócios nesse empreendimento decorrentes da presença sempre constante de um assunto ainda novo, com necessidade de desenvolvimento e em-preendedorismo.

Como iniciou a SERRA VERDE? Como é atuar no ne-gócio de turismo ferroviário?Começou com um processo licitatório ocorrido em dezembro de 1996, conforme já informamos, por

intermédio de uma ação consorciada e que após nossa vitória e o andamento da operação optamos por ficar apenas dentro de nosso grupo empresa-rial. A atuação no turismo ferroviário é muito difícil, pois temos dificuldades de velocidade na maioria de nossas vias, as quais possuem o foco principal na carga, os equipamentos são antigos e, portanto, carecem de muita especialização, pesquisa e ma-nutenção constantes, além da excessiva burocracia governamental, pois o processo de liquidação da RFFSA provocou várias dificuldades até a definição da devida sucessão, situação que por muitas vezes ainda se encontra indefinida.

Atualmente, o tema sustentabilidade é mencionado em todos os negócios, qual é a sua percepção sobre o turismo sustentável? O turismo cada vez mais se define como uma das atividades mais importantes do futuro, por tudo que ele gera e envolve, até porque é a atividade que de-têm maior número de elos da economia ao seu lado, são 52, e também a que possui o maior número de micro e pequenos empresários envolvidos. Assim sendo, mesmo que a necessidade de grande pulveri-zação conceitual possa trazer dificuldades, quando ela se insere na filosofia do empresário, ela se torna perene. Hoje, em qualquer negócio, o amadorismo não pode mais conviver, e no dia a dia estampam-se em nossos olhos, 24 horas por dia, fenômenos que nos mostram a necessidade de que os novos tem-pos são construídos por meio da sustentabilidade e responsabilidade com o meio ambiente.

O Turismo ferroviário tem história, geografia, engenharia, meio ambiente,

biologia, agricultura, enfim, vários pontos da ciência. A simples viagem é uma lição

de vida em todos os sentidos

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Como demonstrar para o turista (cliente), com agregação de valor ao negócio, essa relação com os aspectos socioambientais e culturais?O Turismo ferroviário propicia isso com muita facili-dade. Ele tem história, geografia, engenharia, meio ambiente, biologia, agricultura, enfim, vários pon-tos da ciência. A simples viagem é uma lição de vida em todos os sentidos. Uma equipe de Guias Profis-sionais de primeira linha traduz isso na maioria dos idiomas e propaga essa conscientização.

A empresa HIGISERV atua na área de prestação de serviços e terceirização. Como são elaboradas as po-líticas de sustentabilidade para o quadro de colabo-radores e também junto aos clientes?Por meio de capacitação, conscientização, pesquisa e qualificação diária.

Quais são os maiores desafios para o setor de ter-ceirização de serviços? Como criar uma cultura de empresa sustentável e reduzir os impactos socioam-bientais?Material humano. Somente por meio da educação e da qualificação do material humano.

Outra empresa do grupo é a USIPAR, que atua na gestão de resíduos da construção civil e foi, inclusi-ve, tema de capa da edição 24 da nossa revista. Como o senhor percebeu essa oportunidade de negócio? Como é ser empreendedor no setor de resíduos?Como citado, diante de legislações em sua maio-ria com amplas dificuldades de serem cumpridas, incorporando isso ao nosso perfil, podemos, por meio dos negócios, conscientizar a população. Não é fácil, pois tudo aquilo que é novo e principalmente que traz mudança na cultura básica tem seus obs-

táculos. Mas, no dia a dia, você têm vitórias e essas são de extrema gratificação.

Quais são os produtos gerados pela USIPAR? Como os rejeitos da construção civil são retornam como no-vos produtos? Como funciona essa logística reversa?Areia, brita zero, brita 1, rachão e bica corrida. O material é recebido, classificado, britado e automa-ticamente classificado. Hoje, nossa principal clien-tela são as construtoras de maior porte que já têm a consciência da logística reserva.

Quais os benefícios e os indicadores que confirmam a USIPAR como uma empresa sustentável? A proteção ambiental como um todo. A cada dia que passa, os areais estão mais distantes. Isso econo-miza combustível, polui menos e fornece areia re-ciclada. O processo industrial, o trabalho de cons-cientização, o crescimento diário do número de clientes, o evitar que tais resíduos sejam de manei-ra inconsciente jogados no meio ambiente de forma inadequada e poluente, a visão do setor público que começa cada vez mais a se abrir, admitir e prestigiar esse tipo de empresa. De pioneiros que fomos, hoje na grande Curitiba já são 6 players, organizando-se inclusive como associação de classe.

Que mensagem final o senhor quer deixar aos leito-res da revista Geração Sustentável?Que exemplos como desta revista que rotineira e fielmente publica matérias, situações, atos e téc-nicas que buscam a conscientização das comuni-dades, ajude as pessoas a fazerem um pouquinho mais, não pensando em si mesmas, mas nas próxi-mas gerações, as quais, se não tiverem a formação adequada, certamente viverão num mundo muito mais árido e difícil.

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Entrevista

No dia a dia estampam-se em nossos olhos, 24 horas por dia, fenômenos que nos mostram a necessidade de que os

novos tempos são construídos por meio da sustentabilidade e responsabilidade

com o meio ambiente

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Capa

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Liderança e transformação

Conheça gestores que foram protagonistas da implantação de políticas e práticas de sustentabilidade em seus negócios

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Bruna robassa

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pesar das diferentes trajetórias e atu-ações diversas em variados níveis e tipos de organizações, os líderes da sustentabilidade corporativa tem

algo em comum: a sede por mudança e por fa-zer acontecer. Grandes empresas brasileiras e multinacionais com sede no país, como Natura, Santander, Whirpool, Walmart, Fibria e Renova Energia contam com fundadores, diretores, pre-sidentes ou ao menos um líder dedicado a con-duzir movimentos que visam ao desenvolvimen-to sustentável da organização.

A atuação do líder é considerada uma for-te aliada para as organizações. Estudiosos de conceituadas universidades defendem que sem liderança não há sustentabilidade, e sem desen-

A

os líderes da sustentabilidade corporativa tem algo em

comum: a sede por mudança e por fazer acontecer.

volvimento sustentável fica comprometida a per-petuidade da organização e do planeta. Na visão desses estudiosos, liderar significa ter coragem para fazer uma crença acontecer, portanto só quem acredita alcança.

Mas essa qualidade não está restrita aos pro-fissionais das grandes organizações. Muito pelo contrário. Ansiosos por fazer acontecer, empre-endedores que passaram ou não por experiência corporativa anterior em outras empresas decidi-ram promover a mudança criando seus próprios negócios. É o caso dos empresários Caio Bonatto, fundador da TecVerde, Humberto de Ramos Ca-bral, criador e diretor industrial da Embafort e do uruguaio Juan Muzzi, fundador da Muzzicycles.

Mudança • Formado em engenharia civil, Bonatto cresceu observando o canteiro de obras da construtora de seu pai. Junto de seus dois sócios, criou a Tecverde. “Nosso sonho é tornar o setor da construção civil mais sustentável e industrializado, e, por meio da mudança de um setor tão conservador quanto o nosso, inspirar outros setores a se reinventarem também. Bus-camos inspirações tecnológicas em diversos outros países até chegarmos à nossa tecnologia final, que foi totalmente adaptada à nossa reali-dade”, conta o empreendedor.

Localizada em Curitiba e desde 2010 atuan-do no sul e no sudeste brasileiro, a Tecverde se baseia em um conceito inovador de construir casas no Brasil. A tecnologia utilizada, chama-da de woodframe, foi a escolhida pelo fato de ser a que melhor conseguiu reunir aspectos de industrialização (sem limitar a flexibilidade de personalização dos projetos), agilidade, con-forto e sustentabilidade. As casas Tecverde são produzidas em um prazo até seis vezes menor que o processo de construção tradicional e ain-da reduz os desperdícios em até 85% e as emis-sões de CO2 em até 80%.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Capa

Essa tecnologia foi transferida da Alemanha para a Tecverde com apoio técnico de um convênio com o Ministério da Economia de Baden Wurttem-berg e apoio da FIEP, SENAI e outras 34 empresas.

Determinação • Caio Bonatto conta que o que fator determinante para que o projeto de criação da TecVerde se tornasse realidade foi a essência e o sonho nunca terem sido deixados de lado. “Mudar um setor tão conservador, ino-var, não é fácil. Exige muito, mas muito mesmo de todo o time diariamente. Disciplina, determi-nação, perseverança, e aquela certeza de que tudo é possível. Se não tivesse o sonho conos-co, se fosse só pelo dinheiro de curto prazo, com toda certeza já estaríamos em outra faz tempo”, destaca o empreendedor.

Segundo ele, o grande desafio para manu-tenção da empresa é manter as pessoas motiva-das e inspiradas para fazer algo grande, quando tudo em nosso país parece jogar para baixo. “É burocracia que não acaba mais. Prazos absur-dos para certidões. Um caminhão de papel para cada coisinha que se pretende fazer. Impostos que ninguém sabe como calcular para produtos normais, e quem dirá para produtos inovadores. Vencer tudo isso é um grande desafio”, ressalta.

Para Bonatto, a sustentabilidade não deve-ria ser nunca um diferencial, mas sim um fator intrínseco a todo e qualquer produto, serviço ou decisão. “Sustentabilidade não é ainda um fator decisivo de compra, pode até ser um fator agregador de valor em alguns casos, mas por que seria? Eu dou toda razão para o consumidor. Ele quer comprar um produto de qualidade, com

bons preços e que desempenhe bem o papel do que ele se propõe a ser”, opina.

Ainda segundo o fundador da TecVerde, as empresas devem exercer um papel muito forte para fazer com que todos seus produtos sejam bons, de qualidade e tenham bons preços, e a sustentabilidade faça parte desse pacote. “As empresas precisam entender que a sustentabili-dade não é uma linha de produtos para eco-cha-tos, e sim mais uma variável do negócio que bem gerenciado trará vantagens competitivas gritan-tes: redução de custos com matéria-prima, logís-tica, mais qualidade de vida para mão de obra, mais qualidade no entorno”, relata Caio Bonatto.

Orgulho • Hoje o empreendedor se sente-feliz e orgulhoso pelo negócio. “Principalmente pelas pessoas que estão conosco ou participa-ram de nossa história. Nosso plano é realmente mudar o mundo a partir de uma mudança no que está ao nosso alcance. Ninguém nasce gigante, nasce perfeito, e o brasileiro tem vergonha dis-so. Parece que tudo tem que estar 100% desde o começo. Não é assim. As pessoas podem e de-vem arriscar, errar, corrigir aqui e ali, tentar de novo e mudar e melhorar. E quando tudo parecer 100% é porque está na hora de você se reinven-tar de novo”, defende.

Bonatto pensa que os profissionais da sua geração estão mais antenados em relação ao desenvolvimento de negócios sustentáveis, mas acredita que não entenderam ainda como condu-zir da teoria à prática e como tirar proveito da sus-tentabilidade como uma ferramenta de gestão e não como uma ferramenta de marketing apenas.

estudiosos de conceituadas universidades defendem que sem liderança não há sustentabilidade, e sem desenvolvimento sustentável fica comprometida a perpetuidade da organização e do planeta.

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O empreendedor defende que os profissio-nais pensem de forma holística ao tomarem uma decisão e incorporem fatores que impactam no meio ambiente e no social aos poucos na agenda da empresa. “Com o tempo, verá que a sustenta-bilidade faz parte da sua essência. Fazer com que seu time se engaje até mais que você”, orienta.

Decidido a proteger • Humberto de Ramos Cabral, fundador e diretor industrial da Embafort, é graduado em Engenharia Florestal e especialis-ta em Gestão Industrial de Tecnologia da Madei-ra, entre outras qualificações. Em 1979, com 23 anos, ele saiu de Curitiba para estagiar no antigo Projeto Jari, em plena Selva Amazônica, com a missão de acompanhar as equipes de inventário Florestal pela selva, para prospectar o potencial de utilização das árvores e dos biomas.

“Tive a oportunidade de ficar deslumbrado com a floresta majestosa, com os animais e as

cachoeiras. Mas um lugar em especial me en-cantou, ao qual retornei quatro meses depois. Ao caminhar pelas brumas da manhã no meio da mata, senti um grande mal-estar. Saí da mata e vi que tudo aquilo que tanto tinha me encantado fora derrubado pelos tratores. O ar estava seco, sofrido e doentio, devido a queimadas que afe-tavam uma área de cinco km2. Naquele momen-to, tomei a decisão de dedicar a minha vida para a proteção dos biomas”, relata.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Cabral também conta que já nasceu com a vontade de ser empreendedor, e decidiu ab-sorver o máximo de experiências profissionais, para um dia ser dono do seu próprio negócio. Assim ficava somente dois anos em cada empre-sa. “Busquei experiências em vários estados do Brasil e nos Estados Unidos. Um ano após retor-nar ao Brasil, fui trabalhar em uma grande indús-tria de compensado e vi as sobras de produção e o material descartado. Desenvolvi um projeto a fim de produzir embalagens com as sobras e os resíduos e comecei a trabalhar sozinho, com so-bras das serrarias de madeira de reflorestamen-to e das fábricas de compensado. Assim, fundei a Embafort em 1988, com US$70,00 e o sonho de empreender e causar impacto”, lembra.

Juntando sua formação e experiências pes-soais e profissionais buscou trabalhar de forma pioneira com Eco-Business. Inicialmente focou no segmento de embalagens industriais em madeira e de reciclagem de embalagens industriais des-cartadas, tendo por concepção conectar o cres-cimento e o desenvolvimento dos negócios, por meio da união da inovação e sustentabilidade.

Trabalho em equipe • Segundo ele, a em-presa passou por diversos ciclos, que foram fundamentais para moldar o que é hoje. “No início, éramos uma empresa muito pequena e, em 1996, eu quebrei. Na época em que fui à fa-lência, teve um momento em que percebi que só falava e pensava no singular. Foi quando reuni meus funcionários, que eram apenas nove, e dis-se para eles: precisamos conquistar o ISO 9000. Foi nesse momento, que vi que para reerguer a Embafort precisaria da união e do esforço de to-

Capa

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“Passamos por um longo processo transformador de reeducação com os clientes, explicando que madeiras de reflorestamento como Pinus e eucalipto, mesmo com suas restrições, são vistas como ativos renováveis e, ao utilizarmos essas espécies, estamos protegendo as nossas florestas nativas", Humberto Cabral da Embafort

dos, e que uma empresa se constrói por meio da valorização do trabalho em equipe”, conta.

Segundo conta o empresário, a partir desse momento, a Embafort seguiu baseada em três critérios: ter lucratividade, pois a empresa precisa se perpetuar; trabalhar com gestão de desenvolvi-mento humano e se preocupar com a preservação do meio ambiente. O investimento nas certifica-ções das normas do Sistema de Gestão da Quali-dade ISO 9001, Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001 e Sistema de Gestão de Saúde Ocupacio-nal e Segurança no Trabalho OHSAS 18001 fez da empresa uma organização com sólidas diretrizes e promoção de equilíbrio em todo o processo de gestão. “Atualmente, somos a única na América Latina com Sistema de Gestão Integrado”, destaca.

Disposto a buscar um novo nicho de mercado, em 2007, após análise das suas competências es-senciais e das habilidades da Equipe Embafort, Cabral criou o setor de Novas Áreas de Negócios ligado à área de Pesquisa, Desenvolvimento e Ino-vação, e dentro deste iniciou o projeto de Habita-ção Social. A empresa recebeu apoio da FINEP para desenvolver projetos nessa área em três editais, nos anos de 2008, 2010 e 2013 e, desde então, está ampliando a Embafort Sistemas Construtivos.

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Reeducação • Além das dificuldades finan-ceiras enfrentadas em 1996 e 2008, o empresário conta que a empresa sofreu muito com o precon-ceito que existe quanto ao uso de madeiras de re-florestamento, como Pinus e Eucalipto. Segundo ele, nos primeiros anos, existia grande resistên-cia por parte dos clientes quanto ao tipo de ma-deira a ser utilizada nas embalagens industriais.

“Os nossos clientes queriam utilizar madei-ras nobres como Peroba, Cedro, Pinheiro ou, em último caso, as Madeiras de Lei. Passamos por um longo processo transformador de reeducação com os clientes, explicando que madeiras de re-florestamento como Pinus e Eucalipto, mesmo com suas restrições, são vistas como ativos reno-váveis e, ao utilizarmos essas espécies, estamos protegendo as nossas florestas nativas”, explica.

Atualmente, a Embafort ainda enfrenta o “preconceito” que existe com relação às ha-bitações sociais em madeira, estigmatizadas como inseguras e com baixa durabilidade. Os projetos desenvolvidos pela companhia bus-cam reverter esse pensamento, com a criação de habitações que utilizam materiais e proces-sos mais sustentáveis, com um custo competi-tivo e qualidade garantida.

“Buscamos inspirações tecnológicas em

diversos outros países até chegarmos à nossa

tecnologia final, que foi totalmente adaptada à nossa realidade", Caio

Bonato da Tecverde

Necessidade • Na opinião de Cabral, a sus-tentabilidade é uma necessidade. As empresas precisam praticar os conceitos do Tripple Bot-tom Line e sempre buscarem ser inovadoras. A Embafort utiliza como base de crescimento e sustentabilidade a inovação em seus produtos, gestão de processos e modelo de negócio foca-do em Eco-Business. No processo de benchma-rking da London Business School, que compara 1.000 empresas do mesmo setor, a Embafort fi-cou entre as cinco melhores do mundo, sendo benchmarking em Meio Ambiente e 2º lugar em Inovação e Desenvolvimento, além de ter sido reconhecida por instituições públicas e priva-das, sendo premiada com o Prêmio FINEP de Inovação, entre outros.

Simplificação e capacitação • Cabral acre-dita que uma das razões do seu sucesso é a bus-ca por simplificar processos, enquanto vê mui-tos profissionais complicando. Ele vê a inovação como a criação de algo novo, útil, que gere retor-no financeiro, atenda as necessidades das pes-soas e promova a sustentabilidade.

“Acredito que o melhor conselho que eu pos-sa dar é que sempre penso que, embora a Emba-fort seja uma indústria de pequeno porte, com 60 funcionários, é fundamental buscar a capaci-tação dos colaboradores e identificar os poten-ciais líderes entre eles. Sou um empresário com visão de futuro e entendo que o verdadeiro pa-trimônio de uma empresa é formado pelas pes-soas que participam diariamente dos processos da empresa e vejo nestes a reflexão dos valores e princípios da Embafort”, destaca.

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O empreendedor busca promover na Emba-fort um ambiente que seja o reflexo dos seus valores. “Ao andar pela empresa, fica clara a nossa opção pela sustentabilidade, pois o pro-cesso não fica restrito à empresa. Eu acredito e respeito a forma particular de expressão, limite e potencial criativo do ser humano e, por isso, a Embafort apoia mensalmente desde 2007 a ONG SERPIÁ, cuja missão é contribuir para a preven-ção e o restabelecimento da saúde mental de crianças e adolescentes, que vivem ou que pas-saram por algum sofrimento psíquico”, ressalta.

Cabral acredita que arriscou e acertou ao abrir a sua própria empresa. Não foi um caminho fácil e passou por muitas dificuldades, inclusi-ve grandes crises econômicas nos seus 25 anos de estrada. “Mas sei que estou no sentido certo quando vejo o meu esforço e a empresa sendo reconhecidos publicamente”, comemora. Sua meta é transformar a Embafort em referência na-cional de Construções Sustentáveis e Tecnologia Social, sem abandonar a área de Embalagens In-dustriais, que já possui nome consolidado.

Inovação e persistência • O uruguaio Juan Muzzi, que mora no Brasil há mais de 40 anos, inovou ao criar a empresa Muzzicycles, que utiliza o conceito de sustentabilidade ao aliar o ciclismo com a reciclagem de garrafas de PET. Ele conta que a persistência foi o fator determinante para que a empresa fosse criada. Segundo ele, os maiores desafios para criação e manutenção da empresa

foram o pouco interesse das autoridades e das pessoas em geral, além dos recursos financeiros.

Para o empresário, o nível de liderança e pro-tagonismo dos profissionais de sua geração ain-da é inexpressivo e defende que precisa haver evolução, além de maior consciência ambiental. Ele espera que, no futuro, seja mais valorizado por seu projeto e acredita que o inconsciente das pessoas é ambiental.

A Muzzicycles utiliza um Processo de Desen-volvimento Limpo (PDL) e produz bicicletas por meio do reaproveitamento de garrafas de PET. Além de serem bicicletas mais baratas, que eli-minam soldas, não enferrujam, não precisam de amortecedor, são ecologicamente corretas pelo fato de proporcionaram menor extração de mi-nérios de ferros e bauxita, processar menos alu-mina e diminuírem o efeito estufa.

De acordo com levantamento da empresa, é possível reciclar anualmente 15.840.600 gar-rafas de PET que poderiam ser transformadas em 132 mil quadros de bicicleta. Com isso, se-riam economizados 980.732 kg de petróleo e 2.738.227 kg de CO2 deixariam de ser despeja-dos no meio ambiente. 200 garrafas de PET são necessárias para produzir cada unidade, que tem o peso médio de 6 kg. Muzzi dedicou mais de dez anos para desenvolver a bicicleta até che-gar à versão final, para ser produzida em escala industrial em sua empresa, em São Paulo. Para coletar as garrafas, o empresário firmou algumas parcerias com grandes empresas.

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Geração de energiaO desenvolvimento sustentável é a base de

crescimento da Renova Energia, empresa que tem como diretor presidente o paranaense de Toledo, Carlos Mathias Becker. Durante palestra organizada por uma consultoria especializada em estratégia e inteligência em sustentabilida-de em São Paulo, Becker contou que acompa-nhou de perto o grande impacto da construção da Usina de Itaipu. Esse foi o seu primeiro despertar para o tema da sustentabilidade e para a sensação de que poderia transformar o mundo.

Entre as ações da empresa com foco em sustentabilidade está o Programa Catavento. A iniciativa reúne projetos sustentáveis e de desenvolvimento socioambiental no semiárido

baiano, região onde estão localizados 14 par-ques eólicos da empresa, que tiveram a energia comercializada no Leilão de Energia de Reserva (LER) 2009.

Fundada em 2001, a Renova Energia é uma Companhia brasileira de geração de energia elétrica renovável com atuação em matrizes eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e solar. Desde 2009 sua atuação está concen-trada em projetos de fonte eólica.

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Paraná, em 1994, Be-cker atuou nas companhias Volvo Caminhões, Renault Automóveis, McKinsey & Company, Fidelity Investments, antes de assumir a presi-dência da empresa Renova Energia S.A.

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MARINGÁ Referência nacional e internacional no Pacto Global

Cidade se destaca mundialmente por concentrar maior quantidade de empresas signatárias

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

Bruna robassa fotos José Paulo Fagnani

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A adesão de mais de 20 empresas de Maringá ao Pacto Global no final de 2013 tornou o município referência nacional e internacional em enga-

jamento. Durante evento de mobilização, as or-ganizações interessadas assinaram uma carta de compromisso proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) que visa à incorporação de práticas de responsabilidade social, como valo-res fundamentais em todas as áreas de trabalho e de relacionamento. Após essa iniciativa, o Para-ná contabiliza mais de 100 empresas signatárias, sendo apenas 37 em Maringá. Ao todo, no Brasil, são 593 instituições.

Segundo o diretor regional do Conselho Para-naense de Cidadania Empresarial (CPCE), institui-ção ligada à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Sergio Baccarim, a campanha de incentivo à adesão ao Pacto Global partiu de ini-ciativas do comitê gestor do CPCE, que tem como missão articular as competências de Responsa-bilidade Socioambiental Corporativa. De acordo com Baccarim, para mobilizar as empresas da cidade, foi estabelecida uma linha de comunica-ção com a Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim) para divulgação dos princípios do Pacto Global, que foram apresentados para os di-versos conselhos da associação.

Ainda segundo o diretor, Maringá tem uma ca-racterística de integração das diversas atividades socioeconômicas, em que há grande permeabili-dade de novas ações e ideias. “É relevante des-tacar o bom relacionamento e engajamento dos empresários maringaenses e o trânsito livre que o CPCE/Fiep em Maringá tem entre a Associação Comercial, instituições de ensino, terceiro setor e Prefeitura. O apoio da administração pública municipal tem sido de suma importância”, relata. Baccarin destaca também o trabalho e a dedica-ção de uma articuladora do CPCE em Maringá, Debora Regina Irie, “sem a qual não teríamos atingido os resultados até aqui conquistados”, ressalta.

Norman de Paula Arruda Filho, presidente do ISAE/FGV, diretor do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG) e presidente do PRME Chapter Bra-zil também atua na busca de novos signatários. Como diretor do CBPG, ele tem desenvolvido um trabalho de sensibilização para atração de novos signatários, ministrando palestras e workshops, com a finalidade de dar visibilidade e ampliar a rede do Pacto Global.

“Em parceria com o CPCE e com Associação Comercial e Industrial de Maringá, temos desen-volvido um trabalho intensivo para que as empre-

sas e instituições de ensino da região de Maringá se engajem com as questões ligadas à sustenta-bilidade e se tornem signatárias do movimento. Por conta desse trabalho, mais de 40 empresas locais já assinaram o termo de intenção ao Pacto e sabemos que uma série de outras organizações já demonstrou interesse em fazer parte desse grupo”, destaca.

Segundo Arruda Filho, esse é um exemplo inspirador de ações integradas com resultados sinérgicos, que também busca a despolarização das empresas signatárias do Sudeste, como fa-tor de ampliação da área regional de influência. “Dessa forma, as instituições buscam alcançar o que a Unesco chama de 5.° Pilar da Aprendiza-gem: ‘Aprender a se transformar e a transformar a sociedade’.”

Adesão • Entre as empresas que recém

aderiram ao Pacto Global estão a Engeblock Pla-nejamento e Construções Ltda. e a Cahetel - TG Comércio de Alimentos Ltda., franqueada do McDonald’s.

Segundo o socioproprietário da Engeblock, Paulo Pereira Lima, a assinatura é bem importan-te para a empresa, pois confirma o compromisso e os objetivos da construtora em acreditar e seguir os 10 princípios. “Orgulhamo-nos de participar deste grupo seleto de empresas com as mesmas intenções, contribuindo para um futuro melhor. Visando um futuro melhor para todos, nós da En-geblock apoiamos a ideia do ‘viver bem’, como estampa a nossa marca, qualidade de vida, onde as pessoas possam conviver umas com as outras em perfeita harmonia, e os dez princípios do Pac-to Global, que compreendem: direitos humanos, trabalho, meio ambiente e contra a corrupção, está totalmente relacionado com esses objetivos. Acreditamos e apoiamos que, se todos aderirem à iniciativa do Pacto Global, com certeza haverá um futuro justo e melhor para todos”, relata.

O empresário relata que a Engeblock têm em seu histórico diversas iniciativas que seguem os princípios do Pacto Global, e que, a partir de ago-ra, com essas mudanças, serão mais incisivos nas melhorias que o pacto proporciona. “Temos em mente e prática que devemos trabalhar a favor do próximo, sempre com qualidade de vida, respei-tando os direitos, apoiando e aplicando iniciati-vas de responsabilidade ambiental, incentivando para que todos façam parte de um mundo mais sustentável”, ressalta. Nas obras da empresa, por exemplo, já são utilizados os 3 Rs (reduzir, reuti-lizar e reciclar), além da transparência nos relató-rios e laudos ambientais.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 27

“temos em mente e prática que devemos

trabalhar a favor do próximo, sempre

com qualidade de vida, respeitando os direitos, apoiando e

aplicando iniciativas de responsabilidade

ambiental, incentivando para que todos façam

parte de um mundo mais sustentável",

Paulo Pereira Lima da Engeblock

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Para Lima, o grande diferencial em ser um signatário é demonstrar cada vez mais que os seres humanos podem viver em um mundo me-lhor, onde existe o respeito ao próximo e ao meio ambiente. “Para o futuro não visamos exclusiva-mente o lucro, mas sim a promoção do cresci-mento sustentável da cidadania”, destaca.

O empresário Gilmar Leal Santos Cahetel, proprietário da TG Comércio de Alimentos Ltda., franqueado de cinco lojas McDonald's em Ma-ringá, conta que entre os motivos que levaram a empresa a aderir ao pacto está o fato de enxergar os princípios como próprios da empresa. “Todos que trabalham aqui acham que devemos fazer algo, portanto assinar o pacto é reforçar esse en-gajamento e progredir ao longo do tempo”, diz. Segundo ele, o que muda com a assinatura é a comunicação contínua do progresso.

Santos, que é engenheiro e trabalhou na IBM antes de fundar a sua própria empresa, destaca que trouxe dessa experiência profissional ante-rior as missões e os credos que lá eram muito presentes, entre eles, respeito ao indivíduo, res-peito ao cliente e busca pela excelência. “Sem-pre tive como base esses princípios que, de

certa forma, também estão alinhados com os 10 princípios do Pacto Global, os quais a empresa já seguia antes de engajar-se oficialmente”, relata.

Além das empresas que recém aderiram ao pacto, a cidade já tinha organizações signatárias que divulgaram seus relatórios de sustentabili-dade, publicação necessária após as signatárias completarem um ano do Pacto Global. Uma de-las é a Lightsweet/Lowçucar, que em quase 21 anos de fundação tem se destacado no mercado brasileiro com a produção de alimentos Diet / Li-ght e Zero Açúcar.

Segundo conta Aurieliza Hernandes Takiza-wa, técnica de qualidade do setor de Garantia da Qualidade da empresa, o primeiro relatório de sustentabilidade foi feito em dezembro de 2010, mês em que a Lightsweet/Lowçucar fez a assina-tura do Pacto Global. De acordo com ela, como a empresa já praticava os princípios, continuou a desenvolver suas atividades como fazia antes da assinatura. “No entanto, a adesão ao pacto reforçou o compromisso e tem estimulado no-vas iniciativas voltadas para a multiplicação dos princípios na comunidade”, ressalta.

Para a empresa, o diferencial de ser signatária

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

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é reforçar o compromisso com os princípios e ser exemplo para a comunidade como uma organiza-ção que respeita o cidadão e estimula iniciativas de desenvolvimento, solidariedade e sustentabili-dade.

O Instituto Cidade Canção também já faz o relatório social há três anos. Para Keity Olivei-ra Novais, gestora da entidade, o processo de elaboração do relatório é muito tranquilo para a instituição, principalmente pelo fato de ser ONG. “Em relação ao que mudou é que agora trabalha-mos mais focados nos princípios, o diferencial é fazer parte de um grupo que trabalha em prol de um planeta melhor, com metas e resultados. Os benefícios são as trocas de experiências nos eventos e encontros relacionados às práticas das empresas e ONGs envolvidas com o Pacto Global e poder contribuir para uma sociedade mais justa e um futuro sustentável”, relata.

Além das empresas citadas acima, também assinaram o Pacto Global a Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM); Alvo Consultoria, Assessoria e Treinamentos Empresariais; Dinâmi-ca Ecosolution Ltda.; Dinâmica Lavanderia Indus-trial; FA Maringá; Farol Brasil Ltda.; Rocha; Ingavil-le Comércio Imobiliários; Laboratório São Camilo; Maringá Medicina Nuclear Ltda.; Moreira Suzuki Lemes & Fujita Sociedade de Advogados; Unifor-mes Paraná e Zubioli Ltda.

Rede Brasileira • Segundo a secretária--executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Renata Welinski da Silva Seabra, o Comitê Bra-sileiro do Pacto Global (GBPG) prioriza parcerias com instituições que possuam alcance e capila-ridade regional. Esse é o caso da parceria que a Rede tem com o Sesi-PR (signatário do Pacto Global e membro do Comitê Brasileiro do Pacto Global), que tem mais de 30 unidades em todo o Paraná, e por meio do trabalho realizado via Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, que possui alcance considerável no interior do estado. “O CPCE tem conduzido muito a campa-nha de adesão ao Pacto Global em Maringá, o que tem gerado resultados interessantes. Por ser

um movimento ainda novo, Maringá demonstrou maturidade do empresariado em relação a uma iniciativa que trabalha a sustentabilidade corpo-rativa”, ressalta.

Segundo ela, no entanto, isso não significa que outras cidades não possam se engajar de forma similar. “Como tudo que envolve a palavra sustentabilidade, esse trabalho de sensibiliza-ção é um processo em avanço contínuo, mas ele não acontece de um dia para outro”, lembra.

Capacitação • A Secretaria da Rede Brasi-leira do Pacto Global entra em contato com toda nova empresa que adere ao Pacto Global no Bra-sil, e promove diversas atividades de internaliza-ção dos princípios como workshops e webinars de capacitação. Além de treinamentos mais es-pecíficos sobre as plataformas de engajamento

globais do Programa, bem como treinamentos em como produzir COPs – sigla em inglês para Communication on Progress, que é o relatório que as empresas signatárias são demandadas por enviar anualmente.

“Assim, esperamos que as empresas entran-tes participem dessas atividades e procurem im-plementar da melhor forma possível os 10 prin-cípios do Pacto Global. Além disso, encorajamos as empresas que compõem a rede a ingressar em um dos Grupos de Interesse que existem no Co-mitê Brasileiro do Pacto Global hoje, participan-

“todos que trabalham aqui acham que devemos fazer algo, portanto assinar o pacto é reforçar esse engajamento e progredir ao longo do tempo”, Gilmar leal Santos Cahetel da tG Comércio de alimentos

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Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

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8 objetivos do Milênio em paralelo ao Pacto Global, em 2000, a onu, ao analisar os maiores problemas mundiais, esta-

beleceu 8 objetivos do Milênio – oDM, que no Brasil são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo – que devem ser atingidos por todos os países até 2015.

Para as empresas que buscam informações sobre como estruturar ações de responsabilidade Socioambiental Corporativa podem acessar o site darede Brasileira do Pacto Global (pactoglobal.org.br) e no Portal oDM (portalodm.org.br).

“o CPCe tem conduzido muito a campanha de adesão ao Pacto Global em Maringá, o que tem gerado resultados interessantes. Por ser um movimento ainda novo, Maringá demonstrou maturidade do empresariado em relação a uma iniciativa que trabalha a sustentabilidade corporativa", Renata Welinski da Silva Seabra da Rede Brasileira do Pacto Global

do das iniciativas e dos projetos em cada área específica, sempre respeitando o Planejamento Estratégico e estrutura de cada organização”, destaca Renata.

Hoje os grupos existentes são: GT Educação; GT Anticorrupção; GT Erradicação da Pobreza e Economia Inclusiva; GT Energia e Clima; GT Pro-dução e Consumo Sustentáveis; GT Finanças Sustentáveis; GT Água e Saneamento; GT Saúde, GT Agricultura Sustentável e GT Direitos Huma-nos. Outra oportunidade de engajamento são as Plataformas Globais que são coordenadas pelo Escritório do Pacto Global em Nova Iorque, que também trabalham temas específicos como a questão da Água pelo “CEO Water Mandate” ou a temática das crianças pelo “Childrens Rights”, entre outras.

Segundo explica Renata, todas as possibili-dades de engajamento são diferenciais e opor-tunidades para as empresas, que, ao aderirem o

maior programa global de cidadania empresarial que existe, estão entrando para um grupo seleto de empresas que trabalham seriamente a susten-tabilidade corporativa em sua estratégia. “Esse envolvimento com uma comunidade empresarial ativa nesse tema, dependendo, claro, da parti-cipação proativa de cada organização, pode ser uma fonte rica de experiências e benchmarking, parcerias, ideias e iniciativas promissoras, tanto em áreas onde a organização em questão já de-senvolve um trabalho significativo, quanto em as-suntos nos quais, por questão de sobrevivência, ela precisa se desenvolver”, relata.

Outra vantagem é o acesso a informações, es-tudos, tendências e contatos internacionais, que trabalham temas específicos sobre sustentabili-dade, além da própria interação com as Nações Unidas, inclusive no que tange a interação com outras agências que trabalham a agenda global da ONU.

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artesão Eduardo Scheidt sempre gos-tou de lidar com madeira e desde jo-vem traz a consciência de conservação do meio ambiente consigo. Sua princi-

pal atividade profissional é o martelinho de ouro em carros, mas no tempo livre ele gosta mesmo é de utilizar suas habilidades manuais produzindo mobiliários de madeira com diversas funcionali-dades. A novidade é que este ano ele conseguiu unir as duas grandes aptidões graças a uma par-ceria com a empresa OK Ambiental Ltda., que há mais de um ano trabalha com reciclagem de materiais provenientes da construção civil. Entre os resíduos de madeira da construção civil coleta-

dos pela empresa, 95% é destinado para energia (cavaco), 4,5 % utilizado para compostagem e 0,5 % para demais parceiros.

“Sempre tive certa consciência em termos de reciclagem e reaproveitamento de materiais, pois minha família sempre reaproveitou e reaproveita até hoje, desde compostagem feita em casa com cascas de legumes e frutas, madeiras usadas no forno a lenha, água reaproveitada da máquina de lavar para regar as plantas e legumes do quintal e lavar as calçadas e por aí vai. Este ano, conse-gui uma excelente parceria que me proporciona livre acesso aos materiais lá reciclados, desde bobinas para cabos, paletes de madeira, vidros

Gestão Ambiental

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A arte de reciclar

O

Parceria entre artesão e empresa de reciclagem viabiliza produção de móveis sustentáveis

Bruna robassa

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o que se produz são móveis com utilidades diversas e muito estilo, que misturam diversos tipos de madeira,

granito e metais. São bancadas, paneleiro, cantoneira, armário, cômoda, aparador, entre outros

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Gestão Ambiental

e outros materiais que escolher. Isso é muito im-portante, pois com certas atitudes poderemos minimizar o desperdício e esperamos conscienti-zar mais as pessoas de que tudo pode ser reapro-veitado”, relata o artesão.

“Ele tem livre arbítrio para suas criações, a única exigência que firmamos é que nos compro-ve com imagens o resultado”, destaca Theodoro Lipinski Neto, sócio da OK Ambiental, destacan-do que a parceria teve início em uma das incan-sáveis buscas da empresa pela sustentabilidade.

E por falar em resultado, o que se vê são mó-

veis com utilidades diversas e muito estilo, que misturam diversos tipos de madeira, granito e metais. São bancadas, paneleiro, cantoneira, ar-mário, cômoda, aparador, entre outros.

Até hoje, o artesão produz variedades de mó-veis por lazer e para utilização própria, mas con-ta que ultimamente os amigos começaram a se interessar pelo seu artesanato. “Não quero que se torne uma obrigação, mas estou aberto a opor-tunidades. Por enquanto, continuo produzindo dessa forma artesanal, rústica, para meu próprio uso”, destaca Scheidt.

entre os resíduos de madeira da construção civil coletados pela oK ambiental, 95% é destinado

para energia (cavaco), 4,5 % utilizado para compostagem e 0,5 % para demais parceiros

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Rafael Giuliano Voluntário e pesquisador de novas interações de aprendizagem

o início deste novo ano, participei de um diálogo com um grupo de gesto-res e diferentes especialistas sobre a perenidade dos negócios. Buscá-

vamos responder à pergunta: “o que torna pos-sível um negócio perdurar, e ser sustentável, por anos?”. Debatemos sobre modelos de ges-tão, regras de mercado e até algumas “receitas mágicas” pessoais, aplicadas por diversos em-preendedores. Quando questionaram minha opinião, respondi que deveríamos dar mais atenção aos valores propostos pelas organiza-ções, compreendendo sua forma de praticá-los.

Costumo dizer que a Visão de um negócio é seu ponto no horizonte, o “onde” a empresa deseja chegar, enquanto a Missão é sua forma de “como” chegar lá. E os Valores? Bem, eles são nossa “toolbox”, a “caixa de ferramentas” com tudo o que temos à disposição para ma-terializar a Proposta de Valor de uma organiza-ção, e torná-la perene.

Dito isso, surgiram inúmeros questiona-mentos, especialmente sobre como capacitar profissionais e equipes em relação aos valores da empresa. Há um curso “certo”? Um módulo sobre ética é suficiente, em um programa anu-al de formação? Como engajar as pessoas com nossos valores? Comentei haver duas poten-ciais respostas. A primeira vem da lição que nos foi dada por Lewis Cass, político e embaixador estadunidense que lançou certa vez a seguinte reflexão: “As pessoas podem duvidar do que você diz, mas elas acreditarão no que você faz.”

Os valores da empresa se tornam verda-deiras ferramentas para a sustentabilidade do negócio quando aplicados de maneira prática, em cada operação e toda ação, atribuindo--lhes o caráter de norteadores ou de critérios para decisões estratégicas. Essa prática, o fazer, proporciona às pessoas e equipes uma direção para suas próprias atitudes de valor.

Em relação à segunda resposta, acredito que todos esperavam pela proposta de algu-ma forma de “treinamento”, porém, conclui dizendo que o voluntariado é outra excelente

maneira de engajar os colaboradores com os valores da organização, uma vez que cria am-bientes e oportunidades de ver os mesmos va-lores que norteiam o negócio, aplicados tam-bém nos desenvolvimentos social, econômico e ambiental das pessoas, mostrando uma di-mensão para além do simples lucro.

É preciso reconhecer o desafio, especial-mente para os gestores e líderes responsáveis pela elaboração e implementação dos Progra-mas de Voluntariado, de relacionar os valores da organização com as iniciativas, iniciativas e projetos sugeridos, estimulando o compro-misso com as ações e o engajamento com os valores no seu cotidiano.

O voluntariado deve representar um re-encontro dos princípios da organização, sua “razão social”, a Proposta de Valor expressa em seus valores, com seus colaboradores e a sociedade. Uma oportunidade de integração e reconhecimento de seu papel.

Mais do que “ensinar” valores, é preciso vivenciá-los, a fim de que sua prática diária crie os alicerces necessários para dar susten-tabilidade ao negócio.

Ao final de nosso encontro, alguns gestores faziam anotações, procurando reconhecer quais valores estavam efetivamente relacionados com cada ação voluntária de suas empresas. De re-pente, um dos senhores mais experientes de nosso pequeno grupo levantou-se, perguntou se a reunião já havia mesmo acabado, pois ele tinha muito a fazer depois daquelas reflexões. Cumprimentou a todos e deixou a sala.

Algumas semanas depois ele me ligou. Quis agradecer pelo encontro e dizer que ele havia resgatado um dos seus valores: Impac-to Social. Comentou ter visitado os projetos e conversado com os voluntários, a fim de com-preender como cada ação impactava na vida das pessoas das comunidades. Por fim, deci-diu reunir todos para realinhar e agradecer.

Lições são sempre bem-vindas, especial-mente quando veem por meio do exemplo de valores!

Valores e sustentabilidade do negócio

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Mais do que “ensinar” valores, é preciso vivenciá-

los, a fim de que sua prática diária

crie os alicerces necessários para dar sustentabilidade ao

negócio

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Talentos Vo

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HuGo WebeR JR. Consultor em Gestão Verde. Diretor da AGRESSOR ZERO – Sustentabilidade Corporativa

este recente Carnaval do Rio de Ja-neiro, um dos eventos mais ricos e belos do Planeta, vimos estarreci-dos pelas imagens das TVs cenas

apocalípticas de lixo amontados pelas ruas dessa bela cidade brasileira. O mundo inteiro também viu. Uma greve de somente 300 garis proporcionou o caos. Agora, venhamos, “em casa que ninguém manda todos reclamam e ninguém tem razão”, de quem é a responsabi-lidade por tamanho absurdo? O poder público que não se previne antecipadamente para tais consequências e não desenvolve planos de contingência para tais situações? O empresa-riado que em sua ânsia mercadológica produz mais e mais embalagens para o consumo? A comunidade que gera mais e mais resíduos e os coloca na rua, proporcionando o chama-do “efeito catapulta”, descartando e dizendo não ser mais seu? Eximindo-se de qualquer responsabilidade pelo seu próprio resíduo. As autoridades que não proporcionam educação ambiental e mensagens midiáticas para que a população possa ser esclarecida sobre tais consequências ou a própria modernidade que não vê que apenas esse lixo muda de lugar?

O que fazer? As perguntas não calam, as repostam silenciam... e os responsáveis para-lisam-se.

Muito do que consideramos lixo, trata--se somente, como já dizia um ex-ministro do Meio Ambiente de, “matéria-prima fora de lugar”, para tanto devemos considerar como uma nova expressão de recursos naturais não aproveitados ou aproveitados de maneira não otimizada ou eficaz.

Seguindo essa linha de raciocínio, nos-so lixo deve ser tratado como recurso natural renovável e reaproveitável. Devemos ver isso não como lixo, mas como matéria-prima tem-porariamente descartada que pode e deve ser reaproveitada em novos processos ou ainda como novos produtos.

A responsabilidade dos fabricantes com essa matéria-prima deve obedecer aos critérios da sustentabilidade com apelos ambiental, social e econômico. Sustentável na fabricação dos pro-dutos iniciais, no uso, descarte e ainda na captu-ra e transporte dessa matéria descartada, com-pletando assim todo o ciclo de vida do produto.

Os responsáveis pela produção desses produtos devem diminuir toda a infraestrutura usada em seus processos, como também nas suas ferramentas e nos seus recursos técnicos. Devem ser simplificados seus designs, assim seus processos de reciclagem e reutilização de suas peças ficarão mais fáceis e econômicos.

Ter que lidar com seus próprios resíduos é uma obrigação das empresas atuais e compe-titivas, principalmente dos eletroeletrônicos.

Todas as companhias precisam ser respon-sáveis pelo que produzem e colocam no merca-do. Isso significa pensar em todo o ciclo de vida do produto e reconhecer o impacto que causam ao meio ambiente e para as pessoas. Desde a concepção do produto, passando pelo processo de fabricação, utilização e principalmente seus descartes após a sua vida útil. Essas empresas precisam estar dispostas a reutilizar, remanufa-turar, regenerar e reciclar todos os recursos que alcançaram o final de vida útil como produto.

As empresas devem se propor a recolher e a encaminhar de modo ambientalmente res-ponsável para a reciclagem e a reutilização e o processamento correto desses materiais. Não utilizar peças antigas, somente as matérias--primas do composto desses produtos.

A principal intenção dessa nova modalida-de de fabricação, utilização e disposição deve-rá ser a simplicidade.

Esse é um novo mercado em que os empre-sários e todos nós, consumidores, deveremos estar preparados para o que exige uma socie-dade moderna e preocupada com o recurso em maior expansão no Planeta, os recursos oriun-dos de nosso lixo.

Lixo não é lixo, é recurso natural

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Devemos ver isso não como lixo, mas como matéria-prima temporariamente descartada

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Gestão de resíduos hospitalares, conscientização ambiental e aproximação com a comunidade possibilitam reconhecimento internacional do Hospital de Araucária

A saúde do hospital na gestão sustentável

e consciente

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

incrível a capacidade de adaptação do conceito de sustentabilidade às mais di-versas áreas da atividade humana. Se há facilidade em propor sua aplicação em

novas atividades – startup's e empreendimentos conceituais –, por outro lado, há de se reconhe-cer a dificuldade e criatividade no uso de práticas sustentáveis em atividades centenárias e já con-solidadas, como a da saúde.

Iniciada na década de 1990, pelo britânico John Elkington, as práticas de sustentabilidade na gestão hospitalar baseiam-se no tripé aspec-tos econômicos, sociais e ambientais. De acor-do com Marcelo Durante Bittencourt, mestre em Administração com ênfase em Sustentabilidade

Hospitalar pela Universidade Udelmar (Chile), os pilares de Elkington repercutem em ações socio-econômicas, socioambientais e de ecoeficiência.

“Esses aspectos atingem globalmente toda a cadeia de valores do negócio hospitalar, abran-gendo tanto as atividades econômico-adminis-trativas e médico-assistenciais quanto toda a sociedade envolvida, pacientes, clientes, acom-panhantes, governantes, fornecedores e demais stakeholders”, afirma.

Dessa forma, um dos principais objetivos da sustentabilidade aplicada na gestão hospitalar é a redução de consumo e impacto ambiental. No entanto, as ações não são reduzidas às práticas administrativas, mas sim na conscientização e

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alexsandro t. ribeiro

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

É recorrente a busca de certificações, selos e timbres de instituições neutras e de reconhecimento público nas atuações e gestões de empresas e instituições dos mais diversos setores de serviço e produção

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Gestão responsável na área da saúdeApesar do conceito de sustentabilidade apli-

cado à saúde ter iniciado na década de 90, na Inglaterra, seu uso na gestão hospitalar no Brasil ainda é incipiente, sendo foco de preocupação de poucas instituições, ou em ações isoladas no gerenciamento do hospital.

Uma das instituições que encamparam o con-ceito de sustentabilidade na área da saúde e vem se preocupando cada vez mais na sua aplicação às ações macro de gestão dos hospitais é a Asso-ciação Beneficente de Assistência Social e Hos-pitalar (Pró-Saúde), instituição que atua desde 1967, quando iniciou a gestão do primeiro hospi-tal da instituição, em João Monlevade (MG).

Atualmente, a Pró-Saúde está presente em 59 projetos: 34 hospitais, 02 Serviços de Aten-dimento Móvel de Urgência (Samu), 4 Unidades de Pronto Atendimento (Upas) e 19 Unidades Básicas de Saúde (UBS), além de atuar com a formação de profissionais de saúde com cursos, seminários e Pós-Graduação/MBA em Gestão Hospitalar e Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde.

Para Bittencourt, que é diretor operacional da Pró-Saúde, o uso da sustentabilidade na saúde ainda é pouco no Brasil em virtude da falta de divulgação, e principalmente da pouca atenção das instituições hospitalares à importância de uma gestão sustentável aplicada às práticas hos-pitalares. “No segmento saúde, pouquíssimas instituições atentaram-se para a importância da sustentabilidade. Isso como exemplo de gran-des complexos hospitalares que existem no país e nada se preocuparam ainda com esse tema”, critica.

promoção do envolvimento de todo o corpo fun-cional da entidade e do hospital com a comunida-de em que está inserido.

“A interação com toda a comunidade adja-cente, clientes e usuários, corpo de colabora-dores, médicos e principalmente fornecedores, visa a divulgar e conscientizar para as melho-res práticas de sustentabilidade a serem prati-cadas e disseminadas, para que se torne uma nova mudança de postura de todos, objetivando maior reflexão para o consumo consciente, atu-ando de forma responsável e mais humana nas ações e atividades desenvolvidas por todos os integrantes dessa atividade hospitalar”, afirma Bittencourt.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 40

Apesar disso, Bittencourt acredita que esse quadro será revertido em poucos anos, devido à divulgação de ações, como as desempenhadas pela Pró-Saúde, que colhem frutos nas atitudes sustentáveis das gestões hospitalares. “É uma questão de mais alguns anos para que essas instituições despertem e vejam o quanto seu pa-pel é importante nessa cadeia produtiva. Até lá, instrumentos e veículos de comunicação, como a própria revista especializada da Geração Susten-tável, possuem papel fundamental e de grande importância na disseminação do conhecimento, pois com a maciça divulgação, bem como criação de cursos em sustentabilidade, é que teremos instituições mais saudáveis e perpetuando para futuras gerações de forma mais consciente e sus-tentável, sem degradar o meio ambiente”.

Hospital Municipal de Araucária (PR): modelo de gestão consciente na área da saúde

Inaugurado em 2008, e desde o início gerido pela Pró-Saúde, o Hospital Municipal de Araucá-ria (HMA) vem despontando como exemplo de gestão sustentável, e um dos carros-chefes da Pró-Saúde na implantação de ações ambiental-mente consciente.

O HMA conta com estrutura de 110 leitos, sen-

do o único hospital da cidade a atuar em atendi-mentos de urgência e emergência, cirúrgicos, am-bulatoriais, internações e partos, representando referência para os mais de 100 mil habitantes da região. Em média, 6 mil pessoas são atendidas mensalmente pelo HMA, todos pelo Sistema Úni-co de Saúde (SUS).

Se no mercado inúmeras práticas e ferramen-tas complexas de consultorias são utilizadas para o auxílio de uma boa gestão da qualidade e da sustentabilidade na área de saúde, para Bitten-court, nas ações do HMA, soluções simples, mas de um alcance ambiental e social imenso, foram implantadas paulatinamente na gestão.

“Desde o início da abertura do HMA, focamos para a estruturação de uma gestão sustentá-vel, e esse foco também é disseminado para as demais instituições hospitalares em que a Pró Saúde atua, evidentemente dentro da capacida-de de atuação e adaptações necessárias a cada tipo de projeto de saúde. Mas como digo, fazer ações sustentáveis é possível em qualquer tipo de hospital, clínica, UBS, UPA, Laboratório e de-mais serviços de saúde, desde que se tenha foco no que desejar ser realizado e pelo menos iniciar as boas práticas de gestão sustentável”, pondera o diretor da Pró-Saúde.

“o HMa é o nosso maior referencial, pois iniciamos essas práticas com pensamento e postura voltados para a qualidade e sustentabilidade desde a abertura do hospital em 2008”, Marcelo Durante Bittencourt da Pró-Saúde

Visão Sustentável

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Entre as ações desempenhadas pelo HMA, destacam-se a formação de uma comissão res-ponsável por debater e propor soluções para a diminuição de resíduos hospitalares e para a destinação correta do lixo. As ações promove-ram redução de 12% de lixo entre 2011 e 2012, ou seja, nesse período, o Hospital deixou de pro-duzir mais de 10 toneladas de resíduos – com reaproveitamento de talos e cascas de alimen-tos promovidos pela equipe de nutricionistas do Hospital – além de diminuir cerca de 32% do consumo de copos plásticos, com a substituições por canecas de cerâmica.

O banimento do uso de produtos que conte-nham mercúrio é outra ação realizada pelo HMA, que é signatário do Mercury Free Health Care, da Organização Saúde Sem Dano. Em sua forma lí-quida, o mercúrio é muito volátil, e, quando ina-lado, pode causar inúmeros problemas de saúde, sobretudo no sistema nervoso, que pode causar efeitos desastrosos como lesões e até a morte, dependendo do nível de concentração. O HMA, desde 2010, lançou uma normativa interna proi-bindo a compra e o uso de qualquer produto que contenha mercúrio.

E eliminação de mais de 700 litros de resídu-os altamente tóxicos e poluentes foi outra con-quista do HMA, com a implantação de sistema de digitalização de exames médicos, o que reduz o uso desses agentes tóxicos, por exemplo, na re-velação de filmes raios X.

A aplicação de práticas sustentáveis da Pró--Saúde no HMA, como já mencionado, não se restringe às ações voltadas para a gestão admi-nistrativa interna. A entidade se preocupa em manter relações promissoras com a comunidade e com a Prefeitura de Araucária, como no projeto Vale Vida. No momento da alta de cada bebê nas-cido no HMA, a enfermagem acompanha os pais até a recepção do Hospital e entrega a eles uma muda de árvore com um panfleto mostrando a importância da arborização da cidade para a saú-de do bebê no decorrer da vida. No período de um ano, cerca de 1.700 mudas de árvores foram distribuídas.

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Visão Sustentável

De acordo com o diretor da Pró-Saúde, pelo su-cesso das ações e o empenho do corpo funcional do Hospital, o HMA tornou-se um dos emblemas da instituição gestora nas práticas sustentáveis. “O HMA é nosso maior referencial, pois iniciamos essas práticas com pensamento e postura volta-dos para a qualidade e sustentabilidade, desde a abertura do hospital, em 2008. Dessa forma, todo o planejamento foi feito com base nesses princípios essenciais. Com o passar dos anos, na-turalmente fomos reconhecidos por diversas ins-tituições que chancelaram nossas práticas, reco-nhecendo que uma gestão técnica e profissional focada com princípios sólidos, certamente teria sucesso, o qual poderá estar disponível para toda a sociedade que se utiliza dos serviços desse hos-pital, fazendo comque todos ganhem”.

Relatório Internacional de Sustentabi-lidade • É recorrente a busca de certificações, selos e timbres de instituições neutras e de re-conhecimento público nas atuações e gestões de empresas e instituições dos mais diversos seto-res de serviço e produção.

Nas práticas sustentáveis, um dos reconheci-mentos é o Relatório Anual de Gestão e Sustenta-bilidade, fundamentado em inúmeros indicadores

de performance que foram padronizados pela GRI (Global ReportingInitiative), sediado na Holanda, onde estabelece níveis de complexidade e ampli-tude de informações em várias etapas do aprimo-ramento da gestão focada em sustentabilidade.

O Hospital Municipal de Araucária, gerido pela Pró-Saúde, foi o segundo hospital da América La-tina a publicar um relatório com selo de verifica-ção da GRI (Level C), em 2011. São mensurados mensalmente no relatório todos os aspectos que impactam de forma socioeconômica-ambiental, além de realizada análises críticas para a busca da melhoria do desempenho, disseminando para todas as partes envolvidas.

Segundo Bittencourt, a certificação GRI é um reconhecimento de que as ações da Pró-Saúde, frente à administração do Hospital de Araucária, estão no rumo certo. “O reconhecimento pela GRI, uma organização neutra e internacional, reflete na chancela de que estamos trilhando o caminho certo, um caminho sem volta para as or-ganizações responsáveis socioambientalmente e sendo reconhecida em caráter mundial. A GRI reconhece e certifica toda e qualquer instituição empresarial, com base nesses relatórios padroni-zados e que serve como selo das boas práticas da Gestão Sustentável em nível mundial”.

o Hospital Municipal de araucária, gerido pela Pró-Saúde, foi o segundo hospital da américa latina a publicar um relatório com selo de verificação da GrI (level C)

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ob a ótica da "tragédia dos comuns" (Hardin, 1968), desvendamos no ar-tigo passado (edição nº 36) porque o impasse impera em relação a pos-

síveis soluções para as mudanças climáticas. A atmosfera é um bem público sem direitos de propriedade e de acesso livre, fazendo com que cada país tenha o incentivo de poluir pois, caso não o faça, outro país o fará. Com a "não coo-peração", qualquer investimento em mitigação é um desperdício; revertendo investimentos, quando existentes, para adaptações intramuros.

Um agravante é a incerteza sobre quais se-riam os custos reais das mudanças climáticas - como eles se materializarão, onde estarão e quem será mais afetado. Essas três pergun-tas são mensuráveis e quantificáveis em uma análise de custo-benefício para a implantação, digamos, de uma ferrovia. Investimentos em saneamento básico, noutro exemplo, são reali-zados porque seus custos de curto prazo ficam ínfimos quando comparados aos benefícios da população saudável no longo prazo.

Os cálculos de custo real tornam-se mais difíceis para o caso de uma hidrelétrica, onde parte significativa deles não está "a mercado", como por exemplo os efeitos ecossistêmicos da interferência do rio à jusante; ou ainda a perda de habitat. Embora difíceis de serem mensurados, esses custos ocorrem! Justamen-te por sua exclusão é que se julga uma hidrelé-trica como Belo Monte de viável.

Os custos oriundos das mudanças climáti-cas, apoteose da globalização, são ainda mais difíceis de serem endereçados. Só vale a pena investir recursos e esforços, seja em mitigação ou adaptação intramuros, se os benefícios su-perarem os custos. Em “economês”: quando os danos marginais evitados igualem os custos marginais de adaptação. Mas...

- como calcular um "valor presente líquido", descontando os custos e benefícios futuros, se não conseguimos estabelecer as causalidades do processo?

- como calcular a eficiência de medidas mitigadoras, uma vez que o tamanho do reser-

vatório (atmosfera) é global e o tempo de resi-dência do CO2 implica vida útil longa?

- como determinar a taxa de desconto para algo global e de prolongado prazo?

Eis que, por mais deprimente que seja a lista acima, existem razões para tomar ações tempestivas. A análise de custo-benefício é superada quando se tratam de custos que comprometem a estabilidade estrutural da economia. Foi justamente essa a justificativa que permitiu ao Governo Americano usar US$ 700 bilhões de dinheiro público para socorrer empresas privadas no pós-crise de 2008.

De acordo com a teoria dos jogos, é racio-nal minimizar a possibilidade de perda dentro de um cenário de concretização do pior cená-rio, ou perda máxima (estratégia "minimax"). Exemplo: uma vez que a transição de combus-tíveis fósseis para energias renováveis ocorre de forma inexorável, porém insuficientemente lenta, pode-se cobrar uma taxa de carbono (custo de curto prazo) para acelerar o compas-so da desejável mudança.

E não é que os custos econômicos relati-vos a eventos climáticos extremos estão se provando deveras desestabilizadores? Entre o final de 2013 e início de 2014, temos: Estados Unidos e Canadá com recorde de frio; Califór-nia com seca ímpar; costa Britânica com chu-vas e inundações bíblicas; Austrália e sul da América do Sul derretendo. Quem ainda não acredita nas mudanças climáticas deve estar se aconselhando com o Papai Noel!

Quem sabe os eventos climáticos extre-mos, com seu potencial de desestabilização econômica estrutural, mude a ponderação en-tre custos e benefícios da comunidade política frente às mudanças climáticas. Não obstante, o já bombástico alerta da comunidade cientí-fica (vide link abaixo) quiçá a inação política seja finalmente quebrada quando, literalmen-te, a água bater na bunda.

*Resumo do último relatório do Painel Inter governamental sobre Mudanças Climáticas: www.ipcc.ch/report/ar5/wg1/docs/WG1AR5_SPM_FINAL.pdf

Eventos climáticos extremos, decisões econômicas e mudanças climáticas

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Daniel THáMestre em Economia Ambiental e Economia Internacional, consultor

Só vale a pena investir recursos

e esforços, seja em mitigação ou adaptação

intramuros, se os benefícios

superarem os custos

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ados do Ministério do Meio Ambiente apontam que o Brasil produz atual-mente cerca de 150 mil toneladas de lixo por dia. Desse total, 59% vão para

os lixões e apenas 13% são reaproveitados. Entre as indústrias que mais geram resíduos está a têx-til. De acordo com a Associação Brasileira da In-dústria Têxtil e de Confecção (ABIT), o Brasil é o 5º maior produtor têxtil do mundo, tendo faturado apenas em 2012 US$ 56,7 bilhões, o que repre-senta mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro.

Com a produção média de 9,8 bilhões de pe-

ças anualmente por mais de 30 mil empresas, os impactos decorrentes da produção de fios, teci-dos e roupas percorrem toda a cadeia produtiva: desde o plantio do algodão até a confecção da peça, que é a etapa final. Há também os impac-tos gerados com a comercialização desses pro-dutos. O cultivo do algodão, em decorrência da grande quantidade de pesticidas, inseticidas e fertilizantes utilizados para a obtenção da fibra, causa contaminação da água, do solo e da fauna local. Além disso, um grande volume de água é consumido nos processos de beneficiamento e acabamento de peças de tecido.

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Gestão de Resíduos

Por um fio ecológico

Reaproveitamento de resíduos sólidos e utilização de materiais alternativos tornam menos impactante produção de fios, tecidos e vestuários

Bruna robassa

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Parte dos resíduos sólidos das indústrias têxteis e também de outros segmentos do mercado, que antes ia para o lixo, pode ser reaproveitada, gerando manufatura de novos produtos e renda para famílias brasileiras

Solução • No entanto, graças a louváveis ini-ciativas de diversas empresas que têm visto na reciclagem uma oportunidade de negócio, parte dos resíduos sólidos das indústrias têxteis e tam-bém de outros segmentos do mercado, que antes ia para o lixo, pode ser reaproveitada, gerando manufatura de novos produtos e renda para famí-lias brasileiras.

Há 10 anos no mercado, a empresa blume-nauense Eurofios produz fios ecológicos por meio do reaproveitamento de resíduos sólidos das in-dústrias têxteis da região. Todo o processo é feito pela companhia: desde a coleta, passando pela

classificação e produção do barbante. Depois de separar o material por cores – evitando qualquer processo químico de tingimento – o resíduo se transforma em barbantes. Atualmente, já são quase 90 mil toneladas de resíduos do lixo e rea-proveitados pela empresa.

Paulo Roberto Sensi Filho, diretor comercial da Eurofios, conta que existem muitas empresas têxteis na região e o descarte dos materiais acaba não sendo realizado de maneira correta. “Então, percebemos no problema uma oportunidade e transformamos esses resíduos em um novo ne-gócio”, relata. Segundo ele, o maior incentivo da

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

empresa é saber que está reciclando e transfor-mando esses resíduos em novas oportunidades: desde as pessoas envolvidas no processo de produção até as artesãs que criam trabalhos com os produtos do empreendimento e geram uma segunda renda para sua família.

“O nosso principal e maior desafio é ser re-conhecido pela sociedade e pelo poder público como uma empresa que tem o compromisso de reduzir os passivos ambientais e com a susten-tabilidade”, diz. A parceria da Eurofios com as indústrias geradoras vai desde a logística interna nos geradores até o compromisso de garantir o destino correto dos resíduos gerados.

Conhecimento e renda • A Eurofios tam-bém aposta numa parceria com um especialista em crochê no Brasil, Marcelo Nunes, para disse-minar o conhecimento sobre os trabalhos manu-

ais e ensinar uma segunda fonte de renda para centenas de pessoas. “Muitas artesãs nem ima-ginam que os barbantes utilizados por elas são feitos de produtos recicláveis. E isso mostra que não há diferença entre a qualidade de uma peça feita com matéria-prima reciclada e produtos sem essa característica”, ressalta o diretor comercial da Eurofios.

Além da produção dos barbantes, a empresa também comercializa cortinas produzidas com material reciclado. “Com a aposta nesse seg-mento, reforçamos o maior valor da empresa, trabalhar com sustentabilidade, mas alinhar a reutilização de recursos com produtos funcionais e que não percam em design. Aproximadamente 75% do material utilizado para confecção da cor-tina vêm de reaproveitamento”, relata. Os itens já estão à venda no Sul do país e devem chegar aos outros estados em breve.

Gestão de Resíduos

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Fio PET • No Brasil, o estado de Santa Cata-rina é um dos maiores produtores de vestuário do Brasil e também a localidade que conta com ações sociais e ambientalmente conscientes mais evoluídas, como é o caso da Malwee, uma das principais indústrias do vestuário do Brasil. Há mais de quatro décadas em funcionamento, a preocupação da Malwee com a sustentabilidade já está incorporada ao seu DNA. Entre as ações de destaque está a utilização do fio feito de gar-rafa de PET em várias peças, o que já possibilitou a retirada de mais de 3,5 milhões de garrafas do meio ambiente. A iniciativa foi lançada no inver-no de 2011 e a intenção da empresa é o resgate anual de milhões de PET da natureza. Com esse processo, diminui-se o volume de lixo, auxiliando na redução do consumo de material virgem a par-tir do petróleo, tendo reflexo direto em economia de energia e redução do aquecimento global.

Cenário mundial • A produção de matéria--prima e de produtos com menor impacto am-biental é uma tendência mundial. Enquanto a Europa tem aderido à elaboração de vestimentas de baixo impacto ambiental, a China, líder mun-dial no mercado têxtil e de confecção, está se adequando às novas leis relacionadas ao meio ambiente e às questões trabalhistas implantadas no país.

A companhia Barktex, sediada em Frankfurt, na Alemanha, desenvolveu um tecido a partir de casca de árvores que pode ser utilizado na customização de roupas, móveis de design de interiores. Cultivado em fazenda certificadas de Uganda, o produto é extraído de uma espécie de figueira chamada de mutuba, com possibilidade para ser convertido em lã, couro e madeira. Os idealizadores do projeto apontam que a manufa-tura do item demanda baixo consumo de água e energia elétrica.

Também na Alemanha, a empresa Qmilk uti-liza caseína (uma proteína encontrada na bebi-da láctea) para a produção de fibras que podem ser usadas na fabricação de roupas, papel, itens

hospitalares e até da indústria automotiva. Pro-veniente de recursos renováveis, 1 kg de fibras demora 5 minutos para ser feito e consome ape-nas 2 litros de água.

A indústria têxtil também tem produzido pe-ças com fibras de bambu. Com característica ter-modinâmica, a fibra de bambu é biodegradável e propicia maciez, tornando-se um componente versátil para as quatro estações do ano. Sem ne-cessitar de pesticidas ou fertilizantes, a planta se desenvolve rápido e, portanto, pode ser facil-mente implantada no vestuário brasileiro.

Algodão ecológico • 80% da matéria prima utilizada na produção de vestimentas é algodão, sendo que os 20% restantes englobam aproxima-damente 10 outros tipos de materiais. O algodão é a matéria-prima menos prejudicial ao meio am-biente, já que pode ser facilmente reutilizado,

no Brasil, o estado de Santa Catarina é um dos maiores produtores de vestuário do Brasil e também a localidade que conta com ações sociais e ambientalmente conscientes mais evoluídas

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Gestão de Resíduos

podendo até virar algodão novamente. Por outro lado, o pior resíduo é chamado de Rami – uma fibra dura e prejudicial ao meio ambiente. Assim como esse, os tecidos sintéticos e os feitos à base de petróleo ainda são muito utilizados por-que aceitam outros componentes e porque pos-suem cor mais viva, no entanto, são altamente prejudiciais.

Mesmo sendo a matéria-prima de menor im-pacto ambiental, a produção de algodão ainda causa estragos na natureza. Visando reverter esse quadro, já surgiram no mercado iniciativas para produção de algodão ecológico. Com cerca de 700 trabalhadores em cinco estados do Brasil, entre homens e mulheres, agricultores, coletores de sementes, fiadoras, tecedores e costureiras, a empresa Justa Trama desenvolveu uma cadeia produtiva que inicia no plantio do algodão agroe-cológico e vai até a comercialização de peças de confecção produzidas com esse insumo.

Criada em 2004, com o desafio de produzir sessenta mil bolsas para serem distribuídas du-rante o Fórum Social Mundial, que seria sediado

em Porto Alegre, em 2005, hoje a empresa já con-ta com coleção própria, lançada em 2011 na Itália, para onde também já enviou toneladas de fios de algodão para um grupo de microempresas.

Em 2011, apenas 1% do algodão produzido no Brasil não usava pesticidas, mas o mercado é considerado promissor. Apesar de mais trabalho-so, pois requer o cultivo sem o uso de herbicidas, o plantio do algodão ecológico tem gerado renda para milhares de famílias em várias regiões do Brasil.

Nas passarelas • A sustentabilidade dos te-cidos também está nas passarelas e tem conquis-tado marcas famosas, como é o caso da Adidas. A coleção primavera/verão 2014 da Adidas by Stella McCartney é um dos exemplos. Segundo a estilis-ta da marca, trata-se de uma coleção que incorpo-ra elementos sustentáveis sempre que possível. Não só foi utilizado algodão orgânico, como fios reciclados e tecnologia de coloração a seco, como também foi feito grande esforço para reduzir o ex-cesso de resíduos gerados na produção.

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“o nosso principal e maior desafio é ser reconhecido pela sociedade e pelo poder público como uma empresa que tem o compromisso de reduzir os passivos ambientais e com a sustentabilidade", Paulo Roberto Sensi Filho da Eurofios

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Daniella Mac DoWellSócia Diretora da NOZ

– Desenvolvimento e Cocriação em

Sustentabilidade e Líder da Associação Brasileira

dos Profissionais de Sustentabilidade em Curitibaepende. Depende da cultura organi-

zacional da empresa, de sua maturi-dade em relação a esses temas, das regiões onde está inserida e de mui-

tos outros fatores. Tenho percebido que es-sas terminologias são tão dinâmicas que não ouso classificá-las de forma rígida, dentro de conceitos fechados: tais termos são represen-tações sociais, ou seja, variam de acordo com o interlocutor, com a empresa, com o tempo e com o espaço. Por isso, sugiro que quando alguém mencionar os termos “sustentabili-dade”, “responsabilidade social” ou “valor compartilhado”,você pergunte antes de conti-nuar a conversa: “o que você quis dizer com isso?”. Assim, poderão explorar o assunto com fundamento em uma base comum.

Michael Porter e Mark Kramer escreveram em artigo da Harvard Business Review: “é preciso reconectar o sucesso da empresa ao progresso social. Valor compartilhado não é responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, mas uma nova forma de ob-ter sucesso econômico. Não é algo na periferia daquilo que a empresa faz, mas no centro. E, a nosso ver, pode desencadear a próxima grande transformação no pensamento administrativo”.

Se Porter e Kramer distinguem valor com-partilhado de responsabilidade social, que tal refletirmos sobre a definição de responsabili-dade social da ISO 26.000? “É a responsabi-lidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comporta-mento ético e transparente que: (i) contribua para o desenvolvimento sustentável inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade; (ii) consi-dere as expectativas das partes interessadas; (iii) esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas in-ternacionais de comportamento; e (iv) esteja integrada em toda a organização e seja prati-cada em suas relações”. Parecem coisas seme-lhantes? Pois é, e são! A diferença é que Porter e Kramer usam o idioma corporativo. E é essa linguagem que usaremos para abordar o tema da sustentabilidade nesta coluna.

Então, para começar a conversa, vou lhe contar um segredo: quando digo “sustentabili-

dade empresarial”, “responsabilidade social da organização” ou “valor compartilhado”, quero dizer a mesma coisa: que o negócio de uma em-presa deve ser pautado pelo seu compromisso com o desenvolvimento social (e, para mim, não há desenvolvimento social sem garantia de uma boa qualidade ambiental para todos, hoje e no futuro). Sei que o lucro é meta fundamen-talde toda empresa, mas tenho certeza de que temos nos desenvolvido para limitar o espaço de empresas focadas no lucro a qualquer preço.

Como tenho certeza disso? Analisando o ce-nário da sustentabilidade empresarial no Brasil. Cresce o número de consumidores conscientes, que escolhem marcas e produtos com base em seus valores, bem como daqueles céticos em relação às “propagandas verdes”, exigindo provas dos benefícios sociais e ambientais alar-deados pelos anunciantes. Existe um número crescente de associações, coletivos, grupos, ONGs e OSCIPs atuando na busca da melho-ria socioambiental, além de inúmeros cursos, workshops, documentários, eventos e seminá-rios debatendo esses temas. Existem cada vez mais empregos em áreas correlatas à sustenta-bilidade e empresas divulgando relatórios de sustentabilidade. Existe um número crescente de legislações e exigências contratuais, assim como mais prêmios e certificações nessa área.

O objetivo desta coluna é contribuir para a compreensão desse universo da sustentabilida-de empresarial. É olhar para empresas que cres-cem e lucram dentro de uma cultura que busque o desenvolvimento sustentável. É compreender como o desenvolvimento socioambiental pode estar no centro do negócio, contribuindo para a ideia de valor compartilhado. É divulgar indica-dores que demonstrem que investir no desen-volvimento socioambiental é – e será cada vez mais – um bom negócio. É isso que você, lei-tor, verá neste espaço nas próximas edições. E, como acredito num mundo menos individual e mais compartilhado, no qual múltiplos olhares enriquecem o entendimento de qualquer ques-tão, conto com você para contribuir e cocriar comigo este espaço: mande sugestões, críticas, informações e dicas de empresas ou projetos para [email protected]. Site: www.nozdesenvolvimento.com.br

Qual a diferença entre responsabilidade social, sustentabilidade empresarial e a teoria do valor compartilhado?

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Existem cada vez mais empregos em áreas correlatas à

sustentabilidade e empresas divulgando

relatórios de sustentabilidade. Existe um número

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caRESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVELJosé Carlos BarBieri e Jorge emanuel reis CaJazeiraeditora saraiVa

MANUAL DO EMPREENDEDORComo construir um empreendimento de sucessoJerônimo mendeseditora atlas

AqUECIMENTO gLOBAL ECRéDITOS DE CARBONOrafael pereira de souza (org.)editora quartier latin

SUSTENTABILIDADE PLANETÁRIA, ONDE EU ENTRO NISSO?faBio feldmannterra Virgem editora

CIÊNCIA AMBIENTALTerra, um Planeta Vivodaniel B. Botkin e edward a. kellerltC editora

SELVA! AMAzôNIA CONfIDENCIALJ.C. de toledo hungaroeditora JdJaguatiriCa digital

gESTãO PARA A SUSTENTABILIDADEJulis oráCio felipeeditora CluBe dos autoreseditora atlas

ESCOLhAS SUSTENTÁVEISDiscutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento globalrafael morais ChiaraValloti e Cláudio Valadares páduaeditora urBana

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JUNTOS IREMOS CONSTRUIR UMMUNDO MELHOR A CADA ENTREGA!

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