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38 Clubnews 21
Sabor de vitóriaLuís Zattar e Otávio Mesquita conseguiram vitórias inesquecíveisem Interlagos. O primeiro, pela disputa com três fortes adversários;o segundo, por ganhar sua primeira corrida em 15 anos de carreira.Texto: Luiz Alberto PandiniFotos: Pedro Bicudo
Um dos aspectos mais atraentes de uma categoria equili-brada como o GT3 Cup Challenge Brasil é o fato de a
vitória estar ao alcance de todos os participantes. As corridas7 e 8 do calendário, disputadas dia 23 de julho em Interla-gos, foram um belo exemplo disso. Luís Zattar e OtávioMesquita conseguiram vitórias marcantes, que não serão es-quecidas tão cedo.
Na semana anterior à corrida, Raul Boesel, diretor esportivodo GT3 Cup Challenge Brasil, destacava a evolução dos pi-
GT3 Cup Challenge Brasil
lotos da categoria: “Houve casos de pilotos que melhoraramseus tempos em até três segundos. Com mais experiência,eles ganham também maior sensibilidade às mudanças deacerto do carro. Tudo isso torna o campeonato cada vezmais competitivo e interessante”.
A competitividade detectada por Boesel se fez presente des-de os treinos. Na sessão de 30 minutos que definiu o gridde largada, Zattar fez a pole position com o tempo de1min43s012. Os quatro pilotos seguintes (Beto Posses,
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Na página anterior, os vencedores Zattar (21) e Mesquita (51). Acima, a largada da primeira corrida, com Zattar liderando Posses, Baptista, Porto e Mesquita.Marcel Visconde aparece à frente do segundo bloco.
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CORRIDA 7Vistos de traseira, os três animadores da sétima corrida: Totó Porto em seu incansável ataque a Zattar (abaixo) e Ricardo Baptista (número 27), que disputou avitória com os dois. Nas fotos do meio: Charles Reed (18), sempre muito rápido, e Ricardo Cosac (4), ex-campeão brasileiro de Marcas e estreante no GT3 Cup.
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CORRIDA 8Otávio Mesquita (51) comemorou muito sua primeira vitória no automobilismo. Na foto de baixo, Beto Posses e Tom Valle disputando posição. Nas fotosmenores: Marcos Barros (31), Marcel Visconde (55), Omilton Visconde (11) e Antônio Moraes (7) à frente de Válter Rossete (65) e Omilton.
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GT3 CUP CHALLENGE BRASIL – Autódromo José Carlos Pace (Interlagos) 4,309 km – 23 de julho de 2005
Classificação do GT3 Cup Challenge Brasil após 8 corridas:C piloto Pontos
1 Beto Posses 106
2 Luís Zattar 104
3 Otávio Mesquita 77
4 Ricardo Baptista 72
5 Marcel Visconde 65
6 Marcos Moraes Barros 61
7 Totó Porto 58
8 Charles Reed 47
9 Antônio Moraes 31
10 Antônio Valle 29
11 Omilton Visconde Jr. e Henry Visconde 28
13 José Guilherme Figueiroa 25
14 Ricardo Cosac 12
15 Válter Rossete 6
8a corrida ordem de largada definida pela classificação da 7a
C Nº piloto Voltas Tempo
1 51 Otávio Mesquita 16 28min18s832
2 52 Beto Posses 16 a 2s009
3 27 Ricardo Baptista 16 a 3s597
4 21 Luís Zattar 16 a 4s609
5 99 Antônio Valle 16 a 5s288
6 3 Totó Porto 16 a 8s665
7 31 Marcos Moraes Barros 16 a 11s259
8 18 Charles Reed 16 a 19s562
9 55 Marcel Visconde 16 a 40s915
10 4 Ricardo Cosac 16 a 51s063
11 7 Antônio Moraes 16 a 53s047
12 11 Omilton Visconde Jr. 16 a 53s445
13 8 Válter Rossete 16 a 1min15s709
14 15 Henry Visconde 16 a 1min16s274
Volta mais rápida: Beto Posses, 1min44s427
Média horária do vencedor: 146,099 km/h
7a corridaC Nº piloto Voltas Tempo Grid de largada
1 21 Luís Zattar 16 28min02s546 1º 1min43s012
2 27 Ricardo Baptista 16 a 0s687 4º 1min43s378
3 3 Totó Porto 16 a 1s312 3º 1min43s154
4 51 Otávio Mesquita 16 a 4s524 5º 1min43s794
5 99 Antônio Valle 16 a 7s594 13º sem tempo
6 52 Beto Posses 16 a 39s730 2º 1min43s107
7 31 Marcos Moraes Barros 16 a 41s915 14º sem tempo
8 55 Marcel Visconde 16 a 45s454 8º 1min45s956
9 7 Antônio Moraes 16 a 51s379 7º 1min45s285
10 4 Ricardo Cosac 16 a 51s915 10º 1min48s141
11 18 Charles Reed 16 a 1min07s523 6º 1min44s521
12 15 Henry Visconde 16 a 1min28s528 12º 1min48s758
13 8 Válter Rossete 10 pneu furado 9º 1min46s381
14 11 Omilton Visconde Jr. 9 abandono 11º 1min48s326
Volta mais rápida: Totó Porto, 1min43s434
Médias horárias – vencedor: 147,514 km/h – pole position: 150,588 km/hA PALAVRA DOS TRÊS PRIMEIROSPILOTO corrida 7 corrida 8
OTÁVIO MESQUITA 4O 1O
“Foi minha primeira vitória depois de ’76 anos’ de carreira!... Sabe ‘a primeiranoite de um homem’? Estou me sentindo assim! É fantástico. Nas últimas qua-tro voltas eu comecei a me emocionar, e na última eu já estava chorando. Quan-do era pequeno, eu queria ser piloto de F 1 e apresentador de TV. Não conseguia primeira, só a segunda. Lembrei muito do Ayrton Senna, um amigo que sem-pre me serviu como inspiração. Dedico esta vitória a ele.”
LUÍS ZATTAR 1O 4O
“É maravilhoso vencer uma corrida assim! Tive que disputar com três compe-tidores de alto nível. Primeiro foi o Beto Posses, até ele rodar. Depois, o Totóme deu muito trabalho, e no finalzinho tive que tomar cuidado com o Baptista.Na segunda corrida, consegui sair na frente mas meus pneus estavam muitogastos. Mesmo assim, estou contente por mim e também pelo Otávio, quemereceu a vitória.”
RICARDO BAPTISTA 2O 3O
“Acompanhei o Zattar e o Totó na primeira corrida e posso dizer que foi umabela disputa. A segunda corrida foi tão boa quanto a primeira, tive trabalho otempo todo com o Zattar, o Posses e o Valle. Consegui meus melhores resul-tados no GT3 Cup e isso me deixa muito contente, porque estou voltando acorrer depois de dez anos afastado e ainda tenho o que evoluir.”
BETO POSSES 6O 2O
“Na segunda volta da primeira corrida, tive uma pequena colisão ao tentarpassar o Zattar e acabei rodando. Consegui recuperar algumas posições, mascorri preocupado porque depois da batida surgiu um barulho estranho na rodadianteira esquerda. A segunda corrida foi bem melhor para mim. Ainda penseiem tentar alcançar o Mesquita depois de assumir o segundo lugar, mas vi queseria muito difícil e tratei de garantir o resultado.”
TOTÓ PORTO 3O 6O
“Eu estava na liderança e tinha boas possibilidades de vencer se não tivesserodado no Pinheirinho. Não posso culpar ninguém, foi erro meu. Pelo menosconsegui voltar e terminar em terceiro na primeira corrida.”
Sistema de pontuação: 20, 18, 16, 14, 12, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2 e 1 ponto, do 1º ao 15º colocado,desde que seja completado pelo menos 50% do total de voltas percorridos pelo vencedor.Pilotos que percorrerem entre 25% e 49% recebem metade dos pontos acima.Todos com Porsche 911 GT3 Cup com pneus Yokohama.
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Totó Porto, Ricardo Baptista e Otávio Mesquita) ficaram amenos de um segundo da pole position, mostrando que acorrida seria muito disputada. Os treinos mostraram aindauma evolução significativa de vários pilotos. Baptista e An-tônio Moraes (sétimo colocado) conseguiram suas melho-res colocações em grids de largada no GT3 Cup ChallengeBrasil. E Charles Reed, o sexto, igualou o resultado obtidonos treinos para a primeira corrida, em abril. Todos os car-ros tinham uma novidade: coberturas plásticas no lugardos faróis dianteiros, facilitando os reparos em caso de pe-quenos acidentes.
A lista de inscritos apresentava dois novos pilotos. RicardoCosac, campeão brasileiro de Marcas e Pilotos em 1990,fazia sua volta às pistas depois de 15 anos afastado. “Eu pa-rei de correr logo depois de conquistar o título”, explicava.“Meu maior objetivo é sentir o carro, pegar ritmo. De ime-diato, posso dizer que o GT3 Cup é o melhor carro de cor-rida que já guiei!”, elogiava. Cosac, entretanto, já tinhapelo menos uma corrida com Porsche no currículo. Em1989, em parceria com Elio Seikel e Marcelo Gomide, eleterminou em segundo lugar na Mil Milhas Brasileiras,competindo com um Porsche 944 Turbo: “Tivemos a faltade sorte de sair de um pit stop no momento em que o pacecar entrou na pista por causa de um acidente. A saída dobox ficou fechada durante três voltas e isso acabou comnossas chances de vencer”.
Válter Rossete, por sua vez, começou a correr em 2004no Trofeo Maserati. Conseguiu alguns bons resultados eneste ano resolveu disputar também o GT3 Cup Challen-ge Brasil, atraído pelo carisma da marca Porsche. “O 911é um carro maravilhoso. E estou gostando muito da cate-goria, tanto que vou disputar o campeonato até o final.”As estréias de Cosac e Rossete compensaram em parte aausência de José Guilherme Figueiroa, que nesse mesmofinal de semana participou de uma corrida de Stock CarLight em Curitiba.
A primeira corrida foi empolgante da largada à bandeirada.Zattar tomou a ponta e durante toda a primeira volta tevePosses em seu encalço. Na segunda, Posses rodou na entra-da da “Curva do S” quando tentava passar para a liderança.Caiu para sétimo lugar e terminou em sexto. Enquantoisso, três pilotos se destacavam na luta pela vitória: Zattar,Baptista e Porto. Este último assumiu o segundo lugar naquinta volta e ganhou a posição de Zattar algumas voltasdepois. Mais duas voltas e Zattar voltou à ponta. Na penúl-tima volta, Porto recuperou a liderança numa ultrapassa-gem sensacional sobre Zattar na Descida do Lago. Acorrida parecia decidida em favor de Porto, mas ele caiupara terceiro ao cometer um pequeno erro no Mergulho.Na volta final, Zattar enfrentou a pressão de Baptista, queandou perto dos líderes durante todo o tempo. Os dois
cruzaram a linha de chegada separados por apenas 6 déci-mos de segundo, com Porto a apenas 7 décimos do segun-do colocado.
Outra boa disputa aconteceu pelo quarto lugar, entre Otá-vio Mesquita e Antônio Valle. Este último dividiu a últimafila do grid com Marcos Moraes Barros, já que nenhum de-les marcou tempo no treino classificatório. Na corrida, am-bos fizeram boas corridas de recuperação. Barros terminouem sétimo lugar e Valle fez várias ultrapassagens até chegarao quinto posto, atrás de Mesquita. Nas últimas voltas, Valleconseguiu ganhar a posição, mas logo depois saiu da pistano “S do Senna” e voltou ao quinto lugar. “Foi uma penaisso ter acontecido, mas mesmo assim fiquei contente commeu resultado”, dizia. Mesquita, por sua vez, elogiava o ad-versário: “Ele fez uma p... corrida! Percebi que ele estavamuito rápido, por isso meu maior objetivo era retardar aomáximo a ultrapassagem dele. Foi a decisão certa, porqueele não teve tempo de abrir distância em relação a mim.Quando ele passou reto, eu estava suficientemente pertopara recuperar o quarto lugar”. Entre os estreantes, Ricar-do Cosac terminou em 10º lugar e Válter Rossete parou aseis voltas do final por causa de um pneu furado.
A segunda corrida do dia não foi tão disputada quanto aprimeira, mas nem por isso deixou de reservar fortes emo-ções para o vencedor. Esperava-se uma reedição da disputada corrida anterior, mas Totó Porto caiu para último naprimeira curva. Zattar e Baptista mantiveram-se nos doisprimeiros lugares, com Mesquita pulando para terceiro.Em seguida, ganhou o segundo lugar e, após algumas vol-tas andando muito próximo de Zattar, assumiu a liderançae começou a abrir uma pequena vantagem. Posses, que ha-via saído em sexto, também ultrapassou Zattar. O líder docampeonato tentou se aproximar de Mesquita, mas este re-cebeu a bandeirada com 2 segundos de vantagem. Maisatrás, Baptista também ultrapassava Zattar e pulava para oterceiro lugar.
Mesquita comemorou muito a primeira vitória de sua lon-ga carreira. Emocionado, começou a chorar na última voltae precisou de alguns minutos para retomar o fôlego e ir aopódio. Ao estourar champanhe, fez questão de esguicharum jato em direção a seu Porsche e, não satisfeito, deu umbeijo no carro.
Além do equilíbrio entre os pilotos, um aspecto importan-te das sétima e oitava etapas do GT3 Cup Challenge Brasilfoi o baixo número de abandonos – apenas dois na primei-ra corrida e nenhum na segunda. Mais ainda: a oitava eta-pa terminou com todos os carros na mesma volta dovencedor. Uma prova incontestável de que, aos poucos, to-dos os pilotos começam a se nivelar, e por cima. Belas cor-ridas estão em perspectiva.